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Código De Ética da OAB x Estatuto da OAB

O estatuto da advocacia é uma norma que tem como objeto a profissão de


advogado. É preciso tomar cuidado para não confundir com o Código de Ética
e Disciplina da OAB – aprovado pela Resolução 02/2015.

Como o próprio nome indica, o Código é centrado em duas questões:

Primeiro, foca na ética, tratada nos artigos 31 a 33 do estatuto.

Segundo, aborda a disciplina, tratada nos artigos 34 a 43 do estatuto.

Nesse sentido, podemos dizer que o Estatuto da Advocacia é uma norma de


caráter mais geral do que o Código de Ética e Disciplina.

Código de Ética da OAB

Mas então, o que é ética?

A ética pode ser definida como uma teoria ou ciência do comportamento


moral, a qual busca explicar, compreender, justificar e criticar a moral de um
determinado grupo.

O Código de Ética, assim como o estatuto e o regulamento, acaba nada mais


é que uma relação organizada de procedimentos, permitidos e proibidos, e
prerrogativas dentro de um corpo social organizado, logo, o código é fundado
em princípios éticos obrigatórios aos advogados, tais como: sinceridade,
transparência, respeito, seriedade, entre outras.

Entre os assuntos específicos disciplinados pelo código de ética e disciplina,


estão as relações com o cliente, o sigilo profissional, a publicidade dos
serviços jurídicos e a cobrança dos honorários advocatícios.
O código também traz previsões sobre os processos disciplinares provocados
por descumprimento de suas advertências.

Assim como o estatuto da advocacia, o Código de Ética da OAB também


desempenha um importante papel.

Pode-se argumentar que ele tem por objetivo manter os profissionais atentos
para a responsabilidade social da atividade que exercem, em vez de priorizar
sua lucratividade.

Este papel fica mais evidente no artigo 5º.

Dessa forma, ele dispõe:

Art. 5º. O exercício da advocacia é incompatível com qualquer procedimento


de mercantilização.

As determinações dessa atribuição são encontradas ao longo de todo o


código.

Um exemplo é a determinação de que o advogado deve informar ao seu


cliente dos riscos do processo.

Isso quer dizer que o advogado não pode incentivar o cliente a iniciar uma
ação na qual ele terá pouca probabilidade de sucesso, priorizando seu
próprio interesse financeiro.

Os Princípios do Código de Ética da OAB

Vejamos alguns princípios que permeiam a atividade advocatícia:


1- PESSOALIDADE

A relação formada entre cliente e advogado tem por base a pessoalidade, ou


seja, uma relação eminentemente pessoal, até pelos bens jurídicos
envolvidos na relação, como patrimônio, família, honra, imagem etc.

2- CONFIABILIDADE

A confiabilidade (confiança e honestidade) é a base da relação a ser formada


entre cliente e advogado.

Desta forma, o rompimento deste elemento faz com que não mais se
perpetua a relação, como se observa:

● Cliente – Quebra de confiança no Advogado: Revogação do


Mandato (Artigo 17 do CED);
● Advogado – Quebra de confiança no Cliente: Renúncia ao
Mandato (Artigo 5º, §3º do EOAB).

3- SIGILO PROFISSIONAL

Acerca do sigilo profissional, preste atenção:


✓ O advogado tem o dever de guardar sigilo dos fatos de que tome
conhecimento no exercício da profissão;

✓ O sigilo profissional abrange os fatos de que o advogado tenha tido


conhecimento em virtude de funções desempenhadas na Ordem dos
Advogados do Brasil;

✓ O advogado, quando no exercício das funções de mediador, conciliador e


árbitro, submete-se às regras de sigilo profissional;

✓ O sigilo profissional é de ordem pública, independente de solicitação de


reserva que lhe seja feita pelo cliente;

✓ Presumem-se confidenciais as comunicações de qualquer natureza entre


advogado e cliente;

✓ Constitui infração disciplinar violar, sem justa causa, sigilo profissional,


implicando CENSURA;

✓ Nos termos do art. 154, do Código Penal, verifica-se que revelar a alguém,
sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, ministério,
ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem, implica
detenção, de três meses a um ano, ou multa;

✓ A configuração do crime de violação de segredo profissional será


observada quando presente os seguintes requisitos:

● O fato revelado deve configurar-se como um segredo;


● O segredo tem que ser obtido pelo agente em função do exercício
profissional;
● O segredo deve ter sido revelado a terceiro, sem justo motivo;
● O segredo possui potencial de causar danos a alguém

Mas há exceções.
Nos termos do art. 37 do Código de Ética OAB, o sigilo profissional cederá
em face de circunstâncias excepcionais que configurem justa causa, como
nos casos de grave ameaça ao direito à vida e à honra ou que envolvam
defesa própria.

Fique atento ao fato de que o advogado NÃO É OBRIGADO A DEPOR, em


processo ou procedimento judicial, administrativo ou arbitral, acerca de fatos
cujo respeito deva guardar sigilo profissional (art. 38 do CED), AINDA QUE
autorizado pelo cliente!

Percebe-se nesse ponto que o sigilo profissional, trata-se de um dever ético,


mas também de uma prerrogativa profissional, consoante o art. 7°, XIX, da
EAOAB:

“Art. 7º São direitos do advogado:

XIX – recusar-se a depor como testemunha (…) sobre fato que constitua
sigilo profissional.”

4- NÃO MERCANTILIZAÇÃO

A mercantilização da advocacia é totalmente vedada pelo Código de Ética da


OAB, como se observa no artigo 5º:

O exercício da advocacia é incompatível com qualquer procedimento de


mercantilização.

O profissional da advocacia não pode praticar nenhum ato que venha a se


caracterizar como mercantil para fins de sua promoção ou do escritório, como
se observa em algumas propagandas na Rádio / TV com intuito de promover
o escritório / advogado.

O advogado até poderá anunciar os seus serviços na mídia, mas desde que a
forma escolhida seja moderada e tenha cunho EXCLUSIVAMENTE
INFORMATIVO, como ocorre atualmente nas redes sociais. (MUITO
CUIDADO COM ISSO)
• É VEDADA a publicidade realizada pelos seguintes meios:

✓ Rádio, cinema e televisão;

✓ Outdoors, painéis luminosos ou formas assemelhadas de publicidade;

✓ Inscrições em muros, paredes, veículos, elevadores ou em qualquer


espaço público;

✓ Mala direta;

✓ Distribuição de panfletos ou formas assemelhadas de publicidade, com o


intuito de captação de clientela;

✓ O fornecimento de dados de contato, como endereço e telefone, em


colunas ou artigos literários, culturais, acadêmicos ou jurídicos, publicados na
imprensa, bem como quando de eventual participação em programas de rádio
ou televisão, ou em veiculação de matérias pela internet, sendo permitida a
referência a e-mail.

Quando o advogado for convidado para manifestação pública, visando ao


esclarecimento de tema jurídico de interesse geral, deverá evitar insinuações
com o sentido de promoção pessoal ou profissional, bem como o debate de
caráter sensacionalista.

Estabelece o art. 44, caput, do CED, que os cartões e os materiais de


escritório que o advogado utilizar como meio de publicidade profissional,
DEVERÃO conter:

✓ Seu nome ou o da sociedade de advogados; e

✓ O número ou os números de inscrição na OAB;

PODERÁ também constar, de acordo com o art. 44, § 1°, do CED:


✓ Títulos acadêmicos;

✓ Instituições Jurídicas que integre;

✓ Especialidade;

✓ Endereço;

✓ E-mail;

✓ Site / Página eletrônica;

✓ Logotipo;

✓ Fotografia do escritório;

✓ Horário de Atendimento;

✓ Idiomas em que o cliente pode ser atendido.

Contudo, no art. 44, § 2°, do CED, se PROÍBE a utilização de:

✓ Fotografias pessoais ou de terceiros no cartão de visita;

✓ Menção de emprego, cargo ou função que já ocupou.

5- EXCLUSIVIDADE

O Código de Ética, no art. 40, VI, prevê ser vedada a divulgação da


advocacia em conjunto com a de outras atividades ou a indicação de vínculos
entre uns e outros.

Então, não será possível fazer um “puxadinho” na loja da sua mãe para abrir
o seu escritório.
A advocacia exige um ambiente próprio e exclusivo para o exercício da
atividade, não podendo se comunicar com outras atividades empresariais /
laborais.

A exigência é uma forma de vetar a divulgação conjunta.

Com efeito, aquele que praticar conduta que viole os alicerces da


exclusividade mencionada, deverá ser apenado administrativamente com a
sanção de censura, nos termos do artigo 36, II do EOAB.

Inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil – OAB

A inscrição na condição de advogado na Ordem dos Advogados do Brasil


(OAB) exige o preenchimento de certos requisitos legais.

Estes estão contidos no artigo 8º, da EOAB, vejamos:

✓ Capacidade Civil: a capacidade civil plena é adquirida aos 18 anos de


idade, sendo que aquele reputado como incapaz não se tornará apto a se
inscrever nos quadros de advogados da OAB.

✓ Diploma ou certidão de graduação em direito, obtido em instituição de


ensino oficialmente autorizada e credenciada;

✓ Título de eleitor e quitação do serviço militar, se brasileiro: O título de


eleitor e a quitação com o serviço militar para homens são essenciais para
que possa se inscrever perante a OAB.

✓ Aprovação em Exame de Ordem: a exigência do exame da ordem foi tida


como constitucional, pelo pleno do STF, para o exercício profissional. Neste
ponto, ressalto que o examinando somente poderá realizar o exame no local
de seu domicílio eleitoral ou onde tiver ocorrido a conclusão do curso jurídico;

✓ Não exercer atividade incompatível com a advocacia: o exercício de


atividades incompatíveis com a advocacia, impedem a inscrição na OAB.
✓ Idoneidade Moral: está intimamente ligada com a boa reputação daquele
que pretende se inscrever na OAB.

Neste sentido, tome nota dos preceitos contidos no EOAB:

“Art. 8º Para inscrição como advogado é necessário:

(…)

§ 3º A inidoneidade moral, suscitada por qualquer pessoa, deve ser


declarada mediante

decisão que obtenha no mínimo dois terços dos votos de todos os


membros do conselho

competente, em procedimento que observe os termos do processo


disciplinar.

§ 4º Não atende ao requisito de idoneidade moral aquele que tiver sido


condenado por

crime infamante, salvo reabilitação judicial.”

Cancelamento e Licenciamento – Código de Ética OAB


Agora, um assunto do Código de ética que merece destaque.

Hipóteses de CANCELAMENTO E LICENCIAMENTO da inscrição:

E quando o advogado for estrangeiro?

O advogado estrangeiro possui vedação quanto ao exercício do procuratório


judicial e a consultoria ou assessoria em direito brasileiro, ainda que esteja
em parceria com advogado / sociedade de advogados nacionais.

O exercício de atividade de consultoria depende de REQUERIMENTO


perante o Conselho Seccional correspondente ao local do exercício
profissional. Neste sentido, em havendo “autorização”, esta perdurará por até
três anos, sendo renovável a cada novo interregno de três anos.

Quando a graduação do advogado tiver ocorrido no exterior, nesta situação,


será necessário a revalidação de seu diploma por meio de prova específica.

O estágio profissional
Os requisitos para o estágio profissional estão contidos no artigo 9º do Código
de ética da OAB.

O estágio tem duração de até dois anos, sendo realizado nos últimos anos do
curso jurídico, observado o tempo conjunto mínimo de 300 (trezentas) horas,
distribuído em dois ou mais anos.

Princípio da Independência e da não subordinação!

Você sabia que não há hierarquia entre os advogados, magistrados ou


membros do Ministério Público?

Pois é, o advogado tem total independência e autonomia, isso está disposto


no artigo 6º do EAOAB e no artigo 27, do Código de Ética da OAB, traz em
seu bojo como deve ser as relações entre o advogado e todos os que ele terá
que se comunicar no ambiente de trabalho.

Cabe ao advogado decidir se irá ficar ou se retirar dos locais em que esteja
atuando (Tribunal, Órgão da Administração, Poder Legislativo etc.), e sem
que haja qualquer interferência por parte dos agentes públicos, nem mesmo
das autoridades policiais ou judiciais.

Imunidade Profissional – Código de Ética OAB

O advogado goza de imunidade profissional no exercício de sua atividade,


logo, não incidirá em crime de injúria ou difamação, quando em razões ou
alegações jurídicas, por exemplo, difamar ou injuriar em prol da causa que
advoga.

Tal prerrogativa se aplica para qualquer manifestação, no exercício de sua


atividade, em juízo ou fora dele.

Claro, qualquer excesso poderá levar a responsabilização perante a OAB!


O STF entende que tal direito não abrange situações de desacato e
tampouco de calúnia, hipóteses em que o advogado deverá responder
perante a OAB, assim como na esfera penal.

Portanto, exclui-se de imunidade profissional e implica responsabilização as


ofensas que forem tipificadas como calúnia, ou ainda, enquadrarem-se como
desacato.

Deveres do Advogado

O Código de Ética prevê diversos deveres inerentes à figura do advogado, de


forma que devemos destacar alguns dos previstos no artigo 2º do Código de
Ética da OAB:

✓ preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da profissão,


zelando pelo caráter de essencialidade e indispensabilidade da advocacia;

✓ atuar com destemor, independência, honestidade, decoro, veracidade,


lealdade, dignidade e boa-fé;

✓ velar por sua reputação pessoal e profissional;

✓ empenhar-se, permanentemente, no aperfeiçoamento pessoal e


profissional;

✓ estimular, a qualquer tempo, a conciliação e a mediação entre os litigantes,


prevenindo, sempre que possível, a instauração de litígios;

✓ desaconselhar lides temerárias, a partir de um juízo preliminar de


viabilidade jurídica;

✓ zelar pelos valores institucionais da OAB e da advocacia;

✓ ater-se, quando no exercício da função de defensor público, à defesa dos


necessitados.
✓ abster-se de:

a) utilizar de influência indevida, em seu benefício ou do cliente;

b) vincular seu nome ou nome social a empreendimentos sabidamente


escusos;

c) emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a honestidade


e a dignidade da pessoa humana;

d) entender-se diretamente com a parte adversa que tenha patrono


constituído, sem o assentimento deste;

e) ingressar ou atuar em pleitos administrativos ou judiciais perante


autoridades com as quais tenha vínculos negociais ou familiares;

f) contratar honorários advocatícios em valores aviltantes.

Honorários Advocatícios – Código de Ética OAB

As regras acerca desse tema estão disciplinadas no Estatuto da Advocacia e


da OAB (EAOAB), no Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da
OAB (RGEAOAB) e no Código de Ética e Disciplina (CED), conforme
destacado:

Merece destaque alguns detalhes sobre esse assunto:

● Nas causas em que for parte o empregador, ou pessoa por este


representado, os honorários de sucumbência são devidos aos
advogados empregados;
● Os honorários de sucumbência, percebidos por advogado empregado
de sociedade de advogados são partilhados entre ele e a empregadora,
na forma estabelecida em acordo;
● Em hipótese de procedência parcial, o magistrado irá arbitrar os
honorários de sucumbência recíproca, sendo vedada a compensação
entre os honorários (Art. 85, §14 do CPC);
● Na hipótese de falecimento ou incapacidade civil do advogado, os
honorários de sucumbência, proporcionais ao trabalho realizado, são
recebidos por seus sucessores ou representantes legais;
● Prescreve em cinco anos a ação de cobrança de honorários de
advogado, contado o prazo:

I – do vencimento do contrato, se houver;

II – do trânsito em julgado da decisão que os fixar;

III – da ultimação do serviço extrajudicial;

IV – da desistência ou transação;

V – da renúncia ou revogação do mandato.

Neste ponto, observe também que prescreve em cinco anos a ação de


prestação de contas pelas quantias recebidas pelo advogado de seu cliente,
ou de terceiros por conta dele.

● No caso de substabelecimento, a verba correspondente aos honorários


da sucumbência será repartida entre o substabelecente e o
substabelecido, proporcionalmente à atuação de cada um no processo
ou conforme haja sido entre eles ajustado;
● Quando houver revogação do mandato judicial por vontade do cliente,
isso não o desobriga do pagamento das verbas honorárias contratadas,
assim como não retira o direito do advogado de receber o quanto lhe
seja devido em eventual verba honorária de sucumbência, calculada
proporcionalmente em face do serviço efetivamente prestado;
● Nos termos do art. 85, §15º do NCPC, a sociedade de advogados
poderá ser destinatária dos honorários desde que o advogado, o qual é
o titular do direito (honorários de sucumbência), integre o quadro
societário;
● Conforme preceituado pelo CPC, caso a decisão transitada em julgado
seja omissa quanto ao direito aos honorários, ou ainda, ao seu valor, é
cabível ação autônoma para sua definição e cobrança;
● O advogado terá o direito de receber os honorários de sucumbência,
mesmo quando atuar em causa própria;

Processo Disciplinar – Código de Ética OAB

O processo disciplinar instaura-se de ofício ou mediante representação do


interessado. A instauração, de ofício, será dada em função do conhecimento
do fato, quando obtido por meio de fonte idônea ou em virtude de
comunicação da autoridade competente.

Entretanto, não se considera fonte idônea a que consistir em denúncia


anônima.

Após recebida a representação, o Presidente do Conselho Seccional ou o da


Subseção, quando esta dispuser de Conselho, designa relator, por sorteio,
um de seus integrantes, para presidir a instrução processual.

Os atos de instrução processual podem ser delegados ao Tribunal de Ética e


Disciplina, conforme dispuser o regimento interno do Conselho Seccional,
caso em que caberá ao seu Presidente, por sorteio, designar relator.

O relator, atendendo aos critérios de admissibilidade, emitirá parecer


propondo a instauração de processo disciplinar ou o arquivamento liminar da
representação, no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de redistribuição do
feito pelo Presidente do Conselho Seccional ou da Subseção para outro
relator, observando-se o mesmo prazo.

Compete ao relator do processo disciplinar determinar a notificação dos


interessados para prestar esclarecimentos ou a do representado para
apresentar defesa prévia, no prazo de 15 (quinze) dias, em qualquer caso.

Concluída a instrução, o relator profere parecer preliminar, a ser submetido ao


Tribunal de Ética e Disciplina, dando enquadramento legal aos fatos
imputados ao representado, abrindo-se, em seguida, prazo comum de 15
(quinze) dias para apresentação de razões finais.

Órgãos Disciplinares – Código de Ética OAB


O Tribunal de Ética e Disciplina da OAB poderá funcionar dividido em órgãos
fracionários, de acordo com seu regimento interno.

Compete aos Tribunais de Ética e Disciplina, art. 71, Resolução nº 02/2015:

● julgar, em primeiro grau, os processos ético-disciplinares;


● responder a consultas formuladas, em tese, sobre matéria
ético-disciplinar;
● exercer as competências que lhe sejam conferidas pelo Regimento
Interno da Seccional ou por este Código para a instauração, instrução e
julgamento de processos ético-disciplinares;
● suspender, preventivamente, o acusado, em caso de conduta
suscetível de acarretar repercussão prejudicial à advocacia, nos termos
do Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil;
● organizar, promover e ministrar cursos, palestras, seminários e outros
eventos da mesma natureza acerca da ética profissional do advogado
ou estabelecer parcerias com as Escolas de Advocacia, com o mesmo
objetivo;
● atuar como órgão mediador ou conciliador nas questões que envolvam:

➢ dúvidas e pendências entre advogados;

➢ partilha de honorários contratados em conjunto ou decorrentes de


substabelecimento, bem como os que resultem de sucumbência, nas
mesmas hipóteses;

➢ controvérsias surgidas quando da dissolução de sociedade de advogados.

As funções da OAB visam garantir a integridade e a identidade da advocacia

De início, é relevante mencionar que, para compreender as funções da OAB,


é necessário estudar o seu contexto histórico. Trata-se de um órgão fundado
para proteger e garantir os direitos e interesses dos advogados, de forma
geral, como integrantes da sociedade, além de regulamentar o exercício da
advocacia, tornando-a exclusiva dos advogados habilitados.
As funções da OAB são muitas, variando desde a fiscalização da atuação dos
advogados registrados à defesa dos direitos humanos e garantia social da
prestação jurisdicional. É bastante comum observar a OAB intervindo em
certas questões judiciais, pautando-se na defesa dos interesses dos
advogados.

Trata-se de um órgão voltado para a independência da advocacia e


autorregulamentação do mercado, semelhante aos outros órgãos de classe,
como é o caso do Conselho Federal de Medicina, autarquia responsável pela
regulamentação da profissão médica, ou mesmo o Conselho Regional de
Engenharia e Agronomia, que orienta, fiscaliza e aprimora o exercício destas
profissões.

Quanto à defesa dos direitos humanos e da cidadania, as funções da OAB


também se voltam a priorizar os direitos fundamentais, como a liberdade de
expressão, educação, saúde e cidadania.

A disposição de regras voltadas aos próprios advogados pode ser


encontrada, por exemplo, no Código de Ética e Disciplina da OAB, que
aponta, em cerca de 66 artigos, as regras da profissão, conforme traz o artigo
33 e seu parágrafo único do Estatuto.

Dentre outras coisas, é importante a compreensão de que a OAB é um órgão


autônomo e auto regulamentador. Ou seja, foi criada para fornecer suporte e
garantir a integridade da profissão de advogado, tanto nos interesses da
classe quanto aos da sociedade. As atitudes vedadas aos advogados, por
exemplo, são fiscalizadas pela OAB e referendadas pelo poder judiciário,
quando necessário.

As funções da OAB

A Lei nº 8.906, de 04 de julho de 1994, que regulamenta o exercício da


profissão dos advogados no Brasil, também dispõe a respeito da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB), o órgão fiscalizador e mantenedor da classe.
A OAB é responsável por garantir a independência e a dignidade da profissão
dos advogados, além de estabelecer normas de condutas éticas e
deontológicas para aqueles que pretendem exercer a advocacia.

Trata-se, portanto, de um órgão profissional de direito público, voltado para


garantir a aptidão de seus integrantes para operarem em sociedade. O artigo
1º da norma regulamentadora, de pronto, adianta que são privativas as
atividades de advocacia a “postulação a órgão do Poder Judiciário e aos
juizados especiais” e “as atividades de consultoria, assessoria e direção
jurídicas”.

Isso significa que pessoas não habilitadas não poderão dar assessoria ou
consultoria jurídica, por exemplo. A fiscalização, por consequência, fica à
cargo da OAB, que aplicará, em cada caso, o processo disciplinar e as
sanções cabíveis.

Em resumo, trata-se de uma instituição pública responsável por defender a


Constituição, a ordem jurídica do Estado Democrático de Direito e os direitos
humanos, e promover a representação, defesa, seleção e disciplina dos
advogados no Brasil.

Toda a estrutura é composta de vários órgãos, incluindo o Conselho Federal,


os Conselhos Seccionais, as Subseções e as Caixas de Assistência dos
Advogados. Para a comunicação de suas decisões, a OAB deve sempre
publicar seus atos e decisões em seu Diário Eletrônico, que estará disponível
aos advogados e interessados.

Existe, portanto, uma generalidade de um ecossistema voltado para


asfunções da OAB, que parte do artigo 44 e finaliza ao artigo 77, que
antecede as disposições transitórias, cobrindo os assuntos mencionados,
bem como o processo disciplinar e os recursos, as eleições e mandatos dos
membros que compõem o órgão no Brasil.

Disposição Legal nas funções da OAB

O Estatuto da Advocacia pode ser dividido em três grandes partes: a primeira,


de que trata aos próprios advogados, composta pelo Título I da lei; o Título II,
“Da Ordem dos Advogados do Brasil”, e o Título III, “Do Processo na OAB”,
onde estão dispostas boa parte das funções da OAB.

Assim, o Título II, que trata especificamente da OAB, parte do artigo 44 da Lei
8.906, traz a respeito da Ordem dos Advogados do Brasil, os fins e
organização (Capítulo I, artigo 44 a 50), além de dispor sobre o Conselho
Federal (Capítulo II, artigo 51 a 55), o Conselho Seccional (Capítulo III, artigo
56 a 59), da Subseção (Capítulo IV, artigos 60 e 61), finalizando com a ‘Caixa
de Assistência dos Advogados’ e das ‘Eleições e Mandatos’ nos capítulos V e
VI, artigo 62 e seguintes.

De acordo com o Art. 44, a OAB, é um serviço público, com personalidade


jurídica e forma federativa, cuja finalidade é defender a Constituição, a ordem
jurídica do Estado democrático de direito, os direitos humanos, a justiça
social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração da
justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas. Além
disso, o órgão tem a responsabilidade exclusiva de promover a
representação, a defesa, a seleção e a disciplina dos advogados em todo o
território nacional.

Uma das particularidades a respeito da OAB é o fato de que, por se tratar de


serviço público, possui imunidade tributária, consoante o estabelecido no §5º
do artigo 45. Entretanto, por se tratar de um órgão classista, ocorre a
cobrança de contribuições, na forma do artigo 46 da norma.

Dentre as funções da OAB, a mais significativa é a auto regulamentação da


profissão de advogado

Deste modo, entre as funções da OAB, descritas na norma, pondera-se a


respeito dos órgãos que a compõem, que possuem personalidade jurídica
própria e correspondem a uma determinada extensão territorial, sendo o caso
do Conselho Federal, dos Conselhos Seccionais e das Subseções, que
reputam à federação como um todo, os Estados-membros e às partes
autônomas, respectivamente.

Quais órgãos exercem as funções da OAB


Tendo em vista a necessidade diversa de atuação da Ordem dos Advogados
do Brasil, esta é subdividida em órgãos componentes, que são elencados no
artigo 45 da Lei 8.906, e são responsáveis por cumprir as funções da OAB.

São os órgãos da OAB: o Conselho Federal, os Conselhos Seccionais, as


Subseções e as Caixas de Assistência dos Advogados.

Conselho Federal

A respeito do primeiro, trata-se do órgão máximo da OAB e possui sede na


capital da República. O Conselho Federal, dentre as funções da OAB, atua na
regulamentação, fiscalização e disciplina da advocacia no país. É composto
pelos conselheiros federais e dos ex-presidentes, que atuam como membros
honorários vitalícios, na forma disposta pelo artigo 51 da norma.

Composto por 81 conselheiros – cada delegação é formada por três


conselheiros federais democraticamente eleitos nos pleitos estaduais -, pelo
Presidente Nacional da OAB – eleito indiretamente pelos membros das
delegações estaduais, em que cada conselheiro federal tem direito a um voto
-, e por seus ex-presidentes, o Conselho Federal da OAB é sediado na
Capital da República.
Em suas sessões, nas quais os conselheiros atuam em benefício da
advocacia nacional, possuem também direito a voz os ex-presidentes do
Conselho Federal, o Presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros e os
agraciados com a Medalha Rui Barbosa. O voto, no entanto, é reservado aos
conselheiros e aos ex-presidentes empossados antes da vigência da Lei nº
8.906/94.
Diante da representatividade, são os dirigentes maiores de seus estados, os
Presidentes dos Conselhos Seccionais têm lugar reservado junto à respectiva
delegação. No entanto, como no caso anterior, possuem apenas direito a voz,
não tendo o direito a voto.
Cabe destacar que os ex-presidentes da OAB que exerceram mandato até a
vigência do atual estatuto, têm direito a voz e voto plenamente. Aos que
posteriormente foram eleitos, denominados membros honorários vitalícios,
subsiste apenas o direito à voz.

Órgãos de deliberação
Os órgãos de deliberação do Conselho Federal, além do Presidente Nacional
da OAB e da Diretoria do Conselho Federal, são formados pelo Conselho
Pleno, pelo Órgão Especial do Conselho Pleno e por três Câmaras, as quais
competem, em resumo:
● Primeira Câmara, prerrogativas, inscrição, incompatibilidade e
impedimentos, e exame de ordem;
● Segunda Câmara, ética e disciplina;
● Terceira Câmara, estrutura e órgãos internos da OAB, processo
eleitoral, sociedade de advogados, prestações de contas.

Por sua vez, compete ao Órgão Especial do Conselho Pleno decidir, em


última instância, os recursos contra decisões do Presidente do Conselho
Federal e da sua Diretoria, do Presidente do próprio Órgão Especial, e das
Câmaras julgadas por maioria de votos, ou que violem a constituição ou a
legislação pertinente à OAB.
Compete ao Órgão Especial, também, deliberar sobre conflitos e divergências
entre órgãos da OAB e sobre determinação às Seccionais para instauração
de processos disciplinares.
As votações nos órgãos internos do Conselho Federal são efetivadas por
intermédio das delegações – cada delegação possui o direito a um voto.
Havendo divergência, será computada a vontade da maioria. Vale ressaltar
que, nas matérias de interesse da sua Seccional, é vedada a participação da
delegação respectiva.

Conselhos Seccionais

Os Conselhos Seccionais possuem configurações semelhantes, são


compostos por conselheiros, em número equitativo aos de inscritos e os
ex-presidentes são membros vitalícios, mas somente com direito a voz nas
sessões. Dentre as atribuições dos Conselhos Seccionais estão aquelas
relacionadas ao Exame da Ordem, como previsto no artigo 58, inciso VI:

Art. 58. Compete privativamente ao Conselho Seccional: (…) VI – realizar


o Exame de Ordem
Também são os Conselhos Seccionais que fazem a manutenção dos
inscritos, decidem a respeito dos pedidos de inscrição, tanto para advogados
como para estagiários, criam as Subseções e realizam diversas das funções
da OAB estabelecidas nos incisos I ao XVIII do artigo 58.

Vale ressaltar que ambos o Conselho Federal e os Conselhos Seccionais, são


dotados de personalidade jurídica própria, divergindo na amplitude de
atuação, como órgão federal e os estaduais.

A distribuição dos órgãos é fundamental para o cumprimento das funções da


OAB

Por consequência, as Subseções são a base de atuação da OAB. De acordo


com o artigo 61 da norma regulamentadora, compete a elas cumprir
efetivamente as funções da OAB, além de representar o órgão perante os
poderes constituídos e as demais atribuições dos incisos I ao IV.

O Conselho Seccional é o primeiro grau recursal na estrutura processual da


OAB. Assim, em matéria recursal, é de sua responsabilidade julgar as
questões decididas por seu Presidente, por sua diretoria, pelo Tribunal de
Ética e Disciplina, pelas diretorias das Subseções e da Caixa de Assistência
dos Advogados. Dessa forma, os recursos não podem ser encaminhados
diretamente ao Conselho Federal antes de ter sido apreciado pelo Conselho
Seccional.
A Seccional também assume a função de Conselho Fiscal, pois é o órgão que
fiscaliza e aprova as contas de sua diretoria, das diretorias das Subseções e
da Caixa. Para tanto, dispõe de uma comissão permanente eleita pelo
Conselho Seccional dentre seus membros, inclusive podendo utilizar-se de
auditoria independente para auxiliá-lo na execução da tarefa.
Por conseguinte, é de sua alçada fixar a tabela de honorários, a que se
submetem todos os seus inscritos, válida em todo o território estadual da
Seccional em questão. Ela estabelece os parâmetros mínimos, mas pode
indicar os limites máximos em várias situações de maior risco de abuso.
Sempre prevalecerá a tabela de honorários do Conselho Seccional do local
onde os serviços do advogado sejam prestados, e não a do Conselho de sua
inscrição originária. A cobrança de honorários aviltados, inferiores aos
parâmetros estabelecidos na tabela, constitui infração disciplina punível com
sanção de censura, conforme prevê o art. 36, III, do EAOAB.
O Conselho Seccional fixará as contribuições, multas e preço de serviços.
Dessas, a anuidade recebe destaque, posto que deverá ser estabelecida até
a última sessão ordinária do ano anterior, ressalvado o ano eleitoral, caso em
que será fixada na primeira sessão após a posse.
No âmbito das provas, é de competência do Conselho Seccional realizar o
Exame de Ordem, além de decidir os pedidos de inscrição nos quadros de
advogados e estagiários. Ademais, é de sua responsabilidade determinar,
com exclusividade, critérios para o traje dos advogados no exercício
profissional.
O Exame de Ordem é unificado em todo o território nacional, cabendo
regulamentação pelo Conselho Federal da OAB. Dessa maneira, os
Conselhos Seccionais possuem atribuição de realização, nunca de
regulamentação.

Intervenção nas Subseções


Os Conselhos Seccionais podem intervir em suas respectivas Subseções e
na Caixa de Assistência dos Advogados de seu Estado-membro. Aqui,
importante dizer que exige-se quórum especial de dois terços.
Também é de responsabilidade do Conselho Seccional eleger as listas,
constitucionalmente previstas, para preenchimento dos cargos nos tribunais
judiciários, no âmbito de sua competência e na forma do Provimento do
Conselho Federal, vedada a inclusão de membros do próprio Conselho e de
qualquer órgão da OAB. Por fim, mas não menos importante, é de
competência do Conselho Seccional definir a composição e o funcionamento
do seu Tribunal de Ética e Disciplina.

Caixas de Assistência dos Advogados

Por fim, as Caixas de Assistência dos Advogados nada mais são que o fundo
responsável por prestar auxílio aos inscritos da seccional, na forma trazida
pelo artigo 62, parágrafos 1º ao 7º. Em jurisprudência recente, o Supremo
Tribunal Federal (STF) estendeu a imunidade concedida à OAB também para
a Caixa de Assistência dos Advogados.
A Caixa de Assistência dos Advogados é um Órgão Assistencial que busca
viabilizar benefícios reais aos advogados e seus familiares.

Dessa forma, esse órgão possui como norte a concretude do Princípio da


Dignidade da Pessoa Humana.

Vale pontuar que todos os advogados e estagiários, devidamente inscritos


nos Conselhos Seccionais, contribuem com a caixa de assistência. A
contribuição ocorre mediante o pagamento da anuidade.

Com relação a contribuição, cabe à Caixa a metade da receita das anuidades


recebidas pelo Conselho Seccional, considerado o valor resultante após as
deduções regulamentares obrigatórias.

Não obstante, para que a Caixa de Assistência dos Advogados seja criada
pelo Conselho Seccional do Estado, resta necessário a inscrição de mais de
1500 inscritos. Posto isso, nota-se que ela detém personalidade jurídica
própria.

Destarte, em caso de extinção ou desativação da Caixa, seu patrimônio se


incorpora ao do Conselho Seccional respectivo.

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Conclusão
Conforme foi visto, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) é uma instituição
responsável por regulamentar a profissão de advogados, bem como proteger
os direitos e interesses da classe no exercício da advocacia e os da
sociedade em relação aos seus próprios integrantes.

A Lei 8.906, de 1994, que disciplinou as funções da OAB, nada mais é que
uma auto regulamentação de classe, assim como as outras conhecidas, que
tratam de outras profissões, como medicina, engenharia, arquitetura,
agronomia, dentre outros.

Trata-se, portanto, de um órgão responsável por estabelecer normas éticas


para seus membros, fiscalizando o exercício regular da profissão de
advogado e garantindo a dignidade da profissão. A norma também traz que
somente aqueles efetivamente habilitados poderão realizar os atos privativos
da advocacia, cabendo à OAB dar efetividade à Lei.

Dentre as funções da OAB foi a de elaborar e manter atualizado o Código de


Ética e Disciplina da Ordem, a fim de que os advogados possuam parâmetros
de condutas e proibições para aqueles que atuam no meio.

Por fim, relevante pontuar que a Ordem, conforme demonstrado, é uma


estrutura de órgãos fiscalizadores, organizadores e disciplinares, com
hierarquia própria e atribuição de poderes e deveres.

Em síntese, as funções da OAB podem ser definidas como um conjunto de


atribuições que tem como objetivo garantir a independência, a dignidade e a
aptidão dos advogados para o exercício da advocacia.

Justamente por isso, a própria Lei 8.906/94 é dividida em três grandes tópicos
que devem ser lembrados, de forma geral: Advogados (requisitos, exame de
Ordem, direitos e deveres); OAB (fundação, divisão e as atribuições) e o
Processo na OAB, ou simplesmente processo disciplinar na OAB.

Quanto ao último, basicamente se trata da incumbência da Ordem em punir


disciplinarmente os seus inscritos, através do Conselho Seccional da infração
ou ante ao Conselho Federal, quando for o caso.

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