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UNIVERSIDADE POLITÉCNICA

ISA- Instituto Superior Aberto


Curso: CIÊNCIAS JURÍDICAS

Disciplina: Introdução ao Direito

Tema: Evolução Histórica do Direito

Docente: Dra. Vitória Guambe


Nhone

Discente: Sheila Celina


Maputo, junho de 2023

2
Índice

Introdução...................................................................................................................................3

I. Objectivos................................................................................................................................3

1. Direito.....................................................................................................................................4

2. Evolução histórica do direito..................................................................................................4

2.1. Direito Primitivo..................................................................................................................4

2.2. Direito na Grécia Antiga......................................................................................................5

2.3. Direito romano.....................................................................................................................6

2.4. Direito do período clássico..................................................................................................6

2.5. Direito Germânico...............................................................................................................8

2.6. Direito na Idade Média........................................................................................................9

2.7. Direito nas sociedades contemporâneas.............................................................................10

2.8. Direito Anglo-saxónico......................................................................................................11

2.9. Direito da Common Law....................................................................................................11

Conclusão..................................................................................................................................13

Referências bibliográficas.........................................................................................................14

3
Introdução

O trabalho que proponho a desenvolver neste estudo prende-se com a evolução histórica do
Direito, uma realidade bastante importante na medida em que, o homem não é estático sempre
está em constante evolução, o que não poderia ser diferente ao próprio direito que disciplina
as diversas relações sociais da vida humana. O interesse pela elaboração deste estudo, visa
compreender os diversos estágios que o Direito reconheceu desde os primórdios da
humanidade, de modo a acolher as diversas realidades humanas, desde o direito primitivo até
os sistemas jurídicos contemporâneos.

I. Objectivos

Objectivo geral

 O objectivo geral para o presente estudo visa compreender os diversos do Direito, ou


seja, a evolução histórica do Direito.

Objectivos específicos

 Compreender como o direito foi compreendido desde as sociedades antigas até a idade
contemporânea;
 Compreender a origem dos diferentes sistemas jurídicos;
 Compreender qual a fonte de Direito dos diferentes sistemas

II. Metodologia

No que se refere aos seus procedimentos práticos, este trabalho é um estudo de natureza
bibliográfica acerca da temática da evolução histórica do direito. A metodologia que foi
utilizada se constituiu de pesquisa e revisão bibliográfica para fundamentação teórica e em
seguida análise de conteúdo as quais visaram alcançar os objetivos que foram propostos. Com
relação à pesquisa bibliográfica, de acordo com Cordeiro, Molina e Dias 1: A pesquisa
bibliográfica é o estudo organizado sistematicamente com base em materiais publicados. São
exigidos a busca de informações bibliográficas e a seleção de documentos que se relacionam
com os objetivos da pesquisa. A pesquisa bibliográfica é elaborada com base em material já
publicado”, ou seja, principalmente a consulta a autores consagrados

I. Direito
1
CORDEIRO, Gisele do Rocio et al (2014), Orientações e dicas práticas para trabalhos acadêmicos, 2ª ed,
Curitiba: InterSaberes, págs. 158.

4
1. Noções gerais

Os autores variam muito acerca da melhor definição a dar ao Direito, no entanto, trazemos
aqui algumas noções que alguns autores dão ao conceito do que seja direito, isso para dizer
que a definição do seja não é universal e unânime.

O Direito pode ser definido, no sentido central da palavra, como sendo sistema de normas de
conduta social, assistido de protecção coativa2.

Por sua vez Galvão Teles3 , considera que o Direito se traduz no conjunto de normas de
conduta social, preceitos que regulam, com caracter de generalidade, a convivência dos
homens em sociedade, mediante a imposição de acções e abstracções.

Outra noção aproximada de direito é aquela que nos é partilhada pelo Professor Catedrático
Diogo Freitas do Amaral pela qual considera, «direito o conjunto de normas de conduta
social aplicáveis aos indivíduos de cada sociedade humana»4.

Podemos definir o Direito, como sendo um conjunto de normas e regras estabelecidas por
uma sociedade para regular o comportamento dos indivíduos, garantir a ordem social e
proteger os direitos e liberdades das pessoas.

2. Evolução histórica do direito

2.1. Direito Primitivo

a) Noções Gerais

Direito primitivo refere-se às formas mais antigas de sistemas jurídicos e normativos


desenvolvidos por sociedades humanas em estágios iniciais de desenvolvimento. Também é
conhecido como direito arcaico ou direito ancestral5.

O direito primitivo é caracterizado por suas origens ancestrais, geralmente encontradas em


comunidades tribais e sociedades pré-estatais. Esses sistemas legais baseiam-se em tradições
orais, costumes, crenças religiosas e normas sociais transmitidas de geração em geração.

2
MENDES, João de Castro (1994), Introdução ao Estudo do Direito, 2ª ed, Lisboa, págs. 11.
3
TELES, Inocêncio Galvão (2001), Introdução ao Estudo do Direito, Vol. I, 11ª ed, Coimbra Editora, págs. 25.
4
DO AMARAL, Diogo Freitas (2004), Manual de Introdução ao Estudo do Direito, Vol. I, Almedina, Lisboa,
págs. 43.
5
SOUSA, Marcelo Rebelo, TELES, Sofia Galvão (2000), Introdução ao Estudo de Direito, Lisboa, págs.45.
5
As características do direito primitivo podem variar amplamente entre diferentes culturas e
sociedades, mas geralmente compartilham certos elementos comuns. Rebelo de Sousa 6 refere
que esses elementos podem incluir:

1. Consenso e resolução de conflitos: As comunidades primitivas geralmente adotam


processos de tomada de decisão coletiva e resolução de disputas por meio de
consenso. O foco está na restauração da harmonia e do equilíbrio social, em vez de
punição.

2. Normas sociais e costumes: O direito primitivo é fortemente baseado em normas


sociais e costumes compartilhados pela comunidade. Essas normas podem abranger
várias áreas da vida, como casamento, herança, propriedade, responsabilidades
familiares e comportamento pessoal.

3. Justiça restaurativa: Em vez de um sistema punitivo, o direito primitivo muitas vezes


enfatiza a justiça restaurativa, buscando restaurar o equilíbrio social e curar a
comunidade após um conflito. O foco está na reconciliação e na reparação das
relações prejudicadas.

4. Relação com o sagrado: Muitas vezes, o direito primitivo está intimamente ligado às
crenças religiosas e ao sagrado. As práticas legais podem ser influenciadas por rituais,
tabus e valores espirituais.

2.2. Direito na Grécia Antiga

Na Grécia Antiga, o sistema legal era bastante diferente dos sistemas jurídicos
contemporâneos. Embora não houvesse um código de leis unificado para toda a Grécia
Antiga, cada cidade-estado tinha suas próprias leis e instituições jurídicas. Uma das cidades-
estado mais conhecidas da Grécia Antiga é Atenas, que teve um papel significativo no
desenvolvimento do direito.

Em Atenas, o sistema legal era baseado em uma combinação de leis escritas e costumes
estabelecidos7. A lei escrita mais conhecida de Atenas foi a chamada "Lei das Doze Tábuas",
que consistia em uma série de leis civis e criminais. Essas leis eram expostas publicamente
para que os cidadãos pudessem ter conhecimento delas.

6
SOUSA, Marcelo Rebelo, TELES, Sofia Galvão (2000), Op Cit, págs.76.
7
VICENTE, Dário Moura (2008), Direito Comparado, Vol. I: Introdução e parte geral, Edições Almedina, págs.
97.
6
Por sua vez Sebastião Cruz8 refere que, uma característica importante do sistema legal
ateniense era a ideia de igualdade perante a lei. Todos os cidadãos, independentemente de sua
classe social, tinham direito a um julgamento justo. No entanto, é importante notar que nem
todos os residentes de Atenas eram considerados cidadãos, mulheres, estrangeiros e escravos
não tinham os mesmos direitos legais que os cidadãos masculinos.

Em suma, o direito na Grécia Antiga era um sistema legal complexo e variado, com diferentes
leis e instituições em cada cidade-estado. Embora tenha sido um marco importante no
desenvolvimento do pensamento jurídico ocidental, é importante reconhecer que esses
sistemas jurídicos antigos também tinham suas limitações e exclusões, especialmente em
relação aos direitos das mulheres e dos não-cidadãos.

2.3. Direito romano

Compreende-se no Direito Romano o conjunto das normas e dos princípios que vigoraram em
Roma e nos territórios poe esta administrados desde a sua formação, no séc. VIII a.C., ate
pelo menos à queda do Imperio, ocorrida no seculo V, a Ocidente, e no seculo XV, a Oriente 9.
A redução a escrito dessas normas e princípios ter-se-á iniciado cerca de 450 a.C., com a Lei
das Doze Tábuas10.

2.4. Direito do período clássico

A época clássica do direito, abrange o período histórico compreendido entre 130 a.C., e 230
d.C.

a) conceito do direito da época clássica

É o período de verdadeiro apogeu e culminação do ordenamento jurídico romano. Por isso, a


época clássica muito justamente é considerada modelo e cânon comparativo para as épocas
posteriores e etapa final da evolução jurídica precedente11.

O Direito Romano na época clássica refere-se ao sistema jurídico desenvolvido e aplicado


durante a fase clássica da civilização romana, que abrange aproximadamente os séculos II
a.C. até o século III d.C. Durante esse período, o Direito Romano passou por um processo de

8
CRUZ, Sebastião (1984), Direito Romano, Vol. I, 4ª ed, Coimbra, págs. 42.
9
VICENTE, Dário Moura (2008), Op cit, págs.99.
10
De cujo texto pode ver-se uma reconstituição, em edição bilingue, in Rafael Domingo (coordenador), Textos
de Derecho Romano, S.L., 2002, págs. 19 ss.
11
CRUZ, Sebastião (1984), Op cit, págs. 46.
7
codificação e consolidação, tornando-se um sistema jurídico altamente sofisticado e
influente12.

Um aspecto importante do Direito Romano na época clássica era sua natureza pragmática e
flexível. Os juristas romanos enfatizavam a equidade e a justiça, adaptando as regras gerais
para lidar com casos específicos. Esse método permitia que o Direito Romano evoluísse e se
adaptasse às necessidades da sociedade romana em constante mudança.

b) fontes do direito

Durante a época clássica, o Direito Romano era baseado em várias fontes, sendo as principais:
a lei das Doze Tábuas, que era o código legal mais antigo e básico; os éditos dos pretores, que
eram as declarações de princípios e diretrizes jurídicas dos magistrados romanos encarregados
da administração da justiça; e a jurisprudência dos juristas romanos, que era a interpretação e
aplicação do direito feita por estudiosos do direito.

c) características

No período clássico do Direito Romano, que abrange aproximadamente os séculos II a.C. até
o século III d.C., algumas características importantes podem ser destacadas:

1. Codificação e sistematização: Durante esse período, houve uma consolidação e


codificação do Direito Romano, buscando organizar e sistematizar as diversas fontes e
princípios jurídicos. A principal codificação foi a lei das Doze Tábuas, que estabeleceu
um conjunto básico de regras legais para a sociedade romana.

2. Influência pragmática: O Direito Romano na época clássica era caracterizado por


uma abordagem pragmática e flexível. Os juristas romanos buscavam adaptar as regras
gerais para se adequarem aos casos específicos, valorizando a equidade e a justiça.
Essa abordagem permitia que o Direito Romano se desenvolvesse e se adaptasse às
necessidades da sociedade romana em constante evolução.

3. Prevalência da jurisprudência: Durante o período clássico, os juristas romanos


ganharam destaque na interpretação e aplicação do direito. Suas opiniões e pareceres
sobre questões legais tornaram-se cada vez mais importantes e influentes. A
jurisprudência dos juristas romanos, como Ulpiano, Papiniano e Paulo, teve um papel
significativo na formação do Direito Romano clássico.

12
VICENTE, Dário Moura (2008), Op cit, págs. 104.
8
4. Desenvolvimento do direito privado: O período clássico foi marcado por um avanço
significativo no direito privado romano. Foram desenvolvidas regras e princípios
relacionados a propriedade, obrigações contratuais, direito das pessoas (incluindo
família e sucessões) e outros aspectos do direito privado.

5. Expansão e universalidade: Durante o período clássico, o Direito Romano expandiu-


se além das fronteiras de Roma e da Itália. Com a expansão do Império Romano, o
Direito Romano foi aplicado em diferentes partes do mundo romano, assimilando e
influenciando outras tradições jurídicas locais. Essa universalidade do Direito Romano
contribuiu para sua longevidade e influência duradoura.

d) Subdivisão – a época clássica não é toda igual. Deve-se principalmente a Álvaro D'Ors 13 a
divisão desta época em três etapas:

I – A pré-clássica, que vai desde 130 a.C., a 30 a.C., é um período de intenso


desenvolvimento ascensional em direcção ao estado de grandeza do Ius Romanum atingindo a
etapa seguinte;

II – a clássica central, de 30 a.C., a 130 d.C., é um período de esplendor e de maior perfeição


do Direito Romano, surgindo, como figura central e representativa, não só desta etapa, mas de
toda época clássica, IULIANUS.

III – a clássica tardia, de 130 d.C., a 230 d.C., é um período em que já se nota, por vezes, o
início de certa decadência, manifestada sobretudo na falta de génio criador. Por isso, os
jurisconsultos deste final da época clássica dedicam-se não já a obras de comentário, mas às
de compilação – repetir e coordenar o que os grandes mestres disseram.

2.5. Direito Germânico

O direito germânico, também conhecido como direito germano ou direito consuetudinário


germânico, refere-se ao sistema jurídico desenvolvido e aplicado pelos povos germânicos na
Europa Ocidental, principalmente durante a Idade Média14. Esse sistema jurídico é
caracterizado por sua influência histórica e filosófica, que remonta ao período medieval e ao
desenvolvimento do Sacro Império Romano-Germânico.

A formação do direito germânico remonta a períodos anteriores à conquista e romanização do


Império Romano. Antes da chegada dos romanos, as tribos germânicas viviam em sociedades
13
D'ORS, Álvaro (1968), Derecho Privado Romano, Pamplona, págs. 7-13.
14
VICENTE, Dário Moura (2008), Op cit, págs. 111.
9
tribais e tinham suas próprias leis e costumes, transmitidos oralmente de geração em geração.
Essas leis tribais eram baseadas em tradições, costumes, crenças religiosas e valores comuns
dessas comunidades.

No entanto, mesmo com a influência do direito romano, os germânicos continuaram a manter


muitas de suas tradições legais e costumes. Essas tradições foram preservadas nas assembleias
populares e nos tribunais locais, onde os líderes tribais e os anciãos exerciam a autoridade
judicial. A aplicação do direito germânico era baseada em princípios como compensação por
danos, juramentos e julgamentos por meio de provas testemunhais.

A codificação e a sistematização do direito germânico ocorreram mais tarde, no final da Idade


Média e no início da Idade Moderna. Um exemplo notável disso é o "Schwabenspiegel"
(Espelho Suábio), um importante código de direito germânico escrito no século XIII, que
estabeleceu regras para a vida social, política e legal na região da Suábia, no sul da
Alemanha15.

No entanto, vale ressaltar que o direito germânico não formou um sistema legal uniforme em
toda a Europa germânica, pois cada região tinha suas próprias variações e costumes locais. O
direito germânico continuou a coexistir com outras influências legais, como o direito canônico
da Igreja Católica e o direito romano-germânico, que foi adotado por muitos estados
germânicos no final da Idade Média.

2.6. Direito na Idade Média

Na Idade Média, o sistema legal e os conceitos de direito eram bastante diferentes em


comparação com o sistema jurídico contemporâneo. Durante esse período, o direito era
baseado principalmente em tradições e costumes locais, influenciados por fontes como a lei
romana, a lei canônica da Igreja Católica e as tradições tribais germânicas16.

Uma característica marcante do sistema legal medieval era a descentralização do poder


jurídico. Não havia um sistema unificado de direito que se aplicasse a todo o território, e
diferentes regiões e territórios tinham suas próprias leis e costumes. Isso resultava em uma
grande diversidade de práticas legais em toda a Europa17.

15
VICENTE, Dário Moura (2008), Op cit, págs. 114.
16
DE ALMEIDA, Carlos Ferreira (1998), Introdução ao Estudo do Direito Comparado, 2ª ed, Coimbra, Livraria
Almedina, págs. 37.
17
DE ALMEIDA, Carlos Ferreira (1998), Op cit, págs. 39.
10
As leis eram frequentemente interpretadas e aplicadas pelos senhores feudais, que detinham o
poder local. Os senhores feudais tinham jurisdição sobre suas terras e eram responsáveis por
administrar a justiça em seus domínios. Eles tinham o poder de criar leis, resolver disputas e
impor punições.

Além disso, a lei canônica da Igreja Católica exercia uma influência significativa no direito
medieval. O direito canônico frequentemente se sobrepunha às leis seculares em questões de
moralidade e comportamento.

Refere Moura que: em termos de procedimentos legais, a justiça era frequentemente


administrada por meio de processos orais e julgamentos por ordália, onde a decisão era
baseada em provas consideradas divinamente inspiradas18. Também existiam sistemas de
compensação financeira, como o pagamento de multas ou a imposição de penas pecuniárias,
em vez de punições corporais.

Face a estas particularidades, podemos dizer que, no geral, o direito na Idade Média era
altamente influenciado pela tradição, pela religião e pelo poder local. Era um sistema jurídico
fragmentado e não uniforme, com uma grande variedade de práticas legais em diferentes
regiões.

2.7. Direito nas sociedades contemporâneas

O direito desempenha um papel fundamental nas sociedades contemporâneas, buscando


estabelecer regras e normas que regem as relações entre indivíduos, organizações e governos.
Ele fornece a estrutura necessária para a convivência pacífica, a justiça e a proteção dos
direitos e liberdades individuais.

Nas sociedades contemporâneas, o direito abrange uma ampla gama de áreas, incluindo
direito civil, direito penal, direito constitucional, direito administrativo, direito do trabalho,
direito empresarial, direito ambiental, entre outros. Essas áreas buscam regular diferentes
aspectos da vida social, como contratos, propriedade, responsabilidade, crimes, direitos
humanos, relações de trabalho, comércio e proteção ambiental19.

Uma das características marcantes do direito nas sociedades contemporâneas é sua constante
evolução e adaptação às mudanças sociais, tecnológicas e culturais.

18
VICENTE, Dário Moura (2008), Op cit, págs. 145.
19
DAVID, Rene (2002) Os grandes Sistemas de Direito Comparado, 4ª ed, São Paulo, págs. 19.
11
Além disso, o direito nas sociedades contemporâneas busca promover a igualdade, a justiça e
a proteção dos direitos humanos. Os sistemas legais modernos têm como objetivo garantir que
todos os indivíduos sejam tratados de forma justa perante a lei, independentemente de sua
origem étnica, gênero, religião ou orientação sexual. Há um crescente reconhecimento da
importância da inclusão e da diversidade no campo jurídico, com esforços para promover a
representatividade e a equidade.

Em suma, o direito nas sociedades contemporâneas desempenha um papel central na


organização social e na garantia dos direitos individuais e coletivos. Ele busca promover a
justiça, a igualdade e a proteção dos direitos humanos, adaptando-se constantemente às
mudanças e enfrentando os desafios de uma sociedade em constante evolução.

2.8. Direito Anglo-saxónico

1. Noções Gerais

O direito anglo-saxão refere-se ao sistema legal que se desenvolveu nos países de tradição
jurídica inglesa, incluindo a Inglaterra e os países que foram colonizados por ela, como os
Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, entre outros. Esse sistema jurídico tem
suas raízes na antiga tradição jurídica da Inglaterra, que remonta à Idade Média.

O direito anglo-saxão é baseado em um conjunto de princípios e precedentes legais,


conhecido como common law. Diferentemente do sistema de direito civil, que se baseia em
códigos legislativos escritos, o common law é construído através de decisões judiciais
proferidas ao longo do tempo20. Os tribunais interpretam as leis e estabelecem precedentes que
devem ser seguidos em casos semelhantes no futuro.

Um dos princípios fundamentais do direito anglo-saxão é o princípio do stare decisis, que


significa "manter as coisas decididas". Isso significa que as decisões judiciais anteriores
devem ser seguidas como precedentes pelos tribunais inferiores em casos semelhantes. Esse
princípio contribui para a consistência e previsibilidade do sistema jurídico.

Além disso, o direito anglo-saxão é caracterizado por sua ênfase nos direitos individuais e na
proteção da propriedade privada. Também enfatiza a adversariedade entre as partes em um
processo judicial, em que cada lado apresenta seus argumentos perante o tribunal.

2.9. Direito da Common Law

20
DE ALMEIDA, Carlos Ferreira (1998), Op cit, págs. 54.
12
1. Generalidades

Compreende-se na família jurídica de Common Law, ou Common Law sensu, o conjunto dos
sistemas jurídicos que têm por base o Direito comum (Common Law sensu) criado pelos
tribunais ingleses a partir do seculo XI21.

Entre os factores que historicamente determinaram a sua autonomia destaca-se, em primeiro


lugar, a ausência em Inglaterra de uma recepção em sentido próprio do Direito Romano.
Apesar de os territórios que hoje compõem aquele país terem sido parte do Imperio Romano
durante cerca de quatro séculos, não há hoje no sistema jurídico inglês vestígios desse Direito.
não porque a sua recepção tivesse deixado de ser tentada. Mas a aplicação do Direito Romano
nos tribunais ingleses foi rejeitada pelos juristas e proscrita por decisão real.

Na raiz deste fenómeno terá estado, por um lado, o receio de que a recepção do Direito
Romano resultasse numa restrição das liberdades individuais consagradas no Direito inglês,
então fonte essencialmente consuetudinária, receio esse especialmente justificado em face da
experiência de dominação estrangeira sofrida pelos anglo-saxões apos a ocupação normanda
do País ocorrida a partir do século XI.

Em segundo lugar, a autonomização da família de Common Law deve-se à continuidade do


seu Direito, traduzida, por um lado, na subsistência de certos institutos de raiz medieval)
como a tipicidade dos delitos, ou torts) e, por outro, na ausência de rupturas institucionais
como a que foi provocada pela revolução francesa22.

As regras respeitantes à administração da justiça, ao processo, à prova, e as relativas à


execução das decisões de justiça têm aos olhos dos common lawyers um interesse semelhante,
e mesmo superior, às regras respeitantes ao fundo do direito, sendo sua preocupação imediata
a de restabelecer a ordem perturbada, e não a de lançar as bases da sociedade.

Conclusão

O presente artigo demonstra que não podemos romper a estreita relação entre a história e a
evolução do direito. Pois o direito se modifica e evolui em função do desenvolvimento e
modificação das civilizações e das sociedades.

21
VICENTE, Dário Moura (2008), Op cit, págs. 239.
22
Ibidem
13
A simples análise, pesquisa e descrição de textos jurídicos e instituições jurídicas destas
sociedades não é suficiente para que se entenda o real significado destes que surgem ao longo
do tempo. Portanto todo o trabalho de pesquisa das fontes históricas e por consequência das
fontes do direito: recuperação de documentos, testemunhos, vestígios e etc., só se justificam a
partir de um olhar abrangente da história como do direito.

Esse olhar primeiro tem que ser o histórico, buscando os elementos fundamentais de cada
civilização e a partir deste olhar passar ao estudo do direito propriamente dito. Podemos
afirmar sem erro: “Que não há direito fora da sociedade, e não há sociedade fora da história.”

Desde a Pré-História, com surgimento dos seres humanos na face da Terra, e mesmo na fase
dos povos sem escrita chamados de povos ágrafos, já apresentavam o que podemos
denominar de características iniciais da ciência do direito. Um direito oral, portanto,
historicamente sem muitas fontes para análise nos dias de hoje.

Mas devemos ressaltar por tudo que foi exposto, a rigor não há de que se falar em história do
Direito, com um caráter universalizante. Adotando-se uma perspectiva sócio-antropológica e
mesmo historiográfica, o que encontramos são tradições culturais particulares que informam
práticas rituais de resolução de conflitos - sejam estas formais ou informais, codificadas ou
não, escritas ou não, dentro de cada sociedade ou civilização.

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Referências bibliográficas

CORDEIRO, Gisele do Rocio et al (2014), Orientações e dicas práticas para trabalhos


acadêmicos, 2ª ed, Curitiba: InterSaberes;

CRUZ, Sebastião (1984), Direito Romano, Vol. I, 4ª ed, Coimbra;

DE ALMEIDA, Carlos Ferreira (1998), Introdução ao Estudo do Direito Comparado, 2ª ed,


Coimbra, Livraria Almedina;

D'ORS, Álvaro (1968), Derecho Privado Romano, Pamplona;

DO AMARAL, Diogo Freitas (2004), Manual de Introdução ao Estudo do Direito, Vol. I,


Almedina, Lisboa;

MENDES, João de Castro (1994), Introdução ao Estudo do Direito, 2ª ed, Lisboa;

SOUSA, Marcelo Rebelo, TELES, Sofia Galvão (2000), Introdução ao Estudo de Direito,
Lisboa;

TELES, Inocêncio Galvão (2001), Introdução ao Estudo do Direito, Vol. I, 11ª ed, Coimbra
Editora;

VICENTE, Dário Moura (2008), Direito Comparado, Vol. I: Introdução e parte geral, Edições
Almedina;

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