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Bibliografia
“Não pensem que haja só con nentes geográficos, formados de terra, mar, etc.
Há con nentes de outra natureza, que são os da história e da cultura, os do conhecimento e do
operar do homem. Cada um de nós elege um país em um dos con nentes do saber, para o seu
conhecimento e a sua morada. Uns escolhem Matemá ca, outros a Física, ou a Medicina; os
senhores vieram conhecer o mundo do Direito”. Miguel Reale.
Se voltarmos os olhos para aquilo que nos cerca, verificamos que existem
homens e existem coisas. O homem não apenas existe, mas coexiste, ou seja, vive
necessariamente em companhia de outros homens. Em virtude do fato fundamental da
coexistência, estabelecem os indivíduos entre si relações de coordenação, de subordinação, etc,
relações estas que não ocorrem sem o concomitante aparecimento de regras de organização e
conduta.
No universo existem coisas que se encontram, por assim dizer, em estado bruto,
ou cujo nascimento não requer nenhuma par cipação da nossa inteligência ou vontade. Mas,
ao lado dessas coisas, postas originalmente pela natureza, outras há sobre as quais o homem
exerce a sua inteligência e a sua vontade, adaptando a natureza a seus fins.
O que é CULTURA?
ORIGEM
O professor Miguel Reale afirma que o Direito, aos olhos do homem comum é
lei e ordem, isto é, conjunto de regras obrigatórias que garante a convivência social, graças ao
estabelecimento de limites à ação de cada um dos seus membros.
ACEPÇÕES
1ª) Justo: Direito significando justo. Quando se nos depara uma injus ça, quando nos revolta o
abuso da força, quando vemos o fraco espezinhado pelo forte, gritamos logo: “Não é direito!”,
ou ainda “O Direito exige que se faça uma reparação”. É nesse sen do que proclamam-se as
guerras e as lutas cívicas em defesa do Direito.
2ª) Jus ça: Esta foi a primeira noção que os grandes pensadores veram do Direito. Essa
preocupação de alcançar a jus ça, provém de um desejo ardente que a espécie humana
alimenta de realizar a igualdade e a harmonia dos interesses.
Sinte zando os dois primeiros significados Reale explica que em primeiro lugar, o Direito é
percebido como justo, ou seja, como um sistema de valores subordinado ao valor de Jus ça,
valor que consiste em servir aos demais valores na coexistência social, pois, é próprio do Direito,
criar as condições indispensáveis para que indivíduos e grupos possam realizar plenamente suas
aspirações ou tendências no sen do do bem, do belo, do ú l, do verdadeiro ou do santo.
3ª) Ciência: Compreensão racional, unitária e lógica, do fato social que denominamos também
Direito.
DEFINIÇÕES
Direito posi vo : Posi vo é o Direito ins tucionalizado pelo Estado. É a ordem jurídica
obrigatória em determinado lugar (sociedade) e tempo. É a “norma agendi”. É um conjunto de
normas dirigida a toda sociedade, vinculando os seus componentes. É o conjunto de todas as
normas jurídicas existentes em um Estado.
Direito Natural: De acordo com o professor Paulo Nader, o Direito Natural revela ao legislador
os princípios fundamentais de proteção ao homem, que forçosamente deverão ser consagrados
pela legislação, a fim de que se obtenha um ordenamento jurídico substancialmente justo. O
Direito Natural não é escrito e não é criado pela sociedade, nem é formulado pelo Estado. Como
o próprio adje vo natural indica, é um Direito espontâneo, que se origina da própria natureza
social do homem e que é revelado pela conjugação da experiência e razão.
É cons tuído por um conjunto de princípios e não de regras, de caráter universal, eterno e
imutável. Como exemplos maiores: o direito à vida e à liberdade. Em contato com as realidades
concretas, esses princípios são desdobrados pelo legislador mediante normas jurídicas que
devem adaptar-se ao momento histórico.
Para Maria Helena Diniz: “A lei natural é imutável em seus primeiros princípios. O Direito natural,
imanente à natureza humana, independe do legislador humano. As demais normas, construídas
pelos legisladores, são aplicações dos primeiros princípios naturais, às con ngências da vida,
mas não são naturais, embora derivem do direito natura. Por exemplo.: do princípio de Direito
natural de que, “o homem deve conservar a si próprio”, decorre que não é permi do matar, “são
proibidos a eutanásia e o aborto”, etc, e mais remotamente ter-se-á a proteção à saúde dos
trabalhadores em local insalubre.
DIREITO OBJETIVO E DIREITO SUBJETIVO
Não são duas realidades dis ntas, mas dois lados de um mesmo objeto. Entre ambos não há
uma an tese ou oposição. O Direito vigente pode ser analisado sob dois ângulos diferentes:
obje vo ou subje vo. É a par r do conhecimento do direito obje vo que deduzimos os direitos
subje vos de cada parte dentro de uma relação jurídica.
Direito obje vo
Do ponto de vista obje vo: o Direito é norma de organização social. É o chamado Jus norma
agendi. É o complexo de normas jurídicas que regem o comportamento humano, prescrevendo
uma sanção no caso de sua violação. (Maria Helena Diniz).
(Paulo Nader): Do ponto de vista obje vo, o Direito é norma de organização social. É o chamado
Jus norma agendi. Quando se afirma que o Direito do Trabalho não é formalista, emprega-se o
vocábulo Direito em sen do obje vo, como referência às normas que organizam as relações de
emprego.
Direito subje vo
É a “facultas agendi”. É a prerroga va que o indivíduo possui de invocar a norma a seu favor; é
o poder atribuído à uma pessoa para que ela possa fazer prevalecer o seu interesse, em conflito
com o interesse de outro.
(Paulo Nader): O direito subje vo corresponde às possibilidades ou poderes de agir, que a ordem
jurídica garante a alguém. Equivale à an ga colocação romana, hoje superada, do Jus facultas
agendi. O direito subje vo é um direito personalizado, em que a norma, perdendo o seu caráter
teórico, projeta-se na relação jurídica concreta, para permi r uma conduta ou estabelecer
consequências jurídicas. Quando dizemos que “fulano tem direito à indenização”, afirmamos que
ele possui direito subje vo. É a par r do conhecimento do Direito obje vo que deduzimos os
direitos subje vos de cada parte dentro de uma relação jurídica.
1.2 – O conhecimento cien fico do Direito: o método e a técnica jurídica – (Capítulo VIII –
Miguel Reale)
Este raciocínio, também chamado por Aristóteles de silogismo, parte da dedução formal
tal que, postas duas premissas, delas, por inferência, ra-se uma terceira, chamada
conclusão. Entretanto, deve-se frisar que a dedução não oferece conhecimento novo,
uma vez que a conclusão sempre se apresenta como um caso par cular em lei geral.
Explicação e Compreensão
A Teoria Geral do Direito e Jus ça, como já dito, trata-se de uma disciplina de
conhecimento de natureza propedêu ca, ou seja, um sistema auxiliar e preparatório de
conceitos posto na base das disciplinas jurídicas. É importante ainda, verificar suas ligações e
seus nexos com outras ordens de conhecimento, especialmente a Filosofia do Direito, a Teoria
Geral do Direito e a Sociologia Jurídica.
FILOSOFIA DO DIREITO
DIREITO E SOCIOLOGIA
Em linhas gerais, pode-se dizer que a Sociologia tem por fim, o estudo
do fato social na sua estrutura e funcionalidade, para sabem, em suma, como os grupos humanos
se organizam e se desenvolvem, em função dos múl plos fatores que atuam sobre as formas de
convivência.
A Sociologia não tem por obje vo traçar normas ou regras para o viver
cole vo, mas antes verificar como a vida social comporta diversos pos de regras, como reage
em relação a elas, nestas ou naquelas circunstâncias. Desenvolve-se como uma inves gação das
estruturas do fato social, inseparáveis de sua funcionalidade concreta, sem considerar acessórios
ou secundários os “estudos de campo”, relacionados a áreas delimitadas da experiência social.
A Sociologia jurídica portanto, não visa à norma jurídica como tal, mas
sim à sua eficácia ou efe vidade no plano do fato social.
DIREITO E ECONOMIA
Ressalta Reale que, o que nos cabe analisar é apenas a relação entre o
fenômeno jurídico e econômico, inclusive dado o significado da concepção marxista da história
na civilização contemporânea.
Assim como o fator econômico atua sobre o Direito, este resulta também
de elementos outros, de natureza religiosa, é ca, demográfica, geográfica, etc., o que demonstra
a unilateralidade e a inconsistência de todas as teorias que, como a marxista, enxergam no
homem apenas uma de suas múl plas dimensões.
Reale, mais uma vez poe sa: Diríamos que o Direito é como o rei Midas.
Se na lenda grega esse monarca conver a em ouro tudo aquilo em que tocava, aniquilando-se
na sua própria riqueza, o Direito, não por cas go, mas por des nação é ca, converte em jurídico
tudo aquilo em que toca, para dar-lhe condições de realizabilidade garan da, em harmonia
como os demais valores sociais.
2.1 – A diferença entre o direito e as outras formas de controle social: religião, moral, é ca e
normas privadas.
Direito e Religião
Por muito tempo, desde as épocas mais recuadas da história, a Religião
exerceu um domínio absoluto sobre as coisas humanas. A falta do conhecimento cien fico era
suprida pela fé. As crenças religiosas formulavam as explicações necessárias. Segundo o
pensamento da época, Deus não só acompanhava os acontecimentos terrestres, mas neles
interferia. Por sua vontade e determinação, ocorriam fenômenos que afetavam os interesses
humanos. Diante das tragédias, viam-se os cas gos divinos; com a fartura, via-se o prêmio.
revelasse um homo religiosus, esse personagem, que se achava fora do império das leis, sem
direitos ou deveres jurídicos, estaria subordinado às normas de sua Religião. A opinião de Legaz
y Lacambra é confirmada por Mayer, para quem “o próximo não é um elemento necessário da
ideia religiosa”. O semelhante é visto assim, dentro desta perspec va de análise, como algo
circunstancial. O que se projeta como fundamental é a prá ca do bem, nas diversas situações
em que o homem se encontre. A Religião, costuma-se dizer, é o diálogo do homem com Deus.
Direito e Moral.
1º) A teoria dos círculos concêntricos – Jeremy Bentham (1748-1832), jurisconsulto e filósofo
inglês, concebeu a relação entre o Direito e a Moral, recorrendo à figura geométrica dos círculos.
A ordem jurídica estaria incluída totalmente no campo da Moral. Os dois círculos seriam
concêntricos, com o maior pertencendo à Moral. Desta teoria, infere-se: a) o campo da Moral é
mais amplo do que o do Direito; b) o Direito se subordina à Moral. As correntes tomistas e
neotomistas, que condicionam a validade das leis à sua adaptação aos valores morais, seguem
esta linha de pensamento.
MORAL
DIREITO
2º) A teoria dos círculos secantes – Para Du Pasquier, a representação geométrica da relação
entre os dois sistemas não seria a dos círculos concêntricos, mas a dos círculos secantes. Assim,
Direito e Moral possuiriam uma faixa de competência comum e, ao mesmo tempo, uma área
par cular independente.
DIREITO
MORAL
3º) A visão kelseniana – Ao desvincular o Direito da Moral, Hans Kelsen concebeu os dois
sistemas como esferas independentes. Para o famoso cien sta do Direito, a norma é o único
elemento essencial ao Direito, cuja validade não depende de conteúdos morais.
DIREITO MORAL
4º) A teoria do “mínimo é co” – Desenvolvida por Jellinek, a teoria do mínimo é co consiste na
ideia de que o Direito representa o mínimo de preceitos morais necessários ao bem-estar da
cole vidade. Para o jurista alemão toda sociedade converte em Direito os axiomas morais
estritamente essenciais à garan a e preservação de suas ins tuições. A prevalecer essa
concepção o Direito estaria implantado, por inteiro, nos domínios da Moral, configurando, assim,
a hipótese dos círculos concêntricos.
f) Sanção Difusa: A sanção que as Regras de Trato Social oferecem é difusa, incerta e
consiste na reprovação, na censura, crí ca, rompimento de relações sociais e até
expulsão do grupo. O indivíduo que nega uma ajuda a seu amigo, por exemplo, viola os
preceitos de companheirismo. A sanção será a reprovação, o enfraquecimento da
amizade ou até mesmo o seu rompimento. A apresentação em sociedade com traje
inadequado provoca naturalmente a crí ca. O constrangimento que as regras impõem
é, muitas vezes, mais poderoso do que a própria coação do Direito. O duelo, hoje em
desuso, é um exemplo. Durante muito tempo exis u apenas como convenção social
contra legem. O indivíduo preferia romper com a lei a fugir da praxe social.
G) Isonomias por classes e níveis de cultura: As obrigações que as Regras de Trato Social
irradiam não se des nam, de igual modo, aos membros da sociedade. O seu caráter
imposi vo varia em função da classe social e nível de cultura. Assim, não se espera de
um simples trabalhador o trajar elegante de acordo com a moda. Um juiz, porém, que
se apresente socialmente com as vestes de um andarilho provoca estranheza e
reprovação. De um matuto do interior admite-se o linguajar incorreto, mas de indivíduo
com escolaridade, a pronúncia errônea ou a concordância incorreta conduz à crí ca.
b) tais elementos ou fatores (fato, valor e norma) não existem separados uns dos outros,
mas coexistem numa unidade concreta;
c) mais ainda, esses elementos ou fatores não só se exigem reciprocamente, mas atuam
como elos de um processo (já vimos que o Direito é uma realidade histórico-cultural) de
tal modo que a vidado Direito resulta da interação dinâmica e dialética dos três elementos
que a integram.