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Disponibilização: Eva e Liz

Tradução: Claudinha
Pré-revisão: Ana Rosa
Revisão inicial: Drika
Revisão Final: Dri
Leitura Final: Faby
Formatação: Monica Bellini
Para a minha tia
Raven e meu tio
Albert.
PortiaMoore

Esse não é o típico felizes para sempre…


Lauren Brooks quer fazer três coisas: ficar longe da pequena
cidade onde cresceu, ser aceita na escola dos seus sonhos, em
Chicago, e fazer pós-graduação sem se afogar em dívidas. Agora
ela está trabalhando apenas para sobreviver.
Com a carga de estudos completa e um emprego como
garçonete em uma das boates mais quentes em Chicago, ela não
tem tempo para distrações; especificamente para aqueles que só
querem entrar em suas calças. Isso já aconteceu antes. Só um tolo
iria voltar para uma segunda vez. Com apenas dois semestres
para a graduação, tudo corre como planejado.
Até que ela conhece Cal. A distração.
Um metro e oitenta e oito de altura, cabelos negros como
ébano, profundos olhos cinzentos e um sorriso que só conseguia
esconder a sua própria vida, e que sabe que isso significa
problemas. E, pela primeira vez em sua vida, um pequeno
problema pode ser apenas o que ela precisa.
Não é o que ela quer.
Não é como se casar com o cara. Até que isso aconteça.
O que ela acha que vai ser o seu felizes para sempre é apenas
o começo. Cal tem um segredo. Um que faz com que o amor venha
com um preço, e ser sua esposa sai mais caro que o esperado.
26 de abril de 2011

Aqui vem ele. Meu próprio príncipe fodido, Cal Scott. Ele
caminha, seus olhos vão rapidamente para a mala na minha mão
e brevemente descansam no meu rosto. Ele deixa escapar um
suspiro exasperado, joga as chaves sobre a mesa, em seguida, tira
o casaco. Seus olhos caem sobre a garrafa de vinho vazia que eu
terminei hoje. Um sorriso se espalha por seu rosto antes que ele
passe a caminho para o quarto.
Eu estava esperando por sua falta de reação, mas ainda dói.
Eu tenho certeza que ele me considera mais como sua escolta
pessoal de alta classe, do que sua esposa.
Eu aperto minha mala com as poucas coisas que são minhas.
Ele pode manter os carros, o dinheiro e o sótão, as coisas que ele
acha que deve me consolar na minha solidão. Todas as coisas
materiais do mundo não podem compensar a crescente
desconexão entre nós. O diamante amarelo de quatro quilates no
meu dedo é bonito, mas é também uma lembrança dolorosa dos
votos que ele quebrou.
Eu olho para ele, agora descansando no sofá com um sorriso
confiante estampado em seu rosto, vestindo a mesma roupa que
ele usava no dia em que eu o conheci. Eu entro na sala. Ele está
assistindo a um jogo de basquete em sua tela de TV terrivelmente
grande, como se ele não tivesse uma preocupação no mundo.
Ele se vira para mim, ainda sem falar, e minha raiva
transborda. Se eu fosse um homem iria chutar a bunda dele. Pego
o calendário da minha mala, marcando com os poucos dias que
ele esteve em casa, e com força coloco em seu colo.
"Não comece essa merda, Lauren. Eu enviei uma mensagem."
Ele diz com exasperação óbvia.
Minhas perguntas tornam-se tiros rápidos enquanto caminho
em frente à TV, acenando minha bolsa em sua direção e fazendo o
meu melhor para obstruir sua visão.
"Você me mandou uma mensagem? Isso torna tudo bem? Você
vê as minhas malas na porta e a que eu estou segurando? Você
não entende? Eu vou embora, Cal. Foda-se você e sua mensagem
de texto!"
Ele muda sua posição no sofá e faz um gesto para a garrafa de
vinho vazia, que me esqueci de jogar fora.
"Eu não estou falando com você enquanto você está bêbada."
Diz ele, com desdém.
"Sim, você vai!" Eu insisto, me aproximando.
"Você não estava indo embora?" Ele pergunta sarcasticamente,
com um rosto severo, enquanto sorri com os olhos.
Ele não está me levando a sério, então eu me inclino e rosno
na cara dele.
"Você é um filho da puta!"
Ele me beija nos lábios e ri. Porra ele está rindo! Eu tento dar
um tapa nele, mas ele é rápido e meus dedos quase não tocam seu
rosto.
"Porra, eu te odeio!" Rujo e eu rapidamente começo a tirar o
meu anel de noivado. Eu quero jogá-lo, mas então eu percebi que
eu gosto do meu anel. É fodidamente lindo. Então eu jogo o
controle remoto do som na sua cabeça antes de marchar em
direção à porta. Ele está fora do sofá, vindo atrás de mim, mas eu
continuo andando. Ele agarra meu braço, me vira para ele, e pega
a minha mala.
"Eu estou cansada, me deixe em paz!" Eu grito, lutando para
me libertar de suas garras de ferro. De repente, ele me pega e me
joga por cima do ombro.
"Deixe-me ir! Pare com isso!" Eu grito, mas ele não escuta. Eu
estou falhando miseravelmente em minhas tentativas de fuga.
"Não há mais garrafas de vinho para você, Sra. Scott." Ele
profere, sem se incomodar com meus protestos.
"Deixe-me ir!" Eu grito novamente, socando-o na parte de trás,
enquanto ele sobe as escadas e entra no nosso quarto onde ele me
joga sem a menor cerimônia na cama.
"Durma". Diz ele, simplesmente.
Quem diabos ele pensa que é? Corro para a porta, mas ele
desliza rapidamente para fora, fechando a porta atrás de si. Eu
chego à porta em uma fração de segundo mais tarde. Está
trancada. O bastardo me trancou.
"Então, você está me sequestrando agora? Você está
acrescentando isso ao seu currículo, juntamente com a merda de
marido sem noção? Você não pode me manter aqui! Estou
deixando você! Estou cansada disso! Você nunca está em casa! Eu
não me inscrevi para ser a única pessoa neste casamento!"
Meu desabafo é inútil. Eu posso ouvir o barulho do jogo dos
Bulls ecoando pelas escadas e estou certa de que ele aumentou o
volume da sua estúpida TV gigante, a fim de abafar os meus sons,
eu sento no chão e choro até que eu não possa chorar mais, até
que eu estou cansada demais para fazer qualquer coisa, somente
dormir. Eu ajusto meus olhos quando acordo. Minha cabeça está
doendo.
A garrafa de vinho consumida está voltando para me
assombrar. Eu percebo que eu não estou no chão, mas na nossa
cama, com as cobertas sobre mim.
A luz da lua brilha através da janela, em vez do sol, que era a
última coisa que meu cérebro lembra, eu estive fora por um
tempo. Eu coloco meus pés no tapete de pelúcia, deixando minha
cama e saio para o terraço para apreciar a brisa da noite fresca.
Olhando por cima do reluzente centro da cidade de Chicago, eu
penso sobre quantas noites eu passei aqui sozinha, olhando para
o horizonte e me perguntando onde meu marido estava. Sinto-me
doente.
Volto para dentro e a porta do quarto está destrancada agora.
Eu abro a porta, apenas para descobrir que todas as luzes estão
apagadas e a cobertura está silenciosa. Ele foi embora novamente,
o que não me surpreende. Estar aqui dentro sozinha é sufocante,
eu caminho de volta para o terraço.
O tempo mais solitário da minha vida não começou até que me
casei com a única pessoa que eu teria dado minha vida. Seu toque
despertava cada nervo do meu corpo, suas palavras e promessas
me hipnotizaram, e em seus braços, eu me senti mais segura do
que eu jamais me senti em qualquer outro lugar. Por muito tempo,
eu não conseguia respirar sem ele.
Nada é certo agora. O vínculo entre nós foi uma vez tão real,
tão tangível, que eu acreditava com cada força do meu ser, agora
está em ruínas. Tudo o que tínhamos foi perdido, a nossa casa
antes cheia de calor e amor, agora é cheia de raiva, uma guerra de
palavras que continua a ser reciclada uma e outra vez. Qualquer
esperança que eu tinha para nós agora vive no passado, o que é
realmente muito deprimente.
Eu rio da minha ingenuidade e limpo algumas lágrimas do
meu rosto. Droga. Eu prometi que não iria chorar mais por causa
dele, mas o que é outra promessa quebrada para mim mesma? Eu
tento não me importar muito, mas eu não estou enganando
ninguém. Eu sei que eu ainda faço.
A porta da frente se abre. Eu ando de volta para dentro e para
o corredor e olho por cima do corrimão para ver que ele tem uma
dúzia de rosas cor de rosa em seus braços. Eu o vejo colocá-las
sobre a mesa antes de eu voltar para o nosso quarto, sem dizer
nada.
Voltando ao terraço, eu olho a cidade. Depois de alguns
minutos, a porta do terraço abre e eu o sinto andando atrás de
mim, sentindo o cheiro dele antes que ele chegue mesmo perto de
mim. Ele está usando meu perfume favorito. Tão bom como
sempre, seus braços fortes se envolvem em torno de minha
cintura. Eu odeio o fato de que eu ainda sinto arrepios quando ele
me toca. Eu gostaria de me encolher em seu lugar. Eu odeio ainda
mais que ele sabe o efeito que ele tem sobre mim. Seus lábios se
encontram na parte de trás do meu pescoço, fazendo o seu
caminho até a curva do ombro, enquanto suas mãos acariciam
meu estômago, demorando mais em baixo antes de encontrar o
botão na minha calça. Ele começa a desfazê-lo. Eu o odeio tanto,
às vezes. Eu odeio ainda mais que não importa a quão louca eu
sou, de alguma forma, meu corpo sempre me trai e o perdoa.
Pegando minha mão, ele me vira para encará-lo. Ele sabe
exatamente como seus belos olhos cinzentos me afetam, e ele os
usa para sua vantagem.
Eu sei que ele me sente tensa. Ele sabe que eu estou hesitante
porque ele sorri para mim com aquele sutil sorriso confiante antes
que ele se incline e coloque seus lábios nos meus. Quando eu não
me afasto, ele desliza sua língua na minha boca, brincando com a
minha, me desafiando a resistir. Eu não resisto.
Um suave gemido escapa dos meus lábios. Que diabos eu
estou fazendo? Era para eu estar deixando-o esta noite. Seu
aperto na minha cintura aumenta. Ele sabe que me tem, e dane-
se, eu sei disso também. Eu odeio que ele me conhece primeiro.
Eu odeio ainda mais que ele me conhece tão bem.
Eu me afasto e olho para ele, frustrada com a forma como ele
pode me ler como a palma da sua mão.
"Eu odeio você, às vezes." Eu digo com amargura, mas mesmo
com o meu tom, no momento em que ele olhar para mim, ele
saberá que eu não queria dizer isso. Esses olhos me têm
hipnotizadas e foram do meu melhor julgamento, e minhas
roupas, desde que eu o conheço. Eles tendem a ver através de
mim.
"Eu sei". Diz ele antes de me puxar para um de seus beijos
inebriantes que me fazem sentir como se eu estivesse flutuando.
Ele me levanta e me carrega até nossa cama. Isto é o que ele
faz, afinal de contas. Ele é o mestre da manipulação, o rei da
sedução. Ele me conhece por dentro e por fora e provavelmente
melhor do que eu mesma. Que eu permiti que isso acontecesse em
tudo foi meu primeiro erro. Meu segundo foi me apaixonar por ele.
Mas como eu poderia resistir a alguém que é tão irresistível?
Como eu poderia fugir de algo que já tinha me pegado? Isso é o
que aconteceu. Eu fui pega antes mesmo que eu soubesse que
estava sendo caçada, e pelo tempo que eu percebi, era tarde
demais.
Ele me tem viciada, e é assim que ele quer. Como diabos eu
deixei isso acontecer?
15 de abril de 2008

Às vezes, os dias de trabalho podem ser divertidos e fáceis.


Outros dias ele pode sugar, e hoje é um dia que é uma merda.
"Então, vão ser duas Vodkas, um chá gelado Long Island, e
quatro cervejas?" Pergunto tentando ouvir sobre a música
pulsante que vem com a situação de ser garçonete em uma das
casas noturnas mais quentes em Chicago. The Vault, onde a
música é sempre alta, as bebidas não são diluídas, e você está
garantido para ter um vislumbre das celebridades mais quentes
da cidade. Ainda assim, depois de seis meses, eu não tenho me
ajustado a isso. Inicialmente, ser garçonete seria uma coisa em
tempo parcial, apenas por um par de semanas. Lentamente, as
semanas se transformaram em um par de meses e aqui estou eu
depois de seis meses.
Não que eu esteja reclamando. As gorjetas são grandes, eu
ganho muito bem. Agora eu estou acostumada ao que eu chamo
de ‘pessoas depois de horas’. Eles são meus colegas, colegas de
trabalho e familiares, mas em suas roupas de cadela, três vezes
mais maquiagem, e mais bêbados do que você já viu. A maioria
das meninas mataria para este trabalho; eu sei que existe de fato
uma lista de espera para conseguir uma entrevista, é de cerca de
uma milha de comprimento.
Ainda assim, não posso deixar de me sentir cansada disso. É
melhor do que trabalhar em um restaurante fast food, mas a
atmosfera é inebriante. Tenho visto tantas meninas varridas por
ela no meu curto período de tempo aqui. Eu sou grata por eu não
ter ficado presa.
"Você pode ter uma das cervejas derramada em um copo, com
gelo extra?" A menina na mesa que estou servindo pede
fracamente.
"Não tem problema." Dou-lhe um sorriso tranquilizador.
"Eu juro por Deus, você é um pouco 'princesinha’ algumas
vezes." Sua amiga que está sentada em frente a ela anuncia em
voz alta para todos ouvirem. Cadela desagradável. A pele da
minha cliente cora com um rosa brilhante, e eu sinto muito por
ela; se eu não estivesse trabalhando, eu a ajudaria. Deus sabe que
eu já tive o suficiente de amigos desagradáveis na minha vida.
"Vocês estão contratando?" O cara sentado com eles pergunta.
A pergunta que escuto cinco vezes por noite.
"Eu sei que estamos à procura de outro bartender. O nome do
meu gerente é Ryan. Ligue para ele amanhã à tarde. Seu
assistente atende as ligações e, em seguida, pode agendar uma
entrevista, se você tem experiência."
"Legal! Obrigado". Ele diz em sua emoção aparente.
"Você deve amar trabalhar aqui: boa música, homens quentes,
e você começa a vestir-se todas as noites. Sapatos muito bonitos,
por sinal". Aquela detestável acrescenta.
"Está tudo bem." Eu dou de ombros e vou embora.
A verdade da questão é os sapatos bonitos matam meus pés a
cada noite. Vestir-se era divertido até que eles implementaram os
shorts super curtos que se tornaram obrigatórios. Mas paga bem e
a mensalidade da faculdade não é barata. Eu me aperto no meio
da multidão e saio de cabeça para a área do bar. Meu amigo
Steven, o bartender, está de pé com o meu ex, Michael, o Sr. pior
erro da minha vida. Eu deslizo meus pedidos de bebidas sobre o
balcão e conto os minutos enquanto meus pés ficam descansando.
"Está realmente lotado aqui nesta noite, não é?" Michael grita
para mim ao longo da música. Nosso relacionamento não
terminou exatamente em termos amigáveis. Na verdade, esta é a
primeira vez que eu estou mesmo considerando responder a ele
desde a nossa separação, há dois meses. O melhor que posso fazer
é permanecer civilizada com ele, mas é tão difícil.
"Quando não está lotado aqui?" Eu respondo de forma
abrupta. Bem, eu disse que eu seria civilizada, eu não disse
educada. O sorriso dele cai. Não é como se ele precisasse de mim
para ser simpática com ele. Ele tem um número suficiente de
mulheres sendo boas para ele; na verdade, a razão pela qual nos
separamos foi porque eu o peguei na sala de armazenamento,
sendo muito agradável com uma menina.
"Hey, Lauren. Você parece como você pudesse usar uma
pausa". Minha amiga Angie vem para o resgate entregando seus
pedidos a Steven.
"Uma pausa? Mais como um período de férias". Eu rio e pego a
bandeja de bebidas. Minha cliente ‘gelo extra’ é a única sentada
na mesa agora. Sua expressão parece menos jovial. Eu sorrio
esperando levantar seu espírito um pouco.
"Aqui estão suas bebidas". Eu digo colocando as bebidas na
mesa.
"Obrigada". Ela responde, pegando o copo de gelo. Ela derrama
sua cerveja sobre ele, olhando para mim. "Eu sou provavelmente a
primeira pessoa que você viu fazer isso". Ela ri e depois suspira.
"Parece que todos os meus amigos me abandonaram para ir à
pista de dança". Explica ela, provavelmente com medo de me
ofender. "Que grande aniversário este acabou sendo." Ela
murmura antes de tomar um gole de cerveja.
"Feliz aniversário!" Eu digo, provavelmente, um pouco
entusiasmada demais.
"Isso é por conta da casa." Eu ofereço.
"Obrigada." Ela levanta o copo e volta a se familiarizar com sua
bebida.
Eu sei qual a sensação de estar em um lugar que você
preferiria não estar. De qualquer forma, às vezes é melhor não
pensar nisso. Eu volto para o bar. Meu relógio me informa que eu
tenho duas horas restantes, que poderia muito bem ser uma
eternidade. É estranho como eu posso estar tão entediada em uma
atmosfera tão emocionante. Talvez tenha a ver com o fato de que
eu estou sempre nessa atmosfera. Pelo canto do meu olho eu vejo
Michael flertando com uma ruivinha. Ele está sempre flertando
com alguém. Eu era a moreninha. Eu não posso acreditar que eu
ainda me importo que ele esteja flertando com alguém; talvez
importar seja a palavra errada, irritada. Estou irritada com o fato
de que ele está flertando com outras mulheres.
"Hey L." Angie belisca meu lado, e desliza outro pedido de
bebida para Steven, que passa para Michael desde que ele está ali
sendo inútil. "Não dê um segundo olhar". Ela sussurra em meu
ouvido antes de desaparecer na multidão. Eu percebo que devo ter
sido pega olhando.
"Hey Mikey, por que você não para de conversar e realmente
faz algum trabalho desde que você está aqui?" Angie se inclina
sobre mim e acena o pedido de uma bebida para ele. Ele atira-lhe
um sorriso sarcástico e afasta-se de nós.
"É bom ver você também". Ele responde, olhando por cima do
pedido, mas passa-o de volta para Steven.
"Hey, Lauren, olha o que eu tenho para você!" Trish, outra
garçonete grita, segurando uma xícara de chá gelado Long Island e
mostrando-a para mim.
"O que é isso?" Eu pergunto curiosa.
"Cumprimentos de um cavalheiro da VIP". Ela sorri,
entregando o copo para mim. Eu coloco-o para baixo. Eu tornei
um hábito não aceitar bebidas de homens, enquanto trabalhava.
"Ooh VIP. Agora você tem que aceitá-la". Steven brinca com
uma piscadela.
"Não é uma má política aceitar bebidas de clientes?" Michael
pergunta deixando todos nós olhando para ele, incrédulos, porque
ele é conhecido por aceitar muito mais do que bebidas de clientes.
"Bem, você sabe, Ryan espera que sejamos mais agradáveis
para os clientes VIPs. Além disso, ele é o seu favorito, Lauren."
Fala Ângela.
"O cara é uma gracinha, também". Acrescenta Trish.
O olhar de Michael é difícil na minha direção, mas totalmente
o oposto de ter sobre mim o efeito que ele provavelmente quer.
Olhando diretamente para ele, eu umedeço os lábios, coloco-os
sobre o copo e bebo um bom e longo gole.
Eu volto para Trish. "Diga-lhe obrigado, e que é o meu
favorito." A decepção no rosto de Michael me deixa nervosa.
"Oh, ele sabe. Eu lhe disse. É seu aniversário também".
Acrescenta ela antes de desaparecer na multidão.
"L, você deve ir dizer-lhe feliz aniversário". Angela me diz com
uma cotovelada.
"Eu não vou fazer isso". Eu digo indignada.
"Oh vamos lá. Por que não? Um pouco de flerte pode te fazer
bem." Ela ri.
"É algo desesperado e não é profissional. Enviei-lhe os meus
agradecimentos pela bebida. Isso é tudo que eu estou fazendo."
Declaro fazendo meu caminho do bar.
Eu prefiro trabalhar a ouvi-la me pedindo para falar com um
cara como ela faz todas as noites.
Eu olho para o meu relógio. São 01h30m. minha cama está me
chamando. Espero que a minha companheira de quarto, Hillary,
não esteja em casa porque quando ela está a essa hora da noite,
ela geralmente tem um companheiro, e eles fazem muito barulho.
Eu tenho investido tanto dinheiro em tampões, é uma loucura. Eu
coloquei meu casaco para sair, vendo meu gerente Ryan dirigindo-
se para o meu caminho, é muito tarde para ir à outra direção sem
ser completamente óbvio.
"Lauren, eu estou tão feliz que eu peguei você". Ele está
radiante e seu tom parece… ouso dizer, amigável. Ele é quase
sempre bom e eu faço uma aposta comigo mesma que ele vai me
pedir para ficar mais uma hora.
"Oi, Ryan". Eu respondo com cautela, começando a mudar
para meus sapatos baixos.
"Oh, você está saindo". Diz ele com uma semelhança a uma
criança de dois anos de idade, só que não é tão bonito.
"Sim, eu estou saindo agora". Eu digo rezando para que ele
não vá me pedir para ficar, ou pior, me diga para ficar.
"Você se importaria de me fazer um pequeno favor?" Pergunta
ele, caminhando até mim. Eu sabia que estava chegando, eu
ainda não aprendi a ir mais rápido. O que eu devo fazer, dizer não
ao meu chefe? Meu corpo grita inferno sim! Minha mente me
direciona para sorrir fracamente.
"Claro". Eu digo com um suspiro.
"Um bom cliente da mina quer conhecê-la. Ele está lhe
fodendo com os olhos a noite toda". Explica ele, enquanto me
ajuda a tirar o casaco.
"O quê?" Eu falo, antes mesmo de ter a chance de censurar
minha língua. Ele é meu chefe, e, como sempre, um pouco de Idi-
estúpido-ota, mas quem diabos ele pensa que é?
"Basta dizer 'Olá' e nada mais. Ele é um repórter do The
Tribune. Ele pode trazer um monte de exposição para o clube". Diz
ele com urgência.
"Eu não sei". Eu sei. Eu não quero fazer isso!
"É apenas uma bebida rápida. É seu aniversário, afinal, e sala
VIP está cheia de pessoas. Apenas uma bebida. Se você está
cansada demais, talvez eu vá mudar o seu turno. Talvez você
prefira a noite de segunda-feira em vez de sábado". Sugere
maliciosamente. Isso é baixo. Segunda-feira é absolutamente a
pior noite no clube. É lento, menos gorjetas, e eu tenho uma
classe terça-feira pela manhã.
"Ok. Eu vou fazer isso". Eu digo, finalmente cedendo. Eu
penduro meu casaco de volta e começo a segui-lo, mas ele me
para na porta antes que eu possa sequer cruzar o limiar.
"Que tal se eu lhe der um tempo para colocar seus outros
sapatos e deixar o seu cabelo para trás e para baixo?" Ele pisca.
Eu mordo meu lábio em frustração. Foda-se, Ryan. Eu volto para
o meu armário para pegar meus sapatos.
"Vou encontrá-la lá em cima em poucos minutos". Ele sorri e
antes de sair coloca a cabeça para fora da porta. "Um pouco de
brilho labial não faria mal". Ele brinca antes de desaparecer.
Punheteiro.
Eu escorrego para fora dos meus sapatos de ginástica e deixo
o meu rabo de cavalo de volta para baixo. Eu propositadamente
não coloco qualquer brilho labial. Apenas uma bebida rápida, em
seguida, cama, digo a mim mesma e tento não me sentir como
uma covarde.
A sala VIP é movimentada com pessoas, mas vazia em
comparação com os outros andares. Com uma compra de três
garrafas por uma mesa faz sentido embora. Dan, o segurança da
VIP, está de pé na entrada. Ele é muito intimidante para qualquer
pessoa que queira iniciar quaisquer problemas. Medindo pelo
menos um metro e noventa e três e pesando, pelo menos, cento e
trinta e quatro quilos e uma chave de braço que trouxeram muitos
para seus joelhos, ele é um cara bom de ter do seu lado. Ele está
flertando com as duas meninas que estão tentando fazer o seu
caminho gratuitamente, mas ele me dá um aceno rápido de
reconhecimento. Eu respiro fundo e me lembro de que eu preciso
do meu trabalho. Ter uma bebida com uma cara por causa do
meu chefe não é tão ruim assim. Espere isso ainda soa mal. Ser
mediadora não fazia parte do meu trabalho. Eu espero que esse
cara não seja um completo idiota, bêbado ou sóbrio. Mesmo que
ele não seja eu cotações. Eu tive dois namorados sérios: Daniel, o
meu namorado da escola, e Michael, que como se viu não era tão
sério comigo depois de tudo.
Eu estive em um punhado de encontros com rapazes desde
que me mudei do Michigan para cá. Muitos dos quais acabaram
por serem desastres completos. Eu cresci odiando toda a situação;
as conversas embaraçosas obrigatórias e a decepção quando eu
não queria sexo após o primeiro encontro. Os caras que eu saio
não são nada como os príncipes nas histórias que minha tia lia
para mim quando eu era uma garotinha. Minha teoria adulta é
que o mito do príncipe encantado é a outra maldição que Deus
criou para punir Eva e todas as outras mulheres para que
mordam a maçã estúpida. Olhando ao redor da sala eu ando até
Ryan, que está sentado num canto, conversando com uma mulher
baixa, loira e acompanhada por um homem de camisa azul e
calças pretas.
Ryan me vê e sorri. Quando eu chego mais perto do cara, eu
tenho que concordar que Trish estava certa: ele é bonito, em um
tipo de forma, cabelo loiro sujo e olhos verdes, até mesmo um
sorriso tímido, estilo Abercrombie e Fitch, mas isso ainda não
significa que eu goste de ser coagida a falar com ele. Quando eu
chego à mesa do Senhor ‘Abercrombie’ e Ryan se levantam
enquanto a mulher apenas sorri em minha direção.
"Lauren, eu gostaria que você conhecesse Jason Daniels. Ele
está fazendo uma história para a coluna de entretenimento do
Tribune. E esta é a sua parceira, Marie."
"Prazer em conhecê-la". Jason aperta minha mão, um sorriso
enorme aparece no seu rosto. "Realmente é um prazer conhecê-la".
Ele repete novamente, quase nervosamente. Depois de alguns
segundos embaraçosos todos nós nos sentamos.
"Que tal eu ter Diana pegando uma das minhas bebidas
favoritas, Marie?" Ryan pede apontando para a área VIP do bar.
Eu me seguro de rolar meus olhos, eu acho que ele quer que
Jason e eu tenhamos um tempo sozinhos, porque Ryan pode
facilmente ter Diana na nossa mesa em menos de um minuto com
apenas um gesto.
"Eu adoraria isso". Ela liga seu braço no dele e me deixa
sozinha com Jason. Ele parece estar no momento com a língua
presa. Evitando uma conversa estranha talvez?
"Gostaria de sentar?" Ele finalmente diz. Merda, não tive essa
sorte, ele não é mudo. Eu sorrio graciosamente quando eu sento
na cabine de couro de pelúcia.
"Você gostou da bebida que lhe enviei?" Ele sorri.
"Sim, é o meu favorito." Eu olho para baixo, tentando evitar o
silêncio constrangedor enchendo o ar. "Mesmo que eu seja a única
que deve comprar a bebida, eu ouvi que é seu aniversário." Eu
digo com simpatia forçada.
"Sim. O grande 24". Ele ri.
"Como?"
"Não é muito diferente de 23." Ele ri e bebe sua bebida. "Oh,
você iria gostar de algo, outro Long Island?" Ele começa, mas algo
chamou sua atenção em toda a sala, talvez seja sua namorada.
Esta é provavelmente apenas uma ilusão da minha parte, mas
com a minha sorte, quem sabe.
"Dê-me licença por um minuto?" Diz ele me deixando sozinha.
Gostaria de saber se isso cumpre o requisito de uma bebida, de
acordo com Ryan. Eu quero saber quem ele estava procurando.
Eu acho que a loira que estava com ele, talvez mais do que apenas
amigos? Tamborilando meu dedo sobre a mesa enquanto espero
meu novo amigo voltar.
Ryan chega poucos minutos mais tarde e eu ainda estou à
mesa sozinha e vejo que ele percebe.
"Para onde Jason foi?" Eu não estava ciente de que eu deveria
estar cuidando dele.
"Umm, eu não sei. Ele me disse que estaria de volta em um
minuto. Olhe Ryan, eu tenho um teste para o qual eu tenho que
estudar este fim de semana, e eu realmente preciso dormir um
pouco". Eu explico, levantando-me para sair.
"Espere! Por favor, só mais cinco minutos, eu vou encontrá-lo".
Ele implora segurando meu braço.
"Tudo bem". Eu cedo.
"Eu vou ficar no terraço, enquanto você procura por ele" Eu
digo.
"Ok. Volto em cinco minutos". Ele promete antes de correr e eu
fujo para o terraço do clube. É o meu lugar favorito em Chicago.
Faz-me sentir livre quando o vento sopra na direção certa e as
luzes da cidade brilham na noite. Faz-me lembrar do por que eu
não estou em minha zona de conforto, que é o Michigan. Este
pode ser o meu dia de sorte, pois há apenas dois casais do lado de
fora, num canto, geralmente são mais. Eu passo para o outro lado
para que eles possam ter a sua privacidade. Você pode ver tudo de
Chicago a partir daqui. Eu poderia ficar aqui por horas apenas
olhando para a cidade.
Eu olho para o meu relógio e percebo que já passou os cinco
minutos. Eu decido voltar para a sala VIP antes de Ryan ter um
ataque de pânico. Quando eu estou fazendo o meu caminho de
volta para o clube, Michael se dirige para mim.
"Este deve ser o meu dia de sorte". Murmuro sarcasticamente
para mim mesma, mas alto o suficiente para que ele possa me
ouvir.
"Ei, eu posso falar com você por um minuto?" Ele pergunta
quando eu passo por ele.
"Na verdade, estou indo me encontrar com alguém." Eu sorrio
para ele antes de continuar no meu caminho.
"O quê? Quem? Quero dizer, você acabou de terminar o seu
turno". Ele tropeça nas palavras. Eu acho que o surpreendeu. Eu
só sorrio adicionando um encolher de ombros, mas ele fala: "Bem,
quando você não estiver ocupada, eu preciso falar com você." Eu
nem sequer olho para trás.
O que Michael não entende é que eu não me importo com o
que ele precisa. Ele perdeu esse privilégio quando eu o peguei
fodendo uma garota na sala de armazenamento do clube. Ele nem
sequer teve a decência de transar com ela em seu carro como
qualquer idiota respeitável faria.
Eu estou vendo vermelho quando eu faço o meu caminho para
a sala VIP. Estou em total descrença com a audácia de Michael e o
repentino ressurgimento de tentar seu caminho de volta para
minha vida, que eu nem sequer noto a pessoa na frente antes de
eu colidir com ele. Um segundo depois, eu sinto um líquido frio se
espalhar pela minha blusa. Melhor dia de todos!
"Desculpe-me." Eu digo envergonhada. Isto é completamente
minha culpa e eu estou ainda mais furiosa que foi Michael que me
levou a fazê-lo.
"Está tudo bem." Uma voz profunda responde e envia um
arrepio pela minha espinha.
"Tenho certeza de que sua camisa custa muito mais do que
esta bebida". Ele diz novamente, e eu estou com medo de olhar
para cima, ouvindo apenas o meu coração bater em meus ouvidos.
Quando eu trabalho a coragem de finalmente ver a pessoa cuja
voz está fazendo meu coração tentar escapar do meu peito, eu
encontro um estranho alto de cabelos escuros olhando para mim.
E Deus ele tem o mais belo par de olhos cinzentos e um
sorriso incrível nos lábios mais perfeitos da história do homem. Eu
me lembro de não engolir minha língua e minha respiração. Ele é
real? Ou eu estive inconsciente e sendo ventilada com uma capa
da revista GQ. Este encontro, provavelmente, vai acabar sendo
apenas um produto da minha imaginação.
Quanto mais eu olho, mais eu vou olhar pra ele. Na verdade,
estou olhando agora, ele tem que ser uma ilusão. Eu procuro uma
falha em cada polegada dele, de suas feições, para o seu cabelo
castanho chocolate caindo para a direita sobre suas sobrancelhas,
fortes ombros largos estão escondidos debaixo de um blazer cinza
escuro e camisa preta. Nenhuma falha encontrada. Ele é
inquietantemente bonito.
"Eu-eu, me desculpa. Eu posso ser tão desajeitada às vezes".
Eu engasgo internamente forçando minha mente para tomar o
controle novamente.
"Deixe-me pegar algo para isso". Ele responde, desaparecendo
na multidão. Entro em pânico, e se ele não voltar? E se ele voltar?
Isso me assusta ainda mais, mas um minuto depois ele está aqui
novamente com um pano na mão e eu ainda não estou preparada
para pensar como uma pessoa civilizada, em vez de uma mulher
da caverna.
"Obrigada". Eu respondo timidamente tomando o pano de sua
mão. Ele está sorrindo para mim como se ele soubesse de um
segredo que eu não estou ciente.
"Eu realmente sinto muito por sua bebida. Posso conseguir
outra". Eu ofereço, olhando para ele. Ele tem que ter, pelo menos,
um metro e oitenta e oito. Eu inconscientemente dou alguns
passos para trás, então eu não tenho que olhar para ele como
uma garotinha.
"Está tudo bem". Ele me assegura friamente. Não, ele é bom,
aparentemente, uma vez que não importa o quanto eu tente, eu
não posso fazer meus olhos deixarem seu rosto.
"Eu trabalho aqui, não vai ser nenhum problema". Eu
respondo. Seu olhar é intenso, quase íntimo, mas o seu sorriso é
tão encantador, ou melhor, de boas-vindas como se ele estivesse
me atraindo, e por um momento, o tempo fica mais lento. Todo o
barulho em torno de nós desaparece, e é apenas a música e minha
respiração.
Eu me pergunto se ele ouve isso?
Ele dá um passo mais perto de mim e eu noto aqueles olhos
cinzentos perfeitos, a íris é cercada por uma tonalidade verde
sutil, mas bonito como eles são eles ficam ofuscados quando ele
deixa o canto direito do seu lábio inferior livre que ele estava
segurando cativo entre seus dentes brancos. Sua língua varre
esses lábios deliciosos que adicionam a quantidade ideal de
umidade, em seguida, uma onda de liberações de calor corre por
todo o meu corpo. Tenho vergonha de ter que me referir a uma
parte do corpo tão deliciosa, e ainda por cima de um estranho,
mais a outras maneiras de descrevê-lo a todos.
"Eu sei." Suas palavras me sacodem de volta à realidade e eu
me inclino para frente um pouco por causa do ruído, tornando
mais difícil ouvi-lo e um segundo depois ele se inclina para baixo
em direção ao meu rosto perto da minha orelha e minha
respiração fica presa na garganta.
"Seu short subiu". Diz ele para mim e tão rapidamente ele está
de volta em seu próprio espaço.
"Esse short. Deus!" Estou tão envergonhada e começo a puxá-
lo para baixo. Ele acena com a cabeça, com um sorriso em seu
rosto enquanto seus olhos percorrem meu corpo.
"Não, graças a Deus por esse short…" Ele está mordendo o
lábio novamente e eu me sinto corando em todos os tons de rosa.
"… E eu estava realmente chegando a ter uma visão mais próxima
da mulher que eu não tenho sido capaz de tirar meus olhos desde
que entrei, de qualquer maneira". Explica ele, olhando
diretamente nos meus olhos com um sorriso que poderia derreter
o Ártico e fazer com que eu quase engolisse minha língua. O que
eu devo dizer para algo assim?
"Ela é Lauren." Eu não posso ajudar, mas sussurro. Espere
isso não estava certo. Acorde, gênio! Eu grito dentro da minha
cabeça. "Quero dizer, eu sou Lauren." Eu rio esperando que a
música abranja a minha resposta ridícula e que eu não vá cair
morta de vergonha aqui. Felizmente, minhas células cerebrais são
libertadas das garras dos meus hormônios e me dirigem para
estender minha mão.
Ele sorri quase como se ele estivesse se divertindo. Eu acho
que eu seria muito divertida se eu pudesse reduzir uma mulher de
formação universitária para uma idiota desastrada apenas
lambendo meus lábios.
"Eu sou Cal". Ele responde.
27 de abril de 2011

Abro os olhos e viro para ver se Cal ainda está dormindo.


Lembro-me de quando eu ficava vendo-o dormir, ele parece ser
uma pessoa tão diferente quando ele dorme. Quando ele está
acordado, ele está confiante, com grande personalidade e no
controle de cada situação. Eu acho que esta é a única vez que ele
não tem uma parede, onde ele não está tramando ou
planejamento, até mesmo comigo. A sua guarda fica baixa.
Eu toco uma mecha de seu cabelo e coloco-a de volta no lugar.
Ele começa a acordar, assim eu viro e resolvo voltar ao meu
travesseiro. Ele sabe que eu estou acordada, mas ele não vai dizer
nada pra reconhecer isso.
Seus dedos correm pelo meu cabelo antes de traçar uma linha
suave no meu pescoço e eles momentaneamente descansam na
parte inferior das minhas costas. Ele começa a traçar sua
assinatura ali, me fazendo revirar os olhos e me arrepiar
simultaneamente. Esta é sua maneira de dizer bom dia, com uma
provocação. Eu sinto-o sair da cama, seus passos ficam fracos
quando ele entra no banheiro e fecha a porta. Eu rolo em minhas
costas, me enrolando nos lençóis.
Um suspiro escapa da minha boca enquanto meus
pensamentos se dirigem a noite passada, formigamentos disparam
através de meu corpo com a lembrança, e tento afastar o
pensamento. Ele pode me fazer sentir desejada e estar tão em
sintonia comigo, fisicamente, mas sua mente ainda pode estar a
milhas de distância em um deserto emocional. Ele não costumava
ser assim comigo. Não consigo identificar quando ele mudou, mas
em algum lugar ao longo da linha, ele começou a ficar ressentido
em relação a mim, ou talvez com o nosso casamento. Eu não
tenho certeza do quê, ou se há mesmo diferença. Nós
costumávamos falar sobre isso ou, pelo menos eu tentei conversar
e ele desconversou, me dizendo que eu era paranoica e exagerada.
Agora eu não falo nada.
Eu não costumava estar com raiva o tempo todo e ser
vingativa, mas agora é o meu mecanismo de defesa com ele. É a
única maneira de manter a minha sanidade. Ele tem uma parede
que ele não vai me deixar ultrapassar. Eu só vejo o que ele quer
eu veja. Eu o conheço há três anos e ele ainda é como um quebra-
cabeça que eu estou tentando resolver. Às vezes eu fico louca e
quero jogar as peças em uma parede e desistir.
Infelizmente, eu sempre volto, deixando o mistério do produto
final me puxar. Parece que nós recorremos a jogos mentais. Nós
dois jogamos. Ele me obrigou a jogar, e tudo que eu quero é que
acabe para que sejamos como éramos antes de nos casarmos. Se
fosse por mim, eu acordava todas as manhãs e dizia a ele o
quanto eu o amo.
Agora, eu só guardo meus sentimentos para mim até que eu
tenha uma sobrecarga emocional, como ontem, ajudada por uma
garrafa de vinho, um mau hábito que eu desenvolvi depois de ser
deixada sozinha por dias em um momento.
Sua história é que ele está trabalhando. Eu acredito nele, na
maior parte, e por um tempo, eu estava contente com partilhá-lo
com seu trabalho, ou pelo menos o que ele diz que é o seu
trabalho. Eu nunca estive a par de detalhes específicos do
trabalho de uma divisão especial da Crest Field Corporation, uma
empresa que tem sua mão em quase tudo, desde imóveis a
aplicações financeiras altamente questionáveis.
Convenientemente para Cal, ele está em uma posição que é tão
confidencial, ele não pode sequer dizer a sua própria mulher, onde
no inferno ele está metade do tempo. Quando eu reclamo, ele diz
que eu sabia disso quando eu o conheci. E eu fiz, mas é muito
mais emocionante receber visitas surpresa de seu namorado
quando vocês não moram juntos. A imagem não é tão rósea
quando você está sozinha em casa a maior parte do tempo, e
parece como se seu marido aparecesse para visitar ao invés de
viver com você.
Eu olho para a janela, onde o sol está brilhando. Ele deve ter
aberto as cortinas. Duas conclusões rapidamente me vêm à
mente: Ele quer tentar me acordar, ou ele está apenas tentando
irritar a merda fora de mim. Seja o que for eu não estou feliz com
isso.
Eu pego o controle remoto que controla as cortinas e fecho-as
de novo. Eu odeio como o clima quase nunca coincide com o meu
humor. Agora eu preferiria que estivesse chovendo e escuro lá
fora, para que eu pudesse permanecer em minha depressão, mas
como sempre, as coisas nunca saem como eu planejo.
Eu o ouço voltar para o quarto e viro quando ele abre o
armário. Ele está em seus trajes típicos, uma camisa cinza e calça
preta, e um de seus longos casacos pretos. Ele provavelmente
gasta mais dinheiro em roupas do que eu. Com o canto do meu
olho eu o vejo voltar para o quarto, assim eu volto minha atenção
de volta para o teto. De repente, eu sinto o sol aquecer a minha
volta. Ele abre as cortinas malditas novamente. Eu tinha razão.
Ele está tentando irritar a merda fora de mim.
"Que diabos é o seu problema?"
"É hora de levantar." Ele olha para mim agora, enquanto
vasculha a gaveta do outro lado do quarto.
"É manhã. Eu gostaria de dormir". Eu rosno antes de enterrar
a cabeça debaixo das cobertas.
"Manhã?" Ele pergunta com a voz cheia de sarcasmo. "É uma
hora". Ele ri.
Uma? Eu rolo e me manobro pra ver o relógio em sua cômoda.
Droga. Ele tem razão.
"Desculpe-me, eu estou muito cansada".
"Eu não vou mantê-la acordada até tão tarde hoje à noite". Diz
ele, com presunção em sua voz. Ele volta sua atenção para seu
telefone celular. Eu rolo meus olhos para ele e começo a levantar,
me certificando que o lençol cubra todo o meu corpo. Ele percebe.
"Você tem algo que eu não tenha visto antes?" Ele pergunta
maliciosamente. Eu não lhe dignifico com uma resposta. Vou para
o meu armário, que ele agora está bloqueando.
"Com licença". Eu digo bruscamente. Ele apenas sorri para
mim. Quando ele não se move, eu empurro tentando passar por
ele, mas ele me detém sobre os lençóis, assim que minhas
escolhas são: ou ficar em pé, nua como um ovo, ou parar e ficar
coberta. Puxo sobre ele, mas ele não vai me deixar ir. Em uma
batalha de força, Cal sempre vai ganhar então eu faço a única
coisa que posso fazer para salvar a minha dignidade. Eu jogo
minhas mãos para cima e giro o corpo que Deus me deu.
"Feliz agora?" Pergunto sarcasticamente.
"Bem, você está vestindo minha roupa favorita em você". Diz
ele com um sorriso divertido. Ele aponta seu telefone para mim, e
eu ouço o disparo do flash da câmera.
"Muito maduro, Cal!" Repreendo-o antes de ir para o meu
closet, e bater a porta. Eu olho em volta, vejo o meu robe
pendurado em um gancho, e coloco-o. Vou para o meu armário e
procuro algo para vestir hoje. Eu preciso sair desta casa.
Eu afundo mais profundamente na água do banho quente,
agarro o controle remoto ao meu lado e ligo o aparelho de som, na
esperança de acalmar meus sentidos. Torcendo meu cabelo em
uma trança e prendendo-o no lugar, eu percebo que eu deveria ter
feito isso antes de tê-lo molhado. Eu olho para minhas unhas e
acho que é hora de uma nova manicure, antes de me instalar e
fechar os olhos, tentando relaxar.
Eu realmente não preciso de uma. A manicure não é uma
necessidade, é apenas mais um exemplo de como mimada eu me
tornei uma vez que me casei com Cal. O fato de que ele é tão alto
na minha lista de prioridades é apenas uma das características
ruins que eu peguei desde que estou com ele, juntamente com
uma longa lista de palavras muito ruins que eu uso agora que
nunca ousaram escapar da minha boca. Às vezes ele traz à tona o
pior em mim, mas quando ele quer, ele também pode trazer o
melhor. E na maioria das vezes, isso é só quando é para seu
benefício. Eu olho para cima e percebo que ele está encostado na
porta.
Maldito seja por esconder-se sobre mim. Juro que ele tem pés
como o de um gato.
Ele vestiu-se em uma de suas apertadas camisetas cinza e um
par de jeans escuros. A única coisa que está para fora de sua
roupa é o Rolex preto no seu pulso. Ele sempre faz isso. À
primeira vista, você iria adivinhar que suas roupas vieram de um
rack a partir de qualquer centro comercial local e, em seguida,
surpresa!
Ele está usando um relógio de $ 11.000 e um par de óculos de
sol de $ 300, e você saberá o contrário.
Percebo que não é a mesma roupa que ele escolheu
anteriormente. Estou surpresa, ele é geralmente muito decisivo
quando ele escolhe as coisas. Nunca houve um pensar duas vezes,
sobre as suas decisões. Desde que o conheço, ele sempre foi muito
particular e exatamente certo do que ele quer, e eu estou curiosa
para saber por que ele mudou de roupa. Eu pego minha esponja e
molho na água e começo a passá-la pela minha perna. Eu sei que
ele está lá. Ele sabe que eu sei que ele está lá, mas eu não tenho
nenhuma razão para falar.
Ele caminha em direção a pia e eu não posso deixar de pensar
quão bom seu cabelo parece desde que cresceu. O recém olhar
fora da cama.
Ele tira o relógio, fazendo-me perguntar o por que. Ele então
pega o controle estéreo sobre a pia e pressiona o botão de
"procura", mudando a estação de rádio que eu tinha colocado. Eu
rolo meus olhos. Eu não vou fazer isso com ele. Meu primeiro
instinto é mudá-la de volta, mas eu vim aqui para relaxar, e eu
não vou deixar que ele tente interromper o meu momento de paz.
"Como você ouve essa porcaria?" Pergunta ele, balançando a
cabeça em desgosto. Ele finalmente encontra uma estação que ele
está feliz e deixa o controle estéreo de volta na pia. Eu abro minha
boca para insultar sua escolha, mas percebo que eu gosto da
música.
Eu tenho que admitir, eu roubei o seu IPod mais do que um
par de vezes. Suas escolhas musicais me expõem a músicas que
eu provavelmente nunca descobriria, se eu não tivesse o
conhecido. Ele não está no pop em tudo, mas seus gêneros
favoritos variam de alternativo ao R&B e o Rock Clássico domina.
Estou tão perdida na canção que eu não percebo que ele está
agora ao meu lado, abaixado ao lado da banheira, então estamos
perto do nível dos olhos. Eu tento jogar fora a minha surpresa
quando ele sorri para mim com conhecimento de causa. A camisa
que está vestindo destaca aqueles olhos cinzentos dele.
Seria muito mais fácil se ele tivesse uma barriga de cerveja,
mau hálito, ou uma cicatriz horrível. Eu olho para longe dele,
continuando a me ocupar com a minha esponja. Vejo-o com o
canto do meu olho, mas eu não vou dar-lhe toda a minha atenção.
Infelizmente, ele sabe que tem, e ele vai ter certeza que eu sei que
ele sabe.
Ele pega o controle remoto e desliga o rádio. Eu ainda não olho
na sua direção. Com o canto do meu olho, eu vejo um sorriso
tocar em seus lábios, ele anda pra trás da banheira e começa a
acariciar a parte de trás do meu pescoço. Eu mordo meu lábio
inferior para não gemer, isso é tão bom. Eu amaldiçoo em silêncio
por ele conhecer todo e cada ponto sensível no meu corpo. Com
um toque, meus hormônios normalmente abafam a minha raiva,
teimosia e melhor julgamento. Eu sinto suas mãos começando a
deslizar para baixo dos meus ombros enquanto os massageia. Eu
tento manter a minha indiferença, continuando a me lavar. Eu
não sei se ele está ajudando ou fazendo esta situação pior. Eu sei
que ele quer alguma coisa, ou vai me dizer algo que realmente vai
me irritar.
"O que você quer Cal?" Minha pergunta surge como um
sussurro, o que não é o que eu pretendia fazer. Ele não diz nada,
mas eu sinto seus lábios sobre os meus ombros, fazendo o seu
caminho pelas minhas costas.
"Não é óbvio?" Ele sussurra em meu ouvido antes de a língua
fazer o seu caminho dentro dela. Desta vez eu não posso ajudar,
mas dei um pequeno suspiro. Tento me mexer para fora de seu
alcance. Eu não quero deixá-lo ter a satisfação de fazer isso
comigo, mas um de seus braços cruza debaixo dos meus seios, me
segurando no lugar enquanto a outra mão faz o seu caminho
passado pelo meu umbigo, se arrastando lentamente para baixo.
"Cal me deixe…" Eu sou incapaz de terminar a minha frase
incoerente quando um de seus dedos desliza para dentro de mim,
encontrando um lugar que só ele tem sido capaz de descobrir. Eu
congelo quando seus dedos começam a trabalhar sua magia sobre
os dois lugares mais sensíveis no meu corpo. Eu coloco minhas
pernas para cima, minha atitude defensiva anterior
desaparecendo à medida que eu fecho meus olhos e me inclino
para trás dando-lhe o controle completo para terminar sua tarefa
pretendida.
"O que você estava dizendo?" Sua voz é baixa e extremamente
profunda. Eu quero arrancar-lhe os olhos, mas eu resolvo cavar
meus dedos profundamente em seu ombro enquanto eu me sinto
ir até o limite. Isso tem pouco efeito sobre como seu ritmo acelera.
Eu começo a me incomodar, incapaz de controlar a minha
respiração ofegante, e eu me sinto quase gozando. Tão ruim
quanto eu quero isso, eu gostaria que não o fizesse.
"Você começou esse pequeno show lá fora", continua ele,
sugando a parte de trás do meu pescoço. "Mas eu só queria que
você soubesse…" Eu ouço sua voz, e eu quero dar um tapa em sua
bunda condescendente, mas um momento depois tudo em mim é
liberado, e eu involuntariamente deixo seu nome deslizar pelos
meus lábios. Momentos mais tarde, meu corpo está caindo em
ondas, e para este instante, eu apenas desfruto da bem-
aventurança. "Eu sou o final". Ele fala, e isso me tira do meu
momento de êxtase. Eu o empurro para longe de mim, irritada
com o sorriso de satisfação no seu rosto.
"O quê? Nem um obrigado?" Pergunta ele, condescendente. Eu
faço o meu caminho para fora da banheira, molhada, em mais
maneiras do que uma. Quando eu pego o meu robe em cima da
pia, eu vejo o que está ali deitado ao lado dele e tenho uma ideia
má.
"Lauren, você não vai fazer". Seus olhos se arregalam, lendo
meus pensamentos, e antes que ele possa chegar a mim, eu pego
o seu relógio e jogo-o na água.
"Foda-se!" Ele grita e corre em direção à água. Mas é tarde
demais.
"Isso foi realmente muito mal, Lauren!" Ele segura o relógio,
sem poder fazer nada. Eu tento não rir. "Por que diabos você fez
isso?" Ele grita com raiva. Suas veias da testa e sua pele tornam-
se um tom de vermelho.
Eu afasto o pensamento de como bom isso parece. "Porque
você é um idiota condescendente, é por isso!" Minha voz coincide
com o nível da sua. Ele acha que pode fazer e dizer o que ele quer
sem consequências. Ele acena com a cabeça, incrédulo, e, em
seguida, sai do banheiro, batendo a porta atrás de si.
Eu sorrio para mim mesma, mas há uma pontada de culpa em
algum lugar dentro de mim. Ele está se comportando como um
bebê, mas a culpa ainda está lá.
Deixo escapar uma respiração muito necessária e solto a água
da banheira. Eu rapidamente me seco e coloco minha lingerie e
robe. Eu ando para o espelho deixando meu cabelo para baixo.
Cal compra coisas caras, mas ele não é frívolo. Ele toma um
grande cuidado com tudo o que ele possui. De seu carro mais caro
para a camisa menos cara, ele trata todos eles do mesmo jeito. Eu
odeio me sentir culpada ou arrependida. Eu sei que ele não faz a
maior parte do tempo. No entanto, talvez eu tenha cruzado a linha
hoje.
Eu pego minha camisola para colocá-la, mas cedo a minha
consciência. Se eu vou pedir desculpas e levá-lo a aceitá-la,
quanto menos roupa eu tiver, melhor. Eu espreito no quarto e vejo
que ele está no telefone, ele está mudando para a camisa de botão
cinza e calças pretas de mais cedo. Eu vejo a sua mala de viagem
e percebo que ele está saindo novamente. Eu realmente quero
queimar essa coisa. Mesmo que eu esteja chateada com ele, ainda
há uma sensação de vazio no estômago quando ele está saindo.
"Quando é que ele estará lá?" Eu escuto-o perguntar.
"Por volta das sete e meia. Isso são duas horas, do seu tempo
às vezes". Eu ouço um boom de voz pelo alto-falante.
"Eu te ligo quando eu estiver lá." Responde Cal. Ele senta na
cama e começa a colocar seus sapatos. Sento-me ao lado dele em
silêncio. Tento perceber o quão furioso ele está.
"O relógio era à prova d'água". Eu digo-lhe secamente,
tentando encobrir minha sinceridade.
"Será que importaria para você se não fosse?" Ele pergunta,
examinando minha roupa, ou a falta dela. Eu adoro como ele me
faz uma pergunta e desconsidera a minha.
"Talvez. Talvez eu tenha exagerado um pouco". Eu admito,
observando-o mudar para fora de seu tênis de treino para seus
sapatos pretos. Percebendo que eu estava sendo ignorada, eu me
levanto e ando na frente dele. Ele não se preocupa em olhar para
mim.
"E isso faz com que isso seja diferente por quê?" Pergunta ele,
desanimado.
"Quanto tempo você vai ficar fora?" Eu pergunto, me colocando
entre suas coxas, propositadamente ignorando seu comentário
anterior.
"Você vai sentir minha falta?" Ele pergunta, mas é uma
declaração mais do que uma pergunta, ele solta o laço do meu
robe. Eu não respondo, mas olho-o nos olhos, sabendo que vou
dar a minha resposta. Ele desliza o robe para baixo dos meus
ombros e puxa-o de mim.
"A próxima vez que você tentar evitar pedir desculpas", sua voz
é baixa e profunda de uma maneira que faz com que o meu
coração bata mais rápido. Seus olhos vão do meu corpo aos meus
olhos. "Isso não é necessário". Diz ele, abrindo o fecho do sutiã.
"Quem disse que eu estava me desculpando?" Eu respondo
antes que ele me puxe para cima dele.
Seus lábios se chocam contra os meus. Eu não luto com sua
língua pelo o domínio, mas permito-lhe ter o seu caminho,
explorando livremente minha boca. Eu coloco minhas pernas
firmemente em torno de sua cintura quando ele me liberta do meu
robe completamente e ele cai no chão. Eu desabotoo a camisa,
olhando em seus olhos. Às vezes, eu juro que ele pode ler minha
mente.
Esperemos que ele possa ver nos meus olhos o que eu não
posso fazer-me a dizer a ele. Pelo menos eu sei quanto mais tempo
ele faz amor comigo, mais tempo será antes que ele saia, e eu
tento tirar consolo nisso.

***

Aqui estou eu de novo, pela segunda vez hoje, com nada além
de um lençol cobrindo meu corpo. O espaço de Cal agora está
vazio. Ele está se vestindo depois de seu banho, e eu sei que na
próxima hora eu vou estar sozinha novamente. Isto é o que
geralmente acontece, fisicamente, ele não tem fronteiras comigo e
nenhuma das minhas necessidades não são satisfeitas, mas nada,
além disso, é uma terra de ninguém que eu não consigo obter um
passe, até mesmo um pé. Ele vai de atencioso, ágil e conectado a
recluso, distante e indiferente, e eu me pergunto por que eu?
Qualquer mulher sem nome poderia cumprir essa sua
necessidade. Ele não vai me deixar estar lá para ele de qualquer
outra forma, exceto sexualmente. Está começando a ficar mais
difícil ver a diferença entre ser sua esposa e uma escolta de alta
classe favorecida.
"Eu vou estar de volta amanhã… ou, mais provavelmente
quinta-feira." ele afirma calmamente. Eu olho para ele e viro para
o lado oposto dele. Eu não posso acreditar o quão chateada eu
ainda estou, essa a é rotina, depois de tudo. Eu luto contra
minhas lágrimas. Ele não as merece. Ele se senta ao meu lado.
"O que há de errado?" Pergunta ele sinceridade misturada com
sarcasmo. Eu suspiro.
"Eu não sei, Cal. O que está errado?" Pergunto-lhe
sarcasticamente.
"Qual o problema? Não é como se você fosse me perder". Ele
está beijando meus ombros com os mesmos lábios que uma vez
poderiam me fazer perdoá-lo por nada.
"Eu sei, mas eu vou sentir sua falta. Só um pouco". Acrescento
a última parte de brincadeira. Eu vejo-o colocar o casaco e pegar
sua mala. Eu praticamente podia narrar esta cena da memória.
"Venha me levar até a porta". Diz ele, saindo do quarto. Eu
começo a puxar o lençol em volta do meu corpo.
"Deixe o lençol. Por favor." Ele sorri com um brilho nos olhos
que eu perdi. Eu sinto-me começando a corar, mas faço o que ele
pede. Eu ando através da porta do quarto enquanto ele a mantém
aberta e eu brincando reviro os olhos para ele. Um momento
depois, eu sinto sua mão bater no meu traseiro.
"Cal!" Eu grito com ele massageando a ardência no meu
traseiro. Eu deveria ter visto que aquilo vinha.
Quando chegamos à porta da frente, eu cruzo os braços,
começando a sentir frio, ali de pé e sem roupa.
"Quinta-feira, o mais tardar." Eu faço uma careta.
"Eu vou ver o que posso fazer". Ele vagamente promete.
"Bem, eu acho que eu vou te ver". Eu digo irritada com a falta
de uma resposta.
"Pare de fazer beicinho, é muito sexy quando eu estou saindo".
Diz ele antes de roubar um beijo rápido de mim. Eu rapidamente
fecho a porta atrás dele. Há apenas outro apartamento no piso e
que tem estado vago, mas eu não gostaria de encontrar quaisquer
potenciais inquilinos.
Eu inclino minha cabeça contra a porta. Eu juro que a nossa
relação é tão estranha que é como nós estivéssemos jogando tênis,
só que ele faz todas as regras. Quando é ruim, é muito ruim, mas
quando é bom, é tão bom. Eu odeio isso e amá-lo ao mesmo
tempo. Mas é assim que é Cal.
Às vezes, mesmo que brevemente, ele é engraçado, divertido e
aberto como ele costumava ser. Outras vezes, ele pode ser uma
cadela total, o que não é divertido para ninguém, menos ele.
Quando eu o conheci, eu pensei que ele era misterioso. Agora eu
tento me lembrar se ele estava presente quando eu o conheci, ou
se eu estava cega pela sua boa aparência e atitude
despreocupada.
30 de abril de 2008

"Alguém está ficando toda arrumada." minha companheira de


quarto, Hillary, brinca quando eu coloco meu cabelo em uma
trança francesa.
"Bem, ele diz que nós vamos fazer algo divertido, então eu
estou me vestindo casualmente." Eu me defendo, referindo-se a
minha camisa e calças de brim. É claro que ela acha que eu
deveria estar vestindo uma saia que mal cobre minha bunda e
uma blusa apertada, como o que ela usa em seus encontros.
Hillary e eu somos como noite e dia. Ela é uma loira
escultural. Bem, quando ela está vestindo sua cor natural. Eu fui
loira uma vez, devido a um experimento que deu terrivelmente
errado. Eu sou morena e só tenho 1,65m, e com a ajuda de quatro
polegadas de salto. Enquanto eu poderia ficar acordada a noite
toda enrolada em um livro ou assistindo um filme, Hillary não
pode nem sequer ouvir isso e muitas vezes me arrastou do meu
trabalho para festejar a noite toda.
Eu não posso culpá-la. Nós duas crescemos em pequenas
cidades no Michigan, mas nossa infância não poderia ser mais
diferente. O pai de Hillary é um renomado pregador e a manteve, e
sua irmã, sob uma coleira muito apertada. Ela diz que sua mãe
não fez muito para soltá-la.
Meus pais morreram em um acidente de carro quando eu
tinha três anos, então eu não tenho o luxo de reclamar sobre um
pai ou mãe me envergonhando. Minha tia Raven me criou, e ela
aperfeiçoou o equilíbrio dos pais com a mistura perfeita de
disciplina e liberdade, o que não é ruim para uma mulher que
nunca quis filhos.
Eu acho que ser uma menina com um pai que não iria mesmo
deixá-la ir a bailes escolares, significa que ela está apenas
recuperando o tempo perdido e está apreciando a liberdade que
ela perdeu. Em algum lugar dentro de mim eu admiro seu espírito
livre. Ela nunca deixa nada trazê-la para baixo e ela faz o que ela
quer, independentemente do que as outras pessoas dizem ou
pensam sobre ela. Ela tingiu seu cabelo longo e encaracolado com
cores múltiplas mais vezes do que posso contar e é a única pessoa
que eu já conheci que usa lentes de contato roxas e verdes sobre
seus lindos olhos azuis. Às vezes me pergunto se ela é bipolar em
uma alta constante.
"Talvez quando ele diz divertimento, signifique diversão". Ela
fala, movendo as sobrancelhas. Eu olho para ela e não posso
deixar de rir.
"Primeiro, eu nem sequer conheço esse cara. Então não vai ter
qualquer tipo de diversão". Eu asseguro-a.
"Bem, claro que não esse tipo de diversão. Lauren Brooks não
está revelando suas Victoria’s Secret para qualquer um". Ela ri e
pula na minha cama.
"Você tem cinco segundos antes de ser trancada para fora do
meu quarto". Eu digo a ela, brincando, ao mesmo tempo em que
coloco meus sapatos de treino.
"Não é como se nada divertido se passasse aqui de qualquer
maneira". Ela diz ironicamente com uma piscadela.
Eu faço beicinho para ela e ela ri.
"Aww garota. Você sabe que eu te amo. Eu quero ouvir tudo
sobre o cara que foi capaz de chamar você para um encontro
depois de apenas uma bebida". Diz ela, folheando uma revista na
minha cama.
"Não foi uma bebida. Na verdade ele não bebe, o que é um
ponto a seu favor. Foi apenas uma conversa, e nós temos muito
em comum. Eu pensei que seria divertido". Eu digo virando-me
para encará-la.
Peço a Deus que me perdoe por ter mentido. Nós não tivemos
uma longa conversa, ele tinha clientes esperando por ele e pediu-
me para esperar antes que ele desaparecesse na noite, por assim
dizer. Eu não sei se tenho algo em comum com ele. Eu só sei que
ele é um dos homens mais sexy que eu já vi e ele literalmente me
deixou sem palavras.
Eu não sei por que eu estou relutante em dizer a Hillary. Bem,
mais como envergonhada. Espero que minhas bochechas não
estejam queimando com os pensamentos que eu estou tendo sobre
ele, pensamentos que eu não deveria estar tendo antes que eu
tenha saído com ele. Ele me enviou um texto sobre o encontro. Eu
estava esperando por um telefonema, mas eu tenho certeza que a
comunicação verbal vai morrer em breve de qualquer maneira.
"Ummm muito em comum, hein?" Ela diz sarcasticamente
como se ela soubesse o meu segredo.
"Sim, muito em comum". Repito, mantendo minha inocência.
Ela está prestes a dizer algo, mas a campainha toca,
interrompendo-a. Ela pula da cama e corre para a porta, gritando:
"Eu vou atender!".
Eu vou pegar meu casaco e bolsa, olhando para mim mais
uma vez no espelho. Eu ando para fora e vejo Cal de pé na soleira
da porta, parecendo bem diferente da última vez que o vi. Seu
blazer e calça tinham sido substituídos por uma camiseta, jaqueta
de couro e jeans escuros. Mas aqueles olhos cinzentos e sorriso
hipnotizante ainda estão ali.
Hillary está ali com a boca aberta. Presumo que ela esteja
tendo a mesma reação que eu tive quando o vi pela primeira vez.
Eu, então, percebo que ela está vestindo um suéter com um
decote revelador e leggings estão abraçando suas curvas um
pouco demais. Agora eu me pergunto por que eu deixei minha
mais ninfomaníaca, seminua, bonita, companheira de quarto dar-
lhe as boas-vindas. Eu sou imediatamente autoconsciente em
como conservadora eu pareço em comparação com Hillary.
"Hey, linda, você está pronta?" Diz ele, com um sorriso
diabólico. Ele caminha até mim e com um braço me levanta em
um abraço, sem sequer olhar na direção de Hillary.
"Oi." Eu digo sem fôlego enquanto ele me coloca para baixo.
Sou apanhada tão desprevenida que eu quase tropeço em Hillary.
Eu noto que ela tem uma expressão de choque em seu rosto.
Eu não acho que ela já teve um homem ignorando-a totalmente
como Cal fez. Eu não sei se eu deveria estar com tesão com a sua
confiança, ou insultada que ele assumiu que pudesse invadir meu
espaço pessoal assim.
Estou definitivamente explicando sobre os limites de Lauren
Brooks, mais tarde, se esse é o seu primeiro abraço. Mesmo que o
que ele esteja vestindo e a colônia, tenham hipnotizado os meus
sentidos, ele cheira tão bem que deveria ser ilegal.
"Posso falar com você por um minuto?" Hillary diz me puxando
pelo braço, sem esperar por uma resposta. Eu sorrio de volta para
Cal, impotente e ele pisca para mim, borboletas invadem o meu
estômago com o gesto, antes de Hillary e eu irmos para longe,
para o meu quarto.
"Ela já volta. Você pode se sentar". Ela o informa. Quando nós
chegamos ao quarto, ela fecha a porta e começa a falar a mil por
hora.
"Você viu como ele simplesmente me ignorou? Que porra de
grosseria é essa?" Hillary pergunta bruscamente. Eu tenho que me
impedir de rir em voz alta com o quão séria ela está.
"Eu tenho certeza que ele teria falado com você, se você não
nos arrastasse para fora da sala em 2 segundos." Eu tento
acalmar ela, embora eu esteja me divertindo extremamente.
"E o que foi aquele abraço? Você não disse que só se
conheceram? Quem diabos ele pensa que é?" Diz ela, descansando
a mão em seu quadril e pela primeira vez eu acho que a minha
colega de quarto/amiga está um pouco ciumenta. Eu nunca a vi
com ciúmes antes. Eu também acho que seja irônico que ela
esteja dizendo tudo isso, quando eu sei que ela dormiu com caras
na primeira noite que se encontrou com eles. Um dos quais ela
conheceu na semana passada.
"Mas, além disso, ele é gostoso, tipo quente como o inferno".
Ela cede com um sorriso contemplativo, retornando para a amiga
que eu conheço.
"Ele é, não é?" Eu suspiro muito aliviada de que não sou
apenas eu voltando a ser uma menina hormonal de 15 anos de
idade. Hillary olha para mim, surpresa. Eu normalmente não
gosto de um cara apenas com base na aparência. Eu não poderia
namorar alguém que eu considero horrível, mas eu aprendi que
um relacionamento não pode ser baseado na atração e os últimos
dois "rapazes quentes" com o qual foi baseado não eram quase
nada.
Meu primeiro namorado, Daniel, tinha olhos castanhos, cabelo
e as covinhas mais adoráveis. Eu o conhecia desde que éramos
crianças. Minha tia sempre disse que ele tinha o rosto de um anjo
e a mente de um demônio. Se eu soubesse como ela estava certa.
Quando Daniel e eu começamos a namorar nós éramos virgens e
ele prometeu que seríamos um do outro primeiro e eu pensei que
tinha vencido as chances até depois que eu dormi com ele. Dois
dias depois, no meu aniversário de 18 anos ele revela, não apenas,
que ele não era virgem, mas que ele queria ter um ménage à trois
com a outra garota que ele estava transando enquanto esperava
por mim.
Em seguida, houve Michael. Claro que terminou comigo
pegando ele transando com uma menina onde ambos
trabalhávamos e com toda a honestidade, eu deveria estar
correndo em direção oposta a Cal. Mas há algo nele que me deixa
nervosa e animada ao mesmo tempo. Não é a forma como ele olha,
além de que ele exala esse magnetismo sexual que eu nem consigo
descrever, que eu nunca senti antes e que me assusta.
"Uau". Disse Hillary, interrompendo meus pensamentos.
"O quê?" Eu pergunto curiosa.
"Você está corando!" Hillary exclama com entusiasmo.
"Não, eu não estou." eu nego rapidamente.
"Lauren Brooks, se eu não soubesse que é impossível, eu diria
que você está na luxúria com ele!" Diz ela, sua excitação
crescente.
"Cale a boca, Hillary". Eu sussurro alto esperando que Cal não
nos ouvisse.
"Sim você está. Eu posso não saber sobre o amor, mas sei
sobre luxúria e está em toda parte de você". Ela ri, me batendo no
peito com o dedo acusador. "Você cheira a isso! Desejo à primeira
vista". Ela cai na gargalhada.
"Shh!" Eu digo novamente pressionando meu dedo indicador
nos seus lábios tão duro quanto eu posso. Ela nunca vai calar a
boca sobre isso. "Ok. Talvez eu esteja apenas um pouco". Eu
admito e eu começo a ter dúvidas. "Você sabe o quê? Eu não vou!"
Eu decido. Eu não sei o que eu estou pensando. Eu não posso
nem pensar direito em torno deste homem. Por que eu iria a
qualquer lugar sozinha com ele? Eu não preciso de uma repetição
de Michael misturado com Daniel. Quem sabe que decisão idiota,
eu vou tomar?
"O quê? Por quê? Você está louca?" Ela grita comigo.
Olhei para ela com uma expressão perplexa no rosto. Um
momento atrás, ela estava apenas falando mal dele, mas agora
desde que ela pensa que eu quero dormir com ele, ela concorda
plenamente.
"Mas você acabou de dizer…" exclamo confusa.
"Você fodeu com dois caras! Você estava em um
relacionamento com. E, querida aquele cara lá fora, não se parece
com um que entra em um relacionamento". Explica ela sentando
na minha cama.
"Ok, então, mais uma vez, por que você acha que é loucura eu
não sair com ele?" Eu digo confusa.
"Porque você está na luxúria com ele Lauren!" Ela exclama,
como se isso fosse óbvio. Eu esfrego minhas têmporas, tornando-
me extremamente frustrada com essa situação.
"Olha. Saia. Divirta-se. Foda os miolos, mas apenas esteja
preparada para ouvir quando ele falar…"
Eu levanto minha mão pra que ela pare. Eu não posso ouvir
mais nada disso. Ela está me dando dor de cabeça.
Mas ela continua. "Lauren, apenas sexo não é uma coisa ruim.
Especialmente depois de todos os juramentos chatos sobre sexo
que você já teve. Confie em mim, vai ser libertador! E quanto
tempo se passou desde que você teve algo? Alguma vez você já fez
a caminhada da vergonha?" Ela pergunta como eu estivesse
seriamente indo responder a ela.
"Não vou ter essa discussão com você agora". Eu digo me
dirigindo para a porta quando ela me para.
"Olha, não é todo cara que vai ser 'aquele'. Alguns caras são
apenas para serem bons no sexo. Foi pra isso que Deus os colocou
no planeta! Você é uma sênior e ainda não teve a experiência de
caloura". Diz ela, com um rosto sério. "E esse cara, Cal, é como o
candidato perfeito". Ela continua.
Eu nem sei por onde começar, sobre como errada essa
conversa é. "Como você sabe que ele é mesmo bom de cama?" Eu
pergunto a ela sarcasticamente.
"Você viu o quão grande as mãos e os pés são?" Diz ela, como
se afirmando o óbvio.
"Ok, nós estamos indo lá fora, e, Hillary não olhe para seus
pés mais, por favor!" Eu digo antes de abrir a porta.
Eu volto para a sala para ver Cal, sentado no sofá, falando em
seu celular.
"Nós vamos ter que cuidar disso mais tarde". Diz ele com
firmeza e desliga.
"Namorada?" Eu digo em tom de brincadeira.
Ele olha para mim. "Ciumenta?" Pergunta ele, um sorriso
brincando em seu rosto.
"Você tem um estranho senso de humor". Digo a ele. Ele pisca
para mim antes de abrir a porta e me permitir sair à frente dele.
"Vocês dois, divirtam-se." Hillary canta para fora quando nós
saímos.
"Tenha um bom dia". Cal diz a Hillary dando um pequeno
sorriso. Tenho certeza de que apenas fez o seu dia.
"Então, onde estamos indo hoje?" Pergunto com curiosidade à
medida que caminhamos para fora.
"Você vai ver quando chegarmos lá". Ele responde e me conduz
a uma bela, moto preta. Eu paro para admirar o pedaço de metal
sexy sobre rodas. Eu quase me distraio do fato de que ele não me
disse para onde estamos indo.
"É sua?" Eu pergunto surpresa. Eu não sei muito sobre motos,
mas eu sei que tudo o que se lê Lamborghini não é barato.
"Lauren Brooks, conheça a Sra. Scott." Ele sorri com orgulho,
acariciando lhe carinhosamente. Homens e seus brinquedos.
"Bem Sr. Scott, eu costumo me sentir um pouquinho mais
confortável quando eu sei onde estou indo com um estranho.
Mesmo um tão alto e bonito como você". Eu digo-lhe com
sinceridade.
Ele se vira e olha para mim, divertido.
"Você acha que eu sou o problema não é, Lauren?" Ele
pergunta se aproximando, deixando apenas algumas polegadas
entre nós. A mesma onda de calor que eu senti da última vez
passa pelo meu corpo. Eu não posso ajudar, mas engulo meus os
nervos. Eu tento pensar em uma maneira de dizer isso sem
ofendê-lo. Mas, sim, eu acho que ele é o problema. Eu só não sei
exatamente que tipo de problema ainda.
"Você é?" Eu sorrio para ele de brincadeira, embora eu esteja
nervosa pra caramba. Ele inclina a cabeça ligeiramente para a
direita e para por um momento como se ele estivesse
considerando sua resposta.
"Só o quanto você quer que eu seja." Um sorriso perverso
repousa em seu rosto, e por algum motivo além de mim, isso me
excita. Então seu sorriso amolece. "Mas eu garanto, você está
segura comigo". Diz ele, e ele parece sincero.
"Então, eu posso supor que você não é um assassino em série,
ex-assassino ou um psicopata louco?" Eu rio agora só um
pouquinho apreensiva.
"Só se eu puder supor que você não é". Ele retruca, subindo na
moto.
Eu coço a cabeça. Eu acho que é agora ou nunca. Eu já estou
lá embaixo com ele e ele está em uma moto, não dirigindo uma
grande van assustadora… E ele é incrivelmente atraente.
"Você sabe como subir em uma moto?" Pergunta ele, notando
que eu estou apenas olhando para ele na moto.
"Sim… bem, eu acho que sim. Eu nunca subi em uma moto
antes". Eu digo a ele com ceticismo.
"Bem, eu ficarei feliz em ajudá-la com sua primeira vez". Diz
ele, quando eu chego lá. Eu não posso ajudar, mas me sinto
animada, e não temos sequer saído ainda.
"E agora?" Eu pergunto como se eu estivesse recebendo uma
lição.
"Não se atenha a seus pés e segure firme." Ele me dá um
capacete e eu olho para o objeto volumoso e feio. Imagino-me
olhando como uma mosca humana com isso. Dane-se você só vive
uma vez. Eu balanço minha cabeça, recusando-o. Ele sorri com
uma sobrancelha arqueada como se estivesse surpreso com a
minha resposta, mas coloca os óculos escuros e pega o capacete
de volta.
"Segurar em quê?" Eu não vejo nenhuma grade.
"Em mim". Ele responde. Eu vejo seu sorriso alargar no
espelho. Duh, Lauren! Eu rio de mim mesma, e eu hesitantemente
coloco minhas mãos em ambos os lados de sua cintura e tento
colocar minhas pernas em ambos os lados da moto.
"Pronto?" Ele pergunta.
"Sim". Eu respondo. Eu o ouço ligar a moto, e meu coração
começa a bater mais forte. Ele puxa para fora do estacionamento
com facilidade, e nossa velocidade é muito lenta. Isso não é tão
ruim.
"Isso não é tão ruim assim." Eu estava um pouco assustada,
eu admito.
"Espere." Alguns momentos depois, ele vai para a rodovia, e
nós pegamos velocidade. Eu sinto como se estivesse em uma
montanha russa. O espaço que havia entre nós é nulo agora. Eu
involuntariamente fico tão perto dele quanto eu posso, meus
braços tão apertados como eles podem ir ao redor de sua cintura.
Depois de alguns minutos de estar com medo, eu sinto como se
estivesse voando.
"Isso é ótimo!" Eu grito, rindo.
Ele acena com a cabeça. "É a coisa mais próxima de voar
quando você está no chão!" Eu olho para o pôr do sol. É
absolutamente lindo. Eu não posso acreditar que eu nunca fiz isso
antes. Eu estou em uma moto, indo pelo menos a 115 km/h com
um homem que eu não conheço. O que eu sei é que eu não estive
tão confortável com alguém em um longo tempo.

***

"Eu não posso acreditar que você me fez ficar na parte de trás
de uma moto e saltar de bungee jumping no mesmo dia". Eu digo
com um riso, pegando uma batata frita e mergulhando-a no
ketchup.
Ele apenas sorriu e mordeu seu hambúrguer.
Eu tento olhar para ele sem ser pega. Eu esperava um tipo
totalmente diferente de homem. Quer dizer, o terno caro, a seção
VIP do clube, mãos aparentemente bem cuidadas e o cabelo
estilizado, não gritaram exatamente andar de moto e saltar de
bungee jumping.
"Você é diferente do que eu esperava". Eu confesso.
Ele olha para mim com uma sobrancelha arqueada e um
sorriso em seus lábios. "Você quer dizer entre o clube e agora?"
"Sim." Eu sorrio.
"Isso é uma coisa ruim?" Pergunta ele, aqueles olhos incríveis
flertando comigo.
"Não! Só que você me surpreendeu. Quero dizer, quando eu vi
você pela primeira vez no clube, eu não esperava que você fosse do
tipo que gosta do ar livre, eu pensava em couro, jeans e jaqueta."
Ele não disse nada, mas me deu o seu sorriso de um milhão de
dólares.
"Então, quais as outras coisas incríveis que você faz?" Eu corro
a mão pelo meu cabelo emaranhado, livre de sua trança de mais
cedo. Eu me pergunto se ele pode dizer o quão nervosa eu estou.
Ele abre a boca para dizer algo e depois para.
"O quê?" Eu observo sua ligeira hesitação.
"Não importa. Você já me deu uma má reputação em sua
cabeça. Então, eu vou manter meus pensamentos para mim
mesmo". Ele me diz, fingindo sentimentos feridos.
"Agora você despertou a minha curiosidade, senhor. Tenho
certeza que isso não vai mudar a minha visão sobre você de
qualquer maneira. Diga-me". Eu exijo de brincadeira.
Ele coça a testa e se inclina, e eu sigo sua liderança, como se
estivesse prestes a me contar um segredo.
"Eu prefiro mostrar a você, mas eu acho que você é o tipo de
garota que exigiria mais alguns encontros antes que isso
aconteça."
Eu sinto minha boca abrir. Ele está se referindo ao que eu
acho que ele está se referindo? Ele está me observando, esperando
pela minha reação. Eu decido não empurrá-lo ainda mais, pelo
menos não diretamente.
"Minha companheira de quarto, Hillary, estava um pouco
irritada que você não falou com ela antes." Eu mudo de assunto,
querendo saber seus pensamentos. "Ela não está acostumada a
um cara ignorá-la do jeito que você fez."
"Tenho certeza que ela não está". Ele ri, e eu levanto minha
sobrancelha, questionando. "Mas eu não sou como a maioria dos
homens. É preciso mais do que seios grandes e um rosto cheio de
maquiagem para chamar a minha atenção". Acrescenta
naturalmente. Estou um pouco surpresa com sua franqueza. Ele
percebe. "Eu só quero dizer que não há nada de original nisso. Eu
vejo isso todos os dias. Ela é uma linda garota, mas eu conheço o
tipo dela."
"E qual é exatamente o tipo dela?" Pergunto com irritação
evidente em minha voz. Hillary e eu vemos as coisas com olhos
diferentes e nós discordamos muito, mas ela ainda é minha
amiga, e eu não vou deixá-lo falar mal sobre ela, não importa o
quão incrivelmente sexy ele é.
Ele suspira, percebendo minha atitude defensiva. Ele aperta as
mãos.
"Posso ser honesto com você cem por cento?", Ele pergunta, e
eu aceno apreensiva. "Seu tipo é geralmente vazio, exigindo,
alimentando-se de todos os outros ao seu redor para impulsionar
seu ego, pulando de um indivíduo para o outro", ele continua a
explicar. "Então, absorvida em seu próprio senso de autoestima,
ela não percebe que qualquer homem que pode suportá-la, o faz
tempo suficiente para ficar com alguém."
Eu fui pega de surpresa pela sua resposta. Eu não vou
confirmar ou negar o que ele está dizendo e decido orientar a
conversa em uma direção diferente.
"Então, você está dizendo que você não está interessado em
sexo?" Eu pergunto, surpreendendo-me.
Ele cruza os braços e dá um sorriso divertido. Ele se inclina e
como um ímã, eu faço o mesmo.
"Ah não. Estou muito interessado em sexo". Sua voz é baixa e
sensual, e por um momento eu acho que ele vai me beijar. Fico
decepcionada quando ele se inclina para trás em sua cadeira.
"Isso não significa que eu transo com qualquer garota que bate
os cílios falsos para mim. E quanto a você?" Ele pergunta, focando
aqueles penetrantes olhos cinzentos em mim.
Eu sorrio para esconder meu nervosismo. A maioria dos
homens que eu saio não me olha nos olhos, o que eu odeio, mas é
como se seus olhos pudessem ver através de mim, e eu não sei o
que é pior. Sua simplicidade é estimulante, mas inesperada. Eu
não sei como responder a sua pergunta. Ele tem sido tão honesto,
seria hipócrita se eu não devolver o favor.
"Bem, já faz algum tempo desde a última vez". Eu gaguejo
nervosamente.
"Eu realmente quis dizer 'o que você gostaria de fazer', mas eu
sinto muito em ouvir isso." Ele sorri provocante.
Eu acho que eu vou morrer de vergonha. "Oh, Deus." Eu
choramingo, cobrindo meu rosto.
Então, eu sinto as mãos dele sobre as minhas e as coloca para
baixo. Eu olho para ele, surpresa, seu toque me causando
borboletas.
"Nunca esconda esses olhos lindos de mim de novo". Ele me
diz, e eu estou ainda mais envergonhada, mas desta vez ele se
sente muito melhor.
"Bem, eu sou muito chata, na verdade." Eu rio, um pouco
decepcionada quando ele deixa ir minhas mãos.
"Tenho certeza que não é o caso." Ele descansa os braços atrás
da cabeça.
"Eu gosto de pintar, desenhar, esculpir…" Eu digo a ele.
"Oh, uma artista." Ele sorri.
"Sim, mais ou menos." Eu sorrio.
"Então, é algo que você quer como profissão?" Ele pergunta.
De alguma forma, ele realmente parece estar interessado, e não
apenas por uma questão de conversa.
"Bem, escultura e pintura são mais um hobby, mas o desenho
é o que eu amo. Se eu pudesse acordar todos os dias e fazê-lo para
a vida, seria ótimo. Infelizmente, não há uma demanda para os
artistas, então eu não sei até onde posso ir profissionalmente." Eu
suspiro.
"Você é boa nisso?" Pergunta ele.
Sou apanhada desprevenida por isso. "Bem, eu espero que
sim. Seria de partir o coração se eu estragasse algo que amo
tanto". Comento com uma risada.
"Então, eu irei ver alguns dos seus trabalhos?" Ele pergunta.
"Eu não sei. Eu sou tímida sobre isso". Eu digo apreensiva.
"Se você quer abalar o mundo, você tem que mostrá-lo
primeiro". Diz ele casualmente, e pela segunda vez eu não tenho
nada a dizer. "E você pode praticar comigo". Ele oferece.
"Talvez." Eu sorrir. "Então, você é de Chicago?"
"Eu vivi aqui a maior parte da minha vida". Ele responde. "E
você?"
"Não, eu vou para a Universidade de Chicago. Eu nasci no
Michigan, Saginaw, para ser exata". Digo a ele.
"Bonita, inteligente, e nasceu em Saginaw. Eu já estive lá". Diz
ele.
"Sério? Eu nunca soube de qualquer pessoa de Chicago que
voluntariamente tenha ido lá". Eu digo, surpresa.
"Eu conhecia algumas pessoas que viviam perto de lá". Diz ele,
com a boca virando para baixo. "Você não gosta de lá?"
"Não! Eu amo. É a minha casa, onde eu cresci. Apenas não há
muitas oportunidades lá. Bem, você esteve lá. Você provavelmente
entende."
Ele balança a cabeça.
"É estranho como você não aprecia alguma coisa até que ela vá
embora" eu continuo. "Quando eu era jovem, eu sempre sonhei em
vir para Chicago e nunca olhar para trás. Mas agora que eu estou
aqui, eu não posso esperar até que eu seja capaz de voltar para
uma visita."
"Então você é uma menina de cidade pequena?" Brinca.
"Eu acho que você pode dizer que sim" eu ri. "Isso é uma coisa
ruim?"
"Nem um pouco". Ele responde de forma convincente.
Eu olho para baixo quando meu telefone vibra. Eu olho para o
identificador de chamadas e vejo que é Hillary. Por que eu não o
desliguei e por que ela não manda uma mensagem? Eu rolo meus
olhos.
"É melhor eu atender isso" eu digo com um suspiro.
Pressionando a tecla, eu digo: "Olá?"
"Oi! Como está indo até agora?" Ela pergunta animada e
barulhenta. Eu sei que ele pode ouvi-la por meio do telefone.
Eu olho para ele e ele sorri.
"Desculpe-me um minuto." Ele ri quando eu levanto e caminho
para outra parte do restaurante.
"Tudo está bem". Eu digo a ela.
"Então o que você fez? Onde você foi? Você já beijou? Conte-
me tudo!" Ela exige.
"Isso não poderia ter esperado até que eu chegasse em casa?"
Eu ri.
"Bem, sim. É uma hora, e sendo que eu sou a melhor pessoa
do mundo, queria atuar maternalmente e me certificar que você
está bem, é claro." Mais como intrometida. Eu sorrio.
"Obrigada, mãe. Espere, você disse uma?" Pergunto incrédula.
"Sim! Este é o mais longo tempo que demorou pra você voltar,
além de quando você tem que trabalhar! É por isso que eu pensei
que eu iria verificar você. Ah, e o seu chefe tem chamado aqui três
vezes. Ele quer que você o chame o mais rápido possível, ou algo
assim".
O que é que ele quer? "Ok, obrigada, Hill. Eu estou pendurada
em três segundos. Mas eu vou falar com você quando eu chegar
em casa". Eu informo-a de brincadeira.
"Espera! Antes de fazer isso, você tem que me dizer se você vai
dormir com ele". Diz ela vertiginosamente. Eu rolo meus olhos e
permaneço em silêncio.
"Vamos, Lauren! Estou entediada como o inferno! Por favor,
me dê algum tipo de diversão. Dê-me algo. Eu vou estar aqui à
noite toda sozinha." Eu sou grata por ouvir isso. Agora eu sei que
eu posso ter uma boa noite de sono.
"Hillary, ele nem sequer me beijou ainda" eu digo quase
decepcionada com a última parte.
"Bem, à noite ou a manhã, ainda é jovem". Ela canta.
"Veremos. Eu tenho que ir. Falo com você mais tarde, Hill."
"Sim, porque você vai me contar tudo, ou eu estou pulando em
sua cama com você". Ela brinca. Acho que ela está brincando, pelo
menos.
"Ok, Hillary". Digo antes de desligar.
Volto para a mesa.
"Tudo bem?" Ele pergunta.
"Sim. Hillary me verificando." Eu ri.
Ele olha para o relógio e franze a testa. "Sim, é melhor sairmos
daqui." Ele se levanta, coloca o paletó, e tira sua carteira.
"Você sabe, eu posso pagar por isso. Você já pagou por tudo o
mais". Eu digo, pegando minha bolsa.
"Eu pedi este encontro. Esse é o ponto." Ele ri.
"Mas," eu protesto.
"Quando você me chamar para sair, então você pode pagar."
Ele pisca para mim, quando ele coloca uma nota de cinquenta
sobre a mesa. Eu sei que a nossa comida não custa muito.
Ele olha para cima e vê minha surpresa.
"Não se preocupe. Eu tenho um trabalho bastante decente."
Ele me lança um sorriso antes de liderar o caminho para a porta
da frente.
Eu coloco rapidamente meu casaco e o sigo.
"Eu nunca perguntei, o que você faz?" Eu digo quando eu
passo através da porta aberta que ele está segurando para mim.
Ele ignora a minha pergunta, distraindo-me com a emoção do
passeio de moto.

***

Abro os olhos, sentindo o motor da moto desligar. A calmaria


do motor e o bom passeio quase me colocam para dormir. Eu olho
para ver que estamos na frente do meu prédio. Eu deixo-o ir e
descer da moto. Eu tenho um desejo de me esticar. Estivemos
nessa moto por mais de uma hora.
"Eu tenho que dizer que eu me apaixonei por esta máquina".
Eu digo, meio brincando.
Ele olha para mim e sorri. "Ela tem essa coisa sobre ela". Ele
brinca quando ele desmonta e dá ao tanque de gasolina um
tapinha carinhoso. Ele me acompanha até a porta.
"Este é um dos dias mais interessantes que tive em um tempo.
Eu realmente me diverti". Digo a ele.
"Você não é tão chata quanto você parece ser". Ele brinca.
"Esta sou apenas eu em um bom dia". Eu digo, dando um
aviso simulado.
Tanto quanto eu me diverti muito, este momento ficou à deriva
através dos meus pensamentos durante todo o dia, enquanto eu
me perguntava quando isso iria acontecer. Houve alguns
momentos em todo o nosso encontro em que eu pensei que ele ia
e, em seguida, nada. Eu sei para um fato que ele não tem medo ou
não fica nervoso em fazê-lo. Afinal, ele me levantou do chão em
um abraço apaixonado quando ele me cumprimentou. Mas ele não
fez nada, mas me surpreendeu toda a noite. Talvez ele não vá me
beijar em tudo. Eu estou sendo ridícula. Eu geralmente não quero
ser beijada em encontros, e agora que eu faço, não vai acontecer.
"Bem, obrigada por tudo". Eu digo, quando eu faço o meu
caminho em direção à entrada do meu prédio. Eu quero entrar
antes que ele veja como estou decepcionada.
"Eu tenho… espere". ele começa, mas meu telefone toca,
interrompendo-o. "Posso?" Ele pergunta, apontando para o
telefone. Eu olho para ele, incerta. Antes que eu possa responder,
ele toma o telefone da minha mão e atende. Estou um pouco
perturbada que ele atendeu meu telefone sem esperar pela minha
resposta, até eu perceber quem está ligando.
Cal interrompe a voz confusa na outra extremidade. "Não. Este
é Cal. Lauren vai ter que chamá-lo de volta em uma hora decente.
Você não acha que é um pouco tarde da noite para estar
chamando uma mulher respeitável?" Ele repreende o partido de
brincadeira, desliga o telefone e me dá um sorriso inocente. Era
Michael.
Eu não pude deixar de rir. Eu, então, me pergunto por que ele
estaria ligando às duas da manhã. Ele provavelmente está bêbado
e tentando se desculpar novamente, esperando que eu vá ceder e
pedir-lhe para voltar. Não vai acontecer.
Eu olho para Cal, que encolhe os ombros inocentemente. Ele
me dá o meu telefone e me lembro de como ele fez isso, sem a
minha permissão, e eu faço uma carranca para ele.
"Você não está chateada, certo?" Ele pergunta aparentemente
surpreso.
Sim, eu pensei que era engraçado, mas ele não deveria ter
apenas assumido que estava tudo bem. E se eu queria que
Michael viesse? Não que eu faria, mas ainda assim.
"Não. Mas poderia ter sido importante. E você perguntou, mas
não esperou pela minha resposta". Eu digo com minha voz firme, e
pela primeira vez durante toda a noite, eu não estou nervosa. Ele
ri como se estivesse chocado, estou um pouco ofendida.
"Boa noite, Cal." eu digo, me virando para abrir a porta, e ele
pega a minha mão.
"É exatamente isso. Eu não costumo ter que pedir coisas.
Então, eu não estou acostumado a esperar pela resposta". Diz ele
em tom de brincadeira, mas sua expressão é séria.
"Isso é provavelmente algo que você deve trabalhar, então". Eu
digo sarcasticamente, feliz pela coragem ter feito uma aparição
pela primeira vez desde que o conheci.
"Bem, eu posso te beijar?" Diz ele, dando um passo mais perto
de mim, os olhos flertando comigo. Isso me faz engolir a minha
respiração. Ele cheira tão bem, mas não. Eu vou ignorar o quão
bom ele parece e cheira. Cal precisa de uma lição de que ele não
pode ter tudo que quer. Agora, eu vou explicar os limites de
Lauren Brooks.
"Cal, eu gosto de você, mas você deve…" antes que eu possa
terminar, ele me puxa para ele como ele fez antes, mas desta vez,
ele pressiona seus lábios contra os meus.
Eu envolvo meus braços em volta do seu pescoço para manter
o equilíbrio. Eu não sei como reagir, mas o meu corpo começa a
responder quando ele suga meu lábio inferior. Em pouco tempo a
minha boca se abre, permitindo que a língua dele entre e comece a
persuadir a minha. Sinto-me tonta, calafrios correm pela minha
espinha, enquanto seus dedos traçam círculos na parte inferior
das minhas costas.
Eu posso senti-lo sorrindo enquanto uma de suas mãos é
colocada através do meu cabelo e nuca, enquanto a outra mão faz
o seu caminho por baixo da parte de trás da minha blusa. Sua
pele na minha envia sensações através de meu corpo que eu não
estou pronta para experimentar. Seus dedos seguem traçando os
mesmos pontos, da mesma forma que ele estava antes, mas agora
não há nenhum material como barreira para o calor de sua pele,
contrariando o vento fresco. Ele envia rubor de calor pelo meu
corpo. Eu me sinto quente, ansiosa e… insatisfeita. Se o nosso
beijo ficasse mais profundo, eu iria me afastar. Mas eu quero
mais.
Eu envolvo meus braços apertados em volta do seu pescoço,
meu corpo pedindo para estar mais perto dele, quase agindo por
conta própria. Em resposta, suas mãos se movem para ambos os
lados da minha cintura, segurando-me mais apertado quando ele
me apoia na porta, ou talvez a parede. Eu não posso dizer com
certeza. Mas agora eu estou pressionada entre ele e algo. Eu posso
sentir seu coração começando a bater mais rápido, ou talvez seja o
meu próprio, pelo fato de estarmos tão perto que eu não posso
dizer a diferença. Eu corro minhas mãos pelo peito dele, o couro
fresco de sua jaqueta suave contra minhas mãos. Eu nunca quis
sentir uma pele nua tão mal na minha vida, e eu percebo que eu
estou pensando coisas, malucas como: se eu estivesse de vestido
seria muito mais fácil, e se ele dirigisse seu carro, o quão rápido
poderia ter chegado lá. Eu me pergunto o quão profundo Hillary
está dormindo e se ela nos ouviria, se eu o levasse para cima. Eu
percebo que estou perto de fazer algo extremamente estúpido, e
com cada força de vontade no meu corpo, eu me preparo para
quebrar o nosso beijo. Mas antes de eu fazer, ele se afasta. Eu
imediatamente perco o calor de seus lábios.
"Lauren". Ele sussurra em meu ouvido, me colocando de volta
no chão. Eu estou em uma névoa. Ele não pode esperar que eu
tenha uma conversa com ele agora. Eu preciso de um minuto para
me recompor. Ugh, Lauren, vamos começar a pensar de novo, não
é? Que maneira de mostrar a ele seus limites.
Eu olho para ele e ele lambe os lábios, suas mãos em ambos
os lados de mim. Ele se inclina e encosta a testa na minha.
"Eu estou indo, porque se eu ficar aqui mais um minuto, eu
serei um problema para você". Diz ele, seu tom de voz
perigosamente baixo. Mas seu sorriso é tão inocente que deveria
pertencer a um escoteiro. Concordo com a cabeça, incapaz de
forçar quaisquer palavras da minha garganta apertada.
"Boa noite, linda". Diz ele e beija a pele debaixo da minha
orelha que faz com que o meu coração vibre. Em um flash, ele está
caminhando em direção a sua moto, mas para no meio do
caminho e se volta para mim.
"Ah, e eu estou vou trabalhar na parte de pedir coisas. Eu
prometo". Diz ele, andando para trás. Um sorriso se espalhou no
meu rosto. Ele sobe em sua moto, faz uma pausa, e se inclina
sobre o guidão.
"Você vai entrar, Srta. Brooks?" Pergunta com uma pitada de
sarcasmo na sua voz e um brilho nos olhos que é ousado. Meu
corpo está gritando: Eu vou com você, e como se pudesse ler
minha mente, ele fala. "Ou você vem comigo?"
Diz ele provocativamente e eu contemplo a ideia. Na verdade,
estou pensando! Mas minha mente vence a insistência do meu
corpo, quase como se eu me recuperasse de um nocaute.
"Não, você mesmo disse que é um pouco tarde para uma
mulher com minha respeitabilidade estar fora de casa." Eu o
provoco e ele ri, cedendo. Eu pego minhas chaves e abro a porta.
"Boa noite". É tudo que eu consigo dizer, e antes que eu entre eu
olho para ele. Ele me dá um aceno, um sorriso agradável em seu
rosto. Eu fecho a porta, esperando que eu não esteja com um
sorriso grande, pateta.
Meu telefone começa a tocar novamente, e meu coração bate
rapidamente, pensando que é Cal, ele afunda quando eu vejo que
é apenas Michael. Ele provavelmente está furioso nesse momento
sobre o que Cal fez, mas eu estou assim por uma razão
completamente diferente, é claro, e de uma forma muito diferente.
Quando eu entro em meu apartamento, eu ouço o rugido do
motor da moto e eu corro para a janela. Eu pego um vislumbre de
Cal virando a esquina e pelo o resto da noite eu sonho sobre o que
teria acontecido se eu tivesse ido embora nela com ele.
05 de maio de 2011

"Você está brincando de me enlouquecer?" Eu me certifiquei


que a descrença na minha voz fosse evidente para ele do outro
lado da linha. Mas vindo de Cal, eu deveria esperar isso.
"Calma, baby". Diz ele de forma constante.
"Porra não me chame de baby, Cal! Você disse que estava
voltando para casa segunda-feira. E é quinta-feira!" Eu grito,
andando pela sala.
"Eu sei. As coisas vieram à tona". Explica. Ele parece distraído,
o que me irrita ainda mais.
"As coisas vieram, hein? Que diabos veio à tona, a partir do
nada, que o manteve aí quase uma semana?" Eu grito para o
telefone.
"Você sabe o quê? Eu vou falar com você quando você se
acalmar." Ele desliga na minha cara. Mais uma vez.
Eu rosno e jogo o telefone na cama em frustração. Como de
costume, as nossas conversas acabam comigo pronta para socar
um rosto que convenientemente não está aqui.
Ele não ligou, acabou de enviar um texto me perguntando se
eu estava me comportando, o que diabos quer que isso signifique,
e que ele estaria em casa hoje. Eu não sei onde ele está, ou com
quem ele está e quando conversamos, ele nunca percebe a
gravidade da situação e pensa que desligar vai me parar. Oh ele
pensou errado! Eu, portanto, não estou feita. Pego o telefone de
volta, aperto redial, e espero por ele para responder.
"Sim". Eu escuto-o dizer.
"Cal, você é um idiota tão egoísta!" Não há nenhuma resposta e
quando eu olho para a tela vejo que ele desligou. Dirijo um chute
para o lado da cama e jogo meu travesseiro do outro lado do
quarto. Ele quase nunca discute comigo! Eu não consigo obter
uma resposta humana dele. Ele me ignora, ri de mim, ou, quando
ele está em casa, me pega e me leva em outra parte da casa, o que
me irrita ainda mais. Como você discute com alguém que não vai
dizer nada? Mas, considerando que, a fim de discutir, você tem
que se comunicar, não é nenhuma surpresa que ele não vai fazer
isso comigo, também. Ele é uma parede de tijolos, e eu estou
cansada de tentar passar.
Eu nunca pensei que isso iria acontecer conosco. Eu sabia que
ele podia ser fechado, mas eu nunca pensei que iria tão longe. Às
vezes, eu quero voltar para aquele primeiro minuto em que o vi e
gritar para mim mesma, "corra para o outro lado!"
O telefone na minha mão toca de novo. É ele. Eu aperto o
botão de resposta, mas eu não falo nada.
"Quer terminar?"
Eu mordo minha língua em um esforço imenso para não
chamá-lo de todos os nomes sujos que eu possa pensar.
"Cal, onde está você?" Eu pergunto com toda a calma que eu
posso.
"Eu estarei em casa amanhã". Diz ele, ignorando a minha
pergunta. Eu ouço música aos berros no fundo, e ele soa quase
como…
"Você está em um clube?" Minha voz quase guincha na última
palavra, porque eu não posso acreditar no que estou ouvindo.
"Por volta das duas.". ele continua, sendo deliberadamente
óbvio sobre me ignorar.
"Cal, você está na porra de um clube?" Neste ponto, ser calma
e civilizada está fora de questão. Ele está em um maldito clube de,
Deus sabe onde, quando ele me disse que estaria em casa hoje.
Eu tomo uma respiração profunda, eu estou tão louca que minhas
mãos estão tremendo, mas eu exijo que meu tom se acalme.
"Eu estou tão cansada da sua merda Cal. Quando você vai
chegar em casa eu não dou a mínima, porque não vou estar aqui."
E eu estendo a ele a mesma cortesia que ele me mostrou. Eu
desligo. Eu não vou continuar fazendo isso. Eu não sou seu
capacho. Ele não pode fazer qualquer coisa que ele quer e depois
voltar para casa quando ele estiver feito e sem quaisquer
repercussões. É isso. Eu não vou jogar estes jogos com ele.
Sou uma boa, bem, eu era uma boa esposa. Eu não sei se ele
entende, mas eu sei que ele não aprecia o quanto eu o amo. De
todos os homens para eu cair, por que tinha que ser ele, um
homem que é incapaz de mostrar seu amor para qualquer um,
especialmente sua esposa?
Antes de nos casarmos, eu sabia que ele me amava. Ele me
fazia sentir como se eu fosse à pessoa mais importante em seu
mundo. Pensando bem, talvez eu estivesse tão apaixonada por ele
que eu nem percebi que a pessoa que ele está apaixonado era por
si mesmo. Ele diz que me ama, mas suas ações me mostram que
ele não dá a mínima para mim.
O telefone de casa toca, quebrando meus pensamentos. Vou
até a parede e puxo o fio para fora. Estou cansada de falar com
ele, ou melhor, eu estou feita com ele falando para mim. Eu entro
em meu armário para encontrar minha mala.
Abro as gavetas e começo a puxar coisas aleatórias e jogá-las
na mala. Eu ignoro os armários cheios de nada além de lingerie,
coisas que eu uso só para ele.
Eu assisto o que eu como e me exercito todos os dias para o
meu corpo ainda ser atraente para ele. Mas ele não se importa,
não é como se ele estivesse por perto, muitas vezes o suficiente
para vê-lo. Eu escolho mais algumas camisas e calças e coloco-as
na mala. Volto para o meu armário e coloco minhas botas de
couro, olhando para mim quando eu passo pelo espelho. Eu estou
vestindo um suéter de cashmere preto e leggings, e passei duas
horas enrolando meu cabelo. Eu estou ótima. Fui estúpida,
realmente acreditando que ele estaria em casa quando ele disse
que faria.
Meu celular começa a tocar de novo. Num impulso, eu vou
para a varanda e jogo-o com satisfação. Isso vai impedi-lo de
tocar.
Sentindo-me muito melhor, volto para o meu quarto e tento
fechar a mala, mas está muito cheia. Claro, dobrar tudo
perfeitamente resolveria esse problema, mas eu não estou com
humor para mexer com essa porcaria. Eu piso na tampa com
minha bota até que tudo esteja finalmente esmagado o suficiente
para que ela feche.
Eu pego a jaqueta de couro que ele me comprou enquanto
estávamos em nossa lua de mel e jogo-a na sala. A ideia de usar
isso me enoja. No armário, eu encontro outra que eu comprei. Eu
pego minha mala. É muito grande, cheia e pesada como o inferno.
Graças a Deus ela tem rodinhas, ou eu teria sérios problemas. Eu
arrasto-a para o corredor e para o topo da escada. Eu coloco-a de
lado e dou-lhe um bom empurrão. Ela para no meio do caminho,
então eu chuto-a o resto do caminho para baixo.
Lá embaixo, eu pego a alça e puxo-a até a porta. Eu olho em
volta para o que eu pensava que era uma bela cobertura, com
suas enormes janelas eletrônicas, móveis, moda e arte. Na minha
mente, no entanto, tudo o que posso ver agora são janelas
gradeadas e uma cama fria, a prisão onde permaneci em silêncio,
bem, isso é uma mentira, eu fazia todo o inferno, mas nada de
irracional. Eu posso sentir as lágrimas nos meus olhos, e eu tento
lutar contra elas. Eu realmente não deveria chorar. Ele não vale a
pena.
Perdendo a batalha, eu chego a enxugar as lágrimas e avisto o
anel espetacular no meu dedo. Não significa nada. Eu retiro-o, e
coloco no console ao lado da porta, justamente onde ele deixa
suas chaves quando entra. Pelo menos ele não será capaz de
perder isso.
Respirando fundo, eu abro a porta e sigo para o elevador,
puxando minha mala atrás de mim. Não há realmente nenhuma
necessidade de fechar a porta. A segurança aqui é melhor do que
a de um cassino de Vegas, então as chances de o apartamento ser
roubado são poucas. Para não falar que estamos a mais de dez
andares de altura. Eu pressiono o botão e volto a esperar,
mexendo no meu cabelo.
Eu nem sei para onde estou indo. Quero dizer, o lugar lógico
seria a minha tia Raven, mas eu não tenho certeza se é pra onde
eu quero ir. Em vez de me banhar com abraços e beijos, ela
provavelmente vai me regar com perguntas e opiniões. Perguntas
como "O que está acontecendo?", E comentários como: "Você
realmente deve falar com ele." Eu não estou no clima para esse
tipo de merda agora. Ainda assim, eu não tenho nenhum plano
neste momento. Vou ter que pensar em alguma coisa para dizer a
ela. Eu preciso pensar sobre o que eu quero e o que eu vou fazer.
Eu estive com Cal por tanto tempo que eu não me lembro como é
estar sem ele. Eu me envolvi nele, algo que nenhuma mulher deve
fazer com qualquer homem.
O elevador chega. Eu arrasto minha mala e aperto o botão da
garagem. Eu odeio a maneira como meu estômago se sente
quando o elevador desce, lembrando-me das borboletas que Cal
costumava me causar quando nos conhecemos. Finalmente, ele
para e abre a porta para a garagem. Cal odeia que eu venha aqui
sozinha, mas eu sempre o lembro de que há câmeras em todos os
lugares e Jeff, o guarda de segurança, que acena e assiste a tudo
como um falcão.
Eu ando de cabeça baixa até as nossas vagas e vou para a
Mercedes branca que Cal comprou para o meu aniversário.
Lembro-me de levantar de manhã, ter os olhos vendados e ser
levada lá embaixo. Lá, eu encontrei uma caixa de joias e abrindo-a
encontrei um belo colar de esmeraldas no interior. Eu estava tão
encantada com o colar que eu não notei a chave do carro, porém,
eu me pergunto por que ele me trouxe para a garagem para me
dar.
Aquele era um dos nossos dias bons, apenas uma memória
agora. Não há nenhum sentido em fantasiar sobre eles, reviver o
passado, quando eu posso viver no presente, mesmo que ele não
seja bom. Quanto tempo eu me apego a essas lembranças quando
elas estão desaparecendo mais e mais? Eu abro o porta-malas do
meu carro para colocar a minha mala. Eu tomo uma respiração
profunda quando eu entro no carro e fecho a porta. Sento-me por
um momento, me inclinando para trás e segurando o volante. De
repente, a grandiosidade do que eu estou fazendo passa por mim e
eu me inclino para frente para descansar minha cabeça no
volante.
"O que eu vou fazer agora?" Eu digo baixinho para mim
mesma.
03 de maio de 2008

"Eu não posso acreditar que você realmente considera estragar


ele." Ângela ri enquanto ela limpa a barra. Estamos fazendo o
inventário de todo o álcool, a nossa rotina regular antes do clube
abrir. Ângela é a única que puxou algumas cordas para me
conseguir o trabalho aqui. Sua mãe e minha tia Raven
costumavam ir para a faculdade juntas e, felizmente, ficaram em
contato, por isso, quando me mudei para cá, eu não era apenas
um rosto sem nome, sem ninguém para chamar de amigo. Ângela
me arrumou este trabalho e me apresentou a Hillary, que
precisava de uma companheira de quarto para ajudá-la a cobrir o
aluguel.
"Eu sei. Eu sinto que estou como Hillary." Eu brinco puxando
a garrafa de Tequila Patron.
"Nah, Hillary teria fodido na porta da frente." Ângela ri.
"Isso é o que ela me disse que eu deveria ter feito. Ela disse
que teria ‘me libertado’." eu digo fazendo aspas no ar.
Ângela ri e depois suspira.
"Bem, eu digo que você só vive uma vez. Mas, você não deve
fazer qualquer coisa que você vá se arrepender depois". Ela diz, e
seu tom vai de brincalhão para sério.
"Então, quando você vai vê-lo novamente?" Ela pergunta.
"Eu não sei. Eu estou esperando ele ligar. Ele não fez, no
entanto." Eu admito a contragosto.
"Depois de um beijo assim, ele vai ligar. Você precisa pensar
sobre qual vai ser a sua desculpa para não lhe estragar se ele te
pegar em um carro". Ela me cutuca no lado e nós rimos antes que
sua atenção se volte para a porta.
"Olha quem entrou no prédio". Diz ela com ironia. Eu olho
para ver Michael entrando. Que ironia, um dos meus maiores
arrependimentos andando na minha direção.
"Você sabe, para alguém que não trabalha mais aqui, você
gasta uma enorme quantidade de tempo aqui. Você não deveria
estar lá fora prendendo criminosos?" Ela zomba, acertando-o de
brincadeira com seu pano. Ele está trabalhando de segurança em
um emprego a tempo parcial agora.
"E boa tarde para você também, Angie". Ele sorri, passando
por ela.
"Bem, foi bom que você passou por aqui". Ângela canta antes
de ir para a parte de trás, torcendo seu cabelo preto em um bolo
falso e nos deixando sozinhos.
"Lauren, nós precisamos conversar". Diz ele, sua voz ficando
séria.
Eu ergo minha sobrancelha para ele. "Não, Michael. Nós não
precisamos." eu digo pouco antes de passar por ele. Eu posso
senti-lo logo atrás de mim.
"Por favor". Insiste ele, agarrando minha mão.
"Michael, nós não tivemos condições de falar por pelo menos
dois meses. Qual é o problema agora?" Eu pergunto, puxando
minha mão de volta.
Ele não disse nada por um momento, mas depois deixa
escapar: "Eu sinto sua falta. Eu quero que nós, pelo menos ainda
sejamos amigos. Como você e Steven são. Vocês deixaram de sair
e ainda são amigos!"
Desta vez, ambas as minhas sobrancelhas sobem.
"É sério? Steven e eu saímos algumas vezes. Nós não
estávamos em um relacionamento e ele não sentia necessidade de
foder outra garota enquanto eu estava trabalhando". Eu digo mais
amargamente do que eu pretendia.
"Lauren. Eu não sei o que eu estava pensando naquela noite.
Se você apenas ouvir…"
"Você está falando muito. Mas você não está dizendo nada que
vale a pena ouvir". Eu interrompo-o.
"Eu estraguei tudo. Desculpe-me. Eu sinto muito!" Seus olhos
estão implorando. Por um momento, eu acho que ele pode ser
sincero. Então eu vejo novamente a loira que ele tinha
pressionada contra a parede na sala de estoque, a saia para cima,
suas calças para baixo, e como ele mentiu, dizendo que nada
aconteceu… E lembro-me que ele é apenas um mentiroso.
"Desculpas aceitas. Feliz?" Eu dou um sorriso falso para ele e
tento ir embora, mas ele agarra meu braço. Eu olho para ele,
meus olhos são punhais. "Não me toque". Eu advirto-o, meu tom
atado com gelo.
Ele me ignora. "Se você me der uma chance de falar com você,"
ele implora.
Puxo meu braço para longe dele. "O que, Michael? O que você
quer falar comigo?" Eu grito e ergo minhas mãos.
"O que eu fiz naquela noite. Eu me arrependo todos os dias
desde então. Se eu pudesse mudar eu iria, mas eu não posso. Eu
fico tentando lembrar o que eu estava pensando e qual diabo era o
meu problema, mas eu não posso atribuí-lo a qualquer coisa, mas
a estupidez da embriaguez. Nunca em um milhão de anos eu quis
te magoar assim. Eu só", ele para no meio da frase, e eu sigo seu
olhar para a porta para ver Ângela caminhando.
"Lauren, alguém está aqui para ver você". Ela sorri, sem
esquecer-se de pôr os olhos em Michael.
"Michael. Eu já lhe disse. Eu superei o que você fez, nós não
estamos mais juntos, e já não me preocupa. Eu não me importo
com o que você fez, o que você está fazendo, ou o que você está
prestes a fazer. Eu segui em frente. Eu só quero que você me deixe
em paz." eu digo a ele antes de ir embora.
Eu tenho que tomar uma respiração profunda. Ele nunca
saberia o quão difícil era para mim. Michael e eu tivemos uma
relação complexa desde o início. Eu tinha acabado de concordar
em ser amiga de Steven, e uma noite, depois de beber um pouco
demais, ele me beijou, e nós meio que caímos em uma relação. No
final, eu acho que nós provavelmente deveríamos ter marcado
como atração bêbada em vez de tomar a decisão de ficarmos
juntos. Mas, você sabe o que eles dizem sobre retrospectiva…
O homem sentado no bar é Jason, o cara do jornal.
"Hey, Lauren." Ele levanta quando eu me aproximo dele.
"Oi, Jason". Eu digo hesitante. Afinal, a última vez que
conversamos, ele me largou.
"Eu só queria dizer o quanto eu lamento sobre a outra noite".
Ele começa.
"Está tudo bem". Eu sorri para ele. Na verdade, se ele não
tivesse me abandonado, eu nunca teria me levantado para tomar
algum ar fresco, o que significa que eu não teria batido em Cal.
"Eu só… Eu pensei que eu vi alguém que… não importa. Não é
uma desculpa, e eu queria me desculpar." Diz ele.
"Bem, desculpas aceitas". Eu rio um pouco. Estou aceitando
um monte de desculpas hoje, parece.
Michael caminha até nós, parecendo um pouco irritado. O que
diabos ele quer agora?
"Lembra-se de mim?" Ele diz a Jason em um tom sarcástico.
Jason olha para ele com uma expressão perplexa.
"Não. Nós nos conhecemos?" Sua pergunta é cortada pelo
punho de Michael em seu rosto, derrubando-o no chão.
"Michael! Que diabos!" Eu grito. Eu imediatamente salto para
fora do caminho enquanto Jason se levanta e bate em Michael.
"Steven, Dan! Façam alguma coisa!" Eu chamo. Ouvindo a
comoção, Ângela sai correndo da sala de armazenamento.
"Dan! Dan venha aqui!" Ela grita. Logo Dan corre pra cima,
seguido por Steven.
"Solta! Vamos lá, pessoal!" Dan rosna enquanto ele tenta
puxar os dois separados. Steven agarra Jason e consegue separá-
los, quando Ryan entra.
"O que diabos está acontecendo aqui?" Ele grita com raiva, seu
sotaque britânico normalmente subjugado queima. Todo mundo
olha para ele, nenhum de nós sabe o que dizer.
"Eu não sei! Esse-esse lunático apenas me atacou!" Jason
grita.
"O que diabos aconteceu, Michael?" Steven pergunta.
"Ele desligou na minha cara quando eu liguei pra Lauren!"
Michael grita. Oh meu Deus, eu não posso acreditar nisso. Cubro
o rosto de vergonha.
"Eu nunca falei com esse cara!" Jason grita. "Eu falo com um
monte de gente, mas você não os vê chegando até mim e me
socando na cara! Para o registro, porém, eu nunca falei com você
antes!" Jason grita.
"Jason, eu sinto muito por isso." Eu digo, caminhando ao
redor do bar para obter-lhe uma toalha fria para seu olho.
"Jason? Seu nome não é Cal?" Michael diz quando a estupidez
começa a assumir sua expressão.
"Não". Diz ele bruscamente.
Eu entrego a toalha a Jason. "Não, Michael, este não é o cara,
mas mesmo se fosse, oh, Deus! Eu não posso nem acreditar em
você!"
"O que é isso, Melrose Place?" Ryan grita. "Eu nem sequer abri
e eu já estou separando lutas. A partir de agora, ninguém que não
é atualmente empregado aqui é permitido antes da abertura, a
menos que eu, pessoalmente, aprove!" Ryan franze o cenho para
todos nós.
"Eu-eu sinto muito." Michael murmura.
"Michael, dá o fora!" Ryan grita.
"Eu sinto muito, Ryan, e eu sinto muito por você, também,
Jason." Michael olha para eles brevemente antes de ir
rapidamente para fora, escoltado por Steven e Dan.
"Jason, eu sinto muito sobre isso, companheiro." Ryan diz,
espanando o terno de Jason.
"Não foi culpa sua." Jason profere, esfregando o olho, que já
está roxo.
"Eu estarei de volta". Ryan diz com raiva e sai, amaldiçoando
Michael em voz baixa.
"Eu realmente sinto muito, ele pode ser um idiota às vezes".
Eu digo-lhe com sinceridade.
"Não se desculpe. Não foi você que me deu um soco no olho".
Diz ele.
"Eu sei. Mas ainda assim…" eu me sinto mal sobre toda a
situação.
"Então, é sempre tão difícil te chamar para um encontro?" Ele
ri um pouco.
"V-você está me perguntando sobre um encontro?" Eu rio.
"Sim, eu estava prestes a perguntar quando aquele cara me
atacou, é o seu ex-namorado?"
Enfio as mãos no bolso de trás da minha calça jeans. Esta tem
sido uma semana agitada, dois caras sóbrios me convidando para
sair na mesma semana.
"Eu, bem," eu estou pensando muito sobre isso. Isso poderia
ser divertido. Outro encontro não faria mal. Quero dizer, esse cara
se limitou a levar um soco na cara por minha causa. Eu não posso
recusar depois disso. E Cal não ligou, então… "Eu adoraria". Digo
a ele.
"Bem, talvez este dia não vá ser tão ruim, afinal." ele sorri
amplamente.
"Eu não posso sexta à noite, mas pode ser quinta-feira?"
Pergunto.
"Meu olho deve estar melhor até então. Esperemos." ele ri.
"Isso é ótimo. Eu tenho certeza que vai". Eu concordo. Bem, eu
tenho certeza que o inchaço estará melhor, pelo menos. Se sua cor
normal estará de volta, eu duvido, com base na forma como ela
está agora. Eu ainda estou em choque. Michael bateu nele. Ele
está estudando para ser um agente da polícia, você pensaria que
ele saberia melhor.
"Legal!" Ele diz em sua emoção aparente.

***

São 23h. Eu não consigo dormir. Isso é o que trabalhar no


turno da noite vai fazer com você nos dias de folga. Eu tinha
planejado recuperar o atraso em meu sono, mas estou totalmente
inquieta. Acendo a lâmpada ao lado da minha cama, eu puxo o
bloco de desenho que eu mantenho no meu colchão e começo a
desenhar. O telefone toca, de repente, me assustando.
"Olá?" Eu respondo hesitante.
"Hey linda."
A voz é familiar e imediatamente desperta as borboletas no
meu estômago.
"Eu acho que seria eu". Eu digo com um sorriso se espalhando
por todo o meu rosto.
"Eu não estou ligando muito tarde, estou?"
"Não, está bem. Eu sou um pouco coruja". Digo a ele.
"Anote isso: estou trabalhando na coisa da pergunta." ele ri.
Eu me lembro da sua promessa anterior e sorriso.
"Olhe para você, senhor. Estou muito orgulhosa de você". Eu
digo a ele, brincando.
"Bem, você vai ter que me mostrar o quanto." Ele flerta de
volta. Eu mordo meu lábio com o pensamento. "Eu estava indo
mandar para você uma mensagem. Eu não sabia se você estaria
no clube ou não."
"Não, hoje é a minha noite de folga. Mas ontem eu estava. Eu
reabasteci o bar, tinha que ajudar a limpar a sala de estoque…
assisti um homem inocente levar um soco na cara por causa da
proeza com meu celular na outra noite." Eu rio.
"Sério? Essa foi a primeira vez que eu causei uma luta que eu
não cheguei a participar. Bem, talvez da próxima vez." Ele ri. "E
você disse que eu era problema. Parece que problemas te seguem
Srta. Brooks". Diz ele, brincando.
"Há, Há," eu digo secamente.
"Ouça", continua ele, "se você não estiver muito ocupada
causando lutas nos arredores de Chicago, eu queria perguntar se
você estava indo para a abertura da AIC sábado?"
Levam-me alguns segundos para registrar que ele está falando
do 80º Aniversário do Museu de Chicago. Eu desejaria ir, mas,
infelizmente, é um evento exclusivo somente para convidados. É a
única coisa que meus colegas têm falado no mês passado. Eles
estão furiosos que Crest Field Industries, uma das maiores
companhias fundadas em Chicago, fez seu caminho para
patrocinar o evento e privatizou-o todo.
"Eu gostaria. Mais é apenas para convidados". Digo a ele. Pena
que eu não sou rica ou famosa, uma vez que aquelas eram as
pessoas na lista de convidados.
"Bem, eu acho que você vai ter que vir comigo". Ele suspira.
"Espere. Você está me dizendo que você tem um convite?" Eu
pergunto. Minha voz subindo com entusiasmo. Eu posso ouvi-lo
rindo. "Como você conseguiu isso? Você não está brincando
comigo não é, Cal?" Pergunto-lhe com cautela. Eu não quero soar
como um geek de arte, mas seria um sonho participar.
"Nós estamos no telefone, você sabe qual seria a diversão
nisso?" Sua voz se aprofunda com insinuação, fazendo minha pele
formigar.
"Eu adoraria ir!"
"Eu vou ter alguém pegando você as oito". Diz ele.
Pegando-me? Será que ele não vem? "Você não virá me
buscar?" Eu pergunto curiosa.
"Bem, eu estou em Nova York, e eu não vou estar de volta até
sábado à noite, então eu vou ter uma limusine buscando-a, e em
seguida, ela vai passar pelo aeroporto para me pegar, está bem?"
Ele diz. Claro, tudo bem. Eu estou indo para o aniversário do
Museu de Chicago!
"Sim, está perfeito." Eu digo a ele. "Eu não posso esperar!" Eu
realmente deveria suavizar meu entusiasmo apenas um pouco.
"Olha, eu tenho que ir. Mas, eu estive pensando em você,
Lauren…" ele calmamente fala. Eu seguro o telefone um pouco
mais apertado, sentindo meu coração bater mais rápido. Eu não
esperava ouvir isso dele.
"Eu-eu estive pensando em você também, Cal." eu digo com
sinceridade.
"Bom". Diz ele. Eu posso ouvir o sorriso em sua voz e um se
espalha em todo o meu rosto também.
Depois que eu desligo o telefone, eu giro em torno do quarto
como uma criança de sete anos, no Natal. Corro para o meu
armário e começo a remexer em torno, esperando que haja algo lá.
Eu nem sei se vou ser capaz de sair do trabalho. Eu vou ter que
trocar turnos ou algo assim.
Eu suspiro decepcionada com o conteúdo do meu guarda-
roupa. Jeans, jeans, calças de brim e mais jeans, juntamente com
alguns vestidos que eu costumava ser capaz de vestir para
trabalhar. Não, nada parece digno da ocasião. Eu cheguei à
conclusão de que eu vou ter que comprar alguma coisa. Eu tenho
um cartão Visa para emergências com um par de cem dólares que
eu nunca usei. Cal esteve pensando em mim! Eu quero ter certeza
que meu vestido deixe uma impressão duradoura.
Eu me pergunto se ele tem pensado em mim tanto quanto eu
tenho pensando nele. Corro para a porta, pronta para dizer a
Hillary todos os detalhes. Então eu me lembro dela me dizendo
para manter as simples e divertidas com ele e o pensamento me
para.
E se Hillary estiver certa? Ele disse que estava pensando em
mim. Ele não disse de que maneira. Eu ignoro o sentimento de
afundamento em meu estômago. Bem, agora não importa, é
apenas um encontro, para um dos meus lugares favoritos na terra
e nos braços de um homem incrivelmente bonito. E aqui estou eu
tentando encontrar alguma coisa errada sobre ele. Eu não vou
deixar ninguém estragar isso para mim, nem mesmo eu.
05 de maio de 2011

Saginaw, Michigan

Eu não posso ajudar, mas me sinto um pouco nostálgica


quando vejo o sinal me dando boas-vindas de volta para minha
cidade natal. É como se eu estivesse assistindo um filme em casa,
pegando memórias aleatórias enquanto eu dirijo.
Tem sido algum tempo. A última vez que estive aqui foi logo
depois que Cal e eu nos casamos. Eu suspiro enquanto conduzo,
passando as intermináveis filas de campos de milho. Em quinze
minutos, eu estarei na porta da minha tia, que vai saber sobre o
porquê eu estou lá e segurando sua merda bem intencionada.
Bem, talvez dez se eu me apressar, mas apressar-se através
Saginaw em uma Mercedes não é uma boa ideia.
Quando eu chego a um sinal de parada procuro na minha
bolsa pelo meu celular, antes de me lembrar que eu o deixei cair
pela janela. Meu estômago ronca. Eu só comi um donut ao longo
do dia, e foi a quatro longas horas atrás. Eu vejo um posto de
gasolina a poucos quarteirões e decido parar para um lanche. Eu
desligo meu carro e tranco a porta. Mesmo que não haja
realmente nenhuma necessidade para travá-la, viver em Chicago
mudou meus hábitos. Uma curta olhada e meus olhos gravitam
para o meu favorito: bolo de morango. Eu ando para o balcão e
espero que a funcionária venha para frente. Ela se aproxima do
balcão com um sorriso, lembrando-me da simpatia de Saginaw.
"Boa tarde. Isso é tudo o que você vai querer?" Ela pergunta.
"Sim, isso é tudo". Eu sorrio e entrego-lhe um dólar. Ela
coloca-o no registro e me devolve quatro.
"Tenha um bom dia". Ela fala.
"Você também." eu digo a ela, deixando a loja, enquanto abro a
embalagem do bolo. Eu quebro um pedaço e coloco-o na minha
boca antes de guardar o resto na minha bolsa e entrar no carro.
Quando eu dirijo, meus pensamentos se voltam para Cal. Eu me
pergunto o que ele está fazendo agora. Ele provavelmente está
chateado, ou talvez ele não esteja. Talvez ele não se importe que
eu o deixei. Eu geralmente tenho uma melhor ideia de como ele se
sente.
Eu odeio o fato de que eu estou pensando sobre ele em tudo,
ou mesmo considerando seus sentimentos. Eu não deveria, mas
como é que você para de amar alguém em um instante? É quase
ridículo, quando tempo eu tentei fazer isso. Isso nunca funciona
porque os sentimentos apenas vêm de volta à superfície depois
que minha raiva diminui. Seria muito mais fácil se ele não fosse
tão complicado. Cal é a pessoa mais complexa que eu já conheci.
Ele sempre tem esse ar de mistério que está além de frustrante
depois de todos esses anos, mas isso foi o que me atraiu para ele.
Quando me mudei para Chicago era um mundo totalmente
diferente de Saginaw. Na minha cidade quase todos se conheciam.
Eu tinha crescido com a maioria dos caras, quando eu fui para a
escola nunca tive a emoção de conhecer uma pessoa nova, ou ter
alguém para aprender a partir do zero.
Quando eu entrei para a Universidade de Chicago no meu
segundo ano, era como se os homens sentissem o cheiro de carne
fresca. Fui convidada por tantos tipos diferentes de caras,
especialmente quando eu comecei a trabalhar no clube. Havia
alguns com tatuagens e piercings, outros que usavam ternos
caros, negros, brancos, alto, era muito para absorver.
Felizmente eu tinha Ângela e Hillary para me guiar através do
mundo do namoro que ficou velho muito rápido. Eu comecei a
perder a familiaridade que tinha Saginaw. Eu terminei uma
espécie de namoro com Steven que agora é um bom amigo e
Michael que acabou por ser o cara exato que eu deveria ter
evitado, de boa aparência, era um babaca ainda no armário.
Diferente de ele ser atraente, eu acho que foi apenas familiaridade
de trabalhar em torno dele que me levou a me convencer de que
havia algo ali que não tinha. Tinha sempre algo faltando, e o que
quer que fosse Cal tinha mais do que suficiente. Ele sempre teve
essa maneira de exalar esta confiança sexy sem parecer
pretensioso, uma maneira de fazer as coisas mundanas parecer
excitantes e novas, portanto, Cal foi meu presente e minha
maldição. Maldição mais frequentemente do que presente, eu
suponho. Quando nos conhecemos eu não poderia ter sabido que
eu estava apenas arranhando a superfície do mistério de Cal, um
enigma. Infelizmente um que eu ainda não resolvi.
Eu sempre o imaginei sendo o homem que eu queria que ele
fosse, e ainda agora eu me pergunto é justo que ele não tenha sido
o tipo de marido que eu pensei que ele seria? Eu assumi que
depois do casamento ele se abriria, me deixaria saber os segredos
que foram escondidos por trás de seu sorriso, que eu entendesse
por que quando estamos sozinhos sua presença é pacífica, mas
por que quando eu olho em seus olhos eu vejo algo completamente
diferente. Eu pensei que eu iria obter respostas para todas essas
perguntas quando nos casamos, mas só parece que eu estou
ficando com mais perguntas.
Eu chego à casa da minha tia e memórias imediatamente
começam a me inundar. Lembro-me de tia Raven andar para a
varanda, arruinando com sucesso o beijo de boa noite, no final do
meu primeiro encontro. Ela limpou a garganta e olhou para mim
até que tudo o que eu pude fazer foi beijá-lo na bochecha e dizer:
"Boa noite".
Eu sorrio agora, mas naquele momento eu estava com raiva e
vergonha. Ela era doce e azeda. Ela teve que jogar de mãe e pai
para eu crescer, uma mulher que nunca quis ter filhos, mas fez
um trabalho melhor do que ela poderia ter imaginado. Ela sempre
fez questão de me deixar saber o quanto meus pais teriam me
amado, e quão orgulhosos eles seriam de mim.
Raven nunca se casou, então eu nunca me senti confortável
pedindo conselhos sobre o meu próprio casamento. Muitas vezes
me pergunto que conselho daria minha mãe sobre Cal e eu. Meu
pai provavelmente torceria o pescoço dele pelo estresse que ele me
dá. Eu desligo o carro e pego minha bolsa, saindo e indo em
direção à varanda. Deixo a mala, porque eu realmente não quero a
tortura de interrogatórios. Eu vou encontrar uma maneira de
dizer, em algum momento, durante uma conversa. Eu tenho
certeza que vou conseguir uma abertura. "Lauren, eu encontrei a
mais maravilhosa camisa". Ela vai me dizer, e então eu vou dizer:
"Oh, realmente, porque eu tenho uma tonelada de suéteres no
carro, desde que eu estou deixando meu marido." Yep, vai ser
muito simples, realmente rápido. Eu toco a campainha e verifico a
minha aparência no reflexo da janela, certificando-me de estar
apresentável. Raven sempre salienta que se o dia está ruim, você
tem que se vestir melhor para escondê-lo.
Eu toco a campainha novamente, desta vez acrescentando
uma batida. Eu ainda tenho um conjunto extra de chaves, mas eu
não quero me intrometer. Não parece que ela está em casa. Sento-
me no degrau mais alto da varanda. Ela deve ter ido fazer
compras, espero que não seja roupa, porque isso pode levar horas.
Estou realmente lamentando o meu acesso de raiva que fez com
que eu jogasse o celular através da varanda esta manhã. Eu olho
para o meu relógio, percebendo que é apenas uma da tarde. Raven
poderia estar fora durante todo o dia.
Eu decido ir em frente e entrar em vez de esperar na varanda
da frente como um pacote FedEx. Acho o conjunto de chaves no
fundo de minha bolsa e abro a porta. Quando eu passo pra
dentro, escuto o rádio ligado, e eu não posso deixar de sorrir.
Desde que me lembro 91.3 sempre foi a estação de rádio favorita
de Raven, e que desempenha uma trilha sonora constante na
casa. Eu tranco a porta atrás de mim e coloco minha bolsa na
mesa. Este lugar ainda me traz o conforto de um lar de verdade ao
invés de apenas um lugar de residência, que é como eu me sinto
quando estou sozinha na cobertura. Eu caminho no andar
superior e encontro à porta de entrada para meu antigo quarto.
Outro sorriso se espalha em todo o meu rosto quando eu entro no
quarto, ainda da mesma forma que eu deixei. Sento-me na cama e
respiro profundamente enquanto eu enfrento a janela e deixo a luz
do sol me banhar através das cortinas. No meu armário ficam
prêmios, fitas e medalhas alinhadas no mesmo lugar em que
estavam quando eu estava no colégio.
Há uma nova adição, no entanto. Meus olhos deslizam sobre a
minha foto do casamento com Cal, e eu sinto um ciúme em
relação ao meu próprio passado. O casal na foto não existe mais,
eles estão a anos-luz de onde Cal e eu estamos agora. Eu o pego, e
coloco de cabeça para baixo. Se eu pudesse ver o futuro. A porta
se fecha lá embaixo, Raven deve estar em casa. Eu me dou um
pouco de conversa estimulante: eu posso fazer isso, apenas não
deixe nada escapar. Eu respiro fundo e caminho para fora do
quarto. Do alto da escada, eu posso ver Raven soltando suas
sacolas. Eu sabia que ela foi fazer compras. Ela olha para mim,
um sorriso enorme se espalhando em seu rosto.
"Lauren! Eu imaginei que era o seu carro!" Ela grita, jogando
tudo no chão.
"Oi Raven". Eu digo alegremente, correndo pelas escadas. Ela
me encontra na parte inferior e me envolve em um grande abraço.
"É tão bom ver você! Eu senti tanto sua falta!" Diz ela,
apertando-me com força.
"Eu senti sua falta também." Eu digo a ela honestamente,
deixando o cheiro dela me levar de volta à minha infância, quando
eu tinha qualquer problema que poderia ser resolvido com um
pedaço de bolo de chocolate, embora a partir da loja, desde que
Raven não podia assar um pedaço de pão se sua vida dependesse
disso. Ela dá um passo para trás, examinando minha aparência.
"Você está bonita. Eu amo a camisa". Diz ela, deslizando a
mão sobre meu ombro. Raven, como sempre, elegantemente
inclinada e eu muitas vezes me pergunto o que teria acontecido se
ela tivesse crescido em uma grande cidade. Tenho certeza que ela
não teria terminado com um bibliotecário. "Então, o que te trás
aqui? Quanto tempo você vai ficar? E onde é que está o meu
sobrinho bonito?" Ela sorri.
Ok Lauren, vamos começar a pensar. Pense, pense, diga algo,
continue sorrindo. Infelizmente, tudo que eu estou fazendo é sorrir
porque eu não posso pensar em uma palavra a dizer. Eu
realmente preciso para começar a planear o futuro.
Ela franze a testa para mim e escova a franja escarlate do
rosto.
"Uh huh. Que tal você me ajudar a levar isso pra cozinha e me
contar tudo?" Diz ela, pegando duas sacolas e saindo da sala. Eu
pego três sacolas e sigo atrás. Eu preciso pensar em alguma coisa,
eu definitivamente não estou pronta para dizer a ela que eu deixei
meu marido. Eu entro na cozinha iluminada e coloco as compras
em cima da mesa. Estar aqui me lembra do quão sombrio Chicago
é às vezes. Mesmo que ela não cozinhe, ela gosta de ter todos os
seus petiscos favoritos e abundância de frutas e legumes na
geladeira. Ela começa a desfazer as sacolas e colocar os
mantimentos, mas posso dizer que toda a atenção está sobre mim.
"Então, como está tudo?" Ela pergunta casualmente.
"Tudo está bem." Eu aceno com a cabeça, puxando uma caixa
de leite da sacola.
"Você não me ligou esta semana."
"Eu sei. Eu, hum… eu queria surpreender você". Eu sorrio,
esperando que não soe como uma mentira.
"Você fez! Quando eu vi a Mercedes estacionada na garagem,
eu não podia acreditar nos meus olhos! Então, mais uma vez
quanto tempo eu tenho vocês?" Ela pergunta como se ela fosse um
hotel.
"Oh, bem, eu estava pensando que eu ia ficar uma semana ou
duas". Eu digo a ela, ocupando-me de tirar uma garrafa de suco e
evitando olha-la nos olhos.
"Você está?" Ela pergunta surpresa.
"Sim, bem, se estiver tudo bem pra você". Eu digo hesitante.
"Claro que pode querida. Eu amo a sua presença e você sabe
que você é sempre bem-vinda aqui, é só que… duas semanas é
muito tempo. Cal está aqui?" Ela pergunta.
Aqui está a minha chance, apenas diga-lhe, basta dizê-lo!
"N-não, só eu que realmente estou aqui". Eu digo
humildemente. Ela para de ir através da sacola e me dá toda sua
atenção, seu olhar é intimidante.
"O que há de errado?" Diz ela, levantando a voz ligeiramente.
"Oh, nada está errado. É só que Cal foi em outra viagem de
negócios, e a cobertura fica vazia à noite. Eu pensei que eu não
via você em um tempo." eu ri um pouco. Deus, por que eu apenas
não disse a ela? Eu perdi a oportunidade perfeita, agora todo este
tempo eu vou estar em alfinetes e agulhas e tenho que lembrar
minhas próprias mentiras.
"Oh," ela me olha com ceticismo, o olhar rapidamente
substituído por um sorriso. "Bem, eu estou realmente feliz por
você estar aqui". Diz ela, dando-me outro abraço. "Que tal eu
terminar aqui, enquanto você vai para o seu quarto e se instala, e
eu vou pedir o almoço para nós?"
"Isso seria ótimo". Eu sorrio quando eu me levanto da mesa.
"Você tem certeza que não quer nenhuma ajuda?" Pergunto
novamente.
"Não, eu estou bem. Vá se instalar". Ela insiste.
Eu ando para fora da cozinha e vou para o meu carro. Odeio
mentir para minha tia, ou qualquer pessoa em geral, mas se eu
disser a ela porque eu estou realmente aqui… Eu abro o porta-
malas e puxo minha mala grande para fora, colocando-a no chão
com um baque. Quando eu empurro-a no caminho em direção a
casa, percebo Raven em pé na porta com um enorme sorriso
estampado no rosto e o telefone perto de seu ouvido.
Por favor, me diga que ela não está falando com quem eu acho
que ela está falando.
"Lauren querida, Cal está no telefone!" Ela fala. Meu coração
para por um minuto. Ela gosta do homem tanto, eu juro, se ele
não fosse meu marido e ele fosse apenas um pouco mais velho, eu
sei que ela estaria em cima dele como uma bolsa Chanel na seção
de limpeza, se é que existe tal coisa.
"Eu estou no meio de alguma coisa". Eu digo-lhe tão
docemente quanto eu posso, esmagando a minha indignação e
raiva quando eu volto para o carro, tentando parecer ocupada
através das minhas malas.
"Lauren Brooks! Venha aqui neste minuto, você pode trazer as
suas malas mais tarde". Diz ela em um tom calmo, mas enérgico.
Eu sinto meus ombros caindo quando eu lentamente vou até a
varanda, um pequeno beicinho no meu rosto. Lembro-me que eu
deveria fingir que estou feliz. Eu pego o telefone dela e jogo um
sorriso enorme.
"Eu vou atender em casa". Eu digo a ela.
"Claro". ela me diz. Eu ando na sala de jantar e fecho a porta
atrás de mim. Eu tomo um fôlego enorme e trago o telefone para
meu ouvido.
"Eu sabia que você estaria na Raven". Diz ele, antes mesmo de
eu deixar que ele saiba que eu estou lá. Como é maravilhoso, eu
penso comigo mesma e reviro os olhos.
"Você não está falando comigo?" Pergunta ele. Eu suspiro em
descrença. Ele ainda pensa que eu sou "não estou falando com
ele." Eu já o deixei, e ele está dando de ombros, como se fosse um
acesso de raiva. Obviamente, ele não entende.
"Duas chamadas. Deve ser meu dia de sorte". Murmuro
sarcasticamente, andando pela sala.
"Eu sei. Eu estava errado". Diz ele.
"Você realmente quer dizer isso? Ou você está apenas dizendo
o que você acha que eu quero ouvir?"
"Eu quero dizer o que eu digo." Ele soa ofendido.
"Cal, eu estou cansada de fazer isso com você". Eu suspiro.
"Bem, o que você quer que eu diga?" Pergunta ele
defensivamente.
O que eu quero que ele diga? Que porra é essa que eu quero
que ele diga? Eu quero que ele diga que está arrependido por
tudo, que está arrependido de estar jogando com as minhas
emoções, que ele é um idiota, que ele me deixa sozinha em casa
por dias sem um único telefonema, que ele fez de mim uma pessoa
que eu não consigo mesmo reconhecer, que ele está corroendo
minha autoconfiança, que ele não existe na minha vida!
Eu não ouço nada, exceto silêncio na outra extremidade. Ops,
eu devo ter dito tudo isso em voz alta.

***
Eu estive sentada aqui no meu antigo quarto em silêncio por
vinte minutos, esperando que ele me ligue de volta. Eu não
deveria estar esperando por ele. Eu deveria estar feliz que ele não
está tentando me ligar de volta. Eu escovo meus dedos pelo meu
cabelo e suspiro. Eu ouço uma batida suave na porta.
"Querida, está tudo bem?" Raven pergunta baixinho entrando
no quarto.
"Sim, está tudo bem". Eu disse a ela, forçando outro sorriso.
Ela abre a boca como se ela estivesse prestes a dizer algo, mas
então ela sorri e muda de assunto. "Eu esqueci completamente
que eu disse a Sra. Ingram que eu iria almoçar com ela hoje, antes
que eu soubesse que você estava vindo. Você gostaria de se juntar
a nós? Ela adoraria ver você." Ela pergunta.
"Não, tudo bem. Eu acho que vou ficar aqui e pensar em
algumas coisas. Diga a ela que eu disse oi."
"Ok, se você precisar de alguma coisa é só ligar para o meu
celular". Ela me diz como se eu tivesse 12 anos novamente.
"Eu vou ficar bem" eu asseguro-a.
"Vejo você mais tarde, querida". Diz ela fechando a porta. De
repente, sinto-me exausta. Eu começo a tirar a grande colcha e
lençóis coloridos para fora da cama, substituindo-os por alguns
lençóis que eu trouxe de casa. Depois que eu estou satisfeita, eu
olho ao redor do quarto, tomando uma respiração profunda. Vai
levar algum tempo para me acostumar novamente. Eu rastejo na
cama, abraçando o travesseiro como se fosse um bicho de pelúcia.
09 de maio de 2008

"Eu fui para a Universidade de Illinois por dois anos antes que
eu fosse transferido para o Estado de Indiana, onde eu jogava
futebol. Acredite ou não, eu originalmente me formei em
criminologia. É engraçado como eu saltei de criminologia para
jornalismo porque eles são tão diferentes uns dos outros.
Inicialmente, eu só entrei na faculdade por causa dessa garota
que eu tinha uma queda. Então eu mudei porque criminologia
estava ficando muito complicada. Eu pensei que era a melhor
coisa que já fiz na minha vida. Então, quando me formei, me
mudei de volta para Chicago. Meu pai me ajudou a conseguir um
emprego no The Tribune onde meu chefe me atribuiu a seção de
entretenimento." Quem diabos lê isso? Mas de qualquer maneira,
o ponto é… Jason não pode calar a boca.
Eu continuo a balançar a cabeça e sorrir, fingindo estar
interessada no que ele está dizendo. Ele está falando há vinte
minutos, ele não tem uma única pergunta sobre mim, exceto o
que eu queria pedir. Ele então me diz que o prato que ele está
tendo é melhor e que eu deveria pedir isso. Eu olho para o meu
relógio pela terceira vez. Eu nunca estive tão entediada em minha
vida. Eu não sei se ele está nervoso, e ele está apenas divagando
tentando encobri-lo, ou se ele é realmente tão egoísta. Ele parecia
tão diferente de volta ao clube. Olhos com certeza pode ser
enganadores.
Tomo um gole da minha água. O gelo derreteu. Olhando ao
redor, eu admiro como o restaurante é elegante. O piano está
tocando suavemente ao fundo. Eu poderia realmente aproveitar
essa atmosfera, se Jason ficasse apenas em silêncio por um
minuto.
"Eu me lembro da minha primeira peça de jornalismo 101. Era
sobre Dean dormindo com uma estudante. Eu tive muita diversão
com isso, mesmo que tenha recebido um C. Meu professor sempre
me disse que poderia fazer melhor e no meu último papel eu
finalmente tirei um A." Ele continua.
"E quanto a você?" Ele finalmente pergunta.
Eu quase engasgo com minha água, a oportunidade de falar é
inesperada, pensei que ele pelo menos me daria um resumo de
cada artigo que ele já tinha escrito antes que ele me fizesse uma
pergunta.
"Bem, eu frequento a Universidade de Chicago. Eu estou me
formando em Inglês e em história da arte". Digo a ele.
"O mundo da arte é um mundo difícil de entrar". Ele me diz,
como se eu não soubesse.
"É por isso que eu estou me formando em Inglês." eu digo a
ele, um pouco irritada.
"Então, que tipo de trabalho você faz?" Ele pergunta.
"O que você quer dizer?"
"Eu sei que você estuda história de arte, mas você faz qualquer
trabalho de arte?" Pergunta ele distraidamente, enquanto sinaliza
o garçom.
Eu só disse a ele que história da arte foi o segundo, mas,
qualquer que seja. Perto o suficiente.
"Bem, algumas pinturas e esculturas, mas minha paixão é o
desenho". Digo a ele.
"Sim, você pode obter a nossa conta?" Pergunta ao garçom que
se aproxima que acena com a cabeça e vai embora. Ele se vira
para mim. "Desculpe-me… você estava dizendo?"
Eu balancei minha cabeça. "Não era importante." Não é como
se ele estivesse prestando atenção de qualquer maneira.
"Você já ouviu falar sobre o aniversário de gala do museu?" Ele
pergunta. Será que ele já esqueceu a coisa da história da arte?
"Sim. Eu sei" eu digo a ele, tentando não parecer sarcástica.
"Você provavelmente teria um tempo maravilhoso lá. É muito
ruim você não possa obter convites. O The Tribune recebeu apenas
três. Eu tive sorte o suficiente de obter uma das credenciais de
imprensa, uma vez que será o evento de entretenimento da
temporada". Ele se gaba.
Devo dizer a ele que eu vou ou não devo? Hmmm.
"Eu vou ter a certeza de ter um relatório completo sobre isso
pra você". Ele sorri. Decido não contar a ele. Vou manter o sorriso,
e talvez ele vá entender o recado. O meu telefone começa a vibrar
na minha bolsa. Eu o pego e vejo que é Hillary. Oh, eu te amo
Hillary!
"Desculpe-me por um minuto" eu digo a ele, caminhando para
a entrada da frente. "Eu nunca estive tão feliz em ouvir você". Eu
digo com gratidão ao telefone.
"Acho que o seu encontro é uma merda?" Pergunta ela,
animada.
"Sim. Eu estarei em casa em uma hora. Jason é provavelmente
a pessoa mais egoísta que eu já conheci. Toda a conversa hoje à
noite era sobre ele. Eu provavelmente falei três frases." eu digo a
ela.
"Ah, coitadinha!" Ela afirma. "Bem, você não pode acertar o
ouro duas vezes."
Eu sorrio, pensando sobre meu encontro com Cal, o que torna
este parecido com uma consulta ao dentista.
"Então, ele tem mais alguma coisa planejada depois do
jantar?" Ela pergunta.
"Eu não sei, mas eu não aguento mais isso."
"Lembra-se do cara que eu conheci na festa que você não quis
ir, na semana passada, era Jinere, ou Johnae. Eu nunca vou ser
capaz de dizer a coisa certa. De qualquer forma é algo estranho e
ele é ridiculamente quente. Eu estou fazendo o jantar e ele pode
ficar para a sobremesa…" ela avisa com uma pitada de emoção em
sua voz.
"Divirta-se, Hillary" eu digo. Pelo menos uma de nós vai ter um
bom tempo esta noite.
"Quer que eu espere por você?"
"Não, eu vou ficar bem."
"Tudo bem, boa noite". Diz ela, e eu desligo o telefone. Eu olho
para o meu relógio, é apenas 21h12m esta noite está muito lenta.
Volto para o restaurante e vejo que Jason não está na mesa.
Suponho que ele foi para o banheiro. Obrigada Senhor. Vou
aproveitar o silêncio por alguns minutos.
"Desculpe-me, senhorita?" Pergunta uma pequena voz atrás de
mim. Eu me viro para ver a hostess, que nos arrumou à mesa
quando chegamos.
"O cavalheiro que estava com você tinha uma chamada
importante e teve de sair, mas ele chamou um táxi. Ele estará
aqui em vinte minutos". Ela me informa.
Ele me abandonou? Ele está me abandonando. Depois de uma
hora e meia ouvindo-o falar sobre seu trabalho chato, e seu
recorde em público, ele me deixa? Eu suspiro e percebo que a
hostess está esperando pela minha resposta.
"Obrigada". Eu digo, sorrindo para esconder minha irritação.
Ela acena e vai embora. Eu pego minha jaqueta da parte de
trás da minha cadeira e coloco-a. Quem teria pensado que no
início desta noite, eu iria acabar sentada na sala de estar de um
restaurante, sozinha, à espera de um táxi para me levar para casa
porque meu encontro me abandonou?

***

Eu não tenho nenhuma inspiração. Eu não vejo nada. Eu


movo o cavalete de volta para a parede e pego meu caderno na
minha mesa. Eu tenho que virar todo o caminho até a parte de
trás para encontrar uma página vazia.
Eu começo a fazer uma marca de luz com um lápis no meio do
papel. Todos os meus desenhos começam desta maneira, e então
eu vou com o que eu sinto. A pintura não é tão fácil, você tem que
ter suas cores traçadas, a sua definição, e você não pode pintar
marcas difusas e esperar até que eles se transformem em algo.
É por isso que eu amo desenhar, é terapêutico. Meus
pensamentos se dirigem para o aniversário do museu amanhã. Eu
sinto borboletas no meu estômago. Desde que é o aniversário, eu
sei que eles vão ter todos os tipos de novas coleções selecionadas
apenas para a noite, embora eles provavelmente já tenham novas
peças que eu não vi. Tem sido muito tempo desde a última vez que
eu estive lá.
Eu sempre gostei de estar lá, no meu próprio mundo. Amanhã
será a primeira vez que eu realmente vou com outra pessoa de
fora da faculdade. Eu sempre mantive a arte como uma
recompensa privada para mim. Eu me pergunto se Cal gosta de
arte. Ele não parecia muito animado sobre o evento, mas a
maioria das pessoas não seria. Ele obtém crédito por realmente
sugerir um encontro com base no meu interesse, além do fato de
que ele tinha ingressos para um evento que seria difícil para
alguém conseguir.
Larguei meu caderno e fui para o armário para tirar o vestido
que eu estou pensando em usar amanhã. É de Ângela, ela teve a
gentileza de me emprestar, já que é provavelmente a única vez que
eu vou precisar de algo para vestir para uma ocasião como esta.
Admiro-o novamente junto com os saltos de cinco polegadas que
Hillary contribuiu. Eles vão matar meus pés, mas eles combinam
perfeitamente, e tudo vai valer a pena.
Qualquer artista em Chicago morreria para estar lá e eu
começo a vestir-me para algo diferente de trabalho. Ah, e Cal não
é um bônus ruim.
Eu rio de mim mesma e penduro o vestido de volta no armário.
Cal. Eu realmente não sei o que pensar sobre ele. Eu pensei que já
tinha calculado que tipo de pessoa ele era na primeira vez que me
encontrei com ele: Ele era um homem de negócios ou um playboy.
Eu não poderia ter estado mais enganada. Ele não é nenhum dos
dois, mas mesmo que eu possa dizer que ele não é eu ainda não
sei o que ele é. Sei menos sobre ele agora do que quando nos
conhecemos, o que é intrigante e assustador. Ele me convidou
para esta festa, porque ele podia adivinhar o quanto eu adoraria
ir, então eu sei que ele tem, pelo menos, esse capítulo da minha
autobiografia, ainda que eu mal tenha um trecho de sua certidão
de nascimento.
A única coisa que eu realmente sei sobre ele é que ele é
misterioso, franco e incrivelmente sexy. Eu ainda não posso
acreditar que eu queria muito mais depois daquele beijo.
Normalmente eu nunca deixo um cara aproximar os seus lábios,
puxando o velho beijo na bochecha ou o movimento do abraço
desajeitado. Deixar um cara enfiar a língua na minha boca é algo
que é um sacrilégio no "Código de Lauren Brooks", mas eu já
quebrei alguns códigos quando se trata de Cal. Nesse ponto eu
geralmente sei sua idade, o que ele faz para viver, quantos irmãos
ele tem e qual foi o seu primeiro animal de estimação, mas ocorre-
me que eu nem sequer fiz uma única pergunta sobre qualquer
uma dessas coisas. Bem, seu sorriso e os olhos ficavam me
distraindo. Eles vão atraí-lo e fazer você ficar lá…
05 de maio de 2011

Eu limpo o vapor do espelho e deixo a porta do banheiro


aberta para entrar um pouco de ar. O chuveiro ligado e o local já
está em 40 graus. Eu me envolvo na toalha de banho e escorrego
para os chinelos que deixei ao lado da banheira. Eu bocejo,
mesmo que eu não devesse estar cansada. Acordei às dez horas.
Não acreditando que eu tinha dormido o dia inteiro. Mas eu acho
que o sono é a melhor coisa para aliviar o stress, e eu tinha
toneladas de alivio a fazer.
Eu sei que eu não deveria me sentir assim, mas eu não posso
deixar de me perguntar por que Cal não ligou de volta ainda. Eu
verifico o telefone para mensagens, mesmo que eu saiba que ele
provavelmente não vai deixar uma, especialmente no correio de
voz da Raven. Eu tiro uma mecha de cabelo molhado do meu
rosto. Eu deveria secar, mas eu estou muito irritada para fazer
isso agora. No caminho do corredor para o meu quarto, eu noto
que Raven foi para a cama, então eu volto para desligar a luz que
está iluminando o pequeno hall. Quando eu entro em meu quarto,
uma leve brisa sopra através de uma janela aberta, então eu ando
mais para fechar. Uma mão toca a minha parte inferior das
costas.
Eu grito, girando e batendo ao mesmo tempo. Cal está de pé
na minha frente. Ele agarra meu braço para me impedir de cair.
Que diabos ele está fazendo aqui? Meu impulso é envolver meus
braços em torno dele, mas então eu me lembro que eu estou
chateada com ele, então eu me retiro para o outro lado do quarto.
"O que você está fazendo aqui?" Eu pergunto, chocada, ainda
sem fôlego, e um pouquinho feliz que ele esteja aqui. Esta foi à
última coisa que eu teria esperado. Ele não tinha sequer me ligado
de volta.
"Oh vamos lá. Nada de 'Olá' ou 'bom vê-lo aqui, querido?" Ele
brinca. O luar reflete seu rosto esculpido, e ele me passa indo
sentar na minha cama. Eu inalo o cheiro dele. Ele me atrai para
ele. É o perfume que eu comprei para ele no mês passado, e isso
me faz querer… Inferno. Acorda Lauren!
"Talvez, se eu estivesse com vontade de dizer isso. Mas eu não
estou." Eu quero ser grossa, mas eu não tenho certeza que teve o
efeito que eu estava querendo, desde que ele me pegou
desprevenida. Ele olha para mim e seus olhos vão para baixo do
meu rosto, lembrando-me que eu estou nua sob a toalha. Eu
cruzo meus braços em volta de mim com força para mostrar que
eu estou determinada a mantê-lo longe. Ele sorri para mim, e pega
um porco de plástico que eu ganhei em um carnaval na escola. Eu
tiro-o de sua mão.
"Cuidado! Você não gostaria que a toalha caísse". Ele sussurra
e sua mão começa a trabalhar o seu caminho até a minha perna.
Eu passo pra longe rapidamente e digo a mim mesma para ignorar
os arrepios que passam pela minha espinha.
"O que você está fazendo aqui?" Pergunto novamente com
firmeza.
"Você está aqui, então eu decidi que eu deveria estar aqui
também." Ele parece sincero, mas quem sabe como ele é.
"Sério? Porque há 48 horas, não era muito importante para
você estar onde eu estava". Digo-lhe, amargura na minha voz. Ele
se levanta e caminha em direção a mim.
"Eu sinto muito". Diz ele, me olhando diretamente nos olhos.
Eu rapidamente desvio o olhar. Eu odeio quando ele faz isso. Juro
que ele pode ver através de mim e ler meus pensamentos.
"Isso é o que você diz."
Ele descansa as mãos na minha cintura. "Isso é o que eu
quero dizer". Diz ele, dando um passo mais perto e inclinando-se
para mim.
Eu balancei minha cabeça e passei pra longe dele. "Bem, como
é que eu vou saber?" Eu digo baixinho para mim como se eu
estivesse tentando acordar de um sonho ruim. "Estou cansada de
não saber Cal!" Eu digo mais alto.
"Eu já disse alguma coisa para você e não quis dizer isso?" Ele
pergunta. Cal tem feito alguma merda muito significativa para
mim. Ele vai me ignorar, evitar as perguntas que eu faço ou me
deixar sem um aviso, mas ele não é um mentiroso. Eu estou
tentando pensar, mas eu me distraio quando ele começa a correr
os dedos pelo meu cabelo úmido. Como é que eu vou pensar
enquanto ele está fazendo isso? Eu preciso pensar. Seus lábios
deslizam suavemente através de meu pescoço, e ele me puxa
contra seu peito. Eu estou tentando descobrir como responder a
isso. Eu estou chateada, e eu tenho o direito de estar. O que quer
que eu queira fazer, eu preciso fazê-lo rapidamente, antes que ele
me leve todo o caminho até a cama. Diga algo! Diga agora!
"N-nós não podemos, não vou fazer isso aqui". Eu digo-lhe sem
fôlego, enquanto a toalha cai no chão. É muito tarde. Ele me
coloca na cama. Seu peso me cobre, assim como seus lábios. Eu
preciso falar com ele, não dormir com ele. Isso sempre acontece
quando ele me toca: primeiro, os arrepios na espinha, o calor
entre minhas coxas, e então eu começo a me dirigir pra luz e
esqueço meus pensamentos. Ele está lançando algum tipo de
feitiço sobre mim. O que mais pode ser?
"C-Cal, pare". Eu digo tão suavemente que eu mal posso me
ouvir, quando seus dedos trilham para baixo no meu corpo.
"Você me quer?" Ele está começando a morder minha orelha.
"Eu não sei o que eu quero mais". Eu digo honestamente
tentando recuperar o fôlego. Viro a cabeça para a janela. Ainda
está aberta, e uma suave brisa está soprando.
"Isso não é o que você quer?" Diz com a voz rouca antes de
aprofundar o beijo. Leva toda a minha força, mas eu quebro-o
suavemente e mantenho o seu queixo nas mãos. Ele olha para
mim, surpreso e um tanto curioso.
Eu olho nos olhos que eu costumo tentar evitar. Eu olho para
eles para obter respostas, para ver o que ele está pensando, o que
ele está sentindo. A luz da lua viaja para baixo em nós através da
minha janela. Eu não posso lê-los. Eu não posso ver o que está
por trás deles, eles são um vidro coberto de fumaça. Eu não posso
ver nada mais do que ele quer que eu veja.
"Eu não sei mais, Cal". Eu sussurro, tentando segurar as
lágrimas e eu deixo ir o seu rosto. O sorriso largo sobre ele
amolece. Ele varre um pedaço de fio de cabelo da minha testa e
olha nos meus olhos pelo o que parece uma eternidade, mas na
realidade é apenas um minuto.
Em um instante, ele levanta seu corpo de cima de mim e sai
da cama. Eu me manobro para um lado e viro minha cabeça para
que eu possa ver o que ele está fazendo. Está frio, então eu vou
pra baixo das cobertas. Descansando minha cabeça em minhas
mãos, eu vejo-o pegar o paletó e tirar algo dele. Eu suspiro e viro o
meu corpo, então eu não estou mais de frente para ele.
Poucos minutos depois, ele está na cama ao meu lado, sua
pele nua contra a minha. Beijos cobrem meus ombros, e ele me
puxa para ele. Desta vez, eu evito o contato visual. Eu não sei o
que pensar ou o que sentir. Eu não quero me perder nele. Eu não
quero continuar caindo por ele, cedendo a toda manipulação.
"Lauren". Ele fala calmamente, e pega a minha mão, trazendo-
a para o rosto e acariciando-a. Eu ainda não respondi. As
lágrimas escorrem por meu rosto. Ele não viu minhas lágrimas
fluindo assim em um longo tempo, minha fachada de raiva e
vingança geralmente são perfeitas para camuflá-las. Hoje à noite,
eu estou exausta demais para qualquer uma delas. Ele seca e
beija suavemente meu rosto.
"Estou tão cansada. Eu não posso. Eu não posso continuar
fazendo isso, is-isso está me destruindo." Eu choramingo. Minha
voz está engasgada, e eu olho para longe dele.
Ele segura meu queixo, me fazendo olhar para ele. "Lauren. Eu
estou aqui" ele diz com sinceridade.
Eu olho para longe dele. "Mas como eu sei…" Eu não posso
terminar minha voz falha.
"Eu estou aqui, linda". Diz ele, sua voz é irreconhecível e quase
suplicante.
Eu não posso olhar para longe dele depois disso. Seus olhos
cinzentos estão mostrando um leve toque de verde. Ele aperta
minha mão, que é pequena em comparação com a dele. Ele traz a
outra mão à vista e me mostra o que foi que ele estava procurando
em seu paletó um minuto atrás. Lenta e deliberadamente, ele
desliza o anel de casamento no meu dedo anelar, entrega-o de
volta ao seu legítimo dono. Eu começo a chorar mais, porque hoje
eu estou tão confusa. Eu envolvo meus braços em volta do seu
pescoço e ele me segura mais perto.
Eu estou muito confusa sobre o seu amor por mim, mas o que
eu nunca me confundi foi sobre o meu amor por ele. Eu amo o
Cal. É isso aí. Não tem havido nada que eu fui capaz de fazer para
parar de amá-lo ainda. Não importa o quão irritada ou frustrada
eu estou. Ele sabe o momento exato, para fazer a coisa exata para
fazer eu me apaixonar por ele novamente.
Eu fecho meus olhos me sentindo em paz neste instante. Para
este momento eu fui para trás no tempo em que eu costumava
ficar em seus braços, quando ele me fazia sentir como se fosse
apenas nós dois no mundo e nada pudesse ficar entre nós.
Enquanto eu tenho esse momento, este sono de paz, eu vou
me preocupar com o resto amanhã. Eu finalmente me sinto
flutuando para dormir, envolta nos braços de Cal. E, pelo menos
por esta noite, o casal na imagem que eu recusei ver
anteriormente não se parece tão distante.

***

Por que eu fico? É uma questão realmente simples. Por que


não posso simplesmente deixar? Nós não temos filhos. Nós somos
casados, mas o divórcio é tão fácil e comum nos dias de hoje. Por
que eu me importo tanto?
Estas perguntas passam pela minha mente enquanto eu olho
para o teto. O mesmo teto que eu costumava olhar todas as noites
quando eu era uma garotinha. A adolescente sonhadora agora é
uma mulher. Eu olho para o anel no meu dedo e ele chama a
minha atenção, não por causa do lindo corte princesa e diamante
amarelo, mas sim pelo que uma vez representou.
Era para ser um símbolo do nosso amor, confiança e
compromisso com o outro. Quando eu fiz aqueles votos, eu sabia,
sem dúvida que nós dois tivemos essas coisas.
Eu amo ele, mas minha confiança nele diminuiu. Às vezes eu
duvido de seu compromisso comigo, o nosso compromisso de fazer
o nosso trabalho da união. Eu tenho tomado fora desta faixa
facilmente porque as coisas que eu defendo, eu não acredito mais.
Ainda assim, vez após vez eu o deixo voltar para mim.
Por que é que quando Cal não está comigo, eu sinto muita
falta dele e é pior do que a dor física? Por que é que quando eu
vejo seus olhos, às vezes eu juro que vejo um lado dele que ele não
vai me permitir conhecer plenamente?
Seus olhos, eu acho que eu caí no amor com os olhos. Eles
revelam tão pouco e tanto ao mesmo tempo. Às vezes eu olho para
eles e eles são vagos, frios e vazios. No entanto, há momentos em
que há algo gentil e quente por de trás deles.
Seu mistério, usado para me excitar, me atrair, é muito
intrigante para deixar ir. Agora, o fato de que meu marido ainda é
um mistério para mim é frustrante, e isso me faz perceber que
seus mistérios são agora apenas segredos que ele não vai confiar
em mim, e eu fico mais ressentida com isso todos os dias.
Eu me permiti ficar, porque há momentos, como na noite
passada onde eu fico loucamente e profundamente apaixonada
por ele novamente. Outras vezes, eu sinto como se eu mal o
conhecesse. Eu tenho medo que eu tenha me embrulhado nele por
tanto tempo, que seria difícil ficar sem ele. A constatação disso é
repugnante, e uma parte de mim o culpa por isso. Eu sei que eu
deixei isso acontecer. Eu permiti o exterior gelado assumir e
mudar quem eu sou. Ele começou como uma maneira de lidar
com ele, para não me sentir triste, solitária e insuficiente. Ele
começou como um mecanismo de defesa temporário, mas agora é
uma parte da mulher que me tornei.
É manhã. Eu fui colocada aqui por um tempo, não consegui
dormir, ainda tentando descobrir as coisas. Eu sinto Cal acordar,
e o colchão sacode enquanto ele se senta. Eu viro para olhar para
ele. Ele olha para mim, boceja, e começa a pegar suas roupas
espalhadas no chão.
"Bom dia." eu digo, calmamente descansando minha cabeça no
meu braço. Ele coloca sua boxer e camisa, mas ele não responde.
Sua testa está franzida e ele está se movendo como se ele estivesse
com pressa para alguma coisa. Ele caminha até meu velho
armário, impaciente. Sento-me completamente imóvel, tentando
descobrir o que ele está fazendo lá.
"O que você está fazendo?" Eu pergunto, tentando manter a
compostura. Eu não quero fazer isso com ele hoje. Eu estou
tentando não ser uma cadela, mas ele está realmente
empurrando-me. Ele encontra a minha mala e puxa-a para fora.
"Se vista, vamos embora". Diz ele.
"O quê? Não, eu não vou a lugar nenhum."
"Olha, eu não tenho tempo para esta merda. Levante-se e
coloque suas roupas."
"Então é isso. Depois de tudo ontem à noite, você acorda com
a porra de um pau na sua bunda, jogando tudo fora. Talvez você
não tenha entendido, mas eu não vim aqui para uma viagem
durante a noite."
"Você sabe o quê, Lauren? Estou cansado dessa besteira.
Talvez eu tenha realmente fodido um negócio de Dex, para vir
atrás de você e segurar sua maldita mão. Eu quero ir para casa e,
pelo menos, dormir na minha própria cama!" Ele rosna.
Eu jogo meu travesseiro nele. Salto da cama, pego meu roupão
do chão e coloco-o.
"Aqui vamos nós". Ele ri com raiva.
"Por que você veio atrás de mim? Por que você me trouxe
isso?" Enfiei minha mão em seu rosto, mostrando nosso anel.
"Sim, eu trouxe para você. Você é minha esposa, por que
diabos você continua a tirá-lo?"
Eu estou surpresa com sua pergunta e ele faz com que eu faça
uma pausa.
"Porque eu sinto falta de você, mas eu estou começando a
sentir como se isso tenha sido apenas algo para me acalmar!"
"Mas estou aqui! Isso é o que eu não entendo! Como você sente
falta de mim?"
Eu tomo uma respiração profunda. Eu sei que ele não é o
único culpado nisso e decido tomar um pouco sobre isso. "Eu
sinto falta de nós," eu corrijo-o baixando o tom de voz. "O que
estávamos habituados a ter. O que aconteceu conosco?" Eu ando
em direção a ele, meus olhos suplicantes, e suavizo a testa, mas
ele se afasta de mim.
"O que você está dizendo?" Seu tom fica na defensiva.
"Eu-eu não vou, eu não vou voltar para Chicago com você". Eu
digo com firmeza, mas minha cabeça está abaixada. Eu não posso
olhar para ele quando eu digo isso.
Eu o amo, sim. Eu sou apaixonada por ele, não há dúvida
sobre isso, mas é um problema quando eu estou questionando se
eu o amo mais do que eu, e se ele me ama.
"Você não está indo para casa?" Pergunta ele, como se ele não
tivesse me ouvido.
"A partir de agora Cal, não temos uma casa. Eu não acho que
onde vivemos seja uma casa". Eu digo com raiva.
"Ótimo, agora não temos uma casa. Eu acho que a cobertura
que eu trabalhei pra caramba para pagar é o quê? Algo
imaginário?" Ele diz sarcasticamente.
"Você sabe o que quero dizer, Cal!" Eu rosno para ele, e ele ri,
balançando a cabeça defensivamente.
"Não, eu não sei o que você quer dizer. Eu vim aqui. Passei a
noite com você. Eu não quero estar em Saginaw na porra dos
próximos dias, eu tenho trabalho. Por que você está fazendo disso
algo que não é?"
"Por quê? Eu não quero que você ache que isso é apenas um
acesso de raiva. Estou falando sério, Cal. Se eu voltar, eu vou
dizer que o que você está fazendo, o que nós estamos fazendo está
ok. Eu vou afirmar que está tudo bem você me deixar por
semanas. Que eu estou bem com não saber o que você está
sentindo ou pensando noventa por cento do tempo. Eu questiono
se você me ama todos os dias." A minha voz está começando a
rachar.
Sua expressão endurecida suaviza e ele caminha em direção a
mim. "Por quê? Por que você faz isso?" Ele segura a parte de trás
de sua cabeça com as duas mãos e suspira, exasperado. "Você
sabe que eu te amo!" Ele gesticula para mim com raiva e começa a
andar pela sala. "Se você soubesse o que é necessário para eu
estar aqui com você!" Diz ele em voz alta, mas parece que ele está
dizendo para si mesmo.
"Claro, você está rasgando-se longe do trabalho. O quão difícil
é estar com sua esposa, porque estamos desesperados por
dinheiro, é claro. Eu preciso de Louboutins, e você precisa desses
relógios Rolex e carros importados!" Eu grito de volta através das
minhas lágrimas, sentada na cama.
"Eu sinto que você se ressentiu em relação a mim. Você
costumava ser, bem, eu pensei que você fosse feliz. Você era
divertido, você me fazia rir e me sentir sexy e querida". Eu sorrio
lembrando-me de tempos mais felizes.
"Agora, eu sinto que você está distante. Eu sei que você está
escapando de mim. A única vez que eu me sinto conectada com
você é quando estamos fazendo sexo. E, recentemente, tem sido
apenas isso. Você não faz mais amor comigo… Talvez o casamento
transformou-o nisso. Eu nunca imaginei que seria assim para
nós". Eu digo, usando toda a minha força para terminar.
Eu fecho os olhos e solto um suspiro tão necessário, que
parece que eu estivesse segurando-o por muito tempo. O silêncio
no quarto depois de todo o ruído parece estranho.
Ele está sentado na minha cadeira, braços cruzados sobre o
peito, com uma gama de emoções que passam através de seu
rosto. Nenhuma delas parecia remotamente com arrependimento
ou compreensão.
"Eu nunca quis nada mais do que o nosso casamento, Lauren.
Você é a única coisa que me pertence. A única coisa que eu tenho
que é pura. Eu costumava ter um motivo diferente pra existir. Ele
veio de um lugar escuro. A minha motivação mudou quando eu
me apaixonei por você. Você é a minha força e a minha fraqueza.
Você é a razão de eu lutar para estar aqui."
Abro os olhos e lembro-me de que aquelas foram suas palavras
exatas no casamento, seus votos para mim. Eu não posso
acreditar que ele se lembra. Eu nem me lembro dos meus a esse
ponto. Meu coração se aquece, pensando naquele dia na praia, no
Rio, onde estávamos unidos, onde me tornei a Sra. Scott. Eu era a
mulher mais feliz do mundo.
"Eu quis dizer que, nada mudou desde aquele dia." sua voz é
baixa e oscila apenas um pouco. Eu começo a me aproximar dele
lentamente e toco seu ombro suavemente. Ele parece estar em
uma profunda reflexão.
"Eu quero que você fique comigo. Aqui." Eu olho para ele meus
olhos implorando para ele me dar a resposta que eu quero, que eu
preciso ouvir.
"Eu não estou vindo para Saginaw!" Diz ele com firmeza, os
braços ainda cruzados enquanto olha fixamente para fora da
janela.
"Eu não disse isso". Digo a ele.
"Você quer dizer como uma semana ou um par de dias?" Ele
questiona. Ele está pensando. Isso é um bom sinal.
"O tempo que levar". digo-lhe, tentando manter minha voz
firme. Ele exala e passa as mãos sobre o rosto.
"E o meu emprego? Supõe-se que…"
Eu descanso minha cabeça em seu ombro. "Oh vamos lá. Você
é o Sr. Cara mal Cal, basta dizer-lhes que você estará de volta em
breve". Eu sorrio para ele.
Eu toco seu rosto e movo-o em direção a mim, para que eu
possa olhar em seus olhos, e ele possa ver os meus.
"Se você me ama, você vai fazer isso". Eu sussurro para ele.
"Eu sei que você diz que você faz. Eu só preciso sentir isso". Eu
imploro. Se ele disser que não, eu não sei o que eu vou fazer.
Ele está pensando, o que é sempre um bom sinal. Eu paro de
olhar para ele e descanso minha cabeça em seu peito. "Isto não é
realmente uma opção, não é?" Ele suspira.
"Não é verdade". Eu digo honestamente. Se ele sair, eu estou
feita. Eu não posso mais fazer isso com ele. Eu vou aprender a
esquecer ele, por mais difícil que possa ser. Eu não posso
continuar me sentindo assim. Se ele ficar…
10 de maio de 2008

"Lauren Brooks está vestindo um dos mais novos vestidos da


casa de Hillary. Essa elegante joia escura é perfeita para aquele
encontro quente, assunto de negócios, ou mesmo um baile de gala
sofisticado. A parte superior do vestido com tecido de paetês dá a
esta silhueta vintage um toque moderno, enquanto ainda mantém
o vestuário clássico. Seu vestido é caracterizado por um decote em
forma de coração, um corte v profundamente atrás, um
fechamento com zíper invisível e uma abertura lisonjeira para
fazer qualquer homem com sangue nas veias flua." Hillary
anuncia em sua voz de Joan Rivers. Ângela e eu morremos de rir.
Hillary me bate em advertência. "Pare, você vai enrugar". Ela
me xinga, ainda em sua imitação de uma pessoa
extraordinariamente elegante. "Dê um giro para nós, querida" diz
ela.
"Trabalhe com isso, menina." Ângela grita, apoiando a loucura.
Eu giro a contragosto, revirando os olhos para os seus assobios e
vaias.
"Lauren Brooks, você está tão quente!" Exclama Hillary,
voltando ao seu estado normal.
"Eu estou indo para o aniversário de um museu de arte.
Quente não é exatamente o que eu estava procurando." Eu brinco,
enquanto mantenho meu foco no espelho. Devo dizer, o vestido é
requintado. Ângela veio para fazer sua magia em meu cabelo, me
dando profundos cachos românticos. E depois de muita bronca,
eu tive de um tom dramático de olhos esfumaçados de Hillary,
para um destaque confortável.
"Isso significa que você está absolutamente fabulosa". Ri
Ângela.
Eu olho para trás e vejo Hillary pegando minha bolsa.
"Hillary, o que você está fazendo?" Pergunto.
"Certificando-me de que você tem todos os elementos
essenciais". Diz naturalmente.
“Maquiagem, goma, carteira, chaves… Lauren, você não sabe
que está esquecendo algo muito importante?" Ela pergunta.
Ângela e eu olhamos para ela com uma expressão curiosa em
nossos rostos.
"Onde estão os preservativos?" Ela exige.
"Oh… eu não tenho nenhum preservativo". Eu digo
claramente.
"Exatamente!" Ela afirma.
Eu rolo meus olhos para ela. "Não é como se eu fosse precisar
deles."
"Oh, vamos lá, eu vi o homem. Você vai precisar deles". Ela
pisca. Em forma de brincadeira, pego minha bolsa dela.
"… e lembre-se do que quase aconteceu da última vez." diz
Ângela em enquanto ela senta na minha cama.
Eu as ignoro, tentando sem sucesso fazer este pequeno vestido
preto ficar algumas polegadas mais longo.
"Ei, pare com isso". Hillary bate na minha mão.
"Então, o que ele faz? Ele está na faculdade?" Indaga Ângela.
"Ela não sabe." Hillary ri ironicamente.
"Você não sabe? Que diabos isso quer dizer?" Pergunta Ângela,
confusa. Eu abri minha boca para me defender, mas Hillary fala.
"Isso é o que a luxúria vai fazer com você…" brinca Hillary.
Ângela começa a rir.
O telefone toca, e meu coração salta uma batida. Ângela que
está mais perto atende. "Olá? Ela vai descer." Ela me dá um
sorriso largo.
"A limusine está aqui". Diz ela em um tom cantante. Eu
respiro fundo e olho para mim mesma no espelho mais uma vez.
"Você está ótima!" Gritam em uníssono. Pego minha bolsa e
todos nós descemos. Assim que chegarmos lá embaixo, há uma
linda limusine preta e o motorista esperando na porta.
"Maldição!" Diz Ângela, tendo em sua aparência.
"Qual de vocês, senhoras encantadoras, é Lauren Brooks?" Ele
pergunta em um tom amigável.
"Ela!" Ambas apontam para mim.
"Boa noite, Srta. Brooks. Eu sou Byron, e eu serei seu
motorista por esta noite". Ele sorri. Eu dou a elas um abraço e
caminho em direção ao carro.
"Tenha um bom tempo". Diz Ângela.
"Um muito bom tempo". Grita Hillary com uma piscadela
quando eu entro na limusine. Eu aceno de volta para elas antes
de Byron fechar a porta. Eu olho em volta para o interior de couro
de pelúcia que me rodeia. Há uma TV com um controle remoto e
champanhe.
"Uau!" É a única coisa que posso dizer. Eu escuto o telefone
tocando ao meu lado. Eu olho em volta, como se houve alguém
aqui comigo. Eu relutantemente atendo-o.
"Olá?" Eu digo hesitante.
"Ei, linda. Eu não posso esperar para vê-la esta noite. Está
tudo bem até agora?"
Eu soltei minha respiração, aliviada que é ele e não alguém
procurando por ele. Isso teria sido embaraçoso. "Sim, está tudo
bem…" Eu divago ainda espantada com o interior dessa coisa.
"Se você precisar de alguma coisa, basta dizer a Byron, ele vai
cuidar disso."
Quero perguntar-lhe se é alugada ou o é sua, mas seria rude,
não é? "Eu vou, mas eu realmente não acho que eu vou precisar
de alguma coisa, tudo parece estar bem aqui…" Eu digo ainda
atônita.
Ele ri um pouco. "Bem, eu vou vê-la em cerca de uma hora."
"Estou ansiosa por isso". Eu sorrio e desligo. Deixo o sorriso
enorme que eu tenho escondido se espalhar por todo o meu rosto.
Isso deve ser divertido. Eu canto minha música favorita. Eu acho
que eu sinto o carro parar, mesmo que seja um pouco difícil dizer
desde o passeio foi tão suave. Borboletas começam a voar no meu
estômago. O telefone toca novamente, então eu atendo.
"Srta. Brooks, chegamos ao Sr. Scott," Byron me diz.
"Obrigada, Byron" eu digo e desligo. Eu saio e sinto o ar frio
em torno de mim, fazendo meu vestido e xale voarem. Eu olho
para cima para ver, um avião ou um enorme jato? A alguns pés
longe de mim. Quero dizer, o que eu estava esperando, realmente?
Não isso. Cal vem pra fora com um telefone na mão. Eu examino
sua aparência quando ele se aproxima. Está em um terno preto,
com um botão de prata, sem gravata. O que realmente me choca é
que ele está usando óculos, algo que eu não vi antes, e é
extremamente sexy. Quando ele se aproxima, desliga o telefone.
"Você parece…" diz ele com um sorriso deslumbrante em seu
rosto, os olhos viajando de meus saltos de cinco centímetros para
cima. "Você tem que dar uma volta para mim". Diz ele, lambendo
os lábios que eu realmente estou começando a desejar. "Na
verdade, mantenha esse pensamento". Diz ele mordendo o lábio e
ele começa a circular em torno de mim, seu olhar predatório.
Depois que ele fez todo o seu caminho atrás de mim, eu cruzo os
braços no meu estômago e ele me beija suavemente no pescoço.
Todo o meu corpo formiga.
"Estou feliz que você pôde vir". Ele sussurra no meu ouvido, e
eu espero recuperar a compostura antes que ele veja meu rosto.
Felizmente, ele pega a minha mão, e em um instante ele está me
levando na direção oposta a limusine. Estou confusa, mas tento
manter-me com ele nas cinco polegadas dos stilettos, enquanto
digo mentalmente aos meus hormônios para se controlarem.
"Para onde estamos indo?" Eu finalmente consigo falar.
"Eu pensei em chegar em algo um pouco mais pessoal essa
noite". Ele sorri para mim. Ele puxa um par de chaves do bolso e,
quando paramos em um carro estacionado à direita ao lado do
hangar, meu queixo cai. Na minha frente está um magnífico Aston
Martin preto.
"Este-este não pode ser o seu?" Eu digo com incredulidade. Eu
nunca fui de bajular carros e fazer uma grande coisa sobre coisas
caras, mas este é um Aston Martin, pelo amor de Deus. Lembro-
me do grande negócio que Steven e Ângela fizeram sobre o carro, e
aqui estou eu, prestes a entrar em um.
"Isso não é meu. É um privilégio da empresa". Explica ele
abrindo a porta para mim com um brilho brincalhão nos olhos.

***

Eu não posso ajudar, mas aprecio o calor do carro


contrastando com o vento frio do lado de fora e, claro, o puro luxo
que estou. O Aston faz com que eu me lembre de um avião, é tão
futurista. Eu como se tivesse saído deste ano e caído a mais de
uma década. Cal está me observando, divertido.
"Você deve ser um recurso extremamente valioso para a sua
empresa." Eu rio, ainda em êxtase.
"Eu sou um trabalhador. Em todas as coisas". Diz ele e
gostaria de saber se isso é uma sugestão, ou se meu cérebro está
apenas na sarjeta. Pare com isso cérebro!
"O que é que você faz mesmo?" Eu digo "mesmo", mas ele
nunca me disse na primeira vez. Agora que eu estou dentro desse
carro, eu estou muito mais curiosa do que antes.
"Eu trabalho para Crest Field Corporation." ele responde,
ligando o rádio. Está bem. Não é bem o que eu perguntei.
"Quantos anos você tem?" Eu pergunto, tentando descobrir se
ele é muito mais velho do que parece. Ele deve estar em uma
posição de valor inestimável para receber um bônus como este.
"Duas décadas, e algumas mudanças". Ele retruca de
brincadeira.
"Por que usa óculos?" Eu pergunto curiosa. Ele parece ser um
cara que iria usar lentes de contato, se ele tivesse a escolha.
"Para fazer as pessoas pensarem que eu sou inteligente". Ele
sorri maliciosamente e os tira. Eles são sexys nele, mas fico feliz
quando ele tira para que eu possa ver aqueles olhos hipnotizantes
dele. "Você está animada sobre a abertura?" Ele pergunta,
mudando de assunto.
"Muito animada, na verdade. Eu ainda não consigo acreditar
que estou indo."
"Bem, pelo menos um de nós está". Ele geme.
"Você não está interessado em arte, eu suponho?"
"Alguém uma vez me disse que tudo é arte, então eu não teria
que ir a um museu para vê-la."
Eu franzo a testa um pouco, teria sido bom ir com alguém que
partilhe do meu interesse pela arte, mas eu estou muito
emocionada pra ser incomodada.
"Então, eu decidi que eu deveria pelo menos ter algo bonito de
se ver". Diz ele, me lançando um sorriso de flerte. Eu não posso
deixar de sorrir, até agora, a noite está começando muito bem. Eu
não posso esperar para ver que outras surpresas Cal pode ter.
09 de maio de 2011

Eu amo a brisa da primavera em Saginaw. Eu fecho meus


olhos quando a brisa fresca passa deixando arrepios da mudança
de temperatura. Eu olho para o meu relógio e vejo que são 03h.
Nós estivemos em Saginaw por quatro dias.
Foi um pequeno gesto, mas que significa muito. Tem sido um
longo tempo desde que estivemos assim, apenas um com o outro,
sem pretensões ou agendas. Tê-lo o dia inteiro e não temer o
telefonema que irá afastá-lo.
Eu tenho sido capaz de derreter o gelo e Cal me mostrou um
lado dele que eu não tinha visto em muito tempo. Sei que temos
um longo caminho a percorrer, mas a sua presença aqui é um
passo na direção certa. Ainda assim, há momentos em que ele
parece perdido em seus próprios pensamentos, aonde ele vai se
apagar para ficar sozinho, deixando Raven e eu.
Essas são às vezes o meu coração volta-se pra ele. Eu sinto
que ele está lutando com algo que ele não vai compartilhar
comigo. Eu não me incomodo sobre isso, mas eu espero que ele vá
finalmente aprender a confiar em mim do jeito que eu confio nele.
Eu estive aqui sentada na varanda desde uma hora. Eu
realmente deveria tentar dormir um pouco. Eu ando de volta para
o quarto onde Cal está esparramado na cama. Eu não posso
deixar de sorrir, ele sempre parece um menino quando ele dorme
tão inocente e pacífico. Eu entro na ponta dos pés, tiro o meu
robe, e subo na cama.
Eu me coloco debaixo das cobertas e deito minha cabeça no
peito dele. Tem sido meses desde que eu fiz isso, e eu tentei
colocar meu braço em torno dele. Eu perdi isso. Quando as coisas
começaram a dar errado, eu odiava meu desejo de estar perto
dele. Eu me ressentia do meu desejo pelo toque de alguém que
não parece precisar do meu, então eu puxei de volta.
Eu me viro para ele agora e observo seu padrão de respiração,
nunca é profundo, mas sutil, quase como se ele não estivesse
respirando. Ele é sempre tranquilo, ele nunca ronca, e na maioria
das vezes sua expressão é calma. Mas depois há os momentos em
que sua respiração é mais rápida, como se ele tivesse um milhão
de coisas acontecendo em sua cabeça ao mesmo tempo. Eu tento
aproveitar este momento e não pensar em mais nada, mas ele é
tão imprevisível que não me surpreenderia se ele pulasse de
repente e dissesse que estava voltando para Chicago.
Ele deve ter ouvido meu último pensamento. Ele está até
agora, me observando, possivelmente tentando ler minha mente.
Eu diria que ele me deu sua atenção, mas é mais como ele tivesse
a minha.
"Você pensa demais". Ele sussurra massageando minhas
costas.
Eu suspiro. "Assim como você." Eu coloco minha mão sobre a
dele. Ele sorri por um minuto, e sai da cama. Eu vejo como ele
pega a mala que ele trouxe com ele e desaparece no banheiro. Eu
ouço a água começar a cair, as paredes são tão finas aqui. Eu viro
na cama, tentando ficar confortável. Não vale a pena. Eu estou
totalmente inquieta. Eu sei que não posso dormir agora, uma vez
que eu estou acordada, é tão difícil para eu dormir novamente.
Os grilos estão cantando, tem sido um tempo desde que eu
pude ouvi-los. Quando você vive em um apartamento, você perde
o luxo de ouvir, embora às vezes irritante canção.
Eu saio da cama e ligo o rádio que está em cima da cômoda.
Os sons suaves que saem dos alto-falantes, a única coisa que
Raven escuta. Eu aprendi a apreciá-lo mais do que eu fiz na
minha juventude, quando eu o encontrei para ser além de chato.
Mas agora a música hipnotiza a minha mente para esquecer as
tensões que tomam conta da maioria dos meus pensamentos.
Meus olhos derivam para o despertador que fica
confortavelmente entre três livros e uma antiga foto minha na
escola. Os números verdes me dizem que são 03h20m; eu
realmente preciso dormir. Eu cubro minha boca tentando
esconder o bocejo que escapa. Eu não estou cansada. Bem, minha
mente não está, mas meu corpo não concorda.
Eu volto para a cama e deito, descansando meu rosto no
colchão, absorvendo os restos do calor de Cal que permanece na
cama. Eu fecho meus olhos, esperando que a música funcione
como uma canção de ninar para me colocar para dormir. Eu
começo a cantarolar junto com a música, pegando no sono depois
de um minuto. Eu sinto a luz brilhando a partir do hall, mas logo
desaparece. Eu reconheço o cheiro dele e abro meus olhos. Eu
amo sua colônia, mas a verdade é que ele não precisa de nada, o
seu próprio perfume é tão intoxicante.
"Eu estou com fome". Diz ele ao pé da cama.
"Você quer ir buscar alguma coisa?" Eu pergunto, saindo da
cama em busca de algo ao meu alcance para colocar, embora nós
vamos dirigir um tempo para encontrar algo aberto por aqui. Eu
pego sua camisa preta no chão e coloco-a, que, naturalmente, me
engole.
"Venha me fazer alguma coisa". Diz ele, deixando o quarto.
"Você realmente deve estar com fome se você está quer comer
o que eu cozinho". Eu falo, e nós dois descemos a escada e
entramos na cozinha. Ele acende a luz e se senta à mesa. Eu olho
para ele com curiosidade.
"Você vai ficar aí e olhar para mim o dia todo? Tipo o meu
estômago está com fome". Diz ele provocativamente enquanto
esfrega seu estômago, e, em seguida, ele descansa a cabeça em
uma das mãos. Em forma de brincadeira eu reviro os olhos para
ele.
"Desculpe-me." Eu falo indignada e faço o meu caminho para
os armários. Pego um pedaço de pão, abro a geladeira e pego um
pacote de presunto.
"Nuh uh". Diz ele. Eu olho para ele com minha sobrancelha
arqueada. "Cozinhe alguma coisa". Ele se atreve a falar, seus olhos
sorrindo.
"Você realmente quer que eu cozinhe?" Eu pergunto incrédula.
Ele cruza os braços com um sorriso divertido no rosto. Em todo o
tempo que eu conheci Cal, ele nunca me pediu para cozinhar
qualquer coisa. Eu disse a ele que eu era uma péssima cozinheira
quando nos conhecemos, e até agora, ele acreditou na minha
palavra, mas posso preparar uma refeição mais rápido do que
qualquer outra pessoa.
"Só se você prometer que vai comer o que eu cozinhar". Digo a
ele, cruzando os braços.
"Combinado."
Assumo a posição de "O pensador", com o queixo apoiado na
mão, tentando chegar a algo que seja pelo menos comestível. É
manhã, ovos são fáceis. Eu vi-os serem cozidos antes milhares de
vezes.
"Prepare-se para os melhores ovos de sua vida, Sr. Scott." Eu
me gabo antes de começar a abrir a geladeira e pegar queijo e
ovos.
"Só me prometa que não vai ser a minha última refeição". Ele
ri. Eu atiro-lhe um olhar de advertência e preparo a minha área
da cozinha. Ele caminha até o balcão e se inclina contra ele, o
melhor para me ver, eu acho.
"Você quer uma aula de culinária?" Eu brinco enquanto lavo
as mãos.
"Mais como ter certeza de que você não vai queimar a casa de
Raven". Diz ele.
Eu brinco cutucando seu peito. "Então, primeiro, você quebra
os ovos". Eu começo a explicar, demonstrando o processo. O ovo
cai perfeitamente na bacia, mas… oh merda.
"Eu não acho que a casca é pra estar lá". Ele abafa o riso com
a mão sobre sua boca.
"Ela acrescenta textura". Eu digo sarcasticamente. Ele balança
a cabeça e pega um garfo e tenta tirá-las de lá.
"Você vai comer essas cascas e gostar, lembra?" Eu digo
referente à sua promessa anterior. Ele suspira. Não se sentindo
tão inteligente. Coloco sal e pimenta na tigela, em seguida,
adiciono a manteiga.
Ele agarra meu pulso. "Ok. Eu acho que a manteiga vai à
panela, e não nos ovos". Ele ri.
"Bem, nos meus ovos elas vão". Eu digo, colocando. De
repente, ele coloca as mãos em ambos os meus ombros e me move
para fora do caminho.
"Eu acho que vou levar a partir daqui". Ele fala, e eu faço
beicinho.
"Mas eu pensei que você queria que eu cozinhasse". Eu
lamento.
"Eu também pensei". Ele murmura, e eu brincando bato nele.
A contragosto, eu ando de volta à mesa e vejo-o fazer o seu
caminho em torno da cozinha. Eu tenho que admitir que ele
parece ser muito mais familiarizado com ela do que eu.
"Desde quando você se tornou chef de cozinha?" Eu questiono
quando ele quebra os ovos como um profissional.
"Você não tem que ser um chef cinco estrelas para fazer ovos".
Ele pisca.
Eu realmente estou começando a me arrepender de não ter
aperfeiçoado minhas habilidades culinárias durante todas as
vezes que Cal foi viajar. No que parece imediatamente, os ovos são
cozidos, e colocados diante de mim, um prato dos mais deliciosos
ovos já vi. Ele pega uma colherada e leva a minha boca. Oh, doce
Jesus, é delicioso.
"Ok, você venceu. Vou trabalhar na coisa de cozinhar". Eu digo
enquanto nós comemos.
Depois de alguns momentos, eu decido tirar proveito de seu
bom humor para dizer-lhe algo. "Então, eu estive pensando em
voltar para a faculdade para obter os meus mestrados". Digo-lhe,
entre mordidas.
"Por que você iria querer fazer isso?" Pergunta ele,
impressionado.
"Bem, eu realmente não tenho feito nada com a minha
graduação. É algo que eu tenho pensando." Ele está tranquilo.
"Seus pensamentos, senhor?"
"Você sabe como me sinto sobre esse tipo de coisa". Diz ele,
terminando sua comida.
"Um mestre não é como um Bacharel, Cal. Ele tem mais peso e
prestígio".
"É uma merda de papel que você tem que investir milhares de
dólares e passar anos de sua vida para acabar trabalhando em um
emprego miserável que você vai odiar." Ele se levanta para levar o
seu prato para a pia.
"Não é apenas isso. É para provar a mim mesma que ainda
posso fazer algo por conta própria. Eu posso conseguir algo fora
do…" Eu paro em seu olhar de desaprovação.
"Olha, eu acho que é bom que você queira fazer algo para
desafiar a si mesma. Eu penso que comigo trabalhando como eu
tenho algo para ocupar seu tempo é bom, mas um mestrado em
Inglês? Você quer ensinar agora? Você despreza o mundo
corporativo. O que você vai fazer com isso?"
Eu empurro meu prato, irritada. Isso realmente não está indo
como eu queria.
"Eu acho que você deve abrir uma galeria". Diz ele, sentando
no banco.
Meus olhos se arregalam em surpresa. "Sério?" Eu digo com
incredulidade.
Ele sorri e cruza o braço. "Sim, porque não? Seu material é tão
bom quanto as merdas que Dex tem em suas paredes". Diz ele.
Eu mordo minha língua, decidindo tomar o elogio para o que
vale a pena. Em seguida, me atrevo a dar a ideia de um
pensamento sério. "Bem, não seria apenas o meu trabalho. Eu
preciso de artistas prestigiados. Seria um monte de trabalho, e
dinheiro…"
"Eu acho que você pode ter que sacrificar alguns sapatos, e eu
posso ficar sem alguns Rolex". Ele brinca, jogando minhas
palavras anteriores de volta para mim.
Eu salto e vou até ele me colocando em seu colo. "Você
realmente acha que eu posso fazer isso?" Pergunto olhando-o nos
olhos.
"Bem, eu com certeza não me casei com você por suas
habilidades culinárias". Ele retruca brincando, e eu rio.
São nesses momentos que eu sei a razão que eu estou aqui, e
por que eu luto tão duro contra a parede que ele coloca para cima.
"Há tanta coisa para fazer. Oh meu Deus, eu estou tão
animada, Baby! Eu nem sei o que fazer primeiro". Eu digo
animadamente.
"Eu posso pensar em uma coisa que eu quero fazer agora, de
várias maneiras." Seus olhos são travessos, e eles estão trancados
nos meus, suas mãos rastejam pra debaixo da camisa. Eu pulo
fora de seu colo e começo a me afastar dele, um sorriso nos meus
lábios.
Ele se levanta para me seguir, caminhando lentamente até que
eu tenha ficado presa entre ele e o balcão da cozinha. Ele coloca
as mãos em ambos os lados de mim.
"Não". Eu digo sem entusiasmo antes que ele me coloque sobre
o balcão, se colocando entre minhas pernas, e começando a beijar
meu pescoço. "Não, Cal, não aqui". Eu imploro antes que seus
lábios tomem os meus. Leva toda a minha força pra me afastar.
"E se Raven acordar?"
Ele geme, e antes de eu perceba, suas mãos estão sobre a pele
nua da minha bunda, e eu estou sendo levantada pra fora do
balcão e sendo levada para a despensa. Ele fecha a porta atrás de
si.
"Mas Raven!" Eu protesto quando ele levanta a camisa de seda
que eu uso até meu umbigo, seus dedos acariciando-me.
"É melhor você ficar quieta, então". Ele sussurra no meu
ouvido antes de sua língua fazer o seu caminho lá. Um momento
depois, ele está dentro de mim, e eu estou impotente. Eu me
seguro firmemente em seu pescoço, envolvendo minhas pernas em
volta de sua cintura e tento abafar meus gemidos enterrando
minha cabeça em seu ombro. Ele me apoia contra a parede,
tirando os braços de seu pescoço e segurando meus pulsos sobre
a minha cabeça. Como o meu corpo se abre para ele, ele explora-o,
empurrando mais profundo em mim. Eu mordo meu lábio
tentando impedir um gemido de sair da minha boca. Sua boca
suga a pele acima da minha clavícula e eu sou incapaz de ficar
quieta por mais tempo. Eu estou perdida no momento. Meu corpo
está no céu, enquanto ele se move ritmicamente dentro de mim, e
eu sinto o clímax, mas ao longe, ouço passos. Isso não é bom!
"Cal… voo… V-você ouviu isso?" Minha frase soa incoerente,
até mesmo para mim.
"Cale a boca". Diz ele, e o controle sobre meus pulsos ainda
mais apertado do que antes. Eu coloco minhas pernas ao redor
dele mais apertada e começo a me mover com ele. Isso precisa
acontecer mais rápido.
Oh Deus, por favor, não deixe Raven estar na cozinha.
"Oh porra, Lauren". Ele geme e libera meus pulsos, e eu sou
grata que eu posso enterrar minha cabeça em seu ombro.
"Certo…" e eu sou interrompida quando a porta se abre, a luz
da cozinha iluminando o que só posso assumir que é a última e
mais traumática coisa que Raven esperava ver na sua despensa.
"Meu Deus! Eu sinto muito querida!" Gritos de Raven. Eu não
vejo seu rosto, mas Cal parece que viu um fantasma. A porta se
fecha rapidamente e Cal me estabelece. Segundos depois, ele
explode em gargalhadas. Eu começo a socá-lo várias vezes.
"Eu te disse que não deveria ter sido aqui!" Eu repreendo-o
com raiva enquanto ele puxa sua boxer.
"Eu sei baby desculpe, mas você não deveria ter se vestido
assim em torno de mim!" Ele se defende, apontando para a camisa
que eu reivindiquei como minha. "E, é de manhã". Acrescenta ele,
tentando manter uma cara séria. Eu não acho isso engraçado em
tudo! Como é que eu vou olhar para Raven de novo? Eu só estou
grata que eu não podia ver seu rosto quando ela nos pegou.
"Vou dizer a ela que a culpa é minha!" Diz ele engolindo uma
risada.
"É claro, a culpa é sua! Deus não, você não falar com ela. Isso
vai tornar isso ainda mais estranho." Cruzo os braços, chateada
com toda essa situação.
Ele me puxa para um abraço forçado. "Não se preocupe, baby.
Tenho certeza que Raven teve um pouco de ação na despensa
antes". Ele ri, e eu afasto-o.
"Eca", eu tremo e acerto-o novamente.
"O quê? Raven é quente!"
10 de maio de 2008.

"Então, você está me dizendo que esta pintura não desperta a


criatividade interior de sua alma?" Eu digo sarcasticamente,
cutucando-o no braço. Esta vai ser a quinta pintura que ele não
gostou. Ele sorri para mim e suspira um pouco.
"Não é verdade". Diz ele com um pequeno sorriso.
"Sério? Como não o está cativando?" Eu pergunto, olhando
para ele, que tem uma expressão peculiar no rosto. Ele caminha
ao meu lado e põe a mão no queixo, imitando uma profunda
reflexão.
"É um trem que atravessa uma parede. Genial!" ele diz
sarcasticamente. Se esse maldito sorriso não fosse tão
hipnotizante, eu estaria bastante intrigada com ele.
"Ok, talvez arte moderna não seja exatamente sua coisa." eu
cedo. Eu olho em volta do museu. Tem sido um tempo desde que
eu estive aqui e eles adicionaram tanto para a abertura. Eu tenho
uma ideia e dou um sorriso. Tomando sua mão, eu puxo-o atrás
de mim andando rapidamente até que eu finalmente acho a
pintura que eu estou procurando. Triunfo! Eu olho para ele para
ver que seus olhos não estão na parte de trás da minha cabeça,
mas em uma região mais baixa. Vou apenas fingir que eu não
percebi isso.
Eu paro na frente dele, e ele olha para mim com expectativa.
"Ok, o que você pensa sobre este?" Eu pergunto com
curiosidade. Eu vejo quando ele chega mais perto e examina a
pintura.
"Um domingo no La Grande Jatte". Ele diz.
"Então, você gosta desse?" Pergunto-lhe.
Ele dá de ombros. "Tudo bem". Diz ele secamente.
"Tudo bem?" Eu rio em descrença. "Georges Seurat dominou a
forma de pontilhismo antes mesmo de ser pensada, realmente.
Todos estes apenas começaram como pontos e procuraram…" Eu
paro, sentindo o calor do seu corpo atrás de mim. Eu sinto seu
hálito quente contra meu pescoço enquanto ele coloca meu cabelo
de lado com uma mão. Sua outra mão encontra minha cintura e
os dedos começam a deslizar lentamente para baixo atingindo
meu quadril.
"Como eu disse antes," Ele trilha os dedos no meu pescoço
enquanto seus lábios mordiscam minha orelha.
"Eu acho que há coisas muito mais interessantes para olhar"
ele sussurra.
Lauren controle-se. Se acalme. Eu não posso ajudar quando
meu corpo apenas reage a isso e ele mal me tocou, mas foi em
todos os lugares certos. PARA! Cruzo os braços sobre o peito, só
para ter certeza que ele não veja exatamente como, obviamente, o
meu corpo reagiu.
"Você não acha?" Ele retruca de brincadeira, afastando-se com
um sorriso. Deus me ajude. Nós só estivemos aqui por uma hora e
eu estou tendo pensamentos sobre ele que realmente devem ser
mais para o quarto ou quinto encontro. Eu respiro fundo,
tentando recuperar a compostura antes de me juntar a ele na
frente de uma enorme fotografia do oceano em preto-e-branco.
"Este, eu gosto". Diz ele, olhando para ele. Eu olho para ele.
Eu realmente nunca gostei de fotografia, mas eu tenho que
concordar, isso é bonito.
"Eu posso ver por que." Eu estou hipnotizada por ela.
"É real. Sem enfeites ou sensores. É apenas o que é". Diz ele
em voz baixa.
"Então, que tipo de desenhos você faz?" Ele quebra o feitiço e
volta sua atenção de volta para mim.
Eu sorrio. "Que tipo de trabalho você faz?"
"Um monte." Ele sorri para mim.
"Eu também." eu sorrio. Se ele não quer me dizer alguma
coisa, eu não vou dizer-lhe nada.
"Eu vou te mostrar minha pintura favorita." Eu sorrio para ele
e levo-o para o último lugar eu me lembro onde estava.
Felizmente, ele ainda está lá, então eu não pareço uma idiota.
"Degas é o meu pintor favorito, a maneira como ele capta a luz
e a cor é incrível."
"As aulas de dança". Ele lê o cartão de informações abaixo. "Eu
vi isso em Washington no ano passado."
"Eu acho que você mudou para outra pintura. Espere, você
estava em um museu?" Eu sorrio para ele.
"Algo parecido com isso". Ele sugere. Ele gosta de falar em
códigos.
"Hmmm, uma dica… Você trabalha em um museu? Você é um
colecionador de arte? Ou você é um ladrão notório, e está
pesquisando para seu próximo crime." Eu digo, brincando com
ele.
"Você realmente quer saber o que eu faço?" Diz ele com um
sorriso malicioso. De repente, ele se move, se aproximando e
segurando meu olhar. Evito desviar meus olhos dos seus lábios.
Ele se inclina para baixo lentamente e sussurra. "Eu trabalho
para a máfia."
Eu suspiro e empurro-o para longe, vendo o sorriso largo no
rosto. "Tudo bem, tudo bem eu vou parar de perguntar." Eu
asseguro-lhe. "É legal, né?" Pergunto incerta.
Ele dá de ombros casualmente com um leve sorriso. "Talvez
sim, talvez não". Diz ele, ainda mais enigmático. Eu rolo meus
olhos para ele. De repente, algo no bolso do paletó começa a
zumbir e ele puxa para fora seu telefone.
"Será apenas um minuto". Ele promete e eu aceno
desculpando-o. Eu escuto-o dizer, "Olá?" quando ele anda um
pouco para o corredor.
Uma voz me interrompeu o quanto eu estava apreciando a
paisagem que está longe de mim.
"Oi, eu sou Darrell Comings, um fotógrafo do The Journal.
Você se importa se eu tirar uma foto de você olhando para esta
pintura?" Ele pergunta já preparando sua câmera. Eu não sei nem
de onde esse cara veio.
"Hum… certo". Eu digo, mas quando eu olho para trás no
corredor. Cal está longe de ser visto. Eu podia jurar que ele estava
lá.
O cinegrafista me leva pra frente de uma pintura. "Basta olhar
para a pintura naturalmente". Ele ordena. Eu olho para a pintura,
vendo pela primeira vez.
"Isso é bom?" Eu pergunto, sentindo pequenas borboletas no
estômago.
"Perfeito, fique parada". Ouço o clique tranquilo da câmara,
seguido de: "Terminou."
"Obrigado". Ele sorri, ele e seu companheiro de caminhada.
Eu olho no meio da multidão, tentando avistar Cal.
Caminhando para o salão principal do museu, eu observo a
multidão de pessoas, todos impecavelmente vestidos, e garçons
carregando bandejas de champanhe caro, andando entre todos
eles, o silêncio reconfortante da outra seção foi substituído por um
baixo zumbido de tagarelar, clicks de saltos, e música de piano
tocando suavemente.
Eu faço o meu caminho através da multidão tentando achar
meu companheiro bonito, de um metro e oitenta e eu sinto que
alguém agarra levemente meu braço. Deixei escapar um suspiro
de alívio até que eu ver que é Jason.
"Lauren, eu pensei que era você". Diz ele alegremente.
"Oi." Eu digo tentando imitar seu entusiasmo. Deus, eu não
quero ficar presa falando com ele a noite toda. Eu continuo a
olhar em volta, na esperança de ver Cal em algum lugar.
"O que você está fazendo aqui?" Pergunta ele, alheio à minha
ansiedade.
"Eu… eu fui convidada."
"Sério?" Pergunta dando um passo à frente, um pouco perto
demais para o meu gosto. Eu dou um passo para trás, tentando
recuperar minha zona de conforto que ele está invadindo, mas ele
continua a se mover em minha direção.
"Eu realmente sinto muito sobre o jantar. Meu chefe ligou".
Jason explica. Muito ocupado para ligar e ver se eu cheguei em
casa com segurança, hmm?
"Está bem. Eu entendo." Deus, por que eu sou tão boa o tempo
todo?
"Sim, bem. Eu sei que esta foi à segunda vez. Eu realmente só
quero pedir desculpas, isso não vai acontecer novamente". Ele me
assegura. Eu sei que não vai acontecer de novo, porque nunca vai
ter um encontro novamente. Nós dois ficamos sem jeito, e eu
começo a digitalizar a multidão para Cal.
"Você gostaria de um pouco de champanhe ou algo assim?"
Pergunta ele.
"Não, eu estou bem". Eu sorrio fracamente. "Seu olho parece
melhor". Digo a ele. Ainda está um pouco inchado, mas a
maquiagem sobre ele está fazendo o seu melhor trabalho para
escondê-lo.
"Oh sim. Parece um pouco melhor". Diz ele, passando a mão
através dele. Ele sorri para mim. "V-Você está linda". Diz ele,
enquanto seus olhos derivam de minhas pernas para cima. Eu
envolvo meus braços em volta de mim com irritação. Eu sinto que
ele pode ver através de minhas roupas, e é assustador.
"Obrigada. Eu gosto do seu terno". Eu respondo
mecanicamente.
"Obrigado, eu só comprei." Ele diz orgulhoso. "Umm, você está
fazendo qualquer coisa depois disso?" Ele pergunta se movendo
mais perto de mim de novo…
"Na verdade…" Eu digo, começando a me desculpar de outro
encontro chato, quando sinto um braço forte envolver minha
cintura, e Cal está de volta ao meu lado, olhando para mim com
uma sobrancelha arqueada e um sorriso sexy.
"Eu perdi você por um minuto". Diz ele.
"Foi mais como eu perdi você". Eu respondo grata por seu
retorno. Por um momento, eu me esqueço de que Jason está de pé
aqui. Olho para ver seu olhar irritado, mas mais confuso.
"Jason, este é Cal. Cal, Jason." Eu os apresento. Eu deveria
me sentir estranha sobre isso, mas eu estou mais divertida do que
qualquer coisa.
Jason estende sua mão, e Cal a aperta, por um momento um
olhar de raiva cruza o rosto de Jason.
"O infame Cal". Ele ri com força e passa a mão em toda a
contusão no olho. Eu, então, me lembro de que Cal é a razão pela
qual ele tem a contusão. Eu olho para Cal, e vejo sua expressão
ainda calma e um pouco presunçosa se eu estou lendo isso
direito.
"Lauren, pensei que você iria manter a nossa escapada da
meia-noite em segredo". Diz ele me puxando-me para mais perto.
Olhei para Jason, que estava ficando vermelho de raiva ou
qualquer embaraço. Eu não tenho certeza do que. Eu sinto um
pouco de pena dele, mas não estou disposta a me afastar da
minha posição confortável nos braços de Cal.
"Bem, é melhor eu ir. Eu tenho um monte de escrita para o
jornal". Ele fala, já começando a se afastar.
"Foi bom vê-lo." Eu dou-lhe um leve aceno. "Oh, Jason você
pode querer ver isso." Cal diz, apontando para o corte acima do
olho. Jason pressiona os lábios com força e vai embora num
acesso de raiva. Deixei escapar um suspiro de alívio muito
necessário.
"Então me deixe saber se eu estiver errado, mas parece que
você tem muitas opções aqui?" Ele ri divertido.
"Você está insinuando algo senhor?" Eu digo, esperando que
meu sarcasmo esconda o meu constrangimento.
"Ah não. Eu pensei que estava em um campo onde o jogo era
todo meu". Diz ele, cruzando os braços. Um sorriso maroto no
rosto.
"Você não parece ser o tipo que é facilmente intimidado." Eu
respondo, jogando junto.
"Oh, eu não sou". Ele ri arrogantemente: "Eu acho que eu vou
ter que fazer algo para me tornar mais memorável". Diz ele me
deixando para trás com um sorriso sedutor que eu não posso
deixar de seguir.
09 de maio de 2011

Eu estive andando na ponta dos pés ao redor da casa nas


últimas horas, reconhecidamente tentando evitar Raven. Eu não
tenho enfrentado ela desde que o momento mais embaraçoso da
minha vida aconteceu. Eu suspeito que ela tenha saído logo após
ela nos encontrar na despensa. Nós colocamos a pobre mulher
fora de sua própria casa. Quão terrível é isso?
Eu tenho tentado pensar onde eu posso ir para usar uma
conexão Wi-Fi em Saginaw. Minha mente tem estado em todo o
lugar, com ideias e sonhos sobre a abertura da minha galeria. Eu
não sei por que eu nunca pensei nisso eu mesma. Eu sorrio,
pensando sobre a epifania que Cal teve esta manhã. Ele pode ser
distante, indiferente, e distraído a maior parte do tempo, mas por
mais longe sua mente vá, isso não muda o fato de que ele sabe o
que me faz feliz. E, neste ponto, ele deve saber o que me deixa
triste também, o que pode me ferir profundamente.
Eu sigo até a sala para ver que Cal adormeceu no sofá
assistindo Sports Center. Eu sorrio e me aconchego ao lado dele.
Eu inalo seu aroma, depois de todos esses anos, eu ainda não
posso acreditar o quão bom ele cheira o tempo todo. Ele ajusta
sua posição para me deixar subir ao lado dele. Eu chego para o
controle remoto em seu peito, mas ele agarra-o.
"Você está dormindo." eu lamento.
"Mas eu ainda estou ouvindo isso". Ele retruca, com os olhos
ainda fechados.
"Você é tão egoísta." eu amuo, encostando-me mais e
desfrutando do seu calor.
"Não, você estava apenas medrosa demais para descer
primeiro". Ele retruca.
"Como foi com… Com Raven?"
"Ocorreu tudo bem. Pedi desculpas e disse a ela que foi minha
culpa".
"Como ela levou?"
"Ela disse que foi jovem uma vez e para você não se preocupar
com isso. Eu disse que ela já teve ação na despensa antes". Fala.
Eu bato nele, brincando. "Você falou com Dexter?"
"Não, ele está na Irlanda. Por quê?"
"Bem, você disse que vir aqui poderia ter desarrumado um
negócio para ele. Eu queria ter certeza de que tudo estava ok entre
vocês dois."
"Sim, é algo que eu estava trabalhando por conta própria. Eu
não ia dizer a Dex até que fosse certo. Não é grande coisa."
"Bem, o que foi que você estava…" Eu paro quando seu
telefone começa a tocar. Eu posso ver o identificador de chamadas
a partir daqui. É ele.
"Falando no diabo". Ele ri antes de atender.
"Dex! Como está o uísque aí?" Pergunta ele, um sorriso largo
no rosto. Eu ouço a voz de Dexter na outra extremidade, mas não
é alta e divertida como ele normalmente é com Cal. Depois de
alguns momentos, o sorriso de Cal desvanece-se em algo mais
sério.
"Cal, o que está errado?" Eu pergunto, notando sua mudança
de comportamento. Seu rosto mostra algo que eu nunca vi antes.
"Sim, eu ainda estou aqui". Diz ele, quase distraidamente. Seu
rosto é marcado por um olhar de preocupação, mas seus olhos
são quase vidrados. Ele lentamente se senta, forçando-me a
sentar-se também. "Quando eles conseguiram essa informação?
Quão ruim?… Sim, ela está aqui. Estamos em Saginaw em sua
tia."
Ele se levanta e caminha para o outro lado da sala. Levanto-
me preocupada, seguindo atrás dele. Ele coloca o telefone para
baixo.
"Eu preciso de um minuto, ok?" Diz ele. A voz dele é instável, e
isso faz meu coração bater mais rápido. Eu nunca o vi assim
antes.
"Baby, o que há de errado?" Meu instinto está gritando para
mim para não deixá-lo sozinho.
"Eu preciso de um minuto." Sua voz é fria e severa. Contra o
meu melhor julgamento, eu aceno e recuo para deixá-lo sair pela
porta da frente. Eu vejo-o a partir da janela, andando para trás e
para frente quando ele continua a falar ao telefone. Eu nunca o vi
perturbado antes, irritado sim, mas não assim. Eu daria qualquer
coisa para ouvir o que está sendo dito. Estou recebendo um
sentimento de afundamento em meu estômago, o mesmo que eu
tenho quando eu vejo a familiar mala que ele usa em suas viagens
durante a noite, exceto que este é pior.
O carro de Raven puxa para cima. Eu vejo como ela passa por
Cal em seu caminho para a casa. Ele reconhece-a, mas continua
andando e conversando. Eu encontro-a na porta.
"Querida, está tudo bem com Cal? Ele parece chateado". Ela
pergunta fechando a porta. "Você está bem?" Ela pergunta,
tocando meu ombro.
"Eu-eu não sei. Ele recebeu um telefonema de Dexter, e, tudo
o que ele está dizendo, é ‘não é bom’." Eu explico, dobrando meus
braços em volta de mim.
Nós ficamos ali, observando-o através da janela. "É algo sobre
a volta para casa?" Ela pergunta.
"Eu não sei. Pode ser, mas eu acho que é algo mais do que
isso. Ele parecia irritado pra você?"
"Não, mais como preocupado ou alarmado". Diz ela,
confirmando os meus medos. Em três anos, eu nunca o vi com
medo ou alarmado sobre qualquer coisa.
"Cal não fica assim sobre trabalho". Eu digo em voz alta, mas
mais para mim. Cal é bom no que faz, e eu diria que ele é
dedicado, mas nada o afeta como este, houve apenas outra vez
que eu o vi emocional sobre o trabalho e, bem, isso foi antes que
as coisas começassem a mudar entre Cal e eu, isso ainda é
diferente. Ele finalmente coloca o telefone para baixo e passa as
mãos pelos cabelos em frustração. Eu ando em direção à porta, e
Raven agarra meu braço gentilmente.
"Querida, talvez você deva dar-lhe um minuto". Diz ela. Eu o
vejo chutar a poeira como se fosse à cabeça de alguém.
"Eu não posso". Eu digo em tom de desculpa. Talvez ele
precise de um momento, mas eu não posso ajudá-lo. Eu tenho
que saber o que está acontecendo, e se ele está ok. Eu
rapidamente desço as escadas.
"Cal, o que está errado? O que aconteceu?"
Ele olha para mim brevemente e volta sua atenção de volta
para o chão.
"O que está errado? Fale comigo". Eu imploro. Eu vou mais pra
perto dele e pego seu rosto em minhas mãos. Por um segundo, ele
é vulnerável e os olhos cinzentos que me olham estão com um
toque leve de verde. Ele abre a boca, começando a falar, e eu
imagino que ele está prestes a me dizer o que está errado. Ele
finalmente vai me deixar entrar em tudo o que está incomodando.
A única coisa que mantém ele e eu separados está prestes a ser
revelado. E, em seguida, tão rapidamente quanto chegou, o
momento passa, ele se foi. Sua expressão se torna fria, e ele tira a
minha mão de seu rosto e se afasta de mim, indo rapidamente em
direção a casa.
"Cal, fale comigo!" Eu grito, seguindo ele de perto enquanto ele
entra na casa. "O que Dexter disse? É sobre o negócio?" Eu sigo-o
subindo as escadas e indo para o meu quarto. Ele pega sua
carteira e as chaves.
"Você está indo? O que aconteceu?" Ele caminha para fora da
sala sem dizer uma palavra, rapidamente voltando a descer as
escadas. "Aonde você vai? Você pode dizer algo?" Eu agarro seu
braço, e ele puxa longe de mim e sai pela porta da frente.
Seguindo atrás dele para fora da casa, eu engulo minha raiva. Eu
sei que algo está errado. Ele destrava o alarme do seu Porsche e
caminha para o lado do motorista. Eu abro a porta do passageiro,
entro, e coloco o cinto de segurança.
"O que você está fazendo?" Ele pergunta sem rodeios.
"Eu vou com você". Digo a ele.
"Não, você não vai". Diz ele.
"Sim eu vou. Algo está errado, você não vai me dizer o quê. Eu
não vou deixar você sair daqui assim." Cruzo os braços sobre o
peito e olho para frente evitando seu olhar. Eu cruzo meus pés
uns sobre os outros me sentindo um pouco ridícula por não tem
sequer um sapato, mas se eu deixar este carro ele está indo sem
mim.
"Lauren, sai do carro". Diz ele, levantando a voz.
"Não, eu vou com você". Eu digo com firmeza.
"Lauren, sai da porra do carro! Eu não tenho tempo para isso!"
Ele grita.
"Não!" Eu grito de volta para ele. Em um instante ele está fora
do carro, caminhando para o meu lado. Ele abre a porta, e eu olho
para baixo.
"Não me faça colocá-la para fora do carro". Diz ele em voz
baixa, e eu ignoro seu olhar intenso. Num segundo ele está me
soltando do cinto de segurança. Eu afasto-o e ele envolve seus
braços em volta da minha cintura e me levanta do assento.
"Eu não vou sair!" Eu seguro o volante, como se minha
preciosa vida dependesse disso, mas de alguma forma ele
consegue soltar meu aperto. Eu bati a cabeça de alguma forma no
processo. Tanta coisa para não atrair nenhuma atenção.
"Pare com isso, Cal!" Eu grito para ele quando ele me leva para
a casa. Eu me esforço para sair de seus braços. Um dos vizinhos
de Raven veio pra fora de sua casa e está nos observando. Cal
deve ter notado também, por que ele me coloca para baixo. Eu
começo a voltar para o carro, e ele entra no meu caminho.
"Lauren, foda-se! Vá pra casa, você não está vindo comigo!"
“Por quê? Por que eu não posso ir com você?" Eu grito para ele
e ele cobre o rosto em frustração.
"Você simplesmente não pode, ok?! Você está desperdiçando
meu tempo fazendo-me fazer isso com você!". Ele grita. "Somente.
Basta ir pra casa". Ele continua com raiva, e eu começo a chorar.
Ele balança a cabeça em desagrado. "Por favor!" Ele diz que seu
tom ainda alto, mas mais suave.
"O que está acontecendo?" Raven grita freneticamente a partir
da varanda, obviamente, tendo ouvido a comoção que causamos.
A última coisa que eu queria fazer é constrangê-la com todo o
nosso drama no gramado da frente.
"Tudo bem, basta ir". Eu digo engolindo minhas lágrimas
restantes e gesticulando em direção ao carro.
"Eu vou estar de volta". É sua única resposta enquanto se
dirige de volta para o carro. Em poucos segundos, antes que eu
perceba Raven está ao meu lado. Ela diz alguma coisa, mas eu
realmente não sei o que é. Minha atenção é sobre o Porsche preto
saindo da garagem, levando consigo todo o progresso que
aconteceu nos últimos dias e eu percebi que era apenas um
curativo em uma ferida aberta que não está nem perto de curar.
10 de maio de 2008

"Aqui estamos nós". Diz ele quando nós paramos em uma das
duas únicas portas em todo o piso. Ele abre ficando de lado para
me permitir entrar primeiro.
Parecia uma boa ideia no carro ir para o seu apartamento,
mas agora eu estou duvidando. Depois de deixar o museu, ele
mencionou o quão bonita é à vista do seu lugar. Eu disse que eu
nunca vi o horizonte de Chicago antes a partir de qualquer lugar,
além do clube e, em seguida, ele disse que tinha uma excelente
vista panorâmica.
Eu olho para cima para ver que ele ainda está esperando por
mim para entrar. Eu mordo meu lábio. Talvez essa não fosse uma
ideia tão boa, eu não sei o que ele pode estar pensando que isso
implica… Talvez eu devesse apenas dizer que eu estou me
sentindo mal e ir para casa. Eu olho para cima novamente e vejo
um sorriso divertido em seu rosto. Eu sorrio de volta para ele,
ignorando seu comportamento cômico com minha indecisão e
entro.
"Obrigada". Eu digo baixinho quando eu entro no
apartamento… Ou mais como uma cobertura. As borboletas no
meu estômago triplicaram. O clique dos meus saltos sobre o piso
de madeira ecoa em toda a casa. Deixo escapar um pequeno
suspiro quando eu vejo a altura, tetos abobadados que revelam
um segundo andar que está sendo introduzido por uma longa
escada.
A próxima coisa que me chama a atenção é o conceito de
cozinha aberta com todos os aparelhos de aço inoxidável,
separados da área de estar por uma ilha, que posso apostar é de
granito. Não há muitos móveis, apenas um sofá branco e um sofá
longo que se estende por milhas na frente do que tem que ser,
uma televisão de pelo menos, 70 polegadas, há também uma mesa
de vidro circular que separa os dois. Mas o que me faz parar, me
fazendo perguntar o que me levou tanto tempo para observá-las,
são as belas janelas do chão ao teto que circundam todo o lado
esquerdo do apartamento, revelando uma vista deslumbrante de
Chicago.
"Isso-isso é incrível". Eu calmamente digo em voz alta. Eu
sinto Cal tocar meus ombros e meus nervos me fazem saltar para
fora da minha pele.
"Posso pegar o seu casaco?" Ele sorri, gesticulando em direção
a ele.
Deus, Lauren! ACALME-SE!
"Você não deve deslocar-se sobre as pessoas que gosta." Eu
brinco enquanto lhe permito retirar o meu pequeno casaco, se é
que o material fino que estou vestindo pode ser classificado como
tal.
"Vou me lembrar disso". Diz ele caprichosamente, levando o
que seria melhor ser descrito como meu xale e desaparecendo em
outra parte da casa. Eu esfrego meus braços, de repente me
sentindo vulnerável, com apenas esta peça fina em mim. Eu corro
minhas mãos através de meus cachos agora caídos enquanto eu
ando até a grande ilha e tomo um assento em uma das cadeiras
brancas. Eu tiro meus sapatos de salto alto, esperando que meus
pés latejando não desenvolvam quaisquer bolhas. Eu olho para
cima quando Cal reaparece, indo até o aparelho de som.
"Isso é realmente bonito". Digo-lhe, olhando o cenário em volta
de mim mais uma vez.
"Obrigado." A música começa a encher a casa, uma música
que está me assombrando e hipnotizando de uma só vez.
"Eu amo essa música." eu digo a ele tendo nas lentas, ritmos
sensuais.
"É um das minhas favoritas". Ele responde retirando um jarro
de vidro da gigantesca geladeira de aço inoxidável. Ele derrama
água gelada em dois copos.
"É interessante." Na verdade, não é a palavra que vem à
mente, mas que eu não vou dizer em voz alta que é sexy. Eu ouvi
canções sobre sexo, vulgares, mas eu nunca pensei que uma
música sobre sexo pudesse ser quase erótica.
"Eu acho que é sexy, mas talvez isso seja só comigo". Diz ele
casualmente. Seu sorriso é mau, quando ele me dá um dos copos.
Eu sorrio, sentindo meus ouvidos aquecerem.
"Essa é a palavra." Eu concordo tomando um gole de água
parece como se a temperatura tivesse subido, pelo menos, dez
graus. Eu começo a olhar ao redor do apartamento para me
distrair.
"Você passa muito tempo aqui?" Eu pergunto distraidamente.
A maioria dos caras, que eu sei, não faz um monte de limpeza.
Mesmo quando eles têm uma garota, se eles podem varrer todo o
lixo para fora da mesa, eles consideram que é um trabalho bem
feito. Mas esta casa é impecável. Nada parece estar fora do lugar,
e cada superfície brilha livre de poeira.
"O que você considera muito?" Ele pergunta a sério. Eu levanto
minha sobrancelha com curiosidade.
"Uhm, eu não sei. Acho que estou sempre em casa quando eu
não estou no trabalho ou na faculdade." eu rio. Eu acabei de rir?
Eu também começo a perceber o quão incrivelmente chata a
minha vida é.
"Você já esteve fora do país antes?" Ele pergunta.
"O mais longe que já estive foi na Flórida para o casamento do
meu primo". Eu rio vendo-o vir de trás do bar. Eu rapidamente
coloco meus sapatos de volta.
"Isso deve mudar". Diz ele, sentando-se no banco do bar ao
meu lado. Minha pele começa a formigar em nossa proximidade,
agora que estamos sozinhos. Tomo um gole de água. "Eu nunca
conheci uma mulher como você antes, Lauren". Diz ele, seu olhar
intenso em mim mais uma vez, seus arcos da sobrancelha como
se ele estivesse tentando me descobrir.
"O que você quer dizer com isso?" Eu pergunto, engolindo
minha água.
Ele sorri. "Só que você é uma das mulheres mais bonitas que
eu já vi, e você não explora isso. Eu não vi isso por aqui". Diz ele
pegando a minha mão e me levando para o meio da sala. Eu
realmente não sei o que dizer a isso.
"Eu vou te contar um segredo". Diz ele enquanto ele envolve
seu braço na minha cintura e pega a minha mão. Por favor, não
seja casado ou um serial killer.
"O dia que eu te conheci não foi a primeira vez que eu via
você". Diz ele, colocando meus braços sobre seus ombros com um
sorriso malicioso. Eu rio nervosamente. "Eu notei você na primeira
vez que eu estive no The Cave. Você era a única garçonete que
parecia que não pertencia àquele lugar".
"Isso é um elogio?" Pergunto a ele, rindo.
"É um elogio". Diz ele com um pequeno sorriso em seu rosto.
Tiro meus braços de seus ombros e envolvo-os hesitantemente
em volta do pescoço.
"Você é muito bom nisso". Eu digo um pouco espantada. Ele é
o primeiro cara que eu dancei que não pisou no meu pé nos
primeiros dez segundos.
Ele me gira ao redor habilmente. "Eu não sei sobre o que você
está falando". Diz ele inocentemente.
"Claro que não." Ele me puxa para trás em seu peito e retoma
a dança. Sua mão começa a acariciar as minhas costas, enviando
calafrios pela minha espinha, seu toque, juntamente com esta
música é quase inebriante. Eu fecho meus olhos e coloco minha
cabeça no peito dele. Nós balançamos no ritmo da música, que ele
está me guiando.
"Eu nunca me senti assim antes". Eu digo baixinho, não
reconhecendo o tom da minha voz.
"Isso é uma coisa boa?" Ele pergunta. Eu não posso nem
começar minhas palavras. Eu apenas aceno. "Eu posso fazer você
se sentir assim a cada noite."
"Você acha?" Eu rio levemente, sentindo como se eu estivesse
flutuando no ar. De repente, ele para de dançar, e eu olho para
cima para encontrá-lo olhando para mim atentamente.
"Eu sou positivo."
"Mas você faria?" Pergunto. Eu não sei por que eu disse isso.
Estou me sentindo um pouco tonta, embora eu só tenha bebido
uma taça de champanhe, esta noite, não querendo fazer ele se
sentir desconfortável, uma vez que ele não bebe. Sim, eu estou me
sentindo um pouco fora de mim, mas não completamente.
"Se você perguntasse". Diz ele. O tom sarcástico está de volta,
quebrando o momento.
Eu rio baixinho. "Então, é isso o que você diz para todas as
mulheres?"
Ele me gira ao redor novamente e puxa minhas costas contra
seu peito, envolvendo os braços em volta da minha cintura e
balançando com o ritmo da guitarra na música. "Quem disse que
eu tenho que dizer qualquer coisa". Diz ele em voz baixa. Seus
lábios estão perigosamente perto do meu ouvido.
"Tenho certeza que você não faz." eu digo tentando parecer
indiferente. "Assim, o que me faz diferente?"
"Você é. Desde a primeira vez que eu te vi, eu sabia que você
era diferente".
"Como?" Estou curiosa.
"Bem, você não se atirou em mim uma vez que você viu o
Aston Martin". Ele ri.
Eu não posso deixar de sorrir para isso. "Bem, eu tenho uma
quantidade incrível de autocontrole", Eu respondo com sarcasmo.
"e elevados padrões pessoais." Eu encontrei o sarcasmo como um
mecanismo de defesa com ele. A verdade é que eu não posso
culpar qualquer garota que se jogou para ele. Ele definitivamente
tem esse efeito, mesmo sem o carro. Eu sinto uma risada suave,
mas ele não disse nada.
"Então, me diz o que acontece?" Eu fecho os olhos e me
concentro em suas mãos, como ele levanta para descansar sobre
os meus ombros, em seguida, lentamente desliza para baixo os
braços, enviando arrepios pelo meu corpo. Eu viro minha cabeça
para olhar para ele.
Ele está sorrindo maliciosamente. "Isso é com você."
"É?" Eu digo, fechando os olhos de novo quando eu sinto sua
respiração no meu pescoço, fazendo-me morder o lábio para não
deixá-lo saber o efeito que está tendo em mim. "Se eu não
soubesse melhor eu diria que você está tentando me seduzir." Eu
ronrono quando sua mão se arrasta lentamente pelo meu
estômago.
"Diga-me, como estou me saindo?" Sua voz é rouca e é quase
um sussurro. Minha voz interior está ficando louca, gritando para
mim. Aqui é onde eu deveria dizer-lhe boa noite e que eu tive um
bom tempo e que é hora de ir, mas eu estou tendo problemas para
fazer isso.
Um estrondo de trovão me tira do meu transe. Eu me
desvencilho de seu abraço e caminho em direção à janela,
observando as gotas de chuva pintar a cidade. Ele vem para ficar
ao meu lado. Eu não olho para ele, mas eu sei que ele está me
observando.
"Eu não tive a intenção de torná-la desconfortável". Diz ele em
voz baixa.
"Você não está. É, é apenas… Eu não estou acostumada a
isso". Eu admito tropeçando em meu discurso.
"Eu não quero que você faça qualquer coisa que você não quer
fazer hoje à noite. Por mais difícil que seja". Ele solta um longo
suspiro e risos. "Vou manter minhas mãos para mim o resto da
noite". Ele sorri inocentemente, cruzando os braços sobre o peito e
deliberadamente colocando as mãos sob seus braços musculosos.
A coisa é que eu não quero que ele mantenha suas mãos para si
mesmo. Eu as quero em cima de mim, e isso é aterrorizante. Eu
nunca quis tanto alguém na minha vida, e é esmagador.
"Você faz isso? Quero dizer a sério, isso é apenas uma rotina
para você?" Pergunto-lhe, meu coração na minha garganta. Eu
tenho medo de ouvir a resposta.
Ele olha para mim, surpreso. "Bem, eu não vou mentir e dizer
que eu sou um santo. Eu estou longe disso. Eu amo as mulheres e
eu nunca tive que trabalhar muito duro para obter uma". Ele diz
sem rodeios. Eu cruzo meus braços também. Eu acho que em
algum lugar dentro de mim eu estou com ciúmes, imaginando
todas as mulheres que se destacaram neste mesmo lugar, que
andaram através de sua porta e estiveram em sua cama. "Mas,
você é a primeira mulher com quem eu estive e, que eu posso
dizer honestamente, que esteve aqui esta noite sem me deixar ver
o que está sob seu vestido." diz ele com uma leve risada e eu estou
chocada. Que coisa idiota para dizer!
"É hora de eu ir para casa". Eu digo irritada. Definitivamente é
hora de eu ir. Viro-me para ir embora, mas ele pega a minha mão.
"Espere! Isso saiu errado. Desculpe-me. Eu não estou
acostumado a ter que me explicar". Diz ele. Ele passa os dedos
através de seus cabelos escuros e ri. "Eu gosto de você! Eu amo
estar com as mulheres. Mas eu normalmente não gosto de estar
com elas, se isso faz sentido". Ele tenta explicar e ele parece um
pouco confuso. É o primeiro momento legal que ele teve e pela
primeira vez esta noite eu noto manchas de verde cintilante em
seus olhos cinzentos, eles brilham para mim.
"Você parece o tipo de cara que não pensa além de uma noite.
Eu não sou assim". Digo a ele.
Ele dá um passo na minha direção e o calor familiar corre
entre nós.
Dirijo-me pra longe dele de volta para a janela, tentando
organizar meus pensamentos, meus desejos contra os meus
medos.
"O que você quer de mim?" Quem estou enganando? Eu sei
exatamente o que ele quer.
"Eu quero que você me diga o que você quer". Ele sussurra e
segundos depois seus lábios encontram o local secreto no meu
pescoço que envia uma emoção sobre mim.
"E se eu não sei o que eu quero?" Minha voz sobe uma oitava
inteira.
Ele me vira, fazendo assim com que nós estejamos
enfrentando um ao outro agora. Ele se inclina para baixo, me
puxando para um beijo sem fôlego. Eu tenho que colocar meus
braços em torno dele mais apertado para não perder o equilíbrio.
Eu delicadamente choramingo enquanto sua língua começa a
explorar minha boca, e ele começa a soltar lentamente meu
vestido quase como se ele estivesse esperando por mim para detê-
lo, quando eu não faço sinto suas mãos sob o tecido fino. O calor
de sua mão parece estranho, mas incrível.
Abro os olhos e a sala está girando, mas meu foco é sobre ele.
Cada movimento, cada ritmo, cada beijo, cada toque, ele não deve
ser capaz de me fazer sentir como estou, é quase como se ele
pudesse ler minha mente.
"Eu quero ser o único a mostrar-lhe as coisas que você nunca
viu". Ele sussurra em meu ouvido enquanto ele solta meu sutiã.
"Fazer você sentir coisas que você nunca sentiu" sua voz derrama
em meu ouvido enquanto sua mão desliza para cima da minha
coxa. "Só deixe-me". Diz ele, me levantando. A alça do meu vestido
desliza para baixo do meu ombro.
"E o que eu tenho que fazer?" Eu choramingo completamente
sob seu feitiço. Ele me levanta mais alto, então eu estou olhando
em seus olhos, e traz a boca ao meu ouvido.
"Diga sim."
Existem tantas razões que eu deveria dizer não: eu mal o
conheço, saímos apenas duas vezes.
"Sim". Eu digo, sem fôlego.

***

O tempo que leva para Cal e eu chegarmos a seu quarto no


segundo andar passa dentro de segundos, ele me levou como se
eu fosse uma pena. Uma vez que entramos no quarto, ele me puxa
para um beijo lento e profundo que me deixa com fome de mais.
Depois de separar os lábios, tenho que recuperar o fôlego. Com os
poucos segundos de diferença minha mente começa a corrida.
"Espere, hum… Você tem alguma-alguma proteção?" Eu
pergunto, imediatamente sentindo a falta de jeito, logo que a
pergunta deixa os meus lábios. Ainda assim, esta é a primeira vez
que eu já estive em uma situação onde eu não estou em um
relacionamento sério com o homem que eu estou prestes a
compartilhar com o meu corpo. Eu não tinha planejado que as
coisas fossem tão longe hoje à noite e a premonição de Hillary
zomba de mim.
Eu abro os olhos quando sinto seus braços ao redor da minha
cintura afrouxar o seu aperto. Droga, aqueles olhos cinzentos
estão me fascinando. Ele me estabelece, meus dedos estão
deleitando-se com o mais macio tapete de pelúcia que eu já pisei.
Eu mudo o meu foco para o resto do seu rosto, buscando sua
expressão para ver se há qualquer indício de raiva. Eu já ouvi
histórias de horror de homens que se recusam a usar
preservativos. Felizmente, ele me dá um sorriso largo, pega a
minha mão e me leva para a cama. Ele senta e se ocupa
remexendo em uma gaveta na cabeceira da cama. Tento acalmar
meus nervos e hormônios, distraindo-me e olhando ao meu redor.
Seu quarto é grande, com paredes de pedra de cor cinza. A
grande lareira fica no canto da parede ao lado de sua cama
Califórnia King, enfeitada de linho azul e cinza. Meus olhos
rapidamente fazem a varredura do espaço para uso pessoal, mas
não há nenhum. Sem fotos, bijuterias ou roupas espalhadas.
Percebo um bar acima da lareira, que inicia uma pintura de
sombras através das paredes do quarto. Uma voz de mulher
derrama a partir do sistema de som surround.
Eu sinto sua mão deslizar até meu estômago, e isso me trás de
volta para o momento, fazendo com que cada nervo do meu corpo
comece a despertar.
O preservativo está ao lado dele na cama, esperando por mim.
Eu respiro fundo e me movo para sentar ao lado dele, mas sua
mão no meu pulso me para.
"Aqui". Diz ele, apontando para o espaço na frente dele, em
uma voz autoritária e profunda. Meu corpo começa a formigar
todo e eu mudo para onde ele me disse. Ele se desloca para frente,
para a beira da cama e gentilmente me puxa mais para perto em
direção a ele, seu rosto está a apenas algumas polegadas do meu
estômago e seus lábios acariciam o espaço acima do meu umbigo
gentilmente e os músculos do meu estômago flexionam em
resposta. Seus dedos lentamente trilham até a parte de trás das
minhas coxas, quando eu olho em seus olhos cinza-escuros, a
luxúria substitui as manchas verdes que estavam neles mais
cedo.
"Eu quero que você saiba que você está no controle". Diz ele
sensualmente lambendo os lábios que eu quero, tão mal, cobrir
com os meus. Suas mãos se movem para as minhas coxas, indo
do meu traseiro para minha cintura. Ele morde o lábio, mas de
repente se inclina para trás na cama descansando seu peso em
seus cotovelos. Seus olhos estão trancados com os meus, e eu
sinto que ele está me provocando. Estou confusa, mas então eu
me lembro de suas palavras anteriores. Ele está esperando por
mim. Sinto-me liberar tudo e deixo escapar um pequeno suspiro.
Eu me viro para que a minha volta seja para ele.
"Tire suas roupas" minha voz é baixa e irreconhecível, mas não
posso deixar de sentir alguma satisfação pela confiança que eu
sinto. Eu sinto-o atrás de mim e ouço-o tirar suas roupas. Poucos
segundos depois, eu ouço a abertura do preservativo. Meu coração
está batendo a mil por hora.
"Agora. Tire a minha". Eu digo, o nervoso no meu estômago se
transforma em excitação. Eu nunca senti essa estranha explosão,
um desejo que eu não reconheço. Eu sinto-o atrás de mim. Suas
mãos movem o cabelo caindo pelas minhas costas para um lado
do meu ombro, ele lambe cada ombro, enviando arrepios pela
minha espinha. Ele abre lentamente o zíper do meu vestido e puxa
para baixo dos meus ombros. Eu posso sentir sua ereção
pressionando contra mim. Sua língua acaricia a parte de trás do
meu pescoço. Uma de suas mãos explora o meu corpo, enquanto a
outra remove meu sutiã. Eu estou livre.
Normalmente, isso seria o ponto onde eu me sinto estranha,
nervosa, e autoconsciente sobre a primeira vez que meu corpo é
revelado, mas isso é diferente. Eu levo meus braços para cima
para segurar seu pescoço, meus joelhos estão literalmente fracos,
mas uma excitação lenta vem construindo desde que eu lhe disse
para tirar a roupa. Seus toques e beijos no meu corpo estão se
tornando uma tortura.
Seus dedos encontram o seu caminho entre as minhas coxas
empurrando o agora úmido material fino, coloca-o de lado e
desliza um dedo dentro de mim. Eu suspiro, involuntariamente
jogando minha cabeça para trás. Eu empurro a mão dele e
rapidamente viro-me para encará-lo.
"Eu não disse que você poderia fazer isso". Eu sussurro com
um sorriso provocante no meu rosto que desaparece assim que eu
vejo seu corpo nu perfeitamente esculpido. Eu não tenho muito
tempo para admirá-lo antes que ele me pegue, capturando minha
boca. Sua língua domina a minha em sua apresentação e não é
até que eu estou na cama, com o meu corpo capturado sob o seu,
que ele a libera.
Eu recupero o fôlego e ele sorri para mim maliciosamente. Ele
traz a boca ao meu ouvido e eu deslizo minha mão por suas
costas.
"Você sabe o que você quer agora?" Ele pergunta antes que
seus lábios comecem a se arrastar para o meu peito, sugando um
dos meus mamilos. Eu tento me concentrar no que ele está
dizendo. Ele para e eu olho para ele suplicante.
"Diga-me o que você quer". Ele exige novamente, de frente para
mim, os olhos hipnotizantes. O anseio do meu corpo para ele, o
desejo dele, quase à beira de implorar.
"Tudo." Eu admito quase desesperadamente, sem nunca ter
falado uma coisa mais honesta na minha vida.
Ele sorri para mim, aparentemente satisfeito. "Isso é o que
você vai conseguir". Ele promete, concedendo o meu desejo.
09 de maio de 2011

"Lauren, querida." a voz de Raven me acorda. Abro os olhos e


vejo que o céu está escuro, mas iluminado com estrelas. Eu caí no
sono no sofá da varanda à espera de Cal voltar.
"Que horas são?" Meu corpo está duro. Sento-me para aliviar
as torções nas costas. "Cal voltou?" Eu faço careta, tentando o
meu melhor para manter a urgência da minha voz. Sinto-me
ansiosa, borboletas estão se alinhando meu estômago novamente.
"Tenho certeza de que ele estará de volta em breve, e que está
tudo bem." Raven sem sucesso tenta soar confiante. Eu não posso
nem mesmo sorrir para esconder a minha decepção. Estou muito
cansada para tentar desempenhar o papel de esposa feliz e
contente. Nem sequer vale a pena após o show que Cal e eu
fizemos para seus vizinhos.
"Você pode pensar no por que ele não iria dizer-lhe o que
aconteceu?" Ela pergunta e eu rolo meus olhos. Se eu pudesse
pensar em uma razão, é que ele não quer. "Lauren. Você se
importa se eu te fizer uma pergunta pessoal?" Ela pergunta
tomando um assento ao meu lado. Ok, aqui vai.
"Você irá perguntar de qualquer maneira, não é?" Eu respondo
com ironia e dou espaço para ela se sentar ao meu lado.
"Eu não quero me intrometer, mas querida, algo não está certo
com vocês dois?" Ela pergunta em voz baixa.
Seu tom é estranho e sensível, as pessoas usam esse tom
quando se aproximam de um assunto desagradável.
"O que faz você pensar isso?" Eu digo sarcasticamente, e
lamento imediatamente minha observação sarcástica quando ela
olha para baixo, para seus pés, derrotada.
"Eu sinto muito, Raven". Eu digo, suspirando e olhando a
distância. Estou irritada e frustrada, mas não tem nada a ver com
ela.
Ela não fez nada além de mostrar preocupação por mim, e eu
não tenho direito de trata-la assim.
"Querida está tudo bem". Diz ela, apertando a minha mão em
apoio, e eu sinto lágrimas nos meus olhos. Deus, eu odeio isso. Eu
odeio que ela ainda consiga ler meu rosto, e que ela pode trazer
emoções que eu estou suprimindo a superfície.
"Querida, não chore". Diz ela antes de envolver seus braços em
volta de mim para um abraço longo e quente. Eu posso sentir-me
quebrando. Eu abraço-a de volta, lágrimas fluindo pelo meu rosto.
"Vai ficar tudo bem, querida". Diz ela, acariciando minhas
costas.
"Eu-eu não acho." Eu lhe revelo.
"Eu sabia que algo estava errado quando eu te vi pela primeira
vez. Eu estava esperando que não fosse isso." Ela puxa um lenço
de papel para fora do bolso de sua jaqueta e me entrega, tomando
um assento ao meu lado enquanto eu enxugo as lágrimas do meu
rosto. "É outra mulher?" Pergunta ela quase nervosa.
"Eu não sei o que ele faz, ele viaja muito". Eu admito.
"Honestamente, eu posso estar em negação, mas eu não acho que
é outra mulher ou mulheres. Então, novamente, Cal nunca me
deixaria saber, ele é muito esperto para isso". Eu digo indecisa. Eu
acho que volto para a noite onde tivemos uma briga enorme sobre
minhas teorias, sobre por que ele viaja muito, quando me tornei
cansada de seus desaparecimentos frequentes e como isso
terminou e evoluiu para o padrão que temos agora.
"Bem. O que é isso? Ele não te machucou, não é?" Raven
pergunta preocupada.
"NÃO!" Eu digo rapidamente. "Não é nada disso. Cal nunca me
machucou ou me empurrou, ele ainda odeia discutir. Ele sempre
sai. Esse é o problema."
"Bem querida, às vezes é melhor deixar, especialmente se ele
tem um temperamento ruim. Uma longa caminhada…"
Eu sabia que ela não iria entender. Ela provavelmente
pensaria que eu era boba ou muito emocional, se eu disesse a ela
como eu realmente me sentia. "Eu não quis dizer isso. É mais do
que isso. Cal, ele é…" Eu exalo. Eu não posso mesmo dizer isso
em voz alta para alguém sem soar como uma idiota hipersensível.
"Lauren, você pode me dizer qualquer coisa". Diz Raven
tranquilizadora.
Eu suspiro e vou ficar na grade do outro lado da varanda. Se
eu vou lhe dizer isso, eu não posso olhar para ela.
"Quando nos conhecemos, foi como… Era como se eu estivesse
sonhando. Ele era um homem bonito, misterioso, inteligente. Tudo
o que eu poderia pedir. Eu nunca me senti tão atraída por alguém
como eu estava por ele. Meus hormônios assumiram o controle, e
eu deixei meu cérebro pra trás." eu olho para trás
desajeitadamente, pra Raven, que tem um pequeno sorriso no
rosto.
"Vá em frente". Diz ela juntando as mãos.
"Era como se eu não estivesse vivendo no mundo real. Éramos
apenas nós. No mundo real, eu não estaria com um cara que eu
mal conhecia, sem fazer nenhuma pergunta. Mas com Cal, eu
basicamente não sabia nada sobre ele, e eu não me importava.
Porque apesar de eu não saber os fatos, eu pensava, bem, eu senti
como se estivéssemos conectados. Eu disse a ele coisas que eu
nunca disse a ninguém." Faço uma pausa, refletindo sobre as
muitas noites na cama, com Cal, onde eu iria revelar toda a minha
alma, envolta em seus braços, seus olhos em mim como se eu
fosse a única pessoa no mundo.
"Deus, os olhos… Os olhos foram o que me fizeram me
apaixonar. Eles são o que me fazem perdoá-lo mil vezes." Eu
enxugo as lágrimas que sobraram no meu rosto. "Como o nosso
casamento pode funcionar se ele não confia em mim? Hoje só
prova isso, e não é só hoje. Ele raramente me diz como ele se
sente. Ele sai quando está irritado. E então ele volta e acha que
tudo pode ser corrigido com uma boa foda!" Meu queixo cai
quando percebo o que eu acabei de dizer em voz alta. Eu olho para
Raven, sentindo-me envergonhada, mas eu vejo que ela não está.
Ela está ouvindo atentamente.
"Eu simplesmente não sei como chegar até ele. Eu não sei
como fazê-lo se abrir. Ele não vai me deixar entrar. Eu costumava
tentar tão duro, e então eu fiquei doente de ser afastada ou
desligada. E hoje foi apenas um lembrete disso. Se ele não confia
em mim, você pode imaginar os segredos que ele tem? Se ele
começa a escolher o que eu conheço e não sei, eu sou mais uma
criança do que uma esposa." Eu tomo uma respiração muito
necessária.
"Bem, pelo que você me contou, seu trabalho é de natureza
confidencial. Isso explicaria…"
"Não é o trabalho!" Eu interrompo-a, balançando a cabeça em
negação.
"É outra coisa. Eu posso sentir isso. O que aconteceu hoje…"
Eu paro quando eu avisto o Porsche preto puxando para a
garagem.
Raven caminha até mim, coloca as duas mãos sobre os meus
ombros, e me olha direto nos olhos.
"O que está no escuro, sempre virá à luz". Diz ela, dando-me
um sorriso tranquilizador antes de me puxar para outro abraço.
Ela, em seguida, retira-se para a casa, e eu volto minha atenção
para Cal saindo do carro. Seu rosto é inexpressivo, e ele olha para
mim quando ele lentamente sobe as escadas.
"Eu não…" Eu começo, mas ele levanta uma mão, me parando
no meio da frase.
"Eu não estou fazendo isso com você esta noite. Se você quer
lutar, fica aqui e discuta com você mesma". Diz ele com desdém.
Eu olho para ele ali de pé, sem expressão. Como se eu fosse à
única que gostasse de lutar o tempo todo. Como se eu não
sentasse na varanda por horas desde que ele saiu, preocupada
com ele, esperando por ele para voltar em segurança.
Eu penso em como ele tem a coragem de passar como se ele
não saísse daqui como um morcego fora do inferno, depois me
chutar para fora de seu carro. Eu quero ter um ataque e gritar
com ele e não parar até que ele me diga o que está acontecendo.
Uma parte de mim quer saber se tudo mais cedo foi um ato, uma
desculpa para fugir. Talvez a resposta seja óbvia: ele é um
bastardo.
No entanto, quando penso nele anteriormente, com seus olhos
me implorando, como ele estava perturbado e vulnerável, e que em
um momento onde eu vi pânico e preocupação que eu nunca vi
antes, eu sei que ele está realmente lutando com alguma coisa, eu
luto com cada impulso dentro de mim para bater nele. Em vez
disso, eu abraço-o. Eu seguro-o por um longo tempo. Amanhã vou
precisar de respostas. Vou exigi-las. Eu não posso continuar com
ele assim. Hoje à noite, porém, eu sei que ele precisa de mim,
mesmo que ele não diga isso.
11 de maio de 2008

Antes de hoje eu nunca estive dormindo com medo de acordar,


abrir os olhos e perceber que o que aconteceu foi apenas um
sonho. Tão perfeito que tinha de ser surreal. Tão maravilhoso que
não poderia ter existido. Isso é como me sinto hoje. Eu posso
sentir o sol quente no meu rosto e eu tenho medo de abrir os
olhos. Eu tenho medo que quando eu fizer vou estar de volta na
minha própria cama e minha noite com Cal vai passar a ter sido
apenas um sonho. O destino é cruel, uma farsa que está sendo
jogada em mim porque era diferente de tudo que já experimentei.
Eu desejo que eu pudesse reviver o dia inteiro. Meu próprio conto
de fadas pessoal, ser levada em um carro, em seguida, tirada do
chão em uma dança e, bem, a próxima parte não é muito como o
fim que eu li, mais surpreendente do que eu jamais pensei que
poderia ser.
Eu viro de costas e me enrolo nos lençóis mais macios que eu
já senti e sorrio, sabendo que estes definitivamente não são meus.
Eu poderia dormir nesta cama para sempre, esta cama que eu não
dormi muito na noite passada. Onde as coisas que foram feitas
para mim vão me fazer corar sempre que eu pensar sobre elas.
Tudo a partir de um homem que eu sei pouco, mas que me fez
sentir como se ele estivesse me conhecendo para sempre, como ele
passou uma eternidade com meu corpo, saber o caminho exato
para fazer cada coisa como se ele escrevesse as instruções para a
criação de meu corpo. Ele olhou nos meus olhos e me fez sentir
coisas que eu nunca senti em nenhum dos meus relacionamentos
passados. Sinto-me culpada em algum lugar porque eu não o
conheço e ele não me conhece, mas foi capaz de compartilhar uma
parte de mim que eu tenho medo de deixar alguém ver. A primeira
vez que eu me perdi em um momento de paixão, que fez cair todas
as reservas que eu já tive, para me deixar livre de qualquer
inibição que eu já experimentei.
Michael sempre reclamou que eu me segurava quando fizemos
sexo e eu sei que eu fiz. Alguma coisa em mim não me permitiria
deixar ir totalmente - mas a última noite foi diferente. Esse
sentimento que nunca deixei vir com outra pessoa tomou conta de
mim completamente, qualquer hesitação de permitir que isso
aconteça, foi com o vento a partir do momento em que concordei
em deixar Cal me dar tudo. Eu corro minhas mãos pelo meu
cabelo e massageio meu couro cabeludo. Eu mal o conheço, mas
me sinto como se eu tivesse lhe dado um pequeno pedaço da
minha alma. Seus olhos me hipnotizando, querendo que ele
experimentasse cada parte de mim, e meu coração começa a bater
mais rápido quando eu percebo isso totalmente.
Eu olho e vejo que estou envolvida neste mar de lençóis
sozinha. A calmaria que estou começa a me desgastar e meus
pensamentos começam a correr com a ideia de o que acontece a
seguir?
Esta é a primeira vez que eu acordei na cama de um cara com
quem eu não estou em um relacionamento! Aqui estou eu tendo
todos esses pensamentos estranhos e ele pode estar facilmente
contando os minutos até eu ir embora. E se eu tenho que fazer a
minha primeira caminhada da vergonha? Após a noite mais
incrível da minha vida eu vou ter que sair deste prédio para a rua
mais movimentada de Chicago em roupas amassadas da noite
passada e acho que eu nunca vou vê-lo novamente. Ugh.
Estúpida! Se esta é uma das experiências libertadoras que Hillary
diz que eu preciso ter eu vou matá-la, porque eu não me sinto
livre em tudo. Estou horrorizada! E se ele acabou de sair ou está
escondido em algum lugar, esperando por mim para sair? Mas
nenhum homem deixaria uma garota estranha em sua casa
sozinha. Oh, Deus, eu sou apenas uma garota estranha para ele!
Eu começo a fazer a varredura do quarto, procurando as
minhas roupas, sentindo um ataque de quase pânico. Eu saio da
cama na ponta dos pés e dou a volta nela, esperando encontrar
meu vestido e roupas íntimas espalhadas no chão, mas não há
nada. Onde diabo está a minha roupa?! Ok acalme-se, acalme-se.
Tem que haver uma explicação razoável para isso e por que estou
na ponta dos pés?
"Respire. Apenas respire". Digo a mim mesma em voz alta,
respirando fundo.
"Por favor, faça. Se você desmaiar, eu não sei fazer massagem
cardíaca."
Sua voz faz com que os cabelos da minha nuca se levantem.
Eu me viro para vê-lo encostado na porta, braços cruzados sobre o
peito nu, calças de pijama descansando um pouco abaixo de seus
quadris, e em seu rosto o mesmo sorriso divertido do dia que eu o
conheci. Um sorriso se espalha em todo o meu rosto. Deixo
escapar um suspiro de alívio até que eu percebo que a única coisa
que eu estou usando é um sorriso. Eu rapidamente pego o lençol
da cama e enrolo-o em volta de mim.
"Hum… Eu… Bom dia." eu finalmente consigo dizer.
"Bom dia." Eu posso ouvi-lo segurando uma risada e ele morde
tanto seus lábios, aparentemente para não fazê-lo.
"Você está rindo de mim." Eu rio de quão ridícula eu posso
estar dependendo de quanto tempo ele poderia ter ficado ali.
"Um pouco". Ele admite, andando na minha direção. A cada
passo, eu fico mais nervosa, mas da melhor maneira possível. Seu
cabelo está desgrenhado, mas quase perfeito. Sua pele parece
incrível à luz do sol e seus olhos estão apresentando sua
tonalidade verde. Lembro-me que tenho vinte e um anos, não
quatorze e comando a minha voz para fazer uma aparição.
"Bem, você escondeu minhas roupas". Eu respondo, enquanto
ele senta na cama de frente pra mim.
"Tão bom como você parece sem elas", diz ele quando ele faz
uma varredura em todo o meu corpo. "Eu não escondi. Mandei
para a lavanderia." Ele descansa seu peso sobre os cotovelos,
olhando para mim de brincadeira. Isso é um alívio. Se ele me
quisesse saindo super-rápido, ele não teria feito isso. Eu respiro
um pouco mais fácil.
"Obrigada". Eu digo com meus olhos descansando em meus
pés.
"… Você é tímida?" Ele ri e se levanta da cama.
É assim tão óbvio? Pare de agir como um idiota.
"Um pouco". Eu admito, rindo de mim mesma. Eu quero dizer-
lhe que é apenas em torno dele, mas decido não falar. Ele dá um
passo mais perto de mim. Meu coração bate mais rápido a cada
passo. "Não é o que você esperava?" Eu digo, desejando que, neste
momento, eu tivesse mais experiência com este tipo de coisa.
Ele olha para mim e seu sorriso amolece.
"Eu estou surpreso." Seu peito agora toca meu, e eu
instintivamente recuo. "Depois de tudo que você me deixou fazer
ontem à noite". Acrescenta ele, novamente fechando a distância
entre nós. Ele morde o lábio inferior e olha para mim e eu sei que
eu estou corando todas as cores imagináveis de vermelho. Seu
sorriso se alarga.
"Eu acho que você gosta de me deixar nervosa". Eu digo, e
minhas costas estão agora contra uma parede e seus braços em
ambos os meus lados.
"Não. Eu só gosto de você ficando toda exaltada". Ele diz e se
inclina para baixo, trazendo seus lábios a uma polegada de
distância dos meus. Seu hálito cheira a hortelã e sua pele como
baunilha, e eu percebo que o meu não.
Eu deslizo por baixo dos seus braços e ele foi pego
desprevenido. "Posso usar o seu chuveiro?" Eu pergunto, sorrindo
para sua surpresa.
"Isso é um convite?" Pergunta ele passando por mim, indo
para o que eu assumo é o banheiro. Ele aponta em direção a ele, e
eu sigo. Uma vez que eu estou na porta, um sorriso perverso
aparece em seu rosto. Eu sinto meu estômago cair com o gesto,
mas se ele sabe ou não, eu estou muito dolorida para sequer
cogitar o que ele está insinuando.
"Privacidade?" ele ri e acena com a cabeça. Ele dá um passo
para trás, mas não antes de sua mão deslizar para baixo de
minhas costas e apertar minha bunda. "Muito ruim". Ele suspira
antes de deslizar para fora, eu brincando reviro os olhos para ele
exigindo que meu corpo se comporte.
Quando me viro minha boca quase cai. O banheiro é enorme,
quase maior do que o meu quarto. É de pedra cinza e azul
marinho, combinando com as cores do quarto de Cal. Há uma
banheira de pedra no centro, e ao lado um chuveiro com duas
duchas e uma porta de vidro transparente. Há uma pia para ela e
uma para ele, as torneiras fluem como uma fonte. Este lugar
apenas fica melhor e melhor.
Há toalhas de banho e toalhas de rosto bem empilhadas em
um banco. Há um pequeno copo na pia ao lado do que eu
suponho que seja antisséptico bucal, mas a garrafa corresponde à
decoração do banheiro. Eu abro e sinto o cheiro da tampa para ter
certeza. Ao contemplar a possibilidade de fechar a porta ou não,
eu espreito para o quarto e vejo que Cal não está à vista.
Eu lavo minha boca. É mentolado com uma mistura de outra
coisa que eu não posso dizer, mas é leve, ao contrário do tipo que
minha tia costumava comprar. Quando eu termino de fazer o meu
caminho para o chuveiro. Quando eu ligo-o, eu me assusto
quando a ducha do chuveiro atrás de mim borrifa. Uma vez que
eu descubro as configurações, o chuveiro é o céu absoluto. Eu
estou um pouco animada sobre cheirar como Cal ao longo do dia,
depois de usar seu sabonete e shampoo. Ambos têm exatamente o
mesmo toque de baunilha, mas ainda mantém a sua
masculinidade.
Depois de me secar, eu enrolo a toalha em torno do meu corpo
e vou para o quarto, que ainda está vazio. Eu olho pra cama,
esperando que ele pudesse ter deixado uma camisa sua para eu
colocar. Mas não há nada.
Eu desço as escadas. Eu ouço uma televisão ligada. Cal está
na cozinha, uma jarra de suco de laranja na mão. Usando um
sorriso divertido, ele faz uma rápida varredura sobre mim.
"Com ou sem açúcar?" ele pergunta, fechando a geladeira.
"Sem." Eu rio quando me sento no lado da ilha que está mais
próximo de mim.
"Boa escolha". Diz ele, derramando em um copo e entregando-
o pra mim. Antes agarro minha toalha para ter certeza que ela vai
ficar. Percebo-o rindo e ele balança a cabeça em desaprovação.
"O quê?" Eu pergunto com curiosidade.
"Nada". Diz ele divertido, a geladeira escondendo ele.
"Como foi seu banho?" ele pergunta, finalmente aparecendo
totalmente, com uma tigela. Quando ele se senta, vejo que contém
frutas de todos os tipos.
"Foi maravilhoso. Eu definitivamente tenho inveja do
chuveiro". Eu admito, colocando um pedaço de melão na boca.
Ele pega uma uva, faz o mesmo, e senta-se à minha frente, do
outro lado da ilha. Eu pego outro pedaço de fruta e me certifico de
que minha toalha ainda esteja no lugar. Ele se inclina na ilha e
inclina a cabeça ligeiramente para a direita.
"Você deve tirar a toalha". Diz ele, com os olhos irradiando em
mim.
Eu mordo minha língua em vez da fruta. Ugh!
"O quê?" Eu rio, sem acreditar no que ele acabou de dizer.
"O que é tão engraçado?" pergunta ele, um sorriso irônico no
rosto.
"Exatamente como casual você disse e como sério você soou."
"Estou falando sério". Diz ele, apoiando o queixo na mão. Seus
olhos nos meus, me fazendo mudar no meu lugar.
"Desculpe-me. Eu não estou indo me sentar em sua cozinha
completamente nua." Eu rio do meu nervosismo. Ele não pode
estar falando sério. Ele se levanta e caminha ao redor do balcão.
Ele vem em minha direção e, a cada passo, meu coração bate mais
rápido. Eu engulo quando ele vira no canto da ilha, virando em
minha direção, e de repente eu sinto que eu sou a presa e ele é o
caçador. Mas a campainha toca, o encanto é quebrado, e ele deixa
escapar um suspiro. Ele faz um caminho mais curto para a porta,
apontando para mim quando ele se afasta.
"Salva pelo gongo, linda". Diz ele, com um sorriso descansando
em seu rosto.
Um momento depois, ele está de volta com dois recipientes.
Ele me dá um antes de fazer seu caminho para o outro lado da
ilha.
"Você ainda estava dormindo quando eu pedi então eu tenho
panquecas e bacon, porque, quem não gosta disso?" Brinca.
O aroma quando eu abro o recipiente é tentador, e eu tenho
que parar pra pegar um pedaço e colocá-lo na boca. Olho para ele
vendo como ele enfia uma tira de bacon na sua.
Eu como tentando não olhar para ele enquanto eu encho meu
estômago vazio. Eu continuo tentando descobrir este enigma
sentado na minha frente. Ele é jovem, mas essa casa é decorada
com o gosto de alguém mais velho. Ele é direto, mas às vezes
parece que ele quer dizer algo, mas não o faz. Ele é sedutor, mas
tem um charme juvenil nele, que desaparece quando a luxúria
nubla seus olhos. Ele é franco, mas aparentemente misterioso
sobre coisas simples. Ele parece querer ser mais assertivo, mas
minha relutância se vira para ele.
"O que está acontecendo na sua cabeça, Srta. Brooks?" Ele
pergunta, olhando para mim quando ele termina a sua torrada.
"Você quer que eu seja honesta?" Pergunto sem rodeios.
"Sempre". Diz ele, sem rodeios.
"Eu-eu acho que eu estou tentando entender você" eu admito.
Ele estende os braços sobre a cabeça e, por um momento eu
estou distraída por seu físico musculoso.
"Está?" Ele pergunta curioso.
"Este dia todo desajeitado, após a noite com um cara que eu
realmente não sei como agir em torno". Eu divago.
"A única coisa estranha é você tentar comer e manter essa
toalha". Diz ele, brincando.
Eu franzo a testa em sua jovialidade, em seguida, decido
colocar tudo em cima da mesa.
"Você é o primeiro cara que eu durmo sem estar em um
relacionamento, não sou esse tipo de garota, mas é verdade, e eu
não tenho certeza de qual é a etiqueta para 'isso'. Eu não sei o que
fazer com você. Eu meio que pensei que você estaria escondido em
algum lugar esta manhã, me esperando sair ou algo assim."
Depois que eu falo o meu discurso, eu respiro fundo e olho para
ele nervosamente, sem saber o que ele vai fazer a seguir.
"Então você acha que eu sou um idiota?" Ele ri ruidosamente e
apoia seu cotovelo no balcão. Sou apanhada desprevenida por
isso.
"Não, eu… eu não disse isso." Eu estou um pouco
envergonhada, eu realmente não considerei que ele tomaria como
um insulto.
"Realmente o que você pensa. Se você acha que eu ia dormir
com você e, em seguida, me esconder de você na minha própria
casa. Isso faria de mim um idiota e covarde." Ele conta em seus
dedos com um sorriso.
"Ok, eu sinto muito. Mas eu só estou tentando entender você."
Eu admito me sentindo mais do que envergonhada.
"Tudo bem, eu tenho certeza que não vai ser a última vez que
você pensa que eu sou um idiota". Diz ele, jogando fora seu
recipiente, agora vazio. Eu sinto minha sobrancelha levantar.
"Bem, a menos que você só planeje transar e nunca ligar
novamente". Acrescenta com um sorriso quase sabendo.
Desta vez, é a minha vez de terminar o resto do suco de
laranja.
"Não é só isso. Eu só…" Deixei escapar um suspiro profundo.
"Eu gosto de você e eu me sentiria um pouco melhor sobre
mim mesmo se eu soubesse mais sobre você". Eu digo-lhe com
sinceridade. Ele está se inclinando para trás na ilha.
"Ok", ele encolhe os ombros. "O que você quer saber?"
"Para começar, quantos anos você tem? Hum, como você gosta
de seus ovos? Qual é a sua cor favorita, qual é o seu nome do
meio e o que você faz para viver?" Eu digo, despejando perguntas
para as quais eu normalmente sei as respostas antes de eu
transar com um cara.
"Vinte e seis, ovos mexidos. Preto, eu não tenho um, e eu sou
uma ligação entre Relações Públicas e Pesquisa e Desenvolvimento
da Crest Field Corporation." Ele recita as respostas tão
rapidamente. "Agora é o meu turno. Você é sempre tão neurótica
após o sexo?" Ele ri e meus olhos se arregalam.
"Eu não sou neurótica. Eu só, eu costumo saber essas coisas
antes de ter sexo com alguém". Eu respondo.
"Com quantos caras você já transou?" Pergunta ele, como se
ele estivesse perguntando como o tempo está como hoje.
"Por quê?" Eu pergunto, sentindo minhas defesas subirem.
"Parece que você não tem sexo muitas vezes, isso é tudo."
"Desculpe-me?"
"Você está um pouco nervosa com tudo isso." Ele ri sem ser
afetado pela raiva em meu tom.
"Você está meio que sendo um idiota agora." Eu digo
bruscamente e ele sorri.
"Eu respondi todas as suas perguntas e você não respondeu a
nenhuma das minhas". Ele contrapõe. "Eu sinto que você não está
permitindo que eu realmente a conheça". Ele acrescenta
sarcasticamente, e eu rolo meus olhos e respiro fundo.
"Eu estive com três homens e só tive relações sexuais na noite
anterior, para sua informação." Eu digo a última parte igualmente
sarcástica.
Ele se inclina sobre a ilha, estreitando os olhos. Em um
instante o seu sorriso passou de brincalhão e distante para
perigosamente sexy.
"Como foi?" Ele pergunta. Seu tom de voz foi profundo e ele
está me olhando diretamente nos olhos.
Minha frustração com ele começa a dissipar.
"Incrível". Eu respondo olhando-o nos olhos. Depois de um
intenso duelo de olhares, seu sorriso se alarga.
"Bem, você se sente bem para gostar de mim agora?" Ele
pergunta em um tom quase condescendente. Seu sorriso enorme
amolece.
Eu mordo meu lábio debatendo internamente comigo mesma
se esse barco está fora.
"Eu não vou mentir. Eu posso ser um idiota. Eu provavelmente
posso ser pior do que isso, mas eu não falo da minha bunda. Eu
gosto de você e o que eu disse ontem à noite é sério. Portanto, não
passe o resto do dia se perguntando se eu sou sincero ou não. Eu
sou muitas coisas, mas mentiroso não é uma delas." Diz
casualmente, um peso foi tirado dos meus ombros.
Um sorriso se espalha instantaneamente no meu rosto. Eu mordo
meu polegar, registrando tudo que Cal disse. "Ainda acha que sou
um idiota?" Ele sorri.
Eu concordo.
"Talvez apenas um pouco". Revelo.
Novamente com um sorriso divertido, ele se levanta e caminha
em minha direção. Deixo escapar um muito necessário fôlego e me
viro para ele na minha cadeira.
Ele se coloca entre minhas pernas fazendo com que a toalha
suba um pouco sobre minhas coxas.
"Bem, porque eu sou. E eu ainda acho que você é um pouco
neurótica". Diz ele, trazendo seus lábios nos meus e suas mãos
para o nó da minha toalha.
Eu empurro seu peito, brincando. Ele olha nos meus olhos,
ainda sorrindo.
"Você não perguntou". Eu repreendo-o.
"Posso pegar sua toalha?" Sussurra em meu ouvido. Eu mordo
meu lábio e olho para ele.
"Não" eu nego divertidamente. Ele olha para o teto, fingindo
frustração, em seguida, trouxe seu rosto perto do meu ouvido,
beijando a pele da orelha, em seguida, ele se move para o meu
pescoço, beijando-o tão suavemente que faz meus olhos se
fecharem.
"Por favor" diz novamente, seus dedos trilhando entre minhas
coxas e um desliza em mim enquanto seu polegar começa a tocar
em torno de uma área que é muito mais sensível.
Eu não posso ajudar, um gemido escapa da minha boca. Eu
me inclino um pouco pra longe dele e me livro lentamente do nó e
deixo à toalha cair em volta de mim. Cal lambe os lábios.
"É melhor se acostumar com isso". Diz ele, envolvendo os
braços em torno das minhas costas nuas.
"Acostumar-me com o quê?" Eu pergunto, envolvendo minhas
pernas na sua cintura. Eu acho que vou ficar um pouco dolorida.
"Andar pela casa nua. Eu acho que gosto disso." Envolvi meus
braços em torno de seu pescoço e puxei-o para um beijo.
Eu também acho que gosto disso.
10 de maio de 2011

Estou acordada. É cedo, e eu não tenho dormido muito. O que


aconteceu ontem à noite consome meus pensamentos, além dos
movimentos constantes de Cal virando em uma cama de tamanho
padrão, que era confortável quando eu era adolescente, mas que é
apertada para uma mulher e seu marido de 1,82m. Mesmo que ele
não estivesse, eu duvido que consiga dormir. Um milhão de
pensamentos passaram pela minha cabeça. Eu continuo passando
por cima de todas as coisas que eu aceitei, todas as vezes que eu o
perdoei, que eu já cedi apesar do meu melhor julgamento. Olho
para ele e ele parece finalmente em paz, descansando. Eu viro e
olho para ter certeza que ele está dormindo e saio da cama tão
silenciosamente quanto eu posso. Pegando seu celular em cima da
cômoda, eu ando na ponta dos pés para fora do quarto e fecho a
porta atrás de mim.
Em todo o nosso casamento, eu nunca invadi a privacidade de
Cal, nem uma vez. Mas há uma primeira vez para tudo e essa é
plenamente justificada. Eu preciso de respostas, e eu preciso
delas agora. Se eu tiver de espionar para obtê-las, que assim seja.
Eu pressiono o botão de energia e, é claro, é protegido por senha.
Na ponta dos pés passo pelo quarto de Raven e desço as
escadas para encontrar o telefone da casa e ligar para Cal.
Quando ele toca, eu atendo e coloco no viva-voz para que eu possa
ver sua lista de contatos.
Eu só quero o número da esposa de Dexter. Se eu não tivesse
jogado da sacada meu próprio celular antes de sair de casa, eu
não teria que fazer isso, mas esse não é o ponto. Estou tentada a
ver o histórico de chamadas. Depois de um debate, eu entro e
procuro por ela, quando eu acho eu vejo que ele foi excluído. Eu
rolo meus olhos. Ele não teria necessidade de apagar seu histórico
de chamadas, a menos que ele tivesse algo a esconder. Mas eu já
sabia disso, não é? Suspiro, pego uma caneta e escrevo o número
de Helen em um pedaço de papel.
Deixo o celular de Cal no meu colo, e sento no tapete de
pelúcia de Raven e ligo para Helen do telefone de casa. Mordo meu
lábio quando eu ouço o som de discagem. Espero que ela atenda a
números desconhecidos. Sei que é uma chance muito pequena,
são apenas 06h30min.
"Olá?" Ela responde e agradeço a Deus por minha sorte.
"Helen. Oi, é Lauren. Este um bom momento?" Eu digo
baixinho, não querendo ser ouvida por Raven ou Cal.
"Lauren? Como vai? E de onde você me ligou? Eu quase não
atendi. Esta tudo bem?"
"Huum. Na verdade, é por isso que estou ligando." Olho para o
corredor para me certificar de que ninguém está lá.
"Dexter mencionou algo sobre ele e Cal tendo uma briga?"
"Não, acho que não. Mas você sabe como eles são. Por que
você pergunta?"
"É só que Dexter ligou para Cal ontem e disse algo que
realmente deixou ele chateado. Eu pensei que seria algo
relacionado aos negócios. Ou se não, talvez você tenha uma ideia
do que aconteceu."
"Dex não me disse nada, mas geralmente não me mantém a
par dos seus negócios." ela ri.
"E se não for relacionado com o negócio?" Eu pergunto.
"Dex está na Irlanda no momento. Eu posso contatá-lo e
chamá-la de volta…"
"Eu estou perguntando a você, Helen." A interrompo, na
esperança de que a urgência na minha voz seja óbvia. "Existe algo
que você precise me dizer, algo que eu deveria saber?" Peço
suplicante.
Helen e eu nunca fomos melhores amigas. No entanto, nós
compartilhamos uma ligação, mesmo que não nos falemos. Nós
duas estamos no amor com homens que parecem que só confiam
seus segredos um para o outro. No entanto, parece que Helen
escolheu ficar no escuro, enquanto eu estou forçando para fora.
Eu nunca falei com ela sobre o meu relacionamento com Cal. Eu
nunca a arrastei em nossos assuntos pessoais ou pedi-lhe algo,
mas hoje, eu estou esperando que ela tenha ouvido meu apelo e
por um milagre, me ofereça algo para ir em frente. Acho que a
surpreendi uma vez que há uma longa pausa na linha.
"Sinto muito, Lauren. Dex não me disse nada." Eu rolo meus
olhos.
"Claro que ele não faria." Mas eu não acredito em tudo.
"Lauren, me desculpe, mas…" O celular de Cal de repente
vibra no meu colo, me fazendo pular. Número desconhecido.
"Tenho que desligar Helen. Obrigada mesmo assim." eu digo
antes de desligar. Eu já olhei os números, então sinto que eu
poderia percorrer o resto do caminho agora. Eu pego o celular e
coloco no ouvido. Eu não digo nada, esperando que a pessoa na
outra linha diga algo primeiro. Segundos passam, mas a pessoa
na outra extremidade permanece calada.
"Olá?" Digo finalmente, frustrada. A pessoa do outro lado da
linha não diz nada. "Tem alguém ai?"
"Lamento. Liguei para o número errado". Diz uma voz e de
repente desliga.
A voz de uma mulher mais velha que eu. Talvez da idade de
Raven. Não. Alguma coisa não está bem. Eu ligo para o número do
telefone de Raven.
"Obrigado por ligar para o Hospital Geral de Madison. Sua
chamada poderá ser gravada para avaliação de qualidade. Um
representante falará com você em breve". Disse a gravação. Eu
desligo o telefone. Bem, isso não poderia ser menos útil. Talvez
fosse apenas um número errado.
Volto para o meu quarto no segundo andar. Ele está acordado
e sentado ao pé da cama. Eu tomo uma respiração profunda me
preparando para o que está por vir. Mordendo o lábio, eu entrego
o celular para ele.
Sua expressão é em branco. "Então, o que você estava fazendo
com o meu celular?"
"Eu queria número de Helen." Eu respondo, tentando manter a
calma. Espero que ele pegue o seu celular, e quando isso
acontece, eu sento ao lado dele.
"E por que você estaria chamando Helen?" Pergunta
bruscamente.
"Bem, eu pensei que ela poderia me dizer o que aconteceu
ontem, já que eu vejo que você não sente a necessidade de me
dizer."
Sua mandíbula aperta. "Se eu não te disse, você devia
respeitar a minha decisão". Diz, esfregando a testa.
"E se eu disser que preciso saber você deve respeitar este
pedido e me dizer". Eu respondo.
Ele passa a mão pelo cabelo, tira o celular da minha mão, e
passa a atenção para ele.
"Eu quero saber por que você ficou tão chateado e onde você
estava ontem". Eu disse, tentando manter a raiva fora da minha
voz.
"Helen não poderia dizer-lhe sobre isso, hein?" Ele diz
sarcasticamente.
"Agora!"
"Aqui vamos nós, porra!" Diz enfurecido, batendo com celular
na cama.
"É só eu, ou parece que toda vez que eu dou um passo a
frente, você dá dois para trás?" Eu posso sentir meu nível de
frustração crescer enquanto falo.
Ele se levanta e vira, elevando-se sobre mim. "Por que cada vez
que está tudo bem, você encontra algo, qualquer coisa, pra
começar a discutir comigo?" Grita.
"Cal, ontem você saiu daqui visivelmente chateado. Você não
me disse o que aconteceu. Eu tentei estar lá para você, e você me
colocou para fora da porra do carro! Por que você acha que eu
ficaria bem depois disso?" Eu pergunto. Ele está longe de ser
estúpido, mas essa é a merda mais estúpida que eu já ouvi de sua
boca.
"Bem, você parecia bem ontem à noite!" Ele diz
sarcasticamente.
"Eu não estava bem! Eu sabia que o que quer que estivesse
acontecendo, você ainda estava lidando com isso. Eu sabia que
você precisava do meu conforto, e que o que eu precisava podia
esperar. Eu fiz uma concessão, é disso que o casamento se trata.
Agora é a sua vez!" Respondi.
Ele me ignora, pegando sua camisa da cama e vestindo.
"Eu sei que o que quer que fosse não era sobre o trabalho. Eu
quero saber o que é." Eu digo andando atrás dele. Ele está me
ignorando, puxando seus sapatos de debaixo da cama e
colocando. Eu vejo aonde isso vai dar, então eu rapidamente pego
as chaves na cômoda. Ele ri de frustração. "Como você acha que
isso faz eu me sentir, como sua esposa? Que você me corta
completamente sempre que se sente assim? Que tudo o que
aconteceu, você não vai mesmo me dizer? O que eu devo pensar?"
"Você nunca está satisfeita. Cada dia é uma coisa. Quando eu
não estou aqui, eu sou um idiota que não passa um tempo com
você, mas quando eu estou aqui não é longo o suficiente, e
quando eu estou aqui tempo suficiente, eu não vou dizer cada
detalhe maldito do caralho da minha mente". Ele rosna enquanto
termina de amarrar seus sapatos.
"Esse não é o ponto e você sabe disso! O que está
acontecendo?" Eu gritei, sentindo minha garganta começar a
arder. "Eu deveria ter feito isso há muito tempo. Eu confiei em
você completamente, Cal e eu não recebi nada em troca. Tentei
esperar e esperar, tentando ganhar a sua confiança. Brigar com
você para tentar quebrar esse muro emocional entre nós e nada
funcionou, por isso, esta noite é a última noite que eu pergunto
onde você estava, com quem estava, ou o que é…"
"Você quer saber tudo? Ok deixe-me dizer-lhe, Lauren!" Ele
grita rispidamente, me interrompendo. "Quando eu te conheci, eu
era assim. É assim que eu sou, e é assim que eu serei amanhã.
Você sabia quando você me conheceu! Você aceitou. Eu nunca te
prometi algo diferente. Você é a única girando em torno de uma
merda. Eu nunca menti pra você! Eu digo o que você precisa
saber. Eu não estou traindo você. Não há outra mulher, e isso é
tudo que você precisa saber!"
"Você acha que eu vou aceitar isso?"
"Porque não? Por que você se concentra em merda que não
importa? O que importa é que eu estou aqui! No final do dia, eu
deixo todas as merdas de lado. Estou aqui com você!" Grita.
"Porque eu sou sua esposa, Cal! Eu não sou a porra de um
animal de estimação." Eu grito de volta. Sua testa suaviza, e passa
a mão pelo cabelo. Eu espero que ele diga alguma coisa, mas isso
não acontece. Eu acho que realmente não precisa, por que o que
mais você pode dizer? Ele já me disse exatamente como se sente, e
eu não posso lidar com o fato de que o homem por quem eu tenho
sido tão apaixonada, para quem eu me entreguei, não me ama o
suficiente para confiar em mim.
"Sai, Cal". Sussurro.
"O quê?" Pergunta ele, como se ele não tivesse me ouvido.
"Caia fora, inferno". Eu rosnei
"Você está brincando." Ele solta um riso fraco. Isso me envia
sobre a borda.
"Saia agora! Eu nem posso olhar pra você mais!" Eu grito tão
alto que eu mesma me surpreendo.
"Lauren, qual é a porra do seu problema?" Ele grita de volta.
"Cal, eu juro por Deus, se você não sair agora…" Ele olha para
mim como se eu tivesse falando uma língua diferente, e ouvi uma
batida na porta.
"Está tudo bem aí?" Raven pergunta com urgência, do outro
lado da porta.
"Está Lauren?" Seu tom soa perigosamente como um ultimato,
mas hoje é o dia errado para ele ir lá comigo.
"Vai ser quando você sair". Eu digo olhando diretamente nos
olhos.
"Lauren, Cal, abra a porta, por favor!" Suas batidas na porta
se tornam constantes. Eu dou um passo para trás quando Cal
caminha até mim parando apenas a algumas polegadas de
distância.
"Eu não sei o que está acontecendo com você, mas você
precisa corrigi-lo, porque na próxima vez que me pedir para sair
eu não vou voltar". Ele sussurra friamente no meu ouvido.
"Se é assim tão simples para você, talvez você não deva". Pego
as chaves para fora e as deixo cair. Ele é rápido, no entanto, quase
pegou no ar antes de tocar o chão. Lambendo os lábios e sorrindo,
então pega o casaco e abre a porta. Raven entra, olhando para
ambos. Cal me encara com um sorriso no rosto. Eu não posso
olhar para qualquer um. Eu envolvo meus braços em volta de mim
e eu olho para fora da janela.
"Eu te vejo mais tarde, Raven." Eu o ouvi dizer em voz baixa.
"Adeus, Cal". Eu a ouço dizer, e caminha para mim
lentamente.
"Lauren?" Ela diz calmamente.
"Raven, eu não quero falar agora". Eu digo no tom mais
educado que posso reunir.
"Lauren, você pode…" ela tenta incitar antes que eu a corte.
"Não agora." Eu imploro, indo para cama.
"E-está bem, querida. Quando estiver pronta para falar, você
sabe onde estou". Eu aceno, olhando através da janela enquanto o
Porsche vai embora.
02 de outubro de 2008

Eu brinco com meus dedos quando sinto o elevador se mover.


É um hábito nervoso, e eu não tenho estado tão nervosa desde o
colégio.
"Não fique nervosa". Diz Cal envolvendo os braços em volta de
mim.
"É fácil para você dizer. Estou prestes a conhecer duas das
pessoas mais importantes da sua vida, e, oh, a propósito que
possuem a maior parte de Chicago." Eu lamento, descansando
minha cabeça em seu peito. Tem sido quase seis meses que meu
romance com Cal começou, e ele ainda é um mistério para mim.
Acho que esse é um passo muito grande para desvendar esse
mistério.
"Basta fingir que eles não podem comprar ou vender sua alma,
caso eles queiram." Ele brinca.
"Oh, isso me fez sentir muito mais confortável".
"Não se preocupe, basta ser você mesma". Ele mordiscou
minha orelha e me fez esquecer meus problemas por um segundo.
Eu me separei dele quando as portas do elevador se abriram.
"Vamos". Ele pega minha mão, liderando o caminho para fora.
Eu inspirei profundamente e segui. Então meu queixo cai quando
vejo o enorme salão que se estende diante de nós.
"Viu? É como um museu". Ele pisca levando-me para o
corredor vazio. Com espanto, meus olhos seguem as pinturas que
cobrem as paredes. Cada um está enquadrado no que, eu
presumo, é ouro. Quer dizer, porque poupam no quadro quando
você pode pagar a obra-prima? Sou puxada para fora do meu
transe quando ouço a Sinfonia de Mozart nº 40 vindo de um piano
de cauda no meio da sala, que está sendo manipulado tão fácil
como se fosse um jogo de cartas. Grandes portas duplas
ornamentadas estão parcialmente abertas, à esquerda, entramos
numa sala de estar impressionante.
"Tentando se mostrar de novo, Dex?" Cal interrompe o musico
anunciando nossa chegada.
"Você realmente apareceu? Qual é a ocasião?" O homem se
levantou do piano. Seus olhos passaram sobre Cal e pousaram
sobre mim.
"Srta. Brooks, eu presumo". Ele sorri com conhecimento. Eu
engulo meus nervos. Ele é um homem pequeno, talvez um metro e
setenta ou oitenta, um pouco mais velho do que eu, com olhos
amendoados e cabelos castanhos, mas por alguma razão, a sua
presença me intimida.
"Sim, eu sou Lauren". Eu digo sem jeito. Não tenho ideia o que
é apropriado fazer então só estendi a mão.
"Eu sou Dexter Crest Field". Ele responde , pegando a minha
mão , e para minha surpresa, ele traz para seus lábios para um
beijo. Eu não posso deixar de rir.
"Prazer em conhecê-lo". Eu finalmente digo. Dexter Crest Field
Jr. O homem cujo pai é o homem mais rico do Centro-Oeste. Por
Deus, acabei de ler um artigo no jornal sobre ele para uma das
minhas aulas.
"Sua casa é bonita. Como se você não soubesse disso." Eu
digo, parecendo uma idiota, e passo para mais perto de Cal.
"Eu vou dar ao meu decorador seus elogios". Ele caminha até a
área do bar e puxa um par de garrafas. "Gostaria de algo para
beber?"
"Não, obrigada." Eu sinto que eu preciso deixar meus nervos
se acalmarem antes de eu tentar segurar algo quebrável em
minhas mãos.
"Onde está Helen?" Cal pergunta, tirando sua jaqueta e
jogando-a em uma cadeira ao lado dele como se ele estivesse em
casa. Ele gesticula para eu me sentar ao lado dele no sofá enorme.
"Ela está em algum lugar". Dexter responde, derramando o que
eu assumo que é scotch em um copo.
"Então, Lauren, Cal me disse que você é uma artista." Dexter
diz, sentando-se ao nosso lado.
"Eu não diria isso. Eu sou uma estudante de arte". Eu digo
modestamente.
"É uma artista. Eu vi o seu trabalho." Cal levanta, caminhando
em direção a uma mesa de bilhar estranhamente colocada e
começa a arrumar as bolas.
"Eu sempre quis ser artista até que eu percebi que eu não
tenho paciência." Diz Dexter. Eu vê-lo olhar por cima, irritado com
o barulho que Cal está fazendo. "Então, em uma palavra, como
você descreveria Cal?" Dexter pergunta de repente.
Pegou-me um pouco desprevenida. "Huuum. Cal é único."
Único? De onde veio isso?
"Nunca fui chamado de único antes". Cal ri, encostado à beira
da mesa de sinuca.
"Acho que essa é a descrição mais honesta e lisonjeira que eu
já ouvi." Dexter ri. "Eu já gosto de você". Sua expressão se
suavizou, pela primeira vez desde que nos conhecemos. Meus
nervos começam a acalmar, Dexter parece legal. Eu deveria saber
que Cal não iria sair com pessoas que tinham um pau preso na
bunda, mesmo que ele seja seu chefe.
"Que pena, ela é minha." Cal caminha de volta para trás de
mim e me envolve em seus braços. Seus lábios tocam meu
pescoço e me sinto corar.
"Sim, você vai ter que se contentar comigo." Uma mulher
bonita e alta, com cabelos castanhos vem com um saco que diz
Harry Winston e joga em Dexter como se fosse do Walmart.
"Quanto isso vai me custar?" Ele olha para a mulher
curiosamente.
"Nada que você não possa pagar". Em seguida, senta-se
casualmente em seu colo e beija-o nos lábios. Sua atenção se
desloca para Cal e eu pela primeira vez.
"Você está atrasado". Disse sarcasticamente para Cal.
"Eu não estou muito atrasado". Ele se defende.
"Não, você só não aparece quando diz que vai". Ela retruca
com um sorriso. Ela vira sua atenção para mim.
"Você deve ser Lauren." diz. Seus olhos me avaliam como as
mulheres costumam fazer. Ela sai do colo de Dexter e me oferece
sua mão.
"Eu sou Helen, esposa de Dexter". Explica enquanto nós
apertamos as mãos.
"Prazer em conhecê-la". Eu respondo.
"Então, Cal tem se comportado bem?" ela pergunta, dando a
Cal um olhar de aviso falso.
"Estou sempre no meu melhor comportamento".
"Claro que sim".
"Então, quais são os planos para esta noite?" Pergunta Dexter,
interrompendo.
"Bem, eu fiz a reserva para Luc vir e servir o jantar às 20h."
Helen diz agitando seu cabelo para um lado. "O que é perfeito,
porque Cal deve estar de volta até lá".
Vejo Cal dar-lhe um olhar de advertência.
"Você vai sair?" Eu pergunto. Ele não disse nada sobre me
deixar aqui sozinha. Helen parece boa e tudo, mas a questão toda
é que vim aqui para finalmente conhecer pessoas próximas a ele.
Eu não quero ser largada com seu melhor amigo e a esposa. Olho
para trás, para vê-lo ali com as mãos nos bolsos. A tensão no
ambiente sobe.
"Helen, vem me mostrar o que mais você comprou, porque eu
sei que isso não é tudo". Dexter diz, desculpando-se junto com
Helen. Quando eles desapareceram da sala, eu me levanto para
enfrentar Cal. Ele caminha em direção a mim, mas desvio o olhar.
Isso não fazia parte do meu plano para esta noite. Seus braços me
envolvem me puxando contra ele.
"Não vou ficar fora por muito tempo." Ele promete acariciando
minhas costas, o que sempre me distrai do que ele está dizendo.
"Vai dar a você e Helen algum tempo para se conhecerem". Diz
deslizando a mão sob minha blusa. Vou para longe dele. Posso
sentir minha temperatura subindo e pelo sorriso malicioso em seu
rosto, posso dizer que ele também. Ele coloca os dedos através do
cinto da minha calça e me puxa em direção a ele, para que nossos
corpos se choquem.
"Eu vou fazer as pazes". Sussurrou antes de cobrir minha boca
com a dele, mordendo meu lábio inferior suavemente. Eu sinto
suas mãos deslizarem pelas minhas costas, seu calor envia
sensações através do meu corpo que são completamente
irrelevantes no momento. Eu envolvo meus braços em volta de seu
pescoço quando ele aprofunda o beijo. Ele sempre faz isso. Eu
posso me encontrar completamente focada no que ele está dizendo
ou o que estou dizendo, então ele vem e me beija desta maneira e
tudo parece insignificante. Ele se afasta com um sorriso satisfeito
em seu rosto.
"Você está bem?" Ele pergunta calmamente, sabendo que eu
estou bem. Concordo e lambo os lábios.
"Dex diz que vai encontrá-lo lá em baixo." A voz de Helen nos
interrompe e me lembra de que estamos em casa de outra pessoa.
Helen está entrando na sala. Uma expressão divertida se espalha
por todo o rosto de Cal com a minha reação e me deixa ir. Eu olho
para Helen completamente envergonhada, mas ela apenas sorri
enquanto senta no sofá e cruza as pernas.
"Eu vou te ver mais tarde, ok?" Ele diz e dá um beijo no meu
pescoço.
"Fique longe de problemas". Helen diz num tom maternal
quando ele pega seu casaco.
"Eu não faço sempre?" Ele pisca para nós duas, antes de sair
da sala.
Cruzo os braços ao meu redor. Aqui estou eu, em uma casa
estranha com uma mulher que eu não sei nada. Por que eu tenho
que estar tão nervosa? Espero que o desconforto encha a sala,
mas antes, ela começa a falar.
"Você vai se acostumar com isso". Ela diz, acendendo um
cigarro.
Eu olho para ela com curiosidade. "Acostumar-me com o quê?"
Eu pergunto, esperando que ela não fumasse um após o outro. Eu
tenho o suficiente para lidar com essas pessoas no trabalho.
"Oh, querida." Ela sorri e caminha em minha direção. Eu
prendo a respiração por causa da fumaça. "Temos muito que
conversar". Ela fala, antes de ligar seu braço no meu. "Vamos para
o terraço" diz, abrindo o caminho. Claro, eu posso ver que esta
noite vai ser interessante.

***
Quando chegamos ao terraço, meu queixo cai. Eu pensei que a
vista da cobertura de Cal fosse incrível.
"Lindo, não é?" Ela diz, ficando confortável em uma mesa
lindamente decorada à nossa direita. "Foi da mesma forma
quando vi pela primeira também."
Há todo o mobiliário branco que se estende por metros e velas
acesas limpando o cheiro do cigarro antes que chegue à porta.
"Claro que não era assim", Ela diz, acenando com a mão para
os móveis, a saída impecável, as plantas luxuosas que tinham na
parede. "Mas eu vi o potencial."
"Você fez isso?" Eu pergunto em estado de choque quando me
sento ao lado dela. É completamente diferente do bairro gótico
pelo qual passei.
"Bem, o design. Eu disse ao decorador exatamente o que
queria e ele fez". Diz, colocando o cigarro.
"Isso é lindo". Eu admito, ainda observando ao meu redor.
"Obrigada. Dexter iria me deixar fazer o que eu quiser com o
resto da casa, mas diz que a casa de um homem é seu reino, ou
algo assim". Explica puxando seu cabelo de lado novamente.
Aparentemente, este movimento é sua assinatura.
"Então me conte a história entre você e Cal. Eu sei a versão
resumida que Dexter disse. Os homens são tão vagos sobre coisas
assim." Apoia o queixo na palma da mão como se estivesse pronta
para ouvir uma boa história.
Eu exalo. Eu realmente não gosto de entrar em detalhes. Eu
nunca me senti confortável falando com as pessoas sobre coisas
assim. “Bem, nós nos encontramos no lugar onde eu trabalho.
Colidi com ele que derramou uma bebida em cima de mim". Eu
digo, lembrando-me da noite que mudou os últimos meses da
minha vida.
"E quanto tempo vocês estão se vendo?"
"Cerca de cinco meses." Na verdade, tem sido cinco meses e
catorze dias, mas quem está contando? "E agora estou aqui para
sua aprovação, eu suponho." Rio, sentindo-me um pouco mais
confortável com isso.
"Oh não, Lauren, não se preocupe conosco. Cal faz o que quer.
Ele está aqui para mostrar você". Diz naturalmente. "Na verdade, é
só entre nós." Ela se inclina como se estivesse me dizendo um
grande segredo. "Você é a primeira mulher que ele trouxe para
mostrar para nós, ou pelo menos para mim." Ela pisca para mim.
Eu não posso deixar de sorrir, mas de alguma forma, saber isso
me faz ficar nervosa de novo.
"Portanto, deve haver algo mais em você além de ser bonita."
Helen ri. Corei com o elogio. "Dex e Cal tem um gosto por
mulheres bonitas e belas mulheres têm um gosto para eles." Ela
suspira, deslocando-se em seu assento. Eu engulo meus nervos,
mas ela percebe a minha expressão. "Não se preocupe, é preciso
mais do que um rosto bonito para influenciá-los. Eles não são
idiotas como a maioria dos homens." Ela ri.
"Há quanto tempo você conhece Cal?" Eu pergunto ainda me
sentindo desconfortável.
"Vamos ver, acho que este ano, cerca de seis. Sim, isso seria
correto."
"Então, Dexter e Cal são realmente próximos?"
"Como irmãos. É bom para eles, desde que Dex é filho único e
Cal não tem ninguém." Eu não posso ajudar, mas me sinto triste
na última parte que ela diz. Sabia que Cal foi adotado, mas nunca
pensei que não tinha ninguém. Eu sei que seus pais sempre foram
uma questão sensível. Após a morte de meus pais eu me senti
sozinha, mas eu sempre tive um ótimo relacionamento com Raven.
Eu presumi que ele e seus pais adotivos fossem cordiais, mas não
fechados.
"Como você e Dexter se conheceram?" Eu pergunto, mudando
de assunto. Ela sorri ligeiramente.
"Ele estava em um evento beneficente pelo Hospital Geral de
Chicago, onde eu costumava trabalhar. Eu não sabia quem diabos
ele era, mas se aproximou de mim e disse: ‘vou doar um milhão de
dólares se você sair comigo esta noite’. Aqui estou eu, com este
homem corajoso. E que, eu assumi, era um mentiroso. Então eu
disse: ‘Se você doar um milhão de dólares, eu vou correr nua pelo
hotel’, ele riu e saiu. Eu não ouvi mais sobre ele. Dez minutos
mais tarde, a superintendente do hospital anunciou que Dexter
Crest Junior, apenas doou dez milhões de dólares para o hospital
e quando o vi andando até ela, meu coração parou. Ele começou a
rir e se juntou a ela."
"Fica melhor. Após seu discurso, durante o qual, por sinal, ele
manteve contato visual comigo o tempo todo, ele caminha na
minha direção, se inclina e sussurra: Eu prefiro a minha casa e me
deixe o seu número” ela termina com um sorriso no rosto.
"Uau". Eu digo chocada. "Isso é uma grande história."
"Sim, é um filho da puta sarcástico. Mas é doce quando ele
quer." Ela sorri. "Bem, você sabe o que quero dizer. Cal é um
bastardo arrogante."
Eu nunca pensei nele como arrogante, mais sim confiante. Ele
não se importa com o que os outros dizem ou pensam sobre ele,
porque ele sabe que todos ou querem ser ele ou querem dormir
com ele, dependendo da preferência. Ele faz o que quer, quando
quer. É apenas rotina.
"Chega de falar da gente. E quanto a vocês, filhos, carreira,
casamento?" Ela pergunta, acendendo outro cigarro.
"Com Cal?" Eu pergunto confusa.
"Sim" ela diz, tragando o cigarro novamente.
"Bem, nos conhecemos a pouco tempo". Balbucio alguma
resposta. Ela realmente quer ir direto ao ponto.
"Bem, você é o tipo de garota que sonha em se casar ou quer
esperar tanto tempo quanto possível?"
"Eu me vejo casada e com uma família algum dia. Gostaria de
viajar para o exterior e, em seguida, voltar e fazer algo que faça a
diferença, mas eu não sei. O casamento é, pelo menos, algo muito
distante." Eu rio.
"Você nunca sabe." Ela ri. Eu olho para o pôr do sol. "O que
quero dizer é que eu estava no mesmo caminho. Quando me
encontrei com Dex, eu só planejava jogar com ele e acabei me
apaixonando. Dois anos depois, ele me pediu em casamento, e
ninguém diz não a Dexter Crest Field." Ela ri, jogando fora o
cigarro. Em seguida, puxa um pacote de chicletes.
"Por alguma razão, eu não acho que Cal é o tipo que se casa."
Eu rio. Helen sorri e caminha para o banco e se senta.
"Acredite em mim, a pior coisa que poderia fazer com Cal é
assumir algo." Ela vira a atenção para longe de mim e olha para o
céu. Pergunto-me o que isso quer dizer, mas não vou questiona-la.
Além disso, eu sinto que estaria indo em direção a um território
que Cal não iria querer. O pôr do sol no horizonte é incrível.
"Gostaria de um?" Ela diz me oferecendo um pacote de
chiclete.
"Obrigada." Eu acho que você tem que andar com chiclete se
você fuma. Eu olho para cima e acho Helen olhando para mim.
Rapidamente olho para longe.
"Lauren, vou compartilhar algo com você." Meu estômago torce
com a súbita mudança de tom. "Eu não sei como você se sente
sobre Cal. Pelo que posso ver você realmente gosta dele. Dexter me
diz que você realmente se preocupa com ele. Eu conheço Cal há
tanto tempo que ele é como um irmão para mim, eu vou dizer isto,
algo que eu gostaria que alguém tivesse me dito para não ter que
aprender da maneira mais difícil. Dexter é uma pessoa muito
complicada e assim é Cal."
"Haverá momentos em que você não vai saber qual é o
problema, mas para que haja alguma esperança de que os dois
tenham um relacionamento que valha a pena, você tem que
aceitá-lo completamente. Você vai ter que aceitá-lo pelo que ele é,
tudo, incluindo a parte que pode nunca chegar a saber…" ela
quebra sua expressão séria com sorriso antes de retornar. "Quem
sabe, talvez ele não seja como Dexter. Talvez ele vá ser mais
aberto com você do que Dex é comigo. Ele realmente não me
preocupa. Francamente, quanto menos eu souber melhor, mas
algumas pessoas não conseguem lidar com isso." Seu olhar é
desconfortável e está me fazendo desconfortável. De repente eu me
sinto como se eu fosse a julgamento. Eu limpo minha garganta.
"Está ficando muito frio aqui fora. Vou voltar para dentro." Ela se
levanta.
"Acho que vou ficar aqui mais um pouco". Eu digo.
"Ok, eu vou estar lá em baixo, Luc deve ter chegado a essa
hora, vou ver como ele vai. A cozinha é no primeiro andar, no
canto inferior esquerdo. Você verá logo que você chegar lá" explica.
Eu concordo.
"Bem, lá é onde eu estarei." Se você quiser uma jaqueta temos
algumas no armário do quarto que passamos para chegar até
aqui, é só pegar.
"Estou bem. É lindo aqui fora. Eu quero absorver tudo isso, se
você não se importa” eu sorrio.
Ela sorri de volta. "Eu entendo completamente. Venha para
baixo quando você estiver pronta ou vá para onde você quiser.
Sinta-se em casa, apenas não se perca." Ela ri antes de sair.

***
O sol está completamente escondido, o céu é escuro com velas
iluminando o lugar onde estou. Eu não sei quanto tempo eu estive
sentada aqui fora. Tento analisar e entender as palavras Helen tão
gentilmente compartilhou comigo. Eu tento entender as pesadas
palavras escondidas por trás de seu comportamento extravagante
e temperamental quando ela falou.
Elas me assustam e eu não sei por quê. Eu estive com Cal por
cinco meses e meus sentimentos foram aumentando a cada dia
que eu passo com ele, mas eu não pensei sobre casamento. Sim,
claro que eu fantasiava sobre isso, mas eu não levo a sério. Eu sei
que eu não me vejo casada com um homem que tem um mundo
cheio de segredos. Eu só estou sendo boba, nenhuma maneira que
eu vou casar com Cal e sentir que não o conheço. Isso
simplesmente não vai acontecer. Além disso, Dexter e Cal são
duas pessoas diferentes, mesmo se o que ela disse é verdade. Ou
talvez ela esteja vendo algo que não está lá ou está tentando me
assustar. Estou em meus pensamentos quando uma mão quente
desliza na parte de trás da minha camisa. Eu me viro para ver Cal
sorrindo para mim. Ele se senta ao meu lado e me puxa para o
seu colo.
"O que há de errado?" Ele pergunta, olhando nos meus olhos.
"Nada. Por quê?" Eu sorrio. O calor de seu corpo em torno de
mim e eu percebo como estou fria.
"Bem, eu venho aqui esperando algum tipo de boas-vindas e
você está aqui em transe. Você nem sequer percebeu que eu
estava aqui. Eu me sinto um pouco ofendido." Ele sorri.
"Estava sonhando." Eu sorrio, descansando minha cabeça em
seu ombro.
"Mentirosa." Ele ri, mas deixa o assunto. "Há quanto tempo
está aqui?" Ele pergunta, envolvendo seu casaco por cima dos
meus ombros.
Eu sorrio agradecida. "Cerca de meia hora." Mais como uma
hora e meia.
"O que você achou de Helen?" Pergunta curiosamente.
"Agradável" eu digo antes de beijá-lo suavemente.
"Agradável. Helen não é agradável, ela intimida, manipula e
frustra. E isso é quando ela gosta de você." Ele ri divertido.
Eu rolo meus olhos alegremente. "Então, por que você me
deixou com ela?"
"Eu sabia que você poderia lidar com isso." Desliza seus lábios
no meu pescoço, e, em seguida, através dos meus lábios. "E o que
ela disse sobre mim?" Murmura. Às vezes ele gosta de jogar
comigo.
"Além de que você é um playboy cruel que quebra os corações
de centenas de mulheres?" Eu brinco não muito tempo antes de
desistir e juntar seus lábios nos meus. Eu separo para recuperar o
fôlego e olho em seus olhos.
"O quê?" Ele pergunta curioso. Talvez Helen estivesse me
manipulando, como ele disse. Talvez ela esteja errada, ela tem que
estar.
"Nada." Eu sorrio.
11 de maio de 2011

Eu me pergunto se é tarde demais para mudar as coisas, se eu


aceito a maneira como as coisas são por muito tempo? É tarde
demais para ele quebrar o molde rígido que criou em torno dele?
Ele diz que quer ser aceito por quem ele é, mas como eu ia aceitar
me conformar com uma pessoa a quem eu nunca sei tudo? Aceitá-
lo dessa forma me tornaria um capacho? Não pode, não é?
Respiro fundo, terminando de colocar o último item na mala e
eu pego as chaves na cômoda. Eu olho no espelho, verificando
minha aparência. Meu rosto está cansado, mesmo depois de
tomar banho e aplicar um pouco de maquiagem, meus olhos
ainda estão inchados de chorar a noite toda. Eu não quero desistir
dele, de nós, mas ele tem que ver que estou falando sério. Sim, eu
disse-lhe para sair e queria fazê-lo nesse momento, mas a raiz do
problema é que ele está longe de mim. Agora literal e
figurativamente.
Eu escorrego para o meu par de Chuck Taylor que são mais
velhos do que o meu casamento, mas são mais confortáveis do
que as minhas botas de salto de cinco centímetros. Eu costumava
usar aqui, mas vão melhor com o jeans e a camisa que estou
usando. Eu pego minha bolsa e minha mala e arrasto-a pelas
escadas até a cozinha, onde Raven está sentada com uma xícara
de chá na mão. Sorri quando eu entro e seus olhos se desviam
para a bolsa no meu ombro.
"Deixe-me lhe servir um pouco de chá". Diz ela rapidamente.
Eu começo a protestar, mas eu percebo que é mais fácil aceitar.
“Eu achei que você ia dormir até mais tarde". Ela diz, entregando-
me um copo. Coloco minha bolsa no chão e me sento em frente a
ela.
"Não. Eu disse que queria começar o dia cedo." Pego o copo
que ela me ofereceu.
"Por quê?" Pergunta antes de se sentar ao meu lado.
"Vou embora."
"Vai voltar para casa?"
"Não" digo depois de tomar um gole de chá. "Vou ficar com
uma amiga em Chicago por um tempo, enquanto eu decido o que
eu vou fazer" eu digo.
"Lauren, eu quero que você fique aqui, eu não…"
"Eu preciso ficar longe. Não de você. Eu só preciso de uma
mudança de cenário". Interrompo-a. Vejo que ela não aprova, mas
não protesta.
"Você vai dirigindo?"
"Não. Vou deixar o carro aqui. Lá não terá lugar para
estacionar. Eu vou chamar um táxi para me levar até a estação de
ônibus e vou ter que o ver resto da viagem."
"Eu vou dirigindo". Ela oferece.
"Não faz sentido você me levar para Chicago e, em seguida
voltar."
"Está bem. Não tenho muito que fazer hoje". Diz ela,
derramando um pouco de chá, mas o meu copo está longe de
estar vazio.
"Não, Raven, não é necessário, e a viagem vai me dar tempo
para limpar meus pensamentos" eu digo desesperada para não
discutir com ela.
"Bem, pelo menos me deixe levá-lo para a estação de ônibus"
diz suplicante.
Suspiro, sentindo um sorriso pairando sobre meu rosto.
Cedendo. "Está bem."
"Então, quem é esse amigo com quem você está ficando?"
Pergunta curiosa.
"Alguém que com quem eu trabalhava enquanto eu estava na
faculdade" eu digo, correndo o dedo da borda do meu copo.
"É uma mulher, certo?" Pergunta nervosamente.
Meus olhos se arregalam em surpresa. "É claro que sim" eu
digo rapidamente.
"Só perguntando." Ela sorri, aliviada. Eu não posso deixar de
rir. Se Cal pensasse que vou ficar com um homem, eu não posso
nem imaginar o que faria. Não é do tipo ciumento. Ele nunca teve
motivo. Eu só tinha olhos para ele desde que estivemos juntos.
Nenhum outro homem teria uma chance e ele sabe disso. Mas se
ele não pensasse, eu odiaria ver o que faria. Eu só vi o seu
temperamento uma vez na minha vida e foi como um leão fora de
sua jaula. Ele estava furioso, e espero nunca mais vê-lo.
"Quanto tempo você vai ficar com essa amiga?" Pergunta ela,
pegando o copo da minha mão, que eu só dei um gole.
"Não sei. É só que… eu preciso ficar longe de tudo o que eu
estou acostumada." Suspiro.
Raven continua suas tarefas na cozinha, em seguida, se vira
com as mãos nos quadris.
"Bem, eu realmente gostaria que você ficasse aqui e me
deixasse ajudá-la com o que você está lidando. Mas o que você
sente que você precisa fazer, eu concordo e eu apoio cem por
cento."
Eu não posso deixar de sorrir. Às vezes Raven apenas me
surpreende. Ela faz exatamente o oposto do que eu acho que vai
fazer. Eu me levanto da cadeira e a abraço com força,
reconhecendo o cheiro de seu perfume quando eu era mais jovem.
"Obrigado". Eu digo suavemente, inalando o perfume.
"Tudo vai ficar bem, querida" ela diz, esfregando minhas
costas.
"Espero que sim. E… Eu não quero perder meu casamento.
Ele está apenas começando a ser demais. Eu acho que dar um
passo atrás, longe de todos os problemas que estamos lidando
seria bom para ambos."
"Este é apenas um momento difícil. Todos os casamentos
passam por isso" ela disse, me abraçando um pouco mais forte.
Ela vai para trás e levanta meu queixo. "Eles se tornam mais
fortes se conseguem atravessá-los". Ela disse com um sorriso
triste. Concordo, limpando as lágrimas.
"Na verdade, isso vai ser bom para você, encontrar algum
tempo para si mesma. Às vezes você se esquece de si mesma
quando você já gastou muito tempo com outra pessoa." Ela sorri,
colocando no uma mecha no lugar. Imaginei essa conversa
diferente. Eu pensei que ela iria me dizer para parar de ser tão
sensível e que eu ficasse ao lado de meu marido.
"O quê?" Ela pergunta com um sorriso.
"É só que, eu pensei que você estaria do lado de Cal". Eu digo.
"Lauren realmente não sei o que está acontecendo entre vocês
para tomar partido. Mas você é minha sobrinha e eu te amo. Eu
me preocupo com Cal, mas se ele está fazendo você se sentir desta
forma, não posso apoiá-lo. Você está em primeiro lugar. No final
eu vou apoiá-la, você estando certa ou não. Mas eu não acho que
você está errada sobre isso."
Abraço-a novamente.

***

"Lauren, estamos aqui" diz Raven, gentilmente me cutucando.


Abro os olhos e vejo que estamos em frente à estação de ônibus.
Eu me estico um pouco, eu me sinto como se eu estivesse
dormindo por horas e ainda poderia dormir por vários dias.
"Querida, você está bem?" Ela pergunta, olhando para mim
com uma expressão de preocupação.
"Sim, apenas cansada" eu digo, pegando a minha bolsa do
chão e colocando-a no meu colo.
"Eu estava falando e antes que eu percebesse você tinha
dormido. Espero ter sido tão entediante." Ela sorri e eu também.
"De modo nenhum, é só que eu não consegui dormir muito na
noite passada" eu digo. Sua expressão mostra que ela não está
convencida.
"Você tem certeza que não quer uma carona? Não tem
problema". Ela diz novamente.
"Eu vou ficar bem. Sentir-me-ei melhor sabendo que você não
vai dirigir de Chicago sozinha" eu digo, saindo do carro. Caminho
para o lado dela do carro e ela sai.
"Eu acho que não há nenhuma maneira de convencê-la a
ficar." Eu rio de sua persistência e suspiros. "Bem, querida, fique
bem" ela diz, me puxando para um abraço.
"Eu vou". Prometo a ela.
"Eu me sentiria muito melhor se você me desse o número
dessa amiga." Ela franze a testa.
Eu nego. Eu faria, mas Raven apenas ligaria uma centena de
vezes para ter certeza que estou bem, para não mencionar o fato
de que eu não quero que Cal saiba onde eu vou estar. E não
importa quantas vezes Raven diga que não daria ou não falaria
onde eu estou, eu sei como Cal pode ser persuasivo. Ele é um
mestre na arte da persuasão, e quem não está imune a ele faz o
que ele quer em poucos minutos.
"Você quer que eu espere até que o ônibus chegue?"
"Não, obrigada, eu estou bem, deve chegar em breve… Veja. Aí
está." Eu apontei para o estacionamento de ônibus na área de
embarque.
"Ok, querida." Ela sorri fracamente e me dá outro abraço.
"Apenas me ligue quando você entrar na casa da sua amiga, ok?"
Ela fala.
"Farei. No momento em que bater na porta." Eu lhe asseguro
novamente. Ela hesitante vai até o carro. Ela faz uma pausa para
olhar para mim de novo. "Eu prometo" eu digo. Ela sorri e me
puxa para um beijo antes de finalmente sair. Ajeito a posição da
alça da bolsa no meu ombro e vou comprar uma passagem.

***

"Nós estamos aqui". Diz o homem alto e de cabelos grisalhos.


Eu sorrio sem jeito.
"Quanto é?" Eu pergunto, abrindo minha carteira.
"Vinte dólares e setenta e dois centavos". Diz ele. Entrego uma
de vinte e cinco.
"Obrigado senhora, tenha um bom tempo". Eu sorrio.
"Você também". Eu digo saindo do táxi.
É quase assustador o silêncio da rua perto do centro de
Chicago. Normalmente há sempre o barulho de veículos, pessoas
ou música tocando alto, a trilha sonora da cidade. Olho os nomes
listados ao lado das campainhas e sorrio quando vejo Davis. Eu
aperto e espero por uma resposta.
"Quem é?" Eu escuto a sua voz perguntar. Sorrio.
"Lauren." Eu rio.
"LAUREN! Já estou descendo." Eu não posso deixar de rir, seu
entusiasmo é contagioso, momentos depois, a porta se abre e ela
quase me derruba com seu abraço.
"Eu não posso acreditar que você está aqui. Oh, meu Deus!"
Ele grita no meu ouvido enquanto eu tento manter o equilíbrio.
"Sim, estou aqui." De alguma forma, eu não sinto que estou
combinando com a sua energia.
"Eu pensei que você estava mentindo quando disse que você
estava vindo. Sempre que você diz que vai vir, depois liga com
alguma desculpa." Ela ri, pegando a minha mala.
"Bem, não desta vez." Suspiro.
"Vamos lá". Diz, me levando para cima. Olho ao redor do
edifício. Faz-me lembrar do meu apartamento na faculdade. As
paredes brancas, piso de madeira e janelas que deixam o sol fluir
através delas.
"Essas escadas me fazem perder pelo menos 5kg." Ela ri
quando subimos mais escadas. Mas no momento em que chego ao
seu apartamento, ela está ofegante e murmurando baixinho. "Eu
odeio viver no terceiro andar." Colocando a mão na maçaneta da
porta, anuncia: "Esse é ele!" E me guia para dentro, fechando a
porta atrás de nós.
"É pequeno, mas eu amo o bairro. Sempre silencioso, porque
há um hospital até a estrada, mas ainda perto da cidade. Eles têm
essa zona tranquila." Ela diz. Eu sorrio quando olho ao redor do
pequeno apartamento e vou até a janela, onde o sol se põe,
iluminando toda a sala. Eu fecho meus olhos quando bate no meu
rosto e eu abro quando ouço seu passo vindo em minha direção.
"Então é isso. Como eu disse, é pequeno, e você vai usar o sofá".
Explica.
"O Sofá está bom" eu lhe garanto. Ela me dá outro grande
sorriso. Essa é uma razão pela qual eu amo estar perto de Ângela,
ela tem uma maneira de olhar as coisas de forma positiva e só a vi
triste ou com raiva de alguma coisa algumas vezes.
"Eu ainda não posso acreditar que você está aqui." Ela ri,
ligando os braços comigo. Ela me leva para o sofá branco atrás de
uma mesa de café. "E, como estão às coisas?" Ela pergunta,
ficando confortável. Eu penso se digo a verdade com um sorriso
falso ou simplesmente conto todos os meus problemas.
"Bem." Eu suspiro tomando a decisão de seguir a rota que leva
menos tempo. Ela franze a testa.
"Bem?" Pergunta sarcasticamente. Concordo e começo a
brincar com os meus dedos. Ela suspira.
"Bem, eu sei que algo está errado, mas eu não vou pressionar,
por que eu sinto que você não vai me dizer agora." Ela sorri. Eu
rio. Ainda me conhece tão bem.
Agora é a minha vez de suspirar. "Cal e eu não somos os
melhores amigos agora" eu digo tensa.
Seu sorriso suaviza imediatamente. "Você quer falar sobre
isso?"
Por isso que eu amo Angie, ela não iria começar a fazer
perguntas, não se importando como me sinto sobre isso.
"Não, realmente. Agora, eu estou tão cansada. Eu só quero
dormir" eu digo.
"Claro! Bem, eu tenho uma classe em trinta minutos, então
você é mais que bem-vinda para dormir na minha cama para
descansar". Ela oferece.
"Oh não, aqui está bem." Eu indico o sofá.
"Tem certeza?"
"Eu passei apenas a última meia hora desconfortavelmente
presa em um táxi, esta é uma grande melhoria." Eu rio.
Ela se levanta. "Bem, deixe-me trazer alguns lençóis e
travesseiros". Diz ela, desaparecendo por um momento e volta com
um cobertor rosa claro e um travesseiro. E coloca do meu lado.
"Obrigada". Digo com gratidão. "Vejo que ainda gosta de rosa."
Eu rio.
"Olha quem fala." Ela me cutuca de brincadeira referindo-se a
temporada de gasto com vários tons de rosa para pelo menos um
ano, eu precisava de algo tão feliz da minha vida entediante e
parecia uma boa ideia no momento.
"Minha classe tem mais de três horas e depois eu vou para a
biblioteca por uma ou duas horas. Quando você voltar, você já
deve estar descansada, para que possamos fazer e falar coisas de
meninas e você pode pegar comida, ok?" Diz ela, pegando uma
escova e passando rapidamente através de seu cabelo.
"Isso soa bem". Eu digo, tirando o tênis.
"Lauren, quantos anos eles têm?" Ela pergunta.
Eu cubro meu rosto com vergonha.
"Eles são os únicos sapatos baixos que eu tenho". Eu admito e
ambas caímos na gargalhada.
"Uau. De qualquer maneira, há sobras de pizza na geladeira,
que você é bem-vinda para comer, embora eu não recomende.
Pepsi é tudo o que eu tenho para beber, eu me tornei viciada, e se
você quiser tomar banho, ligue o chuveiro por dez minutos antes:
ele leva uma eternidade para aquecer, acredite" explica, pegando
sua bolsa na mesa de cozinha. "O banheiro é próximo ao meu
quarto. Eu não tenho que te mostrar a cozinha". Indica
rapidamente. "Eu me sinto tão mal em deixar você aqui sozinha
quando você acabou de chegar. Eu sinto que eu deveria te mostrar
tudo." Ela lamenta.
"Angie, não é como se eu fosse uma turista, não tem que me
mostrar ao redor. E mais ou menos eu chamei em curto prazo. Eu
garanto que eu vou ficar bem."
"Eu sei. No entanto, eu me sinto muito mal, mas eu vou ter
que fazer isso mais tarde." Ela ri, pegando as chaves sobre a
mesa. "Se eu perder o ônibus estou literalmente arruinada". Ela
diz correndo para a porta. "Como eu disse, minha casa, sua casa".
Diz antes de sair, e eu ouço o trinco da porta.
Olho ao redor do pequeno e aconchegante apartamento e me
lembro de quando eu e Hillary costumávamos ser companheiras
de quarto. Nosso apartamento era pequeno, mas o quão quente ele
era. Isso é exatamente o que está faltando em minha própria casa,
carinho e felicidade. Procuro um telefone, esperando que ela tenha
um e localizo um sem fio na cozinha e ligo para Raven.
"Raven sou eu. Cheguei em segurança. Poucos minutos atrás,
eu só queria que você soubesse, eu estou realmente cansada,
então eu vou ligar novamente esta noite. Te amo." Digo após o
sinal e desligo. Eu rastejo de volta para o sofá e estendo o lençol
sobre minha cabeça. Sem luzes, mas o sol enche o apartamento.
Meus olhos estão tão pesados que parecem com tijolos.
Finalmente deixo-os fecharem.

***

"Lauren, Lauren." Abro os olhos para ver Angie em pé ao meu


lado.
"Hey". Eu digo, começando a acordar.
"Você esteve dormindo esse tempo todo?" Ele diz acendendo
uma lâmpada ao nosso lado. Meus olhos se ajustam a luz, o sol
está completamente escondido.
"Eu acho que sim". Eu digo sonolenta sentando no sofá.
"Se sente bem?" Pergunta preocupada.
"Sim, eu tenho estado muito cansada" eu digo. Ela põe a mão
na minha testa.
"Você está quente. Você se sente doente?"
"Não, eu me sinto bem. Eu simplesmente não tenho sido capaz
de dormir muito ultimamente". Eu minto. Eu dormi muito. Parece
que tudo o que faço é dormir, ou chorar.
"Tem certeza?" Pergunta incrédula.
"Eu estou completamente bem". Eu digo com certeza. A última
coisa que eu preciso é de outra pessoa se preocupando comigo, foi
por isso que eu deixei a casa de Raven.
"Ok, eu comprei comida chinesa no caminho de casa. Eu
pensei que você não teria comido nada até agora." Ela ri pegando
o controle remoto. O aparelho de som liga.
"Precisamos de um pouco de vida nesta casa." Ela ri e começa
a mover os quadris ao ritmo da música. Eu rio quando ela olha na
minha direção com a cara mais séria sobre a face da terra. "Eu vi
você dançar no clube. Não seja toda tímida". Ela avisa, em
seguida, pegue minha mão e me levar para a área da cozinha.
"O que você comprou?" Eu pergunto, ouvindo meu estômago
roncando.
"Arroz frito, frango com laranja e cebola, e panquecas". Diz me
entregando um prato e talheres.
"E, como é que está a pós-graduação?" Eu perguntei enquanto
lavo minhas mãos.
"Chato e difícil, mas é melhor do que conseguir um emprego."
Ela ri, pegando uma panqueca e sentando à mesa. Eu rolo meus
olhos alegremente. Os pais de Ângela concordaram em pagar o
que ela quisesse ou precisasse, enquanto estudasse e ela leva isso
ao extremo.
"Vamos lá, não olhe pra mim, Cal mima você também." Ela ri.
"Bem, isso é porque ele nunca está em casa". Eu digo
secamente, tomando um lugar na mesa. Sua expressão suaviza, e
senta-se ao meu lado.
"Ele ainda está trabalhando para a Crest Field Corporation?"
Pergunta casualmente. Concordo. "Longas horas?" Diz cética até
para ela mesma.
"Sim, talvez isso." Eu rio sarcasticamente.
"Você não acha que ele está te traindo. Ou acha?"
"Ele diz que não, mas quantos maridos dizem isso as suas
esposas?"
"Você acredita nele?"
"Os nossos problemas, creio eu, são muito maiores do que
outras mulheres, mas não posso descartar." Rio me servindo um
pouco de arroz frito. Eu pego uma colher, sentindo o desconforto
encher a sala.
"O que pode ser maior do que um caso?" Pergunta de repente.
"Eu gostaria de saber". Eu digo empurrando o meu prato. De
repente eu perdi o apetite.
"Você sabe, quando você chamou, eu estava um pouco
surpresa, para dizer o mínimo." Revela.
"Lamento a falta de informação, só que eu precisava fugir."
"Está bem. Eu sei como é isso." Ela sorri calorosamente. "Eu
lembro de como você e Cal eram, quão apaixonados de vocês
eram. Para não mencionar como extremamente ciumenta
estávamos Hillary e eu." Eu rio. "Quero dizer, ele era incrivelmente
quente." Ela suspira.
Eu sorrio. "Ele ainda é."
"Você se lembra de Devon? Eu queria pular em cima dele toda
vez que eu o via. O problema era que ele também queria fazer isso
com todas as mulheres." Ela ri.
"Devon, o jogador de basquete?" Eu pergunto, como se não
soubesse. Ele era inesquecível, com a pele bronzeada, o cabelo
preto e um par de olhos verdes.
"Sim, em todas as cidades em que jogou ele teve pelo menos
três mulheres." Ela ri. "Você sabe, eu saí com asiático, negro,
latino-americano e italiano, querida você sabe o que todos eles
têm em comum? A incapacidade de compreender o conceito de
estar em um relacionamento monogâmico" explica franzindo a
testa enquanto servia arroz no seu prato. "Mas estou determinada
a encontrar um. Até agora eu tinha o pior gosto para homens." Ela
franze a testa.
Sinto-me triste pela minha amiga. Lembro-me dela e Devon, e
eu estava loucamente apaixonada por ele. Era bonito, mas Ângela
o acompanhava na aparência, possuindo pele caramelo, olhos
puxados e um rosto que combinava com o cabelo curto. Atraia
homens de todos os tipos, apenas nunca o certo.
"Não todos nós". Murmuro, dando outra mordida.
"Bem, pelo menos nós não somos tão ruins quanto Hillary.
Aquela garota poderia escolher entre o próprio diabo." Ela suspira.
"Yep, o único cara bom que ela tinha era John, e deixou-o por
aquele horrível caipira, Aaron."
"Deus, eu pensei que eu poderia escolher mal. Mas ela leva a
coroa."
Meus pensamentos voam com a voz de Ângela. Lembro-me
claramente da noite, quando eu vi o quão ruim um homem podia
ser e verdadeiramente impotente e perdida uma mulher poderia
ficar. Naquela noite, eu vi um lado de Cal que nunca mais queria
ver, mas uma pequena parte de mim estava grata que existisse.
02 de abril de 2009

"Eu nunca vou me cansar disso" eu digo, enquanto descanso


minha cabeça no peito de Cal. O telhado do seu prédio tem uma
das melhores vistas de Chicago.
"Então se acostume." Ele sorri com superioridade,
imperturbável. Eu rolo meus olhos alegremente e o ignoro olhando
para o céu. Eu me acostumei com seu desinteresse nas coisas que
me fascinam.
"Eu poderia ficar aqui para sempre." Eu suspiro, olhando para
as estrelas. Olho para Cal, seus olhos são inebriantes com tons de
cinza fracos no brilho verde. Deus, quando ele me olha dessa
forma…
"O quê?" Eu pergunto com um sorriso, ele ri um pouco.
"Você não é boa para mim". Ele diz, envolvendo o braço ainda
mais firmemente ao redor da minha cintura. Eu olho para ele com
uma expressão confusa.
"Por quê?" Pergunto de brincadeira. Ele faz uma pausa.
"Você me faz lembrar alguma coisa". Ele diz suavemente.
Levanto minha sobrancelha em questão. "Não é de outra garota."
Ele ri, sentindo meu ciúme.
"Então, quem?" Eu pergunto com curiosidade e seu sorriso
amolece.
"Mais como um sentimento" murmura passando as mãos pelos
meus cabelos.
"E isso é bom?" Eu pergunto com um sorriso.
"Eu não sei" diz antes de pressionar seus lábios contra os
meus em um beijo sensual. Isso ainda me deixa tonta.
"Não, você não é bom para mim." Eu rio.
Ele sorri. "Por que isso?" Passa seus dedos pelo meu estômago.
"Você me distrai". Eu digo, ignorando os calafrios que ele
causa.
"De que?" Ele sorri maliciosamente e continua me acariciando.
"Das coisas que eu deveria me concentrar, como minha vida,
contas, faculdade." Eu começo a recitar rapidamente.
"Bem, isso é chato". Ele diz, começando a desabotoar a minha
camisa.
"Você sabe que nem todos podem viver a sua vida. Voando em
jatos, vivendo em uma cobertura, e fazendo o que quiserem". Eu
digo, tentando me concentrar em minhas palavras e não o aperto
no meu estômago.
"Mas deveriam" diz antes de seus lábios encontrarem meu
pescoço e beija-lo avidamente.
"O mundo seria um caos" eu digo, enquanto ele continua me
despindo, pouco sabe que eu não vou deixá-lo fazer o que quiser
comigo no telhado. Provavelmente não.
"Eu vivi a vida de forma diferente. Não era muito interessante"
ele murmura, perseguindo meus lábios com os dele.
Antes de me perder em seu beijo eu me afasto. "E quando foi
isso? Entre você saltar de aviões e saltar de edifícios?" Pergunto
envolvendo meus braços em torno dele.
"Em outra vida." Ele sorri, esfregando a parte de trás das
minhas coxas. "Isto é como você deve viver".
"Tenho certeza que todos gostariam de viver assim, mas é uma
fantasia. Você não pode viver dessa maneira todos os dias."
"Eu faço."
"Bem, isso é porque você é único" eu disse me lembrando da
palavra que usei quando Dexter me pediu para descrevê-lo. Ainda
assim, parece se encaixar direito.
"Normal é chato: acordar a cada dia para trabalhar das nove
as cinco em um trabalho que você odeia, voltar para casa para a
esposa e os pequenos monstros correndo pela casa, em seguida
dormir e começar tudo de novo. Eu não quero que o destaque
minha vida seja uma promoção e ainda ganhar menos do que
$50.000 por ano." Sua voz é leve, mas há seriedade em seus
olhos.
"A vida não tem que ser assim. O casamento não tem que ser
uma rotina, seus filhos não terão que estar gritando como
monstros." Eu rio.
"Por que trabalhar a vida inteira sem receber nada em troca,
querendo coisas que você nunca pode pagar? Sonhando com
lugares que você nunca pode ir? Não trocaria isso pela
normalidade" murmurou levantando da rede.
"Você faz parecer como se a única coisa que interessa é o
dinheiro."
"Não é assim. Trata-se de viver a vida ao máximo. Faça o que
quiser ao invés de apenas fantasiar sobre isso. Você precisa de
dinheiro para fazer isso". Diz ele, como se fosse simples.
"Há mais coisas do que viajar pelo mundo e viver o momento,
Cal. Essas coisas são grandes, mas o que os torna agradável é que
você está escapando. Se você faz o tempo todo, qual é o ponto? O
que tem uma família e se estabelecer?" Eu pergunto.
"Você ouviu o que você disse? Se estabelecer? Eu não vou me
contentar com qualquer coisa no mundo". Diz ele.
Suas palavras me machucam. Será que se casar e ter uma
família não o satisfaz? É isso, agora, tudo a partir de seu ponto de
vista? Ter o que você quer e não considerar qualquer outra coisa?
E onde eu entro nessa equação? Eu estive com ele por um ano e
realmente não sei. Meus sentimentos por ele ficam mais fortes a
cada dia que passamos juntos e todos esses sentimentos estão
embaraçados com a luxúria.
Assusta-me que eu estou com muito medo de fazer essas
perguntas, porque, bem, eu não tenho certeza se quero saber a
resposta. Cal é diferente de qualquer outra pessoa que eu conheci.
Eu sou importante em sua vida hoje, mas o que vai acontecer
quando eu não for? Eu vi o quão rápido ele se cansa das coisas.
Era inevitável desenvolver sentimentos por ele depois de todo o
tempo que passamos juntos. Ele me faz sentir como ninguém fez.
Um ano se passou como um momento, e quando eu estou com ele,
o tempo não é realmente um fator. Eu envolvo meus braços em
minha volta, sentindo frio agora que eu estou fora dos braços de
Cal. Eu solto uma respiração muito necessária. Meu celular toca,
e eu ignoro.
"Então é isso que eu sou para você? Alguma diversão, algo que
você só quer fazer por um tempo?" Pergunto.
Ele caminha até mim e me levanta em seus braços. "A Razão
pela qual você me assusta é porque você não é." sussurra em meu
ouvido.
Eu olho em seus olhos, me sentindo impotente. Este homem
poderia facilmente quebrar meu coração. Ele roubou-o com um
sorriso, e eu não quero de volta.
"Você quer que eu seja?" Pergunto-lhe. Ele levanta meu queixo
para que eu o ver.
"Nunca." Ele sorri com aquele sorriso de menino.
Ele ainda me envia borboletas, e seu toque me dá arrepios
desde que nos conhecemos.
"Eu ainda não me sinto completamente confortável em torno
de você". Digo honestamente.
"Isso é bom, quando você se sente confortável, é quando você
fica entediado.”
"Diga-me o que não deixa você entediado?" Eu pergunto
sarcasticamente.
"Eu posso pensar em algumas coisas" ele diz com um sorriso
maroto.
Meu telefone toca novamente. É o tom especialmente
designado para Ângela. Ela não me liga duas vezes seguidas, a
menos que seja algo importante. Eu escapo de seus braços para
pegar o meu telefone e respondê-la.
"Hey, Ângela. O que foi?" Rio ignorando as mãos de Cal no
meu corpo.
"Lauren… Hillary está aqui. Eu… eu não sei o que fazer… Ela
não quer chamar a polícia.” Sua voz é trêmula e afiada.
"A polícia? Espere um segundo, Angie, o que aconteceu?" Cal
para o que está fazendo e me olha preocupado.
"Ela brigou com o namorado, ela está muito ruim, Lauren. Eu
não sei o que fazer". Explica.
"Ele bateu nela?" Eu pergunto incrédula.
"É muito ruim dessa vez." Sua voz treme como se estivesse
prestes a chorar. Oh Deus, eu não posso acreditar nisso!
"Dessa vez?" Pergunto freneticamente.
"Ela não queria te dizer, ela sabia que você iria querer ir à
polícia. Desculpe, eu não achei que ele iria tão longe." Eu posso
me sentir tremer. "Estou indo". Eu digo rapidamente, desligando.
Eu posso sentir as lágrimas encherem meus olhos.
"O que foi?" Cal parece preocupado.
"O Namorado da Hillary a espancou" eu digo rapidamente.
"Lauren se acalme. Eu vou com você". Diz com firmeza.
"Não, eu preciso fazer isso sozinha." Porra! Se eu não tivesse
vivido na Ilha da Fantasia com ele, teria conhecimento do quão
ruim era à situação. Eu poderia ter ajudado. Eu não estive
fazendo muita coisa, exceto ficar com Cal. Eu sabia que esse cara
era ruim e ignorei porque Hillary falou tanto dele. Mas se eu
estivesse em casa, eu poderia ter visto, eu saberia.
Cal detém meu ombro para me firmar.
"Lauren, isso não é sua culpa". Diz, lendo minha mente. "Vou
contigo. Você está muito agitada para dirigir" diz com autoridade,
enquanto eu coloco meu casaco, balanço a cabeça.
"Este é um momento pessoal para ela, eu tenho certeza que
Hillary não quer que eu te leve comigo."
"Deixe-me ajudá-la". Cal pede segurando meu pulso quando
eu tento sair. Eu não posso afastá-lo se eu quiser que ele me deixe
entrar.
"Ok."

***

"Ângela?" Eu chamo, indo para o seu lado depois de localizá-la


sentada sozinha na sala de espera. Quando ela ligou dizendo que
estavam indo para o pronto socorro o meu coração quase parou
com a ideia de que Hillary estaria realmente muito machucada.
"Hey, Lauren". Diz, me abraçando com força. "Hey Cal". Diz ela
com a voz tensa.
"Hey". Diz ele sentando ao meu lado. Os olhos de Ângela estão
vermelhos e inchados, o cabelo está amarrado sob um lenço de
seda.
"Onde ela está?" Pergunto urgentemente.
"Eles estão com ela. Acabei de voltar de radiologia. A última
enfermeira com quem falei disse que ela tem uma costela
quebrada" explica trêmula.
"Oh meu Deus". Eu digo, sentindo meus olhos começam a
lacrimejar.
"É muito ruim, é o pior que ele tem feito. Seu rosto está…" Ela
começa a chorar, e abraço-a, chorando com ela. "Eu liguei para os
pais dela, eles estão a caminho" murmura. "A culpa é minha. Eu
deveria ter feito algo. Ela continuou me dizendo para não dizer
nada a ninguém e que só acontecia quando ele estava bêbado."
Ela chora no meu ombro.
"Não é sua culpa." Estou tentando convencê-la. Ela só fez o
que Hillary pediu, mas eu gostaria que ela, pelo menos, tivesse me
falado. No entanto, a palavra de Ângela é lei, é uma das pessoas
mais confiáveis que conheço.
"Como eu poderia não perceber que isso estava acontecendo?"
Eu murmuro para mim mesma.
"Eu vou pegar algo para você beber." Cal diz nos dando à
privacidade que precisamos.
"Quando ela ligou, ela parecia tão normal. Mas quando
cheguei ao apartamento de vocês eu entrei em pânico. Eu nunca
vi alguém parecer assim na vida real, cara a cara. Quando você vir
o que esse idiota fez com ela." Ela rosna furiosa.
"Você ligou para a polícia?"
"Não, ela me disse que não, mas os médicos têm tentado me
fazer perguntas." Eu olho como se ela tivesse perdido o juízo. Eu
não vi Hillary, mas com base no que ela me descreveu, eu não
posso acreditar que não chamaram a polícia. "Eu sei, eu sei! Mas
ela me implorou. Quando os médicos me perguntaram o que
aconteceu, eu não quis dizer-lhes." Explica rapidamente.
"Ela não quer que ele se safe, não é?" Eu não posso acreditar
no que estou ouvindo.
"Honestamente, eu não sei. É como se ela tivesse sofrido uma
lavagem cerebral. Estou esperando que isso vá ser um chamado
para despertar. Mas ela não queria chamar a polícia ou os
médicos não lhe disseram o que ele fez." Ângela explica ainda
visivelmente chateada.
"Desculpe-me." Uma mulher loura pequena se aproxima de
nós.
"Lauren, essa é a Drª. Carson". Diz Ângela.
Eu estendo a mão e cumprimento-a. "Como ela está?"
Pergunto ansiosa.
"Ela tem uma costela quebrada, inchaço facial, vários
arranhões e contusões. Eu já vi muito pior, graças a Deus
nenhum sangramento interno". Explica a médica. Eu não posso
acreditar que isso está acontecendo. "Ela vai ficar bem. No
entanto, o detetive gostaria de fazer algumas perguntas." Diz
indicando Ângela. Ela me olha com ceticismo, e aceno para ela ir.
"Você gostaria de vê-la?" Pergunta a médica. Concordo
rapidamente e ela me leva para sua área. A Drª. Carson abre as
cortinas e meu coração para assim que eu a vejo. Seu rosto está
tão inchado e pálido, que se não fosse por seu cabelo loiro longo e
pontas rosadas, eu não a reconheceria.
"Hey". Hillary diz, seu tom é surpreendentemente alegre.
"Oh, meu Deus." Eu não posso evitar murmurar baixinho.
"Não é grave Lauren." Ela diz fracamente. Ando devagar em
direção a ela e puxo uma cadeira.
"Você acha que isso não é grave?" Eu pergunto incrédula.
"Quero dizer, parece pior do que é." Ela suspira.
"Hillary por que você não me contou?" Pergunto suplicante.
"Não disse a ninguém, Lauren" diz suavemente.
"Você disse a Ângela" eu respondo.
"Ela percebeu por acaso. Eu não quis dizer. Eu não queria
contar a ninguém. Eu tinha vergonha. Eu nunca pensei que eu
seria a garota que apanha do namorado. Como um mau tempo na
vida em um filme." Suas palavras são lentas. Eu não posso deixar
de pensar sobre o quão doloroso deve ser falar.
"Hil, isto não é engraçado" eu digo séria.
"Bem, o que eu deveria fazer Lauren? Lamentar? Choramingar
sobre como eu estava tão indefesa? Não é assim. Eu decidi ficar
com ele. A culpa é minha e de mais ninguém. Eu só não achei que
ele iria tão longe."
"Não é sua culpa." Eu garanto a Hillary. Faço uma pausa antes
de falar novamente. "Há quanto tempo isso vem acontecendo?"
Ela ri mecanicamente.
"Cerca de três meses depois que começamos a namorar. Nós
tivemos uma briga quando ele estava bêbado e ele me deu um
tapa. Fiquei atordoada. Você sabe, ninguém nunca antes tinha me
batido. Ele pediu desculpas dizendo que ele estava fora de si e que
estava arrependido, que ele nunca faria isso novamente. Esse foi o
dia em todas aquelas rosas vieram."
Fiquei horrorizada, eu me lembro de dizer quão doce era.
"A Próxima vez que aconteceu, ele apareceu em casa bêbado.
Você não estava. Ele estava realmente fora de si, e queria ir para
casa. Eu peguei as chaves, e bem, vamos apenas dizer que não foi
a melhor ideia." Ela faz uma pausa e eu cubro o meu rosto em
descrença. "Realmente só é ruim quando ele está bêbado. É tão
doce quando sóbrio. Então, eu só me mantive afastada quando ele
bebia. Mas hoje o seu amigo deu uma festa e ele estava bebendo.
Eu pensei que tudo ficaria bem, como havia tantas pessoas ao
redor. Eu o peguei com uma garota, quase prestes a ter relações
sexuais. Eu estava tão irritada. Eu lhe dei um tapa, joguei um
copo de cerveja na cara dele e sai."
"Quando cheguei em casa, ele estava esperando do lado de
fora. Ele estava tão calmo…" ela ri com raiva. "Eu estava chateada
e disse-lhe para sair, ele pediu desculpas e disse que lamentava e
só queria falar… eu o deixei entrar, como uma idiota, e assim que
estávamos dentro do apartamento, ele ficou louco. Ele nunca
havia se comportado assim antes…"
"Você nunca deveria ter o deixado entrar" eu digo com minha
garganta em chamas e lágrimas escorrendo pelo meu rosto.
"Eu sei. Eu sei. As coisas foram de mal a pior". Diz ela.
"Eu não posso acreditar que eu nunca notei nada."
"Não, Lauren. Eu era muito boa escondendo os fatos e dando
desculpas. Mesmo se você tivesse tentado fazer alguma coisa, eu
não teria deixado. Além disso, na maior parte, ele nunca me bateu
onde as pessoas pudessem ver. Eu acho que deve ser um sinal de
que esta não foi a primeira vez para ele."
"Ainda assim." Eu não posso evitar me criticar por não ter a
menor ideia de que isso estava acontecendo.
"Não. Isso é minha culpa, eu continuava voltando e
perdoando."
"Não, isso não é culpa sua! Um homem nunca deve bater em
uma mulher!"
"Mas alguns fazem! Eu nunca deveria ter voltado a vê-lo
novamente depois da primeira vez ele me bateu. Você sabe o que é
realmente estúpido? Eu traí Kevin com ele, porque eu pensei que
Kevin era um idiota. O Karma me deu um pontapé na bunda,
huh." Ela sorri fracamente.
"Pelo menos eu deveria ter suspeitado. Tenho estado tão
ocupada correndo por aí com Cal… Acho que vou parar de vê-lo"
digo, respirando fundo.
"O quê? Por quê?" Ela grita. "Não é por isso, certo, querida?
Porque não é sua culpa em tudo! Eu disse que nada teria
mudado…"
"Não, não apenas para isso, Hil, são várias coisas. Quando
estou com ele, eu me esqueço do mundo em volta de mim, como
as pessoas que eu amo e que são importantes para mim."
“Lauren, isso não é verdade. Se fosse, quando Angie ligou para
você, você havia dito: ‘Vá se ferrar, eu estou prestes a foder’" ela
exagera. Eu não posso deixar de rir. Simplesmente não consigo
entender como ela pode ter tanta dor e ainda estar tão alegre.
"Você estava prestes a foder, certo? Ou acabado ou…"
"Hil pare." Eu reclamo brincando com ela.
"Sério, Lauren. Nunca te vi tão feliz antes. Um cara deveria
levá-la ao sétimo céu e fazer você esquecer os problemas. Eu
admito que eu não gostava de Cal no início, pelo menos, não para
você. Eu pensei que ele tinha escrito tudo sobre a palavra
"problemas". Quer dizer, eu deveria saber, certo? Desde que eu a
atrai tão magnificamente." Ela diz sarcasticamente.
"Mas ele se manteve com você. Eu dei-lhes três semanas no
máximo e você está aqui." Ela suspira e aperta minha mão. "É
quente, rico, e te faz sorrir. Você poderia fazer muito pior. Muito
pior." Ela ri. Eu suspiro.
"Nós somos tão diferentes. Eu sinto que estamos em caminhos
diferentes, caminhando em direções opostas. E ele é tão
imprevisível. E se ele fica entediado ou…"
"Lauren, isso é o que significa se apaixonar. Risco. Às vezes
você vai cair de bunda no chão, ou na minha situação, ele chuta o
seu traseiro. Mas raramente você encontra algo incrível. Você não
pode se conter ou manter sua guarda. Não vá por este caminho,
ou você vai perder algo especial."
Ela esfrega minha mão, e eu a seguro.
"O que acontece quando você perde?" Pergunto.
"Esse é o risco que você corre, mas vale a pena." Ela me
assegura com um bocejo, segurando sua mandíbula com dor.
"Você não vai vê-lo novamente, não é?" Eu não sou capaz de
ler sua expressão, porque seu rosto está tão inchado.
"Não, eu aprendi minha lição. No começo eu pensei que era
apenas álcool, mas eu acho que ele gosta de bater a merda fora
das meninas. Oh! A casa está destruída, as mesas estão
quebradas, e as lâmpadas. Eu vou pagar as coisas que você
comprou."
"Não se preocupe com isso. Estou feliz que você está bem." Eu
aperto sua mão enquanto a médica entra com o detetive que ela
tinha dito antes.
"Senhorita Green, Detetive Long tem algumas perguntas para
você." Explica a doutora. "Eu tenho que pedir-lhe para sair" ela
disse.
"Claro, estarei lá fora" eu digo com um leve sorriso.
"Não. Vá para casa, eles não vão deixar você me ver até
amanhã. Infelizmente meus pais vão estar aqui em breve." Ela
acena ligeiramente um pouco antes da Drª. Carson fechar a porta.
Assim que eu saio, as lágrimas que tenho mantido, desde que eu a
vi, começam a fluir. Cal e Ângela se aproximam rapidamente.
"E… Eu não posso acreditar que ele fez isso" murmuro em seu
ombro.
"O que o detetive disse?" Pergunto a Ângela, enquanto limpo
meu rosto.
"Ele perguntou o que aconteceu, e eu disse a ele o que eu
sabia. Mas isso não importa, porque eu não estava lá e se ela não
prestar queixa…" ela diz, passando a mão sobre o rosto.
"Mesmo se ela prestar queixa, o que acontecerá vai ser muito
bom para ele." Cal diz com firmeza.
"Seus pais vão tirá-lo sob fiança. Eles são ricos. Inferno, eles
terão um advogado caro e nada vai importar." Ângela nos diz. Eu
me sinto ainda mais horrível por não saber mais sobre ele, além
de como ele se parece e o seu nome.
"Vamos voltar para o seu apartamento e pegar algumas roupas
para ela." Ângela diz suavemente.
"Eu vou levá-las." Cal diz colocando seus braços em torno de
nós. Ângela sorri com apreço e dá tapas em sua mão, quando
saímos do hospital.

***

Quando abro a porta do meu apartamento, minha boca abre.


"Oh, meu Deus!" Isso é inacreditável.
A cadeira e o sofá estão jogados para os lados. Nossas
lâmpadas estão quebradas, assim como a mesa de vidro
normalmente encontrada no centro da sala, pedaços de vidro
quebrado cobrem o chão.
"Eu não posso acreditar nisso" eu digo, começando a pegar os
pedaços de vidro. Ângela fecha a porta atrás de nós e começar a
ajudar com a limpeza.
"Ela deve ter sido jogada por todo o lugar." Ângela murmura.
"Espero que ela preste queixa, pois não há como não fazer
depois disso." Estou tentando me convencer.
"Você sabe onde esse cara vive?" Cal pergunta movendo o sofá
para sua posição original.
"Não, mas eu sei que está sempre na Golden Rod. Estive lá
algumas vezes com ele e Hillary. Seus pais são os proprietários.
Aposto minha vida que está lá agora. Foi onde Hillary o conheceu"
diz Ângela.
"É o bar na terceira com a Rua Wallace?" Cal pergunta.
"Sim" confirma Ângela.
"Eu nem sequer sei o nome dele" murmuro para mim mesma.
"Eu sou a sua melhor amiga e não sei o nome do seu namorado."
"Lauren, você não pode se culpar por isso, o que você poderia
ter feito…" Ângela começa, mas é interrompida por um barulho na
porta.
"Hillary, Hillary!" Ele grita e bate fortemente na porta. "Baby,
eu sinto muito. Você sabe que eu não estava no meu juízo
perfeito. Deixe-me entrar, podemos corrigir isso."
Ângela e eu olhamos incrédulas. Ele realmente está aqui
agora?!
"Ela não está aqui, idiota!" Ângela grita através da porta.
"Vá embora antes que eu chame a polícia!" Eu grito.
"Esta não é a porra do seu negócio, puta!" Ele grita de volta.
"Hillary! Sinto muito. Eu estava bêbado" grita, ainda batendo na
porta.
"Ela não está aqui!" Eu grito, indo em direção à porta. De
repente, Cal dá um passo e segura meu braço, me parando.
"Ângela e você vão para o quarto" diz com firmeza. Seu rosto é
como pedra e seus olhos estão arregalados. Meu coração começa a
bater tão rápido que nem sequer discuto. Os olhos de Ângela são
fixos nos meus e ambas rapidamente vamos para o quarto.
"Eu sei que ela está aqui, não me faça chutar a porra da porta
a baixo!"
Ângela e eu nos amontoamos na porta do meu quarto, abro a
porta e escuto. Eu olho ao redor do canto da parede para ver o que
está acontecendo. Aaron entra quando Cal abre a porta, mas para
quando percebe quem o deixou entrar. Eu entendo que Aaron fica
surpreso ao ver Cal. Eu avalio seu tamanho, é muito maior do que
eu me lembro, pelo menos 113kg, 1,80m, talvez. Tremo só de
pensar nisso, superando Hillary, que pesa 54kg, no máximo.
"Porra, quem é você?" Aaron diz em tom de surpresa.
"Não importa quem eu sou." O rosto de Cal é estoico quando
ele tranca a porta. Aaron olha para ele com desconfiança por um
momento, mas depois continua a sua missão.
"Hillary!" Aaron grita enquanto anda em direção aos quartos.
Ele para quando ele nos vê. "Ela está aí?" Ele diz freneticamente.
Estou de pé na porta, ele cheira a álcool. De jeito nenhum eu vou
deixa-lo no quarto de Hillary.
"Hillary!” Grita novamente se movendo rapidamente em
direção à porta, e eu me mantenho na minha posição, Cal está
bem atrás dele. Ele move o seu braço para me empurrar.
"Mova-se, puta…" Mas antes que ele, pelo menos, consiga
terminar a frase, Cal o pega pelo pescoço e o coloca contra a
parede. O som de seu corpo batendo na parede faz com que
Ângela e eu suspiremos. Freneticamente, Aaron tenta afrouxar o
aperto que Cal tem no seu pescoço, mas é inútil.
A voz de Cal parece vir do fundo de sua garganta, e é calma,
estranhamente calma. "Você, pobre pedaço de merda. Gosta de
bater em meninas, hein? Faz você se sentir bem bater em alguém
com metade do seu tamanho?"
Olho para Ângela, que parece tão chocada quanto eu.
"Eu deveria jogá-lo através dessa porra de janela." Cal rosna.
Ele dá um passo para trás e libera o aperto que tem sobre o
pescoço de Aaron, mas antes que ele pudesse recuperar o
equilíbrio, Cal lhe dá um soco na cara. Aaron cai e tenta recuperar
rapidamente o seu equilíbrio, mas antes que possa levantar-se,
outro soco o acerta, e ele cai no chão.
A calma assustadora se dissipou e Cal parece que está prestes
a explodir. "Eu deveria matá-lo!" Ele grita, as veias do pescoço são
visíveis. Seu pé se conecta com o peito de Aaron. Aaron cai no
chão, tentando recuperar o fôlego e tenta se arrastar para longe ao
mesmo tempo. Cal sobe em cima dele e aperta seu pescoço
novamente com as mãos, pressionando o joelho no peito dele.
Ele move o queixo dele para mim. "Peça desculpa por chamá-la
de puta!" Cal grita, colocando mais peso em cima dele. Aaron se
esforça para olhar para mim.
"Desculpa!" Aaron grita.
"Será que você teria lhe batido se eu não estivesse aqui? Faz
você se sentir bem bater em mulheres? Bem, como você se sente
sobre isso?" Cal pede venenosamente. "Se alguma vez chegar perto
delas novamente, eu vou quebrar seu pescoço como um galho. Se
ela te ligar, você deve desligar. Se você a ver na rua, você corre na
direção oposta. Me entendeu?"
Aaron está ficando azul.
Ele vai matá-lo! Eu começo a perceber que Cal perdeu o
controle. Eu corro até eles e tento puxar Cal de cima dele.
"Cal, ele está ficando azul!" Ângela grita.
"Cal, para!" Eu grito.
"Entendeu-me?" Cal grita.
"Cal você vai matá-lo, deixe-o ir!" Eu digo, tentando
desesperadamente puxá-lo, sem sucesso.
Cal olha para mim, e eu vejo o fogo em seus olhos.
"Ele não vale a pena, solte-o, por favor." Suplico com lágrimas
nos meus olhos. "Não vale a pena, baby." Cal está cego pela raiva.
Eu tenho que acordá-lo. "Se você matar o filho da puta aqui, e ir
para a prisão para o resto de sua vida, eu nunca vou me perdoar."
"Não, Cal, não vale a pena." Ângela intervém, e ele balança a
cabeça, remove seu peito do joelho de Aaron, e solta o pescoço.
Aaron imediatamente se levanta, inalando o ar, tanto quanto
pode. Cal olha para ele como se fosse um rato sujo,
completamente revoltado e chuta ele.
Eu olho para Aaron e penso sobre quanto ele machucou
minha amiga. Cal ainda não parece ter causado dor o suficiente,
mas eu não posso pensar que Cal não lhe deu o que mereceu.
Todos nós assistimos como Aaron começa a levantar. Cal vai para
ele uma última vez e Aaron congela, seus olhos estão cheios de
medo.
"Se alguma vez eu ouvir que você está batendo em uma
mulher novamente, se eu pensar que você está batendo em outra
mulher, você está morto." Cal o adverte. "Entendeu-me?" Cal grita.
Aaron acena com a cabeça freneticamente. Cal lhe soca no
estômago e ele se dobra.
"Abra a porta" ele diz olhando para mim. Eu faço o que ele diz.
A próxima coisa que eu vejo é Cal arrastando Aaron pelo corredor
e o jogando para baixo nas escadas. Vemos Aaron rolar as
escadas. Depois de alguns segundos, ele consegue literalmente
rastejar para fora. Eu olho para Cal. Eu não posso acreditar no
que eu vi. Ele olha para nós duas, mas não diz nada. Eu não sei o
que dizer, e Ângela parece completamente chocada.
"Vá pegar suas coisas, eu estarei no carro." Diz ele
simplesmente, recuperando o fôlego. E depois ele se foi. Olho para
Ângela, cuja boca está bem aberta.
"Eu não acho que ele vai incomodar Hillary por um tempo" ele
diz suavemente. Tudo o que posso fazer é acenar com a cabeça.
12 de maio de 2011

"Lauren sua tia está no telefone." Ângela diz segurando o


telefone para mim. Faço um gesto para dizer que eu não quero
falar. Ela dá um sorriso de desculpas.
"Huuum, ela não está… Sra. Brooks." Depois de um momento
ela começa a rir. "Ela diz que sabe que você está aqui e realmente
precisa falar com você."
Eu rolo meus olhos e pego o telefone. "Olá, Raven". Eu digo,
tentando manter minha voz seca.
"Olá querida, como você está?" Ela diz ansiosa.
Arqueando minha sobrancelha, eu sei que está morrendo de
vontade de me dizer algo. "Estou bem. O que está havendo?" Eu
pergunto, sentindo-me quase ansiosa também.
"Cal está aqui!" Revela alegremente.
Eu sinto um nó no estômago e fecho meus olhos, um sorriso
se espalha pelo meu rosto. Já era tempo, já faz três dias inteiros
desde que eu falei com ele.
"Lauren, você está aí, querida?"
"Sim. Eu ainda estou aqui" eu digo, lembrando-me de que eu
estou no telefone.
"Ele diz que é realmente importante o que ele quer falar com
você" diz ela com urgência.
Ele acha que quando precisa ou quer algo, é importante. Mas
quando alguém…
"Será que você disse onde estou?"
"Não querida, eu não sei onde você está exatamente."
"Você disse com quem estou ficando?"
"Querida, você poderia, por favor, falar com ele? Você ainda é
sua esposa, mesmo que agora você esteja brava com ele" ela pede.
Eu rolo meus olhos. Voltamos para Raven que eu conheço. "Eu
vou falar com ele" murmuro.
"Cal, ela está aqui." Diz alegremente.
"Lauren" diz secamente. Sua voz não é tão urgente para mim.
"Sim, Cal." eu digo sem entusiasmo, embora eu esteja muito
contente de ouvir sua voz.
"Onde você está?" Pergunta despreocupadamente.
"Por quê? Você realmente se importa agora? Tem sido quase
uma semana, se você não percebeu" falo amargamente.
"Olha, eu preciso de você para ir para casa." Parece irritado.
"Não." Ele não é meu dono, não tem que dizer "pule" e eu não
tenho que perguntar "o quão alto".
"É importante". Diz ele, com um tom um pouco mais suave.
"Importante, sim." Eu rio. Ouço um suspiro de frustração.
"Eu vou pegar você." Diz como se fosse uma ordem.
"Você nem mesmo sabe onde estou."
"Você quer que eu jogue adivinhação?"
"Você sabe o que, Cal? Seja qual for o caso, eu não me
importo…"
"Lauren. Você pode apenas me encontrar em casa? Por favor."
Ele interrompe.
Eu passo minhas mãos pelos cabelos e mordo o lábio. Poderia
ser apenas um truque, para me fazer voltar a um lugar onde eu
não quero estar, mas há uma pitada de urgência em sua voz.
"Por quê?" Eu pergunto, sabendo que ele provavelmente não
vai me dar uma resposta.
"Eu preciso te dizer pessoalmente." Ele responde calmamente.
"Claro, pessoalmente" eu digo suavemente para mim. "Bem.
Ok, Cal." murmuro contra a pequena voz na minha cabeça. Eu a
bloqueei desde que eu comecei a sair com Cal, por que eu estou
começando a ouvir agora?
"Eu estarei em casa antes de escurecer". Diz ele.
"Sim, está bem." Eu suspiro e desligo. Eu não posso acreditar
que estou fazendo isso.
"O que aconteceu?" Ângela pergunta curiosa.
"Cal disse que ele precisa me ver". Eu digo debilmente
sentando-me no sofá.
"Você está indo?" Ela pergunta, mas a partir se sua expressão,
ela já sabe a resposta.
"Eu estou indo só para ver o que ele quer. Ele diz que é
importante." Tentando me convencer mais do que ela.
"Sem julgamento aqui." Diz ela, tomando o controle remoto e
mudando o canal da TV.
Reviro os olhos para mim e sento ao lado dela. "Eu sou tão
patética." Murmuro e descanso a cabeça em seu ombro.
"Patética não, você está apenas apaixonada." Ela ri, inclinando
a cabeça contra a minha.
"Acho que estar apaixonada faz você realmente ficar estúpida."
"Sem Dúvida sobre isso." Ela ri. "Você não acha que é uma
tática para você voltar para casa, e convencê-la a ficar? Porque é
isso que eu penso."
"Se for, eu vou sair." Eu digo prontamente.
"Aww vamos lá. Uma vez que você ver que está tudo acabado.
Ele vai começar a sussurrar em seu ouvido o quanto ele sente
muito. Tocando em todos os lugares certos, fazendo você esquecer
por que você estava louca em primeiro…" Ela se vira para mim.
Deus, quantas vezes isso aconteceu exatamente?
"Você esteve me seguindo?" Eu brinco, mas posso notar como
perfeitamente descrevi no final de cada briga e discussão que
tivemos.
"Bem, vamos levá-la para o seu marido." Ela ri, tomando as
chaves da tabela. "Se você não está indo para voltar, você não
precisa levar nada com você." Ela coloca sua língua para fora.
Eu rio "Tem razão” dou de ombros, pego minha bolsa,
seguindo-a até a porta.

***

Eu me pergunto por que as pessoas aproveitam a


oportunidade de se apaixonar. Se eu pudesse voltar no tempo,
mudaria as coisas que eu fiz? Minha mente me diz que eu o faria,
mas as decisões que eu fiz sobre Cal nunca foram usando a lógica.
Alguém me disse uma vez que quando você está apaixonado,
seu coração assume o comando e seu cérebro desliga. Eu nunca
entendi quando eu era mais jovem, mas agora eu faço. Quando
você está apaixonado, você vê além dos erros das pessoas, que são
ampliados posteriormente. Eu olho para o meu anel de
casamento, mesmo quando eu tiro, ainda o sinto lá.
Abro a porta da cobertura. Tudo parece o mesmo como se eu
nunca tivesse ido embora.
"Cal." digo em voz alta, colocando minha bolsa na mesa do
hall. Eu não acho que ele está aqui, parece que eu estava certa.
Eu me viro e fecho a porta atrás de mim. Viro-me para o segundo
andar e vou para o nosso quarto e eu posso dizer que eu deixei
limpo. Sento-me na minha cama e olho em volta, percebendo que
eu realmente sentia falta de estar aqui no conforto da minha casa.
Quem sabia? Eu bocejo e me deito meu corpo saboreando
delicadamente a colcha embaixo dele. Isto é inacreditável, depois
de dormir no sofá de Ângela.

***

Abro os olhos e a primeira coisa que eu noto é que o sol se


pondo. Eu olho para o relógio na mesa e vejo que são 08h14min.
cheguei por volta das seis. Ouço passos vindos do corredor, eu
salto apenas para me sentir tonta pelo movimento brusco, e eu
estou sentada na cama. A porta se abre e Cal entra. Ele olha para
mim, a expressão em seu rosto é uma carranca dura.
"Finalmente você acordou" diz, enquanto acende a luz.
"Há quanto tempo você está aqui?" Eu pergunto, cobrindo
minha boca com a mão ao bocejar e tentar acordar em tudo.
"Cerca de uma hora" ele diz, sentado em uma cadeira de frente
para a cama para me enfrentar. Gostaria de saber quando a
trouxe. Essa cadeira não estava aqui antes.
"E o que você quer falar comigo?" Eu pergunto, secretamente
me xingando por querer seus braços em volta de mim, sinto falta
dele, por estar disposta a perdoá-lo se ele perguntar. Ele se
levanta de sua cadeira e caminha até mim, onde ele se senta
novamente. Eu olho curiosa, esta é a primeira vez que seus olhos
me evitam. Ficamos em silêncio por vários segundos que parecem
ser os mais longos da minha vida.
"Cal." digo baixinho, tentando apagar o desprezo que minha
voz tinha antes. Seus olhos estão me assustando. Eu sempre
tentei ver o que ele sente através deles, mas eles estão me
evitando. Ele olha na minha direção, mas não está fazendo
contato visual.
"O que há de errado?" Sussurro, quase com medo de ouvir a
resposta.
"Eu nunca menti para você." Diz com voz firme e inabalável. "E
eu não vou começar agora." Ele suspira, abaixa a cabeça e passa
as mãos pelos cabelos.
Meu coração está acelerado. "Apenas diga." Eu deixo escapar.
Meus nervos estão se multiplicando a cada segundo.
Ele pega a minha mão e prende-a firmemente na sua. "Eu…
tenho que ir."
Minha expressão endurece, e retiro a minha mão. "Você
chamou para isso?" Eu me levanto, sentindo a minha raiva
crescer. Ele me puxa para sentar novamente.
"Olha, isso é diferente." Seus olhos se arregalaram e seu tom é
mais alto.
"Tudo com você é diferente, Cal. Se você não fosse tão
diferente, talvez eu me sentisse tão fodidamente irritada." Eu digo
me afastando. Eu não posso acreditar o quão fácil ele me
enganou. Deus, eu estava comendo na sua mão. Ele franze a testa
e se levanta, caminhando até a janela, olha para fora,
aparentemente perdido em pensamentos.
"Eu não sei se eu vou estar de volta." Procuro por um pouco de
sarcasmo em seu tom, mas não encontro nada.
"O quê?" Eu digo, na esperança de não ter ouvido bem. Ele não
diz nada. Eu ando até ele. "Você se importaria de repetir o que
você disse?" Eu digo bruscamente.
"Vou ter certeza de que você vai ficar bem. Eu coloquei
$60.000 na sua conta pessoal…" ele começa. Meu coração bate
mais rápido e seus olhos ainda evitam os meus.
"O quê? Você não sabe se vai voltar?" Pergunto freneticamente,
tentando fazer com que as palavras saiam. Ele está me deixando
dinheiro? Os pensamentos são tão rápidos na minha cabeça, eu
não sei o que dizer. "Por que isso soa como se você estivesse me
dizendo que você está me deixando?" Pergunto-lhe, com um
buraco no meu estômago. Ele não diz nada, fazendo meu coração
acelerar ainda mais. Eu não quero tirar conclusões. Eu quero
dizer, não. Cal não vai me deixar. Nós discutimos, brigamos,
fazemos amor. Isto não está certo.
"Eu tenho que ir" diz ele. Seus olhos finalmente encontram os
meus, e o que eu vejo me assusta. Ele parece impotente e eu estou
apavorada. Minha garganta está começando a queimar.
"Isso é sobre mim, como eu tenho agido? Isso é algum tipo de
vingança?" Eu digo, ouvindo a minha voz começar a quebrar.
"Isto não tem nada a ver com você." Ele diz quase num
sussurro.
"Exatamente, Cal! Olha o que você está me dizendo, eu sou
sua esposa. E a sua decisão de me deixar não tem nada a ver
comigo?"
"Eu não tenho escolha."
"Do que você está falando? Cal! Fale comigo, por favor?" Eu
digo freneticamente. "Olha para mim!" Eu grito. Ele olha pra mim.
"O que está errado com você? Por que você está agindo assim?"
Peço, sentindo as lágrimas começarem a cair pelo meu rosto. Este
não é o homem que eu conheço, ele parece quebrado. "Me diz o
que diabos está acontecendo! Me diz o que está acontecendo com
você!" Eu imploro.
“Não posso!" Ele grita, e sua expressão endurece. "Isto não é
sobre mim” diz ele tenso, se afastando de mim, para o outro lado
do quarto.
"Então, quem é?" Eu não entendo como isso está acontecendo.
Ele não diz nada.
"Você não vai me dizer quem é, hein?" Eu digo baixinho,
incapaz de parar o dilúvio de lágrimas escapando dos meus olhos.
Eu me secar com raiva. "O que eu devo dizer Cal? O quê?" Eu
grito. "Apenas que eu deveria aceitar que você está indo? Sem
explicação, além de que ‘Eu tenho que ir’. Não que eu nunca tenha
recebido mais que isso de você. Isto não é muito diferente, exceto
que você não sabe quando vai voltar. Se vai voltar."
"Meus dividendos de ações da Companhia serão depositados
na sua conta…" Ele continua.
Oh meu Deus, ele acha que eu me importo com o dinheiro?
Que é a minha principal preocupação agora?
"Eu não me importo com a porra do dinheiro! Eu nunca me
importei com nada disso, às viagens, essa casa, eu nunca precisei
disso! Tudo que eu queria…" Agora eu estou gritando. "Tudo o que
eu queria era você, não consegue ver isso?" Minhas palavras
ficaram presas na minha garganta. "Diz alguma coisa." Minha voz
vem em um sussurro.
"Há mais alguém?" Eu pergunto, tentando manter a pouca
compostura que me resta.
"Eu disse que nunca te traí." Ele insiste quase irritado.
"Então por quê? As pessoas não decidem simplesmente ir
embora do nada. Deve haver uma razão, me diga que você está
apaixonado por outra pessoa, que isso não está funcionando, que
você está em apuros. Apenas me diga alguma coisa" eu falo,
implorando por algum tipo de explicação.
"Não há nada que eu possa te dizer." Ele diz friamente, seus
olhos não olhando para mim.
Eu olho para ele, a pessoa eu amei todos esses anos, o homem
que eu amava tanto que meu corpo doía. Quantas noites eu chorei
até dormir, sentindo falta dele? Quantas vezes eu pensei em ir
embora, mas eu fiquei?
Se é tão fácil para ele, ele não merece um pingo do que eu
estou sentindo agora. Ele não merece saber o quanto eu amo ele.
Eu nem sei como responder a isso. Como você reage quando seu
marido te diz que está deixando você, e não lhe diz o porquê?
"O que eu que devo fazer?" Eu pergunto, querendo algum tipo
de resposta.
"Helen e Dex vão cuidar de tudo o que você precisa…"
"Helen e Dexter?" Eu pergunto incrédula. "Será que eles sabem
sobre isso?" Eu grito. Ele olha para longe pela centésima vez hoje.
"Há quanto tempo você sabe que você ia me deixar? Você já está
entediado comigo, ou é apenas coisa do momento, um impulso?"
"Não é nada disso." Ele diz andando na minha direção. Eu dou
um passo para trás rapidamente.
"Então que é? Me diz o que é. Me diz uma coisa. Me diz por
quê." Eu digo, enquanto cresce a queimação na minha garganta.
"Eu não posso acreditar que você está fazendo isso comigo!" Eu
grito tão alto que eu puder. Minha garganta parece que está
queimando. Minha visão é tão turva que eu não posso nem o ver
claramente. Vou até a cama e apoio a cabeça nas mãos. Estou
completamente drenada. Cada uma das emoções dentro de mim
está transbordando, e tudo o que posso fazer é chorar.
Ele caminha em direção a mim, estendendo a mão. Eu me
levanto para me afastar, mas ele me puxa para si.
"Por quê? Por que está fazendo isso comigo?" Eu choramingo,
me sentindo muito esgotada para empurrá-lo, e eu não quero. O
que eu quero é segurá-lo e nunca o deixar ir. Eu posso me sentir
completamente quebrada.
"Sinto muito" ele diz, acariciando meu cabelo. Mas em vez de
me sentir amada, eu me sinto como um cachorrinho indefeso que
ele vai colocar para dormir no canil.
"Não, você não sente." Eu digo em transe. Eu não estou neste
momento. Eu só posso ver, além disso. E eu não vejo nada.
"Sim, eu faço." Ele diz baixinho no meu ouvido. Eu não detecto
uma pitada de sarcasmo ou diversão em sua voz, o que me faz
chorar ainda mais.
Firmemente envolvo meus braços em torno dele e olho em seus
olhos. "Não me faça pedir para você ficar." Começo a chorar ainda
mais forte. Nem mesmo eu posso controlar o que eu estou
dizendo, o que eu estou sentindo. Eu sinto que tudo está
desmoronando ao meu redor.
"Eu gostaria de poder." Diz em um sussurro.
"Não faz isso! Não se atreva a fazer isso parecer como se
estivesse fora do seu controle. Se você quisesse ficar, você faria
isso!"
Leva toda a minha força, mas eu saio de seus braços. Minha
visão é tão turva que a única coisa que eu vejo é uma imagem
vaga. Eu sinto suas mãos tocarem em cada lado da minha
cintura, e seus lábios encontram os meus. Eu nem sequer
correspondo. Não posso. Eu quero retribuir o beijo, envolver meus
braços em torno dele, mas eu estou muito paralisada para reagir,
também impotente para fugir. Eu não posso nem registrar isso, eu
não acredito que esta é a última vez que ele vai me beijar, essa vai
ser a última vez que ele vai me tocar. Eu fecho meus olhos,
fingindo que isto é tudo um sonho ruim e que vou acordar a
qualquer momento. Mas quando seus lábios deixam os meus, eu
sei que eu não vou acordar. Isso não é um pesadelo, eu estou
vivendo isso.
Então eu sinto seus lábios se moverem para minha bochecha.
"Você vai passar por isso." Diz ele depois de me soltar. "Você tem."
Limpo os olhos e olho para ele rapidamente, antes de retornar
ao nevoeiro. "Se você vai embora, então sai." Eu digo, tentando
segurar o último pedaço de dignidade que me resta, a última coisa
que me impede de lhe implorar para não me deixar. Eu me levanto
com raiva e o enfrento.
"Vá." Eu o empurro. "Eu te odeio! Eu te odeio seu filho da
puta!" Estou começando a acertar seu peito furiosamente,
histericamente, chorando e soluçando, e ele fica ali parado, sem
tentar me parar. Ele também parece esgotado, e eu odeio isso.
Eu odeio que, mesmo agora, eu espero que ele esteja bem. Eu
odeio o fato de que sua expressão é suave, e ele parece vulnerável.
Tudo é um truque: ele está tentando expressar que ele realmente
não quer ir. Como ele pode fazer isso comigo e me fazer sentir
pena dele? Por que, neste momento, eu estou preocupada com
ele?
"Apenas vá." Choramingo. Sento-me no chão, não querendo
sentir nada, nem mesmo o conforto da cama que compartilhamos.
É provavelmente inaudível para ele, mas não importa, porque ele
não se importa. Eu não posso acreditar que ele se importa, não
hoje. Eu tenho que acreditar que ele não faz. Eu não vou liberar a
minha raiva. É tudo que eu posso segurar. A alternativa é pior,
mas sinto ganhar. Está prestes a assumir e silenciosamente rezo
para que ele saia antes que isso aconteça, por que eu estou à
beira dela. Ele está crescendo do fundo do meu estômago:
desespero. Aperto os punhos juntos e coloco a cabeça debaixo do
braço. Seus passos se aproximam. Sua presença está perto de
mim e um momento depois seus passos são ouvidos mais
distantes, mais e mais a cada segundo. E então a porta fecha, e eu
sinto que meu coração parou. Eu levanto minha cabeça e vejo que
ele não está. Minha imitação de oração foi concedida, e o
desespero que foi crescendo no meu estômago está se
transformando em algo mais, algo muito mais assustador: tristeza
completa e absoluta.
Eu fecho meus olhos, apertando duro, e eu quero mais do que
qualquer coisa pegar no sono e rápido. Mas isso não acontece, nos
próximos minutos, ou no tempo que se segue. Eu estou
catatônica, olhando para o relógio na minha cama. Quando eu
escuto a porta abrir novamente, meu coração dispara, mas fecho
os olhos, quase com medo de vê-lo, perguntando se esqueceu de
alguma coisa, se ele esqueceu suas chaves, ou algo importante o
suficiente para levar com ele. Eu mantenho meus olhos fechados e
minha respiração diminuiu quando o ouço se mover a minha
volta. Eu espero que ele ache o que precisa rapidamente e me
deixe sozinha com o meu desespero.
Seus passos se aproximam novamente. Eu prendo a
respiração, como se fazê-lo por tempo suficiente, ele vá
desaparecer. Mas quando as mãos dele se movem embaixo de mim
e me levanta em seus braços, eu perco a minha respiração
completamente. Eu tenho medo de respirar e apenas faço quando
ele coloca na cama. Ele levanta minhas pernas, tira meus sapatos,
e eu não sei o que fazer. Eu digo alguma coisa? Será que eu
chuto? Um momento depois, lençóis finos me cobrem. Em seguida
os lábios delicadamente descansam na minha testa e me sinto
congelada, sabendo que ele pensa que eu estou dormindo. Seus
passos tornam-se distantes novamente, a luz se apaga, a porta se
abre, e antes que a claridade retorne com força total, eu levanto
do meu estado zumbi.
"Você pode ficar?!" Eu deixo escapar e me arrependo
imediatamente. Ele para de costas para mim, há silêncio e me
lembro de que deveria estar dormindo. Mas aqui estou eu,
punindo-o por seu último ato decente comigo. "Apenas… até eu
cair no sono." Eu consegui dizer com uma voz quebrada, meu
antigo ‘eu’ está feliz que as palavras foram ditas, a mulher
cansada e vingativa que eu me tornei nos últimos meses
assustada com o som disso.
Ele não responde, mas caminha de volta para a cama. Eu
lentamente, solto o lençol preso entre meus dedos. Ele se senta na
beirada da cama, sem olhar para mim, apoiando os cotovelos nas
coxas, mãos entrelaçadas. Eu sinto a sensação de queimação no
peito, seguido de picadas na minha garganta. Nos próximos
minutos, eu não vou ser capaz de parar de chorar.
Imediatamente eu me arrependo pedir-lhe para ficar. Digo a
mim mesma que ele deveria estar aqui por piedade ou algum
sentido equivocado de dever, dar a sua esposa um último desejo.
A mulher, que ainda não sabe o que diabos está acontecendo e o
que está fazendo ele se sentar tão longe de mim em nossa cama,
como se ele estivesse com nojo. Eu mudei de ideia. Eu quero que
ele vá embora, mas eu não posso dizer isso sem liberar o que será
um gemido incontrolável e assustador. Então, eu rapidamente me
obrigo a voltar para a cama, coloco o lençol no meu rosto, e tento
choramingar tão silenciosamente quanto posso.
Seu peso se desloca e eu sei que ele levantou. Eu sabia que
isso seria demais para ele. Por que ele teria que sentar lá e lidar
com isso? Ele está me deixando de qualquer forma, e estar aqui
agora não vai fazer isso melhor. Ele não devia ter voltado. Ele
devia me deixar na minha miséria, deitada no chão, sozinha.
Afinal de contas, é o que vai acontecer.
Quando ele levanta as cobertas sobre mim, é como um
esguicho de água no rosto. Quando ele sobe na cama e me puxa
pra ele, é um consolo tão conflitante que me dá uma dor de
cabeça. Minha mente me diz para empurrá-lo para longe,
substituindo qualquer outro pensamento. Eu tento fazer, coloco
minhas mãos em seu peito, mas ele me puxa para ele, envolvendo
seus braços fortes em torno de mim, e eu já não resisto. Ele me
segura firmemente e eu posso sentir seu coração batendo rápido,
mas quando vejo sua expressão é calma. Olha além de mim, e eu
me pergunto se ele está aqui comigo agora. Eu não sei se eu quero
que ele esteja, mas eu sei o que eu quero. Eu me movo em seus
braços e ele olha para mim. Eu trago meus lábios nos dele,
pressionando contra eles, prendendo a respiração enquanto eu
faço. E quando ele se afasta, e meu coração para, e eu não posso
ver seu rosto. Rapidamente eu tento sair da cama, mas ele agarra
meu braço. Ele parece confuso e conflituoso, e só piora as coisas.
Uma coisa que Cal nunca me negou foi seu beijo, seu toque, seu
corpo foi todo meu, e está quebrando minha alma que ele está
fazendo isso agora.
"A… Ainda assim eu tenho que ir."
Sua voz é firme, mas suave, e me faz derreter, seu aperto no
meu pulso é suave, mas firme o suficiente para não me dar ao
luxo de fugir, que foi completamente minha intenção. Eu desejo
que eu possa impedi-lo de escapar tão facilmente. Repito suas
palavras na minha cabeça, tentando decifrar o seu significado, e
no meu nublado estado emocional, eu percebo que ele está
tentando me dar uma opção. Pela primeira vez, ele não está
tentando usar o sexo como um curativo, ou uma maneira de me
controlar ou manipular. Mas eu tenho que dizer que sua escolha
do momento fere.
Eu respiro profundamente e comando minha voz a sair estável.
"Quero dormir." Minha voz é rouca e um pouco severa. Eu limpo
minha garganta e limpar qualquer vulnerabilidade e sinceridade.
Quero que ele saiba que se me der o seu corpo não vai ser um
punhal passando por mim, isso não é para mantê-lo aqui, mas eu
preciso disso agora. Sua culpa sobre isso não uma das minhas
prioridades agora. "Coloca-me para dormir." eu digo com firmeza,
ordenando a minha voz a voltar ao normal e ele levanta as
sobrancelhas, incrédulo.
Eu posso ver que ele está surpreso. Antes que ele possa dizer
qualquer coisa, eu ataco seus lábios, desta vez sem hesitação, com
uma velocidade que eu acho que o pegou de surpresa e uma força
que estou impressionada por ser capaz de reunir, considerando o
estado em que eu estou. Eu passo para cima dele, prendendo seu
corpo entre minhas pernas e envolvo meus braços firmemente em
torno de seu pescoço e beijo-o com uma urgência que eu nunca
senti antes. Ele se afasta desta vez, aparentemente para recuperar
o fôlego, mas segura o meu rosto entre as mãos, verifica a minha
expressão, seus olhos encontram os meus, as coisas estão de
cabeça para baixo e agora ele está tentando entender o que eu
quero. Mas eu não tenho tempo para isso, ele está tentando me
dar a minha última chance de sair dessa; eu quero a única coisa
que me faz esquecer tudo o resto.
"O que você está esperando?" Pergunto, quebrando a
solenidade do momento. Em menos de um segundo, ele captura
meus lábios nos dele, contrariando os meus beijos e minha
necessidade frenética e feroz, com uma paciência apaixonada, um
desejo sem pressa que faz com que a minha frieza derreta. Seus
lábios tomam os meus como se estivessem tentando me absorver.
Suas mãos lentamente começam a remover as minhas roupas,
mas com uma tranquilidade que me faz sentir vulnerável, quase
inocente. A fachada difícil que eu estou tentando criar vai quebrar,
mas continuo tentando. Eu quebro o nosso abraço, puxo a camisa
sobre a cabeça e estendo as mãos para abrir suas calças de
alguma forma, mesmo com os meus movimentos rápidos e
desajeitados.
"Lauren!"
Eu capturo seus lábios para silenciá-lo, puxando o meu peso
para cima dele, o que faz com que momentaneamente caiamos na
cama. Eu percebo que eu ainda tenho minhas calças e
rapidamente tiro. Quando eu tento ficar em cima dele novamente,
ele me segura pela cintura, me parando. Tem os olhos baixos e os
seus lábios apertados, está chateado, mas agora, eu não me
importo. A confusão em seu rosto é inesperada. Mas eu não quero
saber o que é.
Eu preciso de distração. Meus lábios encontram os dele
novamente, mas ele está levando ao lento, beijo sensual que quase
me quebrou antes. Eu me afasto meu olhar descansando em seu
peito, eu não posso ver seu rosto. Junto à coragem de tentar
novamente e o beijo forte, mordendo seu lábio inferior. Desta vez,
ele rompe o nosso beijo, e meus olhos não podem deixar seu rosto
com rapidez suficiente. Há um vislumbre de algo que eu nunca vi
antes, eu acho que eu vejo o seu coração, é possivelmente a
decepção que passa por meu coração, mas a expressão é breve.
Logo, seu familiar sorriso perverso e diabólico cobre o que estava
lá. Seus dedos deslizam até o material do laço no meu quadril.
Empurra para baixo, e eu deixo. Em um segundo, eu estou na
cama com os meus braços sobre minha cabeça presos sob os seus
pulsos. Isto é o que eu quero: Luxúria, não amor. Algo físico, não
íntimo.
Ele está me fodendo em sentido figurado e eu quero,
literalmente, isso. Eu não quero fazer amor, para mim isso
acabou. Não posso permitir entrar naquele lugar, não quando ele
sair. Não o farei. Eu vou lamber seu pescoço, e ele se move. Seu
dedo desliza para baixo do meu braço e tento ignorar o
formigamento na minha espinha ao seu toque, é algo que eu vou
ter que esquecer. Pega minhas mãos, segurando-as juntas, e
usando o fio dental fino que eu usava anteriormente, para
amarrar em torno de meus pulsos. É apertado, mas não digo
nada. De qualquer forma eu não quero ternura. Eu quero que ele
dentro de mim. Eu quero ficar esgotada e, acima de tudo quero
esquecer. Quero esquecer este momento, esse poderia ser ou é o
nosso adeus.
Quando seus lábios encontram meu pescoço, eles permanecem
lá brevemente antes de deslizar a língua até a curva dele, sugando
a pele. Seu caminho é lento e tortuoso, e eu me movo para parar o
seu caminho. Seus dedos pegam meu cabelo, forçando-me a vê-lo
e eu fecho meus olhos, eu não vou. Eu não quero ver ele.
Seus lábios estão no meu ouvido. "Abra os olhos." Sua voz é
profunda e grave, mas eu ignoro. Eu não posso vê-lo.
Eu mordo meus lábios e aperto ainda mais os olhos, e sua
língua rapidamente encontra o caminho dentro da minha orelha.
Meu corpo involuntariamente arqueia em direção a ele, é o lugar
conhecido por me fazer perder o controle completo. Meus olhos
abrem. Rezo para que as lágrimas que estão brotando escapem
dele. Eu tento me concentrar nas ondas de luxúria que percorriam
meu corpo e não no fato de que depois de tudo isso, ele vai
embora. Isso é o que eu quero esquecer. Quero esquecer que eu
não quero que ele vá. Eu sinto sua dureza pressionando contra
mim. É uma tortura, e eu estou ficando impaciente. Quero-o
dentro mim.
"Agora" eu exijo, mas sai mais como se eu estivesse
implorando, e eu percebo que estou impotente. Eu começo a
tentar libertar minhas mãos. Seus lábios deixam meu ouvido,
viajam no meu pescoço, correndo meus seios e, quando chega ao
meu umbigo eu congelo quando sua língua faz redemoinhos em
torno dele. Isso não é o que eu quero. Agora eu sei onde ele está
indo com isso, e não é o que eu queria.
Eu tento mover meu corpo para longe dele, mas ele me segura
no mesmo lugar enquanto seus lábios vão para baixo mais e mais.
Eu tento fechar as pernas, mas ele facilmente as mantém abertas
e sua língua começa a explorar a única parte do meu corpo sobre
a qual eu não tenho absolutamente nenhum controle. Eu não
posso deixar de chorar.
"Cal. Cal para" engasgo. Minha mente está processando o que
fazer para acabar com isso, mas meu corpo está realizando com
cada golpe de sua língua, fazendo meus pensamentos e emoções
conflitar uns contra os outros, os meus gemidos de prazer lutando
contra meus apelos para que ele parasse. Isso não é o que eu
queria.
Eu cubro meu rosto o melhor que posso com meus braços
enquanto sua língua se aprofunda no meu interior. Eu tento me
distanciar e ele agarra minhas coxas com força e me puxa na
direção dele. Ele vai lentamente, aumentando a pressão, e os
meus protestos se tornam mais curtos e inaudíveis. Quando meu
estômago aperta, ele começa a ir mais rápido, e eu mal posso
respirar. Eu me rendo completamente, e ao mesmo tempo eu sinto
meu orgasmo crescendo, com tremor nas pernas, como na
primeira vez que nos encontramos, no nosso primeiro beijo. Eu
tento bloquear essas coisas e focar no prazer absoluto que meu
corpo está sentindo, não na emoção.
Mas minha mente não quer se render. Eu vejo a noite quando
ele me propôs e o nosso casamento. Então, de repente, a nossa
primeira briga, a primeira vez que ele saiu durante vários dias sem
ligar, eu o vejo saindo pela porta e eu ficando sozinha no
apartamento, e eu imagino receber um telefonema de Dexter me
dizendo que Cal está morto. E nesse momento, meu corpo se
rende, experimentando o prazer que momentaneamente excede
esses pensamentos terríveis.
Meu corpo se recupera e minhas pernas param de tremer,
uma grande tristeza me inundada. Começo a recuperar o fôlego e
a me recuperar destas visões perturbadoras que pairam sobre
mim. Mais do que tudo, eu quero que ele me segure em seus
braços. Eu quero o lento e sensual beijo que ele me deu antes,
mas ele só solta meus pulsos, entra no banheiro e bate a porta.
Eu não sei o que pensar ou o que sentir, meus pensamentos estão
nublados. Eu esfrego meus pulsos que agora estão livres e me
pergunto o que vai acontecer a seguir. Ele só vai sair? Ele vai dizer
alguma coisa? Ele está com raiva e não sei por que ele tem o
direito de estar. Eu coloco minha camisa e abraço meus joelhos no
meu peito.
Quando ele sai, ele encosta-se ao batente da porta, os lábios
presos entre os dentes, e os braços cruzados. "Isso é o que você
queria, certo?" Pergunta sarcasticamente. Está totalmente vestido
novamente.
"Do que você está falando?" Eu digo, esfregando minha testa,
não querendo olhar para ele.
"Para sair. Isso é o que você queria de mim. Uma última foda,
certo?" Ele rosna, deixando a porta e pegando suas chaves ao lado
da cama. Eu não posso acreditar que ele disse isso.
"O quê? Isso não é o que eu queria!" No meu coração eu sei
que é uma mentira. Eu não queria sentir, queria sentir o seu
corpo, mas ele estava tentando me levar para um lugar que eu não
podia ir. Ele queria me dar alguma coisa, para não pensar nele,
para ficar longe de tudo isso. Eu sei que é errado, mas é a única
coisa que fica no final de tudo isso.
"Sim. Você queria que eu te fodesse, mas você não podia nem
olhar para mim." Ele ri secamente, a mão apoiada na parte de trás
da cabeça. Abro a boca para responder, mas não tem uma
resposta válida.
"O que você quer de mim, Cal? O quê? Você é o único que está
saindo. O que quer que eu faça? Como você quer que eu me
sinta?!" Eu exijo, ficando com raiva a cada segundo.
"Eu queria que você me deixasse entrar." Ele diz isso tão
desanimado que faz meu coração quebrar.
Por que ele está fazendo isso? Por que está tentando me levar
para o lugar que eu tenho que sair, se eu quiser seguir em frente?
Mas, eu acho que a realidade é, ele não precisa me levar para
aquele lugar. Eu já vivo lá. Desde o dia em que o conheci, e é a
única pessoa que eu quero que esteja lá comigo.
Eu engulo meu orgulho e saio da cama. Ele está machucado e
pode facilmente me rejeitar, mas ainda assim eu me movo em
direção a ele. Quando eu chego, ele olha para baixo para me ver,
suas mãos estão agora enfiadas nos bolsos. Eu coloco as duas
mãos em seu peito e me forço a olhar para ele e sei que uma vez
que eu fizer isso, a parede fina que eu tentei criar em torno de
mim hoje, vai quebrar. Quando eu olho em seus olhos, ele faz o
mesmo.
"Você já está dentro. Você sempre esteve e sempre estará." Eu
digo incapaz de imaginar como ele pode até não saber disso. No
fundo da minha mente, eu me pergunto se isso é um truque. É
isso que ele queria ouvir todo esse tempo? Este é um cartão que
pode ser usado para saber que ele pode sair e voltar para minha
vida toda vez que ele quiser, porque é impossível ele não saber o
quanto eu o amo, o quanto eu preciso dele e o quanto ele me
destrói quando chora? Parece que meu coração foi arrancado do
meu peito.
"Prometa-me." Diz, e pela segunda vez na minha vida, eu ouço
sua voz soar realmente instável e ele parece inseguro. Concordo
com a cabeça furiosamente e fico na ponta dos pés. Eu o beijo
como ele me beijou antes, apaixonadamente, com paciência
controlada e em troca ele faz tão profundo, que é como se ele
estivesse puxando a alma do meu corpo e estivesse tentando levá-
la com ele. Suas mãos deslizam sob a minha camisa, e a tira. Eu
faço o mesmo, puxando a sua, e rapidamente nossas roupas estão
fora e me encontro de volta na cama, desta vez com ele
completamente dentro de mim. Ele não prende meus braços sobre
minha cabeça, mas me permite enterrar os dedos profundamente
em sua pele, pois me leva a lugares de êxtase ao qual só ele me
levou. Eu inalo o cheiro dele, a respiração, o seu toque. Tento me
lembrar de cada um de seus beijos, cada um de seus movimentos
são capturados em minha mente. Eu deixo ir tão fundo dentro de
mim como ele gosta, levando a dor e prazer como um. O abraço
com força. Eu digo o nome dele e meu corpo se entrega a ele uma
e outra vez, como sempre acontece, mesmo sabendo o perigo que
eu estou correndo.
Eu digo a ele o quanto eu o amo e que eu esperaria por ele se
ele me pedisse… Mas não. Ele fez o que eu pedi: minha exigência
anterior de que me colocasse para dormir. Eu mal consigo manter
os olhos abertos, mas agora tento combater o sonho que vem tão
fortemente em mim, o tipo de sonho que eu queria antes. Estou
emocionalmente e fisicamente exausta. Olho para Cal que já está
dormindo e eu fico tão perto dele quanto eu posso. Meus olhos se
sentem pesados, mas não quero fechá-los.
"Não desiste de mim." Suas palavras são suaves, quase mais
altas que um sussurro e tão rápido quanto elas foram ditas, elas
se foram. Eu me pergunto se eu imaginei.
Eu fecho meus olhos e eu sei que hoje à noite, em breve, será
apenas uma lembrança em um pesadelo que eu quero esquecer.
Agora é apenas um sonho. Ainda assim, eu lhe dou meu coração e
deixo-o levar com ele.
Bem, isso não é inteiramente verdade. Eu não posso lhe dar
algo que ele sempre teve.
22 de abril de 2010

Abro os olhos e estico meu corpo, observando que há mais


espaço na cama do que o habitual. Eu sento e olho em volta
percebendo que eu estou sozinha.
"Cal?" Eu chamo. É melhor ele não ter ido embora de novo. Eu
odeio ficar sozinha em casa. Especialmente eu odeio acordar
sozinha em sua cama em vez de em seus braços. Olhando pela
janela noto que o sol foi substituído pela escuridão, que é
interrompida pelas luzes da cidade. Eu saio da cama e acendo a
luz para encontrar minhas roupas. Um pedaço de papel na mesa
de cabeceira me chamou a atenção. É uma nota de Cal pedindo
para ir ao telhado.
"O que você está fazendo agora?" Eu digo um sorriso se
espalhando por todo o meu rosto. Rapidamente, eu abro uma de
suas gavetas e puxo uma camisa para usar em vez de andar
arrastando este lençol estúpido… Uma breve olhada no espelho
me diz que meu cabelo precisa de alguma ajuda. Minha escova
está longe de ser encontrada, então eu passo meus dedos por ele
para tentar colocá-lo de volta para baixo. Ele vai ter que fazer.
Eu ouço a música tocando enquanto eu faço o meu caminho
até as escadas. Minhas sobrancelhas levantam quando eu vejo as
velas iluminando o caminho até as escadas e pétalas de rosa sobre
os degraus. Quando eu finalmente chego ao topo, minha boca cai
aberta. O telhado inteiro está decorado com velas e o chão está
cheio de pétalas de rosa.
"Oh meu Deus!" Um sorriso rasteja no meu rosto. "Cal, eu não
posso acreditar". eu repreendi, brincando. "Onde você está?" Eu
paro quando ele me pega por trás. "Como você fez tudo isso?" Eu
ri quando ele me coloca para baixo.
"Bem, tecnicamente, eu não fiz, mas foi a minha ideia."
"Como você sabe que eu não acordaria?"
"Bem, tive a certeza que você estava bem cansada antes, não
foi?" Ele sorri sugestivamente, me puxando para cima, contra ele.
Eu o afastei de brincadeira.
"Isso é bonito, realmente. É o meu presente de formatura?" Eu
acho. Ele está insinuando ter uma grande surpresa para mim e
seria, dar-me um mês mais cedo, eu ficaria realmente surpresa.
"Você se lembra da primeira noite que eu dancei com você?"
Ele pergunta, me puxando de volta em seus braços.
"Sim, eu me lembro." eu ri quando eu envolvo meus braços em
volta do pescoço, e nós balançamos com a música.
Ele olha nos meus olhos. "Eu disse que eu iria dar-lhe tudo."
"Você estava tentando me levar para a cama". eu o lembrei
com sorriso malicioso.
"Isso não vem ao caso."
"Naquela noite, esse foi exatamente o seu ponto." O sorriso
largo no rosto suaviza .
"Eu estive com muitas mulheres." Eu arco minha testa um
pouco apreensiva sobre ouvir o resto, está ficando fora de um bom
começo. Mas eu não digo nada e deixo-o continuar. "Eu olhei
diretamente através delas, e elas nunca perceberam ou não
pareceram se importar. Quando eu vi você pela primeira vez eu
não poderia fazer isso. Você não me deixou. Isso me pegou de
surpresa. Tudo sobre você me pegou de surpresa." Sua mão
desliza por baixo da camisa que estou usando até minhas costas.
Nós paramos de dançar quando os dedos começam a traçar o seu
padrão infame na minha pele. Seu toque me dá arrepios me
fazendo morder o lábio. Seus dedos deixam seu lugar e ele pega a
minha mão segurando um de meus próprios dedos e ele traz para
a minha volta, em seguida, ele faz o mesmo padrão que ele tem
feito tantas vezes. Desta vez eu reconheci e meu coração palpita.
Não era apenas um padrão ou símbolo aleatório, é o seu nome.
"Eu quero algo mais permanente do que traçar meu nome em
sua pele". ele recua olhando nos meus olhos.
"Eu não terei o seu nome tatuado em mim". Eu brinco
passando os braços em volta do seu pescoço. Ele ri e balança a
cabeça negativamente.
"Bem, tinta desaparece de qualquer maneira". ele pisca antes
de lamber o lábio enquanto ele me mostra o seu sorriso de
menino. Ele enfia uma mão no bolso. A outra desliza pelo meu
braço, e ele pega a minha mão na sua. "Você sabe que eu nunca
vivi por um plano. Eu sempre decidi fazer o que eu queria e
ninguém mais realmente importava. Desde que eu conheci você,
isso mudou. Eu nunca pensei que eu iria sentir por alguém o que
eu sinto por você."
Meu coração acelera e minha boca fica seca. Eu olho para ele,
lágrimas enchendo meus olhos. Ele puxa a mão do bolso e abre
para revelar um anel de diamante amarelo. Meu queixo bate no
chão.
"Eu tentei me convencer a não fazer isso mais vezes do que
você acreditaria. E isso só hoje. Eu sei que você está se formando
no próximo mês e passando para uma fase diferente da sua vida."
Ele leva o anel e desliza-o no meu dedo. O anel tem um ajuste
perfeito. "Eu não quero ser uma parte de seu passado. Eu quero
ser a única pessoa a tocá-la de maneiras que lhe dão calafrios, a
sussurrar coisas para você que fazem você ficar vermelha. Eu sei
que há um monte de coisas que você quer saber sobre mim que eu
não tenho sido exatamente aberto com você. Mas saiba que eu te
amo. Eu estive apaixonado por você mais do que eu já admiti a
mim mesmo".
Minha língua está completamente presa ao céu da minha
boca. Eu não posso sequer abri-la para dizer qualquer coisa.
"Você sempre me diz que eu preciso trabalhar em pedir coisas"
Ele fica em um joelho. Seus olhos são brilhantes e sua expressão
suave. Eu estou tremendo, ele pega minha cintura e me puxa para
seu joelho dobrado. "Eu quero você, quero dizer. Você quer se
casar comigo?"
Ele está na minha frente. O anel está no meu dedo e isso
ainda não parece real. Eu nunca teria imaginado que isso iria
acontecer agora. Eu não posso nem dizer nada. Abra sua boca! Eu
quero dizer que sim. Eu quero pular em seus braços e dizer-lhe
sim um milhão de vezes, mas algo está me impedindo. Não sou eu,
é ele. Ele está pronto? Há tantas razões que isso pode não
funcionar. Eu saio de sua perna dobrada, que facilmente mantém
meu peso e fico em pé e ele faz o mesmo.
"Tem certeza?" Eu sussurro tentando enxugar as lágrimas que
insistem em cair. Ele se levanta e me puxa para mais perto dele,
segurando suavemente meu rosto com as mãos. "Não há dúvida
em minha mente." Ele diz inflexivelmente.
Descansei minha cabeça em seu peito. Oh Deus, me ajude.
Quando eu olho em seus olhos, eu perco todas as dúvidas, mas
elas não vão embora calmamente.
Minha mente está me dizendo uma coisa, meu coração outra.
Eu não posso ajudar, mas ouço as palavras de Helen ecoando na
minha cabeça. Será que realmente fomos tão longe desde então?
Eu ergo minha cabeça e olho em seus olhos. Em um segundo eles
aliviam minhas dúvidas, mas aumentam tantos dos meus medos.
Eu sei que ele poderia quebrar o meu coração em um piscar de
olhos.
"Sim". eu digo em voz baixa. Eu não posso dizer não. Por que
eu deveria? Eu o amo. Eu estive apaixonada por ele mais do que
eu quero acreditar. Se eu não pudesse tocá-lo, falar com ele, senti-
lo eu não sei o que eu faria. Eu poderia muito facilmente passar o
resto da minha vida com ele. Ainda assim… "Sim". eu digo
novamente principalmente para mim mesma. Lanço-me em seus
braços e suavemente beijo seus lábios antes que ele aprofunde o
beijo. Ele me levanta em seus braços, e o mundo gira em torno de
mim.
A pequena voz na minha cabeça é calma, quando lágrimas de
alegria rolam pelo meu rosto. Mas tudo o que posso pensar é, por
favor, não quebre meu coração.
07 de junho de 2011

Eu desejava que não estivesse aqui. Fora de todas as minhas


preocupações, minhas suposições do que Cal estava fazendo
enquanto ele estava fora, querendo saber quem ele era, com quem
ele estava. O ciúme, a solidão e o medo da minha imaginação
costumavam me sufocar como um laço. Agora estar aqui sem Cal,
é pior. Muito pior do que eu jamais poderia ter pensado,
imaginado ou me preparado. Não havia nenhuma maneira que eu
poderia me preparar para isso. Eu acho que em algum lugar lá no
fundo, eu sabia que isso ia acontecer, mas eu esperava que o
medo não tivesse fundamento. Eu sempre digo a mim mesma que
eu estava paranóica, que meus pesadelos eram meus sentimentos
subconscientes sobre ele sempre ter saido muito. Ainda assim, eu
percebi isso mais e mais forte quando eu olhei em seus olhos
nestas últimas semanas, quando ele me segurou, mas eu olhei
para o outro lado.
A conexão que eu forjei com ele estava tentando me dizer, e eu
não entendia. Eu não conseguia entender. Ou eu não queria
também. Talvez o tempo todo que eu estava com ele era apenas
uma contagem regressiva até que eu fosse perdê-lo. Tem sido
difícil viver com Cal, amando-o por tudo o que ele é e tudo o que
ele não me deixaria saber sobre ele, mas eu sei que vai ser mais
difícil viver sem ele. O dia depois que ele me deixou foi um dos
mais longos, mais difíceis da minha vida inteira. Era como se ele
nunca fosse acabar. As horas passaram como dias e não havia
nada que eu pudesse fazer para torná-lo mais rápido. Eu sabia
que quando eu acordasse ele não estaria aqui, mas ainda assim
eu esperava que quando eu abrisse meus olhos, ele estaria
dormindo ao meu lado. Ele não estava, ele tinha ido embora. Ele
não levou nada com ele. A casa parece como se ele nunca tivesse
saido. É por isso que eu tinha que sair de casa também. Cada vez
que o telefone tocou, meu coração começou a bater mais rápido.
Eu pensei que era ele, mas aí eu ouço uma mensagem de Dexter,
Helen, ou Raven, mas não dele.
Tudo o que eu via desencadeava uma memória que eu não
queria ter. Tentando não pensar sobre ele me levou apenas a
pensar mais sobre ele. Após cerca de uma semana de te-lo
perdido, eu voltei para Ângela. Ela me acolheu de braços abertos
novamente, sem fazer perguntas, embora eu tenha certeza que ela
queria. Eu fiz o meu melhor para esconder os meus sentimentos,
levou tudo que eu tinha para fazer parecer que eu estava bem,
especialmente quando eu passei uma semana inteira apenas
chorando sem parar, incapaz de controlar. A única vez que eu não
estava chorando era quando eu estava dormindo, e então eu
acabava de acordar e começava a chorar de novo.
"Lauren." Eu levanto minha cabeça para ver Ângela em pé na
minha frente com uma expressão um pouco preocupada. Ela foi
tão doce para mim, e eu mal disse três frases além de "Eu estou
bem", "não se preocupe", e "boa noite".
"Sim". eu digo rapidamente colocando um sorriso falso, que,
tenho certeza, não é convincente.
"Podemos conversar?" Pergunta ela, mordendo o lábio. A
conversa, eu sabia que viria finalmente, mesmo a pessoa mais
paciente do mundo teria de me perguntar sobre o que estou
fazendo aqui, mais cedo ou mais tarde.
"Claro". Eu aceno a cabeça, sentando na minha posição fetal
normal nestas duas últimas semanas.
"Bom." Ela sorri e depois desaparece por um momento,
enquanto eu me levanto para dobrar meus lençóis. Quando eu
termino, ela retorna com um pote de sorvete e duas colheres. Eu
sorrio, desejando que este dia fosse ser tão divertido quanto o
sorvete indica. Ela se senta no sofá e dá um tapinha no assento ao
lado dela. Sento-me ao lado dela e pego a colher que ela está me
entregando. Rapidamente coloco uma colherada de sorvete em
minha boca para evitar falar em primeiro lugar.
"Então, você sabe que eu não sou intrometida ou estou
tentando ser, certo?" Ela pergunta em voz baixa. Eu aceno
sabendo o que está vindo em seguida. "Mas desde que você voltou
você está como um zumbi. Você não fala muito, o que é bom. Eu
posso entender que você não sente vontade de falar sobre como
está se sentindo. Mas sempre que eu estou em casa tudo que você
faz é dormir. Você não está apenas dormindo, Lauren, você está
dormindo quando eu saio e quando eu chego em casa." Ela faz
uma pausa me dando a chance de responder. Eu realmente não
sei o que dizer a ela. Ela está certa.
"Você não tem que falar comigo, mas eu estou aqui para
ouvir". ela me diz.
Eu tomo uma respiração profunda. "Não há nada errado".
murmuro, tendo outra colherada de sorvete. Eu olho para ela
através do canto do meu olho.
"Eu ouvi você chorar ontem à noite". ela revela calmamente.
"Eu ouvi você chorando nas últimas três noites, e eu estou
preocupada com você."
Eu abri minha boca para lhe dizer mais uma vez que ela não
precisa se preocupar, que eu estou bem, mas de repente, meu
estômago começou a se agitar. Eu corri para o banheiro tão rápido
quanto pude. Felizmente, o conteúdo no meu estômago não
derramou até que eu cheguei ao banheiro. Quando eu levanto a
cabeça, Ângela está olhando silenciosamente da porta com os
braços cruzados. Eu olho para longe do olhar cético no seu rosto e
agarro a minha escova de dentes.
"Você consegue adivinhar o que estou prestes a perguntar?"
Diz ela, entregando-me o creme dental ao lado dela.
"Não é o que você pensa". eu encho a escova de pasta e coloco
na minha boca, me concentrando em escovar, por isso não vou ter
que encará-la.
"E você sabe isso com certeza?" Pergunta ela, sentada na beira
da banheira. Vejo que ela não vai deixar-se sobre isso.
Eu sorrio com força e enxago a boca. "Eu conheço meu corpo".
Eu digo a ela, simplesmente, e deixo o banheiro. Não há nenhuma
maneira que eu posso estar…
Ela me segue de volta para a sala de estar. "Quando foi a
última vez que você teve o seu período?"
"Há três semanas" eu digo em cima da minha cabeça,
esperando que as questões parem.
"Foi um completo ou…" ela continua.
Eu paro e viro para encará-la. "Isso não importa, porque eu
não estou grávida." Eu deveria ter ido para um hotel.
"Dizer a si mesma que não está grávida não funciona."
"Bem, o controle da natalidade faz."
"Não é cem por cento."
"Bem, para mim é." Eu digo, com raiva rastejando em minha
voz.
"Você está me dizendo que você nunca deixou usá-lo, ou
sempre que você e Cal tiveram relações sexuais, ele usava
camisinha?" Ela ri.
Eu cubro meu rosto com as mãos. "Eu não quero falar sobre
isso, ok?" Eu lamento cobrindo meu rosto.
"Lauren, você não pode ignorar isso!"
"Eu não estou ignorando qualquer coisa, porque não há nada
para ser ignorado. E daí? Eu vomitei uma vez. Poderia ser o que
eu comi. Eu poderia ter uma gripe. Isso não significa que eu estou
grávida."
"Não, mas uma vez que você esteve aqui, você não fez nada,
além de comer, dormir e chorar. Eu não sei o que aconteceu
quando eu te levei para casa. Eu não perguntei nada, mas você
não é a pessoa que eu conheço. Diga-me o que está acontecendo"
ela pede sinceramente.
"Ele me deixou, Angie! Cal me deixou. É por isso que eu tenho
chorado." Eu digo a minha voz elevando. Eu mordo meu lábio,
implorando com meus olhos para ela parar. "Eu durmo para não
ter que pensar sobre ele ter ido. Sinto falta dele, e eu o quero de
volta. Com a merda que nosso relacionamento era, eu o quero de
volta. Eu o amo." Eu cubro meu rosto novamente.
Ângela envolve seu braço em volta de mim. "Lauren, por que
você não me contou?"
"Eu estava envergonhada. Eu não sei o que eu vou fazer. Eu
não quero que você sinta pena de mim, mas eu não podia ficar
naquela casa ou voltar para minha tia. Eu não quero estar
sozinha também. Eu não queria admitir o que está acontecendo".
eu digo a ela em meio às lágrimas que caem dos meus olhos.
"Eu sinto muito, Lauren. Eu não sabia. Não há problema em
sentir falta dele. Não há nada de errado com isso, você esteve com
ele nos últimos três anos de sua vida. Eu ficaria preocupada se
você não o fizesse. Me desculpe. O que ele disse para você? Ele
não lhe disse por que ou para onde estava indo?"
"Isso não é importante. Ele se foi, isso é tudo." Eu aperto
minha testa em minhas mãos. Eu tento me recompor, e me sento
no sofá que tem sido a minha cama para a semana passada. "Eu
não sei, Angie". eu digo honestamente, limpando meu rosto.
"Não sabe o quê?" Ela pergunta cuidadosamente sentada ao
meu lado. Eu corro minhas mãos pelo meu cabelo em frustração.
"A última vez que tive um período completo foi há dois meses.
Então, eu realmente não sei se… se estou grávida. É possível. O
que eu sei é que este seria o pior momento, o pior absolutamente".
Eu choramingo, cobrindo meu rosto. "Um bebê não é o que eu
preciso agora. Eu não posso estar grávida". Cruzo os braços em
volta do meu estômago.
"Bem, não vamos tirar conclusões precipitadas, você pode não
estar. Afinal, o stress faria com que seu período parasse e você foi
dormir porque você está emocionalmente esgotada." ela tenta me
consolar, mas o olhar no rosto dela não é nada convencido. "O
importante é você descobrir, e então você pode descobrir o que
você vai fazer sobre isso, ok?" Diz ela, levantando minha cabeça.
Eu sorrio fracamente. Ela vai para a geladeira e me entrega um
chá gelado.
"Então, eu vou correr na farmácia e pegar um teste. Você fica
aqui e relaxa. Não vá dormir, vá assistir TV, ouvir música, mas eu
estou chutando sua bunda, se você estiver dormindo quando eu
voltar." Ela brinca. Eu sorrio.
Eu não estou grávida. Eu não estou.

***
"Aqui diz que tem que esperar cinco minutos. Vai ser um sinal
de mais, se positivo, um sinal de menos, se negativo." Ela sorri,
tentando encobrir seu próprio nervosismo.
"Eu sei, você me disse isso duas vezes". eu digo a ela, nervosa.
"Desculpe". ela morde o lábio ansiosamente.
"Deus, porque é que está demorando tanto? Parece que se
passaram 20 minutos. Quanto tempo resta?" Eu pergunto,
andando pela cozinha novamente.
"Três minutos. Só faltam dois." diz ela, depois de olhar para o
relógio. "Talvez devêssemos ir para uma caminhada, apenas
sentar aqui e esperar vai deixá-la louca". ela sugere.
"Não. Eu preciso saber que eu não estou o mais rapidamente
possível". eu digo a ela, brincando com meus dedos.
Não há nenhuma maneira que eu possa estar grávida, agora
não. Agora não!
"Ok. Cinco minutos". Eu sinto meu estômago cair. De repente,
eu desejo que eu não tivesse feito este teste. Eu quero correr para
fora da casa e não olhar para trás. Se eu não sei, eu não estou, é
melhor do que conhecer a outra possibilidade. Eu não posso lidar
com isso agora.
"Lauren, você está bem? Você está ficando pálida". diz Ângela
com um olhar preocupado em seu rosto.
"Eu estou bem". eu digo tentando me convencer.
"Você está indo buscar?" Ela pergunta. Eu olho para a porta
do banheiro, meu coração começa a bater mais rápido.
"Eu não posso. Você olha." eu digo a ela, sentando.
"Tem certeza?" Ela me pergunta novamente.
Eu concordo. "Ok." Eu fecho os olhos e ouço seus passos
moverem mais longe. Quando eu a ouço voltar, eu aperto meus
olhos mais ainda. Ela me bate de leve no ombro. Eu olho para
cima, tentando ler a expressão dela.
"Boa notícia". diz ela com um sorriso suave.
Eu respirei um profundo suspiro de alívio. "Obrigado, Deus".
eu digo, é como se vinte quilos tivessem sido tirados de mim.
"Isso está apenas muito fora da minha mente. Você não sabe
como eu estava com medo. Se eu estivesse grávida eu não poderia
sequer pensar sobre o que eu faria. Eu nem sei o que vou fazer
agora. Ter um bebê, que só teria feito às coisas de modo muito
mais complicado". eu digo abraçando-a. De repente, percebo que
ela não está me abraçando de volta. Eu me inclino para trás e ver
seu rosto está em branco.
"Talvez eu devesse ter dito más notícias". diz ela cobrindo a
testa. "Eu sou uma idiota, eu sinto muito!"
"O quê?" Eu pergunto confusa, e ela entrega o teste para mim.
Meu estômago cai quando eu vejo o rosa profundo do sinal de
mais.
"Não. NÃO!" Eu lanço o teste no chão. "Eu não posso ter um
bebê agora! Isso não pode estar acontecendo!" Eu digo
freneticamente, minhas lágrimas voltando.
"Lauren, acalme-se". ela implora.
"Me acalmar? Eu não posso estar grávida! Eu nem sei onde
meu marido está. Isso não pode acontecer! Tem que estar errado".
eu grito. "Eu não posso ser uma mãe agora. Está errado, certo? Na
maioria das vezes eles estão errados." Eu tento me convencer.
Ângela agarra minhas mãos.
"Sim, ele poderia estar errado. Essas coisas não são 100%,
mas você tem que se preparar para a possibilidade de que ele pode
não estar". ela insiste, o que me faz chorar mais.
"Eu não posso criar uma criança sozinha. Eu não estou pronta
para ter um bebê". Eu balancei minha cabeça desafiadoramente.
"Lauren, escute-me, está bem? Você consegue fazer isso. Você
não precisa de Cal. Se ele voltar, eu vou ser tão feliz por você, mas
se não o fizer, foda-se. Você é uma mulher maravilhosa, forte,
amável e bonita. Se ele não sabe disso, ele não merece você. Ele
certamente não merece fazer você se sentir assim, e ele não
merece o bebê maravilhoso e lindo que você vai ter. Você não vai
fazer isso sozinha. Você terá a mim, Hillary e Raven. Nós todas
vamos estar aqui para você".
Eu olho para ela. Ela parece sincera, mas ela não entende.
Levanto-me e caminho até a pia e jogo água no meu rosto. Eu vou
para fora do banheiro e pego minha bolsa, e ando em direção à
porta.
"Onde você está indo?" Pergunta ela, preocupada.
"Eu preciso de um pouco de ar. Eu estou indo para uma
caminhada." eu digo a ela quando eu abro a porta.
Ela começa a se levantar. "Eu vou com você."
"Não, eu preciso de um tempo sozinha."
"Lauren…"
"Eu vou ficar bem. Eu estou bem". eu digo a ela com uma
risada seca, quando eu fecho a porta atrás de mim.
07 de novembro de

2010

"Lauren, você está atrasada, baby." Cal permanece de pé na


porta, vestido com uma camisa de gola quadrada, coberto com
uma jaqueta preta e sapatos combinados. Eu uso meus saltos de
couro e me olhava no espelho, certificando-me que o vestido prata
apertado, que está abraçando meu corpo, não está enrugado.
"Você parece bem." Ele se move, deixando seu lugar na porta e
ficando atrás de mim, seus braços em volta da minha cintura,
pressionando seu corpo contra o meu. Eu escapo de seus braços e
pego o alisador de cabelo, determinada a fazer com que uma parte
do meu cabelo coopere.
"Se nós nos atrasaremos, vamos fazer por uma boa razão." Cal
fala no meu ouvido e suas mãos deslizam sob o meu vestido. Eu
me viro e empurro suas mãos longe de mim de brincadeira.
"Não, Cal. Não esta noite." Eu o advirto recuando. Eu tenho
que aprender a ficar pronta rapidamente, porque parece que
quando eu não faço e estamos atrasados, ele decide usar como
uma desculpa para nos fazer chegar mais tarde. Ele bloqueia o
meu caminho e eu estou presa entre a cômoda e o peito dele. Ele
pega o alisador e o coloca de lado.
"Nós já estamos atrasados." Ele diz e em um movimento rápido
me leva para o banheiro.
"Mas…" Minha frase é interrompida por seus lábios cobrindo
os meus. Apenas estamos atrasados para nossa festa de noivado.
Estou começando a ceder quando eu escuto o telefone tocar. A
única pessoa que liga para o telefone de casa é o porteiro do
edifício.
Eu me afasto de seus lábios. "Vai continuar tocando." Ele
geme e se vira para pegar o telefone, atende-o enquanto caminha
de volta para mim.
"Sim." Diz ele, impaciente, enquanto seus lábios encontram
meu pescoço novamente. Um segundo depois, ele para e dá toda a
atenção ao telefonema.
"Qual é o seu nome?" Ele pergunta.
Estou olhando para ele, mas se vira para que eu não veja a
sua reação quando a pessoa do outro lado da linha respondeu.
"Eu estarei lá em um segundo." Ele diz e desliga.
"O que aconteceu?" Eu pergunto, olho para baixo e ajeito o
meu vestido.
"Eu acho que é uma vendedora ou algo assim." Ele diz,
ajustando o paletó.
"Uma vendedora?" Sigo-o enquanto ele se dirige para fora do
nosso quarto. "Às 17h em um sábado?"
Meu tom é de brincadeira, mas o olhar no meu rosto revela a
gravidade da questão.
Ele para e olha para mim.
"Vou ver quem é." Ele diz. "Já volto."
"Vou com você."
"Não, termine de se arrumar. Não vou demorar nem cinco
minutos." Diz casualmente colocando as mãos nos bolsos de sua
jaqueta. Encaro-o buscando em sua expressão uma pitada de
nervosismo ou remorso e culpa. Ele suspira, exasperado.
Eu cruzo os braços sobre o peito.
"Bem você recebe uma chamada estranha dizendo que há uma
mulher lá embaixo para ver você e me diz que é uma vendedora."
Cal não corre para fazer algo, mas agora recebe um telefonema
sobre uma mulher que está lá baixo lá para vê-lo e eu deveria
aceitar e dizer: "Ok querido"?
Ele parece se divertir com minha reação. Um sorriso se
espalha por seu rosto e ele estende a mão, me puxando em
direção a ele.
"Você é sexy quando você está com ciúmes." Ele diz,
envolvendo seus braços na minha cintura.
Afasto-me sentindo-me um pouco envergonhada. Eu nunca
havia sentido ciúmes de um homem antes. Onde quer que vamos,
ele é como um ímã, atraindo a atenção das mulheres. Ele nunca
foi desrespeitoso para mim ou incentivou alguma delas, mas é
irritante, realmente irritante.
"Ela não está aqui para me ver. Ela está aqui para vê-la." Diz,
dando um passo, e eu levanto uma sobrancelha em surpresa.
"A mim?"
"Sim, se isso tem algo a ver com as compras, eu imagino que
vou economizar tempo fazendo-a voltar mais tarde." Ele brinca. Eu
não compro tanto para uma Personal Shopper estar me seguindo.
Eu tento pensar no que a faria vir aqui para me ver.
"Vá terminar de se arrumar e me encontre lá em baixo." Ele diz
e um momento depois já estava fora da porta. Volto para o quarto,
ajusto o vestido e passo a mão pelo meu cabelo. Eu começo a
pegar meu celular, mas há uma sensação incômoda na boca do
estômago, do tipo que você sente quando se esquece de algo antes
de sair. Coloco o celular na bolsa e pego meu casaco. Eu corro
para baixo nas escadas quase quebrando meu tornozelo e sigo
para a porta. Pressiono o botão do elevador várias vezes e parece
uma eternidade antes que as portas se abram.
Eu pressiono o botão do térreo e espero que as portas se
fechem. Quando ele começa a se mover tomo uma respiração
profunda. Eu não sei por que eu estou nervosa, mas algo não
parece certo sobre isso. Quando as portas se abrem eu saio
rapidamente, mas sem correr. Começo a andar em direção à
recepção quando Lamar, um dos porteiros, me cumprimenta. Eu
quero ser rude e cumprimentar com a mão e continuar andando,
mas eu sempre paro para dizer ‘Olá’. À distância vejo Cal falar
com uma mulher. Ela se volta para mim, mostrando seus cabelos
longos, vermelhos, caindo pelas costas, ela parece estar se
movendo de um lado para outro.
"Lauren, seu vestido é fabuloso." Diz ele em voz baixa, para
que outros inquilinos não escutem.
"Obrigada. Lamar, você me ligou?" Eu pergunto. Meu foco está
em Cal e na mulher.
"Sim. O Sr. Scott atendeu e disse que iria descer em seu
lugar." Ele diz, movendo a sua atenção para os meus sapatos.
"Ela disse quem ela era?" Pergunto um pouco impaciente,
porque sua atenção está mais em meu guarda-roupa do que na
situação atual.
"Ela disse que estava relutante em falar." Diz, arqueando as
sobrancelhas. Eu pego minha carteira na esperança de ter algum
dinheiro, e fico feliz em encontrar uma nota de vinte dólares, já
dobrada. Eu mordo meu lábio e coloco o dinheiro no balcão,
cobrindo-o com a mão.
Mais alguma coisa?" Eu pergunto, olhando Lamar diretamente
nos olhos. Ele olha em volta antes de pegá-lo sobre a mesa.
"Ela parecia um pouco nervosa quando o Sr. Scott apareceu
em seu lugar e foram lá para fora. Embora ela não parecesse
muito feliz em vê-lo."
"Como ela é?" Pergunto mecanicamente incapaz de obter as
palavras da minha boca de outra forma, pelo olhar de Lamar
parece que eu apenas fiz uma pergunta que fez o seu dia bom.
"Bem, ela parece que não é daqui." Ele diz, franzindo a testa.
"O que você quer dizer?"
"Bem, você sabe como todo mundo se veste aqui? Ela não se
parece com uma vagabunda ou algo assim, mas está fora de lugar.
É como se ela tivesse perdido o seu caminho para o subúrbio e
chegado aqui." Ela ri.
"Quantos anos você acha que ela tem?" Eu pergunto curiosa.
"Ela é uma mulher mais velha. Talvez na casa dos cinquenta
anos." Diz, em seguida para. "Mas havia algo sobre ela que parecia
familiar, como se eu tivesse visto antes, mas talvez não." Diz
balançando a cabeça, descartando o pensamento e voltando sua
atenção para o computador quando o gerente se aproxima da
mesa.
"Está tudo bem, Srta. Brooks?" O Sr. Riley pergunta com um
sorriso.
"Sim, está tudo bem." Eu digo deixando a mesa e correndo em
direção a porta. Paro quando eu vejo que a mulher ruiva vai
andando pela rua e Cal está andando em minha direção.
"O que foi aquilo? Quem era ela?" Pergunto a Cal, que está
abotoando o paletó.
"Nada." Ele diz, abrindo a porta para eu voltar para dentro.
Hesito por um momento e a mulher que vira para nós. Ela está
longe, mas sua expressão é mal-humorada.
"Você vem?" Cal pergunta impaciente. No segundo que me leva
a olhar para ele e, em seguida, retornar para a ruiva misteriosa,
ela desapareceu no mar de pessoas.
"Nada?" Eu digo enfaticamente.
"Eu cuidei dela. Ela disse que não queria nada importante."
Senta-se em uma das luxuosas cadeiras castanho chocolate do
lobby. Eu imagino que ele está esperando trazerem o carro.
"Bem, o que aconteceu? O que ela quer comigo?" Eu pergunto,
sentando a seu lado.
"Ela realmente não estava fazendo sentido. Ela parecia ter
conseguido algo. Eu disse-lhe para sair." Ele suspira, puxando o
celular.
"Bem, talvez você devesse ter me deixado falar com ela." Eu
digo, empurrando-o para me de toda a sua atenção.
"Eu não queria que alguma mulher louca chateasse você com
algo estúpido antes do nosso jantar." Simplesmente diz.
"Por que ela iria me perturbar? Como ela me conhece e como
sabia que eu estaria aqui? Não entendo."
"Olha. Ela não estava fazendo o menor sentido. Provavelmente
tirou seu nome de um artigo qualquer de algum evento que tenha
ido com Dexter. Você deve ter cuidado com as pessoas que estão
apenas tentando falar com você. Quando você está associada com
a Crest Field, as pessoas tendem a ver cifrões e contarão qualquer
história, pensamento triste, para que você possa estender um
cheque. A maioria dessas pessoas tem algum tipo de história
oculta e tenho certeza que ela tem, mas ela não vai ser problema.
Agora, você não pode simplesmente confiar em ninguém, ok?" Ele
diz, pegando a minha mão na última parte de seu discurso.
Concordo tentando aceitar a explicação que ele me deu. Faz
sentido, mas o sentimento irritante não vai embora e seu rosto
não desaparece dos meus pensamentos facilmente.
07 de junho de 2011

Eu vou para o consultório, e a primeira coisa que vejo é uma


mulher tentando segurar seu bebê e ler uma revista ao mesmo
tempo. Ela sorri para mim, e eu faço o meu melhor para sorrir de
volta antes de ir para a mesa da recepcionista.
"Olá. Bem-vinda ao consultório do Dr. Green. Como posso
ajudar?" Ela diz com um sorriso.
"Eu preciso de um teste de gravidez." Eu digo sem rodeios.
Parece que minha franqueza foi uma surpresa para a jovem.
"Nós podemos fazê-lo." Ela sorri, depois de levar alguns
segundos para se recuperar. "Vou precisar de seu nome, e que
preencha este formulário, para que possamos agendar uma
consulta." Diz entregando-me um maço de papéis.
"Não, você não entende. Eu preciso disso agora." Eu digo
rapidamente.
Sua sobrancelha é levantada. "Sinto muito, mas você precisa
fazer uma nomeação." Ela me faz nervosa.
"Er… Isto é uma emergência." Eu digo rapidamente.
"Uma Emergência?" Ela pergunta.
Vejo que não vou ser capaz de manter a compostura. Coloco
um enorme sorriso no meu rosto e me aproximo dela. "Meu
marido me deixou na semana passada, e eu não tenho ideia do
caralho de onde ele está. Eu fiz um teste de gravidez em casa esta
manhã, e adivinhe? Foi positivo! Então, eu preciso de um dos
médicos para me dizer que esse teste estava errado, e eu não
tenho nada a acrescentar à minha lista de coisas que eu tenho
que me preocupar. Eu não tenho dinheiro comigo, mas eu tenho
cartões de crédito e talão de cheques. Eu vou pagar o que quiser."
Eu tiro minha carteira e coloco-a sobre a mesa.
"Eu vou assinar um pedaço de papel que diz que se eu acabar
morrendo durante o teste vocês não serão os culpados, mas eu
não posso perder mais um minuto tentando adivinhar, ok? Eu não
posso adivinhar nada na minha vida. Eu não sou louca, mas a
cada minuto que passa, estou ficando mais perto. Então, se você
quer me ver violenta neste consultório e causando uma cena
ainda maior, você vai dizer ao médico que tem uma mulher muito
desesperada aqui fora que precisa de ajuda!" Depois que falo,
respiro cheia de esperança, pelo olhar em seu rosto que ela não
chame a polícia.
"Huuum, ela pode tomar o meu lugar, eu vou depois." A
mulher que sorriu para mim antes me olha com simpatia.
"Obrigada." Eu digo desesperadamente.
A porta se abre, e sai uma enfermeira, falando com a
recepcionista. "Quem é o próximo?" A recepcionista aponta para
mim.

***
Parece que o médico foi pra fora da sala a uma eternidade. Eu
acho que a secretária está lhe dizendo o quão louca eu sou.
Provavelmente eu não deveria ter vindo aqui tão cedo. Mas eu
senti que eu não podia respirar sem que soubesse da minha
situação de forma segura. Quando a porta se abre, eu suspiro de
alívio.
"Como está, Sra. Scott?" Pergunta ele, sentando em uma
cadeira na minha frente.
"Bem, eu já estive melhor." Murmuro.
"Quando foi a última vez que você teve o seu período
normalmente?" Ele pergunta seus olhos ainda olhando para o
clipboard.
"Cerca de dois meses. Bem, há três semanas, eu tive, mas
durou apenas um dia."
"Você disse para a enfermeira que fez um teste de casa, e, que
foi positivo?” Pergunta, escrevendo no histórico médico.
"Sim, mas eu ouvi que ele pode estar errado, certo? Os testes
caseiros não são cem por cento precisos."
"Não, eles não são cem por cento exatos, mas são muito
próximos. A maioria tem uma precisão de noventa e sete por
cento."
"Mas ainda há uma chance de três por cento que não esteja."
Eu digo rapidamente.
Finalmente ele para de escrever, seus olhos encontram os
meus. "Sra. Scott, eu vou ser honesto com você. Parece que neste
momento você precisa de honestidade." Diz ele.
"Brooks, prefiro que me chame de Brooks." Eu digo
suavemente. Eu acho que vou ter que me acostumar.
"Srta. Brooks um teste de gravidez caseiro ou um teste de
gravidez sanguíneo vai medir seus hormônios chamados
gonadotrofina coriônica humana, o hormônio da gravidez. O teste
de gravidez caseiro usando urina para níveis em seu corpo. Vou
fazer um HCG, teste de sangue qualitativo, que vai medir a
quantidade exata do hormônio na corrente sanguínea. Este teste é
extremamente preciso, você pode detectar o hormônio mesmo uma
semana após a ovulação. Os testes de gravidez não são tão
precisos, se feitos apenas uma semana depois da ovulação, o que
poderia ter dado um falso resultado se feito tão cedo. Mas pelo que
me disse e minha opinião profissional, se você não teve seu
período em seis semanas, é mais provável que o teste foi bem-
sucedido. Pelos sintomas descritos como extrema fadiga e enjoo
matinal, há uma forte possibilidade de…" Sua voz começa a
desvanecer-se. Eu sei que estou grávida, porque apenas quando
as coisas estão ruins, elas podem piorar.

***

Quando eu abro a porta, vejo Ângela no telefone.


"Tenho que ir." Diz ela rapidamente e desliga. Eu fecho a porta
e encosto-me nela.
"Lauren, eu estava tão preocupada com você. Eu não sabia
para onde olhar. Sua tia continua chamando, e não sei o que
dizer. Você saiu por cinco horas." Ela ralha com um tom de
preocupação.
"Oito semanas." Eu digo simplesmente.
"O quê?" Seu tom de voz suavizou.
"Estou grávida de oito semanas." Digo, me sentindo
completamente dormente. Eu deslizo para baixo na porta e cubro
meu rosto. Com todas as lágrimas que derramei, estou surpresa
que não estou desidratada. Eu acho que eu literalmente chorei
todas as minhas lágrimas. Ela não disse nada, mas se senta ao
meu lado e pega minha mão.
"Eu fui ao médico, que é nesta rua. Depois que eu descobri, eu
vaguei por horas, apenas tentando limpar a minha cabeça, mas
ajudou." Eu digo limpando a garganta. "Eu não posso chorar ou
sentir pena de mim. Eu vou ter um bebê, e eu vou ter que lidar
com isso. Há tantas pessoas que tiveram seus filhos em situações
piores que a minha, então eu não posso simplesmente continuar
chorando sobre ele. Mas eu estou tão brava porque eu não teria
que fazer isso sozinha. Eu posso fazer isso, mas não teria!"
"Você não está. Você me tem e sua tia…"
"Ele deveria estar aqui! Eu preciso dele, mas ele não está!
Lembro-me da noite que isso aconteceu. Quando eu fui para ir
embora, ele me levantou como se eu tivesse seis anos com um
acesso de raiva, e me tranquei no meu quarto… Ele foi para casa
naquela noite e me trouxe uma dúzia de rosas cor de rosa. Eu
estava tão irritada com ele, e ainda cedi. Ainda assim eu o
desejava. Eu fiz amor toda a noite e na tarde seguinte por meio
dia." Eu me levanto. "Essa foi à noite que fizemos isso. E, assim,
em seguida, ele vai embora!"
Ângela se levanta e caminha em minha direção.
"As coisas parecem ruins agora, mas quando você segurar
aquele pequeno bebê em seus braços, e ver seus pequenos olhos e
seu sorriso, toda essa merda que você está passando vai valer a
pena."
Eu a abracei. Ela tem sido uma grande amiga através de todas
as minhas mudanças loucas de humor e comportamento
antissocial, ela nunca reclamou e sempre me ouviu sem
perguntar.
Eu vou passar por isso. Eu tenho que ser uma mulher melhor,
para mim e, agora, para o bebê crescendo dentro de mim. As
coisas já não são apenas sobre mim. Eu não posso chorar por Cal
outro dia. Minha vida não pode girar em torno dele ou sua
memória. Eu acho que de alguma forma, ele me deu uma parte
dele, e agora eu tenho alguém para amar.
07 de dezembro de

2010

Na próxima semana, eu estarei em pé na igreja, em frente a


mais de quinhentos convidados, a maioria dos quais Cal e eu não
nos interessamos, até mesmo Michael foi convidado. Não o odeio
tanto. Mil fotos serão tiradas enquanto nós falamos nossos votos
pela segunda vez. Vou usar um vestido Vera Wang de nove mil
dólares e um colar de diamantes que vale mais do que isso, e, em
seguida, continuar com uma grande recepção. Mas isso não é o
meu casamento, bem, provavelmente é, mas eu chamo de:
"Assunto Crest Field".
Cal e eu brincamos sobre isso. Dexter diz que vai ser bom para
a imagem da empresa, o que quer que isso signifique. Cal não
queria, mas Helen me implorou. Eu nunca pensei que ela iria
implorar algo em sua vida, mas que menina não quereria dois
casamentos?
Mas hoje, neste dia perfeito com vinte e dois graus e em uma
praia particular no Rio, usando um vestido de verão branco,
pérolas e uma flor amarela no meu cabelo com os meus dedos na
bonita areia branca, comprometo-me a passar o resto da minha
vida com o homem que me conquistou completamente e capturou
meu coração. Minhas lágrimas corriam livremente quando eu
seguro sua mão. Ele está vestindo calças brancas e uma camisa
de botões com mangas curtas que coincide com as calças, e um
lenço amarelo no bolso. Ele está mostrando um sorriso de menino,
mas eu sei o mal por trás dele. Ele aperta minha mão quando o
pastor, cujo inglês é menos do que perfeito, dá o sinal para dizer
seus votos. Ele respira profundamente e Dexter lhe dá um tapinha
no ombro. Solta uma pequena risada, mas, em seguida, sua
expressão fica séria.
"Lauren, você sabe que eu te amo mais do que tudo, mais do
que ninguém." Diz em uma voz firme, e ouço Raven suspirar há
alguns pés metros de mim. Eu rio, mas o peso de suas palavras
cria uma explosão quente em mim. "Você me fez um homem
melhor." Diz um pouco mais suave.
Limpo as lágrimas dos meus olhos e eu resisto ao desejo de
abraçá-lo com força. Cal dá um passo mais perto de mim e seca as
lágrimas do meu rosto com beijos. Mais suspiros veem das
mulheres, que incluía Ângela, Raven, Hillary e Helen.
"Eu nunca quis nada mais do que o nosso casamento, Lauren.
Você é a única coisa que me pertence. A única coisa que eu tenho
que é pura. Eu costumava ter um motivo diferente para viver. Ele
veio de um lugar escuro. A minha motivação mudou quando eu
me apaixonei por você. Você é a minha força e a minha fraqueza.
Você é a razão pela qual eu luto para estar aqui." Ele diz meu
rosto em suas mãos e não posso resistir ao desejo de beijá-lo
naquele momento. Eu desisto, quase pulando em seus braços.
Seus lábios recebem os meus e eu descanso em seu abraço.
"Eu te amo tanto Cal." Eu digo suavemente quando nossos
lábios se separam e só ele pode ouvir.
Tenho certeza de que o pastor está me dando um olhar de
desaprovação sobre o beijo, mas eu não me importo. Nada tem
sido tradicional com a gente, por que começar agora? Quando isso
acabar, comigo sendo proclamada como a Sra. Lauren Scott, nada
mais importa, nem os seus segredos, nem o seu passado. Cada
eco negativo que repousava no meu cérebro derreteu,
simplesmente não importam. Nosso amor vai superar todos os
problemas que vamos enfrentar. Estou certa de que nós vamos
ter, todos os casamentos têm, mas quando vejo seus olhos
cinzentos brilhantes, que às vezes refletem um verde quente por
trás deles, eu sei que vamos atravessar o que a vida jogar em nós.
Pode não ser perfeito, mas eu acho que posso ter encontrado o
meu super sexy, charmoso príncipe do século XX, usando
jaquetas de couro e uma moto.
07 de março de 2013

"Feeelliiiiz aniversário, feeelliiiiz aniversário. Feliz aniversário,


querida Caylen. Feeelliiiiz aniversário." Hillary canta. O resto de
nós está rindo de sua dramática, horrível e exagerada
interpretação. "Fodam-se todos. A Caylen gostou, não é querida?"
Ela diz, apertando as pequenas bochechas da menina.
"Sorriso!" Ângela diz rapidamente e um flash quase me cega,
claro que faz Caylen começar a chorar imediatamente.
"Angie!" Hillary repreende.
"O quê? Desculpe baby. Eu só queria uma foto de seu belo
rosto." Ângela diz, passando as mãos de cabelo preto de Caylen.
"Tudo bem, ela só está com sono de qualquer maneira. Vocês,
idosas, estão a cansando." Brinco, embalando-a em meus braços.
"Eu vou colocá-la na cama."
"Eu ajudo." Helen diz de repente. Ela esteve tranquila a noite
toda, algo incomum para ela.
"Enquanto isso, eu vou roubar um pedaço deste bolo que
parece delicioso" diz Hillary rapidamente.
Subo as escadas, esfregando as costas de Caylen, tentando
acalmá-la enquanto ela luta contra o sono. Helen está me
seguindo em silêncio. Abro a porta do quarto, que é todo pintado
de rosa com móveis brancos. Helen fez um belo trabalho
decorando e fornecendo tudo pessoalmente no quarto. Eu ainda
não posso acreditar no quão diferente parece o apartamento desde
que Caylen nasceu. Eu olho para a minha pequena, esfregando os
olhos e meu coração derrete. Ainda é incrível para mim o quanto
eu amo uma pessoa pequena que não existia na maior parte da
minha vida. Coloco-a no berço para ir pegar um pijama. Helen
está no berço mantendo-a ocupada enquanto eu pego meu pijama
favorito.
"Ela cresceu muito." Helen diz com um suspiro.
"Sim. Ela fez." Eu sorrio, tirando a blusa e colocando o pijama.
"Parece que foi ontem que ela estava em sua barriga." Ela
brinca.
"Sim, chutando para sair." Eu rio. Eu sei por que eu dormi
muito em meus primeiros meses, porque eu mal consegui fazer
nos últimos meses da minha gravidez.
"E amanhã ela vai fazer um ano. Ela é tão bonita Lauren." Diz
Helen, a admirando novamente.
"Raven vai levá-la para o zoológico amanhã, então ela receberá
diversão em dobro no aniversário." Faço cócegas em Caylen antes
de terminar de colocar suas roupas. Eu sou grata que ela não está
lutando como de costume. "Você vai ser uma boa menina para a
mamãe e dormir, ok?" Eu pergunto, observando-a com a boca
aberta num bocejo. Quando eu ia colocá-la no berço, ela levanta
os braços para mim. Deito-a no berço e coloco o cobertor sobre
ela. Eu seguro a mão dela até que seus olhos se fechem.
"É incrível o quanto ela se parece com C…" Ela para de forma
rápida e cruza as mãos como uma menina que disse uma palavra
ruim.
"Você sabe que pode dizer o seu nome ao redor. Eu não vou
murchar e morrer se você falar." Faço uma piada para diminuir a
tensão no quarto.
"Eu não ia dizer nada." Diz Helen pegando ursinho de pelúcia
que Hillary comprou para Caylen.
"Cal. Você ia dizer que ela se parece com Cal. Você sabe, o
pensamento passou pela minha cabeça. Eu não sou cega." O
sarcasmo que rasteja em minha voz não foi intencional. Helen
desvia o olhar desconfortavelmente.
Eu respiro profundamente. "Ele já está longe por quase dois
anos. Você não tem que pisar em ovos em torno de mim ainda.
Você pode dizer o nome dele. Eu não vou morrer ou começar a
chorar." Eu entendo que era estranho para ela falar sobre isso
quando começou. Eu me lembro do quanto eu estava com raiva
depois de descobrir que estava grávida de Caylen. Eu invadi
diretamente a mansão exigindo saber onde Cal estava, porque se
alguém sabia, era Dexter. Ele passou a dizer que ele entendia
minha situação e que tanto Helen quanto ele estariam lá para
mim, mas que não tinha ideia de onde estava Cal. Depois de três
detetives particulares e nenhuma informação de Cal, e grávida de
seis meses e desesperada, eu implorei a Dexter uma última vez
para Cal entrar em contato comigo, ele me olhou e disse que não
sabia onde estava Cal. Essa foi a maior mentira que ele já me
disse. Eu não falei com ele ou com Helen novamente até depois de
Caylen nascer.
Helen chegou ao hospital com dezenas de rosas, balões e
ursinhos de pelúcia. Ela deu praticamente tudo o que eu ganhei
no meu chá de bebê. Não poderia ser má com ela depois disso.
Afinal, eu não podia culpá-la pelo vinculo que Cal e Dexter têm.
Eu poderia estar morrendo e Dexter não me diria onde Cal estava,
se ele pediu para não dizer.
"Desculpe-me, eu não percebi. Bem, na verdade eu fiz, e eu
sinto muito. Sinto muito por tudo o que você está passando,
Lauren. Se eu…"
Eu a interrompo. "Helen, você não tem que se desculpar por
nada. Você tem sido maravilhosa para mim e Caylen. Eu não
estou brava com você. Eu não tenho ressentimentos. Agora eu não
estou mesmo chateada com Dexter. Eu já passei por tudo isso. Se
ele ainda não me disse onde Cal está, é por que Cal não quer. Eu
aceitei isso agora. Eu não posso culpar ninguém por suas ações.
Diga isso para Dexter, que ele pode vir para os futuros
aniversários de Caylen ou visitar a qualquer momento. Não há
necessidade de se preocupar comigo o bombardeando com
perguntas ou o deixando psicótico". Eu ri um pouco.
Helen sorri. "Vou dizer isso a ele. Ele está morrendo de
vontade de vê-la. Estou feliz que você tenha superado ele." Disse,
dando um suspiro de alívio.
Eu olho para ela e reviro os olhos. "Para dizer a verdade, eu
não fiz. Eu não sei se um dia eu vou, mas isso não significa que
eu vou passar o resto da minha vida esperando por ele. Ele me
deu o presente mais maravilhoso que ele jamais poderia ter me
dado, e sempre serei grata. Mas eu nunca vou perdoá-lo por não
fazer parte da vida de Caylen." Eu reconheço que eu soo um pouco
mais amarga do que eu pensava. Eu não disse seu nome em voz
alta desde que Caylen nasceu, ou falamos sobre isso. Eu acho que
não posso deixar de ser amarga.
"Você tem todo direito de estar com raiva. Eu sei que isso pode
ser muito ‘Cal’, mas nunca pensei que ele iria fazer algo assim."
"Você não é a única." Eu digo rapidamente antes de beijar a
bochecha de Caylen. Finalmente, ela adormeceu.
"Boa noite, docinho." Sussurro, e Helen sai do quarto. Antes
de seguir para a porta, eu desligo as luzes e ligo a luz noturna.
Volto para baixo. Raven está tirando o casaco e tentando
segurar três caixas de presente ao mesmo tempo. "Ouvi dizer que
eu perdi a aniversariante."
"Raven, você está aqui!" Eu sorrio amplamente dando-lhe um
grande abraço.
"Sim, eu não posso acreditar no trânsito. Eu deveria estar aqui
há duas horas." Ela diz com raiva, colocando para baixo os
presentes.
"Raven, você não fez." Eu reclamo com ela. Ela já comprou
tantas coisas para Caylen.
"Claro que eu fiz. Você acha realmente que eu não iria comprar
um presente para o aniversário da minha bebê favorita? Mas
desde que eu sou antiquada, não será aberto até o verdadeiro dia
de seu aniversário." Raven de brincadeira me repreende.
"Bem, segunda-feira não é o melhor dia para uma festa. Todos
têm trabalho ou aula."
"Diga-me que tirou um monte de fotos." Ela sorri me
entregando seu casaco.
Eu o pego e coloco-o no armário. "Steven gravou tudo, vou
falar para enviá-los para o seu telefone."
Seu sorriso desapareceu um pouco. Raven não gostou tanto de
Steven quanto eu gostaria.
"Steven. Oh sim, e onde ele está?" Ele diz, tentando soar
alegre, mas eu posso ver o desinteresse em seus olhos.
"Ele está montando a nova cama de Caylen." Eu digo.
"Que bom." Ela percebe Helen, que está sentada no sofá. "Olá,
Helen, como você está?" Raven pergunta educadamente.
"Olá Sra. Brooks." Helen diz, estendendo a mão.
"Estou bem, obrigada. Lauren, eu acho que é hora de eu ir."
"Já?" Pergunto decepcionada.
"Sim, Dexter e eu temos um compromisso que não podemos
faltar." Ela geme sarcasticamente, pegando sua jaqueta de couro.
"Bem, deixe-me te dar um pedaço de bolo." Digo antes de ela
me parar.
"Sem bolo. Eu estou em uma dieta, você não precisa me
seduzir." Ela sorri e me dá um abraço caloroso.
"Você tem um belo corpo, você não precisa fazer dieta." Diz
Raven séria.
Helen sorri agradecida. "Obrigada, mas eu quero usar um
vestido para o meu aniversário, então eu tenho que perder alguns
quilos." Helen dá-lhe uma piscadela.
"Eu acompanho você." Eu digo.
"Eu estou indo ver o anjinho. É um prazer vê-la novamente,
Helen." Raven diz antes de subir as escadas.
Helen acena com a cabeça e ambas nos dirigimos para o
elevador no hall. "Então, na quinta-feira, dia meninas no SPA. Não
cancele!" Helen me repreende.
"Eu vou, eu prometo." Eu dou um grande sorriso quando ela
entra no elevador.
"Eu te ligo amanhã." Ela diz antes que as portas se fechem.
Eu digo adeus com a mão antes das portas se fecharem e
suspiro, tremendo, e envolvo meus braços em volta de mim, eles
tiveram o ar condicionado do hall durante todo o ano. Ela está
certa de me dar um tempo difícil. Eu tenho cancelado em mais de
uma ocasião. Eu acho que provavelmente minhas desculpas estão
ficando velhas.
Eu me viro e volto para a cobertura. A festa está quase no fim,
e os meus pensamentos viajam para Caylen, seu primeiro
aniversário, e o fato de que seu pai não está aqui.
"Está tudo bem?" Olho para cima para ver Steven me olhando
com curiosidade.
"Sim, por quê?"
Ele se aproximou de mim com um olhar preocupado em seu
rosto. "Você parece um pouco estranha."
"Eu… eu estou bem." Eu digo, forçando um sorriso.
Sua mão toca meu rosto suavemente, e eu não me movo. "Tem
certeza?" Ele pergunta, olhando para mim com ceticismo.
Eu sorrio com ternura. "Eu estou agora." Um movimento atrás
dele chamou minha atenção e eu vejo Raven no início das
escadas. Eu dou um passo para trás e cruzo os braços.
"Lauren, posso falar com você por um momento?" Ela chama.
"É claro." Eu digo rapidamente.
"Olá, Sra. Brooks." Steven sorri e dá um pequeno aceno com a
mão. Raven firmemente sorri, mas não diz nada. Eu dou um olhar
simpático a Steven, mas ele apenas ri e retorna para onde todo
mundo está.
Subo as escadas e entro no quarto onde Raven está segurando
Caylen. "Ela acordou?"
"Tudo bem, eu tenho a minha menina." Ela diz, acenando com
a mão. Raven senta-se na cadeira e a abraça enquanto acariciava
os cachos escuros de Caylen.
"Assim. Você e Steven ficaram mais próximos desde a última
vez que os vi juntos."
Lembro-me de antes de ser casada ou estar namorando
Michael. Houve Steven. Com seu cabelo loiro escuro e suave
combinando com seus olhos azuis, sempre soube o que dizer para
me fazer sorrir, mesmo depois que nós terminamos por mútuo
acordo, nós permanecemos bons amigos. Algo que eu não posso
dizer de Michael.
"Ele é meu amigo." Digo rapidamente.
"Ele ainda está com aquela menina bonita que conheci no seu
chá de bebê?"
"Não. Eles terminaram há alguns meses."
"Bem, isso é conveniente." Diz levemente. Eu sinto um nó no
estômago.
"Está bem. Diga de uma vez, o que você está tentando me
perguntar?"
"Você tem sentimentos por ele?" Ela pergunta casualmente,
enquanto se senta no chão com Caylen e lhe dá um urso de
pelúcia para brincar.
"E se eu tenho? E se eu tenho sentimentos por ele?" Eu
pergunto, irritada.
Raven continua a se concentrar em Caylen. "Bem, se você se
esqueceu, você ainda está casada."
"Não. Na verdade, eu não sou casada." Eu digo bruscamente.
Sua cabeça se vira rapidamente para mim. "Você não é?" Ela
pergunta chocada.
"Casamento, para mim, é mais do que um pedaço de papel
com dois nomes."
"Então, você irá iniciar um relacionamento com ele de novo?"
"Olha, eu nunca disse nada sobre um relacionamento." Eu
grito e Caylen começa a chorar. Raven a entrega para mim e eu a
embalo em meus braços.
"Lauren, eu acho que é hora de você parar de fingir que Cal
não existe."
Fiquei de boca aberta. Essa é a minha Raven, a única pessoa
que não hesita em mencionar isso ao redor, mas nunca foi clara
sobre isso.
"Fingir? Deus, eu gostaria! Você acha que eu posso apenas
bloqueá-lo? Bem, eu vou te dizer. Você não sabe como é difícil
para eu estar aqui. Estar nesta casa, que onde quer que eu olhe,
eu me lembro de algo que eu preferiria esquecer. Toda vez que eu
fecho meus olhos ele está lá. Às vezes eu juro que eu posso sentir
seus braços em volta de mim." Posso sentir às lágrimas enchendo
meus olhos, e felizmente Caylen está silenciosa. Eu a coloco em
seu berço e vejo adormecer.
"Toda vez que eu olho para sua filha, eu vejo seus olhos, seu
sorriso." Eu corro minhas mãos pelos cabelos cacheados de
Caylen. "Quando eu olho para ela, às vezes tudo que eu vejo é ele."
Uma única lágrima cai no meu rosto e Raven me abraça.
"Desculpe querida, eu não deveria ter falado o que eu falei. Eu
não sei o que eu estava pensando."
"Tudo bem." Eu digo rapidamente, limpando meu rosto. "Esta
é a primeira vez que eu me permito chorar por ele há algum
tempo." Eu digo quase a mim mesma. Uma lágrima não é tão ruim
em comparação com…
"Essa coisa com Steven?" Raven pergunta, sua expressão é
mais amigável do que antes.
"Eu não sei." Eu digo honestamente, cruzando os braços. "Ele
está apenas sendo doce e gentil."
"Certeza que é isso?" Raven acrescenta.
"Sim." Eu admito. "Só isso." Caminho até a porta do quarto e a
fecho.
"Eu não sei se os meus sentimentos são verdadeiros, ou se a
solidão começou a bater." Eu digo, agarrando um dos muitos
ursos de pelúcia de Caylen e brincando com seus braços.
"Isso é compreensível." Raven diz estoicamente. Eu posso ver
que está começando a incomodá-la.
"Eu não quero magoá-lo, Raven. Eu apenas não sei o que
fazer."
"Diga-lhe como você se sente. Exatamente o que está
acontecendo. Se você sentir que é tempo e isso é algo que você
realmente deseja explorar, você precisa se divorciar de Cal. Ele
deixou seu casamento…"
Tremo só de ouvir suas palavras. "Eu não quero falar sobre
isso hoje." Há um leve toque na porta para me salvar, de onde esta
conversa estava indo.
"Entre." Eu digo tão alto quanto posso para não acordar
Caylen.
Ângela entra na ponta dos pés. "Olá, Sra. Brooks." Ela
sussurra, dando a Raven um grande abraço. Faz-me feliz ver a
quão próximas elas se tornaram através de seu relacionamento
comigo. Os últimos dois anos teriam sido horríveis sem elas.
"Como você está, querida?" Raven sussurra, com os olhos fixos
no bebê, que está girando em seu sono.
"Bem. Eu tenho que ir, amanhã eu tenho que estar no
trabalho cedo demais." Ela ri.
"Você pegou um pedaço de bolo?" Eu pergunto.
"Sim, Steven me deu um pedaço. Só queria dizer a você que eu
estou indo." Diz ela antes de me dar um abraço. "Até logo
Princesa." Sussurra, beijando Caylen na testa.
"Obrigada por ter vindo, Angie. Eu sei que você terá um longo
dia amanhã."
"Como se eu fosse perder." Ela diz fechando o zíper de sua
jaqueta. "Oh, Hillary está desmaiada no seu sofá. Era para eu
levá-la para casa, mas você sabe como irritadiça ela fica se for
acordada." Ângela ri.
"Ela vai ficar bem. Steven pode levá-la para casa ou ela pode
dormir aqui esta noite, e eu vou levá-la de manhã." Eu asseguro-a.
"Venha me levar para fora." Ângela diz com um aceno de
cabeça. Ela se despede de Raven com um aceno de mão quando
saímos do quarto. "Tchau, Sra. Brooks."
"Dirija com cuidado, querida."
Ângela e eu chegamos à porta da frente e ela para antes de
abri-la. "Você está bem?"
"Apenas cansada." Eu sorrio, deixando um bocejo escapar. "Eu
não pensei que fazer uma festa para um bebê de um ano fosse tão
cansativo." Eu rio.
"Passamos mais tempo preparando do que curtindo." Ela ri
quando abre a porta. "Eu vou agora. Descanse um pouco, você
parece cansada." Diz com uma careta.
"Puxa, obrigada." Eu rio levemente.
Ela sorri suavemente. "Sabe a que me refiro."
"Eu sei." Eu digo, olhando em seus olhos. Ângela e eu
provavelmente nos tornamos mais próximas do que com os meus
outros amigos, desde que ela ficou comigo durante um dos piores
momentos da minha vida. Ela não tem que adivinhar ou
perguntar como eu me sinto a maior parte do tempo. Ela sabe.
"Hey, não esqueça o seu bolo!" Steven vem da cozinha com um
prato coberto com papel alumínio.
"Obrigada. E parece que você está levando Hillary para casa."
Ângela de brincadeira o atinge no peito.
"Quando isso foi decidido?" Steven levanta as sobrancelhas,
fingindo surpresa.
"Bem, você é o último aqui, então você é o vencedor." Ângela ri,
pegando o prato.
"Você quer que eu vá levá-la lá em baixo?" Steven pergunta.
"Eu sou uma menina grande, eu posso cuidar de mim mesma."
"Mande-me uma mensagem de texto quando você estiver
segura em seu carro." Diz Steven. Seu instinto de irmão mais
velho aparecendo, e eu não posso deixar de sorrir.
"Eu vou, pai." Ela zomba. "Tchau, crianças." Ela diz enquanto
fecha a porta atrás de si.
Eu me viro para trancá-la. "Agora a diversão da limpeza
começa! Sim!"
"Muito engraçado, eu vou fazer isso sozinho." Diz Steven com
falso entusiasmo.
"Não. Eu não posso deixar você fazer isso." Eu digo, e começo
a pegar os brinquedos de Caylen que estão espalhados pelo chão.
Ele ri e começa a tirar os brinquedos das minhas mãos. "Oh
vamos lá, limpeza para mim é muita diversão."
"Tem certeza?" Ele tem feito muito por mim ultimamente.
"Absolutamente. Vá para a cama. Tenho certeza que Caylen
cansou você."
Eu olho para o seu sorriso suave e me sinto corar.
"Steven." Eu digo nervosa, começando a brincar com meus
dedos. "Raven vai ficar a noite, de modo que me garante uma babá
para amanhã. Eu não tenho saído há algum tempo, e eu queria
saber, se você queria almoçar comigo?" Eu sinto como se eu
tivesse quatorze anos novamente.
Eu olho para seu rosto, enquanto sua expressão amolece e
depois floresce em um sorriso tímido. "Eu adoraria."
Eu começo a rir.
"Por que de repente eu sinto como se eu estivesse na escola
novamente?" Ele brinca.
Eu ri. "Pode ser as onze?"
"Certo."
"Bem, então no caso de eu estar dormindo quando você sair,
boa noite." A próxima coisa que eu fiz surpreendeu até a mim. Eu
o beijei na bochecha.
Ele parece surpreso com isso, mas, em seguida, seu olhar se
move para trás de mim e meus olhos seguem. Eu me viro para ver
Raven atrás de mim. Porra.
"Eu só vim para ajudar a limpar." Ela diz surpresa.
"Hora de festejar." Ele brinca.
Raven sorri. Não posso deixar de sorrir também. Ela está
realmente sendo gentil com ele.
"Bem, eu vou deixar vocês loucos começarem." Rio subir as
escadas. Raven acena com a mão, e começam a mover as coisas.
Sinto-me feliz. Estou feliz que Raven esteja dando a ele uma nova
oportunidade.
Quando eu chego ao segundo andar, eu espio o quarto de
Caylen e me certificando que ela está dormindo antes de eu ir
para o meu quarto. Quando eu chego ao meu quarto, eu fecho a
porta atrás de mim e caminho até o meu espelho. Eu suspiro pela
minha aparência. Quando você tem filhos você tem mudanças no
estilo. Minhas roupas glamorosas são agora uma camiseta e jeans,
e eu mudei de alisar o cabelo para secar ao ar livre, algo que eu
nunca fiz.
Eu pego a babá eletrônica do meu armário e levo-a para a
cama comigo. E assim que eu me deito, percebo que estou deitada
em cima do brinquedo de Caylen. Eu me movo através da cama,
eu rio sobre o quanto as coisas mudaram nestes dois anos. Eu
bocejo e estou quase dormindo.
"Querida eu esqueci minha solução para lentes de contato.
Vou correr na farmácia para comprar." Raven diz em frente à
minha porta. "Certifique-se de trancar."
"Ok eu vou." Eu digo com um bocejo, apenas alguns minutos
para descansar…

***
Acordei com Caylen chorando. Eu devo ter adormecido. Raven
não deve ter voltado ainda. Saio da cama e vou para o quarto de
Caylen, mas quando eu tento abrir a minha porta ela não abre.
Uma onda de pânico me atinge e eu freneticamente giro a
maçaneta, mas não deu. Eu não posso sair! Eu não posso chegar
ao meu bebê! Eu me viro e pego o celular para ligar para Raven.
"Shhhh, não chore, querida. O papai não chora, e você é
apenas como o papai." A voz no monitor envia arrepios pelo meu
corpo. Eu a ouço parar de chorar.
"Eu tenho algo para você." Diz mais uma vez. Meu coração
está batendo rápido, mas não poso me mover. Eu coloco o monitor
mais perto da minha orelha.
"Eu senti sua falta. Ninguém poderia me manter longe de você
hoje." Meu peito está tão apertado, que eu tenho que me lembrar
de respirar. Alguns segundos se passaram, e a voz de Raven me
atinge a partir do telefone que acabou de cair. Estou de volta à
realidade, isso não é um sonho.
"É Cal!" Eu digo completamente incrédula, perdendo o aperto
no celular enquanto tento levantá-lo novamente.
"Eu perdi a sua mãe também. Eu só não queria complicar as
coisas, e não queria magoá-la mais." Ele diz. Lágrimas começaram
a escorrer pelo meu rosto.
Ele ri levemente. "Você tem sorte de vê-la o tempo todo. Isso
não é provavelmente a coisa mais inteligente. Eu gostaria de poder
me dividir em dois, tornaria as coisas mais fáceis para todos."
Mais alguns segundos se passam e eu ouço Caylen fazer
aquele som que ela faz quando está fascinada por algo e está
estudando atentamente.
"Não vou ser capaz de vê-la por um tempo, e eu não tenho
muito tempo…" O tom muda de arrependimento para um senso de
urgência.
De repente, meu corpo é totalmente capaz de tomar medidas.
"Cal." Eu grito tentando abrir a porta. Eu não posso alcançá-
lo. "Cal espere!"
Grito repetidamente. Eu não sei há quanto tempo, eu estou
tentando abrir a porta, mas, finalmente, ouço passos se
aproximando. Quando paro de gritar e bater na porta, o silêncio é
palpável. Eu ando para trás, meu coração parece que quer se
libertar do meu peito. A maçaneta gira e eu paro de respirar, mas
quando a porta se abre, é apenas Raven que está em pé na minha
frente.
"Lauren, o que está errado? Você desligou, e a porta ainda
estava aberta, e você estava gritando tão alto…" Raven pede
freneticamente.
"Cal." Eu passo correndo ao lado do Raven até o quarto de
Caylen. Ela me olha por cima do berço e sorri. Eu abro seu
armário e vejo que ninguém está lá. Raven apressadamente entra
no quarto atrás de mim.
"Lauren, querida, o que está errado? O que aconteceu?" Ela
me leva para a cadeira e se senta, levando-me em seus braços.
"Ele estava aqui, ele estava aqui, Raven." Gaguejo entre
soluços.
"Cal esteve aqui?" Pergunta ela freneticamente.
"Ele estava aqui! Ele estava aqui com Caylen, conversando
com ela." Eu choramingo tentando recuperar o fôlego.
"Você o viu?" Raven pergunta, a confusão evidente em seu
rosto.
"Eu ouvi. No monitor do bebê, eu o ouvi falar com ela." Eu
digo.
Sua expressão muda. "Querida, você realmente o viu?" Ela
pergunta urgentemente.
Não, Raven, mas eu ouvi. Eu estava presa no meu quarto. Ele
deve ter trancado a porta!" Eu grito com ela.
"Querida, você tem certeza que não estava sonhando?" Ela
pergunta, tentando me abraçar, mas eu me afasto.
"Não." Eu digo, começando a chorar mais. Ela olha para mim,
incrédula.
"Eu não estava sonhando, porra." Grito. Seu rosto parece
confuso. Eu percebo quão dura eu soo e limpo meu rosto. "Sinto
muito." Novamente eu começo a chorar. "Mas eu não estava
sonhando, eu sei que não foi sonho, Raven!"
"Como você sabe, querida?" Raven pergunta em um tom
calmo, como se falar mais alto fosse me provocar.
"Porque eu não estava. Eu sonhei antes, isso não foi um
sonho!" Estou tentando convencê-la, embora minha garganta
esteja queimando.
"Talvez você tenha imaginado."
"Eu não imaginei nada. Eu não estou tendo alucinações!"
"Eu não disse que você estava." Ela diz rapidamente.
Levanto-me e caminho até a cadeira onde eu leio para Caylen e
afundo nela, meu rosto em minhas mãos.
"Por que agora, então Raven? Porquê depois de quase dois
anos, eu tenho de repente que começar a imaginar coisas?" Eu
grito.
"Bem, hoje é o aniversário de Caylen, talvez tenha
desencadeado alguma coisa. Talvez você se sentiu mal em admitir
que você tem sentimentos por Steven, eu não sei." Raven tenta
argumentar.
Eu olho para o rosto dela, ela não vai acreditar, não importa o
que eu diga.
"Lauren, venha tomar uma xícara de chá. Estou preocupada
com você." Diz ela saindo do quarto. Eu olho feio para ela e ela
suspira em seu caminho ao longo do corredor. Vou até Caylen, e
pego-a nos meus braços. Volto para o meu quarto, batendo a
porta atrás de mim. Eu sento na cama, e abraço-a, feliz que ela
esteja bem.
"Você sabe que a mãe não está louca, certo?" Eu pergunto. Ela
estende e agita os bracinhos, batendo-me na cara. Eu não posso
deixar de rir.
"Talvez eu esteja louca. Talvez eu tenha imaginado tudo."
Murmuro para mim mesma. Então eu noto um bracelete de ouro
branco no seu pequeno braço que eu nunca tinha visto antes. Ele
é gravado com as iniciais DLG em escrita cursiva. Eu franzo a
testa, sem saber o que isso significa.
"Mas eu sei que eu não estou louca." Eu suspiro de alívio e a
abraço novamente.
07 de fevereiro de 2011

Hoje é o nosso aniversário de dois meses e estou feliz. Cal está


voltando de Nova Iorque a qualquer momento, e as chamadas
picantes e as mensagens que temos trocado me tem pronta para
atacá-lo no segundo que ele bater na porta. Mas eu não vou. Hoje
à noite vai ser especial. Eu tenho tudo planejado. A banda favorita
de Cal está tocando no The Cave, com todos os ingressos
esgotados, mas eu consegui garantir um par com Ryan, então
teremos jantar no telhado, preparado pelo chef Luc, seguido da
sobremesa favorita de Cal: Eu, da maneira que ele quiser.
Quando ouço a porta se abrir eu e salto para seus braços,
envolvendo minhas pernas em volta de sua cintura.
"Linda." Ele sorri amplamente antes de atacar meus lábios. Ele
facilmente pega a sua bagagem com uma mão para colocar no
chão, enquanto ainda me segura com a outra.
"Senti sua falta." Eu ronrono beijando seu pescoço.
"Você está pronta para me mostrar o quanto?" Ele diz,
levando-me para o sofá. Começa a desabotoar minha blusa, e
inclino-me para longe dele. Seu rosto cai, e eu ri.
"Só mais tarde, querido." Eu digo, levantando-me de seu colo.
"Mais tarde?" A decepção em seu rosto é como o amuo de uma
criança de cinco anos. Ele está me seguindo, mas eu estou
andando para longe dele.
"Sim. Eu tenho tudo planejado. Basta ter um pouco de
paciência." Eu digo misteriosamente.
"Só para me receber em casa? Eu agradeço, mas não é
necessário. Eu quero isso agora." Ele diz e se aproxima me
pegando.
Eu rio, mas, em seguida, meu rosto fica um pouco triste.
"Você não sabe que dia é hoje?" Eu pergunto um pouco
decepcionada, mas não muito, no entanto. Afinal ele é homem.
"Não é seu aniversário, não é?" Ele pergunta.
Eu franzo a testa, e ele me coloca para baixo.
"Não, isso é bobagem de qualquer maneira." Eu digo tentando
parecer indiferente. Vou para o sofá e me sento.
Ele franze a testa. "Baby, por favor, não espere que eu me
lembre de todas aquelas datas estúpidas, porque senão você vai
gastar um monte de tempo com raiva de mim." Diz ele,
agachando-se na minha frente, de modo que estamos no mesmo
nível.
"Sério, Cal." Eu digo, incrédula.
"O quê?" Ele pergunta casualmente e passo por ele.
Basicamente, ele me disse que eu não deveria esperar nada
excitante ou memorável dele. Eu me pergunto se ele tem férias?
Talvez um aniversário não seja comemorado a cada mês e só se
passaram dois, mas foram os dois meses mais felizes da minha
vida. Muito estúpido, querer comemorar com ele, ele está
definitivamente me fazendo repensar isso.
"Você está com raiva." Ele suspira indo pegar sua bagagem.
"Não, bem, sim, eu estou. Eu posso te dar um passe livre para
esquecer o nosso aniversário, embora tenha sido há apenas dois
meses, mas se você acha que eu vou tomar um passe cada feriado
porque você acha que é…" Eu calo a boca quando ele puxa para
fora uma linda caixa completamente preta envolvida com um laço
vermelho amarrado em torno dela. Ele a coloca no meu colo. Eu
olho para ele que está sorrindo para mim com conhecimento de
causa, com os braços cruzados.
"Você estava dizendo, Sra. Scott?"
Um enorme sorriso se espalha por todo o meu rosto e eu reviro
os olhos para ele.
"Você é um idiota, sabia?" Eu digo envergonhada, enquanto
desato o laço vermelho.
Ele se senta ao meu lado e beija meu pescoço enquanto me
observa cuidadosamente remover o laço.
"Vamos lá baby, rasgue-o!" Insisti com impaciência.
"Ok, ok. É tão bonito." Eu choramingo quando removo o papel
e vejo a caixa dourada que diz “Christian Louboutin”, e eu
congelo. Ele olha para mim e um sorriso ainda maior se espalha
por seu rosto.
"Você não fez isso!" Eu digo, freneticamente abrindo a caixa
para ver um par de saltos de camurça vermelho-cereja com
cristais em forma de cerejas, lembro-me de ter desejado estes
saltos depois de ver Jessica Alba usar em um programa.
"Oh meu Deus! Cal." Digo me sentindo horrível sobre ficar
brava com ele.
"Leia o cartão." Ele diz com um sorriso, apontando para o
pequeno cartão que fica entre os sapatos. Eu abro-o e leio em voz
alta.
"Estes sapatos parecem que vieram diretamente do
“Mágico de Oz”, mas desde que às vezes você é como o
tornado que soprou em Oz, eu acho que você pode usar o
sapato vermelho de Dorothy. E se eu for embora e parecer
perdido, talvez você possa me dar um pequeno golpe com eles
e, assim, eu encontro o meu caminho de volta para casa.”
Eu olho para ele e ele olha para baixo parecendo um pouco
envergonhado.
"É brega, não é?" Ele pergunta com um sorriso tímido.
Concordo com a cabeça e subo em seu colo.
"Como brega se você é meu príncipe encantado." Eu digo,
pegando seu rosto entre as mãos e beijo-o suavemente nos lábios.
Ele envolve seus braços em volta da minha cintura, me
segurando no colo.
"Você vai usar para mim?" Ele diz com um brilho de luxúria
em seus olhos.
"Eu tenho o vestido branco perfeito para eles." Eu digo,
passando minhas mãos pelos seus cabelos.
"Sem vestido." Diz ele mordendo os lábios com um sorriso
brincalhão, mas eu o conheço o suficiente para saber que ele está
falando sério.
"Mais tarde." Eu prometo. "Eu tenho que correr e pegar o seu
presente." Eu digo saindo de seu colo. Eu corro para a mesa e
pego minha bolsa.
"Não, você pode ser o meu presente." Diz ele suplicando, e eu
rio dele.
"Eu serei. Hoje à noite." Eu prometo novamente, andando até a
porta. Seu rosto se parece com o de um filhote de cachorro triste.
“Não olhe para mim assim." Eu rio e ele vêm em minha
direção. "Não. Fique a um metro e meio." Eu digo ameaçando-o
com a mão na maçaneta da porta, rindo. Eu sei que se ele chegar
muito perto, não terei nenhuma chance.
"Eu espero que você tenha dormido muito quando eu não
estava aqui. Porque você vai ficar acordada a noite toda." Ele diz
me dando um aviso falso e meu corpo reage a essa ideia.
"Bastante." Eu pisco antes de sair pela porta.

***

Quando eu volto para casa, eu acho a televisão ligada, mas Cal


não está em qualquer lugar. Eu pego o controle remoto e desligo.
Começando a chamá-lo o quando o ouço no andar de cima.
Eu faço o meu caminho para cima e escuto Cal gritando como
se estivesse discutindo. A intensidade de sua voz me faz parar,
sem saber se devo recuar e lhe dar privacidade, ou se eu deveria ir
correndo para o quarto. Mas eu não escuto ninguém, só Cal. Eu
faço meu caminho até as escadas e paro antes de chegar ao lado
da porta.
"Eu estou fodidamente furioso! Eu não consigo parar de falar.
O que diabos eu deveria fazer? Você disse que tinha certeza antes
de eu fazer isso. Isto muda tudo! Eu não vou parar… Eu poderia
muito bem Dex! Como diabos eu deveria explicar isso? Eu não
vou. Eu não posso colocá-la através dessa merda. Bem, pense
rápido."
Meu coração está batendo, e os meus pés se sentem
congelados no chão. A única coisa que se ouve é o som de uma
batida contra a parede. Eu tento pensar no que fazer. Eu não sei o
que está acontecendo, mas eu nunca ouvi Cal tão irritado quando
fala com Dexter. Eu não sei por que, mas me viro e volto para as
escadas, e quando ele abre a porta finjo que estou fazendo meu
caminho para cima.
Cal sai do quarto, raiva irradiando de seu rosto. Ele olha para
mim, sua expressão muda para algo mais. Ele quase parece com
remorso.
"Cal, o que está errado? Você parece chateado." Digo, minha
voz trai os meus nervos.
"Huuum." Ele respira fundo e passa as mãos sobre o rosto, e
eu vejo que uma delas está vermelha e raspada.
Subo as escadas rapidamente e pego seu pulso na minha mão.
"Cal, o que você fez?" Peço freneticamente, levando-o para o
banheiro de hóspedes.
"Não fique com raiva, mas eu abri um buraco na parede com o
punho." Ele diz casualmente, enquanto eu jogo água em sua mão.
Viro-me para ele rapidamente.
"Por que você fez isso?" Eu digo, pegando o kit de primeiros
socorros e separo os antibióticos.
"Dex realmente me deixa puto." Explica, sentando na borda da
banheira, enquanto limpo sua mão.
Concordo com a cabeça e respiro fundo.
"Eu meio que ouvi você falando com ele." Eu olho para ele
admitindo a culpa. Seus olhos se arregalaram por um momento
antes de seu comportamento ficar calmo. Espero ele dizer alguma
coisa, mas ele não faz. "Será que isso tem algo a ver comigo?" Eu
pergunto, sentada em seu colo.
"Eu vou… Eu vou sair um pouco mais do que eu pensava."
Diz, olhando para o chão. Respiro fundo e sorrio.
"Está bem. Quero dizer, não é problema, mas não é algo que
valha a pena abrir buracos na parede." Eu o provoco passando
minhas mãos pelos cabelos dele. Se tivermos filhos, eu espero que
tenham o seu cabelo. É espesso, brilhante e atraente como se
estivesse em um comercial de shampoo.
"Eu sou uma menina grande." Eu acrescento tentando
confortá-lo, mas eu realmente tenho um mau pressentimento.
A sombra de um sorriso passa em seu rosto, mas apenas
brevemente.
"Eu não me sinto muito bem, baby. Será que poderíamos não
sair hoje à noite?" Ele diz, olhando para o meu rosto, e não deixo
que qualquer indício de decepção apareça.
Eu dou um grande sorriso.
"Tudo bem, querido. Se você não se sente bem, não é algo que
nós não podemos fazer outro dia." Eu minto com um sorriso
cobrindo a minha decepção.
"Tem certeza? Porque nós podemos sair, se você quiser fazer
alguma coisa, eu posso só ficar deitado." Ele diz, pegando meu
queixo em sua mão e olhando nos olhos, como se procurasse
meus verdadeiros sentimentos.
Mas eu não vou o deixar vê-los. Eu sei que o que aconteceu
naquela conversa vai manter sua mente a uma centena de
quilômetros de distância.
"Não, descanse um pouco. É o seu primeiro dia de volta em
casa e provavelmente você está com jetlag. Está tudo bem." Eu lhe
asseguro, beijando-o suavemente nos lábios.
"Eu vou fazer isso para você." Ele diz quando eu saio de seu
colo e sorrio.
"E você não tem que ficar deitada aqui comigo. Você deve
chamar as meninas e sair." Ele insiste quando entra no quarto e
se deita na cama.
"Eu não vou passar o nosso aniversário fora com elas.
Enquanto estou com você, isso é que é importante." Eu digo,
deitando ao seu lado.
Ele envolve um de seus braços em volta de mim e me mantém
perto dele.
"Você sabe que eu te amo certo?" Eu esperava que ele soasse
brincalhão como normalmente faz, mas seu tom é sério.
"Claro que sim." Eu disse, olhando para ele com curiosidade.
"Não, é sério." Ele vira meu corpo para ele, me mantendo
assim completamente em linha reta. Estamos no mesmo nível.
"Não importa o quê. Aconteça o que acontecer, se alguma coisa
vier a acontecer, sob quaisquer circunstâncias." Ele pega minha
mão e coloca-a sobre meu peito a segurando lá. "Você irá sempre
me levar aqui." Estou tentando encontrar algo para dizer. Suas
palavras pesam no ar e ele continua: "Mesmo que não pareça,
sempre lembre o quanto eu te amo. Eu nunca amei ninguém tanto
quanto eu te amo, mesmo se eu estragar tudo."
Eu pego seu rosto em minhas mãos.
"Cal, você está me assustando. Está tudo bem?" Eu digo me
sentando e inclinando-me sobre o meu cotovelo.
A seriedade em seu rosto desaparece e é substituída por um
sorriso brincalhão.
"Sim, apenas querendo entrar em suas calças." Ele brinca e
me puxa para ele. Eu sorrio, mas ainda há ansiedade rastejando
por todo o meu corpo e eu não posso ignorar isso.
"Você pode me dizer qualquer coisa. Nada vai mudar o que eu
sinto por você. Você sempre será meu Cal." Eu digo honestamente
dizer do fundo da minha alma, ignorando seu olhar brincalhão.
"Eu sei. É por isso que eu amo você." Ele diz, o seu sorriso de
menino acalmando meus medos anteriores. Quando ele me beija,
eles desaparecem lentamente.
E mesmo quando ele deu a entender que seu discurso era uma
tentativa de fazer sexo, ele não me toca de uma forma que me leva
a acreditar que é verdade. Ele me segura como se estivesse
saboreando o momento, e eu me acomodo em seus braços até que
ambos caímos no sono e assim saboreio o momento também.
09 de maio de 2013

Quando a batida na porta vem, eu tento me acalmar. Eu já


autorizei Steven a subir, para que ele não tenha que ligar para
poder subir.
"Hey." Seu tom é alegre e sua expressão viva e quente, até que
seus olhos se movem para a minha roupa e vê que eu estou
vestindo uma camisa grande demais e jeans. Que não é
exatamente vestuário para um almoço.
"Hey." Eu digo, tentando minimizar a minha apreensão.
"Você está pronta para ir?" Ele pergunta com ceticismo.
"Eu preciso falar com você." Eu digo, convidando-o para
entrar.
"Ok." Ele hesita mais entra.
Eu tranco a porta e respiro fundo.
"Você pode sentar um pouco." Eu indico o sofá, e ele balança a
cabeça e toma um assento. Sento-me em uma cadeira de frente
para ele ao invés de ao lado dele.
"Há algo errado?" Ele diz, sentindo o desconforto do momento.
"Cal estava aqui ontem à noite." Eu digo às pressas.
Sua expressão vai de preocupado a chocado. "Oh." Ele diz,
seus olhos se arregalaram e sua boca abriu. "Ele está de volta?
Está aqui?" Olhando ao redor.
"Não, você não entende." Eu ri. "Ele não está de volta. Eu… Eu
o ouvi ontem no quarto de Caylen." Eu estou esperando por
alguma reação, mas sua expressão não mudou.
"Eu o ouvi falar com ela, e quando isso aconteceu, eu meio que
me apavorei." Eu me levanto e começo a andar ao redor da sala.
"Eu não entendo." Ele diz, olhando tão confuso quanto eu.
"Bem, eu realmente não o vi, mas sei que ele estava aqui. Ele
me trancou no quarto."
Ele desliza a mão sobre o rosto. Quando eu digo isso em voz
alta é que eu percebo o quão louco isso soa. "Tem certeza que
estava aqui?" Ele pergunta, suspirando.
"Apostaria minha vida nisso."
Ele balança a cabeça. "Acho que isso significa que o almoço
está cancelado." Ele ri secamente.
"Eu pensei que estivesse pronta para seguir com a minha vida,
mas eu não… Eu… eu sinto muito." Mantenho os olhos no chão.
Sentindo-me culpada demais para encará-lo. Ele se aproxima de
mim e coloca as mãos sobre os meus ombros. Eu olho para ele,
mas evito seus olhos. Não sei que dizer.
"Todo esse tempo que eu passei com você, me fez perceber o
quanto eu sentia sua falta. Eu comecei a me apaixonar por você
mais uma vez." Confessa, tornando o constrangimento e a culpa
ainda mais profundos.
"Ontem à noite, quando você me chamou para sair, eu pensei
que era um sinal. Eu não queria dizer o que eu estou sentindo por
você. Eu não quero que você pense que o tempo que passei com
você e Caylen foi algum plano secreto, porque não era, e ainda não
é. Mas, meus sentimentos mudaram, e não posso apenas olhar
mais." Ele continua.
Em seguida, olha direto nos meus olhos. "Eu sei o quanto ele
te fez bem, até quando você sorri, não há tristeza em seus olhos.
Agora, você acha que pode ter ouvido sua voz e você está mais feliz
do que eu já vi você estar em um ano. Eu não posso competir com
isso."
Eu tento tirar as lágrimas piscando. O que há de errado
comigo? Eu tenho este grande homem de pé, na minha frente, e
tudo o que eu posso pensar é Cal.
"Não chore." Ele diz, me abraçando.
"Você não me odeia?" Choramingo contra seu peito.
"Não. Eu vou superar. Eu prometo." Ele diz, rindo um pouco.
Eu não posso deixar de sorrir também.
"Eu só quero que você seja feliz. Caylen também merece ser
feliz." Diz ele me beijando na testa.
"Algum dia você vai fazer alguém realmente feliz." Eu sorrio
acariciando seu braço quando nos separamos.
"Aww nojo." Ele brinca. "Bem, é melhor eu ir então. Estou
morrendo de fome." Ele diz, tocando em seu estômago. "Você sabe,
nós ainda podemos ir se você quiser…"
"Eu meio que comi antes de você chegar aqui." Admito um
pouco envergonhada. "Eu posso te conseguir algo, no entanto.
Salada ou cereais…?" Eu franzo a testa, quando percebo que
realmente tenho que aprender a cozinhar.
Ele ri. "Não, provavelmente vou comer um hambúrguer ou algo
assim." Ele diz, dirigindo-se para a porta.
Eu o sigo. "Obrigada por ser tão…" Eu começo a dizer e ele
levanta a mão.
"Nós não queremos que isso fique desconfortável ou
emocional." Ele ri e eu aceno.
"Vejo você mais tarde." Ele me diz, dando um tapinha no
braço. Eu vou levá-lo até a porta e o vejo caminhar pelo corredor
até o elevador. Eu me pergunto se estou fazendo a coisa certa. Eu
tenho esse homem maravilhoso que me ama, apesar de meus
problemas, que é bom, engraçado e bonito, e eu estou jogando
fora, pelo quê? Eu nem tenho certeza ainda. Ainda assim, Steven
merece alguém que o ame com todo seu coração e não uma
mulher que já deu o seu coração. Eu aceno com mão quando ele
entra no elevador e as portas se fecham no seu deslize inocente.

***

A campainha toca, e eu olho a câmera. Hillary está em pé lá


em baixo… Huuum, ela não disse nada sobre vir aqui hoje. Eu
olho para o relógio. Eu tenho mais uma hora antes de Raven e
Caylen voltarem do jardim zoológico. Eu tiro o cobertor do sofá e
dobro apenas no tempo de Hillary bater à porta. Respondo e ela
entra, obviamente, em uma missão.
Ela se vira de repente. "Você descartou o Steven?"
"O quê?"
"Deus, Lauren, o que há de errado com você?" Ela exclama.
"Você não sabe que ele tem sentimentos por você há meses? E
quando você finalmente acorda e percebe, de repente você o
descarta, porque você acha que você ouviu Cal?"
"Espere um minuto. Você já sabia que Steven tem sentimentos
por mim todo esse tempo, e não me contou?"
"Eu não sabia o que você sentia, e não queria estragar as
coisas entre vocês se você não sentisse o mesmo." Ela diz
simplesmente. "E o que é essa coisa de você achar que ouviu Cal?
Que diabos é isso?"
Eu estou tentando manter minha compostura. Eu abro minha
boca para dizer algo, mas ela me corta.
"Lauren, ele se foi por um tempo, você não acha que é hora de
superar isso? Eu pensei que você já tinha superado, pelo amor de
Deus!"
"Espere um minuto, Hillary, você precisa se acalmar. Você não
sabe nada do que está acontecendo comigo, por isso antes de vir
aqui e começar a xingar, você precisa saber o que está
acontecendo." Por isso que eu não falei com ela. É exatamente por
isso que eu fui com Ângela antes de ir com ela.
"Ok, tudo bem. Então me diga o que está acontecendo." Ela
exige, batendo o pé impacientemente no chão.
"Eu acordei ao ouvir Caylen chorando através da babá
eletrônica. Quando eu tentei ir vê-la, percebi que a porta estava
trancada, e, em seguida, ouvi Cal falar com ela. Eu não podia ir
para o quarto de Caylen. Eu não podia sair. Quando Raven voltou
da farmácia e me deixou sair do quarto, ele já tinha ido."
"E esta é a razão pela qual está jogando fora sua chance com
Steven? Mesmo que você não o tenha visto Lauren." Diz
condescendente.
Seu tom está me irritando. "Eu não acho que eu ouvi algo, eu
sei que eu ouvi. Tenho provas." Falo, caminhando até o balcão e
pegando o bracelete de Caylen.
"DLG que porra é que isso significa?" Ela pergunta, olhando
para cima a partir da pulseira como se isso não significasse nada.
"Significa ‘garotinha do papai’. Quando ele estava falando com
ela, eu o ouvi dizer que tinha algo para ela. E foi isso!"
Ela suspira aparentemente não se incomodando com isso e
entrega de volta para mim.
"Você não entendeu?" Eu continuo. "Ouvi Cal falar com ela, e
então de repente do nada Caylen aparece com essa pulseira, com
estas iniciais. Diga-me como isso é possível?" Eu exijo.
"Ok, então o quê? Vamos suspender todas as dúvidas e dizer
que foi ele. Se ele realmente esteve aqui, o que acontece agora?
Você vai ficar esperando ele reaparecer novamente?"
Eu abro minha boca para dizer algo, mas eu estou sem
palavras. Não sei que dizer.
"Se ele não voltar, então o quê? Você vai se jogar novamente
com os braços abertos, esquecendo-se de virar a página onde ele
desapareceu durante dois anos, fazendo Deus sabe o quê ou
estando Deus sabe com quem? Está tudo bem com você? É
fodidamente fantástico que ele te deixou grávida para criar Caylen
sozinha, e ele recebe o polegar para cima e sai sempre que lhe
agrada?" Ela pergunta zombeteira.
Ouvi-la falar assim sobre Cal dessa forma, causa algo dentro
de mim.
"Você não entende. Quando o ouvi falar com ela, era como se
algo estivesse o segurando longe de nós. Como se ele não tivesse
escolha." Eu vou fazer outro comentário em defesa de Cal, mas a
campainha toca novamente e eu posso ver no monitor que é
Ângela. Levanto-me e aperto o botão para deixá-la entrar.
"Ok, vamos imaginar, mesmo que seja ridículo, que algo
importante aconteceu para que ele deixasse sua família e agora
está livre para voltar. E sobre todos os problemas que estavam
tendo antes dele sair? Tudo vai começar de novo? Você vai fingir
que nunca aconteceu? Não me diga que você se tornou tão
desesperada." Hillary diz, olhando nos meus olhos. Eu olho para
longe, sentindo meu rosto queimar. Tanto quanto eu odeio
admitir, ela está certa. Eu estive ignorando tudo o que não
deveria. Eu corro minhas mãos pelo meu cabelo e cubro meu rosto
em frustração.
"Olha, L, eu sou sua amiga. Mesmo que não estejamos tão
perto quanto antes. Eu não quero vê-la ferida. Eu não quero ver
você jogar fora algo, que pode ser genuíno, por um tiro no escuro,
por um mundo de dor de cabeça de novo”. Ela continua, enquanto
eu mordo meu lábio para não explodir com ela.
Ângela batendo na porta interrompe Hillary. Eu atendo e ela
entra na cobertura.
"Onde está a aniversariante?" Ela canta alegremente com uma
embalagem de presente em uma mão. Seu sorriso desaparece
quando vê a expressão no meu rosto. "O que está acontecendo?"
Ela pergunta, olhando de mim para Hillary.
"Eu ouvi Cal ontem à noite." Eu digo.
"Ela pensa que ouviu Cal na noite passada." Corrige Hillary.
"Eu sei que eu ouvi, eu te mostrei a pulseira!" Eu grito.
"Espere. O quê?!" Ângela está confusa e chocada com a
conversa, e como Hillary e eu estamos atacando a jugular uma da
outra.
Eu mostro-lhe a pulseira e digo sobre o que aconteceu com
Cal.
"Eu acho que eu preciso sentar." Ela exclama, sentando-se ao
lado de Hillary.
Ângela me olha com pena, e Hillary olha para mim, incrédula.
"Você acredita em mim, Angie?" Eu pergunto
esperançosamente, focando meus olhos no lado mais otimista do
sofá. Preciso de alguém para, pelo menos, admitir que exista a
possibilidade de que o que estou dizendo possa ser verdade.
"Lauren eu não sei o que dizer. Eu realmente não sei." Ela
suspira suavemente.
"Ela quer dizer a mesma coisa que eu." Hillary rosna.
"Hillary, cala a boca." Ângela fala.
"Não, eu não vou calar a boca! Diga-lhe que isso é loucura!"
Hillary responde. Ela pega a cabeça e fecha os olhos. "Isso está me
enlouquecendo! Não me interprete mal, Lauren. Eu costumava
gostar de Cal. Eu pensei que estava errada sobre ele, mas acabou
sendo exatamente como eu esperava." Diz ela, levantando-se.
"O ponto é que se ele te amasse, ele estaria aqui. Ele deixou
você quando você mais precisava dele, e não apenas por uma
semana. Quase dois anos se passaram. E você está aqui sentada,
chorando e definhando por ele, como se ele tivesse ido para a
guerra!" Ela exclama.
"Eu não estou apenas sentada aqui. Eu tenho meu trabalho,
tenho Caylen!"
"Sim, isso é um inferno de uma vida. Editar esses manuscritos
e outras porcarias que você pode fazer aqui sozinha, longe do
resto do mundo. Era suposto você ser uma artista e viajar pelo
mundo, o que aconteceu?!" Suas palavras queimam porque há
alguma verdade nelas.
"Ele se mandou, e você ainda está aqui, ainda a pequena
esposa fiel."
"Hillary, não!" Ângela rosna para ela, dando-lhe um olhar
irritado antes de olhar para mim com pena.
"Ninguém mais pode te dizer isso, mas eu não vou mentir ou
ignorar o que está acontecendo aqui. É por isso que eu estava tão
feliz em ver que você estava se aproximando de Steven novamente,
e então eu acho isso!"
"Cal me prometeu que não ia para outra pessoa. Ele apenas
disse que tinha que ir. Cal fez um monte de coisas, mas nunca
mentiu para mim". Eu digo bruscamente.
"Como você sabe? Só porque ele disse que não?" Hillary ri.
Minha pele é quente e meu coração estava pulando.
"Cal é muitas coisas, mas não um mentiroso!" Me aproximei
dela até que estávamos cara a cara. Ângela rapidamente se
aproxima de nós, pronta para intervir no que ela vê é uma
situação que está ficando fora de controle.
"Não, Lauren! Você provavelmente o conhece como eu, o que
não é muito." Ela grita, e minha raiva começa a derreter,
substituída pela depressão. Eu vejo a raiva deixar seu rosto
também.
"Lauren." Seu tom de voz é mais suave do que antes. "Eu
deveria ter mostrado isso quando eu cheguei." Ela diz. "Não sabia
o que fazer. Eu não queria te machucar. Eu pensei que você não
sabia…"
"Do que você está falando? O que ela está falando, Angie?"
Perguntei exasperada, tentando suportar qualquer coisa que
Hillary vá jogar sobre Cal.
"N… Não sei." Angie diz, parecendo tão surpresa quanto eu
estava. "É melhor você se sentar." Diz suavemente.
"O quê?" Eu pergunto, olhando por um breve momento para
Ângela, que parece sincera.
Hillary senta ao meu lado antes de começar a falar. "Você se
lembra no mês passado, quando fui para o aniversário da minha
tia?" Ela diz lentamente.
"O que tem isso a ver com o assunto?" Peço ansiosamente,
sentindo-me extremamente frustrada também.
"Deixe-me terminar." Diz ele, olhando nos meus olhos. Eu
cruzo meus braços e escuto, na esperança de que não sejam
críticas.
"Quando eu fui, meu primo estava mostrando que sua filha
tinha sido escolhida como rainha na coligação de alunos, e você
sabe cidade pequena, colocaram no papel… e quando eu estava
olhando, vi isso." Diz ela tirando um pedaço de papel. Ela me
entrega. Leio o título e encolho os ombros.
"É um jornal de Madison. Isso é tipo, dois condados longe de
Saginaw… O que isso tem a ver com alguma coisa?" Eu pergunto,
minha mente está girando com a confusão.
"Abra-o, na segunda página. Você vai ver o que eu quero
dizer." Eu rolo meus olhos e abro, digitalizando a página. Meus
olhos pousam em uma foto que faz meu coração parar. Há uma
imagem de Cal com um homem mais velho. Eu leio a legenda sob
ela: O ex-aluno da escola de Madison, Chris Scott, posa com seu
pai William Scott após o concurso anual de comer tortas.
"Hillary, que porra é essa?" Minha voz está tremendo, e meus
olhos estão colados à página.
"Lauren, o que é?" Ângela pergunta, sua voz cheia de
preocupação.
"Eu perguntei a minha tia sobre isso, ele jogou futebol com seu
filho, ele era muito bom. O nome de sua mãe é Gwen, eles se
conheceram através de algumas captações de recursos para o
esporte." Hillary revela calmamente.
"Não…" Eu digo devagar, balançando a cabeça em negação.
"Não! Esse não é ele! Não pode ser!" Eu grito, jogando o papel no
chão. Ângela o pega e eu vejo como a sua expressão cai.
"Lauren, as fotos não mentem! Ele está mentindo para você
todo esse tempo! Agora você entende por que eu estou tão irritada
e frustrada com você? Estou tentando ajudá-la! Ele não é quem
ele diz ser!" Hillary insiste, mas a ira em sua expressão se
dissipou.
Eu me sinto como se fosse vomitar.
"Diga Angie! É Cal ou não?" Hillary grita, pegando a foto e
empurrando nos olhos de Ângela.
Devagar e com cuidado eu sento no chão.
"Não pode ser ele. Não tem sentido. Cal não estaria em uma
competição de comer torta em uma pequena cidade."
"Lauren, ele parece muito com Cal." Ângela diz suavemente.
"Parece? É ele!" Hillary grita.
Ângela se senta na minha frente. "Lauren, você disse que Cal
foi adotado, talvez seja seu irmão gêmeo…" Ela tenta achar uma
razão.
"Um irmão gêmeo biológico que ele nunca mencionou, como o
mesmo sobrenome que os pais adotivos? Por favor, ele é um
vigarista. Ele está vivendo uma vida dupla." Hillary diz com um
rosnado frustrado.
"Hillary, cale-se por um minuto." Grita Ângela. Eu começo a
sentir tontura e calor, por alguns segundos, minha visão fica
turva.
"Eu preciso… eu preciso de um pouco de água." Levanto-me e
me movo para a cozinha.
"Lauren, você está bem?" Ângela pergunta agarrando meu
ombro.
Sua voz. Suas vozes são tão fortes, martelando meus ouvidos,
e quando eu me viro, o rosto se torna embaçado. Eu me sinto fora
de equilíbrio e caio. Ângela me agarra antes de eu cair no chão.
"Hillary, pega um pouco de água!" Ela grita. "Lauren, me
escuta, você pode ouvir a minha voz?" Pega o jornal e começa a me
abanar.
"Oh meu Deus, o que está errado com ela?"
"Acho que ela está em estado de choque, isso é tudo." Eu ouço
suas vozes, mas eu não posso dizer nada. Sinto-me como se
estivesse bêbada. Eu tento entender o que eu vi. Se parecia com
ele e o artigo usou seu sobrenome… Mas não pode ser. Apenas
não faz sentido. Seu nome não é Chris!
"Lauren, diga alguma coisa querida. Está nos assustando."
Hillary diz, sua voz cheia de remorso, ao colocar o copo de água na
minha mão. Quando levo a meus lábios e tomo um gole, solto um
suspiro de alívio.
"Eu sou uma vadia. Eu não deveria ter dito desta forma."
Hillary repreende a si mesma. "Eu simplesmente não podia
suportar ver o quanto você se importava com esse canalha."
"Você deveria ter me contado quando descobriu." Eu digo em
um sussurro baixo no copo. Ambas estão olhando para mim como
se eu estivesse morrendo. Eu cubro meu rosto.
"Deixe-me ver o jornal novamente." Murmuro forçando-me a
não chorar.
Ângela parece cética, mas me entrega. Eu olho para a
fotografia novamente, seu rosto… Ele está sorrindo, segurando um
troféu com o homem mais velho ao seu lado. Ele parece tão feliz, e
diferente. Esta pessoa tem sua cara e até mesmo seu sobrenome,
mas há algo diferente. Eu apenas não posso adivinhar o que é. Se
este for ele, tudo o que ele me disse foi uma mentira. Eu fui uma
idiota que pensou que ele está em algum tipo de problema, mas
por quê? Por que, em um pequeno município que não pode ser
maior do que a minha cidade natal. Esperava que Cal estivesse em
Nova York, Los Angeles ou até mesmo em uma cidade estrangeira.
E ele disse que ele e seus pais não se dão bem. Isto é
inconsistente. Eu preciso de respostas agora!
Levanto-me e olho para ambas. Elas parecem tão
preocupadas. Eu deslizo em minhas sandálias que eu tenho perto
e pego minhas chaves.
"Eu preciso de uma de vocês para ficar aqui e dizer o que está
acontecendo a Raven." Digo, indo até o armário e pegando um
casaco.
"Onde você está indo?" Ângela pergunta preocupada.
"Ver a única pessoa que pode me dar algumas respostas." Eu
digo antes de ir para a porta.

***

"Olá, Lauren! O que você está fazendo aqui?" Helen pergunta,


parecendo surpresa quando me recebe, embora eu saiba que os
seguranças avisaram a ela da minha presença. "O que há de
errado?" Ela pergunta, notando minha expressão.
"Onde está o Dexter?" Exijo.
"Ele está… Ele está em seu escritório. Lauren, o que há de
errado?" Ela pergunta novamente preocupada, quando eu ando
rapidamente pelo corredor até o escritório de Dex. Bato fortemente
duas vezes antes de entrar. Dexter olha para cima a partir da
conversa de telefone que ele está tendo, com uma mistura de
surpresa e irritação em seu rosto.
"Vou ter que ligar de volta." Sussurra no telefone antes de
desligar. "Lauren é uma surpresa." Ele se levanta e vem em torno
da mesa para me abraçar. "Como vai? Helen me disse o que você
falou, eu estou realmente agradecido…" Ele para quando ele me vê
lutando para conseguir o papel para fora da minha carteira.
"Quero que me explique isso!" Atiro o papel em sua mesa. Ele
olha com curiosidade e, em seguida, o pega. Uma onda de emoção
passa por seu rosto, vejo surpresa, reconhecimento, e então, sim,
lá está ele! Falha. Depois de um momento ele me olha, e pela
primeira vez, parece ter ficado sem palavras.
"Ele parece com Cal." Ele começa colocando um sorriso falso
no rosto. Eu não posso acreditar em como ele pode mentir pra
mim assim.
"Isso é besteira!" Eu grito. Ele pisca imperturbável. Helen, no
entanto, parece com um cervo travado nos faróis de um carro.
"Agora eu vou sentar aqui o dia todo se preciso, mas você vai
me dizer, ou eu juro por Deus, eu vou sair deste escritório e
desaparecer da face da Terra e nem você nem Cal nunca vão ser
capazes de encontrar Caylen e eu, não importa quanto dinheiro
você tem. Então, pense com cuidado antes de abrir a boca para
mentir." Eu rosno.
"O que diabos Cal está fazendo em Madison?" Helen pergunta
confusa. Dexter não responde. "Responda-me." Diz ela irritada.
"Helen, você não tem nada a ver com isso". Ele diz com
firmeza.
"Eu sou sua esposa, e não apenas a sua esposa, mas também
sou amiga dela. E ela merece saber o que você sabe." Helen rosna.
"Helen sai!" Ele ordena acentuadamente.
"Não Dex! Isto vai além de ser leal a ele. Diga alguma coisa, ou
ela não será a única a sair!" Helen diz em um tom suave,
implacável que faz com que eu me arrepie.
Dexter olha para ela como se ela estivesse mentindo, mas ela
está de pé, e um momento depois, ele caminha de volta para sua
cadeira e se senta.
"O que você quer saber, Lauren?" Dex me pergunta baixinho.
"É Cal?" Eu pergunto, implorando. Ele não diz nada, mas seus
olhos mostram-se distantes. Sinto meu coração começar a bater
forte.
"O que ele está fazendo? Por que ele está lá?" Eu espero por
uma resposta, e ele não me dá nenhuma.
"Dex!" Diz Helen acentuadamente.
"Talvez ele goste de torta." Dex murmura.
Eu não posso acreditar que ele tem a coragem de fazer piada
sobre isso!
"Por que este artigo diz que seu nome é Chris?" Eu exijo,
sentindo meus olhos se enchem de lágrimas de frustração.
"Porque é." Dex diz suavemente.
Eu olho para Helen que parece tão confusa quanto eu. "Você
sabe que é Cal. Eu sei que é ele, então por que não me diz a
maldita verdade porra?" Eu grito desesperadamente.
"É complicado." Diz ele bruscamente.
"Então explica!" Eu grito quando minhas lágrimas começam a
escurecer minha visão.
"Não é meu assunto para te dizer." Diz enfaticamente.
"Não é hora de você manter segredos de mim. Tudo o que eu
quero saber é o que você sabe!" Eu rogo, mas ele nem sequer
vacila. “Todo esse tempo, todo esse tempo que você me conhece.
Eu tive Caylen sozinha, chorando noite após noite, preocupada
com ele, ficando lá como uma idiota, e você sabe disso! Você sabia
o tempo todo, e não vai me dizer, mesmo se eu tiver esta imagem
maldita na sua frente!" Eu grito.
"Eu não posso te ajudar, Lauren. Desculpe." Diz ele em um
tom baixo.
"Eu pensei que ele tinha me deixado por alguma razão divina,
para me proteger, e foi tudo uma mentira. Ele esteve em Madison
usando um nome falso. Diz aqui que cursou a escola lá, pelo amor
de Deus. Cal me disse que ele cresceu em Chicago!" Eu grito. Eu
começo a sentir tontura novamente, minhas emoções estão a mil.
"Não, você não entende, esse é o meu ponto!" Dexter diz em
dúvida.
"Não, eu entendo completamente. Eu estou fazendo perguntas,
que obviamente, você não vai responder. Você não é com quem eu
deveria estar falando de qualquer maneira." Olho para Helen que
parece como se estivesse tentando manter a calma, mesmo
quando os nervos estão no limite.
"Seu endereço, é tudo que eu quero de você. Pelo menos eu
mereço isso." Eu digo exausta por todo esse drama.
"Não posso te dar porque Cal não está em Madison." ?Ele
afirma categoricamente.
"Tudo que eu quero é o endereço de onde ele está!" Eu grito de
raiva.
"Dex, diga a ela!" Helen grita.
"Não posso! A pessoa que ela vai procurar não vai estar lá!"
Dexter ruge.
"Então eu vou encontrá-lo eu mesma." Madison é quase do
mesmo tamanho que Saginaw. Eu posso encontrá-lo em uma
semana.
"Lauren, eu estou pedindo para você não ir. Me dê mais
tempo…" Diz ele, levantando-se da cadeira.
"Como você se atreve?" Eu grito. "Como você ousa não me
dizer nada sobre onde ele está, e me pedir para não ir até ele!" Eu
digo furiosamente.
"Não é o que você pensa!" Ele grita.
"Então diga a ela!" Helen grita de volta. Pela primeira vez, eu
vejo Helen desafiando Dex, indo contra o que ela me aconselhou
durante uma de nossas primeiras conversas sobre a vida com o
segredo dos nossos homens. Foi o maldito tempo!
"Você não sabe o que eu penso! E se você tivesse ouvido
qualquer coisa do que eu disse você saberia que as coisas não
podem ficar piores!" Eu grito. Então eu volto minha atenção para
Helen, que parece pronta para sair pela porta e ir buscá-lo comigo.
"Adeus." Eu digo antes da minha voz quebrar. Aceno
ligeiramente antes de deixar o escritório, mas ele me segue.
"Lauren!" Dexter grita.
Eu paro.
"Ele nunca quis que as coisas fossem assim. Ele tentou
realmente." Ele diz, antes de desaparecer de volta em seu
escritório.
"O que diabos isso significa?" Eu pergunto, soltando um
grunhido exausto e frustrado. Eu nunca me senti tão
completamente cansada.
"Dex fala muito em enigmas, mas você me escute." Helen diz
me segurando pelos ombros. "Eu vou descobrir onde ele está. Ele
vai me dizer antes que a noite acabe, e quando eu souber você vai
ser a primeira que eu vou chamar." Diz ela abrindo a porta.
"Ligue para o meu celular, eu não estarei em casa, eu vou para
Madison." Eu digo, me dirigindo para os elevadores.
Ela me segue para fora.
"Agora?" Ela pergunta incrédula.
Aperto o botão do elevador para subir. "Eu estive quieta por
muito tempo. Agora não há desculpa, eu sei onde ele está, e eu
não vou esperar até ele ter a oportunidade de se esconder em
outro lugar." Eu digo impaciente.
"E… E sobre Caylen? Onde ela vai ficar? Você não pode
simplesmente deixá-la."
"Caylen vai ficar com Raven, ela está em boas mãos. De
qualquer forma eu vou ligar da estrada. Eu apenas não estou
fazendo isso por mim. Minha pequena não vai crescer sem um pai.
Se Cal não deve nada para mim, ele deve tudo a ela!" Eu digo,
mais amargamente do que pretendia.
Helen olha para baixo com culpa.
"Dê-me um dia, mesmo que Dex não me diga, vou contratar
um investigador particular. Você não pode fazer nada se você não
sabe onde ele está."
A campainha toca e as portas do elevador abrem. Eu suspiro
de frustração e entro.
"Você acha que eu não teria feito isso? Se a situação fosse
invertida e você estivesse na minha situação, você desperdiçaria
mais um segundo?"
"Eu não estou tentando pará-la, Lauren… Eu só quero
ajudar." Diz ela, aparentemente ofendida. Seus olhos apenas
expressam a sinceridade, mas eu sempre tenho que adivinhar.
Eu respiro profundamente. Às vezes, Helen é um mistério. Em
um minuto ela é essa calma, confiante e intimidante mulher, e no
próximo, parece quente, genuína e sincera. Quando a conheci, Cal
me avisou sobre ela, mas agora, suas palavras não carregam
muito peso comigo. Eu não tenho tempo para adivinhar quais são
seus motivos, e realmente não me importo se ela está do lado de
Dexter ou do meu, ou têm a sua própria agenda sobre isso,
porque eu tenho a minha.
"Se você quiser me ajudar, Helen." Aperto o botão para o
elevador descer. "Pegue o endereço" eu digo pouco antes das
portas fecharem. Estou cansada de viver entre perguntas. Se eu
tiver que bater em cada porta, ou dirigir por todas as ruas, eu
faço. Eu não vou embora até que eu o encontre, e quando eu fizer,
eu vou voltar para casa com meu marido ou com o divórcio.

***

Quatro horas. Esse é o tempo que eu dirigi. Eu tive que parar


e pedir indicações duas vezes, graças a minha decisão impulsiva
de momento para fazer esta viagem, uma vez que o meu GPS ficou
inútil. Meu telefone tocou sem parar desde que deixei meus
amigos saberem sobre a minha decisão de ir sozinha para
Madison. Depois de conduzir durante tanto tempo, eu estou
começando a pensar que eles estavam certos.
A parte mais sábia de mim deseja que eu tivesse esperado um
par de dias para digerir isso, e esperar por uma palavra de Helen e
pelo menos arrumar algumas roupas. Puxo para o lado da
estrada, observando a placa de “Bem-vindo a Madison” informar
que faltam, pelo menos, trinta minutos. A parte chateada, irritada,
ansiosa, está pronta para começar a bater nas portas como uma
louca. Para ser honesta, essa é a única ideia que eu tenho. Eu não
tenho nenhuma ideia de onde Cal está, ou se ainda está lá. Eu
não sei o que vou fazer se eu encontrá-lo. O que eu vou dizer? Há
tantas coisas que eu quero saber, das quais eu nunca tive
respostas. O jornal acrescentou apenas mais perguntas a lista.
Até ontem à noite, quando eu o ouvi, eu tentei esquecer sobre ele.
Eu tentei tanto, mas o fato de Caylen ser sua imagem não ajuda
muito.
Quando vi pela primeira vez, eu chorei. Tive a alegria de ver o
rosto do meu bebê, e um prazer estranho, porque eu sabia que
nunca seria capaz de esquecer seu pai. Toda vez que ela olhasse
para mim, ele estaria olhando para mim, rindo de mim, e há a
promessa que fiz… Mas definitivamente ele quebrou algumas de
suas promessas.
Eu me inclino sobre o banco e abro o porta-luvas, retirando o
envelope gasto e manchado. Eu nem sequer quero isso em minha
casa. Eu abro-o e puxo o meu anel de casamento. Eu não tenho
usado em um tempo. O dia em que descobri que estava grávida de
Caylen, eu o tirei e o coloquei em um envelope. Eu não poderia me
fazer jogá-lo fora, mas eu não poderia usá-lo.
Eu penso de novo na imagem no artigo do jornal. Sua
expressão parecia estranha, mas mesmo na fotografia de baixa
qualidade, seus olhos me atraíram.
Solto um suspiro e olho para o relógio, são 16h30min tem sido
quatro horas e meia… Solto mais um suspiro. Respiro fundo mais
uma vez, e eu me olho no espelho retrovisor. O inchaço ao redor
dos meus olhos pode me fazer ir às compras. Eu pareço como se
eu não tivesse dormido há dias.
Pego o telefone e ligo para Helen, eu recebo a mensagem que
não está disponível agora, para tentar mais tarde. Fico frustrada.
Eu não sei nada sobre esta cidade além da nossa escola que
jogou futebol contra eles uma ou duas vezes. Eu nem mesmo sei
se Cal está aqui.
Meu telefone toca novamente. Desta vez, é Ângela.
"Oi, Angie." Suspiro, assistindo a um carro ir mais rápido.
"Na verdade, é Hillary, peguei o telefone dela já que você não
me respondeu." Eu rolo meus olhos, ainda irritada sobre o que
aconteceu antes.
"Bem, eu não respondi por uma razão." Eu digo-lhe com
franqueza.
"Lauren, eu disse que estava arrependida. Eu sei que eu
deveria ter dito quando eu vi, mas não sabia como." Diz
rapidamente.
"Bem, hoje você realmente encontrou a maneira." Eu respondo
de forma abrupta.
"Tem razão. Eu fui a maior cadela do mundo." Diz rindo. Mas é
forçado e para com um suspiro.
"Eu pensei que se você estivesse começando a ver o Steven,
iria tornar as coisas melhores para você. Que você não iria ficar
trancada em casa com Caylen, e você voltaria a ser você mesma
outra vez."
"Sinto muito que as coisas não são como antes entre nós, e
parece que Ângela e eu estamos mais perto, mas… é só que ela me
viu em um dos pontos mais baixos da minha vida. Então, eu não
me sinto tão exposta quando eu falo com Ângela, porque ela me
viu no meu pior. Eu só… não sei quando vou começar a chorar,
sabe? Constantemente me sinto vulnerável, e eu me odeio por me
sentir assim. Eu sinto vergonha disso." Franzo a testa para eu
mesma.
"Hoje eu estava brava com você porque você estava dizendo a
verdade. Assim como a voz em minha cabeça, mas parei de ouvi-la
quando conheci Cal." Deixei escapar uma pequena risada
limpando as lágrimas que estão escapando dos meus olhos. Eu a
ouço rindo do outro lado do telefone.
"Sim, isso é! A voz gritando que não pode ficar em silêncio."
Como é bom rir.
"Às vezes eu preciso dessa voz." Eu lhe garanto.
"Sim, bem, ela funciona para mim." Diz ela, rindo e depois
limpa a garganta antes de falar novamente.
"Liguei para minha tia, a que eu disse que morava em
Madison. Eu estava tentando conseguir com ela o endereço de
Gwen Scott." Ela faz uma pausa como se estivesse esperando pela
minha resposta. Quando eu não digo nada, ela continua.
"Ela me atormentou sobre o porquê eu precisava acabamos
discutindo. Mas no final, eu prometi ao meu primo vinte e cinco
dólares para ele na próxima vez que eu o ver." Ela ri, mas o meu
bom humor desapareceu completamente. A menção dos Scotts faz
meu coração bater fortemente.
"A… A mulher que diz ser sua mãe?"
"Sim… Eu pensei que se você estava indo para começar a
olhar em algum lugar, que lugar melhor do que a casa de seus
pais? Ou das pessoas que dizem que são seus pais…"
Eu esfrego minha têmpora. Tudo isso é demais.
"Lauren, você não está dirigindo, não é?" Pergunta de repente.
Eu acho que ela está preocupada que eu vá para fora da estrada.
"Não, na verdade eu estou parada na frente da placa de “Bem-
vindo a Madison."
"Você está falando sério?" Ele ri.
"Sim." Eu admito, rindo de mim mesma.
"Eu não sabia para onde ir e bater de porta em porta soou um
pouco perigoso depois de pensar."
"Não deveríamos ter deixado você ir por esse caminho. Mas eu
não acho que você nos deixaria parar você." Ela ri e eu participo.
"Provavelmente não."
"Tem uma caneta?"
"Sim." Eu digo pegando uma caneta na minha bolsa e um
recibo de compra.
"1206, North Grenton Street." Ela diz, e eu escrevo
rapidamente. Eu tomo uma respiração profunda.
"L, se você tiver qualquer problema, me ligue ok?"
"Farei isso.
"Você quer o endereço da minha tia?"
"Não. Eu vou ficar bem." Eu lhe asseguro, olhando para o
recibo com o endereço. Minhas mãos estão tremendo.
"Você acha que ele vai estar lá?" Pergunta suavemente.
"Bem, eu estou prestes a descobrir." Suspiro.
"Tenha cuidado e me ligue assim que chegar lá. Não faça nada
que vá colocar você na prisão…" Ela diz.
"Eu não vou Hill." Eu digo enquanto ela continua com a
conversa. "Eu vou desligar agora. Basta dizer a todos que estou
bem."
Eu tenho certeza que ela ainda está falando quando eu desligo
o telefone e olho para o endereço no papel. Eu pego meu mapa e
vejo que a direção que Hillary me deu é à direita. Eu coloco o
mapa e o endereço no banco do passageiro e descanso a cabeça no
volante por alguns momentos para pensar.
Cal nunca disse nada sobre seus pais. Tudo o que sei é que ele
foi adotado quando era jovem, e que não se davam bem.
Nada faz sentido.
Ele não iria me deixar para voltar para casa. Essa não pode
ser a sua casa. Ele disse que cresceu em Chicago. Eu nunca
pensei sobre ele ser próximo da família. Ele nunca mencionou
nada sobre eles.
No nosso casamento, as únicas pessoas perto dele que vieram
foram Dexter e Helen, e alguns colegas de trabalho. Isso tudo tem
que ser uma mentira. Deve haver uma explicação para isso. Eu
não posso sequer imaginar o que ele vai dizer quando me ver… Se
é que é esse endereço. O que vou dizer a esta mulher quando eu
aparecer perguntando por seu filho? Você é a sua mãe? Todas
essas perguntas passam pela minha mente.
Eu sento e respiro profundamente algumas vezes, tentando
limpar minha cabeça, tentando ficar longe dos meus pensamentos
confusos. Bem, só há uma maneira de saber tudo isso. Eu viro a
chave e ligo o carro.
08 de março de 2011

"Como você sabe que ele está bem, Dexter? Por que ele não
está respondendo minhas ligações? Eu estou a ponto de chamar a
porra dos policiais!"
Eu digo freneticamente ao telefone enquanto ando de um lado
para outro. A voz dele está me irritando. Ele é calmo e divertido,
aparentemente imperturbável. Enquanto eu estou perdendo
minha mente.
Eu não tenho visto ou ouvido falar de Cal por quatro dias. Sem
resposta às minhas mensagens de texto ou minhas mensagens de
voz. Eu tentei ficar calma no início. Ele não queria que eu fosse
uma esposa chata e louca. Especialmente porque esta é a sua
segunda viagem desde que nos casamos.
Dia um: Eu não liguei o dia inteiro, bem, não por muito
tempo, de qualquer maneira. Eventualmente, eu queria ter certeza
de que ele tinha ficado onde estava indo. Enviei uma mensagem,
ele não respondeu. Então eu liguei para ele naquela noite. Não
houve resposta. E eu liguei novamente e o telefone foi direto para
a caixa postal.
Dia dois: Eu chamo de novo, como qualquer pessoa racional
faria, mas o telefone continua desligado e as chamadas vão direto
para o correio de voz.
Dia Três: Eu ainda estou indo diretamente para o correio de
voz, e é suposto que eu esteja bem com isso? Eu não sei onde ele
está ou se ele está bem. Devo apenas deixar passar? Ele não está
na porra do exército. Tenho certeza de que onde quer que ele
esteja há uma tomada elétrica para carregar seu telefone se a
bateria morreu.
Dia Quatro: Estou gritando com Dexter, eu sei que não é
culpa dele, mas porque ele não está levando isso a sério começo a
gritar com ele antes de Cal. Dexter diz que tudo isso é normal…
Nada para se preocupar! Bem, se nada de ruim aconteceu, Cal vai
definitivamente ter algo para se preocupar quando voltar para
casa.
"Lauren, posso te garantir que Cal está bem. Isto é o que ele
faz." Diz Dexter. "Ele não vai ser capaz de responder a todas as
suas chamadas, se algo de ruim acontecer eu vou saber, e depois
de mim, a primeira pessoa a saber vai ser você." Reitera ele. Na
verdade, ele seria a primeira pessoa a saber o que me faz ser a
segunda, mas eu não vou discutir esse ponto agora.
"Eu não esperava que ele fosse responder todas as minhas
chamadas, mas eu esperava ouvir dele pelo menos uma vez após
quatro dias. Como é que você pode falar com ele e não eu? Eu
estou"
Paro quando eu escuto a porta da frente abrir e Cal entra.
"Não importa." Eu digo e desligo de forma abrupta. Dexter não
é a pessoa que merece o meu interrogatório e minha eventual
raiva, dependendo da explicação do seu melhor amigo, mas eu
não me importo neste momento. Cal entra com sua bolsa no
ombro e deixa-a cair no chão. Quando ele me vê, um grande
sorriso aparece em seu rosto. Ele não deve estar lendo
corretamente a minha expressão em tudo, que está entre
preocupada e inquieta.
"Hey linda!" Cal diz, me puxando em direção a ele. Deixo ele
me beijar na boca, mas brevemente, em seguida, empurrou-o
suavemente. Ele está intrigado com a minha reação. Oh, isso ele
vai entender em breve.
Dou-lhe um tapinha no peito e tocar seu rosto, olhando para
ele de vários lados. "Abre a sua boca." Falo com minhas mãos em
meus quadris.
Ele coloca a língua para fora e um segundo depois ele me
agarra e lambe meu rosto, empurrou-o novamente, forçando-me
para não rir. Ainda estou irritada e suas pequenas travessuras
não vão funcionar hoje.
"Se você quer brincar de médico, você só tem que dizer." Ele
diz, apertando minha bunda. Dou um tapa em sua mão.
"Não. Eu estou tentando ver o que há de errado com você.
Deve haver alguma coisa, porque eu não tenho falado com você
por quatro dias." Eu digo secamente, com os braços cruzados
sobre o peito. Ele olha para o teto, como se estivesse entediado
com o meu discurso.
"Olá!" Eu digo, irritada com sua atitude despreocupada.
"Eu estou ouvindo." Ele diz se afastando de mim.
Eu o sigo. "Você sabe como eu estava preocupada com você?"
Eu admito, tentando fazer a sinceridade na minha voz ser
transmitida. Eu o sigo até a cozinha. Ele vai direto para a
geladeira, a sua atenção parece ser mais sobre o que ele vai comer
do que ouvir e sentir a minha raiva que está crescendo.
"Eu lhe disse para não se preocupar quando eu sair." Ele diz,
vasculhando a geladeira. "Eu estou fodidamente com fome." Cal
fecha-a, aparentemente insatisfeito com o seu conteúdo.
"Onde você estava?" Pergunto incisivamente.
"Eu te disse. No Colorado, a trabalho." Ele enfia um bagel em
sua boca antes de dar um salto na ilha.
"Trabalho. Realmente?" Eu pergunto sarcasticamente.
"O que mais eu poderia estar fazendo?" Ele declara
lentamente, como se ele não conseguisse entender.
"Não seja condescendente comigo, Cal. Este não é o momento
de ser." Minha paciência se esgota enquanto esta conversa está
em curso.
"Você está me perturbando. Esta é a terceira vez que eu te digo
onde eu estava. Eu não sei o que mais você quer que eu te diga."
Ele diz sarcasticamente, levantando-se da ilha e voltando para a
geladeira para uma soda.
"Por que você não atende ao telefone?" Eu pergunto.
"Eu só não tive tempo para isso." Diz impaciente, encolhendo
os ombros casualmente. Encolhendo os ombros casualmente!
Eu mordo meu lábio. "Isso é tudo? Você acabou decidindo não
responder?" Eu digo bruscamente.
"Sim." Ele declara simplesmente, sua voz tão forte quanto a
minha e eu não posso acreditar que ele está irritado com minhas
perguntas. É quase como se ele não entendesse o que eu peço. Eu
balanço minha cabeça em descrença e saio de perto dele,
engolindo a vontade de me lançar para ele em um ataque verbal.
"Por que a tempestade por isso? Isso nunca foi um problema
antes. Por que agora?" Ele pergunta, me seguindo.
Eu paro e me viro para encará-lo. "Oh, desculpe. Não me
lembro de você ter me deixado por mais de três dias consecutivos
e não atender o celular ou retornar a chamada." Eu digo.
"Eu sai antes, e você não surtou da maneira que está agora."
Eu cruzo meus braços. "Isso é diferente." Eu digo.
"Por quê?" Ele contrapõe.
"Por que isso não é normal! Eu não tenho problemas com você
saindo para o trabalho, mas você não pode sair sem ter qualquer
contato comigo. Eu estava preocupada com você. Eu não sabia se
você estava bem, ou se você tinha pegado o seu voo. Como você
pode não entender como eu me sinto agora? Estes foram três dias
de completa preocupação, frustração e ansiedade. Você acha que
isso é como eu me sinto cada vez que você sai para o trabalho?"
Eu digo, tentando remover a raiva da minha voz, então, basta
deixá-lo ouvir a minha preocupação, mas eu não estou fazendo
um bom trabalho, porque eu estou com raiva no momento.
Ele olha para longe de mim brevemente. "Baby, isso vai
acontecer às vezes. Eu pensei que você entendesse, que você
estava bem com isso." Ele diz com uma pitada de incredulidade
em sua voz.
Eu não sei de onde ele teve a ideia de que eu ficaria bem com
ele não se comunicando comigo nessas "viagens". A primeira
viagem que ele fez depois de estarmos casados uma semana, ele
me ligou quando eles desembarcaram e chamou-me a cada noite
que estava lá. Ele me enviou mensagens de texto me dizendo o
quanto sentia minha falta. Antes de nos casarmos ele me ligava e
se manteve em contato comigo. Agora ele age como se isso fosse
tão normal quanto a descer a rua.
"Eu não sei o que te deu a impressão de que eu concordaria
com isso" eu digo. Falo incrédula. Cal suspira e coloca as mãos na
parte de trás de sua cabeça.
"Eu vou para a cama. Eu tive um longo voo. Eu senti sua falta.
Achei que você tivesse sentido a minha também. Mas eu não estou
fazendo isso." Diz secamente, se afastando de mim.
"Sentiu minha falta?" Eu pergunto sarcasticamente, seguindo-
o. "Oh, que bom. Embora eu não possa dizer, já que eu não ouvi
de você." Continuo, o sigo até as escadas. Ele é quieto como um
rato. Não respondendo para mim em tudo como quando ele não
estava. Uma vez que chegamos ao nosso quarto ele suspira, como
se estivesse exasperado. Ele está exasperado?
"Hey?!" Eu digo, esperando algum tipo de resposta, mas não
houve.
Cal levanta a camisa e a puxou sobre a cabeça, remove a
calça. Um segundo depois, ele estava deitado na cama. Eu não sei
que diabos é o seu problema, mas eu estou cansada e vou dormir.
Ele olha para mim antes de fechar os olhos.
"Realmente, Cal?" Eu digo com raiva. Ele não responde e pega
um travesseiro, colocando por trás de sua cabeça.
"O que diabos você estava fazendo durante três, quatro dias,
que você não podia atender ao telefone ou ligar para mim? Como
diabos você acha que eu deveria reagir a isso?!"
Eu digo descontroladamente. Esta é uma porra de brincadeira.
Deve ser isso. Ainda sem resposta ele vira a cabeça para longe de
mim. Eu pego um travesseiro que está ao lado dele e acerto-o tão
forte quanto eu posso com ele. Mas ele dificilmente recua, ele o
pega e cobre a cabeça com ele.
"V… Você sabe. Você está sendo um verdadeiro idiota agora."
Digo antes de a minha voz quebrar completamente.
Pego meu cobertor da cama e rapidamente saio do quarto
antes que as lágrimas escapem dos meus olhos. Em seguida,
desço as escadas, ligo a televisão e me sento em uma poltrona, me
envolvendo no cobertor e me pergunto por que, a primeira noite
que o amor da minha vida está de volta em casa, nós dormimos
em quartos separados. Se alguém tivesse me dito isso há três dias
eu teria rido na cara dele.

***

Um barulho alto me acorda, acompanhada do seguinte: Porra!


As luzes estão apagadas, mas o luar que entrava pela janela
me permite ver que Cal tropeçou na mala que ele deixou na
escada antes. Eu riria se não estivesse tão cansada.
Eu coloco minha cabeça de volta no travesseiro e fecho os
olhos. E eu ouço seus passos vindo em minha direção, e então
minha posição confortável é perturbada quando as almofadas do
sofá são removidas de trás de mim. Elas são substituídas pelo
peito duro de Cal. Ele se estabelece atrás de mim, um braço
atravessado em meu estômago e me puxa para ele, aninhando a
cabeça no meu pescoço. Um sorriso se espalha pelo meu rosto.
Não posso evitar.
"Sinto muito." Ele sussurra. Pega minha mão, entrelaça meus
dedos com os seus e os beija. Eu aperto sua mão, mas não digo
nada. "Eu fui um idiota antes." Ele diz baixinho no meu ouvido
antes de me beijar lá, e eu suspiro.
Eu ainda estou com raiva, mas isso não impede o latejar que
ele está causando entre minhas coxas. Isso é péssimo, minha
raiva não me impede de querer ele. Minha tristeza me faz querer
ele ainda mais.
"Um grande idiota." Cedo com um ligeiro sorriso.
Eu me viro de costas e ele se inclina sobre mim. Seus lábios
nos meus, saboreando cada parte deles e eu o beijo da mesma
forma. Eu pego seu rosto em minhas mãos e ele me puxa para
cima dele. Eu montei nele e coloquei minha cabeça em seu peito.
Ele acaricia minhas costas e eu sinto que traça a sua assinatura
em mim. Eu não posso acreditar o quanto eu senti falta dele. Ele
se inclina para cima puxando meus joelhos para frente, fazendo
com que toquem o peito dele, antes de inverter as nossas posições
fazendo com que eu fique nas minhas costas.
"Eu só não queria discutir." Diz ele, caindo em silêncio,
tentando se desculpar por seu comportamento mais cedo.
"Nem eu queria discutir." Corro minhas mãos pelos cabelos.
Eu sentia falta de seus beijos, seu toque, seu cheiro, tudo sobre
ele.
"Eu estava ficando louco sem você." Ele diz beijando meu
ombro e indo até o pescoço. "Eu estava ficando louco sem você."
Ele diz beijando meu ombro e indo até o pescoço. "Eu senti sua
falta." Sua boca, em seguida, se aproxima do meu ouvido
novamente. "Estou prestes a mostrar-lhe o quanto." Ele
acrescenta, antes que seus lábios trilhem meu estômago.
Eu fecho meus olhos e o deixo me possuir, meu corpo
revelando o quanto eu senti sua falta. Eu sei que deveríamos estar
falando sobre como, ou mais importante, por que aconteceu a
nossa primeira briga, mas não. Agora, eu só quero paz. Nós
fazemos e nos perdemos na nossa primeira reconciliação. No
entanto, esta é apenas uma paz temporária, as nossas bandeiras
brancas não estão sequer levantadas, estão apenas espreitando
por trás do nosso obstáculo.
No fundo, eu sei que isso não é o fim da batalha e eu estou
feliz com isso. Mas o que me assusta é a pequena voz na minha
cabeça me dizendo que isso não é o que acontece no final de uma
batalha, mas, possivelmente, o início de uma guerra.
08 de março de 2013

"Eu posso fazer isso." Eu me lembro em voz alta quando olho


para a casa na minha frente.
Eu consegui trabalhar a coragem de sair do carro e agora
caminho até a porta da frente.
Eu estou aqui de pé com as pernas incapazes de se mover.
Absorvo que tudo em torno de mim é muito diferente da vida na
cidade com a qual eu me acostumei. Esta casa é bonita,
exatamente como se viesse direto de um filme da Disney. A tinta
amarela suave e a varanda enorme me lembram da casa de Raven,
em Saginaw, só que maior. Eu não posso deixar de notar o enorme
celeiro a alguns passos de distância dela, os acres que o cercam
estão fechados para animais.
Coloco as chaves no bolso da minha jaqueta quando me
aproximo da porta. De repente, eu começo a me perguntar se há
alguém em casa. Subo os poucos degraus para a varanda e
respiro fundo antes de tocar a campainha. Eu me afasto da porta
e olho para a janela, as cortinas estão ligeiramente abertas.
Pelo que posso ver, a sala é impecável, com uma lareira no
centro. As paredes, cor de mel quente dão uma sensação de bem-
vindo, um sofá escuro e cadeiras ao redor de uma mesa de café.
Eu rapidamente me lembro de que eu estou olhando para a casa
de alguém e volto para a porta da frente.
Eu toco a campainha novamente. Percebo que estou mais ou
menos dançando, tentando acalmar meus nervos e canalizar
minha adrenalina. Eu toco a campainha duas vezes, e
freneticamente bato na porta, a compostura que eu que havia
reunido antes de se dissolveu rapidamente.
"Talvez não tenha ninguém em casa." Eu digo e desço as
escadas, mas eu ouço a porta se abrir atrás de mim, eu paro
quase com medo de virar.
"Eu posso ajudar?" Sua voz me para imediatamente. Eu nem
sequer tenho que virar para vê-lo, para saber que é ele. Eu seguro
o corrimão para evitar a queda.
"Cal." Eu digo tão baixinho que eu não tenho certeza se ele
pode me ouvir. Eu me viro e meus olhos começam a lacrimejar.
Caminho para ele devagar, sentindo como se fosse acordar a
qualquer momento. Tem sido assim por muito tempo desde a
última vez que eu o vi.
Quando chego perto dele, cara a cara, ele ainda parece o
mesmo, apenas os olhos são quase completamente verdes, o cinza
está intercalado com a cor verde dominante. Lentamente eu movo
minha mão para tocar seu rosto, embora ele esteja tremendo
incontrolavelmente.
"É você." Eu não posso esperar mais um segundo e pulo em
seus braços. Tem sido muito tempo desde que eu o toquei, muito
tempo. Todas as perguntas que eu tenho não têm sequer
importância agora, só que ele está aqui.
"Eu senti tanto a sua falta."Eu não posso parar de chorar.
Olho para ele esperando que ele diga algo, mas eu percebo que ele
está sem palavras, quase chocado e percebo que suas mãos não
estão ao meu redor.
"Chris, quem é essa?" Eu olho para trás só para ver uma
mulher alta e loira, olhando de forma estranha.
"Chris?" Eu digo confusa. "Chris. Seu nome não é Chris!" Eu
digo bruscamente, a raiva começa a substituir a euforia de vê-lo,
desde que estou me lembrando do que me trouxe aqui em
primeiro lugar. Ela franze a testa para mim e, em seguida, olha
para ele.
"Quem é essa?" Ela pergunta com raiva.
"Não… Eu não sei!" Ele responde à loira.
"Quem sou eu? Quem é você?" Peço defensivamente. E então
eu entendo o que ele disse. Meu queixo cai em descrença.
"O quê?" Eu digo bruscamente, virando minha atenção para
ele.
"Eu acho que você me confundiu com outra pessoa." Ele diz,
olhando para mim de forma estranha. Meu coração caiu,
juntando-se a meu queixo no chão.
"Ela começou a chorar quando me viu." Explicou à mulher
atrás dele, aparentemente mais preocupado com ela do que
comigo.
"Que diabos você está falando?" Pergunto confusa e irritada.
"Ela não parece que te confundiu com ninguém!" A mulher diz
com raiva, olhando para mim com desconfiança.
"Cal, o que diabos você está tentando fazer?" Minha pele
aquece, minha raiva e impaciência estão prestes a estourar.
"Meu nome é Chris." Diz dando um passo longe de mim. O que
está acontecendo?
"Olha, quem é você?" Pergunta a mulher impaciente.
"Eu sou sua esposa, é quem eu sou!" Eu digo
endurecidamente. "Quem diabos é você?" Eu pergunto
asperamente.
Ela franze a testa, mas depois ri. "Ooh eu vejo. Isso é uma
piada. Muito bom Chris, eu quase caí por um minuto, mas você
sabe que eu posso ver através de suas piadas." Ela lhe dá um
tapinha no peito.
"Você acha que eu estou brincando?" Eu digo, lágrimas não
derramadas freneticamente se formando em meus olhos. Ela para
de rir. Cal olhou para meu rosto e ele está olhando para mim
como se eu não tivesse nenhuma ideia de quem eu sou.
"Cal, diga a ela!" Eu grito, tentando desesperadamente não
chorar de frustração. Isso não pode estar acontecendo!
"Meu nome não é Cal!" Ele eleva a voz em pânico.
"Chris, quem é ela?!" A mulher pergunta com raiva de novo, a
ideia de que isso não é uma piada fora da janela agora.
"Jenna, eu nunca vi essa mulher na minha vida!" Tenta dizer
suplicante.
"Porra!" Eu grito, empurrando-o. Como pode não ser Cal! É
sim! É! É a sua voz! Seu rosto! Eu tenho o mesmo sentimento
quando estou perto dele… Quase. E agora eu posso sentir isso
também, porque eu tenho sido privada dele por tanto tempo…
"Você não sabe quem sou eu!?" Grito, lágrimas de raiva
escorrendo pelo meu rosto. "Bem, então, quem me deu isso?" Eu
pergunto sarcasticamente. Puxo o anel do meu bolso e jogo para
ele. A mulher pega o anel e o inspeciona.
"Chris, isso é um anel de casamento!" Ela grita, empurrando-o
no seu rosto.
"Eu nunca vi isso na minha vida! Eu nunca a vi na minha
vida!" Ele grita, apontando para mim como se eu fosse uma
estranha. Claramente ele está em um estado de pânico, parecido
com o meu.
"Chris não mente para mim!" Ela grita para ele.
"Ela não sabe o meu nome! Está louca!" Ele grita de volta para
a mulher. Ela olha para mim, tentando determinar quem é o
mentiroso aqui. Sua expressão facial suaviza, e ele move-se em
direção a ela, pegando sua mão.
"Jenna, eu juro. Eu não tenho ideia do que ela está falando."
Ele implora mais calmo.
Eu começo a rir histericamente. Eu estou a ponto de vomitar.
Eu tenho que estar sonhando, isso não pode estar acontecendo!
"Quem é ela para você? É por isso que você saiu? Por isso é
que me deixou?!" Eu digo, entre lágrimas, segurando seu braço.
"Ele é meu noivo." Ela rosna para mim. Começo a rir de novo
cobrindo meu rosto enquanto dou passo para trás, longe deles. Eu
balanço minha cabeça em descrença e, conscientemente rindo. Eu
tenho que rir porque se eu não vou explodir. Eu sinto meu sangue
ferver e, finalmente explodo.
"Como diabos ele pode casar com você, enquanto ainda está
casado comigo?!" Eu gritei, segurando minha cabeça. Meu peito se
sente tão apertado e minha cabeça está me matando.
"Nem mesmo eu sei, quem é você? Como você me conhece?"
Ele pergunta com raiva.
"Todo esse tempo, todo esse tempo você está mentindo para
mim e agora… agora! Você age como se não soubesse quem eu
sou!" Eu começo a chorar histericamente.
"Você jurou que não havia outra mulher. Babaca!" Eu
continuo xingando o tempo todo. Este filho da puta não merece
nada de mim. Eu me viro e desço as escadas indo para o meu
carro. "Eu quero o divórcio!" Eu grito por cima do meu ombro.
"Nunca mais quero te ver! Não se atreva a chegar perto de mim ou
de Caylen novamente! Vou enviar sua merda por Dexter, eu quero
tudo fora da minha casa!" Eu rosno violentamente.
"Como ela sabe do Dexter? Como diabos ela sabe do Dexter,
Chris?" Eu escuto a mulher gritar.
"Eu não sei Jenna, isso deve ser uma piada!" Ele diz com uma
risada em pânico. Uma piada? Eu me viro e caminho para a
escada.
“Uma piada! Eu estou brincando? Você acha que arruinar a
minha vida é uma porra de uma brincadeira!?" Subo as escadas, o
empurro e bato-lhe com toda a força que eu consigo reunir e ele
tenta me conter. Jenna interrompe. "Tire suas mãos dele!" Ela
grita, tentando me afastar de Cal.
Ela tem um aperto firme no meu braço. Minha raiva tem o
controle completo e violentamente a empurro para trás, uma das
minhas mãos desce diretamente em seu rosto e ela perde o
equilíbrio, ela parece surpresa e um segundo depois corre em
minha direção. Se ela quer uma luta, ela escolheu o dia perfeito
para isso! Cal salta entre nós. Fazendo malabarismo comigo de
um lado e do outro a contendo.
Eu começo a me sentir quente e minha visão está borrada.
Como eu poderia acreditar nele depois de todos esses anos? Ele
nunca me amou. Esta mulher diante dele, que ele quer
desesperadamente que acredite nele… Ele a ama.
Um homem sai de casa. Ele olha perplexo todo o caos.
"O que está acontecendo aqui?"
"Essa louca nos atacou!" Grita a loira finalmente
estabelecendo-se nos braços de Cal.
"Isso não tem nada a ver com você!" Eu respiro tentando
recuperar a compostura antes de sua acusação ridícula. Se
alguém é louco são eles!
"Isso é entre mim e meu marido!" Respondo.
"O quê?" Pede o idoso confuso.
"Diga a ela pai, ela não acredita em mim!" Ouço Cal dizer.
O resto do que ele diz se torna um zumbido quando sou
vencida pelo enjoo. Eu tenho que sair daqui. Eu já não posso lidar
com isso. Eu sinto como se Jerry Springer fosse sair a qualquer
momento. Eu começo a voltar para o meu carro, mas minhas
pernas se sentem fracas e tudo começa a girar ao redor e…

***

Eu abro meus olhos e minha visão é borrada no início, mas as


coisas vão lentamente entrando em foco. Eu toco minha testa,
minha cabeça ainda está latejando como se alguém estivesse
batendo nela com um martelo.
Eu olho em volta e percebo que estou em um quarto, à lareira
quente na minha frente está brilhando fortemente. Eu olho pela
janela e vejo que lá fora está completamente escuro, exceto pela
lâmpada brilhante da varanda. E enquanto eu olho através do
vidro da janela, começo a entender que os eventos não eram um
sonho, que eu não imaginei eles.
Eu tento ficar de pé, mas minhas pernas se sentem um pouco
instáveis, resultando em um rápido retorno à minha posição
sentada. Eu vejo a minha bolsa em cima da mesa na minha
frente. Eu me pergunto como cheguei aqui. Virando-me para a
porta eu percebo que agora é minha chance de escapar, me livrar
dessa situação horrível onde eu entrei, mas eu sei que as
respostas que eu preciso estão nesta casa. Eu nunca pensei que
as coisas aconteceriam assim. Nunca em um milhão de anos eu
teria imaginado que eu quase brigaria com outra mulher pelo
homem que eu amava, especialmente quando ele estava dizendo
que ele não me conhecia.
Comprometido. Como eu poderia ter sido tão estúpida? Todas
as suas palavras, suas promessas eram mentiras, todas e cada
uma delas e o que ainda dói mais é a forma como ele agiu… Como
se ele não me conhecesse. Como se eu não significasse
absolutamente nada para ele. E o que me rasga por dentro… Do
jeito que ele agiu… É que ele fez tão bem…
Por que todo esse plano? Por que ele simplesmente não se
divorcia, ou é honesto comigo e me diz que estava apaixonado por
outra pessoa? Por que ele foi ver Caylen? Por que ele a alimentou
com todas as mentiras sobre sentir minha falta? Tem que ser um
psicopata ou um vigarista. Hillary estava certa. Esse não pode ser
ele, mas se for como posso explicar isso para minha filha?
Como ele poderia ter uma vida inteira comigo e outra aqui?
Como ele pode viver duas vidas? Como ele pode possuir uma
cobertura em Chicago e viver em uma fazenda em Madison? O
terreno é muito grande, mas… Apenas não… Ele não. Mas, depois
de tudo eu acho que não sei quem é ele. Eu estou mais confusa do
que eu estava essa manhã. Quando eu não sabia absolutamente
nada.
"Está acordada." A voz suave me tira dos meus pensamentos.
Eu olho para cima para ver uma mulher de meia-idade com o
cabelo vermelho sorrindo para mim com tanto carinho que sinto
de imediato, como se eu conhecesse ela.
"William. Ela acordou." Diz anda em direção à cozinha. Ela
anda cautelosamente em minha direção e me oferece uma xícara
de café fumegante. Eu olho para ela com atenção, querendo saber
quem ela é.
"Você precisa de uma bebida." Ela incentiva com um sorriso.
Eu pego a xícara e bebo devagar.
William. Agora eu reconheço o homem na foto quando ele
passa pela porta e olha para mim com cuidado, de pé ao lado da
mulher. A presença do homem, embora não ameaçadora, é mais
fria do que a da mulher, sua expressão quase mostra uma
carranca.
Coloco a xícara de café em frente de mim. Eu abro minha boca
para dizer algo, mas não sai nada. O homem suspira quase
frustrado e se senta em uma cadeira em frente a mim. Ele aperta
as mãos juntas e olha para sua esposa. Ela fica ao lado dele,
descansando a mão em seu ombro. Eles olham para mim como se
soubessem mais do que eu, o que é muito intimidante, porque eu
não sei quem eles são.
"Você é uma mulher muito bonita." Diz a mulher gentilmente
em um tom triste. Eu me movo desconfortavelmente no meu
lugar, percebendo que como eu pareço agora não é bonito. Eu
ajusto rapidamente minha camisa e corro os dedos pelo meu
cabelo.
"Você não sabe quem somos." Sai como uma declaração, em
vez de uma pergunta.
Eu aceno com a cabeça. Ela sorri levemente e olha para o
homem ao lado dela, ele franze a testa para si mesmo. Eu olho
para ambos. Eles parecem tão desconfortáveis quanto eu. Eu
deslizo minhas mãos no meu colo e suspiro.
"Eu vi sua foto no jornal com Cal." Eu digo suavemente, meus
olhos caem sobre o homem de mais cedo. "Quando você e Chris
ganharam o concurso de comer torta." Eu vejo seu sorriso suave
para o marido. Eu me sinto a minha boca franzir.
"Por que você continua o chamando de Chris?" Eu deixo
escapar. Quero algumas respostas e sinto que a urgência da
situação está começando a entrar em colapso dentro de mim.
Quando ela não responde à pergunta, saem mais da minha boca.
"Quem é você? O que está acontecendo?" O pouco de calma que
eu tinha, está enfraquecendo lentamente.
O casal se olha antes de responder.
"Eu sou Gwen Scott e este é meu marido, William." Explica
rapidamente a mulher. "Nós somos os pais de Chris."
Levanto-me, novamente, se mais uma pessoa o chamar de
Chris, eu vou perder o meu temperamento.
"Eu quero falar com Cal. Eu quero falar com ele agora mesmo!"
Minha voz está subindo trêmula.
"Isso não é possível." Diz o homem calmamente.
Começo a andar de um lado para outro em frente ao sofá com
raiva. "Será que ele não quer me ver? O dano já está feito! Eu só…
Ele me deve uma explicação!" Eu começo a andar em direção a
porta determinada a encontrá-lo, mesmo se eu tiver que olhar em
cada um dos quartos da casa.
"Lauren, por favor, acalme-se." A Sra. Scott me implora.
Eu paro de andar e me viro para encontrá-la em pé.
"Você sabe o meu nome?" Pergunto baixinho. Eu posso ver que
a expressão dela está tentando esconder alguma dor, dando-me
um olhar de pena antes de olhar de volta para seu marido.
Ele fica ao lado dela. "Nós sabemos quem você é." Diz o
marido.
"Você é a esposa de Cal." Ele suspira, cruzando os braços. Sua
esposa olha para mim, quase com simpatia.
"Cal." É tão bom ter alguém aqui dizendo o nome dele. Eu
estava começando a sentir que eu estava em uma dimensão
estranha.
"Então ele disse sobre mim? Então, por que você age como
você não me conhecesse? É aquela mulher lá fora? Desculpe-me,
eu não sei quem é… Ele nunca mencionou. E… Ele… Desculpe-
me." Eu começo a engasgar. Isto é muito. E eu simplesmente não
sei nada.
"Ele não sabe quem você é." Diz a mulher, se aproximando de
mim.
"O quê?" Eu agarro minha bolsa contra o meu peito e olho
incrédula.
"A pessoa que você viu antes não era seu marido Cal." O
marido me diz.
"Eu não entendo… Não, ele é Cal, eu sei, tem que ser." Eu digo
encontrando a necessidade de me sentar novamente.
"Não. Não é". Ela diz sentando ao meu lado. Olho em seus
olhos para ver se ela está brincando. Sua expressão é suave e
compassiva. Não entendo. Ele parecia com Cal, soou como Cal.
"Você está dizendo que… Ele é irmão de Cal? É irmão gêmeo
de Cal?" Começo a pensar sobre a ideia de Ângela. Na verdade
fazia sentido. Isso explicaria por que ele não me conhecia, porque
parecia que ele nunca tinha me visto em sua vida. Ele nunca
mencionou ter um irmão gêmeo, mas ele não mencionou um
monte de coisas.
As sobrancelhas de seu marido sobem. "Sim." Diz o Sr. Scott
rapidamente.
A Sra. Scott franze a testa para ele. "William, não. Sem mais
mentiras, ela merece a verdade." Ela repreende o marido
delicadamente, o fazendo franzir a testa para ela agora.
"Ela não vai entender." Ele diz se afastando de nós duas.
"Nós concordamos que diríamos a ela." Sua esposa fica na
frente dele.
"O que eu não vou entender? Ele tem um irmão gêmeo ou
não?" Pergunto séria.
"Nós gostaríamos que fosse simples assim." Diz a Sra. Scott,
parecendo aflita. Eu olho de um para o outro.
"Por Favor. Eu… Eu não sei o que pensar sobre isso. Eu vim
aqui esperando algo diferente do que eu encontrei. Eu sei o que vi,
mas algo dentro de mim está esperando que não seja o que
parece." Eu rio pateticamente e ainda tenho a esperança de que
isso foi apenas um grande mal-entendido. Eu respiro
profundamente.
"Eu sempre senti que Cal escondia algo de mim. Eu não sabia
o que, ou por quê. Tudo o que sei é que há quase dois anos ele me
deixou. Ele me deixou sem explicação, mas senti que não era algo
que ele fez voluntariamente e agora… Finalmente o encontrei hoje,
mas, aparentemente, ele está apaixonado por outra mulher,
fingindo não tem ideia de quem eu sou, e isso dói muito. Se te
alguma coisa, qualquer coisa que você pode me dizer, mesmo que
seja apenas para confirmar que o que eu vi hoje é verdade. Por
favor… Por favor, deixe-me saber."
Estou começando a sentir as lágrimas nos meus olhos. Limpo-
as, à espera de uma resposta. Eu sinto uma mão quente no meu
ombro e olho para cima para ver Gwen também com lágrimas nos
olhos. "Eu só quero a verdade." Eu digo. "Mesmo que ele não
queira me ver de novo, eu só quero algum tipo de resposta." Eu
imploro. Sua expressão ainda parece incerta e ela olha para o
marido para um acordo. Eu olho para longe dela e volto minha
atenção para ele.
Ele agora está olhando para fora da janela. Levanto-me e toco
em seu braço. Eu olho nos olhos dele e o vejo piscando com o que
parece ser um fio de vulnerabilidade, mas suas paredes sobem
novamente. Agora vejo de onde Cal o teve. Ele cruza os braços e
solta um suspiro. Espero e vou continuar esperando, até obter
uma resposta.
"Por favor." Eu digo em voz baixa, quase um sussurro.
"A verdade é que a pessoa com quem você se casou não
existe." Ele diz seus olhos olhando em frente a ele, além de mim.
Eu engoli o caroço na minha garganta. Eu acho que estava
esperando por isso.
"Então seu verdadeiro nome é Chris." Eu digo, esperando que
minha voz trêmula se estabilize. "Ele está mentindo todo esse
tempo." Eu digo baixinho, enxugando as lágrimas recentemente
derramadas antes de envolver meus braços em torno de mim em
busca de algum conforto.
"Não querida, você não entendeu." A senhora Scott diz
simpaticamente, fazendo sinal para eu sentar ao lado dela no sofá.
"Oh, eu entendo." Eu digo, balançando a cabeça enquanto eu
fecho meus olhos para tentar impedir mais lágrimas de caírem.
"Eu entendo que ele me usou… Ele nunca me amou." Minha
voz me trai e libero um soluço.
"Oh, não querida, você tem a ideia errada." Ela me assegurou,
esfregando minhas costas como a minha mãe. Eu olho com
ceticismo e respiro profundamente.
"Chris e Cal são… São duas pessoas diferentes." Diz ela,
pegando minhas mãos. Eu olho para seu marido e ele pega um
assento na cadeira com um grunhido de apreensão pela discussão
sobre o seu filho.
"E… Eu não entendo." Balbucio, olhando de um para outro.
Eles disseram que ele não tinha um irmão gêmeo.
"Chris e Cal compartilham o mesmo corpo. A pessoa que você
conheceu hoje é Chris, não Cal." Explica a Sra. Scott com cautela.
"Por isso que ele agiu da maneira que ele fez. Ele realmente
não sabe quem você é." Ela explica delicadamente, segurando
minha mão e olhando nos meus olhos por algum tipo de reação a
essas informações.
"Cal é uma personalidade diferente de Chris." Ela me diz de
novo, lentamente, como se eu não entendesse. Eu tiro minhas
mãos dela.
"O que você está falando?" Eu pergunto minha atenção agora
sobre seu marido. "Uma personalidade diferente?" Pergunto
olhando para ele, esperando por alguma confirmação.
"Eu sei que isto pode ser difícil de acreditar, mas é verdade."
Diz ele severamente.
Eu balanço minha cabeça e levanto-me do sofá.
"Estamos dizendo a verdade." Diz sua esposa
compassivamente. "Chris tem o que é conhecido como transtorno
dissociativo de identidade."
"Vocês estão tentando me dizer que Cal tem… tem múltiplas
personalidades?" Eu pergunto incrédula. Eles estão brincando?
"Chris tem. Cal é a personalidade que Chris criou. Não é o
contrário. Cal não é real." Explica o Sr. Scott. Sim, eu realmente
vou acreditar nisso. Não. De jeito nenhum.
"Vocês não podem esperar que eu acredite nisso." Eu rio
furiosamente. Olho para a Sra. Scott, cuja expressão me assusta,
porque ela tem um olhar de sinceridade.
"Eu sei que isto pode ser difícil de acreditar, talvez até mesmo
inacreditável." Diz a Sra. Scott cautelosamente, colocando as
mãos no colo.
"Difícil de acreditar? Bem… Eu não penso assim!" Grito com
raiva, jogando meus braços para cima.
"V… Vocês estão mentindo por ele. Vocês estão encobrindo
ele!" Eu acho que essa é a única explicação possível para esta
loucura.
"Estamos dizendo a verdade. Chris não sabe quem você é. Ele
não sabe o que Cal faz." A Sra. Scott me diz com uma expressão
de súplica.
Eu cubro meu rosto com as mãos. Eles são todos loucos ou
concordam com este plano elaborado ou essa mentira que Cal
criou. Eles não podem esperar que eu acredite nisso. Eles não
podem estar falando sério, isso não pode estar acontecendo! Eu
abaixo minhas mãos e estudo seus rostos que parecem
absolutamente sérios. Eu sinto o buraco no meu estômago
começar a crescer. Balanço minha cabeça freneticamente.
"Vocês estão me dizendo que Cal tem algum tipo de transtorno
de personalidade. Cal é a pessoa que eu conheço, mas que seu
filho Chris, que eu conheci recentemente não tem ideia de quem
eu sou e que ele é a verdadeira pessoa." Digo com um tom cínico.
Eu rio da ousadia. "Então, eu me casei com uma personalidade,
não uma pessoa, um personagem." Eu digo, enquanto eu continuo
rindo com lágrimas nos olhos.
"Por favor, acalme-se". Sra. Scott me implora, se aproximando,
mas eu ando para longe dela. Isso não pode ser verdade, não…
Apenas… NÃO!
"Eu quero alguma prova de que ele tem algum tipo de
transtorno de personalidade! Os registros médicos, indicações,
alguma coisa!" Eu digo, minhas lágrimas sendo substituídas por
raiva.
"Não temos isso agora, mas podemos levá-los até você, nós
vamos deixar você ver tudo o que temos." Sra. Scott diz
pacientemente.
"Não, eu não quero ver nada, Dexter pode criar coisas. E… eu
não acredito em vocês!" Eu digo com sarcasmo.
"Você não tem uma escolha!" Diz o marido com raiva.
"Por que eu deveria acreditar no que vocês estão dizendo?" Eu
digo, tentando me acalmar, o que não é uma tarefa fácil neste
momento.
"Não temos motivo para mentir!" Sr. Scott grita. "O nosso filho
está de volta em casa! Chris está de volta, Cal se foi e eu vou fazer
tudo em meu poder para me certificar de que continue assim!" Ele
disse friamente.
"William!" Diz a Sra. Scott, quase horrorizada. Ela olha para
mim, nervosa, e eu posso sentir minha boca aberta.
"Eu lhe disse que ela não iria acreditar." Sr. Scott murmura
para sua esposa.
"Eu quero falar com Cal agora." Eu digo ferozmente.
"Por favor, deixe-nos explicar." Sra. Scott diz tentando me
acalmar, o clima tenso entre seu marido e eu. "Eu sei que isso
deve ser esmagador para você, mas você deve de me dar à
oportunidade de explicar…" Ela implora.
Depois de um momento de ficar olhando para seu marido, eu
me sento. Em um esforço para fazer minhas mãos pararem de
tremer, as entrelaçando fortemente.
"Antes disso começar a acontecer, o nosso filho era quieto e
educado, muito difícil de trabalhar e cuidar." Seu sorriso caloroso
endurece quando continua. "Mas em torno de seu aniversário de
dezessete anos, ele começou a agir de maneira diferente. Começou
com coisas pequenas. Ele começou a agir diferente. Ele não queria
fazer o trabalho doméstico, o que era estranho, porque Chris
sempre se ofereceu para ajudar. Ele sabia que não tínhamos os
meios para gerir esta fazenda sozinhos. De repente nos
encontramos tendo que pedir sua ajuda, mesmo tendo que exigir.
Pouco depois, os professores relataram que ele não estava fazendo
a lição de casa e estava faltando às aulas… Tudo que nosso filho
não fazia."
"Você tem que entender que isto não é como ele em tudo." Diz
a Sra. Scott com uma expressão triste no rosto. Soa tão familiar
para mim o desaparecimento aleatório, nunca chegando quando
esperado, tendo que implorar por respostas…
"Chris é extremamente brilhante e a escola sempre foi muito
importante para ele. Mas durante esta mudança de
comportamento na escola ele se tornou tão errático e ruim que
tivemos de ter uma reunião com o diretor para evitar que ele fosse
expulso." Explica ela.
"Fomos informados de que o seu comportamento era atroz. Ele
desobedeceu aos professores, saia da sala de aula quando sentia
vontade, ele brigava com outros estudantes. Normalmente, nosso
filho nem sequer gostava de discutir. Ele tinha feito aulas de boxe
quando era mais jovem, mas nunca iniciou um confronto, então
não podíamos acreditar no que estávamos ouvindo." Ela suspira, e
continua.
"Eles o descreveram como alguém jovem completamente
diferente do menino que eles tinham dado aulas nos anos
anteriores. Nós sabíamos que ele estava agindo de forma diferente
em casa, mas nós nunca pensamos que ia chegar a esse ponto…"
Ela permanece em silêncio e Sr. Scott a conforta.
"Nós pensamos primeiro que fosse apenas uma fase." Continua
a Sra. Scott. "Ele estava sendo um adolescente rebelde. Em casa o
seu comportamento não era tão ruim quanto os professores
descreveram." Ela faz uma pausa e uma expressão de dor vem em
seu rosto.
"Quando confrontado sobre isso, ele quebrou e disse não sabia
o que estava acontecendo e que algo estava acontecendo com ele.
Ele disse que tinha a necessidade de fazer e dizer coisas, e não
tinha controle sobre suas ações. Mais tarde, ele admitiu que teve
períodos de inconsciência. Ele acordava de manhã e num piscar
de olhos, horas iriam passar e ele não tinha ideia de onde ele
tinha estado ou o que ele tinha feito. Se você pudesse ter visto o
medo em seus olhos quando ele nos falou sobre isso… Ele estava
assustado… E nós também."
"Nós dissemos a ele que iríamos levá-lo a um psicólogo. Que
iríamos descobrir o que estava acontecendo com ele. No dia
seguinte, ele tinha ido embora. Nós verificamos em todos os
lugares, com todas as pessoas, vizinhos e não conseguimos
encontrá-lo. Cinco dias depois, ele voltou para casa. Ele estava
dirigindo um carro que custava mais do que a renda anual da
fazenda, um carro que ele não se lembrava de comprar. E havia
mais de vinte mil dólares na mala." A Sra. Scott recorda,
balançando a cabeça para pensar nisso.
"Nós não tínhamos ideia do que estávamos lidando até aquele
ponto." O Sr. Scott finalmente entra na conversa. "Chris nunca
nos tinha dado quaisquer problemas em tudo e quase tão grave
como estávamos lidando com problemas depois. O nosso filho
estava com tanto medo do que ele fazia quando ele tinha as
perdas de tempo e nós também. Tínhamos o trancado em seu
quarto. Nós nos voltamos para a única pessoa que sabíamos que
poderia ajudar, o filho do meu padrasto, Dexter Crest Field." O Sr.
Scott explica e noto que ele aperta os punhos com esse nome.
"Ele forneceu a Chris o melhor psiquiatra que o dinheiro pode
comprar. Esperávamos que Chris fosse melhorar. Depois de três
sessões, o médico nos chamou para conversar. Ele nos disse que
Chris estava exibindo uma forma de transtorno de personalidade
dissociativa, um tipo nunca visto antes. A maioria dos distúrbios
dissociativos são causados por um evento traumático que a
pessoa não consegue lidar, portanto, há a criação de um álter ego
que pode. Mas, no caso de Chris, não houve um acontecimento
traumático específico. Era como se sua personalidade fosse
dividida. Era como se esse álter ego tivesse crescido com ele." Diz
o Sr. Scott, um olhar de frustração no rosto.
"O médico nos disse que tinha conhecido o álter ego de Chris
após a primeira sessão, o que era incomum. Ele explicou que
geralmente precisa de várias sessões para fazer o álter ego
aparecer, mas esse o confrontou imediatamente." Explica e
aguarda por uma resposta de mim. Eu sento, silenciosamente
absorvendo o que eu estou esperando para continuar a ouvir.
A Sra. Scott continua de onde seu marido parou. "Você tem
que entender que nós nunca enfrentamos problemas como este.
Nós não podíamos acreditar no que estávamos ouvindo e eu sei
que você também. Mesmo que fosse o melhor em seu campo,
ainda tínhamos dúvidas, mas é ver para crer. O médico nos disse
para ficar em uma sessão e que o encontraríamos. Nós estivemos
céticos o tempo todo, mas ele o hipnotizou, ou como ele chamava,
o levou a um estado de inconsciência e pediu a seu álter ego para
sair. Esse foi o dia em que conhecemos Cal."
"Eu nunca fui um crente do disparate de problemas mentais,
até que eu estava enfrentando um." Diz o Sr. Scott, olhando para
suas mãos.
"Essa pessoa parecia o nosso filho, soava como o nosso filho,
mas não se comportou como o nosso filho… Ele era mau,
arrogante… nada como o nosso filho." Ele relembra.
"E também tinha seu próprio temperamento." Continua a Sra.
Scott. "E não tinha interesse na vida que tínhamos construído
para ele como Chris, ou a vida que ele havia construído para si
mesmo. Ele deixou claro que ele não era de forma alguma o nosso
filho e ele não tinha a intenção de ter algo a ver conosco. Ele tinha
grandes planos para sua vida, maiores que a vida em uma
fazenda." Eu olho nos olhos de Sr. Scott e eu quase posso ver o
ódio lá.
Eu começo a sentir o meu estômago dar um nó. Esta vida,
essas pessoas não se encaixam com Cal em tudo. Mas isso não
pode ser verdade. Isso não pode acontecer. De todas as pessoas
para isso acontecer, por que eu? Porque com a pessoa que eu
amo? Eu fecho meus olhos, mesmo tão louco quanto isso soa,
mais ou menos faz sentido.
"Temíamos que ele estivesse indo para machucar alguém, ou
fazer algo que iria colocar Chris na cadeia. Nós não poderíamos
controlá-lo, por isso, decidimos mandá-lo para viver com o filho do
meu padrasto, Dexter Jr." Diz o Sr. Scott.
"Você conheceu a Crest Field, assim você sabe o que isso
significa." Ele diz, sua voz é mal-humorada.
Eu não posso evitar apertar as mãos juntas no nome,
pensando o tempo todo que Dexter me manteve no escuro, envia
chamas correndo através de minhas veias. O Sr. Scott nota o meu
desconforto com a menção de Dexter Crest Field e continua: “Não
é uma associação que eu digo com orgulho. Um nome que eu não
escolhi tomar e ter ainda os seus privilégios, mas parecia bom
para Cal. E nós sabíamos que eles teriam tudo o que queriam e ele
não teria que machucar as pessoas ou roubar, pondo em perigo a
vida de nosso filho. Claro que Dexter Jr. era uma das pessoas que
Cal realmente gostava. Ele não se importava muito. Quando Chris
recuperou o controle, ele voltou para casa e quando Cal voltou, ele
simplesmente se foi."
"Dois anos atrás, minha esposa recebeu a notícia que iria
mudar a vida de toda a família." O Sr. Scott fica em silêncio e sua
esposa aperta sua mão.
"Eu fui diagnosticada com câncer no terceiro estágio." Diz
suavemente. "Nós pedimos para Dexter Jr. contar a Cal. Pouco
depois Chris recuperou o controle e veio para casa, não voltou a
sair de novo." Ela termina calmamente. Eu tento entender tudo o
que eu já ouvi. Eu me lembro do que aconteceu há dois anos e de
repente vem à última noite com Cal a mente, que ele me deixou
depois de receber um telefonema de Dexter. Ocorre-me que
poderia ser naquele momento… Os meus pensamentos são uma
confusão, mas meu coração ainda vai procurar por Cal para saber
o que estava passando naquele momento e não tinha ninguém
para confortá-lo ou ajudá-lo enquanto ele estava lidando com isso.
"Realmente lamento o que aconteceu." Eu estou tentando
permanecer sensível, mas minha mente ainda está sofrendo com
tudo isso. "Isso… Isso não pode ser verdade". Eu choramingo para
mim mesma, a cabeça entre as mãos, enquanto eu me sento,
absorvendo todas as informações que acabei de ouvir. O que eu
acabei de dizer é para tentar convencer a mim mesma, mas o que
essas pessoas estão dizendo coincide perfeitamente com tudo o
que aconteceu. Eu sinto uma mão tocar o meu ombro, mas eu me
afasto sem querer acreditar no que estou ouvindo, eu não vou
aceitar nisso.
"Se for verdade, se acontecer de eu acreditar em tudo isso, por
que ninguém me disse?" Pergunto tão frustrada com a situação.
"Vocês tinham que ter sabido sobre mim! Dexter sabia sobre mim.
Eu estava sentada em sua casa. Eu jantei com ele… Ele se tornou
meu amigo! E ninguém me disse!" Eu olhei ambos nos olhos.
"A princípio, não sabíamos. Cal saia com muitas mulheres."
Diz o Sr. Scott com desprezo, suas palavras severas.
"Nós não sabíamos que ele estava falando sério sobre você".
Ele está em silêncio, olhando para seus pés. Sua esposa está
torcendo as mãos nervosamente, a tensão permanece alta entre
seu marido e eu.
"Dexter nos chamou um dia e disse que ele foi contratado e foi
a primeira vez que ouvimos falar de você." Diz a Sra. Scott. "Ele
disse que você era uma boa pessoa… Que você era boa para ele.
Ele nos disse que quando você estava com Cal, era tão perto de
ser como Chris. Seu médico disse que você provavelmente poderia
ajudar a curar, fazendo o contato com um lado de si mesmo que
ele não reconheceu, com bondade, carinho e amor."
"E quanto a mim? Vocês continuam dizendo o que todos
pensavam que era melhor para Cal, ou Chris. E quanto a mim,
alguém parou para pensar no que isso faria comigo? Alguém
parou por um segundo para me ver como uma pessoa e não como
algum tipo de tratamento!" Grito furiosamente.
"Sim! Isso me fez querer te dizer mais, dizer sobre ele, o real
ele. E eu fui para vê-la. Nós certamente não sabíamos quem era.
Pedi-lhe para vir para baixo, mas em seu lugar apareceu Cal e me
parou. Pedi-lhe para não casar com você. Eu lhe disse que iria te
machucar e ele se irritou. Ele disse que te amava mais do que
tudo e nunca iria machucá-la e que se eu estivesse dizendo
alguma coisa, nós nunca iríamos ver Chris novamente." Ela
parece culpada. E a realização me atingiu como uma tonelada de
tijolos. Agora eu a reconheço como a ruiva que veio a mim a noite
da festa do nosso noivado. Eu sinto que estou indo para vomitar.
"Pedi-lhe para te dizer a verdade. Que ele não poderia viver
uma mentira com você para sempre." Ela continua com lágrimas
escorrendo pelo rosto. "Quando eu soube, eu estava com medo do
que ele estava fazendo. Eu esperava que ele estivesse mentindo e
minha principal preocupação era que ele não estava fazendo nada
para se machucar." Ela enxuga as lágrimas.
"Nós queríamos te dizer. Nós sabíamos que você merecia a
verdade, mas não podíamos arriscar perder nosso filho." As
lágrimas vêm aos seus olhos como uma fonte de compaixão e eu
balanço, meu coração estava tentando sentir. Agora, isso não é
sobre eles.
Sinceramente eles parecem ser boas pessoas. Eu penso em
todas as vezes que Cal saiu, como nunca disse nada sobre sua
família. Lembro-me das palavras de Dexter que quando eu disse
que iria procurar Cal, que eu não iria encontrar. Eu toco minhas
têmporas latejantes e começo a chorar. Se tudo isso é verdade, a
pessoa que é o meu marido, que é o pai da minha filha não é real.
Mas não, eu não posso aceitar isso. Cal é real, pelo menos é
quando ele está por perto.
"Eu levanto minha cabeça para ver a Sra. Scott olhando para
mim com pena em seu rosto. Não sei o que dizer. O que posso
dizer sobre isso? De repente, minha mente divaga para os
acontecimentos desta tarde. Respiro fundo, limpando minha
garganta da melhor forma possível e pego o lenço de papel
oferecido pela Sra. Scott.
"Então, hoje mais cedo, ele é… Seu nome é Chris?" Gaguejo.
Sra. Scott concorda.
"E eu… Eu não significo nada para ele?" Eu pergunto,
torcendo a borda da minha camisa.
"Porque ele não sabe o que ele faz quando Cal assume o
controle." Diz o Sr. Scott em um tom baixo.
Eu paro para pensar por um segundo, processando suas
palavras. "Espere um segundo!" Eu digo, quando eu entendo
alguma coisa. "Você já disse a ele alguma coisa?" Sra. Scott olha
para baixo com vergonha.
"Nós pensamos que seria melhor ele não saber. E ele tem que
lidar com muitas coisas, por isso decidimos que seria melhor não
contar." Explica o Sr. Scott
"Vocês nunca…? Será que ele não sabe sobre Cal? Sobre mim?
Você deixou de ficar noivo de outra mulher, sabendo que ele era
casado?" Eu digo bruscamente, levantando-me.
"Tecnicamente, ele não está casado com você. Você é a esposa
de Cal, não de Chris." Ele diz friamente. A cabeça da mulher se
vira para ele rapidamente.
"Eu sou a esposa de Cal?" Eu grito. "Vocês nunca se
preocuparam em me dizer que Cal não é real, então agora eu
estou casada com o seu filho!"
"Esse monstro pelo qual você se apaixonou não é meu filho!"
Ele grita.
"Cal não é um monstro! Ele não é a má pessoa que você está
dizendo que é. Ele pode não ser perfeito, mas é uma boa pessoa!"
Eu digo com raiva.
"Cal é a pior coisa que aconteceu com a nossa família!" Ele
rosna.
"Como se atreve! Você não tem direito de julgar ninguém,
especialmente depois de jogar com a ética. Você não sabe nada
sobre Cal e se é isso que você sente, então não o merece!" Eu digo
na defensiva.
"Você não sabe nada sobre ele!" Ele grita. As palavras me
queimam porque eu não sei o que diabos está acontecendo, e se
for verdade, Cal destruiu nossas vidas, mas não vou deixá-los
ficar repreendendo Cal com tanto ódio. Nesse ponto, eu não sei em
que acreditar, mas não deixo que ninguém fale assim de Cal, ele
ainda é o pai da minha filha e se seu pai o tratava assim,
portanto, sei exatamente por que ele o deixou.
"William, pare!" A Sra. Scott ordena e ele imediatamente para.
"Será que ele sabe o que ele tem? Que tem duas
personalidades?" Minha voz começa a tremer.
"Ele sabe que tem sofrido episódios de inconsciência, mas,
além disso, não. É parte do seu tratamento, dizer lentamente
sobre Cal. Se dizemos ao mesmo tempo, ele pode entrar em
colapso e piorar as coisas. Ele não precisa disso agora, que está
finalmente melhorando." Diz o Sr. Scott em um tom mais calmo.
"Melhor? Você está dizendo que você está melhorando? Como
pode ser melhor se ele não sabe que tem uma esposa e uma filha?
O que posso fazer? Desaparecer? Deixá-lo ter essa vidinha feliz
com você e sem ela?" Eu grito.
"Uma filha?" A Sra. Scott murmura. Seus olhos estão bem
abertos enquanto repete as palavras.
"Vocês tiveram quase dois anos, e não falaram nada. Vocês
não diriam nada…"
"Vamos dizer. Chris, só precisa de mais tempo, precisamos de
seu médico. Mas você tem que entender que você é parte da vida
de Cal e Chris tem a sua. Cal não está aqui, e nosso objetivo é nos
livrar completamente de Cal!" Ele diz e meu coração pula uma
batida.
"William…" A Sra. William Scott pega o braço de seu marido,
seus olhos ainda estão bem abertos, enquanto ela tenta chamar a
atenção de seu marido.
"Vamos dizer a Chris e Jenna, mas quando for a hora certa.
Esperamos que você respeite nossa decisão de fazê-lo ao nosso
critério." Continua me olhando diretamente nos olhos.
"William!" Sua esposa grita freneticamente. "Você ouviu o que
ela disse?" Ela diz, sua voz está rachando, enquanto as lágrimas
enchem seus olhos. Eu limpo minhas próprias lágrimas. "Ela diz
que eles têm uma filha, William."
Sua testa suaviza e as sobrancelhas levantam. Seus olhos
estão voltados para mim. Estou sentindo outra onda de raiva e
confusão brotar dentro de mim.
"Você tem um bebê?" Ele pergunta suavemente. Eu não digo
nada, apenas franzo a testa. Eu pego minha bolsa e tiro meu
celular para mostrar a foto de Caylen e entrego a Sra. Scott. Eu
não posso deixar de notar o olhar de surpresa em seu rosto. Me
viro para seu marido e sua expressão corresponde a dela, pois eles
olham, como se fosse a primeira vez que escutam algo sobre isso.
"D… Dexter nunca nos disse que você estava grávida. Nós
nunca soubemos nada sobre isso." Diz ele, seu tom é frio, mas sua
expressão é mais suave.
"De acordo com você, seu pai não é esta pessoa chamada
Chris. Seu pai é o monstro que você deseja se desfazer!" Eu digo
duro.
"Qual é o seu nome?" Diz a Sra. Scott tão baixinho que tenho
que me esforçar para ouvir. Um sorriso se espalha pelo seu rosto e
seus olhos se enchem de lágrimas ao olhar para a fotografia. Ela
se parece com ele. Sua voz quebra e cobre a boca.
"Você tem uma filha com Chris?" Ele diz de repente.
Engraçado como agora eu tenho uma filha com Chris, quando há
um minuto eu era casada com Cal.
"William olhe para ela, ela é linda." Animadamente ela diz e
tenta mostrar a fotografia para seu marido. Ele se vira para olhar
por um momento e franze a testa, em seguida, ele fala com raiva.
"É ruim o suficiente que ele teve a audácia de se casar com
esta mulher, mas ter uma filha? Eu nunca pensei que ele iria tão
baixo." Ele caminha de volta para a janela e bate no vidro da
janela.
"William se acalme."
"Como ele pôde fazer isso? Por que Dexter não nos disse sobre
isso?"
"William, temos uma neta!" Ela diz, tentando concentrar-se na
única coisa positiva na sala.
"Essa é a filha de Cal! Não de Chris, há uma diferença!" Ele
grita. O sorriso dela desaparece e ela franze a testa e coloca a foto
perto de seu rosto.
"De quem são esses olhos? De quem é esse sorriso?" Ela
pergunta. "Eles são de Chris. Eu vejo minha neta, William!" Ela
grita.
"Eu não posso acreditar nisso!" Ele grita.
"Alguém deveria ter me dito!" Eu grito, cansada de me
ignorarem. "Não é bom guardar segredos quando você é a pessoa
que está do outro lado?" Pergunto amargamente, e eles abaixam a
cabeça com a culpa em seus rostos.
"Ninguém se preocupou em me dizer que o homem que eu me
apaixonei, o homem que eu me casei e tive uma filha tem um
transtorno de personalidade? Eu acho que uma vez que ele voltou
para casa, vocês eram uma família feliz novamente,
independentemente da família que ele tinha deixado para trás em
Chicago. Seria uma grande inconveniência me informar o que
estava acontecendo! Caylen e eu somos um fardo muito grande
para sua vidinha perfeita!" Eu grito, sentindo todo o meu corpo
tremer.
"Não tínhamos nenhuma ideia de que você tinha um bebê.
Dexter nunca nos disse que você estava grávida!" Tenta explicar a
Sra. Scott.
"E se eu não estivesse? Vocês iriam me deixar deprimida, no
escuro, sem saber nada sobre isso. O que está no passado é
simplesmente esquecido, hã? Vocês não podem pensar em Cal
como uma pessoa real, mas ele é real para mim como eu sou real!
Eu sou de carne e osso e tenho sentimentos. Eu o amava, um
homem, não um fruto da minha imaginação ou este monstro você
diz que ele é. Quando ele foi embora, doeu mais do que qualquer
outra coisa. Chorei todas as noites. Cada parte de mim doía. Você
ama o seu filho! Eu amo meu marido! Cada momento que vocês
estavam felizes com ele, eu estava sozinha, me perguntando onde
meu marido estava! Eu não tinha ideia se ele estava ferido e
mesmo se ele estava vivo, mas vocês tiveram o consolo de saber
que seu filho estava seguro sempre que desaparecia!" Eu digo,
sentindo as lágrimas virem.
"Agora que vocês sabem que tenho uma filha com Cal, ou
Chris, ou como quer que ele se chame, devemos simplesmente
desaparecer?" O Sr. Scott apenas olha como se pudesse ver
através de mim.
"Não… Nós… Claro que não. Vamos dizer a ele. Ele tem uma
menina bonita." Diz ela, olhando para a foto. O Sr. Scott franze a
testa para ela e para mim.
"Estou ligando para Dexter." Ele resmunga e sai da sala.
"Sinto muito, Lauren." Diz a Sra. Scott com lágrimas ainda
caindo de seus olhos. "Nós não tínhamos ideia. Eu sei que nós
estávamos errados por não dizer. Mas se soubéssemos que ele teve
uma filha, eu teria dito a Chris. Lamento." Sua voz quebra e leva
um momento para se recompor.
Eu olho para ela e quase quero abraçá-la. Ela parece
genuinamente arrependida e sua presença é tão quente. Eu não
posso deixar de pensar que em uma situação diferente, ela teria
sido uma mãe maravilhosa. Eu coloco minha bolsa no ombro e
respiro fundo. Tem sido um longo dia. Caminho para ela e estendo
minha mão para pegar o celular.
"Você… Você se importaria de me dar uma dessas?" Ela
pergunta, devolvendo o celular. Eu pego minha carteira e tiro a
foto que estamos eu e Caylen e escrevo meu número de telefone
na parte de trás.
"Seu nome é Caylen, este é o meu número." Eu me viro e ando
para a porta.
Ela me segue para me acompanhar até a saída.
"Onde… Onde vai ficar?" A Sra. Scott pergunta, tentando se
recuperar ao máximo do que acabou de acontecer.
"Ainda não sei, eu vou estar em algum lugar perto." Eu digo,
abrindo a porta. Olho para trás e ela olha como se quisesse dizer
alguma coisa, mas não o faz.
"Ritter Inn é realmente um lugar agradável, não muito longe,
não tão caro e boas pessoas trabalham lá." Ela diz com um
sorriso.
"Eu ainda não tenho certeza se eu acredito em tudo o que
vocês falaram." Eu digo sem rodeios. "Quero dizer, ninguém foi
exatamente honesto comigo até agora." Ela abre a boca para dizer
algo, mas eu a impeço.
"Eu sei que você fez o que fez para proteger seu filho, porque
você o ama. Então, você vai entender que eu amo minha filha e
que ela não vai crescer sem um pai. Se fosse só eu, eu iria largar
tudo isso. Afinal, Cal me manteve no escuro como todos os
outros." Ela não para de derramar mais lágrimas. "Mas ela merece
um pai, seja Cal ou Chris, ou mesmo se ele decidir se chamar
Bob. Um deles tem que fazer." Tento suavizar o meu tom.
"Diga ao seu marido que não vou embora. Vocês têm três dias
para dizer a ele o que vocês não disseram, porque quando eu o
ver, vou dizer-lhe tudo. Mas eu acho que ele prefere ouvir isso de
vocês do que de mim. Acho que vamos ter o suficiente para falar
sem eu ter que lhe dizer tudo o que vocês não quiseram dizer." Eu
digo com franqueza. Ela assente com os olhos arregalados. Eu
saio da casa e me apresso em descer as escadas da varanda da
frente.
Quando eu chego ao meu carro viro para trás, e vejo que ela
ainda está me observando. Entro e saio rapidamente. Muito do
que eles disseram pode ser verdade… Mas tudo é sincero? Vou ter
que julgar por mim mesma. A sinceridade é algo cujo significado
está começando a ficar embaçado.
01 de abril de 2011

Cal voltou há três dias de sua última viagem de trabalho. É


engraçado, bem, não realmente. Estas suas viagens para fora da
cidade tornaram-se mais frequentes e não só isso, de última hora.
Aparentemente, elas podem acontecer no meio da noite, o que eu
vim a aprender. Acordar de manhã e não encontrar o meu marido
ao meu lado, não é tão ruim assim. Eu tento pensar nisso como
"excitante", não saber se ele vai estar em casa ou não, algo como
um jogo. Não há nada de estranho ou desrespeitoso sobre isso…
De acordo com Cal.
Lembro-me da primeira briga que tivemos há três meses por
falta de comunicação. E como ele estava diferente das duas
viagens que ele fez antes de nos casarmos e a feita logo depois.
Bem, aparentemente, ele irá se comunicar como uma pessoa
normal. Na verdade, isso era incomum para ele.
A única coisa que restava da nossa pequena discussão eram
mensagens de texto. Oh, como tenho sorte de tê-las.
Normalmente duas palavras, se eu tiver sorte três. "Já
cheguei". "Eu estarei em casa em breve." "Não fique com raiva."
Provavelmente, ele as tem como modelo. Eu decidi que depois de
sua última viagem de negócios, eu estava cansada, de implorar
para ele agir como um ser humano decente, de pedir que me
respeite e que não me deixe fora de seus assuntos. Agora eu só
estou cansada. Estou cansada de tentar chegar a um acordo.
Parei de perguntar. Estou perto de terminar com ele e este
casamento.
Ele pode dizer o que quiser: que é o seu trabalho ou o que
diabos ele pensa que eu dou estúpida para acreditar, mas eu
estou cansada disso. Ele acha que é divertido para eu estar aqui,
esperando por ele decidir aparecer. Toda vez que vejo a mala eu
sinto a raiva deslizar para dentro de mim. Há mais do que
trabalho. Tem que ter.
Nós não nos falamos nos últimos dois dias. Ele chegou em
casa da sua mais recente "viagem de negócios" seis dias depois de
ter saído com um aviso de menos de uma hora, na mesma noite
que havia prometido ir comigo a Saginaw para visitar Raven. Eu
não poderia me fazer dizer uma palavra a ele desde que ele voltou
para casa. Ele não quer falar sobre coisas que eu quero falar,
coisas como onde diabos ele fica quando sai. Eu sei que ele
provavelmente tem uma amante em algum lugar, maldição talvez
uma em cada estado. Ele riu quando eu lhe disse isso.
Aparentemente, ele era engraçado, com base em sua reação.
Quando eu lhe disse que o seu título de trabalho era para ser "A
cadela de Dexter", ele não achou engraçado. E agora não fala
comigo.
A parte mais fodida de tudo isso, é que, apesar de estar
irritada, querendo bater nele, é que eu sinto falta dele. É estranho
que faz meu estômago revirar. O estranho, é que embora nós
dormíssemos na mesma cama, ele não tentou me tocar desde a
primeira noite em que ele foi empurrado e eu lhe disse para tirar
suas mãos. Ainda assim, o meu corpo anseia por seu toque. Eu
quero me deitar sobre seu peito e sentir seus dedos traçando o
seu nome nas minhas costas. Estou furiosa por ele estar me
fazendo sentir isso, que ele está fazendo isso com a gente. Ele
acha que eu estou exagerando, eu acho que ele reage bem pelo
efeito que tem sobre nós.
Hoje eu estive no ginásio pelas últimas duas horas, correndo
com meuá tênis, em vez de destruir as coisas na minha casa. Eu
não sei o que está acontecendo comigo, mas eu estou me tornando
alguém que não quero ser: uma miserável megera vingativa.
Eu respiro fundo várias vezes, enquanto caminho para o nosso
quarto e o vejo tirando as coisas de sua gaveta para colocá-las na
mala de viagem a seus pés. Meu estômago se vira e eu posso
sentir meu pulso batendo na minha cabeça. Ele saiu, e voltou há
três dias.
"Eu estou indo para Seattle amanhã. Caso você se importe."
Ele diz com ironia.
Ele tem que sentir meu olhar ardente em suas costas. Desligo
a música e tiro os fones de ouvido.
"O quê?" Eu digo com raiva, mesmo que nós dois saibamos
que eu o ouvi alto e claro.
"Você ouviu o que eu disse." Ele diz rapidamente. Rio
amargamente.
"Claro que sim. Obrigada pelo aviso sobre a sua localização,
mas você está certo, eu não estou dando à mínima." Eu digo
venenosamente. Lamento as palavras, logo que saem da minha
boca, mas elas saíram tão facilmente.
Ele para de tirar as coisas da gaveta e rapidamente vira, raiva
irradiava de sua expressão. Seus olhos vão para o meu corpo, e
por um momento o olhar que ele me dá é familiar, algo que eu não
vi em poucos dias, a luxúria. Mas eu estou muito zangada para
me preocupar, e ela desaparece substituída por uma nova atitude,
a merda da raiva. Sento-me na cama e tiro os tênis. Estou irritada
e cansada da sua merda.
"Você não está, hein?" Ele ri incrédulo. Eu rolo meus olhos e
tiro o outro sapato.
"Bem, é a última vez que eu te digo onde estou indo, porque
você dá à mínima." Ele diz com raiva.
Abro a boca para responder, mas eu sinto uma queimação na
minha garganta e eu sei que se eu disser qualquer coisa, minha
voz vai rachar e vou começar a chorar. Eu não estou lhe dando
essa satisfação, então ao invés, tomo uma respiração profunda, eu
me levanto, olho em seus olhos, e eu dou o dedo médio. Caminho
para o banheiro, mantendo o gesto todo o tempo até que eu entre
e feche a porta tão duro quanto eu posso.
Uma vez lá dentro, minha raiva desaparece rapidamente. Eu
começo a chorar, apresso-me para tomar banho e abro a torneira
para que ele não possa me ouvir chorar. Eu tiro meu short suado,
o sutiã esportivo e vou para o chuveiro, onde eu deixo ir
completamente. Eu estou com raiva. Estou com tanta raiva que eu
não sinto raiva. Estou devastada. Não tem sequer três meses
desde que ele voltou a trabalhar e meu casamento está prestes a
ruir.
Eu odeio a maneira que temos agido um com o outro. Aquela
pequena conversa foi a primeira conversa que tivemos sem gritar.
Amanhã ele vai viajar. Estou com medo de que o ciclo apenas se
repita e em um ano eu vou assinar os papéis do divórcio.
Coloco meus braços na parede, descansando minha cabeça
sobre eles com a água caindo sobre mim e eu ainda estou
chorando. A água quente não leva a tristeza e nem diminui a dor
no meu espírito. De repente, sinto um ar frio no chuveiro. Eu viro
meu rosto e franzo a testa automaticamente quando o vejo ali.
"Precisamos conversar." Diz com firmeza. Espero que os pingos
de água camuflem minhas lágrimas. Eu me viro, apenas olhando
para ele.
"Vá se foder, Cal." Eu rio amargamente apenas virando para
ele. Ele não quer falar sobre qualquer coisa que eu quero falar
com ele e vai de qualquer maneira, de modo que qualquer
conversa é inútil. "Oh, mas eu tenho certeza que você tem um
monte de mulheres que fazem isso para você." Eu adiciono com
um riso amargo.
Um segundo depois e ele entra no chuveiro totalmente vestido.
"O que você está fazendo!?” Pergunto desconfiada.
Ele começa a tirar a camisa e as calças, despir-se no chuveiro
é apertado. Ele ficou louco. Retira suas roupas molhadas e fecha a
porta do chuveiro. Eu balanço minha cabeça em descrença e
surpresa. Tento passar por ele. Ele me segura. Eu tento me soltar,
mas ele não vai me deixar ir. "Deixe-me ir." Grito tentando fugir.
"Fala comigo!" Ele ordena furiosamente. Oh, ele está com
raiva. Não. Eu estou com raiva! Estou cansada de falar com ele.
Isso não ajudou! Eu estou perdendo minha respiração. Eu tento
me esquivar de suas mãos novamente, mas ele não solta meu
braço.
"Não!" Eu grito, tentando empurrá-lo para tirar ele do meu
caminho, mas ele se move ficando na minha frente. "Eu não quero
falar!" Eu digo com raiva, empurrando-o, mas ele me agarra.
"Então só me ouve." Ele ordena, me segurando contra a parede
do chuveiro com os braços perto da minha cabeça. "Eu não estou
transando com ninguém, ok? Se eu quisesse outra mulher não
estaria com você. Eu sei que isso parece ruim! Mas, eu juro por
Deus que não estou mentindo. Se você está com raiva, fique com
raiva por eu estar saindo, mas eu não posso lidar com você me
odiando pela merda imaginária está acontecendo em sua cabeça."
Eu olho para ele. Ele está respirando com dificuldade e sua
testa está franzida. Eu quero dar-lhe um tapa e beijá-lo ao mesmo
tempo. Ele está olhando para mim, tentando me ler e desvio o
olhar para longe.
"Você é tudo que eu quero." Seu tom de voz é baixo, enquanto
descansa a testa na minha. "Você é tudo que eu sempre quis." Seu
domínio sobre meus pulsos é suavizado, mas ele ainda os
mantém. Ele me beija. Eu me afasto um pouco, ainda tentando
processar isso. Ele agarra meu queixo, segurando meu rosto em
direção a ele e me beija com mais força. Quando nos separamos
ambos tentam recuperar o fôlego.
"Eu preciso de você." Ele diz e me beija com mais urgência, até
que eu começo a devolver o beijo.
Suas mãos se movem para as minhas coxas e me levanta sem
esforço. Sinto-o deslizando para dentro de mim. Ofego quando ele
entra. Meus dedos escavam em suas costas enquanto meu corpo
se ajusta a ele. Ele vai mais fundo dentro de mim. Cada
movimento me lembra do quanto meu corpo anseia por ele, cada
impulso lembrando que ele conhece cada lugar. Meu corpo se
entrega a ele, mas meu coração não, ele está machucado e se
escondendo até depois que ele satisfaça meu corpo, me
compensando por todo o tempo que não esteve. Ainda dentro de
mim, ele pega minha mão e entrelaça seus dedos com os meus.
"Sem você eu sou nada." Sussurra em meu ouvido. Eu tento
atribuir a instabilidade de sua voz para o fato de que seu corpo
está se recuperando do que foi feito. Mas com apenas as quatro
palavras meu coração se mostra e se dá para ele. Eu ainda estou
com medo, muito medo. O peso no meu peito se foi e eu acho que
ele não está me traindo. Mas eu percebo que, se for isso, então
temos um problema, um maior do que eu jamais pensei. Porque se
Cal me ama tanto quanto me faz acreditar, seja lá o que está
prejudicando o nosso relacionamento pode não ser capaz de ser
corrigido.
09 de março de 2013

…Você é a razão de eu me esforçar para estar aqui.


Abro os olhos, tentando escapar destas palavras que foram
repetidas incessantemente em minha cabeça. Eu não posso
escapar do eco de sua voz. Eu continuo tentando enxugar o rosto,
mas cada vez que eu fecho olhos, eu o vejo.
Aparentemente, essas palavras parecem ter um significado
maior do que eu imaginava, mas agora são inúteis. Algo o fez
parar de lutar. Ou até mesmo se ele lutasse, neste momento, é
irrelevante.
Sento-me na cama do quarto adorável no Hotel Ritter… Ele
realmente não é.
Deixo escapar um suspiro quando eu mantenho minha cabeça
em minhas mãos. Dormir era praticamente inútil. Quando não é
sua voz que me segue é a de seus pais. Memórias de Cal e eu
assombram meus pensamentos a cada segundo, ou ainda pior,
meu primeiro encontro com "Chris".
Dois dias se passaram desde que eu soube da suposta
"verdade", eu acreditando ou não. É improvável, mas faz tanto
sentido, ligando muitos pontos que foram espalhados por todo o
meu cérebro durante anos, cada vez que Cal desapareceu de
repente, sua conexão inexistente com sua família, com todos,
menos a Crest Field. Mas eu não acredito que ele não é real, que é
uma personalidade criada… Eu nunca vou acreditar nisso. Não
posso.
Tento esquecer o olhar no rosto dos Scott, eles possuíam uma
honestidade e sinceridade tranquila, mesmo o Sr. Scott. Sua
amargura era muito genuína para ser um ato. As lágrimas da Sra.
Scott eram muito reais, com os olhos cheios de tristeza também.
Se tudo é uma conspiração, eles devem ganhar um Oscar.
Viro-me para a mesa onde meu celular está vibrando
novamente. Desta vez é Hillary. Ela, Ângela, e Raven têm ligado
várias vezes, mas eu não me senti capaz de falar com elas. Eu não
posso enfrentar não ser capaz de responder a perguntas que nem
mesmo eu tenho uma resposta. Tudo isso parece um pesadelo do
qual eu estou esperando para acordar, como se fosse um filme na
minha cabeça.
Eu pego o controle remoto e ligo a televisão na esperança de
distrair minha mente dos pensamentos complexos. Caylen, esse é
o maior tempo que passei longe dela. Tenho tantas saudades dela.
Eu sei que Raven está cuidando bem dela, ela preferiria morrer a
deixar algo acontecer com ela, mas ainda sinto falta dela.
Eu me sinto culpada sobre a falta de comunicação com a casa,
mas eu não estou pronta para falar com ninguém no momento.
Eu não posso começar a pensar sobre o que isso significa se
tudo for verdade. Toda vez que eu penso sobre isso, sinto como se
eu fosse desmaiar ou vomitar. Eu não sei nada sobre essa pessoa
chamada Chris, e ele não sabe nada sobre mim. Ele está
apaixonado por outra mulher, ou está noivo de outra mulher. Eu
só posso imaginar como seus pais vão explicar-lhe.
Eu penso sobre as palavras do Sr. Scott, que acha que Chris
não será capaz de lidar com a verdade, que existe a chance de que
apenas vá piorar as coisas. Mas o que isso significa? Será que Cal
vai voltar?
Eu vi histórias sobre personalidades divididas, nas novelas
que Raven assistia quando eu era mais jovem, mas enfrentar a
realidade é um pouco diferente.
Quando ouço uma batida na porta eu saio dos meus
pensamentos. Provavelmente é o serviço de quarto, o que significa
que a Sra. Ritter quer ter certeza que o seu quarto não foi
destruído. Lentamente eu me levanto da cama e abro a porta.
"Eu não preciso…" Estou começando a dizer, mas eu congelo
quando vejo a pessoa que me procura.
"Olá."
Ele diz baixinho, os olhos tão grandes quanto os meus. Meu
coração se arrasta até minha garganta. Ele está aqui, em pé na
minha frente, eu tento desviar os olhos do seu, mas eles estão
presos lá. Procuro em seus olhos a intensidade que eu não vi em
anos, mas só há incerteza.
Minhas mãos começam a tremer, meu corpo quer tomar
decisões por si mesmo. Sinto que as minhas emoções começam a
serem geradas a partir do fundo do meu ser, prontas para
aparecer, se eu não tiver algum tipo de controle sobre elas. Eu não
posso explodir aqui. Eu não posso transbordar. Eu tenho que usar
este tempo, se não para mim, para Caylen. Eu tenho que ver se
esse é ele, se ele está me enganando, se tudo é uma mentira, ou
pior, se é verdade.
Agora, ele tem a vantagem, o elemento surpresa. Eu tenho que
usar isso. Eu tenho que pensar… Eu salto para fora dos meus
pensamentos com a batida na porta de novo. Eu percebo que
inconscientemente fechei a porta na cara dele.
Eu posso fazer isso. Eu posso fazer isso. Tranquilizo a mim
mesma.
"Sinto muito, eu ter aparecido assim. E… Eu só pensei… Eu
posso voltar mais tarde, quando você estiver pronta." O ouço dizer
com uma voz tímida, antes de seus passos o levarem distante da
porta.
"Não!" Rapidamente eu abro a porta e passo metade para fora,
para vê-lo.
Ele se vira e caminha lentamente até mim, com cada passo
que ele dá, sinto meu peito apertar, tornando difícil de respirar.
Agora meus olhos evitam os dele inadvertidamente acabando em
seu peito, uma vez que ele é maior que eu.
"Meus pais disseram que viriam amanhã, mas… eu pensei
que… Eu queria falar com você, só se estiver tudo bem." Ele diz
travando suas palavras.
Eu olho para cima e vejo que seus olhos estão fixos em minha
cabeça. Parece que nós dois estamos usando as mesmas táticas.
Eu tento responder, mas não sai nada. Então dou um passo para
trás e faço um gesto indicando que ele entre. Respiro fundo
quando ele passa e dou-lhe um rápido olhar antes de fechar a
porta.
Eu me tranquilizo mais uma vez que eu posso fazer isso. Vou
até o sofá, tentando decidir se fico em pé ou se sento, mas meus
olhos ainda são atraídos para ele. Eu não posso acreditar que já
faz quase dois anos desde que o vi, sem incluir a confusão no
outro dia. Por mais que eu não queira vê-lo, ao mesmo tempo, não
posso evitar.
Eu cruzo meus braços sobre meu peito e eu espero que ele
diga alguma coisa, afinal de contas, ele é o único que veio aqui.
Nossos olhos se encontram e seu olhar me assusta. Eles parecem
tão familiares e desconhecidos, ao mesmo tempo. Ele se parece
com um estranho. Quando Cal olhava para mim, mesmo quando
eu estava zangada com ele, e ele estava com raiva, havia sempre
algo me segurando, algo tão intenso que eu odiava quando estava
com raiva e me extasiava quando não estava, mas agora, quando
eu vejo os olhos de Chris, eu vejo confusão.
O quarto parece cheio de coisas que precisam ser ditas,
perguntas que imploram para serem feitas, pelo menos da minha
parte, mas eu não sei o que dizer, por onde começar. Por onde
você começaria com alguém que parece que você conheceu por
toda a eternidade, mas na verdade, não sabe em tudo?
Convenci-me de que, se eu o visse sozinho, poderia saber
instantaneamente se tudo isso era uma mentira. Tentei me
convencer de que era uma mentira. E agora, apenas pelo olhar em
seus olhos que sempre revela muito e tão pouco sobre isso, eu sei.
Eu não vejo Cal. Eu agarro o meu pulso e começo a apertar, um
hábito que eu desenvolvi quando estou nervosa.
"Eu realmente não sei o que dizer ou por onde começar. " Ele
começa em um tom suave, seus olhos olhando para os meus,
quase como se fosse a primeira vez. Dura um segundo antes de
seus olhos desviarem dos meus. Ele abre a boca para dizer
alguma coisa, mas depois para, como se ele tivesse ficado sem
palavras completamente.
Eu tentei pensar em algo para dizer, para cortar o silêncio de
morte na sala. Há tantas coisas que eu quero dizer, mas não a ele.
Não a pessoa que está na minha frente.
Lágrimas começam a escurecer minha visão e luto com tudo o
que tenho para evitar a queda. Eu me viro e enxugo os olhos
rapidamente. Eu noto que seus olhos estão colados aos seus pés.
Eu percebo que eu tenho que falar com ele por quem ele é, alguém
que não sabe nada e isso é uma das coisas mais difíceis que eu
vim a entender.
"Huuum." Eu tentei dizer, mas minha garganta começa a
queimar. Eu olho para o teto tentando ser mais forte do que me
sinto neste momento. "Para ser honesta, eu não sei o que dizer
para você." Eu digo irritada com novas lágrimas caindo pelo meu
rosto. Rapidamente limpo e percebo o quão desconfortável ele
parece.
"Seus pais lhe disseram tudo? " Pergunto insegura,
comandando minha voz a manter-se estável.
"Foi-me dito que eles estavam mentindo todo esse tempo.
Quando não me lembro das coisas, alguém estava vivendo minha
vida em meu lugar, eles sentiram que tinham de esconder isso."
Ele diz com amargura óbvia. "Todo mundo que eu conheço e
confio estavam mentindo para mim. Meus pais, meu médico.” Ele
diz, franzindo a testa.
"Bem-vindo ao clube." Murmuro, esfregando minha têmpora.
Parece que experimento uma dor de cabeça contínua desde que
cheguei aqui.
Há outro período de silêncio. Percebo que ele está usando
botas de trabalho desgastadas, a jaqueta é limpa, mas percebe-se
que foi usada mais do que casualmente. Seu cabelo também é
diferente, mais curto. Parece um modelo para a marca OldNavy,
muito mais inocente do que Cal. Não há cores escuras, sem
mistério, como se o que você visse é o que você recebe.
"Eu deveria ter sabido que algo aconteceu." Ele diz em voz
baixa, suas palavras me tiram mais uma vez dos meus
pensamentos. "Eu acordava e dias, até meses tinham se passado.
Eu deveria ter sabido que era algo maior do que o que me
disseram. Eles fizeram parecer que era bom, que me tinham sob
controle. Eu pensei que os meus tratamentos estavam dando
certo. Eu não sabia o quão ruim tinha ficado." Ele diz, mas é como
se ele estivesse falando para si mesmo, em vez de comigo. "As
pessoas em quem eu mais confiava mentiram para mim." Ele diz
frustrado.
"Você não pode culpar a si mesmo… É parte da natureza
humana querer acreditar que as coisas são sempre boas. Quando
falei com seus pais, eles disseram que achavam que estavam
fazendo o que era melhor para você. Eles só queriam o que era
melhor para você."
Ele parece um pouco surpreso. Eu também estou surpresa. Eu
não sei por que eu disse isso. Eu mal conheço os Scott, e não
começamos exatamente com o pé direito, mas, aparentemente,
eles realmente o amam, então eles preferiram foder todo mundo
antes dele. Embora eles tenham feito coisas horríveis, eles fizeram
tudo por ele.
"Eu não esperava que você fosse defendê-los. Especialmente
depois… Eles também mentiram para você." Ele diz incerto.
"Eu não estou defendendo-os." Digo rapidamente. "O que eles
fizeram foi errado. Machucou muita gente. Mas eu não acho que
fizeram por maldade ou para serem cruéis. Eles achavam que
estavam protegendo você. Como pai, você faria qualquer coisa
para proteger seu filho do que você acha que pode prejudicá-los.
Se eu estivesse no seu lugar, e eu acreditasse que eu poderia
mantê-lo seguro, faria a mesma coisa." Eu admito.
Ele não diz nada por um momento, sua atenção se volta para o
seu bolso e tira alguma coisa. Ele começa a se aproximar, e eu
engulo todos os meus nervos. Eu sinto que minha respiração
acelera e eu sei que ele deve pensar que eu sou louca, mas seu
rosto não o mostra. Sua expressão facial suaviza, e eu me vejo
dando um passo para trás, para longe. Percebendo meu
desconforto ele para de andar, e estende a mão ao invés.
"Minha mãe disse…" Ele é silencioso, e eu sinto que é a foto de
Caylen que eu dei a Sra. Scott. Sinto que um pequeno sorriso se
espalhou pelo meu rosto. Seus olhos ainda estão colados à
fotografia, sua expressão uma mistura de perplexidade e
preocupação.
"Caylen." Eu digo tocando delicadamente em seu rosto na foto.
Quando olho para cima eu percebo que seus olhos estão em mim.
"Você a nomeou depois dele… De Cal?" Ele pergunta.
Concordo mecanicamente. Seus olhos estão fixos na foto
quando caminha até o sofá e se senta.
"Quantos anos ela tem?" Ele pergunta, deixando escapar um
suspiro que aparentemente estava segurando por um tempo.
"Ela teve seu primeiro aniversário há três dias." Eu digo,
sentando do outro lado do sofá me sentindo mais relaxada de ter
Caylen como tema. Vejo as sobrancelhas levantarem, e ele se vira
completamente para mim.
"Você a criou sozinha." Ele me olha com compaixão, coisa que
faz com que eu sinta raiva por algum motivo.
"Não. Minha tia e meus amigos estavam lá desde o início para
ajudar a criá-la. Ela não precisa de nada." Eu explico.
"Exceto um pai." Ele diz suavemente. "Eu… Ela está bem?"
"Ela está bem." Eu sorrio, pensando nela.
"E… Ela é saudável?"
"Tanto quanto uma criança de um ano pode ser."
"Tem certeza?"
Eu franzo a testa quando o meu olhar se vira para ele.
"Claro que eu tenho certeza." Eu digo um pouco irritada. Eu
sou sua mãe, eu acho que eu saberia se ela não fosse saudável.
"Ela não faz nada estranho?"
"Como o quê?"
"Em geral?"
"Caylen não é estranha." Eu digo acentuadamente.
"Não, eu não quis dizer isso, só queria ter certeza de que ela
estava bem." Ele diz, tentando limpar suas palavras.
Eu fico de pé. "Ela tem estado bem durante todo o ano de sua
vida sem você ter certeza de que ela está se sentindo bem. Tenho a
certeza de que ela está bem!" Digo mais amarga do que eu queria,
mas eu a criei desde o nascimento, e ele acha que eu não sei se a
minha filha estava bem.
"Eu não quis dizer nada com isso. N… Não sei o que eu quis
dizer." Ele diz, aparentemente com sinceridade. Eu ofereço a
fotografia. Por alguma razão eu me sinto culpada. E ocorre-me que
ele estava se referindo ao seu estado mental, embora possa estar
exagerando. Eu acho que isso é algo que deve se preocupar se,
eventualmente, isso é hereditário, mas que terá que ir para a
minha lista de coisas que me enlouquecem.
"Desculpe-me, eu exagerei." Eu digo me desculpando. "Eu
não… Eu não estou acostumada com isso, tudo é tão… Tão…" Eu
digo incapaz de me desculpar pelo meu comportamento errático.
"Não, a culpa foi minha. Eu estava fora da linha. Eu não
deveria ter feito uma pergunta tão estúpida." Ele me corta.
O silêncio enche o ar de novo, e nós suspiramos.
"Ela está bem, é uma criança perfeitamente normal de um
ano." Ele leva sua atenção para a fotografia com um leve sorriso
no rosto, um momento mais tarde se espalha amplamente, metade
da preocupação deixou sua expressão. É a primeira vez que ele
sorriu desde… Bem em um longo tempo. Na verdade, é o primeiro
sorriso que eu já vi dele… De Chris, mas ainda assim um que eu
senti falta. Ele senta-se novamente no sofá, e eu me sento
cautelosamente ao seu lado, olhando para a foto de Caylen em
suas mãos.
"Ela tem seus olhos, eles mudam como os seus." Eu digo
cautelosamente, como se o comentário fosse quase pessoal de
mais para ser permitido. Ele parece desconfortável.
Talvez eu não devesse ter dito isso. Eu sabia que não deveria.
"I… Isso quer dizer…" Ele gagueja, envergonhado até que ele
olha para cima e sorri para a fotografia.
As borboletas começam a ficar loucas no meu estômago. E eu
começo a rezar em silêncio para meu rosto não estar tão vermelho
como eu acho que ele está. Ele se afasta, fingindo não perceber,
então seu sorriso desbota em uma aparência quase preocupada.
"Como vamos lidar com isso?" Ele pergunta suavemente,
quase inseguro sobre o que mais dizer. "Eu não sei como lidar
com isso…" Diz, torcendo as mãos enquanto deixa escapar um
suspiro de frustração.
"Você não sabe nada sobre mim. Eu não sei nada sobre você.
E esse cara… Cal." Ele cobre o rosto exasperadamente. "Quero
dizer… Eu tenho uma filha que nem me lembro…" Ele deriva com
raiva com uma risada.
"Anos da minha vida." Ele continua. "Todas essas coisas
aconteceram, e eu não me lembro de nada. Ninguém se preocupou
em me dizer. O que eu devo fazer com isso?" Ele começa a andar
pela sala, ansioso. "Eu estou tentando. Eu realmente estou…
Achei que se eu pudesse dar o primeiro passo falando com você,
então eu poderia fazer isso, mas…"
Eu posso ver a confusão em seu rosto, preocupação,
insegurança. Está tão perdido quanto eu, talvez até mais. Eu não
sei o que dizer para mudar isso, ou se eu posso dizer alguma coisa
para mudar isso. Eu não estou acostumada a vê-lo tão frenético e
nervoso. Não é a ele que eu estou habituada.
"Eu sei que é difícil para você. Eu não posso sequer começar a
imaginar o que você está passando agora." Eu digo sinceramente,
tentando confortá-lo de alguma forma.
"Eu não sei nada sobre você." Seu tom é apologético, mas seus
olhos e sua expressão são compassivos. No entanto, suas palavras
ainda ferem. Elas se sentem como uma faca perfurando meu
coração. Esse rosto familiar está olhando diretamente para mim,
mas seus olhos não mostram nenhum sinal de reconhecimento de
mim, e não mostram suas palavras. "Mas quando você olha para
mim, é como se você soubesse tudo sobre mim." Diz, com os olhos
nos meus, me olhando como se estivesse tentando ver dentro de
mim, como se olhar duro o suficiente, ele poderia obter a resposta
a todas as suas perguntas.
"Eu tenho problemas suficientes com uma vida." Diz ele com
uma risada sarcástica. "Como eu posso supostamente lidar com
uma a qual eu não sei nada? Uma que… Que realmente não é
minha?" Ele diz.
Eu abro minha boca para responder e eu percebo que ele
pensa que isso é fácil para mim. Ele não percebe o que eu passei…
O que eu estou passando. Faço uma pausa, tentando escolher
minhas palavras com cuidado para não agitar ou dominá-lo.
"Quando seus pais me disseram sobre você", Eu começo com
cautela. "Foi a coisa mais difícil que eu já experimentei, a coisa
mais difícil que tive de ouvir. Eu estava magoada e confusa. Eu
nem acredito neles… Eu não queria acreditar neles." Eu digo,
apertando meu pulso enquanto continuo. "Eu ainda estou ferida,
ainda estou confusa e não sei o que fazer. Não sei o que dizer
para… Para você." Eu ouço minha voz falhar e ele se vira para
mim.
"Não posso me comprometer com alguém que eu não conheço."
Eu respiro algumas vezes para tentar acalmar as batidas do meu
coração, mas é inútil quando meu pulso ainda corre. Eu posso
sentir seus olhos em mim e eu sigo olhando para o chão. "Quando
você olha para mim… É como se eu fosse um fardo… um
problema e você não tem nenhuma ideia do quanto isso dói." Eu
engulo o nó na minha garganta, eu tenho lágrimas nos meus
olhos quando eu finalmente olhei para cima para vê-lo. Parece que
vai dizer alguma coisa, mas não o faz. Seus olhos desviam de mim
e olham para o chão.
"Eu não o culpo por isso." Eu adiciono rapidamente. "Eu não
posso… Mas você tem que entender que você recebe o que Cal…"
Eu rio enquanto as lágrimas são inevitáveis, mas tento manter
uma voz firme, enquanto continuava. "Você… tem seu sorriso, sua
voz, seus olhos…" Eu sorrio, apesar das lágrimas quando eu me
lembro como Cal sorria, sem ser condescendente, manipulador ou
arrogante, aqueles raros momentos em que ele realmente sorriu.
"Quando eu olho para você… Eu não posso ajudar, mas eu o
vejo. E dói saber que você não é a pessoa que roubou meu coração
quando sorriu pela primeira vez, que me levou para saltar de
bungee jumping no nosso primeiro encontro, você é o único que
me disse que eu era a única mulher que você amou. Mas você
está… Você não é ele, e você está apaixonado por outra pessoa."
Eu me sinto envergonhada quando as lágrimas caem pelo meu
rosto, mas ele precisa velos, para perceber que eu sou uma
pessoa.
"Então, isso está me custando muito." Rio finalmente
enxugando algumas lágrimas que caíram. "Mesmo sabendo de
tudo isso, eu não sei como é suposto passar por isso." Explico.
"Como eu devo lidar com isso… Se eu ainda posso, mas eu estou
disposta a tentar por causa da menina na foto. Eu faria qualquer
coisa por ela, inclusive abrir mão da única pessoa que eu me
apaixonei…"
Ele olha para mim, perplexo. Eu sinto que eu estou
começando a quebrar e respiro profundamente, limpando todas as
lágrimas de novo, ordenando aos meus olhos que parem. Caminho
até ele para me forçando a ver alguém diferente, não para ver Cal,
mas para ver… Chris.
"Sinto muito. Por favor, não chore." Sua voz treme e sua
expressão é uma que eu nunca vi antes. Eu o vejo olhando ao
redor nervosamente, ele procura em seus bolsos e puxa um
guardanapo, o tipo áspero que geralmente se encontra em
restaurantes de fastfood. Eu pego e limpo os olhos.
"Eu sei que você não pediu isso." Eu digo. "Eu sei que não é
sua culpa. E eu sei que você quer acreditar que nada disso é o seu
problema, mas é, e é também o meu problema… Mas não é de
Caylen."
"Eu estou disposta a aceitar que você não é Cal, que você não
é meu marido. Eu posso aprender a fazer isso. Mas eu não posso
livrá-lo de ser o pai de Caylen. Você é parte dela." Eu digo
severamente o suficiente para ele entender o meu ponto, mas
suave o suficiente para não assustá-lo. "E isso é tudo que eu
tenho certeza. Isso é tudo que eu posso pensar para dizer."
O silêncio retorna.
Vou até o sofá e me sento, a cabeça apoiada nas mãos. Poucos
minutos depois, eu o sinto sentar ao meu lado. Viro-me para ele,
ele está pensando profundamente com as mãos entrelaçadas. Eu
nunca vi… Cal… Desta forma. Ele nunca me deixava saber
quando algo de ruim aconteceu, quando ele estava chateado com
alguma coisa, sempre ele tentava esconder. Ele era muito bom
nisso.
"Meus pais dizem que ele é… Eles… Ele o descreveu como…"
Ele para silencioso como se estivesse tentando encontrar as
palavras certas, com medo de ofender.
"Oh, eu sei." Eu respondo. "Seu pai não hesitou em me dizer o
que pensava de Cal." Eu digo com um suspiro.
"Ele era…? Ele era…?"
"A pessoa que seus pais descrevem não é quem Cal era para
mim." Eu digo, mas eu estou ocupada olhando para as minhas
mãos.
"Não me interprete mal, ele poderia ser arrogante, mal-
intencionado e sarcástico… Muito". Eu digo sinceramente. "Mas
isso não é tudo o que havia nele." Adiciono em defesa. "Ele é muito
mais do que isso. Ele pode ser gentil… Carinhoso… Protetor."
Eu sorrio, lembrando o início do nosso relacionamento, eu
estava loucamente apaixonada, como se eu estivesse apaixonada
por um professor da escola. Pelo amor de Deus, ele me tinha
envolvida em torno de seu dedo. Eu ri do ridículo da situação.
"Ele é extremamente inteligente, confiante e persuasivo. Ele
poderia convencer qualquer um a fazer o que ele queria. Ele era
bonito, incrivelmente sexy…" Eu digo com uma risada antes que
eu percebesse o que eu disse… Oh Deus, eu não fiz. Apenas disse
isso em voz alta!
Eu me viro para olhar para ele e vejo que suas bochechas são
vermelho brilhante. Ele está corando! Sei que na minha vida eu
nunca o vi corar. Eu estou olhando para ele. O olhar fixo não é
bom em tudo… Diga alguma coisa!
Graças a Deus, seu celular toca e quebra o silêncio
constrangedor. Ele o pega e olha.
"Desculpe-me." Ele diz. Concordo, e ele dá alguns passos e
atende. “Olá? Sim, eu sei, algo surgiu.” Sei, pelo seu tom de voz
que é ela. “Eu estou no meu caminho agora… Eu vou ver você,
então… Eu também te amo.”
Eu não posso ajudar, mas sinto uma pontada de ciúme…
Bem… Apenas uma pontada, mais, sim, é como se alguém tivesse
me dado um pontapé no estômago e tivesse parado no meu peito.
O homem que eu amo, bem, este homem se parece com o homem
que eu amo, exatamente com a mesma voz, está professando seu
amor por outra mulher. Sabendo que é ela que ele mantém em
seus braços, beijando os lábios… Oh Deus, eu tenho que parar de
pensar assim.
"Sobre o outro dia. E… Eu não sou assim normalmente."
Esfrego a nuca.
"Não, isso está esquecido." Ele diz sinceramente.
"Será que ela sabe tudo isso?" Eu pergunto quando ele desliga,
mas eu me concentro no ventilador de teto.
"Algumas coisas." Ele diz deixando escapar um suspiro
profundo. Eu concordo. Eu não sei que tipo de resposta é essa,
mas decido não empurrar mais.
"Eu, uh… Eu tenho que…" Ele começa a explicar. Eu sorrio
fraca, permitindo que ele saiba que não é necessário.
Eu o acompanho até a porta.
"Minha mãe diz que você é de Chicago. Quanto tempo você vai
ficar?" Ele diz em dúvida.
"Bem. Eu sou originalmente de Saginaw, mas eu vivo em
Chicago." Eu corrijo quando nós andamos a curta distância até a
porta. Eu coço a cabeça e percebo que eu tenho dinheiro
suficiente para pagar mais um dia no hotel desde que eu deixei
meus cartões de crédito. "Devo voltar para Caylen, é mais provável
que eu fique até amanhã de manhã." Eu digo quando chegamos à
porta.
"Oh." Ele franze a testa um pouco, como se ele pensasse que
eu iria ficar mais tempo. "Eu tenho algumas coisas que preciso
corrigir em casa. Isso vai me levar um par de dias, mas posso
voltar e… Deixá-lo vê-la. Nós poderíamos começar a pensar sobre
como fazer isso." Digo quase incoerente devido à situação
incomum em que nos encontramos.
"Isso seria bom. Gostaria disso uma vez que temos um monte
que trabalhar." Ele diz. Eu não tenho certeza se ele está brincando
ou não.
"Huuum, deixe-me te dar o número do meu celular." Diz ele.
Viro-me para pegar meu celular e o entrego a ele, depois de
alguns segundos ele faz o mesmo.
"Você tem meu número de casa também." Ele diz depois que
eu termino, e trocamos os celulares sem jeito, quase como se nós
tentássemos não nos tocar.
Ele abre a porta e sai. É um momento estranho, e nós dois
rimos da nossa situação.
"Eu percebi que nunca tivemos a chance de realmente… Uh…"
Eu olho para ele confusa quando ele estende a mão. "Eu sou
Chris."
Ele diz com um sorriso suave. Solto uma pequena risada,
percebendo que nunca tivemos a oportunidade de nos apresentar.
"Eu sou Lauren." Eu digo, pegando sua mão.
10 de março de 2013

Engraçado como um dia pode mudar o curso de sua vida


inteira. Na verdade, nem mesmo um dia, apenas segundos. O
momento em que você descobre que você vai ter um bebê ou o dia
em que você recebe um diagnóstico médico terrível. Aqueles
momentos da vida que você sabe que ela nunca vai voltar a ser o
que era antes desses segundos passarem.
Eu andei em direção à porta da cobertura mil vezes. Cada vez
secretamente esperando que ele esteja lá, sentado no sofá, seus
olhos revelando tanto e tão pouco de cada vez. E então o tempo
iria congelar e não importa muito onde você esteve ou que tenha
sido apenas uma questão de tempo até ele estar em casa e que ele
me amava e não poderia ficar de fora. Eu esperava, é claro, que
houvesse uma explicação razoável, as circunstâncias que o
manteve longe de mim, de nós, de nossa família.
Cada cenário que eu imaginava, jogada de forma diferente e
vagamente no fundo não importa qual a explicação, apenas que
ele estava em casa e minha família estava completa novamente.
Essa sensação de anseio por perder o fez eu me sentir uma parte
de mim estava faltando. Essa parte de poderia tornar-se pedaços,
mas não rachou.
Eu acho que só voltei para uma casa vazia quando eu descobri
que estava grávida. Mesmo assim, eu estava correndo de suas
lembranças, odiando-o com todas as partes do meu ser. No
entanto, a cada dia o meu estômago estava crescendo com parte
dele dentro de mim. Amor e ódio se enfrentam na batalha
interminável dentro de mim mesma. Eu queria apagar sua
existência começando pelas minhas memórias, mas a cada dia
que entrava pela porta, para voltar para casa, era uma tarefa
trivial, no fundo sabia que ainda havia esperança.
Eu sei o quão ridículo era manter minha esperança secreta,
para mim mesma. Pensar sobre um homem que deixou sua
esposa grávida, era muito patético para o meu próprio
subconsciente entender. Bem, ele não sabia, mas ainda assim, por
que eu estava tentando segurar uma esperança quase
incompreensível e injustificada? Mas eu fiz, eu ainda tinha
esperança de Cal e eu. Agora não há nenhuma esperança. Esta é
a primeira vez que eu sei que ele não vai estar lá. O homem que
eu amo e que eu odiava todos estes anos, é um pedaço da mente
de um homem chamado Chris… Ou não, minha mente está muito
cansada para lidar com a lógica de tudo isso.
Eu tinha imaginado tudo isso de forma diferente antes da
minha viagem de volta para Madison. Afinal, eu tentei me
convencer que talvez fosse uma oportunidade para começar de
novo, deixando o passado para trás, fazendo com que pareça uma
experiência libertadora. Eu me imaginei saindo pela porta,
respirando fundo e tirando uma carga de mim.
Todos aqueles dias, eu não sabia se ele estava vivo ou não, se
ele estava ferido, ou onde ele estava, se ele pensou em mim, se ele
sabia sobre Caylen, o fardo de tudo que havia… Se foi, libertado
em mim.
Mas agora, na realidade, enquanto eu estou em pé na frente
da minha porta, a sensação é esmagadora, quase como o dia em
que ele deixou. Eu pensei que eu tinha me convencido durante a
longa viagem de volta para casa que eu pudesse exorcizar minha
vida, minha mente e meus pensamentos. Eu me convenci de que
eu poderia lidar com isso e, na verdade, que eu tive um
encerramento para seguir em frente. Mas caminhar para a porta,
fez ser real, como se eu tivesse levado um soco no peito, o frio
através do meu corpo e eu não posso respirar.
A verdade dessa realidade é uma situação que me atinge como
uma tonelada de tijolos e eu não posso ir para casa sem ser capaz
de evitar a queda. Eu estou tentando parar de chorar, mas mesmo
que eu tente, não consigo respirar. Eu chego de volta e fecho a
porta atrás de mim, e ao fazê-lo eu deslizo para baixo, minha
cabeça descansando sobre ela. Prometi a mim mesma que eu não
iria derramar uma lágrima sobre ele em Madison e estava indo
para entrar por aquela porta forte e não fraca, e estaria pronta
para fechar este capítulo da minha vida e começar um novo.
Agora eu percebo que foi uma ideia estúpida, me preparar
para isso. Eu não estou. Estou cansada de me sentir assim. Eu
não sei o que eu fiz para merecer isso. Para me apaixonar e
envolver minha vida em torno de um homem que não existe, e
agora compartilhar minha filha com alguém que nem sequer sabe
quem eu sou. Como posso explicar isso para outra pessoa? Eu só
estou concordando. E agora eu tenho que assumir que isso nunca
aconteceu, enquanto olhava para o homem que me senti ligada?
"Lauren. Lauren querida, o que aconteceu?"
Eu vejo através de minha nuvem lágrimas, uma imagem
borrada de Ângela e Raven. Eu tento me controlar, mas parece
que ao menor toque, minhas emoções apenas transbordam. Raven
se ajoelha e me envolve em seus braços, esfregando suas costas.
Eu sei que eu tenho que me recompor em breve. Ela me vendo
assim vai pensar o pior. O que poderia ser pior do que isso?
"Lauren, o que aconteceu? Querida, você o encontrou? Lauren
diz alguma coisa." Ela diz, seu tom de voz é calmo, mas aumenta a
sua agitação.
Eu tento recuperar o fôlego, sentindo que deveria muito bem
ter acabado com isso, quando eu vejo que Hillary vem rápido ao
lado de Ângela. Eu faço outra tentativa, não é assim que eu
queria. Nada foi como eu pensava.
"Onde está Caylen?" Eu digo desnorteada, sabendo que a
única coisa que pode me acalmar está segura em meus braços.
"Querida, Caylen está dormindo." Raven me assegura.
"Lauren são onze da noite. Você não atendeu o telefone
durante dois dias. Nós estávamos preocupados com você! O que…
O que aconteceu? O encontrou?" Ângela pede freneticamente.
"Eu… quero vê-la". Eu choramingo.
"Lauren, não, não é assim. Você vai deixá-la nervosa." Raven
repreende.
Eu percebo que acordar com a mãe chorando histericamente
não é a melhor ideia para a minha filha em tudo, e cedo.
"E… Ele não é real." Gaguejo pateticamente, tentando me
acalmar. Mas eu acho que todos os abraços e afagos apenas
tornam pior.
"Quem? Quem não é real? Cal… É, na verdade, Chris?" Hillary
tenta interferir. Ela se move para a direita. Como posso começar a
explicar isso?
"Que porra! Filho bastardo de uma cadela! Eu sabia, eu sabia
o tempo todo!" Ela continua. Sua voz com raiva.
"Não… não é o que você pensa, é pior." Eu digo entre soluços.
"Vamos baby, vamos beber um copo de água fria, para que
você possa nos dizer sobre isso." Raven diz com autoridade.
Elas me ajudam a sair do chão. Vamos para a cozinha, onde
Hillary e eu nos sentamos. Ângela anda nervosa. Raven agarra
uma jarra de limonada da geladeira e serve em um copo para
mim, para ela e Hillary. Rapidamente eu dou alguns goles
enquanto tento pensar em como explicar isso. Elas olham cheias
de ansiedade e curiosidade.
"Realmente eu não sei por onde começar. É… É tudo tão… tão
surreal, é a única maneira que eu posso explicar." Eu digo,
olhando para o copo de limonada.
"Leve o seu tempo L." Hillary diz me tranquilizando. Raven
concorda.
Durante a hora seguinte eu digo-lhes palavra por palavra,
todos os eventos dos últimos dois dias. Eu digo tudo o que eu
descobri sobre "Chris" e sua doença mental, depois que Chris e eu
concordamos em fazer parte da vida de Caylen e, finalmente,
dando basicamente perdoando-o pelas obrigações de Cal, além de
Caylen. Nem uma única vez durante a história fui interrompida.
Todas estão em silêncio desde que terminei, e o silêncio é quase
assustador.
"Por favor, digam alguma coisa." Insisto nervosa tentando
cortar a tensão na sala.
Eu estou sentada com três das mulheres mais teimosas que já
conheci e eu acho que pela primeira vez estão sem palavras.
"Eu não sei o que dizer." Raven diz. Ela parece insegura, e
depois olho para Hillary que parece com raiva. Eu tinha certeza
que ela tem algo a dizer.
"Hillary?" Eu pergunto, quase com medo de ouvir a sua
opinião, mas hoje nada pode ser pior.
"Não sei que dizer. Eu… Eu quero dizer, o que posso dizer de
algo assim? Eu quero dizer, basicamente…"
Ela para e aperta as mãos como se ponderando o que dizer
realmente. Eu nunca vi Hillary editar suas palavras antes de dizê-
las, e estou animada porque ela está tentando ser atenciosa, mas
neste momento ela está fazendo por mim e eu prefiro que despeje
tudo agora, para então eu tentar deixar esse sentimento para trás.
"Hillary, o que você tem a dizer, apenas diga." Eu falo. Com o
canto do meu olho eu vejo Ângela dando-lhe um olhar de
advertência.
"A última vez que eu te disse alguma coisa, você acabou
desmaiando." Ela ri secamente.
"Não foi o que você disse, foi o que não disse." Eu garanto a
ela.
Palavras machucam, mas ela não tinha usado nenhuma. Ela
apenas pegou um jornal com uma foto do meu marido com um
nome diferente.
"Bem, eu acho que isso é uma merda." Ela diz descaradamente
e, pela primeira vez em dias, eu rio.
Começa com um pequeno sorriso que cresce. Raven olha para
mim estranhamente, mas depois começa a rir também. Hillary
cruza os braços e depois se junta a nós. Ângela olha para nós
como se fôssemos loucas, mas eu não posso explicar o sentimento
maravilhoso que é rir, realmente rir e não lamentar.
"Eu não tenho uma licenciatura em psicologia ou algo assim,
mas… O quê? Múltiplas personalidades? Dá um tempo! Sabe
quantos caras estão indo para usar essa desculpa se você deixar,
L? Vai se alastrar como um incêndio:"Querida, não era eu, era o
bastardo do meu álter ego." Ela explica com uma risada e, em
seguida, entra em colapso e vai paraa sala.
"O que você acha sobre isso, Raven? Você é a mais madura de
todas nós." Ela brinca de ânimo leve.
Raven solta o que parece ser uma respiração muito necessária
e assente.
"Bem, eu sei que é porque se referem a minha idade, mas eu
me lembro de ter visto um episódio de Oprah sobre um psicólogo
que entrevistou uma mulher que disse que ela tinha 15… Huum…
eu me esqueci do ele chamou… Não eram personalidades, foi
outra palavra. Oh meu Deus, eu esqueci."
Eu vejo como ela pensa e franze a testa.
"Álter Ego?" Oferece Hillary.
"Sim, é isso!" Raven diz animadamente, como se tivesse
ganhado um prêmio em um game show. Viro-me para Hillary
surpresa.
"Eu vejo um monte de novelas." Ela encolhe os ombros.
"Bem Angie, você é a única pessoa que gastou todo o dinheiro
do seu pai nas suas graduações. Você teve um par de cursos de
psicologia, certo? Vamos ver o quanto eles valeram a pena."
Hillary brinca.
"Bem, eu admito que eu sei um pouco. Em um curso que eu
fazia, eles falaram sobre a doença, meu professor disse que o
diagnóstico ainda é discutido na comunidade de saúde mental. Há
médicos que dizem que é real e outros que pensam que é algo
como "terapia induzida", um diagnóstico errôneo de uma série de
outros distúrbios, incluindo esquizofrenia, transtorno bipolar…”
"Bem, isso é real ou não?" Hillary interrompe.
"Como eu disse, ainda não há um consenso. Houve um estudo,
no entanto, que registra alterações neurológicas gravadas quando
os "álter egos" ou "mudanças" que aconteciam. No entanto, pode
haver certo número de fatores…"
"Bem, independentemente do fato de esta "condição" existir ou
não, a questão é, será que ele tem? Vamos encarar a realidade, as
chances de ele ter… O quê?" Hillary exclama.
"Hillary, eu não sei. Eu não sou uma psiquiatra. Mas alguns
dos comportamentos que Cal mostrou a partir do que Lauren me
disse… Eu não poderia rejeitá-lo inteiramente como uma
possibilidade."
"Dá um tempo." Hillary murmura suavemente.
"Ei, você pediu minha opinião e é assim que você responde?"
Ângela responde bruscamente.
Eu esfrego meus dedos em círculos suaves nas minhas
têmporas. Essa conversa está começando a me oprimir.
"Senhoras!"
Raven interrompe as duas e elas imediatamente ficam em
silêncio, tendo o sentimento óbvio de que o meu nível de estresse
está aumentando.
"Eu não acho que qualquer uma de nós está qualificada para
concordar ou discordar com o comentário de Ângela sobre a
existência desta doença." Diz olhando para Hillary que evita seu
olhar. Sua atenção está focada em Ângela. "E eu acho que Ângela
concorda, sem saber os detalhes específicos da condição de Cal…
Ou Chris, ela não pode ter certeza se ele tem essa condição."
Ângela concorda.
"A coisa mais importante agora é apoiar Lauren no que ela
acredita e na forma como ela decide que a situação vai ficar a
partir de agora."
Eu olho para cima e noto que todos os olhos estão em mim.
Raven pega a minha mão e a segura. Ela a aperta, dando-me um
pouco de coragem. O gesto me faz saber que qualquer que seja a
minha resposta, ela me apoia, o que significa muito neste
momento.
"Eu não queria acreditar neles. Eu não acreditava em nada
disso, mas quando estávamos sozinhos. Não era ele. Não era Cal."
"Bem, querida, se essa é a sua decisão, eu estou cem por cento
com você, eu vou estar aqui para apoiá-la." Raven sorriu e apertou
minha mão de forma tranquilizadora.
"Todas nós estamos Lauren." Diz Ângela, me abraçando por
trás. Nós olhamos para Hillary, e ela respira fundo e por um
momento, parece que ela está pensando.
"Caylen e você são tudo para mim, e eu tenho certeza que isso
é difícil para você sem eu reclamar sobre isso. Se você pode lidar
com tudo isso, eu não vou ser a única a fazer isso difícil para
você." Hillary diz.
Ela se aproxima de mim e me envolve em seus braços. Solto
um grande suspiro de alívio. Sabendo que eu tenho o apoio das
pessoas ao meu redor faz com que tudo não pareça tão ruim.
Certamente não tão ruim quanto à hora que eu entrei por aquela
porta, mas eu estava com tanto medo. Eu já passei por tanta coisa
no passado… Não saber o que aconteceu com Cal,era como ter
uma muleta para me apoiar, e agora ela se foi.
"Como é que eu vou fingir que os últimos anos da minha vida
não aconteceram?" Eu pergunto freneticamente.
Ângela segura meu rosto suavemente e gentilmente levanta de
modo que estou olhando diretamente para ela.
"Não o faça. Não finja que não aconteceu, mas não fique nele.
Aceite o passado, mas não viva mais lá." Diz ela em tom afetuoso,
mas suas palavras são severas.
"Você escolheu seguir em frente e deixá-lo ir e você pode fazer
isso. Você já passou por muita coisa e você vacilou algumas vezes,
mas nunca quebrou. Não permita que isso aconteça agora!"
Ângela diz e me puxa para um abraço. "Está bem?" Pede, o tom
autoritário desaparece e sorriso caloroso que eu adoro volta.
"Está bem." Eu aceito, me acalmando.
Ela está certa. Por mais que eu que tenha falado em seguir em
frente, eu não fiz. É por isso que eu vivo aqui. Onde quer que eu
olhe, há um lembrete de Cal: cativante, reconfortante e
tranquilizador. E agora eu não posso mais segurar essas
memórias, a falsa esperança. Eu tenho que deixar ir e acreditar
que no futuro eu posso deixar para trás o meu passado.
23 de março de 2013

Duas semanas se passaram desde o desastre que aconteceu,


daqueles que passam uma única vez na vida. Desde que eu
descobri, que eu conheci e bem, quase… Briguei por Cal… Chris…
com a mulher que ele ama. A mulher que, infelizmente, de uma
forma bizarra, e inimaginável, é a madrasta da minha filha.
Eu tento não pensar sobre isso, ou que eu deveria aceitá-lo.
Eu disse que iria aceitá-la, e minha mente me diz para fazer, mas
meu coração e mente nunca foram capazes de concordar em algo.
Mas desde aquela manhã eu concordei que iria voltar para
Madison, assim Caylen conheceria Chris e seus pais, e eu me pego
pensando sobre isso mais e mais. Hoje, eu peguei a confiança
para começar a ir em frente. Ainda assim, é engraçado que
quando você tenta seguir em frente, alguns hábitos do passado
ressurgem e se enrolam em torno de você.
Eu não tenho bebido desde que eu descobri que estava grávida
de Caylen. Na verdade, a última vez que eu bebi foi,
provavelmente, à noite em que ela foi concebida. Naquela noite,
arrumei minhas coisas com a ajuda do vinho, determinada a
deixar Cal. Hoje à noite, eu preciso para me ajudar a arrumar as
malas, tentando me contentar com o fato de que ele se foi.
Eu olho para as caixas embaladas, e o que resta de todas as
coisas de "Cal" que eu poderia encontrar. É o primeiro de muitos
passos que eu estou tomando para tentar "limpar" a mim mesma
dele, mesmo o simples pensamento faz meu coração se
entristecer, e minhas lágrimas me afogam enquanto eu coloco
tudo em um só lugar. Eu continuo tentando me convencer que eu
tenho que fazer isso, lembre-se que isto é para Caylen, mas como
faço para remover a sensação de que estou de luto? Eu sei que
tem sido apenas duas semanas desde que tudo isso aconteceu,
mas quando eu sinto que já estou "consertada"? Quando vou ser
capaz de superar tudo o que aconteceu? Quando eu vou começar
a me sentir um pouco menos insensível do que eu estava ontem?
Porque agora, o mesmo buraco dentro de mim parece estar mais
profundo, e Ângela descreve como uma maneira de recuperar a
minha vida, de fato, é como me enterrar mais e mais profundo.
Aperto as mãos e respiro fundo. Eu não posso suportar isso.
Depois de passar horas passando por suas coisas e
empacotando-as, limpando meu eu, eu tenho procurado, sem
sucesso, olhando para fotos antigas de nós, tentando encontrar
um sinal. Havia um segredo escondido em seus olhos que eu não
poderia revelar? Revejo todas as conversas que tivemos, tentando
pensar. Havia algo que eu não percebi? Alguma vez ele já tentou
me dizer? Havia algo que teria impedido ou ignorado que terminou
aqui? No final, eu percebo que eu estou cercada pelo passado,
pelas mentiras, pelo fantasma de uma pessoa, que na verdade,
nunca existiu.
O pensamento envia arrepios pelo meu corpo, e se acreditasse,
não estaria em luto por uma pessoa que ainda está viva. Pelo
menos seu corpo está aqui. Eu tento não pensar sobre onde está
realmente Cal. O que acontece com um álter ego quando ele não
está presente? Ele completamente se dissipa, ou ele pode ver
através dos olhos de Chris? Na primeira vez, quando me joguei
nos braços de Chris e eu o chamei pelo seu nome, Cal estava lá
em algum lugar? Ele podia me ouvir chamando-o? Ele poderia me
ver?
Eu sei que tenho que parar de pensar assim. Isso não vai me
fazer bem. Eu não posso me segurar na crença de que Cal ainda
existe em algum lugar. Eu tenho que continuar indo por Caylen,
nossa pequena, com quem eu o ouvi falar naquela noite. Naquela
época, Chris não sabia quem era Caylen, por isso tinha que ser
Cal. Ele foi capaz de escapar de qualquer deserto mental onde ele
estava perdido, sozinho com esse único propósito?
Ugh! Eu disse a Chris que eu poderia lidar com isso, mas
aquelas eram apenas palavras. Chuto uma das caixas e jogo o
copo de vinho contra a parede, observando o pouco que resta
escorrendo pela parede cinza, deixando uma mancha de cores
vivas. Eu tenho que me controlar. Eu estou tão grata que Ângela
vai levar Caylen hoje à noite, enquanto eu faço isso. Eu acho que
ela sabia que não ia ser tão fácil como eu acreditava.
Você está sendo ridícula, Lauren. Eu me repreendo. Viro-me
para fechar a caixa e me lembro de que só há mais uma coisa não
foi empacotada. Caminho para o meu armário, e debaixo de todas
as minhas camisas, tem uma das suas com um pequeno botão
preto e com o ligeiro cheiro da colônia de Cal. Quando ele saiu, eu
não poderia me livrar de seu material. Eu sempre esperava que ele
fosse voltar para reclamá-los. Depois de alguns meses, evitando,
eu nunca abri o armário.
Mas uma coisa, esta camisa eu não poderia suportar colocar
na caixa, eu não escondi ou evitei, embora tenha escondido das
outras pessoas. Essa eu usei à noite, quando eu o perdi tanto que
até mesmo o pano que tocou sua pele me consolou. Seu aroma,
um pouco apegado ao tecido, me acalmou como se uma parte dele
estivesse dentro de mim.
Passar por uma gravidez inteira sozinha, sem ele, foi uma das
coisas mais difíceis que eu já tive que fazer. Eu me mostrava
contente para os que me rodeavam especialmente Raven, Ângela e
Hillary. Elas estavam comigo todos os dias, certificando-se de que
eu nunca estava sozinha, embora eu ainda me sentisse sozinha
com elas ao meu lado, porque elas não eram ele.
Ele não estava lá para esfregar minha barriga, para discutir se
seria um menino ou uma menina. Ou apenas para me abraçar. Ia
as aulas de parto com Ângela, quando maridos e namorados das
outras mulheres grávidas estavam com eles, isso me fez querer me
esconder em um canto.
Então, muitas vezes, o imaginei entrando no quarto quando
Caylen fez a sua aparição. Eu acho que algo como isso só acontece
nos filmes, porque esse dia nunca chegou. Mas naquelas noites
quando eu estava sozinha em casa, colocava a blusa e fingia que
eram seus braços em volta de mim. Por um tempo, ela manteve o
cheiro dele, e quando ele desapareceu, eu tenho vergonha de dizer
que eu borrifei sua colônia. Pequenos momentos como estes,
tenho certeza que se fossem contados a alguém, eles poderiam
pensar que eu sou louca ou estranhamente autoflagelada. Mas
esses rituais de alguma forma me mantiveram sã em todas
aquelas noites passadas sozinha.
Sento-me no chão com sua camisa em minhas mãos, e
mantenho-a contra o meu peito enquanto as lágrimas fogem dos
meus olhos. Se eu digo adeus, se eu estou indo para tentar
escapar de manhã, eu ainda posso ser uma tola esta noite. Eu tiro
minha camisa, eu paro, eu pego meu short, e coloco sua camisa, e
por um momento finjo que isso é um pesadelo.
Mas este quarto se sente sufocante. Eu olho para fora das
portas de vidro que dão para o terraço. O céu está escuro e gotas
de chuva começam a pintá-lo, como se as nuvens ecoassem
minhas emoções. De todas as vezes que eu queria que o tempo
estivesse combinando com minhas emoções este não era um
deles. Passo por cima do vidro quebrado de mais cedo, eu vou até
a cozinha e me sirvo outra taça de vinho. Depois de terminar isso,
eu fico no sofá. Eu fecho meus olhos e finjo que estou visitando
uma realidade alternativa onde meu marido não é o meu marido.
Aqui ele não usa calças que custam mais de dois zeros, mas sim
aqueles que são de OldNavy. Aqui, ele vive em uma fazenda, em
vez de uma cobertura em um arranha-céu na cidade. Aqui ele
trabalha com fertilizantes em vez de voar ao redor do mundo, e
não é tão devastador que ele esteja apaixonado por uma mulher
chamada Jenna, não Lauren.
Mas eu sei que não estou em uma realidade alternativa,
porque em uma realidade alternativa, o peso de sua ausência não
se sentiria como um túmulo no meu peito, e qualquer distração
duraria mais do que alguns segundos. Em uma realidade
alternativa, enquanto eu me encontro deitada no sofá, fechando
meus olhos, eu não estaria disposta a fazer qualquer coisa, porque
ele está ao meu lado, sinto-o beijar a parte de trás do pescoço,
seus dedos desenham o seu nome nas minhas costas. Continuo
tão apaixonada por um homem que é um fantasma, um mito, um
conto de fadas, uma tragédia, tudo envolto em uma coisa só, e eu
trocaria minha alma só para ouvi-lo dizer, você é tudo o que uma
vez eu queria. Puxo um cobertor para cima de mim, abraçando os
joelhos, e me forçando a dormir, eu me forço a começar de novo
outro dia.
Um trovão me acorda do meu cochilo. Minha cabeça ainda
está girando. A batida na porta me levanta, eu me sinto como se
meu corpo pesasse mil quilos e há caixas por todo o chão da sala
eu não me lembro de ter trazido para baixo. A porta se abre e a
adrenalina que percorre meu corpo é substituída, não por alívio,
mas por confusão. O que ele está fazendo aqui?
"Chris?" Eu digo andando em direção à porta, hesitante. "Você
assustou o inferno fora de mim!" Eu digo uma mão cobrindo meu
coração acelerado quando eu falo com ele.
Mas quando eu me aproximo, eu percebo que seu peito está
subindo e caindo pesadamente. Ele está inalando ar, tanto quanto
ele pode, suas roupas e seu cabelo estão molhados da tempestade
e se apegam ao seu corpo. Minha mente me diz para perguntar se
ele está bem, e o que ele está fazendo aqui, mas quando vejo seus
olhos, que estão diretamente sobre mim, ele acena com a cabeça,
e um sorriso maroto aparece em seu rosto, em seguida, eu sei.
"Perto, mas não muito bom." Ele diz, aparentemente sem
fôlego, mas com um sorriso familiar em seu rosto. Quando
estamos próximos, eu posso remover a minha língua do céu da
minha boca.
"Cal?" É quase um sussurro, porque minha garganta estava
fechada e eu me pergunto se ele me ouviu. Mas quando eu olho
para ele, mesmo que ele ainda não tenha respondido, seu sorriso
sedutor aparece lentamente, e então eu sei.
"Então, é assim tão fácil, hein?" Sua voz me faz paralisar. O
luar através da janela que destaca seus olhos cinzentos. Eu tento
me mover, mas eu não consigo. "Então, você está dando como
terminado em relação a mim, a nós. É assim tão simples?" Ele
caminha em direção a mim e eu tento alcançá-lo, mas meus
braços estão paralisados. Ele se abaixa olhando a caixa que eu
tinha empacotado mais cedo.
"Você vai me empacotar e fingir que nunca existi?" Ele ruge e
chuta a caixa. O som é tão alto que ecoa por toda a casa. "Lauren
e quanto a nós? E a nossa família?" Ele rosna. Ele está tão
irritado, eu posso ver as veias de sua cabeça latejando. Eu
continuo tentando me mover ou falar, mas eu não posso fazer
qualquer uma dessas coisas.
"Você realmente acha que os Scott vão aceitá-la em suas
vidas? Eles querem fingir que eu nunca existi! Você acha que eles
querem um lembrete constante de mim andando por aí,
arruinando seu pequeno mundo de ilusões? Eu sou o filho
bastardo. O filho pródigo!" Ele ri furioso circulando meu corpo
paralisado.
"Caylen precisa de um pai real para estar aqui." Eu sussurro,
de alguma forma, quebrando meu estado catatônico.
"Eu sou o pai dela!" Ele grita com raiva. Segura meu braço
abruptamente, me leva até o sofá e me empurra nele. Seu peso se
sente como se uma casa estivesse em cima de mim e eu não posso
respirar. "Foi Chris que fez amor com você aqui? Era o nome dele
que você gritava?" Ele sussurra veementemente no meu ouvido e,
em seguida rasga a minha camisa.
Seus lábios tocam os meus e eu firmemente viro a cabeça para
um lado. Eu continuo tentando falar, mas nenhuma voz sai. Ele
pega meu rosto e me vira para ele.
"Há muitas coisas que você quer me dizer, não é Lauren?" Ele
ri na minha cara.
"Sim!" Eu grito.
24 de março de 2013

Eu acordo de um sonho tão real, que eu ainda posso sentir as


mãos de Cal sobre mim. Eu me sinto suar frio. Não me lembro de
cair no sono, mas deve ter acontecido depois que fui para a cama
de Caylen para dormir. Eu tento recuperar o fôlego e desacelerar o
meu coração ao mesmo tempo. É o terceiro sonho que tive com
Cal esta semana.
Todos têm sido um pouco diferente, mas tenho notado que
algumas coisas são consistentes. Ele está sempre vestido de preto,
os olhos são cinzentos, eu mal posso falar. Ele também está com
raiva de mim por não lutar por nós. O que é que isso significa? Eu
lutei por nós durante cinco anos, dois dos quais ele estava
completamente ausente. Eu não sei o que mais ele quer de mim,
bater em Chris na cabeça até que ele saia?
Se Cal estava morto, eu juro que ele está me perseguindo em
meus sonhos. Mas, claro, ele realmente não é Cal. Eu tenho
realizado até agora e há uma parte de mim que tem dificuldade em
deixar ir, eu só posso descrever como uma desintoxicação de vicio.
Eu acho que é o momento certo para ocorrer. Eu não quero que
Chris ache que a mãe de sua filha é uma completa lunática.
Ainda assim, seria irônico que ele pense isso nestas
circunstâncias? Pelo menos eu encontraria minhas maneiras,
especialmente desde que eu estou de volta em Madison,
hospedada no encantador Hotel Ritter. Mais importante, eu
concordei em levar Caylen para apresentar a Chris e aos Scott
mais tarde, o que tem me dado muita ansiedade.
E se Chris enlouquece e não pode lidar com isso? E se Caylen
não gostar dele? E se ela gostar muito? Além da estranheza da
situação, como é que eu vou me acostumar a partilhar a minha
filha com uma pessoa que eu não conheço? Eu fui uma mãe
solteira por muito tempo, eu não sei como dividi-la com outra
pessoa. Basicamente, eu cresci com Raven me criando sozinha.
Eu me pergunto como as pessoas fazem isso. A longa distância do
trabalho dos pais? Acho que estou me adiantando. Em três horas
vamos saber.
A última vez que o vi nessa casa, eu sofri um colapso nervoso.
Ele se ofereceu para vir a Chicago, mas eu pensei que seria
estranho para ambos. Eu tento ser otimista para sair daqui.
Tornou-se cada vez mais difícil ficar depois de tudo o que
aconteceu. Eu realmente acho que eu vou vender a cobertura e
começar de novo.
Pego o suéter cinza e calça rosa com botas para Caylen. Peguei
vinte combinações antes de decidir o que ela usaria.
É um sentimento surreal vesti-la para ver Chris.
Especialmente depois de todos os dias me perguntando se Cal
gostaria de segurá-la em seus braços. Ver como ele iria se
comportar com uma pequena versão própria. Bem, isso não vai
acontecer, eu me lembro. Mesmo que ela não esteja indo para
algum lugar especial, sempre está vestida como uma boneca.
Esses dias eu gastei mais tempo planejando o que ela usaria,
do que o que eu vou usar. Tem sido um tempo desde que eu
coloco qualquer coisa, além de uma camiseta e jeans. Eu não tive
qualquer motivo para me vestir em um longo tempo. Mas hoje eu
tento planejar uma roupa apropriada. Não querendo aparecer
como se eu não tivesse pensado sobre o que vestir, mas não
queria fazer parecer que eu passei muito tempo pensando. Quero
dizer… De qualquer maneira eu não tenho nenhuma razão para
me preocupar. Não é como se eu ainda não tivesse feito uma
primeira impressão com rímel escorrendo pelo meu rosto e cabelo
emaranhado.
Eu decidi ser a gêmea de Caylen vestindo um suéter cinza
longo e calças justas. É claro que, em vez de uma rosa chiclete eu
decidi por preto. Espero apagar a imagem de louca, histérica que
eles encontraram antes. Não que eu mereça depois de tudo que
aconteceu. Vou levar os meus pensamentos sobre o último
encontro com os Scott e a última vez que eu estive com Chris
nesta sala. Lembro-me que ele parecia tão nervoso quanto eu, ou
mais do que eu. Ainda assim, além dos nervos, havia algo nele que
era quase reconfortante. Será que eu ouso dizer… Agradável?
Olhando para o meu relógio, eu tenho menos de uma hora
antes de acordar Caylen. Eu pego minhas coisas e vou para o
banheiro para tomar uma ducha rápida, esperando relaxar, pelo
menos, para o início de um dia que eu tenho certeza que vai ser
estressante.

***

"Ok Lauren, você pode fazer isso." Eu digo e em seguida, olho


no espelho retrovisor para ver Caylen sorrindo para mim.
"Você deve pensar que a mamãe é louca, né?"
Eu não posso deixar de sorrir para ela e alguns nervos se
dissipam. Ela é tão inocente. Fico feliz de ela ser tão jovem e este
desconforto estranho não vai afetá-la. Estou começando a me
perguntar se eu devo ligar ou apenas ir para a porta dos Scott, o
que não foi tão bem da última vez. Pelo menos eu sei que eu não
estou indo sofrer de sobrecarga emocional hoje. Não posso. Não
enquanto ela está aqui. Aperto minhas mãos no volante para me
acalmar. Quero dizer, o pior já passou. A única coisa que pode
fazer isso pior do que da última vez, é se Chris abrir a porta
vestido de Drag queen. Eu ri sozinha com a imagem.
Eu tentei matar o tempo com Caylen em um pequeno almoço
em um restaurante chamado "Goldman" no caminho para cá. Eu
não tive uma boa tigela de polenta quente desde que me mudei de
Saginaw. Caylen gostava de se jogar no molho de maçã e batata
hash mais do que gostava de comê-los. Eu olho para o relógio e
vejo que são 09h15m. Eu disse que viria às 9h30m. É rude chegar
antes? Virando-me para a janela vejo alguém segurando as
cortinas da janela da frente. Oh não, eles me viram! Bem, alguém
fez. Se eu ficar sentada aqui vou parecer uma stalker ou esquisita.
Ok, é agora ou nunca.
Saio do carro e respiro fundo. Pego Caylen de seu assento e
fecho a porta. Acho que é isso. Eu realmente não rezei antes, mas
em silêncio peço a Deus que me dê forças para lidar com isso e
não fazer ridículo.
A porta da frente se abre e a pessoa que me observava passa
por ela. Estou começando a ficar nervosa e respiro fundo. Aperto
um pouco a pequena mão de Caylen enquanto caminhamos em
direção à varanda. Seus pequenos passos estão transformando
isso no mais longo caminho de sempre. Eu olho para ele e seus
olhos me pegam, agora eles são verde brilhante, com flashes de
cinza. Quando ele se aproxima, seu sorriso aumenta. Olho para
Caylen cujos pequenos passos começam a acelerar.
"Oi." Eu digo, minha voz é leve.
"Hey." Ele diz, sua voz é quente, mas instável. Seu sorriso é
ainda maior quando suas grandes mãos apertam o animal de
pelúcia que ele está segurando. Eu sinto meu coração começar a
corrida. Solto a mão de Caylen quando chegamos à calçada. Ela
rapidamente faz seu caminho para ele.
Ela estende suas mãos para o pinguim que ele está segurando
e ele ri, olhando com o que eu só posso descrever como espanto.
"Huum, a filha de um amigo ama o filme ‘Os pinguins de
Madagascar’. Eu pensei que ela poderia gostar." Ele explica
nervoso.
"Ela vê esse filme o tempo todo." Eu respondo e noto o espanto
em seu rosto. Eu assisto quando ele se inclina para ficar ao nível
dos olhos dela.
"Eu pensei que você poderia gostar." Ele diz, oferecendo o
pequeno pinguim.
"Pepe!" Ela diz animadamente, pegando o pinguim e colocando
em sua boca. Ele olha para mim com admiração.
"Ela se parece muito com minha foto de quando eu era bebê."
Ele diz em voz alta, mas eu acho que não tinha a intenção de ser
ouvido. Vê-lo olhar para ela me dá uma sensação que eu nunca
tive antes. As emoções óbvias em seu rosto enquanto olha ela
brincar com o pinguim de pelúcia são indescritíveis.
"Eu sou Chris, Caylen." Ele diz, com a voz embargada
ligeiramente.
Seus olhos brilham, e posso ver as lágrimas neles. Eu caminho
até ele e me curvo também. Apreensiva eu gentilmente toco seu
ombro. Com uma mão Caylen toca seu rosto e começa a rir.
Neste ponto eu tenho confiança de que o homem ao meu lado
não é o que eu sabia. Eu respiro fundo e me preparo para dizer
algo não planejado. Eu não sabia como ou quando gostaria de
dizer isso a ela. Se alguma vez o momento certo para dizer
chegaria. Mas agora eu sei, sem qualquer dúvida.
"Caylen, esse é o seu pai."
Prometi a mim mesma que eu não faria isso. Mas é impossível.
Eu nunca pensei que este momento se tornaria isto depois de toda
a raiva, preocupação e medo. A ansiedade e o estresse são
substituídos por algo que eu não sentia há muito tempo. Paz. Eu
levanto minha mão para enxugar minhas lágrimas que
começaram a cair e ele me para, segurando a minha mão
suavemente.
"Obrigado, Lauren." Sua voz e seus olhos estão cheios de
tristeza, sinceridade e preocupação.
E, pela primeira vez na minha vida que eu sou capaz de ler o
rosto que está me observando. Nada a esconder, as emoções estão
lá não há nada para tentar camuflar.
"Olá linda." Ele diz para ela e pelo mais breve dos segundos,
ele se vira para mim, com seu sorriso familiar e ele pisca para
mim. Minha respiração fica presa na minha garganta. Tão rápido
como aconteceu, antes que eu possa verificar se isso realmente
aconteceu, se vai.
"Lauren?" Solicita com uma expressão preocupada no rosto,
olhando para mim e… É mesmo Chris, mas eu sei que por um
segundo ele não estava, ele estava aqui… Cal. Aproximo-me dele
hesitante, coloco minha mão em seu rosto me perguntando se ele
vai me deixar tocá-lo. Ele faz.
Eu ignoro as emoções familiares passando por mim.
Antes desse momento eu senti que eu estava desistindo da
única pessoa que eu já tinha me apaixonado. Era para a única
pessoa no mundo que eu amo mais do que ele, sua filha. Eu tenho
que fazer… Certo?
"Lauren você está bem?" Ele solta uma risada leve e suas
bochechas ficam vermelhas. Dou um único aceno olhando para o
chão. Tudo vai ficar bem.
Vou me certificar que continue assim.
Eu tenho…
… Mesmo que eu quebre.

Fim

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