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Resenha Critica do livro “Das Penas e Dos Delitos” de

Cesare Beccaria
Escrito em 1774, o livro “Das Penas E Dos Delitos” de Beccaria, se mantém coincidente
com a realidade atual, em sua critica a forma como as penas eram aplicadas e as práticas
abusivas em sua época, o autor se utiliza de conceitos que são usados até hoje para a
doutrina do direito penal, quando discute a respeito de conflitos sociais, justiça e ideais.
O autor decorre sobre a importância das vantagens da sociedade, e que apesar de que
tais vantagens deveriam favorecer a todos, eram destinadas a um único grupo, a elite
da época. O que não diverge inteiramente da realidade atual. As leis são criadas pelo
Estado, para impedir abusos e como método de controle, entretanto, em sua época as
penas tinham um viés vingativo, para gerar uma sensação de vingança coletiva, ou seja,
eram extremamente rígidas e brutais, e não tinham o intuito de ressocializar o
condenado, como atualmente.
Segundo o autor, enquanto uma minoria goza de privilégios e de todos os confortos
possíveis, a outra parte da sociedade está largada a miséria e privada de direitos
básicos. E que apenas leis justas poderiam remediar tal situação, em contrapartida a
própria sociedade não faz questão da criação de tais leis, pois não é de seu interesse
que exista tal mudança, impossibilitando assim o bem-estar para a maioria.
Para conviver em sociedade, é necessário que haja normas, a partir daí foram criadas
as leis e sanções que puniam os delitos cometidos pelos indivíduos, ao desrespeitarem
tais normas. Estes seriam punidos de acordo com a severidade de cada lei, entretanto
os preconceitos ainda eram muitos, em razão do século em que o livro fora criado,
poucos foram os que não se calaram diante da injustiça e crueldade que aconteciam nos
tribunais da época, e como fora dito anteriormente, a sociedade não tinha a intenção
de mudar tal cenário.
Para explicar “O direito de Punir” Beccaria usa a ideia do Contrato social. Para ele, a
reunião de todas as pequenas parcelas de liberdade constitui tal direito. Para se sentir
dentro do todo, da sociedade, se faz necessário renunciar a parte da sua liberdade, pelo
bem geral. “… apenas as leis podem indicar as penas de cada delito e que o direito
de estabelecer leis penais não pode ser senão da pessoa do legislador,…” Dito isso,
é possível a percepção que Beccaria usou os nossos princípios de legalidade atuais.

O extinto comum é que é essencial questionar as leis, entretanto de acordo com o


autor, isso acaba se tornando algo perigoso, pois a partir desse questionamento, a
lei poderia perder sua credibilidade, e a pena seria baseada nos sentimentos do
juiz que estivesse julgando o caso, ignorando assim a imparcialidade. Ou seja,
causando uma instabilidade, no veredito de outros crimes. Pois, mesmo que o
delito fosse o mesmo ele findaria sendo julgado de uma forma distinta.

Então, por mais que a lei seja injusta, deve ser seguida á risca, para que dessa
forma, haja um senso comum de qual seria a consequência ao cometer um
determinado crime. A crítica que o autor faz ao fato que apenas uma pequena
parcela da sociedade de sua época era detentora do conhecimento, e que por causa
disso, facilitava que as leis, que eram “inacessíveis” fossem alteradas em razão de
interesses individuais, deixando de lado o bem comum. Logo, a carência desse
conhecimento, facilitava o aumento dos delitos, pois ao não saber das
consequências de suas ações, o individuo tendia a errar mais. Tendo em conta este
fato, é possível afirmar que se tal conhecimento, fosse disseminado, a recorrência
dos delitos seria bem menor. Além de que, se fosse de domínio publico não haveria
a concentração de poder de um determinado grupo, que usava da ignorância alheia
em benefício próprio.

Portanto, é cabível afirmar que independente de todos os fatores que impediam


que a justiça fosse definitivamente plena, nenhum interferiu mais que os interesses
individuais e maldosos do próprio indivíduo. E que para termos uma sociedade
mais justa e integra, deve-se disseminar conhecimento, para que dessa forma os
direitos individuais sejam assegurados.

Discente: Amanda Lima Rios

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