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“Limpando as lentes”: o que é justiça restaurativa?

“LIMPANDO AS LENTES”: O QUE É JUSTIÇA RESTAURATIVA?


“Cleaning the lenses”: what is restorative justice?
Revista dos Tribunais | vol. 1023/2021 | p. 279 - 299 | Jan / 2021
DTR\2020\15246

Rosalina Moitta Pinto da Costa


Doutora em Ciências Sociais (PUC-SP). Professora Permanente do Programa de Pós-Graduação em
Direito da UFPA. rosalina.costa@hotmail.com

Área do Direito: Penal


Resumo: O trabalho visa delimitar o conceito de justiça restaurativa ante as divergências
doutrinárias. Utilizando-se como opção metodológica o método indutivo e a pesquisa bibliográfica,
parte-se do estudo das origens e da evolução da justiça restaurativa, para, a seguir, analisar-se a
complexidade dos objetivos e valores a serem alcançados pela justiça restaurativa. Ao final, após
sistematizado os diversos conceitos doutrinários, propõe-se uma delimitação conceitual que leva em
conta suas finalidades e valores restaurativos de maneira a discernir seu alcance e a distingui-la das
outras formas de solução de conflito.

Palavras-chave: Justiça restaurativa – Práticas restaurativas – Valores restaurativos – Finalidades


restaurativas – Conceito de justiça restaurativa
Abstract: The work aims to delimit the concept of restorative justice in the face of doctrinal
divergences. Using the inductive method and the bibliographic research as a methodological option,
we start from the study of the origins and evolution of restorative justice, to then analyze the
complexity of the objectives and values to be achieved by restorative justice. In the end, after
systematizing the various doctrinal concepts, a conceptual delimitation is proposed that takes into
account its purposes and restorative values in order to discern its scope and distinguish it from other
forms of conflict resolution.

Keywords: Restorative justice – Restorative practices – Restorative values – Restorative purposes –


Restorative justice concept
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Para citar este artigo: COSTA, Rosalina Moitta Pinto da. “Limpando as lentes”: o que é justiça
restaurativa? Revista dos Tribunais. vol. 1023. ano 110. p. 279-299. São Paulo: Ed. RT, janeiro 2021.
Disponivel em: inserir link consultado. Acesso em: DD.MM.AAAA.
Sumário:

1. Introdução - 2. O ressurgimento de uma nova forma de solução de conflitos e sua eclosão pelo
Brasil e mundo - 3. A complexidade dos objetivos e valores a serem alcançados pela justiça
restaurativa - 4. Em busca de um conceito: as diversas acepções da justiça restaurativa - 5.
Considerações finais - 6. Referências bibliográficas

1. Introdução

A1 justiça restaurativa teve sua eclosão nas “lentes” de Zerh, que trouxe uma nova visão do crime e
da punição. Mas embora seja apontada pela criminologia como uma das formas de resposta ao
crime – no Brasil, a justiça restaurativa tem sido incorporada ao leque de reformas alternativas de
solução de conflitos, especificamente nas áreas criminal e infracional2 –, trata-se de um meio de
resolução de conflitos que visa promover a responsabilização e a paz social, porque se centra nas
causas e nas consequências que o fato conflituoso provoca nas pessoas, nos seus relacionamentos
ou na sociedade.

Contudo, dada a variedade de iniciativas, programas e trabalhos que mencionam a justiça


restaurativa, diversas tendências, perguntas e discussões acabaram propagando-se, não havendo
um consenso na doutrina nem mesmo quanto a sua definição. Afinal, o próprio Howard Zehr3
sustenta que não pode ocorrer uma conceituação rígida.

Tal dificuldade em precisar de maneira unânime e absoluta o que é a justiça restaurativa e quais são
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“Limpando as lentes”: o que é justiça restaurativa?

seus objetivos acaba, muita das vezes, por limitar o seu desenvolvimento, prejudicando a sua
aplicação.

Este trabalho propõe-se a delimitar o conceito de justiça restaurativa ante as divergências


doutrinárias, visando assim discernir o seu alcance e distingui-la das outras formas de solução de
conflitos.

Utilizando-se como opção metodológica o método dedutivo e a pesquisa bibliográfica, inicia-se o


estudo com a análise da origem e da evolução da justiça restaurativa no cenário mundial e no Brasil,
procurando-se demonstrar como surgiu essa prática e sob que circunstâncias e em que momento
histórico ela ressurgiu.

A seguir, pontua-se a complexidade dos objetivos e valores a serem alcançados pela justiça
restaurativa – fato gerador da grande divergência conceitual, que enseja uma tal pluralidade de
práticas restaurativas, dificultando sua inserção em um modelo de justiça específico.

Ao final, sistematizando-se os diversos conceitos doutrinários, faz-se uma delimitação conceitual


baseada nas finalidades e valores da justiça restaurativa para discernir seu alcance e distingui-la das
outras formas de solução de conflitos, visando proporcionar uma visão mais aberta do fenômeno
restaurativo.

2. O ressurgimento de uma nova forma de solução de conflitos e sua eclosão pelo Brasil e
mundo

As práticas restaurativas têm sido identificadas em sociedades pré-estatais europeias e em


coletividades nativas4, bem como em muitos códigos decretados antes da Era Cristã: no Código de
Hamurabi (1700 a.C.), no Lipit-Ishtar5 (1875 a.C.) – que previam medidas de restituição para os
crimes contra os bens – e no Código Sumeriano (2050 a.C.) e no de Eshnunna (1700 a.C.) – que
previam a restituição nos casos de crimes de violência6.

Nas sociedades comunais, além da justiça privada, adotavam-se práticas de justiça estabelecidas
consensualmente que operavam por meio de processos de mediação e de negociação, ao invés da
imposição pura e simples de regras abstratas. As formas punitivas (vingança ou morte) conviviam
com as práticas de regulamento social centradas na manutenção da coesão do grupo. Tais práticas
restaurativas também podem ser observadas entre os povos colonizados da África, da Nova
Zelândia, da Áustria, da América do Norte e do Sul7.

A partir dos séculos XI e XII, com a revalorização da Lei Romana e com o estabelecimento, por parte
da Igreja Católica, da Lei Canônica, desenvolveu-se na Europa ocidental o sistema público de justiça
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, passando a coexistir a justiça real, baseada na condenação e na punição, com a justiça
restaurativa, baseada em negociação e alojamento, herança da Idade Média. Mas, a partir do século
XVI, o monarca monopolizou o exercício da justiça, reservando para si o direito de punir e de
perdoar, sendo a negociação relegada a um acordo com a parte ofendida. Com isso, houve a quase
extinção das formas de reintegração social nas práticas de justiça9.

A centralização do poder nas mãos do monarca e o nascimento das nações modernas, com a
imposição de um sistema único e unificador aos povos colonizados, neutralizando suas práticas
habituais, reduziram as formas de justiça negociada, embora não tenham provocado seu completo
desaparecimento10 .

Após a Segunda Guerra Mundial, desenvolve-se um movimento de contestação das instituições


repressivas, pois a ideia de que a pena produziria um efeito dissuasório e preventivo, sendo capaz
de deter a criminalidade, começou a ser questionada. Também as políticas que defendiam a prisão
como possibilidade de reeducação dos delinquentes vieram a ser contraditadas pela prática, que
demonstrou que, ao contrário de reeducar, o encarceramento estigmatiza. Houve então uma reação
aos paradigmas retributivo e ressocializador, o que fez reacender as ideias da justiça restaurativa.
Ensina Gordillo Santana que os postulados positivistas de Liszt, expressos no final do século XIX,
enfatizando a prevenção e o castigo como principais propósitos do sistema penal, passaram a ser
questionados com as investigações criminológicas. Diz o autor: “é evidente que tais políticas não têm
conseguido seu objetivo principal, ressocializar e reeducar o delinquente no âmbito penitenciário”11 .

O afastamento da vítima no processo criminal, que coincide com o nascimento do Estado, é outra
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“Limpando as lentes”: o que é justiça restaurativa?

questão que ressurge no pós-guerra. No modelo do sistema penal clássico, a lesão ficou
desvinculada da vítima e passou a significar delito contra o Estado. Com isso, não se buscou mais a
reparação da lesão, mas a neutralização do infrator12 , relegando a segundo plano a importância da
pessoa vitimizada pelo fato danoso. Esse movimento vitimista, voltando os olhos para as
consequências do fato danoso sobre a vítima e suas necessidades, vai inspirar os princípios de
justiça restaurativa, consolidados mais tardiamente.

O fato é que a crise de legitimidade do sistema penal, incapaz de dar uma resposta satisfatória às
vítimas e à própria coletividade diante do conflito, associada às consequências danosas que gera a
prisão para o autor, suscita a necessidade da busca de novos modelos de solução de conflitos,
abrindo espaço para a justiça restaurativa.

Mas foi somente em 1970 que as práticas restaurativas ressurgiram de forma mais estruturada.
Aponta-se como marco um incidente ocorrido na cidade de Elmira, na província de Ontário, no
Canadá, onde dois jovens foram acusados de praticar atos de vandalismo contra 22 propriedades. O
juiz determinou encontros presenciais entre as vítimas e os dois ofensores para chegarem a um
acordo de indenização. A negociação e o ressarcimento foram bem-sucedidos, o que deu ensejo aos
Victim-Offender Reconciliation Programs (VORP) – em português, Programas de Reconciliação
Vítima-Ofensor. Trata-se de um procedimento de encontros entre vítima e ofensor, facilitado e
presidido por um mediador treinado, de preferência um voluntário da comunidade, no qual são
enfatizados três elementos: os fatos, os sentimentos e os acordos13 .

As primeiras experiências contemporâneas das práticas restaurativas, colocadas em prática nos


anos 70 do século XX, consistiam na mediação entre infrator e vítima, “mediante encontros
coordenados por um facilitador, onde a vítima descrevia sua experiência e o impacto que o crime lhe
trouxe e o infrator apresentava uma explicação à vítima”14 .

Nos Estados Unidos, a mediação vítima-agressor surgiu pela primeira vez em 1978, no Estado de
Indiana, expandindo-se para a Europa, onde, desde o início dos anos 80, o Conselho da Europa teve
um papel impulsionador na implementação dessa prática, adotada em países como a Inglaterra, a
Áustria, a Finlândia e a Noruega15 .

A experiência neozelandesa, baseada nas tradições maoris, ampliou os encontros entre mediador e
infrator para deles participarem também familiares, em caso de infratores adolescentes, e pessoas
da comunidade, para os casos de infratores adultos. Pode-se considerar a Nova Zelândia como um
dos países-piloto a introduzir a via restaurativa no seio de sua justiça criminal, tanto na justiça juvenil
como na de adultos16 -17 .

Em 1990, com Zehr, deu-se a eclosão da justiça restaurativa. Partindo da existência de dois modelos
de justiça antagônicos – o modelo retributivo e o modelo restaurador –, Zehr propõe a justiça
restaurativa como uma mudança de paradigma para uma nova realidade. Em seu livro Trocando as
lentes, o autor afirma que é necessário mudar o foco epistemológico – mudar as lentes. Defende que
o crime não é apenas uma conduta típica e antijurídica que atenta contra bens e interesses
penalmente tutelados, mas é também uma violação de pessoas e de relacionamentos, gerando a
obrigação de reparação; por isso, cabe à justiça identificar as necessidades e obrigações oriundas
dessa violação e o que deve ser restaurado, encorajando as pessoas envolvidas – o infrator, a vítima
e a comunidade – a dialogar e a chegar a um acordo, como sujeitos centrais do processo, sempre
lhes dando oportunidade para tal18 .

Assim, a partir da década de 90, deu-se a expansão dos programas de justiça restaurativa no
mundo, quando Austrália, Canadá, Estados Unidos, África do Sul, Argentina, Colômbia, entre outros
países, inspiraram o Conselho Social e Econômico da ONU -(ECOSOC), que, por meio da
Resolução 2002/12 (LGL\2012\4450), recomendou a adoção da justiça restaurativa, elaborando uma
lista de princípios destinada aos Estados que queiram utilizá-la19 .

Seguindo essa recomendação das Nações Unidas, alguns países introduziram a justiça restaurativa
em sua legislação. Na América Latina, começaram a ser implantadas reformas no sistema penal e na
administração da justiça criminal20 , em países como Argentina, Chile, Guatemala, Nicarágua,
Uruguai e Peru, merecendo destaque a Colômbia, que inscreveu a justiça restaurativa na
Constituição (art. 250) e na legislação (art. 518 e ss. do novo Código de Processo Penal)21 .

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No Brasil, as primeiras práticas restaurativas tiveram início há cerca de dez anos, por meio de sua
adoção, ainda que tímida, nas escolas, como estratégia para a solução de problemas disciplinares22 .
As experiências iniciais fizeram-se dentro do “Sistema de Justiça”, pelas “janelas legais” existentes,
como a Lei dos Juizados Especiais (Lei 9.099/95 (LGL\1995\70)) e o Estatuto da Criança e do
Adolescente (Lei 8.069/90 (LGL\1990\37))23 . Mas foi somente em 200424 , em uma parceria do
Ministério da Justiça e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)25 , que a
justiça restaurativa foi introduzida como “alternativa real para o sistema de justiça criminal” 26 , com a
implantação de três projetos-piloto no Brasil, nas cidades de São Caetano do Sul, Porto Alegre e
Brasília27 .

Em 2015, por meio da Portaria 74, de 12 de agosto, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) instituiu
um grupo de trabalho integrado por magistrados especialistas no tema Justiça Restaurativa, oriundos
de diversos entes federativos28 . A minuta desenvolvida redundou na aprovação da Resolução 225,
de 31 de maio de 2016 (LGL\2016\81882), estabelecendo diretrizes para a implementação e a
difusão da prática da justiça restaurativa no Poder Judiciário.

Instituído pela 3ª Vara do Juizado da Infância e da Juventude de Porto Alegre, o projeto Justiça para
o Século 21 constituiu um movimento importante para a formação de agentes facilitadores com o
objetivo de difundir e de implementar as práticas da justiça restaurativa no Sistema de Justiça da
Infância e da Juventude. Propiciou o início das discussões sobre essa temática, passando a sediar
também um amplo leque de formações – hoje já estendidas para tribunais, escolas judiciais, órgãos
de governos estaduais e municipais em 11 estados brasileiros29 .

Em suma, a justiça restaurativa, atrelada à mais longínqua prática de resolução de conflitos das
comunidades primitivas – onde a transgressão de uma norma causava reações orientadas para o
restabelecimento do equilíbrio rompido –, ressurge inicialmente associada ao movimento de
descriminalização, solidificada nas várias práticas e experiências-piloto do sistema penal a partir da
metade dos anos 70 até a adoção de medidas legislativas específicas, a partir dos anos 90, quando
se expande para vários países, como uma forma alternativa de solução de conflitos. É, assim, fruto
de profundas transformações estruturais que ocorreram no cenário mundial dentro e fora do campo
penal numa conjuntura complexa.

3. A complexidade dos objetivos e valores a serem alcançados pela justiça restaurativa

A justiça restaurativa, como as demais formas de solução de conflitos, tem objetivos a serem
atingidos: reparação em todas as suas dimensões (materiais, psicológicas ou simbólicas); resolução
do conflito, com conciliação e reconciliação; participação/reintegração da vítima, do infrator e da
coletividade30 .

Contudo, diferentemente das outras formas de solução de conflitos, também tem valores a alcançar,
sendo várias as classificações encontradas na doutrina31 . Braithwaite, com base em tratados
internacionais de direitos humanos e experiências, divide os valores restaurativos em três grupos:
constraining values, maximising values e emerging values. Os primeiros são valores prioritários que
visam evitar que a prática restaurativa se torne opressiva: não dominação, empoderamento, respeito
aos limites, escuta respeitosa, igualdade de preocupação com os participantes, accountability,
appealability e o respeito aos direitos previstos na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na
Declaração dos Princípios Básicos da Justiça Relativos às Vítimas da Criminalidade e de Abuso de
Poder, bem como nos demais tratados e acordos internacionais etc. O segundo grupo reúne valores
que podem ser ignorados: reparação dos danos materiais, retratação emocional, compaixão etc. O
terceiro grupo compreende os valores que devem ser manifestados espontaneamente durante as
práticas restaurativas, sem cobrança dos participantes: pedido de desculpas, sentimento de remorso,
perdão pelo dano causado etc.32

Dependendo da situação concreta, serão eleitos específicos objetivos e valores, e as práticas


restaurativas serão ajustadas para atingi-los. O grau em que a prática restaurativa incorpora esses
valores e objetivos irá determinar o nível de restauração33 . Assim, por exemplo, quando se visa a
reparação do dano, adotam-se medidas para atingir o objetivo reparador definido como principal, que
é responsabilizar o ocasionador do dano, efetuando-se procedimentos que tratem de resolver
inicialmente as consequências do delito. Se o objetivo é primordialmente solucionar o conflito que
provocou o gesto causador do dano, os procedimentos voltar-se-ão para o compartilhamento da
responsabilidade entre os interessados, pois o dano e a reparação são vistos como consequências
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“Limpando as lentes”: o que é justiça restaurativa?

do conflito etc.

Como os objetivos e valores da justiça restaurativa não são mutuamente exclusivos, pode-se decidir
solucionar o conflito inicial e depois reparar os danos e vice-versa. Em face disso, o sistema
restaurativo caracteriza-se por uma considerável diversidade de práticas ou procedimentos, com
diferentes formatos, para atingir suas metas. Há, assim a realização de círculos, painéis e
conferências restaurativas34 , incluindo diálogos entre a vítima e o infrator, “conferências” de grupo de
comunidades e familiares, círculos de sentenças, painéis comunitários, e assim por diante35 .
Pode-se afirmar que as formas mais usuais de práticas restaurativas são os programas de mediação
entre vítima e infrator36 (mediation), as reuniões coletivas abertas à participação de pessoas da
família e da comunidade37 (conferencing) ou encontros restaurativos com grupos de familiares, e
círculos decisórios38 . (sentencing circles) ou círculos de emissão de sentenças39 .

A complexidade dos objetivos e valores a serem alcançados pela justiça restaurativa redundou em
uma grande divergência conceitual, abrangendo uma tal pluralidade de objetivos que fica difícil
inseri-la em um modelo de justiça específico, conforme se verá na seção seguinte.

4. Em busca de um conceito: as diversas acepções da justiça restaurativa

Atribui-se o termo “justiça restaurativa” a Albert Eglash, que defendeu a restorative justice como uma
das respostas ao crime em artigo publicado em 197740 . Embora tenha prevalecido a expressão
“justiça restaurativa”, ainda há uma diversidade na terminologia, havendo autores que preferem
expressões como “justiça transformadora”, “justiça relacional”, “justiça comunal”, “justiça
recuperativa”, “justiça participativa” 41 , e ainda aqueles que apontam a impropriedade da tradução
para o português, visto que seria mais indicado empregar “justiça restauradora”42 .

A diversidade, contudo, não está apenas na expressão. Há uma dificuldade em precisar de maneira
unânime e absoluta o que é a justiça restaurativa e quais são seus objetivos43 , seja para não limitar o
seu desenvolvimento44 , seja para não prejudicar a flexibilidade de sua aplicação em razão das
características das práticas locais45 , ou simplesmente porque Howard Zehr46 sustenta que não pode
ocorrer uma conceituação rígida. O fato é que as definições variam conforme o procedimento, os
resultados, os valores etc.

Wright47 entende que a justiça restaurativa como complementar e paralela à justiça penal tradicional,
aquela utilizando seus recursos para a redução do delito, a satisfação social e a reparação dos laços
sociais. Enfatiza as qualidades do processo como essencial para reparar o dano, propondo uma
integração do modelo restaurativo ao tradicional, na qual todas as partes afetadas por uma infração
específica reúnem-se para resolver coletivamente como reagir e as implicações para o futuro.

Também abordando as qualidades de processos restaurativos, Marshall concebe a justiça


restaurativa “como um processo pelo qual todas as partes envolvidas em uma ofensa particular se
unem para resolver coletivamente como lidar com as consequências da ofensa e suas implicações
futuras”48 .

No mesmo sentido, a Diretiva 2012/29/UE do Parlamento Europeu e do Conselho da União Europeia


afirma que é “um processo que permite que a vítima e o autor do crime participem ativamente, se o
fizerem com o seu livre consentimento, na resolução de questões decorrentes do crime mediante a
ajuda de terceiros imparciais”49 .

Enfatizando a importância dos valores e das finalidades que alicerçam a justiça restaurativa,
Braithwaite50 afirma que se trata de um método alternativo de resolução de conflitos que visa
restaurar vítima, ofensor e comunidade afetada pelo crime, priorizando a cura, o aprendizado moral,
a participação e o interesse comunitário, o diálogo respeitoso, o perdão, o senso de
responsabilidade, o arrependimento e a reparação dos danos causados, dispensando o uso de
técnicas de sofrimento e de punição. Também Gordillo Santana destaca que “a justiça restaurativa é
colaborativa e inclusiva, gerando e supondo a participação da vítima, do infrator e da comunidade
afetada pelo fato, buscando uma solução que vise a reparação do dano e da harmonia rompida.”51

Para Bazemore e Walgrave52 , o objetivo primordial da justiça restaurativa é permitir uma forma mais
satisfatória de reparação dos danos e de solução dos conflitos, como menos intervenção no sistema
e mais intervenção da comunidade.

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“Limpando as lentes”: o que é justiça restaurativa?

Johnstone e Van Ness53 , ressaltando a dificuldade de uma definição fechada do termo, entendem
que a justiça restaurativa deve resolver o conflito, transformando a forma como as sociedades
contemporâneas compreendem o fenômeno da criminalidade e a ele respondem, a partir da gradual
substituição do atual sistema de justiça penal por métodos restaurativos e reparatórios emanados de
decisões comunitárias.

Zerh54 vê o crime como um conflito que vai além das partes envolvidas. Para o autor, a justiça
restaurativa é uma abordagem que visa promover justiça, ao envolver, tanto quanto possível, todos
aqueles que têm interesse na reparação de uma ofensa ou de um dano específico, bem como em
um processo que coletivamente verifica e trata os danos, necessidades e responsabilidades
decorrentes da ofensa, com o objetivo de restabelecer os vínculos entre as pessoas afetadas e,
destarte, promover a cultura da paz.

Na doutrina pátria, também varia a ênfase na conceituação. Para Nery, a justiça restaurativa reflete
um novo paradigma: “pressupõe a devolução da capacidade de administrar determinados conflitos à
própria comunidade, como forma de evitar a vitimização secundária à pessoa lesionada, inclusive
reabilitando o infrator, e, por conseguinte, devolvendo a paz social à coletividade.”55

Silva entende que a justiça restaurativa tem se apresentado como uma forma alternativa de solução
de conflitos56 . Para Gomes Pinto, a justiça restaurativa

“baseia-se num procedimento de consenso, em que a vítima e o infrator, e, quando apropriado,


outras pessoas ou membros da comunidade afetados pelo crime, como sujeitos centrais, participam
coletiva e ativamente na construção de soluções para a restauração dos traumas e perdas causados
pelo crime.”57

Observa-se que há uma variedade de concepções da justiça restaurativa conforme se estabeleça


seu objetivo primordial. Há os que entendem que a justiça restaurativa visa reparar os prejuízos do
crime, outros, que deve resolver o conflito; uns ressaltam objetivos complementares de conciliação e
de reconciliação das partes, de resolução dos conflitos, de reconstrução de laços rompidos pela
ocorrência do delito, de prevenção da reincidência, de responsabilização, outros priorizam o
processo restaurativo.

Enfim, a complexidade da justiça restaurativa decorre dessa diversidade de concepções, abrangendo


uma tal pluralidade de objetivos que fica difícil inseri-la em um modelo de justiça específico. Assim,
antes de propor uma definição de justiça restaurativa, faz-se necessário sistematizar as diversas
definições existentes.

Podemos identificar quatro tipos diferentes de ênfases propostas pela doutrina acerca da justiça
restaurativa58 -59 : processo restaurativo; finalidades restaurativas; finalidades e práticas restaurativas;
finalidades e valores da justiça restaurativa.

a) Processo restaurativo. Parte da doutrina – representada, por exemplo, por Wright, Marshall,
Gomes Pinto – define a justiça restaurativa como o processo em que há a participação das partes
ligadas pela infração ou pela comunidade circunvizinha. As finalidades, para esse modelo, são
secundárias, porque o que importa para conceituar a justiça restaurativa é a existência de
negociações, de consultas ou de envolvimentos. A presença de tais práticas é suficiente para que se
considere um modelo de justiça restaurativa60 .

b) Finalidades restaurativas. Há aqueles, como Bazemore, que conceituam a justiça restaurativa


como um modelo de resolução de conflitos que visa atender o que elegem como sua finalidade:
reparação dos prejuízos do crime, resolução do conflito, responsabilização etc. “As finalidades
restaurativas são centrais e prioritárias e isto, independentemente dos processos aplicados para
atingir este ponto”61 .

c) Finalidades e práticas restaurativas. Há os que entendem que a justiça restaurativa é definida


tanto pelas finalidades quando pelas práticas restaurativas, cumulativamente. Para esses, como
Zehr, só haverá justiça restaurativa se houver um processo restaurativo, com negociações, consultas
ou envolvimentos e, do mesmo modo, se forem atingidas as finalidades restaurativas. A ênfase recai,
pois, nos processos negociáveis e nas finalidades restaurativas.

d) Finalidades e valores restaurativos. Há, enfim, aqueles que conceituam a justiça restaurativa como
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“Limpando as lentes”: o que é justiça restaurativa?

um modelo de resolução de conflitos que visa atender finalidades e valores restaurativos. Defendem
os adeptos desse enfoque, como Braithwaite, por exemplo, que a justiça restaurativa é um conjunto
de finalidades e de valores associados, pois não basta restaurar a vítima, o ofensor e a comunidade
afetada pelo crime, se não se alcançar a cura, o aprendizado moral, a participação e o interesse
comunitário, o diálogo respeitoso, o perdão, o senso de responsabilidade, o arrependimento e a
reparação dos danos causados etc.

A definição que estabelece o processo restaurativo como o fulcro da justiça restaurativa pode não
atingir as finalidades restaurativas62 . Com efeito, pode ocorrer o processo restaurativo com o círculo
de sentença (que é uma prática restaurativa), mas, ao final, ser recomendado o encarceramento do
autor do delito. Trata-se de uma prática considerada restaurativa, mas a finalidade atingida não foi
restaurativa. Logo, definir a justiça restaurativa apenas com base no processo não permite uma
definição completa do fenômeno restaurativo.

A definição centrada na finalidaderestaurativa é a que mais adeptos tem. De acordo com essa
definição, a justiça restaurativa centra-se nos objetivos a serem atingidos, como a reparação dos
prejuízos do crime, a resolução do conflito, a responsabilização dos objetivos. Contudo, tais objetivos
também são alcançados por meio de outras formas de solução de conflitos, como a arbitragem e a
mediação. Trata-se, a nosso ver, de uma definição incompleta, que não consegue distinguir a justiça
restaurativa das outras formas de solução de conflitos nem traduzir todo o seu fenômeno.

Do mesmo modo, vincular as práticas restaurativas às finalidades pode limitar os objetivos da justiça
restaurativa. Por exemplo, a arbitragem, a princípio, não é mencionada como uma prática
restaurativa; supondo-se, porém, que possa ser aplicada e assim atinja a finalidade restaurativa,
nesse caso, estar-se-ia diante de uma prática que não foi concebida como restaurativa, mas foi
conduzida eficazmente e atingiu uma finalidade restaurativa.

Portanto, quando se vinculam as práticas e as finalidades restaurativas, pode-se limitar a aplicação


da justiça restaurativa porque se estará concentrando as mesmas práticas e as finalidades
restaurativas em todas as situações, fechando a possibilidade de novas práticas e assim impedindo
o atingimento de finalidades restaurativas por outros meios. Logo, nada impede que se possa aplicar
uma prática não considerada para obter uma finalidade restaurativa, ou, por outro lado, pode ser
necessário buscar outras práticas para atender determinadas situações, por exemplo, se uma parte
estiver morta, as práticas restaurativas preconcebidas não teriam como ser aplicadas à espécie.

Enfim, há aqueles que conceituam a justiça restaurativa como um modelo de resolução de conflitos
que visa atender finalidades e valores restaurativos. Defendem os adeptos desse enfoque, como
Braithwaite, por exemplo, que a justiça restaurativa é um conjunto de finalidades e de valores
associados, pois não basta restaurar a vítima, o ofensor e a comunidade afetada pelo crime, se não
se alcançar a cura, o aprendizado moral, a participação e o interesse comunitário, o diálogo
respeitoso, o perdão, o senso de responsabilidade, o arrependimento e a reparação dos danos
causados etc.

Entendemos que a justiça restaurativa se distingue das diversas formas de resolução de conflitos
porque, além das finalidades (reparação, restauração da vítima, do ofensor e da comunidade), há
também valores a serem alcançados, como a esperança, a interconexão humana, a inclusão, a fala
profunda e respeitosa, o fortalecimento ou a restauração das relações etc. A justiça restaurativa visa,
portanto, resultados transformativos.

Por isso, a melhor definição é aquela que entende a justiça restaurativa como um modelo de
resolução de conflitos que visa atender suas finalidades e seus valores associados, prioritariamente,
independentemente dos processos aplicados, podendo aplicar práticas e até impor sanções desde
que atinjam seu objetivo: restauração dos prejuízos, reconciliação das partes, resolução dos
conflitos, reconstrução de laços rompidos, cura, responsabilização etc.

Embora se afirme que o conceito de justiça restaurativa seja algo inconcluso, prevalece sempre a
ideia de que todas as partes com algum interesse em uma determinada ofensa devem reunir-se para
resolver coletivamente como tratar as sequelas da infração e suas implicações para o futuro63 .

A justiça restaurativa visa em primeiro lugar ajudar aquelas pessoas que se viram prejudicadas a
voltarem aos seus estados originais. Pois, conforme afirma Zehr, o objetivo é colocar o poder e a
responsabilidade nas mãos dos envolvidos: partes e comunidade64 .
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“Limpando as lentes”: o que é justiça restaurativa?

Trata-se, portanto, de um meio de resolução de conflitos que objetiva promover um encontro entre as
partes e a comunidade a fim de criar oportunidades para que possam conversar sobre o conflito e
suas consequências, ensejando a resolução, a reparação, a reintegração e o restabelecimento dos
vínculos, devendo-se admitir a possibilidade de realização de práticas não restaurativas dentro de
programas restaurativos (por exemplo, sanções restaurativas, reuniões entre as vítimas e os
detentos nas prisões), desde que atinjam os objetivos restaurativos.

Assim, a justiça restaurativa deve ser definida como um meio de resolução de conflitos que visa
reparar as consequências de uma determinada ofensa em todas as suas dimensões – materiais,
psicológicas ou simbólicas –, envolvendo todos os interessados – vítima, infrator e coletividade –,
para que, juntos, verificando os danos, as responsabilidades e as necessidades decorrentes da
ofensa, possam encontrar uma solução que permita a resolução do conflito, a reintegração e o
restabelecimento dos vínculos entre as pessoas envolvidas, despertando os valores restaurativos.

Observe-se que, no conceito, a definição de justiça restaurativa está dissociada dos processos
restaurativos aplicados, abrindo-se a possibilidade de se empregar outras práticas para atender aos
objetivos restaurativos.

5. Considerações finais

A justiça restaurativa é fruto de profundas transformações estruturais que ocorreram no cenário


mundial dentro e fora do campo penal numa conjuntura complexa. Embora existam registros remotos
de práticas restaurativas em antigos povos ocidentais e orientais, o interesse ocidental moderno pela
justiça restaurativa ressurge associado ao movimento de descriminalização. A justiça restaurativa
solidifica-se especificamente a partir da década de 70 do século XX, com a implementação de
programas experimentais pós-sentenciais de reconciliação e de mediação entre vítimas e ofensores
nas várias práticas e experiências-piloto do sistema penal até a sua eclosão com Zehr, na década de
90.

A expansão das práticas restaurativas para diversas localidades do globo provocou uma variedade
de iniciativas e programas, acabando por acarretar uma diversidade de acepções, suscitando uma
voz uníssona na doutrina sobre a dificuldade e até a impossibilidade de precisar de maneira unânime
e absoluta o que é a justiça restaurativa e quais são seus objetivos.

A definição que estabelece o processo restaurativo como o fulcro da justiça restaurativa acaba não
atingindo as finalidades restaurativas, uma vez que haverá o processo restaurativo, o qual poderá
recomendar o encarceramento do autor, sem a cura, que é a finalidade restaurativa.

Do mesmo modo, vincular as práticas restaurativas às finalidades pode limitar a atuação da justiça
restaurativa, porque se estará concentrando as mesmas práticas e as finalidades restaurativas em
todas as situações, fechando a possibilidade de novas práticas e assim impedindo o atingimento de
finalidades restaurativas por outros meios.

A definição centrada na finalidade é uma definição incompleta, uma vez que centra-se nos objetivos
a serem atingidos, desconsiderando, no entanto, que tais objetivos podem ser alcançados por meio
de outras formas de solução de conflitos, não conseguindo, portanto, distinguir a justiça restaurativa
das outras formas de solução de conflitos nem traduzir todo o seu fenômeno.

Com efeito, a definição da justiça restaurativa como um modelo de resolução de conflitos que visa
atender finalidades e valores restaurativos é a mais acertada uma vez que não basta restaurar a
vítima se não se alcançar a cura. Traduz o fenômeno como um todo, distinguindo-a das outras
formas de resolução de conflitos, porque elege suas finalidades e seus valores associados,
independentemente dos processos aplicados, resultando na possibilidade de aplicação de outras
práticas, ainda que não restaurativas, e até a imposição de sanções, desde que atinjam seu objetivo.

A justiça restaurativa é um meio de resolução de conflitos que visa promover a responsabilização e a


paz social, centrando-se nas causas e consequências que o fato conflituoso provoca nas pessoas,
nos seus relacionamentos ou na sociedade. Logo, esse meio de solução de conflitos tem eficácia em
todas as situações em que os participantes possuam algum vínculo antes da ocorrência do conflito –
que pode ser um grau de parentesco ou um relacionamento ou mesmo o fato de residirem na mesma
comunidade –, porque são situações em que há necessidade de reparação emocional, além da
reparação patrimonial.
Página 8
“Limpando as lentes”: o que é justiça restaurativa?

Assim, partindo da sistematização das diversas acepções doutrinárias, podemos definir a justiça
restaurativa como um meio de resolução de conflitos que visa reparar as consequências que o fato
conflituoso provoca nas pessoas, nos seus relacionamentos ou na sociedade para que, juntos,
atingindo valores restaurativos, possam encontrar uma solução que permita a resolução do conflito, a
reintegração ou o restabelecimento dos seus vínculos (finalidade).

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1 .O Título é uma alusão ao livro de Zehr “Trocando as lentes” (ZEHR, Howard. Changing lenses: a
new focus for crime and justice. 3. ed. Scottdale, Pa: Herald Press, 2005).

2 .A Resolução 125 do CNJ prevê a introdução das práticas restaurativas no Sistema de Justiça
Brasileiro e, em 2012, foi editada a Lei 12.594, que prioriza medidas restaurativas no âmbito da
Justiça Juvenil (“Art. 35. A execução das medidas socioeducativas reger-se-á pelos seguintes
princípios: [...] III – prioridade a práticas ou medidas que sejam restaurativas e, sempre que possível,
Página 11
“Limpando as lentes”: o que é justiça restaurativa?

atendam às necessidades das vítimas [...]”).

3 .Na obra, Justiça Restaurativa de Howard Zehr (2012, p. 21), o autor traça vários conceitos para
explicitar a amplitude e generalidade conceitual. Inicialmente faz uma comparação ao afirmar que: “A
Justiça Restaurativa é uma bússola e não um mapa”. ZEHR, Howard. Trocando as lentes: um novo
foco sobre o crime e a justiça, p. 257-261.

4 .ROLIM, Marcos; SCURO NETO, Pedro; DE VITTO, Renato Campos Pinto; PINTO, Renato
Sócrates Gomes. Por uma justiça restaurativa real e possível. In: ROLIM, Marcos; DE VITTO, Renato
Campos Pinto (Orgs.). Justiça restaurativa: um caminho para os direitos humanos? Porto Alegre:
Instituto de Acesso à Justiça, 2004. v. 1. p. 35.

5 .No mesmo sentido, Van Ness e Strong afirmam que a justiça restaurativa, como prática
comunitária, é primitiva, remontando aos códigos de Hamurabi, Ur-Nammu e Lipit-Ishtar, que datam
de cerca de dois mil anos antes de Cristo (VAN NESS, Daniel W.; STRONG, Karen Heetderks.
Restoring justice. Cincinnati, Ohio: Anderson Publishing Co., 2002. p. 8).

6 .JACCOUD, Mylène. Princípios, tendências e procedimentos que cercam a justiça restaurativa. In:
SLAKMON, Catherine; DE VITTO, Renato Campos Pinto; PINTO, Renato Sócrates Gomes (Orgs.).
Justiça restaurativa. Brasília, DF: Ministério da Justiça e Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento, 2005. p. 163.

7 .Ibidem, p. 164.

8 .ROLIM, Marcos; SCURO NETO, Pedro; DE VITTO, Renato Campos Pinto; PINTO, Renato
Sócrates Gomes. Por uma justiça restaurativa real e possível, p. 35.

9 .DUPONT-BOUCHAT, Marie-Sylvie. Le crime pardonné: La justice réparatrice sous l’Ancien


Régime (XVIe-XVIIIe siècles). Criminologie, Montréal, v. 32, n. 1, p. 31-56, 2002. Disponível em:
[www.erudit.org/fr/revues/crimino/1999-v32-n1-crimino144/004719ar/]. Acesso em: 03.02.2019.

10 .JACCOUD, Mylène. Princípios, tendências e procedimentos que cercam a justiça restaurativa,


p. 164.

11 .GORDILLO SANTANA, Luis F. La justicia restaurativa y la mediación penal. Madrid: Lustel, 2007.
p. 116. No original: “es evidente que tales políticas no han conseguido su objetivo primordial,
resocializar y reeducar al delincuente en el ámbito penitenciario”.

12 .ZAFFARONI, Eugenio Raúl; BATISTA, Nilo; ALAGIA, Alejandro; SLOKAR, Alejandro. Direito
penal brasileiro. Rio de Janeiro: Revan, 2003. v. 1. p. 392-393.

13 .ZEHR, Howard. Trocando as lentes: um novo foco sobre o crime e a justiça. Trad. Tônia Van
Acker. São Paulo: Palas Athena, 2008. p. 149-151.

14 .PINTO, Renato Sócrates Gomes. A construção da justiça restaurativa no Brasil: o impacto no


sistema de justiça criminal. Revista Paradigma, Ribeirão Preto, n. 19, 2010. p. 219.

15 .AERSTSEN, Ivo; PETERS, Tony. As políticas europeias em matéria de Justiça Restaurativa.


RevistaSub Judice: Justiça e Sociedade, Coimbra, n. 37, p. 37-46, 2007.

Página 12
“Limpando as lentes”: o que é justiça restaurativa?

16 .MAXWELL, Gabrielle. A justiça restaurativa na Nova Zelândia. In: SLAKMON, Catherine; DE


VITTO, Renato Campos Pinto; PINTO, Renato Sócrates Gomes (Orgs.). Justiça restaurativa.
Brasília, DF: Ministério da Justiça e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, 2005.
p. 279.

17 .Inspiradas nos modos aborígenes de resolução de conflitos, as conferências de grupo familiar


surgiram no contexto da promulgação, em 1989, na Nova Zelândia, do Children, Young Persons, and
Their Families Act (Estatuto das Crianças, Jovens e suas Famílias); a partir da whanau conference
(conferência whanau), passaram a ser utilizadas pelo povo maori para que as famílias dos infratores
juvenis fossem envolvidas no processo de solução de conflitos.

18 .ZEHR, Howard. Trocando as lentes: um novo foco sobre o crime e a justiça, p. 181.

19 .UNITED NATIONS. ECOSOC Resolution 2002/12. Disponível em:


[www.un.org/en/ecosoc/docs/2002/resolution%202002-12.pdf]. Acesso em: 04.01.2019.

20 .MÁRQUEZ CÁRDENAS, Alvaro Enrique. La justicia restaurativa versus la justicia retributiva en el


contexto del sistema procesal de tendencia acusatoria. Prolegómenos, Bogotá, v. X, n. 20, jul.-dic.
2007. p. 201.

21 .SILVA, Elizabet Leal da. Justiça restaurativa como meio alternativo de solução de conflito.
Arquivo Jurídico, Teresina, v. 1, n. 6, jan.-jun. 2014. p. 22.

22 .BENEDETTI, Juliana Cardoso. Tão próximos, tão distantes: a justiça restaurativa entre
comunidade e sociedade. Dissertação (Mestrado em Direito) – Faculdade de Direito, Universidade de
São Paulo, 2009. p. 53.

23 .PENIDO, Egberto de Almeida; MUMME, Monica Maria Ribeiro; ROCHA, Vanessa Aufiero da.
Justiça restaurativa e sua humanidade profunda: diálogos com a Resolução 225/2016 do CNJ
(LGL\2016\81882). In: CRUZ, Fabrício Bittencourt da (Org.). Justiça restaurativa: horizontes a partir
da Resolução CNJ 225. Brasília, DF: CNJ, 2016. p. 173.

24 .Em 2005, o Instituto de Direito Comparado e Internacional de Brasília apresentou ao Congresso


Nacional a Sugestão 099/2005, para proporcionar a utilização de procedimentos de justiça
restaurativa no sistema de justiça criminal brasileiro. Tal sugestão transformou-se no Projeto de Lei
7.006/06, que propunha alterações no Código Penal Brasileiro, no Código de Processo Penal e na
Lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais. Contudo, o Projeto de Lei foi arquivado, mesmo tendo
um grande potencial para regulamentar a aplicação dessa importante forma de resolução de conflitos
(CAMBI, Eduardo. Neoinstrumentalismo do processo? Expansão dos métodos atípicos de resoluções
de conflitos. Revista Eletrônica de Direito Processual, Rio de Janeiro, ano 12, v. 19, n. 1, jan.-abr.
2018. p. 99-100).

25 .BENEDETTI, Juliana Cardoso. Tão próximos, tão distantes: a justiça restaurativa entre a
comunidade e sociedade, p. 53-54.

26 .RENAULT, Sérgio Rabello Tamm; LOPES, Carlos. Apresentação. In: SLAKMON, Catherine; DE
VITTO, Renato Campos Pinto; PINTO, Renato Sócrates Gomes (Orgs.). Justiça restaurativa.
Brasília, DF: Ministério da Justiça e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, 2005.
p. 11.

Página 13
“Limpando as lentes”: o que é justiça restaurativa?

27 .RENAULT, Sérgio Rabello Tamm; LOPES, Carlos. Apresentação, p. 11.

28 .SALMASO, Marcelo Nalesso. Uma mudança de paradigma e o ideal voltado à construção de


uma cultura de paz. In: CRUZ, Fabrício Bittencourt da (Org.). Justiça restaurativa: horizontes a partir
da Resolução CNJ 225. Brasília, DF: CNJ, 2016. p. 21.

29 .FLORES, Ana Paula Pereira; BRANCHER, Leoberto. Por uma justiça restaurativa para o século
21. In: CRUZ, Fabrício Bittencourt da (Org.). Justiça restaurativa: horizontes a partir da Resolução
CNJ 225. Brasília, DF: CNJ, 2016. p. 94.

30 .Cf.: SANTOS, Cláudia Cruz. A justiça restaurativa: um modelo de reacção ao crime diferente da
justiça penal. Porquê, para quê e como? Coimbra: Coimbra Editora, 2014. p. 153-156; ZAMBIASI,
Vinícius Wildner; KLEE, Paloma Marita Cavol. Justiça restaurativa e mediação penal em Portugal:
contextualização e reflexões sobre a Lei n.º 21/2007. Revista Eletrônica de Direito Processual, Rio de
Janeiro, ano 12, v. 19, n. 3, set.-dez. 2018. p. 662.

31 .Chris Marshall, Jim Boyack, e Helen Bowen dividem os valores restaurativos em três grupos. O
primeiro grupo diz respeito aos valores fundamentais da justiça restaurativa, que vão distinguir a
justiça restaurativa de outras abordagens de resolução de conflitos: participação, respeito,
honestidade, humildade, interconexão, responsabilidade, empoderamento, esperança. O segundo
grupo reúne valores fundamentais que devem estar presentes em todos os processos empregados
da justiça restaurativa. Assim, o encontro só será considerado restaurativo se for guiado por
facilitadores competentes e imparciais, esforçar-se para ser inclusivo e colaborativo, requerer a
participação voluntária, fomentar um ambiente de confidencialidade, reconhecer convenções
culturais, enfocar necessidades, demonstrar respeito autêntico por todas as partes, validar a
experiência da vítima, esclarecer e confirmar as obrigações do infrator, visar resultados
transformativos, observar as limitações de processos restaurativos. O terceiro grupo compreende os
valores fundamentais de justiça restaurativa nas comunidades, que devem também moldar os
relacionamentos com agências governamentais, com aqueles que exercem papéis administrativos ou
de patrocínio, coordenadores da justiça restaurativa, policiais, oficiais de condicional etc.
MARSHALL, Chris; BOYACK, Jim; BOWEN, Helen. Como a justiça restaurativa assegura a boa
prática? Uma abordagem baseada em valores. In: SLAKMON, Catherine; DE VITTO, Renato
Campos Pinto; PINTO, Renato Sócrates Gomes (Orgs.). Justiça restaurativa. Brasília, DF: Ministério
da Justiça e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, 2005. p. 271-277; Pallamolla
aponta os seguintes valores: a fala profunda e respeitosa, a escuta verdadeira e amorosa, a
interconexão humana e a restauração das relações, a corresponsabilidade quanto às causas do
problema, o atendimento das necessidades e a solução construída em conjunto (PALLAMOLLA,
Raffaella da Porciuncula. Justiça restaurativa: da teoria à prática. São Paulo: IBCCRIM, 2009.
p. 53-55). Ver ainda a classificação de Daniel Van Ness e Karen Strong (VAN NESS, Daniel W.;
STRONG, Karen Heetderks. Restoring Justice, 2002. p. 42.

32 .BRAITHWAITE, John. Principles of Restorative Justice. In: VON HIRSCH, Andreas; ROBERTS,
Julian V.; BOTTOMS, Anthony E.; ROACH, Kent; SCHIFF, Mara (ed.). Restorative Justice and
Criminal Justice: Competing or Reconcilable Paradigms? Oxford: Hart Publishing, 2003. p. 1-20.
Disponível em: [www.anu.edu.au/fellows/jbraithwaite/_documents/Articles/
Principles%20of%20Restorative%20Justice.pdf]. Acesso em: 03.02.2019.

33 .VAN NESS, Daniel W.; STRONG, Karen Heetderks. Restoring Justice, p. 229.

34 .DE VITTO, Renato Campos Pinto. Justiça criminal, justiça restaurativa e direitos humanos. In:
SLAKMON, Catherine; DE VITTO, Renato Campos Pinto; PINTO, Renato Sócrates Gomes (Orgs.).
Justiça restaurativa. Brasília, DF: Ministério da Justiça e Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento, 2005. p. 44.

Página 14
“Limpando as lentes”: o que é justiça restaurativa?

35 .MARSHALL, Chris; BOYACK, Jim; BOWEN, Helen. Como a justiça restaurativa assegura a boa
prática? Uma abordagem baseada em valores, p. 270.

36 .A mediação entre vítima e infrator enfatiza a mediação direta, focalizando a cura de ferimentos e
a assistência às vítimas, ajudando os infratores a mudar suas vidas e a restabelecer relações
(FROESTAD, Jan; SHEARING Clifford. Prática da justiça: o modelo zwelethemba de resolução de
conflitos, p. 81). É um processo restaurativo que reúne o infrator e a vítima com um facilitador. A
vítima descreve o impacto sofrido com o crime ou conflito perante o infrator, que explica seu
comportamento, para que, juntos, discutam sobre a resolução do problema (PARKER, L. Lynette.
Justiça restaurativa: um veículo para a reforma?, p. 248).

37 .As reuniões com grupos de familiares têm origem nas tradições do povo Maori, da Nova
Zelândia, e visam ampliar o número de indivíduos na discussão do prejuízo causado pelo crime. Da
reunião, conduzida por um facilitador, participam os partidários da vítima e do infrator, como família
ou amigos, tendo em vista uma maior compreensão do impacto do crime sobre a vítima e o infrator.
Podem ainda participar os representantes do sistema de justiça criminal. Como na mediação, os
participantes discutem maneiras de consertar o prejuízo causado pelo crime, podendo os
participantes de apoio ficar responsáveis por ajudar o infrator a restaurar o prejuízo (Ibidem, p. 248).

38 .Os círculos advêm da tradição dos povos nativos canadenses: os participantes sentam-se em
círculo, e um artefato chamado “peça da fala” é passado entre todos os presentes, sendo facultada a
fala somente à pessoa que segura o artefato. O processo continua até que todos os participantes
digam tudo o que desejam e o círculo encontre a solução. É uma prática que amplia o número de
participantes. O facilitador ou o guardião do círculo coordena e facilita a reunião para a vítima, para o
infrator e seus partidários, para os representantes da comunidade e possíveis representantes do
sistema de justiça criminal (Ibidem, p. 249).

39 .Umbreit aponta os seguintes processos distintos que compõem a justiça restaurativa: mediação
vítima-ofensor (victim-offender mediation), conferência (conferencing), círculos de pacificação (
peacemaking circles), círculos decisórios (sentencing circles), restituição (restitution), entre outros
(UMBREIT, Mark S. The Handbook of Victim Offender Mediation: An Essential Guide to Practice and
Research. São Francisco, CA: Jossey Bass, 2001). Jaccoud menciona quatro processos: os círculos
de sentença, os círculos de recuperação, a mediação e os encontros com grupos de familiares
(JACCOUD, Mylène. Princípios, tendências e procedimentos que cercam a justiça restaurativa,
p. 181). Para Parker, três são os processos identificados como justiça restaurativa: mediação de
infrator e vítima, reuniões com grupos de familiares e círculos (PARKER, L. Lynette. Justiça
restaurativa: um veículo para a reforma? In: SLAKMON, Catherine; DE VITTO, Renato Campos
Pinto; PINTO, Renato Sócrates Gomes (Orgs.). Justiça restaurativa. Brasília, DF: Ministério da
Justiça e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, 2005. p. 248). Outras
classificações: PINTO, Renato Sócrates Gomes. A construção da justiça restaurativa no Brasil: o
impacto no sistema de justiça criminal, p. 217-218.; FROESTAD, Jan; SHEARING Clifford. Prática da
justiça: o modelo zwelethemba de resolução de conflitos. In: SLAKMON, Catherine; DE VITTO,
Renato Campos Pinto; PINTO, Renato Sócrates Gomes (Orgs.). Justiça restaurativa. Brasília, DF:
Ministério da Justiça e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, 2005. p. 81.

40 .O artigo de Eglash foi publicado por Joe Hudson e Burt Gallaway, no livro Restitution in Criminal
Justice. Cf. VAN NESS, Daniel W.; STRONG, Karen Heetderks. Restoring Justice, p. 27.

41 .JACCOUD, Mylène. Princípios, tendências e procedimentos que cercam a justiça restaurativa,


p. 163.

42 .PINTO, Renato Sócrates Gomes. A construção da justiça restaurativa no Brasil: o impacto no


sistema de justiça criminal, p. 217.

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“Limpando as lentes”: o que é justiça restaurativa?

43 .Cf.: SANTOS, Cláudia Cruz. A justiça restaurativa: um modelo de reacção ao crime diferente da
justiça penal. Porquê, para quê e como? Coimbra: Coimbra Editora, 2014. p. 153-156; ZAMBIASI,
Vinícius Wildner; KLEE, Paloma Marita Cavol. Justiça restaurativa e mediação penal em Portugal:
contextualização e reflexões sobre a Lei n.º 21/2007. Revista Eletrônica de Direito Processual, Rio de
Janeiro, ano 12, v. 19, n. 3, set.-dez. 2018. p. 662.

44 .BAZEMORE, Gordon; WALGRAVE, Lode. Restorative Juvenile Justice: Repairing the Harm of
Youth Crime. New York: Willow Tree Press, 1999. p. 371.

45 .CHRISTIE, Nils. Conflicts as Property. The British Journal of Criminology, London, v. 17, n. 1,
p. 1-15, jan. 1977. Disponível em: [https://academic.oup.com/bjc/article-abstract/17/1/1/411623.]
Acesso em: 06.02.2019.

46 .ZEHR, Howard. Trocando as lentes: um novo foco sobre o crime e a justiça, p. 257-261.

47 .WRIGHT, Martin. The Paradigm of Restorative Justice. VOMA Connections. Summer, 2002.
Disponível em: [http://voma.org/docs/connect11insert.pdf]. Acesso em: 03.02.2019.

48 .MARSHALL, Tony F. Restorative justice: an overview. London: Home Office, Information &
Publications Group, 1999. Disponível em:
[https://fbga.redguitars.co.uk/restorativeJusticeAnOverview.pdf]. Acesso em: 03.02.2019. p. 5.

49 .PARLAMENTO EUROPEU; CONSELHO DA UNIÃO EUROPEIA. Diretiva 2012/29/UE do


Parlamento Europeu e do Conselho. Estabelece normas mínimas relativas aos direitos, ao apoio e à
proteção das vítimas da criminalidade e substitui a Decisão-Quadro 2001/220/JAI do Conselho.
Jornal Oficial daUnião Europeia, 14 nov. 2012. L 315/66. Disponível em:
[http://apav.pt/apav_v3/images/pdf/LexUriServ_Directiva_PT.pdf]. Acesso em: 04.04.2017.

50 .BRAITHWAITE, John. Restorative Justice and Responsive Regulation. New York: Oxford
University Press, 2002. p. 12-16.

51 .GORDILLO SANTANA, Luis F. La justicia restaurativa y la mediación penal. p. 60. No original:


“La Justicia Restaurativa es colaborativa e inclusiva, genera y supone la participación de la víctima,
del victimario y de la comunidad afectada por el hecho, buscando una solución que se encamine a la
reparación del daño y la armonía rota”.

52 .BAZEMORE, Gordon; WALGRAVE, Lode. Restorative Juvenile Justice: Repairing the Harm of
Youth Crime. p. 371-374.

53 .JOHNSTONE, Gerry; VAN NESS, Daniel W. Handbook of Restorative Justice. Cullompton: Willan
Publishing, 2007. p. 5.

54 .ZEHR, Howard. Changing lenses: a new focus for crime and justice, 2005; ZEHR, Howard.
Trocando as lentes: um novo foco sobre o crime e a justiça. p. 192; ZEHR, Howard; GOHAR, Ali. The
Little Book of Restorative Justice. 2003. Disponível em: [www.unicef.org/tdad/littlebookrjpakaf.pdf].
Acesso em: 09.02.2019.

55 .NERY, Déa Carla Pereira. A justiça restaurativa como alternativa de controle social sob a ótica do
direito penal do cidadão. Tese (Doutorado em Direito) – Pontifícia Universidade Católica, São Paulo,
2011. p. 106.
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“Limpando as lentes”: o que é justiça restaurativa?

56 .SILVA, Elizabet Leal da. Justiça restaurativa como meio alternativo de solução de conflito, p. 28.

57 .PINTO, Renato Sócrates Gomes. A construção da justiça restaurativa no Brasil: o impacto no


sistema de justiça criminal, p. 217-218.

58 .Jaccoud aponta três modelos de justiça restaurativa: modelo centrado nas finalidades, modelo
centrado no processo e modelo centrado nas finalidades e no processo (JACCOUD, Mylène.
Princípios, tendências e procedimentos que cercam a justiça restaurativa, p. 170).

59 .O Conselho Social e Econômico da ONU (ECOSOC), por meio da Resolução 2002/12


(LGL\2012\4450), enunciou os conceitos sobre justiça restaurativa, que são: o programa restaurativo,
o processo restaurativo e o resultado restaurativo: Programa de justiça restaurativa “significa
qualquer programa que use processos restaurativos e objetive atingir resultados restaurativos”.
Processo restaurativo “significa qualquer processo no qual a vítima e o ofensor, e, quando
apropriado, quaisquer outros indivíduos ou membros da comunidade afetados por um crime,
participam ativamente na resolução das questões oriundas do crime, geralmente com a ajuda de um
facilitador. Os processos restaurativos podem incluir a mediação, a conciliação, a reunião familiar ou
comunitária (conferencing) e círculos decisórios (sentencing circles)”. Resultado restaurativo
“significa um acordo construído no processo restaurativo. Resultados restaurativos incluem respostas
e programas tais como reparação, restituição e serviço comunitário, objetivando atender as
necessidades individuais e coletivas e responsabilidades das partes, bem assim promover a
reintegração da vítima e do ofensor” (RESOLUÇÃO 2002/12 DA ONU. Princípios básicos para
utilização de programas de justiça restaurativa em matéria criminal. Disponível em:
[www.juridica.mppr.mp.br/arquivos/File/MPRestaurativoEACulturadePaz/Material_de_Apoio/Resolucao_ONU_2002.pd
Acesso em: 03.02.2019).

60 .JACCOUD, Mylène. Princípios, tendências e procedimentos que cercam a justiça restaurativa,


p. 169.

61 .Ibidem, p. 170.

62 .No mesmo sentido, Jaccoud, para quem o modelo centrado no processo “é o que mais corrompe
os princípios fundadores da justiça restaurativa” (Ibidem, p. 171).

63 .NERY, Déa Carla Pereira. A Justiça Restaurativa como alternativa de controle social sob a ótica
do direito penal do cidadão, p. 114.

64 .ZEHR, Howard. Trocando as lentes: um novo foco sobre o crime e a justiça, p. 192.

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