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Maputo, 2020
1
jurídica, e ter a ideia do que é Direito, tal como se apresenta, dia a dia, na luta pela
vida, e tal como aparece moldado pelas indagações que sobre ele fazem os
estudiosos»1.
iii. incutir um maior rigor no uso das palavras, ou seja deve dizer (através da
fala ou escrita) a palavra certa no lugar certo. Não deve dizer palavras que
possam comprometer no futuro. Não deve dizer muito nem dizer pouco, mas
sim o que efectivamente quer dizer. Por exemplo, se uma pessoa diz que
“naquele dia não roubei” está a dizer, as vezes sem se aperceber, que noutro
1
INOCENCIO GALVAO TELES, Introduçã ao Estudo do Direito., vol. I, pag. 13
2
Bibdem
2
dia roubou. Também quando a pessoa diz “não sou tão parvo assim” está a
dizer, talvez sem se aperceber, que ele é parvo. É por essa razão que a
Filosofia, sobretudo a Lógica tem muita imprtância para o Direito.
Aqui na Introdução ao Estudo do Direito serão dadas algumas noções sobre estas
profissões, aspectos complementares podem ser aprofundados na legislação citada.
3
Aprovado pela Lei nº 7/2009, de 11 de Março. Publicado no Boletim da República (BR) nº 10, I Série, de 11 de
Março de 2009; alterado pela Lei nº 3/2011, de 11 de Janeiro e pela lei nº 8/2018, de 27 de Agosto
3
Portanto, «Esta independência significa que o juiz não recebe ordens nem pedidos
de ninguém. Nenhum chefe de Estado, Ministro, deputado ou qualquer outra
pessoa pode pedir ou dar ordens ao juiz para que julgue desta ou daquela maneira,
nem tão pouco podem censurá-lo pela forma como julga».4,
Em resumo, são funções desta magistratura: Exercer a acção penal; zelar pela
observância da legalidade e fiscalizar o cumprimento das leis e outras normas
legais; assegurar a defesa jurídica daqueles que o estado deva protecção especial:
menores, ausentes e os incapazes; participara nas audiências de discussão e
julgamento, colaborando no esclarecimento da verdade e enquadramento legal dos
factos, podendo fazer perguntas e promover a realização de diligências que visem a
descoberta da verdade material; recorrer para as instâncias superiores das decisões
4
FLAMINO MARTINS, O Advogado em Casa, pags. 15/16
5
PARA VER MAIS DETALHES SOBRE O MINISTÉRIO PÚBLICO VER: ROSA WHITE. Procuradoria Geral
da República de Moçambique. Maputo: Procuradoria Geral da República, 1997; RIBEIRO JOSĖ CUNA. O
Ministério Público. Maputo: Centro de Formacao Jurídica e Judiciária, 2011; HÉLIO FILIMONE, PGR: 30 anos
pela legalidade Efectiva. Maputo: Ministério Público, 2019
4
judiciais nos termos da lei; representar e defender junto dos tribunais os bens e
interesses do Estado e das autarquias locais, os interesses colectivos difusos.
II.1.3. Advogado
6
Aprovado pela Lei nº 28/2009, de 29 de Setembro. Publicado no BR nº 38, I Série, 2º Suplemento, de 29 de
Setembro de 2009
7
Para ver o percurso hitórico da advocacia em Moçambique ver: CARLOS ALBERTO CAUIO. Discurso do Ilustre
Bastonário Dr. Carlos Alberto Cauio, por ocasião da Tomada de Posse dos Membros dos Órgaos da Ordem dos
Advogados de Moçambique: Separata da Revista da Ordem dos Advogados, Ano 56, II – Lisboa, Agosto de 1996
5
Nos termos do nº 3 do mesmo artigo, são ainda actos próprios da advocacia,
quando praticados no interesse de terceiros: a negociação tendente à cobrança de
dívidas; elaboração de contratos; a instrução, organização, requisição e
apresentação de actos de registos nas respectivas conservatórias e demais entidades
públicas; instrução, organização e marcação de escrituras de diversa natureza e
acompanhamento dos actos notariais; instrução e elaboração de documentos e
requerimentos destinados a quaisquer processos e consulta dos mesmos nos
serviços de finanças, secretarias de autarquias locais e demais entidades públicas; a
representação e intervenção no âmbito dos procedimentos de formação de
contratos ou actos de entidades públicas.
O Instituto do Patrocínio e Assistencia Jurídica (IPAJ) foi criado pela Lei nº 6/94,
de 13 de Setembro. Nos termos da última parte do artigo 1 desta Lei o IPAJ “(…)
tem por função garantir a concretização do direito de defesa constitucionalmente
consagrado, proporcionando ao cidadão economicamente desprotegido, o
patrocinio judici’ario e a assistência jurídica de que carecer”. A Resolucao8 nº
32/2009, de 31 de Dezembro, criaa Carreira de Técnico Superior de Assistência
Jurídica. Para ingresso nesta carreira deve possuir licenciatura em Direito ou
equivalente e ter aprovado em curso de capacitação específico.
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Pilares da Justiça
8
Da Comissão Interministerial da Função Pública
6
Estas três primeiras profissões (Magistrado judicial, Magistrado do Ministério
Público e Advogado ou Técnico Superior de Assistencia Jurídica do IPAJ) são
chamados Pilares da Justiça. Quando os três estão intervêem num processo
judicial considera-se que estão criadas as condições para uma boa administração da
justiça.
II.1.4. Conservador
II.1.5. Notário
Aqui usamos o termo Notário para nos referir ao profissional que trabalha no
notário (estabelecimento), que pratica actos notariais.
7
O Notário procede ao registo dos factos constantes da legislação, muito em
especial do Código do Notariado, aprovado pelo Decreto-Lei nº 4/2006, de 23 de
Agosto.11
II.2.1. Diplomata
II.2.2. Administrador
11
Publicado no BR nº 34, I Série, de 23 de Agosto de 2006
8
Um licenciado em Direito pode abraçar a carreira de docência em Direito. Ao
longo da formação o estudante de Direito lê muitos manuais, elabora trabalhos de
investigação e observa os vários métodos de ensino dos vários Professores e
Docente isso permite-o estar em condições de ensinar o Direito.
9
Lei nº 4/2017, de 18 de Janeiro, que aprova a LeiOrgânica do
Ministério Público e o estatuto dos Magistrados do Ministério
Público;
Estatuto da Ordem dos Advogados aprovado pela Lei nº 28/2009,
de 29 de Setembro;
Regulamento do Estágio da Ordem dos Advogados de
Moçambique.
2. Diga quais são as profissões jurídicas e, dentre elas, quais são as que são
consideradas Pilares da Justiça. Porque é que essas mesmas profissões
são consideradas Pilares da Justiça?
3. Alda e João viram no jornal que um Jurista tinha sido nomeado
Diplomata. Os dois comentaram a decisão dizendo que a decisão tinha
sido injusta pois um Jurista só pode ser Juiz, Procurador, Advogado,
Notário e Conservador. Diga, justificando, se concorda ou não com a
ideia de Alda e João.
Por outro lado estas ciências tem o seu objecto de estudo e dentro desse objecto
tem uma parte que trata do Direito. O seja, a Sociologia do Direito não faz parte do
Direito mas sim é ramo da Sociologia; a Antropologia do Direito não faz parte do
Direito, faz parte da Antropologia social.
São várias as ciências que estudam o Direito mas aqui vamos nos limitar as
algumas.
10
Deve-se ter presente que «Se alguém faz um projecto de um novo código ou de
uma lei, faz obra de política legislativa. Mas muitas vezes as considerações de
ciência do direito e de política legislativa entremeiam-se no mesmo trabalho: o
jurista (…) ao referir determinada solução como vigente, expõe também a sua
maneira de ver sobre os méritos ou deméritos dessa solução»13.
A Sociologia, “pode ser definida como uma ciência positiva que estuda a
formação, transformação e desenvolvimento das sociedades humanas nos seus
diversos níveis, nomeadamente, económico, cultural, artístico e religioso. [...] Já o
13
Bibdem
14
MIGUEL REALE, Lições Preliminares de Direito, 25ª edição, pág. 312
15
L. BARBOSA RODRIGUES, Introdução ao Direito: Geral, Interno, da União Europeia e Internacional, pág. 80
11
Direito pode ser analisado como uma ciência normativa, que estabelece e
sistematiza regras necessárias para assegurar o equilíbrio das funções do
organismo social.”16,
Por outro lado, devemos saber que “o Direito é uma realidade eminentemente
sociológica, no sentido de que nasce na sociedade, só nela existe e visa assegurar a
sua própria estabilidade e harmonia. Por outras palavras, a existência da Ordem
Social é assegurada pelo Direito”17.
12
resultam da mera visão normativa do processo». Este autor identifica também a
Sociologia Prisional na qual o «estudo dos meios prisionais leva-nos a conclusões
muito importantes sobre os seus frequentadores, a influência de uns sobre os
outros, a repercussão dos métodos diversos de tratamento por parte das autoridades
prisionais, etc».
A História do Direito ou História jurídica «tem por objecto a evolução dum sistema
jurídico ou de alguns dos seus aspectos, através do tempo. (…) O seu estudo a
fundo requer que se una a formação do jurista à do historiador, não só porque o
22
MARIA HELENA DINIZ. Dicionário Jurídico, volume 2
23
Introdução ao Direito Geral, Interno, da União Europeia e Internacional, pág. 78
24
INOCÊNCIO GALVÃO TELLES, Introdução ao Estudo do Direito, Vol. 1, 11ª edição, pág.15
25
Introdução..., págs. 155 /156
13
método de investigação é o próprio das ciências históricas, mas também porque na
realidade a história do Direito, ao mesmo tempo que é uma dimensão do
conhecimento deste, é um aspecto da história geral, da qual não se deve separar se
não queremos cair nesse formalismo alheado da realidade que já denunciamos
várias vezes como um dos mais graves defeitos de que pode enfermar uma análise
do Direito»26.
Ascensão entende que a História do Direito tem uma função explicativa: «Não
basta à História do Direito descrever o que foi o direito de um povo; é necessário
ainda que ela explique que esse direito, valorizando os factores que conduziram a
uma dada situação. Para isso o historiador do direito deve ser sensível à evolução
das instituições e às consequentes alterações de regras jurídicas que aquela
provoca. Como sabemos, o direito é uma ordem da sociedade; é por isso necessário
valorar todos os elementos relevantes na sociedade para apreender devidamente a
ordem jurídica»28.
14
através do tempo. (...) O seu estudo a fundo requere que se una a formação do
jurista à dos historiador, não só porque o método de investigação é o próprio
das ciências históricas, mas também porque na realidade a história do Direito,
ao mesmo tempo é uma dimensão do conhecimento deste, é um aspecto da
história geral (...)”
29
ANTÓNIO EUGÉNIO ZACARIAS, Temas de Medicina Legal e Seguros, pag. 45. - [ Maputo]: Edição do Autor,
2004
30
Ibdem
31
Ibdem
32
RIZUANE MUBARAK Direito Penal e Criminalística: da teoria universal à realidade nacional, pág. 240
15
Como base no que foi referido pelos autores, podemos dizer que a Medicina Legal
é a aplicação da Medicina e Ciências auxiliares (biologia, física, química, etc.) para
uma boa aplicação do Direito.
+++ ver legislação que aborda o exame/laudo médico: CPP, e outras. Ver a
outra obra de Eugenio Zacarias ++++
33
Publicado no Boletim da República, I Série, nº 2, de 12 de Janeiro de 2011.
16
V.2. Psicologia Jurídica
V.3. Criminologia
L. BARBOSA RODRIGUES Introdução ao Direito: Geral, Interno, da União Europeia e Internacional, páginas
35
81 e 82
17
Quando a criminologia detecta algumas causas da criminalidade o seu combate
pode ser através de medidas jurídicas ligadas à legislação, condução do processo
judicial, organização das prisões, etc.
V.4. Criminalística
18
Dactiloscopia); as manchas e vestígios (manchas e resquícios biológicos, manchas
e resquícios não biológicos, vestígios ou impressões digitais); tiros (armas,
munições, identificação, trajectórias); fogos (explosões, incêndios, vestígios);
falsificações (documentais, fiduciárias, obras de arte).
19
De acordo com Ruy A. Baltazar39 «A forma como as sociedades se organizam, as
leis que nelas existem, a fiscalidade e inúmeros outros factos diretamente
estudados pelo direito, diretamente influenciam a actividade económica. Por
exemplo, a política dos impostos praticada pelo estado é uma norma jurídica que
diretamente influi no comportamento das pessoas e das empresas. Por outro lado, a
evolução dos quadros jurídicos das nações e, em grande medida, o resultado de
alterações na estrutura económica».
Diogo Freitas do Amaral42 diz que «Desde sempre houve relações estreitas entre o
Direito e a Economia: o Direito regula múltiplos aspectos das actividades
39
Texto de Apoio de Introdução a Economia Política I, [Maputo]: Universidade Eduardo Mondlane, 1990, pag. 25
40
Noções Gerais de Economia e Desenvolvimento, pág. 87
41
Economia Política, 8ª edição, págs 43/44
42
Manual..., vol. I, pag. 147 e seguintes
20
económicas; a conjuntura económica leva muitas vezes a alterar certas normas
jurídicas; e os interesses económicos pressionam o Poder político para que elabore
normas mais favoráveis às suas pretensões».
21
a tutela repressiva estadual, então haverá lugar à aplicação da sanção, com base na
sentença judicial, nos termos previstos na lei. [...] Há situações em que o Direito
não prevê qualquer tipo de reação para certas condutas sociais. Porém, sempre que
um indivíduo desrespeita de forma séria regras de convivência essenciais a um
determinado grupo social, o que acontece é que, uma vez que o grupo social
condena essa conduta, o grupo reage aplicando uma pena de exclusão. [...] Com
efeito, o homem durante toda a sua vida social irá submeter-e a regras, sejam estas
impostas por um grupo social ou pelo Estado. Daí a ligação entre a Sociologia e o
Direito, que se manifesta até na mais simples das relações sociais, podendo
observar-se num qualquer jogo entre crianças, onde há regras a serem cumpridas
para que não haja conflitos”
45
Antropologia Cultural e Social, pág. 14
22
O comportamento dos políticos pode influenciar as normas jurídicas e estas
podem, também, influenciar o comportamento dos políticos.
O Direito pode usar os métodos de estudo doutras ciências mas tem alguns
métodos próprios que também podem ser usados por outras ciências.
1. Método dedutivo
Parte de uma realidade/ideia geral para uma realidade/ideia particular. A Lei
estabelece regras no geral que são aplicadas a um caso particular.
2. Método indutivo
Faz o inverso do método dedutivo, parte da realidade/ideia particular para a
realidade/ideia geral. Este método auxilia-se da experimentação e da comparação
dos factos ou elementos. De um facto particular acaba-se generalizando a vários
casos.
Exemplos:
23
Direito de uso e aproveitamento da terra nos países da CPLP;
Análise comparativa entre o sistema constitucional português e
brasileiro
Quando fazemos comparações primeiro temos de fazer uma grelha comparativa ou
seja indicar o(s) elemento(s) a comparar (direito do uso e aproveitamento da terra;
sistema constitucional, etc). Da comparação vamos aferir as semelhanças e
diferenças e tirar as conclusões e análises que se julgarem pertinentes.
Este método é muito usado quando se quer produzir uma lei. Se queremos elaborar
um projecto de lei do ensino superior podemos ver as leis do ensino superior
doutros países e ver o que consta das leis dos outros países que podemos consagrar
na nossa. Mas para consagrar na nossa lei as disposições constantes doutros países
temos de ter em conta a realidade histórica, cultural, económica, etc. Por exemplo
há países que admitem casamento homossexual, será que Moçambique também
deve admitir?
4. Método histórico
O Método histórico tem alguma semelhança com o Direito Comparado.No direito
comparado fazemos comparação da mesma realidade em vários espaços mas ao
mesmo tempo. No método histórico compara-se a mesma realidade no mesmo
espaço mas em momentos diferentes.
Exemplos:
a) Escola exegética
De acordo com Inocêncio Galvão Telles46 «Entre os múltiplos métodos
jurídicos que têm sido defendidos e praticados, figura o exegético, que
corresponde a uma forma elementar de evolução da ciência jurídica. Para esse
método, o primeiro valor a considerar é o Direito Positivo e, dentro deste,
46
Introdução..., vol. II, pags 248/249
24
sobretudo, a lei escrita». Inocêncio Galvão Telles47 acrescenta que «Esta falta
de sentido histórico (...) este esquecimento permanente do evoluir da vida, da
constante renovação das situações e das necessidades, tudo isto desmente o
valor da escola exegética e faz a sua condenação definitiva».
Na exegese o jurista «(...) olha cada dado tomado de per si e o sonda nas suas
várias orientações, pretendendo descobrir qual o seu significado»48.
b) Escola histórica
Sobre esta escola, Inocêncio Galvão Telles49 ecreve que «A Escola histórica (...)
combate quer o Direito Natural quer o Direito Positivo como Direito escrito,
procurando romper contra tudo o que constitui travão ou obstáculo ao evoluir
constante do Direito. Este tem a sua fonte na vida, de que é reflexo e imagem; e,
como a vida evolui, também o Direito se modifica instante a instante. É a vida que
acima de tudo importa: a vida em toda a sua extensão, em todas as suas
dimenensões, ou seja, a História. A escola exegética submete o Direito a uma
Código; para a Escola histórica, o Código é o principal inimigo».
25
miudamente, preceito a preceito, artigo a artigo. A escola dogmática liberta-se
dessa escravidão, vai mais longe, não se submete aparentemente à lei na sua
formulação, procura conhecê-la melhor, sondá-la no seu espírito e no seu sistema.
No entanto, isto ainda é pouco, porque no fundo é só com o Direito Positivo que se
trabalha».
26
- «O Direito (...) aparecer reduzido a categorias intelectuais. Vive-se dentro do
Direito como sistema fechado. Exageram-se as teorias gerais, o encadeamento das
noções»;
Inocêncio Galvão Telles56 observa que «o jurista deve contudo ir mais longe,
preenchendo o vazio deixado pela Escola dogmática, ou seja, o divórcio entre a
Ciência jurídica e a realidade viva, e lançando-se em indagações “metajurídicas”
que lhe permitam conhecer as envolvente do Direito, quanto à sua etiologia,
comportamento real, incidências sociais e políticas». Este autor57 acresta que «Há
que não exagerar a importância dos conceitos, como divindade a que se presta o
culto, com sacrifício dos interesses vitais. Há que lançar sobre estes um olhar
atento».
56
Introdução..., vol. II, pag. 255
57
Introdução..., vol. II, pag. 255
58
INOCÊNCIO GALVÃO TELLES Introdução..., pag. 255
59
INOCÊNCIO GALVÃO TELLES Introdução..., vol. II, pag 256
60
Introdução..., vol. II, pag. 256
27
Inocêncio Galvão Telles61 critica a jurisprudência dos interesses nos seguintes
termos: «é incompleta, porquanto, (...) o Direito, para bem ser compreendido e
aplicado não deve apenas ser objecto de uma atitude estática de interpretação, tem
de ser alvo de uma postura dinâmica de crítica. Só o criticismo, de ordem
histórica, filosófica, sociológica, permite detectar com perfeita segurança as
insuficiências da lei e ajudar a suprir essas insuficiências da lei e ajudar a suprir
essas insuficiências, abrindo assim novos horizontes à interpretação – sem falar no
papel fundamental que pode desempenhar em futuras reformas legislativas»
e) Método crítico
Este é o método adoptado por Inocêncio Galvão telles. De acordo com Inocêncio
Galvão Telles62 «Para bem dominar o Direito, é necessário olhá-lo por todos os
lados, com vivo espírito crítico, e percorrer as diferentes etapas que forma o seu
itinerário. (...) O jurista tem de começar por conhecer bem os textos legais, não se
dispensando de um primeiro esforço de exegese. Tem, depois, d relacioná-los, para
alcanças deles uma visão de conjunto e apossar-se do espírito que o domina, e com
isto faz dogmática. Mas a dogmática não basta e oferece perigo, porque a subtil
análise que integra as normas num todo orgânico faz correr ao jurista o risco de
entrar num mundo de abstracções e vogar no “céu dos conceitos jurídicos”, para
usar uma conhecida expressão. O jurista tem de fazer o uso do seu senso crítico,
verificando se as normas positivas obedecem às exigências do Direito Natural,
estão conformes com as aspirações do povo, satisfazem as solicitações
sociológicas, são efectivamente respeitadas ou há entre elas e a realidade um
desajuste que denuncia o seu desacerto, e se são conformes com a idiossincrasia
nacional ou mera e injustificada cópia de leis estrangeiras».
28
Este autor acrescenta que «A sociabilidade verifica-se qualquer que seja o estádio
civilizacional que se atravessa: não depende nomeadamente da evolução técnica. E
porque se trata de uma determinante da sua natureza se diz que o homem é um
animal social. Isto continha-se já na afirmação de Aristóteles de que o homem é
um animal político, visto que provém de polis, cidade. O homem tem pois
necessariamente de se congregar em cidades, em agrupamentos, para assegurar a
sua subsistência e a realização dos seus fins».
A mesmo respeito, Diogo Freitas do Amaral 64, entende que «(...) faz parte da
natureza humana a sociabilidade, a tendência para viver em sociedade, a
necessidade de o Homem se juntar e organizar em comunidades».
Ainda de acordo com Diogo Freitas do Amaral 65 esta tendência do homem viver
em sociedade tem várias causas: «Em grupo, os homens falam, conversam, geram
amizades afectos, constituem família: é uma necessidade vital e psicológica; (…)
Em grupo os homens defendem-se melhor dos perigos da Natureza e dos ataques
dos indivíduos com tendências agressivas: é uma necessidade de segurança; (…)
Em grupo, os homens podem proceder à chamada divisão do trabalho e, fazendo
cada um apenas o seu ofício, trocar os seus bens e serviços pelos dos outros e
adquirir assim aquilo de que todos precisam para viver: é uma necessidade
económica; (…) Em grupo, os homens organizam-se melhor para fazer frente às
agressões ou ameaças violentas provenientes de comunidades exteriores, vizinhas
ou distantes, que pretende destruir ou dominar: é uma necessidade de defesa
militar; (…) em grupo, os seres humanos sentem-se integrados num projecto
colectivo e geram lideranças capazes de os manter unidos no essencial e
empenhados na satisfação das suas principais necessidades colectivas: é uma
necessidade política».
Miguel Reale66 sobre o Direito, sociedade e homem esccreve que «Podemos, pois,
dizer, sem maiores indagações, que o Direito corresponde à exigência essencial e
indeclinável de uma convivência ordenada, pois nenhuma sociedade pode subsistir
sem um mínimo de ordem, de direcção e solidariedade. (...) Daí a sempre nova
lição de um antigo brocardo: ubi societas, ibi jus (onde está a sociedade está o
Direito). A recíproca também é verdadeira: ubi jus, ibi societas, não se podendo
64
Manual de Introdução ao Direito, Vol. I, pág. 24
65
Manual de Introdução ao Direito, Vol. I, pág. 24
66
Lições Preliminares de Direito, pags. 1/2
29
conceber qualquer atividade social desprovida de forma e garantia jurídicas, nem
qualquer regra jurídica que não se refira à sociedade».
Tanto Oliveira Ascensão assim como Castro Mendes rejeitam a ideia de que o
homem começou por ser um ser isolado, só mais tarde é que teria sido social
através do contrato social. Por exemplo, Oliveira Ascensão70 acrescenta dizendo
que estas ideias são «(...) contrariadas pelas investigações históricas quer pela
consideração da natureza do homem. A sociabilidade é inata ao homem, e por isso
desde os primórdios vemos este integrado em comunidade. (...) a realização dos
fins superiores do homem passa pela colaboração com os outros».
67
CASTRO MENDES Introdução ao Estudo do Direito, pag. +++
68
Introdução ao Estudo do Direito, pág. 16
69
Introdução ao Estudo do Direito, pág. 12.
70
Introdução ao Estudo do Direito, págs. 16 e 17.
30
2. Modalidades da sociedade
O termo sociedade tem vários significados. No sentido técnico jurídico pode falar-
se, por exemplo, em Sociedade Anónima; no sentido histórico, pode-se falar, por
exemplo, da sociedade feudal; no sentido sociológico, pode-se falar da sociedade
moçambicana na actualidade.
Porque estamos a analisar o homem como ser social, vamos usar o termo sociedade
no seu sentido sociológico e vamos ver algumas modalidades da sociedade.
a) Família
De acordo com Oliveira Ascensão71 a família é imprescindível para a propagação
da espécie e terá sido a primeira forma de sociedade. Ascensão supõe ainda que «o
progressivo crescimento da família ou famílias primitivas tenha conduzido, através
de formações intermédias como a tribo, às sociedades actuais».
b) Sociedade Civil
Oliveira Ascensão72 ensina-nos que «Quando se fala em sociedade sem mais
qualificativos está-se a referir a sociedade civil, sociedade perfeita, que abrange
sem subordinação a nenhuma outra generalidade de finalidades dos seus membros.
Todo o indivíduo se integra naturalmente numa sociedade civil. (...) No seio da
sociedade civil podem distinguir-se ainda muitas sociedades menores, gerais ou
especiais».
c) Sociedade universal
De acordo com Oliveira Ascensão73 «(...) assim como há sociedades menores que
a sociedade civil também há sociedades paralelas e maiores, nomeadamente as
sociedades universais, como a Igreja Católica e a Comunidade Internacional».
3. Características da Sociedade
Oliveira Ascensão74 entende que não se deve «(...) confundir qualquer grupo ou
aglomerado de pessoas com uma sociedade. Para haver sociedade é necessário
ainda:
31
comunicação específicas que provocam até reacções comuns, mas os indivíduos
não se propõem nenhuma forma de actuação e não há por isso uma sociedade.
Ordem Natural
Para entendermos esta ordem vamos nos socorrer dos ensinamentos de Oliveira
Ascensão76 segundo os quais «O estudo das ciências da natureza permite ir
desvendando sucessivamente uma ordem maravilhosa que rege todo o Universo.
Essa ordem explica o fenómeno botânico da floração como explica o equilíbrio dos
organismos animais; surge-nos no infinitamente grande, nas relações entre
galáxias, tal como no infinitamente pequeno, na complexidade de cada átomo. Essa
ordem, como toda a ordem, exprime-se em leis: da física, da geografia, da
medicina...».
75
Introdução ao Estudo do Direito, págs. 19/20
76
Introdução ao Estudo do Direito, pág. 20
32
Oliveira Ascensão77 distingue estas duas ordens nos seguintes termos:
«A ordem natural é uma ordem da necessidade: tem de existir tal qual, as suas leis
não são substituíveis. (…) Pelo contrário, a ordem social, servindo-se ou tendo
como a sua base na ordem da Natureza, não é uma ordem de necessidade, mas da
liberdade. A possibilidade fáctica de o homem se lhe subtrair é da sua própria
essência: existe mas pode ser afastada. Propõe-se à vontade do homem, e pode
justificar-se pela sua racionalidade, mas não se impõe cegamente: o homem
mantém a liberdade de se rebelar contra ela, podendo chegar a transtornar os
equilíbrios existentes ou até alterar a ordem social».
Ascensão78 faz-nos notar que «As leis naturais são marcadas pela característica da
inviolabilidade. Se um sábio consegue em seu laboratório chegar a um resultado
oposto ao enunciado de uma lei natural, não se pode dizer que essa lei natural foi
violada, mas muito simplesmente foi desmentida. Tratava-se de uma pretensa lei; a
sua formulação estava errada. Pelo contrário, as leis pelas quais se exprimem a
ordem social são por natureza violáveis. A vontade humana pode rebelar-se contra
elas, ou violando-as em casos concretos ou, inclusivamente, substituíndo-as».
77
Introdução ao Estudo do Direito, págs 20/21
78
Introdução ao Estudo do Direito, pag. 23
33
parte da sua liberdade para se submeterem ao poder político ou autoridade
representativa dos seus interesses.
b) Teorias Organicistas
De acordo com Oliveira Ascensão79, por influência do positivismo, as sociedades
foram comparadas a organismos naturais, tendo alguns autores chegados a
identificar o cérebro, estômago e outros órgãos na sociedade. Por essa razão a
ordem social é semelhante à ordem natural; a ordem social, é, tal como a ordem
natural, ordem da necessidade.
c) Teorias deterministas
De acordo com Ascensão80,estas teorias são semelhantes às teorias organicistas
pois para estas teorias a ordem social é semelhante à ordem natural: a sociedade
é comandada por leis inexoráveis e a liberdade dos homens é aparente.
6. A sociedade e os interesses
José Dias Marques81 faz-nos notar que «as normas de vida social regulam as
condutas humanas principalmente em função de interesses – materiais ou morais,
reais ou imaginários – a que se torna necessário dar satisfação. (…) A ideia de
interesse assenta sobre duas noções muito elementares: a de necessidade e a de
bem».
O meio para a satisfação das necessidades humanas é o bem. José Dias Marques
define o bem como «(...) todo e qualquer meio de satisfação de necessidades
humanas; e, por seu turno, à aptidão que tem os bens para realizar tal finalidade
daremos a designação de utilidade».
José Dias Marques84 faz-nos notar que a definição do termo bem que foi dado
refere-se a bem no seu sentido amplo, abarcando aqueles bens (como o ar) que não
interferem na vida social. Mas, «ao Direito apenas importam os bens respeitantes a
79
Introdução ao Estudo do Direito, págs. 21/22
80
Introdução ao Estudo do Direito, pág. 22
81
Introdução ao Estudo do Direito, pág. 17
82
Introdução ao Estudo do Direito, pags. 17/18
83
Estamos a falar apenas de necessidades humanas
84
Introdução ao Estudo do Direito, pág. 18
34
necessidades cuja satisfação origina relações sociais, ou, mais restrita e
precisamente ainda, relações jurídicas. (…) daí a conveniência de substituir ao
apontado conceito amplo e geral, do bem, um outro mais restrito – o de bem
jurídico».
Depois de falarmos do homem com as suas necessidades e dos bens para a sua
satisfação, temos de falar agora de interesse. José Dias Marques define interesse
como «relação existente entre alguém que experimenta uma necessidade – o sujeito
do interesse – e um bem que é apto a satisfazê-la – o objecto do interesse».
35
conexão recíproca, como na hipótese das relações entre o patrão e o empregado:
este não pode satisfazer o seu interesse à recepção do ordenado se não
proporcionar aquele o trabalho correspondente, assim como, inversamente, o
patrão não pode fruir o trabalho do empregado se lhe não proporcionar a
correspondente remuneração».
José Dias Marques89 acrescenta que asolidariedade por divisão do trabalho «se
traduz, no plano dos indivíduos, singular ou colectivamente considerados, em uma
conexão recíproca de interesses: cada pessoa ou grupo só pode receber dos outros
bens e serviços de que precisa, se, por seu turno, lhes conceder as utilidades
(máxime as de ordem profissional) que lhe corresponde prestar».
José Dias Marques90 faz-nos notar coisas interessantes para a vida do homem em
sociedade: «Aos portadores de interesses semelhantes não basta agruparem-se para
conseguirem a respectiva satisfação: têm, também, de coordenar-se para
produzirem os bens e serviços destinados a esse efeito. E da circunstância de esta
produção ser constituída por uma série de operações complementares umas das
outras, resulta que cada indivíduo vem a ser atribuída a uma tarefa especializada
que conjuga com as de todos os demais em ordem ao conseguimento do trabalho
final».
c. Conflitos de interesses
José Dias Marques91 faz-nos notar que «Se as sociedades subsistem é precisamente
porque a força de coesão dos interesses solidários supera, de longe a força
dissolutiva dos conflitos de interesses. (…) São duas as causas dos conflitos que
entre os interesses se levantam. A primeira, de ordem quantitativa resulta da
insuficiência de determinados bens para a satisfação de todas as necessidades que
os solicita (raridade); a segunda de ordem qualitativa, filia-se na impossibilidade
em que se encontram certos bens de dar satisfação a necessidades de sentido
contrário. É o caso do indivíduo que deve pagar a outrem certa quantia: este
pagamento representa para o devedor um sacrifício, ao mesmo tempo que, para o
credor, constitui uma vantagem».
7. Sociedade e Direito
89
Introdução..., pag. 23
90
Introdução..., pág. 23
91
Introdução..., pag. 25
36
De acordo com José Dias Marques92«(...)podem reduzir-se a duas a tarefas
fundamentais que a qualquer sociedade incumbem: uma delas, de carácter
negativo, traduz-se em eliminar os conflitos de interesses existentes entre os seus
membros; a outra, de carácter positivo, consiste em assegurar entre eles uma
adequada colaboração, em ordem à realização dos fins sociais. (...) Para o
desempenho destas funções, cada sociedade, ou instituição humana tem uma
organização privativa (organização institucional) adequada aos fins que prossegue
– cultura, desporto, religião, lucro... - e cujo funcionamento implica
necessariamente a vigência de regras capazes não só de solucionar os conflitos de
interesses ocorrentes, como também de definir, positiva ou negativamente, a tarefa
que a cada elemento compete, dentro do todo em que está integrado (normas
institucionais)».
Mais adiante José Dias Marques93 faz-nos ver que «os indivíduos podem obstacular
o cumprimento dos fins sociais, recusando-se a pautar a sua actividade pelas
normas que determinam o que, para esse efeito, devem fazer». Este autor94
acrescenta dizendo que se há violação de normas de instituições menos organizada
pode não se mostrar pertinente a intervenção de uma organização institucional
destinada a protegê-las. Contudo, se forem violadas regras que os indivíduos
consideram fundamentais para a subsistência da sociedade deve haver órgãos para
obrigar o cumprimento das normas. Esses órgãos para além de fazer cumprir as
normas existentes tem a possibilidade de as modificar.
José Dias Marques95 termina esta abordagem dizendo que «é esta diferenciação
funcional que nos permite compreender o fenómeno jurídico. Aí onde houver a
susceptibilidade de, em forma organizada, garantir a obediência às regras que
disciplinam a cooperação dos membros de uma sociedade humana, em ordem à
realização dos fins desta- há Direito: e da sociedade onde este fenómeno se verifica
diz-se que é uma sociedade dotada de uma ordem jurídica».
8. As instituições
92
Introdução..., pags. 26/27
93
Introdução..., pag. 27
94
Introdução..., pags. 28/29
95
Introdução..., págs 29/30
37
Vimos que o homem é um ser que vive em sociedade. Vimos que a sociedade
pressupõe uma ordem social.
Vamos usar a palavra instituição quando «está-se a falar nos elementos espirituais
que fazem ligação e a vida da comunidade, não evidentemente nos órgãos ou
colectividades que se formaram (...)»98
9. A evolução social
De acordo com Oliveira de Ascensão 101 a ordem social funda-se em instituições
que permitem a permanência e duração da sociedade.
Mas estas instituições são susceptíveis de mudança. Essa mudança tem várias
razões podendo-se destacar a evolução da técnica.
96
Introdução ao Estudo do Direito, pag. 23
97
Oliveira Ascensão, Introdução ao Estudo do Direito, pág. 24
98
Oliveira Ascensão, Introdução ao Estudo do Direito, pág. 24
99
Introdução ao Estudo do Direito, pág. 25
100
Introdução ao Estudo do Direito, pág. 26
101
Introdução..., págs. 27/28
38
A ordem normativa é uma ordem de condutas humanas, mas não são todas as
condutas humanas que são normativas. Há na sociedade elementos de mero facto
que contribuem para a ordem social mas que não possuem qualquer expressão
normativa.102
11.Imperatividade e sanção
A ordem normativa é caracterizada pela imperatividade. As pessoas podem
obedecer as normas jurídicas por medo, por interesse ou por dever moral. A moral
reforça a imperatividade jurídica. A imperatividade aqui referida é de toda a ordem
jurídica e não de todas as normas jurídicas. A sanção vem a ser a consequência que
a lei determina para a sua violação. A sanção reforça a imperatividade da norma.
Em todas as ordens normativas há sanções, mas a profundidade dessas sanções
varia de caso a acaso. Não quer isto dizer que todas as normas são assistidas por
sanções, mas a existência de sanções é natural em toda a ordem normativa.103
102
OLIVEIRA DE ASCENSÃO Introdução..., pág. 29
103
OLIVEIRA DE ASCENSÃO Introdução..., págs. 33 a 37
104
Introdução..., pag. 36
39
Apesar das diferenças apresentadas nada impede que uma dada realidade seja
objecto da consideração naturalística assim como jurídica: o homem (no seu
aspecto físico e psíquico) pode ser objecto da regulamentação jurídica e pode ser
objecto de estudo da fisiologia, da química, da genética, da psicologia; o crime de
morte, por exemplo, pode ser objecto de consideração normativa (por exemplo,
pena a aplicar) mas também podem ser feitas considerações sobre a génese
psicológica, das determinantes económicas ou sociológicas, dos meios físicos para
a execução do crime de morte, os resultados produzidos no cadáver, etc.105
40
depende de qualquer íntima adesão ao seu conteúdo normativo, a religião só obriga
aos respectivos crentes ou fieis, o que equivale a dizer que é sempre de natureza
autónoma e livre a sujeição ao mandamento religioso que de Deus promana ou por
Deus foi revelado».
Enquanto que as normas jurídicas são criadas pelo homem as normas religiosas são
criadas por entidades sobrenaturais admitidas pelas diversas religiões e tem por
objecto regular as relações entre os crentes e as entidades criadoras das leis
religiosas. A função específica das normas religiosas é regular as relações entre o
homem e Deus. Este acrescenta que nada obsta que as normas religiosas também
regulem as relações entre os homens. Ao lado das normas religiosas
eminentemente divinas temos normas religiosas criadas pelo homem para
regular as relações entre os homens de uma certa religião. A violação destas
normas dá lugar a sanções religiosas.110
Introdução..., pag. 38
109
41
bens para a materialização dos seus objectivos. […]4. É assegurada a protecção aos
locais de culto. […]5. É garantido o direito à objecção de consciência nos termos
da lei”.
Nos termos da alínea c), nº 1 do artigo 300 da CRM “As leis de revisão
constitucional têm de respeitar:[…] a separação entre as confissões religiosas e o
Estado”
O nº 2 do artigo 300 da CRM preceitua que “As alterações das matérias constantes
do número 1 são obrigatoriamente sujeitas a referendo”. Ou seja, para mudar a
separação entre as confissões religiosas e o Estado deve ser objecto de referendo.
42
+ ABORDAR A RELAÇÃO ENTRE O ESTADO E A RELIGIÃO EM
MOÇAMBIQUE: CRM, legislação fiscal, legislação eleitoral, EGFAE, lei da
educação, etc+.
A ordem moral é uma ordem de condutas que tem como objectivo aperfeiçoar uma
pessoa para o Bem. Tal como a ordem religiosa, a ordem moral é, em grande parte,
intra-individual, pois permite o aperfeiçoamento do indivíduo na ordem social. 111
António Braz Teixeira112, define Moral como «(...) ciência dos costumes, i. E.,
como ciência positiva ou saber ou conhecimento de como se comportam os
homens, constituindo, neste sentido, um ramo ou um aspecto da sociologia ou das
ciências sociais(...)».
- «(...) começando por afirmar uma unidade ou identidade entre as duas ordens
normativas, acaba por negá-lo, ao admitir haver dois tipos de normas de diversa
natureza no âmbito da Moral, as consagradas pela própria consciência e cujo
acatamento depende exclusivamente do sujeito e as estabelecidas pelo poder
público, pela autoridade ou pelo Estado e cujo cumprimento pode ser
111
OLIVEIRA ASCENSÃO Introdução…, pag. 30
112
Sentido e Valor do Direito: Introdução à Filosof1a Jurídica, 2ª edição, 1999, pág. 44
113
ANTÓNIO BRAZ TEIXEIRA Sentido ..., pág. 142
114
Sentido ..., pág. 142/143
43
coactivamente imposto, independentemente da adesão íntima do sujeito ao
respectivo conteúdo»;
- «(...) a doutrina do mínimo ético esquece ou ignora que não só nem todo o Direito
é eticamente relevante, havendo vastas zonas do mundo jurídico cujo conteúdo é
moralmente indiferente (pense-se, p. e., na maior parte das normas processuais ou
meramente regulamentares ou técnicas); como ainda, que na maioria ou na
totalidade dos casos em que o Direito atribui força jurídica a preceitos morais o faz
por razões diversas da moral. Na verdade, quando a Moral condena ou censura
certa conduta é por a considerar intrinsecamente má, por constituir um mal, ao
passo que o Direito o faz por essa mesma conduta ser injusta ou por lesar ou pôr
em perigo a convivência social, o legítimo exercício da liberdade de cada um, a sua
vida ou os seus bens».
De acordo com António Braz Teixeira115 esta doutrina «(...) procura fundamentar a
distinção ou separação entre as duas ordens normativas em dois planos: o domínio
próprio de cada uma delas e a diversa natureza do dever moral e do dever
jurídico». Este autor diz que para esta doutrina «(...) a Moral tem o seu assento
exclusivo na consciência individual, o Direito desinteressa-se desta, referindo-se
unicamente a actos externos. (...) No que respeita ao dever moral e ao dever
jurídico, entende que ao passo que o primeiro tem em si próprio o seu fundamento
e a garantia, o segundo é sempre assistido pela coacção».
José Dias Marques117 diz que «(...) os juristas concebem a moral, mais
frequentemente, como o conjunto de imperativos impostos aos indivíduos pela sua
própria consciência ética, de tal modo que o seu incumprimento não é
necessariamente sancionado por juízos sociais de reprovação, mas tão somente
pela reprovação dimanada da mesma consciência».
José Dias Marques118 acrescenta que a distinção entre a Moral e o Direito não é
nítida quando se trata da chamada moral positiva. A moral positiva não é um
115
Sentido... 1999, pág. 143
116
Sentido ..., pág. 143/144
117
Introdução..., pag. 40
118
Introdução..., pag. 41
44
complexo de princípios aceites pela consciência individual. A moral positiva é «o
complexo das normas vigentes em uma certa sociedade, em dado momento
histórico, e que têm o seu fundamento nas ideias e sentimentos dominantes na
colectividade, mas que não são as ideias e os sentimentos específicos da
consciência religiosa».
A moral positiva não se confunde com os simples usos de carácter social. Os usos
de carácter social podem ser de vária natureza que podem ser impostos pela
cortesia, pela civilidade, pela moda, etc. A consciência social adopta uma posição
comum a respeito da cortesia, moda, etc. A violação dos usos e costumes sociais
origina uma sanção social inorgânica, que consiste numa certa degradação social
de quem as infringe.120
De acordo com António Braz Teixeira122, «O Direito tem de comum com os usos
sociais a sua exterioridade, i. E., o atender à intenção apenas e na exacta medida
em que encontra manifestação exterior ou projecção social, o seu carácter
heterónimo e ainda a sua positividade, cuja fonte é, no entanto, diferente, num caso
e noutro: O Estado, quanto ao Direito, a sociedade, relativamente aos usos».
119
Introdução..., pag. 41
120
JOSÉ DIAS MARQUES Introdução..., pags. 41/42
121
OLIVEIRA ASCENSÃO Introdução..., págs 39/40
122
Sentido ..., pág. 151
45
Este autor acrescenta que «os usos sociais são, de natureza, eminentemente
convencionais e carecidos, em regra, de qualquer conteúdo ou relevância ética ou
moral.(...) diversamente do que acontece com o Direito, os usos sociais são
desprovidos de sanção específica, acarretando o seu não acatamento ou desrespeito
unicamente a desconsideração ou a menos consideração social, a reputação de
incivil, mal educado, ou menos respeitador, que poderá vir a afectar o sujeito».
António Braz Teixeira123 termina a abordagem sobre o Direito e Moral dizendo que
«(...) os usos sociais se caracterizam por uma grande incerteza sobre o início e o
termo da sua vigência ou obrigatoriedade, pois são uma realidade normativa que se
vai formando ou constituindo mais ou menos lentamente, de acordo com a
evolução também mais ou menos lenta da sociedade em que vigoram».
5. Direito e Técnica
A ordem técnica é a ordem do agir do homem com vista a obter da natureza o que
esta oferece ao homem espontaneamente. O desenvolvimento da técnica implica
também a ordem de condutas técnicas. Se desejares obteres certo produto químico
deves proceder de determinada maneira. A formulação de leis técnicas pode
induzir a pensar que as leis técnicas são leis éticas por exprimirem o dever ser. As
leis técnicas não são imperativas, pois a sua formulação é condicional. Com a lei
técnica o homem domina a lei natural e homem consegue obter o resultado que
deseja. A ordem técnica não pertence à ordem normativa da sociedade.124
123
Sentido..., pág. 152
124
OLIVEIRA ASCENSÃO Introdução..., págs 31 a 33
125
JOSÉ DIAS MARQUES Introdução..., pags. 42 e seguintes
46
Portanto, as normas técnicas podem ser incorporadas nas normas jurídicas. Na
actualidade, devido a questões ambientais, direito humanos, etc. as normas
jurídicas costumam prescrever certas normas técnicas para a realização de certas
actividades.
As pessoas estão sujeitas ao direito ligados aos seus usos e costumes, conforme a
sua zona de residência e ou nascimento.
47
o Direito e o poder político são, pela própria natureza, complexas. (...) Por um
lado, o poder político é um poder juridicamente enquadrado. A sua titularidade é
juridificamente definida, o seu objecto é juridicamente delimitado, o seu exercício
é juridicamente regulado. (...) Por outro lado, o poder político é o criador de regras
de conduta social dotadas de coercibilidade. É criador das regras de Direito ou
regras jurídicas. (...) Isto é, o poder político é, a um tempo, fonte e objecto de
Direito. (...) O poder político é, portanto, enquadrado, enquadrado por um Direito
que produz. É um poder autolimitado».
3. Direito e Justiça
A justiça pode ser definida como «conjunto de valores que impõem ao Estado e a
todos os cidadãos a obrigação de dar a cada um o que lhe é devido em função da
igualdade da pessoa humana».129
O Direito procura ordenar a conduta dos homens com vista a alcançar a justiça. Em
princípio, as ideias incorporadas nas leis são as mais justas. Contudo, vimos e
ouvimos no dia a dia as pessoas criticarem certa lei por não considerarem justa. A
lei pode ser injusta porque foi mal elaborada mas a lei pode ser justa mas com o
passar do tempo se tornar injusta devido às mudanças.
1. Noção do Direito
O termo direito podem ser aplicado em vários sentidos dentro do âmbito
jurídico quer fora do âmbito jurídico. Vejamos alguns exemplos:
48
Estou a frequentar o curso de direito. Aqui o termo direito está sentido
científico (Ciência do Direito), englobando, tanto o direito objectivo como
o direito subjectivo.
Um estudante de Economia pode dizer hoje tenho uma aula de direito.Aqui
o termo direito significa uma disciplina (cadeira) académica.
Direito jogam com Economia no Campeonato Universitário. Aqui a palavra
direito está a referir-se a Faculdade de Direito, ou seja está a referir-se a um
estabelecimento de ensino.
Tenho de pagar direitos aduaneiros pela importação da viatura.Aqui a
palavra direito está no sentido fiscal (imposto pago ao Estado, por isso são
direitos do Estado).
Como se pode depreender são várias as situações em que se emprega o termo
direito.
A definição do termo Direito não é pacífica, ou seja, têm sido sugeridas várias
definições.
Para João de Castro Mendes130, «Podemos definir direito, no sentido central desta
palavra como o sistema de normas de conduta social, assistido de protecção
coactiva».
49
pessoa, e que se destina, normalmente, à realização de um interesse juridicamente
relevante».
Das várias definições acima enumeradas ficamos com alguns elementos que deve
estar na definição do Direito:
50
crente viola as normas do direito canónico será sancionado pela Igreja
Católica. Se a pessoas viola o direito consuetudinário será sancionado pela
comunidade a que pertence através da rejeição social, desprezo, etc.
Devemos notar que nem todas as normas (jurídicas ou não) são susceptíveis
de sanções pelo seu não cumprimento, pois há normas sugestivas, supletivas
e outras sem carácter obrigatório.
Por outro lado, do Direito criado pelo Estado, temos o direito objectivo e direito
subjectivo. O primeiro (ver a definição de Ana Prata) tem a ver com norma de
conduta imposta a todos os membros da sociedade e o segundo (direito subjectivo)
tem a ver com a faculdade que uma pessoa tem de usufruir (gozar) de certos
direitos.
Nesta cadeira vamos dedicar maior atenção ao Direito criado pelo Estado. Os
outros direitos vigoram fora do âmbito do Estado ou dentro do âmbito do Estado
quando o Direito criado pelo Estado permitir. Por exemplo, o artigo 4 da CRM
estabelece que «O Estado reconhece os vários sistemas normativos e de resolução
de conflitos que coexistem na sociedade moçambicana, na medida em que não
contrariem os valores e os princípios fundamentais da Constituição»..
51
Para além das definições da Ana Prata acima apresentadas, para definir e
diferenciar direito objectivo e direito subjectivo vamos ver os trechos de Marcelo
Rebelo de Sousa e Sofia Galvão134: «(...) o Direito anda associado à ideia de um
conjunto de regras de comportamento social ou de cada uma dessas regras. A lei é
Direito. O regulamento é Direito. Os estatutos são Direito. Todos eles constituem
Direito que preside à nossa vida em sociedade. (...) Chama-se a estas regras que
acompanham e definem até ao pormenor o nosso quotidiano Direito Objectivo».
Estes autores135 acrescentam que “Ao direito como poder de cada qual agir ou
exigir um comportamento de outrem chama-se direito subjectivo”. Ainda de
acordo com eles o “(...) Direito objectivo, normalmente escrito com maiúscula, o
direito subjectivo é-o com minúscula”. Em Inglês não há necessidade de usar
maiúscula ou minúscula pois o Direito objectivo é designado por law e o direito
subjectivo por right.
3. Fins do Direito
a) Justiça
134
Introdução ...pág. 9
135
Introdução....pág. 9
136
Introdução...,pág. 10
52
A este respeito, Diogo Freitas do Amaral 137 entende que «(...) as leis devem ser
justas,asdecisões administrativas devem ser justas, a sentenças judiciais devem
ser justas: o Estado de Direito é, antes demais, um Estado que tem o dever de
ser justo, ou seja, um estado de Justiça.(...) Por isso os tribunais são hoje
denominadas casas da justiça, e os advogados terminam as suas alegações ao
juiz, em nome do constituínte, com a frase: Peço Justiça».
b) Segurança Jurídica
“-Segurança pelo Direito. Nesta acepção a segurança jurídica tem sido entendida
como o estado de ´ordem´ e ´paz´, decorrente da simples existência e normal
funcionamento do direito enquanto ordem jurídica, desempenhando a sua função
de tutela, com que previne e reprime actos de agressão contra pessoas e bens. (...)
53
sujeição da Administração Pública aos princípio da legalidade e pela garantia de
´recurso contencioso´contra quaisquer actos de administração definitivos e
executórios (...); em suma providenciando-se meios de defesa contra o arbítrio do
poder”.
Diogo Freitas do Amaral140 faz-nos notar que às vezes por um certo acto, podemos
conseguir a segurança e a justiça ao mesmo tempo: quando um homicida é punido
com a pena de prisão alcança-se a justiça pois é castigado um autor de um crime
grave, por ouro lado, garante-se a segurança, pois a detenção do condenado é um
aviso a outros que teriam intenção de cometer o mesmo crime.
Direitos humanos
De acordo com Diogo Freitas do Amaral 141 desde 1948, ano em que a ONU
aprovou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, o mundo passou a ter outra
sensibilidade em relação aos direitos humanos.
Estado de Direito
Um Estado de Direito é aquele que tem os seus actos limitados pelo Direito. Ao
contrário de um Estado ditatorial que age sem limites do Direito.
d) Paz
139
Manual..., pag. 55
140
Manual..., pag. 55
141
Manual..., pag. 56
54
Para Angel Latore142«Num sentido mais simples, a segurança equivale a paz, quer
dizer, à situação duma sociedade em que as relações entre os seus membros
decorrem habitualmente sem violência e em que cada indivíduo está protegido
contra a agressão dos demais.(...) O Direito tem que cumprir primeiro que tudo
essa missão pacificadora. Um sistema jurídico é um mecanismo de paz social (...)».
4.Características do Direito
Ao Estado cumpre a tarefa de fazer as leis em nome do povo, e cabe a este mesmo
Estado aplicá-lo em nome do povo.144
142
Introdução ao Direito, págs. 44/45
143
Manual... pág. 80/81
144
Ver Diogo Freitas do Amaral, Manual..., pág. 81
145
ver Diogo Freitas do Amaral, Manual..., pág. 82
55
A lei prevalece sobre o costume como fonte de direito, mas continua a vigorar o
costume nas relações internacionais a que cada Estado se deve submeter bem
como os costumes das comunidades nacionais.146
147
ver Diogo Freitas do Amaral, Manual..., págs. 84-86
148
Ver Diogo Freitas do Amaral, Manual..., pág. 86
149
Para mais detalhes sobre as sanções Ver: José de Oliveira Ascensão, Introdução..., paginas 66 e seguintes;
José Dias Marques, Introdução, páginas 66 e seguintes; Marcelo Rebelo de Sousa e Sofia Galvão, Introdução...,
56
Sanções Compulsórias: aquelas que se destinam a actuar sobre o infractor
da norma para o levar a adoptar o comportamento imposto pela norma.
Sanções reconstitutivas: aquelas que se destinam a reconstituir o direito
violado pelo infractor. Por exemplo, se uma pessoa invade a casa de outra
pessoa o invasor pode ser obrigado a sair da casa na qual invadiu.
Sanções compensatórias: Em alguns casos não é possível reconstituir o
direito violado. Para tal o lesado pode ser compensado por bens. Por
exemplo uma família que perdeu o seu membro por assassinato pela
compensação o criminoso não vai restabelecer a vida do falecido mas pode
ser obrigado a pagar uma compensação à família do falecido.
Sanções preventivas: Algumas sanções visam evitar que o infractor cometa
outras infracções. Por exemplo, uma das razões para se decretar a prisão
preventiva é evitar que o infractor cometa mais infracções.
Sanções punitivas: visam punir (fazer sofrer) e reprovar a atitude do
infractor
O Direito não criado pelo Estado pode ser divididos em dois grupos: Direito supra
estadual e Direito infra-estadual. Exemplos de Direito supra estadual: Direito
Internacional Público, Direito Canónico (direito privado da Igreja Católica
universal); direito próprio das federações desportivas internacionais, etc. Exemplos
de Direito infra estadual: direito privativo de um certo município, de cada escola,
de cada hospital, de cada associação, de cada empresa, de cada tribo, etnia, etc.150
Os direitos não estaduais são vários e podem ser públicos, privados, religiosos.
Esses direitos podem ser predominantemente jurídicos (regulamento disciplinar de
uma organização); predominantemente técnicos (normas de segurança no trabalho
de uma empresa); uns na forma escrita (circulares, regulamentos, etc), outros na
57
forma verbal e consuetudinária (direito consuetudinário, ordens dadas por um
engenheiro aos seus trabalhadores, etc).151
151
Ver Diogo Freitas do Amaral, Manual..., pág. 90
152
Ver Diogo Freitas do Amaral, Manual..., pág. 90
153
Ver Diogo Freitas do Amaral, Manual..., pág. 91
58
Um dos autores incontornáveis quando se fala da instituição é o jurista francês
Maurice Hauriou. Maurice Hauriou, citado por Adriano Moreira 154 definiu
instituição como «uma ideia de obra ou de empresa, que se realiza e dura no meio
social, mediante um poder que a realiza, e havendo entre os indivíduos que formam
o meio social manifestações de comunhão dirigidas pelos órgãos do Poder e
regulados por processos».
1. Estado
No dia a dia temos ouvido muito falar do Estado. Por isso temos uma ideia geral do
termo Estado. Num dos próximos capítulos vamos fazer uma abordagem científica
do Estado quando abordarmos a Teoria Geral do Estado.
2. Família
Família primitiva
Família contemporânea
59
No sentido amplo é formado por ascendentes (pais, avós, bisavós), descendentes
(filhos, netos, bisnetos), colaterais mais próximos (primos, tios, sobrinhos) e afins
(enteados, cunhados, concunhados).
Até 2004 a família era regulado pelo Livro IV do Código Civil. Neste ano é
aprovado a Lei da Família (Lei nº 10/2004) e é revogado o livro IV do Código
Civil. A Lei nº 10/2004, por sua vez foi revogada pela Lei nº 22/2019, de 11 de
Dezembro, que é a nova Lei da Família.
3. Propriedade
Antigamente a propriedade era do grupo, não se distinguido propriedade privada
da propriedade pública.
60
Nos termos do artigo 83 da CRM o «O Estado reconhece e garante, nos termos da
lei, o direito à herança».
O Direito das Sucessões era regulado no Livro V do Código Civil mas este livro
foi revogado pela Lei nº 23/2019, de 23 de Dezembro, que passa a regular a
sucessão mortis causa.
5. Responsabilidade
A responsabilidade tem a ver com a obrigação de uma pessoa responder pelos seus
actos ou de outras pessoas.
A responsabilidade civil pode ser transferida a outras pessoas por contrato. É o que
acontece no Contrato de Seguro, em que a responsabilidade da pessoa é
transferida, mediante contrato, a uma empresa seguradora.
6. Contrato
Contrato é um acordo de vontades entre duas ou mais pessoas com o objectivo de
adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos.
7. Sanção
Já vimos este conceito nas passagens anteriores.
8. Processo
Processo pode ser definido como sequência de actos destinados dar solução a um
caso submetido a um órgão (administrativo ou judicial).
61
Podemos ter processos administrativos (que ocorrem nos órgãos da administração
pública e nos tribunais administrativos); processos judiciais (que correm nos
tribunais judiciais)
Existem vários processos, mas os mais frequentes são os processos civil e penal.
Processo Civil
Processo Penal
XIII.1.Conceito de Estado
Marcello Caetano156 define Estado como «um povo fixado num território, de que é
senhor, e que dentro das fronteiras desse território institui, por autoridade própria,
órgãos que elaboram as leis necessárias à vida colectiva e imponham a respectiva
execução».
Marcelo Rebelo de Sousa e Sofia Galvão157definem Estado como «um povo fixo
num determinado território que nele institui, por autoridade própria, um poder
político relativamente autónomo».
Manual de Ciência política e Direito Constitucional, Tomo I, 6ª edição, pág. 122
156
Introdução, pag. 22
157
62
Marcelo Rebelo de Sousa158 apresenta outra definição na qual de Estado: «termo
que, comportando juridicamente diversos sentidos, traduz fundamentalmente as
noções de pessoa colectiva de direito internacional englobando um povo fixo em
certo território que nele institui um poder político relativamente autónomo (Estado
colectividade) e de pessoa colectiva pública que encabeça o exercício da função
administrativa do Estado-colectividade (Estado-administração)».
Assim podemos ter o termo estado para referir o modo de ser ou de estar dos seres.
Nesta acepção podemos ter os seguintes exemplos: A Maria está no estado de
gravidez; a água gelada está no estado sólido.
Mas a palavra Estado pode significar um povo que habita um território e nele
exerce o poder político (soberano ou não). Neste sentido podemos ter como
exemplos: Estado moçambicano, Estado do Texas; Estado do Rio de Janeiro. É
neste sentido que aqui nos interessa. Ou seja, para efeitos do que vamos tratar a
seguir podemos dizer (definir o Estado) que Estado é um povo que habita um
território que lhe pertence e nele exerce o poder político soberano.159
XIII.2. 1 Povo
158
«Estado» in Dicionário Jurídico da Administração Pública, vol. IV, pág. 210
159
Esta definição é reetritiva, pois põe de fora os Estado federados que, como veremos, não são soberanos.
63
a) Conceito
Marcelo Rebelo de Sousa e Sofia Galvão160definem o povo nos seguintes termos:
«povo é o conjunto de sujeitos cidadãos ou nacionais de cada Estado, isto é,
ligados a certo Estado por um vínculo jurídico de nacionalidade».
Por sua vez Jorge Miranda164 entende que «O povo corresponde a um conceito
jurídico e político, a população a um conceito demográfico e económico. O
primeiro é uma unidade de ordem, a segunda a simples soma de uma
multiplicidade de homens atomisticamente considerado. A população é o conjunto
160
Introdução, pag. 22
161
Manual de Ciência...., pag. 123/124
162
Introdução, pag. 23
163
Apátrida é uma pessoa sem nacionalidade ou de nacionalidade desconhecida
164
Manual de Direito Constitucional, tomo III, 4ª edição, pag. 61
64
de residentes em certo território, sejam cidadãos ou estrangeiros; o povo é o
conjunto de cidadãos, residentes ou não no território do Estado(...)».
Cada Estado exerce jurisdição sobre os seus nacionais. Cada Estado regula quem
são as pessoas que têm nacionalidade desse Estado. A Constituição da República
de Moçambique (CRM) regula sobre a nacionalidade, nos artigos 5, 26 a 34. A
Manual de Direito Constitucional, tomo III, 4ª edição, pags. 62/63
165
65
nacionalidade é referida também na alínea a), nº 2 do artigo 147 da CRM. A
nacionalidade é regulada Pela Lei da Ncionalidade (Lei sem número publicada em
Junho de 1975, alterada pela Lei nº 16/87, de 21 de Dezembro. A Lei nº 2/82, de6
Abril de 1982, Determina que o Conselho de Ministros poderá conceder a
nacionalidade moçambicana àqueles que, depois de a terem perdido a requeiram e
reúnam as condições exigidas. Cada Estado fixa, através da sua Constituição e leis
infra-constitucionais, os direitos e deveres dos seus nacionais.
A Jurisdição de um Estado aos seus nacionais implica a defesa dos seus direitos
quer a nível nacional quer no estrangeiro. Ou seja, cada Estado deve proteger os
seus nacionais quer se encontrem dentro do seu território quer se encontrem no
estrangeiro. A protecção dos nacionais de um Estado no estrangeiro é feito,
basicamente, através de embaixadas e consulados.
66
- Apátridas
- Refugiados
XIII.2.2. Território
A. Noção
O Território compreende o espaço físico delimitado onde o povo exerce o seu
poder político.
67
O nº1 do artigo 6 daCRM estipula que o território da República de Moçambique
abrange «(...) toda a superfície terrestre, a zona marítima e o espaço aéreo
delimitados pelas fronteiras nacionais».
B. Tipos de território
a) Território terrestre: é a parte sólida do território. Encontra-se dentro das
fronteiras do Estado moçambicano e compreende uma superfície de 701380
Km2, estende-se do Rouvuma a Maputo (Ponta douro) edoZumbo
(Tete)aoOceano Índico.
b) Território líquido ou aquático: é constituído pelos rios, lagos, lagoas na
parte situada dentro das fronteiras nacionais e pela parte do oceano que se
estende até 12 milhas marítimas166 medidas a partir da linha de base e
designa-se Mar Territorial.
o Território Fluvial
O Território Fluial, de acordo com Albino de Azevedo Soares 167 “é constituído por
todos os cursos de água ou pela parte dos mesmos que correm no território de um
Estado e pela parte dos cursos de água que o separam de outro ou outros Estados e
sobre a qual exercem soberania”.
Sobre os rios Albino de Azevedo Soares168 refere que “Se os rios nascem e
desaguam no território nacional chama-se nacionais. Normalmente não causam
problemas de carácter internacional, pois constituem domínio público de cada
Estado. Quanto à navegação, pesca e aproveitamento industrial e agrícola, a sua
regulamentação é da exclusiva competência do Estado. [...] As coisas não se
passam com tal simplicidade nos rios que atravessam vários Estados (rios
166
De acordo com Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa, pág. 433
a Conferência Hidrográfica de 1929 fixou o seu valor em 1.852 metros
167
Lições de Direito Internacional Público, Págs 219-220
168
Lições de Direito Internacional Público, pág. 220
68
sucessivos) ou que separam vários Estados (rios contíguos). [...] Uma fábrica
instalada junto a nascente ou à foz daqueles rios pode ser o suficiente para liquidar
a possibilidade de pesca por qualquer dos Estados ribeirinhos; uma barragem que
desvie um curso de água pode ser fatal para a agricultura do Estado que dela se não
pode aproveitar; a impossibilidade de os barcos do país da nascente descerem até
ao mar pode causar despesas e complicações apreciáveis. Uma central nuclear
pode poluir e aumentar sensivelmente a temperatura de um curso de água, tornado
impossível o seu aproveitamento e liquidando a existência de certas espécies
piscícolas”.
69
Moçambique ratificou através da Resolução nº 31/2000, de 27 de Dezembro
(Conselho de Ministros)171, o Protocolo Previsto sobre Cursos de Água
compartilhados na região da Comunidade para o Desenvolvimento da África
Austral. Também ratificou, através da Resolução nº 20/94, de 4 de Agosto
(Conselho de Ministros)172, a Convenção sobre a Organização Hidrográfica
Internacional.
Territorio Maritimo
Território Marítimo é constituído pela parte do oceano que se estende até 20 milhas
marítimas medidas a partir da linha de base. Compreende o Mara Territorial, a
zona Contígua ao Mar Territorial, Zona Económica Exclusiva e a Plataforma
Continental.
171
Publicado no Boletim da República, nº 52, I Série, 2º Suplemento
172
Publicado no Boletim da República, nº 31, I Série, Suplemento
173
Publicado no Boletim da República, nº 216, I Série
70
aduaneiros, fiscais, de migração e sanitários de protecção e
preservação do meio ambiente marinho, vigentes no território
moçambicano (ver artigos 15, 35 a 38 da Lei do Mar e artigo 33 da
CNUDM)
o Zona Económica Exclusiva: vai até 200 milhas marítimas medidas a
partir da linha de base. Em virtude de a zona contígua ir até as 24
milhas a zona económica exclusiva tem 176 milhas marítimas. (ver
artigos 16, 39 a 50 da Lei do Mar e artigos 55 a 75 da CNUDM. Ver,
também, o artigo científico com o título Sobre os direitos
moçambicanos de zona económica exclusiva, da autoria do Dr. Isac
Matola, publicado na página 14 do jornal Zambeze, na sua edição de
26 de Março de 2009)
“Artigo 56.º
71
c) Outros direitos e deveres previstos na presente Convenção.
“Artigo 58.º
Ver, também, o artigo com o título Um olhar sobre a plataforma continental moçambicana, da autoria do Dr. Isac
174
Matola, publicado nas páginas 16 e 17 do jornal Zambeze, na sua edição de 12 de Março de 2009
73
2ª posição: defende que o espaço aéreo de cada Estado vai por
toda extensão em que os corpos estão sujeitos à força de
gravidade da terra.
Estado parte de uma Convenção é aquele que se compromete a aceitar o que aquela convenção regula. Como se
pode ver, aqui a palavra parte não tem aquele sentido comum que conhecemos.
74
Glossário em anexo à Lei nº 5/2016, o espaço aéreo nacional ó o
subjacente à superfície terrestre, mar, águas interiores que constituem o
território da República de Moçambique. Espaço aéreo sob jurisdição
nacional é o subjacente ao alto mar cuja responsabilidade aeronáutica
foi atribuída internacionalmente ao país.
Navios
De acordo com Jean Touscoz177 “A questão envolve desde logo os navios, que
podem navegar o alto-mar, isto é, num espaço internacional que escapa a qualquer
competência territorial estadual. Por extensão, ela visa também as aeronaves que
utilizam o espaço aéreo sobrejacente ao alto-mar; aplica-se, finalmente, aos
engenhos espaciais que evoluem no espaço extra-atmosférico internacionalizado.
Formara-se costumes, concluirm-se tratados, e, em consequência disto, estes
Direito Internacional, pág. 132
176
75
veículos constituem conjuntos em relação aos quais os Estados de matrícula
exercem as suas competências para todos os acontecimentos que se produzem a
bordo quando se encontram em espaços internacionalizados. Quando estão no
território de um outro Estado que não o de matrícula, a competência territorial tem
muita influência (salvo quando o veículos em questão fazem parte das Forças
Armadas do Estado estrangeiro: nesse caso, gozam de imunidade). [...] Existem
convenções internacionais que determinam as condições de matrícula destes
veículos, ou seja, as regras da sua vinculação a um Estado. Segundo a Convenção
de Genebra de 1958, no alto mar qualquer navio deve ter nacionalidade do Estado
que iça o pavilhão (o navio pirata é precisamente aquele que não beneficia de tal
vínculo; algumas convenções internacionais permitem que os navios de guerra de
outros Estados, mesmo no alto-mar, exerçampoderes de poliiamento). Só os
estados podem matricular os navios (excluíndo, por exemplo, as organizações
internacionais) e todos o podem (incluíndo os estados encravados), em virtude do
princípio da igualdade dos Estados. A Convenção de Genebra dispõe igulamente
que `deve existir um vínculo substancial entre o Estado e o navio; o Estado deve
exercer efectivamente a sua jurisdição e o seu controlo nos domínios técnicos,
administrativo e social nos navios que ostentam o seu paviçhão`. É o princípio da
efectividade que é, mais uma vez, consagrado pelo Direito Internacional, mas a sua
aplicação é difícil e existem, como se sabe, numerosos pavilhões tolerados,
atribuídos pelos Estados (Panamá, Libéria, Honduras, Costa Rica) a navios que não
controlam efectivamente. Com feito, é muito difícil apreciar o vínculo efectivo de
um navio a um Estado, pois resulta da combinação de diversos critérios
(nacionalidade do proprietário, do armador, do segurador, localização do porto de
matrícula, linhas mais usadas, nacionalidade do comandante e dos membros da
tripulação, etc). Ora os armadores e os proprietários procuram muitas vezes – e
conseguem-no- a matrícula de Estados com os quais não têm nenhuma ligação
efectiva mas cuja legislação respeitante à segurança do mar, fiscalidade ou direitos
sociais das pessoas embarcadas é particularmente flexível. Até aqui teve que o
Direito Internacional que tolerar a existência de pavilhões concedidos, o que
contradiz, porém, o prinsípio de efectividade que consagra”.
Para ilustrar a aplicação prática deste conceito de território no que se refere aos
navios vamos ver o que estabelece alguma legislação nacional:
Nos termos do Código Penal, aprovado pela Lei nº 24/2019, de 24 de
Dezembro:
76
“Artigo 4
(Princípio da territorialidade)
“ARTIGO 246
(Óbitos ocorridos em viagens por ar ou pelo mar)
1. Se em viagem, a bordo de navio ou aeronave moçambicana, ocorrer
algum falecimento ou acidente que lhe der causa, observa-se, com as
necessárias adaptações, o disposto no nº 2 do artigo 137 deste Código.
(...)”
Aeronaves
Segundo Jean Touscoz178 “A Convenção de Chicago de 7 de Dezembro de 1944
apresenta regras semelhantes no que concerne à matrícula das aeronaves: a
77
exigência de efectividade é muito mais respeitada, pois os controlos internacionais
em matéria de segurança são mais rigorosos e os problemas de fraudes no Direito
fiscal e no Direito social colocam-se com menos acuidade”.
Por exemplo, o nº 3 do artigo 5 da Lei nº 5/2016 estabelece que “Todas as
aeronaves civis registadas na República de Moçambique são consideradas território
da República de Moçambique quando em alto mar ou em território que não
pertença a nenhum Estado ou ainda quando em sobrevoo sobre esse território”..
Ver, também, os artigos do Código do Registo Civil transcritos na parte relativa
aos navios.
Engenhos espaciais
De acordo com Jean Touscoz179 “A Convenção de Nova Iorque de Janeiro de 1975
fixa as condições de matrícula dos engenhos espaciais, ficando o Estado de
lançamento com a competência de matricular; ele é, em todo o caso, responsáveis
pelos danos e prejuízos”.
C. Importância do Território
O território é importante por várias razões mas podemos destacar as seguintes:
78
é o quadro fixo do exercício dos poderes legislativo, executivo e judicial;
é nele que o povo extrai os recursos naturais. Embora cada Estado pode
extrair recursos no seu território, também extrair no Alto Mar obedecendo
as regras do Direito Internacional.
Para Marcelo Rebelo de Sousa e Sofia Galvão181 o poder político «pode ser
definido como a faculdade de que é titular um povo de, por autoridade própria,
instituir órgãos que exerçam, com relativa autonomia, a jurisdição sobre um
território, nele criando e executando normas jurídicas, usando os necessários meios
de coação».
Marcello Caetano182 define poder político como «faculdade exercida por um povo
de, por autoridade própria (não recebida de outro poder), instituir órgãos que
exerçam o senhorio de um território e nele criem e imponham normas jurídicas,
dispondo dos necessários meios de coacção».
79
para exercer o poder político, constituindo um Estado, e, todavia, esse exercício do
poder político está condicionado por um poder diferente e superior: é o que se
passa com os Estados federados e com os Estados protegidos».
Entende-se por Funções do Estado o conjunto de atribuições ou tarefas que lhe são
conferidas pela Constituição que o Estado desempenha no exercício da sua
soberania.
XIII.2.1.Função legislativa
184
De acordo com Maria Helena Diniz, Dicionário Jurídico, volume 2, pag. 173, Direito positivo é o “conjunto de
normas vigentes estabelecidas pelo poder político que se impõem e regulam a vida social de um dado povo em
determinada época”.
80
Marcello Caetano185 define a função legislativa como «a actividade dos órgãos do
estado que tem por objecto directo e imediato estatuir normas de carácter geral
e impessoal inovadoras da Ordem Jurídica».
81
dirimir litígios (conflitos). A função jurisdicional está prevista no artigo 211 da
CRM:
«1. Os tribunais têm como objectivo garantir e reforçar a legalidade como factor
de estabilidade jurídica, garantir o respeito pelas leis, assegura os direitos e
liberdades dos cidadãos, assim como os diferentes órgãos e entidades com
existência legal.
82
XIII.3. Fins do Estado
De acordo com Maria Manuela Magalhães Silva e Dora Resende Alves 186 «Os fins
do Estado são os objectivos que o Estado visa atingir» . São, fundamentalmente,
três os fins do Estado: segurança, bem estar e justiça.
XIII.3.1. Segurança
Para Maria Manuela Magalhães Silva e Dora Resende Alves 188 na «(...)segurança
individual, cada cidadão deve saber o que pode contar dentro das fronteiras do
Estado. Tal conhecimento poderá ser proporcionado mediante a definição,
através de normas jurídicas, dos direitos e deveres de cada cidadão.(...) Nestes
termos a segurança pode confundir-se com a certeza jurídica, isto é, cada
cidadão deve ter a certeza do que pode e deve fazer e estar certo de que caso
alguém não cumpra para com ele os deveres que a lei impõe, os órgãos do
Estado estarão prontos a defendê-lo. No entanto, aqui a segurança surge mais
como segurança física e moral, segurança dos bens do indivíduo, da sua
integridade física e moral. (...) segurança colectiva pressupõe a defesa da
colectividade face ao exterior».
Manual..., pag. 55
189
83
Segurança publica interna – garante a ordem a tranquilidade públicas;
Nos termos do artigo 261 da CRM a política de defesa e segurança do Estado visa
defender, dentre outras coisas, a segurança dos cidadãos contra qualquer
agressão armada.
O bem estar não significa apenas a satisfação material dos cidadãos, mas implica
também o seu bem estar espiritual e cultural. O Bem estar consiste na promoção
das condições de vida dos cidadãos em termos de garantir o acesso aos bens e
serviços considerados fundamentais pela colectividade, tais como: a
alimentação, o vestuário, a habitação, etc e serviços essenciais (educação,
saúde, segurança social, etc.). O bem estar espiritual pressupõe a satisfação de
necessidades espirituais tais como a cultura, o lazer, o desporto, etc. O bem
estar material e espiritual é um dos objectivos fundamentais do Estado
moçambicano, conforme o estabelecido na alínea c) do artigo 11 da CRM. Por
outro lado, nos termos do nº 2 do artigo 149 da CRM, o Presidente da
República, quando é investido, presta um juramento, em que, dentre outras
Introdução.., pag. 26
190
84
coisas, jura dedicar todas as suas energias a promoção e consolidação do bem
estar do povo moçambicano.
XIII.3.3. Justiça
De acordo com Maria Manuela Magalhães Silva e Dora Resende Alves 191 «O
Estado deve proteger a colectividade do arbítrio e da violência individual e
satisfazer assim a ideia de justiça».
191
Noções de Direito Constitucional e Ciência Política, pág. 133
Introdução.., pag. 25
192
Introdução.., pag. 26
193
85
Nos termos do nº 1 do artigo 62 da CRM o Estado moçambicano garante o acesso
dos cidadãos aos tribunais. Nos termos do nº 2 do artigo 149 da CRM, o
Presidente da República, quando é investido, presta um juramento, em que,
dentre outras coisas, jura «fazer justiça a todos os cidadãos».
XIII.4.1.Conceito
Forma de Governo
É o modo de uma comunidade política organizar o seu poder político ou
estabelecer a diferenciação entre governantes e governados. A Formas de Governo
encontra-se a partir da resposta a alguns problemas básicos: o da legitimidade, o da
participação dos cidadãos na vida política, o da liberdade política e o da unidade ou
divisão do poder.
Sistema de Governo
É o sistema de órgãos de função política. Apenas se reporta a organização interna
do Governo, aos poderes e ao estatuto dos governantes.
86
a) Critério da unidade e pluralidade de poderes políticos no mesmo Estado
sendo um deles soberano. De acordo com este critério temos o Estado
Unitário ou Simples.
87
Integral (se todo o território do Estado encontra-se dividido em regiões autónomas)
e Estado Unitário Regional Parcial (se apenas algumas parcelas do território são
politicamente autónomas).
De acordo Marcelo Rebelo de Sousa 195«No Estado complexo podem existir dois ou
mais planos de poder político estadual.(...) Um deles – o prevalecente – é o do
poder político soberano, que integra os órgãos que desempenham as funções do
Estado soberano.(...) Outro ou outros é ou são os planos dos poderes políticos
dependentes, que exercem as funções dos Estados não soberanos».
Nos Estados complexos deve ser feita a distinção entre a Federação e a União Real.
195
“Estado” in Dicionário Jurídica de Administração Pública, Vol. IV, pag. 215
196
“Estado” in Dicionário Jurídica de Administração Pública, Vol. IV, pag. 215
88
É uma associação ou união de Estados que dá lugar à criação de um novo Estado e
em que surgem novos órgãos de poderes políticos sobrepostos aos órgãos dos
Estados federados.
b) União Real
89
É uma associação ou união de Estados que dá lugar à criação de um novo Estado,
na qual alguns dos órgãos dos Estados associados passam a ser comuns. A União
Real é regulada por uma Constituição ou outro acto jurídico específico.
Exemplo de União Real: Reino Unido da Grã Bretanha (união entre Inglaterra e
Irlanda do Norte).
C) Confederação
A cada Estado associado conserva-se soberano e é por isso mesmo livre de a todo o
tempo desligar-se da associação. A Confederação é usualmente dirigida por um
órgão supremo de natureza colegial. Tudo passa-se no campo do Direito
internacional e não há actuação comum no âmbito do Direito interno.
O povo para definir a forma do seu Estado usa como base vários condicionalismos.
a) Estados unitários
b) Estados compostos
91
Condicionalismos políticos: Um Estado Federal faz com que o poder seja
divididos por vários partidos, ou seja, num Estado federal alguns Estados federados
são governados pelo partido que está no poder e outros governados pelos partidos
da oposição. Esta situação ajuda na estabilidade do País pois a maioria dos
segmentos políticos exerce algum poder.
XIII.5.1.Noção
Introdução.., pag. 24
197
92
XIII.5.1.1. Critério que atende ao número de titulares providos no órgão
a) Órgãos singulares - são aqueles que tem apenas um titular. Ex.: Presidente
da República, Provedor da Justiça, Coroa, etc.
b) Órgãos colegiais - são aqueles que tem mais de um titular. Ex.: Assembleia
da República (constituído de 250 deputados, nos termos do nº 2 do artigo
169 da CRM), Conselho de Ministros(nos termos do nº 1 do artigo 200 da
CRM é composto pelo Presidente da República, Primeiro Ministro e
Ministros).
93
b) Órgãos hierarquizados ou subordinados: aqueles que estão sujeitos ao
dever de acatar ordens e instruções de outros.
Deve ficar claro que não basta um Estado sujeitar-se ao Direito por ele criado. É
preciso ser aferida a justiça dessas leis. Muitos Estados autoritários fundavam as
suas actuações no Direito por eles criado. Mas como esse Direito não era justo, era
criado apenas para se dizer que o Estado agiu conforme a lei. Aqui estamos perante
94
um Estado de Legalidade e não um Estado de Direito. Um Estado de Direito tem
de fundar a sua actuação na lei justa, razoável e moralmente aceite.
95
b) Se o seu Comandante perguntasse a si se a Marinha de Guerra de
Moçambique podia apresar ou não o referido barco que resposta
daria? Justifique a sua resposta.
c) Se o seu Comandante perguntasse, também, o que pode-se fazer
aos tripulantes e o barco que resposta daria? Justifique a sua
resposta.
2. Qual é a importância do Território do Estado?
Com base nos conhecimentos que tem sobre as Formas de Estado ajude o
Presidente Machel a escolher a forma de Estado ideal para Moçambique,
dentre as duas formas de Estado referidos nos exemplos que o Presidente
Machel deu. Explique bem ao Presidente Machel porque é que acha que
96
certa forma de Estado é ideal para Moçambique e porque é que a outra não é
ideal.
5. Sobre as Formas de Estado preste atenção à seguinte hipótese:
Com base nos conhecimentos que têm sobre as Formas de Estado (sobretudo
os Condicionalismos sobre Formas de Estado) diga se este Estado deve
consagrar na sua Constituição da República a forma de Estado Unitário ou
Estado composto (complexo). Justifique a resposta
6. Escolha um dos fins do Estado e explique-a, não esquecendo de abordar a
realidade concreta do Estado moçambicano.
RELAÇÃO JURÍDICA
97
De acordo com Ana Prata200 Relação Jurídica «Em sentido lato, é qualquer relação
da vida social que seja juridicamente relevante, isto é, a que o direito atribua
afeitos. Em sentido restrito, é a relação interprivada que o direito regula através da
atribuição a um sujeito de um direito e a imposição ao outro de um dever ou
sujeição».
Inocêncio Galvão Telles201 define Relação Jurídica como «relação social tutelada
pelo Direito mediante a atribuição de um poder a um dos sujeitos e a imposição de
um correspondente dever ao outro».
As relações jurídica são muitas que podemos imaginar e observar no dia a dia.
Podemos ter relações jurídicas em todos os ramos do Direito, por isso pode-se falar
em: relação jurídico-fiscal; relação jurídico-laboral; relação jurídico-obrigacional;
relação jurídico constitucional; relação jurídico-aduaneira; etc.
200
Dicionário Jurídico, 5ª edição, 1º volume, pág. 1271
201
Introdução ao Estudo do Direito, volume II, 10ª edição, pag. 151
202
Dicionário Jurídico, vol. 4, pag. 121
98
São elementos da Relação Jurídica: os sujeitos, o objecto, o Facto jurídico e a
Garantia.
99
do declarante – ou que ele tem direito – ao tempo da declaração a ela
referente”205
Coisa futura – “O conceito (..) de coisa futura (...) abrange, para além
das coisas que não têm ainda existência material ou que, tendo-a, não
possuem autonomia jurídica, aquelas que, embora já existindo, não
estão em poder daquele que delas dispõe ou a que ele não tem direito
quando sobre elas realiza negócio jurídico”. 206
Coisas fungível – “Fungível é, pois, a coisa que pode ser substituída
por outra do mesmo género, qualidade e quantidade”207
Coisa infungível –é o “Bem individualizado, identificado
especificamente e insuceptível de ser substituído por outro”208,.
Coisa no comércio – “São consideradas no comércio todas as que são
susceptíveis de ser objecto de relações jurídicas privadas”209.
Coisa fora do comércio – “Todas as coisas que não podem ser
objecto de direitos privados, tais como as que se encontram no
domínio público e as que, por sua natureza, são insusceptíveis de
apropriação individual”210.
Frutos –“Diz-se fruto de uma coisa tudo o que ela produz
periodicamente sem prejuízo da sua substância (...). Tanto podem ser
os pêssegos do pessegueiro, a cortiça do sobreiro, as rendas de um
apartamento ou os juros de um depósito”211
Benfeitorias –“são todas as despesas efetuadas para melhorara ou
conservar uma coisa”.212
100
adstrito a abster-se de realizar qualquer actividade ou praticar qualquer
acção.
Conduta negativa corresponde a uma omissão do sujeito passivo, isto é,
corresponde a uma prestação de facto negativo.
c) Facto jurídico – as relações jurídicas não surgem espontaneamente: Para se
constituírem torna-se necessário um acontecimento que as faz surgir,
acontecimento esse que pode ser natural ou proveniente de uma acção
humana, e se designa por facto jurídico. Assim podemos definir facto jurídico
como sendo todo o evento (natural ou voluntário) que produz consequências
jurídicas. O facto jurídico tem um papel condicionante para o surgimento da
relação jurídica, é uma condição ou pressuposto da sua existência.
d) Garantia – esta consiste na susceptibilidade de protecção coactivo do poder
de que é titular o sujeito activo da relação jurídica e traduz-se no conjunto de
providências que a lei estabelece para assegurar essa protecção. As
providências aqui referidas são adoptadas pelo Estado por intermédio dos
tribunais.
4.1. Noção
A. Pessoas singulares
São os seres humanos (Homens) individualmente considerados (António, Berta,
Carlos, Dinis, Eunice, Fátima, etc.).
101
Todo o sujeito de Relação Jurídica tem de ser pessoa em sentido jurídico e é
pessoa, neste sentido, todo o ente que tem personalidade jurídica. Entende-se por
Personalidade Jurídica a susceptibilidade (possibilidade) de ser sujeito de direitos e
obrigações. É a qualidade de um ente ser susceptível de lhe serem atribuídos
direitos e lhe imposto vinculações jurídicas.
A lei atribui personalidade jurídica todas as pessoas (seres humanos) que tenham
nascimento completo e com vida, cessando com a sua morte. Há duas exigências
para que uma pessoa tenha personalidade jurídica (ver o nº 1 do artigo 66 do
Código Civil):
Nascer completo;
Nascer com vida
A pessoa nasce completa quando se desprende do cordão umbilical da mãe. A
pessoa nasce com vida quando está em respiração após esse desprendimento ou
tenha respirado alguns instantes após esse desprendimento.
102
jurídicos por si próprio, isto é, através da sua actividade pessoal e sem necessidade
de autorização de outra pessoa. Por outras palavras, entende-se por capacidade
jurídica de exercício de direitos a aptidão para gerir razoavelmente por si, pessoal e
livremente os seus interesses, isto é, exercer por si direitos e cumprir por si
obrigações.
Para ter capacidade jurídica de exercício a lei civil exige 21 anos de idade. Todos
os indivíduos que estão a baixo desta idade são considerados menores, isto é, não
tem capacidade jurídica de exercício. A capacidade jurídica de exercício pressupõe
a existência da capacidade jurídica de gozo. Isto não significa, porém, que onde
haja capacidade jurídica de gozo exista necessariamente capacidade jurídica de
exercício. Certas pessoas possuindo capacidade jurídica de gozo, acham-se,
contudo, interinamente desprovidas da capacidade jurídica de exercício.
INCAPACIDADES CIVIS
Incapacidades civis são as situações em que um sujeito não pode gozar e exercer os
seus direitos nem cumprir as suas obrigações por consequência da sua idade,
deficiência física ou mental transitória ou permanente.
103
a) Menoridade (artigo 122 do Código Civil)
Noção
É uma incapacidade que consiste no facto de o sujeito que a possui não poder reger
a sua pessoa e administrar os seus bens em virtude de possuir uma idade inferior a
21 anos (ver o artigo 122 do Código Civil).
Âmbito da Menoridade
A menoridade abrange, em princípio, quaisquer negócios jurídicos de natureza
pessoal ou patrimonial do menor. É uma incapacidade geral. O artigo 123 do
Código Civil dispõe que “salvo disposição em contrário da lei (artigo 127 do C.
Civil) os menores carecem de capacidade para o exercício de direitos”. Em
conformidade com a ressalva feita no artigo 127 do Código Civil (excepções à
incapacidade dos menores) existem algumas excepções à incapacidade dos
menores. Assim, os menores podem praticar actos de administração ou disposição
dos bens que o menor haja adquirido por seu trabalho ou indústria, vivendo sobre
si com permissão dos pais, ou pelas armas, letras ou profissão liberal vivendo ou
não em companhia dos pais. São válidos os negócios jurídicos próprios da vida
corrente do menor, que, estando ao alcance da sua capacidade natural, só
impliquem despesas, ou disposição de bens de pequena importância. São válidos os
negócios jurídicos relativos à profissão, arte ou ofício que o menor tenha sido
autorizado a exercer, ou os praticados no exercício dessa profissão, arte ou ofício.
Os menores podem celebrar validamente casamento civil, tradicional ou religioso,
desde que tenham uma idade igual ou superior a 18 anos.
104
prazo de um ano a contar da morte deste, ocorrida antes de expirar o prazo referido
na alínea b) do nº 1 do artigo 125 do Código Civil.
105
c) Inabilitação (artigo 152 do Código Civil)
Nos termos do artigo 152 do Código Civil, “podem ser inabilitados os indivíduos
cuja anomalia psíquica, surdez-mudez ou cegueira, embora de carácter
permanente, não seja de tal grave que justifique a sua interdição assim como
aqueles que, pela sua habitual prodigalidade ou pelo abuso de bebidas alcoólicas
ou de estupefacientes, se mostrem incapazes de reger convenientemente o seu
património”. A Inabilitação deve ser decretada por uma sentença judicial
transitada em julgado a requerimento das pessoas referidas no nº 1 do artigo 141 do
Código Civil por força da aplicação do artigo 156 do Código Civil. Ainda por
aplicação deste preceito legal, a Inabilitação é aplicável à maiores com as
excepções constantes dos nºs 2 e 3 do artigo 138 do Código Civil. É aplicável
ainda à Inabilitação o disposto no artigo 151 do Código Civil, isto é, para a
cessação da Inabilitação é necessário a cessação da causa que determinou a
Inabilitação, processando-se assim o levantamento da Inabilitação a requerimento
das pessoas indicadas no nº 1 do artigo 141 do Código Civil (ver o artigo 156 do
Código Civil). A propósito do levantamento da Inabilitação, especial atenção
merece o regime constante do artigo 155 do Código Civil. Estabelece-se que
quando a Inabilitação tiver por causa a prodigalidade ou abuso de bebidas
alcoólicas ou estupefacientes, o seu levantamento não será deferida antes que
decorrem cinco anos sobre o trânsito em julgado da sentença que a decretou ou da
decisão que haja desatendido um pedido anterior.
106
situação de incapacidade. Esses meios compreendem o poder paternal, a tutela, a
emancipação, a administração de bens e a família de acolhimento.
a) Poder Parental
Âmbito
Nos termos artigo 292 da Lei da Família, “Os filhos estão sujeitos ao poder
parental até atingir a maioridade ou a emancipação”.
Nos termos do estabelecido no artigo 297 da Lei da Família “Os pais não podem
renunciar ao poder parental nem a qualquer dos direitos e deveres que aquele
especialmente lhes confere, sem prejuízo do que na presente Lei se estabelece
acerca da família de acolhimento e da adopção".
b) Tutela
Noção
Nos termos do artigo 339 da Lei da Família “O poder parental é suprido por meio
da tutela ou da família de acolhimento”. O artigo 342 da Lei da Família dispõe que
“A tutela tem por objectivo a defesa dos direitos, a protecção da pessoa e do seu
património e a satisfação das obrigações do incapaz ou interdito por decisão
judicial”.
Dipõe o artigo 340 da Lei da Família que “1. O menor está obrigatoriamente
sujeito à tutela se os pais: [...] a) tiverem falecido; [...] b)estiverem inibidos do
poder parental quanto à regência da pessoa do filho; [...] c) estiverem há mais de 6
meses impedidos de facto de exercer o poder parental; [...]d)forem incógnitos.
107
[...]2. Havendo impedimento de facto dos pais, deve o Ministério Público tomar as
providências necessárias à defesa do menor, independentemente do decurso do
prazo referido na alínea c) do número 1 do presente artigo, podendo para o efeito
promover a nomeação de pessoa que, em nome do menor, celebre os negócios
jurídicos que sejam urgentes ou de manifesto proveito para este”.
No que concerne à tutela de maiores, o artigo 341 da Lei da Família preceitua que
“Estão também sujeitos à tutela os maiores interditos ou incapazes de dispor da sua
pessoa e bens, em razão de anomalia psíquica, de surdez, de mudez ou de algum
outro motivo e não possam ser representados pelos seus pais”.
c) Emancipação
Noção
Nos termos do artigo 133 do Código Civil, a Emancipação atribui ao menor plena
capacidade de exercício dos seus direitos, habilitando (o menor) a reger a sua
pessoa e a dispor livremente dos seus bens como se fosse maior, salvo o disposto
no artigo 136 do Código Civil.
Do casamento do menor;
Da concessão do pai ou da mãe quando exerçam plenamente o poder
parental;
Da concessão do Conselho de Família, na falta dos pais ou estando eles
inibidos do poder parental.
A emancipação por concessão do pai, mãe ou Conselho de Família só é possível
com a aquiescência do menor e depois deste haver completado dezoito anos de
idade.
d) Administração de Bens
Noção
108
Nos termos do artigo 383 da Lei da Família “Quando haja lugar à instituição da
administração de bens do menor, à designação do administrador aplicam-se as
disposições relativas à nomeação de tutor, com ressalva do preceituado nos artigos
seguintes”. Nos termos do artigo 389 da Lei da Família “A administração de bens
cessa nos mesmos moldes que a tutela”.
e) Família de Acolhimento
Nos termos do disposto do artigo 390 da Lei da Família “1. A família de
acolhimento é um meio alternativo de suprir o poder parental, proporcionando ao
menor órfão, filho de pais incógnitos, abandonado ou desamparado a integração
numa família que o recebe e trata como filho, ressalvadas as especificidades
constantes na presente subsecção. [...]2. A inserção do menor em família de
acolhimento só é decretada pelo tribunal competente, verificada a impossibilidade
de adopção ou de constituição da tutela”.
a) Representação
Na Representação há, pois, uma pessoa que por determinação legal, vai agir em
substituição do incapaz, como se fosse este, em nome e no interesse dele (interesse
do incapaz). Assim o acto materialmente praticado por outra pessoa é visto
juridicamente como acto do incapaz. (ver o artigo 258 do Código Civil)
b) Assistência
109
Na Assistência, o Assistente apenas colabora com o incapaz que também intervêm
no acto. Deste modo, para que o acto seja validamente praticado torna-se agora
necessário o concurso da vontade do incapaz e do Assistente. O incapaz pode agir
pessoalmente mas não livremente. A Assistência compreende as seguintes
modalidades consoante o modo porque se opera a conjugação das vontades do
incapaz e do Assistente: autorização, comparticipação e a confirmação. A
diferença entre estas formas resulta do momento em que a vontade do Assistente
se manifesta em relação ao acto do incapaz.
B. Pessoas colectivas
110
a) Classificação doutrinária
Pessoas Colectivas de Direito Público (Ex.:o Estado, as autarquias
locais, institutos públicos, etc.) dotadas de poderes de autoridade ou Jus
imperi.
Pessoas Colectivas de Direito Privado (Ex.: as associações, sociedades
comerciais, etc.), não estão dotadas de poderes de autoridade.
b) Classificação legal
Nos termos do artigo 157 do Código Civil, as pessoas colectivas
classificam-se em associações, fundações e sociedades.
111
Exemplos de Pessoas Colectivas de Direito privado
A personalidade jurídica das pessoas colectivas de Direito Privado cessa com a sua
dissolução ou com a realização do fim a que se propunham ou com a verificação
dos factos constantes no artigo 10 da Lei nº 8/91 de 18 de Julho.
112
as associações poderão ser livremente constituídas por cidadãos maiores de dezoito
anos de idade em pleno gozo dos seus direitos civis.
113
Cooperativas
Estão previstas no nº 4 do artigo 99 da CRM. O seu funcionamento é
regido pela Lei nº 23/2009. O artigo 2 da desta lei define cooperativas
como «pessoas colectivas autónomas, de livre constituição, de capital e
composição variáveis e de controlo democrático, em que os seus membros
obrigam-se a contribuir com bens e serviços para o exercício de uma
actividade económica, de proveito comum, através de acções mútuas e
mediante partilha de risco, com vista à satisfação das suas necessidades e
aspirações económicas e um retorno patrimonial predominantemente
realizado na proporção das suas operações».
114
equidade, solidariedade, honestidade, transparência, responsabilidade
social e preocupação com o seu semelhante”214.
Associações económicas
Ver a Lei nº 4/84, de 6 de Abril, alterada pela Lei nº 5/85, de 12 de
Novembro.
Sindicatos
Ver a Lei nº 23/2007, de 2 de Agosto (Lei do Trabalho), muito em
especial os artigos 137 e seguintes.
Associações de empregadores
Ver a Lei nº 23/2007, de 2 de Agosto (Lei do Trabalho), muito em
especial os artigos 137 e seguintes.
Partidos políticos
Nos termos do nº 1 do artigo 1 da Lei nº 7/91, «São partidos políticos as
organizações de cidadãos constituídas com o objectivo fundamental de
participar democraticamente na vida política do país e de concorrer, de
acordo com a Constituição e as leis, para a formação e expressão da
vontade política do povo, intervindo, nomeadamente, no processo eleitoral,
mediante apresentação ou o patrocínio de candidaturas».
115
Estado
Orgaos de Governacao Descentralizada Provincial e Distrital
Autarquias Locais
Institutos Públicos
FACTO JURIDICO
b.2. critério que atende a conformidade ou não do facto com a ordem jurídica
116
Actos lícitos – são os actos jurídicos que estão conforme com o direito
objectivo. Ex.: Se alguém, tendo para tanto capacidade de exercício, vende a
outrem um objecto que lhe pertence, pratica um acto lícito.
Diferença entre Negócios Jurídicos e simples Actos Jurídicos
Actos ilícitos – são actos jurídicos que violam ou ofendem o direito objectivo.
Ex.: se alguém deliberadamente mata outrem, pratica um acto jurídico ilícito ou
contrário à lei, na medida em que esta (a lei) impõe aos seus destinatários o
dever jurídico de não matar. Os actos ilícitos subclassificam-se em ilícitos civis
e ilícitos criminais. Os ilícitos civis são aqueles que violam interesses
meramente individuais ou particulares (ex.: Aurélio danifica o pomar da Berta).
Os ilícitos criminais são aqueles que ofendem interesses de toda a colectividade
(ex.: Domingos falsifica documentos). Os actos ilícitos criminais podem ainda
ser subclassificados por ilícitos intencionais e ilícitos meramente culposos. É
acto ilícito criminal intencional quando for praticado com o intuito (objectivo)
condenável de causar danos por parte do agente. É acto ilícito criminal
meramente culposo quando há apenas negligência ou imprudência por parte do
seu autor.
117
c) Como é que as pessoas colectivas de Direito privado adquirem
personalidade jurídica?
d) Como é que cessa a personalidade jurídica das pessoas colectivas de Direito
privado?
2. Ao longo das aulas falamos dos Tipos de Incapacidades Civis e as formas de
suprimento dessas incapacidades. Preste atenção à seguinte hipótese e responde
às perguntas colocadas:
O Sr. António nasceu em 1960. Em 1995 casou com a senhora Berta e dessa
relação nasceram 2 filhos. Desde o ano 2000 até a actualidade que o Sr. António
tem anomalia psíquica (maluco).
NORMA JURIDICA
118
Para João de Castro Mendes 215 a Norma Jurídica «(...) exprime a ligação de um
acontecimento ou situação da vida social, como consequente da necessidade de
uma conduta, traçada em termos gerais e abstractos. A representação do evento ou
situação da vida diz-se previsão da norma; o estabelecimento, como consequente,
da necessidade de uma conduta, diz-se estatuição. Por isso, pode-se definir a
norma como a ligação de uma estatuição à previsão de um evento ou situação».
Nota bem: as normas jurídicas em que não seja possível identificar uma previsão
ou hipótese e uma tese ou estatuição são designadas normas jurídicas em sentido
amplo. Ex.: artigo 82 do Código Civil.
Para João de Castro Mendes216 «Na estrutura da norma jurídica, encontramos três
elementos: previsão, estatuição e sanção. Os dois primeiros elementos são
comuns a todas as normas; a sanção, na forma especial da sanção coactiva, é
própria da norma jurídica, quando completa ou perfeita».
Introdução..., pag. 41
215
Introdução..., pag. 41
216
119
podem começar com a tese ou estatuição e terminar com a previsão ou hipótese.
Ou seja, a ordem não interessa.
Previsão ou Hipótese
A este respeito João de Castro Mendes217 escreve que na previsão a «(...) norma
jurídica fixa padrões de conduta adequados às situações que de futuro advenham;
e, por isso, antes demais, contém uma representação dessa situação futura».
João de Castro Mendes218 acrescenta que «A previsão não aparece sempre de forma
clara. Tomemos a norma não matar: na sua forma completa, tal norma exprimir-
se-à por: se alguém se encontrar em situação de poder matar outro (previsão), não
o deve fazer (estatuição)».
Tese ou Estatuição
Ex.1: Aquele que perfizer 21 anos de idade adquire plena capacidade de exercício
de direitos, ficando habilitado a reger a sua pessoa e dispor dos seus bens.
Ex.2: Qualquer pessoa que voluntariamente matar outra será punida com a pena de
prisão maior de 16 a 20 anos.
Introdução..., pag. 41
217
Introdução..., pag. 42
218
120
Neste exemplo a parte sublinhada (Qualquer pessoa que voluntariamente matar
outra) é a previsão ou hipótese. E a parte não sublinhada constitui Tese ou
Estatuição (será punida com a pena de prisão maior de 16 a 20 anos)
121
4. Espécies de normas jurídicas
a) Subsidiariedade
b) Consupção
Exemplo: António viola sexualmente e mata uma mulher. Para punir António não
vai ser aplicada a pena da violação e a pena de homicídio (matar). Ao António ser-
lhe-á aplicada a pena de homicídio qualificado (punida com a pena de vinte a vinte
quatro anos, nos termos do artigo 351 do Código Penal de 1886) porque pune de
uma maneira mais gravosa em relação á pena de violação sexual (punida com a
pena de dois a oito anos, nos termos do artigo 393 do Código Penal de 1886).
c) Cumulação
A Cmulação consiste na aplicação de várias normas para uma determinada
situação. Cada uma das normas aplicadas desempenha a sua própria função.
Exemplo: Um Enfermeiro de um Posto de Saúde do Sistema Nacional de Saúde
bateu, na presença dos doentes, numa Servente, sua colega do posto, causando-
lhe ferimentos graves na cara e noutras partes do corpo o que lhe causou
123
deformidades notáveis e ipossibilidade de trabalhar durante 20 dias. A
Cumulação, neste exemplo vai consistir na aplicação ao Enfermeiro de sançao
criminal (pelo crime de agressão); sanção disciplinar (por agredir colega de
serviço no local de trabalho) e sanção civil (por, com a sua agressão, ter
provocado deformidades notáveis e na presençã de pessoas). Pela mesa ao
Enfermeiro ser-lhe-ão aplicadas várias sanções cada uma delas com os seu fim.
d) Especialidade
Consiste na aplicação de normas especiais em detrimento de normas gerais.
e) Execepcionalidade
Consiste na aplicação de uma norma excpecional em detrimento de uma norma
não excepcional.
1.As normas jurídicas não são as únicas que pautam a conduta humana, já que, na
verdade, a actividade social do homem igualmente se desenvolve em sectores a que
o direito é estranho.
124
Aquele que encontrar animal ou outra coisa móvel perdida e souber a quem
pertence, deve restituir o animal ou a coisa a seu dono ou avisar este do
achado.
a) Faça a estrutura das normas contidas nos artigos 510 e 515 do Código
Penal e artigo 1323 do Código Civil.
b) Classifique quanto à natureza da conduta exigida aos seus destinatários as
normas contidas nos artigos 510 e 515 do Código Penal e artigo 1323 do
Código Civil.
LICITUDE E ILICITUDE
Ilícito civil
125
O ilícito criminal ou penal consiste na violação de uma norma de natureza
criminal ou penal. Os ilícitos criminais são aqueles que são qualificado expressa
e taxativamente por lei como crimes. Esses actos estão previstos no Código Penal
e noutra legislação penal.
Esses actos são os que são considerados pelo legislador como perigosos, ou seja,
a sua prática reiterada pode destruir a sociedade e por isso são punidos com penas
de prisão e ou pena de multa.
Ilícito disciplinar
126
Para trabalhadores do sector privado e das empresas públicas as regras do
processo disciplinar estão previstas na Lei do Trabalho, aprovado pela Lei nº
23/2007 (ver, principalmente, os artigos 62 a 69).
Consentimento do ofendido
A pessoa que sofreu ofensa (lesão) pode pode consentir que outra pessoa provoque
essa lesão.
127
MEIOS DE TUTELA JURÍDICA
1. Noção
Ao longo das aulas dissemos o Direito objectivo é ordem que é imposta a todos e
do Direito subjectivo é e faculdade que as pessoas têm de gozar os seu direitos.
Não basta dizer isto sem dizer como garantir que essa ordem e essas faculdades
sejam cumpridas.
O Estado cria mecanismos de tutela jurídica, ou seja, meios ao dispor das pessoas e
do próprio Estado para fazer valer a ordem estabelecidas pelo Direito bem como os
direitos das pessoas. Ou seja, não basta dizer que há comandos obrigatórios e há
direitos das pessoas sem haver meios de obrigar à força o cumprimento desses
comandos e o respeito dos direitos das pessoas. O pessoal da saúde quando nos diz
que a vitamina C é importante para a nossa saúde de seguida nos tem dito qual é a
fonte da vitamina C.
Antigamente havia a tutela privada e só mais tarde é que a tutela pública foi
instituída. Actualmente temos a tutela pública (que é a regra) e a tutela privada
(que é excepção, e aplicada só nos casos admitidos por lei).
Sobre a justiça privada (tutela privada) José de Oliveira Ascensão 219 faz-nos
perceber que «o sistema de justiça privada é sempre mau. Por um lado, porque fica
dependente da força: a justiça satisfaz-se ou não consoante, mais ou menos
casualmente, o ofendido ou seus familiares tiverem ou não a força suficiente para a
impor. Por outro lado, como ninguém é bom juiz em causa própria, todos terão a
tendência de avolumar os agravos sofridos, e de minimizar os efectivamente
praticados. Cria-se pois a luta e a insegurança permanentes no seio da comunidade.
(…) É por isso que desde o princípio nós vemos os órgãos públicos procurar
intervir, encetando caminho que tem como epílogo ou monopólio dos meios de
coerção por parte do Estado».
Introdução..., pag.88
219
128
De acordo com José Dias Marques220«As medidas destinadas a tutelar as normas
jurídicas podem funcionar de dois modos diferentes: umas vezes, ex ante,
impossibilitam, dificultam ou tornam inconveniente para o sujeito a violação da
norma ou grupo de normas cujo cumprimento se trata de garantir; outras vezes,
actuando ex post, criam para o violador da norma jurídica um sacrifício maior que
o que resultaria de facto de lhe ter obedecido. No primeiro caso dirigem-se com
carácter preventivo ou dissuasor aos que eventualmente poderiam desobedecer ao
comando jurídico; no segundo, agem repressivamente contra aqueles que já
desobedeceram».
José Dias Marques221 acrescenta que «No campo da tutela preventiva, que é
extremamente vasto, cabe distinguir entre a prevenção dos actos ilícitos enquanto
se admite que sejam praticados por quaisquer pessoas (prevenção geral) e a
prevenção daqueles actos que se calcula possam vir a ser cometidos por uma certa
pessoa em particular (prevenção individual)».
José Dias Marques222 continua dizendo que «Quanto à tutela repressiva traduz-se
ela na organização de sanções aplicáveis em consequência da violação das normas
jurídicas. (…) O que há de característico na tutela repressiva é constituir ela uma
reacção do direito contra os factos ilícitos; logo que estes ocorrem, segue-lhes
como necessário efeito jurídico a adstrição a suportar uma privação de bens
(liberdade, vida, dinheiro...). A esta privação se dá o nome de sanção, e à
necessidade de suportá-la o de responsabilidade. No sentido mais amplo do
termo, diz-se que alguém é responsável, ou que tem responsabilidade, quando se
encontra adstrito a suportar uma sanção, sendo que esta, por seu turno, pode ser
definida como toda a privação de bens imposta pelo direito como consequência da
prática de um facto por ele proibido».
a) Tutela judiciária
220
Introdução..., pag. 66
221
Introdução..., pags. 66/67
222
Introdução..., pag. 67
129
É feita através dos tribunais. Para tal os tribunais contam com a colaboração dos
sujeitos processuais (partes e seu advogados, testemunhas, declarantes, peritos,
etc.); polícia e procuradoria. Como se sabe, quando uma pessoa tem o seu direito
violado ou na eminência da violação pode contactar a polícia, que encaminha o
caso ao tribunal, onde para além do juiz vai intervir o procurador junto desse
tribunal. O cidadão pode fazer denúncia à procuradoria ou pode intentar uma acção
junto de um tribunal.
b) Tutela administrativa
É exercida pelos órgãos públicos (Estado, Institutos públicos, órgãos de
governação descentralizada provincial e distrital, autarquias locais, etc.) usando
mecanismos administrativos.
Como se sabe, quando uma pessoa tem o seu direito violado ou na eminência da
violação pode contactar uma instituição da administração pública (ministério,
direcção provincial, direcção distrital, município, vereação, etc). As pessoas podem
endereçar queixas, petições e reclamações a estas entidades.
c) Tutela política
Como se sabe, quando uma pessoa tem o seu direito violado ou na eminência da
violação pode recorre a órgãos políticos tais como Assembleia da República e
Presidente da República.
A lei admite que os litígios sejam resolvidos por mecanismos extra judicias de
resolução de conflitos. Esses mecanismos podem se a arbitragem e conciliação. O
Código de Processo Civil (artigos 49, 90), a Lei de Arbitragem (Lei nº 11/99, de 8
de Julho), Lei nº 23/2007 (aprova a Lei do Trabalho: artigos 180 a 193) e outras
130
autorizam que os litígios sejam resolvidos por Árbitros ou por Centros de
Arbitragem e Conciliação.+++ falar também da arbitragem administrativa +++
5. Tutela Comunitária
Naqueles casos em que a tutela pública não pode intervir ou pode intervir tarde, a
lei, excepcionalmente, admite a justiça privada. Nos termos do artigo 1 do Código
de Processo Civil «a ninguém é lícito o recurso à força com o fim de realizar ou
assegurar o próprio direito, salvo nos casos e dentro dos limites declarados por
lei».
a) Direito de resistência
De acordo com Domingos Pereira de Sousa o ”direito de resistência é a faculdade
atribuída ao particular de resistir a qualquer ordem que ofenda os seus direitos,
liberdades e garantias”223.
Nos termos do artigo 80 da CRM «O cidadão tem o direito de não acatar ordens
ilegais ou que ofendam os seus direitos, liberdades e garantias».
b) Legítima defesa
131
É um conceito tratado com profundidade no Direito Penal e no Direito das
obrigações.
Está prevista na circunstância 17ª do artigo 45; alímea b), nº 1 do artigo 51; na
alínea c) do artigo 52; artigos 53 e 185, todas as disposições do Código Penal e no
artigo 337 do Código Civil.
Para Domingos Pereira de Sousa a “legítima defesa é o ato que afasta uma
agressão ilícita, atual ou iminente, contra a pessoa ou o património do agente ou de
terceiro, quando não seja possível recorrer à autoridade pública e desde que o
prejuízo causado não seja superior àquele que se pretende evitar”224.
Sobre a Legítima defesa José Dias Marques225 ensina-nos que «Por via da legítima
defesa considera-se justificado o acto destinado a afastar qualquer agressão
dirigida contra o agente ou terceiro, desde que na agressão e na defesa se
verifiquem os requisitos de que a lei faz depender aquela justificação (artigo 337.º
do Código Civil). Exemplo: A pretende apunhalar B, que, com um tiro num braço,
o impede que prossiga a agressão».
c) acção directa
Está prevista no artigo 336 do Código Civil.
De acordo com Domingos Pereira de Sousa Acção directa “é o recurso à força pelo
particular para evitar a inutilização prática de um direito, no caso de ser impossível
recorrer a meios coercivos normais”226.
224
Noções Fundamentais de Direito, pág. 99
225
Introdução..., pag. 76
226
Noções Fundamentais de Direito, pág. 98
132
Sobre a acção directa José Dias Marques227 ensina-nos que «A permissão da acção
directa torna justificado o recurso à força com o fim de realizar ou assegurar o
próprio direito quando tal se torne indispensável (pela impossibilidade de recorrer
em tempo útil aos meios coercivos comuns) para evitar a inutilização prática dos
direito, não devendo, porém, o agente usar da força senão na medida necessária
para evitar o prejuízo (artigo 336.º, nº 1) e sem que haja sacrifício de interesses
superiores aos que o agente visa realizar ou assegurar (artigo. Cit., nº 3). Exemplo:
um filho menor foi confiado pelo tribunal à guarda do pai; entretanto, a mãe
subtrai-o a essa guarda e prepara-se para sair do País com ele: é lícito ao pai
impedir pela força a saída, contanto que não exceda os limites em que a lei lhe
consente esta acção directa».
d) Estado de necessidade
Para Domingos Pereira de Sousa Estado de Necessidade “é a situação de perigo
eminente em que alguém se encontra e que justifica a licitude da ação de destruir
ou danificar uma coisa alheia para remover o perigo atual ou iminente de um dano
manifestamente superior, quer do agente quer de terceiro”228.
227
Introdução..., pag. 76
228
Noções Fundamentais de Direito, pág. 99
229
Introdução..., pags. 76/77
133
e) Direito de retenção
De acordo com Domingos Pereira de Sousa o direito de retenção “consiste na
faculdaddee de que goza o credor, de em determinadas situações reter uma coisa
do seu devedor para o coagir a cumprir a sua obrigação”230.
A este respeito, José Dias Marques231 ensina-nos que «No normal desenvolvimento
da vida jurídica, pode suceder que uma certa coisa de certa pessoa venha a
encontrar-se em poder de um credor, existindo um nexo jurídico entre este crédito
e aquela detenção. Cruzam-se aqui duas relações creditórias interdependentes: uma
que tem por objecto a entrega da coisa certa, outra que tem por objecto a realização
de outra qualquer prestação, em regra pecuniária. (…) Ora, na hipótese de o dono
da coisa retirada não cumprir a sua obrigação, tal facto não deveria constituir, em
princípio, razão suficiente para que o detentor não lhe devolvesse a coisa em tempo
oportuno. Este entregar-lha-ia dirigindo-se depois aos tribunais para obter a tutela
judiciária (pública) do seu crédito insatisfeito. (…) A lei admite, porém, nalguns
casos, um certo desvio a esta aplicação rigorosa da regra da tutela púbica (Código
de Processo Civil, artigo 1.º) e consente que o credor insatisfeito retenha em seu
poder a coisa do devedor como meio de o coagir ao cumprimento da sua obrigação.
É o que se chama direito de retenção (Código Civil, artigo 754.º). Exemplo: A,
relojoeiro, detém o relógio de B, que lho entregou para consertar, enquanto não for
pago do preço do conserto».
O direito de retenção está previsto nos artigos 754 e seguintes do Código Civil.
134
III.2. Objectivos dos Tribunais
135
Presidente do Tribunal Supremo, Despacho de 8 de Maio de 8 de Maio de
2009, do Presidente do tribunal Supremo, Resolução nº 7/2006 do
Conselho Nacional da Função Pública.
136
III.3. 7. Tribunais Fiscais
No que concerne a definição, sede, composição, organização e
competências, ver a Lei nº 7/2015 de 6 de Outubro de 2015: Altera e
republica a Lei nº 24/2013, de 1 de Novembro, que aprova a Lei Orgânica
da Jurisdição Administrativa., Lei nº 10/2001, Decreto nº 17/2004,
Despacho de 28 de Março de 2007, do Presidente do Tribunal
Administrativo, Decreto nº 58/2003.
137
No que concerne a definição, sede, composição, organização e
competências ver o artigo 5 da Lei nº 24/2007, de 20 de Agosto; Lei nº
4/92, de 6 de Maio.
138
Se um tribunal não tem competência para apreciar certos assuntos em
razão do território diz-se incompetente em razão do território.
O artigo 118 da Lei nº 24/2007, para efeitos desta lei, o salário mínimo
nacional é o que vigora na Função Pública.
139
apreciado no Tribunal Supremo e não do tribunal judicial do distrito do
Songo ou no tribunal judicial da província de Tete.
III.5. Recursos
140
Das decisões das Secções do Tribunal judicial de província cabe
recurso ao tribunal Superior de Recurso;
Das decisões dos Tribunais Superiores de Recurso cabe recurso a
uma das secções do Tribunal Supremo;
Das decisões da secção do Tribunal Supremo cabe recurso ao
Plenário do Tribunal Supremo;
Das decisões do Plenário do Tribunal Supremo não há recurso
ordinário.
141
Das Decisões da Secção do Contencioso Aduaneiro e Fiscal do
Tribunal Administrativo cabe recurso ao Plenário do Tribunal
Administrativo
Das decisões do Plenário do Tribunal Administrativo não há recurso
ordinário.
Recurso nos tribunais aduaneiros
JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL
Para além dos tribunais o Conselho Constitucional tutela os interesses das pessoas.
De acordo com o Breve Historial do Conselho constitucional, publicado no site 232 deste órgao “O
Conselho Constitucional foi criado pela Constituição de 1990, fazendo-o constar do elenco dos
Órgãos do Estado e de soberania e definindo-o como órgão de competência especializada no
domínio das questões jurídico-constitucionais. […] As suas competências eram, entre outras,
apreciar e declarar a inconstitucionalidade e a ilegalidade dos actos legislativos e normativos dos
232
http://www.cconstitucional.org.mz/O-Conselho/Breve-Historial (acesso em 26/2/2020)
142
órgãos do Estado; dirimir conflitos de competência entre os órgãos de soberania e pronunciar-se
sobre a legalidade dos referendos. […]No domínio específico das eleições, cabia ainda ao
Conselho Constitucional a supervisão do processo eleitoral; a verificação dos requisitos legais
exigidos para as candidaturas a Presidente da República; a apreciação, em última instância, das
reclamações eleitorais; e a validação e proclamação dos resultados finais do processo eleitoral.
[…]Apesar da sua criação pela Constituição de 1990, o Conselho iniciou as suas funções apenas
em finais de 2003. Em 2004, uma nova Constituição da República é aprovada tendo entrado em
vigor a 21 de Janeiro de 2005, a qual veio introduzir uma nova concepção do órgão alargando as
suas suas competências”.
FONTES DO DIREITO
233
http://www.cconstitucional.org.mz/O-Conselho/Apresentacao (acesso em 26/2/2020)
Introdução ao Estudo do Direito, págs. 79/80
234
143
-Sentido filosófico (ou metafísico): fundamento da obrigatoriedade da norma
jurídica (seja entendido como a vontade do Estado ou a justiça, ou noutra posição
jurisfilosófica diversa).
(…) orgânico. São os órgãos que estão incumbidos da produção das normas
jurídicas. Serão fontes do direito uma autarquia local, uma assembleia legislativa,
um tirano...»
144
sentidos jurídicos o sentido consuetudinário (os costumes, os usos e as praxes
influenciam o legislador, os tribunais e a doutrina); sentido legislativo externo (às
vezes a normas jurídicas de um país são retirado de outro ou outros ordenamentos
jurídicos); sentido legislativo interno (legislação anterior pode influenciar
legislação nova; há ramos do Direito que influenciam outros ramos do Direito);
Sentido orgânico-institucional; sentido orgânico-individual; sentido autoral (as
normas jurídicas têm um ou vários autores que estudaram e elaboraram os
respectivos projectos); sentido doutrinal (os escritos teóricos e teóricos práticos
publicados dos docentes, investigadores e especialistas do Direito influenciam o
legislador a aprovar normas jurídicas); sentido jurisprudencial (a jurisprudência
pode influenciar o legislador a produzir normas); sentido jurídico textual; Sentido
jurídico-forma.
Vamos apenas nos concentrar nas Fontes do Direito no sentido técnico jurídico,
que, como sabemos, é o modo de formação ou revelação das normas jurídicas.
A lei;
O Costume;
A Jurisprudência;
A Doutrina;
Princípios Gerais do Direito;
Equidade.
A lei;
Os Assentos do Tribunal Supremo; e os
145
Princípios Gerais do Direito.
Pela leitura dos artigos 1 a 4 do Código Civil deixa claro que o Direito
moçambicano não reconhece o Costume como fonte primária de Direito, ou seja, o
Costume é fonte de Direito se a lei permitir. A Equidade é usada nos casos
previstos na lei ou por acordo das partes em litígio.
Quando se fala de Fontes de Direito não se refere apenas as fontes tradicionais mas
também as fontes modernas.
146
a) Lei
Lei é toda a disposição normativa emanada de um órgão do Estado
Pela sua importância como principal Fonte de Direito, será tratada com
pormenores num capítulo a parte.
b) Costume
É uma prática reiterada de conduta (social) acompanhada de convicção de
obrigatoriedade seguida por certos membros de uma sociedade fixados num espaço
e num certo tempo histórico.
Classificação do Costume
De acordo com o tipo de normas que criam, os costumes podem ser internacionais,
constitucionais, administrativos, penais, civis, comerciais, etc.
147
Elementos do Costume
Para Diogo Freitas do Amaral239«O costume distingue-se dos meros usos, ou usos
sociais, porque nestes falta o elemento do animus – a convicção da obrigatoriedade
ou licitude de uma certa prática habitual. Mas, (…) se há usos sociais que não têm
qualquer relevância jurídica – por ex., o dever de cortesia que impõe que toda a
carta tenha resposta -, já outros usos sociais podem ser juridicamente relevantes
(obrigatórios, lícitos ou, simplesmente, atendíveis)».
Nos termos do nº 1 do artigo 3 do Código Civil “Os usos que não forem contrários
aos princípios da boa fé são juridicamente atendíveis quando a lei o determina”. O
nº 2 do artigo 13 da Lei nº 23/2007, de 1 de Agosto (Lei do Trabalho) dispõe que
“Consideram-se fontes de direito do trabalho os usos laborais de cada profissão,
sector de actividade ou empresa, que não forem contrários à lei e ao princípio da
boa fé, excepto se os sujeitos da relação individual ou colectiva de trabalho
convencionarem a sua inaplicabilidade”. Carlos Antunes e Outros 240 comentam
sobre os “usos” constantes do artigo 13 da Lei do Trabalho nos seguintes termos:
“Os usos da profissão e das empresas, não sendo verdadeiras fontes do Direito do
Trabalho (embora juslaboralistas os denomines de ´fontes mediatas´, por
contraposição às ´fontes imediatas´de Direito do Trabalho), são práticas que o nº 2
deste preceito manda atender desde que não contrariem as normas aplicáveias ao
contrato de trabalho e não sejam contrárias aos princípios da boa-fé, a não ser que
as partes, por escrito, as excluam. [...] Os usos laborais são, pois, práticas usuais e
constantes observadas no exercício de certas profissões, ou em certas empresas,
238
Manual..., pag. 373
239
Manual..., pag. 374
240
Lei do Trabalho de Moçambique Anotada, anotação ao artigo 13, pág. 47
148
sem que essa observância seja acompanhada da convicção da sua obrigatoriedade e
coercibilidade. [...] Note-se que quando a lei fala de ´usos laborais de cada
profissão, sectores de actividade ou empresa, se refere aos usos de certos sectores,
identificáveis por profissões, por actividade económica (empresas) ou a práticas de
uma empresa, em concreto”.
O artigo 4 da Lei da Família, sobre usos e costumes, dispõe que “1. No domínio
das relações intra e inter-familiares reconhecem-se e valorizam-se os usos e
costumes locais em tudo o que não contrarie a Constituição da República e a
presente Lei. [...]2. Na solução de conflitos familiares deve-se procurar buscar
orientação nos usos e costumes locais predominantes na organização sócio-familiar
em que os conflituantes estão integrados”.
b) Jurisprudência
É o conjunto de decisões tomadas pelos tribunais e outros órgãos 242 no julgamento
dos casos a si interpostos pelos interessados.
Nos termos do artigo 2 do Código Civil “nos casos declarados na lei, podem os
tribunais fixar, por meio de assentos, a doutrina com força obrigatória geral”.
149
Existência de dois acórdãos contraditórios, proferidos em secções diferentes
(mas que tratam da mesma matéria, por e exemplo duas secções criminais)
do Tribunal Supremo ou por dois Tribunais Superiores de Apelação;
Essa contradição diz respeito a mesma questão de Direito.
Quando isto acontece TS reúne-se em Plenário onde toma a sua decisão em forma
de Assento, uniformizando a Jurisprudência contraditória das secções em conflito
de entendimento. Nos termos da alínea a), do artigo 45 da Lei nº 24/2007, de 20 de
Agosto (Lei da Organização Judiciária), compete ao Plenário do TS, como tribunal
de segunda instância, «uniformizar a jurisprudência quando no domínio da mesma
legislação e sobre uma mesma questão fundamental de direito tenham sido
proferidas decisões contraditórias nas várias instâncias do Tribunal Supremo ou
nos tribunais superiores de apelação».
Os assentos estão também regulados nos artigos 763 a 770 do Código de Processo
Civil.243
c) Doutrina
Diogo Freitas do Amaral244 define Doutrina, como Fonte de Direito nos seguintes
termos: «conjunto das noções, teóricas e opiniões, formuladas por escrito pelos
teóricos da Ciência do Direito (“jurisperitos”), que dão a conhecer aos juristas
práticos, aos estudantes e aos cidadãos comuns o conteúdo e significado de um
certo ordenamento jurídico, e influencia os Poderes legislativo e judicial no
exercício das suas funções».
243
Para mais detalhes ver CARLOS PEDRO MONDLANE Código de Processo Civil Anotado e Comentado, 2ª
edição, páginas 41 e 786 a 793
244
Manual...,pag. 427
150
Diogo Freitas do Amaral245 define Princípios gerais de Direito como«as máximas
ou fórmulas, enunciadas de forma condensada, que exprimem as grandes
orientações e valores que caracterizam uma dada ordem jurídica, ou um certo ramo
ou subramo do Direito»
i. Princípio da não retroactividade da lei: uma lei só se aplica aos casos que
se verificam depois da sua entrada em vigor;
ii. Princípio da derrogação da lei anterior pela lei posterior : a lei nova
afasta a aplicação da lei antiga, sendo que as duas leis são relativas à mesma
matéria;
iii. Princípio da Prescrição. Os direitos quando não exercidos dentro de
determinado tempo previsto na lei extinguem-se.
Para além dos Princípios Gerais do Direito aplicáveis a todos os ramos do Direito,
muitos ramos do Direito têm princípios jurídicos próprios.
e) Equidade
Para Ana Prata246 “Chama-se juízo de equidade aquele que o julgador formula para
resolver litígio de acordo com um critério de justiça sem recorrer a uma norma pré-
estabelecida. Julgar segundo a equidade significa, pois, dar a um conflito a solução
que se entende ser a mais justa, atendendo apenas às características da situação e
sem recurso a jorma jurídica eventualmente aplicável”.
De acordo com José Falcão e outros as “normas jurídicas, gerais e abstractas, são
elaboradas com vista a regular sutuações da vida consideradas como tipo; por isso,
acontece por vezes que a norma, abstractamente justa para o tipo de casos que
prevê, se revela pouco adequada ou até injusta quqndo aplicada a um caso concreto
Manual...,pag. 499
245
Dicionário Jurídico
246
151
determinado, mercê de circnstâncias particulares que ele porventura apresente. [...]
Ora, a função da equidade traduz-se em o juiz tomar na devida consideração a
circunstâncias especiais de cada caso concreto, e não aplicar a norma geral na sua
rigidez e inflexibilidade”247.
José Falcão e outros terminam a bordagem dizendo que “não poderá a equidade ser
consierada como uma verdadeira fonte de direito (fonte indirecta), pois a força
vinculativa advém-lhe da lei, que define os termos e limtes em que se pode recorrer
à equidade e os termos da sua obrogatoriedade”248.
Nos termos do artigo 4 do Código Civil “Os tribunais só podem resolver segundo a
equidade: [...] a) Quando haja disposição legal que o permita; [...] b) Quando haja
acordo das partes e a relação jurídica não seja indisponível; [...] c) Quando as
partes tenham previamente convencionado o recurso à equidade, nos termos
aplicáveis à cláusula compromissória”.
LEI
152
A Palavra lei comporta vários significados, fora do âmbito do Direito e dentro do
âmbito do Direito.
Dentro do âmbito ético (âmbito do dever ser) a lei abarca quaisquer espécies de
regras da sociedade (leis jurídicas, leis morais, leis religiosas, leis de trato social,
leis costumeiras, etc.).
-Lei significa aquela que é aprovada pela Assembleia da República, ou seja, aquela
aprovada por uma assembleia legislativa.
1. Espécies de Leis
São leis em sentido material porque não só variam os órgãos da sua proveniência
mas também o seu conteúdo ou matéria varia, isto é, não regulam a mesma
matéria.
Lei geral
Maria Helena Diniz249 dá várias definições da Lei Geral«a)Lei promulgada para
reger genericamente um ramo jurídico, como ocorre com a consolidada ou
codificada; b) aquela que institui o regime-regra da relação jurídica por ela
disciplinada; c) lei comum aplicável, em sua generalidade, a todas as pessoas sem
qualquer distinção. É aquela que se aplica indistidamente a pessoas, bens, etc.,
contrapondo-se à lei especial, que diz respeito a uma categoria de pessoas ou
bens».
Lei especial
Maria Helena Diniz250 define lei especial da seguinte maneira: «É a que se ocupa
somente de alguns institutos jurídicos, de pessoas que ocupam certa posição ou
cargo, ou determinadas matérias, dando-lhes tratamento diverso».
154
Lei excepcional
Para Maria Helena Diniz251 lei excepcional «É a que visa disciplinar alguma
situação anômala, como epidemia, guerra, revolução, cataclisma, calamidade
pública, tendo duração ou vigência temporária, uma vez que é aplicada apenas
durante o período de emergência».
Dependendo das circunstâncias uma lei que em relação a outra lei é especial na
relação com as outras leis pode ser considerada geral. Ou seja, dissemos que o
Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado é lei especial em relação à
Lei do Trabalho, mas o Estatuto Geral dos Funcionários do Estado é lei geral em
relação ao Estatuto do Professor (Resolução nº 4/90, de 27 de Junho, do Conselho
Dicionário Jurídico, Vol. 3, pág. 91
251
155
Nacional da Função Pública), Estatuto dos Magistrados Judiciais (aprovado pela
Lei nº 7/2009, de 11 de Março), Estatuto dos Magistrados do Ministério Público
(aprovado pela Lei nº 4/2017, de 18 de Janeiro), e outros estatutos que regem
funcionários e ou agentes do Estado. Ou seja, se estamos perante uma questão de
trabalho de um Juiz (Magistrado Judicial) primeiro temos de consultar o Estatuto
dos Magistrados Judiciais, subsidiariamente o Estatuto dos Funcionários e Agentes
do Estado e caso a lacuna persiste podemos recorrer à Lei do Trabalho.
Para Ana Prata253«Designa-se por lei avulsa ou extravagante o diploma que vem
regular uma matéria que deveria estar, ou estava, integrada num Código, mas
cuja potencial frequente alterabilidade aconselha a sua regulação em diploma
autónomo».
Maria Helena Diniz254 define lei extravagante como «Lei esparsa, ou seja,
editada isoladamente(...). Em regra, advém após a promulgação de um código,
para completá-lo ou para revogar alguns de seus preceitos relativos à matéria
que a ele diz respeito».
156
aprovadas várias leis (leis extravagantes) que alteram o antigo Código Penal, é
o caso da Lei nº 5/99 de 2 de Fevereiro, Lei nº 8/2002, de 5 de Fevereiro e
outras. Também foram aprovadas várias leis (leis extravagantes) que
complementam o antigo Código Penal é o caso da Lei nº 1/79; Lei nº 9/87,
sobre os crimes contra a Economia; Lei nº 17/87, sobre os Crimes Militares;
artigos 41 e seguintes da Lei de Imprensa (Lei nº 18/91) que regulam sobre os
crimes de abuso à liberdade de imprensa, imprensa clandestina.
O artigo 304 da CRM deixa claro que se a CRM for alterada deve-se publicar
uma lei com as alterações da CRM e, em anexo, um texto da Constituição
consolidada.
Há países, como Brasil, que impõe que uma lei basta sofrer cinco alterações
deve ser consolidada. No parlamento brasileiro existe uma Comissão
Parlamentar encarregue de fazer a consolidação das leis.
A consolidação das leis visa tornar fácil a consulta de uma lei que tenha sofrido
alterações.
Tem sido comum alguns Juristas publicarem, em livro, algumas leis por eles
consolidadas.
157
Diogo Freitas do Amaral255 define Códigos como «as leis de grande ou média
extensão, que regulam todo um ramo do direito ou uma parte importante dele,
de modo cientificamente estruturado, e com a designação formal de código».
Nesta parte vamos, apenas tratar da Lei em sentido formal, ou seja, da lei aprovada
pela Assembleia da República. O estudo do regime jurídico da Lei implica o
estudo do processo de elaboração da Lei. Este processo está consagrado na CRM,
no Regimento da Assembleia da República (RAR),aprovado pela Lei n°
13/2014, de 17 de Junho, alterada e republicada pela Lei n° 12/2016,de 30 de
Dezembro, no Código Civil e na Lei sobre a VacatioLegis.O Processo Legislativo
compreende as seguintes fases:
158
indirectamente, o aumento de despesas ou a diminuição das receitas do Estado, ou
que modifique, por qualquer modo, o ano económico em curso».
Há países como Portugal, Brasil e outros que os cidadãos têm iniciativa de lei, é a
chamada iniciativa popular.
Há pessoa que defendem que no nosso país os cidadãos deviam ter iniciativa de
Lei, ou seja terem a faculdade de apresentar uma proposta de lei à AR. Os cidadãos
têm os seus representantes (os deputados da AR) e tem um Governo. Se os
cidadãos têm uma iniciativa de lei podem contactar as entidades com iniciativa de
Lei para estas apresentarem esta iniciativa. Aliais, isto já aconteceu com os
projectos de Lei Contra a Violência Doméstica, Lei da Defesa do Consumidor, Lei
que regula o acesso de menores a clubes nocturnos e a Lei do Direito à
Informação. Os anteprojectos destas leis foram elaborados por organizações da
sociedade civil e depois foram encaminhados à AR para este órgão adoptar como
sua iniciativa. O importante não é os cidadãos terem iniciativa de Lei mas sim
terem ideias que sejam transformáveis em Lei. Isto porque mesmo as entidades
com iniciativa de lei já viram os seus projectos ou propostas não se transformarem
em Lei. Por outro lado, nos países, como Portugal, em que os cidadãos têm
iniciativa de lei ela é pouco exercida pelos cidadãos.
159
3ª fase: Apreciação e aprovação na especialidade
5ª fase: Promulgação
160
Uma vez aprovada a lei pelo Plenário da AR, o Presidente da AR, nos termos do
artig 140 do RAR, assina e envia ao Presidente da República para assinar a lei e
ordenar que essa lei vá à publicação no Boletim da República. A Promulgação é
um acto solene na qual o Presidente da República assina a lei e manda à Imprensa
Nacional de Moçambique para publicação no Boletim da República. Nos termos
do artigo 138 do Regimento da AR, o Presidente da República pode vetar a lei,
por mensagem fundamentada, devolvê-la para reexame pela Assembleia da
República. Por outro lado, nos termos do artigo 245 da CRM o PR antes de
promulgar a lei pode remeter ao Conselho Constitucional para apreciação
preventiva da constitucionalidade. Se o Conselho Constitucional declarar a lei
inconstitucional o PR não assina a lei e devolve à AR justificando porque é que
não promulgou. Nos termos do artigo 141 do Regimento da AR, recebida na AR a
lei devolvida pelo PR o Presidente da AR remete às Comissões competentes para
procederem o reexame antes do reexame pelo Plenário. O artigo 144 do Regimento
da AR estabelece que se a lei reexaminada for aprovada por maioria de dois terços,
o Presidente da República deve promulgar a lei e mandar publicar.
6ª fase: Publicação
161
É o início da vigência e da aplicação da lei. A lei pode entrar em vigor no dia da
sua publicação (costuma aparecer um artigo com os seguintes dizeres a presente lei
entra imediatamente em vigor ou a presente lei entra em vigor na data da sua
publicação). A lei pode entrar em vigor decorrido algum tempo depois da sua
publicação no Boletim da República. Este intervalo de tempo que separa a data da
publicação da lei e da sua entrada em vigor chama-se vacatiolegis. Nos termos do
nº 2 do artigo 5 do Código Civil «Entre a publicação e a vigência da lei decorrerá o
tempo que a própria lei fixar ou, na falta de fixação, o que for determinado em
legislação especial». Quando a lei não fixa a data da sua entrada em vigor nem fixa
vacatiolegis, nos termos da Lei nº 6/2003 essa lei entra em vigor 15 dias depois da
data da sua publicação. A lei nº 6/2003, é a lei especial, referida pela última parte
do nº 2 do artigo 5 do Código Civil.
162
Tanto a CRM assim como o Regimento da AR estão publicadas no Boletim da
República. Por outro lado, as sessões da Assembleia da República e das Comissões
de Trabalho da AR são públicas, salvo deliberação em contrário. A Assembleia da
República é um órgão representativo, por isso, justifica-se que o seu modo de
produzir normas seja público e tenha sessões públicas.
Por isso para conhecermos o processo de elaboração destes outros diplomas legais
podemos entrevistar certas individualidades tais como Ministros, Vice Ministros,
ex-Ministros, ex-vice ministros, governadores e ex-governadores do Banco de
Moçambique, Assessores e ex-Assessores destas individualidades.
De acordo com Marcelo Rebelo de Sousa e Sofia Galvão 258 «Mas, e se aquilo que
se considera lei não passar de uma mera aparência de lei? E se a lei, existindo
embora, for inválida? E se a lei existente e válida não produzir efeitos?(...) Para
163
que uma lei exista é necessário que preencha certos requisitos mínimos de
identificabilidade formal, orgânica e material».
164
Toda a lei em sentido material assim como em sentido formal tem um momento
em que inicia a sua vigência que se designa por início da vigência ou da produção
de efeitos. E tem outro momento em que essa vigência acaba, e designa-se por
Cessação da vigência. O início da vigência duma lei é sempre o momento da sua
entrada em vigor que pode coincidir ou não com a data da sua publicação.
A cessação definitiva da vigência de uma lei pode se alcançar por duas vias, por
dois processos: Caducidade e Revogação. A cessação temporária da vigência da
lei pode ser por suspensão da lei. Uma lei que não caducou, não foi revogada nem
suspensa pode, em alguns casos, estar em desuso.
a) Caducidade
b) Revogação
A lei que revoga outra chama-se lei revogatória e a lei que cessa a sua vigência
chama-se lei revogada.
Repristinação
166
19/77 e restabeleceu expressamente a regra estabelecida no parágrafo 2º do
artigo 166 do Código Comercial de 1888.
Os artigos 90 e 91 da Lei nº 6/2006, de 2 de Agosto (Lei Orgânica do
Conselho Constitucional), regulam sobre acórdão e sorteio, respectivamente.
O artigo 137 da Lei nº 7/2007, de 26 de Fevereiro (Lei sobre a eleição do
Presidente da República) revogou tacitamente os artigos 90 e 91 da Lei nº
6/2006. A lei nº 5/2008, de 9 de Julho alterou a Lei nº 6/2006. O artigo 2 da
Lei nº 5/2008 revogou expressamente o artigo 137 da Lei nº 7/2007 e
repristinou expressamente os artigos 90 e 91 da Lei nº 6/2006.
O artigo 2 Lei nº 35/2014, de 31 de Dezembro revogou os artigos 4, 16, 17,
30, 31, 32 e 33 da Lei n.º 9/87, de 19 de Setembro; o artigo 38 da Lei n.º
17/87, de 21 de Dezembro e os artigos 204, 205, 206 e 207 da Lei n.º
2/2006, de 22 de Março. O artigo 3 da Lei nº 24/2019, de 24 de Dezembro,
Lei que aprova o Código Penal, preceitua que “São repristinados:[...] a) os
artigos 4, 16, 17, 30, 31, 32 e 33 da Lei n.º 9/87, de 19 de Setembro; [...] b)o
artigo 38 da Lei n.º 17/87, de 21 de Dezembro; [...] c)os artigos 204, 205,
206 e 207 da Lei n.º 2/2006, de 22 de Março”.
Suspensão da lei
De acordo com Diogo Freitas do Amaral260 «Uma lei pode ser suspensa por
outra lei, ou por uma fonte hierarquicamente superior. Neste caso ela deixará
de vigorar enquanto estiver suspensa. Se foi suspensa por certo prazo (por
ex., 1 ano), a lei retomará automaticamente a sua vigência uma vez
decorrido esse prazo; se foi suspensa sine die, a lei só voltará a vigorar se
uma nova lei vier repô-la em vigor».
167
Desuso da lei
Sobre o desuso da lei, Diogo Freitas do Amaral 261 dá a sua noção nos
seguintes termos: «É a situação em que a lei deixa de se aplicar, porque
ninguém a aplica, porque cai no esquecimento geral, ou porque se formou
um costume contra legem que tomou o lugar da lei e a substituiu. A lei perde
eficácia jurídica porque perdeu a sua eficácia social: extinguiu-se
paulatinamente e definhou. Caiu em desuso».
Para o caso das leis temos também a sua hierarquia. Uma lei hierarquicamente
inferior não pode regular de uma maneira que viola o previsto numa lei
hierarquicamente superior. Por exemplo todas das leis (leis propriamente ditas,
decretos, diplomas ministeriais, etc) não podem contrariar a Constituição. Uma das
funções principais do Conselho Constitucional é fiscalizar a conformidade das leis
com a Constituição. Por outro lado os tribunais não podem aplicar leis
inconstitucionais. Por outro lado um decreto não pode contrariar uma Lei ou a
Constituição. Um diploma Ministerial não pode contrariar um decreto, uma lei ou a
Constituição.
Em primeiro lugar, ou seja, no topo da hierarquia das leis temos a CRM, leis de
alteração da CRM. Isto porque, nos termos do nº 3 do artigo 2 da CRM «As
normas constitucionais prevalecem sobre todas as restantes normas do
ordenamento jurídico». Há tratados e acordos internacionais com dignidade
constitucional, ou seja, esses tratados e acordos são ratificados ou referidos pela
Constituição. Por exemplo, Nos termos do nº 2 do artigo 17 da CRM «A República
de Moçambique aceita, observa e aplica os princípios da Carta da Organização das
Nações Unidas e da Carta da União Africana». Por outro lado, nos termos do artigo
43 da CRM «Os preceitos constitucionais relativos aos direitos fundamentais são
168
interpretados e integrados de harmonia com a Declaração Universal dos Direitos
do Homem e a Carta Africana dos Direitos do Homem e dos Povos». Todos estes
tratados referidos na CRM têm uma hierarquia igual à da CRM, são tratados com
dignidade constitucional.
Em segundo lugar temos as Lei aprovadas pela AR, Decretos lei, e os tratados
internacionais ratificados pela AR. Em virtude de a matéria que versam os
decretos-lei serem da competência da AR e o Governo aprovar os Decretos-lei por
autorização da AR os Decretos lei tem a mesma hierarquia com as leis aprovadas
pela AR. Nos termos do nº 2 do artigo18 da CRM «As normas de direito
internacional têm na ordem jurídica interna o mesmo valor que assumem os actos
normativos infraconstitucionais emanandos da Assembleia da República e do
Governo, conforme os casos». O previsto no nº 2 do artigo 18 da CRM deixa claro
que os tratados internacionais ratificados pela AR têm o valor hierárquico
equivalente à lei da AR e os tratados internacionais ratificados pelo Conselho de
Ministros têm o valor hierárquico ao decreto aprovado pelo Conselho de Ministros.
169
1º Constituição da República; Leis de Alteração Constitucional e os tratados e
acordos internacionais com dignidade constitucional;
3º Decretos Presidenciais;
9. Aplicação da Lei
170
Na determinação da norma aplicável há que ter em conta o facto em análise
(comércio, imposto, terra, trabalho, etc.) e a determinação da legislação
aplicável ao facto em análise.
171
jurídicas, abstraindo dos factos que lhe deram origem, abrange todas as que
subsistam à data da sua entrada em vigor – a.12.º, 2, do Código Civil. P.ex., se a lei
nova viera a estabelecer formalidades diferentes para a celebração de casamentos,
mantêm-se válidos os casamentos contraídos ao abrigo da lei antiga; mas se ela
alterar os poderes da mulher, todas as uniões existentes são atingidas,
independentemente da sua constituição».
Em princípio, a lei nova revoga a lei anterior. Mas podemos aplicar a lei antiga se
estamos a analisar factos que ocorreram quando a lei antiga estava em vigor. Para
regular um facto, salvo algumas excepções, usa-se a lei que estava em vigor no
momento em que o acto foi praticado ou o acto ocorreu e não a lei que está em
vigor no momento em que o caso é julgado.
Exemplo:
Em Agosto de 2007 foi publicada a Lei nº 23/2007 (Lei do Trabalho), para entrar
em vigor em 1 de Fevereiro de 2008. Mas se um certo tribunal estiver a apreciar
uma matéria em Junho de 2008 um caso laboral que aconteceu em 2007 terá que
aplicar a Lei 8/98 já revogada pela Lei 23/2007.
Esta regra geral referida não se usa em leis criminais. Em matéria criminal aplica-
se a lei mais favorável ao arguido.
264
«Lei (aplicação temporal da)» inPolis, vol. 3, coluna 1101
265
«Lei (aplicação temporal da)» inPolis, vol. 3, coluna 1102
172
Aplicação da Lei no espaço
Em princípio as leis valem no território do Estado que as produziu. Este é o
princípio da territorialidade das leis.
O princípio da territorialidade das leis pode sofrear algumas excepções. Pode haver
situações jurídica que ligadas a mais de um Estado. É o exemplo de uma empresa
sul africana que compra milho no Zimbabwe para ser distribuído a moçambicanos
no Malawi. Aqui levanta-se a questão de saber qual é a lei que vai regular tal
compra e venda de milho. Estas questões são resolvidas pelo Direito Internacional
Privado (artigos 14 a 65 do Código Civil).
a) Noção
Podemos dizer lei de valor reforçado é aquela que sendo da mesma hierarquia com
as outras, por imperativos legais ou por coerência legislativa, deve ser respeitada
por outras de igual hierarquia que vierem a ser aprovadas.
Algumas leis de valor reforçado costumam exigir uma certa maioria para a sua
aprovação.
b) Leis de base
As leis de bases podem ser aprovadas por motivos de técnica legislativa ou por
imperativos constitucionais.
173
Uma lei de base fixa as bases gerais de um determinado assunto, devendo ser
complementada por outras leis, de igual hierarquia ou de hierarquia inferior.
c) Leis Orgânicas
Maria Helena Diniz266 define lei orgânica como aquela que «Rege a actuação de
um órgão público ou serve de fundamento e organiza uma instituição jurídica».
No nosso país temos algumas leis orgânicas, podendo-se destacar a Lei Orgânica
do Conselho Constitucional (Lei nº 6/2006, de 2 de Agosto), a Lei Orgânica do
Ministério Pública (Lei nº 4/2017, de 4 de Janeiro), a Lei da Organização
Judiciária (Lei nº 24/2007, de 20 de Agosto), a Lei Orgânica da Jurisdição
Administrativa (Lei nº 24/2013, de 1 de Novembro, alterada e republicada pela Lei
nº 7/2015, de 6 de Outubro). Podem ser aprovadas leis complementares a estas leis
orgânicas mas estas leis complementares não podem contrariar o regime padrão já
fixado nas leis orgânicas. Por exemplo uma lei de organização de quaisquer
tribunais (ex. Lei dos Tribunais Fiscais) não pode contrariar o estabelecido na Lei
da Organização Judiciária.
o Nos termos do artigo 307 da CRM «A letra e a música do hino nacional são
estabelecidas por lei, aprovada nos termos do nº 1 do artigo 303». O nº 1 do
artigo 303 da CRM exige que seja aprovada por uma maioria de dois terços
dos deputados da AR. A letra e a música do Hino Nacional foi aprovada pela
Lei nº 13/2002, de 3 de Maio. A Letra do hino não foi alterada, mas a lei
preambular foi alterada pela Lei nº 18/2013, de 12 de Agosto.
o Nos termos do artigo 308 da CRM a moeda nacional é o metical e só pode
ser alterada por lei aprovada nos termos do nº 1 do artigo 303 da CRM.
174
e) Leis que devem ser respeitadas por outras leis de igual hierarquia
Existem leis que devem ser respeitadas por outras de igual hierarquia por razões de
coerência legislativa.
175
2. Como se chama ointervalo de tempo que separa a data da publicação de uma lei
no Boletim da República e da sua entrada em vigor? Qual é a importância desse
intervalo de tempo?
TÉCNICA LEGISLATIVA
Essas técnicas podem ser usadas, com as necessárias adaptações, para a elaboração
de outros documentos de carácter normativo e ou regulamentar, tais como decretos,
diplomas ministeriais, despachos normativos, estatutos de associações, acordos de
empresa, regulamentos de empresa, regulamentos de requisição de fundos da
empresa, etc.
Legística material
Quando queremos elaborar um diploma legal (lei, decreto, diploma ministerial,
despacho normativo, etc.) surge o problema de saber como ter informações sobre
aquele assunto que queremos legislar. Ou seja, se, por exemplo, queremos fazer
diploma legal sobre o Comércio Electrónico onde podemos encontrar informação
que vai constar desse diploma legal. Para tal sugerem-se alguns passos, podendo-se
destacar os seguintes:
176
Antes de aprovar uma lei (ou outro diploma legal) é preciso ver se a CRM permite
que se aprove um diploma legal com esse conteúdo. Por exemplo a CRM estipula
que em Moçambique não há Pena de Morte, por isso quando estivermos a elaborar
uma Lei que fixa as penas não podemos colocar como uma das penas a Pena de
Morte.
O assunto que queremos legislar pode ser que tenha leis e nós queremos fazer
alteração. Para tal é preciso analisar a legislação em vigor e ver o que há a
acrescentar.
Pode ser que o assunto que queremos legislar não tenha ainda nenhum diploma
legal. Para tal podemos consultar legislação conexa ao assunto que queremos
legislar.
3. Consulta da Doutrina
É preciso também consultar livros, revistas, teses académicas, Internet e outros
estudos sobre o assunto que queremos legislar.
177
5. Consulta da jurisprudência
Temos de consultar as decisões dos tribunais que tenham como litígio o assunto
que queremos legislar.
Mas aqui é preciso muita atenção pois nem sempre aquilo que é viável noutros
países é viável para o nosso. Por isso a legislação e jurisprudência dos outros
países deve ser usada com as devidas cautelas.
7. Solicitação de pareceres
Se estamos a elaborar uma lei podemos solicitar pareceres de pessoas e órgãos
externos ao nosso. Podemos solicitar pareceres de consultores, das organizações
(associações, órgãos públicos, empresas, instituições religiosas, etc.) que lidam
com o assunto que pretendemos legislar. Por exemplo, se estamos a elaborar um
diploma legal sobre a imprensa podemos solicitar pareceres de entidades ligadas ao
assunto, tais como Sindicato Nacional de Jornalistas, Gabinete de Informação,
MISA Moçambique, Conselho Superior de Comunicação Social, Escola de
Jornalismo, etc.
178
A consulta pública pode ser através de reuniões públicas, debates na rádio,
televisão, imprensa, Internet, etc.
Leis esperimentais
Para ter o melhor conteúdo (melhor solução legal) vimos que podemos fazer o que
foi referido na legística material. Mas mesmo assim pode ainda surgirem dúvidas
sobre a exequebiblidade do que consta de uma determinada lei. Nesses casos em
vez de se publicar a lei para valer em todo território ou em todas as situações pode-
se publicar uma lei experimental para funcionar em algumas parcelas do território
ou em algumas situações. Durante a vigência da lei experimental vê-se na prática
os méritos e ou deméritos da lei.
Legística formal
A Legística Formal trata da redacção do diploma legal. Alguns países como
Portugal e Brasil têm as leis-formulário, que publicam as regras da legística
formal. Angola tem alguns artigos no regimento do seu parlamento que tratam
desta matéria. A legística formal trata da estrutura, gramática, linguagem, estrutura,
sistemática, etc. É que a lei, tal como um texto, requerimento, carta, etc., tem a sua
estrutura.
179
Ementa: resume o conteúdo do diploma legal. Caso altera um diploma legal deve
indicar o número desse diploma. Este procedimento facilita o arquivo e
pesquisa. (Ex.: Cria a Ordem dos Médicos Veterinários de Moçambique e
aprova o seu estatuto; Estabelece a base jurídica para a prossecução, defesa e
protecção dos direitos e deveres do veterano da Luta de Libertação Nacional e
do Combatente da Defesa da Soberania e da Democracia, e revoga a Lei nº
3/2001, de 17 de Janeiro);
Diploma preambular: alguns diplomas legais têm de ter uma lei preambular,
decreto preambular, diploma ministerial preambular. Geralmente os
diplomas legais que aprovam os códigos, os regimentos, os regulamentos, os
estatutos e outros costumam ter um diploma preambular. Podemos dar o
exemplo da Lei nº 10/2017, de 1 de Agosto, esta é lei preambular do Estatuto
Geral dos Funcionários e Agentes do Estado. Costuma-se denominar, também,
Diploma de apresentação ou diploma de aprovação.
Preâmbulo: parte inicial da lei que costuma apresentar uma breve fundamentação
e ou historial; fórmula de promulgação (entidade que aprova). O preâmbulo não
vincula, apenas explica. Actualmente usa-se preâmbulos curtos. Mas é ideal que
o preâmbulo traga o resumo da legislação anterior bem como um resumo dos
fundamentos para a aprovação do novo diploma.
Livro: diplomas legais muito grandes em extensão, como códigos, costumam estar
divididos em livros. Tem numeração romana e tem título do livro. Os livros
subdividem-se em títulos. Por exemplo, o Código Civil tem o Livro I que tem
como título (título do livro I) Parte geral. O Livro I do Código Civil está
subdividido em vários títulos. O Título I tem como título Das lei, sua
interpretação e aplicação.
Título: É a subdivisão do Livro. Tem numeração romana e título. Subdivide-se em
capítulos
Capítulo: diplomas legais muito grandes em extensão têm capítulos. Um diploma
legal pode ter um capítulo com disposições iniciais, onde é apresentado o
objecto, âmbito, definições, etc.; depois segue-se os capítulos que apresentam
as várias subdivisões do conteúdo do diploma legal; no fim aparecem o capítulo
de disposições finais e transitórias. Os capítulos têm numeração romana.
Secção: é a subdivisão do capítulo
Subsecção: é a subdivisão da secção;
180
Artigo: É a unidade básica de estrutura de um diploma legal. Se o diploma é
constituído de um artigo escreve-se “artigo único” e segue o texto. As frases
iniciam com letra maiúscula e termina com ponto. Deve conter um único
comando normativo.
Base: algumas leis não estão estruturadas em artigos mas sim em bases. As bases
têm as mesmas características e funções dos artigos.
Número: é a subdivisão do artigo. Um artigo com muito conteúdo recomenda a
sua divisão em números. Os números iniciais fixam regra geral e os números
finais as excepções à regra geral fixada nos números anteriores.
Alínea: os números podem ser estruturados em alíneas, começando pela alínea a)
até onde for necessário. Inicia com letras minúsculas e termina com ponto e
vírgula, com excepção da última alínea que termina com ponto.
Anexos: consoante a conveniência, um diploma legal pode ter anexos onde são
apresentados glossários, tabelas, fórmulas científicas, mapas, figuras e outro
conteúdo que não fica bem estar ao longo do articulado.
181
1. Imagine que tem a missão de elaborar o projecto dos Estatutos da
Associação dos Estudantes da ISGECOF. Que passos podem seguir até a
redacção da proposta dos estatutos?
2. Imagine que o seu bairro está para organizar um concurso literário. Faça
um regulamento do concurso literário do seu bairro. Nesse regulamento
deve constar, dentre outros assuntos, prazo do concurso, os requisitos
para participar, géneros literários admissíveis, remessa das criações
literárias para concurso, júri para analisar as propostas, premição,
reclamações.
182
INTERPRETAÇÃO DA LEI E INTEGRAÇÃO DE LACUNAS
Definição
2. Elementos de Interpretação
Para a interpretação de uma lei toma-se como base alguns elementos dos quais
passamos a destacar os seguintes: elementos gramatical, racional, histórico,
sistemático, sociológico e o elemento teleológico.
1. Elemento Gramatical – é o texto da lei. Daí que se designa por elemento textual
ou literal. O elemento gramatical é a base da interpretação na medida em que o
conteúdo da lei está expresso em palavras que constituem o texto da lei.
2. Elemento Racional –é a ratio legis, ou seja, é a razão de ser de uma lei, os
porquês que levaram o legislador a aprovar aquela lei; é a justificação da lei.
3. Elemento Histórico –compreende as ideias, os pensamentos que eram
dominantes no momento da elaboração da lei. Abrange a ocasiolegis que são os
condicionalismos sócio-políticos, económicos que de alguma forma
influenciaram o legislador na aprovação da lei.
4. Elemento sistemático –atende a relação da lei a interpretar com outras leis do
mesmo sistema jurídico. As normas jurídicas não se aplicam de forma isolada,
mas sim de forma integrada e harmonioso. O elemento sistemático consiste em
183
procurar o sentido e alcance da lei em relação com outras do mesmo sistema
jurídico.
5. Elemento Sociológico –atende os efeitos que uma lei pode produzir na
sociedade, são os impactos, as implicações dessa lei na sociedade.
6. Elemento Teleológico – atende a finalidade ou objectivos que a lei pretende
alcançar.
3. Espécies de Interpretação
A interpretação da Norma Jurídica é feita tendo em conta os seguintes critérios:
critério da fonte ou valor e o critério do resultado.
184
Critério da Fonte ou Valor
Com base neste critério temos as seguintes espécies de interpretação:
a) Interpretação Autêntica - é feita pelo mesmo órgão que elaborou a lei através
de uma lei de valor hierárquico igual ao da lei interpretada. Maria Helena
Diniz267 define lei interpretativa como «Aquela que elucida o conteúdo,
sentido ou alcance de outra». Esta interpretação vincula todos os órgãos e
instituições públicas e privadas e o público em geral. Exemplos concretos de
interpretação autêntica:
A Assembleia da República aprovou a Lei nº 15/91, de 3 de Agosto
que estabelece normas sobre a reestruturação, transformação e
redimensionamento do sector empresarial do Estado incluindo a
privatização e a alienação a título oneroso de empresas,
estabelecimentos, instalações e participações sociais da propriedade
do Estado. Mais tarde a Assembleia da República aprovou a Lei nº
17/92, de 14 de Outubro que esclarece dúvidas de interpretação do
artigo 16 da Lei nº 15/91, de 3 de Agosto;
O Ministério da Indústria, Comércio e Turismo aprovou, pelo
Diploma Ministerial nº 202/98, de 12 de Novembro, o Regulamento
de Registo de Operador de Comércio Externo. Mais tarde o mesmo
ministério aprovou o Diploma Ministerial nº 48/2000, de 5 de Abril,
que esclarece dúvidas na interpretação do artigo 17 do regulamento
aprovado pelo Diploma Ministerial nº 202/98, de 12 de Novembro.
Em alguns casos o órgão que aprova uma determinada lei delega noutro órgão
(geralmente inferior) a fazer a interpretação autêntica da lei, caso surjam
dúvidas. Muitas vezes o Conselho de Ministros quando aprova um Decreto
delega num ministro a competência para esclarecer as dúvidas resultantes da
interpretação desse Decreto. Exemplos concretos de delegação da interpretação
autêntica:
185
Pedagógica estabelece que «os casos omissos e as dúvidas suscitadas na
aplicação deste Estatuto serão resolvidos pelo Conselho Universitário»;
O Diploma Ministerial nº 222/2010, de 17 de Dezembro aprova o Plano
de Contas aplicável às entidades habilitadas ao exercício da actividade
seguradora, bem como às entidades gestoras de fundos de pensões. O
artigo 5 deste diploma ministerial estabelece que «As dúvidas e omissões
que surgirem da interpretação e aplicação do presente Diploma
Ministerial são resolvidas pelo Inspector-Geral de Seguros»;
b) Interpretação Oficial –é feita por outros órgãos que não foram autores da lei e
só vinculam o órgão que a faz através de uma lei ou outro instrumento (Aviso,
Circular, Ordem de serviço, etc) de valor hierárquico inferior ao da lei
interpretada.
c) Interpretação Judicial – é feita pelos Juízes na aplicação dos casos submetidos
ao tribunal. Esta interpretação será vinculativa para o Juiz e as partes litigantes.
d) Interpretação doutrinária –é feita pelos estudiosos ou tratadistas do Direito.
Esta interpretação não é vinculativa mesmo para o seu autor.
Critério do Resultado
Com base neste critério temos as seguintes espécies de interpretação:
186
Interpretação Restritiva –esta ocorre quando o texto da lei pelo excesso, isto
é, quando a letra seja superior ao espírito da lei, quando os termos dizem mais
do que se pretendia dizer.
4. Argumentos interpretativos
Na interpretação das leis (e, também, dos factos jurídicos) os intérpretes
costumam-se socorrer, também, de alguns argumentos, denominados argumentos
interpretativos e argumentos forenses.
De acordo com Ana Prata269 este argumento «apresenta duas formas principais – a
lei que proíbe o menos também proíbe o mais (aplicável a normas proibitivas) e a
lei que permite o mais também permite o menos (aplicável a normas permissivas).
Por exemplo, da norma que proíba alguém hipotecar certo bem retira-se [da norma]
que a respectiva venda se encontra igualmente proibida, ou da regra que permita a
venda retira-se a permissão para a hipoteca».
187
chamado de argumento a minori ad majus. É um argumento tipicamente jurídico,
de origem latina, e sua melhor expressão talvez esteja no brocardo “quem pode o
mais, pode o menos”. Esse argumento baseia numa espécie de analogia,
semelhança ao argumento a pari. A diferença está em que não se apontam as duas
hipóteses como simplesmente análogos, mas se afirma que a hipótese proposta é
uma forma “maior” da hipótese paradigma. Assim, o argumento a fortiri trabalha
com uma ponderação de valores, relacionado duas hierarquias: a hipótese proposta,
para a qual se quer a aceitação do auditório, é dada como uma forma mais “ampla”,
“maior”, mais “grave” ou mais “evidente” da hipótese-paradigma, que se sabe
previamente aceita pelo auditório. (…) D menor se deduz o maior, do menos
evidente se deduz o mais evidente. P. ex.: se a negligência deve ser punida, a fortiri
deve ser punido o ato premeditado. (…)Com frequência se argumenta a fortiri na
análise da credibilidade das testemunhas, com base na frase bíblica “quem é infiel
no pouco, tembém o é no muito”. P. ex.: estando demonstrado que a testemunha X
mentiu sobre a cor do carro acidentado, a fortiri também não merece crédito quanto
à culpa na causação do acidente».
Ana Prata270 apresenta a noção deste argumento nos seguintes termos: «se a lei
estabelece certo regime para uma situação e se uma outra [lei], embora não
abrangida directamente por ela, é idêntica à primeira, então deve considerar-se que
também reentra nela».
271
Disponível no site: http://albertossantos.worldpress.com/artigos-juridicos/argumentação-forense/ (artigo
acedido em 21/10/2011)
188
estupro, a pari ratione a união estável entre ambos deve produzir o mesmo efeito.
(...) se o aborto é lícito na gravidez resultante de estupro, a pari é também lícito na
resultante de atentado violento ao pudor».
Para Ana Prata272«se a lei enuncia dado regime para certo tipo de situações, devem
as não previstas reger-se de forma diversa. Este argumento tem de ser usado com
cautela, pois só procede se se demonstrar que o regime estabelecido pela lei se
justifica apenas em relação ao tipo de situações regulado, isto é, tipicamente se a
norma tem carácter excepcional».
2. Integração de Lacunas
Para a integração de lacunas usa-se o processo intra-sistemático que consiste em o
hermeneuta procurar encontrar dentro do sistema jurídico as normas a aplicar ao
caso relevante mas não regulado. O processo normal intra-sistemático de
integração de lacunas é o recurso à Analogia
Nos termos do artigo 10 do Código Civil (sobre a integração de lacunas da lei), «1.
Os casos que a lei não preveja são regulados segundo a norma aplicável aos casos
análogos.(...) 2. Há analogia sempre que no caso omisso procedam as razões
justificativas da regulamentação do caso previsto na lei. (…) 3. Na falta de caso
análogo, a situação é resolvida segundo a norma que o próprio intérprete criaria, se
houvesse de legislar dentro do espírito do sistema».
189
Daí resulta que a integração de lacunas com recurso à analogia significa a
aplicação aos casos não regulados, omissos, das soluções aplicáveis aos casos
regulados mas com as necessárias adaptações.
Por exemplo, o artigo 7 do Código Comercial estabelece que «Os casos que o
presente Código não preveja são regulados segundo as normas desta lei aplicáveis
aos casos análogos e, na sua falta, pelas normas do Direito Civil que não forem
contrários aos princípios do Direito Comercial».
190
11.Fale, no mínimo em cinco linhas, sobre a Revogação de uma lei.
12.Fale sobre a repristinação de uma lei.
13.Presta atenção ao estabelecido no artigo 222 da Lei nº 23/2007, de 1 de
Agosto (Lei do Trabalho), interprete o artigo e responde às perguntas
colocadas:
«ARTIGO 222
(Noção)
191
perna direita. Berta Borges sofreu um acidente de trabalho?
Justifique a sua resposta com base na interpretação do artigo acima
transcrito.
b) Imagina que Berta Borges depois do acidente foi hospitalizada. O
Administrador da Sociedade de Estudos Financeiros Lda manda,
num fim de semana, Olinda Orga, Estafeta da mesma sociedade,
comprar uma refeição e entregar à colega hospitalizada. Durante o
percurso para o hospital Olinda Orga pisou na casca da banana e
caiu tendo contraído ferimentos nos joelhos. O acidente que Olinda
Orga sofreu é acidente de trabalho? Justifique a sua resposta com
base na interpretação do artigo acima transcrito.
14.Leia o artigo 8 da Lei nº 22/2019, de 11 de Dezembro e diga, justificando, se
no nosso país é admitido o casamento homossexual.
15.Leia o artigo 137 da Constituição da República de Moçambique (CRM) e
diga, justificando, se o Primeiro Ministro pode exercer, simultaneamente,
também a função de Ministro ou Vice-Ministro.
16.Leia o artigo 186 da CRM e diga, justificando, se é possível a Assembleia da
República aprovar uma lei com apenas 64 votos a favor?
17.Explique o estabelecido no nº 3 do artigo 87 da CRM.
18.Explique a alínea t), nº2 do artigo 178 da CRM.
19.Leia o artigo 109 da CRM e diga, justificando, se o Estado, como
proprietário da mesma, pode ou não vender a terra.
20.Leia o artigo 13do Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado,
provado pela Lei nº 10/2017, de 1 de Agosto e responda, justificando, às
seguintes perguntas:
a) Uma pessoa de nacionalidadeburundesa pode ser nomeada para o
quadro de pessoal do aparelho do Estado?
b) Uma pessoa que tem 28 anos de idade que ainda não cumpriu o
Serviço Militar Obrigatório e nem fez recenseamento para o
Serviço Militar Obrigatório pode ser nomeada para o quadro de
pessoal do aparelho do Estado?
22.O nº 1 do artigo 42 das Normas de Funcionamento dos Serviços da
Administração Pública, aprovadas pelo Decreto nº 30/2001, de 15 de
Outubro «No atendimento têm prioridade os idosos, os doentes, as
mulheres grávidas, e as pessoas portadoras de deficiência ou
192
acompanhadas de crianças de colo e, ainda, outros casos específicos
com necessidade de atendimento prioritário». Se as pessoas referidas
na passagem acima transcrita tem prioridade em relação a outras
pessoas não referidas, qual deve ser a prioridade entre as pessoas
referidas no artigo acima citado?
23.Interprete e diga em termos muito simples o que estabelece o artigo 88
do Código Civil.
24.Uma das partes do artigo 86 do Código Civil estabelece que «A
mulher casada tem o domicílio do marido». Interprete e comente esta
parte do artigo.
25.O artigo 9 do antigo Estatuto Orgânico da Presidência da República,
aprovado pelo Decreto Presidencial, nº 5/2008, de 15 de Junho,
estabelece que: «1. São funções do Gabinete da Esposa do Presidente
da República: [...] a)Apoiar a Esposa do Presidente da República no
exercício das funções oficiais decorrentes desta qualidade; (...) b)
Apoiar a Esposa do Presidente da República na realização de
iniciativas de carácter social e cultural que ela decida desenvolver»
Suponhamos que no futuro tenhamos uma Presidente da República, será que
o Gabinete referido no artigo 9 pode apoiar o Esposo da Presidente da
República? Justifique a sua resposta.
CODIFICAÇÃO
1. Noção de Código
Para Mário Bigotte Chorão273«Num sentido mais genérico, simples
compilação, privada ou oficial, de fontes jurídicas, que podem ser de
diferentes datas e abranger distintas matérias. Numa acepção mais
específica, adequada à codificação moderna, iniciada em fins do séc. XVIII
e princípios do séc. XIX, diplomas legislativos elaborados segundo critérios
sistemático-científicos, que respeitam a todo um importante sector ou ramo
do Direito e se destina a regulá-lo duradoiramente a partir de certo
momento».
273
«Código» in Polis: enciclopédia Verbo da Sociedade e do Estado, vol. 1, coluna 952
193
De acordo com João de Castro Mendes 274«Um código é uma lei que reúne,
de modo sistemático e tanto quanto possível completo, toda a
regulamentação de um certo ramo de direito ou parte importante deste».
Para Marcelo Rebelo de Sousa e Sofia Galvão 275 «Código é uma lei que
disciplina unitária, científica e sistematicamente os aspectos fundamentais
de uma determinada matéria jurídica. Em regra, de um ramo do Direito».
O Código é uma lei em sentido material pois pode ser aprovado por uma lei
da AR, Decreto-Lei, Decreto ou outro tipo de diploma legal.
194
Código dos Benefícios Fiscais, Código das execuções Fiscais, Código da
Sisa, Código do Imposto sobre Sucessões e Doações. Ou seja, cada um
desses códigos regula uma parte fundamental do Direito Fiscal.
276
Introdução..., pag. 326
277
Introdução..., pag.319
278
Introdução ao Estudo do Direito, pag. 111
279
«Código», in Polis: enciclopédia Verbo da Sociedade e do Estado, vol. 1, colunas 952/953
280
Introdução..., pag. 319
195
instrumentos políticos fundamentais. Mas não eram “códigos”; não, no
sentido que acabamos de fixar. (…) Tratavam-se de simples compilações
mais ou menos caóticas, mais ou menos empíricas, mais ou menos
fragmentárias. Numa linha muito semelhante à da “Lei das XII Tábuas” ou à
das nossas “Ordenações”. (…) Só o moderno movimento codificador
permite que se fale tecnicamente de “código”. A partir do final do século
XVIII».
196
Portugal ensaiaram-se as primeiras tentativas de codificação no reinado de
D. Maria I, devendo-se a Pascoal José de Melo freire (1738-1798) um
Projecto de Código de Direito Público e um Projecto de Código de Direito
Criminal. Mas só mais tarde(...) surgiram os primeiros códigos: Código
Comercial (Ferreira Borges), em 1833; Código Administrativo (passos
Manuel), em 1833; Código Penal, em 1852; Código Civil (Código de
Seabra), em 1867; Código de Processo Civil, em 1876. Posteriormente
apareceram novos C., para os mesmos ou para outros ramos jurídicos, v.g., o
Código Penal de 1886, O Código Comercial (Veiga Beirão), de 1888, O
Código de Processo Comercial de 1895, o Código de Processo Penal de
1929, etc.».
3. Características do Código
De acordo com José de Oliveira Ascensão 283 caracteriza um código moderno
em contraposição com os códigos antigos nos seguintes termos:
197
3) O código moderno é sistemático e científico, enquanto os códigos antigos
se caracterizavam frequentemente em seriações de textos, que quando
muito obedeceriam a critérios empíricos».
4. Causas da Codificação
Diogo Freitas do Amaral284 apresenta as seguintes causas da codificação:
«O Direito é um produto da Razão humana; (…) Como tal, deve ser lógico,
claro, bem ordenado, compreensível e igual para todos; (…) Os
costumes, sobretudo locais, são incertos, difíceis de conhecer e, muitas
vezes contraditórios, pelo que não produzem um Direito aceitável; (…)
As leis avulsas são heterogéneas, contraditórias, promulgadas em épocas
diferentes e por legisladores diversos e, portanto, não obedecem a um
pensamento unitário, coerente, racional, que é indispensável em qualquer
diploma legal, por razões de justiça e segurança ou certeza jurídica; (…)
Os direitos medieval, renascentista e absolutista exacerbavam o poder do
Estado, reduzindo a pouco os direitos individuais de cada um, ao passo
que o direito do Estado Liberal, saído da Revolução Francesa e das
revoluções congéneres que se propagaram na Europa, deve respeitar os
direitos humanos (…); Logo, o direito post-revolucionário, para respeitar
a Justiça, a Segurança e os Direitos Humanos, deve ser expresso em
códigos racionais, científicos e inteligíveis, redigidos em preceitos iguais
para todos os cidadãos».
a) Causas Ideológicas
Introdução...,pág. 314
285
198
ojusracionalista se dissociava da ordem que encontrava na sociedade, e
como considerava, não só lícita mas necessária, a sua substituição por
uma ordem racional, por vezes em contraste com a ordem existente. (…)
Essa substituição era também possível. A razão humana podia elevar-se à
totalidade dos princípios que deveriam regular a vida social – ao direito
natural, dentro da visão da época. O direito positivo deveria reflectir
fielmente esse direito natural. O Código estava pois destinado a ser a
raisonécrite, participando do carácter sacral de que na época estava
nimbada a referência à razão humana».
b) Causas políticas
-impor uma legislação geral, que arredasse estatutos especiais. (…) o código
podia permitir, impondo-se como lei comum a todas as pessoas, abolir os
privilégios ou leis particulares existentes;
(…)
Introdução...,págs. 314/315
286
199
2) No plano externo, não podemos esquecer outros factores que estiveram
presentes no movimento da codificação. Se um certo país se consegue
reduzir a lei o conjunto de princípios que se afirmaram impostos pela
razão humana, esses princípios, cuja praticabilidade se pressupõe, podem
exercer grande atracção sobre países vizinhos. Nomeadamente, podem
conseguir o favor de certas camadas, preparando terreno para a sua
aceitação geral. (…) o Código Civil Francês de 1804 (…) conhecido por
Código de Napoleão, não apenas por ter sido elaborada sob a égide deste
como até pela valiosa intervenção pessoal de Napoleão teve na sua
elaboração. Este código, tradutor de um modo individualista de conceber
a sociedade, funcionou nas guerras napoleónicas como arma ofensiva: o
prestígio que ganhou no estrangeiro preparou o terreno, conquistando os
espíritos, para a conquista pelas armas, que se seguiu de perto».
Introdução...,pág. 315
287
200
c) CausasTécncico-jurídicas
d) Causas Práticas
288
Introdução..., pág. 316
289
Introdução...,pág. 317
290
«Código», in Polis: enciclopédia Verbo da Sociedade e do Estado, vol. 1, coluna 953
201
De acordo com Marcelo Rebelo de Sousa e Sofia Galvão 291 «Na época
[entenda-se do surgimento da codificação], as vantagens imediatas foram
várias (…). ultrapassou-se a fragmentação do Direito. Ultrapassou-se a
multiplicidade confusa das ordens consuetudinárias. (…) Mas algo ficou.
Muito mais sólido e perene. I) A facilitação na apreensão do Direito. (…) II)
A coerência sistemática das soluções jurídicas. (…) III) A segurança das
referências interadas no trabalho do jurista».
2. Desvantagens da Codificação
291
Introdução..., pags. 319/320
292
«Código», in Polis: enciclopédia Verso da Sociedade e do Estado, vol. 1, colunas 953/954
293
Introdução..., pags. 317 e 318
294
«Codificação», in Enciclopédia Luso Brasileira da Cultura, Edição século XXI, coluna 258
202
Para Mário Bigotte Chorão295 a codificação tem como desvantagens
o«imobilismo legislativo, conservadorismo doutrinal e idolatria legalista,
com a consequente frustração de finalidades essenciais do Direito.
Sobretudo na fase inicial, inquinada de “ideologismo” legalista e
codificador, a codificação favoreceu, incontestavelmente, algumas perigosas
distorções quanto à verdadeira natureza e metodologia do Direito:
sacrificou-se o pluralismo social e jurídico ao minismo estatista; em nome
do primado da lei ignorou-se o valor do costume e das fontes autónomas;
pretendeu-se que o ordenamento positivo estaria isento de lacunas (princípio
da plenitude do ordenamento jurídico); quis-se proibir ao juiz a interpretação
da lei codificada ou impor-lhe uma subserviente aplicação literal».
295
«Código», in Polis: enciclopédia Verso da Sociedade e do Estado, vol. 1, coluna 954
296
Introdução..., pag. 318
297
Introdução..., pag. 320
203
exegese arguta. Esquece-se a dimensão verdadeiramente criadora do
trabalho do jurista. Esquece-se a procura do Direito justo. O jurista
contempla o que lhe é dado e torna-se estruturalmente conservador».
3. Formas da Codificação
De acordo com A. Rodrigues Queiró300 a Codificação pode assumir três
formas diferentes:
- Primeira forma :
204
matérias reguladas».Exemplos: Codificação «do direito constitucional, do
direito civil, do direito comercial, do direito criminal, do direito
processual civil, do direito processual criminal e do direito canónico
(pontífício da Igreja Latina)»
-Segunda forma:
-Terceira forma:
4. Codificação em Moçambique
a) Considerações gerais
205
Um considerável número de códigos em vigor em Moçambique foram
aprovados no período colonial. O artigo 71 da Constituição da República
Popular de Moçambique, de 1975, preceituava que “Toda a legislação
anterior no que for contrária à Constituição fica automaticamente
revogada. A legislação anterior no que não for contrária à Constituição
mantém-se em vigor até que seja modificada ou revogada”. Esta
disposição constitucional mantinha em vigor muita legislação, incluindo
códigos, aprovada no tempo colonial.
206
b) Principais códigos em Moçambique
207
marítimo. Foi alterado pelo Decreto-Lei nº 2/2009, de 4 de Abril. O
seu Decreto-Lei preambular tem 7 artigos. O Código Comercial tem
838 artigos. O Livro Primeiro trata do exercício da empresa
comercial. Este livro compreende o Título I que trata das disposições
gerais; o Título II que trata da capacidade empresarial, empresários e
suas obrigações; o Título III trata dos lugares destinados ao comércio
(mercados e feiras; armazéns gerais do comércio; armazéns ou lojas
de venda); o Título IV trata do Estabelecimento Comercial. O Livro
Segundo trata das Sociedades Comerciais. O Título I é a parte geral; o
Título II trata das Sociedades Comerciais em Especial (Sociedade em
nome Colectivo, Sociedade em Comandita, Sociedade de Capital e
Indústria, Sociedade por Quotas, Sociedade por Quotas com Único
Sócio, Sociedade Anónima). O Livro Terceiro trata dos Contratos e
Obrigações Comerciais. O Título II é a parte geral; o Título II trata
dos Contratos em Especial (compra e venda mercantil, contrato de
reporte, contrato de fornecimento, escambo ou troca, contrato de
prestação de serviços mercantis, contrato de agência, contrato de
transporte, contrato de consórcio). O Livro Quarto trata dos Títulos de
Crédito. O Título I trata dos títulos de crédito em geral; o Título II
trata das Letras e Livranças, o Título III trata do Cheque).
Código da Estrada. Aprovado pelo Decreto-Lei nº 1/2011, de 23 de
Março; publicado no BR nº 12, 4º Suplemento, de 23 de Março de
2011. Tem uma rectificação publicada no BR nº 17, I Série, de 29
Abril de 2011. Este código revoga o anterior aprovado pelo Decreto-
Lei nº 36 672, de 20 de Maio de 1954. O Decreto-Lei preambular do
Código da Estrada tem 3 artigos e a Código da Estrada tem 186
artigos e 2 anexos. O Título I trata das disposições gerais; o Título II
trata do trânsito de veículos e animais; o Título III trata do trânsito de
peões; o Título IV trata dos veículos; o Título V trata da habilitação
legal para conduzir; o Título VI trata da responsabilidade (acidentes
de viação); o Título VII trata dos procedimentos de fiscalização e o
Título VIII trata do processo [de contravenções].
Código da Propriedade Industrial. Foi aprovado pelo Decreto nº
47/2015, de 31 de Dezembro. Nos termos do artigo 2 do Código «O
presente diploma estabelece o regime especial de proteccao dos
208
direitos da propriedade industrial e define os direitos e obrigações
emergentes da sua concessão e registo, incluindo os mecanismos de
fiscalização e as sanções que resultem da sua violação, com vista a
promoção da inovação, transferência e disseminação de tecnologia e
protecção dos consumidores».
Código da Publicidade. Aprovado pelo Decreto nº 65/2004, de 31 de
Dezembro; publicado no BR nº 52, I Série, de 31 de Dezembro de
2004. O seu decreto preambular tem 5 artigos e o próprio código tem
40 artigos.
Código das Custas Judiciais. Aprovado pelo Decreto nº 43809, de
20 de Julho de 1961. Alterado por vários diplomas, podendo-se
destacar o Decreto nº 48152, de 23 de Dezembro de 1967; Decreto nº
570/73, de 31 de Outubro; Decreto nº 82/2009, de 29 de Dezembro;
Decreto nº 9/2018, de 9 de Março..
Código das Execuções Fiscais. Aprovado pelo Decreto nº 38 008, de
31 de Março de 1951. Revogados os artigos 147 e 148 do Código das
Execuções Fiscais, pelo Decreto-Lei nº 1/2013, de 4 de Julho.
Código de Benefícios Fiscais. Aprovado pela Lei nº 4/2009, de 12 de
Janeiro. O Código foi publicado com erros por isso foi publicado o
Aviso de 30 de Abril de 2009 que rectifica o artigo 36 da Lei nº
4/2009.
Código de Processo Civil. Aprovado pelo Decreto-Lei nº 44 129, de
28 de Dezembro de 1961. Alterado pelo Decreto-lei nº 47 690 de 11
de Maio de 1967. Tornado extensivo a Moçambique pela Portaria nº
23 090, de 26 de Dezembro de 1967. Foi alterado pelo Decreto-Lei nº
1/2009, de 24 de Abril. O Livro I trata da acção. O Título I trata da
acção em geral e o Título II trata da acção executiva. O Livro II trata
da competência e das garantias da imparcialidade. O Livro III trata do
Processo. O Título I trata das disposições gerais; o Título II trata do
processo de declaração; o Título III trata do processo de execução e o
Título IV trata dos processos especiais. O Livro IV trata do tribunal
arbitral. O Título I trata do tribunal arbitral voluntário e o Título II
trata do tribunal arbitral necessário. A Lei da Arbitragem (Lei nº
11/99, de 8 de Julho) também alterou alguns artigos do Código de
Processo Civil. O Decreto-Lei nº 1/2013, de 4 de Julho, revogou os
209
artigos 1122 a 1325 do Código de Processo Civil.
Código de Processo de Trabalho. Aprovado pelo Decreto-Lei nº 45
497, de 30 de Dezembro de 1963, extensivo a Moçambique pela
Portaria nº 87/70, de 16 de Março.
Código de Processo Penal.Aprovado pelanº 25/2019, de 26 de
Dezembro que revoga o antigo Código de Processo Penal,aprovado
pelo Decreto nº 16489, de 15 de Fevereiro de 1929, tornado extensivo
a Moçambique pelo Decreto nº 19271, de 24 de Janeiro de 1931.
Código do Imposto de Selo. Aprovado pelo Decreto nº 6/2004, de 1
de Abril. Alterado pelo Decreto nº 38/2005, de 29 de Agosto.
Código do Imposto Sobre Consumos Específicos. Aprovado pela
Lei nº 17/2009, de 10 de Setembro. Alterado pela Lei nº 5/2012, de 23
de Janeiro e Lei nº 2/2013, de 7 de Janeiro
Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas
Colectivas.Aprovado pela Lei nº 34/2007, de 31 de Dezembro;
publicado no BR nº 52, 3º Suplemento, de 31 de Dezembro de 2007.
Foi alterado pela Lei nº 20/2009, de 10 de Setembro, pela Lei nº
4/2012, de 23 de Janeiro e alterado também pela Lei nº 19/2013, de 23
de Setembro. A sua lei preambular tem 4 artigos e o próprio código
tem 77 artigos.
Código de Execução de Penas. Aprovado pela Lei nº 26/2019, de 27
de Dezembro.
Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares.
Aprovado pela Lei nº 33/2007, de 31 de Dezembro; publicado no BR
nº 52, 3º Suplemento, de 31 de Dezembro de 2007, alterado também
pela Lei nº 20/2013, de 23 de Setembro. A sua Lei preambular tem 4
artigos e o próprio código conta com 74 artigos.
Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado. Aprovado pela Lei
nº 32/2007, de 31 de Dezembro; publicado no BR nº 52, 3º
Suplemento, de 31 de Dezembro de 2007. Alterado pela Lei nº
3/2012, de 23 de Janeiro. A sua lei preambular tem 4 artigos e o
próprio código com 52 artigos e 2 anexos.
Código do Imposto Sobre Sucessões e Doações. Aprovado pela Lei
nº 28/2007, de 4 de Dezembro; publicado no BR nº 48, I Série, 4º
Suplemento, de 4 de Dezembro de 2007. Tem apenas 22 artigos.
210
Código do Mercado dos Valores Mobiliários. Aprovado pelo
Decreto-Lei nº 4/2009, de 24 de Julho; publicado no BR nº 29, 2º
Suplemento, de 24 de Julho de 2009. O seu decreto-lei preambular
tem 3 artigos e o código conta com 157 artigos. Nos termos do artigo
1 do Código do Mercado de Valores Mobiliários «O presente Código
tem por objecto estabelecer os princípios e disposições fundamentais
porque se regem a organização e o funcionamento dos mercados dos
valores mobiliários, assim como as operações neles realizados e as
actividades que nesses mercados exerçam todos os agentes que neles
intervêm». A alínea h), nº 1 do artigo 3 do Código do Mercado dos
Valores Mobiliários, estabelece que «Mercado de valores mobiliários
– o conjunto dos mercados organizados ou controlados pelas
autoridades competentes e onde esses valores se transaccionam».
Código do Notariado. Aprovado pelo Decreto-Lei nº 4/2006, de 23
de Agosto; publicado no BR nº 34, I Série, de 23 de Agosto de 2006.
O seu decreto-lei preambular tem 2 artigos e o próprio código tem 213
artigos.
Código do Registo Civil. Aprovado pela Lei nº 12/2018, de 4 de
Dezembro.
Código do Registo Predial.Aprovado peloDecreto-Lei nº 2/2018, de
23 de Agosto que revoga o anterior que tinha sido aprovado pelo
Decreto-Lei nº 47 611, de 28 de Março de 1967, extensivo ao ultramar
pela Portaria nº 23 088, de 26 de Dezembro de 1967.
Código do SISA. Aprovado pelo Decreto nº 46/2004, de 27 de
Outubro; publicado no BR nº 43, I Série, de 27 de Outubro de 2004.
Tem apenas 42 artigos. Nos termos do nº 1 do artigo 1 do Código da
Sisa, «A Sisa incide sobre as transmissões, a título oneroso, do direito
de propriedade ou de figuras parcelares desse direito, sobre os bens
imóveis». Nos termos do nº 2 do artigo 1 do Código do Sisa «(...)
consideram-se bens imóveis, os prédios urbanos situados em território
nacional».
Código dos Benefícios Fiscais. Aprovado pela Lei nº 4/2009, de 12
de Janeiro; publicado no BR nº 1, I Série, 3º Suplemento, de 12 de
Janeiro de 2009. Tem uma lei preambular com 4 artigos e o próprio
código com 54 artigos. Esta lei tem uma falha de Técnica Legislativa:
211
o artigo 4 da lei preambular estabelece que “A presente Lei entra em
vigor em 1 de Janeiro de 2009”, depois segue a data da aprovação pela
Assembleia da República e a assinatura do presidente deste órgão. De
seguida é apresentada a data da promulgação pelo Presidente da
República seguido de sua assinatura. Por sua vez o artigo 54 do
Código repete o que consta do artigo 4 da lei preambular seguido da
data da aprovação pela AR e a assinatura do presidente deste órgão e a
data da promulgação pelo PR e a assinatura deste. Ou seja, o artigo 54
do Código dos Benefícios Fiscais é desnecessário tendo em conta o
previsto no artigo 4 da lei preambular.
Código Penal.Aprovado pela Lei nº 24/2019. De 24 de Dezembro.
Revoga o anterior,aprovado pela Lei nº 35/2014, de 31 de Dezembro
que por sua vez substitui o Código Penal aprovado pelo Decreto de 16
de Setembro de 1886.
Código Penal e Disciplinar da Marinha Mercante. Aprovado pelo
Decreto-Lei nº 33252, de 20 de Novembro de 1943 e tornado
extensivo a Moçambique pela Portaria nº 10607, de 19 de Fevereiro
de 1944.
Código Tributário Autárquico. Aprovado pelo Decreto nº 63/2008,
de 30 de Dezembro.
Diogo Freitas do Amaral301 define Princípios gerais de Direito como «as máximas
ou fórmulas, enunciadas de forma condensada, que exprimem as grandes
orientações e valores que caracterizam uma dada ordem jurídica, ou um certo ramo
ou subramo do Direito»
213
2. Diferença entre princípio e regra
De acordo com Diogo Freitas do Amaral 302 “os princípios são a fonte geradora de
regras; as regras são o produto dimanado dos princípios. Estes são a causa; aquelas
são o efeito”.
Quanto à forma:
214
b) Princípios deduzidos: não estão expressamente enunciados, «têm de ser
deduzidos de valores superiores (o princípio da presunção da inocência do
arguido».
Quanto à função:
Quanto à estrutura:
215
a) Princípios-valor: «que apenas referem um valor jurídico superior, de onde
podem brotar diversas normas jurídicas, por dedução (por ex., o “princípio
da justiça” ou o “princípio da boa fé”)».
i. Princípio da igualdade
Está consagrado no artigo 35 da CRM, nos termos da qual “Todos os cidadãos são
iguais perante a lei, gozam dos mesmos direitos e estão sujeitos aos mesmos
deveres, independentemente da cor, raça, sexo, origem étnica, lugar de nascimento,
religião, grau de instrução, posição social, estado civil dos pais, profissão ou opção
política”.
“Princípios Gerais doe Direito” in POLIS: Enciclopédia Verbo da Sociedade e do Estado: Antropologia, Direito,
306
216
De acordo com Carlos Alberto da Mota Pinto307 “O que o princípio da igualdade
impõe é uma proibição do arbítrio na diferenciação das hipóteses legais. Impõe que
o legislador não possa tratar arbitrariamente o essencialmente igual como desigual,
nem o essencialmente desigual arbitrariamente como igual”.
Este princípio aplica-se naqueles casos em que pela actuação de qualquer pessoa
(singular ou colectiva, pública ou privada) pode lesar os direitos de outrem.
De acordo com este princípio o uso da força deve ser proporcional aos objectivos a
atingir e lesando pouco os direitos e interesses das pessoas.
Este princípio aplica-se também aos casos de legítima defesa, acção directa e
estado de necessidade.
217
iii. Princípio da Imparcialidade
De acordo com este princípio a Administração Pública deve tratar as pessoas com
imparcialidade (neutralidade).
De acordo com este princípio os direitos dos cidadãos devem ser garantidos pelo
Estado e outros poderes públicos.
v. Princípio do contraditório
De acordo com este princípio, nenhuma condenação deve ser feita sem que o
acusado tenha direito de apresentar a defesa.
218
Este é o princípio típico do Direito processual, nos termos do qual os processos
devem ser conduzidos de modo a ser conclusos o mais urgente possível ou em
prazo razoável.
RAMOS DO DIREITO
1. Requisitos para que uma área do saber do direito possa constituir um ramo
Para que uma área de saber do Direito seja considerada Ramo de Direito são
necessários, pelo menos, um dos seguintes requisitos:
219
Autonomia legislativa
Uma área de saber jurídico precisa de ter uma lei ou leis que tratam
exclusivamente dessa matéria.
Autonomia didáctica
Uma área de saber jurídico precisa de ter uma disciplina (cadeira) que ensina essa
matéria.
220
Direito Interno é um conjunto de normas jurídicas que regulam as relações sociais
que se desenrolam no âmbito interno de um determinado Estado. Tem uma eficácia
interna, isto é, só são válidas dentro do território de um determinado Estado e,
excepcionalmente, no estrangeiro.
José Dias Marques309 critica este critério nos seguintes termos: «É sabido, porém,
que ao mesmo tempo que entre o interesse público e o privado se dão situações de
221
conflito, ocorrem igualmente situações de solidariedade, acontecendo que da
protecção normativa do interesse do Estado igualmente beneficie o indivíduo,
assim como a protecção dos interesses deste pode ser útil a toda a comunidade».
É por isso que José Dias Marques310 reformula o Critério dos Interesses nos
seguintes termos: «Daí a necessidade de atender não apenas à existência ou
inexistência, do interesse público mas antes ao modo da protecção jurídica tanto
desse interesse como do interesse dos particulares. Partindo desta ideia, caberá
então distinguir aqueles casos em que a protecção directa do interesse público
conduz à satisfação reflexa dos interesses privados (Direito Público), daqueles
outros em que a lei organiza directamente a protecção de interesses privados
(Direito Privado) sem prejuízo, aliás, da satisfação reflexa dos interesses públicos
que com eles se encontram em conexão. E, deste modo, será norma qualificada
como pertencente ao Direito Público ou ao Direito Privado conforme os direitos
por ela atribuídos visam proteger directamente o interesse da comunidade ou dos
particulares.(...) Vistas as coisas sob este prisma, dir-se-á, por exemplo, que o
Direito Processual Civil é público porque o interesse que ele protege directamente
é o interesse colectivo da realização do Direito sem prejuízo de reconhecer-se que,
com a satisfação imediata deste interesse, fica reflexamente beneficiado o
particular que se dirigiu aos tribunais e deles obteve e tutela do seu direito».
João de Castro Mendes312 também critica esta teoria da seguinte maneira: «A este
critério têm-se dirigido muitas críticas. Em algumas há uma ponta de exagero – por
exemplo, na que sustenta que o critério pretende reduzir o direito privado a um
310
Introdução..., págs. 233/234
311
Introdução..., pag. 234
312
Introdução ao Estudo do Direito, pag. 179
222
direito individualista, que beneficia os particulares isoladamente considerados, sem
a união numa solidariedade comum (…)».
Críticas
João de Castro Mendes314 entende que este critério também é insuficiente, porque
«O Estado – para falar só neste caso fundamental – aceita muitas vezes intervir, no
mesmo plano que os particulares, em relações que continuam, portanto, a ser de
direito privado – pode ter (ao lado do domínio público) o seu domínio privado
(Código Civil, art. 1304º), pode ser responsabilizado em termos de direito privado
(artigo 501º do Código Civil), pode ser herdeiro nos mesmos termos (artigo 2153º
do Código Civil, etc».
João de Castro Mendes315 acrescenta que «Deve exigir-se portanto que a relação,
para ser de direito público, se trave entre entidades dotadas de autoridade política
e que intervenham na relação munidas dessa autoridade, reservando para o
campo das relações de direito privado, não só as relações entre particulares (não
dotados de autoridade política), mas também as relações de que sejam sujeitos
313
Introdução..., pág. 179
314
Introdução..., pág. 179
315
Introdução..., págs. 179/180
223
entidades dotadas de autoridade política, mas intervenham nessa relação
desprovidas dessa autoridade, no mesmo plano que os particulares».
v. Conclusão
Estamos perante uma relação jurídica de Direito Público naqueles casos em que,
pelo menos, um dos sujeitos da relação jurídica é Estado ou outra pessoa colectiva
de Direito Público (Autarquia local, Instituto Público, etc) e, excepcionalmente,
privados, no uso do jus imperii(poder de autoridade pública). Estamos perante
uma relação Jurídica de Direito privado naqueles casos em que nenhum dos
sujeitos da relação jurídica está no uso do jusimperi.
224
relação jurídica de Direito Público, pois, nesta relação o Estado está no uso do seu
jus imperri. Aqui entre o Estado e a Entreposto de Moçambique não há igualdade
entre as partes, pois uma das partes (neste caso o Estado) está em supremacia em
relação à outra parte. O Estado está numa relação de supremacia em relação à
empresa Entreposto de Moçambique. Em caso de conflito entre o Estado e a
empresa Entreposto de Moçambique vão se aplicadas, primeiramente, normas de
Direito fiscal e subsidiariamente de outros ramos de Direito e o conflito vai ser
dirimido por um tribunal fiscal podendo caber recurso ao Tribunal Administrativo.
-Se estamos perante uma relação jurídica entre o Conselho Municipal da Cidade de
Maputo e o Ministério das Pescas relativa à atribuição do direito de uso e
aproveitamento da terra, estamos perante uma relação jurídica de Direito Público
pois o Conselho Municipal está no uso do seu jus imperii. Em caso de conflito
recorre-se à normas de Direito Público e o conflito será dirimido no Tribunal
Administrativo.
225
relações jurídicas de Direito público, pois uma das partes (empresa privada
CrownAgents) estava investida de poderes de autoridade pública (jus imperii)
A. 0
B. Direito das Obrigações
A obrigação é o vínculo jurídico por virtude do qual uma pessoa fica adstrita para
com a outra a realizar uma prestação ou à realização de uma prestação. (ver o
artigo 397 do Código Civil).
+++++++
226
o Instituicoes moçambicanas
+++
o Instituicoes internacionais
++++
O Direito das obrigações tem o seu repositório no Livro II do Código Civil (do
artigo 397 a 1250 do Código Civil). São fontes de obrigações os contratos, a
responsabilidade civil, a gestão de negócios e o enriquecimento sem causa.++++++
++++++
Este direito real permite extrair da coisa as utilidades que ela apresenta e isso
implica por parte de todas as outras pessoas um dever geral de respeito. É a
chamada obrigação passiva universal.
+++++++
227
Enquadramento institucional dos Direitos Reais
o Instituicoes moçambicanas
+++
o Instituicoes internacionais
++++
Legislação Fundamental sobre os Direitos Reais
Os Direitos Reais tem o seu repositório no Livro III do Código Civil (do artigo
1251 a 1575 do Código Civil). Os Direitos Reais tratam de muitas matérias
podendo-se destacar a posse, a propriedade, o usufruto, o direito de superfície.+++
+++
++++++
Direito da Família
É o conjunto de normas e princípios jurídicos que regulam as relações jurídicas
provenientes do casamento, procriação e adopção. Destes três factos derivam os
seguintes vínculos jurídicos básicos: matrimónio, parentesco e afinidade.
+++++++
o Instituicoes moçambicanas
-Ministerio do Genero, Criança e Acção social;
228
-Tribunal de Menores da Cidade de Maputo;
-Trinbunais judiciais.
o Instituicoes internacionais
-UNICEF
-Save the Children
-+++
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito da Família
229
Ciencias auxiliares ao Direito das Sucssoes
o Instituicoes moçambicanas
+++
o Instituicoes internacionais
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito das Sucessões
++++++
230
A. Direito do Trabalho
Para Mónica Filipe NhaneWaty317 o «Direito do Trabalho corresponde ao conjunto
de princípios e normas jurídicas disciplinadoras do contrato de trabalho; ou seja,
que respeitam a uma actividade produtiva exercida livremente para outrem e de
forma subordinada, bem como todas as restantes normas e princípios que estejam
relacionadas com o trabalho subordinado, sempre que tais normas e princípios
tenham sido elaborados com a finalidade de directa ou indirectamente,
regulamentar o trabalho subordinado».
É o ramo de Direito que trata da relação do trabalho subordinado não regulado por
outros ramos do Direito. É um conjunto de normas jurídicas que regulam as
relações jurídicas provenientes do Contrato de Trabalho. Designa-se por Contrato
de Trabalho, nos termos do artigo 1152 do Código Civil, ao vínculo jurídico pelo
qual uma pessoa se obriga mediante retribuição a prestar a sua actividade
intelectual ou manual a outra pessoa sob autoridade e direcção desta.
Sobre se o Direito do Trabalho faz parte do direito público ou direito privado, vale
pena ver a reflexão de Mónica Filipe NhaneWaty318: «O Direito do Trabalho é
tradicionalmente no âmbito do Direito Privado – o contrato de trabalho é negócio
jurídico obrigacional, e não se põe em dúvida a sua natureza privatística. (…)
Como se baseia no contrato de trabalho, toda a regulamentação de Direito do
Trabalho deveria enquadrar-se no Direito privado. Autores há, porém, que
levantam dúvidas e consideram-no ramo de Direito Público, ou híbrido (misto de
Direito Privado e de Direito Público)».
231
obrigacional. O Direito do Trabalho autonomizou-se do Direito das Obrigações,
mas o seu núcleo essencial, é o contrato de trabalho, incluindo no âmbito dos
contratos previstos neste ramo de Direito, com algumas especificidades, sendo por
isso o seu regime de Direito Privado».
o Instituicoes moçambicanas
Públicas
-Ministerio do Trabalho, Emprego e Seguranca Social;
Privadas
-OTM – Central Sindical;
-Partido Trabalhista;
+++
o Instituicoes internacionais
-Organizacao Internacional do Trabalho
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito do Trabalho
232
MÓNICA FILIPE NHANE WATY. Direito do Trabalho. Maputo: W&W Editora,
2008
++++++
B. Direito Comercial
+++++++
o Instituicoes moçambicanas
-Ministerio da Ind’ustria e Com’ercio;
+++
o Instituicoes internacionais
-Organizacao Internacional do Comércio;
Manual..., pag.309
320
233
-++++
Legislação Fundamental sobre o Direito Comercial
++++++
A. Direito Constitucional
Diogo Freitas do Amaral321 define Direito Constitucional como «ramo do direito
público composto pelo sistema de normas jurídicas que regulam a organização e o
funcionamento dos Poderes do Estado, asseguram a protecção efectiva da
constitucionalidade das leis e dos direitos fundamentais dos cidadãos, e definem as
tarefas essenciais do Estado, bem como os grandes objectivos da governação
pública».
234
Ciencias auxiliares ao Direito Constitucional
o Instituicoes moçambicanas
-Assembleia da República;
-Conselho Constitucional
+++
o Instituicoes internacionais
++++
++++++
Direito Parlamentar
235
Ciencias auxiliares ao Direito Parlamentar
+++++++
o Instituicoes moçambicanas
-Assembleia da República
+++
o Instituicoes internacionais
-Uniao Interparlamentar
-Associacao Parlamentar da Commonwealth
-Forum dos Parlamentos da CPLP;
-Forum Parlamentar da SADC
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito Direito Parlamentar
236
FREDERICO FERNANDO NGOME, Glossário Parlamentar. Maputo:
Secretariado Geral da Assembleia da República, 2004; JOSEPH HANLON, Guia
sobre a Assembleia da República. Maputo: AWEPA, 1997
++++++
Direito da Nacionalidade
Ciencia Politica
Relacoes Internacionais
+++++++
o Instituicoes moçambicanas
-Ministério do Interior
+++
o Instituicoes internacionais
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito da Nacionalidade
237
Bibliografia fundamental sobre o Direito da Nacionalidade escrita por
moçambicanos ou escrita por estrangeiros sobre a realidade moçambicana
Direito Eleitoral
O Direito Eleitoral pode ser definido como sistema de normas que regulam o
processo eleitoral para os cargos políticos e autárquicos.
o Instituicoes moçambicanas
Públicas
-Comissao Nacional de Eleicoes;
Secretariado Técnico de Administração eleitoral
-Conselho Constitucional
Privadas
-EISA
-Observatório Eleitoral
+++
o Instituicoes internacionais
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito Eleitoral
O Direito Eleitoral tem as suas normas contidas na CRM [artigos 73, 74, 135, 146,
147, 154, alínea d) do artigo 158, alínea d) do artigo 165, 169, alínea d), nº 2 do
artigo 178, nº 2 do artigo 187, alínea d), nº 2 do artigo 243, nºs 1 e 2 do artigo 278,
nº 2 do artigo 279, nºs 1 e 2 do artigo 282, nº 2 do artigo 283, nºs 2, 4 e 5 do artigo
289, alínea e), nº 1 do artigo 300, artigo 311], legislação eleitoral: Actualmente
238
estão em vigor a Lei 2/2019, de 31 de Maio, que Altera e republica a Lei nº 8/2013,
de 27 de Fevereiro, que estabelece o quadro jurídico para a eleição do Presidente
da República e dos deputados da Assembleia da República; Lei nº 3/2019, de 31 de
Maio, que Estabelece o Quadro Jurídico para a eleição dos membros da
Assembleia Provincial e do Governo de Província; Lei nº 7/2018, de 3 de Agosto,
alterada e republicada pela Lei nº 14/2018, de 18 de Dezembro (Atinente a Eleição
dos Titulares dos Órgãos das Autarquias Locais. A Comissão Nacional de Eleições
aprova muitas deliberações que complementam a legislação acima referida. O
conselho constitucional tem muitos acordaos e deliberações sobre as eleições.++++
++
Direitos Fundamentais
+++++++
239
Enquadramento institucional dos DireitosFundamentais
o Instituicoes moçambicanas
P’ublicas
-++++
Privadas
-
+++
o Instituicoes internacionais
++++
Legislação Fundamental sobre o Direitos Fundamenatais
++++++
B. Direito Administrativo
Diogo Freitas do Amaral do Amaral323 define Direito Administrativo como «ramo
do direito público constituído pelo sistema de normas jurídicas que regulam a
organização e o funcionamento dos órgãos do Poder Executivo do Estado, bem
240
como dos entes públicos menores, e que asseguram a protecção dos direitos dos
particulares face à Administração pública e desta perante aqueles».
o Instituicoes moçambicanas
-Ministerio da Administracao Estatal e Função Pública
-Tribunal Administrativo
-Tribunais administrativos
241
+++
o Instituicoes internacionais
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito Administrativo
++++++
++++++
242
Do Direito Administrativo autonomizou-se o Direito Financeiro e está-se
autonomizando o Direito das Autarquias Locais. Também, está a
autonomizar-se o Direito Militar, o Direito Policial, Direito Escolar, Direito da
Saúde, Direito da informação, Direito do urbanismo.
São ciências auxiliares do Direito das Autarquias Locais, para al;’em das auxiliares
ao Direito Administrativo, o Urbanismo, +++.
+++++++
o Instituicoes moçambicanas
P’ublicas
-Ministerio da Administracao Estatal e Funcao Publica
-Autarquias Locais
Privadas
Associacao Nacional de Municipios
+++
o Instituicoes internacionais
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito das Autarquias Locais
243
Tem as suas normas contidas na CRM [artigos 271 a 281]. Consta da
legislação autárquica: Lei nº 2/97, de 18 de Fevereiro (revogados os
artigos 20 a 24 desta lei pela Lei nº 1/2008; Lei 7/97 de 31 de Maio
(tutela administrativa); Lei nº 6/2007 (altera a Lei nº 7/97); Lei nº
8/97, de 31 de Maio (Estatuto especial da Cidade de Maputo); Lei nº
9/97 de 31 de Maio (estatuto dos titulares dos órgãos autárquicos); Lei
nº 11/2003 (altera a Lei 9/97); Lei nº 21/2007 (altera a Lei nº 9/97);
Lei nº 10/97, de 31 de Maio (criação de municípios nas cidades e
vilas); Lei no 3/2008 de 2 de Maio de 2008 (Cria autarquias de vila em
algumas circunscrições territoriais); Lei nº 1/2008, de 16 de Janeiro
(Finanças e património autárquicos)
++++++
++++++
Direito Militar
244
«O direito militar pode ser estudado sob três aspectos: administrativo,
disciplinar e penal, apesar de o aspecto penal ser o mais evidenciado.
O alvo do direito administrativo militar é o estudo dos direitos e
obrigações dos servidores militares ativos e inativos. (…) O direito
disciplinar militar tem por objeto a disciplina militar e procura
estabelecer regras no sentido de mater a ordem e o respeito entre os
comandantes e comandados. (…) o direito penal militar pode ser
conceituado como um direito penal especial amparado em um
conjunto de normas aplicáveis aos militares».
+++++++
o Instituicoes moçambicanas
-Minist’erio da Defesa Nacional
-Conselho Nacional de Defesa e Seguranca
-Academia Militar Samora Machel
+++
o Instituicoes internacionais
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito Direito Militar
245
21 de Outubro): estatuto dos Militares das FADM; Decreto nº
41/2011: estrutura orgânica das FADM].
++++++
++++++
Direito Policial
+++++++
o Instituicoes moçambicanas
Públicas
-Ministério do Interior
-Academia de Ciencias Policiais
+++
Privadas
246
Associacao dos Ex-policias
o Instituicoes internacionais
-INTERPOL
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito Policial
++++++
++++++
247
Maria Helena Diniz329 prefere o termo Direito da Educação, que a
define como «Conjunto de normas relativas à formação e informação
dos indivíduos à política educacional, à organização; à administração
e ao currículo escolares e à didática».
329
Dicionário Jurídico, vol. 2, pág. 148
330
Por exemplo, o Diploma Ministerial nº 113/97, de 17 de dezembro, criou a Escola Primária do 2ª Grau de
Mubukwane; publicado no BR nº 51, I Série, de 17 de dezembro de 1997. Através do Diploma Ministerial nº 93/95,
de 19 de Julho foi criado o Instituto de Línguas e publicado o seu estatuto orgânico; publicado no BR nº 29, I
Série, de 19 de Julho de 1995. Na prática tratou-se de regularizar juridicamente uma instituição que já estava em
funcionamento. O Diploma Ministerial nº 59/2002, de 3 de Maio foi aprovado novo estatuto orgânico do Instituto de
Línguas. Publicado no BR nº18, 3º Suplemento, I Série, de 3 de Maio de 2002.
331
Por exemplo, o Decreto nº 29/2004 de 20 de Agosto autorizou a Arquidiocese de Maputo e a Fundação Cardeal
Dom Alexandre dos Santos a criar a UNIVERSIDADE SÃO TOMÁS DE MOÇAMBIQUE. Publicado no BR nº
33, I Série, de 20 de Agosto de 2004. Este Decreto foi alterado pelo Decreto nº 67/2004, de 15 de Dezembro. Com
esta alteração a Arquidiocese de Maputo foi autorizada a retirar-se da sua intenção de instituir a USTM. Assim, a
USTM foi criada apenas pela Fundação Cardeal Dom Alexandre dos Santos
248
Ciencias auxiliares ao Direito da Educação
o Instituicoes moçambicanas
-Minist’erio da Educacao e Desenvolvimento Humano;
-Ministerio do Ensino Superior +++
-Universidade Pedag’ogica
o Instituicoes internacionais
-UNESCO
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito da Educacao
++++++
++++++
Direito da saúde
249
Ciencias auxiliares ao Direito da Saúde
o Instituicoes moçambicanas
-Ministério da Sa’ude
-+++
o Instituicoes internacionais
-Organizacao Mundial da Saúde
-++++
Legislação Fundamental sobre o Direito da Saúde
++++++
++++++
250
Direito da Informação
o Instituicoes moçambicanas
-Gabinete de Informacao
Conselho Superior da Comunicacao Social
-MISA Mocambique
-Sindicato Nacional dos Jornalistas
o Instituicoes internacionais
-UNESCO
-Reporteres sem Fronteiras
Tem as suas normas na Constituição (artigos 48, 49 e 50), na Lei de Imprensa (Lei
nº 18/91, de 10 de Agosto: lei de imprensa; Decreto nº 60/2004, de 8 de
Dezembro), Lei do Direito a Informacao; Regulamento da Lei do direito a
Informacao; e outra legislação (por exemplo a legislação eleitoral tem disposições
sobre o Direito de Antena para a campanha eleitoral).
251
Bibliografia fundamental sobre o Direito Informação escrita por
moçambicanos ou escrita por estrangeiros sobre a realidade moçambicana:
++++++
Direito do Urbanismo
+++++++
o Instituicoes moçambicanas
+++
o Instituicoes internacionais
++++
Legislação Fundamental sobre o Direitodo Urbanismo
252
++++++
++++++
C. Direito Financeiro
Teodoro Andrade Waty335 define Direito Financeiro como «conjunto de normas
jurídicas que regulam a actividade económica do Estado ou outro ente público com
vista à afectação de bens para a satisfação de necessidades sociais, isto é, as
normas que regulam a obtenção, a gestão e o dispêndio dos meios financeiros
públicos ou, ainda, o ramo do Direito que disciplina juridicamente a actividade
financeira do Estado».
+++++++
253
o Instituicoes moçambicanas
-Ministerio da Economia e Financas
+++
o Instituicoes internacionais
Fundo Monetario Internacional
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito Financeiro
Tem as suas normas contidas na CRM [artigos 126 a 132, alíneas l),m) e p) do nº 2
do artigo 178, alínea e), nº 1 do artigo 203, alínea a), nº 1 do artigo 207 e 272].
Tem o seu repositório na lei que aprova o Orçamento do Estado de cada ano e a
Legislação sobre o SISTAFE: Lei nº 9/2002, de 17 de Fevereiro: Cria o SISTAFE;
Decreto nº 23/2004, de 20 de Agosto: Regulamento da Lei do SISTAFE; Diploma
Ministerial nº 169/2007, de 31 de Dezembro: aprova o Manual de Administração
Financeira e Procedimentos contabilísticos.
++++++
++++++
D. Direito Fiscal
De acordo com Teodoro Andrade Waty337 Direito Fiscal é «um conjunto de normas
que reflectem a incidência, o lançamento, a liquidação e a cobrança dos impostos».
254
Diogo Freitas do Amaral338 define Direito Fiscal como «ramo do direito público
constituído pelo sistema de normas jurídicas que definem os impostos e o
respectivo montante a pagar pelos cidadãos e pelas empresas ao estado e aos entes
públicos menores, e asseguram a protecção dos direitos dos contribuintes perante a
Administração tributária, e desta perante eles».
+++++++
o Instituicoes moçambicanas
+++
o Instituicoes internacionais
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito Fiscal
338
Manual...,pag. 286
339
Direito Fiscal, pag. 29
340
Direito Fiscal,pag. 33
255
seja o Codigo do IVA, Codigo do IRPS, Codigo do IRPC, Codigo das Execucoes
Fiscais, aprovado pelo Decreto nº 38.088, de 19 de Dezembro de 1950;
Contencioso das Contribuicoes e Impostos, aprovado pelo Diploma Legislativo nº
782, de 28 de Março de 1945.
++++++
F. Direito Aduaneiro
256
Diogo Freitas do Amaral342 define Direito Aduaneiro como «ramo do direito
público constituído pelo sistema de normas jurídicas que estabelecem os impostos
e as taxas cobradas nas alfândegas sobre os bens importados do exterior ou para ele
exportados».
+++++++
o Instituicoes moçambicanas
+++
o Instituicoes internacionais
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito Aduaneiro
++++++
257
Bibliografia fundamental sobre o Direito Aduaneiro escrita por
moçambicanos ou escrita por estrangeiros sobre a realidade moçambicana:
++++++
+++++++
o Instituicoes moçambicanas
+++
o Instituicoes internacionais
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito Penal
258
Tem as suas normas contidas na CRM [nº 2 do artigo 40, 59, 60, 61, 62, 63, 64,65,
66, 67, 152, 153, alínea i) do artigo 158, 173, 174, alínea v), nº 2 do artigo 178, nº
2 do artigo 211, nº 6 do artigo 222, 223]. O Direito Penal ou Criminal tem o seu
repositório no Código Penal, aprovado pela Lei nº 24/2019, de 24 de Dezembro.
Para além do Código Penal existe a seguinte legislação penal: Lei nº 17/87, de 21
de Dezembro (Lei dos Crimes Militares); Lei nº 19/91, de 16 de Agosto (Lei dos
crimes contra a segurança do Estado); Lei nº 3/97, de 13 de Março (Lei da Droga);
Lei nº 14/2013, de 12 de Agosto (Lei de combate ao Branqueamento de Capitais e
Financiamento ao Terrorismo); Lei nº 6/2004, de 17 de Junho (mecanismos
complementares de combate à corrupção); Lei nº 6/2008, de 9 de Julho (tráfico de
pessoas); Lei nº 29/2009, de 29 de Setembro (Lei sobre a Violência Doméstica) Lei
nº 17/2011, de 10 de Agosto (Rege os casos e termos da efectivação da extradição).
Existem leis que criminalizam certas práticas: Lei de Imprensa; Lei Cambial,
legislacao eleitoral, Lei do ambiente, Lei nº 19/2019, de 22 de Outubro, Lei de
Prevenção e Combate às Uniões Prematuras).
++++++
++++++
259
G. Direito Penitenciario
++++
+++++++
o Instituicoes moçambicanas
+++
o Instituicoes internacionais
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito Penitenciario
Tem as suas normas contidas na CRM [artigo 64]. O Direito Penitenciario tem o
seu repositório no Código de Execucao de Penas, aprovado pela Lei nº 26/2019,
de 27 de Dezembro.
++++++
260
É um conjunto de normas jurídicas que regulam as formas de resolução de litígios
em juízo. Regulam a organização judiciária, o modo como se organiza os tribunais
e a sua esfera de competências.
+++++++
o Instituicoes moçambicanas
+++
o Instituicoes internacionais
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito Processual Civil
++++++
261
BERNARDO BENTO CHUZUAIO,. Direito Processual Civil: Accao Executiva e
Recursos. Maputo: Imprensa Universitaria, 2014; TOMÁS TIMBANE. Licoes de
Processo Civil I. Maputo: Escolar Editora, 2010; _________. A Revisao do
Processo Civil. Maputo: Faculdade de Direito da UEM, 2007;
++++++
+++++++
o Instituicoes moçambicanas
+++
o Instituicoes internacionais
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito Processual Penal
++++++
262
Bibliografia fundamental sobre o Direito Processual Penal escrita por
moçambicanos ou escrita por estrangeiros sobre a realidade moçambicana:
Caução. Maputo: Liga Mocambicana dos Direitos Humanos, 199++; CUNA,
Ribeiro.Licoes de Direito Processual Penal. Maputo: Escolar Editora, 2014; DIAS,
Mario Ernesto. O Regime jurídico da Prisao Preventiva e da Liberdade
Provosoria na Lei Penal Mocambicana. Maputo: Ndjira, 2005; NKUTUMULA,
Alberto. Da Inadmissibilidade da Liberdade Provisoria, in Boletim Informativo da
Ordem dos Advogados de Mocambique, Setembro de 2012; UACHE, Fernando
Henrique. Manual Prático de Processo Penal. 3ª edição. Maputo: Alcance
Editores, 2014
++++++
5. Direito Internacional
+++++++
Tem as suas normas contidas na CRM [artigo 6, alínea j) do artigo 11, 17, 18, 19,
20, 21, 22, alínea f), nº 1 do artigo 143, 161, alínea c), nº1 do artigo 171, alíneas e),
t) e u) do nº 2 do artigo 178, alínea f) do artigo 194, alínea g), do nº 1 do artigo
203, 264, 265, alíneas a) e e) do artigo 265, 305 e 306]
++++++
++++++
264
Direito da Guerra trata do tratamento dos feridos em combates, tratamentos
de prisioneiros de guerra, uso de armas, etc.
o Instituicoes moçambicanas
+++
o Instituicoes internacionais
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito Diplomático e Consular
++++++
++++++
265
De acordo com G.I. Tunkin345«o Direito Internacional Económico, como
ramo do Direito Internacional Público, é um conjunto de normas que
regulam as relações entre os sujeitos do Direito Internacional por causa da
sua actividade na esfera das relações económicas internacionais».
+++++++
o Instituicoes moçambicanas
+++
o Instituicoes internacionais
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito Internacional Económico
++++++
++++++
266
+++++++
o Instituicoes moçambicanas
+++
o Instituicoes internacionais
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito Aéreo Internacional
++++++
++++++
+++++++
o Instituicoes moçambicanas
Direito Internacional, pag. 449
347
267
+++
o Instituicoes internacionais
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito Cósmico Internacional
++++++
++++++
Exemplos:
Uma empresa sul africana contrata uma empresa zambiana para fornecer
milho à população zimbabweana. Aqui levanta-se o problema de saber
qual a lei (sul africana, zambiana ou zimbabweana?) a ser aplicada e
qual o tribunal que vai resolver um eventual conflito.
Um brasileiro e uma zimbabweana querem se casar em Moçambique.
Aqui levanta-se o problema de saber qual a lei que vai regular esse
casamento (lei brasileira, lei zimbabweana, ou lei moçambicana?)
268
Ciencias auxiliares ao Direito Internacional Privado
o Instituicoes moçambicanas
+++
o Instituicoes internacionais
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito Internacional Privado
++++++
++++++
A. Direito da Informática
De acordo com Garcia Marques e Lourenço Martins 349«O Direito da
Informática abrange, assim, o estudo da multiplicidade das questões jurídicas
suscitadas pela informática, podendo ser singelamente definido como o
conjunto de regras de direito aplicáveis à informática».
269
Garcia Marques e Lourenço Martins350 apresentam as seguintes características
do Direito da Informática:
270
De acordo com Garcia Marques e Lourenço Martins351 «a disciplina dos
problemas colocados pela informática pode situar-se nos mais diferenciados
ramos tradicionais do Direito. (…) dentro do direito Privado: (a) inserem-se no
âmbito dos Direitos Reais questões como as que se referem à protecção do
software ou dos bancos e bases de dados; (b) no Direito das Obrigações
inscrevem-se naturalmente as matérias relativas às relações contratuais entre
fornecedores e utilizadores de material ou serviços informáticos e tantas outras
relacionadas com a responsabilidade civil resultantes do respectivo
incumprimento ou cumprimento defeituoso; (c) no domínio do Processo Civil
insinuam-se todos os problemas relativos ao regime da prova ou à repartição do
ónus da prova. (…) Já no âmbito do Direito Público se situam todas as questões
subsumíveis no trinómio Informática, Administração Pública e Direito
Administrativo e, bem assim, as respeitantes à protecção dos dados pessoais, da
vida privada e das liberdades públicas contra a utilização da informática. São
também evidentes as conexões com o Direito internacional – Pública e Privado
– sendo, por outro lado, um facto notório a importância crescente dos
problemas jurídico-penais suscitados pela informática. Isto sem falar das
´interfaces`que se estabelecem com outros ramos do Direito, como é o caso do
Direito Comercial, do Direito Bancário ou do próprio Direito Médico.(...)
Expressões como dinheiro plástico, moeda electrónica, telemática, caixas
automáticas,porta-moedaselectrónico são exemplos de termos que passaram a
fazer parte do léxico corrente dos dias de hoje».
+++++++
271
o Instituicoes moçambicanas
+++
o Instituicoes internacionais
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito da Informática++++++
++++++
B. Direito do Consumidor
Para Mouzinho Nicol´s352 «O Direito do Consumidor é uma disciplina jurídica
recente, que nasce, se desenvolve e frutifica na sociedades sofisticadas e nos
mercados complexos». Ainda de acordo com Nicol´s353«O aparecimento
desse direito decorre da incapacidade do mercado de consumo proteger, com
as suas próprias leis, o consumidor de maneira adequada. Pela mesma razão
explica-se a intervenção estatal que se observa nessa área, seja através de
legislação especial, seja mediante a expedição de normas administrativas e a
criação de órgãos especializados de protecção ao consumidor».
Tem as suas normas contidas na CRM [alínea d), nº 2 do artigo 81, 92, alínea
e), nº 2 do artigo 203], na Lei nº 22/2009, de 28 de Setembro (Lei de Defesa
do Consumidor), Lei das Transacções Electónicas e demais legislação
avulsa: para ver legislação moçambicana sobre o Direito do Consumidor ver
a obra de Mouzinho Niocol´sProtecção do Consumidor na Ordem Jurídica
Moçambicana, páginas 121 e seguintes..
+++++++
Direito do Consumidor...Pag. 42
353
272
o Instituicoes moçambicanas
+++
o Instituicoes internacionais
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito ++++
++++++
C. Direito Agrário
Diogo Freitas do Amaral354 define Direito Agrário como «ramo do direito
constituído pelo sistema de normas jurídicas, públicas e privadas, comunitárias
e nacionais, que regulam o regime jurídico dos agricultores e da agricultura
como actividade privada e, bem assim, a intervenção do estado no ordenamento
e no incentivo públicos dessa actividade».
Tem as suas normas na CRM (artigos 103, 109, 110, 111), na Lei nº 19/97, de
1 de Outubro :aprova a Lei de Terras e revoga a Lei nº 6/79 e 1/86, de 3 de
Julho e 16 de Abril, respectivamente; no Decreto nº 66/98, de 8 de Dezembro
(alterado pelo Decreto nº 1/2003, de 18 de Fevereiro e pelo Decreto nº 50/2007,
de 16 de Outubro): aprova o Regulamento da Lei de Terras e revoga o Decreto
nº 16/87, de 15 de Julho; Diploma Ministerial nº 158/2011, de 15 Junho: adopta
procedimentos específicos para a consulta às comunidades locais no âmbito da
titulação do direito de uso e aproveitamento da terra.
Manual...págs. 333/334
354
273
Ciencias auxiliares ao Direito Agrário
+++++++
o Instituicoes moçambicanas
+++
o Instituicoes internacionais
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito Agrário
++++++
D. Direito do Ambiente
Para Diogo Freitas do Amaral355 Direito do Ambiente é «o ramo do direito
constituído pelo sistema de normas jurídicas – internacionais, comunitárias e
nacionais, públicas e privadas – que regulam a protecção concedida pelas
autoridades oficiais à conservação da Natureza e à manutenção e revitalização
de um ambiente humano, sadio e ecologicamente equilibrado».
274
autores dizem que «Abrange medidas administrativas e jurídicas, que
prescrevem a reparação económica e financeira de danos causados aos
ecossistemas, e, em geral, ao ambiente natural». Estes consideram que o Direito
do Ambiente é «um desmembramento do direito administrativo, que vem
evoluindo e ganhando autonomia em face dos abusos predatórios causados aos
ecossistemas existentes».
Tem as suas normas na CRM [alínea f) do artigo 45, 90, 117, alínea d), do nº 1
do artigo 276], Lei do Ambiente (Lei nº 20/97, de 1 de Outubro),Lei nº
16/2014, de 20 de Junho, concernente ao estabelecimento dos princípios e
normas básicos sobre a protecção, conservação, restauração e utilização
sustentável da diversidade biológica nas áreas de conservação, bem como o
enquadramento de uma administração integrada, para o desenvolvimento
275
sustentável do país, alterada e republicada pelaLei nº 5/2017, de 11 de Maio;
outra legislação ambiental. e em várias convenções internacionais que
Moçambique ratificou sobre o ambiente.
+++++++
o Instituicoes moçambicanas
+++
o Instituicoes internacionais
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito ++++
++++++
++++++
E. Direito Bancário
Teodoro Andrade Waty359 define Direito Bancário como «um conjunto
estruturado ou um sistema de normas e princípios jurídicos (...) que regulam
especificamente a actividade bancária bem como as vicissitudes das
instituições de crédito e de outras que constituem o sistema financeiro».
276
Para Diogo Freitas do Amaral360 Direito Bancário é o «ramo do direito
constituído pelo sistema de normas jurídicas, públicas e privadas, que regulam
as instituições bancárias e financeiras do país, e a sua fiscalização pelo Estado e
pelo Banco de Portugal, bem como as operações bancárias e financeiras por
aquelas realizadas com os seu clientes».
As normas do Direito Bancário constam da CRM [artigos 126, 132, alínea g), nº
1 do artigo 143, alínea d), nº 2 do artigo 159, 308]; Lei do Banco de
Moçambique (Lei nº 1/92, de 3 de Janeiro), Lei sobre Instituições de Crédito
(Lei nº 15/99, de 1 de Novembro; alterado pela Lei nº 9/2004, de 21 de Julho),
Avisos do Governador do Banco de Moçambique.
+++++++
o Instituicoes moçambicanas
+++
o Instituicoes internacionais
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito ++++
++++++
++++++
F. Direito Rodoviário
Manual...,pag. 334
360
277
Maria Helena Diniz361 define Direito Rodoviário como «Complexo de normas
disciplinadoras do uso das rodovias».
+++++++
o Instituicoes moçambicanas
+++
o Instituicoes internacionais
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito ++++
++++++
++++++
278
Consta dos seguintes diplomas legais: Código de Registo Civil; Código do
Registo Predial, Código do Registo Automóvel; Código do Notariado,
Registo das Entidades Legais.
+++++++
o Instituicoes moçambicanas
+++
o Instituicoes internacionais
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito ++++
++++++
++++++
279
Para Mónica Waty364 a «segurança social apresenta-se, assim, como um ramo
autónomo do Direito Público, com repercussões em vários ramos do Direito
Público e Privado. A sua ligação com o Direito do Trabalho é óbvia. Mas a
segurança social não é um ramo do Direito do Trabalho».
+++++++
o Instituicoes moçambicanas
+++
o Instituicoes internacionais
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito ++++
++++++
++++++
i. Direito Desportivo
280
Diogo Freitas do Amaral365 define Direito Desportivo como «ramo do direito
constituído pelo sistema de normas jurídicas – internacionais e nacionais,
públicas e privadas, estaduais e não-estaduais – que regulam as actividades
desportivas, bem como o seu condicionamento e fiscalização por organismos
internacionais privados e pelo estado».
O Direito Desportivo tem as suas normas na CRM (artigo 93), Lei do Desporto
(Lei nº 11/2002, de 12 de Março), Regulamento da Lei do Desporto
(Decreto nº 3/2004, de 29 de Março; alterado pelo Decreto nº 41/2008, de 4
de Novembro), Decreto sobre o trabalho desportivo, Decreto-Lei sobre
Sociedades desportivas (recentemente aprovado pelo Conselho de Ministros)
e outra legislação.
+++++++
o Instituicoes moçambicanas
+++
o Instituicoes internacionais
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito ++++
++++++
++++++
Manual...,pag. 337
365
281
J. Direito da Propriedade Industrial
Diogo Freitas do Amaral367 define Direito da Propriedade Industrial como
«ramo do direito privado constituído pelo sistema de normas jurídicas que
atribuem direitos exclusivos aos criadores de modelos originais de utilidade
para a indústria, regulando nomeadamente as patentes, as marcas e as
denominações de origem».
+++++++
o Instituicoes moçambicanas
+++
o Instituicoes internacionais
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito ++++
++++++
++++++
K. Direito Marítimo
De acordo com Diogo Freitas do Amaral 368 Direito Marítimo é o «ramo do
direito privado constituído pelo sistema de normas que regulam as
Manual..., pág. 325
367
282
instituições da marinha mercante e o comércio realizado através da
navegação pelo mar».
+++++++
o Instituicoes moçambicanas
+++
o Instituicoes internacionais
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito ++++
++++++
++++++
L. Direito Económico
De acordo com Eurico Heitor Consciência369 “O Direito Económico é constituído
pelo conjunto de normas e princípios juridicos que regem a actividade produtiva na
perspectiva do interesse da comunidade”.
283
outros ainda consideram que o Direito Económico trata da Intervenção do Estado
na Economia.
+++++++
o Instituicoes moçambicanas
+++
o Instituicoes internacionais
++++
Legislação Fundamental sobre o Direito ++++
++++++
++++++
Há ramos do Direito que são mistos, ou seja, num mesmo ramo de direito
encontramos normas e princípios de Direito Público e normas e princípios de
Direito Privado.
284
É o caso do Direito Desportivo, Direito da segurança Social, Direito dos Registos e
Notariado, Direito Bancário, Direito do Ambiente, Direito Agrário, Direito do
Consumidor, Direito Económico entre outros.
Direito Privado
Direito Público
SISTEMAS JURÍDICOS
O Direito, tal como outras áreas da vida social, agrupa-se em sistemas, tipos,
etc.
É muito importante cada Estado saber em que sistema jurídico pertence. Isto
ajuda muito no Direito Comparado. Ou seja, os legisladores e juristas
(docentes de Direito, Juízes, Procuradores, Advogados, etc.) procuram
estudar o Direito dos países com um sistema jurídico igual ao do seu
Estado. O Estudo do Direito dos países do nosso sistema ajuda na
resolução e ou compreensão de questões jurídicas com que se depara no
dia a dia. Se o nosso legislador que fazer uma lei sobre a organização dos
tribunais tenderá a inspirar-se em lei sobre a organização dos tribunais
dos países que tem o mesmo sistema jurídico com o nosso.
Mas isto não impede que, também, se estude sistemas jurídicos diferentes do
nosso. Esse estudo ajuda aprofundar o conhecimento do Direito e a
compreender outros institutos jurídicos. Por outro lado, podemos estudar
o Direito do sistema jurídico diferente ao nosso para aferir o seu direito
costumeiro (se este for semelhante ao nosso). Por exemplo, em
Moçambique estamos integrados no Sistema Romano Germânico mas se
queremos legislar sobre o casamento tradicional podemos estudar o
Direito (doutrina, legislação e jurisprudência) do Zimbabwe que está
integrado no Sistema da CommonLaw para ver como é tratado o
286
casamento tradicional. Por outro lado, existem questões jurídicas que não
diferem muito de um sistema para o outro. Por exemplo, o cheque, letra e
livrança costuma estar sujeito a uma regulamentação jurídica similar em
países que pertence a sistemas jurídicos diferentes. Podemos dizer a
mesma coisa no que concerne a questões globais como a Informática,
HIV/SIDA, Ambiente, Comércio, etc.
1. Sistema Ocidental
Dentro deste sistema temos o Subsistema Romano Germânico e o
Subsistema Anglo-Saxónico.
287
entendido, degenerando em individualismo, mas não deixa de ser
um elemento de referência essencial. [...] 2) A mensagem grega,
transmitido através do império romano, atingiu todos os países
europeus. Recebeu depois o segundo elemento ideológico
fundamental: o cristianismo. À sua luz se forjou, no longo cadinho
da Idade Média, uma civilização nova. É certo que (…) são
flagrantes os desvios que se verificaram no espírito cristão, mas
este não deixa de continuar a oferecer um quadro de referência
essencial para a definição desta civilização. […] 3)Sobrepõe-se
depois uma estruturação de índole materialista, o capitalismo,
altamente favorecida pelo desenvolvimento técnico conseguido a
partir da chamada revolução industrial. O capitalismo tem também
o seu espírito, que é muito diverso do espírito cristão, mas não
pode também deixar de ser tomado em conta para a definição da
base ideológica actual da civilização ocidental. Esta base é pois
ideologicamente tripartida».
288
a) Subsistema Romano Germânico (Subsistema do Direito civil ou
Sistema do Direito Escrito)
De acordo com Marcelo Rebelo de Sousa e Sofia Galvão 372 o (Sub) Sistema
Romano Germânico teve a Grécia como berço e ganhou maturidade em
Roma. O capitalismo é a marca económica deste sistema.
José de Oliveira Ascensão373 faz-nos notar que não quer dizer que todas a
regiões ocupadas por romanos o subsistema romano germânico se tenha
instalado. Há zonas em que o Direito Romano se implantou mas depois
foi erradicado, após a ocupação por outros imperadores.
289
carácter essencialmente normativo. O Estado e a Administração Pública
ancestralmente dominam a sociedade civil».
- Países da CommonLaw
290
prefere o raciocínio específico, a análise da solução do caso concreto à
construção de conceitos mais afastados da realidade. A Sociedade civil
afirma o seu controlo sobre o poder político do Estado».
-Divisão do Direito
379
«CommonLaw», in Pólis: Enciclopédia Verbo da Sociedade e do Estado, vol. 1. - 2ª edição, colunas 1038/1039
380
«CommonLaw», in Pólis: Enciclopédia Verbo da Sociedade e do Estado, vol. 1. - 2ª edição, coluna 1039
291
De acordo com A. Menezes Cordeiro381 «As reformas processuais do séc.
XIX simplificaram o sistema judicial britânico mas mantiveram intacto o
espírito da C. L. Mais recentemente, seja pelas necessidades da sociedade
técnica seja pela aplicação de políticas reformistas, surgiram numerosas
leis que provocam uma certa aproximação aos sistemas jurídicos
continentais. As leis são, porém, entendidas peculiarmente: menos do que
elas dizem, interessa a forma porque sõ aplicadas pelos tribunais que
geram precedentes vinculativos. Por outro lado, a moderna ciência do
Direito tem vindo a retirar dos precedentes grandes princípios, que, sob a
diversidade formal, acentuam também uma aproximação aos sistemas do
continente. Finalmente, o C. L., que sempre influenciara o Direito
internacional público, é interferido, recentemente, pelo Direito
comunitário, que também enriquece».
292
isso se pode afirmar – de modo automático e inquestionado – que o
Direito muçulmano se ocidentalizou. (…) A consciência da matriz
cultural muçulmana pode tornar bem mais pertinente reconhecer a
islamização dos contributos das famílias de Direito ocidentais».
383
Introdução ao Estudo do Direito, vol. II, 10ª edição, pag. 237
384
Introdução..., pag. 238
385
Introdução..., pag. 238
293
jurídica constante do Corão são assaz insuficientes para poder dizer-se
que forma um código. Os juízes não têm sequer de referir-se
directamente a essas disposições, mas às obras dos doutores que fixaram,
em termos de autoridade, a sua interpretação. (..) O texto complementar
do Corão é a Suna, formado pelo conjunto de tradições relativas aos actos
e falas de Maomé, transmitidas ao longo dos tempos por uma série
ininterrupta de intermediários, as quais têm sido objecto de trabalho
minucioso de autores preocupados em averiguar a sua autenticidade».
3. Sistema Hindu
De acordo com José IbrahimoAbudo386 o “Direito hindu é o direito religioso
e tradicional da comunidade da religião do mesmo nome, também
chamada bramânica, uma religião politeísta, sendo maior parte das
divindades fenómenos naturais, como é o caso de Agni, o fogo, de grande
uso nos sacrifícios, deus Indra, o deus da guerra, etc.”.
294
maneira muito diversa da dos outros Direitos ocidentais. As prescrições
de natureza jurídica aparecem misturadas com as de ordem ritual e, no
fundo, prendem-se mais com a Religião do que com o Direito».
295
Quarto, o determinismo finalístico da sociedade comunista, de uma
sociedade igualitária, sem classes, sem Estado e sem Direito – ou sem
necessidade de coercibilidade jurídica.
296
a interpretação e integração do mesmo seja realizada à luz da ideologia
comunista.[...] A jurisprudência não se perfila como fonte de Direito,
ainda que os juízes e os designados assessores populares sejam
igualmente escolhidos pelo Partido.[...] E o costume – essencial na
generalidade do território no momento anterior à Revolução – não é
reconhecido pelo Estado como Direito”.
5. Sistema Chinês
De acordo com Inocêncio Galvão Telles392 «A concepção de ordem social
que vigorou ininterruptamente na China desde remotos tempos e já tinha,
dalgum modo, expressão nas ideias de Confúcio (sécs. VI-V a.C.), era
completamente diversa da ocidental. (...) A ideia fundamental que estava
na base da referida concepção, desligada aliais de qualquer dogma
religioso, era a ideia de harmonia. Há harmonia na natureza, decorrente
de regras invariáveis, sobre que os homens não têm poder.
Semelhantemente, deve haver harmonia entre os homens, e, sendo estes
senhores dos seus actos, da forma como se conduzirem dependerá a
Introdução..., pags. 305/306
391
297
harmonia ou desarmonia entre eles. O equilíbrio cósmico deve ser
acompanhado do equilíbrio humano. E este outro equilíbrio só se atingirá
se os homens, nas suas relações sociais, colocarem em primeiro lugar a
conciliação ou consenso. Cumpre evitar, quanto possível, condenações,
sanções, decisões por maioria. Toda a contestação, mais do que resolvida,
convém que seja dissolvida naturalmente, sem deixar vestígios ou
ressentimentos. (...) Mais do que a coação vale a persuasão».
298
Ultimamente a china aprova muitas leis sobre diversificadas matérias.
Também é um dos países que ainda aplica a Pena de Morte para crimes
considerados graves.
6. Sistemas Africanos
Podemos abordar este direito nos três períodos principais: antes da dominação
colonial, durante a dominação colonial e após a dominação colonial.
395
Ver Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, volume XIII. (S.L.): Página Editora, 1998, página, 705
299
que «O dec.n.º 12.533, de 23-X-1926, promulgou o estatuto político, civil e
criminal dos indígenas de Angola e Moçambique»396
Aqueles que não eram assimilados nas relações entre eles eram regidos por normas
costumeiras (normas do Direito Africano).
Poder Judicial Governo e Administração a Experiência Moçambicana in Revista Jurídica, Vol. VI, Stembro de
397
300
resolução de conflitos que coexistem na sociedade moçambicana, na medida em
que não contrariem os valores e os princípios fundamentais da Constituição».
6.3. Características
301
No Direito Africano podemos identificar os seguintes ramos de Direito: Direito
político, Direito da Família, Direito da Terra, Direito do trabalho, Direito fiscal,
etc.
O Direito Africano tem muitas normas que regulam o poder político: formas de
ascensão ao poder político, transmissão do poder político e relação entre os
governantes e governados. O poder político, geralmente, é exercido pelas famílias
mais antigas da região. O poder é transmitido aos filhos (geralmente ao filho mais
velho) por sucessão em caso de morte do Rei. Não se conhecem eleições para a
escolha dos governantes.
c) Direito da Terra
302
Um dos grandes recursos dos africanos é a terra, água (oceanos, rios e lagos),
animais, etc.
Por esse motivo há muitas normas que regulam a terra. A terra é de toda a
comunidade mas os chefes repartem-na pelos membros. Existe um princípio de que
a terra é de quem a trabalha.
Existem terras que são exploradas por famílias para a agricultura e pecuária.
Existem terras que são da comunidade: para a caça, colheita de frutos silvestres,
procura de medicamentos à base de plantas, etc..
d) Direito do Trabalho
Tem sido comum os jovens serem empregados noutras famílias como pastores
de gado e terem como recompensa uma cabeça de gado por ano.
Tem sido notório uma pessoa (ou a sua família) cultivar a machamba do outro e
ter como recompensa produtos agrícolas.
Existem muitas normas que regulam as coisas. Por exemplo, se uma galinha
põe ovos na casa do vizinho este tem de cuidar a galinha até tirar pintos. O
dono da galinha tem direito de levar a galinha e os pintos mas depois de
crescerem o vizinho na qual a galinha pôs ovos tem direito a vir escolher
uma galinha das que nasceram em casa dele.
g) Direito Fiscal
303
Os súbditos são obrigados a pagar aos seus chefes vários impostos. Os
impostos são pagos em produtos agrícolas, produtos da caça e em dinheiro.
Com estes impostos os súbditos agradecem ao chefe pelas suas preces
(cerimónias mágico-religiosas) que fazem com que a população tenha boa
colheita e sucessos na caça.
7. Sistemas Híbridos
Sobre este tema Carlos Ferreira de Almeida398 escreve o seguinte:
Exemplos:
304
8. A convergência dos Sistemas Jurídicos
Sobre a convergência dos sistemas jurídicos, Marcelo Rebelo de Sousa e
Sofia Galvão399 fazem-nos notar «que se assiste um processo lento, mas
inequívoco, de aproximação entre famílias de Direito. Próprio de
integrações regionais (como a União europeia).Próprio da
universalização aberta ou acentuada pelas tecnologias da informação. É a
família romano-germânica a caminhar no sentido do concreto, da
aplicação individualizadora, das cláusulas gerais e dos conceitos
indeterminados, da capacidade criadora da jurisprudência. É a família
anglo-saxónica a avançar para o abstracto, o reforço do papel da lei. É a
acelerada encruzilhada de Direitos da família marxista-leninista com a
família romano-germânica. É mesmo e ainda a evolução do sistema
extremo-oriental. Só não sucede, porventura, idêntico fenómeno no que
respeita à família de Direitos de matriz muçulmana».
9. Direito comparado
Marcelo Rebelo de Sousa e Sofia Galvão400 realçam a importância do Direito
comparado nos seguintes termos:
305
passível de maiores críticas, por Direito Comparado. Em rigor, não se
trata de um ramo do Direito, mas de uma disciplina que estuda o direito,
comparando-o com um ou vários outros, quer em termos globais (macro-
comparação), quer instituto a instituto ou figura a figura (micro-
comparação). (…) Seja como for, o certo é que conhecer e compreender
o que somos impõe que se conheça e se compreenda o que os outros são.
Que se apontem semelhanças e diferenças e que se comparem soluções».
306
6. O Direito Comparado faz parte do Direito Publico ou Direito Privado?
Justifique a sua resposta
7. Compare, devendo apresentar diferenças ou semelhanças onde houver,
o (Sub)sistema da CommonLaw e o (Sub)sistema Romano Germanico,
tendo como base:
as Fontes do Direito;
Relação entre a Sociedade Civil e o Estado;
Divisão do Direito;
Cristianismo;
Capitalismo; e
Ligação com a Grecia.
402
Prefaceando a obra: PASSOS, Edilenice; BARROS, Lucivaldo Vasconcelos. Fontes de Informação para
Pesquisa em Direito, pag.xiii
307
informações devem ser verazes, atualizadas, adequadas e completas, na medida
do possível e dos meios colocados à disposição».
308
Este enquadramento dos factos aos vários ramos de Direito ajuda a determinar a
legislação e princípios jurídicos aplicáveis. Vimos isto quando falamos dos
Ramos do Direito.
O Boletim da República
O Boletim da República é produzido pela Imprensa Nacional de Moçambique.
Tem I, II e III Séries do Boletim da República 405. A Legislação é publicada na I
403
Fontes de ..., pag. 100
404
Fontes de ...cit. Pág. 105
405
Para aprofundar sobre o passado do funcionamento da Imprensa Nacional de Moçambique ver: o Regulamento da
Imprensa Nacional de Mocambique, aprovado pelo Diploma Legislativo nº 3051, de 28 de Novembro de 1979
(publicado no Boletim Oficial nº 104, I Série, de 28 de Novembro de 1970). Este diploma regova o anterior
regulamento aprovado pela Portaria nº12857, de 20 de Janeiro de 1959
309
Série. Os Acórdãos do Conselho Constitucional são publicadas também nesta
série.
No fim de cada ano, a Imprensa Nacional Publica dois índices (um do I
Semestre e outro do II Semestre) sobre toda a legislação que publicou nos
boletins da República. Pode-se mostrar muito fundamental fotocopiar estes
índices da legislação para facilitar a procura. Por outro lado, pode-se
dactilografar o índice da legislação para ter em formato Word para facilitar a
busca dos termos desejados. Por outro lado há bases de dados da legislação à
venda pela empresa Pandora Box. Esta empresa disponibiliza também
legislação em CDs e ou pela Internet.
A II Série do Boletim da República publica informações sobre funcionários
públicos (abertura dos concursos de ingresso, lista dos admitidos, nomeação,
promoção, demissão, expulsão, morte, etc.). A II Série publica também os
Acórdãos do Tribunal Administrativo e do Tribula Supremo.
A III Série, além das posturas municipais, publica os estatutos das várias
pessoas colectivas privadas (associações, sociedades, partidos políticos, etc).
Qualquer pessoa (singular ou colectiva) pode comprar Boletins da República na
Imprensa Nacional ou fazer uma assinatura para a Imprensa Nacional passar a
enviar no endereço acordado.
Livros
O Centro de Formação Jurídica e Judiciária, algumas editoras, algumas
instituições costuma publicar legislação compilada em livros . Alguns livros
jurídicos costumam apresentar em anexo legislação sobre o assunto que tratam.
Revistas
Algumas revistas especializadas publicam legislação sobre o assunto ligados à
sua linha editorial.
Internet
Os sites indicados na bibliografia publicam legislação. Geralmente, algumas
instituições publicam legislação ligada à área dessa instituição.
5. Papel da doutrina
A doutrina ajuda na identificação dos factos jurídicos, na identificação da
legislação aplicável, na interpretação e aplicação a casos concretos.
Quando consultamos a lei podemos não compreender alguns termos, podemos
recorrer à doutrina (livros, revistas, dicionários jurídicos, enciclopédias gerais e
jurídicas, Internet, etc.) para compreender o sentido de certos termos. Também
podemos consultar a outras pessoas (quer sejam do nosso nível quer seja do
nível mais elevado ao nosso) para ajudarem-nos a entender o sentido das
palavras constantes da lei.
Sobre a Internet vale a pena citar Edilenice Passos e Lucivaldo Vasconcelos
Barro406: «É preciso ter muita cautela antes de utilizar a informação colhida na
Web. Deve-se lembrar que é relativamente fácil para alguém criar um
documento electrónico da forma como lhe aprouver e “disponibilizá-lo ao
mundo em um servidor/provedor de acesso à internet, muitas vezes gratuito”
(Bueno e Vidotti, 2000). Não é exigido das pessoas que produzem informação
na Internet qualquer tipo de qualificação. As informações ali colocadas não
passam por nenhum filtro ou critério de seleção. (...) Para não incorrer no erro
de fornecer informação inexata ou desactualizada é necessário adotar um
protocolo para selecionar e avaliar os sítios da internet. (...) Autoria. O
primeiro passo é verificar se é uma página institucional ou pessoal. As páginas
de organismos internacionais ou governamentais conferem certa credibilidade
às informações. (...) Páginas pessoais com autores ou editores identificados e
que tenham reconhecida competência na matéria tratada garantem, de certa
forma, a veracidade dos dados apresentados. (...) O corpo editorial de uma
publicação é outro fator que auxilia na avaliação de qualquer tipo de fonte. No
universo dos documentos impressos uma publicação com o corpo editorial
significa que o trabalho de um autor passou por diversos filtros, o que
geralmente inclui a revisão pelos pares. No ambiente da internet este é um
elemento que pode dar informações quanto à qualidade da fonte. Assim, é
relevante avaliar a autoridade do editor e da organização responsável pelo sítio
que disponibiliza a fonte (Kirt apud Tomaél, 2001). (...) Também é de suma
importância ter a forma de contacto com os responsáveis pela página para
Fontes de ..., pags. 118/119
406
311
dirimir dúvidas, solicitar informações e/ou orientações. (...) Atualidade A
internet é sinónimo de atualidade. Páginas sem data não são confiáveis. Muitas
vezes, o usuário, pelo assunto, pode estabelecer uma data provável, mas em
algumas situações a informação, apesar de ser adequada, não pode ser utilizada
porque não está datada. Se o sítio não contiver a data da última atualização isso
é sinal de pouca preocupação do seu editor com a atualidade dos dados»
Por isso um profissional ou estudante de Direito deve sempre consultar a
doutrina para actualizar os seus conhecimentos.
6. Papel da jurisprudência
A par da doutrina, a jurisprudência ajuda identificação dos factos jurídicos, na
identificação da legislação aplicável, na interpretação e aplicação a casos
concretos.
A norma às vezes tem expressões com um conteúdo muito vago que precisa de
ser restringido. È preciso consultar jurisprudência para ver qual tem sido o
entendimento dos juízes sobre o sentido das normas vagas.
O Tribunal Administrativo e o Tribunal Supremo publicam a sua jurisprudência
na II Série do Boletim da República. Os acórdãos do Conselho Constitucional
são publicados, como se disse, na I Série do Boletim da República. O Conselho
Constitucional publica os sua acórdão na sua página da Internet.
Sobre a Jurisprudência, para além do que vimos quando tratamos das Fontes do
Direito, vale a pena ver a ideia de Edilenice Passos e Lucivaldo Vasconcelos
Barro407: «Tecnicamente, a jurisprudência é conhecida como a ciência da lei,
pois fundamenta-se em conhecimentos baseados na lei e articulados com outros
princípios jurídicos relevantes para se chegar a uma decisão judicial, a fim de
solucionar as demandas e litígios caso por caso. À medida que os casos
concretos se repetem, é natural que sentenças e acórdãos passem a consolidar
uma orientação uniforme, de tal forma que se pode depreender,
antecipadamente, e com segurança quase total, como decidirão os tribunais a
respeito de casos concretos que a eles foram submetidos. (...) Há na
jurisprudência essa uniformidade e pacificidade de decisões sobre determinado
caso. Seu conhecimento pelo advogado e demais operadores do direito é
indispensável, pois, ao tomarem conhecimento de uma lide submetida às suas
apreciações, indagarão se existe, a respeito, uma decisão uniforme assentada.
Havendo entendimento sobre o caso, não precisarão descobrir a motivação
necessária à fundamentação da sentença, podendo repetir o que se acha
assentado pelos tribunais».
312
Estes autores408 acrescentam que as decisões jurisprudenciais na esfera judicial
«Representam o conjunto de decisões atribuídas a determinado juízo, seção,
vara ou tribunal de carácter judiciário que versem sobre qualquer matéria de
direito. Pode-se citar a jurisprudência civil (relativa a danos morais, pensão
alimentícia, guarda e outras matérias), jurisprudência comercial (sobre o
comércio, título de crédito, etc.), jurisprudência penal (a respeito dos crimes de
peculato, crimes ambientais, etc), jurisprudência administrativa (matéria sobre
nomeação, transferência, etc), jurisprudência processual (matéria sobre a
decadência, prescrição, preclusão, etc) ou, ainda jurisprudência processual
relacionada a cada ramo do direito, como, por exemplo, civil, penal, comercial,
trabalhista, administrativo e outros campos jurídicos (processo de separação,
júri, processo falimentar, recurso trabalhista, processo de demissão de servidor,
etc.)».
8. Solução do caso
Depois da verificação dos factos, interpretação da lei ou das leis, estamos em
condições de aplicar o Direito na solução de casos concretos. Dito doutra
maneira, precisa de fazer a pesquisa jurídica para aplicar o Direito a casos
concretos. Edilenice Passos e Lucivaldo Vasconcelos Barro409, citam Wholters
que diz que «a pesquisa é a alma do trabalho do advogado, do jurista, do
magistrado, do juiz e de todos aqueles que lidam com a matéria jurídica».
313
partes e outra que julgar conveniente. Precisa de interpretar essa legislação
para aplicar a casos concretos.
e) Processo disciplinar
Todas as pessoas envolvidas num processo disciplinar (Instrutor e Escrivão
do Processo Disciplinar, arguido e seu defensor, sindicato, a pessoa que vai
fazer emitir o parecer e quem vai fazer a decisão final) precisam de fazer a
pesquisa jurídica.
BIBLIOGRAFIA
Esta bibliografia sugestiva, os estudantes estão livres de consultar outra desde que
se enquadra na matéria conforme o Plano Analítico. Por outro lado, ao longo das
aulas, devido à dinâmica das aulas e dificuldades dos estudantes, o docente poderá
recomendar outra bibliografia.
1. Livros
ABUDO, José Ibrahimo. Introdução ao Estudo do Direito, vol. I. Maputo:
Edição do Autor, 2011;
___________________________ Introdução ao Estudo do Direito, vol. II.
Maputo: Edição do Autor, 2011;
ALFREDO, Benjamim. Noções Elementares de Direito Comercial e
Empresarial. – Maputo: Edição do Autor, 2013;
________________________Noções Gerais de Finanças Públicas e Direito
Financeiro. – Maputo: Edição do Autor, 2015;
ALMEIDA, Carlos Ferreira de; CARVALHO, Jorge Morais. Introdução ao
Direito Comparado. – 3ª edição. – Coimbra: Edições Almedina, 2015;
AMARAL, Diogo Freitas do. Manual de Introdução ao Direito, vol. I e Vol.
II. Coimbra: Almedina, 2004;
ASCENSÃO, José de Oliveira. Introdução ao Estudo do Direito. Lisboa:
Universidade de Lisboa, 1973;
ASCENSÃO, José de Oliveira. O Direito, Introdução e Teoria Geral: uma
perspectivaluso-brasileira.Coimbra: Almedina, 2001;
CAUIO, Carlos Alberto. Discurso do Ilustre Bastonário Dr. Carlos Alberto
Cauio, por ocasião da Tomada de Posse dos Membros dos Órgaos da Ordem
dos Advogados de Moçambique: Separata da Revista da Ordem dos
Advogados, Ano 56, II – Lisboa, Agosto de 1996;
315
CHORÃO, Mário Bigotte. Temas Fundamentais do Direito, Coimbra:
Livraria Almedina, 1982;
CORDEIRO, António Menezes. “Princípios Gerais do Direito” in POLIS:
Enciclopédia Verbo da Sociedade e do Estado: Antropologia, Direito,
Economia, Ciência Política, tomo 4;
DAVID, Réne. Os Grandes Sistemas Jurídicos Contemporâneos. São Paulo:
Martins Fontes, 1996;
DINIZ, Maria Helena. Dicionário Jurídico. Volumes 1 a 4. São Paulo:
Editora Saraiva, 1998;
FALCÃO, José; CASAL, Fernado; Oliveira; António Sarmento de; CUNHA,
Paulo Ferreira da. Noções Gerais de Direito. – Vila Nova de Gaia: Calendário
de Letras, 2014;
HERVADA, Javier; CUNHA, Paulo Ferreira da. Direito: Guia Universitário.
Porto: Rés Editora, 1983;
LATORE, Angel. Introdução ao Direito. Coimbra: Livraria Almedina, 1997;
LIMA, Pires; VARELA, Antunes. Código Civil Anotado. (6 volumes).
Coimbra: Coimbra Editora, 1998;
MACHADO, João Baptista. Introdução ao Direito e ao Discurso
Legitimador. Coimbra: Livraria Almedina, 1990;
MARQUES, José dias. Introdução ao Estudo do Direito. Lisboa: Editora
Danúbio, 1984;
MENDES, João Castro. Introdução ao Estudo do Direito. Lisboa: (S.N.),
1994;
OLIVEIRA, Fernando. Breve Glossário de Latim para Juristas. Lisboa:
Editora Cosmos, 1999;
PINTO, Carlos Alberto da Mota. Teoria Geral do Direito Civil.- 3ª edição. –
Coimbra: Coimbra Editora, 1989.
POLIS Enciclopédia Verbo da Sociedade e do Estado: Antropologia
cultural, Direito, Economia, Política.Volumes 1 a 5. Lisboa: Editorial Verbo,
1997;
PRATA, Ana. Dicionário Jurídico: direito civil, direito processual civil,
organização judiciária.Coimbra: Almedina, 1995;
REALE, Miguel. Lições Preliminares do Direito. Coimbra: Livraria
Almedina, 1982;
316
SOUSA, Marcelo Rebelo; GALVÃO, Sofia. Introdução ao Estudo do
Direito. Lisboa: LEX, 2000;
TELLES; Inocêncio Galvão. Introdução ao Estudo do Direito. Lisboa:
Associação Académica da Faculdade de Direito de Lisboa, 1990 (vol. 1);
1989 (vol. 2).
2. Revistas
Revista Jurídica da Faculdade de Direito da UEM
Revista Humanitas da Universidade A Politécnica
Tribunal Supremo: Boletim Informativo;
LEGAL: Boletim Informativo da Procuradoria Geral da República;
Boletim da Ordem dos Advogados de Moçambique
3. Internet
Noções Gerais de Direito (Manuel Cavaleiro de Ferreira), disponível no site:
www.geocities.com/mcavaleirof/ngd.html?200820
http://www.mundojuridico.adv.br
http://www.portaldogoverno.gov.mz/ (Site do Governo da República de
Moçambique: publica legislação e outros documentos)
http://www.cconstitucional.org.mz/ (Site do Conselho Constitucional:
publica legislação sobre o Conselho, Acórdão e Deliberações do Conselho);
http://www.ta.gov.mz/(Site do Tribunal Administrativo: publica legislação
sobre o Tribunal Administrativo)
http://www.pgr.gov.mz/ (Site da PGR; publica legislação sobre a PGR,
Informes anuais do PGR à AR, boletim informativo da PGR)
http://www.at.gov.mz/ (Site da Autoridade Tributária de Moçambique)
http://www.dno.gov.mz/ (site da Direcção Nacional do Orçamento. Publica
legislação, documentos e manuais ligados à área)
http://www.oamoz.org/pt/web/guest/pagina-inicial.htm (Site da Ordem dos
Advogados de Moçambique)
http://www.salcaldeira.com/ (site do escritório do Advogado José Caldeira.
Fornece legislação nacional e artigos de interesse jurídico)
317
http://www.acismoz.com/ (Site da Associação de Comércio e Indústria:
Publica vários estudos jurídicos em português e inglês)
http://www.cta.org.mz/ (site do CTA, Confederação das Associações
Económicas de Moçambique: publica legislação relevante e outros
documentos)
http://www.cip.org.mz/ (Site do Centro de Integridade Pública: publica
muitos estudos)
4. Legislação
Constituição da República de Moçambique (publicada no BR nº 51, I série,
de 22 de Dezembro de 2004), alterada e republicada pela Lei nº 1/2018, de 12
de Junho (publicada no BR nº 115, 2º Suplemento, de 12 de Junho de 2018 );
Código Civil, aprovado pelo Decreto-Lei nº 47 344, de 25 de Novembro de
1966; extensivo a Moçambique através da Portaria nº 222869, de 4 de
Setembro de 1967, do Ministro do ultramar;
Regimento da Assembleia da República, aprovado pela Lei n° 13/2014, de 17
de Junho, alterada e republicada pela Lei n° 12/2016,de 30 de Dezembro.
BIBLIOGRAFIA
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Suplemeto.
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(S.N.), 2011;
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Revista Humanitas da Universidade A Politécnica
Tribunal Supremo: Boletim Informativo;
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Boletim da Ordem dos Advogados de Moçambique;
Revista Científica do ISCTAC (publicado no Site do ISCTAC).
Justiça Popular (publicado pelo Ministério da Justiça)
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www.geocities.com/mcavaleirof/ngd.html?200820
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http://www.portaldogoverno.gov.mz/ (Site do Governo da República de
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http://www.cconstitucional.org.mz/ (Site do Conselho Constitucional:
publica legislação sobre o Conselho, Acórdão e Deliberações do Conselho);
http://www.ta.gov.mz (Site do Tribunal Administrativo: publica legislação
sobre o Tribunal Administrativo, Jurisprudência do Tribunal Administrativo,
Relatórios e Pareceres sobre a Conta Geral do Estado)
http://www.pgr.gov.mz/ (Site da PGR; publica legislação sobre a PGR,
Informes anuais do PGR à AR, boletim informativo da PGR)
http://www.at.gov.mz/ (Site da Autoridade Tributária de Moçambique)
http://www.dno.gov.mz/ (site da Direcção Nacional do Orçamento. Publica
legislação, documentos e manuais ligados à área)
http://www.oamoz.org/pt/web/guest/pagina-inicial.htm (Site da Ordem dos
Advogados de Moçambique)
http://www.salcaldeira.com/ (site do escritório do Advogado José Caldeira.
Fornece legislação nacional e artigos de interesse jurídico)
http://www.acismoz.com/ (Site da Associação de Comércio e Indústria:
Publica vários estudos jurídicos em português e inglês)
http://www.cta.org.mz/ (site do CTA, Confederação das Associações
Económicas de Moçambique: publica legislação relevante e outros
documentos)
http://www.cip.org.mz/ (Site do Centro de Integridade Pública: publica
muitos estudos)
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322