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(DE) - Amy Rose Bennett - Highland Rogue 01
(DE) - Amy Rose Bennett - Highland Rogue 01
STRATHBURN
Highland Rogue 1
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Outubro de 1756
Castelo Lochrose, Strathspey, Escócia
***
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Quando Simon ouviu a porta fechar-se, ele sentou-se
perto da janela e abriu as cortinas, sua ereção pressionando
dolorosamente suas calças. As criadas não acenderiam a
lareira e as velas por, pelo menos, uma ou duas horas, então
ele poderia ficar sem ser incomodado.
Ele pensou que mataria a sua luxúria na jovem ruiva
que encontrou nos campos, na estrada rural e solitária perto
de Netly Bridge ontem à tarde, que diminuiria seu desejo por
Jessie, mas só fizera a dor em sua virilha ficar pior,
especialmente ao recordar como a moça lutou até que ele a
desacordou. Ele gostava quando elas resistiam. Não duvidava
que a toda importante Jessie Munroe tentaria resistir a ele
também.
A pulsação em sua virilha agora era mais urgente.
Rapidamente desabotoou a parte da frente de sua calça de
veludo preta e fechou os olhos. Quando a umidade de sua
liberação se espalhou em seu lenço de seda, ele deu de
ombros e sorriu com uma mistura de satisfação e expectativa.
Afortunadamente, o pai de Jessie partiria amanhã para
coletar os aluguéis e inspecionar toda a propriedade de
Strathburn antes da chegada do inverno. Finalmente a sua
linda Jezebel estaria sozinha. Ele conseguiria fazer tudo o que
desejava.
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Sangue.
Havia sangue em sua mão e uma dor excruciante, como
fogo, em seu braço esquerdo. Jessie olhava para a mancha
vermelha brilhante em sua mão e em seus dedos sem
compreender por um momento antes que o pânico em sua
garganta subisse e roubasse o seu fôlego. Que raios?
O seu olhar se fixou no homem estranho inclinado sobre
ela. Não era Simon, Graças a Deus. Olhos azuis profundos a
fitavam diretamente, porém, embora tentasse, não conseguia
entender o que o homem dizia. Ela se sentia confusa, tonta,
como se sua cabeça tivesse sido empalhada. Isto devia ser
estar em choque...
Outro homem com o cabelo ruivo bagunçado
repentinamente apareceu em sua linha de visão. Ele passou
um frasco para o homem de olhos azuis.
— Aqui está, milorde.
Jessie engoliu em seco, tentando tragar ar suficiente
para falar.
— O que aconteceu? — Sua voz, quando emergiu, soou
rouca, estranha para os seus próprios ouvidos.
O homem de olhos azuis falou novamente e desta vez ela
compreendeu.
— Você foi uma vítima infeliz de um acidente de caça. —
Ele falou gentilmente com um leve traço de sotaque escocês.
— Seu braço esquerdo está ferido, mas não é grave.
Diante das palavras dele, a memória voltou. Havia uma
corça. E um ruído alto. Um tiro. Jessie tentou se sentar
novamente e ofegou quando uma onda quente de dor se
espalhou pelo braço tornando a simples ação quase
impossível. O movimento também a recordou de que seu
tornozelo estava torcido, embora, neste momento exato, o
palpitar daquele machucado fosse muito menor.
O homem pareceu perceber a sua luta. Ele a pegou com
gentileza pelos ombros e a ajudou a se sentar. Quando se
sentou, ele soltou as mãos, porém não se afastou.
— Você atirou em mim. — Sua voz saiu como um
sussurro irregular. Quando Jessie voltou a olhar para o
estranho, percebeu que ele vestia um manto marrom simples
e calças justas. Um mosquete pendia de seu ombro. Talvez
fosse um caçador. Um caçador ilegal…
O homem respirou fundo e passou a mão pelo rosto,
parecendo mais do que arrependido.
— Sim. — Ele admitiu, encontrando o seu olhar. — Sinto
muitíssimo. Meu companheiro e eu estávamos observando
uma corça. Ela estava no bosque com você e com esta
neblina... Bem, temo que estava perfeitamente camuflada. —
Sua boca carnuda se moveu em um meio sorriso triste. —
Obviamente não sou mais o bom atirador que costumava ser,
uma vez que estou perdendo corças e atirando em jovens
damas no lugar.
Apesar de ele ter atirado nela e ela não ter nenhum
motivo real para confiar no homem ou em seu acompanhante
de cabelos ruivos, Jessie sentiu que poderia ao menos
acreditar na sua palavra sobre o ocorrido. A explicação fazia
sentido. Ela recordava da corça. E deliberadamente vestira
cores que a esconderiam na paisagem outonal. Ele
provavelmente não a notara no meio da grama e das folhas
avermelhadas das árvores.
Mas e se a falsa fragilidade fosse mal interpretada? Ele
podia ter atirado nela por acidente, mas possuir arma de fogo
era ilegal para a maior parte dos highlanders. Então o que
diabos aquele homem fazia ali, observando corças nas terras
de Lorde Strathburn em primeiro lugar? Quem ele era?
Embora lhe garantisse que ela ficaria bem, uma
incerteza flutuou selvagemente em sua barriga. Estava
sozinha e ferida. Vulnerável ao extremo. Ela tentou assegurar
a si mesma que nem todo mundo era como Simon, um
predador frio e lascivo. No entanto, o senso comum ditava que
deveria pelo menos desconfiar deste homem e de seu
companheiro de caça.
Observou novamente o rosto do caçador. Ele estava
ajoelhado muito perto dela, seus olhos azuis a inspecionavam
constantemente, obviamente avaliando a sua reação ao que
acabara de contar. Um arrepio estranho correu a sua pele do
mesmo modo que o vento derrubava a grama e subitamente
lhe ocorreu que ele era bonito, apesar da aparência rústica.
Seu cabelo castanho, quase preto, estava amarrado e fora de
seu rosto, revelando uma mandíbula de ângulo forte
escurecido pelo começo de uma barba escura. Sobrancelhas
em forma de arcos, lábios bem formados… Ela não sabia dizer
o motivo, mas tinha a estranha sensação de que lhe parecia
vagamente familiar.
O estranho voltou a falar, sua agradável voz profunda
interrompeu a sua avaliação.
— Pode me dizer o seu nome, moça?
Ela considerou a pergunta e decidiu que não havia
motivos para não dividir a informação. Engoliu em seco. A
sua garganta ainda estava tão seca e apertada que mal
conseguia falar.
— Jessie… Jessie Munroe.
O homem percebeu a necessidade dela por uma bebida.
Imediatamente estendeu o frasco que o homem ruivo lhe dera.
— Apenas água. — Ele disse como se lhe garantisse que
não a machucaria.
Jessie o pegou com mãos trêmulas e bebeu o conteúdo
gratamente. A água fria desceu pela garganta, diminuindo a
secura.
— Obrigada. — Ela disse, devolvendo o frasco.
O homem de olhos azuis tomou um gole e depois
derramou um pouco de água sobre os dedos sujos de sangue.
Oh, Deus, era o sangue dela. Jessie engoliu uma repentina
onda de náusea.
O homem tapou o frasco e Jessie percebeu, agora que o
sangue se fora, que ele possuía mãos grandes e fortes e,
embora os nós dos dedos estivessem marcados, seus dedos
eram longos, quase elegantes, com unhas bem formadas.
Claramente não eram mãos de um arrendatário ou salteador
de gado. Pareciam mais com mãos de cavalheiro, talvez um
soldado. Embora as roupas simples e o rosto liso do homem
menosprezassem a posição de cavalheiro… Ele era um
enigma, para dizer o mínimo.
Ocorreu a Jessie que deveria perguntar ao estranho o
nome dele, mas quando começou a limpar a garganta para
perguntar, o homem falou novamente.
— Bem, Jessie. Você não se importa se eu a chamar pelo
primeiro nome, importa? Nós temos que ir a um lugar que nos
forneça um abrigo melhor. A noite cairá logo e parece que vai
chover. — Naquele exato momento, um som sinistro de um
trovão soou distante e uma rajada de vento jogou folhas
douradas e vermelhas sobre eles.
O homem de olhos azuis chamou o companheiro de
cabelos ruivos que estava parado no limite do bosque durante
todo este tempo, observando-os.
— Tobias, traga os cavalos.
— Sim, milorde. — Tobias respondeu à distância em um
distinto sotaque escocês antes de desaparecer no meio da
névoa.
O caçador voltou novamente para ela.
— Há uma cabana de caça velha e abandonada não
muito longe daqui que podemos usar.
Este homem não apenas estava caçando nas terras de
Lorde Strathburn como também parecia não se importar em
usar a cabana de caça do conde. Era uma infração para dizer
o mínimo. Jessie se perguntou como o estranho sabia da
existência dela.
A surpresa sobre o comentário dele sobre a cabana deve
ter sido evidente em seu rosto, pois ele lhe perguntou:
— Você sabe sobre ela?
Ela assentiu.
— Pertence ao Lorde Strathburn. Estas são as terras
dele.
O caçador não pareceu nem um pouco abalado com a
revelação dela.
— Bem, não há possibilidade de levá-la a qualquer outro
lugar diante do clima que está se formando. — Ele falou com
um sorriso torto, olhando as nuvens com um sorriso irônico.
— Tenho certeza de que, assim como eu, você prefere não
ficar lutando contra os elementos a noite toda.
Ele procurou e fixou o olhar no dela.
— Mas antes de irmos, Jessie, gostaria de dar uma
olhada mais de perto no seu braço ferido. Você perdeu um
pouco de sangue e a ferida talvez precise ser enfaixada. — Os
olhos dele agora tinham um brilho próximo a preocupação. —
Eu lhe asseguro, só tenho intenções honradas.
— Sim, certo. — Ela falou, preparando-se para a
avaliação dele. Supôs que se as intenções dele fossem
realmente desonrosas, já saberia, se quisesse tê-la, esta seria
a oportunidade perfeita. Além do mais, se realmente
pretendesse causar mais dano físico a ela, por que se
incomodaria em cuidar de seu braço?
O homem colocou o mosquete de lado, ainda sobre seus
joelhos, inclinou-se sobre ela. Ele estava muito perto. Ela
analisou o rosto dele porque não era capaz de olhar para a
sua ferida. As sobrancelhas arqueadas desceram em um
franzido enquanto ele gentilmente afastava a parte rasgada de
sua manga para checar a ferida sob ela. Diante dessa
proximidade, não pôde evitar notar outras coisas sobre ele. A
pele de sua garganta e abaixo da barba por fazer estava
bronzeada, como se passasse uma quantidade considerável
de tempo no sol. Notou um nariz longo e reto e maçãs do
rosto alta. Definitivamente bonito, decidiu. Um elegante
rufião.
Ele era um estranho sombrio e bonito que atirara nela e
agora a resgatava. Se não estivesse com tanta dor, sorriria
diante da ironia da situação.
— Jessie. — Ele falou com gentileza quando acabou a
sua inspeção. — Terei que cortar a sua túnica para fazer um
curativo para ajudar a parar o sangramento. E também terei
que cortar a sua manga, assim eu poderei enfaixar a ferida
corretamente. Ficará tudo bem? — Ele perguntou.
Ela assentiu fracamente. Realmente não tinha outra
escolha.
O caçador puxou um punhal de seu cinto e
cuidadosamente levantou a saia de lã e a anágua de cambraia
para expor a túnica. Usando o punhal, rapidamente cortou
um pedaço decente de tecido. Parte dela sabia que deveria se
incomodar, mas, ao mesmo tempo, ela estava cansada e com
muita dor para se preocupar com ele olhando as suas pernas
e arruinando as roupas.
Embora fosse muito gentil, ela não pôde evitar e ofegou
quando ele cortou a manga dela. Havia muito sangue, mas do
que pensara ter. Ela fechou os olhos, lutando contra uma
onda de náusea. Apertando os dentes, esforçou-se para não
desmaiar enquanto o homem enrolava com firmeza o curativo
ao redor de seu braço. O toque mais leve ou movimento
provocava choques agudos de dor. Quando o curativo foi
preso com segurança, Jessie estava tremendo e um brilho de
suor frio iluminava toda a sua pele.
O homem devolveu o punhal ao cinto.
— Você é uma mulher corajosa, Jessie Munroe. — Ele
disse, voltando o rosto para sua direção. Ela pensou ter visto
uma pitada de admiração no fundo dos olhos azuis.
Para sua irritação, ela sentiu as bochechas aquecerem
diante do escrutínio dele. Mas antes que pudesse reunir os
seus pensamentos confusos e responder, o caçador
prosseguiu, o tom caloroso de barítono de sua voz era tão
suave quanto uma carícia.
— Agora, não sei se notou, Jessie, mas você tem uma
lasca de madeira em sua têmpora que deve ser removida.
O olhar dele se moveu para a sua testa enquanto
lentamente levantava o cabelo do lado esquerdo do rosto dela.
Pela primeira vez Jessie notou que a sobrancelha estava
doendo. Ela levantou a mão direita e gentilmente sondou a
lasca, estremecendo um pouco. A testa estava pegajosa de
sangue.
O caçador cuidadosamente colocou o cabelo atrás de sua
orelha.
— Está na linha do seu cabelo e a ferida é superficial,
assim não ficará nenhuma cicatriz perceptível em seu
adorável rosto.
Ele me acha atraente? Provavelmente ele está brincando.
Embora ainda tremesse, Jessie sentiu suas bochechas
começarem a queimar diante de seu comentário.
— Suspeito que deva ser um pouquinho cego. — Ela
disse irregularmente com uma tentativa de sorriso. — Mas
não importa, estou pronta. Vá em frente e faça o seu pior. —
Quando fechou os olhos para se submeter aos cuidados dele,
pensou ter escutado o estranho tentar reprimir a risada.
Uma vez que a lasca foi removida, o homem se levantou.
Ele era alto, Jessie notou, muito alto. Ombros largos, esguio,
com pernas longas e musculosas. Mesmo se fosse capaz,
duvidava que conseguisse fugir dele se precisasse.
— Jessie, vou deixá-la aqui por um momento para
ajudar Tobias com os cavalos. — Ele tirou o manto e amarrou
ao redor dela. Jessie imediatamente sentiu o cheiro de lã
úmida combinada com o cheiro adstringente de folha de
pinheiro e uma outra nota, o aroma levemente almiscarado
dele. Não era desagradável, na verdade, ela quase gostava.
— Não demorarei. — Ele acrescentou, abaixando-se para
recolher o mosquete. E depois se foi.
A névoa estava ficando mais espessa no bosque. A fria
umidade parecia entrar nos ossos de Jessie. Tremendo,
puxou ainda mais o manto do caçador em volta dela,
tentando absorver o calor residual. Ela fechou os olhos,
repentinamente vencida pela fadiga. Era como se a névoa
tivesse penetrado em sua mente também.
Enquanto pairava à margem da consciência, foi
assaltada pelas dúvidas novamente. Ela odiava depender
daquele belo estranho. Era inquietante estar em tal
desvantagem. O que a impressionou novamente foi o fato de
que ela realmente não sabia nada sobre este homem, nem
mesmo o nome. Embora o rapaz de cabelo ruivo, Tobias,
tenha o chamado de meu lorde, era uma marca óbvia de
respeito. Em sua situação atual, não importava se o caçador
fosse um lorde sem nome ou um caçador ilegal sem nome.
Recusar a oferta dele de levá-la à cabana de caça seria
realmente imprudente.
Ela rezava para que o seu instinto inicial em confiar nele
estivesse certo.
— Jessie, precisa acordar, moça. — O caçador voltara,
falando suavemente em seu ouvido, uma de suas mãos
apertando levemente o seu ombro direito. — Os cavalos estão
aqui.
Com um esforço, ela abriu os olhos.
— Você acha que consegue se levantar?
Embora atordoada, Jessie conseguiu responder.
— Não tenho certeza. Tentarei.
— Isso mesmo, moça.
O homem deslizou o braço ao redor de sua cintura para
ajudá-la a se levantar, mas quando ela começou a se erguer,
seu tornozelo torcido e temporariamente esquecido protestou.
A dor aguda foi tão forte que ela chorou em agonia e agarrou
o braço e o ombro do homem. A sua cabeça flutuou com
tontura e ponto escuros apareceram diante de seus olhos.
— Meu tornozelo... eu... eu torci mais cedo. — Ela
engasgou.
A boca do homem se curvou em um sorriso torto.
— Ah, isso explica a bota faltando. Você sabe onde a
deixou?
Jessie olhou ao redor e depois apontou para a pilha de
folhas ao lado do tronco do sorbus.
— Está na minha bolsa, bem ali.
Ainda apoiando Jessie, o homem abaixou-se e pegou a
alça da bolsa com a sua mão livre. Então sem falar nada, ele
gentilmente a ergueu em seus braços, como se ela fosse uma
criança e a carregou através do bosque, cruzou o riacho
rochoso até onde Tobias estava esperando com dois cavalos.
Meu Deus, ele é forte. À medida que a sensação de
desmaio cedia, Jessie ficava mais ciente dos traços duros do
peito do caçador que a embalava em seus braços. Ele a
depositou na sela como se ela não pesasse nada, suas mãos
ainda em sua cintura.
— Você não vai desmaiar de novo, vai? — Ele perguntou,
a preocupação marcando sua testa.
— Não... Eu acho que ficarei bem. — Ela respondeu,
evitando os olhos dele ao agarrar-se à sela. Estava altamente
ciente da sensação que as mãos grandes e capazes dele
abrangendo o seu dorso e ficou mais do que aliviada quando
ele a soltou para prender a bolsa dela ao um dos alforjes de
sua montaria.
Trovões ecoaram novamente, desta vez mais altos. Jessie
estremeceu quando uma brusca rajada de vento os atingiu.
Apesar da queda da temperatura, desajeitadamente tirou o
manto do caçador e estendeu a ele.
— Tenho certeza que gostaria de ter o seu manto de
volta, Lorde... — Ela olhou para o belo estranho, a pergunta
em seus olhos. Após tudo o que acontecera, realmente queria
saber o nome deste homem.
Ele encontrou o seu olhar e sorriu, a inclinação atraente
e inegavelmente malandra de sua boca a fazendo enrubescer
novamente.
— Fico lisonjeado por me achar tão distinto. Mas eu sou
simplesmente o Sr. Robert Burnley. E você deve me chamar
de Rob. — Os seus dedos roçaram os dela enquanto pegava o
manto. — Obrigado, Jessie.
O breve contato fez a pele dela formigar de uma maneira
estranha e para a sua consternação, seu rubor aumentou. O
que diabos está acontecendo comigo?
O Sr. Burnley, ou Rob, como ele insistia em ser
chamado, vestiu o manto e então a desestabilizou novamente
ao puxar um plaid de lã de dentro de seu alforje. Era o
mesmo xadrez de caça do Clã Grant – um padrão de xadrez
azul, verde e preto. Jessie vira um plaid igual no escritório do
Lorde Strathburn. Era o mesmo xadrez usado pelo regimento
da Guarda Negra.
Rob notou que ela franzia o cenho.
— Eu costumava servir à Guarda nas redondezas. — Ele
falou a título de explicação enquanto envolvia o plaid ao redor
de si com clara eficiência.
Então era um soldado. A sua observação anterior estava
correta... Se pudesse confiar na palavra de Rob. Entretanto,
mesmo servindo na Guarda, não era garantia de que estava
segura em suas mãos. Jessie ouvira histórias terríveis sobre
as condutas tanto dos dragões e dos membros da Guarda
durante e após a Rebelião, contos de estupro, pilhagem e
assassinatos que a fizeram ficar enojada. Ela rezou para que
Rob fosse o homem honrado que aparentava ser e não fosse
um soldado violento e bruto ou um homem como Simon.
Todo pensamento coerente sumiu quando, com agilidade
e graciosidade, Rob subiu na sela atrás dela e pôs um de seus
fortes braços ao redor dela para mantê-la estável. Ela
percebeu que ele era zeloso em evitar contato com seu braço
ferido. A sua outra mão preguiçosamente sacudiu as rédeas e
o cavalo deles moveu-se em direção ao mar de neblina
impenetrável que se acumulava no chão do vale. Tobias
seguia em algum lugar atrás deles.
Não demorou muito e uma garoa leve e fria começasse a
cair. Jessie tremeu e, estando tão próximos, Rob
imediatamente percebeu o seu desconforto. Ele mudou de
posição na sela e enrolou o seu plaid ao redor, prendendo-a
mais perto dele. Parte dela sabia que deveria ficar chocada
com a flagrante intimidade de ser puxada contra ele, mas, na
verdade, estava grata por receber o calor que emanava do
corpo esguio de Rob.
Para desviar a atenção da sensação desconcertante e
estranhamente acolhedora, Jessie focou novamente no
enigma que era o Sr. Robert Burnley.
— Você conhece o Conde de Strathburn e sua família, Sr.
Burnley? — Ela aventurou-se. Ela não usara o nome de
batismo como fora pedido. Ela sentia que deveria tentar
manter alguma formalidade na situação, já que não havia
nada remotamente apropriado sobre a forma que eles estavam
sentados. A cada passo oscilante do cavalo, suas costas e
nádegas pressionavam e se esfregavam no homem.
Houve um curto silêncio. Os dedos de Rob apertaram as
rédeas, mas logo ele respondeu com suavidade.
— Sim, eu os conheço. Embora faça muito tempo que
estive não área. Mas tenho certeza de que o conde não se
importará que eu use de uma antiga camaradagem com a
família ao usar a cabana dele. E você deve se lembrar de me
chamar de Rob.
Ambos caíram em silêncio novamente. A mente de Jessie
flutuava entre os pensamentos semi-formados e as perguntas
que ela gostaria de fazer sobre a exata natureza da associação
de Rob com o conde e sua família — por exemplo, era ele um
velho amigo de Simon? — mas ela inesperadamente tinha
dificuldades em pensas em qualquer coisa, exceto o seu
desconforto. A inquietante proximidade física com o homem
atrás dela, a dor persistente de seus machucados e a chuva
congelante começavam a desgastá-la.
Vários minutos de quietude passaram antes que Rob a
assustasse e a tirasse de sua nuvem de fadiga com uma
pergunta.
— O que estava fazendo aqui sozinha, Jessie?
O seu pulso começou a martelar e sua boca
repentinamente começou a ficar seca. O que deveria dizer a
ele? Quanto de sua situação poderia ser dividido? — Eu... eu
estava seguindo... em meu caminho a Grantown-on-Spey... eu
queria conhecer os campos. Mas como você sabe, eu torci o
meu tornozelo. — A sua explicação soou fraca, inverossímil
até mesmo para os seus ouvidos.
— Hummm, percebo. — Rob fez uma pausa e o momento
tenso se estendeu. — Então você mora na região? Você parece
bem familiarizada com Lorde Strathburn e com a família dele.
O tom de voz de Rob era neutro, mas, mesmo assim,
Jessie lutou para controlar outra onda de pânico. Ela
precisava pensar com clareza. Apesar de estar sozinha e,
principalmente, indefesa, talvez se sugerisse uma associação
com a família do conde em vez de revelar que era apenas a
filha do administrador, Rob pensaria que tinha conexões em
lugares altos. Até agora, ele não se comportara de maneira
desagradável, no entanto, ela esperava que passar estas
informações, lhe daria alguma medida adicional de proteção
durante a noite que tinha pela frente.
Embora conhecer Lorde Strathburn não tivesse parado
Simon.
— Eu... eu fiquei... várias semanas no Castelo Lochrose.
— Ela gaguejou, silenciosamente blasfemando contra a sua
incoerência, isso a fazia soar como a mentirosa nervosa que
era.
A voz profunda de Rob soou em seus ouvidos.
— Mas o conde e a família dele não vão esperar por você?
Pergunto-me o porquê de eles permitirem que você se
afastasse tanto sozinha.
***
***
Por Deus, como supõe-se que devo ajudar Jessie a se
trocar com um semblante de compostura?
O sangue de Robert começou a bater mais forte e rápido
em suas veias enquanto ele se abaixava para a tarefa de
levantar as saias de Jessie e expor as suas pernas. Quando
inicialmente entrara na sala e percebeu que teria que ajudá-
la, ele tinha se determinado a endurecer os instintos de seu
corpo. Ele se lembrava com firmeza de que esta mulher
possivelmente era apaixonada por Simon e que não podia
confiar nela.
Apesar de sua resolução, rapidamente ficou
irremediavelmente ereto. E inexplicavelmente nervoso, as
mãos tremeram levemente e sua respiração ficou irregular.
Por Cristo, controle-se, Robert. Ele estava reagindo como um
garoto inexperiente e sem habilidades, não um homem de
trinta anos que já havia desnudado sua parcela de mulheres.
Ele tentou se concentrar apenas em desfazer as fitas de
Jessie e rolar as meias de lã molhadas uma por uma e não ao
fato de que ao subir a primeira vez as saias dela,
acidentalmente teve um vislumbre de cachos ruivos no vértice
de suas coxas, ou de suas pernas impossivelmente longas,
pálidas e elegantes, ou que, onde os dedos tocavam, deixava
uma trilha de arrepios na pele.
Cuidadosamente levantou seu pé direito descalço com
uma mão enquanto examinava o seu tornozelo inchado com a
outra. Ele lutou contra o súbito impulso de beijar o delicado
arco de seu pé e deslizar a língua ao longo da pele sedosa
atrás do joelho dela. Em vez disso, tentou se concentrar no
fato de que o tornozelo estava realmente torcido como eles
suspeitavam.
— Boas notícias. Sem ossos quebrados. Vou amarrá-lo
para você após eu ver o seu braço. — Ele informou sem olhar
para os olhos cor de uísque dela. Sua voz soou grossa, rouca.
Engoliu em seco e se levantou. Graças aos céus sua longa
camisa de linho estar solta e esconder o pênis que
pressionava a parte da frente da calça. Não queria que Jessie
se assustasse com sua inoportuna excitação. — Você acha
que pode ficar de pé para eu ajudá-la com o vestido?
Em resposta, ela se levantou cuidadosamente e
lentamente se virou, virando suas costas esguias para ele.
Perguntou-se se ela já fora desnudada por Simon. A mesma
raiva frustrante que sentiu quando os viu juntos pela manhã
voltou a cruzar ser corpo. Ele se perguntava o que ela vira em
seu meio-irmão.
Para poder ter acesso aos laços da parte de trás do
vestido, Robert deslizou a pesada cortina de cabelos úmidos
sobre um dos ombros, liberando um tentador aroma de água
de chuva fresca e algo mais floral e totalmente feminino.
Maldito inferno. Seu pênis ficou ainda mais duro. Neste ritmo,
sairia de suas calças antes que ele tivesse removido o vestido
dela.
Cerrando os dentes, tentou ignorar a pele cremosa na
parte de trás do pescoço e a elegante linha de sua coluna que
gradualmente era exposta à medida que soltava os laços. Tão
gentil e cuidadoso quanto podia, ele deslizou a manga
rasgada pelo braço machucado. Mesmo assim, ela se
encolheu e prendeu o ar quando a manga molhada
escorregou pelo curativo ensanguentado. A outra manga
deslizou suavemente e então seu vestido caiu no chão. As
anáguas rapidamente a seguiram.
Jessie agora estava parada diante dele apenas com
chemise e corset. E Deus o ajudasse, ele nunca tinha sido tão
afetado fisicamente por uma mulher assim em toda a sua
vida. Muito assustado para fazer outro movimento e fazê-lo
errado, passou a mão entre seus cabelos molhados,
esperando por alguma direção da moça. Com as costas ainda
viradas para ele, ela parecia estar atrapalhada com alguma
coisa.
Então a falou e suas palavras provavelmente trariam a
sua ruína.
— Os laços do meu corset estão na frente e receio que os
nós estejam muito apertados. Meus dedos parecem não
funcionar muito bem. — O seu corpo inteiro estava tremendo
e sua voz era um pouco mais do que um sussurro rouco.
O ar ficou preso no peito quando ela se virou para
encará-lo. Cristo, ela é linda. A luz do fogo iluminava-a de
frente e por um momento ele ficou estupefato. Fascinado. Os
olhos estavam direcionados para baixo, as bochechas coradas
e os lábios cheios levemente separados. Acima da umidade
quase transparente do linho de sua chemise, ele podia ver
claramente os montes roliços de seus surpreendentes seios
voluptuosos subindo e descendo com a rápida respiração. Não
conseguiu evitar e se perguntar de que cor seriam os seus
mamilos.
Agradecendo a Deus por ela não ser capaz de ouvir os
seus pensamentos excessivamente lascivos, aproximou-se e
começou a desamarrar os teimosos laços. Quando os nós dos
dedos acidentalmente roçaram a parte inferior dos suaves
seios, ele quase rosnou. Assim que completou a tarefa,
afastou-se abruptamente e andou para o outro canto da sala.
Precisava de um gole de uísque ou sair na chuva gelada
novamente, ou até mesmo dos dois, antes de ser capaz de
cuidar do braço.
Às suas costas, ouviu o ruído de mais peças de roupas
no chão e depois barulho de tecido seco de Jessie vestindo as
roupas que ele arrumara, uma camisa de linho igual a dele e
um plaid de caça do Clã Grant.
Ficou aliviado pelos plaids de sua família não terem sido
confiscados pelos dragões da região. Desde a Rebelião, o uso
de tartã havia sido proibido, exceto para os membros da
Guarda. Ainda guardados em segurança nos baús aos pés da
cama, entre galhos desintegrados de lavanda, parecia que os
panos não eram mexidos há anos. Talvez dez anos.
Quando Robert se virou, ficou surpreso em ver o quanto
lhe agradava ver Jessie nas cores de seu clã. Elas
combinavam bem com ela. Mas então, ela ficaria linda em um
saco e cheia de cinza. Ele se esforçou para encontrar o olhar
cauteloso. Obviamente, ela esperava por seu próximo
movimento.
Ele sorriu, aplicando uma calma que não sentia.
— Certo, Jessie. Vamos ver esse braço.
***
Jessie assentiu, muito abalada para falar. Achava que
nunca enfrentara algo tão perturbador antes. Na verdade, não
conseguia olhar nos olhos de Rob quando ele a pegou
novamente em seus braços e a levou para a outra sala.
Alguém poderia morrer de vergonha?
A cabana de caça era formada por três áreas principais:
o quarto onde ela havia acordado, uma cozinha com sala de
jantar central mobiliada com uma larga mesa de carvalho e
cadeiras e uma área para sentar-se diante da lareira e uma
sala menor, mais além, que parecia ter pouco mais que um
simples catre. Os alforjes estavam empilhados perto da porta.
Tobias, agora também seco, estava parado perto da lareira
principal acendendo velas.
Rob a carregou até a área de sentar-se perto da lareira e
a colocou em uma das poltronas. Tobias sorriu com incerteza.
Uma curiosa variedade de itens cobria a mesinha de café
diante dela: várias tigelas grandes, uma delas cheia de água,
uma toalha, faixas de linho rasgadas, uma pequena bolsa de
couro, um broche de prata do clã, alguns copos de vidro e
uma garrafa de uísque. Jessie mordeu o lábio. Ela
subitamente sentiu-se nervosa. Muito nervosa.
Rob sentou-se em um divã ao seu lado esquerdo e
prendeu o seu cabelo com uma tira de couro, muito
empenhado em sua tarefa.
— Certo, moça, vamos enrolar esta manga.
Antes que pudesse dizer sim ou não, ele empurrou o
tecido solto para cima de seu ombro e o prendeu com o
broche de prata. Ela ficou perturbada ao ver o tanto de
sangue que penetrara no curativo improvisado. Mordeu o
lábio mais forte e tentou não chorar quando Rob desamarrou
o tecido. Cada movimento aumentava o latejar.
Quando o curativo foi tirado, ela lançou um olhar para o
rosto de Rob, a sobrancelha dele estava franzida. Podia sentir
o sangue quente e fresco ensopando o seu braço.
— Quão ruim está? — Murmurou.
— Mais profundo do que eu pensei, mas eu já vi piores.
— Rob olhou diretamente nos olhos dela. — Jessie, você terá
que ser corajosa por mais um tempo.
Seu estômago se revirou como um salmão em terra.
— O q-que você quer dizer?
Rob apertou a sua mão.
— Isso soará estranho, mas eu aprendi por experiência
própria que feridas devem ser cuidadosamente limpas para
evitar que qualquer infecção se desenvolva. E por alguma
razão que eu não sei explicar, o uisge beatha — ele apontou
para a garrafa de uísque — parece fazer o truque. Uma vez
feito isso, terei que dar alguns pontos. Cinco ou seis no
máximo.
Jessie fechou os olhos e assentiu. Ela não gostava nem
um pouco de como isso soava.
— Eu quero que você beba isso antes. — Rob lhe
ofereceu um copo com uma dose razoável de uísque. Ela deu
um gole. Tinha gosto de turfa e mel e deixou uma trilha
quente por sua garganta.
— Beba tudo, Jessie. Ajudará.
Obedientemente bebeu de uma vez. Era algo potente e a
fez tossir um pouco. Em um estômago vazio, foi direto para a
cabeça, não apenas isso, um calor estranho parecia penetrar
em seus membros, fazendo-a sentir-se quase tão mole quanto
uma boneca de pano. Até Rob falar novamente. Ele olhava
para Tobias que pairava perto das costas de sua poltrona.
— Pode segurar os braços dela, moço? — Então seu olhar
voltou para ela. — Não mentirei, Jessie. Isso vai doer.
O seu coração bateu forte e rápido em seu peito e ela
subitamente ficou sem ar quando Tobias a pegou por trás e
segurou seus braços com firmeza. Entre horrorizada e
fascinada, assistiu Rob derramar outra dose de uísque em um
copo limpo. E mergulhou um bloco de tecidos nele. E então
pressionou o bloco ensopado de uísque contra a sua ferida
aberta.
Ela gritou. Um fogo excruciante a rasgou e lutou com o
aperto de Tobias. Sua respiração saia curta, ofegante e
irregular e a náusea aumentou.
— Eu vou vomitar.
Rob já estava pronto para esta reação. Ele, calma e
rapidamente, colocou uma tigela vazia no seu colo e puxou os
cabelos para trás enquanto ela colocava para fora o conteúdo
de seu estômago. Quando terminou, ele limpou o seu rosto
com uma toalha limpa e lhe ofereceu água para limpar a
boca.
— Certo, a pior parte acabou, moça. Tobias ainda a
segurará enquanto eu faço os pontos.
Ela assentiu, muito fraca para falar. Estava tremendo
novamente. Este pesadelo ia acabar?
Observou Rob abrir a pequena bolsa de couro e enfiar
uma linha em uma agulha. Ele também os mergulhou no
uísque antes de começar a costurar a laceração. Aquilo doeu
e trouxe lágrimas aos seus olhos, mas ele estivera correto
quando disse que a pior parte estava quase acabada. Era
eficiente e, em pouco tempo, terminou. Para terminar, colocou
outra bandagem de tecido limpo e abaixou a sua manga.
Quando acabou, ele se recostou e passou uma mão no
rosto. Ela percebeu que apesar de sua calma externa, suas
mãos tremiam levemente agora.
Ele lhe deu um sorriso fraco.
— Estamos quase terminando.
Jessie engoliu com dificuldade.
— O que quer dizer?
Robe se aproximou dela e gentilmente afastou o seu
cabelo de sua têmpora esquerda.
— Apenas quero averiguar o corte feito pela lasca. —
Com um pano limpo e molhado, cuidadosamente limpou os
traços de sangue seco que a chuva obviamente não lavara.
O rosto dele estava muito perto. Perto demais. O seu
olhar desviou de seus olhos azuis para a sua boca sensual,
distante apenas milímetros da dela. Como seria ser beijada
por aqueles lábios? Apesar do calor fluindo em suas
bochechas diante do pensamento errante, não foi capaz de
desviar o olhar. O que em nome de Deus havia de errado com
ela? O choque e o uísque claramente confundiram o cérebro.
Tobias pigarreou.
— Ah, irei me livrar dessas pequenas coisas, não,
milorde? Quero dizer, Rob. E então prepararei o jantar.
Rob balançou a cabeça quase imperceptivelmente como
se tivesse acordado atordoado. Ele se afastou abruptamente e
depois acenou bruscamente para Tobias que já estava
batendo em uma rápida retirada com a tigela descartada e
copos usados. Uma rajada de vento noturno soprou e as
chamas das velas e do fogo tremeram antes que a porta fosse
fechada. O clima estranho se quebrou.
Rob voltou-se para ela, concentrado novamente.
— Bem, vamos amarrar este tornozelo problemático
antes do jantar? Não sei você, mas estou faminto.
Jessie não soube dizer o porquê, mas ímpeto travesso de
dentro dela e que sempre a colocava em problemas, decidiu se
mostrar. Ela forçou um suspiro e depois curvou a boca em
um sorriso triste.
— Uma pena não termos carne de cervo.
Rob ergueu suas sobrancelhas, claramente surpreso,
depois jogou sua cabeça para trás e riu.
— Não poderia concordar mais com você, Jessie Munroe.
— Ele disse sacudindo a cabeça, diversão e, talvez, admiração
dançando em seus olhos. — Não poderia concordar mais.
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Lorde Strathburn e Robert sentaram-se perto do fogo.
Caesar deitou-se aos pés de Robert, com o focinho em suas
botas. Jessie continuou a pairar pelo canto da sala, insegura
do que fazer. Secretamente enxugou as lágrimas involuntárias
que se derramaram por suas bochechas ao testemunhar a
cena de partir o coração entre pai e filho. Ela sentia-se uma
intrusa assistindo tal momento de privacidade.
Quis deixar Robert e seu pai algum tempo sozinhos, mas
não podia sair do quarto. O risco de ser descoberta por Simon
ou por Lady Strathburn, ou mesmo por algum outro criado,
era muito grande. E seria inapropriado que se retirasse para o
quarto de se vestir ou dormitório do conde. Então ficou perto
da porta dupla de carvalho, tentando permanecer tão discreta
que fosse possível.
E realmente parecia que Robert e o conde estavam
esquecidos de sua presença naquele momento.
Por insistência de seu pai, Robert brevemente recontou a
sequência de eventos que sucedeu a sua fuga de Lochrose dez
anos atrás. Ele falava com calma, sua voz mal era audível de
onde Jessie estava em pé do outro lado da sala.
— Acreditei na sua palavra, pai, quando me disse para
nunca mais volta, por muito tempo pelo menos. MacTaggart
levou-me à costa onde eu consegui persuadir um capitão de
um navio de pesca de Nairn a me levar até Skye. De lá eu
segui até a Irlanda e depois à França. Ficará feliz em saber
que a minha nova identidade como Robert Burnley escapou
ao escrutínio de um comandante de uma fragata inglesa que
interceptou o barco para a Irlanda. Seu magistrado fez um
trabalho excelente e o comandante acreditou que meus papéis
eram legítimos. Se não fosse você e MacTaggart...
— Ainda não acredito que Simon o manteve acorrentado
na adega de vinho para entregá-lo aos ingleses. — O rosto do
conde estava vermelho de raiva. — Não importa que você me
desafiou, eu não poderia permitir que Simon lhe traísse
assim. Foi abominável. — Seu punho bateu no braço da
poltrona e Caesar levantou a cabeça e choramingou.
Robert segurou a mão de seu pai.
— Acalme-se, pai. Não deve se extenuar demais. Eu não
aguentaria se algo lhe ocorresse, principalmente agora que
nos reencontramos.
Lorde Strathburn deu um tapa no braço de Robert.
— Ficarei bem, filho. A Sra. MacMillan está cuidando
bem de mim com o seu chá especial de confrei e casca de
salgueiro. Juro que aquela mulher tem o toque de sacerdotisa
nela. — A coloração começou a diminuir enquanto ele falava.
— Mas, por favor, continue.
A expressão de Robert ficou sombria.
— Não me orgulho de como passei os anos seguintes.
Basta dizer que não me importava muito com o que colocava
em mãos.
— Conte-me, Robert. Acabou agora, O que quer que
tenha feito, não importa.
Robert estudou e expressão sincera de seu pai por um
momento e então suspirou.
— Efetivamente me tornei um soldado contratado, um
mercenário do Exército Francês. Lutar foi a única coisa que
parecia adequado.
Lorde Strathburn esticou a mão e apertou o ombro de
Robert. Havia lágrimas nos olhos do homem mais velho.
— Você queria morrer, não era, meu filho?
A voz de Robert era baixa e ele fixou o olhar em suas
mãos apertadas em seu colo.
— Sim. Por muito tempo, a vida não parecia mais valer a
pena.
Jessie se surpreendeu com a revelação de Robert. Ele
estava abrindo a sua alma para revelar sua dor mais
profunda. O coração dela chorava por ele.
O conde falou novamente.
— Então, o que o fez desistir?
— Eu desejaria ter uma razão melhor e mais nobre, mas
francamente, eu apenas fiquei cansado, pai, da loucura, da
insanidade sangrenta de tudo. E eu não sei o porquê, mas eu
parecia ter a sorte do próprio diabo no campo de batalha.
Além das feridas ocasionais e superficiais, nada mais parecia
me tocar.
Lorde Strathburn assentiu.
— Isso, ou você é o maldito de um bom soldado.
MacTaggart sempre comentou que você era um bom atirador
e um espadachim melhor ainda. Então, o que fez depois?
Robert sorriu timidamente, surpreendendo Jessie. Ele
parecia quase um menino orgulhoso.
— Eu fui ao Caribe. Jamaica para ser exato. Eu tenho
sido o muito inglês Sr. Robert Burnley, dono de uma
plantação e comerciante por alguns anos. Até mesmo tenho
meu próprio navio mercante, A Fênix. Ela me trouxe para
casa, pai. Seu capitão, Drummond, é o nome dele, atualmente
está ancorado em Edimburgo.
Lorde Strathburn sorriu calorosamente.
— E em casa é onde exatamente deve estar. Senti sua
falta, meu filho, mais do que pode imaginar.
A fisionomia de Robert ficou severa novamente.
— Pai, um dos motivos que me aventurei a voltar para
casa foi ter ouvido um rumor que sugeria que a propriedade
não estava rendendo muito ultimamente. É verdade?
Lorde Strathburn suspirou pesadamente.
— Verdade. Tanto quanto odeio admitir, essa é a
realidade. Sua mãe e seu meio-irmão... — Ele suspirou
cansado e passou a mão pelo rosto. — Bem, vamos apenas
dizer que eu tenho o firme controle no momento e eles não
estão nada contentes. As coisas começaram a dar errado
cerca de um ano atrás quando eu comecei a entregar a
administração da propriedade a Simon. Achei que estava
fazendo a coisa certa, tentando mantê-lo ocupado e fora de
problemas. Foi um grave erro. Mas agora eu tenho um novo
administrador, Munroe é o nome dele, mantendo o olho nas
coisas, a situação começou a melhorar.
Robert assentiu e olhou na direção de Jessie. Os olhos
deles se encontraram brevemente, mas foi tão rápido, que ela
não pôde ler sua expressão.
O momento passou e Robert voltou sua atenção ao seu
pai. Quando ele falou, havia uma determinação em sua voz.
— Como eu disse, esta foi uma parte do motivo para o
meu retorno. Eu não suporto o pensamento de deixar a
propriedade e o destino do clã nas mãos de Simon. Eu sei que
você pode precisar de tempo para pensar sobre isso, mas se
houver qualquer chance para que possa achar isso em seu
coração e me perdoar, eu gostaria de reparar todo o dano que
causei. — Ele inalou profundamente. — Pai, você me deixaria
voltar para casa?
Lorde Strathburn apertou as mãos de Robert.
— Obviamente. Nada me deixaria mais feliz do que ver
você de volta a Lochrose. Eu não quero isso de outra forma.
— Ele se levantou da poltrona. — Agora, Robert, deixe-me
chamar o meu valete, MacGowan assim ele pode preparar o
seu velho quarto para você.
— Pai. — Robert se levantou e tocou o ombro do conde,
encarando-o. — Isso não seria inteligente.
Lorde Strathburn franziu a testa.
— O que quer dizer?
— Pode ainda existir um preço por minha cabeça. Se
Simon ou Caroline descobrirem sobre o meu retorno, eles
podem fazer com que me prendam.
O conde fez uma careta.
— Eles não ousariam. Eu os colocaria para fora mais
rápido que eles pudessem piscar.
— No entanto, pai, sinto que precisamos nos movimentar
com máxima preocupação. Eu sou um conhecido Jacobita,
um traidor do Rei George. Eu preciso conseguir o meu
perdão. Até lá, não estarei a salvo.
Lorde Strathburn suspirou pesadamente.
— Você está certo. Fui pego pelo momento e não pensei
com clareza. — Ele apertou o braço de Robert. — Escreverei
imediatamente uma petição para que possa apresentar a
Lorde Arniston, o Lord Advocate8, pedindo clemência. Mesmo
se não for absolvido imediatamente, pelo menos pode ser solto
sob a minha custódia.
Quando Lorde Strathburn começou a caminhar
hesitantemente em direção à mesa, Jessie avançou mancando
um pouco. Ela pegou a bengala do conde e lhe estendeu. As
sobrancelhas dele se ergueram de surpresa.
— Srta. Munroe, estive tão distraído que me esqueci de
sua presença. — Ele pegou a bengala e deu um tapinha em
sua mão.
— É perfeitamente compreensível, milorde, dadas as
circunstâncias. — Respondeu Jessie com um sorriso.
— Percebi que está mancando. Está com dor? — Ele
perguntou, a preocupação evidente em seus olhos.
— Apenas um pouco. — Jessie subestimava o grau de
dor que sentia agora, seu tornozelo estava latejando. — Talvez
se eu pudesse sentar-me...
— É lógico, Jessie. Você deveria ter falado antes. —
Robert deu um passo à frente e sem esforço a guiou para um
dos sofás, segurando-a ao redor da cintura com um dos seus
braços. Quando afundou no sofá, ela lançou um olhar a Lorde
Strathburn e percebeu que ele franzia a testa ferozmente.
— Srta. Munroe, como é que você chegou até aqui com
Robert? — Ele perguntou com uma severidade que fez o
coração de Jessie se apertar de consternação. — Lady
Strathburn me informou que você partiu a Edimburgo dois
dias atrás, que havia uma emergência familiar de algum tipo.
— E assim foi, milorde. — Jessie esperava que tivesse
soado convincente. Depois de tudo, ela não estava mentindo
totalmente, havia um tipo de emergência, mas era com ela. —
Estava planejando ir a Edimburgo para ajudar a minha prima
que tem estado doente. Infelizmente a carruagem pública não
parte até o meio dia de hoje.
— Mas onde esteve neste meio tempo e como encontrou
Robert? — Lorde Strathburn exigiu saber.
Robert colocou sua mão sobre o ombro dela, quase como
se a estivesse protegendo.
— É complicado, pai. — Ele disse com cuidado.
— Bem, talvez você possa esclarecer. — Disse Lorde
Strathburn olhando de um para o outro duramente.
Claramente não estava impressionado.
Pensar rápido era, sem dúvida, necessário, Jessie
engoliu em seco, rezando para que ela não soasse nervosa.
— Milorde... Eu saí em direção a Grantown-on-Spey
anteontem. — Ela explicou. — Como pode ver, eu me
machuquei...
— Então como? — Indagou o conde.
— Eu torci o meu tornozelo no meio do caminho e...
Lorde Lochrose e seu escudeiro vieram em minha ajuda. —
Jessie admitiu com relutância. Ela não queria complicar
ainda mais as coisas ao confessar que também tinha levado
um tiro no braço.
— Então você esteve em Grantown-on-Spey com Robert
durante todo este tempo — Lorde Strathburn soava duvidoso.
Jessie enrubesceu.
— Não, milorde... Não em Grantown. A Sra. MacMillan
sugeriu que eu ficasse em sua cabana de caça em vez de ficar
sozinha na Pousada Strathspey... Seria impróprio eu ficar
sozinha em um lugar público sozinha. Eu me desculpo se foi
inapropriado eu usar a sua cabana sem pedir a sua
permissão.
Os olhos de Lorde Strathburn se estreitaram com
suspeitas.
— Srta. Munroe, estou começando a suspeitar que a sua
partida repentina tem pouco a ver com uma iminente crise
familiar e mais com meu filho Simon. Você estava se
escondendo dele, não estava?
O coração de Jessie acelerou e o calor coloriu suas
bochechas. Ela estava relutante em responder. Se o conde
seguisse por esta linha, Robert logo saberia que ela tinha
continuadamente mentido para ele sobre o compromisso
ficcional com seu meio-irmão. Agora que o momento se
abatera sobre ela, não suportava.
Sentia o olhar de Robert sobre ela e uma onda de
humilhação a varreu. Ela desejou que o chão a engolisse.
Lorde Strathburn continuou quando não respondeu, sua
voz era surpreendentemente gentil.
— Eu posso estar velho, Srta. Munroe, mas eu tenho
olhos e ouvidos. Esta não é a primeira vez que algo assim
acontece. Eu sei como Simon é. Infelizmente, você não é a
primeira a receber suas... atenções indesejadas. — Ele se
moveu em direção a Jessie e sentou-se na poltrona perto dela.
— Acredite, minha querida. Entendo a sua situação melhor
do que pensa.
Reunindo o que sobrara de coragem, Jessie levantou os
olhos para o conde.
— Eu acho que seria melhor para todos se eu fosse ficar
com a minha prima, milorde.
Lorde Strathburn assentiu.
— Se é isto o que você quer, Srta. Munroe, eu farei o
melhor para que seja assim. Eu apenas queria que tivesse
vindo até mim antes.
Jessie suspirou irregularmente.
— Eu não quis criar uma confusão, milorde, ou tornar as
coisas difíceis para o meu pai. Apenas pareceu mais fácil
fugir... — Ela olhou para Robert. O que ele estaria pensando?
A postura dele era rígida, virtualmente imóvel, salvo pelo
latejar de um músculo em sua mandíbula. Que idiota eu tenho
sido.
Quando ela desviou o olhar, Robert se agachou diante
dela.
— Jessie, isso tudo é verdade? Simon forçou sobre você?
Seus olhos de azul profundo penetraram nos dela e
Jessie soube que não havia como escapar da verdade desta
vez. Inalando, ela ergueu o queixo resistindo à vontade de
desviar o olhar.
— Sim, é verdade.
A confusão brilho nos olhos de Robert.
— Então você mentiu sobre estar comprometida com
Simon. Por que você fez isso? Eu não entendo.
— O quê? Simon e a Srta. Munroe estão comprometidos
— Lorde Strathburn exclamou.
Robert olhou para seu pai.
— Fui levado a creditar que eles estavam
comprometidos. — Ele se virou para Jessie. — Fale-me com
honestidade. O noivado é uma mentira?
Jessie ergueu o queixo uma fração mais alto,
preparando-se para admitir a sua perfídia.
— Sim, eu menti, Robert. Mas eu prefiro pensar que foi...
Autopreservação. — Agora que a mentira foi revelada, era
como se ela desafiasse Robert a censurá-la por suas ações.
Robert entrecerrou os olhos.
— Então eu interpretei errado tudo o que eu vi no lago.
— Sim. — Ela admitiu. — Eu tentei explicar o que
realmente acontecera naquela manhã, mas estava sozinha e
ferida, e para ser honesta, mais do que amedrontada. Eu não
sabia se pretendia me ferir. Então quando descobri que me
considerava uma ameaça à sua segurança, não pensei que
acreditaria em mim se negasse o que você presumira ser
verdade: que era a amante de Simon. Eu sei que soa ilógico,
mas acreditei que se pensasse que eu era alguém importante,
a prometida de Simon, então talvez você veria que era
menos... dispensável.
— Oh, Jessie, moça. Eu devo ter sido o pior tipo de
bárbaro para que pensasse que a machucaria, apenas para
me proteger de ser descoberto. Você deveria ter me contado
que estava errado sobre o que vi no outro dia. — Robert
repentinamente a pegou em seus braços e gentilmente beijou
seus cabelos.
— Eu não poderia. — Ela sussurrou contra a camisa
dele, lágrimas quentes caíam de suas pálpebras. — Estava
muito envergonhada... — Agora que Robert entendia o quão
precária era a situação dela e a razão de sua mentira, ela
sentiu o alívio varrer sobre ela. Sentindo-se mais forte, ela
levantou a cabeça do ombro de Robert e procurou seus olhos.
— Naquela manhã no lago, Simon disse-me que se eu não
fizesse o que queria, ele faria o meu pai perder a posição aqui.
Mas eu não seria capaz de ceder às exigências... então eu
parti. E você sabe o resto.
Robert tirou o cabelo do rosto dela e gentilmente secou
uma lágrima de sua bochecha com as costas do dedo.
— Você nunca mais sofrerá com a presença dele
novamente, Jessie. Eu me certificarei disso.
Ela lhe deu um sorriso fraco, espantada com a
capacidade dele de perdoar.
— Eu acredito em você.
Lorde Strathburn pigarreou intencionalmente.
— Robert, por favor, diga-me que você não ficou sozinho
com a Srta. Munroe nas últimas duas noites.
Robert se virou e encontrou o olhar do seu pai
diretamente sobre ele.
— Circunstâncias além do nosso controle nos forçaram a
ficar juntos, pai, mas deixe-me assegurar que nada de ruim
aconteceu.
— Mas vocês passaram duas noites juntos. — Insistiu
Lorde Strathburn. — Não foi assim, Srta. Munroe?
— Receio que sim, milorde. — Todo o rosto de Jessie
queimava de vergonha. — A primeira noite nós ficamos na
cabana de caça... Não havia outro lugar para ir, uma vez que
estava ferida... Embora nós não estivéssemos totalmente
sozinhos, Tobias, o escudeiro de Robert, também estava na
cabana. Então, na última noite, quando Robert e eu ficamos
na caverna...
As sobrancelhas de Lorde Strathburn se levantaram.
— Vocês o quê?
Robert se levantou.
— Eu estava preocupado que Simon estivesse
procurando por Jessie com a ajuda dos dragões ou da
Guarda. — Ele explicou calmamente. — Nós nos movemos
para um lugar mais isolado ontem à noite para evitar a minha
prisão. Um encontro com os homens do rei era a última coisa
que precisava. Nós ficamos aquecidos e nenhum dano foi
feito. Você não precisa se preocupar.
A expressão de Lorde Strathburn era sombria.
— Robert, independentemente do motivo, você não pode
ignorar a seriedade desta situação. O que o pai de Jessie
pensará quando ouvir sobre isto?
Jessie respirou profundamente, pedindo paciência.
— Lorde Strathburn, como Robert disse, não ocorreu
nada entre nós que possa gerar preocupação...
— Srta. Munroe, o mero fato de você ter ficado
virtualmente sozinha na companhia do meu filho por duas
noites é motivo suficiente para arruiná-la completamente. —
Lorde Strathburn advertiu. — E eu posso ver pela forma como
Robert a olha e abraça que vocês compartilham algum grau
de afeição. Vocês não podem negar isso, é óbvio até para um
velho tolo como eu. Seu pai ficará lívido se ficar
comprometida, mesmo que apenas a reputação. Eu sei que
ele tem muitas esperanças em a ver bem casada. Se fosse
minha filha, eu também teria.
— Talvez fosse melhor se o pai dela não soubesse então.
— Sugeriu Robert cuidadosamente.
Lorde Strathburn balançou a cabeça.
— Mentir por omissão não mudará a realidade da
situação, Robert.
— Você está certo, pai. Mas por que chatear o pai de
Jessie sem necessidade, se nada aconteceu?
— Tem certeza sobre isso? Apesar das garantias do
contrário, parece-me como se algo tivesse ocorrido entre vocês
dois.
— O que está sugerindo, então? — Robert perguntou,
uma nota de impaciência endurecendo a sua voz.
— Há apenas um curso de ação que acertará as coisas.
— O conde disse com gravidade. Seus olhos azuis de aço
miravam intransigentemente entre Robert e Jessie. — Vocês
dois terão que ser unir em handfasting9.
Jessie ofegou. Oh Deus, provavelmente o conde estava
brincando.
Robert obviamente pensou o mesmo.
— Não pode estar falando sério. — Ele explodiu.
— Oh, na verdade estou, meu filho. — Disse Lorde
Strathburn, sua boca formava uma linha de determinação. —
Não há outra coisa a se fazer com você e a Srta. Munroe,
considerando as circunstâncias. Não ficarei parado vendo
esta pobre garota ser arruinada. Vocês se unirão em
handfasting nesta sala, hoje, antes que partam.
— Mas, pai... — Começou Robert, afastando-se de Jessie
em direção à lareira. — Provavelmente não é justo com Jessie,
já que o meu futuro está longe de ser brilhante neste exato
momento. Eu sou um homem procurado. Tenho certeza de
que o Sr. Munroe não ficará feliz em ter a sua filha prometida
a alguém como eu.
— Você me perdoará, Robert. — O conde declarou tão
confiante como se estivesse simplesmente afirmando uma
verdade universal. — Lorde Arniston é um velho amigo meu.
Não haverá problema. E depois que for perdoado, vocês dois
voltarão para se casar em Kilburn Kirk. Além do mais, — O
conde sorriu para Jessie — é um bom partido para a Srta.
Munroe. Ela será uma Viscondessa afinal. Seu pai ficará
encantado.
A cabeça de Jessie estava girando, seu coração
galopando selvagemente. Esta tentativa de enlace por Lorde
Strathburn era inesperada. Era reconfortante que ele se
preocupasse tanto com o seu bem-estar, mas sugerir que
devesse se casar com seu filho, parecia injustificado ao
extremo.
Ela arriscou um olhar a Robert. O que deveria estar
pensando? Ele passou uma mão pelo rosto. Julgando por sua
cara feia, estava exasperado, para dizer o mínimo. Talvez até
mesmo furioso.
Quando falou, pareceu a Jessie que estava se esforçando
para manter seu tom calmo e sob medida.
— Pai, apesar de sua fé no Lord Advocate, há ainda uma
chance significativa de as coisas saírem erradas. Como disse,
tenho certeza de que Jessie e seu pai preferirão que o seu
noivo não seja um homem fugitivo, procurado por traição. Eu
entendo a sua preocupação com a reputação de Jessie, mas
talvez seja mais seguro e inteligente que um compromisso
seja realizado após o meu perdão.
Robert lançou um olhar duro sobre ela.
— E é claro, se Jessie e seu pai concordarem. — Ele
arqueou sua sobrancelha escura. — O que diz, Jessie?
Jessie desviou do olhar questionador dele, tentando
pensar claramente. Ela mal podia acreditar que isto estava
acontecendo. Unir-se em handfasting a Robert Grant, um
Jacobita e um aventureiro, era uma loucura. Mas no fundo de
seu coração, sabia que não estava totalmente chocada com a
sugestão do conde. Uma pequena parte dela vibrava de
emoção ao pensar em unir-se em casamento com um homem
como aquele. Embora ela o conhecesse há apenas alguns
dias, não podia negar a profunda atração por ele. Ela queria
estar perto dele. Estar com ele.
Mas como Robert se sentia a respeito dela? Ele parecia
gostar um pouquinho. Mesmo o conde havia notado que seu
filho parecia mostrar uma preocupação genuína por sua
segurança e bem-estar.
Mas aquilo era base suficiente para começar um
casamento?
Ela mordeu o lábio, desejando ferventemente que ela
tivesse mais tempo. As coisas estavam acontecendo muito
rápido, saindo do controle. Talvez quando Robert estiver livre
e ele escolher lhe fazer uma proposta, ela seriamente
considerasse tal oferta. E apenas talvez, se pensasse que ele
pudesse amá-la e correspondesse, uma condição nem sempre
necessária para o casamento, mas que em sua mente era
altamente desejável. Especialmente quando o homem em
questão era um libertino como Robert.
Então não poderia dar o seu consentimento agora. Eles
não deveriam ser forçados a um compromisso de casamento
não desejado por nenhum deles. E ainda existiam os desejos
de seu pai a considerar. O que ele queria para o futuro dela?
Jessie era consciente que ambos homens a encaravam,
esperando por sua resposta à pergunta de Robert. Ela
levantou o rosto para o conde e pigarreou.
— Concordo com Robert, milorde. Eu não vejo
necessidade de apressar qualquer coisa. E eu prefiro ter a
benção de meu pai antes que eu aceite uma proposta de
casamento.
O olhar de Lorde Strathburn se suavizou ao olhá-la.
— Eu entendo, moça , mas como Chefe do Clã Grant de
Strathburn e guardião de todos aqueles dentro das minhas
propriedades, eu tenho o dever de cuidar que eu não consigo
ignorar. — Ele pegou a mão dela. — Eu preferiria que você
estivesse sob os cuidados de Robert em seu caminho a
Edimburgo. Não posso permitir que você faça esta longa
viagem, sozinha. Na verdade, eu nunca me perdoaria e penso
que o seu pai me responsabilizaria se a deixasse desprotegida.
Você já sofreu o bastante, graças a Simon.
Lorde Strathburn então se levantou e encarou o seu
filho, a obstinação marcando sua mandíbula.
— Robert, eu insisto que você e a Srta. Munroe se unam
em handfasting diante de mim imediatamente. Eu não
escreverei o pedido de clemência até lá.
Até mesmo Jessie podia ver que Lorde Strathburn não
seria influenciado. De súbito teve uma pista de como ele
deveria ter sido dez anos atrás quando proibiu Robert de
liderar o clã para a guerra.
Robert suspirou pesadamente e deslizou uma mão entre
os cabelos, como se resignasse com o seu destino, como um
homem prestes a andar para o cadafalso.
— Como quiser, pai. — Ele respondeu com seriedade. —
Nós faremos. Mas — ele se virou para Jessie — apenas se
você consentir.
Jessie olhou para o homem bonito de tirar o fôlego diante
dela, percebendo com desespero as linhas finas de tensão ao
redor de seus olhos e ao lado de sua boca perfeitamente
esculpida. Um músculo latejava em seu queixo novamente
enquanto ele esperava por sua resposta. Percebeu que sua
resposta determinaria se Lorde Strathburn ajudaria ou não
ele a ganhar seu perdão. Ele estava segurando Robert como
um refém. Isso era injusto.
Ela levantou o queixo.
— Eu não tinha previsto esta reviravolta, Robert, e
realmente sinto ter que colocá-lo em tal situação. — Fez uma
pausa momentânea antes de atirar-se no precipício sem
direito a retorno. O seu coração começou a bater mais rápido,
um galope incerto dentro de seu peito. Sentiu que Robert
estava prendendo o fôlego. — Mas como eu não desejo
impedir as suas chances de obter clemência... eu concordarei
com o handfasting para o seu bem.
Robert inclinou a sua cabeça, o canto de sua boca se
ergueu em um pequeno sorriso. Seu olhar era inescrutável.
Ela sentiu-se tonta com enormidade do que ela acabara de
concordar a atingiu.
Lorde Strathburn esfregou as mãos e sorriu
abertamente.
— Excelente, tudo ficará acertado. — Ele pegou um
cachecol longo de lã fina com o padrão do clã Grant de sua
sala de se vestir. — Para amarrar as mãos. — Ele destacou
enquanto ele chamava Robert e Jessie para perto da lareira.
Robert auxiliou Jessie a ficar de pé. O toque de suas
mãos em seu braço e em uma pequena parte de suas costas
parecia queimar toda pele debaixo de suas roupas. Ela
subitamente se recordou da sensação das mãos dele sobre a
sua pele quando ele a ajudou a se despir na cabana de caça.
Quando eles estivessem casados, seria direito dele como seu
marido vê-la e tocá-la da forma que desejasse. Ela se arrepiou
com o pensamento.
Eles tomaram as suas posições de frente um ao outro,
diante de Lorde Strathburn. Jessie olhou para o rosto de
Robert. Ele parecia sério, sombrio até. Era óbvio que não
queria fazer isso. A apreensão vibrou selvagemente em seu
estômago. Não era assim que imaginou que seria seu noivado.
Ela se forçou a diminuir o ritmo de sua respiração e tentou
focar no que Lorde Strathburn estava dizendo agora.
— Robert e Jessie, quero que unam as mãos. — Ele disse
sorrindo para ambos.
Pelo menos ele estava feliz. Robert segurou as suas mãos
nas dele e o conde cuidadosamente envolveu o cachecol ao
redor dos pulsos e mãos, amarrando-os juntos.
— Agora, Robert — o conde continuou — eu quero que
repita as seguintes palavras depois de mim.
Robert obediente e solenemente repetiu o voto simples de
compromisso. Seus olhos azuis fixos nos de Jessie enquanto
ele falava.
— Eu, Robert James Alexander Grant, Visconde de
Lochrose e Senhor de Strathburn, prometo tomá-la, Jessie
Munroe, como minha esposa. — No fim, ele apertou
gentilmente as suas mãos debaixo do cachecol e lhe deu um
breve meio sorriso de encorajamento.
Agora era a vez dela. A boca de Jessie estava tão seca
quanto a pedra da lareira e era difícil pegar ar suficiente para
falar.
— Eu, Jessie Elizabeth Munroe, prometo tomá-lo, Robert
James Alexander Grant, Visconde de Lochrose e Senhor de
Strathburn, como meu marido. — Ela tentou retribuir o
sorriso para Robert, mas apenas conseguiu em trêmulo puxão
com seus lábios.
Lorde Strathburn se dirigiu a eles mais uma vez.
— Como Chefe do Clã Grant, e tendo testemunhado as
suas promessas, os declaro agora unidos por handfasting.
Robert deu um passo à frente e ergueu suas mãos
atadas até os seus lábios. Entre as dobras do tecido, ele
depositou beijos nas pontas de seus dedos.
— Mo nighean ruadh mhaiseach. — Ele murmurou em
gaélico, sua boca larga se erguendo em um sorriso. Minha
bela ruiva. — Eu a protegerei e cuidarei de você de hoje em
diante.
Mas ele a amaria? Até mesmo mais importante, ele seria
livre para amá-la?
Com todo o seu coração e cada fibra de seu ser, Jessie
rezava que ele fosse.
Nove
Simon estacou na soleira da porta de seu quarto, o
sangue correndo diretamente de sua cabeça para a sua virilha
em uma corrente quente de uma luxúria furiosa. Não podia
acreditar. Depois do baile que Jessie tinha lhe dado por dois
dias e noites inteiros, ali estava ela, embaixo do seu nariz.
Sua presa. Emergindo do quarto de seu pai tão ousada
quando satisfeita, suas saias se movimentando ao redor de
seu traseiro bem formado e completamente fodível. Ele não
podia esperar para deixá-la de quatro e fazê-la ficar sem
sentidos.
— Jessie!
Ela se virou, seus lábios cheios formaram um grande 'O'
de surpresa. Ele sorriu. Imagine como será forçá-la a usar
aquela boca em seu... Espere... Quem diabos era aquele com
ela?
Mas antes que Simon tivesse tempo de pensar um
segundo a mais, seu acompanhante, um homem alto, de
ombros largos e cabelos escuros, virou-se e fixou nele seu
olhar frio e duro.
Merda. O mundo de Simon parou de girar. Ele agarrou a
maçaneta e esforçou para tomar ar. Porra, não. Não. Não. Não.
Robert. Mas não podia ser Robert. Robert estava
supostamente morto. Que diabos?
Ainda mais inacreditável, a puta, sua própria Jezebel,
estava de mãos dadas com o bastardo. Embora a negação
gritasse através de Simon, uma pequena parte de seu cérebro
sabia que ele não estava vendo o fantasma de Robert.
De alguma forma ele foi capaz de reunir sua voz, o ácido
girando dentro dele, enrouquecendo a sua voz.
— Robert!
Enquanto Simon dava um passo instável em direção ao
casal, ele notou, sem sombra para dúvidas, que era Robert,
apenas que este homem possuía um corpo mais largo e duro
do que o jovem Robert de dez anos atrás. Então, antes que
pudesse respirar novamente, a versão mais velha de Robert
soltou a mão de Jessie e diminuiu a distância entre eles tão
rápido e silenciosamente quanto um leão predatório.
Arrogante. Nem mesmo a forma como ele andava mudara.
Isso fez com que Simon quisesse vomitar.
— Simon, sugiro que nos deixe seguir nosso caminho.
Não precisa fazer um rebuliço.
O tom confiante e suave de Robert imediatamente
aumentou a ira de Simon a proporções incendíaveis. Ele
bufou e bateu no ombro de seu odiado irmão com a palma da
mão. Como se eu fosse deixá-lo ir. Nunca.
— Foda-se, Robert. Você voltou rastejando para lamber
as botas de nosso pai, não foi? Bem, eu não vou permitir.
Você não é nada além de um traidor imundo. Uma desgraça.
Você não é desejado aqui. — Ele lançou um olhar por cima do
ombro de Robert, diretamente para Jessie. — E onde diabos
você esteve todo este tempo, sua vagabunda...
O soco de Robert foi tão rápido que Simon nem percebeu
a sua chegada.
Ele cambaleou de costas em direção à fresta da janela e
deslizou pela parede. De olhos fechados, lutou para sugar o
ar, parecia que seu corpo estava paralisado pela combinação
de descrença, uma fervente raiva e uma dor de roubar
pensamentos. Segurou a pesada cortina de veludo com tanta
força que quase rasgou o tecido de seu suporte. Com sua
outra mão trêmula, ele sondou timidamente o lado esquerdo
de sua mandíbula, onde Robert acertara seu soco de quebrar
os ossos.
Antes mesmo de abrir os olhos ele soube que Robert e
Jessie tinham ido. Merda, merda, merda. Com a cabeça ainda
girando, ele se obrigou a levantar e se jogou no assento da
janela e cuspiu um bocado de sangue e um pedaço de dente
quebrado. Sacudiu a sua cabeça que zumbia, tentando
clarear a visão, depois avaliou o agora vazio corredor. Por
mais que tentasse se convencer de que apenas vira o
fantasma de seu irmão, a realidade de seu rosto que latejava,
desmentia a ideia.
Robert definitivamente retornara.
Certamente seu irmão não estava morto como a sua mãe
tolamente o convencera anos atrás. Simon sempre suspeitara
que seu pai havia arquitetado a inexplicável fuga de Robert da
adega de vinhos há dez anos, mas ele nunca fora capaz de
provar nada. Não, a única coisa que importava agora era que
Robert realmente voltara, e seu pai nunca cumpriu a sua
ameaça de declarar seu filho mais velho morto ou deserdá-lo
por meio de uma Lei do Parlamento.
O que significava que Simon teria que agir para proteger
os seus próprios interesses. Imediatamente.
Apoiando-se nas cortinas se levantou e engoliu uma
onda de náusea.
Outro pensamento inesperado lhe ocorreu: Onde Jessie
se escondera nos últimos dois dias e como diabos ela voltou
com Robert?
A imagem deles de mãos dadas se espalhou por sua
mente.
Com um rosnado que abalou até o vidro da janela à sua
frente, Simon rasgou a cortina. Tremendo de raiva, foi ao
quarto de seu pai. Robert podia ter emergido da morte, mas
ele se certificaria de impedir o seu irmão de requerer sua
posição e herança no condado.
E Jessie Munroe.
— Pai! — Explodindo dentro do quarto de seu pai, Simon
poderia dizer que era esperado. O pai estava parado diante da
lareira e mesmo apoiado em sua bengala, havia um olhar de
aço nos olhos do idoso: frio e desdenhoso. Seu pai sempre o
desprezara. Ele nunca fora o bastante e nunca seria.
Não como a porra de Robert.
Simon respirou fundo. De alguma forma conseguiu
resistir à vontade de dar um soco no rosto de seu pai e
apontou um dedo em sua direção.
— Você não pode deixá-lo voltar. Eu não permitirei.
Caesar deu um rosnado baixo. Se Simon tivesse
segurando uma pistola, teria atirado no maldito cachorro, o
cachorro de Robert, ali mesmo.
Seu pai nem ao menos piscou.
— Esqueça isso, Simon. Ele voltou. Será perdoado. O
novo Lord Advocate é meu amigo.
Simon fechou o punho.
— Você sabe que a lei está ao meu lado. — Ele grunhiu,
sua mandíbula latejando a cada som emitido. — Robert é um
maldito traidor...
O pai dele bufou e se endireitou.
— Você não se importa com a lei. Tudo o que se importa
é em herdar a fortuna que financia o estilo de vida dissoluto
seu e de sua mãe.
Verdade. Mas o dinheiro — tudo — deveria ser dele.
Simon tinha que fazer o seu pai ver isso.
— Mas Robert o desobedeceu. — Oh, Deus, ele soava
como se estivesse choramingando. — Ele não merece uma
segunda chance.
— Uma vez! Ele me desobedeceu apenas uma vez! — Seu
pai rosnou, seu rosto ganhando um tom escuro de vermelho.
Ele enfiou a bengala no peito de Simon e Caesar se levantou,
rosnando. — O que você acha que tem feito durante todos os
dias nos últimos dez anos, se não forem mais? Você não se
importa comigo. Você não se importa com a propriedade ou
com o clã. Como uma criança mimada, você só se importa
consigo.
Foda-se. Simon recuou para a porta. Irônico que a
demonstração de temperamento explosivo parecia ser a única
coisa que tinha em comum com o velho idiota. Enquanto
tocava a maçaneta, lembranças dolorosas e há muito tempo
enterradas de Robert, sendo mais rápido a cavalo, batendo-o
na esgrima, superando-o nas lições com o tutor deles,
encheram a mente de Simon. Ele engoliu o nó duro e amargo
em sua garganta e olhou novamente para seu pai, uma névoa
estranha, vermelha e turva de ódio e angústia embaçaram
sua visão.
— Mamãe, está certa. Eu nunca fui bom o bastante, fui?
Não é justo. Eu sempre fui o segundo melhor para você.
— Você toma e toma, Simon. Você nunca doa. É você
quem não merece nada. Dia após dia eu tenho lhe dado a
oportunidade para se prover. Mas você escolheu desperdiçar
tudo. Se eu deixasse você com rédeas soltas, você nos
arruinaria.
— Sim, foi Robert que saiu correndo e arriscou trazer-
nos a ruína. — Simon abriu a porta. — Eu não deixarei que
ele escape desta vez. E não há uma maldita coisa que possa
fazer sobre isso.
Ele se virou e saiu da sala como se Caesar ou os cães do
inferno estivessem em seu rastro. Robert e Jessie tinham
quinze minutos de vantagem sobre ele pelo menos. Levaria
MacTaggart e os membros da Guarda Negra. Reuniria um
grupo de Casacas Vermelhas também.
Ele veria Robert morto nem que fosse a última coisa que
fizesse.
***
***
***
***
***
***
***
***
Robert pairava ao lado da cama de Jessie, travesseiro em
mãos, em um dilema: dar um beijo de boa noite em sua noiva
ou rapidamente se afastar em direção ao fogo.
Ele realmente lamentava que Jessie o pegara em
flagrante. Não tinha certeza de quanto ela realmente vira, mas
ao julgar a sua reação, foi o bastante para chocá-la. Ela podia
ter aceitado a sua desculpa, mas ainda havia um
constrangimento estranho entre eles. Na verdade, o próprio ar
ao redor deles parecia vibrar com isso.
Talvez um breve beijo de boa noite ajudaria a aliviar a
tensão.
Afinal de contas, eles estavam unidos por handfasting.
Ele olhou para Jessie, ela havia começado a morder seu
lábio inferior novamente. A vontade de cuidar da pobre boca
maltratada com a dele era forte, mas não podia. Manteria o
seu beijo leve a amigável. E longe dos seus lábios deliciosos.
— Bem, mo chridhe10. — Ele murmurou, atraindo o seu
olhar. — Desejo-lhe, então, uma boa noite. — Abaixando-se,
ele se dirigiu para a bochecha de Jessie. Mas de alguma
forma, tudo saiu errado. No instante antes de beijá-la, Jessie
virou a cabeça e os seus lábios encontrara a boca dela, a boca
suave e exuberante como pêssego, e os lábios dela se
moveram imperceptivelmente contra os dele. Ela fizera aquilo
deliberadamente? Surpreso, ele quebrou o contato e fixou os
olhos nos dela.
Não havia nem censura e nem ansiedade nas
profundezas castanho douradas. Na realidade, os olhos de
Jessie pareciam quase sonolentos de desejo, suas pálpebras
pesadas, pupilas dilatadas. Ela lhe disse mais cedo que
gostava de seus beijos. Ela aceitaria outro?
Deus o perdoasse, ele definitivamente queria outro.
Ele pigarreou.
— Jessie, o que aconteceu agora...
— É tudo minha culpa, Robert. — Ela disse
apressadamente. — Eu queria que me beijasse... Só não sabia
como lhe dizer.
Cristo. Ela realmente quis dizer aquilo. Apesar de o ter
pego no meio de um ato grosseiro, apesar de todas as
provocações, ela ainda o queria. Era muito mais do que ele
merecia.
Robert soltou o travesseiro e sentou-se na beira da cama.
Ela não se afastou. Ela se aproximou, seu olhar fixo na boca
dele.
Mais um beijo, era tudo o que ele precisava. Mais um
beijo e ele se saciaria. Que mal poderia fazer quando eles já
estavam praticamente casados?
Ele engoliu com dificuldade, sua garganta apertada pelo
desejo.
— Jessie, posso beijá-la mais uma vez?
A ponta de sua língua rosa umedeceu os seus lábios.
— Sim. — Ela sussurrou, seus olhos escureceram como
mel derretido. — Eu pensei que nunca pediria.
***
***
***
***
***
***
***
Passarei a noite com você quando os porcos voarem.
Jessie segurou a resposta e encarou Simon, sua raiva
superava o medo. Ela já tivera o suficiente deste homem a
intimidando e, enquanto tivesse o apoio de MacTaggart,
pretendia mostrar alguma coragem. Ter a adaga de Robert em
sua mão embaixo da cobertura de suas saias também a
encorajava. Graças aos céus que ele a deixou para trás no
lavatório.
Simon pegou um fiapo inexistente em sua roupa,
obviamente afetado pela indiferença, um músculo latejava em
seu queixo.
— Estou esperando a sua resposta, Srta. Munroe. Eu
não tenho a noite inteira. O que será?
Jessie apertou o punhal de Robert com mais força,
agradecida pela sensação do cabo de aço frio na sua palma
suada. Sua voz, quando ela emergiu, tremeu apenas um
pouco.
— É melhor enviar os dragões então. Eu prefiro dormir
no chão frio de pedra com os piolhos e os ratos como
companhia do que passar mais um momento com você.
Ela o pressionou demais.
Com um grunhido, Simon se levantou de sua poltrona e
se inclinou sobre ela, suas mãos nos braços da poltrona dela,
seu rosto a centímetros do dela. Engasgando, ela se afastou
dele. Àquela distância, via claramente as consequências do
soco de Robert em sua mandíbula. Isso a recordava que
Simon não era o todo poderoso.
Coragem, Jessie. Aumentou o aperto em torno do
punhal. Ela o usaria contra ele se fosse necessário. Não
importa as consequências.
— Agora escute-me sua pequena v... — Começou Simon.
— Não, escute-me você. — Devolveu Jessie, tão furiosa
que ela podia cuspir. — Eu sugiro que se afastasse de mim
imediatamente ou eu pedirei que MacTaggart o prenda por
ameaça de ataque. — Ela instintivamente soube que era
capaz de contar com a ajuda do bom capitão.
Simon instantaneamente se afastou e a encarou, sua
raiva mal contida. Suas mãos estavam fechadas em punhos e
seus olhos cinzas brilhavam com uma afiada raiva. Ele a
recordava um lobo prestes a atacar a sua presa.
Apesar das pernas trêmulas, Jessie se levantou e o
encarou, o punhal ainda em mãos. Tinha algo que precisava
dizer e o faria com os olhos no mesmo nível. Não se
acovardaria diante dele.
— Eu acho que já deve saber, esta mesma manhã, seu
pai fez o enlace entre Robert e eu. Logo que Robert seja
perdoado pelo Lord Advocate, e ele irá, seu irmão e eu nos
casaremos. Tenho certeza que Lorde Strathburn não ficará
nada contente com você, se ouvir que o seu comportamento
comigo, como meu futuro cunhado, não foi nada exemplar.
Você não concorda?
— Bem, nós não temos feito bem a nós mesmos, minha
querida Jezebel? — A voz de Simon ficou suave novamente.
Um pequeno sorriso, como uma careta, retorceu seus lábios
finos. — Estava certo sobre você o tempo inteiro. Você não é
nada além de uma prostituta avarenta e gananciosa.
Ele caminhou em direção à porta, mas então parou com
a mão na maçaneta e se virou. Seu olhar de despedida a
congelou até os ossos.
— Mas o que será de você, Srta. Munroe, quando a
cabeça do meu irmão estiver no bloco para ser decapitado?
Eu ainda estarei aqui... esperando. Ao cair no sono hoje à
noite, irá se lembrar disso, não irá, minha querida?
***
***
***
***
Estou livre.
Uma onda de pura felicidade atingiu Robert quando ele
pousou seus olhos em seu pai e em Jessie. Ele tinha sua
família e a vida que tanto desejou por mais de uma década de
volta em seu poder. Engolindo uma onda de lágrimas, ele
cruzou a sala em direção ao seu pai e o abraçou calorosamente
antes de se virar para Jessie.
Minha prometida. Ele a olhou, pegando cada detalhe em
cima dela. Por um momento ele considerou jogar a precaução
aos ventos, seu desejo era pegá-la em seus braços e beijá-la
incrivelmente forte. Mas a convenção venceu e ele não
desejava criar uma cena em frente ao Lord Advocate e lhe
embaraçar, então ele simplesmente pegou sua mão e
depositou um leve beijo em seus dedos. Haveria muito tempo,
na verdade todo o tempo do mundo, para beijá-la e ter prazer
com a sua futura esposa.
Quando ele levantou a cabeça e encontrou o olhar de
Jessie novamente, ele notou uma aparência fugaz – era
indiferença ou apreensão? — em sua fisionomia, antes que
ela sorrisse incerta para ele, Deus, ele esperava que ela não
tivesse reavaliando o compromisso deles.
Agora que ele a amava.
Amor.
Ele amava Jessie Munroe. A percepção o atingiu como
um raio vindo de cima. Sorrindo como um idiota, ele apertou
a mão de Lorde Arniston e trocou as gentilezas exigidas com o
secretário do Advocate e seu pai, tudo enquanto se deleitava
com a alegria que fluía em suas veias, inflando o seu coração.
Jessie podia estar um pouco moderada agora, talvez um
pouco insegura, mas não demoraria muito até eles ficarem
sozinhos. Então ele afugentaria todas as dúvidas — ele tinha
que fazer isso — porque conseguir o amor de Jessie era uma
tarefa que ele definitivamente queria vencer.
Quinze
A pequena viagem de volta à Praça Auldgate foi uma
imensa tortura para Jessie. Instalada no canto mais distante
do assento de couro, de frente a Lorde Strathburn, ela se via
igualmente excitada e consternada com Robert ao seu lado.
Sua grande estrutura muscular parecia preencher o espaço
confinado da maneira mais desconcertante possível. Ela se
viu enrubescendo ao sentir suas coxas musculosas
pressionarem a sua perna quando a carruagem fez uma curva
acentuada na Royal Mile, o contato lhe trouxe à mente outras
partes delgadas e duras do corpo nu de Robert e ela lutou
para o desejo de se contorcer diante da dor entre as suas
próprias pernas. Aparentemente o seu lado lascivo voltara.
Graças a Deus, tanto Robert quanto Lorde Strathburn
estavam profundamente imersos em uma conversa sobre os
planos para um jantar de celebração naquela mesma noite em
Strathburn House e pareciam não ter notado seu estado
confuso. Céus, ela precisava ter um pouco de controle quando
estivesse perto de Robert. Eles não estavam mais isolados em
uma caverna ou na pousada, estavam no meio da sociedade
educada. Ela precisava se comportar com decoro,
especialmente agora que estava insegura sobre o
compromisso deles.
Ela lutava para não pensar nas afirmações da condessa
sobre Robert, a mulher claramente tinha o propósito de nada
menos vê-los separados.
Para dizer a verdade, as ações de Robert quando entrou
na antecâmara do Lord Advocate a confundiu. Ele pareceu
feliz por tê-la visto e, à primeira vista, ela tivera a impressão
de que ele a abraçaria assim como fizera com o seu pai. Mas
no fim, tudo o que ele fez foi beijar a sua mão como qualquer
cavalheiro conhecido faria. Embora ela não pudesse ter
esperado um cumprimento com um beijo no escritório do Lord
Advocate, ela se perguntou o porquê que ele não mostrara
mais afeição do que um gesto frio e superficial.
Talvez ela estivesse correta afinal e ele estava
repensando. Era perfeitamente compreensível e seria melhor
saber agora, ela dizia para si, tentando ignorar a sensação de
peso em seu coração e a súbita vontade de chorar. Ela olhou
para fora pela janela da carruagem, e tentou pensar em
alguma coisa diferente.
Isso provou ser muito difícil enquanto Jessie estava
ciente de cada movimento de Robert e cada olhar dele em sua
direção. Ela arriscou olhar para ele. Se ele não fosse tão
bonito. Esta era parte do problema. Mesmo em uma camisa
amassada, calça suja de lama e uma barba de três dias, ele
parecia obscuramente atraente. Seus olhos permaneceram em
sua mandíbula e ela recordou a sensação da barba debaixo de
seus dedos e contra a sua bochecha quando ele a beijara
naquela manhã, quando ele a chamara de meu amor.
E este era o outro problema, suas memórias de estar em
seus braços, suas carícias eram muito vívidas. Seus olhos
foram para os lábios dele, carnudos e firmes, curvados no que
parecia um sorriso torto que nunca falhava em deixá-la sem
fôlego.
Deus Santo, ela tinha que falar com ele. Ela precisava
saber se realmente era o amor dele ou ele se expressara
carinhosamente em um momento de paixão desenfreada
quando acreditava que seria executado. Era muito difícil estar
perto dele, sentir-se daquela forma e não saber se ele
realmente, de verdade, sentia o mesmo que ela.
— Jessie, chegamos a Strathburn House. — A voz de
Robert interrompeu suas reflexões e devaneios. Ela notou com
alguma surpresa que Lorde Strathburn já estava descendo da
carruagem com a ajuda de um dos lacaios.
— Eu... ah, sim... obrigada. — Ela murmurou,
encontrando dificuldade para olhar nos olhos de Robert. Em
vez disso ela ocupou-se de juntar as saias em preparação
para descer da carruagem, esperando que ele não percebesse
o quão desesperadamente nervosa e constrangida ela estava.
O quanto antes eles conversassem em particular,
melhor.
***
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***
Jessie ofegou.
— Lá embaixo? De verdade?
Robert sorriu, aquele sorriso lindamente indecente.
Aquele ao qual não era capaz de resistir.
— Sim. De verdade.
Homem perverso. Ela não conseguiu esconder o seu
choque. Ela confiava em Robert com todo o coração, mas a
ideia de ele colocar a boca em suas partes mais secretas...
Mas então ela já o provara uma vez. E ela sabia que ia querer
fazer isso de novo.
Talvez o pedido de Robert não seja tão estranho afinal. A
curiosidade venceu.
— Está bem. — Ela sussurrou.
Seu coração batia a um ritmo selvagem, ela jogou a
cabeça pra trás, sob os travesseiros e fechou os olhos. O
cabelo de Robert acariciava suas coxas e seus dedos
gentilmente separou suas úmidas dobras. Oh Deus, ela não
podia acreditar que o deixara...
Todo pensamento esvaiu-se quando a sua língua
perversa deslizou ao longo de sua fenda e depois a agitou
contra o seu centro pulsante. Um prazer intenso e quente a
atravessou. Contorcendo-se sem pensar, ela agarrou a cabeça
de Robert e gritou o nome dele, mas ele não se importou – ele
sugou e lambeu sem piedade até que a tensão dentro dela
aumentou a ponto de ser insuportável. Luzes brilhantes como
estrelas explodiram em seus olhos quando, profundamente,
empurrou os dedos dentro dela novamente e ao mesmo tempo
chupava com força seu núcleo pulsante. Foi demais. Ela
perdeu o domínio sobre a realidade. Um grito de agonia subiu
por sua garganta e um arrebatamento ardente finalmente a
tomou completamente, atirando-a ao céu.
Quando as ondas de prazer lentamente diminuíam, ela
sentiu Robert voltar ao seu lado. Envolvendo-a em seus
braços, ele a acariciou seu pescoço e orelha, murmurando
palavras afetuosas em gaélico contra a sua pele quente. Ela
se aconchegou a ele, pressionando-se contra o seu corpo
duro, suas pálpebras estavam tão pesadas por causa do
desejo saciado que ela mal as podia manter abertas.
— Eu não tinha ideia... Nunca me ocorreu que você
poderia me beijar... desta forma. — Ela murmurou contra seu
ombro nu.
Ela sentiu mais do que viu o sorriso de Robert contra
sua têmpora.
— Devo entender que você particularmente gostou disso,
mo chridhe? — Ele zombou, sua mão acariciando seus seios
mais uma vez, reacendendo o calor entre as suas pernas. Ela
levantou a cabeça e lhe respondeu com um beijo – seu lábio e
língua estavam salgados com o seu gosto, mas ela não se
importava. Na verdade, ela achou estranhamente prazeroso.
Erótico.
Robert rosnou o nome dela e a deitou de costas,
gentilmente afastando as suas coxas com um de seus joelhos.
— Está pronta para nos unirmos como marido e mulher,
meu amor? Receio que vá doer na primeira vez, mas serei o
mais gentil que puder. — Seu corpo pairava sobre o dela, sua
masculinidade descansando pesadamente sobre a sensível
pele de seu ventre.
— Não me importo. Não quebrarei. — Ela respirou e
envolveu o seu membro pulsante e rígido com uma das mãos,
desejando que ele os tornasse um só. Robert grunhiu e fechou
os olhos, afastando a mão dela. Por um momento ela se
perguntou como ele caberia dentro dela, mas ela queria tanto
agradá-lo. Ela sabia que precisava acabar com a umidade que
já escorria dele para seus dedos.
Robert colocou o seu peso sobre seus antebraços, depois
empurrou seu quadril para a frente, a cabeça de seu pênis
tocando a sua entrada. Jessie gemeu quando a pressão se
intensificou e ela apertou os ombros de Robert. A dor ardente
era quase demais.
— Diga-me se quiser que eu pare. — Ele resmungou, o
estremecimento devastando o seu corpo.
Jessie percebeu que a restrição a que ele se impunha por
sua causa também era dolorosa para ele.
— Não pare. Tome-me, Robert. — Ela sussurrou,
tocando em sua mandíbula tensa com dedos trêmulos. —
Faça-me sua.
***
***
***
***
Querida mãe,
Após fazer uma análise de consciência, percebi que por
causa das minhas transgressões contra a minha família e
particularmente à Srta. Munroe, não me encontro apto a
permanecer na esfera da sociedade educada. Trouxe desonra
incalculável ao nome de nossa família e, por isso, lamento
sinceramente. Por favor, transmita as minhas mais sinceras
desculpas a todos que prejudiquei, especialmente à Srta.
Munroe.
No entanto, como está claro para mim que nunca serei
capaz de reparar adequadamente os meus erros, acredito que
a única ação razoável para tomar é me retirar do seio da
família. Decidi considerar isso como uma oportunidade de
explorar novos horizontes e procurar um novo propósito de
vida.
Robert tem me apoiado muito e me ajudando em minha
busca de autoaperfeiçoamento em minhas novas aventuras,
Seu devotado filho,
Simon
***
***
[←1]
O pau manchado é um pudim britânico, tradicionalmente feito com sebo
e frutas secas e geralmente servido com creme.
[←2]
A cruz ardente é um termo de língua inglesa para um objeto de madeira,
como uma cruz ou bastão, carregado por um mensageiro e usado pelos
europeus do norte, por exemplo na Escócia e na Escandinavia, para reunir
pessoas para defesa, convocar para batalhas ou rebelião.
[←3]
Fichu é espécie de abrigo, de tecido leve e formato triangular, com que
as mulheres cobrem o pescoço e ombros por pudor ou para proteger-se do
sol.
[←4]
Banyan é uma peça do vestuário inspirada nos quimonos japoneses.
[←5]
Sorbus e Larch são árvores
[←6]
Araisag é uma pequena vila escocesa.
[←7]
stomacher, uma peça triangular, ricamente decorada, que é alfinetada
ao corset.
[←8]
O Lord Advocate, também conhecido como Advogado de Sua Majestade,
é o alto funcionário escocês da lei ( uma espécie de juiz).
[←9]
O handfasting é uma prática tradicional que, dependendo do uso do termo,
pode corresponder a um casamento não oficiado, um noivado ou um
casamento temporário.
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mo chridhe = meu coração.
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A Royal Mile é o nome popular para a sucessão de ruas que formam a
principal via do centro histórico de Edimburgo, na Escócia. Como o nome
sugere, a Royal Mile é de aproximadamente uma milha escocesa, e se estende
entre os dois pontos históricos da cidade: a partir do Castelo de Edimburgo
até a Abadia de Holyrood.
[←12]
Uma cruz mercat é o nome escocês para a cruz do mercado encontrada
freqüentemente em cidades, vilas e aldeias escocesas, onde historicamente o
direito de realizar um mercado ou feira regular era concedido pelo monarca,
bispo ou barão.
[←13]
Ormolu - Bronze dourado com uma fina camada de ouro. Usado
principalmente para montagens em móveis, obras de arte e relógios
[←14]
Gato de nove caudas é o nome de um chicote que possui nove cordas.
[←15]
A tradução perde o sentido ao se traduzir. O nome do objeto em inglês é
Thumbscrews, que seria algo como 'Parafusar Polegares'. Em português
chama-se anjinhos, anéis de ferro com parafusos, por vezes presos a uma
tábua, para apertar os polegares de criminosos e fazê-los confessar seus
crimes.
[←16]
A Debrett's é uma empresa de treinamento profissional, editora e
autoridade em etiqueta e comportamento, fundada em 1769