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PASSO A PASSO
1. INTRODUÇÃO:
a) Há alguma preliminar?
b) Há alguma prejudicial de mérito?
c) Há algum pedido relativo à intervenção de terceiros?
d) Há algum pedido formulado pelo réu (reconvenção ou pedido
contraposto)?
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Material elaborado pelos professores Fabiana Perillo (Ex-Juíza de Direito Substituta do TJDFT) e Jaylton Lopes
Jr. (Juiz de Direito Substituto do TJDFT).
2. LINGUAGEM DA SENTENÇA:
3. RELATÓRIO:
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Em diversas provas de sentença, a banca examinadora dispensa o relatório, devendo
o candidato iniciar a resposta da seguinte forma: “É o relatório. Fundamento e decido”; ou
“É o breve relato do necessário. Passo a fundamentar e a decidir”.
Caso o relatório não seja dispensado, seguem algumas observações:
Cuida-se de ação XXX ajuizada por YYYY em face de (ou contra) ZZZ, partes
qualificadas nos autos (...).
2 o. Parágrafo: fundamentos de fato e de direito trazidos pelo autor, bem como seu
pedido final:
O pedido de antecipação dos efeitos da tutela foi (in)deferido por decisão de fls.”
Contra essa decisão, foi interposto agravo de instrumento, o qual foi (des)provido
por acórdão de fls.
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5 o Parágrafo: citação, audiência de conciliação/mediação, resposta e documentos.
É possível que o examinador narre o pedido de produção de provas de uma das partes
e, em seguida, indique a conclusão dos autos. Nesse caso, o candidato deverá apreciar o
pedido de prova para rejeitá-lo (CPC, art. 370) e julgar antecipadamente o pedido (CPC, art.
355). Isso deverá ser feito no início da fundamentação.
8 o Parágrafo: finalização.
Observações:
4. FUNDAMENTAÇÃO:
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Ao ler o enunciado da prova, deve o candidato identificar as questões jurídicas e os
seus respectivos fundamentos. Após, deve abordar as questões na seguinte ordem:
5.2. Julgamento antecipado do mérito, caso o enunciado não indique que houve
produção de prova (CPC, art. 355):
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É caso de julgamento antecipado do mérito nos termos do artigo 355, I, do Código
de Processo Civil. Com efeito, noto que a questão é eminentemente de direito e, no
que se refere aos fatos, já estão devidamente comprovados nos autos com os
documentos que foram juntados pelas partes.
Passo ao exame das preliminares.
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b) Posição moderna: Teoria da Asserção / Apresentação – a
profundidade da cognição altera o reconhecimento de eventual
ausência de legitimidade ou interesse de agir.
Se o réu alegar alguma questão, como preliminar, que não se encontra no rol do art.
337 do CPC, não se pode considerá-la, tecnicamente, como preliminar. Nesse caso, o
afastamento da “preliminar” deverá ser feito da seguinte forma:
Aduz o réu, como preliminar, (...). Contudo, de questão preliminar não se trata, por
ser tema estranho ao rol do art. 337 do CPC. Em verdade, a questão confunde-se
totalmente com o mérito da demanda, a ser apreciado em momento oportuno. Assim
sendo, NÃO CONHEÇO da questão como preliminar, pois será examinada como
questão de mérito.
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Usa-se, aqui também, o verbo ACOLHER ou REJEITAR.
Há também questões prejudiciais de natureza processual, como, por exemplo, o
pedido de suspensão do curso do processo (CPC, art. 313); pedido de intervenção de terceiro
(na prova, não será possível o seu acolhimento 2); incidentes; alegação de nulidades (CPC, art.
277).
A questão posta nos autos diz respeito à suposta recusa do plano de saúde mantido
pela requerida em autorizar cirurgia de urgência prescrita ao autor. A relação
jurídica estabelecida entre as partes é de natureza consumerista, tendo em vista que
a parte requerida é fornecedora de serviço cuja destinatária final é a parte
requerente. Dessa feita, a controvérsia deve ser solucionada sob o prisma do
sistema jurídico autônomo instituído pelo Código de Defesa do Consumidor (Lei nº
8.078/90), protetor da parte vulnerável da relação de consumo).
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No caso de o réu, por exemplo, requerer a suspensão do processo e a intervenção de terceiro e tais pedidos
ainda não tiverem sido analisados, o seu exame poderá se dar, também, logo no início da sentença, antes
mesmo da promoção do julgamento antecipado da lide (quando for o caso) e da análise das preliminares. Isso
porque tratam-se de pedidos ainda pendentes de análise e, caso, em tese, sejam deferidos, não haverá
sentença, mas sim a conversão do julgamento em diligência para o regular processamento da demanda
secundária ou suspensão do processo, obstando, assim, a prolação da sentença.
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Análise dos institutos jurídicos relacionados: Sempre que possível, deve ser
atribuído o conceito ao instituto jurídico objeto da análise. Nesse momento, ao
reconhecer a aplicabilidade ou inaplicabilidade de determinado instituto
jurídico ao caso em análise, deve o candidato fundamentar sua decisão na CF,
leis, jurisprudência e doutrina (quando possível).
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5. DISPOSITIVO:
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6. JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA (NO CASO DE SENTENÇA
CONDENATÓRIA – OBRIGAÇÃO DE PAGAR):
JUROS DE MORA
CORREÇÃO MONETÁRIA
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EXTRACONTRATUAL
DANO MORAL Arbitramento Súmula 362, STJ Idem
ALIMENTOS Data do vencimento da Jurisp. STJ Idem
parcela
Embora a utilização dos índices mencionados nas tabelas acima seja mais segura, na
prática, o STJ vem adotando a taxa SELIC como índice de atualização das condenações. O
grande problema de se aplicar a taxa SELIC aos juros de mora está no fato de que na referida
taxa já está embutida a correção monetária. Logo, não se poderia, em tese, cumular qualquer
outro índice, sob pena de bis in idem.
Acerca do entendimento do STJ, confira-se:
Destarte, deve o candidato ter prudência quando da fixação dos juros e correção
monetária, preocupando-se mais com o acerto do seu termo inicial de incidência do que,
propriamente, com o índice a ser utilizado. Isso porque não são todos os tribunais que
preveem, em seus sistemas de atualização monetária, a taxa SELIC para os juros e correção
monetária. Muitos acabam prevendo índices diversos, como os especificados nas tabelas
acima (juros de mora de 1% a.m e correção monetária pelo INPC).
Sobre a aplicação da taxa SELIC, vale a leitura do voto do Ministro João Otávio de
Noronha, no REsp 776.698 – SP.
O grande problema da aplicação da taxa SELIC refere-se aos casos em que os juros
de mora e a correção monetária têm seus marcos iniciais em períodos diversos (ex.: dano
moral decorrente de relação contratual: juros de mora da citação e correção monetária do
arbitramento).
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Objetivando corrigir eventuais problemas decorrentes da aplicação indiscriminada da
taxa SELIC, sugere-se o seguinte quadro:
Perceba, assim, que a taxa Selic somente pode ser aplicada no período e que
incidirão os juros moratórios e a correção monetária.
Segue abaixo modelo de construção do dispositivo contendo a aplicação dos juros de
mora e correção monetária com termos iniciais diversos.
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Não obstante, os tribunais, tendo em vista o objetivo da correção monetária, tem
considerado a data do efetivo prejuízo (ex.: desembolso) como termo inicial da correção.
Nesse sentido:
Esta Corte tem entendimento de que, "em caso de rescisão de contrato de compra e
venda de imóvel, a correção monetária das parcelas pagas, para efeitos de
restituição, incide a partir de cada desembolso" (REsp 1305780/RJ, Rel. Ministro
LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 4/4/2013, DJe
17/4/2013).
A questão referente aos juros e à correção deve constar apenas do dispositivo, salvo
se for objeto de controvérsia ou pedido específico das partes.
7. SUCUMBÊNCIA :
Nos termos do art. 85, caput, do CPC, “A sentença condenará o vencido a pagar
honorários ao advogado do vencedor”.
Nesse sentido, o próprio código estabelece parâmetros ao juiz para a fixação dos
honorários advocatícios. A questão pode ser sistematizada da seguinte forma:
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Se a sucumbência for reciproca, aplica-se o art. 86 do CPC (“Se cada litigante for,
em parte, vencedor e vencido, serão proporcionalmente distribuídas entre eles as despesas”).
Se a sucumbência de uma parte for mínima, aplica-se o parágrafo único do art. 86 do CPC
(“Se um litigante sucumbir em parte mínima do pedido, o outro responderá, por inteiro, pelas
despesas e pelos honorários”).
ATENÇÃO: Nos termos do art. 85, § 14, do CPC, é vedada a compensação dos
honorários em caso de sucumbência parcial. Logo, a súmula 306 do STJ está superada.
Quando da fixação dos honorários, nos casos de sucumbência recíproca, caberá ao
candidato verificar se a sucumbência recíproca é equivalente ou não equivalente. Será
equivalente quando as partes sucumbirem na mesma proporção. Nesse caso, ambas serão
condenadas ao pagamento das custas e despesas processuais, bem como honorários
advocatícios, na proporção de 50% para cada. Se a sucumbência recíproca for não
equivalente, ambas as partes serão condenadas, porém o percentual deverá ser estabelecido
conforme o grau de sucumbimento (ex.: 30% para o autor e 70% para o réu).
Havendo litisconsórcio, deve ser observada a regra do art. 87 do CPC, in verbis:
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8. ARTIGO 523, § 1º, DO CPC:
Bons estudos!
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