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BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e das Penas: São Paulo: Martin Claret, 2001.

Esta resenha tem como objetivo de aprofundar os estudos acerca do livro dos
delitos e das penas, trazendo assim os pontos importantes abordados pelo autor na
obra.
Cesare Beccaria, criminologista e economista italiano, nascido em 15 de
março de 1738, período em que acontecia a Revolução Francesa, uma época de
liberalismo, onde se discutia a grande filosofia que foi o direito penal.
Ele nasceu em 15 de março de 1738, bem ali naquela época da Revolução
Francesa, uma época de liberalismo, onde se discutia essa grande filosofia que foi
direito penal, e faleceu dia 28 de novembro de 1794. A obra Dos Delitos e Das
Penas, foi escrita em meados do ano 1965, Beccaria tinha 27 anos, e fez essa
publicação de forma secreta para não se expor e correr risco algum devido ao direito
penal de vingança ao qual ele preconizava em sua própria obra.
Apesar de ter sido escrito em 1764, contém ideias que ainda são discutidas
atualmente por doutrinadores criminais. Ao decorrer da obra, Beccaria discute
acerca das penas aplicadas à prática de crimes em sua época, pois segundo ao
que o autor acreditava, tais práticas eram extremamente cruéis e, por vezes,
desnecessárias.
Esta obra é de grande importância não só para a graduação do curso de
direito, podemos notar isso quando encontramos a citação dela em algumas
jurisprudências do Supremo, uma delas é a HT 99141 do STF:
“ (...) é certo, todavia, que o ordenamento jurídico pátrio
veda a possibilidade de alguém ser considerado culpado
com respaldo em simples presunção ou em meras
suspeitas, consagrando o princípio da presunção da
inocência, insculpido no art. 5º, LVII, da Constituição
Federal, verbis: “ninguém será considerado culpado até
o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”, a
origem desse princípio remonta o art. 9º da Declaração
dos Direitos do Homem e do Cidadão proclamada em
Paris em 26/08/1789 e que, por sua vez, deita raízes no
movimento filosófico comunitário chamado Iluminismo ou
Século das Luzes, que teve à frente, dentre outros o
Marquês de Beccaria, Voltaire, Montesquieu e
Rousseau. Foi um movimento de ruptura com a
mentalidade da época, em que, além das acusações
secretas e torturas, o acusado era tido como objeto do
processo e não tinha nenhuma garantia. Dizia Beccaria
que a perda da liberdade sendo já uma pena, está só
deve preceder a condenação na estrita medida que a
necessidade exige. ”
Podemos tirar dessa jurisprudência já com base no livro a questão da
presunção da não culpabilidade e da prisão cautelar, ou seja, a prisão durante o
processo como “última ratio”, última medida a utilizada somente no caso de extrema
necessidade, onde não se admite um processo penal inquisitório
É possível notar que só agora com a lei nº. 13964 também conhecida como lei
anticrime, e o art. 3º do CPP que um sistema acusatório veio a ser positivado, sendo
um processo penal que terá estrutura acusatória. Porém Beccaria em sua obra já
falava da necessidade de um processo em que o réu fosse sujeito de direito, e não
objeto de um processo, onde a pena é necessária, mas na medida do estritamente
útil.
O autor traz como a centralidade da sua obra, o liberalismo igualitário, sendo
a sua a filosofia muito parecida com a filosofia Iluminista, onde o ser humano é um
centro do estado de direito, ou seja, o estado de direito existe por causa do ser
humano e este mesmo indivíduo tem a sua legitimidade na medida em que ele
garante os direitos fundamentais e não o contrário. Esse liberalismo segundo
Beccaria, deve ser igualitário, ele critica muito a questão de privilégios que até hoje é
tão debatida, para ele não pode haver privilégio de classes, onde juízes não devem
ser tratados como melhores do que os cidadãos comuns, onde Ministros e
Presidente da República não devem ter privilégios, podemos dizer que ele traz a
perfeição da igualdade entre os criminosos. E podemos simplificar dizendo: “dois
criminosos, independente de quem sejam, que venham a praticar o mesmo delito
devem ser submetidos a mesma pena”, podemos notar claramente aqui o
liberalismo igualitário.
Um dos pontos da obra o autor propõe que o direito penal avance de uma
ideia de vingança coletiva, para o humanismo. Cabe ressaltar que a vingança
coletiva nada mais é que o indivíduo que praticou o crime ser punido pela
coletividade, ou seja, a comunidade por meio do estado/juiz se vinga do indivíduo,
notamos que não temos a vingança privada em si, que seria o olho por olho, dente
por dente, porém o modelo até então vigente era esse. Cesare, propõe que não se
admita mais uma vingança coletiva e sim um humanismo, onde a pena precisa ter
algo humano, precisa ser algo que se aplique apenas e tão somente para aquela
exata necessidade de representação do crime.
Neste ponto da obra podemos ressaltar as premissas trazida por Beccaria,
sendo elas: o fim da pena de morte, isonomia entre os réus que praticaram o mesmo
crime, fim da tortura como meio de obtenção de prova e o direito penal mínimo, que
é aquele que para obter a sua efetivação ele não pode regular muitas condutas,
Cesare diz: “se eu coloco muitas condutas penalizadas, muitas condutas tratadas
pelo Direito Penal a consequência disso é a fragilização do direito penal, por quê se
tudo é crime a sociedade começa a não ligar mais para aquilo que precisa ser crime
são condutas excepcionais.”
É possível observar alguns pontos importantes que é o centro do trabalho do
autor, que são as penas humanas, ou seja, é proposto também uma reestruturação
do Direito Penal, onde para que ocorra essa reestruturação em primeiro lugar deve-
se tem uma pena humana, pois, o indivíduo que pratica tal crime é o ser humano.
Outro ponto é proporcionalidade observando a gravidade do crime, sendo assim
quanto mais grave o crime mais grave a pena, onde é preciso ter uma
proporcionalidade entre a conduta criminosa que foi praticada e a pena de ser
aplicada, não levando mais em conta o olho por olho, dente por dente. E para
finalizar os pontos importantes temos separação de poderes no direito penal, onde
vamos ter um movimento de três poderes necessariamente, ou seja, eu preciso ter
alguém para elaborar as leis legislativas, outro indivíduo para julgar a conduta, sua
adaptação e a lei judiciária e é necessário ter alguém para executar a pena que foi
imposta fazendo desta forma que ocorra a separação dos poderes. Com fulcro
nesses pontos observamos que o Cesare Beccaria, não propõe o fim do Direito
Penal, porém ele é um crítico do Direito Penal despótico que havia até então, ou
seja, aquele que privilegiava determinadas classes sociais.
É possível notar que para Cesare Beccaria o utilitarismo preconiza que o
estado deve existir para proporcionar a felicidade do maior número de membros
possíveis, desta forma a uma grande influência do Iluminismo de Montesquieu, onde
se tem a ideia de que o estado é excitado ao punitivismo por meio do direito penal.
Outro tópico principal que ele vai trazer para sua obra são os princípios da
moral e da política, que tem três fontes que influenciam nos princípios acima citados.
Sendo a primeira é a revelação, que se trata das leis divinas, a segunda a lei natural,
que são as questões intrínsecas, questões obvias, ao ser humano, e a terceira as
convenções sociais, que nada mais e que o direito em si. Para se dizer que não se
pode praticar tal delito, este delito tem que derivar de alguma das três fontes, ou
seja, a conduta humana de tal delito deve está regulamentada através das fontes,
podemos usar como exemplo o homicídio que se encaixa nas três fontes, pois se
encaixa na fonte da revelação pois podemos dizer que matar alguém é pecado, se
encaixa nas leis naturais pois é uma regra obvia e também se encaixa nas
convenções sócias, pois está na lei.
Em um dos capítulos da obra, parte do momento que no coração do homem o
adultério não é mais algo repugnável, deixando de ser aplicada, além de ter mais
esse reflexo necessário que ele diz ao coração dos homens. Atualmente poderia se
falar do princípio da adequação social, mas ele traz isso lá nas entranhas para falar
que o coração é uma coisa surreal.
Para Cesare Beccaria, a pena de morte não deveria se apoiar em nenhum
direito. Destarte, ele traz que o rigor do castigo não faz nenhum efeito sobre o
espirito do homem, ou seja, podemos dizer que a morte acaba com o delinquente e
não com o delito. Apesar de ser contra a aplicação da pena de morte, ele defende a
mesma em apenas três possibilidades, sendo elas na defesa da liberdade da pátria
contra inimigos internos ou externos; contra práticas terroristas que ameaçam
sociedade, e a terceira possibilidade que me chamou mais atenção, seria em caso é
a pena de morte como medida preventiva na ocorrência de novos crimes, sendo
assim, uma vez que o crime venha sendo praticado regularmente.
Pode-se notar que ao decorrer da obra o autor sempre trata da ineficiência do
método sendo ele a pena de morte, a razoabilidade na aplicação da pena ou
quaisquer outros modos citados a cima, fazendo assim com que ocorra a remoção
provisória do mal. Para o autor é de grande necessidade de que o indivíduo aprenda
como vivenciar seus direitos e deveres, pois desta forma ele se torna livre das
particularidades materialistas.
Devido a condições numerosas que tornam esta derradeira exterioridade
problemática, não deve abalar em momento algum as repetições do delito, apesar
de todos os valores para a suprimir definitivamente.
Podemos concluir dizendo que o livro Dos Delitos e Das Penas é uma obra
que tem em seu início uma falta de aparência, e não remete a grandeza filosófica,
pois pode-se notar que o autor o concebeu inicialmente do nada, tendo que difundir
de muita pesquisa e consulta às mentes esclarecidas de sua época, para ser capaz
de entender aquilo que mais tarde configurar-se-ia no Direito Penal moderno.
Cada argumento que apresenta ao leitor é uma imersão nas particularidades
dessa vivência fundamental na sociedade, cuja evolução se faz num ritmo tão lento
que beira ao imperceptível, em comparação às transformações rápidas e sutis na
política e economia que lhe estruturam, o que qualifica as discussões proposta pelo
autor como sempre convenientes e atuais, que por vezes pode ser até
desnecessária.

elo autor como sempre


convenientes e atuais. Pelo
menos pelos próximos séculos
elo autor como sempre
convenientes e atuais. Pelo
menos pelos próximos séculos

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