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ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO

CONSULTORIA-GERAL DA UNIÃO
CONSULTORIA JURÍDICA JUNTO AO MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE
COORDENAÇÃO-GERAL DE ASSUNTOS ADMINISTRATIVOS - CGAD

PARECER n. 00214/2022/CONJUR-MMA/CGU/AGU

NUP: 02000.005479/2021-39
INTERESSADOS: MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE - MMA
ASSUNTOS: CONVÊNIO

EMENTA: ADMINISTRATIVO. CONVÊNIO. TERMO ADITIVO. AUMENTO DO APORTE DA


CONTRAPARTIDA. LEGALIDADE DA MINUTA. IMPOSSIBILIDADE DE EFETIVAÇÃO DE
TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIA NO DEFESO ELEITORAL. LEI Nº 9.504/97.

Senhor Consultor Jurídico,

I - RELATÓRIO

1. À luz do artigo 11, inciso VI, alínea "a" da Lei Complementar n° 73/93, os autos são encaminhados a esta
Consultoria Jurídica, para análise e manifestação sobre os aspectos legais da minuta do Primeiro Termo Aditivo ao
Convênio MMA Nº 000101/2021, registrado na Plataforma +Brasil sob o nº 919218/2021, celebrado entre a União,
representada pelo Ministério do Meio Ambiente- MMA e o MUNICÍPIO DE CHARQUEADA/SP, visando adicionar
aporte de contrapartida no valor de R$ 14.500,00 (quatorze mil e quinhentos reais).
2. Por meio do DESPACHO Nº 28932/2022-MMA (SEI 0921903), também foi solicitado o pronunciamento
jurídico sobre uma eventual incidência de vedação ao repasse da parcela única da concedente em período eleitoral,
prevista no cronograma desembolso e cronograma físico para dezembro de 2021, tendo em vista art. 73, inciso VI,
alínea “a”, da Lei nº 9.504/97.
3. A solicitação do Convenente foi registrada na Plataforma +Brasil - Solicitação 000001/2022, em
23/06/2022, no sentido da necessidade de termo aditivo para ampliação da contrapartida no valor acima
citado, alegando que após a realização do processo licitatório e coleta de orçamentos atualizados, tornou-se
necessário o aumento da contrapartida para a finalização do certame.
4. O pleito foi analisado pelos setores técnicos competentes, por meio do Parecer nº 312/2022- MMA (SEI
0919626) e Parecer nº 317/2022-MMA (SEI 0920796), que acataram o pedido do Convenente, entendendo não haver
óbices para a celebração de termo aditivo de acréscimo de contrapartida.
5. Consta dos autos do Processo Eletrônico SEI 02000.005479/2021-39, dentre outros, os seguintes
documentos necessários à analise do presente pleito:​

5.1. Convênio MMA Nº 000101/2021 (SEI 0822006);


5.2. Publicação do extrato do Convênio no DOU (SEI 0830980);
5.3. DESPACHO Nº 27403/2022-MMA (SEI 0917408);
5.4. Parecer nº 312/2022- MMA (SEI 0919626);
5.5. Parecer nº 317/2022-MMA (SEI 0920796);
5.6. DESPACHO Nº 28932/2022-MMA (SEI 0921903);
5.7. Ofício nº 222 /2022, do Convenente (SEI 0923166);
5.8. Minuta de Termo Aditivo (SEI 0921322).

6. É o breve relatório. Passa-se a apreciação jurídica.

II - FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

7. Preliminarmente, considera-se oportuno consignar que a presente manifestação tem por referência
o s elementos constantes dos autos do Processo Eletrônico SEI 02000.005479/2021-39 e que, na forma disposta
n o art.131 da Constituição Federal, bem como na alínea “a” do inciso VI do art. 11 da Lei Complementar n o
73/1993, compete a este órgão de execução da Advocacia – Geral da União prestar consultoria sob o prisma
estritamente jurídico, subtraindo-se ao âmbito da competência institucional desta CONJUR-MMA, análises que
importem considerações de ordem técnica, financeira ou orçamentária. Assim, a apreciação ora empreendida cinge-se
aos aspectos jurídico-formais da Minuta do Primeiro Termo Aditivo ao Convênio MMA Nº 000101/2021, registrado
na Plataforma +Brasil sob o nº 919218/2021.
8. Desde logo, cumpre ressaltar que a iniciativa da celebração de termo aditivo aos
convênios administrativos é calcada nos critérios de conveniência e oportunidade, os quais não se submetem à
manifestação desta Consultoria Jurídica.
9. Embora seja atribuição desta Consultoria Jurídica o assessoramento do Ministro de Estado no controle
interno da legalidade dos atos administrativos a serem praticados, a presente análise não exime a responsabilidade do
ordenador de despesas do cumprimento das disposições legais aplicáveis, especialmente no que concerne à
observância das exigências legais na execução orçamentária e financeira, bem como do órgão técnico responsável
pelo Convênio, a quem incumbe acompanhar e fiscalizar a execução do objeto conveniado, inclusive no tocante à
apresentação da prestação de contas dos recursos recebidos e aplicação dos recursos da contrapartida.
10. Quanto à legislação que fundamenta as alterações a serem efetivadas por meio do Termo Aditivo
proposto, deverão ser observadas, principalmente, a Lei Complementar nº 101/2000; a Lei nº 8.666/93; Lei nº
14.116,de 31 de dezembro de 2020 (Lei de Diretrizes Orçamentárias para o exercício de 2021); o Decreto
nº6.170/2007; a Portaria Interministerial nº 424, de 30 de dezembro de 2016, que estabelece normas para execução
do disposto no Decreto nº 6.170/2007; e demais normativos pertinentes.
11. A Portaria Interministerial nº 424, de 30 de dezembro de 2016, atualizada pela Portaria Interministerial n.
558/2019, regula os instrumentos de repasse celebrados pelos órgãos e entidades da Administração Pública Federal
com órgãos ou entidades públicas ou entidades privadas sem fins lucrativos para a execução de programas, projetos e
atividades de interesse recíproco, que envolvam a transferência de recursos financeiros oriundos do Orçamento Fiscal
e da Seguridade Social da União. De acordo com o inciso XXXII, do § 1º, do art. 1º, da referida Portaria Interministerial,
por meio de termo aditivo, modifica-se o convênio já celebrado, vedada, expressamente, a alteração do objeto
aprovado. Deveras, o seu art. 36 trata acerca da alteração do convênio, dispondo, in verbis:
DA ALTERAÇÃO
Art. 36. O instrumento poderá ser alterado mediante proposta, devidamente formalizada e justificada, a
ser apresentada ao concedente ou à mandatária em, no mínimo, sessenta dias antes do término de sua
vigência, vedada a alteração do objeto aprovado.
§ 1º A análise da solicitação de alteração deverá ser realizada pelo concedente ou pela mandatária
observados os regramentos legais e a tempestividade, de forma que não haja prejuízo a execução do
objeto pactuado.
§ 2º Quando a solicitação de alteração do contrato de repasse resultar em acréscimo do valor de
alteração de repasse da União, a aprovação dependerá, também, da anuência do órgão responsável
pela concepção da política pública em execução.

12. Nesse mesmo sentido dispõe a Cláusula Décima do Convênio firmado:

Este Convênio poderá ser alterado por termo aditivo mediante proposta do CONVENENTE,
devidamente formalizada e justificada, a ser apresentada ao CONCEDENTE para análise e decisão, no
prazo mínimo de 60 (sessenta) dias antes do término da vigência, vedada a alteração do objeto
aprovado.
Subcláusula Primeira. Nos eventuais ajustes realizados durante a execução do objeto, deverá o
CONVENENTE demonstrar a respectiva necessidade e os benefícios que se pretende agregar ao
projeto, cuja justificativa, uma vez aprovada pela autoridade competente do CONCEDENTE, integrará o
Plano de Trabalho.
Subcláusula Segunda. No caso de aumento de metas, a proposta deverá ser acompanhada dos
respectivos ajustes no Plano de Trabalho, de orçamentos detalhados e de relatórios que demonstrem a
regular execução das metas, etapas e fases já pactuadas."​

13. Da leitura do dispositivo legal supra citado, revela-se possível extrair os requisitos para a alteração dos
convênios:
​a) proposta do convenente, devidamente formalizada e justificada;
b) respeito ao prazo mínimo de 60 (sessenta) dias antes do término da vigência do ajuste;
c) não implicar em alteração do objeto pactuado e
d) inexistência de prejuízo à execução do objeto pactuado.

14. Quanto aos requisitos acima expostos, tem-se que:


a) o Convenente apresentou a proposta de alteração, formalmente justificada na Plataforma +Brasil;
b) ao analisar a proposta de alteração do convênio em questão, por meio de termo aditivo, verifica-se
que a proposta não implica em alteração do objeto pactuado;
c) a alteração pretendida, conforme entendimento da área técnica no Parecer nº 312/2022-MMA (SEI
0919626) e Parecer nº 317/2022-MMA (SEI 0920796), não encontra óbices para a celebração de termo aditivo
proposto, senão vejamos:

Parecer nº 317/2022-MMA
(...)
8. De fato, em razão de incremento de preços nos serviços de clínica veterinária previstos inicialmente
no plano de trabalho, conforme se deflui do Despacho nº 26941/2022-MMA de conformidade financeira
da licitação acostado aos autos (SEI 0916054), a homologação de certame de pregão com prévia
cotação de preços, denota o acréscimo de valor do serviço de castração cirúrgica de R$ 102.000,00
para cerca de R$ 116.500,00, de modo o acréscimo de contrapartida pretende viabilizar o aumento de
valor de R$ 14.500,00.
9. Em relação à verificação dos orçamentos encaminhados pela convenente, verifica-se que estão
em consonância com os preços praticados no mercado local, em atenção aos princípios da
economicidade, eficiência e moralidade administrativa, havendo a cotação sido efetuada no formato de
e-mail e banco de preços, com observância de ao menos três propostas válidas.
(...)
12. Ante ao exposto, com esteio na solicitação e documentação registradas pela convenente na
Plataforma + Brasil, NÃO se vislumbram óbices para a celebração de termo aditivo de acréscimo de
contrapartida, referente ao Convênio 919218/2021 firmado com o município de Charqueada/SP.

II.1. Do aporte adicional de contrapartida

15. No que diz respeito ao aporte adicional de contrapartida, cumpre transcrever o disposto no artigo 18, da
Portaria Interministerial n°424/2016:
Art. 18. A contrapartida será calculada sobre o valor total do objeto e, se financeira, deverá:
I - ser depositada na conta bancária específica do convênio em conformidade com os
prazos estabelecidos no cronograma de desembolso, podendo haver antecipação de parcelas, inteiras
ou parte, a critério do convenente; ou
II - ser depositada na conta bancária específica do contrato de repasse após o desbloqueio dos
recursos pela mandatária e previamente ao pagamento dos fornecedores ou prestadores de serviços.
(Alterado pela Portaria Interministerial nº 558, de 10 de outubro de 2019)
§ 1º A contrapartida, a ser aportada pelo convenente, será calculada observados os percentuais
e as condições estabelecidas na lei federal anual de diretrizes orçamentárias vigentes à época do
instrumento.
§ 2º A comprovação pelo proponente de que a contrapartida proposta está devidamente assegurada,
deverá ocorrer previamente à celebração do instrumento.
§ 3º A previsão de contrapartida a ser aportada pelos órgãos públicos, exclusivamente financeira,
deverá ser comprovada por meio de previsão orçamentária .
§ 4º Na celebração de instrumentos com entidades privadas sem fins lucrativos, o órgão concedente
deverá observar as regras de contrapartida dispostas na lei federal anual de diretrizes orçamentárias.
(grifou-se).

16. Nesse sentido, ao solicitar o aditivo de valor, o Convenente deverá observar os limites estabelecidos na
Lei de Diretrizes Orçamentária vigente quando da assinatura do instrumento. Dessarte, no caso, o acréscimo de valor
sugerido deve estar em consonância com o disposto no art. 83, parágrafo 4º, da Lei nº 14.116, de 31 de
dezembrode2020, que condicionou a contrapartida financeira a percentuais mínimos e máximos ao presente Convênio.
Eis o teor da citada norma:

Art. 83. A transferência voluntária é caracterizada como a entrega de recursos correntes ou de capital
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, a título de cooperação, auxílio ou assistência
financeira, que não decorra de determinação constitucional, legal ou que seja destinada ao SUS,
observado o disposto no caput do art. 25da Lei Complementar nº 101, de 2000 - Lei de
Responsabilidade Fiscal.
(...)
§ 4º A contrapartida de que trata o § 3º, exclusivamente financeira, será estabelecida em termos
percentuais do valor previsto no instrumento de transferência voluntária, considerados a capacidade
financeira da unidade beneficiada e o seu Índice de Desenvolvimento Humano - IDH, que terão como
limites mínimo e máximo:
I - no caso dos Municípios:
a) um décimo por cento e quatro por cento, para Municípios com até cinquenta mil habitantes;
b) dois décimos por cento e oito por cento, para Municípios com mais de cinquenta mil habitantes
localizados nas áreas prioritárias definidas no âmbito da Política Nacional de Desenvolvimento
Regional- PNDR, nas áreas da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste Sudene, da
Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia - Sudam e da Superintendência do
Desenvolvimento do Centro-Oeste - Sudeco;
c) um por cento e vinte por cento, para os demais Municípios;
d) um décimo por cento e cinco por cento, para Municípios com até duzentos mil habitantes, situados
em áreas vulneráveis a eventos extremos, tais como secas, deslizamentos e inundações, incluídos na
lista classificatória de vulnerabilidade e recorrência de mortes por desastres naturais fornecida pelo
Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações; e
e) um décimo por cento e cinco por cento, para Municípios com até duzentos mil habitantes, situados
em região costeira ou de estuário, com áreas de risco provocado por elevações do nível do mar, ou por
eventos meteorológicos extremos, incluídos na lista classificatória de vulnerabilidade fornecida pelo
Ministério do Meio Ambiente.
II - no caso dos Estados e do Distrito Federal:
a) um décimo por cento e dez por cento, se localizados nas áreas prioritárias definidas no âmbito da
PNDR, nas áreas da Sudene, da Sudam e da Sudeco; e
b) dois por cento e vinte por cento, para os demais Estados; e
III - no caso de consórcios públicos constituídos por Estados, Distrito Federal e Municípios, um décimo
por cento e quatro por cento.
§ 5º Os limites mínimos e máximos de contrapartida fixados no § 4º poderão ser reduzidos ou
ampliados mediante critérios previamente definidos ou justificativa do titular do órgão concedente,
quando:
I - necessário para viabilizar a execução das ações a serem desenvolvidas;
II - necessário para transferência de recursos, conforme disposto na Lei nº 10.835, de 8 de
janeirode2004; ou
III - decorrer de condições estabelecidas em contratos de financiamento ou acordos internacionais.

17. Verifica-se dos documentos constantes dos autos, que o Convênio celebrado (SEI 0822006) possui um
valor global de R$ 102.000,00 (cento e dois mil reais).
18. Inicialmente a contrapartida financeira a cargo do Convenente foi estabelecida no valor de R$ 2.000,00
(dois mil reais). Pretende-se com o aditamento em tela aumentar essa contrapartida para R$ 14.500,00 (quatorze mil
e quinhentos reais), de forma que o valor global do Convênio em tela passará a ser de R$ 116.500,00,00 (cento e
dezesseis mil e quinhentos reais).
19. Em que pese as manifestações técnicas da Secretaria de Biodiversidade e da SPOA no sentido de não
haver óbices à celebração do presente termo aditivo de acréscimo de contrapartida, verifica-se dos autos que não
houve pronunciamento acerca da conformidade do adicional de contrapartida pretendido com os limites
estabelecidos na Lei Diretrizes Orçamentárias de 2021 (Lei n° 14.116, de 31/12/2020). Dessa forma, recomenda-
se que a área técnica ateste se o acréscimo da contrapartida a cargo do convenente está ou não em consonância com
a LDO de 2021.
20. Vale ser lembrado que os limites estabelecidos na Lei nº Lei nº 14.116/2020 poderão ser reduzidos ou
ampliados quando:​
a) necessário para viabilizar a execução das ações a serem desenvolvidas;
b) necessário para transferência de recursos, conforme disposto na Lei nº 10.835, de 8 de janeiro de
2004 ; ou
c) decorrer de condições estabelecidas em contratos de financiamento ou acordos internacionais.

21. Salienta-se que as alterações citadas deverão se dar mediante critérios previamente definidos ou
justificativa do titular do órgão concedente nas hipóteses acima listadas.
22. Quanto a necessidade do aporte adicional no montante pleiteado, verifica-se no DESPACHO
Nº 26941/2022-MMA (SEI 0916054) e no DESPACHO Nº 27403/2022-MMA (SEI 0917408) que a área técnica atestou
não haver óbices à conformidade financeira de licitação realizada para consecução do objeto do Convênio
919218/2021:​

DESPACHO Nº 26941/2022-MMA
Com esteio na documentação constante dos autos da Plataforma Mais Brasil, referente ao Processo
555/2022 homologado em favor da Leandro Lucatelli Bueno- ME (CNPJ 10.766.072/0001-
06) no valor total de R$ 116.500,00 (cento e dezesseis mil e quinhentos reais), ATESTO que o
processo de licitação via Sistema de Registo de Preços, com amparo legal na Lei 8.666/1993 e Lei
10.522/2002, contém termo de referência, cotação prévia de preços, Ata de Registro de
Preços, proposta vencedora, homologação e declaração de ateste às disposições legais aplicáveis,
inexistindo por ora quaisquer apontamentos de inconsistências na execução financeira, em observância
à documentação requerida pelo Art. 6º, Inciso II, alínea "d" da PI 424 de 30/12/2016 ,conforme planilha a
seguir:
(...)

DESPACHO Nº 27403/2022-MMA
(...)
Registra-se que não há óbices à conformidade financeira de licitação, estando contudo condicionada
à efetivação do termo aditivo para acréscimo de contrapartida, a fim de viabilizar a homologação de
fornecimento dos serviços clínicos veterinários por Ata de Registro de Preços.
(...)

23. Vale ser ressaltado também que os custos para execução dos Convênios e outros ajustes
administrativos devem ser analisados pelo setor técnico competente, de forma a verificar se os mesmos estão
em consonância com os preços praticados no mercado local, em atenção aos princípios da economicidade,
eficiência e moralidade administrativa.
24. Nesse sentido, a área técnica afirmou no Parecer nº 312/2022- MMA (SEI 0919626) e Parecer nº
317/2022-MMA (SEI 0920796) que os valores constantes dos orçamentos encaminhados estão em consonância com
os preços praticados no mercado local.
25. Ademais, o Processo de Pregão Eletrônico nº 012/2022 e Ata de Registro de Preços nº 38/2022,
do Município de Charqueada, já foi concluído e o setor técnico competente atestou que o referido processo licitatório
está em conformidade com as normas legais pertinentes, conforme DESPACHO Nº 26941/2022-MMA supra transcrito.
26. No mais, observa-se dos autos que o Convenente não apresentou nova Declaração de Disponibilidade
de Contrapartida, de forma a comprovar a existência do crédito respectivo para a realização da despesa a ser
empreendida, nem o Subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração anuiu com o acréscimo de
contrapartida financeira ao Convênio, devendo tais documentos serem anexados aos autos antes da assinatura do
instrumento.

II.2. Da prévia apresentação do Plano de Trabalho reformulado devidamente aprovado

27. Acerca das alterações no Plano de Trabalho durante a execução do Convênio, cumpre ressaltar o
disposto no § 3 º, do artigo 20, da Portaria Interministerial nº 424/2016, in verbis:

Art. 20. O plano de trabalho será analisado quanto à sua viabilidade e adequação aos objetivos do
programa e, no caso das entidades privadas sem fins lucrativos, será avaliada sua qualificação técnica
e capacidade operacional para gestão do instrumento, de acordo com critérios estabelecidos pelo órgão
ou entidade repassador de recursos.
§ 3º Os ajustes realizados durante a execução do objeto integrarão o Plano de Trabalho, desde
que submetidos e aprovados previamente pela autoridade competente. (grifou-se)

28. Conforme anteriormente exposto, as justificativas para o aditamento foram aceitas pelo setor técnico
competente.
29. Alerta-se que o Plano de Trabalho e os documentos relativos ao Cronograma Físico e Plano de
Aplicação Detalhado, com as reformulações necessária, deverão ser constar da Plataforma +Brasil, em substituição
aos que se encontram na referida plataforma.

II.3. Da competência para assinatura do instrumento


30. Quanto à competência para assinatura do instrumento, verifica-se que será signatário do presente ajuste
o Sr. Secretário-Executivo deste Ministério, conforme autorizado pela Portaria MMA n. 385/2021 que assim dispõe:

O MINISTRO DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE, no uso de suas atribuições que lhe confere o art. 87,
parágrafo único, incisos II e IV da Constituição, e tendo em vista o disposto nos arts. 11 e 12 do
Decreto-lei nº 200,de 25 de janeiro de 1967, regulamentado pelos Decretos nº 83.937, de 6 de
setembro de 1979, e nº 86.377, de 17 de setembro de 1981, e na Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de
1999, resolve:
Art. 1º Delegar competência ao Secretário-Executivo do Ministério do Meio Ambiente e, nos seus
impedimentos e afastamentos, ao seu substituto legal, observados a legislação, as normas e os
regulamentos pertinentes, para praticar os seguintes atos:
I - proceder à instrução, celebração e demais procedimentos administrativos afetos aos
contratos administrativos, convênios, contratos de repasse, termos de execução
descentralizada, termos de colaboração, termos de fomento e acordos de cooperação objeto de
formalização com órgãos e entidades nacionais, e os respectivos aditivos, respeitados os
demais dispositivos desta Portaria;
II - autorizar a celebração ou a prorrogação, bem como os respectivos aditivos, no âmbito do Ministério,
de contratos administrativos relativos a atividades de custeio, de qualquer valor, permitida a
subdelegação na forma do§ 2º do art. 3º do Decreto nº 10.193, de 27 de dezembro de 2019; (grifos
acrescidos)

II.4. Da minuta do Termo Aditivo

31. No que concerne, especificamente, à minuta do Primeiro Termo Aditivo ao Convênio 000101/2021-MMA
(SEI 0921322), constata-se que, em termos gerais, atende às normas que regem a espécie.
32. Sugere-se, contudo, as seguintes alterações para uma correta regularidade jurídico-formal:
a) Preâmbulo: citar a Lei nº 14.116, de 31 de dezembro de 2020 (LDO para o exercício de 2021),
retirando a menção à Lei de Diretrizes Orçamentárias do exercício de 2019.

b) CLÁUSULA QUINTA – DA VIGÊNCIA- alterar a redação para:

O presente Termo Aditivo passa a vigorar a partir da data da sua assinatura.

II.5. Da impossibilidade de Transferências Voluntárias no período eleitoral

33. Por meio do DESPACHO Nº 28932/2022-MMA (SEI 0921903), a Subsecretaria de Planejamento


Orçamento e Administração solicita pronunciamento dessa CONJUR acerca da possibilidade, em caráter excepcional,
de liberação de recursos pelo órgão concedente no período de vedações eleitorais, por entender se tratar de
cumprimento de "obrigação formal para execução de serviço em andamento e com cronograma prefixado".​
34. Conforme aponta a Gerência de Projeto para Transferências Voluntárias no despacho supra, o Convênio
nº 919218/2021 teve seu início de vigência no dia 16/12/2021, com previsão de encerramento em 16/12/2022.
35. Para consecução do objeto pactuado deveria ser realizado um processo licitatório, no prazo estabelecido
na Cláusula Nona do instrumento:

CLÁUSULA NONA – DA CONTRATAÇÃO COM TERCEIROS


O CONVENENTE deverá observar, quando da contratação de terceiros para execução de serviços ou
aquisição de bens com recursos da União vinculados à execução do objeto deste Convênio, as
disposições contidas na Lei no 8.666, de 1993, na Lei nº 10.520, de 17 de junho de 2002, e demais
normas federais, estaduais e municipais pertinentes às licitações e contratos administrativos, inclusive
os procedimentos ali definidos para os casos de dispensa e/ou inexigibilidade de licitação.
Subcláusula Primeira. Os editais de licitação para consecução do objeto conveniado serão publicados
pelo CONVENENTE após a assinatura do presente Convênio, devendo a publicação do extrato dos
editais observar as disposições da legislação específica aplicável ao respectivo processo licitatório,
obedecido o disposto no art. 49 da Portaria Interministerial n. 424, de 2016.
Subcláusula Segunda. O prazo para início do procedimento licitatório será de até sessenta dias,
contados da data de assinatura do instrumento ou, havendo cláusula suspensiva, do aceite do termo de
referência, e poderá ser prorrogado uma única vez, desde que motivado pelo CONVENENTE e aceito
pelo CONCEDENTE.
(...)

36. Ocorre que, houve necessidade de se postergar o início da abertura do referido processo, o que levou o
Concedente a prorrogar o prazo para o início do certame por 60 dias, conforme se verifica no OFÍCIO Nº
486/2022/MMA (SEI 0845711).
37. Em 23 de junho de 2022, o Convenente solicitou através do Ofício nº 212/2022 (SEI 0917400)
o pagamento do repasse do referido convênio, em face da finalização do processo licitatório respectivo.
Concomitantemente também solicitou o aditamento ora em análise.
38. A área técnica deste Ministério atestou a conformidade financeira do Processo de Pregão Eletrônico nº
012/2022 e Ata de Registro de Preços nº 38/2022, contudo, condicionou o aceite do processo licitatório "à
celebração de termo aditivo e comprovação de inexistência de vedação de repasse no período
eleitoral."- DESPACHO Nº 26941/2022-MMA (SEI 0916054).
39. Em razão das exceções previstas no art. 73, inciso VI, alínea “a”, da Lei nº 9.504/97 (Lei das Eleições), a
Gerência de Projeto para Transferências Voluntárias deste Ministério solicitou o pronunciamento jurídico acerca da
legalidade da liberação de recursos ao Convenente no período de vedações eleitorais, que se iniciou em 02/07/2022.
40. ​De acordo com o art. 73, inciso VI, alínea “a”, da Lei nº 9.504/97, são Condutas Vedadas aos Agentes
Públicos em Campanhas Eleitorais:

Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes condutas tendentes a
afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais:
(...)
VI - nos três meses que antecedem o pleito:
a) realizar transferência voluntária de recursos da União aos Estados e Municípios, e dos Estados aos
Municípios, sob pena de nulidade de pleno direito, ressalvados os recursos destinados a cumprir
obrigação formal preexistente para execução de obra ou serviço em andamento e com cronograma
prefixado, e os destinados a atender situações de emergência e de calamidade pública;

41. Conforme pode ser observado no dispositivo legal acima transcrito, são exceções à vedação de
transferências voluntárias durante o defeso eleitoral:

a) transferência de recursos destinados a cumprir obrigação formal preexistente para execução de obra
ou serviço em andamento e com cronograma prefixado, e
b) transferência de recursos destinados a atender situações de emergência e de calamidade pública.

42. Conforme entendimento do setor demandante, o caso dos autos se enquadraria na exceção prevista no
art. 73, inciso VI, alínea "a", da Lei das Eleições, ou seja: trata-se de cumprimento de obrigação formal para execução
de serviço em andamento e com cronograma prefixado.
43. Quanto ao tema, o TSE firmou entendimento de que a exceção de transferência voluntária de recursos
para obras e serviços em andamento se refere àqueles já fisicamente iniciados, conforme se observa na Consulta
nº 1.062/DF, em Decisão Monocrática de 07/07/2004 do Ministro Sepúlveda Pertence, referendada pelos Ministros do
TSE por meio da Resolução nº 21.878,de 12/08/2004; no REspe nº 25.324, Acórdão proferido em 07/02/2006; e na
Resolução nº 21.908, de 31/08/2004.
Consulta nº 1.062/DF
(...)
42 – De tudo, ad referendum do Tribunal, respondo negativamente à consulta para assentar que, por
força do disposto no art. 73, VI, a, da L.9504/97, é vedado à União e aos Estados, até as eleições, a
transferência voluntária de recursos aos Municípios – ainda que constitua objeto de convênio ou de
qualquer outra obrigação preexistente ao período – quando não se destinem à execução já fisicamente
iniciada de obras ou serviços, ressalvadas unicamente as hipóteses em que se faça necessária para
atender a situação de emergência ou de calamidade pública. (grifou-se)

44. No mesmo sentido, o Parecer AM 01 (09/04/2019), que nos termos do Parecer nº 020/2019/Decor-
CGU/AGU (26/02/2019) revisou parcialmente o Parecer AC-12, “de maneira a fazer prevalecer o entendimento de
que para a legalidade do repasse de transferência voluntária no curso do defeso eleitoral não basta a previsão
de obrigação formal preexistente e de cronograma prefixado, uma vez que o efetivo início da execução física
da obra ou serviço é condição legal que deve ser cumulativa e necessariamente observada, na esteira da
jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral”.
45. Acrescente-se que mesmo em se tratando de transferências decorrentes de emendas parlamentares
individuais ou aquelas oriundas do denominado orçamento impositivo, a obrigatoriedade da execução orçamentária e
financeira dos respectivos valores não transforma as transferências voluntárias em obrigatórias, deixando de incidir a
vedação eleitoral de realização de transferência voluntária de recursos da União aos Estados e Município, e dos
Estados aos Municípios, nos três meses que antecedem o pleito eleitoral, prevista no art. 73, inciso VI, alínea “a”, da
Lei nº 9.504, de 1997.
46. Esse é o entendimento do Tribunal de Contas da União, conforme se observa no Acórdão 287/2016
Plenário:
“[a]s transferências decorrentes de emendas parlamentares individuais estão submetidas à vedação do
art. 73, VI, a, da Lei 9.504/97 (Lei Eleitoral), por se caracterizarem essencialmente como transferências
voluntárias.” (Boletim de Jurisprudência114/TCU).

47. Toda a legislação e os entendimentos acima citados encontram-se compilados no Manual de Condutas
Vedadas aos Agentes Públicos Federais em Eleições 2022 elaborado pela AGU[1], em especial no seu 6.4.1.
48. Destarte, para que seja possível a transferência dos recursos é preciso que o convenente comprove,
com o ateste da unidade técnica do concedente, o efetivo início da execução física do objeto, a fim de evitar qualquer
questionamento futuro quanto ao descumprimento das normas de vedação no período eleitoral, em especial,
o estabelecido no art. 73, inciso VI, alínea "a", da Lei 9.504/97, devendo ser aguardando o término do período de
vedação para realizar o repasse em tela.
49. Ressalte-se que o TSE possui entendimento de que “a regra restritiva do art. 73, VI, ‘a’, da Lei nº
9.504/97 não pode sofrer alargamento por meio de interpretação extensiva de seu texto” (ARCL nº 266, Acórdão de
09/12/2004.
50. Ademais, em que pese a vedação legal mencionada, isso não significa que não se possa executar atos
preparatórios necessários ao início serviço objeto do Convênio, tal como o Termo Aditivo solicitado.
51. Nesse sentido pode-se citar a Nota nº 2004/AGU/CGU/SFT-0026/2004 e PARECER AGU AC-12/2004,
que foi aprovado pelo Presidente da República e, portanto, passando a vincular toda a Administração Pública Federal,
incluindo os órgão da Administração Direta e as empresas integrantes da Administração Indireta.
III. CONCLUSÃO

52. Diante do exposto e examinando exclusivamente os aspectos jurídico-formais da Minuta do Primeiro


Termo Aditivo ao Convênio MMA nº 000101/2021, registrado na Plataforma +Brasil sob o nº 919218/2021
(SEI 0921322), sem qualquer exame da conveniência e oportunidade na celebração do referido ajuste, opina-se pela
possibilidade do aditamento pretendido, observadas as recomendações constantes neste opinativo,
especialmente as contidas nos itens 19, 21, 26, 29, 32 e 48.
53. Destaca-se, ainda, o disposto no Enunciado de Boa Prática Consultiva da Advocacia Geral da União
(BPC/AGU) nº0 4 e 05:

BPC nº 4/2016
A rubrica em minutas de editais, contratos, convênios ou congêneres é formalidade meramente
indicativa das folhas efetivamente apreciadas, e não substitui a elaboração da manifestação consultiva
destinada a seu exame e aprovação.
BCP nº 5/2016
Ao Órgão Consultivo que em caso concreto haja exteriorizado juízo conclusivo de aprovação de minuta
de edital ou contrato e tenha sugerido as alterações necessárias, não incumbe pronunciamento
subsequente de verificação do cumprimento das recomendações consignadas.

À consideração superior. Após, ao Apoio Administrativo dessa Consultoria Jurídica para


encaminhamento dos autos à Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração/ Gerência de Projeto para
Transferências Voluntárias, para conhecimento e adoção das providências pertinentes.

Brasília, data da assinatura eletrônica.

RODRIGO MAGALHÃES PEREIRA


ADVOGADO DA UNIÃO
COORDENADOR-GERAL DE ASSUNTOS ADMINISTRATIVOS

Aprovo o PARECER n. 00214/2022/CONJUR-MMA/CGU/AGU


Brasília, data da assinatura eletrônica

SÉRGIO EDUARDO DE FREITAS TAPETY


ADVOGADO DA UNIÃO
CONSULTOR JURÍDICO

Atenção, a consulta ao processo eletrônico está disponível em https://supersapiens.agu.gov.br mediante


o fornecimento do Número Único de Protocolo (NUP) 02000005479202139 e da chave de acesso 6ad0315d
transferências decorrentes de emendas

Notas

1. ^ eleicoes-2022_versao-26-01-22-final.pdf (www.gov.br)

Documento assinado eletronicamente por SÉRGIO EDUARDO DE FREITAS TAPETY, com certificado A1 institucional
(*.agu.gov.br), de acordo com os normativos legais aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está
disponível com o código 928869683 e chave de acesso 6ad0315d no endereço eletrônico https://sapiens.agu.gov.br.
Informações adicionais: Signatário (a): SÉRGIO EDUARDO DE FREITAS TAPETY, com certificado A1 institucional
(*.agu.gov.br). Data e Hora: 11-07-2022 17:12. Número de Série: 77218269410488336199396275606. Emissor:
Autoridade Certificadora do SERPRO SSLv1.
Documento assinado eletronicamente por RODRIGO MAGALHAES PEREIRA, de acordo com os normativos legais
aplicáveis. A conferência da autenticidade do documento está disponível com o código 928869683 e chave de acesso
6ad0315d no endereço eletrônico https://sapiens.agu.gov.br. Informações adicionais: Signatário (a): RODRIGO
MAGALHAES PEREIRA. Data e Hora: 08-07-2022 14:41. Número de Série: 30740144333597318609415581776.
Emissor: Autoridade Certificadora SERPRORFBv5.

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