Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
GUIA DA
DISCIPLINA
2022
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Objetivo
O objetivo principal deste texto é conceituar direito, moral e ética e esclarecer o que
são fontes do direito e como se classificam e interpretam as normas jurídicas.
Introdução
Você já conceituou os termos direito, moral e ética? Já pensou o que representa
cada uma dessas palavras?
Parece fácil? Difícil? Será que tem alguma importância saber o que significam direito,
moral e ética?
Moral - Mo.ral
adj (lat morale) 1 Relativo à moralidade, aos bons costumes. 2 Que procede conforme à
honestidade e à justiça, que tem bons costumes. 3 Favorável aos bons costumes. 4 Que se refere
ao procedimento. 5 Que pertence ao domínio do espírito, da inteligência (por oposição a físico ou
material). 6 Diz-se da teologia que se ocupa dos casos de consciência. 7 Diz-se da certeza que se
baseia em grandes probabilidades, e não em provas absolutas. 8 Diz-se da atitude ou
comportamento de quem está perturbado, confuso ou embaraçado por qualquer circunstância. 9
Diz-se de tudo que é decente, educativo e instrutivo.
Ética - É.ti.ca
sf (gr ethiké) 1 Parte da Filosofia que estuda os valores morais e os princípios ideais da conduta
humana. É ciência normativa que serve de base à filosofia prática. 2 Conjunto de princípios morais
que se devem observar no exercício de uma profissão; deontologia.
1
http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues -portugues&palavra=direito,
acesso em 23/10/2017.
Direito 1
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Para Roberto Senise Lisboa (2008, p. 2) “utiliza-se o vocábulo Direito como a ciência
ética que estabelece condutas a serem observadas pelas pessoas na sociedade”.
Sergio Pinto Martins (2015, p. 3), na mesma linha, elucida que “são encontrados
vários significados para a palavra Direito, como norma, lei, regra, faculdade, o que é devido
à pessoa, fenômeno social etc” e, no que diz respeito à moral e ética, ressalta que:
A moral tem um conceito que varia com o tempo, em razão de questões políticas,
sociais, econômicas.
A moral de ontem pode não ser a moral de hoje. Ela varia historicamente e em cada
sociedade. (p. 6)
Ética vem do grego ethos, com o significado de modo ser ou caráter. Diz respeito a
um comportamento que deve ser seguido pelo hábito (p.465).
Direito 2
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Fonte - fon.te
sf (lat fonte) 1 Manancial de água que brota do solo; nascente. 2 Chafariz. 3 Bica por onde corre
água ou outro líquido. 4 Chaga aberta com cautério; exutório. 5 Causa, origem, princípio. 6 Texto
original de uma obra. 7 Qualquer substância que emite radiação.
Assim sendo, no que diz respeito ao direito, fonte é a origem, o princípio do direito.
Como bem destaca Rizzatto Nunes (2015, p. 114), observando-se a doutrina que
trata do assunto, os conceitos e classificações variam de autor para autor.
2
http://unisanta.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788543005102/pages/19 , acesso em
23/10/2017.
Direito 3
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Leia a decisão abaixo que trata do nascimento de um direito por meio de um costume
local.
“... A ré comercializava bens de consumo pessoal, através da microempresa Bazar e Mercearia Monte Santo
(Adélia Trevizani ME.) e fornecia refeições pelo Restaurante Dona Adélia (Alberto Benevuto de Paula Braga
ME.), estabelecidos no município de Mococa.
A autora e seu namorado, R. de C. D., adquiriam produtos e tomavam refeições nos aludidos
estabelecimentos, mediante pagamento mensal e anotação diária no sistema conhecido como "caderneta".
A Ré denunciou ao Serviço de Proteção ao Crédito, a Autora como devedora da quantia de R$ 252,40.
A contestação veio instruída com as anotações de fls. 38/43, das refeições tomadas de janeiro a junho de
2003, assim como, dos produtos adquiridos no bazar (chocolate, coxinhas, salgadinhos, coca-cola, leite,
aparelho de barbear e assemelhados).
Foi tomado o depoimento pessoal das partes, confirmando a Ré, dona de ambos os estabelecimentos as
anotações e o débito existentes, que foram roborados por três testemunhas ouvidas.
Como bem acentuou a r. sentença recorrida, cabia à autora a prova de suas alegações, consistentes na
inexistência do débito denunciado. Todavia, a prova produzida pela Ré, convence plenamente de que a
Autora, ao contrário do afirmado na inicial, frequentava o restaurante, tomava refeições e adquiria bens de
consumo pessoal. As anotações encontram-se bem detalhadas nos documentos supramencionados, fazendo
crédito em favor da Ré.
Repita-se: não trouxe a Autora, como lhe incumbia, nenhum elemento que contrariasse a prova trazida aos
autos pela apelada ré.
No tocante ao valor cobrado, justificou a Ré a dedução da quantia de R$ 80,00, paga pela Autora, através do
cheque de fls. 9.
É de conhecimento público e notório, o costume interiorano, e até na periferia das grandes cidades, a
abertura de crédito informal pelos estabelecimentos comerciais, para pagamento no final do mês,
mediante anotação em "caderneta" ou documento que o valha.
A relação costumeira se estabelece na mais estrita confiança entre fornecedor e consumidor conhecidos, que
não pode deixar de ser apreciada e reconhecida nos Tribunais.
Direito 4
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Isto por força do art. 4o, do Decreto Lei n° 4.657, de 04.09.42, Lei de Introdução ao Código Civil, que
estabelece que
"quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes, e os princípios gerais
de direito".
É precisamente o caso dos autos.
Trata-se, na verdade, de singela compra e venda de bens de consumo e fornecimento de refeições, que, de
rigor, não exige mais do que a convergência de vontades verbal. O consumidor recebe o produto, paga por
ele e consumado está o contrato. Salvo em bens de grande valor, como aparelhos eletrodomésticos e
automóveis, não se tem o hábito de exigir recibo. Via de regra, o documento fiscal é o suficiente para a prova
documental do negócio.
O art. 113, do Código Civil vigente, estabelece:
"Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos e lugar de sua celebração."
O dispositivo aplica-se como luva ao caso dos autos, nada havendo a contrariar o consumo pela apelante,
assim como, a regularidade do débito denunciado.
Obviamente, em razão da solução dada ao feito, não que se cogitar de reparação por danos morais.
De ser mantida, pelos seus bem lançados fundamentos, a r. sentença da lavra da MM. Juíza ELANI CRISTINA
MENDES MARUM.
Nego provimento ao recurso.
NORIVAL OLIVA
Relator
(TJPS - Apelação n° 992.06.035466-5 – j. São Paulo, 06 de julho de 2010)
https://esaj.tjsp.jus.br/cjsg/getArquivo.do?cdAcordao=4581896&cdForo=0&vlCaptcha=cknsw, acesso em
23/10/2017.
Quanto à hierarquia
a) Normas constitucionais;
b) Leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, decretos legislativos e
resoluções, medidas provisórias;
c) Decretos regulamentares;
Direito 5
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Quanto à aplicabilidade
a) Normas jurídicas autoaplicáveis: entram em vigor independentemente de qualquer norma
posterior;
b) Normas jurídicas dependentes de complementação: são as que expressamente declaram sua
necessidade de complementação por outra norma; e,
c) Normas jurídicas dependentes de regulamentação: designam geralmente que os órgãos do Poder
Executivo definirão e detalharão sua aplicação e executoriedade.
Quanto à sistematização
a) Constitucionais
b) Codificadas
c) Esparsas
d) Consolidadas
Quanto à obrigatoriedade
a) Normas de ordem pública.
b) Normas de ordem privada.
Direito 6
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
• Para saber mais sobre a Classificação das Normas Jurídicas, consulte as páginas
56 a 60, do livro Introdução ao Direito, de Clareci mezzomo.
• Basta acessar:
https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/3081
3
http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues -
portugues&palavra=interpretar, acesso em 23/10/2017.
4
Martins, Sergio Pinto. Instituições de Direito Público e Privado. 15ª ed. São Paulo: Atlas, 2015.
Direito 7
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
a) Gramatical ou literal (verba legis): consiste em verificar qual o sentido do texto gramatical da norma
jurídica. Analisa-se o alcance das palavras encerradas no texto legal.
b) Lógica: em que se estabelece conexão entre vários textos legais a serem interpretados;
c) Teleológica ou finalística: a interpretação será dada ao dispositivo legal de acordo com o fim colimado
pelo legislador;
d) Sistemática: a interpretação será dada ao dispositivo legal de acordo com a análise do sistema no
qual está inserido, sem se ater à interpretação isolada de um dispositivo, mas, sim, a seu conjunto;
e) Extensiva ou ampliativa: em que se dá um sentido mais amplo à norma a ser interpretada do que ela
normalmente teria;
f) Restritiva ou limitativa: dá-se um sentido mais restrito, limitado, à interpretação da norma jurídica;
g) Histórica: o Direito decorre de um processo evolutivo. Há necessidade de se analisar, na evolução
histórica dos fatos, o pensamento do legislador não só à época da edição da lei, mas também de
acordo com a sua exposição de motivos, mensagens, emendas, as discussões parlamentares etc. O
Direito, portanto, é uma forma de adaptação do meio em que vivemos em razão da evolução natural
das coisas;
h) Autêntica: é a realizada pelo próprio órgão que editou a norma, que irá declarar seu sentido, alcance
e conteúdo, por meio de outra norma jurídica. Também é chamada de interpretação legal ou
legislativa;
i) Sociológica: em que se verifica a realidade e a necessidade social na elaboração da lei e em sua
aplicação. O juiz, ao aplicar a lei, deve ater-se aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do
bem comum.
Síntese:
• Você aprendeu, neste texto, a distinção entre direito, moral e ética;
• O que são e quais são as fontes do direito;
• Classificação das normas jurídicas;
• Formas de interpretação do direito.
Direito 8
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
2. DIREITO CONSTITUCIONAL
Objetivo
O objetivo deste texto é tecer algumas considerações importantes sobre o Direito
Constitucional, abordando, para tanto, aspectos relevantes da Constituição Federal.
Ana Flávia Messa (2016, p. 42) diz que o “Direito Constitucional tem por objeto a
Constituição do Estado, isto é, o estudo sistematizado da organização jurídica fundamental
do Estado”.
Sergio Pinto Martins (2015, p. 60), esclarece, por sua vez, que o “Direito
Constitucional é o ramo do Direito Público que estuda os princípios, as regras
estruturadoras do Estado e garantidoras dos direitos e liberdades individuais”.
Direito 9
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Diante desse fato, como ressalta Flávia Messa (2016, p. 85), “há divergência a
respeito da natureza jurídica desta emenda, de forma que alguns consideram como nova
Constituição”.
Sergio Pinto Martins (2016, p. 63) também faz essa ressalva: “não é exatamente uma
Constituição, mas uma emenda constitucional. Na prática, acaba sendo uma Constituição,
pois alterou toda a Constituição de 1967” e acrescenta:
A Constituição da República de 1891, a de 1934, de 1946 e de 1988 foram
promulgadas, tendo sido votadas pela Assembléia Nacional Constituinte.
As Constituições de 1937, 1967 e a Emenda Constitucional nº 1/69 foram
outorgadas, impostas às pessoas, por regimes ditatoriais.
Direito 10
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Direito 11
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Roberto B. Dias da Silva (2007, p. 24), em sua obra Manual de Direito Constitucional,
apresenta a seguinte Classificação da Constituição:
Direito 12
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
PREÂMBULO
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional
Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos
direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a
igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem
preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e
internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção
de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
Direito 13
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Direito 14
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Direito 15
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Síntese:
• Este texto abordou o objeto do Direito Constitucional;
• Quantas Constituições já foram promulgadas/outorgadas no Brasil?
• Classificação das Constituições;
• Noções da atual Constituição Federal.
Direito 16
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
3. DIREITO CIVIL
Objetivo
O objetivo deste texto é tecer algumas considerações importantes sobre o Direito
Civil, abordando, para tanto, aspectos relevantes da Código Civil.
Sergio Pinto Martins (2015, p. 225) diz que Direito Civil é o conjunto de princípios, de
regras e de instituições que regula as relações entre pessoas e entre estas e os bens de
que se utilizam.
A Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002, estabeleceu o atual Código Civil. Foi dividido
em Parte Geral e Parte Especial.
DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE
Você sabia que toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil?
Isso mesmo! A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas
a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
Direito 17
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
pela morte do filho nascituro, pois conforme previsto no artigo 2º do Código Civil: “A
personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde
a concepção, os direitos do nascituro”.
Direito 18
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
A capacidade dos indígenas, de acordo com o Código Civil, será regulada por
legislação especial.
A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada
à prática de todos os atos da vida civil.
O artigo 1.634, do Código Civil, determina que compete a ambos os pais, qualquer
que seja a sua situação conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em,
quanto aos filhos:
(...)
VII - representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos atos
da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o
consentimento;
Direito 19
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Isso quer dizer que, até os 16 anos, os filhos devem ser representados pelos pais.
A partir dos 16 anos e até os 18 anos, quando cessará a menoridade, devem ser
assistidos.
A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos
ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. Um exemplo
recente ocorreu com pedreiro Amarildo, desaparecido na Rocinha. A Justiça declarou sua
morte presumida;
Também relevante, no que diz respeito aos direitos da personalidade, é o nome. Veja
o que estabelecem os artigos 16 a 19, do Código Civil:
Artigo 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o
sobrenome.
Artigo 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações
ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja
intenção difamatória.
Artigo 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda
comercial.
Artigo 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se
dá ao nome.
5
http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portuguesportugues&palavra=comoriência, acesso em 23/10/2017.
Direito 20
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
imprensa, ressalvada a hipótese do art. 110 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº
12.100, de 2009).
(...)
§ 8o O enteado ou a enteada, havendo motivo ponderável e na forma dos §§ 2 o e
7o deste artigo, poderá requerer ao juiz competente que, no registro de nascimento,
seja averbado o nome de família de seu padrasto ou de sua madrasta, desde que
haja expressa concordância destes, sem prejuízo de seus apelidos de família.
(Incluído pela Lei nº 11.924, de 2009)
Art. 58. O prenome será definitivo, admitindo-se, todavia, a sua substituição por
apelidos públicos notórios. (Redação dada pela Lei nº 9.708, de 1998)
Parágrafo único. A substituição do prenome será ainda admitida em razão de
fundada coação ou ameaça decorrente da colaboração com a apuração de crime,
por determinação, em sentença, de juiz competente, ouvido o Ministério
Público.(Redação dada pela Lei nº 9.807, de 1999)
Aliás, a justiça autorizou que uma criança em Sergipe tenha em sua certidão de
nascimento os nomes da mãe biológica e dos pais adotivos Esse foi o primeiro caso de
pluriparentalidade no Estado6:
6
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas -noticias/2014/02/17/crianca -adotada-tera-nome-das-
duas-maes-e-do-pai-em-certidao-de-nascimento.htm, acesso em 23/03/2019.
Direito 21
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição
do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou
aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que
passar o ato constitutivo.
O registro declarará:
I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando
houver;
II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores;
III - o modo porque se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e
extrajudicialmente;
IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo;
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse
caso.
Direito 22
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Síntese:
− Este texto abordou o conceito de direito civil.
− Direito Civil é o conjunto de princípios, de regras e de instituições que regula
as relações entre pessoas e entre estas e os bens de que se utilizam.
− A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei
põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
− Quem são considerados absolutamente incapaz e relativamente incapaz;
− A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica
habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
− As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito
privado.
Direito 23
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
4. DIREITO DO TRABALHO
Objetivo
O objetivo deste texto é tecer algumas considerações importantes sobre o Direito do
Trabalho, principalmente no que diz respeito a diferença entre relação de trabalho e relação
de emprego, requisitos da relação de emprego e sujeitos da relação de emprego:
empregador e empregado.
Você já parou para pensar que nem toda relação de trabalho é uma relação de
emprego?
7
Resende, Ricardo. Direito do Trabalho Esquematizado. 4ª. ed. São Paulo: Método, 2014.
Direito 24
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
• Relação de emprego;
• Relação de trabalho autônomo;
• Relação de trabalho eventual;
• Relação de trabalho avulso;
• Relação de trabalho voluntário;
• Relação de trabalho institucional;
• Relação de trabalho de estágio;
• Relação de trabalho cooperativado.
Pessoalidade
Onerosidade
Não assunção (pelo empregado) dos riscos da atividade do tomador de serviços
Duração Contínua ou não eventual
Subordinação
Pessoalidade quer dizer que o trabalho deve ser prestado por uma específica
pessoa física. O trabalho não pode ser transferido para outra pessoa. É uma relação intuitu
personae, ou seja, em razão da pessoa. O empregado não pode ser substituído.
Direito 25
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Duração contínua ou não eventual, isto é, os serviços não podem ser prestados
de maneira eventual.
Não! Mas pode ser estipulada por acordo entre as partes. E, nesse caso, se ajustada
entre empregado empregador, deve ser respeitada.
Empregador
Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que,
assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a
prestação pessoal de serviço.
§ 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de
emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações
recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores
como empregados.
§ 2º - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas,
personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração
de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade
econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente
responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.
Direito 26
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Empregado
Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de
natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante
Salário.
Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à
condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual.
Assim, na definição de Manus (2014, p. 53) empregado é sempre pessoa física que
presta serviços subordinados ao empregador, sendo tais serviços contínuos e não
eventuais e tendo sempre a prestação de serviços caráter oneroso8.
Martinez (2014, p. 239) diz que empregador é a pessoa física, jurídica ou ente
despersonalizado (este excepcionalmente autorizado a contratar) concedente da
oportunidade de trabalho, que, assumindo os riscos da atividade (econômica ou não
econômica) desenvolvida, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços de
outro sujeito, o empregado9.
Contrato De Emprego
Bom, já você já sabe quem são as partes na relação de emprego e quais são os
requisitos dessa relação.
Dessa forma, o contrato de emprego, de acordo com Martinez (2014, p. 159) pode
ser classificado em10:
8
Manus, Pedro Paulo Teixeira. Direito do Trabalho.15ª. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
9
Martinez, Luciano. Curso de direito do trabalho. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
10
Martinez, Luciano. Curso de direito do trabalho. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
Direito 27
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
11
TRT SP – processo nº 00002031620135020069 – Des. Relator Davi Furtado Meirelles – julgado em 23/10/2014.
Direito 28
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Direito 29
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Síntese:
• Neste texto você aprendeu que a relação de trabalho é gênero e a relação de
emprego é espécie;
• Os elementos da relação de emprego são: Pessoalidade, Onerosidade, Não
assunção (pelo empregado) dos riscos da atividade do tomador de serviços,
Duração Contínua ou não Eventual e Subordinação;
• Exclusividade não é requisito da relação de emprego;
• Os sujeitos do contrato de trabalho são empregador e empregado;
• O contrato de emprego pode ser classificado em: típico ou nominado, comutativo,
sinalagmático, oneroso, personalíssimo, não solene e de trato sucessivo;
• O que anotar na CTPS e no livro de registro.
Direito 30
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
5. DIREITO EMPRESARIAL
Objetivo
O objetivo deste texto é abordar o histórico do direito empresarial, conceito de
empresário, caracterização, inscrição e capacidade.
Pois bem, nas civilizações antigas não existiam moedas, cartões de crédito ou
bancos. Então, como os indivíduos compravam e vendiam coisas?
Com o tempo surge o metal como moeda de troca. A partir daí as pessoas passam
a utilizar a moeda como uma unidade de valor e decidir se querem comprar imediatamente
ou se querem poupar para comprar no futuro e, dessa forma, o comércio vai acontecendo
o tempo todo.
André Luiz Santa Cruz Ramos explica em sua obra, Direito Empresarial
Esquematizado, que o comércio existe desde a Idade Antiga. Segundo ele, “as civilizações
mais antigas que temos conhecimento, como os fenícios, por exemplo, destacaram-se no
exercício da atividade mercantil”12.
12
5ª. ed. rev. atual. ampl. São Paulo: Método, 2015, p. 2.
Direito 31
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Para entender melhor essa trajetória, leia o texto abaixo de Gladston Mamede e
responda:
a) O que é usura e monopólio?
b) Em linhas gerais, qual foi o Código Comercial que mais influenciou outras legislações
sobre o comércio? Explique.
Direito 32
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
“As normas jurídicas de controle da propriedade, dos empreendimentos e dos negócios são tão
antigas quanto o Direito, o que a Arqueologia deixa claro. Tem-se notícia, hoje, de uma reforma jurídica
realizada na cidade de Lagash, na Suméria (hoje Iraque), no século XXV a.C., na qual o soberano (ensi) local,
chamado Ur-Uinim-Enmgina (ou, como se disse no passado, Urukagina), limita a usura e os monopólios. A
legislação ais antiga conhecida até agora, as Leis de Ur-Nammu, do século XXI a.C., vigentes também na
Suméria, na cidade de Ur, já trazem normas que proíbem o cultivo em terras de propriedade alheia, limitam
juros e tabelam preços. O mesmo se verá nas legislações que lhes seguem, de países da mesma região: as
Leis de Lipt-Ishtar, do século XX a.C. Ainda na antiguidade, deve-se reconhecer a importância da atuação e
da regulamentação comercial de minoicos, micênicos, hititas, fenícios, gregos e romanos, havendo notícia de
normas e, até, de institutos jurídicos que, então inventados, aproveitam-se até os nossos dias, como a
moeda, inventada pelos lídios – a Lídia ficava onde hoje é o planalto central da Turquia.
Na Idade Média, a atenção social voltou-se para o campo, onde a divisão da propriedade rural em
grandes estruturas políticas caracterizou o Feudalismo. As cidades, contudo, continuaram a existir e o
comércio também. Para a mútua proteção, artesão e comerciantes organizaram-se em corporações de ofício
e essas, por seu turno, tomaram para si a função de regulamentar a atividade mercantil, o que fizeram por
meio de consolidações de costumes, também chamadas de consuetudos. Essas consolidações marcam o
início do Direito Mercantil, na medida em que são as primeiras normas integralmente dedicadas ao comércio.
Quando o feudalismo foi superado e o Estado Nacional ganhou renovada importância, essas normas
foram utilizadas como referência para a constituição dos chamados Códigos Comerciais. O mais influente
deles foi o Código Comercial francês, de 1808, que influenciou a muitas legislações a partir do
estabelecimento da Teoria do Ato de Comércio. Essa teoria está na raiz da distinção entre o ato civil e o ato
de comércio. Assim, qualquer pessoa que praticasse um ato de comércio estaria submetida ao Direito
Comercial e não ao Direito Civil. Essa teoria foi repetida no Brasil, com a edição do Código Comercial, em
1850, quando era Imperador D. Pedro II; cuida-se de uma das normas mais duradouras da história brasileira:
sua primeira parte, dedicada ao comércio em geral, esteve em vigor até 11 de janeiro de 2003, quando passou
a viger o Código Civil (Lei 10.406/02).
(...) Com a edição da Lei 10.406/02, em 10 de janeiro de 2002, a unificação foi enfim concretizada.
Reconheceu-se que os atos jurídicos civis e comerciais têm a mesma natureza jurídica, estando submetidos
à Parte Geral do Código Civil, bem como às regras ali dispostas sobre as Obrigações e os Contratos. Isso
implicou a necessidade de se substituir a antiga teoria do ato de comércio por uma nova referência para as
relações negociais. A opção escolhida foi a teoria da empresa. (Manual de Direito Empresarial. 9ª. ed. São
Paulo: Atlas, 2015, p. 2-3) (grifamos)
Essa questão da unificação, todavia, não é pacífica. Fabio Ulhoa Coelho (2014, p.
44) explica que “no Brasil, consideram alguns autores que o Código Civil teria levado à
Direito 33
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Defendendo a unificação ou não, o fato é que o Código Civil, em 2002, trata do Direito
de Empresa e revogou, expressamente, a Parte Primeira do Código Comercial, Lei no 556,
de 25 de junho de 1850 (artigo 2045).
CONCEITO DE EMPRESÁRIO
Da Caracterização
Direito 34
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Da Inscrição
A inscrição do empresário no Registro Público é obrigatória. Esse é o teor do artigo
967, do Código Civil
Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas
Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.
Direito 35
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Direito 36
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que
não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação
obrigatória.
Direito 37
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Síntese:
• Nas civilizações antigas não existiam moedas, cartões de crédito ou bancos;
• Praticavam o escambo;
• Com o tempo surge o metal como moeda de troca;
• “o código comercial francês, de 1808, influenciou a muitas legislações a partir do
estabelecimento da teoria do ato de comércio. Essa teoria está na raiz da distinção
entre o ato civil e o ato de comércio. Assim, qualquer pessoa que praticasse um
ato de comércio estaria submetida ao direito comercial e não ao direito civil. Essa
teoria foi repetida no brasil, com a edição do código comercial, em 1850, quando
era imperador d. Pedro ii”;
• Os atos jurídicos civis e comerciais têm a mesma natureza jurídica, estando
submetidos à parte geral do código civil, bem como às regras ali dispostas sobre
as obrigações e os contratos – unificação;
• A ideia de unificação não é pacífica;
• O código civil, em 2002, trata do direito de empresa e revogou, expressamente, a
parte primeira do código comercial, lei no 556, de 25 de junho de 1850 (artigo
2045);
• Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica
organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços;
• É obrigatória a inscrição do empresário no registro público de empresas mercantis
da respectiva sede, antes do início de sua atividade;
• Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da
capacidade civil e não forem legalmente impedidos;
• A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a
exercer, responderá pelas obrigações contraídas.
Direito 38
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
6. DIREITO DO CONSUMIDOR
Objetivo
O Objetivo deste texto é traçar alguns conceitos relacionados ao direito do
consumidor adotando, principalmente, a Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990, que dispõe
sobre a proteção do consumidor.
Agora que você já sabe quem é o consumidor. Vamos verificar quais são os direitos
básicos do consumidor?
13
Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078compilado.htm , acesso em
22/03/2019.
Direito 39
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
A Nestlé, por exemplo, não observou o inciso III. Por isso, foi condenada a pagar
uma indenização a uma consumidora, no valor de R$ 90.000,00, porque não informou a
presença de ingrediente alergênico na embalagem de seus produtos.
Direito 40
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
E não é só! É proibida oferta ou venda por telefone, quando a chamada for onerosa
ao consumidor que a origina.
Art. 33. Em caso de oferta ou venda por telefone ou reembolso postal, deve constar
o nome do fabricante e endereço na embalagem, publicidade e em todos os
impressos utilizados na transação comercial.
Parágrafo único. É proibida a publicidade de bens e serviços por telefone, quando a
chamada for onerosa ao consumidor que a origina. (Incluído pela Lei nº 11.800, de
2008).
Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos
atos de seus prepostos ou representantes autônomos.
Direito 41
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e
imediatamente, a identifique como tal.
Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços,
manterá, em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados
fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem.
6.1. Exemplificando 1:
“O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL propôs ação
coletiva de consumo em face da ora recorrente, por propaganda enganosa, tendo por objeto
a venda de veículo Pálio Fire modelo 2007, em maio de 2006, tendo em seguida lançado
Direito 42
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Nesses parâmetros fáticos é que deve ser visto o caso presente. Nada mais que
isso. Não se imagina que a fabricante fosse impedida de modificar o modelo, anunciado em
2006 como sendo Modelo 2007. Mas evidentemente lesou o consumidor adquirente quando
neste criou a confiança de que adquiria um modelo do ano seguinte, que em verdade não
o foi, porque substituído por outro melhor, com a mesma indicação de ano.
Direito 43
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
lesado justamente em face da publicidade falsa – já que este veículo nunca foi produzido
em 2007”. (RECURSO ESPECIAL Nº 1.342.899 - RS (2011⁄0155718-5)
6.2. Exemplificando 2:
JURISPRUDÊNCIA - STJ proíbe publicidade dirigida às crianças
14/03/2016
Em verdadeiro leading case, a 2ª turma do STJ decidiu na tarde desta quinta-feira, 10, proibir
a publicidade dirigida às crianças. Em foco estava a campanha da Bauducco "É Hora de Shrek".
Com ela, os relógios de pulso com a imagem do ogro Shrek e de outros personagens do desenho
poderiam ser adquiridos. No entanto, para comprá-los, era preciso apresentar cinco embalagens
dos produtos "Gulosos", além de pagar R$ 5.
A ação civil pública do MP/SP teve origem em atuação do Instituto Alana, que alegou a
abusividade da campanha e o fato de se tratar de nítida venda casada.
Em sustentação oral, a advogada Daniela Teixeira (Podval, Teixeira, Ferreira, Serrano,
Cavalcante Advogados), representando o Alana como amicus curiae, argumentou: "A propaganda
que se dirige a uma criança de cinco anos, que condiciona a venda do relógio à compra de biscoitos,
não é abusiva? O mundo caminha para frente. (...) O Tribunal da Cidadania deve mandar um recado
em alto e bom som, que as crianças serão, sim, protegidas."
Proteção à criança
O ministro Humberto Martins, relator do recurso, deixou claro no voto que "o consumidor não
pode ser obrigado a adquirir um produto que não deseja". Segundo S. Exa., trata-se no caso de
uma "simulação de um presente, quando na realidade se está condicionando uma coisa à outra".
Concluindo como perfeitamente configurada a venda casada, afirmou ser "irretocável" o
acórdão do TJ/SP que julgou procedente a ACP.
O ministro Herman Benjamin, considerado uma grande autoridade no tribunal em Direito do
Consumidor, foi o próximo a votar, e seguiu com veemência o relator: "O julgamento de hoje é
histórico e serve para toda a indústria alimentícia. O STJ está dizendo: acabou e ponto final. Temos
publicidade abusiva duas vezes: por ser dirigida à criança e de produtos alimentícios. Não
se trata de paternalismo sufocante nem moralismo demais, é o contrário: significa reconhecer que
a autoridade para decidir sobre a dieta dos filhos é dos pais. E nenhuma empresa comercial e nem
mesmo outras que não tenham interesse comercial direto, têm o direito constitucional ou legal
assegurado de tolher a autoridade e bom senso dos pais. Este acórdão recoloca a autoridade nos
pais."
Herman afirmou ter ficado impressionado com o nome da campanha (Gulosos), que
incentiva o consumo dos produtos em tempos de altos índices de obesidade.
Direito 44
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Por sua vez, o ministro Mauro Campbell fez questão de ressaltar que o acórdão irá consignar
a proteção da criança como prioridade, e não o aspecto econômico do caso. Campbell lembrou,
como sustentado da tribuna pela advogada Daniela Teixeira, que o Brasil é o único país que tem
em sua Carta Magna dispositivo que garante prioridade absoluta às necessidades das crianças, em
todas as suas formas.
A decisão do colegiado foi unânime, tendo a presidente, ministra Assusete Magalhães,
consignado que o caso é típico de publicidade abusiva e venda casada, mas a situação se
agrava por ter como público-alvo a criança. A desembargadora convocada Diva Malerbi
destacou que era um orgulho participar de tão importante julgamento.
A turma concluiu pela abusividade de propaganda que condicionava a compra de um
relógio de um personagem infantil à aquisição de cinco biscoitos. E não ficou por aí a
decisão. Com efeito, os ministros assentaram que a publicidade dirigida às crianças ofende
a Constituição e o CDC.
Processo relacionado
REsp 1.558.086
Disponívelem:http://www.crianca.mppr.mp.br/modules/noticias/article.php?storyid=1
352, acesso em 22/03/2019.
Síntese:
• Neste texto você verificou, principalmente, os conceitos de consumidor e
fornecedor;
• Aprendeu quais são os direitos do consumidor e que a informação deve ser
sempre clara e verdadeira;
• Verificou a diferença entre publicidade enganosa e abusiva.
Direito 45
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
7. DIREITO PENAL
Objetivo
O objetivo deste texto é conceituar e abordar aspectos relevantes e introdutórios do
direito penal.
Para Gisele Mendes Pereira (2012, p. 16) “a específica função do direito penal é a
proteção dos bens jurídicos eleitos pelo legislador como indispensáveis à vida em
sociedade”.
Sergio Pinto Martins (2015, p. 192) diz que “o direito penal vai tipificar os crimes e
estabelecer as penas pela transgressão da legislação”.
O direito penal, na lição de Paulo Bueno (2012, p. 1), “representa o ramo da ciência
jurídica cuja nota característica é disciplinar a conduta humana por meio da ameaça de
imposição da pena”.
Vamos verificar?
Direito 46
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal;
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades
fundamentais;
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena
de reclusão, nos termos da lei;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a
prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os
definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis
ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de
reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei,
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
patrimônio transferido;
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a
natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com
seus filhos durante o período de amamentação;
Direito 47
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
7.1. Exemplificando 1:
E.G.de S. foi denunciado como incurso nas penas do artigo 1º, inciso I, alínea “a”, cumulado com
parágrafo 4º, inciso I, da Lei 9.455/97 (Lei de Tortura), acusado de ter, no dia 24 de maio de 1996, na
qualidade de policial civil lotado na Delegacia Policial de Repressão ao Narcotráfico, praticado o crime de
tortura contra C. dos S., constrangendo-a com emprego de violência física e causando-lhe grave sofrimento
físico e mental, com a finalidade de que a referida senhora confessasse prática de delito de tráfico de
entorpecente.
Concluída a instrução criminal, E. G. de S. foi condenado, nos termos da denúncia, à pena definitiva
de 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses de reclusão.
Inconformado, o acusado apelou da decisão alegando que não foi observado o artigo 1º, do Código
Penal. Sustentou que foi condenado por crime ocorrido no dia 24 de maio de 1996, antes, portanto, da
existência da Lei 9.455, de 7 de abril de 1997.
O Tribunal acolheu os argumentos do Apelante, nos seguintes termos: “em que pese a gravidade da
conduta atribuída ao Apelante E. G. de S., a Lei 9.455 que definiu o crime de tortura somente entrou em vigor
no dia 08 de abril de 1997, ou seja, quase um ano após o fato descrito na denúncia, que teria sido praticado
em 24 de maio de 1996.
A condenação por fato atribuído ao Apelante antes da vigência da Lei de Tortura desrespeita cláusula
pétrea constitucional, prevista no artigo 5º, inciso XXXIX, que determina que ‘não há crime sem lei anterior
que o defina, nem pena sem prévia cominação legal’.
Do Princípio da Anterioridade decorre que a lei penal só pode retroagir em benefício do réu, nunca
para lhe imputar conduta ou pena mais gravosa que a praticada”.
No que diz respeito à Lei Penal no Tempo, o Código Penal reza que:
Lei penal no tempo
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória.
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-
se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada
em julgado.
7.2. Exemplificando 2:
“No dia 17 de março de 2007, sábado, por volta das 13h30min, na via pública da M-3 Norte, Ceilândia/DF, o
denunciado, agindo de forma livre e consciente, conduzia veículo automotor sob a influência de álcool,
expondo a dano potencial a incolumidade de outrem. Devido ao seu estado de embriaguez e de absoluta
falta de condições para condução do veículo, por inobservância das regras e condições de tráfego, veio a
abalroar a traseira do veículo, que na ocasião seguia a sua frente.
Direito 48
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Ato contínuo, evadindo-se do local, no que foi seguido pelo outro condutor, o denunciado, poucos minutos
após se envolver no primeiro acidente e de igual modo, veio a abalroar a traseira do veículo VW/Kombi, que
também seguia à sua frente.
Após esta segunda colisão, o denunciado parou seu FIAT/Uno e, saindo do carro cambaleando, procurou se
evadir a pé e tentou se refugiar em residências próximas, munido de uma faca e um pedaço de madeira e
ameaçando a todos que tentavam se aproximar dele. Acionada uma viatura da Polícia Militar, foi possível sua
contenção e condução à Autoridade Policial para a lavratura do auto de prisão em flagrante.
Nas duas colisões somente houve danos materiais nos veículos, não resultando qualquer tipo de lesão
corporal nos envolvidos.
O MM. Juízo da Primeira Vara Criminal da Circunscrição Judiciária de Ceilândia-DF julgou procedente a
pretensão punitiva estatal para condenar o réu nas sanções do artigo 306 da Lei 9.503/1997, aplicando-lhe
as penas de 02 (dois) anos e 06 (seis) meses de detenção, no regime inicial semiaberto, e 290 (duzentos e
noventa) dias-multa, no valor mínimo legal, além de decretar a suspensão ou proibição de obtenção da
permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor pelo prazo de 03 (três) anos e 10 (dez) meses. Ao
condenado foi negada a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, sob o
fundamento de ser o agente reincidente e por não ser a medida socialmente recomendável, em razão dos
antecedentes e da personalidade. Além disso, foi decretada a prisão preventiva do condenado.
Inconformada, a Defesa, tempestivamente, interpôs apelação criminal.
O Tribunal acolheu as razões do denunciado, nos seguintes termos:
Conforme consta da denúncia, o fato em exame foi cometido no dia 17 de março de 2007. Nessa data, o art.
306 do Código de Trânsito Brasileiro apresentava a seguinte redação:
“Art. 306. Conduzir veículo automotor, na via pública, sob a influência de álcool ou substância de efeitos
análogos, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor.”
Com a entrada em vigor da Lei nº 11.705/2008, no dia 16 de junho de 2008, o art. 306 do Código de Trânsito
Brasileiro passou a dispor:
“Art. 306. Conduzir veículo automotor, na via pública, estando com concentração de álcool por litro de
sangue igual ou superior a 6 (seis) decigramas, ou sob a influência de qualquer outra substância psicoativa
que determine dependência:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor.”
Observa-se que a lei vigente à época em que ocorreram os fatos descritos na denúncia não estipulava uma
concentração específica de álcool por litro de sangue para que se configurasse o crime de condução de
veículo sob a influência de álcool. A sentença foi proferida sob a égide da redação anterior.
Direito 49
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
No entanto, com o advento da Lei nº 11.705/2008, passou o Código de Trânsito Brasileiro a exigir uma
quantidade mínima de álcool por litro de sangue para a configuração do referido crime, qual seja, 06 (seis)
decigramas. Após o advento da referida lei, portanto, somente comente o crime previsto no artigo 306 do
Código de Trânsito Brasileiro quem conduz veículo estando com concentração de álcool por litro de sangue
igual ou superior a 06 (seis) decigramas ou, ainda, sob influência de qualquer outra substância psicoativa que
determine dependência.
A lei nova, em que pese o objetivo de dar um efeito mais abrangente ao tipo penal, acabou por limitar a
incidência da norma aos casos em que efetivamente houve a aferição do teor alcoólico no sangue do
condutor, o que somente é possível mediante utilização de “bafômetro” ou de exame de dosagem etílica
no sangue.
Trata-se, no caso, de lei mais benéfica que, nos termos do art. 5º, inciso XL, da Constituição Federal, deve
retroagir para alcançar as condutas praticadas ainda sob a vigência da redação anterior do artigo 306 do
Código Brasileiro, tornando atípicas as condutas quando não aferida a concentração de álcool no sangue
do condutor por meio técnico, prova que não pode ser suprida pela comprovação indireta.
Disponível em http://tj-df.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/5764478/apr-apr-66937820078070003-df-
0006693-7820078070003/inteiro-teor-101953243, acesso em 22/03/2019.
Questão de concurso:
(FCC – 2008 – MPE-RS – Secretário de Diligências Simulado TJPA)
Tício praticou um delito, foi processado e condenado. Um dia após o trânsito em
julgado da sentença condenatória, uma lei nova, mantendo a mesma descrição do fato
delituoso, modificou a pena cominada para esse delito. Nesse caso,
(a) Aplica-se sempre a lei nova, se o agente ainda não tiver cumprido a pena
imposta.
(b) Não se aplica a lei nova, por já ter ocorrido o trânsito em julgado da sentença.
(c) Aplica-se a lei nova, ainda que imponha sanção mais severa.
(d) Aplica-se a lei nova, se for mais benéfica ao autor do delito.
(e) Não se aplica a lei nova em razão do princípio constitucional da anterioridade da
lei penal.
Resposta: “d”
Direito 50
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Acertou? Aplica-se a lei nova, se for mais benéfica ao autor do delito. A lei pode
retroagir para beneficiar o réu.
Gisele Mendes Pereira (2012, p. 49) justifica que “é preciso saber qual é o tempo do
crime, ou seja, a data em que se considera praticado para a aplicação da lei penal a seu
autor”.
E por que é tão importante esse tempo? Gisele Pereira (2012, p. 49) continua
explicando que:
A necessidade de se estabelecer o tempo do crime decorre dos problemas que
podem surgir para a aplicação da lei penal, como nas hipóteses de se saber qual lei
deve ser aplicada (se foi cometido durante a vigência da lei anterior ou posterior) e,
nos casos de imputabilidade (saber se no tempo do crime o agente era imputável
ou não), da anistia (concedida geralmente com relação a crimes praticados até
determinada data), da prescrição (data em que se começa a contar o prazo), etc.
Existem teorias a respeito:
a) Teoria da atividade considera como tempo do crime o momento da
conduta (ação ou omissão). Assim, por exemplo, o momento do crime é
aquele no qual o agente efetua os disparos contra a vítima, mesmo que
ela venha a morrer em momento posterior;
Direito 51
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
E, ainda, estabelece no artigo 7º, que ficam sujeitos à lei brasileira, embora
cometidos no estrangeiro, os seguintes crimes:
Extraterritorialidade
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado,
de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista,
autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda
que absolvido ou condenado no estrangeiro.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso
das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a
extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a
pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não
estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra
brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
Direito 52
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime
quando, diversas, ou nela é computada, quando idênticas. Leia o artigo 8º:
Síntese:
• Neste texto você aprendeu qual é o objeto de estudo do direito penal;
• Verificou que a Constituição Federal garante aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, entre outros, nos seguintes termos:
o ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei;
o não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal;
o a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
• Compreendeu, ainda, que se considera praticado o crime no lugar em que ocorreu
a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria
produzir-se o resultado.
Direito 53
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
8. DIREITO ADMINISTRATIVO
Objetivo
O Objetivo deste texto é conceituar o direito administrativo e abordar alguns tópicos
relevantes dessa área do direito.
José Cretella Jr. (1991, p. 31)14 diz que Direito Administrativo é “o ramo do Direito
Público interno que regula a atividade das pessoas jurídicas e a instituição de meios e os
órgãos relativos à ação dessas pessoas”.
Gustavo Scatolino e João Trindade (2016, p. 31), por sua vez, estabelecem a
relevância do estudo do direito administrativo da seguinte forma:
O estudo do Direito Administrativo é pressuposto para o de outras matérias ou, ao
menos, para sua devida compreensão. Ao se estudar, por exemplo, finanças
públicas, a Constituição, por diversas vezes, faz referência aos institutos do Direito
Administrativo, mencionando Administração Direta, Indireta e demais órgãos e
entidades públicas.
É matéria que tem estreita relação com o Direito Constitucional, pois, na Carta de
1988, foi destinado capítulo específico à ‘Administração Pública; com o Direito
Processual Civil, pois, com o advento da Lei 9.784/99, foram emprestados diversos
institutos ao processo administrativo; com o Direito Penal, pois existem tipos penais
previstos, como, por exemplo, ‘Crimes contra a Administração Pública’; o Direito
Tributário tem sua base no Direito Administrativo e, por vezes, completa-o, como
por exemplo, o conceito de poder de polícia, presente no artigo 78, do CTN.
14
Apud Sergio Pinto Martins (2015, p. 115)
Direito 54
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Então, para falarmos desses princípios, antes, vamos verificar o que significa
“administração pública direita” e “indireta”?
Sergio Pinto Martins (2015, p. 115) afirma que “Administração Pública Direta
compreende serviços prestados pela própria Administração e se confunde com o Poder
Executivo, seus ministérios, secretarias, etc.”
Exemplificando:
AUTARQUIA
O Banco Central do Brasil (BCB) é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da
Fazenda, com sede e foro na Capital da República e atuação em todo o território nacional.
Foi criado pela Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964.
Direito 55
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
EMPRESA PÚBLICA
A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Santos) é
uma empresa pública municipal criada em 13 de dezembro de 1994
pela Lei Nº 1.366 e reorganizada em janeiro de 1998 pela Lei Complementar Nº 299. Com
a aprovação do Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97), a CET passou a ser
responsável pelo gerenciamento, planejamento, educação, operação e fiscalização do
trânsito, além do gerenciamento do transporte público municipal.
FUNDAÇÃO PÚBLICA
A Lei nº 10.071 de 10 de abril de 1968, do Estado de São Paulo, instituiu
a Fundação Para o Remédio Popular - FURP -, entidade civil, com prazo de
duração indeterminado.
Direito 56
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
O que isso quer dizer? Fábio Bellote Gomes (2006, p. 9) explica cada um deles:
Princípio da Legalidade
A Administração Pública e seus agentes devem sempre atuar em conformidade com
a lei aplicável. Aqui, o conceito de lei tem caráter genérico, na medida em que
engloba todo e qualquer ato normativo (lei ordinária, lei complementar, decreto,
resolução, portaria etc), sendo que a desconformidade do ato administrativo com a
lei aplicável implica a sua invalidade, respondendo o seu autor pela infração
cometida.
Princípio da Impessoalidade
De acordo com este princípio, a atuação da Administração Pública deve sempre se
dar de forma impessoal, dirigida a todos os administrados em geral, sem
discriminação de qualquer natureza.
Por isso, é vedado à Administração Pública criar distinções ou privilégios não
previstos expressamente em lei, de modo que os atos administrativos não podem
ser elaborados ou praticados com a finalidade de propiciar benefício ou prejuízo a
determinado administrado.
Para alguns estudiosos do Direito Administrativo, inclusive, o princípio da
impessoalidade é considerado como decorrente do próprio princípio da igualdade
ou isonomia, previsto no art. 5º, caput, da Constituição Federal.
Princípio da Moralidade
Toda sociedade possui padrões morais destinados a nortear as condutas humanas,
a partir de variadas concepções existenciais. Assim, em termos sociais, um padrão
moral pode ser ditado, por exemplo, por uma religião ou por uma ideologia política.
No âmbito da Administração Pública, entretanto, o conceito de moralidade assume
um caráter mais técnico. Trata-se aqui da chamada moralidade administrativa, que
é o conjunto de princípios ou padrões morais que norteiam a conduta dos agentes
públicos no exercício de suas funções e a prática dos atos administrativos.
(...)
A moralidade administrativa encerra em si outro conceito essencial à Administração
Pública: o de probidade administrativa. A palavra probidade, originária do latim
probus (honesto), refere-se ao padrão de honestidade e lisura que é esperado dos
agentes públicos no exercício de suas funções administrativa, notadamente aquelas
relacionadas à gestão do patrimônio público.
Princípio da Publicidade
A publicidade é um elemento que, em princípio, deve envolver todos os atos da
Administração Pública.
Por isso, é obrigatória a divulgação na imprensa oficial (Diários Oficiais da União,
dos estados, dos municípios e do Distrito Federal) dos atos, contratos e outros
Direito 57
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Princípio da Eficiência
Introduzido no ordenamento jurídico pátrio pela Emenda Constitucional n. 19, de
04.06.1998, o princípio da eficiência impõe à Administração Pública e a seus
agentes o dever de desempenhar suas funções com rapidez, perfeição e
rendimento compatíveis, de modo a satisfazer os anseios dos administrados.
Assim, quando se fala em rapidez, significa que a Administração Pública não pode
retardar indevidamente a prática de seus atos.
A perfeição traduz-se pela observância dos corretos padrões técnicos fixados para
a prestação de determinado serviço público.
Por fim, o rendimento se verifica pelo exato equilíbrio na relação custo-benefício na
prática de determinado ato administrativo.
O conceito de eficiência é característico das empresas privadas, em que a busca
do lucro constitui a finalidade principal, daí a importância da eficiência nesse setor.
Na Administração Pública, por sua vez, a finalidade precípua (senão exclusiva) é a
satisfação do interesse público. Disso resulta que o padrão de eficiência a ser
exigido dela deve ser distinto daquele preconizado para a atividade empresarial, sob
pena de sua inadequação ao modelo de Administração Pública existente no Brasil.
Síntese:
• Neste texto você aprendeu o objetivo do direito administrativo;
• Verificou que a Administração Pública Direta compreende serviços prestados pela
própria Administração e se confunde com o Poder Executivo, seus ministérios,
secretarias etc”. E que a Administração Pública indireta é composta pelas
sociedades de economia mista, pelas empresas públicas que exploram atividade
econômica, pelas fundações públicas e pelas autarquias.
• Conheceu os princípios que norteiam a administração pública.
Direito 58
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
9. DIREITO AMBIENTAL
Objetivo
O objetivo deste texto é abordar tópicos relevantes relacionados ao direito ambiental.
CAPÍTULO VI
DO MEIO AMBIENTE
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo
ecológico das espécies e ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e
fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão
permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto
ambiental, a que se dará publicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e
substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio
ambiente;
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem
em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os
animais a crueldade.
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio
ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público
competente, na forma da lei.
Direito 59
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Dessa forma, a preocupação com o meio ambiente não fica restrita ao presente,
mas, também, às futuras gerações, como mencionado no caput do artigo 225.
Como bem destaca Carlos Alberto Lunelli, no Capítulo que trata do Direito Ambiental
e Novos Direitos, na obra Direito Ambiental e Sociedade (2015, p. 11):
Em tempos com este, de mudanças climáticas e acaloradas discussões sobre os
seus efeitos, a atenção da humanidade sobre a questão ambiental ganha maior
importância. Do Brasil, pela sua extensão e riqueza em recursos naturais, espera-
se ainda mais.
A legislação protetiva ambiental representou um passo importante na afirmação e
no reconhecimento desse direito que é de todos. A dificuldade e o desafio, no
entanto, escondem-se por trás do problema da efetividade, ainda mais num terreno
como o ambiental, em que o discurso jurídico faz pouco efeito, brocardos de nada
valem e as políticas públicas parecem incapazes de evitar o desmatamento voraz,
a extinção de espécies, a agregação urbana desordenada e a supremacia do valor
econômico sobre o bem ambiental.
Por isso, para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público, entre
outras obrigações, promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente.
Direito 60
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Coautor é quem executa, juntamente com outros, a ação ou omissão que configura
o delito (p. ex.: Tício e Caio caçam espécimes de fauna silvestre; Fernando e Joel
degradam floresta).
Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou
qualificam o crime:
I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;
II - ter o agente cometido a infração:
a) para obter vantagem pecuniária;
b) coagindo outrem para a execução material da infração;
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio
ambiente;
d) concorrendo para danos à propriedade alheia;
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder
Público, a regime especial de uso;
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;
g) em período de defeso à fauna;
h) em domingos ou feriados;
i) à noite;
j) em épocas de seca ou inundações;
l) no interior do espaço territorial especialmente protegido;
m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais;
n) mediante fraude ou abuso de confiança;
o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental;
Direito 61
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Exemplificando:
Queda da Barragem da Samarco. Você lembra desse caso? Aconteceu em
novembro de 2015?!
• http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/03/1752987-stj-suspende-
pedido-de-prisao-de-executivos-da-samarco.shtml acesso em 22/03/2019
Diante disso, é certo que cabe ao Poder Público e à coletividade o dever de defender
e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações e que, quem, de
qualquer forma, concorrer para a prática dos crimes previstos na Lei 9.605/98, incidirá nas
penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o
administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto
ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de
impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.
Direito 62
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Síntese:
• Neste texto você aprendeu que a Constituição Federal destina um capítulo ao
Meio Ambiente e que cabe ao Poder Público e à coletividade o dever de defender
e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações;
• A Lei 9.605/98 dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.
Direito 63
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância
Direito 64