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Minha visão está borrada, como se observasse tudo por atrás de um vidro esfumaçado.
Meu coração está batendo tão rápido que não posso ouvir nada além dele, tudo é tão
estranho e confuso, olho minhas mãos na esperança de enxergar melhor, mas elas estão
sujas e escuras, minhas roupas geladas grudam em mim como se estivessem molhadas,
mas o mais curioso é que ao tocar vejo que elas realmente estão.. .
O que diabos aconteceu? Estou sonhando?
Não me lembro de dormir, não me lembro de nada. Onde eu estava?
Minha visão enfim melhora, estou na casa da minha mãe, mas o que eu vim fazer aqui
mesmo? Dou um passo a frente e tropeço em algo aos meus pés, então tudo me atinge
como um furacão de sangue, gritos e brutalidade. Ah, eu me lembro agora.
Ali aos meus pés esta o desprezível e irresistível Tyler O'Connel. Porém o status de
irresistível, talvez seja revogado pelo atual estado de seu rosto. Algumas pessoas julgariam
seu aspecto repugnante, porém para mim, ele nunca pareceu tão perfeito quanto agora.
Me afasto de seu cadáver e procuro pelo real motivo da minha visita; mesmo com as luzes
apagadas noto que estou deixando manchas escuras no lindo e caro carpete, e eu não
poderia me importar menos.
Vasculho todos os quartos, mas não encontro nada além de joias espalhafatosas, e talões
de cheque em branco. Tenho vontade de jogar tudo pela janela, fui ingênua em achar que
eles manteriam algum dinheiro a vista, ninguém seria tão burro assim, o que eu estava
pensando?!
Tudo me parecia uma boa ideia algumas horas atrás, mas agora vejo o quão ridículo foi,
nunca se deve tomar decisões enquanto se está chapada, isso sempre leva ao desastre, e
ao julgar pelo amado Tyler lá na sala, isso se tornou um desastre gigantesco.
Estou a ponto de desistir, e chorar até que a polícia chegue, quando vejo duas bolsas
enormes de viagem em frente a porta de entrada. Como não notei isso antes?
Não consigo conter a curiosidade e corro para abri-lás, e assim que eu vejo caio em um
interminável ataque de risos. Rio tanto que caio sentada segurando meu estômago. Só uma
pessoa burra e convencida manteria tanto dinheiro em casa.
Seco as lágrimas que rolam pelo meu rosto e me levanto. Tyler O'Connel era as duas
coisas.
Capítulo 1 - Disfarces
Se meu pai me visse agora ele não me reconheceria, eu mesma não me reconheço,
enquanto me olho no minúsculo e manchado espelho desse banheiro imundo.
Tento descontrair meu rosto tenso pela milésima vez, e como das outras vezes, não
funciona, então em vez da caloura morena e sorridente, pareço uma morena robótica e
ameaçadora. Tanto faz.
Tem coisas que não se pode fingir, e meu humor é uma delas.
A irritante música country tocando não ajuda em nada. Jogo o resto das embalagens de
tintura preta no lixo e saio para o desprezível bar no meio do nada em que fui despejada a
duas horas atrás. Não me leve a mal, normalmente eu não me importaria em estar em um
lugar como esses, por mais nojento que fosse, contanto que tivesse álcool. Mas ficar presa,
nesse calor infernal, enquanto o motorista do ônibus tenta bancar o mecânico não me
agrada, sem falar na minha atual situação.
Olho instintivamente sobre o ombro, não vejo ninguém atrás de mim, mas mesmo assim
não relaxo. Chame de paranóia, mas não vou respirar tranquila enquanto não estiver
trancada dentro do meu quarto, no dormitório Augustin.
Não sei o quão longe ainda estou da faculdade, meu celular morreu há horas atrás, e de
todas as coisas que deixei para trás, ter esquecido o carregador é a única de eu me
arrependo, e não, eu não me atrevo a ser simpática com ninguém para pedir um, isso vai
além das minhas habilidades.
Sento num banquinho e peço um sanduíche para a senhora simpática demais do balcão
que me dá um sorriso reluzente, e isso me faz me perguntar o que uma pessoa como ela
faz em um buraco como esse.
Estou na metade do sanduíche gordurento quando ouço as porta se abrirem e um falatório
caipira chegar, e não leva 10 minutos até eles sentarem ao meu lado. Ótimo.
— Ei belezinha, você não é daqui. — O Einstein à minha direita se aproxima mais do que o
aceitável, porém eu não me movo nem respondo.
— Você não é surda, é? O Donnie falou com você!
O Caipira número 2 tem aquela tom exigente de quem é acostumado a conseguir tudo, do
tipo que eu não gosto nada.
Puxo uma nota de 100 e deixo no balcão nem me importanto se o valor é alto demais para
uma gorjeta, e saio dali antes que minha paciência acabe. Porém segundos depois de
passar pelas portas uma mão de aço segura meu braço. Foda-se a paciência.
— Você tem 2 segundos para tirar essas mãos de mim, antes que se arrependa muito.
Mantenho minha voz o mais suave que posso. Não quero que isso termine em desastre,
isso não pode terminar em desastre. Porém esse cara, e aquela voz na minha cabeça,
estão pedindo pelo caos.
— E você vai fazer o que princesa? Me bater com essa sua bolsinha?
O babaca é o mesmo da voz exigente de lá de dentro; presto atenção em seu rosto dessa
vez.
Ele até que é bonito, se você gosta de loiros caipiras que passam tempo demais arrumando
o cabelo.
Tento encontrar uma resposta sarcástica no meu arsenal, mas estou cansada demais para
isso, então apenas puxo meu braço fora de seu aperto e dessa vez ele me solta. Viro e me
afasto, mas não antes de sentir o tapa na minha bunda.
E é assim que meu disfarce de boa moça evapora. Sinto a raiva subindo pelo meu corpo e
se concentrando em meus braços, me viro e vejo o babaca e seus amigos rindo como
hienas, e antes de ouvir qualquer palavra brilhante que ele possa dar, o golpeio com a mão
aberta usando toda força que tenho. Ouço o barulho do osso de seu nariz quebrando,
então seus gritos.
Sim, seu rosto fica bem melhor assim.
Capítulo 2 - Atração
Essa foi minha deixa, me apressei e saí antes de causar mais confusão. Minhas mãos
tremiam e para piorar o ônibus ainda jazia inútil quando me aproximei, o gordo motorista
suava como um porco enquanto mexia no motor.
— Vai demorar muito?
— Desculpe querida, isso vai além de minhas habilidades, teremos que esperar aqui até o
reboque chegar, então você pode pegar uma carona até a cidade.
— E quando ele vai chegar?
— Eu já liguei, mas acho que ele vai demorar. Sabe como é, esta vindo da cidade vizinha.
Devo ter feito uma cara terrível, porque ele se encolheu e disse que sentia muito, mas eu já
estava me afastando.
Merda de lugar.
Merda de pessoas.
Merda de ônibus.
Por que, de todos os lugares, eu tinha que escolher o mais desprezível?
Sim, eu sabia o porquê, mas nada me impediu de sair usando todos os palavrões que
conhecia e amaldiçoar minha sorte.
Ando o máximo que posso pelo estacionamento, mas obviamente não acabo indo muito
longe, pois mal me sento na guia, quando ouço alguém se aproximando.
— Sinceramente não sou uma boa companhia agora, então nos poupe e caia fora"
— Quem disse que eu quero uma boa companhia? Que graça tem isso?"
A voz rouca e sarcástica arrepia todo meu corpo. Era como se as palavras tivessem sido
sussurradas em meu ouvido. Minha cabeça se move como um imã, mas minha mente vai
assimilando aos poucos, primeiro as botas de couro esfarrapadas, as calças pretas justas
em coxas fortes, então a camisa do Led Zepellin que aparentava ser mais velha que eu, e
por fim o rosto; minha mente fica em branco. Esse cara é sem dúvida o mais bonito que já
vi, e as tatuagens, muitas tatuagens, automaticamente o catálogo como perigoso.
— Você foi incrível lá trás, aposto que ele nunca mais vai esquecer.
— Não notei que tinha plateia.
— Ah, apenas um espectador ocasional, não se preocupe. Só parei para admirar o show.
— Que bom que gostou, obrigada por ajudar.
— Você não precisa de ajuda.
Essa última frase saiu mordaz, como um xingamento. Curioso, ele me olhava com tanta
intensidade que foi difícil não me contorcer. Que Merda esta acontecendo comigo?
— Seu ônibus esta preso aqui… — Ele para olha o relógio e completa. — Há umas 3 horas.
— Nossa Sherlock, eu poderia notar isso sozinha.
— Sabia que você é muito arrogante para alguém que vai ficar encalhada aqui a noite toda?
— A NOITE TODA?
Acho que essa frase saiu como um grito. Foda-se, eu não ia ficar aqui a noite toda. Eu
estava no meu limite, sem falar que meu primeiro dia de aula era amanhã; eu não podia
perder, não se não quisesse levantar suspeitas do reitor
— Sim, acabei de falar com o Charles ali, seu motorista. O reboque só vai poder vir
amanhã, então você está presa aqui, a não ser que...
Ele para a frase, deixando o significado no ar. Talvez ele ache que sou ingênua ou burra
demais para presumir o que ele está sugerindo.
— Você vai ser meu cavaleiro de armadura brilhante? Ou só está aqui para zombar de
mim?
— Nem uma coisa nem outra, senhora espertinha. Se quiser um cavaleiro vai precisar ir se
desculpar com nosso amigo lá no bar, acho que você quebrou o nariz dele.
— Se aquilo é o cavaleiro, me assusta imaginar o que você pode ser.
— Não notou ainda? — Ele me estende a mão. — Sou o vilão que seduz a princesa e a
envenena.
Eu poderia rir com essa frase. A antiga Anna talvez achasse engraçado o fato dele brincar
tão livremente sobre conto de fadas, mas talvez seja a tensão no ar, ou o brilho malicioso
em seus olhos negros que não me permitiu dar um sorriso.
Pego sua mão e o deixo me levantar; nossas mãos se encaixam perfeitamente, seu cheiro
me envolve e suspiro. Ouço sua risada rouca.
Merda, algo me diz que ele não esta brincando com lance de vilão.
Capítulo 3 - Clichês
Sigo o cara até um lindo e negro Chevrolet Impala 67. Como não notei ele antes era um
mistério para mim. Não contive o riso de escárnio, esse não podia ser o carro dele. Ele deve
ter percebido, porque para e me encara e posso sentir seus olhos em mim, mesmo sem tirar
os olhos do carro.
— O que?
— Esse não pode ser seu carro.
— Por que não pode ser? É um carro incrível, clássico.
— Sim, eu sei que é, mas isso te torna o maior clichê à la James Dean que já vi.
Ele ri e seu sorriso quase me deixa sem ar. Arrasto minha mala e sento ao seu lado no
carro, antes de começar a babar como uma idiota.
Tudo cheirava a colônia e a algo que não faço ideia, algo exótico, pimenta talvez?
Posso jurar que tenho vontade de me esfregar nos bancos de couro como um gato. Ótimo,
estou definitivamente louca, é deprimente.
— Qual é o problema dos clichês?
— Nenhum, eu gosto deles, são fáceis de lidar, não são complicados, já que não são
novidade.
— Você acabou de me chamar de superficial e comum? Meu ego está ferido.
— Cara, eu te conheço a 5 minutos e já sei que nem um meteoro pode ferir seu ego.
Ele sorri, um canto de seus lábios se levanta revelando uma covinha, olha lá o clichê de
novo.
O carro sai do estacionamento infernal e seguimos pela estrada, minutos de silêncio
confortável passam, quando noto algo e quase grito.
— Eu não te disse para onde estou indo!!
— Não, você não disse e não me importo.
— Como não?
Ele deve ter sentido medo em minha voz, porque tira os olhos da estrada e me olha, porém
não sorri.
— Calma, eu posso te levar para qualquer lugar, tenho o dia livre.
— Livre para andar com uma estranha pelo país?
— Se ela me pedir com jeitinho.
O sorriso volta, e solto o ar que não notei que prendia.
— Preciso ir para a Universidade Lake State, sou caloura de lá esse ano, conhece ?
— Já ouvi falar, você não é menor né?
— Isso importa?
— Sinceramente não, mas está no manual perguntar.
— Você não tem cara de quem segue o manual. E não, eu não sou menor, tenho 24, tive
que adiar a faculdade por alguns anos.
— Procurando se encontrar?
— Tipo isso.
Seus olhos negros iam e vinham para mim por diversas vezes, e por mais estranho que a
situação fosse, eu não estava desconfortável. Acho que pela primeira vez na vida eu estava
podendo respirar tranquilamente, e eu nem sabia o nome do cara, eu era mesmo
problemática.
— Pelo que notei, estou no seu carro a uma meia hora e ainda não sei seu nome?
" - Curioso isso não é? Aposto que sua mãe sempre te disse para não entra no carro de
estranhos"
" - Não, pelo contrário, ela sempre me incentivou a isso, talvez esperasse que eu nunca
voltasse"
A verdade saiu tão fácil, que me assustei. Me bato mentalmente, não posso sair por aí
falando sobre meu passado, mesmo que nunca mais visse esse cara. Solto uma risada
tensa e tento descontrair
Ele me olha por alguns segundos, sem expressão alguma, o que faz seu rosto ficar ainda
mais sombrio, mas um segundo depois o sorriso volta. Curioso, talvez ele seja mais
estranho que eu.
Essa pergunta era complicada, que eu mesma me fazia algumas vezes, olhei o interminável
corredor de árvores, e deixo a verdade escapar aos poucos..
"- Uma vez, alguém importante disse que esse era um lugar lindo e tranquilo, que era um
lugar perfeito para recomeçar"
Ele ficou em silêncio, não me incomodei em olha-lo, logo paramos em frente do enorme
portão, a placa de mármore com o nome da faculdade reluzia ao sol da tarde, tínhamos
chegado
Eu fiquei parada, não conseguia sair, algo me prendia naquele carro, posso apostar que ele
notou
" - Ainda não decidi o que eu quero, então vou cursar duas matérias, psicologia e cálculo'
"- UOU graduação dupla? Isso é possível? Sem falar que são dois extremos, parece que
existe um conflito de personalidades aí dentro"
Foi minha vez de sorrir, ele não podia estar mais certo, enfim me descongelo e abro a porta,
mas ainda não saio
" - Já ouviu aquela história que diz que dentro de nós existem dois lobos, e aquele que nos
domina é sempre o que decidimos alimentar?"
" Acho que você nunca vai saber bad boy "
Pego minha mala e saio do carro antes de cometer um erro, meu peito dói, como se
soubesse que o erro talvez seria não permanecer naquele carro, mas isso era eu que nunca
ia saber.
*Capítulo 4*
*Peter*
Porém o cheiro dela está no meu carro, como se ela o tivesse marcado como seu, mesmo
inconscientemente.
Curioso eu toco o banco do passageiro, ela estava tão perto, tão perto, mas eu não fiz
nada, ainda não sei bem o porque .
Algo nela era diferente, pude notar mesmo de longe, enquanto ela se movia, era como se
ela estivesse sempre alerta, super consciente de tudo a sua volta, mas ela não me notou,
não até que eu falei.
E quando me olhou, Porra.
Se eu possuísse um coração, ele sem dúvida pararia.
Olhos azuis, dos tons mais claros que existem, eles faiscavam a medida que ela me
encarava.
Havia fogo ali, sim, havia fome.
Sorri ao lembrar de como foi belo observar aquelas barreiras que ela mantinha ao redor de
si mesma, caindo pedaço por pedaço enquanto me olhava.
Fácil demais? Não, tinha algo mais ali, algo dentro de mim se agitou, de alguma forma, o
jeito que ela falava, deixando pedaços de mistérios no ar, mexeu com algo que eu achei
que estava adormecido e esquecido dentro de mim.
Minha casa está uma zona quando entro, Gabriel e Marcus estão jogados no meu sofá,
entretidos demais no game, para notar minha chegada, ou para notar a garrafa de cerveja
derramando no tapete, fodidos idiotas.
" - Acho melhor vocês darem um jeito nisso antes de eu sair do chuveiro"
"- Vocês tem noção de quanto tempo levou para arrumar essa casa, para vocês
simplesmente a destruírem? "
"- Aonde você estava? " - Ele quebra o silêncio, porém ainda não me olha, ele sempre foi
assim, mas de uns anos para cá, isso está me cansando
"- Sério P, quem era a garota dessa vez? PELO AMOR DE DEUS, não me diz que era
minha irmã de novo ??"
A mensão a irmã do Gabriel, me dá náusea, vadia pegajosa, tomo outro gole da cerveja
gelada antes de responder
" - Relaxa Gabe, quero distância daquela piranha maluca. A garota era outra, uma caloura,
precisou de carona, e eu fui um cavalheiro"
O olhar de choque no rosto do Gabe merecia um quadro, era hilário, mas fazer o que, eu fui
um bom garoto hoje, acontecia uma vez em um Milhão.
" - Não me fode Cara, o mais próximo de cavalheirismo que você consegue chegar, é tirar a
virgindade de uma mina quando ela pede.. "
"- Estou falando sério, ela era sei lá, diferente. Fiquei curioso, ofereci uma carona até o
campus, só isso "
" - Vc vai me dizer que não fez ..PORRA MARCUS SEU FILHO DA PUTA !"
Gabriel grita esquecendo a conversa, e joga o controle pela sala, que se estilhaça em
milhões de pedaços quando atinge a parede, Ótimo,outra coisa para comprar.
"- Me deve 2mil Gabriel" - Marcus se encosta no sofá, e acende um baseado, a expressão
inalterada
" - Devo uma porra, Peter me distraiu, aposto 5 mil, que te venço em 3 minutos no mata
mata"
Eles voltam a atenção para o jogo, e eu saio para meu quarto, eles vão ficar nessa por
horas, e estou exausto demais para ouvi-los.
Observo meu reflexo no espelho do banheiro, e minha mente me leva novamente até a bela
morena de olhos gelados e selvagens.
Algo dentro de mim se agita.
Preciso ver ela de novo.
Preciso saber se estou certo.
*Capítulo 5*
*Pesadelos*
_Estou andando no corredor da mansão, está escuro, meus pés descalços não fazem som
algum no carpete, minha mãe odeia que eu o suje com meus sapatos._
_Os barulhos pararam, fico em dúvida se realmente os ouvi, mas então eles voltam._
_Eu devia estar dormindo, tenho prova de matemática amanha, só que estou curiosa
demais para dormir._
_Talvez seja o Tyler, não o vejo o dias, estou com saudades, talvez ele tenha trago algum
presente como das últimas vezes._
_As meninas iram surtar, quando eu mostrar para elas amanhã._
_Me aproximo das portas duplas e espio pela fresta, sim, definitivamente é o Tyler, e ele
não está sozinho, vejo duas cabeças no sofá ao seu lado, e na TV passa um filme adulto,
me afasto, melhor voltar para o quarto, as portas se abrem e eu grito de susto_
_- Ty, eu só queria saber se era você, já vou voltar para meu quarto._
_Me viro, mas ele me segura, meu coração está acelerado, meu corpo treme, não sei
porque estou com medo, nunca senti nada assim_
_-Calma Anna, vem ficar com a gente um pouco_
_Eu sei que não devo entrar, papai sempre me dizia para não ficar sozinha com garotos,
mas é o Ty, ele é meu irmão, papai não ia se importar, sua voz doce sempre me
convence_.
_Eu entro, escuto as portas se fecharem e seus amigos me olharem, eu fico desconfortável,
ninguém nunca me olhou assim, eu não gosto._
_Sorrio nervosa, eles estão bebendo, pessoas ficam estranhas quando bebem, eu devia
voltar, meu receio vence, e eu praticamente corro para fora, mas não chego ao corredor
porque estou no chão, por que estou no chão? Minha cabeça dói muito, algo bateu em
mim?_
Acordo gritando, como sempre, estou no meio do quarto, minha mão queima, solto o
canivete, e observo o sangue fluir limpo e escuro. Meu estômago revira, e mal chego até a
lixeira antes de despejar todo meu jantar.
Fico ali tremendo até a sensação de mãos saírem de meu corpo, até conseguir respirar
novamente.
É sempre a mesma coisa, sempre esse loop, sempre voltando àquela noite, achei que
mudaria, ele se foi, eu devia estar livre não é?
Encosto o rosto no chão frio, e adormeço, parece que sua alma podre, não foi a única coisa
que Tyler levou junto com ele para o inferno.
*Capítulo 6*
Eu pulo tão alto, que acabo tropeçando nas pernas e caindo de novo, que merda é essa?!
Um projeto de patricinha está gritando para mim, ela fala tão rápido e alto que meus
tímpanos quase estouram.
Olho o relógio na cabeceira da cama, são 7 horas, o que uma pessoa precisa fazer para
dormir nessa cidade? Se não bastassem meus pesadelos, agora existe a Barbie. O que nos
leva a grande questão, que merda ela faz no meu quarto?
"- Eu que devia te perguntar isso, afinal foi você que entrou no meu quarto berrando "
Minha voz soa rouca e fraca, talvez dormir no chão não tenha sido uma boa ideia
" - Quem tem que responder isso é você criatura, esse é meu quarto, você que está
invadindo com esses trapos"
Olho para minhas roupas, que são as mesmas que viajei, lembro que depois que peguei
minhas chaves na recepção, apenas corri para cá, comi um pacote de biscoitos que tinha
na bolsa, e desmaiei na confortável cama de solteiro, sem nem me dar conta que já haviam
objetos espalhados pelo quarto, mas veja, pelo menos eu tirei os sapatos.
" Olha, eu não estou invadindo nada, passei na recepção e eles me deram as chaves,
cheguei aqui e entrei, até onde sei o quarto é meu Ok?! Podem ter se confundido"
"- ISSO É UM ABSURDO! É CLARO que foi um engano. Só pode ser um engano, alguém
como eu não pode.."
"- Vamos Andrea, sabe como sua mãe e o Gabe odeiam esperar "
A voz soou impaciente, por fim o poodle ouviu, e saiu batendo a porta.
Me afundo na cama e olho para a enorme janela, o sol da manhã entra tímido mas
determinado, os passarinhos cantavam, tudo isso fazia parecer mais um quarto de hotel, do
que um dormitório de faculdade, mas mesmo assim, tudo que eu quero é me enfiar de baixo
dos cobertores e morrer.
É oficialmente meu primeiro dia de aula, meu primeiro dia na nova vida.
Eu já sou Anna Jane Marshall a algumas semanas, mas pela primeira vez, sinto que o
verdadeiro teste começa.
Conseguir todos os documentos falsos foi fácil, entrar no primeiro ônibus para fora da
Califórnia também.
Sabe, eu não tinha nada lá, então virar as costas não foi um problema, mas agora, quando
minha segunda vida vai realmente começar, eu sinto o peso de tudo que aconteceu. Talvez
seja apenas falta de sono, mas não me sinto pronta para isso.
Respiro fundo umas 10 vezes, não existe espaço para medo nessa vida.
Anna Marie Hopkins morreu na sala daquela mansão aos 10 anos.
Anna Jane Marshall está pronta para respirar de verdade pela primeira vez.
Mas antes, banho e procurar um orientador. Ebaa.
*Capítulo 7*
*Mar Caribenho*
Uma hora mais tarde depois de quase me perder no enorme e verde campus, entro no
escritório da reitora, e atrás de uma grande e aparentemente cara mesa de mogno escuro,
uma idosa sorri alegremente para mim, o gesto me faz querer vomitar todo meu café sobre
a bela mesa, essa animação matinal de algumas pessoas me dava náuseas.
" - Bom dia, eu realmente não tive tempo para arrumar nada, sabe como é, viagem longa."
" - Claro querida, a Senhora Willians está terminando de conversar com um aluno, já vai te
atender, se quiser pode esperar na poltrona em frente a sala dela"
Ela me indica o corredor a esquerda e eu sigo, parando em frente às enormes portas, esse
povo deve ter paixão por mogno. Mal me sento antes de escutar o primeiro grito
" - Você só pode estar de brincadeira comigo? ... Sério, reitora?! Não podia ter dado a ela
outro quarto? .... Ela vai me enlouquecer! .... Vocês receberam os valores desse semestre..
Não, eu não quero.... Isso Já é demais, eu não vou ser babá de nenhum calouro, muito
menos um nerd de cálculo. Escolha outro, eu não vou.."
A porta se abre e eu rapidamente olho para o chão, fingindo que não estava ouvindo a
conversa, uma voz doce, porém firme corta o falatório do aluno
" - Senhor Evans, está universalidade é imensamente grata por toda a contribuição de sua
família, porém vocês não são donos desta instituição, ainda não. Portanto seria sábio seguir
minhas orientações, para evitar conflitos futuros com o conselho. E se por acaso a senhorita
Evans tiver algum problema com o quarto designado, ela terá que entrar com uma queixa
formal.
" - Ótimo"
" - Ótimo, fico feliz que tenhamos nos entendido" - sua voz suaviza ainda mais - " por sorte,
a senhorita Marshall está aqui, assim você já pode conhece-lá antes de apresentar o
campus "
Oh MERDA, era de mim que eles falavam, engolo o caroço em minha garganta, tento
pensar em algo para dizer, porém a dona da voz sai pelas portas duplas, e sorri para mim
"- Ssim, bom dia, desculpe atrapalhar, posso voltar outra hora"
Tentei sorrir, mas aposto que acabei com uma careta tensa, se ela notou, não se importou
"- Não, bobagem, você apareceu na hora certa, tenho um orientador para você! Senhor
Evans?"
Ela soava como um poço de educação, porém eu senti a ordem no ar, essa mulher podia
ser bonita, mas controlava a universidade com pulso.
" Senhor Evans, não seja rude, como veterano é seu dever ajudar os calouros. ."
"- Claro, a Senhora tem TODA a razão, me perdoe, não sei o que deu em mim hoje de
manhã, deve ter sido o café"
Ele se inclina para mim estendendo a mão, eu ofereço a minha para um aperto, mas ele
leva minha mão aos lábios, e como um típico galã de um romance de época, a beija, sem
nunca desviar aqueles olhos da cor do mar caribenho dos meus.
Ouço suspiros femininos, não foram meus, mas poderiam, ele parece prolongar os
segundos, então se afasta lentamente, um sorriso matador aparece em seus lábios grossos.
Merda, esse cara é bom.
É tudo que consigo dizer, maldita manhã estranha, já me sinto outra pessoa.
A reitora tosse, nos lembrando que estávamos no meio de um escritório, cercados de
pessoas.
" - Ótimo, agora que tudo se resolveu, irei voltar para meus afazeres.
Senhorita Marshall, foi um prazer. Espero que a senhorita trilhe um caminho brilhante nessa
instituição, qualquer dúvida ou problema, você pode procurar a mim, ou ao senhor Evans."
Logo que termina ela nos deixa, e volta para seu escritório, e não tenho nem tempo para
respirar antes do senhor Evans me arrastar em direção ao ensolarado campus.
*Capítulo 8*
*Sorrisos e Aparências*
Parei e fiquei olhando para ele em choque, como ele sabia disso? ?
"- Sabe, cidade pequena e essas merdas" - Ele sorri, mas meu peito está gelado, não
pensei que isso ia chegar até aqui, a ideia era ser Anna Marshall, a invisível.
" -Hey, calma, logo eles vão esquecer e encontrar outra fofoca para fazer. Mas se me
permite, eu acho super quente, uma garota dando uma surra em um cara "
"- Eu não dei surra em ninguém, só quebrei o nariz dele, se ele mantivesse as mãos para si
mesmo, nada disso teria acontecido."
Saio andando na frente, merda de homens, sempre me causando problemas, até quando
isso vai durar?
Ele me alcança e dando pulinhos à minha frente, o sol reflete em seus cabelos, mechas
douradas indo em todas as direções, ele parece um anjinho de merda, isso se você ignorar
as tatuagens de chamas cobrindo seus braços, o sorriso malicioso e o olhar penetrante
" - Na maioria das vezes, especificamente 99% das vezes, é uma merda." Ele para de andar
com um olhar estranho no rosto
"- Nada"- Ele fica em silêncio como se decidisse, então um sorriso enorme e malicioso se
abre
- "O 1%, é a parte boa, a parte que me dá acesso livre às festas de pijama, cheias de
adolescentes de shortinho."
Andamos por todo o campus, ele me mostra salas, o refeitório, as enormes quadras de
esporte, o anfiteatro, Gabriel fala o tempo todo, porém não puxa nenhum assunto pessoal,
noto olhares por onde passamos, tento ignora-los, até que fica impossível.
"- Sério que você não está notando? A cada 10 pessoas, 15 param para nos olhar"
Ele para e observa ao nosso redor, algumas garotas acenam e dão sorrisinhos, que ele
responde com um sorriso enorme e radiante, pelo jeito o cara adora a atenção.
" - Claro que eu noto, só ignoro a maioria do tempo, você devia fazer o mesmo. Mas eles só
estão curiosos, minha irmã falou de você a manhã inteira no refeitório, sem falar que eu
geralmente não gasto meu tempo com calouros"
"- Como ela falou tanto de mim se nos vimos, por sei lá, 5 minutos?"
" - Nunca subestime o dom da Andrea de espalhar veneno quando não consegue o que
quer, mas relaxa, eu te protejo"
"- Não preciso de proteção senhor popular, eu posso me virar muito bem sozinha"
Acho que saiu mais duro do que eu queria. Talvez eu precise mesmo pular o primeiro dia, e
voltar para cama.
" - Olha desculpe, não tive uma noite e nem uma manhã muito boa, sem falar que não estou
acostumada a falar com pessoas legais"
"- Quem disse que eu sou legal?" - ele parece confuso - " Eu não sou legal, legal é um saco,
é tedioso, não me insulte mulher, eu sou o Demônio!"
Ele bate no peito como se estivesse realmente ofendido, eu caio na gargalhada, a milésima
dessa manhã, continuamos nosso tour até minha primeira aula, que é justo a mesma que a
dele.
Gabriel é engraçado e sorridente, mesmo se não fosse lindo de morrer, noto como seria
fácil gostar dele, conheço o cara a no máximo uma hora, e já gosto.
Merda, gostar de alguém não estava nos planos, mas observando aqueles olhos da cor do
mar do caribe e aquele sorriso luminoso, vejo que com ele, isso parece ser inevitável.
*Capítulo 9*
*Surprise, Surprise*
Depois de um dia exaustivo correndo por todo o campus para chegar a tempo de todas as
aulas, eu já estava querendo mudar de ideia sobre graduação dupla. As salas não eram
muito cheias de alunos, mas ninguém se aproximou para puxar assunto, ótimo, fazer
amigos também não estava nos meus planos.
Porém, parece que acabei fazendo um mesmo assim, Gabriel me seguiu praticamente o dia
todo, acho que ele está levando essa história de orientador a sério demais.
Saio da sala da minha última aula do dia, e encontro ele encostado na parede oposta do
corredor
"- Hey Gabriel você não tem mais o que fazer não?"
Quero retrucar, mas meu estômago ronca, não comi nada o dia todo, parece que quando se
faz duas matérias, não sobra tempo para comer. Desisto e o sigo pelo gramado, por termos
passado o dia andando juntos, seria de se esperar que os olhares e cochichos parassem,
certo? Errado, aparentemente na pequena e rica, cidade de Lake, o único hobbie é fofocar
sobre a caloura que está andando pela universidade, com a versão melhorada do Brad Pitt.
_Patético_
Graças a um milagre (Chamado Gabe), encontremos uma mesa livre na multidão de jovens
famintos e amontoados na única lanchonete do campus.
E julgando pelo sorriso malicioso da garçonete, Gabe já deve ter se aventurado naquelas
águas. _Cafajeste_
Mas quem sou eu para julgar, nunca fui nenhuma puritana.
" - Ah, as aulas são bem puxadas para um primeiro dia, mas eu já esperava, universidade
seletiva e tal. O campus é legal, meu quarto também é, porém provavelmente, sua irmã
deve ter jogado minhas coisas na privada"
"- Minha irmã não chega perto de uma privada mais no que o necessário, e ela é do tipo
que manda os outros no lugar dela, odeia sujar as mãos a vadiazinha"
Pergunta complicada, não sei o que contar, por fim acabo optando pela verdade
"- Não, sou filha única. Porém já tive milhares de meios irmãos, sabe como é, mãe vadia
que causou mais dor de cabeça do que pude suportar."
"- Preciso?"
"- Sim, você é toda contida parece que nunca se divertiu na vida, posso resolver isso"
"- Gabe você me conhece a um dia, não é presunção sua achar que sabe algo sobre mim? "
"- Nah, eu sei muito sobre você. Você é Anna, a nerd louca que resolveu vir para uma das
faculdades mais caras e escondidas do país. Você faz duas materias totalmente opostas, o
que significa que você é indecisa." - Ele bate o dedo nos lábios olhando para o céu como se
pensasse.
"- Você deu uma surra no babaca da cidade, o que não faz o mínimo sentido para uma
garota nerd, o que nos leva ao detalhe final." - Ele me encara, os olhos claros cintilando.
"- Ou você é realmente bipolar, ou toda essa de menina nerd contida, é uma fachada para
esconder alguma coisa. Existe uma Anna selvagem aí embaixo não é? Estou certo, não
estou?"
Estamos em frente ao meu dormitório agora, fico muda e congelada olhando o discurso
dele, eu sou tão óbvia assim? Estou sendo tão falsa, que até um estranho notou?
Não consigo ser nada além da velha Anna?
Estou tão chocada com suas observações, que não noto que tem um carro parado próximo
de nós, não noto até que alguém fala
*Capítulo 10*
*Dia e Noite*
No segundo seguinte sinto o braço do Gabe cercar meus ombros, cada músculo do meu
corpo endurece.
Minha mente grita em protesto, aposto que ele pode sentir minha tensão, mas ignora e me
puxa ainda mais perto
" - Estou vendo, mas acho que você está perdendo o jeito, ela parece mais tensa que a cara
da sua mãe, depois da terceira plástica"
Eles riem da piada interna, o que me da chance de empurrar, e sair debaixo do braço do
Gabe.
Respiro aliviada assim que estou livre. A patricinha sai do carro, batendo a porta tão forte
que eu me encolho, MALDITA, coitado do carro.
Como se lesse minha mente, Peter grune, e em segundos ele sai, contorna o carro, e pega
Andrea pelo braço
"- Você esta louca PORRA ?! Esse carro vale mais que sua vida! "
Olho para Gabe, sua expressão não demonstra nada além da típica diversão. Ele não
parece se importar que Peter esteja segurando o braço da sua irmã com tanta força, que
seus dedos ficam brancos. Curioso.
Peter sussura algo no ouvido dela, meu estômago torce. Ciúmes Anna? Não seja ridícula.
Porém a sensação se vai um segundo depois, só de olhar a cara da patricinha. Vejo toda a
cor deixar seu rosto aos poucos, seja o que for que ele está dizendo, não é bom.
Ele olha para mim, então solta seu braço. Ela tropeça em seus saltos, tento não rir, ou
colocar o pé quando ela passa por mim.
Só que aparentemente, não sou boa em esconder nada, a vadia também não, porque assim
que ouve minha risada, para e olha pra mim.
O ódio que ela me lança parece ser tão grande, que quase sinto algo real tocar em mim.
Sabe, é revigorante, estou na cidade a dois dias, e ja encontrei uma inimiga, mas isso não
me surpreende, garotas como ela sempre caíram de amores por mim.
" - Acho melhor você ir logo tomar um banho maninha" - Gabe finge farejar o ar "- você fede
a sexo e medo"
Observo ela endurecer, mas não diz nada e sobe as escadas. Talvez ela não seja tão burra
como aparenta.
Ao nosso redor várias pessoas observam o show. Pelo jeito, Gabe não é a única
celebridade desse lugar.
Me viro novamente para eles, que estão ambos encostados no carro me olhando.
A vida pode ser injusta quando quer. Tanta perfeição não podia vir em par.
Lado a lado, posso notar tanto suas semelhanças, quanto as óbvias diferenças.
Gabe e Peter são perfeitos opostos. Peter com seus cabelos castanhos cortados no
clássico estilo James Dean, maxilar definido cercado de uma sombra de barba, que me faz
ter vontade de correr a língua por ela, e os olhos, tão negros que parecem não ter fundo.
Já Gabe loiro com cabelos que vão para todas as direções, incontrolável, e os olhos quase
são claros quanto água, e o sorriso reluzente.
Tirando as tatuagens, você não poderia compara-los em nada, mas mesmo assim ainda
havia algo, eles se moviam da mesma forma, como se fossem uma unidade.
"- Olha, preciso ir para meu quarto, obrigada pelo dia Gabe, e foi ótimo ver você Peter"
Me viro para subir as escadas do prédio, mas Gabe me para e me gira
Gabe faz um beicinho fofo que ficaria ridículo em qualquer pessoa, menos nele.
Peter apenas nos encara o rosto em branco.
Gabe me sacode e eu volto atenção a ele
"- Ok, mas já que fomos rudemente interrompidos, não pude concluir meu convite"
" Sim, daqui algumas semanas vamos dar uma festa. Nada demais, apenas algumas
pessoas, VOCÊ PRECISA IR"
Ele enfatiza a última frase, seria ótimo, se eu não tivesse que recusar, festas estão na lista
de coisas proibidas.
"- Sinto muito, mas não vou poder ir. Nerd que precisa estudar lembra?"
"- AH Pare com essa besteira porra, nossas festas são inesquecíveis. Você quer ir, sei que
sim."
" - Posso imaginar que são, mas vou ter que recusar, festas estão fora dos meus planos,
sinto muito"
"- Vamos fazer assim, me passa o endereço e quem sabe eu apareço no dia"
"- Não tem como, nossas festas são secretas, só avisamos sobre o endereço uma hora
antes"
Olho para os dois, Peter não dá um pio, e me pergunto qual é o problema dele. Como se
lesse meus pensamentos novamente, ele fala
" - Sabe, tem algo nas festas. Que nos dá sensação de liberdade.
Nos faz tirar nossas máscaras, e mostrar quem nós somos por trás delas."
"- Podemos nos soltar e fazer o que quisermos, com quem quisermos. Você já foi livre
boneca?"
As palavras não eram nada demais, mas a forma que sua voz rouca as disse, as tornaram
tão impactantes.
Era como andar num campo minado.
Tive vontade de ceder, tive vontade de entrar naquele carro e nunca mais voltar. Mas eu já
fui livre uma vez. Não acabou bem.
_"Não me fode Peter, você não se esforça para nada na vida, muito menos por uma
garota"_
_"- Que eu saiba, você também estava se esforçando, nunca vi você insistir tanto para
alguém ir a festa"_
_"Claro, porque ninguém precisa ser convencido. Os fodidos se matam por uma chance de
aparecer"_
_"-Ela não"_
O rugido do motor aparece e se afasta, eu desencosto o rosto da porta. Ótimo, fui rebaixada
a adolescente que ouve atrás de portas.
Sigo em rumo ao meu quarto já esperando para um mundo de drama, porém ao abrir a
porta, não encontro nada além de vazio.
Respiro aliviada, tranco a porta atrás de mim, e me jogo na cama.
Tenho problemas demais para me preocupar com uma patricinha, e dois caras.
Meus pesadelos me aguardam.
Capítulo 11
Limites
Eu estou tão cansada que não tenho forças para ter pesadelos. E essa é a melhor parte.
Eu era quase normal, quase como qualquer estudante daqui.
Sentada a sombra de uma das enormes árvores com uma pilha de livros ao meu lado,
observo os alunos irem e virem, cheios de livros e risadas, mas é impossível não me
perguntar o que eles escondem por trás desses sorrisos, que segredos? Que pecado? Que
depravação?
Será que eles já se perderam dentro deles mesmos? Será que eles mentem o tempo todo,
como eu?
Mesmo sem ter pesadelos nos últimos dias, me sinto cada vez mais instável, sinto um
buraco se abrindo em meu peito, a cada dia ele está maior, cada dia suga mais coisas para
dentro.
Isso é abstinência?
Não sei ao certo, já estou limpa de qualquer droga e álcool, a mais de um mês agora.
Mas sei que o vazio sempre esteve aqui, talvez eu esteja ficando louca definitivamente.
Por um lado estou feliz, meu pai ficaria feliz em me ver tentando, ver que estou me
esforçando em ser boa, em fazer o certo, em seguir o sonho dele.
Mas mesmo assim, tem dias que estou no limite, que quero parar de tentar, que quero ouvir
as vozes e mandar todo esse lugar, e seus sorrisos se foderem, e então mergulhar no caos.
Hoje é um dia desses.
É sexta a noite, e quando volto para meu quarto, a porta esta destrancada.
Lá vamos nós outra vez!
Lá está a ilustre patricinha de frente ao espelho, deslumbrantemente vulgar, em seu micro
vestido rosa. Tão original
Não demoro dois segundos para notar que existem malas sobre minha cama, todas rosa
bebe não precisava ser um gênio, para saber de quem era.
Pego as duas de uma vez, e jogo na cama que a alguns dias, funcionários trouxeram para o
quarto.
Cama que devia ser a dela.
Vou até a escrivaninha pegar meu IPod que deixei carregando, mas noto que não está lá
"- Qual seu problema?" Ela ignora minha pergunta e volta a arrumar os cabelos, em minha
mente me vejo batendo a cabeça dela no vidro, batendo até não sobrar nada além de cacos
e sangue.
"- Não me teste cadela, não sou alguém que você deve brincar.
" Você vem aqui, surgindo do inferno, rouba meu quarto, e agora a mente dele. "
"- Eu vou perguntar a última vez. AONDE ESTA A PORRA DO MEU IPOD"
" - E esse é meu último aviso, sua retardada esquisita, É melhor ficar fora do meu caminho."
" Agora, escute com atenção. Vou falar devagar para seu cérebro minúsculo entender.
Você não me conhece. Eu não sou uma criancinha de colegial. Eu não sou essas
menininhas do interior que você está acostumada. Eu não sou indefesa, e sem dúvida não
sou alguem que se deve provocar."
Ela se debate e tenta sair do meu aperto, mas como uma típica patricinha ela não faz ideia
de como brigar, prendo seu corpo com peso do meu, e sussurro em seu ouvido esquerdo
" - Eu realmente, estou a um passo de arrancar toda essa sua pele cheia de maquiagem, do
seu rosto. Então Andrea, eu te aconselho a ficar bem, bem longe de mim.
Se afaste Andrea, porque você não pode lidar comigo. "
Eu a solto e saio do quarto o mais rápido que posso, não querendo ouvir sua resposta.
Não ligo se parece que corri, não ligo para o que ela pode fazer com minhas coisas.
Preciso sair, porque estou a um segundo de ceder a voz em minha cabeça, e realmente
arrancar o rosto dela.
*Capítulo 12*
*Lembranças*
Você é um monstro
Você é louca
Tyler
Tyler está gritando para mim. Então, não existem mais árvores ao meu redor, e sim paredes
brancas iluminadas pela lua..
- Você está louca. Além de viciada, agora você é louca. Acha que pode me roubar piranha ?
!
Chute, chute, minhas costelas doem, minha cabeça bate no armário ao meu lado.
Sinto o impacto do asfalto em minhas pernas, as lembranças me atingem com tanta força,
que vomito tudo o que tinha em meu estômago.
O vento noturno me atinge, estou tremendo, porém posso respirar melhor agora, abro os
olhos, não a nada além de mim, árvores e quilômetros de estrada deserta. Estou sozinha,
não sei onde estou, fui longe demais? Não tenho forças para me preocupar. Me levanto e
faço a única coisa que posso, continuo andando.
Capítulo 13
Gato e Rato
Ele estava vindo ao longe, quando ouvi o som do motor. Estou super consciente de tudo a
minha volta. Continuo andando, tento pensar em algo, uma saída caso precise, posso correr
para a floresta, mas não conheço nada por aqui, posso me perder, ou acabar encontrando
problemas piores.
Ele está cada vez mais perto, continuo andando, mais rápido, você precisa ir mais rápido
Anna, mas de que adianta?
É um carro porra!!
Eu posso lutar, mas não tenho chances contra um homem grande, estou desarmada, deixei
meu canivete no quarto.
Ele está tão perto agora, dirigindo devagar não olho para trás, ele está brincando comigo.
Estou entrando em pânico.
O motor ruge, ele acelera e passa voando por mim e da um cavalo de pau, parando no meio
da estrada, bloqueando meu caminho.
Eu congelo, pense
ANNA. PORRA. PENSE.
Alguém sai do carro, adrenalina jorra em minhas veias, esta escuro não posso ver o rosto
de quem se aproxima.
Mas tanto faz não é?!
Estou exausta de tanto correr, é agora que vou morrer?
Eu grito o alívio me assume, quase caio de joelhos. Parece que não estou pronta para
morrer, ainda não. Respiro uma, duas, três vezes, então a raiva volta
" - Se eu dizer que sim, você vai me chamar de maníaco doente? "
"- Caminhada"
Sigo ele até seu carro, e gemo ao entrar no calor dos bancos.
Tudo nesse carro grita a Peter. Estilo, classe, mistério e o cheiro.
Sei que vou lembrar deste cheiro pelo resto da minha vida.
Abro os olhos e o encontro me encarando. Seus olhos sombrios fixos nos meus, como se
visse mais do que meus olhos azuis.
Sinto como se um força me puxasse para ele, me visualizo me inclinando em direção ao
seu corpo. Mas por fim não me movo, estou cansada demais para isso.
Capítulo 14
Peter
Foi só isso que pude pensar, quando a vi vagando perto da minha casa.
Eu não era o rosto para servir de fachada, Gabe adorava isso, não eu.
Eu preferia ficar no anonimato, era mais seguro, ninguém me reconheceria se tudo desse
em merda.
Porém parece que as coisas estavam mudando. Eu odiava isso.
Mas por mais fodidos que esses dias tenham sido, ela não saiu da minha cabeça.
Ficava indo e vindo. A pequena boneca de olhos azuis, sempre voltava a minha mente. Ter
o Gabe por perto não ajudava, ele falava dela quase tanto quanto eu pensava. Quase.
Ver ela andando sozinha na estraga, estava fazendo coisas sinistras com minha cabeça.
Eu sabia que era ela de longe, chame de instinto.
Porém tudo estava errado, a postura dela estava errada, não tinha confiança, não tinha
nada além de desespero.
Brinquei com ela, não pude me conter, era tentação demais, queria sentir o medo dela, o
pânico. Talvez isso traga a Anna do primeiro dia devolta. Funcionou, apenas por cinco
minutos, então ela voltou para seja lá que demônio que a estava corroendo.
Essas palavras explodiram minha mente, ela confiava em mim? Justo em mim? Justo eu
que sonhava fazer coisas terríveis com ela?
Tão ingênua.
Tão quebrada.
Liguei o carro e tentei pensar no que faria, olhei para ela que mantinha um olhar perdido
nas árvores. Acelerei e nos levei para o único lugar que me veio em mente, o único lugar
que me dava paz.
Capítulo 15
Paraiso escondido
Perguntei assim que paramos em um trecho sem saída da pequena estrada de terra.
Estávamos nela a alguns minutos, nossa viagem foi curta e silenciosa.
Foi um alívio.
Peter nada responde e sai do carro, observo ele pegar algo do porta malas. Será que isso
foi um erro? Eu realmente não tenho forças para me parar hoje a noite. Saio do carro e o
sigo até a borda da floresta, então fico incerta.
" Talvez. Mas só iremos saber quando a hora chegar, tenha paciência doll"
Não sei se ele está brincando ou não, ele se aproxima e liga uma lanterna. Ah então foi isso
que ele pegou, Peter me estende a mão e eu a pego, entramos na negra floresta, alarmes
soam na minha mente, porém resolvo deixa-los no carro, junto do medo e da minha cautela.
A visão é tão impressionante que perco o fôlego, não noto que estou me movendo até a
água congelante tocar meus pés.
Observo em volta, o local é tão escondido entre as árvores que se Peter não tivesse me
trago aqui, nunca encontraria, mesmo se procurasse por ela.
Sinto como se existisse uma energia me puxando para ela. Em transe começo a entrar,
ignorando a água gelada, ou o fato de estar de roupa.
A água toca minhas coxas e eu ofego, ok, é bem fria.
Ouço uma risada fraca, e me lembro que não estou sozinha, Peter está parado a borda da
água, me observando
Não respondo continuo avançando, a água bate em meu peito agora. A água ondula, ele
está se aproximando, me viro e ele está ali, vindo em minha direção, tatuagens marcando
seu peito nu, seus olhos fixos em mim.
Meu corpo treme, não sinto mais frio.
Não me toque!
Ouço meu próprio grito, mas Peter não se altera, eu disse isso? Ele está a um metro de
mim agora
Me solte!
Ouço novamente, esta na minha mente.
Não de novo não. Sem pensar afundo.
Água gelada tampa meus ouvidos, pequenas agulhas entram em meu rosto, mergulho mais
fundo.
Não!
Me solte! Por favor!
Não vou contar para ninguém. Me deixei ir! Por favor!
Papai!
Ouço a mim mesma gritando, são lembranças eu sei, vou mais fundo, meus pulmões
ardem, eu ignoro.
Estou tão fundo que não vejo mais a luz da lua, não tenho certeza de onde é a superfície.
Não me importo.
Eu não posso.
Não Posso.
Capítulo 16
Magnetismo
O carro para em frente o dormitório augustine, aparentemente Peter tinha acesso livre no
campus, porque os seguranças nem se importaram quando ele passou pelos portões
"- Você vai me contar o que está acontecendo com você? "
Estavamos em silêncio desde que saímos da cachoeira, sua jaqueta pende em meus
ombros, minhas roupas molhadas colam em mim como areia
Eu estou cansada, porém mil quilos mais leve. Não tenho forças para levantar nenhuma
barreira essa noite, olho para seu rosto e sou mais sincera do que já fui em minha vida
" - As vezes, os demônios falam alto demais, então você precisa tentar sair antes de escuta-
los."
" - Porque quando se dá ouvidos uma vez, é quase impossível parar, se torna um vício."
Não falamos nada por vários minutos, não tenho vontade de sair, não sei se ele se importa
"- Se pudéssemos habitar uma pele diferente. A vida se libertaria e o mau poderia seguir o
seu destino, livre de julgamentos e remorsos"
"- Sim, dizem que todos temos um pouco de cada um. Então a questão é, Qual deles você é
agora doll? "
Olho para ele, não há espaço para mais nada em minha mente agora, nada além dele.
Como se um imã gigante me puxasse, em um micro segundo, estou em seus braços.
A força que nos atinge é arrebatadora, energia corre em mim como um raio.
Suas mãos correm meu corpo como se ele o pertencesse. Talvez esteja certo, a medida
que ele me beija, aprofundando, reivindicando, punindo. Sei que cada pedaço de mim é
dele.
Estou em seu colo agora, o volante pressiona minhas costas, estou super consciente de
cada sensação.
Sua boca me deixa e eu choramingo em protesto, ele me morde em resposta, forte, sinto o
leve gosto do meu próprio sangue, isso me atiça ainda mais, sou doente.
Eu sei, não me importo.
Minhas mãos seguram seu cabelo puxando, o trazendo para mim ainda mais, ele me aperta
em resposta, uma de suas mãos deixa minha bunda e se prende em meu cabelo, eu sei o
que ele vai fazer, porém nada me impede de gemer alto, quando ele puxa meus cabelos
para trás com força.
Tombo para trás sobre o volante, Meu pescoço se estende, meus olhos estão fechados,
porém sinto minha pele formigar, ele está me olhando.
Me ajeito em seu colo, minhas pernas uma de cada lado de seu quadril, eu rebolo. Ele
geme. Eu vejo estrelas, eu amo sua voz. Eu amo a ereção monstruosa abaixo da mim. Eu
amo sua língua correndo por toda a extensão do meu pescoço.
Mas eu preciso de mais, forço meu corpo para frente, ele não me deixa me mover, então
puxo seus cabelos tão forte quanto posso. Ouço um rosnado. Sim, sua boca volta para
mim. Estou no céu. Preciso dele mais perto.
Uma batida no vidro me assusta, eu pulo, porém ele não me solta.
Um segurança está do outro lado, a lanterna ilumina nossos rostos, tento sair do colo do
Peter, mas ele não deixa.
Seu rosto vai de tesão, para ódio mortal em um piscar de olhos, eu tremo, ele fica ainda
mais irresistível assim.
Uma de suas mãos me solta e abaixa o vidro.
"- Senhor McCoy, sinto muito interromper, mas temos ordens para fechar os portões às 3
horas da manhã, sinto muito, mas o senhor não pode ficar."
O segurança de meia idade gagueja como se estivesse olhando para o presidente do país.
Peter não diz uma palavra, mas se eu estivesse na direção daquele olhar que ele está
dando, me mijaria. O segurança pisca esperando pelo pior. Não sei o que esta rolando aqui,
muito menos o porque ele está tremendo por estar repreendendo um cara que tem no
mínimo, 10 anos a menos que ele, mas mesmo assim, sinto pena.
O segurança tenta esconder a expressão de alívio, porém não consegue. Ele se vai, e eu
tento sair mais uma vez do colo do Peter, dessa vez ele deixa.
Tento me arrumar o máximo que posso antes de sair, porém ao abrir a porta ele me segura
" - Todos temos um lugar no mundo, doll. Talvez seus demônios estejam te dizendo o seu."
Ele me solta e saio do carro, observo ele ligar o motor e se afastar. Neste momento meus
demônio, dizem que meu lugar é naquele carro, com ele.
capítulo 17
Sociopata ou Psicopata?
Professor Branner falava para a classe atenta, mas eu apenas faço desenhos desconexos
no caderno, tentando ignorar tudo aquilo.
"- A diferença nem sempre está clara senhorita Bleic. Todos somos frutos de manipulações.
O que é certo para uma pessoa, pode não ser para outra.
Porém, temos uma base moral na sociedade.
E quem tem Transtorno de personalidade antisocial, possue atitudes e pensamentos
disfuncionais, que não se enquadram nestas normas morais. Não faz distinção de certo e
errado, não considera pensamentos, desejos e sentimentos dos outros."
"- Um psicopata?"
"- Sim e não senhor Jonas. É justo esse o ponto em que especialistas divergem entre
Psicopata e Sociopata."
Ele faz uma pausa e levanto meu olhar, a sala da turma de psicologia é a mais cheia, mas
todos como sempre me ignoram, inclusive o professor, acho perfeito. O professor continua a
falar e eu volto para meus rabiscos.
"- Ambos possuem TPA, porém um psicopata nasce com temperamento delineado, é
calculista, manipulador, e extremamente inteligente.
Não tem medo ou consciência de moral coletiva. Eles geralmente ignoram sentimentos dos
demais, porque ele mesmo não os possui, seu cérebro já nasce com características neurais
diferentes. Já o Sociopata não nasceu com a doença, geralmente se desencadeia em
pessoas que sofreram traumas na infância. Estupro, violência doméstica ou perda grave,
por exemplo "
Eu congelo, sinto como se me olhassem, mas sei que é paranoia, eles não poderiam saber.
Ninguém além de minha mãe, o médico da família e eu sabe. E claro, o Tyler e seus
amigos, mas eles não podem mais contar a ninguém não é mesmo?
Respiro fundo, tudo que eu quero é sair da sala, mas estou presa na cadeira, não quero
ouvir nada daquilo, porém é inevitável.
"- Eles são impulsivos e violentos, agem por instinto, são imprevisíveis, mas possuem a
consciência que o psicopata não tem, senhorita Bleic.
Ele sente, sente amor, medo, o pânico e a vergonha. Ele pode desenvolver vínculos com
familiares, amigos ou animais.
Um Sociopata tem sentimentos, um Psicopata não, ele apenas os finge para se misturar a
sociedade, ele não se apega a nada além de si mesmo."
Eu não posso, não posso escutar mais nada. Recolho minhas coisas e saio da sala sem
perdir permissão, sem ouvir a resposta do professor, muito menos me importando que essa
seja apenas a primeira aula do dia. Abro as portas e saio sem olhar para trás.
Capítulo 18
2%
Estou tendo um ataque de pânico. Não consigo respirar enquanto não saío do prédio. O
campus está vazio, claro que está, estão todos em aula.
Estou distraída tentando acalmar meu coração que não escuto as portas atrás de mim, um
toque em meu ombro me faz pular
" Você deu um show e tanto lá dentro. O professor ficou olhando para porta como um
idiota." Ela dá uma risadinha e continua " foi hilário."
Endireito minhas costas, minha bolsa está caindo do ombro, estou desconfortável, porque
ela está falando comigo mesmo? Penso em sair andando, mas ela parece perceber
" Você é a garota de fora, que está saindo com os solteiros mais desejados da cidade"
" Não é o que dizem. Sem falar que cerca de 98% das pessoas aqui já te odeiam só porque
o Gabe e o Peter,não estão fazendo o habitual cercar, pegar e largar. "
" Mas devia, sabe garotas podem ser selvagens quando alguém mexe no território delas."
Essa conversa de território, eu já estava de saco cheio. Porra isso é uma faculdade, mas
parece que voltei para o ensino médio.
" Sabe, elas dizem que você não passa de uma vadia estranha e oferecida. Mas sabe o que
eu vejo quando olho para você? "
Espero que a porta se fechando e meu silêncio, sejam claros sinais que não estou
interessada no que ela acha ou diz, mas ela não para de falar, o que a com essas
pessoas ?!
".. Eu acho que você, é só alguém que passou tempo demais sozinha "
"- Você disse que 98% das pessoas daqui me odeiam. Mas não disse em quais você se
encaixa, nos 98% ou nos 2%."
Ela apenas ajeita os óculos,e abre a própria porta, desisto de esperar e começo a fechar a
minha
" Alias, meu nome é Victoria Bleic, mas você pode me chamar de Vick"
Fico parada me olhando no espelho, será que sou tão simples e fácil de ler assim?
Meu celular toca, porque esta tocando? Ninguém tem meu número.
Meu coração bate apressado.
Não pode ser, não entre em pânico!
Pego e nele tem duas mensagens de números diferentes. Respiro fundo e aperto o celular.
Fico olhando para a caixa de mensagens por alguns segundos e então a abro
..
" Ponha essa bunda gostosa numa calça jeans, e me encontre lá embaixo."
" Nem pense em fingir que não está, te vi entrar. Agora vai logo caralho, odeio ficar
esperando."
....
" Só para o caso de você ter esquecido. Você me prometeu um passeio, e como seu
orientador meu dever é te orientar. Agora vai logo Porra! ou vou aí te buscar! "
Não percebo que estou sorrindo, até ver meu próprio reflexo quando o celular apaga.
Não sei como eles conseguiram meu número, mas por hora não me importo. Corro pelo
quarto e troco minha saia por uma calça.
Capítulo 19
Liberdade
Abro as portas e lá está o senhor Evans, em toda sua glória, sentado confortavelmente
sobre uma Harley Davidson.
Tomo o fôlego, e paro alguns segundos para admirar a visão.
Ele está parado olhando o campus, porém parece alheio a todos, um cigarro pende em
seus lábios, seus dedos batem incansáveis sobre o guidão da moto, alguns talvez
pensariam que o movimento surge de uma música interna, mas tenho um palpite que seja
um tique, como se seu corpo não suportase ficar parado.
Sob o sol, suas tatuagens de chamas parecem reluzir, como se o fogo estivesse vivo.
A visão é estonteante.
Peter pode ser a personificação do badboy. Porém, olhando para Gabriel em minha frente,
vejo que ele, não é o único garoto mau dessa cidade.
Como se me ouvisse, ele vira o rosto e me olha, o típico sorriso convencido surge em seus
lábios. Sim, tenho certeza que o panaca, sabia que eu estava admirando.
"- Se você continuar me olhando assim, vou ser obrigado a esquecer minha promessa de
ser bonzinho hoje"
" - Alguma vez na vida você foi bom? Ou cumpriu uma promessa, Gabe? "
Ele olha para mim com um olhar tão intenso e pecaminoso, que juro que se ainda estivesse
de saia, minha calcinha cairia.
Me aproximo e monto atrás dele, o motor vibra entre minhas coxas, passo os braços em
volta da cintura do Gabe, e me lembro
"- Sabe, o que seria da vida, sem um pouco de perigo, não é mesmo? "
Respiro fundo e aperto meus braços mais firmes quando saímos a toda velocidade. E entre
olhares e cochichos, posso notar algo que não tinha sentido antes, Gabe cheira a sol e
gasolina.
Estamos indo tão rápido, que as árvores são apenas um borrão, o vento chicoteia meu
rosto, e meu cabelo vai em todas as direções.
Meu coração bate como uma bateria louca e incansável, adrenalina jorra em minhas veias.
Solto uma de minhas mãos do abdômen de aço do Gabe, e a estendo ao meu lado,
coragem brota em minha mente, solto a outra mão, então fecho meus olhos e inclino meu
rosto em direção ao sol acima de nós.
Em minha alma, sinto crescer um rugido, que vai aumentando, tomando todo meu ser. Ele
cresce em meu peito, cada vez mais poderoso, cada vez mais incontrolável.
Sinto uma mão em minha coxa, me segurando, então como uma bomba eu explodo,
colocando para fora um grito tão alto, que treme meu peito.
O som carrega tudo de mim, toda a raiva, ódio, culpa, todo o medo e tristeza.
A voz de Gabe me acompanha, e juntos, como dois pássaros de fogo, nós queimamos o
mundo.
Estou livre
Capítulo 21
Pedrinhas
Gabe não ligava se estava bem acima do limite de velocidade, ele não ligava se tinha
pessoas na rua, ele não diminuía, ele não parava por nada, não esperava por ninguém.
As pessoas apenas corriam para sair da frente
Ele apenas ria, ria como um menino ri enquanto queima formigas com uma lupa.
Seu peito tremia, eu apertava meus braços cada vez mais firmes envolta dele, minhas
coxas pressionando seus lados com força. Era como se ele fosse dono de tudo e todos.
Por mais doente que fosse, por mais perigoso que fosse, eu não me importava, estava
amando cada segundo.
Encostamos a moto próximo a uma faixa de areia, e fomos andando, era como se eu fosse
outra pessoa.
Essa não era eu, eu não caminhava pela praia ao lado de um cara
Me virei e notei que Gabe olhava o lago fixamente, seu olhar perdido
" - Hey"
Ele me olhou e foi como se colocasse uma máscara, seu rosto mudou totalmente, voltando
para o típico Gabe.
"- Hey, doll "
" - Sim, sabe minhas habilidades vão além de lugares específicos "
Gabe encosta ao meu lado e ficamos em um silêncio confortável por alguns minutos, mas
algo não se encaixa
" - Sabe, quando você falou sobre diversão, imaginei milhões de coisas, mas passear na
areia ao por do sol, definitivamente não foi uma delas."
" - Achei que no primeiro dia, nos tínhamos decidido que aparências enganam. Tenha mais
fé mim, Anna"
" - Não sério, eu sei. Mas o que quero dizer, é que você me surpreendeu. Parece que você
é uma caixa de surpresas senhor Evans"
Ele resmunga, pega uma pedra e joga no lago, a pedra da vários pulinhos até finalmente
afundar
" - Não me chame assim, porra. Já falei, me chame de Gabe, odeio esse maldito
sobrenome "
Assim que pergunto me arrependo, pois ele se levanta e se afasta alguns passos, espero
ele voltar, mas ele não faz
Me levanto e vou até ele, sua expressão é tão fechada que me assusto, nunca vi esse lado
dele
"- Sabe, eu e o Peter vivíamos vindo aqui quando crianças. Nossas mães ficavam ali, na
pedra onde estávamos, enquanto nós brincávamos de tentar afogar um ao outro no lago "
A mudança de assunto, e a confissao são tão repentinas, que fico alguns segundos quieta.
Então tudo me atinge
Não quero empurrar mais, muito menos fazer uma pergunta errada, então fico quieta.
Fora aquelas horas com o Peter, esses são meus únicos momentos de paz em anos, não
quero estragar
Pego uma pedrinha e tento jogar como ele, obviamente sou um fracasso.
Tento mais quatro vezes, ele gargalha
" - Como isso é possível? Toda criança aprende a jogar pedrinhas, que tipo de infância
você teve?"
Acho que estou tão quieta que ele percebe, porque me chacoalha levemente, seus olhos
cor de água me deixam sem ar
" Não precisa, você não falou nada demais, o problema esta na minha cabeça. Eu.. "
Respiro fundo, uma, duas, tento me concentrar em não falar nada demais
Ele me olha intensamente por três segundos inteiros, então se abaixa pega várias
pedrinhas e coloca em minha mão
Sou terrível.
Mas Gabe não desiste até que eu consiga acertar uma, leva quase uma hora até eu
conseguir jogar uma, ela dá 5 pulinhos e afunda.
Eu grito em vitória, e em segundos estou nos braços do Gabe, rodando, rodando como uma
criança.
Eu rio, rio tanto que meu estômago dói.
Levo alguns segundos para me recompor, mas não consigo perder o sorriso.
Eu não sabia o que era rir assim, não até conhecer um certo loiro de sorriso arrasador e
boca suja.
Isso é felicidade?
A fumaça adocicada enche meus pulmões, sinto a nicotina entorpecendo meu cérebro e
relaxo.
Fumar foi um dos vícios que deixei para trás, porém depois de hoje, não acho que um
Marlboro vá mudar minha situação.
" Não seja falsa, sei que você está doida para por a boca, em algo que esteve na minha"
Reviro os olhos, talvez não seja má ideia, porém fico quieta, não vou dar esse gostinho a
ele.
" - Gabriel você está tão lindo hoje. Achei que você ia me ligar "
A menina seria bonita, se sua voz não parecesse a risada de uma hiena.
Gabe sorri, mas é um sorriso venenoso.
Um sorriso que eu acreditava, que apenas mulheres podiam dar.
Mas nele fica perfeito, mortal.
Era como se ele o tivesse inventado
"- Mas Gabe, você me prometeu um convite para festa, estamos esperando isso o ano
todo"
Tudo acontece rápido, em um segundo ele está olhando para mim, no outro alguém que
nunca tinha visto, toma o lugar do Gabe habitual.
Seu rosto se transforma, fica mortal, me lembra o olhar que Peter deu para o segurança.
Só que dessa vez, não sinto pena de quem é o alvo
"- Vocês tem dois segundos para saírem na minha frente, antes que eu passe em cima de
vocês com minha moto"
O olhar dele diz tudo, não era um blefe, mas elas não eram inteligentes
" - Você não vai trocar nos duas por isso, vai? Você já esqueceu de como podemos te
agradar "
O insulto me deixa louca, mas não reajo, ela põe a mão na coxa dele, e eu tremo
Vejo Gabe se inclinar e sorrir largamente, seus olhos fixos nela, que está hipnotizada.
As duas estão, seria sedutor, se eu não notasse a mão dele se movendo em direção a coxa
onde está a mão ela
O fogo entra em contato com a pele, elas gritam, uma de susto, outra de dor.
Eu não consigo conter, começo a gargalhar como uma louca
Foi hilário
Ele se aproxima mais, e inconscientemente me inclino, seu nariz corre o caminho de minha
bochecha, até meu pescoço.
Lentamente, refaz o caminho, então sobe até minha orelha, e deixa um pequeno beijo bem
abaixo dela, eu estremeço
Ele mal encosta, seu hálito quente arrepiando cada pedaço meu
" Vá a festa Anna, é a chance de colocar para fora, quem nós realmente somos "
Sua voz faz meu corpo vibrar, ele vai me beijar, sei que vai, eu posso sentir
Mas ele não faz, eu quero gritar de frustação e puxa-lo para mim, mas ele se afasta, e em
sua mão está minha caixa de cigarros.
Ele diz e sorri, acende um cigarro e põe a caixa novamente em meu bolso
Me afasto quando a moto ruge, ele se vai sem olhar para mim novamente
Fico olhando o local onde a moto estava, me perguntando o porque ele quer tanto, que eu
vá a sua maldita festa.
Capítulo 21
Aquário
" - Sério, porque você fica tão nervosa quando eu falo sobre a festa? É só uma festa Anna,
qual o problema você ir?
Ela era irritante e tinha a língua afiada. Me dói dizer, mas eu meio que gosto dela.
Mas agora, que ela estava pela centésima vez me questionando sobre minha relutância em
ir a festa, eu estava realmente mudando de ideia sobre gostar dela.
Respiro fundo e começo a guardar meus cadernos na bolsa, as aulas estavam correndo
bem, mas depois de meu ataque na aula de psicologia, parece que todos os cochichos
pioraram
Perfeito
"- Eu não posso, tenho que viajar esse final de semana, coisas de família. Mas estou
pirando por perder, nunca mais conseguirei um convite"
Ela ajeita os óculos e olha para Andrea, que sai da sala cercada de amigas. Depois do
nosso pequeno conflito aquela noite, ela nem se quer olhou em minha direção.
Garota inteligente
Aparentemente ela estava mudando de quarto naquele dia, e o mais chocante era o fato da
minha colega de corredor, Victoria, ter me contado que ambas eram amigas de infância, o
que me fez tentar evitar ela ainda mais.
Mas como é costume das pessoas daqui, ela ignorou e colou em mim como carrapato
Aparentemente Andrea, não levou isso bem, e passou a ignorar Victoria também
Quase, ai então me lembro de meu IPod quebrado, e quero ir até lá, e arrancar seus olhos
pesados de rímel
Mas até agora não fiz nada, por mais que queira
Bondade é superestimada.
Não falo, nem vejo Gabe e Peter a dias, era como se eles tivessem desaparecido do mapa.
O que parecia fazer as pessoas me olharem mais ainda.
Fico pensando se meu pai tinha ideia de como essa cidade era, quando disse que me
queria aqui
Será que ele se incomodaria com o fato de que toda vez que saio do quarto, me sinto
dentro de um aquário, sendo observada?
Os julgamentos realmente não me importam, nunca liguei para o que pessoas de fora
pensariam de mim
Mas o fato desse lugar ser tão estranho, está atrapalhando meu disfarce.
Os únicos momentos em que tenho paz, são quando estou com Gabe e Peter, e isso
também não ajuda em nada meu estado mental
Porque se não
Seguir o sonho de meu pai, não vai valer de nada, se eu acabar me perdendo no processo
- Anna?!
- Anna?!
Sou chacoalhada e noto que não estou mais andando, estava perdida em pensamentos.
Victoria me lança um olhar estranho
" - O que realmente acontece nessas festas? Nunca vi pessoas tão desesperadas, por uma
festa de fraternidade "
" Não é uma festa de fraternidade! Não existem essas coisas aqui.
E eu não sei o que acontece lá, ninguém sabe.
Aqueles que ganham os convites, parecem não falar de nada que rola lá. Nada entende?
Nem uma palavra se quer"
"- Exatamente, é por isso que é tão legal. Todo esse mistério instiga "
Reviro os olhos e começamos as subir as escadas, ela continua falando, mas dessas vez
se aproxima e sussurra
" - Mas uma vez, ouvi um boato. Que uma garota desapareceu na festa.
A família procurou por ela, a polícia revirou tudo por meses, mas não encontram nada.
Aparentemente, ninguém a viu. É como se ela nunca tivesse existido."
"- Talvez, mas uma coisa eu sei, as festas do Gabe, Peter e Marcus, são esperadas por
todos. E elas só acontecem uma vez por ano, ninguém nunca sabe onde é, e elas nunca
acontecem no mesmo lugar. Sabe, é como o Halloween. Todo mundo fica desesperado,
para descobrir quem está por trás das máscaras."
Nos despedimos, e eu entro em meu quarto pensando no que ela disse sobre máscaras.
Eles falaram algo parecido
Porém Vick, pela segunda vez acerta, estou desesperada para ver o que se esconde, atrás
das máscaras do Gabe e do Peter.
Capítulo 22
Sonho
Mexo meus braços, as águas geladas fazem carícias suaves em meu corpo escaldante
É ele
Sempre é ele
Seu olhar me suga, como um buraco Negro
E então afundo
Ele não diz nada, nem se move enquanto me observa afundar
Eu me afogo."
Acordo sufocando
Tento respirar, mas não consigo
Me debato tentando me livrar da mão que prende meu ar
Eu chuto e me contorço
Eu estava sonhando
Levo minhas mãos sob meu short e encontro as provas de meu sonho
Um sonho.
Eu sorrio
Peter.
Uma voz no fundo de minha mente sussurra, ela diz que devo ignorar e voltar a dormir.
Ele me afogou no sonho, foi um sinal.
Porém eu me levanto, e coloco a primeira roupa que vejo e saio correndo pela tempestade
que castiga o campus
Eu corro, porque o resto das vozes, aquelas que eu sempre ignorei, me dizem onde preciso
estar
Hoje a noite, minhas barreiras estão no chão
Capítulo 23
Peter
Eu estava lá a meia hora, me debatendo se a fazia vir até mim, ou se ia até ela
Em meu sonho ela estava nua dançando sobre uma piscina de sangue.
Eu só sabia que não podia mais esperar, não podia mais ignorar
A visão me enlouqueceu
E quando entrou no carro eu quis rasgar suas roupas e a foder bem ali, contra os bancos de
couro.
Porque assim que ela olhou para mim notei que Anna,
era mais poderosa que qualquer força da natureza.
Anna
Mas tudo isso fica para trás, quando noto que toda a sala, é decorada com a maior coleção
de armas que já vi
Eram machados estilizados, estrelas ninja, bestas, arcos, katanas, e espadas que pareciam
ser tão antigas, que eu não duvidaria, se ele dissesse que eram da idade média.
Existiam tantas armas que eu nem sei o nome de todas, outras eu só vi em filmes
Adorei
Me viro para procurar Peter, mas algo na parede esquerda me chama atenção
Não
Me aproximo hipnotizada
A cada passo ela parece se mover, como se as sombras que a cercam, fossem vivas
Meu corpo se arrepia, era como olhar para meus próprios demônios, o quadro parecia ser
feito da própria escuridão
"- Genial"
Pulei ao ouvir a voz atrás de mim, como me esqueci que ele estava aqui?
Ele se move, se aproximando da tela, seus dedos a tocam, com a familiaridade e carinho de
um amante.
Um desperdício
Meus dedos se movem, eu não posso controlar, toco a lâmina afiada, meu sangue corre por
meu dedo, e mancha a lâmina, os desenhos parecem ganhar vida, o vermelho vivo
correndo entre os espirais
Mais
Colidimos contra as portas de vidro com tanta força, que ouço o vidro trincar
Minhas pernas se prendem automaticamente em sua cintura, sua boca me possui tão
brutalmente que sinto o gosto de sangue, não sei se é de meu corte ou por causa do beijo
Eu não me importo
Eu preciso de mais
Cravo minhas unhas em sua nuca, um rugido rouco e animal sai de sua garganta.
Ele me puxa e me bate em outra parede com mais força, sua ereção atinge o ponto exato
entre minhas pernas
Eu grito
Sua boca vai indo para meu pescoço, beijando cada pedaço, até que me morde com tanta
força que vejo estrelas
Mas eu não sou indefesa, nos dois podemos jogar esse jogo
O arrasto para mim e o empurro na parede, e o beijo com toda a força que posso, com toda
a paixão que sinto
Nossas línguas duelam, suas mãos me apertam mais firme, preciso dele mais fundo
SIM
Minha mente grita, e eu acompanho, minha calça de corrida é puxada para baixo com tanta
força que ouço o rasgo
Eu gemo alto
Estou enlouquecendo
Tudo nela é selvagem e demoníaco, aperto minhas coxas juntas e recebo um tapa tão forte
que ofego de susto
Sinto sua boca em minhas costas, sua língua quente, molhando minha nuca, e descendo
pelo osso de minha espinha, eu me contorço, e levo outro tapa forte, minha pele queima
Sinto seus lábios beijando levemente, e então indo para o outro lado, eu espero outro tapa,
mas são seus dentes que afundam em minha pele, me fazendo pular
Eu grito de dor, mas sua língua me atinge sem pudor, sem controle, eu esqueço a dor
imediatamente
Preciso de mais
Preciso de mais fundo
Eu choro, não posso mais aguentar, eu preciso de mais dele, tento me virar, mas sua mão
me prende a parede
Escuto um som, fui eu, eu praticamente rosnei, quero me soltar, mas ele não deixa
Outro tapa, meus olhos se reviram, estou tão aérea que não noto ele me virando, sou uma
boneca em seus braços
Suas mãos me levantam e seu pau escorrega entre minhas dobras, eu quero saltar de
felicidade, mas ele ainda não entra
" - NÃO!!!"
Seguro nele com tanta força que posso sentir sua pele se rasgando sob elas, seu sangue
escorrendo
Eu obedeço
Ele me pressiona contra o quadro com força, sua mão solta minha bunda e se enrola em
meu cabelo
Ele puxa com força até que sinto o ardor, até que sinto dor, meu gemido sai estrangulado
sob seus lábios
Cruzo minhas pernas ao seu redor, afundo minhas unhas ainda mais em suas costas, ele
sibila
" - Olhe para mim doll, eu quero seus olhos em mim enquanto eu te fodo. "
Sem aviso ele bate em mim tão fundo e forte que sinto a dor me rasgando
Arqueio minhas costas, e grito tão alto, que meus ouvidos tremem, mas não tiro os olhos
dele
Eu peço, um sorriso maligno assume seu rosto, seu pau dentro de mim da um salto, eu me
contorço, preciso que ele se mova logo
Suas mãos me soltam totalmente, puxam as minhas de suas costas, então as estica sobre
minha cabeça o máximo possível, e as prende com uma única mão de aço
EU AMO ISSO
Sua outra mão segura meu rosto tão forte que sinto meus dentes rangerem
" - Peter"
Capítulo 24
Borboletas
Pesadelo?
Abro os olhos
Não, não estou sonhando
Lençóis frios de seda negra abraçam meu corpo, como penas cintilantes
Meu corpo dói em cada lugar
Mas pela primeira vez em anos, acordo com um sorriso no rosto
Porém, estou sozinha na cama
O quarto estão completamente escuro, mas ainda posso ver uma luz fraca saindo pela
fresta da porta
Ele deixou aberta para eu segui-lo?
Os barulhos retornam
São baques surdos, levanto deixando o lençol cair, e sigo pelo corredor
Uma estreita escada me leva até o terceiro andar, os barulhos estão cada vez mais altos e
repetitivos, a medida que me aproximo
Socos
Suor escorre por suas costas tatuadas e se perde em sua cueca box
Ele está tão concentrado, que não me nota
Seu cabelo bagunçado cai sobre seu rosto a medida que ele se move, circulando o
aparelho, batendo com uma perícia brutal
Seus músculos flexionados com o esforço, lambo os lábios
Delicioso
O som dos impactos é tão forte, que sinto meu corpo vibrar
Fecho os olhos, e deixo-me levar nas memórias da noite passada
" Ele anda comigo, subindo as escadas enquanto eu provo o suor em seu pescoço
A cada passo, seu pau palpita e eu me derreto, tento me issar usando seu corpo como
alavanca, preciso monta-lo
Mas ele bate em minha bunda, eu me contorço, a dor mandando faíscas pelo me corpo, me
fazendo apertar contra seu pau
Ele para de andar e me põe no chão
Eu resmungo, me sentindo vazia
Ele me empurra, me jogando de bruços sobre lençóis sedosos e gelados, eu sibilo
Viro meu rosto para olha-lo, seus olhos negros estão vidrados, ele não sorri, apenas morde
o lábio inferior
Seus dedos correm levemente entre minhas dobras molhadas
Meus olhos se reviram em êxtase
Ele espalha os vestígios dos orgasmos que me deu contra aquela parede, seus dedos se
lambuzando
Observo ele os levar a boca e chupar
Seus olhos se fecham
Ele parece um deus do pecado
Ele abre os olhos, seus dedos voltam e entram em mim lentamente, como se me testando
Depois do ataque de antes, tudo agora é suave, lento, e sensual, como se tivéssemos todo
o tempo do mundo
Eu me aperto contra ele quando seus dedos se curvam tocando o ponto perfeito
Estou gemendo e agarrando os lençóis, sinto-me chegando cada vez mais perto, cada vez
mais no limite, eu gemo seu nome, mas ele não responde, e retira seus dedos, quero
chorar,
Porque ele parou?
Quando chega ao fim, está cravado tão fundo em mim, que somos um só
Nunca senti nada como isso, ninguém nunca chegou tão fundo
Sinto que ele está se fundindo a minha alma
"Doll"
Eu não me importo
Ele pode me chamar do que quiser
Contanto que ele continue a me foder
Eu explodo
Eu flutuo
E entre entocadas e gritos eu escuto sua voz
"- Doll"
Abro os olhos e ele está em minha frente, eu estava tão ligada nas memórias, que não notei
que ele se aproximava
Ele vê o desejo em meus olhos, eu sorrio, posso ver o desejo nos dele também
Seu olhar me queima a medida que corre por meu corpo nu, da cabeça aos pés
Estou queimando
Nunca estive tão excitada na vida
Tudo nele grita perigo
Em minha mente ouso o sussurro dizendo que preciso correr
Mas a medida que meus olhos observam cada gota de suor, cada tatuagem que marca seu
corpo perfeito,
A medida que vejo a prova do quanto ele me quer
A hora de ir se aproxima
Mas eu não quero ir
Quero ficar para frente
Estou tão perto que posso ver que entre seus cílios negros, fios dourados se aventuram
Daqui onde estou, ele me parece uma entidade etérea, mas se eu me mover um pouco,
posso notar que ele não é perfeito
Uma cicatriz branca se esconde em seu maxilar, outra mais escura e profunda, corta seu
pescoço
E bem abaixo de seu olho direito, existe outra linha fina
A fumaça entra em meus pulmões e a prendo, sinto suas mãos subindo por minhas coxas,
por minha barriga, e então tocando meus seios
Seus dedos gelados circulam meus mamilos, e os aperta levemente, tombo minha cabeça e
solto a fumaça
É tão bom
Ele continua a brincar comigo, e em baixo de mim seu pau me empurra, me querendo
Eu o quero também
Mas Peter para, eu o olho
Fodidas borboletas
Dessa vez eu trago com mais força, não querendo ouvir o que ele vai dizer, mas o
observando mesmo assim, nada poderia me fazer tirar meus olhos dos seus
"- Ok "
Eu mesma não queria me envolver, então não existe motivos para isso.
Já passei por isso diversas vezes, eu mesma fiz isso com inúmeros caras.
Porra não seja ridícula, Anna
Começo a sair de seu colo, mas suas mãos prendem meus quadris como correntes de aço,
me inclino e coloco o cigarro no cinzeiro ao nosso lado, e o encaro
Ele toca meu rosto, é um gesto tão suave, que meu coração se aquece e quero me inclinar
para ele, mas algo em seus olhos me impede.
Eu realmente tinha me esquecido, quero retrucar e dizer que não vou, mas estou cansada
de discutir, cansada de fingir, cansada de tentar ser alguém que eu nunca quis ser
Então por hora, me limito a me deitar novamente sobre seu peito e beijar seus lábios
inchados, enquanto ele se encaixa em mim novamente
Espírito indomável
Das roupas que comprei em minha busca desesperada para me disfarçar, essas foram as
únicas que realmente escolhi parar mim.
Eram tão fatais, me faziam sentir poderosa, e não a garota problemática que sempre fui
O espartilho de couro preto e branco trançado nas costas, e a skinny preta rasgada me
faziam parecer bem melhor do que realmente sou
Adimito, um lado de mim estava realmente preocupado, tudo podia dar errado, tudo pelo
que venho construindo por meses, pode desabar em um deslize
Mas ainda sim, o outro lado estava em êxtase
Minha porta é chutada, e me lembro que uma das razões do meu bem estar, esta me
esperando lá fora.
"- Porra, você é muito gostosa, porque você está transando com ele mesmo ? É óbvio que
você combina mais comigo! "
" Nossa senhor Evans, seus modos são exemplares, me sinto lisonjeada com tanto cortejo"
" Você sabe que sou incrível em todos os quesitos meu bem. Mas sério, você está muito
quente, tem certeza que quer ir? Posso ficar aqui com você, sou ótimo em fazer
massagem"
Reviro os olhos e solto seu braço quando chegamos em frente sua moto
Ele monta e eu vou atrás, o ato me parece tão natural, como se tivesse feito várias vezes, e
não uma só
"- As merdas que ficam fodendo sua cabeça todos os dias, Ignore. Pelo menos essa noite."
Ignore
Ele tem razão, envolvo meus braços a sua volta, enquanto ele me leva para a misteriosa e
aguardada festa
Porém Gabe ignora e acelera ainda mais, saímos costurando entre os carros, deixando os
que nos fecharam para trás.
" Esperando"
Ele não responde, então escuto som de carros, meu estômago se revira, olho para trás e
vejo faróis ao longe
" Gabe, vamos embora, sério. Eu não estou afim de morrer hoje"
Gabe diz e começa a acelerar o motor, fumaça começa a sair das rodas
Não, ele não vai, vai?
Os carros tentam nos passar, mas mesmo que seus carros esportivos sejam velozes, não é
Gabe que os pilota.
Nenhum dos pilotos é tão bom, ou tão inconsequente e louco como ele
A Moto ruge como uma turbina de avião, nos inclinados em várias curvas, meu corpo quase
sendo ejetado do acento.
Os carros sempre na nossa cola, mas nunca nos ultrapassando, eles tentam mas não
conseguem
Tenho certeza que estou gritando, quando de repente paramos, derrapando sob o chão de
terra húmida
O barulho dos pneus rangendo sobre as pedras, enche meus ouvidos
Portas de carro batem, e eu forço meu corpo congelado a se desgrudar das costas de Gabe
Ele me ajuda a descer da moto, estou congelando tanto que meus dentes batem, ao nosso
redor mais de cinquenta carros se espreitam entre arbustos, árvores e rocha
" - Talvez se você tirasse seu pau da bunda, e começasse a pilotar de verdade poderia ter
uma chance "
Gabe desce da moto e estende a mão para os dois caras, que parecem ser os motoristas
dos carros, eles estendem maços recheados de dinheiro e a visão me atinge
Ele levanta aquelas sobrancelhas loiras e tenho vontade de beijar e bater nele
" - Hilário babaca, você quase nos matou umas cinco vezes, por causa de uma PORRA DE
APOSTA ! !"
Malditos
Smells Like Teen Spirit toca a todo o vapor, em enormes caixas de som colocadas na
varanda da casa
Gabe apenas ri e ignora meu sarcasmo, ninguém nos olha passar, mas tudo isso muda
quando entramos na casa.
Em cantos mais escuros, heroína é injetada nas veias de usuários de olhos reluzentes
Estou em casa
Balanço a cabeça, não essa não é minha casa, eu não devia estar aqui, eu fugi de tudo isso
a muito tempo. Mas me parece ser muito tarde, para voltar para meu quarto
As pessoas vão saindo de seu caminho, como se fossem água, e ele Moises.
Gabe sorri para todos, ninguém se importava comigo, as pessoas parecem tão aéreas e
selvagens, que me pergunto a quanto de droga está sendo repassada aqui
Chegamos em um corredor lotado, Gabe me leva até uma sala de portas duplas, o curioso
é que por mais que pessoas se amontoem nas paredes, não existe ninguém encostado,
nem perto desta porta
Muito quente
" Oi"
Digo, mas ele não responde, apenas balança a cabeça
" Aonde você está? "- Ele olha para mim, seus olhos cor de água reluzindo
" Sim, ela está aqui... não, ninguém tocou nela.. Ainda não."
Gabe me lança um sorriso safado, meu corpo se atiça
Ele resmunga algo e desliga o celular, então levanta e pega duas cervejas de um frigobar
ao nosso lado
" o Peter ja está chegando, minha missão é cuidar de você ate lá"
Eu sorrio e aceito a garrafa que ele me oferece, não existe abridor, então uso a quina da
mesa de centro, me encosto novamente nas costas do sofá, e saboreio o líquido gelado.
" O que?"
" - Abrir uma garrafa? Sério Gabe, que tipo de pessoa você acha que eu sou?"
"- Gabe acho que você tem uma ideia meio errada de mim. Lembre sobre as aparências, e
reveja seus conceitos sobre mim, raio de sol"
Ouço risadinhas e vejo que as duas meninas, que são lindas, olham para Gabe
descaradamente, meu estômago revira
Noto que Marcus não ri, ele não tem expressão alguma no rosto, agora de frente para ele,
posso notar seus traços
Tentador
Nossos olhos se encontram e estou hipnotizada como das outra vezes, um tapa em minha
cabeça me faz saltar
" Não babe Anna, ele não é tão bonito assim! "
Peter se aproxima e joga uma mochila na mesinha, Gabe corre para ela e a abre, tento não
ser curiosa, mas assim que ele joga pacotes de comprimidos transparentes sobre a mesa
estou perguntando
Nome estranho eu penso, mas parece ser lindo, e tenha medo do que pode fazer
São tantos pacotes que fico impressionada, o que me leva a segunda questão
Ele nada diz e senta na poltrona oposta, eu viro o resto do conteúdo da minha garrafa
Me pergunto se seu corpo está dolorido como o meu, se as marcas que minhas unhas
deixaram em suas costas, ardem como minha pele depois de seus tapas
"- Algumas horas, seis talvez. Para eles só vai passar em dois dias"
Ele tira os olhos de mim e olha para Marcus, me aproximo de novo de Gabe e pego um
pacotinho, o inclino para luz, ele não é totalmente transparente como pensei.
Em seu interior, pequenos cristais brilham como purpurina
Como poeira estrelar
Genial
Como ninguém responde levanto o olhar, e todos me encaram, todos menos as loiras, que
agora beijam cada lado do pescoço de Marcus
Pergunto a primeira coisa que me vem a mente, todos começam a gargalhar, eu solto o ar
em alívio, a tensão se foi
CARALHO
Gabe joga um pacote para Peter e Marcus. Vejo eles abrirem e tomar, a mesma
quantidade.
Me levanto, deixando o pacote que segurava na mesa. Nenhuma das meninas tomou, elas
apenas olham desejosas para os comprimidos brilhantes.
Parece que apenas eles podem tomar..
Lanço um olhar para Peter, seus olhos negros me fuzilam
" Não notou? Sou o vilão, que seduz a princesa, então a envenena"
Ele me avisou e eu fui mesmo assim, como uma mariposa atraída para o fogo
Seguro a maçaneta da porta, preciso de ar, preciso sair daqui antes que me deixe levar por
sorrisos e olhares enigmáticos.
Antes que eu ouça o que meus demônios estão dizendo agora
" - Te devo uma grana Anna, parece que me enganei sobre você "
Gabe fala alto suficiente para todos do corredor ouvirem, eu paro e o olho para a sala.
Ele está encostado na poltrona, uma das loiras que estavam com Marcus, agora está
confortável e sorridente em seu colo
" Parece que você não passa de uma boazinha e ingênua, nerd de cálculo"
Cada músculo do meu corpo se tensiona, aperto a maçaneta, quero voltar e bater nele,
quero dizer que ele não sabe com quem está lidando.
Mas a onde isso vai me levar?
Algo voa na minha direção e por reflexo, pego no ar, é um pacote, dentro dele um solitário
comprimido me encara
Pegue
Jogue
Respiro fundo, saio fechando a porta atrás de mim, e vou em direção a multidão.
Capítulo 26
Imagem no espelho
Ando por corredores lotados, tentando ignorar o comprimido em meu bolso, o pacote parece
queimar, minha mente grita para ceder
Continuo andando, me esbarrando nas pessoas, todas me ignoram, mas ainda posso sentir
seus olhos em mim.
Me enganei
O corredor mal iluminado, era longo e cercado de portas de todos os lados, todas estavam
abertas, e por elas sons de gritos, gemidos e pancadas ecoavam pelo ar
O lado em minha mente, que eu julgava ser o lado são, me diz para voltar lá pra baixo, e
ficar com os caras drogados.
Mas por mais que minha sanidade grite e esperneie, meu maior lado era insano e curioso.
Na porta do lado direito, um cara pendia a cabeça em êxtase, enquanto outro lhe chupava
profundamente.
O cara ia cada vez mais fundo e implacável, uma de suas mãos corria pelo abdômen
exposto de seu amante, já outra seguia rumo a boca dele, vejo seu dedo ser enrolado por
uma língua, então desaparecer enquanto era chupado.
A mão foi retirada de sua boca e seguiu seu rumo para baixo.
A vejo sumir, meu olhos sobem até o cara sentado.
Seus olhos se abrem, suas narinas se dilatam, seus lábios molhados se abrem ele solta um
gemido de êxtase ao ser penetrado.
Os barulhos de sucção ficam mais altos e desconexos, então a explosão
É lindo
É quente
Me afasto e continuo pelo corredor, a maioria dos quartos contém as mesmas coisas
Em um uma garota é compartilhada por vários caras, enquanto outro se mantém sentado e
afastado.
Apenas olhando.
Em outro quarto um cara geme descontroladamente enquanto uma garota vestida de
dominatrix provavelmente o fode com uma sinta..
" Existe uma coisa nas festas, que nos dá liberdade para mostrar quem realmente somos"
As palavras de Peter vem a minha cabeça, assim que vejo a cena na última sala.
Um grande móvel em formato de X, ocupa o centro do quarto, nele uma mulher está
amarrada.
A sala está repleta de homens e mulheres, alguns nus em atos sexuais, outros vestidos e
observando a nudez da mulher presa.
Noto que todos aqui são jovens, mas a loira amarrada, parece ter um ar de maturidade.
Seu corpo torneado e flexível é fascinante.
Eu também
Ele se move, não consigo ver o que ele vai fazer, então entro no quarto.
Ele corre o chicote de montaria mais abaixo, e a golpeia, ouço seu suspiro estrangulado
Ele repete mais três vezes, o corpo dela está tremendo, ele desce o chicolte novamente,
dessa vez, entre suas pernas
Algumas pessoas se levantam e se aproximam para ver melhor, vejo muitos rostos
conhecidos aqui, todos são alunos do campus.
Me inclino e vejo a ponta do chicote desaparecer dentro de seu corpo
Ainda não posso ver o rosto da mulher, é isso que realmente me interessa.
Observo Lucius retirar o chicote agora brilhando, e subir novamente pelas costas dela,
chego a frente do X, a tempo de ve-lo colocar o chicote perto de seus lábios, e manda-lá
chupar
A tempo de ver que a mulher que está nua amarrada aquele X, por correntes de couro,
sendo masturbada e chicotiada na frente de vinte pessoas, é a Senhora Willians, a reitora
da faculdade.
Seus lábios vermelhos abraçam o couro, então ele é retirado, e desaparece atrás dela
Estou na frente do móvel, portanto não vejo o que acontece do outro lado, mas o som deixa
claro.
A tensão sexual é tão grande na sala, que tenho certeza que outros, já estão realmente
perdidos dentro uns dos outros.
Não consigo desviar o olhar dela, não posso sair daqui até seu ápice
As respirações ficam mais rápidas, às chicotadas mais fortes, os gemidos mais altos
O móvel treme sob a força dos golpes, ela está gritando agora, já eu estou ofegando.
Me sinto tão excitada, que poderia tirar minhas roupas, e me entregar a orgia que me cerca.
Vejo Lucius se aproximar e dizer algo em seu ouvido, sua expressão se derrete, mas ainda
sim, ela não tira os olhos de mim, apenas acena com a cabeça
Sim
Mais brutal
Fico tentada a me aproximar, mas me contento, não é o que vim fazer aqui.
O chicote para e cai no chão, Lucius se aproxima dela, e em um golpe rápido, a penetra
repetidamente
Eu paro de respirar, e todos param para olhar ela fechar os olhos, deixar a cabeça tombar
para trás, e explodir no maior orgasmo que já vi na vida.
Às pessoas dançam e aproveitam atrás de mim, o comprimido em minha mão brilha sob as
luzes coloridas
" você não passa de uma boazinha e sem graça, nerd de cálculo"
"Você pode"
Fecho meus olhos, estou sobre a linha novamente, o desastre e a loucura de um lado, o
controle e a mentira no outro.
"Ignore. O que vem fodendo sua mente todos os dias. Ignore. Pelo menos por uma noite. "
Eu
Não
Me
Importo
Capítulo 27
Mais quente que o inferno
Estou queimando
Eu o levanto o segurando com uma mão, enquanto desço meu corpo contra o da garota
que estou dançando
Nossas bocas estão tão próximas, que sinto seu hálito mentolado
Nosso corpos tão colados, que posso sentir seu coração bater acelerado
Corro minhas mãos por seus quadris, e vou subindo por suas costelas nuas, delineando
cada uma delas com meus dedos
Tentando
Provocando
Seus olhos vidrados, se fecham quando meus dedos roçam em seus mamilos duros
Quero morde-los
Quero descer minha mão por entre suas pernas, e provar o quanto ela está molhada
Suas mãos leem meus pensamentos e seguram minha mão que está em seu quadril
Mas elas abre os olhos e os fixa em mim, a música muda, mas não paramos de nos mover
Estamos nos afastando da pista, onde pessoas dançam
Sim
Tão doce
Tão pecaminosa
Ela ferve
Eu estou fervendo também
Tão suave
Afasto sua calcinha, e é minha vez de ofegar assim que sinto sua umidade
Testo sua entrada com um dedo, então o trago de volta e círculo seu clitóris
Seus quadris copiam meu movimento, estamos em sincronia
Afasto meu rosto segurando seu lábio inferior entre meus dentes, e mordo forte o suficiente
para ela gemer ao sentir a fisgada de dor
E com dois dedos a penetro lentamente, pouco a pouco
Ela está tao molhada agora, que sinto escorrer por sua coxa, e molhar a minha pelos rasgos
da calça
Doce
Ela sorri e tenta me puxar, mas eu balanço a cabeça e me afasto, a deixando mole contra a
caixa de som
Merda
Tequila
Seus dedos se movem e circulam a marca que deixei em seu pescoço, ela se aproxima,
não posso ver o que faz, mas tenho certeza que está beijando
Dejavu
Ele leva o cigarro as lábios e traga, ela se mantém imóvel, a cabeça arquiada para trás
Observo ele parar por mais um segundo, então forçar que ela desça, de joelhos entre suas
pernas
Eu queria matar
Mas ela tira seu pau para fora, e o leva até a boca
Eu quero morrer
Meu corpo tensiona, ao ouvir o sussurro em meu ouvido, ele estava aqui me observando,
entanto eu olhava eles.
Parece que nisso eu sou melhor que ela, pelo menos ganhei em algo no final
O esquecimento
Ele diz e me levanta, minhas pernas de prendem em sua cintura, seu braço empurra tudo
que está sobre a mesa, garrafas se quebram ao caírem
É um furacão
Sua língua vai fundo em minha boca, sinto seu gosto de tequila e cigarros
Suas mãos entram em meus cabelos e os puxa para trás, ele quer me deitar
Não deixo
Empurro de volta, minhas mãos entram sob sua camisa, minhas unhas se arrastam com
força, pelos gomos duros de seu abdômen
"- Não"
Minha cabeça cai para trás Aperto seu corpo com minhas coxas
Seus quadris circulam e empurram para cima em reposta, sua ereção exatamente onde
preciso
Estou me contorcendo
"- Ele deixou várias marcas aqui " - ele corre a língua de cima para baixo em meu pescoço
"- Vou ter que encontrar outro lugar, alguma sugestão? "
Tão bom
Estou em combustão
Me inclino para trás, os bicos de meus seios espreitam, Gabe olha para mim me lançando
aquele olhar penetrante, e puxa mais uma vez com força
Me leve
Sua língua circula, seus dentes raspam e eu gemo
Preciso disso
Preciso de mais
Estou voando
Ele começa a espalhar mordidinhas até chegar na base de meu peito, sinto meus lábios de
fecharem e ele chupar com força, me marcando como disse que faria
Poeira estrelar
Puxo seus cabelos com força e o trago para mim, sua língua volta a me punir
Suas mãos me apertam com tanta força, que se eu já não tivesse marcada pelas mãos de
Peter eu..
Peter
Peter está parado imóvel nos observando, suas mãos seguram o batente da porta
Andrea está fora de vista.
Volto minha atenção para o Gabe, que olha para Peter, algo se passa entre eles.
Seguro o rosto de Gabe e o faço olhar para mim, seu rosto está vermelho e suado, seus
lábios inchados
Eu levemente o mordo, ele me aperta
Ele me pega e me põe no chão, me viro para Peter, ajeito meu espartilho, lanço uma
piscadinha e saio da cozinha.
Capítulo 28
Monstros
Sim
Estou amando
Sob minhas pálpebras, eu podia ver as vibrações ecoando a cada movimento, cada toque,
a cada gemido gritado pelas caixas de som.
Não consigo lembrar de nada antes disso, não consigo lembrar de quem eu era, do que eu
fiz, do que eu sou
Nada mais importava
Nada além desse momento
Era maravilhoso
A cada toque molhado que os lábios dele faziam com minha pele, eu me sentia uma deusa.
Eu era uma divindade paga, a beira da euforia
Ele se afasta, abro os olhos e vejo ele puxar um cara para perto.
O observo beija-lo intensamente, suas línguas se enrolando em uma carícia sensual,
enquanto sua mão sobe e aperta meu pescoço suavemente
Seus olhos vidrados, parecem prateados agora, sua pupila desaparecendo em meio a todo
o brilho
Me sinto livre
Me sinto eu mesma.
Sinto a droga rugindo em minhas veias, sinto o cheiro de álcool se misturar ao nosso suor
Eu era pura energia.
"- A verdadeira diversão começa agora, doll. Cuidado, os monstros gostam de caçar"
A euforia orgasmica que possuía meu corpo esta acabando, e sendo substituída por um
calafrio de antecipação
Me aproximo de uma porta lateral, tendo abrir. mas ela não se move, sinto meu peito
apertar, preciso de ar
" Não seja burra Alana, é a caça. Você sabe como funciona. A gente só precisa sair daqui"
As pessoas falam a minha volta, tento empurrar uma janela, ela também não se mexe
Uma porta abre com um baque, todos ficam olhando para ela por alguns segundos, eles
não correm para fora, como imaginei que fariam
Alguém grita
Um cara vai andando devagar, como se tivesse com medo de algo que está lá fora
Ele passa, então todos os seguem o mais rápido o possível, eu me arrasto atrás
Estou tonta, o chão parece se mexer como ondas sob meus pés
Me aproximo de um carro vazio e escorrego até o chão. Os celulares são as únicas luzes na
clareira, olho o céu, parece que a lua também se escondeu.
"- Eles foderam meu carro! Porra eu vou matar eles !"
As conversas ficam cada vez mais distantes, eu tento respirar quando enjoo me atinge, noto
que ao meu lado tem um casal
"- Pode sim porra, vai ser legal! Eu vou te ajudar, só não fica para trás"
Fico olhando um casal, tentando entender que merda eles estão falando
Minha visão começa a se acostumar com a escuridão, vejo que ninguém tenta ir embora em
seus carros, todos se mantém aqui na clareira, como se esperassem por algo, pego meu
celular e vejo que está sem sinal
Se esconda
Esse grito eu escuto, e o cara que diz sai correndo pela floresta, deixando o outro parado
Raiva?
Todos saíram
Ele começa a marchar para a casa como um touro louco, mas de repente ele para
cambaleando
O cara na clareia fala algo, ainda não posso ouvir e isso me irrita.
O cara de preto não fala, não posso ver seu rosto, algo o cobre
Uma máscara?
" NÃO BASTA FODER COM MEU NEGOCIO? VOCÊ TINHA QUE FODER COM MEU
CARRO TAMBEM SEU FILHO DA PUTA??!!"
Essa é a única coisa, que consigo ouvir do cara que espuma na clareia.
Ele parece ficar cada vez mais irritado com o cara de preto, que parece não responder.
Imóvel
Algo nele me parece familiar
Não sei porque
O cara da clareira da vários passos e põe os pés na escada da casa, a um metro do cara
armado
E quando vejo o cara mascarado enfim se mover, eu sei que estou certa.
Ele pega algo no bolso, algo vermelho
Munição
Eu quero gritar, mas parte de mim quer quê ele fiquei, só para ver o que acontece
" VOCÊ NÃO VAI SE LIVRAR DE TUDO !! O MUNDO NÃO É SEU PORRA!! "
Minha mente não esta acreditando no que esta vendo, outra pessoa entra em meu campo
de visão e eu me escondo
Estou tremendo
Estou com medo?
Não
Estou chocada demais para temer, é adrenalina que faz meus dentes baterem.
Não escuto nenhum som, eles já foram?
Um cara está agachado ao lado do corpo, seu rosto coberto se inclina, é como se ele o
avaliase
Em um salto ele se levanta, segura o corpo pela camisa, e começa a arrasta-lo para dentro
da casa
A lua sai de seu esconderijo de nuvens, e ilumina a clareira, a casa e o enorme rastro
escuro, que o corpo deixou ao passar
Tanto sangue
Tão lindo
Tão brutal
Estou perdida em memórias, tão concentrada no sangue, que não noto nada além isso.
Não até sentir alguém atrás de mim, e uma mão tapar minha boca.
Capítulo 29
Psycho Killer
Tento me esquivar de quem me segura, mas meus braços não tem forças, por mais que eu
puxe e arranhe
O braço não me solta.
A mão em minha boca, me impede de gritar
Lute
Eu tento morder, eu tento fincar meus pés no chão para evitar ser levada
Mas estou letárgica e desesperada
Não sei quem me puxa, ele não fala
Apenas me arrasta por entre as raízes
Algo se prende em meu pé, ele me puxa com brutalidade, eu grito a dor rasgando meu
tornozelo
Por favor não esteja quebrado, por favor não esteja quebrado, não consigo fugir com o pé
quebrado
" - Você achou mesmo que ia me humilhar na minha cidade, e seguir como se nada tivesse
acontecido sua puta"
"- Se quiser um cavaleiro, vai ter que voltar lá dentro e se desculpar, porque acho que você
quebrou o nariz dele"
É babaca do bar, não acredito, o que acontece com as pessoas desse lugar?!
Tento conter a risada mas não consigo, me apoio no que está atrás de mim e me levanto
Ele está fazendo isso por um nariz quebrado? Ele assustou a merda fora de mim, e me
arrastou pela floresta, por causa de uma briga de bar?
Ele se aproxima de mim, seus olhos vidrados, seu rosto vermelho, ele respira rápido e com
dificuldade.
Alertas soam em minha cabeça, a cena toda vem em minha mente, eu tento assimilar e
descobrir um jeito de sair daqui.
Espere
Ele me olha como um louco, não sei o que pretende, mas nada bom vem de um homem
raivoso e drogado.
" Você vai se arrepender disso, Pequena Anna. Então você vai pagar"
Eu ataco, meu joelho esmaga com força o meio de suas pernas, ele se abaixa, trago o
joelho pra cima, ouço o som da cartilagem que se curava, partir de novo.
Então eu corro.
Eu corro por entre as árvores
Meu coração ruge
Eu corro mesmo com meu tornozelo gritando, mesmo que minha mente esteja turva
Meu tornozelo grita, e eu me baixo ao lado de uma grande rocha, não consigo ver o real
estado dele nessa escuridão, mas com certeza eu torci.
Ouço um barulho, e me escondo nos arbustos e espero
Um cara está escondido atrás de uma árvore, ele se inclina para olhar a frente, escuto
galhos se partiram.
Vejo seu corpo endurecer, ele começa andar de costas, indo em minha direção.
Não, não
Meu corpo treme, me abaixo mais encolhida por entre os arbustos espinheiros, ele não
pode me ver.
Nem quem persegue ele.
Ele está tão perto agora, que vejo apenas suas pernas, eu poderia toca-lo se quisesse,
preciso apenas esticar o braço por entre os espinhos e folhas.
Mas eu não quero, por entre suas pernas eu vejo um mascarado se aproximar, se movendo
por entre a escuridão, como se fosse parte dela.
E como o outro da casa, ele não diz uma palavra. Apenas se aproxima, como um felino.
"- NNão, nnão eu não tive nada a ver com isso, ele planejou sozinho. Eeeu juro"
Não consigo, minha mente está nebulosa e a náusea me torce. Sinto meus braços e pernas
arderem pelos arranhões.
" Eeeu juro. Eu disse a vocês. Eu contei, disse onde ele tinha escondido. Por que você está
fazendo isso?! "
" Você não pode fazer isso! Vvocê prometeu!!! Por favor, eu posso te dar qualquer coisa, eu
nunca vou falar, eu posso te pagar eu posso eu"
Ele não termina a frase, volto meu olhar para o mascarado, noto algo que não vi antes.
Em sua mão direita, existe um taco de beisebol.
Cravado de pregos.
Eu me encolho e tento ser mais silenciosa possível, e como da outra vez, estou hipnotizada
com toda a brutalidade
O pânico, pode fazer coisas estranhas com nosso cérebro. Mas cada um reage de uma
forma, uns correm para longe, uns desistem e esperam, outros reagem de uma maneira
bem mais perigosa e imbecil.
Acha que pode vencer aquilo que te ameaça, é sua única chance.
Não ouso fechar os olhos enquanto vejo o cara idiota, saltar para o mascarado, achando
que tem uma chance.
Eu não pisco quando o bastão se balança, e desce com toda força no rosto dele.
Minha mente está focada agora, mas ouço sussurros, como se alguém falasse comigo.
Fecho os olhos e murmurou mentalmente
Ouço passos e me lembro do mascarado, ele está sobre o cara que treme violentamente,
uma perna de cada lado.
Seu braço se move e espero o taco descer novamente, mas isso não acontece, ele pega
algo em suas costas.
Um revólver reluzente
O corpo para
Eu paro
Eu conheço
É Psycho Killer.
Capítulo 30
A escuridão em mim
Eu espero sua melodia desaparecer, talvez ele esteja longe o suficiente agora.
Me levanto, e me afasto na direção oposta a que ele sumiu.
Meu corpo inteiro treme, eu não olho para trás para ver se alguém me segue.
Eu não corro mais
Eu não sinto que preciso
Eu paro de andar, noto que o corpo sem rosto, esta caído perto de mim.
Estou andando em círculos
Talvez seja por isso, que as vozes em minha mente clamaram, quando vi o sangue dele
manchando as paredes.
Por isso elas cantaram quando aquele corpo voou, e por isso elas gritaram quando o crânio
do outro se abriu
Encho meus pulmões de ar, e com meus olhos fechados eu grito para o céu escuro e sem
estrelas, com todo meu fôlego, com toda minha força
Peter
Preciso encontra-lá
Anna
Eu não me mexo
Não tenho forças
" Espero que não se importem, brinquei um pouco com sua puta"
" Todos temos nosso lugar no mundo, talvez seus demônios estejam te dizendo o seu"
Um presente
A dúvida me atordoa
E se eu estiver enganada?
E se a morte me segue por outro motivo?
Não noto que peguei a faca e que estou me movendo, até estar a um palmo de distância
deles
Eu já a perdi
E pela segunda vez, passo a ser uma passageira dentro de mim mesma
Vejo minha mão direita levar a faca ao pescoço inquieto dele, e desenhar uma linha
profunda, de um lado ao outro.
Uma tão negra quanto a noite, e a outra tão clara quanto o dia.
Capítulo 31
Verdades
Tudo é vermelho
Não existe nada além do céu vermelho vivo.
O doce cheiro metalico toma o ar
Respiro fundo
Sangue cheira a liberdade.
Eu estava fluando nele, grandes asas acizentadas batiam levemente atrás de mim
A paz domina meu peito.
Mas então como um anjo perverso, eu caio rápido, direto para o abismo.
Me debato e tento me agarra em algo, tento voltar para meu descanso nas nuvens de
sangue.
Olho para o fundo, para o destino que está cada vez mais perto, mas nele não existe nada,
nada além da escuridão
Ele não quer me machucar, eu sei, esta tentando me segurar, seus músculos estão
saltados pelo esforço.
Estava sonhando.
Sonhando de novo.
Faz dias que não tenho pesadelos.
Eu já estive aqui
Onde eu?
Me afasto lentamente dos lençóis frios, e como da primeira vez que estive aqui, estou nua e
limpa.
Minhas roupas não estão em lugar algum, me arrasto para fora da cama, e procuro algo no
armário.
Por fim, acabo com uma camisa do led jeppelin, a mesma que Peter usava quando nos
conhecemos, me olho no espelho, parece que isso aconteceu a milênios.
A camisa gigante, bate a um palmo de meus joelhos, meu cabelo está emaranhado, porém
limpo.
O lado esquerdo de meu rosto, está manchado com um hematoma escurecido.
Sinto algo em mim, algo diferente, como se uma porta tivesse sido destravada, e dela algo
tivesse saído.
Algo que agora, se arrasta sob minha pele.
Paro no ultimo degrau, meus pés descalços não fazem barulho no piso de madeira escura,
portanto ninguém percebe que estou aqui.
A grande TV está ligada, Gabe e Peter estão jogados lado a lado no grande e negro sofá de
veludo, enquanto jogam.
"- Porque? Você está bem melhor assim. Não acha Peter? "
Minha faca
Eu tremo
A voz de Gabe é divertida, mas sua expressão é fria, ele está me calculando, calculando
minha reação.
Olho para Peter, ele está com uma sobrancelha levantada, seus lábios torcidos de lado, sua
maldita covinha aparecendo.
Dou um passo atrás do outro, até que estou em frente ao aparador, meus dedos tocam a
máscara negra.
As memórias me vem a mente, toda aquela brutalidade, olho em volta da sala procurando
Ele se encolhe, ele odeia que eu o chame de qualquer coisa, que não seja Gabe.
"- Mas que ratinha esperta você é, Doll. Você se escondeu." Ele me lança um de seus
brilhantes sorrisos
" - Você disse que os monstros gostam de caçar. Fugir não é uma opção."
Ele ri e a tensão da sala se vai, passo meus dedos pela lâmina torcida e limpa da faca.
Ela ainda é pesada em minhas mãos, mas segura-lá me faz querer dançar.
" Está no carro, a bichinha aqui não gosta do sangue sujando o tapete"
Gabe revira os olhos, e se encosta no sofá de novo. Peter não diz nada, apenas me encara.
" Eu devo?"
"- Você sempre deve ter medo, medo nos deixa alerta"
"- Ele era um idiota muito antes de estar com medo, os fodidos acharam que podiam nos
roubar."
Eu devolvo a faca para o aparador, contorno o sofá e me sento no espaço entre os dois,
olho para Peter
Eu apenas balanço a cabeça, minhas pernas estão arrepiadas, mas não sei se por frio, pela
conversa, ou pela proximidade aos dois.
"- Era uma coisinha nova que inventamos. É um tipo de estimulante, três vezes mais forte
que o melhor extasy do país."
Meus olhos se abrem de repente.
Eles são
" - Por isso tinha tanta droga, vocês são traficantes. "
"- Que nome pesado Anna, estamos mais para jovens empresários do ramo farmacêutico.
Os maiores do estado"
"- Espera aí, vocês me deram uma nova droga que não foi testada antes?!"
Minha voz sai aguda demais, não me importo, eu podia ter morrido, e depois de tudo,
descobri que realmente não quero morrer.
" Eu podia ter morrido com aquilo! Eu me senti ótima no começo, depois perdi todo o
controle. Se eu tivesse. ."
" - Ah Porra, cala a boca Anna! Você ficou bem. Em uma pessoa normal, aquilo dura dois
dias"
Eu quis rir de mim mesma, eu era tudo menos normal, as vozes estavam ausentes, mas
sabia que uma hora elas voltariam. Peter se aproxima
Ele sussurra em meu ouvido, eu tremo, tento me concentrar em algo, qualquer coisa.
Peter tem o poder de controlar cada centímetro de meu corpo, com uma respiração.
" - Mentirosa"
Seu nariz corre o lado de meu pescoço, e volta para minha orelha, sua respiração faz
cócegas. Quero me inclinar e dar mais acesso, mas mão me novo
"- Por que que você não correu?" - Gabe diz e se inclina mais perto de mim.
Meu coração corre uma maratona louca, não posso lidar com os dois juntos e suas
perguntas.
" - Achei que seria mais seguro" - minha voz sai mais fraca que gostaria - "me esconder,
estava tonta demais para correr "
Gabe diz, e corre os dedos por minha coxa subindo a camisa lentamente.
Engulo o nó em minha garganta, estou suando, estou tremendo, sei que eles podem notar
meu desconforto, olho para Peter ele sorri, sim eles adoram essa merda. Fecho os olhos
Merda.Merda.Merda.
Eu ofego.
Gabe ri e mordisca minha orelha direta, seus dedos param a centímetros do meio de
minhas pernas.
Acalme-se
Em meu lado direto, os lábios de Peter tocam a base de meu pescoço e ele me morde
suavemente, seus dentes apenas provocando
Mordo meus lábios com força tentando conter meu gemido, sinto gosto de sangue, isso não,
não vai acabar bem
Ou vai, pode acabar muito bem
O que eu quero?
Ele sussurra em meu ouvido, sua voz lenta e sensual, como tudo nele. Sua língua corre por
meu pescoço e eu gemo, não posso mais controlar
A voz de Peter sai rouca, mas clara, dando ênfase em cada palavra.
O sorriso de Peter é grande e reluzente, já Gabe suga o ar entre os dentes, e o som me faz
fincar as unhas no sofá
Ele enfia a mão por entre meu cabelo e puxa minha cabeça para trás.
O revólver começa a chegar perigosamente perto do minha buceta, que nesse momento
esta em plena vista, ele subiu minha camisa, eu nem notei.
Minhas pernas estão abertas e eu nem notei.
"- E isso te excita" Gabe completa em meu ouvido, eu me contorço, a pressão dentro de
mim é gigante
"- Ssim"
O cano do revolver paira sobre meu clitóris. A centímetros, mas não encosta.
A mão de Gabe não solta meu cabelo, enquanto a outra começa a levantar minha perna,
até que meu pé esteja no sofá, e eu esteja totalmente aberta para eles, sou como uma
boneca em suas mãos.
"- Vocês"
Uma porta bate tão alto que eu pulo, o som me tirando do transe.
Peter se afasta, colocando a arma na mesa de centro, se levanta, e vai para a cozinha
Gabe diz, e apenas solta meu cabelo, e se acomoda melhor ao meu lado, como se nada
tivesse acontecido.
Ajeito minha camisa e me encolho ao seu lado.
" - Acho que você esqueceu que a casa é minha Marcus, quem vem aqui não é da sua
conta."
A voz de Peter enche a casa, eu tento não olhar para Marcus, mas é impossível.
Gabe passa o braço por trás de mim, como se sentisse meu desconforto, e me puxa para
seu peito, seus dedos se enrolando em uma mecha de meu cabelo, distraidamente.
O gesto é tão estranho e natural ao mesmo tempo que levanto a cabeça e fico olhando para
ele por uns segundos.
Ele nota e me encara
"- Quando acordei hoje de manhã, eu sabia quem eu era, mas acho que já mudei muitas
vezes desde então."
" Sério Alice?! Você está mais para lebre louca de março. Cada vez que te vejo descubro
algo diferente, fica difícil te acompanhar"
Ele aperta meus ombros, seu rosto se inclina para o meu, nossas bocas a dois milímetros
de distâncias, seus olhos cor de água, parecem olhar dentro de minha alma. Minha
pulsação acelera
" - Que eu me lembre, você estava me acompanhando muito bem ontem "
E como ontem o fogo me atinge, a língua de Gabe vai se insinuando, incitando a minha
boca a se abrir para ele, e eu me abro de bom grado.
Uma de suas mãos aperta minha coxa, enquanto a outra atrás de meu pescoço, me prende
mais firme a ele.
Tudo nele é sensual, ele vai construindo o fogo, faísca por faísca, até que estou deitada no
sofá e ele entre minhas pernas.
Então com um grito ele sai de cima de mim. Eu pisco sem entender, e me sento novamente
Gabe se levanta tocando a nuca e resmungando, Peter me estende uma cerveja e senta ao
meu lado
" Não precisava me queimar, caralho! Era só falar, Gabe largue minha garota"
Marcus nos olha com seus olhos mortos da poltrona ao lado do sofá.
"- Achei que você gostaria de saber que eu limpei sua bagunça, já que você estava
ocupado demais."
Ocupado comigo
"- Eu não preciso ser avisado, Marcus. Você pelo contrário, não devia estar em outro lugar
agora? "
Eles se encaram, algo se passa entre ele, eu sinto a tensão em meus ossos, trago a fumaça
e olho de um para outro
Eles não são amigos?
" Espero que você não se esqueça do que está em jogo aqui"
"- Eu nunca esqueço. E é melhor você também não esquecer de com quem está lidando,
Ortega."
Peter mudou totalmente, em vez do badboy, pela primeira vez ele se parece com um
homem realmente perigoso.
Vejo Marcus endurecer e sair da casa, batendo a porta tão forte quando da primeira vez.
Ele não continua e eu não empurrou mais, ainda posso sentir a tensão em seu corpo. Pego
uma das máscaras atrás do sofá e fico olhando, as lembranças se misturando em minha
mente
" - Tudo, aquelas pessoas, e porque estavam tão animadas, para serem perseguidas por
psicopatas armados "
Gabe volta e se senta ao meu lado, lançando um olhar sujo para o Peter, que me responde
" - Por uma noite, nos financiamos todos os seus prazeres. Damos a chance deles se
libertam dessa cidade hipócrita."
"- Não seria maravilhoso, Anna? Ter tudo que você quiser? Mesmo que só por uma noite?
Poder mostrar sua loucura, seu segredo mais sujo e torcido. Sem julgamentos? Sem
manchar suas perfeitas e intocadas máscaras? Não importa quem você seja? "
Eu concordo, é maravilhoso
Quem resistiria a isso? Quem diria não ?
Eles riem, e pegam os controles para voltar a jogar. Minutos de silêncio confortável se
passam e pergunto
"- Ninguém se importa com o que vocês fazem? Algo não faz sentido nisso tudo. Como
vocês estão tão tranquilos? "
Minha mente está dando voltas, Gabe me empurra com o ombro novamente
"- Moramos em uma cidade, cheia de jovens mimados e entediados, Anna. Nós fornecemos
emoção e poder a eles. "
"- Não são apenas os desejos dos jovens que financiados, doll."
" - VOCÊ NÃO PODE SE LIVRAR DE TUDO! O MUNDO NÃO É SEU PORRA!!"
Balanço a cabeça, nem todos estão felizes com eles.
Olho chocada e incrédula para Peter. Mas ele não está sorrindo, seu rosto é uma carranca
fria. Algo em seu tom me diz que seu pai, não é muito querido.
Fecho os olhos
Eu sei que preciso voltar para a faculdade.
Eu sei que não devia estar aqui.
Que tudo isso pode, e com certeza vai acabar muito mal.
Capítulo 32
Máscaras
"- Usamos máscaras todos os dias, Anna. Nós fingimos e escondemos nossa verdadeira
essência por moral, julgamentos, ou qualquer merda que temos receio."
Estou deitada no sofá, minha cabeça descansando no colo do Gabe enquanto ele fala.
" - Mas quando usamos essas. Nós colocamos para fora o lado doente e maníaco que
todos temos.
O lado sem mentiras, sem pudores, sem limite. Elas não são máscaras para esconder algo
Doll, pelo contrário, quando as estamos com elas, finalmente podemos ser nós mesmos.
Elas representam cada demônio louco e fodido que temos sob a pele"
Lembro da visão de ontem, minha memória meio confusa pela droga. Mas deles eu lembro
nitidamente. Duas máscaras monstruosas, a branca e a preta.
Segura-las agora parece surreal, tudo desde ontem parece irreal.
Gabe sorri, faz carinho em minha cabeça, seu olhar está divertido, em paz.
Ele se inclina para mim, meu coração acelera com a proximidade, meus olhos correm para
Peter, mas ele ainda está imóvel olhando para fora, um cigarro entre os dedos.
"- Você já viu, o quão belo fica o sangue, quando espirra sobre superfícies brancas, doll?"
Sim, eu já vi.
É lindo e torcido.
Nada sobrevive.
Uma pergunta se forma em minha mente. Olho para as costas tatuadas de Peter, para o
demônio que me encara.
Peter
Crescemos como uma unidade, e como é costume no estado, tivemos nossa primeira arma
antes do primeiro beijo.
Eu tinha 8 anos
Lembro de olhar para meu pai, e imaginar como bonita ficaria a parede da sala, com seus
miolos espalhados por ela.
Gabe estava comigo naquele dia, como em quase todos os outros. Ele odiava a própria
casa, então passava tanto tempo aqui, que tinha o próprio quarto.
Nós crescemos rápido, nós aprendemos, brigamos, mas nunca nos separamos.
Éramos ambos iguais, e completamente opostos, ambos ligados como o dia e noite.
Eu sempre soube que era diferente das outras pessoas. Todos percebiam também,
principalmente Gabe.
Era inebriante.
E agora, observando Anna com a cabeça deitada no colo do Gabriel, segurando a máscara
negra nas mãos, enquanto ele conta porque nós a usamos.
Eu tenho certeza disso.
E Porra, eu amo fato de que quando olho em seus olhos, vejo a mesma podridão me olhar
de volta.
Capítulo 33
Tainted Love
Ele é tão sexy, que mesmo que tenhamos dançado, jogado e fumado por horas, ainda não
me acostumei com ele.
Com nenhum deles.
Me estico e tento pegar o baseado da mão de Peter, ele o entende mais longe de mim
Ele diz rindo, mas eu continuo me esticando, ate que ele para de rir.
Estou completamente sobre seu colo agora.
Ainda estou vestindo sua camisa e nada mais.
Ele trás a mão e poe o baseado em meus lábios, eu puxo a fumaça e prendo, ele sorri, seus
olhos negros com um brilho insano.
Quero tirar esse sorriso convencido dele, me inclino a centímetros de sua boca, e solto a
fumaça, ele a puxa e traga terminando com um beijo.
Suas mãos apertam minha bunda nua, minha camisa subiu, o que quer dizer. .
Mãos me tocam por entre as mãos de Peter, e vão subindo pelas minhas costas
lentamente, levando minha camisa junto.
Peter para de sorrir, se inclina e lambe meu queixo e meus lábios, então sua língua vai
fundo em minha boca.
Eu gemo
É tão sexy
Eu sorrio.
Tão ingênuos.
Sim.
Sinto uma língua circular meu mamilo e ofego. Dentes tomam seu lugar, eu gemo.
Minha bunda fica em suas coxas e minhas pernas sobre Peter, que pega um pé meu, e
começa beija-lo.
Eu me contorso
Gabe me beija, sua língua me induzindo levemente, ele segura minha cabeça com uma
mão, e a outra desce por meus seios, me apertando.
A boca de Peter começa a trilhar beijos por minha panturrilha.
O frio se foi, estou queimando.
Ele se move, e agora esta no centro, e minhas pernas, uma de cada lado.
Gabe solta meus lábios e começa a beijar meu pescoço, correndo a língua molhada até
minha orelha.
Como um espelho, a língua de Peter começa a subir por língua coxa.
Lentamente sua língua toca minha entrada, então sobe, até que se enrola em meu clitóris e
suga
Eu choro
Gabe chia em meu ouvido, sinto seu pau saltar sob minha bunda.
Peter se afasta e lambe os lábios, seus olhos se fecham e ele geme rouco, como se
amasse meu gosto.
Então volta para baixo e repete tudo, só que não para mais.
A boca de Gabe volta para minha, seu beijo mais duro agora, mais firme seus dedos
apertando forte meus mamilos, a dor mandando faíscas por meu corpo.
Sua língua vai fundo, me possuindo, enquanto a língua de Peter entra em mim e me pune.
Estou no céu.
Estou no inferno.
Estrelas explodem atrás de meus olhos, eu grito, Gabe abafando meus sons com seus
lábios.
Ainda estou alta, tremendo quando sou virada e posta de joelhos sobre o sofá de veludo.
Meus quadris repetem seus movimentos descaradamente, até que sua língua entra,
passando pelas barreiras de músculos.
Gabe puxa meus cabelos, trazendo meu rosto para cima, eu o encaro, ofegante e
descontrolada.
Eu tento sorrir, mas nessa hora, o pau de Peter entra fundo em minha buceta e grito.
Minhas costas arqueam, sinto seu peso descer sobre minhas costas, sua boca em meu
ouvido
Eu olho para Gabe, que se afasta um pouco, e abre sua calça, revelando um belo e grosso
pau.
Eu fico olhando para sua cabeça inchada e rosada hipnotizada.
Ele aperta meu cabelo me fazendo olhar para ele. Sua expressão brutal
"- Chupa"
Os quadris de Peter empurram uma única vez para frente, eu salto, minha boca de abrindo.
Eu fecho meus lábios em volta de Gabe, e sugo com força.
Eu o solto, o provo correndo minha língua em seu comprimento, e circulando sua cabeça
inchada, então me afundo nele novamente, ele chia e aperta mais meu cabelo.
Peter começa a se mexer, cada estocada mais forte que a outra, cada vez mais fundo, cada
vez me empurrando mais no pau do Gabe, até que ele bate incontrolavelmente, em minha
garganta.
Os quadris do Peter giram, eu me aperto a ele, uma de suas mãos me solta, então o tapa
ecoa pela sala, queimando minha pele.
Arrasto minha mão, entre as pernas dele, e encontro o que quero, seguro firme e aperto,
seu pau incha em minha boca, e eu círculo minha língua ao seu redor.
Estou preenchida.
Estou queimado.
Estou gemendo.
Capítulo 34
Pânico
Acordo assustada.
Não lembro do que sonhei.
Mas sei que não é bom.
Meu coração esta disparado, o pânico corre em minhas veias.
Desgrudo meu rosto das costas tatuadas de Peter, que dorme profundamente.
Estou sufocando, alguém me segura por trás, eu me mexo e empurrou o braço de Gabe.
Abro as portas de vidro e corro pelo jardim, me encosto nas árvores e tento puxar o ar.
Louca.
Corra.
Volte.
Metirosa.
As vozes gritam em minha mente, tão alto que não consigo ouvir nada além delas.
Meus ouvidos doem, minha cabeça parece que vai explodir, eu tapo meu ouvidos, como se
meus demônios estivessem gritando ao meu redor.
Mas não adianta, eu não consigo me impedir de ouvi-los, eles estão dentro de mim.
Preciso tirar
Preciso tirar eles de dentro de mim.
Eles vão me matar
Eu vejo a escuridão.
Estou apodrecendo
Preciso tirar
Eu vou mais o mais forte que posso, mas eles se escondem, eles vão mais fundo.
Eu grito frustrada
Não adianta.
Nada adianta, eles gritam mais alto.
Me dizem que eu estou abandonando meu pai. Que estou sou uma mentirosa, assassina,
que não tenho ninguém.
Que eu devia estar morta.
Eu grito e choro, eu rasgo mais fundo, a dor não me para, o sangue quente escorrendo não
me para.
Então eu estou caindo, o frio me penetra tão fundo que não consigo respirar.
São facas entrando fundo em meus ossos, em minha alma.
Estou me afogando.
Preciso de ar,
Eu chuto e mexo meus braços com toda a força que tenho, então submergo.
Eu fiz isso.
Eu tremo tanto que não consigo falar, não consigo fazer nada além de chorar.
Ele se afasta e me encara, seus olhos cor de água brilhando no amanhecer cinzento.
"- Não guarde emoções, Anna. Nada que é preso termina bem. Não engula o choro. Não
engula a raiva. Não engula o medo."
"- Ficou com raiva? Grite.Ficou com ódio, odeie em voz alta. Ficou tão feliz, que tem
vontade de gargalhar como uma lunática, até que sua barriga doa? Então faça."
Ele puxa meu braço, sua mão sobre a minha, e me induz a apontar a arma para uma árvore
a pouca distância.
"- Sentiu vontade de matar alguém? Mate. Quer foder um time de futebol inteiro, ao mesmo
tempo? FAÇA PORRA. Só não se tranque dentro de si mesma, e finja ser alguém que você
não é"
Seu dedo põe o meu no gatilho, e se move, ficando atrás de mim, seus braços me
cercando como cobertores quentes.
Um em minha barriga nua, outro em meu braço.
"- Não afogue o fogo que existe dentro de você, porque o mundo julga ele feio e errado"
Eu atiro.
Capítulo 35
Intensidade
Estou imersa na banheira quente a tanto tempo, que a água está fria e meus dedos
enrugados.
Mas não quero me mover.
Gabe está atrás de mim, estou encostada em seu peito enquanto ele faz carícias em meus
braços.
É tão suave, Gabe é assim. Pode ser risonho e brincalhão, então provocativo e violento em
seguida. Mas esse lado delicado que me abraça enquanto tenho um ataque, e que me leva
até uma banheira quente e me acaricia até eu conseguir esquecer meus demônios, esta
fazendo meu coração apertar.
Levanto a cabeça e vejo Peter encostado na porta. Seus braços cruzados, seu cabelo
bagunçado.
Ele parece um confusão sonolenta e quente.
Ele me puxa para a cama e Gabe já está la esparramado, ele bate ao seu lado e eu me
novo, mas Peter me para.
Seus olhos me sondam, e suas mãos soltam minha toalha, que cai no chão.
Por mais que ja tenhamos passado por isso diversas vezes nas últimas horas, eu enrubeço
como uma virgem.
Uma mão de Peter, segura meu cabelo e a outra se move entre nós, e toca meu clitóris
inchado, eu gemo e me afasto, segurando seu lábio entre meus dentes.
Eu o olho, seu rosto está tenso e concentrado, começo me perder em seu olhar.
Uma língua corre por toda minha extensão, eu gemo, me ajeito em seu colo e me levanto, e
sem quebrar seu olhar eu desço em sua ereção.
É tão lindo a forma que ele geme meu nome, que reviro os olhos, me perdendo na
sensação.
Sou puxada levemente para trás, meus braços tencionam um pouco
Gabe sussurra em meu ouvido, sua língua corre minha nuca e eu gemo novamente, seu
pau começa a entrar em mim, tão lentamente quanto seus beijos são.
Como se fosse possível eu esquece-lo.
Ele vai me abrindo, me enchendo, e quando sua pélvis toca minha bunda totalmente, o
vazio em meu peito se foi.
Estou completa.
Peter aperta meu quadril firme com uma mão, e sob minhas pálpebras cerradas o vejo se
apoiar em um braço e se elevar, sua boca tocando meu mamilo e chupando suavemente.
Eles se movem lentamente, como se fossem um só. Como se nos três fossemos um só.
A pressão vai aumentando lentamente, como uma faísca que se torna um enorme
incêndio.
Suor escorre por meu corpo e rola para o deles, estou gemendo e ronronando como um
gato. Não consigo manter meu olhos abertos, viro para o lado, em busca da boca do Gabe,
que me encontra, Peter empurra para cima com força.
Os lábios de Peter tocam a base de meu pescoço, seus dentes me arranhando, então seu
lábios se fecham e ele chupa, me marcando.
Os lábios de Gabe, soltam os meus, e se arrastam por minha pele, e imitando Peter ele
deixa sua marca, no ponto sob minha orelha.
Gabe se afasta de minhas costas e empurra para frente, me fodendo com mais força.
Eu caio sob Peter, que responde os movimentos de Gabe com a mesma intensidade.
Meus gritos estrangulados, sufocados contra a pele do vão entre o ombro e o pescoço de
Peter.
Estou tão flutuante em minha nuvem, que nem noto que terminamos juntos.
Nós apenas rolamos para o lado e eu adormeço, com eles dois ainda dentro de mim.
Meu último pensamento coerente é
Capítulo 37
Cacos, sangue e cafeína
Isso é felicidade?
Não é saudável.
E toda, toda a fodida vez que vejo Gabe em sua moto, ou Gabe sombrio em seu carro, meu
coração aperta.
Eu fecho meus olhos enquanto sinto o cheiro da cafeína, entrar em meus pulmões.
Sim, é isso.
Eu sei que é.
Nunca senti isso antes, mas sei que os amo.
Estou livre.
Eu caminho até a sala, lentamente, eles estão tão quietos essa manhã, talvez eu possa
fazer algo em relação a....
" - Ainda não temos nenhuma pista sobre o assassino do filho do magnata farmacêutico
Robert O'connel.
O país está chocado com tamanha brutalidade que Tyler O'connel, de 28 anos sofreu. A
policia do estado da Califórnia está reunida com o FBI a semanas, mas nada foi informado
ainda.
Eles apenas dizem que estão reunindo e seguindo pistas, o que deixa a população cada
vez mais inquieta e amedrontada. Se não pegarem esse maníaco logo, qual será seu
próximo passo? Quem será sua próxima vítima?
A TV foi desligada, mas as imagens da cozinha de minha mãe queimam por trás de meus
olhos.
A fita da perícia delimitando cada centímetro, o sangue manchando as paredes, o carpete
branco, e o saco plástico branco escondendo o corpo desfigurado do Tyler.
"- Isso explica porque ele não responde o celular, nem o email. O fodido está morto."
"- Eu não tenho como saber de tudo porra. Eu falei com ele a meses atrás, era trabalho do
Gabe, confirmar que a quantia tinha sido depositada"
" Não olhem assim pra mim, caralho. Eu falei com ele, ele disse que tinha pegado o valor e
ia depositar, estou tentando falar com ele desde então. Estou tão surpreso quanto vocês"
" - Eu não quero saber de quem é a culpa, eu quero saber onde está a PORRA DO MEU
DINHEIRO!"
"- Calma Porra, eu vou tentar rastrear as chamadas dele e a câmera da casa. Se alguém
pegou o dinheiro antes ou depois dele morrer, eu vou saber. Relaxa Peter, você sabe que
eu sou foda, o dinheiro também é meu. Eu vou achar e pegar, nem que tenha que arrancar
a pele de quem roubou, centímetro por centímetro"
Depois que tudo está limpo, eu vou até o quarto de Peter, me tranco no banheiro, me olho
no enorme espelho, e me deixo processar o que ouvi.
Meu dinheiro.
Nosso dinheiro
"- eu vou achar e pegar, nem que tenha que arrancar a pele de quem roubou"
Meu dinheiro
Dinheiro deles.
O dinheiro deles.
Eu choro
Estou morta.
Capítulo 38
Doll
O pânico está em meus olhos, eu pisco várias vezes, até ele sumir.
Respiro fundo.
Preciso pensar em algo, eu preciso encontrar uma maneira, eles não podem descobrir que
estou envolvida.
E não consigo fazer nada disso nessa casa.
Ele pega a minha mão e planta um beijo suave em cada corte, eu suspiro.
Seus dedos longos seguram cada lado de meu rosto, seus olhos me prendem novamente,
ele se inclina e fecho os olhos, enquanto ouço seu sussurro a milímetros da minha boca
" - Odeio quando você supõe o que esta em minha mente, badboy "
Ele fecha a distância de nossos lábios, e como sempre seu beijo é duro e arrebatador.
Ele te obriga a esquecer de tudo a sua volta, te obriga a respirar apenas ele, a sentir
apenas dele.
Só existe eu e ele.
Por esses minutos eu esqueço que eles vão me odiar, e me matar quando souberem que
roubei o dinheiro, e menti.
Eu me esqueço que eles não vão acreditar em mim, quando eu disser que não sabia,
porque eles não confiam em ninguém além deles mesmos
Eu me esqueço de tudo
Suas mãos somem debaixo de minha saia, e puxam minha calcinha por minhas pernas.
Eu puxo sua camisa, lançando-a no chão, abro sua calça e o puxo para mim.
Ele me penetra fundo e rápido, minha cabeça tomba para trás.
Eu gemo.
Uma se suas mãos segura minha coxa que está presa em seu quadril, enquanto a outra
segura firme minha garganta, eu me forço a olhar para ele.
Seus olhos me encaram,
ele sabe que estou mentindo.
Ele sabe que existe algo errado, porque Peter me conhece mais que qualquer um, ele
conhece a escuridão dentro de mim.
Ele planta um beijo suave em meus lábios, que entra em contraste com sua estocadas
rápidas.
Estou subindo como em uma montanha russa, ele vira meu rosto para o lado, a bancada de
pedra treme, seus lábios se arrastam para minha orelha
....
Paramos em frente de meu dormitório, eu fico olhando para o vidro, e ele para mim.
Algo torturado
Entre nós sempre existiu esse imã, que nos atrai um para o outro
Quem eu sou?
A Anna psicótica e assassina?
A Anna solitária?
Eu olho em seus olhos negros, e digo o que esta gravado com sangue, bem no fundo da
minha alma
Peter me ensinou que posso ser quem eu quiser, e entre todas as versões de mim, a que
prefiro ser, é sempre aquela que está ao seu lado
Capítulo 39
Noite sem estrelas
Ele ama tanto essa música, que colocou como toque do meu celular.
Então toda vez ele liga, ela ecoa pelo ar, como agora.
Talvez seja porque Peter sabe que algo está errado dentro de mim.
Talvez ele soubesse que eu precisava ficar sozinha.
Ela parou de perguntar, mas como uma futura psicóloga, ela não me deixou, desde que me
viu voltar sozinha para o meu quarto depois da aula.
Ela está com medo de algo.
A ligação cai.
Eu respiro de novo
Fecho meus olhos, então meu celular vibra.
Eu olho a tela
Eu olho para Vick, ela está pálida e nitidamente assustada com minha reação a uma
mensagem.
Respiro fundo
"- Eu preciso ir até a casa do Peter agora. Eu juro você vai ter seu carro de volta."
Ela é o reflexo da amiga que tentei ter, da vida que eu podia ter, se tudo tivesse sido
diferente, se eu tivesse nascido diferente.
Ela vê algo em meu olhar, porque sua expressão muda, ficando mais assustada que antes
Eu viro as costas, e fecho a porta para a vida que nunca vou ter.
Eu corro para o carro, e bato todos os recordes de velocidade, e paro na estrada, em frente
a casa do Peter.
Eu deixo a chave na ignição e saio, mas um segundo antes de entrar na casa, eu olho para
o anoitecer.
Uma chance de não perder tudo, de não perder o que me faz respirar.
Gabe que está no meio da sala, olhando para as árvores que aparecem através das portas
de vidro.
Ele me sente, pois seu corpo tensiona, ele começa a se virar, eu prendo a respiração e
fecho meus olhos.
Meus olhos se abrem e seus olhos de mar caribenho, me encaram, existe uma sombra
nele, traição, raiva e ódio tão grande.
Eu me encolho
" Muito tarde para ter medo de mim não acha? Você é o menor dos meus problemas, doll"
Eu não entendo
"- Ele não está. Mas vai chegar, eu já liguei para ele"
Eu tremo
"- Você sabe que somos muito mais do que isso, Gabe." - Eu engulo o nó em minha
garganta
" - Eu não sabia...eu não"
Ele me solta
"- Porra sim, você roubou. E veio parar justo aqui. Que azar fodido você tem hein, doll?!
Merece uma surra por isso. Surra que vai levar, e não vai poder sentar por um mês."
"- Mas se o dinheiro não estivesse lá, você não teria pegado, Doll. E aquele dinheiro não
devia estar lá"
Eu pisco, como?
Ele pega um cigarro do chão e acende
"- O filho da puta era um de nossos fornecedores. O fodido do papai dele, fábrica e lava
nosso dinheiro à anos, doll. Aquele dinheiro devia ter sido depositado na nossa conta"
Eu ainda não entendo, porque ir tão longe, porque não fazer isso por aqui, aí eu me lembro
Claro, o novo marido da minha mãe, era um dos maiores bilionários do ramo.
Mas ainda não explica
"- Por que eu não sou o pior dos problemas?"
Ele se aproxima de mim e beija minha testa suavemente, seu cheiro de sol me embala, eu
quase choro com isso.
Tanto sangue
" já viu como o sangue fica lindo, quando espirra em superfícies brancas? "
Não
Não, não é bonito, assim.
Na camisa do Gabe não é bonito.
Seu olhos estão tão raivosos, ele transpira ódio e fúria, mas a cada piscar ele fica mais
sonolento
Sua mão toca meu rosto, e ele tentar sorrir, mas sua mão cai
Ele sussurra duas palavras, seus lábios se movem, mas nenhum som sai
Seus olhos fixam em mim com tanta intensidade, com uma força como nunca vi antes
Pela primeira vez na vida, essa é a coisa mais horrível que vi na vida.
Eu não aceito
Eu o chacoalho
Eu bato em seu rosto, em seu peito
Eu não posso
Eu preciso dele
Eu preciso que ele acorde
Nada
Aquele que me segurou quando eu precisei, e me disse para não matar o fogo em mim
A única luz que existia na minha mente doentia, não está aqui
A dor que me retalha é tão grande, que quero entrar sob sua pele, e nunca mais sair
Lembro de quem fez isso e me levanto, ele está parado a menos de um metro de mim, eu
vou arrancar o coração de seu peito e comer
"- Comovente. Sinceramente, é comovente, eu achava que você tinha um favorito, mas pelo
visto o ménage era realmente bom"
Eu me jogo sobre ele, com unhas, dentes e ódio.
Colidimos contra a parede, ele tenta se esquivar de mim, sinto suas mãos arrancando tufos
de meus cabelos, eu sinto seus socos contra minhas costelas
Eu sinto tudo
Mas não solto
Ele não consegue me tirar.
Ele nos gira e minhas costas batem forte na parede, então estou decolando pela sala
Chutes chegam tão fortes, que me enrolo em uma bola, e a medida que eles me atingem eu
vomito sangue
Sua voz é morta, como ele vai estar ainda essa noite
"- Você é tão burra. Não entendeu ainda? Você poderia ter continuado sua vidinha de
merda, mas você tinha que pegar meu dinheiro. Não sabe qual foi o tamanho do meu
choque, quando te vi naquela festa. Eu estava te procurando a meses, aí do nada, a meia-
irmazinha drogada cai bem no colo do Peter. Minha sorte é maravilhosa"
Tudo me atinge
"- Tyler estava ajudando alguém a foder a gente por meses "
Ele se levanta, então pega o revolver que está a poucos metros do chão, aponta para a
própria perna, e atira.
Fico surda por alguns segundos, então ele volta a falar
"- Vai ser terrível contar para o Peter, que o brinquedinho favorito dele. Além de ser uma
ladra mentirosa. Matou a única pessoa que ele amou no mundo. "
Sangue escorre como um rio de sua perna, mas ele não demostrar nada, ele nem pisca.
Ele não
Ele
"- Sabe, ele vai ficar transtornado, vai me culpar, mas vai ser tão fácil contar para ele como
você nos enganou, e atirou em nós, com a própria arma do Gabriel."
Só então eu noto, que o revólver em sua mão é o cromado, o mesmo que Gabe deu em
minha mão quando eu estava me perdendo
"- Sim Anna, você entendeu, agora é melhor me dizer onde está minha grana"
"- Isso Anna, fuja, mas lembre, nós nunca perdemos uma presa."
Ele ama tanto essa música, que colocou como toque do meu celular.
Então toda vez ele liga, ela ecoa pelo ar, como agora.
Talvez seja porque Peter sabe que algo está errado dentro de mim.
Talvez ele soubesse que eu precisava ficar sozinha.
Lembro que Vick está ao meu lado, estamos em meu quarto nas últimas duas horas, ela
também sente que algo está errado.
Ela parou de perguntar, mas como uma futura psicóloga, ela não me deixou, desde que me
viu voltar sozinha para o meu quarto depois da aula.
Ela está com medo de algo.
A ligação cai.
Eu respiro de novo
Fecho meus olhos, então meu celular vibra.
Eu olho a tela
Eu olho para Vick, ela está pálida e nitidamente assustada com minha reação a uma
mensagem.
Respiro fundo
"- Eu preciso ir até a casa do Peter agora. Eu juro você vai ter seu carro de volta."
Mas antes de passar eu a olho, ela está sentada na minha cama, seus óculos vermelhos e
estranhos, contrastando com o visual estiloso.
Ela é o reflexo da amiga que tentei ter, da vida que eu podia ter, se tudo tivesse sido
diferente, se eu tivesse nascido diferente.
Ela vê algo em meu olhar, porque sua expressão muda, ficando mais assustada que antes
Eu viro as costas, e fecho a porta para a vida que nunca vou ter.
Eu corro para o carro, e bato todos os recordes de velocidade, e paro na estrada, em frente
a casa do Peter.
Eu deixo a chave na ignição e saio, mas um segundo antes de entrar na casa, eu olho para
o anoitecer.
Uma chance de não perder tudo, de não perder o que me faz respirar.
A casa está quieta, e como sempre as luzes estão apagadas.
Gabe que está no meio da sala, olhando para as árvores que aparecem através das portas
de vidro.
Ele me sente, pois seu corpo tensiona, ele começa a se virar, eu prendo a respiração e
fecho meus olhos.
Meus olhos se abrem e seus olhos de mar caribenho, me encaram, existe uma sombra
nele, traição, raiva e ódio tão grande.
Eu me encolho
" Muito tarde para ter medo de mim não acha? Você é o menor dos meus problemas, doll"
Eu não entendo
"- Ele não está. Mas vai chegar, eu já liguei para ele"
Eu tremo
"- Você sabe que somos muito mais do que isso, Gabe." - Eu engulo o nó em minha
garganta
" - Eu não sabia...eu não"
Ele me solta
"- Porra sim, você roubou. E veio parar justo aqui. Que azar fodido você tem hein, doll?!
Merece uma surra por isso. Surra que vai levar, e não vai poder sentar por um mês."
Ele anda de um lado para o outro, mais inquieto que o normal
"- Mas se o dinheiro não estivesse lá, você não teria pegado, Doll. E aquele dinheiro não
devia estar lá"
Eu pisco, como?
Ele pega um cigarro do chão e acende
"- O filho da puta era um de nossos fornecedores. O fodido do papai dele, fábrica e lava
nosso dinheiro à anos, doll. Aquele dinheiro devia ter sido depositado na nossa conta"
Eu ainda não entendo, porque ir tão longe, porque não fazer isso por aqui, aí eu me lembro
Claro, o novo marido da minha mãe, era um dos maiores bilionários do ramo.
Mas ainda não explica
Ele se aproxima de mim e beija minha testa suavemente, seu cheiro de sol me embala, eu
quase choro com isso.
Tanto sangue
" já viu como o sangue fica lindo, quando espirra em superfícies brancas? "
Não
Não, não é bonito, assim.
Na camisa do Gabe não é bonito.
Seu olhos estão tão raivosos, ele transpira ódio e fúria, mas a cada piscar ele fica mais
sonolento
Sua mão toca meu rosto, e ele tentar sorrir, mas sua mão cai
Ele sussurra duas palavras, seus lábios se movem, mas nenhum som sai
Seus olhos fixam em mim com tanta intensidade, com uma força como nunca vi antes
Pela primeira vez na vida, essa é a coisa mais horrível que vi na vida.
Eu não aceito
Eu o chacoalho
Eu bato em seu rosto, em seu peito
Eu não posso
Eu preciso dele
Eu preciso que ele acorde
Nada
A única luz que existia na minha mente doentia, não está aqui
A dor que me retalha é tão grande, que quero entrar sob sua pele, e nunca mais sair
Lembro de quem fez isso e me levanto, ele está parado a menos de um metro de mim, eu
vou arrancar o coração de seu peito e comer
"- Comovente. Sinceramente, é comovente, eu achava que você tinha um favorito, mas pelo
visto o ménage era realmente bom"
Colidimos contra a parede, ele tenta se esquivar de mim, sinto suas mãos arrancando tufos
de meus cabelos, eu sinto seus socos contra minhas costelas
Eu sinto tudo
Mas não solto
Ele não consegue me tirar.
Ele nos gira e minhas costas batem forte na parede, então estou decolando pela sala
Chutes chegam tão fortes, que me enrolo em uma bola, e a medida que eles me atingem eu
vomito sangue
Sua voz é morta, como ele vai estar ainda essa noite
Com isso eu levanto meu rosto e o olho, seu rosto está retorcido em cortes furiosos feitos
pelas minhas unhas, seu olho esquerdo levemente fechado e ensanguentado, seu lábio
pingando sangue
"- Você é tão burra. Não entendeu ainda? Você poderia ter continuado sua vidinha de
merda, mas você tinha que pegar meu dinheiro. Não sabe qual foi o tamanho do meu
choque, quando te vi naquela festa. Eu estava te procurando a meses, aí do nada, a meia-
irmazinha drogada cai bem no colo do Peter. Minha sorte é maravilhosa"
Tudo me atinge
"- Tyler estava ajudando alguém a foder a gente por meses "
Ele se levanta, então pega o revolver que está a poucos metros do chão, aponta para a
própria perna, e atira.
Fico surda por alguns segundos, então ele volta a falar
"- Vai ser terrível contar para o Peter, que o brinquedinho favorito dele. Além de ser uma
ladra mentirosa. Matou a única pessoa que ele amou no mundo. "
Sangue escorre como um rio de sua perna, mas ele não demostrar nada, ele nem pisca.
Ele não
Ele
"- Sabe, ele vai ficar transtornado, vai me culpar, mas vai ser tão fácil contar para ele como
você nos enganou, e atirou em nós, com a própria arma do Gabriel."
Só então eu noto, que o revólver em sua mão é o cromado, o mesmo que Gabe deu em
minha mão quando eu estava me perdendo
"- Sim Anna, você entendeu, agora é melhor me dizer onde está minha grana"
"- Isso Anna, fuja, mas lembre, nós nunca perdemos uma presa."
Capítulo 40
Escolha
Eu corro.
Me acompanhando
Elas cantam
Elas cantam tão alto que tenho vontade de dançar com elas
Eu paro.
O som de água me atinge.
Sim, estou perto.
Me enfio por entre os arbustos, os espinhos entram em minha pele,liberando a criatura cada
vez mais
E eu vou sorrir
Eu respiro fundo.
Existe algo em mim sussurrando
Oque é?
Oque é?
Medo?
De perder ele?
Meu Peter
Meu coração ainda dói.
Eu respiro fundo.
E espero pela morte novamente.
....
Será que ele pode ver que não pretendo sair daqui?
Se eu soubesse
Gabe me mostrou o que era o poder gritar, com toda a força da minha alma.
Peter me mostrou o que era abraçar o lado mais sombrio de mim, e amar em meio a
escuridão.
Amei a violência
Amei a hiperatividade
Amei a nossa loucura
O sorriso de Gabe vem em minha mente, sinto a lágrima solitária cair por meu rosto
Oh meu Gabe.
Ele me mostrou o que era respirar de verdade
É curioso que a minha morte, tenha me ensinado o que era realmente viver.
Eu quebro de novo
Meu corpo treme
Meu Gabe
Meu Peter
Corra
Não.
Eu não vou correr
Eu escolho confiar na escuridão.
Eu escolho me perder em seus olhos hipnóticos.
A arma dispara.
Capítulo 41
Sick
Abro os olhos
Peter está me olhando
A arma ainda está apontada, mas para algo atrás de mim
Eu me viro e vejo
Vejo o corpo ao chão
Como Gabe
Eu sei
Eu a giro
Eu a tiro
Sua boca se abre, mas ele não demonstrada nada alem do olhar de medo
Eu me levanto
"- Você se esqueceu, Ortega. Você nunca foi o pior monstro daqui. Esse sempre foi seu
erro"
O som é lindo
"- Se estiver tão feliz, que quer gargalhar como uma lunática? Faça"
Então eu faço
Ele parou de gritar
Eu me aproximo mais
Está em choque
Que pena
Eu respiro fundo
Desde as botas desgastadas, os jeans negros rasgados, a camisa do led zepellin, então o
abismo hipnótico de seus olhos.
Epílogo
.....,,
.......
O barulho voltou
Eu tento abrir meus olhos
Eu consigo
A luz me cega
Maldita luz
Eu prefiro a escuridão
Ela não me machuca
Eu sinto que algo falta
Não sei o que é
Tento me mover
A dor vem
A escuridão volta
Enfim
........
"- Não sabemos, com a gravidade do trauma que sofreu, fizemos tudo que podíamos fazer
por ele senhor, agora depende dele"
........
"- Doll"
Extra
O táxi para e eu desco, mas não sem notar o olhar alarmado do motorista.
A cidade inteira teme esses caras.
Eu não
Meu carro está parado, a
porta aberta, a chave na ignição.
Que merda aconteceu ?
Eu sei que ela tem problemas terríveis, eu sei que Gabriel e Peter, são diferentes do resto
de nós.
Será que Anna, faz ideia de quem eu sou por trás de minha máscara?
Não me importo, porque independente de tudo, eu na posso deixar que ela se machuque.
Gabriel
"- eeeu preciso uma ambulância agora, meu amigo, ele, ele foi baleado'
Eu digo o endereço, minha voz se enrolando, minhas palavras apressadas
"- Vvictoria Victoria Bleic. Sou filha do cherife do condado de Lake, por favor venha logo"
"-Ssim, está muito fraca, mas ele está vivo. Por favor venha logo, ele perdeu muito sangue."