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Apostilas Aprendizado Urbano 1

ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO


Ética e moral. Ética, princípios e valores. Ética e democracia: exercício da cidadania. Ética e função
pública. Ética no setor público. Lei nº 8.429/1992: disposições gerais. Atos de improbidade
administrativa.

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Ética e moral.

A ética se confunde muitas vezes com a moral, todavia, deve-se deixar claro que são duas coisas diferentes,
considerando-se que ética significa a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade,
enquanto que moral, quer dizer, costume, ou conjunto de normas ou regras adquiridas com o passar do
tempo.

Moral deriva do latim mores, "relativo aos costumes". Seria importante referir, ainda, quanto à etimologia
da palavra "moral", que esta se originou a partir do intento dos romanos traduzirem a palavra grega êthica.

Moral não traduz, no entanto, por completo, a palavra grega originária. É que êthica possuía, para os gregos,
dois sentidos complementares: o primeiro derivava de êthos e significava, numa palavra, a interioridade do
ato humano, ou seja, aquilo que gera uma ação genuinamente humana e que brota a partir de dentro do
sujeito moral, ou seja, êthos remete-nos para o âmago do agir, para a intenção. Por outro lado, êthica
significava também éthos, remetendo-nos para a questão dos hábitos, costumes, usos e regras, o que se
materializa na assimilação social dos valores.

A tradução latina do termo êthica para mores "esqueceu" o sentido de êthos (a dimensão pessoal do acto
humano), privilegiando o sentido comunitário da atitude valorativa. Dessa tradução incompleta resulta a
confusão que muitos, hoje, fazem entre os termos ética e moral.

A ética pode encontrar-se com a moral pois a suporta, na medida em que não existem costumes ou hábitos
sociais completamente separados de uma ética individual (a sociedade é um produto de individualidades).
Da ética individual se passa a um valor social, e deste, quando devidamente enraizado numa sociedade, se
passa à lei. Assim, pode-se afirmar, seguindo este raciocínio, que não existe lei sem uma ética que lhe sirva
de alicerce.

Alguns dicionários definem moral como "conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, éticas,
quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupos ou pessoa determinada" (Aurélio
Buarque de Hollanda), ou seja, regras estabelecidas e aceitas pelas comunidades humanas durante
determinados períodos de tempo.

Conceitos

A ética é o aspecto científico da moral, pois tanto a ética como a moral, envolve a filosofia, a história, a
psicologia, a religião, a política, o direito, e toda uma estrutura que cerca o ser humano. Isto faz com que o
termo ética necessita ter, em verdade, uma maneira correta para ser empregado, quer dizer, ser imparcial, a
tal ponto a ser um conjunto de princípios que norteia uma maneira de viver bem, consigo próprio, e com os
outros.

Entretanto, pode-se aplicar a ética, em detrimento dos outros?


Como é que isto ocorre todos os dias, com os seres humanos?

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No campo profissional é comum o uso da ética, mas esta ética vem sempre com o objetivo de salvaguardar a
posição de um profissional desonesto, ou corrupto que não sabe fazer o seu trabalho, causando prejuízo para
com os outros, muitas vezes levando até à morte muitas e muitas vidas humanas. A ética deveria ser o
contrário, quer dizer, levantar princípios bons para serem direcionados para ajudar as pessoas de bem, em
uma vida cheia de harmonia e de felicidade, porém, não usar para encobrir falcatruas e desonestidades. A
ética é a parte epistemológica da moral, tendo em vista que esta é a maneira de se ver, e aquela é a ciência
de como melhor ajuntar isto tudo.

É claro que a ética e a moral devem e estão caminhando lado a lado com a liberdade, entretanto, não se
deve esquecer que a liberdade não tem a conotação que os tempos modernos têm dado. A liberdade é a
concepção natural de uma pessoa ou animal ser livre, mas ser livre, significa, antes de tudo, algumas
limitações que a própria Lei Natural impõe ao ser humano. Hoje o termo liberdade tomou significado
diferente, tal como o de libertinagem. Assim, liberdade parte em princípio do respeito aos direitos alheios,
onde, dialeticamente, não se constata, que na vida prática exista o respeito ao homem em si, o que existe na
consciência humana é o respeito a si mesmo, a busca de tudo, para si próprio, e o resto que procure respeitar
os direitos dos outros, sem nenhuma contra partida.

Determina Vasquez (1998) ao citar Moral como um “sistema de normas, princípios e valores, segundo o
qual são regulamentadas as relações mútuas entre os indivíduos ou entre estes e a comunidade, de tal
maneira que estas normas, dotadas de um caráter histórico e social, sejam acatadas livres e conscientemente,
por uma convicção íntima, e não de uma maneira mecânica, externa ou impessoal”.

A Moral vista pelos grandes pensadores

Adam Smith

Para Adam Smith, os princípios morais derivam das experiências históricas. Segundo ele, os sentimentos
que determinaram a Revolução Industrial e seus processos produtivos foram: paixões sensíveis particulares
(apetite sexual, raiva, inveja, simpatia), amor próprio ou egoísmo, benevolência, que se relaciona à
inclinação direcionada para o social e a consciência, ou razão, que orienta o cálculo racional. As regras
estabelecidas pela sociedade foram aplicadas à medida que se tornaram eficientes e úteis.

David Hume

David Hume observou a moral de forma empírica. Demonstrou que a moral está intimamente ligada à
paixão e não à razão. Diferentemente do que supunham seus precedentes, não haveria um bem superior
pelo qual a humanidade se pautasse. Para Hume, o impulso básico para as ações humanas consiste em obter
prazer e impedir a dor. No que consiste a moral, o filósofo defende que a experiência (empírica) promove o
entendimento humano. O desejo sugere impressão, ideia e, portanto, é provocada pela necessidade
induzindo à liberdade.

Immanuel Kant

Diferentemente do que afirmava Hume, Kant defendia a razão como base da moral. Partindo do princípio

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de identidade, o comportamento humano está relacionado com a identificação no outro, ou seja, a ação das
pessoas influencia no comportamento do indivíduo, tornando-se dessa forma o comportamento uma lei
universal.

Enfim, Ética e Moral são os maiores valores do homem livre. Ambos significam "respeitar e venerar a vida".
O homem, com seu livre arbítrio, vai formando seu meio ambiente ou o destruindo, ou ele apoia a natureza
e suas criaturas ou ele subjuga tudo que pode dominar, e assim ele mesmo se torna no bem ou no mal deste
planeta. Deste modo, Ética e a Moral se formam numa mesma realidade.

Questões

1 - ( FESMIP-BA - 2011 - MPE-BA - Analista de Sistemas )


Examine as assertivas abaixo.

I. Assim como a palavra “moral” vem do latim (mos, moris), a palavra “ética” vem do grego (ethos) e ambas
se referem a costumes, indicando as regras do comportamento, as diretrizes de conduta a serem seguidas.

II. A moral social trata dos valores e das normas de conduta que são exigidas do indivíduo para realizar sua
personalidade.

III. As normas éticas são aquelas que prescrevem como o homem deve agir.

IV. A norma ética possui, como uma de suas características, a impossibilidade de ser violada.

Assinale a alternativa que contém as assertivas corretas.


• a) I e II.
• b) I e III.
• c) I e IV.
• d) II e III.
• e) II e IV.

2 - ( FCC - 2011 - NOSSA CAIXA DESENVOLVIMENTO - Contador )


A respeito dos conceitos de ética, moral e virtude, é correto afirmar:
• a) A vida ética realiza-se no modo de viver daqueles indíviduos que não mantêm relações
interpessoais.
• b) Etimologicamente, a palavra moral deriva do grego mos e significa comportamento, modo de ser,

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caráter.
• c) Virtude deriva do latim virtus, que significa uma qualidade própria da natureza humana; significa,
de modo geral, praticar o bem usando a liberdade com responsabilidade constantemente.
• d) A moral é influenciada por vários fatores como, sociais e históricos; todavia, não há diferença
entre os conceitos morais de um grupo para outro.
• e) Compete à moral chegar, por meio de investigações científicas, à explicação de determinadas
realidades sociais, ou seja, ela investiga o sentido que o homem dá a suas ações para ser
verdadeiramente feliz.

3 - ( CESPE - 2010 - ANEEL - Técnico Administrativo )


Julgue os itens seguintes, acerca da ética e da moral.
Importante característica da moral, o que a torna similar à lei, é o fato de ser absoluta e constituir um
padrão para julgamento dos atos.
• ( ) Certo ( ) Errado

4 - ( CESPE - 2010 - ANEEL - Técnico Administrativo )


O parlamentar norte-americano Jabez L. M. Curry,
defensor dos direitos à educação, fez o seguinte comentário: “Para
que possa prosperar, um país precisa ser construído sobre
fundamentos de caráter moral, e este caráter é o elemento principal
de sua força — a única garantia de sua permanência e sua
prosperidade”. O mesmo pode ser dito a respeito dos negócios, da
família, do serviço público ou de qualquer empreendimento que
você queira ver prosperar e durar. Este fundamento, porém, não
pode ser construído pela organização como um todo. Deve começar
a partir de cada indivíduo. E precisa ser levado adiante, apesar das
pressões contínuas para que se aja sem nenhuma preocupação com
a ética.

Tendo o texto acima como referência inicial, julgue os itens seguintes, acerca da ética e da moral.
A ética tem caráter prático imediato, visto que é parte integrante da vida quotidiana das sociedades e dos
indivíduos, pois trata do estudo do fundamento das regras e normas que regem a existência.
• ( ) Certo ( ) Errado

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GABARITO
1-B 2-C 3-E 4-E

Ética, princípios e valores.

Princípios

Princípio é onde alguma coisa ou conhecimento se origina. Também pode ser definido como conjunto de
regras ou código de (boa) conduta pelos quais alguém governa a sua vida e as suas ações. Fazendo uma
análise minuciosa desses conceitos, percebe-se que os princípios que regem a nossa conduta em sociedade
são aqueles conceitos ou regras que aprendemos por meio do convívio, passados geração após geração.
Esses conhecimentos se originaram, em algum momento, no grupo social em que estão inseridos,
convencionando-se que sua aplicação é boa, sendo aceita pelo grupo. Quando uma pessoa afirma que
determinada ação fere seus princípios, ela está se referindo a um conceito, ou regra, que foi originado em
algum momento em sua vida ou na vida do grupo social em que está inserida e que foi aceito como ação
moralmente boa.

Valores

Nas mais diversas sociedades, independentemente do nível cultural, econômico ou social em que estejam
inseridas, os valores são fundamentais para se determinar quais são as pessoas que agem tendo por
finalidade o bem.
O caráter dos seres, pelo qual são mais ou menos desejados ou estimados por uma pessoa ou grupo, é
determinado pelo valor de suas ações. Sua ação terá seu valor aumentado na medida em que for desejada e
copiada por mais pessoas do grupo.
Todos os termos que servem para qualificar uma ação ou o caráter de uma pessoa têm um peso "bom" e um
peso "ruim". Citam-se como exemplo os termos honesto e desonesto, generoso e egoísta, verdadeiro e falso.
Os valores dão "peso" à ação ou caráter de uma pessoa ou grupo. Esse peso pode ser bom ou ruim. Kant
afirmava que toda ação considerada moralmente boa deveria ser necessariamente universal, ou seja, ser boa
em qualquer lugar e em qualquer tempo. Infelizmente o ideal kantiano de valor e moralidade está muito
longe de ser alcançado, pois as diversidades culturais e sociais fazem com que o valor dado a determinadas
ações mude de acordo com o contexto em que está inserido.

Questões

1 - ( CESPE - 2010 - MPS - Agente Administrativo)


As discussões acerca da ética nas atividades públicas iniciaram-se na Grécia antiga e continuam até os dias
atuais, gerando legislações que procuram traduzir a moral e os princípios desejados socialmente. A respeito

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da ética, julgue os itens seguintes.
Os valores dizem respeito a princípios que merecem ser buscados. Algumas condutas podem ferir os valores
éticos
• ( ) Certo ( ) Errado

GABARITO
1-C

Ética e democracia: exercício da cidadania.

O Brasil ainda caminha a passos lentos no que diz respeito à ética, principalmente no cenário político que se
revela a cada dia, porém é inegável o fato de que realmente a moralidade tem avançado.
Vários fatores contribuíram para a formação desse quadro caótico. Entre eles os principais são os golpes de
estados — Golpe de 1930 e Golpe de 1964.
Durante o período em que o país viveu uma ditadura militar e a democracia foi colocada de lado, tivemos a
suspensão do ensino de filosofia e, consequentemente, de ética, nas escolas e universidades. Aliados a isso
tivemos os direitos políticos do cidadão suspensos, a liberdade de expressão caçada e o medo da repressão.

Como consequência dessa série de medidas arbitrárias e autoritárias, nossos valores morais e sociais foram se
perdendo, levando a sociedade a uma "apatia" social, mantendo, assim, os valores que o Estado queria impor
ao povo.

Nos dias atuais estamos presenciando uma "nova era" em nosso país no que tange à aplicabilidade das leis e
da ética no poder: os crimes de corrupção e de desvio de dinheiro estão sendo mais investigados e a polícia
tem trabalhado com mais liberdade de atuação em prol da moralidade e
do interesse público, o que tem levado os agentes públicos a refletir mais sobre seus atos antes de cometê-
los.
Essa nova fase se deve principalmente à democracia implantada como regime político com a Constituição
de 1988.

Etimologicamente, o termo democracia vem do grego demokratía, em que demo significa governo e kratía,
povo. Logo, a definição de democracia é "governo do povo".
A democracia confere ao povo o poder de influenciar na administração do Estado. Por meio do voto, o povo
é que determina quem vai ocupar os cargos de direção do Estado. Logo, insere-se nesse contexto a
responsabilidade tanto do povo, que escolhe seus dirigentes, quanto dos escolhidos, que
deverão prestar contas de seus atos no poder.

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A ética tem papel fundamental em todo esse processo, regulamentando e exigindo dos governantes o
comporta-mento adequado à função pública que lhe foi confiada por meio do voto, e conferindo ao povo as
noções e os valores necessários para o exercício de seus deveres e cobrança dos seus direitos.
E por meio dos valores éticos e morais – determinados pela sociedade – que podemos perceber se os atos
come-tidos pelos ocupantes de cargos públicos estão visando ao bem comum ou ao interesse público.

Cidadania em exercício

Exercer os direitos de cidadão, na verdade, está vinculado a exercer também os deveres de cidadão. Por
exemplo, uma pessoa que deixa de votar não pode cobrar nada do governante que está no poder, afinal ela
se omitiu do dever de participar do processo de escolha dessa pessoa, e com essa atitude abriu mão também
dos seus direitos.
Direitos e deveres andam juntos no que tange ao exercício da cidadania. Não se pode conceber um direito
sem que antes este seja precedido de um dever a ser cumprido; é uma via de mão dupla, seus direitos
aumentam na mesma proporção de seus deveres perante a sociedade.

Constitucionalmente, os direitos garantidos, tanto individuais quanto coletivos, sociais ou políticos, são
precedidos de responsabilidades que o cidadão deve ter perante a sociedade. Por exemplo, a Constituição
garante o direito à propriedade privada, mas exige-se que o proprietário seja responsável pelos tributos que
o exercício desse direito gera, como o pagamento do IPTU.

Exercer a cidadania por consequência é também ser probo, agir com ética assumindo a responsabilidade que
advém de seus deveres enquanto cidadão inserido no convívio social.

Ética e função pública.

Função pública é a competência, atribuição ou encargo para o exercício de determinada função. Ressalta-se
que essa função não é livre, devendo, portanto, estar o seu exercício sujeito ao interesse público, da
coletividade ou da Administração. Segundo Maria Sylvia Z. Di Pietro, função "é o conjunto de atribuições às
quais não corresponde um cargo ou emprego".

No exercício das mais diversas funções públicas, os servidores, além das normatizações vigentes nos órgão e
entidades públicas que regulamentam e determinam a forma de agir dos agentes públicos, devem respeitar
os valores éticos e morais que a sociedade impõe para o convívio em grupo.
A não observação desses valores acarreta uma série de erros e problemas no atendimento ao público
e aos usuários do serviço, o que contribui de forma significativa para uma imagem negativa do órgão e
do serviço.

Os princípios constitucionais devem ser observados para que a função pública se integre de forma
indissociável ao direito. Esses princípios são:

� Legalidade – todo ato administrativo deve seguir fielmente os meandros da lei.

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� Impessoalidade – aqui é aplicado como sinônimo de igualdade: todos devem ser tratados de forma
igualitária e respeitando o que a lei prevê.
� Moralidade – respeito ao padrão moral para não comprometer os bons costumes da sociedade.
� Publicidade – refere-se à transparência de todo ato público, salvo os casos previstos em lei.
� Eficiência – ser o mais eficiente possível na utilização dos meios que são postos a sua disposição para a
execução do seu mister.

Ética no setor público.

Quando falamos sobre ética pública, logo pensamos em corrupção, extorsão, ineficiência, etc, mas na
realidade o que devemos ter como ponto de referência em relação ao serviço público, ou na vida pública
em geral, é que seja fixado um padrão a partir do qual possamos, em seguida julgar a atuação dos servidores
públicos ou daqueles que estiverem envolvidos na vida pública, entretanto não basta que haja padrão, tão
somente, é necessário que esse padrão seja ético, acima de tudo .

O fundamento que precisa ser compreendido é que os padrões éticos dos servidores públicos advêm de sua
própria natureza, ou seja, de caráter público, e sua relação com o público. A questão da ética pública está
diretamente relacionada aos princípios fundamentais, sendo estes comparados ao que chamamos no Direito,
de "Norma Fundamental", uma norma hipotética com premissas ideológicas e que deve reger tudo mais o
que estiver relacionado ao comportamento do ser humano em seu meio social, aliás, podemos invocar a
Constituição Federal.

Esta ampara os valores morais da boa conduta, a boa fé acima de tudo, como princípios básicos e essenciais a
uma vida equilibrada do cidadão na sociedade, lembrando inclusive o tão citado, pelos gregos antigos, "bem
viver".
Outro ponto bastante controverso é a questão da impessoalidade. Ao contrário do que muitos pensam, o
funcionalismo público e seus servidores devem primar pela questão da "impessoalidade", deixando claro que
o termo é sinônimo de "igualdade", esta sim é a questão chave e que eleva o serviço público a níveis tão
ineficazes, não se preza pela igualdade. No ordenamento jurídico está claro e expresso, "todos são iguais
perante a lei".

E também a idéia de impessoalidade, supõe uma distinção entre aquilo que é público e aquilo que é privada
(no sentido do interesse pessoal), que gera portanto o grande conflito entre os interesses privados acima dos
interesses públicos. Podemos verificar abertamente nos meios de comunicação, seja pelo rádio, televisão,
jornais e revistas, que este é um dos principais problemas que cercam o setor público, afetando assim, a ética
que deveria estar acima de seus interesses.

Não podemos falar de ética, impessoalidade (sinônimo de igualdade), sem falar de moralidade. Esta também

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é um dos principais valores que define a conduta ética, não só dos servidores públicos, mas de qualquer
indivíduo. Invocando novamente o ordenamento jurídico podemos identificar que a falta de respeito ao
padrão moral, implica portanto, numa violação dos direitos do cidadão, comprometendo inclusive, a
existência dos valores dos bons costumes em uma sociedade.

A falta de ética na Administração Pública encontra terreno fértil para se reproduzir , pois o comportamento
de autoridades públicas estão longe de se basearem em princípios éticos e isto ocorre devido a falta de
preparo dos funcionários, cultura equivocada e especialmente, por falta de mecanismos de controle e
responsabilização adequada dos atos anti-éticos.

A sociedade por sua vez, tem sua parcela de responsabilidade nesta situação, pois não se mobilizam para
exercer os seus direitos e impedir estes casos vergonhosos de abuso de poder por parte do Pode Público. Um
dos motivos para esta falta de mobilização social se dá, devido á falta de uma cultura cidadã, ou seja, a
sociedade não exerce sua cidadania. A cidadania Segundo Milton Santos " é como uma lei", isto é, ela existe
mas precisa ser descoberta , aprendida, utilizada e reclamada e só evolui através de processos de luta. Essa
evolução surge quando o cidadão adquire esse status, ou seja, quando passa a ter direitos sociais. A luta por
esses direitos garante um padrão de vida mais decente. O Estado, por sua vez, tenta refrear os impulsos
sociais e desrespeitar os indivíduos, nessas situações a cidadania deve se valer contra ele, e imperar através
de cada pessoa.

Durante as últimas décadas, o setor público foi alvo, por parte da mídia e de um senso comum vigente, de
um processo deliberado de formação de uma caricatura, que transformou sua imagem no estereótipo de um
setor que não funciona, é muito burocrático e custa muito caro à população. O cidadão, mesmo bem
atendido por um servidor público, não consegue sustentar uma boa imagem do serviço e do servidor, pois o
que faz a imagem de uma empresa ou órgão parecer boa diante da população é o atendimento de seus
funcionários, e por mais que os servidores sérios e responsáveis se esforcem, existe uma minoria que
consegue facilmente acabar com todos os esforços levados a cabo pelos bons funcionários.

Aliados a isso, têm-se, em nosso cenário político atual, constantes denúncias de corrupção, lavagem de
dinheiro, uso inadequado da máquina pública e muitos outros que vêm a contribuir de
forma destrutiva para a imagem do servidor e do serviço públicos.
Esse conjunto caótico de fatores faz com que a opinião pública, por diversas vezes, se posicione contra o
setor e os servidores públicos, levando em conta apenas aquilo que, infelizmente, é
divulgado nos jornais, revista e redes de televisão.

Nesse ponto, a ética se insere de maneira determinante para contribuir e melhorar a qualidade do
atendimento, inserindo no âmbito do poder público os princípios e regras necessários ao bom andamento
do serviço e ao respeito aos usuários.
Os novos códigos de ética, além de regulamentar a qualidade e o trato dispensados aos usuários e ao serviço
público e de trazer punições para os que descumprem as suas normas, também têm a função de proteger a
imagem e a honra do servidor que trabalha seguindo fielmente as regras nele contidos, contribuindo, assim,
para uma melhoria na imagem do servidor e do órgão perante a população.

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Lei nº 8.429/1992: disposições gerais.

CAPÍTULO I
Das Disposições Gerais

Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou não, contra a
administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para
cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do
patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma desta lei.
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de improbidade praticados
contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão
público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de
cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à
repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos.
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra
forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo
anterior.
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber, àquele que, mesmo não sendo agente
público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma
direta ou indireta.
Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou hierarquia são obrigados a velar pela estrita
observância dos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade no trato dos assuntos
que lhe são afetos.
Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação ou omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de
terceiro, dar-se-á o integral ressarcimento do dano.
Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o agente público ou terceiro beneficiário os bens ou
valores acrescidos ao seu patrimônio.
Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejar enriquecimento
ilícito, caberá a autoridade administrativa responsável pelo inquérito representar ao Ministério Público,
para a indisponibilidade dos bens do indiciado.
Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput deste artigo recairá sobre bens que
assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do
enriquecimento ilícito.
Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente está
sujeito às cominações desta lei até o limite do valor da herança.

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CAPÍTULO II
Dos Atos de Improbidade Administrativa

Seção I
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Importam Enriquecimento Ilícito

Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa importando enriquecimento ilícito auferir


qualquer tipo de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo, mandato, função, emprego
ou atividade nas entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e notadamente:
I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vantagem
econômica, direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, gratificação ou presente de quem tenha
interesse, direto ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente das
atribuições do agente público;
II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou locação de
bem móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas entidades referidas no art. 1° por preço superior ao
valor de mercado;
III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, para facilitar a alienação, permuta ou locação de
bem público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por preço inferior ao valor de mercado;
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou material de qualquer
natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem
como o trabalho de servidores públicos, empregados ou terceiros contratados por essas entidades;
V - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para tolerar a exploração ou
a prática de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de usura ou de qualquer outra
atividade ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem;
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indireta, para fazer declaração falsa
sobre medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer outro serviço, ou sobre quantidade, peso,
medida, qualidade ou característica de mercadorias ou bens fornecidos a qualquer das entidades
mencionadas no art. 1º desta lei;
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de mandato, cargo, emprego ou função pública,
bens de qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à evolução do patrimônio ou à renda do agente
público;
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de consultoria ou assessoramento para pessoa
física ou jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ou amparado por ação ou omissão decorrente
das atribuições do agente público, durante a atividade;
IX - perceber vantagem econômica para intermediar a liberação ou aplicação de verba pública de
qualquer natureza;
X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, direta ou indiretamente, para omitir ato de
ofício, providência ou declaração a que esteja obrigado;
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio bens, rendas, verbas ou valores integrantes do

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acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta lei;
XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das
entidades mencionadas no art. 1° desta lei.
Seção II
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam Prejuízo ao Erário
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou
omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou
dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:
I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao patrimônio particular, de pessoa
física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades
mencionadas no art. 1º desta lei;
II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou
valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância
das formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado, ainda que de fins educativos
ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do patrimônio de qualquer das entidades mencionadas no
art. 1º desta lei, sem observância das formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie;
IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante do patrimônio de qualquer
das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a prestação de serviço por parte delas, por preço inferior
ao de mercado;
V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por preço superior ao de
mercado;
VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e regulamentares ou aceitar
garantia insuficiente ou inidônea;
VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das formalidades legais ou
regulamentares aplicáveis à espécie;
VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente;
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou regulamento;
X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no que diz respeito à
conservação do patrimônio público;
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou influir de qualquer
forma para a sua aplicação irregular;
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça ilicitamente;
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos, máquinas, equipamentos ou
material de qualquer natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer das entidades mencionadas no
art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor público, empregados ou terceiros contratados por essas
entidades.
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços públicos

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por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas na lei; (Incluído pela Lei nº 11.107, de
2005)
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou
sem observar as formalidades previstas na lei. (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)
Seção III
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam Contra os Princípios da Administração Pública
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração
pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e
lealdade às instituições, e notadamente:
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de
competência;
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições e que deva permanecer
em segredo;
IV - negar publicidade aos atos oficiais;
V - frustrar a licitude de concurso público;
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da respectiva divulgação
oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar o preço de mercadoria, bem ou serviço.

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