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Beccaria trás neste capítulo a divisão de três consequências dos princípios, sendo
elas que cabe ao legislador estabelecer as penas para cada transgressão de direitos, e
restando ao magistrado, que faz o papel imparcial de decidir a quem cabe a pena, o papel
de somente aplicá-las de forma restrita à prevista em lei. Para o autor a crueldade dos
castigo é inútil e que de nada adianta.
CAPÍTULO IV - INTERPRETAÇÃO DE LEI
Cesare aborda neste capítulo a importância dos juízes não terem o direito de
interpretar as leis penais, uma vez que não são os legisladores e simplesmente os
aplicadores do direito, além do mais, ao interpretar a lei se abre a brecha da imposição dos
seus pensamentos pessoais e por consequência gerando uma justiça desequilibrada. A lei
deve ser fixa e literal, de forma que quem a ler entenda quais serão as consequências caso
cometa alguma transgressão.
CAPÍTULO VI - Da prisão
Beccaria defende que o interrogatório deve ocorrer com relação ao crime que foi
cometido e sobre suas circunstâncias, afastando a tortura, comumente usada nos
interrogatorios, a substituindo por um interrogatório sugestivo.
CAPÍTULO XI - Da tortura
A tortura é um instrumento de barbarie, com foco na confissão do acusado, mas que
faz até mesmo o inocente confessar crimes que não cometeu. Beccaria crê também que a
origem da tortura é religiosa, pelo ato da confissão.
“Cabe tão-somente às leis determinar o espaço de tempo que se deve utilizar para a
investigação das provas do crime, e o que se deve conceder ao acusado para que se defenda.”
O tempo de investigação e o que determina a prescrição não devem ser
aumentados em decorrência da gravidade do delito, entretanto segundo o autor, crimes
hediondos não devem prescrever.
A ideia de um crime deve ser coibida, mas de forma branda, por se tratar da vontade
de cometê-lo, crimes meramente iniciados mas sem um fim, também devem ser punidos, de
forma um pouco mais rigorosa que a versão de outrora mas ainda mais branda do que a
previsão legal para quem cometer o crime.
Os tribunais que oferecem impunidade para cúmplice que trair os seus, pode
funcionar ao encorajar o povo a prevenir grandes delitos.
As penas devem ser moderadas para impedir que o culpado torne-se ainda mais
prejudicial à sociedade, já que quanto mais terrivel for o castigo, maior será a audácia do
criminoso para fugir dela.
Nenhum homem tem direito sobre a vida de outro, dito isto, a pena de morte é
baseada no nada, é apenas um artificio considerado necessário para pressão social em
cima do cidadão, já que ela nunca pôs fim algum ao crime. A pena de morte tem menos
efeito que a pena de longa duração, ela cessa o sofrimento, caso que na perpétua o
estende e rivaliza com as dores do crime que a levou a isso.
A infâmia é uma pena que não advém das leis, mas sim da opinião pública, com
toda sua voracidade.
Neste capítulo o autor trata da busca acelerada do acusado por uma solução,
enquanto em contraste, o magistrado tende a demorar. Além do mais, o autor trata da
prisão preventiva do acusado, o que deve ser rápida para o curso do processo correr bem
além de branda é claro.
“Quanto mais rápida for a aplicação da pena e mais de perto acompanhar o crime, tanto mais justa e
útil será.”
“Uma pena muito retardada torna menos estreita a união dessas duas ideias: crime e punição.”
Impunidade e asilo andam de mãos abertas para o autor, que crê que tal manobra é
apenas uma forma de fugir do poder judiciário, entretanto, ele também reconhece que o
processo deve ocorrer no país em que o acusado transgrediu a lei.
Por a cabeça de alguém a prêmio é um grande problema, criasse cem crimes para a
prevenção de um único crime, além de mostrar que o estado é fraco e precisa de ajuda para
solucionar seus problemas internos.
Segundo o autor, quanto mais grave o crime, mais rigida deve ser a pena. A lei deve
buscar sempre um equilíbrio entre delito e pena, se não há proporção, não há como
diferenciar qual crime é grave e qual não é.
A medida que deve ser tomada para avaliar um crime deve ser o prejuízo que ele
causou à sociedade, separando os sentimentos, já que varia de homem para homem o
quão grave pode ser um crime.
A injuria é punida pela infâmia, cabe a opinião pública combater a injuria, por que
está, pode chegar a lugares no campo das ideias, onde o abstrato não alcança, já que não
se pode mediar a honra do homem, apenas a opinião pública pode medir isso e combater
as mazelas das quais a lei não consegue.
Apenas quem iniciou o duelo deve ser punido, o outro participante simplesmente
defendeu a sua honra.
O contrabando apesar de produzir ofensa para com a nação, não deve sofrer de
infâmia, pois não afeta o povo o suficiente para isso, deve sofrer punição de acordo com as
leis que transgrediu.
O estado não deve ser ocioso, ele tem por obrigação de participar das relações
entre os homens, mas deve respeitá-las também para garantir a liberdade do indivíduo.
Não deve haver pena para o suicídio, pois recairia sobre os inocentes que ficaram
neste plano, cabe apenas a Deus punir o suicída.
As leis devem prevenir estes delitos da melhor forma possível, pois alguns, como o
adultério, é um instinto natural e por isso não há como punir.
As punições religiosas perturbam a sociedade, não devem ocorrer, por que somente
religiões com fundamentos fracos a cometem.
Falsas ideias são as fontes dos erros e da injustiça, erros e injustiças os quais na
natureza talvez fossem vantajosos em sociedade são inúteis; apenas atrapalham o público
e acabam por limitar o avanço e por consequência a liberdade.
As leis até então buscavam o benefício do fisco, então o réu era coagido a culpa, ela
era a “benéfice” procurada e não a verdade por trás.
Prevenir os crimes é melhor do que puni-los, pois livra os homens dos males das
ações de outrem e de suas penas. A melhor maneira de prevenção, segundo o autor, é
formular a legislação da forma mais clara e acessível possível, uma legislação acessível
substitui a incerteza da lei e trás para perto de sí todos que a lerem. Entretanto, apenas a
religião foi capaz disso, justamente por essa proximidade, findando ao máximo a barbarie.
CAPÍTULO XLI - Conclusão
O livro de Cesare Beccaria trás consigo muitas reflexões e críticas aos antigos regimes, é
uma obra que contempla ideias e aspectos até hoje presentes principalmente na Constituição Federal
Brasileira de 1988 e no código penal.
Na constituição brasileira, a presunção de inocência foi abordada de maneira magnifica,
ninguém deverá ser considerado culpado até o trânsito em julgado - ideia defendida por Cesare -, tal
princípio é extremamente importante pois é a partir dele que ao invés de ser caçado um culpado se
busca a verdade.
Já a influência no código penal, para além da constituição, pode ser traduzido nos princípios
que buscou elucidar em sua obra, a necessidade de proporcionalidade, de determinação de penas
equânimes sem distinção de méritos sociais a fim de findar a barbárie de um julgamento imoral.
Cesare em sua obra qualificou o homem como um ser igual a qualquer outro, trouxe o
princípio da verdade, combateu penas abusivas ao criticá-las e traduziu como o mundo
-principalmente o penal- jurídico funciona.