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Introdução ------------------------------------------------------------------------------------- 6
1. A ética ------------------------------------------------------------ 7
2. A deontologia ----------------------------------------------------------------- 9
2.1. Fontes da deontologia ------------------------------------------------------------- 11
3. A profissão e o código de ética ----------------------------------------------------- 11
3.1. A deontologia jurídica ---------------------------------------------------------------- 13
3.2 . Deontologia profissional ------------------------------------------------------ 15
4. Deveres gerais/específicos de conduta do advogado ----------------------------- 16
5. A ética profissional ------------------------------------------------------- 16
6. Deveres do advogado para com o constituinte ------------------------------ 17
6.1. Dever de zelo e diligência ---------------------------------------------------------- 19
6.2. Dever de informar o cliente --------------------------------------------------------- 20
6.3. Segredo profissional ------------------------------------------------------------------- 20
6.4. Protecção de dados ------------------------------------------------------------------- 21
6.5. Interesses contrapostos entre diferentes clientes ----------------------------- 21
6.6. Manutenção de clientes ------------------------------------------------------------ 22
6.7. Tratamento com clientes ---------------------------------------------------------- 22
Al.= Alínea
Art = Artigo
Cfr = confira
Este artigo emerge daquilo que foram as experiências do autor no território angolano, ao
longo de 3 anos, à medida que foi trabalhando com inúmeros profissionais do ensino em
todo o país. À medida que esse trabalho foi tendo lugar e que os professores se foram
envolvendo em projectos de investigação, uma determinada concepção da ciência, na longa
tradição positivista que moldou os primórdios das Ciências Sociais, manifestou-se com todo o
seu vigor. Nesse contexto, produziram-se intensos debates acerca da competição de
paradigmas na investigação científica e, em particular, das questões ontológicas,
epistemológicas e metodológicas que lhes subjazem, o que conduziu a que vários
professores rapidamente vislumbrassem outras vias de trabalho e novas problemáticas para
uma investigação umbilicalmente ligada às suas práticas profissionais quotidianas.
Defendemos neste artigo a necessidade de intensificar estes debates no contexto específico
do ensino superior em Angola como forma de fazer avançar a investigação em ciências
sociais.
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ENTRADAS NO ÍNDICE
Keywords:
research paradigms, social sciences, qualitative research, transformative research
Palavras chaves:
paradigmas de investigação, ciências sociais, investigação qualitativa, investigação
transformadora
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MAPA
Introdução
a) Aspectos ontológicos
b) Aspectos epistemológicos
d) Aspectos metodológicos
A concluir
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NOTAS DA REDACÇÃO
Recebido a: 15/Abril/2013
Aceite para publicação: 18/Abril/2013
TEXTO INTEGRAL
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Introdução
1Este artigo emerge daquilo que foram as experiências do autor no território angolano, ao
longo de 3 anos, à medida que foi trabalhando com cada vez mais professores em todo o
país. O contacto regular com centenas de docentes e várias escolas de formação de
professores em províncias tão diversas como Cabinda, Uíge, Kwanza-Norte, Luanda,
Malange, Kwanza-Sul, Bié, Huambo, Benguela, Huíla, Namibe, Cunene, proporcionou algum
conhecimento do sistema educativo angolano e, em particular, do ensino primário e
secundário, bem como do sub-sistema da formação de professores.
3Na sua maioria, aqueles docentes revelaram uma concepção de investigação em que tanto
a teoria como o método são anteriores ao objecto de estudo que, para poder ser estudado,
tem de ser concebido de tal forma que possibilite a sua abordagem no âmbito desse modelo
linear de investigação e dos métodos por ele admitidos. Essa situação conduziu-nos a
intensos debates acerca da competição de paradigmas na investigação em ciências sociais e,
em particular, das questões ontológicas, epistemológicas e metodológicas que lhes
subjazem. Para muitos desses jovens investigadores, estes debates não colocaram em causa
as suas concepções da realidade social e dos sujeitos humanos enquanto objectos de estudo
das ciências sociais. Porém, para alguns outros, as acesas discussões em que se envolveram
constituíram verdadeiros momentos de confrontação, desconstrução e reconstrução. Uma
outra perspectiva de investigação geminava agora nas suas mentes, fortemente ligada aos
seus contextos e universos de vida. Em consequência, rapidamente vislumbram outras vias
de trabalho e novas problemáticas para uma investigação umbilicalmente ligada às suas
práticas e aos seus contextos quotidianos.
5Do nosso ponto de vista, muitos desses contextos e fenómenos específicos com que se
confrontam os profissionais no seu agir quotidiano não podem ser adequadamente estudados
no âmbito do processo linear de investigação a que nos referimos anteriormente. E isso não
acontece apenas no campo da investigação educacional, seja mais ou menos ligada a
questões sociológicas. A situação é semelhante noutros campos das ciências sociais. Assim,
argumentamos neste artigo a imperiosa necessidade de criar condições para que, para além
da investigação tradicional, possa emergir uma investigação em ciências sociais
essencialmente qualitativa e sobretudo focada nos contextos locais e nos fenómenos e
práticas quotidianas, sob a égide dos paradigmas crítico, construtivista e participativo
[Lincoln, Lynham & Guba 2011].
8Estas diferentes visões são reveladoras das disputas entre paradigmas no seio da
investigação em ciências sociais. Daí que o ponto de partida para qualquer investigador deva
ser, precisamente, uma profunda reflexão acerca destes paradigmas e dos argumentos que
os suportam. A definição de um objecto de estudo e a escolha do método serão então
posteriores ao posicionamento do investigador, bem como à sua temática, no seio de um
determinado paradigma ou de uma posição paradigmática resultante da confluência de
paradigmas compatíveis entre si. Deste ponto de vista, a habitual polémica quantitativo
versus qualitativo acaba por ser uma questão estritamente metodológica de menor
importância, pois consequência natural de reflexões ontológicas e epistemológicas nas quais
o investigador se deve, forçosamente, envolver. Na perspectiva de Guba e Lincoln os
paradigmas constituem assunções básicas que representam uma visão do mundo e que
definem a própria realidade. Esses diferentes paradigmas de investigação podem ser
definidos em função das respostas que os seus defensores dão a pelo menos três questões
fundamentais: a questão ontológica, a questão epistemológica e a questão metodológica
[1994: 107-108].
12Em 2002, num artigo ainda sintomaticamente intitulado Las disputas entre paradigmas en
la investigación educativa, Felipe Rizo, da Universidad Autónoma de Aguascalientes, no
México, comentava a forma como Guba e Lincoln [1994] sistematizaram os vários
paradigmas de investigação com base em critérios ontológicos, epistemológicos e
metodológicos, acrescentando a estes dois outros critérios, que designou de axiológicos e
praxiológicos, para propor de seguida uma sistematização alternativa. No essencial, a
reflexão de Rizo baseavam-se nos seguintes aspectos:
a) Aspectos ontológicos
13Os aspectos ontológicos, na sua perspectiva, têm que ver com a natureza do objecto de
estudo da ciência. As divergências ontológicas situam-se entre aqueles que consideram a
existência de uma diferença fundamental entre os objectos de estudo das ciências naturais e
os objectos de estudo das ciências sociais e aqueles que consideram a não existência dessa
diferença fundamental. Reflectir sobre esta questão implica ainda abarcar duas outras
questões relacionadas e que têm que ver, por um lado, com a natureza do investigador (o
sujeito que conhece) e, por outro lado, com a relação sujeito-objecto. Assim, as questões
ontológicas implicam considerar a dimensão interior dos sujeitos humanos, quer enquanto
sujeitos investigadores, quer enquanto objectos de estudo. Esta dimensão da interioridade,
as suas implicações em termos de causalidade dos fenómenos e da sua irrepetibilidade, bem
como o carácter histórico dos fenómenos humanos e sociais parecem constituir os aspectos
ontológicos essenciais.
b) Aspectos epistemológicos
15Aceitando a postura ontológica de que não existem diferenças fundamentais entre os
objectos de estudo das ciências naturais e os das ciências sociais, é razoavelmente linear
aceitar também a ideia de que não exista uma diferença fundamental entre o conhecimento
produzido e utilizado nas ciências naturais e aquele que é produzido e utilizado nas ciências
sociais. Contudo, ao introduzir-se a questão da interioridade inerentemente subjectiva dos
seres humanos, bem como a dimensão historicista, segundo a qual as configurações do
mundo humano são sempre o resultado de processos históricos de formação, o
conhecimento produzido e utilizado nas ciências sociais assume uma característica
eminentemente interpretativa. As orientações historicistas, enquanto formas diferenciadas
de abordagem aos fenómenos e aos contextos especificamente humanos, impuseram assim
a inevitabilidade de um conhecimento das ciências sociais cuja natureza só pode ser
interpretativa.
17As diferenças no que toca à posição do investigador e à sua postura ético-política são
também ponto de discussão. Por um lado, as posições mais próximas do positivismo e das
abordagens pós-positivistas entendem o papel do investigador como de soberba importância
na sociedade, em virtude das suas competências metodológicas e técnicas e do seu
entendimento sofisticado da realidade, pelo que é aos investigadores, na sua condição de
especialistas razoavelmente objectivos, que devem ser confiados os cargos de maior
responsabilidade, tal como é neles e na ciência que deve ser depositada toda a confiança na
resolução dos problemas humanos e sociais. Por outro lado, as abordagens mais afastadas
desta concepção da ciência e dos cientistas propõem uma clara subordinação dos aspectos
metodológicos e técnicos às posições éticas e políticas os investigadores, que, longe de se
conceberem como especialistas com um entendimento sofisticado e razoavelmente objectivo
da realidade, valorizam inúmeras outras formas de conhecimento que integram no seu
trabalho. Nesta perspectiva, as dimensões ideológicas não são ignoradas, assim como
também não é ignorado como o poder é constitutivo das relações sociais, pelo que as
finalidades da investigação situam-se sobretudo na transformação social.
d) Aspectos metodológicos
18As habituais designações de métodos quantitativos versus métodos qualitativos dizem
respeito, mais precisamente, a aspectos metodológicos da investigação científica. As
principais diferenças metodológicas situam-se na clarificação de três aspectos essenciais: as
técnicas e procedimentos utilizados, a relação entre teoria e prática e a definição dos
critérios de qualidade da investigação. Há, naturalmente, tipos ideais de abordagens
metodológicas que podemos designar de quantitativas e de qualitativas. As técnicas de
investigação encontram a sua coerência de utilização enquadradas numa determinada
estratégia global de investigação, a qual pode ser predominantemente quantitativa ou
predominantemente qualitativa. Mas isso dependerá, muito naturalmente, do entendimento
do objecto de estudo, da relação sujeito-objecto e da complexa relação entre a teoria e a
prática.
19Dado que cada abordagem possui características específicas, cada tradição metodológica
foi desenvolvendo critérios de qualidade particulares para a avaliação da investigação
realizada. A investigação qualitativa, ainda que muito diversificada, é hoje autónoma e criou
os seus próprios critérios de qualidade. Os estudos cuja estratégia geral de investigação
inclui tanto um enfoque quantitativo como um enfoque qualitativo aplicam naturalmente uma
dualidade de critérios específicos de cada enfoque, pois tanto a tradição quantitativa como a
tradição qualitativa têm os seus critérios específicos de qualidade.
20A tabela abaixo sintetiza a sistematização que Lincoln, Lynham e Guba [2011: 102-105]
propõem para a diversidade de paradigmas de investigação e que se baseia na anterior
sistematização de 1994 [Guba & Lincoln: 109].
22Assim, há que considerar aquilo a que Flick chama de pluralidade dos universos de vida, o
que exige “uma nova sensibilidade para o estudo empírico das questões” dada a “acelerada
mudança social e a consequente diversidade de universos de vida” que “confrontam cada vez
mais os cientistas com novos contextos sociais e novas perspectivas” que “as metodologias
dedutivas tradicionais... fracassam” em explicar com profundidade, sendo “a investigação...
cada vez mais forçada a recorrer a estratégias indutivas”, em que “o conhecimento e a
prática são estudados na qualidade de conhecimento e prática locais”, e em que “o estudo
dos significados subjectivos e da experiência e prática quotidianas é tão fundamental como a
análise das narrativas e discursos” [2005: 2]. Nesta perspectiva, os métodos têm
forçosamente que ser abertos porque têm de se ajustar a complexidade do objecto de
estudo. Na investigação qualitativa é o objecto que determina o método e não o contrário.
Assim, os investigadores qualitativos procuram explicar os contextos e fenómenos sociais a
partir de dentro, procurando compreender como os sujeitos organizam e constroem o seu
mundo, descrevendo o que fazem de uma forma que seja significativa para os próprios,
proporcionando uma descrição densa localmente contextualizada.
24O argumento não é novo, mas impõe-se prudência nas referências a essa dita
modernidade. Mudimbe [2013], a quem o autor se refere ao longo do seu artigo, sinalizava
já de forma brilhante, no seu clássico A Invenção de África, publicado pela primeira vez em
1988, como durante muito tempo os intelectuais africanos permaneceram violentamente
domesticados, intelectualmente falando, preocupando-se sobretudo com as questões de
evolução moral em direcção a uma modernidade imitativa sob o domínio de uma ordem
discursiva que, ainda que não se apercebessem, lhes era imposta como aquela que deveriam
seguir. Com efeito, seria necessário repensar essa modernidade, ou seja, como
acertadamente nos lembra Hountondji [2012], as possibilidades de articulação entre os
saberes e práticas endógenos e os saberes e práticas ditos modernos (exógenos), a favor de
uma nova epistemologia, a saber, uma nova produção científica orientada para a
compreensão profunda, multifacetada e densa dos fenómenos sociais totais, de onde possam
resultar benefícios duradouros e solidamente fundados para as instituições e para a
sociedades africanas.
25Dito de outra forma e invocando aqui o lúcido pensamento do camaronês Jean-Marc Ela
[1994], seria necessário pensar África e as sociedades africanas para além do Africanismo.
No plano metodológico, a proposta de Ela é simples e articula-se plenamente com os
argumentos que vimos defendendo no nosso texto. Na perspectiva do ilustre teólogo e
sociólogo camaronês, impunha-se o abandono dos cânones da “monarquia” Positivista que
durante tanto tempo moldou o olhar dos cientistas sociais africanos. Impunha-se um olhar
renovado e localmente contextualizado sobre o quotidiano sob a égide de novos paradigmas
que abrissem o campo e reclamassem uma pluralidade metodológica capaz de captar a
complexidade e a densidade do vivido. É tempo, enfim, de abordar as questões de fundo
submetendo as problemáticas sociais à prova, numa “sociedade da qual é preciso
compreender as estruturas e as lógicas, as atitudes e os comportamentos, os mitos, os
sonhos e os fantasmas, as contradições e os conflitos, as explosões e as violências, os
actores e as estratégias. Precisamos de nos concentrar fortemente no real e no imaginário,
no oficial e no oficioso, no banal e no quotidiano” [p.97].
26No entanto, a partir deste pensamento não podemos inferir que os investigadores
africanos devem empenhar-se na criação de uma epistemologia radicalmente nova a partir
da sua alteridade. Seria uma insanidade reprovar a tradição ocidental apenas pela sua
herança ocidental [Mudimbe 2013]. Impõe-se, contudo, a necessidade daquilo a que o
insigne filósofo congolês chamou de vigilância epistemológica, a saber, uma preocupação
com os paradigmas de investigação e com a análise das dimensões políticas do
conhecimento, bem como dos procedimentos para instituir novas perspectivas teóricas e
práticas nas ciências sociais e, no caso em apreço, nas ciências da educação. Uma vigilância
que, longe de reforçar os paradigmas dominantes, questione intensamente o seu significado,
interrogando a sua credibilidade para os contextos educativos africanos e desafiando a escala
avaliativa tanto desses processos científicos de investigação como dos pressupostos
ideológicos que lhes subjazem.
A concluir
29O advento das ciências sociais foi fortemente condicionado pela racionalidade científica das
ciências experimentais. Consequentemente, a investigação científica em ciências sociais
permaneceu durante muito tempo – demasiado – amarrada ao jugo positivista. Ao mesmo
tempo, é frequente a ausência de discussões ontológicas e epistemológicas profundas de
onde resultem planos de pesquisa coerentes com posições paradigmáticas claras. O
resultado tem sido a proeminência de determinadas formas de investigação em ciências
sociais.
30É então necessário que a investigação científica em ciências sociais avance para além das
formas de pesquisa mais tradicionais. Abrem-se hoje caminhos sólidos para a produção de
conhecimento científico fundado noutros pressupostos e validado com base noutros critérios
entretanto legitimados pela comunidade científica. Isso acontece à medida que se ampliam
os contextos de investigação e as problemáticas sobre as quais os cientistas sociais
debruçam hoje o seu olhar.
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BIBLIOGRAFIA
DENZIN, Norman & LINCOLN, Yvonna (Org.), 2011: Handbook of Qualitative Research, (4th
Ed.), Thousand Oaks: Sage Publications
DENZIN, Norman & LINCOLN, Yvonna, 1994: “Introduction: The Discipline and Practice of
Qualitative Research” in: N. Denzin & Y. Lincoln, (Orgs.), Handbook of Qualitative Research,
Thousand Oaks: Sage Publications, pp.1-29
ELA, Jean-Marc, 1994: Restituer l’histoire aux sociétés africaines. Promouvoir les sciences
sociales en Afrique Noire. Paris: L’Harmattan. Tradução em língua portuguesa também
disponível
GAGE, Nathaniel L., 1989: “The Paradigm Wars and Their Aftermath: A “Historical” Sketch of
Research on Teaching since 1989”, Educational Researcher, Vol. 18(7) (Oct., 1989), pp.4-10
DOI : 10.2307/1177163
GRAMSCI, Antonio, 1991: Selections from the prison notebooks, New York: International
Publishers
GUBA, Egon & LINCOLN, Yvonna, 1994: “Competing Paradigms in Qualitative Research”, in:
N. Denzin & Y. Lincoln, (Orgs.), Handbook of Qualitative Research, Thousand Oaks: Sage
Publications, pp.105-117
LINCOLN, Yvonna; LYNHAM, Susane & GUBA, Egon, 2011: “Paradigmatic Controversies,
Contradictions, and Emerging Confluences, Revisited”, in: N. Denzin & Y. Lincoln
(Orgs.) Handbook of Qualitative Research, (4th Ed.), Thousand Oaks: Sage Publications,
pp.97-128
MUDIMBE, V. Y., 2013: A Invenção de África. Gnose, Filosofia e a Ordem do Conhecimento,
Luanda/Mangualde: Edições Mulemba / Edições Pedago
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URL http://journals.openedition.org/ras/docannexe/image/373/img-1.png
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Referência eletrónica
Pedro Manuel Patacho, «Investigar em Ciências Sociais», Revista Angolana de Sociologia [Online],
11 | 2013, posto online no dia 09 dezembro 2013, consultado no dia 20 outubro 2021. URL:
http://journals.openedition.org/ras/373; DOI: https://doi.org/10.4000/ras.373
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AUTOR
Pedro Manuel Patacho
Pedagogo. Mestre em Educação pela Universidade de Lisboa. É Professor Adjunto no Instituto
Superior de Ciências Educativas (Portugal) e membro da Comissão de Coordenação de cursos de
Mestrado em Ensino. As suas áreas de investigação são a educação e justiça social, participação
democrática nas escolas, educação e activismo social e análise de políticas
educativas. ppatacho@yahoo.com
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DIREITOS DE AUTOR
Bbbbbbbbbbbb
O livro “Dicas para investigar em Ciências Sociais e Humanas” nasce da experiência de cinco
investigadores do Centro de Estudos em Comunicação e Sociedade (CECS) da Universidade do
Minho – Alberto Sá, Pedro Portela, Luís António Santos, Luís Pereira, Sandra Marinho – na
elaboração das suas teses de doutoramento e aspira a ser um auxiliar de percurso para muitas
viagens individuais com objetivo semelhante.
O livro está organizado em sete grandes áreas temáticas (Interrogar, Explorar, Situar,
Descobrir, Prevenir, Viver e Personalizar) que correspondem, em traços genéricos, a outros
Introdução ------------------------------------------------------------------------------------- 6
1. A ética ------------------------------------------------------------ 7
2. A deontologia ----------------------------------------------------------------- 9
2.1. Fontes da deontologia ------------------------------------------------------------- 11
3. A profissão e o código de ética ----------------------------------------------------- 11
3.1. A deontologia jurídica ---------------------------------------------------------------- 13
3.2 . Deontologia profissional ------------------------------------------------------ 15
4. Deveres gerais/específicos de conduta do advogado ----------------------------- 16
5. A ética profissional ------------------------------------------------------- 16
6. Deveres do advogado para com o constituinte ------------------------------ 17
6.1. Dever de zelo e diligência ---------------------------------------------------------- 19
6.2. Dever de informar o cliente --------------------------------------------------------- 20
6.3. Segredo profissional ------------------------------------------------------------------- 20
6.4. Protecção de dados ------------------------------------------------------------------- 21
6.5. Interesses contrapostos entre diferentes clientes ----------------------------- 21
6.6. Manutenção de clientes ------------------------------------------------------------ 22
6.7. Tratamento com clientes ---------------------------------------------------------- 22
Al.= Alínea
Art = Artigo
Cfr = confira
LEGISLAÇÃO CONSULTADA
Este artigo emerge daquilo que foram as experiências do autor no território angolano, ao
longo de 3 anos, à medida que foi trabalhando com inúmeros profissionais do ensino em
todo o país. À medida que esse trabalho foi tendo lugar e que os professores se foram
envolvendo em projectos de investigação, uma determinada concepção da ciência, na longa
tradição positivista que moldou os primórdios das Ciências Sociais, manifestou-se com todo o
seu vigor. Nesse contexto, produziram-se intensos debates acerca da competição de
paradigmas na investigação científica e, em particular, das questões ontológicas,
epistemológicas e metodológicas que lhes subjazem, o que conduziu a que vários
professores rapidamente vislumbrassem outras vias de trabalho e novas problemáticas para
uma investigação umbilicalmente ligada às suas práticas profissionais quotidianas.
Defendemos neste artigo a necessidade de intensificar estes debates no contexto específico
do ensino superior em Angola como forma de fazer avançar a investigação em ciências
sociais.
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ENTRADAS NO ÍNDICE
Keywords:
research paradigms, social sciences, qualitative research, transformative research
Palavras chaves:
paradigmas de investigação, ciências sociais, investigação qualitativa, investigação
transformadora
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MAPA
Introdução
a) Aspectos ontológicos
b) Aspectos epistemológicos
d) Aspectos metodológicos
A concluir
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NOTAS DA REDACÇÃO
Recebido a: 15/Abril/2013
Aceite para publicação: 18/Abril/2013
TEXTO INTEGRAL
PDF 172kAssinalar este documento
Introdução
1Este artigo emerge daquilo que foram as experiências do autor no território angolano, ao
longo de 3 anos, à medida que foi trabalhando com cada vez mais professores em todo o
país. O contacto regular com centenas de docentes e várias escolas de formação de
professores em províncias tão diversas como Cabinda, Uíge, Kwanza-Norte, Luanda,
Malange, Kwanza-Sul, Bié, Huambo, Benguela, Huíla, Namibe, Cunene, proporcionou algum
conhecimento do sistema educativo angolano e, em particular, do ensino primário e
secundário, bem como do sub-sistema da formação de professores.
3Na sua maioria, aqueles docentes revelaram uma concepção de investigação em que tanto
a teoria como o método são anteriores ao objecto de estudo que, para poder ser estudado,
tem de ser concebido de tal forma que possibilite a sua abordagem no âmbito desse modelo
linear de investigação e dos métodos por ele admitidos. Essa situação conduziu-nos a
intensos debates acerca da competição de paradigmas na investigação em ciências sociais e,
em particular, das questões ontológicas, epistemológicas e metodológicas que lhes
subjazem. Para muitos desses jovens investigadores, estes debates não colocaram em causa
as suas concepções da realidade social e dos sujeitos humanos enquanto objectos de estudo
das ciências sociais. Porém, para alguns outros, as acesas discussões em que se envolveram
constituíram verdadeiros momentos de confrontação, desconstrução e reconstrução. Uma
outra perspectiva de investigação geminava agora nas suas mentes, fortemente ligada aos
seus contextos e universos de vida. Em consequência, rapidamente vislumbram outras vias
de trabalho e novas problemáticas para uma investigação umbilicalmente ligada às suas
práticas e aos seus contextos quotidianos.
5Do nosso ponto de vista, muitos desses contextos e fenómenos específicos com que se
confrontam os profissionais no seu agir quotidiano não podem ser adequadamente estudados
no âmbito do processo linear de investigação a que nos referimos anteriormente. E isso não
acontece apenas no campo da investigação educacional, seja mais ou menos ligada a
questões sociológicas. A situação é semelhante noutros campos das ciências sociais. Assim,
argumentamos neste artigo a imperiosa necessidade de criar condições para que, para além
da investigação tradicional, possa emergir uma investigação em ciências sociais
essencialmente qualitativa e sobretudo focada nos contextos locais e nos fenómenos e
práticas quotidianas, sob a égide dos paradigmas crítico, construtivista e participativo
[Lincoln, Lynham & Guba 2011].
6Para defender o nosso argumento apresentaremos uma breve sistematização destes
paradigmas, assim como daqueles que se lhes opõem, baseada nos critérios ontológicos,
epistemológicos e metodológicos que lhes subjazem. Socorremo-nos para o efeito das
perspectivas de investigação plasmadas na última edição do já célebre Handbook of
Qualitative Research [Denzin & Lincoln 2011]. Após essa exposição, e a título de exemplo:
defendemos a importância da investigação qualitativa no domínio específico da sociologia da
educação, em virtude de ser esse o contexto do qual emerge este artigo.
8Estas diferentes visões são reveladoras das disputas entre paradigmas no seio da
investigação em ciências sociais. Daí que o ponto de partida para qualquer investigador deva
ser, precisamente, uma profunda reflexão acerca destes paradigmas e dos argumentos que
os suportam. A definição de um objecto de estudo e a escolha do método serão então
posteriores ao posicionamento do investigador, bem como à sua temática, no seio de um
determinado paradigma ou de uma posição paradigmática resultante da confluência de
paradigmas compatíveis entre si. Deste ponto de vista, a habitual polémica quantitativo
versus qualitativo acaba por ser uma questão estritamente metodológica de menor
importância, pois consequência natural de reflexões ontológicas e epistemológicas nas quais
o investigador se deve, forçosamente, envolver. Na perspectiva de Guba e Lincoln os
paradigmas constituem assunções básicas que representam uma visão do mundo e que
definem a própria realidade. Esses diferentes paradigmas de investigação podem ser
definidos em função das respostas que os seus defensores dão a pelo menos três questões
fundamentais: a questão ontológica, a questão epistemológica e a questão metodológica
[1994: 107-108].
12Em 2002, num artigo ainda sintomaticamente intitulado Las disputas entre paradigmas en
la investigación educativa, Felipe Rizo, da Universidad Autónoma de Aguascalientes, no
México, comentava a forma como Guba e Lincoln [1994] sistematizaram os vários
paradigmas de investigação com base em critérios ontológicos, epistemológicos e
metodológicos, acrescentando a estes dois outros critérios, que designou de axiológicos e
praxiológicos, para propor de seguida uma sistematização alternativa. No essencial, a
reflexão de Rizo baseavam-se nos seguintes aspectos:
a) Aspectos ontológicos
13Os aspectos ontológicos, na sua perspectiva, têm que ver com a natureza do objecto de
estudo da ciência. As divergências ontológicas situam-se entre aqueles que consideram a
existência de uma diferença fundamental entre os objectos de estudo das ciências naturais e
os objectos de estudo das ciências sociais e aqueles que consideram a não existência dessa
diferença fundamental. Reflectir sobre esta questão implica ainda abarcar duas outras
questões relacionadas e que têm que ver, por um lado, com a natureza do investigador (o
sujeito que conhece) e, por outro lado, com a relação sujeito-objecto. Assim, as questões
ontológicas implicam considerar a dimensão interior dos sujeitos humanos, quer enquanto
sujeitos investigadores, quer enquanto objectos de estudo. Esta dimensão da interioridade,
as suas implicações em termos de causalidade dos fenómenos e da sua irrepetibilidade, bem
como o carácter histórico dos fenómenos humanos e sociais parecem constituir os aspectos
ontológicos essenciais.
b) Aspectos epistemológicos
15Aceitando a postura ontológica de que não existem diferenças fundamentais entre os
objectos de estudo das ciências naturais e os das ciências sociais, é razoavelmente linear
aceitar também a ideia de que não exista uma diferença fundamental entre o conhecimento
produzido e utilizado nas ciências naturais e aquele que é produzido e utilizado nas ciências
sociais. Contudo, ao introduzir-se a questão da interioridade inerentemente subjectiva dos
seres humanos, bem como a dimensão historicista, segundo a qual as configurações do
mundo humano são sempre o resultado de processos históricos de formação, o
conhecimento produzido e utilizado nas ciências sociais assume uma característica
eminentemente interpretativa. As orientações historicistas, enquanto formas diferenciadas
de abordagem aos fenómenos e aos contextos especificamente humanos, impuseram assim
a inevitabilidade de um conhecimento das ciências sociais cuja natureza só pode ser
interpretativa.
17As diferenças no que toca à posição do investigador e à sua postura ético-política são
também ponto de discussão. Por um lado, as posições mais próximas do positivismo e das
abordagens pós-positivistas entendem o papel do investigador como de soberba importância
na sociedade, em virtude das suas competências metodológicas e técnicas e do seu
entendimento sofisticado da realidade, pelo que é aos investigadores, na sua condição de
especialistas razoavelmente objectivos, que devem ser confiados os cargos de maior
responsabilidade, tal como é neles e na ciência que deve ser depositada toda a confiança na
resolução dos problemas humanos e sociais. Por outro lado, as abordagens mais afastadas
desta concepção da ciência e dos cientistas propõem uma clara subordinação dos aspectos
metodológicos e técnicos às posições éticas e políticas os investigadores, que, longe de se
conceberem como especialistas com um entendimento sofisticado e razoavelmente objectivo
da realidade, valorizam inúmeras outras formas de conhecimento que integram no seu
trabalho. Nesta perspectiva, as dimensões ideológicas não são ignoradas, assim como
também não é ignorado como o poder é constitutivo das relações sociais, pelo que as
finalidades da investigação situam-se sobretudo na transformação social.
d) Aspectos metodológicos
18As habituais designações de métodos quantitativos versus métodos qualitativos dizem
respeito, mais precisamente, a aspectos metodológicos da investigação científica. As
principais diferenças metodológicas situam-se na clarificação de três aspectos essenciais: as
técnicas e procedimentos utilizados, a relação entre teoria e prática e a definição dos
critérios de qualidade da investigação. Há, naturalmente, tipos ideais de abordagens
metodológicas que podemos designar de quantitativas e de qualitativas. As técnicas de
investigação encontram a sua coerência de utilização enquadradas numa determinada
estratégia global de investigação, a qual pode ser predominantemente quantitativa ou
predominantemente qualitativa. Mas isso dependerá, muito naturalmente, do entendimento
do objecto de estudo, da relação sujeito-objecto e da complexa relação entre a teoria e a
prática.
19Dado que cada abordagem possui características específicas, cada tradição metodológica
foi desenvolvendo critérios de qualidade particulares para a avaliação da investigação
realizada. A investigação qualitativa, ainda que muito diversificada, é hoje autónoma e criou
os seus próprios critérios de qualidade. Os estudos cuja estratégia geral de investigação
inclui tanto um enfoque quantitativo como um enfoque qualitativo aplicam naturalmente uma
dualidade de critérios específicos de cada enfoque, pois tanto a tradição quantitativa como a
tradição qualitativa têm os seus critérios específicos de qualidade.
20A tabela abaixo sintetiza a sistematização que Lincoln, Lynham e Guba [2011: 102-105]
propõem para a diversidade de paradigmas de investigação e que se baseia na anterior
sistematização de 1994 [Guba & Lincoln: 109].
22Assim, há que considerar aquilo a que Flick chama de pluralidade dos universos de vida, o
que exige “uma nova sensibilidade para o estudo empírico das questões” dada a “acelerada
mudança social e a consequente diversidade de universos de vida” que “confrontam cada vez
mais os cientistas com novos contextos sociais e novas perspectivas” que “as metodologias
dedutivas tradicionais... fracassam” em explicar com profundidade, sendo “a investigação...
cada vez mais forçada a recorrer a estratégias indutivas”, em que “o conhecimento e a
prática são estudados na qualidade de conhecimento e prática locais”, e em que “o estudo
dos significados subjectivos e da experiência e prática quotidianas é tão fundamental como a
análise das narrativas e discursos” [2005: 2]. Nesta perspectiva, os métodos têm
forçosamente que ser abertos porque têm de se ajustar a complexidade do objecto de
estudo. Na investigação qualitativa é o objecto que determina o método e não o contrário.
Assim, os investigadores qualitativos procuram explicar os contextos e fenómenos sociais a
partir de dentro, procurando compreender como os sujeitos organizam e constroem o seu
mundo, descrevendo o que fazem de uma forma que seja significativa para os próprios,
proporcionando uma descrição densa localmente contextualizada.
24O argumento não é novo, mas impõe-se prudência nas referências a essa dita
modernidade. Mudimbe [2013], a quem o autor se refere ao longo do seu artigo, sinalizava
já de forma brilhante, no seu clássico A Invenção de África, publicado pela primeira vez em
1988, como durante muito tempo os intelectuais africanos permaneceram violentamente
domesticados, intelectualmente falando, preocupando-se sobretudo com as questões de
evolução moral em direcção a uma modernidade imitativa sob o domínio de uma ordem
discursiva que, ainda que não se apercebessem, lhes era imposta como aquela que deveriam
seguir. Com efeito, seria necessário repensar essa modernidade, ou seja, como
acertadamente nos lembra Hountondji [2012], as possibilidades de articulação entre os
saberes e práticas endógenos e os saberes e práticas ditos modernos (exógenos), a favor de
uma nova epistemologia, a saber, uma nova produção científica orientada para a
compreensão profunda, multifacetada e densa dos fenómenos sociais totais, de onde possam
resultar benefícios duradouros e solidamente fundados para as instituições e para a
sociedades africanas.
25Dito de outra forma e invocando aqui o lúcido pensamento do camaronês Jean-Marc Ela
[1994], seria necessário pensar África e as sociedades africanas para além do Africanismo.
No plano metodológico, a proposta de Ela é simples e articula-se plenamente com os
argumentos que vimos defendendo no nosso texto. Na perspectiva do ilustre teólogo e
sociólogo camaronês, impunha-se o abandono dos cânones da “monarquia” Positivista que
durante tanto tempo moldou o olhar dos cientistas sociais africanos. Impunha-se um olhar
renovado e localmente contextualizado sobre o quotidiano sob a égide de novos paradigmas
que abrissem o campo e reclamassem uma pluralidade metodológica capaz de captar a
complexidade e a densidade do vivido. É tempo, enfim, de abordar as questões de fundo
submetendo as problemáticas sociais à prova, numa “sociedade da qual é preciso
compreender as estruturas e as lógicas, as atitudes e os comportamentos, os mitos, os
sonhos e os fantasmas, as contradições e os conflitos, as explosões e as violências, os
actores e as estratégias. Precisamos de nos concentrar fortemente no real e no imaginário,
no oficial e no oficioso, no banal e no quotidiano” [p.97].
26No entanto, a partir deste pensamento não podemos inferir que os investigadores
africanos devem empenhar-se na criação de uma epistemologia radicalmente nova a partir
da sua alteridade. Seria uma insanidade reprovar a tradição ocidental apenas pela sua
herança ocidental [Mudimbe 2013]. Impõe-se, contudo, a necessidade daquilo a que o
insigne filósofo congolês chamou de vigilância epistemológica, a saber, uma preocupação
com os paradigmas de investigação e com a análise das dimensões políticas do
conhecimento, bem como dos procedimentos para instituir novas perspectivas teóricas e
práticas nas ciências sociais e, no caso em apreço, nas ciências da educação. Uma vigilância
que, longe de reforçar os paradigmas dominantes, questione intensamente o seu significado,
interrogando a sua credibilidade para os contextos educativos africanos e desafiando a escala
avaliativa tanto desses processos científicos de investigação como dos pressupostos
ideológicos que lhes subjazem.
A concluir
29O advento das ciências sociais foi fortemente condicionado pela racionalidade científica das
ciências experimentais. Consequentemente, a investigação científica em ciências sociais
permaneceu durante muito tempo – demasiado – amarrada ao jugo positivista. Ao mesmo
tempo, é frequente a ausência de discussões ontológicas e epistemológicas profundas de
onde resultem planos de pesquisa coerentes com posições paradigmáticas claras. O
resultado tem sido a proeminência de determinadas formas de investigação em ciências
sociais.
30É então necessário que a investigação científica em ciências sociais avance para além das
formas de pesquisa mais tradicionais. Abrem-se hoje caminhos sólidos para a produção de
conhecimento científico fundado noutros pressupostos e validado com base noutros critérios
entretanto legitimados pela comunidade científica. Isso acontece à medida que se ampliam
os contextos de investigação e as problemáticas sobre as quais os cientistas sociais
debruçam hoje o seu olhar.
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BIBLIOGRAFIA
DENZIN, Norman & LINCOLN, Yvonna (Org.), 2011: Handbook of Qualitative Research, (4th
Ed.), Thousand Oaks: Sage Publications
DENZIN, Norman & LINCOLN, Yvonna, 1994: “Introduction: The Discipline and Practice of
Qualitative Research” in: N. Denzin & Y. Lincoln, (Orgs.), Handbook of Qualitative Research,
Thousand Oaks: Sage Publications, pp.1-29
ELA, Jean-Marc, 1994: Restituer l’histoire aux sociétés africaines. Promouvoir les sciences
sociales en Afrique Noire. Paris: L’Harmattan. Tradução em língua portuguesa também
disponível
GAGE, Nathaniel L., 1989: “The Paradigm Wars and Their Aftermath: A “Historical” Sketch of
Research on Teaching since 1989”, Educational Researcher, Vol. 18(7) (Oct., 1989), pp.4-10
DOI : 10.2307/1177163
GRAMSCI, Antonio, 1991: Selections from the prison notebooks, New York: International
Publishers
GUBA, Egon & LINCOLN, Yvonna, 1994: “Competing Paradigms in Qualitative Research”, in:
N. Denzin & Y. Lincoln, (Orgs.), Handbook of Qualitative Research, Thousand Oaks: Sage
Publications, pp.105-117
LINCOLN, Yvonna; LYNHAM, Susane & GUBA, Egon, 2011: “Paradigmatic Controversies,
Contradictions, and Emerging Confluences, Revisited”, in: N. Denzin & Y. Lincoln
(Orgs.) Handbook of Qualitative Research, (4th Ed.), Thousand Oaks: Sage Publications,
pp.97-128
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URL http://journals.openedition.org/ras/docannexe/image/373/img-1.png
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Referência eletrónica
Pedro Manuel Patacho, «Investigar em Ciências Sociais», Revista Angolana de Sociologia [Online],
11 | 2013, posto online no dia 09 dezembro 2013, consultado no dia 20 outubro 2021. URL:
http://journals.openedition.org/ras/373; DOI: https://doi.org/10.4000/ras.373
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AUTOR
Pedro Manuel Patacho
Pedagogo. Mestre em Educação pela Universidade de Lisboa. É Professor Adjunto no Instituto
Superior de Ciências Educativas (Portugal) e membro da Comissão de Coordenação de cursos de
Mestrado em Ensino. As suas áreas de investigação são a educação e justiça social, participação
democrática nas escolas, educação e activismo social e análise de políticas
educativas. ppatacho@yahoo.com
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DIREITOS DE AUTOR
Bbbbbbbbbbbb
O livro “Dicas para investigar em Ciências Sociais e Humanas” nasce da experiência de cinco
investigadores do Centro de Estudos em Comunicação e Sociedade (CECS) da Universidade do
Minho – Alberto Sá, Pedro Portela, Luís António Santos, Luís Pereira, Sandra Marinho – na
elaboração das suas teses de doutoramento e aspira a ser um auxiliar de percurso para muitas
viagens individuais com objetivo semelhante.
O livro está organizado em sete grandes áreas temáticas (Interrogar, Explorar, Situar,
Descobrir, Prevenir, Viver e Personalizar) que correspondem, em traços genéricos, a outros
tantos momentos do processo de investigação. Partindo de um conceito próximo do de uma
caixa de ferramentas, há aqui, naturalmente, o apelo a um uso muito funcional das sugestões.
A escrita é o mais concisa possível, tentando aproximar-se do estilo adotado numa curta
mensagem de texto (no Twitter, por exemplo) e recorrendo ainda ao uso de palavras-chave
(tags) para agilizar eventuais pesquisas.
O prefácio foi escrito por Manuel Pinto, investigador do CECS e coordenador da linha de
investigação de Média e Jornalismo:
Ao adotar a perspetiva vivencial, os autores falam de experiência feita, a qual está, de resto,
ainda fresca. E é enquanto está fresca que mais importa partilhá-la, como é bom de ver. Esse
vivido comporta dimensões várias, nomeadamente afetivas, emocionais, relacionais, cognitivas,
institucionais. Um trabalho como o presente não se propõe ser certamente um conselheiro
psicológico. Não será, todavia, despropositado acentuar, num contexto destes, que um dos
requisitos para fazer face ao doutoramento é gostar do que se estuda (ainda que o gosto possa
nascer também durante o processo). Isto pressupõe alguma ponderação e tempo dedicado à
escolha do problema a estudar, bem como avaliar se estão reunidas as condições básicas para
esta aventura que tem sempre uma parte de “travessia do deserto”.
Vale a pena, na medida em que isso for possível, conciliar as ‘dicas’ deste livro com aquelas
que podem advir do encontro face a face com quem faz a mesma viagem. Não há muitos anos,
uma colega, que muito admiro, criou uma espécie de grupo de “doutorandos anónimos” que
partilhava ao vivo as suas experiências, com as descobertas, interrogações e ansiedades a elas
associadas. Este trabalho vai na mesma direção e é dele complemento.
Os autores destas ‘dicas’ deixaram, propositadamente, a sua obra inacabada. Na verdade ela
nunca estará terminada, porque infindas e irrepetíveis são as experiências dos doutorandos.
Mas foram mais longe e desafiam-nos a todos a completá-la reservando um espaço para
continuar a escrita. Convidam-nos, assim, a ser participantes, e não apenas leitores
interessados. Sugerindo já um contributo nesse sentido, deixo uma sugestão: sendo a relação
entre doutorando e orientador(es) parte integrante do processo de doutoramento, e uma vez
que tal relação é normalmente um dos vetores da experiência de investigação e de escrita, que
“vitaminas” propor aos orientadores? E estes? Não deveriam escrever as suas próprias ‘dicas’,
como aqui fazem os doutorandos?
Sobre o Autor
Bruno Duarte Eiras
Bbbbbbbbbbb
Sua área de abrangência está no setor público e privado. Na área pública pode ser em
assessoria de prefeituras, vereadores, deputados, organizações não governamentais, bem
como atuar em sala de aula como professor de sociologia e filosofia. No poder privado pode ser
desde a administração de empresas como também nos setores de recursos humanos e
consultoria.
É o curso do momento! O mundo de hoje exige pessoas capacitadas com visão geral e
completa do todo. E o cientista social engloba todas estas qualidades. Boa parte dos
aprovados nos últimos concursos públicos são advindos das ciências sociais.
O mercado de trabalho exige pessoas motivadas, com boa capacidade de comunicação, tal
como é o cientista social
Portanto, não perca esta oportunidade e venha conhecer o Curso de Ciências Sociais da UnC
Canoinhas.
E-mail: cacsunc@gmail.com
E-mail: cienciassociais@cni.unc.br
Twitter: @cacsunc
O prefácio foi escrito por Manuel Pinto, investigador do CECS e coordenador da linha de
investigação de Média e Jornalismo:
Ao adotar a perspetiva vivencial, os autores falam de experiência feita, a qual está, de resto,
ainda fresca. E é enquanto está fresca que mais importa partilhá-la, como é bom de ver. Esse
vivido comporta dimensões várias, nomeadamente afetivas, emocionais, relacionais, cognitivas,
institucionais. Um trabalho como o presente não se propõe ser certamente um conselheiro
psicológico. Não será, todavia, despropositado acentuar, num contexto destes, que um dos
requisitos para fazer face ao doutoramento é gostar do que se estuda (ainda que o gosto possa
nascer também durante o processo). Isto pressupõe alguma ponderação e tempo dedicado à
escolha do problema a estudar, bem como avaliar se estão reunidas as condições básicas para
esta aventura que tem sempre uma parte de “travessia do deserto”.
Vale a pena, na medida em que isso for possível, conciliar as ‘dicas’ deste livro com aquelas
que podem advir do encontro face a face com quem faz a mesma viagem. Não há muitos anos,
uma colega, que muito admiro, criou uma espécie de grupo de “doutorandos anónimos” que
partilhava ao vivo as suas experiências, com as descobertas, interrogações e ansiedades a elas
associadas. Este trabalho vai na mesma direção e é dele complemento.
Os autores destas ‘dicas’ deixaram, propositadamente, a sua obra inacabada. Na verdade ela
nunca estará terminada, porque infindas e irrepetíveis são as experiências dos doutorandos.
Mas foram mais longe e desafiam-nos a todos a completá-la reservando um espaço para
continuar a escrita. Convidam-nos, assim, a ser participantes, e não apenas leitores
interessados. Sugerindo já um contributo nesse sentido, deixo uma sugestão: sendo a relação
entre doutorando e orientador(es) parte integrante do processo de doutoramento, e uma vez
que tal relação é normalmente um dos vetores da experiência de investigação e de escrita, que
“vitaminas” propor aos orientadores? E estes? Não deveriam escrever as suas próprias ‘dicas’,
como aqui fazem os doutorandos?
Sobre o Autor
Bruno Duarte Eiras
Bbbbbbbbbbb
Sua área de abrangência está no setor público e privado. Na área pública pode ser em
assessoria de prefeituras, vereadores, deputados, organizações não governamentais, bem
como atuar em sala de aula como professor de sociologia e filosofia. No poder privado pode ser
desde a administração de empresas como também nos setores de recursos humanos e
consultoria.
É o curso do momento! O mundo de hoje exige pessoas capacitadas com visão geral e
completa do todo. E o cientista social engloba todas estas qualidades. Boa parte dos
aprovados nos últimos concursos públicos são advindos das ciências sociais.
O mercado de trabalho exige pessoas motivadas, com boa capacidade de comunicação, tal
como é o cientista social
Portanto, não perca esta oportunidade e venha conhecer o Curso de Ciências Sociais da UnC
Canoinhas.
E-mail: cacsunc@gmail.com
E-mail: cienciassociais@cni.unc.br
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