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SINOPSE

Quando ele me beijou, eu fiquei chocada. Ele era um estranho e ainda


assim familiar. Quando acordei com a minha foto na capa dos tablóides
foi que percebi que sabia quem ele era.

O Príncipe Alexander de Cambridge.

O Bad Boy Real.

Herdeiro exilado do trono.

Ele não é o Príncipe Encantado. Ele é controlador. Ele é exigente. Ele é


perigoso. E eu não posso dizer “não” a ele.

Nós dois temos segredos. Segredos que poderiam nos separar ou nos
aproximar. Quando um paparazzi expõe cada um deles, eu tenho que
decidir o quão longe estou disposta a ir pelo rei e pelo país.
Tradução: Hera

Revisão Final: Diana / Selene

Leitura Final: Selene

Formatação: Selene/Cibele

Disponibilização: Cibele

Grupo Rhealeza Traduções

11/2016
Meus olhos vagavam pelos corredores esfumaçados enquanto eu bebia
minha taça de champanhe. Acima, o quadro de um duque, ou algum outro
personagem importante com uma gravata em seu pescoço, olhando para mim,
me denunciava como a fraude que eu era. Ser uma recente graduada de Oxford,
não significava que eu pertencesse aos exclusivos clubes de Oxford e Cambridge.
A maioria dos outros graduados vinha de famílias afortunadas, e mesmo que a
minha família possuísse bastante dinheiro para o padrão de qualquer um, nós não
tínhamos um nome de família ou um título, como a maioria dos meus
companheiros nesse Dia de Comemoração. Eu terminei minha bebida enquanto
amaldiçoava minha amiga Anabelle por ter me convencido que essa seria uma
boa ideia.

—Clara, aí está você! —Annabelle esbarrou em mim, e suas unhas


perfeitas cravaram em meu braço, me impedindo de escapar enquanto ela me
arrastava para uma sala com um grupo de rapazes. Outro movimento agressivo,
ela era a imagem do decoro, seu cabelo loiro cortado batido na nuca e mais
comprido na frente, na altura do seu queixo, caindo em uma perfeita simetria.
Tudo em Anabelle era refinado, do seu salto de sete centímetros, ao diamante
Carat que brilhava em sua mão esquerda. —Eu quero que você finalmente
conheça meu irmão, John.

—Eu não estou procurando um namorado, Belle. Sou uma mulher de


carreira agora, lembra? —Eu me lembrava dela. Mesmo que meu trabalho na
firma Peters & Clarkwell ainda não tivesse começado oficialmente, eu não
precisava de nenhum homem para me distrair. Belle sabia disso, mas isso não a
impediria de insistir que eu o conhecesse. Mesmo com a educação dela, ela ainda
acreditava que a melhor perspectiva para a mulher era o casamento. Eu estava
familiarizada com esse conceito. Minha mãe teve desilusão similar.
Belle me deu uma piscada por cima de seu ombro. —Mas você pode ter
alguma diversão. John trabalha o tempo todo, e de qualquer forma, ele vale uma
fortuna. Você poderia ser uma baronesa.

—Nem todo mundo baseia atração em dinheiro ou poder. —Eu disse em


voz baixa, não querendo ofender os ricos e poderosos ao meu redor.

Belle parou em sua caminhada, me fazendo esbarrar nela. Ela me virou e


sussurrou em meu ouvido. —Você já se enroscou com um homem rico e
poderoso? Foi para a cama com algum?

Eu mordi meu lábio e olhei em volta, incerta do que responder. Belle sabia
que eu só tinha ido para a cama com um homem, meu agora ex-namorado, que
não era nem rico e muito menos poderoso. Daniel era rancoroso. Onde eu me
sentia inferior em relação às famílias afortunadas em Oxford, ele sentia raiva. Eu
pelo menos cresci bem. Um arrepio correu pela minha espinha, ao pensar em
como a nossa relação ficou feia ao final. Eu a terminei nas férias de inverno, mas
mesmo tanto tempo depois, isso ainda me fazia estremecer. Belle percebeu e
assinalou.

—Daniel não conta. —Ela disse. E sua pele perfeita de porcelana enrugou
quando ela franziu a testa. Ela sacudiu sua cabeça afastando uma memória, e me
deu um sorriso travesso. —Se você tivesse ido para a cama com o tipo de homem
do qual estou falando, você saberia.

—Estou profundamente consternada que você pensa em seu irmão nessa


posição. —Eu disse para ela, sacudindo a sobrancelha sugestivamente. —Quão
próximos vocês são?

—Rabugenta e sem graça. —Ela bateu no meu braço, mas ainda com um
sorriso em seu rosto. —Eu só estou preocupada com você, Clara. Você precisa de
um bom pau.

Eu pensava o mesmo, embora ela não precisasse dar esse conselho agora.
Ela foi minha companheira de quarto nos meus piores momentos com Daniel. Ela
não apenas apoiou a nossa separação, mas ela me tratou como uma mãe desde
então, me levando às compras e me apresentando a novas pessoas. Era só uma
questão de tempo para ela tentar me enviar a encontros. Eu deveria ser grata por
ela ter esperado até meus exames finais, e que estivesse oficialmente graduada,
para que ela começasse a marcar encontros em sua agenda.

—Belle, eu realmente não preciso de um cara agora. —Eu disse tão firme
quanto possível, esperando encerrar isso, mas sabendo que não tinha jeito no
inferno de conseguir. Com um aceno de mão, ela continuou. —Precisar e querer
são duas coisas diferentes, querida. Nunca confunda.

Antes que eu pudesse responder, ela ficou atrás de um cara alto e


estranho. John era, claramente, o irmão mais velho dela, se suas entradas fossem
uma indicação, e não havia dúvida de que ele tinha dinheiro. De alguma forma ele
conseguiu juntar as coisas mais caras e mais chatas da moda atual num mesmo
visual, mas obviamente, um visual caríssimo. Um Rolex e sapatos Berluti
combinados com um terno tweed bem anos 80. Ele tinha um visual que não
conseguia decidir se iria à caça ou a um negócio.

E era assim que ele se vestia para uma festa.

—Você deve ser a famosa Clara. —John disse, sacudindo minha mão. Por
um momento ele pareceu confuso se a beijaria ou sacudiria. O resultado foi um
cumprimento coxo e suado. John talvez tivesse uma fortuna e um título, mas isso
não me fez querer ter algo. —Belle me falou sobre você. Uma graduada em
estudos sociais, não é?

—Sim. —Eu queria puxar minha mão, mas não sabia como fazer isso.

—Pensa em si mesma como a próxima Madre Teresa? —Ele perguntou,


colocando sua outra mão por cima das nossas que estavam entrelaçadas. Isso não
foi uma melhora.

—E se eu disser que sim? —Minha pergunta fez Belle piscar surpreendida.


Eu não era assim tão confiante, especialmente perto de estranhos. Mas essa tinha
sido eu na Universidade. Eu agora tinha uma graduação numa Universidade top, e
um novo emprego altamente competitivo. Eu não seria mais aquela garota. Eu
não poderia. Eu não permitiria.
—Você é muito bonita para ser uma freira. —John disse. Seu peito bufou
um pouco quando ele adicionou. —Recentemente me qualifiquei como
advogado.

—Que fascinante. —Eu disse distraidamente, enquanto colocava minha


mão em cima da dele e olhava em volta da sala. —Se você me desculpar, eu
vejo...

Eu olhei na multidão antes que Belle arrumasse um ministro para


oficializar o noivado, notando que eu deveria realmente conversar com ela por
me arrumar essas armadilhas no futuro. Apesar da educação de Belle, a família
dela a condicionou ao casamento, um resultado arcaico por ter um título. Ela não
discordava, pelo contrário, parecia bastante feliz com isso, especialmente se seu
noivo fosse do palácio. Mas eu não conseguia me ver casada, e eu não queria,
especialmente depois de Daniel. A carreira seria um caminho melhor para mim.
Mais seguro, mais completo, e infinitamente com bem menos confusão.

A multidão me engoliu, me protegendo dos encontros que Belle armava,


mas tornando quase impossível de sair. Mas na hora que consegui atravessar o
corredor, meu coração estava desesperado. Eu encostei-me à parede e tomei um
ar, puxando para baixo a bainha do vestido preto simples que peguei emprestado
com Belle, apesar de suas objeções a ele por ser muito sóbrio. Esse era um dos
muitos itens de seu closet que eram apropriados para sua idade. Meu próprio
closet consistia em jeans, botas, alguns terninhos legais. Isso não era nada
comparado com o dela. Na maioria dos dias, Belle parecia uma estrela de cinema,
mostrando muita pele. Mas o resto de seu guarda-roupa consistia em vestidos
que pareciam ter sido roubados da Rainha Mãe. Eu tive sorte de encontrar esse
vestido, apesar de achar que ele servia para um funeral.

Uma essência exótica e apimentada passou por mim, irritando minhas


narinas. Era totalmente fora do comum, meio velho. Tinha um fora da lei
fumando aqui, numa sala inapropriada para fumantes? Eu vi todas as placas nas
salas, mas obviamente alguém aqui não tinha visto. Eu procurei, percebendo um
pouco tarde demais, que isso significava que eu não estava mais sozinha, e
apertei meu peito quando vi um pouquinho dele. Onde há fumaça há fogo, e bom
Deus, o que será que ele estava fumando.
O cara se recostou na porta que dava para o terraço, uma fina névoa de
fumaça de cigarro escapava de seus lábios esculpidos, que contraíam com um
sorriso bobo e confortavelmente descansava ali. Seu rosto estava sombreado pela
luz que filtrava por detrás dele, mas eu pude notar a linha firme da sua mandíbula
e um vislumbre de seus olhos azuis. Eu não precisava ver muito para saber que
ele era um dos caras ricos e poderosos que Belle falou. Ele era o que ela se referiu
no seu discurso mais cedo. Isso irradiava dele: saúde, autoridade e virilidade. E
meu corpo respondeu a isso. Meus pés traidores aproximaram-se dele. Eu
poderia vê-lo melhor agora, e descobri que ele tinha outra característica também:
ele era lindo, o que não parecia justo.

Ele tinha um rosto que faria anjos chorarem e deuses guerrearem. Bem
definido, pele pincelada de dourado, o que significava que passava muito tempo
fora, ao sol da praia. Seu cabelo escuro não era resultado da sombra em que
estava. Era bem próximo do preto, e estava uma bagunça, o que me fez desejar
passar minhas mãos por ele. Por um breve segundo, me imaginei fazendo isso
enquanto pressionava meu corpo ao dele.

Pega leve, eu me ordenei. Eu não transava há um tempo, mas reagir


assim a um estranho era embaraçoso, mesmo que ele não soubesse o que eu
estava pensando. Claro que, com aquele sorriso arrogante e sedutor no canto de
seus lábios, ele sabia exatamente o que eu estava pensando. Mas seu sorriso não
alcançava seus olhos, que ardiam intensamente. Eu senti a fome em seu olhar
como se fosse a minha, e meu próprio desejo atingiu meu âmago. Eu precisava
me afastar. Eu podia sentir.

—Eu acho que você não pode fumar aqui. —Eu disse. Eu soei como uma
total idiota, mas já estava doente de ver como as classes privilegiadas faziam as
próprias regras, e pelo jeito como ele olhou para mim, eu não era mais do que um
objeto. Um brinquedo que ele queria brincar.

—Minhas desculpas. —Ele deu um sorriso afetado, mas nem isso disfarçou
o tom rude em sua voz. —Você vai me denunciar por conduta inapropriada? —Ele
deu um passo para trás, então, tecnicamente, ele estava no terraço, encontrando
um jeito de distorcer as restrições. Mas suspeitei que ele tivesse feito para me
agradar. Ele não me viu como o tipo que quebra alguma regra. Embora eu não
pudesse mais ver seus olhos, os senti queimando em mim. Isso me atrapalhou,
minhas emoções iam de irritação para excitação. —Eu não gostaria que você
ficasse encrencado.

Ele virou-se para mim, revelando um pouco de seu rosto, e mais uma vez
aquele sorrisinho sujo, agora com um pedacinho de dente perfeito aparecendo.
—Nós não queremos isso.

Um profundo tom de vermelho coloriu minhas bochechas com embaraço.


Eu queria tirar com um beijo esse sorriso selvagem do rosto dele, mas tirei a
fantasia da minha cabeça. Na claridade, ele pareceu meio familiar, como se eu o
conhecesse de algum lugar. Talvez da época da escola? Eu me lembraria dele se
ele fosse da faculdade. Não existia maneira que eu não tivesse percebido esses
olhos azul cristal, ou esse cabelo escuro e bagunçado, que estava numa linha
entre um pop star e um empresário. Seus ombros largos estavam num terno bem
cortado, e por sua boa aparência, ele não era um homem que você esqueceria
facilmente. Então, como eu poderia conhecê-lo? E não conhecê-lo? Meus olhos
vagaram por seu colarinho aberto e gravata solta, imaginando como seria soltar
os restos dos botões e libertá-lo disso. Meus dentes cravaram em meu lábio
inferior quando pensei nisso.

Eu realmente estava aqui, fantasiando sobre um total estranho. Na frente


dele? Depois de tudo, talvez Belle estivesse certa mesmo.

Suas sobrancelhas levantaram enquanto eu continuava olhando, então


afastei os olhos, envergonhada que ele me pegou. Claro que com essa aparência,
ele já estava acostumado com tantas olhadas. Mas ele não precisava saber que
deixou meus joelhos bambos, ou que ele provavelmente poderia me convidar
para sair com ele. Provavelmente ele sabia que seu sorriso era praticamente uma
pintura.

—Eu acho que deveria ter alertado sobre o perigo de fumar. —Eu disse,
querendo que ele não percebesse minha humilhação, mas também estava
desesperada para manter a conversa. Eu não queria que ele partisse.

—Boneca, você não seria a primeira. —Mas ele apagou o cigarro e jogou
nas redondezas. O movimento foi fluído e seguro, como se não houvesse
possibilidade de alguma falha. Como se o mundo existisse para lhe servir. Eu tinha
certeza que o conhecia de algum lugar. Quem quer que ele fosse, ele tinha um
bocado da minha atenção. —Já nos conhecemos?

—Eu acho que me lembraria. —Ele disse, com seus olhos brilhando
enquanto falava. A energia magnética estava se intensificando, enviando
tremores por mim. —É mais como se minha reputação me precedesse.

—Um homem das mulheres então? —Eu perguntei. Isso não me


surpreendia.

—Algo assim. —Ele disse suas palavras com certa implicação. —O que
uma garota americana faz num lugar velho e esnobe como esse?

Eu parei imediatamente, sentindo que algumas defesas familiares estavam


surgindo, e que esse tipo de observação causava. Mas reparei que não estava
sendo condescendente, apenas curiosa, então forcei um sorriso no rosto. —Sou
cidadã britânica na verdade. Embora tenha crescido nos EUA. Mãe americana. Ela
conheceu meu pai na universidade Berkeley.

Pare de contar sua história familiar, a pequena voz odiosa que era crítica
a todo o momento, me admoestou. —E uma garota californiana, também. —O
estranho disse. —Eu não consigo entender porque você trocou a praia pela
Londres chuvosa?

—Eu gosto da névoa. —Era verdade, mas admitir me fez ruborizar. Isso
era um motivo bobo, mas ele sacudiu sua cabeça, como se estivesse intrigado.

Eu dei um passo mais perto dele, estendendo minha mão. Talvez ele
esperasse uma apresentação mais formal. —Sou Clara Bishop, aliás.

—É bom conhecê-la, Clara Bishop. —Sua mão pegou a minha, e sem


nenhuma hesitação ele a levou aos seus lábios. Um raio de eletricidade passou
entre nós, o ar na sala praticamente crepitava enquanto a sensação corria por
minhas veias, até que eu me senti tonta. Desejo escorria pelo meu sangue,
nadando em meu estômago.

Eu queria pular. Não, eu precisava pular.


As palavras de Belle ecoaram na minha cabeça. Eu não queria que ele
deixasse de me tocar. Eu queria mergulhar nele, e eu estava seriamente
considerando isso quando uma linda loira surgiu no salão e olhou para nós.

Eu tinha que retirar a minha mão se eu quisesse que a corrente elétrica


entre nós cortasse, mas quando retirei minha mão, ele puxou meu braço e me
encostou rudemente nele. Os lábios dele caíram sobre os meus com uma
urgência que eu pensava que só existia nos filmes. Braços fortes envolveram
minha cintura, apertando possessivamente enquanto ele envolvia minhas costas.
Ele tinha gosto de cravo e Bourbon, noites selvagens e abandono imprudente, e
meus lábios abriram instintivamente enquanto sua língua deslizava dentro da
minha boca. O beijo dele era forte e comandante. E eu me encontrei perdendo
em seu controle, meu corpo moldando ao dele enquanto eu suavemente caía no
calor de seu abraço.

Sua língua deslizou preguiçosamente pelos meus dentes, e minha boca


abria em boas-vindas. Ele aceitou, enfiando sua língua mais profundamente, me
puxando para dentro de sua boca, e capturando a minha em uma lenta sucção.
Minhas pernas ficaram bambas, meu corpo pronto para mergulhar no chão
embaixo dele, mas ele me pressionou ainda mais junto dele, a dureza do seu
corpo me envolvendo. As mãos dele deslizaram da minha cintura para o fim da
minha coluna. O gesto íntimo me empurrou para a vida, e eu enlacei seu cabelo
enquanto o beijava, certa de que eu desapareceria se seu corpo não pressionasse
contra o meu.

Quando ele finalmente me soltou, era muito cedo, embora sua mão tenha
permanecido no fim da minha coluna. Eu cambaleei para trás, mas ele me
segurou, como se ele antecipasse minha reação. Claro, um homem que beijava
assim provavelmente sabia o que esperar. Eu não pude deixar de pensar que ele
devia vir com um aviso:

Eu procurei em seu rosto alguma pista de porque ele tinha me beijado,


enquanto meu corpo tinha o gosto dele, mas tudo o que vi foi a paixão ardendo
em seus olhos. Isso me roubou o fôlego, e não pude falar por um momento.
—Por quê? —A questão escorregou em partes iguais de pensamento e
acusação.

—Meus motivos não são cavalheirescos. —Ele disse, afastando suas mãos
de mim enquanto confessava. Eu lamentei a perda do contato, desejando que ele
não o tivesse cortado. —Essa mulher é um terrível erro meu.

—Você me beijou para irritar sua ex-namorada?

—Eu não a chamaria de ex, mas de qualquer forma, me desculpe. —Não


havia um pingo de arrependimento nas palavras dele. Seus olhos esfriaram, e o
azul em chamas agora estava um tom safira, mais escuro. Ele deu um passo para
mim, mas então hesitou, movendo em direção ao terraço.

Eu murchei com a sua mudança, e então foi quando percebi que eu queria
que ele me beijasse novamente. Um desejo que eu sabia, estava escrito na minha
cara. O silêncio caiu sobre nós, mas mesmo sabendo que ele não falaria ou me
tocaria novamente, meu coração continuou batendo apressado como um animal
enjaulado querendo se libertar.

—Parabéns por sua formatura. —Ele me disse.

Eu pisquei com a mudança de tópico, lembrando-me de onde estava e o


porquê. O mundo desapareceu quando ele me tocou, e foi só agora que eu me
toquei, que eu não sabia nada desse homem que poderia muito bem ter me
possuído contra a parede, se essa fosse a sua vontade. —Você se formou
também?

Sua mão cobriu rapidamente sua boca, mas eu pude ver um risco de um
sorriso mais uma vez em seu rosto. —Eu escolhi um caminho diferente para a
minha carreira. Estamos jogando as ”vinte perguntas”?

—Você me dirá quem você é? —Eu perguntei.

Ele piscou para mim. —Eu acho que o ponto, boneca, é você descobrir.

Meus olhos estreitaram, e meus lábios ainda ardiam com a memória de


seu beijo. Se ele queria brincar, eu poderia brincar. —Você escolheu um caminho
diferente para sua carreira? Mas você está aqui. —Eu gesticulei para o nosso
redor. —Nesse clube prestigiado. Então, ou você é um garçom, ou você veio por
dinheiro?

Eu esperei ele responder, mas ele balançou a cabeça e apontou um dedo


para mim. —Essa não é uma pergunta para sim ou não.

—Se você não quer brincar… —Eu encolhi os ombros, sorrateiramente


checando o salão atrás de mim.

—Eu apenas quero brincar dentro das regras, a não ser que você queira
que eu faça as perguntas. —Ele sugeriu. Eu engoli com dificuldade, lutando para
controlar meu corpo.

—Você veio por dinheiro?

—Você poderia dizer isso. —Ele disse com uma careta.

—Sim ou não. —Eu assinalei.

—Sim. —Ele disse, alcançando e enrolando um cacho do meu cabelo em


seu dedo. —É a minha vez?

—Eu ainda não fiz todas as minhas vinte perguntas. —Eu sussurrei com a
proximidade de seus lábios.

—Não desperdice tudo de uma vez. —Ele me avisou enquanto colocava


esse cacho atrás da minha orelha. —É bom deixar alguma expectativa.

—Você já sabe quem eu sou. —Eu o lembrei.

—Mas tem um monte de coisas que quero saber sobre você. —Sua
respiração era quente no meu pescoço enquanto ele falava. —E eu estou
morrendo para ouvir você dizer sim.

—E se a resposta for não?

—Confie em mim, não é. —Seus lábios deslizaram pelo meu queixo. Meus
olhos fecharam com o roçar de sua barba na minha pele delicada. Ele se afastou,
e eu arquejei longamente, ajustando meu vestido com um olhar abismado.
—Última pergunta. —Ele disse. —E então veremos se você pode
adivinhar.

Uma última chance para revelá-lo, e eu não estava mais perto do que
quando o encontrei. E agora meu corpo ardia com desejo, me distraindo do meu
objetivo. E só havia uma, uma única pergunta que poderia fazer.

—Quem é você? —Eu perguntei, pegando seu blefe.

Ele balançou a cabeça e murmurou sim ou não. Claramente ele não


deixaria de ser enigmático, mesmo depois de me usar para irritar a sua ex. Eu fui
uma distração conveniente, e esse pensamento enviou uma onda de vergonha
em mim. Eu não sabia se poderia acalmar meu coração se ficasse perto dele.

Será que eu imaginei a eletricidade nesse beijo? Eu estava certa que não.
Tão certa como estava que ele também me queria. Minha boca secou com a ideia.
Eu pensei no que Belle havia dito sobre me enroscar com um homem forte e
poderoso, e me forcei a ignorar a batida que corria pelo meu corpo. Eu não estava
interessada em ser um brinquedinho para um homem como esse. Eu me
recusava.

—Eu acho que devo retornar. —Eu disse, percebendo que tinha que agir
antes que me tornasse uma poça de desejo na frente dele.

Seus olhos aqueceram enquanto ele concordava. Chamas correram pelo


meu corpo, mas dessa vez não eram as minhas bochechas que estavam em
chamas. —Espero vê-la novamente, Clara Bishop.

Ele não esperou por mim para partir. Em vez disso, ele desapareceu no
terraço, sumindo no ar. Não foi até que ele estivesse fora de vista, me libertando
do efeito de sua presença, que eu percebi que eu havia beijado um homem sem
nome.

E eu queria fazer isso de novo.


De volta ao coquetel, completamente distraída por um estranho e seu
beijo, eu não encontrei mais Belle até que estivesse de novo em suas garras. Ela
sorriu enquanto agarrava meu pulso e me levava ao bar. A maioria das pessoas ao
nosso redor não percebiam o pontinho brilhante em seus olhos quando ela sorria,
mas eu sabia que isso significava que eu estava enrascada. Considerando o
quanto eu estava confusa e enfurecida com o beijo. Aquele beijo incrível! Eu não
começaria uma briga.

—O que no inferno será isso? —Ela me perguntou enquanto esticava um


prato cheio de nozes.

—Não estou com fome. —Comida era a última coisa na minha cabeça.

—Você já está bêbada? Não me force a alimentá-la.

—Não estou bêbada. —Eu disse, embora eu me sentisse como se


estivesse. Os lábios dele. O gosto dele nos meus lábios. A pressão do corpo dele.
Uma onda de calor atravessou meu corpo, e eu tentei me controlar.

—Clara? —Belle estalou seus dedos para chamar minha atenção. Eu


sacudi minha cabeça e olhei para ela bobamente. —Eu disse que você poderia
pelo menos ter tomado uma bebida com o meu irmão.

—Sinto muito. —Eu disse. Eu realmente me sentia mal por ter agido tão
sem graça na frente do irmão dela. Mas a única maneira dela aprender a não
armar para mim, era se eu a fizesse passar vergonha. Belle era fluente em
humilhação familiar. Eu odiava usar essa carta, mas era o único jeito de deter sua
obstinação. Além do mais, essa era a nossa formatura.

—Eu pensei ter visto a minha mãe. —Eu menti.


O rosto de Belle suavizou enquanto ela pegava umas nozes do prato, se
afastando de mim. —Proteína. Você vai precisar de força.

Verdades nunca antes reveladas, mesmo que minha desculpa fosse uma
mentira. Minha mãe era para estar aqui, e eu não tinha dúvida que ela viria. O
clube Oxford & Cambridge era um lugar que ela não poderia ir sem um convite, e
hoje, muitas das mais brilhantes e ilustres famílias britânicas estariam presentes
para comemorar a formatura. Madeleine Bishop não perderia isso por nada no
mundo. A imprensa não era bem-vinda, desde que era uma festa privada, mas
sempre havia a chance de ter um paparazzo lá fora, se ela tivesse sorte. Nossa
família geralmente não despertava atenção. Desde que ela e meu pai fizeram
fortuna há uns 14 anos atrás, ela tem procurado por isso. É um pouco
embaraçoso, e eu não estava exatamente ansiosa para vê-la. Belle também
compreendia isso bem.

—Obrigada. —Joguei algumas nozes na minha boca. O sal delas fez minha
boca pedir água, e percebi que estava faminta. Meus olhos foram para o relógio
em cima da lareira, e eu gemi. Já tinha mais de seis horas que eu havia comido.

—Eu não serei responsável pelo seu desmaio no dia de nossa formatura.
—Belle disse me dando uma piscada. Ela me conhecia muito bem para saber que
entre o stress da cerimônia e essa festa, eu me esqueceria de comer. —Não olhe
agora, mas os Bishops chegaram.

—Deus salve a Rainha. —Eu resmunguei, respirando fundo e comendo


mais umas nozes. Eu me certificaria que lhes fosse servido um bom Bourbon.
Virando-me, tive uma vista de minha mãe usando um vestido curto e verde
pavão, que impressionava no seu corpo atlético, mas que não era apropriado para
sua idade. Eu não achava justo que ela provavelmente estivesse em melhor forma
do que eu. Claro, isso era um benefício da sua profissão.

Eu a vi vasculhando o salão, suas mãos deslizando pelo seu colar de


pérolas no seu pescoço. Ela não nasceu britânica, mas ela podia passar por uma
como qualquer um desses aristocratas aqui. Sua cabeça estava erguida, seu nariz
empinado, e as cabeças viravam para olhá-la enquanto ela passava. Ela tinha um
sorriso benevolente nos lábios, consciente de que quando ela entrava num
ambiente, ela era o assunto.
Tomando uma respiração, eu levantei uma das mãos e acenei para ela. —
Última chance para fugir. —Eu falei para Belle.

—E deixar você sozinha? Sem chance, mas você me deve uma garrafa de
vinho mais tarde. —Ela deslizou um copo na minha mão, sabendo exatamente o
que eu precisava para me ajudar a atravessar esse encontro.

—Feito. —Com certeza antes do fim do dia, nós precisaríamos muito mais
do que uma garrafa de vinho.

—Clara, minha querida garota! —Mamãe deslizou pela multidão para


mim, me beijando delicadamente em minha bochecha. Afeto para ela era sempre
suave como asa de borboleta. Sentimentos eram facilmente quebrados, ela uma
vez me disse, então, era melhor ter cuidado com eles. Eu observei a mesma
delicadeza no casamento dela desde que eu era criança.

Papai estendeu a mão, e quando mal o toquei ele me puxou para um


abraço de urso. —Clara, lindinha, você fez isso!

Eu avermelhei um pouquinho com o apelido de infância. Papai nunca


acreditou que o amor fosse frágil, mesmo que ele tratasse minha mãe como um
cristal.

—Uma graduada. —Mamãe disse, enchendo o peito de orgulho, e


causando alguns olhares dos homens que estavam por perto. —Uma graduada
em Oxford, de fato.

—A minha garotinha. —Papai levantou um brinde, e eu senti a emoção


que esse gesto continha.

Havia dúvida se eu cursaria a universidade, embora fosse a mesma que


meu pai graduou anos atrás. Minha mãe não teve tanta sorte. Era estranho que
ela estivesse aqui celebrando isso para a pessoa que a afastou de suas ambições.

—Futura vencedora do prêmio Nobel. A grande esperança Britânica. —


Papai continuou.

Eu rolei meus olhos para ele. —Mais para a garota de recados da futura
vencedora do prêmio Nobel.
—Todo mundo começa de algum lugar. —Ele me lembrou. —Mesmo o
menor trabalho é importante. Gandhi começou em algum lugar.

Eu não tinha nenhuma dúvida disso, mas só de pensar no trabalho que eu


faria, me dava náuseas. Graças que eu tinha uma noite antes de realmente
começar a trabalhar lá, e um monte de coisas para fazer para ocupar minha
mente. —Sem greve de fome para mim. —Eu prometi para ele.

Ao nosso lado, minha mãe congelou. —Essa foi de mau gosto.

—Sinto muito. Era apenas uma piada. —Eu reafirmei a ela.

Mas minha mãe já estava desviando a atenção para si mesma. —Está um


pouco quente aqui.

Papai sorriu suavemente. —Então vamos procurar outro lugar, amor.

Essa era a tática passivo-agressiva número um do livro da minha mãe. Ela


tinha que estar em constante movimento. Não importando quão linda a vista
estivesse, ou quão encantadores fossem seus parceiros de jantar, ou quão
exclusiva fosse a festa, ela sempre se convencia de que estava perdendo alguma
coisa. Ela tinha certeza que no dobrar da esquina sempre haveria uma
oportunidade melhor, ou uma pessoa mais importante. Isso significava que minha
família tinha mudado de casa em casa nos primeiros anos de sucesso do negócio
deles na internet. Meu pai finalmente bateu o pé, e informou a ela que eles se
mudariam de Los Angeles para Kensington, uns seis anos atrás. Essa era a casa
mais esnobe que já tivemos, com um endereço esnobe, bem em frente da
cantora pop que era casada com um famoso jogador de futebol. Minha mãe
sossegou por alguns anos, mas já tinha começado a se remexer, pois já estava
pronta para outra mudança. Ou seja, já estava à procura de jardins mais verdes.
Papai, para crédito dele, não parecia muito preocupado. Mas isso não a impediu
de contratar um agente imobiliário. Em alguns meses eu fui convidada a visitar
algumas propriedades. Ela dizia que era porque gostaria de comprar uma para
mim, mas eu não deixaria isso acontecer. Eles pagaram minha universidade cara,
e eu tive que lidar com a curiosidade da minha mãe e suas demandas e
preocupações com a minha vida, mas agora eu era adulta, com um novo
emprego, e sem nenhuma vontade de continuar debaixo de suas asas.
—Clara, você já considerou aonde viverá agora que voltou para a cidade?
—Ela perguntou, passando seu braço pelo meu, e virando o seu pescoço para
descobrir o que eu estava pensando.

Não com você, eu pensei. Londres ainda era uma desconhecida para mim,
uma vez que havia mudado um pouco antes de entrar na universidade, e minha
mãe sabia disso. Isso não me fazia querer viver com ela. —Eu já disse que vou
ficar com Belle.

—Mas Belle vai se casar. —Mamãe me lembrou. Ela virou e deu um


sorriso brilhante para a minha amiga. —Eu quero ouvir cada detalhe sobre esse
casamento.

Belle devolveu o sorriso, levemente arqueando uma sobrancelha quando


minha mãe virou de costas novamente. Ela percebeu que minha mãe se convidou
para o casamento. Provavelmente minha mãe tentaria roubar meu lugar como
dama de honra se deixasse.

—Não pelo próximo ano. —Eu disse calmamente. Na verdade essa era
uma grande questão para mim. Eu não queria viver só, e Belle e minha mãe
sabiam. Eu não estava certa do que faria quando Belle casasse e se mudasse com
Philip. Eu estava tentando não pensar nisso.

—Não se preocupe, Sra. Bishop. —Belle disse, com os olhos brilhando. —


Eu tenho uma longa lista de homens que querem levar Clara para um encontro. E
todos eles são excelentes.

Eu queria que o chão se abrisse e me engolisse. Eu odiava a ideia de ser


enrolada, e ter alguém arrumando um romance para mim. Isso me fazia sentir
indesejada, e essa tarde provou que eu não era nada, além disso. —Você está
falando de homens ou de investimentos?

—Eles são a mesma coisa. —Mamãe cuspiu sua opinião para mim e voltou
à atenção para Belle. —Você é uma amiga tão boa por ajudá-la, e você deve
começar a me chamar de Madeleine. Veremos-nos o tempo todo agora.

Visões de encontros para almoços e chás passaram pela minha cabeça. Eu


nunca teria sucesso em lembrá-la que eu agora tinha um emprego, e que estaria
ocupada. Minha mãe não precisava trabalhar há tanto tempo, que eu não estava
certa se ela sabia o que uma carreira requeria. —Tipo, como trabalhar.

—Eu espero que sim. —Belle disse. Ela achava minha mãe hilária, mas eu
sabia que ela estava mentindo. Madeleine era melhor, se fosse servida em
pequenas porções.

Posicionamo-nos perto da porta em que estive mais cedo, e meus


pensamentos voltaram para o beijo. Parte de mim queria deslizar e procurar por
ele, mas então, qual seria a diferença entre eu e a menina que ele estava
evitando? Não muita. Como eu me sentiria se o encontrasse se agarrando com a
menina? A nova Clara Bishop não tinha tempo para playboys com bagagem ou
dramas. Mas ainda assim, eu não conseguia evitar repassar o beijo, cada
movimento lentamente em minha memória, até que eu quase pudesse sentir a
pressão dos lábios dele novamente. Minhas mãos apertaram ao meu lado,
enquanto lembrava os tremores ardentes que percorreram meu corpo. A
risadinha boba da minha mãe me tirou da minha festinha. Não estando certa se
alguém tinha dito algo engraçado, eu ri de qualquer jeito, poderia ter sido uma
piada.

—Seu pai e eu temos conversado. —Mamãe deu um olhar para papai, que
estava lhe dando um olhar frustrado, que ela obviamente ignorou. —Por que
você não vai morar conosco? Certamente, Belle gostaria ficar sozinha com Philip,
e nós temos quartos suficientes.

Eles tinham bem mais do que quartos suficientes, mas não havia maneira
que eu aceitasse o que ela estava oferecendo. —Nós já assinamos um contrato
para o apartamento. —Eu menti.

—Você assinou? Sem me consultar? —Minha mãe fazia beicinho, assim


como mulheres trocam de roupas. Muitas vezes e sem nenhuma cerimônia. Essa
não era uma exceção. Ela olhou para mim como se eu a tivesse traído.

—Sinto muito. Não podíamos deixar passar. —Belle disse, entrando e me


ajudando a mentir.
—Eu conheço tanto sobre as regras de compra e aluguel. —O bico
diminuiu, revelando as rugas que ela pagava para esconder. O que não adiantaria
muito se ela continuasse fazendo tanto beicinho.

—Só assinamos um aluguel. —Eu lembrei a ela.

—Mas ainda assim é um contrato. Você sabe que eu li no The Sun, que
cada vez mais os senhorios estão espionando seus locatários?

O segundo item da lista de mamãe era fazer algo soar mais assustador do
que normalmente era. Isso serviu para aterrorizar os primeiros oito anos da
minha vida, mas agora que eu tinha vinte e três, a tentativa só me deixava
cansada.

—Tenho certeza que estaremos bem. —Eu disse.

—Estamos alugando de uma linda senhorinha. —Belle acrescentou.

Eu lhe dei um olhar de aviso. Essa mentira estava crescendo tão


rapidamente, que eu não tinha certeza se poderíamos sustentar. Eu mentia há
tanto tempo para minha mãe, que já sabia que o melhor era alimentá-la com
pequenas mentiras do que dar-lhe uma tão grande que ela não poderia engolir
ou, que eu não me lembrasse depois.

—Essa é Doris? —Mamãe perguntou, apertando o braço do meu pai. Foi


um bônus para ela se encontrar com alguém que ela conhecia, e eu sabia que não
havia jeito dela deixar passar a oportunidade de aparecer. —Vamos lá dar um oi.

Parecia a última coisa que ele queria fazer, mas ele concordou com a
cabeça, e gentilmente segurou o braço dela.

Eu puxei Belle pelo braço, assim que eles se afastaram um pouco. —Nós
não temos nenhuma senhorinha ou um apartamento.

—Na verdade. —Ela disse, soltando as palavras dramaticamente. —Nós


temos.

Minhas sobrancelhas ergueram-se em surpresa. —Nós temos?

—Minha querida tia avó Jane, possui um edifício em East London.


Eu não achava que ela pudesse me surpreender mais, mas ela certamente
podia.

—Sua tia-avó Jane vive em East London?

—Oh, só espere. —Belle tomou um longo gole do seu coquetel e


concordou, como se não fosse estranho ter um parente velhinho morando na
área mais moderna e cara da cidade. —Você vai adorá-la.

—Eu não sei. —Eu disse. —Eu ainda não a vi.

—Confie em mim. Nós vamos encontrá-la amanhã. Além do mais, você


consegue se imaginar voltando a viver com seus pais? —Belle perguntou,
colocando as mãos em volta de seu pescoço como se estivesse sendo
estrangulada.

—Sim e não. —Eu admiti.

—Sim? —Isso não foi uma pergunta, mas sim uma declaração de
incredulidade.

—Você sabe que não gosto de viver sozinha. —Eu a lembrei. Mas o
pensamento de voltar a viver com meus pais, estava longe de me confortar. Eu
era independente na Universidade, e apesar de algumas más decisões, a maioria
relacionada a Daniel, eu fui bem nos meus últimos anos na escola.

Mas muitas pessoas estavam se mudando agora. Muitos dos meus amigos
estavam vindo para Londres. Belle era minha amiga mais próxima, e a única com
quem eu conseguia me imaginar morando. Talvez em um ano a independência
que senti no meu primeiro ano de escola fosse recuperar o dano causado pelo
Daniel o suficiente para que eu deixasse de sentir a compulsão de partilhar um
apartamento, mas eu não cheguei lá ainda.

—Eu sei, e está tudo bem. —Belle descansou a cabeça no meu ombro. —
Mas você tem que me deixar arrumar as coisas. Eu me sentiria terrível se tivesse
que te mandar de volta para os seus pais no próximo ano.
—Quem sabe como estaremos daqui um ano. —Eu a lembrei. Belle
apertou meu ombro. —Essa é a atitude correta.

—Você acha que isso significa que pode me arrumar armadilhas, não é?

—Um encontro. —Ela me pediu, adicionando. —Com meu irmão.

—Eu não acho que ele seja meu tipo. Eu não queria ofender seus
sentimentos. —Realmente não era culpa dela que o irmão fosse tão chato.

—Eu sei que ele provavelmente vai aborrecer você. —Ela disse. —Mas eu
quero ver você lidar com isso.

—Eu posso cuidar de mim mesma.

Ela pareceu duvidar disso, e eu realmente não lhe dei motivos para
acreditar muito nesse último ano. Mas não era da conta dela, eu não amenizaria
isso saindo com o irmão dela, advogado ou não. Graças à chegada do seu noivo,
eu fui salva de mais bajulação dela pleiteando o caso do irmão.

—Aqui está Philip. —Ela disse, se levantando e alisando sua saia. Ela virou-
se buscando minha aprovação.

—Você está fabulosa, como sempre. —Eu não precisava mentir. Não
importava o quanto ela bebesse, ou quanto tempo estivesse em pé com salto
alto, Belle sempre parecia refrescada e bem vestida. —Diga a Pip que disse oi.

Belle mostrou a língua para mim enquanto rebolava até ele. Philip era um
pouco sério demais para meu gosto, e isso era algo para se notar. Ele odiava o
apelido Pip, o que me fazia adorar. Não porque não gostasse dele. Ele era legal -
classicamente bonito, com um rosto anguloso e elegante, cabelo loiro claro, alto,
bem falante. E o fato de que ele vinha com um título e um bocado de dinheiro,
não machucava também. Ele era exatamente o que Belle procurava em um
homem: segurança financeira e genética. Eu não a culpava por isso. Ambas nos
sentíamos perdidas em nossas vidas, então eu entendia sua procura por
segurança. Eu só queria que ela compreendesse a minha escolha, que era nunca
ficar com um homem como ele, ou como o irmão dela, ou como seus outros
amigos mais velhos, que brevemente eu conheceria nas próximas semanas.

Eu vi quando Philip pegou a mão dela e a puxou de encontro a ele. O rosto


dela iluminou assim que ela estava nos braços dele, e um suspiro escapou de
meus lábios. Eles pareciam perfeitos juntos, como um conto de fadas vindo a
vida. Talvez eu estivesse errada do porque estarem juntos. Talvez ele fosse muito
mais do que só um terreno firme.

*****

Tem lugares que você apenas entra e já se sente imediatamente em casa,


e mal consegue se conter para mostrar toda a sua vida. Para mim, a maioria
desses lugares era ou bibliotecas, ou cafeterias, em seguida praias tranquilas e
embaixo da sombra de árvores. Eu nunca me senti em casa em nenhuma das
casas dos meus pais quando eu era adolescente. Elas eram muito grandes e muito
frias. Era como se vivesse num museu, e eu odiava me sentir como se estivesse
em exposição. Mas eu soube assim que entrei no apartamento da tia de Belle,
que eu seria feliz aqui.

Mais do que feliz: segura.

—O que você acha? —Belle me perguntou, girando seu anel de noivado


no dedo.

Eu não estava certa se encontraria palavras, e havia aquela pequena parte


em mim que odiava admitir que eu estivesse errada sobre a ideia de alugar o
apartamento da tia dela. Mas me virei para olhá-la de frente, incapaz de impedir
que um sorriso deslizasse em meu rosto. —Quando podemos mudar?

Tia Jane passou por nós, vestida em uma túnica floral, e escancarou a
janela.
—Assim é melhor! Eu não aguento ficar em lugares fechados. —Ela
respirou puxando a brisa que soprava pela janela aberta. —Está desocupado, e
isso não é bom para a alma de uma casa. Eu tenho as chaves aqui. São suas
quando vocês quiserem.

Eu peguei sua mão estendida sem nenhuma hesitação. Para acabar com o
stress dos termos, eu tinha sistematicamente feito uma lista diária que incluía
todas as coisas que precisava me preocupar depois das provas. Encontrar um
apartamento era um desses itens, e eu poderia riscá-lo agora. Agora eu sentia
como se os pedaços da minha vida, minha vida real, adulta, estivesse finalmente
se arrumando. E o valor do aluguel que ela nos pediu seria fácil de continuar a
pagar, mesmo depois que Belle se casasse, pois ela ofereceu um verdadeiro
desconto familiar. Eu nem precisaria mexer no meu fundo de reserva.

—Será muito bom ter sangue novo nessa casa. —Ela continuou. —O
último inquilino era um músico, que eu temia que estivesse um pouco fora de
tom.

—Tia Jane tem uma queda por músicos. —Belle me informou com uma
piscadela.

—Eles são excelentes amantes. —A tia dela confirmou. O rosto dela estava
mortalmente sério, então como estávamos até agora discutindo sobre negócios,
falar sobre isso foi tão estranho, como se um banheiro estivesse inundando. —
Por favor, me diga que você já foi para a cama com um músico.

Eu choquei com o som de riso que veio pela minha garganta e sacudiu
minha cabeça. A expressão da Tia Jane sugeria que ela realmente estava com
pena que eu ainda não tivesse ido. Ela virou-se esperançosa para Belle, que
respondeu com uma negativa também. Seus ombros pequenos se curvaram, e ela
balançou a cabeça tristemente.

—E você já vai se casar. Ah bem, você sempre pode ter um caso. Músicos
são excelentes para isso também.

Parecia-me que o vento fresco naquele apartamento era a tia Jane, e eu a


segui da sala ao quarto enquanto ela me mostrava cada cantinho da minha futura
casa. Nada nela gritava dinheiro, embora eu soubesse que ela tinha, pois
construiu esse prédio. Seu cabelo já esbranquiçado tinha alguns tons de roxo que
caía bem nela e em seu rosto elegante. Ela tinha ossos aristocráticos, isso era
certo, mas ela também tinha um toque exótico. Nada como os tipos que se
achavam que você encontra na Universidade. Eu sabia que gostaria dela
instantaneamente, e meu instinto nunca se engana.

O apartamento era perfeito. Ele foi reformado recentemente, e tinha aço


brilhante e glamoroso aplicado em toda a jacuzzi. As paredes eram uma
combinação de tijolos de vidro em um cuidadoso trabalho esculpido em madeira,
e delicadas molduras nas portas e janelas. O piso era de carvalho recentemente
polido e encerado. A única coisa que faltava era uma lareira, que eu sentiria falta
nos meses seguintes ao verão. Como já tínhamos mobília, era mais um item
riscado da minha lista. Talvez eu ganhasse mais alguns diazinhos para explorar
Londres antes de começar a trabalhar.

—Você tem um quarto de preferência? —Belle me perguntou enquanto


dávamos uma volta final no apartamento.

—Qualquer um está bom.

—Mentirosa. —Ela envolveu os braços em volta de mim e nos guiou até


um dos quartos mais confortáveis. —Eu sei que você quer esse.

Eu selei meus lábios, temendo que estivesse em suas mãos se admitisse


que ela estava certa. Com essa varandinha, era exatamente o meu gosto.

—Esse é legal. —Eu disse lentamente.

—É seu. O outro tem uma porta para o banheiro, então posso pegar antes
de você a cada manhã.

—Que tortura para você. —Eu ri, não porque ela era esperta, mas porque
a ideia de Belle soava perfeita para mim. O principal trabalho de Belle pelos
próximos doze meses, seria tratar de todos os detalhes para o seu casamento. Se
existisse uma carreira que permitisse flexibilidade de cronograma, ela
encontraria.
—Eu vou agradecer a tia Jane. —Ela desapareceu me deixando sozinha no
quarto.

Eu já imaginava onde minha cama ficaria, e a minha estante de livros


também. Eu provavelmente poderia dispor de uma poltrona ou pelo menos um
banco, que ficaria embaixo da janela que dava para a rua e o parque
movimentado logo abaixo. Tudo estava se arrumando, graças ao golpe de sorte, e
aos meus planos no último ano de universidade.

Mas no fundo, eu me perguntava quando tudo isso acabaria. Olhando pela


minha janela, eu notei que o céu de primavera tinha ficado cinza, e nuvens
pesadas se amontoavam. Uma tempestade se aproximava.
Barulhos suaves penetraram em meus sonhos vindos da rua abaixo da
minha janela, mas eu me agarrei ao meu estado inconsciente. Eu estava
sonhando com o lindo homem que tinha uma barba de um dia, seu rosto no meio
das sombras, e um aroma sensual que enchia o ar ao nosso redor. Os dedos deles
estavam na minha clavícula, deslizando até o topo dos meus botões, enquanto
seus lábios deslizavam pelo meu queixo. O som de uma buzina o distraiu, e ele se
afastou enquanto eu lutava para permanecer dormindo. Mas então, ele
continuou se afastando de mim, com um sorriso afetado em seu rosto. Ele
encolheu os ombros enquanto a luz da manhã infiltrava nas minhas pálpebras,
dissolvendo os últimos fragmentos do sonho. Mas me recusei a abrir os olhos,
desesperada para mergulhar de volta na fantasia.

Foi o intenso cheiro de café que me forçou a abrir meus olhos, enquanto
Belle passeava pelo meu quarto. Ela apontou o dedo para mim. —Se levante
querida, e você pode ter isso.

—Que horas são? —Eu perguntei, ainda procurando pelas cordas da


consciência que me conectavam com tudo de importante, onde e quando em
meus primeiros momentos matinais.

—Hora de desempacotar. —Belle disse, estendendo a caneca para mim.


—Ou você já está querendo desistir da coisa de ser adulta?

—Eu não começo até a próxima sexta-feira. Você me tem à sua disposição
por enquanto, e você claramente deveria me deixar voltar a dormir. —Tomei um
gole de café, sem me render ao fato de que não era uma mentira total.

—Você já desempacotou alguma coisa? —Belle perguntou enquanto lia a


lista de coisas e itens que estavam escritos na caixa próxima de nós.
Eu afago meu colchão. A cama de dossel foi totalmente composta por um
acolchoado de pelúcia em um edredon macio e meia dúzia de travesseiros de
plumas. Uma boa noite de sono estava no topo das minhas prioridades depois de
uma semana dormindo em sofás, e de viagens de ida e volta a Oxford. Mas isso
não significava que todas as caixas ao meu redor não seriam arrumadas. Minhas
paredes ainda estavam nuas, sem nenhum quadro, pintadas num tom azul
celestial. Eu teria que procurar por roupas, e parece que Belle já havia arrumado
seu closet. A despeito de mal ter amanhecido, ela estava toda arrumada, usando
um jeans justo e preto, e uma camiseta que cobria perfeitamente sua figura
esguia. Ela parecia uma modelo com seu cabelo perfeitamente loiro, combinando
com sua pele que tinha um tom naturalmente beijado pelo sol.

Do lado de fora, uma série de buzinas no tráfego acabava com a paz


matinal. Belle ficou de pé e foi olhar pela janela, franzindo o cenho enquanto
olhava para a rua abaixo.

—Que inferno está acontecendo aí? —Eu perguntei.

—Um bando de curiosos, que parecem com repórteres. —Ela disse


dispensando com a mão. —Talvez seja um acidente.

Eu gemi e me levantei da cama, depositando meu café na caixa mais


próxima. Era uma desgraça quando os repórteres surgiam do nada numa cena
horrível em Londres, e era horrível também quando o público queria ver imagens
de acidentes de carros nos noticiários. Até mesmo todas as restrições impostas a
eles desde a morte da Princesa Sarah não os impediram de continuar procurando
maneiras de perseguir até que sangrassem as manchetes. Meu estômago revirou
só de pensar nisso. Eu não tinha ideia de quem estava no radar deles agora, mas
sem sombra de dúvida que eu saberia de todos os detalhes sórdidos nos próximos
dias.

—Eu não vejo nada acontecendo. —Belle revirou seu nariz com nojo,
obviamente descartando o que acontecia lá na rua.

—Agora não conseguirei mais dormir. —Eu disse, vasculhando as caixas


até achar uma com roupas. —Deixe-me tomar um banho e então vamos
desempacotar.
Belle concordou, deslizando pela porta. —Talvez eu desça para ver o que
está acontecendo enquanto você se veste.

Eu sacudi minha cabeça, dando o meu melhor olhar de reprovação.

—Se for uma emergência? Ou um assassinato? —Belle perguntou. —


Somos novas na vizinhança, Clara querida. Precisamos nos precaver.

—Você não quer dizer que devemos pegar todas as fofocas? —Belle
apertou seus lábios, tentando esconder um sorrisinho, mas só parecendo mais
endiabrada ainda.

—Você não quer saber onde estou indo.

Levou quase cinco minutos para a água do banho esquentar, mas quando
deslizei no chuveiro, meus ombros relaxaram e deixei a água escorrer sobre mim.
Fechando meus olhos, eu pensei no meu sonho com o homem misterioso. Algo
agitava na minha barriga apertando o meu núcleo, e eu gostaria que tivesse
terminado o sonho. Melhor ainda, pensei enquanto deslizava o sabonete pelo
meu corpo, Eu gostaria de vê-lo novamente . Eu tentei me convencer de que era
um desejo inocente. Que eu só queria saber o seu nome, e o porquê de me usar
para irritar a garota, mas honestamente, mais do que qualquer coisa, eu queria
que ele me beijasse novamente. Minhas mãos deslizaram pelo meu estômago,
seguindo para a pulsação que aumentava no meio das minhas pernas.

—Não seja estúpida. —Eu disse a mim mesma, me virando para enxaguar
o sabonete na água quente, antes que ela acabasse. Esperançosamente, eu não
estava tão desesperada para me masturbar no banho, ainda. Mas enquanto me
enrolava na toalha, secando o cabelo com a outra, escolhi um jeans confortável, e
pude ouvir Belle na cozinha.

—Descobriu todos os detalhes sórdidos? —Eu perguntei brincando com


ela. Tinha um café fresquinho na caneca, e me sentei esperando ela falar. Belle
encontrou meus olhos, seu rosto pálido e ruborizado ao mesmo tempo. Seus
dedos batendo em cima do jornal.

—Tem algo que você esqueceu-se de me dizer, Clara? —Ela perguntou.


Minhas sobrancelhas franziram enquanto eu tentava entender a pergunta.
Belle e eu fomos companheiras de quarto todos esses anos em Oxford porque
gostávamos muito uma da outra. E nenhuma de nós mentia. Não precisávamos.
Belle nunca separou o pessoal do privado, significando que ela nunca teve
segredos de mim, e desde que minha vida estava longe de ser interessante como
a dela, ela sabia tudo sobre mim.

—O que está acontecendo, Belle? —Eu perguntei numa voz baixa. Meu
estômago dando um nó. —Você parece que vai vomitar.

Ela deu uma risada nervosa que se transformou num ataque de riso,
enquanto ela tentava falar. —Isso é… tão… tão… absurdo!

Eu tentei agarrar o jornal, mas Belle o arrancou, sacudindo sua cabeça


com um sorriso conhecedor.

—Você talvez queira se sentar, querida. —Ela me instruiu.

Eu sentei numa banqueta da cozinha, com o pavor subindo pelas minhas


pernas e gelando meu sangue. Eu nunca fiz nada errado na minha vida. Não havia
absolutamente nenhuma razão para que Belle tivesse alguma coisinha contra
mim. Mas existia. Eu estava certa disso. Eu poderia dizer pelo jeito como ela
estava agindo.

Ela estava se regozijando.

—Fala logo. —Eu disse com impaciência, me sentindo pior a cada minuto.

Ela desvirou o tabloide, então eu pude ver a foto de duas pessoas se


amassando. Era por isso que ela estava surtando? Eu levantei uma sobrancelha
para ela que esfregou o tabloide no meu nariz. Essa foto foi tirada com muito
zoom, então levou um tempo para eu processar o que eu estava vendo. Eu
reconheci os painéis do corredor e o terraço atrás do casal. Não eram quaisquer
outras pessoas. Éramos eu e o homem misterioso da festa do clube Oxford &
Cambridge. A fotografia me levou de volta para aquele momento.

O cabelo sedoso dele.

O gosto de cravo e borboun nos lábios dele.


Meu corpo respondeu à lembrança com aflição, doendo por seu toque.

Aquele foi um beijo inesquecível, mas isso não explicava porque


estávamos na capa do tabloide.

—Eu não compreendo. —Eu disse, mas assim que as palavras saíram dos
meus lábios, a manchete começou a fazer sentido para mim. —Os repórteres lá
fora?

Belle confirmou.

Como eu não o reconheci? Aparentemente eu estive mais por fora esses


últimos meses do que eu realmente achava. A vozinha martelando na minha
cabeça despejava palavras como idiota, ingênua, inocente. Então eu lembrei o
que me acordou essa manhã e puxei o braço de Belle.

—Eu? —Minha boca secou enquanto perguntava.

—Você é a pessoa que está agarrando a porra do príncipe. —Belle disse,


suas palavras eram uma mistura de ciúme e admiração.

—Mas eu não sabia quem era ele. —Eu disse fracamente, lembranças
correndo pela minha cabeça, e tudo se transformou numa confusão de
pensamentos e emoções.

Meu pulso acelerou, e eu percebi que o mistério estava desfeito. Eu sabia


quem ele era, e a bolha de excitação que corria por mim se desfez ao perceber o
preço terrível dessa informação. Isso não era mais o meu mistério, e eu não podia
mais clamar de inocência por ignorância. Não saber quem ele era? Isso não era
mais desculpa, e com certeza isso não me garantiria um adiamento dos
repórteres lá fora. E saber quem ele era? Não me garantia que voltaria para os
braços dele. Meu estômago revirou quando eu vi todas as implicações que esse
equívoco me causaria, e eu engoli de volta a bile que já subia pela minha
garganta.

—Como que na Terra você não percebeu quem ele era? —Belle
perguntou.
Eu parei para considerar isso, tentando ignorar o tom crítico e exagerado
do meu lado racional, do meu subconsciente. Como a maioria das garotas da
minha idade, eu cresci conhecendo os pormenores da Família Real,
particularmente os dois príncipes que não eram muito mais velhos do que eu.
Eles até foram capas de revistas de adolescentes nos EUA quando eu era mais
jovem. Mas eles foram banidos da vida pública. Pelo menos Alexander foi, não
muito antes de a minha família mudar-se da Califórnia para o Reino Unido, e
então eu fui para a Universidade. Uma queda pelo príncipe não tem sido
exatamente minha prioridade nos últimos anos.

—Ele parecia familiar. —Eu admiti. —Eu pensei que o conhecia de Oxford.
Eu não vi uma foto dele nos últimos anos. Você está certa que é ele?

—Você tem vivido em uma concha?

—Eu estive estudando e procurando por emprego. —Eu a lembrei saindo


da cozinha e querendo escapar do embaraço. A falta de vida social era um
conceito estranho para Belle, que gostava de pertencer a grupos tanto quanto
possível. Eu não fui ao cinema por meses.

—Ele voltou do Iraque. —Ela me contou. Os dedos dela traçando


longamente a foto no jornal. —Ele recebeu uma medalha, e está comemorando
comendo todas as vaginas ao redor de Londres.

Eu estremeci com essa revelação, me sentindo surpreendentemente


ferida. Não apenas o cara com quem vim fantasiando os últimos dias era
completamente inatingível, como eu era apenas mais uma garota na sua longa
fila.

—Eu deveria ficar lisonjeada ou horrorizada por ser mais uma das suas
conquistas? —Eu amassei o tabloide e o joguei na lata de lixo. Então
imediatamente o puxei de volta e admirei a foto novamente. —Por que isso é
notícia?

—Porque a imprensa acha que você é diferente.

Eu bufei ao ouvir isso, sacudindo minha cabeça com desgosto. —Eu acho
que não o deixei me foder. Isso me faz diferente?
Eu não adicionei que eu bem poderia ter deixado, ou que estive
fantasiando sobre ele nos últimos dias. Seria muita bobagem minha se eu ainda
continuasse pensando nele depois disso. Eu sabia que ele era problema no
momento em que nos conhecemos, então por que eu fiquei brincando com a
ideia de vê-lo novamente?

—Não é isso. —Belle franziu o nariz em frustração. Eu não conseguia


entender porque que ela estava irritada se não era o rosto dela estampado na
capa do jornal. —É a circunstância. Ele já foi fotografado em vários clubes com um
monte de mulheres.

Eu ergui minha sobrancelha. —Você já mencionou isso.

Ela continuou, ignorando meu comentário. —Ele só tem sido visto em


lugares públicos. Ninguém nunca o pegou com algo ou alguém.

Eu gemi, começando a me sentir frustrada. —Você disse que ele tem


comido metade de Londres.

—Isso é o que ouvi.

—Isso é o que você leu. —Eu a corrigi.

—Olhe para ele! —Ela esfregou o jornal para marcar seu ponto. —Me diga
que você não se apaixonaria por isso!

Mesmo com a foto tirada da câmera de um celular, ele era magnífico. Mas
eu podia preencher todos os detalhes que faltavam na imagem - a curva da sua
mandíbula, o sorriso de canto de boca, o perfeito tom escuro de seu cabelo.
Esqueça as joelheiras, eu me arrastaria pelas pedras.

—Ele tem complexo de Deus. —Eu disse para ela, ignorando que meu
corpo concordava com Belle. —O que a foto não diz é que ele me agarrou e me
beijou.

Belle desabou no balcão, com os braços em cima da cabeça. —Eu… não…


posso… aguentar… a gostosura.
—Só você que acha isso gostoso. —Eu atirei de volta, feliz que ela não
podia ler minha mente.

—Só você beijaria o Príncipe Alexander e não saberia. —Belle disse com
uma risada. O ciúme já totalmente dispersado de sua voz. Esse era apenas mais
um dos meus erros bobos, mas isso não queria dizer que ela deixaria passar. Na
verdade, ela começou um monte de questões, me inundando com novidades que
eu mal podia acompanhar, especialmente com o choque dessa descoberta ainda
rolando na minha cabeça.

Até que uma questão atravessou essa neblina. —Ele foi um bom beijador?

—Sim. —Eu disse sem hesitação, relembrando a força dos seus braços
poderosos em volta de mim. —Ele tinha o controle total, o que fazia sentido
agora.

—Mais! —Belle gritou quase tendo um orgasmo.

—Calma, garota. —Eu disse, mas não pude evitar. O beijo antes era meu
delicioso segredo, mas agora... Era mais. Era confuso, emocionante e aterrador, e
quente como o inferno, claro. Mas eu precisava que Belle me ajudasse a filtrar
meus sentimentos.

—Tudo em que eu podia pensar enquanto ele me beijava, era que o


queria em cima de mim. —Eu continuei.

—Oh meu Deus. —Belle gemeu. —Você vai vê-lo novamente?

Um arrepio me percorreu ao pensar nisso, mas eu afastei. —Eu duvido!


Ele só me beijou para irritar uma ex-namorada.

Belle revirou a boca com um sorrisinho e balançou o jornal na minha


frente. —Ele parece ter gostado, e eu sei que você gostou.

Eu dei a língua para ela e pulei do banco. Belle com isso na cabeça não
estava me ajudando a compreender meus sentimentos. Ela me defendia, mas eu
não estava certa se ela não me empurraria para ele se tivesse uma chance. Ainda
bem que Belle captou minha dica e começou a desempacotar as louças.
—Seu celular está tocando. —Belle gritou do corredor enquanto ela
carregava uma caixa para o seu quarto.

Eu congelei quando vi quem estava ligando, e imediatamente silenciei o


telefone. A realização correu através de mim, afastando a excitação que senti ao
reviver o beijo para Belle, e ocupando uma consciência sombria que mais
repórteres saberiam disso agora. E que amanhã todos que eu conheço também
saberiam. As borboletas em meu estômago transformaram-se em abelhas
raivosas. Eu não gostava de chamar atenção. Isso não era bom para mim. Isso não
era... Saudável. Quando eles começariam a me ligar? Enviar mensagens?
Considerando que eu não tinha a menor vontade de ser inundada por mensagens
de amigos e familiares, eu botei meu telefone apenas para vibrar.

Belle espiou na cozinha. —Quem era?

—Minha mãe. —Eu respondi com um gemido.

—Oh Cristo, ela provavelmente já está planejando o casamento.

—Você está certa. Eu devo ligar para ela e deixar as coisas claras. —Mas
não conseguia me convencer a fazer isso. Na verdade, eu bati minha cabeça na
parede.

—O que quer que você faça não se culpe até a morte. A maioria das
garotas mataria para ter um amasso com Alexander, e não se matariam por ter
feito isso.

Eu parei e olhei para ela. A maioria das garotas sim, mas eu era a maioria
das garotas? Alexander devia pensar que sim. Apenas outra garota para usar e
jogar fora. Claro que beijar uma garota para irritar a sua ex fazia sentido para um
cara como ele, mas agora eu era a única que tinha que lidar com o caos! Ele virou
meu mundo de cabeça para baixo na última semana, me deixando excitada,
irritada e curiosa, e agora eu que tinha que limpar a bagunça. E com Alexander
deixando uma trilha de mulheres por aí, por que eles tinham que perseguir a
mim? Por que eles focaram em mim?
—Você sabe o que eu ainda não entendi? Como os repórteres
descobriram quem eu era. Considere um carma de retribuição dos paparazzi. —
Eu retorqui.

—Irmã, isso é uma merda com certeza. —Belle concordou. —Alguém deve
ter visto você e reconhecido. Provavelmente quem tirou a foto.

—Se eu conhecer é melhor que eu nunca descubra quem foi que fez isso.
—Eu disse. Coloquei meu telefone no silencioso de novo no balcão, e carreguei
uma caixa. Minha mãe e todo mundo poderia esperar até que eu reorganizasse
meus pensamentos pelo menos um pouquinho.

—De volta ao trabalho? —Belle perguntou.

Eu assenti. Talvez continuar a separar minha nova vida em Londres me


ajudaria a separar os sentimentos conflitantes que me acometiam. Isso
demoraria.

Belle me pegou pelos ombros e me sacudiu. —Isso vai passar.

Eu sorri grata. Isso era exatamente o que eu precisava ouvir.

E logo ficou claro que a missão de Belle era me entreter com a arrumação
do apartamento para me distrair. Enquanto discutíamos o que colocaríamos na
estante.

Eu teimosamente acreditava que deveriam ser livros. Nós quase


esquecemos o redemoinho que esperava por nós lá fora. Até que percebemos
que não tínhamos nada além de meia garrafa de vinho na despensa.

—Eu vou pegar alguma comida indiana ali na esquina. —Belle disse,
pegando sua carteira.

—Você não tem que ir. —Eu disse, me sentindo mal. — Talvez
devêssemos pedir algo?

—Talvez eu morra de fome antes deles. —Belle agarrou seu estômago


para dar mais ênfase, mas eu podia ver o motivo real, ela não queria mais
esperar. Estava nos olhos dela. — Eu pensarei em algumas maneiras para você me
pagar mais tarde, e eu prometo que será cruel e embaraçante.

—Nada pode ser mais humilhante do que ter minha foto no Daily Star.

—Eu pensarei em algo. —Ela piscou e desapareceu pela porta.

O laptop de Belle estava no balcão e eu o peguei, a curiosidade vencendo


o senso comum. Uma pesquisa no Google, e eu tinha doze artigos em blogs de
celebridades e revistas de fofocas. Eu chequei algumas fotos recentes do Príncipe,
e vi que não tinha sido um engano. O inacreditável cara sexy com quem eu me
agarrei na minha festa de formatura, era exatamente quem os jornais afirmavam
que ele era, e Belle estava certa. Ele tem sido fotografado ao lado de um monte
de mulheres lindas. Cada foto recente dele tinha uma loira de longas pernas ao
lado, ou ruivas roliças, ou mesmo gêmeas idênticas. Eu duvido que ele tenha dado
voltas com elas por Londres.

Eu fechei com força o laptop, chateada com o que tinha visto, e com a
massa de papel em frente a mim me confrontando. Eu me estiquei para pegar o
jornal e terminar de amassá-lo e joguei no lixo, mas fui interrompida pelo som do
interfone.

—Esqueceu as chaves de novo. —Eu sussurrei enquanto apertava o botão


para responder. Aparentemente as coisas em Londres não seriam tão diferentes
do que eram na universidade.

—Senhorita Bishop?

Ou talvez não. O tom de voz do homem era formal e pausado.

—Sem comentários. —Eu disse, antecipando o que o homem poderia


querer. Até onde isso poderia ir até que as pessoas perdessem o interesse? Uma
semana? Talvez duas? Eu poderia me esconder em meu apartamento até lá? Eu
começaria a trabalhar daqui uma semana, mas com certeza eles não estariam
interessados em um bando de lobistas ambientalistas.

—Não estou com a imprensa. —O homem do outro lado respondeu. —


Estou aqui para pegar você.
—Me pegar? —Eu repeti surpresa. Meus pensamentos seguiram direto
para a minha mãe, que a essa hora já devia estar espumando pela boca. Chequei
meu telefone, descobrindo dez chamadas perdidas dela.

—Sua Alteza Real, o Príncipe Alexander de Cambridge, deseja falar com


você.

Minha boca caiu escancarada, e eu estava grata que estava sozinha nesse
momento. —Não estou certa de que seja uma boa ideia. No caso de você não ter
percebido, tem uma pequena horda de repórteres aí embaixo esperando para me
devorar.

—Eu sou o guarda pessoal do Príncipe Alexander. Por isso Sua Alteza
confiou em mim para levá-la em segurança até ele. —Ele disse. —Eu lhe asseguro
que ninguém sequer saberá que você está saindo desse prédio.

—Me dê um momento. —Eu disse. Rodopiando pela sala, eu tentei pensar


em uma razão para não ir, sendo que estar cercada por duas dúzias de repórteres
era bem razoável, eu também estava com fome, e o príncipe nem se incomodou
em compartilhar seu nome comigo quando ele casualmente arruinou meu futuro
previsível com aquele beijo.

Mas só a lembrança dos lábios de Alexander nos meus e de suas mãos em


minha cintura me agarrando firme, meus joelhos viraram geleia, e me vi
procurando uma caneta para deixar uma mensagem para Belle. Eu disse a mim
mesma que eu merecia um pedido de desculpas depois de ter sido lançada em
todo esse drama. Eu disse a mim mesma um monte de coisas para quando me
encontrasse com o guarda pessoal de Alexander, mas me recusava a acreditar
que o que estava fazendo era mais um erro.

Eu disse a mim mesma que não era.


Norris, o guarda pessoal do Príncipe, era do tipo forte e silencioso, mas
como ele tinha prometido, ele me manejou por entre a horda de repórteres que
esperava uma visão do mais recente escândalo real. Chamado eu.

Talvez sua aparência despretensiosa fosse parte de seu trabalho, mas eu


esperava que o guarda pessoal do Príncipe tivesse um calibre mais duro. Norris
tinha aparência comum, com uma constituição robusta e boa, mas um terno
simples. Seu cabelo grisalho era um pouquinho mais comprido que o esperado.
Eu não diria que ele era intimidante. Mas então, considerando como ele passou
tranquilamente pelos paparazzi, sua aparência comum deve ser uma benção. Mas
a única coisa que eu realmente não esperava era ser levada a algum lugar público
para encontrar Alexander. Norris me prometeu um encontro privado, então eu
mal pude engolir minha surpresa quando passamos pelo clube mais famoso de
Londres, Brimstone, para o beco de trás, que era muito estreito, e estava tomado
de pessoas que estavam na fila aguardando para entrar no clube exclusivo.

—Isso aqui é onde vou evitar ser vista com Alexander, digo Príncipe
Alexander. —Eu gaguejei, amaldiçoando silenciosamente. Meus nervos
finalmente deram as caras, e não pude mais evitar falar. —Ou eu deveria chamá-
lo de Sua Alteza Real?

Os olhos de Norris correram em volta de nós enquanto ele me guiava para


a porta traseira, então ele me deu um olhar de pena. —Eu não ficaria nervoso.
Sua Alteza é apenas um homem, apesar de tudo.

Eu não estava muito certa se conseguiria me referir a ele como Sua


Alteza.

Já na porta, eu percebi que não havia trazido minha bolsa. Eu só tinha


minha chave e meu telefone no meu bolso, o que significava que eu não tinha
minha carteira de identidade e, para completar, eu estava usando jeans e
camiseta no clube mais quente da cidade, aonde eu me encontraria com o
Príncipe da Inglaterra. Que hora perfeita, como Belle diria. A americana em mim
tinha um jeito melhor de descrever essa situação.

O musculoso na porta mal me deu uma olhada. Ele simplesmente


cumprimentou Norris com a cabeça e abriu a porta para nós, mas enquanto
passávamos, vi a boca do cara contorcer-se em desgosto. Mais uma prova de que
eu estava ridícula. Eu alisei minha camiseta e ergui os ombros. Eu esperava que
isso fosse o suficiente para os outros que estavam lá fora, pois isso fez muito
pouco para que eu sentisse mais alto-estima. Pelo menos tomei banho hoje, e
meu rabo de cavalo ainda estava direito. Esses eram meus únicos confortos
enquanto eu caminhava até a sala dos fundos do Brimstone.

A batida da música pulsava nas paredes, imitando os meus nervos e a


batida do meu coração. Mesmo por detrás da cena, eu fiquei atenta aos detalhes.
Tochas com luzes vermelhas imitavam chamas, e paredes eram pintadas de preto
com linhas metálicas. Luzes vermelhas pendiam de fios de prata, fazendo as
paredes brilharem e ganharem vida. Enquanto a música alta pulsava rápido em
minha corrente sanguínea, eu apertei meus braços, minha ansiedade
inexplicavelmente mudando para excitação. Norris liderou o caminho, passando
por um corredor lotado de gente que esperava para usar o banheiro.

—Ei caras. —Um homem nos chamou. —Tem mais banheiros lá atrás?

Norris o ignorou, e eu dei um sorriso sem graça, levemente embaraçada


pela aspereza do meu guia, e então vi seus olhares, uma mistura de nojo e
confusão. A expressão deles dizia tudo: quem é essa garota e por que ela é tão
importante? Duas perguntas que eu fazia a mim mesma nesse momento.

Mais dois seguranças estavam no fim do corredor bloqueando a passagem


para a escada, mas mais uma vez eles abriram passagem para nós sem dizer uma
palavra. A escada dava para um mezanino no clube, do tipo próprio para os
dançarinos, mas estava vazio essa noite. Embaixo de nós uma massa suada de
corpos movia-se ao ritmo da música, uma turbulenta mistura de dance e
eletrônica que o DJ tocava. O interior do Brimstone era do mesmo jeito que do
lado de fora, murais flamejantes pelas paredes. Eu não era do tipo que
frequentava clubes. Eu estava bem consciente disso. Mas agora eu gostaria de ser
parte da atividade caótica lá embaixo. Isso parecia ser mais fácil do que encarar
Alexander.

—Senhorita Bishop. —Norris parou em frente a um enorme espelho e


curvou-se para mim. Enquanto ele se afastava, o espelho se abriu e revelou uma
sala escondida.

Eu entrei sozinha, me sentindo instantaneamente fora de lugar nesse


ambiente luxuoso. Tinha um bar privativo, mas ninguém estava lá. Tinha um sofá
enorme e cadeiras ao redor de uma mesa de centro toda dourada, cortinas de
veludo vermelho, e meus dedos deslizaram pela maciez do tecido. Mas a coisa
mais sexy aqui para mim estava de costas, olhando da janela que dava para o
corredor e o salão do outro lado. Quando a porta fechou-se atrás de mim, ele se
virou para me encarar. Um leve sorriso apareceu em seu rosto, e eu engoli,
sabendo que ele me via na minha aparência mais casual. Erguendo meu queixo,
eu caminhei até ele, esperando que eu parecesse bem e confiante, e que essa
atitude me ajudasse a passar por esse encontro. Mas quanto mais eu me
aproximava dele, mais minhas pernas transformavam-se em geleia.

Ele estava vestido perfeitamente para a ocasião, com calças pretas e um


terno de um botão, cinza. Mesmo na luz difusa, seus olhos azuis brilhavam
misteriosamente para mim. Sua mandíbula mantinha aquela tênue barba de
meio-dia, que era extremamente sexy. Como ele podia manter essa aparência tão
perfeita? Eu não pude evitar pensar como seria sentir isso na minha pele, entre
minhas coxas. Meu corpo estremeceu com esse pensamento, e eu tropecei em
meus próprios pés. Ele aproximou-se, e seus braços esticaram para me segurar,
mas eu mesma me endireitei.

Chega disso ou você vai fazer papel de boba. Claro, considerando como eu
estava vestida, já era meio tarde para isso.

Eu li bastante sobre o estilo do Príncipe essa tarde no computador de


Belle para saber que eu estava em perigo real de acabar nesse sofá sem minha
calça. E se eu fosse honesta comigo mesma, parte de mim esperava que
terminássemos exatamente assim. Mas a parte sensível em mim, a parte que
controlava a maior parte do meu cérebro, sabia que isso era uma ideia terrível.
—Estou bem. —Eu disse para ele, dispensando sua segunda tentativa de
ajuda. Eu parei por um momento. —Eu deveria fazer uma reverência ou alguma
outra coisa?

—Por favor, não. —Ele disse, sem tentar esconder sua diversão.

—Eu não gostaria de ofendê-lo, Sua Alteza. —Eu expliquei.

—Você aceita uma bebida? —Ele perguntou, ignorando meu insulto. O


convite vinha cheio de sexo, suave como mel e mergulhado em tentação, e minha
mente tentou encontrar um jeito educado de recusar. — Sim. —Em vez disso. Oh,
foda-se tudo!

—Qual sua preferência, Senhorita Bishop?

Você, eu pensei instantaneamente. Okay, talvez sair daqui com um pouco


de dignidade seria mais difícil do que eu pensei. —Eu sou uma recém-graduada,
então não posso escolher muito.

—Acostumada com o bom e velho vinho barato? —Ele perguntou me


dando um flash de seus dentes perfeitos. —Infelizmente, Brimstone tende à
escuridão.

—Uma vodka booze? —Eu sugeri.

—Exatamente.

—Então eu aceitarei o que você me oferecer.

Algo sombrio cruzou seus olhos, e ele silvou o ar que saiu de seus lábios
perfeitos. O som enviou arrepios pela minha espinha. O ar entre nós cintilava com
a intensidade de seu olhar, até que ele finalmente virou e dirigiu-se ao bar.

Eu aproveitei a oportunidade para verificar o que acontecia lá embaixo


enquanto ele preparava as bebidas, precisando me distrair do perigo que
Alexander era para mim. Estava quieto aqui, mas se eu fechasse meus olhos, eu
poderia acompanhar o bum bum bum da música no clube. Era maravilhoso pensar
que enquanto ficávamos aqui, isolados e curtindo uma bebida, o povo lá embaixo
parecia sardinha em lata.
—Eles podem nos ver? —Eu perguntei enquanto ele me oferecia uma taça
de cristal.

Ele sacudiu sua cabeça. —Isso aqui é igual vidro de delegacias de polícia.
Para eles é apenas o reflexo do clube.

Eu tomei um longo gole de bebida enquanto processava essa informação.


Para todos os intentos e propósitos eu estava sozinha, com um dos homens mais
sexys do mundo, um elogio dado a ele pela People Magazine, conforme verifiquei
em minha pesquisa mais cedo. Eu tinha que concordar com a avaliação deles.

—Você deve vir bastante aqui. —Eu disse. Se eles lhe concediam uma sala
privada e livre acesso.

—Eu fui mandado ao inferno tantas vezes. —Ele disse. —Que decidi seguir
o conselho.

—Ahhh. —Eu disse, rindo apesar do nervoso que me deixava impaciente


na presença dele. —Brimstone.

—Meu habitat natural.

—Eu duvido disso. —As palavras escaparam da minha boca. Como era
possível ele me deixar à vontade e nervosa ao mesmo tempo.

—Eu devo a você um pedido de desculpas. —Ele disse, chegando mais


perto de mim até que seu ombro esbarrou no meu. Nossas peles não se tocaram,
pois nossos braços estavam cobertos por roupas, mas um arrepio percorreu meu
braço.

—Sem danos causados. —Eu disse, acrescentando de forma desajeitada.


—Sua Alteza.

Ele riu disso. —Alexander, por favor. Norris me informou que nada menos
que vinte e quatro membros da imprensa acamparam em frente ao seu
apartamento.
—Alexander. —Eu disse, testando seu nome. Era estranho me dirigir assim
ao homem que no futuro seria o próximo rei da Inglaterra. —Assim que eles
perceberem o quanto minha vida é entediante eles irão embora.

—Eles farão da sua vida um inferno até lá. —A voz dele era baixa, mas
fervilhava de ódio. Não era segredo que ele tinha bons motivos para odiar a
imprensa. Eles estavam envolvidos no acidente fatal que vitimou sua irmã mais
nova.

—Por isso você foi para o Iraque? —Eu perguntei, e imediatamente


desejei que não o tivesse feito.

—De volta ao nosso jogo? Eu acho que te sugeri guardar algumas


perguntas. —Ele disse bem-humorado.

Meu coração bateu emocionado com sua referência à nossa brincadeira


de gato e rato no jogo das vinte perguntas, que fizemos no nosso primeiro
encontro, mas esse tom de brincadeira bem-humorado me mostrou que ele não
estava disposto a responder.

Alexander deu um sorriso sem graça e se virou.

—Sim. —Ele finalmente respondeu com uma voz distante. —Sim, foi por
isso.

—Eu sinto muito. Isso não é da minha conta. Eu só… — Minhas palavras
pararam no meio do caminho quando eu percebi que realmente não importava o
que eu pensava. Por que eu não podia ficar calada? Porque ele me deixava
nervosa e esse era um dos encontros mais esquisitos. Era como se todos os
nervos do meu corpo estivessem disparados ao mesmo tempo, me avisando que
eu estava em perigo, como se sentisse o calor antes que eu tocasse
acidentalmente na chama, exceto que cada pedacinho em mim queria abraçar o
fogo.

—Só? —Ele questionou, me observando com cuidado e com olhos


curiosos.
—Eu gostaria que você não tivesse ido. —Eu sussurrei. Eu não tinha a
menor ideia de porque disse isso. Eu nunca tinha pensado em Alexander antes,
seu exílio foi altamente debatido anteriormente, mas eu nunca pensei nisso antes
com toda a fibra do meu ser.

Ele não respondeu, em vez disso ele dirigiu sua atenção para a janela e
tomou rapidamente o resto da sua bebida.

—Eu entendo. É muita bondade sua se preocupar. —Eu completei.


Respirando fundo, colocando meu copo na mesinha e me encaminhando para a
porta. Ele tinha se desculpado. Eu o tranquilizei. Nosso negócio estava acabado.

—Clara?

Eu parei, esperando que ele continuasse. Eu sabia que queria ouvir meu
nome em seus lábios novamente. Eu queria ouvi-lo sussurrá-lo. Eu queria ouvi-lo
mandar. Eu queria ouvi-lo gritá-lo.

—Sim. —Eu disse, mal conseguindo engolir.

—Por mais que me doa dizer isso, e acredite em mim dói, pelo menos uma
vez esses sanguessugas me fizeram um favor. Eu tentei encontrar você na festa,
mas ninguém sabia quem você era.

Sem surpresa aí. Eu poderia ter me formado no topo da minha turma, mas
eu tinha mantido meu nariz no meu cantinho. Meu círculo de amigos era
pequeno, e além de Belle, a maioria deles não tinham títulos e nem eram ricos.
Mas alguém lá sabia quem eu era e contou para a imprensa. Quem quer que seja
não me fez um favor, o que deveríamos atentar ao porque dele ou dela não ter
contado para Alexander.

—Eu pensei bastante em você. —Ele continuou.

A confissão dele me tirou o fôlego, e eu olhei para ele bobamente.

—Desde a semana passada? —Eu disparei quando consegui finalmente


falar. Ele fez soar como se fosse uma eternidade em vez de apenas alguns dias.
Mas eu não pensei nele essa manhã no chuveiro, e tentei duramente não pensar
nele essa tarde?
—É tão difícil de acreditar? —Ele aproximou-se tanto, que o que nos
separava era um sopro de distância. Eu estava colada no lugar. Foi preciso tudo
de mim para que eu não derretesse nele.

Alexander circulou em volta de mim, e me senti como uma presa em seu


olhar feroz. Ele podia me proteger ou rasgar-me membro a membro, e pelo
sorriso que ele tinha em seus lábios, eu não estava certa se ele já tinha decidido o
que faria. Ele parou atrás de mim, a boca roçando minha orelha. —Se você
soubesse o que era bom pra você, você correria.

—Estou em perigo?

—Pessoas próximas a mim tendem a se machucar. —Ele sussurrou, e a


respiração dele aqueceu meu pescoço.

Em meus pensamentos passavam as dezenas de mulheres que ele pegou


desde que retornou para casa. E eu não me lembrava de tê-lo visto mais de uma
vez com cada uma delas. Ele tinha jogado seu encanto nelas só para levá-las para
a cama e depois descartá-las na manhã seguinte? Algo em suas palavras soou um
aviso de cuidado em mim.

—Você vai me machucar? —As palavras soaram como um desafio, e não


uma pergunta.

—Você tem lido os tabloides. —Ele disse. —Não acredite em tudo que
você lê, Clara. Eu nunca fiz nada a uma mulher que ela não tenha pedido ou…
implorado.

—Virei-me para encará-lo. Eu não sabia ao certo se estava brava com ele
por ser tão arrogante, ou se estava louca comigo mesma por estar tão excitada.
Mas minha pergunta morreu em meus lábios quando me encontrei lutando
bravamente contra o efeito vertiginoso que ele tinha sobre mim. Era injusto que
seu poder fosse acoplado a um rosto tão lindo.

Eu respirei fundo, me recusando a afastar o olhar dele. —Você gosta


disso? Você gosta que as mulheres implorem?
Ele soltou uma risada baixa e rouca que fez meu núcleo apertar. —Eu
gosto de fazer as mulheres pedirem por mais. Eu gosto de fazê-las gemer e gritar
meu nome, e eu gostaria muito de fazer você implorar.

—Eu realmente não sou do tipo que gosta de implorar. —Eu disse, mesmo
que minhas palavras soassem tão fracas quanto minha determinação estava se
tornando.

—Você poderia ser. —Alexander disse. —Eu posso ver em seus olhos: o
desejo de ser comandada e tomada. Você vai gostar quando eu foder você. —
Sim, por favor.

Alexander deslizou um dedo pela minha clavícula, e meu corpo apertou


em antecipação, relembrando meu sonho. Em seguida seus dedos envolveram o
meu pescoço, seu toque leve, mas firme. Ele estava no controle, e quando ele me
puxou para mais perto, eu moldei meu corpo ao dele instintivamente. Eu podia
sentir seu pênis contra a minha barriga, e meu corpo respondeu com um arrepio
que me percorreu dos meus nervos até o meu sexo, que ficou molhado e pronto.
Esperei que ele fizesse um movimento, não era mais escrava da consciência e de
pensamentos racionais. Em vez disso, centenas de cenários surgiram na minha
cabeça. Em cima da mesa. No sofá. Contra a janela de vidro. Ele poderia me
possuir de qualquer jeito que ele quisesse. Mas em vez disso ele se afastou de
mim.

—Você deveria ir.

Sua súbita rejeição me atingiu, quase me fazendo cair. Eu balancei,


momentaneamente desorientada com a sua abrupta mudança de
comportamento.

—Provavelmente eu deveria.

Um homem como esse - um que me confunde e embasbaca, me emociona


e me aterroriza - não era bom para mim. Eu me forcei a considerar, embora isso
me devastasse, Alexander era má notícia. Eu sabia disso o tempo todo, então
porque eu ainda estava aqui?
Alexander virou-se para mim, escondendo seus olhos azuis de mim, e os
profundos segredos refletiam embaixo da superfície em chamas. —Você
perguntou se eu machucaria você, Clara. Eu não posso mentir e dizer que não. Eu
quero muito mais do que te despir e te possuir de encontro à parede. Segurá-la lá
até que você implore pelo meu pau, e quando eu finalmente o der para você,
você me implorará para não parar.

Mais uma vez ele se aproximou e senti o calor que irradiava dele. Esse
calor me penetrou fazendo meu sangue esquentar. A paixão corria em minhas
veias, aquecendo minha carne, lentamente engolindo meus sentidos até que só
houvesse ele.

Ele passou a mão pelo cabelo, sacudindo a cabeça. —Mas se eu fizer isso,
te arruinará.

—Esse não é um romance de época. —Eu disparei, esperando que ele não
notasse o tremor na minha voz. —Eu não sou uma virgem infeliz.

Ele estendeu sua mão e pegou meu braço, me puxando contra ele. —Eu
pensei nos seus lábios o dia todo. Eu imaginei você de joelhos com essa linda boca
envolta do meu pau me chupando forte. Se eu tivesse você agora, eu iria querer
mais. Uma vez não seria suficiente. Mas mais é algo que um homem como eu
nunca pode dar.

—Por que eu não sou da realeza? — Perguntei me sentindo um pouco


tonta por ter sugerido algo tão antiquado. Eu sabia que isso não era um jogo. Ele
me queria, quase tanto quanto eu o queria. Um homem como Alexander poderia
ter tudo que ele desejasse, então por que me afastava agora?

—Eu acho que eles ficariam mais chateados por você ser americana, mas
realmente ninguém liga para isso. —Ele disse com um sorriso sombrio. Que
desapareceu de seus lábios, mas permaneceu em seus olhos. —Porque nada
bonito pode sobreviver perto de mim. Você compreende isso? Eles destruirão
você, e se eles não o fizerem, então, eventualmente eu irei.

Sua suposição de que eu era incapaz de lidar com isso me deixou furiosa
em um nível que eu achei difícil de expressar. Aparentemente, ele não só era
arrogante quando se tratava de suas conquistas, ele também estava cheio de si
mesmo quando se tratava de todas as mulheres.

—Talvez eu possa tomar conta de mim mesma. —Torci para longe dele,
mas seu aperto manteve-se firme.

—Talvez você possa. —Ele admitiu. —Mas não me tente para arriscar. Eu
não posso ser responsabilizado.

Ele diminuiu o aperto no meu braço, e eu vi o desafio em seus olhos azuis.


Ele queria que eu fugisse. Ele esperava que eu fugisse. Em vez disso, minhas mãos
espalmaram em seu peito, agarrei sua camisa e o puxei para baixo até que nossos
lábios se encontrassem. Um grunhido vibrou através de seu corpo quando nossas
línguas se encontraram, e eu tremi no som e na urgência primordial de seu toque.
Suas mãos deslizaram para baixo apertando minha bunda, e me levantando do
chão enquanto o beijo aprofundava. Sua língua atingiu meus dentes antes que ele
empurrasse dentro da minha boca, tirando meu fôlego. Ele sugou lentamente até
que minhas pernas envolveram mais firmemente em torno de seus quadris, meu
corpo desesperadamente à procura de alívio da pressão crescente no meu
núcleo. Apesar de nossas roupas, eu esfreguei contra o seu pau duro, balançando
contra ele quando eu encontrei o ponto certo. Em algum lugar em minha
consciência que não foi capaz de permanecer em silêncio, começou a me advertir,
seu tom chocado e com os olhos arregalados.

Cala a boca, eu comandei.

Ainda me segurando, Alexander deslizou a mão por mim e pegou meu


rabo de cavalo, puxando-o para trás, então meus lábios afastaram-se dele. —Essa
é sua última chance. —Ele avisou. Os olhos deles queimaram nos meus, mas
novamente eu me senti congelar, totalmente sob o controle dele.

E foi quando eu percebi que controle era a única coisa que eu nunca,
nunca poderia dar a ele.

—Não. —Eu sussurrei.

Decepção brilhou através de seus olhos ainda em chamas, mas ele me


soltou delicadamente de volta para os meus pés. O chão estava instável abaixo de
mim, mas quando eu dei um passo para trás, eram as minhas pernas que
tremiam.

—Você é uma garota esperta. —Ele hesitou, procurando em meu rosto


uma razão que eu não podia dar. Então ele colocou um beijo na minha testa. —
Norris te levará em segurança para casa, e eu terei minha equipe cuidando para
se livrar dos repórteres.

O fogo que ardeu entre nós momentos atrás tinha esfriado, e eu desejei
que ainda estivesse beijando-o.

—Obrigada. —As palavras estavam na ponta da minha língua, antecipando


as palavras que eu sabia que viriam a seguir. Palavras, que, apesar do meu show
de determinação, eu não queria ouvir.

—Adeus, Clara Bishop. —Os olhos de Alexander permaneceram em cima


de mim, e eu senti que ele estava se segurando, como se quisesse dizer mais.

Eu respirei fundo e segui em direção à porta, e a segurança do lado de


fora do clube. —Adeus. —Mas quando eu saí da sala, o alívio que eu esperava
sentir não veio. Em vez disso, eu senti algo totalmente diferente. Uma emoção
que eu não podia identificar. Doía, e era familiar e estranha ao mesmo tempo.
Norris me encontrou ao pé das escadas antes que eu percebesse o que estava
acontecendo comigo, deixando meu corpo dormente e meu centro oco.

Era pesar.
As lágrimas nublaram meus olhos enquanto Norris pegava meu cotovelo,
me guiando de volta para a saída que nós tínhamos entrado. Eu me senti ridícula
por chorar, mas esse tinha sido um dia e tanto: escondendo no meu apartamento,
esgueirando-me para me encontrar com Alexander, evitando chamadas da minha
mãe e mensagens de texto dos meus amigos. Eu poderia ter sido atropelada por
um carro atravessando a rua sem prestar atenção. E ainda por cima, Alexander
tinha me rejeitado. Ou eu o havia rejeitado. Eu não estava realmente certa. Eu me
sentia uma bagunça agora, e eu só estava certa de uma coisa: eu estava farta
disso tudo.

Puxando meu braço da mão suave de Norris, eu corri para longe dele,
desacelerando com um tranco quando passei a fila de pessoas à espera para o
banheiro. Não havia nenhuma maneira que eu conseguiria atravessar esta
semana, ou sequer essa noite. Esconder. Alexander disse que consertaria as
coisas, mas eu não esperava que isso acontecesse. Eu não estava imaginando os
olhos me seguindo. Em seguida, algumas meninas tiraram a minha foto em seus
celulares, e eu sabia que não estava sendo paranóica. Eu fui reconhecida.

Mas esse era o ponto.

Eu precisava acabar com isso agora. Mesmo que Alexander calasse os


repórteres, haveria suspeitas de que algo estava acontecendo entre nós dois. A
suspeita tinha que ser enterrada. Eu estava prestes a iniciar um trabalho nesta
cidade. Eu não poderia ter fotógrafos me seguindo em todos os lugares que eu
fosse.

O piso do Brimstone sacudia com tanta força que eu mal conseguia passar
através da multidão suada, embora eu fosse capaz de dispensar completamente
Norris no processo. Como era de se esperar, eu fui tateando por entre caras que
estavam muito irritados em tentar me conhecer melhor. Pelo menos eu esperava
que essa fosse as suas desculpas. Mas agora que eu estava fora, na pista de
dança, parecia que eu estava realmente no inferno, e presa em um enxame
gigante de condenados. Estava suficientemente quente aqui embaixo, e eu estava
infeliz também. Meus olhos brilharam ao passar pelos murais de fogo na parede,
e os dançarinos que cercavam o espelho gigante que ficava acima da área de
dança. Alexander estava me observando? Será que ele se importava?

O pensamento foi o suficiente para me impulsionar para frente, até que


eu forcei para sair da multidão. Enquanto o segurança abria a porta para eu sair,
eu percebi que realmente não importava se Alexander estava assistindo. O
guarda de segurança lançou um olhar de esguelha para meu traje estranho, sem
dúvida, querendo saber quem tinha me deixado entrar vestida assim.

—Dia de lavar roupa. —Eu falei por cima do barulho. Sua boca abriu em
um sorriso que caiu de seu rosto um momento mais tarde, quando a primeira
lâmpada de flash disparou. Confusão substituíndo diversão quando a primeira
rajada foi seguida por uma dúzia mais.

Eu não tinha um plano de como lidar com isso. Toda a minha experiência
com os paparazzi até esta manhã tinha consistido em fotografias nos tablóides.
Uma celebridade seguraria a mão sobre o rosto e andaria rapidamente para
longe, mas eu queria a atenção deles. Eu precisava provar que eu não valia a pena
o seu tempo. Embora agora que eu estava realmente na situação, eu não tinha
certeza de como fazer isso acontecer.

—Senhorita Bishop! Sorria, querida!

—Senhorita Bishop, há quanto tempo a senhorita está envolvida com o


Príncipe?

—Senhorita Bishop, é verdade que o Rei condena essa relação?

—Vocês se casaram secretamente em Oxford?

Era como aquela brincadeira de infância, o telefone. De uma simples foto


eles tiraram uma história inteira de um caso de amor. A verdade foi inteiramente
distorcida em favor das manchetes. Algo apertou no meu peito enquanto eu
pensava em como Alexander tinha que lidar com isso todos os dias. Não admira
que ele tivesse sido tão quente e frio. Era um mecanismo de enfrentamento para
ajudá-lo a sobreviver. E agora esses sanguessugas tinham seus ganchos em mim,
esperando o momento seguinte suculento em que poderiam explorar em nome
das notícias.

Parando em frente à multidão e empurrando meus ombros para trás em


um esforço para parecer séria, o que era bastante difícil, considerando o meu
conjunto, eu me dirigi à multidão.

—Lamento informar que eu não tenho nenhuma relação com o príncipe


Alexander. Alguém cometeu um erro terrível. Eu não conheço o príncipe. Não
estou apaixonada por ele. E eu duvido que o rei dê a mínima para mim. —As
palavras escaparam de mim, enquanto tentei ficar calma e contida. Eu estava
correndo na adrenalina agora, o que significava que eu tive sorte em soar
coerente nesse momento.

Eu não esperava fazê-los parar de tirar fotos ou fugir, ou até mesmo pedir
desculpas, mas eu certamente não esperava que os repórteres chegassem mais
perto de mim depois que eu expliquei que estava em um beco sem saída. Eles não
pareciam dispostos a acreditar nisso. Alguns empurraram contra mim, gritando
perguntas em meu ouvido. Eu estava quase cega pelo brilho de suas câmeras.
Todos eles falavam tão rapidamente que eu não teria sido capaz de responder a
um deles mesmo se eu quisesse. Eu desejei que Norris me levasse para casa,
enquanto a multidão chegava cada vez mais perto. Os frequentadores do clube
tinham aderido ao caos. Alguns homens tentaram lutar contra os repórteres, em
nome do cavalherismo, que teria sido risível em qualquer outra noite. E alguns
outros estavam simplesmente tentando tirar fotos com seus celulares. Eles
provavelmente nem sabiam quem eu era. Só importava que tivessem notícias de
algum tipo. Sem dúvida, toda a cena estaria por todo o Facebook pela manhã.

Eu lutei contra a multidão, empurrando, tentando passar por um grupo, só


para ter outra onda de pessoas em cima de mim. Corpos pressionando por todos
os lados em mim, me afogando, até que eu não conseguia mais respirar. O ar foi
espremido do meu peito e eu ofeguei, tentando inalar, mas asfixiei com a massa
empurrando contra mim me impedindo de pegar minha respiração. Pânico
percorreu por meus braços e pernas, rolando através de mim em pequenos
tremores, enquanto os meus olhos corriam em volta, procurando um meio de
escapar. Eu tinha que ir embora. Eu tinha que respirar. Eu tinha que me proteger.
Mas a cada segundo que passava, aumentava o meu medo, e mais desesperada
eu ficava, até que eu tropecei nas pernas de alguém.

A multidão afastou apenas o suficiente para que eu caísse sobre as minhas


mãos e joelhos diante do frenesi mais uma vez. Dezenas de flashes apareceram
em torno de mim. Meus braços cobriram a minha cabeça por reflexo, tentando
bloquear os curiosos e os seus gritos.

—Basta! —O comando soou tão alto sobre a multidão que até eu levantei
meus olhos para ver quem tinha gritado.

Alexander estava a poucos passos de distância, o rosto contorcido de raiva


mal controlada. Ele tinha enrolado as mangas até os cotovelos, fazendo-o parecer
um homem ansioso para começar a trabalhar. Fúria brilhou em seus olhos
enquanto seu olhar viajava de pessoa para pessoa, como se ele estivesse
silenciosamente desafiando qualquer um deles a desobedecer a sua ordem. Ele
deu alguns passos a frente, e quando ele se aproximou, a raiva irradiava dele
como uma onda de calor. A multidão em volta de mim recuou incapaz de tirar os
olhos dele. Pode ter sido porque ele era o príncipe da Inglaterra, mas eu sabia que
havia algo mais primordial nesta cena. Até mesmo eu respondi a ele, meu coração
batendo mais rápido em vez de acalmar, até que ele se abaixou, e puxou minhas
mãos de cima da minha cabeça.

—Você está bem, Clara? —Ele perguntou calmamente.

Eu dei um aceno de cabeça. Atrás de mim, algumas das meninas com


câmeras tinham começado a filmar novamente.

Alexander pegou minha mão e me ajudou a levantar, mas logo que eu


estava de pé novamente, as perguntas começaram.

—Alexander, é a sua namorada?

—Alexander, é verdade que seu pai não aprova seu relacionamento com
uma plebeia?
Eu estremeci com aquilo. É verdade, eu não era da realeza, mas parecia
um pouco hipócrita me chamar de plebéia. Era para ser um insulto, eu podia
sentir isso como eu podia sentir os punhais dirigidos a mim pelas muitas mulheres
nas proximidades. Eu tinha que sair daqui. Minha garganta contraiu embora
ninguém estivesse empurrando contra mim agora. Obriguei-me a respirar, mas o
resultado foi quase outro ataque de pânico. Alexander deu um passo para o meu
lado. Ignorando os repórteres, ele olhou para mim, preocupação brilhando
através de seus olhos de fogo. Ele se aproximou, colocando a mão na parte
inferior das minhas costas. Ela permaneceu lá, queimando através do fino tecido
da minha camiseta, enquanto ele me guiava pelos repórteres e curiosos. Seu
toque acalmou os meus nervos, e o calor espalhou-se pelo meu corpo a partir do
local onde sua mão descansava possessivamente, fixando-se em meu peito.

Sem uma palavra, ele me acalmou.

Norris nos ultrapassou, correndo para o carro para abrir a porta, mesmo
com a multidão nos seguindo. A mão de Alexander desapareceu assim que eu
inclinei para entrar no banco de trás, mas para minha surpresa, ele abaixou-se
para entrar. A porta fechou-se atrás de nós, e Norris deslizou um momento
depois no banco do motorista. Parecia que uma eternidade se passara desde que
Alexander tinha me colocado de pé na frente do Brimstone. O tempo tinha
abrandado sob sua proteção no carro silencioso, mas ele acelerou com as
câmeras clicando do lado de fora das janelas escuras. Meus olhos encontraram o
chão, e eu fiquei fortemente concentrada em uma protuberância no tapete aos
meus pés, até que um braço confiante segurou meu ombro e me puxou para
perto, incentivando-me a enterrar meu rosto em seu ombro. Eu inalei o aroma
indescritível dele: cravo, sabão e Bourbon. Ele afundou em mim até que o mundo
em torno de nós desapareceu, e eu relaxei em seus braços.

Sem uma palavra, ele me acalmou.

*****
Nós dirigimos em silêncio por entre a multidão de volta para o meu
apartamento, enquanto eu tentava me recompor. Eu não choraria na frente de
Alexander. Eu não lhe mostraria minhas fraquezas, agora que eu tinha
vislumbrado sua força brutal, porque eu não queria que ele me visse vulnerável.
Espiando nele, senti seu poder sobre mim. Ele era poderoso e dominante. Ele não
era como nenhum outro homem que eu já tinha encontrado, e eu não queria que
ele descobrisse que isso me assustava. E excitava.

—Clara. —Meu nome rolou por seus lábios facilmente, e eu saboreei


como soou.

—Você está bem?

Eu balancei a cabeça, um caroço preso na minha garganta. Será que ele


sentia a mudança na nossa relação? O fio que tinha me atraído para ele tinha sido
invisível, inexplicável quando nos conhecemos. Eu senti quando o vi novamente
em Brimstone. Mas agora essa tênue ligação indescritível se foi, substituída por
uma firme ligação inflexível de confiança. Ele tinha aparecido por mim. Eu tinha
que lhe dar crédito por isso, mesmo que ele tivesse me metido nessa confusão
em primeiro lugar. Ele estava pensando a mesma coisa? Será que ele sentia isso
também?

—Eu sinto muito que você teve que passar por isso. Eu deveria ter sabido
quando beijei você. —Ele retirou o braço que havia casualmente colocado em
torno do meu ombro, e passou a mão pelo seu cabelo preto desarrumado.

Eu estava dividida entre querer que fosse a minha mão enredando em seu
cabelo e a decepção. Eu tinha interpretado mal. Imaginei a ligação entre nós. E
ele se referiu a primeira vez que ele me beijou, ou quando eu o tinha beijado na
Brimstone? De alguma forma, apesar do terror que eu já tinha experimentado, eu
não me arrependia do beijo. Na verdade, mais do que nunca, eu queria mais. Eu
queria seus lábios nos meus, seu corpo pressionado tão forte contra mim, que eu
poderia sentir sua excitação espetando na carne macia da minha barriga.

Mas isso nunca aconteceria. Eu não podia deixar. Eu não podia deixar que
qualquer coisa entre nós acontecesse. Eu me endireitei e respirei fundo, me
virando para olhá-lo nos olhos. —Estou bem. —Eu menti. —As coisas saíram do
trilho. Eu creio que você tem mais experiência com esse tipo de coisa do que eu.

—Infelizmente, você está certa. —Ele parou, me observando tão


atentamente que me remexi no meu assento. —Eu sei que deveria lamentar ter
te beijado, mas eu não lamento. Na verdade, eu gostaria de fazer novamente.

Minhas dúvidas sumiram quando ele falou, e me senti sem força para lutar
contra a sugestão dele.

—Eu não vou impedi-lo. —Eu disse com uma voz suave, surpreendendo a
mim mesma.

Alexander deu um suspiro e desviou seu olhar do meu para a janela. —


Você disse não.

Eu tinha dito não, e eu mal podia me lembrar do porquê. —Eu não quis
dizer isso.

—Que sinais mistos você me dá, senhorita Bishop. Isso é uma coisa
arriscada para um homem como eu.

—E que tipo de homem é esse? —Eu perguntei embora já soubesse a


resposta

Um homem perigoso. Um homem perigoso, mas lindo. Não só por causa


de quem ele era ou a vida que ele vivia. Eu podia vislumbrar o que ele escondia
por trás da máscara de controle que ele usava. Vislumbrar algo selvagem e não
domesticado.

—Um homem que pega o que ele quer. —Ele respondeu sinistramente.
Ele fez uma pausa, olhando-me como se para verificar se tinha me assustado.

Mas o que eu sentia estava longe de ser medo. Eu apertei as minhas


pernas, enquanto o calor no meio delas aumentava, uma pequena pulsação
começava a soar. Mesmo que as palavras dele fossem sexys, eu queria mais.

—Você não me pegou.


—Nos conhecemos em circunstâncias incomuns. —Ele ressaltou, soltando
a mão para descansar no meu joelho. O contato enviou um tremor de desejo pela
minha coxa, aumentando o pulsar no meu clitóris.

—Você não estava tentando pegar alguém? —Eu perguntei, fazendo o


meu melhor para ignorar seu toque e falhando totalmente. —Não é sua cena
usual?

—Eu raramente encontro companhia interessante no clube Oxford &


Cambridge.

—Por que você estava lá? —Eu perguntei. Meu lado racional ganhando do
meu lado paquerador.

—Meu amigo Jonathan recebeu sua graduação. Ele me enganou. —Ele


disse.

—Eu acho difícil imaginar você sendo enganado por alguém.

—Então você deveria conhecer Jonathan.

—Espere. —Eu disse, com a realização me atingindo. —Você quer dizer


Jonathan Thompson?

—O primeiro e único. Você o conhece… bem? — A questão era tensa,


como se ele temesse a resposta.

—Só por reputação. — Eu assegurei. Jonathan também tinha feito uma


licenciatura em estudos sociais, mas nós tínhamos tido pouco contato de alguns
cursos compartilhados. Eu só sabia mais sobre ele, porque Belle tinha dormido
com ele em nosso segundo ano. Ela não era o tipo de beijar e dizer, mas Jonathan
tinha sido um grande idiota. Eu o tinha evitado socialmente depois dela ter me
avisado sobre ele. Não que eu tivesse uma vida social na universidade. Sem as
velhas conexões familiares, meu foco era em meus estudos. Eu não podia contar
com a facilidade de uma posição respeitável de qualquer outro modo, mesmo
com o dinheiro dos meus pais. Pessoas como Jonathan não tinham que se
preocupar com essas coisas.
—Jonathan se vangloria de ter ficado com todas as meninas de sua turma.
—Alexander disse. —Estou feliz em ver que você tem padrões.

—Assim diz seu amigo. —Eu adicionei.

—Algumas pessoas você deve manter perto. —Ele aconselhou, a


escuridão era aparente através de seus olhos enquanto falava, lembrando-me o
quanto eu queria desvendar o seu mistério.

Eu fiz a varredura das ruas do lado de fora do carro, um esforço para


acalmar meu pulso rápido. Tudo sobre Alexander gritava para eu correr, desde as
palavras que ele falava até mesmo sua companhia. Mas eu estive correndo e me
escondendo a maior parte de minha vida adulta, então eu não podia me afastar
de Alexander agora. Eu era atraída a ele com uma energia que era tão magnética
quanto o seu sorriso.

Você deve a ele gratidão e nada mais. Meu lado racional me dizia. Ele
estava certo, e eu deveria escutar, mas eu também sabia que não queria. —Onde
estamos indo? —Eu perguntei quando passamos da entrada do meu prédio.

—Tem repórteres nos seguindo. Norris os despistará antes de te levar


para casa. —Sua mão deslizou mais para cima em minha perna, agarrando minha
coxa possessivamente enquanto falava.

Fechei os olhos, afastando todas as análises e as dúvidas nublando meus


pensamentos, e me deleitei com o calor do seu toque e essas palavras. Eu queria
que ele me levasse. Me leve para casa. Ou me leve aqui. Uma voz horrorizada
começou a sussurrar em minha cabeça.

Erro. Você está cometendo um erro. Você não é forte o bastante para
aguentar isso. Você não pode atrair um homem como ele.

Eu silenciei essa voz e concentrei nas sensações emocionantes através do


meu corpo, ciente de que ele havia se aproximado de mim, e que nossos corpos
estavam pressionados juntos.

—Clara. —Ele disse com uma voz baixa.


—Hmm. —Eu respondi perdida no momento.

—Eu preciso que você saiba que não importa o que aconteça a seguir. Se
você sair desse carro e nunca falar comigo de novo, eu cuidarei de sua proteção.
—Ele prometeu.

Eu fechei meus olhos e puxei uma respiração. —Por quê?

—Porque você é a única pessoa que eu queria que nunca tivesse deixado
ir. —Ele disse com a voz calma.

Mas eu vi através de seu controle cuidadoso e suas palavras medidas,


através do lado selvagem e indomável dele, o que eu tinha vislumbrado antes, o
rapaz quebrado que nunca tinha se curado. E eu sabia então, que as próximas
palavras que eu falaria seriam a primeira vez que ele as ouviria, também. —Estou
feliz que você voltou.

—Eu quero você. —Suas palavras finais. Um comando, não uma pergunta.
Isso estava em sua voz. Ele me queria, e ele me teria. Eu não conseguia encontrar
forças para lutar, porque eu o queria mais do que nunca quis nada na minha vida.
O pensamento me deixou tonta. Sua mão escorregou até que se aninhou contra o
meu sexo, e um gemido suave escapou dos meus lábios. —Mas não essa noite.

Meus olhos abriram enquanto olhava para ele acusadoramente. —Isso é o


que você faz? Brinca com as garotas até que elas fiquem de joelhos?

Ele poderia ter-me agora, e eu não objetaria. Ele sabia disso, eu podia ver
o conhecimento refletindo em seus olhos. Então por que esse jogo? —Você
precisa que eu implore? —Eu perguntei.

Seus dedos roçavam meu jeans, provocando o feixe de nervos que já


estava pulsando com sua mera presença. —Precisar? Não. Querer? —Ele hesitou.
—Eu quero ouvir você implorar por mim. Implorar pelo meu pau. Implorar para
que eu te foda, e você irá, boneca. Mas. Não. Essa. Noite.

—Por quê? —Eu não estava preocupada em como essa pergunta soou
desesperada, mas uma garota não pode ser responsável quando o clitóris dela
está batendo como um tambor.
—Porque seu prédio inteiro estará cercado amanhã de manhã, e eu não
estou interessado em sexo, Clara. Eu quero explorar você. Eu quero arrancar
essas roupas suas e te levar para a cama. Vou te comer até doer, e eu quero ouvir
você pedir por isso. — Ele fez uma pausa para deixar isso assentar, dando-me
tempo suficiente para visualizar exatamente o que ele estava propondo. —E eu
preciso mais do que algumas horas para isso.

Eu tinha parado de respirar, pendurada em cada uma de suas promessas,


até que eu pensei que derreteria no assento. Eu acho que eu não poderia esperar
tanto tempo, e parte de mim ansiava que ele me pegasse agora, mesmo com
Norris apenas a alguns metros de distância. Mas eu queria ter uma noite como a
que ele prometeu.

—Eu tenho o que eu quero. —Ele me lembrou, e eu sabia que o assunto


estava resolvido.

—Quando? —Era a única coisa que eu poderia perguntar com seu olhar
ardente sobre mim.

—Amanhã.

—E os repórteres? —Eu perguntei.

—Eu cuidarei deles. —Alexander se ajeitou em seu assento, um sorriso


agradável em seu rosto. Ele sabia que me tinha. Ele tinha saído vencedor, embora
nunca houvesse dúvidas de que ele venceria. Como eu poderia resistir a ele?
Resistir a esse rosto divino ou a esse corpo esculpido e a força que me atraia a
ele? —Norris pegará você às 11h.

—Então te verei amanhã de noite? —Eu disse enquanto o carro parava. Eu


esperava que minha ansiedade não fosse tão óbvia como eu sentia que era.

—Oh, não. Onze da manhã. —Alexander inclinou-se e pegou meu rosto


em suas mãos. —Eu disse que preciso de tempo, boneca.

Seus lábios sussurraram através dos meus, e eu abri minha boca em boas-
vindas, mas ele se afastou, seus olhos azuis brilhando. —Até lá, então.
A lâmpada da sala acendeu assim que virei a fechadura na porta da frente.
Eu me virei, meus olhos ainda ajustando-se à escuridão, para descobrir Belle
sentada de pernas cruzadas no sofá, olhando para mim. Qualquer outra noite eu
teria rido por ela ser uma mãe galinha, mas esta noite me senti mais como se eu
tivesse acabado de ser apanhada pela guarda da prisão.

—Há quanto tempo você está sentada no escuro? —Eu perguntei a ela.

—Desde que tenho casa e decidi dividir com você. — Ela apontou para
uma sacola cheia de caixas. Culpa correu por mim quando eu percebi que estive
fora por mais de uma hora e meia.

—Sinto muito. —Eu comecei, mas sem ideia do que mais dizer. Tanta coisa
aconteceu depois que ela saiu para comprar o jantar, e agora que eu estava
completamente intoxicada com a presença de Alexander, eu estava começando a
me sentir boba. Mas então me lembrei dos lábios dele sobre os meus, e o familiar
anseio descontrolado.

—Terra para Clara.

Eu sacudi minha cabeça e me forcei a encontrar o olhar da minha melhor


amiga.

—Eu perguntei onde você esteve? Primeiro pensei que você estava no
banheiro, mas quando você nunca saiu...

—Eu te deixei um recado. —Eu disse defensivamente, mas era óbvio que
ela não o tinha visto.

—Mas... —Ela continuou, me ignorando. —Eu sei que você não pode ter
sido tão estúpida para sair com todos esses paparazzi esperando por você. —Ela
parou obviamente esperando que eu começasse a explicar, mas eu ainda estava
tentando descobrir por onde começar. —E ainda assim, aqui está você sem dar
um pio como explicação.

Ergui a mão em rendição. —Me dê um minuto.

Sentando no sofá ao lado dela, eu tentei organizar meus pensamentos.


Belle suspirou impaciente e pegou uma caixa de comida. Isso provavelmente
devia estar gelado, mas ela começou a enrolar o macarrão no palito. Em vez de
comer ela apontou para mim. —Coma.

Eu sabia que era melhor não discutir com ela sobre isso. Eu comi o
macarrão, saboreando seu rico molho salgado, apesar de sua frieza. Ela empurrou
a caixa em minhas mãos, e eu assumi o processo de me alimentar, grata pela
chance de organizar meus pensamentos, enquanto eu comia. Comemos em
silêncio até que minha barriga estava saciada, e eu tinha que admitir que a minha
cabeça parecia muito mais clara após a refeição.

Colocando minha caixa quase vazia em cima da mesa, eu encarei Belle,


que estava me observando com olhos curiosos, sua boca pronta para comer o
macarrão.

—Quando você saiu eu recebi uma ligação. —Ela ficou em silêncio


enquanto eu a enchia com a cadeia insana de eventos que tinha acontecido
enquanto ela estava fora pegando nossa comida, mas assim que eu terminei,
deixando de fora a parte onde Alexander me ajudou a entrar em seu carro, ela
deixou escapar um longo suspiro.

—Se você não aproveitar isso, eu nunca te perdoarei.

Eu não consegui sufocar o riso nervoso que borbulhava em mim. Meus


olhos dispararam para longe do rosto muito sério de Belle, preocupada que ela
descobriria que eu já tinha concordado em me encontrar com ele amanhã. Eu não
estava inteiramente certa do porquê. Talvez por causa de Alexander, e minha
relação já era pública demais, parte de mim queria manter algo para mim. Mas
apesar da minha tentativa de evitar o boato, os olhos de Belle estreitaram-se em
fendas felinas.

—O que você não está me dizendo? —Ela pediu.


—Nada. Eu... só... —Meus dedos enrolaram nas franjas da almofada, Belle
observou isso. Eu me afastei dela e apertei meu peito.

—Desembucha, Bishop.

—Eu… vou encontrar com ele amanhã. —Foi um alívio admitir isso.

—Amanhã? Diabos! —Belle pulou do sofá e começou rapidamente a


arrumar a sala. —Não temos muito tempo.

—Para o quê? —Eu perguntei, embora eu não estivesse certa se queria


saber a resposta.

—O que você vai vestir?

—Ele não podia manter as mãos longe de mim e eu estava usando isso. —
Eu a lembrei apontando minha camiseta. —Eu não creio que nada seja pior do
que isso.

Sua sobrancelha ergueu, demonstrando que claramente ela duvidava


disso.

—Por mim você poderia usar um saco de juta. —Embora eu não


permitisse. —O que você está usando por baixo? Oh caramba, quando foi sua
última depilação? É muito tarde para fazer agora.

—Tudo está em ordem lá embaixo. —Eu assegurei a ela, sem me


preocupar em informar-lhe que, embora eu nunca tenha depilado antes na minha
vida, não significava que as coisas não eram limpas e bem conservadas lá
embaixo.

—Calcinha? Sutiã? —Ela perguntou.

O ritmo dela estava começando a me enervar novamente. —Eu tenho isso


também.

—Eu vi os seus. —Ela disse com exasperação. —Você não pode usar
calcinha de algodão para transar com Alexander.
—Eu imagino que não estarei usando por muito tempo. —Apenas o
pensamento já me distraía quando eu me lembrava das fortes mãos de Alexander
comandando. Até amanhã, eu saberia o que era tê-las por todo o meu corpo, e
uma onda de antecipação tremeu sobre a minha pele, aumentando os arrepios.

—Foco, Clara! —Belle estalou seus dedos, chamando minha atenção


novamente para o estado de emergência que ela declarou.

—Ele virá me pegar às onze da manhã. —Eu disse a ela. —Não há nada
mais que eu possa fazer.

—Vivemos em Londres agora. —Ela disse, pegando sua bolsa do chão. —


Shoppings ficam abertos até tarde. Você é um 36B?

—C. —Eu a corrigi. —Mas não posso sair. —Norris dirigiu pela parte da
frente do prédio mais cedo, e embora eu estivesse focada em Alexander, eu não
tinha dúvidas de que os paparazzi ainda estavam acampados na frente do prédio.

—Eu vou.

—Você já saiu para conseguir o jantar. —Eu sabia que as intenções de


Belle eram nobres, mas ela quase me enlouqueceu com seu frenesi. Isso já era
demais. —Eu não deveria.

—É por isso que eu vou.

—Não. —Eu a parei. —Eu não deveria ir amanhã. É uma ideia terrível. Será
que eu realmente quero acabar em mais tabloides?

Se eu for pega com Alexander, os rumores aumentarão. Eu já posso até


ver as manchetes: Saborosa putinha! Sua Puta Real!

Se envolver com alguém como Alexander, mesmo que só uma ficada,


poderia destruir minha carreira antes mesmo que ela começasse. Eu não abrigava
quaisquer ilusões sobre a minha posição na organização sem fins lucrativos, mas
eu não estava pronta para cometer suicídio na minha carreira antes que eu
tivesse meu primeiro dia.
—Não, não, não. —Belle ordenou. —Eu conheço essa voz. Você não vai
falar de si mesma assim. Pelo menos uma vez, você precisa deixar ir!

—E o que de bom isso me trará?

—Eu amo você. —Ela disse, com os olhos suaves enquanto falava. —Mas
você precisa de uma boa trepada. Você passou os últimos seis meses com a cara
enfiada nos livros.

—Alguns de nós precisam de boas notas.

—E antes disso. —Ela continuou como se não tivesse me ouvido. —Você


estava com Daniel, e convenhamos, querida. —Belle levantou seu dedo mindinho
e o sacudiu.

Eu apertei o dedinho com a minha mão. —Como você sabia disso?

—Porque eu vi você na manhã seguinte depois de terem dormido juntos.


—Ela disse. —E você parecia cansada, mas não de uma boa maneira.

Eu seriamente duvidava que minha vida sexual pudesse ser julgada com
base na aparência da manhã seguinte. —Daniel era perfeitamente adequado.

—Exatamente. Feijão e torradas te alimentarão, mas você não pode fingir


que é um filé.

Eu sacudi minha cabeça para ela. —Nada disso significa que eu precise de
novas calcinhas.

No fim Belle venceu, e certa de que eu estaria pensando demais em meu


encontro, ou o que quer que isso fosse... Ela me deixou com uma lista de coisas
para fazer enquanto ela estava fora. Eu resisti à lista no início, mas alguns dos
itens faziam sentido. Minhas unhas dos pés estavam bem, mas talvez uma nova
camada de esmalte seria bom. Pintá-las, como se viu, teve o efeito ímpar de me
acalmar e me excitar ao mesmo tempo. Quando eu era adolescente, eu teria
passado por toda essa obsessão antes de um encontro, mas eu tinha que admitir
que parecia menos importante na faculdade. Eu não era exatamente o tipo de
garota que passava horas e horas se preparando antes que fosse ver um cara,
mas fazia muito tempo desde que eu realmente me mimei.
Belle poderia montar um salão de beleza com a quantidade de produto
que ela mantinha a mão, e em pouco tempo, eu tinha acabado minha pedicure.
Eu caminhei pelo apartamento, cuidando para não bater minhas unhas dos pés, e
me dirigi para o quarto dela. Ela tinha me dado carta branca para o seu armário
para encontrar algo para vestir, porque conforme ela disse: você sairá de jeans só
passando por cima do meu cadáver.

Eu não pude deixar de me maravilhar com o quão organizado seu armário


era. Eu gostava das minhas coisas limpas e bem ordenadas, mas não havia
nenhuma maneira que eu poderia ter tirado os meus pertences mais rápido e
eficiente como ela, embora eu tivesse um closet.

Corri meus dedos na variedade de vestidos que pendia de acordo com seu
comprimento, parando no meio, perto da parte de vestidos na altura do joelho. A
maioria deles caía sob a categoria de festa de família, o que significava que
parecia um pouco demais para usar com um monarca britânico.

A avó de Alexander, eu percebi.

Isso definitivamente não funcionaria. Eu sabia que Belle me empurraria


para os vestidos mais curtos, mas a última coisa que eu queria era me sentir
constrangida. Eu nunca estive perto de uma chamada para sexo antes, e tão
excitada quanto eu estava sobre a promessa de Alexander que ele precisava me
comer o dia todo, foi ficando cada vez mais difícil silenciar o meu lado racional.
Sem sua presença, sem a força inexorável que eu sentia perto dele, eu podia ver
mais claramente os motivos para eu me afastar.

Uma vez, eu prometi a mim mesma. E então tudo acaba.

Era o final da primavera em Londres, o que significava que o tempo


estava um pouco instável, mas tendia para temperaturas mais quentes. Eu
vasculhei os cabides, descobrindo que Belle tinha um grave problema com vestido
de baile. Ninguém precisava de muitos vestidos extravagantes. Passando pelo
vestido de noite de Jenny Packham, e um Vera Wang em seda champanhe, eu
encontrei exatamente o que eu estava procurando.
Despindo-me, eu experimentei o vestido longo que fluía até o chão. Era
sem mangas, mas o seu decote apoiaria o meu busto, um problema que Belle não
tinha. Era um tom suave de azul, romântico e sonhador, que era um reflexo de
como eu me sentia. Com minhas unhas recém-pintadas, eu seria capaz de usar
um par de sandálias pela primeira vez nesta época do ano. Não era o conjunto
que minha empolgada amiga escolheria para mim, mas com o decote baixo e
tecido de fabricação fina, era sexy o suficiente.

Belle chegou meia hora depois de eu ter completado sua lista de


verificação, segurando um saco da Provocateur Agent (marca famosa de lingerie),
triunfante sobre sua cabeça. Para minha surpresa, ela totalmente aprovou o
vestido que eu tinha escolhido.

—Vai servir perfeitamente com isso. —Ela abriu o tecido cuidadosamente


embalado, para revelar um sutiã de renda e calcinha de seda, que brilharam como
prata quando ela ergueu. O conjunto era delicado e feminino, conseguindo gritar
sexo e riqueza, ao mesmo tempo.

Dei uma olhada no preço e soube o porquê.

—Vou te reembolsar por isso.

Belle dispensou a minha declaração, os lábios curvando-se enquanto eu


segurava a lingerie sexy. Ela sabia que eu não teria comprado para mim. Não
porque eu não tinha dinheiro, mas porque eu nunca tive uma razão para isso
antes. Ela pegou o sutiã da minha mão e retirou a etiqueta.

—Sem retorno agora. —Ela ronronou.

Peguei-o de novo, pressionando-o contra o meu peito enquanto eu


imaginava como seria usá-lo, o que só resultou que eu pensasse por que eu
estaria usando isso. Calor inundou meu rosto enquanto eu imaginava vestindo
isso de frente para Alexander. Eu tinha usado lingerie antes, mas nada tão intenso
quanto este. Era bonito, sexy e delicado. —Tão delicado quanto o arranjo entre
ele e eu.
*****

Um nervoso me atingiu logo que acordei na parte da manhã. Meu


estômago revirou com o pensamento de que em poucas horas eu iria,
eventualmente, cometer o maior erro da minha vida, ou talvez a melhor decisão
da minha vida. O júri ainda estava deliberando o quão ruim essa ideia era.
Tomando um banho, eu tentei não olhar no espelho enquanto terminava a minha
rotina matinal. Mas quando eu finalmente fui forçada a olhar para cima quando
começei a aplicar um pouco de maquiagem que eu planejava usar, descobri que
eu já estava corada. Parecia animada e um pouco louca. Ao todo, realmente não
parecia algo tão terrível.

Belle estava fazendo um barulho na cozinha no momento em que me


juntei a ela, ainda em meu robe. Ela estava vestida com um pequeno pijama e um
top, e por um segundo, eu gostaria de ter seu corpo torneado, atlético, com seios
fartos e abdômen definido. Apesar de correr vários dias na semana, eu estava
cheia de curvas e era um pouco alta demais. Disseram-me, mais de uma vez, que
a minha figura voluptuosa tinha assustado um menino.

Ela cozinhava como uma tempestade. Já havia um prato de salsichas e


tomates cortados, e ela estava fritando ovos ao lado de um pote, que eu
suspeitava ser feijão.

—Você está cozinhando para Philip? —Eu perguntei, surpreendida com a


quantidade de comida que ela estava preparando.

—Eu queria me certificar de que você comesse antes do seu encontro. —


Ela disse, me dando uma piscada. —Parece que você vai precisar de força.

—Não me lembre. —Eu fiz uma careta, quando levantei a tampa da panela
e vi que estava certa com meu palpite.

Belle me deu uma colher, com uma espátula ela apontou no meu peito. —
Uh,uh, Bishop. Você não vai para a coisa psicótica.
Eu dei de ombros, pegando um pedaço de bacon Inglês e coloquei na
minha boca enquanto eu sentava sobre uma banqueta. —Eu já estou. Lembre-
me, do que exatamente eu estava pensando?

—Você estava pensando que você teve a chance de transar com um dos
homens mais sexy e mais poderosos do mundo. —Ela me lembrou.

Quando ela disse isso, eu quase compreendi.

—Clara, essa é a oportunidade de uma vida inteira. —Ela adicionou.

Eu levantei uma sobrancelha para ela. —Ter sexo com alguém é a


oportunidade de uma vida inteira? Falou como uma verdadeira prostituta.

Ela mostrou a língua para mim, e voltou sua atenção para os ovos. —Ter
sexo com um príncipe é. —Ela disse. —Lembra quando você era criança? Você
não queria ser uma princesa?

—Isso não é a mesma coisa. —Eu sorri com o pensamento. —Minha


brincadeira não incluía o Kama Sutra.

—Não sentiu falta então? —Ela disse secamente. Seriamente, embora é o


mais próximo que você provavelmente vai chegar nessa fantasia. A coisa que
ninguém admite é, que nós não desistimos de nossas fantasias infantis, nós
simplesmente aceitamos que elas estão fora do nosso alcance. Você é adulta
agora, mas isso não significa que você não quer prender um príncipe. Ou transar
com um, pelo menos.

—Você é uma sem esperança. —Eu disse. —E não quero dizer que eu seja
uma sem esperança romântica.

—Sou uma realista, querida. E uma oportunidade bem real se apresentou


para você. Não recue agora.

Eu não disse nada sobre recuar, mas eu estive pensando sobre isso e,
obviamente, a minha melhor amiga pegou. Sem surpresa nisso. —Eu só não estou
certa de que é uma boa ideia. Eu não sou o tipo de garota que transa apenas por
diversão.
Essa era a verdade. Eu sempre fui o tipo namorada, mesmo durante meus
anos mais experimentais. A última vez que eu deixei um cara me pegar, foi Daniel.
Eu fui para casa com ele para o que seria uma noite selvagem, e acabei presa em
um relacionamento de baixa qualidade.

—E como isso funcionou para você? —Ela perguntou. —Daniel tratou você
como merda. Relacionamentos são superestimados.

—Me lembre de usar essas falas no meu discurso de dama de honra.

—Estou apaixonada por Philip. —Ela replicou. —Você não estava


apaixonada por Daniel, olhando para quão terrível seu relacionamento era. É uma
ideia muito melhor você manter isso casual.

Eu ergui minhas mãos em rendição. —Okay, okay. Eu não vou cancelar.

Eu não acrescentei que parte de mim sabia que cancelar com Alexander
seria impossível. Se eu conseguisse fazer isso, apesar de sua voz incrivelmente
sexy, ele me encontraria. Tenho a impressão de que ele não era o tipo de homem
que aceita não como resposta. Não duas vezes. E eu já usei a minha uma vez.

E a despeito de qualquer coisa, eu não queria dizer não para ele. De fato,
eu não estava pensando em dizer não a ele.

—Terra para Clara. —Belle chamou.

Eu pisquei meus olhos, me tirando do meu estupor enquanto ela deslizava


um prato cheio de alimentos na minha frente. —Eu vou estar muito cheia para o
sexo.

—Psisss. —Ela se serviu outro prato cheio e sentou-se ao meu lado. —


Pense nisso como combustível. Eu espero que você esteja pronta para lidar com
ele.

—Você espera, ahn?

—E eu quero ouvir todos os detalhes sórdidos.

Rolando meus olhos, eu comi os ovos do meu prato. —Você já encontrou


com ele?
—Infelizmente não. Minha família nunca foi a favorita de seus pais,
especialmente depois que papai... —Ela não terminou de falar. Eu sabia que era
melhor não insistir. —Nós não fomos convidados para o campo ou qualquer outra
coisa. E ele se foi logo após o acidente.

Pensando sobre o acidente infame que matou a princesa Sarah, e quase


reivindicou a vida de Alexander, ficou difícil continuar a comer. —Ele mencionou
isso. Partir logo depois do acidente, eu quero dizer.

—Você estava na América na época?

Eu concordei, empurrando minha comida pelo prato. —Estava em todos


os noticiários. Embora eu tivesse outras coisas acontecendo no momento.

—Isso foi triste. —A voz dela foi se distanciando enquanto relembrava o


acidente.

—Pessoas choravam pelas ruas, até mesmo minha mãe. Eu quis ir ao


funeral. Todo mundo quis. Deveria haver centenas de milhares de pessoas nas
ruas. Quando seu caixão passou, eles ficaram em absoluto silêncio.

—Ela tinha nossa idade. É difícil de imaginar. —Eu disse. —Os paparazzi
estavam envolvidos?

—Ninguém sabe realmente. —Belle disse tristemente. —Os rumores


diziam que eles estavam bêbados. Alexander tinha vinte anos, mas ela era menor
de idade. Havia outra pessoa no carro, mas a imprensa nunca revelou quem era.

—Ainda não compreendo porque Alexander deixou o país. —Eu admiti.


Ele foi tão vítima quanto à irmã.

—Sarah era amada. Eu acho que em boa parte porque era muito parecida
com a mãe. Sua mãe morreu no parto do Príncipe Edward, o que foi um choque.
A ideia de ela morrer tão tragicamente foi um choque para a maioria das pessoas.
—Belle deu de ombros. —É engraçado como a maioria das pessoas age como se
conhecessem os famosos.
Eu não podia deixar de pensar se Alexander tinha fugido por recriminação,
ou porque ele não conseguia lidar com a perda de sua mãe e irmã. Parecia demais
para uma pessoa suportar.

—Você precisa comer. —Belle disse, mudando de assunto.

Apesar do cacarejar de Belle, eu não poderia comer mais da metade do


café da manhã. Meu estômago estava muito nervoso, correndo muito
rapidamente para digerir a comida. Já era dez horas, o que significava que eu
tinha uma hora para me preparar, ou desistir. Apesar das minhas promessas à
Belle de que eu não fugiria de minha chance com Alexander, fiquei convencida de
que eu poderia realmente ir em frente com o nosso encontro. Se eu pudesse
chamá-lo de encontro.

Eu deixei cair meu roupão na minha cama e peguei a sacola de lingerie


Agent Provocateur que Belle tinha me trazido, apenas para descobrir que ela
tinha comprado mais de um conjunto. Escondido sob o papel que envolvia o
conjunto que ela tinha me mostrado na noite passada tinha mais, no mínimo uns
cinco, e alguns pares de meias. Claramente ela tinha maiores expectativas de
como hoje seria do que eu tinha.

Eu fiquei com o conjunto que ela tinha me dado ontem à noite,


especialmente depois de verificar os outros na bolsa, alguns dos quais incluíam
ligas. E um par com uma fenda até a virilha, no já insignificante fio dental. Ela
tinha razão em me dar o conjunto cinza. Era o mais bonito, mas também era o
mais tradicional. Nada sobre hoje era comum, então eu estava feliz que pelo
menos eu não me sentiria completamente fora do meu próprio estilo.

Fixando o sutiã, eu me virei para verificar no espelho, de pé no canto do


meu quarto. O laço delicado brilhava sobre a minha pele pálida, criando um quase
efeito etéreo. O sutiã juntou meus seios sem lhes dar qualquer cobertura extra,
algo que eu não precisava. A lingerie definitivamente mostrava todos os meus
bens, até meus quadris cheios e bunda. Graças à intrépida perseguição online de
Belle depois de sua viagem de compras, eu tinha visto mais algumas fotos das
meninas que estiveram com Alexander desde que tinha retornado de seu dever
militar. Elas eram na maioria loiras, altas e magras. Pelo que parecia, Alexander
deveria ter chamado Belle para sair. Não era difícil de seguir um padrão olhando
para essas fotos - lindas modelos, esqueléticas e loiras - embora ele só tenha sido
fotografado com uma garota mais de uma vez, e ela era a mais bonita de todas.
Os jornais alegaram que ela era sua namorada, mas havia uma frieza nessas fotos.
Alexander estava sempre se afastando dela ou andando para longe dela. Não
parecia haver qualquer prova de que eles estavam juntos apesar das
especulações dos tablóides. Mas especular sobre quem poderia ser a próxima
rainha da Inglaterra, provavelmente vendeu um monte de jornais.

Por um segundo, eu me perguntei como seria quando esse dia


inevitavelmente chegasse e ele assumiria seu papel como rei. As imagens e
histórias estariam em todos os lugares. Como seria quando ele acabasse se
casando. Eu poderia realmente lidar com assistir a sua vida se desenrolar? Eu
ainda seria capaz de uma aventura casual com ele? Meu corpo queria isso, mas
meu coração já estava na balança. Ele tinha me protegido dos jornalistas, dando-
me a segurança que eu ansiava tão frequentemente quando era uma criança e
uma adolescente. Claro que, se o cavalheirismo sobrevivesse em qualquer lugar
do mundo moderno, é melhor que sobrevivesse no Príncipe da Inglaterra.

Depois de tudo, como Belle apontou, garotinhas precisavam de contos de


fadas para manter-se.

Eu apenas coloquei meu vestido sobre minha cabeça, e puxei minhas


sandálias do meu armário abarrotado, quando meu celular tocou. Eu congelei,
certa de que era ele chamando. Ele veio a seus sentidos. Ele me daria uma
desculpa sobre um compromisso anterior ou uma emergência súbita. Ele era,
afinal de contas, um cavalheiro. Mas seria uma mentira.

Mas, quando vi na tela, senti uma mistura de alívio e aborrecimento ao


ver o número da minha mãe no visor de chamada. Percebendo que eu tinha que
lidar com isso antes que ela aparecesse na minha porta, eu bati no botão de
atender. —Oi, Mãe.

—Graças a Deus, você atendeu ao telefone! Eu estava doente de


preocupação com você.

Tradução, ela estava morrendo por cada detalhe que pudesse tirar de
mim.
—Estou bem, Mãe. —Eu reafirmei. —Eu estava desempacotando e deixei
meu telefone no silencioso.

Houve uma pausa. —Você viu os noticiários?

—Eu não chamaria isso de noticiários. —Eu retorqui. Prendi o telefone


entre a orelha e meu ombro para poder calçar minhas sandálias prada.

—Bem, para mim é noticiário. Por que você não me disse que estava
namorando alguém? —Isso parecia mais com uma admoestação do que uma
pergunta.

—Não estou namorando-o.

—Isso é mal.

Para ela, eu pensei. —Isso tudo é um mal-entendido.

—Mal-entendidos não acabam com lábios se atracando.

—Esse sim. —Eu disse simplesmente. Eu não conseguia me imaginar


tentando explicar mais do que isso.

—Na verdade, estou feliz de ouvir isso. —Ela disse, e eu congelei


enquanto ela continuava. —Toda essa atenção não seria boa para você. Existe
muita pressão quando você namora alguém que está sob os holofotes.

Meus pais tinham sofrido sua cota de atenção da mídia durante o boom
do ponto-com1, e ela foi perseguida desde então, por isso, foi uma surpresa ela
me avisar para ficar longe dos holofotes. Quanto mais atenção eu tivesse, mais
ela receberia. Mas eu tinha que dar-lhe crédito. Apesar de seus muitos vícios e
fraquezas, ela sempre cuidou da minha irmã e dos meus interesses.

—Você não tem que se preocupar com nada. —Eu prometi para ela
enquanto eu escondia alguns preservativos na minha bolsa. Apenas no caso de
precisar. Eu não me sentia mal por mentir para a minha mãe. Mentir era o estado

1
Foi uma histórica bolha especulativa que abrangeu cerca de 1997-2000, durante o qual os mercados de ações nos países
industrializados viu seu valor patrimonial subir rapidamente no crescimento no setor da Internet e áreas afins.
natural do nosso relacionamento. Eu aprendi há muito tempo a esconder tudo
dela que pudesse perturbar a sua frágil felicidade.

—Essa não foi a única razão para eu ter ligado.

Prendi a respiração, esperando que ela só tivesse mais fofocas para falar.

—Seu pai vai sair da cidade por uns dias. —Ela disse. —Eu pensei que
poderíamos ter um dia de meninas. Você esteve tão ocupada ultimamente
estudando, eu acho que você merece um dia de SPA e algumas comprinhas.

—Isso é muito tentador.

—Antes que você comece a me dar mil e umas razões bobas para não ir,
deixe-me dar só uma. —Ela me parou. —Você está para começar seu primeiro
trabalho de verdade. Você precisará de roupas certas.

Eu tenho a sensação que ela acha que eu não posso escolher minhas
próprias roupas. —Eu tenho um bocado de roupas apropriadas para o trabalho.
Você não precisa me comprar nada.

—Eu sei que o vestido que você estava usando naquela foto era de Belle.
Eu sei que você é básica, mas Clara, você não precisa ser. John disse que você mal
toca no dinheiro da sua conta.

—John te atualiza sobre minhas operações financeiras? —Eu perguntei


com a voz estrangulada.

—Claro que sim. Ainda estamos listados no fundo fiduciário até que você
complete vinte e cinco anos.

—Eu não sabia disso. —Eu não conseguia evitar a acusação na minha voz.
Eu não sabia por que não me disseram. Eu tinha assumido que o fundo fiduciário
que tinham me dado acesso no meu vigésimo primeiro aniversário, fosse a minha
rede de segurança pessoal. Eles não me disseram que o acesso ainda tinha
amarras.

—Não use esse tom comigo. John só se reporta uma vez ao ano, e caso
haja alguma discrepância. —Ela parou antes de adicionar. —Se é tão importante
para você, eu posso perguntar ao seu pai sobre a possibilidade de mudar as
condições.

—Eu mesma falarei com ele. —Se qualquer um de meus pais fosse
razoável sobre isso, seria ele. Eu não tinha dúvida de que a minha mãe foi a única
a insistir em ficar na conta até que eu tivesse vinte e cinco anos, para que ela
pudesse ter certeza de que eu estava lidando com isso corretamente. Claro, ela
queria financiar um estilo de vida chamativo, enquanto eu queria mantê-lo
investido para que eu pudesse me concentrar em começar uma carreira que me
permitisse fazer algo que me importava.

—Que tal terça? —Mamãe perguntou.

Eu pisquei e apertei o telefone. —Terça?

—Para o nosso dia das garotas?

Eu quase esqueci o motivo dela ter ligado. —Claro.

A linha ficou silenciosa e esperei pela resposta. —Mãe?

—Te verei na Terça. —Ela disse finalmente. Eu pensei ter imaginado que
sua voz falhou enquanto ela falava.

Eu disse adeus, enquanto dispensava seu comportamento estranho. Mas


logo fui interrompida por Belle que entrou no meu quarto sem fôlego.

—Tem um Norris esperando por você lá embaixo?

—Segurança pessoal. —Eu falei para ela enquanto meu estomago


embrulhava.

—Quente. —Ela gemeu, me seguindo até a porta.

—Deseje-me sorte?

—Você não precisa de sorte. —Ela beijou meu rosto, e eu tentei acreditar
nela enquanto seguia em direção ao elevador. Assim que eu vi Norris, eu percebi
que hoje era um daqueles dias que mudaria para sempre a minha vida. Eu não
tinha certeza de como eu sabia disso exatamente, mas eu vi a linha divisória
claramente. Quando olhei para trás em minha vida, cada momento até este, seria
antes de Alexander. Quanto tempo levaria até que cada momento futuro se
tornasse após Alexander?

Sem arrependimentos, eu decidi. Minha vida já havia mudado, e depois de


hoje eu estaria pronta para dizer que eu fiz isso, que fui selvagem e dormi com
alguém fora da minha liga. Não era o que Belle vivia dizendo que eu precisava?
Seria pior se eu ficasse para sempre imaginando como teria sido. Como ele seria.

Eu afastei as dúvidas da minha cabeça enquanto Norris inclinou-se


ligeiramente para mim, estendendo o braço e levando-me para o desconhecido.
Eu não fui capaz de apreciar o carro privado de Alexander na outra noite,
o que eu suspeitava, tinha algo a ver com a sua presença nele. Mas desde que ele
não estava esperando no banco de trás por mim, eu tinha muito tempo para
explorá-lo agora. Eu sempre achei o Rolls Royces algo completamente sexy e
britânico, e este estava equipado com vidro de privacidade, que eu suspeitava
também ser à prova de balas. Entre a segurança e o tamanho do carro, eu já
estava imaginando ele me levando no banco de trás. Minha mão estendeu para o
assento do banco de couro, como se ela estivesse procurando por ele e a
liberação que eu necessitava desde o nosso primeiro encontro.

Mas eu estava sozinha, e me senti um pouco esnobe por ter o vidro entre
Norris e eu, então eu apertei o botão para abaixá-lo.

—Tudo bem se eu abaixar isso? —Eu perguntei.

—O que desejar, senhorita Bishop.

Claro. Os britânicos eram tão educados que era impossível dizer o que eles
realmente queriam. Isso deixava meu lado americano um pouco louco.

—É estranho. —Eu disse, pensando alto. —Eu não sabia que era comum
para a Família Real usar motoristas. —Assim que as palavras saíram da minha
boca, eu queria engoli-las de volta. Alexander já tinha explicado que Norris era
mais do que seu motorista. Ele era seu guarda de segurança pessoal e, que
também dirigia seu carro. Eu não estava certa do porque ele precisava de
segurança pessoal constante, e eu imaginei que Norris não me diria. É por isso
que Alexander confiava nele.

—Sua Alteza Real não gosta de dirigir.

Eu balancei a cabeça como se isso fosse perfeitamente razoável, mas é


claro que não era. Eu passei meus anos de formação na América, onde eu aprendi
que o carro de um cara era quase tão importante para ele como uma extensão de
seu pau. Imaginei que poderia ser diferente na Inglaterra, mas eu suspeitava que
as coisas não fossem tão diferentes. E este carro com o seu estilo prata elegante,
e interior luxuoso, sugeria que eu estava certa.

—Eu acho que ele gostaria de dirigir esse. —Eu disse, sentindo-me
obrigada a manter a conversa agora. Eu desejei que eu não tivesse aberto o
divisor, mas se eu fechasse, eu realmente mereceria me sentir como uma meleca.

—Ele aprecia esse carro e confia que eu o dirija. —A resposta de Norris


era simples, e havia apenas uma pitada de duplo sentido nele, mas a pista estava
lá. De repente, eu estava feliz que eu não tinha mordido a língua. Se eu tivesse, eu
poderia ter perguntado a Alexander sobre isso em algum ponto. Agora eu sabia
que não devia.

—Obrigada. —Eu disse com consciência. Norris devia saber que ele estava
me dando as informações que eu precisava mesmo que ele não tivesse me dito
muito.

—Claro, senhorita Bishop. Sou feliz por dirigir para Alexander.

Ele era profissional, isso era certo. Não é de admirar que Alexander
confiasse nele.

Nós estávamos no carro por apenas dez minutos, quando Norris parou,
em um conjunto de portões privados, perto do coração de Westminster, que
abriram para nós ao mesmo tempo. Engoli em seco, meus nervos tendo o melhor
de mim, enquanto ele dirigia para frente, no que parecia ser uma garagem muito
exclusiva. Esta não era uma vaga de estacionamento americana, que eram
geralmente monstruosas em tamanho e estrutura. Aqui havia menos de dez
espaços, a maioria estava vazia, e a entrada deixou claro que era um pouco mais
do que uma garagem. Onde estávamos exatamente?

Norris abriu a minha porta para me ajudar, e me levou para um elevador


que abriu quando nos aproximamos. Minha respiração ficou presa quando as
portas abriram, revelando Alexander. Ele usava um terno de três peças cinza
carvão, que foi adaptado para se ajustar precisamente em seu corpo esculpido.
Ele parecia bom o suficiente para comer, e eu estava pronta para provar.
—Clara. —Ele estendeu a mão. Não houve hesitação em seu gesto,
embora eu visse para o que era: uma oferta. Ao colocar minha mão na sua, eu
estava aceitando o que aconteceria em seguida entre nós. Eu ainda podia fugir,
mas eu sabia que não poderia fazer isso, e pelo sorriso maroto que marcava os
cantos de sua boca perfeita, Alexander sabia disso também.

Peguei a mão dele sem olhar para trás. As portas do elevador fecharam-se
atrás de nós, me trazendo de volta para o momento presente, e eu me virei
deixando-o de lado.

—Algo errado? —Alexander perguntou com preocupação em sua voz.

—Eu deveria ter agradecido a Norris. Foi rude da minha parte.

O sorriso que brincava em seus lábios se rompeu. —Estou certo de que o


salário que pago a ele compensa qualquer má educação de sua parte.

—Isso ainda é rude. —Eu disse, apertando meus lábios. —Por favor, lhe dê
minhas desculpas pelo meu comportamento assim como meus agradecimentos.

A cabeça de Alexander inclinou, um olhar engraçado substituindo o


divertido, mas tão rápido quanto veio se foi. —Eu pensei que você estivesse
caindo em si.

Meu corpo respondeu à rouquidão em sua voz, me impedindo de aceitar o


aviso de Alexander. —Você caiu em si?

—Você não é o perigo aqui. —Ele aproximou-se de mim, e eu prendi a


respiração.

—Talvez eu seja o lobo em pele de cordeiro. —Eu respondi na mesma


hora.

—Eu acho que terei que te despir e descobrir. —Ele rosnou, e eu não tinha
dúvida do que eu encontraria quando finalmente o livrasse de suas roupas. Não
haveria cordeiro que aguentasse sob a selvagem sensualidade de Alexander.

—Aonde vamos? —Eu perguntei, ansiosa para ter outra coisa para falar. O
ar crepitava entre nós, me distraindo com pensamentos dos lábios de Alexander
em mim. Nós dois sabíamos por que eu estava aqui, mas eu queria jogar com
calma o maior tempo possível. Embora eu suspeitasse que Alexander soubesse
que ele já havia me ganhado.

—Ao Real Westminster. —Ele me disse.

—Hotel pretensioso. —Eu murmurei. Era o tipo de lugar onde as estrelas


de cinema ficavam quando filmavam em Londres, e julgando pela exclusividade
da garagem, faziam por razões de segurança.

—Eles apreciam a privacidade de seus hóspedes, e é algo que eu aprecio.

—Você dá entrada com uma falsa identidade e sai na calada da noite? —


Eu perguntei.

Ele riu com isso. —Nada tão clandestino assim. Embora boa parte do
pessoal me conheça como o Sr. X.

—Isso me torna a Sra. X do dia? —Perguntei, e então percebi o que tinha


falado. E cobri minha boca com horror.

—Gostei do som disso. —Ele ronronou. A cabeça inclinada, me


observando.

—Sra. X, soa bastante má.

Lambi meus lábios, surpresa ao encontrar-me acenando com a cabeça.

—Você está bem com isso? —Ele perguntou. —Com esse arranjo, eu
quero dizer.

—Eu não esperava... —Eu não terminei o pensamento.

—Um hotel? —Ele adivinhou.

—Sim. —Eu não podia confrontar seus olhos. Eu estava muito


impressionada com a sua presença, muito sobrecarregada por estar de pé em um
elevador privado com este deus em um terno de três peças que me queria. E se
eu fosse honesta, muito nervosa por estar indo para um quarto de hotel com um
homem que eu mal conhecia.
Alexander aproximou-se de mim, sua mão segurando meu queixo e
levantando o meu rosto. Eu fui forçada a olhar para ele. —Eu queria ter certeza
de que ninguém descobrisse isso.

Suas palavras sugaram o ar dos meus pulmões como um soco no


estômago, e eu me afastei de suas mãos, imaginando o que aconteceria se eu
apertasse o botão vermelho no painel do elevador. Considerando-se que o
herdeiro do trono estava no elevador comigo, imaginei que o SIS (Sistema Interno
de Segurança) poderia estar envolvido. A Scotland Yard no mínimo.

—O que foi? —Alexander perguntou perto o bastante de mim, que seu


corpo pressionava contra o meu. —Por que você parece encurralada?

—Eu tenho um pouco de autorrespeito, você sabe. —Eu rebati, virando-


me para encará-lo. Tentei ignorar o impulso magnético de seu corpo, enquanto
meus seios roçavam contra ele. Mas eles me traíram, os bicos endureceram e,
obviamente, ficaram visíveis através do meu sutiã de renda e vestido de verão de
algodão fino. —Se você está com medo de ser visto comigo, talvez seja melhor
me deixar ir.

—Eu não posso. —Ele disse.

Dei um passo para trás, quebrando o contato entre nós, e cruzei os braços
sobre o peito, esperando que ele não tivesse visto o modo como meu corpo
reagiu a ele.

—Tente.

—Esse elevador só vai para a suíte Presidencial. Eu não posso deixá-la sair
até que nós estejamos lá, mas... —Ele estendeu a mão e apertou o botão
vermelho que esteve me tentando antes, e chegamos a uma parada súbita, que
me sacudiu contra ele.

—Eu acho que você me entendeu mal, e eu não estou interessado em


levar para a cama uma mulher que pensa que eu sou um mentiroso.

Engoli em seco essa afirmação. —Então explique para mim.


—Com prazer. —Ele molhou os lábios e afrouxou a gravata. —Fiquei com
a impressão de que você queria que os paparazzi deixassem você em paz.

Ele deixou esta declaração pendurada no ar como se fosse uma pergunta,


então eu dei de ombros, não querendo me comprometer com qualquer coisa até
que eu ouvisse tudo o que ele tinha a dizer.

—Eu quero respeitar seu desejo de privacidade. —Ele disse. —Até agora,
você já deve ter feito sua pesquisa sobre mim,

Outra pergunta não formulada, então eu assenti.

—Repórteres amam tirar fotos minhas com mulheres e especular nossa


relação. Velhas amigas se tornam novas chamas. Garçonetes se tornam transas.

—Então você não dormiu com todas essas mulheres? —Eu perguntei.

Sua boca contraiu quando ele deu de ombros. —Não todas.

—Adorável.

—Eu acredito que você me disse que não era uma virgem infeliz. —Ele me
lembrou. Seu corpo aproximou, me apoiando contra o elevador quando ele
apertou as mãos na parede, aprisionando meu corpo como uma pantera
preparando para atacar.

—Eu assumi que seríamos abertos sobre a nossa vida sexual.

—Somos. —Eu disse, apertando minha mandíbula.

—Bom, porque eu quero que você seja aberta comigo, Clara. Vou tê-la de
qualquer maneira, mas você vai se divertir mais se você não estiver ocupada
pensando que eu sou um idiota.

Eu não pude evitar sorrir ao ouvir isso.

—Um sorriso. —Ele disse. —Agora isso é adorável. Eu me pergunto se eu


verei isso depois que você gozar e eu ainda estiver enchendo você.
Havia um tom sombrio em suas palavras, e eu tremi na expectativa. Eu
imaginei que eu sorriria e possivelmente choraria. Ele me parecia o tipo que podia
produzir ambas as emoções igualmente.

—Então estamos de acordo? —Ele perguntou.

—Para compartilhar nossa vida sexual?

—Eu preciso saber que as mulheres com quem durmo são discretas. Que
elas tenham um bom... julgamento.

Revirei os olhos para isso. Ele foi o único percorrendo a cidade com uma
nova mulher a cada noite. —Eu estive com um único cara. Meu namorado de
faculdade. E estou tomando pílula.

Eu não senti necessidade de entrar em mais detalhes sobre Daniel. Não


faria muita coisa para o nosso relacionamento revelar os pontos mais feios do
meu passado. Eu tinha cometido o erro de compartilhar muito de mim mesma
com Daniel, e ele tinha usado isso contra mim. O que um homem como Alexander
faria com essa informação? Um homem treinado para ser um líder político? Um
homem que mal conhecia uma mulher e já ia para um hotel para transar com ela?
Ele obviamente tinha a moral flexível. Eu só não queria testar o quão flexível eu
era.

—E você? —Eu perguntei.

—Mais que uma. —Ele disse simplesmente. —Eu sempre fui cauteloso, e
estou certo que estou limpo.

Eu fiz uma careta para isso, não só por causa da implicação, mas também
por causa de sua não resposta. —E porque isso é importante?

—Eu senti que deveria ser tratado antes que eu leve você para a cama, e
porque eu acho que não possa esperar até chegar à suíte. —Ele aproximou-se,
empurrando-me com mais força contra a parede espelhada do elevador, e eu
senti seu pau pressionando em minha barriga. A cautela que eu senti momentos
antes desapareceu inteiramente em favor da sensação de suas mãos, quando ele
puxou para baixo as alças do meu vestido de verão. Ele avistou a lingerie e um
grunhido retumbou em sua garganta. —Seus seios são mais perfeitos do que eu
imaginei.

Eu derreti com suas palavras, o desejo inundando em minha barriga, e


vazando entre as minhas pernas. Mas o meu lado sensível deu as caras. —
Faremos isso aqui no elevador?

Alexander me deu um sorriso maroto, esfregando um dedo por sobre


meus lábios. —Oh boneca, eu sei o que está te preocupando. Você está
preocupada que eu darei uma rapidinha no elevador.

—Eu não quero que você fique entediado comigo antes mesmo de levar-
me para o quarto. —Eu disse com um encolher de ombros.

—Isso não será um problema. —Ele disse, seus dedos deslizando para
baixo, da minha clavícula e seguindo uma trilha de fogo. —Seu corpo foi feito
para transar, Clara. Alguém já te disse isso?

Eu sacudi minha cabeça, minha boca muito seca para que eu respondesse
a ele.

—Ele é. —Ele continuou. —Acho isso muito inspirador. Eu não sei se há


superfícies planas o suficiente para montá-la na suíte. Mas se te faz sentir
melhor... —Sua mão empurrou minha saia, em seguida, mergulhou do lado da
minha tanga, buscando até que encontrou seu prêmio. —Podemos esperar para ir
lá para cima.

Meus olhos fecharam enquanto seu dedo manipulava meu clitóris com
movimentos especializados. —Deveríamos...

Mas eu não conseguia forçar um pensamento racional sair da minha boca.


Eu não conseguia pensar claramente com ele pressionando contra mim, com a
mão me tocando assim. Inferno, eu não conseguia pensar claramente com ele na
mesma sala que eu.

—Talvez eu possa te oferecer uma solução melhor. —Ele disse, sua


respiração quente de encontro ao meu pescoço, enquanto seu dedo continuava
me pressionando.
—Eu preciso provar a sua boceta doce, Clara. Eu estive pensando sobre
isso por dias. Você vai me deixar fazer isso?

Eu gemi um sim. Alexander não esperou por mais incentivo. Seus dedos
pegaram o cós da minha calcinha, e ele e a rasgou. Em algum lugar lá no fundo, o
preço associado com a calcinha passou pela minha mente, e eu percebi que eu
compraria mais uma centena de pares, se isso significasse que ele rasgaria todas
de mim.

Alexander ajoelhou-se e separou minhas pernas. —Abra mais. —Ele


ordenou, e eu me escancarei. —Linda.

Suas mãos acariciaram ao longo das minhas coxas subindo em direção à


minha vagina, e quando ele chegou, ele a abriu e estudou-a por um momento, um
olhar de apreciação em seu rosto, antes que seus dedos encontrassem a minha
fenda. Meus olhos fecharam enquanto ele empurrava dois dedos dentro de mim.

—Você está sempre molhada assim? —Ele perguntou.

Eu balancei a cabeça novamente. Eu não ficava molhada assim nem numa


banheira.

—Eu fiz isso para você? —Ele perguntou, me fodendo lentamente com
seus dedos. Eu assenti.

—Diga, Clara.

—Sim.

—Sim, o que? O que eu faço para você?

—Você me deixa molhada. —Eu gemi.

—Boa garota. —Ele murmurou com aprovação. Ele continuou a me


provocar com os dedos por alguns segundos e, em seguida, sua língua grossa e
quente enviou uma série de tremores pelo meu corpo. Ele lambeu meu broto
sensível vagarosamente. Indo e vindo. Para frente e para trás enquanto seus
dedos continuaram a mergulhar em mim. Comecei a tremer quando me
aproximei do orgasmo.
Ele se afastou. —Não até que eu diga, boneca.

Eu solucei com esse comando, mas não pude evitar resistir.

Então sua boca estava de volta em mim, me lambendo com movimentos


rápidos, circulares e pontuados com rajadas de sucção. Segurei a barra atrás de
mim, tentando manter meu orgasmo, ao mesmo tempo em que sofria para
liberar. Gritei metade prazer, metade apelo quando ele começou a me foder mais
forte com seus dedos.

—Goze. —Ele ordenou, e meu gozei em torno dele, me quebrando em


pedaços que derreteram juntos novamente, apenas para quebrar mais uma vez
com uma nova onda de intensidade que rolou através de mim. Quando somente
os tremores permaneceram, Alexander retirou a mão. Mas ele continuou a
chupar suavemente sobre o meu clitóris, até que eu não tinha certeza se eu podia
aguentar mais. Minhas coxas apertaram contra sua cabeça, mas ele continuou
suas maquinações orais na minha fenda inchada, sensível. Parecia impossível, mas
meu corpo reagiu imediatamente, construindo em direção a outro orgasmo, mas
antes de chegar ao pico, ele se afastou, apertou o botão vermelho no painel de
controle do elevador quando se levantou.

—Agora você está pronta para que eu te foda. —Ele disse. Não era uma
pergunta, mas eu respondi mesmo assim.

—Sim. —Eu sussurrava, mal conseguindo ficar em pé.

Tudo que ele fez foi sorrir.


As portas do elevador se abriram, e Alexander entrou na suite, tirando o
casaco e deixando-o cair sobre um sofá de seda em um movimento fluido. Eu o
segui ainda fraca dos joelhos, e a língua presa desde sua atenção no elevador. Os
arredores eram tão impressionantes quanto eu esperava. Uma parede de janelas
do chão ao teto dava de frente ao o rio Tamisa, com o Big Ben no canto da suíte.
Daqui de cima, o tráfego abaixo parecia um jogo de criança, mas Londres ainda
zumbia com energia. Do outro lado do rio, a roda gigante girava cautelosamente,
uma aparente contradição com os estilos antigos dos prédios que a rodeavam.
Isso era o que eu amava sobre Londres, o velho e o novo confrontando em um
momento e se fundindo em algo orgânico em seguida. Poucas cidades no mundo
haviam conseguido manter a sua história, enquanto se inovava da forma como
estava, e tudo sobre este lugar parecia diferente a partir de um ponto de vista.
Pressionando a minha mão no vidro, eu não podia deixar de sentir tonturas. Eu
estava em um novo mundo. Em muitas maneiras.

Alexander veio atrás de mim, pressionando seu corpo tenso contra o meu.
De repente, não era apenas Londres que estava cantarolando com a vida. —
Apreciando a vista?

—Estou. E você?

—Bastante. A cidade não é ruim. —Seus lábios desceram pelo meu


pescoço, e eu senti o estreitamento doloroso, mas agradável de seus dentes. Meu
corpo respondeu com um suspiro, meus membros enfraquecendo enquanto eu
cedia contra ele. Suas mãos foram para a minha saia e a levantaram. Lembrei-me
então que eu estava nua por baixo do vestido de verão fino, e agora eu estava em
exposição, tanto quanto à cidade abaixo. Ninguém podia nos ver aqui, poucos
edifícios chegavam a esta altura na cidade. Mas eu ainda me sentia exposta
enquanto sua mão deslizava entre as minhas coxas, mantendo-as abertas.
Alexander acariciou com um dedo ao longo da minha vagina, e meu sexo ficou
mais liso com o meu desejo.

—Eu vou te comer em frente dessa janela. —Ele disse com a voz rouca. —
Eu vou mostrar para a cidade inteira que eu consigo o que quero.

Meu núcleo apertou já no limite com as suas palavras, mesmo quando eu


ainda me admirava de que ele me queria, mesmo que ele não me quisesse tanto
quanto eu o queria. Não era humanamente possível. Amanhã eu seria a garota
com quem ele tinha transado, mas ele sempre seria Alexander. O pensamento me
fez ansiar por jogar fora o hoje. Eu queria saborear cada segundo, cada toque,
mas eu não tinha certeza se poderia esperar muito mais tempo.

—Eu vou fazer você gozar em frente da rua mais movimentada de


Londres. —Seu polegar fez círculos levemente sobre o meu clitóris enquanto ele
falava, levando-me perto de outro orgasmo, mas me recusando a deixar-me cair
dessa vez.

—Por favor. —Eu disse, oferecendo-me a ele. A agitada cidade abaixo de


nós desapareceu enquanto ele continuava sua massagem suave. Havia apenas
ele. Apenas a varredura áspera de seus dedos. Apenas o som de sua respiração
irregular no meu ouvido.

—Logo. —Ele prometeu. —Mas não ainda. Eu preciso ver até onde posso
te levar. O quanto essa linda buceta pode aguentar.

Sentindo sua ereção pressionando através de sua calça contra o meu


traseiro me encorajou. —Eu posso aguentar qualquer coisa que você me der.

Alexander rosnou, e num piscar de olhos, eu estava em seus braços


enquanto ele me carregava através da sala de estar em direção a uma porta. Eu
só tive tempo para registrar uma cama antes que ele me deixasse cair sobre ela.

—Tire isso. —Ele ordenou.

Eu fiz como me foi dito apressadamente, mais para honrar a sua demanda,
do que para transformar isso em um show. Tirei o vestido sobre minha cabeça,
deixando apenas meu sutiã de renda prata. Há muito tempo que eu não me
envergonhava em mostrar tanta pele para um homem, mas com os olhos de
Alexander sobre mim, não senti receio. Seu olhar me fodia com tal intensidade,
que eu acreditava que sua afirmação de que ele me faria implorar aconteceria
mesmo.

—Eu quase desejaria não ter destruído essa calcinha. —Ele observou ao
pé da cama, uma mão acariciando seu pênis através de sua calça. —Eu comprarei
outro conjunto, então poderei foder você com essa doce renda.

Um arrepio me percorreu com a ideia de que ele já estava falando de um


encontro futuro. Eu pensei que seria impossível que ele desejasse me ver
novamente depois que ele me tivesse. Mas eu suspeitava que viria sempre que
ele chamasse.

E eu suspeitava que eu viesse mais de uma vez.

—Abra suas pernas.

Deixei aberta quando ele começou a desabotoar a camisa. Minha


respiração ficou presa quando ele deu de ombros, revelando o v do pescoço fino
que expôs seus braços musculosos, e no topo do que eu tinha certeza ser um belo
peito, mas para minha decepção, ele não removeu a camisa. A decepção foi de
curta duração, quando ele começou a desafivelar seu cinto. Ele abriu sua calça e
ficou olhando para ela por um momento, a escuridão cintilando em seus olhos
claros. Perguntei-me brevemente o que ele estava pensando. Mas ele deixou-a
cair ao chão, ficando apenas com sua camisa e boxer.

Eu assisti, fascinada com o que estava prestes a ver, enquanto ele tirava a
cueca. Seu pênis saltou livre, a coroa ampla brilhando com a prova de sua
excitação, e eu entendi por que eu tinha sido capaz de sentir isso tão claramente
através de todas as nossas roupas. Parecia impossivelmente injusto, que ele fosse
poderoso, bonito e tão bem-dotado. Eu nunca pensei que pudesse ficar tão
descontroladamente animada por um pedaço de anatomia, mas em uma fração
de segundo, eu tinha imaginado todas as coisas que eu poderia fazer com um pau
tão bonito. Eu queria envolver meus lábios em torno dele, de modo que eu
pudesse dar prazer a ele como ele tinha feito para mim no elevador. Eu queria
senti-lo pressionado entre os meus seios, mas acima de tudo, eu o queria dentro
de mim.

Era emocionante e aterrador imaginá-lo me fodendo. Eu não estava certa


se minha pequena experiência anterior tinha me preparado para ele.

Alexander apertou seu pênis, passando a mão ao longo do eixo da ponta à


raiz, enquanto ele me olhava com olhos nublados, como se contemplando o que
fazer comigo. —Desde que eu não estou muito certo de que sua pequena buceta
apertada pode me aguentar, eu acho que é melhor tentarmos algo mais... um
estilo tradicional.

Apesar de tudo, um riso surgiu pelos meus lábios. Era juvenil e nervoso, o
resultado de estar tanto insanamente excitada, e bem por estar fora da minha
zona de conforto.

—Você está rindo de mim? —Seus lábios curvaram-se num sorriso


malicioso.

—Não seja impertinente ou eu vou colocá-la sobre meus joelhos. —Ele


falou com o ar de alguém que estava brincando, mas a diversão não alcançou
seus olhos.

Mordi o lábio, meu corpo em guerra entre querer agradá-lo e minha


mente em estado de choque total. Eu acho que eu não deixaria um homem me
espancar, e ainda assim a ideia tinha feito a pulsação em meu clitóris aumentar
com tanta violência, que eu pensei que poderia gozar apenas com o pensamento.
Eu estava completamente à sua mercê, e ele sabia disso.

Eu vi quando ele rasgou um pacote de papel alumínio, e embainhou a si


mesmo com um preservativo. Então Alexander caiu sobre a cama e se apoderou
de mim. Ele pairou lá, e eu deslizei as mãos sob a camisa. Uma das mãos voou
pegando as minhas, quando ele perdeu o equilíbrio e caiu em cima de mim, seu
enorme peso prendendo-me na cama.

—Não. —Ele disse.


Eu pisquei perante a sua negação dura, crueza rastejou em direção a
minha garganta. Não havia nenhuma maneira que eu choraria na frente dele, ou o
deixaria bater em mim, nem pensar sobre isso. Meu lado racional acordou, e ele
não ficou nada satisfeito por encontrar-se nesta situação. Eu empurrei contra ele,
tentando tirá-lo de cima de mim, mas ele ficou no lugar, sem se mexer enquanto
eu lutava para me livrar do abraço.

—Clara, pare.

Era óbvio que eu não conseguiria nada tentando libertar-me fisicamente,


então me acalmei e olhei para ele desafiadoramente.

—Isso pode parar agora. Podemos parar agora. —Ele disse, e eu relaxei
um pouco. —Mas eu não quero isso, e tenho certeza que você também não.

—Eu acho que eu quero!

Ele assentiu. —Deixe-me dizer uma coisa, e em seguida, você pode


decidir. Se você disser pare, é isso.

—É isso? —Eu repeti, incapaz de manter a suspeita longe da minha voz.

—Eu só tenho uma regra quando se trata de sexo.

—Só uma? —Ele me deu um olhar cheio de repreensão e eu mantive


minha boca fechada.

—Eu não tiro minha camisa, e antes que você pergunte, eu não explico
por quê.

—Essa é sua única regra? —Eu tinha pelo menos uma meia dúzia de minha
autoria, incluindo o que era e não era problema em colocar ou não colocar onde,
assim como as posições que eu absolutamente não faria. Mas eu não tinha dúvida
de que essas regras estritas seriam vítimas de Alexander no segundo que ele me
pedisse para quebrar uma.

Parecia que eu não tinha o mesmo efeito nele.

—Minha única regra. —Ele repetiu. —Eu não gosto que as mulheres me
toquem aí.
Minha cabeça e meu corpo guerrearam com essa revelação. —Você quer
me colocar em exposição para toda Londres, mas eu não estou autorizada a tocar
o seu abdomen? Isso não parece ser um negócio justo.

—Eu prometo que você não vai se sentir dessa forma, esta tarde. —Ele
disse. —Eu não acho que você tenha alguma dúvida sobre minha generosidade
até então. Mas você pode dizer não agora e sair. Eu vou entender.

—Eu presumo que outras disseram não para isso?

—Você sabe o que dizem sobre os pressupostos, Clara.

Tomei isso como um não. Claro, nenhuma outra mulher seria estúpida o
suficiente para deixar Alexander para baixo. Elas provavelmente não tinham a
força. Eu não tinha certeza que eu tivesse.

A mão de Alexander deslizou entre as minhas pernas e seu polegar


encontrou meu clitóris mais uma vez. A ponta áspera dele circulou lentamente,
lembrando-me quão excitada eu tinha estado momentos atrás. —Talvez eu possa
convencer você?

Meus olhos fecharam enquanto ele continuava a massagem sensual, e eu


senti minha determinação derreter. Eu o queria mesmo que eu não entendesse a
sua regra. Quem era eu, de todas as pessoas, para julgar alguém por ter as
questões do seu próprio corpo? Embora eu não pudesse ver o que ele poderia
querer esconder. Tudo o que eu tinha visto dele até agora tinha sido perfeito,
além de perfeito. Ele tinha a essência da masculinidade. Virilidade. Dominação.
Ele me embasbacava toda vez que eu olhava para ele.

—Você não precisa me dizer o porquê. —Eu consegui dizer.

—Só me diga uma coisa. —Você só não as tira quando está com suas
transas descartáveis?

A mão de Alexander acalmou, e ele ficou tão silencioso que eu abri meus
olhos para me certificar de que ele ainda estava respirando. —Transas
descartáveis?
—Garotas como eu. —Eu continuei, a despeito daquela pequena voz na
minha cabeça me dizendo para calar a boca. —Garotas que você come e esquece.

—Eu não gosto desse termo. —Ele disse com um tom baixo que aqueceu
meu sangue. —Eu tive sexo casual antes, Clara, mas sempre com o entendimento
de que isso era o que era.

—Nós nunca discutimos isso. —Eu o lembrei. A pequena voz na minha


cabeça estava gritando agora. —Olha, eu nunca tive uma aventura antes. Eu não
sei como as coisas são. Eu sou uma garota de relacionamentos, então me ajude a
compreender. Você mantém sua camisa para manter distância?

Sua mandíbula apertou, e uma veia pulsava no lado do seu pescoço. —Eu
pensei que minhas intenções estavam claras. Eu não estava sob a impressão de
que isto era uma aventura.

Meus olhos arregalaram-se. Como ele poderia não ver isso como uma
aventura? Eu tinha passado menos de duas horas com o homem, e eu estava
espalhada, nua sob ele. Isso era a definição de uma aventura.

—Você quer uma aventura? —Ele perguntou.

Algo em seu tom arrancou algo de mim, mas eu afastei. —Eu presumi...

—De novo essa palavra. Não estou interessado em você como uma transa
descartável. Por que você pensaria isso?

Olhei para ele como se isso fosse a coisa mais ridícula que já ouvi. —Se
anda como pato e fala como pato.

—Eu acho que esta é a hora em que você poderia usar foda nessa
declaração.

Ele soltou minha mão e recuou. —Eu não sei o que fazer com você, Clara
Bishop. Eu estive pensando em foder você desde que te vi naquele vestido preto
minúsculo na festa. Quando você disse não para mim no clube, eu achei que era
isso, e depois você mudou de ideia e concordou com um encontro.
Meu coração pulou com suas palavras, mesmo enquanto eu lutava para
manter minha cabeça em torno do que ele estava dizendo. —Isso é um encontro?

—Não é?

—Os Reais estão realmente fodidos. —Eu murmurei, mas eu não fui capaz
de me impedir de sorrir.

—E eu não sei? —Seu sorriso estava misturado com tristeza. —Então o


que você esperava, flores? Cinema?

—Normalmente, eu esperava um pouco mais de conversa num encontro.


—Eu admiti. Eu corei com o meu embaraço aumentando sobre o mal entendido.
Mas não era só a humilhação manchando meu rosto, era a esperança, esperança
de que eu o veria novamente depois disso. Eu queria acreditar quando ele disse
que eu não era apenas uma aventura, mas era perigoso acreditar.

—Talvez devêssemos começar de novo. —Ele sugeriu.

Mas eu não queria isso. Eu estava muito bem amarrada, pronta para ele e
o que ele tinha me prometido. Eu estava com medo que eu pudesse me agarrar
se parássemos agora. Eu não estava entusiasmada com a ideia de que eu poderia
vê-lo novamente momentos atrás? Por que eu trouxe isso?

—Eu não cortejo mulheres. —Ele continuou. —Não há um ponto.

—Mas estamos num encontro. —Eu apontei.

—Namoro e cortejar são duas coisas diferentes. Você e eu poderíamos ir


jantar, ou para o interior, ou poderíamos ficar aqui e transar. Isso é estar
namorando para mim. Cortejar implica em expectativas. Eu não sou de romance,
e eu não sou de fazer nada a longo prazo. Se você está à procura de mais, eu não
posso te dar isso. O que posso lhe dar é prazer. Mais prazer do que você já
conheceu em sua vida. Vou gastar cada momento que tenho com você e levá-la
até o limite, e segurar você enquanto você transborda. —Ele pausou para deixar
isso assentar. —Não é isso que todo mundo está procurando quando vão a
encontros? Por que fingir que está atrás de algo mais? Você está atraída por mim,
e eu estou atraído por você. Quero transar com você durante todo o dia e, em
seguida, eu gostaria de vê-la novamente e fodê-la novamente. Você poderia
concordar com isso?

Mordi o lábio, tentando segurar as perguntas que eu tinha sobre este


arranjo. O que aconteceria quando ele se cansasse de mim? E se eu quisesse sair?
E como se para ajudar a vencer todos esses pensamentos tumultuosos, Alexander
baixou seu pênis até pressionar contra a minha vagina.

Havia um milhão de razões para parar isto agora, mas nenhuma delas
parecia tão convincente quanto à maldição percorrendo o meu corpo. —Sim.

Os lábios de Alexander caíram sobre os meus efetivamente terminando a


conversa. Sem quebrar o beijo, eu senti seus quadris persuadindo as minhas
pernas se abrirem. Eu as separei para ele, e seu pênis cutucou contra meu sexo
inchado, mas ele segurou lá. Um suspiro escapou de mim quando ele me
provocou com a promessa de preenchimento, e seu beijo aprofundou-se em
resposta, sua língua invadiu minha boca, capturando-a e sugando mais gemidos
de mim. Tudo o que ele tinha que fazer era empurrar e ele estaria dentro de mim,
terminando a deliciosa agonia que eu sentia, e que colocou para descansar todas
as perguntas que eu tinha dentro de mim momentos antes. Mas Alexander tomou
seu tempo, seus quadris movendo-se em círculos, seu pau grosso esfregando
contra o meu clitóris latejante, antes que ele cutucasse a ponta de volta para
dentro de mim.

—Eu quero você dentro de mim. —Eu sussurrei, e a cabeça de Alexander


levantou para que os nossos olhos se encontrassem. Ele empurrou lentamente,
não quebrando o nosso olhar, e eu arqueei contra ele na plenitude requintada
que eu procurava desesperadamente. Meu corpo fez contato precioso com seus
músculos duros, meus mamilos roçando sua camisa de algodão, e apertei firme.
Sua mão deslizou sob minhas costas, me apoiando enquanto ele me balançava
em direção ao precipício.

Seu olhar estava em mim como um desafio, e eu não conseguia desviar o


olhar, mesmo quando as cordas do meu corpo apertaram em um sinuoso tenso
fio em espiral.

—Diga meu nome. —Ele ordenou.


—Alexander. —Engoli em seco, respirando com dificuldade enquanto a
tensão escoava através dos meus músculos e assumia o controle.

—De novo. —Ele ordenou enquanto suas mãos deslizavam por meus
quadris, prendendo-me a ele, enquanto seu pau cravava em mim com golpes
implacáveis.

—Alexander. —Eu gritei seu nome enquanto o meu orgasmo corria


através de mim em ondas violentas, causando espasmos nas minhas pernas, mas
meus olhos continuaram apontados para ele. Ele continuou suas investidas, duras
e rápidas, enquanto corria em direção ao seu próprio prazer. As mãos de
Alexander apertaram meu quadril, e seu olhar ardia em mim quando ele gozou.
Ele estava em total controle, mas eu podia sentir o meu próprio escapando a cada
segundo que sua pele encostava-se à minha.

Ele passou os braços em volta de mim e caiu sobre a cama, segurando-me


perto dele. Eu estava atordoada demais para me mover, então eu me concentrei
na minha respiração, tentando acalmar meu coração acelerado. Isso não parecia
possível com ele ainda tão perto de mim, e quando ele deu um beijo na minha
testa, uma dor surgiu no meio do meu peito que não tinha nada a ver com o
medo ou raiva que senti durante nossa discussão anterior. Com esse pequeno
gesto, ele levou todas as questões racionais que eu tinha sobre me envolver mais
com ele. Eu só queria tocá-lo novamente e vê-lo se desfazer.
Uma hora mais tarde, eu rolei para fora da cama, me movendo na ponta
dos pés para esticar a deliciosa dor em meus músculos. Alexander me observava
da cama, seu corpo perfeito estava meio-emaranhado nos lençóis. O pensamento
de seus olhos viajando sobre a minha carne, enviou uma emoção em volta do
meu pescoço, e eu decidi dar um pequeno show para ele. Alcancei a parede, me
abaixei na pretensão de me alongar, arqueando as costas e empurrando meus
quadris. Um grunhido baixo retumbou vindo do peito de Alexander, e eu não
pude deixar de me sentir um pouco presunçosa que eu pudesse provocar uma
reação tão primal nele. Eu fui em direção ao banheiro e parei na porta, posando
para ele.

—Eu vou tomar um banho se você quiser se juntar a mim. —Eu ofereci.

As sobrancelhas de Alexander arquearam, mas ele sacudiu a cabeça. —


Tentador, mas vou pedir o serviço de quarto. Algum pedido?

—Não sou exigente. —Mas pensando melhor. Sexo igual a esse merece
ser comemorado. —Na verdade, peça um champanhe.

—Seu desejo é uma ordem. —Ele saltou da cama, ainda usando sua
camiseta e nada mais, o que não fazia nada para esconder suas pernas poderosas.
Ele parecia algo saído de um mito grego, cuidadosamente esculpido com
perfeição para o prazer das mulheres. Eu não conseguia tirar os olhos dele. Eu
estava tão fixa nele, como ele esteve em mim momentos atrás.

Alexander andou até mim, um sorriso arrogante puxando seus lábios. O


cabelo preto tinha um emaranhado de recém-foda, que imediatamente me
lembrou de como ele parecia uma confusão com minhas mãos através dele. Ele
estendeu a mão enquanto me alcançava, e eu olhei para ele com cautela, sem
saber o que esperar. Fiquei surpresa quando ele me puxou para si, envolvendo
um braço em volta da minha cintura. Ele inclinou-se para me beijar, e apesar de
nosso estado metade despido, o beijo foi suave, com um toque de desejo
escondido nele. Ele tirou meu fôlego, e eu senti outro puxão no meu peito, como
se essa corda invisível estivesse me atando mais perto dele. Alexander se afastou,
e quando nossos olhos se encontraram, eu vi o mesmo desejo e confusão
refletidos no seu olhar.

Mas então ele bateu na minha bunda, e deixou cair seu poder sobre mim.
—O que você diria se eu sugerisse que você só usasse isso perto de mim?

—Eu não estou usando nada. —Eu disse, querendo pegá-lo em seu
truque. Eu precisava quebrar a tensão que pairava no ar entre nós, como ele fez
para que eu não me sentisse assim. Eu não deveria sentir nada, exceto orgasmos
alucinantes. As coisas estavam indo muito rápido.

—Exatamente.

—Você é um diabinho, não é?

—Eu vou te mostrar o quanto. —Ele avisou, se lançando para mim.

Meu coração disparou, alimentado por partes iguais de luxúria e


turbulência, mas eu o parei sacudindo um dedo. —Você prometeu-me comida e
champanhe.

Não acrescentei que eu sabia que se ele pusesse as mãos em mim, eu


nunca conseguiria um chuveiro ou um lanche. Ou ter uma chance de pensar sobre
o coquetel inebriante de emoções que rodavam através de mim. Seria mais fácil
cair em seus braços, onde eu poderia esquecer todas as razões que estavam em
minha cabeça. Parte de mim queria que ele me agarrasse e me fodesse até que
eu esquecesse o quanto irracional e irresponsável eu estava sendo. Eu não podia
me esconder dos fatos por muito tempo.

—Comida e champanhe. —Alexander estendeu as mãos em sinal de


rendição, mas então ele cruzou-as sobre o peito e me olhou de cima para baixo.
—E então eu terei você.
Um arrepio correu pela minha espinha. —Promete?

—Eu prometo que você irá passar o resto da tarde gritando meu nome.

Meus joelhos dobraram um pouco com o pensamento, e sua mão


disparou para me firmar, seu sorriso maroto espalhando-se para um sorriso
completo. O efeito era deslumbrante com seus dentes brancos, retos, e boa
aparência como uma estrela de cinema. Eu não pude deixar de pensar naqueles
lábios e as coisas que eles eram capazes.

—Você está testando minha resolução, boneca. —Alexander disse.

Eu pisquei e olhei para ele. Eu estava testando a sua determinação? Ele


tinha que saber o efeito que ele tinha sobre mim. Isso estava escrito em meu
rosto e no meu corpo.

—Fique aí, mordendo o lábio, com o seu cabelo para baixo. Dou-lhe dez
segundos para sair daqui, ou eu vou levar você de volta para a cama.

Eu gritei e saí correndo, fechando a porta do banheiro atrás de mim. Meu


coração batia forte com a promessa de Alexander e a lembrança do que ele já
tinha feito para mim. Apanhei o meu reflexo no espelho, e o estudei por um
segundo. Meus seios estavam duros, ainda inchados de excitação, meus mamilos
eriçados firmemente só de pensar em Alexander. Mas me recusei a deixar o meu
foco permanecer no meu corpo. Em vez disso, contei até dez e forçei o meu olhar
para cima. Minha sombra tinha manchado um pouco, dando aos meus olhos um
toque esfumaçado. Era um pouco sexy, especialmente em combinação com o
meu cabelo ondulado e solto, e os lábios cor de rosa. Entre as minhas pernas eu
sentia a prova escorregadia de que eu não estava apenas sonhando. A menina no
espelho parecia uma confusão total. Não era um lado que eu já tinha visto em
mim, mas eu tinha que admitir: eu gostei.

O banheiro do hotel era abastecido com mais do que o shampoo e


condicionador de praxe. Era praticamente uma pequena loja de conveniência, e
no interior do armário de remédios, encontrei um pacote de laços de cabelo. Eu
puxei meu cabelo desarrumado do meu pescoço, empilhando em minha cabeça,
querendo manter o olhar sexy, apenas com aparência de quem acabou de deitar
e rolar na cama.
Mas quando eu entrei no chuveiro quente, me senti solitária. Seja o que
fez Alexander recusar a tirar a camisa na cama, também o impediu de se juntar a
mim aqui. Eu pensei sobre isso enquanto eu passava o sabão em todo o meu
corpo e lavava entre as minhas pernas. Claro, é por isso que ele não quis tomar
banho comigo, remover a camisa teria sido inevitável, o que significava que não
era apenas uma medida de intimidade, ele estava escondendo algo. Mas o que?
Cada pedaço dele que eu tinha visto até agora era impressionante. Seu corpo
literalmente me deixou sem fôlego e com vontade de tocá-lo. Eu estava muito
ferida no momento para ver a dura rejeição pelo que realmente tinha sido: o
medo. Eu entendia as questões do corpo melhor do que a maioria, porém eu
sabia que era melhor não forçá-lo. Talvez com o tempo, ele não sentisse a
necessidade de se esconder de mim.

Eu encontrei-me esperando que ele fizesse isso. Mas afastei o


pensamento da minha cabeça enquanto lavava o resto do sabão do meu corpo e
desligava a água. Eu não tinha necessidade de me apegar a Alexander. Isto era
para ser casual. Eu tinha outras coisas para me preocupar. Como o meu novo
trabalho e me acomodar na vida em Londres. Não havia tempo para eu me
envolver com alguém, especialmente alguém tão complicado quanto Alexander.
Nós dois estávamos à procura de diversão, e se nós estávamos caminhando para
que isso acontecesse, eu tinha que deixar de lado a minha curiosidade.

Amarrando um robe suave em torno de mim, eu descobri que o serviço de


quarto já tinha chegado. Alexander descansava de camisa e cueca na sala de
estar, os pés apoiados na mesa de café. Um carrinho repleto de pratos e copos e
uma garrafa de champanhe estava parado ao lado de sua cadeira.

—Você pediu tudo no menu? —Eu perguntei.

—Pessoalmente, estou com apetite. —Ele disse com um encolher de


ombros. —Mas se você não estiver, eu ainda quero comê-la contra a janela.

Eu ergui uma das mãos. —Pare. Estou faminta, talvez mais tarde?

Os olhos de Alexander brilharam quando ele assentiu. —Você continua a


me surpreender, Clara Bishop. Num minuto você está fugindo de mim e no
outro...
—Tira a calcinha em um elevador? —Eu terminei por ele. —Seja honesto,
esta não é a primeira vez que uma garota tira a calcinha para você.

—Bem, não. —Ele admitiu. —Mas dificilmente você a deixou cair. O que
me faz lembrar que eu preciso comprar outro par.

Acenei para a oferta com indiferença, mesmo com o calor que surgiu
abaixo na minha barriga com a lembrança. Onde ele escondeu a minha calcinha
quando ele a tirou de mim? Desde o brilho malicioso nos olhos de Alexander, ele
estava pensando a mesma coisa. Ele desviou a atenção para o carrinho de serviço
de quarto em uma tentativa de manter o foco. Não era saudável transar como
coelhos e ficar sem comer por horas. Para minha surpresa, eu levantei as tampas
de prata para descobrir dois hambúrgueres, batatas fritas, e pequenas, mas
sofisticadas, garrafas de ketchup.

—Espero que esteja tudo okay. —Alexander disse, vindo por trás de mim.
Ele agarrou meus quadris com suas mãos firmes e me jogou por cima dos ombros.
—Você não é vegana ou algo do tipo, não é? Eu ofendi você mortalmente?

—Está ótimo. —Eu disse, tocando seu rosto. —Eu amo carne.

Levei um segundo para perceber o que eu disse, mas a partir do contato


próximo de seu corpo, eu poderia dizer que o seu pau recebeu a mensagem
muito mais rápido.

—Conte-me mais. —Ele respirou.

—Depois que comermos. —Eu disse, me esquivando de sua mão e


agarrando um prato. —Eu não fazia ideia de que a Família Real comia
hambúrgueres.

—Ah sim, normalmente é apenas assado e pernas de cordeiro com geleia


de menta. —Suas palavras estavam cobertas com uma espessa camada de
diversão amarga. —Na verdade, os jantares na minha família são terríveis. Rígido.
Muitas maldições. Talheres demais. Alguém está sempre escolhendo brigar,
geralmente eu. Talvez seja por isso que eu pule muitos jantares.
Eu tinha acabado de dar uma mordida no meu hambúrguer, mas eu tive
que dar o meu melhor para não engasgar. Alexander estava se abrindo para mim.
Engoli em seco a minha comida, de repente, mais interessada em aprender sobre
o homem misterioso na minha frente do que no que eu estava comendo. —Eu
posso entender isso.

—Ah sim. Seus pais são empresários na internet. —Ele disse. —Muitos
jantares sozinha?

Eu ergui uma sobrancelha surpresa. —Checando-me?

—Eu estava interessado, e se eu tiver que passar toda a minha vida aos
olhos do público, eu poderia muito bem desfrutar das vantagens da minha
posição. —Ele se juntou a mim no sofá. E tudo parecia tão normal, exceto pela
revelação que ele tinha acabado de jogar em mim.

—Tradução: Tudo bem para você me espionar.

Alexander riu. —Não foi tão clandestino. Você provavelmente aprendeu


mais sobre mim na internet do que eu fiz a partir dos arquivos do MI5.

—Eu tenho um arquivo MI5?

—Não realmente. Daí por que eu não aprendi muito. Eu queria saber
como a menina americana bonita acabou em uma festa de formatura britânica
chata. —Ele admitiu.

—Não sou americana. Não realmente.

—Isso chamou minha atenção. —Ele admitiu, dando uma mordida em sua
comida e mastigando rapidamente. —Você escolheu cidadania Britânica quando
poderia ter escolhido manter as duas. Por quê?

Eu hesitei com essa pergunta, incerta do que responder. —Não tem nada
para mim na América.

Nada bom. Eu completei silenciosamente.

—Isso soa como uma história.


—E você? —Eu perguntei, desviando a atenção para ele novamente. Não
seria legal trazer meu passado. Nenhum de nós ganharia nada em trazer isso.

—Sou um livro aberto. Você só precisa pegar o tabloide mais perto para
saber tudo o que precisa sobre mim.

Eu não cairia nessa nem por um segundo. As colunas de fofoca podiam


fazer suposições sobre Alexander e sua vida pessoal, mas como alguém que tinha
passado um pouco de tempo com ele em particular, eu sabia que eles não tinham
sequer arranhado a superfície do que ele realmente gostava. E, apesar de minha
experiência em primeira mão com ele, eu sabia que não tinha também. O
pensamento me assustava tanto quanto me excitava.

—Eu duvido disso. Os tabloides parecem pensar que rumores são fatos,
depois de tudo.

—Sim, eles fazem. —Alexander abaixou seu prato e levantou-se, indo para
a frente da janela. —O que você quer saber, Clara?

—O que você me dirá?

Ele me deu um sorriso sem graça antes de se virar e olhar para fora sobre
toda a Londres. —Nada. Eu não direi nada que você queira saber. Eu
provavelmente te distrairei com uma piada ou um beijo.

A honestidade de sua resposta me atingiu como um golpe, e eu não podia


responder. A dor em sua voz era palpável. Ela vivia e respirava, tanto quanto o
homem sexy e quebrado na minha frente. Mas sua franqueza não poderia me
dizer a única coisa que doía por saber: o que o tinha quebrado?

Era a única maneira de saber se eu poderia consertá-lo.

—Você vai gostar mais de mim se você acreditar nas manchetes dos
tablóides. —Ele acrescentou depois de um longo silêncio.

O ar estava tão pesado entre nós agora que eu pensei que poderia rachar
a sala ao meio, separando-nos para sempre. Eu não podia deixar isso acontecer.
—Mesmo naquele que alegou que teve você uma orgia no Brimstone no mês
passado?
—Você não gostaria de acreditar que era verdade? —Ele perguntou, e
para meu alívio ele sorriu. —Ele promete ter uma resistência desumana.

Eu já tinha conhecido a resistência desumana. —Eu admito que não gostei


da ideia de vê-lo no meio de uma sala lotada de mulheres.

—Ahhh. Do tipo ciumenta?

Eu nunca fui do tipo ciumenta, e eu achei que era uma coisa muito boa ser
desligada assim depois da minha relação terrível com Daniel. Mas o pensamento
de Alexander com outra mulher torceu minhas entranhas. Eu não podia
exatamente dizer-lhe isso. Pareceria muito louco, após o curto período de tempo
que passamos juntos, e eu imaginei que Alexander já tinha lidado com o seu
quinhão de loucas ao longo dos anos. —Como você se sentiria se eu transasse
numa sala repleta de homens?

Sua mão voou para cima, batendo na janela e me fazendo recuar. —


Touché. Mas vou logo te avisando que eu não sou bom em compartilhar.

—Sem dúvida que isso vem de nunca ter que compartilhar quando
criança.

—Mais do que eu gostaria. —Ele disse sombriamente, avançando em


direção a mim. Seu rosto era ilegível, lançado nas sombras. —Enquanto eu estiver
te comendo, ninguém mais irá. Você entendeu?

Minha boca se abriu, mas eu a fechei novamente. Afastei meu prato. Eu


estava a fim de que nós estivéssemos em um nível igual. —Isso é uma ordem?

—Você não pareceu se importar com as minhas ordens anteriormente. —


Seu dedo empurrou entre as camadas do meu robe e sondou meu estômago. —
Você pareceu gostar que fosse dito o que fazer.

—Na cama. —Eu disse, me afastando dele. Eu sentia que uma briga estava
começando, e eu não podia pensar claramente quando ele me tocava. —Eu não
gosto de receber ordens.
—Eu nem sonho mandar em você além da cama, Clara. —Ele inclinou a
cabeça e me estudou por um momento. —Mas pedir-lhe para não dormir com
outros homens parece estar no ponto, não?

—Posso dormir com outras mulheres? —Eu perguntei.

—Não, mas essa é uma ideia interessante.

—Okay, calma lá, garoto. —Eu rolei meus olhos. —Só estou tentando
provar que você está sendo irracional.

—Isso não é irracional. —Ele disse, pegando o cinto do meu robe e


arrancando de modo que ele caísse. Seu olhar queimou dentro de mim, e meus
nervos crepitaram, fumegante com o desejo. Ele não jogaria limpo. —Eu tenho
muitas coisas planejadas para fazer com este corpo. Eu quero levar meu tempo
com isso. Eu preciso, e não, eu não estou interessado em jogar joguinhos. Se você
quiser ficar comigo, eu espero lealdade.

Ele aproximou-se e colocou a mão entre minhas pernas. Eu sufoquei um


gemido de prazer ao seu toque, e me forcei a manter contato visual com ele.

—Não tenho nenhum problema com exclusividade, mas você não tem
relacionamentos. —Eu o relembrei.

—Eu não julgo. Eu não estou à procura de romance ou casamento. Quero


transar com você, Clara. Eu quero fazer você gozar, e eu quero a sua boceta
perfeita, exclusivamente para mim. —Ele tinha começado a sondar a minha
vagina com seus dedos longos e poderosos. Foi o suficiente para me deixar tonta,
mas eu lutei para manter o controle. Estendendo a mão, agarrei seu membro
através de sua cueca. Ele estava muito grosso e duro, e eu lutei contra a vontade
de cair de joelhos na frente dele.

—E este é meu, então.

Os lábios de Alexander contraíram-se, e eu senti seu pau pulsando em


minhas mãos. Ele pressionou contra mim, empurrando seu pênis plenamente em
meu alcance.

—Ele é todo seu, Clara.


Seus lábios encontraram os meus, e em seguida me beijou até que eu já
não me preocupava com o que eu realmente queria saber: Por quanto tempo?
Por quanto tempo ele seria meu?

Não importava. Uma semana com ele era mais do que eu poderia pedir, e
enquanto seus dedos deslizavam dentro de mim, me fodendo e me levando para
outro clímax de tremer a terra, eu empurrei a questão completamente para fora
da minha mente.
Eu estava sob meu estômago, totalmente nua e fantasiando sobre as
mãos de Alexander amassando as partes mais íntimas do meu corpo, quando um
alerta de texto zumbiu no meu telefone, que estava em uma cadeira no canto.
Meu massagista, Tyrone, estalou a língua em desaprovação sobre a interrupção.

—Você está muito tensa, garota. —Tyrone me castigou. —Relaxe.

Eu tentei, mas depois da semana passada, havia apenas um homem que


meu corpo obedecia. Eu me concentrei na música new age à deriva através do
quarto, e voltei para minhas fantasias. Quando eu levantei meu corpo
deliciosamente mole da maca no final da sessão, peguei meu telefone, surpresa
ao ver que o texto que eu recebi era de Alexander.

Há uma janela nesta sala que se beneficiaria de ter seu corpo nu


espalhado nela.

Eu me atrapalhei enquanto digitava uma resposta, meio tonta com o meu


estado próximo ao coma. O fato de que eu podia ouvir o raspar sexy da voz de
Alexander na minha cabeça ao ler sua mensagem não ajudava.

Depois que eu já estava vestida, saí para o corredor para descobrir minha
mãe me esperando. Ela passou seu braço no meu e suspirou. —Isso não é
maravilhoso? Eu nem sabia que estava tão tensa.

—Nem eu. —Eu disse.

—Você está pronta para as compras? —Ela perguntou.

Eu balancei a cabeça, reprimindo o impulso de gemer. Eu precisaria de


outra massagem depois de passar o dia de compras sob o olhar crítico da minha
mãe. Embolsando o meu telefone, eu sorri para ela. —Mostre o caminho.
Poucas horas e uma pequena fortuna depois, paramos para encontrar a
minha irmã para o almoço. A multidão no Hillgrove consistia principalmente de
senhoras que estavam no almoço, como minha mãe, e alguns turistas que
estavam ocupados tirando fotos de seu sanduíche e variedade de chá. Minha mãe
deu-lhes um olhar de mau gosto, ajustando a aba de seu chapéu Stephen Jones
enquanto esperávamos que a minha irmã mais nova se juntasse a nós. Nossas
sacolas de compras foram empilhadas em um assento vazio, que minha mãe tinha
tomado a liberdade de arrumar. Assim como ela tinha tomado a liberdade de
escolher uma dúzia de vestidos novos para mim. Eu consegui convencê-la a
deixar-me pagar, e eu mesmo fui longe e comprei alguns pares de saltos. Embora
eu soubesse que não teriam muito uso em torno do escritório de Peters &
Clarkwell, mas desde que minha vida social tinha dado um surpreendente salto na
sexta-feira, eu sabia que poderia ter muitas oportunidades de usá-los.

Eu nem tinha lutado quando ela enfiou uma seleção de vestidos curtos
sensuais para mim da coleção atual de Yves St. Laurent.

—Estou tão feliz que você escolheu algumas coisas novas. —Ela disse,
bebericando um martini. A maioria das mulheres aqui estava bebendo xícaras de
chá, mas a minha mãe estava em seu primeiro coquetel. Eram essas pequenas
coisas que mostravam que ela era americana ainda, se ela gostasse ou não.

—Eu quero causar uma boa impressão no meu novo trabalho. —Dei de
ombros como se isso fosse perfeitamente óbvio. Eu não lhe disse que pelo menos
metade das coisas que eu tinha comprado, eu planejava usar para Alexander. Eu
guardei isso para mim, não só porque eu não estava pronta para dizer a ela que
eu estava vendo ele, mas também porque eu não tinha certeza de quanto tempo
o relacionamento duraria. Alexander e eu tínhamos um acordo tênue. E eu acho
que minha mãe não entenderia que eu estava transando com ele sem
compromisso da sua parte. Exclusividade significava nada para ela, se não fosse
acoplado com um diamante no dedo.

—E você vai parecer fabulosa nos encontros. —Ela disse.

—Desculpa. Estou atrasada! —Minha irmã Charlotte disse, chegando a


tempo de me salvar da curiosidade da mamãe em relação a minha vida amorosa.
Ela nos deu um sorriso enquanto deixava cair sua bolsa no chão e sentava-se.
Vestida com uma blusa sem mangas de cor creme que pendia sobre
leggings pretas, Charlotte parecia como se tivesse saído das páginas de uma
revista de moda. O conjunto poderia ter sido simples em alguém sem o seu olho
para o estilo, mas ela tinha combinado com um lenço amarelo dourado. Ela
empurrou seus grandes óculos de sol de estrela de cinema para segurar o cabelo
escuro, que caía sobre os ombros.

—Como foi seu encontro, Lola? —Nossa mãe perguntou, a chamando por
seu apelido.

—Bom. Encerrado. —Lola atirou-me uma piscadela conspiratória, e eu fiz


o meu melhor para não gemer. Eu não tinha dúvida de que seu repentino conflito
de agenda tinha mais a ver com dormir fora até tarde da noite, do que o estágio
de verão confortável que ela tinha desembarcado em uma empresa de marketing
em Chelsea.

—Estamos felizes que você está aqui agora. —Mamãe afagou seu braço.

—O que eu perdi? —Lola perguntou.

—Eu estava contando a mamãe sobre o meu novo emprego.

Lola piscou, com o sorriso ainda estampado no rosto. —Oh!

Minha mãe não parecia notar a óbvia falta de interesse de Lola. Ela sorriu
amplamente quando o garçom trouxe uma seleção de sanduíches e chá para nós
em uma bandeja. Escolhendo um, ela mordeu delicadamente. —Mas eu estava
muito curiosa se Clara está vendo alguém.

Houve uma ligeira pausa em sua voz, que revelou seus verdadeiros
sentimentos. Eu tive que dar-lhe crédito, ela tinha conseguido evitar trazer o
escândalo recente o qual eu tinha estado envolvida por toda a manhã. Isso tinha
que ser algum tipo de recorde. Mas com Lola aqui, eu esperava que o assunto
chegasse mais cedo ou mais tarde. Eu considerei a pergunta dela, tomando uma
grande mordida de um sanduíche de pepino para me comprar algum tempo. Se
eu continuasse a ver Alexander, era muito provável que eu me encontraria na
capa de outro jornal de fofocas. Mas Alexander era discreto sobre o nosso
relacionamento, e não havia nenhuma razão para suspeitar que qualquer um
pudesse descobrir se continuávamos nossa rotina disfarçada. Além disso,
tinhamos Norris. Alexander tinha deixado claro que a nossa relação não iria mais
longe do que namoro e sexo. Se não havia futuro, por que eu deveria contar a
ela? Eu ignorei a vibração de ansiedade que o pensamento produzia no estômago.

—Não. —Eu menti. —Embora Belle dê seus olhares para cada homem que
ela conhece. —Annabelle é uma boa amiga. —Mamãe disse. —Você tem muita
sorte por tê-la.

Na verdade, eu tive a sorte de tê-la por perto, mesmo que a minha mãe
não soubesse a verdadeira razão. Belle era uma boa amiga, porque isso significava
que eu não tinha que esconder a minha verdadeira relação com ela. Ela não
contaria a ninguém, mas também significava que eu não tinha que ir para seus
encontros às cegas.

—Eu vi nos jornais que você tem visto Alexander. —Lola vibrou suas
pestanas inocentemente enquanto ela abandonava seu sanduíche em favor de
seu martini recém-chegado.

Engoli em seco e tomei um longo gole de água. Claro, ela teria visto as
fotos da noite de sexta-feira do lado de fora do Brimstone. —Eu concordei em
conhecê-lo. Isso é tudo.

—Isso é tudo? —Minha mãe riu, balançando a cabeça. —Minha filha


conhece o Príncipe da Inglaterra, mas não é grande coisa.

—Ele é só um homem. —Eu disse, esperando que ela não captasse minha
mentira.

—Ele está longe de ser apenas um homem. —Lola opinou. —Ele é o


solteiro mais cobiçado do mundo.

A vibração de chegada de uma mensagem me traiu, e os olhos da minha


mãe viraram para o meu celular. Obviamente ela estava ciente do número de
mensagens de texto que eu tinha recebido hoje. Agarrei o celular e joguei na
minha bolsa.
—Esse homem vai governar o país algum dia. —Mamãe disse com uma
voz suave.

—Mamãe, estamos mais para uma democracia. —Eu a lembrei. —Talvez


eu devesse pôr meus olhos sobre o Parlamento e dormir com eles.

Lola engasgou com o martini, mas os olhos da mamãe estreitaram-se. —


Não seja suja, Clara. É errado que eu queira saber os detalhes? Você não me diz
nada sobre sua vida. Eu leio sobre isso nos jornais.

—Não há nada para contar. Ele pediu para me encontrar para que ele
pudesse se desculpar. —Pelo menos eu não estava mentindo sobre essa parte.
Elas não precisavam saber que eu tinha passado o sábado em sua cama.
Memórias nublaram minha cabeça por um momento, e eu fui trazida de volta ao
presente pela vibração de outra mensagem de texto. Peguei meu celular da
minha bolsa e o li.

Eu preciso ter minha boca em você. Eu preciso fazer você gozar.

Minhas coxas apertaram com o pensamento, e eu tive de sacudir a minha


cabeça um pouco para limpar meus pensamentos. Agora não é hora para isso, eu
lembrei a mim mesma. Mamãe já estava suspeitando, e quando olhei para cima
suas sobrancelhas estavam erguidas.

—Quem está te enviando mensagem hoje? —Ela perguntou.

Virei-me para a minha irmã, esperando por alguma distração, mas Lola
estava colada ao seu próprio celular. Eu, obviamente, não podia contar com ela
para vir em meu auxílio.

—Belle. Ela está brigando com Philip. —Eu odeio mentir. Agora eu tinha
manchado o relacionamento da minha melhor amiga, mas se alguém não se
importaria, esse alguém seria Belle.

—Eu espero que não seja nada sério. —Mamãe tomou um gole de martini
com seus olhos ainda em mim. Eu não acho que eu imaginei o duplo sentido de
suas palavras. Ela não acreditou em mim. Ela sabia que algo estava acontecendo
com Alexander, mas até onde ela pressionaria era a questão? Eu precisava que
nosso relacionamento fosse secreto por um tempo, até mesmo dela. Pelo menos
até que eu descobrisse o que nossa relação era exatamente. Sem isso, eu não
tinha certeza de que era forte o suficiente para continuar a vê-lo.

—Não é. —Eu assegurei a ela.

—Bom. —Ela gesticulou para o garçom pedindo outra bebida. —Por que
eu odiaria ver você machucada.

—Eu ficarei bem. —Eu disse com um suspiro, um pouco aliviada que não
estávamos contornando o problema por mais tempo.

—Eu quero que você se cuide Clara, mas um homem como Alexander...
você é muito frágil para ele.

Agarrei o meu garfo e olhei para além dela. Ela tinha boas intenções, ela
sempre tinha, mas isso não significava que eu não estava cansada ou que eu fosse
frágil. —Eu não sou mais uma criança.

—Eu não disse que você era. Mas Clara, você é ferozmente independente.
—Ela disse gentilmente. —Tanto que você nem sempre vê o que o resto de nós
vê.

—Você se refere a Daniel?

—Daniel, e outras coisas.

Eu não consegui segurar um suspiro. —Estou bem, Mamãe. Isso foi a


muito tempo atrás.

—Clara, querida. —Ela esticou sua mão pela mesa e pegou a minha. —Eu
quero que você fique bem. Você é adulta agora. Apenas certifique-se de que suas
decisões são tomadas com a cabeça e não com o seu... coração.

Eu odiava pensar que ela podia estar certa. Não era minha cabeça me
avisando para ficar longe de Alexander o tempo todo? Eu me deixei ser conduzida
pelo meu corpo, e de alguma forma agora, meu coração se meteu nessa confusão
também. Mas a última pessoa com quem eu poderia falar sobre isso era com a
minha mãe. Alexander me fez sentir viva. Na universidade, eu estava focada em
meus estudos ou Daniel. Eu aprendi a esconder minhas emoções e guarda-lás
para que eu pudesse chegar ao final do dia. E eu odiava. A graduação foi mais do
que um grau. Era uma libertação, e com a chegada de Alexander ao meu mundo,
me despertou para a vida, mesmo que fosse principalmente ao nível físico.

Meu pai esteve protegendo a minha mãe de sentir demais por anos. Ela
não poderia entender.

—Me desculpe, eu preciso ir ao banheiro. —Eu estava de pé,


disfarçadamente embolsando o meu telefone.

—Eu vou com você. —Lola disse.

—Eu acho que ficarei aqui com os sanduíches. —Mamãe falou,


obviamente, ciente de que eu estava evitando o assunto.

—Tenho certeza que o gin lhe fará companhia. —Eu disse suavemente.

Lola me seguiu até o banheiro, tagarelando sobre seu fim de semana, sua
ressaca, e um rapaz que tinha levado para casa. O básico eu filtrei, mas meus
pensamentos estavam em outro lugar.

Assim que entramos no banheiro, encontrei uma cabine. Fechando a


porta atrás de mim, eu verifiquei minhas mensagens.

Eu preciso ouvir você gritar meu nome enquanto eu te fodo.

Sim, por favor. Eu ouvi as palavras ditas com sua voz profunda enquanto
eu as lia, atingida e atraída pelo seu desejo físico. Mal tinha sido quarenta e oito
horas desde a última vez que eu tinha estado com ele, mas eu doía com desejo ao
ler sua mensagem.

Eu respondi de volta.

Mas como gritarei seu nome se minha boca vai estar cheia
chupando você?

Um trio de respostas chegou em seguida.


Você não saberá até que tente.

Cristo, estou tão duro por você.

Termine de comer e traga esse seu lindo traseiro para mim.

Quando saí da cabine, Lola estava apoiada no canto do banheiro. —Então


com quem realmente você está conversando?

—Belle. —Eu disse, decidindo que era melhor ficar com a minha mentira,
especialmente desde que Lola detinha o recorde mundial quando se tratava de
fofocas. Ela continuou a me observar enquanto eu lavava minhas mãos e
verificava a minha maquiagem.

—Você está brilhando. —Ela acusou. Eu segurei um sorriso e dei de


ombros. —Quem estampou esse sorriso em seu rosto? —Ela forçou. —Vamos lá,
você tem que me dizer. Somos irmãs!

—Eu não beijo e espalho por aí. —Me dirigi para a porta, mas ela me
bloqueou.

—Foi Alexander? —Ela perguntou.

Passei por ela, ignorando sua pergunta. Era melhor nem confirmar nem
negar, e eu não sabia se eu poderia tirar uma mentira convincente, quando o
assunto era Alexander e sexo. Isso era algo que eu definitivamente teria que
trabalhar.

Lola fez beicinho o resto do almoço, agrupando-se em mim quando a


mamãe trouxe à tona o assunto do namoro.

—Seu pai falou que seu novo associado é solteiro. —Ela me disse. —Ele
está desenvolvendo um app que permite seguir as pessoas pelo mundo e enviar-
lhes mensagens.

—Parece com o Twitter. —Eu disse com desdém. Não havia nenhuma
maneira que eu iria a um encontro às cegas com um dos amigos de
desenvolvimento do meu pai.
—Clara está vendo alguém. —Lola disse. Ela deu uma mordida no biscoito
e sorriu presunçosamente enquanto mastigava.

—Você disse que não estava! —Mamãe me olhou acusadoramente.

—E eu não estou. Não realmente. —Eu adicionei.

—E quanto a você, Lola? —A mamãe perguntou, e as duas caíram em uma


discussão sobre os numerosos homens disputando o carinho da minha irmã.

—Eu espero que sua irmã encontre alguém logo. —Mamãe disse para ela
quando terminaram de fofocar.

—Eu tive uma tarde adorável. —Eu disse, mudando o assunto para longe
da minha vida pessoal. Soando distraída.

Sua mão agarrou seu colar em humildade simulada. —Foi bom, não foi?
Precisamos ver mais umas as outras, agora que está fora da escola. Seu pai está
trabalhando o tempo todo. Eu tenho estado sozinha.

—Eu começo a trabalhar sexta-feira. —Lembrei a ela pela décima vez hoje.

Ela hesitou e então respirou fundo. —Você sabe que você não precisa
trabalhar. Pelo menos faça algo como um trabalho social.

Eu vacilei com a audácia da sua sugestão. Eu sabia que ela não aprovava a
minha escolha de vocação, mas esta foi a primeira vez que ela sugeriu que eu não
trabalhasse.

—Você vale vinte milhões de libras. —Ela disse com a voz baixa, para que
os outros frequentadores não a ouvissem. —Você não precisa trabalhar.

Como eu poderia explicar a ela que ela era a razão por que eu precisava
trabalhar? Eu assisti minha mãe mover-se de evento de caridade para evento de
caridade durante anos. Ela esteve profundamente envolvida com o lançamento
da empresa quando eu era um bebê, mas assim que eles a venderam, ela tinha
abandonado a noção de precisar de um trabalho completamente. Eu realmente
não sabia muito sobre a minha mãe, antes que ela e meu pai vendessem o seu
site de namoro online, partner.com, por duzentos milhões de dólares em meados
dos anos 90, mas eu tinha ouvido histórias. Ela foi ambiciosa uma vez, e ela tinha
dado tudo por uma vida de encontros de compras e almoço. Eu posso não ter
conhecido a minha mãe naquela época, mas eu sabia quem ela era agora, e não
demorou muito para ver que ela não estava feliz. —Eu prefiro usar a minha
graduação.

Meu grau era meu único trunfo, a única coisa que minha mãe sempre
concordou. A coisa que ela achava que eu tinha que ter para ter sucesso na vida.
Talvez porque era a única coisa que Madeline Bishop não tinha e não podia
comprar.

—É claro que você preferiria. —Ela disse, seus olhos ficando vidrados. Ela
olhou para longe, afastando a mão dela, e eu senti uma pontada de simpatia por
ela. As coisas seriam diferentes se ela tivesse se formado? —E quando você
finalmente encontrar o cara certo, você não precisará se preocupar com o
dinheiro.

Isso me pareceu uma coisa estranha de se dizer. Eu sei que ela e meu pai
tinham lutado nos primeiros anos de seu casamento, mas pelo menos eles foram
felizes. Era estranho que ela não pudesse ver como ela estava infeliz, agora que
ela tinha dinheiro. Claro, ela estava certa. Eu nunca teria que me preocupar com
dinheiro. Era um pouco de alívio, mesmo que o dinheiro por vezes, me fizesse
sentir indesejável. Eu brincava que daria tudo antes, mas havia disposições que
me impediam no arranjo fundo fiduciário. Eu não teria a custódia total sobre o
dinheiro até que eu completasse vinte e cinco anos.

Após a conta ser paga, nós nos despedimos. Minha mãe jogou os braços
em volta de mim em um show estranho de emoção, e eu não estava
completamente confortável com isso, mas aceitei o gesto.

—Me ligue e me conte como foi seu primeiro dia. —Ela disse enquanto
juntava suas sacolas da La Mer e Louis Vuitton.

—Eu prometo.

—Lola. —Mamãe desviou a atenção para a minha irmã mais nova. —


Peguei o seu creme para os olhos.
Nós caminhamos para fora do restaurante juntas, e eu me preparei assim
que atingimos a porta da frente, mas não havia repórteres do lado de fora.
Mamãe apertou meu braço e me deu um sorriso, antes que ela beijasse meu
rosto e entrasse em um táxi que estava esperando.

Assim que se afastou do meio-fio, Lola deslizou seus óculos de sol. —


Tenha uma tarde divertida.

—Estou indo para casa para um apartamento vazio. —Fiz uma pausa, em
guerra comigo mesma, antes de forçar-me a acrescentar. —Você poderia vir
junto.

—Tenho certeza de que você encontrará algo mais interessante para


fazer. —Ela disse sugestivamente, abaixando os óculos para me dar uma
piscadela.

Agarrei o meu telefone e balancei a cabeça enquanto ela se afastava. Ela


não estava entrando na idade adulta, ela estava dentro dela.

O tempo em Londres tinha começado a ficar mais quente, por isso, apesar
da minha coleção de sacolas de compras, eu decidi caminhar até o metrô. Eu
podia imaginar o que minha mãe pensaria disso, mas parecia bobo pegar um táxi
até a East London, e o tempo estava lindo. Em mais algumas semanas, o verão
chegaria trazendo calor e rigidez junto com ele. Eu poderia me glorificar nos
poucos dias restantes da primavera que ainda restavam.

Minha bolsa vibrou e um arrepio me percorreu da cabeça aos pés quando


vi que era outra mensagem de Alexander.

Eu preciso ver você agora. O Real.

Pelo menos o meu trabalho não começaria até sexta-feira, o que


significava que eu poderia jogar tanto quanto eu quisesse agora, e eu estava
esperando o dia todo por Alexander pedir algo mais concreto. Seus textos tinham
mantido meu corpo zumbindo com a sexualidade mal reprimida esta tarde. Agora
ele faria algo sobre isso, e eu não podia esperar. Eu poderia usar o alívio do
estresse depois de um dia com a minha mãe também. Eu mandei uma mensagem
de volta e mudei a minha direção, indo para o hotel onde eu o vira pela última
vez. Eu não conseguia evitar um sorriso um tanto bobo no meu rosto enquanto eu
caminhava. Felizmente, eu tinha me arrumado para um dia de compras com a
minha mãe, embora eu suspeitasse que Alexander gostaria de mim com qualquer
coisa. O meu telefone me alertou para uma mensagem recebida, e eu verifiquei,
excitação virando meu estômago. Eu estaria com ele em breve. Sentiria suas
mãos em mim em breve. Mas quando vi o texto, o meu coração parou.

Belle: Eu acho que você deveria ver isso.


Eu li o post duas vezes enquanto punha o pé no saguão do Westminster
real, mas era a imagem anexada que não saia da minha cabeça. Os braços de
Alexander estavam em torno de uma mulher loura bonita, o tipo de mulher que
deixaria qualquer outra mulher irracionalmente ciumenta. Não houve nenhum
esforço para esconder isso. Quem quer que tenha tirado esta foto, esteve perto o
suficiente para capturar o espectro completo do que vinha acontecendo. Eu a
tinha visto antes, em outras fotos que Belle tinha me mostrado, mas a pior parte
foi que a partir deste ângulo eu sabia sem dúvida, que ela era a mulher que
Alexander havia descartado como um erro do passado naquele dia fatídico no
Clube Oxford e Cambridge. Ela era obviamente alguém importante, porque a
legenda dizia.

Alexander flagrado novamente com a estonteante Pepper Lockwood.

Ela era só pernas e longos cabelos loiros. Ela parecia uma modelo, e sua
beleza loura dourada complementava o cabelo escuro e a tônus muscular de
Alexander.

Você não tem nenhuma reivindicação sobre ele, eu raciocinei. Mas eu não
deveria? Ele não tinha insistido - não, exigido - exclusividade? Aparentemente, ele
não manteria as mesmas expectativas. Eu não deveria estar surpresa, mas ainda
assim, eu estava, e mais do que isso, eu estava ferida. Eu tinha passado o dia
inteiro sonhando em estar com ele, mas agora eu me sentia oca, eviscerada por
minha loucura.

—Senhorita. —O porteiro veio até mim e hesitou. —Eu posso ajudá-la?

Eu tinha quase esquecido que eu estava de pé no saguão de um hotel


cinco estrelas. Comecei a balançar a cabeça, mas então eu tomei uma decisão,
guardando meu telefone. —A Suíte Presidencial.
—Você deve estar aqui para encontrar o Sr. X. —Ele disse. —Por aqui, por
favor.

A parte do X, certamente pareceu conveniente no momento. Eu queria me


chutar. Ele passava tanto tempo aqui que ele usava um disfarce. Como eu tinha
me metido nessa confusão?

O passeio de elevador para o andar superior foi muito doloroso e lento,


apesar de ser particular e reservado para os hóspedes da suíte. A foto foi tirada
na noite passada em uma festa particular. Eu não estava com raiva dele por não
me levar, não quando estávamos tentando manter a nossa relação tranquila, mas
eu estava chateada que ele me segurou com padrões diferentes do dele. Se ele
pensou que eu ficaria sentada e esperaria por suas chamadas enquanto ele
transava com cerca de metade da população feminina de Londres, ele teria uma
surpresa.

Mas o que realmente me assustou foi que ele claramente conhecia essa
menina. Era óbvio pelo abraço e pela história em anexo, para não mencionar sua
reação a sua presença no dia em que nos conhecemos. O site de fofocas apontou
que os dois eram velhos amigos, mas, em seguida, especulou que algo mais
estava acontecendo. Talvez ele tivesse mudado de ideia sobre me ver. Ele estava
de volta a Londres há pouco tempo depois de tudo. Ele me beijou uma vez para
evitá-la. Ele estava me fodendo agora para voltar para ela?

Chateou-me não saber. Não era saudável já estar tão envolvida. Eu sabia
disso, mas eu também não podia evitar. Minha atração por Alexander era
inexplicável. Enquanto a maioria das mulheres teria visto o seu dinheiro divino,
título e sensualidade, o que estava por baixo era ainda mais sexy. Debaixo de
todo o controle e poder, havia uma alma tão humana e frágil, que eu tive a sorte
de vislumbrar apenas uma ou duas vezes. Mas ele mostrou a mim. Eu tinha
certeza de que muito. Eu tinha pensado que isso significava algo. Agora eu não
tinha mais certeza.

Talvez isso tudo fosse um jogo para ele. Ele me avisou que era perigoso.
Ele me disse que isso me machucaria.

Missão cumprida.
Meu estômago revirou e eu senti uma crueza muito familiar subindo pela
minha garganta, as lágrimas inchavam lá enquanto eu tentava segurá-las. Eu não
lhe daria a satisfação de saber que tinha chegado a mim.

Eu estava mal conseguindo conter quando o elevador parou no nosso


andar. Seu andar, me corrigi.

Fique firme, Clara. Eu me concentrei em canalizar o meu mal em raiva, e


dei um passo através das portas de correr com meus punhos fechados.

Alexander estava em mim antes que eu pudesse reagir. Ele me levantou,


as mãos cobrindo meu traseiro enquanto os lábios esmagavam os meus. Eu não
conseguia pensar. Eu estava intoxicada por ele, meu corpo me traiu, raiva
derretendo em desejo quando ele deslizou a mão para agarrar meu pescoço. Ele
me pressionou contra a parede e minhas pernas envolveram mais firmemente em
torno de sua cintura. Eu não queria que esse momento acabsse, embora eu
soubesse que teria.

Um último beijo.

Eu não pude mais conter as lágrimas, elas deslizaram. Eu provei minha


tristeza em seus lábios e ele me desceu, me afastando para me encarar com
confusão.

—Clara. —Ele pegou meu queixo entre as mãos e inclinou meus olhos
manchados de lágrimas ao encontro dos seus. —O que está errado?

Virei a cabeça para ele e empurrei seu peito até que ele me pôs sobre os
meus pés.

—O que está acontecendo? —Ele perguntou com a voz baixa.

—Isso, Sr. X! —Eu segurei meu telefone, para que ele visse o artigo do
TMI.

—Eu não sei se compreendo o que está acontecendo aqui.

—O que está acontecendo é que você é um idiota! —As palavras


explodiram da minha boca.
Alexander passou uma mão pelo seu cabelo escuro e caminhou até o bar.

—Bebida?

Eu balancei minha cabeça. Era inebriante o suficiente estar perto dele, eu


não tinha necessidade de comprometer ainda mais o meu bom senso.

—Então o TMI está informando que eu estava com a Pepper noite


passada?

Ouvi-lo dizer o nome dela era como um soco no estômago. Isso confirmou
todos os meus maiores medos. Ele a conhecia, e ele não estava nem mesmo
mentindo sobre isso. Imaginei que isso deveria ter me feito sentir melhor, mas
me fez sentir pior. Como se eu devesse saber que aconteceria.

—Não foi você que disse que tabloides relatam rumores como fatos? —
Ele perguntou. —Porque eu apreciaria a verdade dessa afirmação. Sente-se, Clara.

Eu cruzei meus braços na frente do meu peito e olhei bem para ele. Então
agora ele usaria minhas palavras contra mim. Muito bem. Ele poderia jogar desse
jeito, mas isso não significava que eu teria que concordar com ele. —Eu prefiro
ficar de pé.

—Sirva-se. —Alexander caiu em uma poltrona de couro e tomou um gole


de sua bebida pensativo.

—Então você a conhece?

—Claro que eu a conheço. Conheço Pepper por anos.

—Você não está me fazendo sentir melhor.

—Você está com ciúmes? —Um sorriso lento esculpiu seus lábios.

Recusei-me a encarar seus olhos. Sim, eu estava ciumenta, e eu não


gostava nenhum pouquinho disso. —Quem é ela?

—Uma amiga da minha irmã. —A voz de Alexander travou na palavra final


desta declaração, e ele tomou um longo gole de sua bebida.
—E só isso? Ela não era a mesma garota do clube? —De repente, todos os
meus sentimentos se confundiram. De uma forma muito real esta menina tinha
nos juntado, mas eu precisava entender o porquê, especialmente se ela era
realmente uma parte de sua vida.

—Ela era. —Ele confirmou. —Você está achando que estou usando você
para atingi-la.

Como ele adivinhou isso? Como ele sabia que eu estava pensando
exatamente isso, apesar de mal nos conhecermos?

—Estamos conectados, Clara. Você não pode sentir? A princípio eu pensei


que fosse meramente sexual. —Alexander pousou seu copo e caminhou até mim.
—A maneira como seu corpo responde ao meu. Como isso parece quando estou
dentro de você. Mas é mais do que isso. Eu sei que você sente isso.

Eu sentia e era isso que me assustava. Alexander havia deixado claro que
era um acordo de curto prazo, e esse sentimento, essa conexão... estava longe de
ser casual.

—Por que trazer isso? Você nem mesmo quer compromisso, lembra?

—Eu lembro. —A boca de Alexander torceu em uma careta. —Nem eu


entendo isso. Eu nem sequer sei por que estou me explicando para você.

—Porque você quer exclusividade, lembra? Você exigiu isso de mim! Mas
aparentemente não vale o mesmo para você!

—Você acha que eu transei com ela? —Ele perguntou dando mais um
passo para mim. Sua proximidade deu arrepios por todo o meu corpo, e eu tinha
que me manter consciente de manter a pequena distância entre nós. Eu me
odiava naquele momento. Eu o odiava por me fazer querê-lo tanto.

—Se anda como uma transa e fala como uma transa. —Eu disse. Essa era
definitivamente a hora de usar o termo verdadeiro.

—Eu não minto, Clara. —Alexander disse com uma voz calma. —E se você
me acusar de fazer isso, então eu vou te colocar sobre os meus joelhos.
Eu engasguei, dando um passo para trás. Ele tinha me ameaçado com isso
antes, mas eu vi agora que ele queria realmente dizer isso. E não de brincadeira.

—Você gostaria disso. —Ele continuou, rondando em minha direção. —Eu


vejo em seus olhos. A fome.

Eu levantei a mão, balançando a cabeça, forçando o meu lado racional a


prevalecer sobre meus hormônios.

A mão de Alexander disparou e agarrou a minha, trazendo-a para seus


lábios.

—Eu nunca colocarei um dedo em você sem a sua permissão, mas quanto
mais cedo você aceite a verdade Clara, melhor será.

—Que verdade? —Engasguei com as palavras, desejando ignorar a chama


que inflamava o desejo em mim.

—Você quer se submeter a mim. Você quer que eu diga o que fazer com
essa doce boquinha. O jeito que seu corpo responde ao meu. Ele quer ser
controlado. Dominado. Você quer ser dominada. Você é incrivelmente forte,
Clara. —Alexander deslizou um dedo pelo meu estômago e meu núcleo apertou.
—Mas você precisa perder o controle. Você quer.

Eu balancei a cabeça, mas suas palavras tinham atingido uma corda. Eu


não diria a ele que não. Eu estava dizendo a mim mesma não. —Não, eu não
quero.

—Você estará a salvo comigo. —Alexander pegou minha camisa em suas


mãos e puxou-me mais para perto dele até que nossos corpos pressionaram um
no outro. —Eu nunca vou levá-la mais longe do que você pode aguentar, mas vou
levá-la até o limite. Vou lhe dar mais prazer do que você jamais imaginou ser
possível.

Engoli em seco, tentando compreender essas promessas e o estranho


efeito que tinham sobre mim. Meu lado racional começou a pintar uma imagem.
Eu tive um mau relacionamento antes, e ficou claro que este iria na mesma
direção. —Eu não sou assim.
—Eu não creio que você compreende o que estou oferecendo a você.
Relaxe. Meu único pensamento é o seu prazer. Quando você der a si mesma para
mim, eu assumirei essa responsabilidade a sério, Clara.

Eu me afastei de seu olhar intenso, tentando clarear minha mente. —Do


que você está falando? Cordas e palavras de segurança?

—Pequenos passos, Clara, mas sim. Uma palavra de segurança é


necessária. Por enquanto, eu quero que você confie em mim. Eu quero que você
confie que vou te dar prazer.

—E você me punirá também? —Eu exigi. —Ameaça bater em mim se eu


me comportar mal?

—Só quando você não confiar em mim. —Ele disse friamente, embora o
fogo ardesse em seus olhos. —Sem confiança, você não pode me dar o controle,
Clara, e então não poderemos ter o que ambos precisamos.

—Você quer dizer isso! —Eu não podia acreditar que estávamos tendo
essa discussão.

—Precisar. —Ele disse com uma voz baixa, que era tudo menos suave. —O
que você precisa.

—Eu… não… —Engasguei com as palavras, muito surpresa para


repreendê-lo.

—Sim, você precisa. —Ele disse gentilmente as palavras, como se


explicasse para uma criança por que ela precisava comer vegetais. —Deixe-me te
mostrar.

Recusei-me a ele, mas meu corpo reagiu às suas palavras com um arrepio
de excitação perigosa. Balançando a cabeça, eu me forcei a rejeitar a sugestão de
que eu queria isso. —Eu não posso. Sinto muito.

Alexander deu um passo para trás e me encarou. —Alguém tentou te ferir


antes.
Eu mordi meu lábio, lágrimas nos meus olhos pungentes. E ninguém
tentaria novamente.

—Eu não sou ele, Clara. Isso não é o que eu quero fazer com você.

—Você me assustou. —Eu gritei. —Você disse que me machucaria!

Ele tinha me mostrado todos os sinais de alerta, e eu ainda vim correndo


para ele. Para sua cama. De repente, tornou-se claro que não era Alexander que
estava enviando sinais mistos.

—Eu disse. —Ele falou com uma voz suave. E se afastou de mim.

—É melhor eu ir. —Não havia nada para mim aqui. Isso estava bem claro.

—Provavelmente você deveria. —Ele disse. —Mas eu gostaria que você


não fosse. Vá para a cama comigo só mais uma vez. Deixe-me te mostrar. Deixe-
me te dá prazer.

Pensei em como eu senti quando vi o artigo mais cedo hoje, e ouvi o eco
de aviso da minha mãe na minha cabeça. Eu estava muito confusa. Alexander
tinha misturado tudo, e passar mais tempo com ele, ir para a cama com ele, só
pioraria essa confusão. Eu lhe dei a ideia errada sobre mim, sobre o que eu
queria. Eu não tinha caminhado para uma armadilha. Eu tinha levado o predador
à minha porta com promessas derramando de meus lábios. —Eu não posso.

Alexander se esticou, mas ele não se virou para olhar para mim, ao invés
disso ele balançou a cabeça bruscamente, mas enquanto eu me virava para sair,
ele disse.

—Você não quer.

Havia uma nota de culpa em sua voz. Ele podia ver através de mim. Ele
não tinha mentido sobre essa conexão. Por que então ele não podia ver que a
intensidade da nossa relação era aterrorizante? Mas ele sabia disso. Ele também
sabia que eu achei emocionante. Ele tinha contado com isso para ser o suficiente,
e quase foi, mas eu tinha visto a escuridão em seus olhos, e isso me assustou.

Isso me assustou quase tanto quanto me despertou. Foi por isso que parti.
Os próximos dias passaram em um borrão, e eu me encontrei, apesar das
minhas melhores intenções, verificando o alerta de e-mail que Belle havia criado
para mim. Isso não importava. Alexander estava voando baixo sob o radar. O
único contato que ele pareceu fazer com o mundo exterior, foi o texto que ele
enviou para o meu celular. Estava tornando difícil manter a minha decisão de
terminar o nosso breve relacionamento antes que ficasse fora de controle. Eu
fiquei me lembrando repetidamente que era melhor acabar com as coisas agora,
do que com o passar dos dias. Nós mal nos conheciamos afinal de contas, mas o
fato de que Alexander não tinha desistido, sugeria que talvez eu não fosse louca
por estar sofrendo aqui também.

Ainda havia tanta coisa que eu desejava saber sobre ele. No entanto, eu
sabia que o meu fascínio por ele não era saudável. Alexander vinha com uma
bagagem que eu não podia carregar. A fama. A escuridão. As questões de
controle. Foi muito, muito rápido. Ele me consumia quando estava perto de mim,
e quando ocupava a minha mente. Terminar era a única solução.

Então porque eu não conseguia deixá-lo?

Mas esta manhã, eu tinha coisas maiores na minha mente. Pelo menos, eu
estava tentando manter o fato de que começar o meu novo trabalho na Peters &
Clarkwell, seria minha prioridade. Na realidade, o fato era que eu estava falhando
miseravelmente.

—Você deveria bloqueá-lo. —Belle sugeriu enquanto me empurrava uma


xícara de café.

—Ele tem acesso ao SIS. —Eu a lembrei. —Não estou muito certa de que
adiantará se eu bloqueá-lo. —Eu não acrescentaria que eu já tinha tentado, mas
não tinha conseguido.
—Eu não gosto de te ver desse jeito. Tem certeza que essa menina é
realmente algo para ficar tão ofendida?

O coração de Belle estava no lugar certo, porque eu não tinha sido capaz
de lhe dizer a verdade. Que a verdadeira razão para me afastar de Alexander, não
tinha nada a ver com as fotos dos tablóides dele com Pepper Lockwood. Como eu
poderia explicar para ela que ele me assustou? Ela sabia que eu tinha atraído os
homens errados no passado. Ela entenderia completamente a minha compulsão
para fugir, se ela soubesse o que ele queria, e talvez seja por isso que eu não
podia fazer isso. Belle nunca olharia para Alexander da mesma forma novamente.
O que eu não conseguia entender, era porque isso me importava tanto. Ele queria
me dominar. Ele alegou que seria apenas no quarto. Ele alegou que seria seguro.
Mas isso era um risco que eu seria capaz de assumir?

—Eu não sei. —Eu disse, não disposta a mentir para ela. Pelo menos, não
totalmente. —Talvez eu esteja somente ferida, mas eu acho que é melhor se
mantivermos distância.

Como se na sugestão, meu telefone tocou com uma mensagem de texto.


Agarrei antes que ela pudesse ver o que ele disse. Os textos de Alexander
variavam de razoável à descontroladamente sexual, embora eu esperasse que os
excessivamente sujos viessem de uma noite em que bebeu demais. Ele
conseguiau mantê-los respeitosos em sua maior parte, o que tornou ainda mais
difícil não responder.

—O que quer que seja, ele não está tentando esconder que está pensando
em você. —Belle jogou o cabelo sobre o ombro e me lançou um olhar
significativo.

—Ele está pensando em sexo, igual a todos os caras. —Eu a corrigi.

—A maioria dos caras não se preocupa em ficar pensando, muito menos


enviando mensagens de texto repetidamente.

Voltei minha atenção para o meu café, esperando que ele estabilizasse o
ritmo agitado dos meus nervos. —Eu não posso me preocupar com isso. Começo
a trabalhar hoje.
—E você está fabulosa. —Belle disse, captando a minha sugestão. Pelo
menos, eu poderia contar com ela para saber quando deixar alguma coisa.

Eu estava fabulosa porque Belle tinha organizado o meu guarda-roupa


novo para mim, e me ajudado a escolher o meu primeiro visual. Ela havia
abandonado dois dias de compromissos para concentrar-se em me distrair, e eu
estava grata. Como se constatava, havia esperança no departamento de moda,
porque esta manhã, ela só teve que corrigir a minha escolha de sapatos. Eu ainda
não estava convencida a usar um salto três polegadas de Jimmy Choos para
trabalhar, mas quem era eu para discutir com Belle? Eu amarrei meu cabelo em
um coque frouxo na parte de trás do meu pescoço, não querendo parecer muito
jovem ou muito frígida, e coloquei apenas maquiagem suficiente para dar à minha
pele pálida um pouco de cor.

—Você acha que esse vestido está bom? —Eu alisei o vestido de linho
simples que eu estava usando, perguntando pela décima vez se eu deveria vestir
um casaco. O verão estava aproximando-se, e eu esperava que a caminhada fosse
quente. A última coisa que eu queria era aparecer suada no meu primeiro dia,
mas, novamente, eu não estava convencida de que um vestido sem mangas era
adequado para o trabalho.

—Para com a obsessão. —Belle sacudiu a cabeça. —Você está ótima e não
precisa de um casaco, antes que me pergunte. Eles são sortudos por terem você.
Você não precisa desse trabalho, Clara.

—O que não significa que eu não possa fazer o que eu quiser. —Eu
argumentei.

—Não, mas não significa que você tem que se preocupar com o que eles
pensam sobre você, ou pelo menos o que eles pensam sobre sua roupa. Mas
assim mesmo, você parece uma mulher de carreira sofisticada, e eles vão morrer
com o seu sotaque.

Eu sacudi minha cabeça dramaticamente. —Eu não tenho sotaque.

—Você é uma Americana em Londres, docinho.

—Eu não sou Americana!


—Se você anda como pato e fala como pato. —Ela disse com uma
piscadinha.

Todo o entusiasmo drenou do meu corpo, e cai para frente para agarrar a
bancada. Será sempre assim? Pequenas coisas lembrando-me de Alexander.
Pequenas coisas me deixando louca. Todos os “se” e os “poderia ter sido”
devastando a minha sanidade.

—O que foi? —Belle gritou, jogando sua caneca para baixo tão
rapidamente que seu conteúdo salpicou por cima da borda. Ela pegou meu braço
e me olhou com preocupação.

Eu só pude balançar minha cabeça e lhe dar um sorriso murcho. —Nada.

—Você estava pensando nele, não estava? —Não havia acusação em sua
pergunta. Era suave e reconfortante, praticamente me implorando para confiar
nela.

—Eu sei que tem muito mais acontecendo aqui, Clara. Inferno, se eu
soubesse que ele teria esse efeito em você, eu nunca a teria encorajado a sair
com ele.

—Por que você acha que ele tem efeito sobre mim? Eu mal o conheci. —
Mas as minhas palavras eram ocas. Havia um monte de coisas que eu não sabia
sobre Alexander. O problema era que eu queria conhecê-las, e eu tinha visto o
suficiente para me sentir ligada a ele. Na verdade, eu sabia que não era apenas
um sentimento. Eu estava ligada a ele, mas não podia explicar isso a Belle. Eu mal
podia explicar isso para mim mesma.

—Oh querida. —Belle afastou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha
e colocou os braços em volta de mim. —Hoje não é sobre ele. Você trabalhou tão
duro para chegar aqui.

Ela estava certa. Eu não podia deixar Alexander estragar isso. Se eu


quisesse realmente provar que era independente, que eu não o queria, eu tinha
que ficar de pé sozinha e fazer isso. —Eu vou me matar nesses saltos. —Eu disse
pronta para falar sobre qualquer outra coisa.
—Absurdo. Os saltos são fichinha. —Ela me lembrou.

Eu ri enquanto considerava os estiletos altíssimos que ela me convenceu a


comprar para as noites na cidade. Aparentemente, ela não temia a mistura de
álcool e calçados tanto quanto eu temia.

—Eu preciso ir.

—Aqui. —Belle colocou um saco na minha mão. —Almoço.

—Obrigada, Mamãe. —Eu disse beijando-a na bochecha.

—Sem desculpas. Faça uma pausa para o almoço. Eu não quero que você
trabalhe até morrer!

Sorri enquanto eu fechava a porta do apartamento atrás de mim, e


percebi que tinha alguém cuidando de mim depois de tudo.

*****

A minha mesa consistia em uma pequena mesa amontoada em um


cubículo, o mais longe da janela quanto possível, e eu adorei. Eu ganhei a mesa e
uma placa de identificação pequena, que o meu novo patrão apresentou a mim
na minha chegada. Isso era o que eu não podia explicar para meus pais ou para
Belle: o sentimento de orgulho por ter trabalhado por alguma coisa. Eu amava
todos eles muito mesmo, mas era algo que eles simplesmente não conseguiam
entender.

—O fax fica aqui. —Bennett explicou para mim enquanto o seguia pelo
escritório. Estava grata que ninguém me deu uma segunda olhada. Meu breve
momento de fama parece que estava distante nas memórias de todos. Claro,
talvez eles não estivessem interessados nas matérias do TMI. Trabalho sério era
desenvolvido aqui.

—Estamos prestes a iniciar uma campanha com a fundação de Isaac Blue,


de sensibilização sobre a segurança da água potável na África. Eu sei que você
tem alguma experiência de trabalho com o bem conhecido... —A voz de Bennett
foi sumindo assim que ele viu meu rosto.

—Sinto muito. —Eu botei para fora, apontando para ele continuar.

—Quando seus pais venderam a empresa deles, você passou algum tempo
nos círculos sociais? —Ele perguntou, e eu imediatamente me senti tola. Claro,
isso é o que ele queria dizer. Nós tínhamos discutido a empresa dos meus pais
durante a minha entrevista. Ele teria feito uma pesquisa de acompanhamento.

—Eu era um pouquinho jovem para me lembrar disso. —Eu admiti.

—Não se preocupe com isso. —Bennett acenou. —Eu só estou tentando


alertar a todos agora, porque Isaac pode participar de algumas reuniões e bem...

—Eu entendi. —Eu disse com um sorriso. Eu não podia exatamente culpar
o chefe por querer que todos soubessem que trabalharíamos com um dos
homens mais sexy do mundo. Um ano atrás, essa notícia me emocionaria. Eu
provavelmente enviaria uma mensagem para Belle assim que eu ficasse sozinha,
mas agora eu mal fiz uma careta.

Bennett recebeu-me em seu escritório e tomou o seu lugar. Sorri quando


vi a fotografia de duas meninas de cabelo loiro idênticas em sua mesa.

—Abby e Amy. —Ele disse com um largo sorriso. Sua afeição por elas era
óbvia. —Elas tinham seis nessa foto, agora estão com quase dezoito.

—Você deve estar com as mãos cheias. —Eu disse, pensando em quantos
problemas Lola e eu tinhamos causado quando éramos crianças. Nós tinhamos
nascido tão próximas, que tinhamos agido como gêmeas até a escola secundária.

Bennett enfiou as mãos atrás da cabeça e franziu a testa. Ele era um cara
de boa aparência, em seus quarenta e poucos anos, com o cabelo grisalho, e
linhas da idade que deixavam seu olhar distinto. Ele teve a sorte de envelhecer
bem, mas eu imaginei que as gêmeas o mantiveram jovem. —Quando eu tinha a
sua idade, eu arrumei esse emprego porque eu idealizava o mundo. Agora que eu
tenho, eu faço porque não idealizo mais.

Eu acenei como se compreendesse.


—Para quem está fazendo isso? —Ele perguntou. —Você tem outro
motivo?

Engoli contra a minha boca seca e balancei a cabeça. Pelo menos eu sabia
que ele não tinha ouvido falar sobre mim e Alexander. Ele teria perguntado se ele
tivesse ouvido. —Não. Estou fazendo por mim.

—É uma razão tão boa quanto qualquer outra. —Ele balançou a cabeça e
sorriu para mim. —Desculpe, eu não tive a intenção de obter todos os seus
motivos. Eu acho que eu tenho sido um pouco filosófico demais desde que a
minha esposa morreu.

Eu sufoquei um suspiro, mesmo quando a minha mão voou para meu


peito. Eu não tinha certeza se doeu mais por ele ou pelas meninas. Eu tinha um
relacionamento tenso com a minha mãe, mas pelo menos ela estava por perto. —
Eu sinto muito.

—Obrigado. —Ele disse sinceramente. —Meu terapeuta quer que eu fale


sobre isso com os outros então isso se tornará mais real para mim.

Eu não pude evitar que meu rosto entregasse o que achei dessa
informação.

—Seu terapeuta é um idiota.

Assim que isso saiu da minha boca, eu desejei que pudesse engoli-lo de
volta, mas era tarde demais. Para meu alívio, Bennett jogou a cabeça para trás e
riu.

—Você sabe, Clara. Você está certa. Eu penso a mesma coisa, mas todo
mundo continua me dizendo que devo continuar o vendo. —Ele disse. —Eu
deveria cancelar minha próxima consulta, hã?

—Eu acho que se isso é o melhor que ele pode fazer... —Eu disse me
desculpando. —Estive aqui por uma hora, e eu já estou me intrometendo em sua
vida pessoal. Eu sinto muito.
—Não sinta. Foi uma mudança de ritmo. Para todos aqui. —Ele baixou sua
voz para um sussurro. —Eles estavam por perto quando ela morreu. Eles me
tratam como se eu fosse feito de vidro.

Eu sabia o que era ser considerado frágil. Tornava-se impossível dizer se


você realmente quebraria se caísse depois de um tempo. —Eu não vou te tratar
dessa maneira.

—Você vai ser dura comigo, então? —Ele olhou para mim
esperançosamente.

Eu abri um sorriso. —Você não tem ideia.

*****

Apesar das boas intenções de Belle, o meu almoço deixou algo a desejar,
ou seja, no departamento de sabor. Então eu peguei minha bolsa, pensando que
poderia verificar a loja de batatas fritas na esquina. Assim que eu saí, senti os
olhos em mim. A menina no cubículo do outro lado da minha mesa desviou o
olhar assim que me virei para ela. Mais duas pessoas sussurraram no canto, e não
se preocuparam em esconder o seu olhar. Minhas bochechas inundaram com
calor. Talvez eu estivesse errada sobre não ser reconhecida. Peguei meu telefone
da minha bolsa para enviar um texto para Belle, e descobri que eu tinha um novo
e-mail na minha conta pessoal. Meu coração parou quando eu vi a linha de
assunto.

Os textos que o Príncipe Alexander não quer que você veja

Olhos perfuraram em mim de todas as direções, e eu quis que o chão me


abrisse e me engolisse viva. Isso era o que eu tinha desesperadamente tentado
evitar: atenção. Eu rolei através da história, lutando contra a vontade de vomitar.
Bile subiu na minha garganta quando eu vi as mensagens postadas. Elas estavam
todas lá, em toda sua glória explícita. Não só alguém tinha hackeado sua conta,
mas eles tinham rastreado o destinatário das mensagens: eu. E para ter certeza
de que não havia dúvida de que eu era a Clara Bishop que tinha deixado o
príncipe em um frenesi, eles incluíram uma foto que devem ter tirado esta
manhã, quando saí para o escritório. Como eu não tinha os notado lá? Eu fui tão
óbvia?

Enfiei meu celular de volta na bolsa e levantei minha cabeça, determinada


a fazer uma saída digna. Eu pegaria o meu almoço. E esqueceria que isso
aconteceu e tudo isso acabaria. A primeira história foi esquecida, afinal de contas,
e não foi nada de mais. Estava tudo acabado entre Alexander e eu. Mas eu não
tinha conseguido dar dois passos quando a minha confiança vacilou e eu tropecei.
De pé, na porta da instituição Peters & Clarkwell, estava Alexander.
Levei alguns segundos para me recompor, mas eu recuperei o meu passo
e caminhei em direção a ele. O que ele estava fazendo aqui? Como ele sabia que
eu tinha começado a trabalhar? Tinha sido dias desde que eu o tinha visto, e eu
nunca lhe disse onde ia trabalhar. Mas apesar de sua presença inexplicável, eu
não estava surpresa que Alexander tivesse me encontrado. Atrás de mim, o
escritório zumbia enquanto as pessoas percebiam quem ele era.

Tanto para uma vida de trabalho normal.

—O que você está fazendo aqui? —Eu sussurrei. Cruzando os braços sobre
o peito, eu fiz o meu melhor para parecer infeliz por vê-lo. Por dentro, eu não
estava nada. Deus, ele estava sexy. Seu cabelo estava despenteado, embora
notasse que ele tinha círculos sob seus olhos, como se não tivesse dormido. O
mais provável era que ele passou os últimos dias festejando. Ele estava vestido
casualmente com uma camiseta e jeans, que estava pendurado em seus quadris
como um convite. Meus pensamentos viraram para as memórias de nós na cama,
e eu prendi minha respiração na esperança de acalmar meus nervos que estavam
abalados, então ele não veria o seu efeito sobre mim.

—Você já teve tempo suficiente. Eu preciso falar com você. —Ele se


adiantou e pegou meu braço em um aperto suave, mas firme, me levando para o
elevador do edifício.

Ele estava falando sério? Eu tive tempo suficiente?

—Você não poderia ter me enviado uma mensagem? —Eu perguntei com
um tom sarcástico na minha voz.

—Eu acho que você já viu isso também. —Alexander deixou cair seu poder
sobre mim assim que entramos no elevador, mas assim que as portas fecharam-
se atrás de nós, ele me prendeu contra a parede.
—Alexander!

—Por que você não respondeu minhas mensagens?

—O mundo todo pode ler por um site de fofocas que você quer transar
comigo e você está preocupado com isso? —Não me preocupei em esconder a
minha descrença, porque eu estava muito ocupada e focada em manter meu
corpo em alerta, ao mesmo tempo em que ele se rebelava contra mim. Era tudo
que eu podia fazer para não arquear em seus braços e beijá-lo. Eu queria afastar o
medo que eu vi nos olhos dele, e dizer-lhe que tudo ficaria bem. Mas era uma
mentira, como era eu fingindo que eu não queria que ele estivesse aqui comigo.

—Eu não dou a mínima para o que eles podem ler! —Ele explodiu,
empurrando a parede com os punhos fechados. —Por que você se importa com o
que eles pensam, Clara?

—Eu? —Eu toquei meu peito para dar ênfase. —Você foi o único que quis
me encontrar num Hotel para fodas!

Alexander me olhou fixamente por um momento, rodas girando em sua


cabeça.

—Eu fiz isso para te proteger. Você estava assustada com os paparazzi.

—Eles estavam relatando que você estava em um relacionamento. —Eu o


lembrei. —E eu não sabia quem você era na época.

—Nós estamos num relacionamento. —Ele disse.

Fiquei de boca aberta. Eu estava dividida entre o borbulhante sentimento


de alegria que isso produziu em mim e confusão total. Não importa se eu disse
que as coisas entre nós estavam acabadas, as coisas realmente nunca chegaram a
começar.

—Nós estragamos tudo.

—Você estava sobrecarregada e eu lhe dei espaço, mas você pensou que
eu permitiria que acabasse com as coisas assim? —Ele perguntou. —Eu deixei
claro que eu não tive o suficiente de você.
—Mas você não queria ser visto comigo. —Eu insisti. —Você não pode
escolher o momento de estar em um relacionamento! —Eu sabia que era mais
complicado do que isso. Eu só queria que fosse assim tão simples. Havia muito
para resolvermos, especialmente quando tudo entre nós vinha em seus termos.

—Eu queria proteger você. —Alexander virou-se para mim, deslizando um


dedo pelo meu rosto. —Eu não queria te assustar. Eu posso fazer isso sozinho.

Eu soltei uma risada curta e sem humor quando as portas do elevador se


abriram. —Você pode.

—Então é assim que vai ser? —Ele perguntou, me empurrando para um


canto deserto do saguão. —Um mal entendido?

Eu queria que fosse isso e nada mais, mas a verdade era que havia muito
mais acontecendo. Em primeiro lugar, havia a misteriosa Pepper Lockwood. Ele
ainda não tinha explicado o que realmente estava acontecendo com ela para
mim, e então havia a proposta que ele ofereceu na última vez em que nos
falamos. Ele queria me dominar. Ele queria me submeter. Eu não tinha certeza se
era capaz disso. Eu não tinha certeza se isso era saudável.

Eu sacudi minha cabeça, lágrimas deslizando pelo canto dos meus olhos.
—Eu gostaria que fosse.

—Você estava assustada comigo. —Ele falou como uma afirmação, não
como uma pergunta, e deixou cair seu poder sobre mim em resignação. —Eu
tentei te alertar.

—Talvez eu não tenha compreendido. —Eu disse suavemente. Eu não


podia negar que eu não tinha parado de pensar nele, e eu não podia negar o que
sentia agora que ele estava aqui. Em algum lugar, o meu lado racional estava
balançando a cabeça, mas onde o meu lado racional me levou romanticamente?
Meu corpo sabia o que queria, mas eu podia confiar nele? Talvez fosse hora de
ouvir meu coração.

A mão de Alexander agarrou meu quadril com força, amassando a carne


através da minha saia, como se ele estivesse considerando rasgá-la de mim. Eu
tremia ao seu toque, com fome do seu contato depois de tanto tempo. Como eu
poderia negar como ele me fazia sentir? Mas eu precisava pensar. Eu precisava
saber no que estava me metendo. Não havia como eu poder escolher querer ou
não, Alexander já tinha um lugar na minha vida.

—Quando eu disse que estava protegendo você dos repórteres, como


você se sentiu? —Ele perguntou.

Fiquei surpresa pela mudança na conversa, mas eu considerei a pergunta


por um momento antes de responder. —Eu acho que... —Eu parei, respirando
profundamente antes de responder. —Senti-me segura.

—Por quê? —A questão era um desafio. Ele estava tentando me ajudar a


entender seu próprio raciocínio. Mas era mais do que isso. Eu podia ver nos olhos
dele que ele precisava que eu entendesse.

—Porque você se importa. —Eu percebi.

Era difícil explicar-lhe que meus pais muitas vezes estavam ocupados em
empreendimentos comerciais, para se preocuparem em como seu estilo de vida
me afetava. Em vez disso, eles me forçaram, tentando me controlar. E então havia
Daniel, que era uma bagunça totalmente diferente. Mas também havia um
elemento que eu não entendia completamente. O pensamento de Alexander me
protegendo publicamente, particularmente não me estressava. Ainda não, pelo
menos. Não quando eu realmente considerava iso. Em vez disso, ele me inundou
com calor repentino. Quanto mais eu pensava nisso, mais a propagação de calor
aumentava, até que me senti segura e protegida.

—Eu me importo, Clara. —Ele inclinou-se para que nossos rostos


estivessem no mesmo nível, e me olhou nos olhos, sem pestanejar. —Eu não
queria que você experimentasse ser destruída pela imprensa.

—Então era por isso que você não queria ser visto comigo? —Eu
perguntei.

—Você já se olhou no espelho ultimamente? Só posso supor que não.


Então, deixe-me descrever como você se parece agora. Clara Bishop tem grandes
olhos cinzentos, com cílios vibrantes e um nariz empinado. Isso já seria o
suficiente para torná-la bonita, mas ela tem esses lábios carnudos que me deixam
duro. O cabelo dela é sedoso e macio, e não importa o quanto ela tente controlá-
lo, há sempre alguns fios que escapam pelo pescoço ou caem em seu rosto. Eu
não posso deixar de imaginar deixando-o todo para baixo, vendo-o cair sobre os
ombros quando ela vem chupar o meu pau. —Alexander mudou de posição,
apertando-me contra a parede, de modo que eu podia sentir sua ereção
empurrando contra mim. —Ela me deixa louco, e honestamente, não me importo
que saibam disso.

—Mas você não tem relacionamentos, Sr. X. —Eu disse com uma voz
suave.

—Eu não sou de romance. —Ele corrigiu. —Mas se você me permitir, eu


terei com prazer.

—Então não há mais ninguém, Sr. X? —Eu propositadamente o chamei


pelo apelido que ele usou no hotel.

—Muito formal, boneca.

—Okay, então. Então não há mais ninguém, X?

—Eu lhe dou minha palavra, Clara. —Escuridão brilhou em seus olhos,
transformando o cristal azul em aço.

Eu tremi, lembrando-me da última vez em que questionei sua palavra. Ele


tinha ameaçado me espancar. A única coisa que eu sabia que não poderia
permitir. —Mas você quer me dominar.

Eu não pretendia ser uma pessoa agressiva. Às vezes, como tantas


mulheres que eu conhecia, eu seguia a rota da passiva, preferindo evitar
confrontos. Mas eu poderia ser assertiva também. A única coisa que eu não
poderia escolher ser, era submissa.

—Eu quero te dar prazer. Quando você descobriu que eu estava


protegendo você, isso fez com que você se sentisse segura. É isso o que quero
fazer. —Ele explicou enquanto os lábios passeavam ao longo do meu queixo,
fornecendo evidências do que ele queria dizer. —Eu quero te mostrar que eu
posso te proteger enquanto te mostro os mais altos prazeres que você nunca
conheceu.

Eu engasguei ao pensar em Alexander tomando controle do meu corpo,


com suas mãos em mim, e sua voz me comandando a explorar. Ele tinha provado
que era um excelente amante, mas eu poderia realmente entregar-me a ele? Eu
poderia confiar nele para não me machucar novamente?

—Eu não sei. —Eu disse. Porque eu não sabia. Eu não podia contar com a
possibilidade de manter meu juízo quando se tratava de Alexander. O que
significava que eu não podia contar em não cometer um erro.

A cabeça de Alexander caiu no meu ombro com resignação, mas quando


ele levantou-a para encontrar o meu olhar tímido, o fogo apaixonado que ardia
momentos antes ainda continuava a arder. —Você venceu.

—Eu? —Eu não compreendi.

—Faremos do seu jeito, Clara. Eu quero você. Eu quero você de qualquer


jeito que eu possa ter.

Ele estava cedendo, ou isso era um compromisso? Eu não conseguia


entender o que ele estava me oferecendo.

—Você concorda que eu não seja sua submissa?

—Eu concordo não te forçar, Clara. A menos que você me peça… —Sua
voz apagou, deixando algo não dito. Mas se ele não me forçaria sobre isso, eu não
poderia forçá-lo também.

Meu pulso acelerou em sua confissão, mesmo quando o choque me


atingiu. E enquanto meu coração se emocionava, o desejo por ele reuniu na
minha barriga. Quanto tempo eu tinha que esperar até que eu pudesse tê-lo de
novo?

—Logo, boneca. —Alexander prometeu, colocando uma mecha de cabelo


atrás da minha orelha e beijando o oco do meu pescoço. —Quais seus planos para
essa noite?
Se eu fosse honesta, os meus planos para esta noite envolviam uma boa
quantidade de vinho tinto e alugar um filme. Agora parecia que me seria dada
outra opção. Uma voz familiar disse-me para jogar duro para conseguir, mas eu
ignorei. Eu era uma mulher faminta na presença de Alexander.

—Sou flexível. —Eu respondi.

A boca de Alexander curvou em um sorriso. —Tenho algo esta noite. Quer


ir comigo?

—Que tipo de algo? —Perguntei instantaneamente desconfiada.

—Um baile. —Ele pôs um dedo nos meus lábios. —E antes que você diga
não, é por uma excelente causa. Estamos levantando dinheiro para os animais em
extinção. E, além disso, eu não quero ir também, mas devo.

Eu hesitei. Isto era mais do que um encontro. Era para estar no centro das
atenções de uma forma muito real. Não haveria como negar o nosso
relacionamento depois. Alexander tinha que saber isso.

—Não há volta depois de algo assim. —Alexander disse, o meu


pensamento sendo falado. —Se você quiser normalidade, privacidade, você
deveria dizer não. Mas se você quer um relacionamento, esse parece ser um bom
lugar para começar.

—E quanto a você? Você quer o normal?

—Eu nem sequer sei o que essas palavras significam. Eu nunca tive o
normal.

Havia fantasmas ecoando em seus olhos, e eu acariciei seu rosto como se


eu pudesse afastá-los.

Eu não tinha certeza do que dizer, dividida entre o meu desejo de


reivindicar Alexander como meu, mas sabendo que isso significava me abrir para
julgamento. Não apenas como a mulher que eu era hoje, mas também meu
passado. Quanto tempo levaria até que todos os segredos que já tive fossem
espalhados na capa de um tabloide? Quanto tempo antes que os paparazzi
perdessem o interesse em mim?
—Eu não posso te proteger disso. Podemos nos encontrar particularmente
se você preferir. —Ele ofereceu. —Se você não quiser vir essa noite, eu
compreendo, mas, por favor, compreenda quando eu digo. —Seus olhos
brilharam quando ele falou. —Você gozará essa noite de outras maneiras.

Meus lábios tremeram. —É assim mesmo?

As mãos de Alexander deslizaram dos meus quadris para a minha cintura


quando ele inclinou-se, beijando-me com força na boca. Nossas línguas
entrelaçaram, dançando em torno uma da outra, como eu estava dançando em
torno dessa questão. Era um meio desleal de persuasão.

—Mas eles sabem sobre nós. —Eu o lembrei, me afastando. —Eles têm as
mensagens.

—Mas segunda-feira de manhã, o MI5 saberá quem me hackeou, e eles


irão para a cadeia.

—E isso será outra grande história. Do tipo que liga de volta a esta. —Eu
apontei. —E uma prisão não apagará isso.

—Não, mas enviará uma mensagem. —Ele disse firmemente. —E não se


preocupe, eu inventarei outras maneiras de entrar em contato com você.

—Pombo correio? Sinais de fumaça?

Ele sorriu. Deus, eu queria beijar aquele sorriso arrogante. —Isso pode ser
arranjado.

Meu corpo cantarolou em resposta, encantado pelo seu sorriso, por sua
risada. Ele me excitava quando estava falando sério, mas quando ele era exigente,
me emocionava, e eu percebi que eu daria qualquer coisa para vê-lo dessa forma
o mais rápido possível. Eu sabia que isso significava que eu não podia me afastar
dele, mesmo se eu tentasse. —Eu não posso continuar fingindo que isso não
significa nada para mim. Eu não gosto de esconderijo ou sigilo, mas eu ainda
quero a minha privacidade. É algo que nós podemos trabalhar?

Mas mesmo enquanto eu pedia, eu sabia que não era possível. Alexander
tinha vivido toda a sua vida sob escrutínio. Por que seria diferente para mim?
—Claro. —Para seu crédito, ele disse sinceramente. Mas talvez seja assim
que tenha que ser em um mundo como este, acreditando que as coisas pudessem
ser mudadas para melhor. Talvez fosse como eu sobreviveria.

—Eu irei. —Eu disse. Assim que saiu da minha boca, percebi que havia
outras implicações ao dizer sim a Alexander. Ou seja, eu iria a um baile hoje à
noite. Sem nada para vestir. Sem nenhuma pista de como agir. Com o mais sexy e
mais requisitado homem do mundo em meus braços. Mas os lábios de Alexander
me beijaram até que eu esqueci sobre tudo, e só me lembrei do porquê.

*****

—Você é minha fada madrinha. —Eu disse enquanto Belle erguia um par
de sapatos perfeitamente adaptados de Alexander McQueen, que ela tinha
encontrado para mim. Ter Belle como colega de quarto era como ter acesso à
Harrods (uma loja) em casa.

—E semana que vem te levarei às compras. —Ela sacudiu um dedo para


mim como se eu estivesse encrencada.

—Argh. —Eu caí para trás em sua cama, e puxei um travesseiro sobre
minha cabeça. —Eu já fui fazer compras.

—Você deveria ter pensado nisso antes de começar a transar com Sua
Gostosura Real.

Dei a língua para ela, mas não pude evitar que um sorriso bobo deslizasse
no meu rosto. Eu não podia evitar. Desde que voltei para a minha mesa, eu me
sentia mais leve, como se eu estivesse cheia de ar, relaxada e despreocupada. Eu
não tinha sequer me importado que metade do escritório estivesse sussurrando
pelas minhas costas, e eu não me incomodei em verificar meu e-mail pelo resto
do dia. Eu chamaria isso de progresso.

—Você tem certeza que está tudo bem se eu usar isso? —Perguntei pela
décima vez.
—SIM! —Belle gritou, ameaçando jogar um sapato na minha cabeça. —Eu
vou vestir outra coisa. Philip não gostaria desse vestido.

—Por que não? —Eu perguntei.

—Muito sexy. —Ela disse com uma careta.

É claro, o estóico Philip não gostaria da sua perfeita futura esposa


parecendo muito quente no meio da multidão real. Não era seu estilo chamar a
atenção, algo que Belle teve que se acostumar lentamente. Felizmente, eu não
poderia imaginar Alexander tendo atitude semelhante. Principalmente porque
meu plano era distraí-lo com o vestido, e tentá-lo a sair mais cedo. Eu sabia que
não havia nenhuma maneira que ele fosse capaz de manter as mãos longe de
mim enquanto eu o estivesse vestindo.

—Eu estou tão feliz que você vai estar lá. —Belle disse, redirecionando
minha atenção das minhas fantasias para a escova em sua mão.

Eu é que não podia acreditar que eu iria para lá. Parecia um pouco como
um conto de fadas. Na verdade, era um conto de fadas. O mesmo que ainda
contavam para as meninas quando iam para a cama à noite. A mesma história
vendida para mulheres em salas de cinema. Só que estava acontecendo comigo, e
eu estava tendo dificuldades para aceitar.

—Estou nervosa. —Eu admiti para ela. Depois de ter um monte de


mensagens muito pessoais expostas para o mundo ver, eu estava prestes a sair
publicamente com Alexander, pela primeira vez desde que ele me salvou na
frente do Brimstone. Desta vez, eu estava saindo e pedindo para ser julgada, e eu
não tinha dúvidas de que toda a Inglaterra, e boa parte do mundo, estariam
prontos para o desafio.

Eu suspeitava de que a maioria das pessoas acharia que me faltava algo.

—Por quê? —Belle perguntou. —Você parece quente como o inferno. O


mundo inteiro sabe que Alexander é louco por você.

—Isso é parte do problema. —Eu agarrei forte o travesseiro e tentei


acalmar os nervos.
—Então todos que leram o TMI sabem que você é uma deusa do sexo. Eu
queria ter os seus problemas. —Ela piscou enquanto colocava uma calcinha de
seda ao lado de seu vestido e nada mais.

—Philip aprovará você usando tão pouco por baixo do vestido? —Eu
perguntei.

Ela tirou a camisa, rindo enquanto vestia o robe. —Ele não se importa com
essa parte. É tudo sobre aparência para ele.

Esse era o meu problema? Era tudo sobre aparências para mim?
Alexander tinha me assegurado repetidamente que ele não se importava com o
que qualquer um pensasse, mas eu me importava? O que importava o que eles
pensavam do meu visual, ou minhas roupas, ou minha personalidade, se ele me
queria? Exceto que isso tinha importância, porque eu sofria de baixa estima. Eu
não queria deixá-lo chegar a mim, mas se o fizesse, eu sabia que Alexander não
gostaria do que veria. E eu estava determinada a manter os meus demônios
pessoais guardados, e não apenas por ele, mas por mim também.

—Você quer que eu atenda? —Belle perguntou, interrompendo meus


pensamentos. Eu olhei para ela interrogativamente. —A campainha!

—Você está quase nua. Eu atendo. —Eu pulei da cama e me dirigi para o
corredor. Apertei o botão, e me preparei, ainda convencida de que o meu
próximo encontro com um repórter estava próximo.

—Entrega para a Senhorita Bishop.

Eu hesitei. Não havia nenhuma razão para suspeitar de algo, mas tudo o
que levaria era um tempo para me queimar. Em seguida, a solução perfeita me
ocorreu.

—Ela não está em casa. —Eu menti. —Você pode deixá-la com a Sra.
Hathaway no Apartamento 01. Ela é a proprietária.

—Obrigado, senhorita. —O cara da entrega não pareceu achar isto


estranho ou insistiu, o que significava que eu provavelmente estava sendo
paranoica. Ele era apenas o cara da entrega depois de tudo, mas eu sabia que não
havia problema em ser cautelosa.

Eu debati ir lá em baixo para pegar o pacote por alguns minutos, antes de


finalmente voltar para o quarto de Belle, para descobrir o vapor saindo do
banheiro. Sacudindo minha cabeça, eu descobri que ela estava ocupada
arrancando as sobrancelhas, enquanto a água do chuveiro aquecia.

—Quem era? —Ela perguntou.

—Uma entrega.

—Ohhhh!

—Eu tive que dizer para deixar com a tia Jane.

Belle piscou com essa revelação, e depois continuou sua busca de pêlos
errantes na sobrancelha. —Isso foi inteligente. Provavelmente faremos isso com
todos os pacotes de agora em diante.

Eu concordei enquanto digeria suas palavras. De agora em diante. Porque


as coisas serão diferentes depois de hoje. Eu ia sair, a público, finalmente
revelando que a especulação era verdade. Que eu estava namorando Alexander.
Claro, o que eles não sabiam, é que o nosso relacionamento realmente era um
pouco de escuridão que tingia nosso amor. O controle que Alexander tão
desesperadamente necessitava. Eu não podia deixar de estar feliz que Alexander
tinha mantido seus textos lascivos, aos tópicos mais calmos, sem cair no seu lado
mais dominante. Mas não que eu tivesse vergonha que Alexander tinha um lado
escuro, mas porque isso era ele. Acho que tinhamos uma coisa que estava entre
nós. Um segredo que tinhamos conseguido manter privado. E quase foi difícil de
conseguir depois que eu deixei claro que não estava interessada em me
submeter, mas isso já era algo.

—Então fala logo. O que é que ele realmente gosta na cama? —Belle
perguntou enquanto lavava o rosto. —Depois de ler o TMI, eu acho que você
deixou de fora alguns detalhes.
—Você deveria ir para o chuveiro. —Eu disse, contornando a questão. A
única maneira que isso continuasse em segredo, era se eu guardasse para mim
mesma, o que significava mantê-lo de todos, até mesmo da minha melhor amiga.

—Então vá pegar o seu pacote. —Belle ordenou.

Corri as escadas, sabendo que tínhamos menos de uma hora para


ficarmos prontas. Ocorreu-me da metade para baixo que eu deveria dizer alguma
coisa para Belle sobre monopolizar o chuveiro, mas depois dei de ombros. Não
seria preciso tanto tempo para ficar pronta, e eu tinha feito a maioria da minha
preparação necessária antes de começar a trabalhar hoje.

Batendo tranquilamente na porta de Jane, eu percebi que ainda não tinha


certeza se eu realmente queria que ela atendesse. Mas ela atendeu. Hoje ela
estava vestida com um vestido de verão que ondulava em torno dela em uma
profusão de cores. Apesar de sua idade, ela parecia uma criança amorosa, e eu
meio que esperava que ela dissesse que estava a caminho de um concerto dos
Beatles.

—Oh Clara, querida! —Ela me deu as boas vindas com um beijo na


bochecha. —Eu tenho um pacote para você.

—Eu sei. —Eu admiti timidamente. —Pedi-lhes para deixá-lo aqui. Tem
havido mais alguns... artigos, e eu não tinha certeza se era realmente o homem
da entrega.

—Bem, ele não perguntou nada sobre você. Na verdade, ele não parecia
com um homem de entrega, mais como um... oh, oficial de polícia. —Ela disse
enquanto andava até a mesa em sua sala de estar.

—Talvez um guarda costas? —Eu perguntei. Não tinha sido a voz de


Norris, mas ainda assim.

—Sim, bem assim mesmo, minha cara. —Tia Jane empurrou um envelope
para mim, e meu coração pulou uma batida quando eu o peguei. Era uma carta a
mão, endereçada a mim. Virei-a, ansiosa para ver se havia um endereço de
retorno. Não havia, mas foi carimbada com um selo de cera vermelha brilhante
que trazia um dragão.
—Parece uma carta de amor. —Jane comentou.

Eu não tinha que abri-la para saber que era, assim como eu sabia que era
dele.

—Eu acho que você está certa.

—De Alexander? —Jane adivinhou.

Eu corei. Eu não tinha certeza por que não tinha me ocorrido que ela teria
ouvido falar sobre meu relacionamento com Alexander, mas ainda me
surpreendeu. Principalmente porque eu não tinha colocado a minha guarda como
eu tinha com todos os outros. —Eu acho que sim.

—Isto é muito mais educado do que aqueles pequenos trechos no


telefone.

Jane virou-se para derramar o chá em duas xícaras sobre a mesa e, em


seguida, ofereceu uma para mim.

Se alguém tivesse me oferecido chá depois de admitir que sabia sobre o


mais recente alvo dos tablóides envolvendo minha vida pessoal, eu teria corrido
gritando. Mas havia algo sobre Jane que eu confiava. Por um lado, Belle confiava
nela, mas mais do que isso, Jane me pareceu uma alma gêmea. Eu não podia
explicar isso, mas eu confiava nela implicitamente. Sentei e aceitei a xícara.

—Como você está indo? —Ela perguntou.

—Surpreendentemente bem. —Tomei um gole do chá, imaginando o


quanto do meu passado Belle compartilhou com ela.

—Eu não posso imaginar como é ter sua vida usada para vender jornais. —
Jane balançou sua cabeça lentamente tomando um gole de seu chá. —Sempre
houve escândalos, minha querida. Mas nestes tempos, com todos os
computadores, telefones inteligentes e Wi-Fi, todo mundo sabe sobre tudo. É
impossível manter as coisas calmas. Deixe-me dizer-lhe, haveria um número
enorme de famílias reais em ruínas se eles tivessem vivido nestes tempos. Afinal,
romances ilícitos sempre estiveram por aí.
Engasguei com a minha bebida, queimando minha língua no processo.

—Romances ilícitos?

—Bem, houve Harold que teve que abdicar de sua posição... o que? Trinta
anos atrás. Apaixonou-se por uma garota francesa. Que não era da realeza.

—Eu não acho que eles ainda se importam com a realeza. —Eu disse em
voz baixa. A verdade é que eu não sabia. Mas era século XXI pelo amor de Deus,
não poderia haver um grande número de pretendentes reais disponíveis para
encontrar e se casar.

—Isso foi a décadas atrás. —Ela disse, acenando. —Eu acho que eles
estavam mais preocupados por ela ser da França. Sangue ruim lá.

—E que tal uma garota da América?

Jane abaixou sua xícara e vi sua mandíbula apertar. —Infelizmente não sei
se a Inglaterra está pronta para isso.

—Mesmo eu sendo uma cidadã Britânica? —Meu estômago revirou, e eu


lutei contra uma onda de náusea.

—Eu receio que eles ouvirão o sotaque e bem....

Ela acariciou minha mão confortavelmente.

—Mas eu posso te dar um conselho?

Eu balancei a cabeça, desesperada por um pedaço de esperança se ela


tivesse um.

—Fodam-se eles. Todos eles. —Ela disse. —Essas mensagens de telefone


ou quaisquer que sejam. Ele pode não ser Shakespeare, mas ele soa como um
homem que está disposto a colocar as necessidades de uma senhora em primeiro
lugar.

Desta vez, quando eu me engasguei com meu chá, foi de riso.


Envergonhado e divertido riso de menina. E não me importei.
—Homens como ele são difíceis de encontrar. Meu segundo marido foi
um grande doador nesse sentido. —Jane piscou para mim, e eu peguei um flash
de Belle no gesto. Talvez por isso eu me sentisse tão confortável em torno de
Jane, mesmo quando o assunto era desconfortável. Era mais como olhar para o
futuro do que falar com um estranho.

—Vou manter isso em mente.

—Divirta-se. —Ela disse. —E lembre-se do seu coração.

Levantei-me e coloquei minha xícara na pia. Lembrar-me de não deixá-lo


ser partido?

—Lembrar-se de aproveitar as oportunidades. —Jane disse enquanto me


observava seguir para a porta. —Caso contrário, qual é o ponto de ter um?

Pensei nisso enquanto eu subia as escadas de volta para o meu


apartamento. Estar com Alexander era perigoso, como tomar um salto para o
desconhecido. Mas talvez era o que eu precisava.
Meus dedos tremiam enquanto eu abria o lacre da carta, lendo as
palavras: Apenas para os seus olhos, rabiscada na parte inferior. Eu estava
contra a porta do quarto, meu coração batendo forte, sem saber o que esperar. A
carta foi escrita em uma folha fina, em um tom creme elegante, com traços
masculinos em negrito, e embora eu nunca tenha visto a caligrafia de Alexander,
eu instintivamente sabia que era sua.

Clara,

Eu sei que eu assustei você, e eu não tinha o direito de pedir


que você ficasse comigo. Há muitos riscos, mais do que eu deixei
transparecer. Mas não posso desistir de você. Eu receio que mesmo se
você decidisse fugir, eu não deixaria você ir. Eu quero seu corpo. O
toque da sua pele sedosa contra meu rosto e o gosto dos seus lábios.
Mesmo quando alertei você para se afastar de mim, sabia que você era
minha, e eu protejo o que é meu. Mesmo que seja de mim mesmo.

X.

Eu passei os dedos sobre o X, um sorriso puxando meus lábios. Suas


palavras me deixaram excitada e perplexa. Era quase uma carta de amor. A
primeira que eu já recebi. Ainda que seu romance fosse manchado com a sua
insegurança. A insegurança que eu gostaria de poder levar embora. Se eu pudesse
levar seus pecados passados para longe de nós, mas eu temia fazê-lo, e isso nos
levaria por um caminho traiçoeiro.

Um arrepio percorreu espontaneamente até meu pescoço com o


pensamento de Alexander no controle do meu corpo. Como eu poderia querer
isso e ter medo ao mesmo tempo? Não fazia qualquer sentido. Claro, nada sobre
o nosso relacionamento era racional.
Eu poderia segui-lo para a escuridão para salvá-lo? Eu não tinha certeza.

Alexander me pegou na porta uma hora mais tarde, o que foi uma
surpresa, já que ele normalmente enviava Norris para me levar tranquilamente na
parte de trás do carro. Desde que Belle já tinha confirmado que havia repórteres
do lado de fora, eu a deixei abrir a porta enquanto eu levava um momento para
me concentrar na minha respiração, para que a calma atravessasse o meu corpo.

Essa calma desapareceu no momento em que Belle abriu a porta. Em vez


disso, a minha respiração engatou com a visão dele, vestido em um smoking
preto clássico, adaptado ao seu corpo perfeito. Ele estava bem barbeado pela
primeira vez, e seu cabelo preto, embora selvagem, havia sido penteado em um
nível de controle adequado para o evento. Olhando assim, era impossível não vê-
lo como o homem poderoso que ele era. Alguns homens usavam smoking, mas
Alexander o possuía.

Ele carregava uma dúzia de rosas vermelhas que apareceram contra o


pano de fundo negro de sua jaqueta, o carmesim proporcionando um contraste
direto com a escuridão enquanto emanava uma forte sensualidade. Mas o que fez
meu coração acelerar, foi como ele olhou para mim, com olhos desejosos. O
desejo era óbvio quando seu olhar passou por cima de mim possessivamente.

Eu tinha escolhido o vestido certo. À primeira vista, o vestido prata de


seda caía ondulando pelas minhas curvas, mas por baixo, um bustier abraçava
minha cintura e empurrava meus seios em um profundo decote sem alças. Duas
fendas quase escondidas permitiam que minhas pernas deslizassem livres. Eu me
senti como uma estrela de cinema assim que eu o coloquei, e da forma como
Alexander me olhava, eu parecia uma também. Belle tinha torcido meu cabelo, e
o prendido, deixando cair em um lado sobre o meu ombro, e eu não lutei com ela
sobre o batom escarlate que ela sugeriu.

—É um prazer conhecê-lo. —Belle disse, quebrando o silêncio. Ela afastou-


se e ele entrou no nosso apartamento, seus olhos nunca deixando os meus.

Finalmente, ele afastou seus olhos de mim e estendeu a mão para ela.

—Alexander. Você deve ser Belle?


Belle parecia dividida entre aceitar sua mão ou fazer uma reverência.
Felizmente, ela aproveitou a deixa, balançando a cabeça como se isso fosse uma
introdução normal. —Você está ansioso para esta noite?

—Sim. —Ele respondeu, embora a sua resposta fosse muito ríspida para
ser crível. —É isso, estou ansioso pela companhia.

Belle deu a ele um olhar de aprovação, os olhos correndo para mim.

—Nos dê um momento.

Assim que ela saiu da sala, Alexander aproximou-se e me entregou as


flores.

—Eu pensei que você não fosse romântico. —Eu o provoquei.

—Considere como um prêmio de consolação. —Ele disse. —Se você vai


estar com a minha família esta noite, você merece uma recompensa.

Eu considerei isso enquanto procurava no armário por um vaso. Claro, sua


família estaria lá. Eu estava tão obcecada com a ideia de que estávamos prestes a
deixar o nosso relacionamento público, que não pensei que encontraria sua
família inteira.

Alexander moveu-se atrás de mim, agarrando meus quadris. —Não pense


neles.

—É mais fácil dizer do que fazer. —Eu sussurrei. —Eu mal sei o que está
rolando entre nós e vou encontrar sua família.

—Não é grande coisa. Basta lembrar que se eles forem idiotas, é por causa
de mim e não de você. —Ele me assegurou. Mas, enquanto falava ele apertou
contra meu quadril.

—Realmente isso não me faz sentir melhor. —Eles me julgariam, e meu


sotaque americano só pioraria a situação. Eu estava seguindo Alexander para um
ninho de víboras, e nós dois sabíamos disso.

—Não pense sobre isso. —Ele ordenou, me puxando contra ele. —Agora,
eu quero que você pense sobre o que eu vou fazer com você com esse vestido.
Apesar da minha ansiedade, isso me trouxe um sorriso aos lábios. —Eu
não sei como eu deveria me concentrar com você desse jeito.

—Ela está fantástica, não está? —Belle voltou para a cozinha. Ela nem
sequer piscou por nos encontrar pressionado um no outro, embora ela devesse
ter ouvido o que ele disse para mim.

Alexander murmurou seu acordo, e Belle passou por nós. Ela chegou a
mais alta prateleira e pegou um vaso. A notícia de que sua família estaria lá esta
noite, havia me distraído da minha busca. —Aqui. Oh espere!

Belle virou-se e pegou uma tesoura de uma gaveta próxima.

—Desculpa! —Ela cortou uma rosa de seu caule. Estava em plena floração,
suas pétalas se espalhavam como folhas de veludo. Belle enfiou a bela flor no
meu cabelo frouxamente preso acima da minha orelha.

—Perfeito. —Alexander disse aprovando. Luxúria brilhando em seus olhos,


e isso me deixou com os joelhos bambos.

—Eu preciso ir. Philip está lá embaixo. —Belle beijou minha bochecha. —
Vejo você lá!

Dei um suspiro de alívio e acenei para ela. Claro, eu teria Belle lá, e não
importa o que acontecesse, ela cobriria as minhas costas. Eu esperava não
precisar de um plano de fuga, mas se fosse o caso, eu não poderia fazer melhor
do que com Belle.

—Vamos? —Alexander ofereceu o braço e eu o peguei. —Se não formos,


eu vou jogá-la sobre o balcão da cozinha.

Sim, por favor. Mordi o lábio na tentativa de cobrir a minha emoção.

Alexander gemeu, seus olhos piscando com escuridão e balançando a


cabeça.

—Vamos logo para o carro antes que percamos a festa, Senhorita Bishop.

—Mostre o caminho, X.
*****

Por algum milagre, Norris conseguiu dar a volta sem chamar a atenção dos
paparazzi acampados do lado de fora do apartamento. O fato de que eles tinham
perdido a limusine em marcha lenta atrás do meu prédio, provou como
indispensável Norris era. Talvez todos eles tivessem ido para o local do evento
real esta noite. Não que eles tivessem qualquer forma de saber que eu estaria lá
com Alexander. Ele foi cuidadoso ao não usar seu telefone celular para me enviar
uma mensagem. Em vez disso, eu fui instruída a contatar Norris se houvesse
algum problema.

Alexander colocou a mão na parte inferior das minhas costas, me guiando


em direção ao carro. Seu toque não vacilou até que eu estava em segurança no
interior. Ele desapareceu atrás da porta fechada, e eu dei uma olhada ao redor. O
assento mais baixo não era ideal para um vestido de gala, mas era muito mais
espaçoso do que os Rolls Royce.

—Sabe o que eu amo sobre Londres esta noite? —Alexander perguntou


enquanto ele deslizava com fluidez no assento ao meu lado.

Eu levantei minha cabeça com curiosidade. Agora eu amava tudo sobre


Londres porque era, nessa cidade, onde Alexander estava comigo.

—O tráfego. Eu nunca o apreciei antes dessa noite.

Alexander aproximou-se de mim, tomando o meu rosto com a mão livre.


Ele me puxou para ele, mas não chegou a me beijar. Em vez disso, ele
permaneceu um momento, e eu o respirei, me perdendo momentaneamente em
seu toque, seu cheiro, sua proximidade. Quando ele finalmente esmagou seus
lábios nos meus, minha mão voou para cima e pegou a dele, segurando-o para
mim, ávida pelo gosto dele. Fazia muito tempo desde que eu senti seu corpo
contra o meu. Nós nos conhecíamos por tão pouco tempo, mas eu sentia sua
ausência, como a dor de um membro fantasma. Ele foi concebido para estar
comigo. Ele estava destinado a ser parte de mim.
—Boneca. —Ele murmurou. —Eu pensei em você a semana inteira.

Minha respiração ficou ofegante quando ele se inclinou para agarrar a


barra do meu vestido. Ele ergueu-a sobre os joelhos, dando-lhe margem de
manobra para deslizar a mão na minha coxa. A seda do vestido tornava impossível
usar até mesmo um pedaço de roupa interior, e eu estava contando com o seu
comprimento para esconder esse fato. As mãos de Alexander abriram minhas
pernas, e ele enfiou a mão contra o meu sexo.

Ele gemeu quando fez contato com a minha pele nua. —Isso não é jogar
justo.

—Esse vestido não combina com calcinha. —Dei de ombros me


desculpando, mas o sorriso no meu rosto não era nada arrependido.

—Pessoalmente eu sou da opinião que nenhum vestido combina com


calcinha.

Ele disse com um sorriso malicioso. Ele mexeu-se no assento e retirou sua
mão, inclinando-se como se fosse ajoelhar-se diante de mim.

—Não. —Eu disse, parando-o.

—Eu não gosto dessa palavra, boneca. —Ele rosnou. —É difícil ouvi-la.

Corri minha língua em meus lábios e balancei a cabeça. —Não, eu quero


você.

—E você pode me ter.

—Não, eu quero provar você. —Eu imaginei como seria a sensação de


envolver meus lábios em torno de seu pênis, desde que eu o tinha visto a
primeira vez, e o pensamento de tê-lo à minha mercê soou ainda mais delicioso.

Alexander não resistiu. Em vez disso, sentou-se apoiando as mãos atrás da


cabeça, luxúria escrita em seu rosto. Ocasionalmente o carro sacudia por causa de
alguma lombada na estrada, mas eu não me importei. Subindo minha saia para
me permitir a liberdade de movimento, caí a seus pés. Minhas mãos arrastaram
ao longo de sua calça, deslizando para cima em suas coxas enquanto puxava o
zíper. Eu abri, e Alexander gemeu quando seu pênis caiu em minhas mãos. Apesar
de sua suavidade, era pesado e quente quando eu comecei a acariciá-lo com
ternura e, em seguida, engrossou e endureceu mais ainda na minha mão.
Curvando-me, eu mergulhei minha boca em seu saco e lambi suas bolas,
chupando uma cuidadosamente em minha boca. Em seguida, a outra. Alexander
deslocou-se para frente para me permitir maior acesso enquanto sua respiração
acelerava.

Ele gemeu quando eu passei a minha língua no comprimento do seu pênis,


e tive o prazer de ver que ele estava totalmente ereto agora. Seu pênis era uma
coisa primal, uma beleza masculina e descaradamente viril. Eu brinquei com ele,
lambi e chupei, por mais alguns minutos, até que suas mãos tinham caído para os
lados, fechadas em punhos. Senti-lo endurecer e alongar em minha boca, fez o
meu sexo inchar com desejo. Eu estava tão pronta para ele, mas tudo o que eu
queria agora era vê-lo gozar. Eu selei meus lábios sobre a grande coroa de seu
pênis, e depois baixei a boca para sua raiz. Esvaziando minhas bochechas, eu
chupei com força, puxando com a minha boca avidamente antes de mergulhar de
volta para baixo.

—Você fica tão sexy com seus lábios vermelhos em volta do meu pau. —
Um grunhido retumbou em seu peito, e ele pegou a minha nuca enquanto meus
lábios engoliam o seu comprimento mais uma vez. —Isso me faz querer te foder.

Mas eu não estava disposta a deixá-lo. Eu precisava vê-lo gozar. Eu queria.


Aumentando a pressão da minha aspiração, fui recompensada com as primeiras
gotas quentes de pré-ejaculação. Eu gemia, passando a minha língua sobre as
pérolas cintilantes, e chupei mais forte quando a mão de Alexander emaranhou
no meu cabelo.

—Oh Clara, você é tão linda. —Sua respiração tornou-se irregular quando
sua cabeça caiu para trás contra o assento. —Eu vou gozar.

Mas ele não se mexeu enquanto jorrava quente em toda a minha língua.
Engoli cada surto de gozo avidamente, enquanto ele bombeava em minha boca.
Deslizei minha língua para cima com diversão. Saboreei o sabor dele que ficou na
minha boca, e quando eu me afastei, os olhos de Alexander estavam selvagens.
Ele me levantou e me levou em direção ao seu colo, trazendo seus lábios
nos meus e me beijando forte antes de me empurrar de costas sobre o banco.
Suas mãos deslizaram de forma imprudente até as minhas pernas, empurrando
minha saia até a cintura. Ele traçou minha fenda com movimentos
deliberadamente lentos, finalmente empurrando um dedo entre os lábios
inchados.

—Chupar-me te deixou molhada. —Eu balancei a cabeça, sabendo que a


prova da minha excitação revestia seu dedo. —Eu preciso estar dentro de você.
Nada entre nós. Tudo bem?

Eu gemi um sim e fechei os olhos, minha respiração em minha garganta


travando enquanto eu imaginava a maravilha que seria seu pênis na minha fenda.
Eu não podia acreditar que ele ainda estava duro após o orgasmo que ele
esvaziou em minha boca, mas um momento depois senti a prova, porque ele
estava empurrando contra a minha entrada escorregadia. Ele afundou em mim
lentamente, dando ao meu corpo tempo para relaxar contra seu pênis rígido, e eu
engasguei quando ele empurrou dentro de mim completamente. Eu circulei
contra ele, saboreando a bela agonia de seu pau em mim, mas Alexander agarrou
meus quadris e me segurou firme.

—Não ainda, boneca. —Eu podia ver a luta em seus olhos. Seu desejo de
controlar o meu prazer e sua luta para se controlar.

Eu solucei, desesperada para que ele me levasse.

Ele encontrou o meu clitóris e brincou com o dedo, enviando uma onda de
antecipação através do meu corpo. —Pense em uma palavra de segurança,
boneca. Você não precisa dela agora, mas você pode precisar mais tarde quando
estivermos juntos, e você não será capaz de pensar nisso.

Eu sacudi minha cabeça.

—Eu estou tentando me controlar, mas eu quero fazer você se sentir


segura. Escolha uma palavra que você se sinta segura. —Ele ordenou.

—Que tal majestade?


—Sua palavra segura não deve ser algo que você pode ter que usar por
outras razões. —Ele disse.

—Oh X, você realmente acha que vai fazer com que eu te chame de Sua
Majestade?

Ele sorriu. —Com o que estou planejando fazer para você, você pode
precisar.

O homem não poderia ser mais irritantemente sexy? E era difícil pensar
claramente quando ele me tocava. Como eu poderia dizer não a ele? Eu tinha
tentado antes. Eu me afastei dele com apenas um olhar para trás, não
percebendo que logo minha vida giraria completamente fora de controle, e que
ele se tornaria o meu centro de gravidade. E havia uma palavra que eu associava a
ele.

—Brimstone.

—Você poderia apenas dizer vá para o inferno. —Ele sugeriu secamente.

—Eu pensei que você queria que eu escolhesse uma palavra que eu me
lembraria.

—Brimstone, sério?

—Foi a última vez que eu te disse não. —Expliquei em voz baixa.

—Você só me disse não desde então. —Ele apontou.

—Mas eu nunca quis realmente dizer.

Seu sorriso retornou quando confessei isto, e ele rolou o polegar sobre
meu clitóris dolorido. —O que você desejar, Clara.

—Então me foda. —Era tudo que eu poderia pensar: senti-lo dentro de


mim. Alexander respondeu com um golpe, massageando círculos no meu clitóris
pulsante. Minha fenda esticou, se abrindo enquanto ele bateu ferozmente em
mim. Seu saco pesado bateu contra a minha bunda, e eu tremia sob ele.

—Olhe para mim. —Alexander disse. —Eu quero ver você gozar.
Abri os olhos e encontrei os seus enquanto ele martelava
incessantemente. A fome que eu vi refletida ali me derreteu, e eu gozei contra
ele, explodindo em um milhão de fragmentos. Alexander arqueou para trás e
gozou dentro de mim enquanto eu sentia a primeira chicotada de sua semente
quente. Ele gozou com o meu nome em seus lábios.

—Eu amo saber que você está cheia de mim. —Ele sussurrou enquanto eu
me agarrava a ele. —Durante toda a noite estarei pensando em estar dentro de
você, sabendo que eu te marquei. Sabendo que você é minha.

Lambi meus lábios e pressionei nos dele, também impressionada com as


palavras.

Eu tinha me dado a ele totalmente. Eu havia descoberto meu corpo e


alma. E ele tinha deixado sua marca.

—E eu vou pensar em sua boceta quente e nua sob esse vestido sexy. Eu
quero que ela esteja pronta para mim se eu precisar dela. —Ele acrescentou.

—Estará. —Eu prometi a ele.

Eu caí por cima dele, desossada e mole, mas eu me forcei a tomar sua mão
oferecida. Chegaríamos lá a qualquer momento, e eu não podia sair com essa
aparência.

Alexander abotoou a calça e ajeitou sua camisa. Então ele me ajudou a


deslizar a minha saia para baixo, soltando beijos ao longo das minhas pernas nuas
enquanto a movia para baixo.

—Pare, você é uma distração. —Eu beijei seu ombro.

—Eu não posso evitar. Não posso afastar minhas mãos de você. —Ele
atirou-me um sorriso perverso que me fez querer deixar cair a minha calcinha. Só
que eu não tinha nada para deixar cair.

—Não estou usando calcinha. —Eu o lembrei. —Você não terá muito
trabalho.
—Vamos ver sobre isso. —Alexander acomodou-se no assento ao meu
lado, arrumando alguns fios de cabelo dispersos no lugar, e ajustando a rosa que
Belle tinha colocado no meu cabelo.

Abri a bolsa e fixei o meu batom, que graças a Belle, mal tinha borrado. A
menina sabia algum vodu cosmético, isso era certo. Enxugando algumas
pequenas manchas de debaixo dos meus olhos, eu estava aliviada por ter feito
pouco estrago. Claro, meu rosto brilhava com o calor liberado de um orgasmo
recente, mas não havia nada a ser feito sobre isso. Eu só podia esperar que fosse
descrito como nervos ou emoção, mas eu realmente não me importava. O mundo
inteiro já sabia sobre a nossa vida sexual, graças aos hackers que tinham
divulgado os textos de Alexander para mim.

Isso realmente lhes deu algo para falar, pensei presunçosamente.

—Você está pronta? —Alexander perguntou, torcendo seus dedos nos


meus. Meu coração pulou na minha garganta, recusando-se a ceder. Ele me
ofereceu o braço antes, e envolveu em volta da minha cintura, mas segurar a
minha mão soou pessoal de uma forma como nada que eu tivesse experimentado
até agora. Engoli em seco com as emoções inesperadas que isso produziu
enquanto eu tentava não chorar.

Pare com isso, eu ordenei a mim mesma em silêncio. Você está aqui como
seu encontro.

Não havia nada mais do que isso, mas mesmo que minha cabeça me
advertisse contra minhas esperanças, meu coração continuou a acelerar. Ele não
liberou minha mão até que a limusine parasse, e ele deslizou suavemente para
fora do banco de trás. Mas assim que ele estava fora, ele inclinou-se, oferecendo-
me novamente. Aceitei-o juntamente com uma respiração profunda, sem saber o
que esperar. Quando sai dos limites seguros da limusine, eu estava cega pelos
flashes de dezenas de câmeras. Pisquei contra o clarão quando os repórteres
começaram a gritar suas perguntas para Alexander. De repente, eu desejei ter
chegado a esta situação um pouco mais preparada. Meu primeiro instinto foi de
olhar para Alexander, esperando por pistas sobre o que dizer e fazer. Alexander
olhou para frente, um sorriso carismático estampado em seu rosto e, em seguida,
ele me levou para frente sem uma palavra.
Os dedos de Alexander ficaram enrolados nos meus enquanto andávamos
através do lobby, mas eu não conseguia parar de tremer. As câmeras. As
perguntas. O número de mulheres olhando para o meu homem. Era uma
responsabilidade muito grande. Ao meu lado, Alexander sorria, dando acenos de
boas-vindas e falando olá, mas sua postura era rígida, e seus movimentos
tornaram-se automáticos. Depois de alguns minutos, ele afastou-se de mim
colocando a mão na parte inferior das minhas costas.

Este pequeno gesto geralmente me fazia sentir segura e protegida, mas


agora parecia mais como um gesto mecânico. Ele estava apenas passando os
movimentos enquanto colocava, como um show para aqueles que nos rodeavam.

—Você está bem? —Eu sussurrei quando alcançamos o salão.

—Estou bem, Clara. —Ele disse em tom cortante. —Dê-me licença um


momento.

Ele me deixou ali, sozinha, com uma multidão; centenas de pessoas, e eu


não tinha certeza do que fazer. Meus olhos vasculharam por Annabelle, a minha
candidata à salvadora. Ela já deveria ter chegado aqui. Eu fiz a varredura da sala
até que eu vi sua figura esbelta. Dizendo uma oração silenciosa em
agradecimento que ela fosse tão alta, eu fui em direção a ela tão rapidamente
quanto a dignidade permitiria, ou este vestido no caso. Annabelle me viu e
alegrou-se, acenando para ela, eu hesitei quando percebi que ela não estava
sozinha. Mas o alívio me inundou quando a companheira de Belle virou, e eu
peguei um vislumbre de seu rosto.

—Stella! —Eu exclamei, correndo para frente para dar-lhe um abraço.


Imediatamente lembrei-me de onde eu estava, e dei um passo para trás,
sentindo-me constrangida. —Nós provavelmente não deveríamos nos abraçar em
um lugar tão formal como este.

—Que absurdo! Abrace-me novamente! —Stella me deu outro aperto,


pegando minhas mãos no processo. —Eu sou apenas a fornecedora do buffet.

—Você está fabulosa. —Eu disse a ela e não era mentira. Stella sempre foi
bonita, mas agora seu cabelo liso e preto estava cortado curto, projetando-se em
um ângulo lisonjeiro que enfatizava as maçãs do rosto glamorosas e olhos suaves.
Em qualquer outra pessoa, seu vestido de noite azul poderia ser chamativo, mas
como uma das mais quentes chefs de Londres, ela tinha atitude para usá-lo.

—Ela não está? —Belle concordou. —Totalmente injusto que ela passe o
dia todo em torno de manteiga e lagosta e ainda pareça assim.

—Eu mantenho a minha figura por lidar com uma cozinha cheia de idiotas
arrogantes. É um trabalho duro chutar suas bundas durante todo o dia. —Stella
disse secamente. —Falando nisso, eu deveria verificar o meu novo parceiro.
Deixei-o no comando da chaparia, e ele provavelmente está se lascando. —Mas
em vez de sair, ela balançou a cabeça exasperada e voltou sua atenção para mim.
—Como você está, Clara?

Stella estava um ano à frente de nós na escola, ganhando um diploma de


negócios, o que fez dela uma dupla ameaça no mundo culinário. Eu não a tinha
visto desde que ela se formou, embora eu tivesse planejado procurá-la quando
cheguei a Londres.

—Eu sinto muito não ter te ligado. —Eu disse. —Eu estive tão ocupada.

—Isso é um jeito de se dizer as coisas. —Belle disse concordando.

—Não a embarace. —Stella silenciou Annabelle, e depois me deu um olhar


simpático. —Você deve passar por aqui, e deixar-me colocar algo delicioso no seu
prato para distraí-la de toda essa porcaria. Apesar de onde eu me encontro, você
já tem algo saboroso.
—Se eu soubesse onde ele está. —Eu disse. Meus olhos dispararam ao
redor da sala, me perguntando se Alexander viria à minha procura, mas ele não
estava à vista.

—Ele provavelmente foi pegar uma bebida para você. —Stella disse. Ela
sempre tinha um jeito de me fazer sentir à vontade, desde que eu a conheci em
uma classe de nutrição no meu primeiro ano, e eu não poderia ter sido mais grata
ao vê-la agora. —Para o que estamos levantando dinheiro? Animais em vias de
extinção? —Eu perguntei, observando a decoração do evento. Samambaias
exuberantes e videiras transformavam o espaço em uma selva exótica. Um
movimento me chamou a atenção, e eu olhei para cima a tempo de espiar um
deslumbrante amarelo brilhante sobrecarregado de aves. Alguém tinha
exagerado um pouco para este evento.

—Eu pensei que você soubesse. —Anna disse, me passando uma bebida
da bandeja.

—Eu não. —Eu disse, tomando a bebida com gratidão. Se Alexander foi
buscar uma bebida para mim, ele estaria atrasado.

—É em momentos como estes que você se lembra de que foi criada na


América. —Belle provocou. —É o aniversário do Rei. Ele escolhe uma instituição
de caridade a cada ano para comemorar.

—Merda. —Eu disse. —Sério? —Alexander tinha mencionado animais em


extinção, mas ele obviamente tinha deixado de fora alguns detalhes importantes.
Como no mundo eu tinha acabado aqui, e o que ele estava pensando? Talvez o
Rei fosse particularmente gracioso em seu aniversário. Eu realmente esperava
que ele fosse.

Annabelle ergueu a taça para brindar. —Para conseguir acabar com isso.

Stella e eu brindamos nossas taças contra a dela, mas quando eu a trouxe


aos meus lábios, calor inundou minhas bochechas, consciência ondulando através
do meu corpo. Eu sabia que ele estava lá antes dele falar, porque o meu corpo
respondia como se estivesse sendo puxado para trás.
—Clara. —Ele disse em voz baixa. —Eu vejo que você conseguiu uma
bebida.

Virei-me um pouco rápido em direção a ele, fazendo com que o


champanhe voasse por cima da borda da minha taça. E espalhando sobre o
vestido da loura escultural ao lado de Alexander. Ela engasgou, enxugando
cautelosamente o tecido delicado.

—Eu sinto muito! —Eu gostaria que houvesse uma mesa próxima para
que eu pudesse me rastejar para baixo e me esconder.

A loira balançou a cabeça, enquanto ela continuava a se remexer no lugar.


—Não se preocupe com isso.

Ela sorriu calorosamente para mim, e agora que eu não estava focada em
minha gafe, consegui dar uma boa olhada nela. Grossos lábios e ondas louras,
com um corpo esguio e uma saia curta. Eu não podia acreditar. Ela era ainda mais
impressionante do que nas fotos. Se ela não fosse tão boa, eu definitivamente a
odiaria.

—Clara, deixe-me apresentá-la a minha velha amiga, Pepper Lockwood?

Eu sorri, esperando que meus nervos não estivessem demostrando, e


estendi a mão, mas Pepper passou por ela e beijou minhas bochechas. Foi tão
chique que eu encontrei-me odiando-a um pouco mais, e me odiando por ser tão
superficial.

—É um prazer lhe conhecer, e sinto muito. —Eu repetia como um disco


quebrado.

—É só um vestido. —Ela baixou a voz. —É por isso que você deve sempre
usar preto. Nada aparece.

Esta era a garota por quem eu estava preocupada. Agora que eu a


conheci, me senti boba.

—Eu devo ir. —Ela disse. —Eu vim acompanhada e não quero perdê-lo.
Eu sabia exatamente como ela se sentia, e para minha frustração,
Alexander me deu um beijo frio na bochecha e desapareceu com ela, deixando-
me com as minhas amigas.

—Uau, isso foi estranho. —Annabelle disse assim que eles estavam fora do
alcance da voz.

—Pelo menos ela foi graciosa quanto a isso. —Apesar de um primeiro


encontro um pouco humilhante, eu me senti melhor por ter encontrado a menina
que Alexander era associado pelos tabloides. Não havia nenhuma faísca entre
eles. Isso estava claro. Ela realmente era uma amiga da família e nada mais.
Exalei, lançando um suspiro de alívio que eu não sabia que estava segurando.

—Certo. —Belle disse, mas seus olhos não encontraram os meus


enquanto ela falava, e eu fiz uma nota mental para saber o que ela estava
escondendo, logo que chegássemos em casa.

—Eu não posso acreditar que você fez isso. —Stella disse com um suspiro,
o olhar ainda colado ao local em que Alexander esteve momentos atrás.

Eu bati em Belle no ombro.

—Aii! —Ela esfregou o local e franziu a testa. —O que foi isso?

Eu sacudi minha cabeça, dando a ela o meu melhor olhar de “que porra é
essa”.

—Eu não disse nada. —Ela disse com uma voz dramaticamente ofendida.

—Desculpe-me, Clara. —Stella disse com um sorriso tímido. —Eu vi o TMI


essa tarde e me convenci, isso me faz uma pessoa terrível.

—Tudo bem. —Dei de ombros antes de virar o último gole do meu


champanhe.

—E ela estava fazendo isso. —Belle adicionou.

Eu atirei-lhe outro olhar, mas ela respondeu com um sorriso tímido.

—Desculpe, querida, mas isso está escrito em sua carinha avermelhada.


Eu avermelhei mais ainda, o que fez com que ambas rissem mais.

—Certamente não é algo para se envergonhar. —Stella disse. —Eu


ofereceria a troca de corpo com você, na verdade.

—Estou muito feliz com isso. —Eu admiti.

—É… você está. —Belle brindou sua taça novamente.

Nós conversamos por mais alguns minutos sobre o restaurante de Stella, e


como ela conseguiu esse show, mas minha atenção foi dividida entre as meninas
e a multidão que me rodeava. Eu vim aqui com Alexander, e passei menos de
cinco minutos com ele desde que chegamos. Pepper chamou minha atenção e
acenou para mim. Voltei-lhe o aceno, decepcionada que Alexander ainda estava
desaparecido.

—Eu realmente tenho que voltar para a cozinha e lidar com Bastian. —
Stella disse finalmente.

—Falando nisso, eu deveria procurar Alexander. —Desculpei-me, e


comecei a procurar o meu encontro.

Agora que eu tinha um pouco de coragem líquida, e descobri que a Pepper


não era a ameaça que eu achava que ela era, eu me senti mais confortável. Ficou
claro que Alexander não pensou. Ele me queria mesmo aqui? Ele me alertou
sobre o que esperar, mas eu tinha esperado a frieza de sua família, não dele. O
fato era que ele me ignorou, enquanto a viscosidade entre as minhas pernas me
lembrava do que tínhamos compartilhado quase uma hora atrás na limusine.

Avistei-o no bar ainda falando com Pepper, mas agora ele estava franzindo
a testa. Sua mão estava estendida sobre a dela enquanto falava
apaixonadamente. Algo torceu no meu peito, mas eu empurrei-o de volta,
disposta a não permitir que o ciúme me impedisse de estar com Alexander. Mas
parei quando vi seu cenho aprofundar-se. Ele começou a falar, a selvageria em
seus olhos, visíveis mesmo à distância, antes de finalmente se afastar de Pepper
que o perseguia.
No momento em que eu consegui passar pela multidão, eu o perdi
novamente. Encostei-me contra uma coluna, considerando desistir. Por que eu
estava procurando por ele, quando ele me abandonou em primeiro lugar? O que
ele estava discutindo com Pepper? Seja o que for o deixou chateado. Claro, ele
estava tenso desde que chegamos. Soltando um longo suspiro, eu lutei com a
ideia de que Alexander sempre levantaria mais perguntas do que daria respostas.
O que levantou a maior questão de todas: eu poderia lidar com isso?

Eu estava pensando nisso quando uma mão forte pegou a minha e me


puxou para longe da festa. Os lábios de Alexander estavam sobre os meus, seu
corpo pressionando-me em um arco de mármore, antes que eu pudesse
processar o que estava acontecendo. Eu empurrei contra ele no início, mas depois
eu enfraqueci, fundindo-me com o beijo, desejando o contato físico com ele,
enquanto eu lutava com o enigma de um homem que parecia estar
constantemente deslizando pelos meus dedos. Seu pênis estava duro através de
sua calça, e meu corpo respondeu com um tremor. Estávamos a poucos passos da
festa de aniversário de seu pai, e ele me levaria ali mesmo. Eu não o impediria. Eu
não podia. Mas tão rapidamente quanto o abraço começou, acabou. Alexander
afastou-se e ajeitou a gravata borboleta.

—Eu precisava disso. —Ele disse.

O beijo tinha me deixado sem palavras, muda pelos sinais mistos da última
hora.

Num momento Alexander era aberto e corajoso, e no próximo fechado e


desconfiado. E hoje à noite, eu fui passada por seus dois lados tantas vezes, que
eu estava desenvolvendo um tratamento frio.

Ele dobrou seu braço e o ofereceu para mim enquanto eu enxugava os


cantos da minha boca, esperando que meu batom não estivesse por todo o meu
rosto.

—Você está linda. —Ele disse, mas a luxúria que geralmente acompanhava
seus cumprimentos, estava ausente em sua voz. Suas palavras eram as mesmas,
cuidadosamente medidas, e muito educadas. Eu ansiava por sua boca suja e
sorriso malicioso.
Tomei seu braço e permiti-lhe me levar de volta para a festa. Nós
reentramos no salão de baile, e eu imediatamente senti os olhos em mim. Quase
todo mundo tinha chegado, e eles estavam todos ansiosos para dar uma olhada
na garota por trás do mais recente escândalo real. Eu tentei me lembrar do que
Alexander disse na limusine. Eles estavam o julgando e não a mim, mas era difícil
pensar o que os olhos apertados que encontravam os nossos olhos, e as línguas
após nos cumprimentarem deveriam falar.

—Sua Alteza. —Um homem aproximou-se de nós, curvando-se para


Alexander e em seguida, dando-me um aceno duro de cabeça. —Seu pai pede
que você se junte à família para o brinde.

—Eu apareci aqui. —Alexander disse com uma careta. —Isso deveria ser o
suficiente.

—Temo que ele seja bastante insistente. —O homem continuou. —Eu


suspeito que ele o chame na frente de todos, se o senhor não for.

—Tudo Bem! —Alexander levantou as mãos, deixando cair a minha. Eu


podia sentir a fúria mal controlada rolando dele, e eu fiquei imóvel, com medo de
adicionar combustível em sua raiva.

—Eu levarei a jovem dama para uma mesa. —O homem ofereceu.

—Ela fica comigo.

—Mas, Senhor.

—Ela fica comigo. —Ele repetiu com uma voz firme, que não deixou
espaço para mais interrogatório. Alexander agarrou meu braço e caminhou
rapidamente em direção à frente do salão. Ele moveu-se tão rapidamente, que eu
estava praticamente correndo para acompanhar seu ritmo enquanto ele me
arrastava.

Sua família estava reunida, revezando-se em falar e ignorar um ao outro, e


eu respirei fundo, sabendo que este era o momento da verdade. O pai de
Alexander tinha escolhido um smoking para as festividades, mas não o ajudou a
misturar-se. Ele era inegavelmente bonito, apesar de sua idade, que era apenas
aparente no cabelo grisalho nas têmporas. As linhas em torno de seus olhos
penetrantes e em sua boca serviram para deixá-lo parecer mais distinto. Ele era
simplesmente de uma classe única.

Mas ele não era o homem mais intocável nesta sala. Que eu soubesse.

Ao lado do Rei, um homem que parecia uma versão mais esguia de


Alexander deu-lhe um olhar engraçado. Parecia um aviso. Mas Alexander
continuou, parando um pouco para que eu pudesse recuperar o fôlego.

—Lembre, isso é sobre mim, Clara. —Ele sussurrou.

Concordei, mas meus olhos estavam grudados no grupo de pessoas na


minha frente. O sangue pulsando em meus ouvidos tornou difícil para processar o
que ele estava dizendo. Alexander segurou meu queixo e me virou para ele. Seus
olhos estavam frios, distantes e mortos, mas eu senti seu controle irradiando
dele. Era como se ele tivesse compartimentado todas as suas emoções a fim de
lidar com esta noite. Eu balancei a cabeça novamente, desta vez dando-lhe o
contato com os olhos que ele tão obviamente tinha desejado.

—Boa garota. —Ele disse, esfregando um suave beijo nos meus lábios.

—Alexander. —Uma voz explodiu, assustando-me para longe dele. —Você


nos manteve à espera por tempo suficiente.

—Sinto muito, Pai. —Alexander disse rigidamente. Ele passou a mão pelo
meu braço nu antes que ele se afastasse de mim. —Perdi a noção com o meu
encontro.

—Que descuidado. —O Rei fez um gesto para que ele se aproximasse. —


Posso falar com você?

A implicação estava clara. O Rei queria falar com ele sozinho, e Alexander
moveu-se para perto de seu pai.

A conversa esquentou, vozes ficaram altas o suficiente para serem ouvidas


por aqueles que estavam nas proximidades. Fiz o meu melhor para não ouvir, mas
não havia dúvida quanto às palavras, puta e vergonha. Segurando minha cabeça,
eu tentei não estremecer quando as acusações voaram entre pai e filho.
Uma versão mais jovem de Alexander aproximou-se de mim, estendendo
a mão.

—Sou Edward.

É claro que ele era. Edward usava o cabelo escuro, longo e enrolado,
passando suas orelhas, fazendo-o parecer pueril em comparação com seu irmão
mais velho. Mas ele ficava bem em um smoking, e ele era quase tão bonito
quanto Alexander. Ele sorriu para mim, e notei que ele era mais rápido com um
sorriso. Eu apertei sua mão fracamente, incapaz de falar por medo de que eu
começasse a chorar na frente dele.

—Papai está com um humor terrível, o que é infelizmente bastante


comum.

Edward apertou minha mão com força, procurando o meu rosto, como se
estivesse à procura de uma pista de como fazer a pobre garota que ele tinha
acabado de conhecer sentir-se melhor. Eu queria dizer a ele que não havia
nenhum modo, mas eu sabia que nunca sairia. —Venha até aqui.

Edward me levou para uma mesa próxima. —Todos me permitam


apresentá-los Clara Bishop, a namorada de meu irmão.

—Oh, eu... —Meu protesto foi silenciado com um olhar de aviso.

Um homem alto e ruivo se levantou, abotoando o paletó e oferecendo sua


mão. Eu o reconheci logo e lutei contra a vontade de buscar Belle.

—É muito bom conhecê-la, Clara. —Jonathan disse enquanto pegava


minha mão. Em vez de sacudi-la, ele a levou aos lábios.

—Você a conhece, Jonathan? —Uma ruiva pequena vestida de marfim


perguntou a ele. A maioria das meninas com uma pele tão clara não poderia ter
usado esse vestido, mas só fez com que sua pele pálida parecesse mais delicada,
elegante e frágil. Seus olhos percorreram meu corpo calculadamente antes que
ela cruzasse as mãos afetadamente sobre a mesa.

—Clara e eu fomos para a mesma universidade. —Jonathan disse, mas


quando ele passou seu olhar sobre mim, ele não se preocupou em esconder suas
conclusões. Seus olhos brilhavam como um homem que descobriu que ele foi
convidado para o jogo.

Se Jonathan Thompson pensou que eu brincaria com ele, ele estava muito
enganado. Minha pele arrepiou onde ele me tocou, e assim que eu tivesse a
chance, eu planejava esfregar com sabão sob a água escaldante.

—Essa é Amelia. —Edward disse, quando a garota não se apresentou.

—Princesa Amelia. —Ela disse afetadamente.

Sério?

—É muito bom conhecê-la, Sua Alteza. —Eu assobiei. Todo mundo aqui
tinha nascido com uma colher de prata em sua boca, e um pedaço de pau na sua
bunda.

—Talvez você queira dançar. —Jonathan sugeriu, apontando para a pista


de dança quase deserta.

Eu queria dançar com Alexander. Não havia nenhuma maneira que eu


correria o risco de ser vista com Jonathan, especialmente desde que eu
suspeitava que ele me visse como um desafio. —Eu prefiro esperar por Alexander.

—Claro. —Ele disse com um aceno de cabeça, desviando os olhos de mim.


—Alexander não gosta de compartilhar.

Havia uma história aqui. Eu podia sentir isso, mas a última pessoa a quem
eu pediria para compartilhar comigo era Jonathan.

—Amelia? —Jonathan estendeu a mão e a ruiva tomou-a, permitindo-lhe


levá-la em direção à pista de dança.

—Então vamos pegar uma bebida. —Edward sugeriu enquanto nós


assistíamos a valsa. Ele olhou por cima do ombro para o outro homem na mesa.
—David?

—Vou cuidar dela. —Ele disse rigidamente.


Edward puxou uma cadeira para mim e eu aceitei, grata por estar agora
sentada, mesmo que a companhia fosse menos do que bem vinda. Olhei para
David e percebemos que estávamos no mesmo barco.

—Você parece que está gostando tanto disso quanto eu. —Eu disse, não
me preocupando em esconder meu sarcasmo.

Um canto de sua boca puxou para cima, mas ele só encolheu os ombros.

—Eu e meus amigos temos ideias diferentes sobre como passar uma
sexta-feira à noite.

—Talvez você devesse arranjar novos amigos. —Meus olhos pegaram


Jonathan quando ele girou Amelia na pista de dança, e ele piscou para mim.

David bufou para mim. Virei-me para encará-lo, encontrando, após uma
inspeção mais próxima, que ele era muito bonito. Sua pele cor de ébano e o
cabelo cortado rente exibiam as linhas fortes de seu rosto, e apesar de sua
aparência mal-humorada, seus olhos café eram quentes. Ele era exatamente o
tipo de Stella. Calmo, pensativo e quente. —Na verdade... —Eu disse. —Eu tenho
uma amiga aqui que você deveria conhecer. Você gostaria dela.

Caras sempre gostam, eu adicionei silenciosamente.

—Estamos armando para David? —Edward me perguntou com um sorriso,


oferecendo a bebida que estava em sua mão.

—Eu acho que ele combina com minha amiga Stella. —Tomando um gole,
eu levantei uma sobrancelha. —O que você acha?

Edward debateu por mais um momento, mas quando ele abriu a boca, ele
foi interrompido pelo aparecimento de uma mulher mais velha que eu reconheci
imediatamente. A rainha-mãe deslizou com a graça de uma mulher que deu à luz
a reis. A idade havia a tocado, tornando prata os cachos, mas não havia nada
frágil sobre ela. Deslizando em um vestido modesto, frisado, ela ficou quase
alguns centímetros mais baixa do que seu neto mais novo. Embora o olhar de
desprezo que ela usava a fizesse parecer muito maior.
Seus olhos estreitaram-se quando ela me avaliou, e seu nariz comprimiu
como se tivesse apanhado um cheiro de algo podre. —Então Alexander trouxe
sua pequena putinha para arruinar o aniversário do seu pai?

Minha boca abriu, e eu puxei minha mão para longe de Edward, que
parecia quase tão chocado quanto eu estava.

—Vovó! —O tom de Edward a advertiu, mas eu não esperei para ouvir o


que mais ela tinha a dizer sobre mim. Já era ruim o suficiente que metade do
Reino Unido estivesse lendo minhas mensagens privadas no momento. Eu não
tinha que ficar para ser insultada por pessoas que pensavam que eram superiores
a mim. Empurrando através da multidão, eu escapei o mais rápido possível. Eu me
escondi no banheiro, até que Alexander finalmente viesse me procurar.

Ele me avisou, mas ele não me preparou.

Lágrimas enchiam meus olhos, transbordando antes que eu finalmente


arriscasse me virar. Edward estava longe de ser visto, mas sua avó tinha juntado o
argumento que era forte entre Alexander e seu pai.

Ele ainda não tinha notado que eu tinha ido embora.

Senti-me boba por ter vindo aqui. Por pensar que as coisas não poderiam
ficar mais complicadas entre nós.

Mas eu estava presa aqui sem dinheiro, e agora os meus pés estavam me
matando. Eu não estava acostumada aos saltos altíssimos que Belle tinha insistido
que eu usasse.

Belle.

Ela estava aqui, e aí estava a minha tábua de salvação se eu pudesse


encontrá-la.

Philip era chato, mas ele poderia ser contado como cavalaria, e agora eu
precisava de alguém para me resgatar. Eu tinha amigos aqui, e eu tinha que me
lembrar disso. Eu poderia fazer isso esta noite.

Virando-me para olhar para ela, eu esbarrei em Pepper.


Abri a boca para me desculpar novamente, mas ela chegou antes de mim.

—Vadia estúpida. —Ela assobiou. —Você está propositadamente


tentando destruir este vestido?

A vontade de chorar desapareceu, substituída por choque, e eu fiquei


boquiaberta com ela.

—Oh, você é tão estúpida quanto eu pensei. —Ela continuou, seus olhos
verdes piscando como a língua de uma cobra ao redor da sala em desinteresse,
antes que eles voltassem para olhar para mim. —Você realmente acha que eu
não me importaria que você arruinasse meu Ralph Lauren?

—Eu sinto muito. —Eu disse estupidamente, minha mente não


completamente bem depois de ser apanhada de surpresa, assim como o meu
coração, que começou a bater como um tambor de guerra no meu peito.

—Eu também lamento que você esteja prestes a levar um fora. —Ela disse
com um sorriso, jogando suas ondas louras por cima do ombro. —Não fique tão
surpresa. Eu podia sentir o cheiro de sexo em você no segundo que nos
conhecemos. Você acha que Alexander é o tipo que mantém meninas em torno
duas vezes? Onde ele está, afinal? Ou será que ele já a descartou como o lixo que
você é?

Minhas mãos apertaram ao meu lado, formando punhos que eu estava


morrendo de vontade de usar, mas eu lutei contra a vontade. —Alexander é
aquele que me trouxe aqui, e não se preocupe com a nossa vida sexual. Nós dois
estamos muito satisfeitos.

Minha raiva fervia enquanto me aproximava do meu ponto de ebulição, e


eu não tinha certeza de quanto tempo eu poderia contê-lo. Nos últimos dez
minutos, eu tinha sido chamada de vagabunda, puta e agora lixo.

—Toda a Inglaterra está preocupada com sua vida sexual. —Ela disse. —
Me diga?
Ela baixou a voz, um brilho malicioso em seus olhos. —Você lhes deu essa
história? Será que quis vender esses textos para fazer um dinheirinho ou dois,
enquanto você pode?

Eu não precisava de dinheiro ou fama ou influência. Um fato que foi


perdido obviamente por ela. Pepper pode ter laços com a família real, mas do
jeito que ela estava fazendo beicinho por cima do vestido, ela não tinha o meu
fundo fiduciário. Qual seria o ponto de lhe mostrar? Agora eu entendi o olhar de
Belle anteriormente. Ela estava me avisando. Confie em Belle para detectar uma
cobra na grama a uma milha de distância.

—Se você acabou. —Eu disse, passando por ela. —Eu estava saindo.

—Fugindo? —Ela perguntou em voz de zombaria. —Certifique-se de soltar


o seu sapatinho de cristal ao sair, mas não conte com Alexander para encontrá-lo.

Engoli essa e atirei de volta. —Eu não quero.

E eu não queria. Isto não era um conto de fadas, e Alexander não era o
príncipe encantado. Mais do que nunca, eu queria ir para casa e transformar-me
novamente na simples e solitária Clara. Eu não me preocupei em procurar Belle.
Tudo o que eu queria fazer era sair de lá, mas as palavras de Pepper ficaram no
meu cérebro. Este era o final da minha história. Haveria tempo para chorar sobre
isso mais tarde. Por agora, eu só queria escapar.
As colunas de mármore do salão pairavam sobre mim como as barras de
uma jaula, e a multidão de foliões esmagavam contra mim. O pânico tomou conta
de mim, e eu lutei para ir para a entrada. Virando uma última vez para procurar
Alexander, eu peguei Pepper me observando. Ela levantou a bebida em
despedida, sem se preocupar em esconder o sorriso de satisfação. Ignorando-a,
meu olhar varreu o espaço procurando Alexander, mas ele estava perdido no
meio da multidão, e eu não queria procurá-lo. Eu queria sair daqui o mais rápido
possível. Peguei minha bolsinha da nossa mesa, pensando que eu poderia pegar
um táxi, mas, logo que eu estava fora, eu decidi caminhar. Eu precisava limpar a
minha cabeça.

O ar da primavera estava fresco na minha pele, que parecia febril e livre


após o meu confronto com Pepper. Apenas o pensamento dela fez meus dedos
enrolarem firmemente sobre a minha bolsinha enfeitada com tanta força, que as
contas cravaram dolorosamente em minha carne. A dor me fez sentir bem depois
de me sentir totalmente insensível pelos últimos dez minutos.

O que eu estava pensando? Eu tinha aprendido a evitar as pessoas como


essas, depois de ver os meus pais serem queimados muitas vezes pelos chamados
amigos. Qual era o ponto de ter amigos que te puxavam para baixo ou competiam
com você? Eu tinha feito um trabalho fantástico em ser o meu pior inimigo por
tempo suficiente. Eu realmente não precisava de qualquer ajuda.

Toda esta noite foi um erro. Não porque me senti inferior à família e
amigos de Alexander, mas porque eu não tinha interesse em jogar em seus
delírios. Parte de mim queria voltar e dizer-lhes o que eu realmente pensava
deles, mas eu resisti à vontade. Não havia cura para ser uma idiota.

No momento em que eu voltei para o apartamento, os meus pés doíam


com o esforço da caminhada do outro lado de Londres, em cima de dez
centímetros de um Jimmy Choos. O apartamento da tia Jane estava escuro
quando entrei, o que era bom, porque eu realmente não queria falar. Em vez
disso, eu senti como se devesse falar, uma reação remanescente de meus dias de
terapia. Mas eu estava mais do que feliz por não fazer isso. Tirando meus saltos,
eu subi as escadas até os três lances para o nosso piso, vasculhando minha bolsa
por minhas chaves enquanto eu virava no corredor.

—Clara.

Eu pulei ao som da sua voz, soltando meus sapatos. Mas minha surpresa
momentânea mudou para atenção. Respirando fundo, amaldiçoei meu corpo
traidor por sua reação à presença de Alexander.

—Onde você esteve? —Alexander exigiu, me encurralando contra a porta


quando me aproximei dele. Seu smoking tinha ido embora e as mangas de sua
camisa estavam enroladas. Se Alexander em um smoking era incrivelmente sexy,
Alexander meio fora de um smoking era devastador. Uma pontada de saudade
passou por mim, mas eu resisti ao impulso de tocá-lo, sabia o que aconteceria se
eu fizesse. A raiva brilhava em seus olhos cobalto, e eu senti a raiva mal
controlada fervendo dele como vapor de água fervente.

—Caminhando. —Eu disse, muito cansada para jogar jogos ou ser


espirituosa.

—Você saiu sem dizer uma palavra e então você caminhou para casa?

Alexander passou a mão pelo cabelo preto, e notei que ele já estava
despenteado, como se ele tivesse feito isso muito esta noite.

—Você me afastou. —Eu sussurrei, mas as minhas palavras não eram


tímidas. Eu queria que ele me ouvisse. Eu queria que ele parasse e ouvisse, de
modo que ele soubesse que eu não tinha fugido esta noite. —Eu não fugi. Eu
escolhi partir.

—Você veio comigo. Eu esperava que você partisse comigo. Eu preciso


saber onde você está. Isso não é um pedido, Clara. —Ele rosnou.
Eu olhei para ele, esperando para ver se ele sequer ouviu o que ele estava
dizendo, mas a partir do olhar ardente que ele me deu, ele ouviu. —Eu não sou
uma criança. Eu posso tomar conta de mim. —Eu disse.

—Isso foi antes. —Alexander disse, se aproximando o suficiente para que


seu calor atingisse minha pele. —Você fez uma escolha, Clara, e quando você fez,
eu assumi a responsabilidade de cuidar de você.

Como ele poderia ser tão profundo, irritante e sexy ao mesmo tempo? Era
um truque da evolução: a capacidade de distrair uma menina com charme
enquanto você estava sendo um total idiota? —Eu não te pedi para fazer isso!

—Não, você não pediu. Mas você escolheu vir para a minha cama. Você
escolheu ficar ao meu lado essa noite.

Se ele pensava que seria a extensão das minhas escolhas, ele teria uma
grande surpresa. —Sim, mas não somos casados nem nada assim.

—Que mensagem você acha que envia para mim trazer um encontro para
o aniversário do meu pai? —Ele me interrompeu.

Minha respiração engatou na minha garganta, eu não tinha certeza se eu


queria chorar ou sacudi-lo. Possivelmente ambos.

—Nós mal nos conhecemos.

—Isso talvez seja verdade. —Ele concordou. —Mas temos sido associados
publicamente e, após estes textos que foram publicados hoje, as pessoas vão
fazer suposições.

Entre todo o drama de Alexander aparecendo no meu primeiro dia de


trabalho, à merda tempestiva que foi esta noite, eu tinha conseguido esquecer as
mensagens de texto. Acrescentadas ao resto dos acontecimentos de hoje foi
demais para suportar e eu rebati.

—Que tipo de suposições? Eu realmente não ligo porra nenhuma para o


que as pessoas leem no TMI, pensam de mim!
A cabeça de Alexander inclinou, um lampejo de simpatia misturado com
sua raiva. —Não será apenas o vazamento do TMI por muito tempo. Haverá mais
fontes de notícias, legítimos relatórios. Eu vivo aos olhos do público, Clara.

A implicação era clara. Alexander vivia aos olhos do público, mas eu não
precisava. Ele estava me oferecendo uma escolha: uma que eu pensei que eu já
tinha feito. Ele estava me dando uma segunda chance para ir embora. Mas isso
não explicava suas ações esta noite. —Por quê? —Eu perguntei em um esforço
para compreender. —Por que você me levou hoje à noite? Você sabia que as
suposições seriam feitas. É quase como na primeira vez em que você foi pego com
a calça arriada. Por que dar-lhes mais fofoca?

Eu não conseguia entender por que ele chamaria mais atenção para uma
relação que já era alvo dos tabloides. Certamente isso só pioraria as coisas, e ele
tinha que saber.

—Porque eu queria te proteger. —A voz de Alexander quebrou, e quando


seus olhos encontraram os meus, a intensidade de seu olhar me atingiu forte,
puxando um suspiro dos meus lábios. —Eu precisava te proteger. Eu não consigo
explicar, porque eu nem consigo entender. Talvez seja uma compulsão.

—Compulsões geralmente não são saudáveis. —Eu sussurrei, mal sendo


capaz de produzir palavras depois de sua confissão. O olhar que ele me deu... Ele
me quebrou. E no momento, eu não me importava. Eu não me importava que
tivessem mentido para nós mesmos sobre o que estava acontecendo entre nós.
Eu não me importava que o meu coração estivesse em mil pedaços a seus pés,
porque eu não podia suportar a ideia dele sofrer a dor sozinho.

Alexander passou as costas de sua mão no meu rosto. —Essa compulsão


é. Você pode me afastar, Clara e eu ainda vou me dedicar a protegê-la.

Emoções passaram por mim, inundando minha percepção distorcida do


nosso relacionamento e levando-a embora. Eu não tinha palavras para afogar a
angústia refletida em seus olhos. Nada que pudesse dizer alcançaria as partes
quebradas dele que eu tinha vislumbrado. Havia apenas uma maneira de mostrar-
lhe como me sentia, e apenas uma maneira de libertá-lo de seus demônios. Eu
colei nele, meus lábios contra os seus com uma necessidade brutal. Alexander
respondeu com fome, tirando-me do chão e me batendo contra a parede no
processo. Ele girou, ainda me beijando e me pressionando contra a parede.
Colocando-me no chão, ele caiu de joelhos e empurrou meu vestido. Alexander o
segurou contra a minha barriga, me deixando exposta da cintura para baixo.

—Abra suas pernas, boneca. —Alexander me segurou com firmeza na


parede, enquanto ele arrastava beijos nas minhas coxas nuas. Levou seu tempo,
deslizando os lábios ao longo da carne sensível com devoção. Sua língua lambeu
suavemente para baixo o espaço entre minha perna e fenda. Minhas mãos
emaranharam em seus cabelos, puxando-o para mim enquanto seus beijos
moviam-se para cima.

—Eu vou te foder com a minha boca, e eu quero ouvir você gozar. Eu
quero que você deixe ir. —Ele rosnou, e eu gemi, já impotente para suas
exigências. Alexander empurrou minhas pernas mais abertas e empurrou sua
língua dentro de mim, me fodendo com golpes poderosos. Com o prazer
brotando em meu núcleo, apertando meus membros em antecipação, ele se
afastou apenas para fechar a boca sobre o meu clitóris palpitante. Sugando-o
avidamente, sua mão acariciou minha coxa, mas não foi adiante. Eu ansiava por
senti-lo dentro de mim. As mãos dele. Sua língua. Seu pênis. Eu estava vazia e só
ele poderia me encher.

—Eu… eu preciso de você dentro de mim. —Engoli em seco quando um


tremor de êxtase percorreu meu corpo.

Mas Alexander não parou, ao contrário, sua mão no meu estômago me


pressionou com mais força contra a parede. Sua língua acariciou meu clitóris
sensível novamente e, em seguida, mergulhou mais abaixo, me espetando mais
uma vez, e me empurrando para o limite. Eu estava entregue, gemidos escapando
desenfreadamente da minha boca, enquanto sua língua mergulhava dentro de
mim com paixão implacável.

Sem uma palavra, Alexander levantou e pegou a minha bolsa. Eu mole


contra a parede era incapaz de formar palavras. Eu liberei-o, e um momento
depois a porta do meu apartamento se abriu. Ele me pegou em seus braços,
carregando-me quando sua boca encontrou a minha, me beijando até mesmo
enquanto eu lutava para formar pensamentos coerentes. Ele nunca esteve lá
dentro. Devo apontá-lo na direção do meu quarto ou optar por qualquer
superfície plana que encontrássemos primeiro?

Alexander respondeu por mim, colocando-me sobre o balcão da cozinha.

—Você é muito linda, porra. —A aspereza em sua voz enviou um arrepio


pela minha pele.

E eu acreditei nele, sentindo o seu desejo por mim como eu sentia o meu
próprio. —Espera.

Ele deu um passo para trás, seu olhar deslizando pelo meu corpo, seus
olhos cobertos pela luxúria. Eu me levantei com as pernas trêmulas diante dele.
Meus dedos atrapalharam-se com o zíper do meu vestido enquanto ele
desabotoava a calça. Quando consegui encontra-lo, eu puxei o zíper para baixo e
deixei o vestido cair. Um grunhido retumbou de Alexander e ele avançou em mim,
levantando minha bunda do chão e me levando para a parede. Eu envolvi minhas
pernas em volta de sua cintura e esfreguei o meu sexo dolorido contra ele. Com
meus saltos, eu empurrei sua calça até os tornozelos. Ele saiu dela, chutando-a
para o lado enquanto eu balançava contra seu pau liberado.

—Devagar. —Alexander ordenou, agarrando meus quadris enquanto ele


posicionava seu corpo esculpido entre eles. —Agora, boneca.

Baixei em seu pênis com cuidado, sentindo a tensão agradável enquanto


meu corpo saudava a grossura substancial de seu pênis. Eu rebolei contra ele,
impaciência vencendo a restrição, mas suas mãos seguravam meus quadris em
advertência.

—Eu não quero te machucar. —Ele advertiu.

Meus dedos deslizaram em seu cabelo, enrolando através dele e puxando


ligeiramente. —Eu pensei que você gostasse disso. —Eu sussurrei.

Seus olhos brilharam com os meus, e eu vi meu rosto e a oferta escrita


através dele, refletida em suas íris azuis claras.

—Vá com cuidado, Clara. —Ele deixou cair sua testa contra a minha, os
olhos fechados, como se estivesse lutando para se controlar. Minha própria
respiração tornou-se superficial, minha determinação descansando na ponta de
uma faca. Eu queria Alexander. Eu queria tudo dele, até mesmo o seu lado negro.
Mesmo que o meu desejo me assustasse.

Alexander não abriu os olhos, mas ele pressionou um beijo suave nos
meus lábios. Ele recuou e empurrou mais fundo dentro de mim até que eu o
embainhei até a raiz. —Isso é o bastante.

Suas palavras eram tensas, mas quando ele olhou para mim, sorriu. Nós
ficamos assim por um longo momento, saboreando a deliciosa sensação da carne
unida.

Isso poderia ser o bastante, eu pensei enquanto ele me segurava. Por


agora. Mas ele precisava de mais do que isso, ele precisava que eu cedesse a sua
escuridão.

—Clara. —Alexander sussurrou. —Pare de pensar.

—Eu...

Ele me parou com um beijo. —Fique comigo. Sinta-me.

Alexander mudou seu peso, esmagando-me contra a parede enquanto ele


começava a empurrar, e eu me perdi nele. Minhas unhas afundaram em seus
ombros, me ancorando enquanto ele dirigia seu pau violentamente dentro de
mim. Um grito escapou dos meus lábios enquanto eu enlouquecia em torno dele,
o prazer tomando conta da raiz e viajando lentamente através do meu corpo, até
que a represa estourou e meu orgasmo subiu do meu núcleo, espalhando-se para
os meus membros. Violentamente.

—Alexander!

Ele gozou ao clamor de seu nome, bombeando seu gozo grosso em mim.

Eu caí contra ele, seu pau ainda se contraindo enquanto minhas paredes
sensíveis pulsavam ao redor dele. Os braços de Alexander me embalaram contra
ele, enquanto ele me levava da cozinha para o corredor. Ele parou lá, e eu
consegui dizer um fraco. —Direita. —Ele gentilmente me deitou na cama como se
eu fosse frágil, em seguida, tirou o smoking e subiu ao meu lado com sua camisa.
—Sobre a festa. —Ele começou.

Eu levantei a mão, não querendo deixar essa conversa tensa estragar um


momento perfeito. —Não se preocupe com isso. Nós dois sabíamos que não
gostariam de mim.

—Eles não deveriam ter sido tão rudes. —Os olhos de Alexander
estreitaram-se com a lembrança.

Minha mente procurou algo de positivo nessa noite desastrosa. —Edward


foi legal.

—Sim. Edward compreende como é ser um do lado de fora…

A voz de Alexander foi sumindo como se houvesse muito mais nesta


declaração, mas eu não pressionei. Agora, eu queria focar no homem bonito na
cama comigo, não no drama que o acompanhava. Mas estar com Alexander
significava certos sacrifícios.

Eu não podia fingir que gostava ou compreendia sua vida. Ele tinha
insinuado o que se esperava dele, e meu coração foi ferido pela dor de sua falta
de opções. O que quer que tenha rasgado a sua família, o perseguia. Eu podia ver
seu fantasma em seus olhos. Eu não podia negar que eu desejava que ele
compartilhasse comigo, mas eu sabia que forçá-lo só o afastaria. Talvez a única
maneira para ele encontrar a paz, seria enfrentar seus demônios.

—Estou em casa segura, e você está bem perto de me comer até eu


dormir. —Eu disse a ele. —Você deveria voltar para a festa do seu pai.

—Eu não quero voltar para a festa.

—X, é o aniversário do seu pai. —Eu expliquei.

—Exatamente, e ele tem umas mil pessoas lá para beijar seu traseiro. —
Alexander disse. —Ele nem vai sentir a minha falta.

—Eu duvido disso.

Alexander balançou a cabeça. —Você está certa. Ele pode sentir minha
falta se precisar de alguém com quem gritar.
—Eu vou dormir. —Eu disse a ele, esticando os braços sobre minha cabeça
enquanto eu tentava sem sucesso conter um bocejo.

—Eu quero ir para a cama com você. —Alexander disse, apoiando-se em


um cotovelo e colocando um beijo em meu ombro. Ele era incrivelmente bonito.
O que fizemos mais cedo não foi o suficiente para mim. Eu tenho coisas para fazer
com o seu corpo.

—Esse corpo. —Eu bocejei. —Precisa descansar. Eu não tenho nenhuma


ideia de como você tem tanta resistência. Não deve ser fisicamente possível.

—Podemos dormir. —Ele sugeriu e eu congelei.

—Você quer dormir aqui? —Eu perguntei lentamente.

Alexander franziu o cenho enquanto afastava o cabelo do meu rosto. —


Não posso?

Ele mais que podia. Dentro do meu peito, umas dúzias de fogos de
artifícios comemorativos estouravam. Mas eu não podia revelar a minha
excitação, com risco dele se afastar novamente. O pedido era tão… normal, que
eu não sabia como processá-lo. —Certo, claro, tudo bem.

Alexander me puxou para ele, curvando o corpo protetoramente ao redor


do meu, enquanto ele me embalava em seu peito. Seus lábios aninharam-se no
meu ouvido, dizendo mais com essa demonstração de carinho silencioso do que
as palavras poderiam. Uma mistura de emoções corria através de mim, trazendo
lágrimas aos meus olhos em um momento e, em seguida, forçando-me a conter o
riso. Como tínhamos chegado aqui? Eu não fazia ideia. Tudo o que eu sabia era
que eu queria ficar em seus braços. Não importava o custo.

—Alexander. —Eu disse suavemente o seu nome, sabendo que estava


entrando em território perigoso. —Mais cedo quando você disse que não queria
me machucar...

Ele acalmou atrás de mim, puxando uma respiração irregular enquanto


procurava as palavras certas.
—Eu tive meus motivos para dizer não anteriormente. —Eu disse
finalmente.

—Mas...

—Não há mais nada a dizer, Clara. Você não me deve nada. —Ele disse em
um tom comedido. —Eu não preciso disso.

Mas eu sabia que ele estava mentindo. Eu vi isso em seus olhos, seu
desejo de dominar-me. Senti como ele lutou com sua necessidade de controlar o
meu corpo quando ele me fodeu. —E o que você precisa então?

—Você. —Ele disse depois de um momento. —Durma, boneca. Tudo o


que preciso é de você.
Seus gritos me acordaram, me tirando do meu sono como um alarme de
incêndio. Acendendo a minha lâmpada de cabeceira, o descobri enrolado em uma
bola ao meu lado, segurando um travesseiro com tanta força que os nós dos
dedos estavam brancos. Fiquei olhando, tentando decidir o que fazer. Não era
seguro acordar um sonâmbulo, mas isto era claramente um pesadelo, e eu não
podia ignorar os gritos que escapavam dolorosamente de seus lábios.

Meu primeiro erro foi colocar a mão em seu ombro. Alexander reagiu com
força, me acotovelando no intestino e tirando meu ar. Eu dei uma guinada para
cima, balancei os pés sobre a beira da cama, e os plantei no chão. Tentar me
defender foi o segundo erro. Eu caí no chão com um som estranho, ainda
tentando recuperar o fôlego.

—Alexander, acorde! —Eu gritei quando minha respiração voltou ao


normal. Fiquei de pé novamente, sem saber o que fazer. Agarrando um
travesseiro, eu bati nele, não querendo arriscar mais uma lesão acidental. Eu já
podia sentir a dor de um hematoma se formando no meu estômago pelo seu
golpe. Não funcionou, então, corri até a parede e acendi a luz do teto,
contemplando se eu deveria realmente jogar água fria sobre ele ou esperar.
Felizmente, seus olhos abriram quando o quarto ficou iluminado.

Sua respiração era superficial, irregular e ofegante, ele virou-se para olhar
para mim com os olhos arregalados.

—Clara? —Meu nome era um apelo em seus lábios. Ele piscou,


desorientado do sono.

Eu recuei, esfregando a lesão que ele me fez. Foi um acidente, mas eu


mantive minha distância. Eu não estava com medo dele exatamente. Eu estava
mais atordoada por ter sido acordada de forma tão violenta.
—Oh Deus. —Ele ofegou. —O que eu fiz?

Ele estava de pé imediatamente, vindo em minha direção, mas eu me


afastei.

Alexander fez uma pausa, a realização surgindo em seus os olhos. —Eu


machuquei você. —Ele disse categoricamente.

Ele não esperou pela minha confirmação. Ao contrário, ele atravessou o


quarto e agarrou sua calça. Ele a vestiu mais ou menos e estendeu a mão para
seus sapatos. Minha boca se abriu, procurando as palavras para pedir-lhe para
ficar, mas não as encontrei. Ele não tinha a intenção de me machucar, mas ainda
assim havia acontecido.

—Eu sinto muito. —Ele disse com a voz derrotada. —Eu avisei você. Eu
sinto tanto.

Eu me afoguei na tristeza refletida em seus olhos, e lá eu finalmente


encontrei a minha voz quando ele chegou à porta.

—Com o que você estava sonhando? —Eu perguntei com a voz baixa.

Alexander virou-se para mim e balançou a cabeça. —Eu não pedi para
você carregar meus demônios, Clara.

—Talvez você pudesse me deixar segurá-los por um momento. —Dei um


passo em direção a ele e, em seguida, caminhei lentamente, tanto para me
equilibrar como para não assustá-lo. Seus demônios não me assustavam. Não
quando a alternativa era perdê-lo.

—É muito feio para você. Você é muito linda, pura.

—Estou longe de ser pura. —Eu o provoquei, mas o ar entre nós


permaneceu pesado, e nós não rimos.

A mão de Alexander envolveu em torno da minha garganta suavemente,


me segurando no lugar enquanto seus olhos queimavam nos meus. —Você é
minha beleza, Clara. É por isso que quero protegê-la do mundo. É por isso que
quero protegê-la de mim.
Lágrimas surgiram nos cantos dos meus olhos, tentei contê-las, mas elas
caíram quente pelo meu rosto. —Você disse uma vez que queria que eu
implorasse.

Alexander sugou uma respiração irregular e sacudiu a cabeça, soltando


meu pescoço. —Não. Não assim.

—Por favor. —Eu sussurrei. —Por favor, X.

—Você quer que eu lhe diga que eu sonho com a batida brusca de metal e
fogo? Que eu acordo segurando um travesseiro porque eu estou sonhando que
estou embalando o corpo partido de minha irmã? —Ele perguntou. —E que cada
vez que eu acordo, eu não estou mais perto de saber o que aconteceu naquela
noite? Eu não posso dizer nada, porque eu não sei nada!

Meus pensamentos giraram fora de controle, tentando absorver tudo o


que ele estava me dizendo. Eu sabia sobre o acidente, todos sabiam. Mas tinha
sido anos atrás.

—Você tem que falar com alguém.

—Eu não vou falar com um psiquiatra maldito. Minha irmã estaria viva se
não fosse por mim. Fim da história.

—Não é sua culpa. —Corri na frente da porta, recusando-me a deixá-lo


passar. —Foi um acidente, todo mundo sabe disso.

—Todo mundo sabe o que lhes foi contado. Não seja burra, Clara.

A observação, juntamente com a frieza em seus olhos, foi como um tapa


no rosto. Eu balancei a cabeça, agarrando toda a confiança que eu poderia reunir
e cruzei os braços sobre o peito. —Você não é a primeira pessoa envolvida em um
acidente de carro.

—Isso era mais do que apenas um acidente de carro. —Suas palavras


foram ditas em voz baixa, mas a parte cruel por debaixo delas me atingiram.

Sua admissão me chocou. O que isso quer dizer? Toda vez que eu pensava
que tínhamos avançado, algo nos empurrava de volta. Nós dois estávamos
dançando em torno de nossos problemas, em vez de seguirmos em frente, e
então eu percebi que realmente não importava. A percepção de que essa noite
com Alexander, o que realmente aconteceu, nada disso importava. Ele precisava
seguir em frente e eu o ajudaria.

Estendi a mão para ele. —Volte para a cama.

Os olhos de Alexander estreitaram-se, e ele balançou a cabeça.

—Você não está segura perto de mim.

—Só estou segura perto de você. —Eu murmurei.

—Minha vida é perigosa. —Ele alertou. Suas mãos corriam pelo cabelo
despenteado pelo sono. —Sou perigoso.

Dei um passo para mais perto dele, inclinando a cabeça para cima para
encontrar seus olhos. —E eu não vou quebrar.

Alexander pegou minha mão e me puxou contra ele, envolvendo a mão no


meu pescoço mais uma vez. —Você é frágil, Clara. Delicada. Se minha vida não
quebrá-la, as coisas que eu quero fazer com você talvez a quebrem.

Eu respirei fundo, mas me forcei a sustentar seu olhar. —Não tenho medo
de ficar com você, X. Eu tenho medo de ficar sem você.

Um rosnado baixo vibrou quando ele colidiu em mim com tanta força, que
eu provei o sangue enquanto nossas línguas lutavam avidamente. Suas mãos se
fecharam sobre meus pulsos, apertando-os com força e forçando-as nas minhas
costas, mostrando seu desejo de dominar-me. Dobrei-me nele, submetendo à sua
vontade irresistível, e ele me tirou do chão, carregando-me de volta para a cama.

Alexander moveu-se entre as minhas pernas, empurrando dentro de mim


sem uma palavra, e eu ofeguei enquanto seu pênis grosso abria ainda mais meu
sexo.

Não havia ternura no seu toque. Ele tinha sido ultrapassado por algo
primal, e eu respondi instintivamente, juntando minhas unhas em suas costas,
agarrando-me a ele enquanto ele me montava. Seu quadril moía grosseiramente,
bombeando incansavelmente como um pistão dentro do meu canal.

Segurando seu peso com um braço enquanto ele batia em mim, sua outra
mão agarrou o meu pescoço, obrigando-me a olhar para ele.

—Você é minha, Clara. —Ele rosnou. Seu aperto aumentou sobre minha
garganta. —Eu reivindico você. Você entende?

A ferocidade de seu corpo e o peso de suas palavras estabeleceram no


meu peito, mas eu dei um aceno fraco enquanto uma lágrima corria pelo meu
rosto. Eu era sua. Eu sabia. Alexander me pertencia, e minhas lágrimas eram uma
curiosa mistura de alegria, tristeza e medo. O fogo em seus olhos brilhou mais
forte enquanto eu chorava, e seus quadris rolavam em círculos selvagens
enquanto ele atormentava meu corpo e alma.

—Estou machucando você agora. —Ele disse gemendo. —Como você


queria, Clara. Você quer que eu pare?

Um não escapou dos meus lábios em vez de um sim, e eu gemia enquanto


ele batia seu pau em mim.

—Você gosta disso, mas você acha que não deveria. —Ele grunhiu. —Eu
espero você gozar, Clara.

—Eu não consigo. —Eu gemia. Eu estava longe de relaxar. Meu sexo ardia
com seus golpes poderosos, e a tensão enrolando pelo meu corpo não tinha nada
a ver com a excitação.

—Aceite a dor. —Ele ordenou. —Deixe ir.

Ele soltou meu pescoço e colocou a boca no meu peito, chupando meu
mamilo duramente em sua boca, e girando a língua sobre o bico. Em seguida, ele
mordeu, capturando em seus dentes e puxando-os até que eu gritei. Os dedos de
Alexander seguraram meu peito enquanto o sangue corria por sua carne sensível,
e então ele mordeu de novo, arrastando os dentes do outro lado da ponta
delicada. Algo mudou dentro de mim, e eu cedi ao tormento, permitindo-lhe
ultrapassar os meus nervos, e nesse momento, a dor transmutou em êxtase.
Eu arqueei para frente, chorando e gritando, enquanto o prazer balançava
através de mim, abalando meu mundo. Não havia nada, além do tapa pungente
de sua carne contra a minha. O gosto de ferro na minha língua e os lábios
inchados. A mordida afiada de seus dentes no meu peito. Havia apenas ele. Ele
era a minha luz na escuridão.

Entrei em colapso com um soluço na cama. Eu recuei, cobrindo o rosto


com as mãos, com vergonha da excitação que eu ainda sentia, com o prazer que
eu tinha tomado a partir da troca brutal.

Alexander retardou seus movimentos, continuando a bater suavemente


contra a minha buceta latejante. Seu corpo me envolveu quando ele deslizou seus
braços debaixo de mim, segurando-me a ele enquanto ele pressionava beijos ao
longo dos meus seios inchados. Ele rolou para seu lado com cuidado, de modo a
manter os nossos corpos entrelaçados, e ele acariciou lentamente para dentro e
para fora de mim.

Ele empurrou minhas mãos para longe do meu rosto, e trouxe sua boca
para a minha. O beijo foi quente e profundo, e ele tomou seu tempo, separando
meus lábios gradualmente, até que um suspiro escapou. Não houve conflito de
línguas ou estreitamento de dentes, apenas um beijo deliberadamente lânguido,
que derreteu meu corpo testado além do prazer.

—Clara? —Ele disse meu nome com uma voz sedosa, chamando-me de
volta para ele.

Abri os olhos manchados de lágrimas, e encontrei com os dele,


descobrindo que o fogo ardente neles tinha esfriado. Não havia fantasmas à
espreita lá. Nós afastamos seus demônios, mas isso tinha quase me quebrado. E,
no entanto, eu sentia-me viva. Minha pele cantou com a memória da agonia e
êxtase. Os sentimentos tomaram conta de mim, e eu trouxe as minhas mãos ao
seu peito, segurando a minha palma da mão contra o seu coração. Ele batia de
forma constante, de maneira uniforme, seus instintos mais primitivos finalmente
saciados, e eu contei as batidas até que o meu combinasse com o seu. O quadril
de Alexander rolou contra mim, ainda enchendo meu sexo, mas a tensão e o
tormento tinham desaparecido. Apesar de tudo, ele não tinha gozado, e eu
procurei em seu rosto, de repente, temendo que eu tivesse feito algo errado.
—Seu prazer é o meu. —Ele sussurrou. —Eu vou forçar seu corpo até que
quase quebre, mas eu nunca vou te machucar.

E ele não tinha. A dor do encontro tinha envolvido meu corpo, deixando
apenas um êxtase de dor persistente em seu lugar.

—E eu posso te machucar? —Eu murmurei, deslizando minha mão por seu


rosto.

Ele suspirou e balançou a cabeça. —Eu já estou quebrado.

—Então talvez possa te consertar. —Meus dedos tremiam quando movi a


minha mão mais para baixo, até que encontrei a bainha de sua camisa. Os olhos
de Alexander ficaram focados nos meus enquanto eu deslizava sob o tecido, e
suavemente passei meus dedos em toda a pilha tensa de seu abdômen que ele
manteve escondido de mim. Seu corpo ficou tenso, seu pênis ainda pulsando
dentro de mim.

Um gemido áspero escapou de seus lábios com o contato, mas ele não se
afastou, e ele não me impediu. Eu pressionei minha mão cautelosamente para
seu estômago, saboreando sua firmeza, e depois deixei minha mão à deriva ir
mais longe.

—Não!

Mas não havia raiva em suas palavras, apenas o medo e qualquer outra
coisa que ele manteve escondido. Fechei os olhos quebrando o contato
inebriante de seu olhar, para que eu pudesse pensar com clareza. E foi quando eu
vi o que ele estava escondendo.

Desejo.

Abrindo os olhos, olhei para ele, finalmente entendendo, e falei baixinho.

—Eu reclamo seu corpo. Você é meu, Alexander. Tudo em você.

E enquanto eu falava, meus dedos desviaram para cima, através de suas


costelas, e senti as cicatrizes que marcavam seu belo corpo. Fiz uma pausa,
demorando sobre a pele cicatrizada, mas não me afastei, até mesmo quando um
tremor atravessou o corpo de Alexander.

Lentamente, comecei a circular meu quadril contra o seu pênis enquanto


eu ficava mais ousada, explorando a parte de si mesmo que ele manteve
escondida por tanto tempo. Sua respiração acelerou rapidamente, e ele enterrou
a cabeça contra meu peito. Ele agarrou minha bunda enquanto eu me aterrava
contra ele, até que seu desejo ganhou de sua vergonha, e ele empurrou
fervorosamente em minha entrada cruamente, seu pau em erupção, me
enchendo onda após onda de sua semente. A sensação tomou conta de mim,
estilhaçando e correndo por mim em um dilúvio intenso que me eletrizou, mesmo
quando eu senti o frio das lágrimas nos meus seios.
Quando a primeira luz do amanhecer atravessou a janela do meu quarto,
eu acordei com um sobressalto. O que eu tinha esquecido? Em seguida, descobri.
Alexander estava em minha cama. Ele ainda estava dormindo, respirando
suavemente, as pálpebras piscando um pouco enquanto ele rolava de lado.
Mordendo meu lábio, eu passei um dedo por sua bochecha. Ele tinha tirado na
noite passada a máscara que ele sempre usava, e me mostrou o monstro por trás
dela, mas tudo o que eu tinha visto era ele. Alexander era bonito, mas quebrado.
Ele era sexy, mas irregular. E, embora ele tivesse revelado uma parte de si mesmo
para mim, eu sabia agora, que eu só desvendei a superfície de sua escuridão.

Antes de ontem à noite, eu me sentia dividida entre desvendar seu


mistério e correr o mais rápido que pudesse de sua brutal sensualidade. Agora eu
já não tinha escolha. Não só porque eu tinha visto o seu passado, mas porque ele
tinha me forçado a ver o meu próprio passado. O que ele tinha me mostrado
deveria ter me aterrorizado, mas isso só me fez desejar-lhe mais.

Eu escorreguei da cama, deslizando pelo chão com os pés descalços, então


eu não o acordaria. Ele estava em paz por um momento, e eu sabia que seus
demônios esperavam por ele quando acordasse.

Belle estava na cozinha, ostentando um pijama, enquanto colocava ovos


em uma frigideira. Mesmo com os cabelos presos, desarrumados em cima de sua
cabeça e sem maquiagem, ela estava linda. Depois da minha noite decididamente
áspera, eu nem sequer queria olhar em um espelho.

—Eu estava preocupada quando você saiu apressadamente do baile. —Ela


disse, me enviando um beijo. —Mas quando cheguei em casa, percebi que você
não estava sozinha.

Minhas bochechas inflamaram, e eu fui ao armário pegar um copo. Eu


estava tão envolvida com Alexander ontem à noite, que eu não tinha considerado
que ela pudesse estar em casa. Este edifício tinha sobrevivido à guerra, então eu
esperava que isso significasse que tinha paredes resistentes e grossas. Liguei a
torneira, enchi o copo com água, esperando que o gesto indiferente escondesse o
meu embaraço.

—Quer um pouco de controle de natalidade para isso? —Belle perguntou.


—Pois julgando pelos sons que vinham do seu quarto, você precisa.

—Você é hilária. —Eu disse, o brilho rosado nas bochechas ficando mais
profundo.

—E eu não sei disso? E eu ainda nem sequer comecei com todos os


trocadilhos que eu tenho sobre como fiquei acordada com seus gemidos na noite
passada. —Ela pegou alguns ovos da panela e pôs no prato.

Eu gemi. —Mal posso esperar.

—Você verá, vai chegar a um grito Real. —Ela disse com uma piscadinha.
—Oh espere, você já deu todos esses gritos.

—Certifique-se de obter alguns trechos de “sua mãe” ou “isso é o que ela


disse” quando você vier com este material inovador. —Eu aconselhei a ela.

—Me passe os feijões. —Ela disse.

Dei a tigela para ela, e ela colocou alguns ao lado dos ovos.

—Obrigada. —Eu disse. —Estou faminta.

Belle apontou um dedo para mim, sua sobrancelha arqueada


sugestivamente.

—Eu aposto que você está, mas estes não são para você. Farei para você
alguns a seguir. Acredite ou não, você não foi a única que teve ação noite
passada.

Eu puxei a barra da minha blusa fina. —Philip está aqui?

—Sim, o deixei na cama.


—Então esses gritos que você reclamou, poderiam não ter sido todos
meus. —Eu provoquei.

—Philip não é um passeio de montanha russa. —Belle disse, adicionando


rapidamente. —Não que eu esteja reclamando.

Agora eram as bochechas dela que estavam vermelhas. Eu sorri para ela.
—Ei, sem julgamento.

Se todos os homens fossem tão incríveis na cama como Alexander,


ninguém jamais deixaria a cama. A sociedade não poderia lidar com esse nível de
virilidade no pacote padrão.

—Merda, esqueci as salsichas. —Belle jogou um pouco em uma panela e


virou de volta no prato. —Então você não pôde encontrar tempo para dizer boa
noite antes que você rasgasse suas roupas, hã?

Hesitei sem saber o quanto dizer a Belle. Por um lado, ela era minha
melhor amiga. Por outro, explicar as complexidades da minha relação com
Alexander, não era exatamente algo fácil. Ainda que, tentar esconder o que
realmente estava acontecendo, era de longe a coisa mais saudável que eu poderia
pensar, eu precisava de uma confidente. —Na verdade, eu saí sozinha.

—Eu imaginei. —Belle admitiu. —Alexander me encontrou enquanto


procurava por você. Ele parecia preocupado, embora seja difícil ler esse cara. O
que aconteceu?

Explique-me isso. Eu mal estava começando a compreendê-lo por mim


mesma.

Mas a súbita partida de ontem à noite, na verdade, tinha muito pouco a


ver com ele. Meu estômago agitou quando pensei como tinha sido tratada na
noite passada por seus amigos e familiares. —Eu não sei. Tudo parece tão bobo
agora. Vamos apenas dizer que eu conheci sua família e eles não são muito
agradáveis.

—Imaginei isso. —Belle disse secamente. —A Família Real é um bando de


idiotas.
Apesar de me sentir mal, isso me fez rir. —Eu sei, certo? Alguém avise a
imprensa.

—Eu não posso acreditar que você acabou de fazer uma piada com a
imprensa, após fazer pouco caso de minhas piadas mais cedo. —Belle disse,
fazendo biquinho.

—Eu vou admitir que não é meu material mais fresco. —Eu disse.

—E aquela loira. Qual era o nome dela? —Belle perguntou.

Eu gostaria de poder esquecer o seu nome. Se havia uma coisa que eu não
queria sequer pensar era em Pepper. Como alguém tão bonita poderia ser tão
incrivelmente feia? Mas eu sabia a resposta para isso. Pepper poderia ter
qualquer homem que ela quisesse, mas o problema era que ela queria o meu.

—Pepper Lockwood. —Eu disse, soltando um suspiro reprimido de


frustração.

—Ela era aquela dos tabloides, certo?

—A própria.

—Oh Deus. Suponho que não ajuda que ela é ainda mais bonita
pessoalmente. —Belle disse, jogando um braço em volta do meu ombro e
inclinando-se contra mim. —Ela parece uma vadia.

—Não é só aparência. —Contei a Belle que após a apresentação amigável


falsa de Pepper, ela revelou suas verdadeiras cores. Os olhos de Belle estreitaram-
se um pouco a cada nova peça de informação. Eles eram fendas no momento em
que eu terminei.

—Que grande vadia. —Belle disse.

—Você já sabia disso também. —Eu disse, me referindo ao olhar de aviso


que Belle tinha me dado.

Ela encolheu os ombros modestamente. —Eu esperava estar errada.


—Você estava certa. —Eu admiti. —E o pior é que eu não posso dizer a
Alexander o que ela disse ou como ela agiu, mas é claro que ela faz um número
para toda a família.

—Alguém tem que ser inteligente o suficiente para ver além de seu
pequeno ato.

—Bom dia! —Philip disse ao entrar na cozinha.

Belle e eu nos assustamos, e ela olhou para seu noivo como se ele fosse o
culpado por nosso nervosismo. Eu sabia exatamente por que estávamos no limite.
Ele poderia facilmente ter sido Alexander caminhando através da porta.

—Que prazer em vê-la, Clara. —Philip disse, aparentemente inconsciente


de nossa reação à sua entrada. Ele divagou, e pegou a chaleira do fogão,
derramando um pouco de água quente para o seu chá da manhã. —Eu não tive
oportunidade de dizer olá na noite passada, mas ouvi que você estava fabulosa.

—Isso não foi tudo o que ele ouviu. —Belle disse enquanto lhe estendia
um prato cheio.

Ele franziu a testa, obviamente não tão impressionado com sua


inteligência como ela estava. —Obrigado. —Ele disse rigidamente.

—É claro. —Ela encolheu os ombros como se isso não fosse grande coisa,
mas eu vi o brilho quando se virou. Havia alguma dúvida quanto à sua capacidade
de ser uma esposa adequada, mas certamente o café da manhã pronto provou
uma coisa ou duas sobre isso.

—Devo fazer um prato para Alexander?

Eu hesitei, dividida entre fazer com que ele se sentisse bem-vindo e não
querendo perturbá-lo. Havia também o fato de que eu achava difícil imaginar
Alexander sentar-se para o café da manhã num sábado. Isso era muito normal.

—Alexander está aqui? —Philip perguntou, abandonando seu garfo e faca


para olhar para nós.
—Quem na terra você imaginou que estava fazendo aquele barulho todo a
noite passada? —Belle perguntou.

—Um vizinho. —Philip respondeu num tom cortante. Seu olhar cintilou
sobre mim antes de retornar ao seu prato, mas eu peguei um flash de nojo e pena
em seus olhos. Eu nunca fui uma grande fã de Sir Philip Abernathy, mas esta foi a
última gota. Ele não tinha o direito de olhar para mim desse jeito

—Ignore-o. —Belle ordenou baixinho. Bem alto ela disse. —O que


Alexander gosta?

Eu não tinha certeza. Eu tinha o visto comer um hambúrguer, mas eu não


tinha ideia de como ele gostava de seus ovos, ou se ele preferia café ou chá com
seu desjejum. Isto era o tipo de coisa que você deveria saber sobre um cara antes
de dormir com ele. Pelo menos eu sabia essas coisas sobre Daniel.

—Chá. Sem leite. —Alexander disse, ficando à vista. Ele estava vestido
com sua camiseta e calça de smoking, mas seus pés estavam descalços. Eu doía
para rasgar as roupas dele e levá-lo de volta para a cama, onde as coisas entre
nós realmente faziam sentido. —Para café da manhã, tudo. Estou faminto. Eu
trabalhei bastante a noite passada.

Alexander piscou-me um sorriso malicioso, que sugeria que ele não estava
simplesmente com fome de comida. Se ele não tivesse cuidado, o pobre Philip
comeria seus ovos, enquanto assistia eu montando Alexander sobre o balcão.

Eu esperava um comentário espertinho de Belle, mas nenhum veio, e


quando me virei para incitá-la, ela estava olhando para Alexander com uma
expressão sonhadora grudada em seu rosto.

—Eu cuidarei disso. —Eu disse, arrancando o prato de sua mão, e


preenchendo antes que ela sequer se virasse para ver o que estava acontecendo.

Alexander pegou uma banqueta ao lado de Philip, e sentou-se em silêncio.


Eu tinha a impressão de que eles se conheciam, mas se sim, eles certamente não
estavam em termos amigáveis. Meus pensamentos foram para o quarto. Eu
desejei que eu estivesse lá com Alexander em vez de ver a guerra fria no balcão.
Belle me entregou uma caneca de chá e deu de ombros, como se dissesse
O que você fez? —O que você quer, Clara?

—Oh, estou bem. —Não havia como ela ter feito o suficiente para nós
quatro.

—Absolutamente não. O que você quer? —Ela repetiu.

—Uns ovos e torradas, eu acho. —Não havia como lutar contra isso. Ela
veria a comida descer pela minha garganta, por bem ou por mal.

Belle me deu o olhar “que foi agora”, olhando em direção ao bar, e eu fiz
uma careta. Philip me pareceu um tipo que muitas vezes reprovava as pessoas, e
em como eles gastavam seu tempo livre. Se eu tivesse que adivinhar, o passado
de Alexander não era algo que ele aceitaria bem, e se ele tivesse lido metade das
histórias que foram publicadas sobre Alexander em sites como o TMI, eu não
poderia culpá-lo. Mas ele não o conhecia. Eles estavam relacionados de alguma
forma distante, mas isso não significava que eles eram da família.

—Quais são os planos para hoje? —Belle me perguntou, obviamente


desesperada para quebrar a tensão que estava no ar.

—Não estou certa. —Eu disse.

—Vamos às compras. —Eu olhei para Alexander sem querer, como se para
ver se estava tudo bem. Mas assim que eu percebi o que estava fazendo, eu
balancei. Eu não tinha planos com Alexander o que me deixava livre para fazer
outros planos.

Alexander percebeu o olhar e falou. —Eu tenho que estar com minha
família, e estou certo de que meu pai vai exigir algumas horas de explicação do
por que eu parti na noite passada.

Eu sussurrei um desculpe-me para ele, mas ele sacudiu a cabeça,


rejeitando o pedido de desculpas e sorriu tranquilizadoramente.

—Então vamos lá! —Belle bateu as mãos em excitação. —Tem uma loja
nova em Notting Hill.
—Notting Hill aos sábados é um hospício. —Philip cuspiu, mas o
ignoramos.

—Eu preciso de um banho e então poderemos ir. —Eu falei. —Você tem
certeza de que não quer vir?

—Eu adoraria, mas o dever me chama. —Alexander disse tristemente.

Ao lado dele, Philip gargalhou.

—Isso é engraçado? —Alexander perguntou.

—Acho a ideia de você e dever juntos bastante divertida. —Philip admitiu.

—Philip! —Belle protestou, mas era tarde demais.

—Eu servi no Afeganistão e Iraque por sete anos. —Alexander disse com
uma voz baixa, irradiando desprezo. —Eu sei mais sobre o dever do que o inglês
médio pode compreender.

—E sobre honra? —Philip perguntou. —Será que você consegue encontrar


alguma ali? Ou é tarde demais para isso?

O rosto chocado de Belle espelhava o meu, mas nenhuma de nós falou.


Nós apenas vimos Alexander levantar e ir para o meu quarto, aparecendo
novamente um momento depois, carregando o casaco e os sapatos.

—Você não tem que ir. —Eu disse baixinho.

—Tenho coisas para fazer. —Ele respondeu bruscamente, passando por


mim em direção à porta da frente.

Mas ele girou na porta e me agarrou pela cintura, esmagando seus lábios
contra os meus em uma exibição possessiva, que claramente não era para mim.
Ele estava me marcando para Philip ver. Eu sabia que deveria pará-lo, mas eu já
tinha me derretido nele. Quando ele se afastou, ele passou um dedo sobre meus
lábios machucados e sorriu severamente.

—Divirta-se hoje.
Engoli em seco e balancei a cabeça, fazendo o meu melhor para parecer
alegre.

—Iremos. Notting Hill é meu lugar favorito em Londres.

Alexander fez uma pausa como se quisesse dizer algo, mas ele abriu a
porta em vez disso. —Te vejo em breve, boneca.

Não era a despedida que eu estava esperando. Com a integridade do seu


telefone comprometida, e o desastre desta manhã, eu não tinha ideia de quando,
em breve poderia ser. Um calafrio percorreu minha espinha enquanto eu
considerava não vê-lo novamente. Nós não tínhamos falado sobre o que
aconteceu ontem à noite na cama. As coisas ficaram fora de controle?

Belle apareceu ao meu lado enquanto eu fechava a porta e sussurrou. —


Tudo vai ficar bem.

Parte de mim queria girar ao redor e gritar com ela pelo que Philip tinha
dito, mas não era culpa dela. Eu não estava me sentindo tão indulgente com
Philip.

No momento em que eu tinha tomado banho e prendido meu cabelo para


trás, eu estava ansiosa para sair de casa e fazer algo normal. Só porque eu não
considerava comprar uma carreira como a minha mãe, não queria dizer que eu
não podia apreciar a sua capacidade para distrair. Agora, eu precisava desligar
meu cérebro sobrecarregado, e mais do que isso, eu precisava passar algum
tempo com Belle. Eu precisava que ela me fizesse rir. Eu precisava que ela me
distraísse da confusão na qual eu me encontrava.

—Você está pronta? —Eu gritei, batendo na porta.

—Cinco minutos!

Joguei-me no sofá e agarrei uma de suas revistas. Folheando, eu senti


como se devesse tomar notas. Eu não estava acostumada a estar na moda, mas
agora que eu tinha um emprego de verdade, eu não poderia permanecer de
camisetas e jeans.
Philip veio assoviando, mas a melodia morreu em seus lábios quando ele
me viu. Eu tinha assumido que ele tinha ido depois da briga, mas aparentemente
não. Eu estava com uma carranca profunda no meu rosto e me dirigi para o meu
quarto.

—Clara, espere! —Ele me chamou.

Por alguma razão que eu não conseguia explicar, eu parei. Cruzando os


braços sobre o peito, eu esperei. Nada do que ele poderia dizer para mim
compensaria o que ele tinha dito a Alexander.

—Peço desculpas pelo meu comportamento. —Ele começou. —Mas você


deve entender que eu cresci com Alexander.

—Isso é um pedido de desculpas? —Eu assobiei.

—Deixe-me explicar. —Ele disse, ignorando minha brincadeira. —


Alexander não é o que você acha que ele é. Ele tem uma alma sombria e
segredos.

—Mas deixe-me adivinhar? Você os conhece? —Eu já sabia que Alexander


tinha escuridão nele. Ao contrário de Philip, eu não só tinha visto isso, eu tinha
experimentado.

—Não. Eu ouvi os rumores. Os que são passados em funções oficiais.

—Sua mãe nunca te disse para não acreditar em tudo o que ouve por aí?

—Eu suponho que sim. —Philip disse. —Mas ela também me disse para
ter cuidado em quem confio. Eu confio nas pessoas que me disseram sobre
Alexander e o que ele faz para as mulheres. Como ele as usa. O quão distorcido
ele pode ser quando as recebe sozinho. —Ele deu um passo mais perto de mim.
—Então me deixe perguntar para você Clara, você confia em Alexander?

Isto não era novidade para mim, mas a questão da confiança era uma
história completamente diferente. Eu considerei isso por um momento, pensando
no que eu tinha experimentado desde que eu comecei a ver Alexander, mas
depois pensei em seu rosto quando ele revelou-se para mim na noite passada, do
frágil controle que ele exibiu quando eu ofereci meu corpo para ele de qualquer
maneira que ele precisasse, e eu tive a minha resposta. —Eu confio nele.

—Então eu espero pelo seu bem que eu esteja errado. —Philip disse. —
Tenha cuidado, Clara.

Ele desapareceu de volta para o quarto de Belle, deixando-me questionar


minha sanidade. Philip podia ver o que eu não podia? Se eu tivesse fechado os
olhos por causa da luxúria ou... Eu balancei minha cabeça. A alternativa era muito
pior. Forcei um sorriso quando Belle apareceu na porta.

—Você está pronta? —Ela perguntou.

Peguei minha bolsa e cerrei os dentes. —Absolutamente.

*****

O fim de semana passou voando sem uma palavra de Alexander, e eu


comecei a sentir as primeiras dúvidas enraizando em mim. Ele tinha quebrado
suas regras e mostrado uma parte de si mesmo para mim, que ele tinha jurado
manter escondido, e então eu o forcei mais.

Foi com esse pensamento preocupante que cheguei ao meu escritório na


segunda-feira de manhã. Eu propositadamente decidi, no início, não lidar com as
cabeças girando para mim, que eu sabia que seguiriam a minha entrada.
Felizmente as poucas pessoas que tinham magicamente chegado ainda mais cedo
do que eu, apenas murmuraram saudações sonolentas, enquanto eu passava.

Mas quando cheguei à minha mesa, a resposta que eu estava esperando


já estava lá. Na forma de outra carta entregue em mãos. Apanhei e a virei de
ponta cabeça, meu coração emocionado enquanto deslizava meus dedos ao longo
do selo de cera suave. Abrindo a aba, eu retirei a carta e li:

Boneca,
Espero que você tenha uma semana de trabalho menos
dramática. Estou ocupado com os negócios da família.

Te vejo em breve.

Eu preferia que ele estivesse ocupado comigo, mas eu segurei a carta no


meu peito, em seguida, olhei em volta para ver se alguém notou. Era
emocionante saber que suas palavras eram apenas para os meus olhos. Eu dobrei
a nota e ia colocar na minha gaveta da mesa, mas pensei melhor e coloquei na
minha bolsa. Não só eu queria afastar os rumores que poderiam afetar meus
relacionamentos de trabalho aqui, mas eu também não sabia se podia confiar em
qualquer uma dessas pessoas. Não quando informações privadas sobre Alexander
valiam um prêmio.

A cabeça cacheada de Bennett apareceu no canto do meu cubículo, a


curiosidade brilhando em seus olhos cor de chocolate. —Você teve uma entrega
essa manhã.

—Sim, Eu peguei. Obrigada. —Era melhor deixar por isso mesmo, embora
o meu novo patrão fosse um urso de pelúcia.

—E eu vi você na Entertainment Today essa semana. —Ele provocou. —


Você se sente como a Cinderela?

Sim, pensei, especialmente na parte que ela sai correndo do baile. Mas eu
não lhe disse isso, dei de ombros deixando sua boa índole levar a melhor. —Eu
voltei para casa com meus dois sapatos, então infelizmente, não.

—Bem, não me dê os detalhes sórdidos. —Bennett pressionou uma mão


em seu peito. —Estou ferido, realmente.

Rolei meus olhos e peguei o notebook. —Não temos uma reunião para
preparar?

—Sim, o agente de Isaac Blue confirmou para a próxima terça-feira.


Em poucos segundos, ele tinha mudado para o modo de negócios
completo, dando-me um adiamento das perguntas sobre a minha vida pessoal.
Nós nos estabelecemos em uma longa discussão, elaborando estratégias de como
lançaríamos a nova campanha, e quais responsabilidades eu teria para a
apresentação. No momento em que Bennett levantou-se para sair, era meio-dia.

—Eu deveria pedir alguma coisa. —Ele disse, checando seu relógio. —
Prometi as meninas não trabalhar neste fim de semana, agora minha caixa de
entrada está cheia.

—Na verdade, vou pegar algo para comer aqui. O que posso pegar para
você? —Eu perguntei.

Um sorriso aliviado surgiu em seu rosto. —Clara, você é uma santa. Tem
um lugar indiano incrível na esquina, mas eles lotam no almoço. É melhor pedir.

Eu achei o local indiano e fiz o pedido. Coloquei meu cabelo sobre meu
ombro esquerdo, sentindo já o começo do verão, mesmo sendo maio ainda. O
local estava lotado, todos queriam conseguir algo para comer.

Vinte minutos mais tarde, eu estava no caminho para o escritório com


dois sacos cheios de Tandoori de frango, arroz e sopa de lentilha. Atravessei a rua
para evitar o aumento de tráfego da saída do metrô, e por isso que eu vi.

Meu rosto me olhando na capa de uma revista. Mais especificamente o


meu rosto de 15 anos de idade.

Faminto por seu amor: O Devastador segredo de Bishop.

O passado que trabalhei tão duro para esquecer estava estampado no


tabloide na banca de revista da esquina.
O dia tornou-se uma lista de coisas para fazer. As pessoas normais não
precisam ser lembradas de voltar ao trabalho, ou verificar e-mail, ou beber água,
mas, novamente, as pessoas normais não estavam nas capas dos tabloides. Eu
conhecia uma variedade de ferramentas terapêuticas que me foram ensinadas
em aconselhamentos, muitas das quais eu não tinha usado durante anos. Hoje eu
usei todas elas. Fechei a influência negativa. Eu comi meu almoço com Bennett,
que não tinha ideia do que estava acontecendo.

Eu percorri um longo caminho desde que eu tinha quinze anos, mas eu


sabia quão facilmente eu poderia reincidir. A coisa que ninguém entendia era
que, não comer, nem sempre era uma escolha. Agora, quando eu estava
estressada, às vezes eu me esquecia. O que ninguém parecia entender, era que
seu corpo as vezes não se lembrava, ou entendia que precisava comer. Na
verdade, eu tinha tantas coisas acontecendo naquela época, que comer era uma
demanda que eu deixava passar.

E agora, apesar de todo o trabalho que eu tinha feito para eliminar as


crenças negativas do meu corpo, isso era novidade. Na verdade, não era. As
manchetes, as fotografias velhas, tudo me acusava. Ninguém estava interessado
na história verdadeira. Eles queriam vender jornais, e isso acabava comigo.
Alexander tinha vivido com isso toda a sua vida, mas era novo para mim. Meu
prédio tornou-se um ponto de encontro para paparazzi esperançosos. Eu tinha
visto a minha vida sexual discutida em blogs de fofocas. Eu deveria ter sabido que
não demoraria muito até que eles cavassem mais fundo. Agora meu passado
havia sido ressuscitado em nome do entretenimento, e se eu pensasse sobre isso
por muito tempo, eu desmoronaria.

Até o final do dia, eu tinha terminado vários dias de trabalho. A


apresentação para Isaac Blue estava completa e pronta para a aprovação de
Bennett, e eu tinha começado a trabalhar no novo boletim de e-mail da empresa.
Mas eu sabia que assim que eu saísse do escritório, meu mundo viria de cabeça
para baixo.

Bennett bateu na minha cabine e enfiou a cabeça. —Ei, você está bem?
Você parece desligada.

—Estou bem. —Forcei-me a sorrir. —De fato, eu terminei a apresentação


para Isaac Blue.

—Até os gráficos? —Bennett perguntou surpreso.

—Eu já enviei para o seu e-mail.

Bennett deu um soco no ar, dando-me um vislumbre do que ele deveria


ter sido quando era mais jovem. O gesto, tão infantil e genuíno, me fez gostar
dele ainda mais.

—Eu não sei como você faz isso.

—Eu estou trabalhando no boletim agora. —Eu continuei. —Eu pensei...

—Clara? —Bennett me parou. —Acho que você é uma viciada em trabalho


mais do que eu. São cinco e meia.

—Não! —Girando na minha cadeira, eu verifiquei a hora no meu desktop.


Meu pulso disparou quando eu vi que ele estava certo.

—Hora de ir para casa, ou você tem um baile chique para ir?

Sabendo que ele quis fazer uma piada, eu forcei um sorriso. —Eu preciso
terminar isso e então irei embora daqui.

—Okay, vejo você amanhã então. —Bennett parou. —Ou eu posso


acompanhar você.

Acenei, fazendo o meu melhor para parecer casual e ocultar o ligeiro


tremor em minhas mãos. —Vá para casa para as garotas. Eu sairei em cinco
minutos, eu prometo.
Quinze minutos mais tarde, eu não podia adiar por mais tempo. Dirigi-me
para o elevador já entrando em pânico. E se os fotógrafos me seguissem, e se
fizessem perguntas ofensivas. O que minha mãe diria? Eu poderia perder meu
emprego?

O que Alexander acharia?

Não havia dúvidas em minha mente que ele já sabia.

Não importava que eu tivesse superado, ou em que ponto estava na


minha vida. Meu passado seria uma responsabilidade para ele. Ele não precisava
de mais escândalo ou embaraço para lidar com parte da imprensa, e eu estava
provando ser ambos. Depois de hoje, ele seria forçado a terminar comigo, e eu
entendia. Não haveria mais cartas dele no almoço. Ele não tinha aparecido no
meu escritório. Alexander já tinha começado a se distanciar do acidente de trem
chamado Clara Bishop. Ele poderia ter uma variedade de mulheres, por que
escolheria a danificada?

Do lado de fora do saguão, eu teria que enfrentar meu passado. Não havia
tempo para me desesperar pelo meu futuro.

Vinte e oito passos para a porta giratória. Eu contei cada um em uma


tentativa de me concentrar em algo mundano, mas o meu coração continuava a
acelerar enquanto meus saltos clicavam pelo chão de mármore polido. O sol
espiava pela porta, e lembrei-me de algo que meu terapeuta costumava dizer: Por
que esperar o sol sair das nuvens quando você pode acender a luz?

Conselho bom para seguir, eu pensei enquanto saía do edifício Clarkwell, e


colocava meus óculos escuros. Enquanto um enxame de paparazzi esperava por
mim, eu gostaria que pudesse acender a luz, e escapar na escuridão do
anonimato. Os fotógrafos me perseguiam, tornando difícil ir para casa.

Clara, você está atualmente em tratamento?

Alexander sabe sobre sua anorexia?

É verdade que você procurou aconselhamento no ano passado?


Eu mantive minha boca fechada enquanto eu passava por eles em direção
à calçada. Um cara da minha idade, vestindo um boné dos Yankees, pulou na
minha frente, iPhone na mão. —Sorria, amor! Eu sei que você não quer nenhuma
papada nesta foto.

Algo estalou dentro de mim e eu corri em direção a ele. Ele tentou se


afastar, mas eu o pressionei para frente, até que eu estava em frente ao seu rosto
desalinhado, com barba por fazer.

—Isso é uma piada para você, não é? Você tem sentimentos? Porque de
onde estou, parece que você se esqueceu de que é humano também. Conte-me
seus segredos! Compartilhe isso comigo. Você não pode, pode?

—Eu só queria uma foto! —O homem levantou as mãos em sinal de


rendição. Se ele pensou que ele fugiria tão facilmente, ele estava errado.

—Você é um pedaço de merda. Vocês todos são. Vocês já pararam para


pensar que eu tenho sentimentos? Será que consideraram o que uma história
como esta poderia fazer para alguém em recuperação? Ou o que dizer às pessoas
com muito medo de pedir ajuda? —Eu me virei e levantei um dedo no ar, não
mais dirigindo a minha raiva em uma única pessoa. —Vocês são todos doentes.
Isso não é notícia! Saiam da minha vida!

Uma morena com excesso de batom e sem sentido suficiente se adiantou,


franzindo a testa com simpatia. —Clara, só queremos ajudar.

—Ajudar? Ajudar? —Uma risada maníaca saiu de mim. —Eu não preciso
de sua ajuda. Você não vê isso? Eu não preciso que você me conserte.

Ela aproximou-se de mim, estendendo a mão como se para dar um


tapinha no meu braço.

—Pare. —Eu disse com uma voz baixa. —Não me toque, porra.

Ela engasgou, girando em torno do câmera man em pé atrás dela. —Você


pegou isso?

Eu assisti com espanto quando ela começou a gravar um slogan bem na


minha frente. Eles realmente não tinham vergonha. Eles eram apenas um bando
de sanguessugas sugadores de alma. Eu abri minha boca para lhe dar mais alguns
impropérios, quando Norris apareceu ao meu lado.

—Senhorita Bishop? —Ele deixou cair um braço protetor em volta de mim


e me guiou em direção à rua. Virei o rosto no ombro de Norris, grata que ele tinha
aparecido. Mas onde estava Alexander?

Eu sentei com alívio na parte traseira do carro. O Rolls Royce se afastou do


meio-fio, desviando das pessoas na rua, antes de se instalar confortavelmente no
tráfego noturno. Agora que eu tinha conseguido sair de lá, a fúria tomou conta de
mim. Parte de mim queria chorar, mas eu estava muito insensível para produzir
lágrimas. Isso teria repercussões. Amanhã as histórias seriam sobre a louca Clara
Bishop. Mas alguém tinha que confrontá-los. Não alguém na posição de
Alexander, mas a minha infâmia seria facilmente esquecida com a sua próxima
namorada. Em um mês, eu seria uma ninguém. Em um mês, ele ainda seria o
herdeiro do trono.

Eu não poderia culpá-lo por não ter vindo, mas ele enviou Norris e
cumpriu sua promessa, mesmo que eu não valesse o esforço.

O apartamento estava escuro, e a represa arrebentou quando encontrei


uma nota de Belle dizendo que passaria a noite com Phillip. Era egoísmo da minha
parte, mas eu queria minha amiga aqui. Meu celular estava desligado, eu não
tinha amiga, e Alexander enviou seu guarda pessoal para mim. Humilhação me
inundou e lágrimas quentes atingiram meu rosto.

Eu me arrastei até meu quarto me repreendendo, mas podia me dar ao


luxo de ter um pouco de auto piedade. Eu tentei não dar um passo em falso
desde que conheci Alexander, e olha aonde eu tinha chegado. Ninguém se
importava. Eles queriam dor e sangue. Eu não era para essa vida. Eu cheguei
perto do quarto e vi a luz acesa, e eu não havia deixado acesa quando saí, eu
empurrei a porta e entrei.

Alexander estava na poltrona, meu coração deu uma guinada. Ele


preenchia o quarto com sua presença. Ele vestia uma camiseta preta, mas até
mesmo o traje casual não fez nada para aliviar a autoridade brutal que emanava
dele. Ele não falou nada, e eu só tive coragem para ir para a cama e me embolar
com um travesseiro. Um longo tempo passou até que ele se sentasse na beira da
cama. Ele pairou sobre mim, com uma frieza praticada, e eu encontrei seu olhar e
notei um tique na sua mandíbula.

—Isso é verdade? —Ele perguntou em um tom comedido.

Engoli em seco, sabendo que eu estava prestes a destruir o vínculo que


compartilhamos. Eu realmente pensei que isso fosse inquebrável? Talvez eu fosse
delirante como os tabloides me pintavam. —Sim.

Dessa vez sua mandíbula realmente tencionou. Preparei-me para que ele
se fosse. Lutei contra as lágrimas. Mas Alexander não se foi, ele deu dois passos,
parou e socou a parede. Eu pulei em pé, observando seus dedos feridos e o gesso
caindo no chão.

—Eu sinto muito. —Eu gritei, sem poder mais segurar minhas lágrimas. —
Não sou perfeita. Eu lamento que você não soubesse. Mas você precisa partir.

Alexander virou para me encarar. —Você acha que estou bravo com você?

—Eu não tenho ideia de como eles descobriram isso. —Eu continuei
minha confissão numa torrente nervosa. —Eu estive em terapia antes da
universidade, e eu vi um conselheiro privado no meu primeiro ano de faculdade.
Houve uma recaída um ano atrás, mas isso era tudo confidencial.

—Você não tem mais segredos, Clara.

—Eu percebi isso agora. Eu percebi que te devo uma explicação, mas...

—Você não me deve nada. —A suavidade de seu tom de voz me parou


mais do que as palavras, e Alexander aproveitou para se aproximar. —Você
entende? Você não me deve nada. —Ele segurou meu queixo e repetiu as
palavras, olhando nos meus olhos.

Seu rosto perfeito estava na minha frente enquanto eu me afogava em


lágrimas. Eu não entendia nada. Eu só sentia que ele estava escorregando, minha
vida estava sem controle, e eu não tinha aonde me agarrar.
—Eu preciso que você entenda. —Eu sussurrei, mas não podia concluir
meu pensamento. Antes que você me deixe.

—Se você precisar, eu ouvirei. Mas você não me deve explicação. Nada
que diga mudará as coisas entre nós.

Eu me afastei dele. Ele tinha feito sua escolha. —Então vá.

—Eu não quero ir. —Alexander deu um passo até mim e parou. —O que
você acha que eu estou dizendo para você?

—Eu entendo. —Eu disse incapaz de olhar para ele. —Você não precisa de
mais drama em sua vida, e nem de uma namorada que precisa de um alarme para
comer. Eu não culpo você por isso.

—Eu não vou deixar você. —Ele disse com uma voz macia. —Eu nunca quis
perfeição. Eu quis você.

Eu oscilei, e sua mão disparou para me pegar. Alexander reuniu-me em


seus braços e me levou para a cama. Ele me segurou forte enquanto as lágrimas
me banhavam. Eu o respirei. O cheiro de sabão misturado com água de colônia
picante e algo indescritível, que pertencia somente a ele. E eu fiquei em seus
braços.

—Eu ainda quero que você entenda. —Eu murmurei. Ambos tínhamos
segredos e eu compreendi que não podia manter o meu de Alexander.

Alexander assentiu, mas permaneceu em silêncio.

Tomando um fôlego, eu relembrei o que tinha aprendido sobre


compartilhar durante a terapia em grupo. Ninguém está aqui para julgar você ,
eu disse a mim mesma. Alexander não queria partir. Ele reafirmou isso, mas eu
não tinha dito tudo. E eu não tinha certeza se ele não mudaria de ideia quando
descobrisse tudo mais tarde.

—Começou na escola. Minha mãe insistiu que eu participasse de uma


academia exclusiva na Califórnia, e como de costume, meu pai cedeu. Eu não
queria ir. Eu tinha quatorze anos, e meus amigos eram a minha vida, mas eu não
tinha nada a dizer sobre o assunto. Eu acho que isso fez com que a transição fosse
pior, e eu tive dificuldades em conhecer pessoas. Fiz uma pausa para respirar
fundo antes de continuar.

—Finalmente, uma menina mais velha levou-me sob sua asa. Ela me
ensinou sobre a situação e os meninos. Por alguma razão, eu pensei que ela fosse
muito popular. Provavelmente porque ela parecia feliz. E então, um dia, ela foi ao
banheiro e vomitou depois do almoço.

Alexandre ficou rígido em torno de mim, mas ele acenou para continuar.

—Ela forçou-me a experimentar, e como eu não fazia, ela começou a dar


pequenas dicas. Então uma noite eu fui com ela após o jantar e vomitei. Foi difícil
para mim, eu demorei para conseguir, e ela ficou o tempo todo me provocando.
Quando finalmente consegui, eu decidi que poderia continuar fazendo. Eu odiei,
mas ela era minha única amiga.

—Depois de todos esses anos, eu ainda me sinto uma idiota, quando


conto essa história. —Eu admiti.

O dedo de Alexander voou para meu queixo e ele virou os meus olhos até
os seus. —Você não é idiota.

—E nem esperta. Eu acreditei quando ela disse que meus pais se


envergonhavam de mim, e que por isso tinham me enviado para longe. E que
quanto menos eu pesasse, mas linda e popular eu seria. Mas quando voltei para
casa nas férias da primavera eu pesava menos do que 45 kg. Minha mãe... —
Minha voz tremeu ao lembrar. Alexander pressionou um beijo na minha testa e
esperou. —Minha mãe começou a chorar quando me viu. Tirou-me da escola e
me levou para a terapia todo santo dia. Nesse verão nos mudamos para a
Inglaterra. Papai pensava que seria um novo ambiente, e que seria melhor para
mim. Talvez ele tivesse certo.

—Ele estava certo. —Alexander concordou, enterrando o rosto na curva


do meu pescoço. —Porque você está aqui comigo, bonequinha.

A dor em meu peito espalhou-se como fogo enquanto ele falava, mas eu
me forcei a continuar. —Me dei bem com a terapia. Eu aprendi que o meu
distúrbio alimentar era um mecanismo de enfrentamento que eu usei por estar
estressada, ou solitária. Eu fiquei em tratamento até o meu segundo ano na
universidade, e então eu conheci Daniel.

—O que tentou te quebrar? —Alexander lembrou mal contendo seu


desgosto.

—Eu deveria ter percebido. —Eu disse.

—Não dê desculpas. —Alexander ordenou.

—Foi bom por um tempo, mas depois as coisas mudaram. Ele mudou.
Num minuto ele me fez sentir como a pessoa mais importante em sua vida, e no
próximo eu era a razão pela qual ele era infeliz. Ele criticava o quanto eu comia,
destacava o quão pouco eu me exercitava. Ele competia comigo por notas.
Quando meus pais me deram acesso ao meu fundo fiduciário, chegamos em casa
depois da minha festa de aniversário, e eu lhe disse que estava cansada. Ele não
gostou disso. Ele me acusou de ser superior a ele. Ele disse que eu estava sendo
elitista, e que eu era muito esnobe para transar com ele. As coisas pioraram
rapidamente e ele quase...

Alexander saltou da cama e começou a andar, apontando com um gesto


impaciente para eu continuar.

Eu escolhi minhas palavras com cuidado, consciente de que Alexander


oscilava no limite. —Mas ele não o fez. —Eu disse. —Belle chegou em casa. Ela viu
o que estava acontecendo e ameaçou chamar a polícia. Aquela noite deveria ter
sido suficiente para eu ver o que estava fazendo a mim mesma, mas ainda pensei
que estava apaixonada por ele. Recusei-me a ir para a terapia, embora Belle me
forçasse. Eu estava bem. As coisas estavam sob controle, e então eu desmaiei
durante a aula. No hospital, eles me perguntaram quando tinha sido o meu último
período, e eu não conseguia me lembrar.

Alexander congelou. Sua expressão inescrutável.

—Sinceramente, pensei que estava grávida, e o pensamento de ter um


bebê com Daniel deixou-me tão assustada que eu fiquei doente. Eles tiveram que
me colocar no oxigênio, e me colocar um tubo de alimentação. —Minha voz
quebrou quando recordei aquele dia no hospital, e o turbilhão de emoções que
eu tinha sofrido. —Eu percebi que eu não estava com medo de ter um bebê, mas
eu estava com medo de estar permanentemente ligada a Daniel. Quando me
ocorreu que o meu filho o teria como pai, houve uma tristeza mais profunda do
que qualquer outra que eu já conheci.

—Então você terminou. —Alexander adivinhou. Ele tinha parado de andar


furioso, e pairou ao lado cama.

—Eu não precisei. —Eu disse com um sorriso sem humor. Era impossível
compreender como eu fui ingênua. —Os resultados deram negativo. Eu não
estava grávida. Eu estava desnutrida. Meu fígado mal funcionava. Eu estava
morrendo. Eu não tinha propositadamente parado de comer. Eu não tinha
percebido que eu estava fazendo isso. Os médicos questionaram e sugeriram que
eu voltasse para a terapia, especialmente um grupo de apoio. Foi aí que eu
percebi que tinha me agarrado a uma ideia de controle que não existia. Não
comer era algo que eu escolhi. Talvez por causa das coisas horríveis que ele disse
sobre o meu corpo. Talvez porque inconscientemente, eu precisava
desesperadamente controlar alguma coisa. O meu grupo me ajudou a ver que eu
tinha dado a ele o controle sobre mim. Então, quando eu digo que ele me
quebrou, é o que eu quero dizer. Eu o amava e ele quase me matou. Pelo menos,
eu pensei que o amava.

—E agora? —Alexander perguntou.

—Agora… —Eu parei incerta de que fosse o caso . Agora eu tinha alguém
para comparar a Daniel, mas não me atrevi a dizer isso a Alexander. —Vamos
apenas dizer que a distância me deu perspectiva. Embora depois de hoje, eu sinto
como se tivesse sido jogada de volta no tempo. Suponho que não importa o quão
longe eu cheguei, eu não posso mudar o que aconteceu, e isso significa que às
vezes eu tenho que enfrentá-lo.

Os olhos de Alexander se distanciaram enquanto considerava isso. Ele


entendeu o que eu estava dizendo. Eu tinha testemunhado seus pesadelos, e
peguei os comentários autodepreciativos que ele jogava em conversações.
Mesmo que ele não tivesse previsto abrir sua alma para mim, eu sabia que podia
confiar nele com o que tinha acontecido comigo. Eu só podia esperar um dia que
ele se sentisse da mesma maneira.
—É por isso que você correu quando eu falei de submissão?

Eu balancei a cabeça. Eu não queria jogar isso de volta para ele, não
depois de o quão longe nós chegamos nos últimos dias, mas evitar não ajudaria.

—Eu não posso acreditar… —Ele procurava as palavras, uma expressão


familiar de auto aversão em seu rosto.

—Não, X. —Eu o parei. —Não foi só isso. Era a ideia de qualquer


relacionamento.

—Minhas predileções com certeza não ajudaram. —Ele rosnou.

—Eu pensei isso no início também. Mas você não é ele, e eu estou mais
forte agora.

—E seu corpo? —A aspereza em sua voz me prendeu com a sua


implicação, e eu não podia falar. —Como você se sente em relação ao seu corpo?

Empurrando as palavras sobre a minha língua seca, obriguei-me a


responder-lhe.

—Na maioria dos dias não penso sobre isso. Eu como. Me visto. Eu saio
para correr. Outros dias me pego desejando ter um corpo como o de Pepper.

Seus olhos brilharam com a menção de seu nome, mas ele não falou. Em
vez disso, ele me levantou em seus braços, sem uma palavra. Eu passei meus
braços em volta de seu pescoço enquanto ele me embalava contra seu peito.
Alexander arrombou a porta do banheiro com o pé, e me levou para o espelho.
Pondo-me suavemente sobre os meus pés, ele me orientou para encarar o meu
reflexo. Ele moveu seus lábios para os meus ouvidos, enquanto seus dedos
habilmente abriam o zíper do meu vestido, empurrando-o, passando por meus
ombros com lenta deliberação.

—Tenho sido negligente em dizer-lhe como me sinto sobre seu corpo. —


Disse Alexander. Sua respiração fazia cócegas em minha orelha, e enviando
arrepios quentes de prazer pelo meu pescoço. —Sua linda buceta captura muito
da minha atenção, mas quando digo que todo o seu corpo foi feito para foder, eu
quero dizer isso.
Seus dedos ficaram enganchados nas alças do meu vestido, impedindo-o
de cair aos meus pés. A boca de Alexander percorreu minha pele até a curva do
meu pescoço. Ele deu um beijo ali, com os olhos fechados em reverência, e eu me
derreti contra ele. Seus olhos se abriram e vi selvageria refletindo neles. —Isso.
Ele roçou o local com os lábios. —Foi feito para beijar. Tão suave e macia. Quando
estou enterrando meu pau em sua boceta perfeita, eu não posso evitar.

Ele demonstrou com outra carícia de seus lábios, mas desta vez os dentes
afundaram levemente na carne, e eu ofeguei em aprovação. Um sorriso satisfeito
curvou em seu rosto. Alexander plantou beijos enquanto ele descia as alças do
meu vestido para baixo, pelo comprimento dos meus braços. —Longo e fino.
Estas sardas me deixam louco. —Ele parou. —A maneira como eles ficam em
volta de mim, agarrando-se a mim enquanto eu monto você. Perfeição!

O vestido escorregou de cima de mim e agrupou-se aos meus pés,


enquanto os dedos de Alexander enrolavam nos meus. Ele deslizou as mãos sobre
o meu ombro e beijou cada junta. —Dedos inteligentes. Eu odeio quando eles não
estão interligados com os meus, a menos que eles estejam no meu pau, é claro.

Eu balancei a cabeça, os dentes afundando em meu lábio inferior


enquanto bebia seu reflexo no espelho. Seus olhos azuis ardiam nos meus em
contraste com seu cabelo grosso e preto, e os lábios pressionando em minhas
mãos.

—Olhe para você, boneca. —Ele ordenou quando percebeu o que eu


estava fazendo.

—Eu quero olhar para você. —Eu sussurrei.

—Eu não culpo você. —Ele disse com um sorrisinho. —Mas agora quero
que você preste atenção. Siga meus lábios com os seus olhos. —Ele entrou no
espaço entre o meu corpo e o balcão, ainda segurando minha mão, e caiu de
joelhos. Tomando minha outra mão, ele guiou meus braços atrás das costas,
obrigando-me a ficar reta e empurrando meu peito mais perto de seus lábios em
espera. Ele inclinou a cabeça para cima, pegando meu mamilo na boca. Eu fiz
como me foi dito, observando sua língua em torno da ponta, enrolada antes dele
chupar entre os seus dentes. Meus seios incharam com sua atenção, ficando
cheios e pesados. Meu corpo doía com a construção da tensão, quando ele
debruçou sobre os calcanhares e virou-se para o espelho. —É quase clichê dizer-
lhe que seus seios são perfeitos, mas eles são. Cheios e maleáveis. Eu nunca posso
decidir se eu quero chupá-los ou fodê-los.

Um gemido escapou dos meus lábios e ele arqueou uma sobrancelha.

—Você gostaria disso? Você quer que eu enfie meu pau entre seus seios?

Eu balancei a cabeça perdida em suas sugestões eróticas. A lista de lugares


que eu não permitiria que seu pênis fosse diminuía a ponto de não existir.

—Mais tarde, boneca. —Ele prometeu, voltando a trilhar seus lábios no


meio dos meus seios e para baixo no meu umbigo. Sua língua circulou quando ele
prendeu meus pulsos juntos em uma das mãos, trazendo sua mão livre para
quase causar um tremor nas linhas tensas de meu estômago. —Seu corpo me dá
tanto tesão boneca. Eu penso sobre isso o tempo todo, imaginando como vou
transar com você. Quando estamos separados, tudo o que posso pensar é em
colocar minhas mãos em você.

Ele chegou ao meu quadril e agarrou-o com força, amassando-o com os


dedos fortes. —Eu não posso tirar meus olhos de você quando você anda. Você
balança seus quadris de propósito, sabendo que eu estou olhando?

Eu balancei minha cabeça. Normalmente, não. Então, novamente algo


sobre Alexander roubava minhas inibições. Talvez fosse sua boca suja, ou o seu
corpo pecaminoso, mas a sua presença trazia um lado devasso à minha
personalidade, que eu nunca suspeitei que tivesse.

—Tudo o que posso pensar é em pegar esses quadris e colocá-los sobre o


meu joelho.

Ele continuou roucamente. —Ou segurá-lo enquanto meu pau martela


em você. Eles cabem perfeitamente em minhas mãos. Eu juro, seu corpo é a porra
da prova da evolução.
Fechei meus olhos, imaginando seu corpo me dominando. Energia
frenética correu por mim, me inundando, enquanto sua pele entrava em contato
com a minha.

—Abra os olhos, Clara. —Ele mandou. Sua mão levemente bateu em


minhas nádegas nuas, e meus olhos abriram. Ele soltou a minha mão e segurou
ambas as minhas nádegas. Eu vou ter que passar um dia inteiro adorando o seu
rabo. É uma pena que você não pode ver-me fazendo, mas eu vou ter certeza de
descrever cada coisa que eu quero fazer a ele. Tudo o que eu vou fazer a ele.

As mãos de Alexander deslizaram do meu traseiro para minhas coxas, e


ele lentamente as abriu. Deixando-se cair mais abaixo, o rosto aninhou contra
minha carne interna. —Suponho que seria muito pedir para estar enterrado aqui?

Um riso escapou dos meus lábios, e ele beijou a pele sensível, em


resposta. —É sério, boneca. Quero os meus lábios aqui, respirando você. O seu
cheiro me intoxica, e você sabe. Eu quero que elas apertem contra meus ouvidos
enquanto eu provo você. Mas eu preciso que esteja aberta para mim, circulando
em torno de mim enquanto eu te fodo.

Sim, por favor.

—Você sabe como me sinto sobre isso. —Os lábios de Alexander subiram.
Suas palavras sussurravam em meu sexo inchado. —Sua boceta foi feita para
mim. É tão apertada, que esmaga meu pau quando estou dentro de você,
drenando cada gota de mim. Mas você sabe disso. Você sabe que tem uma
boceta gananciosa, não é? Eu quero que você veja. Eu vou te foder com a minha
língua, para que possa ver como você é linda quando goza.

Sua língua lambeu a renda da minha calcinha, tirando suspiros famintos de


mim. Ele se afastou. —Observe, boneca.

Mergulhando entre meus lábios passando pela minha tanga, ele deslizou a
língua sobre a minha fenda, pousando no meu clitóris. Ele empurrou minhas
pernas mais abertas, para que eu pudesse vê-lo no espelho. Era demais vê-lo
entre as minhas pernas, observando como sua língua acariciava e chupava, mas
não me atrevi a virar. Minhas mãos emaranharam em seus cabelos, segurando-
me a ele enquanto meus quadris esfregavam contra a sua boca.
Meus músculos contraíram. Tensão apertando-os a cada chicotada de sua
língua. Eu vi quando meus olhos nublaram com ar sonhador, e meus dentes
morderam meu lábio inferior. Meu peito movia-se em antecipação, e uma
película de suor alastrava-se por toda a minha pele. Eu já não queria me afastar,
eu tinha perdido minhas reservas na boca meticulosa de Alexander, e eu não
resistia contra sua língua talentosa.

Eu estava perto, mas meu corpo queria mais. —Eu quero ver seu pau
dentro de mim.

As mãos de Alexander apertaram minhas coxas, cravando em minha pele,


adicionando o limite da dor para meu prazer, mas ele não cedeu. Em vez disso sua
língua sacudiu fortemente contra o meu clitóris, antes que sua boca pairasse por
cima dele, sugando-o com fome.

Esqueci meu pedido, meus olhos estavam focados na menina no espelho.


Seu êxtase espelhando o meu. Gritos derramaram dos meus lábios, enquanto era
assumidamente fodida pela boca de Alexander. Êxtase tomou conta de mim, me
lançando sobre o limite, enquanto segurava seu corpo ao meu.

—É o bastante, boneca? —Alexander perguntou, beijando o oco da minha


coxa.

Eu balancei a cabeça, incapaz de falar quando me soltei.

Alexander levantou-se e moveu-se para trás de mim, desafivelando seu


jeans enquanto seus olhos observavam-me no espelho. A coroa de seu pênis
estava presa no cós de sua cueca boxer, e eu lambi meus lábios.

—Você quer isso? —Seus olhos estavam nublados enquanto ele esfregava
seu pênis rígido.

Eu queria, mas eu queria mais do que isso. Alexander tinha me mostrado


que ele queria tudo de mim. Seu desejo não se limitava ao meu sexo, e o meu não
se limitava ao seu também.

—Não. —Eu sussurrei, sem me importar com o risco que corria. —Eu
quero seu corpo.
Sua imagem se deteve atrás de mim quando ele captou minhas palavras.
—Você não quer isso, Clara.

—Não há nenhuma parte do meu corpo que você não queira, certo? —
Esperei ele concordar. Ele o fez com firmeza, mas também, depois de sua
exposição, não tinha como negar. —Não há nenhuma parte de seu corpo que eu
não queira.

—Clara... —Ele começou, mas o silenciei.

—Eu senti as cicatrizes. Eu sei. —Falei com delicadeza, sem saber como
ele reagiria ao ser lembrado daquela noite. Eu só podia confiar no meu instinto.
—E eu quero você. Tudo em você, X. Tudo nele me deixa tão excitada.

Um sorriso tênue apareceu no canto de sua boca, enquanto eu repetia


suas próprias palavras de volta para ele. Ele não podia discutir comigo, mas a
incerteza brilhava em seus olhos. Alexander deu um passo para fora da calça e a
chutou em direção à banheira. A cueca saiu em seguida, colocando seu magnífico
pênis em exibição. Mas meus olhos estavam presos aos seus quando seus dedos
agarraram a bainha de sua camiseta. Eu sorri de maneira tranquilizadora, e ele
levantou lentamente até seu torso, revelando a parede musculosa que ele tinha
recentemente me permitido tocar. Eu mantive meu rosto em branco quando a
primeira cicatriz ficou à vista. Alexander hesitou, ainda me olhando, como se a
qualquer momento fosse mudar de ideia.

—Tudo em você, X. —Eu repeti.

Ele puxou a camisa sobre a cabeça, soltando uma respiração irregular


quando o meu olhar passou sobre seu corpo. As cicatrizes serpenteavam em toda
a metade esquerda das suas costelas até seu peito. Comprida e branca, que
tinham desvanecido com o tempo, mas eram impossíveis de ignorar. Reprimi um
calafrio. Eu sabia que foi um acidente grave, mas conhecer e ver a prova era uma
coisa completamente diferente. Foi um milagre que ele sobrevivesse, e ainda
assim, o pior dano já havia sido feito em sua alma.

Não havia nada entre nós agora, e quando as mãos de Alexander


agarraram meus quadris em um puxão feroz, eu separei minhas pernas. Eu
ansiava por senti-lo mover-se dentro de mim. Eu precisava disso. Nós
precisávamos disso.

—Leve-me. —Eu sussurrei. —E não seja gentil.

Sua mão sumiu de vista, e um momento depois, sua ampla coroa cutucou
dentro de mim. Alexander empurrou seu pênis com cautela em minha fenda. Em
seguida, suas mãos estavam em meus quadris, me forçando para baixo até que eu
tomei seu pênis. Apesar do meu pedido, seus quadris mexeram com movimentos
lentos e deliberados, permitindo que o meu corpo se ajustasse a sua deliciosa
grossura. Suas mãos deslizaram em meu estômago, circulando e apertando meu
torso, enquanto suas estocadas se aprofundavam. Mergulhando em meu
pescoço, seus dentes pegaram a curva dele, me mordendo enquanto seu membro
era enterrado até à raiz contra o meu sexo.

Eu queria vê-lo, tudo dele, como ele me fodia, então eu inclinei-me para
frente, me livrando de suas mãos. Afundando para frente, ofegando enquanto ele
penetrava mais profundo. Meus olhos estavam fechados contra seu reflexo, mas
eu absorvia em sua forma magra enquanto ele se dirigia em mim.

Ele era lindo, e ele era meu. As cicatrizes de seu passado não me
assustavam, elas me atraíam para ele. E ele precisava saber disso.

—Abra seus olhos, X. —Eu ordenei com uma voz forte, com certeza. Ele
tinha me mostrado como ele me via, e eu queria retribuir o favor. —Eu quero que
você veja o que você faz para mim. Eu quero que você veja o que eu vejo.

Os olhos de Alexander abriram, brilhando como um incêndio, e a dor


brilhando neles roubou o fôlego. Eu empurrei contra ele corajosamente, e seu
ritmo aumentou. Seus dedos cravaram em meu cabelo, puxando o meu pescoço
junto para que o meu olhar fixasse ao seu. E quando eu não desviei o olhar, ele
mergulhou forte em meu sexo encharcado, me empalando com seu pênis. Eu
gritei. Prazer deslizando por mim enquanto ele continuava seu ataque impiedoso.
Nossos olhos se encontraram quando a primeira onda moveu-se através de mim.
Eu lutei para manter meus olhos abertos com a pressão despertada, e pelo brilho
da transpiração em seu corpo esculpido.
—Não pare. —Eu implorei. —Tudo de você. Dê-me tudo de você. —Um
gemido vibrou dele quando ele derramava em mim, me inundando com jorros
quentes, e eu despedacei, rompendo contra ele com um grito arrebatador.

Desmoronando contra ele, eu montei nos pós-tremores, mas Alexander


continuou a bater em mim, movendo-se com lisas estocadas desesperadas contra
minhas paredes sensíveis.

—Alexander. —Eu pedi, mas ele não parou.

—Preciso… preciso… —Ele resmungou, sua voz distante enquanto dirigia


incansavelmente em mim.

Eu reconheci o fogo ardendo em seus olhos. Vi a necessidade de controlar,


e eu tremi quando meu sexo inchou, ardendo na estimulação interminável. As
veias do pescoço pulsavam. Um ruído gutural escapou de seus lábios quando ele
gozou. Mas ele não diminuiu. Ele estava perdido, perseguindo os demônios de
seu passado com necessidade visceral, animalesca.

Fugindo para longe dele, meu sexo inchado e cheio, virei-me e cruzei os
braços em volta dos seus ombros.

—Brimstone. —Eu sussurrei, não só para meu benefício, mas para o seu
bem. Ele pensou que poderia superar o passado, controlando o presente.

—Eu preciso estar dentro de você. —Ele engasgou, mas eu balancei a


cabeça.

Este momento estava muito no limite. Muito fresco para ignorar.

Sua cabeça caiu para o meu peito, e ele me recolheu em seus braços,
levantando-me para sentar-me no balcão. Quando ele finalmente olhou para
cima, a chama de seus olhos se foi, e vi através dele. Nós fomos despojados um
ao outro, desprotegidos e vulneráveis. Ele ternamente posicionou-se contra a
minha entrada maltratada, fazendo uma pausa enquanto seus olhos pediam
permissão. Já sem hesitar, eu me embainhei ao seu pênis, sabendo que não havia
outra escolha.

Nenhum de nós se moveu.


Nenhum de nós falou.

Mas nós nos agarramos um ao outro, imóveis, juntos através da dor em


comum, e unidos pela promessa não dita. Nós estávamos indefesos, expostos,
nus, e nós só podíamos enfrentar isso juntos.
Compartilhar um banheiro com Alexander provou ser quase impossível. Eu
não conseguia tirar meus olhos dele, e ele não conseguia manter suas mãos longe
de mim. Alexander descansava em sua cueca boxer contra a parede. Vê-lo tão
relaxado em torno de mim, sem esconder seu corpo mais, significou mais do que
eu poderia expressar. Eu o vi no espelho, absorvendo sua forma magra e
musculosa.

—Se você continuar olhando para mim assim, eu vou ter que levá-la de
volta para a cama. —O tom de brincadeira em sua voz fez meus dedos do pé
enrolarem.

Sim, por favor, eu pensei. Em seguida, suspirei. Eu estava já meio vestida


com minha saia e sutiã, e eu não tinha tempo de sobra se eu quisesse chegar ao
escritório na hora certa. —Nem pense nisso, X. Eu já estou atrasada.

—Eu avisei que eu sou um homem que toma o que quer. —Ele ronronou.

Antes que eu soubesse o que estava acontecendo, eu estava sobre seus


ombros enquanto ele me levava para o meu quarto.

—Me ponha no chão! —Eu batia em seu traseiro. —Estou atrasada.

—Pare de lutar contra mim ou você não irá. —Ele me prometeu, com um
brilho sombrio em seus olhos.

Eu não podia deixar de desejar que ele cumprisse tal ameaça.

Alexander me deixou sobre a cama e, em seguida, caiu aos meus pés.


Deslizando até as minhas pernas, ele pegou a barra da minha saia em seus
dentes, e a arrastou pelos meus quadris. Meus dentes afundaram em meus
lábios, um gemido baixo escapou quando seu peito nu roçou em toda a minha
carne. Apesar do enchimento do meu sutiã, meus mamilos eriçaram com o
contato.

Será que eu vou conseguir o suficiente dele? Disto? Eu não podia


compreender, não quando meu corpo ainda respondia com desejo incontrolável
cada vez que ele me tocava. Mas agora havia algo mais profundo, algo além do
físico quando ele me tocava, e meu peito doía enquanto as minhas emoções me
inundavam.

As mãos de Alexander empurraram minha tanga para o lado, e seus dedos


inteligentes mergulharam entre minhas dobras enquanto acariciava dentro e fora
da minha fenda inchada. —Veja, boneca? Você ainda está vestida.

Eu esqueci como falar, enquanto seu polegar massageava meu clitóris.

—Embora este sutiã seja irritante. —Ele disse com voz rouca. —Seus seios
pertencem à minha boca. Não é, Clara?

Um soluço de prazer acumulou em meu corpo com o pensamento,


apertando meus músculos enquanto o meu corpo tremia, quase frenético por
autorização, mas Alexander parou. Revirei os quadris, desesperada por seus
dedos para continuarem suas ministrações, mas ele se recusou.

—Clara? —Sua boca deslizou ao longo da minha mandíbula, enviando


arrepios pelo meu pescoço.

—Sim!

Ele reconheceu a minha afirmação com a ação de seus dedos,


mergulhando e torcendo habilmente enquanto esfregava meu clitóris. Meu corpo
estava aquecido, um brilho fino de suor cobria toda a minha pele, e eu arqueei
contra ele, torcendo os quadris contra suas mãos poderosas, quando meu
orgasmo me atingiu em espasmos violentos.

Alexander afastou uma mecha pegajosa de cabelo da minha testa e me


beijou suavemente. Eu era pouco mais do que uma poça debaixo dele, desossada
e saciada. Era impossível pensar em trabalhar agora.
Uma batida na porta me tirou do meu estupor, mas Alexander silenciou-
me e apertou seus lábios nos meus. O segundo golpe foi mais insistente, e ele
cedeu, ajudando-me a ficar de pé e puxando para baixo a minha saia. No
momento em que eu tinha ajeitado a minha camisa, meu visitante inesperado
bateu na porta.

Havia apenas algumas pessoas que tinham o código de acesso ao nosso


edifício, e não era difícil adivinhar qual deles estava batendo na minha porta.
Deslizando pela sala de estar, cheguei à porta, parando para me recompor
momentaneamente e me preparar mentalmente. Minha mãe voou pelo
apartamento. Apesar de sua aparência perturbada, ela estava em um conjunto de
calça de linho prensado, e um casaco combinando. Eu esperei por um momento,
mas então eu percebi que ela não pararia de falar sem intervenção.

—Eu e seu pai estivemos ao telefone durante toda a manhã.

—Mãe, eu sei sobre a história. —Eu a cortei.

—É claro que você sabe sobre isso. —Ela soltou. —Sua foto está na capa
de todos os jornais em Londres. Ele está apenas tentando fazer um pouco de
controle de danos.

Controle de danos. Eu sabia exatamente o que ela quis dizer com isso.
Meus pais tinham controlado os danos à sua reputação por anos. Era a maneira
agradável de dizer suborno e ameaças. Eu tinha experimentado estar no centro
de controle de danos antes, mas agora que eu era adulta, eu não permitiria. —Eu
prefiro que você me deixe lidar com isso.

—Você? —Ela zombou. —Clara, querida, você não está pensando


claramente. Seu pai...

—Não se preocupe com isso. —Eu a cortei. —Tenho as coisas sob


controle.

Ela olhou como se ela seriamente duvidasse disso, mas ela colocou os
braços em volta de mim, me apertando até eu recuperar o fôlego. O que era para
ser um gesto de conforto, só me deixou com dor, como sempre. Quando ela
finalmente me liberou, eu olhei nervosamente em direção ao hall.
Eu precisava que ela saísse daqui.

—Estou bem, mãe, realmente. —Eu prometi a ela, com voz fraca,
conduzindo-a para a porta.

—Isso é o que você disse antes. Quando você começou a ver Alexander de
novo? Não tente negar! Sua aparição com ele naquele baile estava por toda a
internet. —Ela sacudiu um dedo para mim, parando apenas quando ela percebeu
o que ela estava fazendo. Limpando a garganta, ela ajeitou o lenço de seda e
mudou de direção.

—Temos pessoas que podem ajudá-la com isso.

—Não acho que seja necessário, mamãe. —Um lampejo de movimento na


sala chamou minha atenção, e eu percebi que a minha porta do quarto não
estava mais fechada. Adulta ou não, eu não precisava do drama que Madeline
desencadearia se ela descobrisse que Alexander tinha passado a noite comigo. —
Tudo o que eu realmente quero é terminar de me vestir. Eu preciso estar no
trabalho em menos de uma hora.

Ela continuou alheia à minha tentativa de tirá-la do apartamento. —Liguei


para Lola esta manhã, ela pensou que pudéssemos tentar...

—Você ligou para Lola? —Eu perguntei, sem me preocupar em esconder a


minha descrença.

—Ela está estudando Relações Públicas, e ela é muito esclarecida sobre


mídia social. —Mamãe me lembrou.

—Ela tem vinte e um anos e mal foi para a universidade!

—Lola vai se formar em RP. —Ela disse, descartando completamente a


minha objecção.

—Você sabe o que? —Caminhei até a porta da frente. —Eu cuido isto. Eu
não preciso de você, Lola ou papai me ajudando.

Mamãe vacilou um passo à frente com os olhos fixos na porta, antes que
ela explodisse em lágrimas. —Você está me cortando de sua vida, Clara. Você
sabe como isso é perigoso. Será que ele sabe? Já falou com ele desde que a
história vazou?

Eu não tinha certeza do que me deu mais raiva: a ideia de que ela pensava
que esta história afetaria a forma como ele se sentia sobre mim, ou que ela não
tinha a minha confiança. Eu tinha me preocupado o suficiente sobre sua reação à
revelação, e Alexander tinha me surpreendido, mesmo que ele tenha levado a
noite toda para me convencer de que não importava. Agora, a minha mãe, a
pessoa que deveria me mostrar o amor e apoio incondicional, estava em pé
diante de mim confessando que ela pensava que eu era mercadoria danificada.

—Ele sabe. —Mas não fui eu quem finalmente respondeu sua pergunta.
Alexander saiu do corredor escuro, com um feixe de luz da manhã que brilhava
através da janela da sala. Ele estava com a calça jeans desgastada e uma
camiseta, mas não havia dúvida de sua autoridade. Ela escorria de sua voz e
irradiava de seu porte confiante. Alexander era todo homem, e sua postura
ninguém se atrevia a questionar. —Você deve ser a mãe de Clara. Estou feliz em
conhecê-la, senhora Bishop.

Alexander ofereceu sua mão, mas ela não se moveu. Minha mãe estava
congelada no local.

—Mãe. —Solicitei em voz baixa. —Este é Alexander.

Ela olhou dele para mim e de volta, em seguida, olhou de volta. —Bem, eu
estou feliz que ela lhe disse. Relações devem ser construídas sobre honestidade.
Você não concorda, Alexander?

—Claro. —Ele assentiu, piscando-me um pequeno sorriso.

—Eu acho que seria melhor para todos nós, especialmente Clara, se
tivéssemos alguém tentando conter esta história. Eu tenho certeza que você
concorda com isso também. —Ela estalou os dedos bem cuidados juntos
enquanto ela falava.

—Infelizmente, por experiência pessoal, posso dizer-lhe que é muito difícil


controlar o que eles publicam, sendo verdade ou não. —Ele disse ironicamente.
Os lábios de mamãe ficaram em uma carranca, e ela balançou a cabeça. —
Temos que fazer algo.

—Eu não posso prometer nada, mas eu tenho o meu melhor homem
olhando para as circunstâncias por trás da história. —Ele nos disse.

Eu recuso esta informação. Eu disse que não queria que ele se envolvesse.

—Você não deve ser arrastado para isto.

—Isso aconteceu por minha causa. É o mínimo que posso fazer. —As
palavras ardiam dele como uma panela em fogo baixo. Talvez Alexander não
estivesse lidando com o aumento na minha publicidade tão bem quanto eu
pensava.

—Obrigada. —Minha mãe se lançou para ele, pegando-o no mesmo


abraço desajeitado que eu tinha sido vítima antes, e eu dei-lhe um sorriso de
desculpas por cima do ombro. Ela separou-se dele e deu um tapinha no ombro. —
É tão bom ver que Clara encontrou alguém.

Eu me encolhi internamente, tentando manter o sorriso estampado no


lugar.

—Adoraríamos levá-lo para jantar. Você tem planos para amanhã?

—Mãe! —Eu a agarrei. Claro, ela conseguiu uma obrigação social dele
imediatamente.

—Eu adoraria. —Alexander disse.

—Você o que? —Eu perguntei chocada.

Mamãe me ignorou, envolvendo seu braço com o de Alexander e passeou


com ele em direção à porta. —Vou organizar tudo. Você não tem alguma alergia
alimentar, tem? Vou ligar para Clara com os detalhes. Harold vai ficar tão
animado. —Ela disse, não parando uma vez para ter confirmação.

Segui-os e abri a porta para ela, acenando com entusiasmo enquanto ela
continuava a planejar em voz alta. Cinco minutos mais tarde, eu fechei a porta.
Mole contra ela, eu deixei cair a minha cabeça e respirei fundo. —Sinto muito por
isso.

—Ela parece ser um bocado para se lidar. —Alexander disse com um


sorriso em sua voz.

—Eu posso te tirar dessa. Não se preocupe.

O sorriso de Alexander desapareceu em uma carranca. —Não me importo


de ir jantar com seus pais.

—Você… tem…certeza? —Eu perguntei com a voz estrangulada.

—Pare de olhar para mim como se eu precisasse de uma camisa de força.


A menos que... —Ele fez uma pausa e me olhou com uma expressão sombria. —
Você não quer que eu vá jantar com os seus pais.

—Não! —Eu gritei, assustando ele e a mim mesma. —Claro que eu quero,
mas eu entendo se você não se sentir confortável.

—Não é o que os namorados devem fazer? —Ele perguntou. —Conhecer


os pais. Encantá-los. Ganhar o privilégio de corromper sua filha.

Ouvi-lo usar o termo namorado sugou o ar dos meus pulmões, e eu olhei


para ele incapaz de falar.

—Algo errado? Ele perguntou, correndo os dedos pelo cabelo preto


enrolado quando o olhar preocupado e cansado que ele usou tantas vezes voltou
ao seu rosto.

—Fiz algo que te chateou?

Engoli contra o sentimento cru na minha garganta e balancei a cabeça. —


Não. Eu só não mereço você, X.

—Não. —Ele concordou, com sua voz ficando rouca. —Ninguém merece
me aturar.

Coloquei um dedo em seus lábios, me pressionando contra ele. —Não


diga isso.
—De onde você veio? —Ele sussurrou. —Quem te enviou para me salvar?

Eu não tinha uma resposta para ele. Então esmaguei meus lábios nos dele.
Num piscar de olhos, ele estava no controle, abrindo minha boca e mergulhando
sua língua em minha boca. Eu me perdi, provando-o, deleitando-me com ele. Eu
passei uma perna em torno dele e circulei contra ele para aliviar a pressão que
aumentava no meu núcleo. Alexander fechou em volta da minha cintura e se
afastou, respirando pesado e quente contra o meu pescoço.

—Você tem que ir trabalhar. Ele murmurou. —A menos que…

Lambi meus lábios no tom sugestivo em sua voz rouca. —A menos que?

—Você queira ligar dizendo estar doente, e me deixa te mostrar como um


namorado pode ser.

Isso era uma oferta tentadora. Tentadora demais. —Lamento, X. Eu não


posso faltar no meu terceiro dia de trabalho.

Ele me deixou escorregar dele, recuando para me dar espaço. Mas a


distância não fez nada para acalmar o desejo no meu corpo.

—Esta noite. —Não era uma pergunta. Era uma promessa de coisas vindo.

—Esta noite. —Eu repeti, sentindo as horas de separação tão agudamente


como a pequena distância entre nós.

*****

—Eu acrescentei os gráficos que discutimos ontem. —Bennett anunciou,


entrando na minha área de trabalho.

Olhei para cima para encontrar seus olhos, grata que pelo menos ele ainda
podia me olhar no rosto depois dos tabloides de ontem. Mexi em alguns arquivos
na minha mesa, achei a lista que tínhamos inventado no dia anterior, e marquei
tarefa concluída. —Vou trabalhar para reunir as estatísticas sobre a
disponibilidade de água limpa e mortalidade infantil.

—Posso apenas dizer que estou muito grato por ter alguém ajudando com
isso. Eu tenho que ser honesto, ainda estou em estado de choque que Isaac Blue
escolheu trabalhar com a gente. —Bennett deixou-se cair em uma cadeira na
minha frente. Seu terno Oxford estava enrugado e havia bolsas sob os olhos.

—As coisas estão um pouco difíceis agora?

—Duas meninas é muito para dois pais lidarem, e eu sou tudo que elas
têm. —Ele admitiu. —Eu não posso evitar pensar que eu posso estar as
estragando.

Eu me inclinei para frente e toquei a manga da camisa, sentindo uma onda


de simpatia por sua confissão. Ninguém se importava tanto quanto Bennett. —
Você não está. Você apenas tem seu trabalho ocupando você. Se você precisar de
alguém para vê-las, deixe-me saber.

—Eu nem sei o que faria se tivesse uma noite de folga. Eu provavelmente
trabalharia.

Eu ri disso e balancei minha cabeça. —Nada de trabalho. Esse é o acordo.

—Então, o que você acha? —Ele abriu os braços. —Como está o seu
primeiro show pós-universidade?

—Bom. —Eu bufei.

Ele levantou uma sobrancelha, nivelando o olhar com o meu. —Isso foi
bastante convincente.

Hesitei, sem saber se eu deveria trazer todo o drama da minha vida


pessoal. Bennett parecia contente em deixar toda essa merda na porta, mas eu
tinha que aceitar que a minha relação com Alexander podia complicar as coisas.
—Bem, eu não conheço ninguém no escritório e, no entanto, ninguém parece
ansioso para se apresentar.

—Eu acho que eles estão intimidados por você. —Ele disse honestamente.
—Eu? —Foi a coisa mais absurda que já ouvi.

—Você é tipo... uma celebridade.

Eu cobri o rosto com as mãos e deixei cair à cabeça na minha mesa.

—Eiii. —Ele falou. —Isso vai passar e, em seguida, ninguém lembrará que
você namorou o... qual-seu-nome?

—Bela tentativa. —Eu resmunguei. —Ainda assim, eles viram seus textos
para mim. Eles ainda se lembrarão de que eu sou a menina com o transtorno
alimentar.

Eu tinha passado por isso antes na minha escola. Era impossível ignorar o
olhar de dissecação, como eles avaliavam o seu corpo e o quanto você comia no
almoço. Eu fugi de lá então, mas isso não era mais uma opção. Eu não queria que
fosse.

—Então lhes mostre que você é mais do que tudo isso. —Bennett
levantou-se e acenou para eu sair da minha cadeira.

Passamos a próxima hora indo de mesa em mesa, apertando as mãos e


partilhando pequenas conversas com a equipe de Peters & Clarkwell. Não havia
como eu me lembrar de metade dos nomes que tinham sido jogados em mim,
mas eu estava grata por conhecer os meus colegas de trabalho. Eu esperava que
isso tivesse colocado para descansar alguns dos rumores de escritório sobre mim.

O resto do dia passou em um borrão entre ler os recursos ambientais e


tomar notas, na esperança de impressionar o nosso cliente celebridade. Eu sabia
pouco sobre Isaac Blue fora dos cartazes de cinema e filmes. Uma rápida busca na
Internet levou a um monte de especulação sobre sua vida privada. Eu não podia
evitar, mas senti que o cara não tinha nenhuma história mencionando um
compromisso com o meio ambiente. Fui até o escritório de Bennett e parei na
porta.

—Então foi o agente publicitário de Isaac Blue que disse que ele estava
interessado nessa campanha? —Eu perguntei. —Só por curiosidade.
Bennett recostou-se na cadeira, cruzando os braços atrás da cabeça, e
deu-me um sorriso triste. —Ela me vendeu seu profundo compromisso com a
causa, mas se eu for honesto, eu acho que nós estamos sendo contratados para
reformar sua imagem.

Isso é o que eu imaginei. Eu sabia o que era ser alvo dos tabloides, mas eu
não estava empolgada para receber mais drama no meu do dia-a-dia. E Isaac Blue
era, claramente, problema.

—Eu acho que devemos apenas estar felizes por ele querer ajudar. —Eu
disse saindo da sala.

—Vou aceitar o que tiver! —Bennett falou.

Quando voltei para a minha mesa para embrulhar minhas notas finais, já
pensando em como eu passaria a minha noite, ou melhor, com quem eu passaria
a minha noite, uma ruiva estonteante parou na minha frente e me estendeu uma
carta.

—Victoria? —Perguntei com um sorriso tímido, esperando ter acertado o


nome.

—Victoria Theroux. —Ela confirmou. —Mas me chame Tori.

—Obrigada, Tori. —Eu não tinha certeza do que dizer, então eu cruzei os
meus pés.

—Era o cara das entregas?

—Hum, eu não sei. Como ele era? —Eu perguntei, um pouco surpresa com
a pergunta.

Consegui manter o choque do meu rosto quando ela descreveu Norris. —


Eu não sei. —Eu admiti mal contendo minha diversão. —Mas posso perguntar.

—Lamento. —Ela disse, abanando-se. —Eu tenho um complexo de pai


total. É terrível, mas você vai se acostumar com isso.
Uma risada escapou dos meus lábios, mas isso só pareceu agradá-la, pois
ela irrompeu em um largo sorriso. Talvez eu fosse fazer mais do que um amigo
aqui.

—Deveríamos ir almoçar qualquer hora dessas. —Eu disse. Eu estava


ansiosa para ter mais amigos em Londres, e da minha breve interação com os
amigos de Alexander, eu acho que eu não encontraria qualquer um lá. Além disso,
a ideia de ter uma amiga que não estava obcecada por seu casamento, parecia
fantástico.

—Legal! Eu conheço um lugar ótimo que serve peixe e fritas. —Tori


concordou com um sorriso genuinamente quente. —Alguma hora essa semana.

—Combinado.

—Eu sei onde você trabalha, então não acho que você poderá voltar atrás.
—Ela me lançou uma piscadela, e flutuou de volta para sua mesa. Eu fiz uma nota
mental de onde ela estava sentada, tentando anexar o rosto e nome ao local.

Assim que eu estava de volta ao meu computador, e depois de uma rápida


verificação para certificar-me de que ninguém estava olhando, eu rasguei o
envelope e li o bilhete de Alexander:

Boneca,

Esta não é uma carta de amor. O pensamento de ter que passar


um momento sem ter meu pau em você, é demais para aguentar. Eu
quero que você saiba que passei o meu dia imaginando minhas mãos
em seu corpo, meus dedos rolando em seus mamilos. Imaginando seus
seios perfeitos arfando enquanto te fodo com a minha língua. Enquanto
você salva o planeta, estou relembrando os sussurros que escaparam de
sua doce boca, na última vez que você gozou, e anseio ouvir novamente.
E os ouvirei esta noite. Sussurre meu nome agora, Clara, porque esta
noite quero ouvir você gritá-lo.

X.
Exalei trêmula, percebendo que eu prendi a respiração enquanto lia, mas
eu sabia que as tonturas na minha cabeça não eram por prender o fôlego. Isso era
apenas o seu efeito sobre mim. O efeito X, pensei ironicamente.

Inalando, fiz o que ele mandou.

—Alexander.
CoCo era o último lugar que minha mãe teria escolhido para o jantar. Ela
me disse isso, e foi exatamente por isso que eu escolhi o bistrô sazonal
confortável em Notting Hill. Apesar de ter algumas das melhores comidas de luxo
em Londres, ele também tinha salas de jantar privadas. Privado e despretensioso?
Apenas o que eu precisava para relaxar.

Notting Hill em uma noite de junho amena parecia outro mundo. O caos
agitado de Londres não se estendia para o bairro sonolento. Marquei lojas que eu
queria parar com ele em algum momento enquanto caminhávamos na Portobello
Road, e esperávamos em poucas barracas abertas até tarde em uma noite de
quarta-feira, folheando livros antigos e antiguidades de valor questionável. Mas,
quando Alexander e eu finalmente fomos ao restaurante, os meus nervos
desenfrearam.

Não que eu não quisesse apresentá-lo à minha família. Eu amava a minha


família, mesmo nem sempre sendo fácil. E eu sabia que eu não poderia mantê-lo
longe deles por muito tempo, especialmente se eu estivesse na capa de um
tabloide maldito a cada dois dias. O fato era que as coisas estavam complicadas.
Minha mãe era superprotetora e muito opinativa. Meu pai era um pouco melhor,
mas ele sempre cedia a ela. E Lola, que passaria a noite toda flertando com
Alexander, ou tentando, pelo menos.

Para não mencionar que Alexander e eu não tínhamos uma relação típica,
e eu nunca podia ter certeza se ele, de repente, me calaria.

—Você está quieta. —Ele disse, e eu percebi que tínhamos chegado ao


CoCo sem dizer uma palavra.
Olhei para ele e uma dor possessiva explodiu em meu peito. Ele tinha
saído do seu caminho para me dar uma noite de normalidade, vestiu-se com jeans
desgastados e camisa branca, que denotava sua forma magra. Seus olhos estavam
escondidos atrás de óculos escuros com um boné dos Yankees. Nenhum dos quais
camuflava sua forte mandíbula salpicada com uma barba de dois dias, ou a curva
malandra do seu sorriso. Ele não conseguia disfarçar seu sex appeal. Eu sabia que
não era o tipo de coisa que um namorado normalmente usava para conhecer os
pais, mas novamente, Alexander não era um namorado típico.

—Na verdade, estou cansada. —Eu não estava mentindo. Meu corpo não
havia se ajustado a acordar cedo para o trabalho, ou às minhas atividades
noturnas recentemente implementadas.

—Eu sinto que deveria pedir desculpas por mantê-la acordada até a
metade da noite. —Ele disse, me aproximando e beijando o topo da minha
cabeça. —Mas eu não lamento.

Seu sorriso arrogante me contagiou, até que eu estava sorrindo também.


—E eu não terei qualquer noite de sono também.

—Encontro quente? —Ele perguntou.

—Mais que quente.

—Alguém que eu conheça? —A mão de Alexander vagou ao meu cóccix,


seus dedos tamborilando levemente.

—Eu diria que vocês são íntimos. —Eu corri minha língua sobre os meus
lábios e soprei-lhe um beijo.

—Você precisa descansar. —Ele foi sincero, mas eu suspeitava que a sua
abnegação valente não durasse muito tempo, até que ele acrescentou. —Vou lhe
enviar para casa sozinha esta noite.

Senti apertar meu coração, e eu lutei para manter meu tom de


brincadeira.

—Mas te devo favores sexuais.


—E o que foi que eu fiz para merecer isso, boneca? —Ele perguntou com o
familiar brilho de luxuria em seus olhos azuis celestes. —Diga-me para que eu
possa fazê-lo novamente.

—Você não pode dizer isso depois do jantar. —Estendi a mão para a porta,
mas Alexander pegou-a, me puxando contra ele.

Seu dedo indicador traçou a minha bochecha e meu lábio superior, e


depois descansou em minha boca. —Tenha um pouco de fé. Eu posso ser muito
encantador quando a situação exige. Eu sou um príncipe depois de tudo.

—Príncipe encantado, hã? —Arqueei minha sobrancelha. —Não me


lembro dele ter uma boca suja e um apetite sexual insaciável.

—Ele beijou a garota errada. —Alexander sussurrou, aproximando-se até


que seu quadril roçou no meu. —Ou talvez o “felizes para sempre” seja apenas
um código para múltiplos orgasmos.

—Os irmãos Grimm não devem nada a você. —Eu provoquei, mas engoli
em seco ao pensar em Alexander e um “felizes para sempre”.

Alexander viu o golpe revelador da minha garganta e piscou para mim. —


Espere até eu te contar sobre as minhas teorias sobre cavalgar até o pôr do sol.

—Comporte-se. —Eu o beijei no ombro, tentando, e falhando, para


parecer séria.

—Eu adoro quando você se irrita. Isso me faz querer bater na sua pequena
bunda bonita. —Seus olhos nublaram enquanto falava, e um arrepio de
antecipação percorreu meu pescoço.

—Bem, bem, bem. —Uma voz divertida interrompeu nossa brincadeira. —


Posso entrar antes de que ele a monte aqui memso?

Olhei por cima do ombro de Alexander, surpresa ao encontrar Lola nos


observando com um sorriso entretido. Como de costume, ela estava vestida com
esmero, em uma calça Capri vermelha, junto com uma túnica de linho arejada,
que mostrava os braços tonificados. Ela empurrou a bolsa e passou por nós,
empurrando a mão para ele.
Ele hesitou antes de tomar, olhando para mim com um olhar
interrogativo.

—Alexander, essa é minha irmã, Lola. —Inclinei a cabeça para ela com um
sorriso de boca fechada. —Lola, permita-me apresentar...

—Oh, não acho que seja necessário. —Ela disse enquanto segurava a mão
dele. —É adorável conhecê-lo. Clara me contou absolutamente nada sobre você.

Alexander inclinou a cabeça educadamente, mas retirou a mão


rapidamente. A intensidade crepitante que estava entre nós, deslocou para uma
tensão pesada agora que minha irmã tinha se juntado a nós. Eu não tinha certeza
de quanto de nossa troca ela tinha ouvido, mas a julgar pela arrogância em seu
rosto, foi o suficiente. A última coisa que eu precisava era Lola deixando esta
noite mais estranha.

Lutei para dizer alguma coisa para quebrar o gelo, mas foi inútil. Os nervos
que Alexander conseguiu que eu vencesse, voltaram com intensidade paralisante.
Assim que o momento ficou dolorosamente desconfortável, ele deu um passo
para frente e abriu a porta, gesticulando para entrarmos.

—Damas primeiro. —Ele fez um floreio com o braço, e eu agradeci por


dentro por sua diplomacia.

—Ohh. Um cavalheiro. —Lola balbuciou, seguindo-me através da porta.


Ela olhou para ele quando passou, sem se preocupar em esconder seu olhar
calculista. Como sempre, ela usava sandálias de plataforma que a deixavam quase
da sua altura. As poucas pessoas esperando perto da entrada, observaram
enquanto ela caminhava com confiança para o maître para dar o nosso nome.

—Ela parece ser bastante para se lidar. —Alexander sussurrou enquanto


éramos guiados para sala de jantar privada do segundo andar.

—Hum hum. —Essa foi a maneira mais agradável possível de descrever a


minha irmã. Lola era uma força a ser reconhecida na maioria dos dias. Eu só
esperava que hoje não fosse um deles.

Mas a sorte não estava do meu lado ultimamente


*****

Na segunda rodada de coquetéis, a conversa abrandou entre o nosso


pequeno grupo. Mãe insistiu em esperar por meu pai antes de pedir, e ele estava
mais de uma hora atrasado. A sala de jantar, que foi decorada com um número
impressionante de relógios, atestou o fato. Tomei um gole de Bloody Mary
esperando ficar embriagada para passar o tempo. Qualquer outra noite, eu teria
achado a eclética e, um tanto peculiar decoração, encantadora. Esta noite só
acentuava a náusea agitada no meu estômago.

—Eu não sei o que poderia atrasá-lo. —Mamăe disse, desculpando-se


novamente e verificando seu telefone.

—Não estou com pressa. —Alexander disse serenamente, mas a mão


acariciando a minha coxa contava uma história diferente. Ele definitivamente
tinha outras coisas em sua mente.

—Deveríamos pedir. —Eu disse quando os relógios em torno de nós


bateram oito horas. Minha fadiga, juntamente com a baixa de açúcar no sangue,
estava acabando minha paciência já frágil.

—Vamos dar-lhe mais alguns minutos. —Lola sugeriu, tomando o coquetel


dela. —Contem como se conheceram.

—Pegue o Daily Star. —Eu rebati, incapaz de conter o meu humor doentio
por mais tempo.

Lola deu-me um olhar de censura, seus lábios vermelhos franzidos sobre


sua bebida. Ela parecia exatamente como minha mãe quando ela fazia isso.

—Eu quero ouvir isso a partir da fonte.

Eu abri minha boca para dizer-lhe de novo, mas Alexander me parou.

—Eu estava preso em outra festa chata, tentando me esconder. —Ele


disse. —E, em seguida, essa linda menina apareceu e começou a me repreender.
—Sua mão agarrou a minha e levou-a aos lábios, mas eu peguei o seu sorriso
arrogante antes de ele beijar meus dedos.

Os olhos da minha mãe arregalaram-se, um pequeno suspiro escapou de


seus lábios. Às vezes eu me perguntava onde a ambiciosa feminista e boêmia que
eu vi em fotos estava. Mamãe tinha frequentado a universidade de Berkley. Ela
lutou para erguer uma nova empresa do chão. Agora, ela achava que uma mulher
que se aproxima de um homem é escandaloso. Se ela achava que era chocante,
eu podia esperar que Lola guardasse o que ela ouviu entre Alexander e eu.

—Clara! —Ela disse, me repreendendo como ela fazia quando eu era uma
garotinha.

Alexander riu e colocou sua bebida em cima da mesa. —Não, eu mereci.

—Então por que você a beijou? —Lola explodiu.

—Agora essa é uma longa história. —Ele disse, com seu glorioso sorriso
em exibição. —Mas eu vou te dizer que eu passei o resto do dia tentando
descobrir quem era sua irmã. Ela se esconde em Oxford.

Minha mãe concordou com isso. —Ela não é muito social. Eu fiz o meu
melhor, mas às vezes, a natureza tem outros planos.

—Acho a companhia dela intoxicante. —Alexander disse em voz baixa,


que ele geralmente reservava para sussurrar pensamentos indecentes no meu
ouvido. —Eu a quero só para mim de qualquer maneira.

Os olhos de mamãe brilharam para os meus, avaliando minha reação, e eu


tentei parecer indiferente, voltando minha atenção para a minha bebida. Ela tinha
preocupações sobre o meu relacionamento com Alexander, mas isso não a
impediria de tirar conclusões precipitadas.

—Você não é tímido. —Lola murmurou. Ela olhou-o por um momento,


como se ele tivesse emitido um desafio.

Alexander descartou o comentário com um encolher de ombros,


acenando para o garçom que espreitava pela porta. Sem dúvida, o pobre servidor
estava começando a questionar se nós jamais faríamos nossos pedidos.
—Vocês estão prontos? —Perguntou o homem. Seus olhos corriam em
torno do grupo, mas não pude deixar de notar que ele pulou Alexander, como se
ele estivesse intimidado.

Eu não podia me imaginar tendo esse efeito nas pessoas. Era duro o
suficiente ser examinado pelo público. Algo que eu recentemente aprendi.
Quanto pior era ter pessoas com medo de você? Alexander não parecia
perturbado por esse tipo de atenção. Ele nem sequer notava, tanto quanto eu
poderia dizer. Claro, isso era parte do que o fazia tão formidável: como ele
carregava seu poder com tanta franqueza. Não era uma afetação ou um show. Era
seu direito de primogenitura.

—Você pode nos trazer aperitivos? —Alexander perguntou. —Nós temos


outro convidado vindo, mas não posso permitir que essas senhoras esperem
mais.

Agradeci-lhe em voz baixa, grata que ele tinha sido o único a desafiar a
ordem de silêncio da minha mãe. Alexander inclinou-se e me beijou. O deslize
macio de seus lábios foi suave e protetor. Um lembrete de que ele cumpria seu
trabalho cuidar de mim. Meus olhos se fecharam instintivamente, à espera de
mais, e minha mãe limpou a garganta.

—Eu li um pouco sobre a sua empresa, Sra. Bishop. —Alexander disse,


mudando o tópico rapidamente.

—Antiga empresa. —Mamãe disse. —Não vamos falar de negócios.

—Ela já tem o bastante disso com papai. —Eu expliquei.

—Isso é verdade. —Ela disse com um sorriso pesaroso. —Pelo menos


costumava ser.

O comentário improvisado me pareceu estranho. Minha mãe sempre foi


favorável as iniciativas e ideias de papai, embora nenhum provou ser tão bem-
sucedido como o site de encontros, que tinham vendido durante o boom da
internet. Mas agora o orgulho que geralmente acompanhava questões de
negócios, estava marcadamente ausente, substituído por um tom indiferente que
foi atado com amargura. Eu verifiquei os relógios, me perguntando onde meu pai
estava tão tarde. Algo estava acontecendo com os meus pais. Eu não podia
apontar o dedo sobre o que exatamente, mas as coisas estavam fora de lugar.

Lola inclinou-se para frente ansiosamente, mais do que disposta a


preencher o silêncio constrangedor. —Conte-nos como é crescer em um palácio!

—Eles não têm livros dedicados a isso? —Alexander perguntou.

—Tem. —Ela admitiu. —Mas ouvi dizer que a realidade é bem diferente.
Embora eu seja uma boba pelo “felizes para sempre”.

Seus olhos brilharam com os meus, e eu respirei fundo, mantendo meu


rosto em branco. Ela ouviu a minha conversa com Alexander, e eu pagaria por isso
mais tarde. Por agora, eu mantive o riso forçado.

—Não é tão excitante quanto parece. —Ou ele não pegou sua dica, não
muito sutil, do que ela escutou mais cedo, ou o homem sabia como blefar.

—Fala sério! —Ela gritou. —Aposto que você cresceu andando a cavalo e
caçando raposas.

A boca de Alexander curvou para cima, seus olhos ficaram distantes com
alguma lembrança. Era óbvio que Lola tinha batido em algo. —Suponho que sim.
É um pouco chato realmente. Jantares com dignitários estrangeiros. Aulas de
equitação. Embora eu nunca tenha gostado de caça.

—Sou um membro do PETA. —Ela informou a ele. —Eu não aprovo a caça.

Fiz uma careta para esta mentira. Evidentemente, a sua preocupação


sobre o bem-estar animal, não se estendia aos sapatos de couro e bolsas.

—Infelizmente, é uma tradição na nossa família. Eu não estou


particularmente interessado. —Ele fez uma pausa, e desta vez quando seus olhos
vidraram com memórias, ele riu. —Na verdade, quando eu tinha oito anos, meu
pai me disse que eu iria caçar pela primeira vez. Eu estava incrivelmente animado.
Eu tive aulas de equitação antes, mas eu nunca fui autorizado a ir com os homens.

Foi a primeira vez que ele falou de sua família e da infância com tal leveza,
e eu ouvi com muita atenção. O passado de Alexander era um fardo pesado sobre
ele. Eu não poderia evitar pensar o que poderia ter sido diferente se não tivesse
sofrido tanta tragédia e perda no início da vida.

—Não consegui dormir na noite anterior. —Ele continuou. —Então, eu


rastejei para os estábulos para escovar meu cavalo árabe. Enfim, eu fiquei lá com
o meu cavalo, e vi a raposa vermelha trancada em uma jaula. Eu não podia
acreditar. Assim que eu a vi, lembrei-me de todas as caças que eu assisti em
minhas propriedades da família, e percebi que iríamos caçá-la.

Estávamos todas em silêncio, ouvindo suas palavras, quando ele


acrescentou. —Então eu fiz o que qualquer garoto de oito anos de idade faria, eu
a escondi.

—Oh meu deus! —Lola exclamou, tremulando suas pestanas. —Aonde


você a colocou?

—Eu realmente não pensei muito sobre isso. —Alexander explicou com
um sorriso estranhamente tímido. —Então a levei para o meu quarto.

—Aposto que seus pais adoraram isso. —Minha mãe disse secamente.

Alexander fez uma pausa, um olhar de dor intermitente sobre suas


características. Ele desapareceu quase tão rapidamente como tinha aparecido.
Apenas um de seus pais teria estado presente por seu ato de vigilância, e eu podia
imaginar que seu pai não tinha achado divertido. —Minha mãe teria, penso eu,
mas meu pai não. Para ser justo, porém, eu cometi um pequeno erro quando eu a
trouxe para dentro.

—Qual? —Lola solicitou. Ela foi arrastada para a história, fazendo-a


parecer muito mais jovem do que sua idade. Aparentemente, o efeito X estendia-
se fora do quarto.

—Minha irmã a deixou sair da jaula. —Alexander confessou, juntando suas


mãos inocentemente. —Levou duas semanas para a equipe pegá-la, mas a caçada
foi cancelada!

—Então você foi um herói. —Eu disse.


—Essa é uma maneira de olhar para isso. —Ele deu de ombros. —Eu
duvido que a equipe tenha pensado assim.

Nós rimos com isso, e eu admirei o riso encorpado de Alexander. Foi a


primeira vez que ele mencionou sua irmã Sarah casualmente, e eu me perguntei
se ele percebeu que tinha feito isso. Ele havia deixado claro que ela estava fora
dos limites, o que implicava que só lhe causaria mais dor, se eu o forçasse a falar
dela. Mas evitar sua memória ajudava? Parecia uma vergonha para ele esquecer
os momentos mais felizes dos dois.

A chegada do meu pai acabou a obrigação de Alexander de entreter-nos, e


um calor incandescente caiu sobre mim, enquanto eu observava os dois
apertarem as mãos. Mas um olhar para o rosto da minha mãe imediatamente
estragou o humor.

—Novamente, sinto muito. —Papai disse, pegando um lugar ao lado de


mamãe. —Vocês esperaram por mim? Deveriam ter pedido!

—Eu te liguei. —Ela disse friamente, sem se preocupar em disfarçar a


recriminação em sua voz.

—Fiquei preso no escritório. —Ele explicou. —Nós temos um terrível


serviço móvel lá, mas eu deveria ter encontrado um telefone e ligado para você.

Minha mãe não respondeu, mas sua postura enrijeceu. Meu estômago
revirou pela óbvia resistência às desculpas do meu pai.

Pela primeira vez, não parecia que minha mãe estava sendo delicada.
Parecia que ela estava sendo forte.

*****

O comportamento estranho dos meus pais ocupou meus pensamentos


enquanto voltávamos para o meu apartamento no Rolls Royce. O jantar foi sem
incidentes, mas a sua atitude indiferente permaneceu a noite toda. Mamãe disse
algo de improviso sobre o trabalho do meu pai na semana passada em nosso
almoço, mas eu não me lembrava. Agora eu tinha que descobrir o que fazer sobre
isso.

Meu pai sempre foi obcecado com o investimento em novas empresas. Ele
tinha dezenas de ações, mas não cumpriu o seu desejo de construir algo próprio.
Ele vendeu a partner.com porque precisava do dinheiro, mas também porque ele
esperava construir outra empresa de sucesso. Quase vinte anos de investimentos
e de ideias mais tarde, sua única reivindicação para a fama, foi o site de namoro
ainda popular. Mamãe o havia encorajado. Então, o que mudou? Eu não podia
imaginar uma rixa entre os dois.

—Clara? —Alexander disse. Sua mão deslizou entre as minhas pernas


como se quisesse me afastar dos meus pensamentos.

Essa noite era para supostamente ser sobre nós. Nosso relacionamento. E
eu tinha passado a noite analisando o que estava acontecendo com os meus pais.
Talvez eu estivesse evitando o óbvio. Alexander e eu tínhamos os nossos próprios
problemas para lidar. Era muito mais fácil preocupar-se com o casamento de
outra pessoa.

—Desculpe-me, X. —Puxando as pernas para cima, eu rastejei em seu


colo.

—Algo está em seu pensamento. —Ele não me pediu para compartilhar, e


a mensagem era clara: nenhuma pressão.

Era improvável que ele pudesse me ajudar a descobrir o que estava


acontecendo com os meus pais, mas eu apreciava que ele estivesse aqui. —Estava
pensando em meus pais. Eles mal se falaram.

—E não costuma ser assim?

Eu sacudi minha cabeça, sem conseguir articular o que me incomodava. —


Minha mãe tende a ser de alta manutenção. Ela estava definitivamente dando um
gelo no meu pai.
Dei de ombros e passei meus braços em volta do pescoço de Alexander.
Eu estava tão preocupada com os meus pais, que quase esqueci que eu o tinha só
para mim. Eu montei nele, roçando meu corpo ao seu convite. O contato agitou
meu sangue, enviando-o para o meu núcleo.

Alexander traçou a linha do meu decote com o dedo indicador, e os meus


seios incharam sob seu toque. Meus mamilos apertaram, antecipando a sua
atenção, e eu tremia contra ele enquanto o desejo engolia meus sentidos. Ele
pegou meu pescoço e me puxou para frente, e com a boca inclinada sobre a
minha capturou meus lábios. Sua respiração era quente, com cheiro de licor, e eu
lambi através de seus dentes, saboreando o gosto dele.

—Eu te devo favores sexuais. —Eu ronronei, minhas mãos indo para a
fivela do cinto para liberar sua ereção grossa.

Alexander gemeu. Suas mãos deslizaram pelo meu queixo enquanto ele
segurava meus lábios nos dele em um beijo lânguido, que me deixou sem fôlego
quando ele se separou.

—Venha para o campo comigo esse fim de semana. —Ele respirou fundo.

Tempo sozinha com ele, longe de Londres e sem paparazzi? —Você ainda
pergunta?

—Não estou perguntando. —Ele disse, um sorriso brincando em seus


lábios. —Eu já disse para eles que você estaria lá.

Eu congelei. —Eles?

—Minha família.

—Você quer que eu passe o fim de semana no campo com a sua família?
—Eu perguntei.

—Haverá alguns amigos lá também. Edward convidou um grupo.

Se isso era para me tranquilizar, ele falhou miseravelmente. —X... —Eu


comecei.
—Você disse qualquer coisa. —Ele me lembrou. —Eu disse que não estava
pedindo. Eu espero que você esteja lá comigo.

—Você não quer passar algum tempo a sós com eles? —Isso soou fraco e
eu sabia.

Alexander levantou uma sobrancelha, consciente de que eu estava ficando


desesperada por desculpas. —A única pessoa com quem eu quero um tempo
privado é você. Três dias de intervalo é muito. Eu preciso saber que você está
sendo cuidada.

—Eu posso cuidar de mim mesma. —Eu o lembrei.

—Você pode se vestir. —Suas mãos deslizaram pelo meu quadril e o


apertou.

—Você pode comer, beber e dormir, mas você não tem tudo o que
precisa. —Alexander rolou seus quadris contra minha virilha. Meu sexo apertou
com sua ereção em mim.

—Você marcou um ponto. —Eu respirei, deslizando minha língua sobre os


meus lábios.

—Marquei? —Ele perguntou, suas palavras roucas enquanto ele


continuava a circular debaixo de mim.

—Humm. —Eu gemi, perdendo-me no movimento de seus quadris. —


Você me deve.

—Eu pensei que você me devia favores sexuais. —Ele disse com um
sorriso diabólico vindo em seu rosto.

—Prometi antes de descobrir que eu estaria lidando com sua família por
um fim de semana inteiro. Vamos chamá-lo de um empate X, ou você vai me
pagar por um longo tempo. —Mas com o desejo agrupado entre as minhas
pernas, vibrando através do meu clitóris, eu sabia que era uma causa perdida.
—Oh, boneca. —Sua boca deslizou em toda a minha clavícula enquanto
suas mãos desviaram debaixo da minha saia. —Estou mais que feliz por ficar
devendo a você.

Ele enganchou os polegares sobre a lateral da minha calcinha e rasgou-a


do meu sexo tremendo.

—Você sabe que há recursos finitos no mundo. Você pode poupar alguns
pares de calcinha.

Alexander virou-me no assento, movendo-se por entre as minhas coxas


abertas.

—Eu adoraria ouvir mais sobre suas calcinhas. —Ele disse com um
sorrisinho. —Mais tarde.
A casa de campo era uma extensa propriedade com quarenta quartos em
mais de cem acres de terra privada. Eu estive em mansões antes, mas Norfolk Hall
superava. Ela pertencia a um tempo e lugar completamente diferentes. A fachada
foi cuidadosamente remodelada para se aproximar do tijolo original do século
XVI. Havia estábulos e quadras de tênis no local. No interior, pisos de mármore,
arte de valor inestimável, e balaustradas de mogno polido aperfeiçoavam a forma
imponente. Eu senti como se tivesse sido convidada para entrar em um museu.
Era demais para absorver de uma vez, e não era apenas devido à propriedade.

Eu temia a ideia de lidar com seu pai no fim de semana. O Rei não se
preocupou em esconder seus sentimentos em relação ao nosso relacionamento.
Quando chegamos, eu descobri que era muito pior do que uma reunião de família
estranha. A família de Alexander estava aqui, junto com mais de uma dúzia de
seus amigos. Eu conheci alguns deles no baile, e eu não estava ansiosa para vê-los
novamente.

Particularmente Pepper, assistiu com desgosto quando Edward fez as


apresentações para um número de membros mais velhos da família presentes
para caçada de amanhã.

Este fim de semana se transformaria exatamente no que eu esperava


evitar. Estupidamente, eu acreditava que pudesse ter uma chance de falar com o
pai de Alexander em privado. Eu pensei que talvez se ele me conhecesse, ele
pudesse reverter a sua opinião sobre o meu relacionamento com o filho. Mas eu
não podia ver como isso aconteceria com tantas pessoas ao redor.

Nós chegamos tão tarde, que o jantar já havia sido servido, e pelo tempo
que eu cheguei ao meu quarto, meu estômago estava resmungando. Agarrando
uma barra de proteína da minha bolsa, eu dei uma olhada ao redor. Eu tinha que
admitir, ainda que a contragosto, que o meu quarto era espetacular. Completo
com uma cama de dossel e uma vista deslumbrante da paisagem Inglesa, a única
coisa que estava faltando era Alexander, que foi colocado em seu próprio quarto.

Uma programação impressa de atividades descansava no meu travesseiro,


e eu revirei os olhos quando percebi que alguém tinha planejado cada momento
da minha estadia aqui. Agora eu deveria estar na sala de bilhar para coquetéis.
Amanhã eu teria um brunch com a rainha-mãe.

—Mas quando arranjaria um tempo para me matar? —Eu perguntei ao


quarto vazio.

Jogue o jogo, eu ordenei a mim mesma.

Dez minutos depois, me deparei com Alexander no corredor. Ele tinha


trocado sua roupa para um terno de três peças. O resultado fervia com a
sensualidade de parar o coração. Eu queria apertar meus dedos em seu cabelo
sedoso, e senti-lo através dessa calça perfeitamente cortada.

—Boneca? —Era mais do que uma pergunta, era um convite. Um sorriso


sedutor e suave esculpia seu rosto, como se tivesse lido minha mente.

Suspirei com saudade e balancei a cabeça. Não era justo que ele tivesse
esse efeito sobre mim.

Alexander pressionou seu dedo nos meus lábios. —Guarde esse só para
mim.

—Não tenho permissão para olhar?

—Oh, eu insisto que você olhe. —Ele sussurrou, inclinando-se para


acariciar meu pescoço. —E choramingue e gema quando eu estiver fodendo você.
Eu exijo. Eu sou um homem egoísta e aqueles ruídos pertencem a mim.

—Ficaria feliz em obedecer. —Ronronei, passando a mão no seu peito,


prendendo meus dedos no botão de seu terno.

Ele se afastou e ajustou os punhos. —Não me tente, ou nunca faremos a


nossa aparição programada.
—Então eu não sou a única com um itinerário impresso?

—Infelizmente não. —Ele dobrou seu braço. —Para a sala de bilhar?

—Sim. Estava perdida. —Eu admiti enquanto ele oferecia seu braço.

—Eu te encontraria. —Ele prometeu, mas o sorriso foi de boca fechada.


Ele estava no limite quando saímos de Londres, e vi como a tensão acomodou-se
sobre ele.

A sala de bilhar foi mergulhada na tradição sufocante, com painéis de


carvalho decorado com cabeças de veado montados, e faisões de pelúcia.
Jonathan ocupou o bar, as mangas arregaçadas, e sua atenção estava focada em
seus companheiros com bebidas. As mulheres que ele estava servindo giraram
para me assistir. Eu reconheci a ruiva do baile: Amelia. Mas a outra menina era
desconhecida. Ambos os seus rostos permaneceram impassíveis, olhando-me
com fria indiferença.

Eu usava um vestido sem mangas, azul-marinho, e ao entrar,


imediatamente desejei que eu não tivesse. Alexander entrou pela porta sem
hesitação, agarrando minha mão quando ele passou e me levou para o ambiente
mal iluminado.

—Uma hora. —Alexander prometeu. —Você quer uma bebida?

Eu balancei minha cabeça. A última coisa que eu precisava era perder a


minha cabeça em torno deste grupo de amigos. Meu único consolo era a ausência
do pai e da avó de Alexander. Eu não tinha sido formalmente apresentada a todos
na sala ainda, mas, tanto quanto eu sabia, a única que realmente tinha sido era
Pepper.

Um homem vestido de libré2 apareceu na porta, seu olhar varrendo o


grupo antes de parar em Alexander. Ele foi até ele, falando em voz baixa que se
perdeu no clamor das conversas em torno de nós.

2
fardamento provido de galões e botões distintivos usados pelos criados de casas nobres e senhoriais.
Alexander agarrou meu braço. —Preciso resolver uma coisa. Edward
cuidará de você.

Ele foi embora antes que eu pudesse protestar. Eu olhei em silêncio ao


redor da sala, notando os olhares perversos das meninas no bar à partida
repentina de Alexander.

—Venha aqui. —Amelia chamou, acenando. O convite foi amigável demais


para ser genuíno, mas eu não poderia passar toda a semana me escondendo
deles.

Jonathan deslizou um copo vazio para o bar. Entre a onda descuidada de


seu cabelo loiro e seu colete risca de giz, ele parecia como se tivesse saído de um
filme antigo. E quando ele falou, suas palavras pingavam com o carisma de
menino de ouro que lhe garantia um suprimento constante de novos
companheiros. —Qual bebida?

Meus pensamentos foram para Alexander. Ele me fez a mesma pergunta no


Brimstone, e minha resposta ainda era a mesma.

—Oh uau, isso é pesado. —Amelia disse, zombando da minha expressão


sonhadora. —Sirva um gin com tônica. Clara, deixe-me apresentar minha irmã
Priscilla.

Priscilla piscou-me um sorriso cheio de dentes. Ela tinha o mesmo cabelo


vermelho que Amelia, mas sua pele clara estava coberta por um véu de sardas. —
Ouvi bastante sobre você.

Ela não se preocupou em esconder a implicação na voz dela, mas eu forcei


um sorriso triste. —Não acredite em tudo que lê.

—Oh, não me refiro aos tabloides. —Ela disse. —Pepper tem falado de
você por semanas. Alexander conta tudo a ela.

—Eu duvido disso. —Eu disse serenamente. Ela estava tentando me fisgar,
mas eu não estava prestes a morder.

Priscilla encolheu os ombros magros e tomou um gole de sua bebida. —


Oh, Jonathan, use diet tônica. Clara cuida do peso.
Eu não tinha certeza se havia uma punição por estapear uma princesa,
mas eu senti que eu estaria fazendo um serviço público. Alguém pegou meu pulso
antes que eu sequer percebesse que tinha levantado a mão para realmente fazê-
lo.

—Eu cuidarei disso. —David disse, soltando minha mão e estendendo


minha bebida. Sem uma palavra, ele manobrou-me longe do ninho de víboras. —
Essa passou perto.

Ele entregou o meu coquetel, e eu tomei um profundo gole dele, zangada


demais para falar. Quando eu estava finalmente calma o suficiente para recuperar
as minhas faculdades mentais, eu virei para ele. —Como você sabia que eu
bateria nela?

David esboçou um sorriso. Ele se espalhou pela sua elegante pele de


chocolate até seus olhos negros como carvão. Era um sorriso genuíno, e eu relaxei
um pouco mais.

—Passo a maior parte do meu tempo tentando não bater neles. Eu acho
que eu desenvolvi um radar.

—Então me diga David, você é algum tipo de masoquista? —Eu perguntei,


rindo quando seus olhos arregalaram-se com a minha pergunta. —Por que mais
você escolheria passar o tempo com essas pessoas? Eles são como a turminha
Real de confusões.

—Tenho minhas razões. —Ele disse com um encolher de ombros sem dar
maiores detalhes. —E eles precisam de mim para lhes dar ares de legais. Em
algum lugar ao longo do caminho, eles tiveram a ideia de que sair comigo significa
que eles não são aristocratas babacas.

—Isso é certo? —Eu bufei tomando mais um gole da minha bebida.

—É o que eles acreditam.

—Então por que você está aqui? —Eu perguntei. Talvez David tivesse uma
veia niilista, mas eu não podia ver ninguém que escolhesse o tormento de passar
tempo com essas pessoas, sem um motivo muito bom. E eu estava morrendo de
vontade de saber o que era.

—Ele não te contou? —Pepper deslizou mais e ficou sobre as costas da


minha cadeira. Seus cachos dourados saltavam livres, roçando meu pescoço. —
Não seja tímido, David. Talvez Clara possa lhe dar dicas de como finalmente fisgar
um príncipe.

Olhei para David interrogativamente, mas seus olhos estavam fixados


sobre a loira venenosa. —Não tente ser espirituosa. Isso se choca com sua
estupidez, Pepper.

—Pelo menos eu não sou...

David levantou-se abruptamente, derrubando a minha bebida no meu


colo.

—Minhas desculpas. Com licença.

Limpei a bebida do meu vestido antes que penetrasse mais ainda no


tecido.

—Lamento por seu vestido. —Pepper disse. —Menos mal que é medonho.

Eu olhei para ela, mas fechei minha boca. Pode ser inteligente manter
meus inimigos perto, mas era ainda melhor manter minha boca fechada em torno
deles. Eu não tinha dúvida de que cada palavra pronunciada a ela seria distorcida
e usada contra mim. Edward observava do outro lado da sala. Apesar da
preocupação escrita em seu rosto, ele não largou o taco de bilhar.

Esta noite estava se transformando em um pesadelo, e se eu quisesse


sobreviver a neste fim de semana, eu precisava manter meu ritmo no drama.
Saindo da sala rapidamente, percebi que não tinha ideia de como encontrar meu
quarto novamente. Eu teria de rastrear Alexander e puxá-lo para longe de seu
negócio urgente.

Meus passos ecoavam no corredor vazio. Nem mesmo uma lasca de luz
escoava das portas fechadas que ladeavam o corredor. Passei por cada uma e
parei quando eu finalmente ouvi vozes iradas. Arrastei-me em direção a elas,
escondendo-me nas sombras. Não que eu quisesse escutar, mas eu suspeitava
que a minha intrusão não fosse bem-vinda.

Levou um momento para me ajustar à escuridão da sala, e quando


finalmente o fiz, eu percebi que não era Alexander e seu pai. Era Edward e David.
Não querendo interromper sua discussão, me virei para sair, quando Edward se
lançou para frente, agarrando o rosto de David e esmagando a boca na sua. A
minha confusão me congelou no local quando a compreensão me ocorreu.

Apertei-me na porta para ficar fora de vista. Como eu não tinha visto isso?
Minha mente repetia a reação de David à troca desagradável com Pepper, e a
partida de Edward. Eu me perguntei por que David ficava ao redor, quando ele
detestava claramente a maioria de seus companheiros. Agora eu sabia: ele estava
tão preso quanto eu.

David se afastou de Edward. —Basta! Estou cansado desse jogo.

—Não é um jogo. —Edward disse, aproximando-se dele.

David retrocedeu, sacudindo a cabeça. —Você está flertando com essas


cadelas e correndo por aí fingindo ser um playboy. Você pode pensar que não
está jogando um jogo, Edward, mas você está, e de agora em diante, você jogará
sozinho.

—David, espere! —Edward chamou, alcançando-o e agarrando seu braço.

—Tire suas mãos de mim. —David avisou.

—Eu lamento que tenha que ser assim. —Edward soltou seu braço. —Eu
gostaria que fosse diferente. Eu amo você.

David passou a mão sobre seu cabelo curto. —Isso não funciona mais. Não
é mais o suficiente. Amar não te leva a lugar nenhum. Se você quer que as coisas
sejam diferentes, então as mude.

—Você sabe com o que estou lidando. Se Alexander...

—Esperar que seu irmão resolva seus problemas não vai mudar as coisas.
—David disse asperamente. —Pelo menos isso não mudará as coisas comigo.
Edward deslizou um dedo pela bochecha de David e sacudiu a cabeça com
tristeza. —Me diga o que dizer.

Um farfalhar atrás de mim me chamou a atenção, e me virei a tempo de


pegar Jonathan e Priscilla aproximando-se. Parei na porta, impedindo-os de
entrar na sala. David e Edward me veriam, mas algo me dizia que seu
relacionamento não era de conhecimento comum. Eu sabia o que era estar sob o
escrutínio da Turminha Real de Confusões. O que estava acontecendo com eles,
merecia que eles trabalhassem isso em particular.

Priscilla oscilava, agarrando Jonathan enquanto ela ria. Os dois pararam


logo que me viram.

—Nos dê licença. —Priscilla assobiou. Ela tentou passar por mim, mas se
desequilibrou e Jonathan a endireitou.

—O que está acontecendo, Clara? —Jonathan esperou eu explicar por que


não os deixaria passar. Seu olhar correu de mim para a porta, suas pupilas tão
negras quanto uma cobra no escuro.

Eu tinha que pensar em algo rapidamente, mas minha mente gaguejou.

—Vocês... viram... Alexander?

—Ela parece um filhotinho perdido. —Priscilla disse debochando.

—Quieta, Pris. —Jonathan a admoestou. Ele sorriu desculpando-se, mas


seus olhos permaneceram frios. —Lamento dizer que não.

Eu os atrasei tempo suficiente para Edward escapar. Eu não ficaria muito


tempo aturando esses bêbados desagradáveis. Atrás de mim ouvi Pris sussurrar.
—Desgruda do Alexander.

Uma careta cruzou meu rosto. Eu sabia que não estava imaginando a
pitada de ciúme no tom dela.

Assim que partiram, eu refleti no que tropecei. Será que Alexander sabe?
Alguém? Eu entendi porque David estava com raiva, mas eu acho que eu sabia
por que Edward tinha mantido a sua relação em segredo. A fofoca. Os tabloides.
As premissas. Eu estava muito familiarizada com o que era ser ligado a um
príncipe da Inglaterra. Ainda assim, Alexander tinha me reivindicado como sua
não escondendo o nosso relacionamento. Como eu me sentiria se eu ainda fosse
o seu segredo sujo?

Meu estômago revirou com o pensamento, e eu percebi que tinha a


minha resposta. Por mais difícil que as coisas às vezes fossem, eu não teria sido
capaz de lidar com ela.

Era uma situação impossível: estar dividida entre o amor e a realidade.

*****

Eu finalmente encontrei Alexander na biblioteca com seu pai. Hesitando


na porta, eu tentava decidir se era melhor bater ou esperar por eles. Alexander
tinha desaparecido para falar com ele há mais de uma hora, e pelo tom de sua
discussão, não seria concluída em breve. A avó de Alexander, Mary observava a
troca estoicamente, as mãos dobradas serenamente em seu colo. Eu não tinha
dúvidas de que ela estava analisando cada uma das declarações de Alexander
para explorar mais tarde.

—Você tem responsabilidades. —Albert falou a ele. —Clara é muito linda,


mas você não pode decidir sua vida baseado no que seu pau quer.

Alexander cruzou os braços no peito. —Este é o século vinte e um. Clara


é...

—Ela é Americana. —Mary disse a palavra Americana como se


experimentasse algo estragado na sua língua.

Alexander olhou para ela, seus lábios apertaram, e ela encolheu-se sob o
olhar primitivo.

Albert continuou, ignorando a troca de olhares entre sua mãe e seu filho.
—Você tem que se preparar para assumir meu papel.
—Você está planejando se retirar? —Alexander perguntou secamente.

—Eu não aprovo sua irreverência. —Mary repreendeu. Torcendo o nariz


enquanto falava.

Albert esfregou as têmporas, sua voz ficando sombria. —Há situações que
você precisa ser informado, mas você está ocupado demais transando.

—Escolha suas palavras com cuidado. —Alexander avisou, erguendo-se de


sua cadeira com os pulsos fechados. —Ela é preciosa para mim.

Eu tinha passado tempo suficiente à espreita nas sombras esta noite, e eu


estava cansada disso. Bati uma vez na porta e entrei.

—Vou para a cama. —Disse para Alexander, ignorando sua família. Pensei
em David enquanto falava. Também estava cansada de jogos, mas ainda não
estava pronta para ir embora.

—Vou com você. —Alexander atravessou a sala e pegou minha mão. O


contato estalou com eletricidade suprimida. Nós dois passamos a noite nos
defendendo contra os ataques, e eu sabia que o vínculo que compartilhamos nos
ajudaria através dele. Eu ansiava por suas mãos no meu corpo, para garantir sua
exigência, atenção e toque sensível. A julgar pela forma protetora dele entre mim
e seu pai, ele sentia a mesma necessidade.

—Não terminamos essa conversa. —Albert disse.

—Essa conversa está encerrada. —Alexander disse com uma voz firme. —
Eu não vou discutir isso com você por mais tempo. Eu tomei a minha decisão.

Os olhos de Albert deslizaram sobre mim como se o desafiasse. Um frio


percorreu o meu pescoço, congelando meu sangue sob seu olhar firme. Mas no
final, ele só disse. —Boa noite.
Meus dedos torceram quando eu hesitei no corredor. Alexander dirigiu-se
para seu quarto esta manhã, e fiquei surpresa com quão nervosa eu estava sem
ele. O cabelo na parte de trás do meu pescoço se levantou, consciência
deslizando sobre o meu corpo, e eu me virei para encontrar Alexander me
olhando de uma porta.

—Você decidiu correr? —Ele perguntou.

Olhei para ele, confusão rodando através de mim. Depois da noite passada
eu tinha considerado, mas Alexander tinha me convencido a ficar com métodos
que eram provavelmente ilegais em vários países. Não, eu tinha decidido
enfrentar este fim de semana. Mas eu sabia que não haveria problemas para lidar
quando voltássemos para Londres. Por enquanto, porém, eu cruzei os braços
sobre o peito e balancei a cabeça.

—Isso. —Ele deslizou um dedo pela minha saia de seda. —Precisa sair
mais tarde.

Eu tinha escolhido uma blusa branca simples e saia, porque pareciam


adequados para o brunch, mas eu deliberadamente escolhi a saia verde pálido
pela maneira como ondulava enquanto eu caminhava. Isso, combinado com seu
tamanho, tive a certeza de chamar a atenção de Alexander.

—Cancele a caçada e você pode tirar agora. —Prometi com uma voz
rouca.

—Só estarei fora por 2 ou 3 horas. —Ele disse, passando a mão pelo meu
braço nu.

—Isso é o suficiente para eles me comerem viva. —Eu apontei, puxando a


barra da minha saia.
—Me disseram que serviriam sanduíches. —Ele disse. —Mas vou lembrá-
los que responderão a mim se te chatearem.

Eu só balancei a cabeça sem relembrá-lo que poderia cuidar de mim


mesma.

—Você tem um brilho malicioso em seus olhos, Clara. —Alexander disse


suavemente. —O que você está pensando?

—Nada. —Passei a mão em seu peito, inclinando-me para um beijo. Mas


ele se afastou.

—Algo me diz que você ficará bem. —Ele suspirou e pegou minha mão,
me puxando em direção à sala de jantar. —Tente não ser acusada de traição.

Eu não faria nenhuma promessa.

Os homens que iam à caça estavam reunidos, e assim que eles viram
Alexander, a provocação começou. Jonathan apertou a mão no ombro do amigo e
sacudiu a cabeça. —Você vai deixar a raposa escapar, Alexander. —O olhar de
Jonathan virou para mim e sorriu. —Embora não pareça que você machuque a
cauda.

Eu atirei-lhe um sorriso de lábios fechados. Ele pode não se lembrar do


que ele fez para Belle, mas eu sim, e ele não me encantaria, especialmente não
com esse humor de vestiário.

Pepper entrou na sala de jantar. Seu cabelo estava preso em um coque


recatado, e enquanto seu vestido amarelo abraçava sua figura esbelta, ele ainda
caía um pouco abaixo dos joelhos. Seu olhar deslizou para cima e para baixo. Ela
não se preocupou em esconder a sua presunção, quando a Rainha Mãe apareceu
atrás dela em um apertado terninho de linho. Sua aparência distraiu Pepper, que
começou a beijar imediatamente seu traseiro.

Eu sufoquei uma risada sobre a bajulação óbvia e falsa. Será que Pepper
realmente achava que ela poderia ganhar Alexander através de sua avó? Isso só
provava que ela não o conhecia realmente.
Alexander me pegou pela cintura, pressionando um beijo atrás da minha
orelha que enviou uma onda de excitação através de mim. —Te verei em breve,
boneca.

E então ele se foi. Empurrando meus ombros para trás e meu queixo para
cima, tomei um assento na mesa. Edward apareceu na porta, e sua avó dirigiu-se
a ele. —Você não vai se juntar aos homens?

—Caçada não me agrada. —Ele disse, entrando na sala de jantar. —Estava


indo tomar café.

Eu sabia que gostava dele.

—Junte-se a nós. —Ela disse, assinalando um lugar perto dela. —Teremos


chá.

—Eu adoraria, mas infelizmente preciso de café. A verei no jantar. —Ele


lhe deu um beijinho no rosto, e se mandou antes que fosse solicitado novamente.

Mary virou-se para mim com um sorriso tenso em seu rosto. —Receio que
esta refeição matinal pode não se adequar ao seu gosto.

—Não sou exigente. —Eu deixei cair meu guardanapo, alisando-o por cima
do meu colo.

—Não comemos muito da comida americana. —Ela disse com uma ponta
de desculpa, embora houvesse uma ponta de algo cortante sobre isso. —Não
estou certa do que servem no brunch.

Eu segurei a réplica que tentou sair dos meus lábios. —O café da manhã
inglês será ótimo.

Ela acenou. —Muitas salsichas. Eu pedi algo muito mais leve. Eu espero
que você não se importe com a ausência de carne.

—Estou certa de que Clara terá muita carne mais tarde. —Pepper disse
em uma voz doce enquanto eu engasgava com o gole de água que eu tinha
acabado de tomar.

Levantei uma sobrancelha para ela. Quem estava sendo imatura agora?
Felizmente, a equipe apareceu antes das garras saírem, colocando
bandejas de sanduíches e tortas de ovo perante nós. Tudo cheirava maravilhoso,
amanteigado e rico, e minha boca encheu de água, impaciente. Como Belle tinha
me ensinado, eu esperei que meu anfitrião escolhesse sua comida em primeiro
lugar. Eu não sinto que aplicaria a mesma etiqueta para spray de pimenta.

—Não espere por mim. —Mary admoestou. —Vocês garotas parecem que
vão desaparecer.

Mordi meu lábio para impedir que palavras odiosas saíssem.

—Você sabe que tenho que me cuidar, Mary. —Pepper disse. —Mas você
está certa referente à querida Clara. Devemos nos certificar de que ela coma.

Meus olhos estreitaram-se. —Isso não é da sua conta.

—Eles publicaram no Daily Star. É da conta de todo mundo. —Foi Mary


quem falou, seu olhar sombrio sobre mim como um falcão. Se você vai continuar
se encontrando com o meu neto, eu aconselho que você se lembre de que você
não tem segredos, minha jovem. Cada erro que você já fez é notícia. Assim como
cada decisão que você faz a partir deste momento será. —Um sorriso curvou seus
lábios, como se dissesse “Bem-vinda a família”.

—Você faria bem em compartilhar esse pouco com os seus amigos


também. —Pepper adicionou, mas o seu sorriso arrogante sugeriu que era muito
tarde para isso.

Quem era ela para falar? Eu empurrei de lado a minha curiosidade,


percebendo que isso não importava. Agora minha sobrevivência dependia de
atravessar este brunch.

Eles queriam que eu recuasse. Eles esperavam que enquanto circulavam


em torno de mim, que eu saísse gritando e batendo as asas, o que significava que
era a última coisa que eu faria. —Estarei certa de seguir seu conselho.

—Tenha cuidado. —Mary continuou, sorvendo um pouco de seu creme


Devonshire. —Você nunca sabe quem são seus amigos realmente.
Tomei um gole de chá, deliberadamente, olhando-as sobre a borda da
xícara.

—Eu imagino que você não.

*****

Depois de um delicioso brunch, retirei-me para o meu quarto sob o


pretexto de leitura, mas não conseguia me concentrar. A refeição da manhã, de
duplo sentido e elogios me esgotou, e eu desejei mais uma vez que eu estivesse
de volta ao meu apartamento, tendo um fim de semana discreto com Alexander.
Mas me recuperei quando bateram na porta e saltei em direção a ela.

Forcei um sorriso quando eu abri e descobri Norris. —Boa tarde.

—Eles estão em seu caminho de volta, Senhorita. Alexander me enviou à


frente para pedir-lhe para recebê-los.

Eu não precisava de mais persuasão. Puxando minhas botas, eu segui para


fora quando o grupo de caça chegou. Alexander guiou seu cavalo para mim, com
uma rédea de equitação segurando em sua mão.

Eu levantei minha sobrancelha, apontando para o instrumento.

—Papai insistiu. Claro, se você sabe o que está fazendo, você não precisa
de um desses. —Ele disse com um encolher de ombros. Ele veio até mim,
parecendo régio em seu poderoso cavalo árabe.

—Eu poderia ter usado isso essa manhã. —Eu admiti e seus lábios
tremeram.

—Suponho que teria uso. —Ele disse com a voz lenta e sexy que eu
amava. Alexander estendeu a mão e eu olhei para ele com surpresa. —Vamos.

Eu esperei o dia todo para ouvi-lo dizer isso, e eu não consegui me impedir
de levantar minha sobrancelha sugestivamente. Sua boca curvou-se em um
sorriso malicioso. Depois de passar o dia dizendo todas as coisas erradas e
constantemente pedindo desculpas, a visão de seu lindo rosto pecaminoso me
deu água na boca.

—Estou usando saia. —Eu disse quando a brisa soprou a bainha,


levantando o suficiente para que minhas coxas nuas fossem reveladas.

Tão pronta quanto eu estava para fugir com ele, eu não estava
exatamente preparada para montar um cavalo, e todo mundo seria obrigado a
falar sobre nós enquanto estávamos ausentes da casa.

—Acredite em mim, eu percebi. —Alexander passou uma perna sobre a


sela e saltou para baixo, tirando o capacete para revelar a sua bagunça sexy de
cabelos negros. Ele parecia magnífico em sua calça de montaria que abraçava
seus músculos e traseiro. —Eu Preciso te afastar dessas pessoas sanguinárias. Eu
quero você só para mim.

—Aonde você vai me levar? —Eu perguntei, colocando minha mão na sua.
Saia ou não, eu iria a qualquer lugar que ele me levasse.

Sua voz baixou, uma vez que mais do que alguns olhares curiosos estavam
nos observando. —Você está fazendo a pergunta errada.

—Estou? —Pisquei os olhos para ele em inocência simulada.

Um grunhido retumbou em sua garganta quando eu perguntei, e eu podia


ver as rodas girando atrás dos olhos azuis cristalinos. —Você devia perguntar: o
que eu vou fazer com você.

Minha boca ficou seca e eu esperei que ele continuasse, muito presa na
tensão sexual pesada crepitando entre nós para encontrar a minha voz. Eu queria
a garantia de seu toque.

—Já ouviu o termo cavalgar dedos? —Ele perguntou com um sorriso


perverso que fez o meu pulso disparar em expectativa. —Se eu não cavalgar com
você agora na frente de todas essas pessoas, esta noite eles vão se perguntar por
que você está andando tão estranhamente.

Oh meu… sim, por favor . —Então cavalgar é um álibi?


—É tudo parte do que pretendo fazer com você.

Ele passou seus braços em volta da minha cintura, e me atraiu para ele. Eu
caí em seus braços, a cabeça nadando com o coquetel inebriante de sua presença.
Quando ele roçou os lábios sobre os meus no que era para ele um show bastante
recatado de afeto, todas as razões para isto ser uma ideia horrível
desapareceram.

Um momento depois, ele me içou sobre a sela. Era grande o suficiente


para permitir-me montar lado a lado, mas depois me lembrei de que ele disse
sobre manter as aparências, e eu movi a minha perna para que eu sentasse
normalmente, meus pés balançando acima dos estribos. Eu empurrei minha saia
com segurança sob a minha parte traseira, de modo a não mostrar o meu
bumbum para metade da família real, mas também para evitar o atrito contra o
couro.

Ele me entregou o chicote, mas passou o rifle que tinha usado durante a
caçada a um guarda-caça nas proximidades. Alexander montou o cavalo, tomando
as rédeas com uma das mãos, enquanto a outra me segurava firmemente contra
ele. Eu estabeleci-me em seu abraço, saboreando seu calor e a dureza de seu
corpo contra mim, embora até mesmo quando relaxei, um arrepio constante
correu dentro de mim com a sua proximidade.

—Alexander! —Albert caminhou em nossa direção, com a boca numa


linha sombria. Tinha passado o dia montando um cavalo, mas nenhum único fio
de seu cabelo penteado estava fora do lugar. Apesar de sua aparência composta,
seu filho parecia ter lhe desagradado. —Temos convidados.

—Clara é minha convidada. —Alexander disse num tom desinteressado. —


Vou levá-la para conhecer o lugar. Voltaremos para o jantar.

O olhar frio de Albert cintilou sobre mim, sem dúvida, observando meu
inadequado vestuário de equitação. Alexander podia ser capaz de enganar os
outros convidados quanto às suas intenções, mas era óbvio que seu pai viu
através dos verdadeiros motivos de seu filho. —Espero que você esteja
devidamente vestida à mesa.
Ele virou-se e saiu sem outra palavra, mas atrás de mim, Alexander ficou
tenso após a briga. Um padrão estava começando a se desenvolver. Eu gostaria
de poder ver todas as peças em jogo, para que eu pudesse compreender um
pouco mais. Isso levaria tempo, mas com Albert me sabotando ativamente,
quanto tempo eu tinha?

—Vamos lá. —Ele disse e começou a mover-se em um ritmo constante.

Agarrei a rédea em minhas mãos enquanto nos movíamos para um meio


galope e meu corpo balançava contra o dele. Percorrendo toda a propriedade.
Quando estávamos fora da vista da casa principal, Alexander desacelerou o cavalo
até que chegou a um impasse em uma faixa de terra plana. Quilômetros de
campo ininterrupto estavam diante de nós. Colinas verdejantes, fardos de feno. O
ar estava fresco, quente, mas puro, e eu respirei profundamente, enchendo meus
pulmões. Mas eu estava muito marcada para me acalmar.

—Lindo. —Eu murmurei enquanto Alexander envolvia os braços em mim.

—Sim. —Ele disse com uma voz rouca. Eu podia ouvir o desejo, e meu
núcleo apertou, lembrando-me de suas palavras anteriores.

—Você me tem completamente sozinha. —Eu o lembrei. —O que você vai


fazer comigo?

Alexander riu e beijando meu pescoço disse. —Ainda não, boneca.

Eu já estava pronta para ele, o meu desejo era uma combinação de


excitação e angústia. Os braços de Alexander apertaram em torno de mim como
se sentisse a minha ansiedade. Estar com ele me permitia esquecer que eu não
me encaixava em seu mundo.

—Você está infeliz. —Ele adivinhou.

Eu hesitei antes de finalmente concordar. —Eu não pertenço a este lugar.

—Oh boneca. —Alexander deixou escapar um suspiro. —Nem eu.


A renúncia de sua confissão torceu meu coração. Ele não tinha escolha. A
loteria do nascimento o tinha colocado nesta família, e eu não podia ver um meio
de fuga.

—Mas... —Ele continuou. —Você está errada sobre uma coisa. Você
pertence aqui, comigo.

Imprudentemente me virei e bati os lábios nos dele, mas apesar da


urgência em mim, ele beijou lentamente.

—Então, você vai me levar para um rolo de feno? —Arqueei a sobrancelha


em convite.

—Estou planejando coisas mais depravadas. Vou começar por... —Sua voz
se afastou enquanto suas mãos deslizavam debaixo da minha saia. Meu clitóris
pulsava com a proximidade dele, se lembrando da última vez em que ele
empregou seus dedos muito talentosos. Mas ele não sondou entre as minhas
pernas, ao invés disso ele parou no elástico da minha calcinha de renda. —Você é
uma provocação nesta pequena saia. Eu tive bolas azuis toda à manhã pensando
em suas coxas mal cobertas. Você sabe o que é passar o dia inteiro escondendo
uma ereção de metade da monarquia?

—Não posso dizer que sei. —Eu o fisguei. Minha respiração engatou com
o pensamento de seu pau duro naquela calça. Eu mexi minha bunda para trás,
brincando, batendo contra sua virilha, e descobri que ele não estava mentindo.

—Exatamente. —Ele rosnou contra a minha orelha. Suas mãos tremeram


violentamente, e depois rasgou o laço delicado da minha calcinha. Eu gemi
quando ele removeu o tecido desfiado, roçando em meu sexo escorregadio. Ele
não fez nenhum movimento para me tocar ainda mais, ele empurrou os restos no
bolso do casaco. Levantando minha saia para que o vento sussurrasse em meu
traseiro nu, ele assobiou de forma apreciativa.

—Isso dá um novo significado a transar sem proteção. —Ele disse, e eu


podia ouvir o sorriso de satisfação em sua voz.

De fato. Eu estava exposta. Deliciosamente. O couro era suave contra a


minha carne macia, e me senti devassa. Pronta para ele me levar. Mas ele não o
fez. Em vez disso, incitou o cavalo. Os primeiros passos foram lentos, e o assento
de couro bateu suavemente contra o meu clitóris, deixando a sela molhada com
meu desejo. A sensação me assustou, vibrando através dos meus nervos feridos,
e me levando ao limite. Mas mesmo quando Alexander aumentou nosso ritmo
para um galope, com a mão quente contra a minha barriga, eu não caí sobre ele.
A necessidade construída em mim sobrecarregou os meus sentidos, até que eu
estava vibrando. Eu me contorci em seus braços na tentativa de incentivar sua
mão deslizar ainda mais para baixo, mas ele me segurou firme, completamente
no controle do meu corpo, eu percebi.

Meu único consolo era a protuberância dura que apertava contra o meu
traseiro. Ele estava tão excitado quanto eu, e em breve, quando ele acabasse essa
doce tortura, ele estaria dentro de mim. Meu sexo inchou com o pensamento, e
pequenas ondulações de antecipação tremeram através de mim. Tudo o que eu
precisava era de seu toque.

Nós montamos pelo que pareceu uma eternidade, e eu lutei contra a


vontade de tocar-me e acabar com o tormento. Eu sabia que ele nunca permitiria,
mas principalmente, eu queria que Alexander o fizesse. A masturbação simples já
não tinha qualquer apelo para mim. Não enquanto este homem
pecaminosamente sexy estava pressionado contra mim. Eu precisava de seu
pênis, seus dedos, sua língua. Meu prazer lhe pertencia. Quando eu não aguentei
mais, movi-me na sela e coloquei minha cabeça para trás, implorando que ele
parasse. Ele diminuiu o suficiente para que ele pudesse levantar a mão para o
meu rosto, para suavemente acaricia-lo.

—Sim, boneca?

—Por favor. —Eu supliquei. Correndo em um galope furioso, meu desejo


filtrou através de meu sangue, enrolando cada nervo do meu corpo em cordas
esticadas.

—Por favor, o que? —Sua boca se retorceu de prazer, traindo o que ele já
sabia.

—Por favor, pare. Eu… preciso… de você. —As palavras foram sufocadas.
Ainda estranho para uma menina que nunca pedia o que ela queria. Alexander
disse-me uma vez, que eu imploraria por ele, e ele estava certo. Eu estive lhe
implorando desde a primeira vez que ele me tocou.

Sua mão caiu no meu pescoço, envolvendo-o com um aperto firme.

—Diga, Clara. —Ele ordenou.

—Eu quero que você me foda. —Eu disse com a voz um pouco acima de
um sussurro. Eu senti que a qualquer momento eu poderia explodir em chamas se
ele não me tocasse, mas foi essa tensão controlando o meu corpo, que tornava
difícil até mesmo falar. Eu só conseguia pensar em seus lábios nos meus. Sua
carne contra a minha.

Alexander parou. —Quer ou precisa?

Engoli contra a construção de desejo cru na minha garganta, e continuei o


meu apeIo. —Preciso de seu pau. Eu preciso que você me foda até que eu não
aguente mais. Por favor.

Ele não falou quando ele desmontou o cavalo, mas quando me virei para
seguir o exemplo, ele me parou, empurrando minhas pernas até que estava
espalhada diante dele. Seus olhos ficaram pesados quando ele arrastou os dedos
para baixo na pele macia das minhas coxas, mas suas mãos viajaram mais longe.
Eu estava em exposição para ele, e ele me estudou como um conhecedor de arte
pode considerar uma pintura, ou uma escultura, adorando o trabalho diante de
seus olhos.

Obriguei-me a respirar profundamente, com medo que eu pudesse gozar


só com a intensidade de seu olhar, trancada como eu estava sob ele, até que ele
saiu do devaneio e me ajudou a descer. Assim que as minhas botas tocaram a
grama, ele estava em mim. Lábios esmagados juntos, enquanto nossas mãos
emaranhavam nos cabelos e roupas. Eu puxei o paletó, jogando-o ao chão antes
que suas mãos pegassem meu pulso, e ele sacudiu a cabeça. Ele puxou meus
braços para cima e prendeu-os com uma das mãos. Eu não lutei contra o instinto
cru, predatório que rolava dele por mais tempo. Em vez disso, me submeti quase
esmagada pelo meu desejo por ele. Com a outra mão, ele empurrou para baixo a
minha saia, até que caísse em torno dos meus tornozelos. Então ele abriu a blusa,
alguns botões saíram no processo. Mais tarde, quando eu tivesse que voltar para
a casa sem calcinha e faltando alguns botões, seria uma dor na bunda. Neste
momento, o meu corpo ardia enquanto puxava meus seios do meu sutiã.

Sua cabeça moveu-se para baixo, capturando meu peito e chupando meu
mamilo profundamente em sua boca. Engoli em seco quando ele me excitou, me
provocando com sua língua, e eu senti meu outro mamilo endurecendo em
antecipação. Ele voltou sua atenção ao seu vício, e eu desejava que houvesse
mais dele. Que eu pudesse sentir o calor de sua respiração em cada pedacinho do
meu corpo. Alexander continuou seu ataque em meus seios, até que eles estavam
inchados e pesados, e meus joelhos ficaram fracos, ameaçando me traírem. Mas
ele me pegou e estalou a língua na minha orelha.

—Ainda não, boneca.

Eu gemi quando suas palavras foram sussurradas em meu pescoço. Ele


podia fazer-me gozar só com sua voz, mas ele não quis. Alexander era generoso
com seu prazer, mas era sempre em seus termos. Hoje, ele deixou claro que ele
me empurraria para a altura do êxtase, me empurraria até que eu quebrasse, e eu
não queria nada mais.

Eu precisava disso como eu precisava dele.

Ele soltou meus braços, e eles caíram para os meus lados, meus músculos
queimando e já enfraquecidos. —Tire seu sutiã.

Fiz o que me foi dito, os olhos fixos em seu rosto bonito. Imaginei
correndo minha língua ao longo de seu pênis talhado quando abri os botões que
tinham escapado de seu massacre. Quando cheguei ao sutiã, eu me concentrei na
cicatriz sobre sua sobrancelha esquerda, lembrando como ele suspirou quando o
toquei. Eu ainda estava aprendendo o quanto havia de significativo naquele
momento entre nós. Essas cicatrizes brutais, que uma vez ele pensou que
marcaram seu corpo perfeito, só o tornavam mais bonito. Elas me lembravam de
que este deus diante de mim, era um homem.

Tirei o resto da minha roupa e fiquei diante dele, tirando minhas botas. O
ar de junho estava quente no meu corpo, mesmo sob a sombra de uma árvore
próxima.
—Estou a meio caminho de montá-la naquele cavalo e observar seus
peitos e traseiro balançarem por todo o campo.

Minhas sobrancelhas ergueram. Não consegui esconder minha


exasperação.

—Eu prefiro cavalgar outra coisa.

Um sorriso esculpiu seu rosto. Ele sabia que ele tinha chegado a mim, o
que significava que ele também sabia que ele poderia me levar até a beira da
insanidade com sua provocação torturante.

—Você está curtindo isso, não? —Eu perguntei. —Quase me deixando


louca até que me foda?

Um brilho sombrio passou por seus olhos enquanto considerava minha


pergunta.

—Sim, boneca, é por isso que eu deveria levá-la por cima do meu joelho e
bater nesse seu traseiro.

Não pude conter o tremor de prazer que correu através de mim com o
pensamento de ser dobrada sobre o seu joelho. Eu nunca teria permitido que
qualquer outro homem me batesse. Eu provavelmente não teria permitido que
eles sequer mencionassem, mas no pouco que eu conhecia de Alexander, seu
domínio me consumiu, levando-me à beira do excesso, e nunca passando por ele.
E agora eu estava desesperada para ter suas mãos sobre mim, de qualquer
maneira que eu pudesse.

—De fato… —Sua voz foi sumindo enquanto seus olhos pousaram em algo
atrás de mim. Não me atrevi a virar, sem saber se eu queria saber o que tinha
chamado sua atenção. Alexander pegou minha mão e deu um beijo na parte
superior. —Eu preciso saber se você confia em mim.

—Eu pensei que já tivesse provado. —Eu disse. —Depois do que


experimentamos juntos, eu pensei que isso já era óbvio. Eu nunca estive com
ninguém como estive com você.
—Presumi. —O tom arrogante estava de volta em sua voz. —Isso não
significa que você confia em mim.

—Você confia em mim? —Perguntei tão corajosamente quanto pude,


enquanto estava completamente nua no meio do campo.

Os olhos de Alexander se distanciaram, e eu gostaria de poder trazê-los de


volta, mas em vez de ficarem frios e duros, enquanto eu pisava sobre o limite não
declarado que nos separou antes, desta vez eles passaram, enchendo de fogo
quando ele acenou com a cabeça. —Eu acho que você é a única pessoa em quem
eu confio.

Eu me esqueci de respirar enquanto o lado nu e vulnerável de Alexander


passava diante dos meus olhos. Ele foi embora em um instante, substituído pelo
homem dissoluto, bonito que ele geralmente mostrava ao mundo, mas eu tinha
visto através de seu disfarce mais de uma vez. Ele me fez a pergunta em primeiro
lugar, que ainda permanecia, dançando nas chamas ardentes de sua íris.

—Sim. —Sussurrei, sabendo que ele precisava ouvir. —Eu confio em você.

Seu sorriso de resposta não era o sorriso arrogante que normalmente


derretia minha calcinha, foi tranquilo e sério. A vitória estava presente, mas não
foi cheia de autossatisfação. Ele confiava em mim, e eu tinha dado a ele o que ele
mais desejava: o controle. Eu tinha dado o meu corpo, minha mente e, percebi
com uma pancada do meu coração.

—Você se lembra de sua palavra de segurança?

Eu balancei a cabeça, sentindo-me um pouco embaraçada que houvesse


necessidade de uma, mas Alexander tinha empurrado meu corpo mais e mais
desde que eu tinha sido apresentada a seus desejos mais sombrios. Eu só tinha
sido capaz de fazê-lo porque eu vi sua compulsão em me proteger.

—Brimstone.

—Vire-se de frente para a árvore. —Ele ordenou.

Fiz o que me foi dito, e ele me recompensou com o contato que eu


desejava tão desesperadamente. Suas mãos varreram meus lados, incentivando
meus braços a subirem sobre a minha cabeça, permitindo-lhe mais acesso a mim.
Eu me preparei contra a árvore enquanto ele pressionava contra mim. Suas
roupas de montaria arranhavam suavemente sobre minha pele nua, fazendo-me
doer pelo toque de sua pele contra a minha. Por agora, eu apreciava da aspereza
de seus dedos enquanto acariciava minha barriga, e arrastava-se para o meu
traseiro, deixando caminhos de fogo em seu rastro. Em seguida, ele se afastou
abruptamente.

—Feche seus olhos.

Fechei os olhos, e esperei que ele voltasse pelo que pareceu uma
eternidade. Eu estava quase inconsciente da casca áspera cravando na carne dos
meus pulsos, ou a ligeira dor em meus membros. Quando ele finalmente voltou,
senti sua presença, mesmo que ele não me tocasse.

—Abra suas pernas. —Ele ordenou-me, e eu obriguei meu corpo,


visceralmente recordando as vezes que ele ordenou-me antes. —Esse é um
caralho de bela vista.

Sua mão fechou-se sobre o meu sexo, e um rosnado baixo retumbou por
ele. Ele me tentou com seu contato, mas não ofereceu alívio dos meus desejos,
mesmo quando senti sua ereção contra a minha bunda.

—Sua buceta está tão molhada para mim. —Ele murmurou. —Sinta o
quão molhada está.

Eu deixei cair um braço tremendo entre as minhas pernas, e ele pegou


minha mão, empurrando-a contra o meu latejante sexo inchado. Estava liso,
pesado com a luxúria, e pronto para ele. Apesar de tudo, meus dedos
encontraram meu clitóris, mas ele empurrou minha mão. —Nada disso.

Eu solucei com o castigo, o prazer potencial brotando em mim, até que eu


pensei que pudesse explodir, e quando ele se afastou, deixando-me sentindo
abandonada e desesperada em minha necessidade, eu pensei por um momento
que eu fosse chorar. Minha palavra segura penetrou na minha língua, e eu lutei
contra a vontade de dizê-la. Ele me pediu para confiar nele, revelando por um
momento, o ferimento que estava sob o verniz da arrogância que ele usava como
um terno bem cortado, e eu era incapaz de dizer não a seu pedido.
Mordi o lábio e esperei pronta para o que ele poderia me dar.

O primeiro toque do chicote contra o meu clitóris vibrou através do meu


corpo me fazendo chorar. Não era doloroso, apenas inesperado, e não foi o
suficiente para me empurrar para o precipício que meu corpo se agarrafa. Couro
frio esfregou por toda a minha vagina, e eu percebi que Alexander tinha
encontrado um propósito para o chicote depois de tudo. Em seguida, a haste lisa
tinha ido embora. Prendi a respiração até que ele bateu levemente contra meu
traseiro. O aguilhão queimou toda a minha carne tenra, levando arrepios ao longo
da minha pele. A mão de Alexander esfregou o local com movimentos suaves,
dissipando o calor remanescente deixado pelo chicote, assim como a chama entre
as minhas pernas que ardia como fogo. Ele continuou a sua massagem, e eu
percebi que ele estava me testando, esperando eu dar a palavra que o
pressionaria ou me entregaria a ele.

—Mais. —Eu gemi.

Alexander avançou e deu um beijo no meu pescoço, um simples gesto de


tranquilidade suave, antes que ele recuasse novamente. Desta vez eu ouvi cortar
o ar, antes que ele batesse contra o outro lado da minha bunda. O chicote bateu
mais forte, mas ainda controlado, mesmo que meus joelhos dobrassem ao seu
impacto. Gritei seu nome na afirmação do meu prazer.

—Mais aberta, boneca. —Ele exigiu. Uma nota perigosa colocada em suas
palavras.

O cabo empurrou entre as minhas pernas novamente, esfregando


deliberadamente, antes que ele chicoteasse contra o meu clitóris mais uma vez..
Eu estava tão perto, mas eu sabia que isso não poderia satisfazer a minha
necessidade crescente. O orgasmo em mim parecia um oco. Ele não diminuiria o
meu desejo. Só ele poderia fazer isso.

—Eu preciso de você. —Chorei enquanto as tiras estalavam contra o meu


broto sensível novamente. Alexander se deteve atrás de mim, então eu continuei.
—Eu preciso de você dentro de mim. Eu preciso que você me preencha.

—Tem certeza, boneca? —Ele perguntou, mas enquanto ele falava, eu


ouvi seu zíper.
Eu consegui acenar apesar da leveza nadando na minha cabeça. Alexander
me intoxicava. Sem seu toque, eu me esquecia de como respirar. Ele tinha se
tornado meu centro de gravidade. Eu precisava desse paraíso agora mais do que
eu já precisei de algo. Não apenas porque ele tinha me levado para a beira do
prazer, mas porque aqui, entre sua família e amigos, a nossa conexão era tênue.
Eu ansiava por ele, eu o cobiçava.

Seu dedo mergulhou em meu sexo, e eu relaxei contra ele.

—Você se abre para mim como uma flor. —Ele murmurou contra a minha
orelha. O dedo desapareceu, e a sensação vazia retornou, mas evaporou-se
quando senti a cabeça grossa do seu pau contra a minha entrada. Mesmo que eu
estivesse praticamente gotejando por ele, eu me preparei para o curso inicial. O
que sempre andava na linha entre dor e prazer.

—Eu preciso te foder, Clara. Ele rosnou. Sua respiração quente no meu
ouvido, e seu pênis contraindo entre as minhas pernas. —Não sei se posso ser
gentil.

Eu queria tudo dele.

O anjo e o demônio.

O céu e o inferno.

Ele era a minha maldição e minha salvação.

Respondi sem pensar duas vezes. —Não seja.

Alexander gemeu com as minhas palavras, uma mão envolvendo


ferozmente em torno da minha barriga, enquanto o outro empurrava seu pênis
dentro da minha vagina. Apesar de seu aviso, ele se deteve por um momento. Sua
mão agora livre afastou o cabelo do meu pescoço, empurrando-o para cima do
meu ombro e segurando-o lá, para que ele pudesse esmagar seu corpo perto do
meu. E então, sem mais aviso, ele bateu em mim, acendendo uma onda de
chamas que queimaram meu sexo. Sua mão emaranhou no meu cabelo, me
puxando para ele, puxando a cabeça para trás até que seus lábios capturaram os
meus. Ele continuou seu ataque incansável enquanto guiava minhas pernas
trêmulas para baixo contra suas coxas duras. Eu estava quase sentada sobre ele,
suas pernas poderosas dobradas para lhe permitir um acesso mais profundo,
enquanto ele acariciava contra minhas paredes de veludo.

O autocontrole que eu tinha lutado para manter desintegrava-se um


pouco a cada impulso, abandonando-se ao cumprimento que eu desejava tão
desesperadamente. Alexander quebrou o nosso beijo, liberando o meu cabelo
para que eu pudesse inclinar-me para a árvore, enquanto dirigia seu pênis em
direção em um clímax furioso.

—Goze para mim. —Ele me ordenou, e eu desmoronei em torno dele.


Meus membros apertaram e, em seguida, suavizaram quando eu gozei nele. Ele
gozou em cima de mim como uma onda, puxando-me para o mar e roubando a
respiração enquanto se afogava em seu poder. Como eu me afogava nele.

À medida que os fragmentos finais de prazer me deixavam, o ritmo


aumentou. Ele tinha me levado para a beira e me deixado cair, mantendo o
autocontrole rígido ao qual ele se agarrou. Mas agora, seu pau espesso pulsava
em meu canal sensível enquanto ele derramava em mim, inundando o meu sexo
com sêmen quente.

—Clara. Minha Clara. —Ele gemeu enquanto gozava, e eu ouvi a verdade


quando meu nome saiu de seus lábios. Ele estava tão perdido no mar quanto eu
estava.

Nós dois estávamos nos afogando.


Deitei-me na grama, nua, sobre a jaqueta de Alexander, enquanto ele
apertava o selim para a nossa viagem de volta à propriedade. O sol brilhava, e eu
descansava preguiçosamente em seu calor. Eu não tinha pressa para voltar,
especialmente dado o nosso estado atual. Meio-vestido com o peito nu, o cabelo
escuro desgrenhado, Alexander parecia um deus, e eu estava apreciando a vista.
Apesar da ligeira dor pela crueza do nosso encontro, meu núcleo apertou quando
avistei a calça desabotoada, e eu não podia evitar, mas queria ele novamente.

Alexander virou-se e estreitou os olhos, passeando em minha direção


como uma pantera perseguindo sua presa. Eu o chamei com o meu dedo,
suspirando quando ele abaixou-se sobre mim, segurando-se sem me tocar. Eu
não podia reclamar, porque mostrava a rígida disciplina que ele desenvolveu ao
longo dos anos de serviço militar, bem como os músculos travados. Eu não pude
resistir de correr os dedos para baixo no comprimento do seu abdômen definido.

Seus olhos escureceram enquanto eu acariciava sua zona proibida. —Você


está me dando o olhar “venha me pegar”.

Arqueei contra ele, roçando meus mamilos através de sua carne. Eles
responderam imediatamente ao contato, e eu mordi meu lábio imaginando seus
dentes beliscando os bicos sensíveis. —Isso é uma vergonha. Eu queria lhe dar o
olhar “venha me foder”. —Ronronei, arqueando mais, para que o meu sexo
fizesse contato com sua virilha. Ele estava duro novamente, e minhas pernas
separaram-se instintivamente para ele.

—Agora vejo a diferença. —Ele gemeu quando minhas mãos alcançaram a


braguilha e libertaram seu pênis. Se não fosse por suas veias quentes pulsantes,
poderia ter sido confundido com mármore. Seu corpo pertencia a um tempo
diferente. Era uma obra de arte que pertencia a um museu, e era todo meu.
Atingindo mais abaixo, deixei seu saco livre, pegando-o suavemente e em
seguida, dando-lhe um aperto brincalhão.
—Cristo, eu amo quando você brinca com minhas bolas. —Sua cabeça
mergulhou ao meu encontro, finalmente encontrando os meus seios. Ele cobriu
meu mamilo com uma sucção, aumentando a pressão, até que eu senti entre as
minhas pernas, que apertaram instintivamente, pedindo para seu pênis encontrar
a sua casa.

Mas eu ainda não tinha acabado.

—Eu quero te chupar. —Eu sussurrei e Alexander enrijeceu.

—Se você fizer isso eu não vou ser capaz de te foder por mais tempo. —
Ele balançou seu corpo contra o meu, de modo que seu pau deslizou dentro e
fora do meu alcance, cutucando o meu osso púbico. O gesto era a promessa de
coisas boas vindo.

Mas eu não podia ignorar que o sol não duraria muito. —Quanto tempo
temos?

—Não o suficiente para me satisfazer. Quero transar com você no


crepúsculo, e sob as estrelas, e quando o sol nascer.

—Sim, por favor. —Eu disse, lambendo meus lábios.

—Você está tão quente para mim, boneca. Você sabe o que faz para mim?
—Ajoelhando-se entre minhas pernas, ele apertou seu pênis, mostrando o seu
comprimento magnífico. —Você tem uma buceta tão gananciosa. Tudo o que eu
quero fazer é fodê-la. Fodê-la forte. Fodê-la lento. Eu quero que a ausência do
meu pau em sua pequena e bonita buceta seja anormal. Ela pertence a mim, e eu
vou cuidar dela o mais rápido que eu puder.

Meu sexo apertou com suas palavras. Eu queria agradá-lo. Não, eu


precisava, porque a sua realização de alguma forma superou a minha própria, mas
eu não sabia como dizer isso a ele. Em vez disso eu fiquei de joelhos, apoiada em
minhas mãos, e corri minha língua ao longo do seu pênis. Alexander pegou meu
cabelo, e me fez ajoelhar com força suave. Suas mãos se hospedaram no meu
cabelo, acariciando a cabeça suavemente enquanto eu lambia seu pênis. Pegando
uma de suas bolas com minha língua, eu chupei suavemente em minha boca, até
que a mão apertou meu cabelo com mais força, então eu soltei e foquei na outra,
até que ele me pediu.

—Eu vou foder a sua boca agora.

Antes que ele pudesse empurrar seu pênis pelos meus lábios, eu estava
sobre ele, minha boca acomodando-se sobre ele. Eu afundei meu rosto,
chupando e lambendo-o com movimentos longos, e Alexander parou permitindo-
me dar prazer a ele. Minha mão agarrou seu pênis, acariciando-o com força,
pedindo-lhe para soltar sua liberação.

Eu dirigi a minha boca para baixo em seu pênis, enquanto ele jorrava
contra a minha garganta, saboreando o calor de sua semente até que ele parou.
Os olhos de Alexander permaneceram fechados mesmo depois que eu me afastei,
agradavelmente surpreendida ao ver que sua ereção não tinha diminuído.
Quando ele finalmente olhou para mim, eu me senti eletrificada até o osso.

—Minha vez. —Ele disse com uma voz gutural.

Ele deitou-me de volta, pressionando e abrindo minhas pernas com seu


quadril. Mas ele não se mexeu dentro de mim apesar dos meus movimentos. Em
vez disso, ele deixou cair uma trilha de beijos pelo meu abdômen, parando para
sussurrar contra o oco das minhas coxas. —Você sabe por que selava com cera as
cartas que te enviava?

Eu balancei a cabeça, mesmo enquanto tentava entender por que isso era
importante agora. —Elas permaneceriam privadas.

—Essa é a razão prática. —Ele fez uma pausa, deslizando a língua ao longo
do vinco e fazendo-me ofegar. —O selo é de família.

—Eu não tinha ideia de que eram tão oficiais. —Murmurei, ficando mais
quente enquanto sua boca pairava tão perto do meu clitóris, que eu podia sentir
sua respiração sobre ela.

—Tradicionalmente. —Ele continuou, com os dedos empurrando para a


minha vagina, e separando os tecidos delicados. —Vermelho era usado na
correspondência para a igreja.
Pensei no lacre de cera vermelha que Alexander tinha empregado, e o
meu sangue aqueceu com uma mistura de constrangimento e excitação.

Alexander fez uma pausa, desviando sua atenção do meu sexo inchado
para meus olhos.

—Você é minha religião, Clara Bishop. Sagrada. Amável. Eu quero te


adorar.

Sua boca caiu para minha boceta, e minha respiração ficou presa quando
sua língua sacudiu em meu clitóris. Ele brincou com lambidas macias, rápidas, que
enviaram pequenas ondas de prazer pelo meu corpo. Quando pensou que eu
aguentaria mais, ele estabeleceu-se sobre o ponto sensível e chupou avidamente.
Seu dedo sondou a minha entrada, e eu relaxei mais amplamente recebendo-o.
Ele empurrou outro dedo dentro de mim, me fodendo com movimentos longos e
profundos, enquanto a sua língua girava sobre o meu clitóris, e eu gozei desfeita,
quebrando em pedaços sob seu assalto qualificado.

—Você tem um gosto tão bom. —Ele ronronou, arrastando sua língua ao
longo da minha fenda. Era demais para aguentar, e eu estremeci, apertando
minhas pernas contra sua cabeça instintivamente. Ele pôs-se de joelhos, com a
mão apertando seu pênis, e olhou para mim.

Mal tive tempo de registrar o contato antes que ele tivesse empurrado
dentro de mim novamente.

—Eu não posso. —Eu gemi. Meu corpo ainda não tinha se recuperado do
orgasmo de abalar a terra que ele tinha acabado de me dar.

—Eu digo que você pode. —Ele rosnou. Meu sexo respondeu com choque,
não pronto para mais estímulos, enquanto ele movia-se lentamente para dentro e
para fora da minha boceta. O polegar de Alexander encontrou meu clitóris, e
habilmente acariciava a sensibilidade levando à excitação. Eu floresci para ele,
que afundou mais profundo dentro de mim. —Ponha suas pernas nos meus
ombros.

Ele puxou meus tornozelos e os colocou sobre seus ombros. Alexander


gemeu quando suas mãos encontraram minha bunda, apertando-a com força
enquanto ele empurrava para dentro de mim com deliciosa lentidão. Eu estava à
beira do êxtase. Peguei meu lábio entre meus dentes, tentando fazer o delicioso
prazer durar mais tempo.

—Espere. —Alexander ordenou. —Eu digo quando for para você gozar.

Ele deslizou para fora de mim, e eu gritei com a ausência dele. Ele
silenciou-me enquanto acariciava a cabeça de seu pênis para baixo no
comprimento da minha vagina. —Eu amo observar sua buceta faminta se abrir
para mim.

Eu soluçava enquanto ele esfregava seu pênis ao longo dos meus lábios
sensíveis.

—Diga-me o que você precisa, Clara.

Eu o assisti através das minhas pálpebras nubladas, seu feitiço fazendo-me


sentir como se eu estivesse drogada. —Você.

—Você me tem.

Mexi contra ele, encorajando o seu pau a voltar para minha vagina, mas
ele continuou a roçá-lo sobre o meu sexo, sem entrar em mim, usando apenas a
pressão suficiente para me deixar incoerentemente animada, mas sem o clímax.

—Eu quero seu pau. —Eu gemi.

—Eu tinha que ter certeza que você estava pronta. —Ele disse, acariciando
a cabeça ao longo da minha boceta, até que eu estava quase sem fôlego. —Eu
precisava de você relaxada e molhada, então eu posso te foder com força.

—Por favor. —Eu sussurrei.

Alexander empurrou dentro de mim sem hesitação, batendo com


velocidade sobrenatural e força, me estimulando em direção ao orgasmo. Minhas
mãos tatearam algo para agarrar enquanto ele continuava seu ataque implacável.
Elas emaranharam em seus cabelos escuros, e eu percebi que seu pênis me dirigia
para outro orgasmo. Apesar de sua ferocidade, ele estava sendo construído
lentamente, piscando e fumegando em ondas baixas, mas poderosas de fogo
através de todo o meu corpo, até que eu inflamei sob ele. Eu parti em um
incêndio que ardia à vida, e gritei seu nome assim que ele gozou, jorrando para
dentro de mim com jatos quentes, potentes.

Ele caiu em cima de mim, e os meus braços em torno dele, embalando-o


contra mim. Eu não queria que essa tarde terminasse.

—Eu poderia fazer isso pelo resto da noite. —Suas palavras eram quentes
e urgentes contra o meu pescoço.

—Vamos. —Eu concordei.

Senti seus lábios curvando em um sorriso quando ele roçou sobre a minha
pele, e rolou de cima de mim para o meu lado. —Eu amo que seu corpo é tão
carente. É um grande desafio manter sua bela buceta satisfeita.

—É necessidade de você. —Eu sussurrei enquanto ele deslizava um dedo


pela minha fenda encharcada.

—Sim, é isso aí boneca. Só eu posso te dar prazer. —Seu dedo contraiu


dentro de mim, enquanto seus olhos focavam avidamente nos meus. —E eu te
darei muito mais hoje à noite depois do jantar.

Fechei os olhos e imaginei Alexander levando-me na grande cama de


dossel no meu quarto. —Promete?

—Tudo que digo para você é uma promessa. —Havia um tom sério em sua
voz enquanto falava, e eu reabri os olhos para encontrar os dele. —Quando eu
digo que eu vou transar com você, isso é uma promessa. Quando eu digo que eu
vou fazer você implorar, isso é uma promessa. E quando eu digo que esta bela
buceta é minha, isso é uma promessa.

Seus lábios capturaram minha boca, e ele provou que estava me dizendo à
verdade quando me fodeu sem sentido mais uma vez.

*****
Alexander enfiou o casaco em torno de mim enquanto fiz o melhor que
pude para conseguir fechar minha blusa. Não houve jeito. Parecia que eu tinha
sofrido uma boa foda, e com o calor ainda em meu rosto, eu não me importava
que soubessem. Eu estava bêbada por sua mera presença. Isso seria óbvio para
qualquer um que nos visse, mas era mais do que o nosso encontro físico que
permanecia no meu sangue aquecido. Este fim de semana tinha provado uma e
outra vez, que a conexão entre nós era real.

Eu estava apaixonada por ele.

Eu já não tinha qualquer dúvida disso, mas eu não tinha certeza de que o
sentimento era recíproco. Ouvir a forma como ele disse meu nome, e sentir a
maneira como ele me tocava, com uma suave carícia antes dele me foder
cegamente. Eu repassei o encontro da tarde na minha cabeça, satisfeita com o
silêncio que se seguiu após o nosso ato de amor. Era apenas o ato sexual? Eu
procurei em minhas memórias por mais sugestões, mais pistas que eu não estava
sozinha neste estado. Certamente o fato de que Alexander não me fodeu e me
largou como as outras meninas com quem ele foi fotografado nos jornais, era
uma prova. Ele até me trouxe aqui, entre sua família e amigos, isso tinha de dizer
alguma coisa. Claro, todos aqui me odiavam. Talvez isso não fosse tão
reconfortante depois de tudo.

No momento em que fiquei estável, me senti meio louca. Como eu


desvendaria um homem que não podia, ou não queria se abrir para mim em
qualquer lugar além do quarto, ou no caso de hoje, contra uma árvore? Tivemos
uma conexão. Por agora eu tinha que confiar nele com mais do que um chicote de
equitação. Eu tinha que confiar nele com meu coração.

Mas, quando a memória de nossa tarde selvagem roubou minha mente,


eu me distraí das minhas reflexões mais analíticas. Apenas o pensamento de seu
corpo viril e másculo foi o suficiente para me fazer esquecer todas as minhas
preocupações. Mas não estávamos sozinhos aqui, e eu não podia deixar o desejo
lentamente filtrar através de mim.

Eu estava em tal névoa, que eu mal registrei nossa chegada. O


aparecimento de um cavalariço finalmente me tirou dela, e eu puxei a jaqueta de
Alexander mais forte. Sua mão ficou nas minhas costas, me tranquilizando, assim
como minhas bochechas queimaram com o olhar do cavalariço sobre minha
aparência. O homem recuperou-se rapidamente, desviando os olhos e
oferecendo uma boa noite rude para nós dois.

Alexander segurou minha mão enquanto ele me orientava para a varanda


mais próxima do meu quarto de hóspedes. Tentei não ficar obcecada sobre o
pequeno gesto, mesmo que eu tivesse certeza de que mais tarde ficaria. Por
agora, eu adorava a sensação forte e firme de seus dedos enrolados com os meus.
Em seguida, ele se foi. Ele segurou um dedo sobre os lábios, e olhou para dentro,
apontando depois de um momento, que era seguro para entrar. Mas ele me
pegou na porta, me pressionando contra o batente e me beijando, sua língua
deslizando com força em minha boca. Eu fui consumida, derretendo
ansiosamente contra ele. Minhas mãos procuraram seu abdômen que estava
escondido sob a camisa, e eu corri minhas mãos para baixo deles, meus dedos
persistentes na cicatriz irregular que ele tentou tão duramente esconder. A
respiração de Alexander engatou ciente do meu toque, mesmo no tecido
cicatricial. Ele agarrou minha mão quando se afastou e balançou a cabeça.

—Não, Clara. —Ele avisou.

Pisquei contra as lágrimas nos meus olhos pela repreensão severa. Dois
passos em frente e três passos para trás. Eu tive a minha resposta: não estamos
avançando. Como poderíamos eventualmente fazê-lo quando ele se escondia
tanto de mim? Forçando-me a olhar para longe numa tentativa de esconder a dor
torcendo por mim, dei-lhe um sorriso triste. —Verei você no jantar.

—Clara! Não! —Ele recusou-se a soltar meu pulso, e quando eu puxei


contra seu aperto. —Não aqui. Não nesse lugar. Eu não posso explicar isso para
você.

—Tente. —Eu rebati. Minha frustração aparecendo.

—Não posso. —Seus olhos tinham endurecido, mas por um momento,


eles arderam com vida quando ele encontrou o meu olhar. —Não é você, Clara.

—Nunca é. —Eu estava cansada da volta constante e retrocesso, quando


tudo que eu queria era saber onde eu estava com ele. —Eu pensei que depois
dessa tarde...
—Você precisa se trocar para o jantar, boneca. —Alexander me parou.
Uma mudança abrupta de assunto, tanto quanto a sua dispensa. Não pude deixar
de pensar que isto era mais do que querer que eu estivesse apresentável para sua
família e amigos. Como eu poderia ser o que Alexander necessitava? Não
admirava que todos eles me julgassem. Todos nós sabíamos o que me faltava, não
só o pedigree, mas a calculada indiferença que poderia ser acesa como um
interruptor.

—Talvez eu devesse ir para casa.

—Não. —Outra ordem.

Eu levantei uma sobrancelha para ele. Ele era totalmente incapaz de


separar sua necessidade de dominar-me sexualmente e pessoalmente?

Ele fez uma pausa, como se medindo a melhor maneira de responder a


minha resistência óbvia á sua demanda. —Eu quero que você fique, mas
entenderei se você for. Eu iria se pudesse.

—Então, venha comigo. —Eu implorei. Seja qual forem os segredos deste
lugar, eles estavam o destruindo.

—Não é simples, Clara. —O peso de seis anos no exílio apareceu em seus


olhos azuis. —Eu não posso fugir disso. Não mais. Mas tem algo que você deve
saber.

Esperei que ele continuasse, sabendo que tudo dependeria do que ele
diria em seguida.

—Se você correr, Clara. Eu perseguirei você.

*****

Minha decisão foi tomada antes de chegar ao corredor. A jaqueta de


couro de Alexander estava mais perto de mim, e eu respirei seu perfume,
desejando acreditar que eu poderia levar os segredos e a estranha vida dupla que
eu me encontrava. Deixando de me sentir como uma impossibilidade. Eu me
perdi completamente nele, e agora tudo o que eu podia fazer era me reforçar
contra o escrutínio de seu mundo.

Senti seus olhos em mim antes que eu a visse, e quando me virei, ela
estava realmente me observando, seus lábios curvados em um sorriso que não
fez nada para mascarar sua beleza. Eu puxei conscientemente a jaqueta e fui
direto para o meu quarto.

—Oh meu deus, aconteceu um acidente? —Ela perguntou.

Eu parei. Minha determinação endurecendo no veneno das suas palavras.


Eu não podia fugir de Pepper Lockwood. Ela insinuava-se na vida de Alexander, e
mesmo que eu não conseguisse entender porque alguém a quereria por perto, eu
sabia que ela estava aqui para ficar. —Preciso me arrumar para o jantar.

—Você deve considerar tomar banho também. —Ela torceu o nariz. —


Você cheira a sexo barato.

—Um cheiro que tenho certeza que você reconhece. —Eu disse com um
sorriso.

—Clara... querida garota estúpida, você acha que pode jogar esse jogo?
—Ela caminhou em minha direção, os braços finos apoiado contra seu peito
enquanto ela avaliava minha aparência. —Você acha que nós estamos te
comendo viva. Eu posso ver isso nos seus olhos. Você parece como aquela pobre
raposa que eles soltaram nesta manhã, esperançosa, mas aterrorizada. Mas eu
estou aqui para lhe dizer: nós nem sequer começamos a festa com você. Nós nem
chegamos ao aperitivo.

Engoli contra a crueza na minha garganta. Eu não podia deixá-la chegar


até mim, e eu certamente não poderia deixá-la ver-me perturbada. —Eu sei que
você gosta de seus jogos. Cercar uma criatura fraca e chamar de esporte, mas há
algo que você precisa saber: Eu não sou a raposa.

—E nem o caçador. —Pepper dilatou as narinas enquanto falava. Eu bati


minha marca. Ela queria que eu rolasse, mas eu não estava mais disposta a
esperar por ela para atacar.
—Nem você. Nenhuma de nós pertence a este lugar, Pepper. Mas aquela
que ficar, é aquela que ele escolheu. —Enfatizei minhas palavras com cuidado,
esperando que ela pegasse a minha sugestão, mas ela permaneceu impassível.

—E você acha que será você. —Ela riu com isso, jogando seus cachos
loiros por cima do ombro, a essência do equilíbrio e feminilidade não importando
quanta pressão eu aplicava.

—Sou aquela compartilhando a cama dele. —Eu disse sem perder o


rebolado.

—Você é aquela que ele está fodendo. Ele te levou para o campo? —Seus
olhos viajaram mais uma vez sobre a minha forma desgrenhada. —Você acha que
se você deixá-lo transar com você como um animal, ele não vai ficar entediado?

—Confie em mim. —Inclinei meu queixo para cima em uma demonstração


de orgulho. —Ele não está entediado.

—Não ainda. —Suas palavras foram cortadas quando ela deu de ombros
contra minha bravata.

—E você é a única que pode mantê-lo interessado? —Eu adivinhei.

—Há expectativas para Alexander. Expectativas de todo um país. Isso


significa muito mais do que um pedaço de traseiro que ele pegou para se divertir.
Alexander sabe que seu tempo está se esgotando. É por isso que ele está se
divertindo com a ralé.

—Divertindo-se com a ralé? —Eu realmente ri disso, ignorando o eco no


salão. —Pepper, querida garota estúpida, você tem o nome e as ligações, mas
nunca se esqueça que eu tenho um fundo fiduciário que poderia comprar sua
família três vezes.

Pepper rolou os olhos em seus cílios perfeitos. —Discutir dinheiro é tão


grosseiro.

—Pessoas que geralmente não tem pensam assim. —Eu disse. —Mas isso
é o que vale para você, não é? Validar seu velho nome de família. Uma chance
para provar que seus títulos e histórias valem alguma coisa para alguém. Para
ninguém.

Ela deu um passo para trás como se eu a tivesse a golpeado, e desta vez
não havia dúvida de que eu acertei o meu alvo. —E o que você tem a oferecer?
Você é apenas uma menina que ficou rica na internet com um site de namoro.

Pisquei para isso, incapaz de compreender como isso não poderia ser
óbvio para ela. Como essas pessoas poderiam ser tão incrivelmente quebradas,
que não podiam reconhecer a única coisa que uma pessoa desejava? A única
coisa que uma pessoa precisava? Só podia ser a falta dela a responsável por sua
completa ignorância sobre o assunto.

Mas ao meu silêncio inspirado ela riu mais uma vez. —Espera. Amor? Você
acha que pode dar-lhe amor! Eu sabia que você era delirante, mas isso é
realmente patético.

Eu nunca considerei realmente socar alguém antes. Pelo menos não a


sério, mas eu pensei sobre isso agora, minhas mãos enrolaram em punhos ao
meu lado. —Meu relacionamento com Alexander é entre mim e ele, e sua opinião
não é bem-vinda. Então, sinta-se livre para calar a boca.

—Acredite no que quiser. —Ela disse sacudindo sua mão com unhas
perfeitas. —Mas considere isso um aviso amigável: Alexander não é capaz de
amor ou emoção verdadeira, e ele só vai te destruir. Você já está se afogando em
sua escuridão Clara, e um dia, quando ele tiver que enfrentar a si mesmo e o
homem que ele vai se tornar, ele vai precisar de alguém ao seu lado que não pode
ser puxado para baixo.

E ela acreditava que poderia ser essa pessoa. Talvez ela estivesse certa. Eu
tinha visto a escuridão, senti quando o seu domínio assumiu. Ele poderia ser feliz
sem me quebrar ainda mais do que já estava quebrada? Mas ela estava errada
sobre uma coisa. Alexander sentia coisas, mesmo quando ele permitia que suas
emoções mais obscuras nublassem sua percepção da realidade. Esse ódio
apaixonado que ele sentia em relação a si mesmo e seu lugar no mundo, provava
como ele se sentia, talvez mais agudamente do que qualquer um de nós. Uma
mulher como Pepper não conseguiria entender isso. Ela não podia ver que a luz
poderia trazê-lo para fora de sua prisão. A realização disso foi como se um peso
tivesse sido tirado do meu peito, só para ser ancorado aos meus pés. Enquanto eu
não acreditava que ele fosse incapaz de amar, eu não tinha certeza de que era
forte o suficiente para ser a pessoa a mostrar isso a ele. Eu andei através do vale
da sombra, e eu não estava ilesa.

—Talvez. —Uma voz suave disse a partir de uma alcova próxima,


assustando nós duas. —Você deve ouvir a senhora e calar a boca, Pepper.

Edward emergiu das trevas, impecavelmente vestido com um colete e


gravata, sem dúvida vestido para o jantar. Seus óculos empoleirados no topo de
sua cabeça indicavam que estava lendo, mas seu cabelo estava despenteado
como se tivesse ansiosamente passando os dedos por ele, e avistei círculos
azulados sob seus olhos. Era um pouco embaraçante pensar que ele poderia ter
estado aqui o tempo todo. Ainda assim, ele parecia em apoio a minha sugestão de
que Pepper deveria se foder.

—Senhora? —A palavra rolou de sua boca como piada. —Eu suponho que
uma deveria reconhecer a outra.

Edward exalou um longo suspiro de “você tá falando serio”. —Que


espirituosa. Estou quase certo de que você deve ser a reencarnação de
Shakespeare com insultos como esses.

—Não seja tão intelectual, Eddie. Homens não acham isso atraente. —Ela
advertiu, checando suas unhas enquanto falava.

—Clara. —Edward aproximou-se me oferecendo um braço. —Permita-me


acompanhá-la ao seu aposento.

—Com alegria. —Uma mistura de alívio, desgosto e confusão rolaram por


mim. Assim que estávamos fora do alcance da voz de Pepper, eu adicionei. —
Acho que correu tudo bem.

—Suponho que isso depende.

—De que? —Eu perguntei. —O quanto você ouviu?


—Tudo. —Edward admitiu. Seus olhos voando para mim brevemente. —
Eu vi você e Alexander, e eu queria dar-lhes um pouco de privacidade.

—E então você me deixou me defender contra o spray de pimenta? —Eu


bati em seu ombro.

—Spray de pimenta? Você apelidou todos nós? —Sua boca curvou em um


sorrisinho. —Eu sou a rainha Edward então?

Agora foi a minha vez de me sentir envergonhada, então balancei a


cabeça.

—Você é o bom Edward que eu não quero matar.

—Algo sobre a maneira como você disse isso me faz pensar que há outros
em sua lista.

—Só a Turminha Real de Confusões. —A resposta saiu antes que eu


pudesse considerar como soou infantil, ou com quem eu estava falando. Eu não
tinha dúvida de que ele podia adivinhar a quem me referia, e depois do que eu
tinha testemunhado na noite passada, ele poderia levar para o lado pessoal. Eu
mordi meu lábio, esperando ele largar o meu braço ou rir, mas ele não fez.

—Outro excelente apelido. Eu nunca ouvi algo tão apropriado antes.

Eu não podia deixar de tomar a sua resposta como uma indicação de que
ele não se ofendeu. —Que nomes você os chamava?

—Bundões. Babacas. O usual. —Ele disse com uma careta.

—Eu quero que você saiba que eu não acho que David...

O comportamento de Edward mudou imediatamente, e me lembrei que


ele era irmão de Alexander. Sem uma palavra dele, eu sabia que tinha que sair.

—Sobre isso. —Ele começou.

Mas ergui minha mão e o silenciei. Agora era a minha vez de salvá-lo. —
Você não tem que falar nada. Meus lábios estão selados.
—Então eu não tenho que comprar seu silêncio?

Fiquei de boca aberta até que eu percebi que ele estava brincando, e eu
fechei rapidamente. —Não. —Eu disse secamente. —Como você sabe, eu sou
uma mulher de meios.

—É, eu ouvi. —Enquanto seus olhos desapareciam no pensamento sobre


isso.

—É um segredo bem guardado. Não sobre mim. Sobre ele. Eu não quero
vê-lo ferido.

Eu passei o último dia entre desdém e condescendência. Edward não


precisava elaborar o porquê ele queria proteger David, mas não pude evitar
pensar no que David achava disso. Era uma linha dura de atravessar aqui, com
Alexander. Quão duro deveria ser para David?

Respirando fundo, me forcei a ser corajosa enquanto abria a porta do


quarto.

—Você quer entrar?

—Não estou certo do que Alexander acharia sobre mim no seu quarto.

—Eu acho que ele não se importaria.

—Eu tenho uma boa reputação, você sabe. —Mas ele entrou.

—É por isso que não estou preocupada.

—Sim. —Ele disse. —Porque um gay só entra no quarto de uma mulher


por uma razão.

—Você não vai roubar minhas calcinhas, vai? —Eu o provoquei, enquanto
saía da jaqueta de Alexander.

A sobrancelha de Edward disparou quando ele pegou na minha blusa.

—Guarda-roupa mal servido. —Eu abri o armário, à procura de algo


apropriado para outro jantar.
—O que ele tenha feito a você, eu espero que tenha valido a pena por
destruir um vestido Donna Karan.

—Valeu. —Disse a ele enquanto eu continuava folhear as roupas que eu


trouxe. Eu pensei que havia excedido em bagagens, mas estar presa em torno de
Pepper e seu grupinho de pirralhas fez toda a minha roupa parecer fora de moda,
casual ou barata.

—Vá tomar banho. —Edward sugeriu, me empurrando para dentro da


suíte.

—Eu não consigo encontrar nada para vestir. Não há sentido. Talvez eu vá
assim e dê a todo o grupo podre ataques cardíacos.

—Certamente eliminaria um pouco da linha de sucessão se você fizesse


isso. —Ele disse, balançando a cabeça. —Não se preocupe com sua roupa.

Olhei para ele quando ele começou a procurar em meus vestidos. —Você
vai escolher uma roupa para mim?

Edward virou para mim, mas eu vi o riso rolando através dele. —Oh
boneca, pode haver alguns estereótipos injustos sobre gays lá fora, mas o nosso
senso de estilo não é um deles.
Uma hora mais tarde, eu estava completamente vestida, uma maquiagem
perfeitamente aplicada, e meu cabelo enrolado. Eu olhei para o vestido que
Edward tinha escolhido para mim. Eu comprei por insistência de Belle, e estava
longe do meu estilo habitual. A saia de cetim descansava uns bons oito dedos
acima dos joelhos, e o tecido de renda do topo estendia-se em um caimento nu.
Parecia nua sob ele. Não seria preciso muito para imaginar meus seios, pois o
tecido não deixava espaço para um sutiã.

—Tem certeza de que não têm um pouco de fita? —Edward disse


enquanto ele varria meus cabelos castanhos sobre um ombro, me olhando
analiticamente no espelho do banheiro.

—Nem todos carregam um kit de moda emergencial. —Eu disse


secamente enquanto olhava para o meu reflexo, tentando decidir se eu tinha
coragem de aparecer assim.

—É uma pena. Oh bem, Alexander vai gostar. —Edward piscou, agarrando


minha mão, ele me afastou da minha autoanálise e assobiou. —Você tem
excelente gosto. Seu armário é o sonho de um gay.

—Quer brincar de vestir-se? —Perguntei séria. Era uma aposta segura que
o corpo de Edward se encaixava em algumas das minhas roupas.

—Oh não, eu gosto de admirar as mulheres vestidas e não de me


transvestir. —Ele assegurou. —Cristo, você pode imaginar o que a família acharia
disso? Eles tiveram sorte que só tenham um caso leve de metrossexualidade para
lidar.

Eu ri junto com ele, notando que ele estava colocando os óculos no colete
tweed, cuidadosamente polido. Não era a aparência descuidada e sexy de seu
irmão, mas sim uma sensação cuidadosamente articulada de um gosto
totalmente seu.

—Gostaria de poder afirmar que eu comprei essas roupas, mas tive ajuda.

—Comprador pessoal?

—Minha mãe tentou por anos me vestir como uma aristocrata britânica
agradável. Lamento dizer que eu estaria mais para jeans e chinelos. —Admiti,
suspirando em memória dos meus tempos de universidade. —A minha colega de
apartamento me levou às compras.

—Então sua colega de apartamento tem excelente gosto. —Estava claro


pelo tom, que o interesse de Edward foi aguçado.

—Você talvez a conheça: Annabelle Stuart.

Se Edward sabia sobre o escândalo da família Stuart ele não deixou


transparecer, ele simplesmente balançou a cabeça. —Sinto muito dizer que não,
mas eu adoraria. Se conseguirmos sair daqui vivos, deveríamos ir tomar chá.

—Eu adoraria.

Agora que eu tinha feito um amigo no círculo íntimo de Alexander, eu não


o deixaria ir. Era bom estar em torno de um membro do grupo real que não tinha
a cabeça enfiada no rabo, o que era algo que eu nem sempre podia dizer com
Alexander, e eu achei a abertura de Edward sobre quem ele era uma mudança
refrescante de ritmo. Edward tinha tanta razão para ser tímido como Alexander, e
ainda assim ele já tinha se aberto para mim.

—Uh-oh. Eu vejo essas rodas girando aí. —Edward disse, interrompendo


meus pensamentos antes que ficassem mais desesperados. —Isto é tudo que
você precisa saber. Você está fantástica. A saia não é muito curta. Estamos
propensos a uma visualização dos traseiros de Pepper ou Sandra esta noite.
Acredite em mim, isso não é nada em comparação. Isto é sexy e sofisticado.

—Como Pepper. —Eu disse com um suspiro.

—Essa garota parece sexo com uma vara.


Minha sobrancelha ergueu ao ouvir isso saindo de sua boca.

—Eu tenho olhos, mesmo que eu não esteja comprando. —Ele disse com
uma careta. —Mas ninguém jamais a confundiu com sofisticada.

—Eu sim. —Mordi meu lábio quando me lembrei da minha primeira


impressão da loira escultural. Se eu estivesse sendo honesta, parte de mim
mataria para parecer como Pepper. A outra parte de mim só queria matá-la.

Edward pegou minha mão. —Pepper é intimidante, não sofisticada. A


diferença entre os dois é muito sutil, mas nunca se esqueça disso. Ela é toda
casca, mas não morde.

—Espero que você esteja certo sobre isso. —Eu não podia evitar, mas
achava que Pepper poderia ser mais perigosa do que Edward ou Alexander
acreditavam que ela fosse. Havia, afinal, a diferença entre atacar e circular. Ela
não tinha feito mais do que expor suas presas até agora, mas isso não significa
que ela não estava planejando um ataque.

—Depois desta noite, ela vai saber com quem ela está contra. Você é uma
mauzona, Clara Bishop.

—Eu sou, hã? —Eu ri de sua vitalidade. Era doce, mas ele realmente não
me conhecia. A menina que tinha que lembrar-se de comer. A menina que tinha
deixado seu ex empurrá-la. A menina que pedia desculpas para todos.

—Você tem que ser. Alexander não estaria interessado se você não fosse.

—Tenho a impressão de que Alexander está muito interessado em


qualquer coisa com dois seios e ar em seus pulmões. —Eu nunca falei desse medo
em voz alta para ninguém. Eu tinha insinuado com Alexander, sempre rindo de
seus caminhos de playboy na imprensa. O mais próximo que tinha chegado a
discutir sua história sexual, foi quando eu o confrontei sobre Pepper, mas eu
sempre fui tão ansiosa quanto ele era para evitar o assunto de suas muitas
namoradas.
—Não diga isso. —Edward sacudiu sua cabeça, seus olhos tristes. Ele os
esfregou com as costas das mãos. —Eu não sou o único forçado a manter as
aparências.

—Realmente? —Tentei parecer casual, mas falhei miseravelmente. Havia


tanta coisa que eu não sabia sobre a vida de Alexander antes de mim, e eu não
conseguia conter minha curiosidade. Alexander ocupava meus pensamentos
constantemente. Ele tornou-se uma compulsão que eu não podia negar, mas
havia tanta coisa que eu queria saber sobre ele.

—Não estou dizendo que todas as histórias são falsas. Mas algumas delas
têm sido embelezadas. —Edward assegurou.

—E por que você acha que ele está comigo? —Eu perguntei, procurando
nos olhos escuros de seu irmão todos os indícios que me levaria para as respostas
que eu queria desesperadamente.

—Porque ele gosta de você. —Edward disse rapidamente. —Eu ouvi


Pepper dizer que Alexander era incapaz de amar.

—Ela está certa? —Eu sussurrei, de repente com medo.

—Espero que não. Lembro-me de uma época em que meu irmão brincava
comigo quando criança. Como ele vinha quando eu estava doente e cuidava de
mim. Eu nunca soube que nossa mãe e nosso pai... Bem, você sabe como ele é,
mas Alexander cuidava de mim... —Sua voz desapareceu, embora houvesse mais,
ele não continuou.

—Mas? —Eu pedi.

—Isso foi antes de Sarah morrer.

—Então isto é o que ele é. —Eu disse. Uma nota de finalidade tocou as
palavras. Eu sabia disso. Ele me disse, mas de alguma forma eu tinha pensado que
as coisas poderiam ser diferentes. Todas as revistas e livros de autoajuda já
escritos alertavam que não era possível? E, no entanto lá estava eu, tentando de
qualquer maneira. Acenei para o olhar preocupado no rosto de Edward. —Não se
preocupe com isso.
—Você parecia como um filhotinho chutado. —A mão de Edward
emaranhou em seus cabelos. Ele parecia tanto com seu irmão naquele momento,
que meu coração pulou. —Eu não deveria dizer isso, porque eu sei melhor do que
ninguém o que é criar esperanças, apenas para vê-las desabarem, mas acho que
Alexander é capaz de amar. Você não perde essa capacidade. O que quer que
esteja impedindo-o de chegar perto de alguém é por ele não querer.

Era a última coisa que eu queria ouvir, e eu me virei para que ele não visse
a dor no meu rosto. Alexander não queria amar. Esse era o problema real, não
que ele fosse incapaz disso. Quão estúpida eu era para pensar que eu poderia
consertá-lo? Que se eu o amasse seria o suficiente? Engasguei um soluço e
respirei fundo.

—Aqui. —Edward entregou-me um par de sapatos pretos Yves St. Laurent.


Era pelo menos, uma polegada maior do que qualquer outro que eu já tinha
usado, até mesmo Belle não conseguiu me convencer a usar para o baile.
Enruguei meu nariz, incapaz de esconder minha angústia óbvia para a adição de
mais perna para este visual. Eu estava começando a pensar que Edward e Belle,
eram parte de uma grande conspiração para me transformar em uma fashionista.

—Confie em mim. —Ele continuou. —Eu vi como você falou com Pepper.
Você é uma puta sexy, e é hora de mostrar a esses pirralhos do que você é capaz.

—E eu preciso de um salto de 15 centímetros para provar isso?

—Você precisa que sua aparência combine com sua atitude.

—Eu tenho uma atitude? —Isto era uma surpresa para mim. Uma
memória de Daniel gritando que eu era covarde passou pela minha mente, mas
eu empurrei-a de volta para os recantos escuros em que eu mantinha esses
pensamentos presos.

—Tem. Eu vi essa tarde. —Edward envolveu um braço em meu ombro e


me levou para o espelho. —E eu odeio dizer isso, mas Pepper está certa. Eles
ainda nem começaram, ainda há muito que esses babacas no piso térreo, ou as
sanguessugas na esquina podem fazer. Eles virão atrás de você, e eles virão por
sangue. Você precisa mostrar a eles que você é uma mulher a ser reconhecida, e
por favor, comesse pela spray de pimenta.
A mulher refletida no espelho não era uma tigresa, embora ela pudesse
ser. Os lábios vermelhos definitivamente apontavam para isso, mas quando eu
olhei mais de perto, eu vi o que Edward estava dizendo. Eu estava mais alta, e não
apenas por causa dos saltos. Meus ombros estavam eretos, meus olhos estavam
ferozes.

—Ela não parece com alguém que se pode foder. —Eu disse alto.

—Não, com ela não! —Edward deu uma volta. —Se você for entrar neste
mundo, Clara, deixe-me ser claro, eu não estou dizendo que deveria, porque só os
verdadeiramente loucos gostariam de fazer parte desta família fodida, então você
tem que começar a jogar o jogo. Pense nisso como xadrez.

—Xadrez com traição e sexo. —Eu disse, minha boca torcendo em um


sorriso irônico. A menina no espelho fez o mesmo e eu dei um passo para trás.
Sarcasmo parecia diferente vestida assim. Em vez de um mecanismo de defesa
simples, era tudo condescendência e julgamento. De repente, entendi por que
Pepper sempre parecia como se ela tivesse acabado de sair das páginas da Vogue.
Era tudo parte de seu ato. Era parte da menina que ela estava fingindo ser.
Embora fosse possível que ela estivesse fingindo, ela realmente tornou-se a
cadela sem coração que eu conhecia e detestava.

—Exatamente. —Edward depositou um beijo na minha testa. —Um último


conselho?

—Sim. —Eu respirei fundo e assenti que eu estava pronta para isso.

—Quando você os vir, quando você andar por eles, quando eles rirem nas
suas costas, com cada passo que você der, basta pensar em assassinato.

Meus olhos arregalaram-se com surpresa, e desta vez eu contive o riso.

—Assassinato?

—Confie em mim. Só a palavra, embora se você tiver uma mente


particularmente imaginativa, eu suponho que você possa fazer isso. —Ele
adicionou, com um sorriso.
Eu levantei minhas sobrancelhas diabolicamente. —Seria muito Real da
minha parte.

Os olhos de Edward brilharam, observando-me dar os primeiros passos


nos saltos altíssimos. Eles estavam um pouco instáveis, mas logo consegui.

—Você corre? —Ele perguntou enquanto entravámos no salão.

—Eu costumava correr todo dia em Oxford, mas ultimamente estou me


exercitando de outra maneira. —Eu respondi, enrubescendo. —Como você sabia?

—Acredite em mim, qualquer um atrás de você pode dizer. Se Pepper agir,


apenas a chute. Eu posso imaginar uma modelo lidando com essas pernas.

Corei com o seu elogio, olhando para baixo descobri que ele estava certo.
Não precisava olhar muito tempo para ver que elas eram bem torneadas, e com a
adição dos meus saltos, estava reinando. —Eu poderia beijá-lo, você sabe.

—Isso seria toda a ação que conseguiria nesse fim de semana. —Edward
disse, endireitando a jaqueta enquanto passeávamos de braço dado, em direção à
sala de jantar formal. Eu tinha certeza de que estávamos atrasados, mas pelo
menos eu estaria entrando com um príncipe, e não pareceria que eu tinha
acabado de rolar no campo.

Hesitei em forçar por mais informações. Até onde eu poderia pressionar


Edward antes de fechar-se para mim? Mas então me lembrei que foi como
Alexander agia. O fato de que Edward tinha tocado no assunto, significava que ele
queria falar sobre isso. Será que eu passei tanto tempo com Alexander que tinha
esquecido como pessoas normais agem em torno de si? Como era confiar em um
amigo? Se sim, então eu precisava de uma dose de realidade. —Onde está David?

—Ele foi para casa para o fim de semana. Ele não podia lidar com mais...

—Eu não deveria ter interrompido ontem à noite. —Eu disse, percebendo
que poderia ter sido eu que o enviou correndo para as montanhas.

—Não! —Edward me parou, um olhar de dor intermitente em suas feições


elegantes. —Creia em mim, nós dois sabíamos que você não diria nada. Meu pai é
outra história. Nós nunca expomos para ele, mas ele suspeita, e ele conseguiu
fazer com que suas opiniões fossem ouvidas várias vezes este fim de semana.

—Isso é injusto. Será que ele pensa que todos os seus amigos do sexo
masculino são seus amantes? —Eu perguntei.

—Seu pai não pensa a mesma coisa? —Ele perguntou.

—Touché. —Eu suspirei, sentindo uma pontada de empatia. Eu sabia o


que era ter pais intrometendo-se na sua vida amorosa. Ainda não significava que
ele deveria se intrometer.

—Pai fez a Defesa do Ato do Casamento, e falou das lutas acontecendo ao


longo dos Estados Unidos. Vamos apenas dizer que ele deixou claro onde ele se
encontra sobre a questão.

—Isso é terrível. —Sem pensar, eu uni a minha mão com a sua e apertei.

—Você está atrasada. —Uma voz grossa nos interrompeu.

—Alexander. —Edward me deu um rápido olhar antes de soltar minha


mão. —Eu estava apenas escoltando sua adorável namorada para o jantar.

De repente, eu estava grata que o corredor estava escuro, de modo que


eles não podiam me ver corar. Por mais que eu esperasse ouvir alguém me
chamar assim, eu não tinha certeza de como Alexander responderia a alguém
casualmente usando o termo.

—Eu posso lidar com isso. —Alexander ofereceu o braço com uma
inclinação de sua cabeça, seus olhos cintilando entre mim e seu irmão. Revirei os
meus em resposta. A última pessoa que ele precisava ter ciúmes era de seu
irmão. Edward acenou com a cabeça antes de seguir para a sala de jantar. Mas
quando eu peguei o braço de Alexander, ele fez uma pausa, seu olhar me
analisando. —Nessa luz, você parece estar nua.

Apesar da tensão que ainda pairava no ar, eu ri. Mais a luz não estava
ajudando com isso. —Estamos atrasados para o jantar, X.
Alexander abriu a porta, enviando um pedaço de luz para o corredor, e
respirou fundo quando ele me viu com mais clareza.

—O que você está usando? —Ele sussurrou, com a voz sedutora numa
mistura de fúria e luxúria.

Algo sobre sua reação me encorajou ainda mais. Era o que eu esperava lhe
mostrar. Que por mais que tentasse no quarto, ele não poderia me dominar em
público. Eu ergui o queixo, percebendo que nesses sapatos eu poderia olhar
diretamente para o rosto dele, em vez de para ele. —Eu usei algo sexy para você.

Ele hesitou como se estivesse tentando juntar o que eu estava fazendo. —


Você é sempre sexy para mim.

Eu gostei desta nova confiança que eu senti escapulindo a cada


comentário da boca de Alexander. Antes que pudesse falar novamente, eu dei um
beijo firme em seus lábios. Suas mãos na minha bunda me informaram que eu
tinha conseguido distraí-lo.

—Cristo, isto é curto. —Alexander disse, deslizando sob o meu vestido de


seda para embalar minhas nádegas nuas. —De repente, eu não estou mais com
fome.

Eu respirei fundo, desejando não cair sob seu feitiço. Eu não faria a
caminhada da vergonha no jantar, não depois do meu encontro com Pepper esta
tarde.

—Eu estou faminta.

Eu oscilei sobre os calcanhares quando me afastei dele, e Alexander me


pegou, imediatamente me puxando de volta para ele. Seu corpo pressionado
contra o meu, sua ereção empurrando contra mim através de sua calça. Eu estava
alta o suficiente nestes saltos para que ele pudesse me empurrar contra essa
parede e me levar com os pés ainda no chão. Uma dúzia de novas possibilidades
passaram pela minha cabeça, quando o calor aumentou entre as minhas pernas,
sorrindo para ele no escuro, sem saber se ele podia ver. —Oh X, você não sabe
que coisas boas veem para aqueles que esperam?
—Foda-se a espera. —Mas eu me soltei de seus braços quando suas mãos
tentaram mover debaixo da minha saia novamente.

—Gratificação adiada, X. —Deslizei um pouco enquanto me dirigi de volta


para a porta da sala de jantar. Nós estávamos muito atrasados agora, mas eu levei
o meu tempo, balançando meus quadris a cada passo. Eu não parei nem mesmo
quando Alexander chamou meu nome. Não quando eu alcancei as portas e ele
me disse para esperar. Em vez disso eu a abri e entrei na luz, nunca deixando o
sorriso nos meus lábios desaparecerem.
A mesa de jantar se estendia por toda a extensão da sala cavernosa. Seus
ocupantes, vestidos adequadamente, estavam sentados em lugares formais. O
cristal brilhava, a prata foi polida, e todos os olhos estavam em mim. Olhei sobre
suas cabeças, o que não era difícil, pois eles estavam todos sentados, e fui para os
dois lugares vagos no final da mesa. Ousando olhar para os outros convidados do
jantar, eu achei Pepper olhando para mim com raiva fria congelada em seu rosto,
seus olhos azuis lançando punhais de gelo. Eu levantei uma sobrancelha para ela
quando passei.

Jogo iniciado, Spray de pimenta.

Quando cheguei ao meu lugar, os baixos murmúrios do jantar


aumentaram para um zumbido. Arrisquei um olhar ao redor de toda a mesa desta
vez, sem surpresa que algumas pessoas se afastaram do meu olhar direto. Todos,
exceto dois. O sorriso arrogante de Jonathan Thompson fez parecer como se
estivesse em alguma piada secreta. Eu me forcei a não revirar os olhos. E na
cabeça da mesa, Albert ficou olhando a minha chegada tardia com estoicismo
treinado.

Eu balancei a cabeça em deferência a ele, sentindo apenas um pouco


culpada por estar atrasada. Principalmente porque eu teria chegado a tempo se
não fosse por seus dois filhos. Não que eu realmente tivesse algum
arrependimento sobre como eu passei meu tempo esta tarde.

Um criado passou à frente para puxar minha cadeira quando as portas da


sala de jantar se abriram. Alexander caminhou rapidamente em direção a mim,
jogando um aceno superficial para o lugar do pai, mas seus olhos nunca deixaram
os meus. Eu estava vagamente consciente de que o criado estava esperando eu
me sentar, mas eu não podia me mover. A sala inteira tinha desaparecido com
exceção de Alexander. A fúria reprimida em seu rosto dizia tudo. Eu era dele, e
ele estava reafirmando sua afirmação para mim. Ele não precisava falar, eu já
sabia, então eu esperei. Ele me alcançou, descartando o criado secamente.
Tomando o seu lugar atrás da cadeira, ele a segurou para mim. —Clara.

Meu nome era sexo em seus lábios, e nele eu senti o coquetel de


possessividade, luxúria e confusão. Eu afundei na cadeira como eu afundava sob
seu comando. Alexander rapidamente assumiu a cadeira ao lado da minha, e eu
estendi a mão debaixo da mesa para colocar uma mão hesitante no seu joelho,
mas ele se afastou.

—Agradável você se juntar a nós, Alexander. —Albert anunciou.

O olhar de Alexander ficou colado em mim quando ele respondeu. —Eu


não tinha ideia de que eu era um aspecto necessário na sua refeição. Você
certamente não precisava esperar por mim. Eu não sou um garfo.

Engoli em seco, percebendo que a necessidade de Alexander em exercer


sua masculinidade já não estava limitada a mim. Era como se meu pequeno show
tivesse aumentado o seu desejo de controle. Ele queria provar que ele estava no
comando, o que significava que as coisas poderiam ficar feias.

A mandíbula de Albert tencionou. —Se você terminou com essa


demonstração de machismo, eu gostaria de jantar.

—Eu adoraria. —Alexander disse, e eu ouvi as palavras que ele não disse:
Eu tenho que ir para outro lugar.

Eu podia ver sua necessidade de me foder refletindo em seus olhos. Mas


se Edward estava certo, seu irmão poderia precisar ouvir a palavra não de vez em
quando. Eu não tinha certeza se Alexander queria um relacionamento real, mas
ele me trouxe aqui. Ele tinha me reivindicado na frente de seu pai e todos os
outros. Isso tinha que significar algo. No entanto, eu também sabia que ele não
sabia nada sobre ter um relacionamento. Com a minha experiência limitada nesta
área, eu tinha apenas certeza de uma coisa. Eu tinha que provar para Alexander, e
para todos os outros, que não toleraria joguinhos.

Erguendo meus olhos de Alexander, virei-me para o meu prato, de


repente, grata que o copo de vinho na minha frente já tinha sido enchido.
Quando cheguei a ele, eu vi os olhos divertidos de Edward me observando. Eu fui
distraída com a entrada dramática de Alexander, para perceber que eu tinha
sentado em frente do seu irmão. Pelo menos eu tinha um aliado próximo,
especialmente com Pepper perto demais para meu conforto. Ela olhou para
Alexander com expectativa, como se ela estivesse tentando lançar um feitiço
sobre ele, mas sua concentração não podia ser quebrada.

—Clara não parece fabulosa, Alexander? —Edward perguntou, cruzando


seus dedos.

—Ela está um pouco exagerada para o jantar, você não acha? —Pepper
disse, intrometendo-se. O resto da turminha de pirralhas riu ao redor dela. —Ou
descoberta, dependendo de como você olha para isso.

—O ciúme não combina com você. —Edward ignorou o olhar maligno que
ela lançou em direção a ele, e pegou uma faca de manteiga, que ele torceu
cuidadosamente em suas mãos. —Isso faz sua tez parecer verde. Confronta com
seu vestido.

—Nós todos sabemos que você é um especialista sobre o assunto. —


Pepper disse, mas virou sua cara faminta para mim. —Eu vi esse vestido na
Tamara’s. Eu não tinha ideia de que você tinha sequer ouvido falar dela. Eu pensei
que ela era um pouco mais exclusiva.

—Ela não pode ser terrivelmente exclusiva se você sabe quem ela é. —Eu
disse sem perder uma batida.

Alexander piscou ao meu lado, como se ele estivesse ouvindo só agora a


conversa entre eu e Pepper.

—Eu terei que falar com ela. —Ela disse.

—Quando você for, dê minhas lembranças. —Eu nunca tinha ouvido falar
de Tamara. Eu nunca a conheci. Annabelle tinha escolhido este vestido para mim.
Foi comprado com meu próprio dinheiro, mas eu sabia de uma coisa, na segunda-
feira eu estaria nessa boutique, fazendo a limpa em cada vestido tamanho seis
que ela tivesse em estoque. Não havia nenhuma maneira que eu deixaria Pepper
vencer, mesmo que fosse apenas com compras.
—Eu darei. —Pepper sorriu docemente, e eu devolvi o gesto quando a
sopa foi colocada na nossa frente. Cheirava delicioso, toda cremosa com crótons
torrados flutuando no topo. Eu levantei minha colher de sopa, lembrando-me de
ser graciosa, mesmo quando meu estômago roncou. Do outro lado da mesa,
Pepper empurrou sua tigela para longe com desgosto. Apesar do meu ódio por
ela, meu estômago se jogou com o gesto. Eu não tinha nenhuma razão para
suspeitar que Pepper compartilhasse isso em comum comigo, mas era um sinal de
alerta. Ela pegou a água, rindo de uma piada quando ela inclinou-se mais perto de
Jonathan. Eu tomei a sopa da minha colher e continuei a observá-la quando a
conversa em torno me pegou. Todos estavam conversando, exceto Alexander e
eu. Talvez eu só quisesse me distrair de sua frieza, e foi por isso que eu estava
vendo padrões de comportamento que não estavam realmente lá. Talvez Pepper
simplesmente não gostasse de sopa.

Tomei algumas colheradas mais até que eu coloquei o meu guardanapo na


mesa para sinalizar que eu tinha acabado. Mas quando eu olhei para cima, Pepper
estava me observando, um olhar calculado em seus olhos. Eu me virei para
Alexander, mas ele continuou a comer.

Deixando baixar a minha voz, para que não pudéssemos ser ouvidos, eu
disse.

—Sinto muito.

—Pelo quê? —Ele perguntou rigidamente.

—Você parece chateado.

Os olhos de Alexander lançaram-se para encontrar os meus. Finalmente


um sorriso divertido no rosto. —Nós ainda temos muito a aprender um sobre o
outro, Clara. Eu não estava chateado. —Sua voz abaixou. —Eu estava excitado. Eu
acho que eu não poderia me impedir de te jogar sobre a mesa, e arrancar essa
desculpa sem vergonha de calcinha que você está vestindo, se você me tocasse
novamente.

Pisquei para isso, a minha percepção da situação se ajustando a esta


revelação. Como eu não tinha visto isso? Ele precisava restabelecer o domínio, o
que para Alexander significava sexo. É o que ele estava pensando. Confiança
inchou em meu peito com o pensamento. Ele não estava zangado comigo. Ele me
queria. Porque eu parecia quente. Porque eu o deixava louco.

—Talvez você devesse. —Eu disse incapaz de parar. Eu queria que a


deliciosa dor entre as minhas pernas crescesse, sabendo que ele ficaria
insatisfeito por mais uma hora ou duas, de modo que no momento em que
estivéssemos sozinhos, mais uma vez, valeria a acumulação de tudo isso.

—Não me tente, Clara. Um homem não tem tanta contenção. —Seus


lábios tremeram, e eu podia vê-lo imaginando a cena: a reação de todos no jantar
quando ele me jogasse na mesa. Vidros quebrando, garfos fazendo barulho, e
enfiando o pau quente e grosso dentro de mim. Eu não podia deixar de me
contorcer com o pensamento. Alexander viu a minha inquietação e sorriu mais
amplo. —Logo mais, boneca.

Eu tremia com o pensamento, forçando-me a concentrar no próximo


prato servido. Mas eu só conseguia misturar minha salada, muito distraída com o
olhar de Alexander, que continuava a queimar através de mim. Quando o terceiro
prato chegou, coxa de cordeiro com especiarias, Alexander sorriu enquanto me
serviam.

—Coma, Clara. —Ele murmurou. —Você precisará de suas forças esta


noite.

Meus olhos fecharam bebendo suas palavras; meu garfo pairando sobre a
minha refeição. Minha boca encheu de água, mas não tinha nada a ver com o
perfume celestial flutuando da comida na minha frente. Alexander deveria
receber uma menção especial por antecipar um orgasmo.

—Eu espero que você não esteja tendo um episódio. —A voz de Pepper
me tirou da minha fantasia.

Meus olhos abriram para encontrar um sorriso sem vergonha em seu


rosto. Seus olhos brilhando com malícia que eu sabia que estava longe de ser
inocente. Eu dei uma mordida, mastigando devagar e fazendo uma cara oh-meu-
deus enquanto engolia. Pepper suspirou com desgosto ao meu desempenho
orgástico.
—Eu fiquei tão surpresa quando descobri seu probleminha. —Ela disse
com uma voz que suplantava as outras conversas na mesa. Interiormente eu me
encolhi, mas eu me forcei a manter minha cabeça erguida. —Normalmente as
mulheres com transtornos alimentares são mais finas.

Minha boca abriu chocada que ela, não só trouxe isto a mesa de jantar, na
frente de um grande grupo de pessoas, mas por ela ter dito algo tão hediondo. Se
ela tinha desejado a atenção, ela agora tinha. Não surpreendentemente, Amelia e
Priscila deram um riso nervoso ao seu pequeno show. O rei não disse nada, mas
sua mãe enxugou a boca com um guardanapo, não escondendo seu desgosto.
Mas esse desgosto dirigido à pessoa que merecia, ou em mim por ser falha? Eu
não podia ter certeza.

Alguns assentos para baixo, Edward cruzou as mãos sobre a mesa. —


Pepper, cuidado. Sua cadela está aparecendo.

—Edward. —Seu pai o admoestou.

—Oh, você não é surdo. —Edward respondeu, disparando para seu pai um
olhar penetrante por cima dos óculos de aros de chifre. —Você está apenas
fingindo ser alheio ao que está bem na frente de seu rosto.

—Algo com que você conta. —Pepper jogou sarcasticamente. O


comentário atingiu o alvo, e Edward apertou a boca fechada.

Minha mente girou com tantas coisas que eu gostaria de dizer a ela, que
eu não poderia decidir sobre uma. Eu esperava que ela me atacasse, mas as
provocações cruéis dirigidas a Edward me empurraram sobre ao limite. Ela
ultrapassou a linha. Será que ela tinha algum indício do dano que ela estava
fazendo para as relações frágeis com todos nesta mesa? Minhas mãos tremiam de
raiva enquanto eu observava Edward fingir ignorá-la. Se alguém não pertencia a
esta mesa, era Pepper.

A mesa caiu em um silêncio, e eu finalmente ousei olhar para Alexander,


que não tinha falado. Assim que eu vi seu rosto, eu entendi por que ele não veio a
nossa defesa. Veias pulsavam ao longo de seu pescoço, sua mandíbula apertada,
seus lábios apertados em uma linha reta, e os nós dos dedos brancos. Ele estava
empregando seu autocontrole considerável, e eu não tinha certeza se eu gostaria
de ver o que aconteceria se ele vacilasse.

Pepper, obviamente, não partilhava a minha preocupação.

—Você provavelmente deveria dar a sua namorada... —Ela cuspiu a


palavra, deixando claro o que pensava por me dar esse título. —Alguma ajuda
antes de seu transtorno alimentar receber mais capas de tabloides.

Agora o choque tinha chegado ao fim, e eu não podia segurar mais. —


Pepper, não pude deixar de notar que você não tocou no seu prato para comer
sua salada ou sua sopa. A única coisa que você levou a sua boca, foi sua taça de
vinho. Estou feliz em dar-lhe o nome do meu médico depois que eu terminar de
comer.

Ao lado dela, Edward conteve um sorriso, mas Albert jogou o guardanapo.

—Basta!

—Você não tem que dizer basta. —Alexander disse com voz calma, mas
tão mortal que levantou os cabelos na parte de trás do meu pescoço. —Não se
você está vendo como ela a está caluniando.

—Não seja melodramático. —Pepper disse, mas vi sua garganta travar


enquanto ela engolia nervosamente.

—Você está aqui como convidada dessa família. —Alexander a lembrou.


—Por causa de Sarah. Agora estou anulando esse convite. Eu gostaria que você
partisse.

Pepper olhou para ele, os olhos arregalados como pires, enquanto a mesa
inteira irrompeu em opiniões conflitantes sobre a etiqueta de Alexander.

—Essa é a minha casa. —Albert disse, batendo o punho contra a mesa.

—E certamente você atenderá ao pedido de seu filho por ter um


convidado inconveniente retirado da mesa. —Alexander disse alto para atingir o
mesmo tom de seu pai. —Ao menos que Pepper esteja aqui a seu convite.
A implicação nas palavras de Alexander era clara, e as narinas de seu pai
inflamaram. Pepper e Albert? Não podia ser verdade, embora isso explicasse
muito.

Albert deu um aceno conciso de apoio ao seu filho, antes de levantar-se e


sair da sala. A alegria estava agora completamente despida do rosto de Pepper
quando ela tropeçou em seus pés, seus olhos piscando para suas companheiras,
como se esperasse que uma delas viesse para ela.

—Pris? —Ela murmurou com os olhos suplicantes.

Pris abriu a boca e depois fechou de novo, dando a Pepper um sorriso de


desculpas. Pepper levantou a cabeça, atirando-me mais um fulminante olhar, e
marchou da sala sem dizer uma palavra.

—Termine seu jantar. —Alexander disse suavemente.

Engoli em seco e olhei para o meu prato. O meu apetite tinha


desaparecido, substituído por um buraco no meu estômago que foi rapidamente
enchido de pavor. Em torno de nós, os outros escolhiam seus alimentos e
ninguém falou. Todos muito perdidos para pensar em algo para dizer.

—Agora. —Acrescentou em um tom mais de comando, mantendo a voz


baixa para que eu pudesse ouvir.

Eu dei uma mordida e outra, mas eu não senti gosto de nada. Pepper pode
ter ido embora, mas eu senti olhos me observando, e olhando para longe, logo
que eles eram capturados. Comer tornou-se um ato de rebeldia. Gostaria de
mostrar-lhes que eles estavam errados sobre mim. Não havia glória nisso, porém,
apenas o vazio de pesar. Eu desejei que eu nunca tivesse vindo aqui.

Quando terminei, eu fiquei de pé e acenei com a cabeça em direção à


cabeceira da mesa. —A refeição estava deliciosa. Por favor, deem-me licença.

Corri da sala, saindo pela porta que os servidores trouxeram a comida.


Movi-me tão rápido, que quase derrubei um que estava com uma bandeja de
sobremesas que pareciam encantadoras. Eu murmurei um pedido de desculpas
sem parar.
Eu precisava sair dessa casa.

Era meu único pensamento quando esquivei da equipe na cozinha.


Abrindo a porta, enquanto o cozinheiro olhava para mim, eu tropecei em um
pátio. O sol tinha desaparecido, deixando apenas os restos do crepúsculo no céu,
e eu respirei o ar da noite, tentando firmar meu coração e meus pensamentos.
Voltando-me, eu olhei para a propriedade. Esparramada atrás de mim, fiquei
maravilhada que com os seus quartos espaçosos e grandes arcos, eu mal pudesse
respirar dentro dela, como se as paredes estivessem movendo-se lentamente em
minha direção, me esmagando, e ninguém podia me ouvir gritar.

A porta traseira abriu e Alexander saiu. Sem uma palavra, ele dirigiu-se
para mim, pegou minha mão e me puxou junto dele. Quando nos afastamos da
vista das janelas da cozinha, ele me puxou para ele.

—Alexander.

Mas ele pôs o dedo nos meus lábios, silenciando meu protesto. —Eu não
vou pedir desculpas para ela, Clara. Não vou desperdiçar nenhuma palavra com
ela.

—Eu tenho algumas que não seriam desperdiçadas sobre ela. —Eu disse,
mas minha voz tremeu, traindo que ela tinha conseguido chegar até mim.

—Boneca. —O carinho era suave quando ele pegou meu rosto em suas
mãos. Ele trouxe seus lábios nos meus tão lentamente, que eu senti o fio de
eletricidade entre nós. Ela explodiu quando nossas bocas encontraram-se na
paixão incandescente. Alexander me devastava, e a mensagem era clara quando
sua língua mergulhou possessivamente dentro da minha boca, pegando a minha e
sugando-a. Eu pertencia a ele. Nada importava. Isso poderia ter me assustado
com outro homem, mas com Alexander, isso me libertava. Eu passei toda a minha
vida me vendo através de um espelho de parque de diversões, mas a posse de
Alexander tinha esclarecido essa visão distorcida, permitindo-me ver como ele me
via.

Eu estava mole sob sua dominação, como se fosse argila a ser moldada
para o seu prazer, sabendo que quando eu me desse a ele, eu experimentaria
mais prazer do que eu jamais poderia ter imaginado. Alexander quebrou o beijo
afastando-se, e eu oscilei desequilibrada, sem seu toque. Ele sentiu isso e pegou
minha mão, colocando-a sobre a protuberância dura em sua calça. —Isso é o que
você faz para mim.

Meus dedos deslizaram pelo seu cinto, mas ele se afastou.

—Não, Clara. Quando eu disser. —Ele me lembrou. —Agora, eu quero que


você se vire.

Meu rosto ficou vermelho quando o desejo reuniu em meu núcleo,


imaginando Alexander me fodendo aqui. Fiz o que ele disse, e Alexander apertou
uma das mãos nas minhas costas, me guiando alguns passos para frente, até que
chegamos a uma balaustrada de pedra em volta da varanda. Ele me empurrou
gentilmente contra ela, curvando-me ao corrimão. Eu encarei a casa, sem
surpresa por ver as janelas desta seção escuras.

—Quando vi você antes do jantar. —Ele murmurou tirando meu cabelo do


ombro, e sussurrando em minha orelha. —Eu me perguntei onde estava sua saia.

Eu gaguejei nervosamente. —Eu gosto desse vestido.

—Oh, eu gosto também. —Ele disse. —Eu gosto porque posso fazer isso.

Sua mão deslizou embaixo da minha saia e entre minhas pernas.

—Devo admitir que não gostei de ficar sentado ao seu lado, tão perto
dessa... —Ele segurou meu sexo através da renda da minha tanga. —Tão perto do
que é meu, sabendo que eu tinha que esperar por isso.

—Anteci… pa… ção. —Eu respirei, terminando a palavra.

—Exatamente o que tinha em mente, boneca. —Seus dedos derivaram


sob o tecido insignificante, deslizando suavemente entre meus lábios vaginais. —
Você quer sair dele para mim?

Eu suspirei, meus olhos fechados enquanto eu apreciava a sensação de


seus dedos longos e ásperos deslizando perversamente entre a minha fenda. —
Você está me dando escolha?
—Chegou ao meu conhecimento que temos recursos finitos na Terra. —
Ele repetiu minha fala de mais cedo. —E que devo poupar algumas calcinhas.

—Que pensamento nobre. —Eu disse, colocando meus polegares sob as


tiras da minha tanga e empurrando-as até que caísse aos meus pés.

—Acho que você vai aprovar o meu plano para a ação. —Alexander pegou
a tanga lançada aos meus pés. Ele a trouxe aos meus lábios e instigou-os a se
abrirem, colocando-a em minha boca. —Estamos muito perto da cozinha, e eu
quero manter todos os seus pequenos ruídos sensuais e gritos só para mim.

Eu solucei contra o tecido na minha boca, com o toque de perfume e


almíscar inundando minhas narinas.

—Na verdade, estou com ciúmes, boneca. —Ele disse, com sua mão
acariciando a minha garganta e descansando na minha nuca. —Aposto que você
pode provar sua pequena buceta doce sobre essa calcinha, algo que venho
morrendo de vontade de fazer toda a noite. Acho que eu preciso fazer alguma
coisa sobre isso.

Alexander me empurrou para mais longe sobre o corrimão, até que meus
pés pendiam um pouco no ar. Ele colocou-se entre as minhas pernas, abrindo-me
diante dele, e minha saia curta não ofereceu resistência. Sua mão ficou firme no
meu pescoço, e a outra massageava a minha bunda, até que um dedo escorregou
para baixo no meu buraco, me abrindo para os olhos gananciosos. Eu protestei
fracamente contra a minha mordaça improvisada, enquanto seu polegar circulava
em torno do ânus macio e rosa que encontrou.

—Relaxe. —Alexander ordenou. —Você pertence a mim, Clara e eu quero


você. Tudo de você.

Meus olhos fecharam enquanto seu polegar pressionava contra esse lugar
proibido. Eu nunca quis algo assim, mas eu estava impotente ao seu toque. Eu
precisava dar tudo de mim a ele. Confiar em Alexander significava me abrir para
ele mesmo quando ele me assustava, embora eu não pudesse negar a varredura
de prazer quando ele passou o dedo dentro e fora de mim, em deslizamentos
cuidadosamente e lentos.
—Eu gostaria de comer sua bunda, Clara. —Ele disse com uma voz que me
avisou para não protestar. —Lembre-se que é meu, e eu vou reclamar quando eu
quiser.

Ele aumentou a pressão de sua massagem até que rompeu os meus


gemidos.

—Não esta noite. —Ele disse com uma certeza que me deixou ofegante
com o desespero. —Você não está pronta, mas você não pode recusar o meu
desejo de brincar com você depois que me provocou toda a noite nesta desculpa
de vestido. Eles estão com medo de você, você sabe. Tão diferente e tão
confiante. Você desvendou-os, assim como você fez para mim.

Ele não parou enquanto falava, e ele empurrou dentro e fora mais rápido
até que eu me agarrei ao corrimão, me segurando quando as primeiras ondas de
prazer me atingiram. Alexander deslizou dois dedos em minha fenda,
aumentando a pressão e me enchendo abundantemente enquanto ele me
estendia passando meus limites. Ele me fodeu lentamente até que eu gritei,
oprimida pelas novas sensações que me provocava. A calcinha abafava minhas
exclamações e eu a mordi.

—Eu amo esses seus gritinhos. Parece tão impotente, como se você
estivesse me implorando para salvá-la. Você quer gozar? —Ele perguntou com
uma voz rouca que enviou arrepios na minha pele.

Eu balancei a cabeça, incapaz de falar. O mundo à minha volta era um


borrão de luz e escuridão. Eu estava perdida para o meu prazer, perdida para as
sensações que se aglomeravam em meu corpo, propagando-se como pequenos
emissários para avisar que uma tempestade se aproximava. E não importa o
quanto eu estava sobrecarregada, eu me agarrei à borda, nunca querendo que
este momento terminasse.

Alexander tirou os dedos, causando um suspiro de desagrado de mim


quando ele deixou-me doendo e pulsando com a necessidade. Mas ele
imediatamente mergulhou para baixo, passando a língua de forma agonizante e
lenta ao longo dos meus lábios vaginais inchados, parando no meu clitóris
latejante com longas lambidas. Então, sem aviso, seu polegar empurrou dentro do
meu traseiro, me levando ao precipício quando meu orgasmo passou por mim em
cristas poderosas, que quebraram por todo o meu corpo, e correram sobre a
minha pele. Era demais. Era tudo.

Mas Alexander continuou mesmo quando as minhas pernas prenderam


sua cabeça e gritei para ele parar, embora eu desejasse que ele nunca o fizesse.

Ele finalmente me liberou, só para subir e pressionar seu corpo contra o


meu.

—Eu preciso estar dentro de você. —Alexander puxou a calcinha da


minha boca. —Peça por isso.

Minhas pernas tremiam debaixo de mim, e meu sexo pulsava inchado. Eu


não podia lidar com nada mais. Eu estava muito dolorida, cansada demais para
ficar.

—Eu… não posso.

—Resposta errada. —Ele suspirou, e eu ouvi o zíper da sua calça.

—É demais. —Eu soluçava.

—Boneca. —Ele me acalmou, mesmo quando seu pênis deslizou entre as


minhas pernas, passando quente contra a minha carne sensível. Ele esperou, se
equilibrando na minha entrada. Mordi o lábio, tentando controlar o desejo do
meu corpo se abrindo para ele enquanto ele acariciava a cabeça do seu pênis ao
longo da minha abertura. Eu queria acreditar que eu ainda podia dizer não a ele,
assim como o meu corpo mudava de sobrecarregado para animado com seu
toque contido.

Alexander deu um beijo em meu ombro enquanto ele continuava a me


convencer com seu pênis perfeito. Inclinei a cabeça para trás, me perdendo
momentaneamente na tentação, e quando eu abri meus olhos, eu a vi.

Pepper estava congelada, olhando para nós de uma porta da varanda


aberta. Nossos olhos encontraram-se, e eu permiti que um sorriso malicioso se
infiltrasse no meu rosto. Seu olhar ficou gelado, mas estava claro que ela não
conseguia desviar o olhar. Fechei os olhos e me perdi para Alexander mais uma
vez. Ele era meu, e logo ela saberia isso.

—Eu preciso te sentir, X. —Eu murmurei para ele. —Sua pele na minha.

O roçar de seu pênis parou e ele ficou ali contra o meu sexo. Apreciei os
pequenos estalos quando ele desabotoou a camisa, e um momento depois
Alexander passou um braço em volta do meu tronco. Ele trouxe o meu corpo em
contato com o seu peito nu, apenas o laço fino do meu vestido estava entre nós, e
eu podia sentir seu calor que irradiava por toda a minha pele.

—Eu quero seu pau. Eu quero que você me encha. —Eu gemi alto,
fundindo-me a ele, mesmo quando ele me inclinou para frente, e me penetrou
com um impulso poderoso que tirou um suspiro alto dos meus lábios.

A mão de Alexander deslizou da minha barriga ao meu peito, puxando-o


através do meu vestido enviando, mais gemidos aos meus lábios, enquanto meu
mamilo eriçava em resposta. Eu senti os olhos de Pepper em nós, mas eu não me
importei. Eu estava perdida para Alexander. Perdida para seu toque. Naquele
momento eu pertencia a ele, e eu sabia que quando ele gozasse, a resposta seria
sempre sim.

—Eu vou gozar dentro da sua linda bucetinha. —Um gemido pontuou suas
palavras, e meu núcleo contraiu, apertando ao redor de seu pênis como um fio
enrolado. —Cristo, você está me ordenhando. Você quer que eu goze dentro de
você, não é? Você quer que eu derrame dentro da sua boceta, porque você sabe
que é minha.

—Só você. —Engoli em seco quando minhas pernas tremeram.

—Só você. —Ele repetiu. Suas palavras me inundaram, e um grito escapou


enquanto eu sentia o chicote quente de sua semente. Eu quebrei em um milhão
de pedaços que choveram em cima de mim, encharcando meu corpo com prazer
que corria em meu sangue.

Era demais, e meus joelhos dobraram. Alexander me pegou, varrendo-me


em seus braços e embalando-me contra seu peito nu enquanto ele me levava
para a casa. Meus olhos viraram para o nosso público, mas ela se foi. Ela tinha
recebido a mensagem.

Eu suspirei de alívio, descansando minha cabeça contra o ombro de


Alexander e respirando-o. Eu pertencia a ele, mas ele era meu.
O quarto era espartano, exceto por uma estante e algumas fotos
emolduradas na mesa. Eu fiz o meu melhor para não me embasbacar com as
fotos de família de Alexander com sua mãe e irmã. Alexander me observou
enquanto eu olhava para um dos retratos.

—Ela era linda. —Eu murmurei enquanto estudava as fotos de Sarah em


seu cavalo.

Ele balançou a cabeça rigidamente. —Ela gostava de andar a cavalo.

—O que aconteceu? —Eu perguntei com uma voz suave. Ainda havia
paredes entre nós, e mais do que nunca, compreendi o quanto precisávamos
derrubá-las.

—Clara, eu honestamente gostaria de saber. —Ele falou com sinceridade,


e meu coração doeu por sua perda e sua confusão. A culpa o tinha quebrado, mas
enfrentar isso podia permitir que ele finalmente se curasse. —Eu me lembro de
flashes. É por isso que eu continuei a convidar Pepper para eventos.

Ele me disse isso com alguma hesitação, então eu forcei um sorriso


encorajador no meu rosto. Tanto quanto eu odiava Pepper, eu perguntei a mim
mesma se ela poderia dar-lhe as respostas que precisava após o acidente.

—Eu estava bebendo e minha irmã apareceu. Ela era menor de idade, e eu
gritei com ela por estar num bar. —Ele lutou para lembrar-se, e eu coloquei uma
das mãos reconfortante em seu ombro. —Por alguma razão, nós deixamos o bar.
Não me lembro de muito depois disso. E o que eu me lembro, eu não posso
sobrecarregá-la com isso.

—Nada entre nós, X. Sem segredos.


—Lembro-me de como escorregadio seu sangue era em meus dedos. Ela
caiu como uma boneca de pano. Lembro-me do calor do fogo, uma vez que
brilhou em minha pele, mas eu não podia deixá-la ali, mesmo que eu não pudesse
levá-la. —Seus olhos se distanciaram, desaparecendo em outro lugar no tempo.
—Eu estava tão assustado que eu nem sequer senti a moldura da porta ao meu
lado. Eu tinha sido empalado, mas eu não a deixaria, por isso, queimaríamos
juntos.

Engasguei um soluço e assenti, tentando ficar forte para ele mesmo que
minha imaginação pintasse um quadro horrível para mim. —E Pepper?

—Ela tinha sido arremessada do carro. Ossos quebrados. —Ele disse. —Se
ela consegue se lembrar mais do que eu, ela nunca admitiu isso.

—X, o que aconteceu foi horrível. —Afastei um fio de cabelo da sua testa.
—Mas não foi sua culpa.

—Por que você não vê o monstro quando olha para mim? —Ele
perguntou. —Todo mundo vê.

—Eles não veem você como eu vejo. —Minhas palavras enfraqueceram


enquanto eu reunia minha coragem. —Eles não amam você como eu.

—Sinto muito. —Alexander interrompeu minha confissão. —Eu preciso de


um minuto. —Ele dirigiu-se para o banheiro e trancou a porta.

Você assustou ele de vez, meu lado crítico me advertiu. Eu empurrei o


pensamento para longe, recusando-me a acreditar. Se Alexander disse que
precisava de um minuto, eu daria a ele.

Eu não iria atrás dele. Ele voltaria para cá, e eu precisava de tempo para
digerir o que ele me disse. Os detalhes físicos do acidente eram de conhecimento
público. Mas por que ele não conseguia lembrar-se de nada?

Uma batida na porta me puxou para longe dos meus pensamentos, e eu


abri com alguma hesitação. A sobrancelha de Albert levantou quando me viu, e eu
sabia o que ele estava pensando.
Baixei a cabeça quando ele entrou. Albert vasculhou o quarto, parando
para pegar a fotografia de sua esposa e filha. Respirando fundo, eu me aproximei
para ver. A beleza grega de Elisabeta estava ainda mais pronunciada no na foto
instantânea, suas ondas escuras chicoteando sua pele brilhante, enquanto ela
abraçava uma jovem Sarah ao peito. Sarah era uma versão em miniatura de sua
mãe, mas com tranças e bochechas com covinhas. De alguma forma, a foto tinha
conseguido capturá-las tão bem, que quando eu olhei para ela, me senti como se
as tivesse conhecido.

É claro que, de certa forma, eu conheci através de Alexander. Elas viviam


em sua memória, e eu tinha fé que um dia elas já não o assombrariam. Em vez
disso, ele se lembraria apenas dos bons tempos. É por isso que era tão importante
ajudá-lo a encontrar as respostas que necessitava.

—Elisabeta era uma esposa real ideal. —Albert disse, passando a mão ao
longo da borda do quadro polido. —Ela era modesta, leal e acima de tudo:
diferente.

Pressionei meus lábios para manter meus pensamentos sobre isso para
mim mesma. Eu vi como Albert tratava seus filhos. Eu podia imaginar como ele
tratou sua esposa. E se ela tivesse cedido a ele para manter a paz? Ou ela tinha
sido treinada para submeter-se inteiramente ao seu marido?

—Muitas pessoas acreditam que nosso casamento foi arranjado, mas não
foi. —Ele continuou. —Sua família pediu asilo aqui quando a Grécia exilou sua
monarquia. Ela foi jogada em meu círculo, e para ser honesto com você, eu me
apaixonei por ela no primeiro dia em que nos conhecemos.

Eu não tinha certeza do por que ele estava compartilhando isso comigo,
mas eu assenti encorajando-o.

—Minha esposa foi criada entre a aristocracia. Ela sabia o que esperar. Ela
sabia seu papel. —Ele colocou o quadro de volta na mesa e virou-se para me olhar
nos olhos.

—Você entende o que estou te dizendo?


—Sua esposa foi criada para ser Rainha. —Eu disse suavemente, mas não
evitei de pensar no resto da mensagem. Eu não fui.

—Eu espero que você veja que isso não é uma vingança pessoal contra
você, senhorita Bishop. Eu poderia até sancionar um relacionamento entre você e
Edward, mas é meu dever olhar para os interesses da monarquia. —Suas palavras
eram nítidas, limpas e concisas. Mas elas ainda me atingiram, atingiram a minha
alma. Eu contive um suspiro de angústia.

—Eu não sou o tipo de Edward. —Eu disse friamente, e o frio das minhas
palavras estremeceu minha pele. Eu passei meus braços em volta de mim,
desejando que Alexander voltasse.

—E isso comprova o meu ponto. —Ele respondeu concordando com a


cabeça.

—Aparências é a chave para a sobrevivência da Família Real. Pense em


como a história solidificará meus filhos. Edward rouba você do irmão mais velho
dele. Alexander faria um acordo entre quartos, e o que acontecesse atrás de
portas fechadas seria uma coisa de vocês.

—Está sugerindo que eu case com o seu filho mais novo e que vire amante
de seu irmão? —Fiz a pergunta em voz alta, porque eu pensei que ouvindo
pudesse me ajudar a compreender a sugestão do Rei. Em vez disso eu me sentia
mais confusa do que nunca.

—A segunda coisa que uma pessoa da realeza entenderia, é o sacrifício.

Sufoquei uma risada com isso. —Como mentir, enganar e esconder é um


sacrifício?

—Eu nunca disse que era. Estou falando de sacrificar a felicidade, em


sacrificar os desejos egoístas. Alexander acredita que ele quer você agora, mas se
ele desistir de seu título, seu direito de primogenitura, você acha que ele vai
agradecer-lhe em dez anos? —Albert pegou uma mecha do meu cabelo e rolou
entre os dedos. —Ele não vai. Considere o seguinte: o que acontecerá com você?
Como você vai se sentir em dez anos? Mas se sacrificar seu conceito de felicidade
agora? Em dez anos, quando ele perder o interesse em você, você vai ter um
título e uma vida.

—Eu não posso acreditar que você honestamente acha que eu faria isso
com qualquer um deles. —Arrepios transformaram-se em tremores, e eu segurei
meus braços de forma protetora. Como ele podia acreditar que eu era capaz de
fazer isso? E por que ele acreditava que eu veria isso como uma alternativa viável
para estar com Alexander?

Ele parou por um longo momento, olhando-me com os olhos cansados. —


Você sabe muito bem que todas as expectativas estão em vigor para Alexander.

—Você deixou isso claro. —Eu não conseguia controlar a quantidade de


sarcasmo no meu tom, e eu não me importava mais.

—Expectativas do casamento.

A adição dessa palavra mudou instantaneamente minha perspectiva.


Minha boca ficou seca enquanto eu lutava para dizer alguma coisa. —Você quer
dizer…?

—Tem sido há muito tempo esperado que Alexander se case dentro da


família real. Na verdade, um arranjo foi garantido quando ele era uma criança. Ele
não fala muito, mas certamente sabe sobre ele.

Albert poderia ter me esfaqueado diretamente no coração e teria sido um


choque menos doloroso. Meus joelhos dobraram-se debaixo de mim, mas eu me
forcei a ficar de pé. Albert esperava vencer este round com uma bomba. Eu não
desistiria tão facilmente.

—Você é o brinquedo dele. —O Rei disse, limpando a poeira invisível de


sua manga. —E quando ele se cansar de você, ele vai ter um novo. Não há nada
que você possa fazer para garantir o seu lugar na família.

—Já lhe ocorreu que eu não esteja procurando por casamento? —Eu
perguntei, esperando que ele não captasse a dor na minha voz. —Ou um lugar
nessa família?
Albert riu disso. —Todas as mulheres estão à procura de casamento, se
elas sabem disso ou não.

Não admira que ele tivesse essas ideias insanas sobre o casamento. Ele
nem sequer via as mulheres como pessoas. Virei-me para longe dele, com sua
farpa ainda mantendo minha raiva em chamas.

Alexander encheu o batente da porta, observando a nossa conversa do


banheiro com interesse controlado, mas quando me aproximei dele, algo sombrio
brilhou em seus olhos, me alertando para me afastar dele.

—Eu vejo que desde que você não conseguiu me influenciar com suas
ameaças, você mudou de tática.

—Ambos sabemos como isso acaba. —Albert disse, mantendo o olhar no


nível do filho. —A torta é muito bonita, mas você não está sério sobre ela. Por
que fazer mais danos à sua reputação?

Suas palavras tinham toda a pretensão de civilidade. Albert irradiava o


mesmo poder primal que seu filho, mas o domínio do rei estava atado com o
preconceito amargo e crueldade apática. Atrás dele, o retrato de sua esposa
sorria para ele. Tinha ela o amado o suficiente para ignorar isso? Ela não tinha
visto isso?

Ou sua perda simplesmente transformou um homem carismático em um


dominador?

—Você sabe as expectativas. —Albert continuou. —Eu dei-lhe espaço


demais desde que você voltou, mas é hora de aceitar seu papel na família.

—Eu sei. Alexander disse em uma voz dura.

Minha boca abriu enquanto eu tentava processar a sua resposta. Uma


máscara de resignação caiu sobre suas feições, seus olhos transformando-se em
safiras geladas. Seu fogo foi embora, substituído por algo frio, ilegível e duro. Sua
mandíbula estava travada, e ele olhou para mim em direção à janela. A
consciência que geralmente acompanhava sua presença fugiu do meu corpo
enquanto a dormência me dominava.
Este homem era um estranho para mim. Eu não conhecia Alexander.
Apesar do choque entorpecer os seus sentidos, essa percepção torceu meu
coração até que eu não conseguia respirar, por medo de que me partisse em dois,
e eu gostaria de desfazer-me em pedaços com isto. A ligação que eu senti entre
nós desde aquela noite em Brimstone desbotava minha percepção como o sinal
de uma caixa preta perdida no mar. Ele tinha sobrevivido quando não tinha mais
nada, e assim como eu procurei por ele, desesperada para encontrar essa
conexão, a senti escapulindo, desaparecendo da minha mão sob as ondas
turbulentas de raiva e tristeza me sufocando.

A pressão no meu peito aumentou à medida que as lágrimas brotaram em


meus olhos. Ele afastou-me para longe, sabendo que uma relação não era
possível. Ele sabia que havia outras expectativas para ele. Ele havia me dito que
ele queria me foder. Alexander tinha me prometido prazer, e ele me deu isso,
mas sempre foi com uma data de expiração em sua oferta. Exceto que em algum
lugar ao longo da linha, eu tinha esquecido isso, e é assim que eu tinha cometido
um erro que eu não poderia tomar de volta. Eu tinha me apaixonado por ele.

Como eu fui estúpida em pensar que ele tinha se apaixonado por mim?

—Eu vou deixar vocês dois. —Albert disse, quebrando o silêncio que se
estendia em todo o quarto. —Boa noite.

Quando ele fechou a porta, meus dedos fecharam-se sobre um livro na


prateleira ao meu lado e eu o arremessei. Ele rachou contra a porta e caiu como
uma pilha no chão. Olhei para ele, com lágrimas correndo pelo meu rosto. Páginas
tinham torcido e dobrado, o centro dividido ordenadamente ao meio com a força
do meu arremesso.

Partida.

Usurpada.

Abandonada.

Meus joelhos dobraram e eu caí ao chão também. Alexander se encolheu,


mas ele não se mexeu. Uma parte de mim que eu nem sabia que existia, a parte
de mim que esperava que ele me pegasse em seus braços e me confortasse,
morreu. Era tudo verdade. Eu tinha ignorado todas as advertências que eu tinha
dado a mim mesma para me proteger contra ele. Eu mesma ignorei o meu
instinto que ele me quebraria.

E ele tinha.

Ele tinha feito tudo o que disse que faria.

Portanto, agora só havia uma pessoa com quem eu poderia contar. Eu


mesma. A agonia de sua rejeição me sufocou, me cortando e deixando-me
sangrar lentamente. Mas eu tinha sido quebrada antes. Foi só isso que me
permitiu finalmente reunir a força para me levantar. Eu vascilei uma vez,
apoiando-me na estante, mas eu fiquei de pé. Fiquei apesar da minha tristeza e
confusão. Eu fiquei quando tudo que eu queria era deitar e definhar.

Eu fiquei de pé.

O que só me fez forte o bastante para dar a Alexander uma última parte
de mim mesma.

Eu soltei uma respiração irregular e dei um passo à sua frente. Ele olhou
friamente para mim, mantendo-se distante e afastado, e esperou.

Eu queria tocá-lo. Eu ansiava por arrastar o dedo em seu belo queixo ou


deslizar minhas mãos em seus ombros. Eu nunca tinha imaginado que, neste
momento, eu não seria capaz de... Eu não queria tocá-lo.

Tremendo com as lágrimas quando eu abri minha boca, eu o obriguei a


ouvir as palavras que ele tinha tentado fugir. —Eu amo você, Alexander.

Seus olhos fecharam, e por um momento bonito, a distância entre nós


desapareceu. Senti minhas palavras caindo sobre ele, pegando seu corpo, e
observei-o mudar.

Eu o vi quebrar por mim.

Mas quando ele abriu os olhos novamente, a dureza permaneceu. —Isso


não era parte do nosso arranjo.
Eu esperava essa reação, mas na verdade, ouvi-lo dizer isso me esmagou.
Um soluço escapou, e eu fugi do quarto. Eu não o deixaria me ver chorar.

Nunca mais.

As lágrimas caíram forte e rápido, tremores atingiram meu corpo


enquanto eu cambaleava para um canto na parede. Deslizando até o chão, eu
quebrei. Eu poderia ter ficado lá por minutos ou horas ou dias. O tempo tinha
parado. Eu não me importava se o sol se levantasse de novo ou se o mundo
parasse em seu eixo. Nada importava.

Eu sucumbi à escuridão quando a dor me puxou para baixo. Eu tinha


confiado nele, eu tinha me dado a ele, e ele me destruiu. Assim como ele me
disse que faria.

*****

Mãos me levantaram da escuridão e me embalaram com ternura, mas


quando eu abri meus olhos, eu ainda estava no meu pesadelo. Edward me
segurou com os braços firmes, levando-me de volta para o meu quarto,
sussurrando pequenas palavras de conforto que não fizeram nada para aliviar a
agonia me rasgando.

Forçando-me a dizer as palavras presas nos meus lábios ressecados, eu o


parei. —Eu preciso partir.

—Você deve descansar. —Ele sugeriu com uma voz gentil. —Levarei você
para o meu quarto se você preferir.

Mas neguei com a cabeça. —Por favor. Eu preciso ir para casa.

—Eu farei os arranjos. —Edward concordou, sem discutir. —Clara você


não tem que me dizer, mas o que aconteceu?

—Me apaixonei por ele. —Eu disse as palavras frágeis e não desejadas em
meus lábios ressecados.
Edward não falou, mas seus braços apertaram em torno de mim. Nós dois
entendíamos que às vezes o amor não era suficiente.
Virei a chave de novo na minha mão, ainda tentando decodificar o seu
significado. Mas sua existência era tão incompreensível para mim como a
ausência de Alexander na minha vida. Duas semanas mais tarde, e eu ainda
estava tentando me convencer de que eu tinha feito a coisa certa. Não tinha
havido nenhuma palavra dele. Sem telefonemas. Meu único contato com ele
estava na capa de qualquer tabloide que ele aparecia a cada dia. Ele certamente
não estava sentado em casa obrigando-se a comer e vestir todas as manhãs. Ele
não tinha se esquecido de como respirar sem mim. Na verdade, a única indicação
de que eu tinha do que havia acontecido em Norfolk, era essa chave de bronze.

Belle enfiou a cabeça no meu quarto e me encontrou encolhida na cama.


—Você não pode ir.

—Eu queria saber do que você está falando. —Eu admiti, meus dedos
fechando sobre a lâmina entalhada enquanto eu me perguntava, mais uma vez o
que ela abria.

Belle estava certa. A única coisa que eu sabia com certeza sobre esta
chave, era de onde veio. Ela tinha chegado no meio da semana em um envelope
creme selado com um selo de cera vermelha que deixou o meu coração
acelerado. Mas não havia nenhuma explicação incluída. Sem desculpas. Sem
argumento para outra oportunidade. O envelope simplesmente continha esta
chave e um cartão com um endereço e data de amanhã rabiscada.

Eu não tive que procurar o endereço, porque reconheci o nome da rua


calma de Notting Hill. O que eu não sabia era o que esperava por mim se eu fosse
lá.
Não havia dúvida de que Belle queria que eu ficasse longe, porque ela
estava com raiva de Alexander. Mas a verdadeira razão que eu não queria ver era
que a chave poderia não abrir nada. Era patético, e eu sabia disso. Ainda assim,
essa pequena lasca de esperança era a minha salvação.

—O que você faria se o visse? —Ela perguntou, sentando perto de mim.

Dei de ombros, soprando uma fina corrente de ar através dos meus lábios
em um esforço para me equilibrar. Eu ainda não tinha chegado ao ponto onde eu
não queria chorar com a menção do nome dele. —Talvez eu perguntasse o
porquê. —Eu disse com uma voz fraca. —Por que ele continuou me vendo? Por
que ele não me ama?

Belle apoiou um braço no meu ombro e me abraçou forte. —Você acha


que ele realmente lhe diria?

—Provavelmente não. —Eu admiti. —Sinto-me tão estúpida por pensar


que significava mais para ele, também.

—Uh-uh. —Belle estalou. —Se apaixonar não é estúpido.

—É quando você escolhe o homem errado. —Eu disse.

—Você é humana, Clara, e você cometeu erros no passado. Mas eu vi o


quanto você foi cuidadosa depois que terminou com Daniel. Se você escolheu
Alexander, havia uma razão para isso. —Ela disse suavemente. —Talvez você não
possa ver isso agora, mas algum dia o fará. E mesmo se ele for burro demais para
perceber o que tinha, lembre-se que ele ajudou a mostrar-lhe que você é forte.
Mais forte do que pensava.

—Queria que a lição não tivesse sido tão dolorosa. —Resmunguei


enquanto as lágrimas com as quais eu estava lutando se romperam.

Belle beijou minha bochecha. —Você é forte o bastante para sobreviver a


isso.
Eu esperava que ela estivesse certa. Era como se eu tivesse caminhado
através do fogo que derreteu minha pele e me deixou exposta.

Crua.

Vulnerável.

Andar, comer, existir. Cada momento era agonizante. Eu não me sentia


forte. Tudo o que eu sentia era esse ciclo perpétuo de desespero. Todas as
manhãs eu me lembrava de que estava tudo acabado, e meu coração partia
novamente. Passava o dia reunindo os fragmentos e tentando remendar. Talvez
Belle estivesse certa, e eu sobreviveria a isso. Talvez a angústia desaparecesse na
dor surda do arrependimento. Mas eu sabia de uma coisa: não havia como
superar Alexander.

—Eu nem sequer vi isso acontecendo até que fosse tarde demais. Quero
dizer... Eu acho que você nunca sabe quando está fazendo amor com alguém pela
última vez. —Eu não podia evitar o pesar que eu senti sobre como passamos
nossos últimos momentos juntos.

—É cruel. —Ela concordou.

Abrindo meu punho, larguei a chave. —O que faço com isso?

—Você sabe o que penso disso. —Ela disse. —Mas, e você?

—É como se eu estivesse me agarrando a isso. Se eu não for, pode


significar qualquer coisa que eu quiser.

—Isso não é bom, querida.

—Eu sei. —Eu sussurrei. —É por isso que devo ir.

Como eu poderia explicar a Belle que eu ainda sentia o aperto de


Alexander em mim como o puxão de uma corda invisível? Eu estava ligada a ele,
mesmo que cada segundo que passasse desgastava essa conexão. Agora, tudo o
que eu queria era romper com isso e me libertar dele. Ele havia deixado claro que
ele não retornava meus sentimentos, mas era tarde demais para parar de amá-lo.
Segurar-me sobre a esperança era paralisante, e com cada dia que passava, eu
senti a paralisia se espalhando como veneno. Ele estava me matando.

—Você quer que eu vá com você? —Ela ofereceu.

Eu não estava surpresa que ela quisesse ir junto, mas ter uma ajudante
não tornaria isso mais fácil. —Não, preciso encarar isso sozinha.

Eu tinha o resto da minha vida para aguentar sozinha. Eu poderia muito


bem começar a enfrentar agora.

*****

Eu estava em um táxi na manhã seguinte antes que Belle acordasse. Ela


não tinha lutado para ir, mas ela estava preocupada, e sua preocupação só me
deixava mais nervosa.

Eu tinha optado por um jeans e uma blusa branca. Eu não tinha ideia do
que me esperava em Notting Hill, mas eu com certeza não estava lá para
impressionar ninguém hoje. O plano era bastante simples.

Entre. Saia. Supere.

Minha respiração engatou quando o táxi desacelerou até parar em frente


a uma casa de aparência austera.

—Aqui, senhorita? —O taxista perguntou.

Eu não poderia dizer uma palavra com o nó na minha garganta, então eu


balancei a cabeça e empurrei o dinheiro na mão dele.

Agarrei a chave com tanta força que cortou minha pele enquanto eu me
aproximava da casa. Atrás da porta, havia um jardim em plena floração, e um
caminho de pedras que levava à calçada vermelha e à porta. A julgar pela
acumulação de água na borda da passarela, alguém tinha molhado as plantas
recentemente. Era provável que ele ou ela ainda estivesse aqui. Meu coração
pulou no meu peito, e eu respirei fundo. Veja se a chave funciona antes que se
anime, meu lado racional advertiu.

Tentei duas vezes, tentando inseri-la na fechadura com os dedos


trêmulos. A chave girou e a porta se abriu, acolhendo-me dentro do santuário
privado. Fazendo uma pausa entre as flores, eu não poderia deixar de desejar que
eu estivesse aqui em circunstâncias diferentes. Este lugar era um sonho tão
acolhedor e convidativo como o bairro ao qual pertencia. Mas agora eu estava
muito tensa para me divertir. Eu trouxe Alexander para Notting Hill, e as
memórias pesavam sobre mim, transformando o meu lugar favorito em algum
lugar que eu queria evitar.

Eu voltaria se, por qualquer outra razão, eu não empurrasse isso tudo para
o passado. Subi as escadas, resolvida a acabar com isso, mas quando eu estendi a
mão para a campainha, vi uma rosa vermelha enfiada na maçaneta da porta.
Peguei-a cautelosamente, machucando-me na haste espinhosa apesar dos meus
cuidados. Lágrimas brotaram nos meus olhos e sangue jorrou do meu dedo. Não
havia nenhuma razão para acreditar que era para mim, mas eu sabia que era.
Assim como eu sabia que a chave era para abrir o portão. Era o mesmo escarlate
vibrante que eu tinha usado no meu cabelo na noite do baile. À noite em que
tudo havia mudado entre nós.

A porta se abriu, arrastando-me da minha teia de memórias. A visão dele


tirou o ar dos meus pulmões, e eu ofeguei, lutando para me lembrar de como
respirar. Eu passei as últimas duas semanas sonhando com seu rosto, mas vê-lo
na minha frente, eu percebi que essas fantasias não tinham sequer tocado em sua
beleza. O cabelo preto. As linhas perfeitas do rosto. A deliciosa curva de sua
mandíbula, o arco completo de seus lábios, e os olhos de safira que me atraíam
para ele, me queimando com sua intensidade enquanto eu me afogava neles.

A camisa de Alexander estava desabotoada, revelando seu peito e seu


pacote de seis. Calça jeans pendurada abaixo em seus quadris. Meu corpo me
traiu, respondendo instintivamente para a escaldante energia magnética entre
nós.

Isso era um erro.


Seja qual fosse a razão que ele tinha para me pedir para vir aqui, tinha
sido um erro. As lágrimas caíram livremente pelo meu rosto, e eu não tentei detê-
las. A pressão retesada no meu peito soltou com um anseio desenfreado.

Alexander pegou minha mão, vendo a pequena ferida no meu dedo. Ele o
puxou aos lábios e chupou o sangue antes de colocar um beijo suave no local. O
gesto foi pequeno, mas não insignificante. Quando o braço enrolou em volta da
minha cintura, eu não resisti a ele.

Eu não podia.

Tanta coisa para ser forte , a voz crítica na minha cabeça zombou.

Mas sua boca silenciou meus medos quando ele pressionou contra a
minha. O beijo foi suave e hesitante, e seus lábios moviam-se lentamente. Sal
misturado com o seu gosto na minha língua, e me afastei para descobrir que as
lágrimas não eram minhas. Alexander caiu de joelhos, enterrando seu rosto
contra o meu estômago.

Meus olhos fecharam, saboreando a sensação de paz que tomou conta de


mim. Eu estava desesperada por seu toque, mesmo que ele não pudesse afastar o
inevitável.

—Você está mais magra. —Seu tom foi comedido, mas eu ouvi a acusação
juntamente com outra coisa que soava muito parecida com medo.

Havia me perguntado se ele notaria o ângulo ligeiramente mais nítido das


minhas maçãs do rosto, ou o oco da minha barriga. A cor tinha drenado do meu
mundo quando o deixei, e junto com ele os sabores da vida. Eu estava contando
com alarmes mais do que eu tinha contado por um longo tempo, mas eu estava
cuidando de mim.

—Estou bem. —Eu disse com uma voz suave. —Sem muito apetite, mas
estou comendo.

—Você não pode… —Ele me chocou com as palavras. —Não por minha
causa. Me prometa, Clara.
Seu medo me pegou de surpresa, e eu lutei para não ver mais em sua
preocupação. —Eu prometo.

Depois de alguns minutos de silêncio, eu não podia esperar mais tempo


para entender por que ele me pediu para vir aqui. —Onde estamos?

Alexander levantou-se e enrolou seus dedos nos meus, me levando


embora pelo corredor para uma sala de estar. Agora que o choque tinha passado,
eu analisei meu redor. A casa estava totalmente mobiliada e artisticamente
decorada com uma mistura de antiguidades e toques modernos. Uma lareira com
um manto muito bem esculpido era o ponto focal da sala de estar. O sofá de
veludo ficava em frente à lareira, e o resto da sala era uma mistura vintage e
contemporâneo em um espaço acolhedor.

—Você está fazendo as perguntas erradas. —Ele disse. Meu núcleo


apertou enquanto bebia no familiar tom grosso de sua voz. Os olhos de Alexander
nublaram como se sentindo a minha súbita excitação urgente, mas ele não fez
nenhum movimento.

—Vinte perguntas de novo, X?

Ele balançou a cabeça, sua língua molhando os lábios. —Sem jogos,


boneca.

Olhei em torno de nós, tentando compreender por que estávamos aqui,


enquanto lutava contra o efeito vertiginoso de sua presença. Eu tinha estado
muito tempo sem ele. Agora, sua proximidade era quase esmagadora.

—Por que estamos aqui?

—Você está ficando quente. —Ele aproximou-se o suficiente para que eu


sentisse sua respiração quente, doce no meu rosto.

—De quem é essa casa? —Perguntei tão baixo que ele não deveria ter sido
capaz de me ouvir.

Sua boca caiu para o meu ouvido e sussurrou. —Nossa.


Eu o empurrei e olhei para ele, tentando dar sentido ao que ele estava
dizendo. Como se ele tivesse perdido o juízo? —Eu não entendo.

—Este é o nosso normal. —Ele explicou, abrindo os braços. —Este é o


nosso santuário.

Havia tantas perguntas que se aglomeravam em meu cérebro, que eu tive


dificuldades para escolher uma, mas havia uma que eu não poderia sequer
adivinhar a resposta. —Como?

—A casa está no nome de Norris. —Alexander falou. —Eu paguei por ela,
é claro, mas dessa maneira mantemos nossa privacidade.

Eu andei ao redor da sala em um círculo lento. Os olhos de Alexander me


seguiram, mas ele ficou para trás enquanto eu absorvia o que ele estava me
dizendo.

—Você quer dizer, manter o segredo. —Eu disse, voltando-me para ele.

—Privacidade. Segredo. —Ele repetiu as palavras com uma careta como se


fosse a mesma coisa.

O problema era que elas não eram.

—Aqui podemos ser Alexander e Clara. Nada entre nós. —Ele continuou.

—Exceto os segredos.

Alexander veio até mim tão rápido que eu mal processei sua reação e seus
braços ao meu redor. —Não entre nós. Nada entre nós.

—Oh X. —Eu suspirei. —Tudo está entre nós. Você não vê?

—Eu não quero que esteja. —Seus olhos me imploraram, e eu vi a agonia


que eu sentia refletida neles.

—Seu pai espera que você se case. Ele tem tudo planejado. —E esses
planos não me incluem.
—Eu não posso controlar o que ele planeja, mas isso não quer dizer que
ele vai me forçar a qualquer coisa.

—Você sabia dos planos dele? —Eu perguntei.

Alexander hesitou, e eu já sabia a sua resposta antes que ele falasse. —


Sim.

Afastando para longe dele, eu estendi a mão para avisá-lo para ficar para
trás. Passei as duas últimas semanas tentando descobrir o que eu tinha feito de
errado. Porque eu não acreditava que amar era errado.

Sua postura mudou, seus olhos se distanciando. —Não. Talvez para você.
Fiquei longe porque eu senti que era injusto. Eu senti como se estivesse te
levando.

—E não está fazendo exatamente isso? —Gritei, meu coração partido mais
uma vez. Eu tinha dado a ele a chance de lutar por mim e ele ergueu uma parede.
—Por que estamos aqui?

—Porque eu preciso de você. —Ele falou asperamente. Suas palavras me


acusando, como se eu o houvesse enganado.

—Mas você não me ama. —Eu sussurrei.

A mão de Alexander correu por seu cabelo quando ele balançou a cabeça.
—Eu te disse que eu não sou de romance. Eu não sou de longo prazo.

—Quantos sinais mistos você me dá, Sua Majestade. —Praticamente cuspi


suas mesmas palavras de volta para ele. —Isso é uma coisa perigosa para se fazer
com uma garota como eu. O que é isso? Um lugar para me foder? Um esconderijo
que seu pai não sabe, para que você possa manter o seu casinho em segredo,
porque você não pode aparecer comigo para a imprensa?

—Não é isso!

—Então me diga o que é isso. —Pedi. Minha raiva borbulhando. —Porque


estou tentando entender. Realmente estou. —Eu estava desesperada para
entender, porque assim como eu estava aqui tão perto que eu podia estender a
mão e tocá-lo, eu o sentia escorregar por entre os dedos.

A mandíbula de Alexander apertou, e quando ele finalmente virou toda a


força do seu olhar para mim, eu cambaleei para trás um passo, uma vez que ardia
através de mim. —Toda mulher que eu já amei está morta.

Eu quebrei por ele novamente, sacudindo minha cabeça suavemente. —


Sinto muito, X. Mas não estou morta. Estou aqui. E você não pode me impedir de
te amar.

Ele cruzou a distância entre nós, e eu não impedi que ele me atraísse
contra ele, segurando meu queixo firmemente. —Não quero destruir você.

—Você já destruiu. —Eu sussurrei.

Suas mãos caíram em derrota. —Eu nunca quis que isso acontecesse.

—Eu sei, mas sou uma garota crescida, X. —Eu disse para ele. —Você não
pode me controlar. Você não pode controlar quem eu amo.

—Pare. —Ele exigiu, e eu não tinha certeza se ele estava me dando ordens
para ficar quieta ou para deixar de amá-lo.

Eu não era capaz de qualquer uma dessas. —É por isso que eu não posso
ficar. Eu não posso fingir que está tudo bem. Eu não posso fingir que não te amo.
Eu acho que seria pior do que deixá-lo. Sinto muito, X. Eu não posso ser o seu
segredo.

—Uma noite. —Ele disse, sua voz fervendo com desejo. —Fique comigo
uma noite, e se você quiser ir embora pela manhã, eu deixarei você ir.

Eu balancei a cabeça, quando minhas palavras anteriores repetiram em


minha mente: você nunca sabe quando estará fazendo amor com uma pessoa
pela última vez.

—Deixe-me te mostrar. —Ele disse.


Mostrar-me o quê? Como isso vai ser? Como você é capaz de me dar a
única coisa que diz que nunca poderá me dar?

Uma mulher forte iria embora, mas minha determinação ruiu sob seus
olhos ardentes. Se eu saísse agora, eu sempre me perguntaria o que teria
acontecido se eu não tivesse. Ir para a cama com ele me rasgaria e rasgaria meu
coração, mas a ruptura seria limpa. Sem arrependimentos.

Meus dedos tremiam enquanto eu buscava a barra da minha camisa e


puxava sobre a minha cabeça. Alexander congelou, me observando com luxúria
enquanto tirava minha calça jeans. Minha calcinha e sutiã seguiram, até que eu
estava diante dele nua.

—Uma noite. —Eu concordei. Algum dia ele poderia olhar para trás e ouvir
a verdade escondida nessas palavras simples.

Alexander varreu-me dos meus pés e me levou para a escada, seus lábios
pressionando beijos urgentes do meu pescoço até meu queixo, enquanto ele
deslizava a boca lentamente na minha. Desejo inflamou em meu núcleo quando
ele capturou meus lábios, separando-os, mergulhando sua língua com cursos
lentos, profundos em minha boca. Minhas mãos deslizaram sob a camisa e desci
pelos seus ombros. Passei meus dedos ao longo do pior das cicatrizes. Isso
magoou meu coração, e senti sua batida constante que pulsava através das
pontas dos meus dedos.

Ele não me deixou dizer as palavras, mas eu gostaria de mostrar-lhe uma


última vez.

Uma última noite para durar por uma vida.

Deitando-me cuidadosamente sobre a cama, Alexander se afastou de


mim. Eu abri sua calça jeans e a empurrei para baixo. Ele a chutou e moveu-se
entre as minhas pernas, seu pau grosso encontrou o seu caminho sem orientação.
Engoli em seco quando ele entrou em mim com um impulso poderoso. Sua boca
encontrou a minha de novo, e ele me beijou, seus lábios demorando
deliberadamente. Ele arrastou ao longo do meu pescoço para baixo, para entre os
meus seios. Ele plantou um beijo suave lá antes que ele pegasse meu mamilo em
sua boca, rodando sua língua sobre ele com golpes lânguidos. Minhas mãos
enrolaram nos lençóis, arqueei contra ele, frenética por contato.

Eu precisava sentir sua pele contra a minha. Uma última noite de conexão.

Os quadris de Alexander giraram habilmente enquanto ele me martelava,


esticando minha fenda. Eu gemi quando ele pressionou com mais força, me
fodendo mais profundo. Em seguida, retirou-se de mim, e eu gritei, com fome e
vazio. Sentando-se na cama, ele deslizou a mão pelas minhas costas e levantou o
meu corpo tremendo para seu colo. Suas mãos embalaram minhas costas
enquanto eu afundava em seu pênis, saboreando a deliciosa dor quando eu inchei
em torno dele. Ele encheu-me, e ele movia-se lentamente enquanto eu me
ajustava ao seu pênis. Ele enterrou dentro de mim, e eu me remexi enquanto a
pressão era construída pelo meu corpo.

A posição era íntima, e era impossível escapar dos olhos uns dos outros e
as perguntas que eles faziam. Alexander não estava me levando, ele estava me
atraíndo. Senti sua confusão agudamente quando senti o calor febril de sua pele.
Naquele momento, era impossível não ver através um do outro. As mãos de
Alexander agarraram minhas costas, acalmando o meu movimento, e eu entendi
o pedido tácito.

Ele queria fazer durar. Uma última noite completa.

Meu dedo indicador traçou a curva de seu rosto, mapeando. Eu rocei-o


sobre os lábios, memorizando sua plenitude macia. Meus olhos encontraram os
dele, e eu fixei a verdade que eu vi brilhando deles em minha mente enquanto as
minhas mãos percorriam seu corpo, guardando cada polegada dele para a
memória. Eu sabia que a escuridão da separação estava à frente de nós. Mesmo
enquanto eu capturava este momento e sua bela serenidade, a dor misturada
com o desejo. Cedi, meus sentimentos me dominando, e balancei urgentemente
contra ele. Os braços de Alexander apertaram enquanto seu pau me levava
incansavelmente. Nós colidimos um com o outro, nos conectando, trocando e
quebrando. Cada toque desesperado. Cada beijo suplicando.

—Diga, Clara. —Ele persuadiu com a voz rouca.

Seu desejo era o meu comando. Uma última noite de dominação.


—Alexander. —Eu suspirei. —Eu amo você.

Seus olhos fecharam enquanto seu pênis dava espasmos contra o meu
canal de veludo, derramando dentro de mim, e eu transbordei com ele,
desfazendo-me em seus braços. O prazer estilhaçou em meus membros como
fogos de artifício brilhantes e fragmentados, pois choveu através de mim. Eu
montei a torrente de prazer enquanto eu repetia essas palavras.

Eu as repeti para preencher uma vida. Uma última noite de afirmação.

Alexander não se afastou de mim quando ele desabou sobre a cama, ao


invés disso, ele entrelaçou seus membros com os meus até que não houvesse
começo e nem fim para nós. Ficamos deitados em silêncio, até que eu o senti
inchar dentro de mim, e então começou a mover-se novamente.

—Eu nunca vou ter o suficiente de você. Eu imploro por você, Clara. Eu
imploro seu corpo, seu gosto. Sem você... —Ele se arrastou para longe, seus olhos
brilhando com a dor. —Eu... Eu...

E então ele estava bombeando em mim novamente, enchendo-me com a


única maneira que sabia, e eu me agarrei a ele.

Uma última noite de palavras não ditas.

*****

Eu deslizei silenciosamente da cama, desembaraçando-me da forma


adormecida de Alexander quando o despertador na mesa de cabeceira mostrava
seis horas. Ele tinha adormecido há poucas horas. Ele fodeu com a boca e pau até
que eu estava perto do colapso, como se soubesse que no momento em que se
retirasse de mim, eu desapareceria.

Passamos o dia de ontem na cama, parando apenas para nos alimentar


antes de retornar ao corpo um do outro. Mas mesmo quando nós rimos e
tocamos um no outro, eu me forcei a fazer mil despedidas silenciosas.
Adeus a essa boca suja e sexy que se curvava tão facilmente em um
sorriso. Adeus a esse cabelo sedoso, preto e bagunçado. Adeus à sua proteção.
Adeus ao momento de hesitação deliberada antes que ele me enchesse.

Adeus ao homem que eu amava.

Vesti-me rapidamente e encontrei um bloco de papel na cozinha. No final,


eu percebi que não havia palavras. Eu disse o que precisava que ele ouvisse.
Qualquer outra coisa seria apenas uma desculpa, e eu não podia suportar deixá-lo
assim quando nós dois sabíamos a verdade. Nós dois vimos a parede de pé entre
nós, e nós dois sabíamos que não poderíamos derrubá-la sozinhos.

Deixei a chave no topo do papel. Esta casa tinha sido nossa por um
perfeito dia agridoce.

Parando na porta, fechei os olhos e procurei a força para atravessá-la.

—Então é isso? —Sua voz me tirou da minha concentração, e eu me virei


para encará-lo. Ele não se preocupou em vestir-se, e seu corpo estava tenso,
preparando-se para a minha resposta. Eu vi o tormento em seus olhos, e eu lutei
contra a vontade de confortá-lo.

—Sinto muito. —Eu ergui minha mão, sabendo que se ele me tocasse, eu
não poderia passar por isso.

—Clara. —Ele olhou para mim com uma tristeza que me torceu por
dentro, mas ele não se aproximou mais. —Por favor.

Fechei os olhos, incapaz de afastá-los de seu rosto bonito, e balancei a


cabeça enquanto meus dedos fecharam-se sobre a maçaneta. —Eu não posso ser
seu segredo.

Abrindo a porta, eu cambaleei para o ar fresco da manhã enquanto ele me


chamava. Corri, mas eu não pude escapar da dor. Eu estava em movimento
mesmo quando o meu mundo deixou de existir, mesmo quando tudo
desmoronou em torno de mim.

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