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MARX, Karl. O Dezoito Brumário de Louis Bonaparte.

São Paulo: Boitempo,


2011. (capítulos 1 a 4).

Resumo por¹:
Beatriz de Assis Becerra - RA: 792443
Caroline Lins - RA: 790052
Eduardo Duarte Mayer - RA: 792456
Guilherme Buosi Neto - RA: 792464
Ian Victor Rubini Ruiz - RA: 792468

Os quatro primeiros capítulos da obra “18 de Brumário de Luís Bonaparte”, de Karl


Marx, discorrem sobre os desdobramentos políticos franceses após a Primavera dos Povos,
em que o autor expõe os embates político-sociais entre a burguesia, o proletariado e os
monarquistas, os quais resultam na ascensão de Luís Bonaparte. Marx, utiliza,
majoritariamente a história como processo social de acumulação de condições, de forma a
apresentar o processo dialético da transformação da realidade material. A obra objetiva
demonstrar que as condições materiais de poder da burguesia são mantidas pela classe
dominante mesmo com a perda do poder político por parte desta, a exemplo do antagonismo
existente entre a classe burguesa e sua representação parlamentar (Marx, 2011, p. 81-82).

Os homens fazem a sua própria história; contudo, não a fazem de livre e


espontânea vontade, pois não são eles quem escolhem as circunstâncias sob
as quais ela é feita, mas estas lhes foram transmitidas assim como se
encontram. A tradição de todas as gerações passadas é como um pesadelo
que comprime o cérebro dos vivos. (Marx, 2011, p. 25).

Marx exprime neste trecho a sua concepção do fenômeno histórico, que é definido por
uma sucessão de fatos correlacionados em que a ação dos homens acontece sob um terreno já
sedimentado de possibilidades elaboradas por gerações antepassadas. E ainda em momento
que há o interesse de se romper com a realidade, é no passado que se busca heróis para
glorificar suas lutas. Nesse ínterim, a república burguesa aparece como sucessora lógica da
Monarquia de Julho, em que se fundamenta o controle político de toda classe burguesa. O
Estado adquire, portanto, a expressão da dominação da classe dominante perante as outras
(Marx, 2011, p. 36). A classe trabalhadora, por sua vez, tornou-se passiva diante da
possibilidade de fazer parte da democracia burguesa, e, portanto, perdeu seu caráter

¹ Bacharelado em Ciências Sociais, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Disciplina Política
Contemporânea II, turma A.
revolucionário, principalmente após as violentas reações de repressão às jornadas de junho.
Após a ascensão burguesa, todos os partidos e classes se juntaram e, em nome da ordem,
família, religião e propriedade, combateram o proletariado sob o signo de inimigos da nação,
em que quaisquer reivindicações de direitos e condições menos árduas eram vistas sob o
estigma de socialismo.

A facção burguesa não chega ao poder por meio da rebelião do proletariado contra o
capital, sendo um evento contra revolucionário, o domínio durou de junho a dezembro de
1848. Se resumindo à constituição republicana e ao estado de sítio de Paris. "A revolução de
fevereiro proclamou imediatamente a vigência do sufrágio universal direto em lei censitária.
Os burgueses republicanos não puderam mais desfazer esse acontecimento"(Marx, 2011,
p.41). O inevitável estado maior das liberdades de 1848 recebeu um uniforme constitucional
que o tornou inviolável, sendo limitadas pelo "mesmo direitos dos outros e pela segurança
pública" (Marx, 2011, p. 42). Dessa forma, a constituição dava contornos para que a
segurança pública se tornasse segurança de classe, segurança da sociedade burguesa.

No entanto, a própria classe burguesa não era constituída homogeneamente. Existiam


diversos segmentos do capital que entravam em coalizão. O Partido da Ordem era composto
majoritariamente por duas facções monarquistas, sendo elas os legitimistas e os orleanistas,
representantes das casas Bourbon e Orléans. No entanto, apesar do pretexto monárquico, seus
conflitos se davam no campo da materialidade, uma vez que representavam proprietários de
terra e a aristocracia financeira, respectivamente. Apesar de sua aliança na forma política da
república parlamentar, buscavam constantemente a própria supremacia e a subordinação do
outro (Marx, 2011, p. 61).

Era da consciência burguesa que os avanços liberais que havia realizado seriam
usados contra si e, compreenderam que para manter seu domínio, seria necessário abrir mão
de seu poder político. Vendo nas movimentações parlamentares um perigo ao seu domínio de
poder social, pelo ganho de relevância do Partido Social-Democrata nas eleições
complementares de 1850. Amedrontados por uma possível Revolução, Bonaparte e o Partido
da Ordem voltam a se unir por meio de uma submissão do poder executivo. Aproveitando o
oportuno, o Partido da Ordem utilizou da lei eleitoral de 31 de maio, que reduziu o número de
eleitores parisienses mas manteve o número mínimo de eleitores para reconhecer o candidato
vencedor, para a dificultar a eleição popular do poder executivo e legislativo, deslocando o
poder de escolha para a própria assembleia.

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