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(seu nome)
Aparecida de Goiânia
2023
I. Tempos Primitivos:
A vingança privada é um conceito que remonta aos tempos primitivos e refere-se a uma forma
de justiça em que a punição por um crime é realizada diretamente pela vítima, seus familiares
ou seu grupo social. Nesse sistema, a responsabilidade pela retribuição recai sobre as partes
afetadas pelo crime, em vez de um sistema de justiça formal.
Na vingança privada, quando uma pessoa sofria um dano ou uma injustiça, ela tinha o direito
de buscar vingança contra o ofensor. Essa vingança geralmente envolvia algum tipo de
retaliação direta, como agressões físicas, destruição de propriedade ou até mesmo
assassinato. A ideia subjacente era que a punição deveria ser proporcional à ofensa cometida,
restabelecendo um equilíbrio ou uma sensação de justiça na comunidade.
A vingança privada estava enraizada nas relações sociais e familiares das sociedades
primitivas. O grupo social ou a família da vítima sentia a obrigação de proteger e defender seus
membros, e a vingança era considerada uma forma legítima de fazê-lo. Além disso, a falta de
um sistema judicial formal e centralizado levava as pessoas a buscar justiça por conta própria.
No entanto, a vingança privada também apresentava desafios e problemas. Podia levar a um
ciclo interminável de violência, com a família do ofensor buscando vingança pela vingança
anterior. Além disso, a falta de uma autoridade imparcial para arbitrar e controlar as punições
muitas vezes resultava em decisões injustas e excessivamente severas.
A evolução histórica das ideias penais em relação à vingança divina está relacionada ao papel
desempenhado pela religião na concepção e aplicação das penas ao longo do tempo. A
vingança divina refere-se à crença de que a punição por crimes e transgressões é de
responsabilidade de uma entidade ou força sobrenatural, como um deus ou deuses.
Um exemplo bem conhecido de vingança divina é o Código de Hamurabi, uma antiga lei
babilônica estabelecida pelo rei Hamurabi no século XVIII a.C. Esse código era baseado no
princípio de "olho por olho, dente por dente", onde a punição era diretamente proporcional ao
crime cometido. Acreditava-se que as leis contidas no código eram de origem divina, e a
aplicação das penas era vista como uma forma de realizar a vontade dos deuses.
IV. Vingança Pública:
A evolução histórica das ideias penais em relação à vingança pública está associada ao papel
da comunidade ou do Estado na aplicação das penas. A vingança pública refere-se à noção de
que a punição por crimes e transgressões é realizada em nome da sociedade como um todo, e
não apenas da vítima individual.
Nos estágios primitivos da história, a vingança pública era frequentemente adotada como forma
de retribuição contra aqueles que cometiam delitos. Nesse sistema, a comunidade ou a
coletividade tinha a responsabilidade de buscar justiça e punir os infratores como uma forma de
manter a ordem social.
Um exemplo desse princípio pode ser encontrado em algumas sociedades tribais, em que os
líderes ou conselhos de anciãos eram responsáveis por determinar a culpa do infrator e impor
uma punição em nome da comunidade. Essa punição muitas vezes tinha um caráter retributivo
e podia variar desde multas até a exclusão social, trabalho forçado, mutilação ou até mesmo a
pena de morte.
V. Período Humanitário:
A evolução histórica das ideias penais em relação ao período humanitário está relacionada à
mudança de foco da retribuição e punição severa para abordagens mais humanas, centradas
na reabilitação, ressocialização e proteção dos direitos dos infratores.
Um dos marcos desse período foi a obra do filósofo italiano Cesare Beccaria, intitulada "Dos
Delitos e das Penas", publicada em 1764. Nesse livro, Beccaria argumentava contra as práticas
punitivas excessivas e defendia uma abordagem mais racional, proporcional e baseada na
prevenção do crime, em vez de apenas na retribuição. Ele criticava a tortura, a pena de morte e
outras formas cruéis de punição, afirmando que elas não eram eficazes para dissuadir os
crimes.
Essas ideias humanitárias começaram a ganhar força ao longo do século XIX, com a abolição
da pena de morte em diversos países e a adoção de penas mais proporcionais e
individualizadas. Surgiram propostas de reformas penitenciárias que visavam à reabilitação dos
infratores, proporcionando educação, trabalho e tratamento para reintegrá-los à sociedade.
Um exemplo notável dessa evolução foi a criação do sistema penitenciário baseado no modelo
da "prisão celular", proposto pelo jurista e filósofo inglês Jeremy Bentham. Esse modelo
enfatizava a reclusão individual como forma de punição, visando à reflexão e à reforma moral
do infrator.
Além disso, foram desenvolvidas abordagens mais diversificadas e alternativas à prisão, como
a liberdade condicional, a justiça restaurativa e programas de reintegração social. A ênfase
passou a ser na prevenção da reincidência, na recuperação e na reintegração dos infratores na
sociedade, reconhecendo que a punição puramente retributiva não era suficiente para resolver
os problemas subjacentes que levaram ao crime.
No período humanitário, a justiça penal passou a ser vista como um processo mais complexo,
envolvendo a proteção dos direitos dos infratores, a promoção da reabilitação e a busca por
soluções que considerassem as necessidades individuais e as causas subjacentes do crime.