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Capa e diagramação
Kel Costa
Revisão
Raquel Moreno
1ª edição – 2023
Ele tem vinte e dois anos e quer o mundo aos seus pés.
Ela tem vinte e um e quer distância de jogadores de futebol.
Mason a enxerga como o maior desafio de sua vida.
Hazel tem certeza de que ele é um grande babaca.
Ele não tem nada a perder.
Ela tem traumas que não quer trazer à tona.
Sim para qual das duas mensagens? Não sabia dizer. Sua
resposta curta não queria dizer muita coisa, mas decidi que não
ficaria forçando nada. Deixaria para lidar com novos problemas no
dia seguinte, quando estivesse de cabeça fria e ela também. Se
percebesse que não conseguiríamos levar adiante o programa,
procuraria o comitê estudantil responsável pelo Unit e explicaria a
situação. Afinal de contas, por mais que não fosse ideal e nem
estivesse nos meus planos iniciais participar disso, pelo menos eu
estava tentando. Não cabia a mim forçar a outra parte a tentar
também, se ela não quisesse.
Com isso em mente, apaguei as luzes do quarto e fui me deitar,
sem conseguir evitar que a expressão de Hazel ficasse impregnada
na minha mente, mesmo depois de fechar meus olhos. A forma
apavorada como a garota me encarou no banheiro me deixava muito
perturbado ao relembrar o pouco que Sidney falou para mim. Que
diabos tinha acontecido com a baixinha para que ficasse daquele
jeito?
— Isso talvez não seja da sua conta, Mason — murmurei, me
ajeitando na cama e virando de lado, procurando pelo sono. — Não
se meta em mais problemas...
Era isso que eu precisava fazer. E levaria em consideração
também a sugestão de Mia sobre tentar agir de forma mais neutra
possível. Se a garota não gostava de brincadeiras, então eu não
brincaria. Faria apenas minha parte no programa até que os dois
meses chegassem ao fim e pudesse retornar à minha adorada rotina.
Hazel Mackenzie
Apertei três vezes o botão lateral do celular para aumentar
bastante o volume da música. Em meus fones de ouvido tocava
“Patience” do Guns N`Roses, uma das poucas que conseguiam me
acalmar e curar meus machucados. Eu possuía uma playlist
exclusiva para dias como aquele, em que queria sumir e esquecer do
mundo lá fora, e a escutava desde o momento em que me deitei.
No quarto escuro, encarava o teto decorado com sombras de
galhos de árvore que a fresta na cortina deixava entrar. Puxava o ar
devagar pelo nariz e o soltava pela boca, no mesmo ritmo lento, já
que o sono não queria aparecer de jeito nenhum. Na cama ao lado,
Ava dormia tranquilamente há alguns minutos e eu me perguntava
como devia ser não possuir nenhum fantasma para espantar à noite.
Não que eu os tivesse sempre, ainda bem. Mas algumas coisas
e situações os desencadeavam e traziam tudo à tona, como o que
aconteceu esta tarde. Agora, toda vez que eu tentava fechar meus
olhos, era o rosto dele que aparecia. Sardas em suas bochechas, o
cabelo ruivo que caía sobre a testa e os olhos azuis. O melhor amigo
do meu irmão mais velho. Uma das pessoas em quem eu mais
confiava no mundo.
Travei a mandíbula quando senti a queimação subir pela minha
garganta e refletir em meus olhos. Engoli em seco e me virei de lado,
de costas para Ava e de frente para a parede branca, aumentando
um pouco mais o volume da música que chegava ao fim, mas que eu
colocaria para tocar de novo. Era a primeira vez que eu entrava em
crise desde que me transferi para a UCLA e não queria ter que
explicar o motivo para minha colega de quarto.
Fechei os olhos e sussurrei a letra da canção, puxei meus
joelhos para cima ao curvar mais meu corpo e pressionei a lateral do
meu rosto contra o travesseiro. Não podia deixar o passado me
vencer, pois era apenas isso que ele era. Minha realidade era aqui e
agora, longe de tudo que um dia me fez mal. Palavras sábias da
minha psicóloga, que eu sempre me esforçava para repetir, mas que
nem sempre surtiam o efeito rápido e desejado.
Eu precisaria encarar situações muito piores na vida adulta e
não podia me deixar afetar por qualquer coisa. Não podia fugir e sim,
encarar de frente o que viesse, e foi pensando nisso que em algum
momento, consegui pegar no sono, com os olhos úmidos, o peito
apertado e a esperança de fazer melhor no dia seguinte.
Por isso, mesmo morrendo de vontade de desmarcar com
Mason e enrolar um pouco mais, eu mantive o compromisso de
encontrar com o jogador no final da tarde, já que era o único horário
que eu tinha livre naquela quarta-feira e que coincidia com o período
em que o time de futebol estaria treinando.
Não nos falamos depois que respondi curta e grossa sua
pergunta, mas também não me importava com isso. A culpa tinha
sido dele por eu ter passado uma noite horrível e só ter conseguido
dormir lá pelas duas da manhã. Meu dia no ginásio nem rendeu
direito porque me sentia cansada e indisposta, até precisei inventar
uma mentira para Suzy, que ficou preocupada comigo.
— Sabe que não me engana, né? — disse Sid quando ficamos
a sós no vestiário depois do treino. — Você não dormiu direito?
— Demorei, mas consegui dormir — respondi, enquanto vestia
minha calça jeans. — Só quero esquecer o dia de ontem, então falar
sobre isso não é a melhor opção.
— Hazel, você sabe o que penso. Acho que deveria pedir para
ser retirada do programa, diga que tem problemas com o Mason ou,
sei lá, inventa qualquer outra coisa. Ninguém pode te obrigar a nada.
Desvirei meu moletom do lado do avesso e o passei pela minha
cabeça antes de fechar meu armário e me encostar nele. Sidney me
encarava de braços cruzados, sentada no banco diante de mim, com
o semblante carregado de preocupação. Eu odiava dar trabalho para
qualquer pessoa, inclusive ela.
— Não quero fazer isso, Sid — respondi, me abaixando para
amarrar os cadarços do tênis. — Se eu fizer, estarei desistindo.
Fugindo. E não posso passar a minha vida com medo de encarar
situações que podem me deixar desconfortável.
— Mas Hazel...
— Eu quero ser diferente. Quero ser a garota que não tem
medo de nada. — Sorri, respirando bem fundo. — Quero poder levar
uma vida completamente normal, me interessar por garotos,
namorar, casar...
Sentir vontade de fazer sexo sem querer vomitar. Andar na rua
sozinha à noite sem achar que estou sendo seguida. Conversar com
um homem sem me colocar sempre na defensiva. Enfim, encarar
diversas situações comuns para garotas da minha idade, que
pareciam um pesadelo completo para mim e me traziam ansiedade
só de pensar nelas.
Sentei-me ao lado de Sidney para pentear meus cabelos e
peguei um elástico daqueles bem minúsculos para prender apenas a
mecha frontal no alto da cabeça. Conferi as horas no meu celular e vi
que ainda daria tempo de fazer a consulta online com a Sra.
Thompson, pois ontem à tarde liguei para ela e implorei para que
arranjasse um tempo hoje. Sabia que era muito mais prático eu
arranjar uma psicóloga que pudesse me atender presencialmente,
mas há anos me sentia apegada demais àquela mulher que já
conhecia todos os meus traumas e sabia exatamente como me
apoiar.
Despedi-me de Sidney e fui direto para o meu quarto,
aproveitando que Ava estava saindo com um rapaz e nunca voltava
cedo para o dormitório. Pude fazer minha sessão de terapia com
tranquilidade, contei para a Sra. Thompson o que havia acontecido
na tarde anterior e como me senti durante o resto do dia. Ela me fez
falar um pouco sobre Mason, até mais do que eu gostaria, mas no
fim da consulta, me sentia mais leve.
Na opinião dela, eu estava certa em querer enfrentar a situação
e levar o programa adiante, mas deveria contatá-la se tivesse
alguma outra crise desencadeada por causa disso. Concordei, me
despedi e segui para minhas aulas daquela tarde, colocando na
mochila alguns livros que eu ainda precisaria devolver à biblioteca,
pois estava no último dia do prazo.
Foi justamente por causa deles e por não querer ganhar uma
advertência, que acabei me atrasando para encontrar Mason. Ele
tinha marcado às quatro da tarde no lugar onde o time treinava, e já
passava das cinco quando saí da biblioteca que estava um inferno
de tão lotada. Para piorar, eu não sabia onde ficava o tal Spaulding
Field e quando percebi que estava perdida, precisei parar e olhar o
mapa do campus. Descobri que ficava atrás do Pauley Pavilion, o
estádio que era a casa do basquete feminino e masculino, e fiz o
caminho para lá o mais depressa possível.
Mason só esqueceu de me explicar como eu entrava no campo,
considerando que ele não estava mais no local de espera,
obviamente. Eu nunca tinha ido até aquela região, então circulei toda
a área, até achar a entrada do prédio que parecia ser o centro de
treinamento deles e que eu esperava que desse acesso ao campo.
O edifício baixo era moderno e todo espelhado, muito bonito,
com um saguão espaçoso e arejado, que me levou às dependências
do que era realmente a base do futebol americano da UCLA. O lugar
estava razoavelmente vazio e quando expliquei à recepcionista o que
estava fazendo ali, ela me indicou a direção que devia tomar para o
campo de treinamento.
Não sei dizer o que fiz de errado ao reproduzir a dica dela, pois
acabei entrando sem querer num vestiário. Parei por um segundo,
assimilando o espaço ao meu redor, até que um jogador
completamente pelado apareceu diante de mim.
— Opa. — Ele levou um susto, que logo passou quando sorriu.
— Está perdida ou acabou de me achar?
Em sua mão, estava o helmet[9] que soltou no banco antes de
se aproximar. Meus olhos foram atraídos até o objeto e flashes
dispararam na minha cabeça, trazendo lembranças quase como um
déjà-vu muito inconveniente. Mudava apenas a cor, nada além disso.
— Sério, o que faz aqui? Nós nos conhecemos?
Quando deu mais dois passos na minha direção, eu ergui
minhas mãos à frente do corpo e tentei recuar, sentindo o bolo preso
na minha garganta e sem conseguir encontrar minha voz. Sabia que
logo meu coração aceleraria tanto que eu me sentiria capaz de
perder as forças e desmaiar, mesmo que fosse apenas um alarme
falso toda vez que acontecia.
Algo duro, mas ao mesmo tempo macio e quente, bateu contra
as minhas costas quando tentei fugir, e ao erguer a cabeça, vi uma
montanha alta de músculos vestida com o uniforme azul e dourado.
— Hazel?
Antes que eu conseguisse me esquivar, a mão de Mason
segurou a minha com força e um de seus braços passou pela minha
cintura. Percebi que estávamos nos movendo e me preocupei em
manter a atenção para onde ele me levava, até que paramos no
meio de um corredor e me permiti fechar os olhos.
— Você está bem? — perguntou ao me soltar.
Puxei o ar uma vez, depois mais outra, controlando minha
respiração. Mas não consegui me recuperar porque fui puxada para
dentro de uma sala e obrigada a me sentar numa cadeira.
— Sério, o que está acontecendo? Elliot fez alguma coisa com
você?
— Elliot? — perguntei, sem gaguejar.
Então esse era o nome dele. Elliot. Não Thomas. De cabeça
baixa, encarei meus tênis e sentei sobre minhas mãos quando vi
meus dedos tremerem levemente.
— Elliot é quem você viu no vestiário — murmurou Mason em
algum lugar ao meu lado. — Precisa me dizer se ele fez ou falou
alguma babaquice.
Neguei num gesto de cabeça, separando o que era realidade e
o que não passavam de lembranças que machucavam. Elliot não
teve culpa de eu ter invadido o vestiário no momento em que se
trocava. Era eu quem não devia ter entrado ali. Ou talvez eu nem
devesse estar aqui, agora, fazendo isso. Não era forte o suficiente.
— Por que ficou apavorada?
Ergui a cabeça devagar e busquei pelo jogador, que estava
sentado numa cadeira na fileira acima da minha, com o corpo
inclinado para a frente e os cotovelos apoiados nos joelhos. Ele
vestia a camisa azul do time e a bermuda num tom escuro de
amarelo, felizmente, não estava com o helmet.
— Não fiquei — respondi, enxugando meu rosto que tinha
molhado com algumas lágrimas. — Preciso ir embora.
— Não sem antes me explicar por que você age assim. —
Mason se levantou e se aproximou, sentando na cadeira bem ao
meu lado e se virando na minha direção. — Eu pretendia ficar na
minha, mas não dá, quando você está sempre estranha pra caralho.
Senti meus olhos queimarem e engoli em seco, pensando que
talvez, a melhor opção mesmo fosse sair do programa. Tenho
certeza de que Sidney me substituiria se eu pedisse e ela seria
perfeita para isso.
O jogador me encarava com a testa franzida e o pescoço
brilhando com o suor. Tomei um tempo para observar o lugar onde
estávamos e, assim, conseguir recuperar minha voz habitual, sem
correr o risco de gaguejar. Notei que era uma sala que devia servir
para reuniões do time, pois havia cadeiras enfileiradas de frente para
um telão na parede diante de nós.
— Vai mesmo ficar calada?
— Não — respondi, voltando a olhar Mason. — Vou sair do
programa. Amanhã tentarei falar com alguém do comitê estudantil.
Ele certamente não esperava ouvir isso, pois arregalou os olhos
antes de estreitá-los para mim.
— Por qual motivo?
— Não gosto de futebol americano.
— Não gosto de ginástica artística e não estou reclamando —
declarou. — Acha que está todo mundo feliz com essa maluquice?
Por que pensa que tem o direito de desistir e ser beneficiada quando
outras pessoas também gostariam de ser liberadas do programa?
— Acho que ter sido estuprada aos doze anos por um jogador
de futebol americano me concede esse direito.
Coloquei um sorriso no rosto, porque assim espantava as
lágrimas, então me levantei enquanto Mason permanecia imóvel. Eu
não contava nunca isso para ninguém, mas se tivesse que usar essa
carta na manga para me livrar daquela obrigação, então usaria.
Sabia que no momento em que revelasse a informação, justamente
para alguém como Mason Johnson, a notícia poderia se espalhar
como um vírus por toda a universidade, mas não pensei muito nisso
na hora de abrir a boca.
Só então percebi que estava sem a minha mochila, que deve
ter ficado caída na porta do vestiário quando levei o choque visual.
Portanto, me dirigi para a saída daquela sala e olhei uma última vez
para o jogador, que me encarava boquiaberto.
— Se eu não conseguir a dispensa, volto a te procurar — avisei
e puxei a maçaneta para sair daquele lugar.
Mason Johnson
Precisava consertar aquela rachadura e depois comprar uma
tinta para passar ali em cima e deixar tudo como novo. Era feio pra
caralho e estava me irritando muito nos últimos vinte minutos que
passei deitado olhando para a porra do teto acima da minha cama.
Há quanto tempo a rachadura existia e eu nunca tinha percebido?
— Mason? — Ouvi a voz de Mia e suas batidinhas na minha
porta. — Vou entrar, não esteja pelado.
Apenas baixei os olhos na direção do meu pau, que
descansava dentro do short, então, tudo seguro. Movi a cabeça para
ver minha irmã abrir e fechar a porta do quarto antes de parar aos
pés da minha cama com um sorrisão no rosto.
— Vou dar uma olhada em alguns automóveis hoje à tarde.
Quer ir comigo?
— Que horas?
— Depois da minha hora de almoço — respondeu ela. — Olivia
já me deu a folga.
Assenti, voltando a observar a rachadura.
— Você está bem?
— Sim.
— Tem certeza? Não deveria estar se arrumando pra sair de
casa?
— Já tinha notado essa rachadura? — perguntei, apontando
com o dedo e Mia jogou a cabeça para trás. — Ela não é irritante?
— A casa é velha, Mason... Em quase todas as paredes há
algo assim. Tem certeza de que está tudo bem?
Eu me sentia bem. Tirando o fato de que não tive uma boa noite
de sono porque não parava de pensar numa determinada conversa.
E foi com isso em mente, que eu me sentei no meio da cama e
encarei minha irmã, que estreitou os olhos na minha direção e
apoiou as duas mãos sobre a barriga.
— Uma garota não inventaria que uma coisa muito ruim tenha
acontecido com ela, né?
— O quê? — Mia franziu a testa. — Como assim? Do que está
falando?
Ah, sei lá. Nem eu sabia direito o que estava dizendo e no que
estava me metendo, só queria a opinião de uma pessoa de fora. De
uma mulher, de preferência.
— Eu ouvi uma confissão de algo muito ruim que aconteceu
com uma pessoa e cogitei ser mentira, mas ela não tem cara de ser
alguém que inventaria isso.
— Entendi. É alguma das iludidas que saem com você? —
Minha irmã encolheu os ombros e se aproximou de mim, afagando
minha cabeça. — Pobrezinho, descobriu que algumas mulheres
fingem orgasmo?
Dei um safanão na mão da filha da mãe e pulei da cama,
pegando-a pelos ombros e virando seu corpo na direção da porta do
meu quarto. Mia abafou uma risada enquanto tentava resistir à
expulsão, mas nossos tamanhos eram muito discrepantes e ela
sempre perdia fácil para mim.
— De repente, desisti de pegar conselhos com você, obrigado
— falei, abrindo minha porta e a colocando para fora. — Me mande o
endereço mais tarde e eu apareço pra ver os carros contigo. Chata!
Ela assoprou um beijinho para mim antes de descer as
escadas, feliz da vida por ter me deixado minimamente irritado, e eu
pensei que por muito pouco, tinha gente que saía rolando os
degraus. Balancei a cabeça, frustrado, voltando ao meu quarto e
separando uma roupa antes de ir tomar banho.
Minha cabeça não parou de funcionar em nenhum momento,
pensando o tempo todo naquela frase sinistra que saiu da boca de
Hazel um pouco antes de se despedir de mim. Cada vez que eu
pensava mais nisso, mais tinha certeza de que não era invenção.
Nenhuma garota brincaria com algo tão grave e aquela confissão
meio que se encaixava com algumas de suas reações que eu já
tinha testemunhado.
Convicto disso e da merda enorme que aquilo era, eu não
consegui me reconhecer direito quando parei na porta do ginásio
onde a equipe de ginástica treinava e esperei. Claro que depois de
passar os primeiros doze minutos em pé sem saber se naquela
manhã a garota apareceria por lá, eu comecei a me sentir meio
idiota. Devia ter tentado confirmar os horários dela antes de agir por
impulso e olhei para o copo na minha mão, pensando se jogava no
lixo ou tomava eu mesmo.
Quando me virei de costas para ir até a lata de lixo e partir
rumo à minha primeira aula do dia, que inclusive, já tinha começado,
avistei Hazel caminhando tranquilamente pela calçada, segurando as
alças da mochila pendurada nos ombros, sorridente, tagarelando
com sua amiga Ava.
Quando as duas me viram, estacaram a alguns metros de mim
e eu me aproximei, notando que a outra mocinha me olhava com a
intenção de me estrangular.
— Bom dia, senhoritas. — Sorri e encarei Hazel. — Podemos
conversar?
— Nós temos horário a cumprir — disse Ava, cruzando os
braços.
— Apesar de já ter perdido o meu, não deixarei que perca o seu
— falei, mas sem tirar os olhos de Hazel. — Posso ter um minuto do
seu tempo? A sós?
— Não há segredos entre nós — retrucou a amiga dela,
passando um braço por cima dos ombros da baixinha. — Portanto, o
que tiver pra dizer a Hazel, pode falar na minha frente.
Encarei de forma mais intensa os olhos verdes, tentando
identificar se ela concordava com o que Ava tinha acabado de dizer.
Não havia mesmo nenhum segredo? Porque algo dentro de mim
parecia sentir o contrário, como se aquela confissão do dia anterior,
não fosse dita muitas vezes por aí.
E eu estava certo, afinal de contas, porque Hazel engoliu em
seco e virou o rosto na direção da amiga, tocando sua mão e
sorrindo para ela.
— Eu resolvo, Ava. Pode ficar tranquila. — A ginasta encolheu
os ombros e meneou o queixo para o ginásio. — Entre, irei logo em
seguida.
Lancei um sorriso para a menina que parecia disposta a puxar
meus testículos se Hazel pedisse e acenei para ela quando passou
por mim e seguiu seu destino. À minha frente, a baixinha cruzou os
braços e sustentou o olhar no meu.
— Eu disse que te avisaria se não conseguisse...
— Ser dispensada — completei ao impedir que continuasse sua
fala. — Sim, eu me lembro. Só não acho que deva fazer isso. — O
copo gelado em minha mão me fez acordar um pouco e estiquei o
braço. — Comprei pra você, como uma oferta de paz.
— Não bebo café — respondeu, arqueando uma sobrancelha.
— Obrigada.
— É milk-shake, você tem cara de quem gosta de coisas doces.
E fique tranquila, não coloquei veneno dentro.
A garota estreitou os olhos e pareceu um pouco sem-graça
quando pegou o copo da minha mão, levando o canudo à boca e
experimentando a bebida. Não fez cara feia, o que indicava que tinha
gostado ou, pelo menos, tolerado o sabor. Mas ela apenas deu mais
um gole antes de abaixar o braço ao lado do corpo e voltar a me
encarar.
— Então, agora você vai me tratar bem porque ficou com pena
de mim?
— Não — respondi, alongando um pouco o meu pescoço e
torcendo para não falar nada que soasse babaca. — Só não quero
que saia do programa porque, apesar de me detestar, prefiro lidar
com você do que com alguma de suas amigas que parecem
ansiosas pra arrancar meu pau... pênis. — Merda, cedo demais pra
falar idiotice. — Minha cabeça. — Hazel arqueou a sobrancelha. Ela
ia me matar. — A de cima. Não... Bem, esquece.
A ideia de comprar um milk-shake foi realmente boa, porque
Hazel colocou o canudo mais uma vez na boca, e enquanto ela
sugava a bebida, talvez evitasse me xingar. Eu podia jurar que era
isso que se passava naquela cabeça diabólica enquanto seus olhos
queimavam sobre mim, até que afastou o copo e usou a mão
esquerda para segurar o cotovelo direito, alternando o apoio dos pés.
— Acha que te contei aquilo ontem pra que sentisse pena ou
fosse legal comigo? — A baixinha esboçou um sorriso debochado. —
Nem tudo gira em torno do seu umbigo, Mason. Pensei apenas em
mim, porque sei que vai me fazer mal continuar nesse programa.
— Você... hm... quer conversar sobre isso?
Senti meu rosto esquentar, porque parecia muito estranho me
colocar como confidente de uma garota, se nem mesmo com a
minha irmã eu me sentia tão à vontade para conversar sobre
assuntos íntimos e pessoais. De qualquer forma, por mais que
tivesse medo da resposta, achei que fosse educado perguntar e me
colocar disponível.
A reação de Hazel foi rir. Soltar uma gargalhada alta e fazer
algumas pessoas que passavam por nós, olharem com curiosidade
antes de continuarem seus caminhos.
— Sério? — perguntou a garota. — Acha que quero me abrir
com você? O pegador Mason Johnson? Hum, não, obrigada. É para
isso que eu pago a minha psicóloga.
Graças a Deus!
— Ok, certo. — Pigarreei, olhando rapidamente o horário em
meu relógio de pulso. — Mas você não querer mais participar do Unit
tem a ver com a gente? Jogadores de futebol americano? Porque se
for só isso, você não precisa ficar a sós com nenhum deles. Aquilo
ontem só aconteceu porque nos desencontramos. Mesmo assim,
ninguém ali faria mal a você.
Ouvi uma risada baixinha que ela não fez questão de esconder.
— Claro.
— Tudo bem, mas falo por mim. — Levei a mão ao peito. —
Não sou tão babaca assim. Não a deixarei sozinha quando
estivermos lá.
— E por que eu confiaria em você?
— Porque eu sou incrível — respondi, sorrindo e ignorando seu
olhar de descaso. — O fato de ter facilidade em dormir com várias
mulheres não faz de mim um filho da puta que não as respeita.
— Mason, eu preciso entrar. — Hazel tentou passar por mim,
mas me coloquei em seu caminho para impedi-la.
— Saia comigo.
— Oi? — Aquele pedido faria garotas arrancarem suas
calcinhas, mas Hazel me olhou como se visse um fantasma.
— Não do jeito que parece — expliquei, erguendo minhas
mãos. — Saia apenas... fora desse ambiente do campus. Você já
conheceu minha irmã, certo? Por que a gente não faz algum
programa diferente? Algo que não tenha relação com o Unit? Sei lá,
pra você me conhecer melhor e pegar confiança em mim.
— Não tem lógica nenhuma — respondeu, arqueando a
sobrancelha. — Por que você simplesmente não aceita que eu peça
dispensa?
— Porque eu detesto desistir de algo e detesto que outras
pessoas sejam fracas a esse ponto.
Hazel abriu e fechou a boca, soltando um suspiro logo em
seguida.
— Está livre depois do almoço? Vou com minha irmã escolher
nosso novo carro. Quer me acompanhar?
— Tenho uma palestra pra assistir às três e meia — disse ela,
quase se dando por vencida.
— Estará de volta a tempo, prometo.
A garota ficou pensativa e passou a língua pelo lábio inferior,
mas não de um jeito sensual que me deixaria de pau duro. Acho que
ela sequer se preocupava em parecer atraente diante de mim, já que
me detestava. Mesmo assim, eu me flagrei observando a ponta da
língua que fazia o caminho de um lado para o outro, até que tocasse
o centro do lábio superior e sumisse dentro da boca, que formou um
bico em seguida.
— Tudo bem — concluiu, fazendo parecer que aquelas
pequenas palavras pesavam uma tonelada.
— Você não vai se arrepender — respondi, sorrindo e recuando
alguns passos para seguir meu caminho. — A gente combina por
mensagem. Boas piruetas!
Ignorei que Hazel tenha franzido a testa numa careta e me virei
de costas, satisfeito com aquela pequena, mas muito importante,
vitória.
Hazel Mackenzie
Estava sentindo um pouco o meu tornozelo direito e sabia que
teria que ficar mais tempo do que o habitual na fisioterapia, que era
meio que uma das maiores aliadas de um ginasta. Principalmente
depois de passar as últimas horas concentradas em treinar alguns
movimentos, como o Dos Santos[10], que exigia muito da musculatura
e me deixava exausta. Por isso mesmo, enviei uma mensagem de
texto para Mason, quando ele marcou o horário comigo, e
desmarquei aquele encontro estranho.
Tomei um banho rápido, vesti meu jeans e um casaco leve,
enfiando meus fones nos ouvidos e dando play no telefone, que
começou a tocar “Anti-Hero” da Taylor Swift. Eu me apressei pelo
final do corredor quando vi que Sidney estava caminhando de
costas, e pulei com meus braços ao redor dos ombros dela, pegando
minha amiga de surpresa.
— Até parece que eu não sei quem é — murmurou, se
libertando de mim e sorrindo ao se virar. — Está indo pra casa?
Pausei a música que tocava em meus fones, mas não os tirei
enquanto conversava com ela.
— Tenho um tempinho livre pelas próximas horas — respondi,
prendendo o braço dela no meu. — Vamos fazer algo interessante?
— Sabe que nunca digo não pra você, mas hoje não dá porque
preciso terminar um trabalho pra amanhã.
Fiz uma careta de frustração, mas eu a entendia e sabia que os
estudos sempre vinham em primeiro lugar. Nós caminhamos juntas
para fora do prédio, enquanto discutíamos sobre um filme que
desejávamos assistir no cinema e tentávamos chegar a um horário e
dia em comum para marcarmos, quando Sid me cutucou na altura
das costelas e me fez olhar para o lado. No mesmo lugar onde o
encontrei de manhã, avistei Mason parado, com ambas as mãos nos
bolsos do agasalho do Bruins e, apesar dos óculos escuros, sabia
que olhava em minha direção.
— Ele começou a perseguir você? — perguntou minha amiga.
— Acho que não. — Suspirei, querendo espantá-lo dali. — Ele
me chamou para sair e eu desmarquei.
— Para sair? — Sidney parou de andar e se virou para mim,
arregalando os olhos. — E você cogitou aceitar? Não sei se fico feliz
por ver uma evolução acontecendo ou se me preocupo por ser
justamente com o cafajeste da UCLA.
— Um dos — consertei. — Um dos cafajestes. Ele não é o
único, né?
Minha amiga levou a mão ao peito e recuou um passo, toda
exagerada.
— E ela agora o defende — falou como se eu não estivesse
bem na sua frente. — Meu Deus, o mundo está louco!
— Não estou defendendo. — Ri, dando um tapa na bunda de
Sidney quando a abracei apertado. — Finja que precisa muito da
minha ajuda para esta tarde.
— Mas ele te chamou para fazer o quê?
— Acho que... ver carros pra comprar. Algo assim. — Quando
soltei minha amiga, aproximei minha boca de sua orelha. — Eu
contei a ele sobre meu passado.
Sidney estava pronta para retrucar minha confissão quando
Mason desistiu de esperar e parou ao nosso lado, com o rosto
claramente virado na minha direção. O filho da mãe era muito bonito
e sabia disso, tanto que usava sua aparência a seu favor, dando
aqueles sorrisos de quem não valia nem mesmo uma nota falsa.
— Pronta para irmos? — questionou ele.
— Eu desmarquei com você — respondi, pensando em conferir
no celular, se ele tinha recebido a mensagem.
— Blá-blá-blá. — Mason revirou os olhos. — Eu vi e não
aceitei. É tudo desculpa. Na verdade, acho que é só medrosa
mesmo e não tem muita coragem de interagir com as pessoas. — O
idiota virou a cabeça para Sidney e levou a mão ao peito ao se
inclinar. — Depois falam de mim, sabe? Mas estou aqui tentando ser
legal e me desculpar pelas merdas que fiz, mas a Hazel é meio
teimosa e chata.
— Não é bem assim. Vou ter que ajudar a Sid a fazer umas
pesquisas para um de seus trabalhos e...
— Eu posso me virar sozinha, amiga — respondeu a traíra,
coisa que eu jamais esperava que fizesse. — Pode ir para o seu
encontro.
— Não é um encontro. — Nisso, pelo visto, tanto eu quanto
Mason concordávamos, considerando que falamos ao mesmo
tempo.
Mesmo assim, o que Sidney estava pensando ao fazer aquilo
comigo? Ela sabia que eu não ia muito com a cara do rapaz e
tentava fugir dele, então por que me desmentiu e me jogou na cova
do leão?
Arregalei meus olhos para ela, que apenas sorriu e ajeitou os
cabelos antes de se curvar e beijar meu rosto para se despedir.
— Sei lá, agora ele me passou confiança. Vai viver um pouco
— sussurrou antes de se afastar e acenar para Mason. — Cuida bem
da minha amiga ou eu te mato.
Encarei as costas de Sidney, que caminhava na direção que ela
sempre tomava ao ir para seu dormitório e, aos poucos, girei o corpo
para olhar o jogador ao meu lado. Me incomodava bastante os
óculos escuros e eu até temi ter falado isso em voz alta, porque
Mason os empurrou para cima e os prendeu nos cabelos
bagunçados.
— Parece que agora você não pode mais dar nenhuma outra
desculpa — murmurou, sorrindo e olhando no relógio. — Podemos
ir? Vamos pegar ônibus, espero que não tenha nenhum problema
com isso.
— Não nasci rica, sei o que é andar de transporte público.
— Temos algo em comum, que maravilha, Hazel! — Senti a
ironia em sua voz e revirei meus olhos quando comecei a caminhar
ao seu lado. — Acho ótimo termos experiências para compartilhar.
Dito isso, ele simplesmente arrancou um dos meus fones do
meu ouvido direito e o enfiou no dele como se tivesse alguma
intimidade comigo para fazer aquilo. Quis dar um tapa em suas
costas, mas Mason começou a correr em direção ao ponto de ônibus
mais próximo.
— Temos que pegar aquele que está chegando! — avisou, me
obrigando a segui-lo na correria para não ficar pra trás.
Até deixei para pedir meu fone de volta depois, ocupando-me
de apressar meus passos porque o coletivo já estava parado no
ponto e uma pessoa havia descido. Mason o alcançou primeiro,
subindo os degraus e esperando por mim, que cheguei esbaforida e
com vontade de matar o garoto.
— Não sabia que corria tão devagar — murmurou quando me
juntei a ele.
— Minha perna é metade da sua, babaca.
Ele gargalhou quando passamos pelo motorista e notamos que
o ônibus estava um pouco cheio, com todos os assentos ocupados.
Ou quase todos, porque vimos que havia uma única poltrona, da
fileira individual mais ao fundo, que ainda encontrava-se vazia. Nos
movemos até lá e paramos os dois diante dela, até que Mason me
encarou.
— Pode sentar.
— Estou bem aqui — respondi, sem nem saber o motivo.
Ele arqueou uma sobrancelha e eu também estranhei minha
recusa. Talvez apenas não quisesse dar o braço a torcer e aceitar
qualquer que fosse seu gesto de cavalheirismo. Sendo assim, ele
não se fez de rogado e ocupou o lugar depois de dar de ombros, me
lançando um sorriso provocante.
— Seus fones servem apenas de enfeite ou você vai colocar
alguma música pra tocar? — questionou, virando o rosto na direção
da janela e abaixando novamente os óculos escuros. — Temos uma
viagem de uns quinze minutos pra curtir.
Suspirei, usando uma mão para me segurar quando o
transporte entrou em movimento e mexi no meu celular com a que
ficou livre, dando play em “SNAP”, da Rosa Linn.
Tentei ignorar que estava a caminho de um programa inusitado
pelo qual eu não me interessaria, com um garoto que não
acrescentava nada na minha vida, prestes a perder um tempo que
poderia ser precioso para outras coisas. Ainda tinha a questão da
irmã de Mason, que estaria presente e eu não sabia o que pensaria
ao nos ver juntos. Se fosse eu vendo a situação de fora, poderia me
equivocar e pensar que se tratava de duas pessoas se relacionando
e passando um tempo juntos. E eu, definitivamente, não gostaria que
pensassem isso justo de mim e Mason.
Devia ter inventado uma desculpa convincente quando Sidney
me sabotou, mas era tarde demais para pensar nisso. Minha atenção
foi toda desviada à freada brusca que o motorista deu e que fez meu
corpo ser lançado para a frente do corredor livre. Precisei apertar
firme meus dedos ao redor do ferro onde me segurava, e quando a
lei da física me jogou de volta para trás, a maneira como me
desequilibrei fez com que caísse exatamente sobre o colo do
jogador.
Achava que esse tipo de situação só acontecia em filmes e
seriados, mas ali estava eu, muito patética, estatelada no colo de um
quase estranho. Depressa, virei meu rosto na direção dele e encarei
seus óculos escuros.
— Nem tente! — avisei, dando um tapa em sua testa. —
Guarde qualquer piada para si mesmo.
— Sequer tive tempo de pensar em algo antes de apanhar —
murmurou enquanto eu me levantava e recolhia minha dignidade. —
Sabe, eu ofereci o lugar. Se caiu e passou vexame, a culpa é
totalmente sua.
Meu coração tinha acelerado mais do que deveria. Parecia tão
agitado quanto nos dias de competição, quando eu precisava pular e
girar no ar, podendo cair e sofrer um acidente a qualquer momento.
Naquele caso específico, acho que a condição para me deixar
nervosa daquele jeito foi o fato de ter tido mais contato do que
gostaria com o jogador.
Procurei disfarçar que tinha ficado com vergonha e mexi no
meu celular, segurando com mais firmeza no suporte e movendo um
pouco meu pé direito de forma que me sustentasse melhor. No
entanto, Mason se levantou, olhando-me de perto e fazendo uma
leve pressão no meu ombro.
— Sente-se logo e deixe de frescura. — Ele sorriu. — Se negar
mais uma vez, vou achar que prefere meu colo.
Suspirei, resignada, mas achei melhor obedecer. Ajeitei meu
fone que estava quase caindo e me sentei de uma vez. Virei o rosto
para observar tudo pela janela e evitar notar qualquer outra coisa,
considerando que ele estava de pé e perto demais de mim.
Não demorou para que um grupo de estudantes entrasse no
ônibus e reconhecessem o famoso jogador do Bruins, se
aproximando para tietar Mason, que já se achava muito sem precisar
disso. Procurei ignorar toda a atenção que ele recebia e a conversa
animada que rolava, mas era até difícil não observar a forma como
uma das meninas parecia ansiosa para se jogar em cima dele. Como
podia ser tão fácil para o filho da mãe? Ele realmente tinha quem
quisesse, a hora que quisesse?
Por fim, antes do grupo descer, a garota conseguiu fazer com
que Mason anotasse o número dela, sem se incomodar em ser
apenas mais um nome naquela agenda de contatos que devia ser
formada em noventa por cento por mulheres.
— Vamos saltar no próximo ponto — avisou ele, quase me
dando um susto ao falar perto do meu ouvido. — Por que está com
essa cara mais azeda do que nunca? Ficou com ciúmes?
— O quê? — Eu me levantei quando chegou nossa vez de
descer e flagrei seu sorrisinho. — Você ficou louco? Por que eu teria
ciúmes?
— Não sei, talvez você seja possessiva. — Ele deu de ombros,
me irritando. — Tenho amigas que são assim.
— Você tem amigas? Mulheres? — Soltei uma gargalhada
enquanto caminhávamos pela calçada. — Isso me surpreende muito,
considerando que deve ter pegado todas elas em algum momento.
— Claro. Do sexo às belas amizades. — De repente, ele parou
de andar e coçou a nuca, arregalando os olhos. — Quer dizer... é...
esquece o que eu disse.
Mason colocou um sorriso sem-graça no rosto e enfiou as mãos
nos bolsos, voltando a caminhar com uma expressão de quem
parecia arrependido por alguma coisa. A constatação disso me fez
soltar um suspiro cansado e apressei meus passos para alcançar o
idiota e dar um soco nas suas costas. Nada que o machucasse,
claro, porque eu não tinha esse poder.
Quando o garoto se virou, surpreso, eu pensei em lhe dar outro
soco, mas parei e me controlei.
— Sabia que estava com pena de mim. É a segunda vez que
fica estranho por dizer certas coisas.
Puxei o ar pelo nariz, evitando proferir os xingamentos que me
vieram à mente. Eu detestava aquele tipo de atitude, que felizmente
quase não testemunhava mais porque eram pouquíssimas as
pessoas do meu novo círculo social que sabiam sobre o meu
passado. Porém, quando era mais nova e ainda morava em Dayton,
minha vida era um saco porque muita gente sabia do que tinha
acontecido e me tratava como uma pobre coitada.
— Mas não sinto pena nenhuma — disse Mason, tirando os
óculos escuros e encolhendo os ombros. — Ok, desculpe. Só acho
que não sei o que posso ou não falar perto de você.
— Eu te acho irritante independente das asneiras que fale —
avisei, ajeitando minha mochila no ombro. — O que sair da sua boca,
que eu sei que é suja, não vai mudar nada. Pode parecer
surpreendente pra você, mas eu consigo sobreviver mesmo que
ouça palavras com cunho sexual. Impressionante, não é?
Mason suspirou e assentiu, parecendo não saber o que dizer e
isso sim era incrível. Queria que aquele cenário com ele totalmente
mudo se repetisse mais umas vinte vezes naquela tarde, se eu
desse muita sorte.
Infelizmente, assim que chegamos à agência onde ele tinha
marcado com a irmã, o jogador não se calou mais enquanto conferia
os carros expostos e tecia elogios a cada um, além de ter decidido
que precisava narrar — em detalhes — o que significava a sigla de
cada motor, a história por trás de cada modelo e ano de fabricação e
o que seria esperado do desempenho de cada um. Nem mesmo Mia
parecia aguentá-lo, porque estava bem claro que a garota só se
importava mesmo com a cor do automóvel e o valor que ele custaria.
Mason Johnson
O carro que eu queria era um clássico Corvette lindo, pretinho,
com a lataria brilhando e chamando por mim, mas o carro que Mia e
eu fechamos a compra foi um Nissan 2016, branco sem nenhuma
graça, que não tinha sequer um teto panorâmico. Eu já devia
imaginar que o ideal dela era bem diferente do meu, mas cheguei
mesmo a me iludir ao pensar que gastaríamos uma fortuna
comprando um automóvel incrível e com cheiro de novo.
Quem parecia ter se divertido às custas da minha frustração foi
Hazel, que não tirou o sorrisinho do rosto desde o momento em que
fechamos negócio, mesmo que eu continuasse olhando na direção
do Corvette.
A garota tinha demonstrado não entender nada de carro
enquanto eu explicava algumas coisas sobre os modelos que
estávamos olhando, e depois de um tempo eu nem me importei que
tivesse preferido conversar com minha irmã a me acompanhar na
verificação de algumas daquelas máquinas impressionantes.
Quando saímos da loja com a promessa de que o carro estaria
liberado na próxima semana, nos despedimos de Mia para voltarmos
até o campus. Sabia que Hazel tinha uma palestra para assistir, mas
enquanto caminhávamos até o ponto, percebi que ainda havia tempo
de sobra até o compromisso dela.
— Vamos comer alguma coisa? — perguntei.
A garota rapidamente conferiu as horas no celular antes de
balançar a cabeça em afirmação, então puxei a manga de seu
casaco para atravessar a rua com ela. Ali do outro lado havia um
pequeno shopping que tinha uma hamburgueria famosa e eu estava
louco por uma carne suculenta.
— Alguns amigos já vieram aqui e disseram que os sanduíches
são ótimos — avisei quando empurrei a porta e a deixei entrar
primeiro.
— Tomara que eles não tenham gostos duvidosos — debochou
Hazel, escolhendo logo uma mesa perto da parede.
Sorri, controlando-me para não revirar os olhos. A garota não
apenas gostava de implicar comigo, também parecia dirigir o mesmo
tratamento aos meus amigos, talvez pelo simples fato de serem
próximos a mim, seu inimigo número um.
Sentei-me na cadeira de frente para ela e peguei o cardápio de
plástico quando fez o mesmo. Tinham muitas opções disponíveis,
mas ela até que foi bem rápida ao soltar o objeto e me encarar.
— Quero um desse T-Rex Premium — murmurou, apoiando as
mãos na mesa. — Você vai pagar, né? Espero que sim. Mas tem
duas pessoas na fila, tente não passar na frente de ninguém.
— Posso pagar — respondi, largando o cardápio e me
levantando sem desviar meus olhos da atrevida. — Vou considerar
como um gasto por causa do Unit.
A filha da mãe ergueu o polegar para mim, com uma cara
debochada, antes que eu me dirigisse à fila do caixa. Eu merecia um
troféu pela paciência que estava tendo para lidar com ela, porque era
mesmo uma situação completamente adversa às que eu costumava
encarar.
Enquanto esperava, conferi meu celular quando ouvi o barulho
de uma notificação e li as mensagens que tinham chegado no grupo
que compartilhava com meus amigos. Estavam marcando de ir a
uma festa na fraternidade Sigma Pi amanhã, já que no sábado não
jogaríamos em casa e não poderíamos comemorar caso a vitória
fosse nossa.
•
O sorriso alcançou meus lábios automaticamente, bastou
colocar meus olhos sobre a baixinha que se aproximava. Era início
da tarde e o treino começaria em alguns minutos, então aguardei por
ela na entrada como tínhamos combinado. Hazel vestia um shortinho
jeans mais curto do que eu gostaria de ver e um casaco de moletom
com as iniciais da universidade. A garota ficou nas pontas dos pés
quando parou perto de mim e eu me inclinei para lhe dar um selinho.
— Oi — murmurou, lindinha.
— Senti saudades. — Ela riu e revirou os olhos, prendendo os
dedos na minha camisa. — Está pronta pra entrar? Acha que vai se
sentir bem?
— Estando com você, sim — respondeu, me dando a mão
quando estiquei a minha. — Tive uma reação ruim naquele dia
porque não devia ter entrado no vestiário. Foi sem querer.
Assenti, caminhando com ela pela portaria do prédio principal e
passando para o corredor interno, que nos daria passagem ao
campo de treinamento do Bruins. A maioria dos jogadores já estava
por ali, se aquecendo ou conversando, e percebi que a ginasta ficou
apreensiva quando nos aproximamos mais.
— Prometa pra mim que vai me chamar caso se sinta mal e
queira ir embora — pedi, me dirigindo ao lado onde ficavam os
bancos.
— Não posso atrapalhar seu treino.
— Claro que pode. — Puxei sua mão e a grudei em meu corpo,
deixando um beijo em sua testa. — Você é minha prioridade. Mesmo
que tenha aparecido justo aqui com essas pernas de fora desse jeito,
talvez com a intenção de me causar um infarto.
— Quê? — Hazel jogou a cabeça para trás e riu. — É só um
short. Acabei de sair do meu treino, podia ter vindo só de collant.
— Aí eu sequer conseguiria treinar — declarei, soltando-a e me
afastando depois de beijar suas mãos. — Fique sentadinha e se
divirta.
— Ok, camisa vinte e dois.
Pisquei para ela, sentindo meu ego inflado porque minha garota
me veria treinar, e corri na direção do time de ataque que estava se
reunindo no centro do campo. Forcei-me a me desconectar um
pouco de sua presença ali, porque era um momento sério,
considerando que nosso treinador estava puto com o resultado do
último jogo.
Entretanto, meu coração acelerou em todas as vezes em que
olhei na direção de Hazel e a vi com sua máquina fotográfica nas
mãos, concentrada em tirar fotos do que acontecia ali. No final do
treino, ainda tive a ideia de puxar Noah, Josh e Bryan e fazermos
uma pose engraçada para que a ginasta registrasse o momento.
Corri até o banco onde ela estava sozinha e me agachei na sua
frente, apoiando minhas mãos nos joelhos branquelos e, como
parecia tranquila, cruzei meus braços sobre a região.
— Eu sou muito gostoso em campo, não sou?
— A sua bunda fica bonita nessa calça — a filha da mãe
comentou, rindo e me surpreendendo. — Ops.
Eu me permiti sorrir e fechei os olhos quando seus dedos
tocaram meus cabelos suados. Hazel os deslizou até minhas orelhas
e desceu até meu pescoço, me causando um arrepio delicioso.
— Adorava ver meu irmão de uniforme, ele era louco pelo
esporte — murmurou, me fazendo abrir os olhos. — Você ama o
futebol?
— Sim, não me vejo fazendo outra coisa.
— Então, almeja a NFL, não é?
— Sim — respondi, vendo seu sorriso bobo. — E você? Como
funciona com a ginástica? Acho que rola seleção para as
Olimpíadas, certo?
— Ah, eu perdi meu momento de entrar pra elite. Sidney
chegou a competir pela seleção americana, mas foi bem na época
em que tudo aconteceu e essa janela se fechou pra mim. — Eu não
fazia ideia, era mais um motivo para me fazer odiar um filho da puta
que já estava morto. — Fiquei mais de um ano sem praticar, mas foi
justamente a saudade e o amor pela ginástica, que me resgataram
de uma depressão. Focar no esporte e ter o apoio dos meus
treinadores, era o que me dava forças pra levantar todos os dias e
querer seguir minha vida. Mas eu já tinha perdido a prática, o calor, e
a idade ideal para me preparar pra elite.
— Mas você é incrível, eu vi com esses meus olhos.
— Precisa ser bem mais que incrível pra entrar pra elite. —
Hazel deu de ombros. — Mas não me importo, de verdade. Hoje
estou onde quero. Participo de competições, estudo algo pelo qual
me interesso, consigo ter uma vida social, tudo na proporção ideal.
— Os olhos dela se arregalaram. — Inclusive, minha primeira
competição dessa temporada vai acontecer no final de março, e os
regionais caem sempre aos sábados.
Processei rápido aquela informação e quis morrer, porque isso
significava que, talvez, eu nunca conseguisse assisti-la
pessoalmente. Não podia ser verdade, tinha que existir uma forma
de driblar nossas agendas conflitantes.
— Não vou deixar de assistir, darei um jeito — comentei, me
levantando e segurando sua mão. — Vamos? Preciso trocar de
roupa, mas vou pegar a chave do carro no vestiário e te dou pra você
me esperar lá.
— Mas não posso passar mais tempo com você — Hazel disse,
apertando meus dedos enquanto eu nos levava para dentro do
prédio. — Marquei de ir comer pizza com minhas amigas.
— Não quer que eu a leve até o dormitório? — perguntei,
passando meu braço pela cinturinha fina. — Troco de roupa
rapidinho, prometo.
— Não precisa, Mason. — A ginasta franziu os lábios e passou
os olhos pelo meu corpo. — A não ser que queira vir conosco.
Não esperava pelo convite e me senti muito importante ao
recebê-lo. A surpresa foi tão grande que até parei de andar e encarei
Hazel, que tinha prendido o lábio entre os dentes e talvez tenha
entendido meu silêncio da forma errada, pois soltou minha mão e
ajeitou os cabelos, nervosa.
— Não precisa aceitar, só se quiser mesmo. Eu não me
importaria, mas sei que talvez seja cedo pra fazer esse tipo de
programa e...
— É lógico que eu quero — respondi, colocando meu indicador
sobre aqueles lábios que não paravam de falar. — Então, vou tomar
um banho rápido. Você me espera no carro?
Hazel concordou e pegou a chave que entreguei a ela, antes de
correr de volta para o vestiário e me arrumar para o nosso provável
primeiro encontrinho, mesmo que fosse na companhia de suas
amigas. Eu me sentia extremamente empolgado com isso, quase
como um adolescente, desejei até ter levado um perfume dentro da
mochila, só para ficar ainda mais irresistível do que já era.
Hazel Mackenzie
Enquanto Mason observava meu quarto minúsculo, eu pensava
se tinha feito a coisa certa. Ava ainda não tinha chegado e o jogador
estava sozinho comigo, parecendo grande demais para ocupar
nosso dormitório. Naquele momento, inclusive, estava inclinado
sobre o suporte onde eu pendurava minhas medalhas, conferindo
uma por uma, todo orgulhoso.
— Fique à vontade — falei, apesar de não ser possível ele ficar
mais do que já estava. — Vou tomar banho.
Mason assentiu e se sentou na minha cama quando seu celular
tocou e ele parou para atender. Aproveitei para me trancar no
banheiro e corri para tomar o banho mais rápido da minha vida
porque não queria que Ava chegasse e o encontrasse sozinho ali.
Tinha medo de qual seria a conversa bizarra que os dois teriam na
minha ausência, então nem mesmo parei para lavar os cabelos.
O problema é que depois que terminei e fechei o chuveiro, me
enrolei na toalha e saí do box, percebendo que não tinha trazido
nenhuma roupa comigo. Do lado de fora, podia ouvir a voz alta de
Mason, que conversava no telefone, e pensei se ele chegaria a notar
minha presença, se eu voltasse discretamente para o quarto e
abrisse meu armário para escolher o que vestir. Provavelmente sim,
considerando que o quarto era um ovo de tão pequeno.
Apertei o nó o mais forte que consegui e girei a maçaneta
devagar, primeiro, colocando apenas a cabeça para fora e
observando o jogador. Mason estava sentado de costas para a porta
do banheiro, muito entretido em sua conversa, e meu guarda-roupas
ficava bem ali do lado da cama.
Então, eu saí e arrisquei, mas não fui tão silenciosa ao fechar a
porta e o barulho fez com que ele se virasse.
— Então nós podem... — Mason congelou com a boca aberta e
ficou uns segundos assim. — Ah... Eu... te ligo depois, Mia.
Dei um sorrisinho para ele e me movi na direção do meu
armário, tentando fingir que não estava notando sua presença no
quarto, mas sentindo seu olhar queimar sobre mim.
— O que está fazendo?
— Esqueci minha roupa — respondi. — Não estou acostumada
a receber visitas.
— Neste exato momento, eu estou sofrendo mais do que se
tivesse levado um tiro no peito. Talvez assim você entenda o quão
desesperador é ter que olhar você de toalha.
Fechei os olhos e abafei uma risada antes de encarar meus
cabides.
— Você não está ajudando — falei, de costas para ele. — Só
preciso de uma roupa... E calcinha.
Levei um susto com a forma brusca que Mason se levantou da
minha cama, e me surpreendi quando o camisa vinte e dois saiu do
quarto, batendo a porta com força. Meu rosto estava quente, mas
não consegui não achar graça do que estava acontecendo, porque
ele sempre tinha sido extremamente controlado perto de mim.
Aproveitando que fiquei sozinha, deslizei logo uma calcinha
qualquer por baixo da toalha e me senti mais confortável para
escolher a roupa. Puxei uma calça jeans e a joguei na cama, depois
procurei a blusa ideal.
— Posso entrar?
— Claro! — respondi e Mason retornou, estreitando os olhos
quando viu que eu ainda estava de toalha. — Pelo menos, coloquei a
calcinha.
— Tenho cada vez mais certeza de que gosto muito de você —
murmurou ele, esfregando o pescoço com um olhar de cachorro
abandonado. — Porque não tem noção do quanto eu queria te
agarrar agora...
Encarei minha roupa sobre o colchão e a empurrei um
pouquinho de lado, subindo na cama com cuidado e ficando de pé
ali, enquanto olhava para Mason.
— Defina agarrar — pedi, esticando minhas mãos. — Pode se
aproximar, não tem problema.
Ele veio, meio receoso, o que era bem fofo, e parou diante de
mim. Seu rosto estava quase na altura dos meus seios e eu me senti
nervosa quando Mason envolveu meu corpo com os braços e me
encarou, me puxando para mais perto. Passei meus dedos pelos
cabelos úmidos dele e o beijei na testa, como gostava de fazer
comigo.
Soltei meu peso nos braços dele, deixei que me amparasse por
completo, e deitei minha cabeça em seu ombro. Estava cheiroso do
banho, usando uma camisa branca que contrastava com seu
bronzeado e um cordão que ele raramente tirava.
— Adoro os seus abraços — murmurei, respirando devagar e
deslizando minhas mãos em suas costas. — É tão bom...
— Posso te abraçar quantas vezes desejar. — Mason apertou
mais a minha cintura e capturou minha boca quando ergui meu rosto.
Não tinha sido assim com o cara da festa, nem de longe. A
forma como nossos lábios se encaixavam parecia mágica e eu
amava o sabor dele, a maneira como sua língua me tocava e a
paciência que tinha com cada nova experiência minha. Tudo bem, eu
não tinha como me sentir mais apaixonada.
— O que você faria se eu não fosse eu? — perguntei, curiosa.
— Como assim?
— Se neste exato momento, eu não possuísse toda a bagagem
que você conhece. — Ele estreitou os olhos e eu sorri. — O que
Mason Johnson faria? Eu deixo que escolha uma coisa e a faça.
Me senti animada e corajosa quando vi a expressão de choque
em seu semblante, então seus olhos percorreram meu corpo com
velocidade antes de voltarem a me encarar, ainda aturdido.
— Está falando sério? — Ele riu. — Isso é muito abrangente.
— Confio em você. — Fechei os olhos e apoiei minhas mãos
em seus ombros. — Sei que não fará nada muito absurdo.
Senti as mãos de Mason alisarem meus braços até os ombros,
e ele me puxar um pouco para me beijar. Foi lento, gostoso, bem
íntimo. Sua boca apertou meus lábios com cuidado, seus dentes
roçaram minha pele, e sua língua tocou a minha numa dança sem
nenhuma pressa.
— Tem uma coisa que eu amo... e a sua é linda — murmurou,
me deixando com um frio na barriga e o coração disparado. — E eu
vou tocar, mas pode me empurrar se não curtir, ok?
Assenti, engolindo em seco e esperando. Não queria abrir os
olhos, porque queria que todos os meus sentidos estivessem
ativados naquele momento. Então, pude sentir as mãos de Josh
voltarem para as minhas costas e descerem um pouco mais, até
chegarem na minha bunda. Estavam tocando o tecido da toalha e
mesmo assim, eu conseguia sentir a pressão que exerciam ali na
região.
Sua boca capturou a minha novamente, e o movimento dos
nossos lábios combinava com o ritmo que Mason usava para deslizar
mais seus dedos. Quando encontrou a barra da toalha, retesei sem
querer e isso o fez parar.
— Abra os olhos, Hazel.
Apertei minhas mãos contra os ombros dele quando senti meus
dedos tremerem, porque não queria que notasse. Ao abrir meus
olhos, encontrei Mason me encarando, com os dentes mordiscando
o lábio inferior num sorriso safado, até que me deu um selinho.
— Como se sente?
— Bem — respondi, sorrindo. — Nervosa, mas pode continuar.
— Não funciona assim, baixinha. Quero que aproveite e se
sinta relaxada quando eu te tocar. — Mason passou os braços por
baixo da minha bunda e me pegou no colo, andando comigo para
longe da cama. — Prefiro me sentir ansioso e sofrer um pouco mais,
do que saber que está nervosa por algo que estou fazendo.
Ele me colocou no chão e pegou minha roupa em cima da
cama, colocando-a nos meus braços e dando uma piscadinha. Não
era possível que aquela versão de Mason realmente existisse.
— Vai se arrumar logo — pediu, dando um tapa na minha
bunda e sorrindo quando o encarei, chocada. — Viu? Agora que
liberou, quando você menos esperar, estará recebendo umas
apalpadas.
Hazel: Sei o que está pensando. Não volte pra cá, por favor.
Quero só curtir esse momento sozinha,
já foram muitas emoções por hoje.
Hazel: Idiota!
FIM
Espero que tenha gostado o suficiente do livro para chegar até
aqui! Então, se gostou, que tal expor sua opinião para que outros
leitores possam se interessar pela história? É rapidinho, basta
deixar uma avaliação na Amazon em poucas palavras (ou muitas,
depende da sua inspiração) e eu vou ficar extremamente feliz
quando ler. Muita gente não sabe como a avaliação é importante
tanto para conquistar novos leitores como para incentivar a nós,
autores, escrevermos sempre mais.
Se você não curtiu o livro, tudo bem, acontece! Vou torcer para
que em outro momento encontre algum trabalho meu que te
conquiste para podermos mudar essa impressão ruim, ok?
Se encontrou algum erro de revisão durante a leitura, pode
reportar à Amazon que eles sinalizarão para que eu conserte. Ou
pode me procurar pelas redes sociais e falar diretamente comigo, eu
não mordo e sou muito tranquila com isso.
Obrigada!
Este livro me pegou de jeito. Finalizo ele agora, com o coração
pesado de saudade, porque Mason e Hazel se tornaram um dos
meus casais favoritos de escrever. O “jogador” me surpreendeu
tanto ao longo da história, tomando um caminho bastante diferente
do que eu tinha pensado para ele. Mason, o tempo todo, só estava
esperando para conhecer sua baixinha. E eu espero que você, leitor,
tenha amado cada detalhe da história de vida dos dois.
Agradeço a Deus por me possibilitar concluir mais um trabalho e
me fazer tirar foco e força que nem eu sei de onde vem.
Obrigada, minhas parceiras lindas, por terem panfletado sem
parar e apresentado esse casal por aí, vocês arrasaram muito!
Minhas betas, Geisa e Lary, que surtaram comigo a cada capítulo
e me xingaram enquanto esperavam os próximos, amo vocês!
Raquel, minha revisora, que sempre vai dormir de madrugada
nas vésperas dos meus lançamentos, já que sou a louca do prazo,
obrigada!
Família, obrigada pela torcida por cada um desses livros, pela
apreensão, pela comemoração, e por me levarem adiante todos os
dias.
Leitores, meus calos fofos do coração, eu amo vocês. Obrigada
por me apoiarem em cada coisa que decido fazer. Por esperarem
ansiosos por cada lançamento, por divulgarem, por amarem meus
personagens e os levarem para dentro de seus corações.
Beijo da Kel!
Estou tentando descobrir até hoje. Incrível, não é? Mas a vida
é assim mesmo, uma constante evolução, mudanças e mais
mudanças, cicatrizes que vão formando nossa história e sonhos que
vão se renovando.
Eu comecei a escrever em 2008, quando me tornei uma fã
obcecada por Crepúsculo e passei a frequentar muitas comunidades
no Orkut (pois é, olha a idade aparecendo). Não demorou para que
decidisse me aventurar pelo universo das fanfics e tomei coragem
para criar as minhas, até que me vi ganhando certa relevância
naquela rede social e me animei a escrever as minhas próprias
histórias.
Foi daí que surgiu Fortaleza Negra, o primeiro livro que
publiquei por uma editora tradicional. Inicialmente, era para ser uma
trilogia e só existia em formato físico, mas no meio do caminho eu
descobri o mundo dos livros digitais e me apaixonei. Passei algum
tempo trabalhando exclusivamente com literatura fantástica, até que
decidi me arriscar um pouco pelo mundo dos romances. Foi um
caminho sem volta e hoje não me vejo parando de escrever o
gênero, apesar de querer muito conciliá-lo com os demais.
Nasci em 1983, faço aniversário dia 24 de agosto e sou uma
virginiana meio lá meio cá. Sabe? Aquele tipo de pessoa que se
adequa pela metade em seu signo. Por exemplo, sou muito
perfeccionista, neurótica com coisas desalinhadas, cores ou
padrões descombinados, excessivamente pontual e extremamente
analítica, meio chata com higiene e racional demais para
relacionamentos. No entanto, você seria capaz de se perder em
meu quarto de tão bagunçado que ele é, minhas roupas estão
sempre amarrotadas e sou uma das maiores procrastinadoras que
conheço.
Mas eu sou gente boa, juro que sou. Se me encontrar
pessoalmente, não pense que sou antipática, sou apenas tímida
num primeiro momento. Sou alguém que se for reconhecida na rua,
primeiro vai olhar para trás só para conferir se é comigo que estão
falando, depois vai ficar vermelha, e em seguida, vai bater o maior
papo com a pessoa. Nas redes sociais, tendo a me soltar muito
mais, então não estranhe se você acessar meu Instagram e achar
que sou louca, que ninguém mais ou menos normal passaria
metade dos vexames que eu passo. Sou bem aleatória e posso falar
sobre cachorros e gatos, sobre músicas antigas, minha paixão por
carros, soltar minha afinação vocal no seu ouvido ou sei lá, postar
uma foto de alguma comida bem gordurosa. E isso tudo pode
acontecer só num único dia. Ou eu posso simplesmente sumir por
uma semana porque deu vontade ou porque estava com a energia
baixa. Todos nós temos os nossos momentos bons e ruins.
Ah, só para constar, algo muito importante: você
provavelmente vai me ver falando muito sobre doramas, BTS e
cultura coreana. Desculpa, é difícil demais me controlar. Aqui tem
um coração de army batendo forte.
Tenho tatuagens, moro no Rio de Janeiro, não sou muito fã de
praia, tenho certeza de que sou um unicórnio e nunca passo muito
tempo com o mesmo corte ou cor de cabelo.
Acho que deu para me conhecer um pouquinho, mas se quiser
saber mais, estou sempre disponível no Instagram. É só clicar e
começar a me seguir!
Um beijo!
@kelcosta.oficial
@kelcostaoficial
@kelcosta_k
Caso ainda não tenha lido, eu te convido a
conhecer a história de Josh e Mia, a irmã de
Mason Johnson:
Ela foi feita pra ser dele muito antes de tomar conhecimento
disso, e uma vez envolvida, o homem possessivo e sedutor
pegaria tudo que oferecesse.
[2]
Quarterback (QB) é uma posição do futebol americano. Jogadores de tal posição são
membros da equipe ofensiva do time (do qual são líderes) e alinham-se logo atrás da linha
central, no meio da linha ofensiva.
[3]
Aparelho de uso estritamente feminino na ginástica artística, que possuem alturas
diferentes. As rotinas realizadas devem conter movimentos de impulso, voo e estáticos. Os
exercícios de força devem ser usados com moderação, pois os de impulso são a base dos
movimentos estáticos antecedidos pelas rotações ou transições.
[4]
As apresentações da ginástica artística são individuais — ainda que nas disputas por
equipes —, possuem o tempo aproximado de trinta a noventa segundos de duração, são
realizadas em diferentes aparelhos e separadas em competições femininas e masculinas.
[5]
Ginastas que atingem o mais alto nível de competição têm a chance de entrar para a
“elite”, participar profissionalmente da seleção e ir para Olimpíadas. Isso geralmente
acontece quando ainda são muito novos, por volta dos 12 anos de idade. Enquanto apenas
alguns passam para a elite, a grande maioria tem a oportunidade de competir
colegialmente.
[6]
Os campeonatos de ginástica feminina da NCAA são uma competição anual de ginástica
para determinar a melhor equipe de ginástica feminina universitária do país. Ao contrário
da maioria dos esportes da NCAA , o campeonato de ginástica feminina não é separado
em divisões e usa um único campeonato nacional universitário.
[7]
É o edifício principal para o atletismo interno da UCLA. Além disso, serve como uma das
sedes da equipe feminina de vôlei e também abriga o ginásio de treinamento da equipe de
ginástica.
[8]
Como é chamado o carro do Batman.
[9]
Capacete de futebol americano.
[10]
Dois giros em torno do corpo, seguido de dois mortais no ar com uma flexão no quadril
levando as mãos à altura do joelho. O famoso “Duplo Twist Carpado”, movimento que foi
executado com perfeição pela primeira vez pela ginasta brasileira Daiane dos Santos. Em
razão disso, levou o nome "Dos Santos".
[11]
Termo muito usado para definir “sexo casual”, encontros para fazer sexo, etc.
[12]
Famoso feriado escolar que dura uma semana e acontece na primavera - geralmente
entre março e abril, mas as datas de cada instituição podem ser diferentes dentro daquele
período.