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Estatuto e Código da Advocacia

I. Das Atividades Privativas da Advocacia

A Lei 8.906/94 (Estatuto da Advocacia) versa, logo no seu art. 1º, sobre as
atividades privativas da advocacia. Importante registrar que o inciso “I” de tal artigo
definiu, de uma forma geral, quais são as atividades privativas de advogado enquanto
sua atuação seja na esfera judicial, senão, veja-se:

Art. 1º São atividades privativas de advocacia:

I – a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais;

Vale destacar que referido inciso foi objeto de alteração, sendo que o Supremo
Tribunal Federal, ao julgar a ADI 1.127, declarou como inconstitucional a expressão
“qualquer”, pelas razões abaixo constantes:

A lógica é muito simples, pois, embora seja importante a atuação do advogado frente
aos seus constituintes, fato é que, em alguns casos, infelizmente se mostra
desnecessária a contratação de tal profissional (embora reservamos o direito de constar
nossa opinião pessoal quanto à importância de uma pessoa estar assistida por um
profissional devidamente habilitado e preparado).

Contudo, como já frisado, existem questões em que isso se mostra desnecessário,


ou seja, caso a pessoa queira, pode demandar sem constituir advogado. No quadro
abaixo, temos as seguintes exceções ao jus postulandi:

#PARTIUREVISAR

Arts. 5º, LXVIII, da CRFB e 654, do Habeas Corpus


CPP

Juizado Especial Cível, nas causas de


Art. 9º, da Lei 9.099/1995 valores até 20 salários mínimos

Art. 10, caput , da Lei Juizado Especial Federal


10.259/2001

Art. 2º, caput , da Lei 5.478/1968 Lei de Alimentos

Defesa em processo administrativo


Súmula Vinculante 5 (STF)
disciplinar

Partes demandarem sem advogado na


Art. 791, da CLT Justiça do Trabalho. Exceção: Súmula 425,
do TST

Na ação revisional penal o pedido pode


Art. 623, CPP ser feito pelo próprio réu

#PARTIUDECORAR
Em caso de recurso, as partes deverão estar representadas por advogado, conforme
art. 41, § 2º, da Lei 9.099/95.

Já o inciso II do art. 1º do EAOAB dispõe, como sendo atividade privativa de


advogado:

II – Assessoria, consultoria ou direção jurídica.

#PARTIUDECORAR

O inciso “II” do art. 1º do EAOAB é alvo de muitas questões no exame de ordem, o que
inspira muito cuidado aos candidatos. Muitas vezes, deparamo-nos com situações nas quais
a pessoa não possui inscrição definitiva na OAB, a qual, mesmo assim, coloca-se no
mercado como um assessor e/ou um consultor jurídico, o que é amplamente vedado por se
tratar de “atividade privativa de advogado”. O mesmo se pode dizer quanto ao exercício de
gestão jurídica de uma empresa, setor ou escritório, que deve ser realizada somente por
pessoa devidamente inscrita na OAB de forma definitiva, como advogado.

Importante destacar que, com a promulgação da Lei 14.039/2020, houve a


inclusão do art. 03º-A, na Lei 8.906/94. Em referida alteração, restou definido que os
serviços profissionais de advogado são técnicos, desde que comprovada sua notória
especialização, sendo que, a esse respeito, assim definiu:

“Art. 3º-A. Os serviços profissionais de advogado são, por sua natureza, técnicos e
singulares, quando comprovada sua notória especialização, nos termos da lei.

Parágrafo único. Considera-se notória especialização o profissional ou a sociedade


de advogados cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de
desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento,
equipe técnica ou de outros requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir
que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação
do objeto do contrato.”

Ainda sobre as atividades privativas de advogado, importante destacar o que prevê o


art. 4º do EAOAB, que assim dispõe:

Art. 4º São nulos os atos privativos de advogado praticados por pessoa não inscrita
na OAB, sem prejuízo das sanções civis, penais e administrativas.

Parágrafo único. São também nulos os atos praticados por advogado impedido – no
âmbito do impedimento – suspenso, licenciado ou que passar a exercer atividade
incompatível com a advocacia.

#PARTIUREVISAR

Tião, inscrito na OAB/SP XXX.XXX, está no regular exercício da profissão, atuando em


prol dos seus clientes. No entanto, Tião foi representado, na OAB, por ter recebido valores
de um processo e não ter repassado a parte correspondente ao seu cliente, Sr. Caio. O
processo disciplinar tramitou normalmente perante a OAB, sendo realmente constatado o
fato que ensejou a representação. Com isso, a OAB determinou que o advogado Tião fosse
suspenso por 12 (doze) meses. Tião não recorreu da decisão emanada da OAB, sendo que,
a partir do trânsito em julgado desta, ele não poderá exercer a profissão e deverá cumprir a
penalidade que lhe foi imposta, pois, do contrário, os atos que praticar serão nulos, sem
prejuízo das demais cominações.

Atos privativos de advocacia realizados por profissionais ou sociedades não inscritas na


OAB constituem exercício ilegal da profissão.
É defeso, ao advogado, funcionar no mesmo processo simultaneamente, como patrono e
preposto do empregador ou cliente.

II. Estágio Profissional

Quando tratamos sobre o assunto de estágio profissional, é adequado que tenhamos


conhecimento sobre a Lei 11.788/08, a qual, de forma geral, regulamenta a atividade
do estagiário em todas as áreas. Portanto, uma vez que o certame muitas vezes
contempla “questões híbridas” envolvendo mais de uma matéria, recomendamos o
estudo da Lei 11.788/08, eis que essa pode ser aplicada em qualquer relação de
estágio, seja na área do direito ou não.

Em referida Lei, resta consagrado que a relação de estágio se aperfeiçoa com a


existência de três fatores importantes, sendo:

Órgão cedente de estágio

Matrícula em instituição

Estagiário de ensino

Reforça-se, ainda, que deve existir um termo de compromisso entre os três agentes
supramencionados, o que visa garantir o fiel cumprimento das diretrizes impostas pela
Lei 11.788/2008.

No que diz respeito ao estagiário frente aos preceitos éticos, o regulamento geral da
OAB define que o estágio profissional de advocacia, inclusive para graduados, é
requisito necessário à inscrição no quadro de estagiários da OAB e meio adequado de
aprendizagem prática.

Frisa-se que o estágio profissional de advocacia pode ser oferecido pela instituição
de ensino superior autorizada e credenciada, em convênio com a OAB,
complementando-se a carga horária do estágio curricular supervisionado com atividades
práticas típicas de advogado e de estudo do Estatuto e do Código de Ética e Disciplina,
observado o tempo conjunto mínimo de 300 (trezentas) horas, distribuído em dois ou
mais anos.

A complementação da carga horária, no total estabelecido no convênio, pode ser


efetivada na forma de atividades jurídicas no núcleo de prática jurídica da instituição de
ensino, na Defensoria Pública, em escritórios de advocacia ou em setores jurídicos
públicos ou privados, credenciados e fiscalizados pela OAB.

As atividades de estágio ministrado por instituição de ensino, para fins de convênio


com a OAB, são exclusivamente práticas, incluindo a redação de atos processuais e
profissionais, as rotinas processuais, a assistência e a atuação em audiências e
sessões, as visitas a órgãos judiciários, a prestação de serviços jurídicos e as técnicas
de negociação coletiva, de arbitragem e de conciliação.

#PARTIUANOTAR

O estagiário pode praticar atos em conjunto com o advogado. exceção: Existem atos que
ele pode praticar sozinho. Ex.: carga de processo, assinar petições de juntada, obter
certidões de processos em curso ou findos.
Para o exercício de atos extrajudiciais, o estagiário pode comparecer isoladamente,
quando receber autorização ou substabelecimento do advogado.

III. Procuração

Procuração é a outorga de poderes para representar o cliente em juízo ou fora dele.

#PARTIUDECORAR

O advogado pode atuar sem procuração?

R.: Sim, caso haja uma medida de urgência. Nesse caso, poderá atuar por 15 (quinze)
dias, prorrogáveis por mais 15 (quinze) dias (é uma única prorrogação).

III.1. Direitos das partes

Renúncia: parte do advogado. Ele fica responsável perante seu cliente por mais 10
dias, salvo se esse já constituiu outro advogado.

No caso de renúncia, o advogado deve notificar o cliente, preferencialmente,


mediante carta com AR e, após, comunicar o juízo.

#PARTIUANOTAR

Em que pese a existência de uma recomendação da OAB, é fato que a expressão


“preferencialmente” jamais deve ser interpretada como sinônimo de “obrigatoriamente”.
Portanto, poderá, o advogado, formalizar sua renúncia por outros meios também eficazes,
como o envio de mensagem eletrônica (e-mail).

Revogação ou destituição: parte do cliente. Ele informa que não quer mais aquele
advogado nos autos. Nesse caso, não há que se falar em 10 dias. O cliente deve
arrumar outro advogado, uma vez que o anterior não ficará responsável por mais 10
dias. O juiz pede para que o autor regularize a representação no processo sob pena de
extinção.

III.2. Substabelecimento

O advogado não se desvincula e nem se


afasta do mandato, sendo que pode
outorgar poderes a outros advogados. O
advogado não necessita notificar o cliente,
COM RESERVA DE PODERES
eis que se trata de um ato pessoal. Obs.:
posso ter um substabelecimento com
reserva de poderes para um ato específico,
como para somente fazer uma audiência.

O advogado se desvincula totalmente do


SEM RESERVA DE PODERES mandato. Ex.: pode ocorrer tanto na
renúncia, quanto na revogação.

Nesse caso, deve existir o prévio e inequívoco conhecimento do cliente.

IV. Inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil (art. 8º EAOAB)

Antes de nos aprofundarmos nesse importante tema exigido na maioria dos exames
de ordem, necessária se faz a seguinte reflexão: “basta passar no exame da OAB para
ser considerado um advogado”?

A resposta é muito simples: “não”!

Embora a aprovação no exame de ordem represente o maior temor da maioria dos


candidatos, fato é que esse é somente um dos requisitos necessários para inscrição no
quadro de advogados da OAB, eis que o art. 8º do EAOAB define todos os requisitos
necessários para o efetivo ingresso na carreira. Vale dizer que o não preenchimento de
qualquer dos requisitos impossibilitará a inscrição no quadro de advogados da OAB.

Para melhor compreensão do assunto, destacamos o disposto no art. 8º do EAOAB,


e alguns apontamentos importantes em cada um dos seus incisos, conforme se
verificará nas linhas a seguir expostas:

Art. 8º Para inscrição como advogado é necessário:

I – capacidade civil;

Obs.: a maioridade, quando atingida, gera presunção da capacidade civil plena. A


graduação universitária também pode ser considerada como causa de maioridade civil
(art. 5º, IV, Código Civil). Todavia, os reputados incapazes para atos da vida civil
não poderão se inscrever na OAB (arts. 3º e 4º, do Código Civil).

II – diploma ou certidão de graduação em direito, obtido em instituição de ensino


oficialmente autorizada e credenciada;

Obs.: na falta do diploma, poderá ser apresentada certidão de graduação em direito,


acompanhada de cópia autenticada do histórico escolar, conforme autoriza o art. 23, do
Regulamento Geral da OAB.

III – título de eleitor e quitação do serviço militar, se brasileiro;

Obs.: somente será admitido o requerente que estiver em dia com as questões
eleitorais e militares.

IV – aprovação em Exame de Ordem;

Obs.: o Conselho Federal, ao editar o Provimento 167/2015, dispensou o exame


de ordem aos postulantes oriundos da Magistratura, do Ministério Público e os bacharéis
alcançados pelo art. 7º da Resolução n. 02/1994, da Diretoria do Conselho Federal da
OAB.

V – não exercer atividade incompatível com a advocacia;

Obs.: incompatibilidade é a proibição total para o exercício da advocacia. Para tanto,


remetemos o leitor ao disposto nos arts. 28 e ss. do EAOAB.

VI – idoneidade moral;

Obs.: quanto a esse requisito, vale destacar que qualquer pessoa poderá suscitar a
inidoneidade moral de um requerente à inscrição na OAB. Entretanto, a inidoneidade
somente poderá ser declarada, nesse caso, mediante decisão que obtenha, no mínimo,
dois terços dos membros do Conselho competente, em procedimento próprio, conforme
art. 8º, § 3º, do EAOAB.
Também se aplica esse requisito ao requerente que tiver sido condenado pelo
cometimento de crime infamante, salvo se reabilitado judicialmente, conforme § 4º do
art. 8º do EAOAB.

#PARTIUREVISAR

O Conselho Pleno do Conselho Federal da OAB editou três importantes súmulas a


respeito do assunto, as quais, de igual forma, ensejam a inidoneidade do requerente à
inscrição no quadro de advogados da OAB, sendo:

Súmula 09/2019: “A prática de violência contra a mulher, assim definida na “Convenção


Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher – ‘Convenção de
Belém do Pará’ (1994)”, constitui fator apto a demonstrar a ausência de idoneidade moral
para a inscrição de bacharel em Direito nos quadros da OAB, independente da instância
criminal, assegurado ao Conselho Seccional a análise de cada caso concreto.”

Súmula 10/2019: “A prática de violência contra crianças e adolescentes, idosos e


pessoas com deficiência física ou mental constitui fator apto a demonstrar a ausência de
idoneidade moral para a inscrição de bacharel em Direito nos quadros da OAB,
independente da instância criminal, assegurado ao Conselho Seccional a análise de cada
caso concreto.”

Súmula 11/2019: “A prática de violência contra pessoas LGBTI+, em razão da Orientação


Sexual, Identidade de Gênero e Expressão de Gênero, constitui fator apto a demonstrar a
ausência de idoneidade moral para inscrição de bacharel em Direito nos quadros da OAB,
independente da instância criminal, assegurado ao Conselho Seccional a análise do cada
caso concreto.”

VII – prestar compromisso perante o Conselho.

O compromisso é a solenidade que é essencial para formalização da inscrição.


Referido compromisso é indelegável e personalíssimo, ou seja, deve ser realizado pelo
próprio requerente. Na impossibilidade de comparecimento no dia em que estiver
convocado para fazê-lo, deverá aguardar uma próxima sessão e comparecer
pessoalmente.

Há que se ressaltar que o EAOAB também elenca os requisitos necessários para


aquele que quiser se inscrever no quadro de estagiários, os quais, para melhor
compreensão, serão listados no quadro abaixo:

#PARTIUREVISAR

Inscrição do Estagiário na OAB

● Capacidade civil

● Título de Eleitor e quitação do serviço militar, se brasileiro

● Não exercer atividade incompatível com a advocacia

● Idoneidade moral

● Prestar compromisso perante o Conselho

● Ter sido admitido em estágio profissional de advocacia


IV.1. Inscrição suplementar

Uma vez inscrito na OAB, é comum o advogado se perguntar se a sua habilitação


vale somente no Conselho Seccional (estado) onde está inscrito ou se pode exercer a
profissão em todo o território nacional. E você, o que acha?

Uma vez deferida a sua inscrição no Conselho Seccional onde o advogado


estabelecerá seu domicílio profissional, ele poderá exercer a profissão em todo o
território nacional.

Contudo, o legislador limitou o número de causas em que um advogado poderá atuar


quando essas se derem em Conselho Seccional diverso daquele onde está inscrito,
conforme podemos observar no art.10, §2º, do EAOAB c/c art.5º, do Regulamento Geral
da OAB, que assim dispõem:

EAOAB:

Art. 10. A inscrição principal do advogado deve ser feita no Conselho Seccional em
cujo território pretende estabelecer o seu domicílio profissional, na forma do
Regulamento Geral:

(...)

§ 2º Além da principal, o advogado deve promover a inscrição suplementar nos


Conselhos Seccionais em cujos territórios passar a exercer habitualmente a profissão,
considerando-se habitualidade a intervenção judicial que exceder de cinco causas por
ano.

Regulamento Geral:

Art. 5º Considera-se efetivo exercício da atividade de advocacia a participação anual


mínima em cinco atos privativos previstos no artigo 1º do Estatuto, em causas ou
questões distintas.

Parágrafo único. A comprovação do efetivo exercício faz-se mediante:

a) certidão expedida por cartórios ou secretarias judiciais;

b) cópia autenticada de atos privativos;

c) certidão expedida pelo órgão público no qual o advogado exerça função privativa
do seu ofício, indicando os atos praticados.

Portanto, uma vez tendo excedido o número de causas permitido (quando atuando
em Conselho Seccional diverso daquele em que está inscrito), caberá ao advogado
requerer sua inscrição suplementar também naquele Conselho. Uma vez inscrito de
forma suplementar em outro Conselho Seccional, o advogado terá um novo número de
inscrição e uma nova anuidade em tal estado e, a partir de então, não se submeterá a
nenhuma limitação de causas em que possa atuar, eis que também estará inscrito nesse
novo Conselho.

#PARTIUANOTAR

Sociedade que constitui filial em outro estado deve promover a inscrição suplementar
dos seus sócios no Conselho Seccional onde se instalar (art. 15, § 5º, do EAOAB e
Provimento 126/2008, do Conselho Federal da OAB).

IV.2. Cancelamento da inscrição

Uma vez inscrito na OAB, poderá ocorrer o cancelamento da inscrição do


profissional, tanto por iniciativa desse, quanto por outros fatores alheios a sua vontade,
os quais se encontram devidamente dispostos no art. 11 do EAOAB.

Importante ressaltar, desde já, que nas hipóteses de cancelamento o advogado


estará incompatibilizado para o exercício da advocacia, ou seja, se esse exercer a
profissão, os atos serão nulos.

No caso de o advogado pedir o cancelamento da sua inscrição na OAB, não haverá


necessidade de expor o motivo de sua decisão (art. 11, I, do EAOAB). Contudo, se ele
desejar retornar ao quadro de inscritos da OAB, terá que requerer novo pedido de
inscrição, momento em que deverá fazer prova dos requisitos I, V, VI e VII, do art. 8º do
EAOAB.

#PARTIUANOTAR

Caso haja o cancelamento da inscrição, o profissional não reestabelecerá o número que


detinha quando inscrito na OAB, ou seja, se retornar ao quadro de advogados, o fará com
novo número de registro.

Merece ser destacado que a inscrição do profissional também poderá ser cancelada
por iniciativa da própria OAB, caso o profissional venha sofrer a penalidade de exclusão.
Caso referida exclusão seja motivada por processos disciplinares na OAB, o profissional
deverá aguardar um ano do trânsito em julgado da sanção para se submeter a provas
de reabilitação, mas, se a motivação da exclusão estiver vinculada à prática de um
crime infamante, o profissional deverá se submeter tanto à reabilitação judicial (pelo
crime cometido), quanto à administrativa (perante a OAB, por conta da sanção que lhe
foi atribuída).

Outras hipóteses em que ocorrerá o cancelamento da inscrição são: a) no caso de


falecimento do profissional; b) caso o profissional passe a exercer, em caráter definitivo,
atividade incompatível com a advocacia (ex.: advogado que passou em concurso para a
magistratura); e c) quando o profissional perder qualquer dos requisitos do art. 8º do
EAOAB.

IV.3. Licenciamento da inscrição

O licenciamento, diferentemente do cancelamento, possui natureza provisória (art.


12 do EOAB). Ao contrário do cancelamento, o advogado, quando almejar
requerer um licenciamento profissional, deverá informar o motivo para o seu pedido.

Referido instituto tem natureza provisória, mas permite que o profissional fique
licenciado por prazo indeterminado, resguardando, ainda, o mesmo número de registro
na OAB quando do seu retorno.

No licenciamento o advogado pode deixar de pagar a anuidade, mas, para tanto,


deverá manifestar expressamente nesse sentido, conforme Súmula 03/2012 do
Conselho Pleno do Conselho Federal da OAB.

Assim, como no caso do cancelamento, o advogado que pedir um licenciamento


também estará incompatibilizado com o exercício da advocacia, ou seja, se ele praticar
qualquer ato, esse também será nulo.

Como vimos no tópico anterior, o advogado que passar a exercer, em caráter


definitivo, uma atividade incompatível, terá que cancelar sua inscrição na OAB. No
entanto, se o profissional passar a exercer, em caráter temporário, uma atividade
incompatível com a advocacia (Ex.: advogado que foi eleito governador), esse deverá se
licenciar na advocacia.

#PARTIUANOTAR

Caso o advogado adquira uma doença mental de natureza curável, também estará
diante de uma hipótese de licenciamento profissional. Se, no entanto, a doença mental for
de natureza incurável, será hipótese de cancelamento da inscrição.

#PARTIUREVISAR

Quadro comparativo para fixação das hipóteses de cancelamento e licença:

Cancelamento da inscrição Licenciamento da inscrição

O advogado ficará incompatibilizado para O advogado ficará incompatibilizado para


o exercício da profissão, ou seja, se praticar o exercício da profissão, ou seja, se praticar
algum ato, esse será nulo. algum ato, esse será nulo.

Hipóteses de cancelamento da inscrição


do advogado que: Hipóteses de licenciamento da inscrição
do advogado que:
a) assim o requerer;
a) requerer, desde que com motivo
b) sofrer penalidade de exclusão;
justificado;
c) falecer;
b) passar a exercer, em caráter
d) exercer, em caráter definitivo, atividade temporário, atividade incompatível com o
incompatível com a advocacia; exercício da advocacia;

e) perder qualquer um dos requisitos c) sofrer doença mental curável.


indispensáveis para a inscrição.

V. Das Incompatibilidades e Impedimentos

Incompatibilidade é a proibição total para o exercício da advocacia. Para tanto, o


EAOAB, em seu art. 28, traz um rol de funções incompatíveis com a advocacia, sendo:

chefe do Poder Executivo e membros da Mesa do Poder Legislativo e seus


I.
substitutos legais;

membros de órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos tribunais e


conselhos de contas, dos juizados especiais, da justiça de paz, juízes classistas,
II.
bem como de todos os que exerçam função de julgamento em órgãos de
deliberação coletiva da administração pública direta ou indireta;

III. Obs.: a incompatibilidade mencionada no inciso supramencionado não alcança


os juízes eleitorais e seus suplentes, em face da composição da Justiça eleitoral
estabelecida na Constituição. (ADI 1105/DF e ADI 1127/DF, rel. orig. Min. Marco
Aurélio, rel. p/ o acórdão Min. Ricardo Lewandowski, 17.5.2006).

ocupantes de cargos ou funções de direção em órgãos da Administração


Pública direta ou indireta, em suas fundações e em suas empresas controladas ou
concessionárias de serviço público (nesse caso, não estão incluídos os que não
detenham poder de decisão relevante sobre interesses de terceiro, a juízo do
Conselho competente da OAB, bem como a administração acadêmica diretamente
relacionada ao magistério jurídico);

cupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a qualquer


IV.
órgão do Poder Judiciário e os que exercem serviços notariais e de registro;

cupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a atividade


V.
policial de qualquer natureza;

VI. militares de qualquer natureza, na ativa;

ocupantes de cargos ou funções que tenham competência de lançamento,


VII.
arrecadação ou fiscalização de tributos e contribuições parafiscais;

ocupantes de funções de direção e gerência em instituições financeiras,


VIII.
inclusive privadas.

Assim, se a pessoa ocupa uma das funções do supracitado artigo “antes” de


requerer a sua inscrição na OAB, não poderá fazê-lo enquanto estiver em tal condição.
Mas, se a pessoa já está inscrita na OAB e “depois” pretender exercer uma daquelas
atividades, deverá requerer o cancelamento ou a licença da sua inscrição (dependendo
do caráter da atividade, ou seja, se definitivo ou temporário).

#PARTIUREVISAR

Importante destacarmos que o Conselho Federal da OAB, ao se pronunciar sobre


funções incompatíveis, editou três importantes Súmulas que certamente podem ser objeto
de indagação no certame. São elas:

Súmula 02/2009 do Órgão Especial do Conselho Pleno, que define: “EXERCÍCIO DA


ADVOCACIA POR SERVIDORES DO MINISTÉRIO PÚBLICO. IMPOSSIBILIDADE.
INTELIGÊNCIA DO ART. 28, INC. II, DO EAOAB. A expressão “membros” designa toda
pessoa que pertence ou faz parte de uma corporação, sociedade ou agremiação (De
Plácido e Silva, Vocabulário Jurídico, Forense, 15. ed.). Dessa forma, todos os servidores
vinculados aos órgãos e instituições mencionados no art. 28, inc. II, do Estatuto da AOAB
são incompatíveis para o exercício da advocacia. Cada uma das três categorias –
Magistratura, Advocacia e Ministério Público – embora atuem, todas, no sentido de dar
concretude ao ideal de Justiça, tem, cada qual, um campo definido de atribuições, em cuja
distinção se verifica, justamente, o equilíbrio necessário para que esse ideal seja atingido,
não devendo, pois, serem misturadas ou confundidas, deixando a cargo de uma só pessoa
o exercício simultâneo de tais incumbências. São incompatíveis, portanto, para o exercício
da advocacia, quaisquer servidores vinculados ao Ministério Público”.

Súmula 03/2009 do Órgão Especial do Conselho Pleno, que define: “O exercício da


atividade de despachante de trânsito é compatível com a advocacia, não incidindo a
hipótese do art. 28, V, do Estatuto da Advocacia e da OAB”.

Súmula 05/2013 do Órgão Especial do Conselho Pleno, que define:


“INCOMPATIBILIDADE. EXERCÍCIO DE CARGO NA OAB. Os casos de incompatibilidade
dispostos no art. 28 do EAOAB ensejam a perda do cargo de Conselheiro ou Diretor em
todos os órgãos da OAB, nos termos do inciso I do art. 66 do referido diploma.”
Já o impedimento é uma restrição parcial para o exercício da advocacia, ou seja, a
pessoa pode advogar. Entretanto, o art. 30, I e II, do EAOAB, fixa a limitação da atuação
ao assim dispor:

Art. 30. São impedidos de exercer a advocacia:

I – os servidores da administração direta, indireta ou fundacional, contra a Fazenda


Pública que os remunere ou à qual seja vinculada a entidade empregadora;

II – os membros do Poder Legislativo, em seus diferentes níveis, contra ou a favor


das pessoas jurídicas de direito público, empresas públicas, sociedades de economia
mista, fundações públicas, entidades paraestatais ou empresas concessionárias ou
permissionárias de serviço público.

#PARTIUANOTAR

Não se incluem nas hipóteses do inciso I os docentes dos cursos jurídicos.

VI. Direitos do Advogado

O art. 7º do EAOAB consagra os direitos dos advogados, cujo tema é amplamente


exigido nos exames de ordem.

É de suma importância que o candidato tenha domínio sobre os direitos dos


advogados, pois isso lhe será útil não apenas no exame de ordem, mas, também, em
toda a sua vida profissional. Uma vez conhecendo os seus direitos, o advogado poderá
exigir o respeito às suas prerrogativas e, ainda, poderá repelir injustas agressões que
porventura venha sofrer.

Portanto, uma vez que o tema inspira maior atenção, faremos alguns importantes
apontamentos aos incisos do art. 7º do EAOAB, os quais assim dispõem:

I – exercer, com liberdade, a profissão em todo o território nacional;

É certo que uma vez estando inscrito na OAB, o profissional estará devidamente
habilitado para exercer a sua profissão em todo o território nacional.

II – a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de seus


instrumentos de trabalho, de sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica e
telemática, desde que relativas ao exercício da advocacia;

A Lei 11.767/2008 incluiu duas exceções à inviolabilidade mencionada, tal como


se depreende dos §§ 6º e 7º, do próprio art. 7º, as quais assim preveem:

§ 6º Presentes indícios de autoria e materialidade da prática de crime por parte de


advogado, a autoridade judiciária competente poderá decretar a quebra da
inviolabilidade de que trata o inciso II do caput deste artigo, em decisão motivada,
expedindo mandado de busca e apreensão, específico e pormenorizado, a ser cumprido
na presença de representante da OAB, sendo, em qualquer hipótese, vedada a
utilização dos documentos, das mídias e dos objetos pertencentes a clientes do
advogado averiguado, bem como dos demais instrumentos de trabalho que contenham
informações sobre clientes.
§ 7º A ressalva constante do § 6º deste artigo não se estende a clientes do advogado
averiguado que estejam sendo formalmente investigados como seus partícipes ou
coautores pela prática do mesmo crime que deu causa à quebra da inviolabilidade.

III – comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem


procuração, quando estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em
estabelecimentos civis ou militares, ainda que considerados incomunicáveis;

Mesmo no caso de o preso se encontrar em regime disciplinar diferenciado, a


garantia do advogado deve ser preservada.

IV – ter a presença de representante da OAB, quando preso em flagrante, por motivo


ligado ao exercício da advocacia, para lavratura do auto respectivo, sob pena de
nulidade e, nos demais casos, a comunicação expressa à seccional da OAB;

Para melhor aprofundamento desse inciso, recomendamos a análise conjunta do


§ 3º do mesmo artigo, que assim prevê:

§ 3º O advogado somente poderá ser preso em flagrante, por motivo de exercício da


profissão, em caso de crime inafiançável, observado o disposto no inciso IV deste artigo.

V – não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em sala
de Estado-Maior, com instalações e comodidades condignas, assim reconhecidas pela
OAB, e, na sua falta, em prisão domiciliar;

O STF, quando do julgamento da ADI 1.127, declarou como inconstitucional a


expressão “assim reconhecidas pela OAB”. Entretanto, em que pese não ser exigido o
reconhecimento da OAB, devemos ponderar que o restante das disposições do inciso
ficou mantido e deve ser respeitado.

VI – ingressar livremente: a) nas salas de sessões dos tribunais, mesmo além dos
cancelos que separam a parte reservada aos magistrados; b) nas salas e dependências
de audiências, secretarias, cartórios, ofícios de justiça, serviços notariais e de registro,
e, no caso de delegacias e prisões, mesmo fora da hora de expediente e
independentemente da presença de seus titulares; c) em qualquer edifício ou recinto em
que funcione repartição judicial ou outro serviço público onde o advogado deva praticar
ato ou colher prova ou informação útil ao exercício da atividade profissional, dentro do
expediente ou fora dele, e ser atendido, desde que se ache presente qualquer servidor
ou empregado; d) em qualquer assembleia ou reunião de que participe ou possa
participar o seu cliente, ou perante a qual este deve comparecer, desde que munido de
poderes especiais;

Ao advogado deve ser conferido o acesso a todos os atos e meios necessários ao


seu mister, sendo ilegais quaisquer formas de violação de tais prerrogativas.

VII – permanecer sentado ou em pé e retirar-se de quaisquer locais indicados no


inciso anterior, independentemente de licença;

Ao advogado restou consagrado o direito de ingressar livremente nas localidades


mencionadas no inciso anterior e, também, o de se retirar independentemente de
licença e/ou de permanecer sentado ou em pé.

VIII – dirigir-se diretamente aos magistrados nas salas e gabinetes de trabalho,


independentemente de horário previamente marcado ou outra condição, observando-se
a ordem de chegada.

Nenhum Tribunal poderá editar Portarias que estabeleçam horários de atendimento


aos advogados pelo juiz.

IX – sustentar oralmente as razões de qualquer recurso ou processo, nas sessões de


julgamento, após o voto do relator, em instância judicial ou administrativa, pelo prazo de
quinze minutos, salvo se prazo maior for concedido;

O STF, quando do julgamento das ADIS 1.105 e 1.127, declarou como


inconstitucional referido inciso. Ele o fez por entender que a sustentação oral após o
voto do Relator afronta o devido processo legal e causa tumulto processual. Porém,
devemos considerar que a inconstitucionalidade está na expressão “após”, ou seja, se o
advogado quiser realizar sustentação oral quando sua atuação se der na esfera judicial
e em um recurso que comporte tal manifestação, deverá fazê-lo antes do voto do relator,
que é o momento oportuno para tanto.

Importante ressaltar que, em se tratando de julgamentos realizados na OAB (esfera


administrativa), a sustentação oral é após o voto do relator (arts. 60, § 4º, do CED e 94,
II, do Regulamento Geral da OAB).

X – usar da palavra, pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal, mediante intervenção


sumária, para esclarecer equívoco ou dúvida surgida em relação a fatos, documentos ou
afirmações que influam no julgamento, bem como para replicar acusação ou censura
que lhe forem feitas;

O advogado poderá fazer uso da palavra, inclusive para exercer defesa própria, se
necessário for.

XI – reclamar, verbalmente ou por escrito, perante qualquer juízo, tribunal ou


autoridade, contra a inobservância de preceito de lei, regulamento ou regimento;

Em havendo descumprimento de uma norma legal, caberá, ao advogado, exercer


seu direito de reclamar o fato, o que poderá ser feito de forma verbal ou escrita.

XII – falar, sentado ou em pé, em juízo, tribunal ou órgão de deliberação coletiva da


Administração Pública ou do Poder Legislativo;

Idem ao comentário do inciso VII.

XIII – examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da


Administração Pública em geral, autos de processos findos ou em andamento, mesmo
sem procuração, quando não estiverem sujeitos a sigilo ou segredo de justiça,
assegurada a obtenção de cópias, com possibilidade de tomar apontamentos;

Obs.: mesmo em processos eletrônicos e procedimentos eletrônicos, deve ser


resguardado o direito do advogado.

XIV – examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação,


mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza,
findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e
tomar apontamentos, em meio físico ou digital;

#PARTIUANOTAR
Caso os autos estejam sob sigilo, o advogado deverá apresentar procuração para o
exercício dos direitos deste inciso. Destaca-se que o fornecimento incompleto de autos ou o
fornecimento de autos em que houve a retirada de peças já incluídas no caderno
investigativo implicará responsabilização criminal e funcional por abuso de autoridade do
responsável que impedir o acesso do advogado com o intuito de prejudicar o exercício da
defesa, sem prejuízo do direito subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos ao juiz
competente, conforme disposto no § 12, do mesmo artigo. Ressaltamos, ainda, que não
poderá haver ressalvas para o advogado exercer seu direito de acesso, ou seja, a esse
devem ser garantidos os meios necessários para melhor defesa do seu cliente, inclusive no
que diz respeito a processos e procedimentos eletrônicos.

XV – ter vista dos processos judiciais ou administrativos de qualquer natureza, em


cartório ou na repartição competente, ou retirá-los pelos prazos legais;

Obs.: isso não se aplica aos processos sob regime de segredo de justiça, bem como
quando existirem nos autos documentos originais de difícil restauração ou ocorrer
circunstância relevante que justifique a permanência dos autos no cartório, secretaria ou
repartição, reconhecida pela autoridade em despacho motivado, proferido de ofício,
mediante representação ou a requerimento da parte interessada e, ainda, até o
encerramento do processo, ao advogado que houver deixado de devolver os respectivos
autos no prazo legal, e só o fizer depois de intimado.

XVI – retirar autos de processos findos, mesmo sem procuração, pelo prazo de dez
dias;

Obs.: os apontamentos constantes do inciso anterior também se aplicam neste


inciso.

XVII – ser publicamente desagravado, quando ofendido no exercício da profissão ou


em razão dela;

Obs.: devemos observar que o fato gerador que enseja esse direito está vinculado
ao advogado ofendido “no exercício da profissão”. O desagravo público será promovido
pelo Conselho competente, sendo que isso poderá ocorrer de ofício (pela OAB), a
pedido do advogado ofendido ou de qualquer pessoa.

XVIII – usar os símbolos privativos da profissão de advogado;

Obs.: referidos símbolos são as insígnias e as vestes talares, conforme Provimento


nº 08/64 da OAB.

XIX – recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou deva


funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado, mesmo
quando autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem como sobre fato que constitua
sigilo profissional;

Obs.: o advogado “pode” prestar depoimento. No entanto, o que deve ser reforçado
é que o profissional tem direito de recusar-se, se assim entender necessário. O
advogado não pode ser obrigado a prestar depoimento, pois isso violaria um dos
maiores direitos consagrados no EAOAB.

XX – retirar-se do recinto onde se encontre aguardando pregão para ato judicial,


após trinta minutos do horário designado e ao qual ainda não tenha comparecido a
autoridade que deva presidir a ele, mediante comunicação protocolizada em juízo;
Obs.: o direito do advogado está condicionado ao não comparecimento da
autoridade no prazo mencionado no inciso, ou seja, se a autoridade estiver presente e
com a pauta atrasada, caberá, ao advogado, aguardar normalmente o pregão para o ato
no qual compareceu.

XXI – assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena
de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente,
de todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados,
direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração:

a) apresentar razões e quesitos;

Esse inciso demonstra o quão fundamental é o direito à ampla defesa e contraditório


do investigado. Portanto, restou definido que a atuação do advogado é fundamental até
mesmo durante a apuração de infrações.

#PARTIUANOTAR

O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria e/ou difamação puníveis
qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele,
sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer.
Portanto, embora exista imunidade quanto aos crimes de injúria e difamação, é certo que,
na esfera disciplinar, o advogado poderá responder se cometer excessos.

Há que se observar, ainda, o disposto na recente Lei 13.363, de 25 de novembro


de 2016, a qual consagra direitos e garantias à advogada gestante, lactante, adotante
ou que der à luz, assim como ao advogado que se tornar pai.

Em referida lei, tivemos acréscimos no Estatuto da Advocacia da OAB, sendo que,


no presente quadro, listaremos os direitos contemplados em cada uma das situações e
as respectivas convergências, a fim de facilitar a compreensão sobre o tema:

#PARTIUREVISAR

Adotante ou que der à


Gestante (direitos) Lactante (direitos)
luz (direitos)

Tem direito à entrada em


Tribunais sem se submeter a Não tem esse
Não tem esse direito.
detectores de metais e direito.
aparelhos de raio X.

Tem direito à reserva de


Não tem esse
vagas em garagens dos fóruns Não tem esse direito.
direito.
e tribunais.

Tem direito a acesso Tem direito a acesso à


à creche, onde houver, creche, onde houver, ou a
Não tem esse direito. ou a local adequado local adequado para
para atendimento das atendimento das
necessidades do bebê. necessidades do bebê.

Preferência na ordem das Preferência na Preferência na ordem das


sustentações orais e das ordem das sustentações sustentações orais e das
orais e das audiências audiências do dia, mediante
audiências do dia, mediante do dia, mediante comprovação da sua
comprovação da sua condição. comprovação da sua condição.
condição.

Suspensão de prazos
processuais quando for a
Não tem esse
Não tem esse direito. única patrona da causa,
direito.
desde que haja notificação
por escrito ao cliente.

Por fim, com o advento da Lei 13.869, de 5 de setembro de 2019, restou


acrescido ao Estatuto da Advocacia o art. 7º-B, que assim prevê:

Art. 7º-B. Constitui crime violar direito ou prerrogativa de advogado previstos nos
incisos II, III, IV e V do caput do art. 7º desta Lei: Pena – detenção, de 3 (três) meses a
1 (um) ano, e multa.

VII. Sociedade de Advogados

Regulamentada no Estatuto e inscrita no Conselho Seccional.

Na sociedade podem participar somente os advogados regularmente inscritos.

Com o advento da Lei 13.247/2016, restou permitida a constituição de sociedade


unipessoal de advocacia, ou seja, de um único sócio. Obviamente que o modelo anterior
(sociedade pluripessoal) ainda é amplamente permitido pela OAB.

#PARTIUANOTAR

O estagiário, ainda que inscrito na OAB, não poderá figurar como sócio em sociedade de
advogados, pois, para tanto, necessária se faz a inscrição definitiva (conforme art. 8º, do
EAOAB).

No que diz respeito ao registro da sociedade, seja ela unipessoal ou pluripessoal, é


certo dizer que essa adquire sua respectiva personalidade jurídica após ter o registro do
seu ato constitutivo aprovado no Conselho Seccional da OAB (estado) em cuja base
territorial tiver sua sede.

#PARTIUANOTAR

Quando um cliente quiser contratar uma sociedade de advogados (pluripessoal), é certo


dizer que as procurações devem ser outorgadas individualmente aos advogados e indicar a
sociedade de que façam parte.

Nenhum advogado pode integrar mais de uma sociedade de advogados, constituir


mais de uma sociedade unipessoal de advocacia, ou integrar, simultaneamente, uma
sociedade de advogados e uma sociedade unipessoal de advocacia, com sede ou filial
na mesma área territorial do respectivo Conselho Seccional.

Uma sociedade de advogados não pode ter “nome fantasia”. Os advogados poderão
colocar o nome de um sócio, podendo permanecer o de um sócio falecido, caso haja
previsão nos atos constitutivos da sociedade.

Advogados de uma mesma sociedade não podem advogar em interesses opostos.


Ex.: Escritório contratado para defender os interesses de uma empresa e que aceita,

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