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SERVIÇO DE APOIO UNIVERSITÁRIO

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MATERIAL DE APOIO DE
DIREITO REGISTRAL E
NOTARIAL.
HUAMBO 2022/2023

LIÇÕES DE NOTARIADO ANGOLANO

O estudo do notariado em Angola, compreende um conjunto de situações, algumas de


cariz mais prático, outras mais relacionadas ao próprio desenvolvimento legislativo.
Entre umas e outras, não se pode perder de vista a necessidade de se estudar esta área,
tão importante para a afirmação do próprio sistema jurídico, o qual se processa em
obediência a realização da vontade negocial, fundada na liberdade contratual.

Ora, é em sede da boa administração da justiça, na faceta extrajudicial, que se impõe o


estudo destas matérias.

Enquadramento legal

A actividade notarial em Angola é regida pelo Código do Notariado (CN), de 1967.


Mais recentemente, e sobre a égide da evolução e conformação legais, nasceu a Lei da
Liberalização do Notariado ( Lei 8/11, 16 de Fevereiro) e o seu Regime Jurídico (Dec.
Pres. 51/11, 23 de Março), numa clara tentativa de privatizar o notariado em Angola.
Enteada de toda esta evolução continua a ser a reforma da justiça e do Direito, a qual,
no essencial, devia fazer nascer novos códigos para os registos e o notariado.

PRINCÍPIOS

Variam, conforme o sistema notarial adoptado. Podemos destacar três (3), em que o
princípio da Legalidade se pontifica.

Princípio da Legalidade, toda a actuação do notário deve pautar – se pela observância


da Lei. Assim, quer recuse, quer aceite documentos submetidos a sua apreciação, o
primado da Lei é o limite.

Princípio da Imparcialidade, o notário é equidistante, não tomo parte relativamente aos


interesses submetidos a sua apreciação e intervenção.

Princípio da Livre Escolha, são as partes que, livremente, escolhem o notário da sua
preferência.

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Os princípios da Autonomia e da Exclusividade, na nossa realidade ganha reduzida
importância, porquanto, por serem funcionários públicos, os notários em Angola,
subordinam – se a um conjunto de outras orientações, algumas e em alguns casos,
efectivamente, contrárias ao seu exercício funcional. Com a previsão da norma
constante do art. 1º da LSMRPCN, no seu nº 2, o Princípio da Exclusividade perdeu
alguma da sua força. Ou seja, ao permitir que os notários pudessem exercer a advocacia,
não se teve em conta a especial função do notário, mas, o alcance material desse
exercício (vide art. 1º, 6, LSMRPCN).

O regime jurídico do notariado, pelo contrário, deixa, claramente, vincado todos esses
princípios conferindo – lhes a mesma importância ( vide art.10º e ss, DP 51/11).

 Actividade Notarial

Complexo organizado de agentes, procedimentos e actos.

 Agentes

Notário e seus Ajudantes (artº. 2º, CN)

O notário, é o redactor tecnicamente qualificado, jurista e profissional livre, que tem


por missão aconselhar, receber, interpretar e conformar legalmente a vontade dos
particulares, nos actos e contratos em que intervenha, e aos quais a lei confere
autenticidade e fé pública (artº. 1, Dec. Presid. Nº 51/11). É o agente mor de toda a
acção notarial, mas não exclusivo.

Agentes especiais (artº. 3,CN)

Podem execer funções notariais, nos limites definidos, a título excepcional, outras
pessoas:

a) Agentes Consulares;
b) Funcionários das Administrações, com esta competência atribuída;
c) Notários Privativos de instituições com vocação para o efeito.

 Procedimentos

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Compreende a organização do serviço notarial, incluída a competência territorial e
funcional do notário.

a) A organização (artº. 4º CN) do cartório notarial é feita por recurso aos livros
previstos no CN, por meio dos quais o notário concretiza as suas atribuições, que
são, essencialmente:
i) Livros de Notas, para testamentos, revogações de testamentos;
ii) Livros de Notas, para escrituras diversas
iii) Livros de registo de actos (Testamentos, suas revogações e escrituras
diversas).
iv) Livro de registo de outros instrumentos avulsos;
v) Livro de emolumentos e selos.

NB: O s livros descritos, e outros que possam ser adoptados, obedecem a um modelo
previamente aprovado pelo Ministro da Justiça, por proposta do DNRN.

FUNÇÃO NOTARIAL

A função notarial nasceu meramente redatora, sendo que o notário narrava o que
constatava, presenciava a negociação celebrada pelos particulares e a seu pedido,
narrava o presenciado, sempre com a finalidade de perpetuar o fato ao longo do tempo,
pois pré-constituía prova, mas o notário não qualificava o negócio.

A função notarial tem por finalidade auxiliar a justiça, contribuindo para a harmonia e
paz social, prevenindo o surgimento de litígios, visando que as partes atinjam sua
pretensão sem terem de recorrer a via judicial para o implemento de seus direitos.

Os livros previstos devem ser legalizados (art. 33º e 34º,CN), por termos de abertura e
encerramento, feitos pelo notário (vide art. 34º, LSMRPCN/art. 36º, CN).

COMPETÊNCIA NOTARIAL

b) A competência territorial do notário é regulada por lei especial (vide art.


4º,CN). No quadro actual, circunscreve – se ao territorio administrativo
(província) da sua localização, porém, intervém em todos os actos que lhe forem
requeridos, independentemente da localização da pessoa e dos bens, sendo esta a
regra (vide art. 7º, Dec. Pres. 51/11).

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A regra da competência notarial não foge a regra dos serviços de justiça que
praticam actos ligados as pessoas e bens. A competência territorial do Notário é a da
área da província em que se encontra o cartório notarial. Salvo disposição em
contrario o Notário pode praticar dentro da área da província em que se encontra
sedeado o seu cartório notarial, todos os actos da sua competência que lhe sejam
solicitados, mesmo que respeitem a pessoas domiciliadas ou a bens situados fora
dessa área (artigo 4º nº 3) ou artigo 5º nº 2 do Código Notarial Angolano.

Nesse entretanto, o desacato das regras de competência territorial do Notário dá


lugar á incompetência do notário em razão do lugar, prevista no artigo 71º. A
incompetência do Notário resultante em razão do lugar resulta, por conseguinte, do
facto de o Notário autorizar a celebração do acto para além dos limites geográficos
da sua área de competência, invadindo a área do outro cartório.

Nos termos do artigo 71º nº 1, é nulo o acto praticado por Notário incompetente
em razão do lugar. Porém, ao contrário do que sucede na incompetência em
razão da matéria, o vício do Notário em função do lugar é sanável. A sanação
resultante da incompetência acima referida pode revestir-se de natureza
administrativa ou judicial A sanação administrativa cabe ao próprio Notário,
emitindo a declaração escrita do Notário competente, fazendo provar a sua
ausência na data em causa em que o acto foi celebrado; as partes também
emitem uma declaração justificando a urgência que tiveram da celebração do
acto (artigo 71º, nº 3 al a)).1

c) A competência funcional absorve a totalidade dos actos notariais (art. 5º, CN),
em estrita observância do princípio da legalidade. O limite ao exercício da
função corresponde aos impedimentos, os quais sao extensivos a todos os
funcionários (artº.8 e 9 CN).

 Actos (artº. 51 CN).

Os actos notariais podem ser: a) autênticos; b) autenticados ou c) reconhecimentos de


assinatura.

1
Moisés Kassoma, O Notário e a tutela do comércio jurídico, 2019

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Os actos em geral, obedecem a critérios de execução, nomeadamente, se autênticos,
devem ser lavrados nos respectivos livros. Fazem prova plena dos factos a que se
referem ou neles atestados. Ex: escrituras públicas, certidões, certificados..!

Indepedentemente das regras a observar na sua elaboração (art.º 56, CN), ressalvas (artº
57, CN) e averbamentos(art.º 142, CN) feitos, é sempre admissivel às partes
apresentarem uma minuta (art.º59, CN).

NB: os documentos exarados no estrangeiro, desde que em cumprimento da lei local,


são aceites para instruir actos notariais, ainda que sem prévia legalização (art.º60, CN).

Os autenticados, por sua vez, correspondem ao conjunto de documentos particulares


confirmados pelas partes perante o notário (vide arts.º 162 e 163, CN). Ex: Termo de
autenticação.

Os reconhecimentos de assinatura (art.º 165 e ss, CN), consiste na comprovação da


assinatura aposta no documento face a constante do documento de identificação. Pode
ser por semelhança ou presencial.

Há assinaturas que não podem ser reconhecidas (art.º 169, CN).

Módulo II

 Escrituras em especial
 Habilitação de herdeiros (artº. 91ss CN)

É a declaração prestada por três pessoas, idóneas, confirmando a qualidade dos


herdeiros e que não os precedem outras pessoas ou com eles concorram.

Pode ser feita, notarialmente, quando:

a) Não haja inventário obrigatório;


b) Não haja bens em Angola, apesar de existirem herdeiros menores ou
equiparados.

Por força das alterações introduzidas pela Lei 1/97, de 17 de Janeiro, deixou de ser feita
a publicação obrigatória do extracto da escritura.

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Os efeitos da habilitação de herdeiros são os da habilitação judicial, ou seja,
corresponde a título bastante para serem feitos, em comum e a favor dos herdeiros e
cônjuge meeiro, os registos, averbamentos e levantamento de dinheiro. Para tal, é
fundamental proceder – se ao pagamento do imposto sucessório.

IMPORTÂNCIA DO NOTÁRIO

A atividade notarial e registral é um ramo do Direito de extrema importância para a


sociedade e para o Estado, uma vez que a vida social está revestida de grandes
complexidades, vindo a exigir um ordenamento jurídico cada vez mais repleto de regras
e princípios prontos a gerar segurança jurídica às relações humanas.

Nesse sentido, a instituição notarial e registral vem ganhando reconhecimento, uma vez
que a função do tabelião contribui para a segurança jurídica nas relações. Pode-se ver
que a instituição notarial é fruto de uma longa evolução histórica, presente desde as
primeiras sociedades humanas, sendo que com a complexidade da vida social, o papel
do notário noassessoramento e intervenção nos negócios privados se torna fundamental..

A figura do notário se torna ainda mais primordial com o aperfeiçoamento dos contratos
e negócios jurídicos, seja reduzindo o risco de fraudes, seja na função de assistir as
partes na formalização de sua vontade declarada ou mesmo na sua função probatória.

MANDATO

Mandato é o contrato pelo qual uma das partes se obriga a praticar um acto ou mais
actos jurídicos por conta de outrem.

O mandato pode ser com representação quando os poderes são conferidos pela vontade
do representado .

Mandato sem representação quando o mandatário actua em nome proprio e transfere


para o mandante todos os direitos adquiridos.

Representação legal e representação voluntária.

REPRESENTAÇÃO DE VÁRIAS PESSOAS COLECTIVAS

Representação de várias pessoas colectivas de direito canonico

pessoas colectivas de direito canonico canone 113º

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Primeiro tem as pessoas morais e as pessoas jurídicas, dentro das pessoas Morais
encontramos a Igreja Católica e a Sé apostólica.

Dentro da sPessoas jurídicas encontramos : As Associações, corporações, Fundações,


Institutos e outras instituições e estas podem ser públicas e privadas.

Representação do Estado e das demais pessoas do direito Público.

É representado por orgão da administração directa e indirecta cada um dentro das suas
competência, embora exista apenas uma única personalidade do Estado.

Representação da Associações

É representada por quem foi designado pelo estatuto, pela administração ou um


respectivo Administrador delegado.

Representação da sociedades civís

Na falta de convenção contrária a lei atribui a representação aos sócios 996º do CC, e
pelos seus administradores conforme estipulados no contrato social.

As sociedades em nome colectivo são representadas pelos gerentes nos termos do


artigo .

Nas sociedades por quota a representação é feita, pelo seu gerente e este é escolhido
dentre os sócios.

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