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Período: Laboral
Grupo: I
Estudantes:
2023
Índice
1 Introdução ....................................................................................................................................... 1
2 Objectivos gerais ............................................................................................................................. 2
3 Objectivos específicos..................................................................................................................... 2
4 Desenvolvimento ............................................................................................................................ 3
4.1 Aspectos gerais ....................................................................................................................... 3
4.2 Bem jurídico tutelado por habeas corpus (a liberdade física ou liberdade de movimentos) ... 3
5 Sentido e alcance da providência do habeas corpus........................................................................ 5
6 O Habeas Corpus em virtude de prisão ilegal ................................................................................. 6
7 Recurso ordinário ............................................................................................................................ 6
7.1 A sua função num processo penal de estrutura acusatória ...................................................... 6
8 Fundamentos e pressupostos de habeas corpus em Moçambique ................................................... 7
8.1 Fundamentos do Habeas corpus em virtude de detenção ilegal (art 263 CPP 2019) .............. 7
8.2 Fundamentos da providência do habeas em virtude de prisão ilegal (art 265 CPP 2019) ...... 8
8.3 Procedimento da autoridade policial nos casos de Habeas corpus.......................................... 8
9 Habeas corpus como garantia constitucional ................................................................................. 8
10 Conclusão ...................................................................................................................................... 10
11 Referências bibliográficas ............................................................................................................. 11
1
1 Introdução
O presente tema é, acreditamos, bastante elucidativo acerca dos propósitos que nos movem e
quais as metas que pretendem ser alcançadas. Por isso, não será prerrogativa desta pesquisa
enveredar por uma extensa e minuciosa análise histórica do habeas corpus desde o seu
surgimento até à actualidade, porque já existem incontáveis obras de referência sobre esse
aspecto. Todavia, apesar de darmos por assente as nossas motivações e esta última asserção,
não podemos escamotear que existem certos aspectos do habeas corpus, inerentes à condição
político-social da sua emergência, evolução ao longo dos anos e, sobretudo, à interpretação
actual que lhe é dada, que não podemos negligenciar. Portanto, veremos, igualmente, a figura
do recurso ordinário no processo penal moçambicano.
2
2 Objectivos gerais
• Apreender o conceito de Habeas corpus como instrumento processual penal.
3 Objectivos específicos
• Explorar como o Habeas corpus pode garantir a liberdade dos indivíduos;
• Analisar como o Habeas corpus pode ser repressivo ou preventivo para as acções
perpetradas pelas autoridades.
3
4 Desenvolvimento
4.2 Bem jurídico tutelado por habeas corpus (a liberdade física ou liberdade de
movimentos)
O surgimento de Estados liberais, assentes em pilares estruturantes como a democracia e o
direito, trouxeram consigo a igualdade e a universalidade de direitos fundamentais enquanto
traços idiossincráticos das novas organizações estaduais. Subjacente à ideia de democracia,
reveste-se de particular relevância o imprescindível culto da liberdade, assim como a
disposição de métodos aptos e idóneos a repelir as ameaças que pairam sobre esse elemento
fundamental da sociedade. Obviamente, iremos dar clara exclusividade à suma importância
do culto da liberdade em sede do procedimento criminal, e sem prejuízo da abordagem ligeira
que se pretende, a mesma traduzir-se-á num proveitoso enriquecimento da nossa exploração
do de pesquisa.
Sem nunca olvidar as várias e relevantes refracções da liberdade nos mais diversificados
ramos do direito, é porventura indesmentível o facto de ser no seio do procedimento criminal
que o direito à liberdade ganha a sua verdadeira forma (na vertente negativa) e,
concomitantemente, onde há um elevado e considerável grau de risco da sua restrição, como
já demos conta no apartado anterior. Para corroborar esta linha de pensamento nada melhor
que “trazer à colação” as sempre actuais e eruditas palavras de FIGUEIREDO DIAS, que
passamos a citar: “A protecção perante o Estado dos direitos fundamentais das pessoas surge,
assim, também ela, como finalidade do processo penal. Afirmá-lo é também proteger o
4
Convém, todavia, ressalvar que o artigo 59 da CRM não estipula um direito à liberdade em
geral, aliás, em nenhum preceito constitucional é possível inferir esse entendimento, pois o
que é garantido através de vários incisos constitucionais são particulares refracções da
liberdade, isto é, aspectos da liberdade humana nos diversos sectores da vida social do
Homem.
1
FIGUEIREDO DIAS, Jorge de, Direito Processual Penal, Lições coligidas por Maria João Antunes, 1988/89, pág.
25.
5
onde a privação da liberdade física acarrete consequências nefastas para o exercício de uma
particular refracção da liberdade. Pense-se, por exemplo, na aplicação da medida de coacção
de prisão preventiva: para além de se restringir totalmente a liberdade física do preso, são
coarctadas igualmente a liberdade de exercício de profissão, ou o direito de reunião, entre
outras. Esta linha de pensamento é assinalada pela doutrina, quando considera que a liberdade
física é a dimensão da liberdade em que as restrições se mostram claramente mais evidentes,
de forma directa e com elevado grau de gravidade, e que assumindo-se como das mais antigas
garantias fundamentais, exige uma atenção redobrada no seu tratamento2.
O direito à “liberdade tout court” - artigo 56 da CRM, não é absoluto ou intangível, pois
admite algumas restrições inseridas nos seus números 2 e 3, e obedientes ao princípio da
tipicidade constitucional das medidas privativas da liberdade , pelo que, está vedada à lei
infraconstitucional a criação de outras. Pese embora a circunstância de o elenco taxativo de
restrições previsto pelo n.º 3, do artigo 56, da CRM, ser consideravelmente extenso, para os
objectivos do nosso estudo interessa-nos apenas e só a privação da liberdade resultante da
prisão preventiva pelas razões já explicadas acima.
2
MEDEIROS, Rui e CORTÊS, António, op. cit., pág. 638
6
7 Recurso ordinário
Desde logo, o nº1, do artigo 65 da CRM: (o processo criminal assegura todas as garantias de
defesa, incluindo o recurso). A possibilidade de recurso ordinário na sequência da aplicação
de uma medida de coacção vem reforçar a posição do arguido, que desta forma vê o seu
direito de defesa pressupor a existência de um duplo grau de jurisdição, pois o direito ao
recurso integra “o núcleo essencial das garantias de defesa constitucionalmente asseguradas”
essencialmente, e em traços gerais, este direito de recurso traduz-se, tão só, na garantia de
reapreciação, por um tribunal superior, da matéria de direito e de facto que norteou a decisão
de aplicação da medida de coacção, pondo nas mãos dos interessados os instrumentos através
dos quais possam fazer valer os seus direitos nesse domínio. Contrariamente ao habeas
corpus, o recurso apresenta uma abrangência alargada em termos de poderes de cognição do
tribunal, isto é, permite a apreciação do mérito ou demérito da decisão judicial no seu todo, e,
consequentemente, da própria liberdade do cidadão, pois provoca uma reapreciação de fundo
7
da motivação que “fez recair ou manter sobre o arguido o peso de uma restrição à sua
liberdade3,
8.1 Fundamentos do Habeas corpus em virtude de detenção ilegal (art 263 CPP 2019)
A providência prevista neste artigo surge quando:
- Extemporâneo o prazo para a entrega do arguido ao poder Judicial. Alínea a) do nº1 do art
263 CPP 2019;
3
SIMAS SANTOS, Manuel e LEAL-HENRIQUES, Manuel [et al.], in Noções de Processo Penal, Lisboa: Rei dos
Livros, 2010, pág. 299
4
GOMES CANOTILHO, J.J., e VITAL MOREIRA, op. cit., págs. 522 e 523.
8
- Manter-se a detenção fora dos locais legalmente permitidos. Alínea b) do nº1 do art 263
CPP 2019;
- Ter sido a detenção efectuada ou ordenada por autoridade não competente. Alínea c) do nº1
do art 263 CPP 2019;
- Ser a detenção motivada por facto pelo qual a lei não a permite. Alínea d), nº1 do art 263 do
CPP 2019
8.2 Fundamentos da providência do habeas em virtude de prisão ilegal (art 265 CPP
2019)
Esta surge quando:
- A detenção tenha sido efectuada ou ordenada por quem para tanto não tenha competência
legal. Alínea a) do nº2, art 265 CPP 2019;
- Ser movida pelo facto pelo qual a lei não autoriza a prisão. Alínea b) do nº2 do art 265 CPP
2019;
- Manter-se além dos prazos legais para a apresentação em juízo e para a formação da culpa.
Alinea c) do nº2 do art 265 CPP 2019;
caso de prisão ilegal, para o TSR (Tribunal Superior de Recurso) ao abrigo do disposto no art
265 CPP 2019.
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10 Conclusão
Depois de assentes as motivações de índole doutrinal e legal, os sustenta-se que, a ideia que
sobressai é a de que a grande maioria das contrariedades processuais constituem fundamento
de recurso ordinário artigo 451 do CPP 2019, reservando-se o habeas corpus artigo 262 e ss,
do CPP 2019 a situações muito limitadas e de especial gravidade. Face a esta ilação diremos:
nem poderia ser de outra forma!
11 Referências bibliográficas
• ALFREDO MENDES, António, O Habeas Corpus na Jurisdição Portuguesa,
Universidade Autónoma de Lisboa “Luís de Camões”, 2005.
• FIGUEIREDO DIAS, Jorge de, Direito Processual Penal, Lições coligidas por Maria
João Antunes, 1988/89.
• GOMES CANOTILHO, J.J., e VITAL MOREIRA, Constituição da República
Portuguesa Anotada, Volume I, 4.ª Edição, 2014
• HENRIQUES GASPAR, António da Silva, [et alii.], Código de Processo Penal
Comentado, Coimbra: Almedina, 2014.
• JORGE MIRANDA, Manual de Direito Constitucional, Vol. II, Tomo IV:
Direitos Fundamentais, Coimbra Editora, 2014.
Legislação:
• CRM 2018
• CPP 2019