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Apostilas Aprendizado Urbano 1

CONHECIMENTOS GERAIS
Tópicos relevantes e atuais de diversas áreas, tais como segurança, transportes, política, economia,
sociedade, educação, saúde, cultura, tecnologia, energia, relações internacionais, desenvolvimento
sustentável e ecologia, suas inter-relações e suas vinculações históricas.

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Lembramos que todo material de atualidades é desatualizado assim que é publicado.
É seu dever fazer a leitura diária de jornais, revistas e mídias jornalísticas para se manter atualizado com o
que acontece no Brasil e no mundo, garantindo assim sucesso na conquista de sua vaga

O IPO do Facebook

Foi a maior oferta inicial já feita por ações de uma firma do setor de tecnologia e a terceira maior oferta
pública na história dos Estados Unidos, atrás da General Motors e da Visa. E, como tudo que envolve a rede
social, a abertura de capital do Facebook, oito anos após sua fundação, foi um espetáculo midiático.

Dias depois, o mercado financeiro reagiu com desconfiança e houve queda nos valores dos papéis
negociados. Investidores abriram processos judiciais contra o site. Eles alegaram prejuízos em razão de
problemas no pregão e de um suposto escândalo financeiro envolvendo os bancos de investimentos que
comandaram toda a operação.

Nenhuma polêmica, no entanto, é novidade quando se trata do Facebook. Juntamente com o Google e a
Microsoft, a empresa se tornou uma das mais valiosas do mundo graças a inovações tecnológicas.

O site de relacionamentos possui estimados 900 milhões de usuários no planeta, 46 milhões somente no
Brasil. De acordo com o site Socialbakers, o país é o segundo com mais usuários na rede, atrás somente dos
Estados Unidos, com 157 milhões.

A rede social mais popular do mundo foi criada em 2004 por um estudante da Universidade de Harvard,
Mark Zuckerberg, hoje com 27 anos. Após o début no mercado financeiro, o Facebook se tornou a 23a
maior empresa em valor de mercado nos Estados Unidos – superando Amazon, Visa e McDonald’s –, e
Zuckerberg, a 29a pessoa mais rica do mundo, segundo levantamento da Bloomberg.

Como uma empresa que oferece serviços gratuitos pode ser tornar tão lucrativa?

A revolução tecnológica promovida no final dos anos 1970 no setor da informática mudou o cotidiano das
pessoas. Os computadores da Apple, de Steve Jobs, os softwares da Microsoft, de Bill Gates, e o buscador do
Google, de Larry Page e Sergey Brin, popularizaram a tecnologia, tornando-a acessível ao cidadão comum.

A novidade das redes sociais foi mostrar que redes de computadores não conectam máquinas, mas pessoas.
Mais do que procurar conteúdo na internet ou manejar dados, o Facebook demonstrou que a tecnologia é
um instrumento de interação social.

Consumidores
Pessoas usam o site para se conectarem com amigos e familiares, expressar opiniões, gostos e se informar

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sobre um mundo particular, criado em torno delas mesmas. Para as empresas, é um meio de encontrar um
público consumidor selecionado para seus produtos.

Os lucros, nesse ramo de negócios, são cada vez mais imateriais, e, nesse sentido, o Facebook promoveu um
avanço. A Apple vende aparelhos eletrônicos; a Microsoft, softwares; a Google fatura com links
patrocinados; o Facebook gera receita com as informações que os usuários, voluntariamente, colocam em
suas páginas personalizadas.

Esses pacotes de dados, que incluem interesses, sexo, idade, localização, status do relacionamento (casado ou
solteiro), etc., são “vendidos” aos anunciantes. Com base no perfil dos usuários, as empresas podem
direcionar anúncios publicitários e desenvolver estratégias de marketing para um público específico.

Se um usuário “curte” uma página sobre montanhismo, por exemplo, pode receber publicidade sobre
turismo nos Alpes (na forma de enquetes, amigos que curtiram, etc.) ou ser direcionado para uma página de
uma empresa que fabrica produtos do esporte. Em 2011, a receita do site de Zuckerberg foi de US$ 3,71
bilhões.

Privacidade
A maior crítica diz respeito justamente à privacidade dos usuários. Qual o limite para a rede social sobre o
uso de informações pessoais? Esse processo é transparente, ou seja, os usuários sabem quem tem acesso aos
seus dados?

O Facebook tenta se precaver de processos mantendo páginas de política de privacidade. Mas poucas
pessoas se dão ao trabalho de procurá-las ou mesmo lê-las em detalhes. Por outro lado, até mesmo uma
criança consegue, em poucos minutos, abrir uma conta no Facebook (cuja idade mínima de acesso é de 13
anos), bastando para isso uma conta de email.

Serviços criados pela empresa foram alvos de reclamações desse tipo. Em 2007, foi lançado o Beacon, um
serviço (já desativado) que revelava o que os usuários faziam e compravam em sites da rede. Desde então, o
Facebook tem alterando as regras de uso, distendendo os limites da privacidade na internet.

Mais recentemente, o recurso Linha do Tempo (Timeline), que organiza e publica todo o conteúdo
(mensagens, fotos, vídeos, etc.) postado, gerou polêmica. O site tentou fazer isso à revelia do usuário, o que
gerou queixas. Imagine um post ou foto constrangedora deletados que ressurgem contra sua vontade?

A maioria dos frequentadores não se importa em abrir mão da privacidade.

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Pussy Riot

Nos anos 1960, o artista plástico Andy Warhol profetizou que, no futuro, qualquer pessoa seria famosa por
15 minutos. Pois bastaram 1m53s de um vídeo postado no YouTube para que três feministas se tornassem o
pivô de uma nova crise política na Rússia.

O vídeo mostra a performance de quatro jovens dentro da Catedral do Cristo Salvador, em Moscou, em 21
de fevereiro deste ano. Elas fazem parte do Pussy Riot, uma banda russa de punk rock feminista.

Vestindo balaclavas (tipo de gorros) coloridas, as meninas debocham do ritual religioso e dançam no altar
ao som da música "Mother of God, Put Putin Away" ("Mãe de Deus, mande Putin embora"). Segundos
depois, os seguranças do prédio expulsam o grupo.

Seria apenas mais uma manifestação contra o então premiê russo Vladimir Putin, reeleito presidente em 4
de março, não fosse o local escolhido.

A catedral é palco das principais solenidades religiosas do país. Em 1933, a igreja foi dinamitada pelos
comunistas, contrários à fé religiosa. Nos anos 1990, após o fim do regime soviético, o prédio foi
reconstruído. Desde então, tornou-se um marco do renascimento da ortodoxia russa, doutrina seguida por
70% da população.

Atualmente, a Igreja Ortodoxa é um dos mais importantes setores da sociedade russa que apoiam Putin,
tendo alguns de seus membros no alto escalão do Estado. Por isso, o governo reagiu com rapidez e, segundo
os críticos, autoritarismo.

Após o vídeo ser divulgado no YouTube, no dia 3 de março, duas integrantes do grupo – Maria Alyokhina,
24 anos, e Nadezhda Tolokonnikova, 22 anos – foram presas sem direito à fiança. Em 16 de março, uma
terceira acusada, Yekaterina Samutsevich, 30 anos, também foi detida.

As três foram acusadas de vandalismo motivado por ódio religioso, crime que prevê a condenação de até
sete anos de prisão na Rússia. Em defesa, alegaram que o protesto foi político – visava criticar o suporte da
Igreja ao presidente – e não teve motivos religiosos.

Prisão
O julgamento das jovens do Pussy Riot chamou a atenção da imprensa ocidental, que se colocou favorável
às rés. O caso foi comparado com os julgamentos sumários da era soviética, em que o governo perseguia
opositores. Para ONGs de direitos humanos como a Anistia Internacional, as três são presas políticas.

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A própria Igreja Ortodoxa, que considerou o ato uma blasfêmia, pediu clemência às autoridades russas.

Mas de nada adiantou a pressão feita por essas instituições. Em 17 de agosto, as mulheres foram condenadas
a sentenças de dois anos de prisão em regime fechado. O anúncio provocou uma onda de reações contrárias
ao governo russo que envolveu desde líderes mundiais até ídolos pop como Madonna, Sting e Paul
McCartney.

Ministros da Alemanha e Suécia e autoridades da União Europeia e dos Estados Unidos consideraram a
sentença desproporcional ao delito cometido e uma ameaça à liberdade de expressão. De acordo com
especialistas, por atentar contra a ordem pública as acusadas deveriam receber, no máximo, multas.

Ativistas do mundo inteiro, incluindo as ucranianas do grupo Femen, famosas pelo topless, fizeram
manifestações de apoio às condenadas. O movimento "Free Pussy Riot" ("Libertem Pussy Riot") ganhou
força nas redes sociais.

Putin
Na esfera política, o caso Pussy Riot expôs ligações entre o Kremlin, a Igreja Ortodoxa e a Justiça russa que
colocam dúvidas quanto ao regime político secular e a imparcialidade do Poder Judiciário em uma
sociedade democrática.

O episódio também está sendo tratado como um símbolo da juventude russa que desafia o autoritarismo do
governo Putin.

Entretanto, analistas são céticos a respeito do quanto a crítica externa afetará o presidente russo. No poder
há 12 anos, ele enfrentou protestos no final de 2011 e, mesmo assim, conseguiu se reeleger. Uma recente
pesquisa apontou que 44% dos russos se sentiram ofendidos com a invasão da catedral e apoiavam o
julgamento, contra 17% que discordavam.

No cenário internacional Putin ficou mais isolado nos últimos meses, sobretudo após o veto a sanções ao
governo sírio no Conselho de Segurança da ONU. Entre os russos, porém, o presidente continua popular
entre as camadas mais tradicionais, que veem com desconfiança qualquer interferência ocidental em
assuntos domésticos.

Rainha Elizabeth completa 60 anos no trono

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Monarquia é uma forma de governo em que o poder é concentrado em uma pessoa, o rei ou a rainha, que se
mantém no cargo até morrer ou abdicar ao trono. A sucessão, na maioria dos casos, é hereditária, ou seja, a
coroa passa de pais para filhos.

Na Europa, essa tradição predominou desde a queda do Império Romanoaté por volta do século 18. Após
esse período, as monarquias foram substituídas por repúblicas ou por uma versão mais moderna, chamada
monarquia constitucional, em que o monarca é limitado pela Constituição ou restrito a um papel simbólico.

Atualmente, 44 países preservam o regime monárquico. Na Europa, todas as monarquias são constitucionais
(com exceção da cidade do Vaticano) e plenas democracias, como Dinamarca, Bélgica, Espanha, Suíça e
Reino Unido. Países asiáticos, como Japão e Tailândia, também conservam esse antigo modelo de governo.

Já no Oriente Médio, reis ainda detêm poderes absolutos, como em Brunei, Omar e Arábia Saudita. Desde o
final de 2010, os reinados árabes são confrontados por protestos inéditos na região, mas nenhum rei até
agora foi deposto, apenas presidentes.

O maior reino do mundo é o Commonwealth Realm (Comunidade do Reino Unido). Ele é formado por 16
nações independentes que reconhecem a rainha Elizabeth 2a como chefe de Estado: Antígua e Barbuda,
Austrália, Bahamas, Barbados, Belize, Canadá, Granada, Ilhas Salomão, Jamaica, Nova Zelândia, Papua-
Nova Guiné, São Cristóvão e Névis, Santa Lucia, São Vicente e Granadinas, Tuvalu e Reino Unido
(Inglaterra Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte). No total, 135 milhões de pessoas vivem no
Commonwealth Realm.

Jubileu de Diamante
A rainha Elizabeth 2a, 85 anos, é a mais longeva da história da Inglaterra e a segunda em tempo de reinado,
superada apenas pela rainha Vitória, que ficou 63 anos no trono (1837-1901). Ela é também a monarca há
mais tempo no poder na Europa e a segunda no mundo, atrás apenas do rei Bhumibol Adulyadej, da
Tailândia, que ocupa o cargo desde 1946.

Elizabeth Alexandra Mary foi coroada em 6 de fevereiro de 1952, há 60 anos, após a morte do pai, o rei
Jorge 6o. Desde então, superou escândalos familiares, crises políticas e tendências antimonarquistas na Grã-
Bretanha.

Na prática, a função da rainha é restrita a cerimoniais e outras formalidades, como nomeação do premiê e
concessão de títulos a cidadãos ingleses. Para isso, recebe salários que somam R$ 20 milhões ao ano. O
poder político, de fato, é exercido pelo Parlamento, composto pela Câmara dos Lordes e pela Câmara dos
Comuns, e pelo Primeiro-Ministro e seu gabinete.

A rainha é casada desde 1947 com o príncipe Philip, com quem teve quatro filhos: Charles, Anne, Andrew
e Edward. O Príncipe Charles é o primeiro na linha de sucessão, seguido pelo neto da rainha, o Príncipe
William.

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No Jubileu de Diamante, Elizabeth 2a reafirmou seus compromissos com a realeza britânica, afastando a
hipótese que poderia abdicar em favor do Príncipe Charles. Os ingleses, no entanto, preferem que o trono
britânico seja ocupado pelo príncipe William, que em 29 de abril do ano passado se casou com Catherine
Middleton, numa cerimônia acompanhada por dois bilhões de pessoas em todo o mundo.

A razão da impopularidade do Príncipe Charles foram os escândalos que cercaram o casamento com
a princesa Diana, em um dos períodos mais difíceis do reinado de Elizabeth 2a. A crise atingiu o auge
quando a princesa Diana, muito querida entre os ingleses, morreu em um acidente de carro em 31 de agosto
de 1997.

Na ocasião, a rainha estava de férias na Escócia, com o filho e os netos. A ausência da família real em
Londres e o silêncio da rainha – que relutou em emitir um comunicado oficial sobre a morte da ex-nora –
motivaram críticas da opinião pública (situação retratada no filme “A Rainha”).

Hoje, ela recuperou a boa reputação entre os ingleses, amparada pela complacência da imprensa britânica e
a repercussão positiva do casamento do neto.

Exploração espacial - Marte

Em 30 de outubro de 1938, véspera do dia de Halloween, o cineasta e radialista americano Orson Welles
transmitiu via rádio um programa sobre uma invasão de marcianos aos Estados Unidos. A narração
provocou pânico no país.

A história, na verdade, era uma adaptação da obra “A Guerra dos Mundos”, do escritor inglês H.G. Wells,
escrita no século 19 e que ganhou versões para o cinema.

Mas milhares de ouvintes que sintonizaram a rádio quando o programa já havia começado confundiram a
peça com um boletim de notícias. Houve correria e congestionamentos em New Jersey e cidades próximas,
onde a falsa invasão alienígena foi ambientada.

Na época o rádio era o maior meio de comunicação de massa (não havia TVs) e o mundo estava às vésperas
da Segunda Guerra Mundial.

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A exploração espacial só começaria no final dos anos 1960, quando o primeiro homem pisou na Lua. Daí, o
próximo passo seria chegar a Marte, o planeta mais próximo da Terra e que desperta curiosidade e fascínio
desde a Antiguidade.

Mas, haveria vida no Planeta Vermelho?

As primeiras observações mais apuradas, feitas em 1877 (quando o planeta estava em posição mais próxima
da Terra), levaram o cientista Percival Lowell a acreditar na existência de canais na superfície marciana,
construídos para levar água das calotas polares até as regiões mais secas.

Durante a Guerra Fria, Estados Unidos e União Soviética enviaram sondas espaciais para explorar o planeta.
Os primeiros pousos não tripulados, da sonda Viking, ocorreram entre julho e setembro de 1976. Foi uma
decepção para quem acreditava em vida extraterrestre: não foram encontrados quaisquer vestígios dela em
solo marciano.

Essa visão, contudo, mudaria nas próximas décadas.

No último dia 6 de agosto, a Nasa (agência espacial americana) conseguiu pousar em Marte o Curiosity, o
maior jipe de exploração espacial. O veículo faz parte da Mars Science Laboratory (MSL), a mais cara e
ambiciosa de todas as missões.

O objetivo do Curiosity é procurar condições de vida na cratera de Gale, localizada próximo ao equador do
planeta. São buscadas formas de vida simples, como bactérias. Bem diferentes, portanto, dos homenzinhos
verdes imaginados pela cultura popular.

A hipótese de vida microscópica em Marte se consolidou em 1996, quando foi descoberto um meteorito na
Antártida com traços de micro-organismos provindos de Marte. Em 2004, dois pousos bem-sucedidos de
outros jipes encontraram evidências de que o planeta abrigou vida há bilhões de anos, quando era menos
árido e frio. Em 2008, a sonda Phoenix confirmou a existência de água em Marte, o que reforçou a ideia de
um passado com clima e condições mais amenas para comportar alguma forma de vida orgânica.

Colônia
O Curiosity também medirá a radiação na superfície do planeta, colhendo dados essenciais para uma futura
missão tripulada. O objetivo, em longo prazo, é construir uma colônia terrestre em Marte.

O planeta é o que oferece as melhores condições no Sistema Solar para abrigar uma colônia humana. Os dias

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marcianos são parecidos com os da Terra (apenas 39 minutos a mais) e o planeta possui uma fina camada de
atmosfera (0,7% da terrestre) que protege contra os raios solares.

O primeiro desafio é a viagem de 570 milhões de quilômetros, com duração de seis a nove meses. Como não
haveria combustível suficiente para um retorno, cientistas especulam que seria uma viagem só de ida.

Depois, será preciso se adaptar ao ambiente inóspito, seco e gelado, do deserto marciano. A atmosfera do
planeta é composta de 95% de dióxido de carbono e a pressão atmosférica na superfície é o equivalente a 25
km de altitude na Terra.

Por fim, são desconhecidos os efeitos da baixa gravidade (um terço da terrestre), da exposição à radiação e
os efeitos psicológicos do isolamento e confinamento em estações espaciais.

Mas talvez o maior entrave das missões espaciais seja o orçamento, reduzido em tempos de crise econômica.
O primeiro sintoma dessa crise na Nasa foi o cancelamento dos voos dos ônibus espaciais. Hoje, para ir ao
espaço, os americanos precisam pegar “carona” em espaçonaves russas ou europeias.

A atual missão marciana é a mais cara da história: US$ 2,5 bilhões (R$ 5,07 bilhões). Outras já foram
suspensas por conta dos cortes de US$ 300 milhões no orçamento de 2013.

Acredita-se que uma primeira missão tripulada deva ocorrer somente no final da década de 2030, a não ser
que se faça uma descoberta surpreendente que motive a demanda por novos recursos. Até lá, colônias
marcianas continuarão sendo terreno exclusivo da ficção.

Comissão da Verdade

A presidente Dilma Rousseff (PT) assinou o decreto que instala a Comissão da Verdade. O órgão examinará
violações dos direitos humanos ocorridas durante o período da ditadura militar no Brasil. O Brasil é o
último país da América Latina a criar esse mecanismo de justiça.

O grupo é formado por sete integrantes que terão um prazo de dois anos para investigar os casos. Ao final,
eles elaborarão um relatório que apontará as circunstâncias e os responsáveis por torturas, mortes e

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desaparecimentos de presos políticos no país.

Apesar disso, a Comissão da Verdade não tem caráter punitivo, uma vez que a Lei da Anistia, de 1979,
impede que os acusados sejam julgados por crimes cometidos na época. Em abril de 2010, o Supremo
Tribunal Federaldecidiu que a lei não pode ser alterada para que militares suspeitos de tortura ou
integrantes da luta armada (acusados de atos terroristas) sejam processados.

Os trabalhos abrangem o período de 1946 a 1988. Esse intervalo inclui o fim do Estado Novo e a eleição
de Eurico Gaspar Dutra, em 1946, que deu início a uma repressão contra movimentos sociais; e a ditadura
militar, iniciada com o Golpe de 1964 e encerrada com a eleição de Tancredo Neves (1985) e a publicação
da Constituição de 1988.

Na cerimônia de posse, a presidente se emocionou e negou o “revanchismo”. Ela se referia ao fato de que
políticos de esquerda, perseguidos durante o regime militar, governam o país desde a eleição do petista Luís
Inácio Lula da Silva.

Em 2009, Lula sancionou o Programa Nacional dos Direitos Humanos, que previa a instalação da Comissão
da Verdade. A própria Dilma é ex-presa política e ex-militante do grupo radical de esquerda VAR-
Palmares, cujos integrantes participaram da luta armada contra os governos militares. A comissão é
vinculada à Secretaria dos Direitos Humanos.

Desaparecidos
O foco dos trabalhos serão os desaparecidos políticos. De acordo com o dossiê Direito à Memória e à
Verdade, publicado em 2007, há 150 casos de desaparecidos políticos no país. São opositores da ditadura que
foram presos ou sequestrados por agentes do Estado, nos anos 1970 e 1980, e que desapareceram sem deixar
qualquer registro de suas prisões.

Há casos famosos como o do deputado Rubens Paiva, pai do escritor Marcelo Rubens Paiva. Ele foi preso em
sua casa, no Rio de Janeiro, em 20 de janeiro de 1971. O corpo do político nunca foi encontrado pela
família.

O relatório final da Comissão será encaminhado a autoridades para que, com base nas informações obtidas,
seja possível localizar e identificar os corpos. Para isso, integrantes do órgão terão acesso a arquivos oficiais
e poderão convocar para depor – ainda que não em caráter obrigatório – pessoas envolvidas nos episódios
examinados.

Pressão
A Comissão da Verdade foi aprovada no Congresso e instaurada pelo governo, em parte, por causa da
pressão internacional.

Em 2010 o país foi condenado na Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados

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Americanos (OEA) pelo desaparecimento de 62 presos políticos na Guerra do Araguaia (1972-1974). A ação
foi movida por parentes das vítimas.

Houve também pressão doméstica. Nos últimos anos, familiares de mortos e desaparecidos políticos
conseguiram direitos a reconhecimento das mortes pelo Estado e a indenizações. Mas eles querem saber a
situação em que os parentes foram mortos e onde estão os restos mortais. Militares que participaram das
operações nunca divulgaram o local em que os corpos foram enterrados.

O debate a respeito da comissão foi marcado pela polêmica. Familiares e ativistas acreditam que a medida
será inócua, pelo fato de não poder punir os responsáveis por crimes. Já militares temiam a reabertura de
casos e acreditam que os trabalhos serão tendenciosos, em razão da simpatia ideológica dos integrantes da
Comissão, em sua maioria, de esquerda. O prazo curto de análise, de dois anos, também é criticado por
especialistas.

Julgamentos
Na América Latina, oficiais das Forças Armadas e até ex-presidentes foram julgados, condenados e presos
pelo desaparecimento de opositores do governo após os trabalhos das Comissões de Verdade, estabelecidas
nos anos 1990.

Diferentemente do Brasil, em países como Argentina, Chile, Peru e Uruguai as leis de anistia não
impediram a realização de julgamentos. Isso aconteceu porque as leis foram revogadas ou porque os crimes
de desaparecimento foram interpretados como crimes “em continuidade”, não contemplados pelas anistias.

Na Argentina duas leis de anistia foram anuladas em 2003. No Chile, a nova interpretação da Suprema
Corte, em 2004, fez com que mais de 500 pessoas fossem levadas ao tribunal.

A primeira Comissão da Verdade foi instaurada em Uganda, em 1974, durante a ditadura de Idi Amin. Até
2010, de acordo com a cartilha “A Comissão da Verdade no Brasil”, havia 39 comissões em atividade no
mundo.

Nudez e protestos

Loiras, jovens, bonitas, maquiadas e de seios à mostra, as integrantes do grupo popularizaram a nudez como
forma de manifestação e deram um novo rosto ao feminismo no século 21.

Críticos, no entanto, dizem que elas esvaziaram o protesto ao exporem o corpo feminino ao voyerismo e à
pornografia das redes de comunicação, incentivando justamente aquilo que pretendem combater. O fato é
que conseguiram chamar a atenção e se tornaram uma "marca" internacional.

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No mais recente protesto, uma manifestante do Femen, seminua, tentou roubar a taça da Eurocopa 2012 em
um evento promocional em Kiev, capital da Ucrânia. Os jogos serão realizados em junho no país e na
vizinha Polônia.

Para o coletivo feminista, a competição incentivará o turismo sexual e a prostituição na Ucrânia, negócios
clandestinos que estão entre os principais alvos das "guerreiras de topless". A campanha contra os jogos tem
o slogan "A Ucrânia não é um prostíbulo".

Como em todas as ousadas manifestações do grupo, essa terminou com a manifestante presa e mais
processos na Justiça.

Foram vários atos desde a criação do grupo em 2008. Com a bandeira de lutar contra o sexismo e a tradição
patriarcal, as ativistas defendem causas tão abrangentes quanto a legalização do aborto e a punição aos
responsáveis pela crise econômica.

Na Ucrânia, foram às ruas de Kiev contra a prostituição, o turismo sexual, o casamento arranjado pela
internet e o estupro e morte de uma jovem de 18 anos (ocorrido em março). Na Rússia, engrossaram o coro
contra a eleição do presidente Vladimir Putin; na Bulgária, investiram contra a violência doméstica; na
Itália, o alvo foi o ex-premiê Silvio Berlusconi; e, em Paris, o motivo da fúria foi o ex-diretor do FMI,
Dominique Strauss-Kahn, acusado de estupro.

Apesar de belas e vestindo adereços delicados - como a típica grinalda ucraniana de flores -, as meninas são
incisivas. As performances incluem cartazes exibindo frases agressivas, xingamentos, palavrões e resistência
à prisão. Tudo registrado por fotógrafos e cinegrafistas de jornais, agências de notícias e TVs de todo o
mundo.

O Femen (de fêmur em latim, palavra que alude a feminismo e à força) foi fundado por jovens universitárias
ucranianas com idades entre 18 e 20 anos. O coletivo possui hoje 300 filiados e cerca de 40 ativistas que,
mais atraentes, fazem topless. A fonte de renda provém de doações individuais e da venda de produtos
como camisetas, bolsas, canetas e até pinturas feitas com os seios.

Prostituição
A Ucrânia é um país da Europa Oriental que faz fronteira com a Rússia, a Polônia e a Hungria. No século
20, o país ficou quase 70 anos sob o controle soviético, até reconquistar a independência em 1991, após
a queda do Muro de Berlim.

As mulheres ucranianas possuem direitos constitucionais iguais aos dos homens e muitas sustentam suas
famílias. A população feminina corresponde a 54% da população (estimada em 45,8 milhões de habitantes)
e 45% da força de trabalho. Mais de 60% das ucranianas possuem formação superior. Apesar disso, as
mulheres são 80% do total de desempregados no país.

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Assim como a maior parte do continente, o país teve a economia atingida pela crise de 2008. Sem emprego
ou recursos para custear os estudos, jovens foram atraídas para a prostituição. A prática é ilegal na Ucrânia,
mas o governo faz vistas grossas. De acordo com o Instituto Ucraniano de Estudos Sociais, havia, em 2011,
500 mil mulheres trabalhando como prostitutas no país, a maioria na capital.

O Femen surgiu neste contexto e redefiniu o feminismo na Europa, que possui uma longa tradição de luta
por direitos das mulheres. Nos anos 1920 foi fundada na própria Ucrânia uma das maiores organizações
feministas do continente europeu, a União das Mulheres Ucranianas. Durante o período do regime
soviético, o feminismo foi sufocado na Europa Oriental.

Entre os novos grupos feministas europeus, o Femen se destacou por usar o corpo feminino como uma
forma de chamar a atenção da imprensa internacional. O sucesso fez com que a organização abrisse "filiais"
em países como Estados Unidos, Japão, China e Brasil.

Mais do que um movimento respeitado, se tornaram ícones na cultura rebelde, assim como as feministas
que queimavam sutiãs nos anos 1960. Críticas, porém, apontam o risco de elas se tornarem vítimas da
própria criatividade: será que suas mensagens conseguem ir além de um par de belos seios que vendem
jornais e geram audiência para as TVs?

Eleições e os reflexos da crise na França

O líder socialista François Hollande derrotou Nicolas Sarkozy e foi eleito presidente da França com 52% dos
votos contra 48% de seu adversário. O retorno da esquerda francesa ao poder é resultado da crise financeira
de 2008 e terá repercussões políticas e econômicas em toda a Europa.

Hollande venceu as eleições com um discurso contrário aos pacotes de austeridade, que reduziram os gastos
dos Estados mediante aumento de impostos e cortes em benefícios sociais. Essa política gerou
descontentamento entre os europeus, que responderam nas urnas derrubando governos em todo o
continente. A queda nos índices de popularidade afetou também Sarkozy, que ocupava o cargo desde 2007.

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A França é hoje um país com baixo crescimento econômico (estimado em 0,5% para este ano), taxas de 10%
de desemprego e uma dívida pública de 85% do PIB (Produto Interno Bruto).

Segundo Hollande, os acordos de redução da dívida pública impedem o desenvolvimento da economia do


país. Para retomar o crescimento, ele prometeu aumentar impostos dos mais ricos e das grandes empresas
do país e, assim, gerar receita para elevar o valor do salário-mínimo e criar ofertas de empregos para os
jovens.

Ele também quer reduzir a idade de aposentadoria de 62 para 60 anos, revertendo o efeito de um projeto de
lei do governo Sarkozy que provocou manifestações populares. O envelhecimento da população é uma das
maiores causas do aumento dos gastos públicos, em razão do pagamento de pensões.

Mas o maior desafio de Hollande será convencer a chanceler alemã Angela Merkel a renegociar o pacto
fiscal, firmado entre 25 dos 27 países que compõem a União Europeia para conter as consequências da crise
global.

Para o presidente francês eleito, agora são necessárias medidas econômicas de estímulo ao crescimento. A
França é a segunda maior economia do bloco, atrás somente da Alemanha, que resiste, até agora, à proposta
do líder francês.

Como a Europa chegou nesse impasse?

Pacto de austeridade
Após a crise de 2008, os governos tiveram que salvar instituições financeiras do colapso. Com isso,
aumentaram as dívidas públicas, que já eram elevadas, ao mesmo tempo em que a arrecadação de impostos
caiu, em consequência do desemprego. O caso mais grave aconteceu na Grécia, onde o tamanho da dívida
quase levou o país à falência.

Nesse contexto, o que antes representava uma força, a moeda única, tornou-se um ponto fraco: a crise de
um país afeta todo o bloco.

Por isso, a União Europeia, tendo à frente Sarkozy e Merkel, decidiu pôr em prática medidas de austeridade.
Trata-se de um conjunto de metas de redução dos gastos dos governos para equilibrar as contas domésticas
(o quanto o país arrecada x o quanto gasta).

Os pacotes obrigaram os governos a serem mais rígidos no controle de suas despesas e trouxeram de volta a
confiança do mercado financeiro. Por outro lado, tornaram-se extremamente impopulares, por conta da
redução de ganhos de funcionários públicos e aposentados; do aumento dos impostos; e dos cortes de
benefícios, como seguro-desemprego, e de serviços públicos, como educação e saúde.

Por isso os franceses apostaram em Hollande, que quer rever o pacto estabelecido na Zona do Euro.

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Direita
François Hollande é o segundo socialista a ocupar a Presidência na Quinta República francesa, instaurada
em 1958. O primeiro foi François Mitterrand, que governou de 1981 a 1995. Hollande foi escolhido
candidato pela oposição após a candidatura de Dominique Strauss-Kahn ter desmoronado, por causa do
escândalo sexual envolvendo o ex-diretor do FMI.

A vitória do socialista é importante também em razão do peso político da França no continente europeu. O
país exerce uma hegemonia política, econômica e cultural na Europa e no mundo há séculos.

Desde o início da crise os sociais-democratas encolheram na Europa, que viu renascer uma onda de partidos
de direita e extrema-direita. No continente que fundou o modelo do Estado do Bem-estar Social, hoje a
tendência socialista vigora em apenas cinco países – Dinamarca, Áustria, Bélgica,Eslovência e Chipre – que
juntos possuem apenas 5% da população europeia.

Titanic

Um século depois, o naufrágio do Titanic – um dos maiores desastres da história naval – continua
fascinando pessoas de todo o mundo. Em 15 de abril de 1912, o navio inglês afundou após colidir com um
iceberg no Atlântico Norte, deixando 1.514 mortos entre passageiros e tripulação. Desde então, se tornou
um ícone da cultura ocidental, tema de livros, filmes, peças de teatro, músicas, museus e obras de arte.

O que tanto chama a atenção do público são os elementos de uma narrativa que, de tão incrível, parece ser
fictícia. A história do Titanic combina tragédia, heroísmo, romantismo, sobrevivência, cobiça e questões
sociais, características que compõem um retrato da sociedade moderna.

Antes da eclosão das duas guerras mundiais, os avanços tecnológicos alimentavam promessas de um futuro

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idílico para a espécie humana. O Titanic representava um desses marcos do domínio do homem sobre a
natureza na era industrial. Construído pela companhia White Star Line, era o mais luxuoso e moderno
navio de passageiros, numa época em que as viagens de longa distância eram feitas em embarcações.

Um dos mitos sobre o naufrágio dizia que o navio era chamado de "inafundável" por seus construtores. O
adjetivo seria justificado pelos compartimentos dotados de sistema de escoamentos de água, um dos triunfos
da engenharia náutica daquele tempo. Tal alcunha, entretanto, só foi conferida pela imprensa após o
desastre.

Outra lenda, perpetuada por filmes, atribuía também aos proprietários o lema "Nem Deus pode afundar".
Tal afirmação nunca foi feita, mas ajudou a ressaltar componentes míticos e religiosos na trama do
naufrágio.

Além do arrojo científico, o transatlântico exibia o refinamento da belle époque na Europa do começo de
século. Tudo foi planejado para priorizar o conforto dos passageiros, o que incluía piscina, ginásio de
esportes, bibliotecas, campos de squash, restaurantes e cabines, em ambientes decorados no estilo
renascentista e vitoriano.

Mas toda essa comodidade era exclusiva da primeira classe, onde viajavam integrantes da alta sociedade
inglesa e norte-americana, como nobres, industriais e empresários. Apartados das celebridades, na terceira
classe estavam alojados milhares de imigrantes europeus que partiram em busca do "sonho americano". O
navio era, assim, o microcosmo da divisão econômica de classes.

Icebergs
Setecentas e dez pessoas sobreviveram ao naufrágio e fizeram um relato impressionante, cujo quebra-cabeça
seria completado décadas mais tarde por pesquisas realizadas a partir da descoberta dos restos do navio,
submersos a 3,8 mil metros, em 1985.

No dia 10 de abril o Titanic deixou o porto de Southampton, na Inglaterra, para sua viagem inaugural rumo
à Nova York, nos Estados Unidos. Fez escalas na França e na Irlanda, onde embarcaram mais passageiros
(homens, mulheres e crianças). Havia um total de 2.224 pessoas a bordo.

O Titanic era comandado pelo capitão Edward J. Smith, veterano dos mares que fazia sua última jornada
antes de se aposentar. Morto no acidente, seria retratado ora como um herói ora como responsável pela
catástrofe.

Na noite de 14 de abril, a despeito de avisos de icebergs na rota, o Titanic seguia a toda a velocidade (40
km/h). O objetivo era chegar ao destino antes do tempo previsto de uma semana e, assim, vencer a
acalorada competição entre firmas de transatlânticos, que disputavam tanto o transporte de passageiros
quanto de cargas e correspondência. Conforto, lazer e rapidez eram os requisitos para vencer essa "guerra".

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Por isso, quando os vigias deram alerta de um iceberg no caminho da embarcação, era tarde demais para
evitar o choque. Uma série de cortes ao longo do casco de aço, numa extensão de 90 metros, causou a
inundação de cinco dos seis compartimentos do navio, algo inusitado para os engenheiros que projetaram o
sistema à prova d'água.

Com o equilíbrio comprometido, o afundamento se tornou inevitável. O capitão, então, deu duas ordens:
uma para enviar mensagens de socorro por telégrafo e outra para que os passageiros deixassem o navio em
botes salva-vidas.

Hipotermia
O problema é que havia somente 20 botes, suficientes para 1.178 pessoas ou um terço do total de
passageiros. O número, porém, atendia às normas de segurança do começo do século.

A tripulação adotou a convenção internacional de priorizar mulheres e crianças, o que explica a maioria
masculina das vítimas. Mas, mesmo assim, os botes deixaram o Titanic aquém da lotação. Entre os motivos,
a incredulidade dos próprios passageiros em abandonar uma fortaleza flutuante para se lançarem no abismo
escuro e gélido do oceano.

Às 2h20 a proa afundou e, com o peso, o navio rompeu-se ao meio e submergiu. Milhares de pessoas
morreram minutos depois de hipotermia (a temperatura da água era de 2 graus negativos). Os sobreviventes
foram salvos pela tripulação do Carpathia, fabricado pela concorrente Cunard Line. Entre eles estavam o
presidente da White Star, J. Bruce Ismay, dono do Titanic que, acusado de covardia, caiu no ostracismo e foi
à falência.

Após a tragédia foram criadas novas normas de segurança internacional marítima. Mas o Titanic, mais do
que um episódio da "era de ouro" dos transatlânticos, sobrevive até hoje como uma das mais incríveis
histórias da humanidade.

CBF e Ricardo Teixeira

Foram 23 anos à frente da entidade, acumulando vitórias (e fracassos) com a seleção brasileira e acusações
de envolvimento em esquemas de corrupção. Teixeira também deixou o Comitê Organizador Local da Copa
2014 (COL).

Oficialmente, o cartola alegou motivos de saúde. Mas enfrentava uma pressão cada vez maior para que
renunciasse ao cargo, inclusive oriunda do governo de Dilma Rousseff, onde o homem-forte do futebol
brasileiro não encontrava o mesmo respaldo que tinha na gestão anterior. Para a presidente, a saída de
Teixeira era essencial para garantir transparência na organização da Copa e, dessa forma, prevenir mais
desgastes da imagem do Brasil no exterior, já prejudicada pelos atrasos nas obras de reforma e construção de
estádios e aeroportos.

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Mesmo assim, a mudança na CBF não virá de imediato, pois os cargos de presidência, tanto da entidade
quanto do COL, foram assumidos por José Maria Marin, que é visto como um continuador do modelo
administrativo de Teixeira. Marin foi governador de São Paulo na época da ditadura militar e presidente da
Federação Paulista de Futebol. O mandato vigente termina em 2015.

Nos últimos anos, a combinação entre futebol e esquemas de corrupção vem causando impactos negativos
dentro e fora do campo. O marketing em torno da seleção brasileira se tornou um negócio lucrativo que não
refletiu na modernização dos clubes, que hoje perdem em profissionalismo e eficiência para os times
europeus. A própria seleção caiu em descrédito entre os torcedores e no ranking da Federação Internacional
de Futebol (Fifa).

No centro da polêmica estava Teixeira, que chegou ao comando da CBF em 1989 com o apoio do ex-sogro e
presidente de honra da Fifa João Havelange. Nos anos seguintes, o Brasil ganhou duas das cinco Copas que
disputou: a de 1994, nos Estados Unidos, e o pentacampeonato de 2002, no Japão.

Mas foram as manobras nos bastidores, mais do que as derrotas em campo, que o levaram a ser malvisto
perante a opinião pública.

Segundo o Ministério Público Federal, Teixeira recebeu propinas milionárias de empresas europeias em
troca de contratos de transmissão exclusiva de jogos da Copa, nos anos 1990. Na Copa de 1998, foi
investigado por fraudes em contratos da CBF com a empresa Nike. Ele também é suspeito de envolvimento
em caso de desvio de verbas públicas na organização de um amistoso entre Brasil e Portugal, realizado em
2008 em Brasília.

Talvez o episódio mais conhecido seja o do avião “recheado” de muamba trazida pela delegação e pelos
atletas brasileiros no retorno da Copa de 1994, nos Estados Unidos. O escândalo empalideceu a vitória da
seleção de Dunga e Romário.

O cartola ainda foi alvo de duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) do Congresso Nacional. Ele
nega todas as acusações.

Política
A CBF é uma associação privada cuja atribuição é organizar campeonatos nacionais e gerir as seleções
masculina e feminina de futebol. Um dos maiores méritos da administração de Ricardo Teixeira foi ter
conseguido trazer a Copa do Mundo para o país.

Por outro lado, é o fim da “era Ricardo Teixeira” que, para analistas, estreitará veios de corrupção no
decorrer da preparação do evento, como licitações fraudulentas na contratação de empreiteiras e empresas
fornecedoras.

Desde o anúncio oficial da realização da Copa no país, em 2007, acumulam-se as queixas de atrasos nas
obras de estádios, portos e aeroportos, assim como as dúvidas sobre os gastos públicos com a competição.

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Dos 12 estádios em reforma ou em construção, cinco se encontram com metade ou mais da metade do
projeto concluído. Três estão abaixo dos 30%, entre eles o Itaquerão em São Paulo, previsto para sediar a
cerimônia de abertura. A lentidão das reformas é maior nos aeroportos brasileiros, que receberão os turistas.

Por conta disso, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, queixou-se recentemente dos atrasos e disse que
o Brasil precisava de um “chute no traseiro”. O comentário foi mal recebido pelo governo, que reclamou a
substituição de Valcke como interlocutor da Fifa junto ao país.

Outro entrave é a Lei Geral da Copa, que ainda não foi votada no Congresso. Um dos pontos mais polêmicos
da lei é a permissão de venda de bebidas alcoólicas nos estádios. A liberação atenderia aos interesses de
empresas patrocinadoras do evento, mas a medida contraria o Estatuto do Torcedor.

A Lei Geral da Copa traz uma série de normas referentes à realização da Copa no país. Na África do Sul, país
sede dos jogos em 2010, a legislação foi aprovada com cinco anos de antecedência.

Mesmo com todos esses problemas, espera-se que a competição tenha retorno financeiro positivo para o
país, na forma de “aquecimento” da indústria, comércio e turismo. Mudanças na direção na CBF
representam uma esperança de que o espetáculo deixe apenas boas lembranças no povo que adotou esse
esporte como paixão nacional.

Eleições na Rússia

Com a credibilidade abalada por denúncias de fraudes eleitorais, o primeiro-ministro russo Vladimir
Putin venceu pela terceira vez as eleições presidenciais, ocorridas no dia 4 de março. Ele está há 12 anos no
poder, mas o novo mandato (agora de seis anos) é ameaçado por revoltas populares contra a corrupção no
Kremlin.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

Na prática, Vladimir Putin nunca deixou o comando da Rússia. Ele foi presidente entre 2000 e 2008,
período em que o crescimento econômico sustentou sua popularidade. Um veto constitucional, contudo,
impediu que concorresse a um terceiro mandato. Ele então apoiou Dmitri Medvedev na sucessão
presidencial e foi indicado para o cargo de primeiro-ministro. O objetivo era de, vencida a disputa
presidencial deste ano, apenas “trocar de cadeiras” com Medvedev, que assumirá o posto do atual premiê.

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E, como uma reforma na Constituição alterou o mandato presidencial de quatro para seis anos e Putin tem
ainda o direito de se candidatar novamente em 2018, ele pode, teoricamente, permanecer no cargo por mais
12 anos (até 2024).

Os rumos políticos da Rússia, entretanto, podem mudar nos próximos anos. Em dezembro, após denúncias
de fraudes nas eleições parlamentares, 90 mil russos foram às ruas de Moscou e outras cidades para
protestar, enfrentando o inverno com temperaturas abaixo de zero. Na ocasião, o partido Rússia Unida, de
Putin, saiu vitorioso, conquistando 238 das 450 cadeiras do parlamento.

Foram as maiores manifestações vistas no país desde o fim do regime comunista em 1991. Elas foram
promovidas principalmente pela classe média – que cresceu na última década e hoje corresponde a 25% da
população e 40% da força produtiva do país –, insatisfeita com os casos de corrupção na política. Putin
reagiu acusando os Estados Unidos de incentivarem as agitações populares na Rússia.

Apesar da repercussão negativa, elegeu-se com 64% dos votos, amparado pela popularidade do governo e
pela desarticulação da oposição. A vitória com mais de 50% dos votos impediu que a disputa fosse para o
segundo turno. O líder do Partido Comunista, Gennady Zyuganov, foi o segundo candidato mais votado,
com 17,19%.

Os resultados oficiais foram mais uma vez contestados por observadores internacionais e pela ONG Golos,
que acusou irregularidades e uma vitória mais apertada do premiê russo, pouco mais de 50% dos votos. Há
denúncias de que eleitores teriam depositado mais de uma cédula nas urnas.

Economia
Desde o século passado a comunidade internacional fica atenta aos acontecimentos políticos na ex-URSS.
Afinal, a Rússia é o maior país do mundo, uma potência nuclear e uma das maiores economias do planeta.
Durante 74 anos, foi uma superpotência militar e modelo de governo comunista, até que reformas políticas
e econômicas levaram ao colapso os regimes comunistas do Leste Europeu que “orbitavam” o Estado
soviético.

Nos anos 1990 o país enfrentou uma crise econômica que causou a contração do PIB em 40%. A partir de
1998, a alta do preço do petróleo impulsionou um período de crescimento econômico durante uma década.
Nessa época, o PIB registrou aumento de 185%, uma média anual de 7,3%. O país foi então incluído no
Brics, grupo das economias em desenvolvimento, que inclui Brasil, Índia, China e África do Sul.

Foi a prosperidade financeira que produziu os altos índices de aprovação de Putin e o levaram a se reeleger
e empossar um sucessor. Por outro lado, Putin é um dos líderes mais polêmicos do mundo. Ex-oficial do
serviço secreto russo, a KGB, ele é acusado de perseguir inimigos políticos, censurar a imprensa e fraudar
processos eleitorais para se manter no poder.

Da mesma forma que o presidente venezuelano Hugo Chávez e os ditadores do Oriente Médio, Putin conta
com as reservas de petróleo russas para “blindar” o governo das crescentes críticas, internas e externas. Mas

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a atual crise econômica no continente europeu, que derrubou as exportações, e a pressão popular podem
agora abreviar o fim da “era Putin”.

Estação Antártica Comandante Ferraz

Dois militares brasileiros morreram em um incêndio ocorrido na madrugada de 25 de fevereiro que destruiu
70% da Estação Antártica Comandante Ferraz, base científica administrada pela Marinha. A estação
funcionava há 28 anos como polo de pesquisa e posto avançado que marca a presença do país no continente
gelado.

Era como uma pequena cidade, construída numa área de 2,6 mil metros quadrados e com capacidade para
abrigar até 100 pessoas. Atualmente, 59 cientistas, militares e civis, trabalhavam no local, onde são
realizadas pesquisas importantes sobre biodiversidade marinha e mudanças climáticas.

Havia laboratórios, dormitórios, cozinha, biblioteca, enfermaria, sala de lazer e esportes, oficinas e
instalações técnicas. O incêndio começou na praça de máquinas, onde ficam os geradores de energia, e se

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espalhou rapidamente pela estação.

O sargento Roberto Lopes dos Santos e o suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo morreram enquanto
tentavam combater o incêndio. Outro militar ficou ferido sem gravidade. Os demais ocupantes foram
transferidos para a base chilena Eduardo Frei.

A pesquisa científica na Antártida é necessária, mas sempre envolve riscos. O que poucas pessoas sabem é
que um dos maiores perigos nas estações é o de incêndios.

O continente antártico possui a maior reserva de água doce do mundo, mas em estado sólido (neve e gelo),
dificultando o combate ao fogo. Além disso, o clima no local é seco e com ventos de até 100 km/h, o que
favorece a propagação das chamas.

Com a destruição das instalações, boa parte do material e equipamentos de pesquisas foi perdida. "O grau
exato do que aconteceu ainda precisa ser objeto de perícia, mas a avaliação é de que realmente perdeu-se
praticamente tudo", disse o ministro da Defesa, Celso Amorim. Segundo ele, a reconstrução deve levar dois
anos.

Deserto de gelo
A Antártida (ou Antártica) é um dos menores continentes do mundo, com 14 milhões de quilômetros
quadrados de superfície. A despeito disso, possui extensão superior a países como Brasil, China e Estados
Unidos.

Localizado no Pólo Sul, o continente antártico é um imenso deserto de gelo, com exceção de algumas
regiões montanhosas. É também o continente mais frio, seco e com as maiores altitudes e maior incidência
de ventos no planeta.

Na Antártida foi registrada a temperatura mais baixa do mundo: -89,2 °C. Em média, a temperatura anual
na costa é de -10 °C, e no interior, -40 °C. Os dias e as noites duram meses no verão e no inverno.

Em razão dessas condições adversas, não há habitantes. Apenas grupos de pesquisadores e militares ocupam
bases polares, cuja população oscila entre mil no inverno a quatro mil no verão.

Tratado internacional
O incidente na estação Comandante Ferraz tem consequências científicas e políticas para o Brasil.

Os trabalhos dos cientistas na Antártida ajudam a entender os impactos ambientais da poluição provocada
pelo homem no clima da Terra e na fauna marinha. Tudo o que acontece na Antártida tem reflexos no resto
do planeta, e vice-versa. Foi naquele continente que surgiram descobertas importantes como o efeito estufa,
o aumento da temperatura global e a elevação do nível dos oceanos.

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Se, por um lado, a realização de pesquisas não depende da base que foi destruída – pois também são feitas
em navios oceanográficos de apoio e acampamentos –, a estação, contudo, é vital para abrigar os cientistas
durante o inverno antártico.

A presença brasileira na Antártida, garantida pela estação, é ainda essencial por questões políticas. O
continente não tem dono e nenhum governo. Como não possui nativos e há divergências sobre quem o
descobriu, vários países reivindicavam a posse, entre eles a Argentina, o Chile, a França e o Reino Unido.

Para resolver isso foi criado o Tratado da Antártida. O documento foi assinado em 1o de dezembro de 1959
por 12 países, incluindo as duas superpotências da época, os Estados Unidos e a ex-URSS. Por meio dele, as
nações se comprometeram a suspender as reivindicações de posse para permitir a exploração científica e
proibir qualquer tipo de operação militar no território.

Atualmente, cerca de 20 países possuem bases na Antártida, entre elas a brasileira, instalada em fevereiro de
1984. A manutenção do posto, desse modo, atende aos interesses do Brasil no continente e as diretrizes da
comunidade internacional de conservação da neutralidade política, preservação ambiental e estímulo à
cooperação científica.

Ficha Limpa e as Eleições 2012

A Ficha Limpa tornou mais rigorosos os critérios que impedem políticos condenados pela Justiça de se
candidatarem. Por sete votos a quatro, o Supremo aprovou a aplicação integral da nova legislação, que terá,
inclusive, alcance para condenações anteriores a 4 de julho de 2010, data em que foi sancionada pelo ex-
presidente Luís Inácio Lula da Silva.

Diferente da maioria das leis – que são elaboradas pelos próprios congressistas – a Ficha Limpa surgiu por
iniciativa popular. O projeto contou com a assinatura de mais de 1,6 milhão de brasileiros, e foi a pressão do
povo que fez com que fosse votado e aprovado na Câmara dos Deputados e no Senado Federal.

Na ocasião, a proposta de mudança na legislação eleitoral foi comemorada como uma vitória da democracia.
A Ficha Limpa era vista como um mecanismo de combate à corrupção política no Brasil.

Na prática, porém, nem tudo estava resolvido. Alguns pontos da nova lei se chocavam com a Constituição

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Federal, como o princípio de anuidade e o princípio da inocência presumida. Em casos assim, cabe ao STF
julgar a legitimidade.

Mas enquanto o STF não se pronunciava, permaneciam incertezas. Em 2010 foram eleitos presidente,
governadores, deputados e senadores. Ao todo, 149 candidatos foram impedidos de tomar posse devido a
condenações judiciais, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Em 23 de março do ano passado, o STF se pronunciou quanto ao princípio da anuidade. De acordo com a
Constituição, qualquer mudança na legislação eleitoral só é válida se for promulgada um ano antes das
eleições. Como a Ficha Limpa havia sido sancionada naquele mesmo ano, os ministros do Supremo
decidiram que a lei só valeria para 2012.

Como resultado, os candidatos barrados tiveram o direito de assumir as vagas. Isso alterou as bancadas no
Congresso Nacional e em Assembleias Legislativas dos Estados. No Senado, por exemplo, Jader Barbalho
(PMDB-PA), que havia renunciado em 2001 para evitar a cassação, pode tomar posse no lugar de Marinor
Brito (Psol-PA).

Faltava ainda a palavra final do Supremo a respeito de recursos que questionavam outros aspectos da
constitucionalidade da lei.

Moral
Os ministros do STF primeiro discutiram se a Ficha Limpa não contrariava o princípio da inocência,
previsto do artigo 5o da Constituição e aplicado ao direito penal. Este artigo afirma que “ninguém será
considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”.

Trânsito em julgado é uma expressão judicial que se aplica a uma sentença definitiva, da qual não se pode
mais recorrer. Em geral, ocorre quando já se esgotaram todos os recursos de apelação.

Um processo cível ou criminal começa a ser julgado no Fórum da cidade, onde acontece a decisão de
primeira instância, que é a sentença proferida por um juiz. Se houver recurso, o pedido é analisado por
juízes do Tribunal de Justiça dos Estados. Há ainda a possibilidade de apelar a uma terceira instância, que
pode ser tanto o Superior Tribunal de Justiça (STJ) quanto, em se tratando de artigos da Constituição, o STF.

Antes de a Ficha Limpa entrar em vigor, de acordo com a Lei Complementar no 64, de 1990, somente
quando esgotados todos esses recursos o político que responde a processo poderia ser impedido de se
candidatar. A lentidão do andamento de processos, que levam até uma década para serem concluídos,
acabava beneficiando políticos corruptos.

Já a Ficha Limpa impede a candidatura por oito anos de políticos condenados por um órgão colegiado (com
mais de um juiz, como o Tribunal de Justiça), que tiverem mandato cassado ou que tiverem renunciado para
evitar a cassação (como no caso do senador Jader Barbalho). Os ministros do Supremo entenderam que a
inocência presumida se restringe ao direito penal, ou seja, ela não se aplica às leis eleitorais.

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Em geral, os ministros do STF basearam a decisão no princípio constitucional da moralidade administrativa.
Eles consideraram que o histórico ético de um candidato é fundamental para evitar casos de corrupção na
política brasileira. O consenso sobre isso é que, independente da lei, a melhor forma de excluir maus
políticos, num regime democrático, ainda é a consciência do cidadão.

Pirataria Virtual

Na mais recente ofensiva contra a pirataria on-line, sites de compartilhamentos de arquivos conseguiram
vencer, provisoriamente, uma batalha no Congresso norte-americano, onde foram suspensas as votações de
duas rigorosas leis antipirataria. Sofreram, entretanto, uma derrota na Justiça, com a determinação do
fechamento do site Megaupload.

O endurecimento de leis contrárias à violação dos direitos autorais e os processos judiciais contra pessoas
acusadas por esses crimes tornaram-se mais frequentes nos últimos anos, na Europa e nos Estados Unidos.
Os confrontos, nos campos políticos e jurídicos, opõem empresas tradicionais de entretenimento e as novas
mídias digitais.

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Dois projetos de lei foram “congelados” no Congresso norte-americano após protestos que se espalharam
pela internet: o SOPA (Lei para Parar a Pirataria On-line, na sigla em inglês), elaborado pelo deputado
republicano Lamar Smith, e o PIPA (Lei para Proteger a Propriedade Intelectual), de autoria do senador
democrata Patrick Leahy.

As leis estabelecem que sites estrangeiros, cujos conteúdos desrespeitem leis de propriedade intelectual,
sejam bloqueados nos Estados Unidos. As medidas atingiriam qualquer site que veicule cópias ilegais de
músicas, filmes, livros etc. Além de não poderem mais ser acessados em território norte-americano, eles
teriam os anunciantes vetados.

Mas como atender à Lei de Direitos Autorais, que protege o trabalho de artistas, sem restringir o direito à
liberdade de expressão e a criatividade na internet?

Os projetos de lei contam com o apoio da indústria fonográfica, cinematográfica, de conglomerados de


mídia e provedores de TV a cabo e internet. Empresas como a Apple, a Microsoft e a Nintendo também têm
recorrido à Justiça para tentar conter a distribuição e comercialização ilegal de produtos, o que causaria um
prejuízo anual de US$ 100 bilhões.

Outras companhias, como a Google, a Wikipedia, o Facebook, a Amazon e o Mozilla, alguns dos “gigantes”
da internet, se opuseram aos projetos. Elas alegam que as medidas são de censura.

Em protesto, em 18 de janeiro a Wikipedia inglesa e outros 7 mil sites menores suspenderam as atividades
ou colocaram links e imagens contendo manifestações contrárias ao SOPA e ao PIPA. Um total de 4,5
milhões de pessoas assinou uma petição on-line contra os projetos, segundo o Google, e outras milhares
expressaram suas críticas em redes sociais.

A reação negativa fez com que os congressistas norte-americanos recuassem e suspendessem a tramitação
dos projetos de lei. A adesão de senadores e deputados também diminuiu após a repercussão no ciberespaço.

Megaupload
No dia seguinte, em 19 de janeiro, os “piratas” sofreram um revés. O site de compartilhamento de arquivos
Megaupload, um dos mais populares do mundo, foi fechado por agentes federais sob a acusação de violação
dos direitos autorais e de leis antipirataria nos Estados Unidos.

O fundador do website, o alemão Kim Schmitz, e três executivos foram presos na Nova Zelândia. Schmitz,
mais conhecido como Kim Dotcom, teve ainda a extradição requerida pelo governo americano.

O site abriga arquivos de produtos pirateados, como músicas e filmes. Segundo a acusação, o Megaupload
teria causado prejuízos de US$ 500 milhões a proprietários de direitos autorais. O site alega que a maioria do
material compartilhado é legal e que atende aos pedidos de remoção de conteúdo pirata.

Após as prisões, sites semelhantes – Filesonic, Uploaded.to, 4Shared, Fileserve e VideoBB, entre outros –
adotaram ações preventivas. Eles removeram arquivos suspeitos e contas com material ilegal, retiraram de

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suas páginas a opção de compartilhamento de vídeos, músicas e imagens ou simplesmente encerraram as
atividades nos Estados Unidos.

O recrudescimento de frentes antipirataria também acontece na Europa, onde países votaram leis mais
duras ou as empresas recorreram a ações judiciais. Há quase três anos, em 17 de abril de 2009, a Justiça
sueca condenou os responsáveis pelo site The Pirate Bay a penas de prisão e multas.

No Brasil, existem leis federais e estaduais que penalizam a pessoa que baixar ilegalmente, produzir e
comercializar material protegido por copyright. O Artigo 184 do Código Penal brasileiro prevê pena de um
a três anos de prisão ou multa para o crime de violação de direitos autorais.

Mas, de acordo com relatório divulgado ano passado, o Brasil ocupa o quarto lugar no ranking dos países
mais ineficientes na proteção da propriedade intelectual, atrás apenas da China, Rússia e Índia.

Massacre no Colorado

O atentado que matou 12 pessoas nos Estados Unidos reabriu, em ano eleitoral, a discussão sobre o
comércio de armas no país. James E. Holmes, 24 anos, atirou contra o público de um cinema na cidade de
Aurora, no Estado do Colorado, no dia 20 de julho, durante a sessão de pré-estreia do novo filme do
Batman. Outras 58 pessoas ficaram feridas.

Ele comprou seis mil balas pela internet e o arsenal (duas pistolas Glock e um rifle AR-15) em lojas no
Colorado. Tudo adquirido legalmente.

Os Estados Unidos são um dos poucos países desenvolvidos onde a venda de armas é irrestrita à população.
O porte de arma é um direito garantido pela Segunda Emenda da Constituição. O texto diz: "Sendo
necessária à segurança de um Estado livre a existência de uma milícia bem organizada, o direito do povo de
possuir e usar armas não poderá ser impedido".

A Suprema Corte decidiu, em 2008, que essa emenda constitucional permite que qualquer cidadão
mantenha em casa uma arma de fogo carregada para se proteger. É comum, principalmente em estados mais
conservadores e rurais, que famílias tenham armas em casa. O próprio país e identificado por sua cultura
bélica, retratada em filmes de Hollywood.

Na política, o Partido Democrata apoia o controle da venda de armas, com o argumento de que isso
impediria ataques como o ocorrido no Colorado. Hoje, nenhuma empresa é obrigada a comunicar ao
governo a compra de milhares de balas, como o fez o atirador do cinema.

Já o Partido Republicano é contrário à proibição. Os republicanos entendem que os cidadãos têm o direito
de se defenderem. Além disso, desconfiam da correlação entre venda de armas e os massacres cometidos nos
últimos anos. Citam, por exemplo, o caso do atirador da Noruega, país com legislação de armas bem mais

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rigorosa que a americana e que, nem por isso, impediu a morte de 77 pessoas.

Nos últimos dias, o debate predominou em jornais e TVs dos Estados Unidos. Apesar disso, os governantes
evitaram o assunto polêmico, de olho nas eleições presidenciais de novembro. Tanto o presidente Barack
Obama quanto o pré-candidato republicano Mitt Romney se esquivaram do tema.

O lobby dos fabricantes de armas é um dos mais fortes no país. A última lei de controle de armas foi
aprovada no Congresso em 1994, durante o governo do democrata Bill Clinton. A lei proibia o uso das
chamadas ?armas de assalto?, como rifles AR-15 e pistolas semiautomáticas. O veto, contudo, expirou em
2004, no mandato do republicano George W. Bush.

Proteção
Desde então, a legislação permaneceu inalterada, mesmo com os sucessivos casos de ataques a escolas e
outros locais públicos. Um dos mais famosos aconteceu em 20 de abril de 1999 na escola Columbine,
também no Colorado, e vitimou 15 pessoas.

O mais violento ocorreu em 16 de abril de 2007, quando 33 pessoas foram assassinadas por um aluno na
universidade Virginia Tech. Em 8 de janeiro de 2011, um tiroteio em Tucson, no Arizona, deixou seis
mortos e 20 feridos, entre eles a congressista Gabrielle Giffords, do Partido Democrata.

Depois desse atentado contra a congressista, houve uma nova ofensiva dos grupos que apoiam o controle.
Mas nenhuma lei nesse sentido foi aprovada, principalmente porque os políticos não querem contrariar os
eleitores.

Uma pesquisa do Instituto Gallup apontou, no ano passado, que 73% dos americanos eram contrários à
proibição da posse de armas de fogo por pessoas que não sejam policiais ou que não tenham autorização
especial. Um total de 26% de americanos foi favorável ao veto.

O índice de americanos que se dizem favoráveis à restrição da venda de armamentos vem caindo nas duas
últimas décadas: eram 78% em 1990, 62% em 1995, 51% em 2007 e 44% em 2010.

Em 2005, uma pesquisa nacional do Instituto Gallup indicou que 4 em cada 10 americanos possuem uma
arma de fogo em casa, incluindo 30% que disseram ter uma arma de uso pessoal. Quanto aos motivos, 67%
alegaram defesa contra crimes, 66% prática esportiva e 41% caça.

Estima-se que, em 2009, havia 300 milhões de armas nas mãos de civis nos Estados Unidos, que possui uma
população de 308 milhões de habitantes.

Brasil
No Brasil entrou em vigor em 2003 o Estatuto do Desarmamento, uma lei federal que tornou mais severa a
regulamentação da posse e da comercialização de armas de fogo e munição. Foi também realizada a
Campanha do Desarmamento, incentivando pessoas a entregarem armas de fogo à Polícia Federal, em troca
de indenizações.

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O Estatuto proíbe o porte de armas por civis, a não ser que seja provada a necessidade do uso. Neste caso, o
cidadão deve ainda se submeter a exame psicotécnico. A autorização provisória é emitida pela Polícia
Federal ou pelo Exército.

A compra, de acordo com o Estatuto, só pode ser feita mediante a concessão do porte e por maiores de 25
anos. O porte ilegal de arma também foi transformado em crime inafiançável.

O governo brasileiro fez um referendo popular em 23 de outubro de 2005, consultando a população a


respeito da proibição da venda de arma de fogo e munição. O resultado foi 63,94% de votos contrários e
36,06% favoráveis à proibição

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