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Disponibilização: Lizzie

Tradução: Vera
Revisão: Thamirys Simone
Revisão Final: Thamirys Simone
Leitura Final: Mari Barros E Thay
Truth or Beard
(Winston Brothers, #1)

by Penny Reid
Barbas, irmãos e motociclistas ! Sério?!

Gêmeos idênticos Beau e Duane Winston podem compartilhar o mesmo


rosto devastadoramente bonito, mas onde Beau é extrovertido e sociável, Duane é
caseiro e reservado. É por isso que Jessica James, formanda de pós-graduação e
boa menina de nível perpétuo, sofreu uma incansável e insalubre paixão por
Beau Winston durante a maior parte de sua vida.

Seus sorrisos amigáveis deixavam ela paralisada e com os joelhos fracos,


e ela nunca foi capaz de se mover além da paixão da infância. Considerando que
Duane e Jessica sempre foram adversários. Ela não consegue suportá-lo, e ela tem
certeza de que ele não pode suportar a visão dela ...

Mas, depois de um caso de identidade equivocada, Jessica encontra-se


em uma enorme confusão.

Jessica James passou a vida inteira paralisada pela fantasia de Beau e


seus pressupostos do desdém de Duane; portanto, ela não está preparada para a
realidade que é o interesse insaciável de Duane, bem como suas mãos quentes e
sua boca quente e seus olhares mais quentes. Não ajudando a mente confusa de
Jessica e a boa sensibilidade das meninas, Duane parece ter tido problemas com
a gangue de MC local, Iron Order.

Certamente, o feitiço mágico de Beau está quebrado. No entanto, quando

Jessica se sente atraída pelo homem que sempre foi seu adversário, agora mais

perigoso do que nunca, quanto de seu coração está disposta a arriscar?


Para aqueles que viajam sem destino, aqui está, esperando que tome seu tempo para alimentar seu

coração assim como o espírito.


CAPÍTULO 1

“Nem todos aqueles que vagueiam estão perdidos”.

― JRR Tolkien, a Irmandade do Anel.

~Jessica~

Estaciono no Centro Comunitário de Vale Verde (Green Valley Community

Center) e assusto a merda fora de cinco idosos.

Mesmo sendo Halloween, induzir ataques cardíacos na população geriátrica

não estava na agenda. Infelizmente para todos com bons ouvidos, minha camionete

fez um alto e medonho “ganido”. Isto aconteceu ocasionalmente.

O grupo dos cinco pulou, obviamente assustados, e olharam para mim. Logo

a expressão em seus rostos se transformou em enrugados olhos confusos pela minha

aparição, levando alguns momentos para me reconhecerem.

Todos em Green Valley, Tennesse sabiam quem eu era.

No entanto, imaginei que não esperavam ver Jessica James, a filha de vinte

dois anos, do antigo xerife Jeffrey James e irmã do Xerife Adjunto Jackson James,

vestida com uma longa, barba branca, sentada ao volante da minha “caminhonete

monstro” Ford antiga Super Duty F-350 XL.


Em minha defesa, não era bem minha camionete monstro. Era da minha mãe.

Ela acabou de fazer um upgrade para um modelo mais novo, maior e ainda mais

monstruoso. Algo com um grande para-choques em que ela possa colar adesivos

dizendo:

Beijou seu xerife hoje?

Não beba e dirija, não, misturam álcool e cálculo.

Coma bife!!! O Oeste não foi conquistado com salada.

Como esposa do xerife local e mãe de um policial (meu irmão), uma

professora de matemática (eu) e filha de um fazendeiro, acho que ela sentiu como seu

dever usar a sua camionete como um outdoor móvel pró-polícia, pró-matemática e

pró-carne.

Esperei pacientemente eles me olharem, dando um pequeno sorriso que não

veriam atrás da barba. Estar sendo encarada não me incomodou muito. Depois de

mais minutos de olhares confusos, o grupo de idosos se afastou como um bando de

tartarugas em direção a entrada do Centro Comunitário, lançando olhares confusos

sobre seus ombros.

Tão rapidamente como podia, manobrei a besta na vaga. Desde que herdei o

caminhão, normalmente estacionava no começo do estacionamento para não ser a

pessoa que dirige um carro de grandes dimensões e ocupa dois espaços.

Ajustei a barba, jogando o comprimento de 91 cm branco por cima do ombro

e agarrei a capa cinza e chapéu de mago. Então tentei não cair da caminhonete saindo

dela.
Felizmente, minha fantasia também necessitava de outros acessórios; segurei

a polida madeira para me ajudar na descida. O resto da minha fantasia era

insignificante, uma minissaia com frente baixa, que tornou o movimento simples.

Estou do outro lado do estacionamento, me preparando mentalmente para as

carrancas de desaprovação do meu pai e irmão, quando ouço meu nome.

— Jessica espere. — Viro e aceno quando encontro minha colega de trabalho

e amiga Claire vindo até mim.

— Pensei que era você. Vi os acessórios e chapéu. — Ela abrandou enquanto

se aproximava os olhos se movendo sobre o resto do meu traje. — Você... Fez algumas

modificações.

— Sim. — Orgulhosamente assenti, sorrindo. Claire não tinha mudado desde

o trabalho. Ainda estava usando uma fantasia adorável de Raggedy Ann1. Para sorte

dela, já tinha o cabelo vermelho brilhante e sardas. Tudo o que teve que fazer foi

trançar as longas madeixas e adicionar os macacões e boné branco.

— Gostou do que fiz? — Virei para um lado depois o outro para mostrar

minha nova roupa e sandálias de salto.

— Você ainda é Gandalf2? Ou o que é suposto ser?

— Sim, ainda sou Gandalf. Mas agora um sexy Gandalf. — Levanto minhas

sobrancelhas.

Claire cobriu a boca com uma mão enluvada e bufou;

— Oh meu Deus. Você é louca.

1
Raggedy Ann é uma personagem ruiva criada pelo escritor americano Johnny Gruelle (1880-1938) de uma série de
livros que escreveu e ilustrou para crianças.
2
Gandalf, O cinzento ou O branco é um personagem fictício das obras do filósofo J. R. R. Tolkien, autor da série Senhor
dos Anéis.
Uma risadinha sinistra escapa de meus lábios. Não sou muito de dar

gargalhada a menos que faça algo sinistro.

— Bem, não poderia usá-la para trabalhar. Mas adoro a ironia disso, sabe?

Todas aquelas estúpidas fantasias de Halloween que se espera que as mulheres usem,

como a enfermeira sexy, bruxa sexy e abelha sexy. Na verdade olhei uma fantasia de

abelha. Perdi alguma coisa? Existe um subconjunto dos homens que fica pensando

sobre polinizadores?

— Concordo. Não pode usar o traje “sexy” de Gandalf para trabalhar. Além

de ser contra o código de vestimenta, já está estrelando as fantasias sexuais de todos os

alunos do sexo masculino como a sexy professora de matemática. Se usasse o Gandalf

sexy na escola em vez do Gandalf normal, acho que iriam para casa se sentindo

confusos sobre sua sexualidade.

Eu ri e balancei a cabeça, pensando como estranhos tinham sido os últimos

três meses.

Como eu, Claire era uma nativa de Green Valley e tal como eu, tinha se

mudado para a cidade depois da faculdade.

No entanto, enquanto estava aqui temporariamente, apenas até pagar minhas

dívidas escolares, Claire estava aqui para ficar. Ela se tornou professora de teatro e

música durante o último ano de ensino médio. Agora somos colegas de trabalho. Com

seus lindos cabelos vermelhos, olhos azuis e um impressionante rosto, durante meu

último ano, bem como agora, ela foi rotulada a sexy professora de teatro.

Tremi quando uma rajada de vento do fim de outono encontrou minha pele

nua.

— Vamos. — Claire enganchou seu braço no meu. — Vamos entrar antes que

congele sua barba.


A segui para o edifício da velha escola. Conforme nos aproximávamos, ouvi

os sons reveladores da música folk3 derivando das portas abertas.

Era noite de sexta-feira, e isso significava que quase todas as pessoas normais

num raio de trinta milhas se juntavam para a sessão de música no centro comunitário.

Como era dia das bruxas, o lugar tinha sido decorado com esqueletos de papel,

abóboras esculpidas e pequenas chamas em laranja e preto. A velha escola havia sido

convertida, apenas sete anos antes e as sessões de música começaram logo em seguida.

Todos em Green Valley começariam a noite aqui. Mesmo se não fosse

Halloween, pessoas casadas com filhos iriam embora primeiro, seguidas pelos idosos.

Depois que os adolescentes mais velhos saem, provavelmente para o campo Cooper

acampar em volta de uma fogueira e beber. Os adultos, solteiros e sem filhos vão

embora em seguida.

Eu era desajeitada e hesitante tentando encontrar meu caminho neste novo

subgrupo de adulto solteiros.

Antes de ir para a faculdade, fazia parte do campo Cooper, adolescentes,

subconjunto de fogueira e bebedeira, mesmo que normalmente não ficasse muito

tempo e nunca fiquei bêbada. Mas sempre encontrei um rapaz para beijar antes de sair.

Na minha situação atual, como cada indivíduo do subgrupo de adultos

solteiros (grupo que agora pertenço) terminaria a noite, dependeria fortemente dos

objetivos pessoais dessa pessoa. Se o objetivo era se divertir bem e sóbrio,

normalmente vai ao Bar de Genie para dança e jogar dardos. Se o objetivo é ir para a

cama, então normalmente vai para o The Wooden Plank, um bar de motociclistas no

limite da cidade. Se o objetivo é transar, causar problemas, e talvez transar novamente,

3
Música popular
vai para The Dragon Biker Bar, várias milhas fora da cidade e casa para Clube de

Motoqueiros Ordem do Ferro.

Ou, se fosse como eu, que não sou uma rebelde, cheia de raiva adolescente à

procura de rapazes para beijar, e o objetivo é relaxar e corrigir uma semana de aulas de

matemática, vai para casa, coloca o pijama de flanela e liga tv para ruído de fundo e

inspiração.

Vi meu pai antes que ele me visse enquanto a multidão se juntava. Estava

falando animadamente para alguém que não conseguia ver. Meu pai estava em pé na

mesa apenas dentro da entrada, onde uma grande tigela de vidro tinha sido colocada

para arrecadar doações. Ele estava, como sempre, de uniforme. Claire estava na ponta

dos pés tentando inclinar-se para o lado e avaliar o motivo da multidão.

— É como se estivessem brincando de doce ou travessura. Vejo um bando de

garotos fantasiados, e há um balde de doces na mesa. — Concordei, olhando para

baixo num dos estreitos corredores, então o outro.

A música vinha de uma das salas, mas havia muitas crianças entrando e

saindo das cinco salas de aula, cada um com uma fronha de almofada ou balde de

plástico laranja do Jack O'Lantern para guardar seus doces. Inclinei-me perto de Claire

para sugerir pularmos a linha e fazer as doações mais tarde, quando meus olhos

prenderam num homem ruivo e barbudo saindo de uma das salas, segurando a mão

de uma menina loira, não mais do que sete anos, vestida de Sininho.

Senti um choque, uma sacudida na garganta viajando da clavícula até a ponta

dos dedos e em seguida, descendo através do meu peito e barriga. Perdi o fôlego num

suspiro assustado. O choque foi seguido por uma onda de calor e níveis de

autoconsciência intensa a magnitude do que não tinha experimentado em anos.


Meus olhos avidamente viajaram por cada polegada do seu corpo, vestido em

um macacão azul de Dickie6 que mostrava o torso esculpido, as mangas compridas

amarradas na cintura para não deixar a parte das calças cair. Ele estava salpicado com

manchas de graxa e sujeira no joelho e coxa. Também usava uma camiseta branca

brilhante e botas pretas de trabalho. O grosso cabelo vermelho era comprido e torto,

como se tivesse corrido os dedos nele, ou como se outra pessoa tivesse

feito. Beau Winston.

Sabia que era Beau e não seu irmão gémeo Duane por três razões. Ele estava

sorrindo para a menina. Beau sempre sorriu. Duane nunca. Além disso, ele apareceu

para ajudar a menina, de alguma forma. Beau era amigável e descontraído. Duane era

mal-humorado, calado e taciturno. E por último, meu corpo sabia a diferença. Sempre

fui reduzida a uma confusão de hormônios ao ver Beau. Em contraste, Duane, embora

idêntico em aparência, elevava minha pressão arterial e me deixava um poço de

irritação.

Minha paixão adolescente, ou melhor, minha obsessão adolescente, caminhava

em nossa direção, com a atenção focada exclusivamente na criança ao lado. Ele parecia

um James Dean de barba ruiva, só que mais alto e amplo. Acho que esqueci como se

respira. Ele era um sonho. Um sonho, e esqueci o quanto não gostava dessa palavra.

— Jess. — Senti Claire me cutucar com o cotovelo. — Jessica, o que foi?

Como alguns pré-adolescentes perdem a cabeça por boys band, estrelas de

rock e celebridades quentes, sempre perdi a minha por Beau. Tudo começou quando

ele subiu numa árvore para salvar meu gato quando eu tinha oito anos. Ele dez. Ele me

beijou na bochecha. Limpou minhas lágrimas. Segurou minha mão. Ele me abraçou

perto. Ele era meu herói. Salvou meu gato.


Por um momento, queria saber se havia algo verdadeiramente errado

comigo ou se havia outras mulheres por aí que experimentaram paralisia à vista de

sua primeira paixão. Não deveria ter superado isso?

Minha voz era um sussurro fraco e a boca estava seca, quando finalmente

respondi à pergunta de Claire, inclinando a cabeça ligeiramente em sua direção.

— É Beau Winston.

Houve uma pequena pausa, e sabia que Claire estava olhando de mim para

onde eu tinha indicado.

— Não. — Ela apertou meu braço no dela. —Não, esse é Duane Winston.

Balancei minha cabeça, me forçando a olhar para outro lugar, encontrando o

olhar de Claire.

—Não, é Beau.

A boca de Claire se contraiu enquanto estudava minhas feições. Tenho

certeza que meu rosto estava principalmente rosa, um subproduto de ser abençoada

com sardas e uma paixão louca e persistente pelo cara mais lindo, mais doce e mais

engraçado do mundo.

Eu não estava com vergonha, mas ainda assim impressionantemente corada.

Enquanto crescia, sempre que fiquei na mesma sala com Beau, ele teve esse

efeito em mim. Sentia borboletas no estômago e música que só eu podia ouvir.

— Estou avisando, é o Duane. O cabelo de Beau é mais curto.

— Não. — Balancei a cabeça novamente, mais resolutamente desta vez

quando tentei regular a respiração e a temperatura corporal. — Tenho um tipo

diferente de resposta ao Duane. Deve ser Beau.


Na verdade, eu e o Duane não nos damos muito bem. Durante o mesmo

episódio que deu início e solidificou minha adoração por Beau ao longo

da vida, minha aversão por Duane também foi estabelecida.

Enquanto Beau estava escalando a árvore para salvar meu

gato, Duane estava jogando pedras na mesma. Enquanto Beau beijava minha

bochecha, Duane revirou os olhos.

Poderia dizer que Claire estava tentando não rir quando acrescentou:

— Nossa, não estava brincando quando me disse que tinha uma queda por

esse rapaz. É a primeira vez que viu qualquer um deles desde que saiu da escola?

— Uma vez vi Beau no Piggly Wiggly, durante meu segundo ano de

faculdade, quando estava em casa nas férias de inverno. Ele estava comprando bacon e

feijão-verde, e fiquei atrás na fila.

Ela parou de tentar esconder o sorriso.

— É fascinante assistir.

—O que?

— Você, com cara de estúpida. Quero dizer, você é Jessica James. Tem este

plano que garante uma longa vida sem compromisso. Você só fala sobre viajar pelo

mundo. Está em casa, só tempo suficiente para pagar o empréstimo e ganhar

experiência para seu currículo. Mas aqui está, revivendo memórias de um encontro

com Beau Winston, no Piggly Wiggly em Green Valley. Aposto que lembra dessa

conversa palavra por palavra.

Olho para ela, querendo negar, mas também não querendo mentir. Ela estava

certa. Poderia lembrar a conversa, palavra por palavra, ação por ação. Ele se virou para

mim e perguntou se me importaria de lhe passar um pacote de chiclete que estava

longe.
Tentei ser calma, mas tenho certeza que parecia mais nervosa que nunca.

Então me atrapalhei para pegar o pacote, acidentalmente, batendo numa prateleira de

balas de menta, espalhando-as por todo chão. Ele se ajoelhou e me ajudou a pegar as

balas, nossas mãos se tocaram, e quase desmaiei, certamente ficando corada num

vermelho brilhante. Então, ele sorriu. Quase desmaiei novamente.

Ele me ajudou a ficar de pé e quase tive um ataque do coração. Ele

perguntou: Hey, Jess tudo bem?, inclinando sua cabeça perto da minha, com os incríveis

olhos azuis brilhando de preocupação e amabilidade. Assenti, incapaz de falar porque

as mãos dele estavam ainda no meu antebraço. Senti borboletas no meu estômago e a

música que só eu podia ouvir, naquela época era Eternal Flame dos The Bangles,

abafou o som de sua voz e as próximas palavras que saíram de sua boca.

Vi seus lábios se curvarem num pequeno sorriso, conforme estudou minha

reação. Então meu irmão Jackson apareceu e estragou tudo, falando com Beau sobre

negócios. Beau deu de ombro, um dar de ombros real, não uma semi-apreensão, e

voltou-se ao caixa.

Ele pagou seu bacon, feijão-verde, o pacote de chiclete e saiu. A coisa é: não

sou uma pessoa tímida. De modo algum. Me considero confiante e equilibrada. Tenho

um irmão, rapazes não eram um mistério para mim. Mas Beau Winston me deixava

completamente com a língua presa. Ele devia me achar estúpida. Em uma palavra

estava completamente ridícula.

Ok, foram duas palavras.

Eu era tão ridícula, que perdi a capacidade de contar.

— Jess, sério... Está tudo bem? Seu rosto está ficando vermelho brilhante. —

Claire apertou meu braço, chamando a atenção da minha pressão arterial.

— Sim. — Eu sabia que parecia fraca. — Só me avise quando ele se for.


— Você não vai falar com ele?

Balanço a cabeça rapidamente.

Enrugando o nariz ela piscou os olhos por cima do meu ombro brevemente,

presumivelmente para ver por onde ele ia. Ela apertou meu braço novamente.

— Nunca vi você assim. Esta não é a Jessica James que conheço.

— Não posso evitar. Se falar com ele, poderia desmaiar.

Claire reclama:

— Duas semanas atrás, quando estávamos em Nashville, você caminhou até

aquele estranho sexy fora do clube e o beijou.

— Você apostou dez dólares para eu fazer. Além disso, não é assim com

Beau. E aquele cara estava flertando comigo. Além disso, gosto de beijar.

— O que quer dizer? Não quer beijar Beau?

Eu sussurrei freneticamente.

— Claro que quero beijá-lo, mas apenas na teoria. Sabe quando tem uma

paixão por uma estrela? Se um ator de Hollywood super quente, que por acaso

também é uma grande pessoa, quisesse te em casa, e as luzes ficassem acesas durante o

ato, o que faria? Quero dizer, não na teoria. Honestamente, o que faria?

Claire me olhou por um longo instante, então perguntou:

— Receberia um aviso meses antes? Então poderia comer poucos

carboidratos e começar a malhar?

— Não.

— Então, honestamente, ia correr para o outro lado.

— Exatamente! Não sei como descrever. É como, se ele realmente quisesse me

beijar, acho que cairia morta.

— Então acha que Beau é uma celebridade ou algo assim?


— É complicado. Tenho sentimentos semelhantes, mas não exatamente os por

Intreped Inger, Gottfried Wilhelm Leibniz e Tina Fey.

—Intreped Inger? Não é a blogueira que escreve sobre como viajar sozinho,

que está sempre falando?

— Sim. É ela.

—Quem é Gottfried Wilhelm Leibniz?

— O pai da matemática. Ele está morto.

Claire torceu os lábios para o lado e parecia estar tentando não rir. Dei de

ombros impotente.

— Eu sei. Sou uma nerd da matemática.

— Sim. Você é uma nerd da matemática. Mas é uma nerd da matemática que

totalmente pode usar esse traje de Gandalf sexy.

— Oh meu Deus. Esqueci! — Minha mão voou para a barba. —Talvez ele não

me reconheceu.

Claire resmunga.

— Deixe-me ver se entendi, pode beijar um cara qualquer na rua sem motivo

aparente, mas se tivesse que falar com um de seus heróis, um famosa blogger de

viagens, o pai da matemática ou Beau Winston, você desenvolveria afasia e

desmaiaria? — Ela balança a cabeça. Querida, Beau Winston veste as calças uma perna

de cada vez. Ele é completamente normal. Por quê a adoração? Vá falar com ele.

— Toda vez que o vi, enquanto estávamos crescendo, ele estava sempre

fazendo algo corajoso, heroico, ou extraordinariamente gentil. Já te contei que ele

salvou meu gato? E uma vez o vi resgatar dois garotinhos de uma cascavel. E uma vez

ele...

— Você passou anos acumulando seus feitos na cabeça.


— Não posso falar com ele. Ainda não. Talvez um dia, após uma preparação

mental extrema. — Meu sussurro foi duro e urgente.

— Sim, você pode.

— Não. Realmente. Eu não posso. — Sinto meus olhos se arregalarem. —

Nunca consegui ter com sucesso uma conversa com Beau Winston. Não é só o fato de

construí-lo em minha cabeça. Tenho um terrível registro de falha onde ele está em

questão. Cada vez que tento falar com ele, meu cérebro esquece as palavras, e começo

a enrolar em sueco ou suíço. Ele acha que sou uma completa idiota.

— As pessoas da Suíça não falam em suíço. Elas falam alemão, francês e

italiano.

— Vê? Fico mais burra a cada segundo.

Respiro fundo, porque podia ouvir a voz dele agora. Ele estava falando com a

menina e o som era tão fantasticamente encantador que causou um balanço em meu

estômago como se estivesse num pequeno barco no meio do oceano. Coloquei a mão

sobre a barriga e me equilibrei melhor.

Quando ele entrou na minha visão periférica, minha atenção foi atraída como

um ímã. Ele era ainda estava sorrindo, mas um sorriso menor, educado. Ele estava

entregando a menina a uma senhora que reconheci como Sra. MacIntyre, a

bibliotecária responsável pela filial local da cidade. Sininho devia ser a sua neta.

Ela disse algo sobre uma galinha ou galo. Ele disse algo em resposta. Riram.

Desviei o olhar, deixando sua fala aveludada pousar sobre mim. Mais uma vez fui

pega numa balançando grande onda no meio do oceano.

Então aconteceu. Seus olhos piscaram para o lado, provavelmente sentindo

meu perseguidor olhar, e ele me viu. O olhar fixo apanhou o meu numa armadilha.
Minha garganta trabalhou sem sucesso e corei. Seu olhar estreitou ligeiramente

enquanto continuava a olhar fixamente para mim.

Deus, sou tão assustadora.

Queria desviar o olhar, mas não consegui. Ele raramente olhava para mim.

Senti como se estivesse caindo, tudo ao meu redor desaparecendo, tudo, exceto ele, sua

bondade e magnanimidade e seus olhos azuis, azuis, azuis.

Irritantemente, a música que ouvia sempre que ele estava próximo começou a

tocar em meus ouvidos, desta vez Dreamweaver de Gary Wright, portanto, perdi o som

de sua voz quando ele disse.

— Ei, Jessica.

Em vez disso, tentei descobrir o que disse com base no movimento de seus

lábios e posteriormente tentei meu melhor para abaixar o volume da música na minha

cabeça. Acenei, ainda incapaz de desviar o olhar.

Então, horrorizada, observei enquanto ele se separava da senhora MacIntyre

e sininho, e caminhou até onde estava com Claire. Eu balançei um pouco, e dei um

passo para trás, enquanto ele avançava. Claire escorregou o braço através dos meus e

ajustou-se contra o meu lado. Ela deve ter pensado tal como eu, que eu ia desmaiar ou

correr. Infelizmente, não consegui fazer nenhuma dessas coisas até o momento que ele

chegou onde estávamos.

— Ei... Beau. — Claire disse, hesitação óbvia na voz. — Você é Beau, certo?

Ou é Duane?

Ele nos deu um sorriso torto que parecia completamente delicioso e travesso,

lançando olhares entre nós.

— Não pode dizer a diferença?


Claire retornou o sorriso. O charme de Beau era contagioso e viciante. Uma

vez ouvi meu pai dizer há minha mãe que os seis rapazes Winston tinham herdado a

capacidade de seu pai de encantar serpentes, o IRS4 e mulheres.

Eu também estava sorrindo, embora o meu provavelmente parecesse confuso

e estranho. Fiquei agradecida pela longa barba cinza ao redor de minha boca. Esperava

que ela camuflasse minha expressão atordoada, de vulnerável adoração.

— Tenho certeza de que é Duane. — Claire disse e, em seguida, indicou-me

com uma inclinação de cabeça. — Mas Jess acha que você é Beau.

Seus olhos interessados foram para os meus, de alguma forma mais intensa e

penetrante do que antes, e ele varreu-me num subir e descer de olhos novamente. Na

passagem de retorno, vi o que pensei ser apreço, e foi quando me lembrei que estava

usando meu traje de Gandalf sexy, que basicamente não escondia nada, exceto meu

rosto e cabelo.

O objetivo do traje era irritar meu pai e Jackson e divertir-me com a deliciosa

ironia ao fazê-lo. Já não posso ser a adolescente malcriada que saiu de casa há quatro

anos, mas ainda gosto um pouco de rebeldia contra os superprotetores machos da

minha família. Não havia me ocorrido até aquele momento que alguém, tão

importante, talvez olhe para mim, para minhas curvas neste pedaço de tecido e veja

mais algo mais sexy do que ironia.

— O que é esse traje, Jessica? É um feiticeiro? — Seus lábios, sobem, mas o

tom aprofundou-se quando acrescentou. — Gostei.

4
Refere-se a Internal Revenue and Service (Receita Federal) Neste caso em um contexto sexual.
Sua voz de tenor emparelhada com as palavras enviou um tremor através do

meu corpo. Mas foi diferente de tudo que senti em sua proximidade antes. Não me

levou para minha infância e a queda por meu herói.

Este sentimento era... Maduro. Surpresa, aperto mais o braço de Claire.

— Ela é um Gandalf sexy. Seria a abelha sexy, mas a loja vendeu todos os

trajes.

Beau riu, um som que, por razões desconhecidas, senti em meu útero, e

apertou a barba no meu umbigo. A ponta dos seus dedos roçou meu estômago quando

arrancou o comprimento sintético facial da bainha inconsequente do meu traje.

— A barba adiciona algo a mais... — Ele a puxou gentilmente e piscou para

mim.

Claro, minha resposta foi ficar o encarando, muda, porque seu sorriso,

piscada e o mais leve toque de seus dedos significava que estava terrivelmente

confusa. Em vez de superar minha paixão, aparentemente agora estou

involuntariamente completando a adoração pela adição de sentimentos novos e muito

adultos. Um cantinho estranho do meu cérebro pensou brevemente sobre a logística de

usar esta longa barba branca todos os dias.

— Ei, se puxar a barba dela, ela vai puxar a sua. — Claire disse.

O sorriso dele aumentou, e inclinou a cabeça ruiva mais para frente, para

meu espaço, seus olhos semicerrados brilhando para mim.

— Vá em frente, Jessica... Puxe-a.

Ele disse meu nome como se fosse um segredo. Suas palavras e proximidade

roubaram minha respiração. Poderia cheirá-lo e isso só me fez querer... Querer... Nem

sei o quê. Tive namorados antes, caras que gostei, mas a súbita profundidade e
amplitude dos pensamentos sórdidos e sujos me pegou de surpresa, e senti uma

inundação quente e confusa no meu peito.

Os olhos de Beau pareciam cintilar e alargar-se como se pudesse ler meus

pensamentos. Eles retornaram aos meus lábios. Mais uma vez, uma corrida de algo

não de todo herói e idolatrado fez meu estômago torcer. Minha reação feminina à sua

masculinidade não fazia sentido! Bem, talvez fizesse.

Ambos os gêmeos Winston eram seriamente bonitos. Não tinha escapado do

meu conhecimento como ele caminhou momentos antes, como seus quadris se

moviam, a forma como a camiseta se encostava aos músculos, e apertava onde as

curtas mangas terminavam nos bíceps.

— Sinto muito sobre sua mãe, filho. — Uma voz à minha direita e sua

esquerda tirou nossa atenção um do outro. Nós dois viramos para encontrar o Sr.

McClure, chefe dos bombeiros locais e sogro de Claire, ali com a mão estendida. Beau

olhou para ele e, em seguida, dando um passo longe de mim, aceitou a mão oferecida

enquanto o homem continuava. — Ela era uma boa mulher e vai fazer falta.

Apertei-me um pouco com uma centelha de sobriedade aparecendo. Os

Winston perderam a mãe há menos de quatro semanas. Bethany Winston tinha apenas

quarenta e seis anos. Foi muito triste e bastante repentino. Não fui ao funeral, eu

estava com gripe, mas aparentemente todo mundo na cidade apareceu para prestar

respeito à Sra. Winston, seus seis filhos e filha.

— Obrigado, senhor. — Beau assentiu com a cabeça. O calor de sua expressão

anterior sumiu, substituído por um sorriso de boca fechado e olhar sério. Sr. McClure

assentiu com a cabeça para Beau, em seguida, virou-se para Claire e eu.

Cumprimentou-nos calorosamente, com um beijinho na bochecha. Durante este

intervalo, senti os olhos do Beau seguirem meus movimentos. Mentalmente dei a mim
parabéns por manter minha atenção no sogro da Claire. Depois que olás foram

trocados, Sr. McClure estreitou os olhos para Claire.

— Claire, trancou seu carro?

Pensei que era bonito como Sr. McClure cuidava de Claire como se fosse sua

filha. Isso aquecia meu coração. Claire casou com seu amor de infância. Seu marido,

Ben McClure, foi um fuzileiro naval. Ele morreu no exterior há dois anos.

Claire assentiu com a cabeça, os lábios curvados num sorriso quente e

paciente.

— Sim, senhor. Fechei meu carro.

Para minha surpresa, Sr. McClure balançou os olhos azuis para mim.

— Jessica, trancou seu carro?

Pisquei para ele, com surpresa e olhei de relance para Claire.

— Houve alguns furtos. — Claire explicou. — E não apenas de turistas, como

o costume. O Novo BMW de Jennifer Sylvester desapareceu semana passada.

— Sua mãe me disse que tinha um bolo de banana no banco da frente

também. — Sr. McClure comenta, como se o verdadeiro crime fosse o bolo de banana

desaparecendo e, em seguida, voltou sua atenção para Beau. — Seus irmãos estão

aqui?

— Sim, senhor. Todos, além de... — Seus olhos piscaram para os meus e de

volta ao Sr. McClure. — Todos estamos aqui até meu irmão gêmeo.

— Eu vejo. — Ele assentiu, olhando para o corredor em direção ao som da

música. — Preciso falar com Cletus sobre o trabalho com a transmissão que ele fez.

Beau falou um pouco mais alto.


— Há algo errado? — Beau, Duane e seu irmão mais velho Cletus eram

proprietários da Winston Brothers Auto Shop, daí o macacão azul, manchado de

gordura e graxa que atualmente vestia.

Quando eu estava crescendo, a maioria das pessoas da cidade teve problemas

em reconhecer os Winston. Vou descrever a família como segue. Jethro tem cabelo

castanho e olhos cor de avelã, embora às vezes pareçam cinzentos. Ele é o mais velho e

mais provável é dar-lhe um doce sorriso enquanto rouba seu carro ou carteira.

Billy é o segundo mais velho. Seu cabelo é castanho mais escuro e os olhos

são de um surpreendente azul brilhante. Ele é o mais sério e responsável (e, aliás, tem

o pior humor) do grupo.

Depois vem Cletus, número três; a barba mais curta, castanha, olhos verdes.

Pode distingui-lo de Jethro porque muitas vezes não sorri e a sua barba é mais longa.

Em vez de roubar seu carro, é mais provavelmente desmontar sua torradeira e dizer-

lhe como funciona. E ele sempre foi um pouco... Estranho. Doce, mas estranho. Como

exemplo, começou a frequentar meu primeiro período avançado da aula de cálculo de

gestores há dois meses. Aparentemente, tinha falado com meu diretor e tido permissão

para frequentar as aulas pelo resto do ano.

Ashley é a número quatro. Ela é a garota e parece com uma concorrente do

concurso de beleza.

Então, os gêmeos idênticos, Beau e Duane, com sua barba vermelha e olhos

azuis. Boa sorte para distingui-los se não falarem. Mas se o fizerem, Beau é o amigável.

Por último mas não menos importante está Roscoe. Ele é uma mistura de

Jethro e Billy, grandes sorrisos que escondem sua natureza séria. Ele também é um

paquerador enorme e indiscriminadamente (ou pelo menos era quando o conheci).

O chefe dos bombeiros abanou a cabeça.


— Não, não. Não é para meu caminhão, filho. É Red, o carro de bombeiros.

Ele está me ajudando a fazer a lata velha funcionar novamente para o desfile de Natal.

— Ah. Entendo. Sim, Cletus está tocando seu banjo. — Beau apontou o dedo

por cima do ombro. — Só uma sala está cheia hoje. Acho que todo mundo está

esperando até que os doces ou travessuras acabem.

Sr. McClure olhou na direção que Beau indicou.

— Vou sentar-me e esperar um tempo. — Ele então deu um sorriso amigável

para Claire e eu. — Meninas, seria uma honra ser seu acompanhante.

Claire assentiu com a cabeça para ambos. Mas antes que verbalmente

pudesse aceitar a oferta, Beau estendeu e agarrou meu braço.

— Claire, você vai. — Beau me tirou da minha amiga num movimento suave.

— Gostaria de ir lá em cima com Jess. Vejo vocês mais tarde. — Ele não esperou Claire

responder ou eu reagir. Antes de saber o que estava acontecendo, ele tinha a palma da

mão áspera nas minha, agarrou meus dedos, e virou em direção à cantina, puxando-

me. Fiquei tão chocada com a sensação da pele dele e a corrente elétrica subindo em

meu braço que o segui muda porque só podia pensar sobre onde nossas palmas se

tocavam.

Adorava a sensação do toque dele. Na verdade, estava em perigo por segui-

lo. Só queria estar perto dele, tocá-lo, aconchegar-me contra ele. Ele era tão epicamente

sedutor.

Movemo-nos através da multidão, enquanto tentei memorizar o sentimento

da sua mão na minha. Tive dificuldade de respirar, meu estômago ganhou uma

erupção de borboletas suspeitosamente amorosas. As pessoas disseram oi, para ele e

para mim, mas não paramos. Eu era sua sombra enquanto Beau me levava para a mesa

de buffet. Tive que alcançá-lo, porque ele provavelmente iria libertar-me. Para minha
surpresa continuamos andando. Ele não olhou para mim enquanto contornávamos a

mesa carregada de limonada e chá doce, indo atrás de uma cortina que tinha o

comprimento de uma parede, do teto ao chão que escondia um conjunto de escadas

que conduziam a um pequeno palco. O palco, da mesma forma, estava escondido pela

cortina. Beau não parou uma única vez enquanto subimos as escadas ou o palco. Em

vez disso, continuou me puxando até que me tinha nos bastidores do lado do palco,

completamente ocultos pela cortina, num canto e atrás da parede.

Estava escuro e meus olhos levaram vários segundos para se ajustarem à luz,

tal como meu cérebro ainda não tinha processado onde estávamos e como chegamos

aqui, para não mencionar com quem estava. A única fonte de luz do teto deixava o

espaço que nos rodeava num tom acinzentado. Quase tropecei nos meus pés quando

Beau virou, colocou as mãos de repente na minha cintura e me apoiou na parede. Senti

o concreto sólido atrás de mim. Beau e toda sua beleza heroica pairava sobre mim a

escassas polegadas de distância. Seus olhos brilhantes seduziram os meus. Então e só

então ele parou.

Estava tão confusa, realmente insultada era a palavra certa. Isto era como algo

de um clipe musical (esqueci de mencionar que meus sonhos na verdade eram como

vídeos de música da Paula Abdul) Eu podia apenas olhar para ele completamente

maravilhada.

Ele se inclinou para a frente, e a testa atingiu a borda do meu chapéu. Com

um olhar mal-humorado, ele puxou a peruca e a barba de minha cabeça, deixando-os

no chão.

— Gosto desta fantasia. — Ele disse em voz baixa com as mãos passando por

meu corpo, os polegares esfregando a área logo acima dos quadris como se tivesse
direito de tocar meu corpo como quisesse. O calor das suas mãos enviou arrepios para

meu interior. —Mas não gosto desse chapéu.

Conheci Beau há quase quinze anos, mas nunca imaginei um momento como

este, nem em meus sonhos. Não menti quando disse a Claire que minha queda por

Beau era complicada. Meus sonhos envolviam ele e eu salvando pessoas juntos, como

uma equipe de socorristas, como no tempo em que o observava enquanto ele salvou

duas crianças de uma cascavel. Ele sempre foi paciente, beirando um santo.

Basicamente, eram castas fantasias de uma jovem garota com extrema adoração por

seu herói.

Beau não parecia paciente ou santo agora… Ele parecia real, muito real.

Mesmo na tenebrosa penumbra, seus olhos brilhavam como safiras, como se

possuíssem brilho próprio. Melancolicamente pensei em minhas íris marrons lisas e a

esquisita que era, esperando que nossas crianças imaginárias herdariam os olhos dele.

Suas mãos deslizaram até meu corpo, em seguida, empurraram a capa sobre

meus ombros com um toque de luz. Ele removeu o peso da minha mão. Assisti

quando Beau se inclinou contra a parede com cuidado, as botas arrastando contra o

piso de madeira.

— Jessica James, você se vestindo sexy assim é difícil de ignorar. — Ele disse

isto quase rosnando, inclinando-se uma polegada mais perto, mas não respondi. Não

sabia como ter um olhar quente, o que significava, ou como fazer de propósito.

Independentemente disso, imaginei que minha aparência sexy inadvertida foi

responsável por nosso tempo a sós. Meu coração torceu num pulo quando ele molhou

seu lábio inferior antes de puxar a carne suculenta na boca, entre os dentes e morder.

Isso mesmo, morder o lábio.

Quase gemi.
Estava louca, ferozmente excitada e completamente mal equipada para lidar

com estes sentimentos. Um hímen rompido na equitação aos treze anos, muitos beijos

aleatórios com caras aleatórios para diversão e prática, algumas caricias

inconsequentes e esquecíveis no ensino médio e superior, um acoplamento no meu

quarto com meu um bêbado e lacônico colega de laboratório de física no ano passado.

Estas foram minhas curiosas façanhas sexuais.

Com toda a honestidade, gostei mais do passeio a cavalo, do que o passeio do

homem. Pelo menos o cavalo era um garanhão. Olhando para trás, meu colega de

laboratório era mais como um pônei de Shetland5, pequeno e peludo.

Realmente, não sabia o que estava fazendo, o que nós estávamos fazendo. Isto

era além de bizarro. Se o Pai dos cálculos ou Inger estivessem nos bastidores da

Comunidade de Green Valley, duvido que fossem ter tais pensamentos divergentes.

Meus instintos disseram para enfrentar Beau, espancá-lo antes que

descobrisse seu erro em despentear meu cabelo como se eu ainda tivesse doze anos.

Pelo menos, a parte louca do meu cérebro fez sua mente em tentar a puxar sua boca

para meu peito. Como se nada de fantástico tivesse acontecido com meus mamilos

antes.

Tinha certeza que morreria uma mulher feliz depois de Beau Winston fazer

algo fantástico com meus mamilos. Falando em mamilos, não sabia que tinha trazido a

mão do Beau do meu quadril para o peito até ficar bem quente, com faíscas de desejo

irradiando de onde apertei sua mão contra mim, as únicas barreiras entre nossas peles

eram meu sutiã de renda e o fino tecido do vestido.

5
Também conhecido como Ilha de Shetland, é um arquipélago subártico, que fica no noroeste da Grã-Bretanha.
Beau me encarou, a boca aberta em surpresa. As sobrancelhas dele saltaram e

os olhos alargaram com meu gesto. Arquei o corpo para frente, novamente sem

conscientemente querer, esforçando-me para fechar a distância entre nossos corpos,

querendo sentir seu toque duro e depois aprendi o que é um olhar quente.

Porque Beau Winston estava me dando um olhar quente. Queria rotulá-lo

como incendiário, mas como era o primeiro olhar quente que estou ciente de receber,

em vez disso decidi fazer do seu olhar quente a linha de base pela qual todos os outros

olhares quentes seriam medidos.

Não tive muito tempo para meditar sobre que unidades de medida se aplica a

quente, seria Celsius? Calorias? Watts? Tensão? Ou lumens?, porque Beau fez três

coisas que afastou todos os pensamentos e a capacidade de razão do meu cérebro.

Primeiro, seus dedos no meu peito trabalharam, massageando e acariciando

enquanto o polegar escovava o mamilo. Sua mão era gananciosa, áspera e fantástica.

Em segundo lugar, a outra mão chegou ao redor, agarrou minha bunda e apertou, me

trazendo contra ele. Em terceiro lugar, ele me beijou. Beau Winston beijava como os

diabos.

E, oh Deus, apoiada numa maneira completamente nova, partes de mim

ficaram tensas, cerradas, uma forma que não fez sentido em tudo, mas me enviou

todos os maravilhosos tremores que mergulharam direto na minha pélvis.

Abruptamente imaginei o videoclipe de Beyonce, Naughty Girls e tentei

desesperadamente descobrir como tirar as roupas de Beau.

Ele me dominou, empurrando-me contra a parede, as mãos debaixo do meu

vestido, sobre a pele nua do meu quadril, e então na calcinha de renda, agarrando

minha bunda nua. Nada nele era suave. Ele era duro e sólido como granito em todos
os lugares que toquei. E eu toquei. O toquei num delírio febril, por que não sabia o que

estava acontecendo... Ou quando iria parar. Eu nunca esperei.

Perifericamente, ouvi um barulho no chão.

Sempre tive pensamentos de Beau como muito, muito simpático. Mas ele não

beijava como um cara legal. Nem santo, no mínimo. Beijou-me com fome, perigoso,

forte, com uma boca gulosa e exigente. Ele mordeu meu lábio inferior então o acalmou

e provei a carne abusada com a língua enquanto seus quadris moíam contra os meus,

seu comprimento aumentando contra minha barriga.

— Foda-se, Jess... — Ele rosnou, em seguida, puxou a boca da minha,

respirando com dificuldade. Ele inclinou-se para morder meu maxilar, lambendo a

orelha, sugando a pele macia em sua boca quente enquanto uma mão empurrou o

pequeno vestido cinza para expor os seios. Os dedos da outra mão dançavam na

bainha da calcinha e então ele mudou e senti sua hesitação. Cavei as unhas em seus

ombros e contrariei instintivamente, querendo seu toque.

A parte não-louca do meu cérebro disse que eu ia ficar seriamente

mortificada por meu comportamento em algum momento no futuro, mas estava louca

agora. Tinha perdido a sanidade. Em resposta à minha loucura, ele puxou o bojo do

meu sutiã para baixo. Então sua boca molhada estava sobre o centro do meu peito. Em

seguida, a língua rodou sobre o mamilo quando um gemido torturado saiu de sua

garganta. Então arfei porque ele era fantástico.

Alcancei sua camisa branca, aproximando-o e tentei retirá-la mais ou menos.

Ele concordou, me ajudando a retirar o material, enquanto a ponta dos meus dedos se

atrapalharam na bainha de sua cueca investigando lá dentro. Isso foi facilmente

conseguido desde que o macacão estava fracamente pelas longas mangas amarradas
na cintura. Minha mão fechou em torno de seu comprimento duro e acariciei-o,

tirando seu ar.

— Oh, Deus... — Ele ofegou, os olhos voltando para os meus. Esperava

encontrá-los atordoados com desejo, em vez disso, ele parecia um pouco chocado, em

pânico mesmo. — Espere, espere um minuto. — Ele pegou meu pulso, e vi suas

intenções, claras como o dia. Nós estávamos indo muito rápido. Ele então apertou os

freios.

Mas as coisas estavam uma loucura, e não quero freios. Louca como estava

queria aceleração. Louca, eu queria velocidade. Louca eu queria sexo imprudente,

desatento, louco, apaixonado, com Beau Winston. Agora, contra a parede, no Centro

Comunitário de Green Valley, enquanto as crianças pediam doces e Sra. Sylvester

negociava receitas para bolinhos de mirtilo, ignorando o fervoroso e erótico momento

do outro lado.

Acariciei-o novamente, pressionando seu peito e ficando na ponta dos pés

para morder seu pescoço. Ele tremeu e gemeu, movendo os quadris instintivamente

encontrando a palma da minha mão, apertou seus dedos no meu pulso e gentilmente

tentou forçar minha retirada.

Em vez disso, com meu vestido fechado nas axilas, eu esfregava meu corpo

contra o dele, meu polegar circulando a cabeça de sua ereção. Com a outra mão trouxe

seus dedos para minha calcinha, pressionando-os sobre o tecido e contra meu centro,

enquanto mordia seus lábios que se separaram.

Sua respiração era forte e ele gemeu novamente, xingando. Os olhos do Beau

foram espremidos num fechar de olhos como se estivesse tentando entender o que

estava acontecendo, tentando se fortalecer, tentando manter o controle... E


definitivamente perdendo. Abruptamente, com um rosnado audível, ele puxou minha

mão fora da cueca e virou-se, afastando-se dez passos.

Senti a perda de calor primeiro, então a perda de seu toque. Não tentei

persegui-lo, porque me senti desorientada e sem fôlego. Em vez disso inclinei-me

contra a parede, fechando os olhos. Meu corpo cantarolava e protestava contra a perda

do prazer prometido. Não sei quanto tempo fiquei lá, engolindo ar e tentando

descobrir o que tinha acontecido e por que terminou.

Eventualmente o ouvi dizer.

— Que droga... — Novamente, como um rugido comedido, a voz dele mais

perto do que esperei.

Abri os olhos e o encontrei alguns pés longe, sem camisa, mãos nos quadris.

Seu peito visivelmente levantou e caiu enquanto respirava. O olhar cintilou sobre meu

corpo então para o chão do palco. Apaticamente, ajustei o sutiã para esconder meus

seios e ele puxou meu vestido minúsculo até as coxas, permitindo-me devorar seu

torso musculoso, as ondulações do estômago, o seu plano e duro peito. Eu queria tocá-

lo novamente.

— Jessica, você tem que parar de me olhar assim. — Ele parecia irritado,

desesperado, pegando-me de surpresa e tirando meus olhos dele.

Fiquei surpresa ao descobrir que seus dentes estavam cerrados, os olhos dele

estavam piscando, no entanto, apesar dele ter me repreendido por como estava o

olhando enquanto Beau me dava um olhar extremamente quente. Independentemente

de suas palavras e o fato de que tinha terminado nossa frenética festa de apalpar, ele

pareceu rasgado. Parecia estar lutando. Aparecia me quer muito, muito mesmo.

Olhei para ele, confusa. A realização de seu desejo emparelhado com a

realidade dos últimos minutos me bateu aqui e agora. Ele estava me observando
enquanto eu o observava. Meu olhar era sem dúvida convidativo e ansioso.

Considerando que seu brilho oscilou entre flagrante desejo fortemente apimentado

com saudade e frustração feroz.

Esperei silenciosamente, testemunhando sua determinação vacilar, vendo os

olhos dele perderem o foco quando ficaram suplicantes nos meus. Ele ainda estava

ofegante. Ele deu um passo para frente como se puxado, tropeçando num torpor, não

tinha escolha, as palavras caíram de seus lábios com pressa.

— Jessica, não sou quem pensa que eu sou e, foda-se tudo, mas eu te quero,

sempre quis, e não posso fazer isso sem você saber.

— Duane, seu babaca. É você quem está aqui? — Um homem disse a minha

esquerda, e ouvi a indicação sonora de suas botas nos degraus.

Meus olhos fecharam.

Meu queixo caiu.

Minha respiração prendeu na garganta e a cabeça virou para o recém-

chegado.

Não era que temia ser pega num momento aquecido, não em tudo. A causa

do meu intenso choque foi o som da voz se aproximando. Era a voz de Beau.

— Está aí? — Os passos diminuíram e, em seguida, pararam. Beau, mais uma

vez chamou Duane.

— Deveria... Precisa de um pouco de privacidade?

Meu corpo tremeu quando compreensão atingiu meu estômago. O balde de

gelo da realidade apagou qualquer calor ou sentimentos quentes e ficou frio. Então,

muito, muito frio. Voltei minha atenção para o homem dos meus sonhos.

Exceto que não era ele.


Meu companheiro definitivamente não era Beau Winston, o herói, o cara mais

legal do mundo. Não, não, não.

Este homem não era Beau. Este homem era Duane.

E este homem tinha acabado de fazer coisas fantásticas para os meus

mamilos.
CAPÍTULO 2

“A estrada que é construída em esperança é mais agradável para o viajante que a

estrada construída em desespero, mesmo que ambos levem ao mesmo destino”.

― Marion Zimmer Bradley, A queda da Atlântida

~Jessica~

Tão logo meus olhos se encontraram com Duane recuei, quase como se

tivesse recebido um soco, e ele virou-se. Assisti seu torso musculado e peito subir e

descer com uma respiração expansiva apenas antes que pegasse a camisa do chão e

vestisse.

Ele limpou a garganta, em seguida, gritou.

— Sim, um pouco de privacidade seria bom.

— Quem está aí com você? É Tina? — Ao ouvir risada aveludada de Beau,

meu estômago torceu dolorosamente. Senti que ia ficar doente. Meus olhos fecharam e

minha cabeça bateu na parede atrás de mim.

Meu peito fechou. Fui tão estúpida. Desejei que um buraco negro se abrisse

sob meus pés e me engolisse, levando-me para outro lado do universo.


Tina era, naturalmente, Tina Patterson. Namorada de Duane. Ou ex-

namorada. Realmente, ele manter um relacionamento no momento, estava me dando

uma chicotada. Ela também era minha prima por parte de pai, bem como minha

melhor amiga no ensino fundamental e médio. Mas fomos em direções muito

diferentes.

— Não é da sua conta, idiota. Vai embora. — Duane respondeu ao seu

gêmeo, a voz soando gravemente grossa e senti seus olhos em mim, minhas pernas

permaneceram firmemente fechadas.

— Tudo bem, tudo bem. Tudo bem. Diga oi a Tina, mas vamos para o lago

em vinte minutos.

A resposta de Beau foi emparelhada com o som de botas descendo as

escadas. As primeiras notas de nova uma música soou em meus ouvidos, Creep do

Radiohead. Gelo inundou minhas veias como um jato mortificado e se espalhou até

meu pescoço, bochechas e cabeça. Rangendo os dentes, abri os olhos e olhei para

Duane Winston.

Se ele pensou que tinha dado a ele um olhar quente antes, o de agora era o

oposto. Estava equivalente à meia-noite no Polo Ártico durante o solstício de inverno.

Suas mãos estavam nos quadris, e assisti ele lentamente mordiscar o lábio inferior,

como ele pudesse saboreá-lo. Seus olhos estavam no chão, a respiração começando a

acalmar, embora ainda não completamente normalizada.

Um estranho pensamento me ocorreu, fazendo-me sentir quente com culpa e

vergonha. Tinha enganado Beau, de alguma forma o trai. Realmente, foi só mais um

pensamento louco porque minha paixão com Beau sempre foi extremamente

unilateral. Pode ter sido ridícula, mas não estava iludida.


Independente disso, a culpa, vergonha e raiva que estava sentindo significava

que nunca quis esfaquear ou mutilar alguém tanto quanto queria esfaquear e mutilar

Duane Winston naquele momento.

Portanto, não fiquei surpresa quando disse as palavras que estava pensando.

— Você é um idiota.

Os olhos dele levantaram-se então, resplandecendo como safiras com apenas

um sussurro de diversão amarga enterrado sob outro olhar quente quando disse

categoricamente:

— Agora ela fala.

— O quê? O que disse?

—Agora você fala. — Ele acusou, soando tão diferente aos meus ouvidos.

Em vez do Beau adorável e amigável, ouvi Duane. Duane sarcástico, taciturno, mal-

humorado. O tempo todo, desde que me dirigi a você e a Claire, você não disse uma

única palavra. Não quando te arrastei de sua amiga, não quando a puxei pela cantina,

não quando trouxe você aqui, não quando tinha minha mão na sua calcinha e seus

peitos na minha boca. Mas agora, milagrosamente encontrou sua voz.

Deus, como o detestava.

— Você é um filho da puta! — Repeti, mais alto e um pouco mais

violentamente desta vez quando incisivamente tentava ignorar o confuso e agitado

desejo que ainda torcia minha barriga. Usei a persistente paixão para abastecer minha

raiva.

— Prazer em vê-la novamente, Jess. Admito, você cresceu muito bem. — Seus

olhos abriram um caminho de minhas sandálias de tiras para os seios. — Mas é

malcriada como sempre.

Lancei-me para frente e empurrei-me contra o peito.


— Você mentiu idiota! Pensei que era Beau. — Antes que pudesse arrancar

seus olhos, Duane pegou meus pulsos e levou-me para trás, contra a parede, fazendo-

me refém com os braços acima da cabeça, seu corpo me prendeu, mantendo-me no

lugar. Tentei dar uma joelhada na virilha, mas ele habilmente evitou e apertou suas

pernas contra mim, para mantê-las imóvel.

— Ah, agora, princesa, não teremos nada disso.

Esta infeliz posição significava que sua impressionante ereção estava cavando

meu abdômen e meus seios estavam achatados contra seu peito. Novamente,

confundindo-me, agitando-me, o desejo incendiou, e cerrei a mandíbula para evitar

esfregar meu tronco ao dele. Nossos olhos fecharam um no outro. Seu olhar ainda

estava quente, mas agora temperado com outra coisa, algo que me parecia desprezo

com sabor com amargura.

— Espero que vagueie para um ninho de vespas e morra de uma overdose de

acetilcolina. — Cuspo.

— Você diz as coisas mais bonitas.—

— Deixe-me ir!

— Não até se acalmar. — As palavras soaram extremamente razoáveis.

— Me acalmar? Me acalmar!? — Rugi porque nunca estive tão brava na vida.

Não sabia como iria me acalmar. Nunca poderia me acalmar. Poderia passar o resto da

minha vida como a versão loira e feminina do Hulk. Queria quebrar tudo, começando

por Duane Winston.

— Sim. Acalme-se.

— Eu nunca vou ficar calma. — Gritei na cara dele.

— Então vamos ficar aqui para sempre. — Ele gritou para mim.
Olhei para ele. Ele olhou de volta. Uma tempestade de sentimentos girou ao

redor e entre nós. O desprezei, no entanto, alguma absurda, obviamente mentalmente

doentia, parte de mim sentia alívio com a descoberta de sua duplicidade.

Duane nunca tinha feito sonhadora porque definitivamente não era um herói.

Duane tinha me deixava com a língua presa, mas só porque sempre me irritou. Ele não

era perfeito, ele era real. Ele era um idiota arrogante. Sim, era pecaminosamente

bonito, mas também era insuportável.

No entanto, meu louco-cérebro obviamente ainda estava no comando e

queria desesperadamente seu beijo de novo. Seu beijo e toque, puxão de cabelo e

mordida nas partes mais macias do meu corpo. Eu queria sua boca faminta e dedos

gananciosos.

Eu o queria.

Seus olhos, ainda mais brilhantes pela raiva, se estreitaram para meus lábios.

Perguntei-me se ele podia ler meus pensamentos. Perguntei-me se estava ainda

jogando com ele parecendo uma sexy inadvertida. Questionei-me sobre a injustiça de

seus olhos. Ele tinha tais olhos azuis lindos e brilhantes, hipnotizantes... Era uma

vergonha que pertenciam a Satanás.

— Eu te odeio. — Sussurrei, sentindo-o confuso, na defensiva e portanto,

desprezível.

Os dedos do Duane me soltaram, só um pouquinho, onde ele me segurava, e

o polegar acariciou o interior do meu pulso. Eu tremia, e odiei-me pela resposta

involuntária.

Ele ergueu uma sobrancelha e sussurrou suavemente, suavemente.

— Também te odeio, Jess. Eu te odeio muito, muito, muito muito...


Inexplicavelmente, minha respiração acelerou. Como novas formas de

resolver os problemas, os olhos bonitos do Duane focaram na minha boca, e sua boca

estava abaixando, polegada por polegada excruciante mais perto da minha.

Como se puxado, como se nossos lábios ainda estivessem magnetizados.

Levantei o queixo. Então, como antes, ele afastou-se. Novamente senti a perda de seu

calor, mas desta vez ele também me jogou de uma ponte. Eu estava em queda livre.

Seus olhos ao invés de fora de foco com desejo estavam zombeteiros e duros.

Ele deu de ombros, colocando as mãos nos bolsos, os lábios torcidos para o

lado num escárnio irônico.

— Você esqueceu? Eu não sou Beau.

Eu endireitei a espinha, ficando à distância e atirei adagas quando disse.

— Obviamente você não é Beau. Ele não tem que mentir sobre quem ele é

para eu gostar dele.

A reação de Duane foi sutil. Se tivesse piscado os olhos, teria perdido. O

músculo em seu maxilar saltou, e os olhos endureceram mais. Parecia que ia atirar-me

outro insulto, então me dobrei e recuperei minha barba e chapéu. A capa rodou ao

redor de meus ombros. Eu precisava ficar longe dele tão rápido quanto possível.

— Sabe o quê, esqueça. Só... Vá embora e me deixe em paz. — Virei para

recolher meu chapéu sob o meu braço e me afastei três passos em direção à cortina

antes da mão de Duane me pegar pelo pulso.

— O que está fazendo? — Ele perguntou.

Tentei me soltar, mas seu aperto ficou ainda mais forte.

— Estou saindo.

— Não é assim, você não vai.

Suspirei, ainda não olhando para ele.


— Por que não?

Sem responder, Duane virou-me e escorregou a mão na minha. Prontamente

pus meus pés em posição e puxei minha mão de seu controle. Ele se virou de repente e

me agarrou, amaldiçoando sob sua respiração antes de me dar um olhar ameaçador e

que mal conteve sua fúria.

— Ouça, princesa, meus irmãos estão provavelmente esperando por mim lá

fora. Se sair por onde viemos, vão nos ver, juntos. O que inclui Beau. Agora entendeu?

Franzi a testa para ele, absorvendo sua declaração duramente falada.

Longamente assenti cabeça uma vez, relutantemente percebendo que teria que aceitar

sua ajuda para evitar uma épica caminhada da vergonha.

— Então... Por onde?

— Siga-me. — Ele se moveu mas quando ia pegar minha mão de novo, a tirei

de seu alcance e dei um passo para trás. Os olhos dele ficaram escaldantes com minha

saída.

— Não precisa segurar minha mão para que eu te siga. —Cruzei meus braços

sobre o peito, fechado a capa ao meu redor e levantei o queixo. — Vá em frente, Duane.

Ele me estudou com olhos acinzentados e feridos. Inexplicavelmente, meu

estômago capotou, e senti-me estranhamente arrependida.

Depois de um prolongado momento, Duane engoliu. Sua voz era grossa e

rouca quando finalmente disse.

— Claro, princesa. — Em seguida ele se afastou de mim em direção a alguma

saída invisível, e foi sem pressa, de forma lenta, confiante e sexy pra caramba.

Hesitei por um segundo, em seguida, o seguiu com relutância. Não pude

deixar de admirar sua parte traseira, a curva de sua parte inferior, a largura dos fortes

ombros, a cintura afilada dos quadris, enquanto ele andava.


Fiquei pensando sobre seus beijos celestiais, suas mãos divinas e ásperas no

meu corpo e o calor de sua boca sobre minha pele. Afastei os pensamentos, mas foram

substituídos com a memória de quão boas eram suas mãos em mim, grandes, lisas,

fortes e grossas e quão perto estive de tê-lo dentro de mim. Mordi o lábio para abafar

um gemido triste, sentindo-me sem fôlego e tonta pela mera possibilidade.

Apesar de detesta-lo, sabia agora que montar Duane não seria como nada que

experimentei. Ele não era nenhum pônei de Shetland. Ele era um garanhão. E odiava-

me um pouco por ainda querê-lo. Estava tudo confuso.

E, pior de tudo, teria que viver minha vida tentado suprimir a memória de

Duane Winston fazendo coisas fantásticas para meus mamilos.

***

Cletus W. Wisconsin deu um passo para trás da minha caminhonete e

arranhou a barba. Ele olhou para mim, onde eu pairava ansiosamente na porta aberta e

disse.

— Falha catastrófica no motor.

Eu pisquei para ele.

— O quê?

— Você tem uma falha catastrófica no motor.

Sentindo-me abruptamente sem fôlego resmunguei.

— Isso não parece bom.

— Não é bom. É ruim. — Ele disse simplesmente.

Mudei de pé para pé, tentando parar meus dentes de tremer. São 22:00, está

amargamente frio, e ainda estou vestida como Gandalf sexy. Tenho certeza que meus
mamilos estavam tão duros como ervilhas congeladas e fazendo um efeito lindo de

farol. Para crédito do Cletus, ele não parece interessado em meus faróis cobertos pela

camiseta.

— O que posso fazer? — Perguntei, fazendo uma careta pelo meu tom

desesperado. Os eventos da noite estavam me alcançando. Após Duane me levar a

uma saída escondida atrás do palco, fui embora sem olhar para trás e entrei no centro

comunitário pela porta da frente. Imediatamente, meu irmão e pai me viram e

começaram a mostrar desaprovação pela quantidade insuficiente de tecido na minha

roupa.

Agradeci a distração, porque cada parte de mim perdeu o sentimento das

mãos e boca de Duane. Toda noite eu tremi, mas não de frio. Tentei meu melhor para

ignorá-lo. Eu estava inquieta.

Fugi efetivamente as perguntas pontudas de Claire. Guiei a conversa das

criança com pais dos meus estudantes, apesar da minha escolha de traje irônica, e

evitei com sucesso ver tanto Duane quanto Beau.

Com base no que Beau disse sobre a partida para o lago, eles sairam do

centro comunitário provavelmente bem antes de que eu tentasse partir. Duane saiu

provavelmente com minha prima, Tina, dando-lhe beijos quentes...

Ugh!

Afastei-me dos estranhos pensamentos sobre Duane, com quem certamente

eu não me preocupava, e tentei me concentrar em outra coisa.

Sentei ainda tempo suficiente para ouvir Cletus Winston tocar seu banjo

numa das quatro músicas durante um recital folclórico estranhamente encantador de

Thriller do Michael Jackson.


Estava cansada e minha cabeça confusa, e cansada de minha cabeça estar

confusa e a minha caminhonete monstro não pegava. Felizmente, quando ia perder a

esperança, Cletus estava passando ao lado com seu banjo escondido debaixo do braço.

Ele reconheceu-me e parou. Sem fazer perguntas, acenou em reconhecimento

para que eu abrisse o capô tirando uma lanterna do bolso. Em seguida, olhou o motor.

Neste momento estava balançando a cabeça, os lábios torcendo para o lado.

— A correia dentada quebrou. Precisa de um novo motor.

— Preciso de um motor novo? — Perguntei silenciosamente.

— Precisa de um novo motor e uma nova correia dentada.

Todo o ar deixou meus pulmões, e cambaleei um pouco para o lado. Fiquei

tonta, principalmente por que havia cifrões voando ao redor de minha cabeça. Eu não

podia pagar um motor novo. Não podia pagar um carro. Tinha empréstimos

estudantis por todo lado e um carro novo significaria atrasar meus planos.

Num instante, Cletus segurou meu cotovelo, a mão envolvendo em torno de

minha cintura. Ele deve ter percebido que eu ia cair, porque me pegou nos braços e

disse:

— Terá que pegar meu banjo e carregá-lo no colo.

— O quê? — Olhei para ele, para a barba marrom e olhos castanhos.

— Meu banjo, precisará carregá-lo no seu colo. Não consigo levar você e o

banjo, a menos que coloque você por cima do ombro. Mas acho que isso seria

contraproducente, visto que sua saia é extremamente curta e subirá ao redor das coxas.

Olhei para baixo e suas palavras eram um eufemismo. Eu tinha tirado a capa

mais cedo. Junto com a barba e chapéu, na cabine da caminhonete. Portanto estava

basicamente seminua no estacionamento escurecido.


— Peço desculpa, sinto muito. — Balancei a cabeça para limpá-la. — Só...

Ponha-me no chão. Vou pensar em alguma coisa.

Cletus depositou meus pés no chão, mas não se afastou.

— Seu pai já foi embora?

Balancei a cabeça. Meu pai e meu irmão estariam de plantão hoje à noite. Não

tinha nenhum desejo de chamá-los para um passeio.

— É muito ruim. Queria falar com ele sobre o classificador de correio na

estação. Deveria estar em manutenção. Por um acaso sabe se estão tendo problemas?

— Mudanças rápidas de assunto não eram incomuns para Cletus, então balancei a

cabeça, não sabendo do que ele falava.

— Me desculpe, não faço ideia.

— Hmm... Bem, e sua mãe?

— Ela está visitando minha tia Louisa no Texas, que tem câncer, então não sei

quanto tempo vai ficar fora. — Meus dentes batiam e olhei a caminhonete monstro.

Tia Louisa não teve filhos e nunca casou. Ela morava sozinha numa casa

enorme, uma fazenda de cavalos no Texas, durante os últimos quinze anos ou algo

assim. Minha mãe e eu tínhamos a visitado por algumas semanas todos os verões e

passei lá todos meus verões durante a faculdade, fazendo companhia a ela e

executando tarefas. Às vezes ela vinha à nossa casa para o Natal.

Ela era o tipo de pessoa que mantém os outros a um braço de distância. Mesmo depois

de passar meses com ela, nunca senti como se a conhecesse. Mas minha mãe e minha

tia eram muito próximas.

Ouvi Cletus suspirar. Com o braço ainda na minha cintura, deu-me seu banjo

e peguei-o.

— Bem, parece que você vem comigo. Tem um suéter ou algo assim?
— Não, Cletus. Não quero ser um incômodo.

Sua mão agarrou-me mais apertado.

— Que absurdo. Não é nenhum incomodo. Mas tenho que fazer uma parada

antes de te levar pra casa. E esse vestido? Melhor vestir talvez?

— Tenho uma capa na caminhonete. — Ofereci fracamente. —Apesar de não

poder conduzi-la, não pensei que o problema fosse tão grave.

— Eles nunca parecem. — Cletus grunhiu e chutou a porta do lado do

motorista para fechá-la. Então me empurrou delicadamente contra ela. — Fique quieta.

— Disse, colocando seu banjo no chão. Ele tirou a camisa vermelha de flanela e me

entregou. Pensei em afastá-lo, mas algo sobre sua expressão inexpressiva me disse

para não argumentar.

— Obrigada, Cletus.

— De nada, Srta. James.

Franzi a testa para sua saudação formal. Cletus Winston era a terceira mais

velha das crianças Winston e é no total seis ou sete anos mais velhos que eu.

— Pode me chamar de Jessica, sabe.

— Não. Você é professora. Devo tratá-la de maneira formal. — Ele agarrou

seu banjo num braço, e eu com o outro e marchamos para seu carro.

— Espera. — Olhei por cima do ombro. — Eu não tranquei minha

caminhonete.

Cletus deu de ombros.

— Não se preocupe muito com isso. Ninguém vai querer roubá-la, para isso,

teriam que instalar um novo motor.


***

DEPOIS DA SÉTIMA curva perdi a conta. Cletus estava me levando até a

montanha para ver as casas de uns amigos antes que pudesse me levar para casa.

Caímos num silêncio surpreendentemente sociável quando ele se concentrou

em navegar seu Geo Prizm 1990. Também era surpreendente a escolha do carro de

Cletus. Para um cara que trabalhava com carros para viver. Ele, Duane e Beau

encontravam antigos clássicos e restauravam para vender a um grande valor.

De acordo com meu papai, Winston Brothers Auto Shop fazia negócios com

gangues. E Cletus estava dirigindo um 1990 Geo Prizm cinza.

Tentei usar o tempo para refletir sobre minha própria situação do carro e

descobrir uma solução. Em vez disso usei noventa e nove por cento da minha

capacidade intelectual para afastar pensamentos de Duane Winston e sua língua. Ele

realmente tinha uma língua adorável. Ao contrário da maioria dos meus beijos

anteriores, Duane parecia ser um homem que sabia o que estava fazendo com a língua.

Ele usou-a das mais deliciosas maneiras.

Estava um pouco atordoada e desorientada quando paramos o carro na

garagem de cascalho no topo da montanha e Cletus colocou o carro em ponto morto

no parque.

— Estamos aqui. — Disse ele, puxando o freio de emergência, o som,

pontuando suas palavras. — Você deveria vir comigo. Não sei quanto tempo vou ficar,

e não gosto da ideia de deixá-la no carro sozinha. — Dei de ombros e olhei ao redor

para a escuridão. Não sabia onde estávamos e não podia encontrar meu caminho de

volta, se minha vida e o futuro estivessem em risco.


— Tenho certeza que vou ficar bem. Parece que não há outra pessoa por

milhas.

— Isso pode ser. — Ele disse, os olhos piscando para os meus antes que

virasse para trás em seu lugar e pegasse um grande saco de lona atrás. — Mas há ursos

aqui. Este é um carro confiável, mas não vai afastar ursos.

Meus olhos se arregalaram com o pensamento, e rapidamente abri a porta,

quando ele abriu a dele. Eu segui-o para uma casa grande com uma varanda ao redor.

Todas as luzes estavam apagadas.

—De quem é esta casa?— Eu perguntei, tendo no branco lindo caimento.

—Dr. Runous, o diretor de jogo de Washington. Ele está em uma viagem com

meu irmão Jethro atualmente na Carolina do Norte. Deve voltar próximo ao Natal, eu

suspeito.—

—E você está cuidando do lugar?—

Cletus deu um encolher de ombros e desviou longe da varanda para a

escuridão.

—Mais tipo, eu estou de olho nas duas pessoas que deveriam estar cuidando

do lugar.—

Eu tropecei em alguma coisa que eu não pude ver, fazendo Cletus virar pra

trás e me olhar. Ele encaixa sua mão na minha usando o contato para passar-me uma

lanterna.

—Aqui, tenho as mãos cheias com essas coisas.— Ele largou a minha mão e

pegou a sacola de lona que ele momentaneamente tinha colocado a seus pés. —Talvez

você possa fazer algo útil como iluminar a nossa frente.—

Tenho a impressão que Cletus podia ver muito bem sem a lanterna, mas foi,

talvez, como uma desculpa para usá-la. Dei um sorriso agradecido e cliquei para que
ela, iluminasse à frente, e fiquei surpresa quando vi um passadiço de madeira com um

trilho diretamente à nossa frente.

—Onde vai isto?—

—Até o lago.— Cletus começou a andar novamente, suas botas conectando-se

a madeira do calçadão, fazendo um distinto estrondoso som. Seus movimentos foram

rápidos, enquanto os meus estavam hesitantes, como eu tentei ver pelo brilho da

lanterna. Portanto, ele foi logo uns vinte pés ou mais à minha frente. Percebi que

estávamos nos aproximando das escadas que descendem em algo negro.

—Qual lago?— Eu perguntei, hesitando novamente.

—Bandit Lake.— Ele jogou por cima do ombro fora da minha vista

novamente.

Parei de repente incapaz de me mover e sussurrei pra mim mesma.

—Bandit Lake...—

Beau e Duane estavam em Bandit Lake.

Minha frequência cardíaca subiu vertiginosamente e, apesar do fato de que

minhas pernas estavam descobertas e eu estava em saltos altos de tiras, senti-me

abruptamente quente e ansiosa. Eu não sabia o que fazer, então fiquei petrificada,

minha lanterna brilhando na direção onde Cletus tinha desaparecido. Eu não podia ir

para a frente, então demorou-me, sentindo-me paralisada e inquieta por um período

indeterminado de tempo.

Fiquei pensando, e se ele está lá? Mas eu não sabia o que ele quis dizer.

Quis dizer Beau? Ou Duane?

Seguir provavelmente me levaria aos os gêmeos, um me fez morder a língua

e o outro... O outro...
Um farfalhar atrás de mim me fez pular, me tirando das reflexões e de volta

para o presente, um pequeno rangido escapando da garganta. Ainda estava quente,

mas tremia, o coração agora retumbando no peito. Pode ser um urso. Pode ser um

gambá. Tentei me acalmar. Mas então uma coruja soou e meu grito se transformou

num socorro.

Gêmeos Winston ou não, tudo era preferível a ficar presa sozinha na

escuridão numa noite sem lua no dia das bruxas no meio do nada. Engoli o caroço na

garganta, e aventurei-me para frente descendo os degraus, pausei brevemente para

tirar os sapatos quando percebi que estavam me impedindo de me mover na

velocidade máxima.

Correi para frente, uma sensação de medo no peito. A cada passo pensei que

ouvi passos atrás de mim. Isso só me fez andar imprudentemente mais rápido.

Formou-se um caroço na minha garganta quando percebi que já devia ter chegado a

Cletus, mas as escadas estavam sem fim. A luz na frente me fez hesitar. Minhas mãos

estavam tremendo. Cerrei a mandíbula, dizendo a mim mesma para relaxar.

Mas então ouvi os passos novamente e desta vez foram inconfundíveis.

Alguém, ou algo, estava atrás de mim e era mais rápido que eu. Pânico, medo

e todas as emoções tortuosas arranharam meus pulmões, que estavam em chamas, e

tive apenas um pensamento. Eu necessariamente tinha que ir embora.

Desci de dois em dois degraus, os sons à minha volta ficaram mais altos, e

um grito começou a se construir na minha garganta. Mas antes uma mão contornou

minha boca e um braço agarrou meu meio, facilmente me levantando. Briguei contra a

pessoa, soltando meus sapatos e a lanterna na luta.

Medo cego tomou o lugar do sentido, e mordi os dedos sobre minha boca

com força.
— Ow! Porra isso dói! — Senti o peito duro atrás de mim vibrar quando a

mão foi retirado da minha boca. Reconheci que a voz do meu captor pertencia a Duane

ou Beau Winston.

Portanto, congelei.

— Quem diabos é você, o que diabos está fazendo aqui e porque diabos me

mordeu?

Engoli, mordendo meu lábio através dos dentes. Estava de costas contra seu

peito, meus pés ainda sem tocar o chão.

Timidamente, perguntei.

— Duane?

Ele calou, e senti um pouco da tensão sair de seus braços. Devagar, com

cuidado, gentilmente me desceu e virei para enfrentá-lo. Só pude distinguir uma

sombra de suas características sob a luz das estrelas.

— Jessica? — Ele perguntou, as mãos em meus ombros. —Jessica James?

— Sim. Sim, sou eu. — Engoli a última palavra, meus joelhos fracos quando a

adrenalina deixou meu corpo. Estava tão aliviada. Apesar de nossa longa história de

antipatia mútua e sua malandragem anteriormente, meu peito ficou inundado com

calor ao vê-lo. Não me lembro de ter ficado tão feliz em ver o contorno de outra pessoa

na vida.

— Você está ok? — Ele perguntou, a voz suave.

Atirei-me para frente e joguei os braços ao redor dele, enterrando meu rosto

em seu pescoço. Eu sabia que estava me comportando como uma lunática, mas passei

a noite toda pensando nele. Precisava dele para abraçar-me. Mesmo que não gostasse

de mim, eu precisava dele.


Ele me mandou ficar quieta, os braços vindo em torno de meu corpo, a mão

acariciando meu cabelo.

— Está tudo bem, Jessica. Tenho você agora. — Não tinha ideia de quanto

tempo passou enquanto estávamos abraçados. Sei que me aconcheguei

descaradamente mais perto, provocando uma risada curta e aveludada. E então

quando estava começando a relaxar e decidindo o que fazer, ele me surpreendeu

dizendo.

— Jessica, não sou Duane, querida. Sou Beau.

Assim que as palavras saíram de sua boca, mas antes que pudesse reagir,

antes de identificar se o que sentia era alegria ou desilusão, começaram os gritos.


CAPÍTULO 3

“Deixe o amor encontrar você. Não vá atrás de tudo. A melhor maneira de atrair uma

mulher é postar um anúncio na Craigslist intitulado, tem lubrificante, vá viajar”.

― Jarod Kintz, citações de amor de todos os tempos.

Especificamente, idades entre 18-81.

~Duane~

Eu sabia o exato momento que me apaixonei por Jessica James. Lembro-me

claro como o dia.

Mesmo que não tivesse posto os olhos nela por anos, tempo e distância não

conseguiram apagar a memória. A constância de minha consideração por Jessica só

voltou na sua presença transitória em Green Valley, com ela escorregando entre meus

dedos.

Eu tinha 16 anos e ela 14. Eu empurrei para uma doca no rio atrás de nossa

casa. Em vez de gritar ou correr como uma garota idiota, ela agarrou minha perna em

seu caminho para baixo, arrastando-me junto.

Eu estava em calções de banho, e ela no vestido da escola dominical.

Enquanto estávamos lutando sob a água, ela puxou meu short para baixo, em seguida,
fugiu. Sabendo que ela tinha sido da equipe de natação da escola primária, era a

melhor nadadora, mesmo num vestido de escola dominical.

Jessica subiu para o banco. Seu cabelo louro estava molhado, enrolado em

torno do rosto. O vestido branco tinha agarrado ao seu corpo, fazendo com que cada

jovem curva ficasse visível. Ela sempre foi muito bonita, então tive muitas outras

garotas. Louco, corri atrás dela, não dando a mínima que estava nu.

A peguei com bastante facilidade, eu era o melhor corredor, mais rápido, e a

joguei no chão. Prendi suas mãos acima da cabeça e procurei. Elas estavam vazias.

— Onde está minha bermuda? — Reclamei furioso.

Seu corpo tremeu sob mim, ela estava rindo. Ela estava rindo tanto que mal

podia respirar, e lembro de pensar ela era linda. Então ela disse.

— Eu joguei numa árvore.

A vi novamente perder o fôlego pelo riso, e não conseguia parar meu sorriso.

— Você jogou numa árvore? — Perguntei, sentindo um toque de maravilha

em sua esperteza.

— Sim. — Ela disse, o sorriso largo e torto. — Você acha que ser mau é

suficiente. Ser má e ser inteligente é melhor.

Esse foi o momento. Foi quando aconteceu.

Embora tenha crescido vendo-a quase todos os dias, não tinha notado que ela

era uma garota, ou a existência de qualquer outra garota, até quase treze anos.

Por essa altura já era tarde. Ela não gostava de mim. Mas adorava meu irmão.

Ele não a vê, não realmente. Não como eu vejo.

Claro, tínhamos discutido desde a infância. Mas isso é o que as crianças

fazem quando são um bando de selvagens. Sempre gostei dela, mas caí duro no dia

que ela jogou minha sunga na árvore.


Atualmente, estava sentado aos pés do Bandit Lake, olhando a fogueira que

eu Beau fizemos horas antes e sentindo pena de mim mesmo. Levantei-me, balançando

a cabeça e afastei as memórias. Olhei no meu copo. Estava vazio. Geralmente levaria o

Papa-Léguas6 para limpar minha cabeça. Se não ia rápido então não estava realmente

dirigindo e o carro foi construído para a velocidade. Mas não na estrada da montanha

e quando bebia duas doses de uísque.

Eu ia voltar a encher meu copo quando Cletus, de repente, apareceu na beira

da fogueira e me deu um susto. Ele era uma cabeça flutuante, o corpo invisível. Fui o

primeiro a vê-lo, e ele assustou a merda fora de mim. Inalei agudamente e pulei a cerca

de um metro. Ele também me fez derramar o Bourbon.

— Droga, Cletus! — Fechei os olhos, concentrado no meu pulso abrandar.

Então uma menina gritou. Depois outra. Logo todos estavam gritando.

Suspirei porque era irritante.

Gado, pensei que eram como gado. Foi um pensamento caridoso. Minha mãe

ficaria desapontada. Senti um pouco sob minha costela esquerda inferior. Sua morte

ainda era novidade para mim, eu não podia pensar nisso sem machucar.

Abri os olhos, rangendo os dentes e tomei a tarefa de pacificar os gritadores.

— É Cletus, meu irmão. Tina, me escute, Tina é só Cletus.

Os gritos de Tina continuaram até que cobri sua boca com a mão, seus olhos

castanhos largos e preocupados quando olhou meu irmão mais velho. Quando tinha

certeza que ela não ia gritar de novo, tirei a minha mão da sua boca.

6
Plymouth Barracuda ou papa-léguas, é um dos carros que mais foi desejado nos anos de 70 em seus tempos de gloria.
— Cletus? — Ela falou, franzindo a testa. O rosto dela estava emoldurado por

uma peruca preta e amarela, o decote derramando da fantasia de abelha sexy que

usava.

— Sim. É Cletus. Só Cletus. — Olhei de relance para ele. Ele não estava

ajudando a situação pairando além do brilho do fogo, os olhos assustadoramente

grandes. Pressionei meus lábios juntos para não rir.

Ele devia estar com gola rolê porque realmente parecia uma cabeça flutuante.

Os outros caras também estavam ali, mas agora recuperados do breve susto e

avançando para receber meu irmão.

No total, havia cerca de vinte e cinco pessoas reunidas, quase uma

quantidade igual de rapazes e moças. A fogueira foi ideia de Beau, e ele tinha

prometido manter o grupo pequeno. Vinte e cinco parecia uma multidão. No meu

humor, preferia cinco ou seis... A uma multidão.

Tina envolveu os braços ao meu redor, rindo dentro do meu peito. Ela teve

dois shots de vodka e estava bêbada e me irritando.

— Duane, querido. Abrace-me, estou com medo.

Coloquei o braço em volta de seus ombros, principalmente para não ficar

caindo nas chamas e arruinando todos do bom tempo antes de pegar um cobertor.

Meu plano para tirá-la do meu lado revelou-se difícil, porque ela um polvo. Cada vez

que removi um, outro três tomavam seu lugar. Tarde demais, percebi que isso era

porque ela estava quase no meu colo.

Tina e eu vimos um ao outro por quase cinco anos. Desisti de chamá-la de

uma vez por todas há quatro meses atrás. Esta foi a primeira vez que a vi desde então.

— Vamos, Tina. — Afastei-a, xingando meu irmão por convidá-la em

primeiro lugar.
Olhando para trás, cinco anos não, foi há quatro anos e onze meses há muito

tempo. Ela nunca foi minha garota, mas gostava de dizer às pessoas que era. Claro, ela

era bonita o suficiente, linda mesmo. Tinha um espírito livre que foi divertido por

cerca de dez minutos. Ela também tinha o corpo de uma bailarina exótica, porque ela

era uma, e nunca faltou entusiasmo quando estamos fodendo.

Mas é tudo o que já tinha sido.

E cinco anos de brincar foi mais do que suficiente.

O que a Tina tinha em olhares faltou em sentido. Ela era astuta, mas

ignorante.

Não consegui falar com ela sobre qualquer coisa, porque ela não sabia nada

além de fofoca da cidade, fofoca de motociclista, como funciona um poste e como abrir

as pernas. Droga, estava pronto para filmar aquele cavalo há quatro anos. Mas ela se

tornou um mau hábito. Era fácil e persistente. E foi suficiente para impedir-me de

mandá-la embora.

Até julho passado.

Até que descobri de Jackson James que sua irmã estava voltando para a

cidade.

Com um aperto firme, finalmente consegui remover as garras da Tina,

cobrindo-a com o cobertor e longe de mim.

— Fica aí. — Pedi, então caminhei ao redor do círculo de chamas para

cumprimentar meu irmão, jogando meu copo de papel no fogo. Tina subir em mim era

incentivo suficiente para ficar sóbrio. Ouvi-a chamar meu nome, mas ignorei. Duas

doses eram onde queria parar, especialmente desde que ainda estava frustrado pelos

eventos anteriores.
— É meu irmão Cletus. — Disse desnecessariamente quando ele estava

propenso a soltar o saco de lona no chão a seus pés.

Senti meus lábios levantarem. Ele usava uma gola rolê e calças pretas.

— Ei, vai ficar por aqui?

— Não, só deixando os suprimentos que Beau queria. — Estudei ele. Ele

parecia frio.

— Você quer aquecer-se perto do fogo antes de ir?

— Tenho certeza. Talvez um pouco.

— Onde está teu casaco?

— Dei minha jaqueta para uma senhora em necessidade, ela já deve estar

chegando.

Não tive chance para interrogá-lo mais porque ele apontou o queixo para a

multidão.

— Quem são essas pessoas?

— Principalmente amigos do Beau. — Fiz a varredura nas caras

desconhecidas. — Você sabe como ele é, tem mais amigos do que uma árvore tem

folhas. Alguns são de Merry Ville, alguns vieram da Enseada Cades. — Soube o

momento que seus olhos encontraram Tina.

— O que faz ela aqui? Você voltou com isso?

— Não. — Disse, com repulsa pelo pensamento. — De jeito nenhum.

Ele assentiu com a cabeça, franzindo a testa numa exibição atípica de

antipatia.

— Bom, porque ela é uma puta louca.

Nem tive três segundos para registrar ou me surpreender com as palavras de

Cletus antes de Beau reaparecer na beira da fogueira, dei atenção a ele e à garota que
tinha escondida debaixo do braço. Se a declaração do Cletus tinha me surpreendido, a

visão de Jessica James prensada contra meu irmão gêmeo quase me bateu na bunda.

O tempo parou. Eu não conseguia respirar. Minha visão ficou vermelha.

Minha garganta e peito queimaram e eu queria dar um murro em alguém ou algo...

— O quê...? — Meus pensamentos escaparam numa respiração, e uma

profunda dor torceu meu intestino. Felizmente, apenas Cletus ouviu minha maldição.

— Oh, sim. Uma falha catastrófica no motor. — Cletus levantou seu queixo

em direção a Jessica como se ‘Falha catastrófica’ de motor fosse o nome dela. — Vou levar

a Sra. James pra casa.

Virei meu olhar para Cletus.

— O que significa que está a levando para casa?

Seu olhar estreitou-se, e estudou abertamente. Odeio quando ele fez isso.

Quando Cletus enfia sua mente em algo, podia ver tudo. Evitei seus olhos, mas depois

me arrependi porque Jessica estava olhando diretamente para mim. Imagens de seus

seios nus, ela sexy, trazendo meu polegar à sua calcinha frágil corram por minha

mente.

Engoli para não gemer, grato te ter tirado as calças de brim, porque, diabos,

estava abruptamente duro. Novamente meu instinto doentio, novamente não

conseguia respirar. Lutei para me distanciar do seu olhar, mas ela me fisgava. Sua

boca, os olhos, o corpo eram minha isca. Jessica era muito mais que linda.

Eu não queria as coisas nos bastidores do Centro Comunitário. Não era

minha intenção ou objetivo. Era um beijo que eu procurava, um único beijo. Enganá-la,

levá-la aos bastidores foi um momento de decisão. Para mim, o momento foi bem além

da minha zona de conforto. Eu gostava de saber o que esperar. Gostei da certeza que

veio com um plano bem delineado.


Mas queria sua boca na minha. A ferocidade me fez fazer uma loucura na

hora. Eu queria a memória. Porque com a Jessica, eu sempre queria tanto mais do que

da merda ao redor.

Quando ela achou que eu era Beau, seus grandes olhos castanhos estavam

confiando, adorando. Ela jamais me olhou assim antes. Era viciante. Eu queria que ela o

fizesse. Mas minha terrível perspectiva foi diminuindo. Eu deveria ter esperado... E

estava pagando o preço agora. Tinha praticado meu discurso durante meses,

esperando o momento certo.

Estraguei meu planejamento cuidadoso com um beijo, mas não pude evitar

pensar que valeu a pena. A pele dela era suave como pétala ou seda. A memória de

tocar, degustar e segurar Jessica, e tê-la retornando a força de minha atenção, ainda era

novidade. Como era a miséria sufocante de sua rejeição. Não a culpo por odiar-me,

não em tudo. E agora pensava que veria a única vez que deixava algo semelhante ao

afeto entre nós. Em retrospecto, também pensava que ela nunca teria dado a Duane

Winston uma hora do seu dia.

E por isso não me desculpo, eu a enganei.

Enrolei as mãos em punhos e forcei minha mente em branco. Mesmo assim,

meus olhos foram atraídos por aqueles lábios. Que sempre estavam um pouco

inclinados, superior de um lado a outro. Esta imperfeição somente adicionava ao

apelo. Isso a fazia parecer estar pensando numa piada, como se estivesse pronta para

rir.

Meus olhos baixaram para o pescoço, antes que me forçasse a parar. Mudei

mais abaixo e meus pensamentos foram para ela nua novamente. Não preciso desse

tipo de tortura. Então trouxe meus olhos para os dela. Ela não estava me olhando com
confiança agora. Não consegui ler a expressão, mas parecia ser fundada em

pensamentos desagradáveis.

Limpo minha própria expressão. Não quero que ela veja o que fez comigo.

Fui apanhado em sua teia. Pior, ela nem sabia que tinha me pegado. E mesmo se

soubesse, não podia se importar menos.

Nestes pensamentos de gosto amargo, me arrependi de ter jogando fora o

copo.

— Galera, a maioria de vocês já a conhece, mas no caso de não, esta é Jessica

James. — Beau anuncia com seu charme de sempre. Ele olhou para ela, e ela tirou os

olhos de mim para olhar meu irmão. Ele sorriu. Ela devolveu, mas parecia tímida. Tive

a distinta sensação que tinha engolido pedras.

— Jessica, essa é a galera. — Pessoas a acenaram. Alguns se levantaram para

cumprimentá-la, incluindo Tina. Lembrava-me vagamente que eram de alguma forma

relacionadas, primas talvez. Mas eu apenas poderia olhar. Senti como se tivesse criado

raízes em meus pés. Não podia olhar embora. Ela vestia um casaco masculino,

suspeitei que de Cletus pelo olhar, mas ela estava com as permas descobertas com as

coxas de fora, e sem sapatos.

— Acho que vou ficar por um tempo. — Anunciou Cletus.

— Tudo bem. — Disse, percebendo tarde demais que parecia um rugido.

— Bom.

— Ok, então.

— Excelente. — Disse, esfregando as mãos juntas. Ele tinha a aparência

calma. Entediado mesmo. Mas eu conhecia meu irmão suficientemente bem para saber

o que queria. Esfregando as mãos juntas significava que algo vertiginosamente perto.

Minhas suspeitas foram confirmadas quando ele acrescentou.


— Na verdade, deveríamos todos jogar.

Olhei feio para ele, ainda querendo bater em alguma coisa e ele estava mais

próximo.

— Ei, Beau. — Cletus me ignorou, um passo à frente. — Duane quer jogar

verdade ou consequência.

Eu definitivamente fiz careta. Tocou várias com seu apoio para essa ideia

terrível. Em pouco tempo, alguém tinha colocado um copo na mão de Jessica, a

multidão foi amontoando-se e verdades foram sendo compartilhados como doenças

sexualmente transmissíveis e conselhos não solicitados.

Retirei-me para a borda do grupo, sentado com os cotovelos repousados nos

joelhos. Não pude deixar de assistir Beau e Jessica. Cada vez que ela sorriu para ele era

como esfregar sal na ferida ou empurrar um ferro quente no meu nariz. Ela estava

sentada perto, ele tinha o braço em volta dela. Estavam rindo juntos. Eu queria

arrancar meus olhos.

Só quando tinha o suficiente e estava pensando em ir embora, fazendo uma

rápida fuga, Tina virou para mim e disse.

— Duane bebê, verdade ou desafio?

Ela me lançou um olhar sedutor, insinuante enquanto chupava o dedo

indicador. E nada fizeram para mim. Dei de ombros e disse.

— Não estou brincando.

— Vamos lá. Foi sua ideia. — Tina arrogante, apela para a multidão.

Senti-me obrigado pelo ocorrido e foi um castigo.

— Muito bem. Desafio.

A maioria das pessoas escolheu verdade, mas sempre preferi desafio.


Nunca tive o bom senso de ter medo de situações perigosas, como a maioria

das pessoas. Tinha sido o tirano com mola solta, resistente na corrida, o paraquedista

louco. Tornei-me mais perigoso nas circunstâncias, o mais concentrado, e não consegui

pensar em fazer uma única coisa que me assustasse.

No entanto, neste momento, falar de mim na frente de Jessica francamente

me aterrorizou.

Tina, gritou e aplaudiu. Ela me lembrou um leitão.

— Yay! Ok, bom. Esperava um desafio. Desafio-te a vir aqui e me beijar.

Alguém, provavelmente um idiota, gritou.

— Vou levar esse desafio.

Tentei não a amordaçar. Minha atenção mudou-se para Jessica. Não sei

porque o fiz. Uma parte de mim, provavelmente a parte idiota que gosta de se sentir

como merda, queria ver a reação dela, ou não-reação.

Mas para minha surpresa, ela não estava olhando Beau. Ela estava olhando

Tina, e estava olhando para Tina, como se quisesse enterrá-la viva. A intensidade de

seu brilho, o gelo por trás, me pegou de guarda baixa. De repente, beijar Tina não

parecia tão revoltante.

— Tudo bem. — Falei.

O olhar de Jessica cintilou ao meu. Antes que fosse capaz de esconder, vi a

miséria e choque. E, eu não estou enganado, também vi o ciúme. Encorajado pela

possibilidade de que Jess possa ter ciúme de mim e de quem estou beijando, levantei e

fiz meu caminho através da multidão então ajoelhei-me diante de Tina.

Tive que tomar uma decisão. Poderia dar-lhe um beijinho rápido e avançar

no jogo, ou, poderia beijar Tina como queria beijar Jess. Poderia usá-la. Poderia

explorar a situação e potencialmente empurrar Jess fora de sua zona de conforto,


provocando o que esperava ser uma resposta. Algo que me dê uma razão para ter

esperança.

Decisão tomada, agarrei Tina pelo pescoço, e beijei o inferno fora dela.

Fingir que Tina Patterson era Jessica James era fingir que tofu era bife. Apesar

da disparidade na qualidade, textura e sabor, eu batalhei. Entrei num inferno de um

lote de reprimida frustração sexual e tive que segurar as mãos dela quando as senti

chegar para meu pau.

A multidão fez barulhos no início, me incitando. Mas depois ficaram

tranquilos, e ouvi alguns sussurros, Porra, esse rapaz pode me beijar, Sou a próxima e

Lembre-me de usar minha próxima vez com Duane.

Assim que terminei, levantei meus olhos para Jess e o que vi fez meu peito

doer. Mas desta vez, uma dor boa.

Seu brilho estava afixado ao meu, o rosto vermelho brilhante. O encantador

sorriso habitual foi substituído com uma profunda carranca. Além de tudo isso, ela

estava me dando um olhar quente.

Limpei a boca com a palma da mão, mantendo o olhar nela, e deixei Tina

atordoada sobre o cobertor.

— É sua vez, Duane. — A voz de Cletus quebrou o silêncio. Ele parecia

alegre... Para Cletus. — Escolha quem quiser, qualquer um.

Concordei, meus olhos nunca deixando os de Jessica e cerrei os dentes em

preparação para o que iria fazer. Exigiria coragem, do tipo correr o risco de uma

rejeição pública.

— Jessica. — O nome nos meus lábios parecia muito alto.

Tive um pensamento estranho de que só deveria sussurrar o nome dela, e que

ela deve sempre estar perto o suficiente para ouvir.


— Verdade ou desafio? — Sussurrei.

Ela estreitou o olhar. Mesmo sob a espessa camisa que usava, eu pude ver a

ascensão de seu peito e o cair com a respiração. Para conduzir meu ponto, deixei meus

olhos cintilar significativamente para Beau. Esperava que interpretaria o movimento

como uma ameaça implícita para expor seus sentimentos por ele.

Só para constar, eu nunca faria isso. Teria que ser um completo idiota para

fazê-lo. Se Beau tivesse qualquer ideia, seria um idiota em deixá-la ir. Além disso, seria

traição. Não queria trair Jessica.

Queria cuidar dela.

— Desafio. — Disse ela, como estivesse desafiando-me e não o contrário.

Mantive meu alívio... Mas me permiti um sorriso.

— Ok. Desafio.

Outra vez fiz meu caminho através da multidão, e novamente ajoelhei-me

sobre o cobertor, desta vez ajoelhado ao lado de Jess e ela adoravelmente irritada e

incapaz de esconder a raiva.

— Te desafio a vir comigo e nadar nua no Bandit Lake por uma hora.

Seus olhos castanhos ampliaram com choque, e a multidão irrompeu em

opiniões. Ouvi alguém dizer: Devia ter pensado nisso, é uma boa.

— Bem? — Empurrei, enterrando meu entusiasmo numa expressão de tédio.

— O que é que vai ser?

Finalmente ela respondeu.

— Uma hora naquele lago próximo de congelar? Vamos ter hipotermia.

— Ok, trinta minutos.

— Trinta minutos?

— Quinze. Oferta final. Ou você tem que escolher verdade.


Uma ruga se formou acima de seu nariz e os olhos saltaram entre os meus.

Em seguida, abruptamente, ela levantou o queixo e disse com veneno.

—Tudo bem. Aceito. — Ela retirou o casaco, jogou-o para Cletus e saiu fora

da luz do círculo da fogueira. Fiquei muito surpreso no começo, mas depois, Beau

bateu-me no ombro.

— O que está esperando, idiota? Vá buscá-la.

Olhei para meu irmão e ele olhou em volta, dando-me um sorriso animado,

incentivador. E vi o que estava cego mais cedo. Beau não estava interessado em Jessica,

não porque ela não era bonita ou incrível. Ela era. Ela era linda, esperta e inteligente.

Ela era deslumbrante. Ela era também muito boa para nós.

Beau não estava interessado em Jess... Porque ele sabia como me sentia. Claro

que sim. Éramos gêmeos. Ele sempre soube. Trocamos um sorriso fraternal, e ele me

bateu de novo.

— Vá.

Assenti com a cabeça uma vez, em seguida, levantei, tirando as botas e

puxando a camisa pela cabeça. Deixei tudo além das calças numa pilha no chão,

agarrei um cobertor dobrado, então corri para a floresta após Jessica James.

Estava sempre correndo atrás dela, mas desta vez não ia deixá-la escapar.
CAPÍTULO 4

“A jornada de mil milhas começa com um único passo”.

― Lao Tzu

~Jessica~

Nunca fui mentirosa. Não sou tão criativa e me falta a energia necessária.

Não sou muito boa em mentir pra mim mesma. Isso é provavelmente o porque de eu

sentir meu cérebro dividido em dois.

Não gostava do fato que queria Duane Winston, mas lá estava. Ele tinha feito

algo para mim, acordado uma criatura selvagem e feminina e agora a patética pensava

nele. E não estava apenas querendo seu beijo, toque, corpo e talvez até um pouco de

sua atrevida fala de volta. Estava pensando nele, nossas interações crescendo e todas

as incontáveis horas que passamos não nos dando bem.

Para tornar as coisas ainda mais confusas, tudo o que ele tinha feito nos

bastidores no Centro Comunitário milagrosamente quebrou o feitiço de Beau, pelo

menos esta noite. Não tinha certeza se isso é bom ou mau. Por um lado, sempre soube

que meus sentimentos por Beau basearam-se numa paixão doentia e irreal.
Por outro lado, ao menos Beau era bom para mim. Não respondia

atrevidamente, Beau Winston era só sorrisos amigáveis, honestos e bondosos, que era

o motivo por que o tinha adorado por tanto tempo.

Mas agora... Quase nada. Quando Beau me encontrou no escuro e disse quem

era, a primeira coisa que senti foi decepção por não ser Duane. Nenhuma música que

só eu podia ouvir. Nada reduzindo-me a nada. Só decepção. Como foi possível depois

de doze anos de comportamento obsessivo fez-me questionar minha saúde mental.

Provavelmente, deveria ter me questionado há muito tempo.

Desacelerei meus passos para uma caminhada, supondo que a beira do lago

estava próxima e xingando a mim mesma por não levar uma lanterna. A curto prazo

foi bom, mas não o suficiente. Minha pequena corrida tinha expulsado um mínimo da

energia inquieta, que percorria o meu sistema, fazendo-me sentir frita, seca e crocante.

O problema era que meu cérebro estava dividido em dois porque meus

sentimentos por Duane não eram consensuais.

Senti-me ciumenta e indomável quando Duane beijou minha prima abelha

sexy, que também só passou a ser sua ex-namorada e stripper quente?

Não, não fiz. Não quero me sentir assim. Quero sentir nada. Mas não senti

nada. Senti que ele tinha alcançado dentro de meu peito, fechado o punho em torno de

meu coração e lentamente o espremeu. Também tive vontade de arrancar as asas de

fantasia da Tina. Ele a beijou. Ele a beijou como tinha me beijado. Obviamente, Duane

deve ter o hábito de beijar o inferno fora de todas as mulheres. Isso é provavelmente

porque beijava tão bem. Lotes de muita prática.

Este era o pensamento circulando ao redor do meu cérebro. A imagem deles,

de sua boca movendo-se contra a dela, ficou marcada na minha visão, fazendo minhas

entranhas frias e eclipsando minha capacidade de ouvir a voz da razão.


Meu primeiro instinto foi andar e separá-los. Vi meu irmão fazer isto com

meus primos quando eles estavam lutando. Ele colocava o dedo indicador em cada

buraco de seus narizes e os separava. Não lutaram na nossa casa novamente.

Abrandei meu ritmo ainda mais, não tendo certeza se a sensação debaixo dos

meus pés era úmida ou fria. Três passos depois percebi que era frio e úmido. Cheguei

a beira do lago. Virei, minhas mãos para fora e caminhei alguns passos para trás na

última árvore que passei. Inclinada contra ela, esperei Duane aparecer.

Ouvi seus passos, não muito longe. Sua abordagem rebateu meu interior de

uma deliciosa maneira inquietante. Enrolei as mãos em punhos e apertei os olhos,

dando-me um momento para pensar. Apesar do fato de estar perto de quatro graus,

não era frio. Na verdade, minha pele, pulmões e barriga pareciam pegar fogo. Acho

que raiva e luxúria frenética, faz isso a uma pessoa. Eu precisava de tempo e distância.

Gostei de nosso beijo que foi há menos de cinco horas. Estava sendo estúpida.

Sentir-me territorial sobre Duane Winston não fazia sentido. Não estava em Green

Valley há muito tempo, estou aqui para pagar meus empréstimos estudantis, ganhar

experiência de ensino e então viajar e ver o mundo.

Não posso alterar minhas decisões com base numa única sessão de amassos,

especialmente quando beijei Duane pensando que ele era Beau. Talvez, não tenha

pensado em Duane como um grande beijador. Talvez tenha montado tudo porque foi

um equívoco de confusão de identidade.

Disse a mim mesma que estes desejos bizarros desapareceriam tão

rapidamente como invadiram minha sanidade. Disse-me que amanhã tudo estaria de

volta ao normal. Duane era irritante e desafiador. Beau era bom. Mesmo que minha

paixão obsessiva por Beau nunca mais aparecesse, a estranha explosão de sentimentos

por Duane provavelmente era passageira.


Eu tinha um plano... E minha mãe não me criou para ser estúpida. Fim da

história.

— Jess...

Endureci ao som sussurrado do meu nome e fiquei surpresa ao encontrá-lo

tão perto. Virei, oferecendo-lhe meu perfil. Devo ter me perdido tanto na minha cabeça

que não ouvi sua aproximação.

— Ei. — Sussurrei de volta, depois franzi a testa, olhando para ele. — Espere,

por que estamos sussurrando?

Ele não reagiu. Em vez disso, caminhou lentamente para frente e reduziu o

espaço entre nós. Eu poderia dizer por sua estrutura que ele estava sem camisa. Esta

revelação suscitou um gemido mal contido, porque, droga, eu queria tocá-lo

novamente.

Virei-me completamente quando ele parou a dois pés e disse:

— Jess, podemos... Eu posso....?

Eu ouvia, ele abruptamente fez uma pausa então soltou uma respiração

barulhenta. Ele parecia frustrado. Eu não podia ver seu rosto, então não sabia quais

eram suas intenções ou o que estava pensando. Esperei uma batida para ele completar

o pensamento. Cinco segundos transformaram-se em vinte anos, o silêncio, quebrado

apenas pelo piar de uma coruja a distância, o vento através das árvores e o suave

barulho da água contra a beira do lago.

Senti que ele se moveu, e um momento depois senti suas mãos me tocarem. Já

com meus nervos tensos afastei-me principalmente porque o toque foi inesperado. Na

minha reação involuntária, dando um passo para trás ele agarrou meus cabelos nas

mãos. Não sei porque senti-me envergonhada, mas eu fiz. Talvez porque queria pegar

sua mão dele, reconhecer-lhe isso. Mas então, quão patética era?
Ele só beijou outra garota, tinha uma história com ela e podiam muito bem

estar namorando na minha frente há não mais que dez minutos.

Menos de cinco horas atrás, ele tinha fingido ser o irmão e coloquei seu pênis

na mão. Acariciei-o por causa do seu desempenho! Apertei seu pênis sob falsos

pretextos. Eu deveria estar correndo na direção oposta. Em vez disso, era estúpida por

correr para um cara que pensava que eu era uma pirralha.

Ele tinha razão, claro. Às vezes, eu era. Mas não queria que ele pensasse

assim. Limpei a garganta, procurei a firmeza da árvore que tocava minhas costas e

disse.

— Vamos acabar logo com isso.

Cheguei até a bainha do meu vestido e puxei-o acima da cabeça, dobrando-o

sem motivo particular e colocando-o nas raízes da árvore. Em seguida tirei o sutiã,

hesitando por apenas um segundo, depois deixei-o cair em cima do vestido. Neste

ponto parei porque ouvi o som de Duane abrindo o zíper e minha barriga se

esquentou como lava.

Quente, quente, quente como lava derretida.

Meu corpo tenso se apoiou na árvore. Não percebi no começo, mas estava

segurando a respiração. Fiquei tensa e ouvi quando ele empurrou a calça pelos

tornozelos, então se inclinou para removê-la completamente.

Ele agora estava nu.

Enquanto isso, meus dedos foram direto em minha calcinha e agora eu era

um rio congelado caótico com lava. Não sabia se era realmente capaz de me mover

com Duane nu. Senti-me... Perigosa.

Ele limpou a garganta e vi pelo seu contorno que as mãos estavam nos

quadris.
— Pode retirar sua roupa intima diante de mim se quiser.

Eu admito, estava olhando a região de sua área pélvica antes dele o fazer,

esperando contra a esperança que meu superpoder inexplorado de visão noturna de

repente se revelasse. Infelizmente, estava muito escuro e tudo o que vi era sombra.

Afastei meus olhos de seu quadril e levantei-os para o rosto. Poderia apenas falar do

brilho das estrelas refletindo nos olhos brilhantes.

Balancei a cabeça, soltando a respiração, começando a me mover.

— Não, você disse nadar nu. Não quero gritar mais tarde.

— Não. — Fiquei sem resposta. — Jessica, eu não... — Insistiu.

— Não acredito. — Rebati silenciosamente, permitindo-me a visão das suas

costas, ele puxou sua cueca para baixo das pernas, colocando-as no resto da pilha. Os

pelos na parte de trás do meu pescoço eriçaram-se. Não podia ver bem no escuro,

suspeitei que ele podia ver muito bem. Este pensamento levou-me em frente, em

direção ao lago, os braços cobrindo meus seios. Fiz isso em meu ventre, antes de parar,

tentando recuperar o fôlego tirado de mim pela gelada submersão abrupta. O lago

estava mais frio que as tetas de uma bruxa, e agora estava congelando. Meu corpo

sofreu uma convulsão agitada e meu cérebro gritava. “O que estão fazendo? sabe que o

lago está perto de congelar? Você perdeu o juízo!”.

Confusão e agitação levaram tudo isso substituído por instinto de

sobrevivência e repulsão pela água gelada. Acho que é verdade o que é dito sobre

duchas frias. Ouvi um som antes da entrada de Duane na maldita água. Pedi aos meus

pés para se moverem, mas não fizeram. Eu estava com tanto frio. Meus dentes batiam

e os ombros tremiam.
Então senti ele pairando atrás de mim. E quando digo que o senti atrás de

mim, quero dizer que eu peito estava perto de minhas costas e senti o calor da sua

pele. A água estava um pouquinho mais quente, embora não me tocasse.

— Basta me t-t-trazer até aqui? — Perguntei, irritada comigo mesma por ser

demasiadamente fraca e me aventurar longe.

— Jessica, tenho que te contar uma coisa.

Juntei meus ombros, segurando-me mais apertada. Seu hálito quente

derramando-se sobre meu pescoço junto com o tom de sua voz me fez tremer.

— Vá em frente. Temos quinze m-m-minutos para morrer.

Senti a água ao redor do meu estômago quando ele fechou o espaço que

restava entre nós, seu peito se colando a mim, a virilha na minha bunda. Endureci e

tentei me afastar, mas um braço em meus ombros, e o outro em volta da minha caixa

torácica acima da água, segurou-me no lugar.

— Jess, este lago é tão frio. Por favor, deixa eu te abraçar.

— B-b-bem, f-f-foi ideia sua.

— Eu sei. E não me arrependo, mas cale-se por um minuto, então posso te

dizer algo.

Eu suspirei.

— Não me diga para ficar quieta.

— Desculpe, me desculpe, você está certa. Não devia ter dito isso. É que estou

com tanto frio, que acho que estou perdendo meus pensamentos.

Se meus dentes não estivessem batendo tanto... Acho que teria sorrido.

— F-f-ale. Vá em frente.

— Jess. — Seus dedos apertaram minha pele e os braços ao meu corpo. — Eu

e Tina não estamos mais juntos. Terminei com ela alguns meses atrás. — Assenti com a
cabeça, não querendo reconhecer, nem mesmo, que as palavras me agradaram. E ele

continuou. — Agora, você e eu, nos conhecemos desde que éramos crianças.

Inclinei-me nele e admiti interiormente que fiquei muito feliz que ele tenha

decidido me segurar. Quando falou em seguida, suas palavras foram apressadas e

soavam ensaiadas.

— Você nunca gostou muito de mim e entendo o por quê. Mas nós não somos

mais crianças. Você ficou fora os quatro anos da faculdade e agora está de volta,

fazendo um bom trabalho na escola. Você é diferente, mudou, e agora sou diferente

também, dono de uma empresa. Acho que é hora de uma trégua e começar de novo.

Num piscar de olhos para a escuridão, tentando entender suas palavras e

percebendo de repente, agora que estávamos imóveis, como as estrelas refletiam na

superfície do lago. Se alguém nos olhasse pareceríamos perfeitamente no centro do

espaço, era como estar no centro, estrelas acima e estrelas abaixo. Inclinei a cabeça para

trás contra o ombro do Duane, descansando lá enquanto olhava o céu.

Ele levou cerca de metade de um minuto, mas então abaixou a cabeça e

apertou a bochecha contra mim.

— Estou feliz por que concorda. — Ele sussurrou para o silêncio, parecendo

tomar minha pequena ação como acordo. Seus lábios se moveram contra mim

enquanto ele falava, sua barba fazendo cócegas na pele sensível do meu pescoço.

Apesar de rir levemente, porque mesmo que estivesse congelando, agradeço

a bizarrice da situação. Aqui estava eu, de pé em um lago perto do congelamento com

Duane Winston, estranhamente, me divertindo. A última vez que estivemos sozinhos e

perto da água, foi o rio atrás de sua casa durante o verão de meu décimo quarto ano.

Eu joguei seu calção sobre uma árvore e estávamos ofegantes. Agora estávamos

ofegantes e congelando.
Nada disso fazia sentido. Eu precisava que fizesse, então pedi-lhe para

explicar.

— Duane, você se lembra de quando éramos crianças? E costumávamos

discutir sobre tudo? Quer dizer, não importava o que fosse. Se eu dissesse que o céu é

azul, você diria que é roxo.

— Às vezes o céu é roxo. Agora é índigo, quase preto. Não pode fazer uma

declaração unilateral que o céu é azul.

— Vê? É o que estou falando. Não sei se podemos encontrar uma trégua. Nós

só sabemos discutir.

— Você diz isso como se fosse uma coisa ruim.

— Não é?

— Jessica. — Ele sussurrou. — Discutir com você é uma das minhas coisas

favoritas.

Meu coração partiu a galope e fiquei com o fôlego preso na garganta. Não

foram as palavras dele, mas a forma como disse, muito suave e sincero. Tive que piscar

várias vezes para evitar derreter contra ele. Como era possível derreter quando estava

cercada de água prestes a congelar, me fez questionar novamente minha aptidão

mental.

Limpei a garganta e me esforcei para manter o foco.

— Uma das suas coisas favoritas? Como pregar-me peças? Acho que está

tentando reescrever o passado.

Novamente, senti seu pequeno sorriso na minha pele.

— Você gostou de pregar peças em mim também. Não negue.

Sem querer encontrei-me a sorrir ao relembrar.


— Gostei de sua reação as piadas, como quando troquei a parte do seu bolo

de morango por uma esponja e você arrancou um pedaço.

— Ou que tal o tempo que você me fez pensar que estava comendo moscas?

Dei uma risadinha.

— É isso mesmo, tinha esquecido. Melhor uso de pegadinhas de sempre. E

você estava com tanto nojo, que pensei que ia vomitar.

Ficamos quietos por um tempo, talvez perdidos nas memórias um do outro.

Ocorreu-me que talvez que ele não estava tentando reescrever o passado. Talvez

estivesse me incentivando a ver nossas histórias compartilhadas sob uma nova luz.

Estava falando meus pensamentos antes de perceber que as palavras tinham deixado

minha boca.

— Adorava quando perdia a paciência e me ameaçava com castigo.

— Exatamente. E sempre mantive minha promessa.

— Sim...

Ficamos quietos novamente, o som da água batendo nas margens

delicadamente era o único companheiro. Mas então suas mãos deslizaram mais baixo

dos meus quadris fornecendo apenas a quantidade certa de sobriedade.

Balancei a cabeça e a inclinei poucos centímetros para frente, limpei a

garganta antes de falar o que estava em meus pensamentos e minha mente.

— Se vamos começar de novo, por que ainda quer ser meu amigo? Você agiu

como um moleque mais cedo.

Ele assentiu com a cabeça e seus braços mudaram, o que fez seu aperto

parecer um abraço.

— Sim, fui um moleque, porque estava agindo como um.

Eu resmunguei sobre a irritação.


— Não fui quem mentiu e posso ficar com raiva. Não sei. — Eu parei e medi

minhas próximas palavras antes de continuar. — Não sei se estou pronta para te

perdoar.

— Não estou pedindo perdão. Não me arrependo.

— Você não lamenta? — Minha voz soou alta e estridente para os meus

ouvidos e cerrei os dentes. Apesar de estar cercada por baixa temperatura, minha

pressão arterial subiu.

— Não. Não, nós nos beijamos.

Ri novamente, mas desta vez foi porque estava irritada.

— Então está me dizendo que não está arrependido por me fazer pensar que

era Beau?

Ele deu de ombros, respirando no meu pescoço. Meu cérebro me disse para

para-lo, mas meu corpo mandava.

Pro inferno com o orgulho, estou congelando!

— Não disse que era Beau. — Ele respondeu calmamente.

Abri a boca e um pequeno som de incredulidade escapou.

— Você é inacreditável.

Ele ignorou minha fala.

— E não quero ser seu amigo.

— Não quer ser meu amigo? Então o que falamos?

— Estamos falando sobre começar de novo.

— Para quê?

Ele hesitou por um segundo, em seguida, disse.

— Porque vamos nos ver mais vezes. Acho que estamos nos adequando.
Não me surpreendi. Fiquei espantada. Tinha certeza que devia tê-lo ouvido

errado. Então percebi que minha boca estava aberta. Então percebi que tinha passado

um minuto sem que eu nada dissesse. Olhei as estrelas no céu.

— Me desculpe, acho que devo ter interpretar mal o significado. Então... O

que quer dizer?

— Só o que disse. Estamos tão adaptando um ao outro.

— Você acha que somos adequados?

— Sim.

— Para quê? Debater a cor do céu? Guerras de brincadeira?

— Claro, se isso é o que quer fazer ou falar. Vou levá-lo para fora.

— Fora? Para onde?

— Para bons restaurantes, cinema, acampar, tomar sorvete, encontros.

— Encontros?

— Podíamos ir ao Genie7, sair para dançar.

— Dançar?

— Sim, eu danço, quando é boa música e estou de bom humor.

— Você dançaria comigo?

— Sim, nós vamos. Eu dançaria com você, agora se deixasse e se não estivesse

congelando meu saco.

Ri novamente, balançando a cabeça, porque toda esta conversa tinha tomado

um caminho inesperado. Não podia compreender a ideia de que Duane Winston

pensava que éramos adequados um para o outro.

Em que universo ele pensaria essas coisas?

7
Uma Boate
E por que essas coisas que ele disse não parecem loucura? E por que essas

coisas fazem meu coração torcer de emoção?

— Eu não... Eu não posso... — Não sabia o que dizer e não sabia o que pensar.

A noite foi muito agitada e não tive um tempinho para digerir o ocorrido.

Obviamente precisava de tempo e distância. Não estava morando em Green

Valley, não mais do que alguns anos no máximo. Ser namorada de Duane Winston

tinha o potencial para ser uma enorme confusão e complicação. Tinha os olhos no

prêmio, ou seja, sair da cidade com nenhuma dívida, nenhum lamento, ou motivos

para ficar.

Limpei a garganta e sussurrei.

— Acho que já passaram quinze minutos.

Quando me afastei, ele me deixou ir. A água fria atingiu minhas costas e

coxas, substituindo o calor e proteção do corpo de Duane. Abraçando-me virei em

direção a floresta e forcei minhas pernas que endureceram a se mover. Isto não ocorreu

bem. Tropecei, escorreguei numa pedra e cai na água.

O vento me derrubou de volta no lago, tirando meu ar pelo choque e frio.

Imediatamente minhas pernas foram endireitadas, empurrando minha cabeça

para cima. Enquanto puxava um ganancioso gole de ar, senti as mãos de Duane a meu

lado e me levantar da água, me embalando num abraço.

Quando encontrei minha voz disse através do bater dos dentes.

— Ponha-me no chão.

Ele não respondeu, apenas continuou caminhando comigo para a margem.

— Duane Winston, me ponha no chão. — Senti-me sem fôlego, confusa e

tonta. Pressionados juntos, como se fôssemos um, e sem a água fria para me manter

sóbria, meu corpo estava esquentando no dele. Nossa pele estava escorregadia, meus
seios contra seu peito duro, seus braços fortes ao meu redor. Estava exausta demais

para ser despertada, mas parecia impróprio.

Impróprio? Realmente? Agora está sendo impróprio?

Tinha trocado loucura por senso.

— Vou te colocar no chão, mas não quero que fuja jogando minhas calças

numa árvore.

— Você mereceu. — Sabia a que encontro adolescente se referia e não pude

evitar um sorriso da lembrança.

— Sim, eu merecia. — Ele assentiu, em seguida, levantou-me algumas

polegadas no ar como se fosse um saco de batatas, quando reajustava o aperto.

Agora estávamos fora da água, alguns metros na floresta e eu prestes a

queixar-me novamente quando ele me pousou delicadamente, mas envolveu uma

grande mão no meu braço.

— Minhas roupas estão lá atrás. — Disse, puxando meu corpo muito frio e

cansado de lutar. Uma série de arrepios irromperam em todos os lugares e eu tremia

violentamente.

Duane dobrou-se para recuperar algo. Num movimento ele lançou o seu

braço, sacudiu o que percebi que ser um grande cobertor e jogou-o sobre meus

ombros. Ele então me puxou para frente e me envolveu no tecido macio e seu abraço.

— Você precisa se secar, aquecer-se primeiro. — Ele disse, esfregando minhas

costas. Foi então que percebi... Quente como ele era, que também estava tremendo.

Sem consideração ou cuidado, me aconcheguei mais perto, instintivamente

querendo dar e partilhar calor. O abracei, esfreguei os amplos músculos das suas

costas e enterrei meu rosto em seu pescoço. Sim, estávamos nus. Mas acima de tudo

éramos corpos congelados, em busca de calor.


Praticidade ganha a loucura do puritanismo.

O cobertor deve ser enorme porque cobriu-nos do pescoço e as pontas dos

meus ouvidos, agrupando-se em torno de nossos pés, dando a impressão de um

casulo. Estava grata por ele ter pensado antes de eu correr para a floresta, contando

com a minha raiva e ciúme inexplicável para me manter aquecida.

A memória e o motivo de minha ira anterior criaram um flash dos beijos que

o perito Duane compartilhou com a ex. Ele ainda estava segurando o cobertor à nossa

volta, segurando-me perto, esfregando meus braços e costas. Suas mãos eram grandes

e divinas, fortes e habilidosas.

O coração dele batia contra minha bochecha. A pele lisa, o estômago duro e

ombros sob meus dedos me fizeram sentir gananciosa e confusa.

Ele resolveria os problemas. Comecei a ouvir a trilha sonora em meu cérebro,

desta vez, foi Touch me, pelo The Doors.

De repente estava quente, ambos estávamos e foi muito mais rápido do que

pensei. Tão rápido quanto a dormência fisiológica recuou, suas mãos no meu corpo

inflamaram outra coisa. Em breve o compartilhado calor havia mudado de necessário

para a sobrevivência, para algo evocativo e abruptamente maduro com decadente

tensão. As mãos dele pararam e percebi tardiamente que minha respiração tinha

acelerado. Eu não estava excitada, não como quando... Fui apanhada. Desta vez, meu

coração estava envolvido, não a parte louca do meu cérebro.

O olhei, encontrei-o a observar-me. Seus olhos refletiam as estrelas e eu

estava perto o suficiente para ver que estavam nos meus lábios.

— Jessica. — Ele sussurrou e engoliu, as mãos agora imóveis na minha

cintura. Balancei a cabeça ligeiramente, realmente, o pequeno movimento estava me


dizendo para cessar o sentimento. Duane estava em torno. Preciso acabar com isso,

fosse o que fosse.

Então disse.

— Eu não vou te beijar.

Os olhos dele levantaram-se, com a expressão ilegível, mas senti-o tenso.

— Por que não?

Eu suspirei.

— Porque você mentiu para mim, fingiu ser seu irmão.

Ele me cortou, virando a cabeça para trás.

— E você quer Beau. — O Tom dele era frio, incomensuravelmente

ressentido.

Agarrei seu bíceps para evitar que ele se afastasse.

— Não, não é isso. É a mentira e minha prima de abelha sexy.

— Sua prima de abelha sexy?

— Sim. Tina Patterson, filha da irmã do meu pai. Lembra-se dela? Você a

beijou. Você a beijou... Logo após você e eu... — Não consegui terminar porque estava

confusa. Costumava beijar meninos o tempo todo e nunca significou nada. Ainda

assim não consegui terminar minha frase porque estava começando a achar o beijo de

Duane muito importante, mesmo envolta num véu de engano, tinha significado muito.

Ele lambeu os lábios antes de falar, como se lesse minha mente.

— Nosso beijo significou algo para você? — Ele balançou a cabeça e olhou em

volta da escuridão. — Não, quando pensou que eu era meu irmão, mas não depois,

quando descobriu que fui eu.

Respondi honestamente, minhas palavras fluindo.


— Eu não sei. Sinceramente, não sei. E não entendo por que está tornando

isto tão difícil agora. Sinto-me como se não te conhecesse. Num minuto você é Duane

Winston que joga pedras no meu gato então beija outra garota, fazendo-me sentir

como se tivesse azia, discutindo sobre a cor do céu e no minuto seguinte, está me

dizendo que somos adaptados um para o outro. Não confio em você.

— Jessica, estamos na floresta nus. Você confia em mim um pouco.

Empurrei levemente contra seu peito, balançando a cabeça, sentindo-me

sonolenta, exasperada e não pronta para deixá-lo ir. Era a mais estranha das

combinações.

— Claro que confio em você desse jeito. Sei que nunca cometeu assassinato

ou se aproveitou de alguém, não leva vantagem nisso, bem quer dizer, você conseguiu

que eu tocasse seu pênis mais cedo e fez realmente uma coisa fantástica nos meus

mamilos. — Um pequeno arrepio correu através de mim na lembrança. — Mas agora

que penso nisso isso, você me parou antes que eu pudesse.

— Jessica, por favor pare de falar.

— O que? Por quê?

— Porque você está tornando tudo... Muito difícil.

Ficamos imóveis por um longo instante e entendi a compreensão de minhas

palavras num delicioso duplo sentido e até mesmo na escuridão poderia dizer que ele

estava lutando. Vacilei entrequerer que ele faça algo e esperar que não queira. Nossas

respirações se misturavam. Seus dedos agarraram meus quadris.

Depois fechou os olhos e mandou-me embora. Não deixou escapar o

cobertor. Em vez disso, puxou-o de seus ombros, saindo de nosso pequeno forno e

envolveu-o firmemente ao redor de meus ombros, dobrando-o sob meu queixo. Eu

estava mumificada em nosso calor residual.


Duane afastou-se rapidamente localizando suas calças. Assisti seu contorno

mover-se para a árvore onde tirei minhas roupas. Ele os trouxe de volta pra mim

estendendo-a.

— Aqui. — Disse.

Uma vez que dobrei a coberta, me virei. Olhei por cima dos ombros para trás,

apenas o contorno visível para mim, então lentamente comecei o processo de me

vestir. Rebobinei através da noite e nosso tempo juntos, todas as minhas ações. Fui

muito honesta. Ele me fez sentir ingênua e irracional. Não costumava ficar

desorientada por excelente intimidade física de qualidade. Além disso, ele e eu

sabíamos muito um sobre o outro. Tivemos histórias.

Talvez meus sentimentos imaturos, baseados em fantasias de Beau tenham

dissipado tão abruptamente porque me foi dado um gosto a realidade, de uma real

ligação adulta. A maneira que Duane me tocou me fez sentir marcada.

Senti que um avermelhado desconfortável começou a encontrar seu caminho

até meu pescoço e bochechas. Quando terminei de me vestir, limpei a garganta e o

olhei. Só consegui perceber a forma de suas costas nuas.

— Estou pronta.

Ele perversamente moveu-se sobre meu corpo embrulhando-o no cobertor, e

assentiu.

— Ok. Vamos voltar.

Duane deu poucos passos, talvez dez, mas depois parei. Eu ainda não tinha

me movido, mais me senti nadando num mar de melancolia mental. Ele pode estar

certo, podemos ser adequados. Mas e daí? Nada jamais faria diferença em alguns

meses, na melhor das hipóteses, anos, em estar juntos. Na minha maneira típica de me

adiantar, minha mente pulou para dois anos a partir de agora quando estaria pronta
para sair de Green Valley. E se eu e o Duane formos extremamente bem adequados? E

se nos tornamos sérios? E se eu não puder deixá-lo?

Olhei de relance para o lado e em seguida, o vi voltar para onde eu estava.

Instintivamente, dei um passo para trás. Mas ele me segurou nos braços e interrompeu

a retirada.

— Tina, sua prima. — Ele disse, a voz grossa com hesitação e ferocidade.

— Sim, Tina é minha prima.

— Ela me desafiou a beijá-la.

Pressionei meus lábios juntos, sentindo novamente como se tivesse azia.

— Você quis beijá-la, e ela é sua ex-namorada.

— Ela nunca foi minha namorada.

Não quero discutir semântica.

— Bem, esteve com Tina desde antes de eu ir para a faculdade, mas ela nunca

foi sua namorada. E quanto a ela?

Ele hesitou por uma batida, então disse.

— Você lembra com quem eu estava antes de ir para a faculdade?

Respondi com os dentes cerrados.

— Duane, que tal Tina?

Ele pareceu agitar-se antes de começar novamente.

— Tina... — Ele assentiu com a cabeça e, em seguida, deu mais um passo,

entrando no meu espaço pessoal. — Quando a beijei mais cedo, não significou nada.

— Bem, parecia algo para mim.

— Não foi. Não com ela. Mas com você, no Centro Comunitário, o que eu

disse. Sempre quis que fosse você. E sinto muito que não sabia que era eu, porque... —
Sua voz perdeu a borda feroz, suas próximas palavras surgiram como uma confissão

dolorida. — Eu realmente gostaria que existisse uma próxima vez.


CAPÍTULO 5

“Cada sonhador sabe que é perfeitamente possível estar com mais saudades de um

lugar que nunca se esteve do que da terra familiar”.

Judith Thurman

~Jessica~

Eu estava distraída. Nem mesmo Rick Steves Europ8 poderia prender minha

atenção.

Tudo culpa de Duane. Suas palavras e lábios, suas mãos e olhos e tudo culpa

do pênis dele.

Ele era bonito, pelo menos tinha sentido de forma agradável em comparação

com outro pênis de meu conhecimento, grosso, longo e liso como uma rocha dura. Não

dei uma olhadinha nos bastidores ou quando ele me desafiou a ir nadar nus. Contudo,

poderia me lembrar com uma clareza surpreendente como se parecia quando éramos

mais jovens, quando ele esteve nu me perseguindo através da floresta, ou um tempo

antes quando alguns de nós nadávamos nus nas cachoeiras perto de Burgess. Ele era

8
Steves abria a empresa "Europ Rick Steves pela porta dos fundos." E posteriormente iniciou um programa de
televisão, Viagens na Europa com Rick Steves, em seu segundo programa Steves Europ.
circuncidado. Eu o observara como uma adolescente porque tinha acabado de entrar

na classe de saúde da oitava série (também conhecida como educação sexual).

Nunca esperei ficar concentrada no pênis circuncidado de Duane. Mais lá

estava eu, sentada na minha mesa no trabalho, classificando-o, tentando me lembrar

de seu glorioso peso na minha mão... Como é irritante, porque agora estava tendo um

flash sensual quente. Eu gemi, deixando minha caneta vermelha cair enterrando o

rosto nas mãos.

Como cheguei neste purgatório? Sim, estava babando em cima das memórias

dele e seu magnetismo sexual. Mas foi mais que isso. Muito mais. E isso foi mais

angustiante. Com a admissão de Duane, que nosso tempo nos bastidores no centro

comunitário foi alguma coisa pra ele, que me queria por um longo tempo, que queria

uma repetição. Sentia-me esmagada.

Eu conhecia-o desde sempre. Sabia tudo sobre ele, ou achava que sim. A

confissão dele fez-me sentir como quando nomeei meu gato, Sir Edmund Hillary,

nomeado após o primeiro homem escalar o Monte Everest, poderia falar e queria me

dar um banho de língua. Na melhor das hipóteses, Sir Hillary era indiferente a minha

existência. Na pior das hipóteses, pode ter conspirado minha morte. Ele era um

audacioso Chita psicopata, sempre empurrando sua caixa sanitária do seu lugar ao

lado do vaso sanitário no banheiro diretamente na frente do box, mas só quando eu

estava no chuveiro...

Enfim, decidi que fui amaldiçoada pelo espírito de J.R.R. Tolkien por causa

do meu Gandalf sexy. É por isso que não conseguia parar de pensar em partes do

corpo do Duane Winston em meu estado perplexo pela sugestão de nos adaptarmos.

Cinco dias se passaram desde o dia das bruxas e minha noite bizarra. Claro,

eu tinha evitado ele desde... O que diria? O que posso dizer?


Oi, Duane. Não sei se gosto de você ou não e você confundiu o inferno dentro de mim,

mas gostaria que comprasse um pedaço de torta, então podemos discutir sobre a cor do céu.

Vamos marcar isso.

Ou talvez.

Olá, Duane. Obviamente à falta de respeito e senso comum porque, mesmo que você

tenha beijado minha prima, sua ex-namorada stripper sexy diante de mim, não acho tão

estranho ou assustador a falta de respeito. Vamos sair para tomar um sorvete, assim você pode

me ver lamber o seu.

Para deixar as coisas mais confusas, Tina tinha me encurralado na tarde de

domingo na Daisy’s Nut House. Eu e o meu pai tínhamos saído para o café da manhã

após a missa de domingo. Ela foi super simpática. Queria sair e fazer coisas de primas.

Não falamos realmente uma com a outra desde os treze anos. Não que eu

tivesse feito o suficiente para ser sua amiga quando estávamos no colegial. Quando fui

para a faculdade, e ela começou a trabalhar como dançarina exótica, raramente

tínhamos interagido e até então somente em encontros familiares. Mas agora ela queria

restabelecer uma relação.

E eu estava tendo pensamentos estranhamente caprichosos e amorosos sobre

seu ex-namorado.

— Então, está pronta para me contar o que aconteceu quando desapareceu

com um dos gêmeos Winston?

Não olho para Claire mesmo que ela me assustou um pouco. Eu poderia

dizer pelo direção da voz que ela estava de pé na porta da minha sala de aula.

— Há quanto tempo está aí?


— Tempo suficiente para ver você olhar para o espaço por alguns minutos

antes de deixar sua cabeça cair nas mãos e faz aqueles adoráveis gemidos. Não consigo

decidir o que dizer dos sons, mas são interessantes.

Balancei a cabeça e olhei para ela por entre meus dedos.

— Um pênis circuncidado.

Fiquei satisfeita quando ela engasgou com o ar.

— Ah... O que?

— Um pênis circuncidado. Foi o que aconteceu. E um pouco quente, mais do

que quentes beijos, verdade ou desafio, então talvez somos adequados, não sei, toques

intensos e esfregar procurando calor e...

— Para, para por aí. — Ela levantou as mãos. — Não podemos ter esse tipo

de conversa no trabalho.

— Por que não? É contra a política?

— Não exatamente, mas beber no trabalho é inaceitável.

— Não vou beber.

— Mas eu gostaria de estar um pouco embriagada, se vamos falar sobre os

irmãos Winston e se eles são circuncidados ou não.

Baixei as minhas mãos e dei-lhe um pequeno sorriso.

— Você foi para a escola com Billy e Cletus, imprensada entre os dois, certo?

Billy um grau acima, Cletus um ano atrás?

Ela assentiu com a cabeça e disse em voz baixa.

— Sim, mas o que melhor conheço é Jethro. Ele e Ben eram melhores amigos.

Podia sentir o sorriso ficar triste antes que pudesse parar com isso e me

arrepender por intencionalmente ter mostrado pena em meus olhos. Claire desviou o

olhar e limpou a garganta, parecendo resignada e impaciente.


— Ben costumava brincar que não tinha paciência para aprender os nomes

dos meninos Winston, então ligou todos irmãos do Jethro Por Jethro Jr. — Claire olhava

para os seus pés e soltou uma pequena risada, tirando sarro do pragmatismo de Ben,

com o rosto dela caiu mesmo que tenha tentado sorrir.

Claire não tinha família para falar de... Seu pai era o presidente do clube de

motoqueiros locais, A Ordem do Ferro. Também, a mãe dela. Mas juntos ou separados,

eram a definição da palavra disfuncionais. Tanto quanto sabia, Claire não teve

nenhum contato com seus pais ou irmãos. Presumi que ela ainda morava em Green

Valley, porque queria ficar perto do marido e da família. Ela os acompanhou à igreja

todos os domingos, e a casa dela era dentro do terreno deles.

Ela era uma beleza local, ela essas bochechas incríveis que revistas falam

sobre, com o pequeno oco acima da mandíbula, mas de olhos tristes. Adicionada à sua

impressionante beleza era a pessoa mais descontraída, generosa e talentosa, que já

conheci. Por exemplo, tinha a voz mais bonita e deveria ter cantado em Nashville,

Nova York ou Milão, vivendo a vida de uma musa, modelo ou pianista de concerto.

Enquanto isso, eu não conseguia cantar nem um pouco.

Tinha sido o rei Téspios no segundo ano do ensino médio e, portanto,

rotulada como uma dessas garotas de drama que para minha escola, basicamente

significa estranha e engraçada. Além disso, foi universalmente reconhecida como a

genial Rainha da matemática, tendo levado a equipe da nossa escola de matemática à

vitória três vezes.

Não casei com minha paixão de infância porque não tinha nenhuma, embora

tenha beijado muitos rapazes porque gostava de beijar. Também beijar rapazes era o

subproduto delicioso de desagradar meu pai e irmão super-protetores.


Essencialmente, havia saído de casa para a faculdade uma ansiosa, angustiada, mas

bem educada e boa menina. Então, uma típica adolescente.

Mas após meu regresso para Green Valley (apenas quatro anos mais tarde),

para a mesma escola com a mesma ordem social e subconjuntos, agora tornei-me um

novo estereótipo.

Eu era a professora sexy de matemática.

Nunca pensei em mim mesma como sexy. Não me interpretem mal, tenho

uma autoimagem perfeitamente normal.

Mas acho que em comparação com a Sra. Tranten, a professora anterior de

matemática recentemente aposentada, e o fato de eu ter peitos e estar abaixo dos 85

anos significava que poderia muito bem ter sido Charlize Theron9.

— Bem, vamos lá. — Claire finalmente disse. — Venha para casa comigo e

pode dizer sobre isso, só preciso de vinho primeiro.

— Não posso. — Olhei de relance para o relógio na frente da sala. — Tenho

que esperar para o meu irmão escoltar-me. Minha caminhonete ainda está estacionada

no centro comunitário com o motor catastroficamente fracassado. Ele está me

deixando em casa.

O olhar de Claire volta para o meu. Ela estudou meu rosto com uma

pergunta na expressão dela.

— Uh... Não, não esta.

— O quê?

— A besta da sua caminhonete. Não esta no centro comunitário. Foi

rebocada.

9
Atriz produtora e ex-modelo
Pânico tomou meu peito e minhas mãos enrolaram em punhos.

— Não, não pode. Pode? — Eu tinha falado com o Sr. McClure sobre manter

minha caminhonete no centro até que pudesse pagar o reboque e arcar com os custos

do reparo. Ele assegurou-me que não erai difícil.

— Acalme-se. — Ela levantou as mãos e entrou em minha sala.

— Não posso arcar com os custos. Por que rebocaram? Seu sogro disse que

estava tudo bem.

— Não é no pátio da delegacia, Jess. Vi hoje de manhã no estacionamento do

Winston Brothers Auto Shop. Não no pátio da delegacia. Acalme-se.

Eu vacilei com a notícia, piscando furiosamente.

— O que... Por que fariam isso?

Claire riu, e não perdi a diversão ou o brilho perverso em seus olhos quando

respondeu.

— Provavelmente tem algo a ver com aquele pênis circuncidado.

***

Eu ia ficar bêbada. Precisava de pelo menos dois copos de vinho. Mas

primeiro, vou descobrir o que diabos esta acontecendo.

Liguei para meu irmão e deixei uma mensagem dizendo a ele que estaria com

Claire. Não lhe disse que Claire estava me deixando na oficina dos irmãos Winston.

Jackson e os meninos Winston não se dão bem, principalmente porque todos sabiam

que Jethro Winston, o mais velho, foi acusado de roubo de carros e nem meu pai nem

meu irmão foram capazes de levar as acusações a vara.


Também tinha algo a ver com sua irmã, Ashley Winston e Jackson, sobre ele

agir como um tolo com ela na escola. Lembrei-me de Ashley crescer, principalmente

porque era tão danada quanto bonita e doce. Só a garota mais legal da história de

sempre. Acho que a maioria das pessoas esperava que ela fosse traiçoeira, porque era

bonita, mas foi o oposto.

Segurei meu lábio inferior com o polegar e indicador, estreitando meus olhos

vendo os coloridos da folhagem que emoldurava a estrada da montanha. As cores de

outono estariam em pleno vigor nas próximas semanas, assumindo que não tenhamos

qualquer neve.

Estaria mentindo se dissesse que a paisagem de Smoky Mountain não era um

grande desenho e um fator na minha decisão para voltar para casa depois da

faculdade. Os outros dois principais fatores que contribuíram eram minha família e o

plano de adiamento de empréstimo de estudante para CTEM (ciência, tecnologia,

engenharia e matemática) professores que ensinaram em áreas carentes. Viver em casa

me ajudou a economizar dinheiro e pagar meu empréstimo estudantil. E eu era a única

professora de cálculo de colegial a cinquenta milhas em todas as direções.

Minha antecessora, Sr. Tranten, ensinou matemática tão elevada como

Álgebra II. Este foi o primeiro ano que os melhores estudantes de matemática em

nossa área e vales circundantes não foram derrotados em trigonometria e cálculo. Mas

desde que eu era pequena sonhei em ver o mundo, experimenta-lo, e não como turista.

Eu queria ser uma viajante. Ansiava por liberdade e aventura. E estar em casa agora

me fazia sentir como se preparando um lançamento. Tinha saboreado o tempo com

minha família, armazenado memórias, porque, se todo meu planejamento meticuloso

chegasse a ser concretizado, não vou vê-los muito nos próximos anos.

— Estamos aqui.
O pronunciamento de Claire tirou-me dos pensamentos. Olhei para fora do

para-brisa quando ela estacionou e desligou a ignição, encarando a garagem aberta da

oficina. Vi um par de botas, saindo debaixo do carro e meu coração ficava

perguntando à minha cabeça, E se for Duane? Minha cabeça ficava dizendo: vou

atravessar aquele pênis circuncidado quando chegarmos a ela...

— Vai sair do carro?

Eu balancei a cabeça.

— Ainda não decidi.

Claire suspirou.

— Quanto mais cedo resolver isto, mais cedo voltamos para minha casa e

bebemos vinho.

— Bem, isso resolve tudo. — Disse distraidamente, ainda não me mexendo.

Ela fez uma pausa, provavelmente esperando que eu fizesse algo. Podia

sentir seus olhos em mim.

— Jess, o que está perdendo? O que teme?

Assim que as palavras deixaram sua boca, dois espécimes machos ruivos e

barbudos de poderosa finura sairam da garagem. As botas debaixo do carro eram um

engano, provavelmente Cletus. Prendi minha respiração, meus olhos alargaram atrás

dos óculos de sol. Os gêmeos estavam ambos vestidos de macacão azul e botas pretas,

com uma camiseta branca de gerente no colarinho. Claire tinha errado na sexta-feira.

Os seus cabelos eram aproximadamente do mesmo comprimento e também as barbas.

Mesmo as manchas de graxa em suas mãos e roupas pareciam idênticas. Perdoei-me

um pouco por confundir os dois no dia das bruxas.

Olhando para eles ao mesmo tempo, não os via há uns três anos.

Independente disso, agora sabia imediatamente qual dos dois era Duane. Se tivesse
dado a mim mesma um momento no centro comunitário, teria sido capaz de descobrir.

Duane e Beau sempre tiveram a boca de formato diferente, Beau sempre teve uma

boca mais sociável, seu olhar, e a linha da boca era um flagrante contraste o irmão.

Beau sorria enquanto ele ficava parado, a olhar ao redor, a sobrancelha sem

problemas, e o sorriso fácil. Duane moveu-se em linha reta e distante, os olhos nunca

deixando o irmão, como se sempre focasse em uma coisa de cada vez. Seu ligeiro

estrabismo o fez aparecer imerso em pensamentos enquanto Beau conversava

alegremente.

O sorriso de Duane estava quase relutante. Tinha notado seu sorriso relutante

na sexta, também. Seus sorrisos eram reservados, como que racionados. Olhei entre os

irmãos e não tive que esperar muito tempo para descobrir se o feitiço vudu do místico

Beau verdadeiramente tinha sido quebrado. Ele tinha.

Olhei para Beau agora e senti um carinho morno. Ele realmente era um cara

tão legal.

Outro sinal que o poder Beau tinha diminuído. Olhei Duane e me senti

poderosa e irracionalmente irritada, nervosa e insegura. Estes não eram sentimentos

incomuns a sua proximidade, no entanto, cada um inchou dentro de mim, com uma

ferocidade repentina e surpreendente e acompanhados com uma nova, abrupta e

intensa saudade.

Duane não fez qualquer tentativa de contato nos últimos cinco dias. Claro

que eu também não fiz. Depois de sua admissão no lago, tínhamos caminhado para a

fogueira em tenso silêncio, minha mão na sua. Soltando-me quando nos aproximamos,

ele desapareceu depois de deixar-me com Cletus, dizendo ao irmão para me levar para

casa. Ele tinha andado fora do anel de luz fornecido pelo fogo e esta era a última vez

que o vi... Se não contar todos os sonhos estranhos que tenho sobre ele desde então.
— Qual, Jess?

A questão de Claire interrompeu minhas reflexões e respondi afastando meu

olhar dos gêmeos.

— Vou parecer um pássaro louco quando admitir isso, mas... Duane.

— Bem, eu vou ser... — Sabia que ela estava lutando com um sorriso.

— Eu sei, certo? Sou louca. Obviamente não confio em mim mesma, com

meus impulsos inconstantes. Na próxima semana provavelmente vou estar louca pelo

Cletus.

— Bem, Cletus é adorável. Poderia ser muito pior.

— Sim, poderia. Talvez vá decidir me apaixonar por Cletus.

Tentei aliviar meus sentimentos, mas sabia que não era assim tão fácil.

Minhas emoções por Duane estavam embrulhadas nos anos que o conhecia, agitada

animosidade, respeito relutante e cinco dias de saudade. Nossa história complicada e

variada o suficiente, para eu desconfiar se meus sentimentos poderiam ser genuínos

ou duradouros.

Claire riu, colocou a mão sobre mim e me despertou.

— Deve ser difícil, olhar tanto para ele quando obviamente não gosta dele.

— Não desgosto. — Balancei a cabeça, procurando as palavras certas para

explicar o que sentia por Duane. — Quer dizer, senti isso, senti um tipo de antipatia

por ele quando estávamos crescendo. Ele nunca foi bom como Beau era. Mas ele falou

mais comigo, muito mais que Beau. Parecia sair dele a maneira de discutir o tempo

todo.

— E agora?—

— Agora... — Dei de ombros. — Agora não sei nada dele, nada realmente.

Quero dizer, supondo que nada mudou desde que fui para a faculdade, sei seu sabor
favorito de sorvete, sei que tem um cicatriz no braço direito de escalar a cerca do

depósito do Sr. Tanner, quando tinha treze anos e que foi necessário tomar vacina

antitetânica e pontos. Sei que ele dirige rápido demais e, último sei, que ele nunca

perdeu uma corrida no The Canyon10. Sei que assobia a música de Darth Vader de Star

Wars quando lava o carro, conserta ou faz qualquer coisa rotineira. Sei que ele toma

seu café preto e não gosta do sabor de bebidas gaseificadas, ou esse tipo de coisa.

— Parece que você sabe muito.

Dei de ombros novamente.

— Coisas estúpidas que se sabe quando se cresce com alguém.

— Como é que Beau toma seu café?

Meus olhos deslizaram para Claire e franziu a testa.

— Não sei, por quê?

— Beau assobia quando conserta carros?

Eu balancei a cabeça, levantando as sobrancelhas no sinal universal de

ignorância.

— Como eu deveria saber?

Eu poderia dizer que ela estava escondendo um sorriso quando respondeu.

— Você tem certeza que tinha uma queda por Beau? Ou talvez goste de

Duane, mas sentiu que Beau era uma escolha mais segura?

Minha boca caiu aberta, não muito, apenas o suficiente para ser

escancaradamente, e meus olhos estreitaram-se quando um pequeno som de descrença

caiu dos meus lábios.

10
Filme de drama erótico e suspense de 2013
— O que? Não... Não. — Balancei a cabeça novamente, com mais veemência,

desta vez. — Não, não, não.

— Jess, Duane ainda corre de carros no The Canyon e ainda está invicto

principalmente porque não leva o medo em consideração. Durante o verão, matou

uma cascavel no centro comunitário.

— Então?

— Ele caminhou até ela, pisou na cabeça, então, a pegou nas mãos.

— Então ele é estúpido.

— Não. Deus sabe que ele não é bobo. Ele sabia o que estava fazendo, apenas

não parece ter um medo saudável de cobras venenosas, ou de ser morto nas corridas

de carros gigantes. Beau é a escolha mais segura. Posso entender como pode ter sido

desenhada para Duane, mas…

— Não. Só não.

— Eles são idênticos.

— Olhando. Eles são idênticos à vista. Não são pessoas idênticas.

— Sim, mas como você própria admitiu conhecia bem Duane enquanto

cresciam. Você sabia tudo sobre ele, você passou tempo com ele. Ainda assim sua

paixão era Beau?

— Ele era o bonzinho. — Resmunguei.

Claire riu, revirando os olhos.

— Talvez. Ou talvez fosse o mais seguro.

Me virei pra longe e voltei para os irmãos em questão. Eles estavam

apoiando-se no capô de um carro antigo, os cabelos ruivos obscurecidos, no entanto,

eu tinha uma excelente visão dos seus traseiros.


Eu suspirava com indignação, não gostando de Claire estar reescrevendo

minha história (principalmente porque faz sentido).

— Escute, Dr. Phil, não sei por que nem conversamos sobre isso ainda.

Nenhuma de nós bebeu bastante vinho para esta conversa. Embora eu pudesse sentar

neste carro e cobiçar Duane Winston, e sua linda bunda o dia todo, preciso descobrir

por que minha caminhonete esta aqui e o que esta sendo feito sobre isso.

— Eu concordo.

— Bom. — Concordei, segurando a maçaneta da porta, incentivada a

finalmente sair do assento.

— Também, poderia ficar aqui o dia todo cobiçando a bunda do Duane

Winston de longe. — Claire disse quando meus pés tocaram no chão. Antes que

pudesse preparar minha aproximação, Claire estava fora do carro fechando a porta

propositadamente de forma barulhenta, galopando em direção os gêmeos.

— Ei, rapazes! — Ela disse imediatamente, chamando sua atenção, não me

dando nenhum tempo para preparar minha expressão.

Meus passos vacilaram quando eles olharam por cima dos ombros, o olhar de

Duane pegando Claire primeiro então piscando para mim. A expressão dele mudou,

não precisamente. Em vez disso, eu tinha todo o seu foco. Uma vez que os olhos dele

grudaram em mim, não vacilaram.

Minha apreensão guerreou com antecipação, e ambos os sentimentos

causaram um caroço na minha garganta. Tentei como pude segurar o olhar de Duane,

mas fui incapaz e virei meu olhar para o lado, preferindo Beau e seu sorriso

preguiçoso e fácil enquanto olhava entre Claire e eu de forma afável e pouco exigente.

— Olá, senhoras bonitas. — Beau falou devagar, puxando um pano do bolso

e limpando as mãos.
— Ei, Beau. Duane. — Claire parou cerca de quatro passos de onde eles

estavam na frente do carro. Vi sua inclinação de cabeça em direção a Duane quando

vim ficar ao lado dela.

— Oi, Claire. — Duane disse, e só o som de sua voz fez-me sentir como se

alguém tivesse acendido um fogo na minha barriga, o calor espalhando-se para a

ponta dos meus dedos num estado de choque. Meus olhos piscaram para ele e depois

para o outro lado. Ele ainda me olhava, muito intensamente e concentrado, mas

completamente inexpressivo. Ele era inquietante. Eu estava inquieta.

— Ei, pessoal. — Disse como uma pessoa pirosa olhando para o adesivo no

macacão de Duane que me disse que o nome era Duane. Determinada em empurrar

minha inquietação, limpei a garganta, optando por falar com Beau em vez disso.

A ironia não foi perdida por mim.

— Não pude deixar de notar que minha caminhonete estava estacionada na

frente.

Os olhos do Beau eram da cor do céu de verão quando olhou para mim, sua

boca puxando para o lado num sorriso claramente divertido.

— Sim. — Não pude deixar de retornar seu contagiante sorriso.

— Eu sabia que minha caminhonete estava estacionada no Centro

Comunitário com um problema catastrófico no motor.

— Não tinha, querida. — O tom do Beau era suave e repleto de simpatia. —

Você ainda tem falha catastrófica no motor. Precisa de um novo.

Enfiei as mãos nos bolsos de trás de minha saia cáqui e mudei o peso nos

meus pés.

— Eu sei disso. Mas não tenho dinheiro agora para comprar um novo motor.
— Pensamos nisso. — Duane cortou, avançando ficando assim ombro a

ombro com o seu irmão e diretamente a minha frente. —Gostaríamos de comprar sua

caminhonete, se estiver disposta.

Esperei dois segundos antes de levantar meu olhar de Duane, precisando de

tempo para reunir minha mente. Quando encontrei seu olhar... Fiquei feliz que tinha

tomado o tempo para me preparar. Se os olhos do Beau eram tranquilos como o céu de

verão, os de Duane eram uma tempestade no mar.

— Duane. — Disse desnecessariamente e um pouco sonhadora, soltando um

suspiro. Sua atenção à deriva focou sobre meu rosto e sua inexpressividade se tornou

mais terna.

— Oi, Jessica.

Meu coração deu um salto pequeno. Apesar de nas suas características

estarem completamente ausente de sorriso, senti uma, maldita, tímida e melancólica,

puxada em meus lábios.

— Oi, Duane.

E em seguida silêncio.

Não sabia no começo porque tinha caído numa tempestade de água-marinha.

Minha mente estava totalmente ocupada com as memórias da noite de Halloween, de

suas mãos em mim, sua boca na minha, o quente toque de veludo de sua língua. A

preocupação com as minhas memórias se tornou outra coisa, fixação em um desejo...

Eu acho e meu peito se sentia pesado e cheio.

Só me tornei ciente da paz quando esta foi quebrada.

— Claire, pode dar uma olhada sob seu capô? Acho que uma das suas peças

do motor pode estar solta. Ouvi um som de chocalho quando apareceu. — Beau disse,
quando pegou o cotovelo da Claire na mão e caminhou em direção a caminhonete,

sem esperar por uma resposta.

Se ela respondeu juro que não ouvi. A trilha sonora no meu cérebro tinha

começado outra vez. Desta vez Roberta Flack – The first time when I see your face estava

tocando na minha cabeça.

Duane e eu estávamos agora basicamente sozinhos, trocando olhares quentes.


CAPÍTULO 6

“Não deixe sua bagagem definir suas viagens, cada vida se desenrola de forma

diferente”.

― Shane Koyczan

~Duane~

Vou beijá-la, mas primeiro estrangulá-la.

— Duane... — Ela disse meu nome novamente dessa forma sem fôlego,

fazendo minha coceira no pescoço e garganta apertar. Jessica me olhava com

expectativa. Seus grandes olhos âmbar nos meus como se fosse o centro do mundo

dela. Gostei muito disso. Também era irritante, porque não sabia o que significava,

nem o que ela estava pensando. Ela não disse uma palavra para mim em nossa

caminhada de volta do lago. Ela não me ligou. Não nos falamos desde sexta-feira.

Cinco dias.

Cinco dias sem tocar ou a provar.

Eu ia beijá-la enquanto a estrangulava.

— Sim? — Disse, a borda da irritação clara. Não estava tentando escondê-la,

não havia necessidade. De um jeito ou outro chegaríamos a um acordo que envolveria


algo concreto e não definitivamente um “talvez”. Melhor ela saber que eu não estava

planejando nada menos que ela debaixo de mim. Jessica piscou, provavelmente por

causa do meu tom, e se agitou um pouco quando a assustei.

— Ah, então... A caminhonete. — Ela limpou a garganta, os olhos deslizando

para lado e longe de mim.

— O que sobre a caminhonete?

— Você a rebocou.

— Sim, eu fiz. — Me permiti por um momento olhar seu corpo. Ela estava

vestindo uma camisa fina, cor de rosa com botões na frente, com um top branco

rendado. Sua saia terminava nos joelhos bronzeados. Ela também estava usando botas

de salto alto marrons, do tipo que não fazia sentido, suas botas não são para trabalhar,

para andar na lama, para proteger os pés de serem massacrado por cacos de vidro e de

peças de máquina. Botas com salto cravado eram apenas tão práticas como sandálias

com dedos de aço.

Ainda não me olhando, ela perguntou.

— Então, quer comprá-la? — Sua voz era diferente, mais alta.

— Isso foi o que disse. — Novamente, minha irritação era clara.

Os olhos dela cortaram os meus, me lançando farpas de frustração.

— Bem não há nenhuma necessidade de ser rude, Duane.

— Me desculpe, fui rude? — Não pude me conter, dei um passo completo,

forçando-a a levantar seu queixo para manter contato com os olhos. — Eu deveria ter

ligado?

— Sim. — Ela responde. — Só não pode rebocar carros dos outros sem

perguntar.
— Desculpe, princesa. Mas Mike McClure me ligou e perguntou se eu me

importaria de mover sua caminhonete de lá. Achei que ele estava ligando em seu

nome.

— Não, ele não estava ligando em meu nome. Se eu quisesse te ligar, eu

apenas teria ligado. — Senti as palavras como uma pancada no estômago, logo abaixo

das costelas, tenho certeza que recuei porque ela mudou de expressão, mas antes que

pudesse explicar seu significado, a cortei.

— Bem, te entendi, alto e claro.

— Duane…

Eu levantei as mãos para impedi-la de falar. Ela era tão linda, até mesmo sua

voz era bonita. Mas de repente, eu não podia esperar para ela sair e acabar com esse

sofrimento de estar com ela quando ela não estava interessada em mim.

— Queremos comprar a caminhonete e estou disposto a oferecer-lhe uma

quantia justa.

— Poderia esperar um segundo? — Jessica pegou minha mão entre a dela,

seu aperto surpreendentemente forte, a pele dela contra a minha enviando um choque

no meu braço. Ignorei isso e travei meus dentes.

— Você pode usar o dinheiro para um carro novo, algo menor, que faça uma

melhor quilometragem.

Jessica não prestou nenhuma atenção, deu meio passo para frente, me

pegando de surpresa. Num segundo, ela estava olhando para mim, no próximo estava

se levantando na ponta dos pés e escovando seus lábios contra os meus. E foi feito.

Fiquei surpreso, então levei um segundo para responder.

Mas um segundo e também estava motivado.


Agarrei seu braço, evitando qualquer fuga possível e aprofundando o beijo.

Surpreendo-me novamente, quando ela geme e abre a boca, sua língua quente

procurando a minha. Rosnei e não me arrependo.

Tinha pensado em suas curvas doces, sua pele sedosa, seios perfeitos de

merda e bunda redonda por cinco dias. Cinco dias de um tesão torturante e sem fim.

Fiquei impressionado e a única coisa que fiz foi rugir, porque o que queria fazer era

jogá-la por cima do meu ombro, levá-la para o quarto em cima do escritório, algemá-la

na cadeira, despi-la e ouvir seu gemido, choro e meu nome.

Não tinha que ser meu nome. Também aceitava: Oh Deus, por favor, não pare, e Mais

rápido, mais rápido... Você entendeu

Eu duvidava que seu pai, o xerife ou seu irmão, o xerife adjunto, ficariam

satisfeitos com o curso dessa relação, mas não posso dizer que me importo sobre o

assunto.

As mãos de Jessica percorrem seu caminho, escorregando em torno das

minhas costas, amassando e pesquisando, e pressionando seu corpo macio no meu,

empurro-a contra o portão ao lado do meu braço. Ela cedeu, serpenteando meu outro

braço em volta da sua cintura. Precisamos de privacidade. Eu precisava colocá-la

contra alguma coisa, para que pudesse fazer mais do que queria. Para esse fim,

levantei-a ligeiramente de seus pés e carreguei-a para a loja, passando as botas de

Cletus, passando o Toyota em que ele estava trabalhando, o estojo enferrujado de

ferramentas para bloqueio nas rodas, e para a sala de abastecimento fora da garagem.

Por sua vez, ela nunca parou de me beijar. Inclinando a cabeça para um lado

e pressionando-se em meu peito, Jessica lambeu e mordeu minha orelha, dando-me

pequenos suspiros e gemidos entusiasmados. Ela também envolveu seus braços em


volta do meu pescoço e facilitando ainda mais acomodou as pernas à volta da minha

cintura, facilitando a travessia de obstáculos da loja.

Uma vez dentro da sala de suprimentos, bati a porta e imediatamente virei,

pressionando-a contra a porta. As mãos dela vieram ao zíper na parte frontal do meu

macacão na minha garganta e se atrapalhou para guiá-lo.

Agora, no momento que foi fechada a porta do quartinho, rodeado por

prateleiras de cilindros gordurosos, pistões e uma matriz de ferramentas, admito que

pensei em deslizar a saia de seu corpo doce e fodê-la rápido e duro contra a porta.

Eu pensei sobre isso. Eu pensei.

Mas não queria.

Eu queria casar com essa garota.

Era a verdade. E talvez um dia, depois que formos casados por um tempo, eu

iria puxá-la aqui e dobrá-la sobre a mesa na parte de trás e teríamos uma boa hora.

Talvez fizéssemos isso toda quarta-feira... Quando ela fosse minha esposa.

Mas não agora. Ainda não. Não quando estou precisando ser levado a sério e

respeitado. É por isso que, quando vi a mancha de graxa na parte superior de seu

braço bonito, certamente deixada por minha mão, senti-me acalmar e uma boa dose de

sobriedade refrigerou minhas veias.

Peguei suas mãos antes dela abrir o zíper do meu macacão e as prendi sobre

sua cabeça. Era difícil pensar com suas mãos em mim. Também foi difícil pensar com

sua boca fazendo seu vodu. Então depositei minha cabeça em seu pescoço e mordi um

ponto no ombro dela. Aproveitei a oportunidade para inspirar e acho que isso foi um

erro, se queria manter a cabeça limpa.

Depois de colocar mais um beijo contra sua mandíbula, ergui a cabeça para

um ar mais fresco ao tentar ignorar sua rápida excitação e a batida do seu coração
contra as costelas. Seus joelhos foram pressionados juntos ao meu peito. Ainda segurei

os pulsos, mas baixei-os para os lados. Meus olhos estavam fechados. Precisava de

mais de um minuto, então o peguei e lembrei que ser míope podia estragar o jogo

longo.

Jess foi a primeira a falar.

— Você é realmente bom nisso.

— Em quê? — Abri minhas pálpebras cuidadosamente para manter o olhar

fixo na mancha escura na camisa dela. Franzi a testa quando vi que havia mais de uma

mancha. Ela tinha manchas de graxa em todos os lugares que lhe toquei.

— Beijos, me tocar, me deixar excitada.

Minha boca ligeiramente se curvou na honestidade dela quando dei meio

passo para ver quão suja a deixei. Jess sempre foi honesta. Ela era honesta mesmo

quando seria melhor sua honestidade ter ficado guardada. Ela era tão honesta que

sentia pena dela.

Mas por enquanto estava grato por esta peculiaridade em seu caráter.

Sabendo que eu mesmo a tinha sob controle e reconhecendo que ia precisar

substituir todas as suas roupas, finalmente encontrei seus olhos e larguei os pulsos.

— Obrigado, Jess.

Mas a atenção dela estava na minha boca e as mãos escorregaram de volta ao

meu tronco, segurando meu macacão como se não quisesse que fosse para longe.

— Podemos fazê-lo novamente.

Não tento esconder o sorriso. Inclino-me com uma palma na porta atrás dela

e coloco a outra possessivamente em seu quadril. Sua saia já estava arruinada e gostei

da sensação do corpo dela sob minha mão.

— Parece bom para mim.


Beijo-lhe o nariz. Sua pele sempre foi coberta com sardas marrons, mas elas

clarearam desde que ela era uma adolescente. Próximos como estávamos agora de pé,

eu podia vê-las.

— Quando? — Unhas cravaram meus lados através de macacão, enfatizando

o tom urgente.

— O que vai fazer hoje à noite? — Sorri para a agressividade. — Quer ver um

filme?

Jessica num piscar de olhos, juntou as sobrancelhas numa pequena careta.

— Filme? Não. Não, a menos que seja numa sala vazia.

— Jess... — Balancei a cabeça e procurei seu rosto para ver se estava

brincando. Ela não estava. Meu pescoço coçou novamente e o início de uma incerteza

fria escorreu em minhas costas. — Jess, há bons filmes passando agora. Deixe-me levá-

la para jantar.

Ela me olhou. Olhei em volta, esperando. Eu podia ver sua mente

trabalhando, mas no que ela estava pensando não tinha ideia. Seus dedos relaxaram,

deixando-me ir, mas o resto do seu corpo enrijeceu rápido. Então vi um flash de

melancolia em seus olhos castanhos. Não gostei de como ela se tornou distante

enquanto ainda a segurava, mas segurei de qualquer forma.

— Esta noite não posso. — Ela engoliu, os olhos se movendo para os meus e,

então, me olhou cada vez mais agitada. —Claire e eu temos planos. Vamos beber

vinho.

Apertei meus olhos e minha pressão arterial aumentou mais, estávamos ali

nos tocando, mas a Jessica já estava longe.

— Jess...

— Sim? — Sua voz saiu fraca.


Segurei seu queixo e bochechas, forçando-a olhar para mim e deixando mais

manchas em sua pele.

— No caso de não ter percebido ainda, gostaria de levá-la para sair. — Ela

levantou suas mãos, cobrindo as minhas mãos. Fiquei feliz em ver o pânico crescente e

como continuei. — Quero ir para um lugar que serve comida, onde nenhum de nós

tem que fazer a limpeza ou a comida e conversar com você.

— O que quer falar?

— Não me importo, sinceramente. Não, enquanto estiver falando com você.

Com isso ganhei um sorriso rápido e foi um longo caminho para aliviar

minhas dúvidas. Ela mordeu o lábio, os grandes olhos castanhos se tornaram ainda

maiores e mais castanhos que o normal. Em seguida, ela assentiu com a cabeça. E

finalmente soltei a respiração.

— Bom.

— Bom. — Ela repetiu, em seguida, apertou os lábios nos meus para um beijo

rápido. — Isto é bom.

Eu também assenti, uma felicidade repentina como pomada para uma

queimadura de sol e em seguida, proclamei a frase do século.

— Estou feliz.

— Ok, então, é um encontro. Duane Winston e Jessica James vão a um

encontro.

Ri porque ela era muito adorável, e as palavras solidificaram uma coisa que

procurei em anos. Finalmente o tesão com raiva na minha cueca não foi tão inútil.

— Sim. Isso é o que vai acontecer. — Eu esfregava o nariz ao longo do dela e

dei-lhe outro beijo suave. — A única questão é quando e onde?


— Oh... — O olhar dela ficou nebuloso, sem foco e derivou sobre meu ombro.

— Eu poderia arrumar um piquenique sábado a tarde.

Pensei sobre isso, em não vê-la o resto desta semana. Decidi que era

provavelmente melhor dizer-lhe que não poderia não vê-la entre hoje e sábado.

— O sábado é bom. Vamos fazer isso sábado. — Disse. — E eu vou arrumar o

piquenique. — Tinha pensado nisso por um longo tempo e decidi anos atrás que, se

tivesse a chance, ia levá-la pagar um jantar adequado, mesmo se fosse um piquenique.

— Você não precisa fazer isso.

— Eu quero.

— Bem. Deixe-me trazer bebidas, pelo menos. — Sua mão procurou a minha,

entrelaçando nossos dedos e apertando-os. O movimento simples e a conexão foi

vertiginosa, e me pegou desprevenido. Abri a boca para responder, mas acho que

esqueci o que ela tinha acabado de dizer.

Seus olhos encontraram os meus, seu pequeno sorriso ainda no lugar.

Obviamente ela confundiu minha mudez porque respondeu.

— Não se preocupe, sei que você prefere Guinness Budweiser. — Então ela

deixou cair a voz para um sussurro doce e inclinou-se um pouco mais perto. — O seu

segredo está seguro comigo.

***

Eu sorri para o traseiro de Jessica James enquanto ela ia embora, porque tinha

uma grande mancha de graxa no lado esquerdo da saia, onde eu a apertei.

— Droga, Duane, você tem mãos grandes. — Cletus ficou ao meu lado,

limpando as mãos num pano.


Meu sorriso se tornou uma careta e atirei um olhar em meu irmão.

— Não olhe para o rabo da Jess.

— Não estou olhando a bunda dela. Recordo ao senhor, ela é a professora de

cálculo. — Cletus levantou seu queixo na direção de Jessica partindo da loja. — Estou

olhando para a impressão da palma no rabo dela.

Voltei meus olhos para minha garota assim que ela virou e deu-me um

sorriso tímido sobre o ombro, fazendo meu coração pular uma batida.

Jessica não ligou quando apontei as marcas de mão que ela tinha do lado

esquerdo. Quando sugeri que daria uma das minhas camisas limpas para cobrir as

provas de nosso amasso, ela olhou para mim como se eu fosse louco.

Em vez disso, surpreendeu-me por rir das manchas incriminadoras. Ela riu

também sobre o fato de que o resto das roupas dela estavam arruinadas por minhas

mãos sujas, tudo menos as botas impraticáveis, e negou veemente minha insistência

para substituir o que foi arruinado. Ela parecia estar encantada pelo seu estado

amarrotado, e os olhos queimaram mais brilhantes depois que viu quão despenteada

ficou.

— Levante a mão. — Na minha visão periférica, vi Cletus levantar sua mão

em minha direção, suspendendo-a entre nós. Eu mantive meus olhos em Jessica, no

balanço sensual dos quadris, em como o longo cabelo loiro foi escorrendo nos ombros

enquanto caminhava para o carro de Claire. Ela manteve a cabeça alta, e o grande

sorriso que me deu do outro lado do estacionamento quando abriu a porta do

passageiro de Claire McClure e quase me desmaiou.

Esta menina estava exibindo o que fizemos no armazém.

— Não vou segurar sua mão. — Disse distraidamente.

— Vamos lá, quero ver quem tem as maiores.


— Cala a boca, Cletus. Não vou segurar sua mão.

Pensei em ligar para ela antes que fechasse a porta. Eu também pensei em

fazê-la dar uma volta da vitória em torno da garagem. Em vez disso parei para assistir

Jess e Claire saírem da loja e virar a esquerda, desaparecendo na estrada.

— Não quero segurar sua mão, quero comparar nossas mãos.

— Para?

Beau parou em frente, sua expressão em branco.

— Cletus, terminou o Toyota? Nós precisamos sair logo, se não, não vamos

conseguir chegar a Nashville hoje.

A atenção do Cletus, mudou-se entre mim e Beau. Ele deixou s mão cair.

— Ouça, acho que seria melhor apenas arrumarmos a falha catastrófica do

motor antes que as coisas progridam com Duane.

— Quem?

— Srtª. James.

Senti meus olhos estreitos no meu irmão mais velho. Eu esperei que ele não

estivesse prestando atenção e não ia dizer o que achei que disse. Eu não estava com

humor, não agora, nem nunca, para discutir minha paixão por Jessica com Beau. Uma

paixão, constatei, que parecia ter sumido após a fogueira da última sexta-feira.

— Não precisa. — Beau enfatizou com um aceno. — Sem ar para limpar.

— Vamos lá agora. Não adianta ignorar as coisas. — Cletus estava usando a

voz do nosso avô, quando colocou seus dedos gordurosos no ombro do Beau. — Acho

que todos nos sentiremos melhor se tudo fosse para fora, no aberto, sei que sim.

Meu olhar desviou para meu irmão gêmeo e ouvi o soar de um alarme.

— O que ela falou, Beau?

— Eu não sei, Duane.


Cletus colocou a outra mão no meu ombro e assentiu solenemente.

— A verdade é, Duane, e sei que pode ser difícil de ouvir, mas a falha do

motor é catastrófica, a falha do motor é suficiente para a professora de cálculo, mas

isso não refuta o resto que…

— Apenas desembuche, Cletus!

— Bem. Todos nós odiamos o irmão da Jessica, Jackson James.

Um rápido olhar em Cletus e em seguida para Beau. Tanto quanto duas

pessoas poderiam ler as mente umas das outras, Beau e eu poderíamos e ele e eu

tivemos uma conversa breve, silenciosa onde o seguinte foi compartilhado.

Nós dois: Claro, odiamos Jack fodido James.

Eu: Ele não te deu uma multa no verão?

Beau: Sim.

Eu: Filho da puta.

Beau: A propósito, sempre soube que sentia alguma coisa por Jess, desde que éramos

crianças. Eu nunca faria nada para atrapalhar vocês dois.

Eu: Obrigado. Agradeço.

Beau: Mas você me deve uma, porque ela é gostosa, engraçada e doce (ou algo assim).

Eu: Ok. Te devo uma.

Beau: Bom. Ainda bem que esclarecemos.

— Parem. — Cletus estalou os dedos na frente de nossas caras. — Odeio

quando usam as mentes e conversam através dos olhos.

Beau suspirou.

— Cletus, acho que estamos entendidos sobre o fato de que ninguém em

nossa família tem paciência para Jackson James depois da merda que ele fez com nossa

irmã quando eram adolescentes.


— E todas as vezes que ele prendeu Jethro por roubar carros. — Falou. —

Com toda a certeza, porém, Jethro provavelmente roubou aqueles carros. — Cletus

adicionou bruscamente. — Jethro nunca foi condenado. — Desnecessariamente,

querendo defender meu irmão mais velho.

— Exatamente. — Beau soou exasperado. — Além disso, Jackson ainda traz a

tona o tempo todo. O vi no The Wooden Plank duas semanas atrás e ele fez algum

comentário idiota sobre Jennifer Sylvester e seu novo BMW ser roubado e se Jethro foi

investigado como suspeito.

— E ele está sendo um idiota porque Jethro tem mantido a boa imagem nos

últimos quatro anos e Jackson não deixa pra lá. Além disso, Jethro odeia bananas. —

Adicionei desnecessariamente. Todos sabiam que Jennifer Sylvester tinha um bolo de

banana no banco da frente quando o carro foi roubado. Podia sentir-me ficar chateado

e sabia que Beau entedia porque nos sentíamos da mesma forma.

Beau, nem eu, conseguíamos dirigir sem sermos parados por Jackson James.

Não importa se estávamos correndo ou não. Sempre achei que isso era

porque Jackson ainda se sentia atormentado como um adolescente sobre o desinteresse

da minha irmã nele durante o ensino médio. Mas recentemente estava começando a

achar que o irmão mais velho de Jessica era uma merdinha de um homem embriagado

pelo poder uma pequena cidade.

— Certo. Bem, estamos todos de acordo. — Cletus descansou as mãos nos

quadris, acenando pensativamente. — Mas nenhuma quantidade de desejos vai mudar

o fato de Jackson James ser repugnante e essa catástrofe... Quero dizer, Srta. James é

sua irmã.
— Então qual é seu ponto? — Cruzei os braços sobre o peito e franzi a testa

para o meu irmão. Ele sempre tinha um ponto, normalmente era bom, mas só

demorava uma eternidade para chegar lá.

— Meu ponto é que precisa ser cauteloso com Jackson. Porque uma vez que

ele descobrir suas intenções com a irmã dele, as coisas não serão bonitas.

— Não tenho más intenções.

— Eu sei que não, mas...

— Mas nada. A verdade é que aquela garota é tudo para mim.

— Eu sei, Duane. — A expressão do Cletus alterou-se, como se estivesse

perdendo a paciência. — Ela é sua 1968 Plymouth Barracuda. Todo mundo sabe disso,

bem... Todo mundo que se importa. Só estou te dizendo que não espere que dê sua

bênção.

— Não preciso de sua bênção.

— Cletus está certo. — O tom de Beau atipicamente grave, os olhos

perfuraram os meus.

— Jackson não vai gostar nem um pouco disso. E ele é um idiota bem

sorrateiro. Só tome cuidado.

— Ele vai criar problemas para você, se puder. — Continuou Cletus. —

Então, me avise se precisar de ajuda para criar problemas para ele de volta.

Esta declaração me surpreendeu. E pela aparência, surpreendeu Beau

também. Beau imitou minha postura, cruzando os braços sobre o peito e nivelando

Cletus com um estreito olhar fixo.

— O que isso quer dizer?

— Só o que disse. — Cletus deu de ombros, olhando e soando inocente. Essa

é uma das coisas sobre Cletus, ele é muito bom com aparência inocente. Às vezes
esqueço que Cletus poderia ver os sorrateiros muito bem, porque era o rei deles. Estou

feliz que ele estava do meu lado neste momento.

— Agora, Beau, chega de perder tempo. — Cletus roubou o pano de Beau do

bolso frontal e limpou as mãos, olhando ao redor da loja, como se estivesse se

certificando se tudo estava em ordem. —Vamos para Nashville hoje, ou o quê?


CAPÍTULO 7

“Num dia, quando não se deparar com qualquer problema, pode ter certeza que está

viajando no caminho errado”.

― Swami Vivekananda

~Duane~

Não estava prestando atenção ao meu redor porque estava distraído com

pensamentos agradáveis. E acho que foi por isso não ouvi a gangue de motoqueiros na

traseira da loja, só sabendo que tinha companhia até já estarem dentro da garagem.

Ouvi uma risada irritante, alta e há muito, alertando-me para uma chegada

inesperada. Levantei meus olhos a tempo de ver Repo, um dos irmãos motoqueiros do

meu pai, pegando a chave de fendas favorita de Cletus e atirando-a novamente para o

caixa de ferramentas com um alto estrondo.

Logo atrás de Repo veio Dirty Dave, o proprietário da risada irritante, outro

membro da Ordem do Ferro e um verdadeiro idiota. Ele foi chamado de Dirty Dave

porque estava sempre sujo. E fedia.


Suspiro e sento no carburador que estava consertando. Tão agradável quanto

à visita da Jessica tinha sido aquela tarde, sabia que esses idiotas vão sem dúvida

inspirar minha ira. Dirty Dave era apenas um lacaio idiota.

Mas Repo era um homem de importância dentro da Ordem de Ferro. Eu o

conhecia desde que era pequeno. Ele ainda jantava na mesa da minha mãe de vez em

quando e deu a cada um de nós uma faca bowie11 em nossos aniversário de 10 anos.

Uma vez o olhei como homem. Mas como adulto, o considerava um vigarista

e patife.

— Olá, filho. — Repo disse, levantando o queixo na minha direção com seus

olhos digitalizando a loja.

Cheguei ao lado para desligar o alto-falante do Bluetooth do meu iPhone.

Repo tinha uma voz muito rouca. Mal podia distinguir o que estava dizendo na

metade do tempo numa sala silenciosa. A loja não era silenciosa nas noites do

Tennesse quando de repente se enche com o som indesejável das botas e motos

arrastando no cimento.

— Repo. Dave. O que querem? — Não me incomodei de limpar minhas mãos

porque tinha planos de me livrar deles.

— Agora, isso é maneira de falar com seu tio Repo? — Ele sorriu, a barba

enquadrando dentes brancos e brilhantes. Isso me lembrou de meu pai, todo o encanto

de uma cobra na grama.

Olhei de relance para o relógio da parede atrás dele, eram quase 23h30min.

Eu tinha perdido a noção do tempo.

11
É uma faca para caça ou autodefesa rústica que geralmente mede 25cm contendo geralmente uma ponta afiada de
desenho arredondado que corta de ambos os lados.
— Você não é meu tio, velho. — Respondi categoricamente.

Não este homem seguramente não tinha qualquer relação familiar comigo.

Embora meu pai fosse considerado um membro da Ordem do Ferro sendo assim ele

era meu tio, mas estes homens eram menos do que nada para mim e não queria

conhecê-lo.

— Ah, você não é Beau. — Dave gorjeou de seu lugar ao lado de Repo. Ele

parecia estar olhando para mim com novos olhos. — Nós estávamos esperando Beau.

Ele é muito melhor que você, e sabe como mostrar respeito.

— Seja como for, estou tentando terminar aqui. Então, se ligaram os pontos?

— Pus minhas mãos nos quadris, levantando as sobrancelhas, na esperança de que

entenderiam a mensagem para dar o assunto por encerrado.

— Agora espere um minuto. — Disse Repo levantando as mãos, como se eu

precisasse me acalmar.

— Estamos aqui com uma proposta de negócios. Uma proposta que com

certeza vai querer ouvir.

— Não estou interessado. — Num esforço para mostrar o iludido respeito,

decidi não dizer, não estou interessado, idiota. Agora vá se foder. Vê? Muito respeitoso.

— Apenas escute.

— Não. Pode voltar pelo caminho que entrou. — Apontei a mão em direção a

parte traseira da loja então voltei para o carburador e a mesa bem iluminada onde este

estava.

— Não pode dizer não ao dinheiro, rapaz. — Dave levantou a voz.

— Vou dizer não a qualquer coisa que envolva a Ordem do Ferro. — Dei de

ombros, mostrando o tédio que sentia. Sabia que eles usariam de medo e temor, a

Ordem do Ferro não era uma piada, o presidente do clube era um criminoso e doido
para variar. Eles não eram bons. Mas nunca fui capaz de ter o menor medo ou

ansiedade onde idiotas estavam. Mesmo idiotas perigosos.

— Por que? — Isto veio de Repo. Na minha visão periférica, vi o par entrar

lentamente na loja, perto e à minha direita.

— Porque tudo que você faz é ilegal.

— Então? Corrida de carros no The Canyon é certo? Diz-se que você é um

filho da puta louco no poço e está fazendo baldes de dinheiro nisso. Tenho certeza que

não é ilegal.

— Corrida para dinheiro fácil é uma coisa, envolver-se com o seu tipo é outra.

Não sou o desgraçado do meu pai e não estou interessado em fazer dinheiro com a

miséria de outros.

— Que tal ganhar dinheiro e manter sua família segura?

Um calafrio espalhou-se na espinha, obrigando-me a ficar ereto. Dei um olhar

questionador a Repo, em seguida, Dave. Encontrei Dave, dando um sorriso sujo.

Enfrentei-os.

— É uma ameaça?

— Não. — Disse Repo.

— Sim. — Disse Dave.

Repo o cortou antes que eu pudesse encará-los novamente.

— Agora espere. Não estamos planejando fazer mal a qualquer um. Mas se

quer manter sua família fora da cadeia e em segurança, precisa ouvir-nos.

— Manter minha família fora da cadeia? E quem é?

Dave assentiu com a cabeça uma vez e ele disse.

— Jethro.
— Jethro? — O olho com desconfiança. — Não, não, não vou comprar isso.

Ele lavou as mãos de vocês há anos.

— Sim, mas antes, nos roubou um monte de carros. — Dave disse com

alegria.

— Então, o quê? — Eu cuspi. — Vai entregá-lo agora? Se fizer isso, então

estará admitindo a própria culpa.

— Rapaz, eu não disse... Escute? — As palavras do Repo foram cortadas

numa exibição incomum de exasperação.

Apoiei-me em minhas mãos e inclinei o quadril contra a mesa, imaginando

que deixar o homem dizer em paz o que queria, era a única maneira de fazê-los sair.

— Tenho certeza. Tudo bem. Fala.

— Então sua mãe... — Repo parou. Meus olhos devem ter mostrado meu pico

de raiva com a menção da minha mãe porque ele ergueu suas mãos novamente como

se mostrando que eu precisava me acalmar. — Não estou falando de sua mãe, rapaz.

Só estou dizendo que sua mãe morreu há um mês atrás, Deus guarde sua alma.

Engoli um caroço de emoção, incapaz de parar de pensar sobre os últimos

dias da minha mãe, como o câncer a tinha tirado de nós. Sinto falta dela, sua bondade

e doçura. Resisti contra um súbito flash de tristeza, sabendo que agora, com esses

idiotas, não era a hora de me debruçar sobre estes pensamentos.

— Isso não é novidade para mim, Repo.

— Sim, mas mantivemos nossa distância por respeito, dando a você tempo

para se lamentar. Demos um mês a vocês. Ela era uma boa mulher.

— Não estou interessado em seus pensamentos sobre minha mãe. — As

palavras saem através dos meus dentes. Ele precisava terminar essa merda.
— Ok agora, mas aqui está a coisa, Brick e Mortar, dois Irmãos da Ordem de

Ferro foram preso após o funeral da sua mãe.

O cortei.

— Eles foram presos porque estavam tentando raptar Ashley e Bill no funeral.

— E Brick e Mortar só estavam lá tentando ajudar seu pai porque sua mãe

enganou ele tirando seu dinheiro. — Dave apontou o dedo grosso para mim. Eu queria

cortá-lo com uma vinte e quatro.

— Isso é que não foi. Esse dinheiro não pertence a Darrell Winston. Nunca

pertenceu.

— Darrell é seu pai, rapaz. Ele e sua mãe tiveram sete filhos, casados por

anos. Isso é muito tempo, muita história e muitas crianças para um homem aguardar

seu quinhão. Em seguida o namorado da sua irmã, o guarda florestal...

— Drew Runous não é namorado da Ashley, e ele não é um guarda florestal.

Ele é um Diretor de Caça.

— O que for. Drew Runous fez sua mãe assinar tudo o que era dela e passar o

dinheiro pra ele. Agora, como pode culpar seu pai por tentar ter o que é dele?

Tive que cerrar os dentes para não gritar. A versão do Dave de eventos estava

longe de ser realidade. A verdade foi que meu pai, Darrell Winston, era um pobre, mal

sucedido e um filho da puta. Além de andar com a Ordem do Ferro, era um vigarista e

abusador. Ele se casou com a minha mãe por dinheiro quando ela tinha dezesseis anos,

porque veio de uma família de muito dinheiro. Ele também batia nela e a enganou. E

toda vez que ela tentou se divorciar, ele usou os filhos para impedi-la.

Finalmente, ela passou a perna em Darrell, pedindo a separação dele e, em

seguida, vendeu todos os seus pertences, a casa da família e todos os bens, a um amigo

da família chamado Drew Runous por mil dólares, desse modo, removendo-o do
alcance do meu pai. Ela também assinou todas as contas de banco e nossos fundos

fiduciários.

Isso deixou Darrell cuspindo de raiva. Mas não havia nada que pudesse

fazer, porque minha mãe já estava morta quando que ele descobriu. Então, apareceu

no funeral da minha mãe com dois irmãos da Ordem do Ferro, Brick e Mortar, e tentou

raptar Ashley e Billy. Ele provavelmente estava desesperado e não conseguia pensar

em outra maneira de por as mãos no dinheiro da mamãe.

Felizmente, ele e seus amigos motoqueiros foram interrompidos, mas não

antes de Ashley atirar na sua perna.

Todos os três, Darrell, Brick e Mortar, atualmente estavam aguardando

julgamento e esperemos que peguem um bom tempo de prisão.

— O que Brick e Mortar tentaram sequestrar minha família tem a ver com

alguma coisa? Por que está aqui?

— Porque, Duane, Brick e Mortar eram nossos mecânicos. Agora que eles se

foram, não temos ninguém para assumir seu trabalho. É onde vocês e esta loja entram.

— Dave apontou para dentro da garagem.

— Então, o quê? Quer que eu conserte suas motos?

— Não, filho. Pode não gostar, mas seu pai é um de nós, isso significa que

você também, é família e nos deve. Brick e Mortar eram nossos mecânicos...

Num piscar de olhos Repo soube que eu estava perdendo o foco e esperando

ele preencher as lacunas. Quando ele viu que eu não entendia o significado, suspirou e

então pôs para fora.

— Eles eram quem percorriam as lojas. Que desmontavam os carros.

Pegaram nossos bens roubados e os fizeram transportáveis. Você e seu irmão Beau,
vão assumir nosso desmanche. — Dave ligou os pontos para mim mesmo que o retrato

pintado de Repo estivesse bem esclarecido na minha cabeça.

Um som de repulsa e descrença escapou de minha boca antes que eu pudesse

parar, foi seguido por.

— Oh, inferno não.

— Claro que sim, rapaz.

— Inferno. Não e pare de me chamar de 'menino'. — Eu estava a três

segundos de acertar a mandíbula de Dave.

Repo deve ter visto minha paciência escapar porque dirigiu-se para frente,

entre Dave e eu, novamente erguendo as mãos.

— Agora, precisa escutar a razão. Temos provas contra seu irmão Jethro que

vai prendê-lo por anos em sua vida. Não, muitos, anos em sua vida.

— Bobagem.

— Não. Sem mentiras. — Dave nega por trás de Repo. — Esta merda é real.

Minha atenção fica dividida entre eles. Estava procurando por algum

subterfúgio.

— Como disse antes, se incriminá-lo por esses carros roubados então está

incriminando a si mesmo.

— Não. Não com isso. — Repo alcançou sua jaqueta de couro e puxou um

pen drive. Ele me ofereceu.

Olhei pra ele em vez de pega-lo.

— O que é?

— Jethro saiu da ordem há três anos, e o vídeo neste pen drive irá mostrar-lhe

como ele comprou a liberdade. No esquema das coisas isso era um pequeno preço.
Mas este pequeno preço carrega uma sentença federal se a polícia descobrir o que ele

fez.

Estreitei meus olhos, descrença e pânico em partes iguais.

— O que ele fez?

Repo empurrou o pen drive contra meu peito, forçando-me a levá-lo.

— Tenha cuidado com isso. Então sei que você vai. Quando ver as coisas à

nossa maneira, ligue.

O pen drive caiu na palma da minha mão e olhei para Repo, queria esmagá-lo

sob minha bota e detestando o fato de que não podia.

O homem mais velho arranhou seu cavanhaque enquanto me estudava, a

solenidade de sua expressão foi aumentando até que, com grande severidade,

acrescentou em voz baixa.

— Não seja estúpido. Não há razão para incluir seu irmão Billy no presente.

Ele não precisa saber.

Não disse isso, mas concordei com Repo desta vez. A resposta do Billy seria

ir diretamente para a polícia, ao mesmo tempo, acenando o dedo médio para a Ordem.

Billy adorava Jethro, mas odiava a Ordem ainda mais. Na verdade, tinha certeza que

Billy odiava a Ordem mais do que qualquer um, exceto, talvez nossa mãe. Mas

levando sua morte em conta Billy era um ponto discutível.

— Mas. — Dave deu a volta em seu irmão motociclista e enfiou o dedo gordo

no meu peito. — Você tem duas semanas, Duane. Duas semanas para decidir, ou então

envio uma denúncia anônima ao xerife James e pode visitar o Jethro nos finais de

semana... Na Instituição Correcional Federal de Memphis.

***
Não fiz nada com o pen drive no início exceto escondê-lo. Quando cheguei

em casa naquela noite pesquisei no pen drive o que tinham que poderia ser usado para

instalar um espião ou causar prejuízo no meu computador pessoal. Tudo o que li me

deixou nervoso.

Pensei em ligar para Jethro ou Drew, mas decidi não fazer. Jethro era agora

um guarda do parque da Floresta Nacional Ranger cumpridor da lei e Drew era chefe

dele. Atualmente estavam juntos em uma caminhada nas montanhas, duzentas milhas

afastados e só acessíveis por telefone via satélite.

Estava também me sentindo paranoico e não achei prudente ter uma

conversa por telefone sobre atividades ilegais anteriores do meu irmão. Discutir esse

assunto com Jethro teria de esperar até que ele voltasse das montanhas.

No final, decidi falar com Beau, e só Beau, sobretudo quando ele e Cletus

chegarem em casa no sábado. Não havia razão para incluir meus outros irmãos na

discussão.

Na pior das hipóteses, se descobrissem que a única maneira de manter Jethro

fora da prisão fosse o recrutamento dos irmãos Winston da oficina, então Beau e eu

teríamos que fazer sozinhos. Não queria mais ninguém envolvido neste emaranhado.

Quanto menos gente soubesse sobre esse negócio com a Ordem melhor. Billy,

Cletus, e Rosco poderia alegar ignorância de verdade se eu e o Beau fossemos

apanhados.

Antes de ir dormir, decidi dirigir em Knoxville em busca de uma loja de

penhores, logo que amanheceu na manhã seguinte.

Em meu caminho para a cidade, peguei um donut e café na Daisy’s Nut

House, um início normal de manhã para os habitantes do Green Valley. O cheiro da


massa quente com geléia, somada com o gotejar do café pouco fez para acalmar meus

nervos. Embora ainda me sentisse cauteloso, decidi não procurar uma loja de penhores

usando meu iPhone ou computador, decidindo que era melhor não deixar nenhum

rasto da atividades... Só por precaução.

Felizmente, encontrei uma loja que parecia promissora chamada Larry

Descontos em Arma. Porque esses lugares sempre tem câmeras de vigilância,

estaciono na rua e puxo o boné de beisebol (sabendo que não seria reconhecido se

usasse) comum do Yankee de Rosco e um capuz azul. Mantenho a cabeça baixa

quando entrei e fiz uma varredura rápida da mercadoria, achando o que procurava

quase imediatamente. Paguei em dinheiro e deixei a loja rapidamente, não tendo

compartilhado palavras com o proprietário.

Voltei até meu carro. Então encarei um longo caminho de volta para Green

Valley, mas parei no ferro velho do senhor Tanner no caminho. Foi lá, na estrada de

terra arborizada para o lado da sucata no pátio, que abri o velho laptop que tinha

comprado na loja de penhores e assisti ao vídeo.

O que vi me fez querer matar meu irmão mais velho.

E quando Beau chegasse em casa no sábado, ele poderia me ajudar a

descobrir uma maneira de esconder a merda de Jethro.


CAPÍTULO 8

“Os homens leêm mapas melhor do que as mulheres porque só os homens podem

compreender o conceito de uma polegada se igualando a centenas de milhas”.

― Roseanne Barr

~Jessica~

Ninguém NUNCA me esperou num Mustang conversível.

Especialmente Duane Winston encostado num Mustang conversível azul

escuro com uma faixa branca. O conversível tinha uma faixa branca, não Duane. Ele

usava um jeans azul desbotado que abraçava confortavelmente os quadris. Enquanto

se aproximava, depois de eu me recuperar da surpresa, notei que a cor de sua camiseta

tornou a cor dos olhos quase cinza.

Ele não estava sorrindo, mas tinha toda sua concentração e isso me fez ficar

autoconsciente e instável. Além disso, seu sorriso era um reflexo sonhador.

— O que está fazendo aqui? — Fiz um gesto para o estacionamento da escola.

Era tarde de quinta-feira e tinha recebido uma mensagem de texto do meu irmão

Jackson, ele estava a caminho para me buscar, então estava saindo da escola para

esperar.
Em vez de responder minha pergunta, Duane inclinou-se, pôs as mãos no

meu quadril e deu-me um beijo suave que roubou meu fôlego e fez com que cada

polegada da minha pele ficasse quente. Então, se inclinou novamente, a mão voltou a

cair para o lado do corpo, e respondeu simplesmente.

— Vou te levar ao seu carro.

Minha boca caiu aberta por razões óbvias e pisquei para ele.

— Meu... Meu carro?

— Sim. — Ele deu-me apenas uma pequena sombra de sorriso. — Seu carro.

Pode ficar com ele se quiser, ou pode me devolver quando encontrar algo melhor.

— O que é isso? — Minha atenção mudou para o lindo automóvel vintage

atrás dele. Ele tinha parado na frente da escola. Eu não sabia muito sobre carros, mas

este carro era lindo.

— Por enquanto podemos negociar um preço para sua caminhonete, precisa

de um carro, para se deslocar para o trabalho. Pegue este por quanto tempo quiser.

Esforcei-me para transformar pensamentos em palavras, e depois de um

tempo finalmente consegui.

— Duane, primeiro... De quem é esse carro? Quer dizer, a quem pertence?

Não vai sentir falta?

— Não. É um dos meus. Eu quase não uso. — Ele pegou a minha mão e

colocou as chaves na palma dela.

— Um dos seus?

— Sim.

Não conseguia parar de piscar para ele.

— Não posso ficar com seu carro.

Ele deu de ombros.


— Claro que pode.

— É um clássico! Quer dizer, não sou especialista em carros, mas isso não é

um modelo recente. Deve ter mais de trinta anos.

— Cerca de cinquenta anos, na verdade. É um Mustang 289 de 1966.

Agora eu estava piscando e balançando a cabeça, e meus pensamentos eram

um sussurro quando escaparam.

— Você está louco.

Ele finalmente sorriu, apesar de ter sido rápido e quase tão rapidamente que

não tinha aparecido. Fiz uma nota mental que Duane Winston gostava quando eu o

chamava de louco.

— Quer levá-lo para um teste drive? — As mãos dele estavam em mim

novamente, guiando em direção a porta do motorista. Ele a abriu e gentilmente me

empurrou para dentro, levando um tempo para dar a volta no carro e entrar no seu

lugar.

Enquanto isso, eu avidamente devorava o interior do carro clássico com meus

olhos, mal refletindo, deslizei a chave na ignição, pressionando a embreagem para

ligá-lo. Foi... Majestoso.

Algo sobre o carro me fez sentir viva, mesmo parada, senti a umidade em

meus dedos, ansiosos pela estrada.

Duane ajeitou o banco do passageiro e olhei de relance para ele, encontrando

sua atenção fixada na minha face e um calor lá que fez meu coração disparar.

— O quê? — Estreitei os olhos para ele.

— Vai tocá-lo ou conduzi-lo?

— Honestamente? Ainda não decidi. — Acariciei o volante. Estava coberto de

um macio couro branco. Na verdade, todo o estofamento era de couro branco, o


interior tinha cheiro de couro e da colônia de Duane. — Eu não sei... Quer dizer, não

sei se consigo.

— Você não sabe dirigir?

— Sim. Mas isso não foi o que quis dizer. — Soltei o volante e ele apertou

minhas mãos juntas ao meu colo então falei novamente. —Quero dizer, não entendo o

que está acontecendo. Eu deve pegar um carro alugado em Knoxville até achar um

substituto para a caminhonete, algo mais recente.

— Não. Você não deve. — Ele não estava sorrindo agora. Na verdade, parecia

frustrado. — Isso seria um desperdício de dinheiro. Este Mustang é um clássico, sim.

E, claro, tem mais de seiscentas mil milhas. Mas reconstruí o motor e a maioria das

peças é nova. Tem pneus novos, freios, suspensão, corre tão bem quanto um carro

novo, não te deixaria dirigir algo inseguro. Você não vai ter quaisquer problemas com

ele e ele lida muito bem com as estradas da montanha.

Balancei a cabeça e segurei sua mão, vendo que ele tinha confundido o

significado.

— Isso não foi o que quis dizer. Sei que este carro fará tudo o que falou

lindamente.

— Então, qual é o problema?

— O problema é que este carro é um clássico. É muito valioso para eu usar

como um empréstimo.

— Então não é um empréstimo. Vou dar para você. É seu.

Minha boca caiu aberta novamente e escapou um pequeno som de protesto e

confusão.

— Duane.

— Jess.
— Você não pode estar falando sério.

— Estou falando sério. — Ele parecia sério.

— Por que faria isso?

— Porque você precisa de um carro e eu tenho quatro. — Ele deu de ombros.

— Você poderia vendê-lo. Tenho certeza que vale uma fortuna.

— Não posso vendê-lo, porque dei para você.

Eu cerrei os dentes antes de gritar.

— Você não pode me dar um carro!

Ele levantou sua voz para combinar com o volume da minha.

— Eu dei!

Olhei para ele, o conjunto teimoso de seu queixo quadrado, assim como a

sobrancelha esquerda ligeiramente me desafiou. Ele era tão teimoso e irritante..., e

bonito, e doce, e pensativo, e presunçoso.

— Não vou aceitar. — Disse finalmente, balançando a cabeça. —Não seria

certo.

— Pare de ser tão teimosa.

— Ser racional não é ser teimosa. Você não pode andar dando carros as

pessoas. Você não é a Oprah.12

Os lábios de Duane achataram-se de uma forma que me fez pensam que

estava tentando não rir, porque seus olhos brilhavam.

— O que me denunciou? O cabelo vermelho?

12
Oprah Winfrey é uma apresentadora de televisão e empresaria norte-americana, vencedora de muitos prêmios Emmy
por seu programa The Oprah Winfrey Show, o talk-show com maior audiência da história da televisão norte-americana.
Sem pensar bem, e de uma forma que parecia nossas brigas de infância,

respondi categoricamente.

— Não. Foi a sensação do pênis circuncidado semana passada.

Duane perdeu sua batalha com o riso e jogou a cabeça para trás, provocando-

me um sorriso. Exalei uma risada e revirei os olhos, sentindo-me extremamente

satisfeita que o tinha feito rir. Eu acho.

Mesmo ficando vermelho, era estranho. Duane Winston liberou sua rizada

com prazer, ou talvez tenha sido a visão intoxicante de quanto ele parecia se divertir e

que gostava de estar comigo.

Ainda sorrindo amplamente, que em si era estranho e, portanto,

deslumbrante em seu rosto, ele disse:

— Mas antes, na semana passada, você ainda tinha dúvidas quanto a minha

identidade?

— Bem, nunca vi você e Oprah na mesma sala juntos. Além do mais, ambos

têm uma lista de coisas favoritas. — Eu estava me referindo à sua declaração na sexta-

feira, que discutir comigo era uma das suas coisas favoritas.

— Você tem um lista de coisas favoritas?

— Você não gostaria de saber? — Meu pescoço estava abruptamente quente.

Ele levantou uma sobrancelha.

— Tem pensado no meu departamento calças, não é?

Confusa, eu balancei minha cabeça:

— Voltando ao tema em mão...

— É? Em mão? Eu não sabia.


— Duane Winston! — Tentei soar chocada e nostálgica, mas meu sorriso

involuntário de resposta arruinou o efeito. — Estou tentando ser séria. Pare de tentar

me bagunçar.

— Se eu estivesse tentando te bagunçar, você saberia.

Soltei um som de desaprovação.

— Quando ficou tão atrevido?

— Porque ficou tão séria?

— Eu não sou! Só não posso aceitar esse carro.

— Não pode ou não quer?

— É a mesma coisa.

— Não. Não é o mesmo. — Ele arrancou minha mão de onde repousava no

meu colo e segurou-a nas dele, enviando uma sensação morna e agradável no meu

braço e em torno de meu cérebro. — Jessica James, vai ter que se acostumar comigo

querendo tomar conta de você e resolvendo seus problemas.

— Não sou uma donzela. Eu não preciso ser resgatada.

— Eu sei. Você é capaz e teimosa, e gosto muito disso em você. Mas talvez

pudesse fingir ser um pouco menos capaz de vez em quando?

— Para quê?

— Para eu poder me sentir bem sobre salvar você.

Tirei sarro desta lógica. Na verdade o pedido lembrou-me de minha mãe e

pai. Às vezes minha mãe fazia de conta que não conseguia abrir um pote na cozinha

ou que precisava de ajuda para levantar algo pesado. Quando eu a tinha questionado,

ela disse: “Não há nada de errado em fazer um homem sentir que precisava dele. Se

sua tia Louisa tivesse feito o mesmo, então não estaria tão sozinha naquela casa

grande”.
— Deixe-me ajudar. — Ele implorou. — Use este carro.

— Não quero tirar proveito.

Todos os vestígios do sorriso anterior tinham desapareceram e ele pareceu

completamente sincero.

— Você está. Vai acalmar minha mente, sabendo que está dirigindo uma

coisa que eu construí.

Suspirei, considerando seu pedido.

— Então, seria um empréstimo?

— Com certeza. — Ele deu de ombros. — Se é assim que quer chamar.—

— E o que quer em troca?

— Perdão? — Ele perguntou, parecendo confuso e horrorizado. — Não quero

nada.

Estreitei meus olhos ainda mais.

— Diga-me Oprah. O que? Tenho que segurar seu pênis? Tomar mais banhos

nus na agua fria? O quê?

Pegando o trajeto, os olhos do Duane baixaram na minha boca e

demonstraram apenas uma sugestão de um sorriso quando ele respondeu:

— Vou ignorar sobre acariciar-me e nadar nu, mas que tal um beijo?

Eu já queria beijá-lo. Então o fiz. Seguei sua camisa cinza e puxei-o, trazendo

seus lábios aos meus e beijou-o. BAMMM!

Irritantemente, ele não pareceu surpreso. Ele rapidamente assumiu o

controle, uma mão em punho no meu cabelo, segurando minha cabeça como gostava,

a outra agarrando meus quadris quando me puxou mais perto. Ele lambeu meus

lábios e seguiu em frente, dando a impressão de solicitar entrada, na verdade

esperando meu consentimento.


Não importa. Meu gemido de prazer foi som de rendição. Sua boca quente

mudou-se por cima da minha, a varredura de sua língua me enviou uma sensação

direta na espinha, fazendo-me sentir frenética e acarinhada tudo de uma vez.

Mas depois ouvi whoop whoop13 de um carro de polícia que me assustou, e me

afastei.

Duane soltou-me quando gritei com o som do meu coração na garganta.

— O que diabos está acontecendo aqui? — Encontrei meu irmão Jackson

latindo e olhando para nós. Ele parrou seu carro paralelo ao Mustang e rolou o vidro

da janela para baixo.

Suspirei, fechando meus olhos e deixei o sangue voltar a minha cabeça.

Engoli antes de repreender meu irmão

— Jackson! Você me assustou até à morte.

— Repito, o que diabos está acontecendo aqui? — Jackson não parecia

arrependido, parecia furioso. Balancei a cabeça sem abrir meus olhos, não pude evitar

o riso que borbulhava em meu rosto.

— O que lhe parece?

— Jessica... — Ele avisou em um bruto tom de voz.

Abri meus olhos e sorri para meu irmão mais velho, pressionando a

embreagem e deslocando o belo carro. Estaria mentindo se dissesse que não estava

gostando de sua expressão chocada.

Os olhos do meu irmão se estreitaram em aviso.

— Não se atreva. Você perdeu o juízo?

13
Som da sirene do carro de policia.
— Não, não perdi meu juízo. Eu encontrei um carro e olha! Tem um Duane

nele. Agora se me der licença, eu e o meu Duane vamos sair.

E com isso, eu tirei o carro do espaço em que Duane o tinha estacionado em

frente a escola.

***

ELE ESTAVA CERTO, o carro era maravilhoso de dirigir.

O carro era poderoso. Minha caminhonete monstro era poderosa, mas

pesada. Foi realmente divertido dirigir este. Nunca tinha dirigido um carro assim

antes, com personalidade e capacidade de resposta, como um automóvel disposto e

ansioso. Uma condução macia como feltro; mais do que apenas viajar de um lugar

para o outro. Parecia uma experiência. Um estranho pensamento me passou pela

cabeça trinta minutos após a primeira pressionada nos pedais do carro. Eu estava me

apaixonando por este carro.

Duane estava quieto enquanto eu dirigia. Não sabia onde o silêncio estava me

levando e estava me sentindo introspectiva. Todas as vezes senti seus olhos em mim,

mas ele manteve as mãos para si.

Não fiz nenhuma tentativa de conversa, parcialmente porque as janelas

estavam para baixo e a velocidade do vento significava que eu teria que gritar para ser

ouvida. A outra razão foi porque senti que o silêncio era confortável.

Atravessamos a montanha, indo de Parkway para Cades Cove, e segui para a

área de piquenique, à procura de uma vaga de estacionamento mais afastado do resto

dos carros, caminhões e campistas. Ao final do caminho, avistei um local isolado, sem

turistas na vizinhança. Entrei e desliguei a ignição, mas deixei as chaves onde estavam.
Sem o zumbido do motor e o barulho do vento, o próximo som foi tão baixo

quanto o fim de uma balada. Mas em breve o sussurro da água, o farfalhar de folhas e

a canção de pássaros alcançarem meus ouvidos e aliviaram a quietude que se

estabeleceu entre nós.

Olhei de relance para Duane pelo canto do olho e encontrei-o a observar-me.

Não encarando, só observando, como se estivesse esperando para ver o que eu faria

em seguida. Sua expressão era inescrutável e perturbadora.

Limpei a garganta, apertando minhas mãos no colo e lhe dei um pequeno

sorriso. Parecia provavelmente culpada, porque me senti um pouco culpado pela

forma como tinha usado Duane para irritar meu irmão.

— Você continua fazendo isso? — Ele perguntou, deslocando-se em seu lugar

até as costas descansarem contra a porta do passageiro, como se precisasse de

distância para me ver claramente.

— Ainda fazendo o quê? — Coloquei meu cabelo, agora provavelmente uma

loucura, atrás das orelhas e encontrei os olhos dele.

— Ainda tentando irritar os homens na sua família?

Eu suprimi uma risada e respondi honestamente.

— Sim. Acho que sim. É muito divertido, viu como Jackson ficou irritado?

— Compreendo o desejo de irritar seu irmão, porque ele é irritante. Mas seu

pai... Ele é um bom homem, bom trabalhador e estável. Devia dar-lhe um descanso.

— Eu sei. Vou fazer isso... Principalmente. Mas para ser justa, se meu pai

tivesse nos encontrado beijando no estacionamento, ele provavelmente não teria

ligado a sirene e arriado o vidro. Ele teria te convidado para jantar.

— E eu teria aceitado. — Duane assentiu com a cabeça em sua própria

afirmação e acrescentou: — Eu quero fazer isso certo.


A maneira como disse as palavras me encheram de prazer e pavor.

Na quarta-feira, depois de deixar o irmão Winston na oficina, com o benefício

do vinho e a análise e retrospectiva de Claire, comecei a entender que na mente de

Duane Winston ele queria cortejar-me.

Cortejo significava uma longa relação com casamento e uma cerca branca

como objetivo final. Casamento e cercas brancas me apavoravam porque soavam como

o fim da liberdade, o fim dos meus sonhos.

De repente, no interior do carro me senti sufocada. Afastei meus olhos dele,

abri a porta e sai, caminhando para o capô e fiz uma pausa, não sei onde estava indo.

Ouvi que ele também saiu, sua porta se fechando, o som das botas cruzando comigo,

triturando os gravetos.

Duane tocou sua mão na minha... E olhei para ele. Ele franziu a testa para

mim, não uma carranca chateada, apenas uma pensativa, e entrelaçou nossos dedos.

— Vamos dar uma volta.

Concordei e permiti que ele me conduzisse sobre as barreiras de pedregulhos.

Algo sobre sua presença e toque, a forma como se movia com confiança, a amplitude

dos ombros e sua inerente força me acalmaram. Entreguei-me ao momento, decidindo

não pensar no futuro.

Árvores altas elevadas de ambos os lados do terreno com águas cristalinas

exibidas nas pedras coloridas e arredondadas, pavimentavam o leito do rio raso. Sorri

com a visão de várias crianças escolhendo seu caminho através das rochas. Suas

conversas e risos voltavam para nós, mesmo que fossem a quarenta e seis metros.

Duane soltou meus dedos e agachou-se. Eu observava enquanto ele

desamarrava os cadarços das botas e entendi o plano. Virei, encontrei uma pedra
empoleirada na beira, deslizei fora meus sapatos confortáveis de trabalho e meias com

tema de matemática e coloquei-as sobre a rocha.

A água está fria, mas não importa. Não estava planejando nadar neste tempo.

Quando tiramos nossos sapatos, estávamos novamente de mãos dadas e

andamos para o fluxo de água. Foi só um passo, mas relativamente amplo. Na

primavera é mais profundo, a água é mais rápida, e não seria capaz de usar minha saia

lápis preta sensata sem molhá-la.

— Você esta ok? — Duane perguntou com sua carranca pensativa ainda no

lugar.

Assenti com a cabeça, inclinei-me para encontrar uma pedra lisa debaixo da

água azul. Segui até a pedra e estudei as veias do braço dele.

Assim eu disse:

— Quando eu tinha dez anos, meu pai me comprou por três anos a assinatura

da revista National Geographic de aniversário.

Dei uma olhadela Duane, vendo que a carranca pensativa tinha sido

substituída por uma atenciosa e quase sorri.

— Sim?

Concordei, soltando a mão dele assim poderíamos andar um pouco mais para

dentro do fluxo.

— Sim. De acordo com ele, eu quis a revista desde os quatro anos e meio.

Primeiro vi na biblioteca e pedi ao Papai Noel todos os anos. E também não foi a

versão de criança. Não queria a infantil. Eu queria a coisa real.

— Por que queria tanto?

— Eu adorava ver as fotos e ler histórias sobre o mundo, especialmente os

lugares que não sabia... Existir. Passei horas a perder-me nas páginas, imaginando-me
mergulhando nas Ilhas Fiji, colhendo açafrão na Grécia, ou trabalhando com os

chimpanzés de Jane Goodall na África. — Dei uma olhadela por cima do ombro,

querendo ver a reação dele.

— Sim. Na África.

O brilho nos olhos do Duane ficou radiante e me senti quase esmagada. Ele

parecia estar satisfeito, mais do que satisfeito, ainda fiquei surpresa que ele não me

pareceu divertido. Apenas interessado e feliz. Já vi esse olhar dirigido para mim antes?

— Ainda tem uma assinatura?

Eu balancei minha cabeça.

— Não. Minha mãe estava limpando meu quarto cerca de um ano e viu na

revista o que considerava fotos pornográficas. Especificamente, fotografias nuas de

homens e mulheres, membros de tribos isoladas na América do Sul.

— Oh não! — Agora ele parecia divertido além de interessado e feliz. — O

que aconteceu?

— No início ela estava lívida e me fez ir falar com o Reverendo Seymour

sobre o que tinha visto.

Duane fez uma careta, como se preparando para o pior. Eu acenei sua

preocupação quando virei a cara.

— Foi bom. Ele ouviu pacientemente enquanto eu tinha, descrito todo o

corpo de vários índios nus pintados em vermelho escarlate que tinham sido expostos e

meus sentimentos sobre o tema da modéstia.

Ele riu, realmente, uma risada colocando as mãos nos bolsos. gostei do seu

jeito de rir pareceu-me fluir com água, o farfalhar das folhas e a canção do pássaro.

também gostei de como ele parecia, com os pés aprofundados num fluxo puro da agua

da montanha, o céu azul e árvores altas atrás dele.


Outra vez, encontrei-me fixa no momento, fazendo uma foto mental de sua

aparência feliz e rosto bonito. Um suspiro inadvertido escapou de meus lábios, porque

estava feliz, também. Duane Winston era um bom ouvinte.

Acho que estava a olhar, perdida na visão dele e um sonho, porque quando

ele falou em seguida, o som me assustou um pouco.

— Reverendo Seymour pegou as revistas?

Balancei a cabeça, principalmente para limpá-la e olhei para meus dedos dos

pés. Meus pés estavam frios, mas o frio era bom.

— Não. Eventualmente, ele devolveu a revista a minha mãe e disse-lhe que

não havia nada de errado comigo aprender sobre o mundo, mas poderia haver se eu

formasse próprias conclusões sem orientação. Ele sugeriu que ela usasse as revistas

como uma oportunidade para discutir o mundo comigo, que deveríamos ler juntas os

artigos, e ela devia responder a algumas perguntas.

— Bem... Isso é bom, certo?

Encontrei seu olhar novamente, ele deu um sorriso meio triste.

— Quando as revistas vieram depois disso, minha mãe as mantinha

trancadas no armário dela até que pudesse encontrar tempo para ler comigo. Nos

primeiros meses sentamos juntas depois de jantar e ela explicava as coisas sobre a

perspectivas dela, mesmo quando eu não perguntei. Eu gastei um tempo a sós com a

minha mãe, mas não foi o mesmo, sabe? As revistas perderam sua magia. Eu não

podia tornar a perder-me em páginas e imagens e possíveis aventuras quando cada

artigo era dissecado por falhas e impiedade.

A carranca pensativa de Duane estava de volta. Eu tinha todo seu foco e

segurar o olhar pesado era difícil. Ele estava pesquisando algo e seu interesse

persistente fez-me sentir vulnerável.


Independentemente disso, segurei seu olhar com um meio sorriso e

eventualmente dei de ombros, soprando uma respiração profunda.

— Acho que minha mãe percebeu minha insatisfação crescente, porque

depois de um tempo as revistas só ficaram empilhados no armário dela. Eles não

renovaram a assinatura.

— Eu lamento. — Ele parecia comovido.

Meu meio sorriso cresceu e balancei minha cabeça.

— Não. Não importava muito, porque, a essa altura, eu já estava fazendo

viagens mensais à biblioteca e lendo a National Geographic juntamente com Condé

Nast Viajante e Wanderlust. — A biblioteca também foi onde descobri os blogs e tornei

um fã de Inger.

— Lembro-me de vê-la lá, sempre no primeiro sábado do mês.

— É isso mesmo. É quando chegavam as revistas. — Estudei-o durante uma

batida, mais que um pouco surpresa com a excelência de sua memória. Longamente,

decidi adicionar. — Eu me lembro de você lá, também. Uma vez troquei minhas

revistas de viagens com revistas de urologia, lembra disso?

Ele assentiu com a cabeça e uma das sobrancelhas levantadas enquanto

mordeu o lábio como se para não rir.

— Eu lembro.

Dei um sorriso incapaz de contê-lo.

— Você estava sempre lá, ajudando sua mãe a arquivar livros. Você e Rosco,

às vezes Cletus.

Os olhos dele perderam o foco, como se recordando. Uma espécie de

nevoeiro de sorriso passou por trás de suas feições, substituído abruptamente por uma

melancolia escura, como se a memória causasse dor. Ele também parecia cansado,
profundamente cansado até os ossos, quase como se não tivesse dormido em dias. Eu

não sei como tinha perdido antes.

Impulsivamente, atravessei de volta para ele e envolvi meus braços em sua

cintura, pressionando a bochecha em seu ombro.

— Sinto muito sobre sua mãe, Duane. Ela era uma mulher doce e todo

mundo sente falta dela. Por favor, deixe-me saber se há alguma coisa que posso fazer.

Ele retornou meu abraço sem hesitação, mantende-me apertada contra ele.

Aconcheguei-me mais em seu calor, querendo partilhar algum do meu próprio,

esperando dar-lhe conforto.

— Obrigado, Jessica. — Ele sussurrou em meu cabelo, me apertando e

repetindo. — Obrigado.

Ficamos assim por um tempo, não sei quanto tempo precisamente. Mas foi

tempo suficiente para minha mente vagar e para meus pensamentos, irem para o

futuro, para o quão bom seria ter acesso a abraços de Duane diariamente. Como era

emocionalmente confortável toca-lo, ser tocada por ele. E como perfeitamente

combinávamos.
CAPÍTULO 9

“Todos os meus dias tenho igualmente ansiado percorrer a estrada certa e tomar meu

próprio caminho errante”.

― Sigrid Undset, Kristin Lavransdatter

~Jessica~

— Acho que está se preparando para seu encontro.

Virei e encontrei meu irmão em pé na porta do meu quarto. Ele disse a

palavra encontro como se fosse uma ofensa.

— Sim. — Mantive minha resposta concisa, porque estava determinada a

evitar outra palestra de Jackson. Deus sabe como ele descobriu meus planos com

Duane para esta noite. Independentemente disso, dignou-se a fazer um escândalo

quinta-feira, quando cheguei em casa. Eu ainda estava dirigindo o Mustang, o que

poderia ter contribuído para seu ataque de raiva.

Então ele não estava de bom humor, e certamente não estava melhor agora.

Eu estava no meu próprio lugar feliz e confuso sentindo falta de Duane. E estava

sentindo falta de mais do que de seu rosto, olhos, mãos, e pênis circuncidado.
No final, aceitei o carro como um empréstimo, não como presente.

Secretamente, planejava com Beau e Cletus, alguma maneira de compensar Duane

pelo uso de seu carro através da caminhonete. Eu teria que ter cuidado, no entanto. Se

ele descobrisse meu plano para recompensá-lo, então ficaria puto. Ainda sem razão a

ideia de discutir com Duane me fez ter vertigem. Perguntava-me se iríamos discordar

sobre a cor do céu no nosso encontro, cair em nosso velho hábito de debater e fazer

uma tempestade em copo d'agua, a possibilidade era emocionante.

Era um pouco estranho. Só um pouco... Só um pouco.

Desde que o vi na quinta, já pensei em ligar mais de um milhão de vezes. Só

para ouvir o som da sua voz, talvez convencê-lo a dar uma volta, então poderíamos

argumentar as minúcias do beijo.

Sempre fui uma grande fã de beijos quando bem dados. Amei o

acompanhamento do rio e pesou na minha barriga, a antecipação, toda a experiência

de olhos fechados, boca aberta, e mãos quentes.

Basicamente, até uma semana atrás, minha experiência com o sexo oposto me

disse que beijar foi tão bom. Todos meus encontros anteriores foram drasticamente

para baixo depois do seu beijo.

Assim como beijar, planejar viagens elaboradas que levaria um dia e procurar

maneiras de irritar meu irmão tinham sido meu top três de passatempos quando mais

jovem. Desde que amadureci e fui para longe de casa, o planejamento de viagens foi

parar no topo da lista, mas beijar rapazes tinha descido, isso porque 99% dos meninos

não eram considerados bons de beijo.

No colegial, tudo era novo e excitante. Mas a novidade apagou na faculdade

e beijar tornou-se cansativo. Isso foi porque eu estava beijando em vez de ser beijada, e
perguntava-me se o problema fundamental era porque estava beijando meninos em

vez de homens.

Meninos geralmente fazem algo não agradável o que faz de beijar uma tarefa.

Eles também são apenas um par de lábios passivos, babando, salivando ou projetando

a língua.

Considerando que homens realmente beijam.

— Você vai usar isso? — Jackson levantou o queixo, indicando minha roupa.

Olhei para baixo. Não vi nada de errado com meu jeans azul, botas de escalar

e Henley14 de mangas longas roxa com os botões abertos. Voltei a cara de Jackson com

uma carranca.

— E o que há de errado com o que estou vestindo?

— Sua camisa esta metade desfeita, os peitos estão saltando e as calças estão

muito apertadas.

Cruzei meus braços sob o peito e olhei meu irmão.

— Está me chamando de gorda?

— Não. Estou dizendo que essa roupa não deixa muito para a imaginação.

Não quero o garoto Winston tendo ideias.

Enquanto isso, eu queria Duane tivesse lotes de ideias.

Porque realmente gostava dele. E Duane Winston beijava como um homem e

não como homem qualquer. Ele me beijou como se gostasse de me beijar tanto quanto

gosto de beijá-lo. E com suas habilidades me fez apenas começar a ver o beijo como a

melhor coisa. Foi realmente toda a experiência. Foi verdadeiramente toda a

14
Um tipo de camiseta comportada e acinturada que possui dois botões na gola.
experiência de olhos fechados, boca aberta e mãos quentes, as mãos em que tinha toda

a confiança.

E, assim, beijar Duane Winston saltou para o topo dos meus passatempos

favoritos, em minha lista de favoritos. Na verdade, debater, falar segurando suas mãos,

e abraçar Duane Winston foram também agora para minha lista.

Joguei minha trança longa por cima do ombro.

— O nome dele, Jackson, é Duane.

— Eu sei o nome dele.

Jackson coçou a barba desalinhada, soando genioso.

— Então use-o!

Estava me sentindo muito geniosa. Geniosa e frustrada.

Só sobrevivi quinta e sexta sem qualquer contato entre nós. Até agora, quase

na hora de nosso encontro e especialmente em retrospecto, o jeito como Duane disse,

Quero fazer isto certo, me fez pensar que ele iria ficar nos beijos hoje à noite. Ou,

planejava me dar beijos adequados e somente no final da noite e feito com todo o

respeito e consciente de quem eram meus pais.

Deus me ajude, mas se ele me negar beijos em algum esforço mal orientado

para ser respeitoso, ia ter que amarrá-lo a uma árvore e beijá-lo à força.

Jackson imitou minha postura, colocando as mãos nos quadris e deu-me uma

melhor idéia do meu irmão.

— Agora você vê, aqueles garotos de Winston são um bando de criminosos e

aproveitadores, como seu pai. Duane é conhecido nestas bandas por dirigir como um

morcego no inferno pelas perigosas estradas de montanha. Não estou feliz com você

dirigindo o carro dele e não sou feliz passar um tempo no mesmo lugar que Duane

Winston, muito menos um encontro com aquelas bolas arrogantes.


— Você deixou seus sentimentos perfeitamente claros na quinta. E como

disse, quem eu vejo não é da sua conta.

— Você vai ver. — Jackson levantou sua voz e lançou-me um olhar raivoso e

exasperado. — E então depois que ele destruir todos aqueles seus sonhos bobos de

viajar o mundo sua vida vai acabar. Sua vida vai acabar.

Tenho certeza de que estava olhando para Jackson como se ele fosse feito de

vermes de adubo e meleca. O rapaz ficou louco.

— Nem sei onde começar com você e a sua loucura. Sei como funciona o

controle de natalidade, irmão mais velho, e, alerta de spoiler, colocar um embrulho na

banana é noventa e nove por cento eficaz.

— Não haverá nenhuma banana!

— Haverá florestas tropicais inteiras de bananas! E cocos! — Eu fiz um gesto

para os meus seios. — E, com sorte, as bananas esfregando os cocos.

Ele suspirou um pouco chocado. Se eu estivesse usando um colar de pérolas

que certa vez usei, ele o teria apertado em meu pescoço. Finalmente ele conseguiu

sufocar:

— Jessica James, você está sendo rude e feminista. — O choque e indignação

do meu irmão foi ridículo.

Eu sabia que ele manteve relações com várias meninas na cidade e tinha

certeza que a banana estava envolvida em mais de uma ocasião. Portanto, eu rosnei:

— Em que século você está vivendo?

— A faculdade deu ideias erradas na sua cabeça, Jess. Eu vivo no mundo real

e vejo caras como Duane aproveitando-se de boas meninas como você todos os dias. E

acha que será capaz de viajar por todo o mundo como uma nômade sem teto? Você

não iria durar uma semana no mundo real.


Odiava quando meu irmão falava de meus planos, como se isso significasse

que era uma louca. Eu não era louca.

Ter um intenso desejo de explorar o mundo e viajar, não me fazia uma louca, porra!

— Por favor. — Comecei o sermão da sua hipocrisia ridícula usando os

dedos. — Você ainda mora em casa.

— Assim como você.

Ignorei esse comentário porque eu vivi longe e me sustentei por quatro anos

na faculdade. Também foi uma verdade inconveniente.

— Minha mãe ainda passa sua roupa. Nunca vi você mesmo fazê-lo com

êxito. Você é um guarda de transito. A maior emoção que sente durante todo o dia é

multar as pessoas por estacionar errado.

Os olhos castanhos de Jackson aumentaram novamente e vi seu rosto rosa

crescendo acima da barba loura. Eu estava sendo propositadamente mal criada e não

me sinto mal por isso. Meu irmão abriu a boca como se fosse para lançar outro

argumento, mas felizmente foi interrompido pelo som da campainha.

Não esperei dois segundos para ele recuperar a capacidade de falar, peguei

minha bolsa e o empurrei, caminhando para a entrada.

Ignorei Jackson gritando atrás de mim quando puxei e abri a porta da frente e

empurrei a porta de tela, quase pegando Duane no rosto com a moldura. Felizmente,

ele habilmente pisou para o lado, evitando a lesão.

— Oh meu Deus, me desculpe. — Disse com pressa, alcançando uma de suas

mãos e dei um beijo contra sua bochecha. Eu estava nervosa, mas ainda aproveitei a

oportunidade para sentir o cheiro dele.

Ele cheirava bem, como creme de barbear e um pouco de graxa automotiva.

Desde que tinha barba, a parte do creme de barbear não faz muito sentido, mas sentia
seu cheiro divino, no entanto, também gostei da maneira de sua barba vermelha

tocando meu queixo quando me inclinei para perto.

— Jess. Você parece...

— Vamos.

Tentei usar meu aperto na mão para puxá-lo para a borda da varanda da casa

e embora, mas ele cravou os calcanhares e não se moveu mais de dois passos.

— Espere um minuto, sua mãe está?

— Não, vamos lá. — Me virei para Duane, emitindo um olhar que esperava

que lhe transmitisse urgência, mas foi quando parei e o vi.

Temo que minha boca caiu aberta, um sinal claro da surpresa, como meus

olhos moveu-se sobre sua forma. Ele estava vestido com uma camisa azul de botões da

mesma cor de seus olhos, suas botas e jeans escuros e tinha arregaçado as mangas da

camisa, que fazia aparecer seu forte antebraço. A barba dele foi aparada, curta, super

curta, para que a linha de mandíbula forte fosse facilmente perceptível.

Meu Deus, mas ele estava delicioso.

Minha atenção enroscou numa nuvem espumosa de branco e vi que ele

estava segurando um ramo de flores. Meus olhos foram para ele e as flores, e tenho

certeza de que estava inteiramente confusa.

— Como eu estava dizendo. — Duane deu um passo em minha direção e

fiquei impressionada com a sinceridade em seu tom e expressão, fazendo-me balançar

um pouco com o charme sinistro e sincero. Ele sussurrou. — Você está linda, Jessica.

Acho que eu sorria como uma boba apaixonada, meus cílios tremulando por

sua própria vontade.

— Assim como você, Duane.


Ele sorriu. Era pequeno e magnético. Tirei uma foto mental, passar um tempo

com ele confirmou minha suspeita que os sorrisos do Duane eram raros e deviam ser

estimados. Balancei novamente em direção a ele.

— Você me comprou flores?

Ele balançou a cabeça, a voz ainda baixa.

— Não. Estas são para sua mãe.

— Minha mãe!

— Não vá ainda! — A voz de Jackson trovejou assim que ele apareceu na

porta, quebrando nosso momento encantador. Não pude me conter, suspirei e revirei

os olhos. Eu amava meu irmão mais velho, mas às vezes queria cobri-lo de mel e

deixá-lo na caverna de um urso.

Duane endureceu um pouco, mas não recuou. Ele virou-se, estreitando os

olhos e disse:

— Jack.

Levantei uma sobrancelha para isto. Ninguém chama meu irmão Jack. Todos

o chamavam de Jackson, ou Oficial James.

— Duane. — Jackson cruzou os braços sobre o peito, sua expressão e voz

eram malévolas. — Não gosto muito de você saindo com minha irmã.

— Oh meu Deus. — Disse para ninguém e puxei novamente a mão de

Duane.— Apenas o ignore. Vamos lá.

Mas Duane não se moveu. Em vez disso, usou os dedos ligados puxando-me

mais perto enquanto ele e Jackson trocavam maus olhares.

— Isto pode ser um choque para você, Jack, mas não vou perder sono por sua

boa opinião. Agora, o xerife e Sra. James estão em casa?

Os olhos de Jackson estreitaram ainda mais.


— Porquê?

— Porque gostaria de cumprimentar os donos da casa antes de sairmos.

Jackson hesitou, seus olhos alargados com a mudança de Duane. Aproveitei-

me da mudez momentânea de Jackson para responder à pergunta do Duane.

— Não. Minha mãe ainda está no Texas cuidando de minha tia Louisa, e

papai de plantão.

Duane olhou para mim enquanto expliquei, e pensei ter visto algo como

decepção no rosto bonito. A decepção dele fez-me sentir culpada e quente como se seu

prazer tivesse acabado. Ele queria falar com meus pais antes de sairmos. Que gracinha.

— Oh. Bem, então... — Ele franziu a testa quando me estudou, em seguida,

voltou ao meu irmão e empurrou o buquê de flores nas mãos de Jackson. — Vamos

colocá-las na água antes que morram.

Sem palavras, Jackson aceitou as flores, embora ainda estivesse olhando

Duane como se fosse de outro mundo. Eu não tive um momento para pensar sobre

isso, porque Duane puxou minha mão na dobra do cotovelo e acompanhou-me a

descer os degraus da varanda. Chegamos a seu carro sem mais uma palavra entre nós

e ele abriu a porta do passageiro.

Ele estava decidido e fechou a porta e deu a volta no capô de seu carro.

Meus olhos seguiram-no. Vi-o andar. Eu amei como andou. Meu coração não

sabia se afundava ou nadava. Tudo o que conseguia pensar era que Claire tinha

acertado o de disse na última quarta-feira, Duane Winston estava determinado a

cortejar-me, bem e adequadamente. E agora que a evidência era inconfundível, senti-

me consternada e desorientada vertiginosamente pela perspectiva.

Duane ligou o motor e foi nesta neblina consternada e desorientada que

passei os primeiros momentos de nosso encontro. Eu estava literalmente abalada


enquanto Duane dirigia fazendo ziguezague com velocidade imprudente. Mesmo que

estivesse usando o cinto de segurança, deslizei suavemente no meu lugar para um

lado depois o outro.

— Desculpa. — Ele disse, pisando suavemente no freio para diminuir a

velocidade, depois limpou a garganta e ofereceu uma explicação. — Costumava tomar

estas estradas rápidas. Eu não queria atirar-lhe ao redor.

Eu posicionei meu braço novamente na porta.

— Está bem. Eu só... — Balancei minha cabeça. — Eu só queria pedir

desculpas por Jackson, e pela forma como ele agiu. Ele estava sendo injusto e cruel e

tivemos uma discussão mais cedo. Desculpe sobre isso.

Duane encolheu os ombros.

— Bem, ele não seria muito bom irmão se não fosse superprotetor. Sinto-me

da mesma maneira sobre minha irmã... — Eu tive a impressão que ele não tinha

terminado sua frase e estava certa quando ele finalmente terminou e disse. — E meus

irmãos.

O olhar de Duane virou para o meu e ele me deu um discreto sorriso. Derreti

um pouco no seu sorriso raro, e senti-me relaxar contra o assento. E foi quando percebi

quão confortável o assento era. E foi quando finalmente tomei três segundos

necessários para realmente olhar para este carro em que estava.

Era velho, um clássico de algum tipo. O estofamento era de couro verde-

azulado e o melhor era o estilo do banco, o tipo que permite ao passageiro aconchegar-

se perto do motorista.

— Duane Winston, que carro é esse?

Ele estava de perfil, mas vi o sorriso crescer.

— É um 68 Plymouth Road Runner.


Estudei o resto do carro, ou o que pude ver do mesmo. A antiguidade de

duas portas tinha um banco de trás, semelhante ao da frente e tudo estava em perfeito

estado.

— É meio pequeno para o tempo, não é? Quer dizer, não eram a maioria

naquela altura carros grandes?

As mãos de Duane apertaram um pouco no volante, seu polegar acariciando

o interior do círculo.

— É um Muscle Car, então é construído para velocidade.

Tentei me lembrar como era fora do carro e poderia recordar apenas linhas

básicas de tinta preta brilhante.

— Não parece um Muscle Car, não como o Mustang.

— Tem um motor de 4 cilindros, com 335 cavalos. Mas, você está certa, não

tem nenhum desses acabamentos cromados chamativos ou acessórios de pelúcia que

vê em outros GTXs de maior preço da época. Não precisa ser vistoso. Sua beleza está

na simplicidade. Design simples, com profundidades ocultas. — Ele esta emparelhado

com um rosnado do motor, impressionante, e acelerando rápido como relâmpago ao

longo de um trecho de reta da estrada. O carro certamente respondeu bem.

Eu sorri, olhei ao redor o interior mais uma vez observando a falta de enfeites

extravagantes. Ele estava certo, era um carro impressionante. Seu minimalismo só

contribuiu para a beleza.

Mas eu podia sentir o potencial inexplorado, seu poder contido inquieto. Era

muito sexy.

— Tem razão, é lindo. — Porque obviamente ele era um tarado, falando sobre

a oculta profundidade e poder contido do seu carro e isso estava deixando-me quente
e incomodada. Decidi redirecionar a conversa na direção do território

esperançosamente benigno. — Você o restaurou?

— Sim.

— Mesmo os estofados?

— Sim. Eu mesmo, até os estofados dela.

— Dela? — Passei minha mão sobre o banco, tocando o couro com novo

respeito e reverência, agora que sabia que Duane foi responsável pela restauração

impecável. Com base nestas informações, presumi que ele também restaurou o

Mustang que peguei emprestado.

Fiquei feliz em ver seu sorriso retornar quando parou num sinal. Duane

deslizou o lindo olhar no meu. Vi ecos de seu olhar quente do Centro Comunitário,

mas que parecia contido na maior parte.

— Sim, dela. Todos os carros são garotas.

Meu sorriso era enorme, como estava me sentindo deliciosamente instável

sob seu olhar me perscrutando.

— E por que? Porque elas são tão belas, úteis e trabalhadas?

Os olhos do Duane derivaram pelo meu corpo num exame sem pressa, a

centelha de calor e apreciação em seu olhar me fez suspeitar de seus verdadeiros

pensamentos, que só foram pontuados pelas próximas palavras:

— Vou levá-la para um passeio.

Desta vez joguei minha cabeça para trás e ri com entusiasmo e prazer

chocado. Esta foi a segunda vez que ele fez isso, me surpreendi com sua audácia. Na

quinta-feira, quando parecia apreciar seu trabalho com o Mustang, achei que estava

tentando me irritar, mas agora vi nisso, uma nova brincadeira. Duane Winston era

engraçado. E paquerador.
Em todos esses anos que o conheço e todos as brigas que tivéssemos, nunca

teria adivinhado que Duane era engraçado. Ou paquerador.

Manhoso? Sim.

Inteligente? Certamente.

Sério e severo? Sem dúvida.

Engraçado e encantador? Não.

Ele era cheio de surpresas. Seu pequeno sorriso se transformou num grande,

virei no meu assento e o estudei abertamente. Tive de me segurar um pouco. Antes de

sexta passada, nunca em meus, mais comuns ou mais estranhos, sonhos poderia ter

imaginado que Duane Winston já estava interessado em mim, não porque havia algo

de errado comigo, mas porque ele sempre me deixou com a impressão que eu o

irritava.

Como nunca pensei em 1 milhão de anos que poderia ser estar

completamente o desejando.

Mas lá estava eu...

— O que? O que há de errado? — Ele franziu a testa no meu exame rápido

quando virou direita para o Parkway.

— Oh, nada. — Eu olhava para ele... Mas não para ele. Estava procurando

Duane, lembrei-me do que mal tolerava, do que escolheu fósforos no treino e colocou

lagartos de baixo do meu vestido de domingo. — Acho que, é estranho. Certo? Quer

dizer, você e eu crescemos juntos. Costumávamos andar nestas florestas com as outras

crianças de Green Valley como um bando de animais selvagens.

Seu sorriso sutil estava de volta, mas desta vez parecia-me nostálgico.

— Então?

— Então, aqui estamos. Somos adultos. E estamos saindo juntos.


— Nós fomos dar uma volta na quinta-feira e não pareceu incomodada com

isso.

— Sim, mas este é um encontro. Viu, sei que pode não contar a ninguém que

sabe que você é um terrível nadador, ou como dirige muito rápido, ou como conseguiu

essa cicatriz no seu braço direito, ou que você é... Melhor no beisebol que qualquer um

de seus irmãos, mas não sabem que é você. É como estar num encontro com duas

pessoas diferentes, o rapaz que conheci e o... O. — Eu gaguejo e, em seguida, faço uma

pausa, parando para ter um tempo. Uma corrida ligeira de constrangimento fez minha

língua presa porque estava prestes a dizer, E o doce e lindo homem que se tornou.

E teria sido uma coisa bizarra a dizer no início de um primeiro encontro.

Honesto, mas bizarro.

— E o quê? — Ele solicitou, deslizando os olhos para os meus, enquanto

procurou outra reta na estrada da montanha.

— E o homem que se tornou. Não conheço este novo você. É um pouco

desconcertante, me sinto confiante de que sei tudo sobre você, mas não faço ideia de

quem realmente é. — Olhei para baixo e franzi a testa para meu esmalte roxo, certa

que estava fazendo uma confusão dos meus pensamentos. — Não estou explicando

isso muito bem.

Duane estendeu a mão e agarrou uma das minhas, enviando um choque

quente no meu braço e costelas.

— Você está explicando bem as coisas. — Ele apertou meus dedos e deu um

sorriso tranquilizador. — Quando estávamos no lago, semana passada e eu disse que

somos diferentes, agora, nós dois mudamos, isso foi o que quis dizer.

— Mas você não acha que vai ser estranho?

— E daí? Pode ser estranho. Estranho pode ser bom.


— Nós crescemos juntos. Quer dizer, quando éramos crianças te vi nu umas...

— Contei mentalmente. — Três vezes. Talvez mais.

— Este é seu jeito de me dizer que não quer me ver nu pela quarta vez?

Eu respondi enfaticamente e sem pensar.

— Oh, não, você deveria estar nu o tempo todo.

O sorriso de Duane foi imediato. Mas o riso foi sufocado, porque que ele

estava tentando contê-lo. Revirei meus olhos, assim que percebi que o tinha provocado

e senti-me apropriadamente envergonhada.

Minha cabeça caiu no banco e fechei os olhos.

— Vê agora, aqui está o problema. Gostaria de nunca ter dito nada disso, no

primeiro encontro, ou até mesmo num décimo.

— Ainda não vejo problema.

— Estou muito desconfortável falando meus pensamentos com você. Dizer o

que penso de Duane Winston não é só meu padrão, é um imperativo moral. —

Anunciei isto para o pára-brisa quando abri meus olhos e olhei para a folhagem de

outono, na estrada estreita. Listras brilhantes de roxo escuro, vermelho, laranja, e

amarelo, uma beleza que adquiri o habito de observar desde quando era criança, turva

a vista enquanto andamos.

— Isso é só porque está acostumada a discutir comigo.

— Sim. Exatamente. Os primeiros encontros são como uma entrevista de

emprego. É sobre colocar o pé para frente, não discutir e falar o que pensa.

— Bem, nunca fui a uma entrevista de emprego, mas não consigo pensar em

nada melhor que Jessica James dizer o que pensa.

Eu balancei a cabeça para ele, estreitando os olhos com desconfiança.

— Isso não é justo.


— O que não é justo?

— Você está dizendo as coisas certas. Considerando que eu estou sendo

completamente honesta.

Ele me desafiou levemente.

— O que faz você pensar que nas coisas que digo não estou sendo

completamente honesto?

Num piscar de olhos, olhei para ele, no seu perfil. Meu coração acelerou nas

últimas palavras e minha respiração parecia falhar. Alfinetadas de consciência

cobriram minha pele acompanhadas por uma incerteza nervosa. Evito seus olhos

olhando o pára-brisa e para frente mais uma vez.

Eu quis beijá-lo? Sim, eu quis.

Eu quis encapsular sua banana e deixá-lo ter seu caminho com meus cocos?

Sim. Eu queria que acontecesse.

Eu quis lhe dizer as coisas certas, com sinceridade, revelando minhas

profundezas ocultas? Sinceramente não sabia.

Por um lado, sim. Sim. SIM! Este Duane era doce e sincero, generoso e

maravilhoso, engraçado e sexy. Eu tinha o conhecido desde sempre, tínhamos uma

história. Eu tinha pensado que a história dificultaria uma relação, mas não podia estar

mais errada. Nossa história apenas adicionava a esta crescente conexão, a gravidade

das sensações e compreensão. O que mais eu poderia querer? O que mais poderia

pedir?

Por outro lado, não. Não. NÃO! Duane tinha raízes. Raízes subterrâneas,

cavernosas. Ele era proprietário de uma empresa local, tinha uma família grande. Não

podia imaginar nunca que ele sairia do Tennesse. Isto era sua casa e a casa era um

lugar físico para ele.


Mas Green Valley era onde eu pertencia. Mesmo que soubesse que nunca

ficaria toda a minha vida. Independentemente disso, ia mudar para algo mais

profundo com significado, vadiar na minha piscina rasa. E este foi só nosso primeiro

encontro, um que tecnicamente ainda não tinha começado. Em algum momento eu ia

dizer-lhe que tinha planos e esses planos significavam que iria embora.

Eventualmente. Definitivamente. Eu precisava ser honesta... Mas ainda não.

***

COOPER ROAD TRAIL definitivamente era uma espécie de caminho

inesperado do parque. O Carro de Duane era o único onde paramos. Eu conhecia esta

localidade, principalmente porque minha mãe gostava de caminhar nessa trilha em

junho, quando as orquídeas laranjas e amarelas floresciam ao longo do caminho.

Cheirando o ar doce e quente do verão, ouvindo o zumbido de abelhas e correntes de

água de cachoeiras nas proximidades.

Fomos os primeiros a chegar, primeiros a fazer as reservas deste lugar, e um

piquenique no camping. Seria também extremamente difícil encontrar se não fosse

cidadão de longa data do vale. O parque de campismo era pequeno, beirando o

apertado e tinha aproximadamente dez ou mais pontos, cinco estavam num raso e

relativamente largo fluxo de águas limpas, típico para a área.

Quando chegamos, Duane puxou uma mochila de alpinismo do carro,

juntamente com uma grande cesta e abruptamente lembrei que ainda tinha a cerveja

na geladeira em casa.

— Oh, droga! — Fiz careta, esfregando minha testa.

— O que está errado?


— Eu estava com tanta pressa para escapar de meu irmão que esqueci as

bebidas.

Duane deu de ombros.

— Não há problema. Tenho garrafas de água no saco.

Me adiantei e peguei a cesta nas mãos para carregá-la.

— Você outra coisa além de água?

— Não. Só água.

— Oh. Ok. — Meu coração afundou um pouco. Foi a única coisa que eu

deveria trazer e tinha esquecido. Mesmo que ele pareça bem por fora, senti que iria

decepcioná-lo.

Enquanto caminhávamos juntos passeando pelo parque de capim e para a

pista de caminhada, tivemos uma pequena conversa sobre o parque, enquanto tentei

livrar-me do meu esquecimento. Eu não gostava de levar vantagem e não gostei de

desapontá-lo. E, apesar de ter sido irracional, odiava parecer louca.

Não me importava se as pessoas pensavam que eu era boba ou esquisita,

vestindo um traje de Gandalf sexy, mas não aguentava ninguém pensando que eu não

era confiável. Porque eu era digna de confiança e levava minhas responsabilidades

muito a sério.

Enquanto ainda estava me castigando, Duane levou-me para fora do caminho

quando chegamos a cerca de um quarto de milha15 da trilha. Fiquei agradecida que

escolhi minhas botas porque tivemos que passar através de algumas áreas molhadas e

rochas escorregadias. Duane teve o cuidado de pegar na minha mão e traçar o curso

mais seco de cada vez. Seu cavalheirismo, cuidados e atenção contribuíram para o

15
¼ de milha mede aproximadamente 400 metros.
aumento do meu apreço e me deixou deliciada, senti como se tivesse a língua presa na

boca.

Finalmente quando me soltou Duane foi cada vez mais moderado com

momentos relutantes e distraídos.

Três vezes o peguei olhando minha bunda. Depois ele apertava a mandíbula

e fitava severamente no chão, o céu ou as árvores que haviam no caminho. Encontrei

estas pequenas rachaduras no seu delicioso autocontrole.

— Estamos quase lá. — Ele olhou para baixo para me ajudar a saltar sobre

algumas pedras molhadas e não soltou minha mão mesmo depois de passarmos. — A

cesta esta muito pesada? Não me incomodo em transportá-la.

— Não. Está tudo bem. Você esta carregando a mochila.

Seus olhos desviaram para meu desabotoado decote em V, desabotoada

propositalmente e artisticamente destacado com um sutiã de bojo.

— Você esta com frio?

Balancei minha cabeça, escondendo o sorriso satisfeito.

— Não. Estou bem.

Ele franziu a testa olhando a parte exposta dos seios, parecia redirecionar

seus olhos com esforço. Ele levou sua atenção de volta para o caminho estreito. Lutei

com a vontade de rir. Calças justas, estrategicamente a blusa desabotoada deixando o

sutiã de bojo a amostra, era divertido.

Eu estaria mentindo se dissesse que seu interesse intenso em meu corpo não

era uma volta enorme em meu cérebro e meu... Outro cérebro. Eu gostava que ele me

olhasse e tivesse dificuldade em esconder sua apreciação e desejo. Se me senti menos

envergonhada cada vez que o avistei travando a mandíbula ou fechando as mãos em

punhos. Eu gostava tanto dele. Foi um prazer ver provas tangíveis do que ele quis
dizer, isso quando disse que me beijar foi uma coisa que ele tinha queria há muito

tempo.

Ainda animada me surpreendi quando chegamos a nosso destino

rapidamente. Ele não tinha mentido. Não mais que 3 metros mais tarde fui

confrontada com uma clareira pitoresca e exalei um pequeno sopro. Não sabia que este

lugar existia. Se soubesse que esse lugar existia então seria uma daquelas pessoas de

natureza que percorrem o bosque para se banhar em piscinas ao luar.

O brilho da folhagem das árvores no outono refletia sobre a água, pinceladas

vivas de cor. Estávamos cercados por todos os lados pela majestade da natureza, o

canto do cisne antes do inverno. O cenário era quase dolorosamente romântico.

— Isso serve? — Sua voz era baixa, apenas um sussurro, mas tinha doçura e

diversão em partes iguais.

Mudei meus olhos para ele e assenti com a cabeça uma vez. Sua boca puxou

para o lado, como se estivesse satisfeito pela minha incapacidade de falar, mas não

queria se comprometer com um sorriso. Duane pegou a cesta das minhas mãos e a

colocou no chão, soltando a grande mochila.

— Há uma árvore caída lá. — Ele apontou para o aterro. Avistei um velho e

grande tronco de cicuta aproximadamente tão alto quanto o meu joelho, metade na

terra, metade na água. — É um bom lugar para se sentar enquanto preparo tudo isto.

— Você não precisa de ajuda?

— Não, vai se sentar e relaxa. — Ele pareceu estar determinado e já estava a

escavar dentro da mochila, revelando uma grande lona acolchoada e espalhando-a no

chão.

Estudei ele se mover, puxando os itens da mochila. Senti-me inútil em só ficar

lá o olhando trabalhar, então decidi aceitar sua sugestão... Mais ou menos. Em vez de
sentar no tronco, eu subi. Depois usei-o como uma trave de equilíbrio e caminhei o

comprimento da velha árvore onde projetava para o fluxo de água. O ar do início de

novembro não era bastante frio, só o suficiente para arrepiar a pele. Logo, todas as

folhas caiam, deixavam este ponto desencapado e marrom. Senti como eu estivesse

olhando para o ápice de um particularmente deslumbrante fogo de artifício que

encheu o céu de noite, antes de perder a forma e desaparecer na escuridão. Foi um

momento fugaz. E estive no centro dele.

— Tomara que não espere que eu vá resgatá-la.

Olhei por cima do ombro, encontrando Duane na beira do rio, as mãos nos

quadris, e o queixo quadrado numa inclinação de teimosa.

— Salvar-me? De um tronco?

— Não. Da água. Você pode cair.

Eu sorri.

— É mais provável que eu te salvasse. Tem medo que eu roube suas calças?

Quase perdi o equilíbrio quando ele respondeu meu sorriso com um dos

seus, mas rapidamente o escondeu redirecionando a atenção para o chão a seus pés.

Quando levantou o rosto novamente, um sorriso residual manteve-se, mas ele parecia

sério... E... Focado em mim.

Ele limpou a garganta e sua voz parecia diferente, profunda e comandante,

talvez um pouco impaciente, quando disse.

— Vem cá.

Virei com cuidado e escolhi meu caminho de volta, diligentemente programei

a ação. Ele tinha colocado uma velha e grande colcha de piqueniques. Achei que a lona

estava escondida por baixo, para proteger nossos traseiros da terra úmida. Também vi

alguns travesseiros confortáveis, uma manta extra presumivelmente no caso de termos


frio e uma variedade de pratos cobertos ao lado. Duane Winston tinha preparado

tudo.

Ele interceptou-me onde a árvore derrubada encontrava a terra e colocou as

grandes mãos na minha cintura.

Com um movimento suave, levantou-me do tronco e depositou no chão.

Ele hesitou.

Ficamos ainda por um momento, ele olhando para baixo, me olhando, nossos

corpos separados por menos de 30 cm.

Com o passar de cada segundo meu coração batia mais rápido contra as

costelas. No frio ar de novembro de repente me senti quente. Inclinei o queixo,

separando os lábios para dizer algo, mas as palavras prenderam-se na garganta

Enquanto isso, ele ficou como se congelado, a expressão quase cruel, mas os olhos dele

quentes.

Duane Winston estava me dando um olhar quente.

— Duane? — Sussurrei, surpreendendo-me quando seu nome soou como um

apelo.

Ele cerrou os dentes, as pálpebras caindo.

— Temos que comer. — Mesmo que disse as palavras seu olhar mergulhou

nos botões abertos da minha camisa, então na minha boca e seus dedos apertavam

meu tronco.

Naquele momento, ele me lembrou do Papa-Léguas, todas as profundezas

ocultas que mal se podia conter. Ah sim, gostei de sua resposta. Eu gostei muito, muito

mesmo.

— Ou... — Deslizei minhas mãos até seus braços e pescoço, aniquilando a

distância que nos separava com apenas meio passo e pressionei meu corpo ao seu. Ele
não voltou a encolher, preferindo seguir em frente, e os braços fortes enrolaram na

minha cintura, segurando-me com ele. Minhas pernas bateram nas suas, atrás de mim

e senti o calor de seu peito duro e estômago sob o engomado e confortável algodão da

camisa. Ainda segurando seus olhos,que tinham crescido para níveis de tempestade,

levantei a ponta dos pés e lambi os lábios.

Foi um gosto suave, sutil usando apenas a ponta da língua. Mas pareceu-me

quebrar uma parede que ele construiu, porque Duane imediatamente cobriu minha

boca, um gemido torturado soando estrondoso na parte de trás da garganta dele

enquanto seus lábios moviam contra os meus.

Minha barriga torcia, sentindo-se deliciosamente pesada. Um choque de

desejo irradia do meu peito até as pontas dos dedos. Gostaria de dizer que meu foco

era sobre como ele habilmente invadiu minha boca, a varredura de sua língua

massageando me fazendo sentir carência e vertigem, mas não foi. Minha mente estava

espalhada em direções diferentes, todos movidos por uma súbita urgência.

Eu precisava tirar a camisa dele, porque ia morrer se não sentisse a pele lisa e

firme de seus ombros, peito e estômago. Eu precisava remover minhas botas, então

poderia libertar-me da maldita calça. Eu precisava de suas mãos nos meus mamilos.

Ou boca. Ou ambos. Sim! Definitivamente os dois. Sem meu cérebro dizer explicitamente

aos dedos para fazê-lo, tinha que tirar a camisa, consegui desbloquear os primeiros

botões e estava trabalhando no cinto. Eu tinha a alça de couro livre num período de

tempo surpreendentemente curto, sendo o mínimo desastrada, quando cheguei lá,

encontro que as mãos de Duane.

Portanto, eu me agachei afastando-me uma fração de segundo e abri minha

camisa, jogando-a em algum lugar... Em qualquer lugar... Não importa onde. Nossas

bocas aproximaram-se e acasalaram novamente, lutando com o restante dos botões da


camisa dele enquanto ele abria minhas calças. Os sons de nossos movimentos,

respiração pesada e frenéticos beijos encheram meus ouvidos. Foi uma sinfonia de

antecipação eufórica.

Estávamos andando, ele estava movendo-nos. Em algum momento ele estava

me inclinando para trás em direção a manta, as mãos grandes de Duane nas minhas

calças, sob a calcinha, massageando e apertando. Tropecei um pouco e então estava

sendo empurrada para a horizontal no cobertor macio e acolchoado. Duane me cobriu,

nada desajeitado sobre seus movimentos, a camisa agora aberta revelando uma

maldita camiseta branca.

Eu rosnei meu desagrado e puxei o algodão, para cima em seus lados, para

que pudesse tocar a pele dele quando ele estabeleceu as coxas musculosas contra meu

centro.

— Tire isto. — Exigi, segurando e puxando ambas as camisas com

movimentos frustrados.

Duane sentou-se sobre os joelhos, arrancou as camisas e dei uma olhada em

seu corpo.

Mas então, para horror dos horrores, ele parou seu progresso e num piscar de

olhos, uma centelha de sobriedade acendendo-se quando ele avistou meu sutiã preto

Landim, meu torto cabelo e jeans abertos.

Ele balançou a cabeça expirou e exalou:

— Merda.

Parecia frustração e angústia. Ele levantou-se de repente e foi embora,

deixando-me sobre o cobertor olhando atrás dele enquanto dirigia para o tronco caído

e, em seguida, parou. Eu inclinei meu tronco e descansei meu peso nos cotovelos,

olhando para ele, meu peito subindo e caindo enquanto tentava recuperar o fôlego.
Meu corpo estava ainda... Pronto. Na verdade, maduro era uma palavra melhor. E ele

pareceu bastante maduro também. Mas, apesar da maturação do meu coco e banana

dele, houve uma parada abrupta para saciar nossa fome.

Enquanto olhei suas costas, uma canção flutuou por minha consciência:

Satisfaction por Rolling Stones. Por que era difícil para ele tomar o que tão obviamente

queria? O que nós dois queríamos?

Quando percebi que estava olhando a musculosa bunda de Duane Winston,

descobri que não estava ajudando em nada, me levantei, fechando meu jeans, soltei

um suspiro confuso e fui para onde suspeitei que minha camisa foi jogada.

Ele me queria tanto quanto eu o queria, o que ficou muito claro. Também

ficou claro que estávamos entrando num padrão de comportamento. Sua retirada aqui,

no armário da garagem, na borda do lago e nos bastidores do Centro Comunitário,

todos apontavam para o fato de que Duane Winston me queria bastante, mas estava

tentando ser nobre. Ou, algo parecido coma nobreza.

Eu vestia minha camisa e soltei outro suspiro, perdida na estranheza da

situação. Quando meus namorados anteriores tinham a intenção de empurrar-me mais

longe do que estava querendo ir eu terminava as coisas. Mas com Duane, senti que

talvez eu estava empurrando-o. Não queria pressioná-lo. De fato, pensar em empurrá-

lo fez-me sentir miserável. Eu queria que nos movêssemos juntos.

— Você é uma sereia que não precisa cantar.

Virei a cabeça ao som de suas palavras, cortando a trilha sonora na minha

cabeça. Duane estava na minha frente agora, os braços musculosos cruzados no peito

delicioso. Sua expressão me disse que estava exasperado, com ele mesmo, comigo, ou

com a situação em geral e não tinha ideia de onde iria.


Dei-lhe um sorriso que esperava comunicar meu arrependimento por ser

insistente, mas também informar que o encontro não acabou.

— É este seu jeito de me dizer que sou muito sexy para esse piquenique?

Algumas das suas exasperações derreteram e ele soltou uma risada curta,

mas em seguida morreu quase imediatamente. Seu olhar concentrado ficou sério:

— Jess, fazer isso certo é importante para mim.

Assenti com a cabeça uma vez, ele imitou minha postura.

— Imaginei quando você trouxe flores para minha mãe.

Vi seu peito subir e descer antes dele continuar, dando alguns passos

cautelosos em relação a mim.

— Eu acho que estamos nos conhecendo.

— Você já disse isso.

Algo como pânico puxou meu coração, e eu estava com medo de para onde

essa conversa ia.

— Mas como disse no carro, não nos conhecemos mais, não realmente.

— Entendi. — Disse com pressa, porque consegui. Eu fiz.

E ainda...

Mas então ele admitiu calmamente.

— Eu quero conhecer você.

Eu quero conhecer você.

Pisquei para ele realmente. Aquelas palavras penetraram algumas paredes,

em torno de minha cabeça e coração, que não sabia que existiam. Ele parou

diretamente na minha frente, os braços ainda cruzados sobre o peito enquanto seus

olhos vagavam sobre minha face e brilharam com reverência e esperança. Sua

expressão e tom estavam distraídos quando ele acrescentou.


— E quero ser conhecido.

Isso foi o que fez sua admissão tranquila. Percebi que eu estava sendo

egoísta. E, mais do que isso, senti-me machucada. Agora ele estava forçando a questão,

cruzando fronteiras de auto-preservação que eu tinha desenhado sem querer, e ia ter

que ser completamente honesta, bem... E dane-se tudo, eu não queria. Eu não queria

que nosso tempo acabasse antes mesmo de começar.

Eu tinha um plano: economizar dinheiro, ganhar experiência de ensino, e ir

embora de Green Valley. Duane é claro como o dia nas suas intenções e meus

imprevisíveis sentimentos crescendo não eram parte do plano. Seu desejo de família

não era parte do plano. Casamento e cercas não eram parte do plano.

Acho que devo ter vacilado ou recuado, porque Duane endireitou-se, e

mesmo que não tenha se movido, senti-o afastar-se. Eu soube imediatamente que

estava interpretando erroneamente minha reação, então irrefletidamente alcancei seu

braço e entrei no seu espaço pessoal, suplicando com o olhar.

— Desculpe. — Disse, balançando a cabeça por meu egoísmo cego,

percebendo que isto deveria ter sido antecipado na quarta-feira, quando ele tinha me

convidado para sair originalmente. — Me desculpe. Você está certo. Você está certo, e

eu só, não sei como dizer isso sem ser completamente honesta, então, aqui vai. Mudei-

me para casa com um plano. Voltei a morar com meus pais e ensinar na escola, mas

isso é temporário. Estarei aqui em Green Valley, menos de dois anos, no máximo.

Apenas tempo suficiente para pagar meus empréstimos e guardar dinheiro para seguir

em frente. Não estou pronta para assentar, não acho que vou estar um dia. Quero ver e

experimentar coisas. Eu tenho o desejo de viajar que me consome. Se eu tivesse

dinheiro, ia deixar tudo amanhã. Eu pensei que... Acho que não pensei. Gosto tanto de

você e eu... — Não consegui terminar porque minha voz sumiu.


Quando falei os olhos do Duane alargaram, então estreitaram, seu brilho

usual parecia enfraquecer, desvanecer-se, sendo substituído com uma grave decepção

que completamente perfurou meu coração. Depois a expressão endureceu-se em

entendimento e por fim amargura.

Pela primeira vez desejei que não fosse essa garota. Desejei que eu quisesse

viver em Green Valley e sempre ser uma professora de cidade pequena, uma esposa,

uma mãe, um membro da Comunidade. Mas isso não era o que queria, não era quem

eu era.

Eu tinha ilusões, que meus sonhos eram maiores. Meus sonhos não eram

maiores, eram apenas diferentes. Eu teria minha profissão, porque isso significava que

poderia me mudar em qualquer lugar, não importa a cidade, ciência e professores de

matemática eram necessários. E queria liberdade de posse, possuí-los e ser possuída

por eles, eu queria experimentar o mundo, não apenas um pequeno canto do mesmo.

Duane assentiu com a cabeça, lentamente no início. Os olhos caíram antes que

ele se virasse e passeasse de volta para o cobertor para recuperar as camisas. Ele puxou

a camiseta branca, não se importando com a camisa de botão. Em vez disso a enfiou na

mochila. Eu não sabia o que fazer, não conseguia ler o que ele estava pensando, então

esperei pela conexão do nosso sinal.

Uma parte egoísta de mim desejava que eu não tivesse dito a verdade. Afinal,

tinha dois ou três anos em Green Valley. Ninguém entendia meu desejo de viajar pelo

mundo, por que ele ou qualquer um seria diferente? Sempre fui a estranha da família,

me sentindo como se não pertencesse o bastante. Tinha aprendido a esconder esse lado

de mim mesma e quase todos os meus instintos de outros loucos, há anos atrás.

Duane e eu poderíamos ter um encontro divertido juntos, eu sabia que era

temporário e para ele algo permanente. Eu poderia ter escondido meus sonhos e
minhas viagens. Então, quando o dinheiro fosse guardado e chegada a hora, eu

poderia apenas interromper as coisas. Inferno, nós poderíamos não ter nem durado

tanto tempo. Talvez não fossemos compatíveis. Talvez fosse apenas um caso de poucas

semanas ou meses.…

Não!

Ouvi a palavra na minha cabeça, como se tivesse falado em voz alta. Eu sabia

que a conexão era rara e que Duane tinha razão. Nós éramos compatíveis. Esconder a

verdade dos meus sonhos poderia ser retido na fonte e era extremamente injusto com

ele. Foi uma coisa fingir com meus pais, porque poderiam manipular-me, eu podia ser

boba de vez em quando e assim eles assumiam que meu desejo de viajar era uma fase.

Foi a questão de mostrar meu verdadeiro eu para Duane. Ele não merecia

isso.

Longamente, ele ergueu seu olhar para o meu e fiquei triste, mas não

surpresa, de ver o que estava completamente fechado.

— Está com fome? — O tom dele era plano enquanto indicava os copos e

tigelas cobertas, com uma inclinação de queixo. — Porque eu estou.

Tentei me desculpar com apenas os olhos e meu queixo tremia quando

consegui responder:

— Sim, estou com fome.

Ele assentiu com a cabeça novamente então virou-se, caiu de joelhos e

acenou.

— Então vamos comer.


CAPÍTULO 10

“O destino nunca é um lugar, mas uma nova maneira de ver as coisas.”

- Henry Miller

~Duane~

— Então, como foi seu encontro com a falha catastrófica do motor? — Não

esperava a pergunta porque não estava à espera do retorno dos meus irmãos até mais

tarde, então não pude esconder minha careta automática.

Levantei apenas os olhos do monte de madeira, encontrei meus irmãos

chegando e me olhando com expectativa. Então, para meu desgosto, Beau e Cletus

compartilharam um olhar preocupado quando permaneci em silêncio.

— Tão ruim assim é? — Beau coçou sua barba.

— Não quero falar sobre isso. — Peguei uma nova tora, configurei-a no lugar

e derrubei o machado, dividindo-a ao meio com um só golpe.

— Ok. — Beau assentiu com a cabeça, observando a queda da madeira.

— O que aconteceu? — Cletus perguntou, um passo à frente para não deixar

que a madeira caísse.


O que aconteceu? Era a pergunta que não queria mais pensar. Essa pergunta

levou-me todo o caminho daqui para a cabana, cortando madeira que não

precisávamos, para ganhar tempo até que pudesse correr no The Canyon esta noite e

queimar minha agressividade.

Ontem à noite depois que Jessica esclareceu a situação, o que ela queria,

tínhamos comido em silêncio, caminhamos de volta para o carro em silêncio, levei-a

para casa em silêncio e a deixei. E foi isso. As coisas acabaram antes que tivessem

começado, porque eu não ia brincar com Jessica James. Existem apenas algumas

garotas que não pode abusar, porque fazendo isso entregaria seu cartão de homem.

Ela possuiria meu respeito primeiro, então meu coração e espírito. Então ela ia embora,

levando os três com ela.

Indo para casa, brevemente considerei chamar Tina. Eu transaria por aí com

ela e não haveria problema.

Mas não. Nada tinha mudado, não realmente. Eu estava cansado de brincar.

E o pensamento de tocar Tina quando ansiava por Jess... Não. Não havia substituição

adequada. Franzi a testa para meu irmão mais velho.

— Nada. Não aconteceu nada.

Cletus retornou minha careta e fez uma pausa, como se remoendo a questão,

antes de perguntar.

— Haverá um segundo encontro?

— Cletus.

— Duane.

— Não quero falar sobre isso.

— Posso convida-la para sair?


Acho que algo no meu brilho deve ter comunicado a intensidade da minha

repentina, irracional, e visceral resposta a sua pergunta, porque Cletus levantou as

mãos entre nós em rendição e deu um passo para trás.

— Mantenha suas garras, Wolverine. Não vou pedir a Srt. James para sair.

Apenas juntando informações. Vejo que seus sentimentos por ela não mudaram.

— Não. Não mudaram.

— Então acho que só não entendo por que as coisas não estão progredindo de

forma satisfatória. Jackson James fez alguma coisa para interferir?

— Nada digno de nota.

— Os pais dela se opõem?

— Não. — Disse com os dentes cerrados.

Cletus pressionou os lábios, seus olhos estreitando-se em mim como se eu

estivesse sob suspeita de um crime hediondo.

— Você fez alguma coisa desagradável?

— Não. Droga, Cletus! Porque não deixa isso pra lá?

— Não, senhor. Eu não deixo. Gosto das coisas esclarecidas, situadas,

ordenadas, onde pertencem. E você e senhorita James não estão situados aonde

pertencem. Como tal, sinto-me compelido a corrigir a situação.

Joguei o machado para baixo para que a lâmina cortasse através da terra.

— Bem. Você quer saber o que aconteceu? Ela me disse que só está

interessada em algo temporário. Ela não está planejando ficar em Green Valley. Ela

quer ir embora logo que possível e não está a procura de nada permanente. Ela tem...

— Fiz uma pausa, mais uma vez olhando pra frente, enquanto procurava a palavra

que ela usou, encontrei-a, e joguei minhas mãos no ar e chutei a pilha de madeira

dividida que terminei. — Ela tem a porra de uma sede por viajar.
As sobrancelhas do Beau arquearam.

— A porra de sede por viajar? Quer dizer, ela gosta de fazer caminhadas?

— Não. — Cletus respondeu para mim, sua expressão grave e pensativo. —

Acredito que o que o nosso querido irmão Duane disse significa que ela quer é viajar

pelo mundo e sem nenhuma corda prendendo-a num lugar.

— Sim, isso. Foi o que disse. — Eu levantei meu queixo verificando o

conteúdo do galpão atrás deles sem razão. Quanto mais cedo esta conversa acabar,

melhor.

Quando ele disse.

— Então?

— Então... — Dei de ombros. — Então não terá um segundo encontro.

Novamente, Beau olhou entre eu e Cletus como se estivesse faltando alguma

coisa.

— Por que não?

Desta vez, Cletus e eu compartilhamos um olhar de comiseração. Cletus

soprou sua impaciência e, em seguida, virou-se para o Beau como se fosse definir

assuntos em meu nome.

— Porque... — Cletus começou, mas depois parou. Ele piscou para Beau.

Então seus olhos se estreitaram como se pensando no assunto e reconsiderando as

suposições anteriores.

Eu franzi a testa para os dois.

— Espere um minuto. — Cletus levantou o dedo indicador e apontou para

Beau então para mim.

— Não, espere só um minuto. Beau tem um ponto.


Eu gemia, fervendo e olhei para o céu escurecendo sobre nossas cabeças. Por

que ainda estávamos falando sobre isto?

Irmãos intrometidos.

Malditas galinhas intrometidas.

— Ela quer um interlúdio temporário, e daí?

Cerrei os dentes, cruzei os braços e decidi esperar por Cletus que demorou.

Mas então, surpreendentemente, sua próxima declaração chamou a minha atenção.

— Tudo é temporário, Duane. Isso. — Ele fez um gesto ao nosso redor. — Isto

é temporário. Até montanhas podem cair. Nada dura para sempre. Se tem uma chance

de felicidade, até mesmo por uma semana, um mês, um ano, não vai agarrá-la e

segurá-la enquanto dura?

— Exatamente. — Beau assentiu com veemência. Agora ele estava franzindo

a testa, parecendo tão grave como eu já tinha visto-o. — Você tem a chance de estar

com ela, mesmo por um curto período de tempo? Você quer. Por quanto ela ficar, você

ainda tem isso.

Balancei a cabeça, não gostando da direção de suas palavras.

— Você quer resolver? Isso é muito patético.

— Não quero resolver.

Cletus deixou cair a mão no meu ombro e deu uma sacudida.

— Você deve aproveitar essa mulher. Deve curtir isso.

Examinei Cletus enquanto ele falava. Gostei das palavras aproveitar e curtir.

Foram as palavras de ação que pude apreciar, palavras que me fizeram repensar

minhas conclusões anteriores. Eu olhei de relance entre meus irmãos e na verdade,

permiti-me considerar a possibilidade de tomar o que poderia obter de Jess, enquanto

poderia conseguir.
Ela não queria ficar em Green Valley, nada poderia mantê-la aqui. Tudo bem.

Eu poderia aceitar isso. Era a vida dela. Mas... Não vou implorar. De jeito nenhum.

Não estava disposto a pedir muito neste momento. Eu não estava em sua lista de

prioridades, e por que deveria? Se ela não quisesse compromisso comigo, e ficou claro

que ela ficou interessada em um acordo que incluiu o físico, o que me impediria de

definir meus termos e empurrá-la fora da sua zona de conforto? Definindo o

calendário? Tomar um pouco do orgulho dela, do coração e do espírito antes dela me

deixar? Algum sonho idealista e romântico desde a minha adolescência?

Ela estava aqui. Eu estava aqui. Éramos adultos. O que quer que existisse era

mútuo, quente e desesperado.

Porque eu estava negando-me tomar o que poderia?

Que se foda.

Cletus deu outra batida no meu ombro, me tirando do discurso interno. Suas

próximas palavras ecoaram meus pensamentos, solidificando-os

— Você merece a felicidade, Duane. Vá conquistá-la.

— É isso mesmo. Conquiste-a. — Beau apontou para mim e passou a mão

pelo ar com violenta ênfase. — E, quando e se chegar a hora dela ir embora...

Cletus encolheu os ombros.

— Você tem que ir embora primeiro, sem arrependimentos, porque capturou

aquela bandeira. Você aproveitou o dia.

***

METADE DO MEU MAU humor se foi, era desnecessário cortar madeira

por causa da Jessica… Na verdade, parece mais setenta e cinco por cento.
O resto foi por causa da visita do Dirty Dave e Repo e o que encontrei no pen

drive que tinham me dado. Mas tive que esperar por Cletus sair antes que pudesse

derramar a história em Beau.

Beau e Cletus me ajudaram a colocar a madeira recém picada no galpão.

Decidimos pegar o jantar no bar do Genie, Cletus gostava das asas de frango,

enquanto me encheram com pormenores da viagem para Nashville e Cletus divagava

por uma hora sobre como tinha ajudado na aplicação da lei de classificação de correio.

E então pagou uma chamada para todas as estações de polícia locais para ajudar com

manutenção do classificador das máquinas de correio. Ele estava muito orgulhoso de

seu trabalho como classificador do correio. Ele tinha feito isso por anos, gratuitamente

e tinha uma estranha afeição pelas máquinas.

— Eles são a pré-Internet, conectando o mundo.

Ele era louco. Beau e eu fizemos várias tentativas para orientar o caminho da

conversa. Acontece que partiram para reivindicar, um Mustang de 1963, o carro estava

em melhor forma do que pensamos. Também, o dono do ferro-velho tinha outro

Mustang com a mesma idade, em condições muito piores que poderíamos tirar e

reutilizar as peças.

Eles foram capazes de alugar uma transportadora de veículos e carregá-lo

com algumas outras peças também. No fim, foi uma viagem produtiva.

Na caminho de volta, Beau informou que um de nós vai ter que negociar com

Jessica pelo Ford F-350. Fizemos trabalho vintage suficientemente e agora fazia sentido

comprar um grande transportador de veículos.

— Devemos falar com Drew primeiro, não acha? — Olhei por cima do ombro

para Beau, que estava andando na parte de trás da merda do Geo primz do Cletus.
— Acho que não podemos esperar tanto tempo. — Beau abanou a cabeça. —

É meio de novembro agora. Ele ainda não deve estar voltar da caminhada nos Alpes

até antes do Natal.

— Quando Jethro volta? — Perguntei.

— Depois da ação de graças, acho. — Respondeu Beau.

— Drew não se importa com as compras. Nós temos o capital, e ele tem sido a

favor de todos nossos investimentos até agora. — Cletus completa. — O homem é um

biólogo com P.H.D. e guarda florestal federal. Tenho certeza de que Drew tem coisas

na cabeça que não seja a compra de um transportador. Além disso, ele gosta de ser um

parceiro totalmente silencioso e confia em mim para tomar decisões importantes.

Beau e eu compartilhamos um olhar.

— Você quer dizer, ele confia em todos nós para tomar decisões importantes.

— Beau procurou esclarecer.

Cletus riu, na verdade, ele gargalhou, enquanto estacionávamos o carro. Eu

não estava realmente ofendido quando vi Cletus enxugar as lágrimas de seus olhos.

— Isso é engraçado, Beau. Muito engraçado.

Cletus estacionou, ainda balançando a cabeça quando desceu do pequeno

carro, rindo enquanto caminhou para nossa varanda. Beau sai do carro de palhaço do

Cletus e o seguiu para casa, provavelmente querendo discutir o ponto. Toquei seus

ombros e lhe dei um olhar. Beau fez uma cara de questionamento e balancei a cabeça,

indicando que ele deveria ficar quieto. Esperei, ouvindo Cletus que murmurava para si

mesmo até que o som da risada fosse cortada pela porta da frente fechando.

Contei até três e, em seguida, me virei para Beau.

— Preciso falar com você.

— O que se passa?
— Não aqui. Vamos para o pátio. — Sussurrei e levantei meu queixo para a

cabana do pátio a alguns passos da casa.

Liderei o caminho, não esperando para ver se ele iria me seguir. Eu sabia que

iria. Nós poderíamos ser diferentes nas expressões, mas mesmo as mudanças mais

sutis éramos capazes de identificar um do outro, então não tenho dúvidas que ele

reconheceu a urgência em minha voz.

Fato pouco conhecido sobre os Winston é que podemos ver à noite. Minha

mãe disse-nos que éramos parte índios da tribo Yuchi do lado do nosso pai e lendas

locais diziam que a tribo podia ver claro como o dia mesmo durante a mais negra das

noites. Eu não tinha ideia se era verdade ou ficção. Independentemente disso, todos

víamos muito bem no escuro.

Assim, nenhum de nós teve problema de encontrar o caminho para o pátio

navegando pelos obstáculos ao longo do caminho. Uma vez dentro da cabana liguei as

luzes e naveguei ao redor das ferramentas arbitrariamente espalhadas e recipientes de

óleo. Em algum momento vamos ter que limpar este lugar. Um Dodge charger 273

laranja de 1965 estava esquecido no meio da nossa bagunça.

Era o carro que tinha trabalhado em agosto, quando descobrimos que minha

mãe estava doente. Planejamos dar o carro para ela no Natal, depois de tudo arranjado

e pintado de azul céu. Até mesmo Billy estava ajudando com o trabalho do motor. Mas

ela tinha morrido na primeira semana de outubro. Ninguém o tinha tocado desde

então... Segui para um grupo de cadeiras na parte de trás do espaço e alcancei dentro

da pequena geladeira ao lado. Felizmente, ela ainda estava abastecida com cervejas.
Abri a tampa e entreguei a Beau, reservando a lata da Guinness16 para mim. Respirei

fundo e tentei organizar meus pensamentos.

— Então, o que está acontecendo? Por que nos estamos nos escondendo aqui?

— Beau pediu.

— Na quarta feira fui visitado por Repo e Dirty Dave .

Beau levantou uma única sobrancelha, os lábios curvando-se em num olhar

de desprezo.

— Esses idiotas? O que querem?

Respirei fundo, não gostando que não tinha escolha de não envolver Beau

nisso.

— Você está se sentindo melhor?

Ele sentou-se. Eu não. Andei enquanto bebia a cerveja e relatava a história da

sua visita, suas demandas, bem como minha viagem em Knoxville para o laptop

descartável.

— Maldição! — Ele disse num exalar, balançando a cabeça como se estivesse

absorvendo os fatos. Sua expressão espelhava a minha ansiedade.

— O que estava no pen drive? Ou não quero saber? — Beau olhou.

Ele estava imaginando o pior.

— Você precisa saber. Além disso, não é nada... Violento ou perturbador. É

uma armadilha.

— Armadilha? — A testa do Beau enrugou com confusão.

Parei de andar, a maior parte de minha energia inquieta passou e enfrentei

meu irmão gêmeo.

16
A Guinness é uma cerveja fabricada em Dublin na Irlanda.
— Sim. Armadilha. Há um arquivo com um vídeo de Jethro. Uma câmera o

segue numa garagem que não reconheço, enquanto ele mostra a uma pessoa

desconhecida a localização dos compartimentos secretos, que instalou em vários

carros, como alcançá-los, como mantê-los escondidos.

— Ah. Assim, os compartimentos de vaidade? Como naquele velho

programa da MTV, Pimp My Ride?

— Quando assistiu MTV?

— Quando você estava andando pela floresta e jogando beisebol com as

crianças do vale, eu estava na casa do Hank Weller, assistindo a MTV e jogando Grand

Theft Auto no seu PlayStation.

— Oh...

— Então, as armadilhas?

— Sim, são secretas e de difícil acesso. É realmente do tipo genial. Para abrir o

compartimento, tem que tirar o carro, em ponto morto, com as janelas abertas, o banco

do motorista todo o caminho para a frente e saber onde se encontra o botão de

liberação. Então e só então se abre a armadilha. Caso contrário parece um carpete

normal.

Beau deu de ombros.

— Então, qual é o problema? Jethro instala os compartimentos secretos de

vaidade? E como isso nos obriga a fazer parte do desmanche da Ordem do Ferro?

Peguei uma cadeira nas proximidades e sentei-me a seu lado.

— Isso não é a questão. Bem, é parte do problema. O verdadeiro problema é

que no vídeo alguém que diz a Jethro que as armadilhas serão usadas para transportar

drogas.
Beau franziu a testa, seu olhar tornou-se fora de foco enquanto pensava e eu

podia ver que estava entendendo as implicações. Eu continuei a dar as más notícias.

— Jethro esbraveja algumas vezes, grita com o cara que está fora da câmera,

lhe diz que não aceita instalar as armadilhas para o transporte de drogas. Eles

discutem um pouco. Basicamente, a voz lembra-lhe que a única maneira de Jethro

poder ter um futuro em seu envolvimento na Ordem instalando as armadilhas, que ele

faz, e manter a boca fechada sobre como estão sendo usadas. A data do vídeo é de três

anos atrás.

Beau fechou os olhos e se recostou na cadeira, enquanto reiterou os fatos.

— Então, eles têm um vídeo do Jetro plantando armadilhas que estavam

sendo usadas para o transporte de drogas, o que basicamente faz dele cúmplice do

tráfico.

— Sim. Ele instalou as armadilhas. Em seguida, os ensinou como são usadas,

como esconder as coisas. Em seguida, descaradamente disseram a Jethro que os

compartimentos iam ser usados para transportar drogas e as esconder da polícia.

Beau abriu um olho e me fitou.

— E ninguém mais está no vídeo? Só Jethro?

— Se não contar a voz fora da câmera, é só Jethro e os carros.

— Foda-se.

Concordei, suspirando com a frustrante futilidade da situação.

— Você ligou para Jethro? Perguntou a ele sobre o vídeo?

— Não, não pensei que ligar para ele no telefone de Drew via satélite do

governo, enquanto estão no meio das trilhas dos Alpes, fosse uma ideia inteligente.

— Contou a mais alguém?

Balancei a cabeça.
— Não, não queria que ninguém soubesse, no caso de termos que ir em frente

com isto.

— Eu concordo. Não precisa dizer a Billy em particular. Ele está

perpetuamente chateado e com Rosco terminando seu último ano de faculdade, tem

bastante no seu prato. E não gosto da ideia de brincar com a vida sem motivo.

— E não estava planejando contar a Cletus. — Assisti Beau cuidadosamente

esperando sua reação. Se qualquer um de nós fosse capaz de encontrar uma maneira

de sair desta confusão, seria Cletus. Ele era inteligente demais para seu próprio bem...

Ainda assim, não gostava de arrastá-lo em algo só para tê-lo e levar a culpa quando ou

se formos pegos.

Acho que Beau teve pensamentos semelhantes. Ele pareceu considerar nossas

opções.

Eventualmente, porém, veio a mesma conclusão.

— Não. Melhor se for só você, eu, e, quando voltar e Jethro quando souber

sobre isso... Será um desastre. Mas não estou pronto para entregar a loja, não ainda.

Tem que haver algo que possamos fazer, mesmo se podermos adiar tempo suficiente

até Jethro estar de volta em duas semanas.

Balanço a cabeça.

— Tenho pensado sobre isso. Na minha opinião, o vídeo é o problema. Se

pudéssemos ter em nossas mãos todas as cópias o problema desaparece.

Beau lançou-me um olhar de soslaio.

— Então... Nós o quê? Vamos para o bar desses motoqueiros e tentamos

entrar? Eles têm que ter os backups na nuvem, drive, ou seja lá como é chamado.

— Não acho que são tão avançados, sinceramente. Aposto que têm um PC

em algum lugar com o vídeo original. Além disso, se formos atrás de seus arquivos,
obtendo uma cópia de tudo e depois a destruirmos, podemos encontrar algo para usar

em retaliação, talvez outro vídeo com que podemos chantageá-los e os afastar.

— E como acessar este PC?

— Tenho pensado muito sobre isso... — Minha boca azedou porque não

gostava da melhor opção. Beau me estudou por um longo instante e, como esperado,

arrancou meu plano do meu cérebro.

— Tina.

Fechei os olhos brevemente e suspirei.

— Sim. Tina.

Beau continuou como se não tivesse dito nada.

— Tina, nos consegue fazer chegar lá. Ou pode entrar no seu domínio, sem

problema. Ela anda com um dos caras mais jovens, certo?

— Não. Ela não é uma old lady. Desde que nos separamos de vez, ela agora é

uma de suas garotas... — Tentei pensar o que a gangue de motoqueiros chamava as

mulheres que usavam indiscriminadamente para sexo.

— Bunda doce. — Beau oferece, fazendo uma carreta que demonstrou seu

desagrado pela palavra, e o conceito. A Ordem de Ferro não é exatamente conhecida

por ser gentil com as mulheres. Talvez fosse por isso que nossa mamãe regularmente

ostentava olhos negros e costelas machucadas nas mãos do nosso pai, mas nenhum

dos Winston encontrou algo remotamente sedutor no estilo de vida motociclista. A

ideia de merda, de bater em mulheres não me parecia coisa de durão, pareceu-me

coisa de idiota do mal, como nosso pai.

— Enfim, a questão é, acho que posso falar com Tina para ajudar-nos;

Beau estudou-me antes de perguntar.

— Não está preocupado sobre o que fariam com ela? Se descobrirem?


— Sim. — Respondi honestamente. —Mas seria escolha dela. Pensei que

podíamos lhe pagar, pois ela esta sempre sem dinheiro. E ela é sagaz, astuta. Seria

cuidadosa, sei que poderia fazê-lo sem que a pegassem.

— E se ela usar isso como uma maneira de se vingar de você? Tem razão, ela

é astuta. E se ela toma os arquivos para si e, em seguida, temos duas pessoas nos

chantageando?

Prendi a respiração, deixando meu olhar vagar como se pensasse sobre a

possibilidade, porque era uma possibilidade.

— Eu não sei, Beau. Acho que tem razão. Ela pode nos trair. Mas pode pensar

em outras opções? — Encarei meu irmão, esperando que tivesse uma solução

alternativa.

Ele parecia resignado quando ele perguntou:

— Quanto tempo temos?

— Dirty Dave disse que temos duas semanas, e isso foi na quarta.

— Merda.

— Mas acho que podemos atrasar um pouco. Tenho a sensação que

gostariam de fazer isso o mais amigável possível. Gostariam que estivéssemos

dispostos a fazer isso, na verdade, se ofereceram para nos dar uma parte.

— Bem, podemos trabalhar com isso. Talvez enrolá-los por mais uma semana

ou duas, diga que precisamos pensar, não diz que sim nem que não.

— E então atrasamos mais algumas semanas, dizendo a eles que precisamos

preparar a loja, ou até mesmo que vamos fazê-lo fora daqui. Talvez nos dê tempo

suficiente para obter os arquivos, ou pelo menos até Jethro voltar, e pudermos bater a

merda dele.

Beau sorriu para isto, mas faltava-lhe humor verdadeiro.


— Você quer segurá-lo? Ou devo?

Devolvi o sorriso sem graça com um dos meus.

— Vamos revezar. Nenhuma razão para ser ganancioso.


CAPÍTULO 11

“Todos sabemos que a luz viaja mais rápido que o som. É por isso que certas pessoas

parecem brilhantes até ouvi-las falar.”

― Albert Einstein

~Jessica~

Estou com medo.

Não um medo divertido, era medo de terror, um medo cheio de pseudo

depressão. Nem mesmo pesquisar templos aztecas e ler blogs de viagens sobre sítios

geotérmicos da Nova Zelândia aplacaram meu medo.

E foi tudo minha culpa.

Antes do Halloween, a maioria das minhas fantasias era centrada no

Patrimônio Mundial da UNESCO, agora me pego sonhando com uma frequência

alarmante sobre o tempo que gostaria de ter compartilhado com ele, na curva relutante

do seu sorriso, a forma de seu tronco, a cadência da voz, a textura da barba e a

intensidade do brilho de seus olhos safira. Para não mencionar o incorrigível pênis

circuncidado.

Pênis amaldiçoado!
Tornando as coisas piores, estava duvidando de mim. Sim, ainda tinha o

insaciável desejo de viajar, ainda desesperadamente precisava ver e conhecer o

mundo, mas talvez houvesse mais do que uma maneira de fazê-lo. Talvez pudesse

guardar o dinheiro e ir em longas férias.

Os professores normalmente tinham a opção de tirar verões. Eu poderia viver

o ano em Green Valley e usar o verão para viajar ao redor do mundo. Mas esta ideia

me fazia sentir como se estivesse a me estabelecer, como se estivesse a desistir e isso

me deu azia.

Meu ponto de vista, argumentei comigo mesma, é que não precisa ser tudo ou

nada. Se realmente gosta de Duane e o que fazer, não tente negar! Então deve tentar encontrar

uma maneira de fazer algo entre o que vocês querem...

Mas com estes pensamentos veio também medo, terror de que estava

amarrada, incapaz de viajar, de que não ser capaz de sair. Medo de que, se meu

intenso gosto por ele eventualmente se tornasse amor, poderia perder minha liberdade

e isso seria semelhante a ter as revistas National Geographic e alguém as lendo para

mim, em vez de ser eu a me perder nas páginas. Meus sonhos poderiam ser diluídos e

eu ficaria presa.

Foi o medo que me manteve refém, presa no purgatório da indecisão.

Não o chamei depois de nosso encontro desastroso, e foi um desastre.

Comemos em silêncio. Eu tinha um grito preso na garganta que se estabeleceu como

um nódulo no estômago. Duane tinha arrumado, e desta vez aceitou minha ajuda. Em

nossa caminhada de volta também estávamos em silêncio. Embora ele fosse apenas

solícito e educado como foi na caminhada, não olhou para mim. Quando chegamos ao

carro ele abriu a porta. Então, me levou para casa e novamente abriu a porta quando

chegamos. Ele me levou para a varanda da casa dos meus pais, não me tocou e foi
onde fiquei. Ele me deu um pequeno aceno impessoal, colocando as mãos nos bolsos e

disse educadamente;

— Eu volto a ver você, Jess.

Entre a dor quente no meu peito, o balão instalado na minha garganta e as

lágrimas pungentes nos olhos, não respondi. Eu não podia. Apenas fiquei ali e vi-o

sair, de carro, sentindo-me doente, triste e estúpida.

E agora, quando parei minha bicicleta no estacionamento da Daisy’s Nut

House para encontrar minha prima Tina para jantar, ainda estava tomada

profundamente de medo.

Tina tinha me chamado na segunda após o desastroso piquenique de sexta

com Duane. Na verdade, tinha chamado assim que eu e a Claire estávamos saindo do

Mustang de Duane para a casa dos Winston. Fizemo-lo bem depois do trabalho,

quando eu tinha quase certeza que ele ainda estaria na oficina, assim tranquei o carro e

coloquei as chaves na caixa de correio.

Ele não me pediu para devolvê-lo, e sabia que nunca faria. Mas não havia

nenhuma maneira que poderia manter o carro. Em primeiro lugar, toda vez que olhei

para ele... Queria chorar. Em segundo lugar, como Duane, o carro não era meu para

manter e nunca tinha sido.

Enquanto nos afastamos da sua casa Tina ligou para o meu celular e disse

que queria se encontrar comigo. Eu fiquei... Surpresa. Eu tinha riscado sua insinuação

na semana anterior como delicadeza ímpar. Mas agora estava me chamando e

convidando.

No início tinha sugerido tomar uma cerveja no Bar de Motoqueiros ao que

disse que ela era louca. Na verdade tinha dito.

— Você está louca.


Ela riu.

— O quê? Nunca teve curiosidade em ir? Conhecer alguns dos caras? Eles são

sexys e parecem muito bem.

Eu tinha balançado a cabeça mesmo que ela não pudesse ver e repetido:

— Você está louca.

Eu estava curiosa sobre o Bar de Motoqueiros dos Dragões e da Ordem de

Ferro como fiquei curiosa sobre uma ida para a prisão. Então, como filha do xerife,

ouvi todo tipo de contos de advertência sobre os clubes de motoqueiros locais. E, se

anexado a esses contos de advertência não tivessem incluídas as acusações de tráfico

de drogas, prostituição, incêndio e episódios de violência aleatória, então eu poderia

ter sido um pouco mais curiosa.

Independentemente disso, sabendo o que faziam os motociclistas da Ordem

de Ferro não fizeram nada para mim, só querer trancar as portas, usar o alarme, ter

aulas de defesa pessoal e comprar um pastor alemão.

Quando não me mexi e me recusei a satisfazer sua ideia inicial, ela cedeu e

concordou com minha sugestão alternativa de jantar na Daisy’s Nut House. Isto era

conveniente, como eu não tinha um carro e o restaurante era a uma curta distância da

casa dos meus pais, em vez de caminhar, optei por pedalar a velha bicicleta da minha

mãe e cheguei 10 minutos mais cedo do que o combinado após as 18:30h. Tranquei

minha bicicleta e contornei o restaurante, feliz e surpresa ao ver Daisy atrás do balcão.

Ela acenou pra mim assim que entrei e seus olhos castanhos escuros passeavam entre

mim e o açúcar que estava pondo nos recipientes.

— Ei. Não costumo vê-la nas noites de escola. Como está a irmã da sua mãe?

Não ouvi nada dela durante toda a semana.


Ela não estava com o uniforme de Daisy’s Nut House, mas parecia que tinha

acabado de sair uma reunião de negócios. Sua pele marrom foi pincelada com blush

rosa e os lábios estavam vermelho brilhante. Bem, ela tinha reestilizado o cabelo desde

que a tinha visto pela última vez. Assemelhava-se a Michelle Obama.

Daisy geria agora mais o lado comercial das coisas, ao invés do restaurante

em si. Os Donuts de Daisy tinham se expandido ao longo dos últimos anos e agora

eram vendidos pela maioria das mercearias do Sudeste.

Sento num banquinho no balcão e a ajudo a encher os recipientes de vidro.

Isto era um hábito antigo de quando eu trabalhava na Daisy’s Nut House e ela

costumava ser minha chefe. Eu amava Daisy. Primeiro de tudo, ela era a melhor amiga

da minha mãe. Ela, o marido, Trevor, e seus três filhos me faziam sentir mais em

família do que alguns dos meus parentes de sangue. Além disso, ela era esperta,

engraçada e atrevida e foi uma ótima chefe, me ensinando tudo que sabia sobre moda,

e por último, me ensinou sua receita secreta para fazer os donuts caseiros.

— Ouvi dizer tia Louisa precisa de diálise. A quimioterapia está funcionando,

mas mexendo com os rins.

Daisy fez uma careta.

— Isso não parece bom. Você passou os verões com sua tia durante a

faculdade, certo?

— Sim. Fui sua assistente pessoal durante um ano de escola também, mas

trabalhei remotamente durante o outono e primavera e vivi na casa dela durante o

verão.

— Sua assistente pessoal? Não sabia disso.

— Sim. Ela é uma grande socialite em Houston e agora é aposentada.

— O que ela fez antes de se aposentar?


— Ela era uma engenheira de petróleo, que tinha inventado uma coisa

importante para diminuir o impacto ambiental da perfuração. Nunca soube os

detalhes. Mas ela nunca casou e não teve filhos, então pega montes de trabalho de

caridade e projetos sociais. Além de que sua casa requer muita manutenção. É uma

mansão enorme com estábulos e cavalos.

— Sim. Sua mãe disse algo sobre a irmã ter mais dinheiro do que o mar tem

conchas. Já pensou em ir lá?

— Pensei em fazer uma visita... Mas, sinceramente? Não acho que minha tia

gosta muito de mim.

Daisy estala, abanando a cabeça.

— Isso não pode ser verdade.

— Quando eu trabalhava para ela, quando fiquei com ela durante os verões,

ela me teve na ala dos empregados e nunca comeu qualquer refeição comigo. Ela não

falava comigo, se não fosse relacionado com trabalho, e quando me apresentou a

algumas pessoas, eu era Srta. James, sua assistente pessoal. Ela não queria que seus

amigos soubessem que éramos parentes. Não estou zangada, mas acho que ela devia

ter vergonha.

— Não vejo como seja possível. Você deve ir visitá-la. Se não por sua tia,

então por sua mãe. Odeio pensar que ela voltará na Ação de Graças. Por que Louisa

não contrata uma enfermeira?

— Ela tem. Tem um médico e dois enfermeiros em tempo integral.

— Ela contratou um médico a tempo integral?

— Sim. Minha mãe está realmente apenas para apoio moral. Mas tenho

certeza que apreciaria um telefonema se tiver uma chance.


— Vou ligar hoje a noite. — Daisy assentiu com a cabeça e foi preencher

outro recipiente.

— E Daniella está voltando para casa na Ação de Graças? —Perguntei sobre a

filha mais velha de Daisy, agora uma banqueira, ou algo parecido na cidade de Nova

York. Daisy me deu um sorriso largo.

— Ela está. Simone vai estar em casa também. Mas Daniella estará em casa

para os dois, Ação de Graças e Natal este ano. Acho que ela está trazendo um menino

em casa com ela.

Eu sorri e mexi as sobrancelhas.

— É mesmo? Um menino?

— Sim. Ele trabalha em sua empresa de investimento e, como ela dizia,

estavam flertando com coberturas de fundos de ouro por seis meses, e ele trabalhou

para ganhar coragem para convidá-la para sair.

Isso me fez rir, porque eu conseguia entender sua hesitação. Daniella é mais

ou menos dez anos mais velha que eu e sempre me impressionou com era tão focada e

feroz. Ela era a melhor aluna de sua classe na graduação e recebeu uma bolsa de

estudos completa para Princeton. Além disso, era linda. Sempre admirei seu cabelo,

pele quente, e estrutura óssea, como Nefertiti.

O som de uma motocicleta roncando puxou minha atenção para a janela da

frente e vi quando Tina desdeu de trás de um motociclista e entregou-lhe o capacete.

— Vai se reunir com Tina aqui? — Daisy perguntou, com um pouco de

preocupação na voz.

— Sim. — Balancei e pulei do banco. — Ela me chamou no início desta

semana, queria se encontrar comigo.


Daisy pareceu hesitar por um momento, os olhos movendo-se entre a cena, lá

fora da janela. Tina e os motoqueiros estavam se beijando como se não tivessem num

estacionamento, parecia... O tipo de beijo que a levaria a estar na horizontal em pouco

tempo.

— Não se deixe prender nos dramas de sua prima. — Daisy disse finalmente,

olhando-me com um olhar penetrante. — Ela está com problemas, e é usuária. Se sua

mãe estivesse aqui ela te diria a mesma coisa.

Sorri para Daisy e balancei a cabeça, seu conselho foi bom, mas ela não me

disse nada que já não soubesse.

— Ok. Não vou ficar presa em seus dramas.

— Bom. — Ela assentiu com a cabeça uma vez, limpando as mãos na toalha e

dividindo sua atenção entre mim e Tina enquanto esta dava o último adeus a sua

carona.

— Vou enviar Beverly para anotar os pedidos.

— Obrigada, Daisy.

— Mmm hmm. — Ela disse como se não quisesse ser rude, mas recusando-se

a me sancionar por meu jantar com Tina.

Caminhei até a porta... Apenas quando Tina entrou. Enquanto eu acenava e ia

sugerir que pegamos uma cabine, ela surpreendeu-me puxando-me para frente num

grande abraço. Eu geralmente era duas polegadas mais alta que minha prima, mas não

esta noite. Notei que ela usava um par de sapatos de plataforma vermelho brilhante.

Se eu estivesse usando esses sapatos, ia cair na minha bunda, antes que pudesse dar

um passo. Mas ela os usava como se fossem chinelos.

Enquanto nos abraçamos ela gritou, como se estivesse super feliz em me ver,

e isso me fez sorrir. Éramos boas amigas na infância, pelo menos eu tinha pensado na
época. Perguntava-me se, com o tempo, nossa amizade dos nossos anos de escola era

meramente um amizade sabática.

Ela inclinou-se para trás e me deu um sorriso gigante.

— Oh meu Deus, menina! Você está ótima. — Tina apertou minha mão mais

uma vez antes de me liberar. Nós duas deslizamos até a cabine mais próxima, sorrindo

uma para a outra.

— Você também. Está ótima.

Ela era linda. Ela parecia quente. Tipo, super quente. Quente em uma

maneira que nem saberia descrever. Tina usava cílios postiços e uma quantidade

impressionante de maquiagem artisticamente aplicada. Ela e eu não éramos nada

parecidas. Crescendo, ninguém nunca supôs que éramos parentes. Ela parecia mais do

lado da família do meu pai, e eu com o lado da minha mãe. Mas ambos temos olhos

castanhos, embora não da mesma cor. Pense em minhas íris como planície marrom.

Considerando que os olhos dela, com todo o cuidado moldando e destacando, parecia

cor de whisky. O efeito era dramático. Lindo. Eu queria que ela me ensinasse a fazê-lo.

O resto da sua maquiagem estava impecável. Ela tinha pintado o cabelo

naturalmente castanho escuro de preto, usava isso perdendo-o em ondas muito

brilhantes ao redor de seus ombros, que era basicamente um milagre, já que ela veio

de moto. O cabelo emparelhado com a pele bronzeada de sol, outro milagre desde que

o sol estava escondido por duas semanas, dava-lhe um olhar exótico.

Claro, as roupas levaram tudo a um nível completamente novo de gostosura.

Ela vestia calças de couro muito sexy e um top branco de gola em V. Ambos se

encaixam nela como uma segunda pele, que era fantástico para ela já que estava em

excelente forma.
Beverly, nossa servente, veio quase que imediatamente com dois copos de

chá doce e água, supondo corretamente o que queríamos beber e nós duas já sabíamos

o que pedir.

Tina esperou até que Beverly não estivesse ao alcance de sua voz antes de

inclinar-se para frente e dizer em voz baixa e conspiratória.

— Fiquei um pouco surpresa que quisesse vir aqui.

— Por quê?

Ela piscou para mim, como se a resposta fosse óbvia. Quando eu continuei a

olhar para ela de forma desatenta, ela riu levemente e sacudiu a cabeça.

— Você sabe o que faço, para viver, certo?

Assenti com a cabeça e tomei um gole do meu chá doce.

— Sim. Eu sei.

— Acho que estou surpresa que não se importe de ser vista comigo tão

publicamente.

Dei um olhar para os lados.

— Aguarde... Acho que sei o que fazer. Você ainda está dançando no Rose

Pony, certo?

Ela assentiu com a cabeça.

— Sim.

— Você ainda não se juntou a ISIS ou algo assim, certo?

— O que é ISIS?

— Quero dizer, você não está conspirando ativamente para derrubar o

governo?

Ela riu e jogou o cabelo por cima do ombro.


— Não sei o que isso significa. — Em seguida a expressão da Tina

abruptamente tornou-se sóbria e ela inclinou-se para mim, os olhos fixos. — Mas,

escute, tenho que falar com você sobre algo importante. É por isso que eu queria que

nos encontrássemos.

— Oh, ok. Que se passa?

Seu olhar ficou especulativo, quando liberou o meu e moveu-se sobre minha

negra camiseta de manga longa, e então para meu cabelo.

— Sempre invejei seu cabelo loiro. É tão bonito, assim como sua mãe.

— Você quer falar sobre meu cabelo?

— Não, boba. — Ela balançou a cabeça, revirando os olhos. —Então... Você e

Duane Winston, o que está acontecendo?

Senti uma parte de lábios e as sobrancelhas levantarem em surpresa. Uma

dor involuntária apertou meu peito, tornando-se difícil respirar por um momento. Ela

olhou para mim enquanto eu lutava para encontrar palavras. Finalmente consegui

dizer.

— Nada. Quer dizer, fomos a um encontro. Mas nada agora.

Os olhos dela se estreitaram.

— Foram em um encontro?

— Sim.

— Quando? Recentemente?

— Uh, último sábado.

— Então há uma semana?

— Quase, sim.

— Mas não há segundo encontro?

— Não. Não há segundo encontro.


Ela assentiu com a cabeça lentamente, ainda olhando para mim com os olhos

apertados.

— Por que não há segundo encontro?

Dei uma olhadela no vinil da cabine atrás dela, tentando descobrir como

melhor explicar a situação e ser sensível ao fato de que estávamos falando sobre seu

ex-namorado, um ex-namorado pelo qual ela ainda poderia ter sentimentos.

— Decidimos que nossas prioridades não eram compatíveis.

Ela suspira e parece impaciente.

— Em inglês, por favor. Isto não é uma reunião de pais e professores.

— Acho que ele queria uma coisa mais como um relacionamento, e eu queria

outra.

Tina mordeu os lábios, os olhos perderam o foco enquanto considerava

minhas palavras. Enquanto esperava por ela terminar seus pensamentos, tomei um

gole de chá e olhei para a diretoria de promoções, a torta do dia de Daisy era de maçã.

— Eu não sou ciumenta.

Eu mudei minha atenção da lista de tortas para Tina.

— Com licença?

— Não estou com ciúmes de você e Duane. Não me importo quem ele vê.

Você está à vontade para sair com ele, se eu sou a razão pela qual decidiu cancelar as

coisas.

Levantei meu queixo em reconhecimento, mas não disse nada. Porque não

sabia o que dizer. Tina não tinha sido uma consideração em minha decisão para o

encontro ou não com Duane e me perguntei se isso me faz... Sem sentimentos. Mas

depois me lembrei que Tina e eu não tínhamos nos falado em mais de oito anos, os

primeiros quatro dos quais ela tinha me trocado por crianças mais populares da nossa
escola. Sim... Não foi o fato de ter levado Tina em consideração como minha decisão de

namoro. Isso seria tolice.

— Eu só queria que soubesse que… — Ela disse, como se fosse generosa. —

Eu e o Duane ficamos juntos por um longo tempo e o que sentimos pelo outro, bem

acho que o amor é especial. Ele sempre vai significar algo para mim. Mas agora acabou

e segui em frente. Eu odeio pensar que ele suspira por mim.

Novamente, levantei meu queixo em reconhecimento, maior desta vez, e

encontrei-me sem palavras. Felizmente, Beverly interrompeu para trazer as saladas.

Mudei o tópico para um que esperava ser mais inofensivo e perguntei a ela o que tinha

feito até recentemente. Isto se transformou nela me dando a história oral de fofocas do

Green Valley dos últimos quatro anos, quem dormia com quem, quem tinha se

divorciado, tido filhos ilegítimos, problemas com droga, quem estava com dívidas. Ela

fez parecer Green Valley como um acidente de trem sórdido.

Estranhamente, enquanto falava eu encontrei-me distraída pela forma como

ela era incrivelmente gostosa. Quer dizer, ela era a personificação do sexo. Seus

movimentos eram sensuais, incluindo como mastigava a comida. O sorriso dela

modesto, sedutor, cativante. Ela diria algo como: o cabrão teve o que merecia e mal se

ouvia o veneno na voz dela, porque de alguma forma o fazia parecer erótico.

Fiquei agradecida quando o jantar acabou e seu companheiro motociclista

chegou para buscá-la, porque eu estava... Esgotada. Talvez fosse um subproduto da

minha longa semana de trabalho combinada com o medo por Duane, ou talvez tenha

só a onda de energia sexual que era minha prima, Tina.

De qualquer forma, quando pedalei para casa, senti-me destruída, deprimida

e a desejar que tivesse pensado em pegar uma fatia da torta de noz antes de sair.
***

— Qual o problema, irmã? — Suspirei, abracei o travesseiro que segurava

mais perto. Não fui capaz de dormir. A depressão me seguiu até em casa e, embora

estivesse cansada, na cama, no escuro e com os olhos fechados por mais de uma hora,

o sono não vinha.

Então tomei um banho, esperando que me ajudasse a relaxar, e funcionou.

Me senti um pouco melhor quando desliguei a água. Mas então Sir Edmund Hilary,

meu gato psicótico, tentou me matar com sua caixa de areia.

Ele a empurrou diretamente para a frente da porta do chuveiro e eu tropecei

caindo no chão com um grito e um baque.

Ocorreu-me que, se morasse sozinha e Sir Hillary soubesse como empunhar

uma faca, eu estaria morta e ninguém me encontraria por dias, talvez meses.

Este pensamento reacendeu minha depressão. Então me limpei, sequei e fui

para a cozinha, fiz chocolate quente com uma quantidade generosa de Baileys17 e

caminhei pela sala da minha família, esperando pousar eventualmente no sofá sem

pensamentos da minha morte inevitável e solitária pelo meu psicótico-gato.

Em vez disso, ainda estava acordada às 02:21h, que significava o fim do turno

de Jackson. Eu nunca estava acordada até tão tarde, então ele adivinharia que algo

estava errado.

— Sir Edmund tentou me matar. — Eu disse.

— Outra vez?

17
Baileys é um licor produzido a partir de um uísque irlandês.
Balancei a cabeça.

— Suas tentativas tornaram-se mais ousadas. Acho que é hora de enfrentá-lo,

ou pelo menos mover sua caixa de areia para o porão.

— Jess, o gato tenta tirar sua vida pelo menos uma vez por semana. Não é o

gato. Diga-me o que está errado.

Suspirei novamente, não tendo certeza se queria discutir minha depressão

com Jackson.

— Eu jantei com Tina hoje à noite.

— Nossa prima Tina?

— Sim.

Jackson, atravessou a sala e sentou-se ao meu lado no sofá. Ele ainda estava

de uniforme, embora o cinto tenha desaparecido.

— Ela ainda está dançando. — Ele disse.

— Sim. Eu sei.

— E acho que esta envolvida com a Ordem de Ferro. — Jackson combinou

estas palavras com um suspiro triste.

— Sim. Eu sei, também...

— É isso te deixou para baixo? Está preocupada com ela?

Considerei a questão. Fiquei um pouco preocupada sobre seu envolvimento

com os motoqueiros. Mas não realmente. Ela não me parece o tipo de pessoa que

alguém poderia se aproveitar. Pelo contrário, se alguém ia tirar vantagem, era Tina.

— Mais ou menos. Quer dizer, estou um pouco preocupada com ela. Baseado

no que você e papai me disseram sobre a Ordem de Ferro, certamente eles não são

confiáveis.

— Eles são perigosos. E ela vai se magoar, se continuar.


— Mas acho que também estou pensando... — Suspirei. Não sabia o que

estava pensando ou porque me sentia tão dissonante. Portanto, não sabia como ter essa

conversa com Jackson. Ele era meu irmão e, portanto, qualquer discussão sobre Duane

e Tina seria estranha. Porque em algum ponto nas últimas cinco horas, eu tinha

percebido que minha depressão estava relacionada com meu medo por Duane.

Cansado de hesitação, ele empurrou.

— No que está pensando?

Eu precisava falar com Claire no trabalho de manhã, ou chamar um dos meus

colegas de universidade.

— Jess? — Ele estimulou novamente, me cutucando no ombro.

— Você não quer falar sobre isso.

— Conte.

Olhei meu irmão mais velho, encontrei-o a observar-me com determinação

como se ele estivesse determinado a ser útil, e senti-me vacilar. Afinal, ele era um cara.

Talvez pudesse me dar alguma perspectiva. No finalmente, eu cedi. Deitei uma das

minhas pernas debaixo de mim e enfrentei-o.

— Então, primeiro tem que esquecer sou sua irmã, que Tina é sua prima, e

que odeia Duane Winston.

Jackson levantou uma única sobrancelha e cerrou a boca.

— Isso é improvável.

— Ok, então esqueça. — Fui levantar, mas Jackson pegou meu braço e me

impediu.

— Agora, espere um minuto. Disse que era improvável, não impossível.

Bem... Bem, vou fazer o meu melhor. Você não é minha irmã, Tina não é minha prima

e Duane Winston não é um cara de cavalo.


Fiz uma careta para meu irmão. Ele sorriu. Suponho que foi o melhor que eu

poderia esperar.

— Bem. Então, aqui vai minha pergunta... — Dei um grande suspiro e

segurei-o nos pulmões enquanto tentei descobrir que pergunta queria perguntar.

Quando já não pude segurar o fôlego, meus pensamentos emergiram. — Então é

assim, Tina é sexy, gostosa e muito bonita. Ela tem um corpo perfeito e é incrivelmente

linda, somando ao fato que ela é uma stripper erótica, sem tentar ser e... Eu não sei.

Acho que, não entendo por que Duane iria romper com ela quando ela é basicamente a

fantasia de qualquer homem. Por que ele rompeu com ela?

Jackson me estudou por um longo instante e, em seguida, me surpreendeu,

contrariando.

— Porque ele acabou com ela? Ou está realmente me perguntando: por que

Duane Winston escolheria você sobre Tina Patterson?

Endireitei, comecei a negar o que ele estava querendo dizer, mas me segurei.

Ele estava certo. Essa era a pergunta certa, mesmo que conscientemente não

pensasse isso. era a pergunta presa no meu subconsciente como uma pipoca que

enterrada entre os dentes. Eu suspirei.

— Por favor, não tente me convencer de que sou bonita. Que não é realmente

uma questão de beleza, é isso? Mas, está certo. Não entendo porque Duane rompeu

com Tina e então sai com alguém como eu.

Jackson me examinou por longos segundos, estreitou os olhos, a boca torcida

de lado, expirando longamente balançou a cabeça.

— Então, eu poderia ser tendencioso, porque você é minha irmã e acho que é

tão irritante quanto incrível, mas tudo isso realmente faz muito sentido para mim.
Eu enrugo o rosto e preparo-me para um dilúvio de garantias sobre meus

atributos ou talentos. Em vez disso, meu irmão me surpreende pela segunda vez.

— Deixe-me colocar desta forma: você já viu alguém e pensou para si mesma,

Whoa, ele é gostoso! Eu adoraria enlouquecer seu cérebro. Mas então, fala com o cara e

percebe que alguém já o fez?

Soltei uma risada atônita, cobrindo a boca com a mão e balancei a cabeça para

meu irmão.

— Não acredito que disse isso. Na semana passada você me disse que estava

sendo feminista.

Ele riu levemente da minha reação.

— Me desculpe. Estou cansado, então acho que meu filtro cavalheiro está

desligado. Mas você percebe, certo? Um cara que está com boa aparência, mas sem

muito cérebro? Agora, Tina é... Tina nunca... O que quero dizer é, Tina não está

interessada em aprender qualquer coisa. Está interessada num cara com bom aspecto,

sendo seu centro das atenções, fazendo drama, esse tipo de coisa. Não estou dizendo

que não a amo, eu faço. Afinal ela é da família. Mas sempre foi... Bem, sempre foi

superficial. — Jackson fez uma pausa, permitindo-me um momento para deixar sua

perspectiva afundar, antes de continuar. — Mas nem todas as meninas do clube de

strip são. Hannah Townsen dança lá, desde o ano passado.

— Hannah? Realmente ?— Isso era uma notícia surpreendente. Hannah

estava dois anos atrás de mim na escola e lembro-me dela como sendo extremamente

tímida.

— Sim. Dançar dá muito dinheiro, ela usa o dinheiro para ajudar a mãe a

manter a propriedade e o clube não é como o G-Spot, sabe aquele clube de strip perto

do bar dos Motoqueiros Dragões? Onde todas as garotas são amarradas? O Pink não é
assim. Hank, sabe Hank Weller? Ele é o dono. Bem, de qualquer maneira, Hank faz um

bom trabalho em manter as coisas limpas e arrumadas, ele trata suas meninas bem e

contrata seguranças para afastar os maus elementos. Mas Tina está sempre se metendo

em merdas. Um dia desses tenho certeza que vai ficar cansado de seus dramas.

Presumi que Jackson sabia de toda esta informação surpreendente por causa

do seu trabalho. Não obstante a política de clube de strip local, tentei envolver minha

mente em suas palavras sobre minha prima e Duane. Mas Jackson tirou-me de meus

pensamentos, antes de eu ser capaz de reuni-los.

— Agora, eu te conheço e não quero dizer que é bonita, mas você é.

— Jackson... — Revirei meus olhos. Porque eu era semelhante à maioria das

pessoas, estudei-me no espelho e vi imperfeições, poucas coisas que desejei que

pudesse mudar. Mas, correndo o risco de deparar-me com uma maluca, totalmente

pensei que eu era bonita. Eu achava meu rosto bonito. Pensei que tinha uma vida

decente. Acordava cedo, quatro dias por semana, para nadar porque eu amava

natação, comia razoavelmente bem (sem contar minha obsessão por tortas), eu tomava

razoavelmente bem conta de mim, era relativamente limpa mesmo vivendo com os

pais, tinha pais biológicos presentes, o que significava que estava do lado certo e

satisfeita com meu reflexo. Portanto, não preciso ouvir o meu irmão mais velho diz-me

que eu era bonita. Mas não era a personificação da fantasia sexual de todo homem.

Jackson, me cortou e insistiu.

— Cale a boca e me ouça um minuto. Você é uma garota bonita. E garotas

bonitas que não sabem o quão bonitas são as vezes, sentem-se oprimidas pela atenção

do sexo oposto.

Rolei os olhos novamente, tirando sarro da impressão do meu irmão de mim,

mas não interrompi. Eu estava perversamente curiosa para ver aonde isso ia.
A voz de Jackson se aprofundou e adotou um tom de palestras.

— Duane Winston é um cara de cavalo. Eu não gosto dele. Ele dirige muito

rápido e não respeita a autoridade. Mas ele não é estúpido. Nenhum dos rapazes

Winston é. E depois de alguns anos de Tina, ele tem que estar cansado das conversas,

nada envolvendo além de unha, Pink e fofocas. Não importa se Tina parece com

Angelina Jolie e, perdoe minha franqueza e potencial falta de sensibilidade, ama fazer

boquetes a cada dez minutos. Nenhum homem com cérebro seria capaz de colocar-se

com ela por tempo indeterminado. Nem mesmo Duane Winston.


CAPÍTULO 12

“Não importa o quão longe você viaja desde que nunca se afaste de si mesmo”.

― Haruki Murakami, após o terremoto

~Jessica~

Claire e eu não discutimos meu jantar com Tina na manhã seguinte no

trabalho, principalmente, porque eu estava morta de cansaço. Além disso, ela tinha

testemunhado meu problema com Duane toda a semana depois que devolvemos o

Mustang. Felizmente, se ela não comentasse sobre isso então eu não comentaria

também. Não queria que ela pensasse que eu ia reclamar de nossa discussão. No

entanto, percebi que ela estava tendo dificuldade em segurar a língua em minha

persistente atitude lacônica.

E quando chegamos ao centro comunitário de Green Valley, Claire se virou

para mim depois de desligar a ignição e disse.

— Você está de mau humor. Esta assim durante toda a semana. E tenho

certeza que é por que devolveu o belo carro de Duane Winston.

Suspirei pateticamente e olhei pela janela para a multidão.

— Eu sei. — Eu podia sentir seus olhos em mim.


— Você sabe, ele pode estar lá, no centro comunitário.

— Sim. Eu sei. — Meu coração fez um pequeno pulo, em seguida, começou a

fazer algo estranho no meu peito.

— O que vai fazer?

— Acho que vou dizer oi, ser educada, mostrar minhas excelentes maneiras.

— Porque não o arrasta para um lugar escuro e privado em vez disso e se

curva a sua vontade?

Ela solta uma risada sem humor, então virei para minha amiga e

honestamente, respondi:

— Porque ele quer mais do que eu posso dar.

Disse as palavras sem muita convicção, porque ainda estava pensando se

poderia ter minha torta e não engordar, ou seja, descobrir como ter uma relação com

Duane e não desistir de meus sonhos, e não quebrar o coração de ninguém.

Claire travou o maxilar, seus olhos estreitando-se.

— Sabe, estive realmente quieta até agora, sobre você e a sua situação com

Duane. Entendo que tem sonhos de ver o mundo, e os sonhos são importantes. Mas

sabe o que não entendo? Como é que seus sonhos não deixam você ter companhia no

quarto, no amor?

— Claire...

— Não, me escute. Pense em meu tempo com Bem, tão curto quanto foi, e

tudo o que desisti para casar com ele, e sabe o que? Eu não trocaria uma vida inteira de

coisas, experiências ou elogios por um segundo do que tivemos quando ele estava

vivo, quando estávamos juntos.

— Querida...
— E não considerei a possibilidade que seus sonhos podem ser feitos melhores,

que a vida pode ser enriquecida se tem alguém com quem compartilhar. Por que isso?

— Eu...

— Não digo que Duane Winston é Ben. Não estou dizendo isso. Mas vendo

você desligar e esconder-se da possibilidade de amar e ser amada, é o que me deixa

triste. Isso me deixa triste por você. Eu sei que quer aventura, eu sei que quer ver o

mundo. Mas o amor é a maior aventura, onde arrisca tudo pela maior recompensa. O

que de bom há pra você, nesta excepcional vida que está se faz isso tudo só por si

mesma?

— Eu não sei! Ok? — Eu rugi, caoticamente, jogando as mãos. — Você está

certa, não sei o que estou perdendo. Não sei o que poderia ter acontecido entre nós, se

não tivesse saído da situação assim e só deixasse as coisas acontecerem. Mas eu sei que

sufocarei aqui. Sei que não posso ficar. E sei que mentir para Duane, ou mentir para

outra pessoa, mesmo se for por omissão, não está certo. Não é justo, não com ele. Ele

queria mais de mim. Ele trouxe flores para minha mãe. Seus pontos turísticos foram

definidos a longo prazo e eu... — Eu suspirei penosamente e balancei a cabeça,

olhando meus dedos.

— E você o que? É um problema que não possa ver-se com Duane Winston a

longo prazo?

— Não. O problema é que poderia me ver com Duane Winston a longo prazo.

Posso ver uma casa com garagem onde ele conserta carros antigos. Posso ver um

escritório em casa com notas de papéis e tutores de crianças. Vejo uma cozinha onde

faço carne no domingo ou frango assado e uma churrasqueira onde ele grelha costelas

e bifes. Eu posso ver um jardim no quintal e cercas brancas.

— E isso te assusta.
— Isso me aterroriza. Porque tão bonita como a foto é, eu odeio isso. Odiaria

ser dona de coisas que me possuem. Eu odiaria saber que o mundo inteiro está lá fora

e eu fechada numa gaiola, mesmo que a gaiola fosse de ouro, com um jardim de ervas

e um canteiro de flores...

Ela não respondeu, não por muito tempo. Ambas olhamos para o para-brisa

em silêncio avistando um grupo de moradores que passava pela frente do carro na sua

maneira de começar a noite. A julgar pela quantidade de pessoas, o lugar ia estar

animado. Esta foi uma boa ideia e uma ideia ruim. Provavelmente, quando que

chegasse na mesa para me alimentar, a salada de repolho estaria no fim. Salada de

repolho era minha favorita.

No entanto, o lado positivo, se o lugar estivesse lotado é que seria difícil

encontrar Duane. E eventualmente, ela quebrou nosso impasse.

— E se a casa tivesse uma banheira quente?

Deslizei meus olhos para o lado, vi ela me dando um sorriso conciliador, uma

rendição e pedido de desculpas.

Devolvi o sorriso e esperava que o meu também transmitisse sentimentos

similares de reconciliação.

— Bem, Agora, isso muda tudo. Eu daria o mundo por uma banheira de água

quente, mas só se fosse com hidromassagem.

Ela riu, balançou a cabeça para mim, enquanto soltou o cinto de segurança.

— Por que esse filme é tão engraçado? É tão estúpido, e ainda me faz rir toda

vez que eu o assisto. Eu não me entendo às vezes.

— Bate-me. — Dei de ombros, abri minha porta e sai do carro, preparando

minha determinação para enfrentar o labirinto de sentimentos a frente.


***

Não me preparei para ver Duane. Eu esperava vê-lo em cada canto ou o som

de sua conversa a cumprimentar-me através de todas as portas.

Mas não. Ele não estava lá. Pelo menos não o vi.

Meu coração parou um pouco quando avistei Cletus dedilhando seu banjo

numa das salas, proporcionando acompanhamento para seu irmão Billy nos vocais.

Decidi me torturar por ficar com Billy Winston e ouvi-lo cantar. O homem poderia

cantar. Mas era um exercício de tortura porque havia algo sobre a maneira que ele fez

que me lembrou Duane.

No entanto, não prestei atenção a letra de nenhuma música, só ouvi quando

Billy sentou na cadeira ao meu lado durante uma pausa, parou e me deu um sorriso

fraco de reconhecimento. Não senti nada além de curiosidade quando ele cruzou

comigo, as mãos nos bolsos e sustentou meu olhar com surpresa.

Enquanto prestava atenção, percebi que se os olhos do Beau e Duane eram o

céu do verão alternando entre brilhantes safiras e um céu de tempestade, os olhos de

Billy Winston eram da cor do céu glacial. Mesmo seu sorriso quente o bastante não

poderia aquecer o olhar.

— Como está esta noite, Jessica? — Já havia tempo desde que falei com Billy,

então tinha perdido um pouco de seu sotaque do Tennesse. Ele parecia quase como

uma pessoa genérica dos Estados Unidos, o que era mais considerável que a falta no

sotaque. Bem, genérico, exceto que sua voz tinha uma qualidade suave, melódica,

quando falou.

— Muito bem. E você, Billy?


— Estou bem. — Seu olhar se afastou para o assento vazio ao lado do meu. —

É Claire com você esta noite?

— Sim. Viemos juntas. Mas acho que está na frente com seu sogro, ajudando

nas doações.

Ele assentiu, o olhar crescendo de uma forma mais acentuada que não pude

deixar de notar. Pensei que era muito estranho, quase como se estivesse frustrado. Mas

seja lá o que era prontamente desapareceu e foi substituído com um ar afetado de

polidez controlada.

—Como estão as coisas na escola?

— Bem... Bem, na verdade. Agora temos um sistema que funciona para todos

as crianças no cálculo.

— Graças a esta senhora.

Virei minha cabeça quando Kip Sylvester, o diretor da escola secundária e,

portanto, meu chefe, encontrou seu caminho através da multidão. Ao lado dele estava

sua filha, Jennifer, que pensei que sempre seria a rainha dos bolos de banana. Este não

foi um pensamento caridoso da minha parte. Ela literalmente tinha vencido o melhor

bolo de banana no condado nos últimos seis anos e trabalhou na padaria da sua mãe

fazendo os bolos renomeados.

Adicione a isso seus pálidos cabelos loiros e brilhantes, o vestido amarelo

com bolinhas marrons, ela também poderia ser uma banana.

— Graças a Srta. James, estamos vendo muito progresso com nossos alunos.

— Kip Sylvester, me deu uma cotovelada de aprovação.

Era um pouco estranho, pensando em Kip Sylvester como meu chefe. Eu o

conhecia desde os dois anos, ele foi o diretor principal quando eu estava na escola,

também. Dei um pequeno sorriso de saudação a Jennifer e ela devolveu como o brilho
do sol. Mas depois vi quando virou o olhar para Billy, ficando visivelmente estupefata

e sonhadora.

— Isso é uma boa notícia. — Billy ofereceu inofensivamente, combinando sua

declaração com um aceno de cabeça na minha direção.

— Você está cantando hoje a noite, Sr. Winston? — Jennifer lindamente

perguntou com sotaque e voz doce. Doce como bolo de banana.

— Estou. Ou, acho que estava. — Billy se virou e olhou por cima do ombro.

— Depende se Cletus fica para o próximo conjunto. Nós tocamos juntos.

— Oh, espero que não tenhamos chegado muito tarde para ouvi-los cantar.

Acho que eu morreria se perdesse isso.

A expressão do Billy se tornou um pouco perplexa, talvez até rígida.

Meu chefe tentou cobrir sua careta com um sorriso indulgente, que só serviu

para realçar a careta.

— Que coisa boba a dizer, Jennifer. — Ele disse a filha, rindo levemente e

olhando Billy como se para se desculpar. Senti uma pontada de empatia quando o

rosto de Jennifer caiu e as bochechas se tingiram de rosa.

— Me desculpe, acho que estou sempre dizendo coisas bobas. Devo ter

exagerado hoje na padaria.

— Veja agora, essa é uma ótima desculpa. Geralmente culpo a sífilis por

todas as bobagens que digo.

Comecei a rir da minha própria piada antes de terminá-la. No entanto, após

sete segundos de olhares consternados e silêncio, percebi que talvez humor com DST

foi perdido na multidão.


Lembrei-me que achei hilário, como meu irônico traje sexy de Gandalf, era

muitas vezes a causa da censura. Eu sempre ia ser um parafuso num mundo de

pregos.

Mas então ouvi alguém rir, ou mais precisamente tentando não rir. Virei a

cadeira e quase perdi o fôlego porque bem atrás de mim estava Duane Winston. Ele

estava definitivamente tentando seu melhor para conter o riso. Seus olhos de safira

estavam brilhando para mim. E então realmente perdi minha respiração porque, se

não me engano, Duane estava me dando um olhar quente.

Seu olhar mudou-se do meu para seu irmão, depois para Jennifer e o diretor

Sylvester quando distribui a habitual saudação ao pequeno grupo. Depois que todos se

recuperaram do momento, sua atenção se voltou pra mim.

— Jessica, tem um momento livre? — Ele perguntou em voz baixa.

Balancei a cabeça.

— Por favor, desculpe-nos. — Ele murmurou. Sem poupar um olhar de adeus

para nossos companheiros, Duane passou os dedos longos em torno do meu braço e

me levou em direção a porta aberta.

Estávamos cercados por todos os lados por pessoas, música flutuando pelos

blocos de cimento e linóleo no corredor pavimentado. Era alto. Mas só estava ciente de

Duane. Na metade do caminho para a tabela de doações, ele escorregou a mão na

minha. Seguramos as mãos no resto de nossa curta caminhada até o refeitório, e um nó

ficou em minha garganta e meu coração apertou. Eu estava meio que esperando que

ele me arrastasse aos bastidores novamente, mas não fez.

Ele nos guiou para uma das mesas do refeitório no canto da lanchonete onde

não havia ninguém. Ainda estávamos numa sala cheia de pessoas, mas as conversas

em outro lugar eram indecifráveis.


Duane puxou uma cadeira para mim e pegou o assento adjacente, enquanto

me sentei. Ou, tentei sentar. Não sei bem como sentar. Então de repente me senti

estranha. Estava super consciente dos meus membros.

Felizmente, Duane falou antes que eu pudesse tornar-me demasiado

obcecada com a mecânica das sessões.

— Tenho pensado... — Ele inclinou o antebraço ao longo da mesa à sua

esquerda e prendeu-me com seu olhar focado.

— O que tem pensado? — Senti falta de sua mão e me perguntei se seria

estranho para ele chegar e segurar meus dedos.

— Você vai sair assim que puder. E estima ser, no que? Dois anos?

Senti-me um pouco consternada por sua escolha de tema. Esperava que ele

fosse querer falar sobre sábado, dar-me uma abertura para me desculpar e explicar

mais detalhadamente. Tentei descobrir como orientar a conversa nesse sentido. Tentei

e falhei. Em vez disso, respondi a pergunta que havia feito com honestidade.

— Mais ou menos um ano e meio ou dois e meio, depende de quanto

dinheiro consigo juntar neste tempo.

Ele estreitou os olhos, e acenou com a cabeça, a mão foi ao queixo quando

acariciou a barba, pensativo. Ficamos assim. Ele me estudando enquanto acariciava a

barba me olhando, me estudando, durante alguns segundos. Abruptamente, ele

perguntou:

— O que diria se eu sugerisse que namorássemos os próximos doze meses,

mas só durante doze meses?

Quem? O que? Namorar?

Demorei um pouco para entender suas palavras. Gostei da parte do namoro,

mas a parte do apenas doze meses era estranho.


— Eu... Hum... Por doze meses?

Minha pergunta pareceu relaxá-lo e seus olhos pareceram relaxar.

— Porque assim vamos nos divertir antes de você precisar ir. É uma boa faixa

de tempo, tempo suficiente para ter um pouco de diversão, conhecemos um ao outro,

mas não tão longo que tenha que estar preocupada com algo permanente.

Meu coração estava fazendo coisas estranhas no peito, mas não qualquer

coisa que pudesse ter previsto. Afundou-se, como uma pedra. Se peguei o significado,

e estava bastante certo de que entendi, ele queria que eu fosse sua amiga de foda pelo

próximo ano. Eu tinha ido da garota que ele queria ter um relacionamento e respeitava

para a garota que ele queria foder.

Mudei-me no lugar, não porque meu corpo estava desconfortável, mas

porque meu cérebro estava.

E meu desconforto não fazia sentido, porque isto é o que eu queria... Certo?

Não. Isto não era o que eu queria, respondeu uma voz na minha cabeça, clara como um

sino.

Às vezes realmente não me entendo.

— Então... Seriamos... — Lambi os lábios para parar de tremer. Quando

encontrei minha voz ela estava rouca e senti o início das lágrimas em meus olhos. —

Nos veríamos o quê? Algumas vezes por mês?

Ele balançou a cabeça, inclinando-se mais perto e fiquei impressionada com o

quão grave sua expressão parecia, quase como se estivesse com raiva, mas não tanto.

— Não. Isso não o que disse. Você teria que entrar em tudo. Sair para jantar,

ver filmes, ligação, mensagens. Eu trabalharia em seu carro, você sabe, o Mustang que

deixou na minha casa mais cedo essa semana instalando dispositivos porque você é
minha garota. Pode ir a casa Winston e sair com os rapazes. Nós dois, seriamos tudo

para todos por doze meses, ou menos se decidirmos que não combinamos.

Meu coração inverteu sua posição no meio da corrida, aumentou o consumo

e ultrapassou a si mesmo em direção ao céu. Na verdade, meu corpo todo estava mais

leve, quase como se estivesse flutuando.

— Então, quer me cortejar?

— Sim. — Ele assentiu.

— Por doze meses?

— Sim.

Não tentei esconder o sorriso.

—E seríamos um casal, um casal real? — Um toque de suavidade entrou em

sua expressão enquanto ele me analisava.

— Sim, com presentes de aniversários, comemorar o Dia dos Namorados e

assistir filmes românticos e tudo o que se faz.

Respirei fundo, meus pulmões enchendo de ar e de excitação. Mas então um

pensamento ocorreu-me.

— Espere, e se, após os doze meses, um de nós ou os dois quisermos

continuar? Esse acordo tem uma opção de extensão?

Ao mesmo tempo a maciez desapareceu, e novamente as linhas do rosto

ficaram severas. Ele se inclinou, algumas polegadas, mas a distância pareceu muito

maior. Percebi um tipo frio da determinação em seus olhos.

— Não. Absolutamente não. O termo é por um ano. Depois que esse ano

acabou, e enquanto estiver em Green Valley, nosso relacionamento estaria acabado.

— Mas, e se eu ficar na cidade dois anos? E se...


— Não. Doze meses. É isso. Pegar ou largar. — Seu tom era inflexível. Ele não

iria ceder e me olhava furiosamente. Seu rosto me fez lembrar o Duane Winston que

conheci, o garoto que costumava de matar meus argumentos e desafiar-me a pensar

em perspectivas que não a minha. O Duane irritante.

Senti um espasmo de algum tipo no peito, como um pico ou uma onda de

pânico, fazendo-me respirar um pouco mais forte. Distraidamente, pressionei uma

palma no centro do meu tórax quando estudei suas feições rígidas.

Abri a boca, determinada a tentar mais uma vez, deliberando sobre o tema

não fazer muito sentido, mas ele me cortou antes que eu pudesse falar.

— E, se fizermos isso, não vai trazer novamente a possibilidade de

prorrogação. Nem sequer pergunte sobre isso. Só entenda. Um ano a partir de hoje e

terminaríamos e pronto.

Estudei-o por um longo tempo, vi que estava completamente sério, e vendo

isso me fez sentir sem sorte. Portanto, fiz a primeira pergunta que meu coração em

pânico queria saber.

— Eu ainda veria você?

Ele encolheu os ombros.

— Você me veria pela cidade eu acho. Essa não é uma grande cidade.

— Podemos ser amigos?

— Não sei.

— Você falaria comigo? Se me visse? Ou me ignoraria?

— Eu seria educado.

— Mas não mais que educado?

— Não sei, Jess. — Ele sussurrou, e o sussurro pareceu um pouco triste.

Enquanto isso, minha voz levantou enquanto desafiei.


— Bem, você precisa saber, Duane. Porque acho que não posso sair com você

só por um ano e depois desligar meus sentimentos.

— Mas poderia me deixar pelo mundo e isso não seria problema?

Suspirei, minhas defesa subindo.

— Não gosto de me sentir culpada por ter sonhos e objetivos. Já recebi muitos

sermões sobre isso da minha família.

Vi seu peito ascender e cair com um fôlego grande e silencioso. Os olhos dele

viraram para os meus por alguns segundos antes dele olhar para sua direita,

balançando a cabeça.

— Isto. Bem aqui. Esta é a razão para o limite de doze meses. — Quando ele

trouxe o seu olhar para o meu era claro e sóbrio, determinado. — Se limitarmos as

coisas por doze meses, então nós dois saberemos o que está acontecendo. Evitaremos

ter esta conversa, porque sua partida não fará qualquer diferença. Já não vamos estar

juntos. Você pode ir e não sentir como se deixasse alguma coisa para trás.

Considerei suas palavras, por quase um minuto, vendo a sinceridade sobre

suas características.

— Você tem pensado nisso. — Soou como uma acusação e não sabia o por

que.

— Sim, eu tenho.

Senti-me... Irritada. Mas então percebi que o plano proposto significava que

ele tinha pensado em mim na última semana. Ele tinha pensado em nós e o que fazer.

E essa descoberta fez-me sentir melosa e sentimental. Portanto, inspirada e tocada pela

sua consideração com a questão, confessei antes de pensar sobre o que ia dizer.

— E se nós...
Depois parei quando percebi que estava prestes a dizer ‘E se pudermos fazer

isso de verdade, sem restrições de tempo e eu colocar meus planos de viagem em espera

indefinidamente?’ e esse foi o momento que eu percebi o quanto eu gostava, e gostava

muito, de Duane Winston. Quer dizer, sabia que gostava dele, mas meu pânico pelo

pensamento de um limite de tempo com ele, poderia jogar pedras em meu sonho de

viajar pelo mundo.

Ah, meu caro amigo, a ironia. Como não sentir...

Lambi os lábios, em seguida, mordi o inferior, novamente como uma forma

de deter meus pensamentos.

Meu pai gostava de dizer ‘Você não pode ter torta frita e não engordar’. Era uma

distorcida e muito rude versão do ditado popular ‘Você não pode ter seu bolo e comê-lo’,

mas o sentimento era o mesmo.

— E se nós...? — Ele solicitou quando demorei um pouco para continuar.

Olhando para ele, sabendo que estava falando sério sobre esse negócio de

limite de tempo, decidi tomar um abordagem diferente, de negociação.

— Se fizemos um período experimental primeiro? Antes dos doze meses

começarem?

Os olhos dele estreitaram com desconfiança.

— Por que faríamos isso?

Não tive escolha, além de improvisar, inventar coisas.

— Porque... Porque seria... Seria estranho e... Deprimente porque um ano a

partir de hoje, é 14 de novembro, significa que as coisas iriam acabar antes da Ação de

Graças e Natal? Não Deveríamos fazer um período experimental de seis semanas e

começar em dezembro fazendo uma contagem regressiva em primeiro de janeiro.


Seus olhos estreitaram ainda mais, mas sua boca torceu, sinal que ele estava

lutando com um sorriso.

— Você esta tentando treze meses e meio em vez de doze.

Dei de ombros.

— Você me pegou. Então e se for? O que é mais seis semanas no esquema das

coisas?

O humor diminuiu e foi substituído por uma carranca contemplativa. Ele

estava considerando o que disse. Ele só precisava de um empurrãozinho.

Chego minha cadeira mais perto para que minhas pernas fiquem entre as

suas, coloco minhas mãos sobre os joelhos, e inclino-me para frente.

— Duas ações de Graças. Dois Natais. Dois Anos Novos. Pense nisso, esse

ano não sei o que te dar de Natal. Mas ano que vem... — Eu esperava que estivesse

dando a ele um sorriso vencedor.

Ele suspirou, quase sorriu em retorno, e quase pulei do meu lugar para fazer

o moonwalk quando ele concordou.

— Muito bem. Um ano a partir de primeiro de Janeiro.

Não fiz o moonwalk18. Em vez disso gritei, pulei em seu colo, joguei meus

braços ao redor de seu pescoço e o beijei. Fiz isso rápido, só um selinho, depois me

afastei para ver seus olhos.

Ele estava sorrindo para mim agora, um sorriso pleno de dentes brancos e um

rosto feliz, seus braços vieram ao redor na minha cintura. Meu estômago e coração

estavam tentando sair vibrando a cada novo sorriso dele.

18
Um passo de dança.
Essa foi boa. Um bom compromisso. Claro, talvez estivesse mentindo. Claro,

eu poderia ter me preparando para dor de cabeça a longo prazo. Mas... Tanto faz. Eu

podia lidar com tudo isso mais tarde. Muito mais tarde. Daqui a um ano.

Neste momento, estava sentada no colo de Duane e tenho passe livre para

beijá-lo, tanto quanto quiser, nos próximos treze meses e meio.


CAPÍTULO 13

“A verdadeira viagem de descoberta consiste não em procurar novas paisagens, mas

ter novos olhares”.

― Marcel Proust

~Jessica~

Ontem selamos o acordo com um beijo no Centro Comunitário, e esta manhã

ele me mandou uma mensagem.

Duane: Vou sair com você essa noite.

Eu: Onde?

Duane: Um lugar onde podemos ir rápido.

Eu: A que horas?

Duane: 5.

Eu: Parece bom.

Eu estava pronto às 16:30, mesmo que tivesse mudado de roupa dez vezes.

Poderia estar um pouco animada. Só um pouquinho.


Optei por um vestido de seda branca justo, mangas compridas e saia curta.

Por causa do caimento o vestido era uma dor para colocar ou tirar, não

ajudando ter cerca de trinta pequenos botões atrás, mas amava como ficava em mim.

Usei-o com minhas botas cor de bronze e deixei o cabelo solto e ondulado.

Duane chegou dez minutos mais cedo e desta vez meu pai estava em casa.

Felizmente não era Jackson. Papai convidou Duane a entrar e ofereceu-lhe uma cerveja

(que Duane recusou-se a favor de chá doce, porque viu a oferta como armadilha) e

discutiram a política local, esportes e carros durante uns vinte minutos. Então papai

acenou-nos, dando-me um pequeno sorriso e um aperto de mão firme a Duane.

Mais uma vez, Duane estava dirigindo seu Papa-Léguas. Desta vez, eu era

capaz de admirar o carro quando nos aproximamos, apreciei as linhas simples e

elegantes, antes que ele abrisse a porta do passageiro.

Mesmo que fosse nosso segundo encontro, tudo parecia diferente. Melhor. O

peso da minha desonestidade estava longe. Estava tudo bem. Tudo estava esclarecido,

em aberto e tínhamos um acordo.

Portanto, era mais como um encontro de verdade. Eu poderia relaxar e

apenas desfrutar de sua companhia, porque sabia que tínhamos treze meses e meio

juntos.

Uma vez que os problemas foram resolvidos, sorrimos um para o outro.

Senti-me agitada e perguntei.

— Onde vamos?

— Você vai ver. — Ele respondeu misteriosamente, os olhos dele deslizando

sobre meu corpo com apreciação.


Isso deixou-me quente. Sim, gostei. Gostei muito de como Duane Winston me

olhou. Ele empregou em mim cada grama de atenção e foco, como se estivesse fazendo

planos.

Então o olhar ficou preso no meu joelho nu.

— Vai ficar quente o suficiente nesse vestido?

Dei de ombros.

— Espero que sim. Mas já que não vai me dizer onde estamos indo, veremos.

Duane me deu outra olhada enquanto ligou o motor e saímos. Em primeiro

lugar, pelos primeiros dois minutos mais ou menos, nenhum de nós disse uma

palavra, me perguntei sobre isso, preocupada que nosso acordo fosse deixar as coisas

tensas. Não estando disposta a me sentar em silêncio por mais tempo, eu resolvi falar.

— Então. — Eu disse.

— Então. — Ele disse ao mesmo tempo.

Ambos rimos, e ele ofereceu.

— Você primeiro. — Duane limpou a garganta, a expressão de repente

sombria e começou de novo. — Então, sobre aquele diagnóstico de sífilis...

Eu joguei a cabeça pra trás e ri, satisfeita quando ouvi sua risada juntar-se a

minha e senti ele colocou a mão no meu joelho e apertou. Fiquei feliz quando a deixou

lá. Quando acabei com meus risos, bati-lhe no ombro e desdenhando disse:

— Não acredito que ninguém achou a piada engraçada ontem a noite. Essa

piada foi a mais divertida em humor DST.

— Foi engraçado, mas acho que talvez, dado o fato que Sylvester Kip é seu

chefe e sua filha estava presente, não foi surpreendente que não riu. E não se importe

com Billy. Ele não pode rir em público. Aposto que estava morrendo de rir por dentro.

Voltei minha atenção para Duane.


— O quê? Por quê? Por que Billy não pode rir em público?

— Porque todo mundo sabe quem ele é Heck19, metade dos caras da sua

seção trabalham para ele. E acho que ele está considerando uma corrida para

Comissário do condado em dois anos.

— Oh, Deus. Parece horrível. Não consigo imaginar ser um funcionário

público, com todas aquelas pessoas e opiniões.

— Eu sei, certo? As pessoas são o pior.

Seu comentário me fez rir de novo e ele me estudou, imaginando que outras

camadas escondidas, podia revelar.

Para este fim, eu disse.

— Então, Duane Winston, me fale de você.

— O que quer saber?

— Diga-me... Uma coisa que eu não saiba. Qual é seu filme favorito?

— Qualquer coisa com uma boa perseguição de carro.

Sorri para a previsibilidade da sua resposta, mas não parecia certo.

— Com dúvida de sua resposta?

O olhar de Duane deslizou para o meu e ele deu um meio sorriso.

— Você não gosta de uma boa perseguição?

— Não disse isso. Quis dizer, por que sinto que há mais de você do que sua

cara estereotipada? — Respondo. A mão dele apertou, em seguida, relaxou no volante.

— Há uma razão para que comamos pipoca durante um filme. Se quero

apagar, ser desmiolado e entretido, em seguida, assistir TV, vou ao cinema. Se quero

uma boa história, então leio um livro.

19
Pessoas que gostariam de expressar-se simplesmente por prazer e não o fazem ou não pode fazer.
— Ah ha! — Cutuquei seu ombro delicadamente. — Aí está. Você é uma

pessoa de livro. Isso é provavelmente porque sua mãe era bibliotecária.

— Sim, ela provavelmente teve influência... — Duane se contorceu um pouco

no assento, as sobrancelhas relaxaram sobre os seus olhos como se estivesse imerso em

pensamentos. — Acho que a maioria das pessoas olhava os meninos Winston como

um bando de caipiras, filhos de Darrell Winston, o vigarista e criminoso. De certa

forma, acho que somos. Gostamos de nossos carros, churrasco e música de banjo. Mas

nossa mãe queria mais. Momma20 exigiu basicamente que cada um de nós terminasse a

escola.

— Como ela conseguiu isso?

— Livros. Muitos livros. Pelo menos uma semana para ampliar nosso

vocabulário e mentes. Os clássicos eram leitura obrigatória, bem como as maneiras à

mesa, todos os modos, eram levados muito a sério. Palavras como não é, o que não é

uma palavra, não eram permitidas na casa, embora todos tivéssemos preguiçosos com

gramática, nós crescemos mais sábios. Ela também nos ensinou a dançar.

— Dança? Ela te ensinou a dançar?

— Sim.

— O quê? Tipo valsa?

Ele assentiu fracamente, claramente perdido numa memória de sua mãe. Não

interrompi. Em vez disso admirei seu perfil, sentindo as profundidades que não

conhecia. Eu tinha tantas saudades delas. Pela primeira vez em uma semana, senti que

podia respirar. Eu sabia que estava me apaixonando forte e rápido, mas não tomei

20
Outra maneira carinhosa de referir-se a mãe.
cuidado. Tínhamos pouco mais de um ano e planejava doar-me a ele e para ele. Estava

completamente e totalmente DENTRO.

Longamente Duane balançou a cabeça como ele estivesse saindo de um

transe e acrescentou.

— Mas realmente, acho que preferiria estar lá fora sozinho. Vivendo, fazendo

e vendo por mim mesmo.

Eu comecei a falar mesmo antes dele terminar o pensamento.

— Sim. É exatamente como me sinto. Na verdade fico frustrada às vezes

quando leio blogs de viagens ou revistas. É como se, eu quero ver o que tem lá fora,

fazendo e não lendo sobre a experiência de outra pessoa.

Duane assentiu com a cabeça em minhas palavras como se realmente

entendesse minha perspectiva. Mas então me surpreendeu perguntando.

— Então, o que fez?

— O que quer dizer?

— Quero dizer, como viveu? O que fez? E todas as loucuras que fez enquanto

éramos crianças não contam.

Agora me contorci um pouco no lugar. Duane deslocou-se como se estivesse

prestes a tirar a mão de mim, então a cobri com a minha, apertando-a contra meu

joelho. Eventualmente admiti a triste verdade.

— Fiz muitos planos, me preparando. Mas, sinceramente, nada de

emocionante até agora. — Adicionei um suspiro triste. — Não há grandes viagens ou

aventuras.

Seus olhos estavam na estrada, mas a forma como tinha ligeiramente

inclinado a cabeça na minha direção e acariciado meu joelho com o polegar mostrou
que ele estava pensando sobre a minha resposta. Sua expressão pensativa tornou-se

uma carranca.

— Não precisa de uma grande viagem para ter uma aventura. Há muitas

aventuras aqui.

Eu respondo.

— Você sabe o que quero dizer.

— Eu acho que sei... E acho que não. Só estou dizendo, se não pode ter uma

aventura onde está, o que te faz pensar que terá uma aventura em outro lugar?

Senti que a resposta era óbvia, no entanto, disse.

— Porque vai ser em um lugar novo. Acho que já fiz e vi tudo que há para

ver e fazer aqui.

— Bem, me esclareça então. Que aventuras viveu em Green Valley, Tennesse?

Achei que sua pergunta era para ser irônico, então ri e respondi.

— Nenhuma.

— Errado.

Eu zombei.

— Não. Não está errado. Temos três restaurantes, três bares, o campo Cooper

e a as sessões de Jam nas noites de sexta. Nisto encontra-se a soma total do que Green

Valley tem para oferecer.

— Errado. — Ele repetiu, mas dessa vez o canto da sua boca puxou para cima

como se estivesse lutando com um sorriso.

— Oh realmente? O que estou perdendo?

— Caminhadas, pesca, canoagem, camping.

— Vamos lá Duane. Caminhamos e exploramos todas essas montanhas

quando éramos crianças. Você sabe que coisas de criança não contam.
Ele hesitou por um minuto, em seguida, disse.

— Bungee jumping.

Eu quase engasguei.

— Bungee jumping? Você já saltou de bungee jumping?

— Sim. E paraquedismo.

— Macacos me mordam! Quando e onde?

— Vou te levar.

Meu peito contraiu com uma dose saudável de medo, e minha resposta

imediata foi negar.

— Não. Não, obrigado. Acho que vou passar.

— Você disse que queria aventura.

— Aventura não é a mesma coisa que tentar me matar.

Agora, ele riu.

— Não é tão perigoso.

— Diz o ousado demônio, Duane Winston.

— Então, está me dizendo que quando sair vai fazer apenas caminhadas, esse

seu desejo de viajar, está planejando ter aventuras apenas pacatas e seguras? — Ele fez

uma careta, como ele estivesse desiludido. — Isso não é viver. Diga-me que tem gasto

seu tempo planejando mais que isso.

Novamente contorci-me no meu lugar e resmunguei.

— Não.

— Sim. — Ele respondeu.

Leve irritação fez meu peito e bochechas quentes e olhei para ele.

— Só porque não quero me jogar de um avião rumo a terra não significa que

minhas aventuras serão chatas.


Olhando para mim sorrindo como um demônio ele piscou e disse.

— Não tem que se jogar de um avião, porque vou estar lá para empurrá-la.

Minha boca caiu aberta e um som pequeno estrangulado de descrença surgiu

na garganta. Mas então ri através de indignação, pois sua expressão era tão

adoravelmente vibrante e travessa. Logo ele estava rindo também, provavelmente da

minha expressão chocada e irritada. Enquanto eu ria, estendi a mão e apertei a perna

dele.

— Bem, não quero ser um fardo.

Ele pegou minha mão.

— Não seria sacrifício nenhum. Estou feliz em oferecer meus serviços a

qualquer hora se precisa ser atirada de um avião.

— Ou de uma ponte?

— Ou de um cais.

— Ou de um barco.

— Sim. Até mesmo de um barco. Vou ficar feliz em empurrá-la a qualquer

momento se necessário. — Enquanto ele disse estas palavras nós paramos num

semáforo e ele virou a cabeça para mim, dando-me um sorriso feliz e apertando minha

mão. Seu sorriso era deslumbrante, e senti meus próprios lábios se curvarem.

Deus, eu adorava quando ele sorria, como estava fazendo agora. senti como

se finalmente, estivesse vendo o verdadeiro Duane Winston, aquele que ele

compartilha apenas com algumas pessoas, dignas de tal honra. E assim me apaixonei

um pouco mais com essa sensação e certeza de que era digna disso.

— Sinto que devo retribuir. — Disse calmamente, perdendo-me na sua

proximidade, no calor genuíno e afeição no rosto bonito. — Por favor, me deixe saber

se posso estar a serviço para empurrá-lo de forma similar.


Vi-o respirar fundo, o olhar se movendo sobre mim, ainda quente e com

afeto, e ele disse num sussurro.

— Minha mãe uma vez me disse, você não precisa ser empurrado para cair.

Não acho que precisará fazer muita força, Jessica.

***

Demorou mais de uma hora para chegarmos ao nosso destino, durante a qual

facilmente conversamos. Ele me contou histórias de clientes loucos, e se tivesse que

adivinhar se eram verdadeiras ou falsas, diria que as histórias mais ultrajantes eram

verdade, o que desse modo, agitou minha fé na humanidade e me lembrou que

cinquenta por cento da população caiu cerca de cem no teste de QI.

Antes que percebesse, nós chegamos. Olhei pelo para-brisa e percebi onde

estávamos.

— The Canyon? Você me trouxe para assistir as corridas? —Não estava

reclamando, não em tudo, estava apenas surpresa e talvez um pouco nervosa.

Duane assentiu com a cabeça enquanto parou num espaço para frente,

visivelmente vazio.

Ele abriu sua porta quando parou o motor.

— Sim. Podemos ver as corridas, mas há boa comida, também. E podemos

conversar. Fique por perto, as coisas podem ficar loucas.

Ele veio ao redor do carro e chegou à minha porta, abriu-a oferecendo-me a

mão. Eu tomei e ele a apertou.

Nossos dedos permaneceram entrelaçados, enquanto caminhávamos em

direção a mais próxima das três fogueiras. Eu não era geralmente uma apreciadora de
mãos, mas gostava das suas, as grandes linhas, e gostei de como seu contato nos

mantinha perto.

— Você está com fome? Há algumas barracas a frente. Eles têm costelas

cozidas, pimentão, pão de milho, e salada de repolho, embora o repolho não seja tão

bom quanto o servido no Centro Comunitário na sextas.

— Chili e pão de milho parecem bons. — Respondi ao mesmo tempo

espiando sem vergonha o espaço a nossa volta. Duane tinha razão.

Nem sequer eram 19:30h e as coisas já estavam um pouco loucas. Nunca vim

ao The Canyon antes, nunca vi uma das corridas, nunca tive oportunidade de fazê-lo.

Isto não era um lugar normal de corridas. O lugar parecia perigoso e

arriscado. O ar cheirava a vários tipos de fumo, fogo, carvão e óleo de motor, e teria

sido esmagador no verão quente. Mas carregado com o vento fresco da tarde era

inebriante, mas não forte demais.

Notei um grupo de skinheads e suas meninas se beijando perto de uma das

fogueiras segurando garrafas de bourbon cobertas com papel. Dois caras estavam com

mais de uma menina e os ânimos pareciam estar aumentando, perto do exagero.

Também, me senti um pouco exagerada por estar de vestido ou deveria dizer

excessivamente vestida. A noite era suave, mas ainda estava frio, ainda que todas as

mulheres estivessem usando uma minissaia ou calças de couro e blusas mostrando

mais pele que minha roupa de banho.

— Nem todo mundo é amigável. — Disse Duane, obviamente percebendo

minha boca aberta. — Skinheads geralmente não são conhecidos por serem amigáveis.

— Apertei-me mais perto de Duane que percebeu a dica e envolveu o braço ao redor

de meus ombros.

— Os grupos, não se misturam muito, exceto na pista.


— Qual grupo é seu? — Virei o olhar para ele, observando quando seus olhos

estreitaram e ele torceu sua boca para o lado dizendo:

— Não tenho um grupo.

— Sério?

— Sim. Quer dizer, conheço quase todos os pilotos, aqueles que levam a

sério, e temos respeito mútuo e coisas acontecem, mas geralmente não me associo a

qualquer grupo.

— Um lobo solitário?

Ele sorriu, o olhar deslizando no meu.

— Algo assim.

Passamos por vários grupos que se reuniam em torno de uma das fogueiras

ou dentro de um círculo criado por seus carros. Vários calmos, como seda, como se

estivessem num jogo de futebol, outros turbulentos como os skinheads, lutando,

bebendo e fodendo para que todos possam ver. Suponho que todos tinham uma ideia

diferente do que significa ter um bom tempo.

Bem como, todas as idades estavam aqui e, aparentemente, diversos

ambientes socioeconômicos. Vi corvetes ao lado de turbinados Honda Civics, um

caminhão Nissan enferrujado estacionado ao lado de um novo Acura. Alguns dos

grupos pareciam ter a minha idade ou mais jovens, crianças de colégio e escola, e

vários pareciam ter pelo menos vinte ou trinta anos e alguns grupos de todas as idades

misturadas.

Depois de avaliar a multidão, a primeira coisa que notei foi que The Canyon

não era realmente um canyon.

The Canyon era uma mina abandonada.


Corrida de rua era obviamente ilegal, como quase em todos os lugares.

Corrida no The Canyon, embora tecnicamente, não sancionada pela aplicação da lei

local, não era um crime passível de condenação, no entanto, apostar em corridas. Mas

tinha ouvido rumores de que as apostas eram de milhares de dólares e trocavam de

mãos todo fim de semana, indo os vencedores da corrida para casa com um grande

dote.

Nós chegamos perto de dois caminhões Dodge com churrasqueiras e mesas

na frente, ficando numa fila de vinte ou trinta pessoas, todas esperando para pegar

comida. O homem na frente nos olhou por cima do ombro, correndo os olhos em meu

corpo. Peguei seu olhar de soslaio.

— Mantenha os olhos para si, Devon. — Duane rosnou, enquanto pressionou

o braço em mim e me abraçou. A atenção do homem deslocou-se para Duane e

aumentaram enquanto virou completamente para nós com um grande sorriso no rosto.

— Não vejo você há semanas. — Ele chegou perto e agarrou a mão do Duane,

sacudindo-a com entusiasmo. — Espere até eu contar aos meninos que está aqui.

Estudei esta pessoa, Devon, quando ele sorriu para Duane, com algo como

adoração. Ele tinha minha idade, talvez um pouco mais velho e usava uma jaqueta de

couro preta, jeans e botas. Ele obviamente fazia parte de um clube de motoqueiros,

mas não reconheci o emblema no peito.

— Deixe-me comprar seu jantar e o da senhora.

— Não, obrigado.

Os olhos castanhos escuros de Devon olharam para mim e, em seguida,

voltaram a Duane e ele arqueou as sobrancelhas escuras. Eu ouvi o suspiro de Duane.


— Jess, este é Devon St. Cloud, o Saint só se preferir usar o nome do clube

dele, Devon, esta é Jess. — Duane fez as apresentações com relutância, como as boas

maneiras mandavam.

A grande mão de Devon envolveu a minha enquanto dizia.

— Seu velho é o melhor. O melhor. Não há ninguém na corrida que goste do

Red. Costumávamos correr Hummers em torno de faixas de sujeira no Afeganistão,

quando estava lá, e pensei que eles eram loucos. Mas ninguém se compara ao Red.

Não pude parar meu sorriso agora que Devon estava elogiando meu velho.

Além disso, gostei que seu nome de motociclista era Saint.

— O que? Red está aqui?

Este comentário veio de alguém atrás na fila, e estiquei o meu pescoço para o

lado para ver quem era. Acontece que isto era desnecessário porque logo estávamos

cercados por várias pessoas, homens e mulheres, ansiosos para ver Duane, apertar sua

mão e o conhecer melhor.

Tornou-se um pouco esmagador, para ser honesta, e todo mundo queria

saber a mesma coisa. Duane correria? E, em caso afirmativo, quais modalidades? E

como se sentia?

No final não pudemos comprar nosso jantar porque um skinhead chamado

Sheldon comprou uma bandeja de comida sem pedir permissão. Isto causou um pouco

de desconforto com Devon e seu grupo de motociclistas que tinham oferecido primeiro

lugar. Duane usou esta distração como uma oportunidade para mover-nos longe da

fila.

Enquanto me puxava para fora, eu disse.

— Lobo solitário, hein?

Ele se inclinou e sussurrou no meu ouvido.


— Só gostam tanto de mim, porque os faço ganhar dinheiro e gostam de me

ver correr.

Eu balancei a cabeça.

— Você conhece todos?

— Mais ou menos. — Ele deu de ombros. —Ou eles me conhecem.

Fomos parados mais algumas vezes no caminho que Duane tinha em mente.

Entre cumprimentar as pessoas e apresentações, Duane explicou que a localidade se

chamava provavelmente The Canyon por causa do barro vermelho e sujeira que

compõem a pista de corrida bem como os rostos das rochas expostas em três lados da

pista. A propriedade era privada, pertencente a um grupo que tinha deixado

abandonada por anos e claramente não protestaram contra seu uso como um circuito

de corridas regionais.

A pista oval com cerca de dois hectares, era necessária a cada noite de fim de

semana. Grandes luzes industriais foram colocadas junto as rochas, iluminando a

pista. As três fogueiras estavam de lado, o lado não delimitado pelas rochas, e era

onde todos os carros se alinhavam. Calculei que pelo menos duas centenas de pessoas

em torno das fogueiras, bebendo, socializando, falando besteira e ao mesmo tempo

avaliando a concorrência.

Ele estava certo. Todos pareciam conhecer ou saber de Duane, embora não

parássemos para falar por muito tempo. Todos que encontramos pareceram surpresos

por ver alguém com ele, o que me leva a pensar que ele normalmente vinha sozinho.

Levamos nosso chá doce, pão de milho e pimentão para uma grande pedra perto o

suficiente da pista para ver tudo, mas não tão perto para que ficássemos cobertos de

sujeira. Uma corrida estava prestes a começar.


— Você está tensa. — Duane observou entre colheres de chili. Percebi que

tinha franzindo a testa quando a linha de carros começou a acelerar os motores. Olhei

de relance para Duane e levantei meu queixo em direção à linha de partida.

— Já ouvi histórias sobre carros bater contra as paredes de pedra causando

ossos quebrados e deixando pessoas inconscientes.

— Os rumores são verdadeiros.

Senti minha carreta aprofundar.

— Por que alguém faria isso, então? Se é tão perigoso?

Ele deu de ombros.

— Porque não é fácil, é preciso paciência e habilidade. Porque é perigoso e as

vezes é divertido sentir um pouco de medo.

— Um pouco de medo?

Ele me deu um sorriso torto, e pousou os olhos na minha boca.

— Isso mesmo. Só um pouco.

Funguei em descrença. Se estas corridas davam a Duane, um pouco de medo e

como tinha dito, o paraquedismo não era de todo perigoso, quis saber o que

possivelmente poderia assustar Duane. No mesmo momento, um tiro foi disparado.

Os carros partiram em frente da linha de partida como demônios fugindo do inferno,

os motores sufocaram os outros sons. Meus olhos estavam colados na ação à minha

frente, como os carros, alguns velhos, novos, todos turbinados, escorregavam e

derrapavam por todos os lados na pista de terra. Dois dos sete sairam na primeira

volta, um deles saltando fora da parede de pedra.

Soltei um suspiro assustado e senti a mão de Duane apertar a minha.

— Ele vai ficar bem. Não estava indo tão rápido.


Agachei-me contra seu aperto contínuo e assisti o resto da corrida com

atenção. Só três dos carros chegaram a linha de chegada e foi doentiamente perto. O

caso é que tudo era irresponsável e perigoso, e pensei que desprezaria isso. Eu estava

errada. Eu adorei. Meu coração batia rápido e ainda estava sentada.

Adorei o som dos motores, e o cheiro de óleo de motor que se misturava com

a fumaça e terra. Amei o ar geral de excitação, camaradagem e aventura. Amava como

essas pessoas amavam seus carros e mesmo assim os arriscavam correndo. Quando os

carros aceleraram, senti a brisa do vento e a vibração no meu peito.

Claro que ajudou ver que as pessoas saiam de pé de seus carros sem

nenhuma assistência, parecendo mais chateados por perder a corrida ou com o que

tinha acontecido com seus automóveis do que com seus cortes e machucados. Era

emocionante e tudo parecia maior, mais brilhante e mais claro, provavelmente um

subproduto da adrenalina em minhas veias. Deduzi que as voltas earm de longe a

parte mais perigosa da corrida. Manter o controle sobre mil quilos de aço, em torno de

uma pista, enquanto corre a mais de noventa milhas por hora21, em uma pista de terra,

basicamente parecia impossível para mim, mas alguns dos carros conseguiram essa

maravilhosa artisticamente.

No final da quarta corrida basicamente tinha me enfiado no colo do Duane e

irrefletidamente gritei quando cada um dos carros passava numa curva. Meus gritos

fizeram Duane rir e ele me segurou mais apertado. Tão logo os, cinco desta

concorrentes restantes cruzaram a linha de chegada, Duane retirou meus dedos de

onde eu os em suas pernas.

— Está se divertindo? — Ele perguntou enquanto beijou meu pescoço.

21
Noventa milhas por hora é aproximadamente 144 km/h
Virei-me para ele e tenho certeza que meus olhos estavam tão enormes

quando meu sorriso quando falei.

— Sim, estou tendo meu melhor momento. Nunca pensei que iria gostar de

toda essa loucura, mas é incrível e estou feliz que me trouxe.

Ele me lançou um sorriso meio distraído como se fosse uma sentença de

execução quando puxou um par de luvas de couro da jaqueta.

— Bom. Isso é bom.

Olhei de relance entre ele e as luvas que estava mexendo e senti meu sorriso

desaparecer. Ele tirou a jaqueta e me entregou.

— Onde vai…? — Minha boca secou tanto que não poderia formar a

pergunta como pretendia, porque já sabia a resposta. Abruptamente, meu coração

saltou no peito muito dolorosamente, pulando e tentando libertar. — Oh meu Deus,

Duane. Não ouse.

Só naquele momento o movimento chamou a atenção de Devon, o

motociclista de mais cedo, além de Duane. Devon e uma mulher que não reconheci

estavam andando em nossa direção.

— Eu já volto. — Duane trouxe minha atenção de volta para ele, empurrando

minhas pernas com seu joelho e pisou entre eles. Ele envolveu uma mão enluvada por

trás da minha cabeça e aproveitou minha boca ainda aberta, dando um grande beijo.

Fez-me sentir que estava sendo provada, saboreada, lembrada. Ou talvez estivesse

tentando transmitir sua memória para mim. De qualquer forma, não tinha como

esquecer o que houve.

Muito rápido ele se endireitou e senti-me um pouco confusa, mas também em

pânico, ele me olhou por apenas um curto momento, novamente, com planos nos

olhos, depois virou-se. Duane estava fora antes que eu pudesse pensar em protestar
novamente. Quando o assisti ir, fiquei sentada, então levantei novamente… Eu não

sabia o que fazer.

Quando Duane passou por Devon apertou sua mão, acenou com a cabeça em

minha direção, apalpou seu ombro e depois continuou seu caminho.

Assisti a troca com incredulidade, estudei os passos longos de Duane antes

que fosse completamente engolido pela multidão.

— Ei, Jess, esta é a Keisha. Se importa se te fizermos companhia?

Meus olhos mudaram-se para Devon, depois para sua amiga bonita e de

volta para Devon. Minha voz rachado quando perguntei.

— Ele vai para a corrida, não é?

O motociclista lançou-me um grande sorriso, como se achasse meus nervos

engraçados.

— Sim. E tenho duzentos dólares apostando que ele chega 10 segundos a

frente do carro mais rápido.

— Não se preocupe, querida. — Keisha apertou meu braço e me deu um

sorriso doce. — Red não perde.

Sentei-me na rocha e coloquei o casaco do Duane sobre minhas pernas, ainda

estava quente do corpo dele. Ele ia correr. E enviou um motoqueiro chamado Saint

para cuidar de mim. Um calafrio passou por mim, apesar da camada adicional de sua

jaqueta. A comida que tinha comido estabeleceu-se em meu estômago como um nó frio

e já não estava me divertindo.

Mal notei quando o casal se sentou perto de mim, mas estava irritada de

ouvi-los falar sobre a corrida contra o relógio.

Eu e muitos outros sentamo-nos na margem para não perder o momento

quando Duane acelerou seu Papa-Leguas para a largada.


Pensei em correr e me jogar na frente de seu carro. Pensei sobre não tê-lo.

Em vez disso rezei e apertei minhas mãos. Elas tremiam. Eu NÃO estava ok

com essa sucessão de eventos.

Caso ele se machucasse, jurei a Deus, eu ia matá-lo. E se não se machucasse,

ia a sua procura para me levar para casa. Com o passar de cada segundo minha

ansiedade aumentou junto com o sentimento de impotência.

Não queria vê-lo na corrida. Isso não me divertia.

Quando ecoou o som do tiro através do ar, trabalhei sozinha numa emoção

real, uma birra condizente com meu passado malcriado. Eu queria fechar os olhos,

enterrar meu rosto nas mãos e esperar até que tudo tivesse acabado, mas não consegui.

Duane imediatamente saiu na frente, e meu estômago caiu. Devon e Keisha

gritaram animadamente, ambos em pé. Ele foi o primeiro a chegar a virada e cada

músculo do meu corpo ficou tenso, minhas unhas escavaram na carne de minhas

mãos, e eu me preparava para o pior. Mas o pior não veio. Na verdade, ele não virou

na curva, ele a atacou. Ele era, de longe, o mais rápido e pensei que ter visto fogo

saindo de suas rodas no percurso e ele saindo completamente ileso. Seu motor

continuou acelerando, enviando emoções e preocupações a cada um dos meus nervos.

Mas depois de mais duas voltas percebi que Duane realmente sabia o que

diabos estava fazendo. Ele era incrível. Agora, meus olhos estavam colados ao Papa-

léguas de Duane. Devon e Keisha estavam animados aos gritos, quando ele deslizou

em torno do último cone de retorno. Ele estava na liderança por vários carros.

Racionalmente, sabia que era só um carro velho, mas a maneira como o dirigiu

transformou o metal da máquina com sensualidade. Ele conduzia com arrogância e

controle, como se pudesse ser tão desenfreado na corrida, controlado e dominador

ainda com precisão.


Mas ainda estava zangada com ele. Na verdade, estava furiosa... Ou pelo

menos pensei que estava.

Ouvi o som do motor quando passou através da linha de chegada,

perseguido por uma nuvem de poeira. A multidão aplaudiu e eu estava de pé me

movendo em direção ao seu carro. Foi quando descobri haver um nó apertado de

preocupação e tensão. Estava frio lá fora, ainda estava quente ao redor.

Meu maxilar apertou e travou e ensaiei as palavras que queria dizer.

Como se atreve a me fazer assistir você quase se matar! Você me não deu nenhum

aviso, me deixou e estou com tanta raiva que quero... Quero...

Não consegui terminar o pensamento, porque o que realmente queria fazer

era arrancar suas roupas, o que não fazia sentido. Parecia que meu problema estava

centrado no fato de que não sabia se estava chateada, desligada, excitada, ou ambos.

Perifericamente, ouvi Devon chamar meu nome. Eu o ignorei. Então ouvi

trechos de conversas ao redor enquanto meu furioso pensar virou um urgente

caminhar. Essas conversas variaram de observações sarcásticas sobre como ele nunca

perdeu, comentários frustrados sobre como ele não pode mais correr, porque sempre

ganha, para discussões sérias, perguntando por que ele não estava correndo

profissionalmente.

Quando cheguei a ele, ele estava fora do carro e cercado por uma multidão.

Não hesitei em retirar todos do caminho, mas quando cheguei, e ele estava lá na minha

frente, são e salvo, parei bruscamente. Alguma emoção entupiu na minha garganta,

uma que não pude identificar.

Assim que ele me viu seu rosto se dividiu num gigante sorriso e seus olhos,

mais brilhantes do que nunca, devoraram os meus. Duane agarrou minha mão e me
puxou para frente, envolvendo o braço na minha cintura e pressionou meu corpo no

seu. Então ele me beijou. Exigente.

Pega de surpresa, pressionei as mãos em seu peito para me equilibrar, e senti

seu coração trovejando contra minhas palmas. Assim tive um único pensamento. Eu

precisava dele. Agora. Precisava saber que ele estava bem. Minha necessidade foi

ferozmente sentida. Precisava sentir a força e a vitalidade de seu corpo sob minhas

mãos e precisava de suas mãos em mim.

Nosso beijo provocou diversos comentários mais espertinhos acompanhados

com assobios, mas não me importei. Não conheço essas pessoas, e mesmo que

conhecesse, não teria feito diferença. Duane inclinou-me para trás e se afastou, embora

os braços ainda me segurassem.

Ele pegou minhas mãos e estava respirando com dificuldade.

— Jess, espere um minuto.

— Não. — Sussurrei em seu ouvido a palavra antes de usar minha língua

para sugá-lo em minha boca. Ele endureceu e ouvi-o soltar um gemido silencioso.

— Red, parece que tem que ir, filho. Podemos enviar seu dinheiro mais tarde.

— Este comentário veio de algum lugar sobre meu ombro. O homem que disse estava

rindo, a voz rouca só serviu para pontuar o significado das palavras.

Duane virou-nos, usando sua força e tamanho sentou-se sobre o assento do

banco, não mais protestando me agarrando. Nós estávamos na horizontal, e ele

retornou meus beijos febris, tomando o controle de minhas explorações e aproveitando

tudo, dando uma volta quente de nossas bocas com firmeza.

Embora, perifericamente percebi que fechava a porta do motorista, fechando-

nos dentro daquela máquina sexy. Também percebi que os comentários aumentaram,

assobiando e agora batendo no telhado do carro.


Ajoelhando-se sobre mim, girou minha cabeça para um lado, sua barba

contra minha bochecha e queixo, e soltou um gemido gutural no meu ouvido.

— Jessica, acha que pode me dar alguns minutos para nos tirar de perto desta

multidão? E encontrar um lugar privado?

— Não sei se posso esperar muito. — Respondi honestamente, minha

respiração irregular com emoção mesmo que o progresso da minha mão fosse

frustrado por seu cinto. Duane fez um curto som de descrença que logo se

transformou num riso alto. O som conseguiu puxar-me de volta das nuvens. Vi que ele

estava sorrindo, seu rosto a apenas polegadas do meu.

Relutantemente, retornei o sorriso.

— Estou realmente falando muito sério. Acho que se inspirar sobre mim terei

um orgasmo.

Minha confissão fez seus olhos abrirem quando riu novamente e então

piscando disse:

— Estou um bocado inspirado agora.

— Não, está confundindo o significado. Se inspirar lá em mim. — Olhei para

baixo de nodo significativo, depois voltei a ele. — Eu iria totalmente desmoronar.

Ele sentou-se, o riso, agora, um sorriso.

— Isso soa como um desafio.

— Não. Não é um desafio. É uma verdade. — Sussurrei, perdida em seus

olhos. Percebi que uma de suas mãos foi até minha saia, apertando a coxa nua. Ele

procurou minha cara no escuro, como se esperando ler a veracidade da afirmação. A

multidão que nos cercava se tornou um pouco mais detestável e agora ficava espiando

pelas janelas.
Duane se abalou. Ele retirou as mãos e me ajeitou em seu colo ao mesmo

tempo, o que me levantou numa posição mais sentada. Ligou a ignição, acelerando,

quando ele olhou pelo retrovisor.

— Coloque seu cinto de segurança, Precisamos nos mover.

Coloquei o cinto e em seguida me aconcheguei perto dele, tecendo meus

dedos no seu cabelo, na parte de trás do seu pescoço e usando a outra mão para

acariciar sua coxa. Ele estava tenso. Seus músculos estavam contraídos.

— Duane. — Sussurrei no seu ouvido, mais um fôlego que o som. — Não vou

deixar você sair daqui até podemos chegar à segunda base. Pelo menos.

Ele rolou o Papa-Léguas para frente ligeiramente, empurrando a multidão

para fora do caminho. Me olhando de perfil ele disse.

— Jess, sabe como sou bom no beisebol, certo?

Tive a impressão que estava esperando pela minha resposta.

— Sim, Duane. Sei que você é bom no beisebol.

Os olhos dele deslizaram para o lado, colidido com os meus. Novamente, vi

um foco intenso, como se tivesse planos e todos eles me envolviam.

— Acha que me contento com a segunda base se tenho certeza que poderia

fazer um home run?


CAPÍTULO 14

“Você deve andar, come e viajar onde está. Caso contrário vai perder a maior parte de

sua vida”.

― Gautama Buda

~Duane~

Jessica James passou a língua na minha orelha, acariciando minha coxa, os

dedos roçando meu tesão, todo o tempo enquanto navegava de volta na estrada da

montanha.

Era um desafio. Enquanto dirigia, entre beijos, ela tinha conseguido tirar

minha camisa, soltar o cinto, desfazer o botão e o zíper da minha calça jeans. Ela única

e exclusivamente se concentrou em retirar minhas roupas, mas ainda não tinha

removido um único artigo dela, um descuido que exige imediata retificação.

O único som no carro, nossa respiração, o rugido do motor e os gemidos

suaves de, por favor, e rápido. Mas apesar das minhas alusões anteriores ao seu toque

sensual, o percurso deu-me o tempo que precisava para ganhar perspectiva que tinha

feito minha mente há muito tempo. Nossa primeira vez não seria num carro.
Sempre imaginei, no caso improvável de Jessica concordar com meu namoro,

que esperaríamos. Eu tinha decidido, provavelmente depois de confessarmos nosso

amor eterno e devoção um ao outro e fossemos noivos, sairíamos de férias juntos para

um aniversário. Seria um lugar que poderia dar romance a ela. Ou talvez

esperaríamos até nos casarmos. Essa sempre foi minha suposição. Minhas expectativas

não tinham se conciliado com seus objetivos de vida e ambições. Não íamos ter

aniversário, férias românticas ou noite de núpcias. Nós só tínhamos o agora. De

qualquer maneira, apesar de sua ânsia de consumar nossa relação abreviada, não

podia completamente sacudir meus anos de esperanças frustradas. Não seria como eu

queria, mas estava determinado a fazê-lo significativo e memorável. Mesmo se ela não

se importasse com onde e como, eu me importava.

Não.

Nada poderia ser apressado. Levaria o meu tempo, várias vezes. Temos toda

a noite, não uma rapidinha no meu Papa-Léguas. Agora se ela parasse de mergulhar

os dedos na minha boxers, eu seria capaz de formar um pensamento coerente. A

viagem foi mais demorada para o The Canyon do que a volta para Green Valley. Parei

no campo porque não tinha o luxo de quarenta e cinco minutos de carro de volta para

a cidade e não estava surpreso ao ver que não éramos o único carro no local. Mas o

campo era enorme, com várias ramificações e estradas de terra, abundância de locais

com privacidade e espaço.

Assim que parei o carro no parque e as luzes apagaram, peguei suas mãos e

afastei-as do meu corpo. Eu precisava pensar, e sentir seus mamilos duros através do

vestido macio não estava ajudando.

— O que… O que está fazendo? — Ela perguntou, soando sem fôlego.


Não respondi. Cometi o erro de liberar uma das mãos para que pudesse

passar sobre seu justo vestido e ela voltou a minha virilha, acariciando-me através de

cueca.

— Tire as calças. — Ela ordenou, as unhas arranhando meu jeans e

redirecionando o fluxo de sangue do meu cérebro.

Novamente, tive que agarrar o pulso dela.

— Jess...

— Eu quero você. — Ela implorou, mordendo meu pescoço.

— Tire o vestido. — Disse num sussurro ofegante. As palavras que ela soltou

me arrancaram um gemido involuntário do fundo da garganta, mas ainda consegui

dizer. — De jeito nenhum vamos fazer isso com você vestida. Tire o vestido. —

Apontei um dos botões.

Ela libertou uma das mãos mais uma vez e parecia estar tentando abordar

cada polegada da minha pele nua a caminho do Sul. O vestido dela estava levantando

nas coxas porque escalava meu colo, se esfregando na minha perna. Basicamente,

perdendo a cabeça.

— Duane, por favor. Eu preciso de você. Por favor, deixe-me...

— Eu preciso de sua pele. — Liberei o pulso dela e deslizei as mãos de seus

joelhos para quadris, seguindo o caminho para cima, revelando um pedaço de renda

branca da sua calcinha. Mas não parei, continuei a empurrar o vestido, porque

precisava sentir o peso dos seios nus nas minhas mãos. Não sei o que estávamos

fazendo, aonde isso ia levar e ainda esperando ter bom senso suficiente, uma vez que

ela estivesse nua para me controlar.

— Espere, Duane.
O vestido elevado tornou-se volumoso. Pela primeira vez desde que

entramos no carro, as mãos dela se afastaram voluntariamente do meu corpo como se

tentasse retirá-las das mangas. Tentei tirar proveito do momento, e desatar seu sutiã,

mas por baixo do vestido estava apertado em torno de suas costelas e peito,

restringindo nossos movimentos. Não ajudando, ela tentou tirar um braço da manga e

seu cotovelo agora estava preso entre o corpo e o vestido, imobilizando a mão. Seu

outro braço estava acima e num estranho ângulo, batendo no teto do carro.

Tentei empurrar o vestido, mas só complicou a questão, apertando-a abaixo

das costelas.

Olhei para ela, e seu rosto estava vermelho. Eu poderia dizer pelo conjunto

de sua mandíbula que estava frustrada. Jess estava basicamente presa no material,

escarranchando meus quadris e tremendo o tronco de lado a lado como se estivesse

tentando fugir.

Então começou a xingar. Ela parecia um gatinho enfurecido.

Não pude evitar. Eu ri.

Agarrei seus quadris, apoie a testa no seu estômago apenas sob o pretexto de

ajudar, e ri contra a pele nua.

— Duane Winston, está rindo de mim? — Ela rosnou enquanto lutava com o

vestido.

— Sim. Estou rindo de você. — Não conseguia parar de rir. Senti lágrimas

reunirem-se em meus olhos. Ela parecia ridícula e adorável, presa no vestido. E eu

estava aliviado. Porque o momento teve um efeito moderador da situação.

Ouvi-a rir um pouco também, mas parecia irritada.

— Bem, se puder se incomodar em parar de rir tempo suficiente, e talvez

pudesse ajudar a sair desta camisa de força, eu realmente apreciaria.


Agachei-me contra o banco e a estudei.

— O que posso fazer?

— Primeiro lugar, tire esse sorriso da cara.

Eu tentei, juto. Mas em vez disso ri novamente.

— Oh meu Deus! — Exalou ela, combinando sua exclamação com um revirar

de olhos.

— Bem. — Segurei minhas mãos, mostrando rendição. — Está bem. Há

botões?

— Sim, mas, acho que não seremos capazes de desenganchá-los nesta

posição. Pode puxar o vestido para baixo?

Concordei, concentrando-me em ajudá-la a desembaraçar-se mesmo que

chorando a perda de sua pele. Puxei o tecido mais fino primeiro, depois o mais

volumoso da parte de cima. Seu cotovelo ainda estava preso, então cheguei perto e

tentei desabotoar algumas polegadas no centro das costas. Ela segurou meu ombro

para equilíbrio com sua mão livre, enquanto eu trabalhava. Logo percebi que iria

precisar ver os botões. Eles eram pequenos, redondos e escorregadios e não consegui

uma boa aderência.

— Jess, vai precisar virar no meu colo. Não vou abrir estes botões sem vê-los.

Ela suspirou e soltando um rugido longo e frustrado, gritou:

— Isto é inacreditável!

Pressionei meus lábios juntos. Não ia rir de novo, mas queria muito. Ela

estava com tanta raiva e num espaço apertado do carro, quero dizer que toda vez que

ela torceu o cotovelo preso dentro do vestido quase o batia no meu nariz, testa ou

queixo.
Tive que ajudá-la no meu colo e senti seus olhos em mim, quando sentei seu

traseiro no assento ao meu lado.

— Não acredito que você está rindo. Ainda está rindo.

— Não estou. — Eu menti.

— Você está!

— É só. — A virei para que pudesse ver as linha de botões. Eu juro havia

centenas deles. — Por que usaria isso? Quem te ajudou a abotoar?

— Ninguém. Usei um espelho.

— Você deve ser loucamente flexível.

— Eu sou.

Parei de rir.

— Silêncio, vou concentrar-me.

Busquei os botões novamente, mas agora ela estava rindo. E quando riu ela

tremeu. Mas o riso dela também era pura magia. Deixei minha testa cair em seu

ombro, as minhas mãos caindo na cintura e acabei de ouvir o som enquanto ela

respirava.

Minhas ideias anteriores voltaram a tona novamente, nossa primeira vez não

ia ser num carro. Não, eu queria estar com ela, fazê-la rir, fazer uma loucura, sem

pressa, tomar seu tempo. Mesmo se não se importasse sobre onde e como, eu me

importava.

Quando o riso terminou respirei fundo, fechando o zíper e a procura de

minha camisa.

Ela olhou por cima do ombro e notei que tinha libertado seu cotovelo de onde

estava preso, empurrando-o através da manga. Um sorriso apareceu em seus lábios,

mas ela arqueou as sobrancelhas juntamente com uma pergunta:


— O que está fazendo?

— Tire suas botas. — Ordenei rispidamente, recuperando minha camisa e

puxando-a sobre a cabeça.

Ela só hesitou por um segundo antes de eu ouvir o zíper das botas e dei uma

olhadela nas pernas dela. Sob as botas ela usava uma longa meia rosa e preta que

chegavam quase aos joelhos. Cavei meus dedos em minhas coxas para evitar tocar

suas pernas dela, ou rolar a meias nos seus tornozelos esculpidos.

— Duane?

Levantei meus olhos, e ela estava espreitando em minha direção.

— Tire sua calcinha, Jessica.

Ela hesitou e então perguntou.

— E o vestido?

Eu balancei a cabeça.

— Só a calcinha.

Seus olhos castanhos estudaram meu rosto por uma batida e então ela

levantou os quadris. Fechei os olhos, não precisei ver, mas imaginei seu doce centro

exposto e quase a agarrei. Quando ela terminou, a senti hesitar ao meu lado.

Abri os olhos, encontrando seu olhar. Como suspeitava, ela estava

novamente esperando meu comando. O fato dela estar tão disposta e confiante

reforçou minha resolução.

— Sobe no meu colo. — Desta vez, minha voz foi mais suave.

Ela o fez imediatamente e chegou para minhas roupas ao mesmo tempo. Eu

parei as mãos dela.

— Não. Deixe isso.

— Mas...
— Shhhh... — Deslizei meus dedos por baixo da saia, saboreando a pele das

pernas. As mãos dela vieram para meus ombros para equilibrar-se e os olhos

cresceram nebulosos quando olhavam para meus dedos em sua parte interna das

coxas.

— Duane. — Ela implorou, engasgada como se fosse engolir meu nome.

Luzes de um carro que passava na estrada à distância palidamente iluminou

o interior as janelas que estavam agora completamente embaçadas.

Acariciei-a com a ponta do dedo médio e apertei suas coxas, ela fechou seus

olhos e soltou um suspiro. Movendo uma mão em volta de sua bunda, porque ela

tinha uma bunda maravilhosa, a segurei e toquei novamente, apertando em vez de

provocá-la com controle e precisão.

Assistir Jessica era uma revelação. Sim, estava ostentando um pau furioso

neste momento e meu pau invejava a mão, mas como ela respondeu a mim, como se

moveu, suspirou e suplicou, cravou-se no meu peito, e encheu meus pulmões. Nunca

experimentei algo comparável.

Ela estava certa. Não demorou muito. Quando ela agarrou meu pulso,

ofegante e balançou no meu colo, sua loucura em minhas mãos me fez querer dar voz

aos pensamentos possessivos e reivindicativos.

Seu corpo é meu.

Isto é meu.

Você é minha.

No entanto não o fiz. Mesmo quando senti seu glorioso corpo contrair-se em

torno de meus dedos e a assisti desintegrar-se em belas ondas, engoli as palavras.

Porque ela era minha.

Mas com data de validade.


CAPÍTULO 15

“O viajante vê o que ele vê. O turista vê só o que veio para ver”.

― G.K. Chesterton

~Jessica~

Vi Duane na igreja.

O reverendo Seymour realizava dois serviços todos os domingos: o serviço

rápido as oito horas e o lento às dez. Bethany Winston, quando estava viva, e todos os

meninos de Winston iam para o serviço rápido. Durava uma hora, no máximo. Minha

mãe chamava de religião fast food. Ela reclamava alto e muitas vezes sobre os

participantes regulares.

Minha família sempre frequentou o serviço das 10:00h. Às vezes todos os

presentes falavam pelo menos uma vez, pedindo orações, fazendo uma oração

especial, ou dando testemunhos. Grupos de pessoas reuniam-se no corredor.

Por este motivo quase nunca vi Duane na igreja, e provavelmente não teria

visto, exceto porque meu pai me acordou inesperadamente domingo de manhã para

ajudar na religião fast food.


Suspeitei que estivesse ansioso para colocar o serviço de domingo fora do

caminho, porque os The Cowboys jogariam com os The Patriots ao meio-dia. Esta

suspeita foi confirmada quando avistei os seis pacotes de nachos e corona na geladeira,

versão do meu pai de comportamento selvagem e irresponsável.

Chegamos alguns minutos mais cedo e sentamos na parte de trás. Duane e

três dos seus irmãos, Billy, Cletus e Beau, chegaram pouco tempo depois e sentaram

num dos bancos do meio. No começo estava impressionada e sem palavras com a

visão deles, quatro homens altos e belos, com ombros largos e quadris estreitos,

vestidos com camisas brancas e calça preta, movendo-se com um tipo de arrogância

intrínseca, graça e confiança nos movimentos.

Realmente, era muito bonito. Parecia um assalto.

A última vez que tinha visto tantos machos Winston juntos era quando tinha

treze anos e todos os seis foram num piquenique da igreja. Rosco, Beau e Duane foram

o babado do momento.

Eles eram bonitos, muito bonitos então. Mas agora cresceram. Eu imaginava

que seria difícil para qualquer mulher manter o foco na celebração com um banco

inteiro de machos Winston comparecendo.

Assim que recuperei meu juízo dos Winston bonitos assaltando meus

pensamentos, pensei em ligar ou fazer algum sinal para Duane, mas senti que meu pai

estreitou os olhos em mim e, portanto, optei por ficar calada.

Além disso, senti-me confusa sobre como nosso encontro tinha acabado na

noite anterior. Eu tinha assumido que as coisas estavam indo bem. Bom, já tinha

passado esplendidamente até o fim quando tentei retribuir suas maravilhosas

investidas e ele delicadamente parou meus avanços. Ele me levou para casa,
resmungando algo sobre ter-me em casa numa hora respeitável. Uma vez lá, recebi um

beijo na bochecha e saiu sem fazer novos planos.

O serviço foi iniciado e eu não conseguia me concentrar. Para mim a

dificuldade estava em ter Duane dentro de tal proximidade. É tão problemático para

minha alma com meu corpo recordando da noite e a semana anterior. Senti uma

pontada de vergonha em como tinha me comportado, semanas atrás no Centro

Comunitário, em como tinha basicamente me jogado várias vezes, e como ele tinha

gentilmente me rejeitado em cada uma dessas vezes.

Talvez ele não quisesse meu entusiasmo.

Talvez quisesse levar as coisas devagar.

Ou talvez meu fervor por seu toque, beijos e abraço fosse demais.

Esta última teoria não caiu bem. Ele parecia gostar, gostava de me fazer sentir

bem me observando perder meu controle. Talvez só não quisesse perder seu controle...

Como esse comportamento não era típico para mim, meus pensamentos internos

voltaram, tentando determinar por que estava tão fora do controle.

Sim, eu gostava de beijar, ser beijada, paquerar e me divertir. No entanto,

nada além de beijar era tão natural com alguém. Parar, no passado tinha sido feito sem

esforço e tinha explorado conscientemente no meu próprio ritmo, até o tipo (que

parecia um pônei de Shetland) tirar minha virgindade. Na faculdade, me sentia

pressionada por um rapaz para mudar as bases. Mas segui em frente. E foi fácil.

Ainda que com Duane... Bem, percebi que não me sentia no controle. Eu me

sentia carente. Senti uma urgência. Senti-me desesperada. Eu queria estar com ele, ou

perto dele o tempo todo. Quando não estávamos juntos, estava pensando sobre ele,

especificamente conversas que tivemos quando crianças e adolescentes e visualizá-las

através de uma nova visão. Ele estava se tornando importante pra mim numa
velocidade alarmante, porque eu estava permitindo que nossa história estivesse

presente. E, na verdade, parte do problema era que gostava dele. Eu não ia jogar, jogar

era desonesto, mas fiz uma promessa solene de ser mais cuidadosa sobre arremessar

meu coração, calcinha e sutiã no futuro. Ele me pegou de surpresa com sua

malandragem nos bastidores e, em seguida, sua honestidade no lago. Eu decidi que

iria devagar, adotando uma atitude mais consciente. Se ele quisesse levar as coisas

devagar, então eu poderia levar as coisas devagar, também.

Quando o culto terminou apenas trinta e cinco minutos depois, me

surpreendi quando meu pai não me apressou para fora da igreja. Ele colocou uma mão

no meu braço quando me mudei para deixar o banco.

— Só um minutinho, Jess.

Olhei de relance para ele, permitindo que minha confusão aparecesse no

rosto.

Meu pai me deu um pequeno sorriso e ergueu o queixo em direção ao altar

onde as pessoas eram levadas para fora.

— O jovem está aqui. Não seria certo, ir embora sem trocar uma palavra com

Duane.

Pisquei para o meu pai, imediatamente desconfiada de suas intenções. Na

melhor das hipóteses, meu pai era indiferente com todos os meus namorados

anteriores, os que ele conheceu, e na pior das hipóteses ele era desrespeitoso e rude.

— Pai, esse é o seu jeito de me dizer que não gosta de Duane Winston? — Eu

sussurrei.

— Não esta é a minha maneira de dizer que gosto de Duane Winston. — Ele

limpou a garganta e retornou minha expressão vesga. —Jess, eu gosto de Duane

Winston. — Decretou.
Estudei meu pai.

— Mas você não gosta de ninguém.

— Isso é porque não há ninguém bom o suficiente para você.

— E Duane é?

— Não. Mas a mãe dele, que descanse em paz, era o melhor tipo. Agora, se

tivesse que escolher seria Cletus ou Billy, mas sabe que nós, os Jackson, somos inúteis

com carros. Seria bom ter um mecânico da família.

Tenho certeza que meus olhos saltaram.

— Papai. Só começamos a namorar!

— Sim, mas é claro que o homem tem sua mente definida a longo prazo, e se

acontecer que Duane Winston seja uma razão para você ficar em Green Valley, em vez

de seguir com seus planos absurdos, então vou alegremente aguentá-lo namorando

minha filha.

Dei ao meu pai um sorriso triste e meu coração caiu um pouco. Ele não falou

meus planos de ir embora muitas vezes, mas quando o fez, sempre usou as palavras

como absurdo, imprudente, equivocado e tola, parando pouco antes de me chamar de

idiota. Eu não gostava de desapontar meus pais, então nunca respondia.

— Olá, senhor.

Torci em direção ao altar, encontrando Duane em pé no nosso banco com a

mão estendida para meu pai. Os outros Winston estavam seguindo na minha direita.

Percebi que todos estavam esperando para prestar suas condolências.

Após saudar meu pai, Duane voltou sua atenção para mim. Ele não ofereceu

a mão. Em vez disso ele enfiou mãos em ambos nos bolsos, acenando uma vez em

minha direção e dizendo:


— Jessica. — Dessa forma ele fez, com um ligeiro sussurro e dando-me a

totalidade do seu foco intenso.

— Oi, Duane. — Tentei ser cautelosa e consciente, afinal de contas, ainda

estávamos na igreja, mas não funcionou. Minha saudação simples soou muito além de

encantada até mesmo para meus ouvidos, beirando o entusiasmado. Música que só eu

podia ouvir, desta vez é Just the way you are do Bruno Mars.

Meu Deus, eu era patética.

Por causa da música na minha cabeça que me distraía e por causa da

intensidade da atenção de Duane, perdi a maioria da conversa amigável entre meu pai

e o resto dos meninos Winston. Só fui capaz de me recuperar quando Duane mudou

sua atenção de volta para meu pai.

— Eu imagino que você e Jess têm planos para o dia? — Ouvi meu pai

perguntar.

Não. Não tínhamos planos.

Portanto, fiquei surpresa quando Duane assentiu com a cabeça.

— Sim, senhor. Nós temos.

— O que estão tramando? — Ele perguntou, usando sua voz de xerife.

— Vamos para a loja e planejo ensinar a Jessica como se troca um pneu.

Tenho certeza que minha cara traiu meu espanto. No canto do olho, vi Beau

tentar esconder o sorriso e estava contente de estar de costas para a maior parte do

meu pai para que ele não pudesse ver minha expressão.

— Boa ideia, filho. Enquanto está nisso, ensine-a a verificar os líquidos,

mudar o óleo e tal. Então ela poderá ensinar-me e ao Jackson.


— Com todo prazer, senhor. — Duane acenou para o meu pai e em seguida

voltou seus olhos para mim e mais uma vez fiquei impressionada com a forma como

me olhava.

Ele me olhava como se tivesse planos.

***

— AÇÚCAR MASCAVO? — Por que ele iria colocar açúcar mascavo no

radiador?

— Porque alguém disse que assim ele que iria parar de vazar.

— E isso funciona?

— Não. Açúcar mascavo não funciona. Ovos sim.

Eu deixei a igreja com Duane e os Winston dirigiram seus próprios carros.

Agora estava olhando para ele, uma perna dobrada debaixo de mim, o cotovelo

repousando sobre o assento do banco de seu Plimout Road Runner22 e meu rosto

apoiado na palma da mão. Olhei para o perfil dele, tentando não notar como tinha

rolado as mangas da sua camisa até os antebraços. O homem tinha lindos antebraços.

— Ovos? As pessoas colocam ovos no radiador?

— Sim. Já fiz isso antes de parar um vazamento, numa viagem. Em alguns

lugares nestas montanhas é mais fácil encontrar um galinheiro que uma fita isolante.

— Por que ovos funcionam e açúcar mascavo não?

— Acho que é porque são mais pesados quando cozidos, afundam na água

quente enquanto que o açúcar derrete.

22
Plimouth Road Runner é um modelo de carro conhecido como papa léguas.
Encarei Duane por um longo instante, pensando em seu raciocínio.

— Hein... Isso é loucura.

Ele deu de ombros enquanto parávamos no Winston Auto Shop.

— Já vi coisas mais loucas. Pessoas com ou sem dinheiro, desesperados para

ter um carro que funciona são piores que pacientes sem seguro de saúde ou acesso a

um médico. Eles tentam qualquer coisa.

— Me diga outra coisa.

— O quê? — Ele não estacionou na frente, optando por deixar o carro na

parte de trás do edifício o que achei que era estranho por exatamente três segundos.

Então lembrei que era domingo. Supôs que não queria que ninguém soubesse que

estávamos aqui e viessem verificar se a loja estava aberta.

— Algo sobre carros e seus clientes. Diga-me algo mais estranho ou

engraçado.

Duane, desligou o motor e olhou para mim.

— Vamos ver... Às vezes as pessoas se queixam do custo do serviço, mas não

podemos fazer nada sobre o quanto custam às peças. Então Cletus surgiu com a ideia

de acrescentar itens falsificados de linha, para repartir os custos.

— O quê?

— Como rolamentos silenciosos.

— Rolamentos silenciosos? — Perguntei quando Duane saiu. Eu já tinha

fechado a porta por fora, ao mesmo tempo em que ele chegou a meu lado, apesar da

rapidez.

— Sim. É estranho. — Duane pegou minha mão, franzindo a testa para a

porta do carro atrás de mim como se tivesse irritado com ela por ter me permitido

abrir. — As pessoas não causam problemas com uma conta detalhada, desde que cada
um dos itens dessa conta seja barato. Já coloquei em contas alguns itens fictícios depois

de ter discutido com um cara sobre o custo da nova transmissão.

— Quais itens inventou?

— Bem, vamos ver... — Os olhos do Duane foram para cima e para a direita

enquanto caminhávamos em direção a parte traseira da loja. — Pisca-pisca líquido.

Eu dei uma risadinha.

— Pisca-pisca líquido? Disse que precisavam de pisca-pisca líquido?

Ele assentiu com a cabeça, um sorriso relutante puxando a boca para o lado.

— Ou velas de ignição para motor diesel, alimentação fluida da antena, esse

tipo de coisa.

Balancei a cabeça, rindo mais.

— Não acredito que ninguém descobriu.

— Não acho que querem descobrir. Eles se sentem bem com o fato de pagar

um bom preço por um bom trabalho e ninguém realmente quer saber como funciona o

carro. As pessoas só querem que funcione. — Ele levantou a mão para abrir a porta

trancada e ligou as luzes do teto quando entramos. O espaço era tão frio quando o

exterior e cheirava como uma mistura de óleo e fluidos de carro.

— Eu vejo. Quer dizer, se me dissesse que meu carro precisava de rolamentos

silenciosos eu não saberia o suficiente para contradizê-lo.

— Não fazemos isso para todos, apenas para as pessoas que estão sempre

reclamando, ou para aqueles que podemos ter uma noção que no futuro podem vir a

ser um problema. Cuidado onde pisa.

Sua voz ecoou na loja cavernosa e ele apertou minha mão, levantando-a

quando indicou para um silenciador no piso, diretamente em nosso caminho.


Segui sua pista, cuidadosa para ver onde pisava e falei o que estava

pensando.

— É interessante, como algumas pessoas precisam ser pacificadas e nem

sequer sabem sobre si mesmos, quer dizer...

— Muitas pessoas são assim. Quase todos, num grau ou outro.

— Sim, talvez. Posso ver. Gostaria de pensar que vou sempre querer a

verdade de todos, não importa o que aconteça, não importa quão desconfortável ou

doloroso. Mas tenho certeza que existem algumas situações onde permanecer

ignorante é provavelmente melhor.

— Concordo, até certo ponto.

Contornamos a garagem por uma porta lateral e, em seguida, saímos em dois

lances de escadas num grande quarto. Parecia ser uma combinação de escritório, sala

de descanso e apartamento, com uma grande mesa e computador, ao longo de uma

parede que dava para a janela, um pequeno fogão, balcão, geladeira e pia estavam

alinhados e na outra arquivos e uma única mesa com três cadeiras.

— Até certo ponto? — Eu perguntei.

— Sim, até certo ponto.

Ele me deixou na porta e seguiu para dentro até os armários. Eu vagava atrás

dele, olhando ao redor enquanto ele procurava alguma coisa numa gaveta por alguns

segundos.

— Seja mais específico. O que quer dizer com até certo ponto?

Ele então retirou algo enrolado num saco plástico e furou um buraco para

abrir.

— Bem, por exemplo.

— Explique.
— Sim. Você é quase demasiado honesta.

Eu considerei sua declaração por um segundo, não tendo certeza se era elogio

ou um insulto. Quando não conseguia decidir perguntei.

— Isso é uma coisa boa ou ruim?

— Uma coisa boa, muito boa. — Ele respondeu sem hesitar, apanhava novas

combinações do saco plástico. — Eu gosto. Sempre gostei de tudo em você. Mas às

vezes me preocupo.

Agora, isso fez meu interior suave e quente. Estava andando em direção a ele

sem perceber que me movia, obviamente, ele tinha me pego em algum tipo de

encantado.

— Você se preocupa comigo?

— Sim. Na maioria das vezes o que você pensa esta no seu rosto como um

livro aberto para qualquer um ler. Eu acho que... — Ele fez uma pausa, como se não

soubesse se deveria ou não continuar, mas então deu de ombros. — Lembra-me de

minha mãe e minha irmã, são ingênuas, confiam, e isso é ótimo para mim. Mas pode

também torná-las um alvo.

— Eu não sou ingênua.

Os olhos do Duane estreitaram e ele me lançou um sorriso manhoso.

— Sim, você é.

— Não sou. — Protestei, sentindo os pelos da minha nuca se eriçarem.

— Ok, tudo o que quiser. — Ele deu de ombros, me entregando o macacão,

obviamente fazendo algum esforço para me pacificar.

Cerrei a mandíbula, gostando ou não de seu sorriso manhoso.

— Você acha que eu sou ingênua. Eu não sou. Sou mais esperta do que pensa.

— Ingênua sempre soou como um insulto a mim, semelhante a infantil.


— Só estou dizendo, quando você confia em alguém, você realmente confia

naquela pessoa. Sempre foi dessa maneira, sempre desde que éramos crianças.

Olhei para ele, me perguntando por que estávamos falando sobre isso,

portanto, eventualmente perguntei.

— Porque estamos falando sobre isso? Você está me dizendo para não confiar

em você?

— Eu nunca diria isso.

— Isso não é uma resposta satisfatória.

Suas feições racharam num sorriso involuntário. Então ele deu seis passos à

frente, que acompanhei para trás até que estava contra a parede. Embora ele estivesse

invadindo meu espaço, não me tocou. Eu tinha levantado meu queixo para continuar a

encarar meu olhar sujo.

— Jessica. — Ele sussurrou, o olhar varrendo meu rosto, como se estivesse

tentando memorizar este olhar sujo que lhe estava dando. — Minha prioridade é

garantir que todos seus sonhos se realizem. É seguro. Confie em mim.

— Mas posso confiar em você para não empurrar-me num lago, enquanto

estou no meu melhor domingo? Ou trocar minhas revistas de viajem com revistas de

Urologia?

Ele assentiu com a cabeça e colocou um beijo suave no meu nariz, mas

quando recuou ele disse.

— Não.

— Não?

— Não. Se tiver uma chance de empurrá-la num lago, provavelmente vou

empurrar, especialmente se estiver com esse vestido. — Seus olhos viajaram pra baixo

momentaneamente, antes de voltar para o meu rosto.


Suspirei e senti meu olhar sujo se transformar numa carranca desapontada.

— Veja agora, tenho trabalhado a suposição de que gostava de mim.

O sorriso manhoso de Duane retorna e os olhos se aquecem. Reconheci

aquele olhar, era de tenho planos.

— Olha. Gosto de você, Jessica. Agora, esse vestido é branco. E estiver

molhado, não importará se o deixou ou se tirou.

Mantive meus olhos estreitados, embora sentisse meu sorriso involuntário

mover o canto dos lábios, espalhando um calor do meu peito para o estômago e coxas.

Lembrei-me da solene promessa que fiz na igreja, não arremessar meu coração ou

calcinha em sua direção, ser cautelosa e consciente.

Foi muito difícil cumprir minhas promessas solenes, muito menos ser

consciente. No entanto e mesmo que estivesse começando a sentir aquele calor

incontrolável, desesperador e um senso de urgência, consegui parar.

— Gostaria de um pouco de privacidade enquanto troco de roupa, por favor.

— A luz atrás dos olhos de Duane vacilou, como se tivesse dito algo para confundi-lo.

— Você quer privacidade?

Balancei a cabeça.

— Sério? — Ele deu um passo para trás. Eu concordei novamente.

Seu sorriso tinha desaparecido e em seu lugar ficou uma expressão pensativa,

franzindo a testa. Ele me examinou um pouco mais então disse.

— Você pode confiar em mim, Jess. Sabe disso, certo?

— Eu sei. E eu confio...

— Bom.

—... Até certo ponto.


Ele sorriu com o meu uso de suas palavras anteriores e então balançou a

cabeça.

— Bem, vou encontrar você lá em baixo, princesa. Vamos trocar um pneu

primeiro.

Dei-lhe dois polegares para cima.

— Parece bom, Red.

Sua carranca aprofundou-se, mas também o sorriso quando virou-se para a

porta e a abriu. Eu o ouvi murmurar, enquanto saía.

— Talvez depois vamos ter que encontrar um lago.

***

Trocamos quatro pneus.

A loja tinha daquelas máquinas de troca de pneus de alta potência, no

entanto, mas ele insistiu que fizéssemos a moda antiga, com um macaco e tudo.

Em seguida, ele me mostrou como verificar o óleo e vários fluidos do carro,

comentando sobre as diferenças entre várias marcas e modelos, como o fato dos

motores dos antigos VW Bugs23 serem refrigerados a ar e não com radiadores. Eu

estava me divertindo, principalmente porque ver Duane no seu elemento, era

divertido.

Percebi que Duane Winston amava carros. Ele amava como funcionavam,

como cada carro era diferente, como se fosse um quebra-cabeça para ser resolvido. E

me contou mais histórias sobre clientes malucos, o que me fez rir, mesmo que não

23
VW Bugs ou Volkswagen Beetle ou Fusca 68 (1968)
conseguisse entende-las. Uma era sobre um homem cujo filtro de ar foi aspirado pelo

regulador de pressão e outra sobre um cliente que acrescentou oito quartos de óleo ao

seu motor de quatro cilindros porque a vareta parecia seca, exceto na ponta. Alguns

dos termos que usou, como o corpo do acelerador, me fez colocar os lábios juntos,

desviando os olhos de suas mãos grandes e lutar com o rubor em minha face e com o

subir e descer do meu peito. Estava praticamente me abanando depois que ele usou

eixo de transmissão e empurrar a haste na mesma frase. Enquanto me acalmava, fui para

junto de um aparelho de som que se encontrava em cima da mesa bem iluminada.

Nunca tinha percebido antes, mas falar sobre automóveis podia conter insinuações

sexuais inadvertidas, como acoplamentos coletores, vareta e lubrificante.

Ou talvez eu tenha uma mente suja. Ou talvez fosse só Duane, talvez sua

mera presença faça coisas para o meu regulador de pressão corporal. Ou talvez uma

combinação dos três.

Mexi no aparelho de som para o modo CD e pressionei o play, curiosa para

ver o que estava tocando ontem. Para meu espanto, as melodias harmoniosas dos

Beach Boys encheram o ar.

Olhei por cima do meu ombro e encontrei Duane me observando com um

sorriso, embora seus olhos estivessem brilhantes.

— Beach Boys?

— É verdade. — Ele assentiu com a cabeça uma vez e deu uma volta de onde

eu estava, limpando as mãos num pano guardando-o no bolso de trás. Ele tinha

mudado para um conjunto de macacão, também. No entanto, o seu era velho com

manchas de graxa, e tinha o nome dele bordado do lado esquerdo.

— Todo mundo gosta dos Beach Boys, pelo menos é o que minha mãe

costumava dizer. Todo mundo gosta do Beach Boys e torta.


Eu sorri, porque Bethany Winston tinha razão. Bem, ela estava certa sobre

mim, pelo menos. Eu gostava de Beach Boys e torta. Virei-me para encará-lo e ele

parou na minha frente, sorrindo enquanto estudava minha aparência. Tenho quase

certeza que tinha graxa na minha cara, provavelmente no nariz e várias manchas sobre

meu novo macacão. Eu provavelmente parecia uma bagunça.

Ainda me olhando com o que parecia ser afeto, porque os olhos de Duane se

tornaram quentes, ele disse:

— Venha. — E segurou minha mão.

Coloquei minha mão na sua enquanto acordes de Fun, fun, fun tocavam nos

alto-falantes. Para minha surpresa Duane puxou-me para dançar e começamos a

oscilar em torno da garagem.

Fiquei tão chocada no começo, que tenho certeza que pisei em seus pés e

tropecei mais do que dancei. Mas os passos que tinha aprendido na faculdade

rapidamente voltaram, provavelmente porque Duane era um líder excepcional, e logo

estávamos dançando juntos sem esforço.

A próxima canção no CD foi Brown Eyed Girl de Van Morrison. Eu ri alto

quando ele cantou as palavras, porque eu poderia rir ou desmaiar, e fiquei contente até

as pontas dos dedos dos pés, sentindo meio tonta a força da alegria e felicidade.

Build Me Up Buttercup, Want yoy back do Jackson 5, e Uptown Girl por Billy Joel

foram as próximas três músicas. Estava sem fôlego, suada e não fazendo nenhuma

tentativa de esconder minha euforia quando uma canção lenta finalmente chegou,

novamente os Beach Boys, desta vez, foi Dont worry Baby.

Duane sorriu para mim e me puxou para perto, pressionando meu corpo

contra o dele, seu queixo com barba no meu e nos movemos num pequeno balanço.

Fechei os olhos, usando o primeiro minuto da canção para recuperar o fôlego. Então
usei os próximos trinta segundos para forçar meu coração a desacelerar. Mas sim...

Não. Primeiro de tudo, sentia o cheiro dele e ele cheirava bem, muito bem. Além disso,

sentir seus braços à minha volta era notável. E quando seu corpo moldou-se com o

meu, e a sensação do seu peito, estômago e coxas... Ohhhh suspiro.

Eu tanto amava como odiava seu abraço, amava por razões óbvias, odiava

porque sabia que precisava me manter a distância, quando tudo que queria fazer era

abraçar, beijar e apalpar com tudo de mim. Mas se fizesse isso, então provavelmente

teria que enfrentar outra das suas suaves rejeições.

Eu precisava ser consciente.

Senti um familiar sentimento de desespero e urgência, mas o afastei.

Ele queria ir devagar. Eu poderia ir devagar. Eu poderia fazer isso. Eu podia

me controlar. Eu podia.

Senti Duane inclinar-se para trás e seu olhar em mim, então abri meus olhos e

encontrei os seus. Ele estava franzindo a testa, procurando meu rosto.

— O que está errado?

Eu balancei a cabeça.

— Nada.

Sua careta aumentou em severidade, e a testa franziu.

— O que está errado, Jess? E não diga nada. Você está muito dura e distante.

Não reconheci a emoção que senti como um balão inchado na garganta e

pressionei meus lábios juntos, sem saber como reagir. E então ele disse:

— Seja honesta.

Então suspirei e fui honesta.

— Estou tentando ir mais devagar. Mas, não é fácil. Eu, bem, realmente gosto

de você. Tipo, realmente gosto. Estou pensando em você o tempo todo, e na semana
passada foi difícil, quando estivemos separados. Pode parecer loucura, mas sinto

saudades suas e não porque me deixa quente e incomodada. Sim, isso também é parte

do problema. Mas você me faz rir, e estar com você é tão bom e confortável. Mas com

base em como você sempre me para, acho que quer ir devagar. E estou tentando... —

Dei de ombros, procurando no espaço da minha cabeça as palavras certas e finalmente

disse. — Estou tentando ser menos selvagem e irresponsável. Quero ser respeitosa com

você, respeitar seus desejos. E isso é verdade.

A boca do Duane se abriu um pouco e as sobrancelhas arquearam. Todas as

marcas de sua careta anterior haviam desaparecido e a menos que estivesse

interpretando mal a expressão dele, ele parecia estar um pouco perdido, como se eu

tivesse roubado sua respiração, passaporte, carteira e memórias. Realmente, ele me

olhou atordoado.

Eu engoli, não sabendo o que dizer ou fazer quando a música lenta parou e

silêncio tomou seu lugar. Meu coração trovejou dolorosamente no peito. No momento

em que senti uma tensão insustentável e mexi-me para me distanciar. O aperto de

Duane em mim aumentou, impedindo minha ação. Então algo por trás do seu olhar

afiado, agudo e a nitidez perigosa que senti, aumentou o alarme antes da boca de

Duane colar a minha.

Ele me beijou, um molhado, beijo de boca aberta, devorando-me, e agarrou

meus braços apertados, levando-me para trás até minhas pernas encontrarem o capô

do Mustang. Levando-me para trás, ele levantou meus braços, e moveu as mãos para o

zíper do meu macacão.

Sua respiração era forte e agarrando meus punhos, baixei a cabeça para o

lado para escapar da boca de um Duane selvagem quando ele me pegou desprevenida

e chupou-me em um vórtice de desejo feroz.


— Espere, espere um minuto. O que ...

— Eu quero você, Jess. Muito. Você não sabe quanto... — Ele abriu o zíper do

macacão, puxando-o fora do meu ombro com um puxão e prendendo meus braços

contra meus lados. Sua boca e língua trabalhavam, beijando, lambendo e chupando do

meu queixo ao pescoço até meu peito coberto de renda. Eu gemi e choraminguei

quando ele fez algo verdadeiramente fantástico ao meu mamilo com os dentes e a

ponta da língua. Eu não sabia se me recuperaria, quando senti ondas afiadas de

necessidade quentes que correram pela minha espinha e abdômen inferior.

— Duane, por favor. — Meus braços ainda estavam presos e estava deitada

no capô do carro, me contorcendo e arqueando as costas, tentando me aproximar. Ele

estava sobre mim, devorando minha pele, pressionando sua coxa onde eu precisava.

— Não mude nada. Deus, Jess. Não mude nada. Seja selvagem para mim, seja

imprudente. Eu amo seu tipo de selvagem. Eu amo...

Suas palavras perderam-se quando ele se mudou mais pra baixo, a mão dele,

substituindo a perna. Minha respiração veio rápida, em rajadas de animação e lutei

brevemente com as mangas do macacão que estavam segurando meus braços. Mas

então meu cativeiro foi esquecido e derreti contra o metal do Mustang, num

amontoado de terminações nervosas e desejo.

Ele tinha-me presa. Eu estava impotente para ele, quando ele tocou e provou

meu corpo, ele me viu, o olhar um espelho da urgência e do desespero que senti em

suas mãos e boca.

Talvez estivesse sendo absurda, imprudente, equivocada e tola. Eu sabia que

ele me afastaria, não tinha dúvida. Mas confiei nele. Confiei que, apesar de Duane

definitivamente empurrar, ele também estaria lá para me pegar quando eu caísse.


CAPÍTULO 16

“Eu nunca viajo sem o meu diário. Devemos sempre ter algo sensacional para ler no

trem”.

― Oscar Wilde, The Major Importance of Being Earnest

~Duane~

Ela queria me dar um boquete. Em vez disso, sugeri torta.

Demorei um pouco para convencê-la, mas Jess finalmente concordou. No

entanto, o acordo veio somente depois que indiquei que Daisy’s Nut House fecharia

em uma hora e se quiséssemos comer a torta, o tempo seguro para sair era agora.

Enquanto ela se endireitou, peguei minhas roupas, subi e empurrei minha

cabeça e pescoço sob a torneira de água fria, pensando na Inglaterra e na rainha. Isso

era um truque que Cletus me ensinou há alguns anos. Quando confrontados com uma

ereção teimosa, pensar em todos aqueles monarcas enrugados, em roupas chiques de

desaprovação geralmente funcionava.

No entanto não funcionou desta vez, mas tentei bastante. Eu não podia

continuar a ostentar uma tenda no macacão, então troquei de volta para calças.
Sentir que ela perdeu sua cabeça contra minha boca e meus dedos, desta vez

a toquei sobre o capô do Mustang e estava determinado a dar tudo a ela. Eu deveria

ter-lhe retribuído, mas não pude. Foda-se Eu queria... Mas eu não podia. Não até que

tudo estivesse ótimo, não até que estivéssemos juntos mais que poucas horas.

Em vez disso, tentei recordar os nomes de Henrique VIII e suas seis esposas e

como cada uma conheceu a morte.

Tanto facilitou quanto aumentou a tortura, na nossa viagem Jess aconchegou-

se em mim, optando por usar o cinto de segurança do centro, colocando a cabeça no

meu ombro enquanto eu dirigia. Ela suspirou muito. E sorriu também.

Em um ponto ela pegou minha mão de onde repousava sobre sua coxa e

estudou meus dedos, trazendo-os perto do rosto.

— Eu gosto de suas mãos.

— Minhas mãos gostam de você.

Ela sorriu novamente. Então suspirou contra meu pescoço.

— Isso é bom.

— O que quer dizer com isso? — Me soltei para fazer a curva no Daisy,

parando no estacionamento.

— Não sei do que chamar isso... Pós-orgástico, acho...

Lancei uma risada curta e balancei a cabeça.

— Não me diga que lhe dei sua primeira vez?

Ela deu de ombros. Mesmo que tivéssemos estacionados e com o motor

desligado, ela não fez nenhum movimento para abandonar o lugar ao meu lado.

—Não. Sou muito talentosa na arte de dar prazer a mim mesma.

Com esta declaração, dois pensamentos guerreavam por atenção: primeiro,

estava decidido a possuí-la, novamente logo que possível, porque gostaria muito de
ver seu talento na arte de dar prazer a si mesma, e segundo, a menos que tivesse

entendido mal, sua admissão significava que eu era o primeiro cara que tinha dado a

ela um orgasmo.

Meus impulsos possessivos voltaram com uma súbita ferocidade e inclinei-

me um pouco longe para que pudesse ver seus olhos.

— Jess, alguma vez, quer dizer, você é...?

Um pequeno V formou-se entre suas sobrancelhas como se estivesse se

esforçando para entender a pergunta, mas sua testa voltou ao normal quando

entendeu.

— Oh, não. Não. Não sou nenhuma virgem. Primeiro, o meu hímen rompeu

quando era adolescente com um cavalo na fazenda da minha tia no Texas, graças a

Deus, porque soube que romper essa coisa da forma normal é como ser esfaqueado. E

segundo, transei com um cara na faculdade. Ele foi muito simpático, mas...

Decepcionante ao máximo.

Franzi a testa a esta notícia, irritado que alguém tinha lhe tocado. Mas

também estranhamente zangado e aliviado que sua experiência tenha sido abaixo do

esperado.

— Só um cara?

Ela assentiu, parecendo imperturbável, então perguntou.

— E você? Com quantas garotas esteve?

Olhei para ela, me preparando para sua reação a verdade.

— Apenas uma.

Jessica piscou várias vezes, como se eu a tivesse assustado, e engasgou:

— Só... Só uma?

Concordei, à procura de alguma pista sobre o que ela estava pensando.


— Só uma... — Ela repetiu, principalmente e se afastou de mim. Depois de

vários segundos seu olhar disparou para o meu, então saiu novamente. Ela riu sem

humor, olhando em seu colo e disse. — Eu acho que você estava realmente

apaixonado.

— O que quer dizer? — Descansei meu braço no banco atrás dos ombros de

Jess, surpreso pelas palavras, querendo saber que se fosse possível que ela já sabia

como pensei nela.

— Com Tina. Acho que realmente a amou.

Eu cambaleei para trás e disse muito mais alto do que pretendia:

— Tina? Amar Tina? Oh, não!

Jessica me examinou com uma carranca de questionamento:

— Então por que você... Por que estava apenas com Tina? Por cinco anos?

Revirei meus olhos e com a cabeça inclinada em direção à porta para Daisy

disse:

— Vamos entrar.

— Você está evitando a pergunta?

— Não. Para que conste, nunca fui apaixonado por Tina e gostaria de um

pouco de torta se nós vamos falar sobre isso. — Soltei, pensando que era hora de

retornar sua inabalável honestidade com a minha.

Fiquei feliz em ver que Jess respondeu sorrindo e acenando de acordo.

Caminhamos em direção à lanchonete. O lugar estava lotado, especialmente

para uma tarde de domingo e não vi qualquer mesa livre. Eu ia sugerir que

pedíssemos a nossa torta para levar quando Jess apontou para dois lugares recém-

desocupados no balcão perto da porta.

— Podemos sentar lá.


Antes que eu pudesse responder, ela puxou-me para os bancos vazios. Os

assentos eram muito bons. Eu podia ver o resto do restaurante da nossa posição, mas a

porta estava ali ao lado. No entanto, era um bom lugar para sair fora a qualquer

momento que desejasse.

— Precisa do menu? — Perguntou ela, avançando para onde estavam.

— Nah. Eu sei o que quero.

— Bom. Eu também. — Ela sorriu, olhando para minha boca como se

planejasse tê-la para o jantar.

Limpei a garganta para não gemer, fechei os olhos e apertei o nariz, tentando

parar de lembrar o que estávamos discutindo no carro. Isso foi um erro. Imagens de

Jess no capô de meu Mustang encheram minha visão, a fé e confiança em seus olhos.

Era verdade quando disse que amava sua selvageria e irresponsabilidade. Ela

era doce, honesta e generosa. Ela era uma boa mulher, e eu não queria que ficasse se

segurando ou com a sensação de que precisava fazer. Assim, eu necessariamente

precisava encontrar um lugar e precisa fazê-lo em breve. Um lugar onde pudéssemos

ficar sozinhos juntos, talvez por dias e então fazer as coisas direito.

Reconhecidamente, minhas motivações não eram inteiramente honradas. Eu

precisava satisfazer o implacável ardor entre minhas pernas, especialmente quando

ouvia suas honestas palavras repetidamente entre meus ouvidos.

Estou tentando ir mais devagar. Mas, não é fácil com você.

Gosto muito de você.

Estou pensando em você o tempo todo.

Senti sua falta terrivelmente.

Estar com você é tão bom.

Quero ser respeitosa com você, e seus desejos.


— Então, estava dizendo sobre Tina? — Jess solicitou, interrompendo minha

tortura auto infligida.

Assenti, respirando fundo e abri meus olhos. Achei-a me olhando com tanta

confiança e admiração que quase me belisquei. Esta era minha realidade, e um dia ela

ia embora.

— Tina... — Assenti com a cabeça, limpando a garganta de novo.

Ela esperou por uns minutos e, em seguida, solicitou mais uma vez.

— Perguntei por que ficou com ela por cinco anos se não existia amor entre

vocês. Por que não seguiu em frente? Saiu com outra pessoa?

Do que adiantaria? Ninguém mais era você.

Dei de ombros, enrolando, fixando-me numa versão da verdade.

— Preguiça e conveniência, eu acho. Ela sabia o que estava acontecendo

desde o início, que não queria nada sério com ela ou outra pessoa. Como disse, ela não

era minha namorada.

Os lábios de Jess inclinaram para baixo e seus olhos estreitaram.

— Então nunca esteve interessado em alguém?

— Estou interessado em você. — A honestidade dela incentivou a minha

própria.

— Hmm...

— Hmm?

— Sim. Hmm.

— Por que Hmm?

— Hmm porque sinto que enganou a si mesmo, jogando fora cinco anos da

possibilidade de ter algo grande. Você poderia ter conhecido alguém, se apaixonado e

ter alguém te amando de volta. Mas é como se desistisse antes de sequer começar.
— Eu não desisti. Estava esperando minha hora.

— Para quê? Para quem? Alguém que acha adequada?

— Não, não alguém. Você.

Os olhos expressivos de Jess arregalaram, então ela piscou.

— Você esperou o tempo passar? Por mim?

Talvez eu tivesse que trabalhar o nível de honestidade brutal, mas

eventualmente cheguei lá. E agora que ia dizer as palavras, com certeza não iria pará-

las.

— É isso mesmo. Não havia razão em sair com outras pessoas. Ninguém é

você.

O rosto dela caiu tanto quanto se iluminou, tudo ao mesmo tempo.

— Ah, Duane... — Ela parecia exultante e com o coração partido. — O que

vou fazer com você?

Ficar... Não disse isso. Pedir para ficar seria como arrancar todos os seus

sonhos. Em vez disso dei de ombros.

— Você poderia me comprar torta.

Jess levantou-se e entrou entre minhas pernas, enrolando os braços ao redor

do meu pescoço, ela apertou contra mim, me dando um abraço e sussurrando no meu

ouvido.

— Você é como uma sereia que não precisa cantar.

Eu ri, retribuindo o abraço e dei um rápido beijo no pescoço dela. Não

conseguia engolir o bastante. Minha cabeça estava confusa. O que eu queria, sabia, e

precisava não estavam de acordo.

Eu queria que ela ficasse.

Eu sabia que ela tinha que ir.


Eu precisava me lembrar que cada dia era um dia mais perto do fim, caso

contrário, deixá-la ir seria minha destruição. Talvez eu não estivesse sendo justo,

encorajando-a perder o controle, enquanto eu me recusei a ceder, mas isto exigia

autopreservação.

Ela me deu um aperto maior e, em seguida, inclinou-se para trás, enquanto

eu lutava contra o desejo doloroso de ceder, de sair do meu instinto de sobrevivência.

Jess me deu outro sorriso adorável.

— Vou pegar nossa torta. Já volto.

Eu a deixei ir e ela afastou-se, enquanto a segui-a com os olhos enquanto ela

caminhava e desaparecia na cozinha. Minha atenção fixou-se, por um tempo, na porta

da cozinha balançando. Finalmente consegui engolir o nó redondo e grosso na

garganta, substituindo o doloroso desejo de lhe dar tudo substituído com a certeza fria

que não poderia fazê-lo. Não seria justo, não para mim e não para ela, porque então

teria que lhe pedir para ela ficar.

— Bem, olha só quem temos aqui.

Eu endureci no lugar e virei-me lentamente na cadeira, não xingando, mas eu

queria. Não estava com pressa de ver Repo.

— Repo. — Disse, provavelmente soando irritado e aborrecido, como estava,

enquanto meus olhos moveram-se sobre o resto de seus companheiros.

Havia uns caras mais novos que não reconheci e alguns que reconheci. Um

era o filho do Kip Sylvester, Isaac, e sua presença foi uma surpresa. Ele era um ano

mais velho que eu, e sabia que ele ainda estava no exército.

Tive alguns pensamentos estranho então, como saber que seu pai, o diretor e

sua mãe, a socialite, pensaria de seu envolvimento com a Ordem, antes que meu olhar

se estabelecesse em Tina, minha ex, na parte traseira da comitiva.


Tive que lutar contra outro revirar de olhos, porque ela estava me dando um

de seus olhares, enquanto se esfregava contra um dos motociclistas.

— Oi, Duane. — Ela disse, balançando seus cílios.

— Tina. — Respondi para ela saber que a reconhecia, deixando minha

indiferença visível, além disso, não esconderia minha frustração em vê-la agora. Liguei

desde a semana passada. Beau também, tentando encontrar um tempo para nós três

nos encontrarmos e discutir um plano para copiar, em seguida apagar os arquivos do

computador da Ordem de Ferro.

Mas ela tinha respondido com apenas mensagens de texto, dizendo-nos para

ir vê-la no strip clube se queríamos falar. Eu queria ir para o clube novamente como

queria ter pedras nos rins.

— Oh, não se importa? Filho? — Repo, caminhou em minha direção,

abaixando a voz dele enquanto ele se aproximou. — Sua garota Tina tem mantido

nossos caras felizes.

Dei de ombros.

— Por que me incomodaria? Ela nunca foi minha garota. Além disso,

espalhar a felicidade é o que ela faz de melhor.

Repo ia pousar a mão sobre meu ombro e balançou a cabeça.

— Você não é tão mau assim, Duane.

— Não sou tão bom, também. — Olhei significativamente para a sua mão

ainda segurando o meu ombro.

O sorriso do Repo ampliou, e ele me soltou. Ele olhou para sua comitiva e em

seguida, levantou o queixo em direção a duas cabines na parte de trás do restaurante.

— Muito bem peça-lhes para sair e pague as contas.


Conhecendo Repo, ele tinha a intenção de ocupar as duas mesas, mesmo que

o local estivesse atualmente cheio... Se Daisy estivesse aqui, Repo não teria sido capaz

de realizar esta façanha. Mas ela não estava.

A multidão de motoqueiros dirigiu-se para as cabines e assisti com leve

curiosidade quando um dos membros da Ordem sorriu para os ocupantes, que se

retiraram solicitando suas contas, e disse algo que não podia ouvir. Quase que

imediatamente os clientes desocuparam as cadeiras.

— Estou feliz que está aqui. — Repo disse quando continuei a assistir a cena

na parte de trás do restaurante. Os clientes estavam agora acenando educadamente

para os motociclistas quando eles se foram. — Isso me livra de uma viagem até sua

casa.

Meus olhos voltaram para rosto ainda sorridente de Repo e estreitaram.

— É preciso um pouco de açúcar, velho homem?

Os olhos do Repo também estreitaram.

— Eu não faço bolos. Nós dois sabemos por que estou interessado em sua

geniosa empresa.

Examinei o motociclista mais velho por um minuto, perifericamente

consciente dos clientes quando saíram do restaurante. Eles não pareciam chateados,

mas não pareciam felizes, também.

— Você tem três dias mais, meu filho. — Ele disse no tom tipicamente

amigável do Repo. — Estou esperando sua resposta.

Pensei em dar-lhe minha resposta neste minuto via dedo médio, mas um

movimento chamou minha atenção, me distraindo. A distração virou rapidamente

temor quando avistei Jessica fazendo o caminho de volta. Ela estava carregando uma

bandeja com quatro fatias de torta e duas xícaras de café.


Repo deve ter notado minha atenção redirecionada, porque se virou e seguiu

minha linha de visão. Quando seus olhos se conectaram com Jessica ele ficou um

pouco mais reto, o sorriso oscilando, em seguida caindo, a visão dela era

surpreendentemente inesperada.

Jess estava sorrindo para mim, mas vi o momento exato quando a atenção

dela encontrou Repo. Ela piscou, os passos vacilaram, e o grande sorriso caiu do seu

rosto, tornando-se educado e confuso. Ela fez sua aproximação final com passos

hesitantes e olhos claramente cautelosos. Talvez a reação dela tenha tido algo a ver

com o fato de que no momento eu estava rangendo os dentes e minha expressão estava

próxima a um impulso letal, que mal conseguia conter, por isso, não estava surpreso

que ela tenha decidido pisar com cuidado.

Obviamente, eu não queria que ela pensasse que eu estava me aproximando

da Ordem, e por essa razão precisamos sair daqui.

— Estou interrompendo alguma coisa? — Jess nos entreolhou, não

menosprezando a bandeja de torta e Repo como se não tivesse certeza de que era

seguro.

— Nada de mais, Srta. James. — Repo respondeu, dando-lhe um sorriso

apertado e atingindo a bandeja. Sua voz era rouca, mais suave do que o habitual,

quando pediu. — Posso ajudar com isso?

Ele estava agindo como um pássaro maluco hipnotizado e não gostei. Então

levantei, pisando entre eles e interceptando suas mãos tirando-lhe a bandeja.

— Me desculpe... — O olhar virou-se para mim e em seguida de volta para o

motociclista, dando-lhe um sorriso curioso. — Não te conheço? Você me parece muito

familiar.
— Talvez, da cidade. Mas conheço muito bem sua mãe. — Novamente, sua

voz era macia e respeitosa. Lancei um olhar furioso, por cima do meu ombro a Repo

não gostando nada como ele estava encarando Jess, todo macio e reverente, como se

ela fosse uma espécie de princesa ou fada, então me voltei para ela enquanto

depositava a bandeja em cima do balcão, bloqueando sua visão do motociclista.

— Ei, pode voltar e pegar alguns recipientes para viagem? Vamos comer isto

em outro lugar.

Seus olhos suaves me estudaram e vi uma pergunta pairando perto da

superfície, no entanto, ela assentiu com a cabeça e caminhou para a cozinha, passando

os cabelos loiros atrás das orelhas quando se foi.

Eu esperei até que ela estar na cozinha antes de voltar para Repo e abaixando

minha voz num áspero sussurro, disse:

— É mesmo? Conhece sua mãe 'muito bem'? O que diabos há com você? Por

que diria isso?

Mesmo que estivéssemos numa lanchonete ocupada, imaginei que estávamos

fazendo uma cena e tanto, mas não havia ninguém prestando qualquer atenção. Eu

esperava que os moradores assumissem que nossa discussão acalorada fosse sobre o

pedaço de merda que era meu pai. Não era incomum os meninos Winston e a Ordem

de Ferro estarem em conflito sobre o assunto.

Repo manteve sua atenção onde Jessica tinha desaparecido e ignorou minha

pergunta.

— A filha do xerife, hein?

— Isso não é da sua conta, velho.

Ele virou os olhos pretos para mim sem nenhum traço de bom-humor. Ele

deu um passo em direção a mim e baixou a voz para que tão somente eu ouvisse.
— É da minha conta.

— Como Jessica James é da sua conta?

Ele apareceu lutar por um momento, então finalmente disse.

— Porque você vai ser meu mecânico em breve.

— Não está decidido.

Ele continuou como se não tivesse falado, estreitando os olhos.

— Acha que será capaz de executar nosso esquema estando com aquela

garota? Ou está pensando em trair-me? Acha que se aproximando daquela família eles

deixarão Jethro fora disso fácil? Isso não é verdade, filho. Porque o que temos sobre

Jethro é material Federal, não local.

— Eu não executo seu trabalho. — Respondo.

O músculo em sua mandíbula salta e os olhos negros tornam-se mais

malvados do que já tinha alguma vez visto.

— Três dias, filho. Três dias.

— Sei como se lê um calendário. — Respondi com os dentes cerrados. Eu

precisava levar Jess fora daqui. Porque se não sairmos logo ia perfurar o membro

otário mais alto da Ordem e ter minha bunda chutada por seus irmãos mais novos. Eu

era bom em uma luta, mas seis contra um era suicídio.

— E você é um tolo, se acha que pode fazer parte da Ordem e estar perto

daquela garota, também. Ela é boa demais para você. Deixa de ser um merda egoísta e

deixe-a sozinha.

— Cuide de sua própria vida.

— Eu já vi isso antes. Um dos nossos rapazes pensou ser como seu tipo. Mas

não funcionou. Olhe para seu pai. Olha o que ele fez para sua mãe. Ele acabou com ela.

Quer Jessica James nisso?


— Eu não sou da Ordem.

A expressão dura de Repo rachou abruptamente com um sorriso que parecia

mais amargo que divertido, quando ele disse.

— Ainda não.
CAPÍTULO 17

“O mundo é um livro, e quem não viaja só lê uma página”.

― Agostinho de Hipona

~Jessica~

DOIS DIAS Depois. Segunda e terça-feira. Dois dias de mensagens de texto

impessoais.

E tudo que eu pensava era que se tratava de dois dias que nunca mais

voltariam. Tínhamos um tempo limitado juntos, eu e Duane, então, dois dias sem sua

companhia me fez sentir enganada, como se ele estava faltando no seu lado do

negócio.

Desde domingo, os mais íntimos dos nossos intercâmbios tinham sido via

mensagem de texto.

Eu: Hey Red, quer ficar junto esta noite?

Ele: Não posso.

Eu: Sinto sua falta.

Ele: Eu também.
Tinha sido terça, por volta das 16h00min. Agora era quarta-feira logo após o

meio-dia e... Nada.

Portanto, decidi forçar o assunto. Era dia de sair cedo, então pulei para fora

logo após Bell e eu terminarmos de fazer uma torta.

Também comprei ingredientes para bolo de carne, purê de batatas e couve.

Suficiente para alimentar oito pessoas.

Perguntei se Claire poderia me levar para a casa da família de Duane naquela

noite, com a intenção de fazer aqueles rapazes jantarem, mas também para que

pudesse ficar sozinha com Duane e tentar esclarecer algumas coisas. Se estava sendo

pegajosa e exagerando, eu precisava saber. Porque queria vê-lo todos os dias dos treze

meses, cinco semanas e três dias que tínhamos combinado.

Eu queria vê-lo todos os dias, falar com ele, ouvi-lo rir e me fazer rir, queria

beijá-lo e aconchegar-me contra seu corpo delicioso e queria devolver os favores que

ele tinha me dado. Eu queria fazê-lo sentir-se bem e valorizado. O tempo todo.

Quando chegamos a sua casa grande, eu contei os carros.

A Máquina sexy de Duane (Road Runner) estava presente, como o Geo Prizm

do Cletus. E a bonita caminhonete Ford de Billy, o que significava o doce carro vintage

Pontiac vermelho era de Beau.

Quatro dos meninos estavam em casa. Claire, que tinha sido de muita ajuda

no plano de aparecer e surpreender a família do meu namorado com jantar, ajudou-me a

descarregar as compras do carro e levá-las para varanda. Disse-lhe para manter-se

distância antes que eu batesse na porta. Eles não seriam capazes de me afastar, se

estivesse desacompanhada.
Além disso, eu estava segurando uma torta. Esta era uma decisão estratégica.

Minha mãe me disse uma vez que ninguém dispensa uma senhora com uma torta: “Se

quiser meter o pé na porta de alguém, leve uma torta e segure-a na sua frente”... ela chamava

isto de O Efeito Torta.

Portanto, com uma pilha de compras na varanda atrás de mim e uma torta de

maçã quente nas mãos, bati a porta da casa.

A estrutura principal, estendia-se em mais de quinze hectares, voltada para o

Nacional Great Smoky Mountains Forrest. A própria casa tinha uma escada ampla e

curva, pelo menos sete quartos e lindas e grandes janelas. Era uma casa grande e era

muito linda. Ao longo dos últimos mais ou menos vinte anos, a casa e as terras ao

redor, haviam caído num estado de confusão e ruína.

Winston foi o nome do pai, mas sua mãe veio de um velho produtor de

algodão, que estabeleceu sua família no Tennesse com o sobrenome Oliver. A casa

tinha sido chamada de Oliver House até cerca de dez anos. O pai dela, Sr. Oliver, era

político, um homem de negócios e de dinheiro considerável. Bethany Oliver tinha

casado com Darel Winston, de classe baixa, todos amigos da minha mamãe haviam

murmurado após o culto de domingo, muito jovem com apenas dezesseis anos.

Eles tiveram sete filhos, eles eram terríveis, e o resto foi história. A antiga casa

não tinha nenhuma campainha, então esperei, com borboletas no estômago,

mantendo-me de pé. Quando ninguém respondeu após um instante, bati novamente.

Depois de bater pela terceira vez sem resposta, fiquei preocupada. Olhando

por cima do ombro para os carros alinhados, decidi lançar minha preocupação fora.

Certamente um dos irmãos estava em casa.


Deixada com poucas opções, entrar sem ser convidada, ou fazer uma

pesquisa rápida na propriedade, decidi levar minha torta e ir por trás. Entrar sem ser

convidada seria meu último recurso.

Demorei um pouco para circundar a casa encontrando peças pelo caminho.

Notei uma escova velha de gato, a maçaneta amarelada com manchas de ferrugem,

atrás de uma garagem individual gigante e fiz um nota mental para verificar dentro da

garagem antes de entrar na casa. Felizmente, avistei uma cabeça vermelha, musculosa

a cerca de cem passos atrás da casa, em pé em algum tipo de cobertura de convés. Seu

ombro quadrado marchou para a estrutura, vendo que Beau ou Duane iam em direção

a uma grande grelha.

Quando tinha estava a cerca de 6 metros de distância do ruivo, ele ainda de

costas disse:

— Tem salsicha?

Era Duane.

Meu coração sabia.

As borboletas no meu estômago voaram no peito. Eu estava nervosa. Mas

estava também aqui, e havia me comprometido com esta emboscada. Não ia encolher-

me e ir embora agora, mesmo se um jantar como suborno fosse o preço. Mas tive que

limpar a minha garganta antes de responder.

— Não. Mas tenho torta de maçã.

Claramente assustado, Duane virou totalmente, os olhos movendo-se para

cima e para baixo em meu corpo. Ele estava surpreso e as feições estavam uma

bagunça nublada de alívio atordoado. Senti-me um bocado de tensão deixar meus

ossos quando ele finalmente sorriu, como se não me resistisse e corri para frente.
Duane me interceptou no caminho levando-me para o convés e não dando

nenhuma atenção ao prato em minha mão, envolveu seus braços ao redor de meu

corpo e me deu um grande beijo.

Sua boca e mãos deslizaram sob minha blusa de forma maravilhosa e

possessiva. Gostei tanto do seu beijo que quase derrubei a torta.

Mas breve, após um minuto ou mais, o beijo tinha acabado e ele estava

fazendo carinho na minha orelha, ambos respirando um pouco forte.

— Meu Deus, senti sua falta. — Disse num suspiro, amando a textura e a

sensação da barba contra minha mandíbula e a respiração quente no meu pescoço.

— Senti sua falta, também, Jessica. — Ele mordiscou minha orelha,

sussurrando meu nome como se fosse uma palavra suja, mas não um palavrão, uma

forma sexy, algo erótico e escandaloso. Tive o pensamento estranho de que gostava de

meu nome em seus lábios.

Fomos interrompidos por uma voz atrás de mim.

— É uma torta?

Duane endureceu um pouco, mas não abandonou o domínio sobre mim. Em

vez disso, depois de exalar um som frustrado, levantou a cabeça do meu pescoço. Da

mesma forma, olhei por cima do ombro encontrado uma imagem espelhada de Duane

andando em nossa direção, com o característico sorriso fácil e amigável, Beau.

Mas eles não eram realmente uma imagem de espelho do outro. Decidi que

uma das principais diferenças entre Duane e Beau era que os sorrisos da Beau eram

fáceis, dados livremente, enquanto que os sorrisos de Duane eram difíceis, difíceis de

ganhar e que eu tinha aprendido a estimar cada um.


— Vou levar isso. — Beau disse passando como uma brisa, agarrando e

levando a torta da minha mão. Quando a passou para uma mesa de piquenique no

convés e colocou o prato em cima.

— Fiz torta de maçã do amor. — Falei.

— Não coma nada disso. — Disse Duane quando assistimos Beau aproximar-

se para cheirar a torta.

— Não posso comer, não tenho um garfo... Ainda. — Beau, deu uma olhada

em volta do convés, como se estivesse procurando alguma coisa.

Além da mesa de piquenique e da grelha grande, o deck de doze metros

quadrados tinha várias cadeiras, uma grande caixa de madeira que suspeitava ser na

verdade uma geladeira (provavelmente cheia de cervejas), e um velho armário de

madeira pintado de verde limão. O teto de madeira exposto estava amarrado com

luzes brancas de Natal, que deviam ser úteis, uma vez que o sol se pôs.

Beau, caminhou até lá e escavou nas gavetas. Vendo seu irmão, Duane

balançou a cabeça como se estivesse com nojo.

— Ele está procurando por um garfo. — Ele explicou, as mãos escorregando

do meu corpo, mas depois, no mesmo movimento, aconchegando-as debaixo do braço.

— Não coma a torta. Isso vai arruinar o jantar.

— Só vou provar.

Duane parecia protestar novamente, mas o cortei com uma pergunta.

— Quando vim aqui este deck já existia? Não me lembro dele aqui.

— Drew, Billy e Jethro construíram para minha mãe há dois anos. Ela gosta

de jantar aqui, quando o tempo está bom.

Duane ainda falava sobre a mãe no presente. Isso fez meu coração doer um

pouco. Eu não ia corrigi-lo, mas dei-lhe um aperto.


— Odeio perguntar, porque não quero que pense que não estou feliz em vê-

la. — Duane afastou-se, o suficiente para que pudesse olhar meus olhos. — Mas o que

veio fazer aqui além de me trazer uma torta?

Cletus passou por nós, apenas naquele momento, e Billy não estava muito

atrás. Era um bom sincronismo, porque agora poderia anunciar meus planos a todos

eles.

— Estou aqui para fazer o jantar para você e seus irmãos. — Respondi

alegremente, gesticulando para a torta de Beau tinha colocado sobre a mesa de

piquenique. — A torta é a sobremesa. Espero que gostem de carne.

— Jess... — Duane pareceu completamente rasgado, e sua voz despejando

verdadeiro arrependimento. — Quem me dera que tivesse falado sobre seus planos

antes. Hoje é noite da salsicha.

— Noite da Salsicha?

— Sim. Famosa salsicha de Cletus Winston. — Cletus descobriu uma bandeja

empilhada de matérias-primas para salsicha que deixou ao lado da grade da

churrasqueira. — Esses meninos têm andado ansiosos pela minha salsicha... Por

longas... Semanas.

— Cletus. — O tom do Billy pareceu um aviso enquanto reclamava a cadeira

mais próxima da grade, acenando para mim, quando sentou. — Boa noite, Jessica.

Notei que o sotaque do Tennesse de Billy voltou, mais espesso. Cletus ergueu

uma sobrancelha para seu irmão mais velho, claramente não impressionado com o tom

de Billy.

— Vai dizer não está com água na boca pela minha salsicha?

Tive que cobrir minha boca com a mão e pressionar, com força, caso contrário

ia iniciar um ataque de risos histéricos.


Duane fez uma careta para seu irmão mais velho e em seguida apertou minha

cintura, chamando minha atenção de volta para ele. Sua boca curvada para o lado

quando me viu lutar para conter o riso. Em vez disso ele se mudou para a mesa de

piquenique, me sentando em seu colo e optou por esclarecer o situação.

— Veja agora, desde que há cinco de nós aqui, com Ashley em Chicago e

Rosco na escola, cada um tem uma noite da semana onde é nossa responsabilidade

cozinhar, em seguida, podemos cuidar de nós mesmos nos finais de semana.

Beau, incapaz de encontrar um garfo, desistiu de sua busca e tirou três

cervejas deixando-as na mesa, estabelecendo duas à minha frente e de Duane antes de

reivindicar um assento a nossa frente.

— Obrigado, Beau.

— Nada, Jess.

— Cletus faz uma viagem ao Texas duas vezes por ano para caçar javalis, e

então uma vez por mês ele nos alimenta... Com linguiça de javali. — Duane continua.

— Caça de javali? — Eu sabia que meus olhos estavam sobressaltados no

rosto. — Javali? Não são umas coisas enormes?

— Digamos, eles fazem um monte de bacon e salsicha. — Disse Cletus

indicando uma bandeja de salsichas novamente, então as furou com os espetos e pôs

sobre a grelha com carvões.

— Não acredito que você caça. Isso não é terrivelmente perigoso?

Ele deu de ombros.

— Bem, agora. Não acho que é justo atirar num javali atrás do conforto de um

esconderijo enquanto está empunhando uma arma de fogo. Isso não é uma luta justa.

Hoje em dia sinto que as pessoas estão muito longe dos alimentos que comem.
Quantas pessoas conhece que comeriam um bife se tivessem que cortar sua garganta,

eletrocutá-lo e ver o sangue escorrer para fora?

— Ugh, Cletus! Realmente? — Beau fez uma careta. — Eu estava com fome,

antes de começar a trazer o abate para a mesa.

— Meu ponto é, se vou matar um animal selvagem, não vejo por que deveria

preparar as coisas eu mesmo.

— Ele faz isso com um bando de rapazes nativos americanos. — Duane

esclareceu antes de abrir a cerveja e tomar um longo gole.

Assisti com fascínio seus lábios em torno da garrafa, como a garganta

trabalhou quando engoliu e quando a tirou da boca e pegou uma gota errante com a

ponta da língua, me senti um pouco tonta. Bem, tinha esquecido completamente o que

estávamos discutindo.

Quando ele terminou, olhou para mim, com a sobrancelha arqueada em

questão, provável por causa da minha expressão sonhadora.

— Jess. Você esta ok?

Assenti com a cabeça, suspirei e desejei que ele tivesse lambendo uma gota

errante de mim.

— Sim. Estou bem.

— Você parece um pouco quente. — Isto veio de Beau e o encontrei a

observar-nos. Então franzi a testa para ele e sua provocação. Ele imitou minha

carranca, embora não com muito sucesso porque sua boca estava curvada num sorriso

endiabrado. — Talvez Duane deva mostrar a casa a você, para poder ajudá-la a se

esfriar.

— Sentada tão perto das minhas salsichas é provável que tenha

superaquecido e se animado. — Cletus murmurou indicado a grelha com o queixo.


— Como eu ia dizendo... — O tom de Duane demonstrava uma nota de

desespero, enquanto olhou duramente para Beau e Cletus antes de virar a atenção de

volta para mim. — Billy cozinha nas segundas-feiras, Beau às terças, Cletus nas

quartas, eu nas quintas e Jethro nas sextas.

— Temos uma agenda. — Cletus ofereceu. — Gostamos de nossas

programações, as coisas ficam ordenadas.

— Então, quem está substituindo Jethro na sexta-feira?

— Ele deixou caçarolas, muitos delas, no congelador. — Billy respondeu em

tom calmo.

— Ei, você pode nos fazer um jantar na sexta. Se quiser. — Beau sugeriu.

Duane balançou a cabeça antes que eu pudesse responder e disse:

— Não. Jess e eu faremos o jantar juntos amanhã, na minha noite.

— Isso é trapaça. — Protestou o Billy.

— Não há regras. E realmente vai perder a carne de Jess?

Billy não respondeu à pergunta do Duane verbalmente, mas em vez disso

lançou um olhar frio como geada e o silêncio de desaprovação respondeu por ele.

— Você pode voltar amanhã? — Duane apertou-me em seus braços

ligeiramente, falando com voz baixa e suave.

— Sim. Posso vir amanhã. Não há problema. Se importa se eu deixar tudo

aqui esta noite?

Duane deu de ombros.

— Temos muito espaço na geladeira, agora que Cletus removeu as salsichas.

— Ok. — Assenti com a cabeça, inclinei-me, peguei minha torta novamente e

levantei. — Bem, então acho que eu vou.


Um coro de Não!, O quê? Onde vai?, Largue esta torta e outros protestos me

impediram de voltar para a varanda da frente e pegar minhas coisas.

— Você deve ficar. — Billy deu-me um meio sorriso que era completamente

inesperado, tal como foram as palavras. — Fique e jante conosco. Sua presença seria

uma mudança bem-vinda.

— Sim. Bem-vinda. Mesmo que seja uma grande comedora, há abundância

de salsicha para você.

— Cletus! — O nome dele foi exclamado numa mensagem unificada pelos

três irmãos, cada um deles atirando-lhe um olhar sujo.

— Bem... — Dei uma olhadela na torta em minhas mãos, mordendo o lábio,

para não rir e virei minha atenção para Duane. —Acho que se manterá até amanhã.

— Oh, não. Esta noite vamos comer essa torta. Você faz outra amanhã para

servir junto com seu bolo de carne. — Cletus assentiu com a cabeça como se isso já

tivesse decidido.

— Se está atendendo a pedidos, eu realmente gostaria de outra torta de maçã.

— Beau me deu uma piscadela de lado.

— Ela não está aceitando quaisquer pedidos de torta de vocês. — Duane latiu

a Beau.

— Ótimo, ótimo! Não precisa ficar com as calças torcidas, não é como se eu

estivesse oferecendo minha salsicha, como algumas pessoas. Só estou dizendo, que ela

pode fazer uma torta de novo, não importa, ela pode muito bem fazer outra torta de

maçã.

Billy levantou sua cerveja em direção a Beau, e em seu tom condescendente

completou quando observou:


— Sinto que devo dizer, Beau, que não existe tal palavra como calças torcidas.

É só independentemente.

— Pare de corrigir a gramática terrível do Beau e vá buscar o saco maior de

carvão. — Cletus chutou a cadeira de Billy. — Estas chamas não são adequadas para

cozinhar salsicha.

Estava lutando com outro sorriso quando Duane inclinou-se perto,

removendo a torta das minhas mãos e pousando-a de volta na mesa. Ele deslizou a

mão de volta na minha cintura, enviando adoráveis ondas de calor através do meu

corpo.

— Ignore-os. — Sussurrou, sua respiração quente no meu pescoço me

fazendo tremer. — Eles estão tentando comer mais torta.

— Não importa. — Sussurrei de volta. — A massa da receita é suficiente para

duas, por isso é só uma questão de fazer o recheio.

— Mostre a Jessica o local. — Beau jogou o pulso em nossa direção, acenando

e dando-me um olhar conspiratório. — Ela não vem aqui há anos. Vá mostrar-lhe o

andar de cima.

— Lá em cima? — Duane fez uma careta. — Não há nada lá em cima, exceto

os quartos.

— Ele quer dizer para você ir passar algum tempo sendo fisicamente íntimo

com sua namorada até o jantar estar pronto. — Cletus adicionou, não poupando nada.

Ele estava focado no carvão. — Nós vamos fazer uma confusão e chamá-lo para baixo

quando for hora de comer.

Duane faz uma careta para Beau, que deu de ombros, arqueando as

sobrancelhas e o sorriso satisfeito era positivamente diabólico.


— Nós iremos lá dentro desembalar as compras para amanhã. — Duane disse

incisivamente e continuou encarando Beau.

— Porque não vai você desembalar essas compras. — Seu irmão gêmeo

assentiu com a cabeça, com um olhar impertinente. — Para você desembalar essas

compras é uma tarefa tão difícil.

Antes que Duane pudesse inclinar-se sobre a mesa seu irmão gêmeo,

adicionei provincianamente com meu maior sorriso:

— Então vamos lá para cima e ser fisicamente íntimos, até que o jantar esteja

pronto.

Ouvi Billy engasgar com o riso e Beau gargalhou.

Duane olhou para mim, as sobrancelhas, meio suspensas entre admiração e

desaprovação. Pisquei para ele.

— Isso parece ótimo. — Cletus concordou em seu tom, como se eu tivesse

acabado de dizer que eu e o Duane íamos para dentro lavar o chão. Então acrescentou.

— Isso funciona para abrir o apetite da mulher. Porque nunca provou carne boa até ter

comido minha salsicha.

— CLETUS!

***

Não desembalamos as compras.

Mas fora alguns beijos rápidos na cozinha, não fomos fisicamente íntimos e

Duane não me levou pra cima. Não me importei. Eu queria falar com ele, certificando-

me que estávamos ok. Felizmente, as coisas entre nós eram fáceis e divertidas,

deixando-me sentindo boba que tinha planejado minha elaborada emboscada de


jantar. Olhando em volta com os últimos dias de contato mínimo, percebi que tinha

exagerado. Eu poderia ter parado em sua oficina ou ligado depois do trabalho.

Decidi que ele não tinha me evitado. Eu tinha exagerado o significado de sua

falta de contato.

Depois de desembalar as compras, ele me levou para a floresta que rodeava a

casa e usamos trilhas familiares.

— Este caminho leva ao riacho. — Ele disse, segurando a minha mão na sua e

ajudando-me sobre um tronco derrubado desnecessariamente, mas não indesejado, e

solícito.

— Aquele que alimenta o lago?

— Sim.

Eu sorri.

— Não foi lá que fui humm...bondosa com você, há anos.

— Quer ir?

Eu balancei minha cabeça com veemência.

— Não. Você vai me empurrar.

Ele sorriu brevemente em resposta, e o sorriso rapidamente se desvaneceu

em uma carranca.

— Ashley passou muito tempo nessas trilhas enquanto estava aqui. De vez

em quando, quando ela não estava escondida dentro de casa, cuidando da minha mãe,

um de nós ia andar com ela pelo riacho.

Dei uma olhadela em Duane e vi que ele tinha virado o humor introspectivo.

— Sente saudades da sua irmã?

Ele assentiu, franzindo a testa.


— É claro. Sentia falta dela quando saiu pela primeira vez, e sinto agora que

sumiu novamente.

Eu cheguei mais próxima dele e apertei sua mão, dando a seu lado um abraço

rápido.

— Aposto que ela sente falta de você, também.

Ele assentiu com a cabeça uma vez, então virou o rosto como se buscasse as

árvores para certificar-se que estávamos no caminho certo. Então de repente,

perguntou.

— Você realmente precisa de mais três restaurantes?

Vacilei um passo, mas então recuperei rapidamente.

— O que você que dizer?

— Quer dizer, o lugar da Daisy serve torta e um ótimo café da manhã, a

lanchonete faz a melhor costela, não vejo por que precisa de mais restaurantes.

Percebi que ele estava fazendo uma referência a nossa conversa no sábado,

quando havia afirmado que Green Valley só tinha três restaurantes.

— Não é sobre o número de restaurantes

— Sabe. — Ele franziu a testa e abanou a cabeça. — Acho que não vejo o que

há lá fora que é muito melhor do que aqui. É Green Valley tão chato que tudo o que

pode pensar é fugir?

Quando o estudei, percebi que sua pergunta não necessariamente denota

uma mudança no assunto. Sua irmã Ashley tinha saído de casa quando tinha dezoito e

não retornou até recentemente e então ficou apenas tempo suficiente para cuidar de

sua mãe moribunda durante as últimas seis semanas de sua vida. Ashley deixou

novamente Green Valley e os seis irmãos para uma vida em Chicago, no dia do

funeral.
— Não há nada de mal em Green Valley...

— Mas nada bom também? Nada que vale a pena ficar? — Duane puxou-nos

para uma parada. Seus olhos me perfurando e o olhar quase físico, como um toque

suplicado. Eu sabia que ele não estava fazer-me sentir mal sobre meus sonhos. Ele

estava tentando entender minhas motivações e talvez a razão por que sua irmã os

havia deixado anos atrás.

Mas não vi em Ashley o desejo de deixar Green Valley como algo parecido

com o meu desejo de ver o mundo.

Eu suspirei, afastando o olhar, assim poderia reunir meus pensamentos. Não

sabia como explicar meu desejo de viajar e como não tinha nada a ver com minha

cidade natal. Se tivesse nascido em Nova York, Londres ou Paris, ainda iria querer

sair. Eu queria explorar, experimentar e conhecer.

— Já ouviu que o desejo de viajar é uma nostalgia?

— Você usou o desejo de viajar no nosso primeiro encontro. E li um livro

alguns anos atrás sobre caminhadas e o título tinha o desejo de viajar como palavra.

Era sobre as pessoas que gostam de caminhar e catalogaram algumas das grandes

trilhas ao redor do mundo.

— Wanderlust em alemão significa basicamente amar caminhadas, mas isso

foi reproposto pelos comentadores ingleses para significando agora um amor errante.

Lembro-me da primeira vez que ouvi a palavra fernweh, em Alemão. É como se,

algumas pessoas têm saudade do que é considerado normal e aceitável. Sentem falta

da família e amigos, do que é familiar. Acho que todos podem entender a saudade de

casa. Mas percebi que a ansiedade estranha que sempre achei ser em outro lugar se

chamava fernweh. Tenho fernweh. Como a maioria das pessoas anseiam pelo familiar,

tenho sempre ansiado pelo desconhecido. Caramba, se pudesse controlá-lo, adoraria


ver Marte. Eu gosto de explorar. E não acho que é um conceito fácil de explicar, ou

para as pessoas não têm o mesmo desejo, de compreender.

Duane franziu a testa e assentiu, os olhos se movendo longe dos meus. Ele se

perdeu em pensamentos e contemplações, mas eu podia ver que realmente não

entendia. Geralmente aceito a falta de compreensão dos amigos e família, descrevendo

como só sendo muito louca. Mas por alguma razão, senti um inchaço desesperador de

necessidade por Duane me entender. Por isso agarrei sua outra mão e puxei até que ele

estava olhando para mim novamente.

— Este desejo, de explorar, não tem nada a ver com o lugar onde estou. Tem

tudo a ver com onde não estou.

— Então, é sobre novidade? Sobre ter um novo lugar para morar?

Balancei a cabeça, entrelaçando cuidadosamente nossos dedos. Achei que

precisava tocá-lo, mas... Era necessária a conexão.

— Não. Não realmente. É como estarmos aqui. — Olhei de relance em torno

do brilho que nos cercava, desvanecendo-se em cores de outono sobre o caminho da

montanha, sobrecarregada do céu azul sombrio, dando forma ao cair da noite. — Um

lugar incrível e espetacular. Mas, pode imaginar? Se tivesse a chance de ver mil

lugares igualmente espetaculares? Quero ver o Coliseu em Roma e a Catedral de São

Pedro. Mas não quero ir num passeio durante as férias. Quero viver lá, saber da

cidade, as pessoas, aprender, comer sua comida. Eu quero desenhar pinturas de

Michelangelo, mesmo que não seja nenhum artista, e então, depois de um tempo,

talvez um ano ou mais, quero ver o Rio Yangtze, a grande Muralha da China. E depois

disso, a floresta de Sequóias, e depois disso, mergulhar nas Ilhas Fiji, ou talvez visitar

os castelos da Irlanda.
Olhei para ele e vi que estava me observando abertamente. A careta de

Duane tinha sido substituída por um grande sorriso, no entanto, foi o brilho

perceptível de compreensão lá que fez meu pulso acelerar.

— Acho que estou começando a entender. Você está mais curiosa sobre o

mundo, e vejo que ele te chama.

Sua voz tranquila estava misturada com empatia, e vi que ele realmente

percebeu.

Não controlei meu pesado suspiro de alívio, o sorriso imediato, ou tentei

esconder meu prazer. Este prazer foi rapidamente seguido por um repentino e

profundo senso de gratidão. Tentei explicar esse desejo para minha família e amigos

em mais de uma ocasião. Invariavelmente, meus pais que sempre me perguntam, mas

que tal uma casa, um carro bom, roupas bonitas, uma TV e uma cama familiar? Eles não

puderam entender que eu queria encher minha vida com experiências e não com

coisas. Eu tinha seus valores do núcleo familiar, mas de muitas maneiras éramos

completamente diferentes.

Nunca entenderam meu lado dramático, selvagem. Consequentemente,

passei minha infância tentando suprimi-lo ou ignorar. Mas não adiantou. Eu ansiava

por liberdade, ansiava por descobertas. Não sabia por que meus sonhos e objetivos

eram tão diferentes da minha família.

Até este momento, não tinha percebido o quão solitária era, não tendo

ninguém para compartilhar meus sonhos, e ninguém entendendo-os. Foi o

entendimento de Duane que me empurrou sobre a borda. Olhei em seus olhos

brilhantes e com certeza absoluta, estava apaixonada por Duane Winston.


E não pareceu fardo ou um peso, uma coisa me segurando. Ele me fez amar.

Senti-me paradoxalmente fenomenal, imprudente e um cofre forte e capaz, porque era

de Duane todas essas coisas.

Meu grande sorriso estava começando a doer, mas não me importei. Queria

segurar este momento o quanto fosse possível, porque foi a primeira vez, e talvez a

única, que me senti verdadeiramente vista, conhecida e compreendida. E eu queria

dar-lhe tudo em troca. Queria que soubesse que o vi. Eu sabia seu valor também.

O quase sorriso de Duane virou irônico e ele estreitou os olhos.

— Você, me olhando desse jeito, faz-me sentir flutuando.

— Não é?

Ele riu. Eu ri. Nós rimos juntos.

Duane puxou-me para frente e capturou meus lábios num beijo rápido,

enviando calor para meus dedos dos pés, então sussurrou contra minha boca.

— Acho que eu estou, junto com você.

— Você diz coisas doces.

— Eu faço?

— Sim. Como quando disse que eu era uma sereia que não precisa cantar.

Imaginei que minha expressão imitou o sentimento confuso e flutuante do meu

coração. Foi à coisa mais doce para dizer, mesmo que o que estava IMPLÍCITO, que

procurei sua destruição ao tentar você com meu corpo.

Ele balançou a cabeça, inclinando-se, com um dos seus sorrisos relutantes

provocando os lábios. Duane me soltou e empurrou os dedos em meus cabelos, as

mãos fortes, movendo-se contra o meu couro cabeludo e até meu pescoço.

— Isso não é o que quis dizer.

— Então o que era?


— Você já leu a Odisséia?

— Não. Você?

— Sim. Foi leitura obrigatória em minha casa. Lembre-se, não tínhamos TV

enquanto crescíamos. Tudo o que tínhamos eram livros e nossa imaginação.

— Deus ajude a todos nós, rapazes de Winston e imaginação coletiva. —

Provoquei levemente, apreciando minha opinião porque Duane entendeu meu ponto

de vista.

— Quanto sabe sobre a história? — Seus olhos me estudaram e ele girou

minha cabeça para o lado. — Você sabe o básico?

— Da Odisseia? Era sobre viagens de Odisseu. Sua jornada para casa.

— E as sereias na Odisséia?

— Sei um pouco. Sei que as sereias são lindas. Sua beleza e canção inspiram

luxúria nos homens de Odisseu e seduziam os marinheiros levando-os a bater o barco

contra as rochas, mais ou menos.

— Não. Não é o que acontece. Não é a luxúria que inspiram que orienta os

marinheiros em direção a sua própria destruição.

Pisquei para ele.

— Então o que os marinheiros sentem?

— As sereias são bonitas, sim. Mas sua música e beleza chamam para a alma,

não o corpo. As sereias não inspiram a luxúria. Elas inspiram saudade. Uma profunda

e arrasadora saudade. Óssea e profunda, então os marinheiros preferiam morrer a

viver sem as sereias.

Olhei para ele. Eu poderia dizer que ele estava me esperando pegar o

significado, não levei muito tempo porque ele voluntariamente preencheu as lacunas.
— Seu desejo de viajar, farfigneugan ou qualquer outra coisa é a tua sereia. —

Ele inclinou a cabeça para um lado depois o outro, como se me estudando em ângulos

diferentes antes de adicionar.

— Entendi. — Outra vez meu coração floresceu, e queria dar-lhe presente

similar. Então perguntei.

— E suas corridas? É a velocidade sua sereia?

Ele balançou a cabeça e o sorriso caiu, enquanto continuou a estudar meu

rosto com intensidade e foco.

— Não, Jessica. — Ele sussurrou, dando um passo a frente e puxando-me em

seus braços.

— Então o que é? — Levantei meu queixo.

Ele não respondeu. Em vez disso, me beijou.

***

O jantar foi ótimo... As salsichas do Cletus estavam deliciosas, e os meninos

comeram toda minha torta de maçã.

Mas estava extremamente consciente do meu despertador na sexta-feira de

manhã 05:30, então tive que ir embora muito mais cedo do que teria gostado. Duane

perguntou a Billy se podíamos usar sua caminhonete, e quando chegou a hora para

que eu fosse, Billy, Cletus e Beau ficaram no gramado da frente e se despediram. Foi

na verdade muito doce e um pensamento me ocorreu quando entramos na estrada

principal com os Winstons ainda visíveis no retrovisor da caminhonete. Estes meninos

precisavam de uma mulher na casa.


Eles perderam sua mãe. E provavelmente perderam a irmã. Decidi que faria

um hábito cozinhar com Duane todas as noites de quinta.

Também, não percebia porque todos os cinco irmãos de Duane eram

solteiros. Meu Deus, eles eram bonitos e doces. Seu estilo de vida coletiva ou singular

era um crime contra as mulheres em todos os lugares. Mais decidi tomar a liberdade

de encontrar namoradas adequadas, para cada um deles, durante o próximo ano.

— O que está tramando?

Dei uma olhadela em Duane no assento do motorista. Nós paramos no sinal

fechado e ele estava estudando-me.

Dei de ombros e tentei suprimir o sorriso de culpa.

— Nada muito...

— Isso é uma mentira. Você está planejando algo. — Duane seguiu através do

cruzamento e lamentei o fato de que nossas casas eram tão próximas.

— Pensei que seria bom ajudá-lo a cozinhar às quintas. — Virei-me e

descansei o cotovelo ao longo das costas do assento da caminhonete e assim podia

olhar seu perfil dele.

— Mmm hmm. — Ele disse, como ele não acreditasse em mim.

— E o que quer dizer com 'Mmm hmm', Duane Winston?

— Posso ver as engrenagens girando. Você esquece que conheço seu coração

pelo rosto. Você está tramando.

Eu ri, amando tudo o que ele acabou de dizer.

— Você conhece meu coração pelo rosto?

— Não mude de assunto. — Duane fez um desvio inesperado diante de uma

estrada de terra e cascalho, apenas a 800 metros da casa dele. Parecia ser uma das

estradas usadas pelos guardas do parque e caçadores.


— Onde vamos?

— Quero te mostrar uma coisa, é por isso que peguei emprestada a

caminhonete. Não se preocupe, não vou demorar. Sei que tem que acordar cedo para

trabalhar.

— Pode me dar uma dica? — Fomos engolidos por árvores e o breu da noite

por todos os lados.

— Tenho certeza. Na verdade só vou te dizer. É um chalé de caça. Billy e eu

construímos quatro verões atrás. Ninguém mais sabe sobre isso.

— Nem mesmo Beau?

Duane abanou a cabeça.

— Não. Nem mesmo Beau. Billy... Bem, Billy sugeriu manter isso em segredo.

— Porquê?

— Provavelmente porque Billy e não somos tão sociais como Beau ou Jethro e

até mesmo Rosco. Nós dois costumávamos ter o hábito de perder nosso temperamento

quando mantidos em quartos próximos. Cletus continua fazendo viagens longas, para

caça javali e outros animais, mas Billy e eu não temos esse hábito. Ele sugeriu que

usássemos isto como um lugar para nos esconder e esfriar a cabeça.

— Por que não fica lá o tempo todo?

— Não tem eletricidade, e é pequeno. Tem um banheiro e um poço, mas não

encanamento.

Estudei tanto do perfil do Duane quanto poderia, dada a falta de luz.

— Mas está me mostrando agora...?

Ele balançou a cabeça uma vez.

— É verdade.
— Este é o Parque Nacional? Ou ainda estamos na propriedade da sua

família?

— Propriedade da família.

— Basicamente, você e Billy o compartilham?

— Mais ou menos. Ele não o usa muito, pois trabalha o tempo todo. É nossa

casa, a casa grande, é só um lugar para ele armazenar suas coisas e dormir.

— Então esta cabana, é como sua fortaleza da solidão.

Ele deu de ombros, seus olhos piscando para os meus.

— Gosto de pensar dessa forma.

Um calor aqueceu gradualmente minha barriga quando minha imaginação

hiperativa, pensava em nós, despidos fazendo piruetas selvagens. Este lugar era

privado, e podemos passar um tempo juntos, só nós dois, compartilhar esperanças e

sonhos. Talvez este lugar fosse onde admitiria o quanto sinto por ele, como o amava.

Talvez nós o usássemos para fazer planos futuros além dos próximos treze meses.

Ele parou o caminhão na estrada de cascalho e tomou um caminho que eu

nunca teria notado. Após alguns minutos os faróis iluminaram um caminho, levando a

uma escura escadaria de pedra e uma cabana de madeira.

Não esperei Duane abrir a minha porta. Em vez disso, pulei do caminhão,

logo que parou, mesmo antes dele ter puxado o freio de emergência. Deixando os

faróis ligados que eram a única fonte de luz, Duane chamou atrás de mim.

— Calma, Jess. Este piso não é tão sólido como parece.

Forcei-me a escolher o caminho com mais cuidado, o que permitiu a Duane

me alcançar e colocar uma mão protetora nas minhas costas. Quando chegamos a

porta, tentei abri-la mas a encontrei trancada.


— Tenho as chaves. — Ele disse rispidamente, e abriu a porta me impedindo

entrar, segurando meu braço. Ele esperou até que eu o olhava, antes de pressionar as

chaves na minha palma.

— Aqui, são para você.

— Para mim? — Sorri. Não pude evitar.

Ele riu levemente e balançou a cabeça, passando-me para entrar na cabana e

desaparecendo na escuridão. Hesitei na porta, ao ouvir o som das botas no chão. Uma

iluminação pálida preencheu o espaço pequeno quando ele acendeu uma vela. Entrei e

fechei a porta atrás de mim enquanto Duane andava no espaço retangular, acendendo

velas.

Era pequeno. Muito pequeno. Talvez sessenta metros quadrados. As paredes

foram acabadas, o que era surpreendente, mas pintadas de branco liso sem fotos ou

pinturas. Uma lareira de pedra ocupava a maior parte de uma parede, uma pequena

mesa com duas cadeiras ocupava outra e uma cama grande de casal a ultima.

— Você está com frio?

— Não. — Disse num suspiro, imaginando nós gastando incontáveis dias e

noites aqui, amando um ao outro... Compartilhando mais de nós mesmos.

Finalmente, levantei os olhos e encontrei a expressão educada de Duane. Ele

estudava minha reação a este lugar. Apesar do frescor cuidadoso de suas feições,

podia ler seus pensamentos tão claramente como o que ele havia falado. Ele queria

saber se eu gostava desse lugar. Se consentiria a ele tomar liberdades com meu corpo

nessa cabana aconchegante. Ele era tão bobo.

Então eu desse.

— Duane, você é tão bobo.


— Eu sou bobo? — Ele levantou uma sobrancelha e cruzou os braços sobre o

amplo peito.

— Sim. Vê, este lugar é lindo. Mas só gostaria de salientar que se estava

esperando um quarto e uma cama para começarmos a fazer piruetas no colchão, então

acho que está sendo bobo. Acha que preciso de velas e romance? — Acenei uma mão

ao redor da cabana. O lugar era pequeno, mas inegavelmente romântico. Adicionar

um fogo na lareira, uma garrafa de vinhos, nus e piruetas sobre a cama, basicamente

um antro rústico de sedução.

Independentemente disso, continuei meu discurso.

— Querido, não preciso dessas coisas. Você precisa entender, não quero ser

colocada num pedestal. Não quero que mantenha uma distância respeitosa. Só preciso

de você. Eu gosto de você selvagem e eu te amo imprudente. Num cobertor de

piquenique, dentro da cabine do seu Papa-Léguas, na cama nesta cabana, aqui, onde

nos reunimos não faz diferença. É você que eu quero.

Cada palavra era verdade. Não quero ou preciso de gestos românticos ou

coisas bonitas. Só queria ele. Estava apaixonada por ele e nada mais importava, não

onde e não quando.

Quando falei, vi o canto de sua boca elevar e o olhar se tornar mais quente.

Quando terminei, ele me estudou por um longo instante, o olhar abrasador arrastou-se

pelo meu corpo numa leitura prolongada.

Meu Deus, estou ficando quente. Fugazmente esperava que ele levasse

minhas palavras de coração e me possuísse agora, rápido e forte contra a parede. O

pensamento deixou meus joelhos fracos.


Mas então ele cruzou para onde eu estava com passos medidos e lentos, e não

parou de andar até que tinha me apoiado contra a porta. Ele colocou uma mão atrás de

mim e a outra possessivamente em meu quadril.

Seus olhos brilharam e arderam. Ele olhou especificamente minha boca,

quando disse num sussurro:

— Jessica, tenho pensado sobre como fazer amor com você por muito tempo e

não vou me contentar com nosso primeiro encontro ser apressado num cobertor do

lado de fora, num carro, antes do jantar no meu quarto em casa. Estou pensando em

levar meu tempo com você...

Ele se inclinou para frente, o atrito da barba contra minha mandíbula e a

respiração quente dançando sob meu ouvido me fazendo tremer novamente. Os dedos

em meus quadris escorregando debaixo da camisa, o polegar esfregando um círculo

lento na pele acima da cintura da calça.

— Duane. — Gemi, minhas mãos agarrando seu suéter. — Não precisamos

esperar.

— Mas vamos, Jess. Porque estou pensando em tomar seu tempo também. —

Ele lambeu o lóbulo da orelha, mordiscou e eu tremi. — Uma noite e um dia inteiro...

— Por favor. — Seu aperto apertou e o puxei na minha direção, precisando

de seu peso e o calor. Mas em vez disso, ele se afastou. Desta vez seus olhos

conectaram com os meus e eram ferozmente sóbrios e severos, quando disse.

— Você já está no pedestal, princesa. E respeito te inferno demais, goste ou

não.

***
Como no sábado e domingo , quando Duane deixou-me, ele me

acompanhou até a porta e me deu um beijo muito respeitoso, mas desta vez deixou-me

com um grande sorriso. Queria ir atrás dele e dizer amo você, Duane Winston! Ao invés

o deixei ir embora e fiquei me sentindo quente e formigando, certa de ter bons sonhos.

A antecipação de admitir meus sentimentos ia matar-me... Na melhor maneira

possível.

Entrei na casa dos meus pais, não terminei meu suspiro feliz, quando ouvi

meu pai me chamar da sala.

— Jessica, é você?

— Sim, sou eu.

— Venha aqui.

Pendurei minha bolsa, retirei as botas e entrei, ainda abrigada em minha

felicidade, na sala da família. Meu pai estava em pé no centro da sala, quando entrei,

com as mãos em seus bolsos e expressão sombria. Senti meu sorriso cair.

— O que está errado?

Ele suspirou.

— Não há nenhuma maneira fácil de dar a notícia, então só vou dizer... Sem

rodeios. Sua mãe ligou esta noite. Tia Louisa morreu esta tarde por volta das 5h. Ela

dormiu ontem e não acordou.

Meu bom humor murchou como um balão estourado violentamente, e cobri a

boca com a mão.

— Ah não... Oh Deus. Mas ela estava só... Pensei que estava melhorando?

Ele balançou a cabeça. Meus olhos perderam foco enquanto pensava sobre tia

Louisa, irmã mais nova da minha mãe, ainda tão jovem com quarenta e dois. Mesmo
que sempre me mantivesse a uma distância, mesmo que nunca tivéssemos formado

um vínculo real durante os verões juntas, eu ainda a amava. Ela era da família.

— Não acredito que ela se foi. — Sussurrei, sem saber que estava falando

meus pensamentos.

Meu pai cruzou a sala, me puxou para um abraço, depois me levou até o sofá.

Uma vez lá, ele me enfiou debaixo do braço e deixou-me chorar um pouco pela minha

confusão. Quando acabou, ele me entregou uma caixa de lenços e acariciou minha

mão.

— Já comprei nossas passagens de avião e liguei para Sylvester Kip na escola

para explicar as coisas. Partiremos amanhã de manhã. Sua mãe precisa de ajuda.

Apaticamente concordei.

— Sim. Obrigada. Faz sentido.

Meu pai se mexeu um pouco no lugar e senti seus olhos em mim, então

levantei o olhar.

Depois de um longo momento ele disse.

— Isto pode ser inconveniente para discutir antes de sua tia ser colocada para

descansar, mas acho que eu preciso avisá-la sobre algo antes de chegarmos ao Texas.

— Avisar-me? Sobre o quê?

Vi meu pai dar uma respiração profunda, em seguida, lançou lentamente as

palavras:

— É a coisa, Jessica... Sua tia Louisa... Ela era sua... Bem, ela era muito rica. E

você passou muito tempo com ela, mais do que a maioria. Acho que precisa se

preparar para uma significativa herança.

— Uma... O que?

Se possível, meu pai parecia ainda mais triste quando explicou:


— Sua mãe viu a papelada. Menina, não sei mais como dizer isto, mas Louisa

deixou-lhe tudo. Ela lhe deixou a casa, suas patentes de engenharia, e todo o dinheiro.

Falamos de vários milhões de dólares.


CAPÍTULO 18

“Adoro navegar por mares proibidos e pousar nas costas bárbaras”.

―Herman Melville

~Duane~

Estávamos quase na hora de fechar.

Depois de deixar Jess, voltei para casa e pulei no carro de Beau. Ele tinha me

esperado, sentado no escuro, dentro do vermelho Pontiac GTO 1967, tocando os dedos

no volante. Ele não disse nada, não precisava. Eu sabia que estávamos atrasados. Se

tivéssemos sorte chegaríamos na reunião apenas a tempo.

Jessica James me perturbou. Ela tinha ocupando meus pensamentos com

mais e mais frequência e agora estava fazendo novos planos. Estes planos só serviram

para aumentar meu nível de distração. Mostrar a Jess a cabana não tinha sido

premeditado, mas quando percebi que precisaria pegar emprestado o caminhão de

Billy para levá-la para casa, tinha explorado a oportunidade.

— Inteligente, levando o caminhão de Billy. — Meu irmão gêmeo disse

verificando pelo espelho retrovisor enquanto nós viramos a estrada pavimentada


adjacente da nossa propriedade. — A Ordem sabe que não deve chegar perto de Billy,

e por isso não seguiriam a caminhonete.

Concordei, por ter sido uma jogada inteligente, mas não compartilho que

evitar a Ordem não teve nada a ver com minha única razão para pegar a camionete.

Mas evitar a Ordem foi a razão pela qual não tinha dado o Mustang a Jessica ainda.

Beau e eu rapidamente comprovamos que estávamos certos sobre levar a

caminhonete de Billy quando quatro motos esperavam na escuridão facilmente

pegando o Pontiac de Beau.

— Esses caras são tão estúpidos. — O rosto do Beau torceu com irritação e

impaciência, uma inusitada expressão para ele. — O que acham que vamos fazer?

Tentar sair da cidade sem ser detectados em meu GTO vermelho? Todo mundo sabe

que este carro é meu. Bando de idiotas.

Antes de eu poder adicionar uma camada de lixo colorido, meu celular tocou.

— Quem é? — Os olhos do Beau cintilaram entre mim e a estrada.

— Não sei. Não reconheço o número.

Beau olhou para a tela, em seguida, para fora do para-brisa.

— Pode ser Repo. Ele usa números não rastreáveis.

Não rastreáveis, claro, sendo celulares descartáveis eram jogados fora antes

que pudesse ser rastreados. Pensando que Beau provavelmente estava certo, eu peguei

meu polegar através da tela e respondi.

— O quê?

— Você finalmente saiu de casa. — A voz rouca do Repo surgiu do outro

lado.

— Sim, então?

— Então, está atrasado.


— Ainda não.

Repo riu.

— Acho que ainda tem alguns minutos. Enquanto isso, porque não me diz o

que Claire McClure foi fazer na sua casa?

Eu franzi a testa e respondi com sinceridade e quase automaticamente.

— Não sei do que está falando. Não vi Claire em casa.

— Nossos rapazes viram ela parar na propriedade por volta das cinco e

então, levar alguns minutos mais tarde. Sabe que o pai dela é meu Presidente, certo?

Não acho que ele gostaria que um dos rapazes Winston brincando com sua filha.

— Como disse, não sabia que ela esteve lá. O que meus irmãos fazem não é

da minha conta, e não é da sua também. E por que seus recrutas estão vigiando nossa

casa?

Eu sabia que estava sendo seguido, mas não sabia que a Ordem estava

vigiando a casa. Não sabia que Claire deve ter deixado Jessica na minha casa. Tendo

em conta que Ordem tinha pelo menos a nossa garagem sob vigilância, fiquei aliviado

de Jess não ter vindo por conta própria. Se ela tivesse pego emprestado o carro do pai,

tinha certeza que ia estar agora ouvindo muita merda de Repo sobre meu

relacionamento com a filha do xerife. Mais uma vez, tentei evitá-la nos últimos dias

por esta razão, esperando que parassem de nos vigiar após a reunião de hoje.

Em vez de responder à minha pergunta, Repo abaixou a voz dele e disse:

— Nenhum dos seus irmãos é bom pra Claire. Aquela garota é propriedade

da Ordem.

Meu instinto foi discutir, apontar que Claire McClure odiava-os, quase tanto

quanto nós, e iria levantar o inferno se ouvisse alguém lhe dizer que era sua
propriedade, em vez disso, lutei contra minha vontade de jogar o telefone pela janela

ou esmagá-lo contra o painel de controle.

— Tenho que falar com sua cara feia em dez minutos, então vou desligar

agora. — E o fiz.

Beau tirou sarro de mim.

— Eu odeio esse cara.

— Nada para gostar. — Concordei, meu tom calmo, ainda tentando não

partir a merda do meu telefone. Algo precisava ser esmagado.

— Tina retornou as chamadas?

Eu balancei a cabeça, tomando a decisão de colocar o telefone no porta luvas,

fora de alcance.

— Não. Apenas mensagens dizendo para te trazer ao clube. Você?

— Não. Acho que ela quer ir ao clube e ter um bate-papo pessoalmente.

Olhei pelo retrovisor para os faróis de quatro motos e flexionei meu maxilar.

— Acho que sim, também. Nós teremos que fazer uma visita.

— Amanhã à noite, você não acha? Ou sexta?

Dei de ombros. Também funcionaria. Desde que Tina não retornava minhas

mensagens com qualquer outra coisa do que convites para assistir a dança, tinha

chamado Hank Weller, o proprietário e pedi a agenda de Tina. Ela já não estava

descascando de domingo a quinta-feira, somente na quinta-feira, sexta e sábado à

noite. Hank me disse também que ela andava passando mais tempo no bar dos

motociclistas, entretendo a Ordem.

Neste momento não estava convencido que ela iria ajudar em tudo. Sua

lealdade pode descansar firmemente com os motociclistas. Ainda assim, valia a pena

ver se estaria disposta.


— Está pronto para fazer isso? — Para os outros, Beau provavelmente soaria

em seu bom humor normal. Para mim, sua leviandade soou falsa, forçada, um disfarce

para a raiva e determinação.

— Estou pronto. — Não estava nervoso ou com medo, esses idiotas não me

assustam. Eles me irritam e estava pronto para que este jogo acabasse.

***

Assim que seguimos para a reunião no celeiro abandonado cerca de

quinhentos metros do bar, motociclistas invadiram nosso carro e “escoltaram-nos” ao

interior. Repo estava sentado calmamente na porta.

Dirty Dave estava andando pelo chão de terra . No total, havia dez deles e

dois de nós.

Avaliei que os seis rapazes Winston tivéssemos presentes, provavelmente

estaríamos equilibrados.

— Você não é idiota, mas é imprudente, o que pode ser difícil de distinguir,

especialmente quando o resultado final é o mesmo. — Repo cumprimentou-me com

estas palavras, quando entramos. Sua expressão era exteriormente amigável, mas

podia o ver fervendo de raiva por trás dos olhos negros.

— Vamos acabar com isso. — Murmurei, revirando os olhos.

— Agora espere, Duane. — Beau deu a mim a Repo um sorriso convincente.

— Não vejo Tio Repo faz tempo.

Minha resposta a estas palavras encenadas foi autêntica e tentei não rir.

Como Beau poderia dizer tal merda com uma cara séria e crível era um milagre.
Boa parte da fúria na expressão do Repo aliviou quando foi apertar a mão de

Beau, e cruzei meus braços sobre o peito. De jeito nenhum que iria apertar as mãos

desse canalha. Por sorte, minha reação honesta também foi a parte que me tinha sido

atribuída. Eu era o mau policial, e Beau o bom.

Assim, levantei-me passivamente enquanto Beau e Repo trocavam gentilezas,

percebendo que os outros nove motociclistas apareceram para tomar sugestões de

Repo. Todos visivelmente relaxaram quando viram quão amigável Beau e Repo eram.

Dave sorriu para Beau, apertando sua mão, chamando-lhe de filho, em vez de rapaz.

Meu irmão gêmeo tem esse efeito nas pessoas, porque era tão talentoso

parecendo sincero. Estava convencido que se alguma vez, surgisse a necessidade, ele

poderia conseguir uma maneira de sair da prisão federal. Ele tinha herdado isso do

nosso pai... Charme e meiguice. Jethro, meu irmão mais velho, tinha habilidades

semelhantes. Rosco, o caçula, era quem fechava em terceiro lugar.

Cletus, Ashley e eu possuíamos o temperamento da minha mãe, muito

sincero para nosso próprio bem e Billy usava seu charme como um interruptor,

lingando e desligando, usando-o quando servia a seus propósitos, mas poderia dizer

que odiava cada minuto disso.

Mas ao contrário de nosso pai e apesar do carisma, meus irmãos eram boas

pessoas, dignas do meu respeito e confiança. Bem, na verdade Jethro era questionável,

às vezes, mas independentemente disso, faria tudo por eles.

Eventualmente fiquei cansado de assistir Beau fazendo todo mundo rir.

— Vamos começar o negócio cedo?

O riso afilado e olhos do Repo deslizaram para mim, embora agora parecesse

estar num humor muito melhor.


— Duane, está preparado para discutir os termos da parceria? Acho que verá

que nossa oferta de divisão trinta por setenta mais do que justa.

— Depende de quem vai ficar com trinta por cento e quem fica com setenta.

— Beau brincou fazendo Dave dar risada como uma menina tímida da escola.

— Espere! — Balancei a cabeça e passei à frente. — Não concordamos em

nada.

— Então o que estamos fazendo aqui, garoto? — Dave levantou o dedo gordo

fazendo sinais na minha cara, mas algo na minha expressão deve ter-lhe dado uma

pausa, porque ele baixou o queixo.

— Como disse, não aceitamos nada.

— Você está testando minha paciência, Duane. — Repo disse, soando mais

cansado que irritado.

Beau, cortou.

— O que Duane quer dizer é que não podemos aceitar uma coisa que não

temos certeza que podemos fazer.

Repo estreitou os olhos, com confusão, não suspeita, e olhou entre nós.

— O que isso significa?

— Significa que não podemos usar nossa loja para esta operação. Sua

localização é muito pública, e acho que ninguém aqui quer ser pego antes de começar.

— As palavras de Beau foram inteiramente razoáveis e Repo assentiu com a cabeça.

— Ok. Ponto justo. Estou ouvindo.

Falei em seguida, porque o plano era para eu dar a má notícia de uma forma

completamente irritante enquanto Beau reexplicava, tornando-a mais agradável.

— Então não vamos fazer. — Disse, talvez com mais irritação do que o

combinado.
— O que Duane quer dizer... — Beau olhou para mim como se ele tivesse

exasperado com minha atitude. — É que não podemos fazê-lo, não até que seja

encontrado um local adequado.

Dirty Dave deu de ombros e disse, assim como pensamos que diria:

— Isso é fácil, use a garagem de Brick.

— Não podemos. — Balancei a cabeça teimosamente. —Em primeiro lugar,

está associada a Ordem, em segundo, ouvi Jackson James mencionar que seu escritório

está trabalhando num mandado para aquele lugar.

Os olhos do Repo estreitaram ainda mais:

— Você ouviu?

— Sim. Porque razão acha que estive sendo tão amigável com sua irmã? —

Esperava que Repo acreditasse nessa explicação por muitas razões, não menos do que

era isso, se ele o fizesse, então seria capaz de manter meu acordo com Jess e não sofrer

represálias e reprimendas de desaprovação de Repo. Mas mais do que isso, esperava

que esta versão de minhas motivações manteria Jessica segura e eu precisava dela

segura e longe desta confusão.

Assim, fiquei surpreso com a expressão e a resposta de Repo, estrondosa e

alta:

— Você vai usar aquela garota, rapaz? Se machucá-la vou te quebrar em dois!

Beau pisou entre nós.

— Agora vamos, Repo. Você nos conhece desde que éramos bebês. Conhece

Duane. Acha que Duane seria capaz de executar um golpe em alguém tão inteligente

como Jessica James?

Deveria me sentir insultado pela insinuação de Beau que Jessica era superior

a mim em inteligência, mas não me ofendi, isto porque ela provavelmente era. Jess era
inteligente, mas eu não estava intimidado por ela e seu intelecto, provavelmente

porque quando combinado com doçura isso me excitava demais.

Beau, continuou:

— Tudo o que ele está dizendo é que está tirando vantagem de uma

oportunidade rara de ter acesso à casa dos James. Isso não é usar a Srta. James. Isso é

ter recursos e benefícios.

Repo não parecia totalmente convencido e eu estava ocupado tentando

descobrir porque ele se sentiu tão preocupado com o bem-estar da Jessica. Pensei sobre

seu comentário no sábado passado na lanchonete de Daisy e gostaria de saber como

Repo sabia sobre a mãe de Jessica.

Beau empurrou a conversa de volta aos trilhos dizendo:

— Então, é aqui que estamos. Temos andado ocupados durante as últimas

duas semanas. Se seus irmãos tem estado a vigiar-nos então provavelmente disseram a

você sobre como eu e o Duane estamos explorando locais.

Repo olhou de relance para Dirty Dave, que deu um curto aceno de cabeça.

Repo franziu a testa e suspirou em voz alta, olhando para o chão enquanto

considerava a questão. Finalmente, disse:

— Você deveria ter-nos contado. Temos Propriedades em todo lugar e uma

deles é a uma distancia segura.

Eu balancei a cabeça.

— De jeito nenhum. Como disse, não faremos isso usando suas propriedades.

— Por que não? — Dave levantou o queixo novamente.

— Porque nada poderia ser mais óbvio, velho. De repente, tem dois irmãos

Winston, mecânicos, fazendo frequentes visitas a um dos seus armazéns bem depois

de Brick e Mortar serem afastados? Isso é estúpido.


Felizmente Beau não precisava completar porque Repo acenou

pensativamente.

— Está certo. Melhor estes rapazes encontrarem um espaço adequado e

equipá-lo, assim haverá menos provas de uma parceria entre nós e será melhor. Trazer

Brick e Mortar para a Ordem foi um erro, eles dificultaram as coisas a longo prazo,

tentando fazer as coisas sem cuidado em buscas aleatórias.

Ninguém notou, mas vi os ombros do Beau relaxarem nas palavras do Repo e

o sorriso veio um pouco mais fácil. Ainda estava emocionado exteriormente, mas levei

a concordância de Repo como vitória.

Jethro retornaria em duas semanas, e pudéssemos segurar a Ordem, talvez

Jethro pudesse nos ajudar a resolver essa bagunça sem sujar as mãos, ou talvez Tina

pudesse ser convencida a limpar seus arquivos e trazer-nos uma cópia.

De qualquer forma, era a suspensão da execução que precisávamos.

— Tudo bem, parece que temos um plano. — Beau esfregou as mãos juntas,

acenando para Dave E então para mim.

— Sim... — Repo olhou Beau. — Mas essa busca não pode durar para sempre,

vocês precisam encontrar um local esta semana.

Beau riu, como se a exigência fosse como uma piada de mal gosto.

— Esta semana? Repo, estamos... Chegando a Ação de Graças. Ninguém vai

nos encontrar para falar sobre propriedade esta semana. Precisamos de pelo menos até

primeiro de janeiro.

— Se ninguém se reunirá com você antes da Ação de Graças, então ninguém

vai falar com você perto do Natal também. Tem até a segunda semana de dezembro e

é isso.

Eu balancei a cabeça, mas resmunguei.


— Bem. Segunda semana de dezembro.

Felizmente, eu era muito melhor em fingir irritação do que em fingir ser

simpático.
CAPÍTULO 19

“Nada viaja mais rápido que a velocidade da luz, com a possível exceção das más

notícias, que obedecem suas próprias leis”.

―Douglas Adams, Praticamente Inofensiva.

~Duane~

Jessica: Você provavelmente ainda está dormindo e não quis acordá-lo. Estou a

caminho do Texas para um funeral, minha tia morreu ontem.

Jessica: Diga aos seus irmãos que peço desculpa pelo jantar.

Jessica: Vou chamá-lo hoje mais tarde, preciso falar com você.

Jessica: Estou com saudades.

NÃO VI as mensagens de Jessica ou as três chamadas não atendidas até

quinta-feira à tarde, até que Beau e eu estávamos a caminho de casa depois de

fecharmos a loja, porque deixei meu celular no porta luvas do carro de Beau o dia

todo.

Quando as vi, passei os próximos minutos usando cada palavrão no meu

arsenal enquanto tentava ouvir sua voz.


— O que diabos aconteceu? — Beau olhou-me do banco do motorista.

— Calado, estou tentando ouvir. — Acenei para ele se calar, reiniciando a

primeira mensagem de Jessica.

“Ei, Duane. É Jess. Acabamos de pousar em Houston. Queria falar com você antes de

sairmos do aeroporto, porque a recepção na fazenda pode ser muito ruim. Vai demorar uma hora

e meia para eu chegar lá. Ligue-me quando ouvir isto”. Ela hesitou, a voz dela rachou um

pouco quando acrescentou antes de desligar. “Sinto saudades”.

A segunda mensagem foi curta: “Hey, sou eu. Agora estamos na estrada. Ligue

quando puder”.

E coração estava na garganta enquanto escutava a terceira mensagem.

“Oi. Estamos na fazenda, este número é a linha direta para a casa. Se chamar algum

dos empregados responderá e deixei instruções para me buscarem... Se você ligar. Então ligue.

Já mencionei que tenho saudades? Beijo”.

Bati imediatamente no discar, rezando que ela estivesse disponível para falar.

Como tinha avisado, um dos empregados atendeu e me colocou em espera,

aparentemente para procurá-la pela casa.

Eu poderia sentir que Beau estava dividindo a atenção entre mim e a estrada

quando finalmente perguntou.

— Foi Jessica? O que aconteceu? Ela esta ok?

— Shhh... — Não queria ele me distraindo e com o passar de cada segundo

fiquei mais agitado com a espera e comigo mesmo por ter deixado o telefone no carro

do Beau.

Mas alívio inundou meu peito quando finalmente ouvi a voz dela.

— Alô?
— Jessica, sou eu. É Duane, me desculpe não recebi sua mensagem. Meu

telefone estava no carro de Beau no porta-luvas e... Sabe, não importa. Como está?

Você está bem? O que posso fazer por você, se me quiser aí, posso deixar tudo hoje.

Foi uma promessa impensada e sabia que Beau estava olhando para mim

como se eu fosse louco, mas não liguei. Se ela precisava de mim eu voaria, a Ordem e

suas ameaças poderiam ir para o inferno. Então poderiam ir se foder e ir para o inferno

novamente.

Ela suspirou suavemente, mas quando respondeu, o tom era baixo e duro, ela

estava tentando manter-se ouvindo.

— Obrigada por ligar. Eu... Estou feliz que ligou. — Uma pausa por um

segundo.

Em seguida, perguntei:

— Estou supondo que está com outras pessoas?

— É isso mesmo...

Imaginei que estava esperando que eu fosse conduzir a conversa, fazer a

maior parte, já que ela estava sendo ouvida.

— Pode me ligar esta noite? As nove em ponto?

— Sim! — Sua voz soa alta e entusiasmada me fez sorrir apesar da situação.

— Quero dizer, sim. Posso fazer isso.

— Bom. Ligue as nove. Vou manter o telefone comigo.

— Ok... — Ouvi a luta dela, que queria dizer mais, alguma coisa em

particular. Em vez disso ela parecia resignada, quando disse. — Falo com você mais

tarde.

Adivinhei o que queria, então disse a ela:

— Sinto saudades, Jessica James.


— Eu também. — Ela disse imediatamente, como se ela estivesse ansiosa.

— Sério, sinto sua falta. Você está longe demais. Se precisar de mim pego

num avião hoje à noite.

— Não faça isso. As coisas estão... Bem, de qualquer maneira. — A ouvi

respirar fundo, em seguida, disse. — Ok, soa bem... Falo com você depois.

Hesitei, me perguntando se deveria ir. No final, decidi que estaria falando

com ela naquela noite e poderia reavaliar a situação e então voar na sexta, se

necessário.

Eventualmente eu disse:

— Ok, ok. Vamos falar esta noite.

— Sim. Nós vamos. Adeus.

— Adeus.

Coloquei o telefone no colo, olhando para a tela por um longo minuto antes

de adicionar o número de Houston nos contatos.

Beau exalou em voz alta ao meu lado:

— Você poderia dizer o que está acontecendo?—

— A tia de Jess morreu. Ela está em Houston e não poderá fazer o jantar.

— Isso é terrível.

Assenti distraidamente, salvando o número.

— Torta de ressentimentos?

Olhei para meu irmão.

— Não. Nenhuma torta para você, Beauford Fitzgerald24.

24
Francis Scott Key Flitzgerald, mais conhecido como F. Scott Flitzgerald, foi um escritor, romancista, contista, roteirista,
e poeta. É considerado um dos maiores escritores do século XXo.
— Não há necessidade desse tom, Duane Faulkner25. Estava só falando no

duplo sentido. — Quando continuei a olhar ele acrescentou, — A mulher faz uma boa

torta. Você não pode me culpar por querer mais.

— Você vai ter a torta dela somente quando eu digo que é apropriado.

Ele resmungou algo a sua respiração, que não entendi. O ignorei a favor de

uma olhada para fora da janela e vi as luzes piscando do carro da polícia atrás de nós,

através do espelho antes da sirene dar um bip, fazendo Beau saltar no assento.

— Deus no céu! — Beau, obviamente assustado, franziu a testa e apertou o

espelho retrovisor. — Que inferno? É Jack?

Concordei, rangendo os dentes.

O irmão da Jessica, Jackson estava seguindo-nos e os cabelos da minha nuca

abruptamente se arrepiaram. Algo sobre a situação não parece certa, quase como se

fosse uma emboscada, como se estivesse esperado por nós.

— Só encosta. — Suspirei, fechei os olhos e esfreguei a testa. — Vamos

resolver isto.

— Não estava correndo, e este carro não tem nenhuma lanterna quebrada, ele

é um idiota. — Meu irmão bateu no volante com óbvia frustração, mas desacelerou o

carro, antes de encostar-se ao penhasco da montanha.

Beau agora estava repetindo as maldições anteriores sob a respiração

enquanto esperávamos por Jackson. Não estava surpreso que Jackson, sendo um idiota

completo, lançou no rosto do Beau sua lanterna de alta potência mesmo que o sol

ainda estivesse forte.

25
Wiliam Cuthbert Faukner é considerado um dos maiores escritores do século XX.
— Qual de vocês é Duane? — Ele perguntou e em seguida, apontou-me a

lanterna. Eu tinha fechado os olhos para não ficar cego e fui lembrado do quanto

odiava esse cara.

— Não pode encostar carros só porque está procurando alguém, Jack. —

Beau disse, agradável e amigável e com um sorriso de merda. — A não ser que essa

pessoa que está parando cometeu uma infração ou for preso.

— Você é Beau. — Jackson disse, levantando o queixo em direção a meu

irmão. Ele redirecionou de volta sua atenção pra mim quando guardou a lanterna no

coldre, ainda apoiando-se contra a janela do carro. — Duane, sabe que minha irmã está

fora da cidade?

Sentei-me um pouco mais reto, surpreso, que Jackson tinha nos parado

apenas para compartilhar o paradeiro de sua irmã comigo e olhei para Beau antes de

responder:

— Sim. Acabei de falar com ela.

— Minha tia, irmã da minha mãe morreu. Jess está em Houston com meus

pais, organizando tudo.

Beau e eu compartilhamos outro olhar e li os pensamentos do Beau

perfeitamente porque espelhavam os meus, Porque inferno ele nos diz isto?

— Sei tudo isso, Jackson. Como disse, acabei de falar com Jessica.

Jackson assentiu, e percebi que estava repetindo a expressão dele, mantendo

o tom calmo. Algo escuro e frio estabeleceu-se em meu estômago. Isso era uma

armadilha. Eu tinha certeza. Jackson veio para cima de mim, mas pela minha vida não

consegui descobrir como e nem porquê.

Abruptamente, sabia que precisávamos ir embora, antes que Jackson pudesse

me dizer alguma coisa.


— Bem, obrigado pela informação. Só continuaremos nosso caminho. —

Acenei para Beau voltar a ligar o carro.

— Se sabe sobre o funeral então você sobre o dinheiro também, certo?

Quase vacilei. Quase. Em vez disso engoli e assenti com a cabeça fazendo

bluff.

— É isso mesmo, sei tudo sobre isso. Liga o carro, Beau.

Beau ligou o carro quando o instrui, mas Jackson não se moveu para longe da

janela e continuou falando:

— Oh. Jess disse como herdou o dinheiro da minha tia? Que agora é

independente, rica e irá embora de Green Valley depois do Natal?

As sobrancelhas de Beau arquearam, apenas uma fração de polegada, caso

contrário, teria feito um trabalho admirável de esconder sua surpresa. Exteriormente

desapaixonado, olhei o irmão de Jess, enquanto isso, meu coração batia no peito e eu

suava frio de medo. Estava sentindo medo. A última vez que senti medo, realmente,

foi quando meu pai me trancou no barracão por dois dias sem comida ou água como

punição por ter sentado em sua cadeira.

Eu não conseguia respirar.

Beau respondeu por mim:

— Como ele disse, Duane acabou de falar com Jessica. Ele já sabe de tudo

isso. Agora se puder se afastar do carro, estamos voltando para casa.

Jackson franziu a testa, parecendo decepcionado e confuso pela minha falta

de reação, então observou e acenou mais uma vez e então pudemos nos afastar.

Beau observava pela janela, tendo o cuidado de verificar se havia tráfego

ligando o pisca antes de voltar para a estrada da montanha. Dirigimos em silêncio por

um minuto e fiquei agradecido pelo silêncio.


No início, considerei a possibilidade de que Jackson estivesse mentindo. Uma

chamada rápida para Jess seria suficiente para desmentir quaisquer afirmações. Não,

ele estava dizendo a verdade.

Os empregados tinham atendido ao telefone na casa da sua tia, agora a casa

dela. Era uma fazenda, ela disse.

Jessica tinha mencionado que havia cavalos na propriedade. Cavalos não

eram baratos para manter. E disse-me que a tia tinha morrido e não queria falar

comigo, quando outros estavam presentes a sua volta.

Puxei as mensagens de texto, que ela tinha enviado mais cedo.

Vou chamá-lo hoje mais tarde, temos de conversar.

Estou com saudades.

— Foda-se... — Minha testa bateu na janela ao meu lado. Fechei os olhos

enquanto algo afiado apunhalou meu coração. A dor era insuportável, espalhando-se

pelo pescoço e espinha. Segurei minha respiração, esperando que passasse.

— Você sabia que ela ia embora? Depois do Natal?

Eu balancei a cabeça e minha voz foi áspera quando respondi:

— Não, não achei que ela tinha planos de ir embora, ainda não.

— Ainda não?

— Ela tinha planejado ir embora, mas ainda não. Não até que tivesse dinheiro

suficiente...

Ouvi Beau murmurar uma maldição, em seguida, limpar a garganta dizendo:

— É triste sobre sua tia.


— Sim... É. — Eu perguntava-me se Jessica era chegada com sua tia. Me

perguntei se estava sofrendo. O medo e, francamente, o desespero que sentia pela

ideia de Jessica me deixando, o pensamento de a magoarem e eu sendo impotente para

ajudar, foi o pior.

— Você acha que é verdade? Sabe que Jackson é uma putinha. Ele poderia

estar tentando mexer com você, agora que sabe que namora sua irmã.

Eu ignorei a última insinuação de Beau e falei:

— Ele não está mentindo. Se ela tivesse o dinheiro, ela me deixaria amanhã.

Ela me disse no nosso primeiro encontro.

Beau calou a boca depois disso. Mais uma vez fiquei grato pelo silêncio, não

queria falar sobre Jessica me deixando. A verdade no meio de tudo isto era que ela

tinha os meios, ela ia embora. Não havia nada mais a dizer.

***

Planejei ignorar a chamada de Jessica às 21:00, desligar meu telefone e deixar

cair na caixa postal. Não tinha medo de que ela diria, sabia o que ela ia dizer, só não

queria ouvir pelo telefone, quando ela estava a centenas de milhas de distância,

quando se deve responder com calma... Quando tudo o que queria fazer era explodir.

Eu não queria sentir raiva dela, não queria me separar, de modo que tinha

planejado ignorar a chamada. Imaginei que ela me deixaria também uma mensagem

de voz, dizendo que ela não ia mais voltar ou me escreveria uma carta para dizer que

nunca mais ia voltar e me poupar da conversa. Ou era preferível ter essa conversa,

porque poderia apagar um correio de voz ou queimar uma carta, mas não poderia

voltar atrás em palavras ditas com raiva.


Independentemente disso, minhas boas intenções foram ignoradas, porque

quando ela ligou e atendi.

— Duane?

— Jessica.

Ouvi-a suspirar quando respondi, como se ficasse aliviada por eu ter

atendido. Enquanto isso, eu não podia engolir mesmo que minha garganta estivesse

pegando fogo.

— Oh meu Deus, é tão bom ouvir sua voz. Sei que mandei uma mensagem

para você e te deixei um correio de voz, mas não posso te dizer o quanto senti. Eu... —

Ouvi-a suspirar novamente, então acalmando-se e quando falou, a voz dela estava

cheia de lágrimas. —Duane, preciso te contar uma coisa.

— Vá em frente. — Imaginei isto como se o laço do carrasco fosse colocado

sobre meu pescoço, apenas antes que o chão cedesse sob meus pés. Eu sabia que o fim

estava próximo e perguntava-me se no fim desta conversa encontraria um alívio ou

um peso.

Mas então ela disse:

— Duane Winston, eu te amo.

Abri a boca para responder às palavras que esperava ouvir, que tínhamos

acabado, que ela tinha meios e ia embora mais cedo, mas a realidade do que ela tinha

na verdade dito me deixou sem palavras. Olhei em frente, franzindo a testa para a

parede do meu quarto ficando com a mesma sensação de quando ela jogou meus

shorts de natação na árvore.

— Eu te amo e sou apaixonada por você e sei que está provavelmente

chateado comigo por dizer isso pelo telefone, mas algo aconteceu, descobri uma coisa...

E senti que precisava te contar. Você precisava saber. Eu te amo. A vida é curta, muito
curta para segredos e coisas que ficam por dizer. Sei que não estamos juntos há muito

tempo, mas te conheço quase toda a minha vida e acho que sempre te amei, mesmo

que fosse genioso, mau e argumentativo. Mesmo que nunca tenha sido a escolha

segura...

Agora ela estava chorando, grandes e pesados soluços, fazendo meu peito

doer em resposta. Meus dedos apertaram o telefone. Eu queria abraçá-la, aliviar sua

dor, mas ela estava a mil milhas e eu não estava preparado para esta conversa. Não

tinha planejado receber seu amor, não contava com isso, mais precisamente, não

pensei que fosse sequer fosse uma possibilidade.

Talvez Jackson tenha mentido. Talvez ela não tenha planos para sair depois

do Natal.

Mas se tivesse os meios para ir, então eu era a única razão que ela

consideraria para ficar... Não senti alegria com esta notícia. Senti-me só na miséria.

— Então... Eu amo você. — Jessica repetiu pela quinta vez. Fechei os olhos,

balançando a cabeça, rejeitando o cântico que chegou até minha alma fundo dos meus

ossos e me tentou com minha própria destruição e a dela. Ainda não conseguia

engolir, limpei a garganta em vez disso e fechei os olhos, reunindo minha

determinação. Minha autopreservação finalmente fez efeito e sabia o que precisava

fazer.

— Jess, falaremos quando você voltar. Ok? — Minha voz era firme e calma.

Um soluço abafado soou do outro lado e quase cedi, quase cedi e disse como

a amava, como a adorava, mas então, forcei-me a imaginar como ela poderia olhar

para mim daqui a cinco ou dez anos. Eu seria a fonte de seu sofrimento porque seria o

foco do seu ressentimento. Minha mãe tinha olhado para o meu pai dessa forma. Ele

tinha sido o ladrão dos sonhos dela, da sua vida.


Ela nos amou quando crianças, mas todos sabíamos que ela ansiava por mais.

Nessa estrada eu não estava disposto a viajar.

— Ok. — Ela disse, finalmente em voz baixa e desanimada.

— Ok. Adeus, Jess.

Demorou muito tempo e sabia que ela estava cobrindo o telefone com a mão,

possivelmente então não podia ouvi-la chorar. Mas então ela disse num jorro.

— Adeus, Duane. — E desligou o telefone.

Tirei o celular da orelha e olhei a tela, para o número que tinha salvo

anteriormente naquele dia, um que eu tinha rotulado como Jessica – funeral no Texas.

Eu fui um idiota.

Jessica não ia quebrar meu coração.

Eu ia quebrar o dela.
CAPÍTULO 20

“Viajar traz sabedoria apenas ao sábio. Ela torna o ignorante ainda mais ignorante

que nunca”.

― Joe Abercrombie, Último Argumento dos Reis.

~Duane~

Com uma nuvem preta sobre minha cabeça, Beau e eu chegamos ao Horse

Pink às 22h:30min. O estacionamento estava completo, mas isso não era incomum. Este

lugar era, de longe, o melhor clube de strip no Tennesse Oriental. Eu não era nenhum

conhecedor, mas Beau era e eu confiava em sua opinião.

O interior do local era principalmente rosa, as paredes, assim como o tapete,

mesas e cadeiras. As plataformas das bailarinas era preto brilhante com quatro

carrosséis com pôneis de fibra de vidro branco. As meninas usavam os pôneis do

carrossel em seus atos, e às vezes os montavam.

Eu conhecia o segurança de plantão dos dias em que ia buscar Tina depois do

trabalho. Ele acenou para nós entrarmos e imediatamente me dirigi para o bar. Longe

do glamour, das mamas, e das meninas. Hank normalmente abre o bar durante a

semana.
Precisamos de sua permissão para ir aos bastidores e queria acabar logo com

isso.

Assim que ele me viu, deu um sorriso que era em partes iguais de prazer e

decepção e acabou derramando dois tiros de uma garrafa com um rótulo preto,

caminhando ao nosso encontro.

— Ah, cara. Esperava nunca mais ver você aqui. — Ele estendeu a mão e

apertou a minha por cima da bancada, educadamente, ignorando meu mau humor,

então se virou para meu irmão. — Beau, vamos pescar no domingo?

— Sim. Levante sua bunda de madrugada. — Beau gritou sobre o ruído,

deslizando num dos bancos, e rindo do velho amigo. Hank foi nosso funcionário

durante quatro anos. Ao crescer nos víamos apenas no verão, seus pais o enviaram

para um internato durante o ano, mas agora estava vivendo bem, licenciou-se em

gestão de negócios em Harvard e virou dono de um clube de strip local o que era uma

fonte de extremo constrangimento para seus pais.

— Com base no seu telefonema na semana passada, estou supondo que está

aqui para ver Tina? — Ele parecia esperar que a suposição estivesse errada.

— Vou beber um pouco primeiro. — Eu puxei uma nota de vinte da carteira e

levantei o queixo apontando a garrafa de Jack Daniel’s atrás dele. Não perdi a forma

que Hank olhou Beau, como se pedindo permissão, antes de virar para a garrafa e

servir três dedos.

— Um para cada um de nós? — Beau inclinou-se e me passou uma das taças

pequenas.

— Não. — Hank abanou a cabeça. — Duane aqui recebe três dedos e é isso,

estou servindo-lhe agora e ele não vai pedir mais tarde, vocês estão em casa.
Eu não ia discutir. E se queria ficar bêbado não seria na parte da frente do

clube antes de falar com Tina Patterson sobre um assunto sério.

— Obrigado. — Passei um dedo para Beau. — Aqui. Só quero dois.

Peguei meu copo e levantei-o, mas antes de beber o líquido âmbar, Beau

tocou seu copo contra o meu e disse:

— Para novos e melhores planos.

Olhei meu irmão por um longo instante e ele segurou meu olhar. Apreciei o

sentimento, mas estava disposto a rejeitá-lo no meu presente humor. Passei tanto

tempo desejando algo que, finalmente, me trouxe desgraça. Não. Eu não faria mais

planos. Não por enquanto.

Terminei meus dois dedos numa rápida sucessão, enquanto Beau e Hank

caíram numa conversa fácil sobre barcos. Não prestei atenção. Em vez disso, usei o

tempo para fazer a varredura de clientes. Não vi qualquer um da Ordem de Ferro, mas

não era incomum. Havia rumores que a Ordem de Ferro possuía um clube no G-Spot,

sujo, uma boate por baixo do Bar de motoqueiros The Dragon. Além disso, tinham de

se comportar no clube de Hank, ele não aceitava merda deles.

Após a verificação da multidão, esperei outros cinco minutos para Beau e

Hank terminarem a conversa, mas estavam absortos e eu muito impaciente para

esperar por uma abertura educada, assim, quando o torpor agradável do uísque levou

sua isenção, interrompi:

— Precisamos falar com Tina. Alguma chance de conseguirmos?

Novamente, Hank parecia pedir permissão para Beau.

— Nós temos a necessidade de falar com ela. Não deve levar mais que alguns

minutos, vinte no máximo.

Hank assentiu com a cabeça:


— Tudo bem. Vocês podem usar meu escritório. — Ele acenou para um dos

seguranças e entregou as chaves do escritório a Beau. Apertamos as mãos novamente e

então seguimos o empregado de Hank para fora do salão principal e área traseira.

Eu meio que ouvi, mas não realmente, quando Beau cumprimentou todas as

meninas por quem passamos, apenas metade delas ouviu e as ouvi flertar com meu

irmão. Eu não estava para brincadeiras com ninguém e fiquei aliviado quando

terminamos o desfile de cabelos, glitter e seios mal cobertos.

Beau destrancou o escritório e o segurança nos deixou, afirmando que traria

Tina. Uma vez que estávamos lá, Beau fechou a porta e caminhou até a mesa. Eu fiquei

perto da porta, inclinei-me contra a parede e esperei.

Inevitavelmente, meus pensamentos voltaram para Jess, sem querer, pensei

no rosto dela, estava em transe pela inclinação de sua boca, hipnotizado por suas

pequenas sardas na clavícula. Ela era uma doença, minha doença.

Eu decidi, que uma vez que acabasse, ficaria definitivamente bêbado. Talvez

por uns dias. Pelo menos até segunda.

— Você vai ter que fingir.

Olhei meu irmão, sabendo que ele tinha falado, mas não tendo certeza do que

disse.

— O quê?

— Com Tina. Vai ter que encontrar algum encanto e fingir. Ela não está

interessada em mim, não me ajudaria a sair de uma vala rasa, mas faria qualquer coisa

por você, se pedir com gentileza.

Franzi a testa.

— Ela não faria.

Beau sorriu.
— Ela faria. Cletus disse que ela é uma puta louca, mas tem sentimentos reais

por você, tão real quanto ela pode ter, e você vai ter que usá-los, se quer a ajuda dela.

Dei uma grande respiração, limpei as mãos e as reuni sobre o rosto:

— Esta foi uma má ideia.

— Porquê?

— Porque não sou bom em falar besteira.

— Então não minta. Diga a verdade, ou uma versão dela. Você precisa de sua

ajuda. Diga isso a ela. Isso vai fazê-la sentir-se bem, importante.

Abri a boca para responder, mas naquele momento Tina entrou. Quando ela

me viu parou, sua boca surpresa. Endireitei-me longe da parede e cruzei com ela,

passando ao seu lado para fechar a porta.

Ela balançava em minha direção, os grandes olhos pareciam maiores com

tinta e cílios falsos.

— Duane...?

— Tina. — Tentei forçar algum calor nas palavras, mas não consegui. Havia

muitos anos de drama e estupidez entre nós. Olhei para ela agora e não vi nada mais

que um buraco negro de tédio. Porque fiquei com ela por tanto tempo era um mistério.

A minha saudação a ela foi quase uma piada e ouvi Beau suspirar e colocar a

cabeça nas mãos. Rangendo os dentes balancei a cabeça, procurando por alguma força

interior ou poderes ocultos de charme.

— O que quer? — Ela cuspiu.

A estudei por um longo instante. Ela estava vestida com jeans apertado e um

topzinho azul, roupas normais, como se estivesse de saída.

— Preciso de sua ajuda. — Disse simplesmente.

Ela piscou para mim, essas palavras não eram obviamente o que esperava.
— Você precisa da minha ajuda? — O tom dela era mais suave que antes.

— Sim. Preciso de sua ajuda.

— Oh... Eu... — Tina pareceu atordoada por minha admissão, mas se

recuperou após alguns segundos, e me deu reconhecimento com um olhar destinado a

me seduzir.

— Bem, você deve precisar de minha ajuda, vendo como vem me ligando nas

últimas duas semanas e agora está aqui. Você deve precisar muito.

Ela andou em minha direção e levantou a mão como se para colocá-la em

mim. Peguei seu pulso antes que ela pudesse me tocar e disse:

— Não.

— Não? — Eu a surpreendi mais uma vez.

— Não. — Balancei minha cabeça. — Não isso. Nunca mais.

— Então... O que... — Ela gaguejou, depois disse com impaciência. — O que

quer de mim?

Beau finalmente falou:

— Tina, querida, há mais para você do que sua bunda. Você tem um cérebro,

pode valer a pena usá-lo de vez em quando.

Isto valeu a Beau um olhar venenoso e percebi que ele e eu tínhamos trocado

posições. Eu era agora o bom policial e ele o mau.

— Cala a boca, Beau e deixe-me falar a sós com a Tina.

— Você quer que eu saia? — Beau endireitou-se da mesa, parecendo

apropriadamente surpreso.

— Sim. Dê-nos um minuto.

Tina olhou para mim, com expressão curiosa e incerta.

Beau fez um show de desgosto em seu caminho para a porta e disse:


— Espero que saiba o que está fazendo, porque te disse que era um erro. Você

não devia ter vindo aqui, ela não é confiável, Duane.

— Vá embora. — Eu disse, segurando o olhar de Tina.

Ele bufou, tudo parte do show, e saiu do escritório.

Quando partiu, soltei seu pulso e caminhei até uma das cadeiras na frente da

mesa de Hank, apontando a do lado.

— Por favor. Sente-se.

Ela não se mexeu, mas disse:

— Você pode confiar em mim, Duane. Sabe que pode. Beau nunca gostou de

mim e nunca nos entendemos.

Assenti com a cabeça, mas não lhe ofereci qualquer resposta verbal.

Começava a achar que eu nunca entendi como existiu um nós. Novamente acenei para

a cadeira.

— Por favor, sente-se. Precisamos conversar.

Ela me deu um sorriso esperançoso, em seguida, passou para o banco,

sentando-se onde eu tinha instruído. Sentei-me na outra cadeira e estávamos agora

posicionados para conversar. Não estava para brincadeira, não era meu ponto forte,

mas poderia me concentrar e não poderia ser mais preciso. Eu era bom em

honestidade.

Assim, me concentrei em continuar tentando me distrair dos soluços de

Jessica em minha mente.

Expliquei a situação a Tina com precisão, mas não explicitamente. E fui

honesto.

Não tive escolha. Minha família precisava da ajuda dela. E não havia nada

que eu não faria pela minha família.


CAPÍTULO 21

“Metade da diversão da viagem é a estética de perdição.”

― Ray Bradbury

~Jessica~

Eu não estava brava.

Estava magoada, triste e confusa por... Bem, tudo. Mas não estava zangada.

O funeral da minha tia aconteceu na sexta.

Só que ela não era minha tia. Ela era minha mãe biológica. Esta novidade

devastadora foi revelada assim que cheguei em casa do aeroporto. Meu pai viajou

comigo e quando chegamos meus pais, os únicos que conheci, juntamente com o

advogado da tia Louisa puxaram-me para o escritório e disseram a verdade. Uma

grande parte desta verdade era que ela esperou propositadamente para me dizer até

que tivesse partido assim ninguém saberia a identidade do meu pai biológico.

Tia Louisa não compartilhou minha paternidade com ninguém.

Tendo em conta o fato de que Louisa esperou até morrer para me dizer que

era minha mãe biológica eu estava... Compreensivelmente emocionada, reflexiva,

imprudente e com raiva que fui enganada e apenas soube da verdade enquanto não
tive tempo para fazer nada, além de aceitar uma enorme herança de uma mulher que

não tinha gostado de mim.

Duane disse a verdade e ele o fez não dizendo nada.

Nada.

Estava apaixonada por ele e ele respondeu não dizendo nada. Eu fui uma

tola, tinha me permitido deixar amar muito forte e rápido e ele pensou que eu era

louca. Talvez estivesse. Talvez tia Louisa fosse uma louca, ou talvez meu pai biológico

fosse um maluco e também se apaixonaram muito forte e muito rápido, mas ele deu

mais valor a sua liberdade e desejo de viajar sobre relacionamentos e

responsabilidades duradouras. Talvez eu fosse a pessoa que eu era porque meus pais

biológicos eram loucos, generosos e confiáveis. Isso certamente explica muita coisa.

Quando o testamento foi lido no sábado, fui novamente nomeada como sua

filha e, portanto, oficialmente a única beneficiária. Tive dois dias para me habituar a

verdade das origens, mas ainda era um choque quando o executor disse “a minha filha,

Jessica James, eu deixo tudo. Todas as patentes, explorações, contas...”

Após a palavra contas eu tinha apagado, sentindo-me mal do estômago.

No domingo meu pai deixou claro a necessidade de retornar ao trabalho e

antes de sair me disse que eu era dele. Disse que me segurou no dia em que nasci o

que me fez filha dele e nada iria mudar esse fato. Eu chorei. Ele chorou. Abraçamo-

nos. Ele limpou a garganta e me disse para cuidar de minha mãe e deixá-la tomar

conta de mim.

Minha mãe ficou e tentou me ajudar a resolver as coisas. Decidi que não

importava cujo útero eu tinha habitado, meus pais eram meus pais. Eles me quiseram,

tinham enfaixado meus cortes e beijado meus doidóis e foram ver meus teatros de
escola. Tia Louisa pode ter deixado suas propriedades vazias, frias, mas nunca tinha

me embalado à noite, ela não era minha mãe, porque ela não foi minha mãe.

Tentei ligar para Duane novamente no domingo. Ele não atendeu, e não

retornou a ligação. Meu coração doía um pouco mais.

Terça-feira à noite mamãe estava ansiosa para voltar para a Ação de Graças,

então pegamos um dos meus carros novos para mim, um novo modelo Jaguar F-Type,

e iniciamos as quatorze horas de viagem. Nunca tinha conduzido um carro esportivo

de luxo. Foi divertido, ou melhor, teria sido divertido, se eu não estivesse tão triste.

Disse ao advogado da tia Louisa que voltaria depois do Natal para fazer

arranjos. Eu tinha decidido esperar um mês porque sinceramente não sabia o que

fazer.

Eu e a minha mãe partimos na manhã de quarta-feira e chegamos em nossa

casa antes das 22h. Conversamos muito pouco durante a viagem. Fiz-lhe todas as

perguntas óbvias:

— Você sabe quem é o meu pai biológico? Porque não me contou? Porque

Louisa não me disse antes de morrer? Porque ela fez você me adotar?

E ela teve poucas respostas.

Convenceu-me de que escolheu me adotar. Que ela me amava como própria

e sempre amou.

Mas cada pergunta a fez chorar como se o mundo estivesse acabando, então

parei de fazê-las. Exausta quando chegamos em casa, me desculpei depois de receber

uma rodada de abraços do meu pai e irmão, apaticamente tomei um banho e preparei-

me para a cama. Peguei minha roupa favorita de dormir, camisola de seda preta que

ficava logo acima dos joelhos e meias de lã, e entrei debaixo dos cobertores.
No entanto, agora depois de estar me sentindo confortável, não conseguia

parar de pensar no dinheiro, no que fazer com ele, no que fazer com a casa e toda a

terra, mas isso não foi o que me manteve acordada. Não estava pronta a me perguntar

sobre minha tia Louisa, ou por que diabos ela tinha me deixado sempre à distância

enquanto estava viva e porque levou o segredo da identidade do meu pai para seu

túmulo. Talvez estivesse nadando nestas questões, mas não estava preparada para

enfrentar isso. De qualquer maneira, ela não estava na vanguarda dos meus

pensamentos também.

A verdade era que eu não conseguia parar de pensar em Duane.

Durante o caminho para casa tinha decidido, na I-20 em algum lugar entre

Tuscaloosa e Birmingham, que ia procurá-lo. Ele sentiu minha falta, ele disse isso. Ele

se ofereceu para voar para Houston. Nós fizemos planos antes de ter partido, que

incluía uma noite, um dia inteiro e um momento rústico de sedução na floresta.

Tínhamos combinado treze meses.

Agora em casa, estou pensando em perguntar se tinha entendido mal as

coisas entre nós. Eu repassei cada conversa, cada toque e cada olhar, várias vezes em

minha cabeça, todas as palavras que ele me disse que senti como promessas.

Acho que somos adequados.

Sempre quis você.

Quando fizermos amor...

A casa estava quieta e ainda em transe. Incapaz de suportar o som do silêncio

por mais tempo, peguei meu casaco, minhas chaves do carro e as chaves da cabana de

Duane.

Na saída também peguei uma pequena lanterna na gaveta da cozinha e calcei

os tênis, não me preocupando em amarrar os cordões. Encontrar o caminho da cabana


provou ser relativamente fácil, mas comecei a duvidar de minha capacidade de levar

um carro esportivo de sessenta mil dólares em uma estrada de terra batida nas

montanhas do Tennessee até que vi o áspero caminho que levou ao lugar. Menos de

três minutos depois avistei a cabana e minha respiração ficou presa na garganta.

Fiquei momentaneamente paralisada pela visão porque luz cintilou através

das janelas, e o que achei que era fumaça da chaminé rosa no ar, tornado visível pela

forma como apagava as estrelas no céu.

Inexplicavelmente, estava de repente muito furiosa.

Imersa na intensa raiva, parei o carro, puxei com força o freio de emergência,

e desliguei os faróis, optando por percorrer o restante da distância a pé. Nenhum carro

estava à vista, não caminhão de Billy e não o de Duane. Eu não me debrucei sobre este

isto porque a cada passo ficava mais agitada e enquanto percorria silenciosamente

meu caminho até os ásperos degraus de pedra, ficava mais furiosa.

Não bati antes de tentar abrir a porta, mas encontrei ela bloqueada e, em

seguida ri para mim loucamente enquanto procurava as chaves da cabana.

— Você não está mantendo esta louca para fora... — Murmurei para mim

mesma. — Esconda tudo o que quer. Eu tenho uma chave, uma chave que você me

deu, seu caipira idiota. Você não deveria dar a uma garota a chaves para seu lugar de

homem das cavernas se não quer que ela abra a porta...

Não muito cedo encontrei as chaves e exclamei: Ah ha! Com satisfação

quando senti um selvagem balanço da porta sendo aberta. Preparei a minha cabeça

com uma carranca pronta no rosto, e fui agredida com a imagem de um sonolento e

irritado Duane Winston em nada mais do que um jeans azul e boxers pretas.

Claro, minha carranca deu lugar à imaginação enquanto meus olhos se

moviam sobre seu corpo e fui permeada com uma onda de calor em meus ossos. Meu
Deus... Adoro seu corpo. Ele me chama. Ele parecia querer me tocar. Ele prometeu me

segurar me oferecer o conforto e a tranquilidade que eu precisava desesperadamente.

— Jessica? — A maneira verdadeiramente perplexa que ele disse meu nome

cortou meus pensamentos e levantei o olhar para o dele, encontrando-o a olhar para

mim, atordoado. Como se eu fosse fruto da sua imaginação.

— Não estou bêbada! — Gritei para ele.

Não sei porque lhe ofereci esta informação. Talvez porque apareci no meio da

noite em sua cabana na floresta, vestida de pijama, um casaco e tênis desamarrados,

parecia algo que somente uma pessoa bêbada faria.

As sobrancelhas dele se aproximaram.

— Duane Winston, eu... Eu... — Engoli, minha garganta trabalhando sem

sucesso. Meu queixo tremia, meus olhos arderam e, sem saber o que fazer, dei um soco

no ombro dele com toda a força que pude reunir.

— Ai!

— Wouwwww?

— Porque fez isso? — Ele estava esfregando o ombro, me olhando como se eu

fosse louca.

Eu não estava louca. Era simplesmente uma mulher desprezada num drama

de Shakespeare.

— Estou com raiva de você!

— Você está com raiva de mim?

— Sim! Eu precisava de você e você não me ama... — Parei, incapaz de

completar a frase e movendo-me para socá-lo novamente, mesmo que minhas lágrimas

deixassem minha visão turva.


Obviamente, antecipando minha intenção, ele facilmente interceptou meu

punho e usou meu impulso para me puxar para dentro da cabana. Ele chutou a porta a

fechando e me pegou pela cintura antes de eu poder colocar os pés no chão em frente à

lareira.

— Para.

— Estou tão brava com você. — Debati-me contra seu domínio, as lágrimas

agora caindo livremente pelo meu rosto. — Pensei que estávamos nisto juntos, pensei

que você me quisesse, pensei que estaria lá para mim quando eu precisasse! Mas

quando digo a você como me sinto, você quer falar sobre isso depois? Foi uma

armadilha? Uma grande mentira? Você nunca me quis afinal?

Ele pegou o braço em volta de mim e conseguiu parar meus braços. Minhas

costas foram pressionadas em seu peito e ele tinha-me presa.

— Jess...

— Você é um bastardo! — Eu tinha apenas um objetivo: machucar Duane

Winston. Machucá-lo tanto quanto ele me feriu com sua demissão legal de minha

confissão.

— Acalme-se por um segundo. — Ele rosnou em meu ouvido.

— Acalmar-me? Acalmar-me!

— Sim, acalme-se. — Ele arrastou-me mais para o pequeno espaço.

Tentei me livrar, cavando as unhas em seu bíceps e o arranhando

violentamente para me libertar.

— Eu nunca vou ficar calma!

Com um movimento suave, ele torceu-me ao redor e me empurrou para trás.

Pensei que ia bater com a bunda no chão duro, mas em vez disso minhas costas se

conectaram com o colchão macio. Um segundo depois ele estava em cima de mim,
segurando meus pulsos acima da cabeça e me pressionando contra a cama com o peso

do seu corpo.

Eu me contorci debaixo dele, sem sucesso.

Sua respiração era irregular e então a minha também estava.

Eu lhe lancei um olhar mortal.

Mas não demorou muito para perceber que ele parecia tão furioso quanto eu.

Tão logo compreendi sua fúria, os olhos do Duane baixaram para minha

boca, como se meus lábios o tivessem distraído, então sua expressão mudou, oscilando

entre furioso e com fome e ele sussurrou:

— Jessica...

Eu não era louca. Bem, estava com raiva e me sentindo louca. Sentia-me

cansada e sofrendo por baixo da raiva que borbulhava à superfície.

— Estou tão brava com você. — Eu repetia, como se essas palavras pudessem

proteger meu coração, e me senti quente com lágrimas deslizando pelo meu rosto e

cabelo.

Seu olhar levantou para o meu e ele diminuiu a pressão sobre os meus

pulsos, soltando-os. Duane colocou as mãos em concha em meu rosto e senti seus

dedos enxugar a umidade nas minhas têmporas.

— Não fique zangada, Jessica. E não chore. Por favor, não chore.

Ele escovou os lábios contra minha testa, num beijo duradouro entre as

sobrancelhas. Em seguida mudou, me beijando da sobrancelha para a bochecha, para o

canto da minha boca, minha mandíbula, meu pescoço. Uma vez lá, ele lambeu e

mordeu a pele exposta, fazendo-me tremer.

As mãos dele escorregaram das minhas bochechas, descendo pelo meu

pescoço, meus ombros, puxando o casaco.


Instintivamente levantei-me e ele deslocou seu peso para acomodar o

movimento, a boca capturando a minha, fazendo minha cabeça flutuar. Amei sua boca

e amei o beijo. Eu queria perder-me nele e ele ia torná-lo fácil fazê-lo.

Dispostos não quebrar o contato, juntos trabalhamos para me libertar do

casaco. Eu o ouvi atirá-lo para o chão e subi em seu colo, abraçando as pernas e

começando a tirar meus tênis desamarrados.

Os dedos de Duane procuraram minha pele, acariciando minhas coxas,

deslizando em minha calcinha. Resolvi, que assim que o beijo terminasse, ia exigir uma

explicação. Mas primeiro nos beijaríamos, porque meu cérebro me disse que eu

precisava disso. Meu coração parecia pensar assim também, por que estava aquecido e

expandido, fazendo meu peito se sentir arejado e dolorido da melhor maneira.

Meus quadris, no entanto, achavam que precisavam de mais do que beijos e

mãos com carícias delicadas, porque eles balançaram contra os seus.

Ok, isso não é bem verdade.

Eu moí contra ele. Várias vezes.

Eu fiz isso.

Não me envergonho.

A fricção era necessária.

Minha pressão o fez gemer, o que me fez gemer. Seus dedos cravaram em

meus quadris, prendendo meus punhos no seu cabelo, enquanto nos ancorávamos

juntos.

Talvez, se pudéssemos esperar, poderíamos esperar até este momento, presos

um no outro. O momento durou. E foi glorioso. Mas eu precisava de mais. Muito mais.

Na verdade, precisava de tudo. Não mais do mesmo.

Eu precisava saber que não estava sozinha e arriscando tudo.


Dado nosso histórico, minha necessidade seguida de sua retirada, também

precisava parar de dar-lhe todo o poder. Se ele não podia dar-me tudo, eu não queria

nada. Não conseguia me manter batendo contra uma porta que se mantinha

firmemente fechada. Dói demais. Portanto, apesar de quão glorioso estava sendo o

momento com ele me beijando e tocando. Sentei-me, empurrando contra o seu peito e

saí de seu colo.

— Agora só... Espere um minuto. — Levantei o dedo e me afastei dois passos.

Minhas pernas estavam vacilantes e ainda estava reunindo meus pensamentos por isso

não cheguei muito longe antes que ele me pegasse, me levando de volta para a cama e

subindo em cima. Ele levantou minha camisa até que meus seios estavam expostos e

em seguida foi para meus mamilos me mordendo, chupando e me lambendo.

— Cale-se. — Ele respirou contra minha pele. — Só por hoje, Jess. Dê-me esta

noite.

Só por esta noite?

Eu não conseguia concentrar-me, não entendi o que ele quis dizer.

Em vez de decifrar o código de Duane, gemi descuidadamente, agarrando

seu cabelo e mantendo-o no lugar. Meu Deus, eu precisava dele. Eu precisava disso.

Precisava do conforto e a tranquilidade que ele queria me oferecer como eu queria dar

a ele. Tinha me acostumado a senti-lo como se fosse uma parte do meu coração

perpetuamente vago, ainda que ele tivesse enchido o buraco vazio, ou pensei que

tivesse.

Duane me compreendeu. Ele me queria. Eu não era estranha. Nós

combinamos. Encaixamos-nos perfeitamente. Nós éramos adequados. E eu o amava.

Eu o amava tanto.
Ele foi puxando minha calcinha então levantei meus quadris, senti-o deslizá-

la nas minhas pernas. Eu tremia, não de frio, mas precisando de seu calor. Meus dedos

deixaram seu cabelo e se atrapalharam no cós da calça jeans.

Cada vez que estivemos juntos e as coisas ficaram apaixonadas, cada vez que

senti a promessa da pele dele, também senti um sentimento enlouquecedor de

urgência. Não fazia sentido. Mas lá estava eu, segurando sua calça e cueca, puxando-as

para baixo com as mãos e, eventualmente, os pés.

Da mesma forma, Duane empurrou minha camisa de dormir sobre a cabeça,

forçando-me a levantar os braços quando tudo o que eu queria fazer era agarrá-lo e

segurá-lo. Nunca tive acesso ao seu corpo antes, não realmente. Nunca o tinha visto

sua bunda adulta, nem as coxas ou panturrilhas. Eu queria vê-los, tocá-los, passar uma

quantidade adequada de tempo para conhecê-los e todas as suas esperanças e sonhos.

Mas eu estava presa, ele baixou meus pulsos e me prendeu na minha camisa

de seda. É verdade, eu estava sexy e amarrada, incapaz de me mover como teria

gostado porque o corpo quente e nu de Duane cobria o meu, mas eu ainda estava

presa.

— Você é tão linda, Jessica. — Ele sussurrou, beijando entre as minhas pernas

pressionando contra meu centro. Espirais de calor erótico torceram na minha barriga,

me fazendo arquear e gemer.

Duane beijou meu corpo, mordendo e lambendo, como se fosse me saborear.

Ele ia explorar-me e de muitas maneiras eu também queria explorá-lo.

Mas agora estava oscilando no egoísmo irracional e precisava dele para

continuar a trabalhar sua magia enquanto ele beijava meu quadril, a frente da minha

coxa, no interior da minha coxa e então...


Inferno, eu não aguentava. Ele estava respirando perto de mim, sua boca e a

língua tão perto, mas nenhuma ação. Eu queria gritar. Senti-o pairar e levantei a

cabeça, determinada a dar-lhe qualquer encorajamento que precisasse para fazer isso

acontecer e encontrei os olhos azuis safira em mim.

Assim que dei a ele meu olhar, vi o rosa da língua lamber os lábios.

Realmente, este homem devia trabalhar para a CIA, porque a visão dele era uma

tortura. Eu estava tão ferrada, minhas pernas tremendo e prestes a gritar com ele ou

implorar, não sabia o que, mas antes que eu pudesse... Ele baixou a boca para meu

centro e gememos.

Minha cabeça caiu para trás e eu suspirei... Um grande suspiro, um suspiro

de Obrigado, Jesus!

Não pensei muito sobre o fato que estava agradecendo a Jesus pelo meu

orgasmo se construindo, porque era uma louca egoísta. Estava me inclinando e

levantando o quadril, balançando-os contra sua boca, perseguindo o prazer.

Quando atingi meu orgasmo parecia ter sido atirada ao céu. Os sentimentos

de lhe pertencer, os picos de calor percorreram meu corpo.

Então ele se foi.

Ouvi o som muito distinto de uma camisinha abrindo.

Em seguida, houve uma pausa.

Então ele estava de volta.

Abri meus braços para ele, querendo carinho e perder-me em seus braços

fortes e confundida por sua colocação do protetor na banana. Minha confusão foi

curta, porque ele não veio para meus braços, não exatamente. Ele pairou sobre mim, a

ereção esfregando contra minha carne sensível.


Inspirei por um tempo tremendo com meus olhos voando abertos para meu

homem bonito. E ele era... Tudo. Tão doce, bonito e apaixonado.

Tão maravilhoso, bondoso e... Eu estava tão desesperadamente apaixonada.

— Preciso de você. — Ele me beijou, a boca quente, tomando posse da minha,

a dureza de sua ereção comprimindo e cutucando minha entrada. — Posso ter você?

Só por esta noite.

— Sim! Pode me ter para sempre. — Concordei, meus dedos cavando seu

tronco. Nesta posição, seria capaz de acariciá-lo, se quisesse. Eu teria perdido a loucura

egoísta, porque já tinha tido meu orgasmo. Poderia usar esta invasão adorável como

oportunidade para explorar, para mostrar a Duane como apreciava cada polegada

dele.

Sim... Pensei isso dois segundos, porque assim que ele empurrou para dentro,

a loucura egoísta retornou, e minha boca se abriu com a maravilha. Ele estava se

movendo de modo particular, o corpo grande por cima do meu, então senti como

nunca tinha me sentido antes. Meu corpo estava quente, úmido e era dele.

— Oh... O que está fazendo comigo? — Ofeguei, sentindo-me completamente

fora de controle.

— Estou fazendo amor com você. — Os olhos de Duane moveram-se para os

meus e vi sua alma totalmente nua, ele sabia que eu sabia que ele me amava. Ele não

disse as palavras ainda, mas isso não importava, seus olhos me disseram tudo e a

minha certeza era profunda até os ossos.

— Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. — Eu gritava, agarrada a ele, esperando

que dizendo as palavras o encorajasse a abrir seu coração e admitir a verdade.


Ele não o fez. Em vez disso, me beijou. O atrito entre nós tornou-se um

deslize suave e eu gemia em sua boca, não reconhecendo o som que eu fiz em todos os

ohh.

Fechei os olhos.

Foi neste momento que percebi que estava à beira da minha libertação, e

queria desesperadamente compartilhá-la com ele, eu queria que nos movesse-nos

juntos. Não queria empurrar. Eu queria que ele viesse comigo por sua livre vontade.

Abri meus olhos, encontrando-o a observar-me e fiquei quase sem fôlego pela

intensidade de seu foco, a força do seu olhar:

— Jessica, eu... — Ele sussurrou, então parou. Foi o suficiente.

Gemi em resposta, meu gemido tornando-se cada vez maior, e novamente

não foi um som reconhecido com os que já tinha feito antes. Palavras e promessas que

não sabia que ia dizer caíram do meus lábios.

Ele não respondeu, apenas continuou sua conquista deleitável, abrindo

minhas pernas mais amplas e trazendo meus joelhos para cima.

— Duane. Preciso de você, eu te amo tanto, tanto...

Ele amaldiçoou e rosnou de uma maneira que soou como rendição,

enterrando o rosto contra o meu pescoço e mordendo meu ombro. Fui jogada ao céu

novamente. Desta vez ele estava comigo. E realizamos isso um sobre o outro, como se

o mundo estivesse terminando e começando e muito tempo depois de nosso

compartilhado êxtase.
CAPÍTULO 22

“As três coisas mais tristes são o mal querer estar bem, os pobres querendo ser ricos e

o constante viajante dizendo 'em qualquer lugar menos aqui’”.

― E.E. Cummings

~Jessica~

— Posso te fazer uma pergunta? — Perguntei, quebrando o nosso silêncio

longo de tocar, acariciar e beijar.

— Com certeza... — Ele disse, a voz soando sonolenta.

Ficamos abraçados na cama, minhas costas em seu peito. Enfrentei o interior

da cabana, a lareira diretamente na minha frente. Eu estava completamente relaxada,

realmente, maleável era a palavra certa para meu estado atual, presa a esse mundo de

sonho e satisfação ao ponto da exaustão, mas também animada demais para o sono.

Ainda não. Novamente, queria segurar o momento.

— Você sempre tem uma camisinha na carteira? Ou apenas quando você vem

a sua fortaleza da solidão? É um caminho de mulheres que vêm a serviço?

Senti a sua tensão libertar, e ele riu enquanto fazia carinho na minha nuca.

— São três perguntas.


— Ok. Esqueça as duas últimas.

— Sim. Sempre tenho camisinha na carteira.

— Hmm...

— O quê? O que significa 'hmm'?

— É só que, nunca o vi como otimista.

Seu riso renovado fez-me sorrir.

Ele esclareceu ao mesmo tempo acariciando meu quadril possessivamente

debaixo das cobertas.

— Eu não sou. Para Billy é aleatório como ter cheques na carteira. E todo ano

no Natal ele enche nossas meias com preservativos. Acho que ele iria esterilizar todos

se pudesse.

Agora eu estava rindo, e isso significava que estávamos rindo juntos e falei

quando pensei:

— Realmente gosto de seus irmãos.

Duane estava ficando tranquilo, a barba fez cócegas no meu ombro quando

ele finalmente falou:

— Sim. Eles são bons.

Sorri para sua observação carinhosa e desconsiderei, deixando cair o assunto.

Não estava pronta para convidar ninguém, nem mesmo através de discussão, para

nossa bela fatia de torta do céu. Ainda não.

O fogo ardia baixo, neste ponto, apenas brasas de um vermelho brilhante no

giz preto das cinzas. Amei como a madeira cheirava e esfumaçava. Parecia-me

madeira de limoeiro. Meu pai era o líder da matilha, enquanto eu crescia ele me

ensinou todos os tipos de fogueira.

— Como chegou aqui, Jess?


— Perdão? — Tinha me perdido em pensamentos de sobremesas e fogueiras.

Agora associaria fogos de madeira com Duane. Este pensamento me fez feliz. Senti-o

mexer-se atrás de mim, inclinar-se acima em seu cotovelo e dizer:

— Alguém dirigiu pra você?

— Não, eu dirigi. Eu tenho... Bem, tenho um carro agora. É uma longa

história. — Ele franziu a testa, lembrando-me que não tinha visto seu carro

estacionado quando cheguei. — A propósito, onde está seu carro?

Duane apertou a ponta do nariz, o corpo enrijeceu atrás de mim quando

finalmente limpou a garganta e disse com um suspiro

— Eu o destruí.

Engasguei, meus olhos saltaram, estava certa de que tinha ouvido errado.

— Você... O?

— Eu o destruiu, semana passada no The Canyon.

Eu torci em seus braços para que pudesse ver seu rosto, numa corrida de

alarme fazendo meus músculos tensos. Descansei minha mão na sua bochecha com

necessidade de tocá-lo, enquanto meus olhos fixavam os seus.

— Você está ok? Você está ferido?

— Não. Estou bem.

Eu queria procurar em seu corpo, ver por mim mesma. Mas depois lembrei-

me das piruetas sexuais que nós tínhamos terminado de fazer e se ele estivesse ferido,

dificilmente poderia ter realizado tal façanha fisicamente como a atividade exigia.

Ele não parecia triste sobre o carro, e sua falta de reação não era normal.

— Você amava aquele carro.

A expressão dele não mudou, não realmente, mas deu de ombros.

— Era um bom carro.


— Por que não está mais chateado?

— Não é uma pessoa, Jess. É uma coisa. As coisas podem ser substituídas.

Eventualmente, talvez, eu vá consertá-lo.

— Mas... Esse carro é incrível. E você nunca perde.

— Eu não estava em mim semana passada. — Ele murmurou distraidamente,

a atenção mergulhando em meu peito. Ele me tocou como se apreciasse a textura,

usando o polegar para desenhar círculos na minha pele.

— Então por que se arriscaria? — Ignorei o prazer que irradiava de onde ele

encostava no meu corpo porque queria entender como Duane podia ser tão indiferente

de seu carro.

— Apenas me arrisquei porque não estou disposto a viver sem... — Ele disse,

ainda com um ar distraído. Ele se mexeu, guiando-me, então estava de costas contra o

colchão e ele estava em cima de novo. Pouco antes dele dobrar a cabeça no meu peito e

lamber os lábios. O calor molhado de sua boca fechou sobre meu mamilo e ele chupou,

agitando a língua em um círculo.

Apesar dos meus esforços para estar concentrada, minha respiração ficou

irregular.

— Duane... — Me esforcei para ficar sensível. — Duane, não é de todo o risco

real. Só é real se arriscar o que precisa.

— Preciso estar dentro de você novamente, Jessica. — Ele disse meio

sussurrado, meio rosnando e senti sua necessidade pressionada na minha coxa.

— Ok... — Suspirei, adicionando distraidamente. — Mas deve saber que

ainda estou brava com você por não me atender domingo.

— Não devia ter feito isso. Devia ter atendido sua ligação. — Ele mordeu a

parte inferior do meu peito, eu contorci-me, fechando os olhos.


— Você tem que me prometer, tem que me prometer que nunca vai fazer isso

de novo.

Senti-o vacilar, seus movimentos pararam, e vários segundos passaram em

que os únicos sons audíveis eram nossa respiração e o crepitar do fogo.

Sua quietude me levou a abrir os olhos e levantar a cabeça. Ele estava por

cima de mim, a boca se separou revelando que ia falar, mas precisava pensar primeiro

nas palavras. Duane analisou meu rosto. Sua expressão era suficiente para me dar uma

pausa e estava prestes a retirar, empurrá-lo ainda mais para a promessa necessária.

Mas então ele disse:

— Enquanto estivermos juntos, não vou nunca ignorar sua chamada,

prometo.

Algo sobre a garantia delicada e feita com cuidado, me arrepiou. Eu estava

grogue, portanto repassei suas palavras na minha cabeça três vezes antes de pegar a

declaração.

— Não. — Balancei minha cabeça, estreitando os olhos na tentativa de manter

o foco. — Enquanto estivermos junto não. Apenas uma promessa. Precisa me prometer

que nunca me ignorará de novo. Para o resto de nossas vidas, você me ligará, até

estamos mortos e enterrados.

Ele continuou a me olhar, enquanto assisti Duane em guerra consigo mesmo.

Depois de um prolongado minuto, ele subiu de joelhos, realizando uma varredura

rápida, mas aquecida do meu rosto, meus olhos, cabelo, corpo e então saiu da cama.

Ele passeou a curta distância para lareira e então para mesa. Lá, parou com as

mãos nos quadris, mostrando-me o traseiro glorioso. Assisti seus ombros largos em

ascensão e queda enquanto me apoiava nos cotovelos, esperando. Quanto mais


esperei, maior era minha vertigem, mais pesada à sensação de afundar que torcia em

minha barriga:

— Duane?

Abruptamente ele voltou para a cama, cuidadoso para não me tocar, sentou-

se na borda, agarrando a cueca do chão e a vestiu. Vi-o vestir-se, sem entender o que

ele estava pensando.

— O que está fazendo?

Ele deu-me seu olhar decididamente tempestuoso e disse:

— Você está pedindo demais. Não posso prometer isso.

Novamente, repassei suas palavras na minha cabeça três vezes antes de

entender. Quando fiz, tive certeza que minha expressão espelhava sua raiva, fazendo

meu cérebro a arder.

— Por que não?

— Por que você não sabe.

— Eu não sei. Não mesmo. — Minha mão caiu contra a coxa num tapa

exasperado. — Às vezes você fala comigo, e às vezes não. Você me diz que estava

esperando por mim há cinco anos. Você é o inferno tentando me cortejar, mas Deus me

livre eu dar-lhe um boquete! Fizemos este contrato de treze meses e meio, enquanto

isso você está abrangendo a linha. Me entrego totalmente e você esta metade dentro,

metade fora.

Ele levantou da cama, abotoando e fechando o zíper da calça jeans, e levantei

o queixo para manter contato com seus olhos. Eu decidi que ele era muito alto. E

imponente. E inacessível.

— Você vai embora, Jess. Você não está toda. Você já está com os dedos dos

pés fora quase na hora de ir.


Senti essa observação em minha espinha, entre minhas omoplatas como uma

faca. Demorei um pouco, mas finalmente consegui, embora mais alto do que eu tinha

pretendido, responde:

— Isso é uma grande besteira, Duane, e sabe disso. Quando te dei qualquer

motivo para achar que eu não investi completamente?

— O que sei é que quando você sair, não espere eu ter sentimentos amigáveis

sobre isso. Quando você me deixar, não deveria me ligar. Nunca mais. Porque eu não

vou retornar seus telefonemas. Eu não quero ver ou falar com você.

Desta vez a dor foi na parte dianteira e parte traseira, na minha espinha e

peito, e tenho certeza que vacilei. Senti-me golpeada com suas palavras como um tapa

no rosto, especialmente depois do que tínhamos compartilhado. Eu sabia que estavam

se reunindo lágrimas em meus olhos, mas não me importei.

Duane estudou minhas características brevemente antes de virar e voltar para

a mesa, quando não suportava olhar para mim. Eu engoli minha emoção, mas ela

continuou a subir, fazendo meu couro cabeludo ficar arrepiado e a minha pele

excessivamente quente.

E então ouvi seu frustrado sussurro:

— Isso foi um erro.

Eu não conseguia pensar. Todo o ar parecia ter sido sugado da sala. Afundei

no colchão e ele também. Ele era um pêndulo e eu não conseguia acompanhar suas

mudanças de humor, num minuto estamos aninhados na cama e no próximo...

— Não entendo. — Parei então decidi só dizer o que sentia. —Não entendo

porque me ofereceu um ano quando obviamente não tinha intenção de cumprir. Pode

explicar isso?
Ele olhou para mim, examinando-me. Ele pareceu estar confuso pela minha

pergunta, ou talvez vulnerável por trás disso. Finalmente, ele dá uma virada, coça a

barba dele e diz:

— Jess... — Ele começou, soltando uma respiração curta, o rosto pasmo como

se fosse um lunático, em seguida, começou mais uma vez. — Jessica, sei sobre seus

planos.

— Meus planos?

— Seu irmão me contou sobre sua tia. Sobre o dinheiro. Sobre seus planos.

— O quê?

— De viajar. Depois do Natal. — Estas palavras foram declaradas como um

fato frio.

— Para... Natal? O quê? — Balancei a cabeça. — O que você…?

Duane parou de coçar a barba, mas estreitou os olhos, como se estivesse

estudando minha reação de perto.

— Seu irmão, Jackson. Ele parou Beau e eu a caminho de casa, na quinta-feira

a tarde, depois que terminamos de falar. Ele me disse que você herdou todo o dinheiro

que ia precisar para suas viagens pelo mundo. Ele me disse que planejava começar

depois do Natal.

Pisquei duas vezes, balançando a cabeça em rejeição automática de pelo

menos metade de suas palavras.

— Bem, isso é mentira.

Duane endireitou-se, os olhos abertos abruptamente de surpresa. Corri para

esclarecer.

— Nem tudo. Quero dizer, minha... Tia me deixou com o dinheiro. Ao que

parece, com bons investimentos, o bastante para viajar pelo mundo se eu assim quiser
e decidir, mas não tenho planos de deixar Green Valley iminentemente e certamente

não depois do Natal.

Seus olhos acinzentados estavam apertados.

— Por que não?

Agora eu estudei-o, quando ele pareceu endurecer, mantendo-se longe de

mim, e todo cismado quando contei que o amava, ele tinha sido tão frio, tão distante.

Ele pensou que eu ia embora. Ele pensou que eu ia sair e nunca mais voltar.

— Espere um minuto. — Pulei para meus pés, minha boca abrindo e

fechando, enquanto tentava decidir qual parte deste emaranhado ia abordar primeiro.

— Você pensou... E então você... E nós só... — Fiz um gesto para a cama e decidi me

estabelecer no último pensamento. — Então Jackson fala sobre o dinheiro e você

assume que as coisas acabaram entre nós? É assim tão pouco para você? Que você me

quer? Ou foi mentira?

Duane franziu a testa, cerrou as mãos em punhos e não disse nada. Ainda

atrás de sua carranca, percebi sua inquietação de me contradizer.

— Mas eu não terminei. Ou será que isso é sobre você não confiar em mim?

Você não confia em mim. E é por isso que fizemos amor hoje. Você não confia em mim

para ficar. 'Só por hoje, Jessica.' Isso foi o que disse.

Ele não negou. Ele apenas continuou a ver-me juntar tudo.

— Admita! A única razão que se deu na noite é porque pensou que eu ia te

deixar. Agora posso sair, porque você não confia em mim para ficar. Você não confia

em mim para nada.

— Eu confio em você. — Ele respondeu rapidamente.

Eu ignorei a declaração, e o desespero fez-me dizer:

— Estamos longe, longe demais, Duane Winston!


— Jess. — Ele balançou a cabeça, me procurando visivelmente, magoado. —

Nós temos uma data de validade. Na verdade, nós somos mais. Eu não vejo aonde

vamos daqui. Você vai fazer planos para ir embora. Tivemos este período de

experiência antes de começar os doze meses e vou cancelar.

— Você não pode desistir! — Eu salto pra frente, balançando meu dedo

indicador em sua direção como se fosse uma espada.

— Vou desistir disso. Estou indo embora porque não vou te impedir de fazer

o que precisa fazer.

— O que é que eu preciso fazer?

— Me deixar.

Eu vacilei novamente, minhas próximas palavras foram um pergunta

acusatória, meio indignada e meio curiosa.

— Você quer que eu saia?

— Não vou responder isso.

— Você não me ouviu? Estou apaixonada por você. Por que não me pede

para ficar? — Exigi com um grito frustrado e um empurrão firme contra seu peito.

— Não se pede a alguém que ama para desistir de seus sonhos!

Eu cambaleei pra trás, minha boca caiu aberta, muito, muito aberta, e tenho

certeza de que eu parecia com uma coruja atônita. Duas grossas lágrimas arrastaram-

se pelo meu rosto deixando minhas bochechas quentes e pesadas.

Duane rangeu os dentes e desviou o olhar, seus olhos focando num ponto

atrás de mim. Deslocando-se em seus pés, recusando-se a fazer contato visual, ele

parecia arrependido. Ele obviamente estava desejando voltar atrás em seu grito de

admissão e isso me deixou imensamente triste.


Entretanto, nenhum dos meus órgãos internos sabia o que pensar. Eles

queriam ter um ele te ama! e ele finalmente disse isso! Em forma de sua confissão e

retirando imediatamente depois, o que fez meu coração hesitar.

Minha voz não era inteiramente firme quando eu perguntei:

— Você nunca ia admitir a verdade, se eu não tivesse posto tudo pra fora?

— Não estamos discutindo isto.

— Por que não? — Me encolhi e minhas palavras soaram carentes e perdidas.

Eu finalmente tinha seus olhos novamente, mas agora estavam em chamas com fúria.

— Porque você vai embora, nós terminamos, e é inútil. É por isso!

— E tudo tem de ser perfeito, certo? Tudo tem que estar certo. Que o céu e

todos os anjos não permitam que Duane Winston faça nada sem precisão e sucesso

garantido.

Devo ter atingido um nervo, porque seu olhar se transformou de aquecido a

revoltado, e ele avançou em mim.

— Bem. Claro que sim, eu te amo. O que acha que isso se trata?

— Bem, agora estamos finalmente chegando a algum lugar. No caso de não

me ouvir as primeiras centenas de vezes, eu também te amo!

Ele me ignorou, ou talvez não me ouviu.

— Olho para você e vejo meu futuro, e é algo bom. Mas não posso fazer nada

sobre o fato de que os nossos sonhos não se alinham. E desde que eu digo eu te amo,

quero você para viver comigo.

Ele tinha me apoiado na cama, mas me preguei ao chão, pegando o braço

dele antes que pudesse virar.

— Então o que acha?

— Eu vou ficar bem.


— Tudo bem? Tudo bem?! Dane-se o tudo bem!

— Sim. Tudo bem. Vou ficar bem sabendo que está em algum lugar neste

mundo seguindo seu canto de sereia.

Ele estava se retirando novamente, então segurei-lhe mais forte, não

permitindo-lhe dar as costas.

— Por que está dizendo isso? Por que insiste em ser tão nobre? Por que tudo

tem de ser definido?

Seu peito levantou e caiu com um grande fôlego, afastando os olhos e sabia

que estava o empurrando além do seu nível de conforto. Mas não pude evitar. Tentei

suavizar a voz, persuadindo-o.

— Duane, tenho sido honesta com você. O mínimo que pode fazer é me

dizer...

Ele me interrompeu, trazendo os olhos piscando de volta aos meus:

— Meu pai sempre teve tudo o que queria, quando queria. Ele levou minha

mãe, as crianças. Ele tomou e levou. Prometi a mim mesmo que nunca ia ser assim,

porque quando tem um pai que é um bastardo egoísta, que pega o que quer, sempre

que quer, a última coisa que quer ser é igual a ele… Um ser sem honra.

Meu coração doía por ele, mas não sabia o que dizer para torná-lo melhor.

Independentemente disso, ele não me deu uma chance. Duane descansou os dedos no

meu braço e embalou minha mão entre as suas.

— Você quer sair e viver seus sonhos, então vou me retirar da equação. Não

vou ficar no seu caminho. Porque prefiro ver a tristeza em seus olhos agora do que

ressentimento em meses ou anos. Se tenho que ser eu a acabar com isso, tenho que ser

o único a ir embora. Tem que ser a minha decisão. Você precisa me dar pelo menos

isso.
Ele largou minha mão e se afastou, os olhos se movendo perto da cabana,

como se estivesse à procura de alguma coisa. Encontrando sua camisa, ele a apanhou,

enquanto eu assistia apaticamente, parte de mim ainda aninhada na cama, enquanto

ele se sentou numa das cadeiras e colocava as meias e botas.

Estava sentindo tantas coisas, mas nenhuma delas era eloquência.

Quebrada.

Triste.

Quebrada e triste. Isso era como estava.

Lágrimas silenciosas escaparam por minhas pálpebras enquanto ele escapou

entre meus dedos.

Eu não tinha os recursos intelectuais ou o coração para um discurso

apaixonado. Estava cansada e meu coração machucado, mas não podia deixá-lo ir. Não

sem explorar todas as opções, não estando a um passo da Ave Maria26.

Não podia manter-me lançando contra uma porta que ele manteve

firmemente fechada, mas poderia deixar uma nota.

Portanto, por um capricho desesperado, perguntei com voz instável:

— Verdade ou consequência, Duane?

Ele balançou a cabeça, os olhos fecharam brevemente para cobrir o

desconforto, como se o som da minha voz lhe causasse dor.

— Verdade ou consequência? Quer jogar verdade ou consequência agora?

— Sim. Escolha um, verdade ou consequência?

— Bem. — Ele apertou a mandíbula, em seguida, deu de olhos, quando disse.

— Consequência.

26
Extrema Unção
Eu acenei com a cabeça uma vez, tomando a decisão de ser vulnerável, só

mais uma vez.

— Te desafio a estender o termo de nossa relação para indeterminado.

A expressão dele não mudou. Ele olhou para mim. A linha de sua boca reta e

plana. Então eu empurrei, implorando.

— Fique comigo esta noite, não me deixe. Fique comigo e não apenas para

doze meses. Fique comigo para sempre.

Ele estremeceu e podia ver a coluna se esticar e antes que pudesse falar,

levantei a mão para detê-lo:

— Vejo que você entendeu o que quero dizer.

— Eu entendo perfeitamente. — Ele grunhiu em tom áspero e inflexível.

— Não. Você não entende. — Eu esperei um segundo, querendo ter certeza

que ele viu que estava séria antes de lhe entregar meu coração numa bandeja. —

Venha comigo.

Isso fez sua boca abrir. Ele piscou em surpresa, antes que pudesse recuperar-

se deixou escapar:

— O quê?

— Venha comigo. Eu desafio você a vir comigo. No próximo mês, no próximo

ano, sempre. Eu desafio você a vir comigo quando eu for. E fique comigo, fique

sempre comigo
CAPÍTULO 23

“A felicidade não é chegar a um estado, mas uma maneira de viajar”.

― Margaret Lee Runbeck

~Duane~

Fui para casa.

Deixei Jessica embrulhada num lençol.

Deixei Jessica.

Eu a deixei.

E deixei a mim mesmo na cabana. Senti o vazio no peito. Meu instinto me

instruiu para que cruzasse a porta e fosse para o frio da noite. Sua sugestão, para eu

sair com ela, viajar pelo mundo e compartilhar sua vida, suas aventuras, parecia um

conto de fadas. Um conto de fadas perfeito. E eu faria. Então fui surpreendido com a

proposição de que minha mente realmente considerou a possibilidade.

Mas então lembrei da loja, meus irmãos, minhas obrigações, a merda com a

Ordem e como todos foram afetados quando Ashley nos deixou anos atrás.
Lembrei-me do meu pai e como pegou o que queria, sem um cuidado com a

família. Ele ia e vinha como bem entendesse, deixando minha história com Jessica um

lindo conto de fadas, perfeito na teoria, mas completamente impraticável.

Beau e Cletus dependiam de mim, precisavam de mim e não dariam conta da

carga de trabalho sozinhos. As minhas economias foram investidas na oficina, e não ia

viajar pelo mundo usando as economias da tia de Jessica.

Eu era orgulhoso demais? Foda-se. Sim, era orgulhoso demais para aceitar

dinheiro de Jess ou qualquer outro sem trabalhar nisso.

Então saí antes de considerar, antes que prestasse atenção em minha sereia.

Mas mesmo assim estava indeciso. Continuei vendo o rosto dela, as lágrimas

brilhando seus lindos olhos enquanto caminhava para fora. A imagem dela me

chamou, as profundezas da minha alma e cada passo foi um fardo. Voltei para a

cabana pelo menos três vezes e o aperto no meu peito fazia minha respiração perto do

impossível.

Foi até que vi o carro dela. O carro novo de Jessica era de marca, um Jaguar F-

Type. 5-litros V8, transmissão manual, movimentação all-wheel e 495 cavalos de

potência. Sabia o preço do automóvel como a maioria das pessoas sabe o preço de um

sorvete, então sabia que só custava no preço de varejo sugerido do fabricante não

menos de cem mil dólares.

O olhei por pelo menos um minuto.

Então caminhei para casa sem olhar para trás, tendo como satisfação o som

de cada galho que agarrou violentamente minhas botas. Quando cheguei estava

precisando quebrar alguma coisa e de jeito nenhum ia conseguir dormir.

Ficar bêbado era uma opção, mas tinha bebido durante a maior parte dos

últimos cinco dias e era nossa primeira Ação de Graças desde que mamãe morreu.
Além disso, ficar bêbado uma hora antes do amanhecer não era meu estilo de qualquer

maneira. Concluindo a única opção disponível para mim neste momento era rachar

mais madeira que não precisávamos, mas decidi virar em direção a cabana, uma vez

que a casa estava à vista.

Mas enquanto limpava as árvores, parei bruscamente. Jethro, meu irmão

mais velho, estava subindo a varanda a poucos passos da porta, carregando uma

grande mochila pendurada no ombro. Também fiquei surpreso ao vê-lo e também

peguei o momento de minha miséria, chamando-o para fora antes que entrasse em

casa.

Mas o som da nossa porta fechando me tirou do estupor. Minha mente estava

uma bagunça e rapidamente movimentei-me para o alpendre e corri. Eu precisava

falar com ele e rápido. Mas também estava cinco tons diferentes de puto com meu

irmão mais velho.

De alguma forma, provavelmente porque a violência já estava na minha

mente, os cinco tons de puto ganharam sobre a sensatez.

Assim, quando entrei na casa e ele se virou, com um grande sorriso

despreocupado no rosto, e disse:

— Ei, Duane. Sentiu minha falta?

Eu soquei sua cara.

Puxei meu soco no último instante.

Eu não queria derrubá-lo, só bater um pouco. Talvez fazê-lo cair no tapete ao

meu lado.

Ele cambaleou para trás, mais de surpresa que pela força do golpe, e me

mostrou uma carranca completamente perplexa enquanto segurava a mandíbula.

— Que diabos foi isso?


Eu não respondi. Deixei-o ler a intenção em meus olhos, dando-lhe alguns

segundos para se preparar e então ataquei.

Jethro era um bom lutador, todos nós éramos, mas ele era melhor que a

maioria. Sendo o mais velho gastou uma boa parte da juventude com a Ordem onde

aprendeu a lutar feroz e sujo. Mas me ensinou todos os truques há muito tempo e sua

luta agora não era alimentada por semanas de frustração, de lidar com ameaças de

motociclistas e confissões de Jessica James e eu não poderia fazer nada sobre isso.

Talvez ele estivesse tentando se defender contra meu assalto, mas isso não me

dissuadiu de qualquer forma. Nós caímos na sala, batendo nas paredes, enviando

porta-retratos no chão. Ele tinha-me numa chave de braço e mantive a posição do meu

cotovelo nas suas costelas e, em seguida, administrei um soco no seu rim enquanto ele

se esforçava para me conter.

Meu nariz estava sangrando e fiquei feliz com a visão do seu lábio quando

fomos interrompidos por um áspero sussurro:

— O que vocês estão pensando?

Olhamos juntos para cima e a expressão furiosa de Cletus teve um efeito

moderador instantâneo. Ele ficou na escadaria, parecendo tão chateado como nunca

tinha visto e falou num tom mais alto:

— Fazendo uma grande confusão às cinco da manhã? Fazendo uma confusão

de coisas? No dia de Ação de Graças? Hoje é dia do Peru! Além disso, sabe como Billy

precisa de seu sono de beleza, caso contrário vai ficar se lamentando até o jantar. Não

quero ouvir essa porcaria no meu dia de folga. E além do mais, você interrompeu meu

sossego.

Jethro fez uma careta, atirando-me um olhar sujo, que devolvi, e sussurrei:

— Desculpe, Cletus.
As mãos de Cletus foram para os quadris e ele deu-me um olhar rígido, os

olhos grudando em mim um pouco mais que em Jethro.

— Levem sua luta para fora.

Assenti, escancarando a porta da frente e me aproximei a sussurrando:

— Vamos.

— E agora você me deve panquecas, Duane Faulkner Winston. — Cletus

adicionou com um sussurro. — Panquecas de mirtilo. — Então ele desapareceu no

corredor.

Não sabia que o Cletus fazia durante seu período de descanso, mas Beau

pensava que era ioga.

Abri a porta, então virei e fiz um gesto para Jethro sair.

— Você primeiro. — Ele levantou o queixo, coberto com três semanas de

barba desleixada, as mãos ainda em punhos. Ele nunca foi um tipo de confiança.

Dei de ombros e sai para o alpendre, caminhando para o canto mais distante.

Esperei até que ele me seguiu e a porta se fechar antes de dizer:

— Você sempre foi um babaca egoísta.

Jethro assentiu com a cabeça, trabalhando sua mandíbula e seus passos foram

medidos quando se dirigiu para mim.

— Todo mundo sabe disso. E sempre pode começar uma discussão numa

casa vazia. Agora por que não diz especificamente o que eu fiz para inspirar estas boas

vindas inesquecíveis?

— Emboscada. — Rosnei, fechando a distância restante entre nós e mantendo

a voz baixa. — Você instalou armadilhas em quatro carros, para a Ordem de Ferro,

então poderiam traficar drogas sem serem apanhados.

Os olhos do Jethro alargaram enquanto seu rosto ficou carrancudo:


— Como você...

— Porque, imbecil, eles gravaram tudo. E agora Repo está explorando sua

merda de decisões como chantagem. Ele quer usar a Winston Brothers Auto Shop

como sua nova oficina, ou então mandam você para a prisão federal.

— Oh merda... — Jethro disse sobre um exalar chocado e derrotado, então

afundou na cadeira de balanço à esquerda. Assisti o desabar de seus cotovelos sobre os

joelhos e ele enterrar o rosto nas mãos.

Eu estava quieto, algo que sabia como fazer bem, e esperei meu irmão

processar a realidade.

— Você fez isso? Você concordou? — Ele não levantou a cabeça, e as palavras

foram pronunciadas para a madeira do chão da varanda.

— Não. Estamos enrolando.

Os ombros do Jethro levantaram e caíram, e ele assentiu:

— Bom. Bom. — Ele ficou em silêncio por uma batida, então perguntou. — E

Cletus não tem um plano?

— Não. Cletus não sabe...

Jethro levantou a cabeça de suas mãos, suas sobrancelhas levantadas:

— O que quer dizer com Cletus não sabe? Não disse nada?

— Não, Jethro. Não contei a Cletus. Por que iria trazê-lo a esta confusão dos

infernos, quando pode manter as mãos limpas? Não é ruim o suficiente que Beau e eu

tenhamos que lidar com isso?

Meu irmão mais velho saltou para seus pés:

— Duane, Cletus instalou as armadilhas.

Agora ele tinha me surpreendido. Escorei-me na viga de madeira onde tinha

me inclinado e olhei para ele. Ele estava meio sorrindo.


— O quê?

— Cletus foi instalar as armadilhas nos carros, não eu. Você acha que eu seria

capaz de instalar essas engenhocas? Você viu como funcionam? Você tem que... — Ele

parecia estar procurando algo nas memorias para melhor descrição. — Você tem que

conectá-los ou então não abrem, a menos que o carro esteja desligado, mas a chave

esteja na ignição e o cinto de segurança preso, ou haja um furacão na Florida e

nenhuma cerveja deixada na geladeira, e todas as sobremesas favoritas sejam torta de

banana, ou um complicado disparate qualquer.

Ainda estava preso no fato de que Cletus, não Jethro, foi sido o único a

instalar as armadilhas, e também preso na genialidade de como funcionavam.

— Então... Cletus sabe? Ele sabe tudo sobre isto? Como você saiu da Ordem?

Jethro assentiu com a cabeça.

— Sim. Quando decidi que era suficiente, e aqueles meninos motociclista

disseram-me o que precisava fazer, qual o preço da minha liberdade, a primeira

pessoa que pensei foi Cletus.

Eu franzi a testa no meu irmão:

— Ele estava lá? Quando mostrou a eles como as armadilhas funcionavam?

— Não. Ele instalou as armadilhas e me ensinou a usá-las. Eu fui para a

Ordem, e levei crédito. Estava tentando minimizar o envolvimento dele.

— Então ele não sabe que estão sendo usados para contrabandear drogas?

Ele fez um som no fundo de sua garganta e Jethro deslocou os pés:

— Quero dizer, ele provavelmente adivinhou, eu sabia, claro, antes mesmo

da Ordem dizer. Porque senão iriam querer segredo e armadilhas?

— Mas no vídeo você começa a xingá-los quando eles lhe dizem.


— Porque eu tinha negação plausível até aquele ponto. Uma vez que me

disseram eu sabia com certeza me tornava um cúmplice. É por isso que estava tão

furioso. Se não dissessem, então eu poderia alegar ignorância.

Jethro era bom nisso, alegar ignorância, deslocando a culpa, ou costumava

ser, antes de sair da reta.

— Nós precisamos dizer a Cletus. — Jethro disse com uma espécie de certeza

que me deu meu primeiro vislumbre de esperança. —Ele com certeza saberá o que

fazer.

***

Nos revezamos no banheiro lá em baixo, limpando o sangue de nossas faces.

Entrei na cozinha, uma vez que avaliei os danos e compreendi os fatos e

encontrei Jethro fazendo café. Assim, depois de agarrar um saco de ervilhas para meu

olho, comecei a trabalhar fazendo panquecas de mirtilo suficientes para alimentar um

pequeno exército.

Sem avisar, Jethro começou a contar e se regozijar das aventuras nas trilhas.

Fiquei espantado como era capaz de impedir de se preocupar sobre a tentativa de

chantagem da Ordem de Ferro.

Eu tinha me torcido, pensando em como ser mais esperto que a Ordem de

Ferro, ou me debatendo sobre o que fazer sobre Jess, ou contando as horas até poder

vê-la novamente, ou tentando descobrir como chegar a ela em paz, me perguntando

como diabos ia sobreviver sem ela. Assim, as histórias de Jethro eram uma distração

bem-vinda.
Tivemos que esperar até que Cletus surgisse antes de nos aproximarmos. Já

tínhamos interrompido seu tempo quieto e não tinha nenhum desejo de instigar ainda

mais sua ira. A retaliação de Cletus sempre foi imprevista e desonesta. Ele era fã de

vingança educada, sabendo como fazer valer seu ponto com pouco barulho.

Nós dois nos calamos quando ouvimos passos na escada, e Jethro enfiou a

cabeça da porta de entrada.

— O quê? O que aconteceu com você?

Reconhecendo a voz de Billy, meus ombros cederam e me virei para a grelha.

Jethro não respondeu. Em vez disso, caminhou de volta para a cozinha e recuperou

seu lugar na mesa. Billy entrou segundos mais tarde, os olhos se movendo do grande

hematoma na bochecha de Jethro para seu corte no lábio e disse:

— Isso aconteceu na trilha?

— Sim. Fui agredido por uma gangue de guaxinins ninja. — Jethro

respondeu enquanto tomou um gole de café.

Billy deu-lhe outro olhar longo e, em seguida, virou-se para o café, mas parou

novamente quando viu meu rosto e o menos do que sutil inchaço ao redor do olho. Ele

levantou uma sobrancelha, olhou de relance entre nós dois, em seguida, deixou a

cozinha sem o café, dizendo:

— Não importa, seja o que for, não quero saber. Mas deixe-me saber quando

o pão quente estiver pronto. É melhor que haja um peru hoje, porque já fiz o recheio, e

algo ou alguém está ficando cheio.

— O peru é trabalho do Cletus este ano. — Gritei atrás dele.

Tão cedo saiu Billy, Beau ficou olhando para ele e entrando enquanto coçava

o saco dele e bocejava.

— Cheira panquecas?
— Sim. — Assenti com a cabeça, em seguida, inclinei a cabeça em direção a

Jethro. — Você também cheira gambá.

Beau preguiçosamente de relance olhou para onde estava nosso irmão mais

velho e de repente acordou. Sua sobrancelha puxou para baixo e estudou Jethro, talvez

tentando determinar se ia ser sensato ou violento. Antes da reforma milagrosa de

Jethro, vê-lo com uma cara preta e azul era uma ocorrência normal, mas desde que

tinha mudado seus caminhos ha alguns anos atrás, não tinha vindo para casa com

mais do que um arranhão.

— O que aconteceu com seu rosto? — Beau finalmente pediu e não

gentilmente.

— Seu irmão gêmeo aconteceu.

Beau assentiu com a cabeça, relaxando as feições e em seguida, atravessou a

cozinha para a máquina de café.

— Bom. Me salva do trabalho de fazer isso. Qual é o plano, Duane?

— Estamos esperando Cletus levantar.

Beau interrompeu seu derramar de café e olhou entre mim e o Jethro.

— Pensei que não íamos envolvê-lo.

— Ele já sabe. Ele fez as instalações iniciais.

— Bem, que vou... — Beau balançou a cabeça e os olhos dele perderam o foco

em algum lugar sobre o meu ombro. Então ele abruptamente estalou os dedos. — Isso

faz sentido. Não há maneira de que Jethro ter instalado as armadilhas. Não sei por que

não descobrimos mais cedo.

Então, Cletus entrou na cozinha, obviamente, ainda mau humorado.

— Não falem comigo até que eu tenha comido meu pão quente. Ainda estou

com raiva de ambos.


Jethro, pulou da cadeira, Beau pousa o copo de café no balcão com uma

pancada, e ajudei dando um olhar atento. Todos estávamos como estátuas olhando

Cletus, querendo falar, mas sabendo que era melhor não desobedecer seu pedido.

Demorou um pouco para ele perceber nossa rígida prontidão, mas quando fez, seus

olhos estreitaram e saltou entre nós.

— Está bem... Retiro o que disse. Estão me deixando nervoso. Talvez alguém

deva me dizer o que esta acontecendo.


CAPÍTULO 24

“Viajar na companhia de quem amamos é ter a casa em movimento”.

― Leigh Hunt

~Duane~

Nós quatro nos levantamos e levamos nosso café da manhã para a cabana,

escapando de casa antes de Billy saber que fomos embora. Por um acordo silencioso,

Jethro e Beau nomearam-me como o contador da história, provavelmente, porque

ambos tinham o hábito de enfeitar ao extremo.

Expliquei a situação, com uma linha do tempo e descrevi que medidas

tínhamos tomado até agora. Tudo isso, enquanto Cletus comeu suas panquecas e

bebeu o café, acenando em intervalos e franzindo a testa em outros momentos. Por

exemplo, quando mencionei que tinha contado com a ajuda de Tina, ele me olhou em

descrença.

— Acabou? — Ele perguntou longamente, os olhos no meu prato intocado.

— Com a história ou com a minha comida? — Minhas panquecas tinham

esfriado, mas eu não estava com fome.

— Ambos.
— Sim. Pode comê-las. — Passei-lhe meu prato e esfreguei a mão sobre o

rosto. Estava cansado e o pensamento de comer me deixou enjoou, mas foi mais do

que exaustão. Tudo doía e não por causa do meu punho lutando com Jethro.

Cletus levou três mordidas, fazendo-nos esperar em suspense e então

perguntou.

— O que quero saber é, porque não veio para mim primeiro? E também,

como consegue fazer estas panquecas tão fofas? É como comer nuvens de algodão de

mirtilo.

— Não te contamos porque não queríamos te tornar um cúmplice, no caso de

termos que seguir em frente. — Beau respondeu por mim.

— Eu vejo. Obrigado. Aprecio a consideração e preocupação com meu bem-

estar. — Ele disse, usando seu tom mais formal. Em seguida, adicionado. — Mas isso

foi estupidez.

— Então o que vamos fazer, Cletus? — Jethro foi direto ao assunto, dando ao

nosso irmão um encantador sorriso, apesar de seu lábio.

— Nada. — Cletus deu de ombros, tomou um gole de café e em seguida,

pouso-o.

Beau e eu trocamos olhares de desespero. Se Cletus não tem um plano, então

vamos ter que depender de Tina.

Cletus deve ter visto nossas expressões e explicou o que queria dizer, porque

ele acrescentou:

— Deixe-me esclarecer essa última afirmação. Não há nada a fazer porque já

foi feito. Nestes casos, a lei exige que o instalador informe a polícia local quando as

armadilhas são suspeitas de serem usados para fins ilegais. A polícia já esta informada
sobre esse segredo, porque compartilhei a informação anos atrás, quando instalei a

primeira armadilha.

Agora, Beau e eu trocamos olhares de espanto. Não acho que nenhum de nós

era capaz de discutir naquele momento. No entanto, Jethro estreitou os olhos em

Cletus e soou meio insultado:

— O que quer dizer que a polícia já sabe? Você me denunciou?

Cletus olhou para Jethro e apertou o nariz, como se meu irmão mais velho

cheirasse mal.

— Não. Bem... — Os olhos dele mudaram-se acima e à direita, como se a

reconsiderar a resposta. — Não no total sentido. Quero dizer. Informei a polícia

quando instalei as armadilhas, porque suspeitei que seriam usadas para fins ilegais. Se

a polícia realmente sabe sobre as armadilhas é algo inteiramente diferente.

Estava muito cansado para os enigmas do Cletus.

— Cletus, pode apenas falar claramente? O que fez? E o que significa para

nós? Devemos nos preocupar com a Ordem de Ferro?

— Vou responder suas perguntas no sentido inverso. Primeiro, não precisa se

preocupar com a Ordem de Ferro. Eles não têm poder sobre você, Jethro ou Beau. Na

verdade, estamos em posição de chantageá-los.

— Bem, graças a Deus. — Beau, sentou na cadeira e soltou um suspiro alto de

alívio.

— Segundo, o que isto significa para 'nós'. — Cletus usou aspas em torno da

palavra nós. — É que devemos, os quatro, ir para o Bar dos Motoqueiros e encontrar

Repo, ou mesmo o próprio Razor. Um de nós terá de explicar a situação, ou seja, que

os meninos Winston são imunes às ameaças, então vão deixar de nos assediar e

estacionar no seu lado do pátio da escola.


— Você quer falar com Razor? — Jethro perguntou se certificando de que

ouviu bem.

Razor era o presidente da Ordem e um filho da puta verdadeiramente

perigoso.

— Não, não disse isso. Eu disse um 'nós'. — Mais uma vez, ele usou aspas em

torno de nós, mas desta vez seus olhos deslizaram para mim e ele me olhou com

significado.

— O quê? — Perguntei, sacudindo a cabeça. — Você não pode dizer eu.

Agora todos os três estavam me olhando e acenaram.

— Faz sentido. — Beau disse de forma encorajadora. Não me animei.

— Não.— Concordou Jethro. — Razor odeia-me, por causa de... Bem, do

passado. Não sei sobre Beau, mas Razor pode detectar um mentiroso a uma milha de

distância.

— Está me chamando mentiroso? — Beau franziu a testa para Jethro.

— Sim. Sim, você é. — Jethro admitiu sem problemas.

— Ok. Só para garantir. Continue. — O sorriso do Beau estava de volta e

parecia bastante satisfeito, provavelmente porque era preciso um mentiroso para

conhecer outro.

— E Cletus... Bem, sem ofensa, Cletus, mas Razor não responde bem ao seu

estilo, também.

— De acordo. — Cletus assentiu com a cabeça uma vez e deu outra mordida

nas minhas panquecas frias. Quando falou em seguida, foi com a boca cheia. — Tem

que ser Duane. Ele é abrupto, irritável e esses charlatões não o assustam. Ele é perfeito.

Era minha vez de exalar alto, balançando a cabeça, mas não disposto a

discutir o ponto ainda. Temos muito tempo para discutir. Agora eu queria respostas.
— Então, o que fez, Cletus? Como informou a polícia sem eles saberem?

— Você lembra quando ajudei com aquelas máquinas de classificador de

correio para as delegacias de polícia e a central de escritório? Os mantive por três

condados. Apenas uma das muitas maneiras que gasto meu tempo ajudando os

cidadãos de Tennesse.

— Sim. Nós sabemos. — Jethro respondeu por todos.

— Bem, uma coisa engraçada sobre essas máquinas é que as cartas ficam

presas e destravam o tempo todo. Quando uma máquina quebra e precisa de conserto,

às vezes encontro lá cartas que têm anos de idade.

Beau e eu rapidamente partilhamos um olhar num ápice.

— Você está me dizendo que plantou uma carta numa dessas máquinas? —

Ele perguntou.

Cletus abanou a cabeça.

— Não. Claro que não. Eu não plantei nada em qualquer máquina, mas fiz

escorregar uma carta registada com uma pilha de cartas antigas, no correio encontrado

numa daquelas máquinas durante uma chamada de serviço que então posteriormente,

foi colocada em armazenamento sem abrir. Nem sei a caixa e a prateleira onde é

mantida. Acho que ainda tenho o recibo da carta registada lá em cima em algum lugar.

De novo, Beau e eu estávamos sem palavras. E desta vez Jethro também. Nós

três sentamos em silêncio por alguns segundos, vendo Cletus comer minhas

panquecas, como se não se preocupasse com nada no mundo.

Jethro foi o primeiro a sair do transe.

— Bem, então acho que Duane só explicará a Razor que a polícia tem uma

carta registada em sua posse, detalhando a existência das armadilhas...?


— Isso, você está certo. — Concordou Cletus. — Incluindo fotos dos carros,

seus números e as armadilhas. Também, descrevi a sequência para abrir os

compartimentos. Tenho uma cópia da documentação em meu quarto... Em algum

lugar.

Beau balançou a cabeça e soltou uma risada:

— Não posso acreditar em você, Cletus.

— Acredite, Beau. Mas há mais uma coisa. — Disse Cletus sobriamente,

movendo os olhos para mim. — Você não respondeu minha pergunta original.

— Sim, eu fiz. Não te contei porque...

— Aquela não. — Ele acenou com a mão no ar como se fosse insignificante.

— As panquecas. Como conseguem ser tão fofas? É incrível.

Eu balancei a cabeça para meu excêntrico irmão mais velho e respondi

honestamente porque estava cansado.

— Ovo.

— O quê?

— É o ovo. Eu mantenho-o separado. Então bato até que tenham dobrado de

tamanho no final. Faz as panquecas ficar super leves e fofas.

— Oh... — Também em pé, ele acenou, como se imerso em pensamentos. Mas

então inesperadamente perguntou. — Porque me olha assim, Duane?

— Como o quê, Cletus?

— Como seu coração estivesse doente. Te disse, que estamos a salvo. Não

precisa se preocupar mais. E seu segredo de clara de ovos está seguro comigo.

— Eu sei. — Assenti com a cabeça, mas não respondi mais porque não tinha

nada a dizer. Eu não ia reclamar de Jessica. Eu ia chutá-lo e seguir em frente...

Eventualmente. Talvez em trinta anos.


Infelizmente, Beau gostava de fofoca.

— Ele está chateado, porque Jessica James acaba de herdar uma montanha de

dinheiro da tia e está indo embora.

Olhei meu irmão gêmeo, prometendo vingança numa data posterior. Ele me

deu um olhar simpático em troca, que só alimentou minha ira. Eu não quero piedade.

— Srta. James está indo embora? No meio do ano letivo? — Cletus parecia

estar genuinamente aflito. — Mas estávamos nos preparando para os exames integrais.

Dei de ombros.

— Eu não sei.

— O que não sabe? Jackson James nos parou, e disse há uma semana. — Beau

pressionou o ponto enquanto Jethro levantou uma sobrancelha e olhou entre nós dois.

— Jessica James... — Jethro disse o nome pensativamente, como se tentando

recordar a imagem. — Não era ela que servia as mesas na Daisy’s Nut House? Você

sempre teve uma coisa por ela desde que me lembro.

— Obrigado pela lembrança, Jethro. — Dei-lhe um duro olhar. O problema

da chantagem da Ordem de Ferro, estava talvez perto de ser resolvido, mas ainda

estava precisando da caridade dos meus irmãos mais velhos preocupados.

— Bem, ela está saindo, ou não? Porque temos um teste na próxima semana e

me sinto muito bem sobre a matéria. — Cletus pressiona.

Coloquei as mãos nos bolsos e balancei minha cabeça.

— Eu não sei. Ela disse que não tem planos para sair imediatamente, mas não

qualquer razão para ficar.

Cletus e Beau me olharam de cara feia.


— Não há razão para ficar? Que tipo de porcaria é essa? O que são vocês,

ficantes? Ela tem um coração doxy27.

Eu suspirava, não gostando da avaliação impiedosa de Cletus, porque, a

memória da mamãe não me enganasse, doxy era a mesma coisa que prostituta. Eu

também estava ficando impaciente e precisava terminar esta conversa.

— Olha, ela quer que eu vá com ela, ok? Ela não é insensível. Ela está

seguindo seus sonhos e não posso culpá-la por isso. E não posso segurá-la, então

terminei as coisas.

Beau e Cletus compartilharam um olhar e, em seguida, Beau disse:

— Então... Qual é o problema? Porque não vai com ela?

Perplexo, olhei meu irmão gêmeo, então meu irmão mais velho. Eles estavam

me observando como se esperando para eu me explicar quando as razões eram

perfeitamente óbvias. olhei para Jethro por ajuda, mas ele estava me encarando como

se não entendesse o problema também.

Eu rosnei para eles e virei, balançando a cabeça e caminhando para a saída.

Cletus pisou na minha frente, bloqueando o meu caminho.

— Agora, espere. A pergunta de Beau é válida. Todos sabemos como você

tem esperado pela Srta. James. Qual é o problema? Talvez eu possa resolver.

Eu respondi com os dentes cerrados.

— O problema, Cletus, é que sou o dono da loja, no caso de ter esquecido.

Ele deu de ombros.

— Então?

— Então, você e Beau acham que podem manter o negócio sem mim?

27
Doxy: comcubina ou prostituta
Ele deu de ombros novamente.

— Talvez. Talvez não. Se sou honesto, diria que provavelmente não. Mas

depois a gente podia sempre contratar um substituto.

Olhei para ele, novamente boquiaberto e acrescentei.

— E como eu viveria lá, hein? Se sair com dela? Todas as minhas economias

estão na loja.

— Nós compraríamos sua parte se quiser. — Esta resposta veio de Beau. —

Ou pode arranjar um emprego onde você estiver com Jess. Oficinas mecânicas, das

boas, não são fáceis de encontrar, além disso, há sua corrida, e há sempre circuitos lá

fora, especialmente se você no Sul e centro-oeste.

— Ou poderia deixar de ser um babaca tão orgulhoso, deixar a Srta. James e

sua herança mantê-lo com estilo, ganhando seu sustento à moda antiga. — Jethro

sorriu quando disse isso, levantando uma sobrancelha e piscando para mim. Eu estava

tentado a dar um soco na cara dele de novo.

— Inscreva-me num pouco disso. — Disse Beau, também sorrindo, mas em

seguida, o sorriso caiu e limpou sua garganta, desviando o olhar quando olhei para

ele.

— O ponto, meu querido irmão, é que não há nada te mantendo aqui que não

seja sua teimosia. — O tom de Cletus era instrutivo, suave e incrivelmente irritante.

— Que tal honra? Hein? Obrigação?

— A quem? Nós? Beau e eu? — Cletus abanou a cabeça. —Acha que

queremos olhar para sua cara pelos próximos vinte anos, e ver você se lamentando sua

decisão todos os dias? Não, obrigado, senhor. Olhe já como está.

Cletus limpou a boca com o canto do seu guardanapo então colocou a toalha

de papel usada na parte superior dos pratos na frente do Jethro.


— É melhor começar na louça. — Disse a Jethro. — É o mínimo que pode

fazer tendo em conta os problemas que causou. E você. — Ele virou para mim. —

Precisa ligar para Tina e dizer que estamos cobertos. Não podemos ter ela estragando

as coisas ou complicando tudo.

Balancei a cabeça.

— E quanto a mim? — Perguntou Beau, sentado na cadeira, parecendo

relaxado e satisfeito.

— Bem, agora, Beau. Você e eu. — Cletus deu um aperto com a mão no

ombro do meu irmão gêmeo e disse. — Precisamos encontrar nós mesmos um peru.
CAPÍTULO 25

“Uma mentira pode viajar meio caminho ao redor do mundo enquanto a verdade não

colocou os sapatos”.

― Mark Twain

~Jessica~

Tina trouxe o novo namorado para o jantar de ação de Graças. Ele queria que

todos o chamassem de Twilight.

Era um pedido estranho e difícil para nossa família, porque seu verdadeiro

nome era Isaac Sylvester e meu irmão o conhecia desde a infância. Seu pai, Kip, era

meu chefe e sua mãe, Diane, gerenciava a padaria da cidade e lia poesia na biblioteca

nas noites de quinta-feira. Sua irmã, Jennifer, era a doceira daqueles bolos de banana

infames e premiados.

E ele queria que o chamassem de Twilight.

Estava muito cansada e melancólica para sentir verdadeiramente o nível de

frustração que merecia este pedido, no entanto, percebi a troca inicial entre meu irmão

e Isaac/Twilight quando chegaram na mãe de Tina. Foi algo parecido com isto:

Jackson: Tina. Não sabia você ia trazer Isaac. Bom te ver, cara.
Isaac/ Twilight: — É Twilight.

Jackson (parecendo confuso): — Não, não, não é nem meio-dia ainda.

Isaac/ Twilight: — Não. Meu nome é Twilight.

Jackson (ainda olhando confuso): — O quê?

Isaac/ Twilight: — Meu nome. Me chame de Twilight .

Jackson: — Assim como o personagem do My Little Ponny?

Tina: — Jackson! Não sabia que era fã de My Little Ponny.

Jackson (zangado, em seguida, apontando para Isaac/ Twilight): — Jessica sempre

via isso enquanto crescíamos e não sou um fã, não como Twilight Sparkle aqui.

Isaac/ Twilight : — O nome é Twilight, não Twilight Sparkle.

Jackson (irritado): — Se quer ser chamado de Twilight, então não se surpreenda se

eu escorregar algumass vezes e chamar você Pinky Pie.

Seguiu-se uma conversa semelhante quando Twilight foi trazido para

cumprimentar meu pai, exceto que meu pai disse:

— Isso não é um nome, filho. É uma hora do dia.

Não demorou muito para todo mundo perceber porque Isaac Sylvester

adotou este nome. Soube que Isaac tinha se alistado no exército e servido no

Afeganistão há seis anos, mas agora a jaqueta de couro que usava tinha o símbolo da

Ordem de Ferro, rapidamente nos disse tudo o que precisávamos saber.

O método do meu pai para resolver o embaraço inerente foi colocar uma

cerveja em todas as mãos vazias e colocar o jogo de futebol tão alto que ninguém

poderia falar. Tina ficou com os homens da família, basicamente no colo de Twilight.

Enquanto isso minha mãe, a irmã do meu pai e eu fizemos o jantar. Foi melhor assim.

Triturar batata era uma boa saída para minha agressividade sombria e nem

minha mãe nem minha tia fizeram-me falar muito.


Estava me sentindo vazia, quando Duane tinha removido uma parte essencial

de mim e levou com ele e eu não tinha como recuperá-la.

Portanto, o dia da Ação de Graças foi gasto numa névoa distraída de tristeza

e insegurança. Minha família atribuía a minha depressão para minha mãe morta.

Várias vezes durante o dia minha mãe colocava as mão nas minhas costas e esfregava

o espaço entre meus ombros e dizia:

— Eu sei. Eu sei que dói.

Dava-me um abraço rápido e caminhava para a guerra das próprias lágrimas.

Eu a via ir, fazendo caretas para mim mesma, porque não estava preocupada ou em

luto pela perda de Louisa. Quer dizer, chorei por ela, estava triste que ela tivesse

morrido, mas ela tinha passado toda a minha vida, especialmente enquanto estava na

faculdade, me mantendo à distância.

Acho que agora eu sabia por quê... Mas nem por isso. Suas ações ainda não

fazem sentido e também estava esgotada de contemplar as decisões de Louisa. A

realidade da traição de Louisa, porque eu estava sentindo como uma, era muito fresca.

Minha mãe achava que estava me sentindo muito mais triste sobre Louisa do

que me sentia e contradizer sua suposição parecia errado. Senti-me insensível,

especialmente face à sua genuína dor. Então mantive minha boca fechada e aceitei sua

simpatia, oferecendo meu ombro como um lugar seguro para ela chorar.

Enquanto isso, o foco da minha desolação consciente era na variedade de

questões sobre um barbudo ruivo problemático, questões que não foram ajudadas

quando Tina passeou para a cozinha após o jantar. Tinha me oferecido lavar todos os

pratos sem ajuda, porque realmente precisava ficar sozinha. Não a ouvi entrar porque

estava esfregando a assadeira e tentando não chorar.


— Jess. Quer companhia? — Ela perguntou direto antes de seu braço enrolar

meus ombros e me dar um aperto. — Sinto muito pela sua tia.

Foi uma piada, em seguida, suspirou e relaxou dando uma estranha

inclinação lateral ao seu abraço. Eu não podia abraçá-la sem secar as mãos e então

apenas assenti. Ela obviamente não sabia a verdade e fiz uma nota mental para falar

com meus pais sobre o plano daqui para a frente, como queriam prosseguir, se

queriam que as pessoas soubessem que fui adotada ou não.

— Obrigada, Tina. — Reconheci sua simpatia com um aceno de cabeça. —

Mas não há necessidade de manter-se aqui, imagino que seu namorado não deve estar

se sentindo muito confortável com Jackson o cutucando e divertindo-se com o novo

nome.

Tina se inclinou contra o balcão do meu lado e deu uma risadinha.

— Twilight não é meu namorado. Estivemos ficando muito ultimamente, é

tudo. Trouxe-o para aliviar a mente da minha mãe. Ela acha que sou algum tipo de

prostituta de motociclista, então pensei que se trouxesse um rosto familiar da Ordem

iria fazê-la sentir-se melhor.

Deslizei meus olhos para o lado e estudei minha prima.

— O que faz na Ordem de qualquer maneira? Quando está no Bar de

motoqueiros?

Ela deu de ombros e disse:

— Jogamos bilhar. Bebemos e nos divertimos, e às vezes faço um show.

— Sente como se estivesse em perigo? Quer dizer, a Ordem não tem a melhor

reputação.

Ela deu de ombros novamente e desta vez quando deu uma risadinha parecia

nervosa e disse:
— Bem... Não em perigo exatamente. Quer dizer, as coisas podem ficar muito

intensas e assustadoras, com alguns caras pode ser difícil, mas acho que gosto, na

maioria das vezes. Eu realmente gosto quando brigam muito por mim, gosto dessa

parte.

Concordei pensativamente. Estava tentando não julgar, tentando realmente

porque ver dois homens lutando sobre quem faria sexo comigo não me pareceu

atraente. E sabia quais as perguntas que de repente queria perguntar, mas sabia que

seria imprudente, para não mencionar indelicado, porque o que Tina fazia, com quem,

e porque diabos fazia, não era da minha conta.

Senti seus olhos em mim, aparentemente, ela interpretou mal a minha luta,

porque disse:

— Duane e eu não estamos juntos.

Eu fiquei surpresa e deixei cair a assadeira que estava segurando, salpicando

meu avental de água.

— O quê? O que disse?

— Disse que eu e Duane não estamos juntos. Apesar do que pode ter ouvido,

não estamos. Ele veio me ver na sexta, no Horse Pink e sei como algumas pessoas

gostam de fofocar. Tenho certeza que ouviu sobre isso.

Senti muitas coisas naquele momento e todas eram feias e ciumentas.

Reconheci algo sobre mim então. Eu não era iluminada ou mente aberta, nem um

pouco. Não queria que Duane fosse ao clube ver e admirar mulheres nuas, e não quero

que procure Tina. Só pensar nisso me deixou com raiva, e me sentindo cada vez mais

como uma mulher desprezada. E um monte de pensamentos de mulher louca e

desprezada viajaram por meu cérebro me deixando tonta. A cozinha girou e agarrei-

me a borda da pia.
Talvez Duane não quisesse deixar Green Valley, porque ele queria deixar a

Tina e todas as dançarinas do clube. Talvez eu não fosse suficiente para ele. Talvez

tivesse me esperando que eu me encaixasse num papel de mulher, onde ele corria em

seus carros e ia ver as danças das meninas nos finais de semana, enquanto eu ficava

em casa, fazendo-lhe meias e lavando a roupa.

Mas isso não estava certo. Não era o Duane Winston que eu me tinha

apaixonado. Isso não era o Duane com quem eu cresci, razão pela qual levantei a mão

sugerindo que duvidava dela, da sua versão dos acontecimentos, pelo menos, e foi

quando percebi que ela ainda estava falando.

—... Então só porque ele tinha me mandado mensagens e me chamado como

um louco nas últimas três semanas não quer dizer que estivesse aberta para reiniciar

nada entre nós. Como disse, segui em frente e ele também o deve fazer. Eu disse...

Ela parou de falar abruptamente, franzindo a testa enquanto puxava o celular

do bolso e impotente, vi como ela sorriu para a tela do seu celular dizendo:

— Ele só não para de me ligar. — Ela faz uma careta e em seguida, mostrou-

me o número de entrada. Era o número de Duane. E ele estava ligando para ela.

Vi-a enviá-lo para a caixa postal. Senti seus olhos em mim, embora os meus

estivessem fixos no telefone. Duane estava ligando para ela, ele tinha deixado

mensagens. Agora talvez estivesse sendo deliberadamente cega, mas não poderia

engolir a noção que Duane estava me enganando com Tina, ou com qualquer outra

pessoa.

Ele me amava. Ele disse. Eu sabia. E ninguém poderia me convencer do

contrário. E ele não era um trapaceiro. Eu sabia. Portanto, com convicção fria, virei meu

olhar cansado para Tina e disse:

— Você está mentindo.


Seus lábios carnudos se separaram, ela ficou ofendida, e gaguejou um pouco

antes de dizer:

— O quê? Você viu o seu número no meu telefone. Você o viu ligar.

Eu balancei a cabeça.

— Não estou duvidando das chamadas ou mensagens, Tina. Mas você ainda

está mentindo. Esta história fede como um gambá numa loja de perfume. Primeiro de

tudo, você vem aqui na Ação de Graças, no dia seguinte de eu voltar da funeral da

minha... Tia Louisa e diz como Duane foi visitá-la no clube, agitando o telefone na

minha cara, querendo estragar tudo, eu não compro isso. Você está se esforçando

demais.

Tina estava me dando sua cara de puta com raiva o que foi realmente

assustador, mas eu estava entorpecida demais para sentir medo ou intimidação.

Depois de um concurso de encarar intenso e prolongado, Tina revirou os olhos,

balançou o cabelo e disse:

— O que quiser! Acredite no que quiser. Mas isso não muda o fato...

— É isso mesmo, nada que possa mostrar ou fazer vai mudar o fato de eu

conhecer Duane Winston, e de que ele é um bom homem. Ele não é seu pai. Ele não é

um trapaceiro. Ele não faria isso para mim ou para ninguém. E sei que ele me ama, eu

sei disso. Eu confio nele, e o amo e...

Eu agora estava a chorar. Eu não sabia por que ela estava fazendo isso,

porque queria me fazer acreditar que Duane tinha estado com ela pelas minhas costas,

mas não me importava suas razões. Usando as mãos ainda molhadas, peguei uma

toalha de papel para limpar meus olhos e nariz.

Podia senti-la olhar, sentir a intensa antipatia, quando ela falou:


— Pensei que não estavam juntos. Não é isso que me disse no jantar há

algumas semanas? Ou estava mentindo?

Eu balancei a cabeça, funguei e levantei os ombros para enfrentá-la.

— Não é da sua conta, mas não estávamos juntos... Quando você e eu

jantamos. Então resolvemos as coisas semanas atrás.

— Então porque você está chorando agora? — Ela cuspiu, franzindo os

lábios, e estreitou os olhos.

De repente, eu estava cansada demais para esta conversa, para esta loucura,

então disse:

— Também não é da sua conta...

Desviei de minha prima e dos pratos restantes, precisando do consolo da

escuridão do meu quarto e meus lençóis macios.

— Ei! Espere, não terminamos aqui.

Virei e andei para trás, balançando a cabeça em sua audácia desagradável e

disse:

— Você é minha prima, Tina. Sempre te amarei, sem contar seu caráter

vingativo. Vou te ajudar, se precisar de minha ajuda, vou estar lá por você. Mas não

somos amigas. Não gosto que mintam, e não gosto de você caluniando sobre o caráter

de Duane. Então, nós terminamos aqui. Estou acabada, e agora vou embora.

***

Duane,

Acho que você quebrou meu coração. Nunca tive meu coração quebrado antes, mas

estou muito certa que estar doente tristeza é isso. Não dormi depois que você saiu. Eu chorei por
muito tempo. Sinto que tentei dar tudo e você manteve muito de mim, e agora acho que sei o

porquê.

Não sou tão boa em deixar ir. Depois de ter uma ideia na cabeça quero agarrá-la com

as duas mãos, então vai desculpar a minha incapacidade de ir embora agora sem dizer tudo e

recuperar minha paz. Você disse algumas coisas na quarta à noite e na quinta de manhã que não

eram verdade e agora quero acertar as coisas.

Era verdade quando disse que não tenho planos imediatos para deixar Green Valley.

Ainda tenho o resto do ano para terminar a escola e não há ninguém para preencher ou tomar

meu lugar. Tenho o desejo de viajar, minha alma pede há muito tempo para ver e viver o

mundo, para explorar e ter aventuras, mas isso não me faz louca. Isso não significa que não levo

minhas obrigações e promessas a sério.

Tina veio para a Ação de Graças na minha casa ontem e me disse que você a tem

perseguido nas últimas três semanas. Ela mostrou-me que tinha lhe enviado mensagens de texto

e ligado, deixado uma mensagem de voz enquanto eu estava ali com ela. Só pra você saber, eu

não acredito. Eu te conheço, Duane. Você não é nada parecido com seu pai. Você não é um

trapaceiro.

Eu te amo e quero ficar com você o tempo todo, então, sim, te pedi para vir comigo quando o

tempo de partir chegar. Talvez eu não devesse ter feito isso. Talvez seja pedir demais, mas quero

que pertença a mim e quero pertencer a você.

Gostaria que me pedisse para ficar, ou me ajudasse a tentar encontrar um

compromisso e não um compromisso desonroso. Me pedir para ficar não é errado. Por favor, me

peça para ficar.

Te amo para sempre, Jess

Eu li, em seguida, reli minha décima sétima versão de carta.


Atualmente, era o dia de Ação de Graças e estava trabalhando na carta o dia

todo e tinha descartado as outras dezesseis porque depois de ter passado a parte onde

lhe disse quanto eu o amava, minha mente invariavelmente retornava ao momento

quando ele me deixou na cabana.

Ele me deixou em pé embrulhada naquele lençol, com uma fogueira e uma

cama fria. Ele só partiu. Então fiquei louca e zangada, mas reconheci que o insultando

na carta, como cérebro de merda queria, pode ser contraproducente para a finalidade.

Eu precisava que ele a lesse. Era uma forma de monólogo e de compartilhar meus

pensamentos sem os comentários do cérebro de merda inútil.

Além disso, o xingar não era susceptível de inspirar afeto e um coração

aberto. Coloquei a carta de volta na mesa e esfreguei os olhos, refletindo sobre quão

complicada a vida tinha se tornado no mês passado. Provavelmente era o fantasma de

JRR Tolkien, me deixando louca como retribuição pela blasfêmia de minha fantasia

sexy de Gandalf.

— Toc-toc.

Virei-me da minha mesa e encontrei Claire enfiando a cabeça na porta do

meu quarto, a boca estava achatada.

— Ei. Como você?

Eu suspirei, virando para a mesa e rapidamente escondendo a carta.

— Entre e feche a porta.

Ela o fez, movendo-se para sentar na beira da minha cama mais próximo de

mim. Me virei completamente no banco para ficar de frente.

— Sinto muito pela sua tia. Sua mãe disse que vocês eram muito próximas.

Olhei para Claire por uma segundo, em seguida, balancei a cabeça dizendo:

— Isso não é verdade. Não éramos próximas.


— Você não trabalhou para ela? Viveu com ela no verão durante a faculdade?

— Sim, mas não éramos próximas. Quando morava com ela, ela me fez ficar

no quarto das empregadas, e nunca fizemos refeições juntas a menos que fosse de

visita com minha mãe.

O rosto da Claire ficou confuso enquanto falava:

— Bem, isso é uma estranha maneira de tratar a família.

Deve ter sido estranho para Claire rotulá-la como tal, especialmente

considerando a experiência de Claire com sua própria família extremamente

disfuncional.

— Organizei a casa dela e seus horários. Quando ela tinha visitantes lhes

dizia que eu era uma empregada. Ela nunca se referiu a mim pelo nome, ou admitiu que

fosse da família. Só achei que ela tinha vergonha. — Dei de ombros, descartando a

pontada de dor destes sentimentos que há muito tempo pus de lado, mas agora me

senti incrivelmente refrescada.

No início, durante os primeiros dias do meu emprego, meus sentimentos era

doloridos, tinha pensado que trabalhando para Louisa iria nos aproximar e

ironicamente, em retrospecto, pensei que ela seria como uma segunda mãe. Tinha

pensado que falaríamos uma com a outra sobre tópicos que não contratar um novo

motorista, substituir a telha no quarto azul e compromissos de unha e cabelo.

Mas trabalhar para a minha tia tinha só serviu para me mostrar qual o papel de um

empregador. Nunca tinha crescido ligada a tia Louisa porque ela não queria ser

próxima, ela tinha me distanciado de uma forma propositada.

— Hein... — Claire sentou na cama, cruzando os braços. — Isso é tão bizarro.

Como sua mãe falou, ainda agora, ela a fez parecer como a tia que você mais amava no

mundo.
Suspirei outra vez. Eu ultimamente suspirava muito. Não estava pronta para

contar a Claire que minha tia era na verdade minha mãe biológica e não estava pronta

para falar sobre Louisa porque não sabia como me sentia sobre ela.

Então, mais uma vez, afastei meus sentimentos.

Decidi contar a Claire a verdade menor de toda história:

— Eu sou sua herdeira.

— Mas ela lhe deixou todo o dinheiro?

— Sim. Deixou tudo.

Claire inclinou a cabeça, os olhos brilhantes avaliando meu rosto.

— É por isso que está tão desamparada? Não me diga que está se sentindo

culpada sobre o dinheiro?

Balancei a cabeça, mordendo o lábio, assim não falaria a verdade sobre meu

humor. Se aprendi alguma coisa desta catástrofe era a proteger melhor meu coração.

Sempre pensei que se fosse aberta ao amor, então o amor me encontraria, ao que

parece, se está aberto para amar, então o desgosto te encontra e te deixa nua numa

cabana sem eletricidade ou água encanada. Mas Claire me conhecia muito bem. Seus

olhos estreitaram nos meus lábios e ela inclinou a cabeça, me avaliando.

— Jessica, o que está escondendo?

Eu balancei a cabeça mais rápido.

— O que está acontecendo? Você está miserável e não é sobre sua tia e não é

sobre sentir culpa por receber a herança. Aconteceu alguma coisa.

Balancei a cabeça ainda mais rápido, mas agora Claire era um borrão de

cabelo ruivo e pele branca, porque meus olhos estavam se enchendo de lágrimas. E,

droga, eu só chorava. Ela chegou para frente e me puxou para um abraço, acariciou

meu cabelo me apertando e dizendo:


— O bom Deus, o que está acontecendo? Você está tremendo.

Encostei-me aos ombros de sua camisa e chorei na minha amiga. Chorei e

chorei. Não sei quanto tempo chorei, mas foi um bom tempo e uma vergonha. Eu em

silêncio e ela falando para me acalmar.

A camisa no ombro estava ensopada quando suprimi as lágrimas.

— Pode falar agora? Pode dizer o que aconteceu?

Eu abri a boca para falar, mas soluçava em vez disso. Eu precisava de um

momento, ou uma hora. Portanto, me endireitei afastando-me e agarrei a carta número

dezessete da mesa. Eu a entreguei para ela.

— Leia isto. Vou lavar as mãos. — Então sai correndo do quarto. Levei meu

tempo no banheiro, esfregando o rosto, assoando o nariz, dando-me uma conversa

motivadora no espelho. Senti-me um pouco menos patética quando entrei no quarto.

Chorar e ficar triste é como um infecção respiratória, faz-me sentir patética e distante.

— Ah, Jess. Sinto muito. — Claire parecia simpática e confusa quando entrei

no quarto. Ela passou a carta para mim e apertou meus ombros. — Sinto muito que te

empurrei para essa coisa com Duane, mas não conseguia imaginar... Eu nunca teria...

Ele deixou você num lençol? — Ela suspirou, envergonhada e com simpatia.

Senti-me finalmente estável o suficiente para explicar toda a situação e então

o fiz. Nos sentamos na minha cama e lhe disse tudo, como tinha ligado no Texas, como

tinha o encontrado na cabana, como nos amamos, como ele estava usando a honra e

me abandonando com meus vazios sonhos. Quando acabei, Claire estava me

encarando, os dedos cobrindo a boca aberta. Dei de ombros, não sabendo mais o que

fazer.

— Está tudo bem. Eu vou ficar bem.

Ela assentiu com a cabeça, franzindo a testa, e ficou claro que não acreditou.
— Bem. Você vai ficar bem. Pegue um bolsa, venha ficar comigo esta noite.

Dei a amiga um pequeno sorriso.

— Isso parece bom.

A cara feia de Claire intensificou-se, então, ela falou.

— Bem, vamos lá. Vamos pegar uma mala pronta. Vamos parar no Piggly

Wiggly no caminho para tomar sorvete.

***

Estávamos apenas saindo do estacionamento da loja quando meu telefone

tocou. Olhei na minha tela, mas não reconheci o número. Olhei para ele, por mais um

tempo e então rolei o polegar através da tela e respondi, pensando que era

provavelmente um engano:

— Alô?

— Jess? Jess, é você? Jess, sou eu, Tina. Eu... Sua ajuda... Grande problema.

Preciso que... Totalmente fodeu... E encontraram...

— Tina, espere um segundo. Não consigo te entender, vou desligar. Onde

está?

Ouvi alguma coisa na outra linha e, em seguida, ela disse:

— No Dragon e você tem que se apressar. Eu roubei este telefone e...

— Está no Bar de motoqueiros? Precisa que eu te pegue? — Dei uma olhadela

para Claire, encontrando ela me observando com alarme.

— Sim! Preciso...
Mas isso foi tudo, porque seu lado da linha clicou duas vezes em seguida

ficou muda. Trouxe o telefone para o colo e puxei para cima a lista de chamadas

recentes. Não só eu não reconheci o número, como o código de área não era local.

— O que foi isso?

— Não tenho certeza. Era Tina, e ela parecia frenética. Acho que estava

ligando do Bar de motoqueiros, pelo menos disse isso. Ela quer que eu vá buscá-la

— Ela quer que vá ao Dragon? Para pegá-la?—

— Na verdade, ela parecia em apuros.

Respirei fundo, olhando meu telefone tentando descobrir o que fazer. Então

marquei o número do celular de Jackson.

— O que vai fazer?

— Chamar Jackson. Vou pedir-lhe para me encontrar lá.

— No Dragon? Quer ir para o inferno? — Ela parecia incrédula e em pânico.

O bar servia de sede do clube da Ordem de Ferro e desde que o pai dela era o

Presidente do clube e sua mãe era sua mulher, Claire tinha passado grande parte de

sua precoce adolescência no infame bar de motoqueiros com o MC e todos os membros

e meninas do clube.

Se servindo dessas memórias, ela não tinha visto nem falado com os seus pais

desde que casou com Ben McClure há anos.

Enquanto esperava Jackson atender, tentei acalmar Claire:

— Ouça, não venha. Apenas me leve de volta para minha casa e vou dirigir.

— O que vai fazer? Você não vai lá sozinha. — Ela olhou no espelho

retrovisor e começou a guiar o carro, saindo do pequeno estacionamento.

— Mas vamos parar na minha casa primeiro, preciso de algumas coisas.


— Claire, me leve para casa. Sei que esse lugar não tem boas lembranças para

você. — Telefonei para Jackson, mas caiu na caixa postal, então desliguei e decidi

enviar uma mensagem de texto para ele sobre o que estava acontecendo.

Claire apertava seus punhos no volante e notei que os olhos dela eram um

pouco amplos, mas estava pensando na minha sugestão.

— Não. Eu vou... Vai ser bom.

Eu não sabia se ela estava tentando me convencer ou a si mesma.


CAPÍTULO 26

“Nunca viaje mais rápido do que seu anjo da guarda pode voar”.

― Madre Teresa

~Jessica~

Enquanto esperava na caminhonete de Claire ela pegar tudo o que precisava,

liguei para Jackson novamente e desta vez deixei uma mensagem de voz. Então liguei

para meu pai e fiz o mesmo. Racionalizei o suficiente, sabiam onde estávamos. Não era

incomum deixar um correio de voz, especialmente quando estavam em serviço,

quando estavam nas montanhas, e, mais especialmente nos fins de semana, quando

todos os condutores bêbados estavam sofrendo batendo nas árvores.

Deixando minhas mensagens para os membros da lei de minha família, olhei

para cima apenas a tempo de ver Claire sair da casa. Ela carregava duas pistolas.

Sem palavras, ela abriu a porta do motorista, se inclinou sobre mim e colocou

as duas , e uma extra, no porta luvas. Então afivelou o cinto, ligou o carro, e saiu da

garagem. Enquanto eu olhava para ela o tempo todo pensando no que ela estava

pensando. Cerca de dois minutos de estrada e finalmente perguntei:

— O que diabos está pensando?


Seus olhos encararam os meus, então afastaram quando disse:

— Acho que não vou chegar perto sem uma arma.

— Claire!

— Eu tirei uma licença escondida.

— Não, Claire. Não vou levar minha arma para um Bar de Motoqueiros.

— Eu não vou correr riscos, ok?

— Eu disse que iria sozinha.

Claire desacelerou em uma placa de pare, num cruzamento, um caminho

levava-nos até Green Valley, o outro caminho subia a montanha para o Bar, e se virou

para me encarar, a mandíbula estava apertada, os olhos decididos, mas o pânico que

destilava nas bordas de sua atitude tipicamente calma me deixou nervosa.

— Olha, conheço essas pessoas. Eu cresci nesse lugar. Sei como é estar dentro

sem nenhuma saída. Não vamos entrar lá e não vamos ficar perto do lugar sem um

plano, uma arma e um meio de escapar e não deixarei você ir sem proteção.

— Liguei para meu irmão e meu pai, eles sabem onde estamos indo. Você não

pode me dizer que esses caras são burros o suficiente para fazer algo com a filha do

xerife?

— Querida, são burros e perigosos o suficiente para fazer qualquer coisa.

— Então o que faremos? Devemos esperar Jackson ou meu pai?

Ela suspirou, os dedos flexionando-se no volante e em seguida andou.

— Não. Não, precisamos ir buscar Tina antes que seja tarde demais.

— Tarde demais? Devo ligar para a emergência?

Claire hesitou, depois abanou a cabeça.

— Podemos chamar 911 quando chegarmos lá, mas talvez não chegue a isso.

Talvez só a ameaça de seu irmão e pai estando a caminho seja suficiente para eles
entregarem sua prima estúpida. Além disso, não farão nada para mim, nada

duradouro de qualquer maneira.

— O que? O que isso significa?

— Significa que sei muitos de seus segredos.

***

Claire parou no estacionamento do bar, escolhendo um espaço perto da saída

e longe de qualquer moto. Estava frio e a meteorologia tinha ameaçado neve no topo

da montanha. Ao sair do carro de Claire, tomei uma rajada de vento gélido que

chicoteou meu cabelo em todas as direções.

Ia nevar, mais cedo ou mais tarde. Isso significava que todas as folhas caíram

e o outono oficialmente teria acabado. Eu perderia a vibração da cor, mas parte de

mim estava ansiosa pelo manto branco do inverno porque tudo desolado ou coberto

de gelo combinaria com meu humor.

Claire pôs ambas as armas na parte de trás de seu jeans junto com o cartucho

extra, cobrindo-os com a camiseta volumosa. Caminhamos para a entrada principal de

mãos dadas. Não tenho certeza qual de nós chegou primeiro, mas fiquei contente por

tê-la perto. Nunca tinha ido ao bar antes, porém sabia onde estava localizado,

empoleirada no topo mais alto e instável da montanha. Todos sabiam onde era e

tratavam de evitá-lo, a menos que estivesse procurando encrenca.

Um dragão gigante foi pintado ao longo do bloco de cimento na frente e não

um desses dragões chineses amigáveis usados em desfiles, este dragão parecia

estranho e tinha pontas de metal saindo da cauda e no topo da cabeça, como se fossem

chifres, as garras eram também de metal. Imaginei que todas as pontas de metal eram
de ferro, o que explicava o nome do clube. O dragão decapitava uma pessoa e sangue

jorrava sobre as garras da criatura mítica uma exibição gratuita de violência artística.

Muito bom.

Linha após linha de motos estavam alinhadas na frente e a musica alta ouvia-

se por trás das portas fechadas. Uma interpretação áspera do emblema Ordem de

Ferro estava pendurada na janela como um neon ao lado de dois outros sinais de néon

de publicidade Bud Light e Jack Daniel.

Certamente, a música, o mural de dragão assassino, as motos, e o mais

austero exterior de cimento dava uma aura menos que amigável ao lugar, mas o

exterior estava arrumado, sem lixo no local e a área circundante era coberta de árvores

e arbustos.

Quando nos aproximamos, vi dois homens vindos do lado do edifício,

aparentemente em profunda discussão e também aparentemente gigantes. Estes

homens não eram grandes. Estes homens eram enormes, como jogadores de basquete

ou rugby, mas mais altos. Eu era mais de 30 cm menor. Claire deve tê-los visto

também porque a senti endurecer, puxando-nos abruptamente para parar.

— Estamos perto o suficiente. — Disse ela, mesmo que estivéssemos a uns

bons 6 metros.

Olhei de relance para ela questionando-a, mas seus olhos estavam fixos nos

dois homens, e a postura era rígida e preparada para fugir.

— Escuta, volte para o carro e eu vou...

— Não. Você vai ficar aqui, comigo. — Ela balançou a cabeça, mas antes que

pudesse me opor ela apontou... Para os dois homens. —Olá Catfish, Drill.
Os dois gigantes, que aparentemente se chamavam Catfish e Drill, olharam

para nós. Nem franziram a testa, nem sorriram, mas era óbvio que ficaram surpresos

quando seus olhares se moveram sobre Claire.

Quase relutantemente saíram da lateral do edifício e se dirigiram para onde

estávamos. Eles olharam atrás de nós e em torno da floresta como se estivessem

procurando por uma armadilha ou potenciais e ocultos cúmplices.

— Faz muito tempo, Scarlet. Está aqui para ver o papai? — Perguntou o mais

baixo. Sua cabeça estava careca e os olhos eram de uma cor azul forte, talvez

parecessem tão fortes porque ele estava vestido de preto, calças pretas de couro,

jaqueta de couro preta, botas de couro preto e camisa preta por baixo.

— Isso é perto o suficiente. — Ela ergueu a mão, quando estavam a três

metros. — Não estou aqui para ver alguém. Esta é Jessica James, o pai dela é o xerife

James e sua prima a chamou mais cedo de dentro do bar, querendo ser resgatada.

Os dois homens pararam onde ela tinha indicado, aproximadamente três

metros de onde estávamos e os olhos se mudaram novamente para mim. O menor

pediu:

— Seu pai é a lei?

Balancei a cabeça.

— Sim, senhor. Mas tudo o que queremos é minha prima. Ela me ligou há

cerca de vinte minutos.

— Qual é o nome dela? — Desta vez, foi o mais alto quem falou. Sua pele era

marrom escuro, mas os olhos eram quase avelã e sua voz quase demasiado profunda

para meus ouvidos, tornando as palavras arrastadas.

— Tina. O nome dela é Tina Patterson. — Forneci.


— Ela dança no clube de strip. — Acrescentou Claire e vi reconhecimento por

trás das expressões. Claire continuou, a sonoridade de sua explicação soava como um

comando. — Ela ligou e quer sair. Estamos aqui para buscá-la.

Os homens trocaram um olhar que não entendi, então o mais baixo falou e

estendeu a mão oferecendo-a para mim:

— Eu sou Drill, este é Catfish.

Automaticamente, dei um passo a frente, mas Claire me puxou para trás dela.

Ela tinha aço na voz dela quando disse entre dentes:

— Ela não precisa apertar sua mão. Ela só precisa da prima.

— Entre, Scarlet. Tome uma bebida. Tenho certeza que seu pai...

— O que está acontecendo aqui? — Uma terceira voz masculina interrompeu

abertamente Catfish, caminhando rapidamente até onde estávamos. Ele tinha

aproximadamente 1,80m, não era o mais alto, mas era mais velho que os outros dois, e

eles deram um passo para o lado como se respeitando sua autoridade. Reconheci o

recém-chegado quase imediatamente, pois era o motoqueiro que tinha falado com

Duane na noite que paramos na Daisy’s Nut House para comer torta.

Seus olhos castanhos escuros, prenderam-se nos meus e seus passos foram

abalados, a boca abriu. Eleestava surpreso e definitivamente me reconheceu.

— Scarlet está de volta e trouxe uma amiga. — Drill acenou para mim.

— Não voltei. — Do meu ponto de vista poderia ver que Claire estava

falando com os dentes cerrados e os olhos azuis brilharam quando recorreu para o

recém-chegado. — Repo, esta é Jessica James e seu papai...

— Sei quem é o pai dela. O que as senhoras estão fazendo aqui? — O homem

que Claire tinha nomeado como Repo ainda não tinha tirado os olhos de mim, e a

surpresa atordoada parecia ter se transformado em desaprovação e raiva.


— Estamos aqui para buscar minha prima, Tina.

Os olhos de Repo estreitaram e ele não reagiu durante vários segundos,

optando por examinar-me em vez disso. Enquanto isso Drill e Catfish o olhavam

esperando um comando.

— O que faz você pensar que Tina está aqui? — Repo finalmente perguntou.

— Ela ligou.

— Ela ligou para você? — Ele parecia duvidoso.

— Sim. Então liguei para meu irmão e meu pai, disse-lhes que estava vindo

aqui pegar minha prima.

Com esta notícia, Repo teve o olhar furioso se transformando num sorriso.

— Você chamou o xerife? Eles estão vindo?

— Sim, Sr. Repo, estão. Agora, pela quarta vez, poderia um de vocês trazer

Tina? Em seguida estaremos felizes em sair.

Seu sorriso alargou-se quando o chamei de Sr. Repo. Então ele riu, como se

pensasse que eu era engraçada.

— Esperta. — Ele disse sob a respiração, balançando a cabeça e se virou, o

sorriso diminuindo no rosto e levantou o queixo dizendo a Drill. — Pegue Tina. Pode

trazê-la aqui. E não conte a ninguém que Scarlet está aqui. Não é da conta de ninguém.

Drill parecia surpreso com as ordens, mas não disse nada para contradizer.

Ele assentiu com a cabeça uma vez e então Catfish e Drill entraram no prédio. Não

usaram a entrada principal, em vez disso tomaram o mesmo caminho que vinham e

desapareceram na esquina do bloco de cimento.

Isso deixou Claire, Repo e eu do lado de fora. Claire estava olhando para

Repo e Repo olhava Claire. Dividi minha atenção entre os dois. Achei que íamos

passar os próximos minutos em silêncio enquanto esperávamos. Nenhum dos meus


companheiros parecia inclinado a falar. Claire não gosta de molho de salsinha grosso,

como não gosta de seus amigos, este lugar a irrita, este homem ou ambos, não fazia

ideia. Ela não discutia sua infância, apenas alguns deslizes e o resto de informações

aqui e ali, o suficiente para concluir que ela nunca teve isso fácil e considerava a parte

de seu passado ligado à Ordem do passado obscuro.

Mas então Repo limpou a garganta e me disse.

— Eu ouvi que sua... Uh, sua tia morreu.

Eu concordei:

— É verdade.

Ele me estudou por um longo minuto, tanto tempo que pensei que estava

acabado, mas inesperadamente, disse:

— Eu a conheci quando éramos crianças.

Tenho certeza de que o olhei tão surpresa quanto me sentia.

— Minha tia?

— Sim, as irmãs Franklin, no Texas. Seu avô era o chefe do meu pai.

— Na fazenda?

— É.

— Huh. — Franzi a testa com a coincidência e disse. — Mundo pequeno.

— Não tão pequeno. — Ele murmurou sob a respiração, mas peguei as

palavras.

Minha curiosidade foi provocada, na verdade, um formigamento de frio que

algo não batia certo deslizou nas minhas costas, então eu perguntei:

— Então, como ela era? Minha tia?

Seu sorriso pequeno foi emoldurado por um bem-preparado cavanhaque e

refletido na escuridão dos olhos.


— Ela era muito bonita, linda, e inteligente. Mais inteligente que eu. E era

engraçada, ela me fazia rir.

Eu estreitei meus olhos, o frio deslizando na minha barriga.

— É mesmo? Como seria ela fazendo isso? O que ela faria que era engraçado?

— Pregava pegadinhas, principalmente. Apanhou-me bem algumas vezes.

Dei uma risada sem humor, descrente e disse:

— Não consigo imaginar tia Louisa sendo engraçada.

— Ela era... Ela era selvagem, e gostava de irritar o pai. — Ele respondeu

distraidamente como se estivesse falando com ele mesmo, o olhar perdendo o foco,

tornando-se nostálgico.

— Soa como você. — Claire sussurrou, empurrando-me com o cotovelo.

Num piscar de olhos ela soava como eu, e senti uma leveza ímpar no peito,

mas não era um bom sentimento. Sempre tinha me considerado uma estranha em

minha própria família. Todos os meus parentes em ambos os lados, Tennesse e Texas

eram tradicionais, bem, não todos, tinha Tina, mas eu e a Tina não éramos muito

parecidas também. E agora sabia que Tina e eu nem compartilhávamos sangue.

Minha família me achava um pouco estranha, achavam meu senso de humor

estranho, minhas ideias sobre viajar o mundo uma fase e que meu bom senso iria

eventualmente prevalecer.

Talvez minha mãe biológica tenha sido como eu quando mais nova. No caso

dela, isso de bom senso deve ter eventualmente prevalecido, pois ela tinha acalmado,

nunca se casando, mas criou raízes. Depois de fazer milhões com sua patente

engenhosa, ela passou a vida organizando fundações de caridade e fazendo as unhas.

Estremeci só de pensar.

— Ela mudou. — Disse e pensei ao mesmo tempo.


— Perdão? — Repo perguntou, como se o tivesse acordado de um transe.

Uma dura rajada de vento enviou meu cabelo voando, então juntei as

madeixas caóticas na base do pescoço e torci-as, levantando a voz sobre a música e a

brisa repentina.

— Ela mudou. Minha tia mudou. Nunca vi seu lado selvagem.

Sua expressão se apagou e em seguida fechou. Ele estudou-me por um

momento e em seguida, deu de ombros, sua voz soando abruptamente distante,

quando disse:

— Ela mudou.

— Sabe por quê? Fez ela... Quero dizer... Ela já teve algum namorado? Que

você se lembre? Como um namorado da escola? Ou alguém na faculdade? — Ignorei

Claire que agora estava com uma expressão confusa enquanto interroguei Repo. Ele

não respondeu. Os olhos dispararam para o espaço à minha volta tornando-se mais

distante que antes.

—Você faz muitas perguntas. Uma mulher deve saber seu lugar.

Levantei uma sobrancelha nesta estranha mudança de assunto e a súbita

impaciência na voz. É claro tinha ouvido a frase Uma mulher deve saber seu lugar, como

um idiota, mas algo em mim não poderia me impedir de me fazer de boba e cutucar

esse babaca em particular. Então perguntei totalmente inexpressiva:

— Uma mulher deve saber seu lugar? Quer dizer, como o endereço?

— Não, querida. Uma mulher deve saber seu lugar. Sabe, nas costas ou de

quatro. Onde seu homem quiser levá-la.

Fiz uma careta.

— Você está brincando.

— Eu não brinco.
Claire suspirava.

— Está falando sério? Você realmente acha isso? — Minha voz levantou uma

oitava, incapaz de conter meu nojo.

— Ele está. — Claire pôs a mão na dobra do meu cotovelo.

Eu zombei dele.

— E sua... Sua mulher? Ela acha isso bom?

Ele encolheu os ombros.

— Não tenho uma old lady, não mais.

— O que aconteceu com ela?

Claire puxou meu cotovelo e advertiu:

— Você não quer saber.

Eu a ignorei, horrorizada e curiosa.

— Não. Me conta. O que aconteceu com sua mulher?

— Ela não gostava da minha diversão, então a deixei. — Quando ele disse seu

olhos escuros pareciam estar me observando de perto, avaliando minha reação.

— Sua diversão?

— Ele quer dizer, sua mulher não gostava dele... — Claire esforçou-se por um

momento, como se não soubesse como continuar e finalmente continuou: — Ela não

gostava dele transando com as meninas do clube.

— Isso é revoltante.

Repo sorriu, os dentes brancos agora ameaçadores.

— Menina, é a vida do clube.

— Isso é revoltante. — Repeti, em seguida, adicionei. — E você é nojento. —

Não queria mais olhar para ele, não queria falar com ele, queria apenas encontrar Tina

e dar o fora daqui.


E naquele momento, Catfish e Drill reapareceram. Desta vez saíram das

portas principais da entrada do bar com quatro outros motociclistas. Senti Claire

endurecer ao meu lado e dar um passo para trás.

— Mas que diabos? — Ouvi Repo dizer, olhando por cima do ombro. Ele se

virou completamente quando eles se aproximavam, as mãos nos quadris, entre nós e o

grupo se aproximando e perguntou:— O que é isso?

Os homens continuaram avançando e algo sobre o conjunto das mandíbulas e

o aço em seus olhos fez meu estômago afundar.

— Precisamos ir. — Claire deu um passo mais rápido me puxando com ela.

— Merda, nós precisamos sair. Corra!

Mas foi tarde demais. Eles leram nossas intenções antes que pudéssemos

ganhar distância e os homens moviam-se como atletas. Eu só tinha conseguido dar dez

passos correndo antes de ser tirada de meus pés por grandes braços se fechando em

torno do meu tronco e virando-me de volta para o bar. Ouvi o grito de Claire e seus

xingamentos e percebi que ela também estava sendo carregada. Drill tinha jogado ela

por cima seu ombro como um saco de batatas. Eu também ouvi Repo gritar com raiva

contra o gigante, que me levava.

— O que é isto? Não tem o direito de por suas malditas mãos sobre ela, tire

agora ou eu vou quebrar todos os dedos em sua mão!

—Desculpe, Repo. — A voz barítona de Catfish falou atrás de mim enquanto

eu lutava inutilmente contra seu domínio. — Razor quer a garota.


CAPÍTULO 27

“Viajar longe o suficiente, é conhecer a si mesmo”.

― David Mitchell, Cloud Atlas

~Duane~

— Você ainda não ligou para Jess?

Balancei a cabeça olhando pela janela do lado do motorista do GTO de Beau.

Era sexta após a Ação de Graças e em vez de ir para a sessão de musica e deliciosa

salada de repolho, estávamos a caminho do Bar de Motoqueiros, sem aviso prévio e

sem sermos convidados. Estávamos parados atualmente na loja de conveniência,

porque Cletus precisava de fita adesiva. E Jethro estava escoltando Cletus à loja

certificando-se de que ele não se atrasasse. Eu estava dirigindo, porque era de longe o

melhor, caso precisávamos de uma fuga rápida. Ouvi a maldição de Beau sob sua

respiração perto de mim quando disse:

— Você é tão burro.

— Eu não disse que não ia ligar pra ela. Só que ainda não fiz.

— Bem, por que não?


— Porque ainda não tenho um plano, é por isso. Preciso ir até ela com um

plano e não ser estúpido.

— Você está sendo estúpido. O que precisa fazer é ligar, dizer que estava

errado, pedir perdão e dizer que está pronto para ir com ela, sempre que ela quiser, e

então encontrar um lugar para sexo gostoso. Isso é o que deveria fazer.

— Ela não vai me perdoar tão facilmente. É por isso que preciso de um plano,

além disso quero que toda esta confusão com a Ordem de Ferro acabe antes de acertar

nossas coisas. Eles tomaram muito do meu tempo, foi uma distração.

— Você precisa parar de esperar que tudo esteja certo, Duane. Já não gastou

tempo suficiente?

— Não estou pedindo sua opinião. — Eu respondo.

Beau sacudiu a cabeça e disse sob a respiração.

— Está cometendo um erro.

O zumbido do meu telefone ofereceu uma alternativa à intromissão do Beau.

Tina.

Minha mensagem para ela ontem foi clara, ela não era mais necessária.

Ela não respondeu. Não até agora.

Tina: Tina não pode falar ao telefone agora. Você provavelmente deve chamar seu tio

Razor, ele tem algo que quer.

Franzi a testa o curto texto lendo-o duas vezes e, em seguida, amaldiçoando.

— O quê? O que é? — Beau perguntou de relance entre mim e meu telefone.

Mostrei a tela, ele amaldiçoou e, em seguida, disse desnecessariamente.

— Aposto que ela conseguiu ser apanhada.


Felizmente, Jethro e Cletus saíram do Piggly Wiggly naquele momento e

vieram diretos para o carro.

— Desculpa ter demorado tanto tempo. Eles tinham uma ampla seleção de

fita adesiva e Cletus comprou toda uma sequência boba. — Jethro soou irritado

enquanto se estabeleceu no carro atrás de mim.

— Você não pode apenas comprar uma fita adesiva. — No meu retrovisor vi

Cletus segurando o saco de compras no peito. — Fita adesiva é a resposta do homem

para elétrons e prótons. É como mantemos a matéria junta.

Uma vez que Beau estava no carro, ele pegou meu telefone da mão e passou

para Cletus dizendo:

— Talvez tenhamos um problema.

Cletus franziu a testa para mensagem e, em seguida, acenou com a cabeça

empurrando os óculos de armação grossa no nariz.

— Bem. Ok, então. Não pode fazer uma omelete sem calor.

— O que quer dizer é que não pode fazer uma omelete sem quebrar alguns

ovos. — Beau corrigiu.

— Não o que disse é que não pode fazer uma omelete sem calor. Se não tem

nenhum calor então só tem ovos aguados, crus. Isso não é uma omelete.

— Por que está usando esses óculos estúpidos, Cletus? Não precisa de óculos.

— Beau perguntou com impaciência.

— É uma tendência de moda. — Cletus respondeu enquanto digitou alguma

coisa no relógio calculadora.

— E pensar que estava realmente sentindo falta de vocês na semana passada,

antes de chegar em casa. — Disse Jethro sarcasticamente e de forma completamente

desnecessária.
— Tanto faz. — Beau disse endireitando-se no lugar. Ele estava ansioso.

Eu deveria estar ansioso também, mas esperava que Tina não tivesse feito

nada muito louco e com um pouco de culpa por envolvê-la primeiro, tudo o que sentia

no momento era impaciência para colocar tudo nos eixos.

***

Eu não estava ansioso. De modo nenhum. Não até o momento em que avistei

Jessica James e Claire McClure mantidas contra a sua vontade no Bar Motoqueiros por

dois homens enormes em couro preto, seguidos por outros quatro homens e um Repo

gritando.

A situação não parecia amigável.

— O que? — A voz do Jethro era tensa. Sabia que ele reconheceu a viúva de

Ben McClure por causa do cabelo vermelho. Parte de mim suspeita que a morte do

Bem, há anos atrás, tinha sido o catalisador para o desejo abrupto de Jethro em limpar

seus atos.

— Estacione o carro, Duane! — A voz de Jethro estava agora frenética.

— Oh homem dá um minuto. — Cletus o repreendeu. — Não vê que a

mulher dele está lá em cima também?

Mas ela não estava, não mais. Ambas foram transportados para o bar e

engolidas pelas portas pretas.

Já tinha parado o GTO perto da entrada do bar quando Cletus falou. Não me

movi do lugar para soltar meus irmãos, em vez disso, corri para a entrada e abri a

porta, varrendo o espaço lá dentro procurando qualquer sinal delas e não prestando

atenção as dezenas de motoqueiros olhando para mim.


Ouvi a voz de raiva de Repo mas não o viu, então caminhei na direção do

som, no entanto tive meu caminho imediatamente bloqueado por vários membros do

clube.

— Todos fora do meu caminho! — Rosnei minha frustração, preparando

meus punhos para uma luta. Em algum lugar Honky Tonk Blues se ouvia sobre um

velho sistema de alto falante.

— Espere, espere um minuto. — Ouvi Beau atrás de mim, mas o ignorei.

— Saia da minha frente! — Gritei, puxando minha mão de volta. Realmente

não registrei a voz masculina dos caras, não precisava.

— Opa! Espere! — Uma mulher mais velha com o cabelo vermelho flamejante

saltou entre mim e a parede dos motociclistas e levantou as mãos. — Fica frio seu

merdinha, Winston, isto não é nenhuma maneira de mostrar respeito.

Nunca bati em uma mulher antes, mas essa estava entre mim e Jess e isso

significava que podia ser considerada um homem. Antes que pudesse agir, Jethro,

estava diante de mim.

— Christine, vimos os meninos agarrarem Claire McClure e Jessica James no

estacionamento e levá-las para dentro, você precisa trazer essas mulheres aqui neste

momento.

Christine enfiou sua cara na cara do Jethro e cuspiu:

— Você não me dá ordens, Jethro Winston. Claire é minha filha e vou lembrá-

lo com quem você está falando, rapaz. Chegando aqui, agindo como um louco. Quer

morrer hoje?

Dei à mulher uma outra olhada e imediatamente registrei a semelhança entre

Claire e Christine. Lembrei-me que conheci Christine antes, anos atrás, num
piquenique do clube quando era criança. E a vi pela cidade muitas vezes, mas nunca

percebendo quem era.

Mas nenhuma dessas informações estava me colocando mais perto de Jess.

Respirei fundo e cerrei meus dentes forcei-me a falar quando o que queria mesmo

fazer era queimar esse lugar até o chão.

— Olha, estamos aqui para ver Razor. — Cortei, olhando a mãe de Claire e

em seguida a barreira de motoqueiros atrás dela. — Recebi uma mensagem dizendo

que ele tem uma coisa que quero e garanto ter uma coisa que ele quer, então já chega

de ficar parado neste bate-papo de merda. Qual de vocês vai nos levar para ver o

grande homem?

Os olhos de Christine foram para mim com sua cara ainda torcida em

escárnio. O brilho viajou para baixo como se estivesse me avaliando para uma luta. O

bar estava estranhamente quieto e notei que a música, onde quer que ela estivesse

tocando, foi desligada, notei também que éramos o centro das atenções. Nenhum

homem estava sentado e nenhuma mulher falava.

— Sei que ele está te esperando. — O tom dela era frio e calculado: — Mas

não estava à espera de quatro de vocês, apenas os gêmeos.

— Bem, estamos todos aqui e todos contando a mesma história. Então vamos

lá.

Ela me estudou com seus olhos astutos, movendo-se sobre o rosto como se

pudesse ler meus segredos e finalmente assentiu com a cabeça uma vez.

— Bem. Siga-me, Winston. — Christine virou-se e a barreira impenetrável de

motoqueiros dividiu-se ao meio criando um caminho através da multidão. Olhei para

além de Christine e vi que estávamos indo em direção a um corredor na parte de trás

do bar. Ouvi Cletus de algum lugar atrás de mim dizendo:


— Cavalheiro, senhoras.

As paredes eram pretas, as portas eram negras e todo mundo estava vestido

de preto. Mover-me através desta multidão era como nadar num mar de meia-noite,

cercado por tubarões. Podia sentir seus olhos em mim, os olhares hostis e

ameaçadores.

Uma vez que entramos na sala olhei atrás de mim e embora a parede de

motoqueiros ociosos tivessem ficado na entrada do corredor, oito estavam nos

seguindo. Christine parou abruptamente, virou-se e levantou o queixo em relação a

mim dizendo:

— Ponha as mãos na parede e abra as pernas.

Apertando a mandíbula fiz como me foi instruído percebendo que tínhamos

feito já um caminho bem longe no clube sem ser revistados. Meus três irmãos também

foram revistados, mas então, após meio minuto ouvi Cletus dizer:

— Isso é tolice.

Olhei por cima do meu ombro observando a interação entre Cletus e um dos

motociclistas.

— O que é tolice? — Perguntou o motoqueiro.

— É bobagem. — Cletus, respondeu. — E isso faz uma bagunça.

O membro do clube olhou de relance para Christine e ela deu de ombros,

abordando a questão de Cletus.

— Você planeja fazer bobagem?

— Não, senhora.

— Então por que traz isso?

— No caso de você ter câmeras na sala onde estaremos.

Ela franziu a testa para Cletus e estreito os olhos.


— Você planeja cobrir as lentes das câmeras com fita adesiva?

— Sim, senhora.

— Não, você não vai. — Ela ergueu o queixo em sequência à fita foi

confiscada.

Uma vez que a revista foi terminada, Christine levou-nos ainda mais pelo

corredor sinuoso. Descemos as escadas, passando por mais portas e paredes negras,

nada era marcado e todos os corredores eram iguais. Não tinha ideia de como iriamos

sair daqui sem um guia e a cada passo meu medo aumentava e isso era uma sensação

que não estava acostumado. O pânico que estava a sentir ameaçou sufocar-me ou

enviar-me num ataque de fúria cega e tudo o que conseguia pensar era Jess neste

labirinto infernal, mas me forcei a parar de imaginar o pior, porque se fizesse, então,

estaria certamente cedendo a fúria.

Finalmente, paramos em frente a uma porta. Fiquei tenso quando ouvi vozes

do outro lado e uma injeção de adrenalina percorreu meu sistema como um relâmpago

quando reconheci uma das vozes como a de Jessica. Tive que apertar a mandíbula e

fechar as mãos em punhos para me impedir de seguir em frente sem consentimento.

— Depois de você, bonito. — Christine disse, abrindo a porta e dando um

sorriso sinistro.

Não foi preciso pedir duas vezes, entrei no quarto e digitalizei meus olhos

imediatamente trancando sobre Jessica. Ela estava sentada num sofá de couro preto e

ao lado dela estava Claire. Ambos pareciam irritadas, mas ilesas, o que facilitou uma

vez que alguns dos sentimentos de pânico que tinha alojados em meu peito se

dissiparam. As meninas não estavam olhando para nós, olhavam para o homem no

sofá ao lado, um homem que eu reconheci como Razor Dennings, presidente da

Ordem de Ferro.
— Então vieram rapazes. — Ele disse sem virar a cabeça. Os olhos de Razor

estavam na sua filha, mas ele levantou seu queixo em direção a Jess. — Sabia que viria

se convidasse sua garota para uma visita.

A atenção de Jess finalmente mudou-se para onde eu estava e seus olhos me

disseram mais do que precisava saber. Ela não estava surpresa por me ver e estava

com medo, eu estava me sentindo estúpido por alguma razão, tentando me desculpar

sem dizer as palavras.

— Não vejo por que tudo isso foi necessário. — Repo reclamou. Olhei à

minha direita, encontrando-o sentado em um banquinho na frente de um bar com um

whisky ou bourbon na frente, mas parecia intocado.

Forcei-me a ver além da visão de Jess e fiz uma rápida avaliação da sala.

Além de mais os oito motociclista que nos escoltaram, Razor e Repo, havia dois outros

membros da Ordem no quarto, os dois tão grandes quanto montanhas. Reconheci um

como Catfish. Eu o conhecia porque ele gostava de pescar e às vezes saiu com Hank

Weller e Beau. Ele era difícil de ignorar.

— Tudo é necessário Repo, porque você levou a porra de muito tempo para

as merdas acontecerem. — Christine cuspiu enquanto passava por mim e foi para seu

homem, dando-lhe um beijo molhado e sussurrando algo em seu ouvido.

— Tenho a situação sob controle. — Repo respondeu com os dentes cerrados,

olhando para Christine.

— Basta. Esta merda tem de ser resolvida. — Razor disse, empurrando sua

mulher de lado fazendo com que ela caísse em cima do sofá. Ele ficou parado,

ultrapassando as pernas dela como se fosse um incômodo e fez uma varredura.

Razor era alto, mas não grande, nunca foi corpulento e ele era magro e

coberto de maldade.
Olhando em seus olhos azuis sempre senti como se se olhasse a morte. Repo

tinha me dito uma vez, quando era apenas um garoto, que Razor tem o nome do seu

método preferido para punir a insubordinação.

Seus olhos mortos se estabeleceram em mim, o rosto sem expressão e

levantou a barba negra dizendo:

— Você. Qual é sua resposta? Sim ou não?

— Não. — Não hesitei. Esse filho da puta era assustador, mas falar besteira

ou atrasar só ia irritá-lo.

— Não? — Ele não parecia surpreso, mais como se quisesse confirmar minha

resposta final.

— Não.

Do canto do meu olho vi o rosto do Repo cair na palma da mão e apertar a

cabeça.

Razor assentiu com a cabeça uma vez, novamente sem expressão.

— Então seu irmão vai para a prisão federal, mas primeiro, meus meninos

vão te foder com tudo.

— Não. — Disse novamente. — Nada disso vai acontecer.

— Vai me dar uma razão convincente, filho? — A primeira nota de inflexão

entrou navoz. Ele parecia interessado, ele esperava que eu fosse surpreendê-lo.

— Sim.

— E qual é essa razão convincente?

— Quando Jethro instalou as armadilhas alertou a lei, enviando fotos dos

carros, seu números e um carta declarando que suspeitava que as armadilhas seriam

sendo usados para o transporte de drogas.


Os olhos do Razor estreitaram, apenas um pouco, e algo como um pequeno

sorriso fez sua curva de lábios.

— É isso?

— Sim.

— Se é assim, então por que a lei não interferiu com nossas operações? — Em

uma pausa, pensei sobre a revista anterior em Cletus, quando ele referiu que

acreditava que estávamos sendo gravados ou filmados e por isso eu não queria dizer

nada incriminador.

— Sem resposta? — O sorriso do Razor cresceu.

Para meu alívio e surpresa, Cletus se adiantou e respondeu por mim.

— A lei não interferiu em suas operações, porque tem a informação, mas não

sabem disso. A carta registada está num lugar seguro numa instalação oficial e temos

cópias, incluindo uma da recepção, datado de três anos, da carta registada, assinada

pela lei. Tudo o que precisamos fazer é uma chamada de telefone, ou, você poderia nos

matar.

— Você disse o quê? — Repo pediu. Ele tinha abandonado o banquinho e

andou para ficar ao lado de seu chefe.

— Matar-nos. — Cletus respondeu devagar e bem alto, como se fossem

surdos. — Se você nos matar então a polícia também será notificada sobre o local da

carta registada. Assim como outras informações referentes as suas... Atividades.

— Outras informações? — Repo parecia cético.

Cletus assentiu com a cabeça.

— Sim. É isso mesmo. Tenho um hobby de vigilância secreta e imagino que

ninguém neste quarto quer a polícia sabendo o que aconteceu na noite de sete de

Janeiro há dois anos atrás.


O sorriso de mais cedo, sem humor, de Razor derreteu. Seus olhos que já não

pareciam mortos, estavam assassinos.

— Está me ameaçando, rapaz?

— Não exatamente. — Cletus começou, e sabia que era hora de cortar, antes

de Cletus explicar as diferenças semânticas entre um fato, uma promessa e ameaça.

— Não estamos aqui para ameaçá-lo. Estamos aqui para recusar a oferta. Se

empurrar a questão, então nós vamos. Vocês não têm nenhuma carta na manga. —

Falei claramente porque ficou claro que o presidente do clube não iria responder a

nada. — Agora, preferimos não fazer isso por razões óbvias e se nos deixar em paz e

claro, também deixando em paz Srta. James e Sra. McClure, então não vamos ter

nenhuma razão para ir a policia.

Os olhos de Razor brilharam enquanto voltava a atenção para mim, e cerrei

minha mandíbula, para tudo o que viesse a seguir. Esse cara era louco o suficiente para

segurar Jess, a filha do xerife, contra a vontade dela. Ele era provavelmente louco o

suficiente para fazer muito mais do que isso.

— Não acha que pode sair daqui, não é? Não posso deixar vocês sem um dos

vocês receber uma lembrança.

Engoli uma quantidade justa de pavor, mas também alívio. Nós estaríamos

saindo daqui, não mancando, mas andando. Se os rumores eram verdadeiros, Razor

faria a escolha correta, ou então vários cortes, geralmente na parte inferior e em um

jogo da velha cruz padrão. Às vezes escrevia seu nome. Eu poderia fazer isso se ele

falasse que todos, especialmente Jess e Claire, iam sair daqui andando nas próprias

pernas.

Vi Cletus endurecer ao meu lado, sabendo que ele iria protestar, levantei

minha mão para conter seu indignado discurso e me dirigi ao Presidente do clube:
— Bem, vejo que precisa salvar a face. Isso é justo.

O grito estrangulado de Jessica entrou em meus ouvidos e ignorei, lutando

contra o desejo de olhar para ela.

— Ou não justo. — Cletus opôs-se com os dentes cerrados.

— Eu vou fazer isso. — Saltei para a frente.

— Duane... — O protesto de Beau foi sufocado, e ouvi ele dizer. —Não, eu

vou fazer.

Uma mão fechou por cima do meu ombro e virei a cabeça para encontrar

Jethro atrás de mim, seus olhos extraordinariamente graves:

— Deveria ser eu.

O presidente tirou uma navalha de um dos bolsos das calças, a abriu e estava

sorrindo novamente.

— Dou a vocês alguns minutos para decidir quem fica com a honra?

— Não. — Claire gritou, trazendo Jessica com ela. — Ninguém vai ter a honra.

Não terá nenhuma dessa merda hoje.

— Filha querida, não quis dizer que você estaria deixando. Lembra do que

disse? Se voltasse aqui você não estaria me deixando mais uma vez. Esse lugar é onde

pertence.

Ela balançou a cabeça lentamente e levantou a mão, e foi quando vi a 9

milímetros em seu punho. Meus olhos arremessaram para Jess e apesar de olhar com

medo, ela não parecia surpresa. Ela parecia determinada, na verdade, nesse momento

levantou o braço e na mão dela estava outra 9 milímetros.

— Você não as revistou? — Razor trovejou para Catfish e para a outra

montanha de motociclista. — O que está errado com você? Ela é minha filha, é claro que

tem uma arma.


Verdadeiramente, você poderia ter me derrubado com uma pena.

— Nós vamos embora e os rapazes Winston estão vindo comigo e ninguém

será marcado hoje. — A voz de Claire estava irritantemente calma.

— Não tente minha paciência, menina. — Razor deu um passo em direção a

sua filha e ela respondeu soltando a trava de segurança da arma, com olhar homicida.

— Você ousa levantar uma arma para seu pai? — Christine falou com seus

olhos e voz cheios de repugnância.

— Como disse nós vamos embora. E não haverá nenhuma retribuição. —

Claire ignorou a sua mãe.

Ela e a Jess, andaram unidas, para onde estávamos. A arma de Jess estava

apontada na direção dos oito acompanhantes motoqueiros e a de Claire estava

cobrindo Razor, Repo, Catfish e o outro montanha da Ordem.

— Chefe? — Catfish questionou, os olhos dançando entre nós e Razor.

O Presidente do clube piscou para sua filha por um longo instante mantendo

sua expressão ilegível. Ele finalmente abanou a cabeça.

— Deixe-os ir.

— Todo o caminho?

— Sim. Todo o caminho. — Razor assentiu com a cabeça uma vez, os olhos

ainda em Claire enquanto se dirigiu a ela. — Estou apenas fazendo isso porque você é

do meu sangue, garota e ainda tenho um fraquinho por você. Mas não se esqueça, você

e eu vamos voltar a nos encontrar, a menos que planeje tomar seu lugar.

Claire sacudiu a cabeça, seu lábio ondulando com nojo e disse:

— Não voltarei. Mas não se esqueça, Cletus não é o único que sabe onde os

corpos estão enterrados.


CAPÍTULO 28

“Um bom viajante não tem planos fixos e não tem a intenção de chegar”.

― Lao Tzu

~Duane~

Claire nos salvou.

Ela guiou-nos para fora do complexo através de uma rota muito mais rápida

do que o labirinto que entramos. Terminou através de um par de portas de adega, e

acima havia uma abertura para o exterior indo para o estacionamento.

A temperatura tinha caído na última meia hora e estávamos polvilhados com

gordos flocos de neve. Uma vez que estávamos todos fora, Jessica entregou sua arma a

Jethro e os olhos focaram nos meus por um breve momento, e então as duas estavam

fora correndo para o carro Claire, que estava estacionada nas proximidades.

— Espere! — Comecei a segui-las, mas Cletus me parou com uma mão no

meu braço.

— Não há tempo para isso agora. Claire sabe o que está fazendo. Precisamos

sair.

Eu tirei suas mãos de mim.


— Não. De jeito nenhum. Eu preciso ver...

— Duane, deixe-a ir. Não temos tempo para isso e ela também não. Claire irá

mantê-la segura.

Não tinha tanta certeza. Não porque não confiava em Claire ou não tivesse fé

em seu nível de proteção, mas precisava ser o único a salvar Jess, precisava vê-la em

segurança, testemunhar isso com meus próprios olhos, segurá-la e saber com certeza

que ela estava ok. Mas Claire e Jess já estavam no Nissan e Claire estava saindo do

estacionamento.

Concordei xingando. Cletus estava certo e odiava isso.

Corremos para GTO, Jethro, cobrindo-nos com a arma que Jess tinha passado

para ele. Ouvi mais do que vi o carro de Claire escapar para fora e o motor rugir

quando ela fugiu.

Fora do bar não havia nenhuma alma a vista. Nós quatro rapidamente

entramos no carro de Beau e saímos correndo como um demônio, na esperança de

nunca mais ver a sede da Ordem de Ferro mais uma vez.

Vinte minutos depois ninguém disse uma palavra e tivemos nenhum olhar

da caminhonete de Claire. Estava olhando no retrovisor, meio que esperando ver

motocicletas nos seguindo. Mas não. Vi apenas dois turistas de carro alugado,

caminhões e campistas. Não conseguia parar de pensar em Jess.

Estávamos há cerca de quinze minutos de casa, mas não aguentava mais,

precisava saber se ela estava segura. Então, quebrei o silêncio:

— Jethro, preciso ligar para Claire, descobrir onde estão.

— Eu enviei uma mensagem a Claire há cinco minutos. Elas estão bem.

Jackson está em casa, Claire vai passar a noite com Jess, ela vai ficar no quarto de

hóspedes.
Soltei o fôlego, acenando, sentindo uma nova onda de alívio passando

através de mim. Pela primeira vez na minha vida fiquei agradecido por Jackson James

existir.

— Bom. Isso é bom.

Jethro girou em seu assento e dirigiu a pergunta para Cletus.

—O que eu quero saber é, o que aconteceu há dois anos atrás na noite de sete

de janeiro, Cletus.—

— Essa é a noite que Tommy Bronson desapareceu, também conhecido como

Lube28.

— Lube? — Beau pediu.

Vi Cletus acenar no retrovisor.

— Sim. O motociclista se chamava Lube... Uma infeliz alcunha, mas ele

entendeu porque era tão escorregadio.

— Você tem provas? A Ordem o matou?

— Não tenho provas não, estava fazendo um blefe, mas todo mundo sabe que

Razor fez isso. — Ele acenou com a mão no ar como se fosse um fato e o fato fosse de

conhecimento público.

— Bem, o que quero saber é. — Beau encontrou meus olhos no espelho

brevemente antes de Cletus. — Por que disse a Razor isso tudo quando tinha a certeza

que estávamos sendo gravados? Sobre a polícia ter sido informada sobre as

armadilhas, não sei? Ele pode usar isso para chantagear-nos novamente?

Cletus tirou os óculos grossos e desnecessários, entregou-os a Beau enquanto

disse:

28
Lubrificante
— Você vê isto? Isto é um Codificador de vídeo de FPV. Equipamento que

torna a gravação inútil. Eles podem ter nos gravando, mas tudo o que vai ter é uma

imagem estática.

Jethro, soprou uma risada e balançou a cabeça.

— Então para que diabos servia a fita isolante?

—Como disse, é bobagem e serve para distração. Gosto de estar preparado

para todas as eventualidades. — Não sabia o que dizer. Aparentemente, nem meus

irmãos porque todos estavam em silêncio.

Naturalmente, meus pensamentos voltaram para Jess. Eu precisava falar com

ela e meu instinto me disse para ir até ela, envolvê-la em meus braços e tirá-la de toda

essa loucura, levá-la de volta para a nossa cabana e mantê-la lá até que as coisas entre

nós estivessem definidas. Queria que ela olhasse para mim como fez da outra vez. Não

com raiva. Mas primeiro precisava de um plano.

— Quer que te deixemos na Jess?

Olhei de relance para meu irmão mais velho e, em seguida, balancei minha

cabeça.

— Por que não?

Apertei minhas mãos no volante e dei a Jethro meu perfil fechado e não disse

nada.

— Concordo com Jethro. — Cletus falou e Beau adicionou em seguida:

— Para registro eu também.

Jethro continuou a empurrar quando permaneci em silêncio.

— Essa mulher te ama. Vi o jeito que ela olhou para você quando entramos e

vi o medo em seus olhos quando se ofereceu para ser cortado.

Balancei minha cabeça, rejeitando as palavras.


— Não tenho um plano, não tenho nada e preciso descobrir coisas primeiro,

descobrir...

Jethro me cortou.

— Veja, esse é o seu problema.

— Não tenho um problema.

— Sim, você tem. Você sempre está planejando, mas nada faz, fica esperando

a coisa certa. Você ama aquela mulher, vá buscá-la, Duane. Não espere até o momento.

— Isso é uma desculpa esfarrapada. — A réplica do Beau soou quase alegre.

— Cala a boca, Beau, não estamos falando sobre mim. — Jethro se mexendo

no lugar, olhando para mim e acrescentou em um tom mais persistente. — Ela te ama

ferozmente. Ela ama. Você não espera esse tipo de amor esfriar a cabeça. Você ataca

enquanto o ferro está quente.

***

Era meio da noite e eu estava prestes a atirar uma pedra na janela da casa do

xerife James. Especificamente na janela de sua filha. Agora, estas eram pequenas

pedras e não estava tentando quebrar nada, só queria que ela me deixasse entrar. Não

sabia o que estava fazendo. Este tipo de imprudência era completamente estranha para

mim, não tinha nenhum plano, nenhuma ideia se estava prestes a tornar as coisas cem

vezes pior. Mas algo que Jethro insistiu, quando disse ‘Você não espera esse tipo de amor

esfriar a cabeça. Você ataca enquanto o ferro está quente’ me tocou de verdade.

As palavras estranhas e de sabedoria de Jethro, além de uma inquietação que

me fazia mal, me empurraram para fazer minha segunda decisão momentânea desde o
mês passado. A primeira tinha sido enganar Jessica James nos bastidores no centro

comunitário.

Movimentei-me sobre a casa de Jessica, com nenhuma estratégia e nenhuma

confiança de que isto funcionaria, apenas sabendo que precisava vê-la. Precisava fazer

isso direito antes que ela tivesse dormido mais uma noite com as palavras de raiva

entre nós quando me afastei muitas vezes.

Joguei três pedras na sua janela do segundo andar, esperando, e depois

joguei mais duas. Ela não apareceu, então joguei outras duas. Estava em guerra e com

dúvida olhando para a árvore ao lado da casa, tomando em consideração a

probabilidade de escalá-la sem me matar, quando vi a luz do quarto dela acender.

Não sabia se estava aliviado ou perturbado quando ela abriu a janela.

Ela colocou a cabeça fora da janela, os longos cabelos loiros balançando sobre

um ombro e verificando o chão.

Não me permiti pensar sobre isso, coloquei minhas mãos em concha na boca

e sussurrei o mais alto possível.

— Jess! Aqui embaixo.

Vi-a franzir a testa na minha direção, mas sem foco nas feições, ela não podia

me ver.

— Duane...? É você?

— Sim. Sou eu.

Os olhos dela ainda estavam procurando por mim e quando estudei

novamente a árvore de cicuta ao lado da sua casa, decidiu escalá-la.

— Onde você está?

— Eu vou subir.

— Você... O quê?
Não respondi por que já estava a subir na árvore. Agora, esta árvore parecia

realmente duas, divididas no meio. Era capaz de subir entre elas usando minha força

superior do corpo exclusivamente, por sorte, havia um ramo fora de alcance, então

pulei nele e o agarrei.

— Oh meu Deus! — Ouvi ela sussurrar, e parecia frenética. — Por favor, não

me diga que vai subir naquela árvore.

— Cale-se, estou quase lá. — Me arrastei até que finalmente estava ajoelhado

no ramo.

— Duane Winston, você é a pessoa mais louca que já conheci. — Não acho

que ela quis dizer para eu ouvir as últimas palavras, mas a voz soou alta, e me fez

sorrir me dando esperança, porque junto com o tom exasperado, as palavras soaram

afetuosas.

Escalei um ramo mais, embora não tivesse certeza que este iria segurar meu

peso uma vez que o som de rachadura assim como me endireitei e ouvi o rugido de

Jess, o que me fez rir.

— Você está rindo? — Ela acusou com um áspero sussurro. —Não acredito

que está rindo. Após o que aconteceu esta noite, você é a única pessoa na face da terra

que iria rir enquanto arrisca quebrar o pescoço. Todos sabem que as árvores de cicuta

não são para se subir...

Seu discurso continuou enquanto pisei no telhado cuidadosamente

continuando a travessia. Ela ainda estava irritada comigo, enquanto subi na janela,

mantendo meus passos tão silenciosos quanto possíveis.

— Todo esse comportamento arriscado, você vai se matar, ou eu vou matar

você por me fazer testemunhar sua morte. Você é completamente insano sobre sua

própria segurança...
Fechei a janela atrás de mim e observei o quarto dela. Atravessei para o

interruptor de luz e então voltei para onde ela estava. As mãos dela estavam na sua

cintura e a inclinação da boca estava ainda mais pronunciada agora que estava

franzindo a testa. Ela ainda estava falando algo sobre seguro médico e esperando que

eu tivesse uma boa cobertura e então a beijei para silenciá-la. E também porque

precisava.

Precisava saber que estava segura, inteira e ilesa. Precisava sentir o corpo

dela, o coração contra meu peito, eu sentia sua falta.

Ah, como tinha saudades.

Após um segundo atordoada, ela me beijou de volta. Meus dedos

escorregaram sob a camisola de seda, que caía pelas coxas, e os punhos dela sobre a

minha camiseta.

Amei o toque macio da pele dela, as curvas quentes como se sentia sob

minhas mãos. Ela ardia quando eu tocava todos os lugares e precisava tocá-la.

Amei o gosto dela e ela estava responsiva, como se não conseguisse pensar no

que estávamos fazendo.

Mas então endureceu e me empurrou para longe, talvez só agora percebendo

o que estava acontecendo. Ela virou-se e correu para o outro lado da sala, colocando a

cama entre nós. A palma da sua mão veio a boca e Jess olhou para mim com olhos

arregalados.

— O que faz aqui? — Perguntou ela, mudando de pé entre pé, como se

estivesse pronta para correr.

Minha mente não estava preparada para falar, então disse estupidamente:

— Não terminamos nossa conversa mais cedo.

— Quando?
— Até agora.

— Quando até agora? Quer dizer, quando me deixou na cabana? — Seu

queixo levantado, como se eu tocasse num ponto dolorido para ela. — Ou quando

ficamos presos no bar dos motoqueiros?

Ser lembrado da cabana fez meu peito doer, mas ser lembrado do perigo que

foi colocá-la no complexo fez meu sangue correr frio e furioso.

— Ambos. — Consegui falar através do ódio interno, odiando que ela estava

em perigo por minha causa.

— Agora? No meio da noite? Na casa dos meus pais? Você sabe que meu pai

é o xerife, certo?

— Sim. Eu sei.

— Então, qual é o plano, Duane? Acha que é uma boa ideia ser pego

invadindo a casa de um homem que mata pessoas para ganhar a vida?

Fechei meus lábios numa linha reta para não sorrir, porque ela parecia tão

séria.

— Seu pai não mata para viver.

— Bem, está na sua descrição de trabalho.

Ignorei o depoimento irrelevante, mas engraçado... E recoloquei a conversa

no caminho.

— A verdade é que não tenho nenhum plano. Vim aqui sem nenhum plano e

sei que pode gritar assassino a qualquer momento e seu irmão e pai virão voando aqui,

talvez com as armas, atirando primeiro e perguntando depois. Mas preciso falar com

você, não mais tarde, agora, e estou pedindo que escute.

Ela estava carrancuda para mim como se estivesse concentrada, magoada, ou

ambos e abruptamente, ela confessou:


— Tina mostrou-me seu telefone no dia de Ação de Graças e insinuou que fez

chamadas e mandou mensagens de texto para ela porque a queria de volta e ainda

estava apaixonado por ela.

— Nunca fui apaixonado pela Tina. Ela era conveniente e disposta... E uma

dor de cabeça. Quando fiquei sabendo que estaria de volta na cidade acabei as coisas

com ela e não olhei para trás. E você estava certa, deveria ter feito isso há anos.

— Eu acredito em você. Disse isso a ela no dia de Ação de Graças, disse para

ir para o inferno e que confiava em você. — Ela disse, mas estava franzindo a testa. —

Mas não entendo, por que iria ao clube de strip na sexta passada? Realmente queria ir

lá para espionar a Ordem?

Parecia uma brincadeira.

— Onde você ouviu isso?

— Quando Claire e eu estávamos lá embaixo na sala com o pai de Claire,

Repo disse que você e Beau tinham visitado Tina na semana passada, pedindo-lhe

para espionar a Ordem e ela era a razão pela qual eu estava lá hoje à noite. Ela tinha

me ligado e fingiu estar em apuros.

— Tina te ligou esta noite?

— Sim. Bem, ela ligou esta tarde, enquanto eu estava com a Claire. Tina agiu

como se estivesse com problemas e me pediu para ir ao bar buscá-la, mas o pai da

Claire disse que era uma armadilha. Tina armou para que você fosse ao bar.

Jess, então, passou a preencher as lacunas, explicando que tinha ligado para o

xerife James antes de se aproximar do bar e que Claire tinha insistido em levar as

armas. Ela também me disse que Repo não parecia ter qualquer ideia que Jess estava

sendo usada como isca.


— Peço desculpa. — Disse, balançando a cabeça e mordendo a língua. O que

eu queria dizer era, Se eu te ver com sua prima novamente, vou matar aquela vadia.

— Por quê?

— Por te envolver. Por colocar você em perigo.

— Não foi você. Foi à merda da minha prima. — Ela disse cortando minhas

desculpas. — Mas gostaria de saber do que tudo se trata. Não sabia do que se tratava a

maior parte da conversa. Algo sobre armadilhas e drogas?

Respirei fundo e fiz uma cara feia, precisava dizer a ela a verdade, mas não

podia contar toda a história.

— Você não quer dizer. — Ela disse, o tom mostrando uma pitada afiada de

decepção. — Você ainda não confia em mim.

— Não, eu confio em você. Mas parte desta história não é minha para

compartilhar. Posso dizer que a Ordem de Ferro fez chantagem comigo e Beau no mês

passado, tentando nos meter em algo ilegal. Todos foram envolvidos e pensei que

talvez Tina pudesse ajudar. Ela não retornou nossas ligações ou mensagens de texto.

Então, Beau e eu fomos vê-la. Pedi-lhe um favor e ela disse sim.

— O que foi a chantagem? — A careta aprofundou-se e ela pareceu à

vontade.

Passei a mão pelo meu cabelo e a puxei na parte de trás do meu pescoço,

sabendo que não ia gostar da resposta.

— Eu não posso dizer.

Ela não gostou, os olhos estreitaram-se em fendas de desconfiança e então

acrescentei rapidamente:

— Mas posso dizer que era sobre Jethro. Não tinha nada a ver com Beau ou

comigo. Só Jethro.
Sua expressão limpou e um sorriso curvado sua boca bonita.

— Ah... faz sentido. Acho que ele está relacionado com alguns dos carros

desaparecidos?

— Não exatamente. Resumindo, parece que o motivo pelo qual estavam

tentando nos chantagear não era na verdade ilegal então fomos lá hoje a noite para

ajustar as coisas e dizer à Ordem que não faríamos nada.

— E Tina traiu você.

Balancei a cabeça.

— Nunca menti para você, Jess. Não é sobre como eu.... O que quero.

— Eu sei. — Ela respondeu suavemente, com um olhar infeliz. — Sei sobre

você.

Minhas mãos doíam para segurá-la, tocá-la, mas ela estava tão longe.

Jessica olhou ao redor do quarto e respirou antes de levantar os olhos para

mim e dizer:

— Obrigado por ter vindo aqui para esclarecer os eventos desta noite. Eu...

Agradeço.

Reconheci o obrigada com um aceno de cabeça e olhei para ela. Incerteza

entupiu minha garganta e não sabia o que fazer em seguida.

— Bem, pode usar a porta da frente em vez da árvore se quiser, meu pai

sequer esta em casa. Jackson está, mas não vai fazer um escândalo, especialmente se

estiver indo embora. — Os olhos dela caíram, como se não conseguisse olhar para

mim.

Eu não queria ir embora, o que queria fazer era eliminar a distância entre nós

como se não a tivesse tempo suficiente para agora me separar, então fiquei ali, no
escuro, olhando para ela, sabendo que precisava dizer alguma coisa e então,

finalmente, disse algo.

— Não quero decepcioná-la. Não quero decepcionar ninguém. Não quero

tomar sem pedir permissão ou não ser merecedor do que recebo. Preciso tomar

responsabilidade, para mim, para minha família, e não quero esmolas ou passeios

livres.

Mais uma vez, tinha os olhos dela, mas agora ela parecia surpresa. A voz

estava presa quando perguntou:

— É por isso que não vai considerar a possibilidade de vir comigo? Porque

não seria assim. Eu sou aquela que quer viajar, como posso fazer para pagar...

— Por favor, deixe-me terminar.

Ela mordeu o lábio e assentiu com a cabeça, embora eu sabia que ela

segurava a língua com muita relutância.

— Eu quero... — Comecei, parei e balancei a cabeça, porque a palavra quero

estava errada. Comecei outra vez. — Eu preciso ir com você.

Ela engasgou, levando a mão ao peito e os lábios bonitos abriram de

surpresa. Eu não tinha ideia de como ela poderia estar surpresa, mesmo assim,

terminei confessando a verdade:

— Desde o dia em que jogou meu short naquela árvore e me deixou nu no

lago, rindo da minha desgraça, embora eu admita que mereci, você estava certa, eu

estava tentando cortejá-la no nosso primeiro encontro, devagar e com calma. Estava

tentando fazer tudo certo e garantir meu próprio sucesso. Eu tinha um plano, e não ia

me dar trabalho porque não ia levar em consideração seus sonhos.

— Duane...
— E então vim com um novo plano. Pensei que poderia ditar o como e por

quanto tempo estávamos juntos, então seria capaz de ir embora, não arriscando nada

sem que eu não pudesse viver. Você estava certa outra vez. Estraguei tudo. Não estava

nem na metade, eu estava pronto para sair o tempo todo, procurando uma razão,

porque cada segundo que passamos juntos eram melhores que o anterior.

Jessica deu um passo em frente, como se quisesse correr, mas parou e deu

uma respiração rápida.

— Não temos de acabar. E sei que estou sendo egoísta, pedindo para você

sair quando suas raízes estão aqui.

Não aguentando a distância entre nós, cruzei o quarto até ela, precisando de

sua pele e calor.

— Mas você pediu e estou feliz que o fez, porque eu não faria. Não vou pedir

para você ficar, e nunca teria pedido para ir com você, mas já que perguntou...

Os olhos dela cresceram e ela os apertou juntos, como se estivesse com medo

de fazer um som, mas me deixou tocá-la, me deixou segurá-la nas mãos e foi tão bom

que nunca mais queria deixá-la ir.

— Já que perguntou e desde que preciso de você, e se ainda está disposta...

— Eu estou!

Sorri para minha namorada, puxando seu corpo contra o meu, e, mesmo que

nada estivesse realmente resolvido, não tendo nenhum plano e não tendo nenhuma

ideia de como ia funcionar, eu disse:

— Então vamos.

— Mas e a loja? E seus irmãos?

— Falei com Cletus e Beau, vamos dar um jeito na loja.

— Você falou com Cletus e Beau? Sobre ir embora?


— Sim.

— O que vão fazer?

— Nós vamos descobrir. Eles querem que eu seja feliz.

— Mas acha que vai ser feliz? Realmente? Tenho pensado que poderia me

comprometer. Ficar aqui durante o ano escolar e viajarmos durante o verão.

— Não estou certo com isso. Não estou pedindo para comprometer seus

sonhos.

— Mas e os seus sonhos?

— Você é meu sonho.

Ela piscou os olhos com a boca um pouco aberta.

— É você, Jessica James. E essa é a verdade. Não as corridas, não o conserto

de carros antigos. Quero passar minha vida com você e talvez isso me faça louco ou

antiquado, mas quando penso em meu futuro e o que quero, tudo o que vejo é você.

Seu sorriso era largo e esperançoso, então as lágrimas nos olhos dela não me

assustaram muito. Vê-la tão feliz tirou meu fôlego e a olhando agora algo em mim

mudou. Na verdade, foi mais do que isso. Foi um golpe no meu peito, um terremoto,

uma reorganização fundamental na minha fundação.

Não pensei em nada diferente, do que queria naquele momento, então a

beijei. A beijei como se quisesse fazer isso porque queria. Beijei-a e movi minhas mãos

sob sua camisa para a pele quente do estômago, pressionei meus quadris contra seu

baixo ventre e puxei a calcinha, agarrando e apertando um punhado de seu corpo

enquanto a puxei para baixo das coxas.

Ela engasgou contra minha boca enquanto minha mão em concha encontrou

um ponto doce e a acariciei com o dedo médio num toque muito assertivo.
Puta que pariu, queria ela debaixo de mim, precisava disso. Eu precisava dela

soltando gemidos doces lutando enquanto deixava suas mãos reféns, nua para eu

tomar e reivindicar esta mulher como minha. Eu queria ela rápido e forte, e queria

devagar e doce.

— Duane! — Ela empurrou levemente contra meu peito respirando meu

nome: — Espere um minuto, espere... O que está fazendo? Minha mãe está lá embaixo

e Claire está na porta ao lado.

Enchi minha outra mão com o peso do seio dela e a massageie através da

seda, ao mesmo tempo acariciando seu calor.

— Quero. — Disse simplesmente. Talvez disse isso emparelhado com um

rosnado para mostrar meu desespero.

Seus olhos grandes moveram-se entre os meus com uma pergunta, mesmo

enquanto a respiração saiu em caóticas rajadas enquanto os quadris balançavam contra

minha mão.

— Foi isso parte do seu plano? — Ela disse ofegante.

— Jess, como disse anteriormente, não tenho nenhum plano. Tudo o que sei é

que preciso estar dentro de você, agora. Quero você e não estou ligando para quem

está embaixo ou ao lado.

Sua boca bonita inclinou para cima num sorriso sonhador e mesmo

tremendo, um suspiro escapou.

— Você vai subir na janela do meu quarto no meio da noite, e fazer sexo na

casa dos meus pais?

— Sim. Isso é o que estou fazendo. — Dobrei-me para reivindicar sua boca

novamente, mas ela inclinou a cabeça para o lado, dando-me um olhar manhoso.
As mãos de Jessica alisaram meu ombro e peito e então ela sorriu, colando-se

a mim, me esfregando através de jeans com a palma da mão.

Eu não a queria provocando, queria satisfação e então a empurrei, avançando

até que os joelhos dela bateram na cama e ela foi forçada a cair para trás sobre o

colchão. Ela olhou para mim com os olhos enormes e animados, a boca ligeiramente

aberta.

— Tira a camisa. — Ela disse, empurrando seus joelhos e abrindo as pernas.

Tirei minha camisa, as botas, desabotoei e tirei o jeans.

Ao mesmo tempo seu olhar com fome me via, e foda-se, eu adorei.

Os dedos de Jess soltaram seus botões, dando-me um vislumbre do vale entre

os seios, e ela sussurrou:

— Duane, está sendo terrivelmente desrespeitoso.

Escalei entre as suas coxas, afastando-as ainda mais acariciando sua

necessidade com a minha, então sussurrei em seu ouvido.

— Se quiser, gostaria de desrespeitar você a noite toda.

***

— O que está pensando?

Pisquei para o teto, sua pergunta era inesperada só porque tínhamos deitado

em silêncio por muito tempo e devo ter dormido. Estava cansado o suficiente e embora

ainda estivéssemos no quarto dela e eu só tinha passado as últimas três horas,

desrespeitando o inferno fora dela, minha mente estava finalmente contente.

Mas ela continuou chegando para mim, principalmente para beijos e toques,

carícias e me abraçando e não estava inclinado a negar nada a Jessica. Então esperei
que ela relaxasse, que dormisse e usei esse tempo para apreciar a sensação dela nas

minhas mãos.

— Estava pensando que sua pele é muito macia. — Respondi honestamente.

— Sério? — A perna de Jess foi entre as minhas pousando na minha barriga e

um braço sobre meu peito. Seu rosto foi em direção ao meu pescoço e senti a

respiração contra meu ombro.

— Sim.

Ela apoiou o cotovelo no colchão e levantou a cabeça, colocando a bochecha

na palma da mão e olhou para mim.

— Você quer o nome do meu hidratante? Posso conseguir para você, talvez

de Natal? Um presente e tanto?

Me certifiquei que minha expressão era igual ao meu tom.

— Minhas meias não precisam de recheio.

Ela me deu um sorriso, aquele que não atingia os olhos. Eu teria perdido a

sua sutil tristeza, se não tivesse sido capaz de ver tão bem no escuro.

Jessica se moveu como se fosse deitar novamente, mas não deixei agarrando

seu braço.

— Ei. O que há de errado?

Ela piscou.

— Você pode ver meu rosto?

— Sim.

— Como pode ver meu rosto? Está muito escuro aqui.

— Só posso. Por que não me diz o que está pensando?

— Como pode ver no escuro? — Agora os olhos dela estavam cerrados.

— Vou te responder quando você me responder.


Jess hesitou, e em sua hesitação, vi mais infelicidade. Meu peito contraiu com

pavor, mas então, ela disse:

— Minha tia Louisa... Ela era minha mãe.

Antes que tivesse a oportunidade de processar estas palavras seu rosto

mudou e ela perdeu um respiração. Lágrimas e soluços logo seguiram e Jessica atirou-

se em mim e automaticamente a envolvi nos braços. Estava confuso, mas uma vez que

processei o que ela disse, estava na maior parte espantado.

— Ela era sua mãe?

Jess balançou a cabeça contra meu pescoço.

— Quanto tempo sabe?

— Acabei de descobrir na última quinta. — Ela disse numa resposta abafada.

Xinguei, segurando-a mais apertado, meu peito novamente contraindo. Não

era hora para arrependimentos, mas se pudesse... Teria rebobinado a semana passada

e refeito tudo.

— Sinto muito. Eu deveria ter... Eu sinto muito.

Ela balançou a cabeça e afastou-se, a fungar.

— Não. Não, está tudo bem. Realmente. É só...

— Devia estar lá para você. Eu deveria ter ido ao Texas para o funeral.

Ela continuou como se eu não tivesse falado, ou ela não me ouvisse.

— É que, não sei por que ela nunca me disse, sabe? Ela me deu para sua irmã,

me tratava como uma empregada em toda as minhas visitas, o que, tecnicamente, eu

era, sei disso, mas não entendo por que não queria que eu soubesse até que fosse tarde

demais.

— O que diz a senhora James? Ou o xerife?


Os olhos de Jessica voltaram aos meus e ela limpou uma lágrima da face, os

lábios pressionando como num sorriso vacilante.

— Meu pai diz que isso não muda nada. Diz que sou dele, desde o dia que

nasci e que ele me segurou pela primeira vez.

Apesar de ter sido uma coisa estranha, estando nu em baixo de sua filha e

debaixo do mesmo teto que este homem, eu disse:

— Sempre gostei do xerife James.

Ela assentiu com a cabeça, em seguida, continuou:

— Mamãe disse que Louisa nunca lhe deu uma razão. Um dia, Louisa ligou e

disse que estava grávida e disse que queria dar o bebê para adoção, mas queria falar

com ela primeiro para ver se ela me queria...

— E sua mãe e o xerife queriam.

— Sim. Eles quiseram. E minha mãe diz que Louisa nunca quis falar sobre

isso, sobre mim. — Ela soltou um respiração aguada. —Minha mãe biológica não me

queria, enquanto estava viva ela... Ela me fez sentir uma merda. É errado que não

estou tão triste sobre isso? É estranho que não doa tanto?

Balancei a cabeça, segurei suas bochechas entre minhas mãos e dei-lhe um

beijo firme antes de responder:

— Não. Não é errado. Nossa situação não é a mesma, mas pode também ter

sido minha história com meu pai.

Jessica metade riu, metade suspirou.

— Duane...

— É verdade. Todos os filhos eram propriedade para ele. Ele não nos queria,

exceto quando queria e sei de uma coisa ou duas sobre ser deixado e descartado. Mas

tive toda a minha vida para crescer acostumado com isso.


Mesmo em sua tristeza, Jessica cresceu feroz e com raiva.

— Seu pai é uma desculpa esfarrapada de ser humano e não vale a pena seu

tempo ou pensamento. Se ele não conseguia ver como você é incrível deve ser

chicoteado e, em seguida, ter cortes de papel e suco de limão, então um tiro, então...

— Ei agora, Annie Okley, acalme-se.— Passei meus dedos por seu cabelo e

trouxe sua bochecha de volta ao meu peito. — Tudo que estou dizendo é que você

consegue sobreviver a tudo isso quando decide. Não há bem nem mal.

Ela assentiu com a cabeça e soltou uma respiração completa.

— Não sei se quero o dinheiro. Parece um pagamento.

As palavras dela estabeleceram-se em torno, pesadas e leves, me trazendo

uma careta e um sorriso. Ela era tão teimosa.

— Se quer o meu voto, acho que deve ficar com o dinheiro.

— Caramba.

Meu sorriso aumentou.

— Só porque veio de um início ruim, não significa que não pode ser ter um

bom uso.

— Que tal, eu só aceitar se concordar em gastá-lo comigo.

— Boa tentativa, Jess.

Ela deu de ombros.

— Foi uma tentativa válida.

Ficamos em silêncio por um instante. Se fôssemos duas pessoas, naquele

momento éramos realmente uma unidade, fomos unificados. Não gostei de Jess tendo

esta tristeza de novo, mas estava feliz em ajudar e talvez isso fosse egoísta da minha

parte mas gostava que ela precisasse de mim. Como se lendo meus pensamentos, Jess

beijou meu peito e disse num suspiro:


— Sabe que é essencial para mim agora, certo? Não há escapatória, Duane

Winston.

— Bom.

Senti seu pequeno sorriso, ainda um pouco triste, contra minha pele.

— Você promete? Promete que vai sempre atender minhas ligações? Promete

que sempre estará lá para mim quando eu precisar de você?

— Sim. — Respondi imediatamente.

— Não importa o quê?

— Não importa como ou quando. Eu prometo.

Com isso dito, Jessica se estabeleceu em meu peito, relaxou e adormeceu.

E eu também.
CAPÍTULO 29

“É bom ter um fim da jornada, mas é a jornada que importa mais, no final”.

― Ernest Hemingway

~Jessica~

Um mês depois...

Eu estava nervosa. Com o falecimento de Bethany Winston, Ashley agora era

a matriarca da família Winston e eu realmente queria causar uma boa impressão.

Tinha conhecido Ashley, única irmã do Duane, quando era criança. Ela e o

Jackson eram bons amigos de infância e eu era irmã mais nova irritante olhando a

rainha da beleza local. Não a via há anos, quase uma década.

E agora ela estava em casa para o Natal. Duane tinha passado toda véspera

de Natal em Drew a casa no Bandit Lake com os irmãos, Ashley e alguns dos amigos

da Ashley de Chicago. Ele me convidou, mas me senti estranha. Achei que a família

precisava de um tempo juntos, lembrando-se de sua mãe sem a introdução de novas

namoradas. Mas aceitei que Duane me convidasse para o Natal.


Portanto, estava nervosa e Basketcase de Green Day veio de repente na minha

cabeça. Estava muito ansiosa, fiz quatro tortas e não tinha verificado antes de sair o

meu chuveiro e Sir Edmund Hilary, mais uma vez, tentou me matar com sua caixa de

areia.

Duane veio para um brunch de Natal, visitou meu pai e trocou olhares com

Jackson. Quando estava satisfeita que a hora dos homens foi adequada, puxei-o para a

cozinha e mostrei-lhe minhas tortas, perguntando qual pensava que Ashley gostaria

mais.

Ele deu de ombros, deu um beijo na minha bochecha, em seguida na palma

da mão, entrelaçando nossos dedos.

— Ashley gosta de todos os tipos de torta que eu saiba. Estas estão lindas.

Suspirei, lamentando sua falta de especificidade e eficiência.

— Bem, então talvez torta não seja a resposta.

— Torta é sempre a resposta. — Ele sorriu para mim, baixou a boca para a

minha e me deu um beijo doce e suave. — Você precisa relaxar. Ash é gente boa. Ela

vai te amar.

Eu engoli, pressionando meus lábios juntos.

— É, realmente gostaria que fossêmos amigas. Quer dizer, se ela está

movendo-se para cá de Chicago em março, então gostaria que nós...

— Ela vai voltar. Ela e Drew provavelmente vão se casar em algum momento

este ano e vão começar a trabalhar numa dúzia de filhos. — A boca da Duane cresceu

para o lado e o olhar dele ficou difuso e aquecido.

Apertei sua mão com o olhar no rosto, me fazendo sentir difusamente quente.

No último mês Duane e eu tínhamos feito planos, montes e montes de planos.

Não esperava abraçar a ideia de viajar pelo mundo com tanto gosto, mas ele fez. Ele
me mandava mensagens e me ligava durante o dia, falando sobre artigos ou blogs,

discutindo potenciais destinos para nossa turnê mundial, ou dicas de viagem para

não-turistas.

Quando perguntado, me disse que queria ir para a Itália em primeiro lugar,

especificamente Maranello. Na verdade, tinha adquirido o software Rosetta Stone e

começou a aprender italiano. Estava confusa pelo motivo da sua escolha até que

percebi que Maranello é o lar da Ferrari e da Scuderia Ferrari, a Equipe de Fórmula 1.

É claro.

Então esse era nosso plano. Encontrar algumas casas de campo para alugar

nos arredores de Modena, uma antiga cidade no Norte da Itália apelidado de A Capital

dos Motores e Duane estava pesquisando empregos em potencial.

— Não sabia que Ashley e Drew eram um casal, não até que me disse há dois

dias. Quando aconteceu?

— Quando minha mãe estava doente e Ashley estava aqui tomando conta

dela no final do verão. Mas não acho que nenhum deles esteja pronto para admitir, não

até poucos dias atrás. Um par de tolos perdendo todo tempo. Nós devíamos tê-los

prendido num quarto e só os deixado sair em setembro.

Eu tirei sarro de seu pronunciamento, dizendo:

— Você sabe, o mesmo poderia ser dito sobre nós. Perdemos tempo, também.

O olhar de Duane fixou no meu e a sua boca era curva como se fosse metade

uma carranca e metade um sorriso.

— E de quem foi a culpa?

— Sua. — Respondi imediatamente.

Ele estreitou seus olhos, mas agora a curva da boca dele foi um sorriso

completo:
— É isso mesmo e não se esqueça.

***

Levamos duas tortas cada e escolhi cuidadosamente meu caminho ao longo

do caminho que conduz à varanda da frente dos Winstons. Estava em minhas botas

extravagantes e não quis levar a lama para dentro da casa, então tentei passar nas mais

espessas manchas de grama morrendo para evitar poças.

O topo das montanhas estava coberta de neve, no entanto, as moderadas

temperaturas da manhã tinham derretido a maioria que caiu durante a noite, deixando

um pouco de gelo sobre o chão, mas na maior parte apenas lama fria. Olhei em direção

a casa e sorri, vendo que os rapazes Winston tinham deixado as faixas de Natal, e luzes

cintilantes brancas forrando a varanda e o telhado da casa. Também, a guirlanda que

tinha feito para porta da frente.

Fui na casa ao longo da semana passada fazer o jantar com o Duane e fiquei

chocada com a falta de decoração para o feriado. Eles ainda não tinham uma árvore de

Natal.

Naquela noite Duane fez frango e bolinhos, enquanto isso eu encarreguei os

irmãos, de adicionar luzes e faixas de Natal na fachada da casa, bem como a grande

escadaria e lareira. Cletus, em particular tinha resmungado o tempo todo dizendo que

sou uma feminina intrometida.

Perguntei-me se mantiveram o ramo de visco pendurado entre a cozinha e

sala de jantar. Independente disso, apesar da bagunça do jardim da frente, a velha casa

parecia festiva e dando boas-vindas.


— Parece bom. — Duane disse no meu ombro. Vi que ele estava me olhando,

lendo minha expressão e minha mente.

— Sim. Parece. Estou feliz que tivemos tempo para fazê-lo.

— Eu, também. Obrigada por ser tão valentona.

Fechei minha expressão.

— Não, eu não sou uma valentona. Apenas gosto deste feriado.

— Você disse a Beau que se ele não colocasse as luzes de Natal no telhado,

não faria mais tortas de maçã pra ele.

Dei de ombros, subindo os degraus para a varanda.

— Então? Ele precisava de alguma persuasão. E ele é um reclamão.

Duane riu, uma risada boa e robusta, e o som me fez sorrir.

— Além disso. — Adicionei. — Ele só reclama e resiste porque gosta de ser

ameaçado.

— É assim?

— Sim. Ele precisa de mão firme.

Duane parou de rir, mas o ouvi resmungar.

— Mantenha suas mãos firmes onde elas pertencem.

— E onde é isso?

— No meu Drive Shaft29.

Agora soltei uma risada, quase que a torta de abóbora caiu na minha mão

esquerda e então bufei porque estava rindo tanto. Piadas sujas de duplo sentido sobre

carros eram agora as minhas favoritas.

Drive Shaft é uma banda musical fictícia mencionada na série Lost de televisão criada por J. J. Abrams.
29
Lembrei-me de meus nervos quando Duane inclinou-se em torno e bateu na

porta da frente com bota.

— Abram a porta. Nossas mãos estão cheias de torta.

Menos de três segundos mais tarde, quase como se estivesse à espreita, a

porta é aberta revelando um sorridente Jethro num suéter de rena horrível.

— Olá linda.

Antes de entender o que estava acontecendo, Jethro inclinou-se, envolveu o

braço na minha cintura, e plantou um beijo grande em mim.

Meus olhos tremeram e cortaram freneticamente para Duane, que olhou

assustado na melhor das hipóteses e de forma assassina na pior. Senti a bota de Duane

escovar em mim enquanto dava um pontapé no irmão mais velho.

— O que está fazendo?

O pontapé de Duane deve ter sido forte, porque o beijo terminou

abruptamente com Jethro tropeçando dois passos atrás, seu sorriso agora uma careta

feliz.

— Ow, droga doeu.

Duane pisou na minha frente, equilibrando uma torta em cada mão e rugiu:

— Eu não sabia que queria um nariz quebrado de Natal, Jethro.

— Relaxe, Duane. — Jethro riu, curvando-se para esfregar a canela quando

apontou para o teto.

— Mudamos o visco, está ali.

— Duane, você está de pé debaixo do visco, e tem torta. — O comentário veio

Cletus que tinha aparecido de repente, caindo para a frente e agarrando uma torta da

mão do Duane. Em seguida, disse por cima do ombro, desaparecendo com a torta. —

Gostaria de te beijar, mas não quero nossas barbas enroscadas.


Duane olhou para o teto brevemente, e depois voltamos para Jethro. Podia

ver que meu homem não estava divertido e enquanto isso, tive que morder os lábios

para não rir.

Beau passeou, inclinando-se para o lado e dando-me um sorriso enquanto

abordou Duane.

— Bem entre, idiota. Não mantenha sua mulher no frio.

Duane empurrou a torta restante para Beau, então se virou, pegou as duas

tortas das minhas mãos e as deu a Jethro. Então virou-se novamente, envolvendo um

braço na minha cintura e me beijou.

Na verdade, beijou e mergulhou-me para baixo. Meus braços foram

automaticamente para o seu pescoço e o beijei de volta com fervor. Quando finalmente

nos endireitámos, fiquei tonta e sorrindo como uma menina bem beijada.

— Agora ela foi beijada debaixo do visco. — Duane pressionou-me perto do

lado dele. — Não é preciso qualquer um com mais liberdades.

— Ela foi beijada sob este visco. — Jethro corrigiu, os olhos cor de avelã

travessos, que pareciam quase verdes esta noite, mudando para os meu antes de me

dar uma piscadela. — Mas temos visco por toda a casa. Pode agradecer a Jess pela

ideia original e a Cletus por a ter executado.

Senti Duane me apertar, vi sua mandíbula cerrar abruptamente quando me

puxou para frente, seus irmãos nos olhando enquanto passamos.

— Vamos, Jess.

— Onde vamos?

— Vamos encontrar todo visco na casa e desarmá-los.

Conseguimos apenas alguns passos antes do som dos recém-chegados o fazer

parar e se virar.
Ashley Winston e Drew Runous tinham chegado.

Os rapazes Winston ficaram de repente alertas e turbulentos, puxando sua

irmã para abraços e passando ao seu redor como se fosse um tesouro nacional. O

barulho de Billy, Cletus e Rosco fora de onde quer que estivessem escondidos, não que

de verdade estivessem escondidos. Suspeitei que Rosco provavelmente estivesse

pairando perto da porta da frente, pronto para dar o bote em mim como parte de suas

brincadeira.

Billy e Cletus vieram da direção da cozinha, então imaginei que estavam

ocupados a cozinhar.

Foi bom ver que todos os meninos de Winston parecem tão ansiosos para

cumprimentar Drew como estavam para cumprimentar sua irmã, distribuindo apertos

de mão, profundos sorrisos e saudações de Feliz Natal.

Fiquei parada e esperando minha vez, certa que parecia uma estátua indecisa

enquanto me debatia sobre o que fazer com minhas mãos. Tentaria dar-lhe um aperto

de mão? Ou era esperado que a abraçasse? Ou uma combinação de ambos? Beijo na

bochecha? Beijo nas duas bochechas?

Drew fez primeiro. O tinha visto apenas um punhado de vezes antes e

sempre à distância no centro comunitário nas noites das sessões de Jam. Ele tocava o

violão e cantava quando a ocasião pedia, mas não era seu tipo.

Se não estava cantando ou tocando violão... Ele não estava fazendo barulho.

Também, Drew Runous era um homem alto, mais alto que todos os meninos de

Winston por dois centímetros ou mais, sua barba era espessa e loira e os olhos eram

cinza metálico. Ele me lembrou do Deus Viking Thor.

— Duane. — Drew disse enquanto apertaram as mãos, e Duane concedeu um

dos seus raros sorrisos ao amigo.


— Drew, conhece Jessica James?

A atenção de Drew girou para mim e ofereceu sua mão grande.

— Jessica James... Você leciona no colegial e seu pai é o xerife.

Concordei, deslizando meus dedos nos seus, esperando um aperto de mão

firme e eficiente. Em vez disso, ele segurou minha mão na sua, não a movendo.

— É isso mesmo, ensino matemática.

— Ela ensina cálculo. — Cletus disse de algum lugar.

Ri levemente e Drew me deu um sorriso que fez seus olhos brilharem. Então

puxou-me para frente num inesperado abraço de urso.

— Bem-vinda a família, Jessica. — O grande homem disse enquanto se

afastava, soando mais sincero que um homem tinha o direito de soar ou parecer. Para

meu espanto, senti meu queixo caindo por não ter uma chance de responder, porque

Ashley estava lá, batendo-o fora do caminho com o quadril e dizendo:

— Jessica James, o seu gato ainda tenta matar as pessoas?

Abri a boca para responder, mas ela me cortou, puxando-me num quente,

macio, cheiroso e doce abraço. Na verdade, ela cheirava a panquecas. Panquecas

deliciosas, amanteigadas, macias e de baunilha.

E quando tinha terminado com nosso abraço apertado, ela escorregou o braço

através dos meus e me puxou da Congregação de barbas, nos levando a sala de estar.

— Você é um colírio para a dor nos olhos. Estou tão feliz que está aqui.

Estava esperando vê-la ontem, mas entendo que teve um compromisso familiar.

Duane estava me contando sobre seus planos de ir para a Itália no verão e então

depois disse alguma coisa sobre a Grécia?

— Sim, mas Grécia pode ser no próximo ano, dependendo de quanto tempo

ficarmos em Itália.
— Bem, se ainda estiver na Itália no próximo verão, então talvez possa falar

com Drew sobre fazer uma viagem. — Ela sorriu abaixo de mim, os grandes olhos

azuis animados. — Eu sempre quis ir, e há este fio na Itália, cem por cento Caxemira,

chamada S.Charles Collezione...

Virei-me e olhei por cima do ombro quando Ashley me disse sobre este fio

especial que queria adquirir na Itália e encontrei Duane em pé próximo a Drew. Os

dois homens estavam nos observando com expressões espelhadas de diversão e

adoração.

Dei a Duane um sorriso brilhante, que ele retornou, e encontrei-me

verdadeiramente com saudades.

Ele estava deixando isto, esta família maravilhosa, com suas brincadeiras de

férias, amor constante e suporte, só para ficar comigo, só para viajar pelo mundo e

compartilhar as minhas aventuras. Senti-me atônita e abençoada, mas acima de tudo,

humilhada. Ele estava me entregando sua casa. E então nesse momento fiz-lhe a

promessa silenciosa de que nunca se arrependeria por estar me dando tanto. Nem por

um segundo.

***

DUANE atravessou a casa e sistematicamente removeu todo o visco.

Bem, todo o visco que encontrou.

Ele perdeu um monte na despensa e teve que lutar seu caminho para frente

da fila para me resgatar dos irmãos, os quais fizeram fila exceto Billy. Billy tinha me

pegado mais cedo sob outro pendurado do lado de fora do banheiro de baixo, no

entanto, como um cavalheiro, tinha se contentado com um beijo na bochecha.


Ashley embolsou cada um que Duane removeu, deslizando-os na bolsa. Ela

planejou pendurar por toda a casa de Drew. Queria pegá-lo desprevenido na próxima

semana antes que tivesse que voltar para Chicago.

Ela realmente estava planejando voltar para o Tennesse e com a esperança de

retornar não mais tarde que no final de março. Fiquei feliz em ouvir isso, porque nos

daria alguns meses de familiarização antes de Duane e eu irmos. Além disso, ainda

pensei que esses garotos precisavam de alguém, precisavam de uma boa mulher para

mantê-los seguros e Ashley já assumiu com o coração e alma.

O jantar estava bom. Na verdade, ótimo. Os meninos estavam animados,

contando histórias sobre Ashley e Duane, na esperança de constranger os irmãos. Isto

pode ter funcionado com Ashley, mas já sabia a maioria das histórias que contaram

sobre Duane, portanto, não hesitei pulando em algumas e acrescentando detalhes que

perderam.

Minha ânsia tocou seus irmãos, mas apenas aqueceu o brilho dos olhos de

Duane e isso valeu a pena totalmente. Cada olhar quente acendeu uma emoção em

minha barriga, porque cada promessa era uma vingança deliciosa. Tive um

pressentimento que vou desfrutar de sua versão de vingança.

Depois do jantar, servi meus quatro tipos de torta. Quando toda a poeira

assentou, não tinha sobrado uma única fatia.

A sobremesa foi seguida por um show de família improvisado Cletus tocou

seu banjo e Drew acompanhou na sua guitarra, enquanto Billy e Ashley cantavam

duetos populares dos clássicos de Natal. Eles pareciam gêmeos, Ashley, Billy e suas

harmonias eram bonitas, como se eles tivessem ensaiado cantando juntos a vida toda,

como se eles se conhecessem de dentro para fora. Acho que, quando refleti sobre isso,

eles faziam.
A partir do momento em que a música começou até o fim, Duane me tinha no

colo, inclinei-me apreciando o carinho. Ele me tocou com contentamento, com suspiros

melancólicos e sorrisos, derretendo meu coração e apreciando a passagem dos dedos

dele no meu cabelo que quase me causavam um acidente vascular cerebral.

Meia-noite veio e se foi. Por volta das 01:30, Duane disse que era hora de ir

embora e levou mais vinte minutos enquanto sonolentos abraços foram entregues e

Ashley me fez prometer que teríamos um almoço antes de seu voo de volta para

Chicago. A ninhada inteira se reuniu na varanda enquanto Duane puxou o Mustang

fora da garagem.

Eu bocejei, encarando Duane.

— Sinto falta da Road Runner. — Disse, minhas palavras um pouco

arrastadas porque estava morta de cansaço.

— Porquê?

— Porque era um assento de um banco. Este carro tem assentos duplos.

— Justo. — Ele assentiu solenemente, em seguida, girou de volta para a

cabana.

Dei um pequeno sorriso e balancei a cabeça. Ele não tinha falado que iriamos

passar a noite na cabana, não tinha discutido seus planos comigo, mas não podia dizer

que fiquei surpresa. Ele estava fazendo isto com regularidade desde o mês passado,

nos levando para sua fortaleza da solidão.

Às vezes tínhamos piqueniques, íamos em passeios, conversávamos e

jogávamos cartas. A cabana foi onde discutíamos minha tia Louisa e meus sentimentos

sobre o assunto. Chorei lágrimas que não sabia que precisava chorar e ele me segurou

perto, tranquilizando-me que era maravilhosa e sua ausência em minha vida era uma
perda para ela. Falei e ele escutava, dando conselhos, se e quando perguntei. Ele falou

de suas frustrações e escutei, dando conselhos, se e quando ele perguntou.

Mas na maioria das vezes arrancamos as roupas um do outro.

Sim. Isso é o que fazemos. E finalmente cheguei há passar mais tempo com

suas nádegas e coxas. Eles eram maravilhosas.

Duane parou o carro e se movimentou em torno de minha porta e eu mal

estava nos meus pés, antes dele me carregar nos braços e chutar a porta fechada atrás

dele. Me aconcheguei contra o peito amplo e coloquei um beijo no seu pescoço.

Enquanto isso, ele tinha as chaves prontas e destrancou a porta da cabine,

atravessando até a cama e me colocando suavemente nos lençóis.

Sentei e me atrapalhei para remover as roupas, o quarto girava um pouco,

provavelmente o efeito das gemadas de aguardente e o adiantado da hora. Duane

rapidamente iniciou o fogo na lareira e voltou-se para mim quando sorriu satisfeito

quando ele viu que eu estava nua, exceto pelas meias.

— Se cubra. — Ele disse, retirando as próprias roupas.

Eu fiz como ele instruiu. Meus olhos estavam pesados, mas consegui mantê-

los abertos por tempo suficiente para vê-lo despir-se.

Sonolenta eu dizia o que estava pensando:

— Gosto de ver você tirar a roupa.

— Gosto de ver você tirar as roupas, é como desembrulhar um presente.

Meus disparates de fluxo de consciência foram recompensados com um largo

sorriso, os brilhantes olhos safira pouco visíveis na cabine ofuscante.

— Como acha que me sinto? Ter você só para mim, nua? É como ganhar na

lotaria.
Eu ri e afundei o rosto no travesseiro macio. Um momento depois a cama

afundou e senti-o ao meu lado, uma das pernas, movendo-se entre as minhas, os

braços fortes me trazendo para seu peito e contra as mãos.

— Vá dormir, Jessica. — Ele sussurrou enquanto acariciava meu quadril. —

Vá dormir e tenha bons sonhos.

— Então, sonhar com você e suas partes quentes? — Resmunguei, relaxando,

meus olhos já fechando.

As mãos dele fizeram uma pausa em meu quadril e senti a sua curva de

lábios contra minhas têmporas.

— Ou sonhar com você e sua boca atrevida?

O sorriso dele cresceu.

— Ou sonhar com você e sua bondade? Seu... — Bocejar — ... Integridade

cansativa.

Isso valeu-me um sorriso e um aperto.

— Ou talvez vou apenas sonhar conosco, assim, para sempre. — Me movi

contra ele, então poderia chegar mais perto. — Sim... Isso é o que vou fazer. Vou

sonhar com nossa casa.

— Este lugar é sua casa? — Ele beijou minha bochecha e percebi o sorriso

persistente na voz.

— Não, Duane. — Balancei minha cabeça e confessei antes de cair num sono

feliz — Você é.

FIM
A SÉRIE WINSTON BROTHERS

Beauty and the Mustache (Knitting in the City, #4; Winston Brothers, #0.5)

Truth or Beard (Winston Brothers, #1)

Grin and Beard It (Winston Brothers, #2)

Beard Science (Winston Brothers, #3)

Beard in Waiting (Winston Brothers, #3.5)

Beard in Mind (Winston Brothers, #4) *

Dr. Strange Beard (Winston Brothers, #5) *

Beard Necessities (Winston Brothers, #6) *

*Livros ainda não lançados pela autora.

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