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ÉTICA E DEONTOLOGIA

PROFISSIONAL JURÍDICA

Curso de Licenciatura em Direito


4º Ano -2022

Docente: José da Cruz Muluta


Apontamentos de uso pessoal
Para reflectir

• Factores intervenientes para as mudanças no campo da ética e da


moral no curso dos últimos tempos segundo Russ, (1999).

▫ A falência do sentido, a reincidência das ideologias e utopias; o triunfo do


individualismo, o aparecimento de novas ideologias; vazio ético: vivemos
num momento em que as referências tradicionais desapareceram, em que
não sabemos mais quais podem ser os fundamentos possíveis de uma
teoria ética, o que é que nos permite dizer que uma lei é justa; a crise dos
fundamentos que caracterizam a nossa vida contemporânea, crise visível
na ciência, na filosofia ou mesmo no direito que afetam também o
universo ético. Os próprios fundamentos da ética e da moral parecem
desaparecer (pp.9-10)

Jacqueline Russ, Pensamento ético contemporâneo. A falência do


sentido e o nihilismo. S. Paulo, Brasil, ed. Paulus, (1999).
Conteúdo

• 1. Etimologia da palavra ética


• 2. Conceito de ética
• 3. Finalidade
• 4. Dimensões
• 5. Os critérios objectivos da ética
1. Etimologia

• A palavra ética procede de duas palavras gregas, traduzidas


como êthos e éthos. (ta êthé em grego, os costumes) e mores
(em latim, hábitos).
• Êthos – quer dizer morada habitual, toca, carácter. Designa
que a ética é morada do homem, seu abrigo protetor, sua casa.
• Um espaço que não é dado ao homem, mas é por ele
construído através de normas costumes e proibições.
• Éthos significa costume, uso, maneira de proceder e denota
uma constância no agir, um modo de agir individual que se
contrapõe ao impulso do desejo.
• A partir destes dois significados percebemos duas dimensões
complementares.

• Dimensão Individual e Dimensão social


• Dimensão Individual : ao modo de viver do sujeito.
• Dimensão Social: conjunto de regras e normas que
irão influenciar as relações dos indivíduos num
determinado grupo social.
2. Rol das definições

• A definição de Ética como conjunto de princípios ou padrões de

conduta que regulam as relações dos seres humanos com o mundo

em que vivem, conforme Lodi (2007), harmoniza-se com a de

Martini (1993), para quem a “ética indica os comportamentos que

uma sociedade, na sua sabedoria e experiência, considera positivos

para a paz e a ordem social, para o progresso dos cidadãos e para o

aumento do bem-estar de todos” (p. 9).


• Ainda Segundo Martini (1993), outros significados de ética
apontam para o seu sentido absoluto, como sendo ético aquilo
que é bom em si mesmo, aquilo que deve ser feito ou evitado a
todo o custo e em todo o caso, independentemente das
vantagens pessoais ou sociais que daí se extraiam.
• Adicionalmente, Filho, Benedito e Cali (2008, p.123) referem-

se da “ética como a ciência da moralidade”. Na sua percepção, a

palavra ética, quer dizer algo estável e firme, que pressupõe a

aplicabilidade de princípios e a preocupação com a conduta.

• Finalmente, o filósofo contemporâneo Paul Ricoeur (2007),

entende que a ética reflecte a intenção de uma vida boa, com e

para os outros, em instituições justas.


• Como se pode ler nas entrelinhas das definições acima apresentadas, o objecto

da Ética incide nos comportamentos conscientes e voluntários dos indivíduos

que afectam outros indivíduos, determinados grupos sociais ou a sociedade no

seu conjunto. Explica a razão de ser das diferentes práticas morais de cada

sociedade e das mudanças de moral. Pelo seu âmbito vasto e pela sua inegável

relação com o comportamento, a ética deve ser entendida como uma

disciplina crítica. Ela baseia-se nos desejos humanos mais projetivos, isto é,

aquilo que se quer e pode fazer, e tem lugar, por isso, no centro dos processos

educativos e culturais.
3. A finalidade da Ética

• Promover a realização e a felicidade das pessoas;

• A busca da felicidade pessoal que exige buscar o


melhor para o grupo; quanto mais o grupo for feliz,
mais chances eu tenho de ser feliz.

• É a busca do agir correcto, em busca do bem viver


(Vaz, 1998, p. 13).
4. As dimensões da ética

• Sobre elas voltaremos a falar na Deontologia Profissional


• Em geral, a ética profissional distingue-se em três
dimensões inseparáveis que a constituem como tal:
 a dimensão teleológica,
 a dimensão normativa
 a dimensão pragmática
Dimensão teleológica

• Refere-se à finalidade específica da profissão, o serviço


concreto que esta leva a cabo na sociedade de que faz parte.
• Todo o funcionário deve preocupar-se com a finalidade da sua
prática profissional, a finalidade, o serviço específico que
pretende prestar na sociedade correspondente.
Dimensão normativa

• Refere-se aos valores, princípios, normas e obrigações que


irão guiar a conduta dos profissionais que desempenham a
tarefa correspondente.
• Esta é constituída concretamente pelo conjunto de regras que
buscam garantir a realização concreta da referida finalidade
ou seja, o que está contido no código de conduta das
instituições.
Dimensão pragmática

• Refere-se às decisões concretas à luz dos preceitos


deontológicos do código correspondente e buscando sempre
prestar um serviço eficiente à sociedade em que se trabalha.
5. Os critérios objectivos da ética

• Entenda-se “critério” o que serve para julgar ou fazer juízo (Ético-moral).

• A liberdade é o poder, baseado na razão e na vontade, de agir ou


não agir, de fazer isto ou aquilo, portanto, de praticar atos
deliberados. Pelo livre-arbítrio, cada qual dispõe sobre si mesmo
(C.I.C. nº 1730).
• Quanto mais pratica o bem, mais a pessoa se toma livre. Não há
verdadeira liberdade a não ser a serviço do bem e da justiça. (C.I.C.
nº1731).
• É a liberdade torna o homem responsável por seus atos, na
medida em que forem voluntários. O progresso na virtude, o
conhecimento do bem e a ascese aumentam o domínio da
vontade sobre seus atos. O homem é livre só quando pratica o
bem ( C.I.C. nº 1734).
• Martini (1993), relaciona liberdade e
responsabilidade e diz que a liberdade implica
responsabilidade. De facto ser responsável significa
dever responder, dar conta dos próprios actos diante
do outro (indivíduo ou sociedade) que nos confiou
uma coisa, uma pessoa, uma função.
• Responsabilidade indica uma relação da acção voluntária com
a pessoa social. Dissemos que um acto é responsável quando
o agente que o pós deve dar conta (“responder”) à sociedade
ou à comunidade a qual pertence, segundo os vários níveis da
vida social. A liberdade implica responsabilidade.
• A responsabilidade moral: é a responsabilidade em que
incorremos ante nossa consciência e, por conseguinte, ante
Deus. Esta responsabilidade afeta todos os nossos atos morais,
interiores e exteriores, públicos e privados, e até as simples
intenções.
• A responsabilidade social: é a responsabilidade em
que incorremos ante as autoridades sociais, em
consequência das infrações às leis civis. A
responsabilidade civil não se aplica senão aos atos
exteriores.
• A justiça é a virtude moral que consiste na vontade
constante e firme de dar a Deus e ao próximo o que
lhes é devido. A justiça para com Deus chama-se
"virtude de religião".
• A verdade
• Verdade é adequação do intelecto à coisa (realidade)
• Os homens estão obrigados de modo particular a tender continuamente à
verdade, a respeitá-la e a testemunhá-la responsavelmente. Viver na
verdade tem um significado especial nas relações sociais: a convivência
entre os seres humanos em uma comunidade é efetivamente ordenada,
fecunda e condizente com a sua dignidade de pessoas quando se funda
na verdade.
• Quanto mais as pessoas e os grupos sociais se
esforçam por resolver os problemas sociais segundo a
verdade, tanto mais se afastam do arbítrio e se
conformam às exigências objetivas da moralidade.
• O dever
• Aquilo que é considerado uma obrigação e que
muitas vezes deixa de ser o desejado ou apropriado a
uma pessoa. (Por enriquecer mais)
Conclusão
• A ética pode ser definida como a reflexão acerca
dos valores e critérios que determinam a escolha de
uma conduta considerada correta.
• A finalidade da ética é promover o bem comum. O
que pode ser resumido em três alvos.
▫ Não prejudicar ninguém
▫ Não deixar que ALGUEM o prejudique
▫ E não se prejudicar
Referências bibliográficas
• Camargo, M. (2010). Fundamentos de ética geral e profissional
(9ªed). Rio de Janeiro, Brasil: Vozes.
• Catecismo Da Igreja Católica. (1992). Gráfica de Coimbra.
• Lodi, L.H. (Coord). (2007). Ética e cidadania. Construindo valores
na escola e na sociedade. Brasília, Brasil: Ministério da Educação.
• Martini, C. M. (1993). Viagem pelo vocabulário da Ética. São
Paulo, Brasil: Unip.
• Monteiro, A.R. (2005). Deontologia das profissões da Educação.
Coimbra, Portugal: Almedina.
• Monteiro, H. & Ferreira, P. D. (2014). Ética e Deontologia. Maputo,
Moçambique: Plural Editora.

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