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Sentimentos Ocultos
2º Edição
Capa: April Kroes
Diagramação: April Kroes
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Sumário
Sumário
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Epílogo
Agradecimentos
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CHERYL PRINSLOO
Eu ligo o chuveiro e entro embaixo dele. Fecho meus olhos sob a água
quente e corrente, me obrigo a afastar meus pensamentos de tudo o que
aconteceu por apenas esse momento.
— Tudo bem, Cheryl, é um novo dia — murmuro para mim mesma.
fomos criados juntos, ele é melhor amigo do Luke e nada meu. E é por esse
motivo que ele passar todas as noites aqui me incomoda.
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acidente de carro há dois anos. Ele deixou de ser meu irmão mais velho de 25
anos para ser o pai de uma menina de 22 anos, que agora está chorando por
ter sido traída.
Embora Luke ache que o motivo do meu choro é a caixa de leite, Evan
me olha como se estivesse enxergando a minha alma, ou talvez enxergando o
quão partido meu coração foi.
E eu não quero ser a garota do coração partido que acabo de ver nos
olhos de Evan.
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CHERYL PRINSLOO
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Afasto a minha mão da dele e seco meu rosto. Ele ainda está parado em
minha frente, seus olhos me estudam com curiosidade e eu aproveito para
observá-lo também. Nunca tinha parado para notar Evan. Até agora.
Acho que todas as vezes em que eu dirigi a palavra a ele, minha mente
automaticamente projetou aquele garotinho magrelo com o cabelo caído no
rosto e de sorriso torto. Mas, olhando-o agora, eu me repreendo por não tê-lo
olhado melhor antes.
Evan é muito bonito. Ele tem a cor bronzeada perfeita em sua pele,
cabelos longos presos em um belo coque samurai, olhos castanhos e
impecáveis braços musculosos. Mas o que esperar de um cara que trabalha
em uma academia?
— Cheryl, você me ouviu? — Evan pergunta, abanando a mão em
frente ao meu rosto.
— Huh? — indago.
— Você está me olhando por muito tempo, vou começar a achar que
estava me cobiçando — ele diz em um tom brincalhão.
Minhas bochechas esquentam por ter sido pega no flagra. Por mais que
ele esteja brincando, eu sei que passei tempo demais o olhando.
— Não está na hora de você voltar para o seu apartamento e ir
trabalhar?
Ele balança a cabeça, negando, e se levanta para sentar-se ao meu lado
no sofá.
— Eu faço os meus horários, essa é a vantagem de ser personal
particular — ele informa.
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— Eu acho que vou voltar para o meu quarto. Não pretendo sair de lá
pelo resto do dia, quem sabe pela próxima semana — informo, levantando-
me do sofá.
— Cheryl, não é o fim do mundo só porque um babaca não soube
valorizá-la. Você sabe... Merece mais do que isso.
Eu sei que ele está certo, mas ainda é recente e dói.
— Bom, é recente, Evan. Você não esquece alguém da noite para o dia.
Se você sabe algo sobre o amor, certamente entende o que é isso.
— Não é amor, Cheryl. Isso que você sente é comodismo, sempre foi.
Mas você ainda vai se apaixonar de verdade e, quando isso acontecer, você
vai sentir. Vai sentir o quanto é diferente amar alguém e receber o mesmo em
troca. Isso se chama reciprocidade.
Assinto, incapaz de responder algo. Por mais duras que sejam as suas
palavras, mais uma vez ele está certo.
— Você vai ficar bem? — ele pergunta quando não obtém respostas.
— Eu vou ficar — afirmo, e, devagar, caminho em direção ao corredor
que leva ao meu quarto.
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admito.
— Evan?
Ele levanta a cabeça, esperando pelas minhas próximas palavras.
— Será que você pode ir comigo no mercado? Sabe, comprar a caixa
de leite que você tomou... — pergunto e novamente sou presenteada com seu
sorriso.
— Por que não? E não foi eu, foi o Luke — ele intervém em sua
própria defesa.
— Não adianta, eu sempre vou acusar você.
Evan antes, agora estou mais impressionada ainda com o timbre da sua voz, e
em silêncio, eu apreciei seu show particular até chegarmos no mercado.
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Nós somos dois velhos amigos, não tão amigos assim, correndo atrás
do tempo perdido. E, bom, isso já é um bom e grande começo.
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CHERYL PRINSLOO
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— Deve ser alguma visita para ele e o porteiro deve ter informado que
ele vive aqui. O que não é uma mentira — pontuo.
— Mas, para isso, seríamos avisados, não? — pondera.
E, claro, ele tem razão.
— Eu vou vê-lo.
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— Por que você não me contou o que ele fez? — ele pergunta ao me
soltar.
— Porque eu não queria te preocupar — confesso.
— Eu teria acertado muito mais do que o olho dele. Deveria ter deixado
Evan acabar com ele — ele grunhe, frustrado.
— Oh, meu Deus, Evan! — exclamo, virando-me para olhá-lo, sentado
no sofá com a cabeça jogada para trás. — Você está bem?
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Sorrio satisfeita, não por saber que ele tem um olho prestes a adquirir
um roxo, mas por ter quebrado o nariz de Kalel.
— A próxima vez que for entrar em uma briga, certifique-se de não
deixar a minha irmã bater por você — Luke diz, estendendo um saco de gelo.
Lhe lanço um olhar repreendedor e pego o saco da sua mão.
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Fico com a segunda opção, já que nem mesmo ciúmes de Kalel, Luke
tinha.
— Não quero ter que socar a cara dele por partir seu coração.
Deito a minha cabeça para o lado e sorrio. Não me lembro a última vez
que Luke soou tão protetor.
— Nós somos amigos, apenas amigos — me apresso em explicar. — E,
mesmo que não fossemos amigos, Evan jamais faria isso comigo por dois
motivos. Um, ele não é o Kalel, é muito melhor do que ele. Dois, ele sabe o
que está em jogo ao se meter comigo e tenho certeza que não vai colocar a
amizade de vocês em risco.
Minha explicação traz alívio ao rosto de Luke.
— Relaxa, irmãozinho, eu só estou roubando seu melhor amigo e isso é
tudo o que está acontecendo — concluo.
— Dessa parte eu também não gosto — Luke resmunga, me fazendo
sorrir. — Você está bem?
— Se você me perguntasse isso há duas semanas quando achou que eu
estava chorando por uma caixa de leite, a minha resposta seria não, mas hoje
eu estou muito mais do que bem.
A culpa atinge seus olhos, e vê-lo se sentindo assim me corrói, pois não
é culpa dele se eu não contei a ninguém o que havia acontecido. Me
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“Fique comigo.
Me proteja, me abrace carinhosamente.
Kiss Me – Ed Sheeran
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CHERYL PRINSLOO
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Não rolou videogame e filme, não tinha espaço para Cheryl no meio de
Luke e Evan.
Luke estava certo quando disse que eu havia roubado Evan a tempo
demais nas últimas semanas. Eles mal ficaram juntos, então os deixei a sós na
sala e vim para o meu quarto. Aproveitei para colocar alguns trabalhos da
faculdade em dia.
Quando voltei para a sala, Luke já não estava mais presente, apenas
Evan, que dormia. Aproximei-me do sofá que ele descansava serenamente,
me agachei ao seu lado e, cautelosamente, ergui a minha mão até seu rosto e
toquei o leve inchaço abaixo do seu olho.
Eu deveria ter socado mais o Kalel por isso.
Um suspiro cansado escapa dos lábios carnudos de Evan. A semana
inteira ele vem reclamando de estar exausto, mas mesmo cansado e mal
dormindo por conta da academia que está abrindo, ele ainda tem tempo para
mim.
Isso é o que mais me cativa nele. Evan sempre vem me ver quando
chega exausto, não por pena do que aconteceu, mas por ele se importa
comigo. Tudo o que nós nos tornamos em duas semanas é algo que
deveríamos ter sido há muito tempo. Nós sempre deveríamos ter sido amigos.
Sempre.
E agora, enquanto o observo dormindo em pleno final da tarde de uma
sexta-feira em meu sofá, eu percebo uma coisa. Evan sempre esteve aqui,
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nunca me abandonou, até mesmo quando eu não o queria por perto. Quando
meus pais sofreram o acidente de carro, lá esteve ele, no hospital e na nossa
fatídica decisão de desligar os aparelhos. Ele também esteve no enterro ao
lado de Luke e, de longe, mantendo seu olhar protetor em mim.
Dois anos depois, ele continuou mantendo esse mesmo olhar. Ele
estava aqui o tempo todo e eu só precisava enxergá-lo. Evan não estava
dormindo no sofá do meu apartamento porque ficava com preguiça de subir
uma leva de escadas para dormir em sua cama confortável, ele dormia
porque, mesmo eu o mantendo distante e o isolando da minha vida, ele ainda
cuidava de mim, muito mais do que Luke cuidava desde que nossos pais
morreram.
Então eu percebo que eu poderia ter me apaixonado facilmente por
Evan nesse momento.
Tento não pensar sobre isso agora e, ao afastar minha mão do rosto de
Evan, sou surpreendida pela sua mão, que segura a minha.
Que ótimo, eu havia sido pega o observando.
— Não vá, é tão bom — ele sussurra, com a voz rouca, e acaricia seu
próprio rosto com a minha mão.
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Abro a boca, o olhando incrédula, e afasto minha mão do seu rosto para
acertar um tapa em seu braço.
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e abre a porta.
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— Fica quieta, Cheryl, e leia, vamos riscar algum item amanhã. Apenas
escolha — ele diz, dando-me as costas.
Enquanto Evan começa a preparar a lasanha, eu leio atentamente cada
item da lista.
Perdoar alguém.
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Lista da Cheryl.
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Olho mais uma vez para a folha preenchida na minha frente e volto a
olhar para Evan. Ele sorri em expectativa, o que me faz sorrir também.
Pegando a caneta, eu acrescento o primeiro item que me vem à cabeça.
Solto uma risada baixa ao imaginar a cara de Evan ao ler esse item.
— Do que você está rindo? — ele pergunta e tenta espiar o que eu
escrevi.
Puxo o caderno, o trazendo para o meu peito, e olho para Evan.
— Você não tem uma lasanha para fazer? — retruco.
— Cheryl Prinsloo, cuidado com o que você coloca nessa lista — ele
me alerta, cruzando os braços.
Um sorriso travesso permeia em meu rosto.
— Eu estou vivendo, Evan Walters, apenas viva comigo.
Evan torce o nariz, mas concorda sem se opor quanto a isso.
Em silêncio, concluo a minha lista, enquanto ele termina de preparar a
lasanha e a coloca no forno. Sentando-se em minha frente na bancada, Evan
toma o caderno de minha mão e começa a ler a lista.
— Mas que merda, Cheryl — ele solta um grunhido, perplexo com o
meu primeiro item.
Nadar nua na praia.
— O quê? — Dou de ombros. — É apenas uma curiosidade, você não
precisa fazer isso se não quiser.
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— Há coisas na sua lista que nós não podemos fazer, Cheryl — ele
murmura baixo, fazendo uma pausa em seguida para deixar um leve sorriso
malicioso tomar conta dos seus lábios. — A não ser que você queira fazer o
test-drive comigo.
Oh sim, eu quero, por favor.
Balanço a cabeça afastando meus pensamentos propícios demais em
relação a Evan. Inclino ainda mais meu rosto na direção do dele e balanço
minhas sobrancelhas, o fazendo rir. Estamos tão próximos que a ponta do
meu nariz está perto de tocar o nariz dele.
— Evan, Evan, você não me atrai — minto, olhando diretamente nos
seus olhos escuros penetrantes.
Se tem algo que mudou na minha vida em relação a ele enquanto o
observo dormindo, é o quanto ele me atrai.
Ele morde o lábio, tentando segurar um sorriso, mas é tarde demais. Eu
conheço quando Evan quer sorrir, e esse é um desses momentos.
Evan levanta seu braço direito e o traz na direção do meu rosto, sua
mão afaga com delicadeza minha bochecha e a ponta do seu nariz
definitivamente toca o meu. Solto um suspiro baixo, meus olhos caem para
seus lábios, sinto uma pressão na barriga. A única coisa que eu desejo nesse
momento é que ele realmente me beije.
Ele ri e afasta a mão do meu rosto, mas ainda mantém seu rosto
próximo ao meu.
— Você acabou de esperar por um beijo meu, Cheryl. Admita que se
sente atraída por mim — ele diz.
Eu o empurro e, ao erguer o olhar, lá está ele. O maldito sorriso
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— Bom, acho que já vou. Meu corpo pede banho e cama — digo.
— Eu tenho um banheiro e uma cama — Evan intervém
sugestivamente.
— Evan, se você tem uma cama, por que diabos dorme no meu sofá?
— Finalmente pergunto o que sempre quis saber. Ele hesita por segundos e
eu completo: — Não venha me dizer que é porque o meu sofá é confortável,
acredito que sua cama seja muito melhor e eu vou provar isso agora — digo,
determinada.
Sem esperar por sua resposta, me levanto da banqueta e saio andando
por todos os cômodos do seu apartamento, até encontrar a porta que levava
ao seu quarto. Evan não me segue pelo tour em seu apartamento, então tomo
a liberdade de entrar em seu próprio quarto e me jogar de costas na cama.
É confortável, o colchão é de mola e o lençol cheira a sabão. Ele
realmente não dorme em casa e seu apartamento é impecavelmente limpo.
Não demora muito para Evan aparecer no quarto. Parado de pé próximo
à porta, ele sorri e se aproxima da cama, em seguida deita-se ao meu lado e
dobra o braço para colocá-lo em baixo da cabeça.
— Sua cama é confortável até demais — comento.
— Seu sofá é mais — argumenta, sorrindo.
— Evan, tem uma coisa que eu queria te perguntar. — Ele coça a
garganta, dando-me liberdade para perguntar o que quer que fosse. — Mais
cedo você disse para o Kalel algo sobre tê-lo avisado para não voltar mais.
Ele já havia me procurado antes? — pergunto.
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Ele solta um suspiro longo e, pelo canto do olho, vejo seus lábios se
repuxarem em desgosto pela simples menção ao nome do Kalel.
— Eu sei e já não sei se o amo mais, Evan. Ele se tornou uma parte feia
da minha vida, é o meu passado e isso aqui — digo, fazendo menção com as
mãos à tudo em minha volta, mais precisamente a ele — é o meu presente.
Estou trabalhando para ser uma nova e melhor Cheryl.
— Eu gosto do seu novo “eu” — ele comenta, me fazendo sorrir. —
Mas não deixo de achar isso estranho.
— O que é estranho? — pergunto, virando-me de frente para olhá-lo
melhor.
— Nós sendo amigos e você deitada na minha cama — ele diz, fazendo
uma pausa e me olha pelo canto do olho. — E olha que você nem está nua
ainda — ele completa em um tom brincalhão.
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Ele vira seu rosto para me olhar por um breve instante e, se eu fosse
ele, não diria as próximas palavras, mas eu sei que ele fará.
— Não me importaria se você ficasse — ele sussurra.
Um meio sorriso surge em meus lábios. Embora uma parte minha,
aquela irracional que se sente atraída por Evan, queira ficar, a racional me
lembra que somos amigos e eu não posso estragar isso por sentir vontade de
beijá-lo. Ainda ontem eu amava o Kalel, não?!
— Sobre a lista... Qual item você escolheu para começar? — ele
pergunta.
— Acho que você vai ter que esperar para ver. Mas adianto logo que
você vai precisar de tempo e paciência para me esperar acordar amanhã.
— Eu sou a paciência em pessoa. Espero há 11 anos pelo amor de uma
garota, se lembra? — ele retruca, com um sorriso presunçoso no rosto.
Por um momento, pego-me pensando no quão sortuda ela é. Não por ter
o amor de Evan, mas pela pessoa que ele é.
— Tudo bem, senhor paciência, nos vemos amanhã às 11 horas em
ponto. 11 para combinar com seus 11 anos de espera — provoco-o,
levantando-me da cama. — O verei pela madrugada habitando meu sofá?
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— Boa noite, Cher. Bons sonhos, ou melhor, sonhe com a sua imensa
atração por mim — ele zomba.
Me despeço de Evan e, minutos depois, ao entrar em meu apartamento
e olhar para o sofá vazio, eu sinto falta da sua presença constante em meu
apartamento.
Pela primeira vez, desejo que esse sofá esteja ocupado por ele, porque
nada além de Evan supriria o buraco vazio em meu sofá da sala.
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EVAN WALTERS
Eu encarava a lista enquanto relia mais uma vez cada item adicionado
por Cheryl. Não havia chance alguma de realizarmos juntos a maioria deles.
Há duas opções. E uma delas é Cheryl se apaixonar por mim e juntos
riscaremos os itens ou ela fará com outra pessoa e simplesmente irá riscar um
item.
Sozinha.
Odeio pensar nessa hipótese de ela riscando algum item com alguém
que não seja eu.
Nadar nua na praia? Sem chances de ela fazer isso com outra pessoa.
Fazer um test-drive e sexo em um carro de luxo? Mas nem se eu
estivesse morto.
Apaixonar-se perdidamente por alguém que sinta na mesma
intensidade? Ao menos que esse cara seja eu.
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perceber isso. Eu a perdoo por não sentir o mesmo, a perdoo por todas as
vezes que me machucou mesmo sem intenção e sem saber que estava fazendo
isso, assim como a perdoo por todos os dias em que partiu meu coração ao
beijar outro.
Perdoar alguém é o primeiro item da minha lista que eu risquei ao lado
de Cheryl sem que ela notasse.
Por onze anos, Cheryl Prinsloo me tem e nem mesmo sabe disso.
Às onze horas em ponto, a campainha do meu apartamento toca. Lá
está ela em um vestido verde, que se realça em sua pele clara e com seu
cabelo castanho escuro preso em um rabo de cavalo.
Cheryl sorri ao me ver e aperta a alça da mochila que está em suas
costas, seus olhos cor de mel têm brilho. Por dentro meu peito infla ao se dar
conta de que posso ser a razão por trás desse brilho em seus olhos novamente.
Então mais uma vez eu a perdoo por ter meu coração e não se dar conta
disso.
Porque por amor nós perdoamos e apoiamos, assim como por amor, nós
também dizemos adeus quando é preciso.
E eu só espero não precisar dizer adeus a Cheryl quando essa lista
acabar.
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CHERYL PRINSLOO
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vez, apertando a alça da mochila, aflita, enquanto encaro a sua moto preta.
Eu não desisti de usar o vestido, mas por cima dele, Evan me fez vestir
a sua jaqueta de couro preta, alegando que eu sentiria frio. Ele também vestia
uma e isso o deixava mais atraente ainda.
— Cheryl, andar de moto não é ruim. Para de ser medrosa, e essa
belezinha aqui é excepcional, é uma Harley — ele soa empolgado ao frisar o
modelo da moto, mas eu não ligo para o modelo ser o melhor ou não.
Eu simplesmente odeio motos e só.
— Eu realmente não gosto, Evan. Tenho 24 anos e um carro —
resmungo e giro a chave do meu carro no dedo. — Além do mais, minha
mochila está pesada depois que você a encheu com suas coisas.
O que não é uma mentira por completo. Evan já tinha feito a sua
própria mochila, mas como não dá para levar as duas na moto, decidimos
colocar nossas coisas em uma só.
— Legal, mas você não vai dirigir hoje — ele diz, tomando a chave da
minha mão e a guardando no bolso da jaqueta.
— Eu que escolhi o item, então eu também deveria escolher como
vamos — intervenho.
Evan me ignora e coloca o capacete em minha cabeça.
Não temos muito o que fazer em relação às nossas listas, a maioria dos
itens restantes da lista de Evan é romanticamente relacionado a garota que ele
ama. Já os itens da minha lista...
Bom, eu não me importaria de riscar cada um com ele. Porque eu
cegamente confio em Evan Walters.
Mas por ora o primeiro item que riscaremos será comprar um bilhete
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Evan dirige sem destino, ao menos eu acho que é sem. Não há nada
além da estrada cercada por árvores por onde estamos passando e ele também
não fala para onde estamos indo.
Enquanto ele mantém sua atenção na estrada, eu olho a lista. Estou
curiosa sobre como ele concluiu cada item e não poupo ao perguntá-lo o que
mais me interessa.
— Quando foi que você fez uma road trip?
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EVAN WALTERS
Eu juro que tento não olhar para Cheryl enquanto a observo molhar sua
batata frita no molho, mas está se tornando impossível, principalmente pelo
canto da sua boca estar um pouco sujo de molho.
— Evan — ela pigarreia, chamando a minha atenção.
Dou de ombros, sem me importar por ter sido pego no flagra. Foi
escolha dela agir como se o beijo não tivesse acontecido e não minha.
Ela quem disse eu sinto muito, quando não deveria. Também foi ela
que andou de volta até o carro e decidiu ignorar o que eu tentava falar até
pararmos na lanchonete.
— Me passa a lista, Cheryl — peço gentilmente.
Sua testa se franze e ela abre o bolso menor da mochila, pegando nossa
lista e estendendo para mim, junto com uma caneta. Pego a lista da mão dela,
enquanto ela volta a atenção para a batata.
Risco os dois itens que já realizamos.
Comprar um bilhete para o primeiro avião do dia sem saber para onde
vou.
Estar em dois lugares ao mesmo tempo.
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Olho mais uma vez para Cheryl e em seguida para o relógio pendurado
na parede da lanchonete. Já estamos a tempo demais em Vancouver e acho
que ela nem se deu conta que daqui há algumas horas será domingo.
Risco mais um item.
Passar um dia inteiro a comer comida lixo sem culpas.
— O que tanto você risca? — ela pergunta e, curiosa, inclina a cabeça
para espiar a lista. — Temos dois itens meu riscado e apenas um seu, isso não
é justo.
— Nós não temos muito o que fazer da minha lista.
Engolindo em seco, ela assente e pega a lista da minha mão.
— Você tinha que se aventurar tanto assim antes de mim? — ela
resmunga. — O que você tatuaria?
Sua pergunta me pega de surpresa. Nunca tinha pensado no que
tatuaria, até agora.
— Não sei — confesso, para seu desapontamento.
— Então nós vamos embora e acabou a lista por hoje? — Sua voz sai
áspera e desanimada.
Balanço a cabeça, assentindo.
Para Cheryl, o beijo estragou toda a graça da lista. Para mim, o beijo é
muito mais que importante que todos os itens já riscados.
E essa é a mais crua verdade.
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A volta para casa é silenciosa e vazia. Não nos falamos durante o voo e
nem quando chegamos ao nosso prédio pela tarde.
Continuamos em silêncio quando pegamos o elevador, até mesmo
quando ela para um andar antes do meu. Cheryl sai com a mochila nas costas
e, cautelosamente, se vira para me olhar.
— Você não vem? — ela pergunta baixinho.
Eu hesito antes de dar um passo à frente, para segurar as portas do
elevador. Ela continua parada, apesar de querer se virar e sair correndo.
— Cheryl, eu gosto de você, então para. Simplesmente para de ignorar
o que aconteceu.
Em silêncio, ela me encara com os olhos saltados. Eu solto a porta do
elevador e dou um passo para trás.
— Eu só não queria que você terminasse a noite sem saber disso.
Eu ainda tenho seis meses até o meu aniversário para esperar por ela e
pacientemente eu esperarei. Apenas preciso fazê-la perceber em seis meses,
que ela pode se apaixonar por mim também. Eu preciso disso, eu preciso
tentar nem que isso signifique que, no final de tudo, meu coração será partido
em dois, mas enquanto houver a esperança que eu senti, eu não vou desistir.
As portas do elevador se fecham devagar, enquanto Cheryl permanece
parada, intacta, no lugar, com os lábios apertados sem saber o que falar.
Ela não me deu uma resposta e eu só queria que ela soubesse.
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Cheryl Prinsloo
— Você mal o notava. Por anos você namorou outros caras, até mesmo
esfregava o seu namoro com o Kalel na cara dele. Evan não merecia as
migalhas que você tinha para oferecer, Cheryl! — ele grita de volta.
Ótimo, agora estamos gritando um com o outro.
Sinto meus olhos pesarem, eu odeio brigar com Luke. Principalmente
por ele ser tudo que eu tenho.
Luke se levanta e me puxa para um abraço ao ver meus olhos
acumulando lágrimas.
— Sinto muito, Cheryl, mas não cabia a mim contar isso a você — ele
sussurra, com os lábios pressionados em minha cabeça.
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— É sério, Cheryl, conte a ele o que você está sentindo — ele repete.
— Por anos eu o magoei, Luke, negligenciei o que ele sentia quando
estava bem na minha cara. Não quero continuar machucando-o, não quando o
tenho tão perto, eu gosto dele.
Meus ombros caem, ao admitir isso tanto para Luke, quanto para mim
mesma.
— Como foram os seus últimos dias com Evan?
— Os melhores dias da minha vida. Eu me senti viva, como há muito
tempo não sentia, eu...
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EVAN WALTERS
— Eu não sei o que há aqui dentro, mas eu quero muito descobrir junto com
você, não estou prometendo amá-lo na mesma intensidade, Evan, mas estou
aqui prometendo tentar deixá-lo entrar e tomar tudo que pode de mim.
Por dentro eu me sinto triunfante, a ponto de precisar me conter para
não beijá-la.
— Eu sei que ainda é cedo para esperar mais do que isso, Cheryl, assim
como sei que um dia não é o suficiente para você simplesmente dizer que me
ama. Mas por ora quero que saiba que eu estou nessa, tanto quanto você quer
estar.
— E agora o que acontece? — ela me fita com os olhos curiosos.
Dou um passo à frente, determinado a acabar com o mínimo espaço que
há entre nós. Para o meu alívio, ela não recua, pois é como se ela estivesse
esperando pelo mesmo que eu.
— Agora eu vou te beijar até o último minuto e quando o minuto
seguinte anunciar um novo dia, eu vou beijá-la novamente, porque isso aqui é
muito mais do que uma lista.
Ela abre a boca surpresa, mas não se move. Seu corpo está parado no
mesmo lugar e seus olhos estão em meus lábios.
Eu ergo uma das minhas mãos e a levo até seu rosto, acaricio sua
bochecha com meus dedos. Seu corpo estremece com meu toque e eu sorrio
por saber que, de alguma forma, Cheryl reage a mim. Não que eu não tivesse
percebido seus olhares, mas isso... Isso é muito mais do que olhares agora, é
contato.
Abaixo meu olhar para a sua boca e inspiro rapidamente, ela inclina o
rosto aproximando-se mais do meu e fecha os olhos. Movo minha mão para o
seu cabelo, puxando levemente, e não demoro para fechar os olhos e encostar
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a minha boca na dela. Sua língua pede passagem, fazendo com que meu
corpo todo acorde somente para ela. Cheryl leva a mão até a minha nuca e
chupa a minha língua demoradamente. Eu posso sentir os meus batimentos
cardíacos tomando outras proporções.
Devagar e sem interromper o beijo, abro meus olhos, eu vou levando
seu corpo para trás, até suas costas encostarem na parede ao lado da porta.
Pressiono-a contra a parede com o meu corpo, sua boca se entreabre e um
gemido baixo escapa dos seus lábios.
Eu preciso parar antes que seja tarde demais e, com muita luta, afasto
meus lábios dos dela.
Cheryl me lança um olhar confuso e intenso, seus lábios estão inchados
e vermelhos, seu peito sobe e desce rapidamente por causa da respiração
ofegante.
Sou pego de surpresa quando as suas mãos se fecham em punho na
minha camisa e ela encosta seus lábios nos meus novamente.
Intenso, viciante e incomum, é como eu descreveria o beijo de Cheryl.
— Essa é a hora que nos despedimos e damos boa noite um para o
outro? — ela pergunta ao afastar seus lábios dos meus, e assinto, incapaz de
responder. — Então... Boa noite, Evan — ela sussurra, com sofreguidão.
Beijo a sua bochecha e deslizo meus lábios pelo seu maxilar, subo
minha boca novamente até encostar na sua e levemente beijo seus lábios.
— Essa é a hora em que você entra na minha casa e toma seu lugar ao
lado da minha cama — sussurro, puxando o lábio inferior dela com os dentes
e o soltando devagar.
Ela pressiona a testa na minha e olha para meus lábios, o que me leva a
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prender o lábio inferior com os dentes e tomar coragem para me afastar antes
que eu a beije mais uma vez.
Recuo andando para trás, sem tirar meus olhos dela e a trazendo junto
comigo para dentro do meu apartamento.
— Evan? — ela murmura, ofegante, com os lábios semiabertos.
— Sim, Cher?
— Eu acho que quero beijar você de novo — ela diz com um belo
sorriso no rosto, e isso é o suficiente para meus lábios buscarem os dela
novamente.
Se antes Cheryl Prinsloo já havia me arruinado para todas as outras
garotas, agora ela havia me arruinado pelo resto da minha vida.
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CHERYL PRINSLOO
Algo naquela tarde mudou, assim como mudou todos os nossos dias
seguintes.
Nós passamos muito mais tempo juntos do que antes. Nossas noites
começam com um de nós cozinhando, ainda mantemos os dias escolhidos:
ele terça, quinta, sábado e domingo e eu nos dias que restam. Em seguida
vemos filmes ou séries e, de alguma forma, no final de tudo, minha boca
sempre termina colada a dele.
E isso tornou a lista de Evan muito mais fácil.
Luke me deu uma semana de descanso depois de ter me posto para fora
de casa, e é claro que aceitei de imediato.
Eu estou até mesmo familiarizada com a Harley de Evan e embora ele
ame a sua moto, não foi ela que nos trouxe para o nosso passeio hoje, o que
só alimenta o que eu suspeitava, nossa passagem por Malibu não será tão
breve assim.
Porque não é um passeio qualquer, nós estamos na casa dos pais de
Evan. Constato isso ao pararmos em frente à uma casa de praia, Luke me já
tinha me contado uma vez que os pais de Evan tinham uma casa em Malibu.
A porta da casa se abre no exato momento em que saímos do carro.
Eleanor, mãe de Evan, sorri calorosamente ao nos ver chegar.
— Eu não acredito que você estava me trazendo para a casa dos seus
pais e não me avisou — eu cochicho, forçando um sorriso sem jeito para a
mãe de Evan, que acena da casa para nós.
— Tecnicamente essa é a casa dos meus avós — ele murmura em
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resposta.
Eu recuo com um passo para trás e o encaro, ele ri e segura minha mão
me trazendo para o seu lado novamente.
— Fica calma, Cheryl, meus pais sempre gostaram de você e da sua
família — ele me assegura e em seguida murmura ainda mais baixo que
antes: — E eu também.
— Você tem certeza que quer fazer isso? Eu sou a irmã do seu melhor
amigo, nós estamos só começando e... — Me perco em minhas palavras, eu
tenho tantos “e” passando em minha cabeça que o que eu realmente quero
falar é:
E se a sua mãe não gostar de mim?
— Você é muito mais do que a irmã do meu melhor amigo, Cher,
confie em mim.
— Tudo bem, eu só estou nervosa — murmuro, ainda insegura.
— Não fique, é só a minha mãe e provavelmente meu pai está em
algum canto da casa trabalhando — ele entoa suavemente e segura em minha
mão.
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Eleanor o ignora e aperta suas bochechas, ela o trata como se ele ainda
fosse uma criança.
Quando ele consegue se soltar do aperto fraterno de sua mãe que durou
minutos, ele me apresenta, não como uma amiga ou até mesmo conhecida.
Evan me apresenta como sua namorada.
— Eu sabia que isso não estaria longe de acontecer algum dia — a mãe
dele graceja ao me abraçar, com um sorriso que mal consegue disfarçar a
felicidade pelo filho. — Seja bem-vinda a família, Cheryl, apesar de você e
Luke já fazerem parte. Bruce vai adorar a notícia, uma pena que ele tenha
esquecido uns relatórios da empresa e precisou voltar para casa.
— Obrigada, Eleanor, fico feliz em saber que nós temos pessoas como
vocês e Evan por perto.
E eu estou sendo sincera quanto a isso e sou grata principalmente por
Luke, por Eleanor e seu marido terem sido os mais próximos de pais para ele.
— Não vamos ficar parados aqui fora, entrem — ela nos convida a
entrar. — Evan mostre para Cheryl a casa. Ela pode ficar no antigo quarto do
Luke.
— Sim, senhora. — Ele bate contingências como um soldado.
Eleanor nos deixa a sós, enquanto Evan me conduz para dentro da casa.
— Meu irmão tem um quarto aqui? — pergunto, pasma.
— Seu irmão tem um quarto em qualquer lugar em nossa família,
Cheryl, e acredite, os quartos dele são melhores que os meus — Evan
confessa à contragosto.
— É mesmo, bebê da mamãe? Não vai chorar, vai? — retruco, sorrindo
e apertando levemente a bochecha dele.
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Suas palavras aquecem meu coração e eu sorrio, grata por hoje tê-lo em
minha vida.
Fizemos um breve tour pela casa, o último cômodo que entramos foi o
quarto de Evan e é nele que estamos até agora.
— Então eu sou a sua namorada? — indago, enquanto entrelaço seus
dedos nos meus.
— Você acha que nós precisamos conversar? — Ele faz uma pausa
tentando assimilar o que dizer. — Huh, falar sobre isso? Sobre o que estamos
fazendo?
E aí está uma pergunta da qual eu não esperava ser questionada tão
cedo, esperava que não chegasse o momento em que eu tivesse que dar-lhe
uma resposta da qual eu ainda não tenho. E eu não posso fazer isso com
Evan.
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Evan encosta sua testa na minha e beija a ponta do meu nariz, sua
respiração quente roça em meus lábios enviando uma corrente de eletricidade
por todo meu corpo.
— Nós não estragaremos isso, Cheryl, eu lhe dou a minha palavra —
ele promete.
Mas nós dois sabemos que uma hora sentir por dois cansa e restam dois
meses para o aniversário dele. Querendo ou não, Evan desistiria e eu não
posso ser egoísta impedindo-o disso quando não me sinto capaz de retribuí-
lo, ele já passou anos demais preso a mim e uma hora terei que libertá-lo.
Solto a sua mão e me aninho em seu corpo grande e quente.
Perdoar alguém.
Fazer uma road trip coast na América.
Visitar as pirâmides do Egito.
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Saltar de paraquedas.
Aprender a gostar de vinho
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EVAN WALTERS
A casa de praia dos meus avós fica em uma área bem reservada de
Cornon Beach, não temos incômodos e isso se torna interessante para Cheryl
depois que a minha mãe decide ir embora.
E eu sei bem o que ela estava fazendo no momento em que inventou a
desculpa de que meu pai havia ligado dizendo que precisava do cérebro
matemático dela. Ela queria nos deixar a sós e bom, conseguiu.
O olhar de Cheryl vagueia à nossa volta, eu sigo o seu olhar e aprecio a
vista. O reflexo da lua refletindo sobre o mar o ilumina, deixando a noite
ainda mais bonita.
— Nada mal para uma noite quente, não concorda? — ela murmura e
volta a me olhar com um sorriso convidativo no rosto.
Balanço a cabeça negativamente, seu olhar diz exatamente o que quer.
— Por favor — ela pede suavemente o que eu nego em pensamentos.
Como continuar negando quando sua boca encosta na minha e suas
mãos deslizam lentamente pelo meu pescoço, até que seus dedos encontram o
botão da minha calça jeans?
— Evan, eu quero muito fazer isso — ela sussurra contra minha boca,
provocando-me com seus lábios.
Solto um grunhido baixo e um sorriso forma-se imediatamente nos seus
lábios. Ela sabe que essa guerra ela havia vencido.
— Cheryl... — começo a protestar, mas ela me silencia ao pressionar
seus lábios nos meus.
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Completamente nua.
— Isso não pode ser real — murmuro pra mim mesmo.
Aperto meus olhos e quando os abro, eu ainda a vejo, ela ainda está
aqui.
Totalmente despida, ela para à poucos passos de entrar na água e me
encara, firmemente e insegura.
Merda.
Eu não quero que ela se sinta insegura e ache que eu não a quero da
mesma forma que ela me quer. Se ela pudesse ver o quão excitado estou por
baixo desse short, jamais duvidaria disso.
Então eu dou um passo à frente, tiro a minha roupa e tentando conter a
minha hesitação, dou mais um passo e respiro fundo.
Por muito tempo eu fantasiei como seria estar com Cheryl e nada se
compara ao agora. Nós estamos aqui, nus, em uma praia em Malibu e prestes
a riscar o segundo item da lista dela depois das 48 horas que passamos juntos
em meu quarto assistindo filme desligados de tudo e todos à nossa volta.
Nadar nua na praia.
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Cheryl não sabia que o real motivo para termos vindo de carro havia
sido seu telescópio que eu raptei e quando soube houve dois momentos de
surtos.
Primeiro: “Meu telescópio, sua moto. Não toque no que é meu e talvez
eu não tocarei no que é seu.”
Segundo: “Isso vai ser demais.”
Como entender Cheryl Prinsloo?
— Não teria lugar mais bonito que esse para observar o céu, Evan, a
lua está linda — ela murmura, terminando de montar o telescópio na areia.
Cheryl se posiciona atrás do telescópio e encosta seus olhos na lente.
Paro esse momento em minha mente e gravo a imagem de Cheryl nua
debaixo da minha camisa, enquanto observa as estrelas.
— Anda logo, Evan — ela grita, chamando a minha atenção e
acenando com a mão.
Quando me aproximo, ela me coloca à frente do telescópio e enquanto
eu observo através dele, ouço suas instruções atentamente.
— Consegue ver a constelação?
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interrompeu.
dentro de casa.
Cheryl ainda será completamente minha, nem que para isso eu espere
por mais onze anos.
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CHERYL PRINSLOO
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EVAN WALTERS
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preservativo.
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CHERYL PRINSLOO
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orelha e sussurra:
— Bom dia, Cher, você é o melhor encontro da minha vida.
1 MÊS DEPOIS
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Querido Evan,
Eu estou descabelada, vestindo um
moletom que roubei do seu guarda-
roupa semana passada e que nem
lembro a última vez que ele soube o
que é ser limpo. Também estou com o
nariz escorrendo uma coisa gosmenta
e nojenta, estou tossindo de cinco em
cinco segundos, tenho olhos de panda
e o pior de tudo EU ESTOU
SANGRANDO. É o suficiente para
você?
Sua resposta chegou minutos depois.
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Me preparo para confrontá-lo por estar aqui quando não o quero que
me veja assim, mas ao abrir a porta, meus planos vão por água abaixo quando
vislumbro o seu sorriso.
— Acho que você subestima demais o que eu sinto por você, embora
você esteja bem feinha, eu ainda gosto de você, talvez mais ainda agora em
meu moletom — ele diz suavemente, e suas palavras se enraízam
profundamente dentro de mim.
Dou um meio sorriso, sabendo que é quase impossível fazê-lo sair do
meu quarto, então dou passagem para ele entrar.
— Você acabou com a minha autoestima nesse exato momento, Evan
— resmungo, ele ri, ignorando-me, e entra no meu quarto com uma sacola
em mãos.
Caminhando em sua direção, olho mais uma vez para a sacola de papel.
— O que há aí? — pergunto, deixando a minha curiosidade falar mais
alto.
Abrindo a sacola, ele tira os absorventes internos que havia pegado no
mercado. Me limito a rir, Evan realmente não existe.
— Eu disse que isso poderia ser útil algum dia — ele pondera.
E, abrindo a embalagem de um absorvente, Evan quebra o espaço que
existia entre nós. Seus olhos preocupados me estudam antes de inclinar o
rosto para frente e pressionar os lábios em minha testa, enquanto
cuidadosamente enfia o pequeno absorvente em meu nariz.
— Problema número um, nariz, resolvido.
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Pela forma que Evan me olha curioso, eu sei que devo estar com um
sorriso idiota enquanto o olho, mas decidida a esconder meus pensamentos
dele, eu apenas faço o que ele pediu.
— Bom, você tem razão, meus dias estão sendo péssimos — admito,
contra vontade.
Parabéns, Cheryl, essa é uma ótima forma de esconder que está
apaixonada por alguém.
— Graças a Deus você tem a mim para tornar o resto dos dias
melhores.
Balanço a cabeça, sorrindo ao concordar.
Sem dúvidas graças a Deus. Não porque eu o tenho, mas porque eu,
Cheryl Prinsloo, amo Evan Walters de uma forma que não cabe dentro de
mim. E a partir de agora, nós nos teremos para sempre.
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CHERYL PRINSLOO
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EVAN WALTERS
Minhas mãos tremem enquanto meus olhos vagueiam por cada item
riscado na folha.
Perdoar alguém.
Ir à um clube de strip.
Visitar todos os continentes pelo menos uma vez.
Comprar um bilhete para o primeiro avião do dia sem saber para onde
vou.
Ver o pôr e o nascer do sol, sem dormir.
Viver uma história de amor inacreditável.
Casar com a garota dos meus sonhos.
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Ter um filho.
Fazer tatuagens.
Nadar nua na praia.
Passar um dia inteiro a comer comida lixo sem culpas.
P.s.: nós temos um cachorro agora, mas é claro que nós ainda teremos
os nossos filhos. :)
Releio a frase acrescentada por Cheryl mais uma vez antes de dobrar o
papel e olhá-la.
— Isso significa que...
— Eu te amo — ela me corta, sorrindo. — É claro que ainda faltam
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poucos itens na lista a serem riscados ainda, mas, pra isso, você terá que me
pedir em casamento, em seguida me levar para Las Vegas e fazer um test-
drive comigo na cidade do pecado.
Meus lábios curvam-se em um sorriso. Eu dou um passo à frente, e
envolvo a cintura de Cheryl com os braços, a trazendo para mim.
— Por um segundo eu achei que era o fim — murmuro, encostando
minha testa na dela. — Nunca mais faça isso com meu pobre coração, Cher.
Ela ri travessa e fica na ponta dos pés para alcançar meus lábios, sua
boca levemente encosta na minha.
— Eu quero dizer que eu sinto muito por tê-lo feito esperar por 11
anos, mas, na verdade, eu não sinto. Porque tudo que vivemos nos últimos
seis meses foi uma construção das pessoas que nós dois nos tornamos um
para o outro hoje. 11 anos é um grande número, mas acredito que nós
teremos anos a mais para compensar tudo isso. Eu o amo com tudo que há em
mim e eu sei que é amor, porque você me ensinou o que é amor de verdade,
me fez conhecer o amor recíproco, você me fez sentir de uma forma que
jamais havia sentido antes. Eu amo você, Evan Walters e acho que você
deveria namorar comigo, talvez casar daqui há alguns anos, não importa
como seja, eu só o quero comigo.
Sua confissão me deixa desnorteado. Se meses atrás alguém me
dissesse que Cheryl Prinsloo entraria pela minha porta e se declararia, eu
riria, mas agora é tudo tão real que me pergunto se realmente não é um sonho
ou uma pegadinha.
E sendo um sonho ou não, ela é minha.
Nossos olhos se encontram e posso ver a paixão, medo e desejo neles,
enquanto ela espera por minha resposta.
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— Por Deus, sim! Eu vou dizer sim sempre para você, Cheryl. Isso aqui
é muito mais do uma lista com itens a serem riscados, certas coisas não
precisam ser ditas e sim sentidas, eu a amei por tanto tempo e sei que vou
amá-la por muito mais. Eu soube no momento em que seus lábios tocaram os
meus pela primeira vez que isso daria certo, eu só precisava de mais tempo
para você me mostrar o que sente. E agora que eu sei, você está perdida.
— Que bom então, porque eu não me importo de me perder em você —
ela sussurra, me provocando com os lábios quase pressionados nos meus, e
gentilmente eu a beijo com um pouco mais de firmeza que de costume.
Não foi preciso mais do que essas palavras para eu ter a certeza que de
que nós nos perderemos um no outro. Eu quero ser a âncora de Cheryl para
sempre, assim como eu quero segurá-la para nunca mais deixá-la ir.
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CHERYL PRINSLOO
Se uma pessoa lhe disser que as coisas mudam com o tempo, acredite, é
a mentira mais deslavada da história.
Velhos hábitos nunca mudam. Meu marido é a prova disso, mesmo
depois de oito anos de casados.
Colocando a mão por cima da minha, ela repete as palavras sentir aqui
e sorri, assentindo.
Evan pigarreia chamando a nossa atenção, deixando claro que apesar de
estar brincando com Isaac, sua atenção estava em nós.
A casa ficou vazia depois que Luke veio buscar Chelsea e depois que
Isaac dormiu. E pela primeira vez vejo um ponto negativo em tirar férias em
família: somos apenas nós três por uma semana agora. A ideia era fazer uma
viagem em família, mas Luke colocou na cabeça de Chelsea que seria mais
divertido ir para Santa Monica do que ir para acampar, e infelizmente ele
conseguiu convencê-la.
— Está calada e com esse olhar... No que você está pensando? — Evan
pergunta, ao sair do banheiro somente com uma toalha enrolado na cintura.
Contemplei a visão privilegiada dos músculos perfeitos de suas costas e
da sua bunda sexy.
— Cheryl? — ele chama, virando-se de frente e isso me distrai ainda
mais.
Olho para o seu caminho da perdição, em seguida para palavra
everything tatuada igual a minha na virilha, depois para os músculos e as
tatuagens do peito e braço, parando finalmente nos seus olhos.
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Sentir todos os sentimentos ocultos que Evan sentiu por mim era tudo o
que eu precisava para ter o que eu tenho hoje e nós dois sabíamos que palavra
alguma caberia a nós se não everything. Mas hoje, de alguma forma, a
tatuagem feita no nosso primeiro ano juntos se encaixa perfeitamente ao que
somos agora.
Nós somos tudo que precisamos.
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Agradecimentos
Esse conto é para todos aqueles que pediram por mais de Chevan, é
para todos que me apoiam todos os dias e que me motivam a continuar.
Obrigada aos leitores, parceiros e amigos que me acompanharam até
aqui. Nós nos vemos novamente em breve, muito em breve...
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