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RESUMO
No tocante a prisão preventiva fora do flagrante delito rege-se pelo disposto no n˚1
al. a) e b) do art.º 243.º do Código do processo Penal (CPP) em vigor, desde que,
cumulativamente, se trate de crime doloso punível com pena superior dois ano; se
tratar de pessoa que tiver penetrado ou permaneça irregularmente em território
nacional. ou contra a qual estiver em curso processo de extradição ou de expulsão.
2
INTRODUÇÃO
A Prisão Preventiva, não poderá ser tratada como uma pena sobreposta
antecipadamente ao trânsito em julgado, mas, sim, como uma medida cautelar, sendo
cabível durante a fase investigatória da persecução penal.
Na verdade, a prisão preventiva só ocorre nos casos permitidos por lei, conforme
vertido no artigo 64 da Constituição da República de Moçambique (CRM).
O objectivo geral deste trabalho cinge-se em aplicar meios de coacção menos gravoso
tais como liberdade vigiada, termo de identidade e residência aos indiciados da
infracção criminal que não reúnem elementos suficientes para a imputabilidade da
infracção criminal, quando o Ministério público constata na instrução preparatória,
visto que o Ministério Público (MP) têm a função Direccionar o processo criminal
que culminará em acusar ou abster-se de acusar.
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DESENVOLVIMENTO
1
Marquês de Beccaria transformou, em toda a Europa, a forma de execução das penas, através de sua obra –
Dos Delitos e das Penas – a qual podemos afirmar que foi o marco inicial do carácter humanitário da pena,
afastando a pena de morte como punição.
2
João Rocha,. Ordem pública e liberdade individual – um estudo sobre a prisão preventiva. Coimbra: Editora
Almedina. P. 124
3
Rocha, ob. cit.p.128
4
Tourinho Filho, Fernando da Costa, Processo Penal 32.ed.,rev.tual.Sao Paulo:Saraiva,2010.v3p.427
4
Com outra visão, levantando um ideal abolicionista, Ferrajoli (2002,p.505)5
sustentaque a prisão preventiva é uma instituição violadora do Garantismo Penal ou
seja da boa tramitação do processo-crime, afirma ser“ilegítimo e inadmissível, porque
vulnera a presunção de inocência”; pois não o estado de inocência, mas sim a
culpabilidade é que deve ser demonstrada.
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Como expõe Barros, (2010 p.423 e 425) nunca ninguém poderá ser preso
preventivamente só porque é arguido, posto que “o critério dos fortes indícios é um
conceito aberto, só sendo legítima a sua ponderação perante o concreto; não
comportando, nomeadamente, presunções”.
MINISTÉRIO PÚBLICO
5
Luigi Ferrajoli, Direito e razão: teoria do garantismo penal. 4. ed. rev. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais,2002, p.505.
6
Ibid p. 512
7
José Barros, Critérios da prisão preventiva. Revista Portuguesa de Ciências Criminais, 1, Editora Coimbra, ano
2010. p. 423-425.
5
conforme o plasmado no artigo 1 da lei 4/2017 de 18 de Janeiro (lei orgânica do
Ministério Público).
DIREITOS FUNDAMENTAIS
Em sua obra Andrade (1976 p.188) 8 traz uma evolução histórica dos direitos na sua
concepção natural, “são absolutos, imutáveis e intemporais”, inerentes à dignidade
humana, foram estabelecidos por um “núcleo restrito”posto a todo e qualquer
ordenamento jurídico. Assim, com a mutação histórica e a constante evolução, os
direitos fundamentais foram divididos em dimensões fundamentais no período dos
Estados Liberais e Sociais.
9
Ferrajoli (2002.p.29) advoga que a tutela dos direitos fundamentais constitui o
objectivo justificante do Direito Penal, apesar de sua satisfação, na maioria das vezes
tende a ir de encontro dos interesses da sociedade.
8
José Andrade, Os direitos fundamentais na constituição portuguesa de 1976. 5. ed. Coimbra: Coimbra, 2012.p.
188
9
Luigi Ferrajoli, Direito e razão: teoria do garantismo penal. 4. ed. rev. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2002.p. 29
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Contudo, a ideia de se aplicar o meio de coação menos gravoso aos indiciados, tais
como liberdade vigiada e Termo de identidade e residência também coincide com a
ideia o renomado professor Marquês da Silva, Esses deveres consistem para além da
identificação do arguido e indicação da sua residência em não mudar de residência e
nem dela se ausentar…ʺ
Desta forma, ficou para me demonstrado que a prisão preventiva, constitui uma
restrição total de um direito fundamental como é o direito à liberdade, obriga a que se
verifique a existência de um rigoroso leque de requisitos e que se respeitem uma série
de princípios essenciais para a defesa desses direito.
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REFERÊNCIAS
FERRAJOLI, Luigi. Direito e razão: teoria do garantismo penal. 4. ed. rev. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, p.505.2002
SILVA, Germano Marques, Curso de Processo Penal, 3ª ed. Revista e actual, Lisboa:
Verbo, 2002, V.I
Legislação: