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22/03/2024, 17:25 Prática Jurídica em Direito Criminal

PRÁTICA JURÍDICA EM DIREITO CRIMINAL


UNIDADE 2 – FASE DE INSTRUÇÃ O

Ana Paula de Pétta

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Introdução
Nesta segunda unidade do curso de Prática Criminal, estudaremos a fase de ação penal, que vai do
oferecimento da inicial (denú ncia ou queixa-crime) até a prolação da sentença pelo juiz de 1ª instância.
Revisaremos as espécies de ação penal, os procedimentos, o conteú do da sentença e as peças cabíveis em cada
etapa do procedimento.
Vale ressaltar, no entanto, que o texto é um resumo do tema. É sempre indicada a leitura da doutrina, bem
como a atualização jurisprudencial sobre o tema.

2.1 Ação penal


Podemos conceituar ação penal como o direito de o titular da ação penal ingressar em juízo pleiteando a
prestação jurisdicional ao caso concreto. Entenda-se como prestação jurisdicional a aplicação das normas
de direito e processo penal.
De acordo com dispositivo constitucional (art. 5º, XXXV), todo indivíduo que se sentir ofendido ou ameaçado
tem o direito de buscar a prestação jurisdicional ao seu caso. Nem sempre, porém, caberá ao ofendido oferecer
a inicial, pois isso depende do crime praticado. Alguns crimes são de ação penal pú blica e outros de ação
penal privada. O que isso significa? Quando o crime for de ação penal pú blica, a inicial (denú ncia) somente
poderá ser oferecida pelo Ministério Pú blico. Apenas nos crimes de ação penal privada é que o oferecimento
da inicial (queixa-crime) cabe ao ofendido ou seu representante legal (representado por advogado).

2.2 Condições da ação


A relação jurídica no Direito Processual Penal sujeita-se às condiçõ es e aos pressupostos processuais
determinados, os quais são bastante semelhantes àqueles do Direito Processual civil: possibilidade jurídica
do pedido, legitimidade de parte e interesse de agir.
Vamos explicar rapidamente essas condiçõ es, do ponto de vista dos elementos do processo penal:

Possibilidade jurídica do pedido

O fato imputado ao acusado deve ser típico e a sanção penal deve estar prevista no ordenamento
jurídico.

Legitimidade de parte

Apenas aqueles que têm interesse na lide poderão propor a ação (legitimidade ativa) contra aquele
que praticou o fato ilícito (legitimidade passiva). Nas açõ es penais pú blicas, parte legítima para
integrar o polo ativo será o MP. Nas açõ es penais privadas, parte legítima para integrar o polo
passivo será a vítima, seu representante legal ou o CADI (as pessoas indicadas no art. 31 do CPP).
Quanto à legitimidade passiva, os menores de 18 anos estão excluídos.

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VOCÊ QUER LER?


E a pessoa jurídica? Pode figurar nos polos ativo e/ou passivo? Para responder a essa
pergunta, recomenda-se a leitura dos arts. 37 do CPP, 225, §3º da CF e art. 3º da Lei n.
9605/98.

Interesse de agir – a acusação deve ser exequível, ou seja, devem se fazer presentes os elementos mínimos
para que a inicial seja recebida e processada. Esses elementos são prova de materialidade e indícios de
autoria.

Além das condiçõ es gerais, no processo penal podem ainda existir condiçõ es específicas que condicionam o
exercício da ação. São também denominadas como condiçõ es de procedibilidade.
São elas a representação do ofendido ou de seu representante legal ou a requisição do Ministro da Justiça (nos
crimes de ação penal pú blica condicionada) e o ingresso no territó rio nacional do indivíduo que tenha
praticado crime no exterior (art. 7°, §2°, “a”, do CP).
Na sequência, vamos falar um pouco sobre os tipos de ação penal: pú blica e privada.

2.3 Ação penal pública


O titular da ação penal pú blica é o Ministério Pú blico e a petição inicial é a denú ncia.
São princípios da ação penal pú blica:

Necessidade e obrigatoriedade
Com a existência de indícios razoáveis a açã o
penal deverá ser oferecida.

Indisponibilidade
Nã o admite desistência da açã o.

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Oficialidade
As prá ticas processuais têm garantia pela
execuçã o de ó rgã o pú blico.

Divisibilidade
Admite o desmembramento do processo.

Intranscendência
Nã o se transfere para outra pessoa, senã o o réu.
A ação penal pú blica se divide em:

Ação penal pública incondicionada

Para o oferecimento da denú ncia, basta que o MP consiga demonstrar prova de materialidade e
indício de autoria. Não há necessidade de manifestação de vontade da vítima. A maioria dos crimes
é de ação penal pú blica incondicionada.

Ação penal pública condicionada

Para o oferecimento da denú ncia, é necessária a manifestação de vontade da vítima ou de seu


representante legal, o que é feito por meio da representação (leia a respeito na unidade 1). Trata-se
de condição de procedibilidade da ação, ou seja, caso a vítima não represente e o MP denuncie, a
denú ncia será rejeitada.

A denú ncia é a peça inaugural da ação penal pú blica. Como toda inicial, deve demonstrar os requisitos da ação,
seguindo as determinaçõ es especificadas no art. 41 do CPP. Além disso, a procuração a ser outorgada ao
advogado, em caso de queixa crime ou para oferecer a representação, deve obedecer aos requisitos específicos
determinados pelo art. 44 do CPP (procuração com poderes especiais).

2.4 Ação penal privada


O titular da ação penal privada é o ofendido ou seu representante legal, que deve ser representado por
advogado. A petição inicial é a queixa-crime.
A ação penal privada divide-se em:

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Ação penal privada propriamente dita: o titular desse tipo de ação pode ser o ofendido ou
quem legalmente o represente e, no caso de morte, será assumida a titularidade por qualquer uma
das pessoas citadas no art. 31 do CPP (cô njuge, ascendente, descendente e irmão – CADI).

Ação penal privada personalíssima: o titular desse tipo de ação é apenas o ofendido. Em caso
de morte ou declaração de ausência, a possibilidade de oferecimento da queixa-crime não se
transmite para os sucessores.

Ação penal privada subsidiária da pública: nesse tipo de ação, prevista no art. 29 do CPP,
estamos falando de um crime de ação pú blica (cujo titular é o MP) em que a denú ncia não foi
oferecida no prazo determinado pelo art. 46 do CPP. Ressalte-se que o MP não perde a titularidade
da ação, mas o ofendido pode provocar o início da ação no lugar do MP.

São princípios da ação penal privada:


Oportunidade ou conveniência
O ofendido nã o é obrigado a oferecer a queixa-
crime, assim como ocorre com o MP na açã o
pú blica.

Disponibilidade
O ofendido poderá dispor da açã o prosseguindo,
ou nã o, apó s o oferecimento da inicial.

Indivisibilidade
Em caso de concurso de agentes, a queixa-crime
deve ser feita em face de todos os envolvidos.
Caso seja oferecida apenas contra um e nã o
contra os demais, ocorrerá a extinçã o da
punibilidade para todos, considerando-se o
instituto do perdã o.

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Intranscendência
Limita-se à pessoa do réu.
A queixa-crime é a peça inaugural da ação penal privada. Como toda inicial, deve demonstrar os requisitos da
ação, seguindo as determinaçõ es especificadas no art. 41 do CPP. Além disso, a procuração a ser outorgada ao
advogado, em caso de queixa-crime ou para oferecer a representação, deve obedecer aos requisitos específicos
determinados pelo art. 44 do CPP (procuração com poderes especiais).
Quando tratamos da ação penal privada, surgem os institutos da decadência e da perempção. A decadência é a
perda do direito de propor a ação penal privada ou de oferecer a representação em razão da superação do prazo
determinado pela lei. O prazo para o oferecimento da inicial ou da representação é de seis meses a contar do
conhecimento da autoria do fato (art. 38 do CPP). No caso da ação penal pú blica subsidiária, o prazo começa a
contar do término do prazo do MP.
Já a perempção é a perda do direito do querelante de continuar com a ação penal privada. Nesse caso, a ação
penal teve início e, em decorrência de uma das determinaçõ es do art. 60 do CPP, ocorre a extinção da
punibilidade.

VOCÊ SABIA?
Recomenda-se a leitura dos artigos referentes ao tema: arts. 24 a 68 do CPP.

2.5 Jurisdição e competência


Podemos definir jurisdição como o poder do Estado (representado pelo juiz) para aplicar a lei ao caso
concreto e resolver os conflitos. Já a competência é a delimitação territorial desse poder.
O art. 69 do CPP fixa sete possibilidades de determinação da competência: 1) o lugar da infração; 2) o
domicílio ou residência do réu; 3) a natureza da infração; 4) a distribuição; 5) a conexão ou continência; 6) a
prevenção; a 7) prerrogativa de função.
A regra geral é a definição pelo lugar da consumação do crime. Caso não seja conhecido o lugar da
consumação, a competência será definida pelo domicílio ou residência do réu (art. 72 do CPP). Em se tratando
de ação privada, o titular da ação poderá preferir o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando
conhecido o lugar da infração (art. 73 do CPP).
Definida a competência territorial, deverá ser definido o magistrado que julgará a causa. Aqui utiliza-se,
geralmente, o critério da distribuição. Nesses casos, deve-se estar atento às possibilidades de alteração do
foro original (conexão, continência, matéria específica ou prevenção).
Também não se pode deixar de observar a competência por prerrogativa de função e em função da matéria.

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VOCÊ QUER LER?


Recomenda-se a leitura da doutrina e dos artigos do CPP referentes ao assunto (69 a
91). Na prá tica, saber como é definida a competê ncia é extremamente importante!
Entã o, nã o deixe de reestudar o tema!

2.6 Provas
Esse é outro tema de extrema importância, pois está diretamente ligado à argumentação na prática. Na defesa
do acusado, é muito comum utilizar-se a falta de provas como argumento na busca da absolvição.
Provar significa demonstrar a verdade, a realidade daquilo que se alega. A finalidade da prova é a de formar a
convicção do magistrado sobre os elementos necessários para o deslinde da causa. O objeto da prova são os
fatos sobre os quais exista alguma incerteza e que sejam capazes de influenciar a decisão judicial.
No processo penal, podem ser produzidas quaisquer provas, desde que não sejam obtidas por meios ilícitos.
O art. 157 do CPP define como ilícitas as provas obtidas em violação das normas constitucionais e legais.
Essas provas, caso apresentadas no processo e assim consideradas, devem ser desentranhadas dos autos.
Quanto à apreciação do juiz acerca das provas apresentadas pelas partes, a legislação adotou o sistema do livre
convencimento motivado. Isso quer dizer que o magistrado é livre para decidir, porém sua decisão está ligada
às provas acostadas aos autos, não podendo fundamentá-la nos elementos colhidos na fase de IP, em
elementos estranhos aos autos e nem utilizando sua opinião ou vivências pessoais.
Os arts. 158 a 250 do CPP elencam uma série de meios de prova admitidos no processo penal. No entanto,
tendo em vista a busca da verdade real e o livre convencimento do juiz, os meios de prova não se esgotam
nesse rol, que é apenas exemplificativo.
E o ô nus da prova? Cabe a quem? Geralmente, o ô nus da prova pertence à acusação, que oferece a denú ncia ou a
queixa-crime contendo a imputação feita ao réu. Haverá a inversão desse ô nus todas as vezes que o réu alegar
algum fato em seu benefício, como, por exemplo, a exclusão da antijuridicidade ou da sua culpabilidade.
A lei n. 3.964/19, conhecida como pacote anticrime produziu algumas alteraçõ es nesse capítulo que trata das
provas. A primeira foi a inclusão do §5º ao art. 157 do CPP, com a seguinte redação: “o juiz que conhecer do
conteú do da prova declarada inadmissível não poderá proferir a sentença ou acó rdão”. O objetivo é o de
garantir a imparcialidade do julgamento afastando a possibilidade de o juiz que tenha tido contato com prova
declarada inadmissível proferir decisão.
Outra alteração diz respeito à inclusão dos artigos 158-A a 158-F, que tratam da cadeia de custó dia da prova.
Trata-se, em síntese, de uma sistematização dos procedimentos aptos a preservar o valor probató rio e a
autenticidade das provas periciais. Do ponto de vista da argumentação de defesa, deve-se atentar à forma
como as provas foram colhidas e armazenadas, pois caso os procedimentos não tenham sido obedecidos,
poder-se-á alegar a nulidade e exclusão da prova dos autos.
Recomenda-se o reestudo do tema, bem como a leitura dos arts. 155 a 200 do CPP.

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2.7 Citação e intimação


Citação é o ato processual que dá ciência ao réu de que contra ele foi iniciada a ação penal. Intimação é o ato
processual que dá ciência às partes dos atos do processo.
A citação é ato importante no processo penal, pois se não for devidamente citado o réu, contra ele não poderá
prosseguir a ação penal.
De regra, a citação do réu deve ser feita pessoalmente por oficial de justiça quando estiver no territó rio sujeito
à jurisdição do juiz que a houver ordenado (art. 351 do CPP). Se estiver fora desse territó rio, será citado por
carta precató ria (art. 353 do CPP).
A citação do militar será feita por intermédio do chefe do respectivo serviço (art. 358 do CPP). Em se tratando
de funcionário pú blico, a citação será pessoal, mas o dia designado que compareça em juízo, como acusado,
será notificado ao chefe de sua repartição (art. 359 do CPP).
Se o réu estiver preso, será citado pessoalmente. O oficial de Justiça se dirige ao estabelecimento prisional,
requisita a presença do preso e efetiva a citação (art. 360 do CPP).
Caso o oficial de justiça verifique que o réu se oculta para não ser citado, procederá a citação por hora certa,
nos termos dos arts. 252 e 254 do CPC.
Caso esteja no exterior, em local conhecido, a citação do réu será feita por carta rogató ria, suspendendo-se o
curso do prazo de prescrição até o seu cumprimento (art. 368 do CPP).
Se o réu não for encontrado para ser citado pessoalmente, por precató ria ou hora certa, será determinada a
citação por edital (citação ficta) com prazo de 15 dias.
Nos casos de citação por edital, caso o réu não compareça e nem constitua advogado, o juiz deverá concluir
que a citação não foi efetivada e determinará a suspensão do processo e do curso do prazo prescricional (art.
366 do CPP).

VAMOS PRATICAR?
Na prá tica, deve-se atentar se o ré u foi citado adequadamente, pois se nã
poderá ser requerida a anulaçã o dos atos subsequentes à citaçã o.

2.8 Sentença
É a decisão terminativa do processo. Ao final do procedimento em 1ª instância, o juiz deverá proferir sua
decisão, que pode ser absolutó ria, condenató ria ou absolutó ria impró pria.

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Para tornar-se válida e produzir efeitos, a sentença deverá conter os requisitos formais estabelecidos pelo art.
381 do CPP:

• os nomes das partes ou, quando não possível, as indicações


necessárias para identificá-las;
• a exposição sucinta da acusação e da defesa (relatório);
• a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a
decisão (motivação);
• a indicação dos artigos de lei aplicados (fundamentação);
• o dispositivo (individualização da pena);
• a data e a assinatura do juiz.
Caso as partes verifiquem que o juiz não atendeu ao disposto no art. 381 ou ainda se restar alguma
obscuridade, ambiguidade, contradição ou omissão na sentença, poderão ser opostos embargos de declaração,
requerendo ao juiz que esclareça a decisão (art. 382 do CPP).
Um aspecto relevante da sentença é a correlação entre a imputação feita na inicial e o conteú do da sentença. O
juiz não pode condenar o réu com base em fatos que não estejam descritos na inicial. Acerca dessa adequação,
surgem os institutos da emendatio libelli e da mutatio libelli.
A emendatio libelli está prevista no art. 383 e trata da modificação da definição jurídica do fato. Significa dizer
que desde que os fatos estejam todos devidamente narrados na inicial, o juiz pode atribuir definição jurídica
diversa daquela contida na acusação, ou seja, pode condenar por crime diverso do capitulado pelo titular da
ação penal.
Já a mutatio libelli, prevista no art. 384 do CPP, trata de nova definição jurídica em razão do surgimento de fatos
novos. Nesse caso, a inicial deverá ser aditada para a inclusão desses novos fatos para que o juiz possa
considerá-los na condenação. Caso o juiz não proceda dessa forma, acarretará a nulidade da sentença.
A sentença condenatória indica que os pedidos da acusação foram julgados procedentes, total ou
parcialmente. Os elementos da sentença condenató ria encontram-se no art. 387 do CPP.
Já a sentença absolutória é aquela que julga improcedente a acusação. É a decisão que a defesa busca com
todos os seus esforços. Ao absolver, o juiz deverá fundamentar sua decisão com base em um dos incisos do
art. 386 do CPP.
A sentença absolutória imprópria é aquela em que o juiz considera a inimputabilidade do réu e impõ e
medida de segurança (art. 386, parágrafo ú nico. III do CPP).

2.9 Procedimentos
Trata-se da sucessão dos atos processuais definida pelo CPP e legislação especial. De acordo com o art. 394 do
CPP, o procedimento será comum ou especial.
O procedimento comum será ordinário, sumário ou sumaríssimo. A definição se dá pela quantidade de pena
máxima abstrata cominada ao crime:

Ordinário
Quando tiver por objeto crime cuja sançã o
má xima cominada for igual ou superior a quatro
anos de pena privativa de liberdade.

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Sumário
Quando tiver por objeto crime cuja sançã o
má xima cominada seja inferior a quatro anos de
pena privativa de liberdade.

Sumaríssimo
Para as infraçõ es penais de menor potencial
ofensivo, na forma da Lei n. 9.099/95 – crime cuja
sançã o má xima cominada seja superior a dois
anos e inferior a quatro anos de pena privativa de
liberdade.
Quanto ao procedimento especial, podemos citar o jú ri, o previsto para os crimes de tráfico de drogas (Lei n.
11.343/06), o previsto para os crimes praticados por funcionário pú blico (arts. 513 a 518 do CPP), o previsto
para os crimes contra a honra (arts. 519 a 523 do CPP).
Alteração datada de 2016 inseriu o art. 394-a ao CPP estabelecendo prioridade de tramitação em todas as
instâncias nos casos de crimes hediondos.
Por se tratar de tema importante para a prática, recomenda-se o reestudo e a leitura acerca de todos os
procedimentos citados. Aqui, como se trata de um breve resumo da matéria, apresentaremos a sequência dos
atos de forma bastante resumida e direta. Trataremos apenas dos procedimentos comuns. Recomenda-se a
leitura e o reestudo dos procedimentos especiais, principalmente o jú ri.

2.10 Procedimento comum ordinário


Aplicável aos crimes cuja pena máxima abstrata seja igual ou superior a quatro anos. Previsto nos arts. 396 a
405 do CPP.
• Oferecimento da denúncia ou queixa-crime – arts. 30, 38, 41 e 44
do CPP. Deve ser apresentado o rol de testemunhas (até oito).
• Decisão interlocutória do juiz – o juiz pode rejeitar liminarmente a
inicial com fundamento no art. 395 do CPP. Dessa decisão cabe
recurso em sentido estrito (art. 581, I, do CPP). Pode ainda o juiz
receber a inicial, dando início efetivo ao processo e determinar a
citação do agora réu para responder à acusação em 10 dias (art.
396 do CPP).
• Resposta do réu (art. 396-A). Poderá arguir preliminares e alegar
tudo o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e

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justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar


testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação,
quando necessário. Não apresentada a resposta no prazo legal, ou
se o acusado citado não constituir defensor, o juiz nomeará
defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos por 10
dias (art. 396-A, §2º do CPP).
• Decisão do juiz acerca da resposta apresentada. O juiz poderá
absolver sumariamente o réu com base no art. 397 do CPP ou
prosseguir no feito, designando dia e hora para a audiência de
instrução, debates e julgamento (art. 399 do CPP).
• Na audiência (que deverá ser realizada em 60 dias), a sequência
dos atos será a seguinte: tomada de declarações do ofendido,
inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa,
nessa ordem, esclarecimentos dos peritos (quando solicitado
pelas partes), acareações e reconhecimento de pessoas e coisas
(quando necessário), interrogatório do réu (art. 400 do CPP).
• Findo o interrogatório, o juiz indagará das partes se desejam
requerer a produção de alguma diligência complementar (art. 402
do CPP). Caberá ao juiz deferir, ou não, tais pedidos, face
necessidade e conveniência da realização.
• Caso o juiz determine a realização de alguma diligência
complementar, encerrará a audiência e, após juntadas aos autos as
provas requeridas, o juiz abrirá o prazo sucessivo de cinco dias
para o oferecimento dos memoriais e após proferirá a sentença
(arts. 404 e 403, §3º do CPP).
• Não havendo requerimento de diligências, ou sendo indeferido,
serão oferecidas alegações finais orais por 20 minutos,
respectivamente, pela acusação e pela defesa, prorrogáveis por
mais 10, proferindo o juiz, a seguir, sentença (art. 403 do CPP).
O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o nú mero de acusados, conceder às partes o prazo de
cinco dias sucessivamente para a apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 dias para proferir
a sentença (art. 403, §3º do CPP).

2.11 Procedimento comum sumário

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Aplicável aos crimes cuja pena máxima abstrata seja superior a dois e inferior a quatro anos. Previsto nos arts.
531 a 540 do CPP.
O procedimento sumário segue basicamente os mesmos passos do procedimento ordinário, com apenas três
diferenças:
• o rol de testemunhas será de apenas cinco (art. 532 do CPP);
• o prazo para a realização da audiência de instrução e julgamento
é de 30 dias (art. 531 do CPP);
• não será possível o requerimento de diligências complementares.
Quanto à possibilidade de o juiz determinar a conclusão dos autos apó s a instrução, abrindo o prazo sucessivo
de cinco dias para o oferecimento de memoriais, embora não esteja prevista no CPP, já é entendimento
majoritário e prática comum a medida.

2.12 Procedimento comum sumaríssimo


Aplicável às contravençõ es penais e aos crimes cuja pena máxima abstrata seja igual ou inferior a dois anos.
Previsto nos arts. 61 e ss da Lei n. 9.099/95.
São princípios do procedimento sumaríssimo a oralidade, a simplicidade, a informalidade, a economia
processual e a celeridade.
O procedimento sumaríssimo é dividido em duas fases. A primeira fase, prevista nos arts. 69 a 76, trata da
tentativa de conciliação entre as partes. A segunda fase, prevista no art. 81, é o procedimento propriamente
dito.
Na primeira fase, o conciliador tentará a composição civil dos danos (art. 74) ou a transação penal (art. 76).
Caso essa primeira fase seja infrutífera, será aberta a oportunidade ao titular da ação penal para o oferecimento
da inicial, que pode ser feita oralmente. Oferecida a inicial, o réu já sairá dessa audiência citado da data da
audiência de instrução e julgamento.
Na audiência, antes de decidir se recebe ou não a inicial, é dada a palavra ao defensor para apresentar sua
defesa preliminar. Caso o juiz receba, seguirá com a oitiva das testemunhas de acusação e defesa, o
interrogató rio do réu, os debates orais e a sentença.
Da decisão que rejeita a inicial cabe recurso de apelação, nos termos do art. 82, §2º da Lei.

2.13 Nulidades
São as falhas ocorridas na realização dos atos processuais por desatendimento às normas legais. Para que um
ato processual seja considerado válido, deve respeitar todos os requisitos previstos.
Podemos classificar os atos em inexistentes, nulos e anuláveis. O ato inexistente é aquele no qual o
desrespeito aos requisitos é tão grande, a falha é tão essencial, que retira sua existência jurídica. Um exemplo é
uma sentença elaborada e assinada por um estagiário.
O ato anulável produz todos os efeitos jurídicos até a declaração de sua invalidação. Necessita de uma
decisão judicial que lhe retire a validade. Os efeitos produzidos por esse ato antes da sua invalidação são
mantidos.
O ato nulo, mais comum em processo penal, não produz nenhum efeito até ser convalidado. Convalidar
significa conceder ao ato validade para que produza efeitos. É ato comum às nulidades relativas. Caso o ato
seja declarado nulo, afetará todos os efeitos anteriores e posteriores à sua invalidação. Significa dizer que tudo
o que tenha ocorrido apó s o ato nulo deverá ser refeito.

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O sistema adotado pelo CPP quanto às nulidades foi o da instrumentalidade das formas. O sistema encontra
previsão nos arts. 563 e 566 do CPP. De acordo com os artigos, nenhum ato será declarado nulo se dessa
nulidade não resultar prejuízo para as partes e não será declarada a nulidade de ato processual que não houver
influído diretamente na decisão da causa ou na apuração da verdade.
As nulidades no processo penal se dividem em relativas e absolutas. Quanto à validade dos atos, não há
diferença entre nulidade relativa ou absoluta, já que uma vez reconhecida a nulidade, o ato perde o seu efeito.
As nulidades relativas são as falhas que admitem validação, desde que apontadas pela parte interessada e no
prazo legal, sob pena de preclusão.
As nulidades absolutas são falhas de extrema gravidade que podem ser apontadas de ofício pelo juiz ou por
qualquer das partes, a qualquer tempo e em qualquer instância. Os atos considerados absolutamente nulos
deverão ser refeitos.
O art. 564 do CPP apresenta o rol das nulidades em espécie:

Art. 564. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:


I - por incompetência, suspeição ou suborno do juiz;
II - por ilegitimidade de parte;
III - por falta das fó rmulas ou dos termos seguintes:
a) a denú ncia ou a queixa e a representação e, nos processos de contravençõ es penais, a portaria
ou o auto de prisão em flagrante;
b) o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, ressalvado o disposto no Art. 167;
c) a nomeação de defensor ao réu presente, que o não tiver, ou ao ausente, e de curador ao menor
de 21 anos;
d) a intervenção do Ministério Pú blico em todos os termos da ação por ele intentada e nos da
intentada pela parte ofendida, quando se tratar de crime de ação pú blica;
e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogató rio, quando presente, e os prazos
concedidos à acusação e à defesa;
f) a sentença de pronú ncia, o libelo e a entrega da respectiva có pia, com o rol de testemunhas, nos
processos perante o Tribunal do Jú ri;
g) a intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal do Jú ri, quando a lei não permitir
o julgamento à revelia;
h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade, nos termos estabelecidos
pela lei;
i) a presença pelo menos de 15 jurados para a constituição do jú ri;
j) o sorteio dos jurados do conselho de sentença em nú mero legal e sua incomunicabilidade;
k) os quesitos e as respectivas respostas;
l) a acusação e a defesa, na sessão de julgamento;
m) a sentença;
n) o recurso de ofício, nos casos em que a lei o tenha estabelecido;
o) a intimação, nas condiçõ es estabelecidas pela lei, para ciência de sentenças e despachos de que
caiba recurso;
p) no Supremo Tribunal Federal e nos Tribunais de Apelação, o quó rum legal para o julgamento;
IV - por omissão de formalidade que constitua elemento essencial do ato.
Parágrafo ú nico. Ocorrerá ainda a nulidade, por deficiência dos quesitos ou das suas respostas, e
contradição entre estas;
V - (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3689.htm#art564v) em decorrência de
decisão carente de fundamentação (BRASIL, 1941).

As nulidades consideradas absolutas podem ser arguidas a qualquer momento e por quaisquer das partes.
Podem, também, ser reconhecidas de ofício pelo Juiz ou Tribunal.

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Já as nulidades relativas encontram-se no art. 564, mas definidas pelo art. 572 do CPP. O mesmo art. 572
também define o momento para a arguição da nulidade:

Art. 572. As nulidades previstas no art. 564, Ill, d e e, segunda parte, g e h, e IV, considerar-se-ão
sanadas:
I – se não forem arguidas, em tempo oportuno, de acordo com o disposto no artigo anterior;
II – se, praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim;
III – se a parte, ainda que tacitamente, tiver aceito os seus efeitos (BRASIL, 1941).

É importante ressaltar que, para fins de exame da OAB, utilizamos o inciso IV do art. 564 para apontar
eventuais nulidades não listadas no art. 564 e sempre vamos afirmar que a nulidade é absoluta, já que o inciso
é bastante genérico.
Já quanto à intervenção do MP em todos os atos do processo, apesar de estar no rol das nulidades relativas,
também deverá ser considerada absoluta. Trata-se de uma adequação do CPP, que é de 1941, com as previsõ es
constitucionais atuais.
O conhecimento do tema é de grande utilidade para a prática, pois a alegação de nulidades processuais é
bastante comum, especialmente quando pela defesa do réu.
O inciso V foi inserido pela Lei n. 13.964/19, conhecida como pacote anticrime. Trata da nulidade de decisão
carente de fundamentação, ratificando determinação constitucional (art. 93, IX da CF). O art. 489, §1º do CPC
explica o que se entende por decisão não fundamentada.

2.14 Parte prática


Bem, agora que fizemos um breve resumo acerca da ação penal e temas adjacentes, é hora de falarmos da
prática!
O que o advogado pode fazer durante a ação penal? Como deve atuar? Quais as peças cabíveis nessa etapa?
Vamos responder a todos esses questionamentos a partir de agora.

2.14.1 Peças cabíveis


Iniciemos a prática estabelecendo uma lista de peças cabíveis nesta fase:

• Queixa-crime;
• Defesa preliminar (rito especial da lei de drogas e dos crimes
praticados por funcionário público);
• Resposta à acusação;
• Exceções (suspeição, litispendência, ilegitimidade de parte,
impedimento);
• Medidas assecuratórias (sequestro e hipoteca legal, restituição de
coisas apreendidas);
• Instauração de incidentes (mental, falsidade)
• Memoriais.
São muitas as peças cabíveis nessa fase. Trataremos de forma mais detalhada apenas das mais corriqueiras e
que são mais cobradas em prova. Ressalta-se a necessidade de leitura e estudo de todas as peças.

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Queixa-crime
É a petição inicial da ação penal privada. Antes de apresentar o modelo, vamos esquematizar as principais
informaçõ es da peça:

• Fundamento jurídico da peça (previsão do cabimento no


ordenamento) – arts. 30, 41 e 44 do CPP; art. 100 do CP. art. 5º, LIX
da CF.
• Endereçamento – dirigida ao Juiz de Direito (conforme
competência).
• Quem pode oferecer? O ofendido ou seu representante legal ou o
CADI, sempre por advogado.
• Há prazo? Seis meses a contar do conhecimento da autoria do
crime.
• Precisa anexar procuração? Sim! E deve ser elaborada com
poderes especiais. Para fins de exame da OAB, não há a
necessidade de elaborar o documento, mas deve fazer menção no
preâmbulo.

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Observaçõ es:

• No preâmbulo, caso o problema mencione o nome do cliente,


coloque. Caso contrário, coloque apenas “...”, como no modelo.

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• Quanto ao rol de testemunhas, caso o problema mencione o


nome e a qualificação, coloque na peça. Caso contrário, apenas
mencione como no modelo.
• Quanto ao local e data, caso o problema indique o local em que
tudo ocorreu, pode colocar na peça.
• Não de identifique, a não ser que o problema peça que assine
com determinado nome.

Resposta à acusação
Trata-se da primeira manifestação da defesa no processo. É apresentada logo apó s a citação do acusado. O art.
396-A cuida do conteú do da peça: poderão ser arguidas preliminares (nulidade/extinção de punibilidade),
teses de mérito, oferecimento de documentos e justificaçõ es, especificação das provas que pretende produzir e
rol de testemunhas. No jú ri, o artigo que trata do tema é o 406 do CPP.
A finalidade da resposta é a de tentar convencer o juiz a absolver sumariamente o réu nos termos do art. 397
do CPP. Logo, as possíveis teses de defesa dessa peça são as possibilidades previstas no artigo em questão.
No jú ri, as teses de defesa devem tomar por base as decisõ es que o juiz pode tomar ao término da primeira
fase: impronú ncia (art. 414 do CPP), desclassificação (art. 419 do CPP) ou absolvição sumária (art. 415 do
CPP).
O prazo para o oferecimento da resposta é de 10 dias, a contar da citação do réu, conforme disposto na Sú mula
710 do STF.
Antes de apresentar o modelo, vamos esquematizar as principais informaçõ es da peça:

• Fundamento jurídico da peça (previsão do cabimento no


ordenamento) – art. 396 e 396-A do CPP (procedimentos comuns),
art. 406 (júri).
• Endereçamento – dirigida ao Juiz da causa, conforme a
competência.
• Quem pode oferecer? O réu, representado por advogado.
• Há prazo? 10 dias a contar da citação.

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Memoriais
Peça a ser apresentada no prazo de cinco dias quando o juiz considerar o caso complexo e chamar os autos à
conclusão, ou ainda quando forem deferidas diligências complementares.
Trata-se de uma peça muito importante, pois é o momento que antecede a decisão final do juiz. Sendo assim,
as partes nesse momento analisam minuciosamente tudo o que ocorreu durante o processo: provas
produzidas, testemunhas ouvidas etc.

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A acusação, geralmente, pleiteia a condenação do réu. A defesa, por sua vez, busca a absolvição, mas pode
também oferecer teses e pedidos subsidiários, como a desclassificação do crime, o afastamento de agravantes
e qualificadoras e sugestõ es quanto à dosimetria da pena e benefícios (sursis, substituição de pena etc.).
Podem também ser trabalhadas teses preliminares como nulidades e causas de extinção de punibilidade. Em
havendo tais teses, devem ser abordadas antes das teses de mérito, em subtó pico denominado “DAS
PRELIMINARES”.
No procedimento do jú ri, as teses de mérito circundam as possibilidades de decisão do juiz ao final da
primeira fase: arts. 414, 419 ou 415 do CPP.
Trata-se de peça detalhada e que deve ser trabalhada com cuidado e atenção, pois geralmente contém muitas
teses a serem desenvolvidas.
Antes de apresentar o modelo, vamos esquematizar as principais informaçõ es da peça:

• Fundamento jurídico da peça (previsão do cabimento no


ordenamento) – art. 403, §3º ou 404, parágrafo único do CPP.
• Endereçamento – juiz de direito (conforme competência)
• Quem pode oferecer? O réu, representado por seu advogado e o
MP, em prazo sucessivo. MP sempre apresenta primeiro.
• Há prazo para oferecer a representação? Cinco dias.

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Conclusão
Concluímos a segunda unidade do curso de Prática Penal. Além de revisar o conteú do sobre ação penal, agora
você já tem noção de como atuar nessa fase.

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Nesta unidade, você teve a oportunidade de:

• revisar o conteúdo sobre ação penal;


• revisar o conteúdo sobre competência;
• revisar o conteúdo sobre jurisdição e competência;
• revisar o conteúdo sobre provas;
• revisar o conteúdo sobre citação e intimação;
• revisar o conteúdo sobre sentença;
• revisar o conteúdo sobre procedimentos;
• revisar o conteúdo sobre nulidades;
• identificar as peças cabíveis nessa fase;
• compreender o cabimento de cada peça;
• visualizar os modelos das principais peças.

Bibliografia
BRASIL. Presidência da Repú blica. Decreto-lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Có digo Penal. Brasília:
Casa Civil / Subchefia para Assuntos Jurídicos, 1940. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm). Acesso em: 16 ago. 2019.
BRASIL. Presidência da Repú blica. Decreto-lei n. 3.689, de 3 de outubro de 1941. Có digo de Processo Penal.
Brasília: Casa Civil / Subchefia para Assuntos Jurídicos, 1941. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm). Acesso em: 16 ago. 2019.
BRASIL. Presidência da Repú blica. Lei n. 9.099, de 26 de setembro de 1995. Dispõ e sobre os Juizados
Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências. Brasília: Casa Civil / Subchefia para Assuntos Jurídicos,
1995. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm). Acesso em: 16 ago. 2019.
BRASIL. Presidência da Repú blica. Lei n. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõ e sobre as sançõ es penais e
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.
Brasília: Casa Civil / Subchefia para Assuntos Jurídicos, 1998. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9605.htm).
Acesso em: 16 ago. 2019.
BRASIL. Presidência da Repú blica. Lei n. 11.343, de 23 de agosto de 2006. Institui o Sistema Nacional de
Políticas Pú blicas sobre Drogas. Brasília: Casa Civil / Subchefia para Assuntos Jurídicos, 2006. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm). Acesso em: 16 ago. 2019.

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