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Questionário de Justiça Restaurativa

1. Michel Foucault, mais precisamente com sua célebre obra: Vigiar e Punir, nutria a
ideia de uma justiça penal mais humanista e não punitiva.
2. São movimentos antiprisionais: A Liga de Coornhert, KROM, KRUM, KRIM. Tais movimentos
se restringiam à França.
3. Pela teoria da reação social ou Labeling Approach, o delinquente que pratica uma
conduta delituosa (delinquência primária) tem uma resposta ritualizada e
estigmatizada que o distancia da sociedade e diminui as oportunidades, surgindo
uma subcultura do delinquente com reflexo na autoimagem, que o rotula como
criminoso e propicia a carreira no crime, sendo a causa da delinquência secundária.
4. O Labeling Approach foi fundado pelo sociólogo norte-americano Howard Becker,
através da publicação de sua obra: Outsiders, no início da década de 1960.
5. A teoria da reação social ou labeling approach tem por objetivo considerar o crime
e o delinquente como questões centrais. Pretende voltar-se ao sistema de controle
adotado pelo Estado no âmbito preventivo, normativo e na escolha do mecanismo
de reação à criminalidade.
6. Segundo à teoria da reação, a sociedade cria o delito através do consenso social,
não sendo possível compreender o crime sem se referir às instâncias de reação e
controle que qualificam e etiquetam comportamentos (Legislativo, Polícia,
Ministério Público, Judiciário, etc.).
7. No Brasil, o Código Penal ora vigente, adota um modelo retribucionista não puro,
de modo que, existem outros pilares punitivos que não apenas a questão da
proporcionalidade do mal causado ao mal recebido – que recebe total destaque no
modelo puro, kantiano.
8. Afere-se da legislação penal brasileira que esta assumiu expressamente um duplo
sentido para a pena: retribuição e prevenção.
9. O paradigma do sistema retributivo consiste na atribuição da culpa, mediante a
imposição de uma sanção. Não havendo foco na segregação, embora seja
perseguida por meio de um processo judicial com rigor formal, provocando
estigmatização do acusado e retirando da vítima qualquer protagonismo na solução
do conflito, objetivando a redução da criminalidade através do temor à sanção
penal.
10. É bem verdade que, ao longo do tempo, houve uma mudança significativa na
concepção retributiva da pena, que agregou uma perspectiva preventiva, não
retirando a retribuição do âmago da pena.
11. Em meados da década 1990 emerge no seio social o movimento conhecido como
Justiça Restaurativa.
12. A Justiça Restaurativa é um processo destinado a implicar, o mínimo possível, as
pessoas envolvidas em uma infração penal a identificar e responder coletivamente
a todo mal causado, necessidades e obrigações decorrentes, no afã de reparar os
prejuízos e de restabelecer a maior harmonia social possível.
13. A tônica da Justiça Restaurativa é retributiva, na medida em que se pretende a
compensação do mal causado à vítima do crime e à reintegração das partes na
comunidade.
14. A Justiça Restaurativa propicia o encontro entre as pessoas que estão direta e indiretamente
ligadas a um conflito para em conjunto se compreenderem, responsabilizarem e acordarem
a respeito de como e o que fazer para restaurar as relações rompidas.
15. Segundo a Resolução do Conselho Econômico e Social da ONU, “Justiça Restaurativa é um
processo através do qual todas as partes envolvidas em um ato que causou ofensa reúnem-
se para decidir coletivamente como lidar com as circunstâncias decorrentes desse ato e suas
implicações para o futuro”.
16. O movimento de justiça restaurativa tem suas origens em correntes a favor das
vítimas, de forma que se permite a sobreposição dos interesses desta (vítima) aos
do ofensor, bem como a canalização de sentimentos como os da vingança ou
retaliação, pois, pretende a pacificação social, através da construção de sentimentos
positivos.
17. O pressuposto básico da justiça denominada restaurativa, ou ainda, reparadora, é a
transformação de sentimentos como vingança, ódio, competição ou retaliação, e a
neutralização do caráter retributivo do direito pena.
18. Um dos princípios do Movimento Tolerância Zero se pauta na separação da
sociedade em dois grupos: o composto de pessoas de bem e, portanto, merecedoras
de proteção legal; o segundo, de homens maus, os criminosos, a quem são
destinadas a severidade e dureza da norma penal.
19. Durante o movimento de tolerância zero criou-se o pensamento de que o Direito
Penal não é a solução de todos os males que afligem os bons homens, exigindo-se o
delineamento de novos delitos e o agravamento das penas cominadas aos crimes já
previstos.
20. A melhor das penas para os adeptos do Movimento da Lei e Ordem é a de morte,
seguida da prisão perpétua, isto porque, além de assegurar aos homens de bem o
não convívio com os homens maus, se estará, de fato, fazendo justiça à vítima.
21. Acerca do paradigma da Lei e Ordem difunde, através de um punitivismo ideológico,
midiático e demagógico (neopunitivismo), uma situação de medo e insegurança
generalizados na sociedade.
22. Através do neopunitivismo, diminui-se a repressão, baseada no antigo regime
punitivo- retributivo (pena como castigo meramente). Não é fortalecida a prevenção
especial negativa, fundada na neutralização do criminoso através de prisões de
segurança máxima, penas perpétuas e da pena de morte.
23. Esse fenômeno do neopunitivismo conhecido como expansionismo penal e seu
crescimento tem resultado em uma inflação legislativa de cunho extremamente
repressivo e de violação a várias garantias constitucionais, penais e processuais
penais, criando-se leis mais duras como se fosse o ‘santo remédio’ para a solução do
problema da criminalidade.
24. Para Zaffaroni e Nilo Batista, o Legislativo, a Polícia, o Ministério Público, o Judiciário,
são agências informais, enquanto que as escolas, ONGs, faculdades, mídia, entre
outros, são agências formais.
25. As práticas restaurativas datam das primeiras organizações sociais e pré-estatais e
estariam ligadas à estrutura social e à cultura.
26. O recurso para as práticas restaurativas é determinado pela estrutura social.
27. Canadá e Nova Zelândia são considerados os berços desse movimento devido à
valorização dos modelos de justiça dos povos indígenas que habitam aqueles
territórios desde tempos antigos.
28. A Justiça Restaurativa tem abordagem reintegradora, permitindo que o transgressor
repare danos e, assim sendo, não absorva o rótulo de transgressor.
29. Um comprometimento cooperativo é elemento essencial da Justiça Restaurativa,
pois, esta cuida de suprir as necessidades apenas emocionais das vítimas.
30. A essência da Justiça Restaurativa é colaborativa.
31. As comunidades, in casu, têm papel essencial, visto que o objetivo da prática
restaurativa é fazer com que as comunidades preencham as necessidades da vítima.
32. Os processos pautados pela restauração tendem à reintegração de vítimas e
infratores, fortalecendo os laços comunitários, aumentando a coesão dessa
estrutura social, e, ampliando a capacidade dos cidadãos de solucionar seus próprios
problemas.
33. Existem três correntes de pensamento que favoreceram o ressurgimento da Justiça
Restaurativa e dos processos que a ela estão associados nas sociedades
contemporâneas ocidentais, quais sejam: os movimentos de contestação das
instituições repressivas, a descoberta da vítima e a exaltação da comunidade.
34. Qualquer ação que objetive fazer justiça por meio da reparação do dano causado
pelo crime pode ser considerada “prática restaurativa”.
35. O Brasil contempla em sua legislação alguns exemplos de práticas restaurativas, a
exemplo da Lei 9099/95 com a composição civil, a transação penal e a suspensão
condicional do processo (art.89). Tem-se ainda o instituto da remissão presente no
ECA, utilização da lei 9099/95 nos crimes contra idosos, o instituto da colaboração
premiada e por fim, o perdão judicial previsto no Código Penal.
36. A regulamentação da resolução alternativa de conflitos no Brasil é intitulada como RAC.
37. São princípios que norteiam a mediação de conflitos: confidencialidade, informalidade,
parcialidade do mediador e busca do consenso.
38. Na legislação brasileira houve a previsão de mediação judicial e extrajudicial.
39. É possível encontrar três modelos de Justiça penal, quais sejam: modelo dissuasório
clássico, modelo ressocializador e modelo consensuado.
40. O modelo consensuado é baseado exclusivamente na resposta punitiva estatal,
teoricamente suficiente para demonstrar repúdio e atuar na prevenção de crimes
futuros. Nessa ótica a pena tem finalidade puramente retributiva, não havendo
espaço para outros objetivos.
41. O modelo ressocializador busca atribuir à pena a finalidade de ressocialização do
infrator. A ideia central é intervir diretamente na pessoa do delinquente, sobretudo
quando tutelado pelo Estado, buscando reeducá-lo e reintegrá-lo à sociedade.
42. O modelo consensuado (ou consensual), este fundado no acordo, como sua
nomenclatura define, no consenso, na conciliação, objetivo aqui perseguido pela
mediação ou negociação.
43. O modelo consensual (também denominado integrador ou restaurador) dispõe-se a
resolver o conflito penal mediante conciliação, transação, acordo; já os modelos
dissuasórios (penal) ou ressocializadores (reabilitador) não admitem qualquer forma
de acordo, pois só lançam mão do clássico processo penal, firmado em denúncia,
processo, provas, defesa.
44. O modelo consensual, distingue, dentro do mesmo, uma subdivisão que leva a dois modelos
bem diferenciados, quais sejam: Modelo pacificador ou restaurativo e Modelo de
justiça criminal negociada.
45. A conciliação, mediação e a negociação são três formas possíveis de resolução dos conflitos.
46. Na negociação não se permite o acordo sobre todos os aspectos penais. Logo, não é
válido para todos os delitos, nem mesmo para fatos extremamente graves.
47. Pela conciliação se procura tanto a reparação como a transação penal.
48. A conciliação só é apropriada para as infrações penais menos graves, denominadas
infrações penais de menor potencial ofensivo.
49. Por meio da conciliação se pretende: “a integração social de todos os envolvidos no
problema, a preservação da liberdade, a ampliação dos espaços democráticos
dentro da Justiça penal, redução do sentido aflitivo e retributivo da pena, superação
da filosofia do castigo a todo preço, restauração do valor da norma violada, da paz
jurídica e social etc.
50. Não se pode olvidar que os métodos autocompositivos devem ser encarados numa
dimensão privatista, substitutiva do judiciário, logo, sua finalidade é diminuir o
número de processos, o que pode até ocorrer, mas, seu espectro é muito mais
amplo, uma vez que propõem a desconstrução dos conflitos e a restauração da
relação entre as pessoas envolvidas no conflito por meio de uma coconstrução de
solução.
51. A mediação, segundo a Lei 13.140/15, é a atividade técnica exercida por terceiro
parcial, com poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e
estimula a identificação ou o desenvolvimento de soluções consensuais para a
controvérsia, tendo como objetivo a transformação do padrão de comunicação e
relacionamento dos envolvidos, com foco em um entendimento entre as partes, e,
por isso, não pode ser confundida com um mero acordo.
52. A negociação, que faz parte das relações humanas, é a arte da persuasão.
53. O Núcleo Especial Criminal trabalha com o conceito de Justiça Restaurativa e Pacificadora
para realizar a negociação de conflitos em casos de crimes de menor potencial ofensivo –
quando a pena é de até dois anos – e de ocorrências que precisam da representação criminal
da vítima como, por exemplo, lesão corporal, calúnia, injúria e difamação.
54. Os Núcleos Especiais Criminais têm por competência os crimes de menor potencial
ofensivo, observando o que dispõe a Lei 9099/95, com as alterações da Lei n
11.313/06, sempre baseado nos critérios/princípios da oralidade, formalidade,
economia processual e celeridade.
55. As composições realizadas no NECRIM tratam somente de delitos de ação penal
pública condicionada à representação ou de ação penal privada, ou seja, ações que
dependem do juízo de conveniência e oportunidade das partes para tomar sua
decisão sobre iniciar uma lide.
56. A Justiça Restaurativa é vista por alguns doutrinadores como uma primeira via
procedimental. Em verdade, ela constitui o que se intitulou Sistema Multiportas, ou
seja, a oferta de métodos de resolução de conflitos complementares aos serviços
comumente oferecidos pelo judiciário.
Gabarito justiça restaurativa

1. V
2. F, não se restringia à França.
3. V
4. V
5. F, objetivo de NÃO considerar o crime e o delinquente como questões centrais.
6. F, não é consenso social, mas sim CONTROLE SOCIAL.
7. V.
8. V.
9. F, há foco na segregação.
10. V
11. F, década de 1970.
12. F, é o MÁXIMO possível [...].
13. F, é restitutiva.
14. V
15. V
16. F, NÃO SE PERMITE a sobreposição dos interesses desta (vítima) aos do ofensor[...]
nem a canalização de sentimentos de vingança [...].
17. V
18. V
19. F, NÃO é a solução [...].
20. V
21. V
22. F, aumenta-se a repressão; por via oblíqua, é fortalecida a prevenção especial
negativa.
23. V
24. F, os conceitos de formais e informais estão invertidos.
25. F, e NÃO à cultura.
26. V
27. V
28. V
29. F, emocionais e materiais.
30. V
31. F, necessidades do transgressor.
32. V
33. V
34. V
35. V
36. F
37. F, é IMPARCIALIDADE DO MEDIADOR.
38. V
39. V
40. F, trata do conceito do modelo dissuasório clássico.
41. V
42. V
43. V
44. V
45. V
46. F, [...] Em sua prática, é válido para todos os delitos, até mesmo para fatos
extremamente graves.
47. V
48. V
49. F, trata-se da mediação.
50. F, não se devem ser encarados numa dimensão privatista. [...] não é diminuir
[...].
51. F, terceiro IMPARCIAL. [..] SEM poder decisório.
52. V
53. F, é a MEDIAÇÃO DE CONFLITOS.
54. F, INFORMALIDADE.
55. V
56. F, terceira via.

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