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The Rose Traduções


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Tradução Efetivada por The Rose Traduções.

Disponibilizado: Juuh Alves


Tradução: Juuh Alves
Revisão Incial: Rebecca Knox
Revisão: Helena Flores
Formatação: Helena e Claire

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Sinopse:
Que segredos se escondem por trás daquele
sorriso matador?

Sim, eu sou um assassino.

Mas matar é fácil quando a sua única razão de


viver é a mesma coisa pela qual você mataria.

Eu vou fazer de tudo para não perdê-la de novo.


Rebecca é minha.

E então ela não é.

Desapareceu.

Levada por alguém com sua própria pontuação


para marcar. Ele sabe que eu vou fazer de tudo
para matá-lo. Este é o convite dele.

Bem, eu tenho o meu smoking e a porra do meu


chapéu de festa. Vamos dançar.

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Capítulo1
Knox

Eu comprei o bistrô decadente no Distrito


Meatpacking, há dois anos. Fechei-o imediatamente,
então recebi uma carta de ”um residente
preocupado”. Ele estava preocupado que eu
estivesse desvalorizando o bairro por fechar o local
favorito. As pessoas que se preocupam com coisas
como valores de propriedade e a riqueza antiga de
um restaurante decadente são o tipo de pessoas
que eu invejo.

Elas não se preocupam se vão acordar de manhã


com o cano de um silenciador pressionado contra a
sua testa. Elas não olham para cada pessoa que
conhecem e se questionam se - ou quando - a
pessoa vai traí-las. E com certeza absoluta não se
preocupam que a pessoa que mais gostam neste
mundo será assassinada hoje, e elas não têm
ninguém para culpar além de si mesmos.

Há um milhão de razões para eu fazer as coisas


que eu faço. E esses são apenas alguns exemplos.

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Vingar a minha mãe costumava ser a razão número
um. Agora é ela.

Rebecca desapareceu. Eu vou fazer de tudo para


recuperá-la. E Lenny e Gino sabem disso.

Eu estalo os dedos para Billy quando entramos


no restaurante. —Tire a poeira daquelas mesas e
leve-as para trás. E três cadeiras. Anda logo!

Bruno tranca a porta depois de Lenny e Gino


entrarem atrás de mim. Lenny olha em volta do
restaurante empoeirado como se ele tivesse entrado
em uma casa assombrada do caralho.

— O que estamos fazendo aqui?— Gino pergunta


nervosamente.

Gino é um garoto jovem da antiga vizinhança.


Seu pai era próximo de Tony Angelo. Antes de o seu
pai cair acidentalmente da ponte de Brooklyn em
cima de um barco de passeio que passava. Eu vou
admitir, foi um erro de principiante da minha parte.
Mas isso aconteceu há muito tempo, antes de eu
saber como fazer as pessoas falarem.

— Nós estamos aqui apenas para conversar—,


eu digo, dando-lhes um sorriso íntimo. — Venham.

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Vamos sentar nos fundos, onde podemos ter um
pouco mais de privacidade.

Gino e Lenny se entreolham. Eles sabem que


não têm escolha, exceto me seguir. As pessoas não
gostam de ter suas escolhas tiradas. Elas acionam
seus instintos animais. É por isso que você tem que
mantê-los calmos. Não deixe que elas se sintam
muito ameaçadas.

Billy limpou uma grande área da cozinha,


empurrando as mesas de aço inoxidável para o
canto.

As mesas e cadeiras que ele pegou da frente do


restaurante estão agora livres de poeira e friamente
colocadas no centro da cozinha.

—Sentem-se, meninos,— Eu me dirijo a eles


quando estendo a mão para pegar alguns copos de
uma prateleira. —Vocês querem um copo com
água?

Lenny e Gino olham para mim como se eu


estivesse louco. Eles querem que eu chegue ao
ponto.

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—Eu perguntei a vocês dois, se vocês querem
um maldito copo com água.

—Não—, eles respondem em uníssono.

Concordo com a cabeça quando coloco de volta


o copo empoeirado. Tomo um assento na terceira
cadeira à mesa, e inclino para trás e sorrio para
Lenny e Gino.

—Vocês meninos têm alguma ideia de por que


eu os trouxe aqui para conversar?

Ambos balançam a cabeça, mas Lenny está


escondendo algo. Ele não vai olhar para mim. Eu
espero um pouco para a raiva diminuir, então eu
continuo.

—Estamos aqui para falar sobre Rebecca Veneto.


Vocês todos se lembram da Rebecca? A menina de
John?

Os olhos de Lenny vão em direção ao meu rosto


por um momento, então ele olha para a mesa
novamente. — Sim, eu me lembro da Rebecca. Eu...
Eu encontrei com ela outro dia na academia.

— Eu sei. Sobre o que vocês dois conversaram?

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— Se você sabe, então provavelmente já sabe
sobre o que falamos—. Eu olho no olho de Lenny
por cerca de dois segundos antes de ele continuar.
—Tudo bem. Nós conversamos sobre você.

— Ouça Lenny. Não há necessidade de ficar


nervoso e travar. Estamos apenas conversando.
Ok?—Ele não assente para mim, então aceno para
ele. — Agora, não me faça perguntar de novo.
Sobre o que você e Rebecca conversaram?

—Nada, nós apenas...

—Não diga nada! Não é assim que se mantém


uma conversa, Lenny.

O silêncio que se segue é molhado com o medo


deles. Ambos olham para a mesa, tentando não
deixar o medo aparecer. Eles estão se sentindo
encurralados.

Eu rio e os ombros de Gino pulam com o som. —


Ei, nós somos todos amigos aqui—. Eu posso ver
Lenny encolhendo interiormente. —Eu sei que todos
vocês não me conhecem, mas sabem que minha
empresa está lidando com detalhes da segurança de
John Veneto. E vocês sabem que Rebecca foi
sequestrada ontem à noite, certo?

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Os olhos de Gino voam em direção ao Lenny,
mas ele não fala.

Eu esboço um sorriso para isso. —Você se veste


assim todos os dias, Gino?

Ele parece confuso por um momento, então ele


olha para a camiseta marrom esfarrapada cobrindo
sua barriga redonda. —Uh... sim. Eu acho.

—Você percebe que você parece uma merda


completa, não é?

—Que porra é essa?

—Alguma vez você já pisou na porra de uma


esteira? Você sabe uma daquelas coisas que você
corre e faz você se sentir como se estivesse indo a
lugar nenhum? Você sabe o que é a porra de uma
esteira?

—Foda-se!

A arma está fora do meu coldre e a bala está


explodindo na parte de trás da sua cabeça antes
que qualquer um deles saiba o que está
acontecendo. O corpo de Gino cai lateralmente em
direção ao Lenny, cujos olhos estão maiores do que
discos quando ele pula para fora de sua cadeira.

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—Que porra é essa que você fez?— Ele grita em
sua voz chorosa horrível.

—Sente-se, Lenny.

—Você o matou porra! O que diabos há de


errado com você?

Eu travo olhos com o Bruno, em seguida, aceno


para o corpo de Gino, que está caído do outro lado
da cadeira que Lenny acabou de desocupar. Bruno
agarra o amontoado do corpo gordo de Gino da
cadeira e coloca-o no chão de ladrilhos sombrio.

—Eu disse sente-se, Lenny.

O peito de Lenny está agitado quando ele olha


para Gino. Em seguida, ele olha em torno da
cozinha. Procurando por uma fuga. Mas o Bruno e o
Billy estão bloqueando as duas saídas. Ele olha para
mim e eu aceno para a cadeira para ele se sentar.

—Eu... Eu não posso sentar lá. Está coberta de


sangue.

—Billy.

Billy deixa seu posto perto da porta dos fundos


para limpar a cadeira e Lenny começa a olhar a
saída.

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—Não tenha ideias, Lenny,—eu advirto quando
Billy limpa o sangue. —Agora sente-se.

Ele balança a cabeça enquanto senta de novo. —


Eu não sei onde ela está. Eu juro por Deus. Eu não
sei nada.

Ele vai começar a chorar. Odeio essa parte.

—Bem, eu sugiro que você vá para casa e tome


a porra de um ginkgo1 para a sua memória. Porque
eu quero que você vá para casa e diga a todos
quem eu sou. Sou Knox Savage. E eu vou matar
você e sua esposa se você não tiver alguma
informação de merda para mim na próxima vez que
eu te encontrar—.Eu levanto da cadeira e aceno
para Bruno. —Tire-o daqui.

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Substância medicinal indicada para aumentar a performance física e intelectual, melhorando a
circulação cerebral.

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Capítulo2
O cara sentado à minha frente no meu escritório
é um velho amigo de John. Concordei em vê-lo
como um favor.

John Veneto foi a única figura paterna que eu


conheci crescendo em Bensonhurst. Eu não sei se
Rebecca sabe que seu pai e minha mãe tiveram um
caso que durou mais de quatro anos. Ela, não
mencionou isso para mim. E isso não parece com
ela.

Rebecca veste suas emoções como um casaco


de inverno. Todas embrulhadas em uma camada
acolhedora, protetora da raiva e luxúria. É o seu
procedimento operacional padrão. Eu não me
importo. Ela é linda, quando ela dá uma bronca em
mim.

—Aham.

Eu pisco algumas vezes quando percebo que


Mario está tentando chamar minha atenção. —
Então, você disse que seu cunhado está esperando
quantos anos?

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Mario parece irritado por eu não estar prestando
atenção. Este filho da puta não sabe que eu não dou
a mínima para o seu cunhado ou o número de anos
que ele vai ficar trancado. Tenho coisas mais
importantes com que me preocupar agora. Mas eu
não posso estragar a minha cobertura.

—Doze anos.

—Tudo certo. Eu preciso que você faça a linha


do tempo do caso—Eu empurro um bloco de papel
amarelo do outro lado da mesa de vidro. —Escreva
tudo, desde a data do seu primeiro crime até hoje.
Preciso de nomes de cúmplices, endereços, se os
tiver. Eu preciso da data do julgamento. Nomes dos
advogados e defensores públicos. Preciso de tudo.
Anote o quanto você conseguir se lembrar. Eu já
volto.

Eu normalmente não deixo as pessoas sozinhas


no meu escritório. É um convite para que as
pessoas tentem me espionar.

Mas eu preciso limpar a minha cabeça. Eu


preciso de alguma porra de notícia ou eu vou ser
inútil para o Mario. E eu não posso parar de ser bom
no que faço. É assim que os erros são cometidos.

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Eu saio do escritório e vou direto da porta para a
escada. Esconder em uma escada não é o meu
método de enfrentamento de costume.
Normalmente, quando algo está me incomodando,
eu vou para a academia ou o campo de tiro.

Mas isto não é o tipo de desconforto que pode


ser desligado.

Eu nunca me senti mais perdido na minha vida.


Rebecca se foi há menos de 48 horas e me rendi
para algo quase completamente inútil. Talvez eu
não me sentisse tão perdido, se eu não me sentisse
tão responsável.

Foi o que aconteceu logo depois que ela recebeu


aquele telefonema da mãe da Lita em
Poughkeepsie. Um telefonema que estou convencido
que ela foi forçada a fazer. Porque a primeira coisa
que Rebecca queria fazer depois que terminou a
chamada era ir direto para a delegacia de polícia.

Tentei convencê-la a não ir.

—Você não pode ir à delegacia de polícia—. Eu


agarrei o braço dela para impedi-la de sair do
apartamento. —Eu não posso ir lá com você. Você
estará totalmente desprotegida. Basta esperar um

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pouco. Aguarde até que a polícia entre em contato
com você.

—Eu não posso esperar! Minha melhor amiga foi


sequestrada! Você não entende? Cada segundo
conta.

Ela faz uma pausa por um momento quando seu


rosto se contorce com raiva. —Você fez isso?

—O que?

—Isso é parte da sua maldita vingança? Você a


levou?

—Você está falando besteira agora.

Eu aperto mais o braço dela enquanto ela tenta


libertar-se. Eu não posso deixá-la ir para a
delegacia de polícia nesse estado.

Ela está suscetível a mencionar o meu nome em


um acesso de raiva.

—Eu estou falando besteira? Você é o único


que...

Eu giro-a e coloco a minha mão sobre a boca


dela antes que ela possa dizer qualquer coisa sobre
Charlie. Seus lábios continuam a se mover contra a

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palma da minha mão quando ela protesta. Então eu
me lembro por que viemos para o apartamento dela
hoje: para que ela pudesse fazer um teste de
gravidez.

Eu removo lentamente minha mão da sua boca e


ela tenta pisar no meu pé com o seu salto fino. Eu
afasto o meu pé e ela geme de frustração quando o
salto desce no tapete.

Mantendo meus braços fechados firmemente em


torno da sua cintura, me inclino para sussurrar em
seu ouvido. —Baby, você tem que manter a voz
baixa. Você não pode gritar coisas como essa aqui.

Ela solta um gemido suave e começa a soluçar.


—Eu nunca quis que nada disso acontecesse. Eu só
queria ajudar o meu pai.

—Eu sei querida. Eu sei.—Eu a viro e limpo as


lágrimas quando beijo sua testa.

—Você tem que confiar em mim. Eu vou


encontrar a sua amiga.

—Mas eu preciso falar com eles. Ver se há


alguma informação que eu tenho que pode ajudar.

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Nós deveríamos nos encontrar para um brunch
hoje. Eles precisam saber disso.

Eu cerro os dentes, porque eu sei que não vou


convencê-la a ficar longe da delegacia hoje.

Ela está no sistema legal. Ela sabe que as


primeiras 24 horas em qualquer caso de sequestro
são as mais cruciais. E ela está certa de que cada
segundo e cada pedaço de informação conta
durante esse tempo. Eu tenho que deixá-la ir.

Ela estava na delegacia há alguns minutos antes


que alguém a agarrasse no elevador. Eles a levaram
até a garagem no subsolo enfiaram-na no porta-
malas de um carro de polícia e saíram em
disparada.

Eu não consegui colocar as minhas mãos na


filmagem de vigilância, mas essa é a minha próxima
missão. Não que eu ache que o filme vai revelar
qualquer coisa que já não saiba. Este esquema de
rapto todo tem Tony Angelo escrito em tudo sobre
ele.

Ele sabe que eu estou chegando perto de


rastreá-lo e ele está entrando em pânico. Ele está
tentando ganhar vantagem. Ele não sabe que eu

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sempre vou ter a vantagem, uma vez que ele não
sabe a minha verdadeira identidade.

Ele vai continuar a subestimar o meu


compromisso de derrubá-lo. Meu compromisso com
Rebecca.

Neste momento, Tony pensa que levar Rebecca


irá aumentar os ataques de John. Ele acha que eu
sou apenas o idiota que John contratou para mantê-
lo em segurança escondido. Ele está certo sobre
John ficar irritado. Eu tive que convencê-lo a não
lançar um ataque total contra a família de Tony.
Mas Tony está errado sobre mim. A segurança de
Rebecca vem antes de John. Sempre!

O meu telefone vibra no meu bolso e eu levanto


do degrau de concreto na escada. Eu olho para a
tela e vejo o número de Bruno piscar. Eu não
programo o nome de ninguém em meus contatos.
Eu tenho uma incrível capacidade de lembrar
números de telefone e datas. Quando eu olho para
um número de telefone, eu vejo um nome e um
rosto.

—Sim—, eu respondo.

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—Os policiais acabaram de sair do apartamento
dela.

—Obrigado.

Hora de ver se eu posso levar essa investigação


para o próximo nível.

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Capítulo3
O apartamento de Rebecca parece do jeito que
deixamos, salvo alguns itens em falta. Apesar do
que Rebecca pode ter suspeitado, eu não tenho
câmeras em seu apartamento. Mas eu tenho
aparelhos de escuta plantados em sua cozinha e
uma câmera apontada para a porta da frente. E
lembro-me de ter visto um pequeno exército de
estatuetas de gato no balcão da cozinha, há dois
dias. Eles não estão mais aqui.

Traços de impressão digital pretas polvilham o


balcão, a geladeira, telefone. Não importa se eles
acharem minhas impressões digitais. Os registros
das impressões digitais de Marco Leone foram
misteriosamente perdidos. As únicas impressões
digitais que vão encontrar aqui são de Knox Savage.

Eu toco meus dedos no meu braço esquerdo,


onde tenho a tatuagem do nome da minha mãe,
Ella, encoberta.

Você provavelmente está se perguntando por


que eu tenho ido tão longe para encontrar o

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assassino da minha mãe. É simples. Eu sempre
termino o que comecei.

Quando a minha mãe morreu, 13 anos atrás, eu


tinha quinze anos. Foi uma noite sombria de
domingo, em abril. A chuva caía do céu mais rápido
do que as calhas podiam suportar.

Eu tinha ficado na casa do meu amigo Jerry


Mainella a maior parte do dia, conversando com seu
pai Frank.

Ele tinha um projeto que queria que eu


trabalhasse. Alguns dos livros de negociações de
drogas. Eu não sabia que no momento eu era
apenas uma distração. Frank sabia que eu iria direto
para John depois que eu saísse de lá para contar o
que Frank estava fazendo.

Enquanto Frank estava cuspindo besteira em


meus ouvidos, Tony Angelo estava na minha casa
tentando tirar algumas informações da minha mãe.
Eu entrei e dei de cara com Tony batendo nas
costas do corpo morto da minha mãe com a parte
inferior de uma lâmpada de aço.

Eu corri para a cozinha para pegar uma faca.


Não para me defender. Eu ia matá-lo. Mas ele me

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bateu na cabeça com essa porra de lâmpada e a
próxima coisa que eu sei é que eu estava acordando
enquanto os médicos me colocavam em uma porra
de maca.

Eu sempre termino o que começo. E eu nunca


tive a minha chance de matar Tony Angelo.

Eu também nunca descobri quais informações


ele estava tentando tirar da minha mãe.

Olhar para o pó das impressões digitais me


enche de raiva. Eu odeio a ideia de alguém no
apartamento de Rebecca, tocando as coisas dela,
além de mim. Pelo que sei, Tony poderia realmente
ter alguém no departamento trabalhando para ele.
Aquele desgraçado poderia ter estado aqui há
alguns minutos atrás.

Eu ando para fora da cozinha em direção à cama


de Rebecca. Ainda está desarrumada. Sento na
beirada e pego um amontoado de lençol. Trago-o
para o meu nariz e respiro o cheiro dela. Como lilás
e seu próprio musk pessoal.

O cheiro traz imediatamente a memória do


nosso encontro em Coney Island. A sensação do seu
corpo contra o meu enquanto eu a segurava tão

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perto. Assistindo ao jogo no último andar com o
meu nariz enterrado em seu pescoço. Eu não acho
que me senti tão feliz em treze anos.

Quando voltamos para o apartamento dela


depois, tive que me impedir de transar com ela. Eu
sabia que não era o que ela queria depois de uma
noite assim. E eu sabia que não era o que eu
precisava.

Eu precisava mostrar à Rebecca que ela era


mais do que apenas um brinquedo de foda. Embora
ela seja um brinquedo delicioso, de fato. Eu sabia
que ambos precisavam de algo diferente. Algo
estranho para mim.

Quando entramos em seu apartamento, tranquei


a porta atrás de mim. Então usei o meu telefone
para desligar todos os dispositivos de escuta no
apartamento. A primeira vez que eu tinha feito isso
desde que foi instalado no mês anterior.

Eu a levei para a cama e ela imediatamente


estendeu a mão para a fivela do meu cinto.
Normalmente afasto as mãos dela. Nunca permiti
que uma mulher assumisse a liderança no quarto.

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Há muitos lugares onde a minha regra é lei, mas em
primeiro lugar, é no quarto.

Eu permito que ela desabotoe o cinto e seus


olhos se arregalam. Apenas a sensação dos seus
dedos na minha roupa está me deixando duro, mas
eu sei que eu tenho que ser paciente.

Eu estendo uma mão para cima e coloco o


cabelo dela atrás da orelha. Ela fecha os olhos,
pálpebras vibram com a sensação dos meus dedos
sussurrando sobre sua pele. Suas mãos congelam
no botão de cima da minha calça.

Apenas um toque é tudo o que preciso para


tornar Rebecca inútil. É uma das minhas coisas
favoritas sobre ela.

Eu pego seu rosto e beijo o canto da boca. Ela


suspira enquanto suas mãos caem para os lados. Eu
planto um beijo suave em sua boca e seus lábios
separam apenas o suficiente para eu deslizar minha
língua para dentro. Sua boca se abre mais, quando
a sua língua roça contra a minha. Ela choraminga
quando seguro a cabeça firmemente no lugar e a
absorvo. Inalo cada pequeno som e respiração
necessitados que ela emita.

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As mãos dela encontram o botão da minha calça
novamente e ela apressadamente desata-o. Antes
que eu possa detê-la, ela está ajoelhada diante de
mim me levando em sua boca.

Seus lábios são firmes e sua língua é quente e


úmida, quando ela segura a base do meu pau e
desliza sobre ele.

—Oh, baby.— Eu gemo quando pego


gentilmente um punhado de seu cabelo.

Ela é cuidadosa ao envolver os lábios sobre os


dentes enquanto chupa tortuosamente lenta. Em
seguida, ela agarra meus quadris e me empurra
para trás. Ela olha para mim, um sorriso diabólico
em seus olhos enquanto ela dá um beijo suave na
ponta do meu pau.

Ela massageia a parte de baixo da cabeça com a


ponta da língua e meus olhos reviram na minha
cabeça.

É muito bom, bom pra caralho. Em seguida, ela


chupa apenas a ponta com apenas seus lábios
enquanto sua língua continua estimulando o
frenum.

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Estou prestes a explodir quando ela me chupa
de novo. Eu bato no fundo da sua garganta e tenho
que parar de empurrar ainda mais para não sufocá-
la. Ela sacode a cabeça apenas mais algumas vezes
até que ela engole a última gota.

—Eu quero que você me foda—, diz ela,


retirando as roupas enquanto ela se levanta.

—Eu não vou foder com você.

—Por quê?

Eu deslizo minha mão debaixo do seu cabelo


para agarrar a parte de trás do seu pescoço. Então
eu pressiono minha testa contra a dela. Eu quero
dizer a ela que eu não vou foder com ela hoje à
noite por que... porque eu a amo. Mas eu não posso
forçar minha boca a formar as palavras.

—Porque hoje à noite eu vou lentamente. Ok?

Ela inclina a cabeça para me beijar. Eu


normalmente não beijo uma mulher depois que ela
me chupa. Mas Rebecca não é qualquer mulher.
Deus me ajude. Eu estou profundamente fodido.

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Eu deslizo sua calcinha então a deito na cama.
Abro suas pernas e imediatamente começo a
trabalhar.

Sugando suavemente sobre seu clitóris, uso o


meu dedo do meio para estimular o seu ponto G.
Quando seus quadris começam a balançar, eu sei
que ela está chegando perto. Continuo a lamber seu
clitóris enquanto deslizo o dedo em sua bunda. Ela
grita e implora por mais conforme jorra em cima de
mim.

Normalmente a viro e fodo por trás. Mas hoje é


diferente. Eu deslizo para cima, dando-lhe tempo
para se recuperar do seu orgasmo enquanto levanto
sua perna esquerda e escorrego para dentro dela.

Ela envolve seus braços em volta do meu


pescoço e me beija duro. O gosto de nós dois se
mistura e eu mal posso respirar do quão quente
está me deixando. Eu descanso um cotovelo no
colchão então passo o outro braço em torno da sua
cintura fina e levanto-a delicadamente. Em seguida
empurro para dentro dela, atingindo-a no colo do
útero, engolindo seus gemidos.

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Eu quero dizer aquilo de novo. Eu quero dizer a
ela que eu a amo porra. Eu sempre amei.

Sempre amarei.

Mas eu nunca consigo soltar as palavras. Nem


mesmo quando ela veio até mim, pensando que
pudesse estar grávida do meu filho. Eu nunca disse
a ela.

Agora ela poderia estar lá fora. Em qualquer


lugar. Carregando o meu bebê. Ela poderia morrer
com o meu bebê dentro dela e ela nunca saberia.

Eu empurro para fora da cama e começo a olhar


ao redor. A primeira gaveta que eu abro em seu
armário está recheada de calcinhas e sutiãs,
dispostos em nenhuma ordem particular.
Espreitando abaixo de um par de calcinha rosa, vejo
uma pilha de fotos.

Puxo-as para fora, e de alguma forma não fico


surpreso ao ver uma foto de Rebecca e August
sorrindo em um teleférico. Estas devem ser as fotos
que ela retirou depois que eles se separaram. Eu
não sei o que pensar sobre o fato de que ela não as
queimou. Talvez ela fosse devolver ao August para
que ele desse um fim nelas.

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Eu percorro a pilha e levam apenas seis fotos
para que eu chegue até as fotos indecentes. O
primeiro é apenas uma selfie de Rebecca e August
deitados na cama nus, com apenas uma pequena
parte do seu peito mostrando. O próximo é da
Rebecca em pé na frente da porta do banheiro nua.
Ela está olhando por cima do ombro para a câmera
enquanto ele tira uma foto do seu traseiro. A foto
seguinte faz-me atirar toda a porra da pilha para a
parede.

Eu bato a gaveta e agarro a beirada para tentar


me equilibrar.

As fotos foram tiradas há muito tempo. Eu não


posso me permitir exaltar com isso. Eu sabia que
Rebecca e August estavam juntos. Eu sabia que eles
estavam fazendo sexo. Eu incentivei isso. Até eu ter
um gosto dela.

Agora ela é minha. E eu acho que August precisa


ser lembrado, após o pequeno truque que ele fez
aparecendo no mesmo restaurante para o brunch
que Rebecca há dois dias.

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Eu disco o número de August e ele atende no
primeiro toque, como de costume. —Eu tenho um
trabalho para você.

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Capítulo 4
Eu sempre chego cedo para encontros de jantar.
Se o seu companheiro de jantar chega e encontra-o
sentado à mesa, a primeira vantagem da noite vai
para você. Eles já ficam nervosos porque não
sabem quanto tempo eles o fizeram esperar. E eu
não sou o tipo de homem que as pessoas gostam de
manter pendurada.

Quando August chega ao II Conte, um dos


quatro restaurantes que possuo em Manhattan, ele
parece irritado.

Ele não está nervoso por chegar com quatro


minutos de atraso. Ele está chateado por ter que vir
aqui.

—Sente-se.

Ele está usando uma das suas camisetas irônicas


modernas e desbotadas hoje. Smokey o urso: Só
você pode evitar incêndios florestais. Ele quer que
eu ache que ele é só um pequeno blogger a quem
não pode ser confiado nada de muito importante.

—Então, o que é isso?

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Eu rio. —Relaxe, August. Tenha a porra de uma
bebida.—Eu aceno para Bruno, que está em pé ao
lado de Billy, atrás da cadeira de August. —Diga à
Mia para nos trazer um scotch com um pouco do
novo IPA.

—Eu não quero uma bebida. Eu quero saber por


que estou aqui.

—Você vai gostar do novo IPA. Você pode


escrever sobre ele em seu blog.

Agora ele está começando a parecer


desconfortável. As pessoas não gostam de ter suas
escolhas tiradas.

Eu sorrio para este pensamento e paro por um


momento, dando-lhe a chance de falar. Se ele
estiver muito nervoso, vai dizer alguma coisa. Se
ele estiver apenas moderadamente ansioso, ele vai
ficar quieto.

Ele não está nervoso o suficiente ainda.

—Eu tenho um trabalho para você.

—Cansei. Você disse que iria trazer o meu tio de


volta para Connecticut. Eu não vou fazer nada até
que você cumpra sua promessa.

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Eu olho para Billy e ele acena. August olha por
cima do ombro para Billy, em seguida de volta para
mim.

—O que? Você vai me matar se eu não fizer o


que você está pedindo?

Há apenas alguns clientes no restaurante as dez


em uma noite de quinta-feira. E eles não estão
sentados em nenhum lugar perto de nós. Mas eu
não posso deixar este pequeno filho da puta se
safar tão facilmente.

—Eu só vou pedir para você manter o seu tom


de voz baixo uma vez. Se eu tiver que pedir de
novo, você vai engasgar com suas bolas
minúsculas. Entendeu?

Sua boca está cerrada em uma linha dura


quando ele balança a cabeça. —Eu deveria ter ido à
polícia há cinco meses.

—Bom. Isso é exatamente o que eu quero que


você faça.

Ele olha para mim como se eu fosse louco.


Bruno chega e toma a sua posição ao lado de Billy.
Ele está acompanhado de perto por uma garçonete

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loira, Shelly, que está trazendo as bebidas Mia
apenas fez para nós. Eu não emprego garçons ou
bartenders. Eu só emprego mulheres para tocar
todos os meus restaurantes. É bom para os
negócios.

Shelly coloca a cerveja na frente de August. Em


seguida, ela coloca o meu copo de uísque habitual
na minha frente. Ela me abre um sorriso nervoso,
então rapidamente dispara em direção ao bar. Os
olhos de August seguem sua bunda por um
momento, antes que ele se volte para sua cerveja.
Ele provavelmente está pensando em não beber
apenas para me irritar. Mas logo se arrepende.

Ele toma um longo gole, em seguida, abaixa o


copo. —O que você quer que eu faça?

Eu alcanço o meu blazer e seus olhos se


arregalam. Pego uma pilha de fotos e coloco-as
viradas para baixo sobre a mesa.

—Primeiro, eu quero que você vá para casa e


chore enquanto você se masturba com essas
fotos.— Ele olha para as fotos por um momento,
mas ele não pega. —Então, eu quero que você vá

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para a delegacia de polícia e consiga uma cópia das
imagens de vigilância.

—Eu não posso. E você sabe disso.

—Sim, você pode, August. E você vai. Porque


essa é a única maneira do seu tio voltar a este
país.

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Capítulo 5
August

O edifício em forma de caixa conhecido como a


14ª delegacia é tão acolhedor como um orfanato do
Leste Europeu. E, dadas as circunstâncias, é o
último lugar em que eu quero estar agora. Eu não
tenho ideia se a polícia suspeita que eu tive algo a
ver com o desaparecimento de Becky. O ex é
sempre um dos principais suspeitos.

Mas eu sei que preciso fazer isso. Não apenas


para trazer o meu tio de volta para o país. Eu tenho
que arranjar um modo do Knox encontrar a Becky.

Ela pode ser a Rebecca para Knox. Mas para


mim ainda é minha Becky.

Entro na delegacia de polícia e encontro um


grupo de quatro oficiais atrás do balcão, rindo,
enquanto bebem seus copos imensos de café. Eu
fico no balcão por um momento, resistindo à
vontade de limpar a garganta, e logo um dos oficiais
olha na minha direção.

—Hey, August!— Joe me chama.

36
Os rostos dos outros oficiais ficam muito sérios
com o som do meu nome. Todos eles se voltam
para olhar para mim ao mesmo tempo. Eu não acho
que estou imaginando a tensão no ar e os olhares
céticos em seus rostos.

—Hey, Joe. Eu só estou aqui para ver Tracy. Ela


está?

Eu já sei que ela está aqui. Acabei de falar com


ela três minutos atrás.

Joe levanta seu traseiro gordo até a beirada do


balcão e vem na minha direção. —Sim, eu acho que
ela está lá embaixo. Sinto muito por Becky, cara.

Eu abaixo meu olhar para o balcão quando uma


estranha sensação de tristeza me supera. Nem uma
única pessoa manifestou qualquer lamento ou
condolências para mim por causa do
desaparecimento de Becky até agora. E de alguma
forma, isso me bate como a merda de um trem.

Eu cerro os dentes contra a emoção, então olho


para ele. —Obrigado. Eu só estou aqui para ver
Tracy. Minha mãe e eu não queríamos deixar nada
ao acaso, por isso, contratamos um detetive
particular para ajudar na investigação. Tracy disse

37
que falaria comigo hoje. Ver se ela pode ser de
alguma ajuda. Claro que, se estiver tudo bem. Eu
não quero atrapalhar.

Joe parece genuinamente arrependido quando


concorda. —Sim, cara. Você sabe onde ela está.

Deixei escapar um pequeno suspiro de alívio


quando ele me coloca para dentro. —Obrigado, Joe.

—A qualquer hora.

Entro no elevador e Joe mete o braço para


deslizar a chave cartão na ranhura, então aperta o
botão sub nível. Ele acende me deseja sorte quando
as portas do elevador se fecham.

Eu olho ao redor das paredes de aço reluzentes


do elevador. Percebo que este é o último lugar que
Becky provavelmente se sentiu segura antes de ser
levada. Meu estômago revira com a ideia do que
aconteceu com ela, nos últimos três dias.

Se ela for encontrada viva e eu descobrir que ela


se machucou, enquanto em cativeiro, vou encontrar
uma maneira de matar Knox Savage.

Eu saio do elevador e Tracy me vê chegando


antes mesmo de eu alcançar a porta. Ela atira para

38
fora de sua cadeira e me cumprimenta na entrada
do departamento de provas. Ela chora quando joga
os braços ao meu redor e me aperta tão forte que
eu posso sentir meus órgãos virando dentro de
mim.

—Oh, August. Querido, eu não consigo acreditar


que isso aconteceu. Eu deveria estar na minha
mesa. Gostaria de ter visto.

—Tracy, isso não é culpa sua.— Eu ergo os


braços soltos e seguro-os. —Mas você tem a chance
de ajudar agora. Você conseguiu?

Ela balança a cabeça quando se vira e caminha


para a velha escrivaninha de Becky. Ela alcança a
gaveta de cima e recupera um Snoopy de pelúcia
em um saco plástico de provas. Ela funga alto
enquanto entrega-o para mim.

Eu dei esse Snoopy à Becky quando começamos


a namorar depois que descobri que ela me fez
assistir It’s the Great Pumpkin, Charlie Brown. Ela
costumava manter o boneco em sua mesa. Tracy
disse que ela enfiou-o na gaveta há algumas
semanas. Eu falei para Tracy que precisava para o
investigador particular. Uma vez que eu não posso

39
entrar no apartamento de Becky, este era o único
item pessoal com um monte de seu perfume que eu
tinha acesso. Foi uma boa mentira.

—Obrigado.

—O prazer é meu, baby. Qualquer coisa que eu


possa fazer para ajudar.

—Na verdade, há algo mais.— Faço uma pausa


por um momento e ela levanta as sobrancelhas em
antecipação. —Você acha que eu posso ver as
imagens de vigilância? Eu quero ver se eu
reconheço esses bastardos.

Sua boca cai aberta um pouco quando ela


contempla isso.

—Por favor, Tracy. Está me deixando louco não


saber onde ela está.

Ela cobre a boca como se fosse começar a


chorar de novo, então ela acena com a cabeça. —
Bem rápido.Venha até aqui.

Ela me leva atrás da sua mesa. Em seguida, ela


se senta e digita um grupo de comandos para
chegar às imagens de vigilância. Eu seguro as
costas da cadeira dela e tento não deixá-la

40
desconfortável quando me inclino sobre ela. Eu
preciso colocar a câmera no bolso da camisa no
ângulo direito para gravar a sua tela.

Ela inicia a filmagem, e eu fico imóvel enquanto


ela olha para longe da tela. Ela não consegue
suportar ver novamente.

O cara sorri para Becky quando entra no


elevador, mas ela parece não reconhecê-lo. Em
seguida, as portas se fecham e ele a agarra por
trás, cobrindo a boca com um pedaço de pano que,
provavelmente, está embebido em clorofórmio.

Ela fica mole em seus braços e é quando eu


finalmente começo a tentar memorizar suas
características faciais. Mas é tarde demais. Ele está
se movendo muito rápido conforme sai do elevador
e para o corredor. A câmera de vigilância muda
para a câmera no corredor, mas nós só temos um
vislumbre do lado do rosto antes que mude
novamente.

Desta vez, vimos à frente do seu rosto, mas ele


não é um que eu reconheço. Ele tem um nariz
carnudo e, mesmo em imagens granuladas, eu
posso dizer que a pele dele está coberta de marcas

41
de varíola. Uma coisa que eu posso dizer é que o
uniforme da polícia parece que foi feito
especificamente para ele.

Em seguida, ele desaparece e a filmagem muda


para imagens de uma câmera na garagem. O carro
da polícia já está esperando. Ele enfia-a no
bagageiro e entra no banco do passageiro. Em
seguida, eles vão embora sem nenhuma pressa
particular.

Eu fico de pé e percebo que estou mordendo


meu lábio durante todo esse vídeo. Lambendo meu
lábio, eu estou com gosto de sangue.

Eu não posso sentar e levar recados para Knox.


Eu tenho que contratar um investigador particular.
Eu tenho que encontrar Rebecca.

Agradeço Tracy por sua ajuda, então agradeço


Joe novamente quando saio da estação. Quando
saio da entrada, eu vejo um táxi estacionar até o
meio-fio. Eu escorrego para dentro e Knox e eu
sentamos no banco de trás em silêncio até que o
táxi está a poucos quarteirões de distância da
estação.

42
Eu estendo a caneta, mas eu puxo-a de volta
quando ele estende a mão para ela. —Esta é a
última coisa que eu faço para você.— Ele não pisca
quando me olha nos olhos. —E você vai cumprir sua
promessa.

Ele sorri quando estendo a caneta para ele


novamente, mas ele não a alcança para ele. Ele
sabe que há mais vindo.

—E você vai encontrar Becky. Porque você não é


o único com mais dinheiro e influência do que a
força policial. E você não é o único que a ama.

Seu sorriso desaparece quando ele pega a


caneta da minha mão e, lentamente, enfia a mão no
bolso interno de seu blazer. Ele balança a cabeça e
o sorriso retorna.

—Você realmente não deveria ter dito isso.

43
Capítulo6
Rebecca

Abro os olhos e imediatamente sei que algo está


errado. Não posso me mover.

Minhas mãos e os pés estão amarrados com


cordas aos pé da cama de ferro. Tento gritar, mas
sai abafado e desesperado através do pano
amarrado ao redor da minha cabeça, que cobre
minha boca. Isso está realmente acontecendo. Fui
sequestrada.

Eu tenho que avaliar meu entorno. Eu tenho que


lembrarde todos os detalhes. Alguém vai me
encontrar. Knox vai me encontrar e eu vou ter que
dizer-lhe tudo.

Meus olhos vagam pelo lugar, absorvendo em


cada detalhe. Um lençol branco limpo cobre o
colchão onde eu estou. O quarto é sombrio e cinza,
com um feixe estreito de luz solar que brilha
através de um buraco no lençol que cobre a janela.
Quase como se meus captores estivessem
preocupados que eu vá morrer sem luz solar.

44
Preocupados. Que pensamento estúpido. É claro
que eles não estão preocupados. Quem me amarrou
a esta cama não está preocupado com o meu bem-
estar.

Eu tento soltar as minhas mãos e pés dos meus


apoios, mas tudo que eu consigo é fazer barulho
com os pés da cama raspando contra o chão de
madeira. Eu paro assim que percebo o quão alto é.
Mas é tarde demais.

Os passos se tornam mais fortes à medida que


se aproximam. Meu coração bate tão forte que eu
não posso ouvir mais os passos. Finalmente, a porta
oscila para dentro e meu coração cai.

Knox está de pé na porta. Eu não posso ver seu


rosto, mas eu reconheceria sua silhueta em
qualquer lugar. Ele é aquele que fez isso comigo.

—Por quê?— Eu tento gritar através da mordaça,


mas meus gritos são ininteligíveis.

Ele dá um passo para dentro do quarto e fecha a


porta atrás de si. Ele está vestindo o traje de terno
habitual, menos o blazer. Suas mangas estão
arregaçadas, mas ele não está com o sorriso maroto
de costume.

45
—Você tem que manter o seu tom de voz baixo,
linda.

Eu grito obscenidades para ele através da


mordaça e ele balança a cabeça quando se
aproxima da cama. —Agora, Rebecca. Eu não posso
tirar a mordaça se você for gritar. Acene se você
promete ficar quieta.

Eu balanço minha cabeça e luto contra as


minhas restrições, como um animal selvagem. Ele
inclina a cabeça, parecendo profundamente
decepcionado com a minha desobediência. Ele
espera até que eu canse. Uma vez deitada imóvel,
meu peito arfante e coração bombeando, ele
finalmente olha para cima. Eu me afasto para deixá-
lo com raiva e ele agarra meu rosto para me forçar
a olhar para ele.

—Eu estou fazendo isso para proteger você e


seu pai, Rebecca.

Eu tento balançar a cabeça para livrar o meu


rosto do seu alcance, mas seus dedos só enfiam
mais no meu maxilar.

Em seguida, as lágrimas caem.

46
Por Favor. O meu apelo vem como um gemido
suave através da mordaça. Por favor, solte-me.

Ele solta minha mandíbula e limpa as lágrimas


do meu rosto. —Não chore querida. Eu não estou
tentando feri-la. Estou tentando mantê-la segura.

As lágrimas vêm mais rápido. Eu não sei se eu


estou imaginando isso, mas eu vejo genuíno
arrependimento em seus olhos.

—Eu amo você, Rebecca.

Meu estômago revira e eu fecho os olhos na


esperança de que isso tudo seja um sonho ruim. Por
favor, deixe isso ser um pesadelo.

—Eu só quero mantê-la segura.

Sua mão está sobre a minha barriga e eu não


consigo abrir os olhos. Eu não quero saber como é o
seu rosto quando ele está mentindo para mim.

Sua mão desliza habilmente sob minha camisa


até que ele tenha o meu peito em forma de xícara
na mão.

Por favor, pare.

—Eu amo você, Rebecca. Eu sempre amei.

47
Eu percebo muito de repente que eu só estou
usando uma saia. Sem calcinha. Sua mão está entre
as minhas pernas.

Oh, Deus.

Ele abre a minha carne com os dedos, em


seguida, sua língua está em mim. Circulando meu
clitóris em uma forma tortuosa, lentamente. Ele
encontra o ponto mais sensível; uma área do
tamanho de uma unha do dedo mindinho. E ele me
estimula até que eu gozo duas vezes. Até que eu
me sinto como se pudesse asfixiar com o desejo.

Meu músculo contrai e dói quando ele se levanta


da cama. Abro os olhos e ele passa o polegar pelo
canto da boca. O sorriso diabólico está de volta.

—Eu vou manter o seu corpo e seu desejo bem


alimentados até que seja hora de soltá-la. Não se
preocupe querida.

De repente, eu estou desesperada para ele não


sair.

Espere! Ele inclina a cabeça com os meus gritos


abafados. Espere! Por Favor.

—Você promete ficar quieta, princesa?

48
Concordo com a cabeça rapidamente e ele se
senta na cama de novo para que possa desatar
minha mordaça. Deixo escapar um gemido suave
quando a mordaça é removida e eu posso respirar
livremente de novo.

—Obrigada—, eu sussurro, sem fôlego.

—Eu vou deixá-la sem, enquanto você estiver


tranquila.

—Por favor, não vá—, eu imploro.

Ele sorri quando joga a mordaça sobre seu


ombro. —Você quer mais.

—Sim.

De repente, as restrições já se foram e eu estou


virada para baixo no colchão. O peso do seu corpo
em cima do meu é reconfortante quando ele se
move para dentro e fora de mim.

—Não pare.

Ele abraça minha cintura firmemente por trás


enquanto ele empurra mais para dentro de mim.
Nós dois grunhimos em uníssono, enquanto ele
alcança lugares que nunca esteve.

49
—Oh, Knox.

Ele move-se lentamente, conforme pretende


afundar mais para dentro de mim a cada curso.
Cada impulso provoca um gemido mais alto meu
quando ele morde o meu ombro para eu não gozar
muito rápido. Finalmente, ele morde tão duro que
eu grito de dor. Eu olho para o meu ombro e o
sangue escorrendo para o meu peito é alarmante.

—Knox pare.

Mas ele não para. Ele continua empurrando cada


vez mais fundo. Mordendo cada vez mais forte.

—Pare!

—Rebecca, acorde!

Abro os olhos e o rosto de Lita aparece acima de


mim. Meu coração está batendo e minha garganta
está doendo.

—Eu estava gritando?

—Sim. Você precisa ficar quieta!—, ela sussurra


urgentemente.

Eu pisco algumas vezes para concentrar meus


olhos enquanto sento. Eu reconheço o quarto

50
imediatamente. É o porão onde Lita e eu estamos
presas durante os últimos três dias e noites. Não há
restrições de exploração penduradas na cama.
Nenhuma mordaça amarrada em torno de nossas
bocas. Mas as paredes e janelas estão cobertas de
espuma para isolamento acústico.

Eu cubro meu rosto e começo a chorar. —


Quando é que eles vão nos encontrar?

—Rebecca, não há garantia de que eles vão nos


encontrar.

Eu não quero pensar na alternativa. Lita pode


gostar de ser pragmática sobre isso, mas eu não
quero imaginar que vou morrer aqui nesse porão.
Apesar de que, tudo o que vi neste lugar provou
que ninguém nunca vai nos encontrar, a não ser
que os idiotas que nos trouxeram até aqui queiram
que sejamos encontradas. Estamos sendo usadas
como um trunfo.

Eu acho que posso contar minhas estrelas da


sorte por eles não terem decidido tirar vantagem de
nós ainda.

51
Então penso no sonho que eu tive. Estendo a
mão para tocar o meu ombro e vacilo quando Lita
coloca o braço em volta de mim.

—Você estava tendo um sonho erótico sobre


Knox.— Eu rio através das minhas lágrimas e ela ri.
—Está tudo bem.Se alguém vai nos tirar daqui, é
ele.

—Como você sabe disso?

—Porque ele te ama.

Minha mente volta para o sonho novamente.


Knox nunca me disse que me ama. Mas o Knox no
meu sonho me amava. Ele me amava o suficiente
para me sequestrar e rasgar meu ombro enquanto
me fodia. Deus, eu tenho uma mente doente.

—Eu não tenho tanta certeza sobre isso. E se ele


for a razão de estarmos aqui?

—Vamos lá, Rebecca. Não seja ingênua. É claro


que ele é a razão de estarmos aqui.

—Então, como você pode até mesmo afirmar


que ele me ama?

Ela me solta e abraça os joelhos no lugar. —


Porque ele não é um monstro.

52
—O que?

—Tudo que ele faz é para você.

—Não, tudo que ele faz é pela sua vingança


louca.

—Não, você está errada.— Ela vira a cabeça


para olhar para mim através da luz amarela lançada
pela lâmpada que pende no teto do porão úmido. —
Ele tem pagado as contas do hospital do meu
padrasto há sete meses. E ele não fez isso pela sua
vingança. Ele fez isso para que pudesse chegar
perto de você.

—Sete meses? E você só está me dizendo isso


agora?

—Ele me fez prometer que não iria contar. O que


você faria se seu pai estivesse morrendo e alguém
oferecesse para dar para ele o melhor atendimento
no país? O que eu deveria fazer? Deixar o meu pai
morrer? Dizer não ao Knox Savage?

Deixei escapar um longo suspiro e abracei meus


joelhos. —É impossível dizer não para ele.

—Você está com raiva de mim?

53
Eu balanço minha cabeça e descanso minha
bochecha no meu joelho. —Eu não estou brava.
Estou com medo.

—Eu também estou.

—Temos que encontrar uma maneira de sair


daqui.

—Não há nenhuma maneira de sair daqui. Você


sabe disso. Já tentei.

—Não. Temos que criar estratégias. Temos que


encontrar uma maneira para eles nos moverem.
Eles não podem nos manter aqui para sempre.

Eu olho para o canto do porão onde a pia e vaso


sanitário sujos ficam abertos, sem paredes ou
cortinas para a privacidade. Próximo ao banheiro
tem uma pilha de cerca de duas centenas de rolos
de papel higiênico. A poucos metros de distância
está uma mesa de trabalho de madeira, onde temos
comido em pé. O prato de plástico de pão ralado e
as duas tigelas de plástico vazias estão na mesa.
Debaixo da mesa, há cerca de quarenta litros de
água potável.

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Temos sobrevivido de várias sopas, massas e
pães. Pelo menos a comida não é terrível; mesmo
que tenhamos que comê-la com nossas mãos. Eles
devem estar recebendo a comida de um
restaurante. Ou eles poderiam estar nos dando uma
porção de tudo o que cozinham para si.

Seja qual for o caso, eles não planejam deixar-


nos morrer de fome. Eles nem parecem querer ter
alguma coisa a ver com a gente. Exceto o
deslizamento da nossa comida através da fenda na
porta, eles nunca interagem com a gente. Eles não
batem ou nos ameaçam. Eles não conversam
conosco. Nós nunca vimos seus rostos. Nós nunca
ouvimos as suas vozes.

Pelo que eu sei, poderia ser Knox lá fora.

55
Capítulo7
Knox

Bensonhurst não mudou muito em oito anos.


Uma boa parte da 18ª Avenida está fechada hoje à
noite para a Festa de Santa Rosália. A feira de
alimentos que Jerry Mainella e eu adorávamos
assistir, mesmo porque era um ótimo lugar para
entrar em apuros e pegar as meninas.

Alguns dias ainda sinto falta deste lugar. Hoje


não é um daqueles dias.

Passamos pela loja onde John normalmente


poderia ser encontrado tomando limonada
espumante e insistindo que todos “sentassem e
comessem a porra de uma refeição”. Agora, ele está
se escondendo como um maldito rato em um porão
em Newfoundland. Nós só fomos capazes de
organizar os termos da sua prisão domiciliar porque
sua vida estava em perigo. E seu advogado fez um
excelente argumento com a razão de que eu
poderia protegê-lo melhor do que qualquer
programa de proteção a testemunhas.

56
Nós viramos a esquina e passamos minha antiga
casa. A casa onde minha mãe foi espancada até a
morte. O letreiro à venda está inclinando-se para a
esquerda, como se estivesse parado ali por tanto
tempo que está esgotado. A grama está um bege
seco por causa do calor escaldante de agosto. Pelo
menos, quando minha mãe ainda estava viva, as
pessoas molhariam a grama se a casa estivesse
vazia. Mas eu acho que está vazia há muito tempo
para qualquer um se importar.

É difícil vender um imóvel onde ocorreu um


assassinato.

Bruno estaciona o carro em cima do meio fio de


uma casa de dois andares branca na 19ª Avenida,
na mesma rua da minha casa antiga na Rua 80ª. É
uma das maiores casas na vizinhança. John
comprou o lote de cada lado da sua casa para que
ele pudesse expandir. O resultado é uma casa de
oito quartos, com jardim cerca de seis vezes o
tamanho do pequeno quintal que minha mãe e eu
tínhamos.

Todo mundo tinha inveja da casa dos Veneto


quando éramos crianças. Agora eu tenho, pelo
menos, cinco casas maiores e mais bonitas do que

57
esta espalhadas por todo o globo. Mas eu não
esfrego a minha riqueza na cara de ninguém.
Especialmente John.

Não importa o que eu consegui, eu ainda sou o


garoto idiota que não conseguiu matar Tony Angelo,
antes que ele chegasse até mim. Aquele que foi
chorando para John depois que sua mãe foi
assassinada. E John sempre será o homem que
matou Frank Mainella, por ajudar a fuga de Tony.
Tudo por causa de uma promessa que ele fez a mim
de fazer Tony pagar.

John é um homem de palavra. É hora de eu me


tornar um.

Bruno abre o portão que rodeia a propriedade e


fazemos a pé o caminho em direção à porta da
frente.

Ele está de pé ao lado, de frente para a rua,


quando toco a campainha. Um momento depois, eu
ouço passos leves batendo no azulejo perto da
porta.

A porta se abre e Marie Veneto olha para mim


sem um sorriso ou uma saudação. Ela abre a porta
um pouco mais e fica de lado para que eu entre. Eu

58
não esperava que ela pulasse de alegria quando me
visse, mas esta recepção fria só confirma a minha
ansiedade em vir para cá.

—Marie, eu sinto muito sobre Rebecca.

Ela não fala quando me leva de volta para a


cozinha. Eu sigo atrás dela e os aromas de morango
e açúcar estão pesados no ar. A cozinha é branca e
imaculada. Na ilha, uma linha de tortas de morango
cobertas com chantilly está sendo montada. Sento-
me à mesa do café enquanto Marie vai para a
geladeira.

Ela é uma mulher pequena. Fina e bonita, mas


uma presença poderosa. Ela passa o dia inteiro
cozinhando e assando coisas para as pessoas do
bairro, mas ela quase nunca come qualquer uma
das coisas que faz. E eu posso ver pelos círculos
escuros sob os olhos que esta situação com Rebecca
provavelmente afetou seus padrões de sono
também.

Ela derrama um copo de limonada para mim,


nenhuma para si mesma, em seguida se junta à
mesa. Coloca o copo na minha frente, toma um

59
assento e solta um longo suspiro. Ela nunca vai
dizer nada?

—Escute Marie. Eu sei que eu não sou o cara


que você estava esperando ver hoje.

—Ela não me liga há um mês.

—O que?

Ela olha para cima da mesa e encontra o meu


olhar. —Rebecca. Ela não me liga há um mês. O que
está acontecendo? Isso tem a ver com o seu pai? É
culpa do John?

—Isso não é culpa de John. É minha culpa.

—Sua culpa?

Seus olhos castanhos arregalam enquanto


espera pela minha explicação, e naquele momento
eu vejo como Rebecca se parecerá daqui 25 anos.
Eu não posso adiar isto. Eu tenho que contar a
verdade.

—Marie, eu não sou quem você pensa que sou.


Eu não sou Knox Savage.

Ela balança a cabeça. —O que você quer dizer?

—Eu quero dizer que... Eu sou Marco Leone.—

60
Ela aperta os olhos e seu olhar vagueia sobre o
meu rosto, examinando todas as minhas
características. Suas narinas se abrem um pouco
quando os olhos começam a marejar.

—Marco? O filho de Ella?

Meu estômago revira com o som do nome da


minha mãe.

Concordo com a cabeça lentamente. —Sou eu.

Ela cobre a boca e balança a cabeça novamente.


—Eu pensei que você estivesse morto—, ela chora.
—Depois que Frank morreu, eu ficava imaginando e
perguntando sobre você. Você estava sempre
chegando por aí e então você simplesmente
desapareceu. Eu pensei que você estivesse morto.

Eu estendo a mão para acariciar seu ombro e ela


agarra a minha mão. —Eu quero que você saiba—,
ela começa, as lágrimas caindo mais rápido, —que
eu não soube sobre o caso até anos depois que sua
mãe morreu e eu nunca a culpei. Nunca.

—Eu sei.

—Não, você tem que acreditar em mim. Eu


estive doente com o que aconteceu com sua mãe.

61
Eu sempre senti que talvez não teria acontecido se
eu tivesse sido mais esperta. Talvez se eu tivesse
descoberto enquanto estava acontecendo, eu
poderia ter parado.

Eu não sei por que ela está fazendo um grande


negócio sobre o caso. Todo mundo na vizinhança
sabia que John era infiel à Marie. Ela está fazendo
parecer como se ela não soubesse nada sobre isso.
Ela era realmente tão sem noção?

—Ouça. Eu não estou aqui para falar sobre a


minha mãe. Estou aqui para falar sobre Rebecca.

Ela afrouxa o aperto na minha mão e abaixa a


cabeça. —A última conversa que tivemos há um
mês, eu fiquei pressionando-a. Eu disse que ela
precisava dizer a seu namorado para definir a data
do casamento. Ela ficava me dizendo, —Ma, você
precisa parar de falar sobre isso ou eu nunca vou
apresentá-la a ele—. Então eu nunca mais ouvi falar
dela.

A última coisa que eu queria que acontecesse


durante esta visita a Marie era entrar em uma porra
de conversa sobre casamento da Rebecca e August.
Especialmente desde que aquele merda acabou de

62
disparar para o topo da minha lista de desagrado.
Mas eu tenho que ser respeitoso. Eu não posso
assustar Marie. Eu preciso dela do meu lado.

—Marie, eu estou aqui para te dizer que vou


obter Rebecca volta. E eu não quero dizer de volta
em Manhattan, aonde ela nunca vai te ligar de
novo. Quero dizer de volta aqui, nesta casa, onde
você pode abraçá-la e medir-lhe o seu vestido de
noiva.

—Ela está noiva?

—Ainda não.

—Oh, Marco. Deus te abençoe.—Ela se levanta


da cadeira e envolve seus braços ao meu redor. —
Deus te abençoe, Marco. Eu sei que sua mãe está
cuidando de você. Eu posso sentir uma boa
presença ao nosso redor. Eu sei que você vai trazer
Rebecca de volta. Eu sei disso.

—Eu vou. Mesmo que seja a última coisa que eu


faça.

63
Capítulo 8
A última coisa que eu preciso agora é um agente
observador da porra do FBI e sua ajudante gordinha
arrebentando minhas bolas sobre o caso de John.
Mas a cooperação com as investigações federais faz
parte da minha vida como Knox Savage. A vida que
eu espero deixar para trás muito em breve.

—Posso oferecer a vocês dois algo para beber?


Um pouco de água, um refrigerante, algum
Bourbon?

Agente Armstrong pisca os olhos lacrimejantes


quando ri. —Não, obrigado. Isso não vai demorar
muito.

Eu olho para sua ajudante, agente Verduta, e


ela balança a cabeça, nem um pouco
impressionada.

Armstrong assume a liderança. —Então, nós


apenas temos algumas perguntas que precisamos
fazer sobre John e Rebecca Veneto, então nós
vamos sair do seu pé.

64
Armstrong está jogando o papel do bom policial
hoje.

—Qualquer coisa que você queira saber e que


não esteja coberto pelo meu acordo de
confidencialidade é seu.

Armstrong levanta as sobrancelhas. —Acordo de


confidencialidade? Isto é algo que todos os seus
clientes assinam?

—Sim. É para a própria proteção.—Minha.

—Oh, ok. Entendo. Eles têm que manter a calma


para que eles não comprometam as operações de
segurança, que são destinadas a mantê-los seguros
enquanto aguardam julgamento?

—Olhe para você, Armstrong. Você é um sujeito


esperto.

Armstrong dá de ombros, fingindo ser modesto


pelo meu elogio. —O que eu posso dizer. Eu faço
isso há 22 anos.

—Bom para você.

Verduta ainda não sorriu ou falou uma palavra e


isso está começando a me apavorar, foda-se.

65
—Ok, eu vou tentar manter as minhas perguntas
breves e espero que a gente não tropece em
qualquer obstáculo de contrato—, Armstrong
continua. —Quando você assumiu o caso de John
Veneto? A data precisa, por favor.

Eu me inclino para trás em minha cadeira e dou


de ombros. —Eu não sei. Alguma hora em março ou
abril.

Armstrong olha para o bloco de notas em seu


colo e sorri. —Mas as acusações não foram feitas
contra ele até julho.

—A investigação e reabertura do caso de Frank


Mainella começaram em março. E John sempre foi
considerado o principal suspeito.

—Ok. Próxima pergunta: Rebecca Veneto estava


te ajudando com o caso de John, no momento do
sequestro dela?

Eu levo alguns momentos para manter minha


compostura. —O que quer dizer, ajudando? Rebecca
tinha se interessado pelo caso de seu pai, mas eu
não diria que ela estava ajudando com os detalhes
da equipe de segurança dele.

66
—Ok. Deixe-me reformular isso. Você está, ou
estava em um relacionamento com Rebecca Veneto,
no momento que ela foi sequestrada?

Aqui é onde eu tenho que considerar conseguir


um advogado. Eu não quero me incriminar. E o
maior erro de principiante é pensar que você não
pode ficar enrolado, se não fizer nada. Há uma
abundância de pessoas inocentes na prisão que vão
dizer-lhe uma coisa: Nunca fale com as autoridades
sem um advogado.

Mas não há nada de errado em viver um pouco


perigosamente.

—Sim. Rebecca e eu estamos juntos.

Verduta finalmente quebra em um pequeno


sorriso. Armstrong olha para ela e eles trocam um
aceno de cabeça minúsculo. Em seguida, ele
escreve algo no seu bloco de notas.

Eles querem que eu fique nervoso e ofereça


mais informações e justificativas, mas eu não sou
um idiota.

—Isso é tudo?—, eu pergunto quando Armstrong


fecha a aba do seu bloco de notas.

67
—Isso é tudo por agora—, diz ele, inclinando-se
para trás na cadeira. —Você se importa se eu te
perguntar uma coisa fora do registro?

Fora do registro. Esse cara pensa que eu


consegui esse império caindo em manobras fracas
como essas?

—Eu não me importo—, eu digo, levantando da


cadeira. —Contanto que você não se importe se eu
me pegar uma bebida.

—Claro que não.

Eu vou para a prateleira atrás da minha mesa e


me sirvo de um uísque em um copo alto. —Então o
que é que você quer me perguntar?

Armstrong olha em volta do meu escritório por


um momento, então ele me olha nos olhos. —Quem
é Knox Savage?

Eu esboço um sorriso para essa pergunta, em


seguida, tomo um gole de uísque. —Eu sou apenas
um cara com um fraquinho por ajudar as pessoas.

Ele balança a cabeça e sorri ao perceber que ele


não vai tirar merda nenhuma de mim. Ele olha para
Verduta e acena com a cabeça em direção à porta.

68
Ambos levantam das suas cadeiras e ofereço minha
mão ao Armstrong. Seu aperto de mão é tão fraco
como o seu método de questionamento. Verduta
não aperta a minha mão e eu estou feliz por isso.

—Vocês dois tenham um bom dia. Vai ser um


quente.—Eu pisco para Verduta enquanto ela sai do
meu escritório. Ela revira os olhos quando fecho a
porta atrás dela. —Idiotas do caralho.

69
Capítulo 9
Perguntas que eu sei que não posso responder.
Promessas que não estou certo de que eu possa
manter. Cúmplices que eu não tenho certeza se
posso confiar. Apenas um dia típico na vida de Knox
Savage.

Quem é Knox Savage?

Eu me inclino para trás na cadeira em


Gentlemans 'Clube do Mr. Black e contemplo esta
pergunta quando a primeira menina sobe ao palco.
Esta loira com os quadris soltos diria que Knox
Savage é um bilionário figurão com um pau do
tamanho de seu antebraço, e dá boas gorjetas.
Bruno e Billy diriam que Knox Savage é o único cara
no mundo que você não quer irritar. Agente
Armstrong provavelmente diria que Knox Savage é
um apelido, embora ele não descubra nada além
disso.

O que diria Rebecca sobre Knox Savage?

Ela provavelmente diria que eu a fodi em mais


de uma maneira.

70
Mas eu não fodo Rebecca há cinco dias. Eu não
costumo ficar tanto tempo sem uma foda. Isso
mexe com minha cabeça. Mas eu nunca estive em
um relacionamento monogâmico.

A loira olha para mim e lambe os lábios


enquanto circunda o pole de bronze. Ela corre as
mãos para baixo, dos lados dos seus seios e todo o
caminho para os lados dos seus quadris. Em
seguida, ela se vira e agacha para me dar uma boa
visão do seu fio dental.

Não posso deixar de pensar em Rebecca e na


noite que ela dançou para mim no meu quarto
clube. Nós tínhamos acabado de ter uma incursão
na masmorra. Ela entendeu que ela nunca iria
dançar para, ou com, ninguém além de mim. Então
eu soube que quando ela se levantou do sofá na
sala do clube, eu teria um show.

Suas pernas ainda tremem dos orgasmos


múltiplos que eu dei a ela no calabouço enquanto
caminha em direção ao pole. Ela pega o pole com
ambas as mãos e faz uma pausa por um momento.
Em seguida, ela se vira e apenas a visão dos seus
seios fartos saltando fazem meu pau contrair.

71
—Dance para mim, baby.

Ela estende a mão mais acima da cabeça e


agarra o pole atrás dela, então ela lentamente
afunda para um agachamento. Mantém uma mão
agarrada no pole, o outro lado acaricia seu corpo
quando se move para baixo sobre os seios, sobre a
parte macia do seu abdômen, e, finalmente, entre
as pernas. Suas pálpebras estreitas enquanto a
boca abre, soltando um gemido suave.

—Knox—, ela sussurra quando esfrega seu


clitóris, seus quadris se movendo lentamente para
trás e para frente. —Oh, Knox.

—Mais alto, baby.

Ela grita o meu nome e as pernas começam a


tremer. Ela grita uma e outra vez até que eu sinto
como se meu pau pudesse estourar para fora da
minha calça. Em seguida, ela cai de joelhos,
ofegante, enquanto se arrasta na minha direção.

—É isso aí, baby. Rasteje para mim.

Seus olhos estão em chamas, famintos, no


momento em que ela agarra meus joelhos e puxa-
se para cima. Ela atravessa meu colo e estende a

72
mão para o meu cinto. Eu empurro as mãos dela e
ela parece magoada.

—Por favor—, ela implora.

—Por favor, o que?

—Por favor, dê para mim. Por favor, deixe-me


dançar em cima dele.

Eu dou um breve sorriso quando desafivelo o


cinto e minhas calças, liberando minha ereção. Ela
sorri enquanto empurra no meu colo e agarra a
cabeça do meu pau. Ela segura a ponta contra o
clitóris. Em seguida, ela move seus quadris para
trás e para frente, usando-os para se masturbar.

—Você gosta disso?—, Ela sussurra.

—Querida, eu teria que estar morto para não


gostar disso.

Ela move seus quadris para frente um pouco


mais para que meu pau toque sua abertura, mas ela
não desce. Ela só está me provocando. Talvez este
seja o troco para a tortura que ela sofreu na
masmorra. Vou jogar junto por um tempo.

Finalmente ela solta o meu pau quando desce e


eu deslizo para dentro dela. Ela balança seus

73
quadris para cima e para baixo, e para trás,
lentamente, até que ela sabe que eu estou a ponto
de explodir. Em seguida, ela para.

Ela levanta do meu colo e se vira. Ela se inclina


lentamente, me dando uma visão clara da sua
boceta inchada. Eu estendo a mão para frente e
facilmente encontro seu clitóris. Ela geme quando
acaricio. Então eu chego à frente com as duas mãos
e agarro seus quadris. Eu a puxo para trás para que
eu possa colocar minha boca sobre ela.

Ela está tão úmida e suculenta, e sensível. Ela


goza instantaneamente. Então eu me levanto e ela
sabe o que fazer.

Ela agarra os tornozelos quando empurro para


dentro dela. No mesmo instante, meu pau está liso
com sua umidade. Eu arranco e esfrego a ponta
contra o clitóris novamente. Assim que ela começa
a gemer, eu me alivio em sua bunda.

Eu empurro lentamente no início, estirando-a.


Então eu a deixo absorver. Ela grita o meu nome
mais vezes do que posso contar, antes de,
finalmente, subir as escadas para o meu quarto.

74
A loira rasteja pelo palco na minha direção. —
Você quer uma lap dance?—, pergunta ela com uma
voz rouca.

Eu balanço minha cabeça e foi aí que eu


vislumbrei Lenny, do outro lado do clube. Ganhando
uma lap dance de uma morena com uma fantasia
de Dallas Cowgirl.

Que vergonha, Lenny. Você está remando para o


time errado.

Assim que eu me levanto, ele me vê e empurra


a cowgirl para fora do seu colo. Ela grita
obscenidades para ele enquanto ele corre para a
saída. Detesto perseguir pessoas.

Eu corro atrás dele, empurrando um cara careca


com uma jaqueta do Yankees para fora do caminho.
Escalo sobre uma mesa e pulo sobre um trilho de
bronze. Eu apareço no meio da entrada e Billy já
está com Lenny em uma chave de pescoço no meio
do estacionamento.

Eu chego até Lenny e dou um gancho de


esquerda estrondoso em sua mandíbula. Ele apaga
por um minuto e Billy e Bruno o levam em direção
ao meu carro. Eles o apóiam no meio do banco de

75
trás do SUV e sentam um em cada lado dele. Eu
escorrego para o banco do passageiro, envolvendo a
minha gravata em volta do meu punho, quando os
olhos de Lenny abrem.

—Que porra é essa?—, ele murmura quando


toca a sua mandíbula.

Ele estremece quando sente o inchaço. Então,


ele sente um gosto do sangue em sua boca e ele
cospe um dente em sua mão.

—Você, porra, bateu na minha mandíbula. E o


meu dente!

—Você não deveria ter feito com que eu o


perseguisse. Eu odeio perseguir pessoas, Lenny.

Ele cospe mais sangue em sua mão em forma de


concha.

—Cuidado com o couro ou eu vou te matar, seu


porco do caralho.

—Foda-se!—, ele insulta.

Billy coloca-o em uma chave de pescoço


novamente e os tênis de Lenny empurram contra o
chão do carro, tentando obter alguma alavancagem
para cabeceá-lo.

76
—Lenny, é melhor acalmar, porra, ou eu vou
fazer você me assistir fodendo sua esposa do
caralho.

—Tudo bem, tudo bem, tudo bem!

Aceno com a cabeça para Billy quando Lenny


para de lutar. Billy o libera, mas Lenny tem que ser
um babaca e dá uma cotovelada nas costelas de
Billy. Billy dá um murro ao lado da cabeça dele e
Bruno e eu rimos.

—Tome isso, seu pedaço de merda imbecil—, diz


Billy, saliva voando.

Eu estendo minha mão para impedi-lo de infligir


mais danos. Eu preciso de Lenny consciente.

—Isso é o suficiente. Agora lhe dê a porra da


sua camisa para que ele não sangre em todos os
lugares.

Billy tira o paletó e camisa social. Em seguida,


tira sua camiseta e empurra-a no colo de Lenny,
antes de se vestir de novo.

Lenny leva a camisa e limpa o sangue de sua


boca e queixo. —Que porra é essa que você quer?

77
—Você sabe o que eu quero, Lenny. Eu quero
saber quem está escondendo Tony. Se você me der
um nome hoje, eu vou deixar você ir e eu não vou
foder sua esposa na sua frente e dos seus filhos.
Posso até deixá-lo viver para ver o seu
quadragésimo aniversário. Então, o que você diz,
Lenny? Está pronto para me dizer em que merda de
buraco eu preciso olhar para encontrar a bunda do
Tony?

Ele balança a cabeça, mas eu posso dizer que


ele está tentando não chorar. Ele já chorou diante
de mim uma vez, e ele escapou com a sua vida
naquele momento. Mas ele tem muito orgulho para
fazer isso novamente.

—Foda-se—, ele sussurra, fechando os olhos,


resignando-se a seu destino. —Nico..., Nico Trapani.
Ele é... Ele é o namorado de Geneva.

—Eu conheço a porra do Nico Trapani.

Geneva Angelo, a filha de Tony Angelo, se


envolveu com Nico Trapani um par de anos atrás.
Eu deveria saber que havia mais do que o mau
gosto dela para homens.

78
—Eu não sei de onde Tony está, mas Nico
sabe.— Ele cospe na camiseta de novo e ainda está
sangrando demais. —Posso ir agora? Eu juro que é
tudo que eu sei sobre Tony.

—Nós vamos deixar você ir, Lenny. Mas primeiro


você deve aprender uma lição. Porque você deveria
ter me dado essa informação há três dias.

Seus olhos se arregalam com pânico. —Mas você


queria saber sobre Rebecca. Eu não sei nada sobre
Rebecca.

—Tem certeza que você não sabe nada sobre


Rebecca?— Eu aceno para o Billy e ele torce o braço
de Lenny nas costas.

—Ai! Filho da puta!

—Responda a pergunta, Lenny!

Os gritos de Lenny fazem mal ao meu estômago.


Eu não suporto ver um cara que eu cresci junto
reduzido a um rato choramingando. Mas isso é tudo
o que ele é agora. E mesmo se eu não matá-lo,
alguém o fará.

79
—Por Favor. Eu não sei nada sobre Rebecca.
Juro pela vida de merda dos meus filhos. Eu não sei
nada!

Aceno com a cabeça para Billy e ele o solta, mas


eu tenho certeza que eu ouvi um dos ossos de
Lenny estalar. Ele vai se lembrar deste encontro por
um tempo. E ele vai ficar quieto sobre isso por tanto
tempo quanto puder. Pelo menos alguns dias.

Isso é tudo que eu preciso, agora que eu tenho


o nome de Nico. Em menos de 48 horas, Rebecca
vai estar em casa.

Comigo.

E Tony estará morto.

80
Capítulo 10
John não está feliz por eu ter deixado Lenny
vivo. Eu posso tomar um pouco de bronca de John
se isso significar que Lenny possa transpirar um
pouco mais. Além disso, eu gosto da ideia de Lenny
ser assassinado por um dos seus. É mais poético.

—Tudo certo. Vejo você amanhã à noite, John.

—Nada importa, exceto Rebecca. Não se


esqueça disso.

—Eu não vou.

—Bom menino. Até amanhã.

Eu termino a chamada e guardo o telefone no


bolso do casaco. Eu não vou realmente ver John
amanhã à noite. Vou voar para Newfoundland para
buscá-lo esta noite. Mas cuidado nunca é demais.
Às vezes até mesmo o mestre deve ser mantido no
escuro.

Eu tiro minha jaqueta e deixo-a no banco de


trás. Então eu arregaço as mangas e saio do carro.

81
Quando ando pelo corredor em direção à
garagem onde eu trouxe Rebecca há cinco
semanas, fico impressionado com a ironia ou como
tudo começou. E hoje à noite, este é o começo do
fim.

Eu também escolhi essa localização, porque eu


sabia que iria me lembrar dela. E como John disse,
eu tenho que lembrar que nada mais importa. Nem
a sua fuga. Não a minha vingança. Nada. Exceto
Rebecca.

Eu entro na garagem e a primeira coisa que me


bate é o cheiro. Tem cheiro de óleo do motor velho,
sangue e urina. Então eu vislumbro Nico Trapani
sentado em uma cadeira de metal no centro da
garagem. As mãos amarradas atrás das costas da
cadeira e cada um dos seus tornozelos presos nas
pernas da cadeira da frente. Sua cabeça está caída
e um fio fino de baba está pendurado em sua boca.

É hora do show.

—Que porra é essa?— Eu grito para Bruno.

—Você nos disse para maltratá-lo.

82
—Eu disse para maltratá-lo, não para
transformá-lo na porra de um vegetal. Você é
idiota? Sai fora daqui!—Bruno e Billy parecem
confusos, mas eles têm. Eles são bons atores. —
Saiam!

—Desculpa, chefe—, Bruno murmura quando


passa por mim.

—Você vai ficar fodidamente e verdadeiramente


arrependido mais tarde. Dá o fora daqui.

Eles deixam a garagem e quando o clique da


porta se fecha atrás deles imagino-os fora no
corredor rindo silenciosamente. Eles são bons
garotos, aqueles dois.

Eu pego outra cadeira de metal que está no


canto da garagem e a coloco alguns metros à frente
de Nico, com a parte de trás da cadeira de frente
para ele. Então eu sento e descanso os braços no
encosto da cadeira e o observo por um momento.

Seu cabelo castanho-claro está liso por causa do


suor e sangue, provavelmente. Sua jaqueta Knicks
está rasgada na gola e suas calças cinzentas têm
manchas de grama nos joelhos. Ele deve ter lutado
quando o pegaram.

83
—Quando eu tinha quatro meses de idade, eu
caí do sofá e bati meu ouvido no chão de madeira—,
eu começo a minha história.

É a mesma história que eu usei pelo menos uma


meia dúzia de vezes antes, mas é muito eficaz. Se
não tivesse quebrado...

—Minha mãe me levou para o hospital e o


médico disse-lhe que, provavelmente, nunca ouviria
com a minha orelha esquerda novamente. Ele
também disse a ela que eu provavelmente teria
problemas para aprender a falar e eu ficaria para
trás em todas as minhas aulas. Basicamente, ele
disse a ela que eu seria um aleijado de merda nas
aulas para o resto da minha vida.

O peito de Nico sobe e desce lentamente, mas


ele não me reconhece.

—Mas minha mãe não engoliu. Ela me colocou


na terapia da fala, quando eu tinha um ano de
idade. E ela não escutou quando os terapeutas
disseram a ela que eu precisava de um aparelho
auditivo. Quando eu tinha quatro anos, ela me levou
a um médico que fez uma cirurgia experimental em
mim e eu recuperei a maior parte da audição no

84
ouvido esquerdo.—Eu rio quando penso que merda
de história essa é. —Minha mãe tinha verdadeiras
bolas de aço. Ela era uma lutadora. Ela não iria
desistir. E quando eu tinha sete anos de idade, eu
não precisava mais da terapia da fala.

Eu empurro minha cadeira mais perto de Nico e


ele finalmente olha para cima. Seu olho esquerdo
está inchado e fechado. Seu nariz está quebrado e
sangrando. Seu lábio inferior está dividido e é por
isso que ele está babando como um bebê.

Continuo sem intimidar com a sua aparência. —


Então, você vê, eu amava a minha mãe. Ela gostava
de ajudar as pessoas.

—Assim, naturalmente, eu gosto de ajudar as


pessoas. E eu quero ajudá-lo, Nick. Você se importa
se eu te chamar de Nick?—Faço uma pausa por um
momento, mas ele não diz nada. —É claro que você
não se importa. De qualquer forma, eu quero ajudá-
lo a sair do prédio vivo. Eu quero ajudar para que
sua mãe, sua irmã, sua namorada e o bebê que ela
carrega, viva para ver outro dia. Você entende o
que estou dizendo? Eu quero ajudá-lo, Nick. Mas eu
não posso ajudá-lo se você não cooperar.

85
Sua cabeça cai para frente novamente e deixo
escapar um suspiro alto quando levanto da minha
cadeira e a chuto de lado. Isto chama sua atenção e
ele olha para mim de novo.

—Foda-se—, ele murmura, suas palavras


tropeçando em seus lábios gordos. —E a sua mãe.

Concordo com a cabeça quando rio. —É isso


mesmo, Nick. Faça isso mais difícil. Isso é
exatamente o que sua família quer.—Eu me viro e
grito na porta, —Bruno! Traga-a!

O olho bom de Nico arregala quando ele olha a


porta. A porta de metal abre e o Bruno entra com
Geneva Angelo. Ela está com os olhos vendados e
as mãos estão atadas atrás das costas, mas por
outro lado, ela está intocada.

—Genie!— Eu grito entusiasmado. —Muito


tempo sem te ver.

—Que porra é essa?—, Ela pergunta quando


entra.

—Deixe-a ir!— Nico grita. —Isso não tem nada a


ver com ela.

—Nicky, é você? O que está acontecendo?

86
—Não entre em pânico, Genie. O estresse não é
bom para o bebê.

—Quem é você?—, Ela grita enquanto tenta,


sem sucesso, se libertar do aperto de Bruno.

Eu ando até ela para que ela possa ouvir a


minha voz claramente, mas eu deixo a venda nos
olhos. Eu puxo uma lâmina de caça para fora do
meu bolso de trás e Nico assiste quando eu
desdobro a faca.

—Devo dizer-lhe quem eu sou, Nick? Ou devo


mostrar a ela?

Ele balança a cabeça e luta contra suas


restrições. —Por favor, não faça isso. Eu vou...

—O que você vai fazer, Nick? Você vai me dizer


o que eu quero ouvir ou você vai me dizer a
verdade? Porque eu tenho que ser verdadeiramente
honesto com você. Genie não irá apreciar se você
mentir para mim. Vai, Genie?

Eu pressiono a ponta da faca em sua mandíbula


e ela recua.

—O que diabos foi isso? Nicky, o que está


acontecendo?

87
—Eu não posso!— Nico ruge.

—Ouça a sua namorada, Nick.— Eu percorro a


faca pelo seu pescoço e paro quando está um pouco
acima da sua barriga.

—Jesus Cristo—, ela respira. —Basta dizer!

Se Genie soubesse o que ela estava tentando


convencer Nico a me dizer, ela provavelmente
preferiria que eu o matasse e seu filho por nascer.
Mas ela não vai descobrir até que seja tarde
demais.

Eu sorrio para Nico quando faço um pequeno


movimento de corte na frente da barriga de Genie.
Ele engasga, então vomita um pouco no seu colo.
Eu nunca machucaria uma mulher na minha linha
de trabalho e eu nunca vou. Mas Nico não sabe
disso.

—Bem. Mas tire-a daqui.

—Menino esperto, Nick. Eu sabia que você faria


a escolha certa.—Eu aceno para Bruno e ele
transporta Genie para fora da garagem. Então eu
recupero a cadeira que eu chutei de lado e sento na
frente do Nico novamente. —Tudo bem, Nick.

88
Vamos fazer isso rápido para que nós dois
possamos sair daqui. Onde está Tony Angelo?

Nico me conta a história da família do seu primo,


que é dono de uma fazenda de cabras em Vermont.
Eles foram bem pagos para manter Tony escondido
o ano passado, quando se preparava para voltar
para Nova York com uma nova identidade.

Ele está ficando sem dinheiro. E ele está


cansado de viver em um porão como um rato.

Nico insiste que a família do seu primo estará


fora de casa amanhã à noite, uma vez que estão
vindo para Bensonhurst, para a Festa Santa Rosália.
Ele jura que não sabe onde Rebecca está, mas ele
sabe do Tony, que é definitivamente, aquele que a
pegou.

Nico não sabe disso, mas ele acaba de assinar


sua própria sentença de morte. Eu já tinha
planejado matá-lo, mas eu p1ensei em dar-lhe um
ou dois dias trancado nessa garagem para entregar
mais alguns segredos. Agora, eu não posso arriscar
que nada seja reportado ao Tony.

—Obrigado, Nick. Você me ajudou


tremendamente.

89
—Posso ir agora?

Eu levanto da cadeira e puxo-a de volta para o


canto. Eu me dou um tapinha mental sobre a parte
de trás. É sempre uma vitória quando faço alguém
falar sem mais derramamento de sangue.

—Eu lhe disse tudo o que sei. Você tem que me


deixar ir!

Eu saio da garagem e Bruno está esperando com


Genie logo fora da porta. —Leve-a para o loft em
Madison. Certifique-se de que ela fique confortável.
Ela vai ficar lá alguns dias.

Billy olha para mim com aquele brilho nos olhos.


Ele está pronto para as suas instruções. Concordo
com a cabeça para ele, então parto pelo corredor
enquanto ele volta para a garagem. Eu não fico por
lá para ouvir o tiro.

90
Capítulo11
O vôo de Newark para o Aeroporto de St. John,
em Newfoundland é exatamente de oito horas. Meu
jet nos leva lá em 2h45min. Assim que desembarco
na Terra Nova, um helicóptero já está esperando
para nos levar ao refúgio de John.

Esconderijo de John. Soa como um bar de


mergulho do caralho. Mas não é. John Veneto, King
of Bensonhurst, foi viver no porão de uma casa de
fazenda na zona rural de Terra Nova.

Eu tenho uma variedade de esconderijos em


todo o globo. Eu coloco todos os meus clientes em
um desses locais com a minha frota privada. Nós
alteramos os registros de vôo e às vezes fazemos
zig-zag no globo em um padrão vertiginoso para
mudar os clientes de alto perfil de um local para
outro.

Mas eu vou direto para o esconderijo de John


hoje, porque ele não vai voltar lá depois de hoje à
noite.

91
Uma vez que Tony está morto, John pode ir para
casa, em Bensonhurst e eu retomar o controle do
bairro. E eu posso encontrar Rebecca.

E propor a ela.

O passeio de helicóptero de uma hora sobre a


paisagem verde é humilhante. Eu não sei nem
mesmo quais são os planos de Rebecca para o
futuro. Ela quer viver em Manhattan para sempre?
Ela gosta de viver no país? Ela quer ter filhos?

Isto é tudo que eu teria perguntado a ela se eu


soubesse que seria levada. Ela teria pensado que eu
era louco, mas eu não dou à mínima. Eu quero
passar o resto da minha vida com ela. Mas eu quero
fazer isso da maneira certa. Eu vou pedir sua mão
para John.

O helicóptero pousa pouco antes das onze da


manhã. O casal que vive na fazenda de gado leiteiro
sai para me cumprimentar. Mildred e Joshua Raine
cobrem suas cabeças enquanto as hélices do
helicóptero lentamente param de girar. Mildred sorri
quando me aproximo, nem um pouco perturbada
pelo meu aparecimento súbito.

92
—Senhor. Savage, você parece com fome—, ela
grita sobre o barulho dos rotores do helicóptero.

Joshua estende a mão e eu agito-a com firmeza.


—Bom dia, Sr. Raine.— Eu me viro para Mildred e
pego as mãos dela nas minhas. —Não há tempo
para comer hoje, Sra. Raine. Eu tenho que levar
John de volta para casa.

—É claro—, ela responde. —Vamos para dentro.

O interior da humilde cozinha de Mildred na


fazenda é desconfortavelmente quente, como de
costume.

Mildred está sempre cozinhando ou ela mantém


um pequeno aquecedor no espaço da cozinha para
mantê-la quente o suficiente para a massa crescer.
Ela prepara seu próprio pão usando o grão de um
trigo experimental, de uma cultura plantada há dois
anos. Em algum momento, hoje, ela vai reclamar
sobre a estação de crescimento curta ou o caribu
selvagem esmagando seus talos de trigo.

—Eu acabei de tirar uma fornada de pão de


massa fermentada do forno. Leve-o com você,
querido—, diz ela, pegando um pão redondo coberto
por um pano xadrez da mesa.

93
Ela tenta entregá-lo para mim e eu rio. —Não,
obrigado, Sra Raine. Estou aqui para pegar John, e
isso é tudo. Se eu comer todo esse pão, eu vou ficar
suave no meio.

—Você precisa viver um pouco, Sr. Savage. A


vida não é tudo sobre o negócio, você sabe.

Ela diz isso com uma piscadela enquanto ela me


leva para a porta de carvalho brilhante sob as
escadas que levam para o porão. Mildred Raine
gastou uma boa parte das suas economias da vida
para me visitar no meu escritório de Manhattan, há
três anos. Seu filho estava na corrida. As
autoridades canadenses e da DEA o queriam por
suspeita de tráfico de drogas. Ele podia sentir o
círculo fechando sobre ele e ele estava encarando
40 anos da sua vida em uma prisão americana se
ele fosse extraditado.

Eu não sei ou me importo se o filho de Mildred


era culpado. Tudo o que sei e me importo é que, ao
ajudar o filho de Mildred chegar a uma casa segura
no Brasil, ganhei dois aliados muito importantes na
Raines. E eles foram muito bem pagos para abrigar
John nos últimos cinco meses. Os cheques que eles
vão receber nos próximos anos para garantir o seu

94
silêncio serão mais do que capazes de compensar a
colheita do trigo ruim.

Dou um passo para a escada e John já está de


pé no fundo das escadas, esperando por mim.

—Rapaz, é bom ver você.— Ele me puxa para


um abraço esmagador e me dá um tapa forte nas
costas.

—Eu tenho ficado louco aqui embaixo.

Eu me afasto e dou um passo para trás para


olhar para ele. Sua pele está pálida com a falta de
luz solar e sua barriga parece um pouco macia por
causa de todo o pão que Mildred está alimentando-
o. Eu não digo isso em voz alta, mas eu estou
preocupado que ele não esteja pronto para assumir
Tony e seus capangas esta noite.

—É bom ver você também, John. Você está


pronto para ir?

—Tão pronto como uma prostituta no Bronx.

Agradeço Mildred e Josué pela assistência e


Mildred derrama algumas lágrimas quando ela dá
um abraço de adeus em John.

95
—Quem vai comer a minha pizza caseira
agora?—, ela lamenta e se agarra a Josué para
apoio.

—Jogue um pouco de grama lá e o caribu vai


comê-lo—, John grita quando o helicóptero começa
a funcionar.

Ela dispensa esta sugestão e John e eu


acenamos adeus quando saltamos para dentro do
helicóptero. O helicóptero é muito barulhento para
nós conversarmos. Mas assim que o jato decola do
Aeroporto de St. John, eu começo a me preparar
mentalmente para falar com John.

—Você está nervoso—, comenta John quando a


aeromoça lhe entrega sua limonada. —Eu não acho
que eu já vi você parecer nervoso.

—Eu estive pensando. Talvez você devesse me


deixar fazer isso por conta própria. Eu não quero
saber como isso afetaria Rebecca se você se
machucasse.

—Rebecca não fala comigo há quatro anos. Ela


não saberia se eu me machucasse, a menos que ela
lesse em uma porra de um jornal.

96
—Sim, é exatamente isso. Ela não fala com você
há quatro anos e ela ainda quer ajudá-lo. Isso tem
que dizer alguma coisa.

Eu não quero pressionar muito forte, mas eu


realmente não acho que é uma boa ideia John se
juntar a missões perigosas como a que temos
planejado para esta noite.

—Olha, Marco. A questão de fundo é que ela é


minha menina. E eu não vou deixar que um
criminoso canalha como Tony Angelo use a minha
menina em seu esquema para dominar o bairro. Eu
mesmo vou derrubar esse filho da puta. Entendeu?

Concordo com a cabeça quando pego o copo de


água com o comissário de bordo. Sem álcool hoje.
Eu tenho que manter a cabeça limpa até que
Rebecca esteja de volta na minha cama onde ela
pertence.

—John, eu quero te perguntar uma coisa.

Ele continua a olhar para fora da janela oval.

—Atire.

97
Eu me inclino para frente em minha cadeira e
tomo uma respiração profunda. —Você sabe que eu
me preocupo muito com Rebecca.

Ele se afasta da janela para me enfrentar.

—Sim?

Eu abaixo o meu copo de água na bandeja e viro


o meu corpo, assim meus ombros ficam de frente
para ele. —Eu estou apaixonado por ela, John. Eu
vou levá-la de volta, não apenas por você, mas
porque... eu quero passar o resto da minha vida
com ela.

Ele aperta os olhos para mim como se estivesse


confuso. —Você quer passar o resto de sua vida
com a minha filha? O resto de qual vida? Sua vida
como Knox Savage ou sua vida como Marco Leone?

—Eu não me importo, desde que seja com ela.


Vou deixá-la a escolher.

—Você não pode deixar Rebecca escolher. Ela


não sabe o que é melhor para ela.

—Ela é muito mais esperta do que você pensa.

Eu aperto meu queixo para me impedir de dizer


algo estúpido. Como talvez ele não conhecesse sua

98
filha, como ele acha, uma vez que ela se tornou
uma mulher sem qualquer ajuda dele.

—Eu sei que Rebecca é inteligente, mas ela


nunca foi boa em perdão.

—Ela puxou isso de você.

Ele ri, em seguida, toma um gole de limonada.


—Eu não sei se eu posso dar-lhe a minha bênção.
Sua vida não é o tipo de vida que eu quero para
Rebecca. Eu quero o que qualquer pai quer para sua
filha. Eu quero que ela se case, me dê alguns netos,
e vivam felizes para sempre. Mas acima de tudo, eu
quero que ela esteja segura.

—Eu posso mantê-la segura. Você sabe disso.

Ele me olha nos olhos, me avaliando. —Prove.


Recupere-a. Mantenha segura por, pelo menos, um
par de anos. Então eu vou dar a minha bênção.

Eu sorrio quando meu interior preenche com o


calor. —Eu vou.

99
Capítulo12
O jato pousa no Aeroporto Internacional de
Burlington às seis da tarde, Bruno, Billy, e dois dos
meus especialistas táticos já estão esperando no
helicóptero na pista. Assim quando o sol se puser às
oito da noite, o helicóptero deixa todos os seis de
nós em um pequeno campo de pouso do lado de
fora Brownsville, Vermont, onde três carros nos
aguardam. Bruno e Billy vão assumir a liderança.
John e eu ficaremos no próximo carro, comigo
dirigindo. Jacob e Albert estarão no carro atrás de
nós, prestando atenção na traseira.

—Vocês todos conhecem o objetivo. Ninguém se


desvia do objetivo—, eu digo uma vez que cada um
está com as suas armas embaladas e os seus carros
prontos. —Qualquer um é jogo justo, mas Tony é
meu. Se eu cair, Tony não deve ser prejudicado até
que Rebecca e Lita sejam encontradas. Entendido?

—Sim, senhor—, todos os meus quatro rapazes


respondem em uníssono.

—Bom. Vamos lá.

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Eu entro em um 370Z preto e engato para
seguir o carro de Bruno para fora da pista. O carro
anda como uma beleza na rodovia. Talvez eu tenha
que conseguir um desses para mim. Eu não dirijo,
porque eu gosto de manter as mãos livres para
coisas mais importantes. Mas eu sempre tive uma
queda por carros. Minha casa em Santa Barbara
tem uma garagem para dez carros e cada vaga está
preenchida.

Eu admito que deixar tudo isso para trás vai ser


difícil. Mas se Rebecca quiser que eu volte a ser
Marco, é o que eu vou fazer. Eu vou fazer o que for
preciso.

—Marco, eu tenho um favor para lhe pedir.

Eu olho para John e ele está olhando para


frente. —Qualquer coisa que você precise.

—Se eu não conseguir sair de lá hoje, eu preciso


que você me prometa que vai cuidar de Rebecca e
Marie.

—É claro que eu vou.

—Eu sei que não tenho sido o melhor marido do


mundo para Marie. Ela merece algo melhor do que

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eu. Mas eu preciso saber que ela vai ser cuidada. E
eu sei que Rebecca tem uma cabeça dura e ela é
suscetível de esquecer sua mãe se você não ficar
em cima dela.

—Eu não vou deixar isso acontecer.

—Bom. Obrigado.

Eu acelero um pouco quando vejo que estou


ficando muito atrás de Bruno. —É isso?

—Não, na verdade, há algo que eu preciso te


dizer. Algo que eu tenho tido vontade de lhe dizer
por um longo tempo. —Sua voz soa um pouco
tensa. —Você foi como um filho para mim. Desde o
momento que eu conheci sua mãe, quando você
tinha apenas oito anos de idade, eu sabia que tinha
encontrado o filho que nunca tive. Você era
igualzinho a mim.

Eu não sei como responder a isso. Eu não sou


bom com o material emocional.

—Quando você tinha doze anos, sua mãe e eu


nos separamos por um ano. Ela queria que eu o
adotasse para que você pudesse ter o meu nome.
Eu lhe disse que não podia fazer isso. Eu não

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poderia deixar Marie e Rebecca.—Do canto do meu
olho eu posso vê-lo voltar para me encarar. —Eu sei
que eu não sou o tipo de pai Rebecca queria e eu
não era o tipo de pai que você merecia, mas você
sempre será como um filho para mim. E se alguma
coisa acontecer comigo hoje, eu quero que você
saiba disso. Entende?

—Sim, eu entendo—, eu respondo sem olhar


para ele.

—Não, você não entende. Olhe para mim,


Marco. Porque eu preciso que você entenda isso.

Viro-me para encará-lo e há lágrimas nos cantos


dos olhos. —E há outra coisa que eu preciso te
dizer... sobre a morte de sua mãe. Não foi...

Seus olhos se arregalam para algo na estrada à


minha frente. Eu não tenho tempo para virar a
cabeça antes de o carro bater em algo tão sólido
quanto o arrependimento de John.

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Capítulo 13
Eu acordei cercado pelo cheiro de gasolina. Meu
corpo movendo, mas não era eu movendo-o. Eu
olho para cima e a parte inferior do queixo
quadrado de Bruno é a primeira coisa que eu vejo.

—Deixe-me ir!— Eu grito para ele.

—Este carro vai explodir, porra!—, ele grita de


volta.

E o cheiro de gasolina bate-me outra vez.


Merda! Eu empurro Bruno para longe de mim e saio
do 370Z quebrado para o terreno gramado. Cerca
de quarenta metros a sul de nós está uma bola de
fogo laranja emitindo nuvens de fumaça preta e
grossa.

Eu agacho para olhar para o banco do


passageiro e meu coração para.

—Onde está o John?

Bruno agarra meu braço. —Ele se foi! Venha.


Temos que ficar longe dessa coisa do caralho!

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Eu empurro Bruno para longe de mim outra vez
e olho de novo para o carro pela última vez antes
de eu ir embora.

—O que quer dizer, ele se foi? Ele estava bem


aí, porra!

A explosão impulsiona ambos para a frente e


caímos de cara em outra parte do campo que cheira
a urinade animal. Eu empurro para uma posição
sentada quando algo escorre no meu pescoço. Eu
esfrego a minha mão por toda a volta do meu
pescoço e cabeça. Há apenas luar o suficiente aqui
para eu ver o brilho vermelho de sangue manchado
através dos meus dedos.

—O que aconteceu?

—A porra de um veado.

—Um veado?

—A porra de um veado—, Bruno repete. —Eu


bati o pé no freio e você deve ter desviado para me
evitar e cair nesta vala. Jake e Al não conseguiram.

—Onde está o Billy?

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—Ele está procurando John. A casa fica a menos
de um quarto de milha a partir daqui. Nós
pensamos que é para onde ele foi.

—Sozinho?

Bruno dá de ombros e eu quero socá-lo ao lado


da sua enorme cabeçadura. Ele tinha que bater nos
seus malditos freios. Jake e Al estão mortos e John
está perdido. Este plano não poderia virar uma
merda maior se eu o executasse com um grupo de
alunos da primeira série.

—Nós temos que ir atrás deles. Eles estão em


menor número e desarmados.

Bruno e eu carregamos munição e armas, em


seguida descemos o barranco em direção ao
cerrado. Eu ignoro a sensação de tontura que eu
recebo toda vez que dobro o pescoço para frente.
Uma vez que esta missão tiver terminada, e
Rebecca segura, eu vou ter tempo para me
preocupar com isso.

A escuridão da noite não nos assegura a


cobertura suficiente, uma vez que nos aproximamos
da fazenda. Do nosso esconderijo atrás de uma
grande árvore de carvalho, no lado leste da

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propriedade, eu posso ver que a entrada para a
fazenda é fortificada, com uma estação de guarda
bem iluminada. Eu não posso realmente ver o
guarda dentro da estação a partir daqui. Pelo que
eu sei, John deve tê-lo apagado. Ou o contrário.

Poderíamos escalar o perímetro da cerca de


madeira, mas as cabras estão deitadas perto de um
grande edifício de apenas trinta metros para o sul. É
verão e elas estão curtindo a brisa fresca da noite,
enquanto afaga seus filhotes. Se nós acordarmos
mesmo um deles, seus zurros vão alertar a todos.

—Nós temos que ir para os fundos da


propriedade—, eu sussurro a Bruno.

—É aí que a casa fica. Você não acha que está


cheio de guardas de lá?

—Não. Se há uma coisa que eu sei é que Tony


Angelo é um idiota. Eu ficaria surpreso se houver
mais do que dois guardas lá atrás. Nós podemos
derrubá-los.

O segundo que saímos de trás da capa da árvore


de carvalho, começamos a tomar fogo. Ambos
caímos sobre nossas barrigas no terreno ao lado da
cerca de madeira.

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—Nós vamos ter que rastejar para a parte de
trás da casa. Cubra-me.

Eu começo rastejando ao longo da borda da


cerca, mas eu não ouço Bruno rastejando atrás de
mim. Eu não tenho que virar a cabeça para saber
que ele foi atingido. Eu não posso virar minha
cabeça. Alguém pode vir até mim de qualquer
direção. Mas eu não posso deixar Bruno. Porra!

Afasto-me da cerca e rastejo de volta para o


Bruno. Ele levou um tiro na clavícula, na base do
seu pescoço. Não há torniquete que possa conter o
sangue jorrando da sua artéria.

Procuro por um pulso no outro lado do pescoço e


está tão fraco que mal consigo encontrá-lo. Bruno
do caralho.

—Filho da puta—, eu sussurro. —Eu vou voltar


para você, amigo. Apenas agüente firme. Eu
voltarei.

Eu não posso ficar preso aqui. Eu não posso


morrer ao lado da porra de uma fazenda de cabras.
E não vou rastejar para lugar nenhum.

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Levanto-me e os primeiros zumbidos de bala
passam bem ao lado direito da minha cabeça. Eu
saio correndo em direção aos fundos da casa.

Apenas sessenta metros.

Outra bala leva um pedaço de uma árvore de


carvalho à minha direita. Eu me mantenho em
movimento. Mais rápido do que já antes.

Dez metros.

Outra bala fatia a cerca de madeira e atira uma


farpa gorda de madeira em linha reta em meu
ouvido.

—Filho da puta!— Eu grito, mas continuo.

Então eu estou lá. Os fundos da casa, onde há


dois carros estacionados em um grande lote de
terra. A varanda de trás é subterrânea. Ou esta é
uma armadilha ou eu apenas tive sorte, foda-se.

Corro até os degraus e é aí que eu vejo Billy


deitado do outro lado dos degraus da varanda.
Morto. Um tiro na porra do globo ocular.

Eu abro a porta de trás com força suficiente para


tirá-la fora de suas dobradiças. Onde diabos está
John?

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Corro por toda a cozinha e uma sala de estar.
Ele está no porão. Onde está a porta para a porra
do porão?

Está muito escuro aqui para ver qualquer merda.


Eu continuo batendo em pequenas mesas.
Derrubando lâmpadas e placas decorativas. As
pessoas e suas coisas especiais do caralho.

A bala chega sem aviso e de um espaço à minha


direita. Meus olhos começam a ajustar um pouco
para a escuridão e eu vejo a porta à esquerda da
escada. Ela deve levar para o porão.

Eu tiro minha 45 para fora da minha cintura e


vou em direção à porta. Ando devagar no início,
mas os sons de gemidos me estimulam adiante. Por
favor, não deixe ser John.

Viro a maçaneta da porta, espero tiros virem


imediatamente, mas não acontece. Eu abro a porta
e fico ao lado, à espera dos tiros. Nada.

Espreitando minha cabeça em torno da porta,


não vejo nada além de um conjunto atapetado de
escadas que levam mais para baixo. Eu rastejo para
baixo, pelos primeiros degraus devagar, meu
coração batendo como uma maldita britadeira em

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meus ouvidos. Quando eu chego ao segundo e
último degrau, eu o vejo.

John Veneto morto no tapete e não mais de oito


metros de distância de mim. Eu alcanço o degrau
final e paro quando vejo Tony Angelo apontando
uma arma para mim. O tiro atravessa a parede
acima de mim.

A parede cospe pedaços de gesso tudo sobre a


minha cabeça.

—Desista, Tony. Eu tenho caras em todo este


lugar. Você está morto.

—Mentira! Seus caras estão todos mortos!

—Você pode sair daqui, Tony. Tudo que eu


quero é Rebecca. Diga-me onde está e vamos
deixá-lo ir.

Eu pressiono as costas contra a parede e movo a


cabeça um pouco para a esquerda. Eu acho que eu
vejo um espelho. Ando centímetro para o lado
novamente e ele dá outro tiro. Este passa de raspão
no meu casaco e deixa a pele do meu braço
esquerdo escaldante com o calor.

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—Eu tenho todos os motivos para matá-lo!— Eu
grito para ele. —Você sabe quem eu sou?

—Você sabe quem eu sou?

—É claro que eu sei quem você é. Você é a o ser


baixo desprezível que matou a minha mãe há dez
anos.

Ele ri desta descrição. —Eu gosto disso!


Desprezível. Muito engraçado.

—Não vai ser engraçado quando eu despejar


cada pedaço seu no Rikers.

—Oh, Jesus fodido Cristo. Isso é hilário.

Esse babaca está implorando para tomar um


tiro.

—Chega de besteira, Tony. Onde está Rebecca?

Ele termina o seu ataque de riso. —Mas você


ainda não me deixou dizer quem eu sou.

—Quem diabos é você?

—Você já assistiu Star Wars, Marco?

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Meu coração cai em meu estômago enquanto
percebo que ele está insinuando. —Você é um
mentiroso.

Ele continua a rir e foi aí que eu ouvi. A mesma


risada que eu ouvi sair da minha própria garganta
por 28 anos.

Não. Não há nenhuma maneira do caralho de


Tony Angelo ser o meu pai. Esta é a porra de uma
mentira!

Ele não vai ser o meu pai mais se eu matá-lo.

Mas eu preciso descobrir onde Rebecca está


primeiro.

Aperto meu cabelo em desespero. John era o


meu pai. Não Tony. E ele acabou de matá-lo. O que
significa que ele matou minha mãe e pai.

Eu vou matar esse filho da puta.

Antes que eu possa dar o passo final para o


porão, a porta se abre acima de mim e o tiro me
atinge diretamente no peito.

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Veja o desfecho dessa serie em KNOX 4!!!

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