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EQUIPE PL

Tradução: Team PL

Revisão Inicial: Jessica Markab

Revisão Final: Anna Azulzinha

Leitura Final: Lola

Formatação: Lola
SOBRE A SERIE
O trabalho duro nunca foi tão bom.

Mãos calejadas e salário por hora

trabalhada são tão excitantes quanto mãos

bem cuidadas de qualquer bilionário nesta

coleção de histórias de quatro das mais

quentes, autoras best-seller do momento.

Estes homens sujos de colarinho azul estão

prontos para segurar sua mão e prendê-la

nestas histórias autônomas dedicadas a

homens trabalhadores de todos os lugares.

Pura possessividade alfa e felizes para

sempre vão deixá-la sonhando acordada

com seu próprio herói da classe

trabalhadora.
SINOPSE
Havia uma menina que Michael conhecia como

nenhum outro.

O lado bom e o lado perverso dela.

Gabriella fugiu de seu passado e da vergonha. Ela se

afastou da parte de si mesma que fez com que a pessoa

que ela mais amava se transformasse em um problema

terrível.

Tem sido assim por muito tempo, é como se o

passado não existisse mais.

Quando Michael vê Gabriella depois de uma década,

a única coisa que ele não espera é que ela não o

reconheça.

Mas Gabriella sempre gostou de jogar sujo.

Então se ele tem que usar suas habilidades de

mecânico para mexer com o motor dela? Ele vai usar

todos os recursos de sua caixa de ferramentas para

lembrá-la quem ele é e ter certeza que ela nunca esqueça

novamente.
CAPÍTULO

1
MIKE
Ela está aqui…

Tomo um gole da cerveja gelada que se agita na minha


garganta sem matar a sede. Mesmo depois de um gole de
bebida, minha boca está seca. O que desejo
desesperadamente não vem em um copo.

Vinte dolorosos minutos, eu fiquei sentado esperando


que ela se virasse. Me visse. Me reconhecesse.

Viesse até aqui.

Uma risada similar a sinos tilintando ecoa pelo


restaurante e meu peito dói. Aquela. Eu tremo. A risada dela.
Como mil borboletas na minha barriga.

Aquela risada, e eu me torno um menino de novo, tonto,


imaturo e impotente.

Eu ouvi o som meia dúzia de vezes hoje e me


impressiona da mesma forma toda maldita vez. Mas eu não
olho, em vez disso foco no líquido espumoso no meu copo.
E se ela não se lembra de mim?

Aperto o copo e observo as marcas deixadas pela


condensação formando círculos sobre a mesa de madeira.

Ela está aqui, sua risada em meus ouvidos, tão perto


que posso virar a cabeça e vê-la. No entanto, não posso. É
como tentar resistir aos raios do sol, mantendo o meu rosto
virado. O calor está lá, me tocando, implorando para que eu
me vire – insultando-me com a promessa de que se apenas
ceder e olhar, vai me preencher e esquentar todos os cantos
gelados do meu ser.

Gabriella.

Eu fecho meus olhos e a imagino onde está sentada.


Não a versão de dezesseis anos que eu lembrei por uma
década, a Gabriella de agora. A mulher de vinte e seis anos de
idade, que deixa todas as minhas fantasias de infância
envergonhadas

Eu deveria apenas ir lá e dizer oi.

Mas não posso.

Eu quero que ela lembre de mim. Observar seu rosto


quando ela perceber por si mesma, quem eu sou.

Quem eu sou para ela.

Seu primeiro.

E agora eu encontrei-a de novo, vou ter a certeza de que


serei também o seu último.
GABRIELLA

— VOCÊ É TÃO SORTUDA, KELLY. — O pequeno Henry


pega o cabelo da mãe, puxando as pontas. — Ele é o bebê
mais fofo que já vi.

Ela ri e dá um tapinha nas costas dela.

— Tá brincando, você é a sortuda. Eu faria tudo por um


copo de vinho e uma noite inteira de sono.

Vinho, sim. Quem precisa de coisas como o amor e


família, ou felicidade como um todo quando pode beber uma
grande taça de vinho à noite?

Eu pego a taça e tomo um gole. Não sei por que esses


restaurantes sofisticados sempre servem tão pouco vinho na
maior taça possível. Como se quisessem que parecesse
menos.

Mas não pedirei outra. O preço da que estou bebendo já


foi meu limite. Mas Kelly gosta de encontros em lugares
legais, e já fazia muito que eu não a via.

Fazia muito tempo desde que consegui sair e ver


alguém.

— Eu ficaria feliz em trocar essa taça por esse bebê.


Kelly ri novamente.

— Você teria que levar as estrias junto com ele.

Um rubor aquece o meu rosto. Ah, eu tenho estrias.


Brancas e finas linhas nos quadris que cresceram de repente
na minha adolescência.

E não há nenhum bebê para justificá-las.

O sorriso de Kelly diminui um pouco.

— Você está vendo alguém, querida?

Eu bufo.

— Sim, claro. Sim claro. Ele entra pela minha janela


quando rastejo para a cama por volta da uma da manhã. —
Eu aceno de uma mão. — Mas nós não fazemos nada, sabe,
por causa da minha falta de energia. Ele só limpa o meu
apartamento enquanto estou dormindo e faz massagem nos
meus pés pela manhã.

— Oh, Ella. — Ela balança a cabeça. — Você precisa sair


desse emprego. — Meu peito aperta. É verdade. Meu trabalho
é terrível. Não há nem espaço para as minhas fantasias de ter
um relacionamento.

E é assim que as mantenho.

Minhas fantasias ... essas diabinhas só me levam para o


mau caminho.

Meu celular vibra no bolso. Puta merda. Por falar em


chefes horríveis. Eu sei que é ele sem nem olhar.

— Ahh, eu vou precisar atender.


Ela balança a cabeça, mas seus lábios franzem.

Eu recuo da cadeira e saio da mesa, indo para o canto


do pátio e deslizando para trás da fonte.

— Aqui é Gabriella...

— Abigail, onde está você?

Dou um suspiro.

— Sr. Kane, eu não trabalho aos domingos.

O que é uma mentira. Eu acabo trabalhando todos os


domingos.

— Eu preciso de você. — Ele sussurra. — Eu estive


esperando por você durante toda a manhã.

Sons tilintam. E não é a fonte.

Eu franzo minha testa e seguro o celular longe do


ouvido. Ele está fazendo xixi. Ele está fazendo xixi enquanto
telefona para mim.

— Sr. Kane, eu lhe informei ontem que tenho planos


para hoje. — Eu franzo minha testa.

— Também coloquei uma nota em seu calendário, no


celular, e deixei uma etiqueta colada na sua mesa.

O barulho do zíper e da descarga de um banheiro ecoa


através do celular.

— Isso é inaceitável, Abigail.

Uma porta bate.

Nem sequer lavou as malditas mãos.


— Aqui. Agora.

A ligação emite um bipe.

Eu remover o celular do ouvido e encaro a tela. Se eu


pesquisar sobre venenos de ação lenta no Google, isso vai dar
algum tipo alerta ao governo, certo?

Coloco o celular no bolso de trás da calça jeans. Fica


apertado. Mas eu tenho vivido de macarrão instantâneo à
meia-noite e qualquer coisa que possa conseguir nos últimos
meses, e minha bunda usa a prova disso.

A fonte bloqueia minha visão das mesas, e estou grata


pelo momento para me recompor. Eu vou ter que sair daqui
agora e dizer a Kelly que estou saindo antes mesmo de nossa
refeição chegar. Minha respiração acelera. Ela é uma pessoa
compassiva - metade da razão pela qual ainda se incomoda
comigo. Mas até mesmo assim, não pode ter muita tolerância
com minhas fugas constantes.

Ela não sabe da missa a metade.

Ergo meus ombros e saio de trás da fonte, examinando


as mesas. Meu olhar colide com outro.

Eu congelo progressivamente. Pernas. Estômago.


Pulmões. Braços. Mãos. Pescoço. Mandíbula. Tudo e mais um
pouco.

Profundos olhos castanhos me encaram.

O reconhecimento em sua expressão me envolve como


acordar e chegar em casa de uma só vez.

Eu tropeço em sua direção, depois paro.


Espere. Eu não o conheço, conheço?

Sua testa larga enruga. Suas sobrancelhas castanhas


são grossas e um tom mais escuras que o cabelo e a barba.

Ele espera como se realmente esperasse que eu fosse


para ele.

Para um estranho.

Eu aperto mais meu casaquinho ao corpo.

Ele leva um cigarro à boca e dá uma longa tragada.

Fumaça sai de sua boca.

Aperto mais o casaco. Meu olhar cai sobre as imagens


pintadas de vermelho, preto e amarelo descendo pelo braço
dele.

Não posso evitar observá-lo fumar, sua barba. Talvez ele


me lembre algo...

Ou alguém.

O jeito que ele segura o cigarro. Traga profundamente.


Solta a fumaça. O cheiro penetra nos meus pulmões, mas
não pode me alcançar aqui. Uma lembrança de tabaco e
pecado.

Eu me agito e vou para a mesa de Kelly.

Fumar é um mau hábito. Então, por que eu sinto gosto


de cigarro?
CAPÍTULO

2
GABRIELLA
Por favor. Por favor. Por favor…

Eu descanso minha cabeça no volante e tento


novamente. Não vou chorar em um estacionamento público.
Não. Seja qual for o problema, vou resolver. Solto o cinto de
segurança e abro o capô, depois saio e dou uma olhada.

Ah Merda. Há um grandíssimo problema sob o capô.

Se chama motor. Eu não sei nada sobre motores. No


entanto, há muitas coisas sobre as quais não sei nada, mas
que ainda consigo lidar. Procuro por uma vareta e coloco
dentro. Sai cheia de óleo.

Isso é um bom sinal, eu acho.

Coloco-a de volta de onde veio e continuo procurando.


Pelo que vi nos filmes, deveria haver um radiador que
consome água. Talvez meu carrinho velho precise de uma
bebida. Estico-me sobre o motor tentando descobrir o que
estou procurando.
— Precisa de ajuda? — A grossa voz estrondosa me faz
oscilar.

Eu pulo, girando e perdendo o equilíbrio. Uma mão


firme segura o meu braço.

Eu pisco olhando para o sol, minha visão inundando


com a imagem de um demônio.

Deve ser uma concussão...

Eu fico cara a cara com o sorriso mais malvado que já


vi. Meio torto e irônico como se soubesse de uma piada em
que eu não sabia.

É o cara do restaurante.

Meu pulso estremece fora de ritmo. Acalme-se. Ele está


apenas sendo educado. Esse sorriso é obviamente às minhas
custas - não carnal como parece.

— Precisa de ajuda com isso? — Ele está com outro


cigarro, arrastando-o de uma forma que me faz sentir uma
coceira no peito.

— Meu carro não quer pegar. — Nem meu coração,


aparentemente.

Ele solta o cigarro e o apaga no chão com a ponta da


bota. Há tatuagens pelo seu braço esquerdo, nas costas da
mão e nos dedos.

— Então você tem sorte por eu ser um mecânico. — Ele


levanta o olhar do chão, olhando meu corpo e depois para o
meu rosto com tal deliberação, que a sorte que sinto não tem
nada a ver com sua ocupação.
Umedeço meus lábios. Eu não tenho certeza de como
devo responder a isso.

— Entre e tente ligar o motor novamente.

Eu engulo. A maneira como ele ordenou isso. Todos


fazem o que ele diz? Ando em volta do carro e caio no assento
do motorista, e pego a chave.

— Quando eu disser. — Ele orienta.

Um sorriso surge em meus lábios. Afortunado seja o


capô entre nós. Quando ele disser – aposto que ele gosta de
tudo assim.

O motor volta à vida.

Dou uma risada.

Ele consertou.

— Muito obrigada. — Eu saio do assento do motorista e


não me importo se ele é um dos homens de aparência mais
malvada que já vi, ele é um anjo malvado.

— Deve aguentar por enquanto. — Ele me encara. —


Mas se acontecer isso de novo, quero que você me ligue
imediatamente.

Ligar para ele. A maneira como ele disse isso, com a


ênfase no me ligue, me fez perder um pouco da alegria.

Ele é mecânico. É por isso que quer que eu ligue. Não


porque ele parece olhar para mim um pouco demais. Fica um
pouco perto demais.
— Você tem um cartão de visita? — Minha voz sai mais
fina do que deveria, e meu rosto fica mais quente.

Ele bate nos bolsos de trás do jeans. — Não comigo.

Ele chega mais perto. Eu tropeço e minhas costas


atingem a caminhonete estacionada ao lado do meu carro.
Minha pele se arrepia. Faz tanto tempo desde que um homem
me afetou, meu corpo não sabe como responder
apropriadamente. Eu sinto meus seios duros, o sangue
correndo para longe do meu cérebro e fluindo para a minha
boceta.

— Posso pegar seu celular emprestado?

Eu pisco, tentando me concentrar com a pressa de sua


proximidade, depois entrego.

Ele disca um número e depois há algo tocando no seu


bolso.

Umedeço meus lábios novamente. Seu olhar se fixa na


minha boca. Me sinto derreter.

Meu coração dispara. Ele desliga a chamada, seus olhos


se estreitam um pouco, e ainda está olhando para minha
boca. Deve ter algo nos meus dentes. Porque ele está olhando
para a minha boca como se não houvesse outra coisa ao
redor.

Ele devolve o celular.

— Agora você tem o meu número para que possa me


ligar.
Para que possa me ligar. Não é para que eu possa entrar
em contato caso meu carro não pegue novamente. Eu
imagino um contexto diferente. Um onde tenho o número dele
e ligo só porque eu posso.

Quando estou à meia-noite transcrevendo notas que


meu chefe faz em seu ditafone1, sentindo que estivesse
prestes a ter um sangramento no cérebro, eu ligaria para ele.
Quando o som mais alto no meu apartamento for o som de
um mosquito. Quando eu cair na cama muito tarde e exausta
e ainda assim não conseguir dormir.

Quando meus pensamentos são sombrios e fantasias


mais escuras.

Eu ligaria para este homem.

— Obrigada. — Meu coração perde o ritmo. — Quanto


lhe devo?

Ele franze a testa.

— Como assim?

— Você é mecânico. Então, quanto lhe devo?

Ele dá aquele sorriso novamente. Maus pensamentos


sujos me inundam. Modos como ele poderia me fazer
reembolsá-lo.

Ele é problema.

1 Espécie de gravador onde se gravam fonograficamente cartas ditadas ou qualquer


outro texto oral, para que sejam posteriormente transcritos, datilografados ou
digitados
— Eu te digo quanto. — Seu olhar suaviza um pouco. —
Estou fora do horário de trabalho, então que tal um abraço e
nos resolvemos assim?

Meu queixo parece cair.

Abraçá-lo?

MIKE
Um abraço.

Eu deveria me sentir como um idiota. Uma coisa tão


inocente. Algo que ela daria na vovó. Seus olhos brilham e se
surpreendem. O que ela achava que eu pediria?

É assim que quero que ela sinta comigo – confortável e


não ameaçada. Mesmo que haja um lobo na casa da vovó
hoje.

Chegue mais perto, amor.

Prendo a respiração. Não vou conseguir fazer isso. A


vontade de tocá-la é muito grande. Eu quase não aguento.

A lembrança da sensação dela é tão vívida em minha


mente que consigo praticamente sentir o sabor de sua cereja2
de dezesseis anos em minha língua.

E ela parece não fazer ideia de quem sou.

2 Virgindade.
Ela se aproxima de mim e é tudo que posso fazer para
não piscar e me entregar. Meu olhar desliza até onde seus
seios irresistíveis moldam a blusa.

Gabriella para na minha frente, como se tivesse medo de


fazer o primeiro contato. Eu não tenho essa resistência, mas
fui devagar por ela, envolvendo meus braços em volta dela e
apoiando a palma das mãos em suas costas.

Mas não apertando.

Não me esfregando nela como desejo

Ela é tão suave e quente e o esforço para me segurar faz


meus bíceps se contorcerem.

Seu perfume me envolve. Xampu de coco e algo frutado.


Me lembra noites de verão. Eu nunca mais verei uma Pina
Colada na minha vida e não sentirei falta.

Ela levanta as mãos e segura os lados do meu corpo.

Eu me inclino para o ouvido dela.

— Se você vai me pagar com abraços, vai ter que


abraçar de verdade.

Sinto suas costas se moverem como se ela tivesse dado


um suspiro, mas não ouço nada.

Ela se aproxima, e envolve os braços em volta de mim


também.

Merda.

Minha testa sua e não há como ela não sentir meu pau
duro tocando sua barriga.
Então ela encosta a bochecha no meu ombro e seu
corpo relaxa. Minha luxúria se abranda. É assim ela
continua, afunda-se contra mim, como se realmente
precisasse desse abraço. Me faz pensar a quanto tempo ela
não era abraçada por alguém.

Me faz pensar se ela lembra de mim afinal.

Ela dá um pequeno suspiro.

Minha barriga aperta.

Ela se afasta, mas ao mesmo tempo aperta minha


camiseta.

— Obrigada novamente.

Seu rosto está tão vermelho que alcança até o pescoço.

— Não sei o seu nome ainda.

— Mike. — Minha voz quase não sai com a mentira. A


lembrança dela corando desse jeito uma vez, quando eu
estava enterrado nela, fazendo-a gozar, é como uma bala de
canhão dentro de mim.

E ela nem consegue lembrar do meu nome.

Meus dentes rangem. Tudo bem, no entanto. Vou fazê-la


lembrar, e quando fizer, não haverá chance de ela esquecer
de novo.

— Obrigada Mike, você é um salva-vidas. — Seu sorriso


é um pouco torto de um lado do jeito que é em todos os meus
sonhos.
— Não há de que. — Ela coloca o cabelo atrás da orelha
e entra no carro.

Fecho a porta para ela como se eu fosse um cavalheiro,


então me encosto na minha caminhonete e a observo ir.

Ela sai do estacionamento e entro na caminhonete, e


sigo.
CAPÍTULO

3
GABRIELLA
Há algo que eu queria discutir com você.

Sr. Kane vira o queixo para o lado, olhando para o


reflexo no espelho.

— Estou tentando me preparar para um evento. Você


realmente acha que agora é a hora?

Rá. Tipo como agora não é a hora que eu deveria estar


trabalhando.

— Meu pedido de horas extras foi reprovado. — Abotoei


um punho. — Novamente.

Ele estende o braço.

Ótimo. Então, agora estou vestindo o adulto. Não há


dinheiro suficiente que pague isso.

— Você sabe como a folha de pagamento pode ser.

Eu seguro seu pulso, resistindo à vontade de —


acidentalmente— empurrar a ponta da abotoadura numa
artéria. — Os pedidos de horas extras são aprovados por
você.

— Honestamente, Abigail, você recebe um salário. Não


tem direito a horas extras. — Ele tira uma mecha de cabelo
inexistente de seus olhos.

Abigail. Abigail. Abigail.

E tenho certeza que o idiota sabe meu nome.

— Sr. Kane. — Eu respiro profundamente e deixo sair


devagar. — Meu contrato é de trinta e oito horas por semana.
Sendo conservadora, eu trabalho setenta. As horas extras
devem ser pagas no valor de uma hora e um quarto de hora,
exceto nos feriados e domingos. — Dou um aperto no pulso
dele. — Que é o dobro do tempo.

Ele puxa o pulso e pega o botão do punho, abotoando


sozinho.

— Como você pode possivelmente esperar seguir adiante


com esse comportamento?

An? Oi?

Sr. Kane, na verdade, fazer algo espontaneamente


nunca é um bom sinal para mim.

— Estou começando a pensar que você não aprecia seu


trabalho.

Minha barriga gela. Este emprego historicamente


manteve um tempo de vida muito curto. Até agora, sobrevivi a
todos os assistentes executivos anteriores. Mas eu também os
suportei.
— Aprecio muito o meu trabalho. — Pego o smoking do
cabide e seguro-o. — Assim como eu tenho certeza de que
você aprecia os extras, eu constantemente me esforço para...

— Abigail. — Ele veste o smoking. — Há hora e lugar


para essas conversas. — Ele recua, apertando o botão da
frente. — Neste momento, tenho assuntos importantes para
tratar. — Ele me encara no espelho e levanta uma
sobrancelha. — Num domingo…

Eu engulo em cima da pedra na minha garganta. Certo.


Ele está prestes a ir para um jantar pago pela empresa que
provavelmente custou mais do que os meses das minhas
horas extras.

O celular dele vibra.

— É a minha limusine. — Ele guarda o celular. — Tente


não ficar de mau humor.

Me controlo para não revirar os olhos.

— Ah, e antes de você trancar, pegue as notas no


gravador no meu escritório. — Ele para na porta mais
próxima. — Elas precisam ser transcritas para a reunião de
9h de segunda-feira.

Eu suprimo um gemido. Para amanhã de manhã, e ele


as dá para mim agora...

Que. Vida. De. Merda.

O atendente do drive-thru me entrega uma sacola.


— Obrigada. — Eu forço um sorriso e coloco a comida
no banco do passageiro.

Entro no espaço livre mais próximo e abro a sacola.

Dou um suspiro e olho através do para-brisa para o


tráfego na rua à frente.

A fome que era uma cãibra antes agora é um incêndio


incontrolável e eu sei que não há hambúrguer na terra para
saciá-la.

Esta é minha vida agora.

Meu peito aperta e eu sacudo meus ombros.

Eu escolhi esta vida.

Essa foi a minha escolha. A escolha certa. A única


escolha.

A única escolha que eu merecia.

Minha visão escurece e por um momento aquela outra


vida paira como um fantasma. Sinto na pele. O sabor do
pecado na minha língua.

O perigo no meu sangue.

Eu suspiro e fecho a sacola. Agito-me novamente. Pisco.

Meu celular toca. Eu tremo. O Sr. Kane não estaria me


enviando mensagem agora, estaria? São dez da noite!

Eu olho para a tela.

Kelly: Você comeu algo o dia todo?


Um bufo sopra do meu nariz. Dada a largura dos meus
quadris, isso não é uma preocupação que alguém que não me
conhecesse teria.

Eu olho para a sacola de comida.

Eu: Acabei de comprar um hambúrguer.

Meu celular toca quase imediatamente.

Kelly: Saia desse maldito trabalho.

Exalo. Se o meu patrão pagasse as horas extras que me


deve talvez eu pudesse sair. Eu pagaria as dívidas de cartão
de crédito que acumulei quando tive que pagar por coisas
como a conta de luz sozinha.

Eu: Estou tentando.

Saio das mensagens e meu polegar parece quase


escorregar para as chamadas perdidas.

Olho para o número em vermelho.

Em vermelho.

Vermelho, como sublinhado.

Vermelho, como algo importante que esqueci de fazer.

Meu coração acelera.

Mike. De repente, minha boca enche d’água. Minha


barriga se contorce.

Os pulmões coçam como se houvesse algum hábito pelo


qual meu peito dói.

Mordo meu lábio. Eu saio do carro, meu dedo já entra


na internet pesquisando o que eu preciso.
Encaro o motor.

Partes de mim que eu não sabia que ainda existiam,


voltam correndo.

MIKE
Sinto o sangue em minhas orelhas, silenciando as
enganosas palavras mentirosas dela.

Eu examino o motor.

Ela mexeu nele.

O baque do meu pulso bate como um tambor. É apenas


o fato de estarmos num estacionamento público que me
impede de fodê-la como um selvagem.

Verifiquei esse capô hoje cedo. Ela soltou uma vela de


ignição.

Para me fazer vir até ela.

Olho a cima e observo-a.

Seus braços se dobram sobre o peito, esmagando


aqueles seios deliciosos.

Bem, ela conseguiu o que queria – eu vim.

— Receio que tenhamos um problema.

Ela cambaleia um passo para trás.


— Um problema?

Se meus lábios não estivessem zumbindo com o desejo


enlouquecedor de prová-la, eu sorriria. Ela acha que vou sair
de seu jogo sorrateiro?

Não, ainda está divertido demais.

— É a transmissão. — Eu limpo a mão no jeans. — Acho


que está com problema.

Ela pisca.

— Oh.

Oh. Meu peito se expande, mas me controlo. Eu me


lembro de seus doces oh.

— Realmente, tem certeza que é a transmissão? — Ela


enfia o cabelo atrás da orelha, a voz trêmula.

— Positivo. — Abaixo o capô que ao fechar faz um


baque.

Ela se assusta, mas me encara.

Está na cara. Ela sabe, assim como eu sei, que não há


nada de errado com a transmissão.

Seu peito sobe e desce, e eu sinto o momento antes de


ela falar como um martelo no meu coração.

— O que vai me custar?

Minha coragem surge. Custa para ela? Tudo. Chego


mais perto. Tudo. Tudo. Ela balança, mas se mantém firme.

Eu vou até ela. Minhas botas parecem fazer muito


barulho.
— Quatro mil e quinhentos a transmissão. Além disso,
mais pelo trabalho.

Eu paro perto o suficiente para vê-la na luz da noite.

Suas narinas tremulam – ela está toda corada e


brilhante no ar gelado da noite.

Ela pisca. Meu deus, esses olhos. O que eu fiz todos


esses anos sem eles?

Grandes olhos castanhos com cílios grossos escondendo


o que eu fui o primeiro a conhecer. Olhos inocentes, uma
garota com fome de humilhação e querendo um gostinho de
dor.

Ela sente falta disso?

Deve sentir, porque parece agora. Olha o que ela fez.


Meu peito quase se abre. Eu sei exatamente o que fazer com
ela.

— Eu não posso pagar isso. — Ela se abraça.

Encaro-a, incapaz de evitar dar um último passo mais


perto. Um último passo que faz com que eu me abaixe para
encará-la.

— Tenho certeza de que podemos dar um jeito.

— Oh. — Desta vez, sua boca fica aberta no final desse


gemido.

Eu me inclino e sinto o cheiro de seu xampu. Minha


barriga aperta.

— Estou morrendo de fome.


Seu suspiro aumenta o calor na minha barriga. Estou
completamente faminto.

— Quer que eu pegue um hambúrguer para você? —


Sua voz está trêmula.

Talvez se eu fosse algum outro homem, se não a


conhecesse, eu pensaria que ela estava com medo.

Mas não ela. Essa garota está pegando fogo pelas


implicações vulgares. Esse tremor é a onda de fogo.

Eu olho para ela, preciso canibalizar pensamentos


racionais. Aqueles seios sobem com a respiração pesada. Ela
é muito gostosa.

— Estou com fome de boceta.

O pulso dela range. Eu praticamente posso ouvir seu


coração batendo daqui.

— Oh. — Ela geme.

Meus dentes rangem. Em breve vou dar-lhe algo para


gemer esse oh.

— Você pode me pagar em dinheiro. — Minha voz fica


rouca, abaixo meu rosto no ouvido dela.

— Ou você pode me pagar com boceta, mas de um jeito


ou de outro você vai pagar.

Desta vez ela não fica nem engasgada, mas noto seu
gemido rouco.

— Certo.

Que fácil.
Espertinha, pode muito bem ter planejado isso o tempo
todo.

Respiro profundamente. Me afasto e abro a porta da


minha caminhonete.

Ela entra. Puta merda. Sua saia fica muito colada na


bunda roliça.

Gabriella está me matando.

Quase parando meu coração.

Ela senta no outro lado.

— Para onde vamos?

— Vamos? — Entro depois dela, fechando a porta. —


Não vamos a lugar algum.

Seus olhos se arregalam e ficam aterrorizados. Bom. Eu


vou comê-la inteira.

— Aqui? — Ela engole.

— Sim, bem aqui. — Meu corpo está tão tenso, perto de


romper. Mas é ela, minha linda safadinha, que ama esse
constrangimento. — Cadê a boceta?

Ela esfrega as mãos nos joelhos.

— Bom. — Eu pego o cós da sua saia e puxo seus


quadris para mais perto, depois abro o botão de cima.

Seu peito treme e os seios latejam. Tiro a saia e o pedaço


de algodão que ela chama de calcinha. Meu corpo esquenta.
Minha nossa ela ganhou corpo ao longo dos anos. A pele
sendo revelada foi feita para afundar os dentes.
Tiro a roupa dela até os tornozelos. Eu pego no sapato,
depois paro com o olhar em seu rosto avermelhado.

Não, eu deixo os sapatos. Deixo as roupas assim, presas


nos tornozelos e levanto seus pés.

Ela grita.

O som penetra na minha alma. Suas mãos voam, uma


pressionando contra o couro ao lado e a outra batendo no
banco da frente.

Os joelhos encostam em seu peito.

Puta merda.

Sua fenda está brilhante, quase pingando. O cheiro de


sua deliciosa vergonha é saboroso.

Eu seguro suas pernas para cima com uma mão e


alcanço a boceta com a outra. Suas coxas se apertam.

— É melhor você me deixar continuar.

Sua respiração estremeceu na parte de trás da


caminhonete. Ela abre as coxas. Esfrego minha mão na sua
boceta.

Ela se empurra. O clitóris já está completamente


inchado.

Eu esfrego o clitóris ganancioso. Seu gemido se esvai


entre os lábios. Garota safada. O que a ofende é o que a
excita.

Seus quadris se levantam e a excitação dela encharca


minha mão.
Enfio dois dedos dentro dela.

— Ohhh... — Ela geme.

Está certo. É assim que você deve dizer oh.

Eu esfrego seu clitóris com a mão livre e mergulho meus


dedos profundamente. Seus joelhos se apertam mais ao peito.

Você está vendo? Quão safada ela é por isso.

— Tenha cuidado. — Removi meus dedos depois


empurrei-os de volta com força. Sua carne molhada se agarra
a eles. — Se você gozar com os meus dedos e estragar minha
diversão, vou ter que fazer você gozar com a minha boca uma
segunda vez, e isso vai levar o dobro do tempo. — Me
aproximo mais, precisando dar uma melhor olhada nela. — O
dobro do tempo, bem aqui na parte de trás da minha
caminhonete num estacionamento público.

Ela prende a respiração.

Eu enfio os dedos mais rápido.

— Pagando-me com boceta, como uma prostituta.

Penetro-a com meus dedos. Ela torna tão fácil encontrar


o ponto ideal com os joelhos levantados como uma boa
menina.

Gabriella solta um gemido, então todo o seu corpo


treme. Me movo mais rápido. Sua boceta fica apertada contra
os meus dedos. Ela se contrai, pressionando meus dedos.

A fome explode em minhas entranhas.

Ela encharcou minha mão.


Porra.

Ela se contorce. Eu a deixei gozar. É melhor Gabriella se


recuperar rapidamente, porque esperarei essa reação
novamente.

GABRIELLA
OH. Meu. Deus.

Eu suspiro, minha boceta inteira pulsando com


tremores secundários.

Ele retira a mão dentre as minhas pernas e acaricia a


parte externa da minha coxa. Meu pulso está disparado com
o ritmo acelerado no meu sangue.

Ele tira um dos meus sapatos, depois o outro e tira a


saia.

Meu olhar dispara pela janela.

Oh senhor.

Qualquer um poderia passar e nos ver.

Uma centelha de algo queima dentro de mim. Uma


brasa que pensei ter morrido. Ele separa meus joelhos e
enterra o rosto entre as minhas pernas. Sua barba esfrega
minhas coxas e em cima de mim, como se ele estivesse
marcando.
Minha pele se arrepia, pelos subindo pelo meu corpo.

Seguro o cabelo dele.

Ele me lambe profundamente, arrastando a língua até


minha boceta. O formigamento se transforma em um arrepio
profundo. Ele fecha a boca sobre meu clitóris inchado. A
tensão explode no meu sexo.

O ar foge dos meus pulmões.

Prazer explode sobre a minha pele. Aperto seu cabelo.


Ele me come como uma refeição.

Agarra minha bunda, pressionando minha boceta contra


o rosto.

Cubro minha boca para abafar um grito crescente.

Ele não para. Chupa meu clitóris e olha para mim. Seus
olhos fixos no meu rosto enquanto ele me devora. Meus
músculos abdominais se contraem. Arqueio com seu toque,
sua boca, sua fome.

Puta merda.

Barulhos de sua boca são ouvidos dentro do carro.


Minhas coxas apertam sua cabeça.

Minha visão estilhaça e entro em erupção.

Espasmos contraem meus membros. Meus dedos se


enroscam em seus cabelos e o prazer continua chegando.

Meus joelhos tremem.

Tudo fica mais lento, mas sua boca continua fazendo


mágica.
Minhas coxas apertam mais.

Vozes zumbem do lado de fora. Eu vislumbro um


transeunte. Se ele virar a cabeça, estará olhando diretamente
para mim...

Prendo a respiração e gozo novamente.

Estou acabada. Meu corpo está como se eu tivesse


tentado nadar contra a maré e perdido a luta.

Mike entrega minhas roupas.

Convoco a força para avançar e alcançá-las. Meus dedos


se fecham ao redor do tecido e eu congelo.

Seus olhos estão uma tempestade. Turbulentos. Seu


olhar trovejando.

Eu sinto como se a camada da minha pele tivesse sido


descoberta e o que está por baixo fosse novo e fresco.

Mas completamente cru.

Aquele olhar...

Meu coração dispara antes de parar.

Não!

Meus pulmões não vão funcionar. Não. Não. Não. Está


escuro, mas lembro da cor daqueles olhos desta manhã. Um
tom de avelã que eu teria reconhecido se não estivesse
disposta a esquecer.

Não pode ser.


Eu engulo e visto a calcinha, mas não consigo controlar
o tremor das minhas mãos.

Não pode ser. Mike. Tipo de Michael...

Ele ainda olha para mim e passa a mão pela barba. Não,
não pode ser. Eu me lembro do rosto do Michael. O contorno
de sua mandíbula...

Fecho o botão da saia e pego meus sapatos.

Mas posso imaginar o queixo agora que o vi em minha


mente. Bem debaixo daquela barba.

— Estamos acertados? — Minha voz sai muito fina,


exatamente como me sinto.

— Parece que sim. — Ele se inclina para trás e seu olhar


perde a intensidade - uma sombra sobre a tempestade. —
Princesa.

Princesa.

Um tremor toma conta do meu corpo e alma. Fecho


meus olhos.

— Minha princesinha safada. — Abro os olhos e vejo-o.


Minha visão o absorve. Forte. Rude. Safado. Não o
adolescente que eu conheci. Eu deveria ter adivinhado que o
imponente garoto de dezenove anos que eu lembrava ficaria
mais forte. Todos esses anos lembrei da imagem de um garoto
com tanta força que não pude ver o homem quando ele
chegou.

Porra. Não consigo respirar. Porra. Seguro meu peito.

— Gabriella? — Ele me chama.


A adrenalina dispara através de mim. Eu dou um pulo
para a porta e saiu fora, a chave batendo na ignição do meu
carro em dois segundos.

— Gabriella...

O grito chamando meu nome está ao meu redor, mas


minha cabeça está tão agitada que não sei dizer se estou
ouvindo o aqui e agora.

Ou algum pesadelo do passado.


CAPÍTULO

4
GABRIELLA
— Abagail.

Eu desperto. Linhas e linhas de símbolos pretos sem


sentido entram em foco.

— Abagail.

Eu limpo minha garganta e olho para o meu chefe.


Servilmente eu respondo a ―Abagail‖ apesar do meu
verdadeiro nome estar claramente exibido na placa na minha
frente.

— Sim, Sr. Kane.

Suas narinas tremulam e eu aperto meu queixo.

— Minha paciência com você está acabando hoje.

A paciência dele? Sério. A minha está num ponto de


ruptura.

— Onde está o meu...


— Na sua mesa. — Meus dedos apertam o mouse do
computador.

Seus olhos se arregalam.

— Eu nem terminei a pergunta...

Solto o mouse e me inclino para trás na cadeira. Todo o


sangue parece estar correndo para a superfície da minha
pele.

— Porque o que quer que você queira, está na sua mesa,


Sr. Kane. Assim como está todas as vezes.

Ele pisca como se eu tivesse acabado de falar alguma


coisa sem sentido.

Meus lábios tremem. Estou enlouquecendo.

Ele ajusta a gravata com um puxão forte.

— Você e eu vamos ter uma conversa quando eu voltar


desta reunião.

Seus passos barulhentos se afastam.

Meus punhos se apertam em cima da mesa e fecho os


olhos, relaxando meu pescoço. Serei demitida hoje. Inspiro
profundamente.

Sinto um cheiro ao inspirar.

Meus olhos se abrem.

Não.

Ele está lá. Tão grande e perverso e barbado quanto


ontem, mas agora... mas agora, não é apenas atração
impulsionando meus batimentos à loucura. Há saudade e dor
muito profundas, dificilmente há espaço dentro de mim para
respirar novamente.

— Como você entrou aqui?

— Eu disse à recepcionista que sou seu mecânico e que


estou aqui para levar seu carro. — Ele se aproxima da minha
mesa.

Levanto da cadeira e permaneço atrás da mesa.

— Você não deveria estar aqui.

— Por que não? — Ele avança.

— É aqui que eu trabalho. — Estou um pouco confusa.


Como ele me encontrou aqui?

Ele dá outro passo e meu coração dá um estalo. Dou a


volta na mesa e corro para o corredor e abro a porta do
banheiro feminino.

Fecho a porta e a fechadura. Uma força oponente


empurra de volta. Jogo meu peso na porta, mas desliza, meus
sapatos escorregam nos ladrilhos.

Então ele entra.

O som da fechadura entrando no trinco ecoa nos meus


ossos.

Não há como escapar dele agora.

MIKE
Me viro para ela.

Não estamos mais fingindo. Ela sabe exatamente quem


eu sou. Vi no momento em que ela percebeu.

Seu horror acabou comigo – quase me rasgou em


pedaços.

— Você não deveria estar aqui. — Ela agarra os lados da


cabeça. — Você não deveria...

— Por quê? — Ando atrás dela.

Ela recua contra a parede. Porra. Ela é a coisa mais sexy


que já existiu. Aquele cabelo e aqueles olhos expressivos.

Suas mãos caem para os lados.

Ela geme. Um gemido suave de mágoa que é pior do que


qualquer tortura que qualquer homem possa me infligir.

— É muito perigoso.

— Ele se foi, Gabriella. — Elimino o espaço entre nós.

O padrasto dela morreu há cinco anos.

Minha mão quase se move para o lado da minha cabeça,


mas eu paro. A cicatriz está escondida pelo cabelo, mas a
lembrança está sempre comigo.

A cicatriz de onde tiveram que abrir minha cabeça para


tratar o coágulo de sangue que se formou onde o golpe de
Jeramiah pousou em minha têmpora.

— Ele quase te matou. — Ela se espreme contra a


parede de azulejos. — Por minha causa.
Minha mente relembra. Vívido e pulsante. De comer
essa garota na sala de trabalho do padrasto dela. Meu cinto
envolta de sua garganta. Não apertado, apenas o suficiente
para excitá-la.

Exatamente como ela pediu.

Eu a alcanço, me abaixo e sussurro.

— Eu estou vivo.

Seu peito arfa. Olhos em pânico. Ela não tem mais medo
de Jeramiah.

Ela tem medo dela. Das coisas terríveis que ela é capaz.

De como eu posso dar-lhe todas essas coisas.

No passado ela escapava e atravessava a rua para


rastejar pela minha janela todas as noites. Noites quando ela
contou seus segredos tão docemente que não havia nada que
ela pudesse revelar, nada sombrio o suficiente, que eu não
me colocasse no fogo para realizar.

— Eu conheço você. — Pego um punhado de seu cabelo.


Peguei leve com ela ontem. Hoje não. — Me lembro da garota
obscena que você é.

— Estou no trabalho. — Sua respiração estremece.

— Você costumava gostar disso.

— Eu preciso deste trabalho. — Seu peito treme, mas o


olhar está preso no meu, o queixo subindo.

— Precisa? — A encaro.
Alguém teria dito a ela que Jeramiah deixou tudo para
ela. Se ela tivesse coragem de voltar para casa, tudo seria
dela.

O velho idiota devia ter consciência afinal.

— Não posso... — Ela treme.

Afasto sua cabeça para trás bruscamente. Seu pescoço


expõe.

— Por quê?

— Porque todo mundo sabe... — Ela sussurra.

Me pressiono contra ela. Ela é tão suave que minha


dureza fica mais dura. Tão doce que minha fome fica mais
profunda. Tão desesperado que minha necessidade aumenta
de forma mais violenta.

Eu poderia nos quebrar em pedaços, e não seria


destrutivo o suficiente para satisfazer essa dor.

Eu sei o que ela quer dizer. Não que eles soubessem


sobre nós. Mas eles sabiam o que estávamos fazendo.

Coisas imorais.

Tudo veio à tona quando acabei em coma.

— Então venha para casa comigo. — Respiro com ela, e


não consigo controlar outra respiração. Encaro seu rosto.
Analiso sua expressão. Espero para saber como ela se sente.
Gabriella é frágil em minhas mãos, mas essa garota pode me
esmagar com uma palavra.
Gabriella franziu a testa, confusa sobre como voltar para
casa ajudaria em algo. Mas eu sei.

— E o que?

Sorrio para ela, depois abro a mão e agarro a bainha de


sua saia recatada.

— E seja sem vergonha.

Seus olhos se incendeiam e vejo o sonho em seu olhar.


O anseio de ser ela mesma. Mas ... Gabriella não vai.

Ainda.

Vou ter que lembrá-la de como isso realmente pode ser.


Puxo sua saia e solto um grunhido.

— Sem calcinha... — Eu puxo o cabelo dela com mais


força e seguro sua boceta. — Você é realmente uma
vadiazinha.

Ela respira fundo com o tratamento favorito;

Gabriella se aproxima, enrolando os dedos na minha


camisa.

A encosto na parede e beijo sua boca doce com cada


desejo, cada gota de tesão que eu guardei – e enfio meus
dedos em sua boceta, capturando seu grito.

O calor dela embebe meus dedos.

Minha garota safada e fogosa.

Perco o controle. Abro e zíper e então a levanto e volto


para casa. Depois de todos esses anos, de volta aonde eu
deveria estar.
Ela se agarra a mim, dentes afundando no meu ombro,
arranhando minhas costas.

Gabriella é um pequeno animal feroz.

A trato da mesma maneira – como uma criatura


selvagem. Meu pau penetrando sua boceta encharcada. Me
entregando e fazendo-a minha, ela nunca vai se livrar de mim
novamente.

A dor de sua mordida faz minhas bolas apertarem, e


meu pau endurece. Ela sabe como me excitar também.

Sua boceta começa a apertar. Seguro sua garganta,


apertando apenas os lados do seu pescoço, e a como contra a
parede.

Meu peito explode com adrenalina e prazer.

Ela goza, e eu a beijo duramente, segurando meus


gritos. Ela se contorce e treme.

Sua boceta aperta e absorve minha última gota de


controle. Solto sua garganta e a felicidade inunda minha
alma.

Gozo dentro dela, dura e profundamente.

Nós desmoronamos. Me apoio com uma mão na parede


e a seguro com a outra.

Ela apoia a testa na minha lentamente.

Estou tão fraco quanto um bebê e vulnerável como um


cordeiro.

Minha garota...
CAPÍTULO

5
GABRIELLA
Eu reaplico o batom sentada à mesa.

— Você está pronta para aquela conversa?

Eu olho para o Sr. Kane e abro a segunda gaveta da


mesa. — Com certeza estou.

Ele se surpreende com a minha confiança.

Incomum eu sei.

Mas encontrei algo que perdi hoje.

Eu me encontrei.

O eu que enterrei debaixo de uma década de vergonha.


Perdido sob o peso das consequências das minhas ações.

Sim, foi minha culpa eu querer ser fodida na sala de


trabalho de Jeramiah, onde Michael estava aprendendo.

Tudo em mim jamais se excitou do modo como se


excitava bem debaixo do seu nariz estrito e crítico.

Mas já me castiguei o suficiente.


Eu sigo o Sr. Kane para seu escritório e fecho a porta.

— Abigail...

— Gabriella. — Eu sorrio e o encaro do outro lado de


sua mesa. — O que você sabe bem.

Ele se senta, quase errando o lugar.

— O que está acontecendo com você hoje?

— Tudo. — Eu sorrio mais, abro o arquivo, e retiro a


papelada. — Eu apreciaria se você pudesse por favor assinar
minhas horas extras.

Seus olhos se estreitam.

— Deixe na minha mesa e eu vou olhar quando tiver


tempo.

Apoio a mão na mesa de madeira e pego o tinteiro da


caneta dele, derramando a tinta que é seu instrumento de
escrita preferido.

— Será melhor para todos se você fizer isso agora.

Aponto para os papeis e seguro a caneta.

Ele olha para a caneta e depois para mim.

— Você deveria começar a arrumar suas coisas. Está


demitida.

— Vamos apenas dizer que eu me demito.

— Coloco a caneta na frente dele, e depois os papeis. —


Assim como eu vou dizer nada sobre isso...

Eu pego a documentação restante da pasta e a


apresento para ele.
Ele pega os papéis e depois afunda na cadeira.

A mandíbula dele pulsa e seus olhos se arregalam tanto


que as órbitas incham.

Honestamente, eu praticamente limpei a bunda dele


todo esse tempo. Ele achou que eu não notaria o desfalque?

Sr. Kane me encara.

— Isso é extorsão.

— Não, extorsão seria se eu pedisse algo que não era


meu direito.

Fico de pé e ergo os ombros.

Ele me encara mais um pouco e solta uma exclamação,


depois pega a caneta e assina bruscamente.

— Obrigada. — Sorrio novamente e pego a papelada.


Vou levar para o RH com toda certeza. — Bom dia, Sr. Kane.

Eu aceno e saio de seu escritório para sempre.

Estaciono próximo ao meio-fio com uma mão trêmula. É


estar em mar aberto e não saber nadar estar aqui. Meu
antigo lar ou moradia em vez disso, de um lado – e a casa de
Michael, meu santuário, do outro.

Respiro profundamente.

Sim, é como estar em mar aberto, e sentir como se a


qualquer momento fosse me afogar.

E me derrubar.
Fecho meus olhos, depois os abro. Mas um desses
lugares é apenas uma casa agora.

Vazia.

Retiro o envelope da bolsa e abro-o, depois pego a chave


na palma da mão. Está fria e cheira a metal.

Está esperando escondida no fundo do meu guarda-


roupa há três anos. E eu ainda estou muito chocada por
Jeramiah ter deixado para uma pecadora como eu todas as
suas posses terrenas.

Mas ele já me chocou antes. Como quando me criou


depois que minha mãe morreu.

Eu tinha certeza que iria para um abrigo3.

Saio do carro e caminho até a calçada em frente à casa e


giro a chave na mão. Merda. Minha negligência está evidente.
A tinta descascada da madeira como pele morta, e há um
abandono cinzento pairando sobre o lugar como uma nuvem.

Não preciso entrar.

Eu olho para a janela que costumava ser minha. Está


quase perdida atrás de galhos agora. Meu peito aperta. Passei
muito tempo ajoelhada no sal, orando por absolvição naquela
janela.

Não que qualquer quantidade de oração parecesse


convencer Jeramiah que eu era boa o suficiente.

Um sorriso surge no meu rosto.

Mas eu nunca fui boa mesmo.


3 Onde os órfãos ficam nos EUA.
Passei mais tempo do que jamais passei rezando,
subindo pela janela, descendo por aquela árvore e me
esgueirando pela rua.

— Estive imaginando quando a nossa vizinha voltaria


para casa. — A voz estrondosa e rica estremece minha
espinha e arrepia minha nuca.

— Isso não é minha casa. — Eu giro e a visão dele –


agora é um retorno digno. Minhas mãos querem agarrar sua
camisa e minha cabeça enterrar em seu peito. — Estou
vendendo.

Ele franze os lábios e passa a mão na barba.

— Ah, é?

— É. — Tiro o cabelo do meu rosto. — Espero que


derrubem e construam duas casas.

Michael abaixa a mão e sei que ele está a dois segundos


de me agarrar. Quando ele saiu do meu trabalho hoje, foi com
um aviso de que não desistiria. Ele tentaria várias vezes até
eu desistir.

Eu apenas evitei que ele se desse ao trabalho.

— Mas... — Eu finalmente cedi à vontade e pousei a mão


em seu peito. — Sempre fui parcial sobre o lugar no outro
lado da rua.

Ele segura meus braços. Seu peito sob a palma da


minha mão. — Então você está com sorte.

Eu ri.

— Estou.
— É melhor você ter trazido suas coisas ou vai estar
repetindo essas roupas por um bom tempo. — Ele me puxa
para mais perto, olhando-me atentamente antes de me jogar
por cima do ombro e me levar para casa.
EPÍLOGO
MIKE
Um ano depois
Minha safadinha está brincando de ser fujona agora.

Eu tiro meu cinto.

O grito dela ecoa pela sala. Ela volta para trás das
cortinas. Vou atrás dela.

Não há lugar onde ela possa ir para escapar de mim.

Gabriella é minha agora.

Para toda a vida, vou pegá-la e dar-lhe o lembrete que


ela precisa.

Gabriella se enrola com a cortina.

Seu cabelo molhado escorre pelos ombros com pingos de


água que eu planejo lamber.

Já a tirei do chuveiro.

Puxo a cortina de seu alcance.

— Não. Não. Não. — Ela choraminga. Gabriella acha tão


embaraçoso estar nua enquanto eu ainda estou vestido.

É por isso que fodê-la no banheiro desse jeito é a minha


coisa favorita.
A luxuria está fazendo zumbir meus ouvidos, e tudo que
eu posso ouvir é minha, minha, minha.

A puxo para longe da janela pelo seu cabelo gotejante, e


levo um tempo olhando para sua linda nudez.

— Você nem se incomodou em se enxugar?

Ela prende a respiração, mas não responde.

— Você gosta de ficar molhada? — Puxo seu cabelo


suavemente, arqueando o pescoço, inclinando seu peito para
mim. Os mamilos estão enrugados. A pele úmida toda
arrepiada.

Solto uma exclamação e cuspo nela.

Gabriella grita e se sacode como se estivesse


machucada. Minha saliva se junta a água escorrendo entre
seus seios.

— Ainda gosta de ficar molhada?

— Não. — Ela geme.

O som desesperado de sua voz me arruína. Não.


Pequena mentirosa. É humilhante ser cuspida.

— Aposto que você está molhada em todos os lugares. —


A levo para a cama e coloco-a de quatro, tomando um
cuidado especial para não machucar sua barriga. Está
apenas começando a aparecer, mas minha garota carrega
uma carga preciosa. Como ela, eu protejo e prezo com a
minha vida.
Puxo seus braços para trás e envolvo meu cinto em seus
pulsos. Há um buraco extra no cinto exatamente para esse
propósito.

Sua bunda carnuda também está arrepiada.

Passo a mão em um lado. Sua pele deve ser


especialmente sensível enrugada assim. Ela treme, com o
rosto pressionado na colcha.

Dou-lhe um tapa forte. O som é agudo como um chicote,


se prolonga.

Gabriella grita. Sua pele fica vermelha com uma mancha


rosa na forma da minha mão.

— Você precisa ser amordaçada, princesa?

Ela balança a cabeça, seus olhos já lacrimejando


lindamente para mim.

A arrasto para cima da cama e a deito de costas, nem


mesmo me incomodando em tirar meus sapatos.

Abro as suas coxas. Ela resiste e, por isso, ganha outro


tapa.

Desta vez, Gabriella morde os lábios e abafa o som.

Boa menina.

Ela será recompensada por isso.

Toco sua boceta. Ela está molhada como sabia que


estaria. Enfio dois dedos, empurrando com força.

Seus quadris se levantam. Gemidos sensuais saem de


sua boca. Meu pau fica duro.
Encontro seu ponto G e exploro.

Do jeito que ela já está me apertando, vai gozar. Mas


quero esse privilégio no meu pau.

Abro minhas calças, depois afundo entre suas coxas.

Seu corpo requintado recebe o meu peso com tanta


perfeição, mesmo que eu não a penetre do jeito que
costumava fazer.

Gabriella é tão flexível que poderia comê-la e só ela, em


cada refeição, pelo resto da vida e nunca morrer de fome.

Empurro meu pau em sua boceta. Ela se contorce, mas


não choraminga do jeito que quer. Empurro inteiro. Ela
aceita tudo, seus suspiros ficando mais rápidos. O aperto
quente e úmido de sua vagina me agarra, e um tremor toma
conta de mim.

Sou o único quase desamparado aqui.

Estou tão profundamente nela.

Ela está muito molhada.

Puxo para fora, depois empurro de volta. Sua excitação


me cobre até minhas bolas. Seus olhos se fecham, o prazer
visível no rosto. Rosno e dou outro impulso. A tensão se
acumula em mim. Me movo mais rápido, fodendo-a com força
suficiente para sacudir a cama. Uma pintura balança na
parede.

A boceta dela aperta. Gabriella está prestes a gozar.


Safadinha tarada. Eu me inclino entre as coxas abertas dela.
A pele brilhante e avermelhada se estica até o máximo, me
sugando. Sua excitação molha a mim e suas coxas. Penetro
com força e esfrego seu clitóris.

Ela me aperta. Suas pernas se contorcem e tremem. Os


gemidos abafados parecem miados. Sua satisfação cobre meu
pau. Penetro mais forte. O prazer me avassala.

Fico em êxtase, o prazer se espalha pela minha medula.


Meu gozo sai de dentro de mim e eu afundo mais nela. O
mais fundo que consigo. Como se eu pudesse engravidá-la
uma segunda vez. Sua boceta continua tendo espasmos,
tirando todo meu esperma de mim.

Dou-lhe tudo. Tudo o que sou. E tudo que eu já fui.

— Eu te amo. — Gabriella sussurra.

— Eu também te amo, princesa. — Dou-lhe tudo. Tudo.


Tudo.

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