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A ROMANTIZAÇÃO DO SERIAL KILLER: ANÁLISE DO FILME TED

BUNDY – A IRRESISTÍVEL FACE DO MAL¹

THE ROMANTIZATION OF SERIALL KILLER: ANALYSIS OF THE MOVIE


OF TED BUNDY - EXTREMELY WICKED, SHOCKINGLY EVIL AND VILE

Maria Tereza Buss Wessler²

Resumo: O presente artigo tem como objetivo discutir se há ou não romantização ou


glamuralização pela produção cinematográfica protagonizada por Zac Efron, através de
um estudo entre filme e história de vida de Ted Bundy, famoso serial killer condenado
pelo assassinato de 36 mulheres, mas estima-se que o número possa chegar a até 65,
comparando as obras: Ted Bundy – A Irresistível Face Do Mal (2019 ‧ Thriller/Filme
policial ‧ 1h 48m) e o documentário Conversando com um Serial Killer: Ted Bundy
(2019 ‧ Documentário Netflix ‧ 4ep).

Palavras-Chave: Serial killer; romantização; psicopata; assassinato; cinema; Ted


Bundy.

Abstract: The present This article aims to discuss whether or not there is
romanticization by the film production starring Zac Efron, through a study between film
and life story of Ted Bundy, famous serial killer convicted of the murder of 36 women,
but it is estimated that the number can reach up to 65, comparing the works: Ted Bundy
- Extremely Wicked, Shockingly Evil and Vile (2019 ‧ Thriller ‧ 1h 48m) and the
documentary Talking with a Serial Killer: Ted Bundy (2019 ‧ Netflix Documentary ‧
4ep).

Keywords: Serial killer; romanticization; psychopath; murderer; movie; Ted Bundy.

1. INTRODUÇÃO

No presente trabalho, discute-se a influência midiática do filme Ted Bundy – A


Irresistível Face Do Mal frente a opinião popular do assassino condenado, no cenário
atual. A básica compreensão da psique do serial killer, compreensão do termo
romantização, profunda análise da linguagem cinematográfica do filme (câmera, trilha
sonora, coloração, enquadramento, narrativa), informações reais da vida do assassino
serão as chaves deste artigo.

____________________

¹
Artigo apresentado como requisito parcial do curso de Graduação em Publicidade e Propaganda da
Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL. Orientadora: Daiane Maurício.
²
Acadêmica do curso de Publicidade e Propaganda da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul. E-
mail: mariaterezabw@hotmail.com
2. INTRODUÇÃO AO ASSASSINO

Theodore Robert Bundy, mais conhecido pela alcunha de "Ted Bundy" (Burlington,
24 de novembro de 1946 — Starke, Condado de Bradford, 24 de janeiro de 1989) foi
um notório assassino em série americano que sequestrou, estuprou e matou várias
mulheres jovens na década de 1970 ou antes. Após quase uma década de negação, antes
de sua execução em 1989, ele confessou trinta homicídios em sete estados de 1974 a
1978. O real número de vítimas, contudo, pode ser bem maior.

Figura 1 - Ted Bundy com 31 anos, em custódia, Florida, julho de 1978, 10 anos antes de sua
execução.

Fonte:  State Archives of Florida, Florida Memory.

Bundy era considerado um homem bonito e carismático, traços que ele utilizava para
conquistar a confiança de suas vítimas e da sociedade. Bundy se aproximava de suas
vítimas em locais públicos, fingindo lesão ou incapacidade, ou fingindo ser uma figura
de autoridade, antes de ataca-las e deixa-las inconscientes e as levava a locais reclusos
para estuprá-las e depois matá-las. Às vezes ele retornava a cena dos crimes, ajeitando o
local e tendo relações sexuais com os cadáveres em decomposição até a fase de
putrefação ou outros acontecimentos, como animais selvagens mexendo nos corpos, que
o impedisse de continuar. Ele decapitou ao menos doze vítimas e manteve algumas das
cabeças em seu apartamento como lembranças. Em algumas ocasiões, ele invadiu a casa
de suas vítimas à noite e as espancava enquanto dormiam.

Ted Bundy, como quase todos os assassinos em série, teve uma conturbada infância,
repleta de violência e incertezas. Sua mãe, Louise, quando ainda muito jovem,
envolveu-se sexualmente com um militar da Força Aérea Americana – muito mais velho
do que ela. E, desse breve relacionamento, a jovem, em novembro de 1946, acabou
tendo um filho, cujo pai nunca mais foi visto. Para evitar um escândalo na vizinhança e
na família, os pais de Louise resolveram abafar o caso, inventando que o recém-nascido
Theodore Bundy era, na verdade, seu filho e, portanto, irmão mais novo de Louise.

Ocorre que os “pais” de Ted não eram amistosos; o jovem criou-se assistindo o seu avô
espancando a sua avó inúmeras vezes. Agressões físicas e verbais faziam parte da rotina
familiar. Visando evadir-se desse contexto truculento, Louise casou-se com John
Culppeper Bundy, mudando-se para outra cidade e levando, junto com o casal, o seu
filho biológico Ted – na época com cinco anos de idade.

Não faltaram esforços para o padrasto de Bundy tentar aproximar-se do menino, mas
todo o seu empenho foi inútil. É que Ted não aceitava o fato de ter sido separado dos
seus “pais” para viver com a sua “irmã”. Deve-se frisar que não ventilava na sua cabeça
a hipótese de o seu pai afetivo ser, na verdade, o seu vô – daí toda a sua incompreensão.

Em sua nova cidade, Bundy era considerada uma criança tímida, solitária e bastante
insegura. Passava o seu tempo cuidando de seus irmãos mais novos e torturando animais
(comportamento juvenil comum entre psicopatas). Sofria bullying na escola onde
estudava, mas, apesar disso, mantinha uma desenvoltura acadêmica brilhante: era o
melhor aluno do colégio. Com o passar dos anos, passou a ser considerado por seus
conhecidos como um rapaz inteligente, educado e elegante. Trabalhou desde cedo,
apesar de nunca ter mantido estabilidade em seus empregos.

Com 21 anos, Bundy apaixonou-se loucamente por uma menina pertencente a uma
classe social mais alta do que a dele. Apesar de Ted ter dedicado cada segundo de sua
nova vida à sua amada, um ano após ao início do namoro ela terminou o
relacionamento. Bundy nunca superou tal rejeição. Entrou em uma grave depressão e
abandonou os estudos. Tentava, a todo custo, reconciliar o namoro, mas sua ex-
namorada estava decidida a seguir a sua vida,

E o pior é que, no mesmo ano, veio à tona o segredo de sua família: os seus pais de
criação eram seus avós e a sua irmã tratava-se, pois, de sua mãe. A notícia chegou como
açoite a Ted, que, a partir de então, virou uma pessoa mais fria e obcecada em manter o
controle de absolutamente tudo em sua vida. Foi justamente em razão desse afã que
voltou a estudar e acabou formando-se em psicologia, tendo sido laureado por seu
incrível desempenho nas notas. Com 23 anos achou uma nova companheira: Meg
Anders. Ambos passaram a morar juntos e acabaram casando e tendo um filho.
Entretanto, Ted mantinha contato com sua primeira namorada.

Bundy começou a estudar direito e filiou-se ao Partido Republicano, atividade essa que
exercia com assiduidade – muitos cotavam-no como um provável candidato político.
Ted chegou a salvar a vida de uma criança que estava se afogando. Seu heroísmo rendeu
uma condecoração em Seattle. Aos 27 anos, em uma viagem para o Partido
Republicano, Bundy encontrou-se novamente com sua antiga amada e não mediu
esforços para reconquistá-la. Mas o seu objetivo, agora, era outro: rejeitá-la e fazê-la
sofrer, para que sentisse toda a desgraça amargurada por Ted anos atrás. E ele
conseguiu.
Somente através dessa atitude já é possível identificar um alto nível de narcisismo por
parte de Bundy. Posteriormente, testes psicológicos atestaram que Ted sofria de um
grave quadro de esquizofrenia, pois mudava de humor repentinamente, além de ter sido
considerada uma pessoa impulsiva, que não demonstrava emoções, saliente, histérica,
de dupla personalidade, depressiva, continha complexo de inferioridade, imatura,
obsessiva, egocêntrica e com mania de perseguição. Era óbvio que todas essas
características não trariam um bom resultado.

2.1 CRIMES DE TED BUNDY

Todas as vítimas de Ted Bundy foram jovens mulheres. Quando analisado por médicos,
referiu que sentia ódio do sexo feminino por causa de sua mãe, de modo que escolhia
apenas meninas que possuíssem semelhança física com ela. Bundy, como alguns
assassinos em série, mantinha um padrão no seu modus operandi: abordava jovens em
escolas, parques, fraternidades, universidades, e fingia estar com o pé ou o braço
engessados, pedindo, então, ajuda à vítima para carregar compras ou livros até o seu
carro. Utilizava como veículo um fusca, que, artesanalmente, não possuía o banco da
frente do carona tampouco o trinco da porta do mesmo lado. Creio que você já tenha
entendido o motivo disso tudo.

Como Bundy agia sempre de modo educado e dócil, não era difícil fazer com que a sua
presa se dirigisse até o seu carro. Já que a vítima tinha que deixar os objetos do
assassino dentro do carro, acabava deixando metade do seu corpo dentro do fusca – e
era esse o momento em que Bundy mostrava quem era, pois empurrava-a bruscamente
e, em instantes, já a algemava e desferia golpes violentos em sua cabeça, a ponto de
deixá-la inconsciente.

A partir daí, Ted variava o destino da vítima. Algumas não sofreram tanto. Eram logo
estranguladas, mas, antes de perder a vida, Bundy abusava-as sexualmente. Outras
sofriam bastante, como, por exemplo, Melissa Smith, de 17 anos, cujo cadáver foi
encontrado com sinais evidentes de tortura. Por dentro, o seu crânio estava em pedaços
e todo o seu corpo estava totalmente machucado.

Karen Chandler e Kathy Klein também foram desafortunadas. A primeira teve os dentes
quebrados, a sua mandíbula e seu crânio esfacelados, os dedos esmagados e sofrido
inúmeros cortes em volta do corpo. A segunda sangrava demais pela cabeça, o seu rosto
estava dilacerado por objeto cortante (provavelmente uma faca), quase não possuía mais
arca dentária, sua mandíbula estava em pedaços e com sinais de flagelação no pescoço.
As duas foram estupradas.

Ao todo, foram dezenas de meninas estupradas, torturadas e assassinadas por Ted. Ele
admitiu trinta homicídios em setes Estados diferentes nos Estados Unidos. Entretanto,
estima-se que esse número deva ser maior, dados os numerosos casos, com autoria não
comprovada, de jovens encontradas sem vida e vitimadas pelo mesmo modus operandi
empregado por Bundy.

Ted Bundy foi conduzido a julgamento pela primeira vez em junho de 1979, em Miami,
em virtude dos crimes cometidos na Fraternidade Chi Omega, na Universidade Estatual
da Flórida. O anjo da morte não fez questão de ter um advogado e decidiu se defender
sozinho. Estava completamente confiante de que conseguiria convencer o júri de sua
inocência. Mas o tiro saiu pela culatra: Nina Reary, testemunha de Acusação,
reconheceu Bundy como sendo o homem armado – com um pedaço de pau – que descia
as escadas da fraternidade.

Figura 2 - Bundy, durante seu primeiro julgamento, fazendo a própria defesa.

Fonte:  State Archives of Florida, Florida Memory.

Somado ao reconhecimento de Nina, a tese defensiva foi ainda mais enfraquecida com o
depoimento do odontologista Dr. Richard Souviron, que descreveu as marcas de
mordidas encontradas no corpo de Lisa Levy e apresentou fotografias retiradas na noite
do homicídio. As imagens foram comparadas com os moldes odontológicos de Bundy e
combinaram perfeitamente. A prova técnica conectava o réu aos crimes imputado.

O veredicto ocorreu em 23 de julho de 1979. Após quase sete horas de deliberação, o


júri considerou Ted Bundy culpado de todas as acusações. Foi considerado também
culpado dos ataques contra Kathy Kleiner e Karen Chandeler. O anjo da morte ouviu o
resultado sem expressar qualquer sinal de emoção. Foi sentenciado à pena de morte.

Em Orlando, Ted Bundy foi julgado pela segunda vez em 7 de janeiro de 1980, pelo
assassinato de Kimberly Leach. Para evitar o erro anterior, optou por ser representado
por uma dupla de advogados. A tese defensiva consistiu em provar a insanidade do
acusado. Mesmo com todos os esforços da Defesa, a Acusação apresentou 65
testemunhas que conectavam Bundy à vítima no dia do desaparecimento. O anjo da
morte foi mais uma vez considerado culpado e sentenciado à morte.

Somado ao reconhecimento de Nina, a tese defensiva foi ainda mais enfraquecida com o
depoimento do odontologista Dr. Richard Souviron, que descreveu as marcas de
mordidas encontradas no corpo de Lisa Levy e apresentou fotografias retiradas na noite
do homicídio. As imagens foram comparadas com os moldes odontológicos de Bundy e
combinaram perfeitamente. A prova técnica conectava o réu aos crimes imputado.
O veredicto ocorreu em 23 de julho de 1979. Após quase sete horas de deliberação, o
júri considerou Ted Bundy culpado de todas as acusações. Foi considerado também
culpado dos ataques contra Kathy Kleiner e Karen Chandeler. O anjo da morte ouviu o
resultado sem expressar qualquer sinal de emoção. Foi sentenciado à pena de morte.

Em Orlando, Ted Bundy foi julgado pela segunda vez em 7 de janeiro de 1980, pelo
assassinato de Kimberly Leach. Para evitar o erro anterior, optou por ser representado
por uma dupla de advogados. A tese defensiva consistiu em provar a insanidade do
acusado. Mesmo com todos os esforços da Defesa, a Acusação apresentou 65
testemunhas que conectavam Bundy à vítima no dia do desaparecimento. O anjo da
morte foi mais uma vez considerado culpado e sentenciado à morte.

2.2 PRISÃO DO ANJO DA MORTE

Com duas sentenças de morte lavradas – e uma terceira que sobreveio posteriormente –
Ted Bundy foi encaminhado para o corredor da morte da Prisão Estadual da Flórida,
onde permaneceu por quase uma década. Durante o período em que ficou preso,
concedeu algumas entrevistas para jornalistas. Inclusive, em tais entrevistas, Bundy fala
de si e dos seus crimes em terceira pessoa, sem nunca admitir que o personagem de suas
histórias era o próprio.

Um dia antes de sua execução, disse que queria confessar seus crimes e tranquilizar
outras mães e famílias que não conhecem o paradeiro de suas filhas. Era sua última
carta na manga, para atrasar sua morte. Ted atrasou sua execução em um dia. O repórter
??????????????????????

Em 1975, Bundy foi preso pela primeira vez, sendo capturado pelas autoridades de Utah
por sequestro e tentativa de agressão criminosa. Ele então se tornou suspeito de uma
longa lista de homicídios que aconteceram em vários estados. Enfrentando acusações de
assassinato em Colorado, ele orquestrou duas engenhosas fugas e voltou a cometer
crimes na Flórida, incluindo três homicídios, antes de ser recapturado em definitivo em
1978. Pelos homicídios cometidos na Flórida, ele recebeu três sentenças de morte em
dois julgamentos.

Durante seus julgamentos, Bundy, formado em direito e psicologia, agiu como seu
próprio advogado em vários momentos, concedeu entrevistas a jornalistas e atraiu
enorme atenção da mídia por sua eloquência e carisma. Ele tentou utilizar este interesse
midiático ao seu favor, ao passo que resistia a confessar seus crimes, numa tentativa de
adiar sua execução. Contudo, Bundy foi levado para a cadeira elétrica, na Prisão
Estadual da Flórida em Raiford, e executado, em 24 de janeiro de 1989.
A biógrafa Ann Rule, que havia trabalhado com Bundy, o descreveu como um
"sociopata sádico que tirava prazer da dor de outros seres humanos e do controle que
exercia sobre suas vítimas, ao ponto da morte, e até depois." Uma vez, Bundy se auto-
proclamou "o filho da mãe de coração mais frio que você já conheceu." O advogado
Polly Nelson, um membro do seu último time de defesa, escreveu que ele era "a própria
definição do mal sem coração."

Essa história, todo e qualquer cidadão americano conhece. Ted Bundy teve seu
julgamento inteiramente televisionado, o qual foi assistido e debatido arduamente, tanto
no momento das transmissões quanto posteriormente, até hoje. Tendo um comparativo
brasileiro, seu caso é equivalente ao de Suzane Von Richthofen (ou Caso Richthofen) é
o nome pelo qual tornaram-se conhecidos o homicídio, a consequente investigação e o
julgamento das mortes de Manfred Albert von Richthofen e Marísia von Richthofen,
casal assassinado pelos irmãos Daniel e Cristian Cravinhos a mando da filha Suzane
von Richthofen, o qual também há filme previsto para lançamento, atrasado por conta
da pandemia do COVID-19.

´SO PODEMOS JULGAR UM INDIVIDUO BASEADO EM SUA SOCIEDADE POR


ISSO N É A MSM COISA UM FILME PROS EUA E UM PRO MUNDO

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