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AO SENHOR GESTOR DO CONTRATO Nº 017/2020 - SIAPE 2361645

DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ


UNIFESSPA - DOUGLAS MARTINS SOUSA

Processo Administrativo nº 23479.003677/2020-31

ENERUGI ENGENHARIA LTDA, já qualificada nos


autos, vem por seus procuradores devidamente constituídos, com fundamento no
art. 79, inc. II da Lei nº 8.666/1993, requerer o que se segue, conforme as razões
de fato e de direito que passa a expor.

I – DO RELATO DOS FATOS


A Peticionária sagrou-se vencedora do certame para contratação
de empresa especializada para construção do refeitório setorial da unidade II
do campus de Marabá da Universidade Federal do Sul e Sudeste do PARÁ-
UNIFESSPA, localizada no município de Marabá e firmou o Contrato n°
17/2020 em 14.10.2020.
Em 29 de outubro de 2020 a Requerente encaminhou ofício de
pedido de reequilíbrio econômico-financeiro em virtude da alta dos preços dos
insumos em razão a pandemia pelo COVID-19.
Em 22 de fevereiro de 2021, ratificou o pedido e em de 25 de
fevereiro de 2021 informou acerca da paralisação da obra em razão da ausência
de resposta do pleito e dos prejuízos que estava suportando. O pedido foi
deferido parcialmente em 08 de março de 2021 e a execução da obra
imediatamente retomada.
O deferimento do reequilíbrio foi formalizado somente em 13 de
abril de 2021, por meio do 1º aditivo ao contrato n° 17/2020.1 Fora desconsiderado
para fins de reequilíbrio, as seguintes etapas:

1
PROCESSO 23479.003677/2020-31.
• etapas que não atingiram um percentual de acréscimo superior
ao INCC acumulado no período, ou seja, 7,65%, não foram
considerados para o cálculo,
• itens com exclusiva mão de obra (administração local de obra),
• itens que comprovadamente já estavam aplicados no canteiro
de obras ou que não seriam executados nos próximos meses.
Em 1º de outubro de 2021, na forma da cláusula 17 do contrato,
foi firmado o 2º aditivo ao contrato para reajustá-lo e prorrogar sua vigência para
a data de 30/09/2022, com prazo de execução até 30/05/2022.
Até o momento a obra não foi finalizado e o 3º aditivo que objetiva prorrogar a
execução dos serviços até 31 de janeiro de 2023, está pendente de formalização.
Nesse interregno, os prejuízos para a Requerente não cessaram e
conforme vem informando ao fiscal do contrato, hoje superam a cifra de meio
milhão de reais.
Isso porque, além dos impactos da COVID ocorridos até abril de
2021, cujo 1º aditivo resolveu apenas parcialmente, a pandemia continuou e seu
impacto apenas se aprofundou, consubstanciando-se na alteração dos preços das
comodities, insumos e materiais necessários à execução da obra.
Esses fatos têm sido relatados ao fiscal da obra e ensejaram mais
recentemente na diminuição do ritmo da execução do contrato, conforme se
notícia do ofício 66/2022-DOP-SINFRA/UNIFESSPA.
Em resposta ao ofício, em 30 de agosto, a Requerente solicitou
prazo de cinco dias úteis, a contar do dia 5 de setembro para conclusão dos
trabalhos que fundamentam o pleito de análise da equação econômico-financeira
deste contrato.
A solicitação foi deferida por este fiscal e finda-se hoje, em 13 de
setembro de 2022. O objetivo era pleitear o reequilíbrio econômico-financeiro da
proposta a fim de permitir a finalização da obra.
Ocorre que, após amplo estudo técnico verificou-se que
independente do deferimento do pleito de reequilíbrio é inviável para a
Requerente continuar com a execução da obra e que manter a execução do
contrato, considerando o que foi executado e o que resta a executar, somente
acarretará em mais prejuízos para Requerente e pior, o risco de não conseguir
adimplir o contrato é demasiadamente alto, razão pela qual, conforme se
demonstrará, a rescisão amigável é o melhor instrumento, também à luz do
interesse público.
O objetivo deste requerimento é também, munir a Administração
de informações para a melhor tomada de decisão à luz do interesse público.
Esse é o contexto da execução do contrato. A seguir passa-se a
análise do pleito de reequilíbrio e do pedido de rescisão amigável em estrita
observância ao ordenamento jurídico vigente.
De antemão, pede-se vênia para justificar que os motivos que
resultaram neste pedido concomitante ao pleito de reequilíbrio, diferente do
anteriormente informado a essa autoridade2 estarão justificados à diante.

II – Do pedido de reequilíbrio econômico-financeiro do contrato


A manutenção do equilíbrio econômico-financeiro enseja que a
relação inicialmente firmada entre as partes, para a justa contrapartida pela
execução do objeto licitado, deve ser perene durante toda a execução do contrato.
É medida assegurada constitucionalmente3 e, também, pela Lei nº
8.666/19934.
Conforme exposto no tópico anterior, o contrato foi objeto de
reequilíbrio parcial devidamente formalizado no 1º aditivo. Ocorre que dentre as
etapas desconsideradas para fins de reequilíbrio, está a administração local da
obra. Esta etapa abarca exclusivamente mão de obra cuja aferição se dá por meio
de horas ou fixo mensal, no caso do mestre de obras.
Isso porque, diferentemente das demais etapas onde os encargos
com mão de obra são atrelados a execução de cada serviço, a administração local
da obra deve estar presente ao longo de toda a execução do contrato.
Desta feita, a execução do contrato pactuada originalmente para
12 meses, até agosto deste ano, tem acumulado o período de execução de 20
2
Resposta ao Ofício nº 66/2022-DOP-SINFRA/UNIFESSPA, 30.08.2022.
3
Constituição Federal. Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: [...]
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados
mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas
que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual
somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento
das obrigações. (Regulamento)
4
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes
casos: [...] II – por acordo das partes: [...] d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicialmente entre
os encargos do contratado e a retribuição da administração para a justa remuneração da obra, serviço ou
fornecimento, objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato, na hipótese de
sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém de conseqüências incalculáveis, retardadores ou impeditivos
da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea
econômica extraordinária e extracontratual.
meses. Conforme se verifica no 2º aditivo5, o motivo para a prorrogação foi
fundamentado no art. 57 §1º inc. II, qua seja: “superveniência de fato excepcional
ou imprevisível, estranho à vontade das partes, que altere fundamentalmente as
condições de execução do contrato;”, fato alheio à vontade e culpa da contratada.
Neste diapasão, a Lei nº 8.666/1993, estabelece:
Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará
adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários, exceto
quanto aos relativos:
§ 1o Os prazos de início de etapas de execução, de conclusão e
de entrega admitem prorrogação, mantidas as demais cláusulas
do contrato e assegurada a manutenção de seu equilíbrio
econômico-financeiro, desde que ocorra algum dos seguintes
motivos, devidamente autuados em processo:[...]6
Isto é, a etapa de administração local da obra deve considerar o
prazo efetivo da execução da obra, posto que mestre e engenheiro devem, ao longo
de toda a execução, acompanhar o andamento da obra.
O entendimento do TCU é no sentido de que, se a prorrogação da
execução contratual não se deu por culpa da contratada, itens como
“administração local” e “operação e manutenção do canteiro”, devem ser objeto
de reequilíbrio7.
Ocorre que no caso concreto, verifica-se que para efeitos de
pagamento as medições têm atrelado estes itens cujo parâmetro é mensal e por
hora à execução do cronograma da obra.
Conforme se verifica das medições, acerca deste item, até o
momento foi pago o valor de R$ 85.149,478 e conforme depreende-se da planilha
essa quantificação teve por parâmetro o prazo de 12 meses. Deste prazo
inicialmente pactuado, tem-se a pagar ainda R$ 19.653,31, observe:

5
O presente Termo Aditivo tem por objeto realizar as seguintes alterações ao CONTRATO Nº 17/2020, na
forma do Art. 57, §1º, inciso II e Art. 65, inciso II, alínea “d”, e §8º, da Lei nº 8.666/93, e em face da justificativa
constante no processo 23479.003677/2020-31: 2.1 Alterar a CLÁUSULA SEGUNDA, para prorrogar a vigência
do contrato até a data de 30/09/2022 e prazo de execução até 30/05/2022.
6
Trecho em negrito não consta do original.
7
TCU: Nos aditivos contratuais, é indevido acréscimo nos valores dos serviços “administração local” e “operação
e manutenção do canteiro” em caso de atraso na execução da obra por culpa exclusiva da contratada, porquanto
resta afastada a possibilidade de reequilíbrio econômico-financeiro da avença, nos termos do art. 65, inciso II,
alínea d, da Lei 8.666/1993. (TCU, Acórdão nº 178/2019, Plenário.). Concluímos que, em contrato de execução
de obra, desde que a prorrogação do cronograma de execução não decorra de culpa da contratada, é necessário
revisar o item “administração local” como condição para assegurar a manutenção do equilíbrio econômico-
financeiro da contratação.
8
Acumulado das medições.
COMPOSIÇÃO
ADMINISTRAÇÃO LOCAL DA OBRA UN Quantidade Unidade Preço total
01
ENGENHEIRO CIVIL DE OBRA JUNIOR COM ENCARGOS
90777 H 960,000 82,16 78.873,60
COMPLEMENTARES
MESTRE DE OBRAS (MENSALISTA) COM ENCARGOS
94295 mês 12,000 4.873,55 58.482,60
COMPLEMENTARES
h 2.640,000 20,88
SUB-TOTAL 137.356,20

- 23,7% de desconto da contratada R$ 104.802,78

Com a prorrogação do contrato até o momento - que totaliza mais


de 22 meses - acrescemos a planilha mais 10 meses de serviços de administração
local, já considerando o desconto dado por esta peticionária e os reajustes do 1º e
2º aditivo que já constam na planilha orçamentária atual (item f), depreendem-se
os seguinte montante:

Preço
Descrição dos Serviços Unidade Quantidade Preço Total
Unitário
a) ADMINISTRAÇÃO LOCAL DA OBRA por mais
UN
12 meses
b) ENGENHEIRO CIVIL DE OBRA JUNIOR COM
H 960,000 82,16 78.873,60
ENCARGOS COMPLEMENTARES
c) MESTRE DE OBRAS (MENSALISTA) COM
mês 12,000 4.873,55 58.482,60
ENCARGOS COMPLEMENTARES
d) SUB-TOTAL 137.356,20
e) - 23,7% de desconto da contratada R$ 104.802,78
f) 1° REAJUSTE PARCIAL + 2° TOTAL +
R$ 116.917,98
20,3219%
g) Valor com desconto da paralisação por conta da
R$ 97.431,65
Contratada
h) SALDO DEVEDOR da planilha original R$ 19.653,31
i) Total a ser pago até agosto de 2022 de
R$ 116.917,98
administração local

No intuito de corroborar com os vetores da razoabilidade e


proporcionalidade deste pedido, a Peticionária descontou dois meses de
administração local (item g) decorrentes, dos seguintes fatos: um mês entre o
ofício de ratificação do pedido de reequilíbrio até seu deferimento e um mês neste
ano, mesmo que, como verificado por este fiscal, o engenheiro se encontrava na
obra.
Este valor acrescido dos R$ 19.653,31, totaliza o saldo a receber
pelos serviços já executados de R$ 116.917,98.
Tem-se, portanto, que a revisão do item “administração local da
obra” é condição para assegurar a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro
da contratação dos valores já dispendidos por esta Peticionária.
Assim trata-se de obrigação embasada em preceito constitucional
e legal indenizar a contratada pelos serviços regularmente prestados, em face da
vedação do enriquecimento ilícito do Estado.
Apesar de montante expressivo, este pleito per si, não viabiliza a
execução dos serviços a serem futuramente prestados pela Peticionária, questão
que se passa a expor.
De antemão, pede-se vênia para justificar que os motivos que
resultaram neste pedido concomitante ao pleito de reequilíbrio, diferente do
anteriormente informado a essa autoridade9 estarão justificados a seguir.

III– Da rescisão amigável como instrumento que melhor se coaduna ao


interesse público no caso concreto

Conforme exposto alhures o montante já suportado por esta


Peticionária superam a cifra de meio milhão de reais. Ao realizar o estudo dos
valores orçados e do que foi efetivamente dispendido verificou-se que o prejuízo
está alocado nos valores dispendidos para custear a mão de obra.
É que na forma da planilha referencial, os custos com a mão de
obra são quantificados por hora efetiva de serviço em conjunto com os insumos.
Por exemplo, na etapa de levantamento da laje, considera-se o custo com pedreiro
e servente por hora efetiva de serviço em conjunto com o custo do aço, madeira e
demais insumos.
Na prática, no entanto, o pedreiro é contratado pela empreitada ou
com salário fixo, devendo ser pago, independente, do cumprimento daquela etapa.
No presente caso, o que se verificou é que a produtividade da
mão de obra local contrato não correspondeu a tabela de referência do SINAPI,
anexa a este contrato. Longe disso, o tempo dispendido pela equipe superou em
muito o estipulado e estes custos foram e estão sendo arcados pela Peticionária.
Observe que esta questão não decorre de má-fé ou de ausência de
planejamento, não há como prever que a produtividade da mão-de-obra local será
tão desconforme ao quantitativo descrito na planilha orçamentária.
Ao identificar esta defasagem verificou-se que isso torna a
continuidade da execução da obra inviável e levou a esta solicitação de rescisão
amigável.
Inviável porque esses custos não podem ser revistos. Não há
amparo legal para reequilibrar estes custos utilizando outra metodologia que não

9
Resposta ao Ofício nº 66/2022-DOP-SINFRA/UNIFESSPA, 30.08.2022.
a pactuada.
Ocorre que ainda está pendente de execução 66,4% dos serviços e, conforme se
depreendem da minuta do terceiro aditivo, pretende-se acrescer mais 23%. Isto é,
os prejuízos advindos desta questão só irão aumentar.
Nessa situação, não há condições para que a ENERUGI continue
a suportar os custos da execução deste contrato sem que, inevitavelmente, leve a
falência desta Peticionária.
Para casos como este onde o fato ensejador da rescisão é alheio a
culpa da Contratada10, a Lei n° 8.666/1993 estabelece expressamente a
possibilidade de, por acordo entre as partes, ser realizada a rescisão amigável,
observe:
Art. 79. A rescisão do contrato poderá ser:
[...]
II - amigável, por acordo entre as partes, reduzida a termo
no processo da licitação, desde que haja conveniência para
a Administração;
A expressão indicativa da cláusula geral de discricionariedade,
qual seja, a conveniência, é o indicativo de que cabe ao gestor público fazer esta
análise a luz das situações fáticas e de direito que regem o contrato, em especial
observando a razoabilidade e proporcionalidade, bem como a boa fé da
contratada, ausência de dano ao erário e a preservação do interesse público.
Nesta senda, constata-se que a ENERUGI cumpriu com todas as
obrigações contratuais e as exigências formais legais para o recebimento dos
pagamentos pelos serviços prestados. As medições foram realizadas e
devidamente aprovadas por este fiscal, faltante apenas a 17ª medição11 feita pela
Peticionária e que segue para verificação e ateste e pagamento por este fiscal.
Para auxiliar na compreensão do atual estado da obra, junta-se a
este requerimento, relatório dos insumos constantes do almoxarifado,
devidamente atualizado, bem como relatório fotográfico da atual situação da
obra12.
Verifica-se, portanto, que não há que se falar em dano ao erário
no presente caso, na medida em que tendo o fiscal agido com diligência,
acompanhou e autorizou o pagamento somente do que efetivamente foi

10
o TCU tem interpretação de que a rescisão amigável tem incidência restrita Neste sentido: Acórdão nº
740/2013 – Plenário; Acórdão nº 3567/2014 – Plenário; Acórdão nº 2612/2016 – Plenário.
11
Anexo 1 – Planilha para ateste da 17ª medição.
12
Anexo 2 – Relatório de levantamento.
executado, conforme se depreende dos relatórios de medição.

Acera da preservação do interesse público, importante destacar


que a função social do trabalho é fundamento constitucional e integra a noção de
interesse público, princípio basilar da Administração Pública, isto é, a preservação
de empresa que não consegue mais suportar os prejuízos também é medida que
privilegia os interesses sociais, ou nas palavras de Celso Antônio:
[...] o interesse patrimonial da administração pública, que
deve ser tutelado, mas não sobrepujando o interesse público
primário, que é a razão de ser do Estado e sintetiza-se na
promoção do bem-estar social.13
Outrossim, a fim de que não haja prejuízos decorrentes de atraso
na execução da obra, importante destacar que a própria Lei nº 8.666/1993 cuidou
de prever medida célere para a continuidade da execução de obra.
O art. 24 da Lei de Licitações e Contratos estabelece, entre as
hipóteses de dispensa de realização de procedimento licitatório para a efetivação
do negócio, a contratação de remanescente de obra, serviço ou fornecimento, em
consequência de rescisão contratual, desde que atendida a ordem de classificação
da licitação anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo licitante
vencedor, inclusive quanto ao preço devidamente corrigido, observe:
Art. 24. É dispensável a licitação:
[...]
XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou
fornecimento, em conseqüência de rescisão contratual,
desde que atendida a ordem de classificação da licitação
anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo
licitante vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente
corrigido;
Para que a contratação direta se enquadre nesse dispositivo, é
imprescindível alguns requisitos que estão presentes no caso concreto:
a) a execução do objeto já foi iniciada;
b) o estado atual da obra deve ser objeto de laudo,
preferencialmente ratificado pelo gestor do contrato e pelo
preposto do contratado, para resguardar, de ambos os lados,

13
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo, 19ª edição. Editora Malheiros. São
Paulo, 2005, pág. 66.
os interesses.
Verifica-se que é precisamente a hipótese do presente caso que a
lei cuidou de prever com o intuito de dar maior celeridade aos casos em que não
foi possível a conclusão da obra ou serviço pelo licitante vencedor.

IV – Da necessária observância ao devido processo legal


Caso venha esse d. fiscal a entender em sentido oposto,
indeferindo o pedido de rescisão amigável, cumpre alertar para a observância
dos seguintes pressupostos constitucionalmente resguardados a Peticionária:
a) o devido processo legal com a observância do contraditório e da ampla
defesa;
b) indenização dos valores já dispendidos acerca da administração local da
obra e que não foram devidamente reequilibrados em observância da
vedação ao enriquecimento ilícito da Administração Pública 14 e a
preservação da equação econômico-financeira firmada entre as partes;
c) apuração e pagamento da 17ª medição também em observância a
vedação ao enriquecimento ilícito;
d) observância da LINDB, em especial do art. 22 15 acerca da análise dos
obstáculos e dificuldades reis do presente caso.
e) eventual sanção pecuniária, deve ter em vista a necessidade de
compensação dos valores a receber pela Contratada pelos serviços
efetivamente prestados, em razão do princípio da vedação ao
enriquecimento ilícito da Administração Pública 16.
14
Idem. “Art. 59. [...] Parágrafo único. A nulidade não exonera a Administração do dever de indenizar o contratado
pelo que este houver executado até a data em que ela for declarada e por outros prejuízos regularmente
comprovados, contanto que não lhe seja imputável, promovendo-se a responsabilidade de quem lhe deu causa”.
15
Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos e as dificuldades
reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos direitos dos administrados.
[...]§ 2º Na aplicação de sanções, serão consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que
dela provierem para a administração pública, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes do
agente.
§ 3º As sanções aplicadas ao agente serão levadas em conta na dosimetria das demais sanções de mesma natureza
e relativas ao mesmo fato.
16
Consagrado pela doutrina e pela jurisprudência do STJ, transcrita no julgado in verbis: [..] 4. Esta Corte, ao
interpretar o dispositivo, decidiu, inúmeras vezes, que a existência de nulidade contratual não mitiga a necessidade
de pagamento pelas obras efetivamente realizadas. Precedentes. Ensinamentos de MARÇAL JUSTEN FILHO,
CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO e do saudoso HELY LOPES MEIRELLES. [...] 6. É fato
incontroverso nos autos que a empresa autora vinha cumprindo todas as suas obrigações contratuais. Nesses
termos, não lhe pode ser imputado o prejuízo por qualquer vício do contrato, cabendo-lhe a remuneração pelos
serviços já prestados até a data da anulação. Não se pode admitir que a Administração Pública se enriqueça às
custas do administrado, que não deu causa à anulação da avença, recebendo serviços gratuitamente, sem o correlato
pagamento previsto no contrato, até a data da anulação. Caso contrário, haverá ofensa inequívoca ao postulado
que veda o enriquecimento sem causa e, em última análise, ao princípio da moralidade administrativa.
STJ. REsp nº 1306350 / SP (2011/0192981-9), relator: Min. Castro Meira, DJe. 04 out. 2013.
IV - DO PEDIDO
Ante o exposto, a PETICIONÁRIA solicita ao gestor:
a) que seja a presente petição conhecida e, no mérito, provida,
para:
i. que seja concedido o reequilíbrio econômico-financeiro
do contrato, com vistas a adequá-lo ao real prazo de
execução da obra, procedendo ao pagamento dos valores
devidos à Peticionária; e
ii. que a autoridade competente promova a rescisão
amigável do contrato nº 17/2020.
b) alternativamente, que seja observado o contraditório e ampla
defesa no caso de instauração de processo administrativo.
c) que proceda a análise e ateste da 17ª medição para posterior
pagamento;
Desde já, a PETICIONÁRIA coloca-se à disposição para qualquer
informação adicional que se faça necessário.
Termos em que pede deferimento.

Brasília, 13 de setembro de 2022.

RAQUEL DE Assinado de forma digital


por RAQUEL DE SOUZA
ANA LUIZA QUEIROZ Assinado de forma digital por ANA
LUIZA QUEIROZ MELO JACOBY
SOUZA MORAIS MORAIS OLIVEIRA MELO JACOBY FERNANDES:03683424176
Dados: 2022.09.13 FERNANDES:03683424176 Dados: 2022.09.13 19:00:36 -03'00'
OLIVEIRA 19:03:35 -03'00'
Raquel de Souza Morais Oliveira Ana Luiza Queiroz Melo Jacoby Fernandes
OAB/DF nº 61.248 OAB/DF nº 51.953
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ
SISTEMA INTEGRADO DE PATRIMÔNIO, ADMINISTRAÇÃO
FOLHA DE ASSINATURAS
E CONTRATOS

Emitido em 13/09/2022

OFÍCIO Nº 18/2022 - DIOP (11.01.45.25)

(Nº do Protocolo: NÃO PROTOCOLADO)

(Assinado digitalmente em 14/09/2022 14:29 ) (Assinado digitalmente em 14/09/2022 09:56 )


DOUGLAS MARTINS SOUSA TIAGO DOS SANTOS GARCIA
COORDENADOR CHEFE DE DIVISAO
2361645 2211148

Para verificar a autenticidade deste documento entre em https://sipac.unifesspa.edu.br/documentos/ informando seu


número: 18, ano: 2022, tipo: OFÍCIO, data de emissão: 14/09/2022 e o código de verificação: ced400137a

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