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Introdução
Nesta unidade, estudaremos as disciplinas de Ética Profissional e Direito Ambiental.
Passaremos pelas disciplinas de Ética Profissional I, II e III, rememorando os conteúdos
aprendidos na graduação. A revisão será apresentada de acordo com os temas de maior
recorrência nos exames da Ordem dos Advogados do Brasil. Há indicações de leitura,
especialmente da Lei Seca, durante todo o material. O estudo deve ser feito em
conjunto com esta, já que, na primeira fase do Exame da Ordem, o conhecimento da
legislação é primordial. Abordaremos os principais pontos do Estatuto da Ordem dos
Advogados do Brasil, do Regulamento Geral da Ordem dos Advogados do Brasil e do
Código de Ética e Disciplina. Em seguida, estudaremos os aspectos mais relevantes do
Direito Ambiental, tratando da competência constitucional, da responsabilidade
ambiental, das unidades de conservação e do licenciamento ambiental.
Ética Profissional I
Nosso objetivo é abordar os pontos mais relevantes e com maior recorrência no exame
da OAB, mas precisamos fazer uma advertência: o estudo de Ética Profissional deve
passar, obrigatoriamente, pela leitura exaustiva dos diplomas normativos. O exame
tende a cobrar a letra da lei; por isso, a leitura e releitura dos diplomas é indispensável.
Eles não são muito extensos, então, com organização e disciplina, você conseguirá
apreender a maior parte do conteúdo – o que é fundamental para a sua aprovação.
Atividades privativas da advocacia
O Capítulo I do Título I do Estatuto da OAB trata da atividade da advocacia . Neste
ponto, devemos ter atenção especial às atividades privativas do advogado.
Uma primeira observação é quanto ao inciso I. Perceba que, pela letra da lei, apenas
advogados poderiam postular perante quaisquer órgãos do Poder Judiciário, bem como
perante os juizados especiais. Sabemos que isso não ocorre na prática, já que
determinadas demandas podem ser ajuizadas independentemente da assistência de
advogado. Nesse sentido, a expressão qualquer foi considerada inconstitucional pelo
Supremo Tribunal Federal.
É importante ter essas características em mente, uma vez que são cobradas com
recorrência nos exames da OAB. Sobre o tema, deve-se, ainda, atentar-se ao fato de que
o advogado não é titular de função pública, mas, em seu mister privado, exerce, sim,
função pública, já que há a equiparação da advocacia a serviço público, tendo em vista a
função social que a atividade possui, ao contribuir para a plena realização da justiça
(VAILATTI et al. , 2018).
Por sua vez, o Art. 3º do EOAB (BRASIL, 1994) atribui apenas aos advogados a
prerrogativa de exercer a advocacia, especificando que, para ser considerado advogado,
faz-se necessária a inscrição nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil. Portanto,
não podem exercer a advocacia os advogados suspensos, impedidos, licenciados ou que
exerçam atividades incompatíveis com a advocacia, sendo considerados nulos os atos
por eles praticados, de acordo com o Art. 4º, parágrafo único (BRASIL, 1994). Também
estão submetidos às determinações do Estatuto, os advogados públicos e os integrantes
da AGU, da PFN, da Defensoria Pública, e das Procuradorias estaduais, municipais e do
Distrito Federal, segundo o Art. 3º, § 1º (BRASIL, 1994).
Uma alteração importante foi inserida no Estatuto por meio do Art. 3º-A da Lei nº
14.039 (BRASIL, 2020). O novo dispositivo visa caracterizar a natureza técnica e singular
da atividade advocatícia, bem como estabelecer parâmetros para que um profissional
ou uma sociedade de advogados seja considerada de notória especialização. A
caracterização decorrerá da análise do desempenho anterior do profissional ou
sociedade, a partir de determinados parâmetros trazidos pelo artigo. A finalidade é
permitir que, na contratação de sociedade de advogados pelo Poder Público, por
exemplo – que independe de licitação –, seja possível escolher com imparcialidade, a
partir de parâmetros definidos em lei.
Por sua vez, os Art. 7º, 7º-A e 7º-B enumeram os diversos direitos dos advogados. Antes
de falarmos especificamente deles, vale abordamos a distinção entre direito e
prerrogativa:
O Art. 7º do EOAB (BRASIL, 1994) enuncia direitos básicos necessários ao pleno exercício
da profissão. Esses direitos estão diretamente ligados ao dia a dia do advogado,
constituindo atos rotineiros ligados à praxe forense. Embora comuns, são
extremamente necessários e sua normatização caracteriza uma segurança ao advogado.
Constituem, entre outros, o poder de ingressar nas repartições públicas; de se dirigir às
autoridades judiciais e de ser atendido sem marcar horário; de poder ter consulta
reservada com o cliente que se encontre preso; de poder sustentar oralmente em pé ou
sentado, conforme preferir; de não ser recolhido preso preventivamente, senão em sala
de Estado-maior; e de ter a presença de um representante da OAB em caso de prisão
em flagrante por ato relacionado à profissão. Desses exemplos, pode-se concluir que os
direitos do Art. 7º são, de fato, essenciais à profissão.
O Art. 7º-A foi inserido no EOAB através da Lei nº 13.363 (BRASIL, 2016b) e institui os
direitos da mulher advogada. A motivação para essa alteração legislativa especial foi o
caso de uma advogada que sofreu parto prematuro em decorrência da espera para a
audiência, mesmo após ter pedido prioridade em virtude de seu estado avançado de
gestação. Devido ao triste ocorrido, inseriu-se o dispositivo no Estatuto, o qual assegura
direitos à advogada grávida, à lactante e à adotante. Entre os direitos, estão a
possibilidade de entrada nas repartições públicas sem submissão ao detector de metais;
a reserva de vaga em garagem nos tribunais; a prioridade na realização de audiências e
sustentações orais; e a suspensão dos prazos processuais quando ocorrer o parto ou a
adoção, caso a advogada seja a única patrona da causa.
Finalmente, o Art. 7º-B, inserido pela Lei nº 13.869 (BRASIL, 2019), tipificou como crime a
violação a alguns direitos dos advogados, a saber, os especificados no Art. 7º, incisos II,
III, IV e V do EOAB.
Atenção! Direitos e prerrogativas dos advogados foi o segundo tema mais cobrado
nos últimos exames da Ordem, portanto não deixe de ler com atenção os artigos
aqui comentados!
Esse conjunto de artigos constitui o Título II do Estatuto e está dividido em seis capítulos:
Dispositivos legais
Órgão Composição Competência
e regulamentares
Conselheiros
federais,
integrantes das
delegações de
Art. 54 do EOAB;
cada unidade
Art. 75 do
federativa – 81
RGOAB
conselheiros (três
(competência do
de cada unidade
Conselho Pleno);
federativa e três
Art. 85 do
do Distrito
RGOAB
Federal). Ex-
(competência do
presidentes, na
Órgão Especial
Art. 45, I, e § 1º; 51 a qualidade de
Conselho do Conselho
55, EOAB. Arts. 62 a membros
Federal Pleno); Arts. 88 a
104, RGOAB. honorários
90 do RGOAB
vitalícios. Possui
(competência
a seguinte
das Câmaras).
estrutura:
Arts. 99 a 104 do
Conselho Pleno;
RGOAB
Órgão Especial
(competência da
do Conselho
Diretoria e de
Pleno; Primeira,
seus
Segunda e
integrantes).
Terceira
Câmaras;
Diretoria;
Presidente.
Conselheiros em
número mínimo
de 15. Possuem
uma Diretoria
Art. 45, III, e § 3º; 60 com atribuições e Art. 61 do EOAB;
Subseções e 61, EOAB. Arts. composição Art. 115 do
115 a 120. RGOAB. equivalentes às RGOAB.
da diretoria
seccional. Podem
abranger um ou
mais municípios.
Possui
personalidade
jurídica própria e
se destina a
prestar
assistência aos
Prestar
advogados. É
Caixa de assistência aos
Art. 45, IV, e § 4º; 62, composta de
Assistência advogados, na
EOAB. Arts. 121 a uma Diretoria e
dos forma do
127, RGOAB. sua estrutura
Advogados Estatuto e do
organizacional é
Regulamento.
definida em seu
estatuto, que
deve ser
aprovado pelo
Conselho
Seccional.
Antes de encerrarmos este tópico, destacamos ainda o fato de a Ordem dos Advogados
do Brasil constituir instituição sui generis no Direito brasileiro, uma vez que ela não se
enquadra entre as pessoas jurídicas de direito público nem entre as pessoas jurídicas de
direito privado. Isso fica claro no Art. 44, caput e § 1º do Estatuto, que denomina a
Ordem como serviço público, mas a põe a salvo de qualquer vínculo funcional ou
hierárquico com a Administração Pública (BRASIL, 1994).
Conhecimento
Teste seus Conhecimentos
(Atividade não pontuada)
OAB – ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. XIII Exame de Ordem Unificado . 1. Fase. FGV
Projetos, 2014.
Até agora, cuidamos das atividades privativas do advogado, de seus direitos e suas
prerrogativas, bem como da estrutura da OAB. É preciso, então, dar um passo adiante, a
fim de analisar o trâmite a ser percorrido para que o bacharel se inscreva nos quadros
da Ordem, bem como a regulamentação que cuida do desenvolvimento da atividade
advocatícia em sociedade e da contratação de advogado como empregado. Cuidaremos,
ainda, da importância do sigilo para o bom desempenho da profissão e da
regulamentação dos honorários.
Da sociedade de advogados
A sociedade de advogados está regulamentada dos Arts. 15 a 17 do Estatuto (BRASIL,
1994), bem como dos Arts. 37 a 43 do Regulamento Geral da OAB (OAB, 1994).
Rememorando conceitos de Direito Empresarial, vale lembrar que a atividade
advocatícia não constitui elemento de empresa, ou seja, o advogado não exerce
atividade empresarial. Nesse sentido, a sociedade formada por advogados enquadra-se
nas denominadas sociedades simples, uma vez que está a atividade inserida na exceção
do parágrafo único do Art. 966 do Código Civil (BRASIL, 2002).
Por fim, saliente-se, ainda, que tanto os sócios da sociedade de advogados quanto o
titular da sociedade unipessoal responderão subsidiária e ilimitadamente por danos que
causarem aos seus clientes, conforme Art. 17 do EOAB (BRASIL, 1994). Isto é, respondem
a sociedade e os sócios.
Do advogado empregado
É possível, e nada incomum, que empresas contratem advogados na condição de
empregados. O advogado pode prestar serviços à sociedade empresária de modo
autônomo, sendo remunerado mediante a cobrança de honorários advocatícios. Mas
também pode ocorrer de a empresa optar por empregar o advogado de modo
tradicional, sob o regime celetista. Nesse caso, além das garantias instituídas na
legislação trabalhista, o advogado conta com normas protetivas constantes do Estatuto
da OAB, nos Arts. 18 a 21 (BRASIL, 1994).
O advogado tem o dever de guardar sigilo sobre os fatos que lhe sejam confidenciados
em seu mister. Por óbvio, o advogado não pode divulgar dados ou situações às quais
tenha tido acesso no exclusivo exercício profissional. Isso gera como consequência até
mesmo o direito de o advogado recusar-se a depor como testemunha em processo que
tenha atuado – ou que possa vir a atuar – e sobre fatos relacionados aos seus clientes.
Também estão protegidas pelo sigilo profissional as comunicações epistolares, ou seja,
aquelas feitas por escrito entre advogado e cliente.
Mas, atenção, o dever de sigilo pode ser mitigado em casos de grave ameaça ao direito à
vida ou à honra. Também é possível mitigar o dever de sigilo se o advogado necessitar
defender-se de seu próprio cliente, mas a quebra deve ser restrita ao interesse da
causa.
O Código de Ética especifica as informações que podem constar dos cartões de visita do
advogado, o que pode constar nas placas de identificação dos escritórios, como o
advogado deve se portar em caso de participação em programas de rádio e televisão,
entre outros. Atualmente, o tema tem ganhado muita relevância em virtude do uso das
redes sociais como ferramenta de marketing jurídico. A OAB tem se manifestado quanto
aos limites da divulgação e da exposição em redes sociais, o que nos traz a convicção de
que o assunto poderá aparecer nos exames.
Honorários
Os honorários advocatícios representam a remuneração à qual o advogado faz jus pelos
serviços prestados. É tema de suma relevância para o Exame de Ordem, sendo o
terceiro assunto mais cobrado nos últimos exames. O Estatuto (BRASIL, 1994) prevê três
espécies de honorários:
Figura 3.2 - Honorários advocatícios
Fonte: Elaborada pela autora.
#PraCegoVer : o Quadro 3.2 apresenta o resumo dos honorários advocatícios. O quadro está
dividido em duas colunas e três linhas. Seguindo as colunas, da esquerda para a direita,
temos, na primeira linha, “Convencionados”; na segunda, “Fixados por arbitramento”; e na
terceira, “De sucumbência”. Na segunda coluna, temos, na primeira linha, “Também
conhecidos como contratuais. Quantum cobrado pelo advogado para patrocinar a causa”; na
segunda linha, “Quando não há estipulação do valor dos honorários ou não há acordo entre
cliente e advogado (Art. 22, § 2º)”; e na terceira linha, “Devidos pela parte vencida ao
advogado da parte vencedora”.
Sendo assim, pode-se dizer que, na verdade, são duas as verbas remuneratórias às
quais o advogado tem direito: os honorários pagos pelo seu cliente e os honorários
pagos pela parte vencida — estes, obviamente, caso a parte patrocinada pelo advogado
saia vencedora na demanda. Os honorários fixados por arbitramento terão aplicação
apenas se não houver estipulação dos honorários contratuais ou se advogado e cliente
discordarem quanto a eles. Deve-se estar atento, ainda, aos seguintes pontos referentes
aos honorários, segundo o EOAB (BRASIL, 1994):
Causa de juridicamente necessitado – Art. 22, § 1º: faz jus a honorários fixados
pelo juiz e pagos pelo Estado.
Momento de pagamento – Art. 22, § 3º: salvo estipulação em contrário, 1/3 no
início; 1/3 até a sentença; restante no final.
Possibilidade de requerer o desconto da verba honorária do valor a ser
recebido pelo cliente – Art. 22, § 4º: deve-se juntar aos autos o contrato de
honorários antes da expedição do mandado de levantamento ou precatório.
O advogado pode executar autonomamente a sentença na parte que diz
respeito aos honorários – Art. 23.
O contrato de honorários e a sentença que os institui constituem títulos
executivos e crédito privilegiado na falência – Art. 24.
Se o cliente fizer acordo com a parte contrária sem a aquiescência do
advogado, seu direito aos honorários está assegurado – Art. 24, § 4º.
Prazo prescricional de cinco anos para cobrança de honorários, contados: do
vencimento do contrato, se houver; do trânsito em julgado da decisão que os
fixar; da ultimação do serviço extrajudicial; da desistência ou transação; da
renúncia ou revogação do mandato – Art. 25.
Prazo prescricional de cinco anos para que o cliente possa pedir a prestação de
contas pelas quantias recebidas que seu advogado tenha recebido em seu
nome – Art. 25-A.
O advogado substabelecido com reserva de poderes não pode cobrar
honorários sem a intervenção do advogado que o substabeleceu – Art. 26.
Conhecimento
Teste seus Conhecimentos
(Atividade não pontuada)
Miguel, advogado, sempre exerceu a atividade sozinho. Não obstante, passou a pesquisar
sobre a possibilidade de constituir, individualmente, pessoa jurídica para a prestação de seus
serviços de advocacia. Sobre o tema, assinale a afirmativa correta.
OAB – ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. XXIII Exame de Ordem Unificado . 1. Fase. FGV
Projetos, 2017.
a) Miguel poderá constituir a pessoa jurídica pretendida, mediante registro dos seus
atos constitutivos no Conselho Seccional da OAB em cuja base territorial tiver sede, com
denominação formada pelo nome do titular, seguida da expressão “Sociedade
Individual de Advocacia”.
b) Miguel não poderá constituir a pessoa jurídica pretendida, uma vez que o
ordenamento jurídico brasileiro não admite a figura da sociedade unipessoal,
ressalvados apenas os casos de unipessoalidade temporária e da chamada subsidiária
integral.
c) Miguel poderá constituir a pessoa jurídica pretendida mediante registro dos seus
atos constitutivos no Conselho Seccional da OAB, com denominação formada pelo
nome do titular, seguida da expressão “EIRELI”.
d) Miguel poderá constituir a pessoa jurídica pretendida mediante registro dos seus
atos constitutivos no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, com denominação formada
pelo nome do titular, seguida da expressão “EIRELI”.
Ética Profissional III
Incompatibilidades e impedimentos
As incompatibilidades e os impedimentos para o exercício da advocacia estão tratados
nos Art. 27 a 30 do Estatuto da Ordem (BRASIL, 1994). São situações nas quais o
profissional não poderá exercer a atividade, de modo total ou parcial. É justamente este
o critério distintivo entre incompatibilidade e impedimento:
Figura 3.3 - Incompatibilidades e impedimentos
Fonte: Elaborada pela autora.
Veja que o advogado que vier a exercer atividade incompatível com a advocacia terá sua
inscrição cancelada. Se a incompatibilidade ocorrer antes da inscrição, o bacharel será
impedido de inscrever-se. Um exemplo disso é a situação de policiais, militares ou não, e
servidores dos órgãos integrantes do Poder Judiciário. É muito comum que tais pessoas
cursem a faculdade de Direito quando já ocupantes do cargo público, mas, ao tornarem-
se bacharéis, ainda que aprovadas no exame, não poderão requerer a inscrição, já que
exercem atividade incompatível. Vale observar que a incompatibilidade não significa
algo ruim; a intenção é assegurar a imparcialidade e o bom desempenho das funções
públicas. O Art. 28 do EOAB enumera as hipóteses de incompatibilidade (BRASIL, 1994).
Por outro lado, o impedimento proíbe que o advogado atue em determinadas causas.
Alguns servidores públicos podem conciliar o desempenho dessa função com a
advocacia, todavia, não poderão atuar contra as entidades às quais estão vinculados. As
hipóteses estão estabelecidas no Art. 30 do EOAB (BRASIL, 1994).
Ética do advogado
A atuação do advogado deve seguir padrões deontológicos condizentes com a dignidade
da profissão, o que se justifica em virtude da relevância da atividade, estabelecida no
próprio texto constitucional – Art. 133 da CF (BRASIL, 1988).
Nesse sentido, o Estatuto da OAB estabeleceu normas gerais para a condução ética da
atividade, nos Arts. 31 a 33. Ato contínuo, a fim de dar maior concretude a essas
normas, foi elaborado o Código de Ética e Disciplina da OAB que trata de aprimorar as
normas estatutárias (OAB, 2015). O próprio Estatuto aponta para a necessidade de se
fazer cumprir as normas do Código de Ética, conforme Art. 33 (BRASIL, 1994).
Observe que as normas éticas trazidas pelo Código destinam-se a estabelecer: regras
éticas gerais; regras éticas de relacionamento com o cliente; regras de sigilo profissional;
parâmetros éticos para a realização de publicidade; parâmetros éticos para a cobrança
de honorários; e normas éticas de tratamento.
Os Capítulos VII, VIII e IX já foram abordados nos tópicos anteriores. Por isso, indicamos
aqui a leitura em especial dos Capítulos I ao VI.
Notamos que a grande maioria das infrações está relacionada à má conduta na atuação
profissional do advogado – indo desde a retenção de autos retirados em carga além do
prazo ao falseamento da verdade nos autos, perpassando também pela infringência às
normas de publicidade. Por outro lado, temos infrações relacionadas à atuação na
esfera privada do advogado: cometimento de crime infamante, falsificação de
documentos para inscrição na Ordem, inidoneidade moral e embriaguez habitual são
alguns exemplos. Finalmente, temos a infração cometida pelo estagiário, que ocorre
quando este atua para além de sua habilitação.
A cada infração corresponde uma sanção, cuja gravidade varia de acordo com a
gravidade da primeira. O Estatuto prevê quatro espécies de sanções disciplinares: a
censura, a suspensão, a exclusão e a multa (BRASIL, 1994).
A mais grave das sanções é a exclusão , mediante a qual o advogado é retirado dos
quadros da OAB, ficando permanentemente impedido de exercer a atividade
profissional.
A multa é a sanção pecuniária. Ela não integra a linha gradativa das sanções, pois será
sempre aplicada junto à censura ou à suspensão, quando presente circunstância
agravante.
Abaixo, sistematizamos as infrações que geram como consequência cada uma das
sanções. Lembre-se: a leitura deve ser feita em conjunto com o EOAB, para que você
possa se ambientar com a redação da lei, que é muito cobrada nesta disciplina na prova
da Ordem:
Infrações às quais se
Sanções Peculiaridades
aplicam
I – infrações definidas
nos incisos I a XVI e XXIX A censura pode ser
do Art. 34; II – violação a convertida em
preceito do Código de advertência, em ofício
Ética e Disciplina; III – reservado, sem registro
Censura – Art. 36
violação a preceito desta nos assentamentos do
lei, quando para a inscrito, quando
infração não se tenha presente circunstância
estabelecido sanção atenuante.
mais grave.
A suspensão acarreta ao
I - infrações definidas infrator a interdição do
nos incisos XVII a XXV do exercício profissional,
Suspensão – Art. 37
Art. 34; II – reincidência em todo o território
em infração disciplinar. nacional, pelo prazo de
30 dias a 12 meses.
Para a aplicação da
I – aplicação, por três sanção disciplinar de
vezes, de suspensão; II – exclusão, é necessária a
Exclusão – Art. 38 infrações definidas nos manifestação favorável
incisos XXVI a XXVIII do de dois terços dos
Art. 34. membros do Conselho
Seccional competente.
Competência constitucional
A preocupação com a proteção ao meio ambiente é temática relativamente recente, não
datando de muito sua legislação protetiva. Pode-se resumir o curso da tutela ao meio
ambiente em três grandes períodos: no primeiro, a preocupação com o meio ambiente
era meramente econômica, servindo este apenas para assegurar os interesses
econômicos do ser humano; no segundo, passa-se a relacionar algum cuidado com o
meio ambiente com a proteção à saúde e à qualidade de vida do ser humano; já no
terceiro período, passa-se a proteger o meio ambiente como bem único, imaterial e
indivisível , merecedor, portanto, de tutela autônoma. Evolui-se, assim, de uma visão
até então antropocentrista a uma visão ecocentrista/biocentrista.
Concorrente: Comum:
Responsabilidade ambiental
Uma das formas mais efetivas de se assegurar a proteção ambiental é por meio da
responsabilização daqueles que, por suas ações ou omissões, gerem danos ao meio
ambiente pela sua reparação. É o que está preceituado no § 3º do Art. 225 da CF
(BRASIL, 1988) e no § 1º do Art. 14 da Lei nº 6.938 (BRASIL, 1981).
É importante ressaltar que o dano ambiental deve ser reparado ainda que decorra de
atividade lícita, sendo a obrigação de reparar autônoma em relação aos danos pessoais
– individuais ou coletivos – decorrentes da mesma atividade. Isto é, o poluidor deve
reparar não só o dano ocasionado ao meio ambiente, mas também os danos
ocasionados às pessoas individualmente identificadas ou à coletividade.
Por fim, atente-se que o poluidor é responsável pela reparação, caracterizado por
aquela “pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou
indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental”, conforme Art. 3º, IV,
da Lei nº 6.938 (BRASIL, 1981, on-line ).
Unidades de conservação
Na mesma toada de proteger o meio ambiente para as presentes e futuras gerações, a
legislação ambiental tratou de determinar a preservação de certas áreas, protegendo-as
da exploração e da poluição. Nesse sentido, é importante tratar da Lei nº 9.985 (BRASIL,
2000), que, a fim de regulamentar o Art. 225 da CF, institui o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação da Natureza.
Por meio da regulamentação legal, são criados espaços territoriais aos quais deve ser
destinada proteção especial contra a degradação e a exploração. Tais espaços são
chamados de unidades de conservação , as quais são conceituadas no Art. 2º, I, da Lei
nº 9.985 (BRASIL, 2000, on-line ) como:
Licenciamento ambiental
Outro ponto relevante na disciplina de Direito Ambiental é quanto ao licenciamento . A
temática é tratada na Resolução nº 237 de 1997 do Conama – Conselho Nacional do
Meio Ambiente. Tal resolução, no âmbito do que é determinado pela Lei nº 6.938
(BRASIL, 1981), visa regulamentar o procedimento para que os empreendimentos
consigam o licenciamento ambiental, grosso modo, autorização para explorar recursos
naturais.
Recomendamos ao aluno dar atenção especial ao Art. 1º da resolução que traz consigo
os conceitos de licenciamento ambiental, licença ambiental, estudos ambientais e
impacto ambiental regional:
Lembre-se de realizar a leitura da legislação seca apontada neste material e não deixe
de consultar outras fontes de estudo. Em sua biblioteca virtual, há bons livros para
aprofundamento. Bons estudos e uma excelente prova. E que venha a aprovação!
referências
Referências
Bibliográficas
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988
. Brasília, DF: Presidência da República, [2020]. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm . Acesso
em: 10 fev. 2021.
BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000 . Regulamenta o Art. 225, § 1o, incisos I, II,
III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação
da Natureza e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2000.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9985.htm . Acesso em: 10 fev.
2021.
BRASIL. Lei nº 10.259, de 12 de julho de 2001 . Dispõe sobre a instituição dos Juizados
Especiais Cíveis e Criminais no âmbito da Justiça Federal. Brasília, DF: Presidência da
República, 2001. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10259.htm . Acesso em: 10 fev. 2021.
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 . Institui o Código Civil. Brasília, DF:
Presidência da República, 2002. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm . Acesso em: 10
fev. 2021.
OAB – ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. XIII Exame de Ordem Unificado , 1. Fase.
FGV Projetos, 2014.