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Black
Todos os direitos reservados. Esta obra ou qualquer parte dela
não pode ser reproduzida sem a autorização da autora.
Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes,
pessoas ou acontecimentos da vida real é mera coincidência.

Ilustração de capa: Arda Arts


Revisão: Carolina Veiga
Diagramação: Gialui Design
Dedicatória

Epígrafe

Playlist

Capítulo 01

Capítulo 02

Capítulo 03

Capítulo 04

Capítulo 05

Capítulo 06

Capítulo 07

Agradecimentos
Dedicatória

Dedicado ao único lugar no mundo que me dá a verdadeira


sensação de viver quando mais nada parece importar:
A praia.
Epígrafe

“É que quando ela vem eu perco o chão


Ela é a perdição
Percussão, rimo na batida do teu coração
Entra no carro, vidro fechado, hoje é com emoção
Quando nós tá junto o tempo para, que horas são?”

“Ela é uma obra de arte que se não existisse eu mesmo


teria esculpido”

Perdição – L7NNON.
Playlist
Capítulo 01

Eu já devia ter me acostumado com a temperatura


frequente que o Rio tem, mas não consigo deixar de reclamar sobre
o quanto me irrita o calor excessivo, que parece entrar por todos os
meus poros e vazar, fazendo partes do meu corpo transpirarem de
maneira excessiva.
Partes que eu nem sabia que podiam suar.
Porém, também sou suspeita para falar sobre o tempo,
quando o que eu mais amo é o verão e poder ir para a praia, nem
que seja apenas para pisar na areia ou colocar os pés no mar.
Só a lembrança da sensação parece me dar uma paz
inigualável.
Mas há de concordar que ir à praia e trabalhar na praia são
coisas diferentes, e eu odeio trabalhar no lugar que eu mais amo, já
que não posso aproveitar o que parece estar tão longe e tão perto ao
mesmo tempo.
Já sinto meu braço latejando por causa dos repetitivos
movimentos que fiz o dia inteiro – ou melhor dizendo, o ano inteiro.
Por mais que eu reclame, eu amo meu trabalho; além de
ganhar bem, comparado a outros lugares, também consigo me sentir
mais livre do que estaria em um escritório. Não consigo me imaginar
em um cubículo, olhando da janela o que eu poderia estar vendo “ao
vivo”.
Já ouviu aquele ditado: se a vida te der um limão, faça uma
caipirinha?
Talvez não seja assim que você a conhece, mas, vamos ser
honestos: uma boa caipirinha substitui facilmente uma limonada,
ainda mais em dias quentes como hoje.
E sim, é o que eu mais vendo nessas épocas.
Trabalho em um Resort famoso do Rio de Janeiro, chamado
Faben in Rio. Ainda estou na faculdade, de meio período, cursando
administração, mas às vezes me pergunto se algum dia vou querer
parar de trabalhar aqui. Faço batidas e bebidas que tenho à minha
disposição em um pequeno, dos vários, minibares espalhados por
todo o lugar.
A brisa salgada acaricia minha pele junto com o suor
causado pela alta temperatura e pelo sol escaldante. Mesmo com um
teto sobre minha cabeça, a sinto tão quente que não duvidaria estar
em chamas.
Meu Deus, como eu sinto a falta de um ar-condicionado!
O miniventilador na minha frente não faz diferença alguma.
Daria tudo por alguns minutos no mar gelado.
Vejo todo tipo de pessoa passar na minha frente, com suas
roupas de banho e completamente molhados – ou suados, não sei
distinguir. Tenho inveja deles, não consigo me segurar, daria minha
vida para poder me refrescar agora.
Meu cabelo parece habitar a maior parte do calor do
ambiente, suando minha nuca e me deixando exausta pelo
emaranhado de cachos bagunçados, que nem se eu quisesse teria
como domar.
Cachos são impossíveis de serem domados quando criam
vida própria. E tenho certeza que o meu sempre teve.
Mesmo com minha mente totalmente desfocada, tento
prestar atenção no que estou fazendo, para não ter reclamação de
cliente depois. Minha chefa é uma das pessoas mais humildes e
incríveis que já conheci, apesar de ser rica, e seu Resort só
consegue atrair gente soberba e egoísta. Mas nem todos são,
confesso.
O senhor na minha frente parece ser um deles.
Movo com cansaço a coqueteleira na minha mão. O barulho
do gelo entrando em choque com o metal e entre si é meio
gratificante, além de ser bem nostálgico em certo ponto.
Suspiro e coloco um sorriso gentil no rosto.
Despejo o líquido que parece um verde pastel no copo de
500 ml, coloco dois pedaços de limão em cima, junto com uma folha
de hortelã e um canudo, apenas para apresentação visual da bebida,
e a arrasto para o cliente.
— Prontinho.
— Obrigado, e tenha uma boa tarde. — Ele se afasta a
tempo de eu desejar o mesmo de volta.
Me viro ao escutar a Natália me chamando.
— Deus, eu estou exausta. Acha que a chefa deixa a gente
se refrescar por uns minutos? — Arqueio as sobrancelhas para ela,
que quase parece fazer uma dancinha com sua nova expectativa.
— Acha que nessa movimentação de hoje ela iria deixar? —
Sua reação é ficar cabisbaixa e bufar.
Ela já sabe a resposta.
Natália é uma colega de trabalho, na verdade era; há muito
tempo deixou de ser só isso, somos melhores amigas. O tempo que
passamos atrás do balcão foi uma ótima oportunidade para quem
não tinha um conhecido sequer na região. Apesar de não ter nascido
aqui, desde que pus meus pés no Rio, me senti em casa. De uma
maneira que nunca tinha sentido antes.
Nat sempre soube chamar muita atenção por onde quer que
passasse. Seu corpo curvilíneo e estatura alta sempre estiveram em
prol de sua beleza natural. Os olhos são levemente puxados para
cima e escuros. Seu rosto se harmoniza com eles de forma tão...
natural, mas ao mesmo tempo tão diferente, que não tem como não
olhar duas vezes para saber se é real mesmo.
Uma mulher pronta para o ataque.
Sua pele brilha ao sol, como a minha. O tom escuro e um
pouco dourado, culpa dos minutos que passamos com água
oxigenada e pó descolorante nos poucos pelos dos braços, pernas e
barriga, e do óleo de amêndoas que começamos a usar com
frequência após uma ambulante da praia nos manipular para
comprar os seus.
Não me arrependo nem um pouco, minha pele nunca mais
foi a mesma depois disso.
Seu nariz consegue ser uma mistura de largo, por nossa
origem africana, e fino acho que pela parte da mãe, que é europeia.
Além do seu cabelo, que, apesar de ser bem diferente do meu, não
deixa de ser exuberante. Ondulado meio liso e brilhoso. Sempre
impecável, mesmo quando o tempo está como o de hoje.
Ela apenas prende a porra do cabelo e bum! Perfeição!
— A gente vai naquela festa, certo? — Seus olhos brilham
em expectativa.
Sorrio para ela.
— Não perderíamos por nada!
Batemos as nossas mãos uma na outra e voltamos à nossa
luta diária. Contra o calor.
Antes de voltar aos meus afazeres, pego o elástico preto no
meu pulso e faço um rabo de cavalo digno de quem não está nem aí
para as aparências no momento.
— Com licença? — uma voz rouca paira no ar.
Olho para trás, sabendo que é um possível cliente.
Todo meu corpo trava, meus pelos se eriçaram e meu
coração dá um sobressalto.
Puta que pariu!
O corpo másculo, coberto por uma regata branca que deixa
seus braços à mostra, e deixando para a imaginação como seria o
resto. Sua pele escura está molhada pela água salgada, não sei bem
se do mar, mas espero que sim porque, por algum motivo, minha
língua deseja rastejar por todo seu abdômen, que mesmo coberto
tenho certeza de que é definido. Me sinto mais atraída por ele
quando noto os detalhes das tranças em seu cabelo, desde a raiz até
o fim.
Por baixo dos seus cílios longos, os olhos escuros me fitam
com um tipo de intriga. O lábio carnudo parece pedir para ser
mordido, e como desejo isso. Em cima e no queixo alguns pelos da
barba estão aparados.
Jesus...
— Boa tarde, deseja alguma coisa? — digo no automático,
respirando fundo.
Completamente inerte a tudo à minha volta, a não ser as
suas írises. Algo nele parece único, além do quão gostoso ele é.
Preciso ser honesta.
Ele parece ter seus horizontes escondidos; na água você
nunca sabe se está pisando no lugar certo, a areia esconde seus
tesouros por baixo de seus cristais, um grande mistério que não acho
ser a única a querer descobrir.
E agora, eu só quero me afundar.
— O que você me recomenda? — Ele se inclina para frente,
flexionando seus músculos.
Fico completamente vidrada nos detalhes que ele me
proporciona, posso até sentir minha bochecha esquentar com a
atenção detalhada que meus olhos pegam sem minha permissão.
Por mais que já tenha passado muita gente bonita aqui, algo nele me
atrai.
Mordo minha bochecha e respiro fundo.
— Eu até iria dizer piña colada, mas acho que você iria
gostar de uma caipirinha. — Sorrio fechado. — Estou certa?
O mesmo movimento que fiz se reflete em seu rosto.
— Com certeza, vou querer uma por favor. Bem forte e
ácida. — Nossa. Ok, né.
Assinto e pego a cachaça mais forte que temos e o limão
mais azedo. Misturo todos os ingredientes em chacoalhadas e a todo
momento sinto a intensidade do seu olhar sobre mim, deixando-me
com mais calor do que já estou sentindo.
Despejo tudo no copo, e faço a mesma coisa que fiz da
outra vez: não entrego sem antes colocar um toque especial na
bebida, algo que possa fugir um pouco do que ele pediu, mas nada
ao ponto de ele não gostar.
O cliente gostoso pega o copo, e pelo canudinho toma um
gole. Seus olhos se fecham por um instante.
— Porra... Isso está incrível. Provavelmente o melhor que
eu já tomei. — Sorrio, envergonhada.
É só... uma caipirinha, duvido que esteja tão boa assim,
mas aceito o elogio sem reclamar.
— Que bom que gostou. — Pisco e mordo de leve o meu
lábio inferior, um pouco nervosa por ter sua atenção tão focada em
mim. — Ah, antes que eu me esqueça.
Pego na gaveta uma comanda e registro a bebida que ele
pediu e entrego.
— Caso você queira pedir mais alguma coisa é só entregar
a comanda e quando for embora passe no caixa ali. — Aponto para
trás de mim, lado direito.
Ele assente, mas parece que não prestou lá muita atenção
no que eu disse.
— Obrigado por isso. — Ele levanta o copo, como se
prestigiasse o ato tão...
Meu Deus! É meu trabalho servir os clientes, por que ele fez
parecer como se não?
— De nada.
Seu dedo contorna a borda do copo, sem desviar os olhos
dos meus. Por que ele continua aqui?
— Vai parecer antiprofissional..., mas você pode me dizer
seu nome? — Franzo o cenho.
O quê...?
Minha cabeça se inclina para o lado, eu entendi errado?
Acho que meu pensamento soa alto, já que ele volta a
repetir a pergunta, com um sorriso contido nos seus lábios.
— Hum... Giovanna. — Meus dedos brincam entre si, já que
não sei muito bem o que fazer com eles agora. — Você? — indago
por curiosidade e por educação também.
— Matheus. — Quando ele sorri, uma fileira de dentes
incrivelmente brancos aparece, o deixando mais sexy do que já é.
Ele precisa ir embora.
— Eu meio que... preciso ir. — Aponto para trás. —
Trabalhar, sabe...?
Ok, isso soou como se eu dissesse que ele não trabalha.
— Não quero dizer que você não trabalha ou algo do tipo,
eu só...
Ele me interrompe com um riso.
— Tudo bem, eu entendi.
Sem mais pestanejar, apenas viro minhas costas, sorrindo
para ele, mas quando não o tenho mais em meu campo de vista,
minha vontade é bater com a mão na testa.
Eu sou tão...
Que porra!
Capítulo 02

Alguns dias depois...

Pelos dias que se passaram, fingi que não esperava o ver


de novo, mas quem eu queria enganar?
A cada novo cliente, eu desejava ouvir sua voz, mas não
aconteceu.
Como que pode alguém ver a pessoa uma vez na vida e já
querer vê-lo novamente como se fosse a única?
Jesus, Nat sempre esteve certa. Eu sou iludida num nível...
É mais forte do que eu.
Fiquei na questão de que, se ele gostou tanto da bebida
naquele dia, quem sabe voltaria para mais uma dose.
Nunca se sabe, né.
Mas hoje, prometi a mim mesma que vou esquecer isso e
me divertir na festa do Resort, já que minhas expectativas de o ver
outra vez estão indo por água abaixo.
Passei o dia me arrumando junto com a Nat, já que
dividimos um miniapartamento juntas. É um lugar simples, o
suficiente para duas mulheres organizadas – ou quase isso –
conseguirem morar juntas. O valor da despesa é um pouco alto, mas
também o mais em conta que conseguimos achar na época. Além
disso, o pai dela, um empresário, conseguiu mexer uns pauzinhos
para que o dono abaixasse um pouco o preço.
Não que ela realmente precisasse, já que vem de uma
família com condições muito boas. Ele apenas fez um favor para que
eu não saísse no prejuízo. Nunca que ia deixá-los pagarem o aluguel
completo, por mais que insistissem.
— Vai deixar eu te arrumar hoje? — Nat parece querer dar
pulinhos de alegria.
— Como se eu tivesse alguma opção, né? — Aperto o nó
da toalha que cobre meu corpo úmido do banho.
— Vou te deixar deslumbrante, mais do que já é. — Sorri
abertamente.
Olho para a cama e vejo o que ela separou para mim, antes
mesmo de me perguntar se eu gostaria ou não da sua ajuda – não
que ela realmente precisasse, a resposta basicamente é sempre a
mesma. Um vestido preto que começa com um corpete meio
transparente e rendado em formato de meia taça e desce em um
tecido de cetim, indo até um pouco abaixo do joelho, porque
querendo ou não ainda é meu local de trabalho, por mais que a
nossa chefa tenha nos convidado como clientes e não funcionárias.
— Esse vestido é lindo.
— Vai ficar melhor ainda em você, gostosa. — Solto uma
risada nasalada pelo elogio.
Distraidamente, passo a mão pelas tranças loiras recém
feitas. Acho que metade do meu salário vai para as box braids sem
as quais não consigo viver, sempre foram uma parte de mim.
Em minutos já estou sentada na cama com os olhos
fechados e seguindo ordens da Nat para olhar para cima ou para
baixo, virar o rosto e por aí vai.
Quando termina, já vem com um espelho apontado para
mim. Como me conhece bem até demais, fez uma maquiagem leve,
com apenas o batom se destacando por ser vermelho matte, além de
todo o trabalho na pele, é claro, que é ainda maior por conta do
cuidado para não deixar que a base fique acinzentada ou marcada.
— Um dia eu vou te recompensar por tudo isso!
Ela ri, docilmente, corando um pouco.
— Que isso, Gi, para de ser besta.
Nat me dá as costas e pega alguns acessórios para eu
colocar.
Enquanto ela se arruma, faço o que pediu.
Não evito o frio na barriga de ansiedade. Então, depois de
calçar os saltos que ela também separou, volto a me sentar e pego o
celular, sempre dando de cara com os amores da minha vida: meus
pais.
Meus olhos começam a marejar e queimar, mas me seguro
para não borrar o trabalho que a Nat teve.
Escuto o som de passos vindo na minha direção e levanto o
olhar. Cacete...
Nat está usando um vestido de camurça azul escuro, com
um decote bem generoso, um pouco mais vulgar, mas nem tanto.
Tudo na medida certa.
— Então... — Põe as mãos na cintura e dá uma voltinha,
sensualizando.
— Jesus! Você está incrível, nem preciso dizer, né? —
Levanto e a sigo até a porta.

O salão está lotado, mas não ao ponto de ficarmos com


dificuldade em atravessar para o outro lado.
Meus pés doem por causa do salto que Nat insistiu em que
eu usasse. Mas não tiraria ele por nada no momento; pelo menos ele
me deixa mais ereta e com a bunda mais empinada. Gosto da
sensação de ter o poder que um pouco mais de altura pode nos dar.
Caminho de braços dados com ela. Consigo escutar o som
do salto batendo no piso claro e sinto os olhares sobre nós. Não
olhamos ao redor, apenas para frente, indo em direção à extensão
de um bar no canto direto.
Nunca consegui entender o porquê de a Natália querer
trabalhar em um lugar no qual ela se sujeitaria a passar calor,
cansaço e exaustão, sem poder parar por muito tempo. E só depois
eu compreendi: Nat me explicou que ela e sua família fizeram um
trato, de que ela escolheria o curso que gostaria, se esforçaria, e os
pais não pagariam nada além da mensalidade e menos da metade
do valor de uma moradia. Em troca da sua liberdade. Nat me disse
que nunca gostou da sensação de ter dinheiro e não lutar por ele, e é
exatamente isso que ela faz no quiosque, já que é um dos poucos
lugares que aceitam universitários em meio período.
— Vai me contar quem era aquele gostoso do começo da
semana? — Solta de repente.
— O quê? — Viro meu rosto para ela.
— Ah, eu esperei que você comentasse alguma hora, mas
pelo visto você não iria fazer se eu não entrasse no assunto, né? —
Ela sorri maliciosamente, como quem sabe a resposta.
Nos sentamos no banco e pedimos dois shots de vodka.
— Era um cliente. — Dou de ombros.
— Uhum...
— Uhum, o quê?
— Eu vi como ele te olhava. — Sinto meu rosto queimando,
mas não sei se é de vergonha porque ela viu ou da lembrança do
olhar dele sobre mim.
— Como o quê...? — Continuo me fazendo de sonsa.
— Gi, eu te amo, você sabe disso, mas era impossível não
ver. A gente trabalha colada uma na outra. — Pigarreio.
Merda, mais essa agora.
— Tanto faz — corto o assunto. — Tá, agora vamos falar de
você!
— De mim? — Nat coloca a mão sobre o peito e arqueia as
sobrancelhas, inocentemente.
— É.
— Não tem nada para falar sobre mim.
— Ah, tem sim! E o... seu ficante... aquele lá, esqueci o
nome do ser.
— O Victor?
— Isso!
Ela dá de ombros.
— Não temos nada, só ficamos umas... três vezes?
Outro fato sobre Natália é que ela cansa de pessoas muito
fácil, então é bem difícil você a ver com alguém mais do que umas
cinco vezes.
— E quem vai ser sua próxima presa? — Sorrio com
segundas intenções.
— Não sei. — Seu olhar felino varre todo o salão. —
Talvez... ela?
Sigo meu olhar até uma mulher do outro lado, que conversa
com mais uma.
— Qual das duas?
– A loira.
A moça em específico está usando um vestido mediano de
cetim verde escuro, com uma fenda até o meio da sua coxa e nos
seios um decote quadrado apertando seus seios, quase deixando
livre para a imaginação. Uma sandália de salto de strass brilha nos
seus pés, e a unha parece bem-feita de longe.
O cabelo sedoso é ondulado e não é completamente loiro,
para ser realista, está para mais um castanho claro com mechas
claras em toda a parte.
Ela é mesmo muito bonita.
— Será que... — Para.
Acho que eu não era a única a olhar para a mulher de cima
abaixo.
— Que...?
— Ela tem namorado ou namorada?
— Acho que não.
— Acha que eu devo ir lá? — Ela até pode parecer um
pouco insegura agora, mas não me deixo enganar pela carinha
pidona que está me fazendo.
— Até parece que se eu dissesse não, você não iria. — Ri e
dá um beijo na minha bochecha.
— Me deseje sorte — cantarola, e toma de uma vez a
vodka que estava ao nosso lado.
Nat caminha até lá, exalando a cada passo sua beleza, e
sei que daqui a pouco já vai criar mais uma amizade e depois... só
Deus sabe.
Tomo o líquido e faço uma careta pelo gosto forte que desce
rasgando minha garganta.
— É um pouco estranho você fazer bebidas e fazer careta
quando bebe vodka.
Mas que por...
Apenas uma voz pode me fazer estremecer e fazer meu
corpo queimar, e essa voz... essa voz é da porra de um cliente que vi
uma única vez.
Deus, o que está acontecendo comigo...?
Viro e me arrependo no mesmo instante.
Matheus está vestindo um terno lindo, completamente preto,
justo e tudo nele está gritando luxo no momento. Desta vez, seu
cabelo está sem as tranças, revelando seu natural crespo e curto.
Lindo.
Eu poderia falecer agora.
Não sei se estou vestida bem o bastante para essa festa
depois disso.
— É quase impossível não fazer uma careta depois de
tomar vodka, Matheus. — Fixo meus olhos nele, fitando suas írises,
já que imploro para minha mente não se submeter a tentação de
olhar todo o seu corpo.
— Eu não apostaria nisso. E... pode me chamar de Mat.
Ele se senta no lugar em que Nat estava e pede uma
bebida também.
Eu gostaria tanto de uma cerveja. Não, não, preciso de algo
mais forte!
— Quer alguma coisa? — indaga, educado.
— Não, estou bem — minto.
Ele fita minha boca por um tempo. Automaticamente pego
uma das tranças e enrolo o cacho da ponta com meu dedo, tentando
me distrair, mesmo que inconscientemente.
— Você é daqui? — Puxo assunto.
— Mais ou menos, nasci aqui no Rio, mas morei boa parte
da minha vida em São Paulo. Voltei há pouco tempo, no fundo eu
sabia que não conseguiria passar muito tempo longe daqui.
Isso explica porque ele não tem sotaque carioca forte.
— E você?
— Ah, eu nasci em São Paulo, e consegui uma vaga em
uma faculdade aqui no Rio, não ia deixar a oportunidade passar.
— Faculdade de que?
— Estou cursando administração, você faz algum?
— Terminei a faculdade há um ano, fiz empreendedorismo.
Assinto.
— Ah, então você já conhece meu filho. — Franzo o cenho
e olho para minha chefe, que caminha em nossa direção com um
sorriso exuberante no rosto.
O quê dela?
Capítulo 03

Quando cheguei no Rio há pouco tempo, não imaginava que


encontraria a porra de uma deusa de forma tão repentina.
Exagerado?
Definitivamente, não.
Apesar de ter a visto uma única vez, não consigo me
esquecer de cada detalhe do seu rosto, corpo e voz.
Decidi há muito tempo que em São Paulo eu conseguiria
mais oportunidades do que no lugar onde sempre morei. No começo
quase desisti, era mais difícil do que eu pensava e em poucos dias
eu nunca tinha me sentido tão exausto quanto.
Enfim, voltei para a cidade de onde nunca deveria ter saído.
Passei no Resort da minha mãe, na intenção de ficar mais
próximo dela, com isso não tive ao menos tempo de dar uma volta
pelo lugar. Ela quis me levar para todas as praias, como se eu nunca
as tivesse visto antes, e só há poucos dias demos um tempo para
descanso.
O dia em questão estava tão quente que me fez duvidar se
eu devia ou não sair do quarto e do ar-condicionado.
Abençoei minha decisão depois, tomei um banho incrível,
gelado e relaxante embaixo e desci, apenas uma regata branca e
shorts solto da adidas.
Fui até o quiosque, querendo qualquer bebida refrescante, e
me deparei com uma mulher em específico.
Ela estava de costas, conseguia escutar sua voz meiga
carregada de um sotaque bem fraco. O cabelo era bem cacheado,
uma linda bagunça.
Segui em sua direção e fiquei admirando-a enquanto
prendia o cabelo em um rabo de cavalo.
Eu soube, desde o momento que coloquei meus olhos nela,
que aquela mulher seria quente. Em todos os sentidos.
Não sei se esperava vê-la de novo, era óbvio que eu só
precisava ir até o quiosque, mas não consegui, precisava conversar
com a minha mãe em relação a meu trabalho no Resort e como as
coisas funcionariam dali por diante.
Não só me mudei para São Paulo por um pouco de
liberdade e responsabilidade, como também para fazer uma
faculdade, na intenção de trabalhar junto da minha mãe. Por escolha
própria. Amo esse lugar e será incrível poder comandar as coisas por
aqui, mesmo sendo apenas COO[1].
Minha mãe estava planejando uma festa, uma
comemoração sem um significado muito chamativo, e não tem como
dizer que ela não sabe planejar uma porque, meu Deus, ela se
superou.
Todo o salão está decorado com cores escuras e dourado,
longe de ser uma festa com temática de praia, já que todos estão
vestindo roupas formais, como eu. E graças a Deus o ar-
condicionado está ligado, refrescando todo o ambiente.
Conversei com alguns conhecidos desde que cheguei.
Sabia que a Giovanna estaria aqui hoje. Cláudia, minha mãe, disse
que alguns empregados não iriam trabalhar hoje, alguns pelos quais
ela tinha um carinho especial e gostaria que se divertissem. Tive
certeza que ela viria também quando a ouvi dizendo para a amiga
que não perderia a festa por nada.
Notei as duas no bar conversando, fiquei na dúvida se era
mesmo ela, já que seu cabelo está preso em box braids loiras, com
um detalhe em especial: as tranças vão da raiz até certo ponto do
comprimento do cabelo, o resto são cachos perfeitamente
ondulados.
Porra, pensei que ela não poderia ficar mais gostosa até vê-
la com o vestido preto justo e transparente nas partes certas. Ela é
uma obra de arte, esculpida com os mínimos detalhes.
Me permiti imaginar como ela seria sem aquela vestimenta;
de repente o desejo de tocar sua pele nua ficou tão intenso que não
consegui segurar meus passos até ela quando a percebi sozinha.
Gi cheira a mar e areia, mas também como uma mistura
fodidamente perfeita de flores e natureza. Deus do céu, eu mal a
conheço e já desejo tocá-la em todos os lugares.
Acho que ela não fazia ideia de quem eu sou, mas não me
surpreendo, ninguém sabe, na verdade.
— Seu o quê? — Ela parece completamente confusa com
a situação.
Seus olhos intercalam entre mim e minha mãe, sua chefe,
tentando compreender.
— Meu filho, Matheus — mamãe diz como se fosse óbvio
e ri em seguida. — Acho que nunca te falei que tinha um filho, né?
Giovanna abre um sorriso tão lindo, deixando aparecer
aquela covinha e seus dentes alinhados. Solto minha respiração
depois de perceber que estou olhando demais, ainda mais para seus
lábios pintados de vermelho.
Tenho a leve sensação de que meu coração disparou ao
escutar sua risada rápida.
— Não, você nunca me contou. — Ela permanece com os
olhos risonhos, mesmo depois de sorrir fechado.
— Ah, você sabe, né... — Mamãe coloca as mãos sobre
meus ombros e completa: — Estava ocupada e nem me lembrei de
comentar sobre isso, mas agora que vocês já se conhecem, quero
apresentar meu braço direito e Copresidente do Resort.
Ela arregala um pouco os olhos.
— Meu Deus! — Se volta para mim, com o rosto um pouco
corado. — Parabéns.
— Obrigado. — Estou constrangido. Bem constrangido.
Ela não precisava saber sobre isso, né... tipo, agora.
— Se me derem licença, vou ali cumprimentar algumas
pessoas. — Cláudia se afasta.
Volto para ela e vejo que está pedindo mais uma bebida,
acho que para ter coragem ou algo assim.
Também preciso.
Não consigo ficar aqui sem me sentir nervoso com a sua
presença.
Gosto de saber que ela sente o mesmo.
— Boa noite — a voz da minha mãe soa nos alto-falantes.
— Sejam todos bem-vindos, não vim atrapalhar a festa com falas
chatas e entediantes. — Algumas risadas soam enquanto prestamos
atenção na mulher no palco. — Quero que todos vocês se divirtam
na festa das luzes, ideia minha. — Se gaba, sorrindo. — Quero ver
todo mundo dançando na pista e não quero reprovações, se divirtam
porque aqui a noite é uma criança.
Cláudia levanta seu copo, indicando que terminou o
pequeno discurso, e sai do palco rindo.
Ela sempre foi uma mãe muito liberal e mente aberta para
tudo. Divertida e fantástica, não digo isso só por ela ser minha mãe,
mas porque todos que a conhecem não conseguem não rir e criar
uma puta amizade com ela.
As luzes se apagam de repente, e outras mais fracas e
coloridas dançam entre todo o espaço. Apenas algumas amareladas
estão nos corredores estreitos que levam ao banheiro ou ao lado de
fora.
Começam a tocar músicas sensuais, substituindo pagodes
e sambas aleatórios que ecoavam nas caixas de som. Também
tocaram, hora ou outra, algumas músicas eletrônicas, hip-hop e rap,
todos brasileiros. Ela não aceita músicas internacionais no seu
Resort, duvido que isso mude algum dia.
Fire, do Konai, toca junto com as cores vermelhas que ficam
em todo o lugar.
De canto de olho observo a Gi, que examina tudo com um
brilho no olhar. Levanto lentamente, sem querer assustá-la, e
estendo minha mão.
— Quer dançar? — indago e percebo minha voz mais
grossa e rouca do que antes.
Ela pisca um par de vezes.
— Essa música? — Assinto, e ela faz o mesmo depois de
um tempo.
Se vira de costas e toma mais uma dose de coragem e se
levanta também.
Não tinha percebido como ela é alta, apesar do salto.
Caminhamos até o centro do salão, comigo segurando sua
mão pequena. Paramos e a viro para mim, segurando sua cintura
sem querer parecer muito invasivo. Ainda não está na hora.
Sem que eu espere, ela se aproxima, colando nossos
corpos sem vergonha alguma.
Sua língua molha seus lábios pintados e brilhantes,
implorando para que minha se misture com a dela e que eu morda
sua boca com força.
Puta que pariu, não sei se estou preparado para o fogo que
tem nela, é mais forte do que ela realmente transparece à primeira
vista.
Quente, sensual, erótico, inteiramente fogo.
Capítulo 04

É automático: meu corpo começa a se mover junto com as


batidas sensuais da música. Mesmo com nossa proximidade
extrema, não me importo, e parece que ele também não.
Suas mãos apertam minha cintura e percebo que, talvez a
cada movimento, acabo encostando sem querer na sua intimidade,
provocando mais do que eu gostaria. Mas não paro.
Deslizo minha mão pelo seu braço, sentindo cada músculo.
Ele percebe que eu também quero algo além de conversar, porque
desce seu toque até meu cóccix sem ir direto para minha bunda, e
como desejei que fosse. Por mim, eu ia para qualquer outro lugar e
deixava que meus instintos tomassem conta do meu corpo sem
pensar duas vezes.
Viro de costas para ele, sem me afastar, e aproveito as
batidas rítmicas e sensuais fazerem meus movimentos serem
automáticos.
Não consigo evitar.
Eu quero ver até onde ele vai.
Preciso disso.
Mordo meu lábio, sentindo seu pau encostando na minha
bunda, e não quero nunca mais me afastar. Não me reconheço e
prefiro acreditar que é por causa da vodka que bebemos, apesar de
apenas conseguir sentir calor.
Aliso minhas coxas de baixo para cima, agachando bem
pouco e subindo de novo lentamente. Coloco minhas mãos para trás
e arranho sua nuca. Sua respiração fica ofegante no meu ouvido.
Ele me puxa com certa brutalidade para trás. Arfo, sentindo
meu corpo tão quente que não me surpreenderia entrar em
combustão.
— O que está querendo de mim, Mat? — sussurro, virando
meu rosto na direção do seu que já estava próximo da minha orelha.
— Para ser honesto? — Assinto. — Eu mal posso esperar
para ficarmos sozinhos. — Respiro fundo.
— Para quê? — Finjo que não sei do que está falando.
— Eu te prenderia contra a parede, faria você gemer meu
nome tão alto... Você não faz ideia do quanto atiçou minha mente
desde a primeira vez que te vi. — Ele morde o lóbulo da minha
orelha, fazendo um suspiro pesado escapar da minha boca.
— Acha que eu deixaria você fazer todas essas coisas? —
provoco.
— Acho que você quer isso mais do que eu.
— Você está enganado — forço minha voz a se manter
firme.
Me afasto minimamente do corpo dele e olho para trás.
Começo a andar, sem me importar nem um pouco com o aumento de
temperatura em minhas costas pelo seu olhar flamejante.
Cacete, por que eu estou provocando?
É difícil evitar, o que posso fazer?
Não consigo ir muito longe. Meu braço é puxado por uma
mão forte, mas que não me machuca nem um pouco. Consigo me
afastar antes de quase bater meu rosto em seu peito.
Um frio na barriga sobe até minha espinha enquanto ele faz
com que eu ande para trás até encostar em uma parede. Seu hálito,
uma mistura de menta e vodka, fica tão próximo do meu rosto que,
se eu me inclinasse minimamente para frente, poderia atacar logo
sua boca.
— O que está fazendo?
— Eu? O que você está fazendo? — Seus olhos deixam
explícita sua malícia.
— Matheus, não faça algo do qual você não consiga fugir
depois. — Solto um pouco do meu ar, engolindo em seco.
Não faço ideia de onde estou me metendo.
— Você não quer se perder? — Desço o olhar para sua
boca.
Porra, como eu queria.
— Não aqui. — Olho envolta, com medo de que a mãe dele,
minha chefe, tenha visto algo.
Deus, que vergonha.
Ele olha para o mesmo lugar que eu e assente. Segura
minha mão e me guia até o corredor dos elevadores. Sempre me
tocando na cintura.
Não falamos nada até entramos no cubículo que a cada
segundo parece menor e mais quente.
Viro para ele, sabendo que quer falar alguma coisa.
— Me diz que quer isso bem mais do que eu — sussurra,
parecendo lutar uma batalha interna.
Mat se aproxima e eu ando para trás, sem saída.
— Você precisa me dizer. — Não respondo.
Meus dedos se impulsionam para frente, não me seguro,
não quero. Roço no seu pescoço, a parte exposta, subo até sua
mandíbula e sinto os pelos da barba recém raspados, apenas o
bigode permanece intacto, como da primeira vez.
Passo meu dedo anelar no seu lábio carnudo e lambo os
meus.
— Eu quero, Matheus — digo baixo.
Não restam segundos para qualquer outra pergunta ou ação
que não seja uma em específica, uma para a qual tomo a iniciativa.
Sua boca é tão macia quanto eu imaginava.
Deus, como é bom beijá-lo!
É lento. Por mais que eu queira muito avançar e ser um
pouco mais feroz, quero ir devagar, como ondas rasas e calmas da
noite. Viajo entre os movimentos da sua língua e nossa carne parece
se dissolver de forma tão rápida quanto açúcar na água. O gosto
dele é único como a sensação de sentir tudo quente, ardente, em
completa brasa.
Puxo seu rosto para mais perto. Eu desejo tanto isso, ir um
pouco mais forte, algo mais sólido, mas não temos mais tempo
quando o elevador sinaliza que chegou ao andar e as portas se
abrem.
Contrariando o que eu pensei que fosse acontecer, ele não
permite que nossos corpos se afastem e eu amo isso. Saímos da
cabine com as bocas coladas uma na outra. Ele parece ter decorado
onde está sua porta e se afasta apenas para pegar o cartão no
paletó e passar no sensor.
Sequer reparo no quarto, apenas sinto-me sendo jogada na
cama e suas mãos afastando minhas pernas para que seu corpo se
encaixe no meu, deslizando lentamente para cima os dedos pela
minha pele.
— Te falei como está gostoso com esse terno? — comento
em um tom baixo, passando a mão no seu peitoral. — Mas não vejo
a porra da hora de tirar tudo isso de você.
Entrelaço minha perna na sua cintura e inverto os papéis,
ficando em cima dele. Vejo seus lábios um pouco manchados pelo
batom matte que estava usando, e só porque sei os passos
seguintes, pego um pedaço de papel na escrivaninha e limpo nossas
bocas lentamente. Me demorando mais na dele para poder admirar.
Apoio uma das mãos ao lado da sua cabeça e encaro seu
rosto.
Distribuo beijos pelo seu pescoço, atrás da sua orelha, sua
mandíbula, até chegar na sua boca de novo e poder experimentar
mais do seu sabor. Ele é mais ousado e agarra minha bunda com
tanta força que não seguro o gemido misturado com uma arfada.
Matheus suspira quando mordo seu lábio inferior com força.
Sento sobre meus tornozelos e na cintura dele, apenas para
tirar sua roupa e poder sentir mais da sua pele na minha.
Ele me ajuda com rapidez, ficando apenas com uma cueca
preta. Descendo pouco a pouco beijando todo seu tórax, deslizo
meus dedos suavemente pelo seu peito até chegar onde mais
esperava. Noto o quanto ele está duro, ansioso, e qualquer toque
mais forte faz um gemido escapar de sua boca. Não posso negar
que a reação faz meu ego inflar.
— Você está desejando isso muito mais do que eu, estou
enganada?
— E você sabe muito bem esconder esse fogo, né? — Dou
de ombros, sorrindo com malícia.
De forma tão rápida, parecendo algo tão simples, ele
consegue dominar toda a situação. Me dominar.
Seus dedos agarraram a raiz do meu cabelo na minha nuca,
e me joga para o lado.
Apenas deixo que ele tome as rédeas, por enquanto.
— Se vira — manda.
Faço, sem pestanejar ou pensar muito.
Fico de bruços e ele desce o zíper nas minhas costas,
roçando a minha pele, para me provocar e me deixar com desejo de
sentir esse toque em outros lugares. Ele desce as alças do vestido
pelos meus ombros, deixando beijos quentes pelas minhas costas.
Carinhoso, e eu não fazia ideia se queria isso agora, mas está tão
bom que eu não quero que pare.
— Eu vou fazer tudo de forma lenta, Giovanna. Quando
você menos esperar, as coisas vão mudar e vou ouvir você gritar o
meu nome — sua voz gutural soa de forma tão rouca e sensual que
me faz sentir ainda mais molhada.
Ele precisa fazer alguma coisa. Pelo amor de Deus, não sei
mais por quanto tempo vou conseguir segurar.
— Mat, por favor — imploro, minha voz não passando de
um choramingo baixo.
Ele retira meu vestido por completo e passa os dedos na
minha calcinha de renda preta, por toda a costura.
— Por mais que eu tenha amado escutar você implorando,
vou fazer as coisas no meu tempo. — Ele beija a minha bunda e
sussurra: — Você vai ter o que quer, gostosa.
... O quê?
Por que eu gostei tanto disso?
Engulo em seco.
Matheus tira a minha última peça e sei que ele sente o quão
molhada eu estou nesse momento. Apenas com essa imagem na
minha cabeça sinto meu peito acelerar, não sabendo estar preparada
ou não para o que ele irá fazer em seguida.
Cacete, ele vai me matar do coração.
Capítulo 05

Giovanna vai acabar comigo.


Sem nem ter tirado sua calcinha, já consigo sentir seus
fluídos molhando a ponta dos meus dedos.
Sua bunda é espetacular, pretendo morder e beijar ela a
noite toda, facilmente poderia.
Eu mal posso esperar para entrar dentro dela, mas preciso
ir com calma. Quero fazê-la sentir o quanto necessitamos disso, mais
do que deixamos transparecer em beijo e toques.
A ansiedade do que pode acontecer a seguir é excitante ao
ponto de fazer minha imaginação aflorar.
Distribuo beijos nas suas costas, escutando sua respiração
ficar pesada a cada um. Desço até sua bunda e aperto, querendo
fazer mais que isso. Não é o momento, no entanto, e eu preciso me
controlar, pelo menos por agora.
Minhas mãos deslizam dos seus tornozelos até as coxas e
a viro em um movimento um pouco brusco demais. Ela arfa em
susto. Sinto meu pau latejar dentro da cueca ao vê-la ali. Nua.
Aberta. Toda minha.
Essa é nossa primeira vez e já fico imaginando como serão
as outras, sem ao menos saber se vão acontecer mesmo ou não.
Como será ver ela se desnudando para mim, tirando toda a sua
roupa, ou tirando a minha, me colocando contra a parede e olhando
profundamente nos meus olhos.
Caralho, ela me tem nas mãos.
Olho para o salto em seus pés, e me ajoelho para tirá-los,
quase comprovando meu pensamento anterior. Com cuidado
desafivelo a fechadura pequena e prateada, quase escuto o suspiro
aliviado saindo dos seus lábios, mas não sei se por causa da dor ou
por tesão. Acho que pelos dois.
Gi me olha nos olhos, me encara com um tom felino que a
faz parecer uma predadora.
Eu sou sua presa e nós dois sabemos disso.
— O que mais você está esperando, Matheus? — Levanto,
a fitando da mesma forma.
Sempre que ela diz meu nome, sinto um arrepio percorrer
minha espinha e o tesão parece aumentar ainda mais. Ele fica
sensual e bonito quando sai dos lábios dela, e só por isso não me
contenho em me aproximar e morder essa beldade.
— Quero você bem pronta para mim, Giovanna. Quero
sentir que você está com tanto desejo quanto eu.
— Mas eu estou. — Ela faz bico.
Sorrio para ela.
Arrasto minha mão da sua barriga até a sua boceta,
roçando meus dedos em seu ponto sensível, até seus lábios
maiores, e com um dedo a penetro rapidamente, pegando-a de
surpresa. Gi arqueia suas costas e geme baixo. Enterro meu rosto no
seu pescoço por um tempo, querendo inalar todo seu cheiro. Tão
delicioso.
— Você cheira tão gostoso — murmuro, sem parar com os
movimentos lentos.
— Porra! — Morde seu lábio inferior com força.
— Deus, você está muito molhada. — Volto a encarar seu
rosto, seus lábios estão entreabertos. Nem termino de falar e suas
paredes já me apertam com força.
Mal posso imaginar como será com meu pau, ela parece
apertada demais e, cacete, isso está me matando.
— Mat, por favor, eu preciso de mais — choraminga.
— Eu vou te dar. — Acaricio seu rosto. — Vou te fazer
gozar com os meus dedos primeiro. — Dou um sorriso de canto e
coloco meu anelar na sua boca.
Ela lambe e chupa ele, deixando para a minha imaginação
caso fosse outra coisa entre sua língua e lábios.
Coloco mais um dedo dentro dela e por um segundo
percebo que Gi prende o ar, para logo em seguida soltá-lo com força.
Ela me puxa com as unhas pela minha nuca, arranhando e gemendo
a cada estocada que eu dou. Algumas mais lentas e suaves, outras
mais fortes e dando trancos para que ela possa sentir de verdade.
Passeio com minha mão pelos seus seios pequenos,
apertando e depois mordiscando e espremendo entre meus dentes o
bico duro de cada um deles. Ela não consegue conter as arfadas e
gemidos que dá pelas sensações que estou fazendo-a sentir.
— Mais rápido. — Me aperta, estando prestes a gozar.
A beijo com vontade, tesão, fome. Nossas bocas se
entrelaçam em êxtase, em completo desespero. Faço do jeito que
ela pede, com mais força, e engulo seus gemidos ofegantes e
entrecortados. Posso escutar as batidas ritmadas dos nossos
corações enquanto ela entra em euforia.
Ela se afasta apenas para gemer alto, arqueando suas
costas e arranhando a minha.
Continuo o movimento dentro dela, lentamente, por conta
da sua sensibilidade pós gozo. Seu corpo amolece na cama. Dou
selinhos seguidos em seus lábios cheios e deixo que recobre sua
sanidade novamente.
— Mat — quase não escuto sua voz de tão baixa.
— Você não está satisfeita, está? — Sei a resposta, mas
preciso ouvi-la dizer.
Nega com a cabeça.
— Preciso de você dentro de mim. — Ela dá uma pausa, e
depois diz de forma tão sedutora que sinto meu pau latejar: —
Matheus...
— O que você está fazendo comigo? — Fito fixamente
seus olhos mel, com tanta intensidade que não duvidaria entrar em
combustão.
Não espero por uma resposta, preciso terminar o que
comecei. Não vejo a hora de experimentar seu gosto.
Aperto seu seio, que entraria facilmente na minha boca, e
brinco com sua aréola. Gi arfa a cada aperto forte. Mudo para seu
outro, abocanho-o com fome e força. Lambo toda sua extensão, a
deixando molhada e quente, toda sua pele se arrepiando quando
mordo levemente seu bico.
— Mais. — Consegue pedir.
Percebo que ela gosta das coisas com força e sem carinho
algum, e assim as faço.
Prendo meus dentes no mesmo lugar com mais força, em
resposta Gi grita e geme. Repito o mesmo no outro seio enquanto o
massageio e molho com a minha saliva. Depois de brincar e mamar
com vontade nela, desço os beijos até sua barriga, sempre
concentrado em cada reação que ela pode me dar.
Passo por suas coxas, sentindo seu cheiro delicioso, uma
mistura entre o perfume praiano da sua pele junto com o cheiro do
seu líquido que parece estar prestes a escorrer.
— Não goze até eu mandar, gostosa. — Mordo sua pele
macia e sem esperar mais um segundo, enfio minha língua na sua
vagina, levando seus fluídos até o clítoris.
Lambo com calma, sem muita força, sem muito toque.
Giovanna empurra seu quadril na minha direção em busca de mais
contato. Afasto sua perna mais ainda, a deixando completamente
aberta, sinto ela estremecer com a posição em que a coloquei.
Acaricio meu pau que pulsa dentro da cueca.
Deixo de torturá-la e passo a chupar com mais volúpia e
brutalidade todo seu sexo. Gi começa a gemer mais alto e aperta o
lençol com força com uma das mãos, enquanto a outra me prende no
meio das suas pernas, não querendo que eu saia. Ah, eu não vou
mesmo.
Penetro minha língua nela e a sinto desmanchar e tremer
contra meu aperto. Volto a colocar dois dedos em ritmo sincronizado
nela e suas paredes se contraem em um grito, continuo a chupando
em cima e sei que está prestes a gozar.
— Eu... preciso, Deus, Matheus! — Sua cabeça caí para
trás, antes um pouco erguida para me observar.
Ela me aperta ainda mais e eu sei que preciso liberá-la.
Levanto sem tirar meus dedos por enquanto e coloco meu anelar
para substituir minha boca. Pego a camisinha que deixei ao nosso
lado e coloco. Ela está a ponto de gozar quando retiro meus dedos e
a penetro com meus pênis. Ela geme em alto e bom som,
completamente em êxtase e sensível pela penetrada bruta. Meu pau
é recebido por sua buceta ainda em espasmos e quente, muito
quente.
— Goza pra mim, gostosa — minha voz sai como um
gemido. — Goza no meu pau, Giovanna.
Ela revira os olhos. Entro e saio de forma lenta, esperando
que ela se recomponha. Seu corpo todo está parando de tremer aos
poucos enquanto o gozo deixa de ser tão recente.
— Caralho — arfa.
Seu peito sobe e desce ofegante.
Passo minha mão nela, em todas as partes. Seguro sua
coxa direita, levantando um pouco para me apoiar, apenas espero
que ela dê o sinal de que posso continuar, já que meu pau lateja
dentro dela. Quente e molhada.
Merda.
Gi move os quadris e choraminga. Saio por completo e
entro novamente com mais força, repito o mesmo movimento várias
vezes, devagar. Giovanna me puxa para seu rosto e me beija, me
segurando pelos ombros e me perfurando com suas unhas, isso só
me deixa com mais vontade de tê-la para mim.
Sua língua dança com a minha, brincando comigo. Ela
chupa meu lábio inferior, molhando toda a minha boca. Uma bela e
fodida bagunça.
— Matheus..., me fode. — Segura meu rosto, implorando
com o olhar, enquanto morde levemente seu lábio delicioso.
Capítulo 06

Eu precisava de mais, precisava o sentir fundo.


Só não sabia que apenas três palavras fariam Matheus me
encarar com tanto tesão que eu senti que poderia me desmanchar
no colchão mais uma vez. Não duvidava disso. Nenhum homem
nunca tinha me feito um sexo oral e preliminares tão intensas.
É gostoso pra cacete escutar ele gemer de forma gutural
tão próximo do meu rosto.
Ele se aproxima do meu ouvido e com a voz rouca,
sussurra:
— Fica de quatro pra mim, gostosa.
Todo meu corpo se arrepia com o comando.
Matheus sai de dentro de mim e espera eu me posicionar.
Bem que eu poderia tomar as rédeas agora, mas eu realmente não
estou a fim. Preciso gozar mais uma vez, preciso que ele seja bruto e
me foda com força. Deus, eu preciso dele todo para mim.
Fico posicionada e empino o máximo que posso, me
apoiando nos meus antebraços. Sinto ele passando as mãos no meu
bumbum, alisando e apertando de leve.
— Você não tem noção do quão gostosa e deliciosa você é?
— Sem que eu esperasse, ele me dá um tapa. Mais fraco do que
achei que seria, mesmo assim gemi. — Você gosta disso, Giovanna?
— pergunta baixo, com seu sotaque carioca mais forte. Quase solto
um gemido só de ouvi-lo.
Murmuro um sim e ele bate com mais força dessa vez,
fazendo minhas costas arquearem e inclinar mais em sua direção.
— Não se esqueça, gostosa, que foi você quem pediu —
ele diz.
Sinto sua mordida na minha bunda e ele prende meu cabelo
com as mãos. Sem mais conversa, Matheus me penetra, estocando
com força, fazendo com que eu sinta minhas pernas fraquejarem.
Meu ventre formiga com sua brutalidade e profundidade que
consegue ir. Os dedos dos meus pés se contorcem e eu dou
gemidos altos sem conseguir me segurar. Caralho, isso está tão
gostoso.
— Era isso que você queria? — Assinto, inebriada pelo
prazer.
Mordo o lábio com força, apenas sentindo seu vai e vem.
Posso sentir todas as minhas células vibrarem com cada estocada
profunda.
Mat me puxa pelo cabelo para trás, encostando minhas
costas no seu tórax. Ele aperta com força minha raiz e não para um
segundo de se mover.
Com a outra mão ele aperta minha cintura, sempre
empurrando ao seu encontro. Estou completamente presa contra ele.
Minha barriga parece ter um milhão de borboletas, porque o friozinho
nunca passa, e mesmo com uma sensação levemente agoniante,
nunca senti tanto prazer na minha vida.
— Eu estou quase... — Mat murmura, gemendo rouco no
meu ouvido.
Sua mão sai da minha cintura e passeia entre meus seios
até meu clitóris. Ele movimenta seus dedos com calma e força,
estimulando meu próximo orgasmo, que sinto estar cada vez mais
perto. Me engolindo de forma tão grande que pode até parecer
mentira, mas consigo ver estrelas.
Aperto seu braço, sem tirar ele dali e rebolo em seu pau.
Grito alto, sentindo minhas pernas tremerem, minha vagina se
contrair e meu ventre parecer entrar em espasmos. Suor desce pelo
meu rosto e costas. Minha respiração falha com a chegada do
orgasmo. Por um segundo eu me sinto sufocada, sem ar algum para
entrar em meus pulmões.
— Meu Deus... — Solto um gemido baixo.
Mesmo com a camisinha, consigo sentir o jato dentro dela.
No quarto, apenas o som ofegante e as puxadas de ar são
ouvidas. Quando Mat me solta, caio inerte na cama. Ele vai até o
banheiro e volta ainda nu. Se deita e me puxa para mais perto, me
colocando sobre seu corpo.
— Quer tomar um banho primeiro? — pergunta,
calmamente.
Olho para nossos corpos entrelaçados.
— Acho que eu não conseguiria me levantar. — Dou um
riso baixo.
Levanto minha cabeça e fito seu rosto.
Matheus acaricia minha bochecha e me deito na sua mão.
Deus, ele acabou comigo. Um sorriso pequeno paira em seus lábios
e o mesmo se reflete nos meus.
— Descanse um pouco. — Concordo, preciso mesmo.
Meus olhos pesam. Deito no seu peito e espero o sono
chegar; enquanto isso, desenho em sua pele com a ponta do dedo.
Mat passa a mão entre as tranças, brincando com elas e só no
carinho leve permito fechar meus olhos. Seus dedos descem até
meu braço nu, indo e vindo com suavidade.
— Meu Deus, você é simplesmente perfeita. — Sorrio com
o comentário.

Ao acordar, percebo que já amanheceu, então não nego


tomar um banho com Mat, eu preciso e ele também. Peço para me
ajudar a lavar as tranças, já que ele fez o favor de desgrenhar todas
elas; nós dois sabemos que eu não preciso de ajuda, mas ele aceita
mesmo assim. Apenas uma desculpa para ficarmos juntos.
Em nenhum momento suas mãos deixam de me tocar e
nem as minhas de tocar ele, parece impossível ficar longe.
Saímos do banho e me deparo com uma bandeja preta com
detalhes pratas em cima da cama. Ele diz que pediu para o
restaurante preparar para nós dois. Por mais que seja estranho para
caralho ser tratada assim logo na nossa primeira noite, eu gosto.
Gosto de verdade de me sentir assim. Importante.
Desde que me mudei para cá, nunca tive ninguém para me
apoiar. Perdi muita gente ao longo dos anos e ter carinho não era
bem uma coisa que eu deveria exigir de alguém à minha volta.
Bem... eu perdi minha mãe logo quando nasci, problemas
no parto. Passei minha vida inteira sendo cuidada pelo meu pai, que
fez um ótimo trabalho em exercer dois cargos importantíssimos na
minha vida: o materno e o paterno. Mas quando fiz dezessete anos,
o perdi em um acidente de carro. A partir daí tive que me virar. Não
tinha irmãos e nem mais ninguém para me apoiar.
Como eu sinto a falta do meu velho...
Fui para um orfanato, já que não tinha muitas opções, e
sabia que nunca seria escolhida. Nenhum adulto adota adolescentes,
apenas crianças e bebês. Passei um ano lá, sendo cuidada de forma
não tão afetiva, mas pelo menos eu tinha um teto. Quando pude sair,
me dediquei aos estudos e a achar algum trabalho, já que, mesmo
tendo a poupança dos meus pais, não achei que seria necessário
usar de forma tão recente.
E aqui estou eu, vivendo o melhor que posso, apesar dos
perrengues que enfrentei ao passar dos anos.
Não sei como reagir quando Matt me pergunta sobre minha
vida, meu passado. Mesmo assim, conto. Por algum motivo, não
acho que preciso esconder essas coisas dele. Mat me abraça e me
beija na cabeça. Sinto que poderia confiar nele.
Talvez Matheus e eu não sejamos apenas o caso de uma
noite só.
Capítulo 07

Cena extra

Depois de comermos juntos, coloco o vestido de volta,


sabendo que uma hora ou outra eu preciso ir embora.
— Já vai? — Me viro para ele, que me encara encostado no
armário, como quem não quer nada.
Reviro os olhos, sorrindo.
— Uma hora eu tenho que ir.
Viro-me, ajustando o tecido, e sinto seu rosto no meu
pescoço, inalando meu cheiro com volúpia, quase ascendendo o que
não deveria dentro de mim. Arfo, dando mais abertura.
— Mas não precisa ser agora. — Dá de ombros,
distribuindo beijos quentes na minha pele.
— Quero pelo menos trocar de roupa. — Mesmo não
querendo, me desvencilho do seu toque.
Já estou na porta quando termino de falar, mas sou
impedida quando ele responde.
— Eu te levo.
Apesar de um pouco receosa, não nego.
Não é que eu queira me livrar dele, mas também não quero
me apegar, o que obviamente vai acontecer depois da noite que
tivemos.
Merda.
Chego em casa e pego a chave escondida, sinto o corpo
dele emanando calor atrás de mim.
Não iria negar que ele subisse.
Não sei se a Nat está em casa, por causa do silêncio ou o
que deu com aquela mulher de ontem.
E minha pergunta é respondida no momento em que a porta
do quarto dela se abre e ela sai com um blusão e calcinha; sei que
está quase nua embaixo porque sempre dorme assim.
Jesus, eu devia ter avisado.
Interrompo a entrada de Mat para dentro no momento
exato.
— Visita, Nat — aviso, pois ela que já vem na minha direção
sorrindo maliciosamente.
Cacete de mulher.
Ela bufa e volta ao quarto para vestir algo a mais.
— Desculpe. — Sorrio, um pouco constrangida, e deixo que
Matheus entre.
Ele passa sorrindo fechado e observa a casa.
— Aqui é bem bonito. — Elogia nosso cantinho.
— Obrigada, quer alguma coisa? Água, suco ou...
— Não, não. Obrigado.
— E quem é esse gostoso, Gi? — Posso jurar que corei,
mas também contenho o riso.
— Nat, esse é o Matheus — apresento os dois. — Mat,
essa é minha melhor amiga. — Olho para a porta do meu quarto e
aviso. — Vou trocar de roupa, já volto.
Deixo Nat assustar o Matheus por um tempo enquanto me
visto com um biquíni, um shorts jeans curto e uma camisa do
Flamengo. Meu time do coração.
Me julguem, mas mesmo não sendo Carioca, sou de
coração. Esse é o meu lugar, por mais que não tenha nascido aqui.
O Rio me acolheu como nenhum outro lugar. Mostrou todas as duas
belezas e culturas, as músicas, a dança, o estilo, tudo que hoje em
dia, sem qualquer dificuldade, se moldou no meu dia a dia
Saio do quarto e interrompo a conversa calma dos dois. Os
olhos escuros do Matheus brilham ao me ver, gosto do calor deles,
mesmo não sabendo o que significa.
Será que é por causa da camiseta?
— E então... como foi sua noite, gata? — pergunto para ela.
— Não foi só você que se deu bem ontem. — Reviro os
olhos, brincando.
— Então quer dizer que você ficou com aquela mulher?
— Ficar é muito pouco para o que fizemos ontem — diz
sem vergonha alguma.
Solto um riso nasalado e vou até a geladeira para encher
três copos com água.
— E você vai para onde? — Nat pergunta.
— Não sei. Quer ir em algum lugar?
— Não, Deus é mais, eu estou exausta.
— E você? — Me direciono ao Mat.
Percebo seu olhar focado em mim antes de eu ter notado.
Sorrio fraco.
— Você quem sabe. — Dá de ombros.
— Estava pensando em ir à praia. — Mostro a alça do
biquíni por baixo da blusa.
Percebo a felicidade ingênua em seu olhar. Sabendo que
estou implicitamente o convidando para ir comigo.

Seguro com força sua mão e sorrio para o nada, só de


sentir sua pele na minha; mesmo em um toque tão besta, parece que
meu estômago vai explodir por causa das borboletas.
Tiro a blusa, que a cada segundo me esquenta mais, e a
prendo na barra dos shorts. Olho ao redor como se fosse a primeira
vez, e aparece, é tão lindo e único.
Mesmo distante, consigo ouvir o samba em alto som em
alguma das barraquinhas de comida; as risadas de crianças na areia
se divertindo e brincando; a onda se chocando; conversas e risos por
todo o lugar. Na calçada tanta gente passa ao nosso lado, mas não
me incomodo. A sensação é tão gostosa e familiar.
Sinto a brisa gostosa no meu rosto, quase sobrepondo o
calor. Sorrio sozinha, sem motivo, apenas de estar aqui o sentimento
é libertador.
Descalço meus chinelos, os seguro com a mão livre e Mat
faz o mesmo. Caminhamos em silêncio em direção ao mar,
calmamente, sentindo todas as sensações que a praia tem a nos
proporcionar, além do quente da areia, mas não ao ponto de ser
impossível suportar.
— Vai querer entrar na água? — indago, minha animação
ingênua é tanta que posso começar a dar pulinhos sem motivo
algum.
Ficamos frente a frente e seu braço contorna minha cintura.
— Faço o que você quiser — sussurra.
Por mais que eu desacredite das suas palavras, elas soam
tão verdadeiras que desejo mesmo que sejam.
Não contenho o sorriso no meu rosto, e o mesmo se
espelha no dele.
Levo minha mão até sua pele e acaricio sua mandíbula,
sem me importar se existem ou não olhares sobre nós, já que é
domingo e a praia está cheia. O encaro sem conseguir desviar o
olhar, mentiria se não dissesse que a cada segundo parece que vou
me dissolver em seus braços. Cada mínimo toque é demais, uma
sensação tão gostosa e forte. Parece mentira.
Poderia facilmente ficar aqui, presa em seu corpo enquanto
fitamos o mar à nossa frente. Seria tão bom, tão fácil.
— Tenho certeza que sim. — Molho meus lábios secos e
seus olhos acompanham o movimento.
Em segundos nossas bocas já estão encostadas uma na
outra, em um beijo calmo e simples, mesmo assim nosso e único.
— Já te falei hoje que você é linda? — sussurra ao se
afastar minimamente.
— Não — respondo, mesmo sabendo que ele disse sim.
Seus olhos brilham e Mat me dá um selinho e continua:
— Então saiba que você é muito mais que isso, gostosa —
o jeito que diz apenas me faz ter um deja vú da noite passada, me
fazendo querer repetir a mesma coisa hoje, amanhã, depois de
amanhã e até não aguentarmos mais.
— Acho que tenho um plano para fazermos o resto do dia?
— Solta. Franzo o cenho, não sei se me perguntando se ele está
falando sério, ou se perguntou realmente o que estou achando.
— O quê? — Uma felicidade ingênua me percorre querendo
passar o dia com Mat, e também dar graças à Deus por hoje ser
domingo.
— Pode ir para o hotel, de novo, depois daqui. — Se
aproxima, com malícia brilhando em seus olhos. — Pedir muita
comida, porque estou morto de fome e acho que você também. —
Sorrio de canto. Quando não estou com fome? — E ficar a tarde
inteira assistindo vários seriados.
— Depende — dou de ombros, como se esses simples
momentos que invadem minha mente não me fizessem sentir um frio
na barriga em expectativa. — Quais seriam esses seriados?
Matheus começa a citá-los, todos os meus favoritos:
— Todo mundo odeia o Chris; Eu, a patroa e as crianças;
Um maluco no pedaço e um dos melhores filmes nacionais de
comédia... — faz suspense. — Minha mãe é uma peça.
Começo a rir, sem conseguir me segurar.
Mordo meu lábio inferior, ainda sorrindo.
— Parece um bom plano.
Seus lindos e perfeitos dentes se mostram da melhor
maneira possível, parece uma felicidade sem igual, quase
inesperada.
Toda essa conversa só fez eu me sentir boba, de um jeito
muito bom. Querendo passar cada segundo com seu toque em meu
corpo, sua voz entrando pelos meus ouvidos, seu sorriso lindo
sempre sendo direcionado a mim. Preciso de mais dele, mais
momentos, mais tudo.
Duvido que algum dia me canse dele.
Agradecimentos

Clichê, porém real. Nunca sei o que escrever aqui, mas amo
dizer com todas as palavras o que senti ao escrever esse conto –
que pode ou não se tornar um livro mais para frente hehehe.
Esse conto estava no Wattpad, aproveitando para divulgar
que lá tem livros novos e cheios de drama (@autorablack), e eu
escrevi sem pretensão alguma para fazê-lo se tornar algo maior. Mas
peguei muito amor pelos personagens e pela pequena história que
se passa em um dos meus lugares favoritos, Rio de Janeiro.
Quero agradecer a cada pessoa que me ajudou a
desenvolvê-lo melhor: ao meu grupo de goxtosas e escritoras, por
me apoiarem mesmo que às vezes eu tenha vontade de dar um tapa
nelas <3.
A todas as mulheres incríveis que conheci no lançamento
do meu livro anterior, não mais disponível, mas que também me
ajudam frequentemente com divulgação de novas obras e
planejamentos, vocês são simplesmente maravilhosas.
As novas parceiras que conheci nesse lançamento,
obrigada por tudo!! A todas que me ajudaram na divulgação, quase
chorei por isso, vocês são sensacionais de verdade.
A uma amiga que também aparece de paraquedas na
minha vida, Day, você é perfeita e inteligente pra caralho, obrigada
por me ajudar a escolher o nome desse livro e também em outras
coisinhas!
Às mulheres incríveis que me ajudaram a construir esse
livro, revisora, designers (seja da capa e da diagramação), vocês são
maravilhosas.
A cada pessoa que eu citei aqui, se você acha, por
modéstia, que não fez parte desse livro, devo dizer que você fez sim
e eu só tenho a lhe agradecer
A todos os leitores, espero que vocês tenham gostado
desse conto, não se esqueçam de avaliar e compartilhar se
puderem. Muito obrigada a cada um de vocês.
Por tudo!
Com muito amor,
Lu, vulgo autora black.
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E-mail: autorablack@hotmail.com

[1] Abreviação de diretor de operações, também conhecido como braço direito


do diretor executivo.

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