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A Garota Dos Bilionários - Cassie Cole
A Garota Dos Bilionários - Cassie Cole
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Epilogo
Cena Bônus
Visualizar - Uma babá para los Bombeiros
Autora
A garota
dos
Bilionários
Copyright © 2022 Juicy Gems Publishing
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode
ser reproduzida, distribuída ou transmitida de nenhuma forma sem
consentimento prévio da autora.
Traduzido por Moema Sarrapio
www.cassiecoleromance.com
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Português)
Uma Babá Colorida
Tentação Tripla
Uma babá para os Fuzileiros
Uma babá para os Bombeiros
A garota dos Bilionários
Amber
Amber
Amber
Amber
Amber
Amber
Jude
“Bem”, Owen disse, quando ela saiu. “Poderia ter sido melhor”.
Eu não era o tipo de homem que ficava sonhando acordado
com mulheres, mas desde a noite anterior, Amber estava ocupando
uma parte significativa dos meus pensamentos.
Eu não costumava sair muito. Ser arrastado para bares para
conhecer investidores era literalmente a última coisa na minha lista
de afazeres em uma quinta à noite. Pior do que chegar adiantado a
uma reunião é chegar atrasado, assim, cheguei no bar antes do
horário. Só por precaução. Então, fiquei no balcão do bar, com
aquele drinque estúpido na mão, fingindo que me encaixava
naquele ambiente.
No momento em que a vi dançando no terraço, não consegui
tirar os olhos dela. Seus cabelos escuros e esvoaçantes, seu rosto
em forma de coração, as curvas do seu corpo balançando ao som
da música. Ela não tinha muito ritmo, mas não parecia se importar.
Ela mexia sua bunda redonda, como quem não se importa com o
que os outros pensam.
E, então, ela me pegou no flagra, olhando para ela.
Normalmente, aquele seria o momento mais embaraçoso da noite.
Era o tipo de coisa que me faria pagar minha conta e ir embora
correndo.
Mas ela simplesmente evitou aquilo, aparecendo do meu lado
no balcão do bar e se apresentando. Amber era franca de forma
refrescante. Era mais fácil conversar com ela por causa disso. E
quando descobri que ela era programadora? Uma nerd do Silicon
Valley, assim como eu? De repente me peguei agradecendo ao
fantasma de Steve Jobs.
Até Owen aparecer e arruinar tudo.
Me lembro de estar lá assistindo tudo, sem poder fazer nada,
quando os seguranças acabaram com a festa de Amber e a
expulsaram junto com seus convidados. Owen estava com o Sr.
Rossi, nosso investidor em potencial, então, não ia voltar atrás. Ela
gritou com ele, ele gargalhou e gesticulou com desdém. E foi assim
que eu perdi qualquer chance que eu podia ter tido com aquela
garota.
E, então, ela apareceu para a entrevista de emprego no dia
seguinte.
Uma luz piscou dentro de mim, como a tela de um computador
ligada pela primeira vez. Eu estava ansioso para vê-la de novo.
Sedento. Era como se eu tivesse esfregado uma lâmpada mágica e
feito um pedido, porque quando abri a porta da sala de
conferências, lá estava ela.
Não sei como, mas consegui ir com calma. Dei uma olhada na
direção de Melinda e fingi que era a primeira vez que Amber e eu
nos víamos. Ela pegou a deixa. Seguimos com a entrevista, como
se nada tivesse acontecido na noite anterior.
Bem no fundo, eu imaginava como seria. Amber e eu
poderíamos trabalhar juntos, tornarmo-nos amigos, ou mais do que
amigos. Tínhamos tanta coisa em comum. E a melhor parte? Ela era
extremamente qualificada. Contratá-la seria absolutamente a melhor
decisão, ignorando o fato de já estar encantado por ela.
E, mais uma vez, Owen apareceu e arruinou tudo.
Ele entrou na sala de conferência do jeito que sempre fazia:
com seu sorriso de campeão e charme usuais. Owen estava
acostumado a ser o centro das atenções em qualquer lugar que
entrasse. E ele gostava disso. Os olhos de Amber se arregalaram.
Segurei a respiração, já esperando Owen dizer alguma coisa
estúpida. Porém, ele não a reconheceu.
Aquilo foi a gota d’água. O que empurrou Amber do choque
para a fúria. O ódio encheu seus olhos como uma lâmpada
incandescente, cada vez mais brilhante, até cegar quem estivesse
por perto.
Fechei os olhos e suspirei, assim que ela começou a gritar com
ele. Quando decidi falar, ela virou a metralhadora de ofensas na
minha direção. A intensidade do seu discurso teria sido
avassaladora, mesmo que eu não fosse o alvo dele. E,
ironicamente, aquilo me fez gostar mais dela.
Então, ela irrompeu da sala, nos deixando lá, sentados, muito
atordoados para fazer qualquer coisa. Melinda foi a primeira a falar.
“Quem pode me explicar o que acabou de acontecer?”.
“Nós … meio que nos conhecemos ontem”, comecei.
O maxilar de Melinda ficou travado. “E você achou que esse
não era um fato relevante a ser mencionado?”.
“Foram só alguns minutos”, argumentei. “No Marcello’s. O
clima estava amigável e educado, até Owen roubar o terraço dela”.
Owen zombou. “Calma aí, Boston. Aquele restaurante é meu.
Eu não posso roubar o que já me pertence”, ele sorriu e continuou
em um tom mais afável. “Além disso, foi ela quem meteu o louco.
Ofereci as cabines do primeiro andar. Nossa área VIP, em uma noite
super cheia. E ao invés de aceitar e reconhecer, ela ficou maluca.
Que bom que não vamos ter alguém com esse temperamento
trabalhando aqui”.
“Ela é qualificada”, Melinda resmungou.
“Muito qualificada”, concordei.
Owen correu sua mão pelo cabelo e pegou a pilha de papéis
de Melinda. “Quantas entrevistas temos hoje? Seis?”.
“Quatro pessoalmente, duas on-line”, ela confirmou.
“Aí está”, Owen gesticulou, como se o problema estivesse
solucionado. Temos uma fila de talentos nos esperando, Boston.
Não teremos problemas para encontrar alguém. Ele olhou no seu
relógio BYLGARI Octo Finissimo. “Avise-me, quando estivermos
prontos para a próxima entrevista. Tomara que não seja alguém que
precisei expulsar do meu restaurante recentemente”.
Eu o assisti sair da sala e me virei para Melinda. “Desculpe por
não ter alertado você”.
Ela sorriu tristemente. “Eu sabia que você estava agindo
estranho. Parecia que você tinha uma queda por ela e estava
tentando esconder. Vocês dois devem ter se dado muito bem
ontem”.
Senti minhas bochechas corarem. “Talvez sim. Eu acho. Até,
você sabe, Owen acontecer”.
“Ele certamente é um sujeito peculiar. Às vezes, ele me lembra
meu namorado”. Ela fez uma careta. “Talvez seja o melhor. Você
não quer se envolver com alguém que trabalha para você.
Especialmente uma subordinada direta. É a receita perfeita para um
desastre”.
Eu acenei enquanto ela falava. Melinda estava certa. Naquele
um mês, desde que a contratamos, encaramos um aspecto comum:
ela estava frequentemente certa sobre as coisas.
Começamos com a mesma sequência de perguntas, logo que
o próximo candidato chegou, mas eu não conseguia parar de pensar
na Amber. A atitude introvertida, o espírito impetuoso que mostrou,
logo que saiu do casulo. A forma como ela mordia o lábio enquanto
pensava em como responder a uma das perguntas. O sorriso
confiante, enquanto explicava sua experiência trabalhando com
cripto.
Só tinha uma coisa que me incomodava. O currículo dela
parecia incompleto. Havia um intervalo temporal em que ela não fez
nada. Um período vago de “projetos como freelancer” que ela não
elaborou muito durante a entrevista.
Enquanto Melinda e eu entrevistávamos um dos candidatos on-
line, eu abri outra janela no navegador para começar uma busca.
Amber Moltisanti. Vamos ver quem você é de verdade.
8
Amber
Amber
Amber
Amber
Owen
Amber
Amber
Quase não fui trabalhar no dia seguinte. Teria sido muito mais
fácil ficar na cama, passando meu tempo no Twitter no celular,
pensando se eu duraria mais trabalhando no Starbucks ou fritando
hambúrguer.
A única coisa que me forçou a ficar em pé e vestir jeans limpos
foi o olhar presunçoso de Owen no dia anterior. Eu faria qualquer
coisa para acabar com aquele sorrisinho.
Eu ia provar que ele estava errado. Eu não estava tentando
sabotar minhas chances na SE.
Mas foi o que eu fiz, uma voz sussurrou na minha cabeça. Foi
por isso que eu invadi seu computador de trabalho, seu
apartamento, e esta é a razão pela qual eu arruinei todas as minhas
outras entrevistas de emprego.
Melinda balançou um dedo para mim, quando entrei pela porta.
“Segurança é muito sério para nós, Amber. Comprometer o
equipamento de trabalho de um colega é uma violação tremenda na
confiança, corporativa e pessoal. Entretanto, Owen decidiu te dar
uma segunda chance”. Ela arqueou uma sobrancelha e continuou.
“Mas sua pasta de acesso ao sistema será auditada daqui para
frente. E qualquer outra infração futura será resolvida pela polícia”.
“Entendido”, eu disse curtamente.
Ela sorriu calorosamente. “Excelente! Temos um longo dia
hoje. Te enviei as quatro entrevistas que vamos conduzir. Por favor,
analise seus currículos antes de começarmos”.
Quando subi, caminhei para onde ficava o escritório de Owen.
O efeito de fumaça estava desativado, e eu pude ver que ele estava
com os pés sobre a mesa, jogando uma bola de tênis de uma mão
para a outra. Parecia que ele estava em uma conferência telefônica.
Mesmo estando no alcance da sua visão, ele nem me olhou.
Ok, que seja.
Jude estava no seu escritório. Ele levantou uma mão e sorriu,
me cumprimentando. Acenei de volta antes de entrar na minha sala
e começar a trabalhar.
Passei as duas primeiras horas da manhã revisando o mapa
da expansão da SE. Mapeei cada objetivo em grande escala que
Jude tinha me explicado, então listei subobjetivos que precisavam
ser alcançados antes. Assim sendo, desmembrei estes objetivos em
funções, programas e rotinas que precisavam ser programados.
Eu nunca tinha trabalhado em projetos daquele tamanho. Nem
mesmo quando criamos a ArgoCoin. Era satisfatório ver nosso
objetivo principal (expandir o suporte para mais criptomoedas) e,
então, quebrá-lo em partes subsequentes. Quando terminei, eu
tinha um diagrama de Gantt, e uma teia de aranha listando o projeto
inteiro. Assim, quando outros programadores chegassem, eu
poderia facilmente atribuir a eles tarefas específicas, e eles
conseguiriam acompanhar algo já em andamento.
Peguei outra caneca de café e uma barra de proteínas na
cozinha, então me sentei e comecei a trabalhar no código de uma
das tarefas pequenas. Desbastando aquela montanha enorme de
trabalho diante de mim. Seria mais fácil, quando uma dúzia de
programadores estivesse por ali, mas por hora era bom pegar uma
picareta e começar o trabalho duro sozinha.
Meus fones de ouvido tocavam música tecno sem letra, e eu
entrei no ritmo por um tempo. A única coisa que me fazia me
dispersar da tela do computador era Jude, quando passava do lado
de fora da sala. Eu tentava não olhar diretamente para ele, mas o
examinava por cima do meu monitor central. Óculos elegantes,
bochechas sardentas, olhos azuis intensos que ficaram ainda mais
brilhantes com a camisa combinando.
Ele é meu chefe, pensei. Não o cara com quem flertei no bar.
Eu provavelmente trabalharia por mais muitas horas, se
Melinda não tivesse aparecido na minha porta e dado uma
batidinha. “Ei, desculpa interromper. O primeiro candidato está aqui”.
“Ah, Certo. Me desculpa, já desço”.
“Você conseguiu revisar seu currículo?”.
“Claro que sim”, menti.
Fechei o programa que estava usando, peguei meu laptop e
saí da sala. Jude estava subindo as escadas, enquanto eu descia,
com uma caneca de café nas mãos e um sorriso no rosto. Parei no
topo da escada para esperar por ele.
“Terminei o mapa de expansão”, eu disse, com uma nota de
orgulho na voz.
Seu sorriso ficou mais torto. “Eu vi. Vou escolher duas das
tarefas para começar hoje”.
“Não esquece de anotar no diagrama, para eu saber quais”.
“Claro”. Ele limpou a garganta e, por um momento, parecia o
cara estranho do bar de novo. “Me contaram o que você fez ontem”.
Fiz uma careta. “Me perguntei quando você falaria no assunto.
Eu só invadi o laptop de Owen. Não mandei mensagens por aí, nem
fiz nada sério. Só queria que você soubesse”.
“É claro. Não pensei que você fizesse isso. Foi divertido, na
verdade. Owen estava todo nervoso com isso, antes de você
chegar. Acho que ele arranhou seus tênis, enquanto escalava as
janelas … eles são uma edição cara de colecionador ou algo assim”.
Tentei esconder meu sorriso, falhei, então, apoiei-me nele.
“Você deveria ter visto. Logo que invadi a rede dele, descobri
vulnerabilidades no sistema da geladeira e consegui acesso à raiz
da IA doméstica”.
“Eu disse a ele que esses eletrodomésticos com conexão à
internet são um pesadelo digital”. Jude chacoalhou a cabeça com
espanto. “Estou chocado por ele não ter te demitido. Não sei o
porquê. No entanto, não acho que você vai ter uma terceira chance”.
Ele não me demitiu, porque sabe quem eu sou de verdade.
Olhei por cima do meu ombro na direção do escritório dele. Eu mal
podia ver sua mesa dali, mas vi que Owen sorria de forma
presunçosa para mim.
“Tenho uma entrevista”, eu disse, acenando para Jude e
continuando a descer as escadas. Me soterrar de trabalho naquela
manhã tinha me feito esquecer do que Owen disse, mas agora as
palavras ecoavam pela minha cabeça, como um comunicado no
horário nobre.
Você sempre arruína as coisas. Porque você tem medo de
falhar. Porque você não é tão boa quanto pensa que é.
Era estranho alguém conseguir me definir de forma tão
acurada. Como se ele tivesse invadido meu cérebro, lido meus
pensamentos privados e os recitado para mim. Teria sido
perturbador em qualquer circunstância, mas especialmente porque
foi dito por alguém como Owen March.
A primeira entrevista foi com um programador chamado Sanjay
Matthews. Melinda conversava com ele sobre sua educação e
experiência, enquanto eu rapidamente olhava as partes relevantes
do seu currículo. Ele respondeu às perguntas de Melinda habilmente
e com confiança.
“Três anos trabalhando com Ruby?”, perguntei, quando chegou
a minha vez. “É mais do que o normal. Todo mundo que conheço se
cansou depois de dois anos e voltou para programações básicas”.
Sanjay mostrou os dentes impecavelmente brancos. “Não sei
por quê. Eu amo Ruby on Rails. Especialmente para e-commerce”.
Pisquei. Ninguém chamava a linguagem pelo nome todo, Ruby
on Rails. Ninguém que sabia o que estava fazendo, pelo menos.
“Por que você prefere Ruby a Padrino?”, perguntei com
cuidado.
“Eu gosto de usar Linux”, ele respondeu imediatamente. “E a
arquitetura Model-View-Controller é a minha praia”.
Meu sentido aranha estava gritando naquele momento. O cara
parecia estar recitando artigos da Wikipedia, em vez de falar da sua
perspectiva legítima de conhecimento.
Continuei perguntando coisas pontuais sobre Ruby, então
mudei para Java. Suas respostas continuavam vagas e não
específicas. Todos os seus trabalhos tinham sido em empresas
internacionais, eu tinha notado, e suspeitei que nenhum deles era
real. Em certo momento, Melinda me olhou de lado de forma
curiosa. Ela estava entendendo o que eu estava tentando fazer.
Finalmente, após um tempo mantendo a pose, cruzei os braços
e suspirei. “Você não tem ideia do que está falando, não é mesmo?”.
O sorriso perfeito de Sanjay tremeu. Somente por um
momento, mas tempo o suficiente para eu ver. “O quê?”.
“Seu conhecimento de Java é raso. Você não conseguiu citar
nenhuma das sub-rotinas de Pearl. Se eu te pedisse para escrever
uma função simples de programação, duvido que você conseguiria,
sem visitar algum fórum on-line”.
“Você me pareceu mais entendido no telefone”, disse Melinda.
“Tinha alguém te ajudando?”.
“Eu … não sei do que vocês estão falando …”, ele gaguejou.
Virei meu computador na direção dele. “Escreva um simples
FOR loop …”.
Ele olhou para o meu laptop, como se fosse uma aranha
venenosa. “O que … qual linguagem?”.
“Qualquer uma”, respondi secamente.
Sanjay sabia que tinha sido pego, então rapidamente pegou
seu celular. “Acho que isso é um engano …”.
“Sim, engano foi você vir aqui e tentar enganar pessoas que
são boas no que fazem”, eu gritei, enquanto ele corria para fora da
sala de conferência. “Por que você não procura o edifício Cisco na
esquina? Eles contratam qualquer um!”.
Melinda gargalhou por um momento, então, fez uma careta.
“Geralmente, sou boa em detectar falcatruas bem antes da
entrevista. Desculpa ter desperdiçado seu tempo”.
“Tá de brincadeira? Foi mais divertido do que brincar com
cachorrinhos. Espero que o próximo candidato seja assim também.
Mal preparado”.
A próxima candidata era uma mulher pequena de uns quarenta
anos. Ela tinha trabalhado para o Facebook por oito anos e estava
pronta para mudar. Para a minha insatisfação, ela não estava
mentindo sobre sua experiência. Mas aquilo significava que ela de
fato sabia do que estava falando e, depois de vinte minutos nos
despedimos dela sorridentes.
“Ela vai para a pilha de contratar”, Melinda disse. “O próximo é
Dave Lunan …”.
Os próximos dois candidatos sabiam mais que Sanjay, mas
não tinham experiência. Eles eram crus, mas talentosos. Novos e
maleáveis.
O quarto candidato, Barry, tinha o melhor currículo do grupo,
mas sua aparência parecia a de alguém que tinha acabado de rolar
da cama: calça de moletom, uma camiseta suja e chinelos. Era
como se ele tivesse tentado fazer um cosplay do Owen, mas sem
dinheiro.
Ele apertou nossas mãos com um quê de importância que me
irritou. Como se nós fossemos as sortudas, porque o estávamos
entrevistando. Ele se sentou na cadeira do outro lado da mesa e a
inclinou em duas pernas.
“Vamos começar pela sua experiência”, Melinda disse. “Você
trabalhou na Symantec pelos últimos nove anos?”.
Barry acenou, mas não elaborou muito.
“O que te fez querer mudar de emprego?”, ela perguntou.
Ele deu de ombros. “Não sei, Mel. Acho que estou entediado”.
“Mel?”, ela deu um sorrisinho, mas seu tom foi perigoso. “Não
sou sua stripper favorita. Sou a coordenadora sênior nesta
empresa”.
Barry deu um sorrisinho. “É, mas esse é só o termo
politicamente correto para recepcionista. Certo?”. E então, ele
chacoalhou a cabeça para mim. “Tudo agora tem um nome
estúpido. Só diga o que você faz, é mais fácil”.
“Ah, você está muito certo”, eu disse, com um sorriso
sarcástico. “As pessoas deveriam dizer mais o que pensam sem
meias palavras”.
“Totalmente”.
“Então me deixe fazer isso”, eu disse. “Barry, dê o fora daqui”.
Ele cambaleou na cadeira. “Hã?”.
“Você me ouviu”, repeti. “Não quero alguém como você na
minha equipe, nem se você for o último programador no planeta”.
Seu maxilar se abriu. “Por que não?”.
Me levantei e dei a volta na mesa. “Porque você é um cuzão. E
já atingimos a meta de contratações de cuzões”.
Peguei o telefone dele da mesa e o joguei no espaço
compartilhado do escritório. Aquilo o deixou perplexo, e ele perdeu o
equilíbrio. Sua cadeira caiu de lado e ele tombou no chão. Então,
ficou em pé e me encarou.
“Mas … tipo … eu sou bom”, ele disse.
“Chocolate é bom”, Melinda disse. “Você é mais encrenca do
que vale a pena. Te acompanho até a porta”.
Peguei meu laptop e um lanche na cozinha. Melinda me
encontrou no corredor da saída.
“Nos livramos de enrascada”, eu disse.
“Certamente”, ela sorriu, mas não como eu esperava. “Você foi
um pouco dura com ele”.
“Ele era um cuzão e, como eu disse, já preenchi a vaga de
cuzona”, fiz uma mesura.
“Tem muitos cuzões nessa cidade”, Melinda disse
pacientemente. “E alguns podem ser úteis, se você os colocar em
uma sala para programar o dia todo”.
“Não gostei da forma como ele te diminuiu”, eu disse.
“Talvez”, ela respondeu. “Mas você estava com uma cara
estranha, desde que ele entrou. Acho que você só queria uma
desculpa. Da próxima vez, vamos tentar controlar a situação
melhor”. Ela pegou um saco de batatas do armário e saiu.
15
Amber
Amber
Fiz uma careta para a tela. Parte de mim suspeitava que ele
estava mentindo e que ele tinha sim usado a câmera do laptop da
SE para me espionar. Apesar disso, outra parte de mim se
perguntava …
Primeiro, entrei nas configurações do meu laptop e desabilitei a
câmera e o microfone. Depois, só por garantia, passei fita isolante
na câmera. Então, dissipei a proteção de tela do meu desktop
doméstico e executei meu antivírus. A varredura estava na metade
do caminho, quando Owen me mandou outra mensagem.
March, Owen: Sabe, fazia muito tempo que eu não ouvia esse
termo até aquele dia. Acho que vou começar a usar.
Jude
Jude
Amber
Amber
Jude
Amber
Amber
Amber
Amber
Amber
Owen
Amber
Amber
Para evitar que Jude viesse até a minha casa naquela noite,
mandei uma mensagem dizendo que não estava me sentindo bem.
Eu queria vê-lo, mas não confiava em mim naquele momento. Ele
veria minha confissão estampada no meu rosto e imediatamente
quereria saber o que estava errado. Além disso, eu precisava
entender meus sentimentos antes de mais nada.
Porém, quando cheguei ao trabalho na manhã seguinte e fui
para a minha sala, Jude imediatamente veio até mim.
“Ei, você tem um minuto?”, ele perguntou, me convidando para
entrar na sala dele.
Tentei agir o mais naturalmente possível, quando entrei. Será
que ele sabia? Será que Owen tinha contado a ele? Eles eram bons
amigos, e homens gostam de falar sobre essas coisas. Pelo menos
homens como Owen.
Brevemente me perguntei se deveria ser honesta. Arrancar o
Band-Aid de uma vez e contar a ele o que tinha acontecido. Era a
coisa certa a se fazer, e seria um gesto de boa fé. Mas eu ainda
estava processando minhas próprias emoções e sabia que não teria
coragem de dizer as palavras em voz alta. Ainda não.
“O que foi?”, perguntei e fiquei tensa esperando pela sua
resposta.
“Você está se sentindo melhor?”.
Suspirei por dentro aliviada. Ele só queria saber como eu
estava.
“Sim, bem melhor …”, eu respondi. “Foi só uma dor de
garganta, mas já passou. Provavelmente alguma alergia …”.
“Bom, muito bom”, ele removeu os óculos e limpou as lentes
com um pano. “Eu, hm, queria discutir nossa relação também”.
Minha respiração ficou presa na garganta. “Hm?”.
“Eu estava falando com Melinda …”, Jude passou a mão pelo
cabelo, sinal de que estava nervoso. “O documento que ela quer
que a gente assine. Falando sobre o nosso relacionamento. Ele é
bem detalhado no que diz respeito à, hm, natureza do nosso
relacionamento. E eu disse a ela que é apenas físico”.
“Ah, sim”.
“O documento fica mais simples assim”, ele continuou
rapidamente. “E eu estava pensando que seria mais simples no
geral se, hm, a gente mantivesse tudo casual. Você e eu podemos”,
ele abaixou a voz, “… continuar dormindo juntos. Mas não podemos
deixar que outras pessoas nos vejam juntos. Isso daria uma
impressão errada aos outros funcionários”.
“Sim, claro”, eu disse devagar. Tudo aquilo me parecia muito
conveniente. Será que ele sabia o que eu tinha feito com Owen na
noite anterior e estava tentando me dizer que estava tudo bem?
“Então é tipo um relacionamento físico”, ele disse, com as
bochechas coradas. “Nada mais. Quer dizer, eu definitivamente
gosto de você. Como amigo, e como mais do que amigo. Talvez.
Mas agora tudo está tão maluco por aqui com a expansão e nosso
volume de trabalho, que deveríamos manter tudo casualmente.
Talvez no futuro possamos dar um passo à frente, se tudo correr
bem. Talvez”.
Eu sorri para ele disse: “Você só está tentando se certificar de
que não somos exclusivos para sair com outras mulheres, não é?”,
se qualquer outro homem tivesse começado aquela conversa, meu
comentário seria genuíno, mas partindo de Jude, o bem-
intencionado e adoravelmente esquisito cara da TI, só fiz uma piada.
Suas bochechas foram de vermelho para carmim. “Não!
Absolutamente não. Quer dizer, eu não tenho ninguém mais … na
verdade, nós dois poderíamos fazer isso, mas não acho que eu vou
fazer. Mas poderíamos. Se quiséssemos. Apesar de eu não querer”.
Eu sorri para ele de forma calorosa e desarmante. “Relaxa. Eu
só estava brincando. Eu sei e concordo com tudo o que você disse.
Vamos manter isso casual. E se isso se tornar algo mais …”, eu
pisquei para ele. “Melhor ainda”.
Ele sorriu de volta para mim, e eu sabia que tudo estava bem.
Pelo menos naquele momento. Eu tive o impulso excruciante de
caminhar na direção dele e beijá-lo. Não havia mais ninguém no
segundo andar. Seria rápido. Ninguém saberia.
Porém, antes que eu pudesse agir, ouvi passos atrás de mim.
Congelei, apavorada com a ideia de que seria Owen. Mas era só
Will Crawley.
“Ei, chefa. E chefe”. Ele acenou para mim, então para Jude.
“Eu tenho uma pergunta sobre uma das funções da cadeia lateral da
Ethereum. O histórico diz que ambos trabalharam nela”.
É difícil ter privacidade agora que temos mais funcionários.
“Na verdade, foi só Jude”, eu disse, me lembrando do código
ao qual ele se referia. “Só acrescentei alguns comentários depois”.
“Legal. Estou trabalhando na integração com uma das outras
moedas baseadas em token …”.
Me afastei enquanto ele explicava seu problema. Jude me deu
um sorriso secreto, antes de voltar sua atenção para o novo
programador. Sorri de volta para ele, antes de me virar e sair da
sala.
Então, imediatamente dei de cara com Owen.
Seu peito estava duro feito pedra, e ele nem tremeu, quando
eu literalmente esbarrei nele. Meu corpo acordou e ficou em estado
de alerta, como se eu fosse um soldado pronto para os meus
deveres. Ele estava usando jeans e uma camisa polo azul justa, o
que para ele era tão formal quanto um terno. Ele tinha uma caneca
da Starbucks nas mãos e seus olhos estavam cobertos por um par
de óculos escuros que devem ter custado cinco pratas ou
quinhentos mil.
Minha boca ficou seca, e eu lambi meus lábios para forçá-los a
se hidratarem. “Óculos escuros do lado de dentro?”, eu disse
gargalhando. “Vocês, caras da TI, têm um senso de moda muito
estranho”.
Ele fez uma careta. “A festa foi longa com a nossa nova
parceira de negócios ontem. Vamos integrar nossos softwares logo.
Uma ressaca dessas vale a pena para mandar bem assim no
trabalho”.
“Você é um mártir de verdade”, respondi, mas o sarcasmo no
meu tom foi menos duro do que deveria ter sido. “E essa camisa
polo?”.
Ele olhou para si mesmo. “O que tem?”.
“Nunca te vi usar nada mais elegante do que uma camiseta”.
“Você só trabalha aqui faz duas semanas”, ele pontuou.
Teria ele se vestido melhor por minha causa? Era o único
motivo que me vinha a cabeça.
“Você teve uma boa noite?”, Owen tomou um gole do café,
mas eu ainda podia ver seu sorriso por trás da xícara. Aquele
sorriso me lembrou do sorriso da noite anterior, quando seu rosto
sexy estava no meio das minhas pernas, e sua língua se contorcia,
cultuando-me …
“Minha noite foi ok”, respondi. “Poderia ter sido melhor”.
“Tenho certeza de que foi algo válido, mesmo que não tenha
sido tudo o que você queria”, ele sorriu largamente.
De repente, Jude e Will saíram do escritório e se juntaram a
nós. “Noite boa?”, Jude perguntou, depois que Will desceu as
escadas.
“Noite ótima”, Owen respondeu, sorrindo com uma luxúria
discreta na minha direção. Mas se Jude tinha entendido alguma
coisa, não deixou claro.
“Você e Jocelyn se deram bem?”, Jude perguntou.
“Sim, ela foi mais ousada do que eu me lembrava”, ele
respondeu.
“Achei que você tinha ido para uma reunião de negócios?”,
perguntei, tentando esconder minha surpresa. “Foi um encontro?”.
“Um pouco de cada”, ele respondeu. “Jocelyn e eu estudamos
juntos, e ela tem uma empresa de processamento de dados. Ela
ainda tem uma queda por mim, com certeza. Eu juro que ela se
comportou como um cachorro encarando uma máquina de frango
assado. Não me olhe assim, Boston. Nada aconteceu. Eu tenho
mais autocontrole do que você pensa. E estava concentrado no
acordo”.
“Quem sou eu para te julgar?”, Jude disse, limpando a
garganta. “Às vezes não tem problema em misturar um pouco da
vida pessoal com o trabalho …”.
Owen bufou. “Você está bem, cara? Nunca pensei que você
pudesse dizer uma coisa assim …”.
Os olhos de Jude se arregalaram. “Não! Quero dizer, sim.
Estou bem! Estava só pensando …”. Ele pegou seu celular do bolso.
“Ah, merda, esqueci de responder o e-mail de Melinda …”.
Eu fiz uma careta com toda aquela cena, mas Owen não
pareceu perceber nada de errado. Ao invés disso, ele enfiou a mão
no bolso e colocou algo nas minhas mãos.
“Falo com vocês depois”, ele disse, correndo para a sua sala.
Abri minha mão e encontrei um Post-it dobrado na metade.
Jude virou as costas para mim e fez uma careta. “O que foi
isso?”.
“Hm … não sei. Owen é estranho”.
Jude deu uma risadinha e disse: “Isso significa que ele falhou
com Jocelyn. Ele passou dois meses ansioso para essa reunião.
Aparentemente ela é muito atraente”. Ele limpou a garganta e
adicionou. “Na opinião de Owen, eu não concordo”.
Ele estava em um encontro com uma mulher atraente ontem,
pensei, e a deixou para ir jogar comigo? A confusão na minha
cabeça se intensificou.
Jude acenou para mim. “O que é isso? Um bilhete?”.
Fechei os dedos para cobrir o papel instintivamente, e então os
abri novamente. O bilhete provavelmente era algo pessoal.
Provocando sobre o que tinha acontecido, ou prometendo mais.
Mas eu não podia esconder e ler depois, sem levantar suspeitas.
Desdobrei o pedaço de papel vagarosamente.
Arrombada6969
Amber
O último item da lista me fez refletir. Pagar para ver o que vai
acontecer entre mim e Owen? Na noite anterior, eu quis mais, e ele
não me deu.
Que tipo de homem recusa sexo desse jeito? Especialmente
depois de chupar a garota.
A resposta era cruel e provocativa: o tipo de homem que não
quer dormir com você.
Talvez Owen não quisesse ir em frente comigo. Talvez ele nem
mesmo estivesse interessado. Ele me beijou, não sentiu nada e,
então, resolveu me dar uma esmola metafórica, chupando minha
boceta. Um prêmio de consolação.
O pensamento me fez me sentir absolutamente vazia, e eu não
consegui parar de pensar no assunto a manhã toda.
Minha resposta chegou na hora do almoço.
Owen entrou na minha sala como se fosse o dono do lugar. Ele
meio que era, mesmo. Meu corpo todo despertou de novo, logo que
o vi, uma mistura de atração sexual, frustração e curiosidade.
“Você tem planos para o almoço?”, ele perguntou.
Pisquei, surpresa. “Não … não tenho”.
“Que bom. Vamos sair. Precisamos discutir algumas coisas”,
ele me encarou por alguns segundos. “Vamos? Anda”.
Peguei meu celular e o segui para fora da sala. O pânico me
invadiu, quando pensei que desculpa inventaria. Até o dia anterior,
eu e Owen éramos inimigos mortais. De repente, estávamos ali,
indo almoçar juntos …
Owen enfiou a cabeça dentro do escritório de Jude. “Vou levar
Amber para o almoço com os caras da AWS”.
Jude removeu seus fones do ouvido e fez uma careta. “Tentem
agir como adultos durante a reunião. Vai nos ajudar a construir uma
boa reputação”.
Owen me olhou de forma selvagem. “Não posso prometer”.
Eu o segui até o andar de baixo, saímos do prédio, e um carro
já estava à nossa espera. Entramos no banco de trás, e o carro
partiu.
“AWS?”, perguntei. “Serviços Web da Amazon?”.
Owen olhou pela janela, sem me encarar. “Com toda a
expansão, precisamos aumentar nossa hospedagem de sites.
Preciso que você responda às questões técnicas que possam
surgir”.
“Obrigada pela confiança”, eu disse.
Ele deu de ombros. “Jude estava ocupado. Era você ou um dos
recrutas”.
Enquanto o carro rodava por São Francisco, esperei Owen
tocar no assunto. Mas ele ficou em silêncio absoluto. Quando o
carro parou perto de um restaurante no cais, não tínhamos trocado
uma só palavra. Era um restaurante grã-fino, e eu me senti
inadequada vestindo calça jeans e tênis.
É por isso que ele está usando uma camisa polo, notei. Não
porque ele quer me impressionar.
“Chegamos antes deles”, Owen disse, enquanto a
recepcionista nos guiava até nossa mesa. “Não pega bem para o
time de vendas. Eles deveriam ter chegado bem antes e já
começarem a conversa praticamente implorando para que nós
fizéssemos negócios com eles”.
A referência casual foi demais para mim. “Vamos falar sobre o
que aconteceu ontem no seu restaurante?”.
Ele me deu um olhar confuso. “Não?”.
“Como assim, não? Você não quer falar sobre isso?”.
Owen deu de ombros. “Não tenho nada para falar”.
“Nada para falar …”, repeti. “Sério mesmo?”.
Antes que eu pudesse dizer qualquer outra coisa, o pessoal da
Amazon chegou, um homem e uma mulher, ambos jovens,
atraentes e sorridentes. Eles pareciam o rei e a rainha do baile de
formatura.
Owen começou com os cumprimentos e apresentações. Era
como se ele tivesse apertado um botão de repente. Sr. Diretor,
charmoso e gentil, prestes a falar sobre sua empresa para qualquer
pessoa que quisesse ouvir. Eu sorri e acenei, enquanto eles
falavam, basicamente só os três estavam envolvidos na conversa.
Depois da entrada, a discussão mudou para os serviços de
hospedagem de sites. Owen explicou o plano que tínhamos com a
Microsoft e o aumento que estávamos esperando nos próximos
meses e anos.
“Aqui está o plano que recomendamos a vocês”, a mulher do
sorriso de um milhão de dólares respondeu. Ela escorregou um
fichário sobre a mesa. “Para uma empresa com o seu potencial,
podemos oferecer isso tudo significativamente mais barato do que a
Microsoft”.
“Isso é sempre bom”, Owen respondeu e me olhou. “O que
você acha, Amber?”.
Abri o fichário e li os detalhes técnicos. “Me parece bom”. Eu
parei. “Essas soluções são todas sob demanda”.
“Achamos que é o melhor para uma empresa do tamanho da
de vocês e com crescimento potencial”, o homem respondeu.
“Nosso plano atual com a Microsoft é dinâmico”.
A mulher respondeu olhando para Owen, mesmo após eu ter
apontado a diferença: “Não achamos que seja necessário. Na
verdade, achamos que a Microsoft está tirando vantagem de vocês”.
Ela deu uma risadinha comedida e sacudiu a cabeça.
“Acreditem: é isso o que vocês querem”. O homem tocou o
fichário com um dedo.
“Não olhem para mim”, Owen disse. “Amber é quem sabe. E,
sem ofensas, eu confio mais nela do que em vocês”.
Eu estava prestes a recuar e concordar com o que quer que
Owen e os vendedores decidissem, mas ele me olhou com
confiança. Ele confiava mesmo em mim. Então, eu segui em frente.
“Escalonamento sob demanda é mais barato no papel, mas
toda vez que tivermos um problema de tráfego de dados na
plataforma, teremos custos adicionais. E a confiabilidade é mais
baixa durante a inicialização destes servidores novos. Com o
escalonamento dinâmico, os servidores oferecem suporte, mesmo
que o tráfego de dados aumente”.
O sorriso do homem era quase condescendente. “Você está
tecnicamente certa, é claro. Mas o tráfego atual da sua plataforma
não está nem perto do número que se beneficia do escalonamento
dinâmico. Este plano é mais do que adequado”.
“Não estamos planejando de acordo com o tráfego atual”,
respondi. “Estamos planejando com base no que esperamos para o
próximo ano. Com os projetos das blockchains paralelas que
estamos correndo para terminar, nosso tráfego vai ser dez vezes
maior do que é hoje. Mil vezes durante o pico. E uma plataforma de
troca de criptomoeda como a nossa vai ter vários picos durante as
movimentações do mercado”.
A mulher suspirou irritada. “Owen, achei que estávamos de
acordo durante a nossa ligação preliminar. E as coisas mudaram
agora de repente …”.
Owen olhou para mim. “Qual é sua resposta final, Amber?”.
Ignorei os olhares frustrados dos dois e respondi:
“Definitivamente, precisamos de escalonamento dinâmico”.
Owen gesticulou. “Aí está. Confio em um membro da nossa
equipe. Incluam escalonamento dinâmico no acordo, ou vamos
manter a Microsoft como hospedeira”.
As expressões de alegria dos dois se desmancharam. “Owen,
vamos falar um pouco mais sobre isso. Tenho certeza de que você
vai ver como este plano é muito mais barato, se ler com atenção
nosso indicadores-chave de performance …”.
“O preço não interessa, se vocês vão cobrar mais caro durante
os picos”, ele respondeu.
“Ou se a plataforma cair, enquanto vocês estão atualizando os
servidores sob demanda”, completei.
O homem pediu licença para usar o banheiro. Sua parceira
tentou continuar conversando sorridente conosco sobre o clima
maluco da baía e se algum de nós estava infeliz com a mudança
dos Raider para Las Vegas. Quando ele voltou do banheiro, tinha
uma expressão séria e o celular em mãos.
“Podemos incluir escalonamento dinâmico no plano”, ele disse,
como se aquela tivesse sido a ideia o tempo todo.
Owen me olhou satisfeito, o que me fez sorrir o resto do
almoço.
31
Amber
Owen
Amber
Amber
Amber
Amber
Owen
Amber: Ha ha ha ha ha ha ha
Amber: Sério?
Amber: Vou te contar um segredo: perguntar sobre o câncer
do meu pai não é flerte nenhum. Ele só estava sendo legal comigo.
Owen: Então você nega que ficou toda bobinha, quando ele te
abraçou e te beijou?
Amber: Você é muito mais sexy quando NÃO está agindo feito
uma criança, Owen.
Amber
Amber
Amber
Furio
Amber
Amber
“A cara dele”, Furio disse naquela noite. “Eu achei que ele ia
ter um derrame ali mesmo!”.
Estávamos em uma mesa para duas pessoas do lado de fora
de um restaurante no meio da cidade, dividindo uma garrafa de
vinho, enquanto esperávamos pela nossa comida. O sol estava se
pondo atrás dos prédios antigos do meu lado esquerdo, espalhando
uma luz laranja no céu. O Pinot Noir na minha taça era mais gostoso
do que qualquer vinho que eu já tinha tomado na vida, e eu sabia
que aquilo se dava parcialmente à minha vitória na eTodo.
“E você! Achei que você fosse demitir Edoardo”, eu disse.
“Pedir aos seguranças que o atirassem no meio da rua com todos
os seus pertences”.
“Talvez eu ainda faça isso”, ele respondeu gravemente.
“Depois do que ele disse sobre você e sobre mim … inaceitável”.
“Fiquei feliz por você ter me deixado colocá-lo no seu lugar,
primeiramente”, eu disse. “A cara dele depois que eu fiz seu
trabalho? Foi impagável”.
Furio rolou a taça de vinho por entre os dedos. “E agora todo
mundo lá vai te respeitar da mesma forma como eu respeito”.
Inclinei minha cabeça na direção dele e bebi meu vinho. Parte
do motivo pelo qual eu me sentia tão bem depois dos eventos do dia
foi a presença de Furio lá, testemunhando tudo. Eu queria sua
aprovação desesperadamente, dei-me conta. E a sensação era de
ter tomado uma garrafa toda de vinho sozinha.
“Essa solução vai ser fácil de ser implementada?”, ele me
perguntou. “Nas outras criptomoedas também?”.
Acenei. “Vamos ter muito trabalho, mas as soluções são fáceis.
Intensas, mas fáceis. Nem de longe são o bicho de sete cabeças
que Edoardo disse que seriam”.
Furio suspirou aliviado, como se um grande peso tivesse sido
removido dos seus ombros. “Comecei a duvidar da compra desta
empresa”.
“Você está brincando?”, respondi. “Do jeito que as coisas estão
indo, eTodo vai ser uma das maiores empresas de câmbio de cripto
da Itália em um ano. Foi um investimento fantástico e um
testemunho do seu conhecimento da indústria”.
Furio deu de ombros, mas também sorriu. “Meu conhecimento
é meramente, como dizem, raso … não é profundo”.
“Profundo o suficiente para tomar decisões boas de
investimento”, respondi. “E suas perguntas em São Francisco? Você
sabe muito mais do que todo mundo que não trabalha na indústria!”.
Ele sorriu genuinamente com o meu elogio, então pediu licença
e foi ao banheiro. Fiquei sorrindo, quando ele se levantou e
caminhou, olhando longamente e com apreço para as suas coxas e
bunda dentro da calça social.
Me pergunto como ele fica em roupas normais. Ou sem roupa
nenhuma.
O pensamento me fez dar uma risadinha, mas então meu
sorriso sumiu. Eu tinha Jude e Owen em São Francisco. Será que
eu deveria mesmo ter estes pensamentos sobre Furio? Era errado?
Eu tenho algum futuro com esses dois? Eles são meus chefes,
mais literalmente do que o Furio.
A pergunta era como uma espinha na testa, depois que ela
surgiu, ficou impossível ignorar. Calculei a diferença de fuso e
mandei duas mensagens, exatamente iguais. Uma para Owen e
outra para Jude.
Eu: Hora da verdade: você já pensou em algo mais sério entre
nós? Ou você quer que isso continue casual?
Amber
Eu: Bom dia Califórnia, boa noite Itália! O vinho e a massa são
maravilhosos. Talvez eu nunca mais volte.
Owen: Justo. Vamos promover Nancy à engenheira sênior. Ela
tem dado duro, desde que você foi. Aproveite sua nova
nacionalidade italiana!
Eu: EI.
Eu: NÃO TEM GRAÇA.
Eu: Diz que está com saudade.
Owen: Estou com saudade do que eu gostaria de estar
fazendo com você agora mesmo.
Eu: Que tipo de coisas?
Owen: Coisas sujas. Coisas que nem quero escrever numa
mensagem.
Eu: Enviando mensagens sexuais enquanto trabalha? Que
safadinho!
Owen: Depois que você engolir cada gota da minha porra, vou
te pegar pelo cabelo e te beijar. Ainda estou duro feito rocha, então
te viro de costas e te dobro no sofá da sala. Eu quero sentir seu
gosto, lamber seu líquido, porque você está mais molhada do que
nunca, mas eu preciso muito de você e não posso esperar. Eu guio
meu pau por trás, enfiando cada centímetro sem hesitar e te faço
gritar de prazer.
Eu: É maravilhoso ser fodida assim. Não pare.
Então, no laptop:
Amber
Lorenzo Moltisanti
Me engasguei de surpresa.
“Lorenzo Moltisanti foi o padre desta igreja por quase cinquenta
anos”, o pároco continuou. “E eu fui abençoado por ser ensinado por
ele, quando era um garoto. Faz muito tempo. Padre Moltisanti era
um homem maravilhoso, caridoso e amoroso. Completamente
dedicado à fé. Ele era o mais jovem de nove filhos”.
O padre suspirou. “Antes do meu tempo, os fascistas
assumiram o poder, e a família do Padre Moltisanti deixou a Itália.
Sua mãe, pai e oito irmãos foram para os Estados Unidos, mas ele
permaneceu aqui, cuidando do seu rebanho. Para guiá-los durante
tempos difíceis. E foi isso o que ele fez, por mais de vinte anos, até
os camisas-negras de Mussolini serem finalmente expulsos.
“Padre Moltisanti viveu plena e pacificamente depois disso, até
morrer em 1979. Só que o único membro de sua família vivo era um
irmão. Durante sua oração fúnebre aqui nesta igreja, este irmão veio
e trouxe sua linda família. Seu nome era Leonardo Moltisanti, e ele
trouxe sua esposa e seu filho pequeno …”.
“Marco”, sussurrei. “Meu pai”.
Furio colocou uma mão nas minhas costas, para me dar
conforto, sem interromper o momento. O padre acenou e levantou
um álbum de fotografias que eu não tinha me dado conta de que ele
estava segurando. Um pedaço de fita vermelha de seda marcava
uma página. Ele abriu o álbum nela e tocou suavemente na foto.
“Marco era seu nome, de fato”, ele disse. “Só o vi uma vez,
mas me lembro dele carinhosamente”.
Meus olhos se encheram d’água, quando olhei a foto. Ela tinha
sido tirada na porta da igreja, na vertical, para capturar o sino. Um
casal de adultos estava parado na frente da porta e, entre eles, um
garotinho. Ele não tinha mais de dez ou onze anos, mas seus traços
eram inequivocadamente familiares para mim. O rosto redondo, os
cabelos escuros, a postura, o sorrisinho pateta, que ele costumava
dar para mim e Michelle, sempre que contava uma piada de tio do
pavê.
Marco Moltisanti. Meu pai.
Continuei chorando, ao me aproximar da pedra e tocá-la,
sentindo a gravação com o nome do meu tio avô. Meu pai tinha
morrido, mas aquilo era evidência da sua linhagem. Uma parte da
sua família, literalmente gravada em uma pedra. Poderia não durar
para sempre, mas duraria tempo o suficiente.
Eu tinha passado os últimos três anos fingindo que meu pai
não tinha morrido de repente e inesperadamente. Tentando bancar a
durona para minha irmã, vivendo minha vida, como se tudo
estivesse bem. Ver a foto do meu pai e de sua família do outro lado
do mundo me encheu de alegria e tristeza profundas ao mesmo
tempo.
Encostei minha cabeça na pedra e tremi com soluços
silenciosos, enquanto os anos de luto me invadiram, depois de
terem sido reprimidos tão profundamente que agora era impossível
conter. O padre colocou um braço em volta de mim e, de repente, eu
estava chorando de soluçar no seu ombro, ecoando pelo transepto
oco.
Quando finalmente sequei meus olhos, o padre me deu a foto e
disse que eu sempre seria bem-vinda ao lugar em que meu tio avô
tinha servido. Trocamos mais algumas palavras, outro abraço e,
então, Furio e eu saímos da igreja.
Meu cérebro só voltou a funcionar, quando estávamos do lado
de fora. “Você fez isso”, eu disse, quando pisamos na rua que
estava mais cheia agora que a missa tinha acabado. “Você fez isso
por mim”.
Furio deu de ombros. “Foi um projeto divertido e curto para
ocupar meu tempo. Foi difícil encontrar a história da sua família!
Eles não imigraram para a Ilha Elis, eles aterrissaram no Canadá e
entraram nos Estados Unidos por Montreal, antes de viajarem para
o oeste. Mas estou feliz em ter mergulhado até encontrar sua
história. Como eu te disse antes, é muito bonito saber de onde você
veio. Agora você sabe, Amber Moltisanti, e sempre saberá”.
Furio sorriu para mim sob um poste na rua, pela primeira vez
sem seu charme imponente normal. Seu rosto estava estranho e
hesitante, como se ele não soubesse como eu reagiria ao fato de
que ele tinha rastreado a história da minha família. Seus olhos
escuros cintilavam, enquanto ele esperava pela minha reação.
Então, eu me joguei em seus braços e o beijei.
46
Amber
Amber
Amber
Jude
Amber
Amber
Amber
Amber
Amber
Amber
Owen
Owen
Amber
Amber
Amber
Amber
Furio
Amber
Amber
Amber
Amber
Amber
Amber
Amber
Amber
$12,00
$11,80
$11,80
$11,75
$11,76
$11,70
$11,65
$11,56
$11,51
$11,42
$11,85
$11,91
$11,99
$12,03
$12,21
$12,39
$12,43
$12,51
$12,55
$12,63
$12,69
$12,74
$12,81
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