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Unridden
Studs Cat
in Spurs #1
Jonson

Tradução: Heidy
Revisão: Fernanda Penzo, Merida;
Revisão Final: CrisBidi;
Formatação: Vivi;
Leitura Final: Paixão, Daninha DR Lima.

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Sinopse
Quando os cowboys conhecem uma garota da cidade, as coisas ficam
um pouco selvagens.

Slade Bower e Mustang Jackson estão vivendo um grande momento


no circuito de montarias em touros do rodeio profissional. O prêmio em
dinheiro é grande, os touros são de qualidade e as mulheres estão dispostas.
Mas ainda falta alguma coisa.

Para Slade o fato de acordar em uma cidade diferente e com uma


mulher diferente a cada manhã ficou cada vez menos atraente. Até as
tentativas cheias de criatividade de Mustang para agitar as coisas não estão
ajudando. Então, aparece nas redondezas uma escritora da cidade grande,
que é como nada do que ele já viu antes. Alguma coisa nela faz Slade parar,
sentar e prestar atenção, e Mustang está sempre alheio a qualquer coisa.

A escritora de romances Jenna Block tem um problema: sua agente


acha que um livro sobre cowboys de jeans apertado pode ser o início de um
grande salto em sua carreira. Como uma boa nova iorquina, Cowboys não
fazem parte do seu dia a dia, nem no papel e, nem na vida real. Para sua sorte
há dois peões preparados, dispostos e capazes de tira-la de sua zona de
conforto em todos os sentidos que precisa... E de algumas maneiras que ela
nem imaginava.

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Prólogo
— Então, o que você acha? — Como se fosse um réu
observando o júri voltando com o veredito, Jenna Block segurou a
respiração enquanto estudava a expressão de sua editora
tentando determinar a resposta para sua pergunta.

Marge Collins, da agência Collins, tinha uma reputação


de não medir suas palavras. Silenciosa e tensa, Jenna adivinhou
bem, viu Marge franzir os lábios e achou que sua indecisão não
era um bom sinal. Tinha a sensação de que o seu delicado ego de
escritora estava prestes a receber uma lição de humildade.

O manuscrito foi colocado na sua frente


estrondosamente. Sua agente suspirou. Outro péssimo sinal.

De repente, sentindo-se como uma criança sentada na


frente da diretora, endireitou as costas. A sua cadeira estava
ficando menor? Levando-se em conta, o poder de sua editora, não
se surpreenderia nem um pouco.

Marge olhou-a por cima dos óculos de leitura.

— Jenna, realmente não existe mercado para


contemporâneo agora.

Franziu a testa, confusa. Assumiu que a venda desse


livro seria moleza.

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— Havia mercado no ano passado, quando vendeu o meu
último contemporâneo. Na verdade, você não teve nenhum
problema em vender meus últimos três romances.

Marge assentiu.

— Você está certa, mas a tendência na indústria mudou.

— Em menos de um ano?

— É por isso que se chama tendência, suponho. — Deu


de ombros.

Mordendo o lábio inferior, Jenna tentou digerir a ideia de


ter que abandonar o romance. Gastou uma parte considerável do
ano anterior o escrevendo e a ideia de começar de novo com um
novo gênero não a atraía nem um pouco, na verdade, faz seu
estômago enjoar de medo. Como no mundo ia escrever um novo
livro e conseguir vender antes que este? Aparentemente volúvel e
mutante, mercado de livros românticos mude de novo?

— Então, qual é a nova tendência? — perguntou


vacilante. Por favor, não diga romance histórico. Absolutamente
detestava a pesquisa, uma das razões pela qual só escrevia
contemporâneos.

Marge se inclinou para trás e juntou os dedos.

— Os editores querem mistura de gêneros, sair de


histórias padrão.

O que isso quer dizer? Paralisada pelo pânico, Jenna fez


o melhor para manter sua expressão neutra.

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— Tudo bem, como o que, por exemplo?

— Bem, acabei de vender um erótico, ménage, romance


paranormal com elementos de bondage, sobre piratas vampiros
no espaço. — Marge esperou com expectativa, como se Jenna
fosse quicar e dizer que tinha escrito um livro exatamente como
esse.

Jenna ficou perfeitamente imóvel, esperando que seu


rosto não mostrasse seu horror. Tirando a parte do bondage. Seu
cérebro encheu com a visão de seu irmão escondendo o controle
remoto e fazendo-a ver agonizantes horas do Canal do SYFY1 na
televisão quando eram crianças.

Ficção científica. Huh. Estava destinada, agora, há passar


seus dias escrevendo contos de vampiros quentes e piratas
espaciais?

Engoliu o crescente nó em sua garganta.

— Anh, tem alguma outra coisa vendendo?

Marge brincou com algumas páginas em sua mesa.

— Há um editorial que fez um convite para a


apresentação de sua nova linha de romance de Cowboys.

Cowboys. Bem, podia escrever sobre Cowboys.

— Cowboys piratas espaciais? — Jenna fez a última


pergunta, provavelmente, com mais atitude do que era prudente,
1
Syfy é um canal de televisão por assinatura. Sua programação é dedicada à ficção científica, fantasia, terror e
paranormal. Lançado em 24 de Setembro de 1992 pela NBC Universal o Syfy está presente em alguns países da
América Latina, América do Norte, Ásia e Europa.

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considerando que a sua carreira de escritora e o destino de seus
futuros livros estavam nas mãos dessa mulher.

Com os olhos semicerrados, Marge franziu os lábios, mas


mesmo assim respondeu.

— Não, Cowboys normais.

— Contemporâneos ou históricos?

Poderia criar falsos Cowboys. Era só coloca-los usando


Jeans e botas, mastigando um pedaço de feno ou cuspindo
tabaco ou algo assim. Agora, para escrever sobre o velho oeste
seria necessária uma investigação real. Mesmo se tivesse o
desejo, não tinha tempo para isso. Um escritor só era tão bom
quanto seu livro mais recente, e já fazia muito tempo desde sua
última publicação.

Marge finalmente terminou com o suspense da Jenna.

— Qualquer gênero está bom. Se tiver como tema um


cowboy.

Isso era uma boa notícia, pelo menos. Mesmo dominada


pela ideia de começar do zero, Jenna deixou escapar um suspiro.

— Qual é a data limite para apresentá-lo? — Marge olhou


o papel em sua mão e encolheu os ombros.

— Um mês e meio a partir de agora. Pode fazer isso? —


levantou uma sobrancelha duvidando.

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Com a convenção de romance no oeste, sessões de
autógrafos de livros, entrevistas em rádio e um tour virtual por
vários chats e blogs, Jenna tinha um monte de outras coisas para
fazer nas próximas semanas, além de pensar e terminar este novo
livro. Não era uma escritora lenta, mas também não era muito
rápida.

— Querem entre cinquenta e sessenta mil palavras e


procuram histórias que sejam divertidas e com tom leve.

Jenna soprou uma gargalhada.

— Cinquenta mil palavras em um mês e meio além de


todo o resto que tenho que fazer? Vai ser corrido. Não se preocupe
com isso. — Ela garantiu que tinha tempo para fazer, mesmo que,
duvidasse que isto fosse ser divertido.

Levantando de sua cadeira, deixou escapar um suspiro


muito duro.

— Acho que é melhor ir para casa e começar.

Era o fim dos seus planos para ir às compras nas lojas


enquanto estava de dia. Teria que pegar o próximo trem e voltar
para seu computador em seu apartamento nos subúrbios.

Marge empurrou o manuscrito da Jenna através da


mesa.

— Não esqueça isto.

Jenna olhou o maço de papéis com repentino ódio.

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— Não quer ficar com ele de qualquer forma?

— Acho que poderia mandar aos editores menores. A


maioria deles não paga adiantado, mas é melhor que nada.
Envie-me o arquivo quando chegar em casa e verei o que posso
fazer.

Enviar. Ótimo.

Jenna forçou um apertado, e insincero, sorriso.

— Obrigada Marge. Você é um amor.

— Sem problemas, Jen. A gente se vê em seis semanas.

Marge escorregou seus óculos de volta no seu nariz e


voltou sua atenção para a pilha seguinte de papéis sobre sua
bagunçada mesa. Ao que parecia, fora dispensada. Abafando um
gemido, murmurou um adeus e saiu feliz do escritório.

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Capítulo 1
— Slade Bower precisa de um oitenta e nove para
assumir a liderança nesta competição. O que vocês acham
amigos? Slade vai conseguir? Ele está montando One-Night Stand
de Double J Stock Empreiteiros. Esta é a primeira noite do touro
nestas séries. Como ainda não o vimos antes, não dá para dizer
como ele vai sair do brete2¹. Slade está definitivamente em
desvantagem nesta partida.

No limite de sua consciência, Slade podia ouvir o locutor


fazendo divagações. O contínuo falatório entretinha o público na
arquibancada enquanto concentrava em se manter sentado do
jeito certo no lombo do touro. Enquanto isso, o bicho fazia tudo o
que podia para dificultar as coisas. Apesar de ser a primeira noite
que o animal estava em uma grande competição, o maldito touro
de alguma forma já sabia uns truques. Slade tentou colocar sua
perna coberta com jeans e couro em posição, mas o touro fazia
tudo ao contrário inclinando todo seu peso contra a rede traseira
do brete para se assegurar de que o peão, que não queria em
suas costas, não pudesse mexer a perna para baixo.

Slade viu uma bota balançando no trilho superior do


brete e encostando ao lado do animal. Seu amigo, Mustang

2 Brete: é um compartimento ou jaula para reter bovinos, cavalos ou outros tipos de gado com

segurança.

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Jackson, estava tentando ajudar empurrando o touro para longe
da parede. Rapidamente colocou sua perna para baixo entre o
pequeno espaço que Mustang tinha criado para ele, enquanto o
touro tentava inclinar outra vez e esmagá-lo.

O touro se sacudiu uma vez na rampa quando um dos


meninos ajustou a corda que se esticava debaixo do seu
estômago, então Slade podia envolvê-la ao redor de sua mão
esquerda. Não ia esperar que o animal tivesse um ataque no brete
mais uma vez. Estar rodeado pelo metal em um espaço
incrivelmente apertado com um touro de rodeio com quase 500
kg, era uma boa maneira de ser nocauteado antes de a
competição começar.

Tudo pronto com o touro. Hora de começar o espetáculo.


Slade acomodou seu traseiro uma última vez no lombo do touro e
assentiu. A porta abriu e One-Night Stand saiu do brete,
começando a pular antes mesmo de ter seu flanco comprimido
pelas esporas.

O touro começou a circular, dando voltas para a


esquerda e entre as rédeas, antes de virar e circular para a
direita. Slade sentiu seu corpo pender para um lado, mas fez a
correção de sua postura, reajustando e centralizando seu peso.

Inconsciente do locutor ou de qualquer outra coisa fora


do seu campo de visão, que foi reduzido a uma pequena área
entre as paletas do touro, envolveu-se em uma batalha de
vontades e inteligência com o grande animal de rodeio debaixo
dele. Mantendo seus pés ajustados e suas esporas pressionadas

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contra a pele do animal, Slade se segurou com força enquanto
One-Night Stand deu a ele um passeio ao inferno.

O animal era inteligente e forte. Quando o peso de seu


corpo escorregou para um lado, o touro girou bruscamente e deu
fortes sacudidas na direção contrária, tentando jogar o peão para
fora de seu lombo.

Para azar do touro, Slade era mais inteligente, e mais


teimoso, fez todas as correções de sua postura e usou toda sua
força para manter-se acima da altura da corda.

As chances eram boas para o peão completar os oito


segundos, até que o ardiloso animal começou a baixar sua parte
traseira e então jogar seu lombo para cima, forte e rápido, quase
fazendo com que Slade beijasse a parte de trás da cabeça grande
e ossuda.

Atirando seu corpo para trás, tentou não bater no touro


com sua mão livre. Isso acabaria com o rodeio para ele
imediatamente. Se fosse jogado ao chão, tudo bem, mas se
amaldiçoaria antes de ser desclassificado por um toque. Caso sua
mão direita tocasse o animal ou a si mesmo, os juízes poderiam, e
fariam isso: o desclassificariam por quebrar as regras.

Tentou manter sua mão livre claramente para cima, mas


o movimento do touro o fez inclinar-se muito perto de seu quadril
e sua mão esquerda escorregou da corda.

Slade foi suspenso no ar bem na hora que a campainha


tocou acima do barulho da multidão.

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Os toureiros se moveram imediatamente para distrair o
animal de rodeio enquanto ele foi ao chão aterrissando sobre seus
ombros com um grunhido e logo rolava para longe dos cascos
mortais que açoitaram a terra a polegadas de seu rosto.

Ficando de pé num salto, chegou à relativa segurança


dos trilhos antes de localizar o marcador de pontuação, incerto se
conseguiu os oito segundos. O primeiro dos quatro pontos dos
juízes apareceu no monitor e Slade socou o ar em vitória. Fez.
Montou One-Night Stand até o final. Com muita dificuldade.

De volta ao que estava acontecendo ao seu redor, escutou


a voz do locutor vibrando através da arena.

— Noventa e cinco pontos é o total. Com somente mais


um peão esta noite para desafiar sua posição, Slade Bower toma
a dianteira.

O touro correu à porta que leva aos currais e


desapareceu fora da arena e Slade sorriu, batendo as mãos no ar
com um dos cowboys.

— Grande montaria, Slade. — Shorty, outro dos cowboys,


deu os parabéns e estendeu a corda que tinha caído do touro
momentos depois que o venceu.

Pegou a corda e em seguida, puxou o bocal entre seus


dentes e guardou no bolso.

— Obrigado, Shorty.

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A borda das chaparreiras3 de couro de Slade se agitou,
batendo em suas pernas enquanto caminhava pela arena e se
dirigia para trás. Envolveu a corda sobre um corrimão e virou
para ver a ação na arena onde seu competidor, o único cowboy
que podia tirar dele o triunfo desta noite, estava a ponto de
montar.

— E aí, cara. Grande montaria.

— Obrigado, Mustang. — Seus olhos ainda estavam


grudados no cavaleiro montando sobre o touro na arena, aceitou
os tapinhas de felicitação de Mustang enquanto abria o velcro
antes de desabotoar seu colete protetor com o logotipo do seu
patrocinador.

Seu amigo limpou a garganta.

— Uh, Slade?

— Sim? — manteve seu olhar no cavaleiro posicionando-


se sobre o touro.

— Tenho algo para você.

Franzindo a testa para a interrupção, virou-se para


Mustang e deu de cara com um par de calcinhas vermelhas com
laços pendurado no dedo indicador de seu amigo.

— Jesus, Mustang! — agarrou a roupa vergonhosa e


colocou dentro de seu colete enquanto olhava ao redor

3
Chaparreiras: Calça de couro com franjas usadas pelo peão por cima do jeans durante a montaria.

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procurando qualquer câmera de televisão que poderia ter flagrado
a incrível falta de bom senso de Mustang.

— Onde você conseguiu isso?

— De uma garota gostosa que estava nos olhando das


arquibancadas da frente.

Slade levantou uma sobrancelha e bem distraído agora,


estava consciente apenas da porta aberta e do seguinte e último
cowboy da noite que estava começando.

— Você está falando daquela com seios enormes?

Um grande sorriso de menino em uma manhã de natal


iluminou o rosto de Mustang.

— Sim. Essa mesmo.

Soltou uma respiração lenta. Ele observou o cowboy na


arena ir ao chão e ficar com o rosto cheio de terra, dois segundos
antes da campainha. Sua vitória estava a salvo agora, já podia se
concentrar em outras coisas.

— Ela tem uma amiga?

— Tem, mas acontece que está deitada no carro depois de


beber demais e vomitar toda a batata frita que comeu. — Slade
encolheu diante da clara descrição. — Mas não fique triste, estou
perfeitamente disposto a compartilhar porque esse é o tipo de
cara que sou.

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Revirou os olhos diante da falsa generosidade de
Mustang. Os dois compartilhavam mulheres muito mais do que
não faziam.

— Ela está bem com isso? Você sabe... Com ambos?

— Oh, sim. Na verdade, está realmente ansiosa por isso.


Pelo menos essa é a impressão que tive quando me perguntou se
eu e meu amigo alto, moreno e arrumado, que suponho que seja
você, queríamos fazer um sanduiche de cowgirl com ela depois
que a competição terminasse. — Mustang abriu ainda mais o
sorriso, se isso era possível.

— Um sanduiche de cowgirl? Definitivamente não disse


isso.

— Diabos, sim, disse.

Slade passou a ponta de sua língua devagar sobre seus


dentes em antecipação.

— Está bem então. Deixe-me ir retirar meu pagamento e


te encontrarei no trailer.

— O trailer? — Mustang sacudiu sua cabeça e soprou


uma baforada forte de ar. — Não posso acreditar que todos os
hotéis próximos estão ocupados por causa deste jogo de — volta
— da universidade, exceto por um, que você se nega a ficar
porque custa muito. Quem quer que seja o responsável por
escolher os lugares para estas competições deveria prestar

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atenção nestas coisas. Nós acabamos dormindo demais no trailer
para o meu gosto.

Mesmo que estivesse indo embora com um bom


pagamento pela vitória da noite, não havia maneira de estar
disposto a gastar trezentos e cinquenta dólares por uma cama
para uma noite, especialmente quando Mustang tinha um trailer
perfeitamente bom. Além disso, os dois estavam sempre correndo
o risco de uma lesão que podia deixá-los fora da competição por
meses, se não para sempre. Era inteligente não desperdiçar
dinheiro em coisas como trezentos e cinquenta dólares em uma
noite em quartos de hotel. Uma cama era uma cama. Quem se
importava se era um trailer ou um hotel de luxo? Não havia outra
razão pela qual Slade preferia não dormir em um hotel.

— Eu gosto de ficar no trailer. É sempre mais fácil


conseguir que as mulheres vão embora depois que terminamos.
Elas sempre querem ficar mais se o quarto do hotel for muito
bonito.

Revirando os olhos, Mustang empurrou seu chapéu de


cowboy com um dedo.

— Você é o maior fóbico a compromisso que já vi. Só


porque ficam uma noite não significa que tenha que casar. Além
disso, acontece que eu realmente gosto do sexo pela manhã, algo
que não consigo desfrutar com você as expulsando no minuto que
acaba.

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— Que seja — resmungou Slade. — Te encontro no trailer
daqui a pouco.

— Tá, Tá. Vejo-o no trailer.

Com isso, Mustang foi buscar os ingredientes para o


sanduiche, deixando Slade com visões dos prazeres que estavam
por vir. Girou no calcanhar de sua bota, deu um grande sorriso
para as câmeras e foi pegar o seu cheque.

Afundando mais a calcinha vermelha em seu colete, deu


a entrevista mais rápida de sua vida para o repórter, sorrindo e
em seguida, aceitou o cheque gigante de papelão, enquanto
flashes pipocavam em torno dele.

Quando terminou com a imprensa, pegou a corda do


corrimão, colocando dentro de sua mochila com o resto de suas
coisas e saiu assobiando o caminho inteiro para o trailer e para a
garota peituda e gostosa que esperava por ele lá.

Era bom saber que neste mundo de decepções, a garota


da arena não tinha nenhuma falsa expectativa quando se
arrumou vestindo calças jeans apertada e uma blusa que não
deixava nada à imaginação. Quando abriu a porta do trailer, se
viu cara a cara com um precioso traseiro nu e em forma de
coração, decorado com uma tatuagem de borboleta, suspenso no
ar de frente para ele.

Ela não perdia tempo. Gostava disso em uma garota.

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A dona do artístico traseiro estava na cama sobre seus
joelhos, os seios balançando enquanto se sacudia sobre Mustang,
cujo pau estava já enterrado em sua garganta. Sustentava com
ambas as mãos e lutava para tomar a coisa inteira. Havia uma
razão pela qual o homem era chamado Mustang e não tinha nada
a ver com o modelo de automóvel.

Com um sorriso para seu amigo, Slade fechou a porta.


Jogou sua mochila no chão e começou a tirar suas chaparreiras.
Não levou muito tempo para tirar seu colete, camisa, botas e
jeans. Logo, usando apenas seu chapéu, ajoelhou na cama atrás
da garota.

Mustang derrubou uma tira de camisinhas e Slade


agarrou uma na mão. Rasgou o papel alumínio com seus dentes e
colocou sobre ele, mais para se prevenir de doenças que medo de
gravidez, também não queria ter que lutar com uma possível
reclamação de paternidade agora que sua carreira decolou.

Inferno, se nunca for ver esta mulher outra vez, estaria


ótimo para ele. Desfrutariam desta noite, então ele e Mustang
partiriam amanhã para cidade seguinte para competições. Mas
Slade tinha certeza que eles deixariam esta pequena cowgirl com
algumas boas lembranças.

Ao mergulhar um dedo dentro dela soube que estava


mais do que pronta para ele. Segurando com uma mão de cada
lado do quadril bem formado, afundou com um bom e forte
impulso.

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A adrenalina do rodeio ainda não acabou. Estava pronto
e normalmente duro o suficiente para cortar diamantes depois de
cada competição. Por sorte, sempre havia uma boa quantidade de
mulheres esperando nos bastidores para ajudá-lo com isso.

Slade meteu com força na garota, sem se preocupar com


a técnica ou algo mais além do seu objetivo, que era liberar a
tensão se construindo dentro dele, então poderia relaxar e
afundar na suave sensação ao qual seu corpo sucumbia depois
que a onda de adrenalina diminuía.

Concentrado na borboleta colorida exatamente sobre a


abertura de seu traseiro sacudido na frente dele aumentou sua
velocidade até que escutou Mustang puxar sua respiração com
um silvo.

— Cuidado com os dentes, querida. Você tem uma carga


preciosa em sua boca. — não poderia controlar sua risada ao
comentário de seu amigo. — Terminarei em um segundo,
Mustang. Logo ela será toda sua.

Não havia razão para prolongar. Não estava realmente


nisto esta noite, exceto pela liberação que proporcionaria.
Fechando seus olhos, as mãos de Slade se apertaram... Porra,
nem sabia seu nome. Esse fato não fazia nenhuma diferença para
ele.

Com seus olhos fechados, podia esquecer que era só


outra mulher qualquer que nunca veria outra vez. Não importava
que não soubesse seu nome, ou se na manhã seguinte acordaria

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sozinho no trailer com nada mais que os roncos de Mustang para
perturbá-lo, estava agradecido por isso, porque a última coisa que
queria era ver esta mulher sem rosto, sem nome, outra vez. Não
que tivesse medo de vê-la outra vez. Amanhã eles estariam em
outra cidade.

Meteu forte uma última vez e gozou rápido com


poderosos jorros.

Depois de uma sacudida final, saiu dela. Tirou a


camisinha e logo se jogou em uma cadeira ao lado da cama larga
no trailer apertado. Apenas observou o resto do espetáculo.

Mustang rasgou uma camisinha para ele mesmo antes de


dizer:

— Suba aqui, querida e veja se pode dirigir este rodeio.

— Posso. Não se preocupe. — Com os olhos chorosos por


estar quase amordaçada, a garota parecia aliviada e ligeiramente
cambaleante enquanto subia em cima de Mustang. Logo teve que
se esforçar para descer seu corpo sobre ele, com seu alívio
desaparecendo.

— Não estou preocupado, querida. Tome com calma. Oh


sim, isso está muito bom. — As mãos em sua cintura
pressionando-a sobre seu pau. Mustang se inclinou e sorriu para
a garota enquanto ela trabalhava para agradá-lo — Um pouco
mais. Ah. Aí vai. Como se sente?

— Bem. — Sua voz soava sem fôlego — Muito bem.

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A cowgirl não mentiu. Podia levar Mustang e pelos
olhares dela, estava aproveitando.

Slade sacudiu sua cabeça e sorriu enquanto escutava


tudo da sua cadeira. Isso sempre o entretinha; diferente de si
mesmo, Mustang era falante durante o sexo e continuamente
tranquilizava e incentivava as garotas com longos comentários.

Toda a conversa de sexo de provavelmente vinha de anos


tendo que convencer as garotas que seu pau enorme caberia
dentro delas, se somente dessem uma oportunidade. Slade não
era nenhum principiante em tamanho, mas mesmo assim tinha
que admitir que Mustang merecesse seu apelido. O homem
lembrava um cavalo. Slade fora testemunha dos poderes de
persuasão verbal de Mustang em muitas ocasiões.

— Só me deixe pôr a ponta dentro, querida. Isso é tudo.


Juro — Mustang falaria de um jeito doce à garota insegura e
assustada.

É claro que Mustang, indevidamente, acabaria


conseguindo o que queria, até com a mulher mais insegura e com
as bocetas mais apertadas.

A única virgem que encontraram, também não foi imune


à língua de prata. Slade foi o primeiro a montar essa potra.

Algo assim como o cavaleiro de aquecimento antes que


Mustang pulasse pela grande carreira.

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Não podia reclamar. Mustang era bom em compartilhar.
Sempre se beneficiava de seus poderes de persuasão, mas havia
vezes em que dizia muita merda às mulheres que compartilhavam
e Slade tinha que cobrir a boca com a mão para esconder seu
sorriso.

Esta parecia ser uma dessas vezes. Quase gargalhou alto


agora quando Mustang disse:

— Vou lembrar-me desta noite para sempre, querida.

Distraído, se indagava se Mustang perguntou o nome


dela antes de meter seu pau em sua boca no momento que a
trouxe para o trailer. Não que importasse.

Droga. O que estava acontecendo com ele esta noite?


Normalmente não se sentia tão frio sobre as mulheres que eles
entretinham. Estavam se aproximando do final da temporada.
Era isso, com certeza. Podiam finalmente ter um descanso por
uns poucos meses, não que Mustang parecesse como estivesse se
sentindo da mesma forma. Parecia um menino que acabava de
roubar uma loja de doces enquanto bombeava a cowgirl sobre seu
pau.

Slade desfrutou de uns poucos minutos vendo suas tetas


balançando e os socos de seu traseiro antes de Mustang gozar
com um grito e uma maldição, depois a garota se deixou cair
ofegante na cama, parecendo como se tivesse conseguido mais do
que negociou quando se ofereceu ao sanduiche de cowgirl com
dois cowboys de touros cheios de adrenalina. Depois de capturar

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os olhos de Slade e, obviamente, vendo o olhar cansado em seu
rosto, Mustang disse:

— Não acha melhor ir ver sua amiga, querida? Estou


preocupado com ela. Já vi pessoas realmente doentes, morrer
assim, por excesso de álcool.

Seus olhos arregalaram e seu rosto ficou pálido.

— Oh, Meu deus. Você acha que poderia...?

— Não sou médico. Só estou dizendo que não há maneira


de saber o que pode acontecer. Eu sei que gostaria de checar
Slade se ele estivesse em um carro possivelmente se afogando até
a morte em seu próprio vômito.

Diante dessa cena colorida, ela levantou da cama para


procurar suas roupas no trailer. Slade se deu conta que não
encontraria sua calcinha, já que Mustang a deu para ele na
arena. Nu, exceto por suas meias brancas e seu chapéu preto de
cowboy, Slade levantou com um pouco de esforço e sem pudor
para recuperar sua cueca no meio da pilha de roupas que deixou
cair perto da porta.

Olhando para ele, pegou a calcinha da sua mão e com


um sussurro disse:

— Obrigada.

— Sem problemas.

Colocando sua própria roupa, Slade viu como ela se


vestiu rápido. Estava ansiosa para sair dali tanto quanto ele a

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queria fora. Essa compreensão o fez se sentir estranhamente
triste por ambos.

Quando a porta finalmente fechou atrás dela, deixando-


os sozinhos, Slade deixou sair um suspiro e se recostou na
cadeira.

Mustang deu um olhar não muito feliz.

— O que está acontecendo com você esta noite?

— Do que você está falando?

— Estou falando que parece como se você tivesse que se


esforçar para ter energia para foder uma garota incrivelmente
gostosa.

Encolheu os ombros.

— Não sei. Só não é tão divertido como costumava ser.

Mustang franziu a testa e o encarou fixamente como se


tivesse crescido chifres no pau de Slade.

— Foder não é divertido como costumava ser?

Slade considerou isso por um segundo.

— Possivelmente esse é o problema. Só é foder.

Mustang ficou horrorizado.

— Então, o que está dizendo, Slade? Quer encontrar uma


garota, casar, comprar uma casa com uma cerca branca e se
assentar em um bonito e aborrecido, trabalho seguro? Sabe

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quanto sexo os homens casados conseguem com suas mulheres?
Perto de nada, isso é quanto. Pergunte ao Jorge. Ele te dirá isso.

Uma esposa, um trabalho de verdade e uma casa com


cerca branca? Não. Definitivamente, não. Uma fazenda bonita e
uma namorada estável para quem voltar entre as competições?
Isso não soava tão mal. Quem sabe.

Slade guardou seus pensamentos para si mesmo.

— Não, isso não é o que estou dizendo. Mas isso está


perdendo a graça. Uma garota diferente a cada noite. Nem
sabendo seus nomes.

— Você pode não saber seus nomes, mas eu sim. —


Depois de colocar sua boxer, Mustang se sentou na beira da
cama e apoiou os antebraços sobre seus joelhos enquanto
enumerou uma lista de dados para Slade. — Disse que seu nome
era Brandi, soletrado com um —i—. Sé pelo que eu vi dela essa
noite, estou apostando que escreve esse —i— com um coração.
Acaba de se formar na universidade local. Seu irmão está no
exército no Iraque neste momento. Sua mãe pensa que os
cowboys não são nada mais que problemas, o que provavelmente
está certo já que esteve aqui esta noite com a gente. Oh, ela não
dá nenhum pio quando goza, mas se sacode como uma folha pega
no limpador de para brisas de um caminhão a toda velocidade
pela estrada.

Merda. Mustang fazia bem seu trabalho. Isso fazia Slade


se sentir como um idiota já que ele não teve nenhum interesse em

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saber nada mais sobre a garota, além de que tivesse o que
precisava pelos poucos minutos em que estava dentro dela. De
alguma forma, isso parecia muito ruim.

— Mmm. Eu não sabia de seu jeito de gozar — comentou


Slade distraidamente.

— Isso é porque eu cuidei disso antes de você chegar


aqui.

— Oh bom. — Sentiu-se um pouco melhor sabendo isso.


De onde estava vindo este sentimento de culpa?

Slade geralmente ficava feliz só com foder e relaxar. Esta


autoanálise e introspecção não se pareciam em nada com ele.

— Estou contente por você conseguir conhecê-la um


pouco, de qualquer forma.

— Não fiz perguntas e escutei suas respostas por causa


de alguma repentina culpa sexual que você parece estar tendo. —
Mustang rebateu o comentário de Slade com um ronco e um
aceno de mão. — Você sabe muito bem que eu gosto de paquerar
garotas bonitas. Quando a notei nos olhando da arquibancada,
sabia que tudo o que precisava era de um pouco de doçura para
leva-la para a cama. Deveria estar muito agradecido por eu gostar
da parte melosa desde que no final da competição ela estava se
oferecendo a nós dois como um sanduiche de cowgirl em uma
bandeja de prata, bonita calcinha vermelha e tudo mais.

30
Mustang sorriu a sua própria descrição, enquanto Slade
pressionava seus lábios juntos e soltava uma profunda respiração
através de seu nariz.

— Acho que não estive prestando muita atenção no


departamento — meloso —. Sinto muito. — Mustang parecia
chateado, elevando o nível de desconforto de Slade enquanto se
defendia. — O que? Que merda, Mustang. Já pedi desculpas. A
próxima eu pesco. Ok?

— Esse não é o problema. A caça é a parte divertida para


mim, bem, logo depois de foder. Mas você ganhou a competição
esta noite e fodeu e nem teve que falar com a garota para isso.
Então, por que parece tão deprimido? Está começando a fazer
com que eu me preocupe com você.

Slade suspirou e considerou a pergunta cuidadosamente.

— Que porra. Não sei Mustang. Acho que estou


aborrecido.

— Aborrecido? Bem, ok então. Isso, pelo menos, eu posso


entender. Da próxima vez conseguiremos um par de garotas.
Duas ou três inclusive. Talvez devêssemos parar na próxima loja
que encontrarmos e comprar alguns brinquedos. Um desses
vibradores. As garotas gostam. Está acabando o lubrificante, de
qualquer forma.

— Ok. Soa bem. — Inclusive em seu estado de merda,


Slade teve que sorrir para as novas ideias de Mustang para suas
atividades extracurriculares.

31
Visões da garota que eles comeram a semana passada e
lembranças vividas do que fizeram, a razão pela qual estavam
quase sem lubrificante, passaram por de sua cabeça. Essa foi
uma mulher que eles, melhor dizendo, Mustang, não precisou
convencer. Ela nem precisou olhar para o pau de Mustang, ou
ouvir suas sugestões de como ele encaixaria muito bem. Levou a
metade de um tubo de lubrificante, mas Slade era uma
testemunha de que encaixou perfeitamente.

Mustang sorriu e levantou da cama, batendo no ombro


de Slade.

— Isto também vai passar meu amigo. Já estou te vendo


mais feliz. Vou tomar um banho.

Assentiu. Uma ducha, uma boa noite de sono e então


seguir estrada e tudo estaria bem. Para a próxima cidade, seu
humor já teria melhorado e estaria de volta a ação.

— Mustang — chamou o suficientemente alto para que


seu amigo o escutasse através do som da água correndo.

— O que?

— Fica de olho na plateia por gêmeas. Eu sempre quis ter


gêmeas.

Slade escutou a risada forte de Mustang através da porta


do banheiro e sorriu. Já se sentia mais animado.

32
Capítulo 2
A melhor amiga de Jenna, Astrid, olhou para uma das
inúmeras telas de televisão que adornam as paredes cobertas de
néon no bar esportivo.

— Esse cavalo tem chifres?

— O que? — Jenna tinha muitas perguntas melhores do


que essa. Em primeiro lugar, por que Astrid insistiu que as duas
viessem a esse lugar tão masculino para ter a noite de garotas? E
mais importante, por que Astrid não usava seus óculos ou suas
lentes de contato se não podia enxergar? Odiava pensar em como
sua amiga era capaz de dirigir e ler os sinais de trânsito com sua
tão óbvia e horrível visão.

Com um suspiro, virou-se em seu banco para ver sobre o


que Astrid estava falando.

— Isso não é um cavalo, boba. É um touro.

Nascida e criada uma cidade, Jenna na realidade nunca


viu um touro ao vivo, mas viu num anúncio de televisão... Aquele
do queijo com o menino e a menina conversando com vacas.

33
— Um touro? Isso é uma loucura. Quem iria subir em
cima de um touro e tentar montá-lo? Além disso, pensei que os
cowboys montassem cavalos.

Astrid negou com a cabeça, mexendo seu curto cabelo


preto oscilante ao redor de seu rosto. Os reflexos azuis que tinha
acrescentado recentemente captaram a luz do sinal de cerveja
atrás dela. Um dia, Astrid se daria conta de que uma mulher de
mais de trinta anos não devia ter o cabelo azul.

Jenna prestou mais atenção agora que sabia que era um


rodeio que estava passando na televisão. Onde havia um rodeio,
deveria ter cowboys, certo? No momento, precisava de um cowboy
ou dois. Distraidamente, mordeu a palha de sua vodka cranberry.

— Ei, eu te contei que agora estou escrevendo um


romance sobre Cowboys?

Astrid quase engasgou com sua cerveja light.

— Sério? Como vai fazer isso? O mais perto que esteve de


um cowboy foi o menino com o chapéu grande que trombou com
você na estação Central em dezembro passado. Lembra quando
fomos ver a iluminação da árvore de Natal no Rockefeller Center?

Jenna encolheu os ombros enquanto olhava o peão na


televisão, era arrojado fora do touro com o chapéu de cowboy e
tudo, conseguindo ser quase pisoteado mortalmente pelo animal
por escassos centímetros.

34
— Acabo de começar o livro, mas imagino que não pode
ser tão difícil. Quero dizer, realmente, o que de complicado podem
ter os cowboys? Vou ter que cavalgar muito.

Astrid a olhou com receio.

— Você nem tem um animal de estimação em casa. O


que sabe você sobre cavalos?

— Pelo menos sei que não têm chifres. — Astrid deu a


Jenna um olhar desagradável. Verdade seja dita, não podia
sequer manter as plantas de casa vivas, muito menos um animal,
mas esse não era o ponto. — Além disso, vou pesquisar —
continuou.

— Pesquisar sobre cowboys e cavalos? Como?

— A internet. A biblioteca. E vi algumas competições de


hipismo na ESPN4 outro dia. Trajes bonitos, por falar nisso. Muito
Ralph Lauren5 com calças estreitas, camisas altas e casacos de
veludo. Espero que o estilo esteja outra vez na moda. Eu gostei
muito quando vi.

Astrid franziu o cenho.

4
ESPN, sigla para Entertainment and Sports Programming Network, é uma rede de TV por assinatura dos
Estados Unidos dedicada à transmissão e produção de programas esportivos 24 horas por dia.

35
— Tudo isso não parece muito ocidental.

— Estava assistindo para aprender a respeito dos


cavalos. Porque os cavalos são cavalos. Certo? Não importa se
monta enquanto está usando jeans ou veludo. Não é a parte do
cavalo que me preocupa. O problema é que estou tendo
dificuldades para chegar a um bom enredo para a história. Meu
herói continua parecendo muito sem graça para mim. Se nem eu
gosto do herói, como posso esperar que meu leitor goste?

Seus olhos não desviaram nunca da ação na televisão,


Astrid lentamente passou o dedo ao redor da boca da garrafa.

— Seu herói deve ser um cowboy de rodeio. Estes


meninos são sexys. Arriscam morrer montando um touro tão
grande. E hummm, olhe essas chaparreiras de couro. Aposto que
seria ótimo sem calça jeans por baixo.

Observações obscenas de Astrid à parte, Jenna


considerou a sugestão.

— Humm. Um cowboy de rodeio. Poderia dar certo. Todo


esse risco se somaria à tensão da história. — procurou uma
caneta na bagunça de sua bolsa e logo pegou um guardanapo de
papel da pilha para escrever. — Oh! Que tal isso? Seu nome
poderia ser Buck Wild. Porque ele monta touros e poderia ser o
nome do livro também. O que você acha?

Astrid começou rir.

36
— Acredito que soa como uma típica novela romântica de
má qualidade. Então sim, é perfeito.

Ignorando o comentário de — má qualidade —, Jenna


escreveu a ideia do título e logo voltou a olhar para a televisão
onde outro homem caía no chão duro e ainda assim levantou
sorrindo. Estes caras estavam obviamente todos loucos, mas
Astrid tinha razão, também eram sexys.

Atrás do balcão, o sorriso do garçom e o balanço


constante de cabeça chamaram sua atenção para longe da tela da
televisão. Ela franziu o cenho.

— Há algo errado?

— Não, madame. Nada errado. — Sua voz escorria lenta e


suave como o melaço. E seu “madame”...

O diálogo de seu livro estava ganhando vida na frente de


seus olhos. Com os olhos arregalados, Jenna inclinou-se para
ouvir seu sotaque profundo e o que significava para ela e seu
possível futuro livro. Viu Astrid levantar uma sobrancelha
interessada também em seu sotaque.

— De onde você é?

Saiu parecendo mais com uma acusação do que uma


pergunta notou sua camisa estilo ocidental, jeans e botas de
cowboy. Antes de ouvi-lo falar, ela tinha assumido que era algum
tipo de disfarce exigido pelo bar para o pessoal ou algo assim.

— Não sou daqui.

37
Ele pegou outro copo molhado da prateleira e o secou
com uma toalha branca feita de farrapos. Jenna não ia desistir
tão facilmente por sua resposta evasiva.

— Sim, me dei conta disso. Então, exatamente de onde é?


— Ele sorriu, mas não fez nenhum movimento para acabar com o
suspense.

— Texas. — uma garçonete respondeu por ele, para claro


desgosto do cowboy, antes de acrescentar — Eu preciso de outro
balde de cerveja com três garrafas geladas.

O descontente texano foi encher o balde e Jenna


aproveitou a oportunidade para perguntar mais à garçonete.

— Ele não saberia nada sobre rodeios, não é? — A


garçonete riu.

— Ele? Não. Não acredito. Acho que estava acostumado a


trabalhar em plataformas petroleiras.

— OH. Ok. Obrigada.

O coração da Jenna desabou. As plataformas petroleiras.


Sabia ainda menos a respeito delas que dos cavalos; por isso, dar
a seu cowboy da ficção essa profissão, estava descartado,
principalmente por causa da falta de amabilidade do garçom
texano até agora. O cowboy voltou com o pedido da garçonete,
sorrindo.

— Sinto muito querida, mas nem todos os cowboys


montam touros ou, no caso, cavalos.

38
Com uma longa olhada no homem da parte de cima de
sua cabeça escura até a ponta dos dedos dos pés com botas,
Astrid entrou na conversa.

— Você deve saber algo sobre rodeios. Quero dizer, há


um montão de touros e cavalos no Texas, não é?

Ele riu um som baixo e Jenna, afogou um gemido, olhou


sua amiga se derretendo um pouco mais sobre ele. A razão pela
qual Astrid tinha trocado a noite de garotas por este poço de
testosterona estava ficando bastante evidente.

Ela estava na caça esta noite.

— Com certeza sei mais que vocês duas, senhoras, mas


não, não sei o suficiente para que me cite em seu pequeno
guardanapo branco.

Apontou com um polegar na direção de Jenna e sua


caneta, que estava preparada e pronta para a ação por cima do
guardanapo de papel. Críticas a seu estilo de investigação à parte,
decidiu que se ele sabia algo a respeito de rodeio, seria melhor do
que ela sabia o que não era nada.

— Qual é seu nome?

— Tex.

Levantou uma sobrancelha.

— Sério?

39
— Sim. — De algum jeito ele fez uma sílaba parecer ter
mais do que três como o disse, comprido e lento.

— Ok, Tex. Eu ficaria feliz em deixar uma gorjeta muito


generosa se você estivesse disposto a me dar uns detalhes sobre
rodeio para que possa usar no meu livro.

Astrid inclinou-se ainda mais sobre o balcão como um


ímã atraído por um grande pedaço de metal. Jenna considerou
jogar a sua amiga para o garçom em troca de alguns dados sobre
rodeio. Ela tinha certeza de que Astrid, praticamente babando
animada, não se importaria.

Tex. Jenna teria que considerar a nomeação de um


personagem secundário. Possivelmente Buck Wild poderia ter um
melhor amigo.

O homem em questão tirou uma caneta de trás da orelha,


pegou outro guardanapo de papel e escreveu algo. Empurrou ao
outro lado do balcão e foi atender um cliente.

Astrid bateu com força no tampo do balcão e se virou


para encarar Jenna.

— Oh meu Deus! Se ele te deu o número de telefone, vou


gritar. Como é que os gatos sempre preferem você?

Se isso era verdade, então por que Jenna estava sozinha?


Muito, muito sozinha. Ah, sim, porque todos os homens estão
presos, é por isso. Inclusive os altos, morenos e texanos, tinha
certeza.

40
Olhou o guardanapo em sua mão e sacudiu a cabeça. A
birra de criança de Astrid foi por nada, porque tudo o que tinha
recebido de Tex era uma palavra.

Google.

Hmm, quem imaginaria que cowboys sabiam a respeito


dos mecanismos de busca da Internet. Inclusive um gigante como
Google? Possivelmente os cowboys não fossem tão isolados ou
retrógrados como tinha pensado.

Jenna mostrou o guardanapo para a sua amiga e deu um


olhar nada amável em direção a Tex e murmurou — sabichão —.

Olhando de cima abaixo com atenção, Astrid sorriu.

— Sim, acho que eu gosto. Droga gostaria que todas


essas pessoas o deixassem sozinho, gostaria de vê-lo voltar.

Pensou o mesmo, porque não estava muito convencida de


que ele não tivesse montado um touro ou dois, não importa e se
foi assim, queria saber, nem que para isso tivesse que sacrificar a
duvidosa virtude de Astrid nisso.

Com um suspiro, Astrid parou de dar olhares maldosos


aos clientes que mantinham Tex afastado dela e virou para
Jenna.

— Então. O que você quer fazer na próxima semana para


o seu aniversário? — Jenna gemeu.

— Ignorar.

41
— Oh, vamos. É um marco. Temos que fazer algo.

— Trinta e cinco não é um marco. — Trinta sim, foi uma


grande coisa. Quarenta, Deus me ajude, seria ainda pior. Mas
trinta e cinco anos era algo que estava disposta a ignorar. — Eu
não vou estar aqui, de qualquer maneira. Lembra?

Astrid franziu o nariz, mas Jenna não tinha certeza se


estava relacionado com a ausência persistente de Tex no final do
bar ou com a viagem iminente em seu aniversário.

— Oh, ok. Eu esqueci. Aonde você vai desta vez?

— A uma conferência de escritores de romances em


Tulsa, Oklahoma, de todos os lugares... O que poderei fazer em
Tulsa quando tivermos um descanso das coisas da convenção?
Vai ser muito chato. — Jenna revirou os olhos.

Além do filme sobre Oklahoma, que estava certa também


foi um musical, não sabia nada sobre o estado, exceto que estava
no meio do campo de algum lugar e que teria que sofrer através
dos controles de segurança do aeroporto para chegar.

— Oh meu Deus! Jenna! — A mão de Astrid se fechou no


seu antebraço e ela olhou para algo sobre o seu ombro.

— O que foi? — Astrid estava pronta para se virar.

— Dê uma olhada atrás de você na televisão.

Jenna virou bem a tempo, antes que acabasse o


comercial para ver a imagem de publicidade na tela. Oh meu

42
Deus era verdade! Na próxima semana teria uma competição de
rodeio em touro em Tulsa.

— Puta merda. — virou para Astrid que sorriu.

— Parece que você acaba de encontrar algo para fazer em


Tulsa na próxima semana, e poderá entrevistar pessoalmente os
cowboys do rodeio também.

Jenna considerou sua boa sorte. Realmente era uma


casualidade, mas uma pergunta lhe rondava.

— O que se usa em um rodeio?

— Que tal um cowboy? — O rosto de Astrid iluminou-se


com um sorriso diabólico antes que ela se animasse como um cão
a quem acabam de jogar um osso.

— Hum, Jen. Não se zangue, mas nossos encontros


acabam de chegar.

Tentando engolir o gole da bebida que tinha acabado de


levar à boca antes de se afogar com esta revelação, Jenna deixou
o copo no balcão do bar sem nenhuma delicadeza e apertou os
olhos para sua suposta amiga.

— O que quer dizer com nossos encontros?

— Surpresa? — O sorriso do Astrid vacilou um pouco


com a falta de entusiasmo de sua amiga.

43
Jenna abriu a boca, a ponto de deixar que Astrid
soubesse exatamente o que estava pensando da surpresa, quando
ela a fez calar freneticamente.

— Shh. Escuta. Eu os encontrei em um site de encontros


online e são perfeitos. Você só tem que me acompanhar ok? —
Astrid sussurrou antes de girar seu banco para enfrentar os dois
homens sorridentes que estavam se aproximando.

Com um gemido Jenna também se virou em seu banco,


mas para o balcão ao invés de virar para os dois encontros
indesejados. Levantou seu copo quase vazio no ar.

— Outro copo, por favor, Tex. Melhor que seja forte.

A visão de um dos caras sentando no banco ao seu lado,


fez com que Jenna tivesse a sensação de que ia precisar.

44
Capítulo 3
A segurança no aeroporto Internacional Newark Liberty
era pior do que Jenna lembrava, pior do que foi depois dos
ataques de 11 de setembro, com todas as novas restrições mais
ridículas que eram instituídas diariamente sobre os passageiros.
Sem líquidos. Sem sapatos. Sem casacos. Quando ela passou
pelo detector de metais, estava descalça e quase de topless,
conscientemente usando apenas calças apertadas e uma blusa
fina e pequena demais depois de ter que tirar a jaqueta e colocá-
la na esteira rolante com seus sapatos e bolsa.

O guarda da Segurança, que levou menos tempo


estudando a imagem do raio-x de sua bolsa de mão, do que
olhando seus seios, perguntou:

— Então, o que uma garota bonita como você ainda está


fazendo solteira?

Ele olhava fixamente seu dedo sem aliança como se o fato


de que ela não usava uma, a tornava disponível e o deixaria tirar
suas calças, recostar sobre a esteira rolante e fodê-la ali mesmo,
atrás da máquina de raio-x.

Resistindo a urgência de cruzar seus braços sob seus


seios debaixo do olhar lascivo do guarda sorridente, Jenna

45
mentiu enquanto pegava seus pertences tão rápido quanto podia
sem parecer com uma terrorista fugindo da segurança.

— Na verdade, não uso nenhum tipo de joia quando viajo


e não estou exatamente solteira. Deixei meu anel de noivado em
casa. Estou indo me encontrar com meu noivo. Ele é cowboy de
rodeio e está participando de uma competição em touros esta
semana em Tulsa, Oklahoma.

Sempre jogar fatos reais em suas mentiras as faz mais


plausíveis.

Era bom que fosse uma escritora, assim podia vir com
essas histórias ridículas do nada. A criatividade era útil nos
momentos mais estranhos. Se este cara, por algum estranho caso
do destino, fosse um fã de rodeio e perguntasse qual cowboy era
seu noivo, estava totalmente fodida.

Talvez eu não tivesse pensado muito bem. Mas, pelo


olhar dele, não era um fã de rodeio.

Era como se a ameaça do desconhecido, mas grande e


ameaçador cowboy montador de touro, a alguns milhares de
milhas de distância não iria parar o progresso do guarda. Apesar
do aumento do número de passageiros que esperavam
impacientemente na fila atrás dela, ele ainda não a deixaria ir.
Por sorte, o telefone de Jenna tocou.

— É o meu noivo ligando agora. Preciso atender. Tenho


que ir. — Jenna forçou um sorriso e lutou para achar seu telefone
no bolso externo de sua bolsa enquanto caminhava a passos

46
firmes, tão rápido quanto podia, para afastar-se do posto de
controle de segurança. Ainda descalça, caminhou até uma
cadeira na próxima esquina, fora da linha de visão, para colocar a
jaqueta e sapatos de volta enquanto a voz de Astrid vinha através
do celular.

— Como está a viagem, até agora?

Jenna grunhiu.

— Acabei de passar pela segurança agora mesmo. E te


digo mais, a partir de agora, na próxima vez que pegar um avião
vou usar o anel de casamento que minha avó me deixou em seu
testamento, porque aparentemente as mulheres solteiras são
presas fáceis para serem agarradas pelos agentes de segurança.

— Jenna! Você foi agarrada na segurança? Às vezes, eu


realmente te odeio. Sabia disso?

— Astrid, você enlouqueceu?

Ela ainda não podia tirar a sensação de ser violada pelo


agente — pé no saco — e Astrid estava com ciúmes?

Finalmente vestida por completo e se sentindo um pouco


mais protegida e aliviada que a parte de tirar a roupa da viagem
acabou pelo menos por enquanto, Jenna olhou para os números
dos portões de embarque e caminhou até eles. Localizando o seu
não muito longe da fila, sentou-se em uma cadeira de vinil apara
esperar a hora de levantar voo.

Ainda soando infeliz, Astrid continuou.

47
— Que seja. O Tim, da outra noite, te ligou?

Levando em conta que tinha, sem Astrid saber, dado um


número de telefone falso, a resposta a essa pergunta era fácil.
Tirando seu laptop de sua bolsa de mão, Jenna rezou por internet
sem fio, assim, ela poderia checar seu e-mail enquanto respondia
a amiga com toda a inocência possível.

— Não. E, como você disse que ele chama?

— Jeremy. E não. — Astrid soltou um grande suspiro.

— Não me diga que você gostou dele — acusou Jenna.

— É... Mais ou menos. Por quê?

— Por quê? — O homem não foi capaz de manter seus


olhos longe dos seios e do traseiro de Jenna e ele era o encontro
de Astrid, esse era o pôr que. Mas não podia dizer isso à sua
amiga, por isso passou para a sua seguinte melhor munição.

— Mas, por outro lado, Jeremy nem bem chegou ao bar e


já sugeriu que nós quatro fossemos para sua casa para ter um
pouco de diversão.

— E?

— E, não acho que estava sugerindo jogar Scrabble6.


Astrid, eles estavam procurando algum tipo de troca de casais,
sexo grupal, ou uma orgia! — Jenna baixou sua voz enquanto

6
Scrabble: (mais conhecido no Brasil com o nome de Palavras cruzadas) é um jogo de tabuleiro em
que dois a quatro jogadores procuram marcar pontos formando palavras interligadas, usando pedras
com letras num quadro dividido em 225 casas (15 x 15).

48
notava o executivo em um terno negro sentado na frente dela, um
pouco interessado demais na conversa.

— Não. Não acredito — duvidou Astrid por um segundo.


— Você acha isso?

— Uh, sim, acho. E, além disso, não há maneira de


ambos trabalhem na Wall Street. Sinto muito, mas caras que
fazem o tipo de dinheiro que eles diziam fazer não usam jaquetas
de poliéster. E aqueles sapatos! — possivelmente não sabia muito
sobre alta costura, mas sabia sobre roupas e sapatos.

Astrid suspirou.

— Sim, provavelmente você tem razão. Orra. Onde estão


se escondendo todos os caras bons? Provavelmente deveria ter
esperado que Tex saísse do trabalho. Ele pode ser só o cara do
bar, mas pelo menos eu sabia disso.

Jenna odiava a mania de Astrid de paquerar qualquer


homem na sua frente, mas talvez ir para casa com Tex tivesse
sido um plano melhor do que chamar dois caras da Internet para
umas bebidas. Sem contar que, possivelmente, se Astrid estivesse
saindo com Tex, poderia conseguir um bom diálogo cowboy só de
escutá-lo falar.

— Oh, bem. É melhor eu voltar ao trabalho. A bruxa má


está me cercando e não quero que ela me pegue no telefone em
uma chamada pessoal!

49
Sorriu agradecida, não pela primeira vez, por não ter um
chefe a quem se reportar. Mas se não tivesse este novo livro
escrito, esse, possivelmente, não seria o caso por muito tempo.
Dizendo adeus para Astrid, Jenna se conectou a internet sem fio
do aeroporto e navegou através de seus e-mails que se
acumularam na noite passada.

No meio do lixo eletrônico, um e-mail se destacou.


Avaliações de Romances Românticos. ARR era famoso por ser
difícil de agradar. Nervosa, Jenna deu clique para abrir o e-mail,
tamborilando seu pé contra a perna da cadeira, enquanto o
navegador parecia levar uma eternidade para carregar.
Finalmente, o comentário estava a sua frente.

Jenna deu uma olhada no resumo da trama de seu


último lançamento, indo diretamente para o final. Essa era
sempre a parte mais importante para ler, a opinião do crítico, na
qual Jenna soltou um sonoro:

— O que?

Isso fez o homem de negócios na sua frente, levantar uma


sobrancelha.

Leu a resenha outra vez, e de novo, mas isso não mudava


nada. O crítico achava a história “bem divertida” e os
personagens “moderadamente convincentes”, mas nada disso
importava porque superando todos os elogios não tão gratuitos
estava a linha devastadora que apagou o resto.

50
Infelizmente, Não posso dar a Srta. Block uma crítica
favorável nem recomendar este livro por causa da minha decepção
com as cenas sensuais, o que era aquilo? Entediaram-me quase me
levando às lágrimas.

Enquanto Jenna sentava em um silêncio atônito,


contemplando se sua agente leu essa crítica e estava preparado
para dispensá-la porque suas cenas de sexo estavam
“entediantes“, um anúncio cortou o ar.

— Atenção todos os passageiros do Voo 921 para Tulsa. A


decolagem do voo está adiada por um período indefinido de
tempo.

Pode esta viagem ficar pior? Honestamente, o que mais


poderia sair errado?

Uma sombra caiu em frente ao laptop de Jenna,


bloqueando a luz das lâmpadas fluorescentes do teto. Seu olhar
viajou para cima dos sapatos marrons desgastados, para a calça
cinza de poliéster presa com um cinto preto e terminado,
finalmente, na horrenda peruca.

— Viaja sozinha, doçura? — O homem mostrou dentes


amarelados em um sorriso lascivo.

Jenna afogou um gemido. Tinha que perguntar e agora a


resposta era óbvia. Sim, a viagem, de fato, poderia piorar.
Aparentemente seu inferno estava só começando.

51
— Puta merda — assobiou Mustang com um sopro
quando a garota deitada entre suas coxas estendidas raspou seus
dentes, sem muita gentileza, pela última vez sobre o seu pau. Seu
corpo se arrepiou enquanto o prazer e a dor juntos se tornavam
quase, mas não totalmente, insuportável.

— Caralho, você pode dizer isso de novo. — Slade riu


perto dele, olhando a sua própria metade do par de melhores
amigas de dezoitos anos que arranjaram. Tinham encontrado as
garotas no bar, depois de parar no povoado para passar a noite.

A garota de seu amigo saiu de cima dele para descansar,


deitando de costas, ofegando pelo passeio selvagem que Slade
tinha dado a ela. Seus seios siliconados levantaram, saudando o
teto do trailer.

Mustang olhou para a sua parte correspondente


enquanto a boca dela finalmente se acalmou com um “pop”
audível e ela deitou relaxada ao seu lado. Olhando os seios das
duas, iguais a torpedos que desafiavam a gravidade, se perguntou
se fizeram os implantes de silicone em alguma promoção ”dois
pelo preço de um”.

Sua garota começou a passar as unhas sobre ele,


brincando, traçando a linha do cabelo correndo de seu estômago

52
para o órgão com o que ela se familiarizou na última hora.
Praticamente ronronando, perguntou:

— Está pronto para mais uma cowboy?

Mustang olhou para o Júnior, que estava curvado em


uma posição muito parecida com a fetal assim que acabou a
chupada que tinha recebido. Considerava a si mesmo em boa
forma, mas demônios...

— Um homem precisa de um pouco de tempo para se


recuperar. Tem que me dar uns minutos, querida.

Mustang procurou em sua memória pelo nome da


morena. Sabia que uma era Candy e a outra era Destiny. Destiny
tinha cabelo escuro porque ambas as palavras começavam com
uma “d” de “dark”. Isso significava que a garota do Slade, a loira,
era Candy.

— Ok. Você pode assistir por enquanto — sugeriu


Destiny com um sorriso satisfeito.

Mustang olhou, sem entender o que queria dizer até que


ela se arrastou sobre Slade e ficou entre as pernas de sua melhor
amiga. Suas mãos separaram a perna dela. O que ele acreditava
ser uma língua muito talentosa saiu disparada empurrando
dentro de sua amiga, fazendo a outra garota, a que Mustang
notava pela primeira vez que tinha cabelo loiro na cabeça e cabelo
escuro em seu monte, ofegar e logo fazer algum tipo de ronrono
por sua causa.

53
Ao lado dele, as sobrancelhas de Slade subiram quase
para fora do topo de seu cabelo. Com seus olhos nunca deixando
as duas mulheres na cama, Mustang disse:

— Você sabe, eu gosto de sua ideia sobre tentar


encontrar gêmeas, mas de jeito nenhum irmãs fariam isso.

E se fizessem, ele não queria estar por perto para ver.


Isso seria pra caralho.

Depois de alguns minutos em silêncio, eles olhavam a


ação das garotas com encantada atenção, Mustang sentou.

— Bem, é isso ai. Estou pronto para mais uma.

Mustang passou uma perna por cima de Candy, que


estava deitada sobre suas costas. Ajoelhou atrás de sua cabeça, e
meteu-se dentro de sua boca enquanto a outra garota, com o
traseiro no ar, continuava seu trabalho entre as coxas de sua
amiga.

Slade ficou parado, olhando como a ponta da língua


rosada da garota continuava estalando fora para brincar no
clitóris da outra garota, agora inchado e distendido por ter sido
muito trabalhado.

— Vamos, Slade. Há muito espaço para que você entre


em qualquer parte. — Mustang sorriu para a cena digna de filme
pornô rolando na sua frente, desfrutando da vista tanto quanto
Slade.

54
— Me dê mais um minuto, Mustang. Acabei de me
exercitar bastante aqui.

Mustang riu.

— Tudo bem. É você quem está perdendo.

Logo Candy começou a gozar, seus gritos foram


amortecidos por seu pau em sua garganta. Mustang fechou seus
olhos e gemeu, amando as vibrações dos gritos da garota. Isso
deve finalmente ter feito efeito em Slade, que, apesar de seu
suposto cansaço, tinha começado a sentar e prestar atenção no
momento que a garota gozou. Agora ele estava completamente
ereto e pronto para a diversão.

Slade pegou um preservativo, para cobrir seu


comprimento, quando Mustang se cansou de ser chupado e
queria algo diferente.

— Ei, quer trocar?

Slade riu.

— Claro. Tanto faz.

Mustang agarrou a camisinha e penetrou com um


impulso para dentro da boceta quente de Destiny, suspensa no ar
na frente dele.

Não querendo deixar Destiny fora da conta dos múltiplos


orgasmos de Candy, molhou seu polegar com saliva e o colocou
dentro do traseiro dela enquanto sua outra mão alcançava e

55
encontrava seus clitóris. Pressionou seu dedo profundamente
dentro e ela começou a tremer.

Com suas pálpebras apertadas e fortemente fechadas,


Mustang se permitiu apenas sentir. Com seus olhos fechados, ele
podia se concentrar em todas as sensações que o bombardeavam.
O cheiro de suor e sexo que impregnava o ar. O calor do corpo
ritmicamente pressionando em seu pau e seu dedo. O sentir de
seu traseiro golpeando para trás contra ele enquanto empurrava
para dentro dela.

Esta noite se tornou uma das melhores. Amanhã eles


estariam em Tulsa. Quem sabia o que essa cidade traria?
Mustang mal podia esperar para descobrir.

Do outro final da cadeia de corpos entrelaçados, Slade


gozou. Pondo de lado pensamentos sobre Tulsa por um momento,
Mustang gozou momentos depois.

56
Capítulo 4
— Mustang Jackson tirou um touro de categoria para a
longa rodada, JW. O Ballbreaker vem de Empreiteiros Boiadeiros
B&G e com certeza os está fazendo sentirem-se orgulhosos. Não
foi domado durante os últimos dezesseis rodeios.

Jenna sentou na beirada da cama do quarto do hotel,


transcrevendo cada palavra que os comentaristas da televisão
disseram. Bem, a maioria das palavras de qualquer jeito. Estes
caras falavam rápido. Acrescente a isso ao sotaque cowboy do
homem e seu trabalho de capturar sua conversa palavra por
palavra se fazia ainda mais difícil. Mas, quem era ela para olhar o
dente do cavalo dado? Sabia que teve muita sorte quando
tropeçou com montaria em touros em um dos muitos, canais de
esportes da TV a cabo no seu quarto do hotel em Tulsa,
surpreendentemente bonito, depois de ter se apresentado para a
convenção de romance.

— Tem razão, Jim. Este touro é certamente decisivo. É o


Touro do ano, mas se Mustang Jackson conseguir permanecer
nele, garantirá seu lugar na rodada curta e poderá ganhar a
competição esta noite.

— Qual é sua aposta, JW? Jackson montara este touro


esta noite e quebrará o recorde perfeito do Ballbreaker de buck-
offs?

57
— Bom Jim. Mustang tem o costume de conseguir o que
quer, sendo assim, não sei.

— Uma coisa que sabemos JW, é que Mustang Jackson


não pode se dar ao luxo de cometer enganos aqui esta noite na
cidade do Kansas, a última parada antes do campeonato da
próxima semana em Tulsa.

Jenna franziu a testa. O que quiseram dizer com na


próxima semana na Tulsa? A competição era esta semana. De
fato, já tinha falado com o gerente e averiguado a hora, o lugar e
quanto custaria para que um táxi a levasse até lá amanhã à
noite.

Os homens seguiram conversando na tela enquanto


Jenna trocou o seu navegador e fez uma busca na programação
de televisão. E maldição, quando o fez, estava dizendo todo tipo
de coisas boas que queria escrever.

— Parece que estão tendo alguns problemas para que


Mustang siga a disputa com o Ballbreaker. Ele está fora de si, de
novo, assim seguiremos mais a Slade Bower, já na rampa da
arena com o ás sob a manga. A quem escolhe nesta partida, JW?

— Slade às vezes tem o costume de inclinar um pouco


para trás, Jim. Não sei o suficiente sobre este touro para dizer
com segurança, mas tão perto do campeonato, Slade tem que se
concentrar e montar cada touro.

— Tem razão, JW. Mustang Jackson esteve perseguindo


Slade Bower na classificação durante todo o ano e como você

58
disse cada touro conta aqui esta noite com Tulsa a só uma
semana de distância.

Tentado memorizar as frases chave como —Inclinar para


trás— e algo a respeito de ser açoitado na classificação até que
pudesse as anotar, Jenna encontrou o espetáculo que estava
vendo listado no guia de programação.

— Apresentação Reprise! — Puta merda! Não é de se


estranhar. O programa era uma reprise. Ela voltou para o
documento na tela do seu computador e começou a digitar
furiosamente de novo, irritada por ter perdido um bom diálogo,
quando o telefone tocou.

— Droga!

Escrever este estúpido livro de cowboy ia matá-la... Ou


pelo menos daria uma úlcera. Jenna pegou o telefone do quarto
na mesa de cabeceira e quase jogou seu celular no chão no
processo.

— Alô? — Ela balbuciou com o receptor sobre seu ombro


e tentou escutar, escrever e falar, tudo de uma vez.

— Ei Jenna. É Barb. — A voz animada de uma de suas


amigas autoras mais próximas chegou através da linha
Telefônica. — Estou no bar com algumas das outras garotas e
vamos ao Jantar de Boas-vindas do Oeste Selvagem. Você vem?

Jenna suspirou dividida entre a fome e a pesquisa do


rodeio pela televisão. A fome finalmente ganhou. Além disso, era

59
mais que provável que conseguiria tudo o que precisava amanhã
de noite no rodeio. Assim esperava...

— Sim, já vou. Vejo-te no salão de baile, suponho.

— Já se vestiu? O tema do traje é Country, lembre-se.

Deus a ajude, por que cada jantar nestas convenções


requeria algum tipo de fantasia ridícula por parte dos autores?
Jenna viu as botas que tinha jogado em sua mala para usar no
rodeio, pensando que ficaria deslocada em saltos altos em meio
aos jeans e esterco de vaca. Depois de se registrar e
desempacotar, ela trocou as calças jeans por seu moletom de
viagem.

— Um sim. Estou vestida. — Dito assim, Jenna não


considerou uma mentira absolutamente.

— Ok. Bom. Vamos guardar um lugar na mesa. Você não


pode faltar. Serei a única com chapéu vaqueiro cor de rosa e uma
peruca loira da Dolly Parton.

Jenna riu dessa imagem.

— Obrigada, Barb. Vejo-te em um minuto.

A contra gosto desligou a televisão exatamente quando o


cowboy Slade, ou qualquer que seja o nome dele, bateu na terra.

Slade... Belo nome. Jenna teria que escrever isso e usá-lo


em seu livro.

60
Com o itinerário de conferências nas mãos, Jenna
desabou em uma cadeira no saguão do hotel, com sua cabeça
dando voltas.

Barb se deixou cair pesadamente na cadeira a seu lado.

— Já estou cansada.

Com um suspiro, Jenna concordou.

— Eu sei. Acha que podemos encontrar um café em


algum lugar por aqui?

— Teremos um Coffee Break depois da próxima sessão.


Soda e biscoitos.

Jenna gemeu. Maravilha. Outra conferência onde voltaria


para casa mais pesada do que chegou. Deixou cair o itinerário em
seu colo, incapaz de olhá-lo por mais tempo.

— Aonde você vai agora?

— Tenho uma entrevista com o editor. Vou falar para eles


do meu novo livro. Com sorte, vão me pedir o manuscrito
completo.

— Que tipo de livro é?

— Um multi casais, fantasia urbana “Dark”.

61
Jenna levantou uma sobrancelha.

— Sério? Está escrevendo sobre um triângulo?

— Quarteto na verdade, mas só três deles são humanos.


— Ela sorriu. — No que você está trabalhando?

Perto do livro de Barb, o de Jenna parecia francamente


chato. Sentia-se envergonhada inclusive de responder à pergunta.

— Hum, só outro contemporâneo.

Barb negou com a cabeça.

— Não fale assim. Eu adorei seu último livro.

Diga isso à minha agente.

— Obrigada, Barb.

Barb apontou para o programa de conferências


abandonado no colo de Jenna.

— Aonde você vai agora?

Jenna suspirou.

— Boa pergunta. Estou dividida entre — As Primícias


Secretas sobre as Tendências Editoriais Futuras — e — Sexo é
Mais: Se Faça mais Atrativa Adicionando Fogo à sua Escrita —.
Infelizmente, era evidente que precisava das duas sessões por
igual.

— Minha amiga está no painel da sessão das tendências


futuras. Ela me deu seu impresso. Vou copiá-lo para você se

62
quiser omitir essa sessão e ir à outra. Ela disse que o que os
editores estão procurando hoje em dia é em sua maioria gêneros
cruzados. Nada de um gênero heterossexual mais, a menos que
tenha certo atrativo.

— Daí o multi casais e a fantasia urbana Dark que está


escrevendo.

— Com um pouco de bondage arrojado dentro. — Barb


sorriu.

Bondage de novo? Droga. Jenna deveria colocar algo


extra neste livro de cowboy ou correria o risco de ser recusado.
Mas o que? Ela sabia menos sobre o bondage do que sobre os
cavalos.

— Minha amiga também disse que os editores querem


paixão. Quanto mais quente, melhor. Quando achar que tem sexo
suficiente, acrescente um pouco mais — acrescentou Barb.

Isso, combinado com a resenha recente de um livro


descrevendo suas muito poucas cenas de sexo como chatas, a
decisão de Jenna de que sessão assistir foi feita.

— Acho que vou ver — Sexo é mais —, então.

Barb começou a rir.

— Me deixe saber como está indo.

Jenna franziu o cenho.

— Não se preocupe. Estarei tomando notas.

63
— Oh, antes que me esqueça. Uma das autoras com
quem tomamos o café da manhã é local e nos deu o nome de um
grande restaurante pertinho daqui. Tenho que ligar para fazer
reservas. Imagino que iremos aproximadamente ás sete e assim
teremos tempo para nos trocar depois da última sessão. Você está
dentro?

O rodeio começava as oito e Jenna tinha que pegar um


táxi e ainda comprar um bilhete quando chegasse lá.

— Na verdade, vou... — antes que pudesse terminar a


frase, Lizzie Lundgren dobrou a esquina. Um sorriso falso cruzou
o rosto de Lizzie quando viu Barb e Jenna e foi diretamente para
elas.

Uma campainha súbita de advertência disparou na


cabeça de Jenna e cortou o resto do que tinha estado a ponto de
dizer a Barb e instantaneamente forçou ela própria um sorriso.

— Olá, Lizzie.

— Jenna. Barb. — Lizzie as olhou por cima do ombro. —


O que estão fazendo?

Era incrível como um lugar na lista dos mais vendidos do


New York vinha junto com um pau no cu e um complexo de
superioridade. Fazia só dois anos, Lizzie era como elas, ganhando
a vida escrevendo, mas presa na semi escuridão. Então teve sorte
e assinou um contrato com uma grande editora de Nova York e
isso foi tudo, se tornou grande. Não tanto como Nora Roberts,
mas o suficiente para deixar Jenna verde de inveja e tendo que

64
engolir o ácido na garganta quando via que o novo lançamento de
Lizzie entrava na lista dos mais vendidos.

O último livro de Lizzie foi um do oeste contemporâneo.


Foi direto à lista dos mais vendidos igual ao seu primeiro, sendo
uma merda ou não. Não é que Jenna leu todo o livro, na verdade.
Não ia comprar uma cópia e acrescentar às vendas de Lizzie.
Entretanto, o resumo e a propaganda fizeram Jenna revirar os
olhos diante da trama e os personagens absolutamente ridículos.
Não era surpresa, todas as críticas o colocarem no céu. Eles
nunca chamavam as cenas de sexo de Lizzie de chatas.

Pode ser que fosse mesquinho, mas Jenna estaria


condenada antes de deixar Lizzie saber que encontrou por aí uns
cowboys reais ao vivo acampando do outro lado da cidade e que
ia entrevistá-los para seu próximo livro esta noite mesmo.
Deixaria Lizzie fazer sua própria maldita pesquisa para seu
próximo best-seller. O ângulo de cowboy de rodeio era de Jenna e,
tão egoísta quanto podia ser não dividia. Cada autor estava por si
mesmo e ela precisava de qualquer vantagem que pudesse
conseguir.

— Estamos fazendo planos para o jantar. — Barb vacilou,


mas logo acrescentou com pouco entusiasmo. — É bem-vinda a
se unir a nós se quiser.

— Obrigada, mas vou jantar no restaurante quatro


estrelas no último andar do hotel, com o chefe de redação do meu
editor. Ele me convidou.

65
É claro que Lizzie estava convidada para um jantar
quatro estrelas por seu editor. Vadia.

— Ok, então. Jenna? Você vem? — Barb virou-se e


revirou os olhos sem que Lizzie pudesse ver.

— Hum, não. Não posso. Tenho ah... Um... Uns primos


que moram por perto. Prometi que jantaria com eles.

Barb levantou uma sobrancelha com interesse.

— Primos? Em Tulsa? Homens ou mulheres?

Hmm, esta mentira ia metê-la em problemas. Mas um


olhar para Lizzie, ainda por perto, e Jenna jogou outra mentira.

— As duas coisas. Quero dizer, minha prima e seu


marido... E seus filhos. Já sabe. Uma grande família feliz.

Caralho. Isto se complicava cada vez mais. Logo teria que


começar a tomar notas para se lembrar das suas mentiras.

O rodeio era composto por três competições divididas em


quatro dias. Com sorte, esta noite teria informação suficiente
para terminar o livro e não teria que ver seus primos mais umas
duas vezes durante o resto da conferência. Toda essa maluquice
era suficiente para dar cólicas.

66
Capítulo 5
Avaliando as possibilidades da noite, o olhar de
Mustang varreu as mulheres nas arquibancadas até que
aterrissou em uma mulher que o fez parar imediatamente em sua
leitura.

Ele saltou sobre a porteira e assobiou para Slade,

— Segunda seção, quarta fila de trás, cabelo castanho


avermelhado preso em um rabo-de-cavalo, vestindo preto.

No processo de esticar a corda que se estendia por


debaixo do touro e girar de uma vez ao redor de sua mão
enluvada, Slade franziu a testa para Mustang do lombo do
animal.

— Estou no meio do meu preparo e você está apontando


uma mulher para mim? Com nada menos do que uma gola alta?
Desde quando você se interessa por mulheres cujos peitos não
estão pulando fora das roupas?

— Esta mulher é diferente. Posso dizer. — O touro saltou


uma vez na rampa e Mustang rapidamente se aproximou e
agarrou a parte da frente do colete de Slade, estabilizando no
lombo do animal.

67
— Droga, pare de me distrair. — Slade rosnou.
Recostando-se, ele acenou e o cowboy no chão abriu a porta para
liberar tanto o touro como cavaleiro na arena.

— Eu vou falar mais quando você sair. — Mustang disse


então ele viu o amigo desaparecer em uma nuvem de poeira.

Chase Reese, um dos peões mais jovens, que foi escolhido


como o Novato do Ano até que caiu, saltou sobre a cerca junto a
Mustang.

— Slade é incrível. É como se estivesse preso a esse


touro. Eu gostaria de poder fazer isso. Fiz duas das últimas dez
séries.

— Olha para baixo. — disse Mustang simplesmente,


seguindo o progresso de Slade enquanto o touro girava para a
esquerda sem parar, de um lado ao outro da arena.

À medida que o sinal dos oito segundos soava, Slade


soltou a corda envolta ao redor de sua mão. Saltou do touro,
bateu no chão com os ombros, e logo girou o corpo para evitar um
coice na caixa torácica antes que os toureiros redirecionassem o
animal investindo longe dele.

— Faço o quê? — Perguntou o novato.

Ao ver que seu amigo estava a salvo, Mustang finalmente


olhou para Chase e respondeu a sua pergunta. Merda! Alguma
vez foi tão jovem? O menino provavelmente nem tinha que fazer a
barba uma vez por semana.

68
— Estava olhando para o chão. Se olhar para o chão,
acabará ali. Agora, me desculpe. Tenho que falar com Slade.

Deixando o menino de pé ali com uma expressão


surpreendida em seu rosto, como se tivesse entregado a ele todos
os segredos do universo, Mustang saltou para ir encontrar Slade
atrás do brete.

— Ei, cara. Boa montaria. Esse touro era uma maldita


roleta, não é?

Slade riu e retirou a fita em torno de seu pulso, que


deixava a luva em sua mão amarrada firme no lugar.

— Pior que sim. Não estavam brincando quando disseram


que ele era um bom rondador. Ele sentiu como se estivesse em
um passeio na feira do condado.

— Então temos que formular um plano. — começou


Mustang.

— Para que?

— Para atrair a atenção dessa mulher que te falei.

— Só vai lá e faz o que você está acostumado a fazer.

Mustang negou com a cabeça.

— O papo de sempre não vai funcionar com ela.

Slade suspirou.

— Onde você disse que estava sentada?

69
Ha! Slade cedeu e estava mostrando um pouco de
interesse. Sorrindo, Mustang apertou os olhos e facilmente a
encontrou de novo nos degraus. Ela escrevia febrilmente,
enquanto tentava ver o cavaleiro na arena ao mesmo tempo.
Inclinou a cabeça para a seção diretamente atrás deles.

— Extremo da quarta fila.

— O que ela está fazendo? — Slade franziu o cenho


enquanto a olhava.

— Não tenho nem ideia, mas acredito que está tomando


notas. Vê o que digo? Esta mulher é especial. Não vai
simplesmente cair em nossa cama.

Seu cabelo não era muito comprido, não estava


maquiada como uma show girl e suas roupas mostravam curvas,
mas nem um centímetro de pele. Ela era diferente e foi o que
chamou a atenção de Mustang em primeiro lugar.

Desde que Slade esteve em seu estranho mau humor


ultimamente, Mustang imaginou que tentaria algo diferente.
Diabos, mesmo as duas jovens de dezoito anos que estiveram com
eles demoraram em conseguir fazê-lo perder as estribeiras.
Estava ficando sem ideias, mas esta mulher... Ela era o oposto de
suas conquistas de costume e isso poderia ser exatamente o que
precisavam. Valia a pena uma tentativa para animar Slade. Além
disso, nunca se opôs a provar coisas novas, ia ser bom um pouco
de mudança de si mesmo de vez em quando.

70
— Mustang, ela é provavelmente uma maldita jornalista.
Isso é tudo o que preciso... Ser mencionado em alguma revista.
Posso até ver o título. Slade Bower, o terceiro melhor peão de
touros do ranking mundial, propõe a uma repórter fazer um
ménage com o ex-novato do Ano, Mustang Jackson. Isso iria cair
muito bem com os fãs no Bible Belt. — Slade franziu a testa para
Mustang. — Escolhe outra mulher, homem. Que tal aquela que
está saltando ali? Está a ponto de estalar fora desse Top. É
possível que você queira dar uma olhada nela.

Mustang olhou em sua direção.

— Sim, eu já vi. Fico com a outra.

Rindo, Slade balançou a cabeça.

— Boa sorte, porque já estou até vendo o pau na sua


bunda daqui. Aquela é um enrosco, mas pode ir lá, cara, eu vou
me divertir assistindo ela te dispensar.

Mustang ergueu uma sobrancelha.

— Isso é uma provocação, meu amigo?

Slade soltou uma breve gargalhada.

— Não, é a verdade.

— Bom, acredito que você está errado. Às vezes as mais


caladas são as mais selvagens, uma vez que se consiga deixá-las
nuas.

— E acha que pode conseguir?

71
Mustang assentiu.

— Sim. Acho.

— Bem, eu gostaria de ver isso.

Sorrindo, Mustang deu uma palmada nas costas do seu


amigo.

— Não se preocupe. Você vai estar lá.

Slade negou com a cabeça.

— Talvez, e isso é um grande talvez, você possa ser capaz


de conseguir deixar essa mulher nua, sem estar bêbada, mas não
há uma maldita maneira de que ela esteja de acordo com nós
dois. Nem em um milhão de anos.

Se sentindo presunçoso e sem poder resistir a um


desafio, Mustang disse:

— Já veremos. Está disposto a fazer uma aposta nisso?

Slade cruzou seus braços sobre o peito.

— Sim, vamos ver e sim, estou. O que quer apostar?

Mustang sorriu. Slade estava mostrando mais interesse


em suas atividades do que tinha feito em semanas. Talvez
estivesse realmente aborrecido como disse. Talvez o que ambos
precisavam era uma boa provocação. Sabia em seu interior que
esta mulher proporcionaria pelo menos isso, mas provavelmente
mais, muito mais.

72
Agora, para esta aposta...

— Que tal o perdedor ter que comprar ao ganhador um


novo par de chaparreiras?

Slade sorriu.

— Viria em boa hora. Estou dentro.

Olhando de novo para a arquibancada para procurar o


objeto de sua aposta, Mustang franziu a testa. Pra onde foi?

— Ela sumiu! Merda! Aonde foi... — Mustang virou para


Slade e encontrou adivinhem quem de pé ali.

— Com licença. Eu gostaria de saber se posso fazer a


vocês dois algumas perguntas.

O anjo falou com a voz mais sexy que já ouviu. E sim,


pelo som dela, era proveniente do leste. Só esperava que a outra
parte da teoria de Slade, sobre ser uma jornalista, estivesse
errada.

Viu Slade levantar uma sobrancelha e arrogantemente


virar para ele, esperando com diversão que Mustang respondesse
sua pergunta. O que foi mesmo? OH, sim, queria fazer perguntas.
Interessante.

De repente cara a cara com ela, Mustang tropeçou em


sua língua geralmente leve.

— Hum... Sim... Claro, querida. O que precisa?

Ela estendeu a mão e deu um sorriso.

73
— Ótimo. Deixem eu me apresentar primeiro. Sou Jenna
Block.

Não recordando a última vez que uma mulher deu a mão


para ele antes de foderem, Mustang sorriu. Ele pegou sua mão,
notando como seus olhos cor avelã tinham matizes de ouro e
verde neles.

Ela tinha um bom aperto, forte, também. Gostava disso


em uma mulher.

— É um prazer conhecê-la. Sou Mustang Jackson.

Mustang virou para apresentar Slade, só para descobrir


que o homem se encontrava em meio a uma varredura visual do
corpo completo da Srta. Jenna Block.

Ah, sim, agora quem deles queria deixá-la bêbada e nua


na cama?

Slade estudou Jenna, da ponta de seu rabo de cavalo


moreno até suas botas negras brilhantes, botas de Cowgirl
bicudas, e se aquelas suas botas tinham caminhado por qualquer
lugar, além das calçadas de cimento de uma das ruas da cidade
antes desta noite, Mustang comeria seu chapéu.

Depois da inspeção visual rápida por sua conta, ele


continuou as apresentações.

— Este aqui é Slade Bower.

Jenna virou e estendeu a mão para Slade enquanto ele


murmurava uma saudação assim que arrancava seu olhar do

74
contorno de seu suéter cobrindo os peitos a tempo, antes que ela
o apanhasse com seus olhos onde não deveria.

Mustang sorriu. Sim, Slade já não parecia aborrecido.

— Uau! — Suspirou, sacudindo a cabeça e olhando de


um a outro. Mustang ergueu uma sobrancelha ante isso.

— Uau, o que?

Ela ruborizou belamente.

— Sinto muito, estou parecendo uma tonta. É só que


reconheço seus nomes da televisão. É muita coincidência vê-los
na televisão ontem e agora estar falando com vocês em pessoa.

— Você vê rodeio em touros pela televisão? — Slade soou


surpreso.

— Mmm hmm. Bom, não normalmente, mas fiz


recentemente. É uma longa história. Olhem, estariam dispostos a
deixar que convide vocês para beber alguma coisa e assim
sentamos, conversamos e faço algumas perguntas?

O choque no rosto de Slade à sua proposta para beberem


juntos quase fez Mustang rir em voz alta. Ah, sim, essas novas
chaparreiras eram tão boas quanto as suas e seria a carteira do
amigo que estaria um pouco mais leve depois da compra.

Mustang controlou sua alegria e respondeu pelos dois, se


obrigando a soar casual.

75
— Acho que poderíamos nos sentar com você... Por uns
minutos. — Antes de voltar para o trailer e mostrar para Slade que
não há um pau em sua bunda, entretanto, facilmente poderia
haver algum Mustang aí se você gostar...

Ooh, ele era um cara sujo. Talvez a Srta. Jenna Block


devesse bater nele. Nunca tinha provado isso. Poderia ser
interessante. Manteria isso na memória para mais adiante.

Mustang desfrutou dessa visão enquanto a mulher em


sua mais recente fantasia lhe mostrava seu perfeito sorriso de
novo.

— Ótimo. Há algum lugar por perto para irmos


caminhando? Eu vim de táxi.

— Bem, tem o nosso trailer. Está perto e as bebidas são


por conta da casa. — Mustang ofereceu com um sorriso,
esperando sua reação a isso, sabendo que não havia maneira de
que caísse na deles tão facilmente. Qual seria a diversão se não
havia nem sequer um pouco de desafio?

Ela não demonstrou que estava errado quando levantou


uma sobrancelha arrogantemente.

— Há algum lugar público aonde podemos ir?

Mustang sorriu de seu esquive ao convite enquanto Slade


ofereceu amavelmente.

— Há um belo bar na rua, e podemos caminhar até lá.

76
— Maravilhoso. — olhou ao redor do rapidamente vazio
recinto. — Esta coisa terminou por esta noite ou se trata de um
intervalo?

— Não, terminamos por esta noite. Só temos que guardar


nosso equipamento. — E tomar banho para o caso de que todos
terminem nus. Mustang nunca desejou tanto uma mulher nua. —
Pode nos dar dez minutos e logo nos encontraremos ali na saída?

Ela concordou com a cabeça.

— Claro.

Enquanto ela esperava com segurança atrás deles junto à


entrada, ambos saíram da parte pública da arena, pegando suas
cordas de onde eles tinham deixado sobre a cerca no caminho.

— Ok, admita. Você gosta dela. — Mustang acusou Slade


uma vez que estavam longe.

Slade franziu a testa para ele enquanto caminhavam.

— Não importa de qualquer maneira. Não vamos levá-la


para o trailer porque estou mais convencido do que nunca de que
é uma espécie de repórter vinda do leste. Ela apertou sua mão,
pelo amor de Deus.

Mustang considerou isso, assim como sua estranha


escolha pela gola alta quando o resto das mulheres na multidão
usava camisetas ou mostravam os peitos com decotes baixos. Seu
jeans azul escuro tinha um vinco na perna, como se tivesse
passado a ferro. E então tinha aquelas botas pretas brilhantes

77
usadas pelos moradores da cidade para a moda inútil, a bolsa de
couro preta enorme pendurada no ombro, onde provavelmente
estava o caderno em que escreveu antes, a maneira como se
portava com confiança e elegância...

O fato de que ela parecia saber seus nomes, mas não


sabia nada mais a respeito da montaria em touros confundia um
pouco Mustang. Se for uma verdadeira fã ou uma jornalista
esportiva, saberia que Slade estava em terceiro lugar e teria
tentado falar com os peões de segundo e primeiro lugar que
competiriam nas duas últimas montarias na noite amanhã.

Mustang sacudiu a cabeça.

— Ela é alguma coisa, mas não acredito que seja uma


jornalista.

— Já veremos. — Slade empurrou seu colete e a corda


em sua mochila.

— Sim, veremos. — E em poucos minutos também. Isto


poderia ser o mais divertido que eles tiveram em muito tempo, e
Mustang mal podia esperar.

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79
Capítulo 6
— Nem sei por onde começar. — A bela e sofisticada
morena suspirou e olhou o bloco de papel amarelo cheios de
rabiscos. Slade supôs que eram as notas que tinha rabiscado
durante a competição.

— Parece que o melhor é começar com cerveja e passar


para as coisas difíceis mais tarde. — Mustang sorriu, todo seu
corpo virou para ela, enquanto os três se sentaram em uma
pequena e ligeiramente pegajosa, mesa do bar rapidamente cheio
do outro lado da arena.

Ela riu da fraca brincadeira de Mustang e Slade sacudiu


a cabeça assombrado, como sempre, como Mustang podia
encantar a mulheres de qualquer idade, incluindo,
aparentemente, as mais refinadas jornalistas da cidade.

Inclinando para trás na sua cadeira, Slade ignorou as


olhadas interessadas que, como um improvável trio, foram
recebendo dos outros peões de touro que estavam entrando
lentamente no bar. Ao invés disso, ele viu a mulher misteriosa,
ainda sorrindo, revirando os olhos alegremente para Mustang.

— Quero dizer que não sei por onde começar com minhas
perguntas, mas sim, vamos pedir uma cerveja, se isso estiver ok
para vocês. — Olhou do Mustang para Slade.

80
— Bebe cerveja? — Slade levantou uma sobrancelha.

— Sim. Por quê? — a desafiou levantando sua


sobrancelha.

Slade não escondeu seu olhar vagando sobre ela.

— Porque você parece ser mais do tipo Chardonnay7.

Ela franziu os lábios ante o insulto escondido.

— Na verdade, quando bebo vinho, prefiro um bom


Merlot8.

Sob a luz do sinal de néon da propaganda de cerveja,


Mustang chamou à garçonete e pediu por uma jarra antes de
olhar para Slade.

— Em todos os anos que te conheço, não acredito que


tenha uma só vez em que te ouvi dizer a palavra Chardonnay.

Slade franziu a testa para seu amigo.

— Ouça, sei das coisas. Só porque não escolho


compartilhar com você... O que você está escrevendo?

Slade virou para a maldita mulher, que virou uma página


em branco de sua caderneta e estava rabiscando furiosamente
enquanto ele e Mustang brigavam.

Ela parou e o olhou.

7
Vinho branco de qualidade. Chardonnay é uma uva da família da Vitis vinifera, a partir da qual é fabricado
vinho branco de qualidade. Também é conhecida como aubaine, beaunois, melon blanc e pinot chardonnay.
8
Vinho tinto. Merlot é uma casta de uva tinta, fruto da Vitis vinifera. É uma das responsáveis pelas
características dos vinhos tintos de Saint Émillion, na região de Bordeaux, na França.

81
— Um, estou tomando notas.

— Da nossa conversa? — balbuciou Slade.

Colocou a caneta sobre a página, e assentiu.

— Sim, este é um diálogo muito bom.

A boca de Slade se torceu em uma careta.

— Não é um diálogo. São dois amigos conversando


tomando uns goles depois de um rodeio.

E ele não tinha certeza se a queria escrevendo tudo.

— Bom, será um diálogo uma vez que eu o escreva.

Slade se inclinou para frente de sua cadeira, no outro


lado da mesa e mais perto da mulher e suas notas infernais.

— Sobre isso. Antes de irmos mais longe, acho que temos


que saber exatamente o que é e, o que está fazendo aqui.

— Sou Jenna Block e sou escritora...

— Uma escritora. — Slade disparou para Mustang um


olhar de — eu avisei —.

Concordou.

— Sim. Escrevo livros de romance.

Com um enorme sorriso, Mustang voltou para Slade o


olhar de — eu que avisei — antes de voltar para ela.

— Livros de romance. Sério? Agora, isso soa interessante.

82
Jenna Block, escritora de livros de romance, encolheu os
ombros.

— Pode ser, mas a pesquisa, neste caso, está me


matando. Estou escrevendo sobre um cowboy e decidi fazê-lo
montar touros em um rodeio.

— Bom isso explica as notas. — Mustang olhou


fixamente para Slade. — Meu amigo desconfiado aqui pensou por
um minuto que você poderia ser uma jornalista escrevendo uma
matéria sobre os dois cavaleiros de touros mais sexys no circuito.

Ela riu.

— Se eu fosse então provavelmente saberia sobre o que


estava escrevendo. Tal e como é, estou totalmente perdida e tenho
medo que se não for precisa com os fatos, os editores me matem.

O sorriso ímã de garotas patenteado por Mustang


apareceu de novo.

— Bom então, é algo bom que tenha encontrado nós dois,


porque não vai achar outros cowboys com mais conhecimentos
em qualquer lugar quando se trata de touros.

Ou merda de touro. Sem que Jenna notasse, por que além


de toda razão parecia completamente cativada pelo encanto de
Mustang, Slade revirou os olhos.

Jenna. Pelo menos a mulher não tinha um nome que


terminasse em — e — ou — i — soando como se pertencesse a
uma stripper. Slade poderia, inclusive, ter a oportunidade de

83
lembrar-se dele pelo resto da noite. Pelo menos lembrava agora
enquanto estava aqui falando com ela. Isso era mais do que podia
dizer da última meia dúzia de garotas com as quais tinha feito
sexo.

A linha de pensamento de Slade a respeito dos nomes


femininos foi interrompida quando Jenna surpreendeu ambos ao
perguntar, sem mais nem menos:

— O que aconteceu com Ballbreaker?

Mustang quase engasgou diante da pergunta de Jenna.

— Desculpa?

— Você estava tendo problemas para se manter sobre o


Ballbreaker na cidade de Kansas. Os locutores disseram que
estava. — Jenna arrastou uma página impressa em papel branco
e leu. — Que não foi montado depois de dezesseis vezes. O que
aconteceu? Você o montou?

Slade desfrutou de poder dar a ela a resposta no lugar do


Mustang para essa pergunta.

— Não. Mustang bateu na terra em dois segundos.


Ballbreaker ainda não foi montado depois de dezessete vezes
agora.

— Ei! Ele estava amontoado atrás na abertura. Nunca


cheguei a sentar direito

— É, é! Que seja. — Slade sorriu.

84
Mustang franziu a testa.

Enquanto isso, Jenna escreveu furiosamente e logo olhou


para os dois.

— Muito obrigada por terem aceitado me ajudar. Quero


dizer, escuto os locutores que falam de “o empate” e logo “o
projeto” e “longe de suas mãos”—. Ela vacilou. — E tenho outras
perguntas... Mais pessoais também.

Intrigado, Slade não pôde se conter.

— Que tipo de perguntas pessoais?

Sob o azul néon, enquanto a garçonete colocou a jarra e


três copos plásticos, Slade poderia ter jurado que Jenna
ruborizou por causa da sua pergunta.

— Tipo, hum. Vejo alguns caras que usam chapéus e


outros não e que todos parecem usar esses coletes protetores
grossos e duros, mas também usam, hum, conchas? — Ela
sussurrou a última palavra.

Do outro lado da mesa Mustang se engasgou de novo


com a cerveja enquanto Jenna fazia essa pergunta. Pensaria que
o homem ia aprender a não beber enquanto esta surpreendente
mulher os questionava.

Slade sorriu com quão envergonhada ela ficou. Sabendo


exatamente o que queria dizer, se fez de bobo e perguntou.

— Conchas? O que quer dizer?

85
Com o rosto vermelho e brilhando pronta para se
esconder debaixo da mesa, Jenna murmurou.

— Você sabe tipo um suporte atlético?

Mustang, finalmente recuperado de sua tosse, negou com


a cabeça.

— Não, senhora. Não usamos conchas.

Tomando um gole de sua cerveja, Slade desfrutou ver os


olhos arregalados de Jenna à resposta de Mustang.

— Vocês não usam? Mas há uma abundância de...


Rebote, e... Quero dizer, parece realmente perigoso. E se o touro
pisar, você sabe lá em baixo.

— Em primeiro lugar, nenhuma conchinha plástica vai


ajudar em qualquer caso se um touro de 500 kg te pisa. Além
disso, estive viajando durante seis anos e montei um montão de
vezes em muitos lugares e todas minhas partes ainda estão em
perfeito estado de funcionamento. Quer ver?

Mustang alcançou a muito gasta fivela de novato do ano


em seu cinturão, zombando dela.

— Tudo bem. Talvez mais tarde. — Ela arqueou uma


sobrancelha, se recuperando de seu súbito e temporário
acanhamento para derrubar Mustang, o que Slade gostou muito.

Deixando seu cinturão, Mustang elevou seu copo de


plástico a ela em um brinde.

86
— Ok, mais tarde, então. É um encontro. Ah, e no caso
de estar se perguntando, Slade aqui faz parte de todo o trabalho
também. Na maior parte do tempo, de qualquer forma.

Slade franziu a testa e apertou os olhos para seu suposto


amigo por esse comentário.

Evitando contato visual com Slade, algo pelo qual ele


estava agradecido no momento, Jenna assentiu para Mustang.

— É bom saber, obrigada.

Estava ruborizada de novo?

— Você é um idiota. — murmurou Slade, antes de se dar


conta de que estava escrevendo de novo. Ele a apontou.

— Olha! Agora ela está escrevendo toda essa merda. —


Jenna voltou sua atenção para Mustang.

— Mustang. Falando nisso, como conseguiu esse nome?

Agarrando a oportunidade de se vingar, Slade respondeu


rapidamente.

— Isso é simples. É porque ele é bem dotado, igual a um


cavalo.

— Sim, claro. Muito engraçado. — Jenna franziu a testa


para Slade e logo virou para Mustang. — Vamos lá, é sério, como
conseguiu o apelido? É dono de um Ford Mustang ou algo assim?

— Não. — Mustang sorriu amplamente.

87
— Seu primeiro cavalo foi um Mustang?

Sem deixar de sorrir ainda mais, ele negou com a cabeça


para ela uma vez mais.

— Não.

— É realmente chamado assim pelo tamanho do seu... —


seus olhos baixaram entre as pernas de Mustang antes de ela
erguê-los depressa.

Slade riu dela.

— Bem, não é que sua mãe o olhou nu no hospital e


escolheu o nome assim que ele nasceu. Seu nome de batismo é
Michael Jackson, mas quem quer ser um cowboy com o mesmo
nome que o estranho cantor pop?

— Slade! Caralho! Muito obrigado. — Mustang franziu a


testa por cima da borda de seu copo de cerveja.

— O que? Tudo bem para você eu dizer o tamanho do seu


pau, mas não que seu nome real é Michael Jackson?

Mustang franziu a testa.

— É isso aí.

Slade revirou os olhos e voltou para Jenna, que ainda


estava tendo problemas para encontrar um lugar seguro onde
olhar quando ele fez contato visual com ela.

— Enfim, uma vez Mustang aqui, tentou ser chamado por


Michael Jackson, mas aí, ficamos sabendo que todos no ensino

88
médio costumavam chamá-lo de Mustang porque uma das
garotas fez um comentário sobre quão grande ele era e o nome
pegou.

Slade notou o rubor nas bochechas de Jenna outra vez


enquanto ela o escutava antes de recuperar a compostura.

— Está bem, obrigada.

Mustang, aparentemente superando a raiva que Slade


tinha provocado ao revelar seu nome real, virou-se para Jenna.

— Ficaria encantado em te mostrar isso se quiser. Para


sua pesquisa.

— Obrigada. Vou lembrar-me disso. — Ruborizada,


Jenna ficou olhando fixamente sua caderneta, folheando as
páginas rabiscadas de novo.

Slade tomou um gole de cerveja e esperou que ela


encontrasse o quer que fosse que estava procurando enquanto
desfrutava a olhando nervosa.

— Minha cabeça está dando voltas. Não tenho muito


tempo aqui em Tulsa, mas há tantas coisas que vocês dois podem
me dar.

Mustang negou com a cabeça e começou a rir.

— Ah, querida. Você não tem nem ideia.

Deu-lhe um olhar indulgente.

— Estava me referindo ao livro.

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— Claro. Isso também. — Mustang sorriu encantador,
empurrando sua cerveja intacta para ela não tão sutilmente.

— O que você tem até agora para este teu livro? Talvez
devêssemos dar uma olhada — Ofereceu Slade, ansioso por uma
conversa além do pau de Mustang.

Jenna o encarou surpresa por sua sugestão. Orra, ele se


surpreendeu pra caralho por estar realmente interessado em
ambos, a mulher e seu livro.

Slade se deu conta de que isto provavelmente era a


conversa mais longa que teve com uma mulher em anos.

Geralmente ele pulava a parte de falar e ia direto para


beber e foder, às vezes pulava até a parte de beber por completo,
dependendo do quão disposta estava a mulher.

Jenna colocou a mão em sua bolsa.

— Eu imprimi o que escrevi até agora. Sei que é pedir


muito, mas poderiam dar uma olhada, só às coisas sobre montar
touros e talvez algumas outras coisas tipo o estilo de roupa
Cowboy e me dizer se está certo?

Slade olhou a grosa pilha de páginas impressas,


lamentando o que tinha pedido, quando Mustang disse:

— Claro que vamos ler. Vamos os três para o trailer. A


luz lá é melhor e então podemos ficar mais confortáveis enquanto
lemos.

90
Ela apertou os lábios e negou com uma excelente
imitação de uma professora de escola.

— Acho que não. Além disso, não espero que leiam tudo
agora. Posso deixar com vocês e voltar amanhã à noite. Talvez
possamos falar de novo logo depois que o espetáculo acabar?

O espetáculo. Slade sufocou um xingamento.

— Não é um espetáculo. Na verdade, não é um rodeio


também. Você segue dizendo isso, mas há uma grande diferença.
Isto aqui é uma competição profissional de montaria em touros.
Mais importante ainda, é o campeonato.

— Campeonato de montaria em touros. Ok, entendi. —


Assentiu com a cabeça, escrevendo tudo.

Slade suspirou por sua constante anotação. A mulher era


como uma maldita esponja.

Enquanto isso, Mustang recostou na cadeira


aproveitando a luz do anúncio de cerveja iluminando o papel
impresso que ela tinha colocado sobre a mesa, e começou a olhar.
De repente, começou a rir.

— Buck Wild? É sério que deu esse nome para seu


cowboy de touros, Buck Wild?

Apertou os olhos para Mustang.

— Sim. O que foi? É um livro romântico. Deve ser


divertido. Além disso, um homem chamado Mustang

91
provavelmente não deveria estar reclamando sobre o nome do
meu cowboy.

Mustang riu.

— Está bem, vou te dar esse ponto, mas não pode brigar
comigo por isso. O touro não está em um recinto. É um brete.
Ninguém, exceto, talvez, as pessoas da cidade, chama de recinto.

Rabiscando com fúria, ela escreveu isso.

— Tudo bem. Obrigada. Viu? Este é exatamente o tipo


de coisas que preciso de vocês. Isso é perfeito. Podem fazer
comentários nas margens quando encontrarem enganos como
esse?

Sem lembrar a última vez que escreveu alguma coisa,


além de assinar cheques de pagamento em branco ou autógrafo
nas arquibancadas, Slade tinha que pensar se pelo menos tinha
um lápis ou uma caneta no trailer. Achava que não. Eles tinham
que pegar uma do bar.

Enquanto Slade meditava sobre sua falta de canetas e


lápis, percebeu que Mustang se manteve bastante silencioso,
absorto nas páginas. De repente, as sobrancelhas de Mustang
dispararam até a linha de seu cabelo.

— Você está pulando direto para as cenas de sexo, não é?


— acusou Jenna, obviamente notando a reação de Mustang
também.

92
Cenas de sexo? Os ouvidos de Slade se animaram com
isso. Humm. Talvez ele não achasse mais tão ruim se oferecer
para ler isto.

Jenna tentou pegar os papéis, mas Mustang foi mais


rápido e lançou por sobre sua cabeça e fora do alcance dela.

— Você não fara isso, querida. Esta é a parte


interessante. Não é realista, mas é interessante de qualquer jeito.

Os olhos de Jenna se arregalaram.

— O que quer dizer com “não é realista”?

Slade se perguntou o mesmo, morrendo para conseguir


pegar essas páginas.

Mustang revirou os olhos, referindo-se aos papéis


novamente.

— Vamos lá. As mulheres não gozam tão rápido ou fácil.


Confie em mim, eu sei. Ele quase não toca nela e é tudo “ooh,
ahh, estou gozando”. Dá um tempo.

Gozando? Que tipo de livros esta mulher escreve? Slade


teve que apertar o punho para não puxar os papéis de Mustang.

Jenna, a autora aparentemente travessa, franziu a testa.

— Se supõe que romance é fantasia.

Mustang soprou.

93
— Oh, é fantasia, concordo. E as partes do cara... — ele
negou, rindo.

Jenna cruzou de braços, com os olhos apertados para


Mustang.

— O que, exatamente, está errado com as partes do cara?

Mustang acenou as páginas para ela.

— Os homens não pensam assim e definitivamente não


agem ou falam como este, principalmente quando estão fodendo...
Uh, quero dizer, fazendo amor como você diz.

Slade estava a segundos de arrancar aquelas páginas das


mãos de Mustang para ver do que diabos ele estava falando.

— Oh é sério? Então me diga Mustang, já que é tão


inteligente quando se trata de homens e mulheres. O que você
faria diferente?

Mustang inclinou para frente em sua cadeira, as páginas


abandonadas em cima da mesa, mas Slade estava muito
intrigado com a ação ao vivo agora para se preocupar muito com
coisas escritas.

Seu rosto perto de Jenna, Mustang manteve sua voz tão


baixa que Slade teve de se inclinar para ouvir o que ele disse.

— Você quer saber o que faz uma mulher, senhorita


Block? Qual é o caminho mais rápido para um homem conseguir
calcinhas quentes e molhadas?

94
Os olhos de Jenna se estreitaram, mas não antes de
Slade reparar seu olhar um pouco surpreso com o comentário
sobre calcinha.

— Diga você, já que você é um perito.

— É isso. — Mustang se aproximou e bateu ligeiramente


em sua cabeça. — A zona erógena da mulher está bem aí, em sua
cabeça. Você escreve a respeito de tocar isto ou beijar, mas as
preliminares começam na cabeça de uma mulher. Se um homem
pode entrar aí, então todo o resto é uma formalidade. Escreva
sobre isso, o que há dentro e não se preocupe tanto com quem
está colocando o que e onde.

Mustang traçou um caminho com os dedos lentamente


para o lado de seu rosto e seus lábios antes de quebrar o contato
e inclinar para trás na cadeira novamente. Slade viu Jenna
curvar e seguir Mustang como uma bússola, antes de limpar a
garganta e se endireitar na cadeira.

O homem era um mestre na arte de seduzir e pela


primeira vez desde que estavam saindo juntos, Slade sentiu
ciúme. Apesar de saber que sempre estaria convidado para a
ação. Desta vez, com esta mulher, Slade desejou ser quem
seduzia ao invés de Mustang.

Slade viu a garganta dela trabalhando enquanto engolia


antes de dizer:

— É tarde. Melhor chamar um táxi.

95
Mustang negou, capturando e sustentando seu olhar.

— Não é tão tarde, querida.

Jenna sacudiu sua cabeça com nervosismo.

— Tenho uma conferência no hotel que começa às nove


da manhã.

Mustang inclinou perto de novo.

— Slade e eu podemos te levar de volta ao seu hotel com


bastante tempo para sua conferência de manhã. Prometo.

Ela negou com a cabeça.

— Não posso.

O rosto de Mustang se iluminou com um sorriso.

— Mas quer.

Isso soava mais como uma declaração de um fato que


uma pergunta para Slade. Era certo que parecia que Jenna
queria.

Calou-se sem admitir nada.

— Não posso. — repetiu.

A mão de Mustang cobriu a dela.

— Me dê uma razão.

De alguma forma a conversa mudou da pesquisa para o


livro para o assunto dos três ficarem na cama, ou não, em um

96
piscar de olhos, Slade nem sequer se deu conta de que isso
acontecia. De alguma forma Jenna e Mustang estavam
negociando sexo. Como isso aconteceu?

Jenna respirou fundo.

— Não vou passar a noite com vocês dois porque não sou
uma de suas tietes tolas, desculpa tietes montadoras de touros.

— As tietes geralmente não montam os touros e são


conhecidas como coelhinhas de fivelas. Pode ser que você queira
escrever isso para seu livro. — Mustang bateu na mesa perto de
seu caderno enquanto sorria pela sua piada fraca, antes de ficar
sério outra vez. — Eu sabia que não era nenhuma tola no
momento em que te vi nos degraus em seu pequeno suéter negro,
anotando durante uma montaria.

— Você me notou?

— Oh, sim. Slade quase foi jogado para fora do brete


porque eu estava tentando te indicar enquanto ele colocava seu
colete.

Dizer a verdade para conseguir a uma garota na cama,


essa era uma nova estratégia para Mustang e para assombro de
Slade, estava funcionando.

Jenna olhou para Slade e ele teve que rir enquanto


confirmava a declaração de Mustang.

— É verdade. — Enquanto ela digeria isso, Mustang ficou


de pé.

97
— Pegue suas coisas, querida. Slade pedirá a conta e
vamos levar você de volta ao seu hotel.

— Não. Disse que eu pagaria. E posso pegar um táxi. —


Jenna mexeu em sua grande bolsa, em busca de algo,
provavelmente sua carteira.

— Não. As damas não pagam. Além disso, Slade ocupa o


terceiro lugar no mundo. Ele pode se dar ao luxo de comprar uma
jarra de cerveja de cinco dólares. E não há nem um jeito de que te
deixe sozinha em um táxi tão tarde quando Slade tem um bom
carro perfeitamente parado no estacionamento que ele nunca
dirige, porque sempre está sendo rebocado atrás do meu trailer
quando viajamos juntos.

Jenna olhou para Slade, e depois voltou a estudar


Mustang por um momento antes de finalmente concordar.

— Está bem, agradeceria uma carona até o hotel.


Obrigada.

Mustang sorriu para Slade.

— Vamos. Vou com você até o bar para pagar a conta.

— Sim, obrigado — Slade murmurou, não é que se


preocupasse com pagar pela jarra. O que incomodava ele era que
Mustang não só fez progressos, o que por alguma razão isso o
deixou ciumento, mas agora Mustang de repente foi recuando e
recuando até fechar o acordo quando ele esteve tão perto.

98
Mustang nunca cedia até conseguir a garota, mas esta noite, isso
era exatamente o ele que parecia estar fazendo.

Quando eles chegaram ao balcão, Slade virou para


Mustang.

— O que estava pensando? Nunca vi você ceder sobre


uma mulher tão facilmente. Como é que não está pedindo para
ela uma bebida com sabor de frutas e a embebedando para
depois levar de volta ao trailer?

— Porque esta é especial. Temos que arranjar uma


maneira diferente para convencê-la.

Sim, era especial e diferente e é exatamente por isso que


Slade não queria correr o risco de deixá-la escapar.

— É sério? Você acredita que temos a chance de vê-la


novamente se a deixarmos ir agora?

— É a nossa única chance. Estou dizendo, ela não vai ao


trailer esta noite e se pressionarmos muito, te garanto que nunca
mais vamos vê-la. Ficará assustada e se esconderá de nós até que
esteja longe de Tulsa.

Mustang enganchou o salto da bota no trilho de latão do


bar e se inclinou, baixando a voz.

— Ela está interessada agora. Esperaremos até amanhã,


deixe a ideia tomar forma, e será toda nossa pelo tempo que
estiver aqui na cidade.

99
Slade considerou isso, lembrando com inveja a expressão
no rosto dela quando Mustang a tinha tocado.

— Sim, talvez. Mas não está interessada em nós dois.

Mustang sorriu.

— Oh, sim está. Em ambos.

— Você está tendo toda a conversa e ela quase nem me


olhou.

— Essa é a coisa. Evita muito olhar para você e cada vez


que olha, fica vermelha. Você não percebeu? Você a deixa
nervosa. — Mustang riu disso.

Nervosa. Ótimo.

— Isso é bom?

— Com as mulheres, é. E posso dizer que não vi você tão


interessado por uma mulher em meses, talvez anos.

— Eu não... — Mustang levantou uma sobrancelha com


ceticismo e Slade parou, na metade da negação. — Tudo bem,
estou interessado. Admito.

A única vez em que Slade se importou se conseguiam a


garota ou não, eles estavam de boa vontade a levando para sua
casa antes que algo acontecesse.

— Tem certeza que quer levar ela de volta ao hotel agora?

Mustang assentiu.

100
— Positivo.

— Acredita que poderia nos convidar para o seu quarto?


— Esperança eterna surgiu dentro do cowboy excitado.

— Se o fizer, vamos dizer não. — Ordenou Mustang.

— Dizer não? O que? Está louco? Por quê?

— Olha. Temos o seu livro. — Mustang mostrou o


punhado de páginas que tinha pego da mesa. — precisa da gente
antes de terminar isto. Mais importante ainda, ela sabe muito
bem que não pode fazer sem a gente. Não vai a parte nenhuma.
Acredite em mim, amanhã à noite estará lá na arena de novo com
a gente pedindo para darmos um pouco mais do nosso valioso
tempo.

— Quer dizer que agora estamos jogando duro para


consegui-la?

— Sim. — Sorriu Mustang.

— Melhor que este plano funcione. — Slade ajustou seus


jeans ligeiramente, dando conta que tinha começado a endurecer
só de pensar em Jenna pedindo a eles por algo.

Mustang deu uma palmada nas costas.

— É bom te ter de volta na ação, meu amigo.

Slade revirou os olhos.

— É só não foda com tudo. De acordo?

101
— Não vou. Não se preocupe. A quero tanto quanto você.
— Mustang suspirou e olhou para a mesa. — Maldita seja, ela é
sexy, e essas novas chaparreiras que vai me comprar serão uma
vantagem também.

Slade seguiu o olhar de seu amigo para onde Jenna


estava sentada sozinha, esperando por eles e desfrutando da
multidão com o que suspeitavam, era sua curiosidade habitual.
Ambos ficaram ali como idiotas olhando à mulher que nenhum
deles teria essa noite até que Mustang finalmente suspirou
ruidosamente.

— Orra. Vamos antes que eu mude de ideia e peça essa


bebida de frutas. E preciso de um banho longo e frio quando
voltarmos. — Mustang se acomodou dentro de seus Jeans,
sacudindo a cabeça. — Faz muito tempo desde que, de boa
vontade, tive que me aliviar por minha conta depois de uma
competição.

Estes eram exatamente os pensamentos de Slade,


entretanto não podia dizer que estava decepcionado por usar sua
mão direita esta noite no lugar foder uma garota sem nome nem
cérebro. Uma vez que tinha fixado seu olhar na puro sangue
ganhadora do prêmio, não o faria mais com qualquer égua.

Slade empurrou cinco dólares para a garçonete para


cobrir a jarra e sua gorjeta.

— Vou buscar o carro. Mantenha os dois cowboys que


estão olhando para Jenna longe e não faça nada estúpido para

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espantá-la antes que eu volte. — Mustang abriu um grande
sorriso, Slade teve que parar a meio passo para a porta.

— Do que você está rindo?

— Você sabe o nome dela.

Sim, Slade tinha notado isso, mas estava tentando não


pensar muito nela. Negou com a cabeça e não disse nada.

— Vejo você lá fora com o carro.

Capítulo 7
— Feliz aniversário! — a voz alegre e emocionada de
Astrid chegou pelo celular, forte e clara.

— Obrigada, Astrid. — Jenna reprimiu um grunhido.


Entre uma agenda cheia de conferências e esses dois cowboys
tentadores que ela parecia não poder tirar de sua cabeça,
conseguiu esquecer seu aniversário número trinta e cinco. Até
agora.

— O que você vai fazer para comemorar? Oh, e antes que


eu esqueça, já foi ao rodeio?

Jenna riu.

103
— A resposta a essas duas perguntas estão em uma só.
Estive ontem à noite e voltarei esta noite, mas não é um rodeio. É
uma competição de montaria em touros.

— Qual é a diferença?

— Não tenho muita certeza, mas parece significar algo


para os dois montadores com quem estive ontem à noite. Os
mesmos com quem estarei hoje para discutir minha pesquisa
para o livro.

— Vai sair para beber com dois cowboys sexys?

— Para discutir meu livro. — Jenna lembrou Astrid,


tentando convencer a si mesma disso, assim como fez toda a
noite e metade da manhã, enquanto sua mente seguia voltando
para os dois.

— Estou com tanta inveja. Sabia que devia ter ido com
você. — quase podia escutar o aborrecimento de Astrid pelo
telefone.

— Eu disse que você podia vir comigo. Tenho um quarto


todo para mim. — Com uma cama extragrande que
provavelmente acomodaria a Jenna e os dois cowboys. Ela tirou o
olhar do colchão caro e se sacudiu com a visão.

— Você sabe que não podia pegar uma semana de folga


do trabalho. Mas, seria perfeito. Um cowboy sexy para você e um
para mim. Estou brava. Quando vai para o rodeio?

104
Sabendo que não seria de utilidade, Jenna não se
incomodou em corrigir Astrid sobre a terminologia de
rodeio/montaria em touros, de novo.

— Agora. Acabo de chamar o táxi estou indo para o


elevador em um minuto para esperar no saguão.

Ela escutou Astrid dar um suspiro de aborrecimento.

— Quero que me ligue amanhã para me contar tudo.


Promete?

— Prometo. — Jenna desligou e considerou a conversa


por um momento.

Se Astrid estivesse ali, qual homem Jenna estaria


disposta a ceder a ela? O gracioso e lindo com cabelo cor areia
Mustang com essa personalidade maior que a vida, esses
sonhadores olhos azuis e o supostamente maior... sentiu seu
rosto esquentar só de pensar em como ele chegou nela usando
apenas um dedo e umas poucas palavras. Seu coração pulou um
batimento ao pensar em que mais poderia fazer com o dedo, isso
sem mencionar o super e enorme pau dele.

E depois tinha Slade, tão sexy, moreno e misterioso,


escondido atrás de uma parede deixando que seu amigo
dominasse toda a conversa, sempre mantendo a distância. Ele a
fazia querer remover suas muitas camadas, assim como queria
remover a sua roupa, certa de que o que estava por debaixo, em
ambos os casos, merecia o esforço. A forma com que ele a fazia

105
ruborizar e enviava um calafrio por suas costas quando o via era
uma indicação.

Jenna facilmente se imaginou rompendo as paredes de


Slade e ele finalmente se entregando enquanto tropeçavam juntos
para a cama. Mas também podia imaginar Mustang sobre ela
enquanto a olhava nos olhos e se perderia em seu eterno sorriso.

Seria uma decisão impossível, mas julgando pela forma


que Mustang seguia convidando para o trailer dos dois para que
os três pudessem ficar confortáveis, obviamente não precisaria
escolher se não quisesse.

Enquanto descansava na cama na noite anterior, quente


e aborrecida e imaginando os dois cowboys, havia muitos
cenários passando por sua cabeça onde não escolhia. Seu sonho
foi ruim, mas suas fantasias foram bastante boas.

As mulheres normais, que vivem nos chatos subúrbios


não tem um ménage à troi com cowboys que nunca voltariam a
ver. Não era assim?

Por outro lado, tinha trinta e cinco anos, estava solteira e


era muito capaz de tomar suas próprias decisões. Tentou ignorar,
não pela primeira vez esse dia, a umidade encharcando sua
calcinha. Ela olhou seu reflexo ruborizado no espelho de corpo
inteiro do quarto, analisou de novo por que deixou o cabelo solto.
Queria parecer mais atraente para os dois cowboys que
aparentemente só a ajudariam com os fatos sobre montaria em
touros. Mal sabiam eles que inspirariam fantasias sexuais. Jenna

106
estudou seu reflexo com atenção. Escolheu um vestido preto até o
joelho que ficou muito bom quando provou com as pernas nuas e
suas botas pretas de vaqueiro.

Qual o problema se fizesse sexo com ambos? A quem


faria mal? Enquanto Jenna pegava sua bolsa com suas anotações
e carteira, soube a resposta a essa pergunta. Poderia sair ferida,
ela era o quem. Mas, o seu corpo, que começou a se excitar só em
pensar em ver os dois de novo, não parecia se importar com isso.

Na arena, Jenna se aproximou do guichê com a carteira


na mão. Não tinha muita fila porque aparentemente todos os
outros compraram a entrada adiantada.

— Uma entrada, por favor.

A jovem atrás do vidro a olhou de perto.

— Escuta, por acaso seu nome não é Jenna Block, ou é?


— Desconcertada, Jenna assentiu.

— Sim, sou.

A garota empurrou um por baixo do vidro.

— A entrada foi deixada para você.

— Humm. Ok. Obrigada.

107
As coisas ficaram mais estranhas quando mostrou o
bilhete ao cara na porta. Se sua sobrancelha levantada e a
expressão divertida que ele a observou dos pés à cabeça não a
alertava de que algo estava errado, o fato de que o homem a levou
direto à fila da frente diretamente atrás das portas o fez.

Sentou e olhou ao seu redor. De onde estava poderia


contar os cabelos nas costas dos touros.

— Ei. — ouviu.

Jenna estreitou os olhos para Mustang enquanto subia


no parapeito para ficar ao seu nível.

— Você me deixou esse bilhete, não?

— Claro que sim. Excelente lugar, huh?

— Sim, mas acho que esta é a seção para a tola fanática


por montaria em touros.

— Shh. Fale baixo. A mulher a dois assentos é a esposa


do melhor montador do mundo. Acho que é brasileira e não sabe
falar inglês então acredito que de qualquer forma não te
entendeu.

Jenna cruzou seus braços.

— E a garota da blusa apertada do seu lado?

Mustang sorriu.

— Muito bem, pode ser um pouco tola, mas é a


namorada de um dos novatos. Ele é jovem e não conhece nada

108
melhor. Aprenderá que não tem que se apaixonar por cada
mulher que fo... Uhm, com quem dorme. E pare de franzir a testa.
Acreditei que você gostaria de estar perto para poder tomar notas.

— Não se todos vão pensar que estou dormindo com


você. — Sibilou Jenna.

Ela notou que Mustang não podia controlar seu sorriso


com sua mera menção de dormir com ele.

— Ah, então esse é o problema. Possivelmente isto ajude.


Nunca em minha vida como montador deixei um bilhete VIP para
uma mulher com quem fiz sexo. Isso te faz sentir melhor?

— Tristemente sim. — riu de si mesma. — Sinto muito.


Estou sendo ridícula. Foi incrivelmente lindo e doce de sua parte
pensar em mim.

Mustang torceu seu chapéu encantadoramente com uma


mão.

— Uau, obrigado, madame. De verdade eu tento.

— Mas como souberam que era eu quando cheguei ao


guichê?

— Simples. Disse à garota da bilheteria que procurasse


uma linda morena da cidade vestida de preto. — Os olhos de
Mustang caíram para olhar o vestido preto. — Que parecesse
como se nunca tivesse ido uma montaria em touros. Você está
incrível esta noite, a propósito.

109
Um leve estremecimento tomou conta de Jenna. Sentiu
suas bochechas esquentarem com o elogio.

— Obrigada. Então, uhm, onde está Slade?

— Lá atrás preparando sua corda. — Diante do olhar


confuso de Jenna, Mustang riu. — Falaremos sobre as cordas e
todo o equipamento para seu livro logo. Tudo bem?

Ela assentiu, aliviada. Eles realmente iriam ajudar. Teve


medo que eles só tentassem paquerar e levá-la para a cama.

— Talvez inclusive te deixe tocar o meu, se for boazinha.


— Mustang lhe deu uma piscada.

Sentindo-se valente, Jenna disse:

— Bem, é uma pesquisa.

Mustang começou a rir pela sua resposta. Seus olhos a


percorreram de novo antes de sacudir a cabeça.

— Ah, Cara. Jenna, querida, é melhor eu ir e me


inscrever antes que eu fique num estado que não possa montar.

Jenna sorriu. Ele estava a ponto de saltar quando o


parou.

— Mustang.

Ele fez uma pausa, suspenso sobre o corrimão.

— Sim, querida?

— É má sorte te desejar boa sorte? — Ele sorriu.

110
— Claro que não, mas um grande beijo é de melhor sorte.

Com olhar sobre as esposas e namoradas em torno dela,


para não mencionar as câmeras e milhares de espectadores,
decidiu que ela não poderia fazer tanto quanto queria. Ao invés
disso, revirou os olhos para ele.

— Boa sorte, Mustang.

Jenna o escutou rir enquanto suas botas batiam no chão


e se afastava. Observando seu bem formado traseiro coberto com
tecido emoldurado por chaparreiras9 até que saiu de vista, ela
suspirou, sabia que não tinha jeito. Seria uma boba fanática até o
final da noite. Com um olhar para o lado à garota da blusa
apertada, decidiu que, apesar do que faziam as fanáticas, pelo
menos estava bem vestida.

111
Capítulo 8
— Estou aqui com Slade Bower, atualmente terceiro a
nível mundial e segundo em pontos neste campeonato, no
segundo dia de competição em Tulsa, Oklahoma. Slade, qual é
sua estratégia para esta noite? Vai entrar na noite com o objetivo
de alcançar os caras que estão na sua frente?

Neste ponto de sua carreira Slade podia responder essas


perguntas até dormindo. Parou ao lado da repórter, assim, o
câmera-man podia ter os dois na mesma imagem.

— Não, não penso nos outros caras. Quando deixo o


brete, a competição é entre o touro e eu. Só vou com um touro de
cada vez.

— Ouviram amigos. Um touro de cada vez. Bem, com


certeza isso parece estar funcionando para você. Boa sorte esta
noite, Slade.

Inclinou seu chapéu.

— Obrigado, Madame.

Depois de terminar sua entrevista com a repórter, Slade


foi se preparar atrás das aberturas da saída... E então a viu. Bem

112
acima na primeira fila, sentada quase ao lado da esposa do
primeiro no ranking, estava Jenna.

Slade pressentiu a mão de Mustang nisto e sacudiu a


cabeça. Deveria ter pensado em deixar um bilhete para Jenna ele
mesmo. Droga. E por que incomodava que foi Mustang quem
arrumou um lugar e não ele?

Então Mustang, o bom samaritano em pessoa, apareceu.

— Ei, viu onde consegui um lugar para Jenna? — Slade


franziu o cenho,

— Sim, já vi.

— O que está acontecendo com você? Pensei que estaria


feliz que consegui um bom lugar. O estádio está cheio exceto
pelos camarotes VIP e uns poucos lugares na parte de trás.

— Você não disse que deixou um ingresso.

Mustang encolheu os ombros.

— Sinto muito, esqueci. Por que não vai falar com ela?

— Por que não vai você? — De repente, Slade se sentiu


com raiva.

Mustang franziu o cenho para ele.

— Porque eu já fui.

Isso eu já imaginava.

113
— Como acha que eu vou me concentrar no brete
sabendo que ela está sentada tão perto, logo atrás de mim,
tomando suas notas?

Mustang deixou sair um som de desgosto.

— Oh, vamos. Você sabe que poderia se desconectar de


um furacão quando monta.

Normalmente isso seria verdade, mas na noite anterior


Slade passou horas lendo o livro de Jenna em sua cama, depois
passou as horas restantes, até o amanhecer, imaginando-a nessa
cama com ele.

Finalmente pegou no sono e dormiu até tarde, mas sua


concentração ainda estava longe, inclusive logo depois de ter
lutado com a fúria com que acordou. Falta de concentração era a
última coisa que queria antes de subir em um Bravo touro de 60
arrobas10 de peso.

— O que você tem hoje? Pensei que você gostava dela?

— Eu gosto. — Esse é o problema.

— Então deveria estar feliz. Jenna apareceu, assim como


eu disse que faria. Tudo o que temos que fazer é montar um par
de touros. — Mustang bateu com o cotovelo nas costelas de Slade
e brincou. — E logo montaremos nela.

Slade franziu a testa com desgosto e Mustang ergueu


suas mãos no ar.

10
Equivalente em torno de 900 Kg

114
— Que foi? Vamos fazer nossas duas coisas favoritas no
mundo, montar e foder, ambas na mesma noite, e você com essa
cara outra vez.

Slade estreita seus olhos para Mustang,

— Não deveria dizer merdas como essa.

— Como qual?

— Como montar e foder Jenna. Porra, Mustang. É uma


dama. Se escutasse você dizer essas merdas, terminaria tudo.

As sobrancelhas de Mustang se ergueram ao máximo.

— Sei disso, Slade. Mas ela não pode nos ouvir agora.

— Só pare de falar assim. Ok?

— Muito bem. Desculpe.

Ele aceitou a desculpa com um assentimento, logo


significativamente ignorou Jenna na arquibancada e se
concentrou no principiante no brete.

— Vou ajudar o garoto com a corda.

— OK, Slade.

Slade sentiu-o ainda olhando para ele fixamente


enquanto se afastava.

115
— Isso foi absolutamente incrível! Slade, quando esse
touro ficava mudando de direção e você igualmente permanecia
sobre ele. E, Mustang, quase morro quando saltou e o touro veio
atrás de você e tentou investir no seu traseiro com seus chifres.

Mustang fez caretas para Jenna. Ela estava falando sem


parar a respeito da competição no caminho entre o estádio e o
bar.

— Não se preocupe querida. Os peões de touros da arena


estão ali para salvar meu traseiro. Está tudo bem.

Jenna continuou sacudindo a cabeça.

— Mesmo assim, caramba! Se eu estou assim


emocionada só de ver, o que vocês sentem logo depois de uma
montaria deve ser incrível.

Os olhos de Mustang encontraram os de Slade sorrindo


sabendo o quanto isso era certo. A rajada de adrenalina era alta,
e ficava neles até depois da montaria. Eles usualmente tomavam
vantagem da energia contida afundando imediatamente na
primeira garota, ou duas, que podiam encontrar, entretanto,
ambos os cowboys renunciaram a esse alívio sexual pós-rodeio
por duas noites consecutivas. A razão estava sentada, ruborizada,
emocionada e incrivelmente tentadora na mesa com eles.

116
— Sim, é realmente incrível. — Mustang concordou.
Quando a garçonete chegou, ele perguntou a Jenna, — O que
bebe esta noite, querida?

— Humm, vodca com cranberry?

— Sabia que ela não era uma verdadeira bebedora de


cerveja. — Slade resmungou tão baixo que só Mustang o ouviu.

Ele ignorou o mau humor de Slade e voltou para a


garçonete.

— Uma vodca com cranberry para a dama. Eu tomo


qualquer cerveja local que tenha em uma garrafa, Slade?

— Uísque, depois, uma cerveja.

— Ok. — Mustang ergueu uma sobrancelha com o pedido


de Slade, depois se voltou para a garçonete. — É isso por
enquanto. Obrigado, querida.

Jenna pegou dentro de sua bolsa gigante e deixou cair


um cartão de crédito na bandeja da garçonete.

— Pode passar o valor do que consumirmos neste cartão.

— Não, eu pago. — Mustang alcançou sua carteira


quando Jenna sacudiu a cabeça e falou diretamente com a
garçonete.

— Passe no meu cartão, por favor.

— Está bem. Voltarei em seguida com as bebidas e seu


cartão.

117
A boca de Mustang se torceu porque a mulher em que
estava interessado estava comprando sua bebida. Gostava de
fazer Slade pagar desde que ganhou a melhor posição no ano,
mas Jenna era uma história diferente.

— Não tem que fazer isso, querida.

— E você não precisa me ajudar com meu livro, mas faz.


— disse.

Aproveitando a chance, Slade tirou o monte de páginas


enroladas do bolso traseiro de seus jeans e os olhos de Jenna se
acenderam ante a visão.

— Algum de vocês teve a oportunidade de ler?

Slade ergueu uma sobrancelha com a pergunta,

— É claro que lemos. Prometemos que o faríamos, não?

— Sim, mas pensei que estariam muito ocupados. Então?


O que acham?

Ela mordeu seu lábio e Mustang se encontrou tendo


problemas para tirar seus olhos de sua boca.

— Está bom.

Jenna olhou espantada.

— Pare. Não me diga que está bom. Diga-me que o que


está ruim, assim posso melhorar.

Slade empurrou os papéis mais perto dela.

118
— Há umas poucas coisas que poderia querer mudar.
Terminologia, principalmente. Fiz anotações na margem para
você.

— Fez? Obrigada Slade. — Jenna olhou fixo para Slade,


surpresa, antes de voltar à atenção para Mustang. — O que você
achou? E não diga que está bom de novo.

Mustang encolheu os ombros.

— Concordo com o que Slade escreveu. Ele pegou os


papéis e leu primeiro. — Porque nesse momento eu estava
ocupado me masturbando no banheiro do trailer enquanto
imaginava você nua...

Jenna folheava através das páginas enquanto as bebidas


chegavam. Mustang notou que ela agarrava o canudinho
enquanto lia e chupava a metade da bebida sem perceber. Estava
considerando chamar a garçonete e pedir outra quando ela
levantou o olhar e disse.

— Não posso agradecer o suficiente por fazer isto para


mim. Vocês estão se dedicando.

Ao contrário de Mustang, Slade terminou o uísque e


sacudiu a cabeça.

— Não há necessidade disso. De verdade.

— Sim, não foi nada querida. — Adicionou Mustang.

Tomando sua cerveja num só gole, Slade assentiu.

119
— Na verdade, foi uma leitura boa.

Ambos Jenna e Mustang olharam para Slade logo depois


do comentário surpreendente, então Jenna virou aquele olhar
penetrante com expectativa para Mustang e ele não tinha escolha,
a não ser dizer alguma coisa. A verdade era que, estava muito
mais interessado nela do que no livro.

— Humm, eu gostei também.

Franziu o cenho para sua resposta.

— Você é um mentiroso de merda, Mustang.

— Agora, isso é uma coisa terrível para dizer a um


homem. — Fazendo uma careta, Mustang levantou de seu lugar.
— Vamos querida. Eu gosto desta música. Vamos dançar.

Mustang pegou sua mão, tirando-a da cadeira enquanto


ela chiava.

— Mas não sei dançar música country.

— Claro que sabe. Só me siga. — Mustang segurou Jenna


perto dele e com sua perna enlaçada entre as dela, a conduziu ao
redor de toda a pista.

Logo aprendeu o ritmo do movimento e deixou de se


sentir aterrorizada, o que não era bom porque decidiu perguntar
para ele.

— Então realmente você não gostou do meu livro. Posso


notar.

120
Mustang abriu sua boca para protestar, mas ela o cortou.

— Na verdade, está tudo bem. Cowboys de montaria em


touros não é exatamente meu mercado então não se supõe que
você goste. Mas ainda assim eu gostaria de saber o que acha que
está errado com ele. Talvez possa arrumar.

Com uma sensação de abatimento de saber que só podia


dizer que amava o livro ou significaria que ele estaria sozinho com
sua mão novamente esta noite. A honestidade sempre era a
melhor política... bem, não sempre, mas não podia sair com uma
mentira acreditável agora mesmo com Jenna pressionada contra
ele.

— Muito bem. A história está boa.

— Só boa?

Concordou, olhando seu rosto enquanto via suas


oportunidades com ela desaparecer. Ele lutou para recuperá-las.

— Sim, mas como você disse, não sou seu mercado,


certo?

Jenna concordou com um assentimento.

— Certo. E o que mais?

Ela parou completamente agora, presa ao piso de


madeira bem no meio da pista.

— Nada. Está boa... Certo.

121
— Mustang, me diga. — Sua voz soou como a de sua
mamãe quando estava infeliz com ele. A parte triste era que, isso
ainda isso não diminuía seu desejo de tomá-la bem ali e agora.

Merda.

— Está bem. As cenas de sexo...

Jenna deixou sair um grunhido.

— Sinto muito, carinho. Realmente, as cenas de sexo


estão boas. Como disse, não sou seu leitor usual.

— Não, Mustang. Tem razão. Até os críticos concordam


com você. — Jenna suspirou. — Acho que estou na profissão
errada.

Mustang pegou seu rosto com ambas as mãos e a fez


olhar para ele.

— Não. Escuta. Realmente é boa escritora. Realmente eu


gostei.

— Exceto pela história e as cenas de sexo. — Adicionou


com o cenho franzido.

Mustang se sentiu mal. Ele simplesmente destruiu sua


autoconfiança, para não mencionar sua oportunidade com ela
esta noite. Slade ia matá-lo. Dando um olhar para a mesa,
Mustang se deu conta que os olhos de Slade nunca os
abandonaram.

— Vamos. Vamos sentar e te conseguir outra bebida.

122
— Tudo bem, por que não. É meu aniversário e minha
carreira está indo pelo ralo. Eu poderia me embebedar.

Ela se afastou dele e girou para onde Slade ainda estava


olhando.

— É seu aniversário?

— Sim e não pergunte quantos anos tenho porque não


quero falar disso. — Jenna sentou e desprezou o canudinho,
bebendo sua bebida um grande gole. Chamou a garçonete, Slade
deu a Mustang um olhar que claramente perguntava o que diabos
aconteceu?

Ele acabou com tudo.

Mustang sacudiu sua cabeça e enviou um olhar para


Slade para que permanecesse tranquilo, depois virou para Jenna.

— Por que não quer falar de seu aniversário Tem


quantos, vinte e cinco? — Jenna riu amargamente. — Sim, é
isso. Vinte e cinco hoje.

Quando a garçonete chegou, Jenna olhou de Slade para


Mustang.

— Vocês dois ainda têm algo para beber em seu trailer?

A garrafa de cerveja parou na metade do caminho da


boca de Slade por causa daquela pergunta.

Mustang ergueu uma sobrancelha.

— Sim, temos.

123
— Ok. — Jenna olhou para a garçonete. — Poderia, por
favor, fechar nossa conta? Estamos indo.

— Certo. Só me deixe buscar seu recibo.

— Vou com você. — Agarrando sua bolsa Jenna ficou em


pé e olhou para eles. — Já volto.

— Certo querida. — Mustang assentiu, e Jenna foi com a


garçonete, em seguida Slade saltou sobre ele.

— O que aconteceu lá na pista de dança?

— Não tenho muita certeza. — Mustang sacudiu a


cabeça. Ele fez tudo errado e de algum jeito ela ainda assim
sugeriu ir com eles para o trailer. Sem questionar sua boa sorte,
Mustang terminou de tomar sua cerveja. Quando Jenna voltou,
ele disse. — Vamos. Antes que mude de ideia.

124
Capítulo 9
O coração de Jenna bateu forte enquanto subia as
escadas para alcançar o que acabou por ser nada como imaginou
que um trailer seria. Era mais como uma enorme, caravana de
luxo, com uma pequena cozinha, duas camas, uma grande, outra
menor, com outra área ao fundo. Inclusive havia um vaso
sanitário e um pequeno chuveiro.

— Uau! Isto é legal. — Jenna tinha problemas para


desviar seus olhos da grande cama.

Seu coração pulsava com força. Estava nervosa, muito


nervosa e puxar conversa parecia a melhor maneira de adiar o
inevitável, ficar com dois cowboys que acabou de conhecer, juntos
na cama enorme. Mas no momento que sugeriu que voltassem
para o trailer, tomou sua decisão. Depois de ver o olhar em seus
rostos, estava bastante certa de que eles sabiam também.

Não tinha como voltar atrás. Não que quisesse. O debate


interno do que fazer ou não fazer tinha acabado só esperava que
sua coragem durasse o suficiente para que realmente conseguisse
ir até o fim sem desmaiar dos nervos.

— Eu gosto de ficar nos hotéis durante as competições,


mas estavam todos reservados. — Mustang explicou em tom de

125
desculpa. — Além das finais da montaria em touros, há uma
enorme convenção de romance na cidade, ou isso me disseram.

Como Mustang sorriu intencionadamente para ela, Jenna


mordeu os lábios e se encolheu.

— Sinto muito por isso. — Mustang começou a rir.

— Não sinta. Não é sua culpa. Além disso, Slade, na


verdade, gosta mais do trailer de qualquer jeito.

Jenna olhou para Slade, que a observava e a Mustang de


perto sem falar muito, ou na verdade, nada, como de costume.

— Não o culpo por gostar. É um trailer legal mesmo.

— Exatamente em quantos trailers você já esteve


querida? — Perguntou Mustang, com a sobrancelha levantada em
desafio.

— Contando este? Hã, um. — Jenna sentiu suas


bochechas esquentarem. Mustang sorriu.

— Isso foi o que pensei. Fique à vontade. Vou tomar um


banho e pegar para a gente essas bebidas.

Depois que Mustang se trancou no banheiro minúsculo,


Slade finalmente falou.

— O que é tudo isto, Jenna? Você devorando a bebida no


bar. Pedindo para vir aqui para o trailer quando ontem de noite
não queria isso. Você deu um giro total de cento e oitenta graus
desde ontem. O que aconteceu?

126
Considerou sua pergunta e sua resposta com muito
cuidado.

— Hoje é meu aniversário, Slade.

Ele inclinou a cabeça uma vez em um assentimento.

— Feliz aniversário.

— É meu trigésimo quinto. — tentou não fazer uma


careta.

Slade encolheu os ombros.

— E daí?

— E daí? — Jenna riu. — É fácil para você dizer isso.


Quantos você tem? Vinte e cinco?

— Faço vinte e sete no próximo mês, na verdade.


Mustang tem vinte e cinco anos, no entanto.

Ela olhou para o vazio.

— Ótimo isso é simplesmente maravilhoso. Bem, pelo


menos eu não sou velha o suficiente para ser mãe de vocês.

Slade negou com a cabeça.

— O que isso importa? Só se é tão velha quanto como se


sente.

— Talvez esse seja o meu problema, Slade. Eu me sinto


velha. Tenho trinta e cinco anos, não tenho namorado e estou

127
começando a duvidar seriamente da minha escolha de carreira.
Não estou onde pensei que estaria neste momento da minha vida.

— Em primeiro lugar, não parece que tem trinta e cinco.

Jenna suspirou.

— Obrigada.

— Quanto ao resto, não sei droga nenhuma sobre


escrever livros ou que planos tinha para sua vida, mas quanto à
parte de não ter namorado... Não posso dizer que estou
descontente com isso.

Ela levantou o olhar para encontrar com o seu.

— Sério?

Isso foi uma revelação do homem de poucas palavras.


Pela primeira vez desde que o conheceu, Jenna realmente olhou
para Slade, sem afastar o olhar desta vez.

Olhou-o em seus olhos escuros profundamente e viu o


homem em baixo da capa dura exterior, enquanto ele concordava
e dizia em voz baixa:

— Sim. Sério.

Talvez fosse a vodca ou seu pessimismo sobre a


profundidade da porcaria de livro sobre cowboys, além de estar
um ano mais velha, o que impulsionou Jenna a sugerir que
voltassem para o trailer em primeiro lugar. Mas neste momento,
era Slade e sua sinceridade o que fez com que Jenna não

128
duvidasse de sua decisão nem um pouco. Queria isto. Porra,
estava bem segura de que precisava disto.

Jenna deu um passo para frente e inclinou para ele. Não


havia muita distância entre eles, para começar, por causa do
tamanho do trailer e agora Slade estava bem de frente para ela,
com seus corpos quase se tocando.

Slade ainda era muito alto para que alcançasse o que


queria, até que, sem deixar de olhá-la, ele baixou a cabeça um
par de centímetros, encontrando-a na metade. Inclinando a
cabeça para cima para fechar o último espaço tentadoramente
pequeno, ela tocou seus lábios com os seus. Ouviu a respiração
forte que ele arrastou pelo nariz com o contato.

Quando as palmas ásperas de Slade se aproximaram e


acariciou seu rosto, sua boca pressionou mais forte contra a
dela... E então a fechadura do banheiro do trailer se mexeu.

Em um abrir e fechar de olhos, Slade levantou a cabeça e


deu um passo gigante para trás, deixando Jenna sozinha com
seus hormônios em ebulição.

Ela e Slade mantiveram o contato visual durante o que


pareceu uma eternidade antes que Mustang chegasse a eles de
novo. Jenna virou a tempo para ver o olhar interessado que
Mustang deu a ambos.

— Olá — Jenna sorriu.

129
Mustang ergueu uma sobrancelha e arrastou as palavras
lentas e baixas.

— Ei, querida. — O som enviou um estremecimento


diretamente através de Jenna. Oh, cara, ela estava em problemas.

Foi Slade quem finalmente se moveu e rompeu o silêncio.

— Preciso de um gole. — Ele foi até um armário embutido


na parede, tirou uma garrafa de uísque e um copo e se serviu de
uma quantidade saudável. — Quem mais quer um?

Mustang olhou inquisitivamente para Jenna.

— Tenho uma cerveja na geladeira, se preferir.

Jenna negou com a cabeça. Se não podia fazer isto


sóbria, ou pelo menos sóbria o suficiente, ela provavelmente não
deveria estar fazendo. Além disso, isto era uma coisa de uma vez
na vida e queria lembrar.

— Nada para mim. Obrigada. Estou bem.

Com a garrafa ainda suspensa no ar, Slade esperou que


Mustang negasse com a cabeça antes de beber de um só gole,
serviu outro, então tampou a garrafa e a colocou de novo no
armário.

Mustang olhou o quanto Slade bebeu com uma


sobrancelha levantada, antes de virar para Jenna.

— Então... Quer falar um pouco mais sobre as notas que


fizemos para você...?

130
— Não. — simplesmente respondeu para Mustang,
notando que os olhos de Slade raras vezes a deixaram.

Mustang passou uma mão pelo braço dela.

— Por que não? É por causa do que eu disse? Disse a


você que não sei de que estou falando quando se trata de livros
românticos. Não dê importância para o que eu falo.

Ela franziu a testa.

— Não, você tem razão. É ruim.

— Não é ruim. É só que...

Jenna interrompeu ao Mustang.

— Não importa, porque mesmo que me ocorra uma ideia


melhor para a história e consiga colocar por escrito antes da data
limite, ainda disse que o sexo é uma merda.

— Você disse que o sexo é uma merda? — Slade acusou.


Incomodado, Mustang voltou para Slade.

— Eu não disse isso.

— Mas é o que queria dizer — Jenna fez uma careta.

— Não, não era. — Ele negou com a cabeça.

— Está bem, Mustang, está certo. — Jenna voltou a


suspirar. — Minhas cenas de sexo são chatas.

— Eu não diria chatas... — começou Mustang.

131
— Não, está tudo bem. Isso é exatamente o que escreveu
um crítico. São chatas. — Jenna deu uma gargalhada amarga.

Mustang passou um dedo para cima e para baixo de seu


braço até que o olhou de novo.

— Não é chato. Somente... Bidimensional. A mecânica


está ali, mas todo o resto está perdido.

Ela apertou os olhos para ele.

— Que todo o resto?

Ele sorriu.

— Todas as coisas boas.

— Preciso de um pouco mais que isso, Mustang. — Jenna


franziu a testa. Estava mais frustrada do que esteve em muito
tempo. De muitas maneiras.

— Venha aqui. — Mustang estendeu-lhe suas duas mãos.


Ela vacilou, depois deu um passo para frente em seus braços.
Atraiu-a para si e disse: — Bem. Agora, feche os olhos.

Silenciosamente fez o que ele disse.

Sentiu Mustang ainda mais perto. Quando ele falava,


estava perto o suficiente que podia sentir a cerveja que bebeu no
bar.

— Me diga o que sente.

132
Nervosa. Com tesão. Todas as coisas que ela sentia, mas
não estava disposta a admitir em voz alta. Talvez não era isso o
que queria dizer.

— Não estou certa do que quer que diga.

— Está bem, eu vou primeiro e logo será sua vez —


Mustang respirou fundo antes de falar de novo. — Posso sentir
seu xampu. É algo frutado, mas agradável, leve. Posso sentir a
pulsação em sua garganta. Rápida. Humm. Eu gosto de fazer com
que seu pulso se acelere querida.

— Não deixe que te suba à cabeça. — conseguiu dizer.

Ele começou a rir.

— Não se preocupe. Não farei. Bem, o que mais? Posso te


sentir tremer um pouco, eu gosto disso também. E seu brilho
labial... — Sua língua fez cócegas nos seus lábios e seus olhos se
abriram com o contato.

Ele foi para trás o suficiente para dizer:

— Tem sabor de cereja. Vê querida? O olfato, a visão, o


tato, o paladar. Isso é o que falta em seu livro. O sexo é algo mais
que as partes do corpo.

Jenna sentiu o calor em suas partes mais baixas. Estava


tão excitada neste ponto que se ele a tocasse gozaria bem ali no
ato. Este cowboy dez anos mais novo que ela, muito
provavelmente um jogador que tinha uma garota diferente em sua

133
cama cada noite, sabia mais, não só sobre sexo, mas também
sobre a sensualidade.

Olhou para onde Slade ainda os olhava em silêncio, o


copo em sua mão, uma tentadora ereção claramente delineada
em seu jeans. Receosa olhou para Mustang enquanto ele falava
com ela de novo.

— Agora é sua vez, querida. Feche os olhos. — Jenna


franziu a testa.

— Você manteve os olhos abertos.

Mustang sorriu-lhe chegando tão perto que sua


impressionante ereção pressionava em seu quadril. A julgar pela
evidência física, parecia que a excitação estava por igual
estendida por toda parte entre os três.

Enquanto lutou contra o impulso de chegar abaixo e


tocar Mustang e sentir o que tinha inspirado seu nome por si
mesma, ele assentiu.

— Sim, mantive meus olhos abertos, mas sou melhor


nisto que você. Você precisa de toda a ajuda que possa conseguir.
Pode omitir a parte da visão e só usar os outros sentidos. Agora,
os olhos fechados.

Com a testa franzida, Jenna deixou que suas pálpebras


fechassem. A mão de Mustang moveu-se de seu braço por um
momento e logo retornou, bem antes que um segundo corpo duro

134
apertasse contra suas costas e outro par de braços envolveu-a
por trás.

Slade colocou suas mãos grandes firmemente sobre seu


corpo, pressionando uma muito baixo sobre seu estômago
tremendo e a outra um pouco mais alta, bem debaixo de seu seio.

— O que está sentindo querida? — Sussurrou Mustang,


seu hálito esquentando sua garganta onde a tocava enquanto um
calafrio percorria seu corpo.

Com o coração na boca, Jenna respirou fundo e soltou o


ar lentamente.

— Posso sentir seu hálito quente contra minha pele,


fazendo cócegas em minha garganta. — Jenna sentiu o sorriso de
Mustang.

— Bom. O que mais?

— Posso sentir os batimentos do coração de Slade contra


minhas costas. Ele cheira a uma mistura de uísque e algo mais,
algo fresco e limpo. É sabão ou desodorante, talvez, mas é bom. E
sinto... Seu... Já sabe... Pressionado contra mim.

Slade tomou um fôlego agudo. Ela daria qualquer coisa


para chegar atrás e tocá-lo. Tudo dele. Ficou satisfeita consigo
mesma por colocar uma de suas mãos sobre a dele e fazendo o
movimento, guiou para cima sobre seu seio. Ele soltou uma
rajada de ar instável, logo a voz de Mustang interrompeu seus
pensamentos.

135
— Que mais, querida? — Continuou Mustang.

É isso. Era agora ou nunca. Jenna deixou que uma das


suas mãos fosse para baixo entre eles, fazendo uma pausa nas
proximidades de sua ereção.

— Posso te sentir contra meu quadril. Está duro... —


engoliu, e continuou — É grande. — Não uma grande aberração
de circo, mas sem dúvida maior que o homem médio.

A profunda risada de Mustang vibrou através dela, igual


a sua voz, baixa e rouca, enquanto sua boca se movia perto de
seu rosto.

— Ah, querida, tem razão nisso. Estou realmente duro e


grande. Você acha que pode lidar com isso?

— Por favor. Eu não sou uma das suas garotas de dezoito


anos. Tenho brinquedos debaixo da cama que são maiores que
você. — Jenna franziu a testa exageradamente, jogando com ele.

A profunda risada de Mustang reverberou através dos


dois.

— É bom saber, querida.

Dividida entre se apoiar em Mustang ou contra Slade,


deixou escapar um gemido satisfeito quando ambos pressionaram
mais contra ela.

Abriu os olhos de novo bem quando a boca de Mustang


estava sobre ela, sua língua não perdendo tempo para atravessar
seus lábios. Jenna aceitou com prazer o beijo e deixou sua mão ir

136
onde quis ir antes, dentro de seu jeans enquanto ele pressionava
com força contra ela.

Atrás dela, as mãos de Slade ficaram em movimento.


Enquanto a que apertava seu seio começou a trabalhar um
mamilo agora endurecido através do tecido de seu vestido, a
outra foi na direção oposta, para baixo para levantar a prega de
seu vestido e acariciar a pele nua de sua coxa.

Enquanto a boca de Mustang consumia a sua, o hálito


quente de Slade torturou os espirais de sua orelha. Os dedos de
Slade levantaram mais seu vestido e encontraram a borda de sua
calcinha e logo ele empurrou dentro. Jenna apertou as mãos
contra o peito de Mustang por apoio, enquanto Slade alcançava o
ponto onde precisava dele e seus joelhos dobraram.

Mustang rompeu o beijo. Respirando tão rápido quanto


ela, agachou e agarrou a parte de baixo do seu vestido, já preso
ao redor de seus quadris por Slade.

Ele levantou o vestido lentamente, para cima e sobre a


cabeça.

— Isto tem que sair. Quero te ver, querida.

Soltou um suspiro, em algum lugar além da nuvem de


prazer que Slade estava causando somente com a ponta de um
dedo sobre seus clitóris, os pensamentos femininos típicos a
agrediram. O que pensariam ao vê-la nua? A pequena barriga que
apareceu recentemente em seu abdômen a deixava louca.

137
E estariam seus seios à altura das garotas animadas de
dezoito anos de idade que viu na plateia olhando seus dois
cowboys a noite toda?

Apesar de tudo isso, Jenna não protestou com Mustang a


despindo. Ela imaginou este momento, entretanto a realidade era
muito mais intensa que a fantasia que teve no quarto do hotel,
quando escolheu seu lingerie mais bonito para esta noite só no
caso de...

Mustang deixou escapar um suspiro comprido e lento.

— Porra. Você é um espetáculo.

Jenna tinha certeza de que era verdade, estava em nada


mais do que botas de cowboy pretas, sutiã de renda preta e uma
calcinha combinando, onde atualmente Slade tinha a mão por
dentro.

Ele deu um passo para trás enquanto Mustang tirava o


vestido por sua cabeça, mas Slade não deixou de trabalhar nela.
Concentrou-se de novo e com uma precisão incrível, ele
encontrou o lugar garantido para fazer com que seus joelhos
dobrassem com um golpe seguro.

Jenna deixou escapar um grito quando seu dedo


conectou-se com seu clitóris de novo. Ela apoiou contra a parede
dura atrás dela, levando uma mão para segurar a cabeça de
Slade. Queria evitar que ele deixasse esse lugar tão sensível em
seu pescoço, que seus lábios agora atormentavam enquanto sua
mão a torturava lá embaixo.

138
Enquanto os dedos ásperos de sua única mão rodavam a
ponta de seu seio através do encaixe de seu sutiã, o toque de
Slade entre suas pernas acelerou mais forte e os batimentos do
coração e a respiração de Jenna mantiveram o ritmo. Deixou sua
cabeça cair contra ele.

Na frente dela, Mustang arrastou um dedo por sua


bochecha com ternura. Abriu os olhos e o viu sorrir.

— Vou gostar de te ver gozando, querida.

Jenna não teve a oportunidade ou a inteligência para


responder a isso antes dele curvar para baixo e puxar sua
calcinha sobre as botas até os tornozelos. De alguma forma,
conseguiu sair dela sem cair.

Dolorida para ser preenchida, Jenna deixou as pernas


mais separadas do que estavam. Como se ele pudesse sentir o
que precisava, Mustang introduziu um dedo em sua boceta
latejante. Em um ponto que fez com que a respiração de Jenna
ficasse presa na garganta, provocando um gemido selvagem da
parte dele.

Mustang trabalhou esse lugar sem descanso, enquanto


que ao mesmo tempo, seu clitóris inchou em resposta ao trabalho
de Slade. A combinação de sensações quase a levou a seus pés.

O braço livre de Slade abandonou seu seio e a envolveu


apertado bem a tempo antes que ela estivesse em verdadeiro
perigo de cair.

139
— Não se preocupe. Peguei você. — A voz de Slade perto
de seu ouvido, tão profunda e suave, a enviou em um último
passo. Ele a tinha pego. Ambos tinham. Inexplicavelmente
confiava em Slade da mesma forma com que confiava em
Mustang; assim, se deixou levar totalmente, pela primeira vez em
muito tempo.

Enquanto lutava para manter os olhos abertos, se deu


conta de que o olhar de Mustang nunca abandonou seu rosto. A
boca de Slade ainda vagava por seu pescoço enquanto os
espasmos começaram profundamente dentro dela.
Sobrecarregada, explodiu.

Incapaz de controlar qualquer parte do seu corpo por


mais tempo, as pálpebras fecharam de forma incontrolável. Ela
gozou longo, forte e alto, pressionada entre dois cowboys que
conheceu apenas 24 horas antes. De alguma forma, isso foi bom.

140
Capítulo 10
Slade a segurou mais apertado, aproveitando o peso de
Jenna que caiu contra ele quando seu orgasmo desacelerou para
uma parada e ela tentou recuperar o fôlego.

Decidido a dar-lhe um descanso por uns minutos, deixou


seus clitóris inchado e levou sua mão até a taça de um seio
coberto. Eram reais e perfeitos e Slade descobriu que não podia
ter o suficiente dela.

Ele não tinha pressa para mover o braço em volta da sua


cintura, também. Ainda muito feliz por estar com seu corpo
seminu firmemente contra ele. A pressão contra seu pau
endurecido era bom. Estar dentro dela esperava que muito em
breve, seria ainda melhor.

Slade estava prestes a tomar medidas para transformar


esse desejo em realidade quando Jenna disse sem fôlego:

— Oh meu Deus, Mustang. O que você fez comigo?

Mustang arrastou um dedo sobre o estômago de


brincadeira e Slade sentiu os músculos de Jenna saltar.

141
— Não me admira que você tenha problemas para
escrever suas pequenas cenas de sexo, querida, se nunca teve um
orgasmo antes.

Jenna bateu na mão de Mustang.

— Não me toque ai. Minha barriga é gorda. E eu tive


orgasmos antes. Quer dizer, o que você fez em mim?

Mustang abriu um grande sorriso para essa pergunta e


seguiu movendo sua mão até o meio das pernas de Jenna.

— Você é tudo menos gorda e isso, querida, era seu ponto


G. Você gostou disso, não é?

Atrás dela Slade não podia ver, mas a julgar pela forma
com que o corpo de Jenna se sacudiu, Mustang empurrou um
dedo ou dois dentro dela outra vez para ilustrar seu ponto. Jenna
ficou sem fôlego quando ele obviamente localizou o ponto
novamente.

Soltou um suspiro tremente.

— Pensei que o ponto G era um mito.

Mustang ergueu uma sobrancelha.

— Parece com um mito para você?

Jenna inclinou com mais força contra seu peito. Sua voz
tremeu quando respondeu.

— Não.

142
Mustang sorriu com malícia.

— Bom, está bem, então.

Slade viu a troca entre Mustang e Jenna mais do que


deveria, considerando o quanto precisava se afundar nessa
mulher.

Já basta. Jenna começou a tremer com o que Mustang


estava fazendo. Se gozasse de novo, ia estar com o pau de Slade
dentro dela, não os dedos de Mustang.

— Não é que esta conversa não seja fascinante, mas


neste momento tenho alguns assuntos pendentes para cuidar.

O único protesto de Jenna foi um chiado surpreso


quando Slade a levantou em seus braços e a levou para a maior
das camas. Com Jenna deitada de costas em nada mais que
botas e sutiã e parecendo incrivelmente tentadora, Slade
rapidamente arrancou sua própria roupa e ajoelhou entre suas
pernas nuas.

Sendo útil pelo menos uma vez, Mustang puxou uma tira
de preservativos da gaveta e jogou para Slade antes de sentar na
cadeira com uma garrafa de lubrificante, dando a Slade e a Jenna
um pouco de espaço.

Talvez fosse egoísta, mas Slade queria que esta primeira


vez com Jenna fosse só os dois, a sós. Consciente de Mustang na
cadeira próxima, com o cinturão desabotoado, calças jeans
abertas, acariciando seu pau já lubrificado, Slade modificou isso.

143
Não estavam sozinhos, mas pelo menos seria só ele quem faria
Jenna gozar desta vez.

Precisando tanto dela, Slade se permitiu só um momento


para desfrutar de sua doce boca enquanto a beijava
apaixonadamente antes de obrigar a si mesmo a se afastar da
magia de seus lábios. Não escapou da embriaguez desse beijo.
Sua boca o deixou tão louco que precisava provar mais dela e
escorregou por seu corpo até chegar entre suas pernas.

Separou suas coxas. Seu clitóris apareceu para ele, todo


rosado e belo. Slade passou pela primeira vez sua língua, depois
seus dentes sobre ela. Atirou-se em cima dele e sorriu antes de
levantar seus quadris com suas mãos enterrando sua língua
profundamente dentro dela.

O corpo dela tremia, e endireitando sua cabeça, Slade


lembrou o quanto precisava estar dentro dela. Torturou-a
durante uns minutos a mais, quase à beira de outro orgasmo,
antes que gozasse sobre seus joelhos, colocou rapidamente o
preservativo e pôs seu corpo sobre ela. Penetrou-a, sabia de
primeira mão que estaria quente, úmida, e mais que pronta.

Embaixo dele, o fôlego de Jenna ficou preso em sua


garganta e seus olhos se fecharam quando a penetrou. Então
esses lindos olhos estavam abertos de novo, olhando para ele com
um olhar surpreso.

Slade surpreendeu a si mesmo. Enquanto suas mãos


corriam sobre sua pele, deixando vestígios de arrepios em seu

144
rastro, ele percebeu que foi um longo tempo desde que encarou o
rosto de uma mulher. Fazia muito tempo desde que queria ver o
rosto de uma mulher, enquanto a amava, queria
desesperadamente ver todas as expressões de Jenna reagindo a
cada movimento que fazia dentro dela agora.

Colocando um braço sobre seus quadris, Slade angulou


sua pélvis para bater o ponto doce no seu interior com cada
impulso. Mustang não era o único que sabia como tocar Jenna de
maneira correta e pretendia mostrar isso a ela neste exato
momento. A julgar pelas respirações ofegantes e a maneira como
suas unhas cravaram na pele de suas costas, estava fazendo um
bom trabalho.

Enterrado profundamente dentro dela, Slade beijou seus


lábios. Ainda olhando em seu rosto, deixou de beijá-la para
desfrutar das adoráveis bochechas quentes e dos olhos
iluminados pelo sexo.

Ela gritou seu nome e um calafrio percorreu o seu corpo


ao som do mesmo. Tanto a ouviu como sentiu que se preparava
para gozar outra vez e, quando seus músculos o apertaram,
pensou que tinha morrido e ido ao céu.

— Ah, Jenna. Isso. — Slade permaneceu profundo e


desfrutou de cada pulso do corpo dela rodeando o seu. Ficou
profundamente dentro até que os espasmos finalmente
desaceleraram e pararam. Deu-se conta do engano que cometeu
quando empurrou forte e rápido e por muito tempo para
finalmente gozar. O excesso de bebidas destiladas sempre fazia

145
isso com ele, se bem que, não queria abandonar o calor do corpo
de Jenna, tinha medo de provocar dor. Além disso, Mustang
continuava esperando sua vez. Pela primeira vez, Slade sentiu um
nó em seu estômago ao pensar em Mustang afundando nela bem
depois dele.

Talvez Mustang se contentasse com um boquete. A


imagem deles assim também não o fazia se sentir muito melhor,
Slade imaginava como seria bom sentir a boca de Jenna envolvida
em torno de seu próprio pau em vez do de Mustang.

Com um suspiro, Slade não podia atrasá-los por mais


tempo. Ele saiu de Jenna. Ela ainda estava ofegando quando
Mustang não perdeu tempo em se mover.

— Isso demorou pra caralho. — Mustang murmurou,


antes de deitar ao outro lado de Jenna.

— Oi, querida.

Ela devolveu o sorriso fracamente.

— Oi.

— Tudo bem?

— Sim.

Mustang escorregou uma mão entre suas coxas


magníficas e ela tomou uma forte respiração.

Uma ruga apareceu entre aqueles belos olhos, trazendo


uma carranca para o rosto de Slade.

146
— O que foi?

— Estou um pouco sensível. Levou muito tempo... Hum,


para finalizar. — Ruborizou e não conseguiu dizer a palavra
seguinte.

Slade sentiu seu próprio rosto ficar quente.

— Eu sei. Sinto muito.

— Está tudo bem, tinha medo de ter feito algo errado.

— Não. É claro que não. — Slade levantou o olhar e viu


Mustang com o cenho franzido.

— Está bem. — Sua voz soava tão pequena e vulnerável.

Ótimo. Agora Jenna se sentia como um fracasso absoluto


porque ele demorou tanto para gozar. Slade se deixou cair sobre
suas costas a seu lado, olhando o teto. Virou a cabeça a tempo de
ver Mustang se arrastar da sua posição na beira da cama para
estar entre as pernas de Jenna. Seus dedos riscaram linhas de
acima a abaixo em seu estômago, deixando a sua pele arrepiada.

— Não foi nada que você fez querida. Slade aqui não pode
terminar rápido quando bebe outra coisa que não seja cerveja, ou
inclusive muita cerveja. Sempre acontece. Não tem nada a ver
com você.

— Sempre?

— Sim.

— Como sabe?

147
Mustang se inclinou para frente para tocar um mamilo
sobre seu sutiã e apertar antes de responder.

— Porque normalmente estou ali, carinho.

No momento em que as palavras saíram da boca dele,


Slade viu o olhar no rosto de Jenna e soube que Mustang deveria
ter mantido a boca fechada. Ele sorriu ante o olhar aflito no rosto
de Mustang quando fez a mesma compreensão.

— Exatamente com que frequência vocês dois fazem isto


juntos? — O fogo na voz da Jenna fez Slade sorrir.

Com um firme empurrão de sua pequena mão em seu


ombro, Mustang já não estava desfrutando do sabor de Jenna,
para grande prazer de Slade.

Mustang virou para Slade em busca de ajuda, mas tudo o


que estava disposto a fazer era dar um olhar estúpido. Como se
ele fosse tirar Mustang da confusão que se meteu. Slade estava
muito ocupado desfrutando do fato de que teve Jenna, ainda que,
tenha demorado muito tempo para terminar e era sua culpa por
beber uísque. Mas mesmo assim, enquanto isso, Mustang era o
que tinha o pau o duro, a mulher agora irritada entre suas
pernas parecia que não ia ajudá-lo com isso.

Slade olhou para o rosto de Jenna e a encontrou


esperando com impaciência a resposta de Mustang à sua
pergunta sobre a frequência com que compartilhavam as
mulheres.

148
— Um... Bom, veja... — Mustang virou para Slade novo e
desta vez, ele obedeceu.

— Cada oportunidade que podemos conseguir. — Slade


respondeu pelos dois.

Agora foi a vez de Mustang dar a Slade o olhar de


estúpido. Sorriu e encolheu os ombros. Olhando para Jenna para
ver sua reação à essa pequena intriga.

— Um... Está bem com isso, querida? — Perguntou


Mustang. Ela suspirou profundamente.

— Suponho que é estúpido supor que eu era a primeira.

Mas a expressão de seu rosto disse que assumiu


exatamente isso. Slade esperou Mustang sair com uma de suas
linhas habituais. Você é a melhor. Sim, tem havido outras, mas
você é especial. Em vez disso, ele chocou Slade optando pela
verdade.

— Não importa quem esteve aqui antes, ou inclusive


quem estará aqui depois. Neste momento, quero tanto você que
nem poderia lembrar outras garotas. Caralho, não consigo nem
lembrar o próprio nome da minha mãe.

Então a beijou, dura e longamente e ela devolveu o beijo,


seus quadris levantando ligeiramente da cama quando a mão de
Mustang se desviou entre suas coxas.

149
— Você está em condições de fazer isto, querida? Quero
estar dentro de você mais que qualquer coisa no mundo, mas
podemos ser criativos se estiver muito dolorida.

Slade olhou a pequena mão de Jenna baixar e segurar a


ereção de Mustang enquanto sorria timidamente.

— Acredito que vou ficar bem. Quero te dar uma


oportunidade.

Mustang sorriu.

— Isso está bom para mim.

Ele colocou uma perna entre as dela enquanto Jenna, de


boa vontade, deixou e Slade sentiu um punho agarrar seu
coração e apertar.

150
Capítulo 11
— Jenna? Oláaaaaa. Terra chamando Jenna.

Ela levantou o olhar para encontrar Barb movendo uma


mão em frente a seu rosto.

— Hã? Disse algo?

— Uhum, sim. Eu te fiz uma pergunta. Onde está sua


cabeça hoje? Está completamente distraída.

Sua cabeça estava onde o resto dela queria estar, de volta


naquele trailer com esses dois cowboys. Jenna sacudiu as
imagens da noite anterior fora de seu cérebro.

— Sinto muito. Só estou cansada.

— Isso eu posso ver. Parece que você não dormiu ontem à


noite. Está tudo bem?

— Sim, está tudo bem. Sabe como sou. Não durmo bem
se não estou na minha própria cama.

De fato, não esteve em sua cama para nada na noite


anterior. Depois que Slade e Mustang a trouxeram de volta ao
hotel essa manhã, só teve tempo para tomar banho e chegar até
sua primeira sessão; tirar um cochilo estava fora de opção. Claro
que Jenna não podia dizer a Barb que esteve acordada fazendo
sexo com dois cowboys profissionais em seu trailer no

151
estacionamento da arena esportiva durante a maior parte da
noite.

Com esse pensamento, memórias inundaram sua mente


de novo e também o resto do seu corpo. Mustang empurrando
sua ereção dentro dela. Como mentiu em sussurros e como então
ficou irritado com ela dizendo que não era tão grande, afinal.
Então, depois de uma ou duas horas de sono cansada entre dois
corpos quentes, duros e masculinos, acordou com a luz do
amanhecer para descobrir Slade dentro dela enquanto Mustang
roncava ao lado. Slade a amou lenta e silenciosamente até que
ambos balançaram com o orgasmo e sua boca cobriu a dela em
um beijo profundo. Sentiu-se estranhamente triste e vazia depois
que ele finalmente a deixou e saiu da cama para usar o banheiro.
A saída de Slade da cama, ou possivelmente o som da porta do
banheiro fechando, acordou Mustang, que aparentemente estava
tão preparado depois de sua curta soneca quanto Slade.

No meio da sala, Jenna se remexeu na cadeira e sentiu


um doloroso músculo tenso que não estava ciente que existia e
partes do corpo que, infelizmente, não foram utilizados muito
frequentemente.

Ela deixou sair um suspiro e notou que Barb a observava


com preocupação.

— Por sorte não estaremos aqui por muito mais tempo.


Então poderá ir para casa em Nova York e descansar.

152
Jenna assentiu mesmo quando seu estômago virou com a
ideia de ir embora. Voltaria para Nova York.

Slade e Mustang iriam a algum lugar que ela não sabia,


mas tinha certeza de uma coisa: aonde quer que fossem,
haveriam muitas mulheres dispostas. Os meninos se esqueceriam
dela. Infelizmente, não seria capaz de tirar qualquer um dos dois
de sua cabeça facilmente.

A equipe de trabalho rodeava sua mesa como tubarões e


Jenna notou que tiraram os pratos de todos, menos o dela que
estava quase sem tocar. Enquanto comia sua salada Ceasar de
frango sem vontade, Barb tirou o itinerário da conferência.

— Então, temos a assinatura do livro durante o resto da


tarde e logo depois disso o jantar dos prêmios. Ugh. Viu quem
está nomeado para Autor do Ano?

Jenna viu. Estava verde de inveja desde o dia que a lista


apareceu.

— Sim. Lizzie.

A boca do Barb contorceu em um sorriso.

— Sim. Oh, bom. Pelo menos acabará cedo. Não há nada


planejado para depois dos prêmios.

Jenna assentiu de forma ausente, sua mente obcecada


pelo que Slade e Mustang estariam fazendo enquanto ela estava
aplaudindo relutantemente os ganhadores dos prêmios sobre sua
costela de primeira qualidade, batatas, ervilhas e bolo de

153
morango, ou qualquer outra comida típica que o hotel tivesse
planejado para alimentá-los essa noite.

Os dois cowboys não estariam montando, disso Jenna


estava certa porque eles disseram que tinham o dia livre da
competição para que pudessem descansar para a última rodada
na noite seguinte. A pergunta era o que, ou melhor, quem
estariam montando?

Não quer dizer que Jenna não estava pronta para algum
ciúme antiquado, fosse na sua vida pessoal ou profissional.

— Alguns de nós estão falando de sair depois do jantar.


Talvez encontrar um bar, verificar a cor local. Você quer vir?

Triste e a um passo de fazer beicinho pelos pensamentos


sobre Slade e Mustang em um bar conhecendo um par de garotas
de dezoito, Jenna sacudiu sua cabeça.

— Acho que vou para cama cedo.

— Ah, vamos. Não ficaremos até tarde.

Jenna tomou um gole de seu chá sem açúcar e fez uma


careta ao sentir o gosto, esticou a mão para pegar o adoçante no
centro da mesa.

— Mas nós todos temos esse café da manhã com o


publicitário ao amanhecer.

— Sim, é verdade. Bem aqui no bom Grande Salão, que é


onde jantaremos esta noite. — Barb consultou o itinerário uma
última vez, depois o guardou em sua bolsa. — Realmente acredito

154
que seria uma pena que não visse nada mais que este maldito
salão antes de ir embora de Tulsa. Não quer absorver algo da
verdadeira cultura de Oklahoma? Possivelmente conhecer um
cowboy ou dois?

Com isso Jenna quase se afogou em seu segundo gole de


chá. Sem perceber, Barb olhou ao redor.

— Será que um dos empregados sabe onde há um bom


lugar de cultura local. Sabe, o tipo de bar aonde um copo de
cerveja não custa quase nada e todos os homens usam chapéus e
jeans e dançam com qualquer canção country que toque.

Jenna mordeu a língua para não soltar acidentalmente o


fato de que sabia onde exatamente estava esse bar. Logo as
ciumentas e possessivas engrenagens em sua cabeça começaram
a girar. Ela imaginou o arrogante sorriso de Mustang enquanto
fazia alguma cowgirl rir. Jenna imaginou o escuro olhar de Slade
se concentrar em outra mulher e não pôde suportar mais.

Um plano começou a tomar forma na sua cabeça. Por que


não podia se exibir no bar? Era um país livre. E se acontecesse de
Slade e Mustang estarem lá e Jenna chegar incrível em seu
vestido para a cerimônia de premiação, então o quê? Antes de
poder parar, seus lábios estavam se movendo e as palavras
saíam.

— Uhm. Ouvi falar de um bar assim.

— Sério? De quem?

155
— Uhum, de minha prima. Lembra? A que vive perto
daqui. Bom, não tão perto, mas o suficiente.

— Me lembro. Era lá onde você estava na noite passada,


em vez de no baile vampiro. Era o aniversário da filha de sua
prima ou algo assim.

— Isso. Esse mesmo. De qualquer forma, seu marido me


disse sobre este bar. — Droga. Jenna era melhor deixar-se ir
enquanto podia antes de ser apanhada na mentira. A paranoia
sobre Lizzie roubando sua fonte de cowboy pode ter começado
essa cadeia de mentiras, mas agora Jenna se sentia estúpida
dizendo a verdade a Barb. Era completamente vergonhoso que
tivesse passado dias mentindo.

— Ótimo! Vamos lá então. Isto será tão divertido. Nunca


posso sair quando estou em casa.

Jenna tentou imitar a alegria do Barb enquanto seu


coração começou a bater forte pela antecipação de ver Slade e
Mustang de novo. Quando exatamente perdeu a cabeça por esses
dois cowboys? Ela gostaria de atribuir esse momento a algum
ponto entre seu terceiro e quarto orgasmo. Realmente não se
importaria ter uns desses esta noite. Infelizmente, temia que os
orgasmos fossem só uma pequena parte de sua atração pelos dois
homens.

Esse pensamento foi interrompido quando o telefone


celular de Jenna começou a tocar. Ela baixou o olhar para ele e

156
viu o nome de Astrid no identificador e pressionou o botão de
silêncio.

Astrid quereria saber o que aconteceu a noite passada.


Ainda não podia admitir a si mesma o que aconteceu naquele
trailer. Como ia admitir isso para Astrid? Jenna só tinha certeza
de uma coisa. Queria que acontecesse de novo. Com uma rápida
mensagem de texto para Astrid explicando por que não podia
falar e que a chamaria depois, acrescentou mais uma mentira em
sua crescente rede.

157
Capítulo 12
Com uma esticada nos músculos rígidos, acompanhado
pelo estalo das articulações e um gemido, Slade deu a volta na
cama estreita e olhou o relógio do outro lado do trailer.

Olhando através da penumbra, ele viu Mustang ainda


deitado inconsciente na maior das camas do trailer. Ele passou a
noite tão ocupado quanto Slade, e da mesma exata maneira...
Com Jenna nessa cama grande. Tentou não pensar muito nisso.

A hora que o relógio digital mostrava disse que já era


tarde, mas Slade não podia lamentar dormir o dia todo,
especialmente levando em conta a razão do por que. Ele dormiria
com gosto o dia todo, todos os dias se fosse porque estava fazendo
amor com Jenna quase a noite toda.

Porra. Só pensar nela deixava-o duro novamente.

Realmente boas lembranças bateram nele com força.


Seus suspiros suaves quando a penetrou de manhã.

A sensação dela sob suas mãos.

Vieram também as imagens que não tinham nada a ver


com o sexo. A forma como riu quando Mustang fez uma
brincadeira estúpida, ou como escutava atentamente tudo o que
Slade disse como se fosse a pessoa mais interessante do mundo.

158
Tinha que parar de pensar em Jenna porque além de
estar duro como uma rocha, também tinha que urinar. Era hora
de levantar e se ocupar de pelo menos uma de suas necessidades
físicas.

Afogando outro gemido, Slade levantou da cama ao ritmo


de um homem de oitenta anos de idade, ou o de um cowboy de
touros que quebrou mais ossos ao longo de sua carreira do que
podia contar.

Quando saiu do banheiro, o estômago de Slade grunhiu


em voz alta e se deu conta que teria que dar um jeito nessa
necessidade logo também.

Mustang riu da cama.

— Sim, eu podia comer também. Mas droga, ainda estou


cansado.

Se arrastando de novo em sua própria cama, Slade teve


que concordar.

— É, eu também. Acha que alguém entrega pizza aqui no


trailer? — Mustang voltou a rir.

— Pode valer a pena tentar. Mas me cairia bem outra


hora de sono. Foder toda a noite e a metade da manhã acabam
com um homem.

Slade franziu a testa.

— Cale a boca, Mustang. Odeio quando diz coisas assim.

159
Mustang suspirou.

— Muito bem, o que fiz de errado agora?

— Não importa. — murmurou Slade.

— Não. Não “não importa”. Está fazendo careta e só me


fala isso. Você está bravo.

— Não é nada. Volte a dormir.

— Não. Fala-me o que está errado ou vou continuar


perguntando até que fale... O dia todo. — Mustang olhou o
relógio. — Ou durante toda a noite, se tiver que fazer.

Slade não tinha nenhuma dúvida, por isso cedeu.

— Simplesmente eu não gosto que use essa palavra


quando está falando de Jenna.

Mustang ficou em posição vertical para inclinar para trás


contra a cabeceira, com a testa franzida.

— Que palavra? Foder?

— Sim.

— Você está chateado porque falei foder? Que porra é


essa? Você está brincando? Eu uso essa palavra o tempo todo,
por toda parte e você também. Qual é o problema?

— Diga tudo o que quiser, mas não use para o que você e
eu fizemos com Jenna. Está bem? — Quanto mais a conversa

160
continuava, mais ridículo Slade sentiu-se. Especialmente quando
Mustang levantou uma sobrancelha e o olhou chocado.

— Você está muito estranho ultimamente.

— Só porque não quero que insulte Jenna? Isso não é


estranho. Volte a dormir, Mustang. — Slade fechou os olhos,
desejando silêncio.

— Essa é outra coisa estranha. Não só lembra seu nome,


como disse enquanto estava fo... Fazendo sexo com ela.

Slade gemeu e desejou de novo que nunca tivesse


começado isto.

— Eu disse seu nome. E o que tem isso?

— E o que tem isso? Você nunca faz isso. Nunca.


Inclusive normalmente, não lembra seus nomes e, se lembra,
nunca diz durante o sexo.

Esta conversa estava indo a lugares que Slade não queria


que fosse.

— Cale a boca, Mustang.

Houve silencio por uns breves momentos, o que foi bom,


mas logo acabou. Quando os lábios de Mustang começaram a se
mexer de novo.

— Você também a beijou.

Slade manteve a boca fechada, com a esperança de que o


amigo entendesse a indireta e faça o mesmo. Mas ele não fez.

161
— Você nunca as beija. E foi lá embaixo nela. Você nunca
faz isso. Não na minha frente, de qualquer modo.

Merda. Realmente não queria falar disto.

— Que diabos, Mustang? Vai analisar a maneira em que


fodo agora também?

Nunca lento quando se tratava de enfrentamentos


verbais, Mustang disparou de volta:

— Pensei que não estávamos usando essa palavra e de


fato sim, vou analisar como fodeu. Você olhou para ela. Você
sempre faz por trás.

— Porra! Em primeiro lugar, está me assustando que


você esteve prestando tanta atenção assim.

— Bem, não diria exatamente assim. Não estava babando


sobre sua bunda, nem nada. Estava te vendo olhar para ela, o
que fez todo o tempo, na verdade. Nunca tirou os olhos de seu
rosto, você nunca faz isso e...

Slade cortou a recapitulação sexual de Mustang.

— Há um ponto para toda essa conversa?

— Sim, há.

— E tenho certeza de que vai me fazer ver a luz. —


Deixando escapar um suspiro, se resignou ao fato que Mustang
não terminou ainda. Ele deveria apenas ter ficado de boca

162
fechada, para começar ou ter saído para buscar essa maldita
pizza. Agora é muito tarde.

Do outro lado do trailer, Mustang sorriu para ele.

— É obvio que sim. O ponto é que você gosta de Jenna.

— Claro que eu gosto. Grande coisa. Você também gosta.


— Slade deitou em seu travesseiro e olhou para a parede com a
esperança de que calaria Mustang e poria fim a esta conversa de
uma vez por todas.

— Claro que eu gosto. Jenna é incrível. Esse não é o


ponto. Quero dizer que você gosta-gosta.

— Eu gosto! — Virou-se e levantou sobre um cotovelo


para olhar para Mustang na outra cama. — O que, você está na
quinta série?

— Você é que está parecendo com um estudante do


ensino médio com uma queda pela garota bonita. Fica sempre
quieto enquanto ela fala, mas não tira seus olhos dela. — Quando
Slade caiu sobre o colchão como uma birra, Mustang continuou.
— E o que foi aquilo tudo de uísque na noite anterior? Você sabe
o que acontece quando você...

— Mustang, chega, é suficiente! — Grunhiu Slade.

— Admite que você gosta dela e eu fico quieto.

— Tenho sérias dúvidas disso. — Como poderia Slade


admitir para o seu amigo o que nem podia admitir a si mesmo? —
Só volte a dormir.

163
Mustang começou a rir.

— Está bem, Romeu.

Logo, felizmente, tudo estava tranquilo, com exceção dos


pensamentos incrivelmente fortes em sua cabeça fazendo eco com
a observação de Mustang.

Você gosta de Jenna.

Sim, Slade se deu conta, gostava dela e seu único


pensamento depois de admitir a si mesmo foi: Merda.

164
Capítulo 13
Quando o táxi parou em frente ao agora familiar bar e as
quatro autoras entraram, Jenna pagou ao motorista e começou a
se dar totalmente conta de seu erro ao sugerir que elas viessem
aqui.

O que aconteceria se Slade e Mustang estivessem aqui?


Eles, o mais provável, viriam e dariam um grande beijo nela bem
na frente de suas amigas. E então? Teria que explicar a suas
companheiras autoras que ela teve uma pequena fantasia de um
trio cowboy para na última noite. Não havia maneira que fizesse
isso.

Teria que ir até eles primeiro e dizer que fossem com


calma e fingissem que acabaram de conhecê-la.

Enquanto Jenna saia do táxi e alisava para baixo a prega


de seu vestido, deu conta que o cenário era o melhor. O pior, e o
mais provável, seria que há esta hora os dois cowboys estivessem
já profundamente absortos em pegar outra mulher nesse bar.

Então parou, olhando fixo para a porta, muito temerosa


em abri-la, com medo de enfrentar o que poderia estar lá dentro.

165
Quase deu a volta e correu para o táxi quando Barb abriu
a porta com Ann e Megan e as outras duas escritoras atrás dela,
bem mais fortes, praticamente a arrastaram através da entrada.
Todas animadas, para entrar, exceto Jenna. Agora sabiam que ali
haveria cowboys depois que Barb leu em voz alta a mensagem no
pôster luminoso do estádio na rua em frente a respeito da
competição de rodeio em touros.

Dentro, as acompanhantes de Jenna foram saudadas


pelo mar de chapéus de cowboys. Aparentemente um dia de
descanso da competição significava que todo cowboy de touros no
evento não tinha nada mais o que fazer do que vir ao bar. Com o
coração na garganta, Jenna rapidamente escaneou o lugar e
suspirou uma mistura de alívio e decepção. Dúzias de olhos
olharam na direção a elas, mas os dois pares que especificamente
procurava não estavam ali.

Pensou na razão pela qual eles estavam ausentes. Com


certeza selecionaram uma saborosa guloseima do bufê de
coelhinhas de fivelas e estavam desfrutando dela em seu trailer.

Ela sentiu seu coração espremer quando Barb pegou sua


mão, puxando-a através da multidão para a mesa; ainda no seu
devaneio de autopiedade, Jenna não percebeu suas duas
companheiras chamando do canto mais distante. Na mesma
mesa que compartilhou com Slade e Mustang naquela primeira
noite.

O anúncio de cerveja em néon azul ainda estava


pendurado no mesmo lugar, exceto que agora iluminava quatro

166
garotas da cidade em vez dos dois cowboys com quem fez amor
apenas vinte e quatro horas antes. Aquele pensamento causou
um toque de desejo em sua parte de baixo, enquanto ao mesmo
tempo se sentia enojada pensando com quem estariam eles agora.

Uma garçonete apareceu, era a mesma que serviu eles na


noite anterior. Jenna mordeu seu lábio, rezando para que a
mulher não mencionasse sua presença por três noites seguidas
agora, ou o fato que foi embora com os mesmos dois cowboys
ambas as noites.

— Que tal uma jarra de cerveja, damas?

Assentimentos seguiram à sugestão de Barb.

— O que você tem no barril? É alguma cerveja local? —


Perguntou Barb. Aquela pergunta fez a garçonete levantar a
sobrancelha.

— Temos Bud de barril. É isso.

— Ok. Bud então e quatro copos.

Jenna sorriu para si mesma, sabendo por experiência


que traria quatro copos plásticos, não de vidro. Ela poderia estar
fora de lugar aqui, mas pelo menos tinha alguma experiência em
campo. As outras três eram como peixe fora d'água.

— Olhem todos esses cowboys bonitos! — Ann olhou ao


redor com os olhos bem abertos.

— Sim e todos são da mesma idade de meu filho, —


comentou Megan.

167
— Eles supostamente devem ser jovens para montar
touros. O mais velho peão de touros na competição tem 38 anos...

Jenna deu um olhar ao redor e se deu conta que todos os


olhos estavam sobre ela.

— Como você sabe disso? — perguntou Ann, também


uma garota da cidade.

— Está escrevendo um livro de cowboy. — respondeu


Barb.

Jenna concordou com a cabeça, agradecida pela


explicação de Barb. Finalmente confessou para Barb que o que
estava escrevendo era sobre cowboy, mas só isso.

— Sim. Estive fazendo minhas pesquisas. Ficariam


surpresas com o que podem encontrar na internet.

Megan assentiu.

— Oh, sim. Deveriam ver todas as coisas que encontrei


em tratamentos contra a demência durante o período da Regência
na Inglaterra.

Com isso, a conversa mudou o que sempre acontecia


quando os autores se juntavam, não importava o livro em que
estivessem trabalhando.

Jenna suspirou de alívio, porque o foco não era sobre ela


e aproveitou o momento para olhar ao redor do bar. Estava triste
ao fato de que Slade e Mustang não estavam lá, de alguma forma,

168
fazia se sentir melhor o fato de ser capaz de identificar alguns dos
cowboys da competição.

Com seus olhos vagando, notou um par de olhos


apontando para ela. O cowboy pegou seu olhar e antes que
pudesse evitar o olhar, ele estava sorrindo e vindo em sua
direção.

Com os olhos muito abertos, observou-o chegar à mesa,


tocando seu chapéu. Toda a conversa parou novamente quando
as três autoras de romance, mais ávidas por uma boa história de
vida que no papel, observaram a ação entre Jenna e o jovem
cowboy de touros.

Ele deu um — Olá, minha senhora — que em qualquer


outra situação teria feito cair sua calcinha. Ele não era uma
criança, mas estava meio apaixonada por Slade e Mustang.

— Humm, olá.

— Eu reconheci você das arquibancadas e pensei que


deveria dizer olá.

Jenna deu um olhar de soslaio para os interessados


olhares de suas amigas.

— Hum. Sinto muito. Deve estar me confundindo.

— Ontem à noite. Estava sentada com as esposas e


namoradas dos cowboys... Você sabe, bem atrás das aberturas de
saída.

— Hum, não. Sinto muito. Deve ter sido outra pessoa.

169
De repente, seu rosto se iluminou.

— Sério? Hmm. Bem. Peço desculpas pelo meu engano e


gostaria de convidá-la para dançar.

Com outro olhar às mulheres na mesa, Jenna estava


dividida a respeito do que fazer. Ir com ele à pista de dança,
assim pelo menos estava longe de suas amigas e assim elas não
iriam descobrir? Ou dizer não obrigada e esperar que ele
partisse?

Aparentemente não tinha escolha neste caso, porque


suas amigas praticamente a jogaram da mesa, ao mesmo tempo
em que o jovem cowboy a pegava pela mão e a levava à pista de
dança.

Antes que Jenna soubesse, estava presa em seus braços


e dando voltas pelo piso de madeira, exatamente onde esteve na
noite anterior, mas nos braços de Mustang. Quando exatamente
sua vida ficou tão estranha?

— Eu tenho que admitir algo para você. Estou feliz de ter


cometido um engano a respeito de você estar na pista ontem à
noite.

Sua curiosidade de escritora aumentou. Jenna não


conseguiu aguentar.

— E por quê?

Ele grunhiu encantadoramente, seus olhos azuis


cintilando.

170
— Porque se fosse você na seção VIP, isso significaria que
você estava com um dos outros cowboys.

Suspirou enquanto avaliou se o menino era adulto o


suficientemente para legalmente sequer estar no bar e beber.

— Escuta, hum, qual é seu nome?

— Chase. — Ele sorriu de novo.

— Olá, Chase. Sou Jenna.

Chase baixou sua cabeça uma vez em modo de saudação.

— Jenna, esse é um belo nome. Combina perfeitamente.


Um belo nome para uma bela mulher.

Porra, o menino tinha todos os galanteios de bar já


prontos. Ignorou sua paquera e voltou para o assunto que a
preocupava, o fato que Chase a reconheceu na competição. E se
trouxesse o assunto de novo a respeito de como ele a viu ontem à
noite e as outras escritoras começassem a fazer perguntas? Ele
podia expô-la na frente de suas amigas como uma mentirosa e
uma mexeriqueira, sem mencionar uma puta se acrescentar que
fez sexo com dois caras.

— Escuta Chase. Vou dizer para você um segredo e vou


pedir que não diga a ninguém. Pode fazer isso?

— Claro. — Estava se divertindo porque ela estava


desejando compartilhar um segredo com ele.

171
— Eu estava na arquibancada ontem à noite, mas menti
para minhas amigas e disse que estava em outro lugar.

Chase franziu a testa e olhou de esguelha para a mesa


cheia de mulheres,

— Por quê?

Suspirando, Jenna decidiu tentar algo novo para variar e


disser a verdade... Uma parte, de qualquer maneira.

— É em certo modo, complicado, mas para encurtar, sou


escritora.

— Uau! Será que já li algo que você escreveu?

— Duvido, mas o ponto é: este é um negócio


extremamente competitivo e por certas razões, não queria que
uma autora em particular soubesse que eu estava na competição
ontem à noite investigando para meu livro.

Chase assentiu.

— Porque ela poderia te roubar a ideia.

Jenna sorriu.

— Sim, algo assim. Para que não soubesse, menti para


todas as minhas amigas a respeito disto. Entende porque não
posso deixar que nenhuma de minhas amigas ali saiba que me
viu ontem à noite?

172
Chase olhou de conto de olho novamente à mesa das
mulheres, quem sem dúvida ainda seguia olhando para eles como
falcões, depois inclinou conspirativamente.

— Não se preocupe. Seu segredo está a salvo comigo.

Não inclinou para trás depois do sussurro, permaneceu


com sua cabeça pressionada contra a sua. Ele era mais alto que
ela, mas com sua cabeça inclinada para baixo, os cachos cor
areia de Chase faziam cócegas em seu rosto.

Poderia ter sido tentada, em outra vida, onde seria dez


anos mais jovem e não estaria ainda um pouco dolorida por
causa de uma noite de sexo não com um, mas dois amigos
cowboys. Mas do jeito como são as coisas, Jenna era velha e a
pesar do ménage de ontem à noite, não era uma mulher moderna
o suficiente para dormir com todo o ranking de cowboys de
touros, ainda que Chase fosse absolutamente adorável e estivesse
obviamente interessado.

Dependia dela. Então inclinou sua cabeça para trás,


assim poderia assinalar o ponto óbvio para ele.

— Chase. Quantos anos você tem?

Ele sorriu orgulhoso.

— Vinte e um hoje, madame.

Vinte e um. Droga. Jenna afogou um gemido ante aquela


revelação.

173
Ele deveria saber que a coisa constante de “madame” não
o estava ajudando com ela nem um pouquinho.

— Chase, escuta. Sou muito velha para você.

— Claro que não, você não é. Eu gosto de mulheres


alguns anos mais velha que eu.

Alguns! Controlou uma explosão de risos amargos para


sua descrição. Mas isto explicava porque estava ali ao seu lado e
não com uma das jovens dispersas pelo bar que davam a Jenna
olhadas endiabradas por estar dançando com Chase. Permitiu-se
outro olhar para elas e se fosse maiores de idade o suficiente para
beber legalmente, comeria o chapéu de Chase.

Jenna voltou sua atenção de novo para Chase, que


estava claramente tendo sua fantasia homem jovem /Sra.
Robinson, assim o assunto da idade não ia fazê-lo mudar de
ideia. Teria que tentar outra tática.

— Não estou exatamente disponível, Chase. — Isso não


era realmente uma mentira. Não, não estava saindo com Slade ou
Mustang de maneira nenhuma, mas eram os únicos em quem
estava interessada no momento, assim, isso a fazia não
disponível.

Mesmo que a esta altura eles estivessem, provavelmente,


com alguma outra mulher. O ressurgimento daquele pensamento
retorceu seu intestino.

174
— Ele está aqui agora? — Chase olhou ao redor do bar,
sabendo bem que ela tinha entrado com três mulheres e nenhum
homem e por isso todo o bar se virou para observar sua entrada.

— Não. — Infelizmente.

Odiava pensar onde eles estavam e o que estavam


fazendo.

Chase sorriu docemente.

— Então não se preocupe por isso. É só uma dança,


Jenna. Faça um cowboy feliz no seu aniversário e dê só uma
dança. Ok?

Se sentindo um pouquinho mais aliviada, devolveu o


sorriso.

— Ok.

Enquanto Chase a conduzia muito bem ao redor da pista


no ritmo de algumas canções country sobre corações quebrados,
ela se permitiu relaxar e aproveitar a dança e a atenção. Quem
sabia quando conseguiria tal devoção constante masculina de
novo uma vez que deixasse Tulsa?

Onde estavam este tipo de caras quando ela estava


crescendo? Certamente não nos subúrbios de Nova York.

Pelo jeito, deveria ter vindo a Tulsa há anos.

— No caso de não ter a oportunidade mais tarde, queria


te agradecer pela dança, Jenna.

175
— De nada. É o mínimo que posso fazer pelo seu
aniversário número 21. — Ela afogou um estremecimento ante o
número que não foi capaz de dizer por muito, muito tempo.

— Então talvez possa conseguir só um beijinho? Você


sabe, pelo meu aniversário. — Chase ergueu sua sobrancelha na
expectativa e deu-lhe uma doce e travessa, careta de anjo que a
fez rir.

— Não force a barra, cowboy. — Seu tom não estava


firme, considerando que estava tentando não rir para sua criativa
tática enquanto dizia isso.

Chase sorriu.

— Veremos. Acho que estará de acordo com minha forma


de pensar.

Agora riu abertamente para ele.

— Oh menino, você é persistente.

— Tem que ser persistente neste negócio. Ei! Sabe que


estou indicado para o novato do ano? Há uma boa possibilidade
que consiga também, logo que faça minhas duas rodadas amanhã
à noite.

Jenna percebeu que estava ficando muito familiarizada


com este ambiente quando se escutou perguntar.

— Novato do ano. Você ganha uma fivela por isso?

Chase sorriu mais abertamente.

176
— Sim, madame. Ganho. Não está interessada em fivelas,
ou está?

Obviamente o termo coelhinha de fivela era familiar,


inclusive para os cowboys jovens e seu interesse em fivelas tinha
elevado as esperanças de Chase ainda mais. Jenna riu
novamente para o ridículo de toda a situação, mas ainda não
estava disposta a acabar totalmente com suas expectativas.

— Estou interessada em muitas coisas. É um dos efeitos


secundários de ser escritora.

Ela se sentia egoísta e estava realmente gostando da


atenção. Isto fazia com que sua decepção pela ausência de Slade
e Mustang e suas preocupações a respeito de onde e com quem
estariam, desaparecessem um pouco. A música terminou e Jenna
aproveitou a oportunidade para sair dos braços do moço jovem o
suficiente para ser seu filho biológico em certos países do terceiro
mundo.

— Obrigada pela dança, Chase. Gostei muito, mas é


melhor eu voltar para minhas amigas agora.

Chase olhou de esguelha novamente para a mesa e sorriu


abertamente.

— Ok, mas acho que elas estão bem sem você.

Jenna seguiu seu olhar e não pôde acreditar no que viu.


O que estava acontecendo? A mesa estava totalmente cheia de

177
cowboys e pelas expressões nos rostos de suas amigas elas
estavam adorando.

— Como aconteceu isso?

Chase riu.

— O que posso dizer? Somos um grupo acolhedor.


Vamos, te acompanho até sua mesa.

Eles estavam chegando a mesa quando um dos cowboys


os parou.

— Ei, Chase! Sabia que todas essas mulheres escrevem


livros de romance?

Assim como ouviu falar, cowboys eram gentis. O que fez o


comentário levantou da cadeira para Jenna para se sentar. Ela
não podia lembrar a última vez que um homem cedeu seu lugar
em Nova York.

— Este é meu amigo, Garret. — Chase apresentou,


depois ergueu uma sobrancelha. — Romances é? Você disse que
era escritora, mas não disse de romances.

Jenna se encontrou não só sentada, mas também com


um copo de cerveja. Esta misteriosamente apareceu e foi
empurrada em sua mão. Tomando um gole na falta de algo mais
para beber, ela deixou a espuma fria deslizar por sua inesperada
garganta seca.

Levantou o olhar para Chase que estava acima dela e


encolheu os ombros.

178
— É você sabe, eu gosto de parecer misteriosa.

Chase agachou ao lado da cadeira e levou seu chapéu


para trás para poder olhá-la.

Ele riu.

— Você é Jenna. Definitivamente é. Misteriosa e linda.

Sacudiu a cabeça para ele.

— E você, Chase, é um adulador e um paquerador.

Ela viu outro sorriso curvando seus lábios e suspirou


enquanto tentava ignorar como se sentia bem com a atenção.

Decidiu que sua mente de trinta e cinco anos estava


gostando da atenção de um jovem, Ok, de um homem muito mais
jovem. Mas uma pequena e inocente paquera não poderia ferir
ninguém, ou poderia?

Ao seu redor, as outras três escritoras nunca pareceram


mais felizes, cada uma com pelo menos um cowboy ao lado. Perto
de Barb, Garret, Chase o chamou assim, pegou a jarra vazia e
enquanto ia ao bar para encher, Barb inclinou muito perto de
Jenna.

— OH, meu Deus! Estes são verdadeiros cowboys!

Jenna riu e sussurrou.

— Sim, sei.

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— Quero dizer reais, não só meninos que gostam de usar
botas e chapéus. — Barb corrigiu.

Sim, ela notou a diferença por si mesma. Ainda rindo,


Jenna elevou a voz.

— Bárbara, este é Chase. Ele está competindo nas finais


do rodeio de touros e foi indicado para Novato do Ano.

Chase ficou em pé e tocou seu chapéu para o Barb.

— Madame.

Jenna não podia evitar rir para a sobrancelha elevada de


Barb enquanto olhava dela para Chase e de novo para ela. Se
esse olhar não insinuava que devia ficar com ele, não sabia o que
queria dizer.

Se Barb soubesse que conseguiu um cowboy, dois na


verdade. Aquele pensamento fez Jenna dar olhadas ao redor do
bar mais uma vez, procurando os dois homens perdidos.

Chase se apertou mais atrás dela quando o outro cowboy


voltou com outras duas jarras cheias de cerveja e colocou sobre a
mesa. Barb aproveitou a oportunidade para se inclinar
novamente.

— Chase é adorável.

— Sim, adorável, igual um cachorrinho. — Jenna revirou


seus olhos.

Barb encolheu os ombros.

180
— Tá bom ele é jovem. Grande coisa. Não é para casar.
Eu acho que conseguiria mais em uma noite com ele que com
aquela palestra que você assistiu a respeito de escrever sexo
quente.

— Oh, meu Deus, Barb! Você é tão má! — Jenna bufou e


sentiu seu rosto quente. Aventurou um olhar na direção de Chase
e viu que a olhava e sorria. Sim, as probabilidades eram boas que
ele soubesse qual era o tema da conversa, o que a deixava com as
bochechas cada vez mais vermelhas, tinha certeza.

— O que pode haver de errado, Jenna? Vamos. O que


acontece na convenção de escritores de romance em Tulsa, fica
na convenção de escritores de romance em Tulsa.

Jenna duvidava seriamente disso, considerando os


notórios fofoqueiros que assistiam à conferência.

O cowboy de Barb finalmente terminou de servir a cerveja


na mesa, incluindo para Jenna, notou enquanto dava um olhar a
seu copo quase cheio. Ficou feliz quando ele voltou a se
concentrar em Barb, o que significava que ela não tinha tempo
para se concentrar na vida sexual de Jenna de novo.

Sentiu uma mão em seu ombro pouco antes de sentir um


quente suspiro fazendo cócegas em sua orelha.

— Com certeza é adorável quando você cora.

Jenna sentiu o rubor aumentar e esparramar por suas já


vermelhas bochechas com o comentário. Chase riu mais

181
abertamente por isso. Ela ergueu o copo plástico bebeu um
enorme gole e tentou ignorar que a atenção de Chase estava
começando a esquentar outras partes de sua anatomia também.

Enquanto o nível de ruído aumentava e a cerveja


começava a subir para sua cabeça, Jenna viu uma dúzia de copos
repentinamente aparecer sobre a mesa e estava engolindo algo
que queimava sua garganta e a fazia tossir. Pegou seu copo de
cerveja e bebeu para suavizar o fogo do gole. Antes de se dar
conta, estava tendo dificuldade para caminhar ereta para o
banheiro do bar.

Uma vez no banheiro, Jenna não estava tão bêbada para


não pensar em olhar como estava no espelho enquanto lavava as
mãos. Nem se esqueceu de retocar o gloss labial, para falar a
verdade pareceu mais difícil do que estava acostumado ser.
Passando os dedos por seu cabelo, olhou seu ruborizado reflexo
uma última vez e puxou a maçaneta da porta, pulando porque
superestimou o peso da porta e a bateu contra a parede.

Fingindo que não causou o barulho, saiu pelo corredor


onde ficavam as portas dos banheiros de damas e cavalheiros
assim como também um antigo telefone e encontrou Chase
esperando por ela.

— Oi. — Ele pôs uma mão no seu ombro e sorriu, mas


não era no modo “oh diabos madame” de quando ele se
aproximou aquela noite. Era em um modo sedutor e muito adulto
tipo “sou um homem, você é uma mulher, assim, tudo bem”? que
fazia retorcer seu estômago e as partes baixas.

182
— Ei. — Sua voz soava rouca em seus próprios ouvidos.

Chase enfatizou o gesto ao consultar a tela digital de seu


celular antes de mostrar para que ela o visse.

— Ainda faltam algumas horas para acabar meu


aniversário. Ainda temos tempo para você me dar o beijo que me
prometeu.

Prometeu? Entre os lábios tentadoramente sensuais de


Chase e o álcool, honestamente não conseguia lembrar. Quando
ele abaixou a cabeça para que sua boca estivesse quase a um
suspiro da dela, Jenna parou de tentar lembrar e em vez disso o
deixou fechar a pequena distância para encontrar sua boca.

As coisas rapidamente se transformaram em um borrão


enquanto as mãos de Chase subiam para segurar seu rosto e em
seguida se emaranharem em seu cabelo. Ele beijou mais
profundo e ela deixou, abrindo sua boca quando sua língua
passou entre seus lábios.

Com seu coração batendo, se encontrou pressionada


contra a parede pelo duro corpo de Chase. Envolveu os braços ao
redor de sua cintura enquanto ele derrubava sua cabeça e a
beijava mais forte. Aquela pequena mudança de sua posição
pressionou seu quadril mais perto, entre o seu... E se deu conta
quão bem essa pressão lhe fazia. Muito bem. Ela queria mais.
Não queria querer mais.

183
O empurrou para longe e rompeu o beijo. Chase permitiu,
inclinando sua cabeça contra a sua, pelo tempo suficiente para
deixar sair um gemido satisfeito.

— Obrigado, Jenna. Esse foi o melhor presente de


aniversário que tive em muito tempo. — Logo ele se endireitou,
pegou sua mão, ajustando a asa de seu chapéu e a levou
novamente para mesa, onde muitos pares de olhos se abriram e
sobrancelhas se ergueram.

Jenna deu um olhar para Chase e viu que sua boca


estava manchada com seu gloss de lábios. Deu a ele um rápido
sinal para limpar sua boca enquanto seu cowboy ria. Então
rapidamente limpou sua própria boca horrendamente manchada
com o gloss.

Horrorizada, deu um olhar para suas amigas e as


encontrou rindo tão bêbadas quanto ela se sentia. Barb elevou
um gole em saudação, bem antes que o seu cowboy agarrasse sua
mão, a puxando da cadeira a levando pelo mesmo corredor.

Na metade do caminho, Barb se virou.

— O que acontece em Tulsa...

— Fica em Tulsa. — ecoou Megan, enquanto ela era


puxada para o colo de um cowboy. Ann não disse uma palavra já
que sua boca foi ocupada por um quarto cowboy.

184
Jenna ergueu uma sobrancelha e deu um olhar para
Chase, que encolheu os ombros, e começou a massagear seu
pescoço e ombros levemente.

— Eu disse que éramos um grupo acolhedor.

Enquanto sua cabeça se inclinava para um lado, Jenna


disse:

— Pode dizer de novo.

185
Capítulo 14
Mustang inclinou em sua cadeira e esfregou seu
estômago.

— Oh, sim. Isso estava bom. Eu estava com tanta fome


que meu estômago estava comendo a minha coluna.

Slade repetiu a postura de Mustang e inclinou na cadeira


da pizzaria.

— Sim, mas estou pensando que provavelmente a gente


não devia ter comido a pizza inteira.

Provavelmente não, desde que uma barriga muito cheia


poderia ser incômoda. Especialmente para a próxima atividade
que Mustang desejava fazer.

— Então, Quer ir ao bar e ver quem encontramos lá?

— Tenho certeza que cada cowboy de touros na


competição estará lá, já que tivemos o dia livre.

— Certamente, mas não estava falando de cowboys de


touros. — Sorrindo de maneira insinuante, Mustang apertou seu
guardanapo em uma bola, jogou sobre seu prato de plástico
manchado de gordura e empurrou longe dele enquanto Slade
pensava sobre algo.

186
Quando Mustang olhou outra vez, ele viu uma estranha
expressão na cara de Slade.

— Não, vá você se quiser. Eu vou voltar para o trailer


para dormir um pouco.

— Depois que a gente dormiu o dia todo? — balbuciou


Mustang.

Slade não respondeu, só encolheu os ombros e olhou


para todos os lados menos para Mustang.

Isto não era interessante?

Decidido a provar sua nova teoria, que Slade estava


interessado em Jenna para mais do que uma noite, casualmente
deixou ir a ideia do bar.

— Tem razão. Cada cowboy e seu irmão estarão no bar


esta noite. Ouça. Sei o que podemos fazer.

Slade olhou para cima.

— O que?

Mustang não podia controlar o grande sorriso que sentia


se desenhar em seu rosto.

— Talvez a gente possa ir ao bar no hotel de Jenna.

A cara de Slade claramente demonstrou seus


sentimentos sobre a ideia.

— Não.

187
— E por que não?

— Porque não nos convidou a bisbilhotar ao redor de seu


hotel.

— Não estaríamos bisbilhotando. Prometemos que a


ajudaríamos com o livro. Tem que arrumar todos esses dados que
estão errados. Todas aquelas coisas que você corrigiu. Na noite
passada nós não discutimos sobre o livro com ela. — Porque
estávamos muito ocupados fazendo sexo para trabalhar em
qualquer livro. — Então, veja, estaríamos fazendo um favor.

— Sim e eu tenho certeza que essa é a única razão pela


qual você quer ir a seu hotel. Para trabalhar em seu livro. —
Slade franziu o cenho. — Além disso, se quisesse a gente no seu
hotel, não tinha pedido para a gente se esconder esta manhã para
que ninguém a visse sair do meu carro.

— Oh, vamos. Não pode julgá-la por isso. Nenhuma


mulher quer ser surpreendida fazendo o passeio da vergonha na
manhã depois da noite que nunca chegou em casa. Ser vista
saindo de um carro com dois cowboys seria pior. — O cenho de
Slade disse à Mustang que não gostou da referência ao passeio da
vergonha a respeito de Jenna. Outra vez, muito interessante. —
Então, de qualquer forma, vou ao hotel. Se quiser voltar para o
trailer tudo bem. Darei o melhor de mim.

Isso fez Slade ter a reação que queria.

— Não disse que não iria só que não acho que seja uma
boa ideia. Duvido que nos queira lá.

188
Mustang sorriu. Ah. Ela os queria, e o sentimento era
mútuo. Empurrou para trás sua cadeira com um forte chiado.

— Venha, vamos.

Slade suspirou e depois finalmente seguiu Mustang.

Estacionaram o carro de Slade no solar do hotel pela


primeira vez, tendo sempre, basicamente, parado e deixado Jenna
antes. E pela primeira vez, caminharam no lobby. Olharam ao
redor.

Mustang deixou sair um comprido assobio.

— Caralho, este lugar é bonito.

Também estava cheio de mulheres de todas as cores,


formas e idade. E Mustang uma vez mais sentiu intensamente o
que estavam perdendo por ficar nesse trailer a maior parte do
tempo e não em um belo hotel.

A boca de Slade torceu.

— É bonito. Vamos. Vamos procurar o bar.

Mustang franziu o sobrecenho.

— Espera. Não quer tentar encontrar Jenna primeiro?

— Como propõe que façamos isso?

— Bem, poderíamos primeiro perguntar e descobrir se há


alguma coisa acontecendo com a sua conferência, você sabe,
como um jantar ou algo assim.

189
Slade olhou ao seu redor.

— Eu acho que, a julgar pelos milhares de mulheres com


crachás passeando pelo lobby, não há nada acontecendo ou elas
estariam lá.

Mustang observou os crachás com nomes pendurado em


cada um dos pescoços. Não os tinha notado antes. Ele devia estar
olhando para alguma outra parte, como todos os decotes
expostos.

— Bem, então pediremos à recepção que a chame em seu


quarto. Veremos se ela está aqui. Se não, há uma boa chance que
esteja passeando por ai. E olha, há um bar bem ali no meio do
lobby.

Slade suspirou, olhando aonde um grupo de assistentes


da conferência reuniam, esperando por bebidas.

— Bem, vá encontrar o telefone. Duvido que encontremos


lugar, mas vou conseguir para nós um par de cervejas.

— De acordo. — Mustang sorriu. Qualquer coisa


relacionada a bebidas que Slade dissesse estava bem para ele.

Quatro cervejas cada um e umas poucas horas depois e


Mustang estava começando a duvidar de seu plano. A multidão
de mulheres diminuiu e dispersou, provavelmente para seus
quartos para dormir, mas não antes que ele e Slade tivessem
recebido umas olhadas interessadas. De qualquer forma, entre
elas não estava Jenna.

190
— Vou tentar ligar para o quarto dela outra vez.

— Só vamos embora — Slade franziu o cenho, colocando


sua garrafa de cerveja vazia sobre o bar com um barulho.

— Só mais uma ligação. Se ela não atender, vamos


embora. Ok?

— Ok. Vou ao banheiro. — Slade levantou-se do banco


que tinham alcançado quando a multidão se afastou.

— Bem, tem uma cabine telefônica bem ao lado do


banheiro.

Eles cruzaram o amplo saguão, Slade desapareceu dentro


do luxuoso banheiro de mármore e Mustang, mais uma vez,
chamou a recepção.

— O quarto de Jenna Block, por favor. — Tamborilando a


ponta de sua bota impacientemente, Mustang escutou como o
telefone de Jenna tocava e tocava, mas ela não atendia.

Slade saiu do banheiro e o viu ao telefone.

— Venha, vamos. Não está lá.

Com um suspiro, Mustang estava a ponto de se render


quando virou e viu um sinal que o fez dar um enorme sorriso.

— Não, tem razão. Não está em seu quarto, porque ela


está bem aqui.

Slade seguiu o olhar de Mustang.

191
— Puta merda. Parece que está bêbada.

— Sim, parece. — Mustang sorriu e pesou as


possibilidades disso.

— Mustang... — a voz de Slade veio com um baixo


grunhido. — Não vamos tirar vantagem dela enquanto estiver
bêbada.

Jenna ainda não os viu apesar de estar indo diretamente


na direção onde estava ou possivelmente, aos elevadores à sua
esquerda.

— Slade, se nós não já tivéssemos fod-dormido com ela,


eu concordaria com você. Mas do jeito como as coisas são, já
fizemos e eu, pela primeira vez, quero fazer de novo. — Observou
enquanto ela apertava o botão do elevador e depois olhou ao
redor.

Viu o momento em que Jenna os reconheceu. Mustang


estava discutindo com Slade quando olhou o rosto dela iluminar.

— Vocês estão aqui. — sua voz tinha esse alto tom de que
vinha bebendo uns poucos goles.

Mustang sorriu.

— Sim, estamos querida. Esperando por você.

Viu como ela se derreteu por isso.

— Estavam esperando por mim? Vocês são tão doces.

Perto dele, Slade franziu a testa.

192
— Sim, nós somos. Somos um par de doçuras.

A porta do elevador abriu. Por sorte, estava vazio assim


Jenna não encontraria com ninguém que conhecesse enquanto
subia com dois cowboys. Antes que acontecesse qualquer
discussão ou negociação sobre quem iria subir, Mustang deu um
passo para frente e levou Jenna para dentro, pelo cotovelo. Deu a
Slade um olhar. Ele finalmente entrou depois deles e as portas
fecharam.

— Não posso acreditar que estejam aqui. — Jenna disse


outra vez. Esse era outro sinal dos muitos goles, repetidamente
notando o óbvio e mostrando grande assombro sobre isso.
Continuou. — Pensei... Tinha medo que estivessem com outra
mulher.

Estava com ciúme. Isso era tudo o que Mustang


precisava para dar um passo para e pegar sua boca com um beijo
quente e úmido, que ela retornou com gosto.

Um sorriso divertido curvou os lábios do Mustang.

— É cerveja o que estou provando em sua boca, querida?

Jenna ficou envergonhada.

— Acho que sim. Isso ou vodca.

— Estava tomando vodca? — gaguejou Slade de onde


estava atrás de Jenna onde se apoiou infelizmente contra o
corrimão de metal do elevador.

Jenna virou para ele.

193
— Sim, os meninos continuavam comprando para nós.

— Os meninos? — Slade levantou uma assombrada


sobrancelha tão alto que fez Mustang rir.

— Que meninos eram esses, querida? — perguntou


Mustang tão interessado quanto divertido.

Mustang viu Jenna corar lindamente.

— Chase e alguns dos outros cowboys.

— Chase? Chase Reese? O garoto novato do ano? —


resmungo Slade.

— Sim. É ele. — Lançou um olhar sobre seu ombro para


Slade, depois se voltou para Mustang. — Ele provavelmente
conseguirá ser o novato do ano se fizer ambos os rodeios à noite
amanhã. Consegue uma fivela por isso, sabe.

— Você é tão linda. — ele agarrou seu rosto e plantou


outro beijo em seus lábios. — E sim, sei sobre a fivela do novato.
Inclusive vou deixar você desfazer a minha quando chegarmos em
seu quarto, se quiser.

Mustang puxou Jenna para fora quando a porta do


elevador abriu, em seguida olhou para Slade, que continuava em
pé lá dentro fazendo beicinho.

— Você vem?

194
— Sim, vou. — com um olhar irritado em seu rosto, Slade
finalmente se mexeu antes das portas do elevador fechar e ser
forçado a voltar para o saguão.

Ainda divertido com a reação de Slade pela competição do


novato, Mustang se virou para Jenna.

— Qual o caminho para seu quarto, querida?

Ela pensou por um segundo antes de tomar um


vacilante, quase ébrio, passo na direção do corredor à direita.

Slade a viu tropeçar, com um cenho, resmungando.

— Chase Reese.

Mustang riu em voz alta.

— Sim, mas quem vai leva-la de volta para seu quarto?


Não Chase, isso é certo.

A boca de Slade continuava enrugada em uma expressão


infeliz.

— Espero que tenha uma cama King Size lá.

Mustang não podia concordar mais. O que ele tinha em


mente para os três requeria muita superfície.

Deu a volta e deixou Jenna seguir um pouco na frente


deles enquanto ela liderava o caminho para seu quarto.

— Vejo que desistiu de brigar comigo sobre se nós


deveríamos “tirar vantagem dela”.

195
— Sim, desisti. Chase Reese. — Slade sacudiu sua
cabeça.

Mustang riu de novo. Nada como um pouco do bom e


velho ciúme fora de moda para fazer um homem ver claramente.

— Sim, sei. O menino tem bolas. Tenho que concordar


com isso. Acho que é melhor mostramos a ele o que um homem
de verdade pode fazer com ela, huh?

— Oh, sim. — Slade deixou sair um rosnado. — Ele pode


até conseguir uma fivela por isso, sabe.

Com uma risada muito alta para um corredor de hotel a


meia-noite, Mustang deu um tapinha nas costas de Slade
enquanto ambos viam Jenna na frente da porta, lutando com seu
cartão chave e grunhindo.

— Vamos. Parece que ela precisa de ajuda para conseguir


abrir a porta.

Assim eles podiam ajudá-la a sair de suas roupas e tirar


as lembranças de Chase e quaisquer possibilidades com respeito
a sua fivela de sua cabeça.

196
Capítulo 15
— Sei que pensa que estou bêbada. — disse Jenna,
depois de cair e aterrissar na cama enquanto tentava tirar os
sapatos. Mustang começou a rir.

— Não se preocupe querida. Todos já ficamos assim. Por


sorte, estamos aqui para cuidar de você.

Slade franziu os lábios. Cuidar dela. Sim. Isso não era


tudo o que Mustang tinha em mente.

Mustang empurrou as mãos de Jenna para o lado e


ajoelhou-se para desabotoar do tornozelo as tiras de um par das
mais sexys sandálias vermelhas de salto alto que Slade já viu. Por
desgraça, qualquer prazer que pudesse conseguir por ver Jenna
com elas foi arruinado pelo pensamento de que o novato do
Chase Reese teve o prazer de ver primeiro.

Slade cruzou os braços e olhou Mustang jogar um sapato


em um canto do quarto e começar a tirar o outro pé enquanto
Jenna seguia protestando.

— Não, sério. Não estou bêbada.

Slade soltou um bufo. Pelo menos sabia que ela não


tinha o carro aqui, então não dirigiu nesta condição.

197
— Muito bem, querida. Não está bêbada. Agora venha
para frente para que eu possa tirar o vestido.

Fez o que Mustang pediu, sentou-se na beirada da cama


enquanto envolvia seus braços ao redor dela para abrir seu muito
tentador vestido vermelho.

Jenna olhou por cima do ombro de Mustang e seus olhos


sonolentos tentando encontrar Slade.

— Por você está em pé ai tão longe, Slade?

Mustang se virou para olhar para ele antes de voltar a


puxar a malha apertada para cima e sobre os quadris bem
formados enquanto ela segurava em seus ombros para se apoiar.

— Porque ele acha que está sendo um cavalheiro ao


permanecer afastado. — Slade franziu o cenho enquanto Jenna
franzia o dela para Mustang.

— O que?

— Ele acha que você está muito bêbada e nós estamos


nos aproveitando de você, querida.

Como Chase provavelmente teria se aproveitado se ela


tivesse ficado no bar mais tempo. Slade lançou um olhar menos
amável para Mustang.

— Não acho que está muito bêbada. Eu sei.

— Já disse isso, não estou.

198
Com isso, deixou escapar um incrivelmente adorável
arroto de cerveja. Jenna desordenadamente cobriu a boca com a
mão

— Ops. Sinto muito. Acho que estou um pouco bêbada.


— Slade levantou uma sobrancelha.

— Você acha?

Seus olhos se estreitaram para ele.

— Isso não significa que não possa tomar uma decisão


racional. — Slade a fulminou.

— Isso é exatamente o que significa.

— Não! Estive sóbria durante todo o dia e tudo no que


podia pensar era em ter sexo com vocês dois de novo. Por isso fui
ao bar. Para encontrá-los. Então vamos lá!

O rosto de Mustang estalou em um sorriso divertido.

— E isto é tudo, Slade. Ela tomou a decisão antes de se


embebedar.

— Exatamente!

Jenna assentiu tão forte com a cabeça para Mustang que


perdeu o equilíbrio e caiu de lado na cama.

Slade balançou a cabeça e suspirou. Parecia tão


tentadora, quando sentou na beirada da cama em nada mais que
calcinha e sutiã. Simplesmente deveria ter sido fácil se deixar
afundar nela. Em qualquer outro momento, com outra mulher ele

199
faria exatamente isso. Por que o fato de que era Jenna e não
qualquer outra mulher sem nome o fizesse mudar as regras?
Tinha medo de responder a essa pergunta.

Jenna levantou um braço oscilante para ele.

— Vem aqui.

Contra seu melhor julgamento, Slade fez exatamente


isso, deixando que ela agarrasse a sua mão e o puxasse mais
perto.

— Me beije.

Slade olhou para Mustang, que terminou de despir Jenna


e agora estava sentado na cadeira junto à cama para tirar as
botas. Mustang ergueu a testa e disse:

— É melhor fazer o que a dama diz Slade.

Olhando para baixo para Jenna e vendo a necessidade


em seu rosto, Slade se deu por vencido.

Olhou de novo para Mustang.

— Você veio preparado?

Mustang bufou.

— É claro que sim. Com quem você pensa que está


falando?

Arrastando uma respiração, Slade cedeu. Ele empurrou


Jenna na cama, subiu sobre seu corpo parcialmente e fez o que

200
ela pediu, beijando com tudo o que tinha, sabendo que ele perdeu
não só a batalha, mas a guerra.

Slade finalmente abriu os olhos e voltou para a realidade


de novo quando o colchão cedeu e Mustang se arrastou sobre a
cama. Ele colocou tanto um tubo de lubrificante como uma tira
de camisinhas a seu lado.

Slade olhou para Mustang, suspeitando o que seu amigo


tinha em mente para Jenna a julgar pelos artigos que pôs tão
inocentemente na cama. A ideia deixou Slade tão animado que
podia sentir o batimento rápido do seu coração até o fundo de
sua ereção. Slade olhou de novo para Mustang.

— Você tem certeza que ela está pronta para isto?

Mustang assentiu.

— Acredito que sim e se não estiver nos deixará saber.


Ela é uma adulta, Slade.

Enquanto isso, Jenna estava lutando para conseguir tirar


as calças jeans de Slade, o que demonstrava o ponto de Mustang,
estava pelo menos disposta.

Depois de hesitar um pouco, Slade levantou e


rapidamente desfez os botões de sua camisa. O cinto e calça
jeans logo em seguida. Slade sentou na mesma cadeira que
Mustang ocupou, observado o amigo se arrastar para cima na
cama.

201
Os olhos de Slade nunca saíram da cama, enquanto,
sorrindo para Jenna, Mustang rolou e escorregou a mão entre as
pernas dela. Dobrando ambos os joelhos, Jenna abriu as pernas
mais afastadas para ele. Slade engoliu ácido em sua garganta
quando Jenna levantou os quadris da cama e gemeu quando
Mustang a acariciou.

Tirando suas botas em um tempo recorde, Slade as jogou


no chão, tirou o resto de sua roupa e foi à cama bem a tempo
para ver quando Jenna começou a tremer. Chegando acima da
cabeça dela, Slade colou a boca sobre a sua e a beijou por tudo o
que valia a pena. Pode ser que Mustang a fizesse gozar, mas ela
estaria beijando Slade enquanto o fazia.

Seus tremores cessaram e Mustang se deslocou na cama.

— Fique em cima de Slade, querida.

Slade estava deitado de costas, enquanto Jenna rolou


seu corpo para cima dele, montando como Mustang pediu.

Jenna, apoiada em seus braços, inclinou para beijar


Slade de novo, o que estava tudo bem para ele, exceto que
também colocou sua linda bunda bem na frente do amigo.
Conhecendo Mustang, ele ia tirar o máximo proveito deste fato.

O coração de Slade bateu mais rápido quando Mustang


colocou uma mão entre as coxas de Jenna de novo, enquanto
lutava para encontrar às cegas o lubrificante com a outra.

202
Quando Mustang ajoelhou na cama atrás de Jenna, sua
mão finalmente alcançou o tubo e ele sorriu.

Mustang tirou a mão de Jenna para abrir a tampa.

Slade tentou ignorar o leve tremor de suas mãos


enquanto estas estavam enredadas no cabelo de Jenna e manteve
a cabeça para dar um beijo mais profundo. Fechou os olhos,
sabendo o que Mustang ia fazer e não queria ver.

Sentiu seu corpo imóvel, escutou ela segurar o fôlego na


garganta e Slade gelou imaginando o dedo de Mustang
pressionando contra seu ânus. Com uma mínima pressão teria a
ponta do dedo escorregadio em seu interior. Slade sentiu Jenna
se esticar em cima dele, sentiu cada músculo de seu corpo
apertar e a ouviu tomar uma forte respiração.

— Está tudo bem, querida? — perguntou Mustang nas


suas costas.

Assentiu, mas ainda tinha seu corpo rígido em cima dele.


Ele pegou o rosto dela e a fez olha-lo.

— Você tem certeza, Jenna?

— Sim.

Ela tomou outra respiração rápida quando o dedo de


Mustang empurrou mais fundo.

— Estou bem.

203
Mustang alcançou a parte da frente de Jenna com a
outra mão e conectou com seus clitóris.

— Relaxe, querida, deixe que o velho Mustang se ocupe


de você.

Os olhos de Jenna quase rolaram em sua cabeça e


começou a gemer de todos os jeitos quando estava sendo tocando
entre as pernas. Slade sentiu a tensão sair dos músculos dela.
Mustang trabalhou mais e ela relaxou até que seu peito se
colocou plano sobre Slade, sua bunda ainda estava no ar para ser
tomada.

Olhando mais à frente do corpo de Jenna enquanto se


retorcia em cima dele, Slade viu Mustang colocar um segundo
dedo. Ela inclinou as costas, pressionando contra sua mão o
obrigando a aprofundar dois dedos dentro dela enquanto
trabalhava seus clitóris.

Slade sentiu que seu corpo começava a tremer. Ela


estava perto de gozar de novo por causa dos cuidados de Mustang
e mais uma vez, Slade não estava envolvido nisso.

Viu como, com uma só mão, Mustang apertou mais


lubrificante e o colocou em si mesmo o melhor que pôde.

Mustang tirou seus dedos e os substituiu com a cabeça


de seu pau, apertando lentamente contra Jenna e Slade nunca
sentiu tanto ciúme em toda sua vida.

204
Sabia exatamente o que estava por vir. Participou várias
vezes. Quando Jenna começou a gozar, Mustang empurrou
dentro antes que ela tivesse tempo de ficar nervosa e tensa.

Jenna ficou sem fôlego quando a cabeça larga entrou em


seu apertado anel de músculos. Mustang apoiou uma mão em
cada lado de seus magníficos quadris quando empurrou mais
fundo, além da resistência. Uma vez ali, Mustang se manteve
imóvel.

Slade sentiu que Jenna respirava com dificuldade em


cima dele enquanto se ajustava à sensação que suspeitava que
não estava acostumada.

— Você está bem? — perguntou Slade.

Ela ficou imóvel e respirou fundo. Com os olhos


apertados, assentiu com a cabeça.

— Já fez isto antes?

Ao abrir os olhos, Jenna deixou escapar uma risada


entrecortada, de repente parecia bastante sóbria.

— O que? Anal? Ou dois homens de uma vez?

Enquanto Mustang mantinha pressionado


profundamente dentro dela, preparado para continuar, Slade
beijou a sua boca tremula.

— Ambos, suponho.

205
— Sim para primeira e não para a segunda. — Logo
começou a rir de novo.

— Mas nunca com ninguém tão grande quanto ele.

Mustang riu apesar de seu rosto mostrar a tensão de


permanecer imóvel dentro dela quando queria se mover.

— Você vai ficar bem, querida. Prometo. Só relaxe.

— Não temos que fazer isto se doer. Pode falar.

Slade gostava dessa ideia muito mais do que podia


admitir. O que teria dado para estar a sós com Jenna esta noite
ou mesmo trocar de posições com Mustang para que ele estivesse
em seu lugar.

Mustang inclinou sobre suas costas, movendo seu cabelo


enquanto beijava acima e abaixo de seu pescoço. Uma mão
moveu o polegar por seu mamilo enquanto a outra começava a
mexer em seus clitóris de novo.

— Está tudo bem? Mesmo querida?

Jenna assentiu, tremendo levemente sob suas mãos.

Cansado de ficar fora da festa, Slade se aproximou,


pegou uma camisinha e abriu.

Sentiu como se Jenna desse um profundo suspiro com a


visão.

— Você acha que pode lidar com Slade também, querida?


Se não podemos fazer arranjos alternativos. Você decide.

206
Ela se endireitou lentamente na posição vertical o que fez
Mustang exalar um suspiro enquanto Slade só podia imaginar o
que seu corpo estava fazendo enquanto o apertou em formas
novas e maravilhosas. Slade esperou imóvel, impaciente por sua
resposta antes de penetrá-la.

Jenna soava agora totalmente lúcida quando disse.

— Não, sério, está tudo bem. Quero isto. Quero sentir os


dois dentro de mim. Estive pensando muito nisso nos últimos
dias.

Isso era tudo o que Slade precisava ouvir.

Jenna inclinou para trás outra vez em Mustang e Slade


viu uma mão dele ir ao redor de seus clitóris, enquanto a outra
mão segurou seu delicioso seio. Ela era tão linda, mesmo com as
mãos de outro homem sobre ela.

O corpo de Jenna sacudiu quando a língua de Mustang


ficou em contato com sua orelha e Slade aproveitou a
oportunidade para se mover para dentro dela, escorregando até o
fundo de sua boceta apertada.

Sentindo que começava a escapar fora e como ela ficou


tensa, Slade segurou seus quadris e empurrou um pouco mais
profundo. Sentiu a respiração dela acelerar.

Slade conseguiu desconectar seu cérebro por um


momento e simplesmente sentir o que era ama-la por alguns
momentos, momentos felizes, até que as mãos de Mustang se

207
apertaram a seu redor e ele se posicionou para começar a se
movimentar também.

Ficando imóvel e fundo em Jenna, Slade apertou os


dentes, se preparando para o que sabia que estava por vir. O
espaço já apertado dentro de Jenna estava ainda mais estreito
com os dois dentro. Mustang começou a mexer, lento e
profundamente e com cada golpe se esfregava contra Slade.
Separados por apenas uma parede fina de músculo, Slade sentiu
o toque de Mustang contra o interior de Jenna e lembrou
exatamente por que raramente fazia isso. Eles estavam muito
perto para o seu conforto.

Slade estendeu a mão entre as pernas de Jenna, prestes


a tentar que ela gozasse mais rápido, quando percebeu que as
bolas de Mustang estavam praticamente ali. Ele retirou a mão e
colocou na cintura de Jenna.

— A faça gozar, Mustang. Por favor. Preciso sentir algo


mais que você aqui.

Mustang riu e empurrou uma mão ao redor e para baixo


para encontrar o clitóris inchado de Jenna.

Slade fechou os olhos e se movimentou em um ritmo


contrário ao de Mustang, decidindo que as coisas estavam melhor
com ele empurrado para fora enquanto Mustang estava lá dentro,
mas uma vez que Jenna inclinou sobre o peito Slade, ele sentiu o
início de um orgasmo sacudir seu corpo e nada mais importava.

208
Ele a agarrou forte, terminando com seu corpo tremendo em um
clímax infernal.

Ela estremeceu e ele retirou com cuidado, triste por


deixar seu calor, mas ficar dentro depois de gozar, sentindo
Mustang se esfregar contra ele, estava sendo demais.

Slade ficou ainda mais triste quando se deu conta do que


o amigo tinha em mente agora que ele saiu.

Ele observou Mustang retirar e ajustar a posição de


Jenna, virando-a de costas para que deitasse na cama. Mustang
empurrou os joelhos até o peito, com o seu comprimento para
apontar de volta para a entrada que acabou de sair.

— Eu gosto de ver seu rosto, querida.

Jenna respirou profundamente quando Mustang


empurrou para dentro.

— Você me faz sentir tão bem. Preciso me mexer mais.


Quero-te foder rápido e duro. Ei, Jenna. Por favor? Posso?

Jenna respirou fundo e tremeu.

— Podemos usar um pouco mais de lubrificante


primeiro?

Mustang começou a rir.

— Claro que sim, carinho.

Com algo mais que um pouco de ciúmes, Slade olhou


Mustang tirar de novo e usar seus dedos para estender mais

209
lubrificante no interior do enorme buraco de Jenna, que se
estendia desde seu pau. Em seguida, empurrou dentro dela outra
vez.

Slade ouviu Jenna tomar fôlego quando Mustang


penetrou-a profundamente dentro de sua entrada recém-
lubrificada. Desapareceu lentamente dentro de sua bunda
enquanto ela tomou fôlego de novo.

Viu o olhar de puro êxtase no rosto de Mustang quando


centímetro a centímetro o corpo de Jenna o envolveu por
completo. Então os dedos aparentemente talentosos de Mustang
estavam entre suas pernas mais uma vez e no momento seguinte
tinha Jenna gozando outra vez, em voz alta, em quanto ele a fodia
e sim, esta era a única palavra para descrever o que Mustang
estava fazendo com Jenna nessa cama enorme enquanto Slade
olhava.

Por que Mustang não terminou ainda? Melhor ainda, por


que ele não poderia ter gozado tão rápido quanto Slade?

Ele não tinha certeza do que era pior, vê-los juntos ou


saber o que estava acontecendo até quando ele não via. Slade
finalmente decidiu ir para o banheiro para se limpar. Mas mesmo
o som da água corrente na pia não cobriu o som quando seu
melhor amigo gozou dentro da mulher que Slade queria toda para
si e isso realmente era fodido

210
Capítulo 16
Mustang esticou os braços acima da cabeça e virou
lentamente, esperando para trabalhar as torções em seus
músculos depois de uma noite de sexo pervertido com Jenna
antes de montar. Principalmente quando estava muito ocupado
revisando a paisagem. Mas esta noite, sobre tudo porque se
tratava da rodada do campeonato que tinha certeza estariam
enfrentando os touros mais raivosos do circuito, Mustang se
assegurou de alongar.

Inclinou-se para um lado e parou ao ver o cenho de


Slade.

— O que está acontecendo com você?

— Você!

— Eu? O que fiz? — Agora que pensava, Mustang


percebeu que Slade tinha estado estranhamente quieto e mais
mal humorado do que o habitual, depois que saíram da cama
king-size de Jenna naquela manhã.

— Nada, esquece. — grunhiu Slade.

— Não, não vou esquecer. Se estiver com raiva, me diga


por quê?

211
Cada uma das montarias poderia ser a última e Mustang
não estava a ponto de subir em cima de um touro de 900 kg
sabendo que seu melhor amigo não estava falando com ele.

— Está bem. Tinha que... Sabe... Fazer isso com Jenna


ontem à noite?

Mustang franziu o cenho.

— Não, não sei. Fazer o que? Do que está falando?

Quando um par de outros competidores passaram por


eles, Slade baixou tanto a voz que Mustang teve de se inclinar
mais perto para ouvi-lo.

— Tinha que tomá-la assim? Já sabe. Dessa forma. E tão


duro? Talvez ela não quisesse fazer isso.

O que? Mustang não fazia o que fez com Jenna ontem à


noite tão frequentemente como gostaria, mas mesmo assim já fez
antes e com o Slade junto, então, qual era seu problema agora?

Mustang suspeitava que isso não tivesse nada a ver com


o que ele fez e tudo a ver com o que Slade sentia a respeito disso.

Tudo isto era mentira e ele sabia. Slade nunca se


preocupou no passado quando Mustang penetrou em qualquer
lugar, não importava se fosse imediatamente depois dele, ou
antes, ou ao mesmo tempo, como no caso.

Mustang podia ver que o verdadeiro problema de Slade


era que ele estava se apaixonando por Jenna, mas tinha a

212
sensação de nem um touro de carga poderia conseguir que Slade
admitisse isso.

No que ele acreditava que era um volume


apropriadamente discreto, Mustang disse entre dentes:

— Slade, perguntei para você primeiro e me disse que


estava tudo bem. O que mais queria que eu fizesse? Além disso, a
julgar pela forma que gozou, ela gostou. Quanto mais duro e mais
rápido, melhor, ao que parece.

— Shh! — Slade olhou a seu redor. Parecia que se estava


resistindo ao impulso de bater em Mustang quando ele apertou os
dentes e disse.

— Pare de falar assim.

Começou a rir, o que fez Slade virar para ele com o rosto
vermelho furioso. Oh, sim. Estava caindo forte e rápido e
Mustang tinha toda a intenção de torturá-lo.

— Ok. Então, o que você quer que eu diga? — baixou a


voz de novo e decidiu empurrar Slade um pouco mais, só por
diversão. — Talvez você queira começar a falar em código agora.
Aqui, como é isso? Já que ela disse que seu casulo foi deflorado
antes de eu chegar, me dei conta que estava tudo bem se
desfrutasse totalmente do sabor de sua fruta proibida. Ai está.
Isso foi melhor? Mas espera, estou misturando minhas, como se
chamam? Metáforas. Isso é tudo. Nós nos referiremos a essa
parte da anatomia de Jenna como uma fruta ou uma flor, o que
você acha?

213
A expressão do rosto de Slade a essa pergunta fez com
que Mustang ficasse feliz de estar acostumado a dar uma olhada
nos livros românticos de sua mãe quando era um menino para
poder ser tão criativo em sua tortura.

— Você é um imbecil. Essa merda não é melhor, então


cale a boca sobre a coisa toda. — Slade franziu a testa.

Mustang sorriu.

— Sim, não achei que você ia gostar disso também.


Agora, é melhor superar isso porque deixei uma entrada para
Jenna na bilheteria. Prometeu que vai estar aqui esta noite e
tenho a intenção de aproveitar ao máximo o que é muito provável
que seja nossa última noite com ela. Entendido?

Se a sua teoria estava certa e Slade estava mesmo se


apaixonando por Jenna, as coisas só iriam ficar pior para o seu
pequeno trio feliz. Se Slade já estava de mau humor agora, podia
imaginar o quão insuportável que seria quando Jenna fosse para
Nova York e ambos fossem para casa para a baixa temporada.

Seria uma longa e horrível viagem de carro de volta para


casa no Texas com Slade chateado e com uma espingarda no
banco do passageiro.

Chase Reese passou com seu habitual sorriso colegial e


saudou de forma amigável os dois e Mustang observou o rosto de
Slade ficar ainda mais duro que antes. Na verdade, inclusive, ele
acreditou ouvir um grunhido surdo no peito de Slade.

214
Mustang sorriu. O pobre menino não tinha ideia do que
fez. Por simplesmente comprar um par de goles a uma mulher
bonita em um bar. Havia provavelmente feito um inimigo para
uma vida. Sim, Slade estava louco e se isso não o deixasse tão
insuportavelmente de mau humor, estaria realmente gostando de
ver o conquistador cair. Mas neste momento, Mustang tinha uma
montaria em touro para se preocupar.

— Eu vou sair.

— Ok.

— Você vem?

— Não.

Muito bem, então. Mustang deixou seu amigo mal-


humorado lambendo suas feridas no vestiário e se dirigiu para
trás das rampas, mantendo um olho para fora procurando Jenna
nas arquibancadas.

Continuou procurando-a na tribuna de honra, mas até o


momento em que as competições começaram, ainda não tinha
aparecido e Mustang se perguntou se possivelmente Slade não
estava louco. Talvez a levaram muito longe na noite anterior e ela
estava os evitando.

Depois de ter passado toda a competição da noite


evitando o confronto do dia com suas conquistas e as de Slade, a
ironia do pensamento de Jenna os evitando definitivamente não
passou despercebida para Mustang.

215
Mustang lançou um olhar melancólico ao lugar vazio na
tribuna de honra e logo foi procurar sua corda.

216
Capítulo 17
— Ei, olá linda! Quando você chegou aqui? — Chase
subiu no corrimão em frente à Jenna, com um largo sorriso.

Jenna gemeu.

— Eu sei, estou atrasada. Tive um jantar que não podia


faltar. Vim assim que pude.

— Suas amigas não estão com você? Os meninos vão


ficar decepcionados. Jenna riu.

— Tenho certeza que ficarão. Mas sinto muito, não disse


que viria.

— O livro secreto? — Chase baixou sua voz com


cumplicidade.

— Sim.

Algo acontecendo no centro da arena chamou a atenção


de Jenna. Chase seguiu seu olhar e depois olhou de novo para
ela.

— O que fez você franzir a testa assim, linda?

217
Jenna não percebeu que estava franzindo a testa. Tinha
que tentar lembrar-se de parar de fazer isso antes que ficasse
com rugas.

— O que está acontecendo ali? — Jenna apontou em


direção à linha de cowboys que se formavam no centro da arena.
— É como uma entrega de prêmios?

Chase riu.

— Não. É a preliminar. Os primeiros quinze competidores


vão escolher que touro querem montar na marcha curta do
campeonato. Não posso ficar aqui muito tempo, tenho que estar
nessa linha também. Só queria dizer olá.

Ela viu Slade encabeçando a fila. Dizer olá era mais do


que Slade se incomodou em fazer. Mesmo que tivesse chegado
tarde, ainda achava que ele e Mustang pelo menos a teriam
saudado com a mão ou algo assim.

Eles devem ter notado a sua chegada. Chase tinha.


Sufocando uma careta por isso, Jenna deu um sorriso para
Chase.

— Obrigada. Isso é doce de sua parte. Mas pensava que


aos meninos fossem atribuídos a que touros montar.

— Isso se chama sorteio, mas é para a rodada longa. Para


a rodada curta, os melhores cavaleiros podem escolher.

Hmm. Fazia sentido. Um pouco.

218
— Então você irá escolher o touro mais fácil para que
você não caia, não é? — Chase olhou para ela como se tivesse
crescido outra cabeça.

— Claro que não! A gente tenta escolher o touro mais


resistente para conseguirmos uma pontuação maior. Os juízes
não dão pontos por um fácil.

— Ah. — Este esporte era muito mais complicado do que


tinha pensado a princípio. Na verdade, provavelmente fez a coisa
mais estúpida fazendo seu herói um cowboy de touros, não
achava que seu livro de cowboy ia ver a luz do dia. Estava
considerando seriamente descartar todo seu projeto.

Mas se ela faz isso, então o que? Se deixar de ser uma


escritora, o que seria? Claro, desenhava gráficos às vezes para
fazer um pouco de dinheiro extra, mas seu coração estava em
escrever... Ou pelo menos estava acostumado a estar.

Jenna sentiu o sulco na testa com o pensamento


novamente e resistiu à tentação de suavizar as rugas com a mão.
Em vez disso, olhou para cima em Chase quando lembrou de que
ele tinha que montar dois touros esta noite para ganhar o novato
do ano.

— Já montou esta noite?

Seu rosto quase brilhou enquanto respondia.

— Sim, senhora. Tenho um oitenta e nove.

219
Ela sorriu como se soubesse o que significava esse
número.

— Bom para você! Tem que montar mais um para


conseguir a fivela, não é? — Chase sorriu amplo.

— Sim, só tenho que montar um na rodada curta.

— Mas espera... Então você não deseja escolher um touro


fácil no sorteio, quer dizer, a preliminar. Você não gostaria de
escolher um touro fácil para assim ter uma melhor oportunidade
de permanecer em cima?

Chase revirou os olhos.

— Não há touros fáceis na rodada curta, Jenna. Estes


são os touros mais resistentes no circuito. Alguns deles vão para
o Touro Do Ano.

Touro Do Ano? Jenna sufocou uma risada com essa


revelação. Logo afogou o temor de que quanto mais aprendia,
mais se dava conta de que não sabia.

— Tome cuidado, Ok? Não escolha um muito resistente.


— E se essa não era a palavra mais espantosa que ouviu em sua
vida, não sabia o que era, mas o uso a fez ganhar um sorriso de
Chase.

— Eu não vou, Jenna. Eu prometo. Além disso, os


competidores podem escolher quem montar e terão os touros
mais relutantes antes de eu chegar lá. — Ele olhou para o centro

220
da arena. — Eu vou ter que ir, mas você sabe o que me faria
montar melhor?

Suspeitando, Jenna perguntou dúbia:

— Não. O que seria?

— Um beijo da garota mais bonita daqui.

Como podia um menino parecer tão inocente e tão


pecador ao mesmo tempo? Mas levando em conta quão
docemente tinha pedido como podia dizer que não?

Além disso, a forma como Slade e Mustang estavam a


ignorando, não era como se estivessem agindo como se
importassem com o que ela faz ou com quem, mesmo depois de
tudo que fizeram juntos na noite anterior. Suas bochechas
esquentaram ao lembrar-se de Slade debaixo dela, dentro
enquanto Mustang ia por trás, enredando profundamente dentro
dela... Jenna sacudiu essa lembrança longe.

— Está bem, mas só um rápido. Na bochecha. —


Acrescentou rapidamente.

— Soa bem! — Chase se dobrou mais perto quando


Jenna se inclinou para frente, mas seu objetivo se desviou e
Chase não ajudou voltando a cabeça para ter certeza do que
aconteceria e o beijo aterrissou bem nos lábios.

Jenna sentiu seu rosto em chamas enquanto olhava ao


redor para ver quem notou, enquanto Chase saltou ao chão,
sorrindo.

221
— Agora, definitivamente vou ganhar o novato do ano.

Não pode deixar de sorrir. Revirando os olhos, o mandou


escolher o seu touro com uma despedida.

— Fico feliz em poder ajudar.

Como o primeiro no ranking dos competidores ele


também seria o primeiro que iria escolher o touro para a rodada
curta, brincando com o locutor, Slade cometeu o grande erro em
deixar o olhar passear pelas arquibancadas.

Com a testa franzida com o que viu, Slade disse.

— Jenna está aqui.

Mustang, o segundo na linha de cowboys atrás de Slade,


virou para olhar.

— Estive procurando por toda a noite e não estava aqui.

— Está aqui agora.

Mustang olhou para as arquibancadas.

— Onde ela está?

Slade deu uma gargalhada amarga.

— Bem ali atrás de Chase Reese, ali é onde está.

— O que? — Mustang finalmente deve tê-la visto


também, exatamente quando Chase se inclinou e a beijou.

— Que Porra! Olha isso! Este menino não desiste, não é?

222
— Pela forma que ela está incentivando, por que deveria
desistir? — Slade adivinhou que Chase seria o único na cama
grande de Jenna naquela noite. Com esse pensamento, ele se
perguntou com raiva se a empregada trocou os lençóis de Jenna
sujos de lubrificante ou se Chase teria que deitar neles sujos.

Chase, depois de ter beijado Jenna, correu para o centro


da arena e tomou seu lugar perto da parte posterior da linha
enquanto era a vez de Slade de subir à plataforma do locutor e
escolher seu touro.

— Slade Bower! Entrou nesta competição classificado


com o número três no mundo, vai entrar na rodada de
campeonato da final da temporada na posição de número dois.
Dado o quão a classificação é apertada, a posição de número um
está em jogo e ao alcance para você. Tem experiência com alguns
dos touros nesta preliminar. Qual vai escolher esta noite?

Um microfone foi empurrado na frente de seu rosto


enquanto o locutor disse a lista de quinze touros para que Slade,
não tivesse que ver. Somente um touro foi tirado da lista até o
momento, o touro que o cowboy número um escolheu.

Slade estudou a lista antes no vestiário e tomou a decisão


ali, mas não disse o nome que circulou em sua própria lista. Em
vez disso, se ouviu dizer:

— Vou montar Ballbreaker.

223
— Ballbreaker! Essa é uma decisão ousada, Slade. Esse
touro não foi domado nas últimas dezoito vezes que competiu. Ele
resistiu ao cowboy número um na primeira noite desta série.

— Sim, senhor.

O locutor riu.

— Está bem, então. Slade Bower monta Ballbreaker.

Slade tirou o chapéu, deu meia volta e caminhou de volta


pelas escadas, notando o olhar de surpresa no rosto de Mustang.

— Você enlouqueceu? — disse Mustang quando Slade


passou. Ele fez uma pausa, a meio passo.

— Sinto muito, você queria?

Mustang franziu a testa.

— É claro que não! — Em seguida Mustang foi chamado


à plataforma e as brincadeiras do locutor para o público
continuaram.

Com sua escolha feita, Slade tinha que montar


Ballbreaker quando a campainha tocasse. Moleza.

Slade passou na frente dos cowboys no final da linha,


incluindo Chase. Parou assim que o viu.

— Você tem batom no rosto.

224
O novato nem teve o bom senso de parecer
envergonhado. Em vez disso, Chase limpou a boca com o dorso
da mão e sorriu para Slade.

— Obrigado.

Slade deu sua resposta ao obrigado do menino, mas


tinha bastante certeza de que o que saiu soava mais como um
grunhido.

225
Capítulo 18
— Você tem certeza do que está fazendo?

Slade franziu a testa e olhou para Mustang.

— De que você está falando?

— Ballbreaker! Que porra Slade! O que aconteceu com


One Night Stand? Ele estava na lista para a rodada curta, você já
o montou e teve uma pontuação de noventa pontos sobre ele.

Alguns dias simplesmente não tinha como fazer Mustang


feliz, Slade suspirou.

— Sim, bem, você deveria estar feliz, não o pedi para a


rodada, você pode fazer isso. Então agora, você o tem e poderá ter
a maior pontuação.

Mustang sacudiu a cabeça.

— Não sei o que é que quer provar.

A voz do locutor chamou a atenção.

— Chase Reese, como o novato do ano, monta Good Night


Ladies. — Franzindo a testa, toda sua concentração focou no
novato subindo pela rampa.

226
— Não quero provar nada. Agora cale a boca. Estou
tentando ver.

Mustang seguiu seu olhar.

— Isto é sobre Chase? Está louco?

Estando mais interessado em ver o bastardo que beijou


Jenna em sua montaria, não respondeu, mas imediatamente
saltou sobre o corrimão para ter uma visão melhor.

Finalmente, felizmente, fora do assunto sobre a escolha


sobre touros de Slade por um segundo, Mustang subiu junto com
ele enquanto a porta se abria e o touro com o cowboy saía para a
arena.

— Chase, ao invés de ser o melhor vestido, deveria


melhorar sua montaria se quiser uma pontuação mais alta que
um oitenta, sobre tudo com o touro indo contra, como está
fazendo esta noite.

— Talvez ele devesse ter escolhido um touro melhor. —


Slade levantou uma sobrancelha e olhou para Mustang.

Mustang disse.

— Quer dizer um como Ballbreaker?

Slade encolheu os ombros

— A pontuação não importa de qualquer maneira, se ele


termina o rodeio, ganha a fivela de novato. — assinalou Mustang.

227
Centrado na ação acontecendo na arena, deixou de ouvi-
lo enquanto o touro seguia perseguindo Chase.

Entrando na montaria do menino, Mustang começou a


comentar a seu lado. Começou bastante suave, mas terminou
gritando, irritando ele ainda mais.

— O touro está mais lento. Use a espora, Chase! Sim,


isso! — Mustang agarrou seu braço. — Chase está incrível. Esse
menino faz tudo certo.

— Sim, tanto faz. — Seu lado competitivo chutou olhando


Chase, estimulando o touro com a superfície de sua perna para
mantê-lo dobrado para a direita, mostrando intencionalmente
alguma luz entre a perna e o touro.

O novato parecia perfeito, até zumbiu quando saltou,


aterrissando em seus pés com um sorriso.

Sim, Chase era do tipo que sempre aterrissava sobre seus


pés. Odiava isso.

— Oitenta e oito ponto cinco. — anunciaram pelo falante


à multidão.

— Ooh! Essa é uma boa pontuação.

— Sim. — Resmungou. — Considerando que era o touro


mais fácil na preliminar. — E o miserável do menino nem sequer
se sujou para ganhá-lo.

228
— Nenhum touro da rodada curta é fácil. E você sabe
disso. Good Night Ladies estava tendo uma noite ruim, mas
Chase o ganhou. Tem que reconhecer.

Slade se afastou da arena enquanto Mustang, ao seu


lado, seguia falando sobre Chase. Ele o ignorou na maior parte do
tempo até que Mustang começou a sacudir o seu braço.

— Ei, Slade. Jenna está nos cumprimentando.

Jenna. Perfeito. Com certeza devia estar cumprimentando


Chase.

— Sim, e daí?

— Já que não temos tempo para dizer um —Oi— antes de


montarmos, seria bom se a cumprimentássemos agora. —
Mustang franziu o cenho.

Slade desceu do cercado sem intenção de olhar para


Jenna.

— Vou me alongar.

Mustang desceu e o seguiu, sacudindo sua cabeça.

— De verdade espero que Ballbreaker sacuda esse seu


mau humor.

Como Slade viu Chase correndo para Jenna na


arquibancada e ela pulando para abraçá-lo, decidiu que nem
Ballbreaker poderia com essa missão.

229
As rodadas curtas nas finais sempre eram rápidas. Estar
entre os primeiros quinze cowboys, montando os melhores touros
da temporada, não havia enrolação no brete. Todo mundo,
homem ou animal, logo que entravam começavam a trabalhar.

No que pareceu só alguns minutos, os outros treze


cowboys, incluindo Mustang, passaram e agora era sua vez na
arena.

— Bem, pessoal, Slade Bower começou a temporada


levando um número nove em suas costas, depois de ter esse
posto a nível mundial na temporada passada. Ele trabalhou
bastante para começar esta série do campeonato na posição
número três da temporada e o segundo lugar neste campeonato e
se ele puder conseguir uma boa classificação com sua montaria
na rodada curta esta noite, poderá ganhar o número um em seu
colete quando retornar no próximo ano. Mas de pé em seu
caminho se encontra Ballbreaker. Dezoito vezes sem ser
dominado, este touro venceu o melhor amigo de Slade, Mustang
Jackson, na cidade de Kansas na semana passada.

Slade trabalhava para poder se desconectar da sua volta,


tanto o eco da voz do locutor como o fato de que Jenna, cujo
batom sujou toda a boca de Chase Reese, não estavam sentados
longe dele e sim bem trás do brete.

Enquanto Slade subia na cerca do brete, Mustang estava


ali bem ao seu lado.

230
Ainda usando seu colete coberto de pó, por ter saltado de
One-Night Stand depois de uma montaria incrível. Mustang
seguia avaliando para ver o que era que tinha de errado com o
cérebro de Slade, no momento que ele decidiu escolher
Ballbreaker.

— Lembre que este touro continua mudando. Ele vai bem


no início, mas então ele vai reverter e vai para a esquerda, em
seguida, ataca diretamente. Isso é o que você precisa se
preocupar. Com ele se sacudindo de volta...

Slade assentiu.

— Ok, Mustang, eu sei. Escutei as duas primeiras vezes


que me disse.

Com a cabeça baixa, ele puxou a corda e a enrolou com


força ao redor de sua luva. Colocou o chapéu com sua mão livre.
Segurou suas pernas contra os lados do touro e acenou. A
porteira se abriu de repente e foram se afastando.

Saltos dentro, dedos dos pés para fora, se preparou para


o primeiro ataque de Ballbreaker. Ele puxou para baixo,
permaneceu no touro, mesmo com suas potentes guinadas e
giros.

Quando tinha oito segundos, que ele sentiu mais como


oito minutos, Slade fez as correções de posição, foi quando ele
finalmente ouviu o zumbido, quando Ballbreaker balançou a
bunda com tanta força que voou no ar e passou por cima de seus
chifres.

231
Pego com sua corda bem apertada, ficou pendurado como
uma boneca de pano com uma só mão. Estava consciente dos
movimentos bruscos do touro quando tentava liberar sua mão da
corda. Sabia que tinha que ficar em pé mesmo enquanto
Ballbreaker continuava sacudindo e dando voltas, o arrastando
com ele.

Sentia sua mão tentando se liberar da corda enquanto o


touro saltava, o atirando pelo ar sobre seus pés. Quando
aterrissou no chão sobre seu traseiro, sua mão ainda presa,
Slade viu patas e chifres vindo para ele.

Virou sua cabeça e pela primeira vez em muito tempo,


rezou.

Com um borrão, parecia que seu braço estava sendo


puxado para fora de órbita, então ele estava deitado no chão de
costas, olhando para o brilho das luzes da arena sem nenhuma
ideia de como ele chegou a essa posição. Ele sentiu algo quente
em seu olho e gazes pressionando contra sua cabeça.

A equipe de medicina esportiva o rodeava, fazendo


perguntas, mas parecia estar mais além para responder nesse
momento.

— Pode-me dizer onde dói?

Onde não dói? Começou a rir, mas logo percebeu que


doía muito para fazer.

232
Quando não respondeu, o médico perguntou outra vez, e
desta vez respondeu.

— Tudo. — Com essa resposta tão vaga, o médico mudou


de técnica e foi mais específico.

— Pode mexer seu pé?

Deus! Eles pensam que estou paralisado? Horrorizado por


esse pensamento, se concentrou e mexeu primeiro uma perna,
dobrando pelo joelho e depois a outra.

— Sim.

— Ok, bem. Seu pescoço dói?

Negou lentamente, o que o fez sentir como se em sua


cabeça tivesse uma chave de fenda enfiada atrás de seu olho, mas
pelo menos seu pescoço não doía... ou nem tanto.

Esse pequeno movimento parece que os fez felizes. O


médico se moveu para fazer outras perguntas considerando que o
exame físico terminou. Enquanto isso, tudo o que, de verdade,
queria fazer era fechar seus olhos por um momento. A terra era
suave e fresca e servia para ser uma cama em um apuro. Se só o
deixassem em paz, ele poderia descansar.

— Pode me dizer seu nome? — Escutou a pergunta


vagamente como se estivessem em algum lugar distante.

Quando não respondeu imediatamente, eles deram um


tapa em seu rosto levemente. Com o cenho franzido, abriu seus
olhos e respondeu:

233
— Slade Bower.

— Em que cidade estamos?

— Kansas... Não, Tulsa. — Esperando que essa resposta


significasse que já tinham acabado com as perguntas, se
decepcionou quando o médico continuou perguntando.

— Em que touro montou esta noite?

Essa sim era fácil.

— Ballbreaker!

O doutor sorriu ligeiramente.

— Sim, você o montou. Não?

— Sim. — Deixou escapar uma pequena risada. Dando


conta imediatamente que foi um grande erro porque começou a
doer tudo. — Qual foi minha pontuação?

O doutor começou a rir outra vez.

— Quando começam a se preocupar com sua pontuação,


é quando sei que já estão bem. Nós iremos verificar para você em
um segundo. Quer tentar sentar ou quer esperar em uma maca?

Obstinado até a medula, disse:

— Sem maca. — Mas isso significava que tinha que


sentar e várias mãos começaram a puxar para levanta-lo do chão
e aí se deu conta de seu braço de cowboy, pendurado muito
dolorosamente, estava inútil. — Meu braço...

234
— Sim, esta deslocado. Vamos dar um jeito nele lá atrás.

Ótimo. Isso sempre era divertido.

Estar sentado trouxe novas dores. Ele soltou um suspiro


de ar através da dor.

— Acho que tenho costelas quebradas.

O médico concordou.

— Sim, eu não estou surpreso. Ganhou uma bela


pisoteada. Você pode precisar de alguns pontos no ferimento da
cabeça e apostaria que tem uma boa contusão também.

Deixou sair uma risada seguida por um gemido.

— OH. Eu acho que isso seria bom, assim teria uns


meses de descanso. Não é assim?

O doutor sorriu.

— Se este não fosse o último rodeio da temporada você


teria que estar montando um touro na próxima semana, não é?

Ele sorriu para o médico de volta.

— Porra. Sim!

Balançando a cabeça, o médico coloca seu braço em volta


da sua cintura, o apoiando. O público na arena, que só percebeu
agora, estava incrivelmente silencioso, de repente, explodiu em
aplausos.

235
Mustang estava bem ao seu lado no momento em que
deixaram a arena, descendo pelo corredor comprido e
aparentemente interminável até a sala cheia de camas e com a
metade cheia pelos cowboys que estavam sendo atendidos pela
enfermeira com diversos graus de lesões.

Mustang deu uma olhada rápida para a sala.

— Parece que os médicos tiveram muito trabalho esta


noite. — O ajudando a subir em uma cama disponível, o médico
concordou, rindo.

— Sempre conto com vocês rapazes para que me


mantenham ocupado. Isso é uma boa coisa, já que minha
senhora está querendo um carro novo. Vou dar alguns relaxantes
musculares e então poderemos pôr esse ombro outra vez em sua
posição.

À medida que o médico se afastava, Mustang levantou


uma sobrancelha.

— Boa montaria.

Ele riu, segurando as costelas.

— Sim, até o final.

Mustang olhou para a televisão no canto.

— Parece que terminou em segundo lugar.

— Segundo? — Fez uma cara feia.

Mustang assentiu.

236
— Sim, Jorge montou muito bem também. Manteve o
primeiro lugar, mesmo com sua pontuação de noventa ponto
cinco na rodada curta.

Ele sorriu.

— Noventa ponto cinco! Eu disse que Ballbreaker era


uma boa escolha.

Dando um passo para trás para que o médico pudesse


dar para Slade os comprimidos, Mustang disse:

— Vamos ver se você ainda pensa assim depois que o


médico mexer em seu braço para colocá-lo de volta no lugar.

Slade tentou encolher os ombros e se deu conta que não


podia.

— Não seria a primeira vez.

Assentiu.

— Tampouco a última, se Deus quiser.

— Se Deus quiser. — Estava de acordo e com umas


rápidas palavras silenciosas agradeceu pela bênção de poder
continuar andando.

237
Capítulo 19
Jenna abriu espaço entre as pessoas na sua frente,
tropeçou nos pés de alguém em sua luta para chegar aonde
acabaram de levar Slade apenas um minuto antes. Sim, ele
estava em pé quando o levaram, mas só porque tinha dois
homens que o seguravam de cada lado enquanto com um braço
estava pendurado e um terceiro homem pressionava contra sua
cabeça um pano encharcado de sangue.

As lágrimas nublaram seus olhos e seu coração batia tão


forte que abafou o barulho da multidão, Jenna voltou a cabeça
para Chase. Ele agarrou seus braços.

— Jenna. O que está acontecendo com você?

— O que está acontecendo?

Ele não viu Slade sendo arrastado para baixo do touro?


Ele não o viu ficar lá ainda depois que o animal se lançou sobre
ele?

— Tenho que chegar até Slade.

— Ele está com a equipe de medicina esportiva.

Chase não soltou seus braços, mas a segurou mesmo


enquanto ela lutava para empurrar além dele para ir procurar

238
Slade. Então os olhos de Chase abriram enquanto olhava seu
rosto.

— Meu deus. Você está com o Slade?

Sem se preocupar com os detalhes, Jenna conseguiu


assentir.

Podia ver como todas as peças começaram a juntar no


cérebro de Chase.

— Por isso está nos assentos VIP. É por isso que no bar
disse que não estava disponível.

Chase soltou seus braços e passou uma mão pelo rosto.

— Caralho! Eu te beijei. Porra! Beijei a garota de Slade


Bower. — Chase andava em um círculo fechado.

— Jenna! Por que não me disse isso?

— Porque é mais complicado do que pode imaginar. —


Deixou escapar um suspiro de frustração.

— Escuta. Pode me levar até ele?

— Não é de admirar que parecesse tão irritado durante a


preliminar depois que você me beijou. Tenho sorte dele não ter
me enchido de murros.

— Chase. Para!

Jenna pensou no que dizer e finalmente soltou:

239
— Slade e eu não estamos sérios então não se preocupe.
Ok? — Mmm, pronunciado em voz alta a verdade doía mais do
que tinha previsto.

— Slade com certeza ficou sério quando viu seu batom no


meu rosto durante a preliminar.

Jenna decidiu que Chase estava indo longe demais com


seu culto de herói a Slade para pensar claramente. Desistiu de
tentar fazê-lo se sentir melhor, enquanto estava muito triste para
pensar em si mesmo, virou-se. Sua intenção era seguir na mesma
direção onde viu Slade desaparecer e tentar encontra-lo.

Estava a ponto de iniciar sozinha a busca quando um


homem que usava uma espécie de cartão de identificação ao
redor de seu pescoço e um chapéu de cowboy na cabeça parou na
frente dela.

— Onde acha que vai senhorita?

Talvez se ela agisse como se pertencesse ali, ele a deixaria


passar. Segurando sua dura atitude de nova iorquina, Jenna
anunciou com toda autoridade que conseguiu reunir no
momento.

— Vou ver Slade Bower.

— Só os membros da família são permitidos lá. Você é da


família?

240
Jenna se debateu entre que mentira usar. É meu irmão,
passou por sua cabeça, mas não sabia se Slade tinha uma irmã
ou se este homem saberia.

— Está tudo bem. Ela é namorada dele. — Chase deu um


passo atrás dela. Quando o homem levantou uma sobrancelha
em dúvida, Chase continuou.

— Não vê que está nos assentos VIP? Eu vou levá-la e


terei certeza de que chegue aonde tem que ir, se você quiser.

Essa promessa conseguiu um movimento favorável de


cabeça e o homem saiu de seu caminho.

Aliviada de poder finalmente continuar, Jenna olhou para


Chase enquanto abriam caminho por um comprido corredor.

— Obrigada. Devo-te uma.

Chase deixou escapar uma gargalhada.

— Então diga para Slade não me matar por ter te beijado


e ficamos quites.

Entraram em um quarto cheio do que pareciam camas ou


mesas de exame. Cowboys em vários estados de nudez
descansavam em algumas delas.

Ela percorreu todos os lados rapidamente até que


encontrou Slade, estava pálido sobre a mesa, imóvel, com os
olhos fechados. A camisa manchada com o sangue de sua ferida
na cabeça estava enrugada em uma bola sobre a mesa com ele.

241
Porque ninguém está cuidando dele? Jenna engoliu o
medo. E se ele tivesse ferimentos internos e ninguém estava
cuidando dele? E se ele estivesse morto e ninguém notou ainda?
Esse pensamento quase a fez desmaiar.

Ela chegou mais perto, tremendo tanto que mal podia


ficar de pé. Começou a sentir tonturas e tudo ficou escuro, ouviu
botas no chão de ladrilhos. Virou-se para olhar para a porta e viu
quando um rosto familiar apareceu.

— Mustang!

Passou por Chase e se jogou em Mustang. Todo o horror


de ver Slade ser pisoteado, segurar a respiração, o silêncio na
arena, enquanto esperava com milhares de pessoas para ver se
ele ainda estava vivo, agora o medo que estivesse inconsciente,
talvez morto, na forma como parecia tão horrível... Tudo
finalmente chegou a um ponto crítico e ficou histérica, chorando
nos braços de Mustang. Ele a puxou para o corredor e ela não
protestou.

Uma vez lá fora ele a consolava.

— Shh. Está bem, querida.

Incoerente, Jenna ainda duvidava.

— O que aconteceu com ele?

— Com Slade? Ele vai ficar bem.

Bem? Ele não parecia bem. Engoliu o nó em sua


garganta.

242
— Parecia... Morto. — Mustang sorriu de modo
tranquilizador.

— Não está morto, carinho. Está dormindo. Estava


roncando quando sai. Não há nada de errado com ele que não vá
curar.

Jenna deixou cair à cabeça sobre o peito de Mustang e


deu uma gargalhada de alívio em meio as suas lágrimas.

— Graças a Deus. Estava muito preocupada. Quando o vi


com esse touro.

Jenna estava a ponto de fazer a perguntas mais


específicas sobre as lesões de Slade quando Chase deu um passo
à frente.

— Escuta Mustang. Tenho que pedir desculpas, homem.


Não tinha nem ideia de que ela estava com o Slade.
Honestamente. Se soubesse que Jenna era namorada dele, nunca
teria me aproximado dela. Você sabe que respeito Slade mais do
que posso dizer. Admiro muito vocês.

Mustang levantou uma sobrancelha para Jenna, antes de


responder para Chase.

— Relaxe, garoto. Está tudo bem. É sério.

Chase parecia um menino que acabará de ser perdoado


pelo roubo do pote das bolachas da cozinha.

— Sério?

243
— Sim. Você e eu estamos bem. Não se preocupe.

Hesitante, Chase olhou para a porta que acabou de sair e


fez uma careta.

— E Slade? Ele estava muito zangado comigo durante o


rodeio.

— Contarei o que me disse. Vai ficar tudo bem.

Deixou escapar um grande suspiro, parecia aliviado.

— Bom. Obrigado, homem. Mmm vou indo. Tenho que


dar uma entrevista.

— Sim. Parabéns pelo Novato do Ano.

— Obrigado.

Envergonhado e arrependido, Chase olhou pela última


vez para Jenna e logo saiu pelo corredor, Mustang se virou para
perguntar a Jenna.

— Então... Agora é a namorada do Slade. Né?

Mustang passou a mão pelas costas dela para cima e


para baixo a consolando, parecia divertido. Ainda tremendo,
Jenna sacudiu a cabeça em Mustang.

— Eu nunca disse isso. Chase presumiu. Eu não podia


explicar exatamente a verdade. Podia?

244
— Não. Acho que não. Está tudo bem. Meus sentimentos
não se ferem tão facilmente. Tenho certeza de que se eu estivesse
nessa cama ao invés do Slade, estaria preocupada igual.

Mustang ergueu uma sobrancelha de interrogação,


esperando sua resposta. Mas não estava de humor para
brincadeiras. Tudo o que queria fazer era ir de novo ver Slade e
que abrisse os olhos para demonstrar que não estava morto.

— É claro que estaria preocupada igualmente com você!

— Oh, sim, com certeza.

— É verdade! — Ela cuspiu perdendo a paciência.

— Eu sei querida. Só estava brincando.

Mustang sorriu enquanto passava as mãos por suas


costas, finalmente colocando uma de cada lado de seu rosto
enquanto baixava a cabeça a beijou levemente. Jenna se afastou
e franziu a testa.

— Mustang. Slade poderia ter morrido. Não estou com


humor para isto agora.

— Já te disse, Slade vai ficar bem. Pode estar fora de


serviço no momento para o que tenho em mente para você e para
mim, mas está bem. — Chegou mais perto dela, mordiscando de
leve uma de suas orelhas.

— Mmm. Preocupei-me que não viesse esta noite, chegou


tão tarde. Mas, fico feliz que esteja aqui agora.

245
A boca de Mustang cobriu a dela outra vez, antes que
pudesse reagir.

— Não posso fazer isto.

Olhou para a porta do quarto onde Slade estava


inconsciente.

Com os lábios riscando um caminho por sua garganta


enquanto suas mãos se dirigiam a seu traseiro, Mustang disse:

— Sei que está preocupada, mas não é necessário. Ele só


está dormindo. Slade dorme como uma pedra normalmente e
entre estar esgotado da noite passada com você e aturdido pelos
relaxantes musculares que o médico deu, está totalmente fora de
combate. Vai ficar desligado por horas. Pode se juntar a nós
depois na segunda rodada.

Jenna abaixou e ainda estava de pé ao lado de Mustang,


quando uma mão foi até o meio das suas pernas através de seu
jeans.

— Sério Mustang. Agora não. Parece... Eu não sei... Como


se estivéssemos enganando Slade.

Mustang se afastou e olhou para Jenna atentamente.

— Sério? Isso é o que sente?

Ela encolheu os ombros.

— Sim.

Pareceu surpreso. Deixou escapar um suave:

246
— Mmm. Interessante.

Jenna franziu a testa.

— Por quê? Não se sente da mesma maneira?

Mustang riu e baixou o olhar para o grande volume em


suas calças jeans.

— Não exatamente.

Ela deixou escapar uma risada que não reconheceu.

— Estou vendo.

Um dos cowboys chegou ao final do corredor e Jenna se


afastou totalmente de Mustang. Se todos achavam que era a
namorada de Slade, não devia estar pressionada contra Mustang.
Levantou o rosto para encontrar Mustang observando-a de perto
outra vez.

— Quer que te leve de volta ao hotel?

Não. Queria ver Slade.

Jenna voltou a olhar a porta, mas antes que pudesse


dizer alguma coisa, Mustang continuou:

— Vão leva-lo para o hospital em uns poucos minutos.

— Ao hospital? — Chiou. — Você me disse que ele estava


bem!

— Para algumas radiografias. — Disse, interrompendo


sua observação seguinte. — Você não vai querer ficar e esperar.

247
Só Deus sabe quanto tempo vão demorar. Ele vai estar em melhor
forma amanhã. Poderá vê-lo então.

— Eu vou embora amanhã.

A realidade do que isso significava bateu nela duramente.


Amanhã ela iria e possivelmente, provavelmente, nunca voltaria a
ver Mustang ou Slade de novo.

— A que hora é seu voo?

— Pegarei um táxi para o aeroporto às dez.

— Não irá de táxi. Levaremos você.

De algum jeito isso fez com que Jenna se sentisse


melhor. Por quê? Não sabia, já que ia embora e provavelmente
nunca voltaria a vê-los. Pelo menos a levariam ao aeroporto e
poderia ver por si mesma que Slade estava bem... Ou que pelo
menos não tinha morrido.

— Slade estará bem para andar de carro?

— Slade? — Mustang riu. — Querida, se esta não fosse a


última noite, estaria em cima de um touro de novo amanhã.
Porra, eu também o faria se fosse eu. Nós cowboys de touros
somos duros.

Outro cowboy passou mancando por eles, resumindo


vividamente como foi sua montaria para outro cowboy e rindo,
mesmo enquanto uma bolsa de gelo estava amarrada com uma
gaze em seu ombro, Jenna começou a gostar de quão duros eram.

248
— Então, vai me deixar levá-la de volta ao hotel?

— Você vai anotar meu número de celular e me ligar se


algo mudar com Slade?

Mustang sorriu.

— Claro que sim. Com muito prazer vou anotar seu


número de telefone, querida.

Jenna revirou os olhos.

— Pelo Slade. Prometo.

— Não esqueça, pode ligar no hotel, se por alguma razão


meu celular não tiver sinal. Certo? No caso de...

Sem deixar de sorrir, Mustang assentiu.

— Sim, senhora. Acho que posso fazer isso.

Com um último olhar para trás onde estava à porta do


quarto, Jenna suspirou e finalmente concordou.

— Ok.

249
Capítulo 20
Slade abriu a porta do trailer e entrou lentamente com
um gemido.

— Deus. Sinto como se tivesse sido atropelado por um


trem.

— Touro. Trem. Dá no mesmo. — Recostado na cama,


Mustang sorriu abertamente para Slade.

— Então, o que encontraram no hospital? Alguma coisa?

— Nada que eu já não soubesse. Um par de costelas


quebradas. Concussão. O de sempre.

Mustang ajeitou a atadura na frente de Slade, onde um


casco o tinha golpeado em algum momento, enquanto Ballbreaker
estava dando uma surra nele.

— Precisou de pontos nisso?

Slade descansou na parede dos armários, com certeza


parecia tão exausto quanto ele se sentia.

— Não. Puseram algum tipo de curativo líquido.

— Isso é bom. Você não ia querer uma cicatriz que


arruíne essa cara bonita. — Com isso, Mustang abaixou até o

250
chão, tirou um pedaço de papel do bolso do seu jeans, que estava
jogado ali, e deu para Slade.

— Isto é para você.

Slade franziu a testa ao número de telefone rabiscado.

— O que é isto?

— O número de telefone da Jenna. Pensei que


possivelmente você gostaria de ter. — Slade olhou fixamente à
folha de papel por um segundo. Quando levantou o rosto,
Mustang o estava olhando.

— Então, falou com a Jenna?

— Sim. De alguma forma, ela voltou ao hospital para ver


você. Eu não sei exatamente como isso aconteceu, mas parece
que conseguiu passar através dos controles dizendo que era sua
namorada. — Ele levantou uma sobrancelha e esperou enquanto
a declaração chamou a atenção de Slade.

— Ela disse isso?

Mustang assentiu.

— Sim. Oh, eu falei com Chase e o cara quer que você


saiba e digo quer mesmo, que se ele tivesse ideia de que Jenna
estava com você, não teria se aproximado dela de jeito nenhum.

Jenna. Sua namorada. Hmmm. Olhou de novo para


baixo, para o número que tinha na mão, enquanto considerava

251
isso. Quando finalmente levantou os olhos, encontrou Mustang o
estudando uma vez mais.

— Então, que mais aconteceu enquanto estive fora?

Conhecendo Mustang e tendo visto pessoalmente quanto


exatamente ele gostava da companhia de Jenna, nas poucas
vezes que todos eles estiveram juntos na cama, Slade odiava
considerar as possibilidades.

— Se você está perguntando se transamos outra vez, sem


você, a resposta é não. Eu bem que tentei leva-la para cama e ela
me rejeitou.

Slade sentiu suas sobrancelhas erguerem e


conscientemente apagou a expressão de seu rosto.

— Isso não era o que estava perguntando. — Negou,


apesar que, foi difícil negar o quanto se sentiu feliz ao escutar que
Jenna o recusou.

— Sim, com certeza que não. — Mustang ergueu uma


sobrancelha risonha em direção a Slade.

— Oh, e eu disse que a levaríamos ao aeroporto pela


manhã.

O humor de Slade voltou atrás e mudou novamente,


desta vez para pior, com o pensamento de Jenna voando de volta
para Nova York.

— Ela vai pela manhã?

252
— Sim, vai. Quer saber uma coisa? Já fui para cama com
mulheres enquanto tinha alguma costela quebrada. Também com
um ombro deslocado, uma vez ou duas. Nada disso interfere
muito, se escolher suas posições cuidadosamente. — Mustang
deixou a clara proposta pendurando no ar.

Slade riu, contradizendo seu ombro e suas costelas


doloridas.

— Está sugerindo que a gente vá até Jenna agora?

— Não. Estou sugerindo que você vá até onde Jenna está


agora. Sozinho.

Slade inspirou profundamente e se arrependeu


imediatamente, quando sentiu outro doloroso puxão no tórax.

— Por que quer que eu vá sozinho? Tem outros planos?

Mustang baixou o olhar sobre si mesmo. Não usava nada


mais que uma camiseta, boxer e meias três-quartos.

— Parece que tenho outros planos?

Com receio, Slade pressionou um pouco mais.

— Então, por que não quer vir comigo?

Mustang moveu a cabeça rindo.

— Realmente não percebeu, não é?

— Percebeu o que?

253
— A maneira que ela te olha. Slade, Jenna está louca por
você.

— Não, não está. — Se estivesse, Slade não teria que


suportar ver o olhar de satisfação em seu rosto todas as vezes que
Mustang a tinha feito gozar nesses últimos dias. E não beijaria
Chase no estádio.

— Sim, está. Por que mais ela me rejeitaria esta noite?

— Não sei. Deve ter tido suas razões. Possivelmente são


seus... Já sabe... Dias femininos. — Foi a explicação mais fácil
que Slade pôde dar, depois de tudo.

Mustang sorriu.

— Não, não são seus dias femininos. Simplesmente disse


que estar a sós comigo seria como se estivesse enganando você.

Sério? O estômago de Slade deu um pequeno salto.

— Ela disse isso?

— Sim. Vá até o hotel sozinho, Slade. Comprove se


realmente há algo quando vocês dois estiverem sozinhos. Se não
fizer, tenho medo que se arrependerá.

Slade apertou os olhos para Mustang.

— Antes de tudo, quando, alguma vez, foi que você


renunciou à oportunidade de fazer sexo? E segundo, desde
quando é um casamenteiro?

254
— A resposta à primeira pergunta é nunca, assim deveria
ficar agradecido com o que estou fazendo neste momento. —
Mustang riu. — E à segunda, acho que a resposta para isso, está
bem aqui, agora. Quando eu te disse que Jenna chamou a si
mesma de sua namorada você não nos fez recolher o trailer correr
para as montanhas para nos afastar dela.

— Não sou tão terrível. — resmungou Slade.

Mustang elevou uma sobrancelha, desafiando


silenciosamente essa resposta.

Certo, talvez estivesse um pouco esquivo ultimamente


quando se tratava de mulheres, mas dado a algumas que
Mustang gostava de trazer para eles, quem podia culpá-lo?
Infelizmente, ele não tinha o instinto de fugir, as coisas podiam
não funcionar.

Slade sentiu a necessidade de apontar isso e lembrar a


ambos esse fato.

— Irá amanhã para Nova York e nós voltamos para o


Texas.

— Ainda tem toda a noite antes que ela vá e a excursão


da próxima temporada começa em Nova York em apenas dois
meses, ou esqueceu-se disso?

Não, não esqueceu. Na verdade, considerou ficar em


contato com Jenna enquanto estivessem lá, mesmo antes da
recente conversão de Mustang em casamenteiro.

255
Antes que Slade tivesse a oportunidade de responder
alguma coisa, Mustang pegou outra vez seu jeans do chão.

— Toma. — As chaves do carro vieram voando para


Slade, que esticou o braço e as pegou no ar com seu único braço
são, enquanto Mustang perguntava: — Lembra em qual quarto
ela está?

— Sim. — Como se pudesse esquecer o que tinha


acontecido lá na noite passada.

— Então, o que está esperando? Vá logo.

Slade suspirou assustado do quanto queria estar com


Jenna nesse exato momento. Virou para a porta, e depois voltou.

— Venho te pegar pela manhã e a levaremos juntos ao


aeroporto. Certo?

Mustang assentiu.

— Obrigado. Eu gostaria de ter oportunidade de me


despedir.

Slade assentiu de novo. No meio do caminho para a porta


escutou Mustang dizer por trás.

— Divirta-se.

— Te vejo de manhã. — Slade ignorou a agitação em seu


estômago, enquanto abria a porta do trailer e se dirigia para seu
carro, e para Jenna.

256
Em tempo recorde, estava parado fora do quarto de hotel
de Jenna. Com o coração palpitando, tentou ignorar o tremor de
sua mão, enquanto a erguia para bater.

Jenna deve tê-lo visto pelo olho mágico, porque ele ouviu
o barulho da fechadura e a porta abriu.

— Slade! Graças a Deus.

E então estava em seus braços, chorando. Slade fez igual


a ela quanto entrou no quarto, fechando a porta atrás deles,
percebendo o quanto incrivelmente bom era tê-la, mesmo uma
Jenna chorosa, em seus braços.

Ele não deveria se sentir tão bem, porque de manhã iria


embora. Uma coisa boa também, porque uma garota de Nova
York e um cowboy do Texas simplesmente não se misturam.
Algumas noites eram uma coisa. Uma vida inteira era outra. Ela
era o tipo de garota que seria tentador para um homem para
manter por um tempo.

Mustang tinha razão. Pelo menos, tinha esta noite.


Possivelmente, com sorte, ele e Jenna teriam umas poucas noites
mais em Nova York, quando a excursão os levasse ali em um par
de meses. Depois disso... Bem, Slade teria que lutar com isso
mais tarde.

Em seus braços, Jenna foi para trás e secou os olhos,


assim podia examiná-lo da cabeça aos pés.

257
— Está realmente bem? Parecia tão horrível quando te vi
deitado no quarto. — Sua voz se quebrou, e as lágrimas
começaram de novo.

— Sim. Mustang me contou que você estava muito


preocupada. É por isso que vim. — Uma das razões, de qualquer
maneira.

Tremeu contra ele, enquanto seus soluços continuavam.


Ele a puxou mais perto, estremecendo quando o abraçou e o
apertou quase o suficientemente forte para quebrar algumas
costelas a mais.

— Shh. Está bem, Jenna. Estou bem. Sério. Só umas


poucas pancadas e hematomas. Nada que não tivesse tido antes.

Jenna riu em seu peito, que estava umedecendo


rapidamente com suas lágrimas.

— Algumas pancadas e hematomas? Os cowboys de


touros são loucos.

— Nunca disse que não éramos. — Ele sorriu,


acariciando seus cabelos, e gostando da sensação dela perto dele
agora que tinha afrouxado o aperto em suas costelas. Agora podia
sentir o benefício de quão bem ela estava pressionada contra sua
virilha

— Jenna?

Ela de um passo para trás para olhar para ele com os


olhos brilhantes.

258
— Sim?

Ele tinha alguns truques para tê-la sem roupa, mas isso
não parecia certo. Mustang era o rei dos truques, não Slade.
Então, ao invés disso, ele fez o que parecia certo. Ele abaixou a
cabeça e colocou os lábios nos dela.

Se o quarto estivesse mais escuro, provavelmente teria


visto faíscas de eletricidade fluindo dele e entrando nela.
Reclamou a boca de Jenna com a sua, e ela, com prazer, deixou.
Suas mãos o mantinham perto, inclusive enquanto sua boca se
movia para devorá-lo.

Antes, sempre gostou de beijar Jenna. E gostou ainda


mais agora que estavam completamente sozinhos, sem Mustang
entre eles. Desejava Jenna, toda ela, nua. Apesar do sedoso
pijama que usava que definitivamente parecia bom, sabia em
primeira mão que o que estava embaixo era muito melhor.

A mente de Jenna, felizmente, estava no mesmo lugar


que a de Slade. Aparentemente, sua meta era também conseguir
que se despissem. Desabotoou a camisa e o beijou no peito,
enquanto suas mãos baixavam entre eles e começava a trabalhar
em seu cinturão. Ele gemeu enquanto ela triunfava, não só sobre
a fivela, mas também sobre o botão e o zíper.

Slade alcançou os botões da blusa do pijama, bem


enquanto Jenna chegava dentro de sua cueca e o libertava.
Depois, esqueceu-se de tudo sobre seu objetivo de tê-la nua,
quando ela fez algo que nunca tinha feito antes para ele ou

259
Mustang. Empurrou Slade para baixo, na beirada da cama, se
ajoelhou entre suas pernas e empurrou seu pau inteiro entre
seus lábios.

Com um gemido, observou ela fazer amor com a boca.


Pensou em coloca-la sobre a cama, assim poderia agradá-la,
enquanto o agradava, mas ficou paralisado observando. Nunca
teve a intenção de deixá-la continuar por tanto tempo, mas se
sentia tão bem e antes de se dar conta, sentiu o formigamento
começar.

Seu corpo inteiro esticou e Slade soltou um profundo


suspiro.

— Jenna, eu vou gozar.

Deu a ela uma clara advertência, assim podia parar se


não quisesse que ele o fizesse, mas ao invés disso, Jenna
redobrou seus esforços, trabalhando com mais força e mais
rápido. Slade jogou a cabeça para trás e tentou não gozar ainda,
mas foi inútil. Finalmente, se entregando ao inevitável, segurou a
cabeça de Jenna com ambas as mãos, a sustentando, e gritou
enquanto ela o drenava até deixá-lo seco.

Somente depois que deixou de estremecer em sua boca,


recuperou o bom senso suficiente para soltá-la. Tirou as botas e
as calças com um único chute e empurrou Jenna sobre a cama,
onde descansaram um junto ao outro ofegando.

Ele acariciou o seu cabelo.

260
— Sinto muito.

Jenna riu.

— Sente por quê? Por gozar?

Slade encolheu os ombros, se arrependendo


imediatamente do gesto, quando a dor atravessou o ombro.
Baixou o olhar para seu rosto, que descansava contra seu peito.

— Sim, por gozar, sabe, sem fazer o mesmo por você ao


mesmo tempo.

— Está tudo bem. — Jenna ruborizou e mordeu o lábio


inferior. Parecia inocente e travessa ao mesmo tempo.

— Esperei muito para fazer isso com você. Foi bom me


concentrar apenas em você pela primeira vez. Às vezes, multi
parceiros é superestimado.

Ele riu. Quem era ele para discutir isso?

Mesmo ele querendo desesperadamente estar dentro dela


a partir do momento que entrou pela porta, foi provavelmente
melhor ter gozado em sua boca, porque não se lembrou de trazer
proteção. Mas do jeito como parecia quando chegou, a
preocupação em seu rosto e a sensação de ser abraçado por ela,
tomar Jenna sem preservativo e dizer para o inferno as
consequências, era uma possibilidade clara.

Porra, ainda estava lutando com a urgência de estar


dentro dela agora e fazer que gozasse junto com ele.

261
Mas sua estupidez e o fato de que se esqueceu de trazer o
necessário, não significava que terminaram de se divertir esta
noite. Havia ainda muitas coisas que podiam fazer e devia a
Jenna um orgasmo. Com uma mão dentro da calça do pijama,
sentiu o quanto estava molhada e quente. Desejava-a de novo.

Tirando sua calça, Slade ficou entre suas pernas abertas


e baixou a cabeça. Escutou sua brusca inalação, enquanto sua
língua conectava com ela, e sorriu. Pela forma como seus
músculos já estavam tensos pelo menor dos contatos, presumiu
que a teria gozando em pouco tempo.

Ele retornou o favor, até que ela estava tremendo, se


contorcendo e gritando. Jenna pediu para ele parar, dizendo que
era demais, então Slade acrescentou sua mão e continuou.

262
Capítulo 21
— Porque você faz isso? Montaria em touro quero dizer.
— Jenna passou a mão sobre a pele macia do peito dele, e sentiu
o calor de sua pele. Ele se encolheu interiormente, os hematomas
começaram a se formar no rosto e nas costelas de Slade, onde o
touro tinha pisado.

Usando só a parte de cima do pijama, as calças estavam


ainda em algum lugar no chão, ela se inclinou e plantou um leve
beijo sobre o pior dos hematomas. Ele encolheu os ombros e fez
uma careta de dor. Jenna se perguntou o quanto doía. Não se
incomodou em perguntar, já que ele nunca admitiria.

— Não sei. Mas posso te dizer isso... Até hoje, eu me


lembro de cada batida, cada cheiro, cada som e imagem da minha
primeira montaria.

Slade estava revelando mais de si mesmo do que já tinha


feito antes. Jenna disse-lhe que continuasse a falar.

— Quantos anos você tinha?

Ele olhou sem ver, como se estivesse vendo as


lembranças no teto, enquanto contava.

263
— Tinha dezoito a primeira vez que subi em um touro.
Poderia te dizer que meus companheiros estavam falando comigo,
mas era como se estivesse longe, entende? Quando balancei a
cabeça, a porteira pareceu como se levasse uma eternidade para
abrir... Chiando lentamente. Então, começamos a nos mexer. —
Slade inspirou profundamente, e olhou para Jenna com um
sorriso. — Depois desse dia, fiquei viciado. Sempre quis montar
depois daquilo.

— Uau. — Jenna cortou uma respiração pela paixão que


Slade sussurrou as palavras.

Pela primeira vez, sentiu que tinha realmente alcançado


dentro dele. Não tinha barreiras. Sem paredes. Apenas Slade,
magro, bem aberto para ela ver. Naquele momento, o queria mais
do que jamais quis nada em sua vida. Percebendo também, que
se não lutasse bravamente com seu coração naquele momento,
cairia inteiramente sobre este homem, o homem que estaria
deixando em poucas horas.

Piscando para longe a nuvem que ameaçava transbordar


de seus olhos, Jenna passou por cima de Slade, tentando evitar
os ombros e as costelas, quando baixou a boca para a dele. Suas
mãos subiram em torno de sua cintura, quando ele devolveu o
beijo com tanta necessidade e desespero quando sentiu.

Slade virou os dois e Jenna ralou com preocupação por


seus machucados.

264
— Tome cuidado. — Ele grunhiu, enquanto transpassava
uma coxa entre as pernas dela.

— Pro inferno com o cuidado. Estou bem. — Enquanto


sua boca cobria a dela, não discutiu com ele, mas quando ele pôs
fim ao beijo, e amaldiçoou se afastando, o medo conquistou seu
desejo de atrai-lo de novo em cima dela.

— O que foi?

— Eu não trouxe proteção e você é muito tentadora. Não


confio em mim para me retirar a tempo. — Slade parecia
absolutamente desanimado. — Jenna, desculpe. Nós não
podemos fazer.

— Esse é o único problema? Se tivéssemos proteção que


seria, bem... Você sabe.

Slade assentiu.

— Sim e eu sei. Eu fui um estúpido por esquecer.

Com um sorriso malicioso, Jenna saiu da cama, pegou


um pequeno saco plástico e jogou para Slade.

— O que é isto?

Jenna sorriu.

— Meu saco do presente de despedida do jantar na


última noite da conferência. Foi assim que eu cheguei tarde à
competição. O primeiro orador do jantar chegou tarde, eu estava

265
em uma mesa bem na frente, então não podia sair furtivamente
dali, sem que todos me vissem. Ok? Abra!

Olhando duvidoso, ele virou o saco. Quando o conteúdo


caiu sobre a cama, sua expressão mudou. Levantou e
inspecionou um preservativo enrolado como um pirulito, e, em
seguida, um pacote de lubrificante com sabor de chocolate, em
primeiro lugar. Os pênis em forma de elefante causou uma reação
engraçada quando ele leu o rótulo e descobriu o que era. Afastou
o baralho de cartas mostrando modelos masculinos parcialmente
nus.

Finalmente, Slade olhou para cima entre as coisas


espalhadas na cama.

— Você tem esse tipo de coisa no jantar? Que tipo de


conferência é essa?

Jenna sentou ao lado dele e pegou na cama um


preservativo verde fluorescente, segurando entre eles
tentadoramente.

— Você só vai sentar ai sem fazer nada e ficar


reclamando, ou você vai ser grato e fazer amor comigo?

Slade sorriu e arrancou o pacote dos seus dedos.

— Não há discussão sobre isso. Agora estou feliz por ver


este preservativo, apesar da cor estranha e estou um pouco
intrigado com o lubrificante de chocolate. Diz aqui que esquenta.

— Podemos provar também.

266
— Sim? Onde deveríamos passar? — Slade parecia
diabolicamente atraente e Jenna sentiu um arrepio passar por
ela.

Mordeu o lábio, enquanto considerava as possibilidades,


que tinha certeza, passavam pela cabeça dos dois.

— Onde você quiser.

Em menos de um segundo, Jenna se viu sendo jogada


sobre suas costas, enquanto sobre ela estava um pesado cowboy
de touros armado com lubrificante de chocolate e um preservativo
verde fluorescente. Estava totalmente encurralada e sem fôlego
de tanto rir, mas não se importava nem um pouco.

O que deve ter sido horas mais tarde, mesmo que,


parecesse que só fechou seus olhos depois de fazer amor com
Slade, ela ouviu:

— Jenna, baby. Temos que levantar e ir.

Gemeu, e se aconchegou mais entre os cobertores.

— Não. Estou cansada.

Mãos grandes rodearam por trás dela. Jenna sentiu o


calor se espalhando em todos os lugares, mesmo naqueles que
estavam longe de seus dedos.

— Eu sei. Mas precisamos pegar Mustang e te levar ao


aeroporto.

Jenna abriu um olho e tentou de focar no relógio.

267
— Temos tempo. — E ela sabia exatamente como queria
usá-lo. Um sorriso se espalhou pelo seu rosto. — Onde está o
pirulito preservativo?

Jenna ouviu uma risada profunda.

— Essa coisa pode ser usada?

— Sim. — Pelo menos tinha certeza que sim. De qualquer


maneira, ela não se importou quando, depois de alguns
segundos, sentiu a ereção de Slade pressionando atrás.

Ele penetrou-a impondo lentamente um ritmo suave, que


foi, de longe, muito mais agradável do que qualquer despertador
para acordar.

Jenna suspirou.

— Mmmm. Poderia me acostumar com isto.

Slade suspirou profundamente atrás dela. Sua voz foi


suave quando disse:

— Eu também.

Slade parou o carro lentamente na área de


estacionamento do Aeroporto Internacional de Tulsa e a realidade

268
bateu em Jenna como um tapa na cara. Ela estava indo embora,
e provavelmente nunca ia ver de novo qualquer um desses
homens.

Sua garganta fechou. Engolir era quase doloroso.

— Então, eu acho que seria melhor você entrar.

Slade abriu de repente a porta do lado do motorista sem


olhar para ela.

— Eu vou tirar suas malas do porta-malas.

Jenna virou para Mustang, que estava sentado à sua


direita durante a viagem, quando ela se apertou no meio do
banco da frente do carro. Não se importava com a posição
acertada entre os dois homens. Na verdade, considerando que
provavelmente nunca estaria tão perto deles novamente, gostava
disso.

Levantou o olhar e encontrou Mustang a observando.

— Temos seu número de telefone. Ligaremos mais tarde


para ter certeza que chegou bem em casa.

Jenna assentiu, tentada a dizer que não tinha o número


deles, mas depois pensou melhor. Se não deram seus números foi
porque eles queriam que fosse assim. Duvidava que qualquer um
de seus encontros de uma noite, ou mesmo três noites, tiveram
seus números de telefone.

269
No momento em que deixasse o carro, estaria nas fileiras
daquelas que vieram antes dela. Estaria em seu passado, e um
novo desfile de mulheres entrariam em seu futuro.

O triste devaneio de Jenna chegou a um fim abrupto


quando Slade abriu a porta de Mustang com um puxão e se
inclinou para dentro.

Seus olhos encontraram os de Jenna por um breve


momento, então ele desviou o olhar. Ela pensou que tinha visto
uma pitada de tristeza ou arrependimento, até que ele falou para
o Mustang.

— Melhor a gente ir. A polícia está me olhando feio por


estacionar aqui por tanto tempo.

Estava insinuando, não muito sutilmente, que deveria


sair. Aparentemente, Slade não estava tendo tantos problemas
com a sua partida como ela.

Mustang puxou seu grande corpo através da porta, em


seguida, inclinou para ajudar.

— Poderíamos estacionar e esperar com você, se quiser.

Levantando uma sobrancelha em expectativa, Mustang


esperou-a dizer alguma coisa, e tinha certeza que faria
exatamente o que foi oferecido. Gostaria nada mais do que ter os
dois esperando com ela, mas por que prolongar o inevitável?

270
— Não, está tudo bem. Tenho que fazer check-in para o
meu voo no portão, e vou ter que passar pela segurança para
fazer isso.

Ao contrário de Slade, que foi frio e distante durante o


caminho até o terminal, pelo menos Mustang foi decente o
suficiente para parecer decepcionado. Ele correu as mãos para
cima e para baixo em seus braços.

— Jenna, só quero dizer que nunca esquecerei a semana


passada e isso é completamente por sua causa.

Oh cara.

Ela ia chorar. Realmente não queria fazer isso. Jenna riu


e piscou para evitar as lágrimas.

— Eu posso dizer honestamente que também nunca vou


esquecer-me desta semana.

Mustang pegou seu rosto com as duas mãos, e a beijou


nos lábios.

— Chute a bunda deles com seu livro. Ok, querida?

Esqueça o livro estúpido. Era com seu coração que estava


preocupada.

Quando Jenna assentiu, não confiando em sua voz,


Mustang a deixou ir, e depois de dar um rápido olhar para Slade,
deu a volta para o lado do motorista.

Observando Mustang, Slade franziu a testa.

271
— O que está fazendo?

— Vou tirar o carro daqui, então parece que nós estamos


indo. Assim a polícia não nos expulsa e vocês dois terão uns
minutos para se despedir.

Isso deixou Jenna só na calçada com sua bagagem e com


Slade, que parecia ter olhos para tudo, menos para ela. Olhou
para a sua mala.

— Hum, então, você tem tudo, certo?

Ela bateu na bolsa de seu laptop, que tinha acabado de


desligar e estava em seu ombro, e olhou para a grande mala com
rodas pronta ao seu lado.

— Sim. Isto é tudo. Só as duas bolsas.

Ele assentiu.

— Então, ok.

Antes da grande rejeição de Slade, estava preocupada


com o que a polícia podia pensar se notassem ela beijando ambos
os cowboys. Mas só quando decidiu que não ligava para o que
eles pensavam, parecia que Slade iria deixá-la ali, sem nem
mesmo um beijo na bochecha ou um aperto de mão.

Mais perto das lágrimas que ela tinha estado na hora em


que se despediu de Mustang, estava prestes a dizer adeus e
correr para o banheiro para chorar em privado, quando Slade a
envolveu com um braço forte, a puxando para si e plantou um

272
beijo na boca do tipo de deixar as pernas bambas. Ele a soltou
tão de repente, que a deixou em choque.

— Espero que você chegue bem em casa, Jenna.

Slade agarrou a porta do passageiro, entrou e bateu sem


olhar para trás. Mustang saiu com o carro, outro carro cheio de
passageiros imediatamente estacionou no lugar. O significado
disso não passou despercebido. Seria substituída rápido em suas
vidas.

Olhou o carro de Slade desaparecer no tráfego até que a


umidade quente no seu rosto a fez voltar a si.

Agarrou a alça de sua mala e virou. Ao visualizar o balcão


de check-in e a esteira para as malas, conseguiu entregar,
juntamente com o bilhete, para o empregado, sem perder
completamente a compostura. Depois do que pareceu uma
eternidade, ele finalmente completou a papelada e as perguntas
habituais e poderia ir. Ela cruzou as portas de vidro com vista
para o sinal indicativo dos banheiros, com os olhos cheios de
lágrimas.

Passar pela segurança do aeroporto era uma droga em


um bom dia, mas hoje provou ser pior do que o normal. Pegou
algumas toalhas de papel para secar os olhos e entrou na fila,
apenas para descobrir que ainda não tinha acabado de sentir
pena de si mesma. Ela teve que deixar a fila para voltar para o
banheiro e se espremer em um compartimento minúsculo com a

273
bagagem de mão pendurada em um gancho atrás da porta e
deixar vir tudo para fora.

Finalmente, quando as lágrimas pararam de cair, de cara


lavada, ela tentou mais uma vez passar através do posto de
segurança sem gritar.

Depois de um tempo, passou pelo detector de metais,


com os olhos vermelhos e inchados. Sem sapatos ou jaqueta,
estava apenas começando a colocar o laptop de volta na bolsa
quando ouviu uma voz familiar e congelou. Apenas algumas
pessoas atrás, estava Lizzie, reclamando com um agente de
segurança porque ele não foi cuidadoso o suficiente com seu
troféu de Autor do Ano.

O complemento perfeito para um dia perfeitamente


infernal.

— Não, por favor, não. — Jenna sussurrou para si


mesma.

— Perdão?

Jenna olhou para cima e viu o guarda de segurança


olhando para ela.

— Ah nada. É está coisa estúpida, que nunca entra na


primeira uma vez que guardo. Vou levar isso no portão de
embarque.

274
Com outro olhar que sugeria que ela deveria sair do
caminho e fazer exatamente isso, virou para a próxima pessoa
atrás dela.

Renunciando a colocar tudo no lugar para estar fora do


alcance de Lizzie, pegou o laptop com força contra seu peito. Ela
agarrou seus sapatos e jaqueta em um lado, a bolsa do laptop na
outra e as meias tão rápido quanto seus pés permitiam.

Localizou a porta de embarque e se afundou agradecida


em uma cadeira, colocando as coisas na cadeira ao lado.
Metodicamente, virou para colocar os sapatos e a jaqueta. Estava
justamente decidindo se poderia suportar seu livro ruim e tentar
trabalhar em algo durante a espera, quando olhou para cima e
teve uma visão muito indesejada.

Parecia que os deuses das viagens, assim como os deuses


do amor, não estavam com Jenna esta semana. Primeiro, teve a
desgraça de se apaixonar por dois cowboys que nunca veria de
novo e agora, a última pessoa com quem queria passar as
próximas duas horas de espera de um voo, vinha na direção dela.

— Jenna! Também está neste voo?

Considerou seriamente negar, mas o que faria quando


chegasse a hora de embarcar?

— Oi Lizzie. Sim estou. É por isso que estou aqui sentada


na porta. — Idiota.

275
Lizzie sentou justamente na cadeira em frente à de Jenna
e reclamou mais uma vez sobre seu troféu de Autora do Ano. Uma
mordaça cairia bem.

Jenna culpava ao maldito prêmio de Lizzie por sua


vontade de ficar bêbada no bar e consequentemente, ter se
agarrado com aquele cowboy de vinte anos nos banheiros do
salão. Mesmo que não se arrependesse por tudo o que tinha
acontecido quando finalmente voltou para o hotel e encontrou
Slade e Mustang esperando por ela.

A lembrança de Mustang e Slade trouxe de volta a


sensação de peso no peito.

— Então, eu vejo que você trouxe seu laptop, pronto para


o trabalho. — Lizzie invadiu os pensamentos de Jenna.

— Sim, bom, já sabe... Os prazos chegam para todos.

— Eu realmente deveria trabalhar em algo também.


Minha editora quer repetir o meu último best-seller no New York
Times, o mais rápido possível. — Jenna franziu a testa, mas
Lizzie era muito egocêntrica para perceber e continuou. — De
qualquer forma, chega de falar sobre mim.

Sim, perfeito!

— Me diga. Quem eram esses dois caras grandes com


chapéus de cowboy, que vi deixando você?

Oh, Oh.

276
— Uh... — Quanto Lizzie viu? Jenna não podia dizer que
eram seus primos, se ela viu os dois beijá-la e não precisamente
com beijos na bochecha. Jenna precisava de uma boa mentira, e
rápido. — Fui ao colégio com eles.

— Achei que tinha ido à escola na parte norte de Nova


York.

Merda. Precisava parar de colocar tanta informação


pessoal em sua página pública, se as pessoas como Lizzie iam
usar contra ela.

— Sim. Você sabe o que tem no norte. Toneladas de


agricultores, cavalos e outras coisas. Então, é daí que eu conheci.
Mantemo-nos em contato, você sabe, por cartas ou telefonemas
de vez em quando.

Lizzie assentiu.

— Vivem aqui, em Tulsa?

Claro, isso soava bem.

— Sim. Grande coincidência, né?

— Sim, bastante. — Lizzie riu e sacudiu a cabeça. — Tive


a sensação de que era algo assim. Desci do traslado do hotel com
Carolina Braun e ela jurou que os reconheceu. Disse que viu eles
no bar do nosso hotel.

Jenna quase se afogou.

277
— Sério? Hmmm. Deve ter sido na noite que passaram
para me falar um oi.

— Sim. Eu pensei assim. Carolina descreveu um filme


que você encontrou esses dois estranhos no bar e subiu com eles.
Não apenas um, mas dois cowboys! Eu sabia que não podia ser
verdade. Isso soa mais como o enredo de um romântico romance
ruim, do que sua vida.

Não, parecia sim com o enredo de um romance. Por que


não tinha pensado? Era muito melhor do que o que ela tinha
começado a escrever. Até Mustang percebeu que a história
original não tinha potencial. Com a sua falta, o seu distúrbio
passivo-agressivo e comentários depreciativos sobre a vida chata
de Jenna, Lizzie tinha lhe dado ideia perfeita para a sua história,
e iria escrever, assim como tinha vivido.

Jenna riu com vontade com a ideia e Lizzie ergueu uma


sobrancelha. Escondeu estar de acordo com ela.

— Carolina realmente pensou que eu peguei dois


cowboys estranhos no bar e levei para meu quarto de hotel para
algum ménage a trois? Que gracioso. Acredito que o risco de ser
autora de romances é que sofremos de uma imaginação muito
ativa.

— Algumas, talvez, mas eu não. Concentro-me para ser


capaz de separar a vida real de meus livros.

Jenna ignorou a petulância de Lizzie e ao invés disso


abriu a tampa do laptop. O livro inteiro estava lá, bem na sua

278
cabeça. Ela podia vê-lo. Tudo que tinha que fazer era colocar no
papel. A respiração suspensa com entusiasmo, Jenna abriu um
novo documento e começou a digitar.

Ignorando Lizzie, trabalhou até que anunciaram a última


chamada para embarcar e ainda assim, levou o computador
aberto até sua poltrona. Só fechou a tampa durante a decolagem,
depois abriu de novo, no momento que a aeromoça anunciou que
estavam permitidos os aparelhos eletrônicos.

Seus dedos não poderiam escrever tão rápido quanto seu


cérebro formava as palavras. Os personagens, conflitos, pontos-
chave, as reviravoltas da história ... As batidas do coração, ela
percebeu que tudo estava lá, na ponta dos dedos.

Isto ia ser bom. Não, ia ser incrível. Talvez. Droga. Sua


insegurança começou a bater, mas se negou a permitir e a
esmagou. De qualquer forma, realmente não importava, porque,
bom ou não, precisava tirar esta história da cabeça e colocar no
papel.

279
Capítulo 22
Mustang tomou o último gole de cerveja e levantou.

— Posso ver o número do telefone de Jenna de novo um


segundo?

Enquanto ia de novo ao banheiro, também poderia usar o


telefone público e ligar para Jenna. Já deveria ter aterrissado e
ele prometeu que ligariam para ver como estava.

— O que? Por quê? — Slade ficou irracionalmente na


defensiva somente com o simples pedido.

— Quero ligar e ter certeza que chegou bem a Nova York.

— Eu tenho certeza que ela chegou bem. — Slade tomou


outro gole de sua cerveja e não fez nenhum movimento para dar o
número a Mustang.

— Eu também tenho. Mas prometi que ligaríamos, então


preciso do seu número. — Slade não fez nenhum movimento, por
isso, Mustang repetiu. — Então, posso ver, por favor?

Slade colocou a garrafa na mesa com força suficiente


para fazer que as bolhas de espuma fossem para fora.

280
— Por que prometeu que ligaríamos? Em que estava
pensando? — Pego de surpresa por essa pergunta louca, Mustang
franziu o cenho.

— Estava pensando que gostaria de ter certeza que a


mulher com quem acabei de passar os últimos dias chegou em
casa sem incidentes. O que foi Slade? Qual é seu problema?

Slade estava de mau humor e estranho desde que


deixaram Jenna no aeroporto.

— Meu problema é que essa coisa entre nós não pode ir


a qualquer lugar e ligar, ou mesmo prometer ligar, dá a ela
esperança de que algo poderia acontecer.

Nós. A forma como Slade disse essa única palavra


chamou a atenção de Mustang. Deixou passar, mas guardou
como uma prova a mais que o amigo estava agindo como um
idiota, porque estava apaixonando por Jenna.

— Isso é mentira. Jenna é inteligente. Não vai ficar


maluca só porque a gente ligou para ver se ela estava bem.

— Sim ficará. As mulheres são assim. — Slade negou


com a cabeça. — E o que foi essa merda que disse no carro? Era
realmente necessário mentir?

Mustang suspirou.

— Do que está falando agora?

— Nunca vou esquecer esta semana graças a você,


querida... — Slade fez uma imitação ruim de Mustang.

281
Sacudindo a cabeça, Mustang disse:

— Isso não foi uma mentira, Slade.

Slade bufou.

— Oh, vamos, Mustang. Você diz isso a todas as garotas


com quem estamos.

Não a todas, mas mesmo assim, Mustang não se


incomodou em negar.

— Sim, às vezes faço isso e na maioria das vezes é


simplesmente uma maneira de mantê-las felizes, mas desta vez
não foi mentira. Jenna foi... é especial e você sabe disso tão bem
como eu.

— Então, o que está dizendo exatamente? — perguntou


Slade em tom acusador.

Mustang encolheu os ombros.

— Não estou dizendo nada, Slade. Só que Jenna é


diferente.

— Quer dizer que quer voltar a vê-la?

— Claro que sim. Eu adoraria vê-la de novo e espero que


a gente se encontre quando estivermos em Nova York. — Mas
neste exato momento, Mustang só queria, simplesmente, manter
sua promessa e ligar para ela.

Slade apertou os olhos ameaçadoramente e de repente,


Mustang entendeu tudo, ele estava agindo como um idiota porque

282
estava louco de ciúmes. E não só isso, Slade também tinha medo
que Mustang estivesse apaixonado por Jenna. Bom, isso
explicava um pouco.

Armado com esse conhecimento, Mustang poderia lidar


com o amigo um pouco melhor.

— Você quer saber? Não tenho que ligar. Por que você
não liga?

— Você não me ouviu este tempo todo? Eu não vou ligar.


Você não vai ligar. Ninguém vai ligar para ela. Além disso, eu
rasguei a porra do número e joguei fora. — Slade tomou sua
cerveja novamente e desviou o olhar.

Mustang balançou a cabeça para a estupidez de Slade. O


que aconteceria quando Slade finalmente se livrasse de tudo o
que ficou no copo? Quando ele mudasse de ideia e quisesse
chamar Jenna, o que ele faria, já que jogou o número fora?
Enquanto isso, Mustang prometeu ligar para ela e agora não
podia. Sabia a companhia e a hora em que embarcou.
Provavelmente não seria muito difícil ligar para a companhia
aérea, localizar seu número de voo, e em seguida confirmar que o
voo chegou de maneira segura. Seria muito mais difícil fazer, só
porque Slade era um idiota e Jenna ainda pensaria que Mustang
não cumpriu sua promessa de ligar. Possivelmente poderia
localizar seu número através da informação.

Olhou de novo para a expressão de Slade, imperturbável.


Estava considerando seriamente sugerir que fossem para o Texas

283
no dia seguinte separados, mas decidiu deixar as coisas como
estavam. Tinha medo que a viagem de carro de amanhã fosse um
inferno. A cabine de sua caminhonete era muito pequena e o
estado de ânimo de Slade muito asqueroso para que Mustang
escapasse ileso da viagem.

Talvez Slade mesmo tivesse a ideia por sua conta e se


oferecesse para dirigir seu carro até o Texas enquanto Mustang
dirigia a caminhonete. Poderia viajar de Oklahoma ao Texas
sozinho. Não era como se estivessem grudados pelo quadril. Slade
era um adulto, apesar de agora não estar agindo como tal.

Mas a coisa mais urgente que faria amanhã era o que


Mustang ainda tinha que fazer hoje. Suspirou e levantou de sua
cadeira.

— Já volto.

Slade encolheu os ombros, sua voz plana.

— É, tudo bem.

Mustang negou com a cabeça e virou para a parte de trás


do bar. Sim, esta certamente seria um inferno de viagem.

_______________________

Jenna escreveu até que o avião aterrissou em Nova


Jersey. Pegou seu carro no estacionamento e mesmo dirigindo,
ainda não pôde deixar de pensar no que escrever em todo o
percurso do aeroporto até em casa. Quando chegou a seu
apartamento, deixou a mala junto à porta e abriu o laptop.

284
Revivendo cada momento da última semana, riu e
chorou. O livro, igual a sua vida, nos últimos dias, era uma
montanha russa emocional. Ela riu em voz alta da cena em que
sua heroína pergunta aos dois heróis se usavam um protetor
quando montavam, lembrando-se do olhar nos rostos de Slade e
Mustang a essa pergunta.

Riu, sabendo que choraria com facilidade mais tarde,


quando escrevesse a parte onde a heroína tinha que ir embora,
mas foi bom. Escrever este livro foi uma espécie de terapia. Estar
ocupada, a manteve longe de enlouquecer. Precisava de uma
distração do fato de que eles não ligaram para se certificar de que
chegou em casa em segurança. O mais provável é que nunca
mais ligariam. Nunca escutaria o riso ou sentiria o toque deles
novamente.

Afastou esses pensamentos e a dor que causavam.


Sentou e trabalhou no livro até altas horas da noite, ou na
verdade, até a manhã seguinte. Parou só para fazer uma xícara
de chá e ir ao banheiro.

Escreveu até que os pulsos doeram, teve cãibras e não


pôde sentar por mais tempo. Mesmo assim, colocou o laptop no
balcão da cozinha e começou a escrever por mais uma hora. Só
parou quando seus olhos finalmente desistiram e se recusaram a
se concentrar por mais tempo sobre as palavras na tela.

Quando desistiu e foi para a cama com a cabeça ainda


girando com fragmentos de diálogo, cerrou os olhos e desejou
pegar no sono, mas a agitação em seu cérebro não ia embora.

285
Lutou contra a tentação de levantar e escrever. Finalmente,
percebeu que era inútil. Levantou e rabiscou algumas linhas,
deixou a caneta e bloco de papel ao lado da cama, apenas no caso
de inspiração atingi-la novamente durante a noite... err, quer
dizer, de manhã.

Finalmente, mergulhou num sono profundo quando o sol


começava a atravessar as cortinas.

Parecia que tinha acabado de fechar os olhos quando


ouviu um som desagradável, seu cérebro exausto levou muito
tempo para identificar o seu telefone celular. O que? Dormiu por
cerca de dez minutos? Ela certamente se sentia assim. Mal
conseguia se concentrar para ver o nome no identificador de
chamadas.

Pensando que poderiam ser os meninos ligando, desistiu


de tentar ver quem era e simplesmente abriu o telefone, mas
quando Jenna ouviu a voz irritada de Astrid, não pôde deixar de
lamentar sua decisão impulsiva. Praticamente sem dormir, não
estava com humor para os gritos de sua melhor amiga.

— Porque você esteve evitando minhas ligações?

Jenna afogou um gemido, enquanto esfregava o sono dos


olhos. Sua voz soou áspera quando respondeu.

— Não estava evitando, eu te deixei mensagens.

— Sim, no meu telefone do trabalho, quando sabia que


não estava no trabalho.

286
— Oh, foi para seu número de trabalho? Desculpe,
apenas achei o seu nome na minha lista de chamadas. Pensei que
fosse seu celular. — Sentiu a necessidade de olhar o céu pela
janela para clarear a ideia dessa grande mentira. No entanto,
ficou muito impressionada com ela mesma por inventar tão
rápido, especialmente tendo em conta a sua total falta de sono.

Praticamente podia ver a testa franzida de Astrid pelo


telefone.

— Como é que você nunca atendeu quando eu liguei?

— Eu falei como são estas conferências, Astrid. Não


posso falar ao telefone no meio de uma sessão ou um discurso,
não é? Tínhamos atividade desde a manhã até tarde de noite. —
Isso sem falar das atividades extracurriculares que Jenna tinha
conseguido encaixar por si mesma nas horas livres.

— Pelo menos, saiu para ver Tulsa? Um de meus colegas


de trabalho me disse que há alguns edifícios art-deco lindos no
centro. E que também há uma casa de Frank Lloyd Wright.

Normalmente, Jenna teria se interessado por tudo isso,


mas nesta viagem esteve mais metida em ver seus meninos do
campo que em ver o campo.

— Não. O único turismo que fiz foi o que vi do banco


traseiro do táxi entre o aeroporto e o hotel.

287
— Oh! Sério? Pelo menos você deu um jeito de sair e
encontrar com esses dois cowboys em seu aniversário. Aqueles de
quem nunca me falou, falando nisso.

Jenna suspirou, e se preparou para mais uma rodada de


esticar a verdade.

— Fui ao complexo esportivo ver a competição de


montaria em touros para a pesquisa do meu livro e depois
encontrei com eles em um bar do outro lado da rua para que me
devolvessem meu manuscrito, que revisaram para mim. Tomei
exatamente uma bebida. Isso é tudo, Astrid.

Jenna olhou para o manuscrito original, que Slade


corrigiu. Ele estava na mesa onde deixou após destacar qualquer
cena de montaria que ele escreveu a lápis e que acreditava que
poderia usar para o novo livro. No meio da história de amor ela
queria incluir algumas montarias em touro, e Slade deu
excelentes detalhes, para não mencionar a sua lembrança,
marcada na alma, de quando ele fez sua primeira montaria. Isso
foi definitivamente incluído no livro.

— E? Como é que você deixou seus dois cowboys? Você


vai manter contato com eles para ter as coisas para o seu livro?

— Não tenho o número de telefone de nenhum dos dois.


— Jenna fez uma careta, porque no meio de todas as mentiras
que esteve vomitando recentemente, essa parte era, para sua
tristeza, absolutamente verdade.

288
— Você os deixou irem embora sem pegar seus números?
Oh meu Deus, Jenna! Eu não te ensinei nada?

— O que eu que deveria fazer? Eles não se ofereceram


para me dar o número. — Mas eles tinham o seu número. Mas,
não ligaram para ver se chegou bem, como prometeram que
fariam, se ligassem seria um completo milagre.

Com esse pensamento deprimente, escutou o sermão de


Astrid um pouco mais, enquanto tirava o laptop de debaixo da
cama. Aconchegando-se debaixo das cobertas, ligou e abriu o
arquivo para seu novo livro, escrevendo tão silenciosamente
quanto foi possível, enquanto que, com sorte, respondia com um
—hmmm hmm— ocasional ou —tem razão— nos momentos
adequados durante o monólogo de Astrid.

289
Capítulo 23
O telefone tocou e Jenna viu o nome de sua agente no
identificador de chamadas. Com o coração batendo forte, atendeu
à chamada com as mãos trêmulas.

— Alô.

— Eu adorei.

A respiração que Jenna estava segurando, saiu


assobiando em uma grande explosão.

— Você adorou? Sério?

— É exatamente o que os editores estão procurando.


Cowboys, muito sexo, um ménage Homem/Mulher/Homem. É
perfeito.

Graças a Deus.

— Obrigada, Marge.

— Eu gostaria de fazer uma sugestão, entretanto.

Lá vem. O coração de Jenna afundou tanto quanto tinha


se erguido uns momentos antes.

— E qual seria?

290
— Vou levar para a editora, assim como está, mas é
possível que considere a possibilidade de criar um verdadeiro
ménage para seu próximo livro.

Guardou a alegria da referência de Marge sobre um


próximo livro e franziu a testa.

— O que você quer dizer com um verdadeiro ménage?

Não poderia haver muito mais sexo ali. Tinha os


personagens fazendo quase tudo o que era possível. As partes
baixas dela esquentaram ao lembrar que também fez quase todo
o possível com seus dois cowboys na vida real. Droga, sentia
saudades.

— Você sabe. Homem/Homem/Mulher. As vendas mais


quentes neste momento são os livros onde os homens têm uma
relação sexual entre si, assim como com a mulher.

Jenna sentiu que a cor sumia do seu rosto, enquanto


considerava o que Slade e Mustang pensariam se ela escrevesse
uma relação sexual para os dois personagens de seu livro. Não
acreditava que a reação deles seria bonita.

— Uh, está bem. Levarei isso em conta. Possivelmente


para o próximo livro... — Um sobre cowboys totalmente fictícios, e
não cowboys de touros de verdade que ficariam muito
descontentes com ela.

291
— Bom. Porque acredito que aqui tem o começo de uma
série completa sobre rodeio e ménages românticos do oeste. Seus
detalhes são incríveis.

— Não é um rodeio.

— O que?

— Não é... — ouviu o som de papéis sobre a mesa de


Marge e percebeu que a capacidade de atenção limitada de Marge
tinha acabado. — Não importa. Hum, então, qual é o próximo
passo?

— Volte a trabalhar e comece a escrever o próximo livro.


Tenho certeza que com este manuscrito, não só conseguirá um
contrato, mas também, provavelmente, eles vão querer contratar
os próximos, uma ou duas da série, com antecedência. Você
poderia inventar histórias para os personagens secundários?

— Um contrato para uma série? Uau! Sim, claro que


posso inventar mais histórias.

— Ótimo, porque há uma boa probabilidade de que este


livro seja um best-seller para você.

Best-seller. O coração de Jenna se acelerou pelas


palavras.

— Escuta, minha outra linha está tocando. Terei o


contrato para que você assine assim que recebê-lo.

— Ok. Obrigada.

292
Quando Marge desligou, Jenna não pensou em outra
coisa além de ligar para Mustang e Slade, falar do livro e da
reação de sua agente, mas não podia. Não tinham ligado e ela não
podia ligar. Isso apagava todo o resto.

Frustrado, Mustang apertou o telefone e tentou controlar


seu aborrecimento com o operador que tinha online. Quem teria
pensado que encontrar um simples número de telefone podia ser
tão difícil?

Chase dobrou a esquina e lhe deu um enorme sorriso.

— Ei, Mustang! Você acredita que realmente estamos em


Nova York?

Mostrando a Chase o receptor do telefone que segurava


na orelha, Mustang franziu a testa ao novato e colocou um dedo
nos lábios, bem quando a voz do operador voltava a soar e pedia
que soletrasse o nome de Jenna.

— Jenna Block. B-L-O-C-K... Não, eu acho que não tenho


certeza de em que cidade mora. Pensei que era em Nova York...
Não, não sabia que havia cinco munícipios diferentes na cidade
de Nova York. Não pode verificar em todos? Ou, na verdade,
melhor você verificar todo o estado. — Talvez ela não viva na
cidade. Nunca disse que vivia, ele tinha simplesmente assumido.

293
Mustang olhou com impaciência os arranhões no
separador de acrílico que rodeava o telefone público do saguão do
hotel, enquanto esperava. Por alguma razão, Chase ficou ali e
esperou com ele. Mustang abriu a boca para perguntar ao menino
por que, quando a condescendente e serviçal voz do outro lado da
linha deu a ele um absurdamente alto número de J. E/ou Jenna
Blocks que viviam no estado de Nova York, e a pouca esperança
que tinha de rastrear Jenna enquanto estavam em Nova York se
foi.

Mustang passou uma mão pelo rosto e resistiu o impulso


de bater a cabeça contra a parede.

— Oh. São muitas, né? Está bem. Não importa. Obrigado.

Com um grande suspiro, bateu o receptor na base, com


mais força do que necessária e sem saber o que fazer a seguir,
virou para voltar para seu quarto, só para encontrar Chase
observando.

— Slade não tem o número do telefone de Jenna?

— É complicado, garoto. — Mustang se afastou, mas


Chase o seguiu. Os cachorrinhos e os jovens cowboys tendiam a
seguir Mustang. Nunca entendeu o por que.

— O que aconteceu? Por acaso Slade perdeu seu


número? Oh, cara! Ela vai ficar zangada com ele.

294
O mais provável seria que Slade estivesse zangado com
Mustang, o suficiente para dar uma surra quando ficasse
sabendo da sua intromissão.

Slade rasgou e jogo fora o número do telefone dela por


um motivo, provavelmente, ele não tivesse razão nenhuma. Ele
disse que era para Mustang não ligar e dar falsas esperanças
para Jenna. Mustang tinha outra teoria. Ele estava convencido de
que Slade se livrou desse número porque estava muito tentado a
ligar.

Estava começando a entender, que quando se tratava de


abnegação e decisões estúpidas, Slade era um verdadeiro
campeão. O número um.

Parou quando por fim chegou aos elevadores e se deu


conta de que o garoto ainda estava atrás dele. Virou-se com um
suspiro, com a esperança de que o novato não o seguir até seu
quarto.

— O que não entendo é por que você está tentando


encontrar o número de Jenna no lugar de Slade. Quero dizer, ela
está saindo com ele, não você.

Este garoto realmente precisava aprender quando deixar


as coisas como estavam.

— Slade é muito teimoso, é por isso.

Chase parou na frente dele, sorrindo. Mustang não


estava de humor para qualquer pessoa que estivesse sorrindo.

295
A porta do elevador abriu e Mustang estava a ponto de
pôr um pouco de distância entre ele e o sorridente novato,
quando o que Chase disse a seguir o parou em seco.

— Então, acho que é uma sorte para Slade que eu possa


conseguir o número de Jenna. Não é?

— Pode? — As portas do elevador se fecharam de novo e


Mustang não fez nenhum sinal para parar, de repente não tão
irritado com Chase.

— Sim, tenho bastante certeza que posso conseguir seu


número, ou pelo menos mandar uma mensagem.

— Como? — Jenna tinha dado seu número para Chase


em Tulsa? Isto era muito bom. Por que não pensou em perguntar
ao garoto imediatamente, no lugar de ter todos esses problemas
chamando o serviço de informação, tentando seguir seu rastro no
maldito telefone público?

— Quando Jenna e suas amigas estavam no bar em


Tulsa, uma das outras autoras, Barb era seu nome, passou a
noite com o Garret James. Garret conseguiu o número de Barb e
estiveram trocando mensagens de texto desde aquela noite. Ele
poderia perguntar a sua amiga Barb pelo número de Jenna.
Certeza que ela tem.

Para um homem que ainda tinha que ceder e comprar


um telefone celular, tudo soava intrigante, mas também muito
complicado. Por sorte, Chase não parecia preocupado. Ao invés

296
disso, tirou seu próprio telefone, digitou e em não mais de uns
poucos segundos mais tarde, a maldita coisa soou.

Chase olhou para baixo e depois levantou os olhos do


telefone, sorrindo.

— Garret disse que agora mesmo vai mandar uma


mensagem para Barb e pedirá o número de Jenna. Responderá
quando o tiver.

Cético, Mustang cruzou os braços e encostou-se à


parede, esperando. Um minuto depois, o telefone tocou
novamente. O garoto leu a tela e, em seguida, mostrou o telefone
para Mustang ver os dígitos por si só.

— Aí está. O número de Jenna. Quer que eu ligue para


você?

Mustang ficou olhando o telefone na mão de Chase por


um segundo, considerando. Por último, suspirou.

Mas que droga, por que não?

Quanto poderia Slade machucá-lo, de qualquer forma?


Não podia fazer nada pior que o que conseguia cada vez que
saltava sobre as costas de um touro.

Decisão tomada, ele assentiu com a cabeça.

— Sim. Vá em frente. Ligue.

Após alguns toques depois e a voz que Mustang não tinha


ouvido por meses veio através do telefone.

297
— Alô?

Mustang calou-se, estranhamente nervoso.

— Ei, querida.

Ela também reconheceu sua voz. Houve um momento de


silêncio, seguido por uma breve gargalhada não muito feliz.

— Mustang.

Isto pode precisar de um pouco de charme.

— É isso aí. O único e inigualável. Como tem passado


querida?

— Bem.

Chase tinha razão. A julgar pelas respostas


monossilábicas, Jenna estava muito zangada que não ligaram.

— Você gostaria de uma entrada junto à rampa de


entrada para ver uma montaria em touros no Madison Square
Garden?

Ela ficou em silêncio e Mustang desejou, não pela


primeira vez, não estar em dívida com Chase pelo uso de seu
telefone, porque realmente queria que o menino fosse embora
para poder ter um pouco de intimidade para falar e talvez explicar
as coisas.

Jenna ficou em silêncio por tanto tempo, que Mustang


finalmente perguntou:

298
— Ei, olá?

— Estou aqui. — Ele a ouviu dar um longo suspiro. —


Que dia?

Mustang sorriu.

— Amanhã de noite. Às oito. Vou deixar a entrada em seu


nome na bilheteria.

Mais uma vez, levou muito tempo para responder.

— Tudo bem.

— Ok, Ótimo! A gente se vê lá então, querida.

— Ok. Tchau. — Ela desligou.

Mustang respirou fundo, e devolveu o telefone para


Chase.

Parecia que Jenna ia precisar ser acalmada. Voltar a se


enlaçar com ela e a sua cama ia dar um montão de trabalho.

Maldito Slade.

299
Capítulo 24
Slade olhou os pedaços de papel rasgado entre os dedos.
A tinta estava tão desgastada e desbotada de ser transportada em
sua carteira há meses que os números eram pouco visíveis.

Quantas vezes pegou este papel e considerou ligar para


ela? Não podia nem contar. Mas desta vez não estava a milhares
de quilômetros de distância e ligar não parecia tão inútil.

Acalmando seus nervos, ele sentou na beirada da cama e


pegou o telefone na mesa de cabeceira.

Digitou três números quando ouviu a porta sendo


destrancada e aberta. Slade bateu o receptor e ficou em pé,
escondendo o papel bem no fundo do bolso da frente de seu jeans
enquanto Mustang entrava no quarto.

Colocou as mãos nos bolsos e tentou parecer casual.

— Então, unh, alguma novidade?

— Não muita. — Mustang apenas olhou para Slade,


fazendo uma linha reta diretamente para o controle remoto.

Slade respirou mais livre quando a concentração de


Mustang se centrou na televisão assim que ela ligou. Sentou-se

300
de novo, esticando as pernas na feia colcha enquanto ouvia a
música brega do canal de informação do hotel começar.

Não podia ligar para Jenna se Mustang ficasse plantado


ali toda a noite. Olhou o relógio.

— Então, tem alguma coisa planejada para mais tarde?

Mustang negou com a cabeça, os olhos ainda na televisão


enquanto procurava através dos canais a cabo.

— Eu? Não.

— Alguns dos outros garotos vão fazer alguma coisa?

Mustang assentiu.

— Os garotos estão saindo de bar em bar esta noite. Ei,


olhe. Temos dois canais de filmes.

— Não quer sair com eles? — perguntou Slade com


esperança, entretanto, a descoberta do HBO por Mustang acabou
com a esperança de que ele deixaria o quarto.

Olhando-o, Mustang respondeu:

— Na verdade não. E você?

— Não. Não quero estar com ressaca amanhã.

— Sim, eu também não. Não para a primeira competição


da temporada depois de ter estado fora durante tanto tempo.

Parecia que eles estavam em um impasse, Mustang não


queria sair do quarto, Slade não estava disposto a desistir e ir

301
encontrar um telefone público. Isso foi bom. Slade pensou que
poderia esperar Mustang sair até que ele casualmente
acrescentou:

— Oh, e Jenna vai estar na competição de amanhã.

A cabeça de Slade deu a volta para olhar Mustang.

— Como?

Sem deixar de olhar a televisão, Mustang não reagiu nem


um pouco à dureza da única palavra grunhida por Slade.

— Jenna. Deixei um bilhete na seção VIP para amanhã.

— Você ligou para Jenna?

Será que Mustang tinha o número de Jenna todo este


tempo e toda a farsa de Slade foi para nada?

Por fim, Mustang olhou para ele.

— Na verdade, Chase ligou. — Slade quase engasgou com


isso, Mustang riu. — Sim, imaginei que você ia reagir dessa
maneira.

— Chase tinha o número do telefone da Jenna?

— Estava em seu telefone.

Mustang encolheu os ombros e voltou a trocar os canais.

Slade franziu a testa, não estava mais no humor para


falar de nada. Não podia conseguir tirar o pensamento de sua
cabeça, entretanto. Jenna deu a Chase seu número. Merda.

302
Sexo sem compromisso.

Esse foi o único termo que Jenna poderia descrever para


a forma como Mustang e Slade a ignoraram por meses e ligar
agora que estavam em Nova York. Eles queriam dormir com ela
novamente.

E aceitou se encontrar com eles. Deixou escapar uma


risada amarga. O que isso diz sobre ela?

Quanto mais pensava nisso, com mais raiva ficava.


Finalmente, pegou o seu telefone celular, encontrou o número
que Mustang ligou e retornou.

Quando escutou o — Alô —, saiu dizendo.

— Por que você esperou tanto tempo para me ligar?

— Huh? Quem é?

Porque não imaginou isso. Ele nem sabia quem era. Não
se surpreendeu. Quem sabe quantas meninas ligam para ele dia e
noite? Soltou um suspiro de frustração alto.

— É Jenna.

Por Deus! Ele acabou de falar com ela.

— Jenna! E aí? É o Chase.

303
— Chase? — Por que diabos estava Chase atendendo ao
telefone do Mustang?

Ouviu-o rir.

— Sim. Sou eu. Como você está?

Agora que realmente prestou atenção, Jenna ouviu a


diferença na voz de Chase em comparação com Mustang, algo que
eu não notei antes durante o início da sua — por que você não
me ligou?— petulância

— Um, estou bem, obrigada. E você?

— Bem, estou usando minha fivela de Novato do ano,


estou na cidade de Nova York pela primeira vez em minha vida e
estou montando amanhã de noite no Madison Square Garden. Eu
diria que a vida é muito boa.

— Sim, soa como se fosse.

A exuberância juvenil de Chase era contagiosa. Jenna


não pôde evitar sorrir.

— Então, como vai este super livro secreto que você


estava pesquisando em Tulsa?

— Realmente muito bem. — Jenna não entrou nos


detalhes, por muitas razões, mas terminar a tempo e conseguir
um contrato definitivamente o qualificavam como muito bom,
tendo em conta quão ruim sua primeira tentativa no livro de
cowboys foi.

304
— Isso é Incrível!

Jenna pôde ouvir o sorriso em sua voz e riu. Ele


realmente estava emocionado por ela.

— Na verdade, já comecei a escrever outro.

— Este é sobre um cowboy de touros, também?

— Sim. Este é sobre um jovem novato montador de


touros com um gosto pelas mulheres mais velhas. — Jenna
sentiu que ruborizava e esperou a reação de Chase.

— De jeito nenhum! Sério?

Jenna sorriu.

— Sério.

Ouviu a risada de Chase.

— Uau! Isso é incrível! Vou ter que ler esse.

É claro que ele achou Incrível. Chase poderia ficar


animado sobre quase nada. Em comparação com os esnobes,
idiotas egoístas que ela e Astrid encontraram online em seu
último encontro às cegas, Chase era refrescante, para dizer o
mínimo. Se apenas Jenna fosse dez, certo, uns quinze anos mais
jovem...

— Você? Lendo um livro romântico? Isso deve ir muito


bem com os cowboys. — Zombou dele.

305
— Ah, eles não se importarão. Especialmente quando
souberem que te conheço e como que te inspirei. Fiz isso, não é?

— Sim, fez. — Jenna riu, lembrando sua sessão de


amassos no bar em Tulsa e sentiu suas bochechas esquentarem.
Falando da Tulsa... Um, Chase, por que está atendendo ao
telefone do Mustang?

Isso fez Chase dar outra gargalhada.

— Na verdade, Mustang te ligou do meu telefone. Ele e


Slade não têm telefones celulares.

— O que? Fala sério? Por que não?

— Bom, a história dos velhos é que no começo, não


estavam ganhando dinheiro o suficiente montando para pagar as
faturas do telefone. Depois se transformou em uma espécie de
costume deles. Não ter um, mesmo que pudessem. Zombando do
resto de nós por mandar mensagens ou estar em nossos telefones
o tempo todo. Sabe?

Jenna negou com a cabeça.

— Do mesmo jeito que dormem no trailer ao invés de um


hotel.

Chase riu.

— Exatamente o mesmo. Eles estão em um hotel aqui.


Aqui não é um bom lugar para estacionar o trailer para esta
competição.

306
— Hmmm. Imagino que não. — Jenna se sentiu
estranhamente triste com nisso. Havia um lugar especial em seu
coração para esse trailer. Então pensou em algo.

— Em que hotel vocês estão?

Chase disse o nome.

— Por quê? Você quer vir nos visitar?

Jenna riu.

— Não. Acho que não.

— Não fique com raiva do Slade, Jenna.

Este menino era muito perspicaz.

— O que faz você pensar que estou com raiva?

— A maneira como você começou quando atendi ao


telefone e pensou que era Mustang me fez pensar que você não
está muito feliz com ele e Slade neste momento. Mas você não
deve ficar com raiva.

— Está bem, hipoteticamente, vamos supor que eu estava


com raiva. Por que não deveria estar?

— Você não ouviu isto de mim, mas em resposta a sua


pergunta hipotética, Mustang me disse que Slade perdeu seu
número. É por isso que não ligou.

Os olhos de Jenna nublaram pelas lágrimas de alívio.


Slade era um idiota desastrado por perder o seu número, mas era

307
muito melhor do que a suposição do que vinha acontecendo há
meses, que não quis falar com ela novamente.

— Oh. Obrigada por me dizer isso Chase.

— Sem problemas. Agora, não diga que contei isso.

Ela sorriu.

— Sem problemas.

— Então, ouvi dizer que vai vir nos ver montar amanhã à
noite.

Jenna limpou sua garganta de emoção.

— Sim, esse é o plano.

— Bom. Vou até as arquibancadas para te dizer oi.

— Eu gostaria disso.

— Eu detesto cortar você, Jenna, mas os caras estão lá


fora me esperando para pegar um táxi com eles. Vamos a um
lugar no porto.

Jenna sorriu.

— South Street Seaport?

— Sim! Isso aí.

— Tudo bem, mas vá com cuidado e só use os táxis


amarelos. Qualquer outro não está regularizado. Não pegue esses.
Ok? — Esses motoristas de táxi ciganos iriam dar uma olhada em
um grupo de doces e jovens cowboys e triplicariam o preço.

308
— Só táxi amarelo. Vou lembrar. Obrigado, Jenna. Verei
você amanhã?

— Sim, verá. Boa noite, Chase.

— Boa noite, Jenna!

Jenna fechou seu telefone e esfregou os olhos enquanto


digeria tudo o que acabava de saber.

Não deram seus números de telefone porque não tinham.


Se ela tivesse escutado de alguém além de Chase, que
provavelmente não seria capaz de dizer uma mentira, não teria
acreditado.

De repente, Jenna teve que repensar tudo o que sentiu


nos últimos meses em relação à Slade e Mustang. Mas primeiro,
tinha que fazer uma coisa. Jenna abaixou e tirou uma caixa de
debaixo de sua cama. De dentro dela pegou uma cópia do seu
livro de cowboy.

Jenna deu um grande suspiro, deixando sair o ar pouco a


pouco enquanto passou uma mão pela capa. Seu coração e alma
estavam contidos dentro dessas páginas.

Enviar aos meninos seria o equivalente a confessar tudo


que sentia por eles a respeito de seu tempo juntos, a dor, o amor,
o sexo...

Congelou em seus joelhos diante do livro durante muito


tempo.

309
Quem não arrisca não petisca. Além disso, sendo uma
escritora, se descobrisse que não se sentiam do mesmo jeito a
respeito dela, negaria tudo e chamaria de ficção.

Covarde, gritou seu subconsciente. Só está protegendo a


você mesma, o outro lado rebateu.

Deixou que sua própria dúvida dissesse o que quisesse.


Pegou sua bolsa e casaco e se dirigiu para a porta.

Fez uma pausa, livro na mão. Poderia dirigir até à cidade


e deixar na recepção do hotel, mas tremeu só de falar com
Mustang. Ela não estava disposta a enfrentar o trânsito na ponte
e no centro de Manhattan neste estado de espírito. Além disso,
nunca seria capaz de encontrar um lugar na rua perto do hotel
para estacionar. Uma viagem de trem levaria uma eternidade.
Seria tarde demais quando chegasse em casa.

Olhou seu relógio. O lugar de envio estava aberto ainda.


O empacotou. Seria mais barato enviar do que pagar pelos
pedágios e estacionamento de qualquer jeito.

Eles teriam o livro em suas mãos às dez da manhã


seguinte. Então, na hora em que ela os visse no Garden à noite...
Jenna parou sua mão ainda na maçaneta da porta enquanto a
fechava atrás dela.

Então o que?

Considerou se queria sair dessa relação estranha, mas


maravilhosa, com os dois cowboys.

310
Então vamos resolver isso, nós três, juntos.

Isso resolve. Jenna caminhava em direção ao elevador.


Ela conseguiu enviar o pacote, e em seguida, tinha que chegar em
casa e descobrir o que vestir para uma arena em Manhattan.

O bom é que Jenna gostava de um desafio. E devia. Ela


estava a ponto de ter dois cowboys.

311
Capítulo 25
Com seu saco de equipamentos pendurado em uma das
mãos, Slade entrou no Madison Square Garden e viu a
grandiosidade da arena.

Não importava que ele estivesse longe de ser um novato,


ou que ele já tivesse montado ali muitas vezes antes, ainda o
atingia cada vez que entrava. Exatamente o quão grande era para
um menino que cresceu na pobreza no Texas, estar montando em
uma das arenas mais famosas do país.

Slade esfregou um ponto em algum lugar entre a parte


inferior de sua caixa torácica e a fivela do cinto, tentando afastar
a agitação lá. Por que estava nervoso? Ele sabia, simplesmente
não queria admitir. Merda.

Slade estava exatamente onde queria estar. Montando


com os profissionais. Classificado como o número dois do mundo.
Fazendo o que amava e, se Deus quiser, seria ainda saudável o
suficiente para continuar fazendo isso. Devia estar no topo do
mundo, entretanto, nunca havia se sentido tão inseguro sobre as
coisas em sua a vida. Tudo por culpa de uma garota da cidade de
cabelo castanho, olhos cor avelã e seu livro sobre o amor de dois
cowboys.

312
Mustang, correndo para o seu lado, interrompeu o sonho
de Slade.

— Acabo de comprovar. A bilheteria tem o bilhete de


Jenna aguardando por ela, assim estamos bem para ir.

Bem para ir. Sim, claro.

Slade olhou as arquibancadas vazias, olhando a seção


onde no ano passado, antes que ele tivesse ouvido o nome de
Jenna Block, sentaram as namoradas e as esposas de seus
companheiros de equipe.

Eles chegaram cedo, por isso as arquibancadas ainda


estavam vazias, mas logo, no meio de milhares de fãs, estaria
Jenna, sentada em algum lugar dessa seção VIP.

Não há dúvida de que estaria na primeira fila em um


assento diretamente atrás do brete. Seria tanta distração, graças
à compra de entradas que Mustang tinha deixado depois que
Chase ligou para ela.

Havia muitos homens na vida da Jenna para o gosto do


dele. Mustang. Chase. E esses eram só os que ele conhecia.
Quem sabia quantos mais estavam a perseguindo em Nova York.
Mas Jenna não era dele, então como poderia estar bravo com
Mustang, Chase, ou qualquer outro homem por causa dela?

A mão de Slade subiu para esfregar uma mancha no lado


esquerdo do peito enquanto considerava isso. Pensou no final do
livro, onde a personagem principal não pode escolher entre dois

313
cowboys e pede aos dois para ficar com ela. Quanto de Jenna
estava naquele livro e quanto era invenção? A questão o estava
perturbando desde que leu. Sua mão desceu para esfregar a
barriga doendo.

— O que está acontecendo com você esta noite?

Slade virou para Mustang, que o observava.

— Nada. Por quê?

— Você está nervoso. Posso ver em seu rosto. Diabos está


escrito em todo seu corpo. Está agindo como... Não sei alguma
noiva virgem em sua noite de núpcias.

Slade levantou uma sobrancelha com essa comparação.

— Não sou virgem faz bastante tempo, Mustang.

— Talvez seu pau, mas seu coração continua sendo.

Sem nenhum humor para as adivinhações filosóficas de


Mustang neste momento, negou com a cabeça.

— O que você quer dizer com isso? — Uma sobrancelha


se levantou.

— Pensa nisso.

Slade deixou escapar um suspiro.

— Não tenho tempo para jogos de palavras. Tenho que


lubrificar minha corda.

314
— Sim, tenho que fazer isso também. — Mustang se
moveu para seguir Slade e em seguida parou. — Quer ficar
sozinho ou posso vir?

Slade franziu o cenho.

— De que você está falando agora? Por que tenho que


ficar sozinho para preparar minha corda?

Mustang encolheu os ombros.

— Não sei. Só estava perguntando. Você está agindo de


maneira estranha ultimamente, pensei que talvez você fosse
gostar de privacidade ou algo assim.

— Continue com esse papo de merda e eu gostaria. —


Slade franziu a testa e foi para o vestiário para se preparar,
mentalmente e fisicamente, antes de Jenna chegar e mandar toda
sua concentração para o inferno.

Mustang seria um idiota que Slade podia ignorar, tinha


muita prática em fazer isso, mas ver Jenna de novo, pela primeira
vez em meses, ia ser mais difícil para ele do que podia imaginar.

O tempo nunca passa tão lentamente como quando você


está esperando por alguma coisa. Slade olhou para o relógio mais
vezes do que poderia contar. Ele preparou a corda muito mais
tempo do que o necessário. Até verificou os touros que seriam
sorteados, coisa que ele não fazia desde antes de se tornar
profissional, na época, não tinha ideia de que tipo de touro
escolher para o embate.

315
Finalmente, Slade se obrigou a sentar e tentar relaxar,
até que escutou os ruídos típicos da multidão começando a
encher o estádio. Então o relaxamento estava fora de questão.

Não falta muito. Com os cotovelos apoiados nos joelhos,


Slade afundou o rosto em suas mãos e tratou de afastar a tensão.

— Eu sabia que ela viria.

Slade levantou o rosto e encontrou Mustang de pé na


frente dele, sorrindo.

— Jenna está aqui?

Mustang assentiu.

— Sim. Venha. Vamos cumprimentá-la.

Respirou profundamente e seu ritmo cardíaco dobrou.

— Supostamente nós não devemos sair antes de sermos


apresentados durante a grande abertura.

Mustang agachou e começou a desabotoar suas


chaparreiras. Tirou o colete e empurrou o chapéu para baixo
sobre os olhos.

— Pronto. Agora ninguém vai saber quem sou eu. —


Mustang esperou que Slade fizesse o mesmo.

Expirando longa e lentamente, Slade levantou. Tirou tudo


o que tinha um logotipo do patrocinador nele, limpou o suor de
suas mãos em seu jeans e logo disse:

316
— Ok. Vamos lá.

O comentário de “a noiva virgem” seguiu correndo pela


cabeça de Slade quando deu conta que suas mãos estavam
tremendo. Orra.

Se ele leu corretamente, Jenna estava dizendo que era


deles para tomar, ambos, se quisessem. O que ela quer? Slade
considerou à medida que se aproximavam de Jenna.

Então, antes que ele se desse conta, Mustang agarrou a


mão de Jenna e a estava puxando de seu lugar. Não havia mais
tempo agonizante para Slade sobre o que queria ou não queria,
porque o objeto de suas reflexões estava bem ali diante dele, o
derretendo por dentro só com um olhar.

— Mustang. Slade. — Jenna sorriu e fez o estômago de


Slade vibrar.

— Shh. Estamos incógnitos, querida. Venha.

— Aonde vamos?

Mustang sorriu para ela e depois para Slade.

— Algum lugar onde a gente possa dizer um oi adequado.

Slade engoliu, com a boca seca de repente, antecipando


os lábios de dela sob os seus, suas mãos em seu corpo. Mustang
liderou o grupo, arrastando Jenna pela mão atrás dele e seguiu
de boa vontade, perguntando aonde iam, mas sem se importar
absolutamente, desde que chegassem ali, sozinhos, rápido.

317
Com um olhar por cima do ombro, Mustang empurrou
uma porta que dizia Proibida a entrada e os três estavam em uma
grande e, por sorte, sala vazia.

— Porra, senti sua falta. — Mustang balançou a cabeça e


sorriu. — Você parece melhor do que eu me lembrava.

Os olhos de Jenna dispararam para Slade e logo depois


de volta para Mustang.

— Também senti saudade. Muita.

Seus olhos ainda sobre a Jenna, Mustang disse:

— Slade, vem aqui e dê a Jenna uma saudação


adequada.

Mustang se afastou e deu espaço. Slade deu um passo


para frente. Ele de algum jeito encontrou sua voz.

— Oi.

Jenna olhou-o com o mesmo olhar que ele viu na última


vez na noite em seu quarto de hotel quando ela tinha pego a
camisinha verde e o desafiou a usar.

Ao lado dele, Mustang passou a mão para cima e para


baixo do braço Jenna sobre seu suéter.

— Querida, espero que não ache que sou grosseiro, mas


se não te beijar neste momento, acho que morro.

Dando uma olhada rápida para Slade, ela riu antes de


responder para Mustang.

318
— Sei exatamente como se sente.

Mustang baixou a cabeça.

— É bom ouvir isso.

Logo, sua boca cobriu a dela enquanto Slade olhou com


inveja, desejo, até que ela estendeu a mão e agarrou um punhado
de sua camisa. Virou e então se separou da boca de Mustang e
inclinou até tocar seus lábios nos de Slade.

Ele se afundou em seu beijo, sentindo como se tivesse


voltado para casa.

Quando ela se afastou, só tinha uma coisa que dizer:

— Jenna.

Ela sorriu.

— Ouvi dizer que vocês têm um quarto de hotel desta vez.


Espero que seja perto.

Ao seu lado, Mustang riu.

— Perto.

— Bom. Mas é melhor sair daqui antes de entrar em


apuros. — Jenna virou para a porta e então parou. — Têm
preservativos em seu quarto de hotel, eu espero. Se não, é melhor
um dos dois buscar em algum lugar depois da competição.

A risada do Mustang ressonou nas paredes da sala vazia


enquanto a seguiam para a porta.

319
— Não se preocupe querida. Eu tenho isso.

Slade soltou um longo e lento suspiro, enquanto Jenna


empurrou a porta à frente deles.

— Uau.

Mustang começou a rir.

— Pode dizer isso outra vez.

Slade levantou uma bota na grade, a outra no chão e


bufou.

— Logo. — Mustang disse suavemente.

Slade se permitiu dar um olhar na direção do assento de


Jenna nas arquibancadas.

— Não logo o suficiente.

— Só relaxe.

Slade deu a Mustang uma olhada.

— Estou relaxado.

Uma sobrancelha levantou sob o chapéu do Mustang


enquanto olhava fixamente à mão de Slade. Ele esteve

320
tamborilando um ritmo forte, impaciente e sem melodia no sulco
na cerca mesmo sem perceber. Aquietou seus dedos.

— Sinto muito.

— Nunca vi você assim por uma garota.

— Quem disse que é por uma garota? — Mentira.

Mustang deixou escapar um bufo.

— Com certeza não é pelo touro que você pegou. Minha


avó poderia montá-lo.

A avó do Mustang podia muito bem estar montando essa


noite. Slade não saberia de qualquer maneira. Ele não se
importava com o que estava acontecendo na arena, exceto que
gostaria que fosse mais rápido.

Leva muito tempo para carregar quarenta e cinco touros


e peões nas rampas e desde que Mustang se classificou em
quarto e Slade em segundo, significava que tinham que esfriar
seus saltos e esperar que quase todos os outros montassem antes
deles. Também significava que Slade estava lutando para
conseguir ficar mais calmo. Seu amigo tinha razão. Sua
ansiedade de não tinha nada a ver com sua montaria.

Ele se atreveu a olhar para Jenna novamente e soltou um


rosnado quase selvagem, vendo quem a cumprimentava.

— Deus amaldiçoe esse garoto.

Mustang virou para olhar, depois riu.

321
— Ei, se não fosse pelo Chase, ela nem estaria aqui. Ele
nos conseguiu seu número, lembra?!

Lembrar isso irritava Slade ainda mais, mas manteve a


boca fechada, já que não estava a ponto de dizer a Mustang que
tinha o número da Jenna o tempo todo. Só foi muito estúpido ou
muito teimoso... Merda, talvez simplesmente estivesse muito
assustado para usar. Não importa qual foi a razão, não se sentia
bem em confessar nada disso a Mustang. Já era muito difícil
enfrentar pessoalmente as razões.

Olhou para cima e viu Mustang rindo dele.

— Continue me dando olhares desagradáveis como esse e


poderia não dizer o que estava a ponto de te contar.

Mustang encolheu os ombros.

Slade negou com a cabeça, franzindo o cenho.

— Acho que não vou escutar, então.

— Tem certeza? Você vai gostar. Não tem nenhum pouco


de curiosidade?

— Não. — Orra, estava curioso agora. Slade odiava isso.


Disse tão casualmente como pôde: — Tudo bem, só tire de seu
sistema. Sei que morre se não disser.

Mustang começou a rir.

— Sim. Quer que eu te fale para meu benefício e não para


o seu?

322
— Está bem, não me fale então. Não me importa.

Mustang sempre agiu como uma criança, mas quando


exatamente Slade começou a agir como um menino junto com
ele? Oh, sim. No exato momento em que ele desenvolveu o amor
colegial por Jenna.

Sacudindo a cabeça, cedeu, ainda que, Slade estivesse


muito irritado para se importar com o grande segredo... Até que
Mustang o revelou.

— Sei que deixei você acreditar que Jenna deu seu


número de telefone para Chase, mas ela não deu.

— O que?

Mustang abriu ainda mais seu sorriso.

— É. Ele o recebeu de uma amiga dela que se envolveu


com o Garrett naquela noite que estava fora bebendo com todos
eles em Tulsa. Lembra?

Lembrava. Diabos, nunca esqueceria qualquer parte


daquela noite, ou qualquer parte de seu tempo em Tulsa.

— Porra, Mustang? Por que me deixou acreditar que ela


deu seu número a Chase?

Mustang tinha deliberadamente permitido que ele saísse


acreditando que Chase esteve conversando com Jenna nos
últimos dois meses.

— Porque foi divertido.

323
Slade lançou um olhar desagradável para Mustang.

— Sim, muito divertido.

— Com quantas mulheres você esteve na baixa


temporada, Slade?

Puta merda! De onde tinha vindo dessa pergunta?

Slade olhou a seu redor para ter certeza de que ninguém


mais estava escutando.

— Isso não é problema seu.

Mustang franziu o cenho e sussurrou:

— Porra, Slade. Estivemos dentro da mesma garota ao


mesmo tempo. Não fique agindo como se estivesse invadindo sua
privacidade ou algo assim. Só tem que responder a maldita
pergunta.

Não estavam nem no meio da linha de cima, por isso


Slade não poderia ser salvo por dizer que tinha que se aprontar
para montar. Mustang e sua pergunta não iriam a nenhuma
parte, assim teria que responder.

Evitou o contato visual.

— Nenhuma.

— Nenhuma. — repetiu Mustang, parecendo satisfeito de


si mesmo. — Vê! Você não se dá conta do que isso significa?

— Na realidade não.

324
— Não posso nem contar com quantas garotas estive os
últimos dois meses.

— Como isso é algo para se gabar? — Slade franziu a


testa.

Mustang estava rindo.

— Não estou me gabando. Estou tentando provar um


ponto. Slade. Ouça. Sim, eu gosto de Jenna. Muito. Mas estive
com outras garotas depois dela e você não. Você está apaixonado
por Jenna.

Slade apertou os olhos com essa informação.

— Eu não estou apaixonado por ela.

— É certo que você está. Posso ver. Parece ser o único


que não enxerga.

— Admito que gosto dela.

— Está bem. Chame de gostar se te faz feliz, mas as suas


ações falam mais que as palavras.

— Que ações? Se estivermos falando de sexo, você teve


tanto disso com ela quanto eu.

— Não exatamente, desde que você teve aquela noite a


sós antes dela ir embora de Tulsa, mas não estou falando sobre
sexo, de qualquer maneira. Quero dizer a forma como você está
pronto para matar Chase só por olhar na direção dela. A forma
como você nunca gostou de compartilha-la comigo.

325
— Eu... — Slade tentou interromper para negar, mas
Mustang bombardeou direto sobre ele.

— Não. Deixe-me terminar. Não vê Slade? Não me sinto


da mesma maneira. Não tenho nenhum problema com vocês
passando a noite juntos sozinhos. Caralho, eu não teria um
problema se ela tivesse levado Chase para sua cama.

Slade se sentiu mal enquanto essa imagem retorcia suas


vísceras. Mustang continuou.

— Eu não devia me sentir assim, deveria? Quero dizer, é


engraçada, inteligente e eu adoro passar o tempo com ela e o
sexo... Bem, você sabe, é sempre incrível...

— Ok, é o suficiente. Eu entendi.

— Vê. Está provando meu ponto. Eu, obviamente, não me


sinto da forma que você se sente por ela. — Dispara Mustang
começando a rir.

Slade soltou um suspiro.

— Isso pode ser verdade. Talvez eu goste mais dela do


que você.

— E isso é exatamente o que você precisa para começar:


levar isso para o próximo nível.

Slade riu.

326
— O próximo nível? Nós fizemos quase tudo o que um
homem e uma mulher podem fazer juntos, Mustang. Com
algumas exceções que não me importaria de tentar.

— Estou falando de um compromisso. Chamá-la para


sair. Iniciar um relacionamento. Pensar nela como uma
namorada, uma vez que é mais do que óbvio para mim e deve ser
para você também, ela é muito mais do que um caso de uma
noite.

Isso era certo.

— E sobre Jenna?

— E sobre Jenna? — perguntou Mustang.

Slade chutou o chão com a ponta da bota, tentando


encontrar as palavras.

— Acho que é bem óbvio que ela gosta de estar com você,
também.

— Na cama, você quer dizer?

Slade baixou a voz ainda mais.

— Tanto na cama como fora. Você a faz rir.

A dor dessa declaração cortou o coração de Slade, o que


confirmava a acusação de Mustang. De que provavelmente
gostava de Jenna, não ia dizer que a amava, para seu próprio
bem.

327
— Você a faria rir se não ficasse sempre com a cara
fechada quando estamos juntos. E quanto à parte da cama...
Podemos trabalhar em torno disso.

A testa de Slade se esticou.

— Trabalhar em torno disso, como?

— Bom, não é como se nunca estivemos todos juntos,


certo? Não há nada que a impeça de ser sua namorada
exclusivamente, mas ainda poderia, uh... Juntar-me a vocês dois
às vezes, se você quiser.

Não, não queria Mustang se juntando a eles na cama,


mas temia que Jenna pudesse querer exatamente isso.

Mustang disse rindo.

— Não é muito fã dessa ideia, não é? Você está com a


cara de quem acaba de chupar um limão.

Mais uma vez, Mustang tinha razão. Não gostava da ideia


e o ácido na parte posterior da garganta podia bem ter sido suco
de limão cru. Como o ácido na boca, encontrou dificuldades para
engolir a ideia de compartilhar Jenna com Mustang uma vez que
ela se tornar realmente sua garota. Seu orgulho não fez isso mais
fácil, mas forçou de qualquer maneira.

— Tudo bem.

Os olhos do Mustang se abriram.

— Tudo bem, o que?

328
Slade soltou uma gargalhada amarga ao se dar conta de
que para manter Jenna feliz, faria algo, sem se importar quão
desagradável era.

— Se isso for o que ela quiser, então sim, acho que teria
que lidar com isso.

Mustang riu e Slade olhou para cima e viu seu amigo


sacudindo a cabeça.

— O que?

— Basta ver você parecendo tão miserável, que eu espero


não encontrar a felizarda por um longo tempo. Estou feliz assim e
como sou. — Deu um tapinha nas costas de Slade. — Acho que
todos cairemos, finalmente. Estou feliz que você tenha caído
primeiro.

Slade olhou para o relógio da arena, desejando que esta


noite passasse para que pudessem chegar a Jenna. Mesmo que
fosse para compartilhá-la com Mustang. Simplesmente pensar
nela fez seu coração acelerar.

Ele riu de si mesmo. O curioso era que, mesmo tão


miserável como estava, ter Jenna em seus braços de novo fez seu
coração erguer. Quando pensou de novo na noite em que eles
passaram sozinhos em seu quarto no hotel e quando pensou que
poderiam estar sozinhos outras noites, se ela se transformasse
em sua namorada, ele não podia se sentir mais feliz.

329
Não tinha certeza como isso aconteceu, mas Mustang
tinha razão em uma coisa: era muito tarde porque estava bem
apanhado, travado por uma garota da cidade.

330
Capítulo 26
Jenna conteve a respiração enquanto Mustang sentava
no lombo do touro. Depois de ver Slade miserável e pisoteado na
última competição. Ela mal foi capaz de ver os outros peões sem
sentir seu coração acelerado e seu estômago retorcido pela
preocupação. Foi difícil ver os estranhos, pior ainda ver Chase e
Mustang, meninos que realmente conhecia e se preocupava.

Mustang assentiu e a porta abriu.

De algum jeito, os oito segundos pareceram uma


eternidade. Ver o ombro de Mustang bater na terra, justo depois
de que o sinal soou a fez tampar a boca para não gritar em voz
alta. Vê-lo saltar para cima e ser jogado longe da cabeça do touro,
quase parou seu coração. Quando se juntou aos outros garotos
na arena enquanto o público começava a aplaudir, os olhos dela
se enevoaram com alívio.

Então, antes do que pensava, antes que tivesse a


oportunidade de se recuperar do estresse do rodeio de Mustang,
Slade estava na rampa e a horrível antecipação começou toda de
novo. Teria que se lembrar de colocar alguns antiácidos em sua
bolsa antes da competição da noite seguinte, porque esta
preocupação ia dar uma úlcera.

331
Mas Slade montou como se tivesse feito isso toda sua
vida. O sinal soou e no que pareci câmera lenta, soltou a mão da
corda e saltou ao chão, aterrissando sobre seus pés quase com
graça em um desmonte que era exatamente o contrário da queda
desordenada do Mustang. Não importava quão bem qualquer um
deles descesse do touro, contanto que os dois estivessem fora de
perigo e seguros.

Mais um cara montou depois de Slade, entretanto, Jenna


não pode dizer se ele chegou ao final ou não e logo a noite
terminou. Os cowboys estariam de volta na noite seguinte e se
tudo fosse bem esta noite com os dois, também voltaria a vê-los.

A julgar pela calorosa recepção no corredor, eles estavam


tão felizes de vê-la como ela de vê-los. Esse momento, com os dois
ali a abraçando, dissipou quase as vinte e quatro horas de
preocupação e dúvida que teve ao enviar seu livro para eles.
Talvez eles não tivessem lido.

O coração da Jenna bateu rápido quando o pensamento


ocorreu. Deixou escapar um suspiro lento e tentou se
tranquilizar. Se não leram ainda, talvez pudesse pegá-lo do
quarto de hotel deles. Claro, podia fazer isso. Bom plano. Poderia
funcionar.

Seu momento de ataque foi interrompido por Mustang.

— Pronta querida?

Ela olhou com ar de culpa para ele.

332
— Sim. Onde está Slade?

— Só está dando alguns autógrafos por ali, mas imaginei


que poderia vir te buscar, assim podemos sair imediatamente
quando ele terminar.

Os olhos de Mustang brilharam e Jenna sabia que ele


estava pensando além de ir embora, provavelmente até eles
tirando a roupa no quarto do hotel.

Ela estava de perfeito acordo com Mustang. O olhar de


Jenna procurou o outro objeto de seu desejo, mas quando
encontrou Slade, o que viu a deixou imóvel.

A mão de Mustang tocou seu braço.

— O que foi?

Deu-se conta que sua boca estava completamente aberta


e a fechou para que pudesse responder.

— Parece que há uma Barbie grudada nos lábios de


Slade.

As palavras da Jenna podem ter soado como uma


brincadeira, mas a náusea crescendo rapidamente em seu
estomago com a visão de Slade beijando outra mulher, não era
divertido. Mustang virou para ver do que estava falando e
começou a rir.

— É só uma fã afoita, Jenna. Isso acontece todo o tempo.

333
— Acontece? — Ela manteve seus olhos em Slade
enquanto ele segurava a mulher pelos pulsos e dava um passo
gigante para trás e longe de sua boca. Jenna se sentiu um pouco
melhor, mas não muito.

— Sim, tive que assinar a parte da frente da camiseta de


uma mulher antes, enquanto estava usando, o que na realidade
era preferível, porque tive que assinar as tetas nuas de uma
garota uma vez.

Jenna franziu o cenho.

— Sim, tenho certeza de que odiou muito.

— Não é nada para se preocupar, querida. Acredite em


mim. Eu gosto de uma mulher que oferece um pouco mais de
desafio. — Passou sua mão para cima e para baixo no braço dela.

Não gostava do rumo da conversa nem um pouco, mas


pelo menos Slade escapou da puta e se dirigia para eles.

Quando chegou, Slade olhou para o rosto de Jenna e


perguntou:

— O que aconteceu?

Como se ele não soubesse! Jenna torceu sua boca no que


tinha certeza que era um bico muito pouco atraente, mas a ela
realmente não importava.

— Está brava por essa fã... Já sabe... Beijando-te. —


Mustang moveu um dedo na direção em que Slade quase foi
abusado sexualmente.

334
Slade baixou a cabeça na direção de Jenna.

— Não a culpo. Estava bravo por mim mesmo. A garota


acha que pode sair por aí beijando qualquer um que goste. —
Bateu o chapéu para trás com raiva e Jenna sorriu, aliviada.

— Vamos, vamos sair daqui.

— Soa como um plano. — Mustang sorriu e continuou


sorrindo enquanto cruzavam a rua, entraram no saguão e se
dirigiram ao elevador. Ele sorriu até que os três estivessem de pé
em frente à porta do quarto e em seguida hesitou na porta.

— Sabem, acho que vou correr à loja e pegar um pouco


de cerveja e aperitivos.

Slade estreitou seu olhar para Mustang.

— Poderia ter pensado nisso enquanto estávamos no


andar de baixo.

— Bom, não pensei, então vou fazer isso agora. —


Mustang encontrou o olhar de Slade com um olhar de inocência e
logo se dirigiu a Jenna. — Volto logo, querida. — Deu um beijo
rápido nela e correu para o elevador.

Virando, viu Slade sacudindo a cabeça.

— O que está errado?

— Ele precisa de cerveja e petiscos como você precisa de


um buraco na cabeça. — franziu a testa e olhou para baixo no
corredor, apenas a tempo de ver Mustang desaparecer através

335
das portas do elevador. Elas foram fechadas atrás dele com um
sussurro e ouviu o barulho elevador descendo.

— O que foi tudo isso?

Os lábios de Slade fecharam em desagrado.

— Mustang acha que precisamos de um de tempo a sós.

Ele abriu a porta com seu cartão de acesso, alcançando e


acendendo a luz. Mas, continuou de pé no corredor, Slade abriu a
porta totalmente com um braço, assim Jenna podia entrar no
quarto antes dele.

Entrou e logo virou para ele.

— Por que precisamos ficar sozinhos?

— Para conversar. — Slade fez uma careta. Agia como se


Mustang tivesse entregado a ele um prato de fígado cru para
comer no lugar de uma oportunidade de estar a sós com ela para
conversar.

— Está bem. — sentou-se na beirada da cama. —


Podemos fazer isso. Do que você gostaria de falar?

Slade se apoiou na mesa e cruzou os braços sobre seu


peito.

— Hum, eu li o seu livro.

Ah. As coisas estavam começando a ter sentido. Os


nervos de Jenna chutaram a toda velocidade.

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— E?

— Ficou bom. Realmente bom.

— Não estava procurando elogios. O que achou da


história?

Slade sorriu.

— Usou o que te disse sobre minha primeira montaria de


touro.

— Sim. Usei. — Quase palavra por palavra. Jenna se


encolheu. — Todo bem para você? Foi tão lindo... Sinto muito.

Ele levantou uma mão.

— Tudo bem. Não me importa. Na verdade foi um pouco


lisonjeiro. Não me doeu que a garota se acendesse por isso na
história, que saltasse sobre ele.

Com as bochechas quentes, Jenna concordou.

— Sim. Isso é um pouco como aconteceu na vida real.

Slade soltou uma breve gargalhada.

— Sim. Eu lembro. Na verdade, não esqueci nada.


Nenhum só minuto do tempo que passamos juntos.

Todo o corpo de Jenna reagiu a essa proclamação.


Esquentando. Derretendo.

— Eu tampouco.

Ele sorriu.

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— Sim, inclusive escreveu tudo.

— Foi um erro da minha parte não pedir permissão


antes...

— Não, isso não é onde que quero chegar, Jenna. Além


disso, você mudou nossos nomes. Ninguém vai saber.

Assentiu, sem mencionar que se alguma vez Chase ler o


livro, ele saberia que estava escrevendo a respeito de Slade e
Mustang. Mas realmente esperava que, se isso acontecesse,
Chase acreditasse que todas as aventuras sexuais eram criadas a
partir de sua imaginação e não registradas da realidade.

— O que estou tentando dizer é... O que estou


perguntando é... A mulher no livro, ela se apaixona pelos dois
cowboys e muito, na verdade.

— E quer saber se me sinto da mesma maneira?

Slade encolheu os ombros.

— Sim. Você se sente?

Jenna engoliu saliva.

— Sim.

Slade respirou profundo e depois deixou escapar


lentamente.

— Então acredito que minha próxima pergunta é,


imagina nós três, quero dizer, terminando assim?

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— Posso te fazer uma pergunta primeiro?

— Hum, claro.

— No livro, os cowboys se apaixonam pela garota


também. — Slade assentiu.

— Sim. Apaixonam-se.

— E? Você se sente dessa maneira por mim?

Chutando o tapete com a ponta de sua bota de cowboy,


Slade finalmente forçou seus olhos para cima.

— Hum, suponho que se poderia dizer que sim.

Tremendo, Jenna se levantou da cadeira e se aproximou


dele.

— Sério?

Slade deu um passo para frente, ficando a um suspiro de


distância de Jenna. Jogou a cabeça para baixo para que pudesse
sentir o calor de suas palavras.

— Sim. Sério.

Jenna engoliu.

— Então acho que devo dizer a você que no meu primeiro


rascunho ela escolheu somente um cowboy, mas minha agente
disse que venderia melhor se todos terminassem juntos. — olhou
seus olhos abrindo ligeiramente mais com isso. Suas mãos
levantaram para segurar seus ombros e Jenna acreditou ver a

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insegurança brilhando através de uma brecha em sua dura
fachada.

— Qual... Ela escolheu? Em seu primeiro rascunho,


quero dizer.

— A heroína escolheu o cowboy que a fez se apaixonar


por ele com essa história de sua primeira montaria de touro.

Os olhos de Slade expressaram tudo o que estava


sentindo, apesar de dizer só uma palavra.

— Bom.

Depois, seus lábios estavam sobre os dela, sua boca


quente quando sua língua procurou a sua. Suas mãos percorriam
seu corpo como se estivesse tentando memorizar cada centímetro
dela. Suas mãos fizeram o mesmo, sentindo saudades depois dos
meses que ficaram separados.

— Quero que você seja minha, Jenna. Quero dizer


realmente minha. Sei que vai ser uma longa distância, mas talvez
eu possa te visitar entre as competições e talvez você possa vir me
ver também.

— Podemos fazer com que funcione, mas vamos ter que


conseguir para você um telefone celular. — advertiu.

Slade sorriu.

— Bem. Trato feito.

Jenna assentiu e se afastou, com o cenho franzido.

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— Mustang ficará bem com você e comigo, já sabe, sendo
um casal?

— Ele sabe o que sinto. — Slade riu. — Mustang soube


muito antes que eu, ou pelo menos antes que estivesse disposto a
admitir.

— Ele nos deixou sozinhos para conversar, mas espera


voltar aqui e... — Ela fez um gesto para a cama. — Você sabe.

— Acho que isso depende de você. — Slade a observava


atentamente, o rosto de repente parecendo um livro fechado mais
uma vez.

— É isso o que você quer? Sei que vocês compartilham


muito...

— Jenna, eu ficaria muito feliz em não compartilhar você


novamente com outro ser vivo. Orra, eu ficaria ainda mais feliz se
pudesse legalmente bater em todos os homens que já olharam
para você.

Ela começou a rir enquanto seu coração deu uma


pequena cambalhota. Nenhum homem quis bater em alguém por
sua causa antes.

— Ok.

O rosto do Slade permanecia impassível.

— Mas quero que saiba disto. Farei tudo o que precisar


para te manter na minha vida e se quiser... Se for o que
precisar...

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— O que está tentando dizer, Slade?

Ele deixou escapar um suspiro.

— Estou dizendo que sei que você gosta de estar com


Mustang e se isso significa que tenho que te compartilhar com ele
de vez em quando, algumas vezes, ao invés de te perder por
completo, estou disposto a fazer isso.

Jenna sentiu que suas sobrancelhas disparavam até o


começo do cabelo.

— Essa é uma oferta, Slade?

Ele assentiu solenemente.

— Sim.

A concessão de Slade era magnânima e incrivelmente


intrigante ao mesmo tempo.

— Estaria disposto a fazer isso por mim apesar de


preferir bater nele só por me olhar?

Ele baixou a cabeça outra vez.

— Sim.

Ali estava o homem de poucas palavras pelo qual se


apaixonou. Jenna inclinou para ele e se levantou nas pontas dos
pés.

— Não se assuste, mas acho que te amo, Slade Bower.

342
— Eu nunca disse essas palavras antes, Jenna. Talvez
para minha mãe, mas não dessa maneira para uma mulher.

Jenna respirou profundo, se resignando que depois de


sua confissão não estaria escutando agora.

Seu aperto aumentou em seus braços.

— Eu nunca disse por que nunca senti. Mas tenho


certeza de que sinto agora com você. — Ele riu. Uau. Dizer isso
não foi tão difícil quanto pensei que seria.

Jenna também riu.

— Fico feliz, porque não deveria ser difícil, Slade.

O som do telefone do hotel interrompeu o beijo que Slade


estava a ponto de dar. Com um profundo suspiro, soltou seu
aperto sobre ela e atendeu.

— Alô? — Escutou durante um segundo e depois cobriu o


bocal. — É Mustang. Disse que alguns dos meninos vão sair e ele
precisa saber se deve ir com eles ou voltar aqui.

A pergunta pairou pesadamente no ar entre eles.

— Diga para ele que como moradora de Nova York, sugiro


sair e aproveitar a cidade. Somente que tome cuidado.

O olhar de resignação no rosto de Slade desapareceu


quando estalou em um enorme sorriso. Transmitiu a mensagem,
colocando o telefone no lugar e depois voltando para ela.

343
— Então, isso significa que a resposta à questão de
compartilhar é não?

Jenna concordou e as mãos de dele a recompensaram


fazendo uma viagem por suas costas para parar em seu traseiro.

— Para esta noite, de qualquer maneira. — Acrescentou.

Slade franziu a testa e ela riu dele. Ei. Que mulheres


poderiam fechar completamente a porta a uma oferta para ter
dois cowboys dedicados para agradá-la na cama?

Os olhos do Slade estreitaram.

— Você tem escrito muitos desses livros de romance


quente, mulher?

— Deve agradecer a Deus que escrevi esse livro. É o que


nos uniu.

— Sim, e por isso sempre terei um lugar especial no meu


coração para livros de romance quente.

— E para autoras de livros de romances?

Slade sorriu.

— Somente para essa.

Jenna também sorriu. Mais feliz que nunca.

— Bom.

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Fim

PRÓXIMO LIVRO

Este Cowboy está procurando mais que


uma montaria de oito segundos.

Mustang Jackson faz duas coisas:


montar touros e amar mulheres. Assim
que uma lesão o tira da arena, só deixa a

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ele uma forma de ganhar a vida. Infelizmente, cobrar por ser um garanhão
diante da câmera não é tão divertido como as conquistas particulares.
Quando coloca os olhos na pequena Sage Beckett, sem os óculos e o aparelho
nos dentes, passar um tempo em sua cidade natal de repente se transforma
em algo muito mais interessante.

Sage estava apaixonada por Michael, muito tempo antes que


começasse a usar esse apelido ridículo de “Mustang”. Entretanto, pelo que
escutou sobre o homem, ele fazia justiça a este nome. No passado, ele
sempre viu através dela. Agora que está de volta em casa, está determinada a
capturar e domesticar este garanhão selvagem, não importa o que precise.

Ele tem a intenção de capturar sua curiosidade e seguir em frente, mas


com cada toque dele, ela está certa que nunca irá tirá-lo de seu sistema.

SOBRE A AUTORA

Tudo começou no primeiro


grau quando Cat Johnson
ganhou o concurso de ensaios
na Escola Primária Hawthorne e
chegou a subir no carro do
Chefe da Polícia no desfile do

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Memorial Day... E o resto, como dizem, é história. Como
adulta, Cat geralmente tenta se manter afastada dos carros
de polícia e está encantada por escrever para ganhar a vida.
Foi publicada com um nome diferente no gênero Jovem
Adulto, mas lançou seu primeiro romance em 2006.

Hoje, é uma best-seller do NY Times e USA Today,


aclamada autora de romance contemporâneo e contratada
pela o Kensington & Samhain Publishing. Também está
patrocinando verdadeiros cowboys de montaria em touros.

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