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O Indulto aos Presos No Natal E Seus Aspectos Ressocializadores

Resumo: Aparentemente há a impressão de que os condenados pela lei não


devem possuir direitos mínimos no tratamento no que tange a dignidade e
recuperação após e durante a penalização; não se pode perder de vista que a
pessoa após cumprir sua dívida legal, terá que voltar ao convívio da sociedade
e se readaptar a uma nova sistemática.
Palavras Chaves: Indulto; Ressocialização; Dignidade; Penalização; Vingança.

Abstract: Apparently there is the impression that those convicted by the law
should not have minimum rights to treat with respect the dignity and recovery
during and after penalty; one can not forget that the person after serving his legal
debt, go back to living in society and readapt to a new system.
Key Words: Pardon; rehabilitation; dignity; penalty; Revenge.

Sumário: Introdução; 1. A origem do indulto; 2. Quais objetivos do indulto; 3. A


importância da ressocialização para sociedade; Conclusão.

Introdução

Todos os anos na época de natal vem à tona a discussão do por que os presos
têm direito de sair nestas ocasiões através do indulto e ainda, sendo é tecido
comentários sobre a lei ser muito benéfica para com estes que estão
encarcerados.

Aparentemente há a impressão de que os condenados pela lei não devem


possuir direitos mínimos no tratamento no que tange a dignidade e recuperação
após e durante a penalização. Não se pode perder de vista que a pessoa após
cumprir sua dívida legal, terá que voltar ao convívio da sociedade e se readaptar
a uma nova sistemática.

E o encarceramento não solapa todos os direitos instituídos na Constituição


Federal e também no Código de Processo Penal, há de se visualizar que no
Direito Penal brasileiro é consagrada a pretensão de que a pessoa que cumpra
a pena seja ressocializada através do cumprimento da pena, diante disso é de
suma importância ressaltar que a pena não tem caráter vingativo, mais de
readaptar aquele que cometeu um crime a condição de poder voltar a ter uma
vida ativa e longe da criminalidade.

Exposto estes pressupostos legais não é exagero nem bondade extrema o


instituto do indulto ele vem atender exatamente este princípio mor de reabilitação
e recolocação na sociedade daquele que delinquiu.

1. A origem do indulto

A CF/88 surgiu no cenário brasileiro após um período onde muitos dos direitos
humanos foram desprezados trazendo em seu bojo uma proteção evidente e
clara a estes direitos desenvolvendo um muro de proteção para toda e qualquer
possibilidade da volta dos abusos, da intolerância, do desprezo da pessoa
humana e trazendo em seu cerne a dignidade humana como essencial e
primordial no trato de todas as demais leis que surgissem no cenário jurídico.

Destarte todo este esforço monumental, as críticas e de forma especial pelos


chamados jornalistas policial tem sido crucial para manter acesa a discussão e
gerar insatisfação da população que por falta de melhor entendimento rendem-
se as severas críticas e desarrazoadas considerações de profissionais que por
não entenderem os princípios legais envolvidos nos institutos normatizados
desferem um duro golpe a democracia e a possibilidade de soerguer a condição
de ressocialização aqueles que praticaram delitos.

Somados a estes interlocutores incautos, juntam-se alguns que mesmo


conhecedores do direito levado pela paixão do combate ao crime e cansado das
seguidas derrotas da lei pelo criminoso emitem opiniões sem a clara força do
argumento legal, mas que passa a ter um peso redobrado por serem doutos e
praticantes do Direito.

Cumpre observar a origem do indulto no direito dentro da história humana:

Relatos indicam que, a anistia, o indulto e a graça, tenham surgido na


Grécia, no período de 594 A.C, no governo de Sólon que instaurou um
regime democrático e concede atos de clemência ao reintegrar os
direitos aos cidadãos perseguidos pelos regimes tirânicos
antecedentes, concedendo assim o perdão a todos aqueles que foram
perseguidos, exceto aos condenados por traição ou homicídio
(BITTENCOURT, 2003, p.445). Em Roma temos a figura do "generalis
abolitio", que segundo Rui Barbosa, possuía os mesmos efeitos, quais
sejam, esquecimento ou perdão. No período medieval, com a
ascensão do feudalismo, observa-se uma "vulgarização" desse
conceito visto que, não havia nenhuma lei que regulamentasse sua
concessão, era concedia a partir dos critérios pessoais de cada senhor
feudal. Essa situação vai até a Revolução Francesa em 1791, onde a
ideia de anistia graça e indulto, no texto da constituição, ficaram como
uma atribuição privativa do Presidente da República. Após a Revolução
Francesa, os três institutos foram incorporados em diversas
constituições da Europa, e permanecem até os dias atuais.

(http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfI2gAJ/artigo-sobre-indulto-
alintedesco

Como se pode perceber o instituto surgiu mais a princípio não ficou bem
estabelecido e firmado o que não deixava claro sua forma usual. À medida que
o tempo avançou e a humanidade cresceu no que tange a compreensão da
dignidade da pessoa e a importância de após o cumprimento da pena como se
readaptar na sociedade. As penas também passaram por evolução atendendo
mais o caráter de reabilitação do que de vingança.

Corroborando com este pensamento é bom salientar:

A sociedade passou por um longo período para se estabilizar como um


Estado de Direito quando o respeito à pessoa humana passou a ter
consonância e determinante, considerada avançada. A dignidade do
ser humano passou a assumir o primeiro e mais importante plano na
sociedade chamada moderna, a preocupação em ao menos oferecer
condições de justiça igualitária começou por distinguir-se em todas as
camadas sociais tornando possível imaginar uma mudança brusca no
paradigma. O Direito Penal com sua forma de penalização passou a
exercer papel fundamental nesta metamorfose de inovações, as penas
cruéis foram substituídas pela pretensão de penas que pudessem
reinserir a pessoa criminosa na sociedade, havendo com isso uma
reintegração e resocialização. O caminho até este momento foi árduo,
houve muitos erros, muitos excessos, muita vingança com o nome de
justiça, mas se recobrou o senso crítico e se avançou para um estado
de coisas mais razoáveis e aceitáveis.

(SILVA, Marcos Antonio Duarte. O Clamor Por Pena De Morte E Prisão


Perpetua Sob O Argumento Da Fragilidade Das Leis Atuais. Boletim
Jurídico, Uberaba/MG, a. 5, no 1215).

Este avanço começa pela aceitação de que a pena não pode e nem deve vindicar
além do que se impõe a figura do criminoso, não pode ir além transformando
aquele que cumpriu a penalização em um inimigo do Estado sem direitos e sem
garantias legais estabelecidas pela Constituição.
Outrossim, o Brasil celebra esta condição sendo signatário da Carta dos Direitos
Humanos, onde se é previsto tal procedimento como forma de evitar meios cruéis
e que marque para sempre a vida daquele que pagou sua dívida com a
sociedade.

No Brasil, assim como anistia e a graça, o indulto tem uma longa


história. Data do período colonial, no processo de colonização com o
surgimento das capitanias hereditárias, os donatários tinham um amplo
poder e estes iam desde a aplicação da pena de morte à clemência.
Assim, diversos condenados à pena de morte obteriam perdão ao se
comprometer a lutar contra os invasores e rebeldes, o que em princípio,
se assemelha a remição pelo trabalho. Entretanto, é apenas com a
Independência e a Constituição de 1824 que o indulto, bem como a
anistia, passam a figurar como institutos do nosso ordenamento
jurídico, cabendo ao Imperador concedê-la ou não, seguindo-se daí em
diante a evolução do instituto de forma a acompanhar a evolução do
ordenamento jurídico brasileiro.
(http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfI2gAJ/artigo-sobre-indulto-
aline-tedesco ).

Assim a Constituição personifica o que se estabeleceu há tempos em vários


países, desta forma há sincronização do direito na sua forma mundial,
estabelecendo o verniz não sintético, mas efetivo da construção do Estado
Democrático de Direito em sua envergadura mais consistente e veraz.

Adicione-se a isso a importância de marcar espaço para renovar a possibilidade


de reabilitar o ser humano mesmo que criminoso a sociedade demonstrando
aceitação e compreensão aos problemas, este não é um caminho de fácil
acesso, é uma vereda espinhosa e de dura cerviz até pela crítica que tal postura
desperta no senso de vingança e sede de sangue que se clama quando um
crime, e principalmente bárbaro é cometido.

O indulto é um ato de clemência do Poder Público, previsto no artigo


84, inciso XII, da Constituição Federal, tradicionalmente concedido
quando da comemoração do Natal, que consiste em perdoar
condenados, extinguindo as suas penas ou as diminuindo
(comutação). A justificativa dos decretos que o concedem tem sido a
de "proporcionar novas oportunidades aos que se mostram
recuperados para o convívio social, como estímulo ao esforço de
proceder com dignidade e ser útil ao próximo”.

(http://www.soleis.adv.br/artigoindulto.htm ).
Esta oportunidade elencada é o grande objetivo no direito penal, afinal, se a pena
fosse só para saciar a importância de vingança, qual seria o objetivo de ter a
penalização com um tempo determinado? Ou ainda, se a pessoa após cumprir
a penalização não pudesse mais ter nenhuma chance, isto significaria o mesmo
de uma pena de caráter perpétuo ou pena de morte?

A morte social, ou o caráter perpétuo torna-se evidente quando não há a menor


possibilidade de reintegração e esquecimento dos atos praticados, assim a
Constituição que proíbe tais penas não tem força social para impedir o
linchamento público e o pior, a impossibilidade de reingresso ao convívio na
sociedade que fatalmente gera o ciclo vicioso de reincidência que não terminará
nunca se não houver uma mudança de procedimento e postura. Se aquele que
cumpriu totalmente sua pena não é aceito por conta de sua condenação já paga,
como exigir que o criminoso deixe o crime e se restabeleça.

O indulto é um perdão não há qualquer pessoa que cumpre pena mais há


especificidades a serem alcançadas para ser beneficiados, como se pode
observar:

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no exercício da competência privativa


que lhe confere o art. 84, caput, inciso XII, da Constituição, tendo em
vista a manifestação do Conselho Nacional de Política Criminal e
Penitenciária, acolhida pelo Ministro de Estado da Justiça, e
considerando a tradição, por ocasião das festividades comemorativas
do Natal, de conceder indulto às pessoas condenadas ou submetidas
a medida de segurança e comutar penas de pessoas condenadas,

DECRETA:

Art. 1º É concedido o indulto coletivo às pessoas, nacionais e


estrangeiras:

I - condenadas a pena privativa de liberdade não superior a oito anos,


não substituída por restritivas de direitos ou multa, e não beneficiadas
com a suspensão condicional da pena que, até 25 de dezembro de
2012, tenham cumprido um terço da pena, se não reincidentes, ou
metade, se reincidentes;

II - condenadas a pena privativa de liberdade superior a oito anos e não


superior a doze anos, por crime praticado sem grave ameaça ou
violência a pessoa, que, até 25 de dezembro de 2012, tenham
cumprido um terço da pena, se não reincidentes, ou metade, se
reincidentes;

III - condenadas a pena privativa de liberdade superior a oito anos que,


até 25 de dezembro de 2012, tenham completado sessenta anos de
idade e cumprido um terço da pena, se não reincidentes, ou metade,
se reincidentes;
IV - condenadas a pena privativa de liberdade que, até 25 de dezembro
de 2012, tenham completado setenta anos de idade e cumprido um
quarto da pena, se não reincidentes, ou um terço, se reincidentes;

V - condenadas a pena privativa de liberdade que, até 25 de dezembro


de 2012, tenham cumprido, ininterruptamente, quinze anos da pena,
se não reincidentes, ou vinte anos, se reincidentes;

VI - condenadas a pena privativa de liberdade superior a oito anos que


tenham filho ou filha menor de dezoito anos ou com deficiência que
necessite de seus cuidados e que, até 25 de dezembro de 2012,
tenham cumprido:

a) se homens não reincidentes, um terço da pena, ou metade, se


reincidentes; ou

b) se mulheres não reincidentes, um quarto da pena, ou um terço, se


reincidentes.

VII - condenadas a pena privativa de liberdade não superior a doze


anos, desde que já tenham cumprido um terço da pena, se não
reincidentes, ou metade, se reincidentes, estejam cumprindo pena no
regime semiaberto ou aberto e já tenham usufruído, até 25 de
dezembro de 2012, no mínimo, de cinco saídas temporárias previstas
no art. 122, combinado com o art. 124, caput, da Lei nº 7.210, de 11 de
julho de 1984 - Lei de Execução Penal, ou tenham exercido trabalho
externo, no mínimo, por doze meses nos três anos contados
retroativamente a 25 de dezembro de 2012;

VIII - condenadas a pena privativa de liberdade não superior a doze


anos, desde que já tenham cumprido um terço da pena, se não
reincidentes, ou metade, se reincidentes, estejam cumprindo pena no
regime semiaberto ou aberto e tenham frequentado curso de ensino
fundamental, médio, inclusive profissionalizante, superior, ou ainda de
requalificação profissional, na forma do art. 126 da Lei de Execução
Penal, no mínimo por doze meses nos três anos contados
retroativamente a 25 de dezembro de 2012;

IX - condenadas a pena de multa, ainda que não quitada,


independentemente da fase executória ou juízo em que se encontre,
aplicada cumulativamente com pena privativa de liberdade cumprida
até 25 de dezembro de 2012;

X - condenadas:

a) com paraplegia, tetraplegia ou cegueira, desde que tais condições


não sejam anteriores à prática do delito e se comprovem por laudo
médico oficial ou, na falta deste, por médico designado pelo juízo da
execução;

b) com paraplegia, tetraplegia ou cegueira, ainda que tais condições


sejam anteriores a prática do delito e se comprovem por laudo médico
oficial ou, na falta deste, por médico designado pelo juízo da execução,
caso resultem em grave limitação de atividade e restrição de
participação prevista na alínea “c”; ou

c) acometidas de doença grave e permanente que apresentem grave


limitação de atividade e restrição de participação ou exijam cuidados
contínuos que não possam ser prestados no estabelecimento penal,
desde que comprovada a hipótese por laudo médico oficial ou, na falta
deste, por médico designado pelo juízo da execução, constando o
histórico da doença, caso não haja oposição da pessoa condenada;

XI - submetidas à medida de segurança, que, até 25 de dezembro de


2012, independentemente da cessação da periculosidade, tenham
suportado privação da liberdade, internação ou tratamento
ambulatorial por período igual ou superior ao máximo da pena
cominada à infração penal correspondente à conduta praticada ou, nos
casos de substituição prevista no art. 183 da Lei de Execução Penal,
por período igual ao tempo da condenação;

XII - condenadas a pena privativa de liberdade, desde que substituída


por pena restritiva de direitos, na forma do art. 44 do Decreto-Lei nº
2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, ou ainda
beneficiadas com a suspensão condicional da pena, que, de qualquer
forma, tenham cumprido, até 25 de dezembro de 2012, um quarto da
pena, se não reincidentes, ou um terço, se reincidentes;

XIII - condenadas a pena privativa de liberdade sob o regime aberto ou


substituída por pena restritiva de direitos, na forma do art. 44 do Código
Penal, ou ainda beneficiadas com a suspensão condicional da pena,
que tenham cumprido, presas provisoriamente, até 25 de dezembro de
2012, um sexto da pena, se não reincidentes, ou um quinto, se
reincidentes;

XIV - condenadas a pena privativa de liberdade, que estejam


cumprindo pena em regime aberto ou em livramento condicional, cujas
penas remanescentes, em 25 de dezembro de 2012, não sejam
superiores a oito anos, se não reincidentes, e a seis anos, se
reincidentes, desde que tenham cumprido um quarto da pena, se não
reincidentes, ou um terço, se reincidentes;

XV - condenadas por crime contra o patrimônio, cometido sem grave


ameaça ou violência à pessoa, desde que tenham cumprido um sexto
da pena, se não reincidentes, ou um quarto, se reincidentes, e
reparado o dano até 25 de dezembro de 2012, salvo comprovada
incapacidade econômica para repará-lo; ou

XVI - condenadas a pena privativa de liberdade superior a dezoito


meses e não superior a quatro anos, por crime contra o patrimônio,
cometido sem grave ameaça ou violência à pessoa, com prejuízo ao
ofendido em valor estimado não superior a um salário mínimo, desde
que tenham, até 25 de dezembro de 2012, cumprido três meses de
pena privativa de liberdade e comprovem o depósito em juízo do valor
correspondente ao prejuízo causado à vítima, salvo comprovada
incapacidade econômica para depositá-lo.(grifos nossos).

(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-
2014/2012/Decreto/D7873.htm ).

Como se pode observar no Decreto baseado na art. 84, caput, inciso


XII, da Constituição, nem todos os que estão encarcerados podem
alcançar este benefício, sendo determinados de forma discriminada os
que são atendidos pelo indulto. Ao contrário do que se noticia e
apregoa de forma até irresponsável, há critérios e determinações
efetivas para se compor esta medida.

2. Quais objetivos do indulto


O Direito de maneira particular o penal, tem a clara intenção de coibir o crime,
evitar o delito e trazer a uma nova realidade aquela que transgride a norma. Não
há como retirar de sua base o senso de vingança, embora haja um esforço sem
medida para não implementar este sentimento é certo que através da
condenação e do cumprimento da pena que ocorra uma certa satisfação a
sociedade como forma de apontar a desaprovação ao ato praticado.

Diante deste postulado qual então é o papel do indulto?

Diferentemente do saidão, indulto significa o perdão da pena, com sua


conseqüente extinção, tendo em vista o cumprimento de alguns
requisitos. É regulado por Decreto do Presidente da República, com
base no artigo 84, XII da Constituição Federal. O documento é
elaborado com o aval do Conselho Nacional de Política Criminal e
Penitenciária e acolhido pelo Ministério da Justiça, sendo editado
anualmente. O Decreto Presidencial estabelece ainda as condições
para a concessão do indulto, apontando os presos que podem e os que
não podem ser contemplados e determina o papel de cada órgão
envolvido em sua aplicação. Normalmente, o benefício é destinado aos
detentos que cumprem requisitos como ter bom comportamento, estar
preso há um determinado tempo, ser paraplégico, tetraplégico,
portador de cegueira completa, ser mãe de filhos menores de 14 anos
e ter cumprido pelo menos dois quintos da pena em regime fechado ou
semi-aberto. Deve manter ainda o bom comportamento no
cumprimento da pena, e não responder a processo por outro crime
praticado com violência ou grave ameaça contra a pessoa. Não podem
ser beneficiados, os condenados que cumprem pena pelos crimes de
tortura, terrorismo, tráfico de entorpecentes e drogas afins, e os
condenados por crime hediondo (após a edição da Lei Nº 8.072/90).
(Grifos nossos).

(http://www.tjdft.jus.br/cidadaos/execucoes-
penais/vep/informacoes/diferenca-entre-saidao-e-indulto ).

Como se pode extrair do texto em comento Indulto “é perdão da pena, com sua
consequente extinção”, ora, se há o perdão se avança para a retirada das
consequências da pena que é o encarceramento trazendo assim a extinção da
necessidade de aquele que é beneficiado continue no cárcere.
Pode soar como uma injustiça sem tamanho haver este tipo de medida para
quem foi condenado e está cumprido pena por um crime, mas se pensar em
apenas retirar de circulação aqueles que praticam delitos sem imaginar se quer
que eles retornem a sociedade qual o sentido de mantê-los presos? Se a ideia
primal é de a pena ter um término de qualquer jeito eles sairão?

Ainda nesta linha de pensamento, como conter os presos em termos de


disciplina, controle de conduta, de evitar rebeliões, sem promover algum
incentivo para que eles possam se comportar de maneira civilizada? Se não
houver formas de premiação como se poderá ter a mínima manutenção da
ordem dentro das cadeias?

Há um universo perverso a ser enfrentado que é visualizar como está à


população no sistema carcerário brasileiro em termos de números, uma
realidade que há um recusa natural a ser observado por não se querer enfrentar
uma realidade cruel, que não é só brasileira mais mundial, o número de pessoas
presas aumenta vertiginosamente.

Deficiente, insalubre e superlotado, o sistema carcerário brasileiro tem


237.313 presos a mais que a sua capacidade. Segundo levantamento
realizado pelo Instituto Avante, em 2012 eram 548.003 pessoas
vivendo em espaços onde cabem 310.687, o equivalente a 1,76
detentos por vaga. [...] Cada vez mais lotado, o sistema carcerário
brasileiro ganhou 315.003 novos presos entre 2000 e 2012. Segundo
o levantamento, o número de encarcerados passou de 233 mil em 2000
para 548.003 em 2012, um aumento de 135% no período. A quantidade
de presos cresceu muito mais do que a população brasileira no mesmo
período, que passou de 170 milhões em 2000 para 193 milhões de
habitantes, um aumento de 13%.

(http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2014-07-03/sistema-prisional-
brasileiro-tem-quase-240-mil-pessoas-alem-da-capacidade.html ).

Há um colapso como bem demonstra os dados ofertados que espantam os


estudiosos em criminologia levando a um estudo mais profundo do porque este
aumento tem sido assustador e disparado.

A evidência da falência no que se refere ao espaço determinado a cada detento


somado as condições desumanas em termos de tratamentos mínimos exigidos
reflete um problema de difícil solução, ainda mais se for considerado o que se
está investindo num sistema não funcional, o “Prejuízo: Estados perdem R$ 135
milhões destinados a investimentos em presídios”
(http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2014-07-03/sistema-prisional-brasileiro-
tem-quase-240-mil-pessoas-alem-da-capacidade.html ).um recurso que é
corroído pela não sanidade do sistema prisional.

Para evitar a crítica cruenta ou ao menos oferecer um quadro mais completo do


problema cumpre apresentar que mesmo os países onde as penas são com
maior duração ou efetivamente há até a pena de morte o problema de aumento
do número de encarcerados não diminui.

Os Estados Unidos podem continuar a gabar-se de ser a «terra da


liberdade», mas as estatísticas mostram que são também o país cujas
prisões estão mais sobrelotadas. Dois países destacam-se no mundo
pelo recurso desproporcionado à pena de prisão como solução para os
problemas sociais: a Rússia, com 584 presos, e os Estados Unidos,
com 715 encarcerados em cada cem mil habitantes - ou por outras
palavras, cerca de 2,1 milhões de presos.

(http://www.dn.pt/especiais/interior.aspx?content_id=1015026&especi
al=Crimes%20Violentos&seccao=SOCIEDADE ).

Os Estados Unidos continua sendo o país com a maior população carcerária e o


crime mesmo com penas mais duras não tendo inibido a prática criminosa, pelo
contrário os dados apontam para um aumento de “com um aumento de 2,9% só
no ano passado.” (Idem).

O cumprimento da pena em um ambiente que seja próprio e com recursos, tendo


na figura do preso uma pessoa humana pode melhorar e muito a mudança tão
necessária para se mudar alguns aspectos no combate ao crime, sem contar
com a penalização progressiva dos reincidentes como ocorre no próprio EUA.

Contudo, não se pode perder o foco que com uma população de meio milhão de
pessoas, sabendo que nem todas que estão ali cometeram crimes hediondos,
bárbaros e violentos, algumas soluções e tentativas de reabilitação tem que
haver para incentivar o bom comportamento e por fim manter a disciplina e a
ordem.

3. A importância da ressocialização para sociedade


Como costumeiramente se utiliza os EUA para promover a prisão perpétua e a
pena de morte é bom visitar este mesmo país no sistema de quando o preso saiu
da prisão e como ele tem no Estado a tentativa de reabilitação.

Para tanto é bom se analisar o ambiente onde o prisioneiro vai cumprir sua pena.

O Brasil tem a cultura da ressocialização do preso e os Estados Unidos


a de punir. O ambiente da prisão americana é totalmente humano. No
Brasil, tenta-se ressocializar o preso em um ambiente desumano. As
comparações foram feitas pelo coronel Charles Saba, da Polícia
Americana, no programo Direito e Justiça em Foco, que discutiu a
Segurança Pública. Ele tem mais de 20 anos de experiência na criação
e implementação de programas de treinamento para policiais na área
internacional — incluindo gerenciamento empresarial, segurança
aplicada, policiamento comunitário, proteção vip e SWAT.

(http://www.conjur.com.br/2012-nov-19/justube-brasil-ressocializar-
preso-estados-unidos-prefere-punir ).

Como se pode tentar após um período em um ambiente impróprio, desumano,


inóspito e sem condições humanas de convivência mínima se falar de
ressocialização? Se uma pessoa é tratada com violência e desumanidade a
resposta natural que oferecerá é o mesmo tratamento.

Continuando nesta linha se verifique que este mesmo país mesmo tendo a pena
de morte e prisão perpétua tem uma forma diferente de tratamento dos presos:

Apesar da prisão perpétua e da pena de morte, os EUA investem na


educação desde os primeiros anos de vida de seus cidadãos e na
ressocialização de presidiários, quando não condenados a pena de
morte ou prisão perpétua. Mesmo condenado à prisão perpétua ou à
pena de morte, o presidiário tem seus direitos humanos garantidos,
enquanto em poder do Estado norte-americano. Os presídios são
asseados, as refeições são nutritivas, as celas proporcionam um
mínimo de conforto; em alguns casos, dependendo do tipo de
presidiário e sua sentença, há a possibilidade de frequentar salas de
leituras, musculação. http://jus.com.br/artigos/28960/eua-usam-
tratamento-de-choque-para-reabilitacao-de-criancas-e-
adolescentes#ixzz3NRPbPICg

Os direitos mesmo aqueles que têm decretado a pena máxima, quer seja
perpétua ou de morte é garantido em um ambiente que proporcione o mínimo de
civilidade e respeito à pessoa humana. Perceba a clara diferença que não é
noticiada pelos arautos do fatalismo “Os presídios são asseados, as refeições
são nutritivas, as celas proporcionam um mínimo de conforto” [...] E por que não
deveria ser assim? Por que aqueles que têm que cumprir pena tem que serem
tratados como lixos humanos?

E como forma de prevenção e ressocialização há programa que tem sido levado


a cabo com resultados consideráveis para benefícios inclusive dos jovens:

No estado de Maryland, nos EUA, um programa de “conscientização”


está sendo aplicado às crianças e aos adolescentes que cometem
crimes (nos Estados Unidos não existe idade mínima para a aplicação
de pena). O programa se chama “Tratamento de Choque”; esse
programa consiste em levar crianças e adolescentes, que cometeram
crimes, para Maryland Correcional Institution Jessup. Interessante que
os próprios pais dos adolescentes e das crianças apoiam tal medida.
Os adolescentes e as crianças são colocados de frente com
presidiários que cometeram assassinatos, estupros, que tiveram penas
perpétuas. O “Programa de Impacto” tem como objetivo impressionar
os jovens através dos relatos dos próprios presos. Tais relatos são de
como começaram na vida criminosa até irem parar atrás das grades.
Os próprios presidiários recriminam e não aprovam condutas dos
adolescentes, como desrespeito aos pais, depredações aos bens
públicos, brigas, participações em gangues.

(http://jus.com.br/artigos/28960/eua-usam-tratamento-de-choque-
para-reabilitacao- de-criancas-e-adol escentes#ixzz3NRRdjJ4v ).

É notória a preocupação em basear a orientação e não só penalizar como se


pode afirmar de forma desconexa e sem contexto fático, experiências que
possam servir de base para prevenir e despertar crianças, adolescentes e jovens
que praticam atos infracionais sendo preferível a apenas exigir a condenação
sem nenhuma perspectiva de futuro.

Há ainda outros exemplos que são cabíveis e pertinentes ao grande problema


brasileiro de não se atentar a ressocialização, bem como prover condições
mínimas de vivências daqueles que estão presos cumprido sua sentença.

O reconhecimento do fracasso da prisão como instituição de prevenção


especial positiva conduz, no segundo caso, à afirmação voluntária de
uma norma contrafactora, a qual, não obstante, deve ser considerada
como lugar e caminho de ressocialização. Na realidade, o
reconhecimento do aspecto contrafactor da idéia de ressocialização
surge, às vezes, na mesma argumentação daqueles que sustentam a
nova “ideologia de tratamento”. Num encontro de criminalistas
alemães, ocorrido há alguns anos em Frankfurt, um dos mais
renomados pesquisadores desse país reconhecia francamente o
fracasso, constatado até então, das ações de ressocialização por meio
da prisão e sustentava, ao mesmo tempo, que, apesar disso, era
preciso manter a idéia da ressocialização para não dar cabimento
àqueles que advogavam as teorias neoclássicas e neoliberais da
retribuição e da neutralização.
( http://www.juareztavares.com/textos/baratta_ressocializacao.pdf ).

Somente encarcerar, punir, tirar do meio social não se traduz na melhora de


comportamento e muito menos a condição de voltar a uma convivência pacifica
na sociedade. Este debate exige mais do que apenas a punição, há de se
repensar em como se pode reconstruir na pessoa sua condição de desejar estar
de forma pacífica no ambiente familiar e social.

Os países que tem se defrontado com esta problemática tem percebido não ser
fácil a solução e nem existir uma fórmula única.

A primeira está relacionada com o conceito sociológico de reintegração


social. Não se pode conseguir a reintegração social do sentenciado
através do cumprimento da pena, entretanto se deve buscá-la apesar
dela; ou seja, tornando menos precárias as condições de vida no
cárcere, condições essas que dificultam o alcance dessa reintegração.
Sob o prisma da integração social e ponto de vista do criminoso, a
melhor prisão é, sem dúvida, a que não existe. Pesquisas sobre o
convívio social na prisão e testes de avaliação elaborados para avaliá-
las evidenciam uma ampla sucessão ordenada de coisas diferentes,
mas da mesma espécie. Analisando-se os institutos prisionais
existentes hoje na Europa e Estados Unidos, eles podem ser dispostos
a estimar sua eficácia [...]

(http://www.juareztavares.com/textos/baratta_ressocializacao.pdf ).

A frase a ser descortinada neste texto lúcido e providente é “Não se pode


conseguir a reintegração social do sentenciado através do cumprimento da pena,
entretanto se deve buscá-la apesar dela; ou seja, tornando menos precárias as
condições de vida no cárcere”, esta é uma questão que sobrepuja todo estudioso
do tema, embora o cumprimento da pena não seja negociado, ou seja, uma vez
julgado e condenado, o cárcere será o destino final daquele que praticou o delito,
o ambiente não pode ser o pior, não pode ser aquele que subjugue a pessoa do
preso, caso contrário não há de se falar de reintegração social e ressocialização.

E é de suma importância separar a situação de cumprimento da pena com o


apenado, considerando que de uma forma geral e uniforme o direito penal não
permite duas punições em uma, assim, não é por ter sido condenado a estar
privado de sua liberdade que é a pena arbitrada que para o regozijo geral o
mesmo condenado tenha que estar privado das mínimas condições dignas e
satisfatórias do ser humano que ele continua sendo. Caso se entenda que uma
coisa está condicionada a outra se tem o que se chama de Bis in idem, o que é
proibido no Direito penal por se tratar de aplicação de duas penas para um só
crime.

O que viria a ser esta ressocialização e quando se poderia começar sua prática?

Se os programas e benefícios são independentes do contexto


punitivo/disciplinar, seu conteúdo não necessita nem admite divisões
rígidas nem soluções de continuidade relativas a condição de
sentenciado ou de ex-coordenado quanto a seus direitos. Onde fosse
possível, os sentenciados poderiam eventualmente trabalhar em
pequenos hospitais e em outros programas fora da prisão, que
permitiria uma concentração e o deslocamento dela e facilitaria, ao
mesmo tempo, a passagem do sentenciado a prisão à vida e à
assistência pós-prisão.

(http://www.juareztavares.com/textos/baratta_ressocializacao.pdf )

A simples possibilidade de no sistema penal fosse admitido como é claramente


estabelecido na LEP (Lei de Execução Penal), o trabalho e a cada progressão
esta condição de trabalho fosse favorecida, a ressocialização quando por
ocasião do cumprimento final da pena seria muito mais viável e possível.

Este não é um caminho fácil, pois passa por questões de vontade política e
outras situações que desfavorece se quer repensar este sistema desumano e
disfuncional, mas algo precisa urgentemente ser feito.

Conclusão
A proposta do presente artigo é levar aos leitores a uma reanalise de como o
sistema prisional vigente está funcionando e como rever aquilo que precisa ser
revisto.

Como se pode observar há muito que se fazer a começar em otimizar o alto


investimento para um sistema tão precário e truncado.

Há também bons exemplos do que não se deve fazer e aqueles que se podem
sem nenhum constrangimento copiar e remodelar para os padrões brasileiros.

É certo que ao sair aquele que cumpriu sua parcela de culpa na prisão precisa
refazer sua vida para que não volte a delinquir. Aqui surgirá certamente a ideia
de que muitos destes se habituaram a estas práticas, mas a pergunta currial são
todos, absolutamente todos que voltam a prática criminosa?
Será que não vale o esforço para possibilitar aqueles que quiserem ter uma nova
chance de se refazer tendo uma nova chance?

Por fim, não houve a intenção de defender aqueles que são praticantes de crimes
bárbaros e hediondos como sendo portadores de uma aureola, mas de entender
que neste universo prisional há muitos que podem e merecem ter uma nova
chance de recomeçarem suas vidas.

Referências Bibliográficas:
http://www.conjur.com.br/2012-nov-19/justube-brasil-ressocializar-preso-
estados-unidos-prefere-punir

http://www.dn.pt/especiais/interior.aspx?content_id=1015026&especial=Crimes
%20Violentos&seccao=SOCIEDADE

http://www.ebah.com.br/content/ABAAAfI2gAJ/artigo-sobre-indulto-alintedesco

http://www.juareztavares.com/textos/baratta_ressocializacao.pdf

http://jus.com.br/artigos/28960/eua-usam-tratamento-de-choque-para-
reabilitacao-de-criancas-e-adolescentes#ixzz3NRPbPICg

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Decreto/D7873.htm

http://www.soleis.adv.br/artigoindulto.htm

http://www.tjdft.jus.br/cidadaos/execucoes-penais/vep/informacoes/diferenca-
entre-saidao-e-indulto

http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2014-07-03/sistema-prisional-brasileiro-
tem-quase-240-mil-pessoas-alem-da-capacidade.html

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