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DIREITO

Me. Adriana Straub

GUIA DA
DISCIPLINA
2022
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância

1. DIREITO MORAL ÉTICA

Objetivo
O objetivo principal deste texto é conceituar direito, moral e ética e esclarecer o que
são fontes do direito e como se classificam e interpretam as normas jurídicas.

Introdução
Você já conceituou os termos direito, moral e ética? Já pensou o que representa
cada uma dessas palavras?

Parece fácil? Difícil? Será que tem alguma importância saber o que significam direito,
moral e ética?

No dicionário Michaelis online1, entre os vários significados, encontramos:


Direito - Di.rei.to
sm 1 O que é justo e conforme com a lei e a justiça. 2 Faculdade legal de praticar ou não praticar
um ato. 3 Dir Ciência das normas obrigatórias que disciplinam as relações dos homens numa
sociedade; jurisprudência. Possui inúmeras ramificações. 4 Prerrogativa, privilégio.

Moral - Mo.ral
adj (lat morale) 1 Relativo à moralidade, aos bons costumes. 2 Que procede conforme à
honestidade e à justiça, que tem bons costumes. 3 Favorável aos bons costumes. 4 Que se refere
ao procedimento. 5 Que pertence ao domínio do espírito, da inteligência (por oposição a físico ou
material). 6 Diz-se da teologia que se ocupa dos casos de consciência. 7 Diz-se da certeza que se
baseia em grandes probabilidades, e não em provas absolutas. 8 Diz-se da atitude ou
comportamento de quem está perturbado, confuso ou embaraçado por qualquer circunstância. 9
Diz-se de tudo que é decente, educativo e instrutivo.

Ética - É.ti.ca
sf (gr ethiké) 1 Parte da Filosofia que estuda os valores morais e os princípios ideais da conduta
humana. É ciência normativa que serve de base à filosofia prática. 2 Conjunto de princípios morais
que se devem observar no exercício de uma profissão; deontologia.

Vamos agora verificar o que os doutrinadores esclarecem sobre esses vocábulos?

1
http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues -portugues&palavra=direito,
acesso em 23/10/2017.

Direito 1
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1.1. Direito – Moral – Ética


Rizzatto Nunes (2015, p. 73) diz que o termo ‘direito’ comporta pelo menos as
seguintes concepções:
“a de ciência, correspondente ao conjunto de regras próprias utilizadas pela Ciência
do Direito; a de norma jurídica, como a Constituição e as demais leis e decretos,
portarias etc.; a de poder ou prerrogativa, quando se diz que alguém tem a
faculdade, o poder de exercer um direito; a de fato social, quando se verifica a
existência de regras vivas existentes no meio social; e a de justiça que surge quando
se percebe que certa situação é direito porque é justa”.

Para Roberto Senise Lisboa (2008, p. 2) “utiliza-se o vocábulo Direito como a ciência
ética que estabelece condutas a serem observadas pelas pessoas na sociedade”.

Sergio Pinto Martins (2015, p. 3), na mesma linha, elucida que “são encontrados
vários significados para a palavra Direito, como norma, lei, regra, faculdade, o que é devido
à pessoa, fenômeno social etc” e, no que diz respeito à moral e ética, ressalta que:

A moral tem um conceito que varia com o tempo, em razão de questões políticas,
sociais, econômicas.
A moral de ontem pode não ser a moral de hoje. Ela varia historicamente e em cada
sociedade. (p. 6)
Ética vem do grego ethos, com o significado de modo ser ou caráter. Diz respeito a
um comportamento que deve ser seguido pelo hábito (p.465).

• Consulte a Unidade 1, págs. 1 a 11, do Livro Introdução ao


Direito, organizado por Ricardo Glasenapp.
• Basta acessar:
https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/22137.

1.2. Fontes Do Direito


Você sabe o que é fonte?
O dicionário Michalis online, disponível em http://michaelis.uol.com.br, acesso em
23/10/2017, registra que:

Direito 2
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Fonte - fon.te
sf (lat fonte) 1 Manancial de água que brota do solo; nascente. 2 Chafariz. 3 Bica por onde corre
água ou outro líquido. 4 Chaga aberta com cautério; exutório. 5 Causa, origem, princípio. 6 Texto
original de uma obra. 7 Qualquer substância que emite radiação.

Assim sendo, no que diz respeito ao direito, fonte é a origem, o princípio do direito.

Como bem destaca Rizzatto Nunes (2015, p. 114), observando-se a doutrina que
trata do assunto, os conceitos e classificações variam de autor para autor.

A classificação dada por Ricardo Glassenapp (2014, ps. 19-20) é a seguinte2:


“As fontes do Direito podem ser classificadas como: imediatas e mediatas (ou
diretas e indiretas); voluntárias e involuntárias; estatais e não estatais”.

Fontes imediatas e mediatas


“Fontes imediatas (ou diretas) são aquelas que compõem diretamente o sistema
jurídico, como as leis em geral (Constituição, decretos, medidas provisórias, portarias etc.),
especialmente no caso brasileiro. As fontes mediatas (ou indiretas) são os costumes, os
princípios gerais de direito, a jurisprudência e a doutrina. Alguns autores utilizam outros
termos, como fontes próprias ou puras (fontes diretas) e impróprias e impuras (fontes
indiretas). Há também autores que falam de fontes principais (imediatas) e fontes
acessórias (mediatas)”.

Fontes voluntárias e involuntárias


“Nesse caso, a classificação refere-se à forma e ao processo de criação das fontes
do Direito. As fontes voluntárias são resultantes do processo legislativo formal, como é o
caso das leis. As fontes involuntárias são aquelas que ajudam, indiretamente, na formação
do Direito, como os costumes”.

Fontes estatais e não estatais


“Fontes estatais, como o próprio nome indica, são aquelas produzidas pelo sistema
jurídico do Estado – a legislação, a jurisprudência e os princípios gerais de direito. As fontes
não estatais, como os costumes e a doutrina, têm sua origem na sociedade civil”.

2
http://unisanta.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788543005102/pages/19 , acesso em
23/10/2017.

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Define-se jurisprudência como o conjunto das decisões dos tribunais a


respeito do mesmo assunto. Alguns especificam ‘conjunto das decisões
uniformes dos tribunais’ e outros falam apenas em ‘conjuntos de decisões’,
sem referência à uniformidade. (Rizzatto Nunes, 2015, p. 138)

Leia a decisão abaixo que trata do nascimento de um direito por meio de um costume
local.

“... A ré comercializava bens de consumo pessoal, através da microempresa Bazar e Mercearia Monte Santo
(Adélia Trevizani ME.) e fornecia refeições pelo Restaurante Dona Adélia (Alberto Benevuto de Paula Braga
ME.), estabelecidos no município de Mococa.
A autora e seu namorado, R. de C. D., adquiriam produtos e tomavam refeições nos aludidos
estabelecimentos, mediante pagamento mensal e anotação diária no sistema conhecido como "caderneta".
A Ré denunciou ao Serviço de Proteção ao Crédito, a Autora como devedora da quantia de R$ 252,40.
A contestação veio instruída com as anotações de fls. 38/43, das refeições tomadas de janeiro a junho de
2003, assim como, dos produtos adquiridos no bazar (chocolate, coxinhas, salgadinhos, coca-cola, leite,
aparelho de barbear e assemelhados).
Foi tomado o depoimento pessoal das partes, confirmando a Ré, dona de ambos os estabelecimentos as
anotações e o débito existentes, que foram roborados por três testemunhas ouvidas.
Como bem acentuou a r. sentença recorrida, cabia à autora a prova de suas alegações, consistentes na
inexistência do débito denunciado. Todavia, a prova produzida pela Ré, convence plenamente de que a
Autora, ao contrário do afirmado na inicial, frequentava o restaurante, tomava refeições e adquiria bens de
consumo pessoal. As anotações encontram-se bem detalhadas nos documentos supramencionados, fazendo
crédito em favor da Ré.
Repita-se: não trouxe a Autora, como lhe incumbia, nenhum elemento que contrariasse a prova trazida aos
autos pela apelada ré.
No tocante ao valor cobrado, justificou a Ré a dedução da quantia de R$ 80,00, paga pela Autora, através do
cheque de fls. 9.
É de conhecimento público e notório, o costume interiorano, e até na periferia das grandes cidades, a
abertura de crédito informal pelos estabelecimentos comerciais, para pagamento no final do mês,
mediante anotação em "caderneta" ou documento que o valha.
A relação costumeira se estabelece na mais estrita confiança entre fornecedor e consumidor conhecidos, que
não pode deixar de ser apreciada e reconhecida nos Tribunais.

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Isto por força do art. 4o, do Decreto Lei n° 4.657, de 04.09.42, Lei de Introdução ao Código Civil, que
estabelece que
"quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes, e os princípios gerais
de direito".
É precisamente o caso dos autos.
Trata-se, na verdade, de singela compra e venda de bens de consumo e fornecimento de refeições, que, de
rigor, não exige mais do que a convergência de vontades verbal. O consumidor recebe o produto, paga por
ele e consumado está o contrato. Salvo em bens de grande valor, como aparelhos eletrodomésticos e
automóveis, não se tem o hábito de exigir recibo. Via de regra, o documento fiscal é o suficiente para a prova
documental do negócio.
O art. 113, do Código Civil vigente, estabelece:
"Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos e lugar de sua celebração."

O dispositivo aplica-se como luva ao caso dos autos, nada havendo a contrariar o consumo pela apelante,
assim como, a regularidade do débito denunciado.
Obviamente, em razão da solução dada ao feito, não que se cogitar de reparação por danos morais.
De ser mantida, pelos seus bem lançados fundamentos, a r. sentença da lavra da MM. Juíza ELANI CRISTINA
MENDES MARUM.
Nego provimento ao recurso.
NORIVAL OLIVA
Relator
(TJPS - Apelação n° 992.06.035466-5 – j. São Paulo, 06 de julho de 2010)
https://esaj.tjsp.jus.br/cjsg/getArquivo.do?cdAcordao=4581896&cdForo=0&vlCaptcha=cknsw, acesso em
23/10/2017.

1.3. Classificação das Normas Jurídicas


Rizzatto Nunes (2015, p. 249-254) classifica as normas jurídicas quanto à hierarquia,
à natureza de suas disposições, à aplicabilidade, à sistematização, à obrigatoriedade, à
esfera do Poder Público de que emanam.

Quanto à hierarquia
a) Normas constitucionais;
b) Leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, decretos legislativos e
resoluções, medidas provisórias;
c) Decretos regulamentares;

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d) Outras normas de hierarquia inferior, tais como portarias, circulares etc.

Quanto à natureza de suas disposições


a) Normas jurídicas substantivas ou materiais são as que criam, declaram e definem direitos, deveres
e relações jurídicas. São, por exemplo, as normas do Código Civil, Código Penal, Código
Comercial, Código de Defesa do Consumidor etc.
b) Normas jurídicas adjetivas ou processuais são as que regulam o modo e o processo, para o acesso
ao Poder Judiciário. São, por exemplo, as normas do Código de Processo Civil, do Código de
Processo Penal.

Quanto à aplicabilidade
a) Normas jurídicas autoaplicáveis: entram em vigor independentemente de qualquer norma
posterior;
b) Normas jurídicas dependentes de complementação: são as que expressamente declaram sua
necessidade de complementação por outra norma; e,
c) Normas jurídicas dependentes de regulamentação: designam geralmente que os órgãos do Poder
Executivo definirão e detalharão sua aplicação e executoriedade.

Quanto à sistematização
a) Constitucionais
b) Codificadas
c) Esparsas
d) Consolidadas

Quanto à obrigatoriedade
a) Normas de ordem pública.
b) Normas de ordem privada.

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Quanto à esfera do Poder Público de que emanam


a) Federais.
b) Estaduais.
c) Municipais.

• Para saber mais sobre a Classificação das Normas Jurídicas, consulte as páginas
56 a 60, do livro Introdução ao Direito, de Clareci mezzomo.
• Basta acessar:
https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/3081

1.4. Interpretação do Direito


O Dicionário Michaelis3 registra que interpretar é:
1 Aclarar, explicar o sentido de: Interpretar leis, textos etc. Interpretamos termos
obscuros pelos contextos. 2 Tirar de (alguma coisa) uma indução ou presságio:
Interpretar sonhos. "E Faraó contou-lhe os seus sonhos, mas ninguém havia que os
interpretasse a Faraó" (Gênesis, 41, 8 - trad. de João Ferreira de Almeida). 3 Ajuizar
da intenção, do sentido de: Não sei como interpretar o seu sorriso. 4 Traduzir ou
verter de língua estrangeira ou antiga: Interpretara Homero em português. 5
Reproduzir ou exprimir a intenção ou o pensamento de: Interpretar a natureza, as
paixões, os costumes. Interpretava nesse dia a sátira de um poeta cômico.

Nessa linha, interpretar a lei é encontrar seu sentido, significado.

Martins (2015, p. 21) esclarece que a interpretação decorre da análise da norma


jurídica que vai ser aplicada aos casos concretos e, para tanto, indica as formas de
interpretação4:

3
http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues -
portugues&palavra=interpretar, acesso em 23/10/2017.
4
Martins, Sergio Pinto. Instituições de Direito Público e Privado. 15ª ed. São Paulo: Atlas, 2015.

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a) Gramatical ou literal (verba legis): consiste em verificar qual o sentido do texto gramatical da norma
jurídica. Analisa-se o alcance das palavras encerradas no texto legal.
b) Lógica: em que se estabelece conexão entre vários textos legais a serem interpretados;
c) Teleológica ou finalística: a interpretação será dada ao dispositivo legal de acordo com o fim colimado
pelo legislador;
d) Sistemática: a interpretação será dada ao dispositivo legal de acordo com a análise do sistema no
qual está inserido, sem se ater à interpretação isolada de um dispositivo, mas, sim, a seu conjunto;
e) Extensiva ou ampliativa: em que se dá um sentido mais amplo à norma a ser interpretada do que ela
normalmente teria;
f) Restritiva ou limitativa: dá-se um sentido mais restrito, limitado, à interpretação da norma jurídica;
g) Histórica: o Direito decorre de um processo evolutivo. Há necessidade de se analisar, na evolução
histórica dos fatos, o pensamento do legislador não só à época da edição da lei, mas também de
acordo com a sua exposição de motivos, mensagens, emendas, as discussões parlamentares etc. O
Direito, portanto, é uma forma de adaptação do meio em que vivemos em razão da evolução natural
das coisas;
h) Autêntica: é a realizada pelo próprio órgão que editou a norma, que irá declarar seu sentido, alcance
e conteúdo, por meio de outra norma jurídica. Também é chamada de interpretação legal ou
legislativa;
i) Sociológica: em que se verifica a realidade e a necessidade social na elaboração da lei e em sua
aplicação. O juiz, ao aplicar a lei, deve ater-se aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do
bem comum.

Síntese:
• Você aprendeu, neste texto, a distinção entre direito, moral e ética;
• O que são e quais são as fontes do direito;
• Classificação das normas jurídicas;
• Formas de interpretação do direito.

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2. DIREITO CONSTITUCIONAL

Objetivo
O objetivo deste texto é tecer algumas considerações importantes sobre o Direito
Constitucional, abordando, para tanto, aspectos relevantes da Constituição Federal.

Você sabe qual é o objeto do direito constitucional?

Ana Flávia Messa (2016, p. 42) diz que o “Direito Constitucional tem por objeto a
Constituição do Estado, isto é, o estudo sistematizado da organização jurídica fundamental
do Estado”.

Sergio Pinto Martins (2015, p. 60), esclarece, por sua vez, que o “Direito
Constitucional é o ramo do Direito Público que estuda os princípios, as regras
estruturadoras do Estado e garantidoras dos direitos e liberdades individuais”.

Antonio Riccitelli (2007, p. 38), na mesma linha, assegura que:


Direito Constitucional é o ramo do direito público que tem como foco principal limitar
os poderes Estado em benefício da preservação dos direitos e garantias individuais
da população, objetivando seu bem-estar coletivo, premissa básica justificadora da
própria existência do Estado.
Por ser guardião da limitação dos poderes do Estado, materializado em sua
Constituição, o direito constitucional, entre outras coisas, regulamenta sua estrutura
fundamental, controla sua organização, fiscaliza e garante a clássica divisão
autônoma e harmônica dos três poderes.

Percebeu?! O Direito Constitucional está ligado diretamente à Constituição.

Você sabe quantas Constituições já foram promulgadas/outorgadas no Brasil?

Quer saber? A atual Carta Magna é a sétima desde a Independência do País.

Mas vamos esclarecer o seguinte: Em 1969, a Emenda Constitucional nº 1, de 17 de


outubro, editou o novo texto da Constituição Federal de 24 de janeiro de 1967.

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Diante desse fato, como ressalta Flávia Messa (2016, p. 85), “há divergência a
respeito da natureza jurídica desta emenda, de forma que alguns consideram como nova
Constituição”.

Sergio Pinto Martins (2016, p. 63) também faz essa ressalva: “não é exatamente uma
Constituição, mas uma emenda constitucional. Na prática, acaba sendo uma Constituição,
pois alterou toda a Constituição de 1967” e acrescenta:
A Constituição da República de 1891, a de 1934, de 1946 e de 1988 foram
promulgadas, tendo sido votadas pela Assembléia Nacional Constituinte.
As Constituições de 1937, 1967 e a Emenda Constitucional nº 1/69 foram
outorgadas, impostas às pessoas, por regimes ditatoriais.

Para entender melhor, consulte a Emenda Constitucional nº 01, disponível


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc_anterior1988/emc01-
69.htm, acesso em 22/03/2019.

Voto censitário era a concessão do direito do voto apenas aqueles cidadãos


que possuíam certos critérios que comprovassem uma situação financeira
satisfatória. Desse modo, os cidadãos eram classificados em ativos – que
pagavam impostos – e passivos que tinham uma renda baixa. Apenas os
ativos tinham o direito de votar. (...) Hoje, diferente daquela época, o direito
de voto é universal, independente de renda, raça ou religião.
Fonte: http://www.turminha.mpf.mp.br/eleicoes/turminha-nas-eleicoes-
2012/voce-sabia/voto-censitario/
Acesso em 22/02/19

Direito 10
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Importante destacar sobre as Constituições os seguintes aspectos: conteúdo, forma,


origem, ideologia, modo de elaboração, estabilidade e extensão.

Antônio Riccitelli, em sua obra Direito Constitucional: teoria do Estado e da


Constituição, ensina que:
“Assim, interessa predominantemente conhecer as constituições sob os seguintes
aspectos: conteúdo, forma, origem, ideologia, modo de elaboração, estabilidade e
extensão.

Quanto ao conteúdo, as constituições podem ser materiais ou formais.


Constituição material é aquela que contém normas essencialmente ou
materialmente constitucionais, como dispositivos que se refiram à forma de Estado
ou de governo e limites de sua ação, como os arts. 1º, 2º e 18 da Constituição
Federal da República Federativa do Brasil de 1988. As constituições formais
apresentam normas que não integram a estrutura básica do Estado, mas
encontram-se formalmente em seus textos. Com relação à forma, as constituições
podem ser escritas, codificadas e sistematizadas, ou não escritas, conhecidas como
costumeiras, ou consuetudinárias, por se fundamentar nos costumes, na
jurisprudência e em convenções.
Por seu turno, as constituições classificadas sob a égide de sua origem podem ser
populares, democráticas, promulgadas ou votadas exatamente por exprimir a
vontade soberana do povo.

Diferentemente das promulgadas, as constituições classificadas como outorgadas


caracterizam-se pela imposição da vontade autoritária de um governante ou de um
colegiado. As constituições outorgas não emergem de uma manifestação de
soberania nacional, mas sim da vontade pessoal e autoritária de um possuidor
transitório do poder. A fim de revestir de legitimidade a outorga de uma constituição,
alguns governantes propõem que sejam submetidas a um plebiscito ou referendum,
conforme fez Napoleão Bonaparte com a Carta francesa de 1799, e como prometeu
fazer, e não cumpriu Getúlio Vargas no caso da Constituição de 1937.
A ideologia escolhida pode ser ortodoxa, representada por pensamento único,
como foi o caso da Constituição Soviética de 1977, ou eclética, formada por várias
ideologias conciliatórias, como é o caso da Constituição pátria de 1988, apelidada
de ‘Cidadã”. Quanto ao modo de elaboração, as constituições são classificadas
em dogmáticas ou históricas. As primeiras são assim conhecidas por sistematizar
os dogmas da teoria política dominante no momento de sua elaboração. As
constituições históricas, por seu turno, cristalizam o lento evoluir das tradições,
como ocorreu coma Constituição inglesa.

A estabilidade ou mutabilidade é outro item que integra o sistema de classificação


das constituições. Sob esse prisma, uma constituição a fim de ser considerada
rígida exige para sua alteração um processo mais complexo e solene que o
ordinário. Não pode ser alterada por um processo comum de elaboração das leis
ordinárias. A reforma ou emenda de uma Constituição rígida exige a realização de
amplas discussões, quórum e dois terços em dois turnos, resumindo a adoção de
procedimentos solenes e especiais. O exemplo clássico de Constituição rígida é o
da norte-americana, que apresenta um texto expresso para sua reforma. As
constituições flexíveis ou plásticas podem ser alteradas por meio de processo
legislativo ordinário. Ainda sob o aspecto da estabilidade, uma Constituição pode
ser classificada como semirrígida quando reúne características dos dois tipos
anteriores.

A extensão de uma Constituição é outro item que lhe confere a classificação


concisa ou sintética, por conter apenas princípios gerais, como a norte-americana,
ou prolixa ou analítica, por apresentar matéria estranha ao direito constitucional
material, como a Constituição Federal pátria de 1988”.

Direito 11
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Roberto B. Dias da Silva (2007, p. 24), em sua obra Manual de Direito Constitucional,
apresenta a seguinte Classificação da Constituição:

A CONSTITUIÇÃO MATERIAL E A CONSTITUIÇÃO FORMAL


A constituição material é o conjunto de regras que trata das matérias, dos assuntos,
dos temas constitucionais, isto é, da estrutura do Estado, das relações de poder e
dos direitos fundamentais das pessoas.
Por outro lado, Constituição formal é o conjunto de regras que assume a forma de
norma constitucional. Assim, os comandos jurídicos inseridos no texto constitucional
escrito, por meio de um procedimento diferente daquele adotado para a criação das
demais normas jurídicas, compõem o que se convencionou chamar de Constituição
formal.

AS CONSTITUIÇÕES OUTORGADAS E AS CONSTITUIÇÕES PROMULGADAS


Quanto à origem, as Constituições podem ser classificadas em outorgadas ou
promulgadas.
As outorgadas são as impostas autoritariamente por quem não recebeu poderes do
povo para tanto, como por exemplo, a Constituição brasileira de 1937.
Já as promulgadas são as Constituições que surgem como resultado de um
processo democrático de elaboração, como a Constituição brasileira de 1988.

AS CONSTITUIÇÕES ESCRITAS E AS CONSTITUIÇÕES COSTUMEIRAS


Quanto à forma, as Constituições podem ser escritas ou costumeiras.

As Constituições costumeiras são formadas paulatinamente por meio dos costumes,


decisões judiciais e documentos esparsos, sendo que suas regras não se
condensam em um único texto escrito e formal, apesar de ser consideradas normas
que estruturam o Estado e estabelecem os direitos e garantias fundamentais dos
cidadãos. A Inglaterra é um exemplo típico de um Estado regido por uma
Constituição costumeira.
Por outro lado, as Constituições escritas são as que contemplam, em um único texto
escrito, as normas que estruturam o Estado e fixam os direitos e as garantias
fundamentais dos cidadãos. Atualmente, a grande maioria dos Estados é regida por
esse tipo de Constituição, como acontece, por exemplo, no Brasil, na Espanha, em
Portugal e no Chile.

AS CONSTITUIÇÕES ANALÍTICAS E AS CONSTITUIÇÕES SINTÉTICAS


Quanto à extensão, as Constituições podem ser classificadas como sintéticas ou
analíticas.
As Constituições sintéticas contém poucos artigos, sendo as matérias
constitucionais reguladas por um número reduzido de disposições normativas. Em
função desse motivo, a atividade interpretativa dessas Constituições permite, de
maneira mais acentuada, a atualização dos entendimentos sobre os assuntos por
elas tratados. Como exemplo de Constituição sintética há a Constituição dos
Estados Unidos da América.
As Constituições analíticas – como a Constituição brasileira de 1988 – tratam dos
temas constitucionais de maneira minuciosa e detalhada, sendo compostas,
portanto, de vários artigos.

AS CONSTITUIÇÕES RÍGIDAS, SEMIRRÍGIDAS E FLEXÍVEIS


Quanto à alterabilidade ou modificação, as Constituições podem ser rígidas,
semirrígidas ou flexíveis. Constituição rígida é aquela que prevê para a sua
alteração um procedimento mais difícil, mais árduo, mais rigoroso do que o previsto
para a criação ou alteração das demais regras do ordenamento jurídico. É o caso
da Constituição Federal de 1988. Constituição flexível é aquela que permite sua
alteração pelo mesmo procedimento previsto para criar ou alterar a legislação
ordinária. E Constituição semirrígida é aquela que parte de suas regras requer um
procedimento de alteração mais difícil do que o exigido para modificar a legislação
ordinária - como ocorre com as Constituições rígidas – e, em relação a outros
dispositivos, prevê o mesmo procedimento de alteração para modificar a legislação

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ordinária – como nos casos das Constituições flexíveis. A Constituição brasileira de


1824 era semirrígida.

A atual Constituição foi promulgada no dia 05 de outubro de 1988. Leia o preâmbulo:

PREÂMBULO
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional
Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos
direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a
igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem
preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e
internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção
de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

De acordo com a Carta Magna, a República Federativa do Brasil constitui-se em


Estado Democrático de Direito e tem com fundamentos a soberania, a cidadania, a
dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e o
pluralismo político. Esse é o teor do artigo 1º:

Dos Princípios Fundamentais


“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito
e tem como fundamentos:
I - A soberania;
II - A cidadania
III - A dignidade da pessoa humana;
IV - Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - O pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o


Executivo e o Judiciário.

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Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:


I - Construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - Garantir o desenvolvimento nacional;
III - Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e
regionais;
IV - Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e
quaisquer outras formas de discriminação”.

Entre outras garantias, estabelece no artigo 5º, os Direitos e Deveres Individuais e


Coletivos. Veja alguns deles:

Dos Direitos e Garantias Fundamentais


CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude
de lei;
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização
por dano material, moral ou à imagem;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais
de culto e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas
entidades civis e militares de internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção
filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a
todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,
independentemente de censura ou licença;

Direito 14
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X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,


assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de
sua violação;
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de
dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial,
nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal
ou instrução processual penal;
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a lei estabelecer;
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte,
quando necessário ao exercício profissional;
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer
pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público,
independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio
aviso à autoridade competente;
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter
paramilitar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de
autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas
atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o
trânsito em julgado;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade
para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente;
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;

Direito 15
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• Consulte a obra Direito constitucional, de Ana Flávia Messa.


• Basta acessar:
https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/182492

Síntese:
• Este texto abordou o objeto do Direito Constitucional;
• Quantas Constituições já foram promulgadas/outorgadas no Brasil?
• Classificação das Constituições;
• Noções da atual Constituição Federal.

Direito 16
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3. DIREITO CIVIL

Objetivo
O objetivo deste texto é tecer algumas considerações importantes sobre o Direito
Civil, abordando, para tanto, aspectos relevantes da Código Civil.

Sergio Pinto Martins (2015, p. 225) diz que Direito Civil é o conjunto de princípios, de
regras e de instituições que regula as relações entre pessoas e entre estas e os bens de
que se utilizam.

A Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002, estabeleceu o atual Código Civil. Foi dividido
em Parte Geral e Parte Especial.

Vamos, agora, analisar alguns itens do Código Civil?


Iniciaremos com os tópicos personalidade e capacidade.

DA PERSONALIDADE E DA CAPACIDADE
Você sabia que toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil?
Isso mesmo! A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas
a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.

Veja, por exemplo, o caso abaixo:


“F. R. L. sofreu acidente de trânsito no dia 02 de setembro de 2013. Consta do
Boletim de Ocorrência nº 8305801, expedido no dia 09 de outubro de 2013, que a autora
seguia como passageira do automóvel VW Parati 1.6 Surf, prata, 2008, placas DSY-9255,
pela Rodovia BR 463, Dourados, MS, quando na altura do km 19,1 o condutor do caminhão
Imp/Volvo FH 12 380 4X2, placas DBM-2165, que vinha no sentido contrário, ao perder o
controle do veículo, invadiu a contramão obrigando o condutor do veículo Parati a sair da
pista pela direita, para evitar a colisão frontal e essa manobra culminou com o capotamento
do Parati. A autora sofreu ferimentos e foi levada ao Hospital Santa Rita pelos Bombeiros,
sofrendo, em consequência do acidente, o abortamento de gestação que contava dois (2)
meses”.

Diante desse fato, promoveu ação em face de SEGURADORA LIDER DOS


CONSORCIOS DO SEGURO DPVAT S/A pleiteando direito próprio de ver-se indenizada

Direito 17
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pela morte do filho nascituro, pois conforme previsto no artigo 2º do Código Civil: “A
personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde
a concepção, os direitos do nascituro”.

A ação foi julgada procedente para condenar a ré a pagar para a autora R$


13.500,00, com correção monetária a contar do evento danoso e juros de mora à taxa de
um por cento (1%) ao mês a contar da citação, impondo à ré o pagamento das custas
processuais e dos honorários advocatícios, que foram arbitrados em dez por cento (10%)
do valor da condenação.

A Ré recorreu. A decisão foi mantida.

A 27ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo entendeu “o


nascituro possui direitos da personalidade, inclusive o direito inerente à vida e, por isso
mesmo, a interrupção da gestação em decorrência do acidente em causa, justifica o
ajuizamento desta Ação do Seguro DPVAT por morte, nos termos do artigo 3º, inciso I, da
Lei nº 6.194/74, com as alterações dadas pelas Leis nºs 11.482/07 e 11.945/09. Essa
indenização é tão devida no caso dos autos quanto haveria de ser caso a autora, no mesmo
acidente, houvesse perdido um filho já nascido”. (TJSP - Apelação nº 1003162-
54.2014.8.26.0047 – j. 19 de maio de 2015).

Percebeu? Mesmo antes de nascer, a partir da concepção, já se tem direitos


garantidos.

São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os


menores de 16 (dezesseis) anos.

E são considerados incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os


exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua
vontade;
IV - os pródigos.

Direito 18
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Ébrio é a pessoa que se embriaga com constância.


Viciado é a pessoa que usa drogas com frequência.
Pródigo vem do latim prodigus, prodigere. É a pessoa que gasta
desordenadamente, que dissipa ou dilapida seu patrimônio sem justificativa. Faz
despesas inúteis, insensatas e excessivas, podendo ser levado à miséria.
(Sergio Pinto Martins. 2015, p. 227)

A capacidade dos indígenas, de acordo com o Código Civil, será regulada por
legislação especial.

A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada
à prática de todos os atos da vida civil.

Mas, cessará, para os menores, a incapacidade:


I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento
público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz,
ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de
emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos
tenha economia própria.

O artigo 1.634, do Código Civil, determina que compete a ambos os pais, qualquer
que seja a sua situação conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em,
quanto aos filhos:

(...)
VII - representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos atos
da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o
consentimento;

Direito 19
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Isso quer dizer que, até os 16 anos, os filhos devem ser representados pelos pais.
A partir dos 16 anos e até os 18 anos, quando cessará a menoridade, devem ser
assistidos.

A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos
ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. Um exemplo
recente ocorreu com pedreiro Amarildo, desaparecido na Rocinha. A Justiça declarou sua
morte presumida;

Além disso, se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se


podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão
simultaneamente mortos. Por exemplo, quando pai e filho falecem em acidente de avião ou
deslizamento de terra e não se tem como constatar que faleceu primeiro.

Comoriência5 - Morte simultânea de duas ou mais pessoas.

Também relevante, no que diz respeito aos direitos da personalidade, é o nome. Veja
o que estabelecem os artigos 16 a 19, do Código Civil:
Artigo 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o
sobrenome.
Artigo 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações
ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja
intenção difamatória.
Artigo 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda
comercial.
Artigo 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se
dá ao nome.

A Lei 6.015, de 31 de dezembro de 1973, que dispõe sobre os registros públicos,


também assegura que:
Art. 57. A alteração posterior de nome, somente por exceção e motivadamente,
após audiência do Ministério Público, será permitida por sentença do juiz a que
estiver sujeito o registro, arquivando-se o mandado e publicando-se a alteração pela

5
http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portuguesportugues&palavra=comoriência, acesso em 23/10/2017.

Direito 20
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imprensa, ressalvada a hipótese do art. 110 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº
12.100, de 2009).
(...)
§ 8o O enteado ou a enteada, havendo motivo ponderável e na forma dos §§ 2 o e
7o deste artigo, poderá requerer ao juiz competente que, no registro de nascimento,
seja averbado o nome de família de seu padrasto ou de sua madrasta, desde que
haja expressa concordância destes, sem prejuízo de seus apelidos de família.
(Incluído pela Lei nº 11.924, de 2009)
Art. 58. O prenome será definitivo, admitindo-se, todavia, a sua substituição por
apelidos públicos notórios. (Redação dada pela Lei nº 9.708, de 1998)
Parágrafo único. A substituição do prenome será ainda admitida em razão de
fundada coação ou ameaça decorrente da colaboração com a apuração de crime,
por determinação, em sentença, de juiz competente, ouvido o Ministério
Público.(Redação dada pela Lei nº 9.807, de 1999)

Aliás, a justiça autorizou que uma criança em Sergipe tenha em sua certidão de
nascimento os nomes da mãe biológica e dos pais adotivos Esse foi o primeiro caso de
pluriparentalidade no Estado6:

Até aqui tudo bem? Vamos continuar?

Então, vamos falar sobre as pessoas jurídicas?!


As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito
privado.

São pessoas jurídicas de direito público interno:


I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III - os Municípios;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.

6
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas -noticias/2014/02/17/crianca -adotada-tera-nome-das-
duas-maes-e-do-pai-em-certidao-de-nascimento.htm, acesso em 23/03/2019.

Direito 21
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São Autarquias, por exemplo:

São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as


pessoas que forem regidas pelo direito internacional público.

São pessoas jurídicas de direito privado:


I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações.
IV - as organizações religiosas;
V - os partidos políticos.
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.

Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição
do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou
aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que
passar o ato constitutivo.

O registro declarará:
I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando
houver;
II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores;
III - o modo porque se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e
extrajudicialmente;
IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo;
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse
caso.

Direito 22
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Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu


funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua.

Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua


dissolução.

As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que couber, às


demais pessoas jurídicas de direito privado.

Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa


jurídica.

Síntese:
− Este texto abordou o conceito de direito civil.
− Direito Civil é o conjunto de princípios, de regras e de instituições que regula
as relações entre pessoas e entre estas e os bens de que se utilizam.
− A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei
põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
− Quem são considerados absolutamente incapaz e relativamente incapaz;
− A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica
habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
− As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito
privado.

Direito 23
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4. DIREITO DO TRABALHO

Objetivo
O objetivo deste texto é tecer algumas considerações importantes sobre o Direito do
Trabalho, principalmente no que diz respeito a diferença entre relação de trabalho e relação
de emprego, requisitos da relação de emprego e sujeitos da relação de emprego:
empregador e empregado.

Você sabe qual é o objeto de estudo do direito do trabalho?


Sergio Pinto Martins (2015, p. 397) esclarece que o “objetivo do direito do trabalho é
estudar o trabalho subordinado, mas também as situações análogas, como o trabalho
avulso”.

Então, vamos iniciar traçando a diferença entre relação de trabalho e relação de


emprego?

Você já parou para pensar que nem toda relação de trabalho é uma relação de
emprego?

4.1. Relação de Trabalho e Relação de Emprego


Existe diferença entre relação de trabalho e relação de emprego?

A relação de trabalho é gênero e a relação de emprego é espécie. Isso quer dizer


que dentre as relações de trabalho está a relação de emprego.

Graficamente, Resende (2014, p. 64) passa a seguinte ideia e indica as modalidades


de relações de trabalho que apresentam características próprias que as diferenciam das
demais. São elas7:

7
Resende, Ricardo. Direito do Trabalho Esquematizado. 4ª. ed. São Paulo: Método, 2014.

Direito 24
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• Relação de emprego;
• Relação de trabalho autônomo;
• Relação de trabalho eventual;
• Relação de trabalho avulso;
• Relação de trabalho voluntário;
• Relação de trabalho institucional;
• Relação de trabalho de estágio;
• Relação de trabalho cooperativado.

4.2. Relação de Emprego


Neste texto, falaremos de alguns aspectos da relação de emprego.

Relação de emprego é a relação de trabalho subordinado. Para Martinez (2014, p.


150), essa relação é caracterizada pela necessária cumulação de alguns elementos. São
eles:

Pessoalidade
Onerosidade
Não assunção (pelo empregado) dos riscos da atividade do tomador de serviços
Duração Contínua ou não eventual
Subordinação

Pessoalidade quer dizer que o trabalho deve ser prestado por uma específica
pessoa física. O trabalho não pode ser transferido para outra pessoa. É uma relação intuitu
personae, ou seja, em razão da pessoa. O empregado não pode ser substituído.

Direito 25
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Onerosidade significa que, de um lado, o empregado presta serviços e, de outro


lado, o empregador tem a obrigação de remunerar os serviços prestados. Os serviços não
podem ser prestados gratuitamente.

O Risco do Empreendimento é do Empregador. O empregado trabalha por conta


alheia. Essa característica é denominada alteridade.

Duração contínua ou não eventual, isto é, os serviços não podem ser prestados
de maneira eventual.

Subordinação é evidenciada pela ordem, comando do empregador ao empregado.


O empregado deve cumprir as determinações do empregador.

E a EXCLUSIVIDADE? É requisito da relação de emprego?

Não! Mas pode ser estipulada por acordo entre as partes. E, nesse caso, se ajustada
entre empregado empregador, deve ser respeitada.

4.3. Sujeitos do Contrato de Trabalho


Quem são considerados EMPREGADOR e EMPREGADO?

Os artigos 2º e 3º da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT definem essas duas


figuras:

Empregador
Art. 2º - Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que,
assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a
prestação pessoal de serviço.
§ 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de
emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações
recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores
como empregados.
§ 2º - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas,
personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração
de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade
econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente
responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.

Direito 26
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Empregado
Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de
natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante
Salário.
Parágrafo único - Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à
condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual.

Assim, na definição de Manus (2014, p. 53) empregado é sempre pessoa física que
presta serviços subordinados ao empregador, sendo tais serviços contínuos e não
eventuais e tendo sempre a prestação de serviços caráter oneroso8.

Martinez (2014, p. 239) diz que empregador é a pessoa física, jurídica ou ente
despersonalizado (este excepcionalmente autorizado a contratar) concedente da
oportunidade de trabalho, que, assumindo os riscos da atividade (econômica ou não
econômica) desenvolvida, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços de
outro sujeito, o empregado9.

Contrato De Emprego
Bom, já você já sabe quem são as partes na relação de emprego e quais são os
requisitos dessa relação.

Se de um lado aparece o empregador e do outro o empregado, unindo os dois,


surgirá um contrato de emprego.

O artigo 442 da CLT dispõe que:


Art. 442 - Contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou expresso,
correspondente à relação de emprego.

Dessa forma, o contrato de emprego, de acordo com Martinez (2014, p. 159) pode
ser classificado em10:

8
Manus, Pedro Paulo Teixeira. Direito do Trabalho.15ª. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
9
Martinez, Luciano. Curso de direito do trabalho. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
10
Martinez, Luciano. Curso de direito do trabalho. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014.

Direito 27
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a) Típico ou nominado porque é consolidado em lei, expressamente previsto


em norma disciplinadora própria, que a pormenoriza.
b) Comutativo porque produz direitos e obrigações equivalentes para ambos
os contratantes.
c) Sinalagmático porque dotado de direitos, deveres e obrigações contrárias,
opostos e equilibradas, de modo que a obrigação de um dos sujeitos seja
fundamento jurídico da existência de outro direito, dever ou obrigação. Não
havendo trabalho, não há como existir contraprestação; não havendo
contraprestação, não há como continuar a ser prestado o trabalho.
d) Oneroso porque pressupõe dispêndios de ambos os sujeitos contratantes.
e) Personalíssimo porque celebrado intuitu personae, considerando as
características pessoais e atributos intrínsecos do prestador de serviços.
f) Não solene, em regra, pois não vinculado a formas sacramentais, bastando
a mera execução dos serviços, dentro das características próprias ao
contrato de emprego, para que se entenda validamente constituído o ajuste.
g) De trato sucessivo porque suas prestações são oferecidas e exigidas de
forma contínua, renovando-se esse fluxo a cada instante, a cada momento
em que se vivencia o ajuste.

O mais importante: O contrato de trabalho é um contrato-realidade. Todo o Direito


do Trabalho é informado pelo princípio da Primazia da Realidade, segundo o qual importa
mais o que se passa no plano fático do que considerações teóricas ou conclusões baseadas
na regularidade formal de documentos11.

Anotações Na Carteira De Trabalho


A Carteira de Trabalho e Previdência Social é obrigatória para o exercício de
qualquer emprego, inclusive de natureza rural, ainda que em caráter temporário, e para o
exercício por conta própria de atividade profissional remunerada (Artigo 13, da CLT).

A Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), além do número, série, data de


emissão e folhas destinadas às anotações pertinentes ao contrato de trabalho e as de
interesse da Previdência Social, conterá (artigo 16, da CLT):

11
TRT SP – processo nº 00002031620135020069 – Des. Relator Davi Furtado Meirelles – julgado em 23/10/2014.

Direito 28
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I - fotografia, de frente, modelo 3 X 4;


II - nome, filiação, data e lugar de nascimento e assinatura;
III - nome, idade e estado civil dos dependentes;
IV - número do documento de naturalização ou data da chegada ao Brasil, e demais
elementos constantes da identidade de estrangeiro, quando for o caso;

Parágrafo único - A Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS será fornecida


mediante a apresentação de:
a) duas fotografias com as características mencionadas no inciso I;
b) qualquer documento oficial de identificação pessoal do interessado, no qual
possam ser colhidos dados referentes ao nome completo, filiação, data e lugar
de nascimento.

Você sabe o que deve ser anotado na CTPS?

A Carteira de Trabalho e Previdência Social será obrigatoriamente apresentada,


contra recibo, pelo trabalhador ao empregador que o admitir, o qual terá o prazo de quarenta
e oito horas para nela anotar, especificamente, a data de admissão, a remuneração e as
condições especiais, se houver, sendo facultada a adoção de sistema manual, mecânico
ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho (artigo
29, da CLT).

As anotações concernentes à remuneração devem especificar o salário, qualquer


que seja sua forma de pagamento, seja ele em dinheiro ou em utilidades, bem como a
estimativa da gorjeta.

As anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social serão feitas:


a) na data-base;
b) a qualquer tempo, por solicitação do trabalhador;
c) no caso de rescisão contratual; ou
d) necessidade de comprovação perante a Previdência Social.

Exemplificando: Veja um modelo de CTPS. Verifique que existem todos os itens


elencados no artigo 16 da CLT e foram efetuadas todas as anotações legais:

Direito 29
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Importante: É vedado ao empregador efetuar anotações desabonadoras à


conduta do empregado ou rasurar sua Carteira de Trabalho e Previdência Social,
sob pena de pagar indenização.

Síntese:
• Neste texto você aprendeu que a relação de trabalho é gênero e a relação de
emprego é espécie;
• Os elementos da relação de emprego são: Pessoalidade, Onerosidade, Não
assunção (pelo empregado) dos riscos da atividade do tomador de serviços,
Duração Contínua ou não Eventual e Subordinação;
• Exclusividade não é requisito da relação de emprego;
• Os sujeitos do contrato de trabalho são empregador e empregado;
• O contrato de emprego pode ser classificado em: típico ou nominado, comutativo,
sinalagmático, oneroso, personalíssimo, não solene e de trato sucessivo;
• O que anotar na CTPS e no livro de registro.

Direito 30
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5. DIREITO EMPRESARIAL

Objetivo
O objetivo deste texto é abordar o histórico do direito empresarial, conceito de
empresário, caracterização, inscrição e capacidade.

BREVE EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO EMPRESARIAL


Antes de traçar a evolução histórica do direito empresarial, é importante saber como
surgiu o comércio.

Pois bem, nas civilizações antigas não existiam moedas, cartões de crédito ou
bancos. Então, como os indivíduos compravam e vendiam coisas?

Simples, praticavam o escambo.

E o que é escambo? Escambo é a troca de uma mercadoria por outra.

Com o tempo surge o metal como moeda de troca. A partir daí as pessoas passam
a utilizar a moeda como uma unidade de valor e decidir se querem comprar imediatamente
ou se querem poupar para comprar no futuro e, dessa forma, o comércio vai acontecendo
o tempo todo.

André Luiz Santa Cruz Ramos explica em sua obra, Direito Empresarial
Esquematizado, que o comércio existe desde a Idade Antiga. Segundo ele, “as civilizações
mais antigas que temos conhecimento, como os fenícios, por exemplo, destacaram-se no
exercício da atividade mercantil”12.

12
5ª. ed. rev. atual. ampl. São Paulo: Método, 2015, p. 2.

Direito 31
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Fonte: http://guiadoestudante.abril.com.br/imagem/mapa-fenicios-ah.JPG, acessado em 10/06/2015.

Na Idade Média, o comércio não se concentra mais em apenas alguns povos. É


nessa época que surgem as corporações de ofício que começaram a regulamentar a
atividade mercantil.

Para entender melhor essa trajetória, leia o texto abaixo de Gladston Mamede e
responda:
a) O que é usura e monopólio?
b) Em linhas gerais, qual foi o Código Comercial que mais influenciou outras legislações
sobre o comércio? Explique.

Direito 32
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“As normas jurídicas de controle da propriedade, dos empreendimentos e dos negócios são tão
antigas quanto o Direito, o que a Arqueologia deixa claro. Tem-se notícia, hoje, de uma reforma jurídica
realizada na cidade de Lagash, na Suméria (hoje Iraque), no século XXV a.C., na qual o soberano (ensi) local,
chamado Ur-Uinim-Enmgina (ou, como se disse no passado, Urukagina), limita a usura e os monopólios. A
legislação ais antiga conhecida até agora, as Leis de Ur-Nammu, do século XXI a.C., vigentes também na
Suméria, na cidade de Ur, já trazem normas que proíbem o cultivo em terras de propriedade alheia, limitam
juros e tabelam preços. O mesmo se verá nas legislações que lhes seguem, de países da mesma região: as
Leis de Lipt-Ishtar, do século XX a.C. Ainda na antiguidade, deve-se reconhecer a importância da atuação e
da regulamentação comercial de minoicos, micênicos, hititas, fenícios, gregos e romanos, havendo notícia de
normas e, até, de institutos jurídicos que, então inventados, aproveitam-se até os nossos dias, como a
moeda, inventada pelos lídios – a Lídia ficava onde hoje é o planalto central da Turquia.
Na Idade Média, a atenção social voltou-se para o campo, onde a divisão da propriedade rural em
grandes estruturas políticas caracterizou o Feudalismo. As cidades, contudo, continuaram a existir e o
comércio também. Para a mútua proteção, artesão e comerciantes organizaram-se em corporações de ofício
e essas, por seu turno, tomaram para si a função de regulamentar a atividade mercantil, o que fizeram por
meio de consolidações de costumes, também chamadas de consuetudos. Essas consolidações marcam o
início do Direito Mercantil, na medida em que são as primeiras normas integralmente dedicadas ao comércio.
Quando o feudalismo foi superado e o Estado Nacional ganhou renovada importância, essas normas
foram utilizadas como referência para a constituição dos chamados Códigos Comerciais. O mais influente
deles foi o Código Comercial francês, de 1808, que influenciou a muitas legislações a partir do
estabelecimento da Teoria do Ato de Comércio. Essa teoria está na raiz da distinção entre o ato civil e o ato
de comércio. Assim, qualquer pessoa que praticasse um ato de comércio estaria submetida ao Direito
Comercial e não ao Direito Civil. Essa teoria foi repetida no Brasil, com a edição do Código Comercial, em
1850, quando era Imperador D. Pedro II; cuida-se de uma das normas mais duradouras da história brasileira:
sua primeira parte, dedicada ao comércio em geral, esteve em vigor até 11 de janeiro de 2003, quando passou
a viger o Código Civil (Lei 10.406/02).
(...) Com a edição da Lei 10.406/02, em 10 de janeiro de 2002, a unificação foi enfim concretizada.
Reconheceu-se que os atos jurídicos civis e comerciais têm a mesma natureza jurídica, estando submetidos
à Parte Geral do Código Civil, bem como às regras ali dispostas sobre as Obrigações e os Contratos. Isso
implicou a necessidade de se substituir a antiga teoria do ato de comércio por uma nova referência para as
relações negociais. A opção escolhida foi a teoria da empresa. (Manual de Direito Empresarial. 9ª. ed. São
Paulo: Atlas, 2015, p. 2-3) (grifamos)

Essa questão da unificação, todavia, não é pacífica. Fabio Ulhoa Coelho (2014, p.
44) explica que “no Brasil, consideram alguns autores que o Código Civil teria levado à

Direito 33
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unificação do direito das obrigações. Bem examinada a questão, no entanto, nota-se o


desacerto do argumento”. Segundo esse Autor:
Os contratos entre os empresários, no direito brasileiro, em nenhum momento
submeteram-se exclusivamente ao Código Civil, nem mesmo depois da propalada
unificação. Tome-se o exemplo da insolvência (ou, quando empresário, falência) do
comprador. A lei civil estabelece que o vendedor, nesse caso, tem direito de exigir
caução antes de cumprir sua obrigação de entregar a coisa vendida (CC, art. 495).
Essa norma nunca regeu, não rege e nem mesmo poderia reger uma compra e
venda entre empresários, já que a lei de falências (tanto a de 1945 como a de 2005)
dá ao administrador judicial da massa falida do comprador os meios para exigir o
cumprimento da avença por parte do vendedor independentemente de prestar a
caução mencionada na lei civil.

Defendendo a unificação ou não, o fato é que o Código Civil, em 2002, trata do Direito
de Empresa e revogou, expressamente, a Parte Primeira do Código Comercial, Lei no 556,
de 25 de junho de 1850 (artigo 2045).

CONCEITO DE EMPRESÁRIO
Da Caracterização

O artigo 966 do Código Civil estabelece que:


Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.
Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual,
de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou
colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.

Extrai-se desse conceito termos importantes: profissionalismo, atividade


econômica organizada e produção ou circulação de bens ou serviços.

O termo profissionalismo está ligado a ideia de habitualidade, pessoalidade e


monopólio das informações que o empresário detém acerca do produto ou serviço objeto
da empresa. Não é empresária, por exemplo, a senhora que faz ovos de chocolate para
vender na Páscoa. É um ato esporádico.

A atividade econômica organizada é a própria empresa. Não confunda com


estabelecimento. Estabelecimento, de acordo com o artigo 1.142, do Código Civil, é todo
complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por
sociedade empresária. Por isso, o certo é dizer: Reformarei meu estabelecimento
empresarial e não reformarei minha empresa.

Direito 34
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Finalmente, produção ou circulação de bens ou serviços diz respeito ao comércio ou


intermediação de serviços.

Resumindo: Só será empresário aquele que exercer atividade econômica habitual,


de forma profissional, com a finalidade de produzir ou de circular bens ou serviços.

Da Inscrição
A inscrição do empresário no Registro Público é obrigatória. Esse é o teor do artigo
967, do Código Civil
Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas
Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.

A inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento que contenha (art. 968):


I - o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de
bens;
II - a firma, com a respectiva assinatura autografa;
III - o capital;
IV - o objeto e a sede da empresa.

Veja o modelo do formulário denominado “Requerimento de Empresário”, extraído


do Manual de Registro do Empresário Individual disponível em:
http://www.institucional.jucesp.sp.gov.br/empresas_manuais.php

Direito 35
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Direito 36
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Os artigos 968 a 971, do Código Civil, ainda, asseguram que:

Caso venha a admitir sócios, o empresário individual poderá solicitar ao Registro


Público de Empresas Mercantis a transformação de seu registro de empresário para
registro de sociedade empresária, observado, no que couber, o disposto nos artigos. 1.113
a 1.115 do Código.

O processo de abertura, registro, alteração e baixa do microempreendedor


individual, bem como qualquer exigência para o início de seu funcionamento deverão ter
trâmite especial e simplificado, preferentemente eletrônico.

O empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição de


outro Registro Público de Empresas Mercantis, neste deverá também inscrevê-la, com a
prova da inscrição originária.

Em qualquer caso, a constituição do estabelecimento secundário deverá ser


averbada no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede.

A lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário


rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes.

Da Capacidade – Quem pode exercer a atividade de empresário?


Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da
capacidade civil e não forem legalmente impedidos.

A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a


exercer, responderá pelas obrigações contraídas.

Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que
não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação
obrigatória.

O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que


seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-
los de ônus real.

Direito 37
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Síntese:
• Nas civilizações antigas não existiam moedas, cartões de crédito ou bancos;
• Praticavam o escambo;
• Com o tempo surge o metal como moeda de troca;
• “o código comercial francês, de 1808, influenciou a muitas legislações a partir do
estabelecimento da teoria do ato de comércio. Essa teoria está na raiz da distinção
entre o ato civil e o ato de comércio. Assim, qualquer pessoa que praticasse um
ato de comércio estaria submetida ao direito comercial e não ao direito civil. Essa
teoria foi repetida no brasil, com a edição do código comercial, em 1850, quando
era imperador d. Pedro ii”;
• Os atos jurídicos civis e comerciais têm a mesma natureza jurídica, estando
submetidos à parte geral do código civil, bem como às regras ali dispostas sobre
as obrigações e os contratos – unificação;
• A ideia de unificação não é pacífica;
• O código civil, em 2002, trata do direito de empresa e revogou, expressamente, a
parte primeira do código comercial, lei no 556, de 25 de junho de 1850 (artigo
2045);
• Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica
organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços;
• É obrigatória a inscrição do empresário no registro público de empresas mercantis
da respectiva sede, antes do início de sua atividade;
• Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da
capacidade civil e não forem legalmente impedidos;
• A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a
exercer, responderá pelas obrigações contraídas.

Direito 38
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6. DIREITO DO CONSUMIDOR

Objetivo
O Objetivo deste texto é traçar alguns conceitos relacionados ao direito do
consumidor adotando, principalmente, a Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990, que dispõe
sobre a proteção do consumidor.

Muito bem! Você sabe quem é considerado consumidor? E fornecedor? O que é


produto e serviço?

O Código de Defesa do Consumidor13 estabelece esses conceitos. Vamos ler?


Dispõe o artigo 2º que:
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto
ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária,
salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.

Agora que você já sabe quem é o consumidor. Vamos verificar quais são os direitos
básicos do consumidor?

Os artigos 6º e 7º, do Código de Defesa do Consumidor, asseguram que:


Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas
no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços,
asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações;
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com
especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade,
tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;

13
Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078compilado.htm , acesso em
22/03/2019.

Direito 39
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IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais


coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas
no fornecimento de produtos e serviços;
V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações
desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem
excessivamente onerosas;
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos e difusos;
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou
reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos,
assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da
prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências;
IX - (Vetado);
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve
ser acessível à pessoa com deficiência, observado o disposto em
regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015)
Art. 7° Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de
tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação
interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas
competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia,
costumes e eqüidade.
Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão
solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo.

Todos os direitos contidos no artigo 6º, supracitado, devem ser garantidos ao


Consumidor, sob pena de serem reparados, inclusive, judicialmente os danos patrimoniais
e morais eventualmente sofridos.

A Nestlé, por exemplo, não observou o inciso III. Por isso, foi condenada a pagar
uma indenização a uma consumidora, no valor de R$ 90.000,00, porque não informou a
presença de ingrediente alergênico na embalagem de seus produtos.

Leia o trecho da decisão proferida em 24/02/2016, na Apelação nº 0168248-


42.2008.8.26.0100:
As informações extraídas do próprio site da ré também confirmam a ausência de
informação completa quanto aos componentes do produto vendido. Em nenhum
momento há referência, seja na embalagem do produto (fls. 144/168) que a bolacha
e o biscoito em questão possuem leite ou traços de leite, como veio posteriormente
a ser confessado pela própria NESTLE, embora afirmando que, na época dos fatos,
não existia nenhuma regulamentação específica acerca da necessidade de alertar
da existência de produtos alergênicos. (..)
Evidente, pois, que a NESTLE ao deixar de informar, precisamente, na embalagem
do produto as substâncias nele contidas, afrontou direito básico do consumidor,
expondo a sua saúde, considerando-se, portanto, o produto defeituoso já que não
oferece a segurança que dele se espera.

No que diz respeito à informação, o Código de Defesa do Consumidor trata da oferta,


nos artigos 30 a 35, e da publicidade, nos artigos 36 a 38.

Direito 40
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Você sabia que a oferta e a apresentação de produtos devem assegurar informações


corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características,
qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, entre outros dados?!

Isso mesmo! Leia os artigos abaixo:


Da Oferta
Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada por
qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e serviços
oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se
utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.
Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar
informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre
suas características, qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos
de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos que
apresentam à saúde e segurança dos consumidores.
Parágrafo único. As informações de que trata este artigo, nos produtos refrigerados
oferecidos ao consumidor, serão gravadas de forma indelével. (Incluído pela Lei nº
11.989, de 2009)
Art. 32. Os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de componentes
e peças de reposição enquanto não cessar a fabricação ou importação do produto.
Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação, a oferta deverá ser mantida
por período razoável de tempo, na forma da lei.

E não é só! É proibida oferta ou venda por telefone, quando a chamada for onerosa
ao consumidor que a origina.
Art. 33. Em caso de oferta ou venda por telefone ou reembolso postal, deve constar
o nome do fabricante e endereço na embalagem, publicidade e em todos os
impressos utilizados na transação comercial.
Parágrafo único. É proibida a publicidade de bens e serviços por telefone, quando a
chamada for onerosa ao consumidor que a origina. (Incluído pela Lei nº 11.800, de
2008).
Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos
atos de seus prepostos ou representantes autônomos.

Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à


oferta, apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente
e à sua livre escolha (artigo 35):
I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação
ou publicidade;
II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;
III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente
antecipada, monetariamente atualizada, e a perdas e danos.

Quanto à publicidade, o Código de Defesa do Consumidor, diz no artigo 36 que:

Direito 41
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Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e
imediatamente, a identifique como tal.
Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços,
manterá, em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados
fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem.

E, no artigo 37, proíbe, expressamente, a publicidade enganos ou abusiva. Você


sabe a diferença? Leia os parágrafos 1º e 2º:
Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.
§ 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter
publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por
omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza,
características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer
outros dados sobre produtos e serviços.
§ 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a
que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência
de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja
capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à
sua saúde ou segurança.
§ 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão quando
deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço.
Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação
publicitária cabe a quem as patrocina.

Compreendeu? Para facilitar, visualize o quadro abaixo:


PUBLICIDADE ENGANOSA PUBLICIDADE ABUSIVA
É enganosa qualquer modalidade de É abusiva, dentre outras a publicidade
informação ou comunicação de caráter discriminatória de qualquer natureza, a
publicitário, inteira ou parcialmente falsa, que incite à violência, explore o medo ou a
ou, por qualquer outro modo, mesmo por superstição, se aproveite da deficiência de
omissão, capaz de induzir em erro o julgamento e experiência da criança,
consumidor a respeito da natureza, desrespeita valores ambientais, ou que seja
características, qualidade, quantidade, capaz de induzir o consumidor a se
propriedades, origem, preço e quaisquer comportar de forma prejudicial ou perigosa à
outros dados sobre produtos e serviços. sua saúde ou segurança

6.1. Exemplificando 1:
“O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL propôs ação
coletiva de consumo em face da ora recorrente, por propaganda enganosa, tendo por objeto
a venda de veículo Pálio Fire modelo 2007, em maio de 2006, tendo em seguida lançado

Direito 42
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no mês de julho de 2006, o mesmo automóvel com inúmeras modificações estruturais e


tecnológicas com a mesma denominação de ano 2006 e modelo 2007”.

O Superior Tribunal de Justiça decidiu que: “Evidente que quem adquire em um


ano veículo comercializado como sendo modelo do ano seguinte adquire produto mais
valioso do que o produto do ano da compra, isto é, com um “plus” pelo fato de ser modelo
que se conservará como modelo do ano no ano seguinte. Por isso, quem adquire esse
produto, como sendo o produto do ano seguinte, diante do fato de, ainda no ano da
aquisição, vê lançado veículo de idêntico tipo, também denominado de produto do ano
seguinte (e com itens de valorização que o tornam distinto para fácil identificação de
adquirentes), pagou pelo acréscimo do ano seguinte quando, na verdade, não viu agregado
esse acréscimo ao produto, de modo que quando o vai alienar, terá preço menor do que o
do segundo lançamento como modelo do ano seguinte.

Nesses parâmetros fáticos é que deve ser visto o caso presente. Nada mais que
isso. Não se imagina que a fabricante fosse impedida de modificar o modelo, anunciado em
2006 como sendo Modelo 2007. Mas evidentemente lesou o consumidor adquirente quando
neste criou a confiança de que adquiria um modelo do ano seguinte, que em verdade não
o foi, porque substituído por outro melhor, com a mesma indicação de ano.

Assim, configura publicidade enganosa toda aquela capaz de induzir o


consumidor em erro, fazendo com que tenha uma falsa percepção da realidade,
dissociada daquilo que legitimamente poderia esperar do fornecedor, quadro que
também se liga inexoravelmente ao conteúdo da boa-fé objetiva.

Ora, tendo em vista as premissas ora expostas, facilmente se pode enquadrar a


conduta da ré Fiat Automóveis S⁄A como abusiva e violadora dos deveres anexos à boa-fé
objetiva.

Constitui prática notória no mercado de veículos que as empresas antecipam o


lançamento do novo modelo meses antes da virada do ano, com isso atraindo muitos
clientes que pretendem adquirir um veículo “0 Km”, mais valorizado pelo fato de ser o
modelo já do ano seguinte. Quem, contudo, possuía esta expectativa ao adquirir o
automóvel Pálio Fire ano 2006 modelo 2007, lançado em maio de 2006, foi brutalmente

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lesado justamente em face da publicidade falsa – já que este veículo nunca foi produzido
em 2007”. (RECURSO ESPECIAL Nº 1.342.899 - RS (2011⁄0155718-5)

6.2. Exemplificando 2:
JURISPRUDÊNCIA - STJ proíbe publicidade dirigida às crianças
14/03/2016

Em verdadeiro leading case, a 2ª turma do STJ decidiu na tarde desta quinta-feira, 10, proibir
a publicidade dirigida às crianças. Em foco estava a campanha da Bauducco "É Hora de Shrek".
Com ela, os relógios de pulso com a imagem do ogro Shrek e de outros personagens do desenho
poderiam ser adquiridos. No entanto, para comprá-los, era preciso apresentar cinco embalagens
dos produtos "Gulosos", além de pagar R$ 5.
A ação civil pública do MP/SP teve origem em atuação do Instituto Alana, que alegou a
abusividade da campanha e o fato de se tratar de nítida venda casada.
Em sustentação oral, a advogada Daniela Teixeira (Podval, Teixeira, Ferreira, Serrano,
Cavalcante Advogados), representando o Alana como amicus curiae, argumentou: "A propaganda
que se dirige a uma criança de cinco anos, que condiciona a venda do relógio à compra de biscoitos,
não é abusiva? O mundo caminha para frente. (...) O Tribunal da Cidadania deve mandar um recado
em alto e bom som, que as crianças serão, sim, protegidas."

Proteção à criança
O ministro Humberto Martins, relator do recurso, deixou claro no voto que "o consumidor não
pode ser obrigado a adquirir um produto que não deseja". Segundo S. Exa., trata-se no caso de
uma "simulação de um presente, quando na realidade se está condicionando uma coisa à outra".
Concluindo como perfeitamente configurada a venda casada, afirmou ser "irretocável" o
acórdão do TJ/SP que julgou procedente a ACP.
O ministro Herman Benjamin, considerado uma grande autoridade no tribunal em Direito do
Consumidor, foi o próximo a votar, e seguiu com veemência o relator: "O julgamento de hoje é
histórico e serve para toda a indústria alimentícia. O STJ está dizendo: acabou e ponto final. Temos
publicidade abusiva duas vezes: por ser dirigida à criança e de produtos alimentícios. Não
se trata de paternalismo sufocante nem moralismo demais, é o contrário: significa reconhecer que
a autoridade para decidir sobre a dieta dos filhos é dos pais. E nenhuma empresa comercial e nem
mesmo outras que não tenham interesse comercial direto, têm o direito constitucional ou legal
assegurado de tolher a autoridade e bom senso dos pais. Este acórdão recoloca a autoridade nos
pais."
Herman afirmou ter ficado impressionado com o nome da campanha (Gulosos), que
incentiva o consumo dos produtos em tempos de altos índices de obesidade.

Direito 44
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Por sua vez, o ministro Mauro Campbell fez questão de ressaltar que o acórdão irá consignar
a proteção da criança como prioridade, e não o aspecto econômico do caso. Campbell lembrou,
como sustentado da tribuna pela advogada Daniela Teixeira, que o Brasil é o único país que tem
em sua Carta Magna dispositivo que garante prioridade absoluta às necessidades das crianças, em
todas as suas formas.
A decisão do colegiado foi unânime, tendo a presidente, ministra Assusete Magalhães,
consignado que o caso é típico de publicidade abusiva e venda casada, mas a situação se
agrava por ter como público-alvo a criança. A desembargadora convocada Diva Malerbi
destacou que era um orgulho participar de tão importante julgamento.
A turma concluiu pela abusividade de propaganda que condicionava a compra de um
relógio de um personagem infantil à aquisição de cinco biscoitos. E não ficou por aí a
decisão. Com efeito, os ministros assentaram que a publicidade dirigida às crianças ofende
a Constituição e o CDC.
Processo relacionado
REsp 1.558.086
Disponívelem:http://www.crianca.mppr.mp.br/modules/noticias/article.php?storyid=1
352, acesso em 22/03/2019.

Síntese:
• Neste texto você verificou, principalmente, os conceitos de consumidor e
fornecedor;
• Aprendeu quais são os direitos do consumidor e que a informação deve ser
sempre clara e verdadeira;
• Verificou a diferença entre publicidade enganosa e abusiva.

Direito 45
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7. DIREITO PENAL

Objetivo
O objetivo deste texto é conceituar e abordar aspectos relevantes e introdutórios do
direito penal.

Você sabe qual é o objeto do direito penal?

Para Gisele Mendes Pereira (2012, p. 16) “a específica função do direito penal é a
proteção dos bens jurídicos eleitos pelo legislador como indispensáveis à vida em
sociedade”.

Sergio Pinto Martins (2015, p. 192) diz que “o direito penal vai tipificar os crimes e
estabelecer as penas pela transgressão da legislação”.

O direito penal, na lição de Paulo Bueno (2012, p. 1), “representa o ramo da ciência
jurídica cuja nota característica é disciplinar a conduta humana por meio da ameaça de
imposição da pena”.

Assim sendo, adotando os conceitos supracitados, cabe ao direito penal tipificar os


crimes e disciplinar a conduta humana por meio da ameaça ou da imposição da pena.

A Constituição Federal e o Código Penal estabelecem regras a respeito dessa


matéria. Alguns exemplos estão no artigo 5º, da Carta Magna:

Vamos verificar?

O Art. 5º, da Constituição Federal, dispõe que:


Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
(...)
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude
de lei;

Direito 46
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XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal;
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades
fundamentais;
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena
de reclusão, nos termos da lei;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a
prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os
definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis
ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de
reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei,
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
patrimônio transferido;
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a
natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com
seus filhos durante o período de amamentação;

O Código Penal também garante, no artigo 1º, que:


Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia
cominação legal.

Direito 47
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7.1. Exemplificando 1:
E.G.de S. foi denunciado como incurso nas penas do artigo 1º, inciso I, alínea “a”, cumulado com
parágrafo 4º, inciso I, da Lei 9.455/97 (Lei de Tortura), acusado de ter, no dia 24 de maio de 1996, na
qualidade de policial civil lotado na Delegacia Policial de Repressão ao Narcotráfico, praticado o crime de
tortura contra C. dos S., constrangendo-a com emprego de violência física e causando-lhe grave sofrimento
físico e mental, com a finalidade de que a referida senhora confessasse prática de delito de tráfico de
entorpecente.
Concluída a instrução criminal, E. G. de S. foi condenado, nos termos da denúncia, à pena definitiva
de 05 (cinco) anos e 04 (quatro) meses de reclusão.
Inconformado, o acusado apelou da decisão alegando que não foi observado o artigo 1º, do Código
Penal. Sustentou que foi condenado por crime ocorrido no dia 24 de maio de 1996, antes, portanto, da
existência da Lei 9.455, de 7 de abril de 1997.
O Tribunal acolheu os argumentos do Apelante, nos seguintes termos: “em que pese a gravidade da
conduta atribuída ao Apelante E. G. de S., a Lei 9.455 que definiu o crime de tortura somente entrou em vigor
no dia 08 de abril de 1997, ou seja, quase um ano após o fato descrito na denúncia, que teria sido praticado
em 24 de maio de 1996.
A condenação por fato atribuído ao Apelante antes da vigência da Lei de Tortura desrespeita cláusula
pétrea constitucional, prevista no artigo 5º, inciso XXXIX, que determina que ‘não há crime sem lei anterior
que o defina, nem pena sem prévia cominação legal’.
Do Princípio da Anterioridade decorre que a lei penal só pode retroagir em benefício do réu, nunca
para lhe imputar conduta ou pena mais gravosa que a praticada”.

No que diz respeito à Lei Penal no Tempo, o Código Penal reza que:
Lei penal no tempo
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença
condenatória.
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-
se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada
em julgado.

7.2. Exemplificando 2:
“No dia 17 de março de 2007, sábado, por volta das 13h30min, na via pública da M-3 Norte, Ceilândia/DF, o
denunciado, agindo de forma livre e consciente, conduzia veículo automotor sob a influência de álcool,
expondo a dano potencial a incolumidade de outrem. Devido ao seu estado de embriaguez e de absoluta
falta de condições para condução do veículo, por inobservância das regras e condições de tráfego, veio a
abalroar a traseira do veículo, que na ocasião seguia a sua frente.

Direito 48
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Ato contínuo, evadindo-se do local, no que foi seguido pelo outro condutor, o denunciado, poucos minutos
após se envolver no primeiro acidente e de igual modo, veio a abalroar a traseira do veículo VW/Kombi, que
também seguia à sua frente.
Após esta segunda colisão, o denunciado parou seu FIAT/Uno e, saindo do carro cambaleando, procurou se
evadir a pé e tentou se refugiar em residências próximas, munido de uma faca e um pedaço de madeira e
ameaçando a todos que tentavam se aproximar dele. Acionada uma viatura da Polícia Militar, foi possível sua
contenção e condução à Autoridade Policial para a lavratura do auto de prisão em flagrante.
Nas duas colisões somente houve danos materiais nos veículos, não resultando qualquer tipo de lesão
corporal nos envolvidos.
O MM. Juízo da Primeira Vara Criminal da Circunscrição Judiciária de Ceilândia-DF julgou procedente a
pretensão punitiva estatal para condenar o réu nas sanções do artigo 306 da Lei 9.503/1997, aplicando-lhe
as penas de 02 (dois) anos e 06 (seis) meses de detenção, no regime inicial semiaberto, e 290 (duzentos e
noventa) dias-multa, no valor mínimo legal, além de decretar a suspensão ou proibição de obtenção da
permissão ou habilitação para dirigir veículo automotor pelo prazo de 03 (três) anos e 10 (dez) meses. Ao
condenado foi negada a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, sob o
fundamento de ser o agente reincidente e por não ser a medida socialmente recomendável, em razão dos
antecedentes e da personalidade. Além disso, foi decretada a prisão preventiva do condenado.
Inconformada, a Defesa, tempestivamente, interpôs apelação criminal.
O Tribunal acolheu as razões do denunciado, nos seguintes termos:
Conforme consta da denúncia, o fato em exame foi cometido no dia 17 de março de 2007. Nessa data, o art.
306 do Código de Trânsito Brasileiro apresentava a seguinte redação:
“Art. 306. Conduzir veículo automotor, na via pública, sob a influência de álcool ou substância de efeitos
análogos, expondo a dano potencial a incolumidade de outrem:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor.”
Com a entrada em vigor da Lei nº 11.705/2008, no dia 16 de junho de 2008, o art. 306 do Código de Trânsito
Brasileiro passou a dispor:
“Art. 306. Conduzir veículo automotor, na via pública, estando com concentração de álcool por litro de
sangue igual ou superior a 6 (seis) decigramas, ou sob a influência de qualquer outra substância psicoativa
que determine dependência:
Pena - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a
habilitação para dirigir veículo automotor.”
Observa-se que a lei vigente à época em que ocorreram os fatos descritos na denúncia não estipulava uma
concentração específica de álcool por litro de sangue para que se configurasse o crime de condução de
veículo sob a influência de álcool. A sentença foi proferida sob a égide da redação anterior.

Direito 49
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No entanto, com o advento da Lei nº 11.705/2008, passou o Código de Trânsito Brasileiro a exigir uma
quantidade mínima de álcool por litro de sangue para a configuração do referido crime, qual seja, 06 (seis)
decigramas. Após o advento da referida lei, portanto, somente comente o crime previsto no artigo 306 do
Código de Trânsito Brasileiro quem conduz veículo estando com concentração de álcool por litro de sangue
igual ou superior a 06 (seis) decigramas ou, ainda, sob influência de qualquer outra substância psicoativa que
determine dependência.

A lei nova, em que pese o objetivo de dar um efeito mais abrangente ao tipo penal, acabou por limitar a
incidência da norma aos casos em que efetivamente houve a aferição do teor alcoólico no sangue do
condutor, o que somente é possível mediante utilização de “bafômetro” ou de exame de dosagem etílica
no sangue.
Trata-se, no caso, de lei mais benéfica que, nos termos do art. 5º, inciso XL, da Constituição Federal, deve
retroagir para alcançar as condutas praticadas ainda sob a vigência da redação anterior do artigo 306 do
Código Brasileiro, tornando atípicas as condutas quando não aferida a concentração de álcool no sangue
do condutor por meio técnico, prova que não pode ser suprida pela comprovação indireta.
Disponível em http://tj-df.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/5764478/apr-apr-66937820078070003-df-
0006693-7820078070003/inteiro-teor-101953243, acesso em 22/03/2019.

Entendeu? Vamos fazer um teste? Leia a questão abaixo e responda:

Questão de concurso:
(FCC – 2008 – MPE-RS – Secretário de Diligências Simulado TJPA)
Tício praticou um delito, foi processado e condenado. Um dia após o trânsito em
julgado da sentença condenatória, uma lei nova, mantendo a mesma descrição do fato
delituoso, modificou a pena cominada para esse delito. Nesse caso,
(a) Aplica-se sempre a lei nova, se o agente ainda não tiver cumprido a pena
imposta.
(b) Não se aplica a lei nova, por já ter ocorrido o trânsito em julgado da sentença.
(c) Aplica-se a lei nova, ainda que imponha sanção mais severa.
(d) Aplica-se a lei nova, se for mais benéfica ao autor do delito.
(e) Não se aplica a lei nova em razão do princípio constitucional da anterioridade da
lei penal.
Resposta: “d”

Direito 50
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Acertou? Aplica-se a lei nova, se for mais benéfica ao autor do delito. A lei pode
retroagir para beneficiar o réu.

O Código Penal estabelece, ainda, que:


Lei excepcional ou temporária
Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração
ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado
durante sua vigência.
Tempo do crime
Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda
que outro seja o momento do resultado.

Gisele Mendes Pereira (2012, p. 49) justifica que “é preciso saber qual é o tempo do
crime, ou seja, a data em que se considera praticado para a aplicação da lei penal a seu
autor”.

E por que é tão importante esse tempo? Gisele Pereira (2012, p. 49) continua
explicando que:
A necessidade de se estabelecer o tempo do crime decorre dos problemas que
podem surgir para a aplicação da lei penal, como nas hipóteses de se saber qual lei
deve ser aplicada (se foi cometido durante a vigência da lei anterior ou posterior) e,
nos casos de imputabilidade (saber se no tempo do crime o agente era imputável
ou não), da anistia (concedida geralmente com relação a crimes praticados até
determinada data), da prescrição (data em que se começa a contar o prazo), etc.
Existem teorias a respeito:
a) Teoria da atividade considera como tempo do crime o momento da
conduta (ação ou omissão). Assim, por exemplo, o momento do crime é
aquele no qual o agente efetua os disparos contra a vítima, mesmo que
ela venha a morrer em momento posterior;

O Código Penal adotou a teoria da atividade na medida em que define o tempo do


crime no art. 4º: “Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão,
ainda que outro seja o momento do resultado”.
b) teoria do resultado considera tempo do crime o momento de sua consumação,
não importando a ocasião em que o agente praticou a ação. Assim, no caso do
homicídio, por exemplo, seria o momento da morte da vítima;
c) teoria mista ou da ubiquidade considera como tempo do crime tanto o momento
da conduta quanto o do resultado. No caso do homicídio poderia ser tanto o
momento em que ocorreram os disparos de arma de fogo, quanto aquele no qual
ocorreu a morte da vítima.

Outro tópico relevante é a territorialidade prevista no artigo 5º, do Código Penal. Se


o crime foi cometido no território nacional a lei brasileira deverá ser aplicada ao caso.

E o que é território? Gisele Pereira (2012, p. 52) explica:


Em sentido amplo, para efeito de aplicação da lei penal, o Código Penal consigna o
que se deve entender como extensão do território nacional. Resumidamente, o
território nacional, para efeitos penais, deve ser entendido em seu sentido jurídico.
É o espaço terrestre, fluvial, marítimo e aéreo no qual é exercida a soberania
nacional.

Direito 51
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Sabendo disso, leia o artigo 5º:


Territorialidade
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de
direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional
as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do
governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves
ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em
pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em
porto ou mar territorial do Brasil.

No tocante ao lugar do crime, o Código Penal determina que:


Lugar do crime
Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão,
no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o
resultado.

E, ainda, estabelece no artigo 7º, que ficam sujeitos à lei brasileira, embora
cometidos no estrangeiro, os seguintes crimes:

Extraterritorialidade
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:
I - os crimes:
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado,
de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista,
autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
b) praticados por brasileiro;
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda
que absolvido ou condenado no estrangeiro.
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso
das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional;
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a
extradição;
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a
pena;
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não
estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra
brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.

Direito 52
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A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime
quando, diversas, ou nela é computada, quando idênticas. Leia o artigo 8º:

Pena cumprida no estrangeiro


Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo
mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.

Síntese:
• Neste texto você aprendeu qual é o objeto de estudo do direito penal;
• Verificou que a Constituição Federal garante aos brasileiros e aos estrangeiros
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, entre outros, nos seguintes termos:
o ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei;
o não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação
legal;
o a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
• Compreendeu, ainda, que se considera praticado o crime no lugar em que ocorreu
a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria
produzir-se o resultado.

Direito 53
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8. DIREITO ADMINISTRATIVO

Objetivo
O Objetivo deste texto é conceituar o direito administrativo e abordar alguns tópicos
relevantes dessa área do direito.

José Cretella Jr. (1991, p. 31)14 diz que Direito Administrativo é “o ramo do Direito
Público interno que regula a atividade das pessoas jurídicas e a instituição de meios e os
órgãos relativos à ação dessas pessoas”.

Gustavo Scatolino e João Trindade (2016, p. 31), por sua vez, estabelecem a
relevância do estudo do direito administrativo da seguinte forma:
O estudo do Direito Administrativo é pressuposto para o de outras matérias ou, ao
menos, para sua devida compreensão. Ao se estudar, por exemplo, finanças
públicas, a Constituição, por diversas vezes, faz referência aos institutos do Direito
Administrativo, mencionando Administração Direta, Indireta e demais órgãos e
entidades públicas.

É matéria que tem estreita relação com o Direito Constitucional, pois, na Carta de
1988, foi destinado capítulo específico à ‘Administração Pública; com o Direito
Processual Civil, pois, com o advento da Lei 9.784/99, foram emprestados diversos
institutos ao processo administrativo; com o Direito Penal, pois existem tipos penais
previstos, como, por exemplo, ‘Crimes contra a Administração Pública’; o Direito
Tributário tem sua base no Direito Administrativo e, por vezes, completa-o, como
por exemplo, o conceito de poder de polícia, presente no artigo 78, do CTN.

É também, a partir do Direito Administrativo, que se compreendem melhor diversos


temas discutidos pelos veículos de comunicação: Privatização, fiscalização, poder
de polícia, abuso de poder, irregularidades em obras públicas, moralidade
administrativa, responsabilidade do Estado em razão dos danos causados, etc.
Trata-se de matéria que não possui codificação. Ao contrário de muitos ramos do
direito, a exemplo do Direito Penal e Direito Civil. O Direito Administrativo não
contém legislação reunida em um único documento. O que há são várias leis
esparsas tratando de matérias específicas.

A partir desses esclarecimentos, vamos verificar os princípios que norteiam a


administração pública?

O artigo 37, da Constituição Federal, dispõe que:


“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência...”.

14
Apud Sergio Pinto Martins (2015, p. 115)

Direito 54
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Então, para falarmos desses princípios, antes, vamos verificar o que significa
“administração pública direita” e “indireta”?

Sergio Pinto Martins (2015, p. 115) afirma que “Administração Pública Direta
compreende serviços prestados pela própria Administração e se confunde com o Poder
Executivo, seus ministérios, secretarias, etc.”

A Administração Pública indireta, continua o autor:


É composta pelas sociedades de economia mista, pelas empresas públicas que
exploram atividade econômica, pelas fundações públicas e pelas autarquias.

O Decreto-Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, que dispõe sobre a organização


da Administração Federal, estabelece no artigo 5º que, “para fins desta lei, considera-se”:
I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica,
patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração
Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e
financeira descentralizada.
II - Empresa Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito
privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criado por lei para a
exploração de atividade econômica que o Governo seja levado a exercer por força
de contingência ou de conveniência administrativa podendo revestir-se de qualquer
das formas admitidas em direito.
III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada de personalidade jurídica
de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a
forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua
maioria à União ou a entidade da Administração Indireta.
IV - Fundação Pública - a entidade dotada de personalidade jurídica de direito
privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de autorização legislativa, para o
desenvolvimento de atividades que não exijam execução por órgãos ou entidades
de direito público, com autonomia administrativa, patrimônio próprio gerido pelos
respectivos órgãos de direção, e funcionamento custeado por recursos da União e
de outras fontes.

Exemplificando:
AUTARQUIA
O Banco Central do Brasil (BCB) é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da
Fazenda, com sede e foro na Capital da República e atuação em todo o território nacional.
Foi criado pela Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964.

A Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC é entidade


integrante da Administração Pública Federal indireta, submetida a
regime autárquico especial, vinculada ao Ministério da Defesa, com
prazo de duração indeterminado. Foi criada pela Lei nº 11.182, de 27 de
setembro de 2005.

Direito 55
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EMPRESA PÚBLICA
A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET-Santos) é
uma empresa pública municipal criada em 13 de dezembro de 1994
pela Lei Nº 1.366 e reorganizada em janeiro de 1998 pela Lei Complementar Nº 299. Com
a aprovação do Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97), a CET passou a ser
responsável pelo gerenciamento, planejamento, educação, operação e fiscalização do
trânsito, além do gerenciamento do transporte público municipal.

A empresa pública Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. -


Amazul, vinculada ao Ministério da Defesa por meio do Comando da
Marinha, foi criada pelo Decreto nº 7.898, de 1º de fevereiro de 2013.

SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA


O Banco do Brasil S.A., pessoa jurídica de direito privado, sociedade de
economia mista, organizado sob a forma de banco múltiplo, rege-se por este
Estatuto e pelas disposições legais que Ihe sejam aplicáveis. O prazo de
duração da Sociedade é indeterminado.

A “Progresso e Desenvolvimento de Santos – PRODESAN,


sociedade de economia mista. Foi criada pela Lei Municipal nº
3133, de 2 de julho de 1965.

FUNDAÇÃO PÚBLICA
A Lei nº 10.071 de 10 de abril de 1968, do Estado de São Paulo, instituiu
a Fundação Para o Remédio Popular - FURP -, entidade civil, com prazo de
duração indeterminado.

Fundação Jorge Duprat Figueiredo, de Segurança e


Medicina do Trabalho - FUNDACENTRO, instituída na forma
da Lei n o 5.161, de 21 de outubro de 1966, com prazo de
duração indeterminado, com sede e foro na cidade de São Paulo, vinculada ao Ministério
do Trabalho e Emprego.

Direito 56
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A partir dessas informações, vamos voltar ao artigo 37?

O artigo 37 da Constituição Federal determina que a administração pública


obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência.

O que isso quer dizer? Fábio Bellote Gomes (2006, p. 9) explica cada um deles:
Princípio da Legalidade
A Administração Pública e seus agentes devem sempre atuar em conformidade com
a lei aplicável. Aqui, o conceito de lei tem caráter genérico, na medida em que
engloba todo e qualquer ato normativo (lei ordinária, lei complementar, decreto,
resolução, portaria etc), sendo que a desconformidade do ato administrativo com a
lei aplicável implica a sua invalidade, respondendo o seu autor pela infração
cometida.

Assim, a Administração Pública e seus agentes somente podem praticar


determinado ato administrativo se autorizado por lei, diversamente do administrado,
em relação ao qual tudo o que não é expressamente proibido é, em sentido
negativo, permito.
Nesse mesmo sentido, dispõe o art. 5º, II, da Constituição Federal, ao definir que
‘ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude
de lei’.
Em resumo, para Administração Pública a legalidade é estrita; para os
administrados, é ampla.

Princípio da Impessoalidade
De acordo com este princípio, a atuação da Administração Pública deve sempre se
dar de forma impessoal, dirigida a todos os administrados em geral, sem
discriminação de qualquer natureza.
Por isso, é vedado à Administração Pública criar distinções ou privilégios não
previstos expressamente em lei, de modo que os atos administrativos não podem
ser elaborados ou praticados com a finalidade de propiciar benefício ou prejuízo a
determinado administrado.
Para alguns estudiosos do Direito Administrativo, inclusive, o princípio da
impessoalidade é considerado como decorrente do próprio princípio da igualdade
ou isonomia, previsto no art. 5º, caput, da Constituição Federal.

Princípio da Moralidade
Toda sociedade possui padrões morais destinados a nortear as condutas humanas,
a partir de variadas concepções existenciais. Assim, em termos sociais, um padrão
moral pode ser ditado, por exemplo, por uma religião ou por uma ideologia política.
No âmbito da Administração Pública, entretanto, o conceito de moralidade assume
um caráter mais técnico. Trata-se aqui da chamada moralidade administrativa, que
é o conjunto de princípios ou padrões morais que norteiam a conduta dos agentes
públicos no exercício de suas funções e a prática dos atos administrativos.
(...)
A moralidade administrativa encerra em si outro conceito essencial à Administração
Pública: o de probidade administrativa. A palavra probidade, originária do latim
probus (honesto), refere-se ao padrão de honestidade e lisura que é esperado dos
agentes públicos no exercício de suas funções administrativa, notadamente aquelas
relacionadas à gestão do patrimônio público.

Princípio da Publicidade
A publicidade é um elemento que, em princípio, deve envolver todos os atos da
Administração Pública.
Por isso, é obrigatória a divulgação na imprensa oficial (Diários Oficiais da União,
dos estados, dos municípios e do Distrito Federal) dos atos, contratos e outros

Direito 57
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instrumentos celebrados pela Administração Pública direta e indireta, para


conhecimento, controle e início de seus efeitos.
(...)
A publicidade de que se trata aqui, como se percebe, resulta de uma presunção de
conhecimento público, por parte dos administrados, dos atos praticados pela
Administração Pública, caracterizando-se, em princípio, como essencial à validade
e eficácia dos atos administrativos.

Princípio da Eficiência
Introduzido no ordenamento jurídico pátrio pela Emenda Constitucional n. 19, de
04.06.1998, o princípio da eficiência impõe à Administração Pública e a seus
agentes o dever de desempenhar suas funções com rapidez, perfeição e
rendimento compatíveis, de modo a satisfazer os anseios dos administrados.
Assim, quando se fala em rapidez, significa que a Administração Pública não pode
retardar indevidamente a prática de seus atos.
A perfeição traduz-se pela observância dos corretos padrões técnicos fixados para
a prestação de determinado serviço público.
Por fim, o rendimento se verifica pelo exato equilíbrio na relação custo-benefício na
prática de determinado ato administrativo.
O conceito de eficiência é característico das empresas privadas, em que a busca
do lucro constitui a finalidade principal, daí a importância da eficiência nesse setor.
Na Administração Pública, por sua vez, a finalidade precípua (senão exclusiva) é a
satisfação do interesse público. Disso resulta que o padrão de eficiência a ser
exigido dela deve ser distinto daquele preconizado para a atividade empresarial, sob
pena de sua inadequação ao modelo de Administração Pública existente no Brasil.

Síntese:
• Neste texto você aprendeu o objetivo do direito administrativo;
• Verificou que a Administração Pública Direta compreende serviços prestados pela
própria Administração e se confunde com o Poder Executivo, seus ministérios,
secretarias etc”. E que a Administração Pública indireta é composta pelas
sociedades de economia mista, pelas empresas públicas que exploram atividade
econômica, pelas fundações públicas e pelas autarquias.
• Conheceu os princípios que norteiam a administração pública.

Direito 58
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9. DIREITO AMBIENTAL

Objetivo
O objetivo deste texto é abordar tópicos relevantes relacionados ao direito ambiental.

Você sabia que a Constituição Federal tem um capítulo destinado ao Meio


Ambiente?

Isso mesmo?! Dispõe o artigo 225 da Carta Magna que:

CAPÍTULO VI
DO MEIO AMBIENTE
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações.
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo
ecológico das espécies e ecossistemas;
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e
fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão
permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto
ambiental, a que se dará publicidade;
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e
substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio
ambiente;
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem
em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os
animais a crueldade.
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio
ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público
competente, na forma da lei.

Direito 59
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§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os


infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal
Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-
á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio
ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, por ações
discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais.
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização definida
em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas.

Dessa forma, a preocupação com o meio ambiente não fica restrita ao presente,
mas, também, às futuras gerações, como mencionado no caput do artigo 225.

Como bem destaca Carlos Alberto Lunelli, no Capítulo que trata do Direito Ambiental
e Novos Direitos, na obra Direito Ambiental e Sociedade (2015, p. 11):
Em tempos com este, de mudanças climáticas e acaloradas discussões sobre os
seus efeitos, a atenção da humanidade sobre a questão ambiental ganha maior
importância. Do Brasil, pela sua extensão e riqueza em recursos naturais, espera-
se ainda mais.
A legislação protetiva ambiental representou um passo importante na afirmação e
no reconhecimento desse direito que é de todos. A dificuldade e o desafio, no
entanto, escondem-se por trás do problema da efetividade, ainda mais num terreno
como o ambiental, em que o discurso jurídico faz pouco efeito, brocardos de nada
valem e as políticas públicas parecem incapazes de evitar o desmatamento voraz,
a extinção de espécies, a agregação urbana desordenada e a supremacia do valor
econômico sobre o bem ambiental.

Por isso, para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público, entre
outras obrigações, promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente.

A lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, que trata das sanções penais e


administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, determina
que no artigo 2º e seguintes que:
Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta
Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem
como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor,
o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta
criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-
la.

Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e


penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja

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cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão


colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.
Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas
físicas, autoras, coautoras ou partícipes do mesmo fato.
Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade
for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio
ambiente.

Heráclito Antônio Mossin (2015, p. 8) ressalta no tocante ao artigo 2º supracitado


que:
A primeira parte do artigo repete o que se encontra esculpido no art. 29 do Código
Penal. Cada autor, coautor ou partícipe receberá a pena dentro do grau de
censurabilidade, na medida de sua reprovabilidade.
(...)
Autor é quem realiza a ação criminosa que configura o fato punível, é aquele que
executa o núcleo do tipo (p. ex.: caçar – art. 29, impedir – art. 48, desmatar – art.
50-A, Lei 9.605/98).

Coautor é quem executa, juntamente com outros, a ação ou omissão que configura
o delito (p. ex.: Tício e Caio caçam espécimes de fauna silvestre; Fernando e Joel
degradam floresta).

Na coautoria há uma cooperação de trabalho entre os delinquentes. Juntos, eles


concentram suas ações visando ao cometimento do fato típico. Há, dessa maneira,
a conjugação de forças direcionadas a um fim comum, que é a transgressão do tipo
penal ambiental.

A Lei n. 9.605/98, elenca, ainda, nos artigos 14 e 15, respectivamente, as


circunstâncias que atenuam e agravam a pena:
Art. 14. São circunstâncias que atenuam a pena:
I - baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;
II - arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou
limitação significativa da degradação ambiental causada;
III - comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental;
IV - colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle
ambiental.

Art. 15. São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou
qualificam o crime:
I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;
II - ter o agente cometido a infração:
a) para obter vantagem pecuniária;
b) coagindo outrem para a execução material da infração;
c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio
ambiente;
d) concorrendo para danos à propriedade alheia;
e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder
Público, a regime especial de uso;
f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;
g) em período de defeso à fauna;
h) em domingos ou feriados;
i) à noite;
j) em épocas de seca ou inundações;
l) no interior do espaço territorial especialmente protegido;
m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais;
n) mediante fraude ou abuso de confiança;
o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental;

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p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas


públicas ou beneficiada por incentivos fiscais;
q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades
competentes;
r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.

Exemplificando:
Queda da Barragem da Samarco. Você lembra desse caso? Aconteceu em
novembro de 2015?!

Ocorreu um dano ambiental e pessoas morreram.

Quem responderá? Quem indenizará?

Ações foram propostas visando a reparação do meio ambiente e dos danos


causados às pessoas. A Polícia Civil de Minas Gerais pediu, inclusive, a prisão preventiva
dos envolvidos.

• Leia as reportagens veiculadas no Jornal de Folha de São Paulo:


• http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/02/1742356-policia-pede-
prisao-de-ex-presidente-da-samarco-e-mais-6-por-tragedia-em-mg.shtml
acesso em 22/02/2019

• http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/03/1752987-stj-suspende-
pedido-de-prisao-de-executivos-da-samarco.shtml acesso em 22/03/2019

Diante disso, é certo que cabe ao Poder Público e à coletividade o dever de defender
e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações e que, quem, de
qualquer forma, concorrer para a prática dos crimes previstos na Lei 9.605/98, incidirá nas
penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o
administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto
ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de
impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.

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Síntese:
• Neste texto você aprendeu que a Constituição Federal destina um capítulo ao
Meio Ambiente e que cabe ao Poder Público e à coletividade o dever de defender
e preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações;
• A Lei 9.605/98 dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.

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