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RESENHA
Para o diretor, a grande questão que se levanta para além da vitória de Trump,
em 2016, e o alerta de Wylie, é que grupo é este, de maior poder, que está por trás do
apoio ao atual presidente dos EUA, mais especificamente do clã que quer impor suas
ideias reacionárias.
Após se tornar um bilionário, suas ambições foram além das financeiras e ele
quis adentrar no campo político para fazer valer sua própria visão de mundo. Mas para
tanto era necessário mudar algumas leis que limitavam o financiamento das campanhas
eleitorais. Para lograr êxito, abriu mão de um recurso na Suprema Corte norte-
americana, que foi aceito, e acabou por criar o decreto Citizens United, a partir de 2010,
no qual empresas e sindicatos passariam a poder financiar uma campanha independente
em apoio a um candidato, ou seja, a partir de então qualquer um poderia contribuir com
o valor que quisesse para qualquer campanha eleitoral sem necessariamente ter o dever
de se revelar. O resultado de tal mudança possibilitou que os candidatos pudessem se
apoiar em duas estruturas complementares: de um lado a campanha oficial com sua
organização tradicional e financiamento limitado e do outro os comitês de apoio que
poderiam se reunir e gastar livremente o dinheiro dos seus financiadores ricos (os
chamados grupos de pressão) – que o fazem com o intuito de que suas questões sejam
devidamente defendidas no Congresso. Mercer conseguiu, portanto, abrir o caminho
para a sua política.
Para dar cabo aos seus próprios interesses, o clã Mercer criou a Mercer Family
Foundation, presidido pela filha de Robert, Rebekah, que financia Institutos e lobbies
considerados reacionários. Como não era o suficiente para que suas ideias circulassem
devido a nenhum, ou quase nenhum, espaço na mídia por serem consideradas
extremistas, Mercer deu um novo passo e adquiriu, em 2011, seu próprio jornal: o
Breitbart News, um jornal online com inclinação à direita que passava por uma crise
financeira. No comando do jornal foi posto um homem considerado de confiança do clã
e que até então era um desconhecido do público: Steve Bannon.
De acordo com seu próprio website, a Cambridge Analytica dizia que para se
fazer uma campanha bem sucedida hoje é necessário ser preciso quanto ao momento em
que se envia uma mensagem e saber para quem se está enviando a mensagem. Contudo,
ela não explica que a forma como se analisa o padrão comportamental dos
estadunidenses não inclui sua adesão consciente. Neste momento o diretor se dedica a
explicar sobre como funciona o método da Cambridge Analytica fazendo uma
ilustração: sem que uma pessoa perceba, ela deixa seu rastro pela internet sobre onde
está, onde mora, sua renda, seus passatempos, ou seja, suas informações pessoais. A
Cambridge Analytica compra os dados de instituições que detêm essas informações –
junto aos Bancos, a Previdência Social, etc, assim como do Facebook, Google, Twitter –
tudo legalmente. A partir desse acesso, a Cambridge Analytica obtém de 4 a 5000 dados
sobre os 230 milhões de adultos nos EUA para fazer o que foi criada para fazer:
influenciar com informação feita sob medida, enviada no momento certo para
determinados indivíduos – os chamados micro-alvos comportamentais.
Em 2014, a Cambridge Analytica fez um teste com 300 mil pessoas, que
concordaram em fazê-lo e foram pagas para isso, mas o que elas não sabiam era que os
perfis dos seus colegas também foram incluídos no teste – com a permissão do
Facebook – e desta forma chegamos aos 87 milhões de dados de usuários do Facebook
que foram vazados.