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MÓDULO 1: CRIMINAIS
TEXTO
ASPECTOS CRIMINAIS
cominadas.
pública.
Com efeito, não se pode admitir que a sociedade excomungue seus próprios
membros, ainda quando autores de erros trágicos, pois, nestes casos, há
regulamentação específica, prevendo a imposição de sanção adequada,
art. 5º, XLVII, da Constituição Federal. De certo, não cabe ao Estado inverter os
papéis e passar a infringir as normas, imprimindo demasiado e desnecessário
sofrimento àqueles que estiverem sob sua tutela, mesmo quando autores de
infrações penais.
Processo Penal.
Nenhum direito é absoluto, comportando tolhimento, ainda que parcial,
quando em conflito com outros. Portanto, se o fato de ser processado não faz
LEITURA COMPLEMENTAR
de outra pessoa, vem a ser a interpretação judicial mais condizente com o texto
constitucional que apregoa, dentre outros princípios e fundamentos, a
Judiciário, com certa frequência, transita por esta área. A esse respeito, Barroso
pondera: Pois bem: em razão desse conjunto de fatores – constitucionalização,
aumento da demanda por justiça e ascensão institucional do Judiciário-,
verificou-se no Brasil uma expressiva judicialização de questões políticas e
sociais, que passaram a ter nos tribunais a sua instância decisória final2.
Estado.
Constituição Federal
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
(...)
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
(...)
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública,
da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a
aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente
de autoria.
JURISPRUDÊNCIA
não obstante tenha a defesa juntado atestado médico, datado do dia anterior, no
sentido de que ele deveria permanecer afastado de suas atividades, por estar
acometido de neoplasia maligna da pelve renal (CID C65.0), situação que, à toda
evidência, reveste-se de considerável gravidade. 2. A situação exposta feriu a
dignidade do acusado, na medida em que se descumpriu o mandamento
constitucional de respeito e proteção ao direito fundamental à saúde. 3. Recurso
participação do acusado.
TEXTO
Com efeito, denota-se que o devido processo legal é sustentáculo para todos
os demais princípios norteadores penais e processuais penais, reclamando sua
observância e fiel cumprimento, como instrumentos de garantia da prestação
jurisdicional.
ASPECTOS CRIMINAIS
ASPECTOS PROCESSUAIS
1Nesse sentido Rogério Lauria Tucci opta por denominar como Devido Processo Penal (Direitos e
Garantias Individuais no processo penal brasileiro, 3 ed, São Paulo:RT, 2009, p.57-64)
portanto, o contraditório, a ampla defesa, a publicidade, o juiz natural e
imparcial.
disciplinar.
LEITURA COMPLEMENTAR
nós nos últimos tempos. Cuida-se de uma das mais importantes garantias para defesa
dos direitos e liberdades das pessoas, configurando um dos pilares do
constitucionalismo moderno.
Tem origem na Magna Carta, de 1215, através da qual o rei João Sem Terra, da
Inglaterra, foi obrigado a assegurar certas imunidades processuais aos seus súditos.
"nenhum homem livre será detido ou sujeito à prisão, ou privado de seus bens, ou
colocado fora da lei, ou exilado, ou de qualquer modo molestado [...] senão mediante
a lei.
De lá para cá, essa franquia incorporou-se às Cartas políticas da maioria das nações
democráticas, constando do artigo 5º, LIV, de nossa Constituição, com o seguinte teor:
"Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal."
LEGISLAÇÃO
Constituição Federal
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
JURISPRUDÊNCIA
de propriedade, garantido pelo art. 5º, XXII, da Constituição Federal. 3. Aresto que
afirma a observância do devido processo legal, inserido na Carta Política (art. 5º, LIV),
BIBLIOGRAFIA
TEXTO
profundo, consoante o qual, ao sujeito tudo é permitido, desde que não seja
vedado. Em outras palavras, o cidadão tem ampla liberdade para exercer suas
prática de ilícito.
Nesse passo, a Constituição Federal, em seu art. 22, inciso I, estabelece ser de
competência privativa da União legislar sobre matéria penal, tratando, portanto,
1 Art. 5º, II da CF. Vale destacar, também, que a denominada mera legalidade trata de “norma dirigida aos
juízes, aos quais prescreve a aplicação das leis tais como são formuladas”, não devendo combiná-las.
Como cediço, em matéria penal, os tipos legais não devem ser imprecisos ou
genéricos, sob pena de ensejarem incertezas quanto a conduta ali descrita,
o qual não há crime sem lei anterior que o defina, nem há pena sem prévia cominação
legal.
Nesse sentido, a Constituição da República consagrou-o no art. 5º, inciso XXXIX, que
aduz "não haverá crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
extensão.
tal restrição pode ser indicado por pelo menos duas justificativas: apenas os indivíduos
que representam os cidadãos, ou seja, que conduzem o Estado (parlamento) podem
nenhuma outra o faça, exceto por delegação expressa no caso das “leis penais em
branco”. Sobre estas, Frederico Marques ensina:
são disposições penais cujo preceito é indeterminado quanto ao seu conteúdo, e nas
Nesse caso a norma complementar decorre diretamente da lei, que em última instância
lhe dá o suporte jurídico.
XIX ainda se mostra visível, vez que não se admitem lacunas quanto à configuração de
tipos criminais (criminalização) ou no que concerne à descrição das condutas que os
caracterizam (tipicidade). Não há vazios desse tipo nem mesmo nas referidas “leis
penais em branco”, pois o conteúdo nelas ausente é preenchido por outra lei ou fonte
formal do próprio sistema. Inexistente a previsão legal, o juiz não questiona se falta lei
ou direito: conclui inexoravelmente que não há crime.
Claro que não se excluem lacunas axiológicas, antinomias e falhas do sistema e, por
conseguinte, a necessidade de interpretação e de integração. Porém, é remota a
nesse terreno, o Direito Penal não apresenta lacunas porque tudo aquilo
que não for ilícito punível em conseqüência de previsão legal explícita deve ser
LEGISLAÇÃO
Constituição Federal
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
(...)
III - a dignidade da pessoa humana;
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal;
JURISPRUDÊNCIA
1ºB, I e V do Código Penal, mas tomou como base a pena mínima de 5 (cinco) anos
prevista para o delito de Tráfico de Drogas, conforme o art. 33 da Lei n.º 11.343/2006,
a analogia feita. A lei não deixou lacunas a serem supridas pelo julgador. Se o
Magistrado se convenceu da desproporcionalidade do critério adotado pelo
legislador no preceito secundário da norma penal ao fixar da pena por ferir o princípio
da isonomia e razoabilidade das leis deve declarar, incidentalmente, a
previsto no art. 5º XXXIX da Carta Magna e no art. 2º do Código Penal. (Grifo nosso).
BIBLIOGRAFIA
NUCCI, Guilherme de Souza, Código Penal Comentado. 16. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2016 – nota 1-F, 4, 4-A, 5 e 8 do art. 1º;
TEXTO
só podem ser aplicadas para fatos póstumos, portanto praticados após o início
de sua vigência.
1
Justamente para evitar tal disparate, segue-se a regra imposta pela
Anterioridade, segundo a qual a lei incriminadora tem alcance limitado,
compreendendo somente os fatos praticados após a sua concepção.
1 Em aula destacada, estudaremos a exceção quando tratarmos da extratividade da lei penal benéfica
Em última análise, depreende-se que a Anterioridade confere segurança
jurídica ao cidadão, impedindo que seja responsabilizado por algo
Ademais, impõe a fixação prévia dos limites mínimo e máximo das penas,
dispondo acerca da longevidade pela qual pode se estender a limitação da
liberdade do infrator, pelo Estado.
Sob esse aspecto, diversas críticas são levantadas quanto a ausência de prazo
máximo de execução das medidas de segurança, uma vez extensíveis por
período indeterminado aos inimputáveis, embora conferidas em razão da
prática de determinada infração, para qual são previstos limites legais de
cerceamento pelo Estado.
Por fim, não só em relação aos limites temporais, mas também quanto as
espécies de sanções cominadas, a Anterioridade deve ser respeitada, não se
podendo estipular reprimenda distinta daquela (s) cominada (s) para a prática
delitiva.
LEITURA COMPLEMENTAR
O Direito Penal Simbólico é aquele que tem uma "fama" de ser rigoroso demais e por
esse motivo acaba sendo ineficaz na prática, por trazer meros símbolos de rigor
excessivo que, efetivamente, caem no vazio, diante de sua não aplicação efetiva,
justamente pelo fato de ser tão rigoroso. Hoje em dia, o Brasil passa por uma fase onde
leis penais de cunho simbólico são cada vez mais elaboradas pelo legislador
infraconstitucional. Essas leis de cunho simbólico, de acordo com a jurista Ada Pellegrini
Grinovver, trazem uma forte carga moral e emocional, revelando uma manifesta
intenção pelo Governo de manipulação da opinião pública, ou seja, tem o legislador
Não se pode deixar de falar aqui sobre a teoria do Abolicionismo Penal que
por outras formas não punitivas de solução dos delitos praticados. A doutrina do
Abolicionismo penal preconiza que o Direito Penal, não é o único meio de repressão a
Não se pode deixar passar que apesar do abolicionismo ter fracassado nos países onde
Na realidade, o processo penal tem uma função garantista dada ao cidadão de que
todos os direitos previstos na Constituição lhe serão assegurados, pois de nada
adianta, v.g., assegurar-lhe o direito de ampla defesa como todos os meios e recursos
a ela inerentes (cf. art. 5º, LV) se a sanção penal lhe foi aplicada sem que pudesse se
defender dos fatos que lhe foram imputados; se sequer foi citado para responder a
acusação; ou, por último, se foi condenado por fato diverso do que constava na
divergentes.
“Assim, portanto, haverá de ser entendida a expressão "direito penal simbólico", como
sendo o conjunto de normas penais elaboradas no clamor da opinião pública,
suscitadas geralmente na ocorrência de crimes violentos ou não, envolvendo pessoas
famosas no Brasil, com grande repercussão na mídia, dada a atenção para casos
humana, erija-se a segurança jurídica como uma das mais importantes, pois sabe-se
que o convívio dos homens entre si gera sempre conflitos. Tais conflitos, como a própria
história já demonstrou, necessitam ser equacionados e solucionados, tendo o direito
equilíbrio social.
Daí porque não há pessoa, grupo social, entidade pública ou privada, que não tenha
necessidade de segurança, para atingir seus objetivos e até mesmo de sobreviver, pois
é certo que uma sociedade sem direito, sem normas, sem leis, não possui segurança e
corre grande risco. Alguns, contudo, pelo fato de ser quase unânime o reconhecimento
segundo plano.
“Dizer que a intervenção do Direito Penal é mínima significa dizer que o Direito Penal
Pelo Direito Penal Mínimo se outras formas de sanção ou controle social forem eficazes
e suficientes para a tutela dos bens jurídicos, a sua criminalização não é recomendável
conflitando com um Direito Penal simbólico que atualmente se insere no ordenamento
jurídico pátrio.
o Direito Penal mais coerente seja o chamado Direito Penal Mínimo. Ou seja, um Direito
Penal assentado nas máximas garantias constitucionais; sobretudo, nos princípios
certos tipos penais que realmente não afrontam bens jurídicos importantes. A
manutenção desses tipos incriminadores, de pouca relevância, só atrapalha a atividade
policial, que ao invés de estar atuando nos casos de real importância, perde seu tempo
com verdadeiras bagatelas; também, o exercício da Justiça Criminal, que se mantém
emperrada devido ao grande número de processos versando sobre questões
irrelevantes.
“Haja vista que o Direito Penal lida com o bem jurídica liberdade, um dos mais
importantes dentre todos, nada mais lógico do que esse ramo do Direito obrigar-se a
privação da liberdade. Na prática, a sua ação vai mais além, afetando, muitíssimas vezes,
outros bens jurídicos de extrema importância, como a vida, a integridade física e a
liberdade sexual, verbi gratia; uma vez que no atual sistema prisional são freqüentes as
ocorrências de homicídios, atentados violentos ao pudor, agressões e diversos outros
Também, por esses mesmos motivos que já foram citados não podem
indubitavelmente fazer parte da tutela do Direito Penal as pequenas ofensas, devendo
ser observado ao máximo o seu caráter subsidiário . Estas pequenas infrações devem
passar a ser protegidas por outros ramos do Direito, menos gravosos, como o Direito
a vingança privada. Uma vez que o Estado passa a assumir o monopólio do castigo, o
que se espera é evitar-se a imposição desse castigo pelos particulares.
“Acontece que quando o Estado, através do Direito Penal, único ramo do ordenamento
seja, na grande maioria dos casos não há pena sem que se leve em conta a privação da
liberdade De longa data pensadores, juristas, pessoas e instituições defensoras dos
direitos humanos alertam para o que hoje vemos acontecer, a falência da estrutura de
execução penal. A sociedade acaba pr ficar insegura e vítima constante da violência
urbana, assiste estarrecida às horríveis cenas protagonizadas pelos seus "algozes" que,
em cumprimento de pena, devem retornar, no final, ao seu convívio.
Quanto à alternatividade de penas, Callegari afirma:
Quanto ao fato da descriminação, esta já tem merecido certa atenção e maior destaque
crime, amanhã, não o será. Que critérios devem ser utilizados para isso é o grande
questionamento do momento.
penal
LEGISLAÇÃO
Constituição Federal
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal.
Art. 1o O processo penal reger-se-á, em todo o território brasileiro, por este Código,
ressalvados:
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional;
Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts. 86, 89,
§ 2o, e 100);
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos
nos. IV e V, quando as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo diverso.
JURISPRUDÊNCIA
em crimes dessa natureza, conforme referido no art. 83, V, do CP, embora ostente ele
condição de reincidente específico, sem a qualificação da hediondez, face ao princípio
da anterioridade da lei penal. RECURSO PROVIDO PARCIALMENTE.
BIBLIOGRAFIA
NUCCI, Guilherme de Souza, Código Penal Comentado. 16. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2016 – nota 1-F e 6 do art. 1º;