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Joana Costa Lopes

Assistente Convidada

§ Esquema – Objeto do Processo


Direito Processual Civil II

Petição Inicial: o processo inicia-se com a apresentação da petição inicial (pi) , considerando
a ação proposta logo que o ato é ou se tem por praticado nos termos do artigo 259.º, n.º1 do
CPC. Constitui-se assim a instância , como relação jurídica entre o autor (pessoa que solicita
tutela jurisdicional) e o tribunal (a quem a solicitação é dirigida).

Esta iniciativa processual (intentar uma ação no tribunal – pedindo uma determinada tutela)
é insubstituível, pois só a ele cabe solicitar a tutela jurisdicional , que não pode ser
oficiosamente concedida (artigo 3/1.º do CPC). Assim o autor quando intenta uma ação
define um objeto processual:

Objeto do Processo

O Pedido do Causa de Pedir


Autor Porque é que
O que quer? quer?

Elementos

a) Pretensão Material – é afirmação de um Definição (MTS): a causa de pedir é um


interesse como juridicamente tutelado. É a conceito processual que é construído com
afirmação de um direito subjetivo. Ex. O base no direito substantivo.
autor pede o reconhecimento ao tribunal
de que é proprietário do imóvel x. A causa de pedir é constituída pelos factos
necessários para individualizar a pretensão
b) Pretensão Processual – declaração de material alegada pelo autor. O critério para
vontade acompanhada da solicitação de delimitar a causa de pedir é necessariamente
uma atuação judicial determinada jurídico: é a previsão de uma regra jurídica
(condene, declare , arreste): Artigo chave: que fornece os elementos para a construção
o artigo 10.º do CPC. de uma causa de pedir. Artigo 581.º do CPC.
A causa de pedir fixa os limites do
conhecimento do tribunal (p. do
dispositivo): artigo 5.º do CPC º artigo
615.º/d) do CPC.

O autor tem de alegar a causa de pedir na pi


(artigo 552/n.º1, al.d) do CPC.

E se faltar o causa de pedir, ou seja, se o


Se faltar o pedido ou for ininteligível
autor não a alegar? O autor corre o risco da
Consequência:
petição inicial se tornar inepta por falta de
causa de pedir (art. 186.º, n.º2, al.a)), assim o
a) Ineptidão da Petição Inicial: (art. 186.º, n.º 2, al. a) processo seria todo nulo (art.186.º,n.1),
do CPC; pelo que essa nulidade se não houver
b) Devendo ser indeferido in limine (art. 590.º, n.º 1, despacho limiar, ou escapar ao indeferimento
186.º, n.º 1, 577.º, al. b), e 726.º, n.º 2, al. b)). limitar, conduz à absolvição do réu da
c) Ineptidão da Petição Inicial = Nulidade de todo instância porque há uma exceção dilatória –
o Processo (artigo 186/1.º do CPC) pois não pode artigo 278/1/b) + 577/al.b), + 576/2.º do
haver processo sem objecto (art. 186.º, n.º 1 e 2, al. CPC .
a)), pelo que essa nulidade – se não houver despacho
liminar (cf. art. 226.º, n.º 4) ou escapar ao
indeferimento liminar – conduz à absolvição do réu Causa de Pedir
da instância (art. 278.º, n.º 1, al. b), 577.º, al. b), e
576.º, n.º 2) porque há uma exceção dilatória
insanável.
Teorias: que factos integram a causa de pedir?

O Pedido do a) Teoria da Individualização: que já


ninguém usa.
Autor b) Teoria da Substanciação: LF – segundo a
qual a causa de pedir é constituída por todos
os factos necessários para obter a
Pressupostos Processuais do Pedido:
procedência da ação; Factos essenciais +
factos complementares que visam a
procedência da ação;
c) Teoria da Individualização
Aperfeiçoada: MTS + Mariana França
a) Inteligibilidade: se for Gouveia: segundo a qual a causa de pedir é
ininteligível a pi é inepta. construída apenas pelos factos necessários à
individualização do pedido do autor.
b) Idoneidade: deve ser idóneo
para a resolução judicial Fundamentação (teoria do MTS): a alegação da
(Possibilidade jurídica do causa de pedir dirige-se à parte contrária e ao juiz, e
pedido): o pedido de declaração destina-se tão só a averiguar a admissibilidade do
de quem é a pessoa mais bem objeto da causa (plano da admissibilidade) e não do
vestida é inidóneo para a solução plano da fundamentação da ação, daí que a
legal. Se faltar a idoneidade: consequência da falta de causa de pedir seja a
exceção dilatória inominada – ineptidão da pi.
consequência: absolvição do
réu da instância: artigo Suma:
278.º/1/e) + 577.º. a) Factos que constituem a causa de pedir: a sua falta
gera a ineptidão da pi;
c) Determinação: o pedido tem de b) Factos complementares: a sua falta gera um
ser em regra determinado, só se convite ao aperfeiçoamento (artigo 590.º do
aceitam pedidos genéricos nos CPC;)
casos permitidos na lei. Cf. artigo c) Factos probatórios: a sua falta é inconsequente;
556.º do CPC.
Formas do Pedido
Regra Geral: o pedido é específico, determinado ou líquido; referente a prestação vencida;
relativo a todo o direito; único e certo ou fixo.

No entanto podem existir pedidos:

a) Pedidos Genéricos - são aqueles que são indeterminados no seu quantum.

É o art. 556.º, n.º 1, que define em que casos é permitido formular pedidos genéricos. Um desses
casos é aquele em que o objecto mediato da acção é uma universalidade, de facto ou de direito
(art. 556.º, n.º 1, al. a)), ex. herança.

Fora do art. 556.º, há um caso em que a lei permite a formulação de um pedido genérico. O pedido
de prestações vincendas, no caso do art. 557.º, n.º 1, pode também apresentar se como pedido
genérico – condenação em todas as prestações que se vencerem.

E se o autor formular um pedido genérico fora dos casos admitidos na lei?

O juiz deve fazer uso do pedir que é conferido pelo artigo 590/2/al.b) e n.3 do CPC: e convidar
o autor a concretizar o pedido. Se o autor não fizer, não estando a pi em condições de ser recebida,
o réu deve ser absolvido na instância com base numa exceção dilatória inominada.

b) Pedidos de Prestação Vincenda - É possível pedir a condenação numa prestação


vincenda, mesmo que se vença em momento posterior ao da própria sentença de
condenação: é a chamada condenação in futurum ( art. 10.º, n.º 3, al. b) in fine).

Admissibilidade: art. 557/1.º do CPC (se o autor provar que existe interesse processual).

Pedido de Prestação Vincenda ≠ Condenação in futurum

Diferença entre pedido de prestação vincenda (artigo 557/2.º) e a condenação in futurum


(artigo 610.º). No pedido de prestação vincenda: o autor apresenta o direito como não exigível e
não vencido; o pedido do autor é um pedido de condenação in futurum.

Na condenação in futurum o que acontece é que o autor apresenta o direito como exigível , mas
o réu na contestação defende-se por exceção perentória modificativa temporária, cuja consequência é a
condenação in futurum do réu no pagamento da dívida por exemplo.

c) Pedidos Parciais - Neste pedido, o autor não esgota na pretensão processual tudo o que
decorre da pretensão material.

A formulação do pedido parcial permite poupar em custas processuais e noutras despesas, mas a
sua valoração exige, antes do mais, a distinção entre o pedido parcial “aberto” e “oculto”.

O pedido oculto pode ser utilizado para defraudar a competência em função do valor e pode
mesmo indiciar uma litigância de má-fé nos termos do artigo 542/2/al.d) do CPC.

O pedido aberto é quando o autor formula um pedido parcial se forma clara. O autor pode
reservar-se no direito de vir a pedir outra indemnização por danos posteriores, noutro momento,
ou noutra ação, artigo 569.º do CC.
Pedido de Defesa – Defesa por Exceção Peremptória

Enquadramento:
Por impugnação – aqui o réu contradiz os factos
articulados pelo autor ou nega que deles possa decorrer o
efeito jurídico pretendido por esta parte (art. 571.º, n.º 2 1.ª
parte); Aqui não há factos novos. Simplesmente o que
acontece é que o autor alega que x é verdadeiro, o réu alega
que este mesmo x é falso. O facto x fica controvertido, mas
O réu não há direito de resposta nos termos do artigo 3.º/4 por
pode se parte do autor.
defender
Por Exceção Dilatória (que se for procedente dá lugar há
absolvição da instância)

Por Exceção Peremptória: e é esta que vamos analisar,


porque a sua procedência dá lugar há absolvição do réu no
pedido; Aqui o réu não impugna os factos alegados pelo
autor nem a sua adequação aos efeitos pretendidos por esta
parte, antes invoca outros factos que constituem uma causa
impeditiva, modificativa ou extintiva do direito invocado
pelo autor.

Noção: A defesa por excepção peremptória consiste na invocação pelo réu de um facto que obsta à
produção dos efeitos decorrentes do objecto definido pelo autor e determina a absolvição, total ou
parcial, do pedido (art. 576.º, n.º 3, e 571.º, n.º 2 in fine).

Por isso é que há direito de resposta por parte do autor nos termos do artigo 3.º/4 do CPC (Não se
esqueçam que a réplica não serve para responder às exceções alegadas pelo réu, mas sim e tão só para
responder à reconvenção).

Modalidades
As excepções podem ter eficácia

Impeditiva Extintiva Modificativa


As excepções impeditivas são aquelas que As excepções extintivas são aquelas que Peremptórias (definitivas) –
obstam ao preenchimento de uma destroem as consequências jurídicas excluem o exercício do direito
previsão legal e que, por isso, impedem decorrentes do preenchimento de para sempre: prescrição – passa
uma certa consequência jurídica. determinada previsão legal. de uma obrigação exigível para
uma natural;
Exemplos: Causas de nulidade do nj Exemplos: verificação de uma
(simulação; falta dos requisitos do objeto condição resolutiva (270.º do CC), Dilatórias (Temporárias) –
negocial; contrariedade à lei), artigo caducidade (298/2.º do CC), e todas as consistem na invocação de que o
240/2.º do CC. Dolo (artigo 253.º do causas de extinção das obrigações; direito do autor ainda não se
CC), Coação Moral (art. 257.º do CC), como o cumprimento (762/1.º do constituiu: condição suspensiva
legítima defesa (art. 337.º do CC). CC)... (artigo 270.º do CC) + exceção de
não cumprimento artigo 428.º do
CC.
Formas do Pedido – Complexas

1.
Cumulação Simples – Artigo 555.º do CPC

2 pedidos
A mesma parte A mesma parte
1 Réu
1 Autor
+

Admissibilidade da Cumulação Simples/


Pressupostos Processuais
- Compatibilidade Substantiva ( artigo 555/1/1ªparte do CPC);

Se os pedidos não forem substancialmente compatíveis: ineptidão da pi – artigo 186/2/c) à nulidade de


todo o processo – artigo 186/1.º, 278/1/b) e 577/b). Por exemplo se o autor pedir a nulidade do contrato
e o seu cumprimento, estes pedidos não podem ser formulados em conjunto.

É sanável a incompatibilidade substantiva se o juiz convidar o autor a transformar a cumulação simples


numa cumulação subsidiária. (isto se não houver despacho liminar e se se seguir para o pré-saneador).

- Compatibilidade Processual
Art. 555/1/2.ªparte + art. 37.º/1 a 3 do CPC;

i) Relativa à competência absoluta do tribunal;

Se o tribunal for absolutamente incompetente: exceção dilatória nominada: artigos 96.º, 99.º, 278.º, al.a),
576/2.º, 577/a), ex vi art. 37.º do CPC.

ii) Adequação da forma do processo;

Aos pedidos cumulados têm de corresponder formas de processo compatíveis, se não estamos perante
uma exceção dilatória inominada que se for procedente dá azo à absolvição do réu da instância. No entanto
se não seguirem uma tramitação manifestamente incompatível (art. 37.º, n.º 2); a cumulação apenas é autorizada pelo
juiz se nela houver interesse relevante ou se a apreciação conjunta das pretensões for indispensável
para a justa composição do litígio (art. 37.º, n.º 2).

- Conexão Objetiva? MTS diz que não! Abrantes Geraldes e Paula Costa e Silva aplicam o artigo
36.º do CPC por analogia.
2.
Cumulação Alternativa – Artigo 553.º do CPC

2 pedidos
A mesma parte A mesma parte
1 Autor ou 1 Réu

Admissibilidade da Cumulação Alternativa/


Pressupostos Processuais
- Alternatividade Substantiva ( artigo 553 do CPC + 543.ºa 549.º do CC);

Os pedidos alternativos não são aqueles em que se dá ao tribunal a possibilidade de escolha: não é
admissível que o autor peça ao tribunal que lhe atribua uma indemnização pela violação do seu interesse
contratual positivo (na hipótese de o tribunal reconhecer o incumprimento do contrato celebrado com o
réu) ou pela violação do seu interesse contratual negativo (no caso de o tribunal reconhecer que não foi
celebrado nenhum contrato entre as partes).

- Compatibilidade Processual
Art. 555/1/2.ªparte + art. 37.º/1 a 3 do CPC; - que aqui segundo o MTS se aplica por analogia.

iii) Relativa à competência absoluta do tribunal;

Se o tribunal for absolutamente incompetente: exceção dilatória nominada: artigos 96.º, 99.º, 278.º, al.a),
576/2.º, 577/a), ex vi art. 37.º do CPC.

iv) Adequação da forma do processo;

Aos pedidos cumulados têm de corresponder formas de processo compatíveis, se não estamos perante
uma exceção dilatória inominada que se for procedente dá azo à absolvição do réu da instância. No entanto
se não seguirem uma tramitação manifestamente incompatível (art. 37.º, n.º 2); a cumulação apenas é autorizada pelo
juiz se nela houver interesse relevante ou se a apreciação conjunta das pretensões for indispensável
para a justa composição do litígio (art. 37.º, n.º 2).
3.
Cumulação Subsidiária – Artigo 554.º do CPC

2 pedidos
A mesma parte A mesma parte
1 Autor + 1 Réu
Se o primeiro não for procedente
– Então o segundo!

Admissibilidade da Cumulação Subsidiária/


Pressupostos Processuais

- Não é necessária a Compatibilidade Substantiva ( artigo 554 do CPC);

A característica principal da cumulação subsidiária é a de que é possível formular pedidos substancialmente


incompatíveis. O autor pretende obter um de dois efeitos que são materialmente incompatíveis; a
cumulação subsidiária evita que ele tenha de escolher, antes da propositura da acção, qual deles quer obter;
essa parte pode procurar obter qualquer deles numa mesma acção, só tendo de hierarquizar um deles como
pedido principal.

- Compatibilidade Processual
Art. 554/2.º + art. 37.º/1 a 3 do CPC; - que aqui segundo o MTS se aplica por analogia.

v) Relativa à competência absoluta do tribunal;

Se o tribunal for absolutamente incompetente: exceção dilatória nominada: artigos 96.º, 99.º, 278.º, al.a),
576/2.º, 577/a), ex vi art. 37.º do CPC.

vi) Adequação da forma do processo;

Aos pedidos cumulados têm de corresponder formas de processo compatíveis, se não estamos perante
uma exceção dilatória inominada que se for procedente dá azo à absolvição do réu da instância. No entanto
se não seguirem uma tramitação manifestamente incompatível (art. 37.º, n.º 2); a cumulação apenas é autorizada pelo
juiz se nela houver interesse relevante ou se a apreciação conjunta das pretensões for indispensável
para a justa composição do litígio (art. 37.º, n.º 2).

- Conexão Objetiva? O MTS diz que não, mas crítica iure condendo, porque só o valor do pedido
principal é relevante para determinar o valor da causa – artigo 297/3.º do CPC.

Nota: o pedido subsidiário, só é apreciado, se o pedido principal for improcedente.

Cumulação Subsidiária Imprópria, que segue o regime do artigo 555.º do CPC: se o primeiro pedido
for procedente, então quero o outro pedido. (se x for procedente, então y).
Em suma: A Cumulação Objetiva pode ser 1. Simples, 2. Alternativa, e 3. Subsidiária.
Quando a cumulação objetiva se conjuga com a cumulação subjetiva (cumulação de parte)
pode resultar uma coligação ou um litisconsórcio.

§ Coligação – Artigo 35.º do CPC;

Coligação vs. Litisconsórcio: a Coligação pressupõe uma pluralidade de partes e uma


pluralidade de pedidos, sendo que uma coligação poderá ter do lado passivo ou ativo um
parte em litisconsórcio e outras partes no mesmo processo. No litisconsórcio há uma só
parte (caso dos cônjuges são separados) , e pode haver uma cumulação de pedidos.

Admissibilidade da Coligação/
Pressupostos Processuais:

- Compatibilidade processual;

i) Competência absoluta do tribunal (art. 37.º, n.º 1);

ii) Adequação da forma de processo para todos os pedidos formulados (art.


37.º, n.º 2 e 3).
- Conexão Objetiva;

i) Terem os pedidos a mesma e única causa de pedir (art. 36.º, n.º 1);
ii) Estarem os pedidos entre si numa relação de prejudicialidade ou de dependência
(art. 36.º, n.º 1);
iii) Depender a procedência dos pedidos principais essencialmente da apreciação dos
mesmos factos (art. 36.º, n.º 2);
iv) Depender a procedência dos pedidos principais essencialmente da interpretação
e aplicação das mesmas regras de direito (art. 36.º, n.º 2);
v) Depender a procedência dos pedidos principais essencialmente da interpretação
e aplicação de cláusulas de contratos perfeitamente análogas (art. 36.º, n.º 2);
vi) Basear-se um dos pedidos, deduzido contra um réu, na invocação da obrigação
cartular,

A falta de conexão objectiva é sanável nos termos do art. 38.º, n.º 1: o juiz notifica o autor
para indicar qual o pedido que pretende ver apreciado no processo; se o vício não for sanado,
o réu é absolvido da instância quanto a todos os pedidos (art. 38.º, n.º 1; art. 278.º, n.º 1, al.
e), e 577.º, al. f do CPC;

- Compatibilidade Substantiva; se estivermos perante Cumulação Simples;


Aqui vale a regra geral para a cumulação simples: a falta de compatibilidade substantiva entre
os pedidos origina a ineptidão da petição inicial (art. 186.º, n.º 2, al. c)), de que resulta a
nulidade de todo o processo , que é uma exceção dilatória (art. 186.º, n.º 1, 278.º, n.º 1, al. b),
e 577.º, al. b)).

- Alternatividade Substantiva se estivermos perante Cumulação Alternativa;

- Não se exige Compatibilidade Substantiva no caso dos pedidos subsidiários;

§ Pedido Reconvencional – Contra-Ataque

Aqui o réu torna-se autor do pedido reconvencional. E o autor torna-se réu deste pedido e
pode responder à reconvenção na réplica (artigo 584.º do CPC).

Noção: Ao pedido autónomo do réu contra o autor chama se pedido


reconvencional ou reconvenção (art. 266.º, n.º 1). Pedido (Pretensão Material
+ Pretensão Processual). Imaginem que o réu invoca uma exceção dilatório de
incompetência relativa do tribunal e pede a remessa para o tribunal competente,
aí não há reconvenção porque não há pretensão matéria.

Pedido Autónomo: porque pede algo diferente em relação há absolvição do


réu do pedido. Por isso é que não se deve confundir a reconvenção com a defesa
por exceção perentória, porque nessa o que o réu quer é ABSOLVIÇÃO DO
PEDIDO.

Admissibilidade da Reconvenção/
Pressupostos Processuais:

- Compatibilidade procedimental – artigo 583.º do CPC;

A reconvenção exige compatibilidade procedimental, ou seja, requer a sua inseribilidade na


marcha do processo: para ser admissível, a reconvenção exige que a forma de processo que
está a ser seguida a possa admitir.

- Não exclusão Legal – artigo 584.º, n.º1 do CPC;

A reconvenção não é admissível quando a lei a proíba. Há neste ponto que tomar em conta
o art. 584.º, n.º 1: ao pedido reconvencional não pode o autor opor nova reconvenção.
- Conexão Objetiva – Artigo 266/2.º do CPC

A enumeração do art. 266.º, n.º 2, tem carácter taxativo e excepcional, dado que os casos
abrangidos constituem uma excepção à regra da estabilidade da instância (cf. art. 260.º).

E se faltar o respeito pelos crivos da não exclusão legal, compatibilidade procedimental e


conexão objetiva?

A incompatibilidade procedimental, a violação de exclusão legal e a falta de conexão objectiva


são excepções dilatórias inominadas (art. 576.º, n.º 2); se a reconvenção não tiver sido
rejeitada, estas excepções conduzem à absolvição do autor da instância
reconvencional;

- Compatibilidade Processual – Artigo 93.º , 266/3.º; 37.º, 555.º, e artigo 554/2.º do


CPC

i) Competência Absoluta do Tribunal: A reconvenção exige a competência


absoluta, para o pedido reconvencional, do tribunal em que corre o pedido do
autor (art. 93.º, n.º 1).

ii) Adequação formal: a forma de processo apropriada para o pedido do autor tem
de ser adequada para o pedido reconvencional do réu (art. 266.º, n.º 3); ainda que
o não seja, o juiz pode autorizar a dedução do pedido reconvencional se houver
interesse relevante ou se tal for indispensável para a justa composição do litígio
(art. 266.º, n.º 3).

Se isto falhar: A incompatibilidade processual conduz à incompetência absoluta do


tribunal para o pedido reconvencional (art. 96.º, 278.º, n.º 1, al. a), e 577.º, al. a)) ou à
excepção dilatória inominada de erro na forma de processo para esse mesmo pedido (art.
576.º, n.º 2); estas excepções conduzem à absolvição do autor da instância reconvencional (
art. 93.º, n.º 1 2.ª parte).

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