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Foi propício esse almoço com Simba e Esteves, assim posso saber do andamento das
investigações.
Devidamente acomodados na mesa do fundo do restaurante em frente a empresa, seguimos
discutindo a demora nos resultados da investigação e os detalhes das medidas de segurança já
implementadas.
— Achei que descobriria mais rápido quem é o espião, Esteves? — pergunto ao meu
detetive.
— Estou reunindo provas, mas já descartei as mulheres, pela única imagem que consegui,
sua irmã se encontra regularmente com um homem.
— Hum, seria o mais provável. Seduzir um trouxa é especialidade dela. Quero que não se
refira mais a ela como minha irmã. Não desejo associar nenhum tipo de relação com aquela cobra.
— Mas ela no papel tem seu sobrenome! — comenta Simba. — E se você não lembra ela
quer apresentar o namorado para os amigos do seu pai na semana que vem, provavelmente vai
mandar convite para a festa
— Ela não é louca a esse ponto.
Simba arqueia uma sobrancelha como sempre faz quando dúvida de algo.
— E as escutas, aquelas que pedi para os veículos, foram instaladas?
Entre uma garfada e outra, Esteves explica sobre os microfones instalados nos carros da
empresa, incluindo o meu próprio veículo e nos escritórios.
Meu primo, intrigado, questiona sobre a legalidade dessas medidas, enquanto o detetive
explica os aspectos legais e técnicos da instalação dos dispositivos.
— É uma medida necessária, Simba — explico enquanto corto um pedaço de carne. —
Além dessa investigação, com a quantidade de informações sensíveis que manuseamos diariamente,
precisamos garantir que nossa segurança esteja sempre um passo à frente.
— Você desconfia dos seus seguranças, Sebastian? — continua ele.
— Só confio na Anne e em vocês dois, em mais ninguém. — Tranquilo e confiante,
demonstro que estou disposto a fazer o que for necessário para proteger a empresa e meus
funcionários.
Esteves segue com entusiasmo falando sobre o funcionamento dos dispositivos de escuta
instalados nos carros. Ele pega um pequeno aparelho do bolso, discreto o suficiente para passar
despercebido, que capta conversas dentro do veículo.
— Esses dispositivos são incrivelmente sensíveis — começa com um sorriso satisfeito. —
Eles podem captar até mesmo sussurros e conversas em tom baixo, garantindo que não percam
nenhum detalhe importante. Instalei por fora dos veículos também, assim quando estiverem parados
as conversas ao redor do carro em um raio de um metro serão gravadas.
Assenti, indicando que entendo o potencial dessas tecnologias.
— É perfeito, além de nos dar uma vantagem em termos de segurança, também podemos
usá-los para monitorar conversas suspeitas que possam mostrar quem procuramos.
— Exatamente.
— Vou deixar vocês dois com os assuntos sérios e vou voltar para a empresa, quero ver a
linda antes do expediente recomeçar.
Esteves dá um meio sorriso a ele que devolve um olhar de falsa inocência.
— O que? Vocês ficaram em casa o dia inteiro no sábado enquanto eu assistia as aulas
extras do semestre.
— Não falei nada, Simba. — Seu olhar para o loiro estreita.
— Vai voltar para a empresa à tarde, Sebastian?
— Sim, preciso apenas passar em um lugar antes e volto, avise Liz para mim.
— Ok, até mais — com um selinho no namorado, meu primo nos deixa a sós.
— Voltando ao assunto chefe, acrescento que os dispositivos também podem ser úteis em
situações de emergência, fornecendo evidências cruciais em caso de incidentes.
— Muito bem, Esteves. Você consegue guardar as gravações em um local seguro?
— Não se preocupe com isso, passo por email a senha da nuvem que estão salvas. Um dia
após serem gravadas, as recupero e lanço no arquivo.
— Ótimo. Vou acertar a conta, fique a vontade para terminar o seu almoço. Preciso ir.
— Obrigado pelo almoço.
— No próximo vocês pagam. — Afasto-me rindo.
— Combinado chefe.
Ao pagar a conta saio do estabelecimento e entro na farmácia ao lado para pegar o que eu
preciso. Sem demora estou de volta a empresa. Pego o elevador direto para a sala do arquivo morto.
A brincadeira com a selfie espero que tenha surtido efeito.
Tô louco para ficar sozinho com ela em um lugar discreto, pelo menos uma hora tranquilos,
sem interrupção.
Quero comemorar o contrato que Liz fechou em grande estilo. Simba mandou uma
mensagem rápida no WhatsApp avisando do sucesso dela, mas eu sabia que minha namorada
conseguiria conquistar os clientes alemães.
Na saída do elevador ao chegar no andar de destino, meu telefone sinaliza mensagem.
— Você me deixou em maus lençóis naquele almoço, abusado!
Será que pergunto o que achou da foto que fiz para ela? Antes que digite ela escreve outra:
— O que preciso buscar no arquivo? Era sério ou brincadeira para enviar o nude?
Melhor escrever como se eu não estivesse aqui.
— Desça lá, vai saber o que pegar quando entrar na sala de arquivos.
Espero a pimentinha com a porta trancada por dentro, quero aumentar a surpresa.
Minutos depois de responder a mensagem, ouço o som dos saltos frenéticos no corredor em
um eco.
Sentado sobre a mesinha disposta na entrada da sala ao lado da porta, afrouxou a gravata
tirando a peça ao ouvir a chave girar e destrancar a fechadura.
— Oh! Droga! Sebastian! Que susto! — exclama quando abre e me vê.
— Entra e tranca a porta, amor.
Liz é rápida em obedecer, observo com mais tempo como se vestiu para o dia de hoje.
Quase não nos vimos por causa da apresentação.
A saia preta reta acima do joelhos a deixa mais séria do que é, e o blazer da mesma cor,
profissional demais. Por esse motivo, quando a deixo nua, vou ao delírio apenas com a visão do
corpo lindo, porque só eu tenho a honra de admirar sua verdadeira essência.
Ela se aproxima o suficiente para enlaçá-la pela cintura e puxar seu corpo entre minhas
pernas.
— Parabéns pelo contrato com os alemães. Sabia que não havia melhor pessoa para
conseguir o negócio.
Esperei a manhã toda por esse sorriso vaidoso e olhar brilhante.
— Quer dizer que estamos escondidos como dois adolescentes para uma comemoração no
meio do expediente?
Desço as duas mãos da cintura e agarro sua bunda com firmeza, fazendo-a arfar.
— É isso mesmo, quero dar a recompensa para a funcionária mais aplicada da empresa.
Nossas vozes soam baixas e desejosas, um convite para o que virá a seguir.
— E qual seria a recompensa? — a pergunta dita de queixo erguido é bem o que eu
imaginava da minha atrevida.
Agarro um punhado de cabelo da nuca e puxo um pouco sua cabeça para trás a fim de
expôr seu pescoço delgado.
Antes de beijar e lamber a pele de seu pescoço, sussurro no seu ouvido:
— Um orgasmo tão intenso que vai precisar de folga no trabalho!
Liz agarra meus braços com força fechando os olhos ao sentir as mordidas no pescoço.
Como pode essa mulher ter esse gostinho de morango, parece um licor irresistível da fruta, e cada
vez que provo não consigo parar.
— Sebastian, não está pensando em...?
— Trepar gostoso na sala de arquivos, por uma hora inteira com minha namorada? Pode
apostar.
Meu cabelo é puxado para que a encare.
— Estamos no horário de trabalho! — fala com falsa indignação se aninhando ainda mais
em meus braços.
— E morrendo de saudades. Só nós dois temos as cópias da chave desta sala e o mais
importante, você não pegou o que mandei buscar!
Nada me deixa mais rendido quando a pimentinha começa a mordiscar meu lábio
alternando com lambidinhas marotas.
— E o que é que preciso pegar, senhor mandão?
Agarro uma de suas mãos e coloco sobre minha ereção dolorida.
— Pegue!
— Está tão duro!
— Somente com seu cheiro fiquei assim, e quando senti o gosto de sua pele, tô explodindo
aqui e de jeito nenhum vou sujar minha calça.
Ataco seus lábios assim que a safada aperta meu pau. Enquanto a devoro, seu blazer é a
primeira peça descartada, depois as mãos delicadas e ansiosas abrem minha camisa. São carícias
ansiosas demais para não gemer. Agindo como se tivesse um cronômetro e o tempo estivesse
acabando, seguimos o amasso com puxões de cabelo e mordidas afoitas.
— Vamos ... para os fundos, se alguém vier até a sala ao lado vai nos ouvir — aviso com o
pouco fôlego que me resta, já guiando minha namorada para o último corredor de prateleiras de
arquivos.
Ao chegarmos próximo a escada de madeira a qual tivemos o beijo da outra vez, Liz se
apoia nela e a prendo com meu corpo, voltando a exigir seus lábios. Minha camisa é a próxima a ir ao
chão.
— Desde que vi aquela foto, fiquei maluca para estar assim com você!
O sorriso no meu rosto é inevitável ao livrá-la da blusa puxando-a pela cabeça em um
golpe rápido.
— Estava pensando em você naquele momento da foto!
Liz, com uma pressa enorme, abre meu cinto e a calça, mas antes que esqueça, tiro a cartela
dos preservativos e penduro na escada.
— Por mais que eu ame ver minha porra escorrer pelas suas pernas, hoje não podemos nos
dar ao luxo — comento assim que ela olha interrogativamente para os pacotes laminados, já que não
usamos normalmente.
— Amo sua praticidade! — elogia com um sorrisinho dengoso me ajudando a baixar as
calças.
Abro o sutiã para dar atenção aos peitos lindos, que imploram pela minha boca. Mal a
renda os revela, mato minha vontade chupando um por um faminto. A textura dos mamilos rosados
durinhos me instiga a sugar com força.
Liz arqueia o corpo pedindo por mais intensidade.
— Oh Deus! Sebastian! Adoro isso…
— Porra! E eu amo esses peitos!
Ergo a saia e a enrolo em sua cintura ao tocar entre as pernas sobre a calcinha quase gozo
por notar o quanto está molhada. Liz arranha meus ombros me fazendo desviar dos seios e voltar a
devorar seus lábios.
— Puta merda, Liz! Preciso encapar o pau agora!
Abro um dos preservativos na velocidade recorde. É muito tesão e saudade demais para
seguir com as preliminares.
— Com a vontade que tô, tenho medo de ser demais pra você.
A abusada vira de costas e empina a bunda com a calcinha preta fio dental enfiada de um
jeito, que perco o fôlego. Ao olhar para a obra de arte sinto um choque violento na cabeça do pau.
E ela não dá trégua, olha por cima do ombro da forma que me olhou na danceteria na
primeira vez que ficamos. Faminta e safada, com a diferença que não tem um pingo de álcool em seu
sistema.
— Dê o seu melhor, mandão!
— Está me provocando? — puxo seu cabelo guiando sua boca para a minha ao afastar a
calcinha para o lado.
Enfio um dedo dentro dela apreciando escorrer o mel grunhindo em seus lábios.
— Por ...favor, por favor... — implora baixinho rebolando em busca de alívio.
— Merecia um castigo por me provocar, mas nem eu mesmo aguento te fazer esperar,
molhada desse jeito, caralho! — murmuro em seu ouvido enquanto a fodo com meus dedos.
— Ah, não tortur...
Antes de terminar a frase enterro o pau inteiro nela, puta que pariu! A penetração é algo
que sinto em minha medula, um calor percorrendo minha coluna como pedras quentes. Deslizo tão
fácil, mas ao mesmo tempo, a bocetinha aperta em pulsos, mastigando, que preciso morder sua nuca.
Queria sentir pele com pele, pois Liz está ardendo em luxúria, rebolando de encontro às
estocadas.
A escada nos aguenta fazendo o papel de terceira participante enquanto me ajuda a prensar
o corpo quente da minha mulher.
Vejo que segura firme na madeira enquanto soco com vontade. Os sons dos nossos corpos
se chocando provocando eco na sala fechada, só aumentam nosso prazer.
— Ontem quando tirou a selfie... Depois tocou uma, pensando em mim?
Surpreso de uma ótima maneira com sua pergunta esbaforida, entro no jogo, mesmo
sabendo que estou no limite e vou gozar a qualquer momento. Agarro suas mãos que seguram os
lados da escada com força prendendo-as no lugar e acelero, afundando o pau no veludo quente.
— Minha pimentinha safada!
— Fala, Sebastian! Ah...! — choraminga tão docemente que não tem como resistir.
Mordo o lóbulo da orelha dela metendo como um louco.
— Precisei de duas punhetas pra aliviar meu tesão por você ontem a noite.
Sua cabeça pende para trás apoiando em meu ombro e desacelero fodendo em movimentos
longos e lentos, com a intenção de aproveitar um pouco mais.
— Geme para mim, Liz! Deixe-me ouvir você?
Ela puxa meus cabelos arfando e gemendo baixo.
— Vou gozar tão forte nessa bocetinha gostosa, só pra ouvir meu nome quando me levar
pro céu.
Acelero pouco a pouco, no meu tempo, aproveitando ao máximo a minha mulher.
— Mais rápido, Sebastian, mais... Tô quase...
Nos segundos seguintes começo a sentir o aperto do seu sexo me ordenhando, o
formigamento tomando meu corpo como uma fera feroz. O pau parece inchar ainda mais ao ouvi-la
gemer meu nome em êxtase.
— Oh, Sebastian...
Absorvo seu orgasmo encontrando o meu próprio. Bombeio dentro dela até meu
esgotamento. O prazer é tão agudo que é quase um tipo de dor.
Liz amolece em meus braços, mas não posso sucumbir à fraqueza das minhas pernas. Ergo-
a no colo e a carrego para o fim do corredor onde uma cadeira executiva aguarda seu uso.
Sento-me exausto, com minha mulher agarrada a mim, respirando no espaço do meu
pescoço. Foder em pé é bonito nos filmes, mas precisa estar em ótima forma. Eu e Liz estamos mais
para algo demorado, sem pressa e em uma cama. Coisa que está difícil de acontecer nesse namoro.
Descarto com um nó o preservativo e abraço seu corpo suado, beijando sua testa e nariz até
ela encontrar meus lábios com os seus.
— Seria maravilhoso uma cama agora, não foi tanta acrobacia para acabar comigo desse
jeito.
— Foi a adrenalina, sabe aquele ditado que ‘onde há vontade, há um jeito’? Então, nós
estávamos loucos por isso e essa intensidade nos derrubou.
Acaricio de modo suave sua coluna, correndo os dedos sobre sua pele, a fazendo arrepiar.
— Ainda temos meia hora, talvez essa cadeira seja uma melhor opção.
— Concordo, mas não quero essa saia no meio do caminho, nem essa calcinha participando
da próxima.
Ouvimos um alarme de celular que reconheço ser o meu.
— Não vai atender?
— Deixe tocar, se for importante vai ligar mais tarde, agora estou extremamente ocupado,
me preparando para ver minha mulher indo buscar o preservativo perto da escada.
Liz levanta preguiçosamente e deixa cair a saia enrolada na cintura.
— Tira a calcinha para mim?
— Você gosta muito de olhar, né?
— Não sabe o quanto! — sorrio com malícia.
No momento que ela gira e vejo o fio dental melado saindo lentamente, com Liz
coreografando para mim a calcinha deslizando até o chão, meu pau parece ter sido inflado com um
compressor de ar.
Meu amor desfila até a escada de madeira apoiada na prateleira e se inclina com a bunda
para o alto para pegar o preservativo no chão. Cada dia está perdendo a timidez sobre seu corpo,
mostrando realmente a mulher sedutora que é e isso me deixa maluco.
Quando retorna, para na minha frente olhando meu pau duro e lambendo os lábios, a safada
está querendo me enlouquecer.
— O que deseja agora, senhor mandão? — voz doce e submissa provocando uma fisgada
na cabeça do pau.
Forço uma cara de mau, acomodando-me melhor na cadeira, ao abrir um pouco mais as
pernas para o que está por vir.
— Ajoelha e me chupa!
Obediente ela coloca-se entre minhas pernas, segura-o com as duas mãos e lambe a ponta
como um sorvete, me fazendo pular da cadeira.
— Olha pra mim enquanto me engole.
É esforçada e apesar de não comportá-lo inteiro na boca, faz umas coisas com a língua que
reviram meus olhos de prazer. Arranha minhas coxas arrepiando meu corpo inteiro tanto com as
unhas, quanto com seu olhar guloso.
Agarro seus cabelos castanhos fazendo um rabo para melhor apreciar. Soltando silvos de
prazer pego o pacote laminado, o abro e mostro para ela, que rapidamente cobre meu pau com ela.
— Vem cá, amor.
Ajudo Liz a me montar, mas não penetro.
— Eu fiz direitinho? — pergunta manhosa.
Guio minha mulher para um beijo, chupando sua língua vorazmente.
— Fez com perfeição, só que não queria terminar nessa boca linda.
O olhar brilha pelo elogio, com entusiasmo ela puxa meus cabelos para mais beijos com as
mordidinhas que eu adoro. Quando ela senta no meu caralho, tudo o que penso é tê-la assim para
sempre. É como se tudo fizesse sentido, apenas quando estou com AnneLiz. Pode ser obsessão
minha, mas foda-se!
— Quero isso para sempre, quero você para sempre.
Ela acelera rebolando sobre mim olhando nos meus olhos.
— Amo você, Sebastian. Quero ser sua para sempre.
O calor dessa declaração explode o sangue nas minhas veias rugindo no espaço entre os
batimentos cardíacos. Depois de ouvir essas palavras foi somente sentir, beijar, gemer e possuir até
gozarmos juntos bebendo nossos próprios gemidos aos beijos.
Após esse tempo namorando, ao nos vestir, meu telefone toca novamente.
Para minha surpresa é o nome da minha mãe piscando na tela.
Dona Margareth não costuma me ligar, o que será que pode ter acontecido?
Dentro do carro de Sebastian sinto o coração acelerado enquanto o veículo segue em
direção à casa dos seus pais. Aquela ligação da mãe dele no meio da semana, era para nos convidar
para jantar no sábado, e aqui estamos indo para a forca. A princípio meu namorado recusou, mas sua
mãe insistiu dizendo que Lili mandou convidar como o início de uma trégua e apresentar a namorada
do irmão para seus pais. Isso não me cheira bem!
Olho pela janela, perdida em meus pensamentos, tentando me preparar para o que virá pela
frente. Sebastian no banco ao meu lado, percebe a tensão e coloca a mão sobre a minha, um gesto que
me conforta.
— Está tudo bem, Liz. Vai correr tudo bem. — O timbre seguro não consegue tirar essa
sensação de aperto no peito.
Mas para não deixá-lo preocupado, lanço um sorrisinho agradecida pelo gesto de apoio.
— Espero que sim. Só estou um pouco nervosa. Não sei como será esse jantar.
— Não se preocupe. Estaremos juntos nisso. E se algo sair do controle, saímos juntos
também. — Responde com um semblante tranquilizador.
Suspiro, tentando manter a calma com as palavras reconfortantes. Ainda assim, a apreensão
persiste, misturada com uma ponta de expectativa pelo que a noite reserva.
Nossa chegada à casa dos pais dele é marcada por uma recepção extravagante, que já
demonstra um ambiente tenso. Ao entrarmos na propriedade, fomos recebidos por uma exibição de
ostentação: carros de luxo alinhados na entrada, manobristas com um uniformes completos, até de
luvas! Meu Deus! Parece um evento de gala! Eu e Sebastian não viemos preparados para isso!
Estamos vestidos com roupas sociais para um jantar especial apenas, não um evento desse porte.
Cruzamos a porta da frente em silêncio, ouvindo o burburinho dos convidados ao notar
nossa entrada. Admiro a mansão belamente decorada. Os garçons circulam com taças de champanhe
e convidados elegantemente vestidos. A atmosfera é de riqueza e status, algo que contrasta com a
simplicidade dos locais que costumo frequentar.
Seus pais vêm em nossa direção assim que chegamos às colunas de mármore da entrada do
grande salão.
— Isso é uma casa, Sebastian? Parece um teatro para receber grandes shows.
— Estou surpreso com essa decoração dourada e luxuosa, não pensei que seria um evento
tão grandioso. E todas essas pessoas?
Sua mãe se achega com um sorriso comedido, vestida com um longo marfim.
— Porra, mamãe disse que seria íntimo, algo para você conhecê-los.
— Bem, sinto lhe informar que você foi enganado.
Enquanto Sebastian tenta disfarçar seu desconforto, sinto-me cada vez mais deslocada.
— Pai, mãe, por que uma festa desse porte para a visita de AnneLiz? Sabe como sou
avesso a badalações. AnneLiz esses são meus pais, Robert e Margaret.
Seu Robert acena um boa noite sem estender a mão para mim, o que me incomoda de
chegada.
— Essa festa deixei sua irmã organizar, afinal convidei alguns ilustres amigos para
conhecer meu genro. Não tem nada a ver com vocês.
— Robert? — condena minha mãe.
— Mas é verdade, Margareth!
— Entendi, o convite não tinha nada a ver com paz, né mãe?
Ela se aproxima com seu visual impecável, toca o rosto do filho com carinho.
— Não filho, eu queria conhecer AnneLiz, seu pai está chateado porque o senador seu
amigo não pôde comparecer. — Pega as minhas mãos me oferecendo um sorriso gentil, parece
sincera. — Como vai, filha? É um grande prazer conhecê-la.
— Igualmente, Sra Latarge — retribuo.
A cobra da irmã, usando um vestido dourado, se aproxima e sinto o corpo de Sebastian
tenso, sua mão entrelaçada na minha aperta com considerável força.
— Bem-vindos, que bom que vieram. — Lili tem a coragem beijar sua bochecha com um
sorriso largo e afetado, mas ele não se move. — AnneLiz, você está linda, adorei o vestido.
Engancha um braço no seu pai sorrindo igual o coringa ao matar a própria mãe.
— Não fazem um casal perfeito, papai? Já cumprimentou sua nora?
— Sim, já fomos apresentados.
O homem mal olhou para mim e quando o fez foi com desprezo no olhar, me fez sentir um
cachorro sarnento neste lugar.
— E onde está minha enteada, achei que iria vê-la esta noite?
— Juliete ficou com a babá, eventos noturnos não são para ela.
— Nós vamos buscar uma bebida, com licença. — Meu namorado é inteligente ao se
retirar e me guiar para o outro lado do salão.
— Não devia ter acompanhado você nesse jantar — confesso desanimada.
Sebastian pega duas taças e me alcança uma.
— Vamos jantar e sair, não se preocupe. Não daremos margem para conversa.
Vemos ao longe Daniel entrosado nas rodinhas dos ricaços, como se fosse um deles. Rindo
e bebendo com seu traje de gala. A ânsia de vômito bate na garganta.
Sebastian amaldiçoa baixo, com um palavrão ao ver meu ex-marido, que finge que não nos
viu, mas se exibe feito um pavão.
Um garçom desfila com uma bandeja com torradinhas belamente enfeitadas com um patê,
meu estômago ronca de fome.
— Foie Gras, senhor?
— Não! — Quando vou pegar, ele me impede. — Obrigado, ela também não quer.
Quando o homem de uniforme se afasta, reclamo desanimada.
— Não sabia que não era para comer antes do jantar.
— Não é isso, amor. Sabe o que era aquela comida? Fígado de pato.
Vejo que ele está nervoso e o deixo continuar.
— O foie gras é o orgão doente de um ganso ou pato, engordado de maneira forçada, várias
vezes por dia, com um tubo de metal enfiado na garganta até o estômago. Para obrigar o seu corpo a
produzir o fígado gordo para fazer o patê, a ave tem de engolir em somente alguns segundos uma tal
quantidade de milho, que o fígado acaba por atingir praticamente dez vezes o seu tamanho normal, e
desenvolve uma doença chamada esteatose hepática.
— Meu Deus! Que horror! Como você sabe disso?
Seu riso é triste e melancólico.
— Meu próprio pai abominava crueldade com os animais e me ensinou várias coisas que a
elite exalta e normaliza. Eu era muito jovem quando ele me explicou e disse que nunca entraria em
nossas recepções esse tipo de alimento.
— E hoje?
— Não reconheço mais meu pai, AnneLiz. — Quando me encara noto a profunda tristeza
dessa sentença em seu olhar. Algo que raramente vejo em Sebastian.
Circulamos um pouco mais pelo salão, Sebastian me apresenta alguns casais conhecidos,
sempre atencioso, referindo-se a mim como namorada. Algumas senhoras me elogiam e ele sorri
orgulhoso.
Mas aqui não é meu lugar, as conversas em volta são sobre negócios, viagens e eventos de
alto padrão, temas que não fazem parte do meu cotidiano. Algumas pessoas me olham de modo
estranho, não consigo identificar o motivo. As mulheres jovens esnobes mal me dão atenção e alguns
homens parecem uns tarados, me comendo com os olhos. Meu vestido não é ousado, é um longo
preto de alças finas, simples e discreto.
Lili, se delicia com a situação, lançando olhares de superioridade na minha direção sempre
que pode.
— Fiquei sabendo que o jantar teve um pequeno atraso, vou buscar algo suave para você
beber e um whisky para mim, me espere naquela porta larga em arco, está vendo?
— Estou, é bonito o gesso ao redor formando desenhos de folhas.
— É a saída para o jardim. Quero mostrar a você o lado de fora como é lindo. — Uma
piscadela marota me diz que Sebastian não vai se comportar nesse jantar.
Ando alguns passos em linha reta desviando dos casais conversando e bebendo, um respiro
bem-vindo dessa ostentação e exibição as quais odiei conhecer.
Observo que do outro lado da porta há uma área externa com estátuas de pedra esculpida
nos quatro cantos, mulheres gregas com jarros nas mãos. A imagem tediosa delas combina com a
minha, espero não ter muito desses eventos para acompanhar Sebastian.
Inspiro o perfume floral que a brisa traz. Deve ser das floreiras com violetas brancas que
fazem o papel de mureta para o gramado aparado. O clima está agradável, o ar fresco acaricia meu
rosto, a noite está linda com o céu repleto de estrelas.
— Vejo que está curiosa sobre o jardim.
O homem de smoking e cabelos grisalhos para ao meu lado na grande porta. Sua voz não
tem mais a antipatia inicial, é baixa e calma. Sozinhos admirando o jardim, talvez ele seja mais
simpático.
— É lindo aqui.
Olho seu perfil com o peito estufado, orgulhoso da sua própria posição.
— Realmente, essa mansão herdei do meu pai, que herdou do pai dele. Foi construída no
século XVII. Meu pai dizia que era de um príncipe, mas eu nunca acreditei.
— Sua casa é linda e o evento de hoje é digno de príncipes, senhor Robert.
— Meu filho é um príncipe, Sebastian vai herdar isso tudo. Mas não pode se casar com
vagabundas golpistas que se vendem por dinheiro.
— O quê? — Nessa hora ele me encara com nojo no olhar, desprezo profundo na maneira
que olha meu corpo de cima abaixo.
— Entendo que goste dessa vida, Daniel me explicou, mas com meu filho você não vai
ficar. Ele merece uma menina de classe, se for virgem melhor ainda. Não pode desfilar com
prostitutas no meio dos meus amigos. As pessoas já estão comentando, acha correto?
— Eu não sou prostituta muito menos golpista, trabalho na empresa do seu filho!
— Sei que tem vergonha de admitir o vício em depravação, seu ex-marido nos
confidenciou e acredite, ele sente muito por isso. Mas para o seu próprio bem, entenda, é melhor se
afastar de Sebastian ou vou interferir e você não sabe do que sou capaz.
Meus olhos ardem tentando segurar as lágrimas, nada do que eu disser vai mudar o que
pensam de mim. Olho para trás, em direção ao salão repleto de figurões e mulheres com vestido de
gala e tudo começa a fazer sentido. Daniel deturpou minha imagem como pessoa de bem e mãe.
Pintou um retrato de uma mulher que não sou eu. A garganta seca no esforço de segurar o choro, o
peito aperta angustiado.
— O que está acontecendo aqui? — Sebastian se aproxima.
— Faça um favor de tirar essa puta daqui pirralho!
As taças das mãos do meu namorado, vão ao chão quando ele agarra o pescoço do próprio
pai prensando o velho na parede.
— Está louco, pai? Acha que vai ofender minha mulher e não vou fazer nada? Pode me
desprezar o quanto quiser, mas ela não!
As lágrimas irrompem dos meus olhos, vendo o alvoroço e tensão do salão inteiro
acompanhando a briga.
— Sebastian, ele não tem culpa! — exclamo. — Inventaram que sou uma prostituta, uma
bandida.
— O quê? — ele solta o pescoço do homem, mas já é tarde para impedir o escândalo.
Senhor Robert tosse apoiando-se na parede em busca de fôlego, enquanto a mãe de
Sebastian ampara o marido. Meu namorado como um touro furioso procurando com o olhar o
responsável pelos boatos.
— Vá para o carro, AnneLiz!
— Vem comigo? Vamos embora daqui, por favor! — imploro.
Sebastian segura meu rosto e mesmo furioso fala calmamente.
— Você vai me esperar no carro, Berth está do lado de fora e vai ficar com você até eu sair
daqui. E não vou embora até não esfolar aquele inseto.
— Sebastian, isso não pode acontecer, o processo!
— Confie em mim, Liz. Nada vai prejudicar a guarda de Juliete. Sei o que estou fazendo.
Vá!
Apressada, cruzo o salão a passos largos sem olhar para trás, secando as lágrimas que
teimam em rolar. Ao sair, o motorista de Sebastian vem ao meu encontro.
— O que houve, senhorita?
— Onde está o carro? Sebastian mandou que eu esperasse lá.
— Venha comigo, senhorita Anneliz.
Andamos juntos até o SUV, ele abre a porta de trás e eu entro, mas de repente a voz afetada
de Lili chama minha atenção.
— Berth, por favor, corra! Sebastian precisa de você lá dentro, está em uma briga com
Daniel!
— Não! — grito, mas já é tarde, o pobre motorista já partiu correndo e ela entra sentando-
se ao meu lado no banco de trás.
— Tão bobinhos esses homens, né Anne? — Astuta sorri de um jeito que me dá medo,
ajeitando os cachos do cabelo sobre o ombro.
— O que você quer?
— Nossa! Que deselegante! Vim aqui assistir o show com você e me recebe com pedras?
— Não vou ficar ouvindo besteiras e ofensas suas. — Ao abrir a porta para sair, ouço um
click.
— Não ouse se mover, sonsa! — a voz não parece a mesma afetada e irritante de antes. É
baixa e perigosa.
— Feche a porta e faça o que eu disser.
Empunhada na mão repleta de jóias finas, um mini revólver, quase se esconde em sua
palma.
— O que está fazendo com uma arma, Lili. Por favor guarde isso!
— Não se engane pelo tamanho, essa switch gun fará um estrago em você se eu disparar
bem aqui na sua costela.
Ela encosta o cano minúsculo no lado do meu corpo, me fazendo estremecer.
— Se a bala acertar o fígado ou baço, as chances de chegar ao hospital mais próximo viva,
são de trinta por cento. Vai arriscar?
— Não, tudo bem. Por favor, não vou me mexer! — suplico.
— Ótimo, assim que eu gosto. — O sorriso divertido não me engana ao afastar o pequeno
revólver.
Tensa, fico imóvel no banco quando ela pega o celular da pequena bolsa dourada, clica na
tela e a gravação em tempo real da festa aparece.
— Olhe como está animado por lá — observa concentrada.
Sebastian agarra o colarinho de Daniel desviando de um soco que meu ex-marido tenta
acertar.
— Ele não é lindo? Combina comigo, forte, intenso, e quando fica nervoso esse homem me
dá um tesão do caralho! Sebastian e eu fomos feitos da mesma matéria.
Pisco os olhos em choque, não pelo vídeo do meu namorado brigando com Daniel,
destruindo a decoração do salão de festas. Lili está encantada com o irmão?
Ela se aproxima compartilhando o celular para eu acompanhar a briga.
— O quê? Achou que eu estava falando do palerma do seu ex-marido? Me poupe Anne!
Não preciso dizer que já cansei dele, né? Tô falando do Sebastian, do macho gostoso que quando fica
bravo vira uma fera descontrolada. O único defeito que tem é que ele não percebeu que a mulher
perfeita para ele, sou eu.
— Você é doente! — deixo escapar. Mas a louca cai na gargalhada.
— Ele é meu irmão adotivo, sua idiota!
— Sei disso, mas ainda assim foram criados como irmãos, é errado querer algo com seu
irmão adotivo, Lili.
— Nunca o vi como irmão. Desde que cheguei nessa casa me encantei com ele. Sebastian
era gentil comigo, ficou tão feliz de ter ganhado uma irmã. Amava a atenção que ele me dava. — seu
olhar vaga para o nada como se cavasse memórias antigas. — Mas com o tempo foi me deixando de
lado, foi me esquecendo, pela escola, faculdade, garotas, e isso me enfureceu de um jeito que precisei
quebrá-lo de alguma forma.
— Samantha...
— Ele contou?
Aceno sentindo o sangue gelar ao vê-la com um olhar parado, olhar de quem é surtado de
verdade. Balança o pequeno revólver na outra mão como se fosse um brinquedo.
— Sebastian ainda não endureceu aquele coração mole. Preciso dar um jeito! — fala
baixinho para si mesma.
A garota é psicótica e isso me apavora ao máximo. Sou um alvo aqui.
— Você vai terminar com ele hoje a noite! E vai pedir demissão amanhã, não, não, vai
pedir para sair da sala dele. Fique na empresa e o despreze, quero vê-lo sofrer um pouco, antes de
consolá-lo.
— Eu o amo, Lili e ele também, não quer vê-lo feliz?
— Mentira! — subitamente a arma é apontada para a minha cabeça.
Minha glândula adrenal está em alerta máximo, quem pode me culpar?
— Ele não te ama. É ilusão, é só você terminar que ele esquece rapidinho e você vai fazer
isso! Porque Sebastian é meu! Entendeu sonsinha? Ele só vai ser feliz comigo!
— Sim... Sim entendi — gaguejo fechando os olhos com o metal pressionando meu couro
cabeludo.
— E para garantir que não vai contar da nossa conversinha, eu não uso esse vídeo no
processo de guarda pela ranhentinha. Se você contar para ele, vou manipular seu ex para colocar a
menina em um colégio interno. Você poderá vê-la, talvez na formatura, quem sabe.
— Não! Não, eu juro! Vou terminar, me dê um tempo para encontrar outro emprego e eu
sumo da Latarge. Sumo da vida de Sebastian, mas não faça nada com minha filha. — respondo com
lágrimas banhando meu rosto como represas incontidas.
— Melhor assim, não se preocupe. Te dou duas semanas para sair de lá, enquanto isso vou
monitorar a distância que vai manter de Sebastian. Porque eu tenho ouvidos em todo o lugar naquela
empresa, não se engane eu vou saber se você não obedecer. Se for a polícia, eu sei onde a Juju estuda,
dona Mary a diretora, é uma conhecida querida. Posso fazer um passeio com sua filha, e em um
passeio acontecem acidentes, você sabe como é...
— Por favor Lili, eu entendi. Farei tudo o que quiser!
— Ai, amiga! Sinto tanto que não seremos da mesma família. Você é tão fofa! — sorri com
a falsa simpatia macabra. — Agora preciso ir, o show lá dentro já terminou e papai precisa de mim
para resolver as consequências da festinha. Pobre velhinho, tão ingênuo! — A risada é tão diabólica
que não parece humana.
Calmamente ela guarda o celular e a arma dentro da bolsa de mão.
Quando Lili se afasta e fecha a porta, respiro aliviada. Mas sinto o chão se abrir sob meus
pés. Meu coração dispara e uma sensação de desespero toma conta de mim. Tento buscar por uma
saída, mas todas as opções se esgotaram. Respiro fundo, tentando controlar a ansiedade que cresce
dentro do peito, sentindo o nó se formar na garganta, vendo Sebastian surgir na porta dupla da
entrada da mansão e caminhar em direção ao carro.
Não queria que as ameaças fossem verdade, mas de nada adianta não querer. É impossível
ignorar as consequências se eu não obedecer. Aquela mulher é uma louca obsessiva! E eu estou no
caminho dela, não posso fazer minha filha sofrer por causa disso, não posso perdê-la.
Sebastian entra no carro com a roupa suja de sangue, a mão machucada e inchada, bufando
feito um animal. Pego seu rosto entre as mãos para ver se está ferido.
— Você está bem?
— Estou, agora já passou. Depois do nariz quebrado ele vai te deixar em paz. E você?
— Estou bem.
Sebastian percebe a mudança no meu comportamento quando me encolho no banco
olhando para fora pela janela, enquanto o motorista manobra o veículo na propriedade diante da
mansão.
— O que foi, Liz? Por que está chorando?
Tento sorrir, disfarçar as lágrimas, mas meus olhos traem a angústia que sinto.
— Está tudo bem. Só meu estado de nervos. — Minto, desviando o olhar.
Mas por dentro, sei que terei que enfrentar uma das decisões mais difíceis da minha vida.
Terminar o relacionamento com o único homem que amei para proteger meu bem mais precioso.
Ele me enlaça, levando-me ao seu peito. Serão os últimos momentos para sentir seu cheiro
e proteção, por isso abraço seu corpo como um bote salva vidas, uma pequena ilusão de alguns
minutos de que poderia viver feliz com ele.
Preciso segurar o choro agora, ele não deve desconfiar do que está em jogo, ou só Deus
sabe o que aquela mulher pode fazer a Juju.
Quando Berth estaciona em frente ao meu prédio, Sebastian me acompanha até o portão.
Queria tê-lo beijado dentro do carro, seria o último beijo para guardar na memória.
— O que está acontecendo? Você não disse uma palavra no trajeto até aqui. Está chateada
porque dei uma surra em Daniel?
— Não! Não é nada disso! — suspiro profundamente buscando a coragem para dizer as
palavras. — É só que não posso mais fazer isso.
— O quê? Como é? Do que está falando? Olhe para mim! Por que não olha nos meus
olhos?
Ele se aproxima buscando um contato, mas estendo a mão impedindo.
— O nosso namoro acabou, Sebastian!
— Pare com isso, Liz!
— Me escuta, Sebastian! Eu avisei que minha vida era complicada, tô no meio de uma
briga judicial, o que aconteceu hoje será usado no tribunal, pode contar a favor de Daniel.
— Já conversamos com meu advogado, confia, Liz. Ele não vai permitir que nossa relação
interfira no processo.
— Não quero um homem descontrolado como você, perto de Juliete!
Dói profundamente dizer isso a ele, pois sei que estava me defendendo contra aquele
miserável. Sebastian jamais nos faria mal, mas não vejo outra saída a não ser contar essa mentira para
terminar. Ele engole em seco, claramente impactado com minha decisão.
— Jamais machucaria vocês, AnneLiz. — A voz decepcionada argumenta.
— É melhor eu subir, vou providenciar outro trabalho. Só preciso de uns dias para me
organizar.
Nesse momento ele consegue segurar firme meus braços com decepção no olhar.
— O que houve, Liz? Você não vai sair de perto de mim! Você dizia que me amava, e
agora?
Escondo o rosto com as mãos tentando segurar o choro, mas sem sucesso, afasto-me dos
seus braços e abro o portão.
— Você está com medo do quê? — pergunta às minhas costas.
— De perder minha filha — murmuro em um fio de voz.
— Eu disse para confiar. Seu medo me fode, me apaixonei pela sua coragem e agora você
se acovarda?
Poderia contar da chantagem, mas ele ficaria tão furioso com a irmã que poderia colocar
tudo a perder. Lili descontaria em Juliete e só de imaginar isso minhas mãos tremem de pavor.
— Boa noite, Sebastian.
Tranco o ferrolho atrás de mim, sem olhar para ele outra vez. Não vou suportar, posso não
resistir se ver a decepção no rosto do homem que eu amo.
Subo as escadas derrotada, assim que ouço o motor do carro arrancar, deixo o choro me
vencer.
As lágrimas vêm e não param, embaçando a visão ao terminar os lances de escada. Todos
esses anos mantendo o coração seguro e agora ele foi quebrado como um espelho, mil pequenas
rachaduras até que se estilhaçou completamente.
Não posso pedir para ninguém me consolar, porque teria que confessar o motivo. E
pensar... que sempre acreditei ser uma pessoa forte.
Chorarei hoje, porque sei que amanhã o encontrarei e terei de voltar para um mundo onde
sentirei falta de Sebastian como uma louca, onde as coisas que deveriam ter sido ditas não podem ser,
e o que poderia ter sido, nunca será.
Entro em meu carro, furioso e confuso. O motor ronca suavemente enquanto me acomodo
no banco, perdido em pensamentos. A mente está um turbilhão, tento entender o que deu errado com
AnneLiz, pois não entra na minha cabeça as coisas que ela me disse, não faz sentido nossa relação
desmoronar assim! Amanhã vou conversar melhor com ela.
— O que diabos aconteceu? — questiono em voz alta para mim mesmo.
— Sinto muito, senhor. Parece que a noite não correu como o esperado.
— Longe disso, Berth, acabei de ter o coração partido, acho que ainda estou em choque! —
respondo ao tirar o blazer e jogar no banco ao meu lado.
— Senhorita AnneLiz terminou o namoro por causa da briga na mansão, senhor?
— Não sei o que pensar, ela disse que não é por isso. Ela falou algo para você quando veio
para o carro, como ela estava?
— Estava nervosa, mas não trocamos nenhuma palavra. Quando sua irmã me avisou da
briga lá dentro, eu corri para ajudar.
— O quê? — berro indignado, o que faz meu motorista frear bruscamente.
— Pare o carro e me explica essa merda!
— Calma, senhor! Estamos perto de um retorno, vou estacionar — seu olhar amedrontado
no espelho retrovisor só aumenta meu desespero.
— Deixou AnneLiz sozinha com minha irmã, porra?
— Eu... Eu não sabia que ela era perigosa, achei que o problema era somente o ex-marido.
Ao estacionar, saio do carro como uma jamanta desgovernada, andando no acostamento de
um lado para o outro.
Berth desembarca do veículo, visivelmente preocupado.
— Chefe, juro por Deus que o senhor não me falou sobre sua irmã.
— Como você, meu segurança pessoal, nunca soube da cobra que tenta me dar o bote há
anos?
— Nunca, o senhor é sempre discreto com sua vida pessoal. Depois que começou a
namorar a senhorita Anneliz, qualquer problema sempre leva Adam pelo porte físico maior, e o
maluco é um túmulo. Não conversa sobre trabalho.
Esfrego o rosto na tentativa de me acalmar.
— Ok Bert, eu acredito. Mas se você estiver mentindo pra mim, não sei o que sou capaz de
fazer. Não admito traição!
— Juro pela minha filha, chefe, o que precisar de mim eu posso ajudar. Tenho alguns
contatos na lei e no submundo também, o que precisa?
— AnneLiz está apavorada, tenho certeza que aquela desgraçada a ameaçou. Preciso saber
como agir, estou no escuro, entende?
— Se ao menos soubéssemos o que falaram... — pensa alto meu motorista, me dando a
resposta.
— Eu sei como, liga o carro, agora! Já te passo a localização de onde vamos.
Entramos no veículo às pressas, pego meu celular acionando Esteves.
— Atende, caralho!
Depois de duas tentativas ouço um alô sonolento do outro lado.
— Esteves, precisamos falar!
— Aqui é o Simba. Sebastian é você?
— Coloque o Esteves no telefone!
— Ele foi descansar, está com um resfriado do cacete. Sabe que horas são?
— É questão de vida ou morte porra! Acorde-o! Passo na sua casa em dez minutos.
Desligo a chamada avisando Berth para ir até a casa de Simba. Olho pela janela, as luzes da
cidade passando lentamente, como essa noite maldita que não termina nunca. Tento acalmar meu
coração que vai ficar tudo bem, mas o instinto me diz que essa tragédia está longe do fim.
Meu motorista conseguiu pegar os atalhos longe do centro até chegar em Lombard Street.
Ao estacionar na frente da casa do meu primo, os dois me aguardam na entrada. A vizinhança está
sossegada, passa da uma da manhã, portanto não fazemos alarde ao descer do carro.
— Vamos entrar!
— Se é referente a investigação não dá, linda está dormindo com a gente hoje.
— Preciso ouvir as escutas do carro, agora! O que é necessário? — pergunto a Esteves.
— Claro, mas preciso do cabo OTG para conectar e transferir as gravações direto para o
celular, está na minha casa — responde o grandão.
— Entrem no SUV!
— Isso é sangue na sua camisa? — pergunta meu primo de olhos arregalados.
— Entra logo, eu conto no caminho!
O trajeto até a casa de Esteves no outro lado da cidade foi para atualizar os dois dos
eventos da festa. Simba queria de todo jeito que o levasse até AnneLiz, está tão triste que é como se
ele tivesse terminado o namoro e não eu.
Quando estacionamos, Esteves desce primeiro, com o transmissor de gravação, espirrando
como um louco devido ao resfriado.
— Vamos todos entrar, vou fazer um chá para ele enquanto escutamos a gravação — avisa
meu primo.
A casa do homem não parece habitada, a fachada dá impressão daqueles imóveis de
anúncios de vendas. Fechada, tudo no lugar, nova em folha, só falta a plaquinha de ‘vende-se’.
Entramos todos com os nervos à flor da pele. Ele se apressa para dentro de um quarto,
Berth senta-se na banqueta do bar, Simba some por outra porta que deve ser a cozinha.
O que me resta é o nervosismo, caminho pela sala que mais parece uma recepção de hotel,
poucos móveis e objetos, tudo milimetricamente no lugar, novo, sem uso. A decoração clara e
simples, deixa tudo impessoal demais, vazia, mas o que eu queria? Esteves é ex -militar, está se
fodendo para a rotina doméstica, o homem é quase um ciborg.
Isso me assusta, não quero me tornar um homem frio igual a ele, sem ninguém para se
envolver. Está de namoro com meu primo, mas até onde é sério?
Sigo até a janela olhando a noite, buscando uma distração, até ele retornar com o tal cabo
OTG.
Esteves acomoda-se no sofá preto, pluga no celular e mexe no aplicativo que instalou.
Coloca o celular sobre a mesinha de centro passando adiante as conversas do dia. Não consigo
relaxar sentando-me igual a eles.
Simba retorna com o chá e uma garrafa de whisky. Serve um copo da bebida e bebe um
gole, me oferecendo a seguir. Dou um trago longo, molhando a garganta seca, sentindo o ardor bem-
vindo do álcool.
Quando a voz de Lili é ouvida, todos nós nos reunimos ao redor do celular, como se
estivéssemos velando um defunto, ouvindo atentamente a gravação da conversa entre ela e AnneLiz.
A tensão no ar é palpável, com a voz da desgraçada soando clara e ameaçadora.
— Deus do céu! Ela ameaçou Anne com uma arma? — exclama meu primo com a mão no
peito.
Bebo outro gole para acalmar o pavor. O coração batendo na garganta, noto a mão trêmula
segurando o copo. Aquela psicopata poderia ter ferido minha mulher e eu não estava lá para protegê-
la! Porra do caralho!
“Você vai terminar com ele hoje a noite! E vai pedir demissão amanhã, não, não, vai pedir
para sair da sala dele. Fique na empresa e o despreze, quero vê-lo sofrer um pouco, antes de consolá-
lo.” — A voz da nojenta continua.
Cerro os punhos de raiva, meus olhos faíscam de indignação. Simba perplexo, sem palavras
para expressar algo sobre a gravidade da situação. Berth, com o semblante sério, mantém o foco no
celular trincando os dentes, como se pudesse esmurrá-lo. Quando seu olhar me encara reflete uma
preocupação visível. Confio nele, é um homem de bem.
— Isso é inaceitável! Como ela ousa fazer uma monstruosidade dessas? Precisamos agir
rápido, Simba. Vamos ao encontro dela agora mesmo! — exclamo.
Berth me impede de deixar a sala segurando meus braços.
— Não chefe, precisamos de sangue frio e estratégia!
— Calma, primo. Temos de pensar com cuidado. Se confrontarmos Lili diretamente,
podemos colocar Anne e Juliete em mais perigo. Precisamos de um plano. Tev? Quer por favor falar
alguma coisa? — se altera, com o namorado quieto ouvindo a gravação.
— Se vocês calarem a boca, eu consigo pensar! — diz Esteves massageando as têmporas.
Tomo uma longa respiração, tentando controlar a raiva. Sei que todos têm razão, mas a
ideia de esperar enquanto Liz e a filha estão em perigo, me deixa ainda mais furioso.
“Porque eu tenho ouvidos em todo o lugar naquela empresa, não se engane, eu vou saber se
você não obedecer.” — As ameaças continuam, e neste momento Esteves se levanta do sofá se
aproximando de onde estou visivelmente irritado.
— Estávamos procurando um espião, mas é muito mais que isso, chefe! Essa mulher
implantou escutas na empresa. Merda! Não me perdoo por não ter cogitado isso!
Tudo fica claro e justificado, Liz não teve outra alternativa.
Sirvo mais um copo de whisky, bebendo em um golpe rápido. A descoberta dos atos de
Lili, me deixou em chamas. Sinto o sangue ferver nas veias.
— Como ela foi capaz? — murmuro para mim mesmo, abrindo mais um botão da camisa.
— Pelo menos agora temos certeza que a obsessão dela não é poder, nem dinheiro. É você,
primo! Lembra que lhe fiz essa pergunta anos atrás?
— Não lembro disso, Simba!
— Bem, o término não é porque AnneLiz não te ama, não deve sofrer por esse motivo —
conclui.
— Mas a que preço ela terminou, caralho! Cale a boca pelo amor de Deus. Imagino como
ela deve estar apavorada pela filha. Preciso vê-la!
— Não! — responde Esteves. — Precisa se afastar dela até resolvermos a questão das
escutas, e pôr em prática o plano.
Ando outra vez, pisando duro pela sala, alinhando meus cabelos como se esse gesto fizesse
meu cérebro funcionar com um plano efetivo.
— O que tem em mente, Esteves? — rendo-me aos homens que um dia serviram esse país.
Devem saber agir em momentos de tensão.
— Primeiro identificar onde é seguro conversar dentro da empresa. Onde estão exatamente
as escutas.
— Não vai retirá-las? — pergunto aflito.
— Ele vai usá-las contra ela — rebate meu motorista dando uma olhada cúmplice a
Esteves.
— Isso mesmo! Você era militar assim como eu, não era?
— Sim, soldado do 160º Regimento de Aviação das Operações Especiais Navy Seals.
— Ainda tem conexão com alguém deles? Minha aposentadoria não foi suave — revela o
loiro.
— Tenho, o que precisa?
— Dois homens de confiança, a princípio. Armas talvez se as coisas piorarem.
— Feito, preciso fazer algumas ligações.
Berth se afasta com o celular, já trabalhando pela ajuda.
— Senhor Latarge, vou verificar hoje a empresa. Precisa agir normalmente para que ela
não desconfie. Nada de tentar contato com sua ex-namorada, se essa psicopata colocou escutas nas
salas, tem pessoas ajudando. Monitorando se realmente terminaram. E na empresa não é seguro
conversar, mesmo depois da varredura que eu fizer.
— Não posso ficar longe agora que sei da verdade!
— Deve ficar, para protegê-la, primo.
— Preciso encontrar provas contra Lili, algum crime que tenha cometido, fiquei dez anos
fora do país, aquela mulher não deve ter sido cuidadosa a vida toda.
— Nós vamos achar alguma coisa para ir até a polícia, essa gravação não será suficiente.
Enquanto isso faça o que falei — Esteves reafirma seriamente.
Simba senta-se ao lado do namorado, oferecendo o chá quando o outro volta a espirrar.
— Não podemos ir à polícia, Tev! Ouviu a noiva do Chuck ameaçando Anne. Se formos,
ela vai saber.
— Tem razão, mas vamos reunir provas contra ela, até conseguir uma medida protetiva
para AnneLiz. Sua namorada deveria tirar a filha daquela escola. Lili está comprando pessoas pelo
que deu a entender.
Esfrego o rosto tentando acordar, isso só pode ser um maldito pesadelo.
— Simba, amanhã chegue mais cedo e providencie uma sala nova para AnneLiz. Não
posso vê-la porque a chance de não resistir é enorme. Vou acabar estragando tudo, contarei a verdade
e aí o plano já era.
— Claro, farei isso.
— Você também precisa se cuidar com essa boca grande, Simba! — Esteves comanda. —
Na empresa, nenhum pio. Não ponha em risco o plano! Nem a Mia pode saber — Meu primo
comprime os lábios, desgostoso da situação.
— Está desconfiado da nossa mulher, Esteves?
— Todos são suspeitos, Lili sabe todos os passos de AnneLiz, é alguém próximo ao nosso
círculo.
— Foda-se você! Minha linda não faria algo assim. Você e esse jeito desconfiado um dia
vai te fazer cair do cavalo.
— Parem com isso! Agora não é o momento!
Quanto tempo, Esteves? Quantos dias preciso ficar sem falar a verdade para minha mulher?
— indago chateado.
— Acredito que em uma semana teremos resultados.
— Puta merda! Sete dias é demais!
Sei que preciso agir com calma, mas a ideia de alguém ameaçar minhas meninas e eu não
poder protegê-las é insuportável.
— Calma, primo! Vá para casa, tente descansar. Nossa semana será difícil.
Deixo os dois que avisam que tem o próprio carro na garagem e voltarão para a casa de
Simba em seguida.
Com sangue nos olhos, sigo com Berth para minha mansão.
Não descansarei até colocar aquela psicopata atrás das grades e garantir a segurança das
pessoas que eu amo, custe o que custar.
Acomodado em meu escritório na mansão, decidi trabalhar de casa hoje. Os eventos dessa
semana estão repercutindo na minha concentração. Dois dias se passaram desde o nosso término e
ver AnneLiz de longe acabou comigo.
Imerso em meus pensamentos não consigo me concentrar no trabalho. Decidi um home
office hoje, os acontecimentos da semana deixaram inviável a minha presença na empresa. Os dias
seguiram um tanto agitados desde nosso término e manter a distância de AnneLiz acabou comigo.
Ontem a noite foi desesperador, aquele susto quase me fez estragar o plano.
Mas quando recebi uma ligação do meu chefe de segurança, avisando que o homem que
deixei de plantão cuidando a quadra do prédio da Liz, havia deixado o posto por um falso aviso.
Percebi que tinha armação para pegarem ela. Fui pessoalmente até lá e evitei o pior. Não aguento
mais ficar distante dessa maneira.
Uma batida na porta desvia meus pensamentos em AnneLiz.
— Sim, Wendell.
— Senhor, peço perdão por interromper seu trabalho, mas tem visitas. Tomei a liberdade de
direcioná-los a sala da adega... Temo que os ânimos estão um pouco alterados.
— Visitas? Ânimos alterados? Afinal quem é, Wendell? — questiono acompanhando-o
pelo corredor em direção a sala.
Os mordomos ingleses tem esse ar dramático que ainda não me acostumei.
— É um homem de cabelos longos presos e uma jovem ruiva. O rapaz diz que é seu
parente — responde um tanto apreensivo com seu olhar curioso e ampliado.
— Não se preocupe, Wendell, Simba é meu primo. Disse que os ânimos estavam alterados?
— Não costumo comentar, mas quando abri a porta os dois estavam discutindo.
— Ah, certo. Vou ver qual é o assunto, pode ir — dispenso-o ao chegar na porta da sala.
Meus visitantes estão muito próximos, nariz a nariz, quase uma encarada de lutadores de
MMA, mas Simba estampa aquele sorrisinho de flerte e ela de costas para mim com as mãos na
cintura.
— Ah, aí está ele! — fala o abusado ao me ver.
— Boa tarde, o que houve?
No balcão polido, pego um whisky preparando os copos.
— Nós é que perguntamos. Viemos saber notícias de Anne. Na realidade vim lhe entregar
uma encomenda que chegou hoje, e como você não vem a empresa, não pude ignorar o aviso de
‘urgente’ no pacote. Linda se enfiou comigo no carro e não teve jeito. Explique por favor o que
houve ontem, se não minha namorada terá uma síncope — pega o copo de whisky que ofereço e
senta-se no sofá de couro.
A garota visivelmente envergonhada com as bochechas coradas gagueja ao perguntar.
— S-sabe o que é, senhor Latarge...
— Me chame de Sebastian, Mia. Sente-se. Quer um whisky?
Ela balança a cabeça positivamente, muito rápido, de maneira nervosa. Pega o copo
virando em um gole só, tossindo comicamente enquanto meu primo dá tapinhas nas suas costas.
— Calma, Linda! Não é assim que se bebe bebidas fortes!
Simba recua com as mãos para o alto ao ver o olhar severo da ruiva em sua direção.
— Sebastian, estou preocupada com Anne! Ninguém me diz nada, estou proibida de
perguntar coisas a ela referente a vocês. E os meus namorados ficam de conversinha paralela pelos
cantos e dizem que é algo que não posso saber. Por isso vim junto com Simba. Como está minha
amiga?
— Elas estão bem, por enquanto. Deixei meu segurança pessoal, Adam lá no prédio.
— O assaltante tinha algo a ver com Lili ou foi uma infeliz coincidência do local onde ela
mora? — meu primo preocupado pergunta.
— Na delegacia o bandido afirmou que era apenas um assalto para poder vender e financiar
seu vício em fentanil.
A amiga claramente impactada, esbugalha os olhos.
— Então ela foi realmente assaltada ontem a noite? Ela não atende minhas chamadas.
— Não foi, porque cheguei e impedi no momento da tentativa do meliante.
— Falei, você não acreditou — ressalta Simba entediado sorvendo um gole.
— Mas como eu disse, elas estão bem, já fui em busca de uma nova moradia para elas,
ainda não comentei porque preciso conversar com Esteves e saber como andam as investigações. Não
aguento mais segredos com AnneLiz.
— É por isso que está calmo desse jeito? Achei que te encontraria surtando. — comenta.
— Que segredos? Vocês terminaram mesmo? — a garota questiona surpresa.
— Não, só que ela ainda não sabe disso. Ninguém sabe. Só os seus namorados, meu
motorista e agora você. As pessoas precisam acreditar que estamos afastados.
— Como assim?
Levo um tempo explicando em detalhes tudo o que aconteceu, dando intervalos para ela
processar todas as informações.
Noto como meu primo é atencioso com ela, o bastardo está realmente apaixonado pela
ruiva. Após os surtos dela e os nossos avisos para manter a discrição por causa do plano contra Lili,
lembro da encomenda que ele trouxe.
— Sim, está aqui. — Me entrega apalpando o papel.
O envelope pardo que ele me entrega, pelo tato, não é papel o conteúdo. Ao abrir o pacote
me surpreendo. Tem um dispositivo de escuta parecido com o que Esteves colocou nos veículos, um
chip de celular e um pen drive.
— Quem enviou isso?
— Uma garota, disse que uma senhora pagou para entregar em mãos a você ou a mim.
Sabia nosso primeiro nome, mas não soube descrever as características da idosa. Disse que usava
uma echarpe em volta da cabeça e óculos escuros.
— Estranho. Vamos ao meu escritório, preciso conectar esse pen drive.
Seguimos para o outro cômodo mais apreensivos do que curiosos.
— E se for um vírus destrutivo com o objetivo de destruir seu sistema de segurança?
— Não viria acompanhado de escutas.
Ao conectar o dispositivo uma pasta é aberta, dentro dela arquivos desorganizados, como
se quem preparou esse material não tivesse experiência com esse tipo de coisa. A lista é grande,
vídeos, documentos e links. Quando clico no primeiro vídeo levo um choque.
— Mãe? — exclamo aflito ao ver sua imagem em baixa resolução.
Sem a habitual maquiagem, de camisola e cabelos desgrenhados. Sua fala é sussurrada,
amedrontada. E frequentemente olha para o lado, parece estar em um dos banheiros da mansão.
“— Filho, sei que está longe, mas essa gravação é documental e ficará guardada até eu
conseguir lhe entregar. Sua irmã não é uma pessoa boa, descobri que é uma criminosa. E quando a
confrontei ela me ameaçou. Está me dando calmantes, mas eu descobri e não estou tomando.” —
Busco nas propriedades a data do arquivo, e engolindo seco ao perceber que eu ainda morava na
Suíça.
— Chame o Esteves aqui. Precisamos acionar a polícia!
Mia faz a ligação e Simba ainda em choque, senta-se ao meu lado diante do laptop. Os
vídeos são uma sequência de denúncias da minha mãe que fazem com que eu me esforce para segurar
as lágrimas, ela não era manipulada, mas sim ameaçada!
Mamãe vive um cárcere disfarçado sob coação e chantagem com ameaças a minha vida e a
de papai. Diz que os telefones e a mansão estão totalmente grampeados, incluindo as redes de
internet. Fala que conseguiu destruir a câmera de um dos banheiros de pouco uso da mansão, um que
Lili não daria tanta falta e portanto as gravações são poucas e curtas. É acompanhada por seguranças
da própria psicopata, homens estranhos que tem sotaques estrangeiros que ela não reconhece.
Disse que o dinheiro que financia tudo é de uma organização criminosa a qual ela faz parte.
Papai não sabe, contou que está doente, fazendo tratamento para os lapsos de memória que
começaram a surgir. Lili o manipula e ele não acredita em nada do que mamãe tentou avisar.
Clico na sequência de vídeos e noto que ela os gravou ao longo do último ano. No mais
recente, expressou o quanto estava feliz que eu havia retornado da Europa. Revelou que reuniu o
máximo de provas que conseguiu, apesar de poucas.
O transmissor que mandou, tem duzentas horas de gravação da biblioteca, onde Lili atende
as ligações sobre seus negócios escusos e pagamentos ilícitos que envia e recebe.
Como não reparei nas vezes que a encontrei junto com a família? Mamãe devia estar
apavorada em manter o disfarce na frente da psicopata. Será que tentou me enviar sinais e eu não
percebi. Merda! Devia ter prestado atenção em minha mãe.
Continuando a ver os pequenos vídeos, o sangue gela quando ela diz que AnneLiz e a
menina estão em perigo, pois Lili pretende matá-las. Que todos próximos a mim estão em perigo.
— Esteves está a caminho, Sebastian — avisa a ruiva.
— Simba faça uma cópia de tudo e sobe para a nuvem, onde está Berth? — levanto-me em
busca do meu motorista.
— Wendell? Chame Berth — berro impaciente correndo até a sala.
— Sim senhor.
Apreensivo, faço uma chamada para Liz, que não atende.
— Atende o celular, caralho!
Antes do mordomo obedecer, Berth aparece pálido na porta da frente e quase caio para trás.
— Chefe, Adam foi ferido!
— AnneLiz! Meu Deus! Não!
Simba e Mia se juntam a mim me amparando no sofá, a fraqueza nas pernas me faz sentar.
— Não, senhor Latarge. Elas não foram feridas, a polícia está no local. Adam as protegeu
por isso o agressor o atacou. Senhorita AnneLiz chamou a emergência e a vizinha a polícia, o
bandido também se feriu, mas conseguiu fugir.
Respiro aliviado, pronto para ir até elas. Instruo meu primo a juntar as provas para entregar
a polícia quando chegarmos lá. Mia avisa Esteves do novo ponto de encontro.
— Simba, preciso tirar minha mãe daquela casa, mas com esse atentado contra Liz, recorro
a você por ajuda, não vou dar conta.
— Não se preocupe, entrego as provas ao investigador responsável da ocorrência na casa
de Anne e vou explicar a situação para salvar tia Margareth. — A mão em meu ombro como consolo
me acalma parcialmente.
— Obrigado por isso.
Nossa comitiva segue em alta velocidade. Eu e Berth no meu carro e Simba com Mia no
deles.
— Acelera porra! Berth precisa ir mais rápido!
— Calma, chefe. Um acidente no caminho não vai ajudar — acalma preocupado.
Após dez minutos, em frente ao prédio, a ansiedade em vê-las acelera meu coração. Simba
e Mia nos acompanham até o portão do prédio. Alguns policiais estão na calçada com dona Matilda
cercando-os por ali, quando me vê, acena.
— Olá, que bom que está aqui!
— AnneLiz está lá em cima?
— Sim, o detetive está pegando seu depoimento.
— Ninguém sobe enquanto o detetive não termina com a cena e as vítimas, são da família?
— indaga um dos policiais.
— Sou o noivo! E vou subir!
Nenhum policial vai me impedir de ver as minhas meninas! E na minha cabeça já estou
noivo!
Em meio minuto apareço na porta aberta do apartamento de Liz. Dois policiais e um outro
homem não fardado, o detetive encarregado do caso, se distraem do trabalho ao me ver.
— Seba! — Espertinha sai do colo da mãe no sofá e corre para mim.
Pego minha amiguinha no colo, feliz pelo beijo melado na bochecha.
— Como você está?
— Tô bem, eu não vi nada, estava no banho. Agora eu tomo banho sozinha, sabia?
— Uau! Parabéns!
— Quem é o senhor? — o inspetor questiona.
— Ele é o namorado da minha mamãe.
— Ah, ok.
Sua atenção volta-se para Liz que ainda se detém na nossa interação na porta da sala.
— Então senhorita Colleman, agradecemos pelo seu tempo, fique na cidade para qualquer
esclarecimento que for necessário. Vou deixar meu cartão, pode ligar para esse número em caso de
emergência.
— Claro, obrigada detetive Foster. Ligarei, certamente.
Ela os acompanha e fecha a porta assim que saem.
— O que faz aqui? Veio dar outro sermão?
— Não! Vim buscar as minhas meninas.
— Nós vamos pra onde? — Juju animada suaviza um pouco a carranca de Liz.
— Para minha casa.
— Oba! Vou ver o Severus e o Bicuço — desço Juliete dos meus braços que corre feliz
para o quarto, falando em arrumar sua mochila.
— Sebastian...
— Espera, me deixe falar, sente aqui! — a guio ao sofá sentando mais perto do que ela
planejava. — Como você está? — Ao tocar seu rosto, seus olhos se fecham.
— Foi o maior susto da minha vida. — Ao se afastar, suspira profundamente. — Mas agora
já passou.
— A polícia vai atrás de Lili, Simba deve ter entregue as provas que recebi mais cedo.
— Como disse?
— Eu sei de tudo. Das ameaças que ela fez a você no carro.
Liz volta a sentar atordoada.
— C-como?
— Escutas, mandei colocar no SUV. Estou investigando um espião na empresa.
Seguro suas mãos massageando a fim de aquecê-las.
— Mamãe enviou provas contra Lili que a colocarão na cadeia.
— Sua mãe?
— Sim, teremos tempo de conversar. Vá arrumar sua mala.
Acenando afirmativamente de modo nervoso, ela se afasta para o quarto. Nossos amigos
chegam entrando porta adentro sem cerimônia.
— Onde ela está? — a ansiedade na voz de Mia é visível.
— Foi preparar as malas.
— Vou ajudá-la.
Quando ficamos a sós, ando pela pequena sala apreensivo.
— O que houve? Anne está bem? — pergunta Simba preocupado.
— Não sei! Não entendo porque estamos distantes agora que as coisas foram esclarecidas.
— Ei, primo! Anne está em choque, é natural. E quando ela voltar a si, você estará ao seu
lado.
— Tem certeza? — Curioso, desconfio da sua voz segura. — Como sabe disso?
— CSI Los Angeles, é minha série preferida.
— Porra, Simba! Tô falando sério?
— Eu também. Você vai lembrar de mim, espero que não na hora da reconciliação.
— Ah, cala boca!
A risada baixa dessa vez não me consola, nem diminui minha preocupação. Não sei por
que tô desse jeito, Liz me ama. Ou não? Que merda, odeio me sentir assim!
— Tio Simbaaa!
— Oi fofura do tio! — os dois se abraçam e ele ganha um beijo melado igual ao que dá em
mim.
Desde quando a espertinha é tão íntima dele?
Limpo a garganta interrompendo as brincadeiras de cócegas.
— Onde está Esteves?
— Chegou quando conversava com os policiais. Contei sobre sua mãe, e Esteves ficou
conversando com o detetive Foster, um velho conhecido dele, para garantir que o mandado de prisão
seja espedido logo e busquem seus pais.
— Melhor, mamãe precisa sair de lá, mesmo que meu pai não esteja de acordo. Vou ligar
para Foster mais tarde.
As meninas retornam do quarto com duas malas, busco um sinal de lágrimas ou qualquer
coisa emotiva no rosto de Liz. Nada. Nadinha.
Descemos os lances de escada em silêncio, só Juliete contando para Simba que sonhou com
um ninho de borboletas. Borboletas tem casulo, mas nenhum de nós a corrige. E lógico que meu
primo está encantado com suas perguntas entusiasmadas.
— Tio Tevis! — Ao chegarmos no portão, Juju vê Esteves escorado no carro.
Ah! Fala sério! Eles também são amigos?
O homenzarrão se aproxima pegando a espertinha no colo e a rodopia, tirando uma
gargalhada gostosa que conheço bem. Pelo menos Juliete não está em choque e não corre o risco de
se traumatizar pela tentativa fracassada de Lili em fazer-lhes mal.
— Eles vão com a gente, tudo bem Sebastian? — Liz pergunta quando abro a porta do
SUV e coloco Juju no banco de trás. — Não quero que o pior aconteça com meus amigos por minha
causa.
— Você não tem culpa, Liz.
— Por favor — vendo seu rosto aflito, concordo.
— Claro, a casa é enorme e eles são mais que amigos, são família. Vou convidá-los pelo
telefone para ficarem conosco.
No trajeto até chegar a mansão, nenhuma palavra, e minha preocupação aumenta de
maneira estratosférica.
Os acontecimentos que se sucedem são perturbadores. AnneLiz age de forma robótica,
demonstrando impaciência ao tentar descer rápido do carro, teimosia ao insistir em carregar a mala e
mãos trêmulas. Mesmo estando próxima a nós, sua preocupação com Juju parece exagerada.
— Tem certeza que está bem? — pergunto ao entrar em casa.
— Já disse que estou bem! — voz seca e cortante.
Não, ela não está bem. Merda!
Wendell nos recepciona, prestativo e polido como sempre.
— Por favor, Wendell, prepare o aposento do meu primo, Mia e Esteves. O das meninas já
está pronto, não está?
— Sim, troquei a roupa de cama hoje cedo.
— Vocês vão dormir os três juntos? — ninguém imaginou que Juliete iria perguntar uma
coisa dessas.
— Éééé... — Mia tenta explicar de alguma forma, mas vendo AnneLiz apática subindo as
escadas, desiste.
— Vem Juju, vou subir com você para guardar sua mochila.
— Mamy! Me espera!
Nada, nenhum movimento em atender a filha. Mia e Juju sobem as escadas atrás dela.
Com os olhares atentos dos dois homens sobre mim, ligo para meu médico particular.
Explico que minha namorada está em choque e precisa de uma avaliação aqui em casa. O dilema é
que ele está fora da cidade e diz que seu retorno vai demorar algumas horas.
— O que faço agora? — busco um conselho do meu primo depois de encerrar a chamada.
— Se me permite falar, chefe — Esteves com seu ar sério intervém na resposta de Simba.
— AnneLiz está em choque traumático. Vi alguns casos no exército. Você deve ser e agir de forma
direta porque ela vai precisar de orientações. Por esta razão, é muito importante que você permaneça
calmo. Transpareça essa calma para ela. Se concentre no agora e faça com que ela tente expressar
seus sentimentos. Mas não force. Evite deixá-la ainda mais nervosa.
— Cara, a cabeça dela tá muito ferrada. Percebeu que não reage nem com a própria filha?
— argumenta meu primo claramente assustado com a falta de reação de Liz.
— Nem fala porra! Confesso que tô desesperado. Mas o médico virá o mais rápido
possível. — esfrego o rosto aflito andando de um lado para o outro na sala.
— Ótimo, é necessário que ele a avalie — ressalta Esteves, analítico.
— A dificuldade é fazê-la perceber que precisa ver o médico.
— Acompanhe sua namorada de perto até o doutor chegar, é importante garantir que ela
possa recuperar normalmente a sua capacidade de interagir e assuma atitudes assertivas de
responsabilidade nesse processo. Fazê-la se sentir segura, relaxada e confortável, é essencial neste
momento.
Mia e Juliete apontam no topo da escada numa conversa empolgante.
— Podem distrair Juju enquanto cuido de AnneLiz? Peçam para Wendell providenciar tudo
o que ela quiser. Vocês também devem estar com fome.
— Tô verde de fome!
— Você sempre está com fome, Simba — comenta o namorado.
— Nisso eu concordo — rebate o abusado com uma piscadela.
Juju desce o último degrau em um pulinho teatral.
— Seba, tem que buscar a mamy, chamei, mas ela quer terminar de guardar as roupas.
— Vou lá ajudar sua mãe. Você vai ficar bem com esses malucos?
Minha espertinha dá uma risada divertida.
— Eles são legais. Onde estão meus peludinhos?
— Estão nas casinhas deles, peça pro tio Simba buscá-los.
Ainda ouço a algazarra dos quatro quando chego no andar superior.
Mesmo com a porta do quarto aberta, respeito à privacidade ao bater.
— Posso entrar? Precisa de ajuda com as roupas?
— Estou bem — resposta automática, sem emoção, talvez ela nem perceba que é uma
pergunta.
Sinto a frustração profunda me agarrar, como se cada osso do meu corpo estivesse sendo
corroído. A vontade de sacudi-la e fazê-la voltar a si é imensa, mas me forço a agir calmamente.
— É um novo mantra?
— O quê?
Observo as mãos lutando para ajustar uma blusa em um dos cabides. Dou um passo com
cuidado e termino a tarefa, guardado no armário.
— Ficar repetindo que está tudo bem, não faz o fato se tornar verdadeiro. Está tudo bem
ficar emotiva, ou chorar pelo que aconteceu. Quer conversar um pouco? Ajuda a aliviar a tensão.
Ela cede sentando-se na cama com o olhar perdido.
— Tinha sangue.
— Imagino que sim. — ao seu lado seguro sua mão.
— Ouvi uma briga do lado de fora no corredor, quando abri a porta, Adam estava escorado
na parede com a mão na barriga. Foi horrível!
— Está tudo bem, agora. Vocês estão seguras.
Uma lágrima tímida rola pelo rosto, em seguida outra, e mais uma.
— Ele ia me matar, Sebastian!
Quando começa a soluçar aos prantos, a abraço apertado.
— Minha filha seria morta! Onde ela está? Onde está Juliete? — contenho seu ímpeto em
levantar.
— Ei, ei, fique calma, meu amor, Juliete está fazendo um lanche na cozinha com Mia e os
tios babões.
AnneLiz aninha-se em meu pescoço e chora por vários minutos, suas lágrimas molhando
minha pele partem meu coração. Envolvo os braços como um porto seguro na intenção de consolá-la.
— Fiquei apavorada! — conta em meio aos soluços. — Não quero nunca mais viver
aquilo.
— Ninguém fará mal a vocês, não vou permitir.
Beijo sua testa afagando o rosto úmido. Nunca a vi chorar compulsivamente dessa maneira,
talvez a tragédia de hoje tenha a capacidade de romper a barreira da vulnerabilidade que ela tanto
esconde das pessoas ao redor.
— Precisa se alimentar e descansar, chamei meu médico para te avaliar. Quem sabe
prescrever um relaxante para uma noite reparadora de sono, hein?
Um murmúrio afirmativo é o suficiente para carregá-la até meu quarto. Seu corpo em meus
braços ainda treme com a adrenalina da descarga emocional. Ao chegar, preparo uma banheira com
água morna e espuma perfumada.
Tiro suas roupas e a conduzo à banheira.
— A água está boa? Prefere mais quente?
— Está perfeita, obrigada.
Com cuidado meticuloso, lavo seus cabelos, massageando seu couro cabeludo com
movimentos firmes e reconfortantes. A água envolvendo seu corpo tenso e meus gestos cuidadosos,
claramente a relaxam. Tenho certeza que vai acalmar um pouco sua mente agitada. Às vezes ela
deixa escapar uns gemidos pelo deleite do banho. Em cada toque suave tento imprimir o amor e
segurança que ela precisa.
Após o banho, ajudo minha mulher a se enxugar e secar os cabelos, seu cansaço é nítido.
— Sei que ainda é cedo, mas deve descansar um pouco. Vou buscar uma refeição para
você, enquanto repousa.
Liz concorda, se acomodando embaixo dos meus lençóis. Não sou hipócrita para não
pensar que aqui é o lugar dela.
Antes que me afaste da cama, ela me segura pela mão.
— Você me perdoa por ter dito que não queria que ficasse perto de Juliete? Eu não acho
você descontrolado, só não sabia o que dizer pra você se afastar da gente.
Ergo seu queixo na intenção que enxergue a verdade no que vou dizer:
— Não vou mentir, naquela hora magoou, mas durou pouco. Quando descobri o que a
cobra tinha feito a você, entendi perfeitamente. Não se preocupe mais com isso. Agora acabou.
— O seu segurança está bem?
— Sim, Berth me atualizou por mensagem que Adam está no quarto em recuperação. O
ferimento não atingiu órgãos internos, foi apenas um corte profundo.
— Graças a Deus! Pode chamar Juliete aqui quando trouxer o lanche?
— Claro. — Beijo sua testa, mas Liz guia-me para seus lábios. Um beijo carinhoso de
afeto selando nossa paz.
— Amo você, mandão.
É uma injeção de ânimo, pareço um carro que vai de zero a cem em um segundo. Um
sorriso bobo dança em meu rosto.
— Amo você, meu amor. Estou feliz que está aqui comigo.
— Eu também.
— Vou descer e já retorno.
Estou quase igual a Juliete saltitando ao descer a escada. Na cozinha, os hóspedes ainda
estão aproveitando a mesa farta. Wendell por ali tentando conter os cães e Juju, que tenta alimentá-
los com bolinhos de queijo.
— Sua cara melhorou — analisa meu primo um pouco mais animado. — Como Anne está?
— Conseguiu desabafar, chorou um pouco e está descansando.
— Ela precisa de algo? Posso subir e ajudar. — Mia preocupada se prontifica.
— Não, acabei de ajudá-la a tomar um banho, vou preparar um lanche. Logo o Dr. Mills
vai chegar.
Juliete se aproxima com os cães ao seu lado abanando o rabo.
— Você falou com a minha mamãe?
— Falei, e agora vou preparar um lanchinho para ela, que tal me ajudar e depois subir e
levar as guloseimas?
— Sim, eu ajudo, Seba. Mamy gosta de chá de frutas vermelhas. Tem?
— Tem, acho que tem.
— Se não tiver, Juju, tio Sebastian vai comprar uma caixa desse sabor — debocha meu
primo com um sorrisinho maroto.
— Seba não é meu tio — a pose séria da garotinha com as mãos na cintura o desafia.
Puxou a mãe, corajosa e atrevida.
— Oras, você chama eu e Esteves de tio.
— Mas Seba é mais — o rostinho faceiro com a frestinha charmosa nos dois dentes da
frente é uma graça. — Ele é meu melhor amigo, depois do Harry Potter. Seba é mais que tio.
Todos os três fazem um coro de ‘ahs’ me deixando envaidecido. É o melhor elogio do
mundo.
— Precisa lavar as mãos para ajudar seu melhor amigo, Juju — avisa Mia guiando a
espertinha até a pia.
Após terminarmos de preparar o lanche subimos com a bandeja, deixando o trio, que
aproveitou para conhecer onde vão dormir.
Entramos silenciosos, pois percebo que AnneLiz está descansando. Também pudera, a
adrenalina de hoje a deixou exausta. Repouso a bandeja na mesinha de cabeceira e começo a esfriar o
chá.
Juliete com aquele jeito de sussurrar alto, indiscreta como ela só, pergunta:
— Mamy está dormindo? Podemos acordar ela? Por que ela dormiu antes de lanchar?
— Podemos acordar sim, sua mamy precisa se alimentar.
— Ela não pode ficar fraquinha, né Seba? — Mantenho meu semblante sério, mas a
vontade de rir dos cochichos da garotinha é enorme.
— Não pode.
Juliete sobe na minha cama, gentil e carinhosa dá um beijo na bochecha da mãe. Acaricia
seus cabelos com ternura.
— Mamy... Maaaamy! Acorda! Seba trouxe comida. — Agora o sussurro se transformou
em uma voz cuidadosa, como se não quisesse realmente acordar a mãe.
Liz desperta e sorri ao ver a filha perto, agarra a menina e cheira o pescocinho, tirando
gargalhadas em gorgolejos.
— Aiii mãe! Faz cócegas.
— Como você está, minha princesa?
— Tô bem! Eu ajudei o Seba a preparar o lanchinho.
Seu olhar para mim pede aprovação.
— É a melhor ajudante que já tive.
— Uau! Deve estar delicioso!
Deixo a xícara na mesinha para ajudar Liz a se acomodar sentada apoiada nas almofadas.
Juju desce da cama igual um filhote de gato, descobrindo ambientes novos. Vai até a mesa
no fundo do quarto inspecionando a janela atrás dela.
Ajeito a bandeja no colo para Liz se alimentar, e recebo um sorrisinho feliz como
agradecimento.
— Filha, não mexe em nada. Aqui é o quarto do dono da casa.
Juju gira rapidamente ao ouvir essa frase.
— E quem é ele?
— Ué, o Sebastian é o dono da casa!
— Ah! O Seba. É que aqui é tão grande que parece outra casa. Nós vamos dormir aqui?
Liz que estava pronta para dar uma grande mordida no crepe salgado, para o movimento no
meio do caminho. O olhar piscando daquele jeitinho que amo, quando está desprevenida com alguma
coisa.
— Calma, deixa que eu conduza a conversa — aviso baixinho.
— Se quiser pode dormir com a gente. Não podemos tirar sua mamãe do conforto. Olha só
como ela está feliz nessa cama enorme!
Juliete retorna próximo a nós.
— Eu queria muito, mas não sei se vou poder dormir aqui — A maneira séria com que fala
é hilária.
Segurando o riso, cruzo os braços no peito.
— Podemos saber por que não pode dormir aqui?
— Porque já me convidaram para dormir na cabana de cobertores.
— E onde é isso? — Uma AnneLiz interessada entra na conversa, provando o chá de frutas
vermelhas docinho que preparei.
— Lá na sala de tv. — Ao me encarar dá um sorrisinho sapeca. — Nós vamos assistir um
filme novo.
— Hum. Deixa eu adivinhar. Ideia do tio Simba?
— É, tio Simba é maluquinho, mas é legal. — O sorriso franco deixa a mãe emocionada,
com o olhar marejado.
— Você está feliz, filha?
— Muito, mamy! Eu adoro dormir aqui na casa do Seba.
Nossos olhares conversam sobre um assunto que já foi tratado em uma cafeteria há pouco
tempo.
— E qual filme vão assistir?
— Harry Potter e o Prisioneiro de ‘Aslaban’.
— Juliete, você já assistiu esse filme umas vinte vezes, como você diz que é novo?
— Tio Tevis, tio Simba e tia Mia não viram, então é novo para eles.
Nossas risadas são interrompidas pelo trio, que liderados por Mia, se empertigam na porta
do quarto.
— Oi, a gente ouviu risadas e queríamos ver como você está.
— Estou bem, Mia. Entrem.
— Já que estão aqui, vou aproveitar e fazer uma ligação importante. E doutor Mills já deve
estar chegando.
— Pode ir, Sebastian, nós ficamos com as meninas.
De volta ao primeiro piso, aciono o detetive Foster para saber como estão as investigações.
Ele me tranquiliza sobre meus pais, que estão seguros em uma base da polícia dando os
depoimentos necessários. Que agilizou um mandado de prisão para Lili, com base nas provas obtidas,
mas infelizmente quando a polícia chegou à mansão dos meus pais, Lili já havia escapado. As
autoridades estão em uma busca intensiva pelo estado.
Daniel também está sendo caçado por fraudes, falsidade ideológica, conspiração, ameaça, e
cúmplice do atentado contra AnneLiz e Juliete.
Bem, pelo menos a justiça será feita!
Assim que encerro a chamada, Esteves desce a escada agitado.
— O que foi, homem? — intrigado dou-lhe total atenção.
— Acabei de receber as imagens que solicitei análise. Meu amigo hacker fez sua mágica
com a foto com o reflexo no rosto. Temos nosso espião com a prova.
— Quem é esse bastardo?
— Jason Anderson!
— Eu sabia que aquele cara era mau caráter. Porra! Amanhã mesmo ele terá o que merece!
Nenhuma empresa nos cinquenta e oito condados da Califórnia vai aceitá-lo como funcionário. E eu
mesmo vou garantir isso!
— Falou com Foster? — ele não disfarça a apreensão.
— Falei, estão com meus pais. Reunindo seus depoimentos.
— E a bandida?
— Foragida.
Esteves acomoda-se no sofá, claramente aflito.
— Puta Madre! Aquela mulher solta é um pesadelo. Mia e Simba podem ficar aqui por uns
dias? Sua segurança é alto padrão e me sinto mais seguro com eles aqui.
— E você? Pode ficar também.
— Eu me viro, sempre me virei. Mas aqueles dois não tem maldade, são alvos fáceis e não
quero perdê-los, entende?
— Entendo. Quer dizer, entendo do amor, mas esse negócio a três não conseguiria. Não
consigo dividir.
Esteves deixa um sorriso raro aparecer no rosto severo.
— Não é divisão, chefe, é soma. Pela primeira vez na vida acho que encontrei meu lugar.
Servi uma década no exército traçando planos para uma vida na carreira militar. Mas não era aquilo
que eu precisava. Meu eu combativo precisava de paz, e só com eles encontrei isso. Não com um,
mas com os dois.
— Uau! Os brutos também amam!
A risada dele é leve e autêntica, talvez essa proximidade dos últimos tempos, serviram para
conhecer o verdadeiro Esteves Medina. Tão protetor e leal aos seus quanto eu.
— Agora que descobriu o espião, o trabalho terminou. O que pensa em fazer?
— Ainda não sei.
— Já pensou em trabalhar com segurança privada? — animado com a possibilidade de
contratar um amedrontador ex-militar, perito em armas, de dois metros de altura, jogo minhas cartas.
— Não sei, preferia algo mais tranquilo. Por quê?
— Em breve formarei uma família, as meninas vão precisar do melhor ex- militar da
Califórnia para ser seu guarda costas. Quem melhor que você para proteger Juliete?
— Apelou, hein chefe! Juliete derrete qualquer coração de gelo.
Sou esperto, sabia que ele não pensa na carreira de segurança, mas por quem tem afeto ele
toparia.
— Vamos à sala da adega, com uma boa bebida podemos negociar um ótimo salário.
Antes que nos afastemos da sala de estar, Wendell aparece.
— Senhor Latarge, o doutor Richard Mills acaba de passar pela guarita.
— Ah, sim! O médico, caralho! Não terminamos esse assunto aínda, Esteves. Amanhã
voltamos a conversar.
— Combinado, chefe.
Desperto lentamente, os raios de sol da manhã filtrando-se pela janela entreaberta, pintando
padrões de luz dourada sobre os lençóis macios. Me viro delicadamente, sentindo o calor
reconfortante do corpo de Sebastian ao meu lado, sua respiração tranquila e ritmada.
Os primeiros pensamentos da manhã trazem a consciência da presença dele ao meu lado, e
um sorriso involuntário se forma em meus lábios. Admiro a tranquilidade em seu rosto enquanto
dorme, cada traço iluminado pela luz suave da manhã.
Com cuidado para não acordá-lo, me encosto levemente, permitindo-me absorver o
momento. Observo os seus detalhes, desde a curva do queixo até a intensidade dos cílios escuros que
repousam sobre as bochechas. Cada pequeno detalhe parece mais profundo e significativo neste
instante de quietude.
A sensação de estar aqui, nesta cama luxuosa, ao lado desse homem que me encanta e
intriga, é como um sonho que se tornou realidade. Sinto-me grata por compartilhar este momento
com ele.
Me aconchego um pouco mais perto, sentindo-me envolvida pelo seu cheiro bom que me
traz a sensação de lar. Permito-me fechar os olhos por um instante, absorvendo a sensação de paz e
contentamento que me abraça.
— Se não parar de se esfregar desse jeito, pimentinha. Vamos pular o café da manhã e
vamos aparecer lá embaixo somente para o almoço.
— Você estava acordado?
— Estava, o que você pretendia fazer?
— Nada demais, eu estava te cheirando, agradecendo a Deus, o universo, a força superior,
por ter trazido você para mim.
O sorriso do CEO que um dia achei tão arrogante, é tão doce e lindo que poderia ficar
assim para sempre.
— Você é incrível, AnneLiz Colleman, você tem um poder de fazer com que eu queira
acordar cedo, somente para mostrar ao mundo como estou feliz com você.
— Awnn você é romântico! O que mais eu posso querer?
— Quero te pedir uma coisa hoje.
— O quê? — tento sondar seu rosto para descobrir seu plano.
Porque Sebastian Latarge sempre tem planos, é ardiloso de um modo disfarçado.
— Quero que saia de casa com Juliete!
— Como assim? — Ainda meio sonolenta não compreendo.
— Saia de casa com sua filha para que eu possa preparar a festa de aniversário dela.
— Ah, sim, achei que era ... — com os olhos arregalados a ficha cai. — Oh! Meu Deus! O
aniversário de Juju. Eu esqueci de parabenizá-la assim que desperte de manhã.
Em um pulo estou fora da cama, tirando uma risada ruidosa de Sebastian.
— Você acha que Juliete está acordada a uma hora dessas? São sete e meia da manhã! Eles
foram dormir muito tarde ontem. À uma da madrugada senti cheiro de pipoca.
Atrapalhada vestindo o robe, exclamo:
— Céus! Aquele trio estragou minha menina. A rotina dela vai para o ralo desse jeito.
— Pare de ser tão rígida, volte para a cama, quero te instruir sobre o plano.
— Que plano? — pisco os olhos repetidamente surpresa com ele.
— A festa temática surpresa do Harry que pretendo fazer.
Com um suspiro de felicidade, volto para os seus braços na cama king.
— Você vai levá-la para comprar um vestido e voltarão prontas, de roupa nova.
— Sebastian, é perigoso! Não esqueça que apesar de Lili ter sido presa ontem, Daniel ainda
está por aí.
— Ele não vai se atrever a chegar perto de vocês e além disso o novo segurança é uma
muralha impenetrável.
— Novo segurança?
— Claro, para a futura Sra Latarge e minha enteada. — Sebastian sabe como me ganhar,
quando me trata como ‘minha’ faço tudo o que ele quer.
— Quem é?
— Esteves Medina, vulgo tio Tevis.
O jeito ciumento que fala tio Tevis não passa despercebido por mim. Sebastian tem ciúmes
até de quem Juju apelida.
— Voltando ao assunto importante. Parem em uma confeitaria para disfarçar, mas não
exagerem nos doces. Aqui terá muito mais. Leve meu cartão ilimitado e divirtam-se.
Com um beijo doce me esfrego totalmente nele. Cada vez que esse homem me manda fazer
algo ou toma a iniciativa, me deixa louca.
— Vai me dar um cartão de crédito sem limite, para passar o dia fora...?
— A manhã apenas.
— Com bônus de “pare em uma confeitaria?”
— Formiga, Formiga! Não exagere, o açúcar faz mal à saúde.
Entre brincadeiras e carinho, ficamos mais meia hora na cama. Depois de explicar
direitinho seu plano, sinto-me pronta para começar o dia ao lado desse homem que me faz sentir viva
de uma maneira que nunca antes experimentei.
Saímos de casa com a animação típica de uma mãe e filha em busca de um vestido
especial. Juliete pula de empolgação ao meu lado, suas pequenas mãos segurando as minhas com
firmeza.
Chegamos ao shopping e logo nos perdemos em meio às lojas, cada uma mais colorida e
cheia de vida que a outra. Juliete corre de um lado para o outro, examinando cada detalhe com os
olhos curiosos de uma criança. Eu a sigo de perto, maravilhada com sua energia contagiante.
Encontramos a seção de vestidos infantis e ela se encanta com um vestido dourado com
apliques de borboletas do mesmo tom. Animada, corre para o provador, ansiosa para experimentar
sua nova roupa. Enquanto ajudo a se trocar, não paro de sorrir ao vê-la tão feliz.
Impossível não ficar com o de borboleta, não teve outra proposta, Juliete não quis provar
outro vestido. É o dourado com borboletas douradas.
Quando saímos da loja, Juju radiante, gira em seu vestido novo como uma verdadeira
princesa. Sinto-me grata por momentos como esse, onde ter a pessoa mais importante da sua vida ao
seu lado, faz qualquer momento ser especial.
A exibida quando chega do lado de fora da loja, ao ver Esteves, dá um giro em seus pés e
exclama:
— Olha tio Tevis, veja como estou bonita! Sou quase uma fada borboleta!
Com todo o cuidado para não amassar o vestido, Juju nem encosta o bumbum no assento,
explicando que vai estragar antes de mostrar para o Seba.
Durante o trajeto de volta para a mansão, minha garotinha pergunta pelo pai, me
surpreendendo, já que nunca falamos sobre ele.
— Papai vai me dar os parabéns hoje, mamy?
— Acho que não, filha.
— Por quê?
— Porque papai fez coisas erradas e vai ficar de castigo por algum tempo, não vai poder
ver você.
— Hum, quanto tempo mamãe?
— Eu não sei, meu amor, mas é bastante tempo.
— Seba pode ser meu papai ‘sutitutu’? Só até papai sair do castigo.
Observo minha pequena com o coração apertado. Como gostaria de tê-la protegido melhor
dessa carência de pai que ela tem. Ter escolhido um ser humano melhor para gerar um filho comigo.
Abraço meu pedacinho de gente e beijo o topo da cabeça.
— É que eu gosto muito dele, Seba é legal!
— Vai ter que perguntar para ele, querida.
— Tá bom.
Esteves, mesmo discreto no banco da frente, certamente escutou a conversa. Será que vai
contar para Sebastian? O que ele vai pensar sobre isso?
Um bip soa na bolsa, indicando uma mensagem. Deve ser o mandão no celular ansioso pela
nossa chegada.
Ao abrir é ele mesmo, mas para avisar da notícia de que meu ex-marido faleceu em um
acidente de carro durante uma perseguição policial, meu coração para por um instante. A notícia é
chocante e inesperada, não por algum sentimento que eu tinha por ele, mas por Juju.
Não posso me deixar abalar neste momento. Minha doçura está ao meu lado no banco de
trás, prestes a ter sua primeira festa de aniversário. Preciso ser forte por ela. Respiro fundo, tentando
encontrar a sensatez necessária para lidar com a situação da melhor maneira possível.
Decido guardar essa notícia para mim por enquanto, para não estragar a festa dela.
Sebastian escreveu que o que eu decidir será feito.
Juju não merece ter seu dia especial manchado por tragédias. A festa é para ser um
momento de alegria e celebração, e farei de tudo para que assim seja. Amanhã com calma e
serenidade encontro uma maneira de contar a verdade a ela.
O SUV estaciona diante da mansão, abstraio a notícia que recebi para me concentrar na
minha menina. Vejo ao longe carros estacionados um pouco afastados da entrada. Todos os
convidados estão lá dentro nos aguardando.
Sebastian convidou poucas pessoas, virão apenas os mais chegados. A sua mãe, mas o pai
ainda envergonhado por tudo que fez não quis comparecer.
Perguntou sobre alguns nomes de coleguinhas de Juliete, aos quais ela fala mais, junto com
esses, os seus pais os acompanharão. A Doutora Cristina também foi convidada com o noivo Jaxon.
Os tios babões, Simba e Esteves, Mia, minha mãe, que encantada com o futuro genro
quando o conheceu, atendeu prontamente ao seu chamado para ajudar previamente em alguns
detalhes na decoração da mesa.
Juju anda saltitando com seu vestido dourado na entrada da mansão. Dessa vez vamos
entrar pelo lado leste, onde tem o hall e o salão de festas. Subitamente ela para na porta e me encara
dramática.
— Mamy, como pudemos esquecer o bolo? Você disse que nós iríamos comer bolo e
comprar um bem grande para trazer no carro.
— Que pena! Nós esquecemos e agora filha, vamos tirar nossas roupas novas e ligar para a
confeitaria. Talvez eles tenham um ainda e nos mandem.
Decepcionada e tristinha ela vira de costas para mim e seca o rosto.
— E... E se eles não tiverem um bolo pra mim, do jeitinho que eu quero?
— E como você quer o bolo, meu amor?
— Ah, eu não sei. Talvez borboletinhas penduradas. Um bem grande cor de Rosa —
responde amuada. — Talvez se a gente fizesse um bolinho do meu gosto igual das outras vezes? Pode
ser com moranguinhos...
Enquanto detalha o bolo com uma infinidade de exigências malucas, algum reflexo de
velas chama a atenção dela pela porta vidrada da entrada da mansão.
— Mamy? Tem fantasma na casa do Seba!
— Fantasma, filha? Como assim?
— Tem umas velinhas acesas flutuando lá dentro.
Juju agarra minhas pernas assim que finjo destrancar a porta.
Ao abri-la, um tapete vermelho se estende pelo corredor principal do hall, levando até o
imenso salão de festas
— Surpresaaaaa! Feliz aniversário, Juju!
Um coro de vozes ensaiadas exclama, deixando nós duas em choque total.
Luzes suaves iluminam o ambiente, criando uma atmosfera mágica e acolhedora. Nas
paredes, grandes banners das casas de Hogwarts pendem, cortinados pesados presos às vidraças
escondem a claridade do dia, enquanto velas flutuantes feitas de lâmpadas led, fingem as verdadeiras.
— Mamy? É pra mim?
— Acho que é filha. Tem outra Juliete aqui de aniversário?
— Não! — minha menina ri de alegria, por ser essa doçura que é, solta a risada gostosa que
me traz tanta paz.
Emocionada, me inclino e a enlaço em um abraço apertado.
— Feliz aniversário, filha! Minha querida Juliete, hoje é um dia muito especial, pois
celebramos mais um ano da sua vida cheia de luz e alegria. Quero que saiba o quanto você é amada e
o quanto ilumina cada momento ao nosso lado. Você é meu maior presente é minha maior alegria.
Que a magia de Hogwarts esteja sempre em seu coração, assim como o amor e o carinho que sinto
por você, minha pequena bruxinha. Parabéns pelo seu dia, meu amor.
— Amo você, mamy!
Todos se aproximam querendo um abraço e sorriso da aniversariante, enquanto me afasto
um pouco para admirar o capricho com que meu namorado preparou isso tudo.
No centro do salão, uma mesa longa está coberta por um tecido escarlate, repleta de
comidas e doces inspirados no mundo mágico de Harry Potter. Há tortas de abóbora, sapos de
chocolate, e balas em formato de varinhas mágicas.
Ao redor, costurando a parede, cadeiras estofadas em veludo vermelho convidam as
pessoas a se sentarem e desfrutarem da festa. O teto encantado é uma obra-prima, imitando o céu
noturno com estrelas brilhantes e até mesmo algumas nuvens passageiras.
Juliete, ao admirar tudo, não sabe o que olhar primeiro, não consegue conter a alegria. Seus
olhos brilham enquanto ela percorre o espaço de um lado para o outro, admirando cada detalhe com
entusiasmo. Para mim, é emocionante ver sua empolgação e saber que essa festa será inesquecível
para ela.
Sebastian se aproxima ao meu lado e me abraça, observando tudo com um sorriso radiante.
Seus olhos encontram os meus, e nessa hora, sem dizer uma palavra, entendemos o quanto esse
momento significa para nós. É mais do que uma festa; é a celebração do amor, da família e da magia
que encontramos juntos.
— Não vou perguntar se você gostou, Juju está muito feliz. E você fica radiante quando ela
está feliz.
— Você vai me fazer chorar de emoção.
— Não vai chorar não. Agora é hora da entrada do bolo e acompanhar a aniversariante para
fazer o pedido — o sorriso largo pede um beijo, o que atendo de imediato.
Em seguida guio Juliete para o local de destaque, entre nós dois atrás da mesa. Sebastian
providenciou até um mini palco para que ela soprasse as seis velinhas.
A emoção dela é tamanha quando Wendell entra no salão, vestido de Dumbledore
conduzindo o bolo cor de rosa sobre um carrinho de metal, adornado de ferro retorcido imitando a
planta Hera, enrolado nas pernas do carrinho.
Juju solta uma exclamação eufórica.
— Oh! Mamy! É o bolo de aniversário do Harry, aquele cor de rosa!
Seco uma lágrima tímida que ameaça rolar. Sebastian realizou o sonho da minha menina.
Olho para o belo homem e meu coração transborda de gratidão e amor.
Ao admirar Juju, cujos olhos brilham de admiração, sinto uma onda de emoção
incontrolável. Agora, tenho a certeza de que esse alguém ao meu lado não só me ama, mas também
ama minha pequena como se fosse sua própria.
É uma sensação indescritível de proteção e segurança, saber que encontrei um lar no
coração de Sebastian. É o fim de uma jornada difícil, marcada por desafios e incertezas, mas também
é o começo de uma nova vida, cheia de amor, cuidado e felicidade.
— Precisa fazer os três pedidos, Juju! — incentiva Sebastian ao seu lado.
— Três? Aumentou? Posso pedir outro cachorro?
Todos se divertem com a inocência dela.
— Aumentou sim, depois dos cinco aumenta e você não pode falar. Os três desejos são
para fazer no pensamento enquanto sopra as velinhas! — explica ele sussurrando alto.
— Ah, entendi!
Começa o coro do ‘parabéns’ outra vez e as velinhas são acesas. Juliete fecha os olhos
mentalizando os três desejos e assopra. Em meio a algazarra de felicidades, Juju chama Sebastian
para fofocar em seu ouvido.
Queria muito saber se o que ela disse é o desejo que ele seja o pai dela, ou talvez seja o
cachorro que ela pediu anteriormente, só sei que ele olha diretamente para mim.
O bolo é cortado e servido, todos aproveitam a festa, brincando com os brinquedos que
meu namorado providenciou no salão. Até os adultos entraram nas brincadeiras.
Sentados lado a lado degustando um doce, decido perguntar, porque a curiosidade é
gigante.
— O que foi que Juliete fofocou em seu ouvido?
O sorriso tímido me surpreende, ele nunca me deu esse sorriso.
— Confessou um dos pedidos.
— O que ela pediu? Fala! Por que esse mistério?
Sebastian encosta os lábios em meu ouvido, roça o nariz na pele sensível abaixo dele.
— Juliete quer um irmãozinho.
— Mentira, ela não pediu isso!
O sorriso tímido outra vez me faz beijá-lo.
— Não. Esse é o meu pedido. Eu sabia que meu coração não era meu no dia que eu te
conheci, foi naquele instante que meu mundo inteiro ganhou vida. Casa comigo e me dê a honra de
ser o pai de todos os seus filhos?
O bom planejador executa seu plano com maestria. Rápido e ágil se ajoelha, tira uma
caixinha do bolso e me oferece o anel de diamantes.
É tão emocionante que não consigo responder, a voz embarga e os cílios úmidos de
lágrimas felizes, tiram meu fôlego, é preciso inspirar várias vezes para os pulmões se encherem de ar.
— Sim, eu aceito.
Um beijo apaixonado confirma a resposta. O som das palmas ecoando no salão interrompe
o momento.
Juju aparece correndo de algum lugar e pega minha mão inspecionando a jóia.
— Você deu esse anel para a minha mamãe?
— Sim, foi um pedido de casamento, para vir morar comigo.
— Eu vou vir junto, né Seba?
— Lógico que sim.
— Mas você não fez o pedido para mim!
Os olhos cristalinos olham seriamente para ele e para mim. A princípio achei que era uma
brincadeira, mas Juliete quer um pedido também.
— É verdade, me perdoe.
Sebastian recebe de Simba uma caixinha achatada e retangular. E ao abri-la, Juju toca o
dedinho delicadamente na pulseira de ouro, com medo de estragar a jóia.
— Uau! Esse é o pomo de ouro do Harry? Por que tem letrinhas nela?
— A letra do seu nome está na bolinha dourada e a letra do meu e da sua mãe está nas
asinhas de prata.
— Por quê?
— Porque sem a bolinha as asas não tem onde se unir. Você é a peça mais importante de
nós três e juntos, voaremos além do infinito. — Ele prende a pulseirinha no pulso dela que sorri
encantada. — Juliete, você quer vir morar aqui para sempre?
— Quero muito! — minha filha se joga nos braços dele e abraça tanto que os nós dos
dedinhos ficam brancos.
Essa cena derruba qualquer resistência em segurar o choro. Não tem maquiagem que
aguente ver esses dois juntos. Seco as lágrimas refletindo sobre a vida.
Às vezes, ela nos surpreende com presentes que nunca imaginamos receber.
Sebastian sempre quis ser pai, mesmo que o mundo parecesse conspirar contra esse desejo.
Ele ansiava por ser aquela figura paterna, transmitir ensinamentos, amor e segurança a alguém que
pudesse chamar de filha.
Por outro lado, minha menina sempre desejou que o pai fosse presente, que a cuidasse,
protegesse e a amasse incondicionalmente. Duas almas que, em mundos separados, ansiavam pelo
mesmo encontro, o encontro que mudaria não apenas suas vidas, mas a minha também.
Quando finalmente se cruzaram, foi como se o universo tivesse conspirado a favor de
ambos, unindo-os em um laço indissolúvel de amor e afeto.
A paternidade não se resume apenas a laços de sangue, mas sim aos laços de amor que se
constroem ao longo da vida, e que, muitas vezes, a família que escolhemos é tão ou mais valiosa do
que aquela que o destino nos proporciona.
Tenho sorte por fazer parte desse encontro, e sinto no fundo do meu coração que agora
seremos felizes.
1 ANO DEPOIS
Fim
AGRADECIMENTOS
A você leitor, que tirou um tempinho para ler essa obra, agradeço de
coração o interesse. Espero que tenha gostado e se divertido com o que leu.
Ficarei ainda mais feliz se puder deixar uma avaliação na plataforma, é
muito importante para que novos leitores possam se interessar e vir a
conhecer minha escrita.
Agradeço às minhas meninas do GP do whatsapp, sempre me
apoiando e surtando com minhas loucuras. Minhas betas e revisoras. Minha
amiga e colega nessa carreira louca, que me consola e apoia, Érica Queirós.
Vocês são minha força quando penso em desistir.
A minha equipe maravilhosa:
Taci, Pam, Cris C, NayMess, Tati B, Fran Moraes, Sou grata por
tudo.
Instagram: https://www.instagram.com/autorafrancisleone/
Twitter: @FrantasticaS2
Tik Tok: FrancisLeone Autora
Facebook: Francis Leone Autora
Tiziano
Romance DARK + Tabu + Stalker Romance + Mafia
Tiziano DiMateo
Vida e a morte travam uma luta constante em meu destino, uma rede de sonhos e enigmas
interligados que quase me levaram à loucura. Selena, é meu desejo proibido. Foi a única razão que
manteve minha sanidade. Mas nosso amor caiu em uma armadilha, cortesia irônica e cruel do
destino. Ninguém sabe a verdade que me levou a tomar as decisões que tomei. Apesar disso, o
sentimento profundo nunca se perdeu, pois é impossível separar duas pessoas destinadas a ficarem
juntas. Ela está prestes a descobrir que sou um homem determinado a conquistar seu amor e me
redimir do passado. Em um mundo de sombras e incertezas, desejo ser a luz que a ilumina, mesmo
que seja uma luz tardia, e que tenha que enfrentar o mundo e nossos demônios para alcançar esse
amor.
Selena Malpucci
Tiziano, aquele cujo nome significa honra, foi uma estrela brilhante que deixou uma marca eterna em
minha alma. Seu nome ecoa em minha mente, e cada momento que compartilhamos permanece
gravado em minha memória como uma constelação reluzente em um céu noturno opaco. Ele foi o
desvio da monotonia, uma chama que me aqueceu quando tudo parecia frio. Anos se passaram nos
quais o destino interferiu em nosso caminho e agora ele retorna, ultrapassando as fronteiras do
passado e do presente, implorando por uma segunda chance. Ele deseja ser meu herói, um príncipe
encantado montado em um cavalo branco. Mas, a vida não é um conto de fadas, uma lição que
aprendi da maneira mais difícil, pois o próprio foi meu professor. Sei que o encanto pode ser
traiçoeiro se me deixar envolver por ele outra vez.
ALERTA DE GATILHOS
PROIBIDA PARA MENORES DE 18 ANOS
Abuso físico explícito
Tortura física explícita
Abuso psicológico
Tentativa de suicídio
Transtorno de borderline
Crises de TPT
Incesto (vilōes)
A autora não se responsabiliza por reações desagradáveis durante a leitura.
Romance hot + fast burn + garota plus size + CEO Dominador
"UM DUELO QUE OS LEVARÁ DIRETAMENTE PARA A
CAMA."
NOS BRAÇOS DE VÊNUS
Stela Salvage é uma jovem de temperamento forte, além de
inteligente é um tanto teimosa. Vivendo em Los Angeles após uma
turbulenta juventude de baixa autoestima, foi apresentada a um clube não
convencional. Se encantou com o submundo do prazer e se tornou uma
Dominatrix. A famosa atração do clube Volcano.
Luke Taylor é o bilionário mais discreto do mundo dos cassinos.
Um CEO frio e implacável. Seja nos negócios ou na vida pessoal, nunca
ouviu a palavra 'Não'. Um homem, com sua vida sob rígido controle.
Em uma noite, depois de um dia extenuante, o que Luke mais quer é
relaxar. Então, decide visitar um luxuoso clube com práticas BDSM e nele
seu mundo entra em um colapso total.
Naquela noite, ele é rejeitado pela única mulher que de fato
capturou seu indomável coração. A rejeição é aceita como um desafio ao
poderoso CEO. Uma batalha é travada, onde a sedução e o desejo de
dominar são as armas empregadas. Mas o que Luke não sabe é que esse
duelo pode pôr em risco a chance de viver um sentimento maravilhoso e
desconhecido de tudo o que já viveu.
Conteúdo adulto indicado para maiores de 18 anos. Contém
cenas de sexo explícito descritivo, palavras cruas e obscenas. Pode
conter gatilhos pelo enredo com BDSM.
VOLCANO
Sete noites, seis casais. Prazeres inimagináveis.
Um clube de elite misterioso estampa os mais diversificados
cenários para realizar seus desejos livres de culpa.
Dentre eles, um chefe misterioso oferece à seu subordinado uma
noite de prazer em troca de um vantajoso presente.
Um sádico desperta desejos de submissão em uma masoquista,
enquanto um perigoso consigliere mafioso é alvo de uma rival obsessiva.
Um adorador de pés tem seu anseio atendido por uma dama
exigente, e um casal encerra seu relacionamento em meio a ciúmes.
Uma paixão avassaladora se descortina em uma excitante caçada
pelos jardins.
Cada noite, uma nova chance de descobrir até que ponto se está
disposto a ceder, aprender, render-se e aceitar seu desejo mais decadente.
E você, até onde estaria disposto a ir para desfrutar de todas as suas
fantasias e realizar seus mais luxuriosos segredos sexuais?
Alerta de gatilhos –
PROIBIDA PARA MENORES DE 18 ANOS
Violência física consentida
Ofensas preconceituosas e de cunho pejorativo cenas de sexo
explícito descritivas em detalhes
A autora não se responsabiliza por reações desagradáveis durante a
leitura.
Um Amor Além do Horizonte
Zayn e Laura são corações sedentos por encontrar a paz do
amor em um porto seguro.
Zayn Tariff vive uma vida glamourosa, com os holofotes da fama sobre si
e sua carreira. Mulheres belíssimas caem aos seus pés, mas falta algo,
alguém especial que ame a simplicidade como ele.
Laura De E. acreditava ter encontrado sua alma gêmea, abandonou a
carreira para viver seu conto de fadas. Às vésperas do Dia dos Namorados,
descobre que seu príncipe encantado é na verdade um sapo. Entre a
decepção e a decisão de recomeçar, Laura toma as rédeas do seu destino,
retoma a carreira de modelo e embarca em uma viagem à Turquia,
realizando seu sonho de infância de passear em um balão de ar quente.
O destino decide brincar de cupido e entrelaçar essas vidas distintas em um
emocionante encontro. Entre paisagens exuberantes, surpresas inesperadas e
uma doce jornada pelos caminhos da paixão, Zayn e Laura descobrem que
são as metades que faltavam um ao outro.
Mas o que fazer se vivem em continentes diferentes?
Você acredita em amor à primeira vista? Em príncipes encantados? Se sim,
mergulhe nessa paixão que vai arrebatar seu coração, revelando o lado mais
sutil e profundo que a vida tem para demonstrar o amor.