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Análise das ideias de Cesare Beccaria que são atuais no Direito Brasileiro

Introdução
Para melhor compreender o tema abordado precisamos compreender a realidade do
século XVIII, segundo em que Beccaria um filosofo iluminista, nascido em 15 de março
de 1738 em Milão na Itália, compôs sua principal obra que criticava a inquisição pela
crueldade das penas e irregularidades dos procedimentos criminais.
A inquisição era uma instituição formadas pelos tribunais da igreja católica que surgiu
em meados do século XVIII, onde a igreja julgava e punia pessoas acusadas de se
desviar de suas normas de conduta.
As penas mais comuns nessa época eram a tortura, execução na fogueira e pena de
morte, diante deste cenário precário, Beccaria defende a humanização das penas onde as
mesmas se caracterizam como sanções e não punições, assim sendo proporcionais aos
delitos cometidos.
Origem das Penas
Beccaria, segue o pensamento político de Rousseau onde prega que o Estado deve dar
para os cidadãos direitos, garantias e princípios para assim manter o Contrato Social
mantendo a ordem da sociedade dessa maneira as leis são delimitadas como instrumento
de controle social para que os seres humanos se respeitem, Beccaria então destaca a
importância da lei escrita para que se tornem conhecimento de todos e que não seja
praticar um delito por desconhecimento ou obscuridade da lei.
O nascimento das penas se dá quando o homem tenta apropriar-se do poder de cada um
em partícula, em busca de uma realização ou satisfação de si próprio, para isso as penas
estabelecem meios sensíveis para sufocar o despotismo que levaria a sociedade ao caos
com a não existência das leis retornaremos para o estado de natureza , estado de total
desordem dos delitos e das penas.
Segundo o autor, Delito é a ameaça ao bem comum, uma conduta não condizente com a
moral e a legislação que rege uma sociedade, assim há a necessidade de se impor
sansões que impeçam a sociedade de cometer tal, para Beccaria, aplicar a pena a delitos
diferentes provocaria uma contradição de difícil reparação, em outras palavras trata-se
da intangibilidade da dignidade humana.
Beccaria conclui que é melhor prevenir um conflito do que remedia-lo ou seja o método
mais seguro, mas ao mesmo tempo árduo de tornar os homens menos propensos a
praticar é aperfeiçoar a educação e para prevenir os crimes, enfatiza o autor, basta fazer
leis simples e claras, não se trata de ampliar o leque de proibições que o direito nos
impõe, pois a que ficaria um homem reduzido, se houvesse necessidade de proibir-lhe
tudo o que pudesse lhe ser ocasião de praticar o mal.
Destacamos a importância do pensamento de Beccaria para o ordenamento jurídico
brasileiro, haja vista a fixação da pena presente em nosso Código Penal ter sofrido
influência de suas ideias, já que o art.68 do código penal estabelece que a pena base será
fixada e individualizada aplicando-se a mesma de forma necessária e adequada à
necessidade da retribuição à sociedade e da prevenção de delitos futuros atendendo-se
ao critério do art.59, individualizando e aplicando a lei adequadamente a cada caso
concreto tornando mais justa a atividade punitiva do estado.
Conclui-se que Cesare Beccaria foi um ícone muito importante com um pensamento
muito evoluído face a sua época e sua obra revolucionou a forma de pensar o direito
penal sob uma ótica mais humanista destacando o elemento mais importante que
compõe o Direito, o Ser Humano.
Consequências desses princípios
Beccaria afirma que a primeira consequência desses princípios é a fixação das penas de
cada delito que deve estar expressa em lei, afirma ainda que somente o legislador tem o
poder de fazê-las. O magistrado não pode aplicar pena não prevista em lei, porque ele é
injusto, também, quando é mais severo que a lei, aumentando, por exemplo, o efeito da
lei, isso não significa que tais leis são tendenciosas para o lado do legislador, porque ele
representa a sociedade da qual faz parte.
A segunda consequência é que ao soberano cabe somente a ele, fazer leis gerais aos
quais todos devem submeter-se e, não estar em seu poder, julgar quem as violou, devido
a necessidade de um mediador entre um soberano e o acusado, surge o papel do
magistrado. A terceira consequência era a crueldade nos castigos, que era algo inútil,
sendo então odiosa e injusta.
Interpretação das Leis
Beccaria ressalta que o legítimo intérprete das leis é o soberano e não juiz, cujo dever
consiste em somente examinar o caso e decidir se o julgado praticou o delito ou não.
Portanto os magistrados não devem interpretar as leis penais, tendo em vista que este
cargo cabe aos legisladores e ao soberano, garantindo assim, a correta aplicação da
justiça e a pequena probabilidade de arbitrariedade por parte do juiz.

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