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Disponibilização: Amarílis Gerbera

Tradução: Ella Morningstar


Revisão Inicial: Ella Morningstar
Revisão Final: Nita Oliver
Leitura Final: Flor de Liz
Verificação: Nita Oliver
Formatação: Amarílis Gerbera

Abril/2018
Broken

The Voyeur Series, Part #3

Elena M. Reyes

N. Isabelle Blanco

Morto.

Se foi.

Algum dia irá se tornar uma lembrança distante.

Eles estão mortos e eu não sinto uma onda de remorso.

Em vez disso, o alívio é quase instantâneo. Não me sentirei mais


mal porque meu coração está com ele - Meu Noah.

A voz pode ter forçado minha mão, mas no final, sempre vou
escolher meu coração. Eu vivi dentro do meu medo de perdê-lo e agora
isso foi tirado de mim.

Fomos obrigados a nos despedir do nosso passado e abraçar o


nosso futuro com ambas as mãos.

Não estou mais com medo.

Eu estou chateada.

Eles nos querem quebrados, mas em vez disso, eles


desencadearam um animal que não quis se submeter. Sou um animal
determinado a salvar seu homem.

Viver.

Não me importo mais com quem me ordena ou o que tenho que


fazer. Eu terei esse homem...

E um dia, ambos escaparemos.

AVISO: Esta história não é para todos. Cuidado. 18+


Dezenove

Há 5 anos...

O telefone em cima de minha mesa toca e eu pressiono o botão do


alto-falante sem pensar.

Imediatamente meu escritório é bombardeado com o som de uma


respiração dura. Do tipo que só alguém com um hábito de respirar de
boca aberta pode fazer.

Em outras palavras, é assustador.

Há apenas uma pessoa nesta empresa com esse problema


aparente.

Eu mentalmente endireito meus ombros e me preparo para sua


atitude. —Sim, Senhora Thornton? Como posso ser útil?

No começo ela não fala nada. Imagino que ela não gosta que minha
atitude seja sempre agradável. Fingindo ou não, eu sempre sou
profissional enquanto ela não tem tato.

—Sr.ª Reid, venha ao meu escritório. — Minha chefe grita pelo alto-
falante do meu telefone e eu vacilo.

—Sinto muito Valerie... — Enquanto todo mundo tem medo dela,


saúdo o desafio. —... mas você sabe que eu estou perto de sair. Minha
consulta médica foi remarcada para hoje e eu avisei a você e ao RH na
semana passada.

—Oh, realmente? — Eu ouço sua digitação no computador em alta


velocidade e seu tom sarcástico não é perdido por mim.

Deus, eu não gosto desta mulher.

Nunca há um Olá, Obrigada ou Por favor com ela.

Pelo menos esta é a vibração que ela emite. Como se minha


simples presença a perturbasse de alguma forma e, ainda assim, ela
sabe que o Conselho não vai permitir que ela me demita.

Ela pode ser a gerente desta empresa de marketing, mas minha


família é dona de parte da empresa que assina seus cheques.

—Cancele. — Há irritação no tom dela, mas um toque de desespero


que me pegou desprevenida. —Preciso de você aqui em dez minutos
para uma reunião. Não há desculpas. Sua presença é esperada.

—Por quê? O que está acontecendo? — Eu pego meu celular na


gaveta de cima, envio um texto rápido para o escritório do meu
ginecologista e cancelo. Graças a Deus tenho amizade com a secretária
do escritório e ela responde em poucos segundos para me avisar que ela
cuidou disso.

—Porque eu disse.

Quase posso ouvir o seu ranger de dentes.


—Vou precisar de mais do que isso. — Eu respondo em meu doce
tom, mas a minha indignação é palpável. Ela sabe que eu não sou como
todos os outros na sua equipe e se ressente de mim por isso.

Eu não me importo.

Se eu quisesse, eu poderia ter o trabalho dela.

A sorte dela é que eu amo o que faço. Ser criativa é o meu


forte. Minha paixão. Gestão, no entanto, não é.

Ela toma uma respiração exagerada e a solta lentamente no


telefone. Ewww.

—Novo cliente. Uma empresa de beleza com a base fora da


Inglaterra está tentando expandir seu território e precisamos ter o nosso
melhor a bordo. Não há ninguém aqui que saiba melhor de propagandas
de moda do que você. Então esteja aqui em dez minutos. — Com isso
ela desliga e eu fico remoendo minha ira. Seu quase tapinha nas minhas
costas com a resposta de duas faces me deixou mais irritada.

—Puta. — Eu resmungo sob minha respiração, e um ou dois


minutos mais tarde eu fecho o meu laptop. A campanha a que me dedico
neste momento é secreta, nem a minha chefe sabe disso. Se eu
conseguir essa conta, teremos provavelmente um pagamento de vários
milhões de dólares para nós.

Se eu tenho que cancelar meu compromisso, iria preferir que fosse


para ficar e trabalhar nela.

Levantando da cadeira e percebo quão apertados meus músculos


se sentem enquanto caminho em direção ao centro da sala. Me inclino,
mantendo as pernas retas e toco os dedos dos pés. Mantenho a posição
por alguns minutos até que a tensão se transforma em um pulsar
satisfatório.

Uma batida na minha porta é seguida por um —Oh, foda-se. — e


logo depois de uma tosse.

Isso me pegou desprevenida e eu caio para frente, parando em


minhas mãos e joelhos. Minha bunda para cima. Estou envergonhada
como o diabo.

Por que diabos eu deixei a porta aberta? Porque eu sou muito


preguiçosa para levantar da minha mesa.

Meu maior desejo no momento é que o chão se abra e me engula


inteira.

—Você está bem, senhorita? — Uma mão aparece ao lado do meu


rosto e a voz possui o sotaque inglês mais rico e mais aveludado que tive
o prazer de ouvir. —Não quis assustá-la, boneca.

Jesus, sua voz bate no meu ouvido e meu corpo aperta. Cada
músculo fica tenso enquanto minha calcinha fica úmida.

Sua voz é uma kriptonita. Minha kriptonita.

—Eu estou bem, só um pouco mortificada. — Segurando sua mão,


eu suspiro. Eletricidade flui entre nossos dedos e corre através de
minha estrutura pequena. Eu fico em pé sobre as pernas trêmulas, solto
sua mão e olho para cima.

Santo Jesus. Maria. E José.


Seu rosto é lindo. O epítome do alto, moreno e bonito.

E aqueles olhos. Querido Deus, aqueles olhos.

—Respire, boneca. — Até mesmo sua risada é sexy.

Homens arrogantes me desligam, mas suas ações só fazem com


que borboletas em meu útero vibrem e me deixa ainda mais curiosa
sobre ele.

Não reconhecendo sua provocação, arregalo os meus olhos e rezo


para que ele caia para o falso olhar inocente. —Por favor, ignore o que
você viu aqui.

—Por que eu faria isso? É uma memória muito agradável para


ignorar. — Seu olhar aquecido desliza sobre mim da cabeça aos pés,
persistindo nas minhas pernas por uma quantidade inadequada de
tempo.

Seguindo sua linha de visão, descubro a razão por que ele lambe
os lábios. Minha saia deslizou até acima do meio da minha coxa e eu
estou exposta ao seu olhar com fome.

—Merda! — Eu tento empurrar para baixo o material apertado e


ele agarra no lugar. Novamente, ele estende a mão para mim e o sangue
em minhas veias pulsa. Nossos olhares se cruzam e por um segundo o
mundo se dissolve em nada. Nada registra, apenas a maneira como seus
claros olhos azuis me penetram.

Uma total violação dos meus sentidos.

—Por favor, não se apresse por minha conta, amor.


Calor floresce em todo o meu rosto e eu mordo o lábio. —Para você
talvez seja agradável, mas não para mim.

Um estrondo, uma dica de um rosnado passa por seus lábios e o


homem misterioso dá um passo em frente. —Deixe-me pegar isso. Eu
vou te ajudar.

—Aí está você, Noah! — Valerie entra correndo em meu escritório


e faz uma parada abrupta ao lado dele. A mão dela está no seu
antebraço, os dedos flexionando na manga da sua camisa.

—Senhora Thornton eu presumo. — O cara misterioso diz. —Sou


o Noah.

Ele dá um passo para longe dela, saindo do seu alcance enquanto


para ao meu lado.

Meu braço toca o dele.

Porra. Meus dedos flexionam e toco a carne do seu


pulso. Novamente o calor floresce dentro de mim.

O que há de errado comigo? Como ouso reagir desta maneira? Meu


namorado não merece que eu faça isso com ele!

—Prazer. Vejo que já conheceu a mais brilhante aqui no Racy &


Reid. — Valerie está observando a nossa proximidade, como nossos
corpos parecem sintonizar-se um com o outro. Os olhos dela se
estreitam um pouco, apenas o suficiente para que a linha no centro da
testa dela se torne mais definida. —Ela é o nosso diamante bruto.

Seu elogio me irrita, e pela primeira vez estou pronta para me


lançar nela. Explicar como funciona o profissionalismo.

—Não fomos formalmente apresentados, apenas a ajudei a se


erguer de um tombo. — Noah cospe. É palpável o quanto suas palavras
o incomodaram. —Não há motivo para a hostilidade.

—Claro que não, senhor. — Valerie é pega de surpresa e


engasga. —Nós a amamos aqui. Não quis causar um mal-estar. Foi uma
piada. — Adiciona, tentando acabar com a tensão.

Valerie olha para mim e me dá um aceno de cabeça. —Apenas um


pouco de diversão entre colegas, Sr. Barker.

Agora ela se dirige a ele pelo sobrenome. Deus, ela é irritante e


aparentemente sem ideia de como a interação social deve funcionar.

Ignorando ela, ele encontra os meus olhos. —É isso, boneca?

—Sim. — Respondo, não olhando para qualquer lugar além dele. O


termo carinhoso não significa nada. Só uma coisa que o povo britânico
usa para outras pessoas do sexo oposto.

Eu tenho muitos amigos ingleses para saber isto. Não há nenhuma


razão para minhas entranhas tremerem cada vez que ele diz isso.

Não importa o quão atraente eu ache seu queixo cinzelado, seus


brilhantes olhos azuis e cabelos pretos espessos.

Nunca vai acontecer nada. Eu amo Robert demais.

Se você o ama, por que treme com a proximidade do Sr. Barker?

—Bem, então.... — Sra. Thornton bate palmas e nosso momento é


quebrado. —...vamos ao meu escritório. Temos muito para discutir.

—Quem irá conduzir meu projeto? — Noah pergunta e olha para


ela. Eu suspiro. Minhas reações a ele estão me tirando do jogo. —
Devilish Beauty só aceitará o seu melhor.

—Ivy aqui estará lidando com sua conta do início ao fim. Vai ser
sua única prioridade.

O quê?!

Isso é novidade para mim. Mas eu faço um bom trabalho para


manter minha expressão neutra. Que escolha eu tenho? Não é como se
eu pudesse confessar a Valerie sobre meu projeto secreto. Essa pequena
cadela suja tentará me roubar a conta se ela descobrir.

E como diabos eu vou trabalhar com o Sr. Barker quando sua mera
presença está fazendo com que meu corpo desrespeite o homem que eu
amo?

Vou ter que aguentar isso.

—Vai ser um prazer trabalhar com você, Sr. Barker. Isso é se...

—Deixe-me te parar agora mesmo, Ivy. — Foda-me se a forma


como ele diz meu nome não causa mais uma rodada de umidade
deslizando e molhando minha calcinha. —Você tem o trabalho. O que
você quiser ou precisar de mim estará a sua disposição, contanto que
você dirija a minha campanha.

Engolindo nervosamente, tento me forçar a olhar para longe da


intensidade de seus olhos. Deus me ajude, mas este homem está
olhando para mim como... como...

Eu afasto o pensamento. O ignorando. Ele é um cliente. Você tem


um namorado. Encontre o seu profissionalismo, droga!

De alguma forma minha voz sai firme quando falo. —Se é o que
vocês acham melhor.... — Eu aceno para Valerie. —...não tenho
nenhum problema em fazê-lo.

Pelo canto do meu olho eu vejo os lindos lábios do Sr. Noah Barker
se enrolarem em um devastador sorriso. —Boneca, se você não fizer, eu
saio por aquela porta e procuro outro lugar. Então me faça um favor e
ajude um amigo.

Tenho muito medo de olhar para ele. Estou com muito medo desta
reação estranha. Mas, mais que isso, não posso olhar para longe da
minha “chefe”.

Os olhos escuros da Valerie continuam saltando entre nós e eu


não posso decifrar o olhar no seu rosto. Com uma expressão neutra, ela
anda em direção à porta, querendo claramente levar isso para o seu
escritório.

Quando todos nós saímos para o corredor, ouço-a murmurar atrás


de mim. —Sim, Ivy. Ajude um amigo.
Vinte

Escuridão.

É engraçado como temos tanto medo dela. Como tentamos fugir


dela. Agora, ela é tudo para mim. Meu refúgio. Meu conforto.

Minha fuga.

Memórias me provocam, espreitando por trás da escuridão.

Desconectado.

Vago.

Despercebido.

—Baby.

Até agora, é isso. Algo em mim se mexe ao som dessa voz profunda,
preocupada.

—Ivy, boneca. Fale comigo. Pisque se você pode me ouvir. Por


favor.

O anseio se levanta do nada, uma presença constante batendo no


meu peito. Eu quero me entregar, ceder a essa voz. Mas ainda não
posso.
Por algum motivo sinto como se eu não devesse.

Um grito alto parece ecoar dentro das sombras, mas chegou quase
tão rápido quanto sumiu. Uma imagem pisca rapidamente pela minha
mente.

Sangue. Muito sangue.

Dor faísca no meu peito.

Mas também foi embora quase assim que surgiu. Logo a escuridão
retorna, e traz de volta a dormência reconfortante de antes. Não sei
quanto tempo passa, só que eu vou dar tudo para ficar sempre assim.

Desanexada.

Entorpecida.

Fora.

Assim não tenho que pensar. Não tenho que me perguntar.

Uma imagem aparece do nada. Colar. Branco. Um rosário. O grito


novamente. O sangue.

Um som estranho ofusca o grito. Como uma criança


choramingando.

—Ah, Deus. Baby. Está tudo bem. Está tudo bem.

Mãos me agarram pelos ombros e de repente eu estou sendo


movida. Levantada. Os braços me carregando são familiares e não
consigo conter o anseio novamente. A necessidade de me aprofundar.
Mas eu não deveria me sentir assim. Algo me diz que é errado.

Há cinco anos...

Sr. Barker para no balcão e vira-se para mim com suas


sobrancelhas pretas levantadas. —Como você gosta do seu café?

Demora alguns segundos para eu responder. Estou muito


ocupada olhando para ele em seu terno cinza escuro. Que é
perfeitamente adaptado para caber em seu corpo alto e musculoso. Ele
também usa uma camisa de botão branca.

—Amor?

Pisco os olhos em choque com o apelido deixado da sua boca em


seu sotaque sexy como o inferno.

Ivy! Maldita seja. Robert não merece isso. Não. Ele não merece. Ele
é um ótimo namorado, aquele que está no escritório esperando que esta
reunião acabe. Aquele que não tem ideia dos infiéis e desleais
pensamentos passando pela minha cabeça.

Pensei que me referir a ele apenas como Sr. Barker, em vez


de Noah, me ajudaria a manter a distância necessária para ignorar isso.

Em seguida ele apareceu com a exigência que teríamos que nos


encontrar no Starbucks em vez do meu escritório.

Um Sr. Barker preocupado pisca para mim. —Amor, você está


bem?

Quero pedir a ele para parar de me chamar assim. Boneca, eu


aguento. Foi desconfortável na primeira vez que eu o conheci há uma
semana, mas eventualmente eu superei isso. É uma coisa de Brit 1 ,
certo?

Assim como “amor”. Mas por algum motivo o jeito que ele diz me
deixa nervosa. Lambendo os meus lábios, olho para longe, mas não
antes de ver seus olhos escurecerem. —Chá não é mais a sua coisa?
— Pergunto em um esforço para melhorar o humor. Ele é um
cliente. Nada mais. Trate ele como tal.

Sr. Barker ri. —Não quando estou exausto.

Meus lábios se contorcem com um sorriso pelo seu tom


brincalhão. Não consigo me ajudar. —Apenas um café normal para
mim, por favor. Leite e três cubos de açúcar.

—Tudo bem. — Ele se aproxima do balcão, descartando seu blazer


em um movimento único e rápido.

A garota atrás do balcão faz uma pausa, seus olhos bem abertos.

Jesus. Não posso culpá-la. A parte triste? Ela nem sequer tem a
visão que estou tendo no momento. Suas calças moldam perfeitamente
sua bunda e, caramba, todo o corpo do homem tem que ser de fora deste
mundo.

Não que isso importe, lembro-me olhando para longe. Se ele é

1 Uma pessoa que nasceu / cresceu ou vive na Grã-Bretanha.


bom? Bom para ele. Os homens ricos e de boa aparência não são uma
raridade, e tudo sobre o Sr. Barker grita riqueza. Supostamente ele é
apenas o diretor de marketing da Devilish Beauty, mas aposto que ele
vem de uma família bem-sucedida.

Já lidei com toneladas de clientes como ele. E nenhum nunca me


deixou tão fora de equilíbrio.

Ele se vira para mim, um café em cada mão, seu blazer dobrado
sobre o braço. Meus olhos descem para o colar de couro grosso
espreitando pelo colarinho aberto. A garganta dele balança quando ele
engole. Eu desvio meus olhos novamente, pegando o café que ele está
segurando para mim.

—Obrigada. — Eu digo educadamente me virando. Caminhamos


em direção a uma das pequenas mesas redondas próximas a
parede. Após colocarmos nossos cafés na superfície, eu pego o meu
bloco de notas e não consigo parar de olhar para aquele colar
novamente.

Sr. Barker limpa a garganta.

Com minhas bochechas coradas, desvio o olhar. —Sinto muito.


— Eu sento e fico ocupada à procura de uma caneta.

—Está tudo bem. A maioria das pessoas fica curiosa sobre ele
quando o veem.

Ele não se aprofunda, mas isso permanece na minha mente.


—Ivy!

Sinto meu corpo sendo colocado em uma superfície macia, mas


não é onde meu foco está. Deus, não. Há outra imagem,
outra memória subindo à tona.

Uma mão grande e masculina agarrando um colar de couro grosso


e o rasgando para fora do pescoço. Após cinco anos com ele lá.

Sua falecida noiva lhe deu o colar.

Ele o arrancou.

Por mim.

Noah.

Registro o nome dele assim que as memórias retornam.

Anne.

O desaparecimento do seu olho.

Sua morte sangrenta e perversa.

Robert e o maldito Rosário grampeado no peito dele. Seu sangue


vazando de pequenos buracos que a freira psicopata causou nele, então
ela poderia enfiar as pedras do Rosário neles.

Em seguida, a ferida aberta de sua garganta, sua traqueia ficando


visível.

E o sangue. As torrentes de sangue que saíram enquanto a vida


deixava os olhos dele.
Eu ouvi o som lamentoso novamente.

Sou eu. Eu estou choramingando, quando tudo o que eu


realmente quero fazer é chorar. Gritar.

Como antes, quando a escuridão tomou conta.

O toque do calor de Noah retorna, e eu sinto ele me ajustar na


cama. Sou momentaneamente levantada mais uma vez e então sou
depositada no colo dele. Eu mal consigo entender o que está
acontecendo ao meu redor, mas registro a sensação dele se inclinando
contra a cabeceira da cama e me abraçando.

Ele aperta meu rosto na dobra do seu pescoço e eu inspiro seu


perfume.

Meu.

Todo meu.

Choque segue o pensamento junto com 1 milhão de outras


perguntas.

Sempre me senti assim?

Se eu fiz, por que eu luto com isso a tanto tempo?

Eu tinha medo de perdê-lo se ele não sentisse o mesmo?

Sim. A resposta é um claro Sim.

Por que eu desperdicei tanto tempo? Minha mente continua


girando, reencontrando-se com a realidade ao meu redor. Nós fomos
sequestrados. Nossos ex-amantes foram assassinados, escolhidos
simplesmente por causa de como Noah e eu nos sentimos um pelo outro.

As chances de nós morrermos são ridiculamente altas.

E após tudo isso, tudo começa a afundar outra vez, eu não posso
me ajudar, mas fico focada sobre a idiotice das minhas escolhas. Não
posso deixar de questionar as razões por trás das minhas ações. De
repente, entender isso é mais importante do que o horror tentando se
repetir em minha mente.

Uma lembrança é mais clara do que as outras. Mais alta que os


gritos.

4 anos e meio atrás...

Noah tira a tampa da cerveja e me entrega. Abre uma para ele e


senta sobre o divã branco. Atrás dele, minhas pequenas luzes iluminam
nossa pequena área no telhado. Além disso, a cidade inteira brilha com
a vida.

—Então... — Noah se inclina para frente, seus cotovelos sobre os


joelhos. Lambendo os lábios, ele faz uma pausa, e meus olhos se
arregalam porque sei que ele está segurando um sorriso. —Terminou
com o idiota, hein?
Meus lábios se abrem e eu jogo um travesseiro nele. Ele pega
rindo, e eu estreito os meus olhos para ele. —Você nunca gostou de
Robert, e isso é totalmente injusto.

—Bem, amor, me desculpe, mas você não parece muito chateada


com isso.

Eu me afasto de Noah, escondendo minha expressão. Ele não é o


único a ver isso. Jamie mencionou também. Até eu percebi.

E é uma droga. Porque apesar de seus defeitos, eu sei que Robert


me ama e me matou perceber que eu...

Nunca o amei.

Tudo bem. Tempo para mais uma cerveja.

Eu posso sentir Noah me observando enquanto eu bebo.

Precisando de uma distração, aponto na direção do seu colar com


a minha cerveja. —Você sabe o que é engraçado? Eu te conheço há mais
de seis meses e você nunca me contou a história por trás disso.

Agora, passei tempo suficiente com ele para saber que uma
pequena bola de vidro está no final do colar de couro. Obviamente há
um único grão de arroz dentro do vidro, mas nunca cheguei perto o
suficiente para ver o que está escrito nele.

Noah se desloca e expira lentamente.

Instantaneamente ele tem toda a minha atenção e eu viro para ele,


esperando que ele vá responder.
Tocando o colar, ele olha para a cidade. —Eu sei o que você está
fazendo. Você está tentando mudar de assunto.

Não posso ajudar, mas sorrio para isso. Desde que nos
conhecemos ele teve esta incrível capacidade de me ler. Provavelmente
foi como nos tornamos bons amigos rapidamente. —Sim, mas também
estou curiosa desde o dia que eu o vi.

Seus olhos viram em minha direção e brilham com todas as luzes


refletidas neles.

Perco a minha capacidade de respirar.

—Mas você não perguntou sobre isso antes, amor. — Seu tom é
macio. Assim como o olhar em seus olhos.

Calor dispara através de mim, parando na minha barriga. —Então


me diga sobre isso.

Um músculo em sua bochecha salta e ele olha para longe


novamente.

—Alguém especial que deu a você, não foi? — Pergunto em um tom


ainda mais suave do que o que ele usou antes. De repente meu coração
acelera com adrenalina. Mas, é claro. Como eu poderia não ter
adivinhado antes? Eu nunca, nunca o vi sem o colar, e o vi
constantemente nos últimos seis meses. —Noah?

—Minha noiva, amor.

A forma como o meu estômago cai ao ouvir isso não faz


sentido. Ainda assim, não há como me ajudar. O medo parece me
sufocar do nada. —Qu-quando vocês se separaram?

Noah suga sua cerveja como se sua vida dependesse disso. Ainda
olhando em direção à cidade, ele resmunga. —Não nos separamos.

O QUÊ?

Ele está noivo? Esse tempo todo?

Por que parece que o mundo está tremendo por causa disso?

—Oh! Ela está na Inglaterra? — Estou surpresa com meu tom


firme.

Noah expira, seus ombros grandes subindo e descendo. Em


seguida ele diz a única coisa que eu nunca esperava.

—Ela morreu, amor. Um acidente de carro horrível. Mutilou ela


completamente.

E há uma agonia tão grande em seu tom que de repente tudo se


encaixa no lugar. Por que eu nunca o vi respondendo as tentativas de
flerte de tantas mulheres. Porque eu nunca o ouvi falar sobre ter alguém
em sua vida.

Por que ele é tão isolado às vezes.

Noah perdeu sua noiva em um acidente horrível.

Uma mulher que ele ainda ama.


Essa memória é sugada para longe de mim e rapidamente o mundo
volta ao foco.

Todas as coisas.

As paredes de concreto que nos cercam. A escrita sobre as


paredes.

O mobiliário opulento.

Os braços do homem me segurando.

Os olhos azuis claros de Noah. Eles estão


arregalados. Esperançosos. —Ivy?

Aguardo o pânico de tudo retornar. As memórias devastadoras me


consumirem.

Nada. Não há medo. Não há mais dor. Há apenas ele.

Noah.

Eu levanto uma mão trêmula para colocá-la no seu pescoço, meus


olhos trancados com os seus. Pouco a pouco vejo a tensão sendo
drenada dele quando ele percebe que estou realmente
acordada. Acaricio o seu queixo com o polegar, lambendo meus lábios
secos, espantada com a calma que eu estou sentindo agora.

Eu fui uma tola. Que Deus nos ajude, porque não consigo me livrar
da sensação de que minha negação em relação ao que eu sinto de
alguma forma nos trouxe a isto. De alguma forma fez a gente ser
escolhido para esta porcaria.
E, no entanto, neste momento cru, com tanta angústia que nos
rodeia, não há como negar isso para mim.

Não vou mais ignorar a verdade.

Anos atrás, quando deixei o Robert, eu cheguei muito perto de


abrir aquela porta e finalmente deixar o sentimento que eu tinha por
Noah, desde que nos conhecemos, transbordar.

Então ele finalmente se abriu sobre sua noiva e a crença de que


ele ainda não tinha esquecido ela fez eu me desligar automaticamente.

Estúpido. Tolice.

Não sei por que Noah continuou com ele todo este tempo, já que
essa noite ele foi muito claro quando arrancou o colar.

Eu.

Ele estava me escolhendo.

E agora é hora de eu ser honesta com nós dois e o escolher.

Piscando os olhos secos, lambo meus lábios mais uma vez, e


depois, finalmente, finalmente, me permito admitir a verdade, minha voz
sai perfeitamente calma, como o resto de mim. —Noah... Eu te amo. Eu
sempre amei você.
Vinte e Um

—Noah... Eu te amo. Eu sempre amei você.

Sua ingestão rápida de ar me deixa saber que ele me ouviu.

Silêncio paira e pela primeira vez eu não me sinto sufocada por


ele. Nós já fomos sequestrados e mentalmente esgotados, e ainda assim,
parece certo dizer isso a ele agora.

Não quando tivermos saído e o tempo passar por nós. Conhecendo


Noah, ele vai me acusar de síndrome de Estocolmo, mesmo sem ele ser
o raptor real. Vai dizer que estou amando ele porque nós sobrevivemos
a isso juntos.

Homem tolo.

Ele não diz uma palavra. Não se move ou respira, e eu me recuso


a apressá-lo.

Choque está evidente em seu rosto. Seus braços caídos ao lado,


sentado como uma bela estátua.

Só Deus sabe há quanto tempo ele tem esperado.

E tudo me bate novamente, as doces memórias que


partilhamos. As conversas de madrugada enquanto eu estava com
minha cabeça em seu peito falando sobre tudo e nada. Passear pelo
parque perto da minha casa e depois os jantares acolhedores que
falávamos sobre tudo que amamos.

Aniversários, feriados e todos os dias entre eles, ele tem sido minha
constante.

Estou saindo com este homem sem um título oficial durante cinco
anos.

Ele é meu e eu sou dele.

Deus, eu tenho sido tão estúpida.

Meu Noah. O homem maravilhoso na minha linha de visão, meu


homem, me olha com descrença.

E enquanto seu corpo permanece rígido, os músculos travados no


lugar, seus olhos gritam para eu esclarecer o que eu disse. Borrados
com a umidade reunida lá, seus olhos azuis claros brilham e imploram
para eu dizer as palavras mais uma vez.

Ele precisa disso.

Ele esperou muito tempo para isso.

—Oh, baby. — Eu sussurro, meu corpo momentaneamente


deixando seu calor. Um som escapa da parte de trás da sua garganta
com a separação, seus dedos apertando meus quadris. —Eu não vou a
qualquer lugar. Prometo. Só estou ficando confortável.

Me aqueço com a ligeira dor do seu aperto. Um pequeno lembrete


de que mesmo que estejamos lutando por nossas vidas, eu estou ao lado
dele. Nunca nos separaremos novamente.

Eu vou matar quem tentar nos separar. Ninguém vai tirar meu
homem de mim.

E enquanto esse pensamento deveria me chocar, não choca. Não


mais.

Minha inocência para o mal do mundo se foi.

Perdemos duas pessoas desde que fomos levados de nossas


casas. Pessoas que gostavam de nós, mas mesmo que o medo ainda
perdure no fundo da minha mente, isso não é suficiente para me
dissuadir.

Como disse a voz há algumas horas atrás, sempre foi ele. Eu o


escolhi acima de todos os outros.

E enquanto eu sei que a morte de Robert vai me assombrar pelos


anos que virão, eu preciso de Noah. Só ele poderá fazer com que as
memórias das imagens dos cadáveres de Robert e Anne desapareçam.

Por enquanto estamos salvos e eu não posso me atrasar com


minhas dúvidas. Aqui, neste momento, bem agora, encontramos um
minuto superficial de paz. De uma suave alegria.

Isso pode ser tirado de nós em um piscar de olhos. Eu nunca vou


ter tempo concedido novamente.

Nada é garantido, e eu me preocupo com ele. Meu Salvador, que


vai morrer se eu não fizer tudo em meu poder para nos tirar daqui. E
eu vou. Mesmo se eu tiver que tirar várias vidas para fazer isso.
—Diga novamente. — O timbre áspero de sua voz me puxa de volta
de meus pensamentos. Seu tom possui uma borda de desejo maníaco
que acende minha própria fome e dissolve o mundo ao meu redor. —
Diga-me, amor. Diga. Isso.

Eu jogo minha perna sobre ele, sentando em seu colo. Minha


boceta se alinha com a espessura crescente sob meu corpo.

Ainda estou molhada com sua libertação e a minha.

Um rolar rápido de meus quadris e o calor que floresce em meu


estômago entra em erupção. A respiração dele e a minha se aceleram.

Cada exalação me dá vida.

—Eu te amo, Noah. Sempre foi você. — Pressionando minha testa


na dele, eu respiro seu perfume masculino. Saboreio o momento de
plenitude que se instala sobre o meu corpo cansado.

O mundo ao meu redor desaparece. Eu poderia morrer agora e


ainda agradecer a cada divindade acima de nós por este momento.

—Eu esperei tanto tempo, amor... muito tempo. — A rigidez do seu


corpo alivia, e seus braços musculosos e quentes me puxam para mais
perto, me prendendo antes de pressionar seus lábios nos meus. Ele não
aprofunda o beijo, apenas persiste, me degustando enquanto suas mãos
percorrem meu corpo. —Não há volta. Você quer isto?

Noah está me dando uma saída, o honorável príncipe.

Puxando para trás, olho para os olhos que possuem muito


amor. —Eu sou sua, Noah.
—Porra, amor. — Ele deixa escapar em um gemido de dor, suas
mãos vagando agora. Mais baixo. Ele amassa minha bunda com as
duas mãos e me inclina acima dele. A cabeça do seu pau grosso, e o
piercing maravilhoso, esfregando em meu clitóris. Eu sibilo minha
aprovação.

Eu ainda estou sensível, mas confie em mim, eu nunca o


interromperia.

—Noah. — Expiro e suas pupilas dilatam. O azul de sua íris está


quase desaparecendo. Ele aperta os dentes e rola seus quadris. Minha
reação é automática, e umidade molha seu comprimento e minhas
coxas. —Preciso de você.

A temperatura dentro do quarto cai mais uma vez. Ar frio toca


minha pele aquecida e arrepios surgem.

Noah desliza uma mão na minha cintura, subindo pela minha


espinha e parando na minha nuca. Em todos os lugares que ele toca,
minha pele aquece e o contraste é delicioso. Braços grandes me cobrem,
me segurando no lugar.

Com os olhos nos meus, ele sorri, e é juvenil. Suave. Um completo


contraste com seu movimento abaixo de mim.

Não posso negar que meu corpo está gritando por mais, mas deixo
ele assumir.

—Você sabe... — Sua voz é áspera, e ele faz uma pausa para limpar
a garganta. —Você tem alguma ideia de quanto tempo eu esperei para
você perceber? Admitir o que nós sempre soubemos?
—E o que é isso? — Deslizo meus dedos em seu cabelo negro,
puxando um pouco os fios, provocando um grunhido dele.

—Que você tem sido e sempre será minha.

Meus lábios trilham beijos ao lado de seu rosto e param na borda


de seus lábios. —Sinto muito que eu demorei tanto tempo para
perceber. Eu sou uma idiota. Você me perdoa?

—Merda, boneca. — Ele rosna, seus dedos me puxam para baixo


e ele aperta meu quadril. Seus quadris alinham com o meu, e eu moo
contra seu comprimento duas vezes antes de eu estar no ar.

—Noah. — Eu grito. E no segundo seguinte estou presa sob seu


corpo na cama. Presa pelo seu peso. Rapidamente meu grito de
surpresa transforma-se em um gemido alto.

Cada polegada sólida dele se alinha ao meu corpo.

Da cabeça aos pés estou coberta por ele. Ele invade os meus
sentidos e aumenta a minha vontade.

—Outra vez. — Ele rosna, seus lábios pairando sobre os meus. —


Foda-se, por favor.

—Te amo. — Seus lábios batem contra os meus e roubam o ar dos


meus pulmões. É apaixonado e cru. Tudo o que levou a este ponto
explode em uma erupção cósmica de necessidade.

A paciência foi embora, ele inclina sua boca na minha e a toma. Me


devora. Um gosto exclusivamente dele detona meus sentidos.
Já não estou no controle das minhas ações. Querido Deus, eu
sofro por esse homem acima de mim.

A língua dele desliza contra a minha. Ele me domina com o beijo,


e ainda assim, eu quero mais.

Sinto que estou me dirigindo a uma felicidade tão pura e


despreocupada que me sinto completa. Em casa.

A língua de Noah varre meu lábio inferior mais uma vez e eu tremo
sob seu corpo. Seu quadril pressiona no meu, ele inclina o pau e o
desliza contra os meus lábios.

Um suspiro me escapa. —Baby. — Lamento, o desejo na minha


voz faz com que suas narinas inflamem. Meus quadris sobem para
encontrar com o dele, mas Noah sacode a cabeça e me segura com mais
força.

Ele mantém uma mão na minha cintura enquanto a outra pega


um punhado do meu cabelo em seus dedos fortes e me inclina para
ele. —Minha vez.

—O q-quê?

Seus olhos quase negros de desejo olham para minha carne


ardente enquanto aprecia a ascensão e queda do meu peito. A tensão
de cada mamilo. Estou desesperada por ele.

Ele engole duro. —Você se divertiu, agora eu vou ter a minha


vez. Minhas regras. Minha velocidade... — Inclinando-se para baixo, ele
sopra sobre um mamilo antes de beliscar a carne. —Meu jeito.
—Oh, Deus. — Eu grito, a sensação da sua língua envia um
choque elétrico ao meu núcleo. —Por favor, não faça isso comigo.

—Me sinto como um bêbado de amor por você, Ivy. — Acariciando


cada pedaço de pele que ele pode alcançar, ele sussurra, e eu sou rápida
para perceber que é a sua verdade.

E a minha.

Nunca tivemos uma chance. Eu sou dele, e não há uma coisa neste
mundo ou no próximo que pode nos separar.

De repente ele puxa para trás, deixando meus lábios machucados


fazendo beicinho. —Nada de voltar atrás.

—Nunca. — Com minha resposta, os olhos dele procuram os meus


e tudo o que ele encontra parece satisfazê-lo.

Noah balança a cabeça, seus lábios se curvando de lado. Isso


desencadeia um sorriso de mim e eu gemo. —E você sabe que eu
também te amo?

Eu aceno, meu sorriso correspondendo o dele. —Ainda assim é


bom ouvir.

—Então diga mais uma vez antes de eu te levar. Me diga as


palavras.

—Eu amo...

O crepitar dos alto-falantes para minhas palavras e minhas veias


congelam. Percebendo minha aflição, Noah abaixa seu corpo de novo,
não há nenhuma polegada de distância entre nós.

Ninguém fala, mas uma respiração pesada ecoa sobre os alto


falantes. Alta. Detestável.

Me faz lembrar...

—O suficiente por enquanto, animais de estimação. Acabou a


brincadeira. — Desta vez é inconfundível a raiva em seu tom. —Mova-
se, Noah. Não force os meus homens a remover você fisicamente.

—Não precisa. — Noah responde com uma voz fria. Nossos olhos
se encontram e ele pisca para mim, seu olhar me implorando para
cooperar e confiar nele.

Minha resposta é um simples piscar de olhos. Porque eu confio


nele.

—Bom, garoto. — Nossa captora zomba e eu fico tensa. Há mais


respiração, uma mais dura agora. —E Ivy?

—Sim. — Levantando eu me estico e cubro meu corpo com o


cobertor perto dos meus pés.

—Faça o favor... — Ela pausa e algo não está bem. Meus


músculos ficam tensos. —Ajude o rapaz e deixe de ser uma puta.

Mas. Que. Porra?

Meu ódio por ela se expande, tão vasto e consumidor como é o meu
amor por Noah. Eu estou ficando cansada de seus jogos. Não dou a
mínima se ela me insulta. Ela quer me chamar de puta? Tudo
bem. Inferno, isso é exatamente o que eu quero ser para Noah.

Sua pequena puta.

E eu não quero saber o que os outros pensam sobre isso.

Mas dói para ele ouvir os outros me insultando, então eu sei que
ela está fazendo isso para mexer com ele.

Meus punhos cerram em torno dos lençóis. Ninguém vai mexer


mais com ele. Não permitirei isso.

—Tudo ok, Ivy? Você está pálida.

—Ivy... você está bem, baby? — Na pergunta frenética de Noah,


olho para ele.

Minha mandíbula cerrada com minha fúria renovada, eu aceno de


um modo quase malcriado.

Seus olhos brilham com simpatia e ele se aproxima para pegar


uma das minhas mãos.

Ele sabe. Não temos que nos comunicar verbalmente. Ele sente o
que estou sentindo. Minha raiva é a dele também.

—Desde antes de vocês dois se conhecerem, vocês estiveram


na minha linha de visão. Por mais tempo do que eu gostaria de
admitir. — Seu riso é diabólico, me deixa mal.

—O que essa fodida está falando? — Noah sussurra, mas do jeito


que ele olha para mim, deixa óbvio que sua mente está girando mais
rápido que a minha.
Desde antes de nos conhecermos?

Ah. Meu. Deus. Ela está dizendo que... que...

Foi tudo orquestrado? Nosso encontro? Ficarmos juntos?

Eu me recuso a pensar nisso. Não posso. As implicações ameaçam


tomar minha mente e a partir ao meio.

De repente, do nada, seu comentário passa pela minha cabeça


outra vez. Ajude o rapaz e deixe de ser uma puta.

Com meus olhos bem abertos, tento fazer minha voz cooperar, mas
não consigo.

—Eu acho que finalmente é hora de vocês entenderem a


verdade.

—Qual é a verdade? — Noah pergunta, levantando da cama.

Uma risada é a única resposta que ele recebe.

—Me responda!

—Noah. — Sussurro, lembrando muito bem o que aconteceu da


última vez que perdemos a nossa paciência com ela.

—Você realmente quer saber? Eu não acho que você pode


lidar com isso.

—Pare de jogar seus jogos fodidos. Você quer que a gente saiba.

—Hm... Alguém tem me analisado, eu vejo.


Tarde demais Noah percebe seu erro. Vejo isso no alargamento dos
seus olhos. Em um momento de temperamento quente, ele se entregou.

—Bem. Se você quer mesmo saber, permiti ela viver mais


tempo do que devia. É hora de remediar isso.
Vinte e Dois

As palavras da nossa captora desencadeiam uma reação imediata


de Noah. Num piscar de olhos ele está me levantando da cama para me
segurar em seus braços enquanto enfrenta o alto-falante. —Você não
vai tocar nela.

A ameaça mortal em seu rosnar é inconfundível.

—Esse é o problema com você, Noah. Você não entende.

Os braços de Noah apertam em volta de mim. Saúdo o seu toque,


embora eu já não seja a mesma mulher que eu era a algumas horas
atrás.

Não tenho mais medo. Cautelosa, sim, mas foda-se o pânico. Eu e


meu amor precisamos sair daqui, e a única maneira que nós vamos
conseguir fazer isso é mantendo a calma, o suficiente para bolar um
plano.

—Eu posso fazer o inferno que eu quiser com ela.

—O que diabos você quer de mim para deixá-la em paz?

Eu fico tensa com a pergunta de Noah. —Baby, não...

—Essa é a coisa, Noah. Não preciso de nada de você. Eu já


tenho o que eu quero, os dois aqui, no meu show, anos depois de
colocar vocês juntos.

Eu paro com essa declaração, prestando atenção no seu tom de


compaixão. Algo pica em minha memória, uma conversa há um tempo
atrás...

Há três anos...

—É engraçado como praticamente entreguei essa conta e agora


eles querem fazer um escândalo porque eu tive que intervir em uma
pequena parte do projeto.

Eu ignoro minha chefe irritante, buscando através da nuvem pelos


arquivos que precisamos. Deus sabe onde ela os salvou. A realidade é
que tive uma emergência e a sócia do Noah ligou, entrando em pânico
sobre os arquivos.

Aparentemente ela não viu o e-mail de Noah que já foi tudo


resolvido. E já que eu não estava no escritório no momento, a débil
mental que é a sua secretária saltou e fez uma confusão das coisas.

—Não é justo. — Valerie continua delirando, enquanto que eu sou


forçada a ficar sentada aqui, com meu laptop no colo, procurando esses
arquivos estúpidos que ela de alguma forma não sabe onde salvou. —
Você sabe quanto tempo levei para conseguir esta conta? Anos. Anos
para conseguir. E para que? Só para que Noah entregasse tudo para
você assim. — Ela estala os dedos.
Jesus Cristo. Isso aconteceu há um ano e ela ainda está insistindo
nisso?

Noah chamando meu nome me puxa para fora disso. O mais


rápido que eu posso, disfarço minha expressão, mesmo que meu
coração esteja batendo como um tambor de guerra dentro do meu peito.

Algo que ele sente. Seus olhos azuis se estreitam com


preocupação, mas ele não diz nada.

—Olha como ela é patética. Não pode sequer lidar com a visão
de um pouco de sangue sem sua mente constantemente falhar.

Não respondo. Ela acreditar que estou mentalmente fraca e


quebrada é a minha vantagem.

Noah, no entanto, não percebe isso. —O que acontece com você e


sua maldita obsessão em insultá-la? Deixe a Ivy em paz.

Eu cavo minhas unhas na mão do Noah, esperando que ele se


cale. Eu sei que eu sou a fraqueza dele. Se ela estivesse constantemente
o atacando, eu provavelmente não seria capaz de me controlar também.

Mas temos que encontrar uma maneira. Incitar ela não vai acabar
bem para nós, especialmente quando isso é exatamente o que ela quer.

—Que tal um pouco de respeito pela sua Salvadora?

—Filha da puta fodida. — Noah rosna baixinho, e eu não posso


fazer nada além de olhar para ele.

—Hmm... desafiador como sempre. Você tem sorte de que,


embora eu não suporte essa pequena idiota simplória em seus
braços, o público gosta dela. Então não posso matá-la. Ainda não.

Seus músculos se soltam um pouco com o alívio de ouvir isso, mas


posso dizer pelos seus olhos que ele ainda está tão alerta como
sempre. Ainda analisando.

Eu também estou, e mentalmente estou rezando para que esse


pequeno indulto o ajude a esfriar. O início de um plano está nascendo
em minha mente e o primeiro passo para esse plano ser bem-sucedido
é a falsa obediência. Medo falso. Continuar fingindo essa fraqueza
esmagadora que ela acredita que estou sentindo.

—No entanto...

Noah e eu ficamos tensos. Claro que ela não terminou conosco,


nem com o seu pequeno jogo sádico.

—Aparentemente a morte de sua ex-amante não foi o


suficiente para lhe ensinar uma lição, Noah.

Oh, Deus. Não. Eu sei o que isso significa, assim como Noah. Por
um momento, nossos olhos se encontram, e embora ele esteja lutando
para manter uma expressão calma, vejo o que estou sentindo refletido
nos olhos dele.

Essa vadia vai matar outra pessoa que nos interessa.

—E nós sabemos o quanto você gosta de saber que Robert está


morto.

O queixo de Noah aperta, mas ele não responde. Não sei se é


porque ele não quer admitir que isso possa ser verdade, ou porque ele
finalmente percebeu que jogar seus jogos não vai nos levar em lugar
nenhum.

—Eu me pergunto... será que se eu matar alguém que


ambos realmente se importam você finalmente vai aprender a
obedecer?

Minhas mãos congelam.

Noah e eu nos encaramos, nossos corações batem acelerados,


nosso medo uma coisa viva e palpável entre nós. Assim como o nosso
terror.

Não temo por mim. Nem pelo Noah. E sim por quem é o
próximo. Quem estará por trás da...

A vibração está de volta, mas desta vez é tão intensa que Noah e
eu tropeçamos para longe um do outro, e tudo o que nos rodeia treme
como se um terremoto tivesse atingido o quarto.

—Se ver Robert morrer quebrou você, Ivy, posso imaginar o


que está para acontecer com você agora.
—Ivy! — Noah tenta fazer o seu caminho para mim, lutando para
manter-se firme em seus pés.

Eu caio na cama, me preparando.

—Se o público não amasse tanto a conexão de vocês, eu iria


separar os dois. Deixaria a Ivy lidar com o que está acontecendo
sozinha pela primeira vez.

Noah me alcança, sentando na cama e me puxando para ele.

—Toda a sua vida, Ivy, você teve alguém lá para te


ajudar. Especialmente sua família.

Não posso deixar de ofegar com isso. Na nova confirmação que


acabei de receber. Droga, o quarto está tremendo demais para eu
abraçar Noah, para eu sussurrar em sua orelha o que eu estou
percebendo.

—Tudo tem sido entregue a você, Ivy. Tudo. Não é de admirar


que você ainda não consiga lidar com a visão de um pouco de
sangue.

A expressão de Noah escurece. Rapidamente eu seguro seu rosto


entre minhas mãos, mantendo seu foco em mim e tentando transmitir
silenciosamente o que eu preciso que ele faça. Não reagir. Focar em
mim. Não dar a ela o que ela quer.

Os tremores aumentam, ameaçando nos derrubar da cama. Ao


nosso redor, os móveis estão começando a cair. Acima de nós, o
candelabro balança, o som dos cristais batendo uns contra os outros
adiciona mais terror ao caos.

—Noah, honestamente. O que você viu nela? Durante todo o


tempo que estive observando vocês dois nunca consegui descobrir.

—Nós entendemos! — Noah grita, voltando momentaneamente o


olhar para o alto-falante. —Você a odeia. Mas você tem que se divertir
com isso?

Nossa captora ri, e embora a voz dela ainda esteja distorcida,


quase irreconhecível, estou começando a pegar as semelhanças.

As pistas.

Não há dúvida em minha mente mais de quem é a nossa captora. É


realmente louco, insano na verdade, mas não pode ser nenhuma outra
pessoa.

—Vocês dois gostariam de adivinhar quem vai pagar o preço


por sua próxima desobediência?

Nós não respondemos, mas viramos para olhar para a parede


amaldiçoada novamente, esperando ela deslizar aberta.

Isso não acontece.

Em vez disso, o tremor se intensifica mais uma vez, e eu caio


contra Noah.

Pelo canto do meu olho, eu vejo a parede bem na nossa frente, a


com o alto-falante acima dela, começar a abrir. De repente a agitação
para e a parede desliza aberta, expondo a escuridão além dela.
Não. Não é só escuridão. Quando meus olhos se ajustam, começo
a ver a forma dos corpos. Dezenas deles.

Os capacetes os entregam.

São os fodidos guardas de novo. Eles estão nas profundezas da


luz, em atenção, armas preparadas.

Uma barreira impenetrável, bloqueando qualquer possibilidade de


fuga.

Noah e eu continuamos nos segurando, nossos olhos focados


sobre a abertura. Posso sentir seu coração batendo contra mim e meus
batimentos rugem com adrenalina.

Lentamente eu detecto movimento em direção a nós. Em primeiro


lugar, acho que é um dos guardas vindo para talvez nos separar, ou
fazer Deus sabe o que mais a nós.

Mas não. Esse corpo é muito pequeno. Parece... infantil?

À medida que a figura se aproxima e eu começo a ver mais, quase


engasgo no horror do que estou vendo.

É uma criança.

Uma fodida criança.

Ela salta em direção a nós alegremente, a longa saia do seu vestido


rosa balançando ao redor dela e dos seus chinelos minúsculos
brancos. Seu rosto está coberto por uma máscara branca, e seus cachos
castanhos saltam com cada passo que ela dá em nossa direção.
Não. Me recuso a aceitar isso. Eu sei que essas pessoas, essa
cadela, são todos doentes, mas isso está além de nojento. Sério? Uma
criança? Eles estão trazendo uma réplica da vida real de uma boneca
de porcelana para seu próximo assassinato?

A criança para dentro da sala e suas pequenas risadas ecoam


através dos alto falantes. Provavelmente há um microfone dentro da
máscara. Ela se desloca e vejo o punhal afiado em sua pequena mão.

Os braços de Noah apertam em volta de mim. Nós estamos


claramente nos perguntando a mesma coisa: Ela está aqui para
machucar um de nós?

Então eu me lembro do que a cadela disse anteriormente. Sobre


machucar alguém que nós verdadeiramente...

Um rosnado abafado soa de dentro da escuridão. Então, soa o que


parece ser alguém lutando. Eu olho para além da menina e vejo pessoas
se aproximando, e eles parecem estar arrastando alguém com eles.

Ah Deus. Ah Deus. Jacques? O gigante com bisturi, aristocrata


francês?

Assim que eu estou me perguntando isso, vejo o que parece ser


dois chifres salientes da cabeça da figura. Não, não são chifres. É um...

Chapéu de bobo da corte.

A nova figura se aproxima, continuando a arrastar o corpo


pequeno junto com ele, e não leva muito tempo para eu reconhecer a
sua forma feminina.
Eu praticamente voo para fora dos braços de Noah.

—Ivy, espera! — Ele me segue, agarrando meu braço


grosseiramente para me impedir de ir mais longe.

Mal posso focar nele. O bobo da corte gigante mascarado entra na


sala, arrastando uma mulher que está lutando junto com ele, e no
momento que eu vejo a cor do cabelo dela, meus joelhos cedem.

Caio no chão, não posso fazer nada, mas vejo como ela geme
através da mordaça branca amarrada em sua boca, ao mesmo tempo
tentando se afastar do aperto do monstro.

Atrás de mim Noah amaldiçoa, e o nome que sai de sua boca


confirma que se trata de um pesadelo horrível. É nossa realidade
brutal. —Porra. Jamie.
Vinte e Três

—Bem-vinda, Jamie. Deve ser bom ter pessoas preocupadas


com você.

—Filha de um... — Colocando um dedo sobre os lábios de Noah,


eu calo a boca dele antes que ele torne as coisas piores. Ele encontra os
meus olhos selvagens e eu aceno. Sim, ele entendeu corretamente.

HÁ DOIS ANOS...

—Pare, Jamie! — Empurrando um pouco da minha salada, levanto


o garfo para apontar para ela. Estamos no refeitório da empresa tendo
uma pausa muito necessária. —Não quero mais falar sobre
isso. Esquece.

—Por que não? — Há um brilho travesso nos olhos dela quando


eles mudam de mim para Noah. —É divertido ver o Robert agindo como
um cachorrinho bem treinado. O homem está decidido a reconquistar
você.

—Isso é maldade, Jamie. Dá um tempo para o cara... Robert não é


um cara mau. Ele só não é o homem para mim.
Ao meu lado Noah bufa e eu olho para ele. —O quê, amor? — Ele
pergunta inocentemente.

Eu ignoro a maneira que meu interior treme a cada vez que ele me
chama por qualquer tipo de ternura. Como seus olhos me olham com
carinho, como ele me vê. Tudo de mim, especialmente o que se tornou
tão difícil de esconder.

Esta atração está quase me sufocando. Mas não borro as linhas,


mantenho tudo profissional e educado, o que se tornou uma tarefa
árdua.

Balançando a cabeça, eu luto para manter o sorriso no meu


rosto. —Por favor, compartilhe com a classe, Sr. Barker. O que há em
tudo isso... — Eu faço um círculo no ar entre nós. —... que é tão
engraçado para você?

—Me chamar pelo meu último nome só me excita,


boneca. Cuidado. — Ele divertidamente rosna e pisca. É algo que é
natural dele, seu carisma. —E para responder sua pergunta, Ivy, acho
as tentativas patéticas de Robert de tentar ganhar você de volta,
digamos, divertidas.

Jamie cobre sua risada atrás de uma tosse e depois murmura algo
que parece muito como, claro que esse punheteiro faz.

Colocando meu garfo para baixo, olho ele nos olhos. —Eu acho que
é doce de certa forma. Ele me quer o suficiente para...

—Deixe-me te parar aí, Ivy. Sua cegueira não é culpa de


ninguém. Olhe o passado dele. — A raiva em seu tom me pega
desprevenida e eu olho para ele.

—Está insinuando alguma coisa, Noah? — Um movimento ao lado


de Jamie me faz desviar o olhar apenas para encontrá-la em transe com
a nossa luta. Os olhos dela estão tão grandes quanto seu sorriso,
pulando entre nós como se fossemos uma partida de tênis.

—Me processe, amor, mas o jogo de gato e rato que o cara está
fazendo não é de forma alguma romântico. — Há uma sombra de barba
em seu maxilar e ele coça os pelos lá. —Robert está ofegante por causa
de uma mulher que nunca será sua.

—Vocês dois podiam parar com o jogo... ai! — Jamie estreita os


olhos para mim depois de eu chutar o seu pé.

—Comporte-se, ou eu vou enviar você para passar a tarde com a


Valerie.

Jamie suspira. —Você não...

—Me tente. Meu pai me deve um favor e...

—Não sabia que Racy & Reid paga seus funcionários para sair e
fofocar.

Aquela voz, Jesus Cristo, a voz dessa mulher sempre consegue


levantar os pelos da parte de trás do meu pescoço. Há um toque de
maldade em seu tom que não passou despercebido pelos meus
companheiros de almoço, e eles ficam tensos em ambos os meus lados.

É assustador como ela pode se aproximar de mim em todos os


momentos.
Como se estivesse sempre me vigiando.

Valerie me deixa desconfortável.

—Há um problema aqui, Senhora Thornton? — Noah rompe o


silêncio, sua acidez correspondendo a dela quando ele empurra o prato
meio comido para longe. —Estou eu, ou minha conta, criando um
problema aqui?

—Claro que não, Sr. Barker. — Valerie se desloca com a maneira


que Noah friamente olha para ela. —Você é mais do que bem-vindo aqui
a qualquer momento. Por favor, perdoe-me se fiz você se sentir de outra
forma. Estamos além do êxtase ao projetar a nova campanha para sua
linha de queda de cabelo depois de todo o sucesso que tivemos com os
dois últimos produtos.

—E ainda assim você tem um problema com meus companheiros


e eu partilharmos uma refeição. Não é verdade? — Os outros ao nosso
redor viram para olhar em direção a nossa mesa. Alguns murmuram
entre si e algumas risadas soam, algo que ela percebe.

Os olhos dela pousam nos meus e se estreitam. —Não te pagamos


para entreter nossa clientela. Volte ao trabalho, Ivy.

—Estou no meu intervalo de almoço e eu posso fazer o que quiser


com o meu tempo. — Digo enquanto ao meu lado Jamie acena.

Noah senta ereto, sua postura em desafio. Se atreva a me desafiar.

Sentindo que ela não vai ganhar esse argumento, Valerie vira em
direção a Noah. —Há alguma coisa que eu possa fazer por você
enquanto está aqui? Ajudar com alguma coisa? — Ela sorri, um sorriso
um pouco predatório.

Sua atitude como uma adolescente deixa muito a desejar.

—Não. — Sua resposta é curta e direta, não deixa espaço para


qualquer tipo de conversa.

—Muito bem, então, Sr. Barker. — O sorriso em seu rosto é tão


falso quanto o resto dela. —Bom apetite.

Noah acena, mas não responde, o que a irrita ainda


mais. Apertando os punhos, ela respira duramente e vira em minha
direção. —Lá em cima em trinta minutos e nem um segundo a mais,
temos trabalho a fazer. Papai não paga sua garotinha para flertar.

—Com licença? — Desta vez é Noah que responde.

Eu ouvi direito? Jogando o guardanapo para baixo sobre a mesa,


eu faço um movimento para levantar, mas Jamie me para, sacudindo a
cabeça e ignorando o meu olhar. —Ignore-a, Ivy. A política da empresa
determina que você está no seu direito de estar aqui, e por isso não tem
necessidade de se envolver em uma discussão.

—Ahhhh, Jamie. Como estão todos no RH nos dias de hoje?

—Tudo bem. — Minha amiga responde em um tom formal. Outro


funcionário que Thornton não tem controle.

—É bom ouvir isso, querida. — Valerie responde com um sorriso


divertido, e eu fico perplexa com a súbita mudança nela mais uma vez.

—Qual é a graça?
—Nada, Sra. Ivy Reid. — A ênfase no meu sobrenome não me
escapa. —Só que deve ser bom ter tantas pessoas preocupadas com
você. — A maneira como ela murmura isso enquanto se vira e se afasta
faz todos os músculos do meu corpo ficarem tensos. Isso é mais do que
desagrado de um colega de trabalho.

Qual é o negócio dela?

—Ding dong, a cadela se foi! — Jamie mantém a mão no alto por


mais cinco segundos até eu bater em sua mão, o tempo todo estou
olhando para Thornton saindo. Algo não está certo aqui.

—Meus animais de estimação estão finalmente


entendendo? Eles estão prontos para se comportar?

Não respondemos.

Estou em pânico. Internamente me desintegrando com a visão da


minha melhor amiga presa e amordaçada nas mãos destes homens. A
mão de Noah agarra a minha, apertando, mas estou muito ocupada
seguindo o movimento do bobo da corte e da boneca demoníaca.

O punhal irregular em suas mãos está oxidado, velho. Se há uma


palavra para descrevê-lo, eu diria que é uma reminiscência de uma
relíquia da época de cavaleiros e reinos.

Ela gira em torno de Jamie, suas piruetas seguidas pelo som de


uma risada despreocupada. Com os braços estendidos para fora, ela
não corta nada, mas a intenção está lá.

Fazer mal. Matar.

—Vocês vão se comportar para nossos novos amigos ou... — A


cadela faz uma pausa e as implicações estão lá. Jamie vai pagar o preço
final. —Porque Clarice e Raoul querem jogar.

Para provar isso, Raoul, que presumo que seja o bobo da corte,
desliza a mão atrás do cabelo do Jamie e puxa seu pescoço para trás,
em um ângulo estranho. Parece doloroso, e o retumbante grito abafado
pela mordaça cimenta o fato.

A posição e o tratamento áspero dele forçam os joelhos da Jamie a


atingir o chão. Os olhos dela encontram os meus, e o medo neles
ameaça me derrubar.

Lágrimas escorrem de seus olhos e neles há apenas tristeza. Como


se ela tivesse aceitando que não vamos conseguir sair desta confusão.

—Filhos da pu... — Minha mão cobre a boca de Noah antes que ele
possa terminar. Em sua falha, a boneca recua alguns passos e enfrenta
a nossa amiga indefesa.

—Essa foi uma palavra ruim, Noah. — A voz dela está um pouco
distorcida, e eu pisco os olhos com a falta do tom infantil nela. Quase
como se... como se fosse realmente uma mulher falando com a
gente. Com a faca na mão, Clarice a desliza contra a bochecha da Jamie
enquanto acaricia o seu cabelo com a outra mão. —Não usamos
elas. Faça boas escolhas. — Quando a palavra escolhas passa
através de seus lábios, ela empurra a borda da faca para baixo. Não
muito fundo, mas o suficiente para que um pequeno rio de sangue
apareça em sua bochecha.

O gemido de dor da Jamie é seguido por uma salva de palmas dos


alto-falantes. Meu estômago ameaça se revirar e bile corre até minha
garganta. Isso não pode acontecer novamente.

Eu ponho as mãos em concha na minha boca e inspiro e expiro. —


Deus, por favor, não.

—Temos que ser fortes. Por ela, amor. Por favor, fique comigo.
— De certa forma é uma coisa boa que Noah está confundindo minha
reação com um colapso. Irá funcionar a meu favor e apaziguar suas
mentes doentias.

—O que você quer de nós? — Pergunto, meus pés avançando sem


minha permissão, e a boneca adolescente vira a cabeça em minha
direção. Me arrepio com o jeito que ela olha para mim.

Dentro do buraco da máscara, onde os olhos devem estar, tudo


que eu vejo é escuridão.

—Tsk... tsk, criança. — Uma elevação no tom de voz ecoa através


dos alto falantes e um estremecimento duro corre na minha espinha. Me
sacode. E a risada desta assassina é o suficiente para que eu dê um
passo para trás.
Ela definitivamente não é uma criança. Ela se parece com uma,
mas a voz feminina distorcida é muito mais como a de uma mulher. Ela
deve sofrer de acondroplasia2, ou algo semelhante que atrofiou o seu
crescimento.

Ela segue meus passos agora. Imita todos até eu topar com algo
duro.

Braços fortes me cercam por um breve momento antes de me


puxar para trás. —Chega de jogos. O que você quer?

O bobo da corte faz um grunhido que soa como um não e ela


para. —Você está arruinando minha diversão, Raoul. Deixe-me
jogar.

Estática passa através dos alto-falantes. É alto e duro. Nada


agradável, e todo mundo congela. —E você vai, minha criança. — A
voz da nossa captora é calma, eu até me arrisco a dizer doce quando ela
aborda este monstro de roupa infantil. —Mas primeiro, temos que
fazer nossa nova amiga aqui confortável. Lembre-se, Clarice,
sempre seguimos o plano.

—Sim, senhora. — Ela acena e caminha para trás em direção a


uma Jamie ainda ajoelhada. Não há nenhuma pausa em suas ações,
apenas duas simples piscadas e a faca vem mais uma vez. Desta vez o
corte é em seu braço direito.

Sangue corre para fora em um ritmo mais rápido, e meus joelhos


cedem.

2 Acondroplasia é o tipo mais comum de nanismo, caracterizado por membros curtos.


Raoul geme de prazer e puxa uma Jamie se contorcendo para os
seus pés pelo cabelo. Anda em direção a porta da entrada aberta e para,
com sua companheira bem ao lado dele.

Os três nos olham, mas meus olhos estão presos na boneca


demoníaca. Há um desafio em sua postura, como se estivesse nos
desafiando a sair da linha novamente.

—Faltam apenas novecentos e noventa e oito cortes, Ivy.

Porra. Oh Deus. Eles vão submeter Jamie à forma de execução


chinesa conhecida como morte por mil cortes.

Uma maneira brutal, lenta e agonizante de morrer.

Meus olhos transbordam com lágrimas com essa percepção.

—Você acha que ela vai aguentar até o fim? — Clarice


pergunta e meus olhos viajam para minha amiga sangrando. Ela está
viva e é isso que importa.

Nós vamos nos comportar.

Por ela.

Até que eu possa nos tirar daqui.

Já vimos o caminho, agora temos que descobri como.


Vinte e quarto

As paredes fecham novamente, desta vez sem esse pseudo


terremoto que nos atingiu antes.

O que significa que os mecanismos que controlam as paredes não


têm nada a ver com o tremor. É outro truque usado para foder
mentalmente com a gente. Nos manter fora de equilíbrio.

No silêncio do quarto, finalmente viro para Noah.

Seus olhos estão focados em um único ponto na frente dele. Isso


não dura muito tempo, no entanto. Ele demora menos de um segundo
para desviar seus olhos, mas meu coração acelera de qualquer forma.

Reconheço esse analítico olhar nos seus olhos. Ele


está calculando.

Deus. Só espero que ninguém que esteja nos observando nas


câmeras perceba.

Me afastando dele, tento o meu melhor em tentar identificar para


onde ele estava olhando sem ser óbvia. Atrevo-me a olhar apenas por
um segundo, antes de desviar o olhar mais uma vez. Tudo o que sou
capaz de ver é uma cadeira virada perto da parede. Resultado do caos
do falso tremor causado, mas não vejo nada nessa confusão que poderia
me dar esperança.
Quando estou prestes a entrar em seus braços com o pretexto de
abraçá-lo para que eu possa me comunicar, o crepitar do alto falante
enche a sala.

—Estou assumindo que vocês estão finalmente prontos para


se comportar agora. Certo?

Noah para ao meu lado e agarra a minha mão, a


apertando. Nenhuma tradução necessária. Sua mensagem é alta e
clara.

Eu aceno para ele e respondemos. —Sim.

Não há resposta por um minuto ou mais.

Eu viro e Noah instantaneamente abre os braços para mim, como


se ele pudesse ler minha mente.

—Eh. Não. Ivy, afaste-se dele. Pelo menos 30 centímetros de


distância. Vocês dois não podem se tocar de novo até que eu diga.

A expressão de Noah endurece. —Nossa melhor amiga está sendo


mantida em cativeiro e sendo torturada. Só quero confortar Ivy.

—Desde quando o bem-estar dela é minha prioridade? Você


sabe melhor que isso até agora.

Eu me afasto de Noah, esperando que ele possa ignorar a maldade


dessa cadela.

—Você vê? Aparentemente Ivy está finalmente


aprendendo. Quem imaginaria?
Não respondemos. Ela só está dando soco após soco, procurando
qualquer desculpa para punir Jamie ainda mais. Para fazê-la pagar pelo
que ela considera ser minha culpa.

Porque tudo é sobre isso. Ela parece odiar o fato de que eu existo.

Ela sempre odiou.

Não tenho qualquer ilusão que Jamie vá viver. Não sei quanto
tempo pretendem mantê-la viva, mas se eu não sair e encontrá-la, é só
uma questão de tempo até que ela esteja morta.

—Vocês dois na cama. Agora.

Curiosamente podemos olhar um para o outro. Ela só pediu que


não nos tocássemos. Porque ela possivelmente poderia querer a gente
na cama se não podemos nos tocar?

Juntos, viramos e caminhamos em direção a cama. Uma vez que


estamos na frente, paramos, querendo saber qual vai ser nosso próximo
passo.

—Sentem-se lado a lado, mas certifiquem-se de que


mantenham 30 centímetros de distância. Menos que isso e eu vou
fazer com que Clarice e Raoul saibam que é hora de jogar de novo.

Estou muito doente e cansada de suas ameaças de merda.

Mas elas não são vazias, então Noah e eu obedecemos as ordens


dela como bons soldados. Nós nos sentamos na borda, com os pés no
chão, nos certificando de deixar o que parece ser a quantidade exata de
espaço que ela quer.
Enquanto nós fazemos isso, não posso me ajudar, mas me
pergunto por que ela não quer que a gente toque um ao outro. Por que
ela não quer que Noah me abrace. Embora meu pânico por nós não
esteja tão alto como antes, meu pânico por Jamie está em alta.

Alguém nos observando nas câmeras pegou o nosso método


secreto de comunicação? É por isso que não podemos nos tocar agora?

—É hora de eu finalmente alimentar os dois, embora eu


prefira não fazer. Morrer de fome seria um presente em
comparação com o que eu planejei para você, Ivy.

Sério? Como se eu pudesse pensar em comer em um momento


como este.

Noah, aparentemente sente o mesmo, porque ele diz. —Não estou


com fome.

Embora eu saiba que é inútil recusar, eu aceno minha cabeça em


acordo.

—Como eu disse. Se dependesse de mim, eu deixaria vocês


dois morrerem de fome. Mas o público está fascinado pela
conexão de vocês e querem mantê-los vivos mais um pouco. Então
vocês dois vão comer. Ou isso, ou...

Ela vai matar Jamie. Não há necessidade de terminar a frase, é


mais que óbvio.

Noah rosna. —Tudo bem. — E eu mais uma vez aceno.

Quase imediatamente após a nossa resposta, a parede na nossa


frente começa a abrir novamente. E como quando ela foi fechada alguns
minutos mais cedo, não há nenhum barulho. Sem tremores. Apenas um
deslize suave.

O exército de guardas ainda está lá, no fundo, na escuridão, em


atenção com suas armas prontas.

Dois deles começam a andar em direção a nós, e não demora muito


para que eu consiga ver o que eles têm nas mãos, bandejas com comida.

Meu estômago revira com a visão. Eu não comi nos últimos dois
dias, assim como Noah, mas o stress do que nós estamos passando
serve como um inferno de um supressor de apetite.

Os guardas se aproximam, depositando as bandejas na cama em


ambos os nossos lados.

Desta vez, nenhum de nós se move para tentar se cobrir. A


modéstia voou pela janela neste momento, e tudo o que eu tenho é a fé
de que vamos conseguir sair vivos daqui.

E se eles estão me vendo nua, ninguém se move para me tocar, e


é isso o que importa.

A falta de cautela prova o quanto eles estão despreocupados, eles


sabem que não tentaremos saltar sobre eles e fugir.

Então, novamente, com o exército de outros guardas na escuridão


com armas a postos, seria uma tentativa de suicídio.

Antes de sair, eles retiram as tampas dos pratos e eu fico


boquiaberta com a enorme quantidade de comida na bandeja. Tudo
parece muito delicioso, até mesmo a arrumação é perfeita, mas como na
terra eu vou comer tudo isso com o que sinto?

Noah amaldiçoa suavemente sob sua respiração, e sei que ele sente
o mesmo.

—Existe algum problema?

Claro que a cadela pegou isso.

Sabendo que é inútil, permaneço em silêncio, mas não consigo


parar de olhar para todos os alimentos enquanto meu estômago aperta.

—Você sabe que nós fomos drogados várias vezes e que estamos
sob uma quantidade insana de estresse, certo? — Pergunta Noah.

Eu fecho meus olhos, desejando que ele tivesse permanecido em


silêncio. Não adianta tentar argumentar com ela. Ela vai nos obrigar a
fazer o que ela quer.

—E seu ponto de vista é?

—Você acha que seremos capazes de comer tudo isso?

Noah não recebe uma resposta, e é tudo que é preciso para os


meus nervos dispararem novamente. Com meu coração batendo, olho
em volta, meus punhos cerrados no meu colo.

De repente uma pequena porção da parede ao lado da entrada se


abre, exibindo uma enorme tela plana. Trata-se de uma transmissão em
tempo real. Jamie está em uma grande sala amarrada a uma cadeira,
os dois cortes que fizeram nela ainda sangram. Apesar de ainda estar
amordaçada, seu olhar é desafiador em direção a câmera.

Clarice e Raoul aparecem na frente dela.

Choramingando, eu pulo um pouco.

Eles acenam para nós alegremente.

—Tudo bem. Ponto feito. — Eu digo, tentando controlar minha voz


vacilante. —Vamos comer.

—Eu pensei que sim.

Noah e eu compartilhamos um olhar antes de voltarmos a olhar


para nossos pratos. Não sei quanto tempo demora para acabarmos com
a comida. Diabos, eu quase não consigo comer. Cada mordida torna-se
uma tarefa árdua. Meu estômago começa a ter cólicas quase
imediatamente depois que eu começo, e eu acabo tendo que beber água
depois de cada mordida para ajudar a descer.

O tempo todo, a parede permanece aberta, os guardas sentinelas


em silêncio no escuro.

Eventualmente conseguimos terminar. Os mesmos dois guardas


que trouxeram as bandejas, as levam de volta. Pelo menos eu acho que
são os mesmos. Não há nenhuma maneira de ter certeza. Tão silencioso
como antes, tiram tudo.

—Agora. Está na hora da sua próxima dose.

Pisco em confusão.

Ao meu lado Noah desloca-se na cama, e quando olho para ele,


vejo a expressão ameaçadora no seu rosto.

—Você é louca? Você vai nos drogar com MDMA outra vez depois
de comermos tudo isso?

Seu comentário afunda em mim e eu engulo outra onda de pavor.

É assim que nós vamos morrer? Através de uma reação fisiológica


devido a toda aquela comida e a droga?

—Não se preocupe. Essa nova droga é muito divertida e não


interage negativamente com a digestão. Não que você mereça a
explicação. — Ela toma uma respiração profunda e a solta devagar, em
voz alta, fortemente no microfone, e eu tremo. Lembrando de todas as
vezes que eu ouvi o mesmo som. Mesmo distorcido, é além do
reconhecível. —No final do dia vocês vão fazer o que eu quiser e
quando eu disser. Você vai se comportar agora que tenho a sua
preciosa amiga. Não vai?

Pelo canto do meu olho, eu olho para a tela exibindo Jamie. Ela
ainda está presa e amordaçada, olhando para o espaço. Raoul e Clarice
agora estão estranhamente atrás dela, como se esperando ordens. A
diferença de tamanho entre eles é insana.

Eu aceno, porque não há mais nada que eu possa fazer.

—Quero que responda em voz alta, Ivy. Na verdade, quero


que os dois respondam.

—Nós vamos nos comportar. — Noah rosna.

—Sim. — Eu concordo, me sentindo um pouco dormente, meus


olhos continuam bloqueados na Jamie que eu sei que não nos vê. —Nós
vamos nos comportar.

—Bem, então... agora que isso está resolvido, cumprimentem


seu outro velho amigo.

Quem é...

Focando na escuridão novamente, noto uma grande figura que se


aproxima. Muito alto como Raoul. Antes de conseguir ver qualquer
detalhe real do seu rosto, noto os cachos ao redor da cabeça.

Então lentamente a máscara de ouro com o bico entra em foco,


seguido pela roupa aristocrática e o preto avental de borracha.

Um rugido ensurdecedor brota do peito de Noah e seus músculos


ficam tensos ao vê-lo. Não tenho dúvida que ele está revivendo o
pesadelo de poucos dias atrás. Quando ele viu Anne morrer nas mãos
de Jacques.

Desta vez não há nenhum ciúme dentro de mim. Ambos perdemos


alguém que nos amava.

Meu primeiro instinto é recorrer a Noah e rastejar em seu


colo. Sem pensar eu começo a me mover em direção a ele.

—O que eu disse sobre o espaço?

Porra. Não posso fazer nada, apenas permanecer onde estou


enquanto o insanamente enorme e psicótico assassino que matou Anne
se aproxima de nós em seus sapatos antigos com saltos.
Vinte e cinco

Eu não posso desviar meus olhos dele.

Há algo fascinantemente doentio sobre esta grande e delicada


besta. Enquanto ele se aproxima, meus olhos caem para o avental e a
luz brilha sobre as manchas molhadas nele.

Mais sangue?

Eu não posso me ajudar, mas me pergunto quem foi morto desta


vez.

Jacques para próximo a mim.

O instinto de sobrevivência assume o controle e não posso deixar


de me arrastar na cama na tentativa vã de colocar espaço entre mim e
ele.

—Onde você acha que você está indo, Ivy?

—Isso é besteira! — Noah ameaça pegar minha mão, e em seguida


parece pensar melhor nisso. Na tela, Jamie ainda está na sala, presa,
com dois assassinos psicóticos esperando um sinal para machucar ela
ainda mais. —Você não pode esperar que eu apenas fique aqui e deixe
ele machucá-la!

—Se fosse isso que o público quisesse, você não teria


escolha. Infelizmente meus desejos não são nada comparados a
fome do público em saber mais de vocês dois. Considere-se sortudo
que Jacques está aí apenas para se divertir.

—O que você quer dizer com diversão? E por que ele está andando
em sua direção? Tudo o que ele quiser, ele pode fazer isso comigo!
— Obviamente ansioso, Noah tenta pegar minha mão novamente.

—Não toque nela.

Seu rugido baixo me atinge.

Eu tento me afastar, mas é tarde demais. A risada da nossa


captora preenche a sala.

—Clarice. Por favor, lembre a eles porque eles têm que nos
obedecer.

—Não! — Eu grito.

Na tela, Clarice salta alegremente em direção a Jamie. Desta vez


ela corta duas linhas perfeitas e pequenas na coxa da Jamie. Mais
profundo do que os dois primeiros. Sangue corre para fora da perna
dela.

Jamie clama por trás da mordaça, lutando contra as cordas que a


prendem. A dor dos cortes é evidente em seu rosto.

—Foda-se. Porra. Sinto muito, ok? Sinto muito. Pare de machucá-


la. — Noah implora enquanto lágrimas começam a encher meus olhos.

—Faltam novecentos e noventa e seis cortes. Certo, Clarice?


—Sim, minha senhora? — Ela responde como um animal de
estimação obediente e então traz o punhal enferrujado para os lábios da
máscara num beijo bizarro.

—De agora em diante, cada vez que desobedecerem,


certifique-se de que sua preciosa amiga pague o preço.

Estou vacilando entre as ações da boneca demoníaca e assistir as


novas linhas de sangue pingando da lateral da coxa da Jamie.

—É a última vez que eu vou perguntar: vocês estão prontos


para obedecer a todos os meus comandos?

Fora da minha visão periférica, vejo Noah acenar. —Você deixou


claro que não temos uma escolha.

Tudo que posso fazer é silenciosamente acenar mais uma vez,


mesmo enquanto estou dividida entre assistir Jamie e assistir
Jacques. Clarice retorna para o lado de Raoul e retoma sua posição de
pedra. Enquanto eu estou assistindo a cabeça do Raoul virar em minha
direção, sua máscara branca esconde suas feições.

Ele permanece assim enquanto olha para mim.

Mas que porra! Como ele pode me ver? Como ele sabe onde estou?

No fundo, eu sei que é mais um truque da minha mente, mas não


faz muito sentido neste momento. Não com o que está acontecendo na
tela.

Não com o monstro desajeitado Jacques tão próximo de mim.


Ouço um movimento se aproximando. Quando eu finalmente
consigo puxar minha atenção para longe da tela, eu vejo outro guarda
andando em direção a nós, empurrando uma bandeja de prata.

Minha mente pisca de volta à bandeja com todas as ferramentas


que Jacques tinha na sala com Anne.

Enquanto ele a mutilou.

Logo antes dele a matar.

Minha pele irrompe em um suor frio. Eles não vão nos matar ainda,
tento me lembrar. Eles precisam de vocês vivos para continuar o
show. O que pode ser nossa única salvação.

O guarda para, em seguida Jacques também, e finalmente consigo


um bom vislumbre do que está na bandeja.

Seringas.

Dentro delas há um líquido rosa.

Tem que ser o “novo” produto químico que nossa captora


mencionou.

Uma vez que os guardas saem, Jacques dá um passo final em


direção a mim, deixando nada mais do que uns 40 centímetros de
distância entre nós. Eu não posso deixar de inclinar a cabeça para olhar
as lentes grandes e redondas que cobrem seus olhos.

E nada. Não vejo nada.

Bem, nada dele. Meu reflexo e meus olhos assustados me olham


da escuridão das lentes.

Ele inclina a cabeça de um lado para o outro, me analisando. Com


os movimentos da sua cabeça, o longo bico de sua máscara capta a luz,
brilhando. Por algum motivo, isso chama a minha atenção de volta para
o sangue no seu avental.

O sangue não está seco. Está um pouco coagulado, mas não está
seco.

Este pensamento dispara endorfinas através do meu corpo e uma


ligeira sensação desanexada toma conta. Tudo fica lento em torno de
mim por um minuto.

Meus olhos acabam caindo para a mão dele, e vejo que ele está
segurando um bisturi nos dedos com luvas.

Parece o mesmo bisturi com o qual ele matou Anne.

Lentamente ele levanta o bisturi na minha direção, e não posso


desviar meus olhos. Nem piscar.

Sinto um movimento ao meu lado.

Noah está movendo-se para me proteger de novo.

O som abafado de uma mulher chorando quebra meu fascínio


doente com o bisturi. Imediatamente os meus olhos saltam para
Jamie. Volto para o momento, e fisicamente dói para respirar. Muita
coisa está acontecendo ao mesmo tempo e me sinto oprimida, e pela
primeira vez ainda no controle das minhas funções.
Clarice já está na frente dela, e com uma risadinha demoníaca faz
o quinto corte.

Bem abaixo do comprimento da mandíbula de Jamie.

—Faltam novecentos e noventa e cinco.

A alegria no tom da nossa captora não pode ser confundida.

—Noah. — Peço em um sussurro carente, virando para ele. —Por


favor. Não importa o que aconteça, por favor.

Seus olhos torturados focam em mim. —Amor, você sabe que não
posso. Não posso deixá-lo te machucar.

—Não há nada que você possa fazer para detê-lo. Mas você pode
ajudar a Jamie. Nós podemos ajudá-la. Só temos que fazer o que eles
dizem.

—Eu amo você. Como eu vou ficar aqui enquanto esse fodido corta
você?

O tom de sua voz quebra meu coração. —Por favor, baby. Não
podemos deixá-la se machucar mais. Eu também te amo, mas nós dois
temos que encontrar uma maneira de nos controlar.

Com o maxilar apertado, ele me dá um aceno afiado.

Tremendo, eu viro para Jacques. Ele manteve-se perfeitamente


imóvel com seu braço levantado. Uma vez que está claro que Noah não
vai intervir, ele move-se novamente, descendo o bisturi na minha
direção.
Eu fecho meus olhos e mantenho meus lábios apertados. Não
importa o que aconteça, eu vou lidar com isso. Eu sei que ele não vai
me matar. Posso sobreviver a qualquer dor, lidar com qualquer
cicatriz. Tudo o que importa é foder esses desgraçados em seu próprio
jogo.

A frieza do aço beija meu ombro. Leva tudo do meu autocontrole


para não saltar com a sensação. Eu me preparo, aguardando a dor
aguda do corte.

Ela nunca vem.

Em vez disso, ele deixa o bisturi pressionado no meu ombro, e não


leva muito tempo para eu perceber que é a parte de trás lisa que está
tocando em mim.

Ele não pretende me cortar.

Lutando para manter uma expressão calma, abro meus olhos.

Ele está olhando para mim. Não vejo os olhos dele, mas sua cabeça
mascarada com peruca está inclinada para baixo em minha
direção. Mais uma vez, sou forçada a olhar para meu próprio reflexo nas
lentes grandes e pretas.

Tão lentamente como antes, ele move a borda suave do bisturi para
baixo, pelo meu braço, em uma carícia fria, quase sensual.

Um som áspero deixa Noah, mas eu não olho para ele. Recuso-me
a recuar. Controlando a minha respiração, enfrento este monstro diante
de mim, o deixando saber que eu não tenho medo dele.
Eu deveria. Uma vez eu fiz.

Não mais.

O toque do bisturi é um sinal evidente, ele quer fazer comigo o que


ele fez com a Anne. Ele quer me mutilar. Me quebrar. Me cortar e
abusar de todo o meu corpo para seu prazer sádico.

Devido as ordens da nossa captora, eu sei que ele não pode.


Portanto, me recuso a me assustar diante dele.

Jacques acena para mim, uma confirmação silenciosa da minha


coragem e vira para a bandeja. Pegando uma das seringas, ele me
enfrenta e estende a outra mão.

Eu imito sua postura de estátua, como antes, apenas seguindo o


movimento da sua mão com meus olhos.

Ele segura meu queixo e sinto a borracha da sua luva. Seu toque
é suave. Reverente.

Novamente, quase sensual.

Literalmente, eu posso sentir as ondas de raiva saindo de Noah.

Suavemente Jacques inclina a minha cabeça para o lado, expondo


meu pescoço. Sua mão aperta ao redor do meu queixo, apenas o
suficiente para me manter na posição. Em seguida ele me libera tempo
suficiente para destampar a agulha antes de pegar meu queixo
novamente.

Ele dirige a agulha para o lado do meu pescoço em outra carícia


perversa.

—Maldito inferno, não posso fazer isso. — Noah rosna.

—Pare. — É só o que eu digo, mantendo minha voz calma.

Jacques acena para mim novamente e não consigo me livrar da


sensação de que sob aquela máscara ele está sorrindo para mim.

Posicionando a agulha, ele me dá uma fração de segundo para


antecipar a picada.

Eu inalo agudamente quando ele perfura minha artéria e injeta o


líquido. Está quente, e dentro de segundos parece que se espalhou para
todo o meu corpo.

Retirando a agulha do meu pescoço, Jacques a deposita na


bandeja e agarra outra.

O calor está se espalhando mais rápido do que consigo


acompanhar. Minha visão embaça momentaneamente. Lutando para
me controlar, eu assisto quando Jacques se aproxima de Noah.

Aquele velho ditado ‘se um olhar pudesse matar’ nunca foi mais
verdadeiro. Noah não se encolhe para longe dele, mas não o enfrenta
calmamente como eu fiz. Ele olha com o ódio fervilhante de mil homens
injustiçados.

Jacques faz uma pausa antes de empurrar a cabeça dele para o


lado.

Noah não se move.


—Acho que ele está sendo claro o suficiente, Noah. Obedeça
a ele.

Ainda sem movimento.

Eu cerro meus punhos no meu colo, meus olhos viajando para


Noah. Por alguma razão, apesar da insanidade da situação, não consigo
não o comer com meus olhos. O corte de sua mandíbula coberto por
uma sombra de barba. Seu cabelo preto grosso desarrumado.

O pescoço largo, agora sem o cordão de couro que ele manteve por
anos.

Um calor se instala no meu estômago antes de cair para minha


boceta.

Deus, ele parece muito bem sentado em seu motim silencioso.

—Noah, não vou pedir novamente. Incline a cabeça para ele.

Pedir para o meu poderoso macho alfa voluntariamente se


submeter a Jacques é além de cruel.

E isso é exatamente o que essa cadela está querendo. Para foder


com ele.

Possessividade e proteção sobem para se misturar com a fome


drogada batendo através de mim.

Noah expira lentamente em uma tentativa óbvia de se acalmar e


inclina a cabeça para o lado.

O mais rápido possível, Jacques injeta nele. Eu vejo a mudança de


Noah quase imediatamente quando a droga começa a bater nele como
me atingiu.

O guarda atrás de Jacques remove as bandejas com as seringas


uma vez que ele terminou. Jacques fica, e anda em minha direção.

A mão enluvada e enorme surge novamente.

Olhando-me por trás da máscara, ele corre as costas dos seus


dedos suavemente na minha bochecha, antes de finalmente se virar
para sair.

Enquanto a névoa em minha mente se expande, a mensagem não


é perdida em mim.

Eventualmente, se tudo correr de acordo com o plano deles, eu


serei a primeira dos dois a morrer.

E quando esse dia chegar, será pelas mãos de Jacques.

Um fato que claramente o excita.

Eu vou matá-lo primeiro. Este pensamento atravessa minha mente


e eu não estou chateada com a perspectiva. Olho por olho.

Virando as costas para nós, ele sai da sala, assim como o guarda,
e nós não podemos fazer nada além de assistir quando a parede desliza
mais uma vez fechada, nos deixando presos com esta nova droga em
nossos corpos.
Vinte e seis

Meus dedos se contraem.

Minhas pernas pulsam.

As bombas de adrenalina e endorfinas através das minhas veias


começam a turvar meu julgamento.

Em retrospectiva, eu deveria estar com medo. Medo por Jamie, por


Noah e por mim.

Mas não estou.

Em vez disso, eu estou me movendo apenas um pouco mais para


perto do objeto do meu desejo. O tempo para, e ao meu redor sinto sua
presença dominante. O feromônio animalesco que escorre de cada
membro tonificado dele.

—Eu não disse que você podia se mover, Ivy. Fique parada ou
Jamie receberá outro corte. Use seu cérebro do tamanho de uma
ervilha pela primeira vez e se comporte. — Com seu insulto, Noah
deixa uma série de maldições saírem baixas para que ninguém ouça.
Mas eu pego a maldita boceta bastante claro e tenho medo que ela
também.

—Algo a dizer, Noah? Fale mais alto. Não seja um fracote.


— Ela está provocando ele, mas eu bato palmas uma vez para chamar
sua atenção.

Seus olhos pesados encontram os meus, cheios de fome e fúria. —


O quê, amor? — Seu tom é bravo. O fino fio de paciência acabou, e suas
emoções mal controladas estão crescendo.

E foda-se, se uma onda de umidade não cobre minhas coxas com


isso.

Não posso falar. Um gemido desesperado fica preso na minha


língua, então eu balanço a cabeça em vez disso e rezo para ele pegar
meus pedidos silenciosos.

Ele pisca duas vezes e eu retribuo. Estamos bem. Estamos nisso


juntos.

—Responda-me quando falo com você, Noah.

—Estou bem. — Seu peito se expande com uma inspiração


profunda e eu mordo meu lábio. Agora não é o momento certo para
querer ele assim.

Mas eu faço, e eu não sou tola o suficiente para acreditar que este
desejo maníaco seja apenas das drogas. Elas só servem para aumentar
o que já sentíamos.

—Apenas alto foda. — Acrescenta.

Ondas de calor disparam dentro de mim.

Minha boceta aperta quase violentamente em seu uso da


palavra foda. O timbre profundo de sua voz invade meus sentidos,
profana meu pensamento racional.

—Oh, Deus. — Eu choramingo e meus membros se contraem. Isso


é pior do que antes. A dosagem é mais potente. Eu respiro fundo
tentando me concentrar em algo além deste desejo de ter o Noah me
fodendo.

Me reclamando.

Me quebrando em um milhão de pedaços só para me deixar inteira


novamente.

—Não se mexa. Não respire. Não force a minha mão. — Seus


detestáveis risos fluem através dos alto falantes e eu me movimento
onde estou. O som pode estar um pouco alterado, sintetizado para me
despistar, mas me lembro dessa risada ridícula.

—Por favor, pare, Ivy. Baby, fique quieta. — Noah ofega entre os
dentes cerrados e eu paro os movimentos sutis dos meus quadris, mas
não rápido o suficiente, e o gemido de dor que vem em seguida me tira
da minha linha de raciocínio.

—Tão divertido de assistir, animais de estimação.

—Poderia me importar menos no momento. — Seu filtro


desapareceu, ela sabe disso, e ainda assim o estridente grito de dor que
segue não me surpreende.

Não importa o que façamos, não podemos ganhar dessa vadia.

Eu forço meus olhos em direção a Jamie e vejo outro corte, desta


vez na parte superior do pé dela. Do tornozelo até o dedo médio.
—...o público não vai gostar do resultado. — Perdi o que ela
disse antes, meu cérebro ainda está tentando processar o que está
diante de mim. Minhas opções. A canção de ninar satânica que nossa
captora gosta de colocar é ligada. Os riffs da guitarra pesada fluem
através de mim e o baixo acaricia meus sentidos. Está mais alto do que
das outras vezes. —É difícil para você, Ivy? Ter algo que você quer
tão perto e ainda assim tão fora do alcance. Não há ninguém aqui
para fazer todos os seus caprichos?

Um movimento ao meu lado me chama a atenção e eu olho


estupidamente. Grande erro. Erro Monu-porra-mental.

Cerrando o punho em suas coxas, Noah está com o pau duro. Uma
gota de pré-sêmen brota na ponta. Brilha sobre a sua cabeça perfurada.

Minha boca enche d’água e eu engulo duro.

—Pare de olhar, amor. — Agonia está presente em seu gemido e eu


afasto o meu olhar. É o único modo de impedir outro corte na pele de
Jamie.

—Fique em seu lugar, sua puta. Eu vou deixar vocês dois


jogarem em breve.

Tudo que posso fazer é acenar.

Meus olhos desviam novamente na direção do Noah e pousam em


seus olhos encapuzados. Os mesmos que estão me fodendo sem me
tocar.

É sensorial.
Emocional.

Consumidor. E minhas coxas flexionam, se esforçando para


encontrar um pouco de alívio.

—Pro inferno com isso. — Ele rosna, mas antes que ele possa me
tocar, uma parte do teto abre e algo que não consigo ver desce.

No início, tudo o que vejo é algum tipo de engenhoca. Então vejo


alças. É feito de couro e algum outro tipo de material que não consigo
ver ainda.

Me lembra das cadeiras suspensas que eu tinha no meu quarto


quando eu era criança.

O tipo que você se senta e... oh merda, é um balanço. Mas não é


qualquer tipo.

É um balanço de sexo.

—Baby. — A voz de Noah rompe meu mini ataque. Suas mãos


seguram meu rosto e o vira para longe da engenhoca. —Mantenha a sua
atenção em mim. Foque em mim.

Minhas mãos trêmulas cobrem as dele. —Prometo, estou bem.

Parte de mim tem vergonha de admitir que meus nervos são pela
curiosidade perversa. Que enquanto uma grande parte do meu cérebro
está disparando um alarme vermelho por todo meu corpo, aquela
pequena parte que controla o prazer está me sufocando.

—Levantem e se virem de frente para a parede. Vocês já


devem saber agora qual é a chave para nossos joguinhos.

Noah afasta as mãos do meu rosto e estende uma para me ajudar


a levantar. Eu a pego e me levanto, ao mesmo tempo lutando como o
inferno para não olhar.

Lado a lado, esperamos, sua mão na minha. Juntos.

Ninguém diz nada ou faz perguntas.

—Clarice?

—Sim, senhora?

—Remova a mordaça da Jamie. Eu gostaria de ouvi-la, se


necessário. — A boneca diabólica segue as ordens da sua mestra e
corta a mordaça da boca da minha amiga. Ela belisca os lábios com a
faca no processo, e desta vez Jamie não se segura.

—Sua puta fodida! — Ela grita, seu corpo quase convulsionando


em suas restrições. —No momento que eu fugir, eu estou te
matando. Vou cortar você e alimentar o meu cão.

—Espirituosa. Não é, Raoul?

Sua resposta é um grunhido ininteligível que faz sua companheira


soltar uma risadinha no quarto. Clarice joga sua faca enferrujada para
ele. Ele pega a lâmina e fecha o punho em torno dela. Corta seu pulso
exatamente onde termina a sua luva, ambos assistem o sangue
escorrer.

Ele se espalha a seus pés.


E então, em sua próxima respiração, ele está se movendo. Dois
passos à frente e ele está ao lado de Jamie, a mão com a faca estendida
para fora. Com cuidado, Raoul coloca a adaga na junção do seu pescoço
e depois acaricia o seu rosto com a mão sangrando.

Manchas de sangue cobrem toda a sua face.

Inclinando a cabeça para o lado, ele admira seu trabalho. —


Bonita.

A expressão de Jamie está horrorizada pelo medo. Seu peito se


ergue. Sua boca se abre em um grito silencioso.

O quarto explode em aplausos e minha euforia alta ameaça me


deixar doente.

—Respire, amor. Eu preciso de você aqui comigo. — O hálito


quente do Noah bate na lateral do meu pescoço e um tremor se
instala. De medo e de desejo. Estou confusa, com tesão, com medo,
tudo misturado. —Pelo menos ele não cortou ela.

Isso é verdade. Raoul a marcou, mas não com a faca.

—Parece que alguém está gostando da sua velha amiga,


Ivy. Que interessante. — Quando ela diz isso, a parede desliza aberta
e eu fecho os olhos.

Eu sei o que está por trás disso.

Jamie presa e sangrando.

—Você só pode estar brincando comigo. — Noah diz


Com a surpresa em seu tom, eu olho e gostaria que eu não tivesse.
Não é Jamie. —Não... não... não pode ser.

—Você não deve ser hostil com aqueles que são responsáveis
pela sua preciosa Ivy estar viva. Agradeça a eles.

É um teatro opulento com cortinas vermelhas, sofás de veludo e


algumas cadeiras com braços estrategicamente colocadas para assistir
ao show. Pessoas, cerca de cinquenta delas compõem a plateia.

E eles estão nus.

Nus, exceto pelas máscaras pretas que adornam a parte superior


de seus rostos.

Com bebidas nas mãos, eles nos observam. Se


tocam. Silenciosamente pedindo mais de nós.

—Obrigada. — Eu sussurro engolindo o nó na minha garganta e


ela ri novamente. As pessoas sentadas dentro da sala levantam seus
copos em reconhecimento.

—Muito bom, animal de estimação. — Cada vez que ela me


elogia, é como um tapa na minha cara. —Agora, Noah, não seja difícil
e coloque a nossa menina naquelas tiras. Quero ela naquele
balanço com as pernas abertas dentro dos próximos minutos.

—Faça. Está tudo bem. — Há apreensão em seus olhos, mas sinto


um toque de emoção. Talvez estejamos tão doentes quanto eles por
querer esses pequenos momentos de descanso. Encontrar consolo um
no outro e abafar o espaço à nossa volta.
—Confia em mim? — Pergunta Noah.

—Sempre. — Eu expiro e fico na ponta dos pés para beijar o queixo


dele. Meus braços deslizam em seu pescoço, meus dedos brincando com
os fios de cabelo na sua nuca. —Te amo.

—Sempre. — Noah diz e me levanta. Com as mãos na minha


cintura, ele caminha em direção ao balanço e me coloca no banco, o
couro frio bate contra minha pele corada. —Deite.

Imediatamente desejo corre na minha espinha. As emoções em


conflito me mantiveram em alerta, mas agora só o que sinto é ele. Ele
inclina seu quadril e corre o cume grosso do seu pau na minha coxa.

O material fresco está incrível, e eu suspiro. —Eu me sinto tão fora


de controle, Noah. Um minuto com medo e no próximo você é tudo que
consigo pensar. Eu estou possuída por você.

—Amor...

—Não se enganem, meus animais de estimação. Sou dona de


vocês. Seu último suspiro é meu.

—Foque em mim. — Noah continua falando como se a ameaça dela


simplesmente não tivesse acontecido. Com uma mão ele me empurra
para trás e minha cabeça agora repousa sobre uma almofada
acolchoada do balanço.

Estou suspensa. Nua. À sua mercê.

Seus dedos quentes trilham em minhas panturrilhas e eu fecho os


olhos. Sentindo o seu toque.
Lentamente ele levanta a minha perna direita e a coloca no estribo
anexado. Depois a outra.

Minhas coxas se abrem por vontade própria e o ar frio bate em


meus lábios sensíveis. Os pequenos pelos do meu corpo se arrepiam. Eu
arqueio as minhas costas, meus mamilos duros, buscando alívio.

—Jesus, baby... — Calor desliza até os meus membros, dos meus


pés até o centro do meu núcleo. Isso me bate de repente, com toda a
sua força. O mero pulsar suave de poucos minutos atrás agora é um
inferno, e eu arqueio meus quadris em oferta. —O que está acontecendo
comigo?

—Você me quer, boneca. Essa doce e pequena boceta está


buscando meu pau. — Ele rosna e pressiona seu quadril para frente
mais uma vez. Noah está bem ali. Tão desesperado quanto eu.

Sua cabeça desliza em meus lábios e eu solto uma maldição baixa.

Uma minúscula flexão dos seus quadris e a cabeça entra em mim,


seu piercing esfregando ao longo da minha abertura.

—Pare. — Nós congelamos e o público murmura sua


desaprovação. Ao longo da parede, uma parte desliza aberta e uma
bandeja aparece. Do meu ponto de vista, tudo o que vejo é a bandeja
prata, mas não o que está nela.

Jesus, eu espero que não seja outra dose.

Estou ainda no auge dessa e perdendo o controle do meu foco. Um


segundo lúcida e no outro em um desejo insano pelo Noah.
—Vá até lá, Noah. Você tem que escolher dois itens que vão
ser usados. — Meu homem não se move e ela acrescenta. —Ou eu vou
escolher por você.

Com uma carícia lenta no meu peito que me deixa choramingando,


ele se afasta e caminha para os itens. De costas para mim, seu corpo se
arrepia, e medo corre em minhas veias. Quão ruim pode ser?

—Você está falando sério? — Ele pergunta. Há um toque de raiva


misturado com euforia.

—Sim. Escolha.

Noah pega algo e vira para me encarar mais uma vez, os itens em
sua mão.

Eu olho e depois engulo. Um plug anal e algum tipo de pinwheel3


pequeno.

Oh Deus.

3 Pinwheel é um tipo de brinquedo sexual usado para dar prazer


.
Vinte e sete

—Tem certeza sobre esses dois itens? Última chance de


mudar de ideia. — Nossa captora pergunta, mas Noah não responde.

Em vez disso, ele caminha até mim com uma pitada de maldade
nos olhos.

Cada músculo do seu corpo se flexiona com cada passo.

O pau dele dá espasmos minúsculos, e não consigo desviar o olhar.

—Confie em mim. — Não é uma pergunta, é um comando. Oh


Deus, o calor do seu corpo me envolve quando ele se aproxima. Estou
queimando e ele mais uma vez se aninha entre as minhas coxas
separadas. Bem ali.

Seu piercing esfregando contra meu clitóris sensível demais.

O quarto fica quente.

Minha pele se arrepia.

—N-Noah. — Não consigo respirar, e tudo graças ao seu pau duro


espalhando minha umidade de cima para baixo. Ele está pressionando
os dedos em meu buraco proibido.

Um lugar que ninguém tocou. É perverso, e ainda me emociono


com seu toque macio. —Eu sou sua para você fazer o que quiser,
Noah. Toda sua. Somente sua.

Gemidos ecoam através dos alto-falantes e eu fico tensa. Eles são


barulhentos. Grunhidos de prazer que me fazem olhar em direção ao
palco.

Corpos se contorcem.

Carne nua em exposição.

—Eles pagaram um bom dinheiro para ver você gozar, Ivy. Por
alguma razão eles amam o jeito que você geme o nome dele. Como
você se transforma em uma puta cada vez que Noah te toca. — Ela
lamenta como se doesse admitir que a minha vida está nas mãos do seu
público. Jesus, quanto dinheiro gira em torno de algo assim?

—Deixe que eles vejam você gozar em seu pau mais uma
vez. Pinte sua carne com sua depravação.

Murmúrios de acordo surgem, e eu só posso distinguir alguns


copos levantados na plateia.

—Perdoe-me, boneca. — O apelo de Noah me traz de volta e eu


afasto meus olhos dos outros. Nossos olhos se encontram, os dele quase
pretos estão me pedindo para seguir seu comando e eu aceno.

Ele exala. A tensão sai de suas características e seu sorriso


cuidadoso torna-se sinistro.

Inclinando para frente, Noah empurra minhas pernas mais


distantes com seus quadris. Suspensas no ar e à sua mercê, ele sopra
seu hálito quente sobre meu peito e eu arqueio.

Instintivamente. Sem pensar duas vezes.

Preciso de mais do seu toque e imploro por ele com um baixo som
que deixa a parte de trás da minha garganta. É inconfundível a fome
crua que sai de mim.

Tudo à minha volta desaparece no momento em que a língua dele


circula meu mamilo direito. Calor dispara entre minhas pernas e eu
arqueio, pressionando seu comprimento firmemente contra mim. Pele
na pele.

Meus dedos deslizam no seu cabelo, o puxando contra a minha


pele febril.

Noah chupa a ponta pulsante antes de puxar entre os dentes e


morder. —Sem tocar. Quero suas mãos segurando a alça acima de
sua cabeça. Mantenha elas lá.

—Não! — Eu ofego, seus dentes cavam um pouco mais fundo e eu


saúdo a picada. —Baby, eu preciso...

—Seguir as instruções. Mova suas mãos. — Áspero em suas ações,


ele arranca minhas mãos do seu cabelo e as coloca acima da minha
cabeça, envolvendo meus dedos na pequena alça. —Você se move e eu
paro.

Feliz com meu consentimento, ele deixa um mamilo, lambe o outro


e pressiona sua boca contra a ponta dura. De um para o outro ele toca
seus lábios nos meus mamilos. Lá, ele suga a pele apertada entre seus
lábios e deixa uma contusão ao redor.
—Ah, foda-se. — Dói, mas Noah é rápido em acalmar a dor.

Três vezes ele faz o mesmo caminho no meu peito, minha pele
decorada com a sua marca.

—Amordace ela. — O comando vem de Clarice. Ela se aproxima


da câmera no outro quarto. A máscara de porcelana no seu rosto move
um pouco e eu vejo uma cicatriz embaixo do seu queixo. Está vermelho
e irritado. —Porque a partir de agora, para cada palavra que ela
disser, vou cortar Jamie. Vou fazer ela bonita para o Raoul. Ele
parece gostar muito dela. — Ciúmes decoram as suas palavras.

—O que eu posso usar? — Noah pergunta e vira para procurar pelo


quarto, mas não encontra nada suficientemente pequeno.

—Seja criativo. Use apenas o que está ao alcance dos seus


braços.

Isso o deixa com duas opções: uma corrente desocupada ou o plug.

—Abra. — Eu abro a boca e ele desliza um dedo dentro dos meus


lábios. Um calafrio percorre a minha espinha e eu lambo meus lábios,
engolindo apenas a ponta do seu dedo. —Foda-se... mais amplo.

E eu faço. Com minha boca bem aberta, eu espero ele fazer alguma
coisa.

Qualquer coisa.

Segundos passam e ele só olha para mim nesta posição


vulnerável. Com a cabeça inclinada para o lado, ele me olha antes de
trazer o plug anal para meus lábios. É pesado, mas não desconfortável.
—Feche os lábios e respire pelo nariz. — Noah empurra o plug
mais fundo na minha boca. E eu estou amordaçada.

A sala se enche com um pequeno aplauso.

Isto é doentio.

—Olhe para mim, droga! Para mim. — Um rosnado, um


aviso. Minha saliva desliza em torno do brinquedo, mas o seguro no
lugar e aceno. —Por favor, amor.

Uma vez que ele está feliz com a mordaça improvisada, ele começa
a beijar e lamber um caminho em minha garganta até o centro do meu
peito. Ele faz uma pausa em cada mamilo duro para chupar e morder,
antes de ir mais para baixo.

Calor, fogo puro, assume meus sentidos e eu mordo o plug na


minha boca.

Eu estou uma bagunça molhada para ele.

Noah faz uma pausa no meu monte. Admira a minha boceta,


esperando, aberta para ele, antes de dar uma única lambida em minha
fenda. Seu grunhido animalesco percorre cada célula do meu corpo e
eu tremo.

Estou gotejando em seu queixo.

Ele libertinamente desliza sua língua ao longo do meu


clitóris. Com minha boca aberta, eu empurro em direção a ele.

Ele puxa para trás.


Eu mordo o plug na minha boca, soltando a alça para alcançar ele.

Seus olhos encontram os meus, olhando para mim com o mesmo


olhar de atenção de antes. Aquele que diz, Me obedeça. Sou seu
dono.

Tremendo fora de controle, eu levanto minhas mãos para a alça,


sabendo que meus olhos estão implorando a ele.

Com seus olhos em meu rosto, ele desliza o pequeno pinwheel no


interior da minha coxa. Mesmo com o quão pequeno os pinos são,
parecem afiados.

Eu aperto mais duro à medida que ele o pressiona suavemente na


minha pele.

Então, ainda observando a minha expressão, ele corre a roda para


baixo em direção a minha boceta.

Eu aperto a alça e grito novamente.

Ele morde o lábio e arrasta para baixo, para deslizar ao longo do


lábio da minha boceta.

Meu clitóris pulsa.

—Foda-se baby. Sua boceta está com muita fome. — Os olhos dele
caem para meus lábios abertos. —Consigo ver você palpitando por mim.
— Ele desliza a roda para baixo em meu outro lábio.

Eu não aguento mais... é demais...

Retirando a roda da minha boceta, ele a coloca no meu peito, entre


os meus seios, e a arrasta para baixo na direção do meu umbigo.

Mais duro desta vez.

Ele pressiona mais profundo.

Eu mordo o plug, dividida entre o prazer e a dor.

Minha boceta está insanamente inchada. Embebida. Eu palpito


incontrolavelmente, tremendo como uma folha.

—Tão molhada, baby. — Com as pupilas enormes, seus olhos me


comem. Eles seguem o movimento da roda quando ele a desliza na parte
interna da outra coxa.

Quando ele desliza de volta até minha boceta, eu estou arqueando


acentuadamente em direção a ele. Implorando com meu corpo.

Oferecendo tudo o que sou.

Deus, não me importo em como ele me leva. O que ele usa. Só


preciso que ele me foda de alguma forma.

Noah remove a roda e se inclina para baixo, para beijar minha


boceta.

Eu empurro meu quadril freneticamente, esfregando meu clitóris


no rosto dele.

Rindo, ele se afasta, assistindo meus quadris se arquearem em


direção a ele. Ele está perdido por mim. Tão perdido como eu estou por
ele. Estou arrebatada pelas minhas frenéticas reações sem controle do
meu corpo.
Meu profundo desespero.

Quase não percebo o que acontece ao meu redor. Quase não


registro os gemidos e suaves sons vindos da plateia.

Há só aquela pequena voz me lembrando da vida da minha melhor


amiga. Não posso cuspir essa mordaça e implorar para Noah me levar.

Tenho que jogar o jogo. Não posso alcançar ele.

A luta entre meus impulsos e meu autocontrole me deixa uma


bagunça suada no balanço.

Estou tão molhada que posso sentir minha excitação escorrendo


para minha bunda.

Noah assobia e mergulha a cabeça.

Eu fico tensa, perto de hiperventilar, meu clitóris dolorido por ele.

Ele me lambe.

Eu grito em torno do plug, explodindo em um violento orgasmo.

Xingando, Noah envia o pinwheel voando, se ergue sobre mim e


bate com o pau em minha boceta ainda convulsionando.

Minha cabeça cai para trás quando mais prazer me penetra.

Agarrando os lados do balanço, Noah deixa o som mais


monstruoso que eu já ouvi sair e começa a me balançar para frente e
para trás no pau dele.

Batendo em mim.
—Pare! — Seu quadril cessa os movimentos, mas o balanço
continua me balançando em seu pau grosso, em um ritmo mais lento,
até que estou deitada, ainda com ele enterrado profundamente dentro
de mim. O nível do ruído em torno de nós aumenta, o público está em
uma cadência doente de gemidos.

—Os dois objetos devem ser usados para a sua finalidade.


Tire a mordaça e…

Essa vadia está falando sério?

—Eu me recuso a tomar sua bunda com qualquer coisa além do


meu pau. É pegar ou largar.

Ele está louco? A resposta do Noah me assusta e eu faço um som


de pânico, que força os olhos dele para mim. Ele está calmo.

Não se preocupando com a retaliação.

Eu estou balançando a cabeça e me contorcendo, o empurrando


mais profundo.

Novamente, eu cerro os meus músculos.

—Você deve usar...

—E eu vou, mas não na sua bunda. — Nossa audiência murmura,


nossa captora fala, mas eu estou presa em suas palavras. Mas não na
sua bunda. O que ele... oh meu Deus.

Ele se afasta e em seguida arrasta seu piercing contra as minhas


paredes sensíveis. Ele olha para baixo e cospe em meu clitóris,
assistindo com fascinação mórbida quando a saliva desliza para baixo
da minha fenda e para na cabeça do pau dele.

Seu pau desliza suavemente mais baixo, em uma parte de mim


que ninguém tomou.

Noah faz uma pausa, seus olhos encontram os meus. —Eu vou
precisar que você relaxe amor, e respire lentamente. Confie em mim
para não machucar você. Acene se você pode fazer isso por mim? — Eu
faço e ele sorri. —Boa garota.

Eu deveria estar em pânico, mas não estou. Em vez disso, com


cada deslize da sua cabeça perfurada, movo meu corpo mais para baixo,
em direção a ele.

Instintivamente eu o procuro para se esfregar em mim um pouco


mais duro.

Cada terminação nervosa está enviando ondas de prazer através


do meu sistema. Meus olhos reviram. Meu corpo arqueia. E eu empurro
contra seu pau.

Uma sensação de queimação acompanha a entrada da sua cabeça,


mas passa depois de alguns segundos. Torna-se um pulsar.

—Filha da mãe, baby. Muito apertado. — Ele assobia. Seu corpo


fica tenso, os músculos no seu pescoço e braços se contraindo. —Só
mais um pouco. Diga-me que você está pronta para mais do que apenas
a ponta.

Freneticamente eu aceno. A qualidade grave na voz dele me faz


apertar firme e depois soltar. Solto e espero para que ele possa deslizar
mais um ou dois centímetros.

O anel apertado de músculos torna difícil aceitar seu eixo, sinto


uma pontada de dor e faço uma pausa. Olho para ele com olhos
arregalados.

Vendo minha aflição, Noah remove o plug da minha boca. —Não


tire os olhos de mim. Assista eu reclamar cada pedaço de você. —
Rapidamente ele pressiona o botão na base e o brinquedo vem à vida.

Com ele zumbindo em suas mãos, Noah traz a ponta macia para a
área logo acima do meu clitóris.

É preciso tudo dentro de mim para não gritar. Eles vão machucá-
la.

—Grite para ele, Ivy. Dê a essas pessoas o que eles pagaram


para ver.

—Oh, Deus. — Eu grito, meu corpo se curvando no balanço. O


movimento me empurra para frente e mais alguns centímetros entram
em mim. Euforia desliza sobre minhas terminações nervosas, fazendo
com que a minha pele queime. —Demais. Tão cheia de mim.

Ele bate na parte interna das minhas coxas duas vezes. Calor
floresce na área.

—Tome isso. — Seus olhos cheios de fogo me encaram. —Me dê


tudo de você, amor. O que me pertence.

O zumbido se intensifica. Ele coloca o plug diretamente sobre meu


clitóris. Puta merda. Não consigo respirar.
Umidade escoa da minha boceta revestindo o pau dele. Cada golpe
é mais duro que o outro.

Estou perto. Muito perto de vir.

Seus quadris flexionam para frente e ele desliza até o punho.

Meus olhos rolam. —Noah... — É um suspiro ofegante, e ele se


inclina para frente, quase me prendendo. O brinquedo desliza para
baixo na minha entrada, não entrando, mas pressionado e vibrando
entre nós. —Estou tão perto.

—Eu posso sentir você, Ivy. Vamos, linda. — Seus lábios escovam
os meus, ele se move em um ritmo lento. Saboreando cada movimento,
para dentro e para fora. —Me dê de presente seu gozo.

O momento me oprime e eu libero a alça sobre minha


cabeça. Meus dedos deslizando em seu cabelo, levantando o seu rosto
para o meu. —Mais.

O sorriso deslumbrante que eu sempre achei sexy faz o seu


caminho através de seus lábios. —Obrigado.

Minhas sobrancelhas franzem, mas antes que eu possa perguntar


o que isso significa, Noah segura o plug e o empurra para dentro de
mim, o deixando aninhado dentro das minhas paredes enquanto puxa
para fora até que apenas a cabeça do seu pau esteja dentro de mim.

Segundos passam e ele não se mexe.

Minha boceta contrai em torno do vibrador.


—O que você está... — Um grito fica preso na minha garganta
quando ele bate em mim. O prazer quase doloroso me acerta como um
trem de carga.

Eu gozo.

O plug desliza de dentro das minhas paredes pulsantes e para


onde nós estamos unidos.

—Filha da puta. — Seu queixo aperta. Uma gota de suor desliza


da sua sobrancelha para baixo, para seu nariz e lábios. Cai sobre a pele
sensível do meu abdômen.

Meus músculos ficam tensos, eu arqueio e fico parada. Mas ele


não para.

É quase com raiva a maneira que ele me fode.

—Vá em frente, Noah. Quebre ela. — A voz da Clarice ecoa pelo


quarto inteiro. —Profane ela. Eu quero ver.

Noah momentaneamente faz uma pausa. Em seguida com uma


agitação de cabeça ele morde a área acima do meu coração. Outra
marca.

—Eu te amo. — Eu sussurro, tentando ignorar a loucura de ter


outras pessoas comandando este momento ao invés de nós. Noah olha
para cima, seu rosto contorcido de prazer agonizante. —Venha para
mim, Noah. Me encha de você.

Isso é tudo o que ele precisa. Ele se enterra mais profundo


enquanto eu sinto cada gota deixar o pau dele e me encher. Jorro após
jorro quente ele me enche respirando pesadamente.

Saciado, ele olha para cima, e o olhar de desejo de antes é


substituído pelo olhar do doce homem que eu amo.

—Você está bem, boneca? — Ele faz uma pausa e lambe os lábios
secos. —Eu machuquei você?

Eu nego e o puxo para que eu possa beijar sua testa.

Sons altos invadem nossa momentânea calma e instantaneamente


reconheço o que são.

Gemidos.

Choramingos.

Grunhidos.

Nosso público atinge seu pico de prazer e a realidade penetra em


mim, através das drogas e do amor do Noah.

Essas são as pessoas que estão pagando para nos ver fazer sexo.

Pagam para assistir as pessoas que gostamos serem machucadas


e assassinadas.

E todos simplesmente gozaram depois de nos violar novamente,


colocando seus olhos gananciosos e pervertidos no que deveria ter sido
um momento privado.

Bile sobe na minha garganta.

Noah sente a mudança em mim imediatamente. Como não


poderia? Eu estou enrolada em torno dele, nossa pele pressionada.

Ele levanta um pouco de cima de mim, seus olhos perturbados.

Eu não sou a única que acabei de perceber o puro horror e a


depravação do que fomos forçados a fazer.

A droga ainda é uma forte presença no meu sistema, mas a


adrenalina do meu orgasmo parece ter queimado um pouco do efeito.

—Eu sinto muito, baby. — Noah sussurra, tirando lentamente o


pau dele de dentro de mim.

Sem a pressa da excitação, a dor de perder a virgindade da minha


bunda ruge a vida. Eu gemo com cada centímetro que ele desliza para
fora, e o olhar no seu rosto quebra o meu coração.

—Eu sinto muito. — Ele repete sob sua respiração.

Com lágrimas em meus olhos eu aceno, silenciosamente


transmitindo que não é culpa dele. Somos dois peões. Fantoches para o
prazer perverso de pessoas ricas e doentes que pagam para nos assistir.

E não tenho dúvidas sobre isso. Eles são ricos. Tem que ser para
contribuir com uma operação de grande escala como esta.

Especialmente quem parece estar liderando isso.

Mais bile sobe em minha garganta. Querido Deus, algumas dessas


pessoas com máscaras são clientes nossos?

Eu começo a tremer de novo.


Noah exala bruscamente, deslizando completamente para fora de
mim. Ele começa a se aproximar de mim, então parece pensar melhor
nisso. Com uma expressão tensa, ele exala mais uma vez antes de
falar. —Posso, por favor, dar um abraço nela? Ela está com dor.

Eu suspiro com seu pedido para nossa captora.

Ele faz o seu melhor para manter seu tom calmo, mas eu posso ver
como esse pedido é difícil para ele. O quanto ele odeia o que tem que
fazer. Que ele tem que se curvar para aquela vadia.

—Foi um pedido que acabei de ouvir de você, Noah? Um apelo


não sarcástico?

Eu vejo seu pomo de adão se mover quando ele engole.

—Sim. Foi. Por favor, posso abraçá-la?

O público aplaude.

Um sinal de aprovação.

—Ah. Como é doce. Você já conseguiu puxar as cordas do


coração do público.

Cordas do coração? Como se aqueles cruéis e insensíveis


bastardos tivessem corações. Se tivessem, não seriam parte disso.

—Vá em frente. Você pode abraçar seu brinquedo patético.

—Obrigado. — Ele responde, mantendo seu tom calmo. Ele abre


os braços para mim.
Apesar da dor que começa a irradiar por toda a parte inferior das
minhas costas e bunda, levanto o mais rápido que posso e me jogo nos
braços dele. Eu preciso aproveitar esta chance. Não sei quando eu vou
ter outra.

Ele precisa saber o que eu percebi.

Seus braços apertam em torno de mim. Ele está tremendo. Está


tentando esconder isso, mas posso sentir os ligeiros tremores
balançando seu corpo tenso.

À medida que as lágrimas escorrem em meus olhos, pressiono meu


rosto no pescoço dele.

—Me desculpe. Você não entende amor, eu sinto muito.

Colocando meus lábios contra o pescoço dele, eu me apresso em


sussurrar o que eu estava morrendo de vontade de contar a ele.

A verdade de como chegamos aqui.

Exatamente quem está por trás da decisão de nos sequestrar e nos


torturar.

A única pessoa que sempre me odiou, mesmo que eu nunca tenha


lhe dado uma razão real para isso.

A puta que sempre quis me ver arruinada.

—Noah, eu sei quem ela é. Eu sei quem sequestrou a gente.

Ele quase não consegue esconder sua reação a tempo. A forma


como cada músculo salta com a minha confissão.
Antes que ele possa se afastar ou nós sermos forçados a nos
separar, eu murmuro na pele dele. —É ela... é Valerie.

Continua

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