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(Júlia Helena)
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(Ricardo Avilar)
CAPÍTULO 1
(Júlia Helena)
Esse era o único tempo que tinha para poder passar com
minha pequena, às vezes ficávamos conversando e rindo até altas horas.
O elo que tínhamos uma com a outra sempre foi muito grande, me
lembro muito bem quando a vi pela primeira vez, ela não parava de
chorar no colo da enfermeira, assim que a colocou em meus braços
parou de chorar no mesmo momento. Segurou no meu dedo com a
mãozinha direita e sorriu, naquele instante sabia que ela era minha.
Sentia-me tão mãe dela que até leite no meu peito saía, a amamentei
até os dois aninhos e meio, era tão branca que o meu irmão apelidou
ela de ratinha de laboratório. Não me arrependo de nada que fiz e faço
pela minha filha, e agradeço a Deus todos os dias por ter a colocado
em minha vida. Também por ter me dado um pai e um irmão
maravilhosos que amavam a Maria tanto quanto eu.
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(Ricardo Avilar)
— Olha aqui sua atrevida, você faz ideia com quem está
falando? Eu poderia te prender agora mesmo por desacato a autoridade.
— A mal educada nem esperou que eu terminasse a frase direito, já foi
logo me cortando.
(Julia Helena)
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(Ricardo Avilar)
(Julia Helena)
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(Ricardo Avilar)
CAPÍTULO 4
(Ricardo Avilar)
Me desesperei ao chegar em casa, e ouvi gritos e mais
gritos de socorro vindo do segundo andar, minha mãe vinha descendo
as escadas correndo com as mãos no rosto apavorada. Suas bochechas
estavam mais coradas do que o normal, de tão nervosa que estava.
— Não foi em mim que você bateu, então acho que esse
pedido de desculpas tem que fazer para outra pessoa, pequena. – Disse
o Barreto para ela se segurando para não rir.
— Para ele não peço desculpa coisa nenhuma tio, não
gostei dele. Ele é mal. — Choramingou escondendo o rosto no
pescoço dele, mas pelas costas dele, me olhava provocativamente.
Mesmo o Barreto e a minha mãe implorando, ela não quis comer nada,
apenas chorava chamando pela mãe. Horas mais tarde, cansou de tanto
fazer pirraça e adormeceu ainda no colo do Barreto, ele a colocou na
cama e voltou para a delegacia. Eu decidi ficar o resto dia em casa, já
tinha tido emoções suficiente para o resto do mês. À noite, quando
estava tomando meu banho ouvi batidas desesperadas na porta, saí de
baixo do chuveiro ainda com espuma no corpo e puto da vida, odeio
quando me interrompem quando estou fazendo alguma coisa.
— Pense bem meu filho, essa mulher não deve ser tão má
para essa criança amar ela tanto assim, a ponto de chegar a ficar neste
estado por causa dela. Por favor Ricardo, não queira carregar a culpa da
morte da sua filha por conta de orgulho bobo. — Eram dois contra
um, mas não importava qual argumento eles usassem, não iria voltar
atrás da minha palavra de forma nenhuma. Nem que para isso,
precisasse chamar outro médico.
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(Júlia Helena)
CAPÍTULO 5
(Ricardo Avilar)
Cheguei na delegacia descontando a minha raiva em cima
de todo mundo, principalmente no Barreto. Assim que entrei na minha
sala, mandei que o chamassem com urgência.
— Não tem “ mas” Barreto. Não vai chegar mais perto dela
e ponto final! – Nem eu sabia ao certo o porquê estava tão nervoso
com ele, mas era só lembrar da Júlia falando dele com tanta intimidade
que o meu sangue fervia. Ainda mais fui obrigado a ceder à chantagem
da minha mãe e tirei a maldita denúncia. Agora ela está livre... Livre e
solta para ir e vir por onde quiser e com quem quiser, inclusive com o
Barreto se for da vontade dela. Menos comigo, havia deixado bem
claro que me odeia. Deus, o que estava havendo comigo agora para
ficar pensando essas besteiras? O feitiço dessa mulher não iria funcionar
em mim, se ela achava que se aproveitaria do meu dinheiro através da
menina, estava completamente enganada. Vou cumprir a minha palavra
e fazer da vida daquela favelada um inferno, provarei para minha mãe
que aquela bandida não presta.
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(Júlia Helena)
— Mamãe, mamãe.
(Ricardo Avilar)
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(Júlia Helena)
CAPÍTULO 7
(Ricardo Avilar)
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(Júlia Helena)
— Será que vou ter que implorar? Depois reclama que sou
grosso, mas na hora que tento ser gentil, você não facilita em nada. —
Estava começando a ficar nervoso, para evitar problemas e pela Maria,
resolvi aceitar o convite.
(Ricardo Avilar)
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(Julia Helena)
— Minha querida, você quer ficar com sua filha, não quer?
E também precisa trabalhar para pagar os seus estudos, não é mesmo?
Você pode até estudar à tarde, porque na nova escola a Maria estudará
nesse horário, então o que me diz? Pode começar quando quiser. —
Não concordava muito com essa proposta, mas também não podia
negar que era uma ótima oportunidade de trabalhar, estudar, e o melhor
de tudo, poderia cuidar da minha filha.
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(Ricardo Avilar)
Levantei cedo na segunda-feira para ir trabalhar, muito
irritado com a última mensagem que a Júlia tinha me mandado,
dizendo que o que aconteceu entre nós na cozinha foi um erro. Fiquei
tão nervoso que acabei desligado na cara dela, sei que havia gostado
tanto quanto eu. Quem ela pensa que é para me dispensar daquela
forma? Usa e depois joga fora. E como se não bastasse, na delegacia
rebemos uma denúncia dizendo que a gangue do tal Bin Laden tinha
invadido a favela da Rocinha, tentando dominar o esquema de tráfico
de lá; no tiroteio, o total de mortos era mais de vinte homens, a
maioria menores de idade. Eu e a minha equipe tivemos que ir até a
Rocinha limpar a bagunça que eles fizeram; entre os mortos, tinha uma
criança de onze anos que morreu com a arma na mão, até para mim que
sou um homem frio, fiquei tocado vendo o Barreto emocionado tampar
o corpo do menino com um lençol branco, triste mesmo foi quando
mãe dele chegou desesperada correndo colocando ele em seu colo como
um bebê e começou a cantar ninando ele enquanto alisava o rosto dele,
provavelmente fazia assim quando ele era pequeno. Nem se vivesse mil
anos conseguiria esquecer aquela cena. Depois de resolver tudo,
voltamos para a delegacia e mandei que todos se reunissem para uma
reunião urgente, para arquitetar um plano para pegar o Bin Laden o
mais rápido possível! Bem no meio da reunião, a minha mãe me ligou
para avisar que tinha chegado, pensei até em não atender, mas
conhecendo ela como eu conheço, iria baixar ali em menos de quinze
minutos para saber porque não atendia a ligação dela.
— Fala mãe.
— Para mim tanto faz quem seja mãe, agora tenho que
desligar, depois nos falamos. – Quando desliguei o telefone, estava
todo mundo na sala rindo da minha conversa com a minha mãe.
“ Eu te desejo tanto...”
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(Júlia Helena)
(Ricardo Avilar)
— Maria Lara, saia daí agora! Porque você não pode ficar
enfiada ai dentro o dia todo. — Bati na porta, só que não obtive
nenhuma resposta, suspirei bem fundo e sentei no chão.
— Olha pequena, sei que não sou um bom pai, e que você
não tem nenhum motivo para gostar de mim, sei também que queria
que a sua mãe estivesse aqui e não eu. Mas gostaria que me desse pelo
menos um voto de confiança me deixando ajudar você. Não sou bom
nisso, porém vou tentar ser o melhor que posso, está bem?
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(Júlia Helena)
CAPÍTULO 10
(Ricardo Avilar)
Não estava me reconhecendo mais, e aquelas palavras que
insistiam em sair da minha boca eram prova disso! Não podia negar
que a vontade de tê-la em minha cama ainda era maior do que tudo,
porém era de uma forma diferente. Minha intenção não era comprá-la
ou algo parecido, porque as coisas estavam ficando diferentes agora,
para ser bom pra mim teria que ser bom para ela também. Além disso,
tinha outro sentimento estranho que também crescia em relação a
menina. Enquanto esperando ansioso para ouvir qual seria a reação de
Júlia após me abrir com ela, como em um instinto, meus olhos
corriam em cada passo que a Maria dava correndo em meio àquele
monte de pessoas. Em um certo momento, passou um morador de rua
catando latinhas e ela do nada parou de correr e começou a catar latinha
também, fazendo a maior festa pisando em cima delas para amassar e
depois colocando dentro do saco dele, os dois conversavam e riam
como se conhecessem há muito tempo, nunca em hipótese nenhuma
deixaria o meu filho Joao Miguel, que tanto tinha planejado ter, chegar
nem perto desse tipo pessoas; e o mais engraçado era que a Júlia,
diferente das outras mães que puxavam os filhos para longe do homem,
olhava a filha fazer tal ato com os olhos brilhando de orgulho.
— Júlia eu...
— Cara, tu é demais meu! Pow mãe olha isso, até que ele
não é tão mane quanto parece.
— Então vai ficar com ele só por gratidão? Não acho certo
você dar uma chance para o cara só porque acha que ele te merece mais
do que eu, seria justo se gostasse mais dele do que de mim. Porém,
acredito que esse não seja o caso não é mesmo Júlia? — Usei da
mesma ironia que ela.
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(Júlia Helena)
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(Ricardo Avilar)
— Como assim fazer o que? Ela disse que quer ficar com
ele na minha cara Barreto, não tem mais nada o que fazer a respeito
disso.
"Não sou muito bom em falar sobre o que sinto Julia, então vou
contar a história de um vilão que se apaixonou sem querer pela
mocinha.
Era uma vez, um egoísta e frio que pensava poder usar a sua
influência e todo seu dinheiro para conseguir tudo o que queria, mas
ai ele conheceu a mulher mais linda do mundo, irritante e pirracenta
também. Tudo começou com um beijo que ele roubou dela apenas
para provocá-la, mas o feitiço virou conta o feiticeiro, porque o
gosto dela ainda está na boca dele até hoje. Mas era um cafajeste de
marca maior; assim como fez com tantas outras, não queria nada
além de sexo, acabou fazendo um monte de besteiras, metendo os pés
pelas mãos por conta disso. Quando teve a oportunidade de
conquistá-la como um homem de verdade faria, não o fez, porque
estava cego demais pelo seu preconceito e não via nada na moça além
de defeitos, deixando a falta de experiência e a imaturidade falarem
mais alto. Porém, foi só perceber que a perderia de vez para outro
que começou a enxergar uma infinidade de qualidades, ela era linda,
bem humorada, divertida e atraente. Beijava como ninguém e tinha o
sorriso mais encantador do mundo. Ele até tentou corrigir os seus
erros e pedir uma chance, mas se existia uma coisa que os dois
tinham em comum era o orgulho. Independente de tudo, sabia que era
a mulher da vida dele. Mas como um vilão provaria para a mocinha
que se apaixonou de verdade? E que poderia fazê-la mais feliz do que
o próprio mocinho da história, sendo que não tinha nada a oferecer
além do que sentia? Infelizmente tinha que abrir os olhos dela lhe
alertando que ficar com ele não seria a escolha certa a se fazer,
porque provavelmente ainda iria errar com ela uma, duas, três...
Infinitas vezes! Teria loucuras, ciúmes, brigas, apertões e aranhões.
Mas também teria o nível extremo da paixão, sorrisos, beijos,
gargalhadas, olhares, noites sem dormir ficando apenas agarrados
conversando, que deixaram sempre a sensação que por mais
problemas que tenham para ficar juntos, sempre iria ser a escolha
certa a se fazer.
Ass: R. A.”
CAPÍTULO 11
(Júlia Helena)
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(Ricardo Avilar)
— Olha aqui você Ricardo Avilar, sou do tipo que vai para
o baile funk e requebra até o chão. E o meu pai sempre soube muito
bem a filha que tem. Sempre trabalhei para me bancar e ainda ajudava
nas despesas de casa. Faço o que eu quero e vou onde quiser sem ter
que dar satisfações para ninguém, porque sou independente. O
problema é que muitos homens não seguram a onda de uma mulher
pau-a-pau com eles, então preferem se aproveitar das bobinhas que se
viram do avesso para agradar o parceiro só para não correr o risco de
ser abandona. Mas quer saber? Comigo o buraco é mais em baixo.
Sou exigente, mesmo sendo mãe solteira sempre conseguia me divertir
e aproveitar bem a vida, sou mulher de verdade! O tipo que assusta
sabe? Que dispensa homem sem coragem, não preciso ficar com
ninguém para ser feliz, consigo ser sozinha. Querer ficar com você é
uma escolha e não uma necessidade, se achar que não vale a pena,
simplesmente viro as costas e vou embora sem olhar para trás. — Eu
estava definitivamente perdido nas mãos daquela mulher sem coração,
porque é isso que ela era. Não iria mesmo facilitar as coisas para o meu
lado, parecia até castigo. Nunca me apaixonei, quando resolve
acontecer foi pela mulher mais difícil do mundo.
— Não, é só coincidência.
— Sabe que não vou te obrigar a fazer nada que não quer,
não sabe?
— Eu sei Ricardo...
— Confio.
— Quantas vezes esteve com um homem antes de mim,
Júlia?
— Por favor, não faz isso comigo, não quero lembrar desse
dia. — Implorou começando a chorar, fazendo a minha agonia
aumentar mais ainda.
— Foi ele que fez isso com você, não foi Júlia? —
Confirmou com a cabeça chorando e começou a falar.
— Isso era antes, agora quero fazer amor com você, vou
esperar o tempo que for preciso para que nós dois estejamos prontos
para essa noite. Prometo planejar tudo para que seja a melhor da sua
vida, será o dia em que se tornará mulher com um homem de verdade.
– A envolvi no calor dos meus braços para que dormisse sabendo que
de agora em diante estava sob a minha proteção, e quanto a esse tal de
Vitor? Cedo ou tarde ainda acertaria as minhas contas com ele.
CAPÍTULO 12
(Júlia Helena)
"Queria estar ao seu lado quando acordasse, para poder lhe dar um
beijo de Bom dia, mas tenho que chegar no hospital antes que o meu
pai chegue e não me encontre por lá.. Beijo doce.." Ass: Júlia.
"Não sou o tipo grudento que quer ficar perto da mulher durante
vinte e quatro horas por dia. Só achei que não foi certo da sua parte
ir embora sem falar nada.”
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(Ricardo Avilar)
CAPÍTULO 13
(Júlia Helena)
— Ela pode até ser tímida, mas pode ter certeza que não
quer ser tratada como uma donzela carmelita.
— Dormiu bem?
— Muito, e você?
— Que bom.
— Júlia, por favor meu amor, não faz isso comigo! Estou
indo para o morro tentar acabar com esse tiroteio, não vou conseguir
fazer o meu trabalho direito sabendo que você está perdida do meio
daquela bagunça, muitas pessoas lá dependem de mim, não poderei
proteger elas e você ao mesmo tempo, entende? Se alguma coisa
acontecer com você, vou ficar louco, pensa na Maria e esquece essa
ideia idiota. Farei o possível para encontrar o seu pai e mantê-lo em
segurança, mas você vai ter que me esperar quietinha aqui! Assim que
der, volto para te pegar e levar até ele.
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(Ricardo Avilar)
— Não.
— Mentirosa.
CAPÍTULO 14
(Júlia Helena)
— Pow tio foi mal aí, acontece que escondi o celular para
ninguém pegar, quando vi as ligações do senhor já era bem tarde,
então não quis incomodar o senhor.
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(Ricardo Avilar)
— Pensei que o senhor tinha dito que era para acabar com
a rasgação de seda, mesmo depois de tantos anos o senhor não perdeu
a mania de puxar o saco do Ricardo. – O John falou com o seu jeito
sacana de sempre, se o Major não o conhecesse bem, teria ficado
nervoso.
— Você não pode falar nada Carol, acha que não sei que
veio toda arrumadinha assim só porque iria reencontrar o Ricardo?
Nunca conseguiu esquecer a paixonite aguda que tem por ele. —
Minha vontade era tirar aquele sorrisinho cínico no rosto dele.
— Júlia, vou ter que ficar uma semana fora por conta de
uma missão muito importante. Como o lugar onde eu e a Carol vamos
ficar escondidos é no meio de uma reserva florestal, durante esse tempo
não poderia ter nenhum tipo de contato com você.
CAPÍTULO 15
(Júlia Helena)
— Promete?
— Prometo Grandão.
"não use roupas muito curtas", "da faculdade direto pra casa
entendeu?"
— Sinto muito por você ter passado por isso tudo! Agora
vem, vamos tomar um banho porque eu vou cuidar de você. – Depois
de estar de banho tomado, ele abraçou em mim com força na cama e
chorou até dormir.
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(Ricardo Avilar)
CAPÍTULO 16
(Júlia Helena)
— Bom, agora que já espalhei a intriga entre o casal, vou
embora e deixar que se matem em paz. Gata, esse é o meu número
caso você fique disponível hoje. — O John disse me entregando um
cartão com o nome dele.
— Ricardo, por favor meu amor não faça essa loucura, não
vou conseguir olhar para você depois sabendo que matou alguém por
minha culpa. — Comecei a chorar.
— Ele está com muita raiva de mim para querer ficar tanto
tempo longe dona Célia, talvez nem queira ficar comigo quando voltar.
— Falei triste encostada no balcão da pia, já tinha perdido a esperança
de tudo.
— Não precisa mentir mãe! Ele não veio porque não quis.
— Falou triste abaixando a cabeça, por mais que não admitisse, ele
fazia sim muita falta na vida dela.
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(Ricardo Avilar)
— Ricardo, o meu pai sabe que não tenho aula hoje, daqui
a pouco vai desconfiar se eu demorar a aparecer em casa. — Falou com
muita dificuldade, se contorcendo pelo prazer que estava sentindo pelos
toques ágeis dos meus dedos, modéstia à parte, sabia onde tocar para
deixá-la louca.
(Júlia Helena)
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(Ricardo Avilar)
— Até mais filho, não vou nem dizer tchau porque nos
veremos em breve, não volto para o Rio Grande do Sul sem antes
resolver essa situação. — Disse tranquilamente e foi embora.
— Vou ser sincero com você Júlia, não quero ter mais
filhos! Pelo menos por enquanto, não porque poderiam nascer negros
ou qualquer outra cor que fosse, mas sim porque fiquei muito
traumatizado com tudo que passei pelo meu sonho louco de ter um
filho homem, sempre imaginava como seria o rostinho do João
Miguel, mas aí aconteceu tudo que você já sabe. Sou muito grato pela
Maria ter aparecido na minha vida, e vou fazer o possível e o
impossível para protegê-la sempre! Porém, é fato que não levo jeito
para ser pai, por isso te levei no médico, para que começasse a tomar
remédios para não correr o risco de nenhum "acidente" acontecer e ser
pego de surpresa com a notícia que está grávida. Quase pirei quando
me deixei levar pelo tesão e transei sem camisinha com você na
piscina, ainda bem que comprei a pílula do dia seguinte para você
tomar. Além disso, aquela pestinha que temos em casa vale por dez
crianças. — Ela ficou meio pensativa por um tempo, depois sorriu
triste. Com certeza queria dar irmãos para nossa filha. O problema era
que realmente estava sendo sincero com ela; para mim, a nossa família
já estava mais que completa! Esse negócio de família grande não era
comigo. — Amor, não fica assim, você me pediu para ser sincero
lembra? No momento não penso em nenhuma possibilidade de ter
outro filho, mas um dia quem sabe não mudo de ideia?
— Claro que pode Júlia, não precisa pedir! Ela é sua filha
também, agora legalmente, pode levá-la quando quiser.
— Não estou não, foi apenas um cisco que caiu nos meus
olhos. Filho, não precisa agradecer por nada, faço tudo por você porque
te amo como se você fosse meu de verdade.
CAPÍTULO 18
(Júlia Helena)
O meu irmão graças a Deus já estava cem por cento
curado, até tinha voltado a trabalhar no bufê. Já começando o primeiro
dia com um evento importante para fazer, quase teve um troço quando
recebeu uma ligação dizendo que a Van com os outros garçons que
trabalham com ele capotou, graças a Deus só tiveram leves ferimentos,
mas mesmo assim não poderiam trabalhar mais hoje. Entrou em total
desespero; ele, pouco antes do acidente, havia sido promovido gerente,
então teria que dar um jeito de resolver esse problema.
“Amor, fala comigo! Me perdoa por favor, odeio dormir brigado com
você.”
“Júlia, sei que está aí, fala comigo, não devia ter ido a esse evento
sem falar com você amor.”
“Se não atender essa porra agora, vou fazer alguma loucura e nunca
mais vai me ver.”
“Falando nisso, que inferno de dança era aquela Júlia? Acha que eu
não vi? Nunca mais vai rebolar daquele jeito enquanto eu viver, ouviu
bem. E aquela porra de uniforme que devia ser uns quatro números
menor que o seu, estava praticamente nua. Vamos conversar
direitinho sobre isso depois, isso não vai ficar assim.”
“Quer saber? Não precisa atender mais droga nenhuma! Está tudo
acabado entre nós, não merece o amor que sinto por você.”
— Você tem um minuto para descer e vir falar comigo! Estou na porta
da sua casa e se fizer a graça de não aparecer , após esse tempo vou fazer
um escândalo e acordar o seu pai é toda vizinhança.
— Não acreditei que ele estava falando sério, então abri a janela para
conferir e vi ele lá em baixo olhando para cima de braços cruzados e
com a cara fechada de sempre. Estava usando um conjunto de
moletom, com certeza já tinha se preparado para dormir quando
decidiu vir. Pela sua expressão estava capaz de tudo caso eu não fosse
falar com ele, perdia a cabeça quando contrariado.
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(Ricardo Avilar)
— Por que não amor? Não posso voltar assim para casa
Marrenta. – Apontei para o volume do meu membro completamente
ereto debaixo da minha calça.
— Tchau Grandão.
(Júlia Helena)
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(Ricardo Avilar)
— Por mim trato feito delegado, mas não ouse vir armado
ou querer dar uma de herói, porque as consequências podem ser
drásticas depois.
— Não bate no meu pai seu bobão! — Nem dor senti mais
após ouvir ela me chamando de pai pela primeira vez, foi um
sentimento tão forte que não tinha palavras para explicar.
— Nunca fui com a sua cara coroa, mas não quero deixar
você sozinho aqui. Esses homens maus vão machucar o senhor e eu
não quero que isso aconteça. – Disse ela enquanto limpava uma
lágrima que rolava pelo meu rosto, não pude conter a emoção de saber
que ela se preocupava comigo.
— Quero ver até onde essa valentia toda vai, logo vai estar
implorando para viver. – Soltou uma risada maquiavélica.
— Chamou por mim com uma voz tão fraca que quase não
consegui escutar direito, entrei no beco em menos de um segundo.
Usei o meu celular para iluminar um pouco o lugar, para minha
surpresa, ela não estava sozinha. Mas sim toda encolhida nos braços
do Guga que a abraçava com força, tinha dois ferimentos de bala nas
costas, com certeza tinha a abraçado para servir como escudo humano
para que nenhuma das bala acertasse nela.
— Calma filha, vai ficar tudo bem. Agora estou aqui, vai
dar tudo certo. — Tirei os dois daquele lugar horrível o mais rápido
possível.
— Senti sua falta aqui quando acordei, você sabe que não
gosto de não te ver ao meu lado quando acordo. — Mesmo com a pele
negra, ficou levemente corada com o meu comentário.
— Isso não vai ficar assim Ricardo! Está de caso com essa
negra apenas para me afrontar. — Rosnou ele.
— Então vai me dizer agora que nunca foi para cama com
ela? — Perguntou desconfiada.
— E você gostou?
— Por favor, não faz isso amor.
CAPÍTULO 20
(Júlia Helena)
— Ricardo! – O Repreendi.
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(Ricardo Avilar)
Acordei, e para variar a Júlia não estava do meu lado,
odiava quando isso acontecia. perguntei à enfermeira que veio trazer
minha medicação se a tinha visto, ela falou que a viu tomando café
com dr, Gastão na lanchonete. Meu sangue ferveu! Como teve a
coragem de me deixar sozinho e precisando dos seus cuidados para ir
se engraçar para o lado daquele cara metido? E se eu acordasse tendo
um infarto ou algo parecido? Iria morrer sozinho aqui, mas isso não
iria ficar assim. Tirei aquele monte de fio em cima de mim, e levantei
com muita dificuldade por causa do meu ombro ferido e fui atrás do
que é meu. O bom de ser um policial é que ninguém consegue te ver
quando você quer, cheguei na entrada da lanchonete e vi os dois rindo
cheios de intimidade um com o outro. Pensei em ir lá acabar com a
festinha deles, mas contive a minha raiva para não fazer papel de
ridículo no meio daquele monte de gente. Peguei todo o meu orgulho
ferido e fui procurar o quarto do Barreto, depois fui na UTI ver como o
meu amiguinho estava, meu coração cortou ao ver ele todo entubado.
Era tantos aparelhos que mal dava para ver o rostinho dele. Voltei para
o meu quarto, e quando estava tentando deitar na cama, a Júlia chegou
toda mandona querendo saber onde eu estava querendo ir. Respondi
curto e grosso, porém, acabei soltando que sabia que ela estava com o
doutorzinho metido, mas logo dei um jeito de sair fora do assunto.
— Acho que vai ser legal ter mãe e pai sabia? Tá certo que
você é meio panaca, mas acho que com o tempo você vai melhorando.
CAPÍTULO 21
(Júlia Helena)
Fiquei sem reação com o pedido de casamento do Ricardo.
A única coisa que consegui fazer foi chorar sem parar, realmente não
esperava por aquilo.
— Que inferno! Então pelo menos diz outra vez que aceita
casar comigo. — Pediu dando uma mordida no meu queixo.
— Júlia, vou ser bem sincero com você filha. O seu caso é
complicado, muito na verdade.
********
(Ricardo Avilar)
— O que você quer dizer com "não poder fazer" mais nada
para salvar a minha vida? – Me lançou um olhar desafiador.
— Não fica assim cara, tem que ser forte para apoiá-la
nesse momento difícil. — Deitou no meu lado na cama, era a primeira
vez na vida que o via falando sério.
(Julia Helena)
********
(Ricardo Avilar)
— Pare esse carro agora Ricardo! Isso é sequestro, sabia?
— Esbravejou a Júlia, estava igual uma cobra se contorcendo no banco
carona da minha BMW, a minha sorte era que se tratava de um modelo
novo e ela não fazia a mínima ideia de como destravá-lo. Coloquei os
meus óculos escuros e liguei o rádio na música da minha banda de
Rock favorita, Guns’N'Roses, que por sinal tinha tudo a ver com o
momento. Comecei a cantar alto, ela parou de espernear e começou a
prestar atenção na letra da música, ela entendia um pouco de inglês.
[Paciência (Tradução)]
Mas você sabe, amor, há mais uma coisa para considerar Eu disse:
mulher, pega leve
— Disse sim doçura, e ainda deixei bem claro que não tive
culpa. — Virou o rosto para o meu lado cuspindo fogo pelas ventas, já
imaginava o que estava por vir. — Não faz essa cara de brava amor,
não disse nenhuma mentira ao meu sogro, você me seduziu rebolando
com esse traseiro gostoso na minha frente. — Jogou o meu distintivo
que estava sobre o porta luvas na minha cara, se tivesse armada, tinha
me dado um tiro.
— Estou sendo dura com você porque não quero que sofra
ao meu lado. — Me abraçou forte, aproveitei a aproximação espontânea
dela e a puxei para o meu colo, colocando-a de frente para mim, com
uma perna de cada lado do meu corpo.
— Não pode ser tão depende assim de uma pessoa que está
morrendo, tem que encontrar alguém que possa te dar o que eu não
posso. — Eu odiava quando ela ficava me jogando para cima de outra,
dava a impressão que estava querendo se livrar de mim.
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CAPÍTULO 23
(Júlia Helena)
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(Ricardo Avilar)
CAPÍTULO 24
(Júlia Helena)
— Claro que não amor, estou lendo um livro que diz que
o sexo é muito bom durante a gravidez, duas vezes mais gostoso se
você quer saber. Então pare de bobeira e comece o que terminou, agora!
— Falei ansiosa.
Música : Ed Sheeran
Querida, eu te amarei
Pois querida, sua alma jamais envelhecerá Ela é eterna Amor, seu
sorriso estará sempre em minha mente e memória.
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(Ricardo Avilar)
— Ok! Se você não quer ir, vou chamar outra para vir
comigo. — A provoquei.
— Sério que vai passar o dia dos pais com essa cara
emburrada só porque a sua mãe está namorando? — A Marrenta
perguntou se aconchegando mais nos meus braços.
— Eu sei amor, mas por hora não quero mesmo mais falar
nisso. — Tudo estava muito bem, teve apenas um momento que não
gostei. Bastou sair um minuto para comprar um sorvete para matar o
desejo Júlia que quando voltei, tinha um idiota cheio de conversa
mansa para o lado dela.
— Sei que está falando isso porque não viu muito rosa por
aqui, não quero que pense que eu não amaria o nosso filho se fosse
uma menina. Só o fato de ser nosso, já é mais do que suficiente para
amá-lo, você não acha? Porém, o meu coração está dizendo que vem
um moleque aí para fazer bagunça nessa casa.
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CAPÍTULO 25
(Júlia Helena)
– Sim senhora!
– Mas nem morta mãe! Só falta a senhora dizer que vou ter
que dividir o meu avô e o meu tio com ele também, já basta ele ter
tirado a senhora e o papai de mim! Não gosto mais dele, será que
quando nascer tem como devolver?
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(Ricardo Avilar)
– Mas por que filha? Você não está feliz aqui comigo?
– Eu te amo tanto meu amor! Tudo o que me faz feliz hoje veio
através de você, agradeço a Deus todos os dias por ter te colocado na
minha vida. Não importa quanto tempo passe, você vai ser sempre a
minha bonequinha.
– AGORA! – Ordenou.
– Até, coroa.
– Porra cara, aonde você estava que não atende essa droga
de celular? – O John perguntou gritando do outro lado da linha.
– Eu estou aqui meu amor, vai ficar tudo bem. – Ela não
estava me reconhecendo, continuava delirando sem parar. Coloquei a
mão na sua barriga, e realmente o bebê não se mexia de forma alguma.
– Vai dar tudo certo cara! A minha irmã é forte, vai sair
dessa.
– Sério que não vai rolar nem uma gota de sangue? Já não
se faz vinganças como antigamente. — John falou de boca aberta me
vendo ir embora deixando o Vitor intacto.
(Júlia Helena)
– Sinto muito amor, mas não pode ainda. Tem que voltar
para o quarto e fazer alguns exames o quanto antes, cada minuto vale
ouro para nós agora.
– Não fala assim amor, vão pensar que está brava com eles.
– Mas, tem uma coisa que tenho que falar sobre o seu
tratamento. – Ele falou tão sério que não gostei nem um pouco de
imaginar o que estava por vir.
– Amor, você acha que ainda estão com frio? Acho que
sim neh ? Vou pegar uma manta por precaução. – Disse sério
segurando os filhos um em cada braço, o Ricardo estava de fato
exagerando no quesito pai responsável.
CAPÍTULO 27
(Ricardo Avilar)
Minha primeira atitude foi fechar a porta por cinco
segundos e abrir novamente, queria ter certeza que ela realmente estava
ali. E realmente estava.
– Sei que não deveria ter feito essa loucura, mas não me
arrependo. Fiz o que tinha que fazer e pronto! Eu vou voltar o mais
rápido possível, mas por favor não me obrigue a ir embora sem antes
ver as crianças, estou com muita saudade dos três.
– Queria ser romântico agora amor, mas dessa vez não vai
dar. Quero que me diga quando estiver no seu limite, porque se deixar
por minha conta, duvido que consiga sentar novamente um dia.
– Não gostei, eu amei. Não foi certo vir, mas já que veio,
quero aproveitar. Depois do sexo maravilhoso que me proporcionou,
porque digamos de passagem você está arrasando nesse quesito. Quero
fazer amor com você até o dia clarear do jeito que você merece. –
Peguei em sua mão e a conduzi até o quarto.
***********
(Júlia Helena)
– Não vai fazer nada Ricardo, ele sempre foi muito bom
comigo.
– Então por que não separa de mim e casa com ele? Já que
gosta dele tanto assim.
– Claro que sei, amor. E você sabe que não existe amiga
nenhuma, disse apenas para te provocar.
– Não ligo que tenha amigas, desde que não chame elas
para sair é claro.
******
(Ricardo Avilar)
– Sério que não quer ficar em casa amor? Por mim depois
mandávamos um presente para o John e pronto, sei lá... Me bateu um
desânimo de uma hora para outra, vamos fazer uma festa a dois no
nosso quarto.
– Para com isso Ricardo, tem que levar a sua mulher para
se divertir um pouco homem. — Disse a Carol sorridente no banco de
trás, ela e o meu cunhado foram conosco.
– Se for sobre o que eu vi, não precisa falar nada, não tem
que ficar me dando explicações sobre a sua vida particular.
– Você já é, Barreto.
(Júlia Helena)
– Aonde você quer chegar com essa porra Júlia? – Ele era
lindo de qualquer forma, mas nervoso era ainda mais.
**********
(Ricardo Avilar)
– Que isso dona Margo, assim fico até sem jeito. Ele é
nosso filho, está vendo meu amor? Agora tem duas mães para cuidar
de você querido. – A mãe Célia disse apertando as minhas bochechas
como de costume.
– Mas será possível que agora não vou ter mais nem um
segundo de paz com vocês duas em cima de mim? – Bufei nervoso.
– Não mesmo querido. – As duas riram cúmplices.
– Como sabia que o bebê que estava com o César era meu
filho, se você nunca se deu o trabalho de ir conhecer os seus netos?
– Acha mesmo que não sei que a sua mãe está indo na sua
casa escondida de mim? Ela está mudada agora, nem gastar mais o
meu dinheiro quer, pensei que estivesse me traindo, então revistei a
bolsa dela e encontrei um monte de fotos dos seus filhos. Uma delas
em especial chamou a minha atenção, em que estão os seus três filhos
deitados no chão sorrindo, até peguei para mim e está bem aqui agora
guardada na minha carteira, não me pergunte porque. Apenas mais uma
atitude minha que não tem explicação.
– Nós nunca nos demos bem pai, mas sou grato por ter
salvado o meu filho. Isso que fez por ele compensa qualquer coisa que
deixou de fazer por mim um dia.
– Eu não vou pegar leve com ele pai, o fato de fazer parte
da mesma família só aumenta ainda mais a minha vontade de matá-lo
com as minhas próprias mãos.
– Não vai demorar tanto assim meu filho, antes dele sair
correndo, consegui colocar o meu celular dentro do bolso da jaqueta
dele. A essa altura o seus homens já têm a localização daquele
bandido, a vantagem de ser um militar é que você sempre está
pensando um passo à frente dos delinquentes, mas tem que ser breve
antes que ele descubra o aparelho.
– Filho, o papai vai ter que sair agora, o vovô vai levar
você para casa, não precisa ter medo porque confio nele para cuidar de
você. Fala para os seus irmãos que assim que der, volto para vocês. –
O meu pai não sorriu ou ficou emocionado, não era homem de
demostrar emoções, apenas pegou o neto no colo novamente e fez um
aceno com a cabeça em concordância com as minhas palavras.
– E estou, esse amor que sinto por você é tão forte que
chega doer.
(Júlia Helena)
– Gostou amor?
– Muito, eu te amo.
– Incrível...
– Metido.
***
– Pode dormir até pelada, porque não vou ceder dessa vez!
Minha filha só namora depois dos vinte e oito anos.
****
(Ricardo Avilar)
– Mas mãe, isso não é certo, tudo isso por conta de uma
droga de boné.
– O que não é certo é você pegar algo que não é seu sem
pedir permissão para o dono, e se reclamar mais uma vez, serão quatro
semanas.
– Claro que não pirralho, você acha que o pai vai ser doido
de desafiar uma ordem da nossa mãe? Não é coroa? – Era típico da
Maria querer me provocar sempre que podia, tinha até medo de pensar
quando ela começasse a trabalhar comigo na delegacia.
********
(Júlia Helena)
– Não sei do que você está rindo Oliver, a sua vez ainda
vai chegar com a Victoria. – O Oliver fechou a cara na mesma hora só
de pensar na tal possibilidade.
*********
(Ricardo Avilar)
Saí da casa dos Queem ainda puto de raiva com a Júlia, até
tinha autorizado o namoro da Maria, mas foi por livre e espontânea
pressão da mãe dela.
CAPÍTULO 30
(Ricardo Avilar)
– Cadê a sua mãe, filha? Por que ela não está aqui
comigo? — Perguntei para Maria que estava com o rosto vermelho de
tanto chorar.
– Você que me faz mais feliz a cada dia meu amor, nunca
imaginei que pudesse ser tão feliz um dia. Eu te amo Ricardo.
– Filha, volta para cama, ainda está muito cedo meu amor.
– Pode papai.
– É uma coisa muito legal meu amor, você vai ser uma
linda.
– Vocês falam isso porque não são vocês que tem uma boca
cheia de dentes te sugando e mordendo você vinte e quatro horas, eu
também tenho dó da nossa pequena, mas também entendo a nossa mãe
pow . Ela trabalha, cuida da casa, do papai e de nós, o único tempo
livre que tem para descasar, a Maria Júlia está agarrada no peito dela. –
A Maria sempre ficava do lado da mãe.
– Mas você está louca para casar com um, não está? —
Sentei na mesa e comecei a tomar o meu café.
– Cê ta cholando papai?
– Estou filha.
– Mas po que?
****
(Júlia Helena)
– Mal posso esperar para fazer amor com você pelo resto da
noite Marrenta.
(Maria Lara)
— Ela não quer que eu a abrace filha, acho que nunca mais
vai querer. — Ele não aguentou e começou a chorar escondendo o rosto
no pescoço da Maju.
— Amo filha.
****
(Ricardo Avilar)
— Amor para, as crianças podem ver. – Tinha acabado de
chegar da delegacia, não aguentei quando entrei na cozinha para saber
se o almoço estava pronto e vi a cara de safada que a Júlia fez quando
me viu fardado, ela tinha fetiches com isso. Coloquei ela em cima da
bancada de mármore e comecei a agarrá-la ali mesmo enfiando a mão
debaixo do vestido curto florido que estava usando, o cabelo longo
solto sensualmente jogado para o lado e o rosto sem maquiagem a
deixava ainda mais linda, adorava a beleza natural dela.
— Ricardo... — Gemeu.
Atenção!
—Como pode desconfiar de mim depois de tanto tempo juntos? Quem ama
confia, pelo jeito esse não é o seu caso.
Agora que estava magoado com ela era eu, tinha que pelo menos ter me
dado uma chance de me explicar, e não ter arrumado as malas para ir embora.
—Eu te pego nos braços de outra e sou eu que não te amo? Deixou a sua
filha chorando chamando por você para ir encontrar outra mulher, poderia
esperar qualquer coisa de você, menos isso. Nosso casamento acabou!—
Olhou para mim cheia de rancor, nada o que eu dissesse iria adiantar.—
Talvez nunca tenha existido, não sei mais o que foi de fato ou mentira.—
Concluiu áspera, cheia de ódio, nem parecia a mulher por quem me
apaixonei um dia.
—Se é assim que você quer, assim será. Mas também não darei a chance de
se desculpar quando descobrir a verdade, eu te amo e sempre vou amar.
P orém, não quero dividir a minha vida com alguém que não confia em mim.
—Tirei a aliança e joguei sobre a cama, ela me olhava sem dizer nada.—
Quem vai embora dessa casa sou eu, Adeus Júlia.—Conclui triste, virei as
costas e fui embora com a roupa do corpo.
CAPÍTULO EXTRA – PARTE 2
(Júlia Helena)
— Bom dia para você também filha, por que não coloca o
meu neto perto da Majú e vamos para a cozinha fazer um café bem
forte? – Caminhei até ela e peguei o Pedro com cuidado para não
acordar, coloquei na cama e dei um beijo em seu rosto afagando o
cabelo dede também ruivos.
— Como assim o meu velho foi embora mãe, sabe que ele
não traiu a senhora, não sabe? É uma manezão às vezes, mas é vidente
o quanto te ama. Não existe outra para o Delegato no mundo, o
próprio disse isso pra todo mundo ouvir no dia em que estava
treinando o pessoal da polícia militar, as meninas ficaram dando em
cima dele, mas o coroa cortou em baixo, curto e grosso, no estilo
“ Ricardo Avilar”. — Disse rindo como se estivesse lembrando da
cena, realmente o pai dela sabia ser grosso quando queria. Estavam as
duas tomando café na mesa da cozinha, ela havia pegado tudo o que
tinha na geladeira para comer, estava com um apetite fora do comum.
— Vai atrás dele dona Júlia Helena Avilar, antes que seja
tarde demais. Já está na hora da senhora ir atrás do meu pai, é sempre
ele que te procura para fazer as pazes quando estão brigados. — Me
abraçou forte, além de filha era minha melhor amiga. Levamos um
susto quando a campainha começou a tocar sem parar, fui atender
desanimada, não queria ver ninguém. Quando abri a porta não acreditei
no que vi, a amante do pai dos meus filhos estava sorrindo
gentilmente olhando pra mim, de um jeito tão doce que se ela não
tivesse roubado o meu marido, com certeza me simpatizaria com ela de
cara. Vestia um vestido vinho colado ao corpo, os cabelos cor de ouro
na altura do ombro, lindos e sedosos. Muito bem maquiada e um salto
quinze nos pés, pisando de forma tão leve que parecia estar descalça.
— Não faz isso com a gente amor, esta sendo cruel comigo
só para se vingar de mim. — O conhecia bem, estava fazendo aquilo
para me punir.
— Não fui eu que fiz, foi você. — Respondeu frio.
**********
(Ricardo Avilar)
**********
(Julia Helena)
Eu nunca me senti tão idiota sozinha sentada sobre a cama
dentro daquela fantasia minúscula de enfermeira. Chorei envergonhada
da minha tentativa frustrada de salvar o meu casamento, praticamente
obriguei o Ricardo a transar comigo. Que vergonha! Aposto que nem
excitação deve ter sentido, devia estar louco para que acabasse logo,
como iria olhar na cara dele agora? Aquela mulher não era eu, nunca
fui boa em sedução. Estava me sentindo suja, uma devassa. Levantei
apressada na tentativa de me livrar daquela roupa ridícula logo, não dá
para que ser o que não somos e eu com certeza não tinha nascido para
aquilo. O pior foi que a fantasia não quis passar na minha bunda; há
um mês quando comprei tinha ficado ótimo, agora nem tirar eu
conseguia, porque tinha engordado. Insisti, mas não adiantou.
—Vá com Deus querido, não sabia que existia “ polícias” de coração bom
como o Senhor.—Me abraçou de forma carinhosa, de um jeito tão doce que
me fez lembrar da minha mãe.
—Me despedi com um aceno de cabeça e voltei para o meu posto de guarda.
Estávamos em mais um dia de tocaia no Morro do Alemão para descobrir o
esconderijo do “ Binladem” chefe do tráfico da cidade Rio de Janeiro. P ara
piorar o dia estava nublado e extremamente frio.
—Droga.
—Resmunguei assim que senti um pingo gelado cair na ponta do meu nariz,
estava começando a chover. Sai correndo e me escondi debaixo da varanda
da primeira casa que encontrei para tentar pelo menos me manter seco, já
estava tremendo de frio. Sentei no muro de tijolos alaranjados para
descansar um pouco, minhas pernas latejavam em forma de protesto por
terem ficado de pé o dia todo. O lugar como todas residências ali era
pequena, no máximo quatro cômodos talvez. O proprietário dela era
bastante caprichoso, era possível notar de longe o zelo que tinha com a
moradia, pelo menos do lado de fora a bela pintura das paredes em um tom
verde esmeralda e as janelas simples de vidro muito bem limpas era a
confirmação disso. O chão da varanda mesmo sendo de vários pedaços de
cerâmica diferentes, provavelmente tinha sido pego no resto de alguma
obra, foi tão bem colocado que a impressão que passava era que quem fez
realmente tinha a intenção de fazer daquele jeito, e não de que se tratava do
aproveitamento de algo que não tinha serventia para outra pessoa. P arecia
um perfeito mosaico, a junção dos tons fortes lembrava as cores da Cultura
Africana. Dava vontade de ficar olhando sem parar, quase dava para ver o
meu reflexo no chão de tão limpo, me senti culpado por estar pisando com
as minhas botas repletas de lama, me desculparia depois com o dono por
isso. Quando se é inteligente não precisa ter muito dinheiro para viver, o
essencial e a dignidade e o respeito ao próximo é o bastante.
Estava exausto, tinha passado o dia todo de vigia. Devido a má fama de
periculosidade do lugar, tínhamos que tomar o máximo de cuidado
possível. Se escondendo nos lugares mais inusitados, outro dia tive que
me enfiar dentro de um bueiro para que uma gangue de bandidos armados
até os dentes não me visse, se não seria mais um policial debaixo de sete
palmos de terra. Ao total nossa equipe contava com doze homens
espalhado pelos becos escuros e vielas do morro, éramos comandados pelo
novo Delegado Ricardo Avilar. O homem tinha um gênio forte de dar medo
em qualquer um, era até engraçado de ver um cara daquele tamanho que foi
criado em uma família rígida, não ser macho o suficiente para assumir que
estava completamente apaixonado por uma "neguinha metida da favela"
como o próprio a denominava quando estava nervoso com ela. Isso era o
destino pregando uma peça no pobre homem, jogando de paraquedas em
sua vida alguém com características que mais tinha repulsa, e hoje a mesma
ser o objeto de desejo que mais cobiça no mundo. O problema era que a
mulher era osso duro de roer, não abaixava guarda para ele de forma
nenhuma. Desde que coloquei os olhos na Júlia tive certeza que se
existisse alguém no mundo capaz de dobrar o Delegado , com certeza seria
ela.
—Eu tenho vergonha de ser seu pai, some daqui seu lixo, não precisamos
do seu dinheiro. E uma vergonha para nossa família, o que adianta ter um
filho Doutor se ele é um...—Essas foram as palavras exclamadas por um
homem que estava gritando alto de dentro da casa, tinha tanto ódio no tom
da sua voz, que chegou a me assustar. Seja lá o que fosse falar deveria ser
bem horrível, já que não teve coragem nem de pronunciar a palavra.
—Some daqui antes que eu perca a cabeça com você seu inútil.—
Completou aos gritos.
—Chega por hoje Barreto, tire essa cara de idiota do rosto e vamos achar o
resto da equipe e ir para casa.—O Delegado Ricardo Avilar apareceu do
nada com a cara fechada e o uniforme todo molhado me tirando dos meus
devaneios.
—Está coberto de razão Delegado, mar calmo nunca fez bom Marinheiro. Os
melhores são revelados nas águas agitadas.
— Cala boca Barreto não começa com essa sua filosofia barata, não estou
com paciência agora, a Júlia já me irritou o suficiente por hoje. —Bufou
irritado enquanto passávamos por um beco apertado, soltando um palavrão
daqueles depois de escorregar e quase cair de cara no chão, havia lama por
toda parte por causa da chuva.
— De coitada aquela mulher não tem nada, mas deixa. Quando aparecer
alguém na sua vida e virar ela totalmente de cabeça para baixo, vai saber do
o que estou passando.
—Não respondi nada, apenas sorri sonhando com que esse dia chegasse
logo. Estava cansado de viver sozinho, queria encontrar alguém para fazer a
minha vida mais colorida, afinal ninguém é feliz sozinho.
—Calma pequena, o seu pai é muito esperto e vai se livrar dessa para estar
com você e a sua mãe em casa em breve.—Coloquei ela no chão e abaixei
para ficar na altura dela, ela sorriu com os olhinhos cheio de lágrimas. Mas,
logo o seu sorriso morreu. Os olhos dela se arregalaram, como se tivessem
vendo alguma coisa assustadora atrás de mim.
—Bom dia Senhor Barreto, como se sente? —Disse ainda com o sorriso de
primavera presente no rosto.
—Eu morri? —P erguntei meio desorientado, minha cabeça doía cada vez
mais.
—Não, porque pensaria isso? —Nunca tinha visto olhos mais bonitos e
expressivos em toda a minha vida, eram exóticos.
—Nunca estive tão bem em toda a minha vida, e alguma coisa me diz que
a partir de hoje ficarei cada vez melhor.—Nossos olhos se cruzaram, acho
que ele pensava da mesma forma. O sorriso Largo em seu rosto era prova
disso, era o mais lindo que já havia visto na vida.
—Bom agora precisa descansar um pouco, volto mais tarde para ver como
está.
—Ficarei esperando ansioso... Que dizer.. eu.—Comecei a gaguejar, estava
muito nervoso. Ele me deixava assim sem palavras, sua presença me tirava o
foco de qualquer outra coisa, até mesmo das palavras.—Acho que estou
precisando descansar mesmo, até mais tarde.
Ele sorriu tímido pra mim e foi embora. E como prometido ele voltou
algumas vezes para me ver, ou melhor me examinar, não me iludiria desta de
tal forma. Mas tinha certeza que assim como eu, ele sentia uma corrente
elétrica percorrendo todo o meu corpo, podia ver isso dentro dos seus
olhos. Infelizmente não passou disso, minha estadia lá durou apenas
alguns dias. P elo menos, agora sabia o nome dele “ Gastão Souza” o que
mais me chamava a atenção nele não era apenas a boa aparência, mas sim a
humildade. As enfermeiras comentaram comigo que ele atendia de graça em
um postinho público improvisado na favela, o trabalho dele era muito
respeitado, até mesmo pelos bandidos que comandava o lugar. Em todo
lugar que ia tinha a esperança de vê-lo, porém, isso nunca aconteceu.
Nosso reencontro aconteceu por acaso, inesperado. Quando o meu coração
havia desistido, simplesmente aconteceu. Foi no casamento da Júlia e do
Delegado, ele foi padrinho da noiva eu do Delegado. Ficamos um do lado
do outro no altar, me segurei a cerimônia toda para não ficar olhando para
ele, o que não deu muito certo. Trocamos olhares o tempo todo, na pista de
dança então rolou um climão. A Júlia percebeu, porque fazia de tudo para
criar uma situação para ficarmos sozinhos. Eles eram amigos desde a
infância, e agora o Gastão trabalharia junto com a médica responsável para
ajudar salvar a vida de dela e do filho do Delegado que ainda era uma
sementinha dentro do seu ventre.
—Onde está vendo dona aqui menino, larga de bobeira. —Soltou uma
gargalhada gostosa, uma das noivas mais linda que já vi.
—É por isso que deve me chamar apenas de Júlia, é assim que os amigos da
família e os tios da minha filha devem me me chamar. – Me abraçou
carinhosamente.
— Está bem Júlia, agora vou buscar as suas malas antes que o Delegado
chegue aqui e veja nós dois abraçados e me dê um tiro.—Rimos os dois.
—Mas eu vim de lá agora mãe, o meu pai que pediu para vir atras da
Senhora. —A Maria parecia confusa, e a mãe vermelha ficou vermelha feito
um pimentão.
—Ele acabou de me mandar uma mensagem filha, vai logo ver o que o seu
pai quer.—P raticamente empurrou a menina para fora, não entendi nada,
coisas de mãe e filha. Subi as escadas rindo daquela situação, assim que
abri a porta do quarto deles dei de cara com o Gastão, muito bem vestido
dentro de um terno cinza Italiano.
*********
Gastão
A Júlia havia me pedido ajuda com algumas malas, mas quando cheguei ao
quarto dela não vi nenhuma em lugar nenhum. Ouvi o barulho da porta
abrindo pensei que fosse ela, deve que tinha vindo dizer onde estavam.
—Julia onde estão as malas? —Quando virei imediatamente percebi que
não se tratava dela, mas sim dois olhos esverdeados me observando. Que
conhecia muito bem, não saia da minha cabeça desde quando o vi no
hospital pela primeira vez. Isso não poderia acontecer, sinto que é errado
ficar pensando em outro homem dessa forma. Nunca aceitei muito bem minha
orientação sexual, sofri muito na mão do meu pai por causa disso, não nasci
assim porque quis. P orém, ele nunca entendeu isso.
—Desculpa, não sou a Júlia. Na verdade ele me pediu para ajudar com umas
malas, pelo jeito pediu a sua ajuda também. – Exclamou vermelho igual um
pimentão, eu não era o único nervoso com aquela situação. Era claro o que
a Júlia havia feito, com certeza notou a nossa troca de olhares durante o
casamento e armou aquele encontro.
—Ela deve ter se confundido então, e alguém já deve ter passado para levar
a bagagem deles.
—Respondi depressa passando por ele na porta sem olhar para ele, só
queria sair dali logo. Só que o Barreto me segurou pelo braço, tinha a
respiração ofegante e o coração batia tão alto que podia ouvir. Igual ao meu,
o clima entre nós era quase que palpável.
—Fugir não adianta Doutor, temos que conversar sobre o que está
acontecendo entre nós.—A voz dele saiu baixa, quase que um sussurro.
—Não está acontecendo nada entre nós, você está louco. —Tentei fugir.
—Não pode deixar o seu pai dizer que você é, nunca senti nada parecido
por ninguém e quando te vejo.... Mas respeito sua decisão, vou fingir que
nunca tivemos essa conversa.
**********
Barreto
Nunca estive tão feliz em toda a minha vida, estava com alguém que me fazia
imensamente feliz. E que se preocupava comigo, quase enfartou quando
liguei para ele dizendo que havia levado um tiro no ombro e estava no
pronto socorro do hospital onde ele trabalhava. Havia sido baleado por um
bandido que tentou roubar um Senhor que estava passando, além de pegar
o celular dele iria atirar no pobre homem. A sorte foi que estava passando
na hora e entrei na frente para que acertasse em mim, mesmo com colete a
prova de bala fez um bom estrago no meu ombro, mesmo ferido não deixei o
criminoso levar o celular dele. O Senhor João além de ficar me agradecendo
toda hora e ter aguardado o SAMU chegar para me socorrer, ainda me
acompanhou na ambulância para ter certeza que ficaria realmente bem.
Ainda disse que queria ter um filho herói como eu, de bom coração e
corajoso. No pronto socorro ficou contando piadas pra mim, disse que era
para distrair da dor até o médico chegasse para me atender.
—Fiquei tão preocupado quando me ligou dizendo que levou um tiro, fico
feliz de ver que está bem amor.—O Gastão chegou preocupado, me
abraçando forte.
— Ei, não se preocupe estou bem.—Segurei o rosto dele para que olhasse
para mim, tinha os olhos banhado por lágrimas.
—Não sei o que faria se acontecesse alguma coisa com você, é tudo o que
tenho agora.— Me abraçou novamente, dessa vez mais forte. Estava muito
emotivo, e não era apenas por causa do tiro que levei.
—Então e com ele que você está morando Gastão? – O Senhor João tinha a
voz alterada, e naquele tom eu a reconheci no mesmo momento.
—Sim, sou eu. Amo o Gastão, é uma pessoa maravilhosa que aprendi a amar
cada dia mais. Disse que gostaria de ter um filho herói, mas tem um que
salva vidas todos os dias e é mais herói do que eu. Sabia que ele tem
pesadelos quase todas a noite dizendo “ pai me perdoa eu te amo” e acorda
chorando, isso me deixa extremamente triste. Saber que a pessoa que eu amo
está sofrendo por uma coisa que não te culpa, por ser quem ele é. O meu pai
sempre me diz que me amou no instante que me viu pela primeira vez,
porque sou filho dele independente de qualquer coisa.
—Eu...—Ele não terminou a frase, foi embora correndo feito um raio. Depois
que fui atendido, não achei necessário ficar internado porque o tiro foi de
raspão. Sem condições de continuar trabalhando o Gastão foi para a casa
comigo e passou o resto do dia chorando nos meus braços, aquele assunto
mexia de mais com ele.
—P recisa superar isso amor, não pode deixar isso te afetar assim dessa
forma. Você não está mais sozinho agora, somos duas almas habitando um
mesmo corpo, um só coração.—Afaguei os seus cabelos, estávamos
deitados no sofá debaixo de uma cobertor vendo tv.
—Claro que eu aceito amor, mas pra mim já somos casados desde o dia que
te vi pela primeira vez para ser sincero, sempre soube que seria meu.—
Beijei os seus lábios de leve, fazendo ele sorrir tímido.
—Quero que seja meu de papel passado, uma casa grande e muitos filhos
correndo para todo lado, quero uma família grande.
—Obrigado por ter vindo pai, não sabe o quanto me fez feliz com isso.—
Estava todo sem jeito perto do Senhor João, pareciam dois estranhos.
—Quero que saiba que sempre te amei filho, não vou dizer que concordo
com a vida que escolheu para você. Mas aceito suas escolhas, o Barreto é
um bom rapaz, ele te fazendo feliz para mim está ótimo. —Disse com um tom
severo, mas com uma lágrima escorrendo pelo rosto.
—Também te amo pai, meu maior sonho sempre foi que me aceitasse do
jeito que sou. Queria ser bom o suficiente para que sinta orgulho de mim,
vou lutar para que isso aconteça. — Todos ficaram emocionados nesse
momento, até o Delegado estava emocionado.
Todo mundo riu, daí foi só festa. Meu sogro e o meu pai fizeram amizade e
viraram bons amigos, saíam direto no final de semana para pescar. Viajamos
em lua de mel para a África e voltamos com duas crianças que adotamos em
nossa passagem pelo Haiti, uma menina e um menino recém nascidos lindos
abandonados pela mãe. Também adotamos um garoto de seis anos na Síria e
outro na Indonésia. Compramos uma casa no campo, com baste espaço para
as crianças brincarem a vontade. Éramos uma família diferente do padrão,
porém muito mais feliz do que muitas tradicionais por aí.
—P romete me amar até o meu último suspiro? Nunca imaginei ser tão feliz
como você me faz. —P erguntou o Gastão abraçado me abraçando forte,
estávamos olhando as crianças brincando pelo jardim alegremente.
—P apai, paiii.
FIM....
Nota Da Autora
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