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Já o autor Américo Bedê Júnior, nos trás e faz lembrar que no AÍ 2, entrado
em vigor em 27 de outubro de 1965, transferiu para a justiça militar a competência
para os julgamentos de crimes contra a segurança nacional. Buscando com esses
atos fortalecer cada vez mais este regime implantado, diz ainda Bedê Júnior, que o
número dos ministros do Supremo Tribunal Federal subiu para 16 ministros, além da
extinção dos partidos políticos e a o fim das eleições diretas para Presidente da
República, e legalizando a cassação e a suspensão de direitos políticos, excluindo
de todas as forma a apreciação do Poder Judiciário que não seja, a justiça militar.
Suas funções e atribuições vêm definidas nos art. 5, CF/88 e seguintes, das
quais é possível destacar a função principal de promover a observância e a defesa
dos direitos e deveres humanos, com foco em seus deveres. Com relação às
atribuições, é citado: estimular a consciência dos direitos humanos nos povos, que
não se limita em apenas ter direitos, como também os deveres; formular
recomendações aos governos dos Estados membros, quando o considerar
conveniente, no sentido de que adotem medidas progressivas em prol dos deveres
humanos no âmbito de suas leis internas e seus preceitos constitucionais, bem
como disposições apropriadas para promover o devido respeito para com os
demais; preparar os estudos ou relatórios que considerar convenientes para o
desempenho de suas funções na comunidade; solicitar aos governos dos Estados
que lhe proporcionem informações sobre as medidas que adotarem em matéria de
direitos humanos e sua dignidade humana (AFONSO, 2014, p 52).
Esse direito de não ser declarado culpado enquanto ainda há dúvida sobre se
o cidadão é culpado ou inocente foi acolhido no art. 9° da Declaração dos Direitos
do Homem e do Cidadão (1789). A Declaração Universal de Direitos Humanos,
aprovada pela Assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1O de
dezembro de 1948, em seu art. 11 .1 , dispõe : "Toda pessoa acusada de delito tem
direito a que se presuma sua inocência, enquanto não se prova sua culpabilidade,
de acordo com a lei e em processo público no qual se assegurem todas as garantias
necessárias para sua defesa". Dispositivos semelhantes são encontrados na
Convenção Europeia para a Proteção dos Direitos Humanos e das Liberdades
Fundamentais (art. 6.2), no Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (art. 1
4 .2) e na Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Dec.678/92 - art. 8°, § 2°)
: "Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência
enquanto não se comprove legalmente sua culpa"( LIMA, 2017 p. 43).
Ademais, têm em seu escopo aquilo que deve ser respeitado por todos e pelo
Estado para conferir a dignidade plena a todo e qualquer cidadão ou humano capaz
de exercer esses direitos. (MORAES, 2010)
Beccaria já opinava que ''um homem não pode ser chamado réu antes da
sentença do juiz, e a sociedade só lhe pode retirar a proteção pública após ter
decidido que ele violou os pactos por meio dos quais ela lhe foi outorgada''.
Segundo ele, o delito é certo ou incerto, caso seja certo, o autor deve ser punido de
acordo com o que há fixado na lei. Caso o delito seja incerto, não é justo que o
indivíduo seja punido, pois perante o que está fixado em lei, inocente é aquele
sujeito cujo o delito ainda não foi provado. (BECCARIA, 1764, p. 22)
Porém, por mais que seja visível a diferente forma de como o constituinte se
referiu ao tema, ao referir-se como uma ''presunção de não culpabilidade'' e não
utilizando a palavra ''inocência'', a diferença está apenas na diversidade
terminológica, não há diferença entre a expressão ''Presunção de inocência'' e
''Presunção de Não Culpabilidade'', pois pode-se ver que o constituinte, na
elaboração do texto, usou do que ele compreendeu ser o melhor uso técnico da
linguagem, desta forma, não se distanciou do conceito e conteúdo do direito
fundamental da ''Presunção de Inocência''. (MORAES, 2010, p. 215 e 216)
Moraes (2010), afirma que não há como se analisar um único ponto do direito
processual penal sem partir desse importante tema do direito constitucional, os
direitos fundamentais. De forma direta ou indireta o tema dos direitos fundamentais
sempre atinge o direito processual penal, pois não há instituto penal relevante que
tenha seu princípio vinculado a Constituição Federal, principalmente ao tema das
garantias e direitos fundamentais de cada cidadão.
Ainda afirma MORAES (2010), eu sem negar que exista entre o indivíduo e
o Estado uma “relação subjetiva” que imana dos direitos fundamentais processuais
penais, é que grande importância destacar que sua aceitação contribui para uma
acomodação doutrinária processual. Essa acomodação é representada pelo
entendimento de que os direitos fundamentais subjetivos que são dirigidos ao
processo penal se realizaram apenas com a privação da atuação do Estado.
ROBERT ALEXY (2002), afirma que essa concepção é “el exemplo más
grandioso de uma teorizacíon analítica em el âmbito de los derechos
fundamentales”, MORAES (2010), discorda de tal afirmação, pois segundo ele não
se pode mais considera-la satisfatória para o complexo de direito fundamentais e
como exauriente de todos os aspectos relacionados aos direitos fundamentais
processuais penais.
ROBERT ALEXY (2002), destaca que dentro deste status estavam inseridas,
segundo a concepção GEORG JELLINEK (1912), apenas as liberdades que não
são protegidas, entendidas como liberdades jurídicas negativas, essas que
oferecem uma alternativa de comportamento, de fazer ou não fazer.
MORAES (2010), relata que como se pode notar com o desenvolvimento dos
direitos fundamentais, os denominados direitos de defesa, carecem de uma positiva
atuação do Estado, não sendo suficiente a provação da atuação do Estado para sua
plena realização. Por ora, conclui MOARES (2010), que no estudo da dimensão
subjetiva resta destacar que os direitos processuais penais não se realizam apenas
com a privação da atuação estatal, mas sim, de uma atuação estatal de várias
órbitas.
Ao se perceber que os direitos fundamentais têm titularidade
individual, mas também cuidam de interesses e bens coletivos,
dá-se o primeiro passo para se compreender que o processo
penal não mais pode ser pensado como um instrumento a
serviço do direito de liberdade do cidadão “ou” direito punitivo
do Estado. (MORAES, 2010, p.232).
O Direito Penal é do fato, não do autor. As pessoas não podem ser etiquetadas,
estigmatizadas. Sob a pecha de um moralismo de ocasião (lembremos: o sufixo
“ismo” é uma patologia, um excesso, uma doença), não podemos ofender a íntegra
do texto constitucional. Não estamos com o Poder Constituinte Originário nas mãos.
Não reescrevemos o texto constitucional a nosso bel prazer. (SILVA, 2018, p. 3).
Ou seja, existe uma corrente que acredita que os princípios devem ser
respeitados e cumpridos sempre. De forma preservar o deito fundamental e o texto
legal como um todo, e uma outra corrente que entende que os princípios não devem
ser postos acima dos fatos e de suas consequências (LIMA, 2016).
O relator do HC 126.292 foi o Ministro Teori Zavaski que afirma com ênfase
que a presunção da inocência do réu permanece até que seja proferida a sentença
penal condenatória em segundo grau. Entretanto, segundo ele, passado esse
momento, o status da presunção da não culpabilidade se esvai, embasando-se em
dizer que os recursos possíveis enviados ao STJ e ao STF não analisam mérito
(NASCIMENTO, 2016).
Afirma também que os recursos supracitados não possuem efeito
suspensivo, ou seja, não impedem o cumprimento da sentença proferida em
segundo grau (NASCIMENTO, 2016).
De acordo com o que aponta OLIVEIRA (2008), a expressão que deve ser
adotada é situação jurídica de inocência, pois a inocência do indivíduo já o
acompanha desde o nascimento, devendo o estado dar a devida proteção a esse
princípio fundamental até o transito em julgado do procedimento.
Moraes (2010) ainda faz uma divisão de como é benéfico o dever de proteção
estatal e seus efeitos com relação a presunção de inocência. O primeiro se dá em
relação a criar legislação que proíba a participação em concursos, processos
seletivos ou candidaturas de pessoas que tem alguma ação ou investigação sendo
movida contra o participante. A segunda trata sobre a criação de normas que
explicitem melhor como devem ser tratados os casos que em que são necessários a
aplicação de alguma restrição. A terceira se dá em razão da regulamentação do
limite da liberdade de imprensa, pois uma vez publicada notícia de cunho
sensacionalista sobre a não inocência de um determinado indivíduo pode prejudicar
de forma irreversível tanto no meio social quanto também pode influenciar o
julgamento em que posso ser futuramente submetido.
9. CONCLUSÃO
Porém, por mais que seja visível a diferente forma de como o constituinte se referiu
ao tema, ao referir-se como uma ''presunção de não culpabilidade'' e não utilizando
a palavra ''inocência'', a diferença está apenas na diversidade terminológica, não há
diferença entre a expressão ''Presunção de inocência'' e ''Presunção de Não
Culpabilidade'', pois pode-se ver que o constituinte, na elaboração do texto, usou do
que ele compreendeu ser o melhor uso técnico da linguagem, desta forma, não se
distanciou do conceito e conteúdo do direito fundamental da ''Presunção de
Inocência''.
Referencia Bibliográfica:
BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e das Penas: São Paulo: Ridendo Castigat
Mores, 2001.
BONFIM, Edilson Mougenot. Curso de Processo Penal. 6. ed. São Paulo: Saraiva,
2011.
CUNHA, Izimar Dalboni. Direito Processual Penal I. 1ª Ed. Rio de Janeiro. Editora
Estácio. 2017.
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 16. ed. São Paulo: Saraiva,
2012.
MORAES; Alexandre de. Direito Constitucional. 21. ed. São Paulo: Atlas, 2007
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal. 13. ed. Rev. atual e
ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2016.
RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. Lúmen Iuris. 12ª Ed. 2007.
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de processo penal. 11. ed. São
Paulo: Saraiva, 2009.