Você está na página 1de 8

Profª.

Renata Luciana Moraes - Faculdade


Anhanguera/Assis

Fundamentos Históricos do Direito - Trabalho

Tema: “A Evolução do Conceito de Justiça: Uma


Perspectiva Histórica”.

Aluno: Cícero Mateus de Andrade - Direito - 2º Semestre


A Evolução do Conceito de Justiça:

A Justiça, na filosofia antiga, significava virtude suprema, que


abrangia, sem distinção entre o direito e a moral. Segundo este
entendimento, é a expressão do amor ao bem e a Deus .
Considerando as quatro virtudes básicas do sistema de Platão,
a Justiça é uma espécie de eixo gravitacional, em torno do qual
circundam as outras três: autodomínio, coragem e sabedoria. A
Justiça é "a virtude moral que rege o ser espiritual no combate
ao egoísmo biológico, orgânico, do indivíduo.
A Justiça harmoniza as pretensões e interesses conflitantes na
vida social da comunidade. Uma vez adotada a idéia de que
todos os problemas jurídicos são problemas de distribuição, o
postulado de Justiça equivale a uma exigência de igualdade na
distribuição ou partilha de vantagens ou cargas. Os adptos de
Pitágoras simbolizaram a justiça com o número quadrado, no
qual o igual está unido ao igual. A idéia da justiça como
igualdade se apresentava sob inúmeras formas.
Nesta epóca, a aplicação da igualdade, é necessário que haja
algum critério para determinar o que será considerado igual. A
exigência de igualdade contida na idéia de justiça não é
dirigida de forma absoluta a todos e a cada um, mas a todos os
membros de uma classe determinada por certos critérios
relevantes.

A noção de justiça tem tido sempre uma função importante na


história da humanidade e particularmente na Antiguidade.
Homens e cidadãos, os Gregos orgulhavam-se da sua
liberdade que se reflectia no fato de apenas obedecerem a
uma lei, igual para todos. Distinguiam, contudo, entre dois tipos
de lei – a divina, não-escrita, conjunto de valores universais,
comuns a todos, e a humana, escrita, específica para cada
cidade, mas que deveria obedecer à divina.

Por outro lado, o Direito Romano foi, ao longo dos séculos e


até muito recentemente, a base do Direito europeu e ocidental.

A JUSTIÇA NA GRÉCIA ANTIGA

Pode-se considerar a Grécia Antiga como a origem do debate


acerca do conceito de justiça e o ponto de partida para a
tentativa que se seguiu no decorrer dos séculos de defini-lo
propriamente. Ali se encontra o berço da filosofia, e são esses
filósofos quem deram o pontapé inicial na questão da reflexão
racional do mundo e da justiça.
A sociedade era escravocrata o que permitia o ócio dos
homens livres, levando-os a ter tempo para a prática da
reflexão e da filosofia. No limites do Mar Mediterrâneo de
forma a ser um centro mercantil, contribuindo para um intenso
intercâmbio de culturas e com um sistema político aberto à
discussão pública para a elaboração das leis similar a um
conceito inicial de democracia direta a Grécia Antiga possuía
as condições necessárias para o surgimento da filosofia e o
consequente debate sobre a justiça.
Os primeiros a refletir sobre o tema foram os filósofos
denominados “filósofos da natureza”, os quais focalizaram em
temas relacionados a uma explicação racionalizada da origem
do mundo e das coisas. A escola pitagórica, por exemplo,
definiu o cerne de sua teoria como sendo os números e sua
perfeita relação de proporcionalidade e simetria estas duas
relações se ligaram ao conceito de Justiça, de forma que ela
se configurava como a igualdade numérica: tratamento igual
aos que são iguais, e tratamento diferente aos que se diferem,
na medida proporcional de sua diferença.
Parmênides definia sua teoria nos princípios da identidade e
da não contrariedade, ou seja, “o que é, é, e não pode não ser”
levando a ideia de justiça a um plano imutável, um conceito
ideal fixo que precisa ser alcançado.
Os filósofos denominados sofistas desenvolveram uma outra
vertente da ideia de justiça. Baseavam-se na retórica e na
argumentação para a construção do conhecimento e definiam
que não haveria verdade absoluta. A justiça era um conceito
relativo, e seguiria sempre relacionado às leis de cada
sociedade, pois, se houvesse uma justiça universal, então
também existiria um conjunto de leis universais .
Aristóteles afirmava que o ser humano é um ser social, ou seja,
sua natureza é se relacionar com outros indivíduos e viver em
comunidade pois a base da sobrevivência humana estaria nas
relações sociais presentes na vida comum.
De forma geral, ele desenvolve duas vertentes do termo: a
justiça universal e a justiça particular. Aquela se dá com a
obediência das leis, ou seja, é uma justiça formal pautada num
sistema de leis positivas pré-estabelecido que é considerado
justo em sua formação, pois as leis injustas não são
consideradas leis pelo filósofo, e ela se faz presente em todas
as virtudes do ser humano.
A justiça particular se dá com a análise da própria justiça e sua
relação entre as partes da sociedade, conceituada por
Aristóteles como dar aos indivíduos o que lhes cabe,
relacionando-se a uma ideia distributiva. Socialmente falando,
seria a distribuição de cargos e funções pelo governo àqueles
mais capazes de exercê-los, e pode-se relacionar também à
ideia de meritocracia.
Por exemplo, as relações de contrato de compra e venda são
pautadas pela justiça corretiva, uma vez que uma parte
concede um bem a outra e esta recebe um valor
compensatório dessa perda. Nestes contexto essa perda pode
não ser voluntária, como nos casos em que se furta um bem
ou se ofende a honra de uma pessoa, pois houve dano a um
indivíduo e ele deve ser recompensado por uma indenização
correspondente ao valor do bem lesado. Este conceito é
aplicado atualmente no Direito Penal, o qual é responsável por
aplicar penas e sanções proporcionais aos delitos cometidos
aos agentes dos crimes.
A Grécia Antiga e seus pensadores contribuiram muito para a
noção de justiça.

O DIREITO ROMANO
No campo do direito civil, o direito romano influencia
fortemente todas as ramificações, todavia, deu-se enfoque à
seara das pessoas, bens e obrigações. No tocante ao
processo civil, demonstrou-se que princípio vigente na
atualidade, como o princípio do dispositivo, da oralidade surgiu
no direito romano.

A JUSTIÇA NA IDADE MÉDIA


A Idade Média também foi um período histórico marcado por
ter diversas teorias relacionadas ao conceito de justiça. Por
abranger vários séculos, não há como explorar totalmente todo
seu contexto e toda sua produção intelectual. Falando meio por
cima, com o fim do Império Romano do Ocidente, a ruralização
da Europa Ocidental, a descentralização do poder e o
crescimento do Cristianismo criou-se um terreno fértil para as
idéias religiosas e seus pensadores.
O primeiro foi Agostinho de Hipona, precursor do movimento
da patrística, cuja fundamentação era a conciliação da fé com
a razão, em que a divindade concede o conhecimento e a
Verdade através das Sagradas Escrituras e o indivíduo deve
alcançar essa Verdade transcendente através da interiorização
e da oração.
Para o filósofo, a noção de justiça se encontraria nesse
dualismo, pois ela estaria no plano imanente junto com o
conhecimento divino e o próprio Deus, sendo fundamento das
leis divinas; as leis terrenas, e, consequentemente, a justiça
humana, por sua vez, deveriam ser o mais próximo possível
das divinas, pois somente assim estariam em favor da justiça
divina e aproximariam o indivíduo de Deus afastando das
falhas proporcionadas pela condição humana.
O nome mais famoso dessa época é Tomás de Aquino. Sua
doutrina baseou-se nas ideias aristóteles na tentativa de
fortalecer os dogmas da Igreja Católica e conciliar a fé e a
razão..
Desta forma, esses ideais afirmavam que as experiências eram
importantes para a criação de hábitos e para a percepção do
que é o Bem e do que é o Mal. Ademais, a ideia de justa
medida, bem relacionada à justiça, que se apresenta no
equilíbrio entre o excesso e a falta das qualidades e virtudes.
Percebe-se grande força da filosofia e da religião no período
medieval.

Os Tipos de Punições nas sociedades antigas

Vingança privada, constituía muitas vezes os fenômenos


naturais para os quais não havia explicação.
A vingança divina teve marco à influência da religião na vida
dos povos antigos, pois deveria punir o crime, para a
satisfação dos deuses pela ofensa praticada.
Este tipo de sanção foi adotada pelo Código de Hamurabi.
Esse código se baseava na Lei do Talião, que punia um
criminoso de forma semelhante ao crime cometido, ou seja,
“olho por olho, dente por dente”.

Vingança pública, sendo o Estado foi sendo constituído de


maneira organizada e estruturada, e como o objetivo era sua
segurança, as penas continuavam sendo severas e cruéis.

Direito Canônico

O Direito Canônico contribuiu consideravelmente para o


surgimento da prisão moderna, especialmente no que se refere
às primeiras ideias de reforma do delinquente.

A JUSTIÇA NA ERA CONTEMPORÂNEA

As concepções antigas sofreram um certa ruptura com o


pensamento de justiça no mundo contemporâneo. Com a
mudanças ecônomica e política do mundo atual, as sociedades
modernizaram e com ela o conceito de justiça também teve
sua evolução.
As definições de justiça hoje está intimamente ligada em fazer
a Justiça social, reduzindo as mazelas sociais existente no
mundo e promover e promover a vida digna para todos.
Observa-se ainda no mundo atual, mesmo com toda a
evolução dos direitos humanos, a utilização de penas cruéis
contra a vida, caso da pena de morte, açoitamentos e
amputações, etc.

Conclusão
Conclui-se que é Inegável, que o Direito Antigo tenha prestado
expressiva contribuição para os fundamentos da ciência
política e das instituições de Direito Público no tocante às
idéias concernentes à forma tripartida de governo e ao ideal de
Justiça, a agilidade com que atendiam aos seus interesses.

REFERÊNCIAS

PIERENDUELLI, José Henrique. Das penas: tempos


primitivos e legislações antigas. Fascículos de ciências
penais. São Paulo: Fabris, 1980

VASCONCELOS, Emerson Diego Santos de. A precariedade


no sistema penitenciário brasileiro – violação dos direitos
humanos.

MASCARO, Alysson Leandro. Filosofia do direito. 7 ed. São


Paulo: Atlas, 2019.
Guilherme Assis de. Curso de filosofia do direito. 14 ed. São
Paulo: Atlas, 2019.

ROSS, Alf. Direito e Justiça. São Paulo: Edipro, 2000.

Você também pode gostar