Você está na página 1de 12

Sumário

1.INTRODUÇÃO........................................................................................................................5
1.1 BREVE REFERÊNCIA HISTÓRICA.............................................................................5
2. NOTÁRIO (conceito)...........................................................................................................7
2.2. NATUREZA JURÍDICA DO NOTÁRIO DO NOTÁRIO.................................................9
2.3. FUNÇÃO DO NOTÁRIAL.................................................................................................9
2.4 COMPETÊNCIAS DO NOTÁRIO..............................................................................12
3. CONCLUSÕES...................................................................................................................14
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................15

4
1.INTRODUÇÃO
1.1 BREVE REFERÊNCIA HISTÓRICA

Parece seguro que a origem do notário deve encontrar-se em Roma, numa


altura em que os notários eram escreventes públicos, que se limitavam a
escrever por notas, prestando dessa forma o seu serviço ao público, redigindo
os documentos que lhe eram solicitados, ainda não dotados de fé pública. Os
tabeliães, que viram a sua função oficializada com Constantino, são
profissionais já mais próximos aos notários modernos, que prestavam
juramento perante o perfeito e dele recebiam, como sinal da sua função um
anel. Aqui a função principal dos tabeliães era dar forma escrita a vontade das
partes. Com o imperador justiniano, os tabeliães passaram a ter uma formação
jurídica especializada, podendo afirmar-se que ai começa a ganhar forma a
vocação do notário para dar forma legal e autentica a vontade das partes. 1

A partir da invenção e difusão da escrita se pode concluir que a instituição


notarial é tao antiga como a própria vida comunitária. 2 …O primeiro congresso
Internacional do Notário Latino, realizado em Buenos Aires em 1948, ensaiou
uma definição da qual resulta que o notário é um oficial público e, ao mesmo
tempo um profissional livre do direito. Esta definição foi assumida pelo
ordenamento jurídico com expressa dignidade constitucional consagrada no
seu artigo 165º, segundo o qual todos as leis e regulamentos vigentes na
Republica de Angola são aplicáveis enquanto não forem alterados ou
revogados, e desde que não contrariem a letra e o espirito da presente lei 3

De facto, encontram-se vestígios de uma actividade notarial na Assíria, no


Egipto, na Grécia, e precisamente em Roma, nomeadamente, os agoranamen
tinham poder de autenticação no regime de transmissão da propriedade de
imoveis.

1
Internet(Google), ordem dos notários, pt
2
Moisés Kassoma, O Notário e a tutela do comércio jurídico, 2019
3
Moisés Kassoma, O Notário e a tutela do comércio jurídico, 2019

5
O escriba, por si, não conferia autenticidade ao documento, sendo necessário
para o efeito recorrer ao Magistrado, que lhe estampava o selo e conferia o
instrumento de caracter pública. Entre nós a validade da transmissão da
propriedade de bens imoveis só é valida se for celebrada por escritura pública
nos termos do artigo 875º cc, e nos artigos 46º al b) e 50 nº 1 do C.P.C
encontramos a força probatória destes documentos, os quais por si só
constituem título executivo.

O sistema do notariado angolano pode ser caracterizado tendo em conta três


tipos:

-O primeiro é o que vigorou na Angola Província Ultramarina da Republica


Portuguesa baseado no notário de tipo latino, que é seguido pela maioria dos
países da europa continental (Alemanha, Áustria, Bélgica, Eslovénia, Espanha,
França, Itália, Luxemburgo e Portugal), até 11 de Novembro de 1975.

- O segundo é do tipo administrativo, e vigorou durante o período em que no


nosso país se implantou o regime socialista, de economia centralizada, sem a
possibilidade de exercício da actividade privada lucrativa por parte dos
cidadãos. O combate á burguesia era um dos princípios basilares deste
sistema. Durante esse período, a actividade notarial não se fazia sentir, não só
em virtude do regime, mas também porque a maioria da população não tinha
negócio que levassem a contactar os Cartórios notariais e, consequentemente,
os seus titulares notários. 4

A história do notário em Angola refere-se a uma actuação deficiente, devido a


instabilidade politica que o país viveu, culminando com a falta de quadros
especializados, bem como a falta de um único notário licenciado. Já nos anos
90, enquanto países como Portugal davam os seus primeiros passos rumo a
liberalização, Angola começava a enquadrar os primeiros quadros formados
em direito em seu deficiente sistema notarial.

4
Moisés Kassoma, O Notário e a tutela do comércio jurídico, 2019

6
Nesse entretanto, foi no âmbito de um protocolo com Portugal que foram
formados nesta área de direito os primeiros notários e conservadores, através
do curso extensão universitária, seguido de estágios práticos em cartórios e
conservatórias, sendo nesta altura possível satisfazer a capital do país e
posterior as outras províncias. 5

Consequentemente, num primeiro momento, o aparecimento dos percussores


do notariado ter-se-á, em grande medida ficado a dever ao analfabetismo
reinante, mas rapidamente evoluiu para o exercício de funções, de tal modo
socialmente relevantes que no mundo moderno onde as novas tecnologias da
informação e da comunicação se desenvolvem a uma velocidade estonteante.

2. NOTÁRIO (conceito)

hierarquia do Ministério da Justiça que funciona em cartórios notárias cuja


actividade consiste na declaração de autenticidade dos documentos.

Está relacionada com a autenticidade de documentos com vista a atestar a


veracidade dos mesmos junto de outras instituições, bem como afastar
suspeições sobre a falsidade de documentos nos casos de incidente de
falsidade levantados nos tribunais. O notário está igualmente obrigado a atestar
a veracidade das declarações das partes em contratos celebrados diante de si
por exigências legais.6

É o Profissional jurídico integrado nos serviços de administração da justiça e


sob o notário mesmo sendo profissional liberal, só tem razão de existir porque
é um oficial público que representa o Estado e em nome deste, assegurar o
controlo da legalidade, conforme a vontade das partes, à lei e da garantia de
autenticidade aos actos em que intervêm, como delegatário da fé pública a qual
uma prerrogativa exclusiva do Estado.

5
Amarbelo Singua, Angop, liberalização do notário em Angola in seminário, 6/10/2011.
6
Albano Pedro, Cursos de Direito e Profissões Jurídicas, 2017

7
Sublinha-se a vocação de um tal notariado para, desde os primórdios, dar
forma a vontade das partes, tentando assim evitar mal entendidos futuros
relativamente ao que havia sido acordado, ou seja, ainda numa fase de um
certo tabelionato algo incipiente, já é possível vislumbrar essa função
preventiva de conflituosidade, que continua a caracterizar o notário moderno.

O estudo do notário em Angola compreende um conjunto de situações,


algumas de cariz mais prático, outras mais relacionadas ao próprio
desenvolvimento legislativo. Entre umas e outras, não se pode perder de vista
a necessidade de se estudar esta área tão importante para a afirmação do
próprio sistema jurídico, o qual se processa em obediência a realização da
vontade negocial, fundada na liberdade contratual. Ora, é em sede da boa
administração da justiça, na faceta extrajudicial, que se impõe o estudo destas
matérias.

A actividade notarial em Angola é regida pelo Código Notárial, de 31 de Março


de 1967. Mas recentemente, e sobre a égide da evolução e conformação legal,
nasceu a lei da liberalização do Notariado (Lei 8/11, de 16 de Fevereiro) e seu
regime Jurídico (Decreto Presidencial 51/11, de 23 de Março), numa clara
tentativa de privatizar o notário em Angola. Assim, a liberalização dos serviços
de notariado é um processo imperativo de modernização dos estados
modernos, a que Angola não fica a margem, tendo em conta como supracitado,
o Decreto Presidencial, nº 51/11, onde estão estabelecidos princípios e regras
atinentes ao exercício da função notarial, direitos e deveres afirmando a sua
liberalização. Vale a pena transcrever algumas normas e princípio que definem
a função notarial e estabelecem as regras a observar no seu exercício das
quais decorrem, nomeadamente de forma expressa e muito clara:

a) A especial natureza da função notarial (distinta de todas outras profissões


jurídicas);

b) As atribuições dos notários;

c) A tutela do Ministério da Justiça;

d) A proibição do notário assessorar apenas uma das partes.

Á par dessas supra, existem outras que regulam a actividade do notário em


Angola designadas e escritas no Código do notário:

8
2.2. NATUREZA JURÍDICA DO NOTÁRIO DO NOTÁRIO

No artigo primeiro do estatuto dos Notários veremos:

1. O notário é o jurista e cujos documentos escritos elaborados no


exercício da sua função é conferida fé pública.

2. O notário é, simultaneamente um oficial público que confere


autenticidade aos documentos e assegura o seu arquivamento é um
profissional liberal que actua de forma independente, imparcial e livre
escolha dos interessados

A natureza pública e privada da função notarial é incindível

2.3. FUNÇÃO DO NOTÁRIAL

Quanto a função do notário nos veremos que nos termo do 1º artigo do Código
do Notário, a função notarial destina-se a dar forma legal e conferir fé pública
aos actos jurídicos extrajudiciais.

Para efeitos do disposto no número anterior, pode o notário prestar assessoria


as partes na expressão da sua vontade negocial . o acto de dar forma legal as
vontades das partes além da autenticidade dada pelo notário ao documento
desta autenticidade resulta uma força probatória, perante as demais
instituições. E estes documento exarados pelo notário podem ser: Autênticos e
Autenticados conforme o artigo 35º do Código do Notário.

Artigo 35º - (Espécies de documentos)

1.Os documentos lavrados pelo notário, ou em que ele intervém, podem ser
autênticos, autenticados ou ter apenas o reconhecimento notarial.

2.São autênticos os documentos exarados pelo notário nos respectivos livros,


ou em instrumentos avulsos, e os certificados, certidões e outros documentos
análogos por ele expedidos.

9
3-São autenticados os documentos particulares confirmados pelas partes
perante notário

4-Têm reconhecimento notarial os documentos particulares cuja letra e


assinatura, ou só assinatura, se mostrem reconhecimento por notário.

CÓDIGO CIVIL

Artigo 363º- (Modalidade dos documentos escritos)

1. Os documentos autênticos podem ser autênticos ou particulares.

Autênticos são os documentos exarados, com as formalidades legais, pelas


autoridades públicas nos limites da sua competência ou, dentro do círculo de
actividade que é atribuído, pelo notário ou outro oficial publico provido de fé
pública, todos os outros documentos são particulares.

2. Os documentos particulares são havidos por autenticados, quando


confirmados pelas partes, perante notário, nos termos prescritos na lei
notariais.

Artigo 369º- (Competência da autoridade ou oficial público)

1. O documento só é autenticado quando a autoridade ou oficial público


que o exara for competente, em razão da matéria e do lugar, e não
estiver legalmente impedido de o lavrar.

2. Considera-se, porem, exarado por autoridade ou oficial público


competente o documento lavrado por quem exerça publicamente as
respectivas funções, a não ser que os intervenientes ou beneficiários
conhecessem, no momento da sua feitura, a falsa qualidade da
autoridade ou oficial publico, a sua incompetência ou a irregularidade da
sua investidura.

Artigo 370º- (Autenticidade)

1. Presume-se que o documento provém da autoridade ou oficial público a


quem é atribuído, quando estiver subscrito pelo autor com assinatura
reconhecida por notário ou com selo do respectivo serviço.

10
2. A presunção de autenticidade pode ser ilidida mediante prova em
contrário, e pode ser excluída oficiosamente pelo tribunal quando seja
manifesta pelos sinais exteriores do documento a sua falta de
autenticidade, em caso de dúvida, pode ser ouvida a autoridade ou
oficial público a quem o documento é atribuído.

3. Quando o documento for anterior ao século XVIII, a sua autenticidade


será estabelecida por meio de exame feito na torre do tombo desde que
seja contestada ou posta em dúvida por alguma das partes ou pela
entidade a quem o documento for apresentado.

Artigo 371º- (Força Probatória)

1. Os documentos fazem prova plena dos factos que referem como


praticados pela autoridade ou oficial público respectivo, assim como dos
factos que neles são atestados com base nas perceções da entidade
documentadora, os meros juízos pessoais do documentador só valem
como elementos sujeitos a livre apreciação do julgador.

2. Se o documento contiver palavras emendadas, truncadas ou escritas


sobre rasuras ou entrelinhas, sem a devida ressalva, determinará o
julgador livremente a medida em que os vícios externos do documento
excluem ou reduzem a sua força probatória.

Artigo 375º- (Reconhecimento Notarial)

1. Se tiverem reconhecidas presencialmente, nos termos das leis notariais,


a letra e a assinatura do documento, ou só a assinatura, têm-se por
verdadeiras.

2. Se a parte contra quem o documento é apresentado arguir a falsidade


do reconhecimento presencial da letra e da assinatura, ou só da
assinatura, a ela incube a prova dessa falsidade.

3. Salvo disposição legal em contrário, o reconhecimento por semelhança


vale como mero juízo pericial.

4.

11
Artigo 377º - (Documento Autenticados)

1. Os documentos particulares autenticados nos termos da lei notarial têm


a força probatória dos documentos autênticos, mas não os substituem
quando a lei exija documento desta natureza para a validade do acto.

2.4 COMPETÊNCIAS DO NOTÁRIO

Ao noTário angolano, compete em geral, redigir o instrumento público tal como


clarifica o artigo 46º nº 1 al a).

Nesse entretanto, a competência funcional do notário angolano esta clarificada


no artigo 4º do Código notarial, conforme a vontade das partes, a qual deve
indagar, interpretar e adequar ao ordenamento jurídico esclarecendo-as do seu
valor e alcance. Celebram-se em geral por escritura pública, os actos que
importem o reconhecimento, constituição, aquisição, modificação, divisão ou
extinção dos direitos de propriedade, usufruto, uso e habitação, superfície e
servidão sobre coisas imoveis. Existem, porem, muitos outros actos que, por
força da lei ou por vontade das partes são celebrados por escritura pública.
Assim, a competência do notário angolano subdivide-se em competência
funcional ou material e competência territorial. 7

A regra da competência notarial não foge a regra dos serviços de justiça que
praticam actos ligados as pessoas e bens. A competência territorial do Notário
é a da área da província em que se encontra o cartório notarial. Salvo
disposição em contrario o Notário pode praticar dentro da área da província em
que se encontra sedeado o seu cartório notarial, todos os actos da sua
competência que lhe sejam solicitados, mesmo que respeitem a pessoas
domiciliadas ou a bens situados fora dessa área (artigo 4º nº 3) ou artigo 5º nº
2 do Código Notarial Angolano.

7
Moisés Kassoma, O Notário e a tutela do comércio jurídico, 2019

12
Nesse entretanto, o desacato das regras de competência territorial do Notário
dá lugar á incompetência do notário em razão do lugar, prevista no artigo 71º.
A incompetência do Notário resultante em razão do lugar resulta, por
conseguinte, do facto de o Notário autorizar a celebração do acto para além
dos limites geográficos da sua área de competência, invadindo a área do outro
cartório.

Nos termos do artigo 71º nº 1, é nulo o acto praticado por Notário


incompetente em razão do lugar. Porém, ao contrário do que sucede na
incompetência em razão da matéria, o vício do Notário em função do lugar é
sanável. A sanação resultante da incompetência acima referida pode revestir-
se de natureza administrativa ou judicial A sanação administrativa cabe ao
próprio Notário, emitindo a declaração escrita do Notário competente, fazendo
provar a sua ausência na data em causa em que o acto foi celebrado; as partes
também emitem uma declaração justificando a urgência que tiveram da
celebração do acto (artigo 71º, nº 3 al a)). 8

8
Moisés Kassoma, O Notário e a tutela do comércio jurídico, 2019

13
3. CONCLUSÕES

Em Angola o notário surge com o Decreto-Lei nº 47.619 de 30 de Março de


1967, como extensivo as províncias ultramarinas. Embora conte até ao
presente mais de cinquenta anos de sua existência busca suporte legal no
artigo 165º da lei constitucional.

Não obstante a evolução que tem vindo a conhecer o notário latino de que
Angola se insere por razoes de cultura e tradição histórica os princípios
fundamentais, mais desenvolvidos do sistema mantem-se notarialmente
inalterado, o reconhecimento da, máxime o reconhecimento da fé publica aos
actos praticados pelo notário, com as inerentes consequências ao nível do
valor probatório dos documentos 9. Importa referir que os actos notariais, não
obstante o princípio da legalidade a que estão sujeitos, regem-se pelo princípio
do numerus clausus, estabelecidos nos artigos 80º e 89 do C.N ai se encontra
tipificados os actos que por excelência exigem escritura pública. Portanto, os
resultados obtidos pelo público consultor do Notário são o garante e
testemunho desta importante função, pois que o Notário deve ser pessoa bem
formada, um bom profissional jurista, para poder encaminhar e assistir melhor o
público que a ele recorre para se aconselhar e obter resultados desejados. Por
exemplo, quando um cliente apresentar questões ligadas á actividade Agro-
Pecuária, deve o Notário saber orientar no sentido de que esta actividade é
regulada pelo Ministério da Agricultura, e de que nesta matéria quem tem
capacidade técnica não e ele mas sim o agrónomo. 10

9
Moisés Kassoma, O Notário e a tutela do comércio jurídico, 2019
10
Moisés Kassoma, O Notário e a tutela do comércio jurídico, 2019

14
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 KASSOMA, M. (2019), O Notário e a Tutela Jurídica do comércio


jurídico, pp. 2-65.
 PEDRO, A., (2017), Curso de Direito e Profissões Jurídicas;

 Singua, A.,Angop,(2011) Liberalização do Notário em Angola in


seminário, 2011.

SITES E LEGISLAÇÕES CONSULTADAS:


 INTERNET,(GOOGLE) IN SEMINÁRIO DA ACTIVIDADE DO NOTÁRIO
ANGOLANO, 2011;
 CÓDIGO NOTARIAL ACTUALIZADO 28-A/2006;
 CÓDIGO CIVIL;
 ESTATUTO DA ORDEM DOS NOTÁRIOS

15

Você também pode gostar