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Imagine que você é uma casamenteira e percebe tarde demais que

está apaixonada por seu melhor amigo de infância. Você só tem a si


mesma para culpar. Você é quem combinou com ele e agora ele está
noivo para se casar. Quando você se encontra nesta posição, há
alguns segredos que vai precisar guardar...

#1 – Sorria quando ele lhe contar a feliz notícia,


mesmo que seu coração se parta ao meio.

#2 – Não se compare com sua bela noiva francesa.


Você é tão bonita quanto ela.

#3 – Não se aproxime do smoking sob medida.


Simplesmente não.

#4 – Não o ajude a aprender a dançar sua música de


casamento.

#5 – Apague todas as lembranças de vocês dois ao


longo dos anos, quando os versos se apagam por breves
momentos.

E aquele que vocês nunca viram chegar...

#6 – Definitivamente, não se levante e se oponha ao


casamento – alguém mais pode fazer isso por vocês.
Estou no bar, esperando minha limonada de morango
com vodca, quando os convidados do chá de bebê Bailey
começam a gritar sobre carros, hospitais e crianças.

Olho por cima do meu ombro e Colton anda através de


cadeiras e mesas com uma expressão preocupada. Reviro
meus olhos e me viro. Felizmente, antes que Colton me
alcance, o barman entrega minha bebida. Estou apenas três
goles antes de Colton arrancá-la do meu alcance e jogar o copo
de plástico no lixo.

— Ei, eu paguei por isso — digo.

— É open bar. Savannah acabou de entrar em trabalho


de parto.

— Bom saber. — Sua mão agarra meu braço e tento puxá-


lo de volta sem sucesso. — Você não deveria estar com sua
noiva? — Meu tom é mais zombeteiro do que o normal.

— Ela teve que ir para o consultório. A cachorra do Sr.


Beecher está em trabalho de parto.
Estreito meus olhos. — Você é mais qualificado do que
ela.

Ele bufa e me leva para fora do hangar de avião de Denver


e Cleo, onde o triplo chá de bebê está sendo realizado porque
minhas duas irmãs e cunhada engravidaram ao mesmo tempo.
E meu irmão Denver agora está noivo, então tenho outra futura
cunhada. Harley, minha outra cunhada, está grávida pela
quarta vez.

— Eu tenho muitas cunhadas, — digo. — Eles podem


lidar com isso.

Colton olha para mim. — Você teve mais do que eu


pensava. Não tenho ideia de por que você anda por aí com
aquele Trey Galger. — Ele balança a cabeça e faz uma careta.
Colton raramente faz cara feia.

Meus calcanhares empurram o cascalho, meu equilíbrio


vacila por um minuto antes que eu possa realmente ancorar.
— Não faça cara feia. Você sorri. É por isso que todas as
mulheres amam você. — Eu dou um tapinha em sua bochecha.

Sua carranca se transforma em um sorriso, mas seu


aperto no meu braço afrouxa ao mesmo tempo.

Eu me sinto caindo, minha mente girando. — Oh Deus,


vou ficar doente.

Colton me viu passar por muitas coisas e, infelizmente,


segurou meu cabelo para trás tantas vezes que ele é como o
MacGyver de me impedir de vomitar no meu cabelo.
— Espera. — Ele nos afasta do caminho.

Quando vejo verde, todo o ácido da limonada sobe pela


minha garganta e vomito em um arbusto.

— Você deveria agradecer ao seu amigo Trey por toda a


vodca que ele te deu hoje — ele diz, seu punho segurando meu
cabelo.

— Por favor, me leve para casa — murmuro.

Minha bochecha desliza e range contra o vidro da janela


sendo levantado e abaixado. Pisco algumas vezes e olho ao
redor. A caminhonete de Colton está estacionada na calçada
da Spring Street.

Foi tocar e ir lá por um tempo – eu tinha minha cabeça


para fora da janela como um cachorro ofegante.

— Você poderia apenas ter me cutucado para acordar —


resmungo.

Colton ri. — Que divertido seria isso?

Suspiro. Não tenho energia para revirar os olhos.

— Não respire na minha direção. Seu hálito é nocivo. —


Ele acena com a mão na frente do rosto, ri de sua própria
maldita piada e me deixa sozinha em sua caminhonete. Sinto
a solidão por dez segundos antes de ele abrir minha porta. —
Vamos, você está em casa.

Desço no estribo e agarro a barra de estabilidade para


descer. — Pare de me segurar, — digo a Colton, golpeando
meus braços no ar.

— Jesus, Juno, seu cinto de segurança está preso.

Olho para baixo e vejo que ele está certo. — Qualquer um


pode cometer esse erro.

Ele se abaixa na cabine da caminhonete, o pescoço


perigosamente perto dos meus lábios. Eu inalo o cheiro de seu
sabonete e um cheiro que é apenas Colton. Ele nunca gostou
muito de colônia, exceto naquela curta fase do ensino
fundamental, quando descobriu as garotas. Infelizmente, o
cheiro da colônia masculina Polo vai me lembrar do meu
primeiro beijo para sempre.

— Você acabou de me cheirar? — Ele pergunta, soltando


o cinto de segurança e liberando a pressão no meu peito.

— Não. — Balanço minha cabeça, evitando o contato


visual. — Vamos, Colton, a menos que você queira que eu
vomite em sua caminhonete.

Ele sai do meu espaço e eu saio. Meu calcanhar bate em


algo na calçada e meu rosto encontra o concreto.

— Oh, você está em uma forma rara esta noite. — Colton


me pega em seus braços como se eu fosse sua noiva, mas não
sou. Ele tem uma noiva agora. Ou uma futura noiva, pelo
menos.

— Sempre soube que você daria um bom marido — digo,


tocando sua barba por fazer. Ele sai de casa barbeado e volta
horas depois com a barba que a maioria dos caras tenta hoje
em dia. Essa é apenas uma das muitas coisas que sei sobre
meu melhor amigo.

Ele me sustenta mais alto em seus braços. — Juno, tire


as chaves da bolsa.

Abro minha bolsa, um pouco desapontada por ele


rudemente desconsiderar meu elogio. — Eu não as acho. —
Meus dedos cavam e cavam. — Hmm. — Viro a bolsa de cabeça
para baixo e o conteúdo cai em cima de mim.

Colton geme. — Sério, Juno?

— De que outra forma vamos saber se elas estão aí? —


Procuro por qualquer coisa que não caiu na calçada e lá estão
elas. — Ah ha! — As pego como se encontrasse uma nota de
cem dólares na rua.

— Agora vamos ver se você consegue colocá-la na


fechadura.

Eu me inclino para perto dele. — Você está me


desafiando, Colton Stone?

— Se conseguir colocar a chave na fechadura e você sair


dos meus braços mais rápido, então sim.

Franzo a testa e volto minha atenção para a fechadura.


Colton tenta me mover quando eu ergo por um milímetro à
direita ou à esquerda. Eventualmente, a chave entra,
destranco e voilá, estamos no meu prédio.

Ele sobe as escadas e suspira na segunda porta. —


Vamos esperar que você possa ir de dois em dois.

Coloco a chave na fechadura na primeira tentativa e


levanto minhas mãos com um sorriso.

Colton entra no meu apartamento e imediatamente se


livra de mim no sofá. — Espere pacientemente. Eu volto já.

Ele desce correndo as escadas. Eu tiro meus sapatos e


entro no meu quarto para me trocar.

Estou com o vestido pela metade quando Colton entra. —


Eu disse para você se sentar.

Seus olhos brilham ao ver meu sutiã rendado. Não sei por
que usei um belo conjunto de sutiã e calcinha hoje, mas agora
estou feliz por ter usado. Embora ao longo dos anos, Colton
tenha visto minhas roupas íntimas muito menos estelares.

Luto por mais um segundo com meu vestido, mas o zíper


não colabora.

— Venha aqui. — Ele cede e quebra a distância entre nós


quando continuo a prender o tecido no zíper.
Ele está demonstrando pouca paciência com minhas
travessuras esta noite, e estou prestes a lembrá-lo de todas as
vezes que cuidei dele para recuperar a saúde. Como naquela
vez que decidiu que deveríamos dar uma volta por bares em
Anchorage com seu amigo da faculdade. Foi uma ressaca
recorde de dois dias.

Então seus dedos estão na minha pele e minha mente fica


turva. A suavidade de seu toque e o cheiro dele tão próximo
acalma meu corpo nervoso. Sempre é assim.

É uma das razões pelas quais jurei que nunca


cruzaríamos essa linha para um relacionamento romântico.
Por que preciso que ele esteja na minha vida para sempre e
não por um breve romance que, se acabar mal, eu o perderei.
Mas tudo isso parece tão sem sentido agora. Meu ciúme de sua
noiva parece uma coisa viva e respirando dentro de mim. Eu o
vejo mexer no zíper, o tecido se solta e pego seus olhos. Ele
mantém nosso contato visual.

Quero ele. Quero que me prometa que não vou morrer


sozinha. Mas não quero suas palavras – quero seu corpo
pesando sobre o meu na cama. O lento movimento de suas
mãos ao longo do meu corpo. Seus olhos ardentes dizem que
ele está pensando a mesma coisa. Ele me quer também.

Fico na ponta dos pés e meu vestido embola em volta dos


meus tornozelos. Seu olhar desce, e o fogo em seus olhos
sugere que despertei seu interesse.

— Juno — ele sussurra.


Coloco meu dedo em sua boca e pressiono meus lábios
em seu pescoço. Eu continuo a colocar beijos leves em seu
pescoço e em sua mandíbula. Sua barba por fazer apenas
estimula pensamentos de seu rosto entre as minhas pernas.
Apenas por esta noite, preciso dele.

De repente, suas mãos agarram meus braços e ele me


empurra. — Você sabe que não podemos.

Como se alguém tivesse me tirado da hipnose, meus olhos


se abrem.

— Obrigada pela carona para casa — digo e me afasto


dele.

— Juno, vamos conversar. Quero dizer... — Ele para


quando eu viro minhas costas para ele e rastejo sob as
cobertas da minha cama.

— Eu sinto muito. Eu nunca deveria ter feito isso. Você


pode ir para casa, para Brigette agora. — E eu quero dizer
minhas desculpas, mas o constrangimento inundando cada
célula do meu corpo está me controlando agora. Eu me joguei
em um homem noivo. O que diabos está errado comigo?

A cama afunda aos meus pés. — Eu vou ficar. Certifique-


se de não ficar doente de novo.

Eu aperto as cobertas sobre mim. — Vá para casa.


No dia seguinte, com a cabeça latejando e a visão
embaçada, pego meu telefone para encontrar um milhão de
mensagens de voz e de texto da minha família.

— Oh meu Deus! — Eu grito, e um baque alto soa do lado


de fora da porta do meu quarto.

Que raio foi aquilo?

Pego meus sapatos do armário e abro lentamente a porta


do quarto.

— Puta que pariu. — Colton está de quatro no chão,


levantando-se. Está apenas em sua boxer.

— Você ficou? — Pergunto, estremecendo quando minha


voz faz meu cérebro vibrar em meu crânio. Meu olhar viaja ao
longo de seu peito, saltando para baixo em seu estômago
ondulado.

— Eu não ia te deixar sozinha naquela condição — diz


ele, agarrando a calça e colocando-a.

— Eu tenho que ir. Todos elas tiveram seus bebês. —


Deixo-o na sala de estar e volto para o meu quarto, tirando
uma calça de ioga e um moletom.

— Você não acha que deveria tomar banho primeiro? —


Ele me olha quando saio e pego minha bolsa. — Parece que
você foi atropelada.
Estreito meus olhos. — Você não é um doce falador? Foi
assim que você conseguiu que Brigette se casasse com você?

Ele não diz nada e seus olhos se voltam para o chão. Vou
ao banheiro escovar os dentes. Ele entra e pega o enxaguante
de mim. Cuspimos na pia ao mesmo tempo, nossos olhos
presos por um breve segundo, mas é como abrir o tampão de
uma banheira cheia de água. Memórias da noite passada
inundam meu cérebro.

São apenas peças quando os coloquei de volta em ordem


cronológica. As bebidas. O ácido da limonada ainda está cru
na minha garganta. Ele sai do banheiro e tento me lembrar
mais. Suas mãos na minha pele enquanto ajudava com meu
vestido. Meus lábios em sua pele. Ah, merda.

Saio do banheiro para encontrá-lo enviando mensagens


de texto em seu telefone. Sem dúvida para Brigette, explicando
por que ele teve que ficar no meu apartamento ontem à noite.
Ela provavelmente não pensa nada sobre isso, porque não
sente nenhuma ameaça por eu ser a melhor amiga de Colton.
Ela confia em mim. E eu traí essa confiança e a de Colton na
noite passada.

Porra, Juno, se recomponha.

Ele enfia o celular no bolso. — Vou levá-la ao hospital.

— Posso dirigir sozinha. — Quero ignorar os sentimentos


confusos no que diz respeito a ele e ficar longe tornará tudo
muito mais fácil.
— Eles são como meus irmãos também. Eu quero ver os
bebês. — Ele abre a porta para mim.

Saio com zero intenção de agir como se eu me lembrasse


da noite passada. Mas em algum momento, Colton vai me
encurralar sobre isso – espero que depois que eu me arme com
uma excelente desculpa.
Uma semana depois…

— Desculpe, estou totalmente fora — diz Greta, seu


avental manchado de glacê, prova de que teve uma manhã
maluca. Ela apenas vende o que assa, e quando se esgota, se
esgota.

Os casamenteiros confiam em suas entranhas, então eu


deveria ter confiado na minha nesta manhã quando acordei
com uma cova azeda no estômago. Deveria ter puxado as
cobertas sobre a minha cabeça, me enrolado como uma bola e
esquecido que qualquer coisa existia fora do meu quarto pelo
resto do dia. Mas uma empresa falida, associada ao medo do
fracasso, me empurrou para fora da cama.

Agora estou dentro do Sweet Suga Things olhando para


uma caixa vazia que deveria estar cheia de donuts. E
provavelmente foi há uma hora, quando eu deveria estar aqui.

— Seu irmão pegou um monte para o clube de ciências


do colégio — diz Greta.
Austin, acho com um rosnado. Em vez de mostrar a Greta
meu aborrecimento, sorrio e examino as caixas de vidro. —
Tudo bem. Vou encontrar outra coisa.

Um novo cliente em potencial está chegando hoje, e quero


parecer profissional. Então, imaginei que alguns donuts e café
de dar água na boca do Brewed Awakenings poderiam levá-lo
a assinar na linha pontilhada.

Enquanto examino sua seleção de biscoitos, ouço meu


sobrenome ser mencionado atrás de mim. Na verdade, ouço
duas pessoas conversando sobre minha família. Olho
astutamente por cima do ombro e encontro duas senhoras da
idade como vovó Dori sentadas a uma mesa.

— Três delas acabaram de ter bebês. Uma está grávida do


quarto. Ela agora é bisavó seis vezes — diz uma delas.

— Ela deve estar cansada — diz a outra.

— Você conhece Dori, é mais material para se gabar —


continua a primeira. Elas não notaram que eu entrei?

— Ela age como se eles fossem tão perfeitos. Mesmo em


Fairbanks, eu ouvi histórias sobre aqueles meninos gêmeos.
Sempre fazendo nada de bom.

— Bem. — A primeira abaixa a voz. — Ouvi dizer que


estão todos praticamente resolvidos agora, exceto por três
deles. Até mesmo essa Phoenix mora com um produtor musical
famoso de LA.
— Minha filha estava me contando algo sobre ela...

Os olhos expectantes de Greta sobre mim me fazem parar


de espionar as mulheres que pensam que minha família é
problema delas.

— Dois desses e três daqueles. — Aponto aleatoriamente


para a caixa dos cookies. — E preencha o resto com isso.

Os olhos de Greta seguem meu dedo, então ela pega uma


caixa e um lenço de papel para começar a trabalhar.

— Quais são as grandes novidades por aqui agora? — A


segunda mulher pergunta.

— Colton Stone está noivo.

Meu coração aperta. Quem são essas mulheres e por que


não podem ver que estou bem aqui nesta lojinha?

— Neto de Leta Stone? — Uma delas pergunta.

— Você sabe que ela morreu, certo? Dez anos atrás.

Aquele dia de outono passa pela minha mente. As flores


que eu encarei o tempo todo para que não tivesse que pensar
em meus pais enquanto o pastor pregava sobre como a avó de
Colton era uma ótima pessoa e como devemos manter sua
memória viva.

— Oh, eu esqueci. Já faz muito tempo desde que voltei —


diz a segunda mulher.

— Ele está noivo de uma veterinária francesa que está


fazendo estágio com o Dr. Murphy.

Lá se vai aquele punho apertando meu coração


novamente. Francesa, linda, inteligente e muito mais
interessante do que eu. Tenho certeza de que ela teria acordado
a tempo de pegar os donuts.

Antes que possa me virar para vê-las melhor, a


campainha acima da porta toca e vovó Dori entra na pequena
padaria e café como se fosse a dona do lugar. Uma das coisas
que mais amo nela é que faz o que quer, malditas as
consequências. A mulher foi ferida como nós. Perdeu o marido
e o filho, mas vive para os nove netos.

— Juno! — Ela diz com entusiasmo.

Eu me viro completamente, olhando para as mulheres à


minha direita. Seus rostos empalidecem como mulheres
fofoqueiras da igreja que foram apanhadas pelo pregador.

— Oi, vovó — digo.

Ela me abraça com força. Está me abraçando com força


desde que Colton anunciou seu noivado há seis meses. Ela,
junto com toda a minha família e provavelmente a maior parte
desta cidade, acha que estou de coração partido. Bem, posso
estar, mas tenho doutorado em negação e sei como abrir um
sorriso e garantir que estou bem.

— Eu ia ver você depois de tomar um café da manhã com


minhas amigas, — gesticula para as mulheres. — Venha dizer
olá. — Ela me arrasta em direção a elas, mas paro.
— Deixe-me pagar a Greta primeiro — digo.

Ela me solta e vou até a caixa registradora enquanto vovó


Dori vai até a mesa. Ouço todas as suas trocas de, “faz muito
tempo” e “senti sua falta”.

— Obrigada, Greta. — Pego a caixinha dela.

Vovó Dori está ocupada, e talvez eu consiga sair


furtivamente daqui. Eu sofreria as consequências mais tarde,
mas pode valer a pena. Então, novamente, quero vovó Dori
invadindo minha reunião com um novo cliente em potencial?
A resposta para isso seria absolutamente não. Então, em vez
de evitá-la, acho que um olá educado e um adeus serão
suficientes.

— Juno! — Vovó me pega em sua visão periférica como o


falcão que é.

— Oi, vovó.

A primeira mulher parece familiar, mas não sei o nome


dela. A segunda mulher me olha com as sobrancelhas
grisalhas e franzidas.

— Esta é minha querida amiga, Nelly, de Fairbanks. Ela


cresceu em Lake Starlight, mas se mudou quando você... bem.
— Vovó Dori olha para Nelly em busca de confirmação.

— Acho que você só tinha alguns netos então. — Todos


elas riem.

— Sim, suponho que você se foi há décadas, não anos, —


diz a outra mulher, estendendo a mão. — Eu sou Willa. Éramos
todas amigas do ensino médio. — Ela gira o dedo entre eles.

Aperto a mão dela. — Sou Juno Bailey.

— Foi você quem se casou com o tatuador? — Nelly


pergunta.

— Não, foi Savannah.

Ela concorda. — Aquela que é casada com o milionário de


Nova York?

Vovó Dori ri e sua cadeira range no chão, sua mão se


estende para mim antes que eu saia correndo. — Juno é nossa
casamenteira.

Ela não seria a avó orgulhosa com o braço em volta de


mim se soubesse que estou atrasada no pagamento do meu
aluguel este mês.

— Isso é interessante — Nelly diz no mesmo tom que eu


esperaria se minha avó tivesse contado a ela que sou a leitora
de tarô com o letreiro neon gigante na estrada.

Enquanto isso, Willa continua olhando para mim com


uma expressão perplexa. — Eu nunca teria imaginado que
você era uma Bailey. Dori, de onde vem o cabelo ruivo?

Respiro sem quebrar meu sorriso. Essa questão me


atormentou por toda a minha vida. As pessoas me perguntam
abertamente se sou adotada ou se pinto o cabelo ou, pior de
tudo, se sou uma filha adotiva que os Baileys levaram para
casa. Não parecer com nenhum dos meus irmãos é uma piada
constante. Graças ao filme Doze É Demais, fui chamada de
FedEx durante todo o ano em que tinha onze anos. Ainda sinto
uma afinidade com Mark Baker por causa daquele filme. Ser a
garota ruiva em uma família enorme é realmente uma merda.

Vovó olha para mim com um sorriso doce – aquele


reservado para quando sabe que alguém está abrindo uma
ferida. Austin entende quando as pessoas falam sobre
beisebol. Savannah quando a comparam ao nosso pai em
relação à gestão da Bailey Timber. Existe uma lista para cada
um dos meus irmãos.

— Ela herdou da minha nora, do lado de Beth, — diz vovó


Dori. — Eles têm casamenteiros em seu sangue também.
Certo, Juno?

Sorrio para minha avó, dando meu discurso ensaiado. —


Há uma longa fila de casamenteiros do lado da minha mãe.
Minha tia Etta ficou famosa por muitos anos com atores e
atrizes famosos, como casamenteira. Os diretores de elenco a
contratavam para descobrir quem tinha a melhor química
antes de lançar um filme.

— Isso foi há muito tempo. Nos anos quarenta e


cinquenta — vovó interrompe.

No entanto, nem Nelly nem Willa parecem acreditar na


profissão de casamenteira. Assim como eu, sorriem para ser
educadas.
— E com quem você é casada, querida? — Nelly pergunta.

Bem, obrigada, Nelly. Deite-me na mesa e me corte, por


que não?

— Ela ainda não é casada. Mas se eu olhar para minha


bola de cristal, vejo que o cara dela está prestes a entrar na
sua vida a qualquer momento.

A campainha toca na porta e todas nós viramos como se


vovó fosse uma vidente. Entra Colton, meu melhor amigo e o
homem atualmente estrelando meus sonhos molhados. Aperto
meus olhos fechados por um momento. Não quero fazer isso
com ele na frente da vovó Dori.

— Vovó — eu digo, suspirando pesadamente. Ela deve tê-


lo capturado em sua visão periférica de falcão.

Colton nos localiza em sua caminhada até o balcão. —


Senhoras. — Ele inclina a cabeça em nossa direção como um
verdadeiro cavalheiro.

Seu cabelo escuro está perfeitamente penteado e ele está


recém barbeado, sua camisa de colarinho enfiada sem gravata.
Pelo menos ele está usando sua jaqueta branca de médico com
seu nome bordado. Isso fez muitas aparições recentemente em
meus sonhos recorrentes. Ele se vira para Greta para pedir,
exibindo sua bunda em uma calça cáqui justa. Eu juro que até
Willa choraminga.

— Eu devo ir. — Beijo vovó na bochecha e me viro para


as mulheres. — Muito prazer em conhecê-las.
Elas se despedem, embora seus olhos permaneçam em
Colton.

Willa toca meu braço. — Se você conseguir um cara como


ele, vou me inscrever para que você me combine.

Meu sorriso desaparece por um segundo. Oh, Willa, há


uma longa fila de mulheres que querem entrar nas calças de
Colton, e devo avisá-la, eu também.

— Você nunca sabe com quem vai combinar — brinco.

— Vou passar lá mais tarde — vovó diz.

Caramba, o único motivo pelo qual fiquei aqui para ser


julgada pelas amigas dela foi para evitar a visita da vovó.

— Ouvi dizer que Harley não estava se sentindo bem —


minto.

Ela acena com a cabeça e seus olhos se fecham. — É


melhor eu verificar se ela precisa de ajuda com as crianças
então. — Ela olha para suas amigas. — É a esposa de Rome.
Três filhos e outro a caminho. Adoro ser uma bisavó. Eles
precisam muito de mim.

Rio e caminho em direção à porta.

— Juno. Espere — Colton grita quando minha mão está


na porta para empurrar.

Não estava tentando me esquivar dele. Quer dizer, se ele


realmente quisesse falar comigo, sabe onde me encontrar. Meu
escritório fica literalmente a um quarteirão do dele.

— Achei que você estava com pressa? — Meu olhar


mergulha em seus dois cafés. Um para ele e outro para
Brigette, a deusa francesa. Empurro a porta e ele diz as
palavras que eu temia desde que fiz papel de boba quando
fiquei bêbada no chá de bebê triplo dos meus irmãos na
semana passada.

— Acho que devemos conversar — diz ele.

Claro que sim. Somos opostos em todos os sentidos. Ele


gosta de falar todas as suas merdas e prefiro enfiá-las debaixo
do tapete.
Dei a Juno uma semana e, ainda assim, ela está tentando
escapar pelas minhas costas.

Pelo menos ela realmente mantém a porta aberta para


mim. Eu saio segurando os cafés e fico na fila com ela pela
calçada. Estava a caminho da clínica veterinária quando a vi
dentro do Sweet Suga Things. É hora de discutirmos o que
aconteceu.

Sem dizer uma palavra, chegamos à SparkFinder, o


negócio de matchmaking1 de Juno. Ela posiciona a caixa da
padaria debaixo do braço para que possa mexer nas chaves.
Normalmente ela teria me dado a caixa para segurar,
juntamente com os dois cafés. Acho que ainda estamos
naquele espaço desconfortável.

Ela acende as luzes do pequeno escritório que contém sua


mesa e algumas cadeiras. Ninguém realmente tem que esperar
para vê-la, já que atende com hora marcada. Há uma sala nos
fundos para quando abre ligações de acompanhantes, que é

1 Casamenteiro.
quando qualquer um pode entrar e se casar com um solteiro
ou solteira específico.

Juno fez apenas dois anos na faculdade para explorar o


que ela vê como sua vocação, transmitida por seus ancestrais.
Ela realmente acredita que nasceu com o dom de combinar as
pessoas. O dom de saber quem pode chegar ao quinquagésimo
aniversário de casamento e quem nunca vai passar de uma
data. Tudo porque ela tem o mesmo cabelo da tia-avó Etta. Eu
a aceitei ao longo dos anos, mas finalmente a desafiei uma vez
depois da aula de biologia, quando aprendemos sobre genes
recessivos e dominantes. Uma das muitas coisas que amo em
Juno é a maneira como ela pode bloquear qualquer explicação
racional para algo em que acredita. Ela acha que não vejo a
verdadeira razão de estar tão decidida a reivindicar a
genealogia, mas eu vejo.

— Sinto muito — ela diz para a caixa rosa da padaria em


vez de olhar para mim, colocando-a de lado e abrindo-a.

— Você não precisa se desculpar. — Bebo meu café.

— Você tem que estar brincando comigo. — Seu queixo


cai sobre o peito em pura derrota.

Ela está lutando com toda a dinâmica da família Bailey,


então se o que quer que esteja naquela caixa finalmente
permitir que solte tudo, vou ligar para o Dr. Murphy e dizer
que vou chegar quinze minutos atrasado.

Mas ela se afasta da caixa, arrancando a cabeça de um


biscoito de dinossauro com os dentes. — Greta deve ter
pensado que eu estava comprando biscoitos para a Harley.

Aproximo-me e espio dentro da caixa para encontrar


biscoitos de dinossauros, flores e chocalho de bebê. — Para
quem são?

Ela dá a volta na mesa, fingindo mexer em uma pilha de


papéis que sei que são impressões de dados pessoais de
clientes. — Um novo cliente.

— Desenrolando o tapete vermelho, hein? E a água e os


sacos de batatas fritas ou biscoitos que você costuma oferecer?
— Tento fazer uma piada, mas ela não ri.

— Eu realmente o quero como cliente, então pensei em


fazer algo para incentivá-lo a assinar o contrato hoje.

— Se ele for inteligente, assinará.

Pelo menos ainda podemos manter uma conversa.

Ela espia e sorri. Sua maquiagem está mais pesada hoje,


seu cabelo mais cacheado. Este cliente deve ser importante. —
Eu não deveria ter feito o que fiz. Coloquei você em uma
situação horrível.

Balanço minha cabeça. — Está tudo bem. Honestamente.

Ela concorda. — Foi errado por Brigette. É apenas…

Uma grande parte de mim quer que ela continue. Diga-


me por que ela de repente quis me beijar naquela noite, mas a
outra parte, a parte que sabe que não posso pensar nessa
opção, diz que é bom que as palavras não sejam ditas. — Está
tudo bem, Juno. Não vou contar nada a ela. Estamos apenas
nos acostumando com esta nova situação.

Uma nova situação que causei.

— Amigos? — Ela pergunta, sorrindo para mim.

— Sempre.

Seu peito sobe e desce com uma respiração profunda, e


seu olhar se volta para o relógio clicando que é o único som na
sala.

— Oh, aqui está. — Eu coloquei seu café em sua mesa. —


É melhor eu ir. Rhys está chegando com seu novo cachorro
hoje.

— Você não precisa me dar o café de Brigette só porque


estou chateada. — Ela o pega e o estende para mim.

Como não considerei que Brigette está colocando esse


espaço entre nós? — Comprei o café para você.

— Oh. — Ela bebe como se precisasse da cafeína para


sobreviver. — Obrigada.

Concordo. — Brigette só bebe de Brewed Awakenings. Diz


que é mais parecido com sua casa.

Seu pequeno sorriso desaparece. — É melhor começar a


me preparar.
— Que tal almoçarmos? Amanhã?

— Certo. Me mande uma mensagem. Desculpe, eu


realmente preciso usar o banheiro. — Ela pousa o café e se
afasta. — Tenha um ótimo dia.

E a porta do banheiro se fecha.

Normalmente, abro a porta do banheiro e a chamo de


besteira, mas como sou a razão pela qual ela não pode olhar
para mim, eu saio.

— Bonjour — Brigette diz quando entro pela porta dos


fundos da Clínica Veterinária Four Paws. Ela já está vestindo
seu jaleco branco e segura seu café Brewed Awakenings nas
mãos.

— Bom dia.

Ela se senta à pequena mesa em nossa sala de descanso


enquanto eu vou ao meu armário para colocar meu jaleco
branco.

— Você parece deprimido — ela diz.

Balanço minha cabeça. Ela não precisa que eu transmita


minha culpa por minha melhor amiga não ter ideia de como
lidar com o fato de que vou me casar. Tanto que ela se
convenceu há uma semana que me queria. Deixei meus
sentimentos claros ao longo dos anos, mas Juno sempre teve
um braço de troféu Heisman posicionado na minha direção.
Entendi suas dúvidas sobre nós sermos um casal, mas não
tornou mais fácil de aceitar. Fiz uma merda estúpida de
testemunhar ela com outra pessoa também, então posso
realmente culpá-la? Não.

— Estou bem. Segunda-feira só. — Deslizo meus braços


pelo meu jaleco branco e fecho meu armário.

— Você tem certeza? Você pode falar comigo sobre


qualquer coisa.

Brigette sabe a situação com Juno, e eu poderia falar com


ela sobre isso e sei que entenderia, mas acho que ela pode se
sentir mal com isso também. E agora, só quero me afogar no
trabalho.

— Não, você está pronta para começar o dia? — Pergunto.

Ela balança a cabeça, bebendo seu café. Pego o meu e


caminhamos até a área da recepcionista. Nossa assistente
veterinária, Hillary, está preparando a papelada.

— Bom dia, Hillary. Bom dia, Lori — digo para Hillary e


nossa recepcionista, irmã do Dr. Murphy, Lori.

— Bom dia, vocês dois, pombinhos. — Hillary pisca.

Brigette desliza o braço pelo meu e fica na ponta dos pés


para beijar minha bochecha. — Temo que meu noivo tenha um
caso horrível nas segundas-feiras.

As duas riem porque Brigette está remexendo em seus


filmes americanos. Fiz uma lista dos meus favoritos e ela puxa
uma linha cada vez que assiste a um.

— Como Enlouquecer Seu Chefe. — Erguemos os olhos e


vemos Rhys parado na pequena abertura de boas-vindas. —
Acredito que você tem meu grampeador.

Todos nós rimos. Rhys é um tatuador da Smokin 'Guns,


propriedade do cunhado de Juno, Liam Kelly.

— Ei, Rhys. — Eu coloquei minha mão no ombro de Lori.


— Desculpe, esqueci de dizer que Rhys viria esta manhã.
Encontrei-o neste fim de semana e ele adotou um novo
cachorrinho.

— Ok, eu só preciso que você preencha esta papelada


primeiro. — Lori desliza para fora de sua cadeira para pegar
uma prancheta. — Eu teria preparado o arquivo se soubesse
que você estava vindo, então não teria que preenchê-lo
enquanto segurava seu cachorro.

O comportamento neurótico de Lori brilha intensamente


na frente de nosso mais novo cliente. Embora, se o Dr. Murphy
se aposentar, tenho certeza de que fará parte do acordo que
tenho para manter Lori.

— Eu vou cuidar dele. — Brigette bebe seu café e joga a


xícara na lata de lixo, empurrando-me para fora do caminho.
Nunca a vi não terminar seu café inteiro – exceto quando a
levei para Lard Have Mercy uma vez. Ela vive para as coisas.

— Oh, isso seria ótimo. — Rhys a olha da cabeça aos pés,


agora que está do outro lado da janela.

Brigette é linda. Ela dançou por anos até que descobriu


que sua verdadeira paixão eram os animais. Ela veio para o
Alasca de férias e decidiu que era aqui que queria estudar, pelo
menos para viver no Alasca. Ela é uma garota tipo lista de
desejos, o que me assusta porque não sou o tipo de cara que
gosta de listas de desejos. Nasci, cresci e estou feliz por morrer
em Lake Starlight. Mas ela jura que adora aqui, então tudo que
posso fazer é confiar nela.

— Rhys, esta é minha noiva, Brigette — apresento-os, o


que faz com que o olhar de Rhys volte para os olhos de Brigette,
em vez de seus seios.

Ela veste alguns tops reveladores na ocasião. O Dr.


Murphy me disse que Lori não aprova e gostaria que eu falasse
com Brigette sobre isso agora que estamos noivos, mas prefiro
ser atropelado por um caminhão do que dizer a uma mulher
que outra mulher desaprova o que está vestindo.

Tudo que ouço é Brigette 'arrulhando' e 'exclamando'


sobre o novo cachorro, Clyde. Espio por cima da borda para
dar uma olhada na raça e no tipo. Normalmente posso prever
o tipo de cachorro que alguém vai comprar. O fato de Austin,
o irmão mais velho de Juno, gostar de desafios, atividades ao
ar livre, é certo que gostaria de ter um cachorro que também
adore. A irmã de Juno, Brooklyn, tem Gizmo, que é uma
mistura de husky e corgi. Um olhar para ela e seu marido,
Wyatt, diz que eles são gente que gosta de bolsas. Nada muito
grande para arruinar suas coisas caras.

Esperava que Rhys tivesse um Labrador ou um Golden


Retriever. Um cachorro grande que precisa de exercícios. Não
o buldogue que está babando em todo o casaco de Brigette no
momento. O nome Clyde se encaixa perfeitamente nele, mas
estou surpreso que Rhys escolheria um cachorro tão
preguiçoso.

Rhys termina rapidamente e entrega a papelada para


Lori, mas em vez de me deixar levá-la para examinar o
cachorro, Lori insiste que ela precisa primeiro fazer a pasta.
Portanto, todos esperamos que ela codifique com cores e
rotule-o e, em seguida, digite as informações no computador.
Ela é organizada, não me interpretem mal, mas é inflexível.

Finalmente, entrega a pasta para Hillary, seus olhos


escuros em mim. — Ela é a primeira.

Levanto minha mão. — Hillary, me avise quando


terminar.

Eu desapareço antes de dizer algo do qual me


arrependerei. Algo que faria com que o Dr. Murphy tivesse uma
conversa comigo. Algo que poderia prejudicar minha prática.

— Vou demorar um pouco. — Hillary sorri e abre a porta


da sala de espera. — Entre, Clyde.
— Acho que ele está apaixonado — diz Rhys.

Eu olho por cima do ombro para ver Clyde aninhado nos


braços de Brigette, seu rosto bem entre seus seios grandes.
Bufo uma risada porque tenho certeza de que não é apenas
Clyde que gosta do que Brigette tem a oferecer.
Estou sentada na minha mesa, olhando os arquivos das
mulheres que vieram há alguns meses para outro solteiro,
retirando aquelas que acho que podem ser adequadas com
base nas poucas informações que recebi do meu novo cliente
em potencial pelo telefone.

Mas não consigo me concentrar. Minha mente continua


vagando para esta manhã com Colton. Um homem que
conheço há quase tanto tempo quanto conheço meu pai.
Colton é minha rocha, a única pessoa de quem dependo, e seu
casamento vai mudar isso. Ele não vai me atropelar com sopa
quando eu estiver doente, sair comigo quando estiver
deprimida, me ligar quando tiver algo que precisa conversar.
Não faremos nossas viagens rodoviárias no primeiro belo dia
de primavera. Ou torcer juntos, no dia de abertura do futebol
universitário. Ele fará todas essas coisas com ela.

A campainha da minha porta toca, me tirando do medo


em que me encontro desde o anúncio de suas próximas
núpcias. Um homem alto e bonito com covinhas tão profundas
que a maioria das mulheres babam por elas, está dentro do
meu escritório. Eu já tive mulheres bonitas usando meus
serviços de vez em quando porque sentem que continuam
atraindo o mesmo tipo de homem, mas homens lindos de
morrer são unicórnios em meu escritório.

— Oi. — Eu me afasto da minha mesa, estendendo minha


mão enquanto quebro a distância. — Juno Bailey, sua agente
casamenteira.

Ele aperta minha mão e faço uma nota mental: aperto de


mão firme, pele macia, sorriso gentil. — Olá. Sou Jason
Graham.

— Prazer em conhecê-lo. Por favor, sirva-se de um cookie.


Desculpe pelo tema infantil. É o que tinha na padaria.
Gostaria de uma bebida?

Ele olha para a caixa e balança a cabeça. Um cara como


ele provavelmente fica longe do açúcar refinado e já tomou um
shake de proteína após o treino desta manhã. Pense, Juno. —
Obrigado, mas estou bem.

— Sente-se. — Aceno para ele sentar na cadeira em frente


à minha mesa.

— Este lugar é fofo. Não venho à Lake Starlight com muita


frequência.

Olho a tatuagem saindo da manga de sua camisa. Ele


está vestido casualmente, com jeans e uma bela camiseta com
decote em V, mas uma camiseta nada menos. O que significa
que ele não tem um emprego exigente de colarinho branco que
o leve para fora do estado. Muitas mulheres não preferem
quando um homem tem que viajar constantemente para
trabalhar.

— Obrigada. Eu nasci e fui criada, então sou um pouco


preconceituosa. Vai Spartans! — Eu levanto meu punho.

— Não se preocupe, não sou originalmente de Greywall.

Isso é bom, já que Greywall e Lake Starlight são rivais no


circuito de esportes do colégio. Tanto que às vezes os adultos
ainda têm riffs.

— Quando você se mudou para Greywall? — Eu pergunto.

— Há cerca de dois anos. Eu sou originalmente de Seattle.


Segui minha noiva até o Alasca.

Eu franzi a testa. — Eu sinto muito.

Ele me olha com ceticismo.

— Eu acho que se você está vindo aqui, não está mais


noivo?

Ele ri e acena com a cabeça. — Certo. Lerdo para


entender. Nosso noivado terminou cerca de seis meses depois
que a segui até aqui, mas me apaixonei pelo Alasca. Vai
entender, certo? Amo esse estado com mais homens do que
mulheres.

Eu sorrio. — Não se preocupe. Não consigo imaginar que


você seja uma pessoa difícil de igualar. Importa-se de
começarmos com as questões pessoais?

Ele se endireita na cadeira. — Atire.

Faço a ele a série de perguntas que desenvolvi e descubro


que é optometrista. Seu escritório fecha às segundas-feiras,
mas isso significa que trabalha aos sábados. Adora atividades
ao ar livre, o que é um fato bom desde que se apaixonou pelo
Alasca. Você tem que ser um tipo de pessoa ao ar livre para
viver aqui. Ele é um caminhante ávido e entusiasta da
aventura.

— Você já fez uma excursão com Lifetime Adventures? —


Eu pergunto.

— Não. Quando me mudei para cá, os verifiquei, eles


pareciam realmente sérios e eu senti que poderia não ser capaz
de acompanhar, mas vejo que eles têm algumas excursões de
sobrevivência novas agora.

— Meu irmão é o dono. — Pego uma dos cartões deles da


minha mesa. — Diga a ele que enviei você.

Ele o gira em sua mão. — Perfeito.

— Agora vamos entrar no que você está procurando em


uma mulher. Fique à vontade para ser tão exigente e específico
quanto desejar. Não posso dizer que verificarei todas as caixas
– posso encontrar uma loira que seja mais adequada para você
do que uma morena – mas me diga pelo o que você se sente
atraído.
Ele me olha e suas bochechas ficam ligeiramente rosadas.
— Você está realmente me pedindo para escolher a garota dos
meus sonhos?

— Sim.

Ele esfrega as mãos e nós dois rimos. — Eu diria que ela


tem 1,65 metros ou mais. Um sorriso que faz você se sentir
como se tivesse entrado em uma casa que cheira a pão fresco.
Olhos que mostram todos os seus sentimentos.

Minha caneta para no papel. — É isso aí?

Ele ri. — Ela tem que querer um relacionamento sério e


ter senso de humor. Sei que muitos caras provavelmente vêm
aqui e te dizem isso. Mas para mim, é uma obrigação. Para ser
honesto, há uma razão pela qual vim até você.

Eu largo a caneta no papel. — Por quê?

— Eu sei de sua família. Espero que não pareça


assustador. — Ele se encolhe.

Deveria, mas não faz. Os Baileys são bastante conhecidos


na área. Principalmente porque quando seus pais morrem ao
mesmo tempo e deixam seus nove filhos órfãos, uma pequena
cidade se une e acho que, de certa forma, muitos residentes de
Lake Starlight pensam em nós como se fossem seus.

— Vim aqui no último Dia do Fundador com um amigo e


ele estava me contando a história da sua família durante o
desfile. Os Baileys têm sorte em encontrar o amor, então
resolvi procurar uma especialista.

Rio por dentro. Ele não pensaria isso se soubesse que


estou prestes a assistir meu melhor amigo se casar com outra
pessoa, porque depois de anos de amizade, acabei de perceber
que o amo. Eu não me chamaria de especialista em nada além
de fracasso. — Bem, meus irmãos tiveram sucesso, mas devo
avisá-lo, ainda estou solteira, junto com outros dois irmãos.

Ele ri. — Acho isso difícil de acreditar.

— Bem, Kingston está confuso, essa é uma outra história,


e Sedona ainda é jovem. Ela é muito séria sobre esse jogador...

— Eu quis dizer que você é solteira.

Eu recuo e o calor enche minha bochecha. Pare de corar.


Você não pode corar na frente de um cliente. — Oh. Sim. Bem.

Controle-se, Juno.

Consigo endireitar minhas costas na cadeira e paro de ser


estranha como o inferno só porque alguém me elogia.

— Não posso namorar um cliente. — Melhor ser franca,


se é isso que ele quer dizer.

— E se eu não fosse um cliente? — Ele levanta as


sobrancelhas. — Acho que esperava alguém mais parecido com
ela quando entrei. — Ele aponta para a foto de minha tia Etta
na parede.

Sim, ele está certo, ela parecia certa. Ela estava na casa
dos setenta quando aquela foto foi tirada, cabelo ruivo
cacheado e um chapéu, nenhuma pele aparecendo, exceto o
rosto.

— Essa é minha tia Etta. Pego minhas habilidades de


casamenteira com ela.

— Mesmo?

— Sim, isso é o que minha mãe sempre disse. Eu sou a


única Bailey com cabelo ruivo, e há uma longa fila de ruivas
do lado da minha mãe que tinham o ofício de casamenteira na
ponta dos dedos.

Ele balança a cabeça e percebo que estou me esquivando


de seu avanço.

— Então, que tal um encontro, Juno?

Jason não é o primeiro cara a me convidar, mas


geralmente não é um cliente em potencial – são os caras que
trago para ficar com minhas clientes solteiras. Eles não
recebem uma chamada de volta. Mas Jason não está fazendo
isso de uma forma sagaz como aqueles caras fizeram.

— Não tenho certeza.

Colton vem à minha mente. Então Brigette logo depois.

Ela em um vestido branco e Colton esperando no final do


corredor. Que escolha tenho neste momento? Seguir em frente
e talvez colocar Colton de volta na caixa de amigo.
— Certo.

Ele sorri largamente. Essas covinhas poderiam caber em


quartos. — Ótimo. Que tal sábado?

Eu olho para o meu calendário. — Perfeito.

Ele se levanta e puxa o telefone do bolso. — Devemos


trocar números?

— Sim. Eu acho.

Trocamos nossos números pessoais e ele enfia o telefone


no bolso. — Vou ligar para você com detalhes. — Ele estende a
mão. — Vê como você é ótima? Você já me achou alguém. —
Ele pisca e eu sorrio.

— Não me dê muito crédito.

Ele dá um passo para trás e acena para mim mais uma


vez antes de sair pela porta.

Eu tiro um pedaço de um biscoito de chocalho de bebê.


Este pode ser meu almoço. Estou espanando as migalhas do
peito quando a porta bate novamente.

— Ei, Srta. Juno. — Earl, o carteiro, entra. — Correio. —


Ele o deixa cair na minha mesa.

— Obrigada, Earl. Coma um biscoito ou dois — digo.

Earl é do Alabama. Mudou-se para cá para ficar com a


filha e o marido dela, para poder ficar perto dos netos depois
da morte da esposa.
— Não se importa se eu comer. — Ele olha para eles. —
Oh, dinossauro, meu favorito. — Ele ri e acena em
agradecimento. — Tenha um ótimo dia, Srta. Juno. Te vejo
amanhã.

Ele sai e atravesso a sala para pegar minha


correspondência e lá está – minha conta de luz. Vejo o
vermelho através do envelope, a maneira de dizer: Abra isto e
pague, ou algo assim. Rasgo o envelope e, com certeza, há um
aviso de desligamento.

Ótimo. Consegui um encontro e não um cliente. Como


espero pagar essas contas?

Sento-me e deixo minha testa cair na mesa.

A porta se abre e eu rapidamente me endireito,


encontrando Vovó Dori e Colton parados lá. Ela está com o
braço no braço dele e, conhecendo-a, está segurando com força
para garantir que ele não escape.

— Juno, você não pode simplesmente tirar uma soneca


no trabalho — diz ela.

— Eu não estava cochilando. — Rapidamente endireito


meus papéis, empurrando os avisos de vencimento na gaveta.

Quando olho para cima, Colton está me observando


atentamente. Sempre disse a ele que deveria ter sido um
detetive. Ele pode farejar quando algo está errado, como um
cachorro farejador de drogas.
— As pessoas podem ver você pela janela, — continua
vovó. — Pelo menos tranque sua porta. Talvez consigamos um
daqueles ventiladores separadores.

— Uma divisória de quarto — diz Colton.

Vovó dá um tapinha na mão dele. — É isso aí. Obrigada,


Colton. — Ela solta o braço dele e se desvia para os biscoitos,
pegando uma flor antes de se sentar na minha frente. — Não
deixe aquelas mulheres intrometidas esta manhã trazerem à
tona esses sentimentos do passado, querida. — Ela morde
parte do biscoito e olha para ele. — Vou pegar alguns desses
para Calista, Dion e Phoebe.

— Continue. Vou comê-los todos se você não comer.

— O que você quer dizer com sentimentos passados? —


Colton pergunta, encostado na mesa que tenho na frente com
meus materiais promocionais em cima.

— Não é nada — digo.

— O fato de ela ser a única ruiva nos Baileys — vovó


gentilmente o preencheu.

— Oh, isso — diz Colton, cruzando os braços, seu olhar


mudando para a foto de tia Etta.

Sei exatamente o que ele pensa sobre minha profissão ser


passada para mim por meus ancestrais. Não está de acordo
com suas crenças científicas.

Ele se afasta da mesa. — Tenho que ir.


— Onde você vai? — Pergunto, pensando no almoço, já
que é quase meio-dia agora.

— Oh, é por isso que viemos aqui. Encontrei Colton bem


quando ele estava saindo do escritório. Você tem que ir com
ele. Vou cuidar do escritório. — Ela me enxota da cadeira.

Eu fico em pânico como um atiçador quente no estômago


por causa do que está naquela gaveta. Vovó Dori é uma
bisbilhoteira e vai achar minhas contas.

— Posso fechar o escritório, mas para onde você está


indo? — Pergunto a Colton porque tenho mais probabilidade
de obter a resposta dele.

Seu rosto parece dolorido como se a última coisa que ele


quisesse fazer fosse me dizer. Exatamente como quando ele me
disse que estava noivo. — Eu tenho que escolher um smoking.

— E ele precisa do toque de uma mulher. — Eu me movo


para sentar na minha cadeira, mas sento no colo da vovó Dori.
— Nossa, você é muito pesada para sentar no meu colo hoje
em dia. — Ela ri.

Não posso ir às compras de smoking com ele. —


Certamente você tem um estilo melhor do que eu — digo à
vovó.

— Bem, isso é certo, mas tenho certeza de que Colton não


está disposto a subir em sua virilha para ter certeza de que sua
costura está certa.
— Acho que o alfaiate fará isso. — Colton inclina a cabeça
e me lança um olhar que diz: “É melhor você vir, não vou com
sua avó”.

Mas sei que se o vir de smoking, posso deixar escapar


meus verdadeiros sentimentos, o que só vai piorar as coisas.

Vovó já está abrindo a gaveta certa da mesa e


vasculhando seu conteúdo.

Vou até a mesa e empacoto os biscoitos. — Você precisa


ir verificar Harley. Ela ligou novamente mais cedo e disse que
estava realmente sofrendo de enjoos matinais. — Eu me
encolho.

Sua boca com batom se transforma em um O e ela se


levanta como se fosse vinte anos mais nova e arranca a caixa
de minhas mãos. — Vejo vocês dois mais tarde.

— Bem? — Colton pergunta depois que ela sai.

— O quê? — Eu pergunto, fingindo endireitar meus


panfletos sobre a mesa.

— Diga-me o que comprar como você fez para o baile de


formatura? — Ele levanta as sobrancelhas.

Ele esteve lá para mim durante toda a minha vida. Do


minuto em que meu mundo desabou ao meu redor até agora.
Ele me ajudou a juntar pedaços quando eu não tinha vontade
de fazer isso. Como posso dizer não a ele?

Não posso.
— Deixe-me pegar minha bolsa.
Treze anos de idade

Meus pais estão viajando em uma das viagens de negócios


da minha mãe. É uma viagem de volta a Juneau para falar
sobre as mudanças desde que ela escreveu sobre a cidade
quando fui concebida. Por mais nojento que seja, cada um dos
meus irmãos tem o nome da cidade em que fomos concebidos.
Felizmente, meus pais decidiram soletrar meu nome de forma
diferente.

Brooklyn está encarregada de nós – com muitas visitas


da vovó Dori, mas está namorando Trent Gebhart e perguntou
à vovó se poderia sair com ele ao cinema esta noite. Já que a
vovó tem noite de jogo com suas amigas, ela está levando
Phoenix, Sedona e Kingston para uma festa do pijama em sua
casa, o que significa que Rome, Denver e eu estamos por nossa
conta.

— Agora lembre-se, nada de festas — vovó nos repreende


com o dedo apontado para onde todos nós estamos na calçada,
dizendo nosso adeus. — Vocês sabem que vou pedir ao xerife
que verifique a cada hora.

Ela está falando mais com Rome e Denver do que comigo.

— Oh, Vovó D, você sabe que não faremos isso. Vamos


apenas relaxar em casa. — Denver coloca o braço em volta dos
ombros dela.

— Vou fazer pizza para nós. — Rome envolve seu braço


em volta dos meus ombros e pisca para mim.

Isso não é um bom sinal.

— Vocês não estão muito velhos para eu colocá-los sobre


meus joelhos — avisa vovó.

Phoenix grita com toda a força de seus pulmões,


interrompendo a repreensão da vovó.

Vovó abre a porta traseira de seu Cadillac. — O que na


Terra?

— Kingston está me tocando — diz Phoenix.

— E daí?

— Ele está suado de jogar basquete.

Vovó Dori suspira. — Sente-se no banco da frente,


Kingston.

— O quê? Por que não posso sentar na frente? — Phoenix


grita. — Por que ele vai?

— Ele é mais velho, — vovó diz e bate a porta. — Isto é


um teste, rapazes. Estou confiando em você.

Os gêmeos sorriem e acenam adeus como menininhos da


igreja até que ela saia da garagem.

Então Rome se volta para mim. — Tudo bem se deixarmos


você sozinha por, tipo, duas horas?

— O quê? Por quê?

— Há uma briga acontecendo entre Liam e Jack Billings.


— Denver já está em sua moto.

— Basta ligar para Colton ou Emily e pedir-lhes para


virem — diz Rome, pulando em sua bicicleta.

Eles descem a calçada. Quinze minutos depois, Colton


está andando de bicicleta até minha casa. Seus pais moram a
apenas duas portas de distância, que ainda fica a um
quilômetro de distância, mas para nós, é perto o suficiente.

— Ei — digo.

— Você está realmente sozinha? — Ele pergunta, subindo


os degraus da frente da minha casa. Ele está vestindo shorts
jeans e sua camiseta desbotada do Colorado State.

— Sim. Emily está vindo também.

— Legal. — Ele entra na minha casa e eu fecho a porta.


— O que nós vamos fazer?

Encolho os ombros. — Acho que o que nós sempre


fazemos. Quer jogar sinuca ou algo assim?
— Depois de invadirmos a geladeira — diz ele, indo direto
para a minha cozinha.

Ele está sempre com fome agora. Ele sai da cozinha com
duas latas de refrigerante e um saco de Cheetos e se dirige para
a porta do porão.

Começo a seguir, mas a campainha toca. — Eu te


encontro lá embaixo.

Abro a porta da frente e Emily está de pé na minha


varanda com Xavier.

— Xavier estava na minha casa. — Emily entra.

— E aí, Bailey? — Xavier pergunta, balançando a cabeça.

Reviro meus olhos porque odeio Xavier. O fato de ele me


chamar pelo sobrenome como se fosse um insulto me irrita.

— Colton já está lá embaixo — digo a eles.

— Xavier, desça, — diz Emily. — Tenho que falar com


Juno por um segundo.

Xavier caminha pelo corredor até as escadas do meu


porão, e Emily me puxa pela manga do moletom para a
cozinha.

— O quê? — Digo, puxando meu braço para trás.

— Xavier me beijou, — diz ela. — Estávamos na minha


varanda de trás, relaxando e ouvindo música, e então ele
apenas me beijou.
Minha boca se abre. — Língua?

— Um pouco.

— Um pouco? — Meu corpo treme porque nunca iria


querer a língua de Xavier na minha boca.

— A ponta. — Fico olhando para ela e ela ri. — Parece


pior do que é. — Ela enrola o cabelo loiro no dedo.

— O que você fez?

Ela ri. — Eu o beijei de volta.

— Mas como?

Muitas crianças na escola estão se beijando. Ou pelo


menos estão dizendo que estão se beijando. Existem todos os
tipos de jogos que as pessoas estão jogando, como Girar a
Garrafa e Sete Minutos no Céu. Este é um momento
monumental para Emily – seu primeiro beijo é tudo o que ela
fala – mas o fato de ser com Xavier – cujo nome é sempre
mencionado nas histórias de beijos – me faz pensar que pode
não ser tão especial para ele como é para Emily. Então,
novamente, eu não tenho certeza se ela se importava com
quem beijava, desde que pudesse dizer que sim.

Ela pula do balcão e pega uma garrafa de azeite vazia do


balcão que está lá para ser reciclada. — E agora é a sua vez.
Estamos jogando Girar a Garrafa.

— Eu não estou beijando Xavier. — Pego a garrafa e


coloco de volta onde ela a encontrou.
— Claro que não. Você está beijando Colton.

Meus olhos se arregalam. — Ai, credo. Acho que aquele


beijo deixou seu cérebro sem oxigênio.

— Vamos. — Ela me bate com o ombro e pega a garrafa


de volta.

Eu a alcanço, mas ela a segura mais alto do que eu posso


alcançar. — Eu não estou beijando Colton.

— Por quê? — Ela projeta o quadril.

— Porque ele é meu melhor amigo.

Seus olhos se estreitam. — Eu pensei que era sua melhor


amiga.

— Vocês dois são meus melhores amigos. Agora me dê a


garrafa.

— Ok, mas sou sua melhor amiga. Todo mundo sabe que
quando você atinge uma certa idade, garotos e garotas não
podem ser apenas amigos. — Ela levanta a garrafa no ar.
Maldito seja meu desafio de altura. — Pelo menos você pode
confiar que Colton não vai tirar sarro de você se beijar mal.

— Quem disse que serei ruim? — Ela não sabe. Eu já


pratiquei na minha mão antes, e com tantos irmãos mais
velhos, eu vi muito mais filmes censurados do que ela.

— Ninguém, mas lembra de Olivia Reeder ano passado?


Como aquele idiota, Ian, disse a todos que ela era como beijar
uma mamadeira e não tinha ideia do que estava fazendo?

Eu caio em meus calcanhares. Ela está certa. Olivia


perdeu uma semana de aula até que seus pais a forçaram a
voltar. Ian e seus amigos ainda a importunam quando
terminam suas garrafas Snapple, enfiando a língua dentro e
fingindo estar com elas.

— Colton é a aposta segura — diz Emily.

— E se mudar as coisas?

Ela puxa o braço do meu moletom. — É Colton. Por favor.


Um beijo pode ser apenas um beijo. Você pensa demais em
tudo.

Praticamente me puxa escada abaixo e, quando


chegamos ao fundo, Colton olha para cima enquanto posiciona
sua tacada na mesa. Xavier olha a garrafa na mão de Emily.

— Adivinha o que vamos fazer agora? — Ela levanta a


garrafa.

Xavier joga seu taco de sinuca na mesa. Colton se


endireita e olha para mim.

— Gire a garrafa. — Xavier encontra Emily, que já está


sentada no chão em frente aos sofás.

— Por quê? — Colton pergunta.

— Que tipo de cara você é? Traga sua bunda aqui. —


Emily dá um tapinha no local ao lado dela.
Mas Colton continua a olhar para mim, perguntas
enchendo seus olhos. Ele não é como Xavier e os outros
meninos. Nunca houve rumores de que ele tenha beijado
ninguém, mas, novamente, geralmente está comigo nos fins de
semana.

Encolho os ombros e sento. Isso é o melhor para nós dois,


mesmo que ele ainda não saiba. Seria ótimo se nossos
primeiros beijos fossem um com o outro? Se um de nós errar,
nunca contaremos a ninguém.

— Precisamos de música. — Xavier se levanta e brinca


com nosso aparelho de som até Black Eyed Peas tocar, o que
significa que Brooklyn estava ouvindo por último. Ele se senta
entre Emily e eu.

Colton brinca com os cadarços de seu Converse, olhando


para mim com o canto do olho.

— Ok, lembre-se de que se cair no mesmo casal três


vezes, isso significa ação da língua. Casa de Juno, então ela
vai primeiro. — Emily olha para Xavier e eles riem. Eles são
todos sobre este jogo.

Giro a garrafa com a mão e engulo, observando a garrafa


girar e girar, liberando o fôlego quando passa por Xavier. Neste
ponto, eu prefiro beijar Emily do que Xavier. Ela fica mais lenta
entre Emily e Colton. Olhamos para eles para obter a resposta,
pois este é o jogo deles.

— Midway sempre vai para a direita. Você e Colton —


Emily diz.

Olhamos um para o outro e pressiono minhas mãos no


chão para me inclinar para frente. Ele faz o mesmo e nossos
lábios se encontram, pressionando juntos por um breve
momento. Então estou de volta ao meu espaço o mais rápido
possível. Isso não foi tão ruim. Colton continua a brincar com
o cadarço e tudo que posso sentir é como minhas bochechas
estão vermelhas.

Xavier e Emily nos encaram como se estivéssemos prestes


a avaliar o beijo. Quando nenhum de nós diz nada, Xavier gira
a garrafa e ela pousa em Colton, que Xavier diz para refazer.
Em seguida, ele gira e aponta para Emily. Eles se beijam com
a língua na primeira tentativa. Eu acho que uma vez que você
fala com a língua, você não volta mais. Emily gira e pousa em
Colton. Eu vejo quando ele a beija assim como me beijou,
olhando em minha direção. Colton gira, e meu coração está na
minha garganta quando para entre Xavier e eu.

— É você, Juno — Emily diz.

— Mas você disse...

— Eu não estou beijando ele — diz Xavier.

— Vamos, Juno. É apenas a segunda vez — diz Colton.

Eu me inclino para frente e nossos lábios ficam


conectados um pouco mais do que da primeira vez, e percebo
como seus lábios são macios. Ele tirou o aparelho no ano
passado e está obcecado por Chapstick desde então. Juro
nunca mais rir de seu vício.

Emily se contorce em seu lugar, quase batendo palmas e


tonta como se tivesse recebido o beijo.

Giro a garrafa e ela cai sobre Xavier. Ele recebe o beijo


mais rápido de mim e passo a mão nos lábios depois. A rotação
de Emily volta para Colton, e os vejo se beijando novamente.

Quando a mão de Colton cobre a garrafa, meu estômago


se contorce, e não tenho ideia se é porque se cair em mim,
temos que usar a língua, ou se é o fato de que se cair em Emily,
seu primeiro beijo de língua será com ela.

Meus olhos seguem o movimento da garrafa e percebo


que, à medida que diminui a velocidade, estou prendendo a
respiração. Ele para bem entre Colton e eu, e uma lufada de ar
quente sai da minha boca.

A sala parece tão pequena, como se houvesse um holofote


acima de nós quando nossos olhos se cruzam, ambos
transmitindo que é isso. Vamos dar nosso primeiro beijo na
frente de nossos amigos.

Nós nos inclinamos um em direção ao outro e nossos


lábios se tocam.

— Você tem que usar a língua — diz Emily.

Colton pressiona um pouco mais firme, sua língua


deslizando entre a costura dos meus lábios. Abro para ele, não
tenho certeza do que exatamente devo fazer. Tudo o que posso
pensar é que Colton está me beijando, sua língua está na
minha boca e uma sensação estranha corre para a boca do
meu estômago. Meio que gosto de beijar Colton. Quer dizer,
não é horrível.

Então as luzes piscam e passos descem as escadas. — O


que está acontecendo aqui? — Brooklyn diz.

Colton e eu nos separamos e limpo minha boca.

— Seus amigos precisam ir embora, — ela diz, desligando


o rádio. Seus olhos estão vermelhos e inchados. — Onde estão
Rome e Denver?

— Por que eles têm que ir? — Eu me levanto e ligo o


aparelho de som.

Um minuto depois, mais passos soam na escada.

— Brooklyn! — Vovó Dori grita lá embaixo. — Vou ligar


para Austin e depois para Savannah.

Brooklyn desliga o som. — Eu disse a você, Juno, seus


amigos precisam ir. — Uma lágrima escorre de seus olhos.

— Onde estão os garotos? — Vovó pergunta lá de cima.

— O que está acontecendo? — Eu pergunto.

— Apenas peça para seus amigos irem para casa. A vovó


precisa falar com todas as crianças. — Brooklyn sobe as
escadas, enxugando o rosto o tempo todo.

— Aconteceu alguma coisa? — Colton pergunta ao meu


lado.

— Não tenho certeza, mas acho que vocês deveriam ir.

Meus amigos vão embora e me sento no chão de nossa


sala de família com meus irmãos, menos Austin e Savannah,
que estão na faculdade.

Vovó se senta em uma cadeira e aperta as mãos trêmulas.


Pela primeira vez, está tendo dificuldade para falar. — Houve
um acidente.

Brooklyn desmorona em soluços. Kingston olha para ela


como se não entendesse, e Phoenix e Sedona começam a
chorar.

— Sua mãe e seu pai estão no hospital em Juneau — diz


a vovó.

Meu coração despenca no meu estômago.

Dez minutos depois é quando minha avó diz que é sério,


que meus pais estão realmente feridos, mas os médicos estão
tentando salvá-los. Ela diz que devemos pensar positivo, mas
o fato de ter chamado Austin e Savannah para casa é um mau
sinal.

Saio pela porta da frente porque meu pai sempre disse


que não importa onde eles estejam, todos nós compartilhamos
o mesmo céu – e quase grito quando vejo Colton nos degraus
da minha casa.

Ele se levanta. — Parecia sério. Fiquei, caso você


precisasse de mim.

Sentamos nos degraus da minha casa, nossas pernas


roçando, mas não falamos sobre o beijo que compartilhamos.
Ele não me abraça ou me diz que vai ficar tudo bem; ele apenas
fica sentado lá.

É então que eu sei que Colton será um elemento fixo na


minha vida para sempre, não apenas aqui temporariamente,
como Emily disse. Uma amizade como a nossa pode resistir ao
teste do tempo.
Abro a porta da única loja de smokings da cidade e deixo
Juno entrar primeiro.

O Sr. Johnson sorri para nós e sai de trás do balcão. —


Juno Bailey. Achei que não veria seu lindo rosto hoje.

Ele abre os braços e Juno cai, abraçando-o de volta. O Sr.


Johnson era amigo de nossos pais. Se você cresceu em Lake
Starlight, vocês se conheciam. Então, assim como meu pai,
todo cara que foi à escola com o Sr. Bailey tem um senso de
responsabilidade para com as crianças Bailey.

— Oi, Sr. Johnson. Estou aqui para dizer a esse cara o


que vestir no grande dia. — Ela aponta para mim.

— Ele definitivamente precisa de ajuda. — O Sr. Johnson


sorri para mim por cima do ombro de Juno.

— Tanto faz. Vamos ver o que você tem para mim. —


Esfrego minhas mãos.

Juno se senta em uma das grandes cadeiras de couro


perto do provador. — Hora do desfile de moda. — Ela pega seu
telefone. — Vou tirar uma foto de cada um para que possamos
ver se vale a pena fotografar.

— Já coloquei algumas coisas no camarim número um.


— O Sr. Johnson aponta para o pequeno corredor. — Achei
que você fosse um cara mais clássico, mas não sabia o quanto
você gostaria de ser elegante. Não se preocupe com o ajuste.
Vou ajustar isso.

— Sim. Obrigado.

— Eu quero ver cada um, Stone. — Juno cruza as pernas


e pega uma revista da pequena mesa redonda. Ela voltou ao
normal, o que, com sorte, significa que superamos a
estranheza do último fim de semana.

— Sim.

Fecho a porta do provador e ouço o Sr. Johnson


perguntando a Juno sobre seus irmãos, como estão os novos
bebês e como as novas mães estão se saindo. Ela é educada e
alegre, mas, infelizmente, ouço o tom em sua voz que diz que
está sendo excessivamente educada. Não que não esteja feliz
por seus irmãos – Juno vive para sua família – mas algo
realmente a está incomodando ultimamente. É como se ela
estivesse com pressa para encontrar alguém um dia, e no
próximo pensa que está destinada a ser a Bailey solteira.

Deslizo minhas calças para fora do meu corpo e as dobro


cuidadosamente no banco, em seguida, troco minha camisa de
botão pela clássica camisa branca que o Sr. Johnson colocou
no trocador. Enquanto estou abotoando, tudo que consigo
pensar é em como sempre vi Juno como minha noiva. Como
não seria a voz dela do outro lado da porta do provador, porque
ela não iria querer me ver antes do dia do nosso casamento.
Mas aqui estou me casando com Brigette. É tudo tão diferente
do que imaginava.

Enfio a camisa branca na calça cinza clássica, ajustando


a cintura para caber melhor.

Sempre fui um cara comprometido. Sempre pronto para


a próxima etapa. Não estou surpreso por me casar, mas fico
surpreso com quem, já que prometi meu coração a alguém que
não seja minha noiva há muito tempo. Testemunhei o
casamento amoroso de meus pais durante toda a minha vida.
Eu vi o quanto eles se apoiaram um no outro quando meus
avós faleceram e quando Tim e Beth Bailey morreram. Quando
a temporada de pesca não estava indo bem e minha mãe
precisava arrumar um emprego. Embora meu pai estivesse
deprimido por achar que cabia aos homens trazer dinheiro
para a casa, ele se certificou de que todas as tarefas domésticas
fossem feitas. Que havia uma refeição quente para minha mãe
quando ela voltou para casa e a roupa toda guardada. Eles se
viram em bons e maus momentos, e quero o mesmo. Uma
parceira na vida.

Meus braços deslizam pelo smoking preto e endireito a


camisa branca por baixo puxando os punhos. Pareço idiota pra
caralho.
— Vamos, Stone, estamos esperando — grita Juno.

Saio de smoking até os três espelhos e subo na caixa.

Juno não diz nada. Ela me olha de cima a baixo, mas


nenhuma palavra sai de sua boca.

— Bem? Eu pareço ridículo, certo?

— Você parece adulto. — Seu lábio treme por um


milissegundo antes de engolir e mascarar qualquer emoção. —
Onde está o garoto magricela que quebrou o braço tentando
ser legal no skate? — Ela solta uma risada tensa e se levanta,
tirando uma foto com seu telefone.

— Onde está a garota com chiclete no rosto porque ela


enfiou tantos pedaços de Hubba Bubba lá para estourar a
maior bolha do Guinness Book of World Records?

Ela sorri. Poderíamos continuar e continuar sobre todas


as nossas memórias. Boas. Engraçadas. Nunca falamos sobre
as sérias. Juno gosta de mantê-las em um cofre trancado.
Infelizmente, muitas dessas vezes são memórias que gosto de
reviver. Não porque sejam ruins, mas pelo que aconteceu
quando nos consolamos. Os toques prolongados, os abraços
apertados e os abraços longos. Os beijos curtos nas bochechas
que continuariam descendo pelo rosto do outro até que nossos
lábios se encontrassem. Os beijos suaves e hesitantes para
testar se o outro estava na mesma página. Momentos em que
a linha ficava ligeiramente borrada com a desculpa de conforto.

— Gire agora. — Ela gira o dedo no ar.


Faço o que ela diz, agindo como um modelo sem saída
com as mãos enfiadas nos bolsos da calça.

— Você é um tipo clássico de cara, não é? — Seus olhos


me examinam e meu sangue percorre meu corpo com sua
atenção.

— Acho que é muito vistoso. Quer dizer, vamos ter um


casamento no jardim no Selene.

Ela me encara, o dedo nos lábios, batendo como se fosse


uma jurada da Top Model. — Vamos ver o que mais o Sr.
Johnson encontrou.

Desapareço no corredor e a ouço rir de algo que o Sr.


Johnson diz.

Tiro o smoking – que é o que usei na cabeça enquanto


esperava Juno descer o corredor em minha direção – e visto
um terno azul-marinho com camisa branca e gravata bordô.
Isso funciona melhor para meu casamento com Brigette.

O Sr. Johnson tira todas as minhas medidas e pago a


entrada do aluguel do terno.

— Almoço? — Pergunto a Juno depois que saímos da loja.


— Provavelmente eu deveria voltar para o escritório.

— Seu cliente já veio hoje?

— Sim. — Sua boca se abre como se ela fosse dizer algo


mais, mas não o faz.

— Então nós vamos almoçar. Um rápido em Lard Have


Mercy. — Eu me curvo para ficarmos cara a cara.

Ela acena com a cabeça, e nós dois viramos para pegar o


atalho pelo mirante e estacionar na rua principal. Nenhum de
nós fala muito no caminho para a lanchonete.

Estamos sentados em uma mesa no canto oposto, com


vista para o parque. Comemos aqui tantas vezes que perdi a
conta. Aos treze, viemos aqui para batatas fritas e milkshakes.
No colégio, eu comprava hambúrgueres e anéis de cebola
enquanto Juno pedia queijo grelhado e comia metade dos
meus anéis. Ela sempre se recusou a pedir o seu próprio.
Quando voltei da faculdade, comecei a pedir o bife Salisbury
enquanto Juno mudava para as saladas.

— Vou querer sopa e salada — diz ela à garçonete.

— Vou querer cheeseburger e rodelas de cebola.

A cabeça de Juno salta do menu. — Sem frango e


bolinhos, velho?

Entregamos nossos menus para a garçonete. — Estou me


sentindo nostálgico.
Ela inclina a cabeça. — Por quê?

Encolho os ombros. — Não tenho ideia, mas aposto que


você vai roubar alguns anéis de cebola.

— Gosto da minha sopa e salada, obrigada, — diz ela. —


Sem falar que tenho que ajustar meu vestido para o seu
casamento.

— Ah, sim, Brigette mencionou que ainda não recebemos


sua confirmação.

Ela pega a lata de geleias, organizando-as para que todos


os mesmos sabores fiquem novamente juntos. — Oh, desculpe.
Eu pensei que tinha confirmado.

— Você vai levar alguém? — Faço a pergunta que está


queimando dentro de mim.

Brigette, na verdade, não percebeu que não recebemos


sua confirmação. Eu disse – porque quero saber se ela está
levando aquele babaca do Trey de Los Angeles.

Ela balança a cabeça. — Não.

— O que está acontecendo com Trey?

Ela está calada sobre ele desde o que quer que tenha
acontecido entre eles no ano passado, mas sei que algo
aconteceu. As piadas que suas irmãs fazem rapidamente
cortadas quando lembram que estou na sala são um bom
indicador. Trey Galger é dono de uma gravadora, amigo do
namorado de Phoenix. Ele voa em seu jato particular para a
cidade de vez em quando. Eu odeio o cara por princípio, ele
não é o que Juno precisa na vida dela.

Ela me lança aquele olhar confuso que sempre faz quando


pergunto sobre ele. — Nada está acontecendo. O chá de bebê
foi a primeira vez que o vi em, tipo, seis meses.

Por alguma razão, o fato de ela ignorar isso desperta raiva


suficiente para que eu deixe escapar o que estou realmente
sentindo. — Juno, não posso mais fazer isso.

Sua cabeça se levanta. — Do que você está falando?

— Estou falando sobre esse constrangimento entre nós.


Entendo que disse a você que não gostava do Trey e sei que
vou me casar e depois a coisa toda do beijo na semana
passada, mas disse para não se preocupar com isso. Somos
melhores amigos. O que está acontecendo conosco?

A garçonete se aproxima e nos traz nossas bebidas.

Acenamos em agradecimento e Juno espera até que ela


saia para responder. — Estou apenas com vergonha.

— Por quê? Não é como se não tivéssemos feito coisas


assim antes.

— Colton! — Ela olha ao redor e se inclina para frente,


abaixando a voz. — Você está noivo. Não sou o tipo de pessoa
que faz isso. Eu mal conheço Brigette, mas não tenho certeza
se posso encará-la agora.

— Você estava bêbada e... — Decido que é melhor deixar


de fora que ela estava deprimida, porque ela simplesmente vai
negar. — E eu disse a você, não vou contar a ela.

— Você não vê? — Ela dá um nó na embalagem de palha,


puxando as duas pontas para ver se quebra. Faz isso desde o
colégio. Ele rasga bem no meio do nó, e ela o amassa na mão.

— Alguém está pensando em você. — Aceno em direção


ao papel branco agora amassado.

— Acho que acabei de dominar como puxar o papel, então


ele se quebra no meio do nó — ela resmunga.

— Não, é porque estou sempre pensando em você.

Ela solta um suspiro e bebe seu refrigerante diet. — Você


não pode dizer coisas assim.

— Por que não? Eu sou seu amigo.

— Meu amigo que está prestes a se tornar marido de


alguém.

Normalmente consigo entender Juno, puxar para fora um


sorriso, mas essa coisa do casamento ergueu um muro entre
nós. Se eu soubesse que perderia minha melhor amiga...
balanço minha cabeça. Preciso lembrar que Juno se recusa a
cruzar essa linha.

— Posso te fazer uma pergunta? — O mocinho em mim


diz para não perguntar. Não seja um idiota agora. Mas a parte
idiota de mim diz que é hora de ela perceber exatamente o que
fez para nós.
— O quê?

A garçonete desliza nossos pratos sobre a mesa e Juno


desembrulha seus talheres antes de desintegrar seus biscoitos
na sopa.

— O que você achou que aconteceria quando um de nós


se casasse? Ou encontrasse alguém sério?

Ela derruba a colher na sopa.

— Quer dizer, tentei cruzar aquela linha que você colocou


entre nós quando tínhamos treze anos muitas vezes. E eu
entendo, Juno, você está com medo. E permiti que você usasse
essa desculpa porque não sei o que é perder meus pais tão
jovem, mas em algum momento, você tem que viver sua vida.
Você não quer namorar comigo, mas ninguém mais deveria me
ter?

— Eu nunca disse isso. Estou feliz por você. Estou. — A


mandíbula de Juno aperta. Ela engole cada vez que mente.

— A maneira como você tem agido nos últimos seis


meses, desde que fiquei noivo, diz que você não está.

Ela se inclina para trás e põe as mãos no colo. — Não


estou acostumada a compartilhar você. Isso é tudo.

— Exatamente. — Eu me inclino para frente e minha voz


fica tão alta que dois funcionários no balcão olham para ela. —
Então, vou perguntar de novo, o que achou que iria acontecer
quando você estava tão obstinada que só continuaríamos
amigos?

Ela enrola o guardanapo e o joga na mesa. — Eu não


esperava me sentir tão deixada para trás, ok? Eu não pensei.
É isso que você quer ouvir?

Agora os funcionários estão olhando descaradamente,


assim como a maioria das pessoas na lanchonete.

Ela desliza para fora da cabine. — Eu não pensei que iria


perder você, e fui estúpida por pensar isso. Você tem outra
mulher em sua vida agora. Eu sou a segunda, então se você
pudesse, por favor, me dar um pouco de tempo para me
acostumar com esse pensamento em vez de lançar acusações
contra mim, eu agradeceria. Não é como se você tivesse sido
totalmente cortês quando namorei no passado também.

Então ela está fora. Não tenho energia para persegui-la,


então a deixo ir, mas minha mente não consegue evitar voltar
para a última vez que ela disse que se sentiu deixada para trás.
Treze anos de idade

A fungada da minha mãe ecoa no meu ouvido enquanto


sua mão agarra a minha com força. Todos em Lake Starlight
estão segurando seus entes queridos mais perto estes dias
após as mortes de Tim e Beth Bailey. A mentalidade típica de
cidade pequena diz que algo assim não acontece aqui, mas
aconteceu.

Minha família, junto com muitas outras de Lake


Starlight, senta-se em frente aos filhos Bailey e sua avó no
cemitério. Algumas pessoas optaram apenas por assistir ao
serviço religioso.

A mulher atrás de mim sussurra para o marido que


Denver está desaparecido. Notei isso também, mas mais
porque eles deixaram a cadeira entre Juno e Rome vazia. Se foi
planejado ou não, não sei, mas eles se sentaram na ordem de
nascimento.

O céu escuro sobre o cemitério parece um sinal de que


estamos todos de luto pela morte de Tim e Beth Bailey. O
snowmobile deles bateu em uma árvore, e nenhum deles
sobreviveu aos ferimentos depois de ser levado às pressas para
o hospital.

Minha mãe não parou de chorar desde que recebemos a


notícia. Mesmo assim, ela e a Sra. Kelly montaram um serviço
de entrega de jantares na casa dos Bailey para garantir que as
crianças não morressem de fome. Embora a avó deles não seja
velha, ela não é jovem o suficiente para cuidar dos sete dos
nove filhos que ainda moram em casa. O que é o que todos
estão perguntando... quem vai criar os filhos Bailey e
administrar a Bailey Timber?

Sedona corre para fora de sua cadeira e sobe no colo de


Savannah. Austin e Rome parecem estar a segundos de chorar
com base em seus queixos trêmulos. Kingston está soluçando
abertamente com o braço jogado sobre Phoenix no final da
linha. Estou focado em Juno, que se senta em sua cadeira com
as pernas cruzadas e nenhuma lágrima caindo pelo rosto.

Os caixões pretos duplos são cobertos por uma variedade


de rosas em tons pastéis com a foto do casamento do Sr. e da
Sra. Bailey em um cavalete entre eles. O pastor continua seu
discurso sobre o luto e como podemos honrá-los por meio de
nossas memórias. Austin se inclina para frente, apoiando os
antebraços nas coxas, e observo atentamente para ver se ele
finalmente vai quebrar.

Minha mãe aperta minha mão com mais força e um som


de uivo escapa dela enquanto o pregador finalmente termina
seu discurso sobre como os Baileys estarão nos observando
como anjos e que eles não poderiam viver nesta Terra sem o
outro, então Deus os reuniu. Então ele nos dá licença e diz que
a família gostaria de um tempo a sós.

Uma senhora da igreja entrega a cada criança duas rosas


de uma cor diferente.

Todos os convidados descem a colina íngreme, mas fico


olhando por cima do ombro para verificar Juno.

Minha mãe para com a Sra. Johnson, falando sobre como


é triste e perguntando se alguém soube se a avó vai criá-los.
Austin vai se formar na faculdade em maio e há rumores sobre
ele ser convocado para jogar como profissional. Savannah tem
apenas dezenove anos, mas talvez volte da faculdade também.
Eles falam sobre Bailey Timber e quem vai administrar os
negócios da família. Eles fazem tudo parecer tão desesperador,
que as crianças Bailey não têm nada agora.

Afasto-me de meus pais, subindo a colina o suficiente


para ter uma visão melhor dos Baileys. Liam Kelly está
inclinado sob uma árvore e eu paro a alguns metros dele. Ele
rapidamente limpa o rosto quando me nota. Como pode um
cara tão grande, o cara que briga, chorar?

Observamos cada criança colocar uma rosa em cada


caixão. Savannah gentilmente coloca a dela no chão enquanto
Rome joga a dele. Em seguida, eles dão as mãos e circundam
os caixões com sua avó e o pastor. Não podemos ouvir o que é
dito, mas todas as suas cabeças se inclinam e, quando se
levantam, todos estão chorando. Bem, todos eles, exceto Juno.
Austin enxuga as lágrimas com a palma da mão, olhando para
seus irmãos como se precisasse permanecer duro sendo o mais
velho.

— Eles vão precisar de nós, sabe? — Liam diz. — Temos


que ser os melhores amigos que eles poderiam ter.

Concordo. — Eu sei.

Os filhos Bailey se separam e Savannah desce a colina


primeiro, Sedona e Phoenix em cada lado dela e segurando
suas mãos. Brooklyn a segue, acariciando seu rosto com um
lenço de papel enquanto Austin e Rome estão atrás dela. Então
Juno e Kingston fecham a retaguarda. O braço dela está em
volta do irmão mais novo, que parece mal se segurar enquanto
olha por cima do ombro para os caixões. Quando eles chegam
na metade da colina, Kingston corre de volta e se deita sobre o
caixão de sua mãe.

Parece que tudo acontece em câmera lenta. Juno


chamando Austin. Austin parando e olhando para trás. Sua
corrida rápida de volta colina acima. Assim que ele pega
Kingston e o abraça, as mães ainda choramingam. Kingston
atinge Austin com os punhos para tentar descer. Eu olho em
volta e vejo todos assistindo a cena se desenrolar. É de partir
o coração que as crianças Bailey tenham que passar por isso
com um holofote voltado para eles.

— Bem, merda — Liam diz, seu queixo caindo no peito.


Austin segura Kingston e o coloca em um banco que fica
de frente para os caixões enquanto Savannah organiza o resto
das crianças nos carros que esperam.

Como se essa fosse a deixa para todos os espectadores


pasmos, Liam e eu somos chamados por nossos pais. No meu
caminho para o carro dos meus pais, vejo Juno olhar mais uma
vez para seus irmãos no topo da colina antes de deslizar para
o banco de trás do carro. Ainda nem uma lágrima.

Embora não haja muitas palavras compartilhadas entre


Liam e eu, compartilhamos o mesmo objetivo – estar lá para as
crianças Bailey a partir de hoje.

Uma hora depois, estamos na casa dos Bailey. Minha mãe


está na cozinha, distraindo-se enchendo novamente as
travessas e limpando. A Sra. Kelly também está lá, mas toda
vez que entro na cozinha, ela está olhando pela janela, lavando
um prato.

Procurei por Juno em todos os lugares desde que cheguei


aqui e nada.

Denver finalmente apareceu, e ele está jogando basquete


na garagem com Rome e Liam. Kingston está seguindo Austin
por aí, e Phoenix e Sedona estão jogando no porão com as
outras crianças. Brooklyn está com seu grupo de amigos na
varanda dos fundos enquanto Savannah faz a ronda e fala com
cada um dos convidados, garantindo a todos que estão bem e
que tudo dará certo.

Quando andar pelo quintal deles e localizar a casa da


árvore, posso me acertar na testa. A casa da árvore é onde
Juno se esconde quando quer ficar sozinha. Naquele verão,
quando a família brincou que Juno não era uma Bailey de
verdade por causa do cabelo ruivo, ela fugiu no meio de um
churrasco e se escondeu lá. A Sra. Bailey a seguiu e fez com
que ela voltasse uma hora depois.

— Juno — digo. A escada foi levantada, o que é uma


indicação absoluta de que ela está lá em cima.

Nada além de silêncio.

— Eu sei que você está aí. Vamos.

Ainda nada, então olho para minha calça cáqui e minha


camisa de botão. Minha mãe ficará chateada se eu estragá-las,
mas que escolha eu tenho? Escalo a árvore e entro por uma
janela.

— Colton. — Ela parece chateada, mas não me diz para


ir embora. Seus sapatos pretos estavam caídos ao acaso no
canto, como se ela os tivesse arremessado no minuto em que
subiu aqui.

— Você comeu? — Eu deveria ter trazido comida para ela.


— Não estou com fome. — Ela encara a foto de sua tia
Etta enquanto quica uma bola no pequeno espaço. Desde a
conversa com sua mãe, essa imagem está pendurada na casa
da árvore. Junto com livros de astrologia e livros sobre leitura
de palmas e outras porcarias que não me interessam.

— Precisa de alguma coisa? — Pergunto.

Ela ergue os olhos ao jogar sua pequena bola. — O que


você achou do nosso beijo?

Essa não é a pergunta que pensei que sairia de sua boca.


Tenho pensado com culpa sobre o beijo nos últimos dias.
Inferno, até imaginei que mais coisas aconteceram entre nós.

— Foi bom — digo.

— Bom? — Ela obviamente não gosta que eu use essa


palavra. — Você não diz bom para descrever um beijo, Colton.

Encolho os ombros. — Eu gostei.

— Eu também. — Ela volta a quicar a bola. — Mas isso


nunca pode acontecer novamente.

Estou balançando a cabeça até registrar suas palavras,


então paro. — O quê? Por quê?

Ela me joga a bola e eu a pego antes de jogar de volta para


ela. — Você se lembra o quão perto Savannah era de Jeremy
Crandle? Eles eram inseparáveis. Eu a ouvi conversando com
suas amigas ao telefone no ano passado e ela disse a elas que
finalmente o beijou. Era isso – Jeremy Crandle nunca mais foi
visto.

— Ele não mora em Nova York ou algo assim? — Houve


muitos rumores sobre Jeremy Crandle. Talvez Savannah não
fosse seu tipo apenas porque ela era uma menina.

— Exatamente. Então eu e você? Amigos para sempre.


Ok? — Ela pega a bola e a enfia na saia do vestido.

— Você não gostou do beijo? — Pergunto. Ela pode me


dizer. Posso pedir para ser minha companheira de treino, mas
quero que me diga antes de jogar outro jogo de Girar a Garrafa.

Suas bochechas coram como naquela noite em seu porão.


— Sim, mas não posso suportar perder outra pessoa. — Uma
lágrima escorre de um olho e depois do outro.

— Mas eu... — Outra lágrima cai e paro de falar.

O momento que estava esperando está acontecendo e


estou sozinho, sem ninguém para confortá-la. Eu olho pela
janela e não há ninguém no quintal. Deslizo para mais perto e
coloco meu braço em volta de seus ombros.

Ela enterra a cabeça no meu pescoço, suas unhas


arranhando minha camisa como se um urso preto estivesse
pronto para nos atacar. — Eles me deixaram. Como eles
puderam me deixar?

Eu a seguro enquanto suas lágrimas encharcam minha


camisa.

Conforme o sol se põe e o ar fica mais frio, vovó Dori grita


do fundo da árvore. — Juno!

Juno endireita as costas, enxuga as lágrimas e faz uma


atuação. — Sim, vovó?

— Venha comer agora, você já está aí há tempo suficiente.

— Já vou. — Ela apressadamente coloca os sapatos de


volta, lutando com a pequena fivela até que eu finalmente
assumo e faço isso por ela. — Amigos para sempre, certo?

Aceno e ela sorri, jogando a escada pela abertura e


descendo da casa da árvore.

Depois que ela vai embora, sussurro: — Mas e se eu


gostar de você mais do que como um amigo?
No sábado à noite, saio do meu quarto e encontro
Kingston sentado no sofá, jogando. Como é primavera e ele
trabalha como paraquedista, em algumas semanas
provavelmente terá ido mais longe do que em casa.

Ele me olha de cima a baixo com as sobrancelhas


levantadas. — Onde você vai?

— Tenho um encontro. — Vou até minha bolsa e coloco


meu batom na bolsa.

Brooklyn tem a bolsa crossbody perfeita para combinar


com a minha roupa, mas não liguei para ela para pedir
emprestada porque não contei a ninguém que vou sair.
Principalmente porque eles vão olhar para mim como Kingston
está olhando agora. Aquele olhar que diz: “O que diabos você
está fazendo, Juno?”

— Não com Colton? — Ele voltou ao seu jogo agora, seus


polegares pressionando botões um milhão de vezes seguidas.
Obviamente, pelo short e camisa que ele está vestindo, não
está pensando em sair esta noite.
— Presumo que Colton está saindo com sua futura
esposa. — Eu deslizo para a cozinha, precisando me livrar do
nervosismo que não para de me fazer sentir como se minha
salada do almoço quisesse voltar. Não tenho um encontro real
há muito tempo. Trey não era um encontro; ele era uma ficada.
Um erro, realmente, porque eu não pensei que teria que vê-lo
em Lake Starlight.

Abro uma cerveja e volto para o quarto.

— Vocês não resolveram isso ainda? Pensei que talvez


vocês tivessem descoberto sua merda na noite do chá de bebê.
— Seus olhos ficam fixos em qualquer jogo de guerra que ele
esteja jogando.

— Eu não dormiria com alguém que vai se casar. —


Pareço ofendida, mas a verdade é que teria dormido, e não
consigo superar a pessoa horrível que sou por isso.

Ele joga o controle ao lado dele no sofá. — Porra. Estou


morto.

De pé, ele desaparece na cozinha e, ao que parece, pega


uma cerveja.

Ele se senta novamente e me encara. — Então, quem é o


cara novo?

Esse é o Kingston que todos nós conhecemos e amamos.


Ele nunca vai muito fundo em nenhum dos nossos negócios.
Apenas cutuca nossas conchas suavemente, caso tenhamos
vontade de nos abrir e conversar. Às vezes acho que ele não
pressiona porque não quer que as perguntas voltem para ele.

— Um cara que veio para ser combinado — digo.

— Eu pensei que a regra número um era não namorar os


clientes? — Ele bebe sua cerveja e sorri.

— Bem, estou alterando essa regra para quando você


sentir pena de si mesma e um cara parecer muito apaixonado
por você. Eu preciso seguir em frente com minha vida. Quero
dizer... — Às vezes Kingston é tão tranquilo que fica muito
confortável para descarregar sobre ele.

— Não tenho certeza se você entende que não está


escondendo seus sentimentos por Colton de ninguém. Talvez
eles sejam novos para você, mas todos nós sempre soubemos.

Jogo a tampa da cerveja para ele que a pega


perfeitamente. Pena que ele não poderia ter continuado no
beisebol e se tornado profissional como Austin queria que ele
fizesse, em vez de arriscar sua vida a cada temporada de pulos
de fumaça, como se não se importasse se viveria ou morreria.

— O que aconteceu com meu irmão que não quer falar


sobre merda? Você acabou de jogar dois machados em minha
direção. Você está tentando me abrir?

Ele ri e coloca sua cerveja na mesa, levantando o telefone


da mesa. — Eu gosto de Colton e acho que você está cometendo
um grande erro ao deixá-lo se casar com aquela garota
francesa.
— O nome dela é Brigette.

— O nome dela deve ficar no meio. Ela provavelmente não


tem ideia do que está entre vocês dois. Sempre foi você e
Colton. Inferno, ele me ensinou a fazer a barba. Lembra-se
disso?

Eu rio porque me lembro quando Colton ofereceu sem eu


sequer perguntar. Austin estava tão ocupado criando todos
nós e os gêmeos estavam causando problemas em algum lugar
e Kingston estava sendo ridicularizado por causa de seu bigode
quase imperceptível. — Lembro.

— Ainda consegui me cortar cinco vezes.

— Talvez ele não fosse um bom professor.

— Eu acho que se você realmente cavar fundo, você vai


descobrir que o encontro que você deveria estar esta noite é
com Colton.

— Você está frequentando aulas de psicologia no seu


tempo livre?

Ele balança a cabeça e pega o telefone. — Não, mas eu


tenho muito tempo para fazer um autoexame no meu trabalho.
Acho que estou crescendo, embora vocês ainda pensem em
mim como uma criança de dez anos.

Termino minha cerveja quando a campainha da nossa


porta toca.

Kingston se levanta. — Eu atendo.


— Você vai agir como o irmão superprotetor? — Eu o sigo
até a porta.

— Pelo bem de Colton. Sim. — Ele pressiona a campainha


com um — O quê?

Eu reviro meus olhos.

Kingston pressiona o botão para deixar meu encontro


entrar. Esqueci que queria perguntar outra coisa a Kingston.
Pensei em uma maneira de salvar meu negócio, já que agora
vou sair com meu único cliente em potencial.

— Ei, eu estava pensando nisso para angariar alguns


negócios, talvez eu fosse hospedar uma noite de speed dating
em Anchorage. Tente conseguir mais negócios lá.

— Muito ruim — Kingston diz.

— Muito ruim? O que há de errado nisso?

— Porque não estamos mais na década de oitenta.


Ninguém quer ir a um bar e ser forçado a falar com alguém de
quem não gosta por cinco minutos.

A batida na porta faz o meu estômago roncar.

— Vou pensar em algo, no entanto — Kingston diz,


endireitando as costas e estufando o peito.

Ele abre a porta. Jason está lá parecendo muito com o dia


em que entrou no meu escritório, exceto que seu jeans não está
tão gasto e, em vez de uma camiseta, ele está usando uma
camisa de botão com os braços enrolados até os cotovelos.

— Você quer namorar minha irmã? — Kingston pergunta.

Eu murmuro “desculpe” pelas costas.

— Eu sou Jason. — Ele estende a mão.

Kingston o sacode. Devo dizer ao meu irmão que ele não


é muito intimidante sem sua roupa de moletom.

— Kingston. Irmão de Juno. — Ele dá um passo para o


lado e Jason entra.

Nosso apartamento é pequeno. Dois quartos, sala de


estar, área para refeições e cozinha compacta. Nós
compartilhamos um banheiro, mas Kingston não fica aqui por
semanas a fio, então isso torna tudo mais fácil. Mas me sinto
um pouco constrangida. Tenho certeza de que Jason tem um
ótimo lugar.

— Prazer em conhecê-lo, — Jason diz antes de seu olhar


pousar em mim. — Ei, Juno. Você está ótima.

Optei por um vestido de primavera e uma jaqueta jeans.


É bom o clima lá fora, mas as noites ainda ficam bem frias. —
Obrigada. Você também.

Olho para Kingston quando ele não nos deixa em paz. Ele
não é exatamente a presença intimidante que pensou que
poderia ser. Então, novamente, nunca foi o irmão
superprotetor para mim. Eu também nunca dei a ele muitos
motivos para ser um.
— Nós devemos ir — digo, olhando Kingston.

— Prazer em conhecê-lo — Jason diz a ele quando


estamos do outro lado da porta.

— Não posso dizer o mesmo. — Kingston bate na borda


da porta e ela se fecha na nossa cara.

Ele não apenas fez isso. Meu irmão foi criado com boas
maneiras.

— Eu sinto muito. — Eu dou a Jason um sorriso


envergonhado.

Jason retorna meu sorriso e abre a porta para descer as


escadas para o lado de fora. — Está bem. Eu também tenho
uma irmã mais nova.

— Eu sou a irmã mais velha.

— Bem, eu acho que uma irmã é uma irmã e você tem


que protegê-las.

Desço as escadas, tomando cuidado para não escorregar


em minhas botas. — Para onde você quer ir?

— Fiz reservas em um restaurante chamado Terra and


Mare. Fica no centro da cidade, então não precisamos dirigir,
e eles abriram uma área para refeições no jardim do lado de
fora.

Eu inalo uma respiração. Eu deveria ter colocado


algumas estipulações neste encontro. — Hum...
Ele nos para antes de atravessarmos a rua. — Isso é um
problema? Você não gosta da comida de lá? Tenho certeza que
posso cancelar, embora eles tenham dito se eu...

— Cancelar dentro de duas horas de sua reserva, você vai


pagar cinquenta dólares — digo.

Ele concorda. — Sim, mas se você não gosta do lugar, eu


comerei o dinheiro.

Não quero ser um problema, então puxo sua manga. —


Não, mas para sua sorte, você conhecerá dois dos meus irmãos
na mesma noite.

Ele ri, mas tem um quê de ah, merda, como se ele fosse
comer os cinquenta dólares com prazer sabendo disso. — Oh?

— Meu outro irmão possui Terra e Mare. Se tivermos


sorte, ele não estará lá. — Mas é sábado à noite – eu sei que
ele vai estar.

Jason entra na linha e não discute.

Entrando em Terra e Mare, avisto Harley na estação da


recepcionista. Isso vai ser uma merda.

— Juno? — Ela pergunta, olhando rapidamente para o


meu encontro.

— Ei, Harley, este é Jason.

Harley sorri e eles trocam gentilezas. Sua barriga não está


aparecendo ainda e eu realmente espero que, já que ela está
aqui, Rome não esteja.

— Rome está cuidando das crianças? — Pergunto,


mostrando a Jason meus dedos cruzados atrás do estande da
recepcionista.

— Não. Phoenix e Griffin os têm em casa. Eles estão


fazendo algum filme externo e não vamos recusar o serviço de
babá de graça. Mas então nossa hostess ligou e o chef em
treinamento não está fazendo as coisas da maneira que Rome
deseja, então esta é a nossa noite.

— Ok, você pode nos levar para o pátio? Jason tem uma
reserva. — Eu me levanto na ponta dos pés e aponto para o
nome dele em sua tela eletrônica.

— Você não quer estar no pátio esta noite. Está tão


nublado — ela diz rapidamente.

— É lindo, e prefiro estar lá fora do que aqui. — Tão perto


de Rome.

— Nah. Tenho uma mesa perfeita perto da janela. — Ela


aponta para a dita mesa para dois.

— Acho que escolhi o pátio quando fiz a reserva online —


diz Jason.

Harley sorri para ele e olha por cima do ombro. — Você


sabe que temos esta sobremesa especial, mas envolve fogo e
está ventando muito lá fora que não está sendo oferecida aos
clientes. Juno adora seus doces.
— Obrigada por isso, Harley, mas acho que vamos comer
fora. — Ela me encara por um longo tempo e tento decifrar o
que ela está tentando me dizer. — Oh, a vovó Dori está aqui?
— Sussurro.

Harley balança a cabeça como se estivéssemos jogando


um jogo de charadas.

A mão de Jason pousa na parte inferior das minhas


costas porque ele está pronto para Harley nos acompanhar
para fora, mas ela ainda não pegou os menus. — Podemos nos
sentar agora?

Harley solta um suspiro, e espero que seja apenas algum


tipo de pensamento de grávida acontecendo com ela. Pega dois
menus. — Claro. Vou pedir a Rome que venha fazer uma visita.

— Oh não, tudo bem. Ele já conheceu Kingston — digo.

— Kingston não assusta ninguém — diz ela.

— Ele pode ser rude.

Harley olha para mim como se não entendesse. Ela abre


a porta para o pátio, permitindo-nos ir primeiro.

— Obrigada — digo.

— Eu tentei dizer a você — ela sussurra.

Meu olhar muda dela para o pequeno pátio com oito


mesas – onde Colton e Brigette estão bebendo vinho em uma
mesa para dois.
Meus pés param e Jason bate nas minhas costas. Luto
para me virar, minhas mãos pousando no peito de Jason, o
que é completamente inapropriado para um encontro que
começou minutos atrás. — Mudei de ideia. Está muito frio lá
fora.

— É lindo — diz Jason.

— Eu tentei avisar você. Agora você pode comer aquela


sobremesa. Rome fez isso para mim ontem à noite. Você vai
adorar. — Harley se posiciona entre o interior e o pátio,
segurando a porta aberta para que possamos voltar para
dentro, mas Jason não se move.

— Sim, e Harley está certa. Adoro doces. Tanto que você


pensaria que eu seria diabética. Mas não sou. Não que todos
os diabéticos gostem de doces. Mau exemplo. Mas açúcar é
minha criptonita. — Empurro Jason, que não cede um
centímetro.

— Juno?

Minha testa cai no peito de Jason e minhas mãos agarram


sua camisa. Acabou.

Eu olho para cima e Jason está olhando para minhas


mãos. Largo o tecido de sua camisa e aliso para tirar as rugas.
— Eu sinto muito.

Depois de um segundo ou mais, Harley diz: — Juno.

Eu removo minhas mãos de seu peito, me viro e sorrio. —


Brigette.

Colton olha atrás de mim, sua mandíbula tensa.

— Venha e junte-se a nós. Harley, podemos ter uma mesa


para quatro? — Brigette não precisa da Harley, porque ela já
está pegando a mesa ao lado da dela e deslizando-a pelo
concreto, interrompendo a refeição de todos com um som
estridente.

Sento-me ao lado de Brigette porque ela está dando


tapinhas na cadeira sem parar e olho para Colton. Já é ruim
termos brigado no início desta semana e não ter conversado.
Agora tenho que compartilhar meu jantar com ele.

Harley me lança uma expressão de desejo de sorte


quando nos entrega os menus. Cara, preciso disso.
Juno sorri para Brigette e Brigette sorri de volta como se
isso fosse a melhor coisa do mundo. Ela estava mencionando
como deveríamos encontrar em algum momento com outro
casal. Eu disse que sim – mas a última pessoa com quem quero
fazer isso é Juno.

— Eu sou Colton. — Eu coloquei minha mão na frente do


cara ao meu lado.

— Oh, desculpe. — Juno balança a cabeça. — Jason,


estes são Colton e Brigette. Este é Jason. Ele é de Greywall.

— Prazer em conhecê-lo — Brigette diz.

Ele aperta minha mão e faz contato visual, mas seu


aperto pode ser mais firme se você me perguntar.

— Você é francesa? — Jason pergunta a Brigette ouvindo


seu sotaque.

Aqui vamos nós. Outra conversa sobre a Torre Eiffel e o


Louvre.
— Sim.

— De que região você é? — Jason pergunta.

— Marselha — diz Brigette.

Seu rosto se ilumina. — Mesmo? Eu viajei pela Europa


com alguns amigos depois do colégio. Percorremos todo o
Parque Nacional Calanques.

Agora são os olhos de Brigette brilhando. Ela se inclina


para frente, sua mão o tocando porque fala com as mãos sem
parar. Os dois conversam sobre a cidade de Brigette, no sul da
França, enquanto Juno enterra a cabeça no cardápio como se
não tivesse comido tudo dez vezes.

— Você quer que eu troque de lugar? — Pergunto a Jason.


Mais ainda, tenho um motivo para estar em frente a Juno,
porque então podemos pelo menos ter uma conversa civilizada.

— Nah. — Ele olha para Juno. — Desculpe, é só que eu


sempre disse que voltaria, mas nunca consegui.

— Espero arrastar este aqui, neste Natal. — Brigette toca


meu braço. — Para que ele possa conhecer minha família.

Juno espia, me olha nos olhos e olha o cardápio


novamente. — Eles não vão ao casamento? — Ela olha apenas
para Brigette.

— Não. É muito difícil fugir e é uma viagem tão longa.


Achamos que vamos nos casar aqui e depois fazer outra
cerimônia na frente dos meus pais na França.
— É uma pena — diz Juno.

— Vocês dois vão se casar? — Jason pergunta.

Brigette levanta a mão esquerda onde repousa uma


aliança conservadora de ouro branco com um diamante de
tamanho médio.

— Parabéns, — ele diz. — Quando é o grande dia?

— Em três semanas — Juno responde.

Brigette olha dela para mim com um olhar questionador,


como se tivesse perdido algo. Encolho os ombros.

— Vamos pedir — digo, levantando minha mão para a


garçonete.

— Oh, eu nem olhei ainda. — Jason pega seu menu. — O


que você sugere, Juno?

Ela encolhe os ombros. — Tenho certeza que você vai


adorar qualquer coisa. Meu irmão é um excelente chef.

Como se tivesse ouvido seu nome, Rome sai para o pátio.


Ele para em algumas mesas no caminho para nós,
perguntando se eles estão gostando de suas refeições. Ele ri
com alguns clientes e agradece a todos, desejando-lhe
parabéns pelo novo bebê, porque isso atingiu a roda do
zumbido no minuto em que Harley comprou um teste na
farmácia Don't Be A Pill. Ainda bem que foi no mesmo dia que
saiu a notícia no triplo chá de bebê. Eles terão quatro filhos
então.
— Juno. — Rome acena para sua irmã e olha para Jason.

Acho que deveria me sentir afortunado, já que fui um


pseudo-Bailey minha vida inteira, os irmãos dela nunca
fizeram um interrogatório comigo sobre nada.

— E você é? — Rome pergunta a Jason.

— Dê um tempo — Juno murmura.

— Oi. — Jason desliza de sua cadeira e pega a mão de


Rome. — Eu sou Jason.

Rome aperta sua mão. — Ei, Colton, Brigette.

Juno suspira.

Então ela olha para cima para ver se alguém a ouviu, mas
Rome rapidamente intercede. Ele está encobrindo a irmã ou
não ouviu. — Que tal o especial hoje à noite?

Juno fecha o menu. — Feito.

— Qual é o especial? — Jason pergunta.

Rome o encara tão longa e duramente que realmente me


contorço em minha cadeira. — Macarrão de camarão com
pesto.

Jason parece preocupado. — Nunca comi pesto.

— Oh, é muito bom. Rome é o único que o torna


exatamente como na Itália. Deve ser o nome. — Brigette pisca.

— Bem, há uma razão para isso. — Quando ela olha para


ele sem expressão, Rome continua: — É onde fui concebido.

— Mesmo? — Brigette diz.

Juno geme.

— Você não sabe? — Rome pergunta. — Acho que você


não é de Lake Starlight.

— O quê? O quê? — Brigette pula na cadeira como uma


criança perguntando aos pais qual é a grande surpresa.

— Todos nós temos o nome dos lugares onde fomos


concebidos — Juno diz em uma voz monótona.

— Eles soletraram o seu nome errado — Jason diz para


Juno.

Ela atira nele o olhar mortal que foi direcionado na minha


direção durante a maior parte da noite.

— A menos que haja outro Juno que eu não conheça? —


Jason olha para nós como se esperasse que um de nós o
salvasse.

— Austin, Texas. Savannah, Geórgia. Brooklyn, Nova


Iorque. Denver, Colorado. Rome, Itália. Juno – espera? Vocês
são gêmeos, certo? — Brigette pergunta a Rome.

Rome coloca sua mão nas costas da cadeira de Juno. —


Para responder à primeira pergunta, eles soletraram Juno de
forma diferente porque ela sempre foi a única em nossa família.
A única com cabelo ruivo. — Ele acena com a cabeça para ela,
e eu a vejo engolir o nó na garganta. — E foi uma escala em
Denver a caminho de Roma. Pode ser que eu seja Denver e ele
seja Rome, mas...

Brigette ri e acena com a cabeça. — E quanto a Kingston?


— Ela olha para mim. — De onde é isso?

— Jamaica — digo.

Brigette dá uma cotovelada em Juno. — Seus pais


realmente entenderam, hein?

Juno sorri, mas foge de seu rosto quando ela se afasta de


Brigette. — Sim, eles fizeram.

— Rome está seguindo seus passos. Harley já está grávida


do número quatro — diz Brigette.

Por falar no diabo, Harley sai, e Rome desliza seu braço


ao redor de sua cintura, beijando sua têmpora. — Se tivermos
sorte.

— Sorte para quê? — Ela pergunta.

— Ter nove filhos como meus pais.

Harley dá um tapa na barriga e balança a cabeça.

— Nove? — Jason tosse sua água. — Você vem de uma


família de nove? Não sabia que vocês eram nove.

Os olhos de Rome se contraem. — De onde você é?

— Greywall — Jason responde, com orgulho em seu tom.


Ele obviamente não cresceu em Greywall porque o nome Bailey
é bem conhecido.

— Você deve se mudar para Lake Starlight, — diz Rome.


— Greywall é uma merda.

— Quanto tempo demora a refeição com pesto? — Juno


pergunta, e o olhar de Rome cai sobre o dela.

— Tenho certeza de que Rome pode acelerar isso, — diz


Harley. — Na verdade, acho que Len estava tendo um pouco
de dificuldade na cozinha.

— Ok. — Rome bate os nós dos dedos na mesa. — Prazer


em conhecê-lo, Jason. Eu deveria te dar um inferno porque
Juno é minha irmã, mas acho que o cara à sua direita cuidará
disso para todos nós, homens Bailey. Certo, Colton?

As cabeças de Jason e Brigette se voltam para mim. Juno


revira os olhos. Se eu pudesse escolher, ele nem estaria aqui.
Eu teria alguns poderes mágicos para fazê-lo desaparecer.

— Por que ele disse aquilo? — Jason pergunta a Juno.

Ela se endireita na cadeira e seu olhar vai de mim para


Jason. — Somos amigos de infância.

— Infância? — Brigette pergunta.

Então, não fui completamente honesto com ela sobre


Juno. Ela sabe que somos bons amigos, mas talvez não quanto
tempo somos amigos.
— Sim. Ela é minha melhor amiga — digo na esperança
de que Juno se lembre do motivo de sermos amigos. Esqueça
a briga na lanchonete e siga em frente.

— Melhor? — Brigette pergunta, seu olhar voando entre


Juno e eu.

— Sim, o vi no seu pior. Para mim, ele é apenas uma


criança com pernas de frango e Oreos preso em seu aparelho.
— Juno ri.

— E eu a conheci quando ela ainda estava enchendo o


sutiã — digo, rebatendo um insulto igual.

— Oh, então vocês são realmente próximos. — Eu ouço


no tom de Brigette que ela está perguntando silenciosamente
se isso é algo com que deveria se preocupar.

Juno põe a mão no ombro de Brigette. — Ele é como mais


um dos meus irmãos.

A visão de Brigette muda para mim e forço um sorriso,


embora pareça que alguém atirou no meu coração com uma
adaga.

Nossas saladas chegam e Rome manda uma garrafa de


vinho de cortesia. Enquanto Jason concentra toda sua atenção
em Brigette, voltando à conversa sobre Marselha, tiro o telefone
do bolso.

Eu: Sinto muito. Me perdoe?

Brigette olha para mim e murmuro — Trabalho — para


ela. Mentir não é bom, mas a maneira como Brigette perguntou
sobre Juno e eu sermos amigos íntimos diz que fiz a escolha
certa quando originalmente descrevi nossa amizade para ela.

— Oh, espere um segundo — Juno diz, puxando seu


telefone quando ele apita.

Nem Jason nem Brigette lhe dão uma segunda olhada,


falando sobre passeios de barco ou castelos ou algo assim.
Observo Juno enquanto pego minha salada, seus dois
polegares posicionados sobre o telefone. Meu telefone vibra no
meu bolso.

Juno: Eu também sinto muito. Vou tentar mais.

Eu: Eu sei que isso é diferente.

Juno: Ela é legal. Estou feliz que você encontrou alguém


tão legal.

Embora aquele buraco vazio que residiu em meu


estômago durante toda a semana desapareça com o perdão
dela, as coisas ainda estão estranhas. Mas acho que devo
presumir que será assim agora.

Eu: Jason é legal.

Eu realmente preciso parar de mentir tanto.

Juno: Ele é, e parece muito interessado em sua noiva.

Olho por cima do meu telefone e vejo que nenhum deles


tocou em suas saladas. Você pensaria que os dois estavam em
um encontro.

Eu: Talvez devêssemos sair e ver se eles percebem?

Juno: Provavelmente deveríamos tentar entrar na


conversa.

Antes que eu possa responder, Juno coloca o telefone de


volta na bolsa. Acho que é o fim disso.

— Quem era aquele? — Brigette pergunta no minuto em


que guardo meu telefone. Sabia que ela viu a troca. Ela tem a
visão de um atirador de elite.

— Foi a Sra. Lopez sobre seu gato — digo.

Ela acena com a cabeça porque a Sra. Lopez liga todos os


dias sobre uma nova doença que acha que seu gato tem.

A garçonete chega com nossos pratos principais e só


então Jason percebe que nunca comeu sua salada, então todos
nós mudamos os pratos para que ele e Brigette possam comer
suas saladas com suas massas.

— Isso é tão gostoso. Deve ter sido maravilhoso crescer


com Rome cozinhando para você — Brigette diz a Juno.

— Ele é apenas um ano mais velho que eu, então


crescemos antes que ele pudesse realmente cozinhar para mim
uma refeição que não fosse macarrão com queijo.

— Ah, sim, — diz Brigette. — Acho que não sabia que você
tinha a mesma idade. Talvez porque ele é casado e tem filhos,
ele parece mais velho.

Eu me encolho internamente enquanto giro meu garfo em


torno da massa.

— Sim, sou apenas a irmã perdedora — diz Juno.

Jason não diz nada, finalmente comendo sua salada.

— Oh, eu não quis dizer isso...

— Eu sei. Está bem. Desculpa. Não estou sendo uma boa


companhia esta noite. — Juno gira seu próprio garfo.

Espero que o pesto de Rome ajude a melhorar o humor


de Juno. Eu testemunhei sua mudança de humor com uma
fatia de pizza ou um punhado de batatas fritas.

Brigette me lança um olhar de desculpas e balanço minha


cabeça.

— Vocês estavam certos. Isso é tão bom. — O garfo de


Jason está cheio de macarrão, pois ele ainda está mastigando.
— Como nunca experimentei isso antes?

— Não pense que você pode conseguir em qualquer lugar


também — diz Brigette. — Tentamos aquele lugar em
Anchorage, lembra, Colton? — Seu nariz enruga e ela balança
a cabeça.

Pego Juno revirando os olhos. A massa de Rome não está


funcionando.

— Hum. — Jason limpa a garganta. — Isso é... — Ele


limpa a garganta novamente. — Não há nozes neste prato,
certo? — Ele aponta para o prato antes de agarrar sua
garganta.

— Pinhões — Brigette diz, aparentemente mais


familiarizada com o que se passa no prato do que eu.

Os olhos de Juno se arregalam. — Você é alérgico? — Sua


cadeira raspa no concreto.

Todas as mesas ao nosso redor voltam sua atenção para


a nossa.

— Precisamos de um médico — diz Brigette.

— Você tem um EpiPen2 com você? — Juno pergunta a


Jason, cujo rosto está ficando vermelho e inchado e está
remexendo a mão no bolso.

Jason acena com a cabeça. Os olhos de Juno se


arregalam, silenciosamente me perguntando o que fazer.

— Pegue-o pela perna, que seguro seus braços, então


vamos para o hospital — digo, puxando minhas chaves do
bolso. Que tipo de idiota não diz ao restaurante que tem uma
alergia?

Jason puxa sua EpiPen do bolso e consegue se esfaquear


na coxa com ela. Todos nós corremos, Juno gritando para
Harley sobre a conta. Jason desliza para o banco de trás da
caminhonete e Juno senta no banco do passageiro, deixando

2 Adrenalina injetável.
Brigette parada na porta.

— Desculpa. — Juno desce e se senta no banco de trás


com Jason.

Nossos olhos se fixam no espelho retrovisor brevemente.


Acho que nunca percebi como as coisas seriam diferentes.
— Vocês deveriam ir — digo a Brigette enquanto
esperamos por Colton, que desceu para a área de venda
automática para pegar bebidas e lanches. Já estamos aqui há
horas.

Como não sou da família imediata, não tenho ideia de


como Jason está.

Fale sobre uma falha épica de um encontro. Primeiro,


tenho quase certeza de que ele gostaria de estar em um
encontro com Brigette, então ele tem uma reação alérgica e
acaba parecendo Will Smith naquele filme Hitch.

— Não. — Brigette cruza as pernas. Ela sorri para mim


em sua revista. — Estamos juntas nessa.

Sento-me em uma cadeira, pego uma revista e percebo


que é Sports Illustrated, então jogo-a de volta na mesa. A única
outra pessoa na sala de espera é um homem idoso lendo
calmamente um livro no canto. Eu não o reconheço. Será que
ele é de Lake Starlight?
— Posso te fazer uma pergunta? — Brigette fecha sua
revista.

— Certo.

— É por isso que você tem sido fria comigo? Porque você
não acha que sou boa o suficiente para Colton?

Merda, não posso ter essa conversa agora. — Não, me


desculpe. Tem acontecido muito com todas as minhas irmãs
tendo seus bebês.

— Então você não gosta de Colton? Vocês dois nunca...

Oh meu Deus. Vamos ter mesmo esta conversa? Este dia


continua sendo um horror.

— Conheço Colton há muito tempo e não posso mentir e


dizer que coisas não aconteceram entre nós antes, mas se
fôssemos feitos um para o outro, estaríamos juntos. Você não
precisa se preocupar com nada.

Uma parte de mim quer contar a verdade. Que me


convenci da mentira por tanto tempo que não percebi até que
ela apareceu que quero Colton. Mas não vou fazer isso. Não
vou criar problemas para Colton. Quero que ele seja feliz e,
eventualmente, vou aceitar que isso significa que não será
comigo.

— Ok. Bem, se você é tão amiga assim, deveria fazer algo


no casamento.

— Hum... não, tudo bem.


Ela se endireita como se tivesse tido uma epifania. — Sim.
Você poderia ler algo? Colton quer que seja uma cerimônia
super pequena e com minha família não vindo, não vamos ter
ninguém nos fazendo um discurso, caso contrário, apenas a
teria como dama de honra. — Engasgo, passando a bile na
minha garganta quando ela acrescenta: — Já tenho quase tudo
organizado, mas se você quiser fazer uma leitura, me avise.

— Tudo bem. Não me sinto muito confortável falando na


frente das pessoas.

Ela balança a cabeça como se realmente entendesse. —


Oh! Estaremos tendo aulas de dança na próxima semana. Por
que você e Jason não vêm? Podemos fazer um encontro duplo.
Estou morrendo de vontade de conhecer alguns outros casais.

Sorrio timidamente. — Este foi o nosso primeiro encontro


e acabou com ele na sala de emergência. Tenho quase certeza
de que não haverá um segundo.

— Oh, eu poderia dizer que ele gostou de você. — Ela


sorri.

Acho que você está se projetando, Brigette. — Sim, não


tenho certeza.

— Vamos. Colton continua reclamando de ir e talvez se


você for, ele vai gostar mais.

— Duvido que fizesse a diferença. — Pego uma revista


novamente e dedico minha atenção a ela.
— Por favor, — ela diz. — Eu realmente quero conhecê-
la, já que você obviamente significa muito para Colton.

— Nós poderíamos apenas almoçar ou algo assim. Talvez


só eu e você?

Morda sua língua, Juno. Que diabos você está pensando?


Estou pensando que a última coisa que quero testemunhar é
ela e Colton dançando. Tudo o que posso imaginar é o filme
Dirty Dancing. O que traz à tona as memórias de como eu fiz
Colton praticar aquele passo final, no lago atrás da minha
casa, durante todo o verão quando tínhamos doze anos.

— Não estou aceitando não como resposta. Será divertido.


Dê-me seu número — ela diz, o telefone pronto em suas mãos.

Colton entra com uma braçada de bebidas e lanches. Eu


arregalo meus olhos para ele, esperando que possa distrair sua
noiva de querer se tornar minha melhor amiga.

— O que está acontecendo? — Ele joga tudo na mesa.

— Brigette quer meu número, e ela gostaria que Jason e


eu fôssemos para sua aula de dança na próxima semana —
digo docemente, mas espero que Colton entenda.

— Quase matamos o cara. Duvido que ele queira ir a uma


aula de dança com a gente.

Obrigada, Colton.

Ela deixa cair o telefone e a ansiedade subindo pela


minha espinha se dissipa.
— Bem, vamos perguntar a ele. — Ela se inclina para
frente, pegando meu telefone da mesa. Brigette ri e logo seu
telefone apita. — Consegui seu número agora.

— Oh, você roubou... — eu digo, lançando um olhar


mortal para Colton. Estou bloqueando meu telefone assim que
sair daqui.

Ele levanta as mãos atrás de Brigette como se não tivesse


controle sobre ela.

— Agora podemos planejar aquele almoço e você pode


fazer a aula de dança conosco.

Pego um saco de batatas fritas da mesa. — Eba!

Eu mal finjo excitação, mas ou Brigette não se importa ou


ela está alheia. Pelo que testemunhei no passado, ela é muito
inteligente, então vou com a primeira.

Estou começando a cochilar horas depois, quando Jason


entra na sala de espera. Sua camisa está para fora da calça e
amassada, e seu cabelo está preso em todas as direções.

Brigette se levanta antes que eu tenha uma chance. —


Oh, Jason, como você está?

Colton e eu levantamos ao mesmo tempo e nos juntamos


a eles.

— Melhor agora. Obrigado. — Ele passa a mão pelo


cabelo. — Acho que não consigo comer pesto.
Brigette ri, mas para quando Jason não o faz.

— Eu realmente sinto muito — digo.

— Não foi sua culpa. Se importa se voltarmos para o meu


carro? Estou exausto depois de todo o remédio.

— Sim, com certeza. Quer deixar seu carro na minha


casa? Tenho certeza que Colton poderia te levar de volta para
casa — digo.

— Para Greywall? — Colton diz, e eu bato em seu braço.


— Certo. Sim. Sem problemas.

— Isso seria realmente ótimo. Eu mal estou de pé agora.


As coisas que eles me dão me deixam cansado e nervoso ao
mesmo tempo. Vou pegar um Uber pela manhã para pegar meu
carro.

— Bobagem, vamos buscá-lo — Brigette interrompe.

Colton e eu olhamos um para o outro.

— Acho que precisamos reformular, — diz ela. —


Podemos fazer o café da manhã.

— Hum... eu tenho um jantar em família amanhã. — Eu


levanto minha mão.

Brigette se vira. — Eu disse café da manhã.

Colton solta um grande suspiro. — Vamos indo. Podemos


conversar sobre isso no caminho.
Jason se vira e saímos da sala de espera enquanto o
homem mais velho pisca para mim. Eu paro
momentaneamente, mas ele apenas sorri. Sorrio de volta e saio
da sala.

Está quieto e escuro no caminho para a casa de Jason.


Ele está encostado na janela e a cabeça de Brigette está
enterrada em seu telefone, a tela é a única luz no ambiente
escuro.

O olhar de Colton continua mudando da estrada para o


espelho retrovisor. Ele para em um semáforo e a música Like I
Loved You de Brett Young, toca no rádio. Meus olhos travam
com os dele no espelho. A tristeza que vejo em seu coração se
abre, mas não sou eu que estou noiva.

Eu afasto meu olhar, e felizmente a luz verde brilha


através do para-brisa. Colton pisa no acelerador, o GPS
interrompendo a música para dar instruções para a casa de
Jason.

Quando a caminhonete de Colton para em frente a um


pequeno prédio de dois andares no centro de Greywall, não fico
surpresa. Ele é tão arrumado, é claro que ele tem uma bela
casa, com um quintal perfeitamente cuidado e uma cerca
branca que está lá mais pela estética do que qualquer outra
coisa. Provavelmente há um golden retriever que foi o aluno
estrela em sua classe de treinamento de obediência, aninhado
em sua cama de cachorro.

— Muito obrigado — Jason diz, abrindo a porta.

Deslizo para fora da caminhonete para ajudá-lo a subir


em sua casa. Ele abre o pequeno portão e nós caminhamos
pela calçada até a porta da frente.

— Me desculpe obrigada — eu digo.

— Está tudo bem, Juno. Não foi sua culpa. Estou


exausto. Posso te ligar amanhã?

— Você tem certeza que quer? — Eu não o culparia se ele


não quisesse. Um irmão fechou a porta na cara dele e outro
quase o matou.

— Sim. — Ele olha para a caminhonete. — Ligo para você


amanhã e vamos marcar um encontro.

Concordo com a cabeça e fico na ponta dos pés para


abraçá-lo – o que deve fazer com que eu me sinta melhor,
porque este foi o pior encontro que já tive e nada de horrível
aconteceu comigo. Ele me abraça de volta e então coloca a
chave na fechadura.

Me viro, rapidamente virando para a calçada. — Tenha


uma boa noite.

— Você também.
Eu ando em direção à caminhonete de Colton,
silenciosamente me repreendendo para organizar minhas
coisas. Colton vai se casar, quer eu goste ou não. Não deveria
deixar um cara bom como Jason escapar por entre meus
dedos. Preciso parar de chafurdar. Meu negócio está no
vermelho e preciso dele de volta no preto. E daí se Kingston
achar que o speed dating3 é dos anos 80? Isso vai me trazer
negócios.

Sem aviso, minhas pernas são arrancadas debaixo de


mim e eu voo para o ar antes de pousar no gramado de Jason.

— Juno! — Colton salta da caminhonete.

— Rufus! — Jason grita, mas é tarde demais – estou


sendo lambida por um cachorro de cem quilos em cima de
mim. — Sinto muito — ele diz.

— Você deve treiná-lo. — Colton agarra a coleira do


cachorro e o puxa de cima de mim para que eu possa ficar de
pé.

Jason leva o cachorro de Colton. — Ele é treinado. Ele


deve gostar de você. — Jason sorri para mim.

Rolo sobre meus joelhos e acaricio Rufus, que continua


tentando subir em mim como um hidrante. Acho que entendi
errado – Rufus não era o aluno estrela de sua classe.

— Vou te dar um número para um treinador de cães

3 Encontro rápido.
melhor. — O tom de raiva na voz de Colton é desnecessário.
Estou bem.

Brigette abaixa a janela. — Tudo bem?

Eu me levanto e limpo minha bunda. — Tudo bem. Vamos


lá. Até uma outra hora, Rufus. — Acaricio sua cabeça antes de
caminhar para a calçada.

Colton coloca o braço em volta de mim para me ajudar


como se eu tivesse me ferido na queda. Não digo nada até que
meus olhos pousem nos de Brigette. Sua visão está focada
exclusivamente onde a mão de Colton está em meu quadril.

— Estou bem, Colt. —Deslizo para fora de seu aperto e


ele abre a porta da caminhonete para mim.

Entro e ele fecha a porta, me tratando como sempre, e só


agora percebo que pareço muito com uma namorada.
Precisamos descobrir esse novo normal entre nós.

Vinte minutos depois, após um passeio em uma


caminhonete mortalmente silenciosa, sou deixada em minha
casa. Digo adeus, deixando-os fazer o que as pessoas
apaixonadas fazem. Acho que vou cavar minha última gaveta
novamente para me agradar.

Abro a porta do apartamento e encontro Kingston ainda


de short e camiseta, jogando seu maldito videogame. Ele dá
uma rápida olhada para mim.

— Achei que você não estaria em casa esta noite... — Suas


palavras morrem antes de ele falar no fone de ouvido,
apertando os botões do controle. — Droga, Lou, me cubra.

Vou até a geladeira e pego uma cerveja e uma fatia de


pizza que Kingston deve ter pedido essa noite.

— Merda. Eu morri. Você dá azar. Cada vez que você


entra na sala, eu morro. — Ele joga o fone de ouvido e o
controle no sofá. — O quanto você me ama?

Eu sento na cadeira perto do sofá. — O suficiente para


que não diga a ninguém que você, voluntariamente, ficou em
casa sozinho no sábado à noite.

— Tenho um amigo em um bar em Anchorage. Liguei e


ele disse que, desde que seja durante a semana, você pode
usar. Ele tem uma sala nos fundos que pode ser separada. E
porque você tem um irmão incrível, sem custos. Você pode
fazer seu speed dating lá, mas eu realmente acho que deveria
ser um speed dating cego.

Meus olhos se arregalam. — Cale a boca, sério?

— Quanto você me ama agora? — Ele pergunta com um


sorriso.

— Você é meu irmão favorito.

— Não fui sempre?

Eu ri. — Sim. Claro. — Entrego-lhe minha cerveja, já que


ainda não bebi, e vou buscar outra na cozinha.
Este é um salva-vidas. Pela primeira vez em semanas,
meu corpo perde um pouco da tensão que carregava.

— Ei, King — chamo.

— Sim?

— Muito obrigada.

Ele fica em silêncio por um momento. — É para isso que


serve a família.

Concordo, meus olhos lacrimejando. Pelo menos uma


coisa esta noite está indo na direção certa.
Quando chego à clínica na segunda-feira, Brigette está
sentada na sala de descanso com seu café, olhando o telefone.
Ela tem estado quieta neste fim de semana, mas estou
ignorando em vez de cutucar o urso.

— Bom dia — digo.

— Bom dia. — Ela não levanta os olhos. — Dr. Murphy


estava procurando por você antes.

— Obrigado. — Eu coloco meu jaleco branco e fecho meu


armário. Estou prestes a sair da sala, mas paro e coloco minha
mão em seu ombro. — Você está bem?

Ela sorri para mim e acena com a cabeça. — Sim, por


quê?

— Você tem estado quieta. É o estresse do casamento?

Ela balança a cabeça. — Não. Você está bem?

É estranho que ela esteja me perguntando, mas coloco


um sorriso no rosto. — Sim.
Nós dois acenamos com a cabeça como se fôssemos as
pessoas mais agradáveis do planeta e sigo em direção ao
escritório do Dr. Murphy. A porta dele está aberta e Lori está
sentada na cadeira na frente dele. Ela está se inclinando para
frente e sussurrando, um sinal revelador de que está
fofocando. Ótimo.

— Tirei uma captura de tela — diz ela, entregando seu


telefone ao Dr. Murphy.

Ele olha para o objeto, balança a cabeça e o devolve a ela.

Bato na porta aberta e os dois olham para mim. As


bochechas vermelho-cereja de Lori dizem que sou o assunto
dessa fofoca. Não demoraria para Einstein descobrir que devo
ter estado na roda do zumbido noite passada.

Essa maldita coisa. Eu não verifiquei no sábado à noite


nem na noite passada, mas estou supondo que pelo olhar
preocupado do Dr. Murphy, eu deveria ter feito.

— Entre, Colton. — Dr. Murphy acena para eu entrar.

Ele está aqui apenas três dias por semana agora e, no ano
passado, discutiu comigo sobre investir no negócio até que eu
pudesse comprá-lo completamente. Mas sei que um
passarinho chamado Lori fica sussurrando em seu ouvido que
sou muito jovem e os clientes não me ouvem como ouvem ele.

— Deixe-me adivinhar, estou no Buzz Wheel? — Digo


apenas para que Lori saiba que ela não precisa dizer pelas
minhas costas.
— Você não viu? — Ela sorri docemente para mim. —
Esse blog deveria ser encerrado. Você não pode nem mesmo
confiar nas informações.

— No entanto, você tira screenshots4 — digo


inexpressivamente.

Seu comportamento amigável desaparece. — Só acho que


Dick deveria saber o que está acontecendo com seus
funcionários.

Meu olhar dispara para o Dr. Murphy, e ele aperta a ponte


do nariz. — Lori, por favor, nos dê um minuto.

— Claro, eu preciso refazer um arquivo que teve café


derramado sobre ele ontem de qualquer maneira. — Ela se
levanta e me lança um olhar acusatório.

Não digo isso, mas foi Brigette quem derramou o café.

— Tenho certeza de que você não se importaria de


encaminhar aquele Buzz Wheel para mim? — Pergunto.

Sua mão para na porta, mas ela não se vira. — Claro,


assim que eu chegar à minha mesa.

— Obrigado.

Ela finalmente sai e o Dr. Murphy pede que ela feche a


porta atrás dela, o que significa que isso é mais sério do que
eu pensava.

4 Prints.
— Colton, sente-se. — Ele gesticula e sento na cadeira em
frente à sua mesa. Eu tenho um escritório, mas o meu não tem
uma janela como a dele. Arrumei mentalmente minha própria
mobília neste escritório muitas vezes. — Vou falar com clareza
e gostaria que você fosse direto comigo em algumas coisas.

— Ok.

— Sempre pensei em você como um sobrevivente de Lake


Starlight. Comecei este treinamento cinco anos depois de
trabalhar em Anchorage para outro veterinário. Você vê as
fotos na parede. Este lugar era pequeno no início. Uma sala e
agora temos quatro. Não é apenas Lake Starlight que atendo,
mas todas as comunidades vizinhas.

Eu me inclino para trás na cadeira e descanso meu


tornozelo no meu joelho. Esta vai ser uma longa conversa.
Resisto à vontade de olhar meu relógio por medo de ser rude.
— Sim, você fez um trabalho incrível.

— E quando você veio até mim e pediu para ser um


aprendiz, fiquei emocionado. Sra. Murphy e eu não sendo
abençoados com nossos próprios filhos, sabia que um dia teria
que tomar a difícil decisão de vender a clínica. E sei que
falamos sobre você comprar uma pequena participação,
assumir as operações do dia-a-dia e, eventualmente, comprar
minha parte.

— Sim. Ainda estou muito de acordo com isso. — Nunca


vacilei.
— Mas as coisas mudaram. Você vai se casar.

— Com Brigette. Presumo que ela também possa


permanecer na equipe? — Ele nunca teve um problema
conosco antes. Inferno, a equipe aqui tinha um bolo para
comemorar nosso noivado no dia em que o anunciamos para
eles, então não tenho certeza do que está falando.

— Brigette é da França — ele diz, como se eu não


soubesse.

— Sim, senhor.

Ele abre a boca como se fosse dizer algo, mas a fecha


antes de dizer: — Tem certeza de que ela não vai querer voltar
algum dia? E se ela ficar com saudades de casa ou quiser
trabalhar em uma cidade maior? Você sabe que ser veterinário
em uma cidade pequena é muito diferente de ser em uma
cidade grande?

— Pelo que eu sei, ela quer ficar em Lake Starlight. Quer


fazer sua vida aqui.

Ele levanta as sobrancelhas como se não tivesse tanta


certeza.

— Dr. Murphy, garanto-lhe, se seguirmos com o plano de


assumir o Four Paws, estará em boas mãos comigo.

Ele endireita alguns papéis em sua mesa. — Aquele artigo


que Lori estava me mostrando diz...

— Diz o quê? O que isso poderia dizer? — Minha voz está


mais alta do que eu gostaria. O Dr. Murphy não responde, mas
isso está me irritando.

— Diz o que todos nesta cidade acreditam.

— E o que é? — Aperto minha mandíbula.

Ele ergue os olhos dos papéis. — Que você está dividido


entre duas mulheres. Que Juno Bailey sempre será seu
primeiro amor e Brigette é a sua substituta.

Balanço minha cabeça.

— Pela minha experiência, com os triângulos amorosos,


mais cedo ou mais tarde o mais afetado foge apenas para correr
da situação. Não tenho certeza se Brigette lê aquele blog de
fofoca idiota ou não e eu normalmente desconsideraria isso,
mas vi você com Juno. Tive um lugar na primeira fila para sua
amizade todos esses anos.

— Sim, amizade — digo.

Ele ergue as sobrancelhas grisalhas mais uma vez. — Pela


foto no Buzz Wheel, eu diria que você pode precisar reavaliar
isso novamente. Agora. — Ele levanta a mão. — Não estou
dizendo que o negócio está fora de questão. Tudo o que estou
pedindo é que você pense nisso novamente. Se você fosse se
casar com Juno, eu não teria preocupações. Todo mundo sabe
que ela não é como suas irmãs Phoenix e Sedona. Ela tem sua
vida aqui. Mas com Brigette, não tenho certeza se ela vai querer
ficar por aqui. Especialmente se tiver que aturar os rumores
constantes sobre seus sentimentos por Juno.
— Dr...

— Não quero uma resposta agora. Discuta isso com sua


noiva. Tudo o que estou dizendo é que não quero passar o
negócio para alguém que vai vendê-lo para outra pessoa que,
em seguida, vai vender para outra pessoa. Fecharia antes de
permitir que fosse passado.

Pisco de surpresa, nunca tendo ouvido ele falar assim


antes. — Não tenho certeza de como devo provar isso para
você. — Estalo meu pescoço para frente e para trás, meu olhar
vagando para a janela.

Harley está lá fora no parque com as crianças e Rome está


vindo de Terra e Mare, caminhando para se juntar a eles.
Phoebe corre para seu pai, e ele a gira, seu sorriso tão largo
que posso ver daqui. Ele envolve Harley com um braço, dá um
beijo em seus lábios e esfrega sua barriga, embora a gravidez
ainda não tenha aparecido. Estaria mentindo se dissesse que
meu coração não apertou ao vê-los.

— Sou um sobrevivente de Lake Starlight. Eu prometo a


você — digo.

— Certifique-se de que Brigette está na mesma página


que você. E se você a ama, sugiro fechar essa porta para Juno,
porque falando como um homem casado há mais de cinquenta
anos, só pode haver uma mulher número um em sua vida.

Concordo. — Então, quando me casar com Brigette,


vamos falar sobre assumir o controle do Four Paws? Terei uma
conversa com ela que me deixará saber se o que você disse está
correto, se quer fazer de Lake Starlight seu novo lar. Então você
e eu vamos conversar. Obrigado, senhor. — Olho para o meu
relógio. — Tenho que ir ao meu primeiro compromisso do dia.

Estou na porta quando ele chama meu nome.

— Sim? — Eu me viro e o encaro.

— Ouça o seu coração. Esse é o conselho que recebi há


muito tempo, e prometo a você, seu coração não mente. Nunca
te leva aonde você não deve ir.

Se ele soubesse que meu coração me levou direto à dor


de cabeça desde que eu tinha treze anos.

— Obrigado. — Aceno em agradecimento e abro a porta


enquanto Hillary está acompanhando minha primeira cliente,
a Sra. Lopez, e seu gato, Alesander, para o quarto dois.

Sabendo que tenho alguns minutos, pego meu telefone


para ver a mensagem que Lori me enviou. O cabeçalho
brilhante do Lake Starlight Buzz me atinge na frente e no
centro.

Três para o Tango?

Rumores dizem que o encontro de Juno teve uma reação


alérgica e de alguma forma Colton Stone e sua noiva foram os
que os levaram ao hospital. Uma fonte ouviu Brigette
perguntando a Juno Bailey sobre seu relacionamento com
Colton. Eles são próximos? Aparentemente, Juno afirmou mais
uma vez que eles são apenas amigos – não é novidade para
nenhum de nós. Mas a informação mais interessante é que ela
disse que houve momentos em que as linhas entre eles ficaram
confusas. Ela garantiu à noiva muito nervosa que se algo fosse
acontecer, já teria acontecido, o que aparentemente acalmou
Brigette. Também ouvimos que Juno terá aulas de dança com o
casal feliz. De quem ela será parceira?

Esta foto foi tirada quando o encontro de Juno finalmente


saiu da sala de emergência, recuperado de sua reação alérgica.
Como você pode ver, Juno e Colton ainda estão lado a lado e é
a mão de Brigette no braço de Juno. E onde está o braço de
Colton? Nas costas de Juno. Diga-me novamente que esses dois
são apenas amigos. Não estou acreditando nisso, e se eu fosse
Brigette, daria o fora de Lake Starlight. Ou talvez acertar com o
encontro de Juno, de quem ela parece gostar tanto.

Colton Stone deve se casar em apenas três semanas...


talvez devêssemos abrir uma aposta se isso realmente
acontecerá.

Examino a foto. Não posso negar que estou com a mão


em Juno, mas sempre fui assim com ela. Além disso, senti que
depois que Brigette foi tão enérgica em conseguir o número de
Juno e ir ao estúdio de dança, queria lhe transmitir que sentia
muito. Minha culpa está sempre sob a superfície desde meu
noivado.
Eu coloco meu telefone no bolso enquanto Brigette passa
por mim para a sala de exame três sem dizer uma palavra.
Acho que tenho minha resposta sobre o que havia de errado
com ela esta manhã.

Não tenho tempo para falar com Brigette o dia todo, até
que estamos atravessando a praça em direção ao estúdio de
dança Tap Your Feet.

— Ei. — A paro antes de atravessarmos a rua. — Acho


que devemos conversar.

— A respeito?

— Tenho certeza que você viu Buzz Wheel.

Seu sorriso desaparece. — Sim, mas está tudo bem. É só


fofoca.

Quero conversar sobre isso, mas ela parece bem em


ignorar o elefante neon piscando entre nós. — Ainda acho que
devemos conversar.

Ela olha por cima do meu ombro, com o braço levantado.


— Mais tarde. Eles estão aqui.

— Quem?
Eu me viro e meus olhos se estreitam. Juno e Jason estão
descendo a calçada em nossa direção.

— Pensei que isso era proibido? — Pergunto com os


dentes cerrados.

— Consegui falar com os dois antes. Achei que você ficaria


feliz que sua melhor amiga pudesse vir hoje. — Uma criança
podia ouvir o sarcasmo no tom de Brigette.

Conforme Juno e Jason se aproximam, a pergunta


implora para ser respondida. Para o benefício de quem ela os
convidou: dela ou meu?
Entrando no estúdio de dança acima de Sweet Suga
Things, fica claro que foi uma má ideia. A única que se sente
confortável é Brigette, que está excessivamente entusiasmada
com o encontro duplo de nós quatro. Estou surpresa que Jason
até concordou em sair comigo novamente, mas ele não tem
sido nada além de cortês desde que me pegou.

— Oh, oi Juno, como estão todos? — Sra. Johnson


pergunta quando ela me vê. — Eu vi Liam e Savannah outro
dia em uma caminhada. Liam disse que era seu primeiro dia
de volta ao trabalho e não queria deixá-los, então convenceu
Savannah a trazer o pequeno para visitar. — Ela ri.

— Sim, não tive muito tempo de ver os novos bebês. —


Que é verdade. Phoenix me ligou hoje e me inscrevi para um
turno na tarde de quinta-feira com Savannah. Phoenix disse
que ela poderia simplesmente nocautear Savannah se ela
tivesse que ir lá novamente e receber um sermão sobre como
manter o vestiário organizado.

— Eles são jovens apenas uma vez. Agora, o Sr. Johnson


disse que vocês dois já foram lá e já escolheram o terno de
Colton? — Sim, a Sra. Johnson é a esposa do Sr. Johnson. Ela
está apenas direcionando sua atenção para Colton e eu, o que
deixa Brigette e Jason parados como estranhos.

— Sim — diz Colton.

— E eu ouvi que Juno ficou um pouco emocionada? —


Ela toca meu braço. — Agora você vê por que todos nós
choramos quando seus irmãos e irmãs se casam. Quando você
conhece alguém e o vê crescer, é emocionante.

Olho de lado para Colton, que balança sobre os


calcanhares.

— Acabei de tirar sarro de seu aparelho de quando


éramos crianças. — Dirijo minha resposta a Brigette, que me
dá um pequeno sorriso que mal aparece nos cantos de seus
lábios. — Honestamente, não era assim, e minha avó...

— Você está pronta para nós, Sra. Johnson? — Brigette


interrompe.

Meus ombros caem. Ela está obviamente chateada e não


posso culpá-la. Eu vi o artigo do Buzz Wheel no sábado à noite.

— Ai, sim. Você é mandona, hein? — A Sra. Johnson


belisca Brigette de brincadeira, mas Brigette olha para o ponto
em seu braço. — É uma boa qualidade, Colton.

A Sra. Johnson acena para que entremos no estúdio com


janelas que dão para a praça. Os pisos de madeira são
brilhantes e polidos, e há bancos ao longo da parede interna –
que parecem um lugar muito bom para se deitar.

— Vocês são os primeiros, então vou colocar uma música


e podem aquecer seus quadris enquanto esperamos pelos
outros.

— Ótimo, — digo sem entusiasmo. Se os professores de


educação física pudessem reprovar um aluno por sua falta de
ritmo, eu teria reprovado na quadrilha.

Ela liga Frank Sinatra, Fly Me to the Moon, e Jason


estende os braços para mim.

— Deveria começar dizendo que sou uma espécie de


dançarina evasiva.

Ele ri e envolve um braço em volta da minha cintura


enquanto segura minha mão na sua. Sua forma é rígida, então
tento fazer o mesmo. — Apenas me deixe liderar.

Dá um passo à frente – bem na minha ponta do pé,


porque acho que eu deveria dar um passo para trás.

— Desculpa. — Fico olhando para seus pés.

— É apenas um quadrado — diz ele.

Eu o sigo, me sentindo como um robô e pisando em seu


pé quando deveríamos voltar. A última vez que me desculpei
tanto foi quando vomitei no carro clássico de Liam no meu
primeiro ano, depois que me perdi em uma festa.
— Agora. — Ele solta minha cintura, coloca o dedo sob
meu queixo e levanta meu rosto. — Seus olhos estão em mim.
É aqui que a conexão acontece.

— Ok. Cara, você é muito bom nisso. Onde você


aprendeu? — Assim como acho que posso manter uma
conversa enquanto danço em uma praça, bagunço e meu
tornozelo torce.

— Você está bem? — Ele pergunta.

— Sim. Estou bem. — Eu me endireito para voltar a


montar naquele cavalo, quando na verdade, só quero ir
embora. Não vou me casar. Não tenho que dançar no
casamento deles, se quiser. Por que concordei com isso? Ah,
sim, porque se Brigette é importante para Colton, ela precisa
ser importante para mim, o que significa que preciso fazer
coisas como essa para tentar construir um relacionamento
com ela.

— Sou um nerd e ganhei a dança de salão como crédito


na faculdade — confessa com um sorriso tímido.

— Fácil?

Ele ri. — Não. O instrutor certificou-se de que não havia


nada fácil nisso. Para passar na classe, tivemos que fazer
parceria e fazer um concurso de dança de verdade.

— Uau.

— Sim, mas ele disse que tinha quadris para salsa. O que
quer que isso signifique.

Olho para baixo entre nós e vejo que, conforme damos um


passo, seus quadris balançam um pouco a cada movimento.
Como se ele fosse um cão acorrentado que quer correr livre.

Enquanto isso, Colton e Brigette dançam ao nosso lado.


Brigette parece estar bem enquanto Colton conta
silenciosamente com a boca aberta.

— Aí está, — Brigette diz. — Você está entendendo, mas


tem mais talento.

Colton tenta, mas parece que tem formigas nas calças.


Rio, fazendo com que ele olhe para mim e pise no pé de
Brigette.

— Droga, vocês dois não podem estar falando sério? —


Ela se solta dele e agarra o dedo do pé.

— Desculpe — digo.

Mais dois casais entram. A Sra. Johnson diz olá para eles,
depois vem até nós e coloca as mãos em meus quadris.

— Mais movimento, Juno. Relaxe. — A Sra. Johnson bate


no meu quadril como se ele tivesse adormecido. — Aí está.

Não sinto diferença, mas ela nos deixa em paz, pelo que
sou grata. Jason me gira, e enfrento Colton e Brigette.

— Foi uma boa jogada — digo a Jason, que sorri.

— Oh, acho que temos algumas dançarinas na casa, —


diz a Sra. Johnson. — Eu vou fazer vocês dançarem juntos.

— Achei que fosse uma festa, vamos dançar! — Denver


grita, entrando na sala com uma Cleo com o rosto vermelho.

Eu me afasto de Jason e cruzo os braços. Você tem que


brincar comigo.

— Quem é aquele? — Jason pergunta.

— Hum...

— Denver Bailey, você não entra em um salão de baile


assim — diz a Sra. Johnson.

— É Footloose. — Ele espera que ela demonstre algum


reconhecimento da famosa música, mas isso não acontece.

— Eu não me importo. Este é um salão de baile. — Ela


pega a mão dele e o leva até o meio da pista de dança. — Não
é para ser joelho na virilha e moer.

Todo mundo ri. Acho que ela tem seus filmes misturados.

— Tudo que você precisava fazer era perguntar, Sra.


Johnson. — Denver a aproxima e age como se fosse moê-la.

Ela o acerta, mas olha para Cleo, que está parada perto
da parede. — Como você vai se casar com esse cara?

— Acho que sou especial porque é preciso uma garota


especial para ver sua beleza. — Cleo se aproxima e lhe dá um
tapa de brincadeira, antes de tomar o lugar da Sra. Johnson.
Agora Denver realmente coloca sua perna entre as pernas dela
e mói.

— Seu primo? — Jason pergunta.

Torço meus lábios em uma expressão de desculpas. —


Irmão.

— Outro?

— Sim, mas o último que você vai conhecer é Austin e ele


é super tranquilo.

— Só para garantir, vamos dançar do outro lado da sala.

Rio, pensando que ele está brincando, mas Jason


realmente me gira até que estamos no canto oposto.

— Juno! — Denver grita, de alguma forma dançando em


minha direção.

— O que diabos vocês dois estão fazendo aqui? —


Pergunto.

— Aulas de dança para o nosso casamento. Tenho que


começar cedo. Além disso, precisávamos sair de casa. Os bebês
de todo mundo estão arruinando nossa vida social. — Cleo ri.

— Vou colocar um bebê em você, — diz Denver. — Vamos


abandonar esta aula e ir para casa e tentar até obtermos
sucesso.

Cleo dá um tapa no ombro dele. — Uma hora. Você


prometeu.
Denver age como um cachorrinho desprezado, mas seu
sorriso é tudo menos isso.

— Vamos trocar de parceiros. Você tem que ser capaz de


se adaptar quando você dança. Permita que o líder o conduza,
então começaremos em algumas etapas. — A Sra. Johnson
chega e separa os casais.

Acabo com Denver. Ótimo. Colton está com Cleo, e


Brigette e Jason estão juntos. Imediatamente, há uma
diferença visível nas capacidades de dança entre os casais.
Jason e Brigette zunem pela pista de dança como se fossem
ser os instrutores da classe, a saia de Brigette balançando ao
redor de suas pernas finas. Compartilho um olhar com Colton.
Sim, somos os perdedores aqui.

— Não me inscrevi para dançar com minha irmã, —


Denver disse à Sra. Johnson, agarrando a mão de Cleo e
girando-a em seus braços. — Desculpe, mana.

Isso me deixa com Colton. Gravitamos para a janela,


observando os outros casais. Os outros dois casais de meia-
idade parecem se trocar à vontade, o que me faz pensar se eles
trocam de parceiro por algo mais do que apenas dançar.

— Oh, não, você não precisa. — A Sra. Johnson se


aproxima e posiciona Colton e eu na posição de dança clássica.
Ela coloca a mão no meu quadril e cruza nossas outras mãos.
— Ainda vamos fazer vocês dois bons dançarinos.

— É apenas uma dança. Eu posso fazer isso funcionar,


— Colton argumenta, e ela dá um tapa em seu braço. — Forte.
— Seus olhos gravitam em Brigette e Jason, que estão
flutuando pela sala.

— Nós obviamente somos os desajustados do grupo —


digo.

— Não desajustados. Apenas saia dessa sua cabeça. —


Sra. Johnson bate o dedo na minha têmpora. — Ouça a batida
da música. Que seja o seu guia. Perca-se em seu parceiro. Nem
sempre se trata de passos perfeitos. — Ela coloca uma mão
nas costas de Colton e a outra nas minhas, empurrando-nos
para mais perto. — É sobre diversão e paixão. E quaisquer
outras emoções que isso extraia de você.

Ela nos deixa para verificar outro casal. Colton dá passos


muito parecidos com Jason, mas não tão suavemente. Mas
estou bem com isso porque não me importo muito se pisar nos
pés de Colton.

— Já fizemos isso antes — diz Colton suavemente.

— O quê? Formatura? Nós apenas dançamos músicas


rápidas — digo.

Não tenho certeza se ele me tocou aquela noite inteira.


Ele foi com Monica Lloyd e eu com Pete Segrum. Foi o primeiro
evento escolar a que fomos separadamente, mas mais tarde
naquela noite, nos encontramos. Não tenho certeza se é disso
que ele está falando ou o quê.

— Naquela noite no lago, antes de eu ir para a faculdade


— diz ele.

— Isso foi há muito tempo e não tínhamos testemunhas.


— Eu interpreto seu comentário como se aquela noite fosse
como qualquer outra de nossas memórias. Aquelas que não
perfuram meu coração porque mais uma vez o estou perdendo.

— Juno? — Colton tem um tom específico que usa


quando está obcecado por algo. — Nós precisamos conversar.

Nossos olhos se encontram. Não podemos cruzar essa


linha agora. Não podemos ter a conversa que acho que ele quer
agora.

Balanço minha cabeça. — Mais tarde.

— Amanhã na hora do almoço — diz ele.

Aceno, embora todas as células do meu corpo estejam


gritando não, ele vai se casar.

— E troque! — A Sra. Johnson bate palmas.

Uma das mulheres de meia-idade desliza entre Colton e


eu enquanto seu parceiro coloca os braços em volta de mim.
Mas meus olhos não se desviam de Colton e os dele não deixam
os meus.

Tudo o que consigo lembrar é daquela noite antes de ele


partir para o estado do Colorado.
Dezessete anos de idade

— Vamos. — Puxo Colton pelo caminho de nossa casa em


direção ao lago em nossa propriedade.

— Por que estamos indo para o lago? Achei que íamos


assistir Se Beber, Não Case!?

Deslizo meu braço no dele e inclino minha cabeça em seu


braço. Ele cresceu muito durante o ensino médio. Outro dia,
notei como até seus antebraços são marcados por músculos.
Ele vai me esquecer quando for para a faculdade.

— Vamos, quero dar-lhe um presente de despedida.

— Não estaríamos dizendo adeus se você tivesse vindo


comigo.

Eu olho para ele e sorrio suavemente. Ir para a faculdade


juntos era o plano quando éramos jovens. Mas quando meus
pais morreram, meus planos mudaram. Não posso deixar
Austin aqui sozinho para criar as gêmeas.
Todos nós ganhamos dinheiro para a faculdade ou um
negócio com a herança dos meus pais, então preciso gastar o
mínimo possível para ter o suficiente para começar meu
negócio de casamentos. Faz mais sentido para mim ir para a
faculdade aqui no Alasca.

— Você estará de volta. Lake Starlight é a sua casa.

Ele concorda. — Eventualmente, mas se eu não acabar


indo para a faculdade veterinária aqui, estaremos falando de
oito anos.

Balancei minha cabeça. — Podemos não falar sobre isso


agora?

Chegamos ao lago, o luar refletindo na superfície da água


escura. Pequenas lanternas que coloquei em volta de um
cobertor na beira da água brilham no escuro. Meu coração
dispara quando seus passos param e ele olha para mim.

— O que está acontecendo?

Pego sua mão e o levo para o cobertor. — Eu não queria


apenas assistir a um filme no meu porão onde Kingston ou as
gêmeas pudessem entrar e se juntar a nós. Queria ficar
sozinha com você.

Um pequeno sorriso aparece em seus lábios, como se ele


estivesse surpreso que eu quisesse isso.

Apenas espere.

— Eu tenho todos os seus favoritos Lake Starlight. Torta


de morango da Lard Have Mercy, biscoitos da Sweet Suga
Things, e Austin quer que eu diga que foi ele que foi ao Carol's
Crabby Shack comprar hushpuppies5 e pernas de caranguejo.

Caio de joelhos no cobertor, mas Colton fica de pé e pega


toda a comida e as lanternas.

— Juno. — Ele balança a cabeça. — Isso é incrível. — Ele


cai de joelhos e me olha nos olhos. Isso estimula os nervos. —
Obrigado.

— Você é meu melhor amigo. Você achou que eu não faria


nada antes de você partir?

Ele encolhe os ombros. — Eu teria ficado feliz em assistir


Se Beber, Não Case! Só queria que minha última noite fosse
com você.

Afasto os pensamentos de que esta seja sua última noite


em Lake Starlight. Ele está me deixando, mas quero que ele o
faça. O estado do Colorado sempre foi seu sonho e ele merece
muito mais.

— Vamos comer antes que fique muito frio. — Abro a


comida que Austin comprou para mim.

Comemos quase em silêncio, exceto pelos grilos fazendo


sua música.

— Oh, quase esqueci. — Abandono minha comida e

5 Salgadinho típico do Sul dos EUA.


caminho até o banco ao lado do lago.

Meu pai instalou o banco para vovó Dori porque o lago é


um lugar de reflexão para minha família. Durante as reuniões
de família, ela desaparece aqui para pensar no meu avô.
Sempre me pergunto se vou encontrar o mesmo tipo de amor
que ela compartilhou com ele.

Ligo o alto-falante para que a música interrompa os


grilos.

Comemos nosso caranguejo e conversamos sobre seu


novo colega de quarto, com quem ele conversou por telefone.
Ele acha que não vai se dar bem com ele. Eu posso dizer o quão
nervoso Colton está por ficar longe de casa e não conhecer
ninguém em sua faculdade. Prometemos escrever cartas, e-
mails e mensagens de texto o tempo todo. E contamos quantos
dias ele ficará fora antes de retornar para o breve feriado de
Ação de Graças.

Depois que estamos ambos cheios de nossos jantares,


Need You Now de Lady Antebellum, toca no rádio e Colton se
levanta, estendendo a mão para mim.

— Dance comigo — diz ele.

— Eu não sei dançar. — Eu balanço minha cabeça,


limpando nossos recipientes.

— Como um presente para mim?

— Ei, eu comprei para você aquela coisa bacana de caddie


de banho.

Ele ri e continua a estender o braço para mim. — Vamos,


Juno. Uma dança.

Aceito sua mão e me levanto do cobertor. Seus braços


envolvem minha cintura e bloqueio minhas mãos atrás de seu
pescoço. Estamos tão perto que meus mamilos se destacam
sob a camiseta fina que estou vestindo. Já que nós dois
estamos de shorts, o pelo em suas pernas esfrega nas minhas
coxas enquanto circulamos em um ponto, nossos pés mal se
movendo, mas nossas emoções girando como um tornado
construindo impulso.

Lágrimas surgem em meus olhos e coloco minha cabeça


em seu peito, tentando gravar o som de seus batimentos
cardíacos na memória. Não consigo me lembrar de um dia em
que não nos tenhamos visto, a não ser quando sua família sai
de férias.

Seus braços se apertam em volta de mim e seu queixo


repousa no topo da minha cabeça. — Vou sentir muito sua
falta.

Deslizo meus braços de seu pescoço ao redor de sua


cintura, abraçando-o. — Vou sentir sua falta também.

Já transmitimos essa sequência de palavras um ao outro


antes. Não é nenhuma surpresa para nenhum de nós, mas
talvez seja a música lenta ou o fato de estarmos nos abraçando
mais forte do que já o abracei antes, mas as palavras têm mais
peso e emoção desta vez. Uma única lágrima rola pela minha
bochecha.

A música chega ao fim e Firework de Katy Perry toca. Ele


afrouxa os braços.

Descanso meu queixo em seu peito, olhando para ele. —


Tenho mais um presente para você.

Ele passa o polegar pela minha bochecha, enxugando


minhas lágrimas. — Isso é suficiente.

— É meio grande.

Seus olhos procuram os meus por alguma dica do que


poderia ser, mas ele nunca vai adivinhar. E eu sei que vai
demorar um pouco para ser convencido. Não vai concordar
com isso imediatamente.

— O que é? — Ele pergunta.

Eu me afasto de seu aperto e vou para a minha bolsa, de


onde tiro um preservativo. — Quero que você tire minha
virgindade.

As sombras das lanternas me escondem de ver


exatamente o que ele está pensando.

— Por quê?

— Porque vamos para a faculdade e, mais cedo ou mais


tarde, vou querer riscar isso da minha lista. Não quero ser
virgem para sempre. — Parece loucura enquanto as palavras
saem da minha boca, mas as palavras de Emily de quando eu
tinha treze anos e ainda não tinha meu primeiro beijo ainda
soam em meus ouvidos. Colton é aquele com quem eu quero
lembrar da minha primeira vez.

— Isso não é uma razão, Juno. — Ele passa correndo por


mim, senta no banco e coloca as mãos nos cabelos. — Você
não pode simplesmente me usar para se livrar da sua
virgindade. Não é assim que deveria funcionar.

Sento ao lado dele no banco. Perto, mas longe o suficiente


para não nos tocarmos. Minhas mãos pressionam entre
minhas coxas e me inclino para frente. — Não estou usando
você. Não quero me lembrar da minha primeira vez como algo
ruim ou algo de que me arrependo. Eu nunca me arrependeria
se fosse você.

Ele vira a cabeça para me encarar. — Isso é enorme. Isso


não é pedir minha bicicleta emprestada enquanto estiver fora.
Ou eu deixando meu pé de coelho da sorte.

— Você ainda tem aquele pé de coelho?

Ele ri da minha habilidade de mudar de assunto tão


rapidamente. — Seja séria.

— Eu sou. Você?

Ele encolhe os ombros. — Acho que está na gaveta da


minha cômoda ou algo assim. — Ele enterra a cabeça nas
mãos. — Você sabe que também sou virgem?
Eu tinha minhas suspeitas, mas não tinha certeza. Sua
ex-namorada Monica deixou claro que nada havia acontecido
entre eles e me disse que era minha culpa. Que eu faço jogos
mentais e nós dois fingimos que somos apenas amigos.

— Eu não tinha certeza, mas... — Deslizo ao longo do


banco, então estamos lado a lado. — Isso é meio perfeito, certo?
Nós dois perdemos nossa virgindade um com o outro. Assim
estaremos prontos para quando quisermos fazer sexo. Você é
meu melhor amigo, e confio muito em você. Confio em você
para ser gentil e compreensivo. Realmente quero que meu
primeiro seja você.

Ele morde o lábio. — Só você iria bolar esse plano.

— Tenho certeza de que não somos os únicos melhores


amigos a perder a virgindade um com o outro.

Ele se senta ereto e suas bochechas se enchem de ar que


ele libera lentamente. — Com uma condição.

Eu me viro para encará-lo, apoiando minha perna no


banco. — O quê?

— Nós nos beijamos e temos algumas preliminares. Não


vou apenas colocar o preservativo e deslizar para dentro.

Meu corpo vibra com eletricidade que ele quer um pouco


de intimidade. Mas não estou surpresa. Esse é o Colton. —
Você acha que eu vou reclamar de beijos?

— Vai ser estranho. — Um gemido ressoa em sua


garganta. — Isso mudará as coisas conosco?

Pego sua mão e a prendo entre as minhas. — Não. Sempre


sabemos que nossa amizade é a coisa mais importante.

Ele acena com a cabeça novamente e balança para trás,


entrelaçando nossos dedos. Sentando-se, seus olhos brilham
nos meus e sua mão livre sobe e segura minha bochecha. —
Juno, você é tudo para mim. Não posso te perder, então estou
confiando que pode lidar com qualquer sentimento que
acontecer depois.

Empalideci. — Sim. Claro que posso lidar com meus


sentimentos.

Um sorriso cruza seus lábios e ele se inclina para frente,


colocando seus lábios nos meus. Levamos um momento para
ficarmos confortáveis, mas uma vez que ele desliza sua língua
ao longo dos meus lábios, estou avançando e liberando nossas
mãos entrelaçadas para que possa tocá-lo.

Antes que possa montá-lo, ele termina o beijo e me leva


até o cobertor. Colton me deita e seus lábios pousam nos meus
mais uma vez. Nossas línguas deslizam juntas
desleixadamente, mas aproveito cada segundo. Seus dedos
percorrem meu corpo, sua mão deslizando pela bainha da
minha camisa, arrepios perseguindo a sensação de sua mão
no meu peito.

Ele se inclina para trás para perguntar: — Está tudo


bem?
Aceno, e seus lábios percorrem meu pescoço. Ele levanta
minha camiseta e abre meu sutiã com uma perfeição que me
faz pensar que praticou esse movimento em algum momento.
Quando sua boca se fecha sobre o meu mamilo, arqueio do
cobertor, querendo e precisando mais dele. Isso não é nada
como a noite do baile quando deixei Pete apalpar meu vestido
enquanto nós namorávamos. A energia percorrendo todo o
meu corpo, parece que minha mão está em uma daquelas
bolas eletrônicas no centro de ciências que fazem seus cabelos
ficarem de pé.

Trago seu rosto até o meu, minhas mãos deslizando sob


sua camisa, porque quero sentir sua pele e o peito que ele me
provocou durante todo o verão quando estava nadando em seu
short.

Sua respiração pesada envia calafrios na minha espinha,


como quando seu rosto pousa na curva do meu pescoço e nós
roçamos nossos corpos com a maioria de nossas roupas ainda
vestidas. Seu comprimento duro me faz alargar minhas pernas
para obter mais fricção na minha área sensível.

— Acho que estou pronta. Você? — Pergunto.

Ele acena com a cabeça e nós dois nos despimos. Deito


no cobertor, a luz da lua caindo sobre seu corpo me permitindo
ver suas mãos trêmulas deslizando o preservativo por seu
comprimento. Nunca vi um pênis além dos meus irmãos,
portanto, era obviamente maneira diferente do que isso. Por
um momento, penso se devemos fazer isso.
Mas então o peso do corpo de Colton pressiona para baixo
sobre mim e parece certo, e seus joelhos alargam minhas
pernas ainda mais. A ponta de seu pênis empurra minha
abertura.

— Vou devagar, ok?

Eu concordo. Ele empurra ligeiramente, estremeço e ele


se retira. — Talvez seja uma má ideia. Não quero te machucar.

Minhas mãos agarram seus ombros. — Não por favor.


Estou bem. — Beijo a nuca dele, o que o relaxa.

Sua cabeça cai no meu pescoço novamente e seguro seu


corpo em cima do meu enquanto fecho meus olhos, respirando
pesadamente por causa da dor.

— Merda, Juno. Não tenho certeza.

— Rápido. Faça rápido, Colt. — Minhas mãos agarram


seus ombros.

Ele suspira no meu ouvido e puxa os quadris para trás.


— Eu te amo, Juno.

Essas quatro palavras desviam minha atenção da dor.


Não é até que ele já está completamente dentro de mim e a dor
bate e diminui um pouco que estou de volta no momento.

Tenho certeza de que ele quis dizer que me ama como


amiga e também o amo.

Ele se move dentro de mim, nós dois sem jeito tentando


entrar em um ritmo que simplesmente não parece vir.

— Sinto muito. Você pode parar de se mover por um


segundo. — Colton ri e empurra dentro de mim, mas ele está
sendo gentil porque está preocupado em me machucar.

Por um momento, estamos na mesma página e suas


estocadas e sua respiração aumentam. Adoro ouvir o quanto
ele está gostando disso.

— Não posso ir muito mais longe — diz ele como um aviso.

Minha mente está em tantos lugares, tenho certeza de


que não vou ter um orgasmo. Ouvi dizer que a maioria das
garotas não faz isso na primeira vez.

— Vá em frente, Colt — digo.

— Não até você — ele ofega.

— Não se preocupe com isso.

Meu nome sai de sua boca antes que ele pare dentro de
mim. — Eu sinto muito.

Corro minhas mãos por seus cabelos e olho para seu


rosto a apenas alguns milímetros do meu. Aproveito minha
última oportunidade para beijá-lo, e seu corpo cai sobre mim
enquanto sua língua explora minha boca.

Ficamos deitados naquele cobertor a noite inteira. Não


fazemos sexo de novo, mas nos beijamos, e quando chega o
amanhecer, Colton vai para a faculdade.
Colton estava certo em se preocupar. Aquela noite nos
mudou para sempre.
Bato na porta do apartamento de Brigette. A playlist que
fiz para ela com minhas músicas favoritas está tocando lá
dentro.

Ela abre a porta. Seu cabelo está preso em um coque alto,


e está vestida com calça de ioga e uma camiseta curta que
mostra sua barriga.

— Colton? O que você está fazendo aqui? — Ela está


surpresa em me encontrar aqui porque nunca liguei.

É hora de conversarmos sobre tudo. Está se esquivando


de mim, e o fato de ela não me beijar na bochecha diz que
estava certo sobre estar preocupado.

— Posso entrar?

Ela sai da porta e pega o telefone da cintura da calça de


ioga, desligando a música que sai do alto-falante. Vir aqui
sempre parece estranho porque a configuração é a mesma do
apartamento do Brooklyn quando morava neste complexo.

— Estou apenas limpando, então, depois do casamento,


podemos retirar tudo e posso receber meu depósito de
segurança de volta. — Ela vai até a geladeira. — Bebida?

— Não. Eu estou bem. — Me sento em seu sofá.

Sua mobília é escassa porque ela não tem muito dinheiro.


Ainda está trabalhando com o Dr. Murphy e eu porque se
formou recentemente. Ainda assim, há espaço suficiente ao
meu lado. No entanto, ela pega uma água com gás e se senta
no chão em frente a mim, cruzando as pernas e tomando um
gole de sua bebida. Acho que é assim que vai ser.

— Eu deveria ter contado a você sobre Juno.

— Que você a ama, você quer dizer? — Ela pergunta, as


sobrancelhas levantadas.

— Não. Quer dizer, eu a amo, sim. Ela é minha melhor


amiga. — O que é verdade. Todos esses sentimentos vindo à
tona devem ser por causa de Juno tentando me beijar na noite
do triplo chá de bebê. É o que meu subconsciente está dizendo:
você finalmente tem uma chance com ela, aproveite.

— Isso é tudo? — Ela pergunta.

Olho para o chão acarpetado, pensando no casamento de


Brooklyn e como ela acabou encontrando Wyatt logo depois
que foi deixada no altar. Como eles estão felizes agora com seu
novo bebê.

— Você vai ter que confiar em mim nessa coisa de Juno,


ok? Somos amigos há muito tempo e acho que me casar vai
apenas mudar as coisas. É estranho para nós dois. — Estou
sendo o mais honesto que posso, mas a ligeira carranca de
Brigette sugere que ela quer cavar mais.

Nosso passado é nosso passado, com toda a verdade. Não


vou bisbilhotar o dela, então não deveria bisbilhotar o meu.
Que diferença faz?

— Tenho algo que realmente preciso falar com você, —


digo. — Dr. Murphy vai chamar você em seu escritório após o
casamento.

Ela se senta mais reta, envolvendo os braços em volta das


pernas. — Dr. Murphy? Por quê?

— Mencionei a você como quero eventualmente assumir


a prática quando ele se aposentar? Quero comprar a clínica e
fazer da Four Paws minha. Ele estava a bordo antes, mas agora
sente que eu me casar com você muda as coisas. Preciso que
você o tranquilize de que não vai.

— Ok. O que ele vai me perguntar?

— Ele vai perguntar se você vê sua vida aqui em Lake


Starlight.

Sua cabeça cai para trás e ela se enrola como se seu


pescoço doesse. — Achei que ficaria bem com isso, mas agora
com a coisa de Juno, é estranho.

— Você não tem nada com o que se preocupar.

Eu sei que ela ouve a irritação no meu tom porque estreita


os olhos para mim. — Você sabe. — Ela se levanta, colocando
sua água com gás na mesa. — Nunca perguntei por que você
concordou com esse acordo.

Deveria saber que ela não iria deixar a coisa de Juno


passar. Não tenho certeza se está muito orgulhosa ou se está
preocupada que eu não honre meu compromisso.

Ela pega um pano e tira o pó da estante atrás dela,


recolhendo bugigangas e porta-retratos que realmente
deveriam ser embalados.

— Estou fazendo isso como um favor porque você pediu.


— Tenho certeza de que disse isso a ela, mas mesmo assim, a
papelada na pasta que estou segurando parece que pesa cerca
de meia tonelada agora.

— Mesmo? Porque eu meio que me pergunto se você não


está fazendo isso para deixar Juno com ciúmes.

Coloco a pasta sobre a mesa e fico de pé, precisando


exercer um pouco de energia andando antes de dizer a ela
novamente que meu relacionamento com Juno não é da conta
dela.

Claro, talvez deixar Juno com ciúmes seja parte disso,


mas não vou dizer isso a Brigette. No início, fiquei tão chateado
com Juno quando Brigette me perguntou se eu gostaria de me
casar com ela que concordei no impulso. Então, uma vez que
a realidade do que isso significaria se estabeleceu, propor a
Brigette parecia uma boa maneira de me forçar a continuar
com minha vida. Superar a única mulher que parece que
nunca poderei ter. Cansei de desistir de algo que nunca vai
acontecer. Precisava de algo mais do que apenas minha força
de vontade para me tirar disso. Parecia que isso resolveria o
problema.

— Estou fazendo isso como um favor para você, então


agora estou te pedindo, como um favor para mim, para dizer
ao Dr. Murphy que você vê seu futuro aqui em Lake Starlight.

— Não tenho certeza se me sinto confortável agora.

— Então nada de casamento. Sem Green Card.

Ela se vira. — Eu confio tanto em você, por que você não


me contou sobre ela?

Esta cidade inteira pensa que estou perdidamente


apaixonado por Juno – e eles estão certos. Estou. Mas Juno
não está apaixonada por mim e estou farto dos olhares de
pena. Tentei tirá-la de sua zona de conforto. Tentei garantir a
ela que nunca a deixaria de novo como fiz quando fui para a
faculdade. Mas ela não acredita que valemos o risco.

Então, novamente, talvez eu esteja bravo porque tomei


essa decisão precipitadamente com Brigette. Estava chateado
e é por isso que pedi a Juno que me combinasse com alguém.
Eu não sabia que Brigette estava tentando encontrar alguém
na esperança de conseguir seu green card, já que seu visto de
estudante estaria terminando. Nem Juno. Ela pensava que
Brigette tinha vinte e poucos anos em busca de amor.
— Eu não achei que fosse uma informação necessária. Eu
não sei nada sobre você além do que preciso. Perguntas que
serão feitas, essa é a informação que sabemos uns sobre os
outros. Nossos favoritos, nossa família, nossos amigos.

— E Juno é sua amiga. — Ela levanta os braços para tirar


o pó da prateleira de cima da estante e vejo uma bandagem sob
seu seio esquerdo, na parte superior da caixa torácica.

— Você se machucou?

Ela olha para baixo, cai sobre os calcanhares, e o olhar


culpado em seu rosto diz que há mais curativo. — Fiz uma
tatuagem.

— Aonde?

— Há apenas um estúdio de tatuagem nesta pequena


cidade. Onde você acha?

— Com quem? — Porque acho que já sei para quem – o


homem que continua trazendo seu novo cachorrinho por
motivos estúpidos.

— Rhys — diz ela com um encolher de ombros.

— Então, talvez eu não seja o único que tem olhos para


outra pessoa.

— Você honestamente acha que eu arriscaria isso por um


caso? — Ela coloca as mãos nos quadris e olha para mim.

Ela tem muito mais a perder, exceto que eu realmente não


quero ir para a cadeia por isso. Depois de tomar a decisão e
preencher a primeira rodada de papelada, percebi que um
compromisso de três anos com ela não era algo que não
pudesse resolver. Isso me daria muito tempo para me forçar a
me distanciar de Juno e superá-la, seguir em frente com minha
vida e aceitar que Juno não desempenharia um papel
romântico nela.

Meu telefone apita no bolso, mas o ignoro.

— Eu tenho o acordo pré-nupcial. — Pego a pasta. — Pedi


ao meu advogado que colocasse uma cláusula sobre o Four
Paws caso o Dr. Murphy a vendesse para mim. Assumirei isso
sozinho, e cada um de nós deixará este casamento com o que
estava por vir.

Ela concorda. É claro que, quando isso acabar,


seguiremos caminhos separados, mas queria uma proteção
contra falhas para garantir.

Quando ela desaparece na cozinha, abro a pasta e vejo


nossos nomes na papelada. Às vezes me pergunto como me
coloquei nessa posição. Mas não faz sentido olhar para trás.
Estou nisso e sou um homem de palavra, então, de qualquer
maneira, vou me casar com Brigette na próxima semana.

Ela volta com uma caneta e passa seu nome pelas linhas
marcadas com sua assinatura.

Fecho a pasta e saio de seu apartamento, tirando meu


telefone do bolso.
Dori Bailey: Preciso de sua ajuda. Estou em um bar em
Anchorage e Ethel bebeu demais. Nos pega?

Isso tem que ser uma piada. Por que Dori estaria em
Anchorage? Além disso, nunca vi Ethel beber mais do que uma
única taça de vinho sem reclamar de azia. Mas,
independentemente, parece que vou dirigir para Anchorage.

Eu: Claro. Apenas me envie o endereço.

Meu telefone apita com o endereço do bar. Ótimo.

Abro a porta do Tipsy Turvy, que parece um lugar que


Dori iria. Assim que meus olhos se adaptam do sol à escuridão,
vejo Juno parada ali conversando com um barman.

— Colton? — Ela pergunta, sua testa franzida.

— Dori ligou para você também? Gostaria que ela tivesse


me contado antes de eu dirigir até aqui.

— Não. Ela está lá atrás. — Juno revira os olhos, termina


de falar com o barman e me leva para o fundo. — A boca grande
de Kingston disse a ela que eu estava encontrando um cliente
aqui esta noite, e ela disse que queria vir. Achou que precisava
dela e de Ethel, caso algum homem mais velho aparecesse.
— Ela me disse que Ethel estava bêbada e precisava de
uma carona para casa?

Juno zomba. — Nenhuma delas tomou uma bebida e eu


as trouxe aqui. Infelizmente.

Eu a paro antes de passarmos por uma porta para o


quarto dos fundos. — Nós deveríamos conversar.

Ela está balançando a cabeça antes que eu tenha a


chance de continuar. — Mais tarde, ok? Estou tão nervosa com
esta noite e só preciso me concentrar nisso agora.

Não posso culpá-la por não querer contar nossa história


quando está trabalhando.

— Talvez possamos voltar à Lake Starlight juntos. Ethel


poderia dirigir seu carro?

— Hum... não, mas podemos nos encontrar mais tarde


esta noite, se você quiser.

— Perfeito.

Atravessamos a porta e, vejam só, Dori e Ethel estão em


uma mesa, jogando cartas.

— Vovó, você disse a Colton para vir aqui?

— Eu fiz? — Ela olha para Ethel.

Eu levanto meu telefone na minha mão. — Tenho a


mensagem.
— Oh, sim, engraçado, pensei que estava enviando uma
mensagem para Kingston. Você sabe como ele trabalha em
Anchorage. Achei que ele estivesse voltando para casa.

— Eu disse a você que Kingston viria hoje à noite. — Juno


endireita cadeiras e mesas alinhadas com divisórias, como
cabines de votação. Mesmo quando trocam de lugar, eles não
conseguem se ver.

— Ah, é mesmo? Minha memória deve estar acabando. —


Dori bate em sua têmpora. — Não é mais tão boa.

— Eu sou a casamenteira. Colton vai se casar, lembra?


— A voz de Juno tem um tom que nunca ouvi dirigido a Dori.

— Você não é muito velha para eu colocá-la sobre meus


joelhos, Juno. — A voz severa de Dori diz que ela está falando
sério.

— Eu teria te ajudado com tudo isso de qualquer


maneira. — Eu endireito algumas das partições. — Isso é
engenhoso. De onde você tirou a ideia?

— Kingston. Vai entender, mas é muito legal, eu acho. É


um pouco diferente. Com sorte, isso atrairá algumas pessoas.

— Definitivamente.

Uma garçonete entra na sala e pergunta se precisamos de


alguma coisa, então peço uma cerveja. Ela acena com a cabeça
e vai embora.

— Alguém mais vindo além de Kingston?


Juno se inclina para pegar algo de sua bolsa e sua bunda
está na minha cara. Sua bunda esteve na minha cara várias
vezes, mas desta vez é uma luta não agarrá-la pelos quadris e
puxá-la para mim.

Tenho muita culpa por não ter contado a Juno por que
vou me casar com Brigette, mas não posso arriscar que isso
vaze. Ninguém, exceto Brigette e eu, sabemos que este é um
tipo de casamento apenas pelo green card, e se algo vazasse,
eu poderia estar em sérios problemas.

A garçonete volta e coloca minha cerveja na mesa. — Você


tem algumas mulheres que acabaram de entrar. Micah está
pegando uma bebida para elas, então, estão voltando.

— Ótimo. — Os olhos de Juno ficam arregalados e


animados como ficam quando algo que ela estava antecipando
finalmente chega. — Kingston e alguns de seus amigos
bombeiros virão esta noite também. Então, pelo menos, estou
oferecendo alguns caras bonitos.

Não perguntei por que ela está fazendo isso. Ela sempre
fez estritamente matchmaking com um toque pessoal. Mas não
vou perguntar a ela agora na frente de todos.

— Rummy! — Ethel grita e coloca suas cartas na mesa.

Dori franze a testa e joga as cartas na mesa. — Eu tenho


que fazer xixi.

Dori se levanta e vai para o banheiro, Ethel seguindo


como se suas bexigas estivessem em sincronia.
Uma mulher enfia a cabeça na sala. — É aqui que
deveríamos estar?

Juno se apressa. — Sim. Sim. Venha... — Ela para de


falar abruptamente, me fazendo olhar. — Stella?

— Stella de Kingston? — Sussurro mais para mim mesmo


enquanto Juno olha para mim.

Mas é Stella quem parece que vai desmaiar.


Puta merda, como se Colton aparecer não fosse uma
surpresa suficiente, Stella Harrison está aqui.

No Alasca.

Em Anchorage.

Não em Nova York.

— Stella? — Digo.

Ela pega sua bebida antes que caia. — Juno? — Seus


olhos examinam a sala. — Colton?

A última vez que vimos Stella foi no casamento de Holly e


Austin, que parece que foi há muito tempo. Ela e Kingston
conversaram a maior parte da noite, mas depois disso, nada
aconteceu que eu saiba. Se ele sabe que ela está de volta à
cidade, não compartilhou a informação comigo.

— Oh, hum, você está comandando isso? — Stella diz. —


Minha amiga do trabalho achou que seria divertido.

Ela está aqui há tempo suficiente para ter amigos no


trabalho?

A discussão de Dori e Ethel ecoa no corredor quando elas


saem do banheiro.

Meus olhos se arregalam. — Oh meu Deus, esconda-se.

A atenção de sua amiga se move entre Stella e eu como


se ela estivesse perguntando: — Essa garota está falando
sério? — Mas Stella deve ouvir na minha voz o desespero
porque desaparece atrás das divisórias e se esconde em uma
das cabines que montei.

— Oh, alguém apareceu. — Vovó Dori sorri como se


estivesse surpresa.

Obrigada pelo incentivo, vovó.

— Colton vai te levar para casa agora. — Meus olhos se


arregalam para Colton, que está tomando sua cerveja.

— Ele está bebendo. Disse ao meu filho que nunca dirijo


com alguém que bebe — diz Ethel.

Colton olha para sua cerveja. — Bebi cerca de dois goles.

— Beber é beber. Eu não sei sua tolerância. Talvez seja


zero. Eu vou nos levar. — Ethel estende a mão para Colton
para pegar as chaves.

Ele encara a mão dela, em seguida, levanta o olhar para


mim com uma expressão que sugere que eu nunca o faria fazer
uma coisa como dirigir todo o caminho de volta para Lake
Starlight com Ethel atrás do volante de sua caminhonete. Mas
conheço a vovó, e se ela vir Stella aqui, o inferno vai explodir.
Boatos vão se espalhar, e se Stella está se escondendo em
Anchorage, ela não está pronta para enfrentar o que aconteceu
anos atrás.

Sempre me senti próxima de Stella, por ela ser apenas


alguns anos mais nova do que eu. Quando os caras queriam
começar uma banda, ela ficava na garagem e era minha
companheira de arquibancada durante os jogos de beisebol.

— Apenas deixe ela dirigir — imploro.

— E seu nome é? — Dori pergunta à amiga de Stella.

— Cami.

— Bem, Cami, esta é Juno. Ela é minha neta e uma


verdadeira casamenteira. Está no sangue de sua mãe por
gerações, então você deve confiar nela com quem você deve ser
combinada esta noite.

— Vovó, é um encontro rápido. — Beijo vovó Dori na


bochecha com a esperança de que isso a tire daqui.

Colton ainda está bebendo sua cerveja.

— Você tomou mais um gole — diz Ethel, como uma irmã


que quer criar problemas para o outro.

— Apenas deixe-a dirigir? — Digo a ele, tentando puxá-lo


para a porta.
— Mas minha caminhonete? — Ele diz como se eu
estivesse louca.

Provavelmente estou, mas realmente preciso tirar Dori


daqui e dizer a Stella para ir embora antes que Kingston
apareça, caso contrário, todo o meu encontro às cega vai ser
um fracasso e nunca vou ser capaz de pagar minhas contas.
— Que mal pode fazer?

— Você está realmente me perguntando isso agora? —


Colton diz.

— Eu preciso de Dori fora daqui — sussurro.

Ela está ocupada citando minhas qualificações para


Cami, amiga de Stella.

— Entendo, mas é minha caminhonete, Juno.

Ethel observa como um falcão para ver se Colton toma


outro gole de cerveja. Eu sei que a única maneira de eles
partirem é se Colton lhe der as chaves. Eventualmente, Colton
percebe isso também.

— Você me deve por isso, e quero dizer um favor enorme.


— Colton se levanta, bebe o resto de sua cerveja, mas antes
que Ethel esteja prestes a dizer algo, ele deixa cair as chaves
em sua mão. — Maior do que aquela vez em que você
acidentalmente me deu uma joelhada quando estávamos
lutando.

Rio, lembrando como seu rosto ficou azul. Me senti tão


mal. Espero que ele ainda possa ter filhos. Eu fico na ponta
dos pés e beijo sua bochecha. — Eu devo muito a você.
Prometo. Dê um nome e eu entregarei.

Ele envolve seu braço em volta da minha cintura e vira o


rosto para mim. Estamos a milímetros de distância e meu
coração bate forte.

— Sem retorno — diz ele.

— Sem retorno. Prometo.

Então beija minha bochecha e me libera. Agora não tenho


certeza se quero que ele vá.

— Vamos lá, Golden Girls, — Colton diz. — Estaremos


dirigindo cinco acima do limite de velocidade.

— Não posso perder minha licença, Colton Stone — diz


Ethel.

Ele pisca para mim mais uma vez antes de os três saírem
da sala.

— Está seguro agora — digo a Stella, que espia por cima


da divisória.

— Obrigada. Não quero estar no Buzz Wheel novamente.


— Stella dá um gole em sua bebida que já está na metade. —
Então você e Colton estão finalmente juntos?

Balancei minha cabeça. — Não, ele vai se casar na


semana que vem.
Seus olhos se arregalam. — Mesmo? — Ela olha para a
amiga. — Eles eram, tipo, os melhores amigos que você sempre
pensou que se casariam.

— Olha quem fala. E quanto ao meu irmão?

Sua amiga toma um gole de vinho. — Diga? Stella é como


um cofre. Ainda estou para descobrir como fazê-la falar sobre
sua vida.

Stella dá um gole em sua bebida e seus olhos imploram


para que eu não diga nada.

Minha cabeça se levanta quando me lembro de quem


mais deveria estar aqui esta noite. — Eu esqueci! Kingston e
seus companheiros bombeiros virão esta noite.

Desta vez, a bebida cai das mãos de Stella. Não há tempo


para reagir porque ouço um bando de homens caminhando
pelo corredor. Suponho que sejam bombeiros porque fazem
muito barulho, discutindo uns com os outros sobre alguma
coisa.

— Hum. Apenas fique aqui — digo.

Não foi isso que planejei quando vim para cá.

Saindo pela porta de nossa sala privada, eu a fecho atrás


de mim e vejo um dos amigos de Kingston que esteve no
apartamento algumas vezes.

— Juno. — Lou me abraça para que meus pés levantem


do chão. — Kingston disse que tínhamos que vir hoje à noite.
Além disso, você sabe que gosto de mulheres. — Ele me coloca
de volta no chão e pisca. — Estes aqui são Cory, Shawn e
Jorge.

Digo oi para todos eles. — Onde está Kingston?

— Oh. Ele está atrasado e há a papelada, então eu não o


esperaria.

Exatamente quando Lou me dá esta informação, meu


telefone apita. O retiro para ver uma mensagem de Kingston.

Kingston: Desculpe, não posso ir esta noite. Da próxima


vez, juro. Mas enviei alguns caras para você. ;)

Não posso ficar chateada com ele. Trabalho é trabalho e


ele já fez mais do que o suficiente ao organizar esta sala. A
ansiedade apertando meu corpo diminui um pouco.

— Bem, rapazes, me deem um minuto para preparar


todas as mulheres. — Sorrio e corro de volta para a sala
privada, lançando um olhar para Stella para dizer não se
preocupe.

Depois de colocar todas as mulheres em suas mesas atrás


das divisórias de papelão, coloco minha cabeça para trás no
corredor. — Entre. — Abro a porta para eles e eles entram em
fila.

Mais algumas pessoas entram pela porta e coloco todos


em um assento.

Depois que o speed dating acaba, alguns casais vão para


a outra área do bar para continuar suas conversas. Estou
arrumando minhas coisas quando Stella se aproxima de mim.

— Ei, foi um grande evento.

— Você não encontrou ninguém, certo? Meu irmão pode


me matar.

Nós duas rimos nervosamente. Kingston é sempre um


tópico de conversa estranho entre nós.

— Sobre ele, — ela diz. — Não quero colocá-la nesta


posição, mas você poderia manter para si mesma que me viu
aqui? Quer dizer, não estou pronta para vê-lo ainda.

— Certo. — Odeio estar escondendo um segredo de


Kingston, mas é melhor ele não saber até que eu tenha certeza
que Stella pode lidar com as ramificações de ver meu irmão.

— Obrigada. Prometo que vou sair das sombras


eventualmente. Eu não estava realmente planejando voltar
para casa, mas...

Eu paro de colocar a papelada na minha bolsa. — Você


está bem?

Ela suspira, parecendo desanimada. — Não quero


sobrecarregar você com mais um segredo, mas é difícil estar de
volta e não contar a ninguém. É como se estivesse sozinha em
um iceberg no meio do oceano. Cami é ótima, mas ainda não
chegamos ao estágio de “me ligue se estiver na prisão e eu
pagarei sua fiança, sem perguntas” ainda.
— O que está acontecendo?

— Minha mãe está doente e está sendo teimosa, dizendo


que não precisa da minha ajuda. Então me mudei para
Anchorage para ficar mais perto, mas não muito perto, por
razões que você deve entender. Mas você está me dizendo que
Kingston trabalha para o Corpo de Bombeiros de Anchorage?

Concordo. — Sim, mas ele provavelmente estará correndo


em breve. Ele terá ido mais longe do que em casa.

— Ok. Novamente, sinto muito. Você não terá que


guardar meu segredo para sempre. Um dia terei que enfrentar
Kingston, lidar com tudo e deixar isso para trás para sempre.
Conversamos no casamento de Austin, mas não foi sobre nada
importante. Sei que está chegando o dia em que terei que lidar
com o que aconteceu, mas ao mesmo tempo, não consigo me
imaginar colocando seu irmão permanentemente no meu
retrovisor, sabe?

Ofereço a ela um pequeno sorriso que espero transmitir o


quanto sinto por ela. Pegando uma caneta e papel, escrevo meu
número. — Me ligue se precisar conversar.

Ela o guarda na bolsa. — Obrigada. Você quer falar sobre


o casamento de Colton?

É como abrir uma daquelas latas de cobras furtivas e um


milhão de rolos cobertos de tecido de seda voando na sua cara.
Então, novamente, eu realmente não posso falar com minhas
irmãs, porque sei quais serão seus conselhos. Rompa seu
noivado. Mas Stella entende como é horrível amar um homem
o suficiente para desejar a felicidade dele sobre a sua. É a razão
pela qual ela desapareceu anos atrás.

Mesmo assim, me sinto como um barco perdido no mar e


todos esses faróis brilham para me guiar até a costa, mas não
tenho ideia de qual caminho é o melhor. Quem disse que não
vou acabar seguindo a luz errada e acabar sozinha em uma
ilha?

— Não. Ainda não.

Sua mão cobre a minha e ela sorri como se estivesse


dizendo touché. — Entendo, mas em algum momento, você
terá que enfrentar que não será mais a primeira mulher em
sua vida. Está pronta para isso?

Encolho os ombros.

Ela aperta minha mão novamente antes de roubar a


caneta e escrever seu número em um guardanapo. — Você
pode me ligar a qualquer hora.

Dizemos adeus e entro no meu carro, martelando uma


mensagem para Colton perguntando se está tudo bem em eu
ir. Brigette pode estar lá. Ele me diz que está de pé e diz para
eu ir imediatamente.

Aqui vai.
Atendo a porta para encontrar Juno em pé na varanda.
Normalmente, ela passa por mim com um breve oi e uma longa
história do que acabou de acontecer com ela, porque algo
estranho sempre acontece com Juno. Achei que ela estaria
falando sem parar sobre o reaparecimento de Stella antes que
eu abrisse a porta completamente. Mas ela apenas fica em
silêncio e fica lá.

— Você quer entrar? — Pergunto, dando um passo para


o lado.

Ela me examina. — Você está sozinho? — Limpa a


garganta. — Quero dizer, Brigette está aqui?

Estreito meus olhos. — Não.

— Ufa. Ok. — Agora ela passa por mim. — Percebi quando


bati que não posso mais simplesmente entrar. Vou ter que
tocar a campainha para não interromper os recém-casados.

Fecho a porta da frente e ignoro o aperto do meu coração


com o comentário dela. — Como foram os encontros?
Ela encolhe os ombros, enterrando a cabeça na minha
geladeira. — Tudo bem, ganhei uma quantia decente de
dinheiro. Sinto que devo pagar uma parte a Kingston. Quase
todo cara lá foi algum tipo de primeiro cliente.

— E Stella? — Pergunto, sentado no meu banquinho da


bancada e observando-a pegar as caixas de comida para sentir
o cheiro do conteúdo.

Ela espreita para fora da geladeira. — Ela quer que eu


mantenha em segredo que a vi. — Ela aperta a mandíbula em
uma expressão de 'eek'. Juno e segredos nem sempre se
misturam. — Não está pronta para vê-lo.

Fecha a geladeira e abre um recipiente de frango com


laranja da Wok For U, movendo-se até a minha gaveta de
talheres para pegar um garfo.

— Quer que eu aqueça para você?

Ela me dispensa. — Só preciso comer algo rápido. Meu


estômago está louco agora e acho que se eu comer, posso não
vomitar. — Um pedaço de frango está na frente de seus lábios.
— Como foi seu passeio? A caminhonete está bem? — Em
seguida, põe o pedaço de frango na boca e mastiga.

— Felizmente, sim. — Roubo o garfo de seu recipiente,


pego meu próprio pedaço de frango frio e como. — Minha
caminhonete agora está estacionada na garagem, mas Ethel
exigiu que elas me deixassem primeiro e levassem minha
caminhonete com elas. Acabei ligando para Duke Thompson
para levá-las de volta para casa.

— Está apenas sendo cautelosa — diz ela.

— Me sacrifiquei pelo time. O que ganho em troca?

Ela ri, mas é sua risada nervosa. Algo está acontecendo.


Só come com medo de vomitar quando tem que contar a
alguém algo que não quer. Como o tempo que ela teve para
contar a Savannah que arranhou o carro quando o pegou
emprestado. Ou quando me disse que foi para casa com Trey.
Comeu um recipiente inteiro de arroz frito antes de finalmente
admitir isso para mim.

— O que foi, Juno?

Ela olha para cima com aqueles olhos de corça como se


eu fosse um caçador com uma flecha apontada para ela. — Por
que você acha que está acontecendo alguma coisa? —
Murmura em torno de sua comida.

Não digo nada, mas olho para ela.

Pega o garfo de mim e o coloca na pia, embala o frango


com laranja e o guarda. Felizmente, seja o que for, não é grande
coisa. Porque quando ela me disser tudo o que tem para
contar, quero lhe dizer que entendo que toda essa situação é
estranha e desconfortável, mas eventualmente voltaremos aos
trilhos. Mesmo que seja daqui a três anos, quando me divorciar
de Brigette.

Pegando uma água, ela desatarraxa a tampa, em seguida,


engole metade da garrafa como se tivesse acabado de se
exercitar. Coloca a água na mesa e seu olhar cai para o balcão.
— Podemos não falar sobre coisas grandes, incluindo seu
casamento, esta noite? Eu meio que sinto nossa falta e quero
apenas relaxar.

Meus ombros caem. Ela está certa. Não saímos há muito


tempo. Como desde antes de eu anunciar o noivado. Talvez
toda essa loucura conosco seja porque sentimos falta um do
outro. — Definitivamente. Quer comer alguma coisa?

Ela sorri e dá a volta no balcão em direção à minha sala


de estar. — Sim. Adoraria. — Ela pega o controle remoto e liga
minha televisão, navegando pelo Netflix. — O que Colton tem
assistido ultimamente? — Ela pressiona meu nome em vez do
dela porque sim, compartilhamos uma conta da Netflix. —
Documentário urbano. Você precisa de alguma comédia em
sua vida.

Eu me junto a ela no sofá, esticando minhas pernas na


poltrona entre nós. Ela faz o mesmo, mas no lado oposto do
sofá. Fizemos isso milhões de vezes. Às vezes, ela até adormece
com a cabeça no meu colo. Uma vez, quando caí durante um
jogo de futebol, ela me fez ficar acordado a noite toda para ter
certeza de que não teria uma concussão. Acordei na manhã
seguinte e estávamos de alguma forma emaranhados. Sua
cabeça no meu estômago e meu braço em volta de suas costas,
minha ereção esticando minhas calças. Ela não me deixou
esquecer isso por anos.
— Que tal esse? — A caixa amarela na tela é em torno de
um filme feminino. — É para ser engraçado.

— Bem. — Não tenho coragem de discutir com ela porque


estou feliz por estar aqui. — Só para deixarmos claro, são duas
que você me deve agora. — Levanto dois dedos.

Ela ri, clicando no botão. — Ok, depois desse filme, vou


assistir a dois de seus documentários chatos.

Ela se inclina para trás e apago as luzes para que


possamos assistir na escuridão.

Quinze minutos no clássico filme onde duas pessoas se


odeiam, mas estão secretamente apaixonadas, Juno pausa o
filme. — Você viu aquela pipoca? Vamos fazer um pouco.

— Preciso encontrar um filme onde eles não comam —


digo.

Ela se levanta do sofá. — Você adora recriar a comida dos


filmes.

— Eh.

— E aquela vez que fizemos o sanduíche de espanglês?


Não ouvi nenhuma reclamação então. — Ela me pegou, mas
nunca teria feito o sanduíche se não estivesse rebobinando o
filme e assistindo cinquenta vezes.

— O tiramisu do No Booking foi um pé no saco.

Ela pega a pipoca de micro-ondas do meu armário e a tira


do saco plástico. Amo como estamos confortáveis no espaço
um do outro. — Sim, vamos deixar isso para Rome agora.

Nós dois rimos.

Ela aperta os botões do meu micro-ondas e desliza para


cima no balcão. — Não vai ser o mesmo. Devíamos comprar
uma máquina de pipoca se quisermos que fique assim.

— Isso é ir longe demais. — Retiro as gotas de chocolate


e as coloco no balcão. Seus olhos se iluminam. — E o
cheeseburger de Pulp Fiction?

Essa pode ter sido a melhor coisa de todas.

Sua cabeça cai para trás. — Ah, não me lembre porque


vou arrastá-lo ao supermercado agora para comprar os
ingredientes.

— Eu não me oporia.

— Diga-me, senhor, não gosto de recriar alimentos de


filmes, qual você escolheria, o cheeseburger de Pulp Fiction ou
os ‘huevos rancheros’ do Lobo de Wall Street?

Pego uma tigela e coloco no colo de Juno antes de tirar a


pipoca do micro-ondas e despejá-la na tigela. — Essa é difícil.
Acho que, desde que a comida não fale, vou aceitar qualquer
uma das refeições.

Ela me chuta na coxa e recuo, rindo. Quando tínhamos


nove anos, vimos Shrek e Juno se recusou a comer biscoitos
de gengibre. Até colocou uma bandeja deles que sua mãe fez
na varanda de trás para serem libertados.

— Não é engraçado. — Ela salta do balcão e olha para a


tigela de pipoca. — Isso não vai funcionar.

Balanço minha cabeça, já conhecendo Juno bem o


suficiente para saber que ela não ficará satisfeita até que
consiga sua dose. Pegando minhas chaves do balcão, as
balanço na minha mão. — O que nós vamos fazer?

Ela morde o lábio e seu sorriso clássico surge.

— A massa do Chef? — Pergunto.

Ela concorda.

— Pelo menos você escolheu algo bastante fácil.

Entramos na minha caminhonete e saio, passando pelo


carro dela, para a rua. Ela brinca com o rádio.

— Espere aí, vire isso de volta — digo, e ela o faz.

— Oh, eu gosto desta também. — Ela relaxa no assento.

Enquanto Get to You de Michael Ray, toca no rádio,


dirigimos pelas ruas escuras de Lake Starlight até os arredores
da cidade, onde há um supermercado aberto até meia-noite.
Estou surpreso que Juno goste dessa música porque a letra
soa muito como ela. Embora tenha vivido sua vida em Lake
Starlight, foge de qualquer tipo de compromisso ou emoção. Às
vezes gostaria que fosse tão fácil quanto pegar um alfinete para
estourar sua bolha e fazê-la perceber o que está perdendo.
— Você vai ficar com fome quando chegarmos em casa?
— Pergunto enquanto saímos da caminhonete e entramos no
desolado armazém.

Ela pega um carrinho e o empurra, empurra até que ele


pare antes de bater em uma lata de batatas. — Quando não
estou com fome? — Ela dirige o carrinho até a área verde para
encontrar a salsa. — O que mais nós precisamos?

— Só a massa e o alho fresco. Tenho tudo o mais. — Pego


três bulbos de alho.

Ela desvia para a seção de padaria, pegando um pacote


de biscoitos.

No meio de corredores que não precisamos olhar, pego


uma bola que está em uma tela e atiro em sua bunda, mas ela
não revida. Ela mal reage.

— Qual é o problema? — Eu me inclino para perto depois


de colocar a bola de volta na prateleira.

Ela dá de ombros e sigo sua linha de visão até o


departamento de flores.

— Que flores vocês escolheram? — Ela pergunta.

— Achei que não estávamos falando sobre o casamento?


— Não consigo nem responder, porque Brigette fez isso
sozinha.

— As coisas vão mudar. Esta pode ser nossa última vez


fazendo comida de filmes. Quer dizer, acho que podemos fazer
isso com ela. — O tom de sua voz diz que não é realmente uma
opção.

Quero desesperadamente contar a verdade a Juno, para


que ela saiba que não há muito o que mudar. Quer dizer,
Brigette vai morar comigo, mas não somos um casal de
verdade. Juno não seria a terceira peça. Mas se eu contar a
Juno, estou colocando eu e Brigette em risco. Não que ache
que Juno contaria a alguém, mas às vezes os segredos
escapam. Este é melhor ficar entre as pessoas que têm mais a
perder, se for revelado.

— Nada vai mudar — digo.

Ela bufa. Sim, também não acredito em mim.

— Vamos. Vamos aproveitar esta noite. Lembra? — Bato


em seu ombro com o meu.

Ela concorda. — É simplesmente difícil. Você está certo.


Eu fui estúpida em pensar que seríamos apenas melhores
amigos até envelhecer.

Não posso mais fazer isso. Tenho que contar a ela. Coloco
minha mão na dela. — Juno.

Seus olhos encontram os meus, e eles parecem tão


tristes. Definitivamente estou tomando a decisão certa. — O
quê?

— Surpresa! — Rome pula na frente de nosso carrinho.


— O que vocês dois garotos loucos estão fazendo no
supermercado tão tarde?

Olhamos em seus braços e encontramos brownies da


Little Debbie, uma caixa de sorvete e três das bolas que acabei
de jogar em Juno.

— Mais como o que você está fazendo? — Juno pergunta.


— Harley tendo desejos?

Ele concorda. — Sim, e tem que ser a pequena Debbie


com as nozes por cima, não os doces. Mas as crianças gostam
dos doces, então tenho que comprar os dois. E estou tentando
não ficar ofendido por ela nunca desejar o que posso fazer para
ela. Quero dizer, não deveria ser a vantagem de ser casada com
um chef?

Juno ri porque sabemos como Rome é sobre sua


culinária. Calista e Dion ainda gostam do mac'cheese
instantâneo em vez de sua versão caseira autêntica. — Bem,
você pode fazer brownies para mim.

Rome olha em nosso carrinho. — O que vocês estão


fazendo? Espaguete, alho e salsa?

— Já viu o Chef? Estamos fazendo a massa com isso.

Rome pega seu telefone e procura o vídeo no YouTube, em


seguida, olha para nós. — É isso que deixa vocês tão
animados?

Juno dá um tapa no braço dele. — Rome!

— Estou ofendido por você não ter vindo para mim. Eu


posso cozinhar isso muito melhor do que vocês dois. — Ele joga
suas coisas em nosso carrinho. — Vamos. Harley também vai
adorar. Vamos conseguir mais. Estou cozinhando hoje à noite.

Nós compartilhamos um olhar pelas costas.

— Não é tarde? — Juno pergunta.

— Eu sou um chef. Estou acostumado a ficar acordado


até tarde. Além disso, Harley tem insônia durante a gravidez.
Ela vai gostar da companhia.

Antes que eu possa argumentar, estamos deixando o


supermercado e indo para a casa de Rome. Tanto para minha
última noite com Juno.
O dia chegou. O dia em que perderei meu melhor amigo.

Me esquivar de Colton até o dia do casamento foi mais


fácil do que eu pensava. Ele só passou no meu escritório uma
vez e me arrisquei a sair do meu caminho para nunca passar
no Four Paws, até mesmo convencendo Calista a ir a um
parque mais longe para que ele não me visse lá fora. Brigette
não me enviou uma mensagem, então, deve ter decidido que
encontro duplo não é uma boa ideia.

Depois de verificar com Brigette para ter certeza de que


estava tudo bem em levar Jason, ele concordou em ser meu
acompanhante no casamento, mas acho que depois desta
noite, lhe direi que provavelmente estamos melhor como
amigos. A faísca simplesmente não está lá. Se eu tiver sorte,
ele ainda me contratará para encontrar alguém para namorar.

Caminhamos pela rua ao lado do Cozy Cottage B&B e vejo


Harley conversando com a proprietária, Selene, na porta dos
fundos, as crianças pairando ao redor. Rome está preparando
o evento, então, está ocupado sob uma grande tenda branca,
dizendo aos garçons para estarem prontos porque a refeição
virá logo após a cerimônia.

O caminho ao longo do jardim de Selene é lindo, com a


primavera em plena floração. As flores não estão crescidas
demais, algumas parecendo como novos botões agora
ganhando vida. O arco nupcial é decorado com uma variedade
de flores de pêssego e pastel com vegetação limitada. Existem
algumas filas curtas de cadeiras brancas. Como a família de
Brigette não veio, eles mantiveram a cerimônia pequena.

— É lindo — digo baixinho para mim mesma. Não


esperava nada menos. O gosto de Brigette é requintado.

Não há nenhum assistente, mas no meio do corredor, a


Sra. Stone me vê e caminho até ela.

— Juno, — ela diz, pegando minhas mãos. Seu olhar


muda para Jason e de volta para mim. — Venha verificar o
noivo comigo?

— Hum. — Olho para Jason, mas ele apenas sorri. —


Jason, esta é a mãe de Colton, Sra. Stone.

— Macy. — Ela estende a mão. — Essa garota era para


ser minha nora e ainda não consigo fazer com que me chame
de Macy.

As sobrancelhas de Jason sobem até a linha do cabelo e


não o culpo.

— Sra. Stone, eu nunca iria me casar com Colton — eu


sussurro.

Ela dá um tapinha na minha mão. — Oh, você sabe o que


quero dizer. Você sempre foi tão próxima, as pessoas
presumiram. Eu esperei. — Ela coloca a mão sobre o coração.

Ótimo. Esta é a última coisa que preciso passar hoje.

— Venha. Você não se importa, não é, Jason?


Demoraremos apenas um momento.

A Sra. Stone deveria se juntar à vovó Dori. Elas seriam


uma dupla poderosa em fazer as pessoas seguirem seus
planos.

— De modo nenhum. Vou guardar seu lugar — diz Jason.

Sorrio graciosamente. — Obrigada.

Voltamos pelo corredor por onde vim, Austin e Holly me


observando com o canto dos olhos. Vejo que não trouxeram
Easton.

— Juno. — Harley diz olá antes de entrarmos em casa.

Selene começa a falar com a Sra. Stone sobre como o


quarto da noiva e o quarto do noivo são em andares opostos,
que ela colocou Colton em sua sala de pintura para ter certeza
disso.

— Onde você vai? — Harley sussurra.

— Tia Juno. Tia Juno! — Dion pula para cima e para


baixo na minha frente, agarrando meu vestido. Pego suas mãos
antes que ele estrague tudo.

— Dion — Harley repreende e ele me encara com um olhar


de que eu o coloquei em apuros.

— Sra. Stone quer que eu verifique Colton. — Lanço um


olhar para Harley que sugere que eu não deveria vê-lo. Já é
ruim ter que testemunhar ele se casando. Fecharia meus olhos
e tamparia meus ouvidos como uma criança durante a
cerimônia, se pudesse.

— Boa sorte — diz Harley.

Enquanto estou dando a ela uma expressão de “sim,


certo”, a cabeça de Stella salta para fora da escada. Que
diabos?

— O que foi, Dion? — Kingston vira.

Dion corre até ele. Ele é o tio divertido. Kingston o pega e


o gira. Meu irmão mais novo está de terno e parece muito
adulto. Quando ele ficou tão velho e onde está aquele garotinho
de cabelos castanhos que ficava amuado no canto o tempo
todo?

— Vamos, ouvi dizer que eles têm bolhas — ele sussurra


para Calista e Phoebe perto de suas pernas.

Os três torcem e o seguem como se ele fosse o Papai Noel.

— Kingston, as bolhas são para depois — Selene grita,


ouvindo tudo, mesmo que ela esteja distraída por outra pessoa.
— Apenas algumas, Sra. Harrison. — Ele pisca.

Eu me viro para ver Selene sorrindo para ele como se


fosse dela.

— Ok, vamos, Juno. — A Sra. Stone pega minha mão e


nós deslizamos pela porta de vidro.

Lanço um último olhar para Harley, de “ore por mim”, e


ela ri.

Enquanto caminhamos pela sala de estar, quase derrubo


uma bugiganga de não tenho ideia do quê. Há muitas
bugigangas. Selene é uma artista e adoro o trabalho dela, mas
tem tanto aqui que tenho medo de quebrar alguma coisa.

— Juno — Stella sussurra, mostrando seu rosto mais


uma vez depois que a Sra. Stone soltou minha mão em seu
caminho para a sala de pintura, onde Colton está se
preparando.

— Só vou correr para o banheiro, Sra. Stone. Estarei bem


atrás de você.

Ela para e fica amuada. — Se apresse. Você foi minha


desculpa para entrar lá. Mas eu sou sua mãe, então pro inferno
com isso. É o grande dia dele.

Depois de sua própria conversa estimulante, a Sra. Stone


bate na porta e entra. Não ouço Colton dizer nada, então
considero isso um bom sinal.

Stella agarra meu braço e me arrasta escada acima. Fácil


para ela – está de jeans e camiseta. Estou de vestido e salto
alto. Ela não para até estarmos em seu quarto, onde fecha a
porta, tranca.

— Stella? — Eu pergunto em um tom que espero que


transmita minha preocupação com a sanidade dela.

— Kingston está aqui.

Concordo. — Sim, é o casamento de Colton.

Ela anda, com as mãos na cintura. — Eu disse a mamãe


que não havia casamentos este ano. É demais para ela. Por
isso, apareço hoje no meu dia de folga, pensando em ajudar na
casa, ver se ela tem alguém com quem eu possa ajudar, e a
encontro no jardim com o pessoal da tenda. Eu não tinha ideia,
e agora estou presa aqui, a menos que queira que Kingston me
veja.

— Seria realmente tão ruim se ele visse?

Ela espia pela cortina. Seu quarto tem vista para toda a
propriedade e seus ombros caem quando ela deve vê-lo. — De
quem são esses filhos?

— Rome — eu digo sem olhar.

— Cara, ele trabalha rápido. Minha mãe me contou como


a esposa dele acabou de aparecer com um bebê.

Concordo. A história deles é notável.

— King parece tão... velho. Um bom velho. Um velho


maduro. Seu cabelo está mais escuro do que eu me lembrava
do casamento. — Ela continua olhando.

— Acho que você deveria descer e deixá-lo ver você.


Trabalhe com o medo.

Ela fecha a cortina rapidamente. — E você? Vejo que


minhas palavras da outra noite ainda não a estimularam a
confessar seus sentimentos por Colton. — Ela se junta a mim
em sua cama de infância com o edredom rosa. Suas paredes
ainda estão cobertas de troféus e medalhas.

— Não posso impedir o casamento. — Olho fixo em


minhas mãos no meu colo.

— Fale — ela diz.

Conto tudo a ela desde que se foi.

Depois que termino de abrir meu peito e de deixar meu


coração bater forte na sua frente, ela fica quieta por um
momento. — Juno, você tem que dizer a ele.

— O quê? — Minha cabeça se levanta.

— Você não pode deixá-lo se casar com outra pessoa. O


que você está pensando? Você vai apenas sentar e vê-lo ter
bebês e viver a vida que você imaginou para vocês dois? Lake
Starlight é muito pequena para isso. Você nunca vai
sobreviver. — Sua mão cobre a minha. — Minha mãe sempre
diz que o amor é assustador porque existem apenas duas
maneiras pelas quais o amor termina, mas Juno, você não
admitir que o ama não faz com que os sentimentos
desapareçam.

— Eu só fico pensando quanto mais eu o vejo com ela,


mais vou fazer as pazes com o fato de que ele nunca será meu.
Eu me importo o suficiente com ele para querer que seja feliz,
mesmo que não seja comigo. Outras vezes duvido de mim
mesma e questiono se isso é apenas ciúme e não amor.

Ela inclina a cabeça com uma expressão incrédula. —


Você amava aquele menino muito antes de ele se tornar um
homem. Você quer saber uma das coisas sobre Kingston que
me fez fugir?

— Eu não sei. Eu?

Seus olhos se enchem de lágrimas não derramadas. —


Além de estar apenas no meio dele e de Owen, quando ele me
disse que estava abandonando a faculdade para ser um
paraquedista... era como se ele quisesse viver no limite todos
os dias de sua vida. Ele está sempre fazendo coisas arriscadas
– você sabe disso tão bem quanto eu. Parecia que um dia o
perderia em algum acidente horrível, porque ele não se
importava se vivesse ou morresse. Portanto, amar Kingston foi
assustador porque eu só vi uma maneira de terminar – e é com
ele naquela colina ao lado de seus pais. Não seja como eu e vá
embora e estrague o que poderia ter sido. Viva sua vida como
seus pais gostariam que você vivesse. Tudo bem ficar com
medo. Basta avançar de qualquer maneira.

Quando acho que ela acabou, ela continua. — Você não é


mais aquela garota de treze anos. Se der errado, você é forte.
Você será capaz de se levantar do chão e continuar vivendo.
Assistir ele se casar com outra pessoa sem lhe dizer seus
verdadeiros sentimentos? Isso é apenas ser covarde.

Eu fecho meus olhos. — A noiva dele ficaria magoada se


eu desfizesse o casamento. Ela é uma ótima mulher. Não quero
vê-la com o coração partido.

Ela suspira e seus ombros cedem. — Se Colton te ama


como todo mundo acredita que ama, você está salvando os dois
de um casamento sem amor. Todo mundo merece ter um cara
que olha para elas como Colton olha para você.

— Como ele olha para mim?

— Da mesma forma que você olha para ele: como se toda


a sua felicidade estivesse envolvida no outro. — Ela dá um
tapinha na minha mão novamente. — Vá dizer a ele antes que
seja tarde demais.

Meu coração fica preso na garganta enquanto estou de


pé. Stella está certa. Como posso deixá-lo se casar com outra
pessoa sem admitir meus sentimentos por ele?

— Obrigada. — O desejo de dizer a Colton meus


sentimentos acende e acende um fogo dentro de mim.

Ela me abraça. — De nada.

— Tem certeza que não quer ver King ainda?

Ela balança a cabeça. — Ainda não é a nossa hora.


— Mas isso não vai contra todos os conselhos que você
acabou de me dar?

Ela ri. — Todo mundo sabe que conselhos é para quem


recebe , não para quem dá. Um dia terei que enfrentá-lo, mas
hoje não.

Aceno, esperando que, se nossa amizade crescer, talvez


possa persuadi-la. Se Kingston soubesse que ela estava
morando em Anchorage, provavelmente derrubaria todas as
portas para encontrá-la. Então me ocorre – talvez ela não ame
Kingston como ele a ama e é por isso que não quer vê-lo. O
pensamento me deprime.

Pego a barra do vestido e desço as escadas correndo para


a sala de pintura. Quando meu punho se conecta com a porta,
percebo que talvez Colton não me ame como eu o amo mais.
Outra batida soa na porta e a abro, esperando que alguém
me diga que está na hora. Quanto mais tempo fico aqui
sentado, mais dúvidas surgem. A visita improvisada de minha
mãe – onde falou sobre Juno e como ela sempre me imaginou
casando com ela – não ajudou. Que tipo de mãe faz isso com o
filho quando ele está a poucos minutos de se casar?

Meus pais só encontraram Brigette três vezes.


Normalmente apareço sozinho, mentindo sobre o paradeiro de
Brigette. Se eles acrescentassem todas as desculpas que lhes
digo, provavelmente descobriria que ela faz mais parto de
cachorrinhos e gatinhos do que o Dr. Murphy e eu juntos.

Abro a porta para encontrar Juno parada ali. Ela está


linda com seu cabelo puxado para cima e sua maquiagem toda
feita. Meu olhar cai para os contornos de seu pescoço e a
protuberância de seus seios aparecendo por cima do vestido,
mas é no colar que me fixo.

Eu pego a pequena metade irregular do coração em


minha mão. — Você usou isso?
Ela olha para baixo entre nós. — Eu senti que precisava
do lembrete.

Deixo cair a metade de um colar de melhor amigo e


procuro no meu bolso, puxando a outra metade. Juno insistiu
que comprássemos quando eles eram a coisa mais na moda.
Disse a ela que nunca o usaria, o que nunca faço, mas quando
coloquei minhas abotoaduras esta manhã, vi o meio coração
na minha gaveta, ligeiramente manchado de ter sido guardado
por tanto tempo, e senti que precisava do lembrete também.

Que somos melhores amigos para sempre,


independentemente desta decisão que tomei tão
precipitadamente.

— São donuts? — Ela vê a bandeja atrás de mim.

Selene deixou um prato de alimentos inteiro e uma


seleção de suco para mim. Desde que fiquei preso nesta sala
com cheiro de tinta por tanto tempo, comi mais do que deveria.
Juno não espera que eu responda – ela vai até a bandeja e pega
um donut glaceado.

— Juno? — Eu pergunto porque aqui estamos nós de


novo, como se ela tivesse algo a me dizer. — O que está
acontecendo?

Ela segura o donut ao seu lado e nossos olhos se cruzam.


— Eu tenho algo para te dizer. — Enfia o resto do donut na
boca e limpa as mãos com um guardanapo.

— Qual é o problema? — Pergunto.


Ela engole um pouco de suco de maçã e me encara por
um longo tempo. — Você é tão importante para mim. A pessoa
mais importante da minha vida. Eu amo minha família, amo,
mas você, Colton... não há nada que você não saiba sobre mim.
Você faz muito por mim, você sabe disso, certo?

Encolho os ombros. Gosto de fazer coisas por ela. — Você


também faz coisas para mim.

— Eh — ela diz.

Eu rio. Se os pesarmos em uma balança, provavelmente


faço mais, mas não acompanho, e ela também não deveria.

Uma lágrima escorre de seus olhos. — Eu sinto muito.

Dou um passo à frente, minha mão segurando sua


bochecha e meu polegar enxugando a lágrima. Eu não a vi
olhar para mim assim desde... na verdade, nunca. — Uau, por
que você está chorando?

— Porque eu te afastei todos esses anos. Talvez o


momento não fosse o certo para nós ou talvez eu estivesse com
muito medo. Mas acho que fui estúpida...

— O quê? Aconteceu alguma coisa?

— Eu te amo, Colton. — Seus olhos se fecham, outras


duas lágrimas escorrendo pelo seu rosto.

— Eu também te amo. Hoje é emocionante. Você está


menstruando? — Eu a puxo para um abraço, mas ela me
empurra no peito.
— Não estou menstruando.

— Desculpa. — Não sei por que ela está tão chateada. Já


comprei absorventes internos para ela. É uma conversa normal
quando ela está rabugenta.

— Estou dizendo que te amo.

Eu concordo. — Eu sei.

— Não, Colton. Eu te amo. — Seus olhos se arregalam e


sua cabeça se inclina para frente. — Eu estou apaixonada por
você.

O choque me atinge como um caminhão Mack e fico sem


palavras na frente dela.

Mal consigo segurar seu olhar. Ela não pode estar me


dizendo o que eu queria ouvir há anos, no dia do meu
casamento. — O que você quer dizer?

Ela joga os braços no ar. — Como se eu quisesse beijar


você, eu te amo. Eu quero o para sempre com você.

Eu me afasto dela, deixando minhas mãos caírem de seu


rosto. — Então você está atraída por mim?

Nossa atração é clara. Cruzamos essa linha algumas


vezes, a última vez há mais de dois anos. Então ela me
escondeu em seu quarto quando sua família emboscou seu
apartamento porque Denver apareceu e pensou que ele tinha
perdido Cleo para sempre. O fato de ela me esconder era uma
luz vermelha brilhante de que Juno ainda não estava pronta.
Então, depois que a família foi embora, escapei e disse a ela
que era um erro antes que tivesse uma chance.

— Quer dizer, sim, estou atraída por você, mas é mais do


que isso.

— Estou prestes a me casar — digo baixinho. Metade de


mim está muito feliz por ela admitir seus sentimentos. A outra
metade está com raiva porque esperou eu me casar com outra
pessoa para perceber isso.

— Eu sei. — Ela pressiona as palmas das mãos nos olhos.


— Eu sinto muito. Mas eu estava conversando com Stella e ela
me convenceu de que deveria ser franca com você. Tudo
parecia muito bom, mas agora que acabei de contar e você não
ficou muito feliz, me abraçando e confessando seus próprios
sentimentos, acho que foi uma ideia muito, muito ruim. Eu
devo ir. — Ela desliza entre um cavalete e eu.

— Juno, pare. — Eu giro nos calcanhares e ela está de


frente para a porta. — O casamento não é real.

Ela lentamente vira para me encarar e inclina a cabeça,


esperando que mais saia da minha boca.

— O visto de estudante de Brigette está expirando e ela


quer ficar nos Estados Unidos.

Sua boca se abre e ela fica quieta por um segundo. —


Você não a ama?

Eu balancei minha cabeça. — Queria te contar. Muito.


Principalmente naquela noite do chá de bebê, quando você me
beijou. Mas não podíamos arriscar. Se alguém descobrir, posso
ser preso.

— Oh meu Deus — ela diz.

— Diga algo mais — insisto.

Ela se senta em um dos banquinhos de Selene. — Isso


não é típico de você. Por que você concordaria com isso?

É uma pergunta justa e merece uma resposta honesta.


Estou meio surpreso por ela não ter jogado uma bandeja de
tintas em mim por mentir para ela o tempo todo. — Eu
concordei com isso depois que você me disse que dormiu com
Trey.

Ela está estranhamente quieta enquanto gira no


banquinho, olhando para o chão. — Você concordou em se
casar com alguém porque dormi com Trey?

Ela se levanta e caminha para a outra extremidade da


sala, olhando pela janela. Jack e Frannie estão conversando
com Liam e Savannah. A cabeça de Frannie está enterrada no
carrinho na frente de Savannah.

— Sim.

— Você sabe como isso é estúpido?

— Você sabe como me senti estúpido quando você me


contou? Pensei no que aconteceu depois daquela noite em que
estávamos bêbados, que talvez...
Ela se vira, assustada com minha língua afiada. — Não.
Suponho que não, mas... eu...

Anos de agressão acumulada finalmente despencam


como uma avalanche ganhando velocidade. Nunca foi assim
que vi esse momento acontecendo. — Eu te amei minha vida
inteira. Você sabe como é isso? Sofrer por alguém dia após dia,
ano após ano, alguém que insiste em que só podemos ser
amigos porque ela não aguenta me perder? Deixe-me dizer a
você – é de partir o coração. E cansativo. E a coisa mais difícil
que já fiz, certo? E agora, no dia do meu casamento, de repente
Stella diz algo e você abre os olhos e vê o que esteve aqui o
tempo todo? — Seus olhos não se desviam dos meus enquanto
a raiva jorra de mim. — Bem, me desculpe, é tarde demais. Eu
vou me casar, Juno. Eu me comprometi. Não gosto disso. Se
eu cancelasse esse casamento, você provavelmente fugiria
amanhã. Vamos apenas admitir que é isso – você está com
ciúmes e com medo de me perder.

Ela estremece. — Você tem alguma ideia do que foi


preciso para eu vir aqui agora? Estar com medo de que o que
temos tenha mudado? Eu não posso viver sem você. — Seu
queixo cai sobre o peito e suas lágrimas caem no chão.

— Você não pode fazer tudo isso sobre você de novo. Você
está muito atrasada. — Eu cruzo meus braços sobre o peito,
um milhão de coisas na ponta da minha língua implorando
para serem liberadas.

— Então, você vai seguir em frente com um casamento


falso?

— Eu fiz uma promessa.

Ela concorda. — Ok. Bem, acho que é isso então.

— Sim.

Ela passa por mim, direto para a porta.

— Juno.

— O quê?

— Você será feliz amanhã quando perceber que nada


mudou em nossa amizade. Esses sentimentos que você tem
por mim irão desaparecer assim que você souber que não me
perdeu. — Não me viro porque, se virasse, provavelmente a
prenderia na parede e confessaria o quanto a amo. O quanto
eu espero que ela realmente tenha os olhos abertos para o quão
perfeitos somos juntos.

Mas é tudo uma grande coincidência.

Ela diz: — Sei que não facilitei as coisas para você todos
esses anos e gostaria de não ter alimentado esse medo de
perder você. E sim, tenho certeza que todos, incluindo você,
acham que me sinto assim agora porque perdi meus pais tão
jovem e estou com medo de perder você agora que vai se casar.
Mas o que me mantém acordada à noite desde que você
anunciou seu noivado são essas imagens em minha cabeça de
você amando outra mulher do jeito que me amou todos esses
anos. Sei que sou lenta para entender e deveria ter admitido
meus sentimentos por você há muito tempo. Posso até
entender por que está com raiva de mim, mas você está errado.
Amanhã ainda estarei cuidando de um coração partido porque
amo você, Colton Stone. Todos os anos esse amor se agravou,
mas mantive aquela memória de nós na casa da árvore no dia
do funeral dos meus pais e no centro da minha mente para me
lembrar que qualquer coisa horrível que acontecer na minha
vida, você estará lá para mim. Mas agora, a coisa horrível que
está acontecendo comigo é você se casar com outra mulher e
eu não fui capaz de falar com você sobre como isso dói. — Ela
faz uma pausa. — Você pode escolher acreditar em mim ou
não, mas nunca menti para você.

Eu ouço o clique da porta abrindo e fechando atrás dela.

Meu queixo cai no meu peito e coloco minhas mãos nos


bolsos. Os cantos irregulares do amuleto do colar pressionam
contra a ponta dos meus dedos. Eu o tiro e giro em minha mão.

Outra batida na porta soa atrás de mim, seguida pelo


rangido da porta se abrindo.

— Está na hora, Colton — diz Selene.

Coloco o amuleto de volta no bolso e me viro para encará-


la.

— Você está muito elegante — diz ela.

Sorrio, embora a última coisa que sinta agora seja


felicidade. — Obrigado.
Saio da sala, atravesso o jardim, até ficar de pé na frente
das fileiras de cadeiras brancas. Sorrio para o Pregador
Reynolds que sorri de volta.

Olhando ao redor da pequena área, vejo todas as pessoas


que testemunharam minha criação nesta cidade. Todos os
Baileys, minha segunda família, são colocados juntos. Juno,
fingindo estar ocupada em seu telefone, senta-se com Jason ao
lado dela.

Tento me imaginar na posição dela e não consigo. Não


tenho certeza se poderia vê-la se casar com outra pessoa.

A música começa, e quando todos se viram para assistir


Brigette caminhar pelo corredor, Juno olha para mim. Nossos
olhares se encontram e seus olhos verdes refletem tudo o que
estou sentindo.

Não deveria ter atacado ela. Conhecer Juno é saber


quanto custou para vir até mim.

Antes que eu possa piscar, Brigette está de pé no altar na


minha frente com seu vestido branco simples sem véu. Ela
parece uma noiva, mas não sorri. Não há amor entre nós. Esta
é uma transação comercial. Uma que eu esperava usar para
finalmente me forçar a seguir em frente com o sonho de Juno
ser minha algum dia. Como achei que poderia continuar com
isso?

O pastor Reynolds sorri para nós, e Brigette passa seu


buquê para minha mãe, já que optamos por não ter damas de
honra ou padrinhos. Brigette estende as mãos e meu olhar se
desvia para Juno mais uma vez. Ela ainda não olhou para nós
dois, com a cabeça voltada para o chão como se estivesse
tirando um fiapo do vestido.

Brigette continua a estender as mãos para eu pegar, para


que possamos dizer nossos votos. — Colton?

Porra, fiz uma bagunça para mim mesmo.

— Sinto muito, — digo. — Não posso me casar com você.

Brigette pisca rapidamente algumas vezes e acena com a


cabeça. Ela não faz perguntas. Apenas se vira e caminha pelo
corredor de volta para o B&B Cozy Cottage.

Ouço um suspiro da multidão. Todos os olhos dos


convidados a seguem antes de voltarem a se fixar em mim.

— Colton? — Minha mãe pergunta baixinho, preocupação


espessa em sua voz.

Eu fico na frente de nossos convidados e engulo o nó na


garganta. — Eu sinto muito a todos. Não haverá casamento
hoje. Peço desculpas pela inconveniência. Obrigado a todos por
terem vindo. — Eu curvo minha cabeça e caminho pelo
corredor, passando por todos os sussurros. Eu paro no final
do corredor. — Por favor, fiquem e comam. A comida já está
paga.

Não tenho certeza do que esperava sentir quando saísse


do meu casamento, mas com certeza não esperava me sentir
aliviado.
Bato na porta de Brigette e ela me diz para entrar. Ela já
soltou o cabelo e se senta à janela que dá para o jardim de
Selene.

Eu entro esfregando as mãos e sento na beira da cama.


— Sinto muito.

— Você disse isso, — ela diz. — Isso é sobre Juno?

— Sim... não... eu não sei. — É a verdade. Não tenho


certeza do que vai acontecer com Juno, mas enquanto eu
estava naquele altar, sabia que não poderia me casar com
alguém que não amo. Realmente quero ajudar Brigette, ela é
uma amiga, mas se Juno está pronta para confessar seu amor
por mim, não posso jogar isso fora, não importa o quão bravo
esteja por ela ter decidido me contar agora.

— É engraçado. Quase não apareci esta manhã — diz


Brigette, parecendo decidida.

— Por quê?

Ela se vira na cadeira para me encarar. — Porque você a


ama. E não digo isso por raiva, mas não sou uma pessoa má,
Colton. Não posso deixar você jogar toda a sua vida fora, só
para não ter que voltar para a França.

— Mas você apareceu — digo.

Ela concorda. — Eu me convenci de que havíamos


chegado a algum tipo de acordo. Entendimento. Talvez
pudéssemos contar a Juno eventualmente. Mas isso não é vida
para você ou para ela. Estava apenas sendo egoísta.

— O que você vai fazer agora?

Ela encolhe os ombros, tirando mais grampos do cabelo.


— Voltar para a França, eu suponho, mas primeiro acho que
posso ir a um encontro.

— Com quem? — Acho que é Rhys ou Jason. Não tenho


certeza de qual ela gosta.

— Rhys tem trazido muito seu cachorro. Nós nos


encontramos ontem à noite e...

Levanto minha mão. — Não diga mais.

O que quer que ela tenha feito, é problema dela. Isso


nunca foi um relacionamento.

— Eu não sou essa pessoa, — ela diz. — Sinto muito por


ter colocado você nesta posição.

Eu me levanto e pego suas mãos, ajudando-a a se


levantar antes de abraçá-la. — Concordei com isso. Acho que
tudo parecia mais fácil do que acabou sendo na realidade. Eu
pensei que poderia fazer isso. Estava com raiva de Juno na
época e desesperado para seguir em frente com minha vida.
Mas estávamos nisso juntos.

Ela se vira e puxa o cabelo. — Você se importa? — Abro o


zíper de seu vestido e ela se vira. — Obrigada. E obrigada por
tudo, Colton. Você é um bom homem.

— Então você não me odeia?

Ela desaparece atrás de uma divisória, e o vestido de


noiva fica por cima. — Não. Eu nunca poderia te odiar. Você
interrompeu nosso casamento por amor. É nobre. — Ela espia,
apenas mostrando a cabeça. — Mas eu espero que termine
bem para você.

Não vou contar a ela sobre Juno ter vindo para mim antes
do casamento. Odiaria que ela ficasse brava com Juno, embora
me pareça como se Brigette tivesse encontrado alguém por
quem ela tem sentimentos de qualquer maneira.

— Desça e tome uma bebida.

Ela sai de trás da divisória vestindo calças de ioga e uma


camiseta curta que mostra sua barriga. — Não, esses são seus
amigos.

— Eles podem ser seus também. Eles são boas pessoas.

Ela sorri. — Não, você vai. Talvez dance com a mulher


com quem você deveria ter se casado. — Ela ergue as
sobrancelhas.

— Você ficará bem? — Eu fico perto da porta. Foi difícil


não correr até Juno, pegá-la no ombro e partir com ela assim
que deixei o altar, mas primeiro tinha que resolver as coisas
com Brigette. Agora que a vi, mal posso esperar para ver Juno.

— Eu vou ficar bem. Vá.

— Você vai me avisar se precisar de alguma coisa? — Paro


com a porta aberta.

— Não sou mais sua responsabilidade. Vá buscar sua


garota.

Aceno e fecho a porta, grato por Brigette estar sendo tão


legal sobre a coisa toda. Mesmo assim, me sinto mal por não
cumprir meu compromisso.

Desço as escadas correndo, mas quando chego ao fundo,


encontro minha mãe e meu pai sentados na sala de estar de
Selene. Eles se levantam quando chego à escada final.

— Eu preciso dizer uma coisa a vocês dois.

Nenhum dos meus pais é severo, mas não fiz muito na


minha vida para aborrecê-los. Além de perder alguns toques
de recolher quando estava na casa dos Baileys. Não tenho
certeza de como eles vão reagir à verdade.

— Como está Brigette? — Minha mãe pergunta,


sentando-se quando eu sento na cadeira em frente a eles.
— Bem. Ela entende.

— Colt, estou confuso. Você está noivo há meses. O que


aconteceu? — Meu pai pergunta.

— O visto de estudante de Brigette estava expirando...

A mão do meu pai corre ao longo de sua testa.

A testa da minha mãe enruga. — Eu não entendo.

— Ele estava se casando com ela para que pudesse obter


um green card — diz meu pai, e posso dizer que não está feliz.

— O quê? Mesmo?

Concordo.

— Jesus, filho, você tem alguma ideia do quanto você se


arriscou? — Papai pergunta. — Não é algo para se mexer. Você
poderia ter ido para a cadeia se alguém descobrisse.

— Juno sabia? — Minha mãe pergunta.

Balanço minha cabeça, e ela desvia seu olhar para a


lareira.

— Eu sei. Eu sei. Mas Brigette precisava de ajuda e


concordei com isso. — Eles não precisam saber todos os
motivos.

— Estúpido. Simplesmente estúpido, filho. Você é um


menino inteligente, mas caramba, essa foi uma decisão
estúpida. Graças a Deus você não fez isso. — A cabeça do meu
pai não para de balançar.

— Por que você não fez isso? — Minha mãe pergunta. —


Quero dizer, você chegou até aqui.

— É por isso que você não nos deixou pagar por nada? —
Meu pai pergunta. — Você poderia ter nos contado.

Minha mãe coloca a mão no braço do meu pai. — Espere


um pouco, Rich. — Ela olha para mim. — Por que você
cancelou o casamento? É o que eu disse a você na sala de
pintura?

Eu balanço minha cabeça. — Não, mas da próxima vez


que for me casar com alguém, vamos tentar não me dizer que
acha que deveria me casar com outra pessoa.

Mamãe apenas sorri. — Enquanto for Juno, não direi


nada parecido. Eu sabia que algo estava errado. Você amou
Juno durante toda a sua vida, então de repente essa francesa
chega à cidade e você vai se casar com ela? Posso não ter
descoberto a coisa do green card, mas uma mãe percebe
quando seu filho está fazendo algo que ele não deveria.

Eu passo minha mão atrás do meu pescoço.

— Juno é a melhor amiga dele — diz meu pai.

Minha mãe me encara e inclina a cabeça, esperando que


eu diga ao meu pai. — Diga à ele.

Ela é realmente demais.


— Bem, eu não vou falar com vocês sobre isso até que fale
com ela — digo.

— Você está me dizendo que o tempo todo que vocês dois


estavam saindo, o tempo todo, você estava...

— Não, Rich, eles estavam cegos para isso. Bem, não acho
que Colton estava, mas Juno, você sabe, com Tim e Beth...

É assim que funciona na minha casa. Na verdade, nunca


falamos sobre como os Baileys morreram.

Meu pai balança a cabeça porque conhece o


procedimento. — Você ao menos sabe se ela te ama?

Eu sei, incapaz de continuar a ter essa conversa com eles.


Quero puxar Juno de lado e beijá-la, dizer-lhe que sinto muito
pela maneira como agi e começar de novo. — Podemos acabar
essa conversa?

Minha mãe deve entender porque ela concorda com um


sorriso muito grande no rosto para ter um filho que acabou de
cancelar o casamento. — Vá, querido.

Eu saio pela porta de correr para a varanda e sigo em


direção à tenda branca. Com base na música e nos sons da
conversa, a maioria dos convidados ficou.

De pé na beira da tenda, observo Juno por um momento.


A primeira coisa que noto é que Jason se foi e ela está
encolhida em um canto, conversando com suas irmãs. Como
se ela me sentisse, olha para cima e nossos olhos se
encontraram. Dou um passo à frente na tenda.

Dr. Murphy dá um passo à minha frente. — Colton.

— Dr. Murphy.

— Como está Brigette? — Ele pergunta.

— Bem. Acho que estávamos ambos de acordo.

Ele estende a mão entre nós e eu aperto. — Eu não achei


que você fosse cair em si. Casar com alguém por um green card
não é exatamente algo que já vi você fazer.

— O quê?

Ele ri. — Você acha que o governo não contataria seu


empregador? Demorei um pouco, mas depois que ligaram e
perguntaram sobre a autenticidade do seu relacionamento,
observei como vocês interagiam um pouco mais perto. Apenas
pequenas quantidades de afeto, e apenas na frente dos outros.
Entrava na sala de descanso e vocês dois estariam em lados
opostos da mesa. Nunca ouvi vocês entrando no armário de
suprimentos. Quero dizer, você ficou noivo recentemente. —
Ele pisca.

— Cara. — Eu balanço minha cabeça.

Ele agarra minha mão com mais força. — Four Paws é


sua. Vamos preparar a papelada na próxima semana.

— Mesmo?

Ele concorda. — Sim, e tenho um amigo na imigração.


Deixe-me ver o que posso fazer a respeito de Brigette.

— Obrigado, Dr. Murphy.

Ele desliza sua mão da minha. — Você é um bom menino,


Colton.

Dr. Murphy olha do outro lado do caminho para Juno e


depois de volta para mim. Ele sorri e me dá um tapinha nas
costas, depois vai embora.

Entro na pista de dança improvisada com um enorme nó


na garganta. Juno olha através do espaço entre os ombros de
duas irmãs e seus lábios se erguem em um sorriso quanto mais
perto chego.

Parte de mim quer correr para ela, e outra parte quer


saborear este momento. Um momento pelo qual esperei anos.
Vamos finalmente ultrapassar a linha que ela traçou há muito
tempo.

— Colton! — Kingston dá um passo na minha frente e o


sorriso de Juno desaparece.

Ele empurra meu peito até que estamos fora da tenda,


longe de todos os outros – e onde, aparentemente, todo o resto
dos irmãos Bailey estão esperando por nós. As mãos de Austin
estão nos bolsos. Os braços de Rome estão cruzados. A palma
da mão aberta de Denver tem seu outro punho.

Kingston agarra meu ombro e aperta. — Você cancela seu


casamento e agora dá a nossa irmã olhos arregalados? O que
diabos há de errado com você, cara?

— Você realmente acha que nós confiamos em você com


nossa irmã depois que você quase se casou com outra pessoa?
— Rome pergunta.

Denver apenas fica lá, martelando o punho na palma da


mão aberta repetidamente, olhando para mim.

— Pense nisso, Colton. Dê-nos um motivo para estarmos


bem com você e nossa irmã? — Kingston diz.

Eles não podem estar falando sério. Nunca pensei que


teria que me preocupar se eles ficariam bem comigo e com
Juno. Merda. Eu os subestimei. — Estou apaixonado por ela.

— Você está apaixonado por ela? — Kingston ecoa minhas


palavras de volta para mim. — Nós acreditamos nele?

Austin fica balançando nos calcanhares. — Eu acredito.


— Um sorriso quebra sua fachada séria.

— Foda-se, sim. Estava na hora. — Denver finge me dar


um soco no estômago.

— Me perguntei o que diabos você estava pensando. —


Rome me coloca em uma chave de braço e seus nós dos dedos
esfregam meu couro cabeludo.

— Mas com toda a seriedade, se você a machucar, nós


vamos te foder — Kingston diz com um sorriso.

— Eu não vou machucá-la.


— Nós sabemos, — Austin diz e acena com a cabeça em
direção à tenda. — Por mais confusa que seja essa situação,
vá falar com ela.

— Obrigado.

Afasto-me dos quatro irmãos Bailey e entro na tenda pela


segunda vez. Agora Juno está de pé com Calista, Dion e
Phoebe, dançando em círculo.

The Difference de Tyler Rich vem dos alto-falantes, e eu


estendo minha mão para Juno. — Dance Comigo?

Os três filhos de Rome me olham como se não me


reconhecessem.

Juno desliza sua mão na minha e a puxo em minha


direção.

— Isso é estranho? Você acha que as pessoas estão


olhando? — Ela diz, seu olhar percorrendo a sala.

Coloco meu dedo sob seu queixo e levanto sua cabeça até
que nossos olhos se encontrem. — Tudo que me importa somos
nós. — Eu coloco uma mão em volta de sua cintura fina e
seguro sua mão entre nossos peitos. — Sinto muito por mais
cedo.

Ela balança a cabeça, com lágrimas nos olhos. — Eu


deveria me desculpar. Era o seu casamento e estraguei tudo.

— Agradecidamente. Caso contrário, poderia estar


dançando com a garota errada agora.
— Colton, e se...

Eu balanço minha cabeça. — Apenas viva este momento.


Esqueça todos. Somos só eu e você. Ninguém mais.

Ela encosta a cabeça no meu peito. — Eu te amo.

Meu peito incha e parece tão flutuante quanto um balão


cheio de hélio. Beijo o topo de sua cabeça. — Eu te amo.

Nenhuma outra palavra foi tão boa saindo da minha boca.


A abraço com mais força – e agora que a tenho, nunca vou
deixá-la ir.
Colton me guia para fora da tenda depois que dançamos.
Todos tiraram fotos, e você pode ter certeza que uma delas
provavelmente acabará no Buzz Wheel.

— Onde estamos indo? — Pergunto.

— Estamos indo para minha casa.

— Mas e quanto...

Ele nos para a poucos metros do B&B, suas mãos


grandes segurando minhas bochechas, seus olhos ternos
examinando os meus. — Está tudo cuidado. Meus pais
cuidarão de todas as pontas soltas. Mas não vou passar a noite
com você na minha recepção de casamento cancelada. Onde
está Jason?

— Eu o mandei para casa. Disse a ele que não iria mais


vê-lo. — Eu me aproximo para que nossos peitos se encontrem.
— Beije-me, Colton.

Além de dizer que me amava e me abraçava como um


presente querido na pista de dança, não ultrapassamos essa
linha.

— Palavras que eu queria ouvir há muito tempo. — Ele


sorri e se abaixa, colocando seus lábios nos meus.

Enrolo meus braços em volta do pescoço dele, nossos


corpos pressionados juntos. A noite ficou mais fria, e todos os
insetos do jardim de Selene chilreiam e zumbem ao nosso
redor. A música que sai da tenda – onde deixamos vovó Dori
fazendo o cha-cha – não consegue cobrir todo o barulho
enquanto a natureza ganha vida à noite.

Sua língua desliza contra a minha e suas mãos caem do


meu rosto, envolvendo em volta da minha cintura. Já beijei
Colton muitas vezes antes. Aos treze anos, quando nenhum de
nós sabia o que estávamos fazendo. Aos dezoito anos, quando
cada um de nós tinha um pouco de prática. Aos vinte e seis
anos, quando percebi que ele cresceu e sabia como beijar uma
mulher. Mas nenhum daqueles beijos parecia tão certo quanto
este. E assim, seus lábios nos meus fazem meus joelhos quase
cederem.

Ele termina cedo demais e sua mão desliza na minha, me


puxando pelo quintal. — Precisamos voltar para casa.

— Colton. — Eu o paro enquanto ele remexe em seu bolso


para pegar as chaves. — Como está Brigette? Ela está
chateada?

Quando Colton disse que não poderia se casar com ela,


me senti culpada porque minha primeira reação foi de alegria.
Porque com a minha alegria ela ficou magoada, e se eu tivesse
reconhecido meus sentimentos antes, não seria surpresa.

— Está bem. Ela entendeu, e acho que deve ter ficado um


pouco aliviada. O Dr. Murphy disse que vai falar com um amigo
dele no escritório de imigração. — Ele destranca sua
caminhonete e coloca a mão no meu quadril. — Mas essa é a
última vez que quero ouvir o nome dela esta noite, ok? — Ele
enfia um fio de cabelo solto atrás da minha orelha. — Esperei
muito tempo para ter você aqui comigo assim.

Eu fico na ponta dos pés. — Ok, mas se você omitir


informações de mim novamente, nós vamos ter uma briga.
Entendeu? — Empurro meu dedo em seu peito.

Depois de colocar todos os meus sentimentos ocultos aos


pés de Colton, um desespero que não sentia há muito tempo
encheu meu peito. Acrescente o fato de que ele estava se
casando com ela para obter um green card, e isso fez minha
dor piorar. Mas então, como posso estar tão chateada? Seu
casamento falso me forçou a tirar minha cabeça da bunda.

— Eu nunca vou esconder outro segredo de você. — Ele


me beija. — Agora, por favor, entre na caminhonete.

Eu rio e subo. Ele dá a volta na frente, tirando o smoking


e afrouxando a gravata. Enquanto ele sobe, joga seu smoking
no banco de trás, ligando a caminhonete. Nossa situação não
é diferente de todas as outras vezes em que estive em seu carro
antes, mas, ao mesmo tempo, é. Sua intenção desta vez é me
levar para sua casa para que possamos fazer sexo.
Ele puxa para a estrada e vejo a paisagem passar.

— Isso é estranho, certo? — Eu olho para ele e ele vira a


cabeça, mas não consigo lê-lo. — Quero dizer, você ia se casar
com outra pessoa e agora vamos voltar para sua casa para
fazer isso.

Ele puxa para o lado da estrada e estaciona. — Você não


quer ir para minha casa? Você prefere ir mais devagar? —
Meus nervos aumentam quando ele pega minhas mãos. —
Você pode executar isto. Inferno, eu esperei tanto tempo. Mais
algumas semanas não vão deixar minhas bolas mais azuis do
que já estão. Mas se você tem alguma estipulação sobre tantos
encontros que precisamos ter antes de dormirmos juntos,
então é melhor você liberar sua agenda para o futuro próximo.

Ele entendeu tudo errado. Eu quero fazer sexo com ele.


Ele desempenha o papel de protagonista em meus sonhos há
meses. — Eu não quero ir mais devagar. Eu só estava
pensando que a última vez que fizemos sexo, nós dois bebemos
nosso quinhão... — Eu encolho os ombros. — Parece estranho
que vou ver seu pênis.

— Você já viu isso antes. E podemos não chamá-lo de


pênis? Parece que estamos naquela classe de puberdade na
quinta série.

Eu rio. — Eu sei, eu sei. Mas você não se sente estranho


por me ver nua?

— Hum, não. Estou ansioso. Eu tenho cenas de você que


formei na minha cabeça e mal posso esperar para ver todo o
pacote completamente sóbrio.

Eu solto meu cinto de segurança e fico de joelhos,


inclinando-me para beijá-lo novamente. — Você sempre diz
todas as coisas certas. — Eu pressiono meus lábios nos dele.
— Me leve para casa. Esqueça o que eu disse.

Me acomodando no assento novamente, coloco meu cinto


de segurança e ele coloca a caminhonete em movimento.

— E se eu não for o que você imaginou? — Digo enquanto


ele para em seu bairro.

Colton mora perto do centro da cidade, então pode ir a pé


para o trabalho se quiser. É uma casa de dois andares e três
quartos que as pessoas zombaram dele por ter comprado
quando se formou na escola veterinária. Ele me disse que não
queria se mudar para um apartamento e pagar a hipoteca de
outra pessoa. Examinamos trinta casas antes de ele fazer uma
oferta nesta. Assistir Brigette se mudar e torná-la sua casa
depois que eu o ajudei a decorá-la todos esses anos
provavelmente teria sido como uma faca em meu coração.

Ele não diz nada até estacionar na garagem e tirar as


chaves da ignição.

— Vou precisar que você saia da sua cabeça agora. — Ele


desce da caminhonete e eu abro a porta para sair, mas ele está
lá para abrir para mim. — De agora em diante, espere até que
eu abra para você.
— Isso é exigente, e você sabe que não cumpro as
exigências — digo, aceitando sua mão para descer no estribo e
depois no concreto.

Ele ri. — Ok. Por favor, não saia da caminhonete antes


que eu possa abrir a porta deste ponto em diante? Isto é
melhor?

Entro em sua casa. — Talvez, mas eu posso abrir minha


própria porta. Apenas dizendo.

Amo seu cavalheirismo. Ele sempre foi assim durante


toda a nossa amizade. Mas também gosto de dificultar a vida
dele.

Tiro meus sapatos em sua lavanderia e entro em sua


cozinha como qualquer outra vez que venho aqui. Estou
sorrindo até que vejo a pasta sobre a mesa com o rótulo lua de
mel. — Oh, você estava indo em uma lua de mel?

Ele pega a pasta e a enfia em uma gaveta. — Apenas uma


viagem rápida caso sejam feitas perguntas. Sem seguro de
cancelamento, então acho que posso dar um beijo de
despedida nesse dinheiro.

— Você acha que vocês teriam... quero dizer, talvez


sentimentos tivessem se desenvolvido.

— Não. Eu não. — Ele dá a volta na mesa da cozinha e


agarra minha mão, entrelaçando nossos dedos. — Eu já estava
apaixonado por uma ruiva maluca.
— Mas com o tempo?

— Pare com isso. — Ele solta minhas mãos e as envolve


em volta da minha cintura, me puxando para ele.

— Parar o que?

Ele beija minha testa. — Pare de tentar colocar obstáculos


no caminho do que está acontecendo entre nós.

— Eu não estou.

— Eu vejo isso. É a mesma coisa que fez depois de


fazermos sexo pouco antes de eu ir para a faculdade.

Minha testa cai em seu peito. Este homem vê através de


mim e isso me assusta. — Acho que estou apenas com medo.

Seus lábios pressionam o topo da minha cabeça. — Eu


também, mas não quero estar em nenhum outro lugar. Você?

Eu olho para ele, desejando superar o medo. — Não.

Suas juntas roçam minha bochecha. — Olha, já estamos


concordando.

Ele se abaixa e me beija. A estranheza desaparece e um


desejo intenso por este homem substitui qualquer hesitação.
Eu quero mais enquanto ele varre sua língua em minha boca
e seus dedos enfiam em meu cabelo, segurando minha cabeça
para ele. Como se eu fosse me afastar agora.

Minhas mãos mexem em sua camisa, desabotoando cada


botão até que seu peito fique nu. Se eu pudesse suportar ter
seus lábios longe de mim, o empurraria para trás para que
pudesse ver minhas mãos deslizando para baixo em seu peito
bem construído.

Ele tira seus lábios dos meus, olhos procurando meu


vestido. — Zíper?

— Lado. — Eu empurro sua camisa de seus ombros.

Ele leva um momento para remover as abotoaduras,


então ele está parado na minha frente sem camisa. Não é nada
que eu não tenha visto antes – o homem corre pela rua
principal sem camisa durante os dias mais quentes do verão –
mas não consigo desviar o olhar.

— Eu amo o jeito que você está olhando para mim. — Ele


dá um passo à frente, seus dedos encontrando o zíper do meu
vestido e nós olhamos um para o outro enquanto ele abaixa o
zíper pelo meu corpo. — Você é linda.

— Colton — digo, fechando os olhos enquanto suas mãos


movem as alças para fora e para baixo em meus braços.

— Apenas me diga se você quer que eu pare.

Eu balanço minha cabeça. Meu vestido se enrola na


minha cintura, precisando de um empurrão final antes de cair
no chão em volta dos meus tornozelos. Abro os olhos e o olhar
de Colton está preso no meu peito, sua língua deslizando ao
longo de seu lábio inferior, observando meus seios nus.

Não consegui encontrar um sutiã que não transparecesse


sob o vestido, então fico na frente dele usando apenas uma
calcinha preta transparente. Pegando-me pelos quadris, ele me
apoia na mesa.

— Eu queria você há tanto tempo. — Suas juntas passam


no meu peito, sobre meus mamilos pontiagudos.

Ele se inclina, sua boca lançando pequenos beijos de boca


aberta no centro dos meus seios. Sua língua desliza sobre meu
mamilo direito antes que ele o chupe. Agarro a parte de trás de
sua cabeça para mantê-lo lá, e ele gira a protuberância de
seixos com a língua, em seguida, sopra seu hálito quente sobre
ele.

— Devemos levar isso para cima? — Ele sussurra, sua


boca se movendo de volta para a minha.

— Sim. — Ele me levanta com um braço e prendo minhas


pernas em volta de sua cintura. — Você vai achar isso loucura,
mas uma pequena parte de mim esperava que estivéssemos
desajeitados e que você não fosse tão suave e viril.

Ele levanta a cabeça para trás, no meio da escada. — Você


está dizendo que achava que eu não tinha habilidades?

Eu coloco meu dedo em seus lábios. — Não quero ouvir


as histórias de como você conseguiu todas essas habilidades
de sedução.

Ele ri e pressiona seus lábios levemente nos meus. — Ok,


eu não vou te dizer.
— Espere... eu quero saber?

Ele nos leva para seu quarto com as paredes azul


marinho que eu ajudei a pintar. Depois de me abaixar sobre o
edredom cinza sobre o qual discutimos na loja por dez
minutos, ele se aventura para a mesa lateral dos móveis
combinando que cada um de nós concordou no minuto em que
os vimos na loja.

Ele puxa um preservativo e joga em cima da cômoda


antes que seus dedos se movam para o cinto. Aqui vamos nós.
Vou ver seu pênis. Quero dizer pau.

— Abra os olhos, Juno — ele diz.

Eu rio e espio com um olho. Seu zíper descendo é tão alto


como se fosse um alarme de incêndio. A fivela de seu cinto
pousando no chão de madeira abrindo meu outro olho. Ele usa
uma cueca boxer preta e seu pau está saindo dela.

Mas quando ele coloca os dedos na cintura para puxá-los


para baixo, eu levanto minha mão para impedi-lo. — Espera!

Quanto mais eu olho para ele, mais meus nervos se


transformam em algo eletrizante. Eu fico de joelhos, sua língua
lambendo seu lábio inferior enquanto me observa rastejar em
direção a ele.

— Acho que você não está mais assustada? — Ele


pergunta enquanto eu sento nos calcanhares na frente dele.

— Muito pelo contrário. — Coloco seu comprimento sobre


sua boxer.

Sua mão desliza para a parte de trás da minha cabeça,


então ele se abaixa e captura meus lábios em um beijo que é
definitivamente mais do que amigos.

E, finalmente, minha cabeça vira de pensar em Colton


apenas como meu melhor amigo de infância para aceitar o cara
sexy de dar água na boca que ele é.
Juno espalmando meu pau é algo que definitivamente
posso me acostumar. A visão dela rastejando até mim vestindo
apenas uma calcinha preta agora tem um lugar permanente
no carretel de destaque. Sua mão desliza para a minha boxer
e ela agarra meu pau. Gemo, empurrando em sua mão.

Ela mergulha a língua na minha boca e minha outra mão


segura sua cabeça, para que ela não pare o que está fazendo.
Seu aperto em mim aumenta, e ela bombeia o punho para cima
e para baixo no meu pau.

Deus, os barulhos que ela faz. Uma coisa que tirei da


nossa noite, dois anos atrás, foi como ela fica barulhenta. Mas
não há Kingston no quarto ao lado esta noite, e cada gemido
que sai de seus lábios é um sinal de que ela está neste
momento comigo.

Empurro uma mão em sua calcinha, acariciando-a


lentamente. Droga, ela está molhada.

Eventualmente, a necessidade frenética assume e ela


consegue fazer minha cueca boxer descer pelas minhas coxas.
Ela tira os lábios dos meus, seus dedos descendo pelo meu
peito de cume em cume.

— Quero você — diz ela, deslizando para o lado para pegar


o preservativo.

Ela deve estar louca. Tirei a camisinha para facilitar o


acesso, não porque quero correr hoje à noite. A pego por trás
dos joelhos e suas costas caem no colchão antes que possa
alcançar o preservativo.

— Ei!

Levantando uma de suas pernas no ar, beijo meu


caminho do tornozelo antes de morder levemente a parte
interna de sua coxa. — Ainda não é a hora.

Fico olhando para ela entre as pernas e vejo seu peito


subir e descer. Lanço sua perna por cima do meu ombro e
lambo sua boceta através de sua calcinha encharcada.
Pegando meu dedo indicador, deslizo sua calcinha de lado,
expondo-a para mim. Ela arqueia as costas para fora do
colchão, se contorcendo e pressionando seu centro mais perto
da minha boca. Empurro suas coxas mais abertas,
provocando-a com o meu dedo, nunca inserindo totalmente
quando minha língua gira seu cerne e chupo em minha boca.
Ela está balançando ao longo do colchão, seus seios saltando,
sua respiração se tornando mais superficial a cada inspiração.

Quero estabelecer um recorde mundial de quantas vezes


ela goza esta noite, seja no meu pau, língua ou dedos.
Lentamente, empurro meu dedo dentro dela e o retiro,
seguindo os sinais que seu corpo me dá, tentando ler o que ela
gosta e nunca forçando o ritmo muito rápido.

Suas mãos caem para o meu edredom e o fecham em


punho. Eu a observo por entre as pernas, mergulhando outro
dedo dentro dela, arqueando-os para massagear seu ponto G.
Nossos olhos travam quando ela se levanta da cama para me
observar, então seus olhos se fecham e se abrem novamente,
seus seios subindo e descendo a cada respiração.

— Oh meu Deus — ela diz, desabando no colchão.

Ela resiste contra a minha boca e todo o seu corpo fica


tenso, sua boceta apertando em torno dos meus dedos antes
de suas mãos finalmente liberarem meu edredom. Um suspiro
profundo e satisfeito escapa de seus lábios.

Preciso entrar nela agora. Depois de pegar o preservativo


da mesa de cabeceira, sento de joelhos, rasgando o pacote e
deslizando a borracha pelo meu comprimento. Juno está
tomando pílula, mas não vou presumir que esteja pronta para
ficar nua em nossa primeira noite juntas.

Lanço beijos por sua barriga, por sua tatuagem de rosa,


pelo vale de seus seios, até chegar em sua boca. — Já se
recuperou?

Seus olhos piscam para a consciência e o menor sorriso


vinca seus lábios. — Cara, você tem habilidades que eu deveria
ter aproveitado há muito tempo.
— Não se preocupe, você tem muito tempo agora. — Beijo
o canto de seus lábios. Não quero que revivamos
arrependimentos de tempo perdido porque tudo que me
importa agora é o nosso futuro.

A ponta do meu pau atinge seu centro e ela geme,


alargando as pernas. Seus braços envolvem meu corpo e ela
engasga quando nossos peitos nus pressionam juntos.
Empurro dentro dela, e seus dedos mexem no meu cabelo,
brincando vagarosamente. Acho que ela está gostando do ritmo
lento que estou estabelecendo.

— Espero que você esteja pronta para sentir dor amanhã


— digo antes que minha língua deslize em sua boca.

Não estou interessado na resposta dela. Suas pernas


envolvendo minha cintura são a resposta o suficiente para que
esteja a bordo.

Já estive exatamente nesta posição com Juno antes –


quando estávamos bêbados. Naquela noite era mais sobre o
destino do que a viagem, mas esta noite é tudo sobre a viagem.
Minhas mãos empurram seu cabelo para fora de seu rosto
enquanto meus lábios borrifam beijos em qualquer pele que eu
possa alcançar, enquanto ainda estou enterrado
profundamente dentro dela. Meu ritmo aumenta enquanto
seus calcanhares pressionam minhas panturrilhas e palavras
incoerentes saem de sua boca.

— Nunca me canso de você — digo.


Suas mãos se movem para minhas omoplatas, seus dedos
cavando em meus músculos. — Não pare.

Ela arqueia o pescoço e minha boca devora a pele como


um homem faminto, sugando e beliscando. Seus quadris
sobem para encontrar os meus e empurro dentro dela, minhas
mãos incapazes de parar de tocar sua pele sedosa.

Não posso acreditar o quão rápido ela foi de Juno, minha


amiga, para Juno, minha amante. Eu a amo. Sempre amei,
mas nesta cama, sei que tudo o que éramos antes desta noite
nunca se comparará ao que seremos. Um fogo acende em mim,
e enterro minha cabeça no pescoço de Juno, empurrando sem
parar, perseguindo meu próprio prazer.

— Estou gozando — ela ofega no meu ouvido. Suas unhas


cavam com força em minhas omoplatas.

Não aumento meu ritmo, esperando que ela aperte em


torno de mim antes de perseguir meu próprio orgasmo. Como
se fosse uma deixa, suas coxas apertam em volta da minha
cintura e ela grita em meu ouvido, cantando louvores.
Empurro com mais força dentro dela até que um milhão de
asteroides se desfazem em pequenas estrelas atrás das minhas
pálpebras e me esvazio dentro dela.

O peso do meu corpo cai em cima dela e nunca me senti


tão em paz.

Levantando-me nos cotovelos, fico olhando para ela. Sua


pele está corada e ainda está recuperando o fôlego. — Ainda
estranho?

Ela bate nas minhas costas. — Acontece que gosto


bastante do seu pênis.

Beijo seus lábios. — Podemos, por favor, parar de chamá-


lo de meu pênis agora?

— Você quer que eu dê um nome para isso?

Saio dela e, com certeza, ainda estou a meio mastro,


quase pronto para ir de novo. — Estava pensando mais apenas
em pau.

Eu me sento e ela estica os braços sobre a cabeça. Seu


corpo ainda nu para eu adorar. — Sinto que você quer que eu
chame de Anaconda ou algo assim.

— Nós poderíamos simplesmente ir com Boss. — Eu rio,


indo para o banheiro para descartar a camisinha.

Quando volto, Juno está vasculhando minha gaveta em


busca de uma camiseta. Ela puxa uma e vai para a minha
gaveta de shorts. Estamos tão confortáveis juntos, como vamos
manter esse estágio de namoro novo e emocionante?

Sento-me na beira da cama, admirando sua bunda


enquanto ela se inclina. Ela se vira e eu estico meus braços
para que venha até mim. Ela vem. Felizmente, este é um bom
sinal de que não está mais se sentindo desconfortável com a
ideia de estarmos nus juntos.

— Você quer uma camisa? — Ela estende a que já tem


nas mãos.

— Não. Você pode usar minha camisa, mas fico com os


shorts.

— Deixe-me pegar um para você.

Balanço minha cabeça. — Você vai usar minha camiseta


sem nada por baixo.

Ela sorri e envolve seus braços em volta do meu pescoço.


— Por quê?

— Porque todas as vezes em que me sentei lá e observei


você de short e camiseta, sempre desejei que você estivesse
vestindo apenas minha camiseta e nada mais.

— Então, isso é como uma fantasia? — Ela sorri.

— Você tem alguma fantasia?

Ela encolhe os ombros, saindo do meu colo e colocando a


camiseta.

— Whoa, whoa, whoa. — Agarro a bainha e puxo-a para


mim, minhas mãos deslizando em seu peito. — Eu não disse
para colocar a camisa agora.

— Estou morrendo de fome e não vou comer pelada.

Deixo a camiseta cair e arranco o short da cama,


entrando nele. — Que tal uma ação de Nove e Meia Semanas
de Amor?
— Você sabe que nunca vi esse filme? — Ela olha para
mim antes de desaparecer do meu quarto.

— Isso está mudando agora. — Descemos as escadas e


deslizo meus braços em volta da cintura dela, puxando-a de
volta para mim, tornando difícil para nós chegarmos à cozinha.
— Acho que recuei naquele filme todos os dias no verão depois
que fiz quatorze anos.

Ela circula e a pego, suas pernas enrolando em volta da


minha cintura. — Hmm... e aqui eu pensei que talvez você só
batesse em mim?

— Bem, você ainda estava com o peito achatado. — Ela


bate nas minhas costas e a coloco no balcão da cozinha,
minhas mãos deslizando por suas coxas para separá-las, meus
dedos perigosamente perto de seu centro. — Não se preocupe,
você é a número um.

Ela revira os olhos. — Fico lisonjeada.

Abro a geladeira. Infelizmente, realmente não fui fazer


compras esta semana porque esperava estar fora para minha
lua de mel.

— Não tenho muito. — Coloco ovos no balcão atrás de


mim e uma pizza que pedi ontem à noite, mas nunca terminei.

— Diga-me algo que você imagina sobre mim quando está


se masturbando.

Olho por cima do ombro e levanto uma sobrancelha. — É


essa a sua perversão?

Ela encolhe os ombros. — Houve momentos em que eu...


você sabe...

Abandono a geladeira e aninho meus quadris entre suas


pernas novamente. — Não, eu não sei. Vou te dizer se você me
contar.

Um rubor sobe por seu pescoço, atingindo suas


bochechas.

— Você não precisa ser tímida comigo. — Eu a puxo para


a beira do balcão e seus braços caem sobre meus ombros.

— Você me conta primeiro.

Concordo. — Bem, eu fantasiava com você usando


minhas camisetas sem nada por baixo, como eu disse, mas
houve uma noite em que voltei da faculdade antes de começar
a pós-graduação. Eu estava no seu apartamento. Kingston foi
chamado para um incêndio, então ele saiu. Vocês estavam me
deixando ficar até que encontrasse um lugar meu. Começou a
chover, e você pensou que a chuva fria seria uma sensação boa
porque nós dois estávamos com tanto calor. Você se lembra?

Ela acena com a cabeça e sorri. — Saímos e percebi tarde


demais que estava vestindo branco. Você disse que não
percebeu. — Ela dá um tapa no meu peito e eu rio.

— Porque se eu tivesse te contado, você teria entrado.


Mas... — Eu me inclino para frente e pressiono um beijo em
seus lábios. — Eu sempre tenho essa fantasia de que me
aproximo de você, tiro sua camiseta e shorts, e fazemos sexo
ali mesmo enquanto a chuva cai sobre nós.

— No meio do centro da cidade? — Suas sobrancelhas


sobem.

— É por isso que é uma fantasia. Éramos só nós, a chuva


e uma rua deserta.

Ela se contorce. — Gosto dessa. — Espero pacientemente


até que ela me encara. — O quê?

— Sua vez.

Ela morde o interior da bochecha. — O meu é, na verdade,


desta casa.

— Diga. — Abro a caixa de pizza e tiro uma fatia, levando-


a aos lábios.

Ela dá uma pequena mordida, mastiga e engole. — Eu


vim um dia, e acho que era verão também. Você estava
trabalhando no convés. E estava de short, sem camisa e com
um cinto de ferramentas. Seu peito estava tão brilhante de
suor e seus músculos flexionavam e inchavam com cada golpe
do martelo.

— Qual é a fantasia? Porque, pelo que me lembro, você


me jogou uma água, me esforcei para pegá-la e você disse que
estava muito quente para sair.

Ela ri e acena com a cabeça. — Bem, naquela noite,


vamos apenas dizer, aquele cinto de ferramentas caiu no
convés de madeira, junto com seus shorts, e você me mostrou
sua ferramenta real.

— Não tenho certeza de qual é a melhor. — Eu a alimento


mais com a fatia de pizza.

— Minha, é claro. — Ela se aproxima de mim, beijando


minha mandíbula. — Sua barba por fazer está muito sexy
agora.

— Por que, Srta. Nympho, você quer levar essa pizza para
cima?

Ela balança a cabeça. — Eu nunca disse lá em cima. Além


disso, acho que preciso conhecer um pouco melhor o seu pênis
para poder dar o apelido adequado. — Seus dedos descem pelo
meu peito até deslizarem sob o elástico do meu short.

— Podemos, por favor, apenas usar pau enquanto isso?


— Sua palma aplica pressão e balanço contra ela. — Pensando
bem, chame do que quiser, contanto que continue fazendo
isso.

E em apenas algumas horas, batizamos dois quartos em


minha casa. Graças a Deus comprei uma de três quartos.
Um grande braço desliza em volta da minha cintura, os
dedos subindo pelo meu estômago, embalando-me forte no
peito.

— Bom dia — diz Colton com uma voz grogue.

Não tenho certeza se estamos realmente acordados ou


apenas temporariamente acordados pela sexta vez esta noite.
Nenhum de nós deixou o outro dormir. Depois da cozinha,
tentamos assistir a um filme, mas acabou comigo de joelhos
entre suas pernas. Em seguida, um filme na cama parecia um
plano melhor, mas cinco minutos depois, Colton estava
beijando meu pescoço e suas mãos estavam se aventurando ao
sul para o meu núcleo. E toda vez que rolávamos na cama, um
de nós encontrava o outro e alguns beijos grogues se
transformavam em sexo.

Ele rola sobre mim, seu comprimento já duro e pronto.


Travando meus pulsos com suas mãos fortes, brinca com sua
ponta no meu centro. Já terminamos com os preservativos e,
para ser honesta, não tinha certeza se os usaríamos para
começar. Ontem à noite, na cozinha, quando o preservativo
parecia a um milhão de quilômetros de distância, conversamos
rapidamente e ele já sabia que eu estava tomando pílula.

Estranho porque, de certa forma, sinto como se


tivéssemos ultrapassado um milhão de estágios de um
relacionamento normal.

— Sr. Willy já está de pé e ansioso para ir com o sol, hein?

Ele balança a cabeça, mas seu sorriso diz que não odeia
os novos nomes que estou testando para seu pau. Por alguma
razão, é mais fácil do que reconhecer que cruzamos essa linha
e agora estou muito familiarizada com a maneira como meu
melhor amigo transa.

Alargo minhas pernas para dar mais espaço a seus


quadris e ele desliza na minha umidade. Gemo baixinho como
se fosse um gato sendo mimado. Sem soltar minhas mãos, ele
mói em mim, circulando seus quadris em um movimento
dolorosamente lento. Uma coisa consistente é que Colton está
sempre olhando para mim para ver do que estou gostando.
Percebi que ele consegue ler meu corpo, o que deve ser uma
vantagem me conhecer tão bem.

— Será que algum dia não vou querer ser acordada


assim? — Eu arqueio minhas costas, puxando minhas mãos,
querendo tocá-lo.

— Espero que não. — Ele se abaixa e me beija, sua língua


mais confiante do que na primeira vez que nos beijamos na
noite passada. Como se já estivesse acostumado a me beijar
em menos de vinte e quatro horas. Bem quando eu acho que
ele vai soltar minhas mãos, ele termina o beijo, colocando o
último na ponta do meu nariz.

— Preciso das minhas mãos — digo.

Ele ri e balança a cabeça. — Você não precisa.

Empurra com mais força e minhas costas arqueiam para


fora da cama. Ele aproveita para fechar a boca sobre meu
mamilo e chupar meu seio. Não posso discutir com isso.

Sua boca se abre e ele aumenta o ritmo dentro e fora de


mim. Eu mexo meus pulsos, mas ele não remove sua restrição
e há algo sobre não ser capaz de tocá-lo, sobre ser mantida
pressionada, que estou gostando demais. Seus lábios caem
sobre minha pele nua, provocando, mordiscando e sugando
enquanto ele se move dentro e fora de mim. Envolvo minhas
pernas em volta de sua cintura, o único controle que tenho, e
aperto minhas coxas em torno de sua cintura. Isso torna o
atrito muito melhor.

A onda de um orgasmo se agita na minha barriga, e eu


persigo o turbilhão em torno de mim. — Mais forte — digo,
ofegante, contente em lutar com meus pulsos presos na cama.

Por um momento, estou perdida em seus olhos cheios de


amor. Por mais assustada que esteja sobre isso acabar mal,
não há mais ninguém com quem preferisse estar. Seus olhos
pegam os meus, e tudo o que ele vê faz com que solte meus
pulsos. Suas mãos pousam no meu rosto e ele me beija como
se fosse a nossa primeira vez, nunca quebrando o ritmo.

Em algum lugar entre sua língua deslizando nas


profundezas da minha boca e minhas mãos sendo capazes de
explorar seu corpo, ele me carrega até a beira de um orgasmo.
Nas últimas doze horas, vi estrelas, ele me fez gozar tão forte e
tão rápido. Estive tonta de luxúria, precisando de outro. Mas
desta vez, uma sensação de paz cai sobre meu corpo. E
enquanto ele se acalma dentro de mim, seguro seu corpo
contra o meu, levando o peso do amor e da segurança que só
ele pode me dar.

Apoiando-se nos cotovelos, ele me encara. — Agora que é


um bom dia.

Ele beija meus lábios, sai de dentro de mim e vai para o


banheiro. O lado bagunçado de não usar camisinha meio que
é uma merda, mas o cavalheiro que ele é, retorna com uma
toalha para mim.

Me limpo, então levanto da cama e vou para o banheiro.


— Se não quisermos ter nosso próprio filho, é melhor eu ir para
casa tomar meu comprimido.

Ele segue e abre a torneira do chuveiro. — Que tal abrir


um armário para você aqui?

Fico olhando para ele através do meu reflexo no espelho.


— Isso não está se movendo rápido?

— Eu vejo isso mais como se mover devagar.


Ele vem por trás de mim e beija meu pescoço. Essa
sensação de pertencer enche meu peito novamente e se irradia
para fora. Não tenho certeza se vou ocupar o espaço da
cômoda.

Viro em seus braços. — Vamos conversar sobre isso


depois de pelo menos uma semana. — Rio e beijo sua
bochecha. — Estou faminta. Enquanto você toma banho, vou
fazer algo para nós.

Ele entra em seu chuveiro com porta de vidro. — Você


esqueceu que não cozinha? Além disso, preciso de
mantimentos. Quer fazer compras?

— Não tenho certeza se quero estar em público depois de


ontem à noite. Sou a outra mulher. — Coloco um pouco de
pasta de dente no dedo e passo nos dentes e na língua, depois
cuspo na pia e coloco minha mão em concha para água.

— Acho que Brigette sempre foi a outra mulher, de acordo


com os residentes de Lake Starlight.

— Falando nisso, você checou a internet?

— Buzz Wheel? — Ele pergunta enquanto vejo o sabão


percorrer os contornos de seu corpo. Não há vestígios do
menino com quem cresci – ele é todo homem agora. — Não.
Não me importo com o que tem a dizer.

— Eu me pergunto se foi postado ontem à noite ou se vai


ser postado hoje. — Eu mastigo minhas unhas.
Isso não é algo que quero no blog de fofocas. Claro que o
Bailey que desfaz um casamento sou eu. Por que essa situação
seria diferente do resto da minha vida? Sempre foi uma dessas
coisas não é igual à outra.

— Não importa o que diga. Não muda nada e, além disso,


outra pessoa será a história amanhã.

— Como você pode ser tão casual sobre isso? Você não
está preocupado? Eu combino pessoas para viver e agora
roubei o noivo de um cliente que combinava. Dificilmente isso
é bom. — Sento-me no balcão, meu estômago não ronca mais
de fome.

A água é fechada e Colton pega uma toalha de um gancho


na parede. Um gancho, uma toalha. Por alguma razão, isso faz
minha mente mudar para uma direção completamente
diferente. O que não é realmente uma anomalia para mim.

— Brigette ia se mudar para cá?

Ele se seca, passando a toalha pelo cabelo e depois a


enrola na cintura. — Ok, respire. — Ele me prende no balcão
como momentos atrás, antes de cheirar a chuva fresca. — Você
está pensando demais nisso. Todo mundo sempre achou que
ficaríamos juntos. Eles vão ficar felizes. E Brigette entende.

— Porque ela estava se casando com você para um green


card, mas o resto de Lake Starlight não sabe disso. Eles
provavelmente vão olhar para mim como se eu fosse uma
prostituta.
Ele ri. — Eles não vão. Lake Starlight ama você e eles não
vão te pregar na cruz ou fazê-la usar uma letra escarlate. —
Ele desaparece em seu quarto e retorna com seu telefone. Ele
olha para mim enquanto coloco a camiseta que ele me deu na
noite passada na minha cabeça. — Quer que eu leia ou você
mesma quer ler?

Pego o telefone dele e sento na cama, inspirando e depois


expirando profundamente.

LAKE STARLIGHT BUZZ WHEEL

Para aqueles que não compareceram ao casamento de


Colton Stone na noite passada, você pode se surpreender ao
acordar com a notícia de que o casamento nunca aconteceu. Os
convidados, incluindo todo o clã Bailey, observaram a noiva
caminhar pelo corredor, mas antes que os votos fossem
trocados, a noiva estava caminhando de volta, desaparecendo
no Cozy Cottage B&B. Colton a seguiu, mas disse aos
convidados para ficarem para a refeição. Meia hora depois,
Colton entrou na tenda apenas para ter sua primeira dança com
Juno Bailey. Rumores são de que eles deixaram o casamento
juntos pouco depois. Sim, senhoras e senhores de Lake
Starlight, a casamenteira finalmente sucumbiu ao amor por
Colton Stone. É bom ver o amor vencer na noite passada em
Lake Starlight.

Alguns de vocês podem estar se perguntando sobre


Brigette... ela foi vista saindo do Cozy Cottage B&B com Rhys
do Smokin 'Guns Tattoo Parlor, que a acompanhou até seu
veículo. Isso fez com que muitos convidados se perguntassem
qual foi exatamente a causa do cancelamento do casamento?

Eu fecho o telefone dele e ele bate seu ombro no meu. —


Não é tão ruim, hein?

Eu balanço minha cabeça. Não há nenhuma razão para


ter me preocupado que eles iriam me crucificar. Talvez seja
minha própria culpa. — Não deveria aliviar minha mente que
ela foi embora com Rhys, mas fico.

— Você precisa aprender que não há problema em ser


feliz.

Beijo sua bochecha. — Apenas sinto que consegui o que


eu queria, deixando outra pessoa sendo banida do país.

Ele ri. — Oh, Juno, ela está bem. Obviamente, queria ficar
com Rhys.

— Pensei que talvez ela e Jason, mas Rhys me


surpreendeu.

Ele tira a toalha como se fosse a coisa mais natural do


mundo e coloca um short de corrida e uma camiseta antes de
jogar para mim um short que terei que enrolar a cintura para
baixo para acompanhar. — Jason não é o tipo de Brigette. Ela
quer alguém que queira viajar e conhecer o mundo. Ela quer
ficar na América, mas também quer liberdade para viajar. Um
veterinário nunca seria capaz de dar isso a ela, mas acho que
um cara como Rhys, alguém que pegou e se mudou para cá
sem conhecer ninguém, pode ser o cara para ela. Jason é mais
parecido comigo – provavelmente comprará uma casa grande
o suficiente para caber uma família antes mesmo de encontrar
uma esposa. — Ele pega minha mão e me leva para fora da
sala. — Agora vamos, vamos pegar um café da manhã e
algumas roupas para você.

Ele me leva escada abaixo. Quando chegamos ao fundo,


pulo em suas costas para que ele possa me carregar para a
cozinha, mas ele congela na arcada e seus braços se soltam de
minhas pernas, me fazendo deslizar por suas costas.

— Dori? Ethel? — Ele pergunta.

Espreito seu corpo.

— Bom dia, pombinhos. — Dori está colocando donuts


em um prato, enquanto Ethel está servindo copos de suco.

— Como você entrou na minha casa? — Colton pergunta.

Dori dá a volta no balcão, lambendo o açúcar em pó dos


dedos. — Eu tenho as chaves da casa de todos os meus netos.

— Mas não sou seu neto. — O rosto de Colton está


totalmente branco e eu rio, passando-o um donut.

— Você sempre foi meu neto. Embora eu esteja um pouco


chateada por ter sido pressionada por não conseguir juntar
vocês dois. O que me leva ao ponto da minha visita esta
manhã.

Mordo uma rosquinha com cobertura de chocolate e


sorrio para Colton, que acho que acabou de perceber o que
significa estar em um relacionamento com uma Bailey. Vovó
Dori não sabe o significado da palavra espaço.
Como diabos Dori conseguiu a chave da minha casa?

A pergunta corre continuamente na minha cabeça


enquanto Juno se senta à mesa, trabalhando em seu segundo
donut. Preparo café porque Dori e Ethel só tomam
descafeinado, que trouxeram para elas.

— Juno, você não pode ser uma desleixada. — Dori pega


o vestido de Juno que tirei do corpo dela ontem à noite e o
coloca lindamente nas costas do meu sofá.

— Eu não deixei isso aí, Colton deixou — diz ela, o que


me choca, já que estava tão preocupada que a cidade em que
cresceu pudesse vê-la como má por terminar meu casamento.

Dori dá um tapa no braço da neta. — Pare com isso, Juno.


Eu não quero ouvir essas coisas.

— Então por que você está aqui tão cedo? E, por favor,
me diga que você não está aqui há muito tempo? — Juno olha
para mim porque cerca de meia hora atrás, ela estava gritando
meu nome.
— Sim, acabamos de chegar aqui, e acho que somos
gratas.

A expressão de Ethel diz que talvez ela gostaria de nos


ouvir fazendo sexo. Eu tremo com o pensamento disso.

— E estou aqui porque preciso pular vocês dois agora, —


acrescenta Dori. — Vocês estão juntos, então preciso seguir
para Kingston. Dizem que Stella Harrison estava no seu evento
de encontros às cegas.

A cabeça de Juno vira em minha direção, mas balanço


minha cabeça. Como diabos ela teria notícias de Stella? Dori a
viu no casamento? Todos em Lake Starlight sabem que o
retorno de Stella é a última coisa que Kingston precisa.
Quando se trata dela, ele simplesmente não pensa.

— Não sei do que você está falando — diz Juno, e vejo


seus dedos se cruzarem por baixo da mesa.

— Juno Bailey! — Dori diz.

Ethel se vira e sorri para mim, roubando outro donut da


bandeja. Seus olhos baixam para minha virilha e sorrio
educadamente. Quanto tempo elas ficaram aqui?

— Dori, eu gostaria da chave de volta — digo,


interrompendo a conversa.

Dori ergue a mão para mim. — Apenas relaxe. Eu só entro


quando preciso. Sou eu, não algum perseguidor.

Balanço minha cabeça, grato por minha cafeteira emitir


um sinal sonoro que está pronto. Eu me sirvo de uma xícara,
segurando uma para perguntar a Juno se ela quer também.
Ela sorri e acena com a cabeça, então lhe sirvo uma xícara.

— Realmente não acho que devemos nos envolver nos


negócios de Kingston e Stella — disse Juno, aparentemente
admitindo a derrota.

— Você é uma casamenteira. Você sabe tão bem quanto


eu que eles pertencem um ao outro — diz Dori.

— Será, realmente? — Juno pergunta. — Há muita dor


aí.

— Há muita dor aqui. — Dori sinaliza entre Juno e eu. —


Mas vocês dois foram capazes de descobrir e transar como
coelhos.

Fico olhando fixamente para Juno, porque o que diabos


devo dizer sobre isso?

— Diga-me que você não tem uma câmera em minha


casa, Dori. — Eu olho em minha sala de estar, encontrando
um vaso que não me lembro de ter comprado.

— Pare de ser bobo — Dori diz, novamente me


dispensando como uma criança que não para de fazer
perguntas irritantes.

Mas meus pais nem mesmo têm a chave da minha casa.


A única pessoa que sabe é...

— Juno, você ainda tem minha chave? — Eu pergunto.


— Colton Stone. — Dori se vira para mim. — Esqueça a
chave. Eu não tenho câmeras em sua casa. Você não é uma
pessoa tão interessante.

Minha boca se abre.

Juno ri.

Ethel dá um tapinha no meu braço, lançando-me um


olhar que diz que me acha interessante.

— Você tem o número dela? — Dori pergunta a Juno.

O olhar de Juno se espalha pelas bancadas – tentando


localizar seu telefone, acho. — Não. — Mas ela franze os lábios.
Seu sinal revelador de que está mentindo.

— Você está mentindo — diz Dori.

— Não, não estou — Juno diz e novamente franze os


lábios. Ela pode muito bem desistir da luta.

— Bem, senhoras, tenho que levar Juno para casa para


tomar banho e se trocar. Obrigado pelos donuts e suco — digo,
tentando salvá-la.

O sorriso de Juno diz que ela vai me agradecer mais tarde.


Amo essas novas vantagens.

— De nada — diz Ethel, seus olhos percorrendo meu


corpo novamente.

Coloco minha cadeira mais embaixo da mesa.


— Juno, só quero falar com ela — diz Dori.

— Vovó, ela não está pronta, ok? A última coisa de que


precisamos é Kingston descobrir que ela está de volta antes
que Stella possa enfrentá-lo. Você sabe o quão fraco ele é
quando se trata dela. — O tom e as palavras de Juno mudam
o comportamento de Dori.

Dori encara sua xícara de café por um momento e depois


concorda. — Ok, você está certa. Acho que estou um pouco
chateada por não ter ajudado a juntar vocês dois. Quer dizer,
estou esperando há meses por este momento. — Dori olha
entre Juno e eu.

— Desculpe, vovó, mas você fez. Quero dizer... — Juno


tenta ver onde talvez tenha algo a ver com nos juntar, mas a
verdade é que ela não teve.

— Não, eu não fiz, mas tudo bem. Tenho certeza de que


você precisará de mim no futuro. — Ela se levanta e toma um
gole de café, pegando sua bolsa. — Ethel, pare de olhar
fixamente para Colton e vamos embora.

— O que você quer dizer com o futuro? — Juno pergunta,


levantando-se e abraçando sua avó e Ethel.

— Vocês têm muito mais para enfrentar. Você realmente


achou que acabou de admitir seus sentimentos e que tudo está
ótimo? — Ela ri. — Deus, adoro esse ditado.

As sobrancelhas de Juno franzem e ela me procura.


Balanço minha cabeça. Essa é Dori. Gosta de ser a
casamenteira dos netos, de sentir que não teriam encontrado
o seu caminho sem ela.

— As crianças são tão ingênuas, — ela diz a Ethel, que


concorda. — Eles acham que tudo é fácil.

Ambas as mulheres caminham pelo corredor, e eu coloco


meu braço em volta de Juno.

— A chave, Dori? — Tento mais uma vez.

— Vejo vocês crianças mais tarde. — Ela abre a porta para


Ethel e elas saem, fechando a porta atrás de si.

— Você está pegando a chave de volta — digo para Juno.

Ela ri. — Você é tão paranoico.

— Porque ela tem a chave da minha casa e sua amiga me


olha como se eu fosse um pedaço de carne.

— Ethel é vegetariana — diz Juno, ainda rindo.

Eu faço cócegas em suas costelas até ela se contorcer e


implorar por misericórdia. Engulo sua risada com um beijo.

Dori está errada – Juno e eu nos amamos. Nada vai dar


errado agora que finalmente somos um casal.
Na semana passada, Juno e eu fomos inseparáveis. Dr.
Murphy me chamou para uma reunião hoje e estou
esperançoso de que tenha algo a ver com a compra da clínica.

Bato na porta de seu escritório e ele levanta os olhos do


computador, acenando para eu entrar.

— Colton — diz ele, direcionando-me para a cadeira em


frente à sua mesa.

— Bom dia.

— Então perdemos Brigette, — ele diz e um buraco se


forma no meu estômago. — Mas parece que ela está feliz. Vocês
dois na verdade.

— Seu amigo foi capaz de ajudar? — Pergunto.

— Sim, mas ela e Rhys partiram há dois dias. Não tenho


certeza de quais são seus planos.

Dr. Murphy sabe mais do que eu. Afinal, não veio falar
comigo antes de ela e Rhys partirem ao pôr-do-sol. Espero que
esteja feliz.

— Isso deixa uma vaga aqui na clínica. Tenho uma ligação


para meu amigo professor em Anchorage, na esperança de que
possamos encontrar alguém para nos ajudar. Mas acho que
devemos reunir a papelada. Acho que você precisará garantir
um empréstimo, então por que você não finaliza isso e eu
entrarei em contato com meu advogado?

— Mesmo? Você está pronto? — Há uma grande


possibilidade de que o Dr. Murphy continue até encontrarmos
uma nova pessoa e treiná-la.

Dr. Murphy sorri e acena com a cabeça. — Depois de


interromper o casamento por quem você ama, a Sra. Murphy
tem um novo amor pela espontaneidade e quer viajar. Prometi
a ela cinco anos atrás que diminuiria o ritmo assim que
encontrasse alguém em quem confiasse, e ela tem me
incomodado desde que você se formou. Então aqui estamos
nós. Ou seja, se você ainda quer comprar a clínica?

— Sim. — Aceno com entusiasmo. Não há dúvidas sobre


isso, especialmente agora que estou com Juno. Ter um
consultório veterinário é a segurança de que precisamos para
começar nossa vida juntos. — Definitivamente.

Ele sorri e aperta minha mão.

— Obrigado, Dr. Murphy. Prometo administrá-la com o


mesmo profissionalismo e carinho que você tem todos esses
anos.

— Bem, ainda temos um problema para conversar.

Recosto-me na cadeira, já ciente do que ele quer falar —


Lori.

— Lori é minha irmã e, embora pudesse conseguir um


emprego em outro lugar com suas habilidades, não posso
simplesmente expulsá-la. Eu sinto que uma vez que você for
seu chefe, ela vai afrouxar com você.
Descanso meus cotovelos nos braços da cadeira. — Eu
acho que ela pode me odiar.

— Não. Ela simplesmente não entende novas maneiras de


fazer as coisas e provavelmente eu lhe dei muita margem de
manobra ao longo dos anos. Mas tenho que preencher a
papelada para que ela permaneça na equipe até que escolha
ou faça algo contra as políticas do consultório.

Se esse é o custo de se ter o negócio, não vou discutir.


Lori não é exatamente jovem, então posso cuidar dela até sua
aposentadoria. — Entendo e estou de acordo.

Sua expressão diz que ele aprecia o fato de eu estar


atuando em equipe. — Ok, bem, ligue para aquele contato no
banco e vamos fazer a bola rolar. Parabéns, Colton. — Ele se
levanta e estende a mão novamente.

Eu me levanto e aperto sua mão. — Obrigado por esta


oportunidade.

— Você é um bom garoto. Estou feliz em ver que as coisas


estão mudando para você. — Ele pisca.

Só consigo pensar em Juno, e ele está certo. As coisas


não poderiam ser melhores conosco, e agora estou começando
meu próprio negócio. A vida nunca foi melhor.

Depois de sair do consultório do Dr. Murphy, vou para a


sala de descanso e ligo para Mario no banco, esperando que a
papelada não demore tanto. Já discutimos tudo; a questão
sempre foi quando.
— Mario Arroyo — ele responde.

— Ei, Mario, é Colton Stone.

— Dr. Murphy está finalmente pronto para se aposentar,


hein?

Eu ri. — Sim.

— Ok, vou preparar o pedido de empréstimo. Venha


almoçar se quiser, ou abrimos até as cinco. Você pode assinar
tudo e vou começar a processar o empréstimo.

Borboletas enchem meu estômago. Estou realmente


fazendo isso. Um empréstimo não é o ideal, mas não tenho
economias suficientes desde que comprei uma casa. — Estarei
aí na hora do almoço.

— Perfeito.

Desligo e fico feliz que minha vida está finalmente como


eu sempre quis.
Estou arrumando as coisas no meu escritório para voltar
ao bar em Anchorage para outra noite de encontros às cegas.
Mandei uma mensagem para Stella para que ela soubesse que
Kingston estará lá esta noite, mas ela não respondeu. Se os
dois aparecerem, vou mergulhar debaixo de uma mesa.

— Pronta? — Colton entra no meu escritório parecendo


delicioso em jeans e uma camiseta que se estende sobre os
ombros.

— Você já se trocou depois do trabalho? Todas as


mulheres lá vão estar desejando que você fosse um dos
encontros. — Eu adiciono panfletos e cartões de visita da
SparkFinder na caixa.

— Bem, então terei que dizer a elas que alguém já roubou


meu coração.

Balanço minha cabeça, sorrindo para ele.

— Tenho algumas boas notícias. — Ele se senta na


cadeira do meu escritório, girando como uma criança.
Pelo menos ele tem boas notícias. Minha notícia é que
talvez, apenas talvez, eu possa recuperar meu aluguel se essas
funções de encontro às cegas continuarem funcionando tão
bem.

— Sim?

— Dr. Murphy concordou em me vender a clínica.

Abandono a caixa e me viro para encará-lo. — E você


esperou tanto tempo para me dizer? Quando ele avisou você?

— Esta manhã. Tive de pedir um empréstimo. Assinei os


papéis na hora do almoço, então vou descobrir em uma
semana ou mais. — Seu sorriso infantil mostra como ele está
feliz.

Isso é o que ele queria desde que se formou. Ele sabia que
não havia lugar para dois consultórios veterinários em Lake
Starlight, então ou ele comprava Four Paws do Dr. Murphy
quando ele se aposentasse, ou teria que ir a outro lugar para
trabalhar. Isso o mantém aqui em Lake Starlight
permanentemente.

Além de Colton, minha vida está mudando, mas ele não


precisa se preocupar com meus problemas quando todos os
seus sonhos estão se tornando realidade.

— Eu tenho minha garota e uma clínica. A vida é boa. —


Ele se inclina para trás e coloca as mãos atrás da cabeça
enquanto estica as pernas sobre a mesa.
— E fica bem em você. — Eu sorrio.

— Bem o suficiente para que você queira uma rapidinha


antes de sairmos? — Suas sobrancelhas se erguem.

Eu rio, quebrando a distância entre nós e empurrando


seus pés para fora da mesa. — Eu poderia simplesmente me
esconder aqui embaixo da mesa. Ninguém saberia o que estava
acontecendo se olhassem pelo vidro.

Olho para o relógio. Temos pelo menos dez minutos antes


de sairmos para estar lá. Depois que deslizo sob a mesa, Colton
endireita a cadeira para que ele fique de frente para a minha
mesa. De joelhos, desabotoo sua calça jeans e puxo o zíper
para baixo.

Ele geme e desliza para baixo na cadeira para que eu


tenha mais com o que trabalhar. Esfregando seu comprimento
duro, abaixo sua cueca boxer sobre seu pau, sem pensar em
mais nada. Na semana passada, procuramos e encontramos
todas as zonas erógenas um no outro. Eu corro minha língua
em seu comprimento, girando em torno da ponta, o que o faz
pressionar as costas contra a cadeira.

— Merda — ele diz, suas mãos segurando os braços da


minha cadeira de escritório.

Não sou exatamente uma profissional nisso, mas Colton


me faz sentir como uma estrela pornô quando vou para cima
dele. Ele geme quando uma das minhas mãos brinca com suas
bolas enquanto a outra o bombeia. Minha boca trabalha sua
ponta como se fosse meu pirulito favorito.

— Droga, Juno. — Ele salta para frente, a ponta de seu


pau atingindo o fundo da minha garganta.

Continuo meu ritmo, aumentando a velocidade aos


poucos, e ele geme como um jogo de calor e frio, me dizendo o
quão perto estamos chegando. Quando suas mãos puxam meu
cabelo, ele atingiu seu limite e eu o trabalho como tenho feito
nos últimos dias, do jeito que sei que vai fazê-lo gozar.

— Eu vou gozar — diz ele e resmunga novamente na


minha boca.

A campainha na minha porta toca e Colton congela


quando seu esperma vaza em minha boca como se fosse um
pensamento tardio.

— Colton, — diz sua mãe com uma risada. — Você é o


casamenteiro agora?

— Mãe — diz Colton e tosse.

Ele olha para baixo entre suas pernas e minha mente


embaralha com um milhão de maneiras meio idiotas de sair
disso. Poderia ter deixado cair uma caneta, mas por que Colton
estaria enfiado no espaço aberto na minha mesa em vez de me
ajudar? Nada explica por que estou aqui, exceto que estava
apenas chupando o filho dela.

Minha cabeça cai contra sua rótula e quero chorar de


vergonha.
— Onde está Juno? Trouxe para ela uma bugiganga fofa
que encontrei no mercado de pulgas em Greywall neste fim de
semana. Não é fofo? Diz: “Confie em mim, sou uma
casamenteira''.

— Sim. Fofo.

— Então, onde ela está?

Colton ri porque ele sempre ri quando está


desconfortável. Soco sua coxa, o que só o faz rir mais.

— Ela está procurando por algo — diz ele.

— Onde?

Colton ri mais forte agora. — Ok, mãe, você sabe que


crescemos e tudo mais, certo?

Oh não, ele não disse isso. Minha mão desliza pela perna
de sua calça e belisco qualquer pele que consigo encontrar.

— Ai! — Ele se vira para trás e agarra sua perna.

— O quê? — Sua mãe parece em pânico porque Colton,


seu único filho, é seu mundo. — Você está bem?

— Sim. Estou bem. Tenho certeza que Juno estará de


volta em breve. Apenas deixe aqui e darei a ela.

— Oh, eu vou esperar. Para onde ela foi?

Ele astutamente desliza as mãos sob a mesa, colocando-


se em sua boxer, mas não tem escolha a não ser deixar as
calças abertas se não quiser avisá-la de onde estou. — Não
tenho certeza. O banco?

Para implorar por dinheiro, se fosse esse o caso.

— Como vão as coisas com vocês dois? — Ela pergunta.

Eu ouço o vinil da minha cadeira de convidado dobrar,


sugerindo que ela está ficando confortável.

— Bem.

— Bom, estaremos planejando outro casamento em


breve?

Engasgo e Colton tosse para mascarar o barulho.

— Você não está ficando doente, está, querido?

— Não. Não venha aqui. Não tenho cinco anos, mãe, não
estou com febre. — Ele acena para ela antes que possa vir para
este lado da mesa e ver sua calça desabotoada e eu entre suas
pernas.

Pelo menos mudamos a conversa para outro lugar que


não um casamento. Olá, já se passou uma semana desde que
ele deixou sua noiva no altar por mim. O que ela está
pensando?

— Você tem certeza? Você sabe que às vezes pega alergias


de primavera.

— Sim.
Quero rir em voz alta porque ele acabou de dizer esta
manhã que usou o último de seus comprimidos de alergia e
teve que pegar alguns hoje.

— Escute, mãe, eu sei que ela tem que ir a Anchorage


para um encontro às cegas. Não sei se ela vai voltar aqui antes
de partir.

— Quando ela começou a fazer isso? Ela sempre foi


apenas uma casamenteira, não um serviço de encontros.

Deixe para a Sra. Stone fazer perguntas que farão Colton


pensar mais sobre o que estou fazendo. Merda.

— Acho que conseguir mais clientes. Não tenho muita


certeza — diz ele.

— Ela está bem? Você não sabe apenas falar sobre si


mesmo em um relacionamento, certo? Você tem que ser um
verdadeiro parceiro e ouvi-la também. É uma rua de mão
dupla...

Colton levanta a mão. — Eu sei. Não se preocupe, você


me ensinou bem.

Ensinou mesmo. Você nunca precisa se preocupar com


isso com Colton, e é exatamente por isso que não quero que ele
descubra meu negócio falido. Ele vai colocar sua capa de
super-herói. Não preciso dele se lançando para me salvar.

— Se você diz. — Ela fica quieta por um momento. —


Estou triste por não encontrar ela. Eu realmente queria
abraçá-la porque estou muito feliz que vocês dois finalmente
estejam juntos.

Colton sorri para sua mãe. É aquele que diz que concorda
com ela.

— Bem, acho que voltarei amanhã. Me dê um abraço.

— Não — diz Colton.

— O quê? — A Sra. Stone parece confusa.

— Eu tenho que ir ao banheiro. Se eu me levantar e te


abraçar sem ir ao banheiro primeiro, posso fazer xixi sozinho.

Eu mordo sua calça jeans para abafar minha risada. É o


melhor que ele pode inventar?

— Eu disse a você para não segurar. Você terá uma


infecção do trato urinário.

— Desculpe, mãe.

Eu cubro minha boca antes de enlouquecer e desmoronar


aqui.

— Uhuh. Ok, te amo.

— Tchau, mãe. — Ele acena e presumo que ela esteja na


porta.

— Eu também te amo. Juno, você pode sair de debaixo


da mesa agora. Oh, amor jovem. Lembra-me de seu pai e de
mim.
A campainha da porta toca e Colton desliza para fora,
abotoando e fechando o zíper da calça jeans.

Minhas bochechas estão vermelhas. — Eu nunca poderei


enfrentar sua mãe novamente — digo, rastejando em seu colo.

Ele me segura com força, beijando meu pescoço. — É


estranho, mas ela está bem com isso.

— Isso é simplesmente errado. Sua mãe saber que eu


estava fazendo isso.

Seus dedos percorrem minhas costas e minha nuca. — E


você é uma mestre nisso, estou lhe dizendo.

Eu saio de seu colo. — Você não tem que ir ao banheiro?


— Rio.

— O que eu deveria dizer?

— Que tal que pode estar pegando um resfriado?

— Você sabe que isso não impediria minha mãe.

Concordo. — Verdade. — Eu pego a caixa. — Pronto?

— Sim. — Ele pega a caixa das minhas mãos e o sino toca


novamente.

Desta vez é Earl, o carteiro.

— Ei, Earl, — diz Colton. — Coloque na caixa.

Earl o faz e acena para mim. — Senhorita Juno. Sr.


Colton. Parabéns, certo?
Colton olha para mim por cima do ombro e de volta para
Earl. — Eu acho.

— Fico feliz em ouvir isso. Vocês formam um belo casal.


Tenham um bom dia.

— Você também, Earl — dizemos em uníssono.

Eu vou até a caixa e pego a correspondência, em seguida,


coloco na minha gaveta.

— Você pode abri-la no caminho — sugere Colton.

— Nah. Tenho certeza de que não há nada importante. —


Aceno para ele.

Felizmente, ele não viu a linha vermelha no papel através


do envelope como eu. É claro que, se o fez, provavelmente não
pensou nada sobre isso, nunca tendo recebido um aviso de
atraso em sua vida.

Colton caminha até sua caminhonete que está


estacionada ao lado da estrada. Olho para a foto de tia Etta e
discuto se vale a pena lutar por toda essa coisa de
casamenteira. Talvez minha mãe tenha entendido errado e eu
não posso prever quem pertence um ao outro. O fato de meu
negócio estar falhando é um sinal maior do que meu cabelo
ruivo. A cor significa exatamente o que significava quando eu
tinha onze anos – que sou diferente.
Como de costume, Juno organiza perfeitamente os
encontros às cegas e seus clientes – que são a maioria dos
amigos de Kingston – ficam felizes. Felizmente, tendo Stella
entendido a mensagem de Juno ou não, ela não apareceu.
Embora eu veja a situação de forma diferente de Juno.
Kingston merece saber que Stella está de volta para que ele
possa esclarecer as coisas com ela. Descubrir onde eles estão
indo em frente, mesmo que seja como conhecidos ou nada.

Depois que todos falam às cegas através das partições,


alguns dos amigos de Kingston vão para a área do bar para se
misturar com as garotas, mas Kingston vem em minha direção,
uma cerveja na mão.

— E aí? — Ele diz, deslizando para o banquinho na minha


frente.

— Nada. Sem combinações? — Pergunto.

Ele sorri e balança a cabeça. — Eu simplesmente não


posso. Você sabe? Eu tentei. Você já se sentiu como se
estivesse preenchendo uma necessidade e não o buraco?
Eu levanto minhas sobrancelhas e ele ri.

— Sim, eu falei errado. Acho que quero dizer, eu durmo


com garotas, mas nada realmente preenche o vazio.

Inclino minha garrafa de água em direção a ele. — Há


uma palavra melhor.

Ele ri.

Infelizmente, eu entendo, e meu olhar permanece em


Juno conversando com algumas das mulheres que não
combinava com ninguém. Ela entrega cartões de visita e
continuam conversando, uma delas apontando para a nossa
mesa. Pego seus olhos por um momento, e ela sorri e se volta
para o grupo, dizendo algo a elas.

— Eu só diria isso, mas estou farto de perder meu tempo


com essa coisa toda de namoro, — diz Kingston. — Por um
tempo eu estava tranquilo com isso, mas agora todos os meus
irmãos estão se casando e tendo bebês.

— Você tem apenas vinte e cinco anos — digo, e ele


assente.

— Sim. — Ele olha por cima do ombro. — Eu procurei


Stella outro dia. Estar de volta ao Cozy Cottage com Selene na
semana passada tornou o desejo muito forte para ser ignorado.

Minha garganta aperta. — E?

— Pelo que sei, ela ainda está em Nova York. Estou


pensando em ir visitar Sedona, talvez dar uma olhada em
Stella.

— Não a rastreie — digo, principalmente porque ele está


errado. Stella está literalmente a minutos de nós agora e odeio
estar guardando esse segredo.

— Faz algum tempo. Fomos cordiais no casamento de


Austin e Holly. Nós nos tornamos amigos nas redes sociais.
Isso significa alguma coisa, certo?

Algo que percebi sobre Kingston é que ele quase sempre


está disposto a contar aos outros seus sentimentos. Onde
Rome e Denver sempre os esconderam, e acho que Austin,
sendo o mais velho, sentiu que tinha que manter tudo dentro,
Kingston usa seu coração em sua manga, por assim dizer. É
admirável.

— Você está falando com um cara que esperou por mais


de uma década até que sua irmã recobrasse o juízo.

Ele ri e bebe sua cerveja. — Ela aprende devagar.

— Com licença. — Juno dá um tapa na nuca dele. — É


melhor você não ter falado de mim.

— Demorou uma eternidade para admitir seus


sentimentos por Colton.

Juno mostra a língua, abrindo caminho entre minhas


pernas e envolvendo os braços em volta do meu pescoço.

— Você teve que dizer àquelas garotas que estou


comprometido? — Eu pergunto.
Ela recua e estreita os olhos. Aceno para as meninas com
o cartão de visita, e ela ri. — Desculpe, Don Juan, elas estavam
interessadas em Kingston.

Kingston ri.

— Ai — eu digo.

— Ai? Você tem a melhor garota deste lugar.

Aperto meus braços em volta dela e beijo seu pescoço. —


Está certa. Você é uma casamenteira brilhante.

Ela ri.

— Com licença? — Uma mulher se aproxima e eu me


endireito, removendo meus lábios do pescoço de Juno. — Eu
tinha algumas perguntas.

— Certo. — Juno a leva para o lado e tira um cartão de


visita de seu bolso traseiro.

Kingston e eu tiramos nossos olhos delas e voltamos à


nossa conversa.

— Eu tenho uma pergunta — falo.

— Qual?

— É pessoal, e se você não quiser me contar, não precisa,


mas você pode pagar pelo apartamento sozinho?

Não era algo que eu pretendia perguntar a Kingston antes


de perguntar a Juno, mas vi as contas em sua correspondência
que Earl deixou. Juno é muito orgulhosa para admitir que
pode estar lutando financeiramente. Minha mãe está certa –
por que agora, depois de todos esses anos, Juno está
comandando essas noites de encontros às cegas?

As sobrancelhas de Kingston se erguem. — Vocês estão


apressando as coisas.

— Não diga a sua irmã – você sabe o quão lento ela prefere
que as coisas vão – mas eu realmente não vejo sentido de pagar
por dois lugares quando pretendo acelerar isso mais rápido do
que um relacionamento que não inclui mais de uma década de
amizade.

Ele levanta as mãos. — Eu não estou trazendo isso para


ela, mas sim, eu posso pagar. A verdade é que posso apenas
me mudar e conseguir um lugar mais perto de Anchorage se
ela for morar com você.

— Você deixaria Lake Starlight?

Ele encolhe os ombros. É aí que Kingston não é como seus


irmãos. A maioria já se hospedou em Lake Starlight. Acho que
todo mundo vê Sedona como se ela simplesmente não voltasse
para casa depois da faculdade, mas um dia ela voltará. E
Phoenix vai e volta entre Los Angeles e Lake Starlight, mas sua
casa é aqui. Kingston é aquele que nunca parece estar em Lake
Starlight, exceto para dormir.

— Bem, não diga nada. Não perguntei a ela, e estou


preparado para esperar um pouco.
Kingston bebe sua cerveja. — Você não se cansa de ela
agir assim?

Eu encolho os ombros. — Amo sua irmã. Para amar


alguém, você ama todas as partes dela – seus defeitos, bem
como seus atributos. Um dia espero amá-la o suficiente para
que sinta que pode estar totalmente dentro. Se eu conseguir
que ela se case comigo, então você saberá que a tenho.

Ele ri e inclina sua garrafa em direção à minha garrafa de


água. — Você é o único homem que pode fazer isso. — Ele bebe
sua cerveja. — Oh, eu estava pensando, vamos reunir todos
para o jogo de Jamison. Eles vão jogar no Seattle Sounders
neste fim de semana. Estou fora, a menos que seja chamado.

— Sim, definitivamente, podemos fazer isso na minha


casa.

— Perfeito.

— Bailey! — Um de seus amigos chama.

Kingston levanta a mão. — É melhor eu ir. Eles podem


ficar meio turbulentos e não quero arruinar as chances de
Juno de ter esses eventos aqui. Envie-me os detalhes. — Ele
se levanta e vai para a outra sala.

— Kingston, — eu chamo, e ele se vira. — Por mais que


seja uma merda, às vezes você tem que seguir em frente com
sua vida até que essa pessoa esteja pronta para enfrentar o
que quer que esteja entre vocês.
— Foi assim que você conseguiu minha irmã? Fingiu se
casar para pressioná-la a agir? — Ele ri como se isso fosse
absurdo e, embora eu sorria, a culpa perfura meu estômago.

— Seja bom, King! — Juno grita, acenando e voltando


para mim. Ela coloca os braços em volta do meu pescoço. —
Pronto para me levar de volta para sua casa?

— Nem sequer te dei uma cantada.

— Eh. Essas são superestimadas. Eu sou o anjo que Deus


enviou à Terra. Você não precisa passar por aqui de novo
porque foi amor à primeira vista, e acho que tenho um band-
aid na bolsa para aquele arranhão em seu joelho por ter se
apaixonado por mim. — Ela beija meus lábios. — Veja, eu
cuidei disso, agora posso ficar na sua casa, Microsoft. — Ela
pisca.

Eu rio, levanto e pego a caixa com as coisas dela, que


carrego pela porta dos fundos.

No caminho para casa, a culpa pelo que Kingston disse


cresce, me fazendo sentir mal do estômago, e aperto sua mão.
— Juno?

— Sim. — Ela levanta os olhos do telefone.

— Há quanto tempo você sabia que sentia algo por mim?

Ela enfia o celular dentro da bolsa. — Acho que eles


sempre estiveram lá... só... você sabe como posso ser confusa
sobre o futuro.
Concordo. Ela não decidiu onde iria para a faculdade até
abril. Odeia assumir qualquer compromisso futuro, e o fato de
Kingston estar ciente disso diz que ela é assim há muito tempo.
Talvez até antes da morte de seus pais, mas por alguma razão,
associo os dois como entrelaçados. Éramos muito jovens
quando seus pais morreram para saber com certeza.

— Mas a coisa boa é que descobri a tempo. — Ela se


inclina e beija minha bochecha.

— Não era só porque eu estava prestes a me casar com


Brigette, certo?

Ela desliga o rádio e me encara de forma que suas costas


ficam pressionadas contra a janela. — O que está
acontecendo?

Deveria ter imaginado que ela me leria. É o problema


número um de nos conhecermos desde que nos conhecemos.
Nós testemunhamos o outro em muitas circunstâncias. É
como ser um casal sem sexo.

— Quando concordei em me casar com Brigette, fiquei


chateado. Você tinha acabado de me contar sobre Trey, e eu
estava chateado por você ter dormido com ele e não comigo.
Posso ter concordado em casar com ela por despeito. — Lá.
Está tudo aí fora. Ela pode ficar brava se quiser, mas eu nunca
seria capaz de continuar sem que soubesse a verdade. Que não
sou o cara altruísta que pensa que sou.

— Eu imaginei. Não gosto disso, mas estou feliz por estar


onde estamos agora. Eu me odeio por fazer isso, machucar
você tanto por tanto tempo.

Eu paro em um sinal e agora posso finalmente olhar para


o seu rosto. Ela realmente não está brava. Pelo menos não tem
aquela carranca que associo a ela estar irritada. — Você está
bem com isso?

Ela encolhe os ombros. — Eu vejo isso como o passado.


Depois que você me disse, conectei todos os pontos. Eu estava
com tanto medo de perder você que demorei realmente a perder
você para me fazer agir. Por mais triste que seja.

O sinal fica verde e aperto o acelerador para nos levar


para casa. — Obrigado pela compreensão. Sinto muito se você
sentiu que eu a enganei de alguma forma. Nunca iria querer
que nosso relacionamento começasse assim.

Ela aperta minha mão. — Colton Stone, conheço você há


tempo suficiente para saber que não faz coisas mesquinhas.

Aceno e paro na minha garagem. — Você já pensou em


trazer algumas coisas?

Ela abre a porta. — Ainda não. Faz apenas uma semana.


Diminua um pouco a velocidade do trem. — Ela ri, se abaixa e
desaparece em minha casa.

Seu telefone apita e o pego no console central. É um alerta


de e-mail e sua tela acende, abrindo o tópico. Eu olho para a
porta da garagem da casa e clico na mensagem de seu
senhorio. Ele afirma que não pode dar mais tempo a ela. O
aluguel vence nesta sexta-feira; caso contrário, ele fechará o
escritório dela no sábado.

Minha cabeça cai para trás no encosto de cabeça e fecho


os olhos. Como não percebi que ela estava em dificuldade
antes?

Desligo o telefone dela e pego o meu, mandando uma


mensagem para Mario para descobrir as estipulações do meu
empréstimo e se preciso usá-lo para o Four Paws.
Na sexta-feira de manhã, bato na porta do apartamento
da vovó Dori no Northern Lights Assisted Living e espero ela
responder. Ir até ela é realmente uma ave-maria. Odeio lhe
pedir dinheiro.

— Juno, — diz ela quando abre a porta, seu cabelo


grisalho em cachos. — Entre.

Entro para ver uma cabeleireira da Clip and Dish


limpando algumas coisas na pia da cozinha da vovó.

— Desde quando você não vai ao salão? — Pergunto, e a


cabeleireira sorri para mim.

— Mila não se importou de vir aqui desta vez. Algo está


acontecendo com meu joelho. — Ela se senta no sofá,
massageando-o.

Em toda a minha vida, nunca vi vovó nem mesmo doente.


A mulher é imparável. — Você está bem?

Ela acena com minha preocupação. — Pare com isso. Por


que você está aqui?
Sei que a vovó Dori tem algum dinheiro, mas não posso
simplesmente pegar o dinheiro dela para salvar uma empresa
que não tenho certeza se amo mais. Mudo de ideia – nem vou
perguntar. — Só queria dizer oi.

— Hmm... qual é o verdadeiro motivo? — Eu olho de volta


para Mila na pia da cozinha, e vovó segue meus movimentos.
— Mila, você deveria ir ao refeitório e pegar um pouco do creme
que eles têm hoje. Se alguém lhe causar problemas, diga a eles
que você é minha garota.

Mila entende o recado ou adora creme porque a porta da


vovó fecha um minuto depois.

— O que realmente está acontecendo, querida? — Vovó


me pergunta e solto um suspiro.

— Você acha que tia Etta é real?

— Você quer dizer que sua mãe a inventou?

Concordo.

— Por que sua mãe faria isso?

— Porque eu era uma criança de onze anos que sentia


que não pertencia. Porque meus irmãos zombavam de mim,
assim como as crianças na escola. Hank Billings me disse que
me compraram em uma loja de penhores em uma das viagens
da mamãe.

— Os Billings são uns idiotas, você sabe disso.


Concordo. — Só não tenho certeza se sou realmente uma
casamenteira.

Seus olhos se estreitam. — Por que diabos você acha isso?


Você nunca duvidou de si mesma. Por que agora?
Especialmente quando sua própria vida amorosa está indo tão
bem.

Eu sorrio, pensando em Colton. Nunca deveria ter


esperado tanto tempo para enfrentar o que sinto por ele.
Embora o medo de perdê-lo ainda resida logo abaixo dessa
camada de amor, fiz um ótimo trabalho em empurrá-lo o mais
longe que posso. — Eu não sei. Estava só pensando.

— Em primeiro lugar, essa é a família da sua mãe, então


eu só sei realmente o que sua mãe lhe disse e tudo o que você
desenterrou.

— Etta pode ser uma imagem aleatória que não significa


nada, e eu me apeguei a essa crença minha vida inteira para
quê? Sentir que de alguma forma pertenço aos meus irmãos,
mesmo que não me pareça com eles?

— Parece com eles? Você viu Holly?

Ela realmente ficou tão velha que não se lembra de quem


é realmente seu neto?

— Holly não é sangue — digo.

Vovó me dispensa como faz quando sabe que outra


pessoa está certa, mas ela é mais velha e mais sábia e devemos
simplesmente acreditar nela. — Os únicos que realmente se
parecem são Phoenix, Sedona, Rome e Denver. O resto de vocês
todos...

— Brooklyn e Savannah são loiras.

— Bem, e quanto a Austin? Ele não se parece com


ninguém.

— Ele se parece com seus irmãos. Eu tenho esse cabelo


ruivo.

— Bem, querida, eu descreveria seu cabelo mais como


castanho-avermelhado com algumas mechas escuras. Sem
mencionar, o que a cor do cabelo realmente prova?

— É também minha pele pálida. Ninguém tem pele pálida


como eu.

— Todas essas coisas bobas poderiam ser resolvidas com


tintura de cabelo e um bronzeado artificial. Eu estava lá
quando você nasceu, Juno. Você é uma Bailey.

Eu fico de mau humor na cadeira. — Eu realmente não


acreditei em Hank Billings. Não acho que fui comprada em
uma loja de penhores ou mercado de pulgas. — Eu encolho os
ombros. — Eu simplesmente sinto que coloquei todas as
minhas pedras para ser uma casamenteira e se mamãe mentiu
para mim?

— Você sabia que sua mãe era uma mentirosa?

— Não, mas eu só a conheci por treze anos.


Toc, toc.

— No momento certo. Abra a porta.

Eu me levanto e abro a porta para encontrar Savannah lá


com um carrinho.

— Brinley — eu digo, curvando-me para olhar para o


carrinho da minha linda sobrinha.

— Você a acorda e está morta. — Savannah empurra o


carrinho para dentro do apartamento. — Você está arrumando
seu cabelo, vovó? Não tenho certeza se Brinley deve ser exposta
a esses vapores.

— Não é um permanente, são apenas rolos, — repreende


vovó Dori. Todos nós parecemos estar nos nossos últimos
nervos hoje. — Você acha que não criei meu próprio filho?

— O que você está fazendo aqui? — Savannah me


pergunta.

— Eu poderia te perguntar a mesma coisa — digo.

— Porque eu tenho que falar com a vovó sobre negócios.


— Ela move o carrinho para frente e para trás para manter
Brinley dormindo. — Como estão as coisas com Colton, sua
megera?

Sinto o calor encher minhas bochechas. — Bem.

— Juno está de volta com sua coisa de “ela não é uma


Bailey de verdade” de novo — diz vovó Dori.
Savannah zomba. — Juno, você é uma Bailey.

— Eu sei que sou uma Bailey, mas não tenho certeza se


sou uma casamenteira. Mamãe alguma vez mentiu para você?

Savannah ri. — E eu pensei que era hormonal. Eu fui de


má para boa e agora estou em uma galáxia estranha onde
choro sobre ela envelhecer e grito com Liam por colocar a loção
no lugar errado.

— Isso é maternidade — diz vovó Dori, fria e calma.

— Juno, você precisa relaxar. Você é boa no que faz. Essa


pessoa no meu trabalho ainda te indica porque você juntou o
irmão dela com alguém. Eles são casados e têm, tipo, um
trilhão de filhos. Depois de um, não sei por que as pessoas têm
mais. — Ela olha para Brinley e sorri. — Embora quando ela
está dormindo, é linda.

Eu ri. — Você sempre amou trabalhar na Bailey Timber?

Ela recua. — Você está brincando certo? Não. Lembra-se


de alguns anos atrás, quando o negócio do pai de Holly estava
ameaçando o nosso e eu pensei que estávamos falindo? Isso foi
ruim... — Seus olhos focam nos meus como se ela pudesse ver
o que está realmente errado. Ela olha para a vovó e de volta
para mim. — Ligue-me mais tarde — sussurra Savannah.

— É melhor eu ir de qualquer maneira. Se não posso


segurar minha sobrinha, então estou fora daqui. — Dou um
beijo na bochecha da vovó. — Para sua informação, Colton
quer sua chave de volta e Ethel o está assustando.
Vovó Dori ri.

— O que estou perdendo? — Savannah pergunta.

— Vovó usou uma chave para entrar na casa de Colton


na manhã após o casamento.

— Eca, por que você faria isso? Você quer vê-los


transando? — O rosto de Savannah é de puro desgosto.

— E Ethel olha para ele como se fosse o próximo cheque


da previdência social — digo.

— Ela não sabe e daí? Você deve se sentir elogiada por ela
admirar tanto o corpo dele — diz a vovó.

Savannah e eu compartilhamos o mesmo olhar. Mais


uma palavra e vamos correr para o banheiro.

— Diga a Colton para se acostumar com a coisa principal,


— diz Savannah. — Outro dia, pensei que Brinley estava
desaparecida quando fui até o berço dela para buscá-la e
encontrei vovó Dori com ela na sala da família.

Vovó ri.

— Não é engraçado. Achei que alguém tivesse


sequestrado minha filha!

— E então Liam apareceu correndo em sua boxer. Ethel


não tinha ideia de que ele tinha tantas tatuagens. — Os olhos
da vovó Dori brilham e agora estou completamente enojada.

— Por que Ethel está sempre com você, afinal? —


Savannah pergunta.

— Porque o xerife disse que se ele me encontrasse


dirigindo, me colocaria na prisão. Acho que ele está soltando
fumaça, mas com a família de Ethel em Sunset Bay é como se
ela fosse parte da nossa.

Beijo Savannah na bochecha. — Tchau.

— Espere, — Savannah diz antes de apontar para a vovó.


— Não a acorde. Eu tenho que falar com você, e não vou fazer
isso enquanto está arrulhando em Brinley.

Nós duas saímos para o corredor.

— O SparkFinder não está indo muito bem


financeiramente? — Sav pergunta.

— Por que você perguntaria isso?

— Porque é geralmente quando o amor por algo morre.


Quando você está fazendo coisas como um encontro rápido às
cegas em um bar para ganhar dinheiro, em vez de saber por
que você começou a se envolver com casamentos, isso me diz
que algo está acontecendo.

— Como... — Não importa como ela ouviu sobre o


trabalho que estou fazendo em Anchorage. Pensamento tolo.
Pensei que todos os meus irmãos que acabaram de ter bebês
estavam na terra da fantasia. Acho que me enganei. — Estou
bem.

— Você me contaria, certo?


— Claro. — Concordo.

— Não, você não iria, mas eu tenho que ir lá para resgatar


minha bebê porque eu só sei que vovó não vai me ouvir. Venha
um dia e podemos revisar seus livros. Descobrir uma saída.

Eu me viro e saio, apenas para ouvir Savannah abrir a


porta e gritar: — Eu te disse para não acordá-la! — E então
Brinley grita.

Sorrio para mim mesma. Saí na hora certa.

Dirigindo de volta para o meu escritório, penso nas


palavras de conselho de Savannah. Ela dirige uma grande
empresa. Talvez pudesse ter me ajudado, mas é sexta-feira e o
Sr. Richards quer o dinheiro do mês passado e do aluguel deste
mês e não tenho, então vou ter que tirar minhas coisas.

Estaciono no quarteirão e fico surpresa ao encontrar


Colton esperando na porta do meu escritório.

Ele mostra uma sacola de uma lanchonete em Sunset


Bay. — Almoço para minha garota.

— Sunset Bay?

— Tive que ir para fazer o parto dos cachorros.

— Você trouxe um de volta com você? — Abro a porta do


meu escritório e ele me segue para dentro.

— Isso é algo que você gostaria? — Ele coloca a sacola na


minha mesa e tira os sanduíches.
— Estou realmente surpresa que você ainda não tenha
um.

Ele concorda. — Nunca me senti acomodado o suficiente


para um, mas agora... — Ele envolve seus braços em volta de
mim e beija meus lábios. — Se minha namorada quiser, quero
fazê-la feliz.

— Oh, você faria? Bem, talvez seja algo sobre o qual


devemos conversar.

— Primeiro você precisa se mudar. — Ele fixa os olhos em


mim.

Eu solto um suspiro e saio de seu aperto. — Estou


faminta. Diga-me que você comprou o de peru com bacon?

Ele está no meio da sala, aparentemente sem vontade de


me responder ou se mover.

Eu olho para ele. — O quê?

— Pare de se esquivar do assunto. Por que você não vai


morar comigo?

— E quanto a Kingston? — Kingston realmente me disse


algumas noites atrás, quando parei em casa para pegar
algumas roupas, que está pensando em se mudar para mais
perto de Anchorage.

— Tudo bem, Kingston pode se mudar também. Temos


dois quartos extras. — Ele se aproxima e desembrulha seu
sanduíche.
— Você quer dizer que tem dois quartos extras.

Ele se inclina sobre minha mesa e, antes de dar uma


mordida em seu sanduíche, diz: — O que é meu é seu.

— Não somos casados — digo, abrindo meu sanduíche,


que tem um cheiro delicioso. O queijo jorra pela lateral e eu
lambo meus lábios em antecipação. Encontramos este lugar
por um capricho durante um dos primeiros dias de passeios
de primavera.

— Ainda.

— Colton. — Suspiro.

— Juno — ele imita.

— Estou falando sério. Acabamos de ficar juntos. Vamos


aproveitar isso. E se…

— Eu odeio seus e se — ele murmura e morde seu


sanduíche.

— O quê?

Ele termina de mastigar e tira a papelada de sua bolsa.


— Esqueça. De qualquer maneira, temos outra coisa para
conversar. Eu fiz algo e não quero que diga não imediatamente.
Quero que você ouça meu argumento.

Ele joga alguns papéis na minha mesa e eu leio a primeira


linha, percebendo que Savannah e a Sra. Stone não são as
únicas a descobrir que sou um fracasso.
CONTRATO DE EMPRÉSTIMO

Enquanto examino o documento, não há menção a Four


Paws, mas há um valor de empréstimo emitido pessoalmente
para Colton Stone. Eu inalo, tentando não deixar a raiva tomar
conta, mas você sabe o que dizem sobre ruivas – nós somos
fogosas.
Eu não iria apresentar o empréstimo dessa forma, mas
ela me irritou com seus “e se”. Por que diabos não pode
simplesmente morar comigo? Inferno, vou levar o irmão dela
também. Sem aluguel, se ele quiser. Só quero ela. Mas estou
começando a perceber que posso tê-la tirado de seu desespero
para não me ver com outra pessoa, mas não a tenho de verdade
porque não quer pensar em nosso futuro.

— Não estou aceitando isso. — Ela devolve os papéis para


mim.

Quando me recuso a tirar minhas mãos do meu


sanduíche, ela joga os documentos do empréstimo em cima
das embalagens de sanduíche, regando-as com maionese e
temperos.

— Droga, — digo, pegando-os com uma mão. — Eu sei


que você não está conseguindo pagar suas contas.

Ela termina de mastigar e estreita os olhos para mim. —


Não é da sua conta.
— Sim, é. Você é minha namorada e quero te ajudar.

— Esse empréstimo é grande o suficiente para Four Paws


também?

— Não. — Eu me inclino para trás na minha cadeira. —


Eu não tenho garantia suficiente. É estritamente para você e
para o SparkFinder, mas conversarei com o Dr. Murphy na
próxima semana, quando ele retornar de Portland. Tenho
certeza que podemos chegar a um acordo.

— Como você sabe que ele não encontrará outra pessoa?


— Ela cruza os braços. Está vestida hoje com uma legging e
um top que cobre aquela bunda que amo.

— Não há mais ninguém.

— Ele poderia encontrar alguém. É um negócio


veterinário em uma pequena cidade sem competição. Ligue
para o banco e diga que deseja solicitar um empréstimo
comercial, não um empréstimo pessoal.

— Não.

— Maldito seja, Colton. — Ela bate na mesa com a palma


da mão aberta. — Por quê?

— Porque você merece. Porque você ama sua profissão e


não quero ver o seu sonho morrer.

Ela ergue os olhos. — E está tudo bem que seu sonho


morra?
Encolho os ombros. — Meu sonho acaba de ser adiado.
Não morto.

Ela se levanta e anda na frente de sua mesa. — Como


você sabia?

— Eu vi um e-mail e as dívidas anteriores quando Earl


deixou a correspondência. A verdadeira questão é por que você
não me contou? — Parece uma faca no coração. Vamos passar
a vida inteira assim, onde ela não me diz o que a está
incomodando? — Eu deveria ser seu confidente.

Ela joga as mãos para o alto. — Estamos namorando há


uma semana.

Jogo meus braços no ar. — Somos melhores amigos desde


os seis anos.

Seus olhos se estreitam. — Fofo, Colton.

— Eu pensei assim. — Sento-me presunçosamente em


minha cadeira, meu próprio sanduíche intocado agora. — Por
que você mantém tudo para si? Eu não entendo.

Ela caminha até a foto de sua tia Etta – ou devo dizer


santuário, porque embora seja apenas uma foto, Juno olha
para ela como se Etta fosse sua salvadora.

— Não tenho certeza se quero ser uma casamenteira e por


isso... — Ela se vira e cruza os braços. — Estou fechando o
SparkFinder. Não vou aceitar seu empréstimo. Use-o para
realizar o seu sonho.
— O quê? — O que diabos ela quis dizer com está
fechando a loja?

Ela balança a cabeça. — Minha decisão está tomada. Vou


continuar a fazer encontros rápidos às cegas porque tenho que
ganhar a vida.

— Você tem certeza? — Ela acena com a cabeça,


caminhando de volta para sua mesa, mas antes que possa me
contornar, agarro seu pulso e a puxo para meu colo. — Eu te
amo.

Ela concorda. — Eu sei, mas você não pode ser meu


salvador.

— Não estou fazendo isso só porque somos um casal.

— Eu sei. Você teria feito isso apenas por causa da nossa


amizade, mas em algum momento, tenho que me encontrar. E,
sinceramente, minha mente está uma bagunça agora. — Eu a
seguro com força e ela deita a cabeça no meu ombro. — Nunca
pensei realmente em fazer nada além disso. Quando eu era
mais jovem, senti que era meu chamado depois que minha mãe
me contou sobre minha tia Etta. Mas nunca considerei
realmente se é isso que quero fazer com o resto da minha vida.
Eu acabei de fazer isso. Não é surpresa que nunca pensei em
melhorar ou mudar as coisas para ganhar mais clientes porque
estava apenas vivendo o dia a dia. Não tinha objetivos de longo
prazo para o meu negócio. E eu sinto muito que você fique
chateado por não querer morar com você agora.
— Por que não? Você não me vê no seu futuro? — Prendo
minha respiração, esperando sua resposta.

Ela pega minha cabeça e embala meu rosto. — Você é a


única coisa que eu sei que quero no meu futuro. Estou com
medo de bagunçar tudo, mas não posso deixar de pensar sobre
os “e se”. E se, assim que eu entrar, você sair?

Inclino minha cabeça, esperando que ela me dê mais para


continuar, mas não o faz. — Juno, nunca te deixaria.

Ela pressiona o dedo nos meus lábios. — Não estou


dizendo que você faria isso de boa vontade. Coisas acontecem.

Eu me afasto e olho para ela. Cara, entendi tudo errado.


Não está com medo de que eu vá deixá-la: está com medo de
confiar em mim porque vou morrer. Porra.

Eu a abraço, incapaz de dizer qualquer coisa que possa


melhorar.

Mario muda meu empréstimo e, duas semanas depois,


estou assinando papéis com o Dr. Murphy para ser
coproprietário da Four Paws.

Não há festa para comemorar, pois não estou fazendo um


grande alarido no caso de falhar, mas Juno está me esperando
na minha casa quando eu chego lá. Abro a porta da garagem
da minha cozinha e minha bolsa cai no chão. Ela está sentada
na mesa da cozinha, vestindo um robe de seda e – se minhas
suspeitas estiverem corretas – está nua por baixo.

— Você é o coproprietário oficial da Clínica Veterinária


Four Paws, Dr. Stone? — Ela pergunta com uma voz sedutora,
abrindo as pernas para descansar no assento da cadeira à sua
frente.

— Sim. O que é isso? — Eu olho em volta, não


encontrando uma vela, uma flor ou mesmo comida. Não que
eu esteja reclamando se ela vai ser minha refeição.

— Viva! — Ela pula da mesa e a pego, minhas mãos


moldando sua bunda quando ela envolve suas pernas em volta
da minha cintura.

Eu corro minhas mãos em sua bunda nua. — Você está


nua aqui embaixo.

— Estou, mas preciso que você fique nu também porque


tenho uma surpresa para você. — Ela solta as pernas e cai do
meu corpo, seus dedos desabotoando minha camisa antes de
seus pés atingirem o chão.

— O que é isso?

— Eu disse surpresa. Já que você não me deixou fazer


uma festa para você, pensei que poderíamos preparar uma
refeição e um filme como sempre amamos fazer.
— Oh, qual você tem em mente? Algo como Chocolate?

Ela balança a cabeça e seus dedos desfazem meu cinto, o


botão e o zíper da minha calça antes que amontoem no chão.
Pega minha mão quando estou apenas com cueca boxer e me
senta na frente da geladeira.

— Nove e Meia Semanas de Amor? — Meus olhos se


arregalam e sorrio.

Ela abre seu robe ligeiramente e tenho um vislumbre de


sua boceta raspada. Meu pau saúda essa ideia pervertida. —
Eu tive que assistir alguns dos filmes sozinha.

— Queria assistir com você. — A puxo para o meu colo e


ela se contorce, se ajoelhando na minha frente.

— Ok, feche os olhos — ela diz, abrindo a geladeira.

— Isso é muito ruim para a eletricidade.

Ela ri. — Você é um veterinário. Você pode pagar. Não me


faça vendar seus olhos.

Fecho meus olhos enquanto o ar frio da geladeira flui,


atingindo meus mamilos.

Ela coloca algo na frente da minha boca, empurrando


contra meus lábios e depois retraindo. Finalmente, mastigo e
descubro que é uma azeitona preta. Mastigo e engulo,
esperando enquanto ouço metal contra metal.

— Abra, baby — ela sussurra.


Abro para ela colocar uma colher na minha boca – cheia
de cerejas de um pote. A doçura atinge minha língua e gemo.
— Gostaria de lamber isso de você mais tarde.

— Isso definitivamente pode ser arranjado. — Ela passa


algo frio em meus lábios.

Mordo um morango e abro os olhos um pouco quando a


ouço mastigar.

— Sem espiar — ela diz, tentando esconder o que colocou


na geladeira.

— Eu acho que a pessoa errada está sendo provocada


com comida, não é? — Eu me levanto e a coloco no chão. —
Você fecha os olhos agora.

— Você está estragando minha surpresa. — Ela faz


beicinho.

— Acredite em mim, alimentá-la e observá-la é um


presente muito bom. — Vejo a taça de champanhe já servida
na geladeira, então pego e inclino a taça até seus lábios. Ela
engole, mas eu inclino demais para poder ver o champanhe
cair de sua boca, pelo queixo, até o peito. Vendo uma
oportunidade, lambo a abertura de seu robe no vale de seus
seios.

— Você não deveria me tocar. Você está quebrando as


regras, Stone.

Eu rio, pegando um pedaço de salada de macarrão. —


Você fez esta salada de macarrão?

— Não importa.

— Conte-me.

— Não, — ela diz. Eu balanço sobre seus lábios,


provocando a costura de seus lábios. — É provavelmente por
isso que é tão bom.

Nós dois rimos. — Você realmente ia me fazer morder


uma pimenta jalapeño?

Ela ri. — Temos que ser autênticos no filme.

— Abra, então. — Cutuco seus lábios com uma pimenta.

Ela realmente morde lentamente. — Eu aguento um


pouco de calor.

Mas seu rosto se contorce de dor e ela balança a cabeça,


cuspindo. Eu levo o copo de leite aos lábios dela, e assim como
no filme, ele vaza pelos lados do copo e encharca a frente dela,
o robe de seda agora agarrado a seus mamilos eretos.

— Má ideia — diz ela.

Em vez de dar a ela a gelatina, lhe dou uma colher cheia


de cerejas do pote e ela lambe os lábios depois de terminar.
Inclino a taça de champanhe, mais uma vez pingando por seu
corpo.

Ela abre os olhos e eu a abaixo no chão da cozinha,


minhas mãos deslizando o robe agora encharcado de lado.
Chupo e lambo o champanhe de seu corpo.

— Isso é bom — diz ela, segurando minha cabeça


frouxamente, permitindo-me me aventurar por cada
centímetro de seu corpo, apreciando e adorando.

Quando chego ao umbigo, ela se senta e derrama a


garrafa de champanhe no meu peito antes de lambê-lo. Seu
pequeno corpo está no meu, seu centro esfregando ao longo do
meu comprimento, me provocando.

— Parabéns, doutor, — ela diz, seus lábios no meu


pescoço e seus dentes trancados no lóbulo da minha orelha. —
Você quer seu bolo agora?

Ela monta em mim e se senta. Com suas mãos no meu


peito, massageio sua bunda e quadris, continuando a balançá-
la para frente e para trás sobre meu pau duro.

— Acho que estou com vontade de comer torta.

Ela ri, sua cabeça caindo para frente, mas se levanta,


puxa minha boxer para baixo, então volta sobre mim e guia
meu pau até sua entrada, afundando em meu comprimento.
Minhas mãos se moldam aos seus seios, beliscando seus
mamilos enquanto me monta.

Está aumentando o ritmo e estou levantando meus


quadris para entrar o mais profundo que posso dentro dela,
quando a porta da minha casa se abre.

— Surpresa!
— Foda-se — Juno diz, lutando para pegar seu robe, mas
nossa única opção é nos esconder atrás da ilha, espiando por
cima.

Dentro de instantes, Calista está na entrada da cozinha


com os olhos cerrados. Dion está brincando com alguma coisa
eletrônica.

Phoebe aponta para o chão. — Cereja.

Como se não pudesse piorar, todos os Baileys entram.

Denver ri. — Seu filho da puta pervertido.

Harley dá um tapa na nuca dele antes que possa


terminar.

Droga, preciso daquela chave de volta.


No andar de baixo, minha família inteira comemora por
Colton comprar Four Paws enquanto tomamos banho e
tentamos enxaguar nosso constrangimento. Afinal, somos
adultos.

— Ok, baby, é isso. Operação pegue a chave de volta com


Dori, ok? — Colton está sério, segurando meus braços e me
olhando bem nos olhos.

— Vou tentar — digo.

Sinceramente, provavelmente não estou tão


envergonhada quanto Colton. Ele é filho único. Sou uma de
nove. Estou acostumada com todo o grupo entrando. Quer
dizer, Kingston descobriu o absorvente interno quando me
encontrou no banheiro uma vez. Todos nós éramos
provavelmente os primeiros em nossas aulas a saber como
eram as partes íntimas do sexo oposto. A bunda nua de Denver
está praticamente marcada em meu cérebro.

— Tente muito. Eu nem consegui terminar, o que significa


que vamos usar o que tem na geladeira de novo.
Beijo seus lábios. — Prometo.

Descemos as escadas, onde minha família assumiu a


casa de Colton. Kingston está com a televisão ligada,
mostrando o time de futebol de Jamison. Todos dão os
parabéns a Colton, e eles espalham a comida do Wok For U.
As crianças estão comendo ao redor da mesa e as mulheres
estão na cozinha, três delas com bebês amarrados a elas.
Phoenix tem uma taça de vinho na mão e decido me juntar a
ela.

Vovó Dori está com as crianças, dando um sermão em


Calista sobre como, só porque ela é uma menina, isso não
significa que não possa revidar se eles baterem nela primeiro.
Harley olha para elas por um segundo, mas então balança a
cabeça como se fosse consertar isso mais tarde.

— Isso é uma merda, — diz Harley. — A única razão pela


qual eu engravidei foi para ficar com vocês e agora estou
grávida sozinha de novo.

— Bem, ainda não podemos beber — Brooklyn diz,


acenando para meu sobrinho amarrado em seu peito.

— Sim, não tenho certeza sobre esse show de


amamentação, — diz Savannah. — Quero dizer, Liam está
ficando com um pouco de ciúme e Brinley não aceita uma
mamadeira. Tudo eu, e quando voltar ao trabalho, não vejo
como isso vai funcionar.

Holly balança a cabeça como se entendesse. — Eu posso


bombear, mas Easton come o tempo todo. Não estou nem
produzindo o suficiente, então já temos que suplementar com
fórmula.

— Você quer saber o que eu não suporto? O fato de que


são seis semanas até que você possa fazer sexo depois de dar
à luz e Wyatt age como se fosse uma sentença de prisão
perpétua. Eu nem sinto vontade de fazer sexo. — Brooklyn
balança a cabeça.

As outras novas mães acenam com a cabeça como se


quisessem gritar “amém”.

Eu olho para Phoenix e ela arregala os olhos para mim.


— Então, tempos sexy na cozinha, hein?

Colton ouve as palavras dela enquanto pega uma cerveja


na geladeira. Ele revira os olhos e balança a cabeça.

Digo: — Sim. Pensei que tinha dito sem festa?

— Vovó Dori já tinha planejado. Acho que porque você


está fechando o SparkFinder, ela achou que gostaria de uma
festa — diz Phoenix.

— Você está bem? — A mão do Brooklyn sobe e desce no


meu braço.

— Eu estou bem.

Savannah morde o lábio e olha em volta. Eu a pego e


estreito meus olhos.
— Liam. — Ela tenta deslizar atrás de Holly, mas com o
bebê, não consegue fugir tão rápido.

Eu paro Savannah. — E aí?

— Nada. — Ela balança a cabeça.

— Alguém ligue para Sedona, o homem dela acabou de


marcar um gol louco — Kingston grita.

Eu fico no lugar com minha mão no braço de Savannah.


Ela tem um segredo.

— Você vai descobrir amanhã— ela sussurra.

— Diga-me agora.

— Eu não posso — diz ela entre os dentes cerrados.

— É ruim?

Seus olhos piscam para vovó, o que significa, sim, é ruim.


— Não. De modo nenhum.

A torcida de todos os caras se acalma na outra sala.

— Ah, merda. Levante-se, levante-se — Kingston diz em


uma voz mais baixa, mais como se ele estivesse falando consigo
mesmo.

Todas as nossas cabeças viram. Kingston e Denver estão


dos dois lados da televisão, ambos com as mãos na boca.

— O que aconteceu? — Vovó Dori se levanta e deixa as


crianças verem.
Eles repetem a jogada e você vê um cara entrar para
bloquear o chute de Jamison, acertando sua perna de lado.
Todos nós assistimos enquanto Jamison se contorce de dor no
campo. Seus companheiros e a outra equipe se ajoelham
enquanto a equipe médica corre em sua direção.

Phoenix passa por todos nós, indo para o lado de Griffin.


Eles sussurram juntos.

— O tio Jamison está ferido de novo? — Maverick


pergunta a Phoenix.

Todos nós nos voltamos para ele. Phoenix o agarra e o


segura, sussurrando em seu ouvido.

— As gêmeas estão guardando segredos! — Kingston


grita, apontando para Phoenix.

Ela se vira para Griffin e ele encolhe os ombros. Ela solta


Maverick, e ele sai para jogar videogame com Dion.

— Então, Jamison pode ter se machucado algumas


semanas atrás, — diz Phoenix. — Eles não achavam que era
nada importante. Ele tirou um tempo para se recuperar, e foi
quando Sedona voltou para casa. Mas acredito que seja a
mesma perna que ele machucou antes.

Todos nós nos voltamos para a televisão e ouvimos os


locutores, que dizem que houve um boato sobre ele ter se
machucado antes disso, mas que sua equipe é conhecida por
ser discreta sobre jogadores feridos. O único cara que está
analisando a filmagem diminui a velocidade da fita enquanto o
outro tenta bloquear. Você vê Jamison cair, uivando de dor.

— É uma lesão que pode encerrar uma carreira — diz o


locutor.

— Espero que não, porque Jamison é um jogador muito


talentoso para seu jogo terminar tão cedo. Além disso, Nova
York não tem chance sem ele — diz o outro locutor.

Todos nós olhamos ao redor e Phoenix se foi. Tenho


certeza de que ela está indo ligar para Sedona. Eu realmente
espero que Sedona esteja bem. Jamison é carregado para fora
do campo em uma maca, segurando e pairando sobre sua
perna.

Colton se aproxima de mim e coloca o braço em volta da


minha cintura. — Este é um momento de merda, mas tenho a
chave — ele sussurra.

— Muito bem, Magnum PI.

No dia seguinte é a data oficial de mudança do meu


escritório SparkFinder. Consegui fazer um acordo com o Sr.
Richards e, como ele não tinha ninguém pronto para alugar,
tive algumas semanas para arrumar minhas coisas. Tudo está
indo para a garagem de Colton até eu descobrir as coisas.
— O que mais você tem? — Colton entra, todo suado,
delicioso e com aparência viril.

— Hum, apenas minha mesa e a sala dos fundos com a


mesa e as cadeiras.

Ele assente e Kingston o segue até a sala dos fundos.

Eu os sigo, perguntando a Colton: — Tem certeza de que


está tudo bem comigo deixar tudo em sua garagem? Eu poderia
conseguir um armário de armazenamento ou algo assim.
Talvez deva apenas vender tudo.

Colton abandona a pilha de cadeiras que iria tirar e beija


meus lábios. — Isso é ridículo. Eu tenho espaço suficiente para
você e suas coisas também.

Ele está atrás de mim sobre a mudança, e admito: fico na


casa dele tanto tempo, é meio estúpido que ainda aceitei sua
oferta. Mas, ao mesmo tempo, não posso pagar metade dessa
hipoteca agora e não quero ser uma namorada aproveitadora.

— Vamos lidar com isso primeiro — digo.

Savannah chama do banheiro: — Tudo limpo. Gostaria


de ver se o Sr. Richards tem algo a dizer sobre isso.

— Obrigada.

Ela esfrega meu braço com a palma da mão. — Você tem


certeza de que quer fazer isso? Eu posso te dar dinheiro. Um
empréstimo, se quiser.
Balanço minha cabeça. — Absolutamente não.

A vejo acenar com a cabeça porque somos feitas do


mesmo tecido. Ela não aceitaria ajuda também se nossos
papéis fossem invertidos.

Seguimos Colton e Kingston para fora do escritório até a


caminhonete do lado de fora, mas um caminhão, um caminhão
rosa, buzina enquanto desce a estrada.

— Eu sinto muito — Savannah sussurra enquanto


assistimos ela parar atrás do caminhão em movimento.

— É isso que você estava escondendo de mim?

Ela concorda.

Liam caminha pela calçada, empurrando Brinley em um


carrinho. — Graças a Deus não perdemos isso, menina. — O
entusiasmo de Liam diz que o que quer que essa caminhonete
seja, está fazendo o seu dia. — Diga à mamãe como você fez
cocô em dois macacões hoje e ela está cuidando das fraldas
pelo resto do dia. — Liam fala como se ele próprio fosse um
bebê.

— Papai está errado. A mamãe trocou mais fraldas do que


o papai no total. — Savannah finge fazer cócegas em Brinley.

— Por favor, não seja um daqueles casais que passam


seus argumentos passivo-agressivos por meio de seus filhos —
diz Kingston.

Colton se inclina para ler a lateral do caminhão antes de


olhar para mim. — Você comprou um caminhão?

Aponto para mim mesma. — Eu? Não por quê?

A porta lateral se abre, e Rome abre a janela lateral como


você faria se alguém estivesse pedindo comida.

— Vai entrar no ramo de food truck, Rome? — Eu


pergunto.

Ele balança a cabeça e reprime a risada.

Calista pula com Dion. — Oba! Aquilo foi muito divertido.


— Ela agarra minha mão, me arrastando até o caminhão.

— Oh meu Deus — digo.

— Não é ótimo? — Vovó Dori sai com Ethel logo atrás dela.
— Agradeça a Rome por suas conexões. Eu paguei pela
pintura. Nenhum reembolso necessário. É só por você ser uma
ótima neta. — Ela belisca meu queixo.

É um food truck, pintado de rosa com SparkFinder na


lateral.

— Eu descobri que desta forma você vai até eles, — vovó


diz. — Você pode viajar. Talvez faça feiras e outras coisas.

Olho para trás para Colton, que está cobrindo a boca para
esconder o riso. Vovó Dori está muito feliz e orgulhosa de si
mesma.

— Hum... obrigada? — Digo, abrindo meus braços e


abraçando-a.
— Sim. Entre e dirija por aí. Rome mostrará como usar
todos os pequenos aparelhos.

— E talvez você pudesse assar alguns biscoitos em forma


de coração ou lanches para seus clientes, porque a cozinha
está funcionando — acrescenta Ethel.

Sorrio para ela, que está ocupada olhando para Colton.

— Bem, deixe-me terminar aqui. — Olho para o escritório


praticamente vazio agora.

— Eu posso terminar, baby. Você vai — Colton diz, e eu


estreito meus olhos para ele.

— Ok, vamos fazer isso — diz Rome.

Eu dou a ele o olhar mortal que merece por fazer parte de


tudo isso.

— Vou ficar aqui com Colton — diz Ethel.

Colton sorri, mas dá um passo para a esquerda, longe


dela. Ha! Bem feito.

Assim que estou no caminhão, Rome me diz onde inserir


a chave. Nós dirigimos ao redor da praça do centro de Lake
Starlight, e vovó fica se inclinando para buzinar para todos
como se estivéssemos em um desfile. Minhas bochechas ficam
cada vez mais quentes quanto mais atenção recebemos.

— Agora estacione na esquina bem ali e eu mostrarei


como abrir o lado de fora enquanto as crianças brincam no
parque — Rome me orienta e eu estaciono. É
surpreendentemente fácil de manobrar.

Saímos e, felizmente, vovó vai ao parque com as crianças.

Quando ela está fora do alcance da voz, digo: — Não


acredito que você teve essa ideia com ela.

Ele ri. — O que você quer que eu faça?

— Não me dê um food truck e permita que ela o pinte com


meu logotipo. Quero dizer, quem vai procurar uma
casamenteira em um caminhão?

Ele encolhe os ombros. — Nunca entendi por que as


pessoas procuram um casamenteiro, mas fazem. Eu concordo
com Vovó D – isso é bom para você. Sem custos indiretos e
quer saber? Seu primeiro trabalho, vou fornecer alguns
aperitivos.

— Sem dúvida com seus cartões de visita — digo.

— Ei, eu coço suas costas, você coça as minhas. Bem-


vinda à pequena empresa.

— Rome! — Enterro minha cabeça em minhas mãos e


sento na parte de trás do caminhão. — Eu sou um grande
fracasso. Isso é simplesmente patético.

Ele se senta ao meu lado e envolve seu braço em volta de


mim. — Eu sei que é difícil fechar sua loja, mas explore as
oportunidades que isso pode lhe oferecer. Você pode encontrar
algo que ame sobre isso. Eu não estava louco por Dion no
início, mas ele cresceu em mim.

Dou uma cotovelada nas costelas dele, rindo.

— Sim, eu sei, aquele garoto me pegou antes de fazer xixi


na minha cara durante sua primeira troca de fralda.

Eu me sento e limpo as lágrimas dos meus olhos. —


Obrigada por isso. Eu agradeço.

Ele concorda. — Qualquer coisa pela minha irmãzinha.


Já se passaram cinco meses desde que Juno fechou o
SparkFinder e ela ainda não foi morar comigo. Não falo mais
no assunto, mas tudo isso muda hoje. Lhe dei tempo suficiente
para se acostumar com a gente.

Ela está realmente gostando do presente que ganhou,


dirigindo-o para algumas feiras de uma pequena cidade onde
conduz um encontro rápido às cegas. Principalmente, o fato de
estacionar a ajuda a ganhar alguns negócios. Ama seu
trabalho e estou determinado a provar isso a ela. Até montei
algo no meu computador para provar isso.

Mas essa surpresa fica para depois. Por enquanto, estou


me escondendo na casa da árvore no quintal de Bailey – onde
estive por pelo menos vinte minutos – quando ouço a voz que
estava esperando.

— Tem certeza que quer brincar na casa da árvore? —


Juno pergunta a Calista, minha pequena ajudante. — Você
não está com frio? Você não deveria estar usando um casaco?

— Não. Estou bem. Alasquianos têm sangue grosso,


certo?

— Acho que sim, — diz Juno. — Onde estão Dion e


Phoebe?

— Oh, este é o meu dia para ajudar o tio Austin e a tia


Holly. Eu posso vir aqui e ajudar com o bebê Easton sozinha.

— Mesmo? Eu não sabia disso. Você ajuda a tia Brooklyn


e a tia Savannah também?

— Não. Apenas tia Holly.

— Interessante.

Na verdade, Calista está aqui porque Juno me disse que


viria aqui hoje e estou usando Calista para colocar meu plano
em ação. Já tenho essa ideia há muito tempo, mas queria ter
certeza de que seria uma surpresa e limitar o número de
Baileys incluídos porque isso é só para nós.

— Oh, eu tenho que ir ao banheiro. — Espero que Calista


se torne atriz, porque nasceu para isso. — Eu volto já. Você
sobe.

— Posso esperar — Juno diz.

— Não. Demoro alguns minutos. É o número dois. Você


vai.

Sufoco uma risada. Essa é a parte arriscada do plano,


mas se eu conheço Juno tão bem quanto acho que conheço,
ela virá aqui apenas para relembrar antes que Calista volte.
Assim como pensei, Juno sobe a escada enquanto espio
pela janela e vejo Calista correr de volta para a casa.

Meu coração parece estar batendo na minha garganta.


Esse é o momento. Nosso momento de assumir nosso futuro
em nossas mãos.

Sua cabeça aparece. — Colton? — Ela franze a testa. —


Eu pensei que você estava trabalhando?

Então ela olha ao redor, para as luzes cintilantes e as


fotos penduradas nas cordas que amarrei ao redor do
perímetro interno da casa da árvore. Nós com seis anos na
caixa de areia da minha casa – o primeiro encontro que nossas
mães tiveram juntas. Com sete, quando fomos à feira da cidade
e pegamos o Tilt-A-Whirl. Oito, quando nossas famílias foram
acampar juntas e estávamos em uma canoa no meio do lago
sozinhos e nossos pais tiveram que vir nos buscar porque nos
aventuramos longe demais. Até os dezesseis anos quando
recebemos nossas licenças, nossas formatura do ensino
médio, minha formatura da faculdade. E há uma parede
inteira da casa da árvore dedicada aos últimos seis meses,
quando nos tornamos mais do que apenas melhores amigos.

— Colton. — Ela suspira, sua mão na boca enquanto


absorve todas as memórias. — Éramos tão jovens. — Seus
dedos roçam uma foto de quando tínhamos nove anos,
aprendendo a andar de quadriciclo.

Então ela vê a caixa na minha mão e caio de joelhos.


— Não, Colton. — Ela balança a cabeça, parecendo um
pouco frenética.

— Sim, está na hora. Sei que você está com medo, mas
estou aqui e sempre pegarei você. Realize todos os meus
sonhos e me dê a honra de ser minha esposa? Você quer se
casar comigo, Juno?

Ela sorri e sua mão corre ao longo da minha bochecha.


Um movimento que faz quando defendo um bom caso. Fez
antes de concordar em deixar algumas coisas na gaveta da
minha casa. Ou quando comprei uma escova de dentes para
ela guardar em casa.

Então ela olha para as tábuas do assoalho gastas e o


sorriso desaparece de seu rosto e sua mão deixa minha pele.
— Sinto muito, Colton, não posso. — Ela fecha a caixa do anel.

— O quê? — Todo o fôlego deixa meu corpo.

— Estamos felizes, não estamos? Não precisamos de


anéis e um pedaço de papel legal.

— Eu quero — digo, a raiva crescendo dentro de mim.

— Por quê? — Ela pergunta inocentemente, como se fosse


uma pergunta cotidiana.

— Porque quero que construamos uma vida, e para mim,


isso inclui uma esposa. Não uma namorada. Não uma
companheira de quarto. Na realidade. — Meus olhos se
arregalam. — Eu nem mesmo tenho uma colega de quarto
porque você não vai morar comigo.

— Eu te disse. Isso é difícil para mim. Não quero perder


você. Não quero que algo aconteça com você.

— Nada vai acontecer porque você se casou comigo. Por


que você acha que só porque estou na sua vida e você está feliz,
algo ruim vai acontecer?

Ela encara suas mãos. — Podemos, por favor, voltar a ser


como as coisas eram? Fomos felizes. Por que bagunçar isso?

— Porque podemos ser mais felizes. Porque podemos


comprometer nossos futuros uns com os outros.

— Estou comprometida com você.

Balanço minha cabeça, o vinco entre minhas


sobrancelhas se aprofundando. — Você não está.

— Estou. Você não pode dizer que não estou. — Sua voz
aumenta para combinar com a minha. — Não querer um
casamento não diz nada sobre o meu compromisso.

— Para mim, sim. Eu entendo que há casais por aí que


não se importam com o pedaço de papel ou nomes
compartilhados, e isso é ótimo para eles. Eles conseguiram o
que queriam. Mas quero uma esposa. Quero uma Sra. Stone.
Quero que meus filhos e minha esposa tenham o mesmo nome
que eu. Quero prometer ao mundo inteiro que cuidarei de você
todos os dias da minha vida. Quero nós dormindo na mesma
cama todas as noites.
— Dormimos na mesma cama todas as noites.

Enfio a caixa do anel no bolso. — Você deve estar


brincando comigo. Eu tenho que ir.

— Não saia. — Ela agarra meu braço, mas a contorno,


descendo a escada.

Paro quando estou no nível do peito com as tábuas do


assoalho. — Só para você saber, quando quiser culpar alguém
por não estarmos juntos, olhe no espelho, Juno. Olhe no
espelho.

Desço o resto da escada e ando ao redor da lateral da


casa.

Austin me encontra do outro lado da garagem com Easton


amarrado ao peito. Ele provavelmente me ouviu.

— Ei, Colt, — ele diz, pegando meu braço. — Vamos


apenas conversar sobre isso. Deixe-me falar com ela. Ela ama
você. Sei que sim.

Eu me viro e jogo a caixa do anel para ele antes de subir


na minha caminhonete. — Diga a Juno que pode tirar suas
coisas da minha casa porque estarei fora pelo resto do fim de
semana.

— Não. Não diga algo assim porque você está com raiva.
— Austin me segue. — Vamos, você é como um irmão para
mim. Deixe-me dar Easton para Holly e podemos conversar.

— Não posso. Tenho que sair daqui. — Eu ligo a


caminhonete.

Ele recua por causa do barulho alto. O vejo acalmando


Easton e me sinto mal, mas tenho que ir o mais longe possível
de Juno e de qualquer um dos Baileys.
Puxo uma foto da corda. É aquele dos meus pais com
Colton e eu no meu aniversário quando fiz treze anos, poucas
semanas antes de eles morrerem. Não fazíamos festas grandes
enquanto crescia, mas todos tínhamos permissão para levar
um amigo e ir a qualquer lugar que quiséssemos. Escolhi
Colton e pedi para fazer rafting. É uma foto nossa bem antes
de entrarmos.

Meu braço está pendurado sobre os ombros de Colton,


meus pais sorrindo com uma mão em cada um dos nossos
ombros. Todos nós em roupas de banho e coletes salva-vidas.

Enrolo-me em uma bola e seguro a foto no meu peito,


chorando porque quero desesperadamente superar esse medo.
Colton não sabe disso? Por que não me dá mais tempo?

— Juno Bailey! — Vovó Dori grita para mim lá de baixo.


— Não subirei aí, mas você está começando a me deixar brava
agora!

Limpo minhas bochechas, em seguida, olho para o


buraco e, com certeza, ela está parada na parte inferior da
escada, olhando para mim. — Eu não estou mudando de ideia.
Ele está me apressando e não estou pronta.

— Ele não está apressando nada. Vocês dois são amigos


desde os seis anos. Na verdade, ele está indo muito devagar.
Eu disse a ele para não te deixar acomodada, que você tinha
que enfrentar a realidade.

— Isso é bom vovó, diga a ele para me empurrar até os


limites para os quais não estou pronta.

— Ugh. — Ela se vira em direção à casa. — Eu vou subir,


Austin, chame os paramédicos se eu cair e grave isso... Juno
não ganha nada se eu cair e morrer. Vai ser cortada do meu
testamento por me fazer subir lá.

Eu jogo minhas mãos no ar. — Não suba, eu vou descer.

— Tarde demais agora, senhorita. Abra espaço para mim.

Eu solto um suspiro e deslizo para a parte de trás da casa


da árvore para dar espaço a ela.

Ela surge bufando e me repreende com os olhos.

— Eu disse que ia descer — resmungo.

— Bem, estou aqui, não estou? — Ela se senta e respira


algumas vezes. — Você sempre foi minha neta mais difícil.

— Obrigada pelo elogio — digo.

— Oh, pare com seus dramas.


Ouço outra pessoa subindo a escada. Presumo que seja
Austin, mas em vez de se juntar a nós, sua mão desliza dois
livros pelo chão.

— Temos certeza de que ainda está estável? — Vovó testa


o peso de onde está sentada e pega os livros.

— Me desculpe, ok? Eu o amo, mas ele está me


empurrando para morarmos juntos e agora casamento. Só
estamos juntos há, tipo, seis meses. — Eu puxo minhas pernas
até meu peito e envolvo meus braços em torno delas.

— Isso não é sobre você e Colton. Isso é sobre você e um


medo irracional. Você pensaria que seria fácil e todos vocês
seriam feridos da mesma forma depois que seus pais
morreram, mas não, cada um de vocês é tão diferente. Você
saiu pensando que quanto mais precisa de alguém, mais
provável será que ele seja afastado de você.

— Isso não é verdade — digo.

Ela me lança seu olhar entediado. Aquele que diz que é a


mulher sábia, ouça-a. — Porque você teve Colton, eu te deixei
sozinha crescendo. Não me intrometi muito porque,
ingenuamente, pensei que você fosse aberta e honesta com ele
sobre suas lutas. Que contou a ele seus medos e preocupações.
Agora vejo que estava errada. — Ela aponta para mim. — E
você pode colocar isso nos livros porque raramente admito
quando estou errada.

Eu faço uma marca no ar.


Ela faz uma careta. — Foi só quando você veio ao meu
apartamento meses atrás que percebi que você estava perdida.
Que você não estava com a cabeça nos ombros como pensava.

— Isso é para ser uma conversa animadora?

— Deixe-me chegar ao meu ponto.

Levanto minhas mãos, dizendo a ela para ir em frente.

— Semanas depois, você estava fechando seu negócio.


Achei que era daí que vinha a sua dúvida sobre você. Porque
ficava perguntando se sua mãe mentiria para fazer você se
sentir como se fosse seu lugar. Então, fiz algumas pesquisas.
— Ela abre um dos livros. Há uma árvore com nomes nela. —
Eu fiz os dois lados de sua genealogia e, para minha surpresa,
seu cabelo ruivo vem do nosso lado também.

— Mesmo? Você fez isso? — Eu me inclino para ver o livro


melhor.

Ela me enxota com a mão porque nós duas sabemos que


provavelmente foi o Sr. Miller, da Northern Lights, que fez isso
por ela. Ele está sempre me perguntando de onde veio meu
cabelo ruivo. Ele diz que é raro e adora rastrear traços
recessivos com seu hobby de genealogia.

— Acontece que tia Etta era ruiva, mas olhe todos esses
Baileys com cabelos ruivos também. E então pensei que me
lembrava de algo, e voltei a pesquisar para encontrar algumas
fotos. Com certeza, seu avô nasceu ruivo, embora tenha ficado
loiro logo depois que cresceu.
Pego o livro e procuro nas páginas de todos os nossos
ancestrais. — Você fez tudo isso para provar que meu cabelo
ruivo também é uma característica Bailey? — Lágrimas brotam
dos meus olhos.

— Você sempre foi uma Bailey. Nenhum outro Bailey me


responde como você. De quem você acha que conseguiu isso?
Sinceramente. — Ela olha para si mesma.

Eu limpo meus olhos.

— E eu tinha uma casamenteira do meu lado também.


Algumas gerações atrás e não tenho certeza de quem ela
combinou, mas o Sr. Miller descobriu. — Eu rio e ela revira os
olhos porque escorregou ao mencionar o Sr. Miller.

— E o outro livro? — Pergunto, acenando em direção a


ele.

— Ah, bem. — Ela olha ao redor da casa da árvore. — Não


tenho certeza se é necessário depois de ver tudo isso. Colton é
um cara especial. — Ela pega o livro e o entrega para mim.

Abro a primeira página, e ela está cheia de fotos de meus


irmãos e de mim. Não há nenhuma dos meus pais. Austin e
Savannah ajudam os outros cinco a examinar os dois berços
de Sedona e Phoenix. Há mais imagens de lutas, construções
de fortes enormes, nadando no lago, noites de jogos, peças de
teatro que fazemos.

— Esta é a melhor maneira que senti que poderia provar


para você que acha que não confia em ninguém, não deixe
ninguém se aproximar para não se machucar, mas isso não é
verdade. — A vovó vira algumas páginas e tem mais.

Todos nós em casamentos, chás de bebê, inaugurações


de novos negócios. Rome está ali para me dar aquele veículo
ridículo. Kingston está lá para me ajudar a mudar. Savannah
limpando o banheiro do meu antigo escritório.

— Eles são minha família, claro que os amo. E eles têm


que me amar de qualquer maneira. — Limpo outra lágrima.

— Eles? Porque até cinco minutos atrás, você pensava


que não era parente deles. — Ela ri. — Se algum dia eu vir
aquele Hank Billings, vou dar um soco nele.

Eu rio.

— Eu acho que você está perdendo a outra pessoa que


está em todas essas funções. — Ela empurra o livro para perto
de mim.

— Eu sei, vejo como Holly entrou, Wyatt...

Ela balança a cabeça. — Olhe mais atentamente, Juno.

Eu olho mais atentamente para as páginas e sorrio


porque Colton está em todas as imagens. No casamento de
Austin, ele está em segundo plano, ajudando a distribuir os
programas de casamento. Ele está ajudando Wyatt a construir
o deck em sua nova casa e na de Brooklyn. Ele fica ao meu
lado enquanto observamos Rome cortar a fita na abertura do
Terra and Mare. E isso continua indefinidamente. Colton
sempre lá, sempre presente, sempre ao meu lado.

— Você já se apoiou nele e ele se apoiou em você. Nada


vai mudar isso só porque você usa um anel e segura o
sobrenome dele. Embora ache que Colton Bailey soa bem.

Nós duas rimos.

— Eu gostaria de poder te prometer que nada de ruim vai


acontecer. Todos vocês merecem uma vida inteira de felicidade,
mas a vida não vem com garantias, Juno. Mas posso garantir
que o universo não conspirará contra você só porque está feliz.
— Ela aperta minha mão. — Eu tenho uma pergunta para você.
Vai doer mais ou menos se você perdê-lo agora, com sua
teimosia, do que daqui a alguns anos, quando você usar o anel
dele e viver como sua esposa?

Sinto como se uma faixa estivesse ficando cada vez mais


apertada em volta do meu peito. — Eu só estou com tanto
medo de que, se estiver muito feliz, algo aconteça para destruí-
lo. Veja o que aconteceu com mamãe e papai. Eles estavam tão
felizes em um minuto e então partiram.

Vovó Dori sorri, mas a tristeza enche seus olhos. — Eu


odeio destruir isso para você, mas não tem nenhum controle
sobre isso. Ninguém tem. Tudo o que podemos fazer é viver
nossa vida. — Coloco minha cabeça em seu ombro, e ela passa
os dedos pelo meu cabelo. — A vida continua acontecendo com
você, quer você escolha vivê-la ou não, Juno, continue forte.

Eu me enfio nela um pouco mais fundo. — Eu pensei que


Savannah era a mais forte?

Ela ri. — Savannah é teimosa, com certeza. Mas vejo


agora que você sempre manteve a fachada de ser forte, embora
por dentro precisasse de alguém para te fazer ver que tudo
ficaria bem. Você e Savannah também têm algo em comum.

— O quê?

— Vocês duas mantiveram aqueles meninos longe de


vocês por tanto tempo. Tinha aqueles braços bloqueados na
sua frente e não se curvava para deixá-los fechar.

Eu rio.

— Estou falando sério. Vocês foram abençoadas por


encontrar o amor tão jovem, e vocês duas o desperdiçaram por
anos. — Ela recua e seu dedo pousa sob meu queixo, trazendo
meu rosto para olhar em seus olhos. — Minha pergunta é:
quantos anos mais você vai perder se esquivando do destino?

Eu balancei minha cabeça. — É tarde demais. Ele me


odeia. Se você viu como ele estava bravo... ele nunca gritou
comigo assim. Eu o machuquei.

— Bem, não tenho dúvidas de que você o machucou.


Todas essas fotos são a prova de quanto tempo ele amou você.
Cachorrinho apaixonado que ele é, mas você sabe que Colton
não é perfeito. Eu gostaria que ele tivesse pressionado você
antes. Ele perseguiu você a vida toda. O que você acha que
deve fazer agora?
A verdade de suas palavras me atingiu. — Persegui-lo. —
Eu me sento mais reto. — Não tenho ideia de onde ele está.

— Essa é uma boa desculpa.

Pego meu telefone e ligo para ele, mas vai direto para o
correio de voz. — Eu vou buscá-lo. — Beijo sua bochecha. —
Obrigada, vovó. Você precisa de ajuda para descer?

— De nada e não, você vai. Um de seus irmãos vai me


ajudar.

Sorrio para ela depois de descer um degrau da escada. —


Temos tanta sorte de ter você. Você sabe disso, certo? Nós te
damos o inferno, mas se não tivéssemos você, nunca teríamos
sobrevivido. — Lágrimas caem pelo meu rosto e minha visão
fica embaçada.

Ela dá um tapinha na minha cabeça. — Eu sei, mas é


bom ouvir. Vai agora.

Aceno e desço o resto do caminho.

— Agora, Juno — ela diz.

Eu olho para o topo da escada, meu corpo zumbindo para


correr. — Sim?

— Você me deve uma se o resgatar. Espero o número de


telefone de Stella em troca.

Balanço minha cabeça e ela sorri, embora não ache que


ela esteja brincando.
— Deixe-me achá-lo primeiro. — Corro pela lateral da
casa até a garagem para pegar meu carro.

— Juno! — Austin grita.

Eu me viro e ele me joga a caixa do anel de Colton. Pego,


confusa sobre por que ele o tem. Mas, em vez de perguntar,
digo — Obrigada — entro no carro e corro pela estrada.

Supero o limite de velocidade no caminho para a casa de


Colton, mas quando chego lá, encontro-a vazia. Subo as
escadas correndo e encontro o quarto limpo e arrumado. Nada
fora do lugar ou fora do comum. Correndo de volta para a
cozinha, não há nenhum bilhete, e quando verifico a garagem,
sua caminhonete não está lá. Para onde ele teria ido?

Corro pelo corredor até seu escritório e não vejo nenhuma


pista. Sento-me em sua mesa e esfrego minhas têmporas antes
de pegar meu telefone para ligar para Kingston, colocando-o
no viva-voz.

— Ouvi dizer que você está em crise — ele responde.

— Sério, quão rápido a árvore do telefone Bailey


funciona?

— Você sabe a resposta para isso.

— Para onde ele iria, King? Ele não está aqui, e eu


estraguei tudo. Ele finalmente atingiu seu limite!

— Whoa, whoa, whoa. Acalme-se primeiro. Você não vai


perder Colton. Você está na casa dele, certo? A mala dele está
aí?

— Espera. — Pego o telefone comigo e corro escada acima,


onde ele guarda a bagagem no armário. — Está faltando. Oh
meu Deus, ele está voando para algum lugar.

— Inicialize o computador dele. Se esteve em casa,


esperamos que tenha reservado um voo no computador e não
no telefone.

Corro de volta para o escritório e faço o que ele diz,


digitando a senha de Colton. — Não vejo nada.

— Vá para o histórico dele.

Eu me esforço para clicar e finalmente encontro. — Não


há nada que se destaque para mim.

— Vá para seus arquivos recentes em seu computador. O


que ele tem feito?

— Ok. — Percorro seus documentos e clico na atividade


recente. Eu clico no primeiro e é uma apresentação de slides
de fotos. — É uma apresentação de slides de fotos de... — Eu
me inclino para frente. — De jeito nenhum.

— O quê? Por favor, não me diga se são fotos de vocês


dois nus. Eu não quero isso na minha cabeça.

— É uma apresentação de slides de todas as minhas


histórias de sucesso com SparkFinder. Fotos deles agora,
casados ou com filhos. Cada um me agradecendo. Um de seus
filhos está segurando uma placa que diz: “Juno, a
Casamenteira – se não fosse por você, eu não estaria aqui”.

— Muito bem, Colton — sussurra Kingston.

— Oh, Kingston, todos parecem tão felizes e apaixonados.

— E eles se encontraram através de você, — diz Kingston.


— Ainda duvidando de toda aquela coisa de casamenteira?

Clico fora do slide show. — Preciso encontrar Colton


agora. Onde mais procuro?

— Deixe-me ver se ele atenderá uma ligação minha. Vou


chamá-la de volta.

— Ok, agora vou dar uma volta.

— Apenas sente e espere. Talvez ele volte.

— Ele pegou sua mala.

Ele solta um suspiro. — Ok, ligo para você se ele atender.

— Obrigada.

Desligamos e pego minhas chaves, voltando para o meu


carro e pensando em dirigir para o aeroporto. Eu aperto o
acelerador e as luzes da rua se acendem enquanto o céu
escurece. Tento ligar para ele de novo, mas não atende. Pego a
rodovia em direção a Anchorage com tanta ansiedade que não
consigo parar de bater com a mão no volante.

Um pouco depois, meu telefone finalmente toca e é


Kingston. — Ele respondeu você?
— Juno, você pode vir me pegar?

— Onde ele está? — Eu pergunto.

— Apenas venha me pegar e te levo até ele.

— Kingston! — Grito.

— Ele está a caminho do norte, para a cabana dos pais


dele.

Meu estômago afunda no chão. — Espere. — Eu encosto.


— Você falou com ele?

Silêncio. — Não, ele não respondeu, mas a Sra. Stone sim.

— E o que ela disse? — Eu mal consigo pronunciar as


palavras, com medo da resposta. Eles sabem o quão estúpida
fui? Que coloquei em risco meu futuro com o filho deles?

— Ela disse que ele ligou e perguntou sobre o código.


Disse a ela que precisava ir embora. Apenas venha me buscar.

— Oh meu Deus, King, ela provavelmente me odeia. —


Não consigo ter ar suficiente em meus pulmões. Parece que
minha garganta está se fechando. — Acho que sei como chegar
lá. Se alguém perguntar, é onde estou.

— Juno, eu não vou deixar você dirigir lá sozinha quando


está quase escuro. Ele me deixou usar o lugar algumas vezes.
Posso te levar até lá e levo seu carro de volta. Você pode ficar e
curtir o sexo de reconciliação.

Não posso perder Colton por causa da minha idiotice.


Quase fiz uma vez. Não vou deixar isso acontecer desta vez. —
Não, não tenho tempo a perder.

Desligo e volto para a interestadual.

Dezesseis quilômetros abaixo na estrada, eu derrapo até


parar antes de bater na traseira de um caminhão. Antes que
eu pudesse dar um suspiro de alívio, um carro me atinge por
trás e bato na parede de cimento.
Minha mãe me envia uma mensagem para dizer que o
código é o mesmo da última vez que estive na cabana da família
no norte. Ela segue perguntando se Juno e eu vamos juntos.
Não posso dizer muito bem que Juno está vindo porque ela
verá Juno pela cidade. Não tenho escolha a não ser lhe dizer
que preciso de um tempo longe e vou ligar para ela amanhã,
depois de me instalar. Surpreendentemente, ela não me
pressiona por mais respostas.

Ligo minha música e desligo meu Bluetooth.

Minha mente percorre os eventos desde que Juno e eu


ficamos juntos. Nos últimos meses, temos sido felizes. Juno
estava feliz. Eu sei que ela estava. Claro, ela não queria se
mudar ainda e eu sabia que teríamos que atrasar o
planejamento do casamento... mas dizer não ao meu pedido de
casamento? Parece que talvez eu não a conheça mais. Ela
realmente jogaria fora toda a nossa felicidade porque tem medo
de que algo ruim aconteça?

Entendo que perder seus pais foi difícil para ela. Inferno,
entendi porquê ela constantemente afastava a possibilidade de
sermos mais do que amigos. Seu medo é real, e respeito isso,
mas agora me sinto ingênuo por ter pensado que ela havia
superado esse medo.

Meu pé aperta o acelerador, ansioso para desaparecer


antes que o constrangimento de Buzz Wheel relatando que
Juno partiu meu coração chegue na internet.

Quando uma canção de amor começa, aperto o botão do


aparelho de som, querendo qualquer coisa que não seja uma
canção que fale sobre meus sentimentos de tristeza. Inferno,
vou assumir a ópera sobre isso.

Repasso a conversa em minha cabeça, suas palavras


ecoando em meu ouvido. Que ela está comprometida comigo.
Que está feliz vivendo no limbo agora. E penso em quanto
tempo levou para fazê-la admitir seus sentimentos por mim em
primeiro lugar. Talvez a esteja apressando. Talvez eu devesse
ter esperado mais para propor. Deixar que ela se sinta
confortável conosco.

Como posso esquecer a única coisa que Liam me disse


naquela colina naquele dia sombrio em Lake Starlight quinze
anos atrás? Que temos que estar lá para eles. Eu mantive isso
com minha amizade com Juno. Tentei estar lá para todos eles
de qualquer maneira que pude.

O dia do funeral do Sr. e da Sra. Bailey volta à minha


mente. Juno aos treze anos sem lágrimas escorrendo pelo
rosto.
Quem estou enganando? Ela tem sentimentos por mim.
Juno sente muito. Ela sente tão profundamente que leva
tempo para chegar a um acordo com isso.

Saio da interestadual apenas para voltar na direção


oposta, voltando para Lake Starlight. Vamos descobrir isso,
mas faremos juntos. Não por eu deixá-la.

A quilômetros de distância de Lake Starlight, o tráfego


diminui, e só depois de dirigir lentamente por oito quilômetros
é que descubro o porquê. Há pelo menos um engavetamento
de cinquenta carros no lado norte. Minha mão instintivamente
vai para o meu telefone para ligar para Juno e deixá-la saber
que perdi o acidente e estou bem – mas então percebo que ela
nem sabe que eu estava nesta estrada.

O tráfego fica mais lento conforme passamos pelas luzes


vermelhas e azuis piscando. Os paramédicos e bombeiros
correm pelos veículos enquanto a fumaça enche o ar, metal
espalhado ao longo da calçada. Percebo uma caminhonete
preta estacionada perto da barreira de cimento do outro lado.

Juro que é a caminhonete de Kingston. Assim que chego


mais perto, vejo o adesivo de bombeiro na parte de trás e tenho
certeza que é de Kingston. Por que ele viria para o acidente se
não estava de plantão? Por que outro motivo sua caminhonete
estaria aqui? Talvez eles precisassem chamar mais pessoas por
causa da quantidade de carros envolvidos?

O cara atrás de mim buzina, mas não me importo.


Kingston está correndo em uma direção, parando e
acenando para um paramédico.

Eu piso no freio, o cara atrás de mim quase bate na minha


traseira. Em vez de parar, paro na beira da estrada, estaciono
e pulo a barreira. Diga-me que não é o carro de Juno. Por favor,
Deus, me diga que outra pessoa tem o mesmo carro. Corro em
direção ao carro com o coração batendo como um bombo nos
ouvidos.

— Juno! — Eu grito.

Kingston olha para cima, fala com o motorista e estende


as mãos. — Colton, cara, você não pode estar aqui.

— Sim, eu posso. É ela? Juno está naquele carro? —


Tento contorná-lo, mas suas mãos estão no meu peito e ele
evita todas as tentativas. — Kingston.

Ele para e acena com a cabeça. — Ela tem que ir ao


hospital para fazer o check-out. Encontre-nos lá. Vou mantê-
lo atualizado, ok?

— Bailey, que diabos? — Diz um de seus amigos


bombeiros. Acho que o nome dele é Lou. Eu o encontrei
algumas vezes. — É seu dia de folga.

— É minha irmã. — Ele se afasta de mim, apontando para


o carro dela. — A porta dela está travada.

— Merda. Ok. — Lou segue o exemplo de Kingston.

Com a atenção deles longe de mim, corro para o carro


dela. A cabeça de Juno está sangrando e seu rosto está pálido,
mas ela está respirando. Está viva.

Graças a Deus.

— Juno, você está bem? — Eu vou até a porta.

— Colton, saia do caminho — Kingston diz, então eu dou


a volta no carro para o lado do passageiro.

Lou usa um pé-de-cabra para abrir a porta.

— Eu sinto muito. Eu nunca deveria ter falado com você


daquela forma. Se não quer se casar comigo, tudo bem. Eu
prefiro apenas...

Juno balança a cabeça, as lágrimas escorrendo pelo


rosto. Lou abre a porta e Kingston solta o cinto de segurança.

— Devagar, Juno, — ele diz. — Vamos esperar por uma


maca.

Ela balança a cabeça. — Estou um pouco abalada. Estou


bem. — Enquanto ela diz isso, sua cabeça faz um círculo
preguiçoso e cai no encosto de cabeça.

É bom ter contatos porque um paramédico chega, dá um


soco em Kingston e eles colocam Juno em uma maca
imediatamente.

— Espere! — Ela tenta se sentar. — Preciso da minha


bolsa.

Pego a bolsa e os sigo até a ambulância. — Eu estou indo


com você.

— Seu carro? — Kingston aponta para onde eu abandonei


meu carro.

— Reboque. Não vou deixá-la de novo.

Juno sorri para mim enquanto entramos na ambulância,


Kingston dizendo que nos alcançará.

Enquanto os paramédicos fazem seus sinais vitais e se


certificam de que seus ferimentos não estão piores, Juno
aponta para sua bolsa pendurada no meu braço. — Eu posso
ter aquilo?

— Não, eu peguei. Apenas se preocupe em deixá-los


verificar você. — Eu pego sua mão, grato por ela estar aqui e
viva falando comigo. Esqueça o casamento, posso lidar com o
morar juntos. Assim que conseguir que ela se mude, claro.

— Por favor, Colton, preciso de algo. — Eu entrego a ela,


que sorri para o paramédico. — Eu juro, estou bem. — Ela
vasculha sua bolsa e me entrega a caixa do anel, com lágrimas
nos olhos. — Me pergunte de novo.

— Juno — sussurro e balanço minha cabeça.

— Me pergunte de novo. — Ela cutuca a caixa para mais


perto de mim.

O paramédico sorri e para de trabalhar nela.

— Se isso é porque você pensou que eu estava indo


embora, então saiba que não vou. Não vou embora. Você está
presa a mim, independentemente de se casar comigo ou não.

Ela balança a cabeça. — Não, eu percebi que era uma


idiota e estava arruinando nosso futuro porque estava com
medo de perder você. Mas não há diferença. Eu te amo, e se
algo ruim acontecer, só porque não sou sua esposa, não
significa que minha dor no coração será menor. Acho que a
vovó Dori é muito sábia. Mas nunca lhe diga que eu disse isso.

Um pequeno sorriso inclina meus lábios. — Então?

Ela olha a caixa na minha mão. — Me pergunte de novo.

Eu removo o anel e o seguro. — Juno, você vai...

— Sim! Vou me casar com você!

Começo a rir. O paramédico ri.

Juno acena para que eu vá até ela, onde envolve seus


braços em volta do meu pescoço e me beija por todo o rosto. —
Perdoe-me por ser tão estúpida?

— Eu te perdoo, mas deixe-me colocar o anel no seu dedo.

Ela se afasta, me observando pegar seu dedo indicador


esquerdo e deslizar o diamante redondo com uma faixa de
prata em seu dedo. Segura minha cabeça com as mãos e
encosta a testa na minha. — Você acha que eles vão nos
alimentar no hospital?

— Você está com fome?


— Foi um dia muito emocionante — diz ela.

Uma hora depois, ela recebe seus papéis de liberação.

— Você percebe que arruinou minha proposta? — Eu digo


enquanto saímos do quarto do hospital.

— Quer fazer tudo de novo?

Kingston vira o corredor e sorri quando nos vê no


corredor. — E aí? Fico feliz em ver que foi apenas um ferimento
leve.

Eu aperto sua mão. — Sim, ela tem muita sorte.

Kingston amplia sua postura, cruzando os braços. — Eu


tenho uma pergunta para você.

— Kingston, ela precisa descansar. — Tento nos mover ao


redor dele.

Kingston levanta a mão, me ignorando. — Antes de vocês


irem brincar de médico e enfermeiro, quero saber por que vocês
estavam dirigindo para o sul?

Juno olha para mim. Agora ela sabe que eu estava


voltando para ela.
— Você realmente achou que eu poderia desaparecer sem
lutar por você? — Eu pergunto a ela.

Ela se inclina para mim, pressionando sua bochecha no


meu peito. — É tão injusto com todas as mulheres do mundo
que eu peguei esse cara. Mas não o estou trocando por nada.
— Juno me abraça com mais força.

— Vocês estão ficando enjoativamente doces — diz


Kingston.

— Prepare-se para essas cáries então. — Juno pega


minha mão e nos leva pelo corredor.

Kingston diz que pode nos levar para a ambulância, para


que não tenhamos que passar pela movimentada sala de
espera. Assim que as portas se abrem para o lado de fora, uma
enfermeira sai da sala à direita, perdendo o equilíbrio.
Kingston agarra seus braços para evitar que ela caia.

— Ei, obrigada. — A enfermeira olha Kingston de cima a


baixo, claramente gostando do que vê.

Ele acena com a cabeça e observa enquanto ela continua


pelo corredor. Saímos pelas portas deslizantes, mas Kingston
permanece dentro. — Eu vejo vocês dois mais tarde.

— Tchau, Kingston — dizemos em uníssono, sabendo que


direção essa situação está tomando.

Caminhamos em direção ao meu carro.

— Por que você me atura? — Ela pergunta.


Eu rio e beijo sua testa. — Nunca foi uma escolha.
Sempre foi você.

— Eu o quê? — Ela pergunta.

— Aquela que vive nos meus sonhos.

Ela nos impede. — Sempre foi você também, você sabe


disso, certo? Eu posso ter mascarado, mas sempre foi você em
meus sonhos.

— Eu sei.

— Sabe?

— Você acha que eu desperdiçaria minha vida


perseguindo você se não soubesse?

Ela me beija suavemente e seguro minha cabeça na dela,


aprofundando nosso beijo.

— É melhor você estar pronto para mim agora que me


pegou. Você pode mudar de ideia um dia.

Trago meus lábios nos dela novamente, murmurando: —


Não nesta vida.
Um mês depois

Volto para casa e encontro Juno sentada na mesa da


cozinha com o mesmo robe de seda que vestiu naquele dia em
que sua família veio e estragou sua surpresa para mim. Sua
bolsa está em uma cadeira e seus papéis estão empilhados no
canto da mesa. Desde que Juno se mudou há um mês, minha
casa não é tão limpa e organizada como antes, mas não me
importo. Tudo que me importa é que ela esteja comigo todos os
dias.

— Achei que íamos escolher nosso destino de lua de mel


hoje à noite — digo.

Ela ri. — Nós vamos mais tarde. Nus. Na cama. — Ela


abre as pernas e é um déjà vu. — Este é o presente que devo a
você.

Seu anel brilha na luz e largo minha bolsa, caminhando


e pegando-a. — Deus, eu te amo.

Ela ri até que eu a coloco no chão perto da geladeira.


Estamos planejando nos casar no próximo mês. Foi
escolha de Juno ter um casamento no inverno porque ela
queria ser minha esposa o mais rápido possível. Acho que ela
pode estar beijando minha bunda um pouco, mas tudo bem.
Contanto que ela esteja bem em ser minha esposa e morar
comigo, é bom o suficiente para mim.

— Cereja ou morango? — Eu provoco seus lábios com a


fruta que tiro da geladeira.

— Colton, você tem que se despir.

— Oh, merda, esqueci. — Eu me levanto e tiro os sapatos,


tiro a camisa e me livro das calças.

— Boxers também desta vez — ela diz.

Empurro minha cueca para baixo, ficando nu enquanto


ela pega o champanhe e derrama em sua frente.

— Estamos pulando a parte de comer? — Eu pergunto a


ela.

— Você pode me comer se quiser. — Ela cai de costas.

Ela deve estar brincando comigo – é claro que quero. Mas


há outra parte do filme que ela está esquecendo. Coloco minha
mão sobre o dispensador de gelo até que um cubo de gelo saia.
Ela olha para cima e não diz nada, arqueando as costas como
se ela quisesse.

Derreto um pouco na minha boca e me curvo, arrastando


o cubo de gelo sobre seu estômago, ao redor de seus mamilos
e até sua garganta. Ela geme e se contorce debaixo de mim.

Pego uma cereja pelo caule, penduro na frente de sua


boca e ela morde o caule. Sua mão viaja pelo meu peito,
espalmando meu comprimento duro. Isso é o que eu fantasiei
o dia todo: tê-la debaixo de mim. Quando eu sigo o que sobrou
do cubo de gelo até seu monte, sua mão voa por trás dela e
atinge o armário. Alguns de seus cartões de visita caem do
balcão ao nosso lado.

— Esqueci de perguntar, como foi o SparkFinder hoje?

Juno está de volta ao casamento, mas a maioria de suas


reuniões de negócios são realizadas na cidade, em Brewed
Awakenings, em vez de em um escritório real. Engraçado que
agora ela goste do veículo rosa, já que permite que ela viaje
para as cidades vizinhas e faça eventos lá ou encontre clientes
que ligaram para ela.

— Sem conversa de negócios. — Ela agarra minha cabeça


e me puxa para ela. — Não é como se eu estivesse perguntando
quantas maricas você está acariciando todos os dias. — Eu rio,
mas ela me rola, montando em mim. — Acho que estávamos
aqui quando fomos interrompidos.

Ela balança para frente e para trás, e sem a fricção das


roupas íntimas, a sensação faz meus olhos rolarem para trás.
— Sim, também acho. — Eu coloco minhas mãos em seus
seios. — Acho que minhas mãos estavam aqui.

— Se não me falha a memória, sim. — Ela se levanta e me


guia para dentro dela. — E eu acho que você estava exatamente
assim. — Ela geme.

— Você devia estar balançando — eu a lembro.

Então, todas as piadas são postas de lado porque nós dois


gememos de prazer. Ver aquele anel brilhando em sua mão
enquanto ela me monta me leva ao limite muito mais rápido
atualmente. Ela balança, cavando sua pélvis na minha como
se estivesse procurando atrito, então eu pego uma mão e
brinco com seu clitóris enquanto ela me cavalga.

— Eu estou quase lá. Não pare. — Como se eu quisesse,


ela segura meu pulso, cavalgando em mim com um abandono
arbitrário.

— Yoo hoo! — A voz de Dori soa como o pesadelo que é


neste momento.

Juno fica imóvel, em seguida, sai de cima de mim com os


olhos arregalados. — Você não trancou a porta? — Ela
sussurra.

Concordo.

— Achei que você tivesse a chave?

— Eu também.

Nós nos escondemos atrás da ilha como da última vez.


Puta que pariu.

— De novo, vocês dois? — Dori balança a cabeça. — Entre


no carro. Kingston sofreu um acidente de trabalho. Eles me
garantem que não é nada sério, mas devemos ir.

Juno fica tensa ao meu lado e pergunto: — Tem certeza


que ele está bem?

— Estou lhe contando o que eles me disseram. Tenho


certeza que eles não mentiriam.

— Ok, vamos nos vestir. Vovó, você realmente tem que


começar a ligar primeiro — Juno diz.

Ela nos enxota com a mão. — Eu sou a razão de vocês


dois estarem juntos, não se esqueça disso.

E porque ela está certa, mantenho minha boca fechada e


não peço a chave de volta – de novo.

A maioria dos outros Baileys já está na sala de espera


quando chegamos ao hospital de Anchorage, pois Dori esperou
que tomássemos banho depois que eu a informei que poderia
nos levar. Aparentemente, esse era seu plano desde que Duke
a deixou em nossa casa. Ficarei feliz quando ela sair do nosso
pé e mudar para outro Bailey.

Juno corre para pegar Easton, que a adora tanto quanto


adora seus pais.
— Onde está Phoenix? — Vovó Dori pergunta a Griffin.

— Ela está vindo. Está pegando Sedona no aeroporto —


Griffin diz.

— Sedona está voltando para casa? — É difícil


surpreender aquela mulher, mas ela parece genuinamente
chocada com a notícia.

Griffin encolhe os ombros.

— Por quanto tempo ela está visitando? — Savannah


pergunta.

Griffin encolhe os ombros novamente.

Dori vai ao posto de enfermagem e fala com alguém, mas


eles dizem que vai demorar um pouco antes que Kingston
possa receber visitas, já que o estão acomodando.

— Eu não entendo, o que aconteceu? — Pergunto a


Austin.

— Eu acho que ele caiu de um lance de escada no meio


do fogo. Mas seu chefe acabou de vir aqui e disse que ele estava
bem quando o trouxeram. Talvez uma concussão na pior das
hipóteses. Não parece ter quebrado nada.

Eu me sento ao lado dele. — Isso é bom, acho. — Mas eu


sei que Kingston vai ficar puto se ficar fora de ação por um
tempo.

Trina, a enfermeira que me ajudou quando Juno esteve


aqui no mês passado do acidente de carro, sai da parte de trás.
Juno está muito ocupada com Easton para notar, então me
levanto para falar com ela.

— Você se lembra de mim?

Ela sorri. — Sim. Você é amigo de Kingston.

— Eu sou. Alguma chance de podermos vê-lo?

Ela olha e se encolhe para a grande família, o grande


grupo. — Deixe-me ligar de volta e ver. Talvez metade de vocês
de uma vez?

— Ótimo. Obrigado.

Ela liga de volta e diz que o médico garantiu que está tudo
bem, que eles estão esperando os resultados dos raios X e
ressonância magnética.

— Metade de nós pode ir vê-lo — anuncio.

Todos começam a falar ao mesmo tempo até que


finalmente é decidido que Dori, Juno, Savannah e eu iremos
primeiro. Caminhamos para a parte de trás, a mão de Juno na
minha. Ela pode não dizer isso, mas acho que estar de volta
aqui a traz de volta para quando ela pensou que poderia me
perder. Inferno, ver alguns dos outros ferimentos daquele
acidente me deixou feliz que os dela não eram mais sérios.

Kingston parece surpreso quando entramos no quarto.


Tem duas enfermeiras ao lado dele, conversando com ele.
— Ei, pessoal — diz ele em voz baixa.

Cada uma das enfermeiras se despede com um aceno,


mencionando que seu turno acabou.

Conversamos com ele sobre o que aconteceu, que diz que


tem quase certeza de que conseguiu uma concussão leve, mas
vai se submeter a mais alguns testes para ter certeza.
Enquanto Juno e Dori conversam com ele, tento entrar na
bolsa de Dori para pegar minha chave de volta.

— Não mexa na minha bolsa. Sua chave está sempre em


um lugar seguro. — Dori dá um tapinha no peito dela.

Minha boca fica aberta. Ela deve estar brincando comigo.

Então ouço alguém entrar no quarto atrás de nós. — Oi,


sou a residente supervisionando você hoje. — Ela rabisca no
quadro e se vira. — Como está a dor? Posso pegar alguma
coisa?

O rosto de Kingston perde toda a cor. — Stella? Jesus,


com que força bati a cabeça?

Ela dá um passo para trás. — Kingston.

Juno olha para mim e eu aceno, concordando com ela


sem que tenha que dizer uma palavra. Vamos dar o fora daqui.

— Stella, querida. — Vovó Dori dá um passo em sua


direção e a abraça.

— Oi, Dori, — ela diz, seus olhos apenas em Kingston. —


Eu volto já.

Kingston tenta se levantar, mas se encolhe e sua mão se


move para a cabeça.

Savannah o empurra de volta na cama pelo ombro. —


Você não pode se levantar.

— Mas...

— Eu irei para que outra pessoa possa entrar. — Eu me


esquivo para fora do quarto antes que uma discussão comece
e caminho pelo corredor.

Na sala de espera, Austin se levanta e diz que vai ficar no


meu lugar.

— Lá estão Phoenix e Sedona. — Holly aponta para o


corredor e todos se levantam para cumprimentá-las.

Antes que tenhamos a chance de dizer nossos olá, Sedona


desabotoa o casaco. — Vamos apenas tirar isso do caminho. —
Ela fica de lado, as mãos correndo sobre a barriga inchada.

Minha boca se abre e o silêncio enche a sala de espera


por alguns momentos pesados.

— Você está grávida? — Brooklyn grita.

— Não, ela comeu uma melancia, — diz Phoenix. — E ela


está voltando para casa.

Todos olham uns para os outros para avaliar se alguém


mais sabia, mas está claro que Phoenix e talvez Griffin são os
únicos no circuito.

— Finalmente! — Harley grita e corre para Sedona. —


Estou grávida com alguém. — Ela bate a barriga com a dela.

Como se alguém as tivesse alertado que havia uma


perturbação na força Bailey, Savannah e Juno caminham de
volta para a área de espera e param no meio do caminho.

— Vovó D sabe? — Denver pergunta.

— Não — Sedona diz com uma carranca.

— Ela está prestes a descobrir — Rome diz baixinho.

— Você planejou revelar isso no hospital para o caso de


nós realmente matá-la desta vez? — Denver pergunta.

— Não. — Algumas das bravatas anteriores de Sedona


desaparecem.

— Bem, só estou elogiando se você fez isso, porque ela


lidou muito com a gente, mas isso. — Ele gira o dedo na barriga
dela e balança a cabeça.

— Da próxima vez que ela quiser sua opinião, vou lembrá-


la de que não quer — Phoenix diz a ele, colocando o braço em
volta de Sedona como se ela fosse um pássaro ferido.

Hã. Deve haver muito mais que não sabemos ainda.

— Uma criança é uma bênção, — diz Harley. — Não


importa as circunstâncias.
Como se soubesse que a tensão precisa ser quebrada,
Calista caminha até Denver. — Tio Denver, vamos brincar de
guerra do polegar.

— Claro, pequenina. — Ele coloca a mão na dela e, um


momento depois, olha para Sedona. — Eu sinto muito. Você
sabe que nós protegemos você e aquele bebê tem sorte de ter
você como mãe. — Ele se inclina mais perto. — Mas devo
reservar um voo para Nova York?

Uma lágrima escorre do olho de Sedona.

— Vou interpretar isso como um sim — diz ele, olhando


para todos os homens do grupo como se estivessem fazendo
uma visita a Jamison.

— Só para manter todos informados, Stella também está


de volta. — Savannah pega Brinley de Liam, balançando-a no
quadril.

Todos se olham como se estivessem se preparando para


o furacão Bailey que está prestes a atingir a costa.

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