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Nós dois temos segredos. Segredos que poderiam nos separar ou nos
aproximar. Quando um paparazzi expõe cada um deles, eu tenho que
decidir o quão longe estou disposta a ir pelo rei e pelo país.
Tradução: Hera
Formatação: Selene/Cibele
Disponibilização: Cibele
11/2016
Meus olhos vagavam pelos corredores esfumaçados enquanto eu bebia
minha taça de champanhe. Acima, o quadro de um duque, ou algum outro
personagem importante com uma gravata em seu pescoço, olhando para mim,
me denunciava como a fraude que eu era. Ser uma recente graduada de Oxford,
não significava que eu pertencesse aos exclusivos clubes de Oxford e Cambridge.
A maioria dos outros graduados vinha de famílias afortunadas, e mesmo que a
minha família possuísse bastante dinheiro para o padrão de qualquer um, nós não
tínhamos um nome de família ou um título, como a maioria dos meus
companheiros nesse Dia de Comemoração. Eu terminei minha bebida enquanto
amaldiçoava minha amiga Anabelle por ter me convencido que essa seria uma
boa ideia.
Eu mordi meu lábio e olhei em volta, incerta do que responder. Belle sabia
que eu só tinha ido para a cama com um homem, meu agora ex-namorado, que
não era nem rico e muito menos poderoso. Daniel era rancoroso. Onde eu me
sentia inferior em relação às famílias afortunadas em Oxford, ele sentia raiva. Eu
pelo menos cresci bem. Um arrepio correu pela minha espinha, ao pensar em
como a nossa relação ficou feia ao final. Eu a terminei nas férias de inverno, mas
mesmo tanto tempo depois, isso ainda me fazia estremecer. Belle percebeu e
assinalou.
—Daniel não conta. —Ela disse. E sua pele perfeita de porcelana enrugou
quando ela franziu a testa. Ela sacudiu sua cabeça afastando uma memória, e me
deu um sorriso travesso. —Se você tivesse ido para a cama com o tipo de homem
do qual estou falando, você saberia.
—Rabugenta e sem graça. —Ela bateu no meu braço, mas ainda com um
sorriso em seu rosto. —Eu só estou preocupada com você, Clara. Você precisa de
um bom pau.
Eu pensava o mesmo, embora ela não precisasse dar esse conselho agora.
Ela foi minha companheira de quarto nos meus piores momentos com Daniel. Ela
não apenas apoiou a nossa separação, mas ela me tratou como uma mãe desde
então, me levando às compras e me apresentando a novas pessoas. Era só uma
questão de tempo para ela tentar me enviar a encontros. Eu deveria ser grata por
ela ter esperado até meus exames finais, e que estivesse oficialmente graduada,
para que ela começasse a marcar encontros em sua agenda.
—Belle, eu realmente não preciso de um cara agora. —Eu disse tão firme
quanto possível, esperando encerrar isso, mas sabendo que não tinha jeito no
inferno de conseguir. Com um aceno de mão, ela continuou. —Precisar e querer
são duas coisas diferentes, querida. Nunca confunda.
—Você deve ser a famosa Clara. —John disse, sacudindo minha mão. Por
um momento ele pareceu confuso se a beijaria ou sacudiria. O resultado foi um
cumprimento coxo e suado. John talvez tivesse uma fortuna e um título, mas isso
não me fez querer ter algo. —Belle me falou sobre você. Uma graduada em
estudos sociais, não é?
—Sim. —Eu queria puxar minha mão, mas não sabia como fazer isso.
Ele tinha um rosto que faria anjos chorarem e deuses guerrearem. Bem
definido, pele pincelada de dourado, o que significava que passava muito tempo
fora, ao sol da praia. Seu cabelo escuro não era resultado da sombra em que
estava. Era bem próximo do preto, e estava uma bagunça, o que me fez desejar
passar minhas mãos por ele. Por um breve segundo, me imaginei fazendo isso
enquanto pressionava meu corpo ao dele.
—Eu acho que você não pode fumar aqui. —Eu disse. Eu soei como uma
total idiota, mas já estava doente de ver como as classes privilegiadas faziam as
próprias regras, e pelo jeito como ele olhou para mim, eu não era mais do que um
objeto. Um brinquedo que ele queria brincar.
—Minhas desculpas. —Ele deu um sorriso afetado, mas nem isso disfarçou
o tom rude em sua voz. —Você vai me denunciar por conduta inapropriada? —Ele
deu um passo para trás, então, tecnicamente, ele estava no terraço, encontrando
um jeito de distorcer as restrições. Mas suspeitei que ele tivesse feito para me
agradar. Ele não me viu como o tipo que quebra alguma regra. Embora eu não
pudesse mais ver seus olhos, os senti queimando em mim. Isso me atrapalhou,
minhas emoções iam de irritação para excitação. —Eu não gostaria que você
ficasse encrencado.
Ele virou-se para mim, revelando um pouco de seu rosto, e mais uma vez
aquele sorrisinho sujo, agora com um pedacinho de dente perfeito aparecendo.
—Nós não queremos isso.
—Eu acho que deveria ter alertado sobre o perigo de fumar. —Eu disse,
querendo que ele não percebesse minha humilhação, mas também estava
desesperada para manter a conversa. Eu não queria que ele partisse.
—Boneca, você não seria a primeira. —Mas ele apagou o cigarro e jogou
nas redondezas. O movimento foi fluído e seguro, como se não houvesse
possibilidade de alguma falha. Como se o mundo existisse para lhe servir. Eu tinha
certeza que o conhecia de algum lugar. Quem quer que ele fosse, ele tinha um
bocado da minha atenção. —Já nos conhecemos?
—Eu acho que me lembraria. —Ele disse, com seus olhos brilhando
enquanto falava. A energia magnética estava se intensificando, enviando
tremores por mim. —É mais como se minha reputação me precedesse.
—Algo assim. —Ele disse suas palavras com certa implicação. —O que
uma garota americana faz num lugar velho e esnobe como esse?
Pare de contar sua história familiar, a pequena voz odiosa que era crítica
a todo o momento, me admoestou. —E uma garota californiana, também. —O
estranho disse. —Eu não consigo entender porque você trocou a praia pela
Londres chuvosa?
—Eu gosto da névoa. —Era verdade, mas admitir me fez ruborizar. Isso
era um motivo bobo, mas ele sacudiu sua cabeça, como se estivesse intrigado.
Eu dei um passo mais perto dele, estendendo minha mão. Talvez ele
esperasse uma apresentação mais formal. —Sou Clara Bishop, aliás.
Quando ele finalmente me soltou, era muito cedo, embora sua mão tenha
permanecido no fim da minha coluna. Eu cambaleei para trás, mas ele me
segurou, como se ele antecipasse minha reação. Claro, um homem que beijava
assim provavelmente sabia o que esperar. Eu não pude deixar de pensar que ele
devia vir com um aviso:
—Meus motivos não são cavalheirescos. —Ele disse, afastando suas mãos
de mim enquanto confessava. Eu lamentei a perda do contato, desejando que ele
não o tivesse cortado. —Essa mulher é um terrível erro meu.
Eu murchei com a sua mudança, e então foi quando percebi que eu queria
que ele me beijasse novamente. Um desejo que eu sabia, estava escrito na minha
cara. O silêncio caiu sobre nós, mas mesmo sabendo que ele não falaria ou me
tocaria novamente, meu coração continuou batendo apressado como um animal
enjaulado querendo se libertar.
Sua mão cobriu rapidamente sua boca, mas eu pude ver um risco de um
sorriso mais uma vez em seu rosto. —Eu escolhi um caminho diferente para a
minha carreira. Estamos jogando as ”vinte perguntas”?
Ele piscou para mim. —Eu acho que o ponto, boneca, é você descobrir.
—Eu apenas quero brincar dentro das regras, a não ser que você queira
que eu faça as perguntas. —Ele sugeriu. Eu engoli com dificuldade, lutando para
controlar meu corpo.
—Eu ainda não fiz todas as minhas vinte perguntas. —Eu sussurrei com a
proximidade de seus lábios.
—Mas tem um monte de coisas que quero saber sobre você. —Sua
respiração era quente no meu pescoço enquanto ele falava. —E eu estou
morrendo para ouvir você dizer sim.
—Confie em mim, não é. —Seus lábios deslizaram pelo meu queixo. Meus
olhos fecharam com o roçar de sua barba na minha pele delicada. Ele se afastou,
e eu arquejei longamente, ajustando meu vestido com um olhar abismado.
—Última pergunta. —Ele disse. —E então veremos se você pode
adivinhar.
Uma última chance para revelá-lo, e eu não estava mais perto do que
quando o encontrei. E agora meu corpo ardia com desejo, me distraindo do meu
objetivo. E só havia uma, uma única pergunta que poderia fazer.
Será que eu imaginei a eletricidade nesse beijo? Eu estava certa que não.
Tão certa como estava que ele também me queria. Minha boca secou com a ideia.
Eu pensei no que Belle havia dito sobre me enroscar com um homem forte e
poderoso, e me forcei a ignorar a batida que corria pelo meu corpo. Eu não estava
interessada em ser um brinquedinho para um homem como esse. Eu me
recusava.
—Eu acho que devo retornar. —Eu disse, percebendo que tinha que agir
antes que me tornasse uma poça de desejo na frente dele.
Ele não esperou por mim para partir. Em vez disso, ele desapareceu no
terraço, sumindo no ar. Não foi até que ele estivesse fora de vista, me libertando
do efeito de sua presença, que eu percebi que eu havia beijado um homem sem
nome.
—Não estou com fome. —Comida era a última coisa na minha cabeça.
—Sinto muito. —Eu disse. Eu realmente me sentia mal por ter agido tão
sem graça na frente do irmão dela. Mas a única maneira dela aprender a não
armar para mim, era se eu a fizesse passar vergonha. Belle era fluente em
humilhação familiar. Eu odiava usar essa carta, mas era o único jeito de deter sua
obstinação. Além do mais, essa era a nossa formatura.
Verdades nunca antes reveladas, mesmo que minha desculpa fosse uma
mentira. Minha mãe era para estar aqui, e eu não tinha dúvida que ela viria. O
clube Oxford & Cambridge era um lugar que ela não poderia ir sem um convite, e
hoje, muitas das mais brilhantes e ilustres famílias britânicas estariam presentes
para comemorar a formatura. Madeleine Bishop não perderia isso por nada no
mundo. A imprensa não era bem-vinda, desde que era uma festa privada, mas
sempre havia a chance de ter um paparazzo lá fora, se ela tivesse sorte. Nossa
família geralmente não despertava atenção. Desde que ela e meu pai fizeram
fortuna há uns 14 anos atrás, ela tem procurado por isso. É um pouco
embaraçoso, e eu não estava exatamente ansiosa para vê-la. Belle também
compreendia isso bem.
—Obrigada. —Joguei algumas nozes na minha boca. O sal delas fez minha
boca pedir água, e percebi que estava faminta. Meus olhos foram para o relógio
em cima da lareira, e eu gemi. Já tinha mais de seis horas que eu havia comido.
—Eu não serei responsável pelo seu desmaio no dia de nossa formatura.
—Belle disse me dando uma piscada. Ela me conhecia muito bem para saber que
entre o stress da cerimônia e essa festa, eu me esqueceria de comer. —Não olhe
agora, mas os Bishops chegaram.
—E deixar você sozinha? Sem chance, mas você me deve uma garrafa de
vinho mais tarde. —Ela deslizou um copo na minha mão, sabendo exatamente o
que eu precisava para me ajudar a atravessar esse encontro.
—Feito. —Com certeza antes do fim do dia, nós precisaríamos muito mais
do que uma garrafa de vinho.
Eu rolei meus olhos para ele. —Mais para a garota de recados da futura
vencedora do prêmio Nobel.
—Todo mundo começa de algum lugar. —Ele me lembrou. —Mesmo o
menor trabalho é importante. Gandhi começou em algum lugar.
Não com você, eu pensei. Londres ainda era uma desconhecida para mim,
uma vez que havia mudado um pouco antes de entrar na universidade, e minha
mãe sabia disso. Isso não me fazia querer viver com ela. —Eu já disse que vou
ficar com Belle.
—Não pelo próximo ano. —Eu disse calmamente. Na verdade essa era
uma grande questão para mim. Eu não queria viver só, e Belle e minha mãe
sabiam. Eu não estava certa do que faria quando Belle casasse e se mudasse com
Philip. Eu estava tentando não pensar nisso.
—Eles são a mesma coisa. —Mamãe cuspiu sua opinião para mim e voltou
à atenção para Belle. —Você é uma amiga tão boa por ajudá-la, e você deve
começar a me chamar de Madeleine. Veremos-nos o tempo todo agora.
—Eu espero que sim. —Belle disse. Ela achava minha mãe hilária, mas eu
sabia que ela estava mentindo. Madeleine era melhor, se fosse servida em
pequenas porções.
—Seu pai e eu temos conversado. —Mamãe deu um olhar para papai, que
estava lhe dando um olhar frustrado, que ela obviamente ignorou. —Por que
você não vai morar conosco? Certamente, Belle gostaria ficar sozinha com Philip,
e nós temos quartos suficientes.
Eles tinham bem mais do que quartos suficientes, mas não havia maneira
que eu aceitasse o que ela estava oferecendo. —Nós já assinamos um contrato
para o apartamento. —Eu menti.
—Mas ainda assim é um contrato. Você sabe que eu li no The Sun, que
cada vez mais os senhorios estão espionando seus locatários?
O segundo item da lista de mamãe era fazer algo soar mais assustador do
que normalmente era. Isso serviu para aterrorizar os primeiros oito anos da
minha vida, mas agora que eu tinha vinte e três, a tentativa só me deixava
cansada.
Parecia a última coisa que ele queria fazer, mas ele concordou com a
cabeça, e gentilmente segurou o braço dela.
Eu puxei Belle pelo braço, assim que eles se afastaram um pouco. —Nós
não temos nenhuma senhorinha ou um apartamento.
—Sim? —Isso não foi uma pergunta, mas sim uma declaração de
incredulidade.
—Você sabe que não gosto de viver sozinha. —Eu a lembrei. Mas o
pensamento de voltar a viver com meus pais, estava longe de me confortar. Eu
era independente na Universidade, e apesar de algumas más decisões, a maioria
relacionada a Daniel, eu fui bem nos meus últimos anos na escola.
Mas muitas pessoas estavam se mudando agora. Muitos dos meus amigos
estavam vindo para Londres. Belle era minha amiga mais próxima, e a única com
quem eu conseguia me imaginar morando. Talvez em um ano a independência
que senti no meu primeiro ano de escola fosse recuperar o dano causado pelo
Daniel o suficiente para que eu deixasse de sentir a compulsão de partilhar um
apartamento, mas eu não cheguei lá ainda.
—Eu sei, e está tudo bem. —Belle descansou a cabeça no meu ombro. —
Mas você tem que me deixar arrumar as coisas. Eu me sentiria terrível se tivesse
que te mandar de volta para os seus pais no próximo ano.
—Quem sabe como estaremos daqui um ano. —Eu a lembrei. Belle
apertou meu ombro. —Essa é a atitude correta.
—Você acha que isso significa que pode me arrumar armadilhas, não é?
—Eu não acho que ele seja meu tipo. Eu não queria ofender seus
sentimentos. —Realmente não era culpa dela que o irmão fosse tão chato.
—Eu sei que ele provavelmente vai aborrecer você. —Ela disse. —Mas eu
quero ver você lidar com isso.
Ela pareceu duvidar disso, e eu realmente não lhe dei motivos para
acreditar muito nesse último ano. Mas não era da conta dela, eu não amenizaria
isso saindo com o irmão dela, advogado ou não. Graças à chegada do seu noivo,
eu fui salva de mais bajulação dela pleiteando o caso do irmão.
—Aqui está Philip. —Ela disse, se levantando e alisando sua saia. Ela virou-
se buscando minha aprovação.
—Você está fabulosa, como sempre. —Eu não precisava mentir. Não
importava o quanto ela bebesse, ou quanto tempo estivesse em pé com salto
alto, Belle sempre parecia refrescada e bem vestida. —Diga a Pip que disse oi.
Belle mostrou a língua para mim enquanto rebolava até ele. Philip era um
pouco sério demais para meu gosto, e isso era algo para se notar. Ele odiava o
apelido Pip, o que me fazia adorar. Não porque não gostasse dele. Ele era legal -
classicamente bonito, com um rosto anguloso e elegante, cabelo loiro claro, alto,
bem falante. E o fato de que ele vinha com um título e um bocado de dinheiro,
não machucava também. Ele era exatamente o que Belle procurava em um
homem: segurança financeira e genética. Eu não a culpava por isso. Ambas nos
sentíamos perdidas em nossas vidas, então eu entendia sua procura por
segurança. Eu só queria que ela compreendesse a minha escolha, que era nunca
ficar com um homem como ele, ou como o irmão dela, ou como seus outros
amigos mais velhos, que brevemente eu conheceria nas próximas semanas.
*****
Tia Jane passou por nós, vestida em uma túnica floral, e escancarou a
janela.
—Assim é melhor! Eu não aguento ficar em lugares fechados. —Ela
respirou puxando a brisa que soprava pela janela aberta. —Está desocupado, e
isso não é bom para a alma de uma casa. Eu tenho as chaves aqui. São suas
quando vocês quiserem.
Eu peguei sua mão estendida sem nenhuma hesitação. Para acabar com o
stress dos termos, eu tinha sistematicamente feito uma lista diária que incluía
todas as coisas que precisava me preocupar depois das provas. Encontrar um
apartamento era um desses itens, e eu poderia riscá-lo agora. Agora eu sentia
como se os pedaços da minha vida, minha vida real, adulta, estivesse finalmente
se arrumando. E o valor do aluguel que ela nos pediu seria fácil de continuar a
pagar, mesmo depois que Belle se casasse, pois ela ofereceu um verdadeiro
desconto familiar. Eu nem precisaria mexer no meu fundo de reserva.
—Será muito bom ter sangue novo nessa casa. —Ela continuou. —O
último inquilino era um músico, que eu temia que estivesse um pouco fora de
tom.
—Tia Jane tem uma queda por músicos. —Belle me informou com uma
piscadela.
—Eles são excelentes amantes. —A tia dela confirmou. O rosto dela estava
mortalmente sério, então como estávamos até agora discutindo sobre negócios,
falar sobre isso foi tão estranho, como se um banheiro estivesse inundando. —
Por favor, me diga que você já foi para a cama com um músico.
Eu choquei com o som de riso que veio pela minha garganta e sacudiu
minha cabeça. A expressão da Tia Jane sugeria que ela realmente estava com
pena que eu ainda não tivesse ido. Ela virou-se esperançosa para Belle, que
respondeu com uma negativa também. Seus ombros pequenos se curvaram, e ela
balançou a cabeça tristemente.
—E você já vai se casar. Ah bem, você sempre pode ter um caso. Músicos
são excelentes para isso também.
—É seu. O outro tem uma porta para o banheiro, então posso pegar antes
de você a cada manhã.
—Que tortura para você. —Eu ri, não porque ela era esperta, mas porque
a ideia de Belle soava perfeita para mim. O principal trabalho de Belle pelos
próximos doze meses, seria tratar de todos os detalhes para o seu casamento. Se
existisse uma carreira que permitisse flexibilidade de cronograma, ela
encontraria.
—Eu vou agradecer a tia Jane. —Ela desapareceu me deixando sozinha no
quarto.
Foi o intenso cheiro de café que me forçou a abrir meus olhos, enquanto
Belle passeava pelo meu quarto. Ela apontou o dedo para mim. —Se levante
querida, e você pode ter isso.
—Eu não começo até a próxima sexta-feira. Você me tem à sua disposição
por enquanto, e você claramente deveria me deixar voltar a dormir. —Tomei um
gole de café, sem me render ao fato de que não era uma mentira total.
—Eu não vejo nada acontecendo. —Belle revirou seu nariz com nojo,
obviamente descartando o que acontecia lá na rua.
—Você não quer dizer que devemos pegar todas as fofocas? —Belle
apertou seus lábios, tentando esconder um sorrisinho, mas só parecendo mais
endiabrada ainda.
Levou quase cinco minutos para a água do banho esquentar, mas quando
deslizei no chuveiro, meus ombros relaxaram e deixei a água escorrer sobre mim.
Fechando meus olhos, eu pensei no meu sonho com o homem misterioso. Algo
agitava na minha barriga apertando o meu núcleo, e eu gostaria que tivesse
terminado o sonho. Melhor ainda, pensei enquanto deslizava o sabonete pelo
meu corpo, Eu gostaria de vê-lo novamente . Eu tentei me convencer de que era
um desejo inocente. Que eu só queria saber o seu nome, e o porquê de me usar
para irritar a garota, mas honestamente, mais do que qualquer coisa, eu queria
que ele me beijasse novamente. Minhas mãos deslizaram pelo meu estômago,
seguindo para a pulsação que aumentava no meio das minhas pernas.
—Não seja estúpida. —Eu disse a mim mesma, me virando para enxaguar
o sabonete na água quente, antes que ela acabasse. Esperançosamente, eu não
estava tão desesperada para me masturbar no banho, ainda. Mas enquanto me
enrolava na toalha, secando o cabelo com a outra, escolhi um jeans confortável, e
pude ouvir Belle na cozinha.
—O que está acontecendo, Belle? —Eu perguntei numa voz baixa. Meu
estômago dando um nó. —Você parece que vai vomitar.
Ela deu uma risada nervosa que se transformou num ataque de riso,
enquanto ela tentava falar. —Isso é… tão… tão… absurdo!
—Fala logo. —Eu disse com impaciência, me sentindo pior a cada minuto.
—Eu não compreendo. —Eu disse, mas assim que as palavras saíram dos
meus lábios, a manchete começou a fazer sentido para mim. —Os repórteres lá
fora?
Belle confirmou.
—Mas eu não sabia quem era ele. —Eu disse fracamente, lembranças
correndo pela minha cabeça, e tudo se transformou numa confusão de
pensamentos e emoções.
—Como que na Terra você não percebeu quem ele era? —Belle
perguntou.
Eu parei para considerar isso, tentando ignorar o tom crítico e exagerado
do meu lado racional, do meu subconsciente. Como a maioria das garotas da
minha idade, eu cresci conhecendo os pormenores da Família Real,
particularmente os dois príncipes que não eram muito mais velhos do que eu.
Eles até foram capas de revistas de adolescentes nos EUA quando eu era mais
jovem. Mas eles foram banidos da vida pública. Pelo menos Alexander foi, não
muito antes de a minha família mudar-se da Califórnia para o Reino Unido, e
então eu fui para a Universidade. Uma queda pelo príncipe não tem sido
exatamente minha prioridade nos últimos anos.
—Ele parecia familiar. —Eu admiti. —Eu pensei que o conhecia de Oxford.
Eu não vi uma foto dele nos últimos anos. Você está certa que é ele?
—Eu deveria ficar lisonjeada ou horrorizada por ser mais uma das suas
conquistas? —Eu amassei o tabloide e o joguei na lata de lixo. Então
imediatamente o puxei de volta e admirei a foto novamente. —Por que isso é
notícia?
Eu bufei ao ouvir isso, sacudindo minha cabeça com desgosto. —Eu acho
que não o deixei me foder. Isso me faz diferente?
Eu não adicionei que eu bem poderia ter deixado, ou que estive
fantasiando sobre ele nos últimos dias. Seria muita bobagem minha se eu ainda
continuasse pensando nele depois disso. Eu sabia que ele era problema no
momento em que nos conhecemos, então por que eu fiquei brincando com a
ideia de vê-lo novamente?
—Olhe para ele! —Ela esfregou o jornal para marcar seu ponto. —Me diga
que você não se apaixonaria por isso!
Mesmo com a foto tirada da câmera de um celular, ele era magnífico. Mas
eu podia preencher todos os detalhes que faltavam na imagem - a curva da sua
mandíbula, o sorriso de canto de boca, o perfeito tom escuro de seu cabelo.
Esqueça as joelheiras, eu me arrastaria pelas pedras.
—Ele tem complexo de Deus. —Eu disse para ela, ignorando que meu
corpo concordava com Belle. —O que a foto não diz é que ele me agarrou e me
beijou.
—Só você beijaria o Príncipe Alexander e não saberia. —Belle disse com
uma risada. O ciúme já totalmente dispersado de sua voz. Esse era apenas mais
um dos meus erros bobos, mas isso não queria dizer que ela deixaria passar. Na
verdade, ela começou um monte de questões, me inundando com novidades que
eu mal podia acompanhar, especialmente com o choque dessa descoberta ainda
rolando na minha cabeça.
Até que uma questão atravessou essa neblina. —Ele foi um bom beijador?
—Sim. —Eu disse sem hesitação, relembrando a força dos seus braços
poderosos em volta de mim. —Ele tinha o controle total, o que fazia sentido
agora.
—Calma, garota. —Eu disse, mas não pude evitar. O beijo antes era meu
delicioso segredo, mas agora... Era mais. Era confuso, emocionante e aterrador, e
quente como o inferno, claro. Mas eu precisava que Belle me ajudasse a filtrar
meus sentimentos.
Eu dei a língua para ela e pulei do banco. Belle com isso na cabeça não
estava me ajudando a compreender meus sentimentos. Ela me defendia, mas eu
não estava certa se ela não me empurraria para ele se tivesse uma chance. Ainda
bem que Belle captou minha dica e começou a desempacotar as louças.
—Seu celular está tocando. —Belle gritou do corredor enquanto ela
carregava uma caixa para o seu quarto.
—Você está certa. Eu devo ligar para ela e deixar as coisas claras. —Mas
não conseguia me convencer a fazer isso. Na verdade, eu bati minha cabeça na
parede.
—O que quer que você faça não se culpe até a morte. A maioria das
garotas mataria para ter um amasso com Alexander, e não se matariam por ter
feito isso.
Eu parei e olhei para ela. A maioria das garotas sim, mas eu era a maioria
das garotas? Alexander devia pensar que sim. Apenas outra garota para usar e
jogar fora. Claro que beijar uma garota para irritar a sua ex fazia sentido para um
cara como ele, mas agora eu era a única que tinha que lidar com o caos! Ele virou
meu mundo de cabeça para baixo na última semana, me deixando excitada,
irritada e curiosa, e agora eu que tinha que limpar a bagunça. E com Alexander
deixando uma trilha de mulheres por aí, por que eles tinham que perseguir a
mim? Por que eles focaram em mim?
—Você sabe o que eu ainda não entendi? Como os repórteres
descobriram quem eu era. Considere um carma de retribuição dos paparazzi. —
Eu retorqui.
—Irmã, isso é uma merda com certeza. —Belle concordou. —Alguém deve
ter visto você e reconhecido. Provavelmente quem tirou a foto.
—Se eu conhecer é melhor que eu nunca descubra quem foi que fez isso.
—Eu disse. Coloquei meu telefone no silencioso de novo no balcão, e carreguei
uma caixa. Minha mãe e todo mundo poderia esperar até que eu reorganizasse
meus pensamentos pelo menos um pouquinho.
E logo ficou claro que a missão de Belle era me entreter com a arrumação
do apartamento para me distrair. Enquanto discutíamos o que colocaríamos na
estante.
—Eu vou pegar alguma comida indiana ali na esquina. —Belle disse,
pegando sua carteira.
—Você não tem que ir. —Eu disse, me sentindo mal. — Talvez
devêssemos pedir algo?
—Nada pode ser mais humilhante do que ter minha foto no Daily Star.
Eu fechei com força o laptop, chateada com o que tinha visto, e com a
massa de papel em frente a mim me confrontando. Eu me estiquei para pegar o
jornal e terminar de amassá-lo e joguei no lixo, mas fui interrompida pelo som do
interfone.
—Senhorita Bishop?
Minha boca caiu escancarada, e eu estava grata que estava sozinha nesse
momento. —Não estou certa de que seja uma boa ideia. No caso de você não ter
percebido, tem uma pequena horda de repórteres aí embaixo esperando para me
devorar.
—Eu sou o guarda pessoal do Príncipe Alexander. Por isso Sua Alteza
confiou em mim para levá-la em segurança até ele. —Ele disse. —Eu lhe asseguro
que ninguém sequer saberá que você está saindo desse prédio.
—Isso aqui é onde vou evitar ser vista com Alexander, digo Príncipe
Alexander. —Eu gaguejei, amaldiçoando silenciosamente. Meus nervos
finalmente deram as caras, e não pude mais evitar falar. —Ou eu deveria chamá-
lo de Sua Alteza Real?
—Ei caras. —Um homem nos chamou. —Tem mais banheiros lá atrás?
Chega disso ou você vai fazer papel de boba. Claro, considerando como eu
estava vestida, já era meio tarde para isso.
—Por favor, não. —Ele disse, sem tentar esconder sua diversão.
—Exatamente.
Algo sombrio cruzou seus olhos, e ele silvou o ar que saiu de seus lábios
perfeitos. O som enviou arrepios pela minha espinha. O ar entre nós cintilava com
a intensidade de seu olhar, até que ele finalmente virou e dirigiu-se ao bar.
Ele sacudiu sua cabeça. —Isso aqui é igual vidro de delegacias de polícia.
Para eles é apenas o reflexo do clube.
—Você deve vir bastante aqui. —Eu disse. Se eles lhe concediam uma sala
privada e livre acesso.
—Eu fui mandado ao inferno tantas vezes. —Ele disse. —Que decidi seguir
o conselho.
—Eu duvido disso. —As palavras escaparam da minha boca. Como era
possível ele me deixar à vontade e nervosa ao mesmo tempo.
Ele riu disso. —Alexander, por favor. Norris me informou que nada menos
que vinte e quatro membros da imprensa acamparam em frente ao seu
apartamento.
—Alexander. —Eu disse, testando seu nome. Era estranho me dirigir assim
ao homem que no futuro seria o próximo rei da Inglaterra. —Assim que eles
perceberem o quanto minha vida é entediante eles irão embora.
—Eles farão da sua vida um inferno até lá. —A voz dele era baixa, mas
fervilhava de ódio. Não era segredo que ele tinha bons motivos para odiar a
imprensa. Eles estavam envolvidos no acidente fatal que vitimou sua irmã mais
nova.
—Sim. —Ele finalmente respondeu com uma voz distante. —Sim, foi por
isso.
—Eu sinto muito. Isso não é da minha conta. Eu só… — Minhas palavras
pararam no meio do caminho quando eu percebi que realmente não importava o
que eu pensava. Por que eu não podia ficar calada? Porque ele me deixava
nervosa e esse era um dos encontros mais esquisitos. Era como se todos os
nervos do meu corpo estivessem disparados ao mesmo tempo, me avisando que
eu estava em perigo, como se sentisse o calor antes que eu tocasse
acidentalmente na chama, exceto que cada pedacinho em mim queria abraçar o
fogo.
Ele não respondeu, em vez disso ele dirigiu sua atenção para a janela e
tomou rapidamente o resto da sua bebida.
—Clara?
Eu parei, esperando que ele continuasse. Eu sabia que queria ouvir meu
nome em seus lábios novamente. Eu queria ouvi-lo sussurrá-lo. Eu queria ouvi-lo
mandar. Eu queria ouvi-lo gritá-lo.
—Por mais que me doa dizer isso, e acredite em mim dói, pelo menos uma
vez esses sanguessugas me fizeram um favor. Eu tentei encontrar você na festa,
mas ninguém sabia quem você era.
Sem surpresa aí. Eu poderia ter me formado no topo da minha turma, mas
eu tinha mantido meu nariz no meu cantinho. Meu círculo de amigos era
pequeno, e além de Belle, a maioria deles não tinham títulos e nem eram ricos.
Mas alguém lá sabia quem eu era e contou para a imprensa. Quem quer que seja
não me fez um favor, o que deveríamos atentar ao porque dele ou dela não ter
contado para Alexander.
—Estou em perigo?
—Você tem lido os tabloides. —Ele disse. —Não acredite em tudo que
você lê, Clara. Eu nunca fiz nada a uma mulher que ela não tenha pedido ou…
implorado.
—Virei-me para encará-lo. Eu não sabia ao certo se estava brava com ele
por ser tão arrogante, ou se estava louca comigo mesma por estar tão excitada.
Mas minha pergunta morreu em meus lábios quando me encontrei lutando
bravamente contra o efeito vertiginoso que ele tinha sobre mim. Era injusto que
seu poder fosse acoplado a um rosto tão lindo.
—Eu realmente não sou do tipo que gosta de implorar. —Eu disse, mesmo
que minhas palavras soassem tão fracas quanto minha determinação estava se
tornando.
—Você poderia ser. —Alexander disse. —Eu posso ver em seus olhos: o
desejo de ser comandada e tomada. Você vai gostar quando eu foder você. —
Sim, por favor.
—Provavelmente eu deveria.
Mais uma vez ele se aproximou e senti o calor que irradiava dele. Esse
calor me penetrou fazendo meu sangue esquentar. A paixão corria em minhas
veias, aquecendo minha carne, lentamente engolindo meus sentidos até que só
houvesse ele.
Ele passou a mão pelo cabelo, sacudindo a cabeça. —Mas se eu fizer isso,
te arruinará.
—Esse não é um romance de época. —Eu disparei, esperando que ele não
notasse o tremor na minha voz. —Eu não sou uma virgem infeliz.
Ele estendeu sua mão e pegou meu braço, me puxando contra ele. —Eu
pensei nos seus lábios o dia todo. Eu imaginei você de joelhos com essa linda boca
envolta do meu pau me chupando forte. Se eu tivesse você agora, eu iria querer
mais. Uma vez não seria suficiente. Mas mais é algo que um homem como eu
nunca pode dar.
—Eu acho que eles ficariam mais chateados por você ser americana, mas
realmente ninguém liga para isso. —Ele disse com um sorriso sombrio. Que
desapareceu de seus lábios, mas permaneceu em seus olhos. —Porque nada
bonito pode sobreviver perto de mim. Você compreende isso? Eles destruirão
você, e se eles não o fizerem, então, eventualmente eu irei.
Sua suposição de que eu era incapaz de lidar com isso me deixou furiosa
em um nível que eu achei difícil de expressar. Aparentemente, ele não só era
arrogante quando se tratava de suas conquistas, ele também estava cheio de si
mesmo quando se tratava de todas as mulheres.
—Talvez eu possa tomar conta de mim mesma. —Torci para longe dele,
mas seu aperto manteve-se firme.
—Talvez você possa. —Ele admitiu. —Mas não me tente para arriscar. Eu
não posso ser responsabilizado.
E foi quando eu percebi que controle era a única coisa que eu nunca,
nunca poderia dar a ele.
O fogo que ardeu entre nós momentos atrás tinha esfriado, e eu desejei
que ainda estivesse beijando-o.
Era pesar.
As lágrimas nublaram meus olhos enquanto Norris pegava meu cotovelo,
me guiando de volta para a saída que nós tínhamos entrado. Eu me senti ridícula
por chorar, mas esse tinha sido um dia e tanto: escondendo no meu apartamento,
esgueirando-me para me encontrar com Alexander, evitando chamadas da minha
mãe e mensagens de texto dos meus amigos. Eu poderia ter sido atropelada por
um carro atravessando a rua sem prestar atenção. E ainda por cima, Alexander
tinha me rejeitado. Ou eu o havia rejeitado. Eu não estava realmente certa. Eu me
sentia uma bagunça agora, e eu só estava certa de uma coisa: eu estava farta
disso tudo.
Puxando meu braço da mão suave de Norris, eu corri para longe dele,
desacelerando com um tranco quando passei a fila de pessoas à espera para o
banheiro. Não havia nenhuma maneira que eu conseguiria atravessar esta
semana, ou sequer essa noite. Esconder. Alexander disse que consertaria as
coisas, mas eu não esperava que isso acontecesse. Eu não estava imaginando os
olhos me seguindo. Em seguida, algumas meninas tiraram a minha foto em seus
celulares, e eu sabia que não estava sendo paranóica. Eu fui reconhecida.
O piso do Brimstone sacudia com tanta força que eu mal conseguia passar
através da multidão suada, embora eu fosse capaz de dispensar completamente
Norris no processo. Como era de se esperar, eu fui tateando por entre caras que
estavam muito irritados em tentar me conhecer melhor. Pelo menos eu esperava
que essa fosse as suas desculpas. Mas agora que eu estava fora, na pista de
dança, parecia que eu estava realmente no inferno, e presa em um enxame
gigante de condenados. Estava suficientemente quente aqui embaixo, e eu estava
infeliz também. Meus olhos brilharam ao passar pelos murais de fogo na parede,
e os dançarinos que cercavam o espelho gigante que ficava acima da área de
dança. Alexander estava me observando? Será que ele se importava?
—Dia de lavar roupa. —Eu falei por cima do barulho. Sua boca abriu em
um sorriso que caiu de seu rosto um momento mais tarde, quando a primeira
lâmpada de flash disparou. Confusão substituíndo diversão quando a primeira
rajada foi seguida por uma dúzia mais.
Eu não tinha um plano de como lidar com isso. Toda a minha experiência
com os paparazzi até esta manhã tinha consistido em fotografias nos tablóides.
Uma celebridade seguraria a mão sobre o rosto e andaria rapidamente para
longe, mas eu queria a atenção deles. Eu precisava provar que eu não valia a pena
o seu tempo. Embora agora que eu estava realmente na situação, eu não tinha
certeza de como fazer isso acontecer.
Eu não esperava fazê-los parar de tirar fotos ou fugir, ou até mesmo pedir
desculpas, mas eu certamente não esperava que os repórteres chegassem mais
perto de mim depois que eu expliquei que estava em um beco sem saída. Eles não
pareciam dispostos a acreditar nisso. Alguns empurraram contra mim, gritando
perguntas em meu ouvido. Eu estava quase cega pelo brilho de suas câmeras.
Todos eles falavam tão rapidamente que eu não teria sido capaz de responder a
um deles mesmo se eu quisesse. Eu desejei que Norris me levasse para casa,
enquanto a multidão chegava cada vez mais perto. Os frequentadores do clube
tinham aderido ao caos. Alguns homens tentaram lutar contra os repórteres, em
nome do cavalherismo, que teria sido risível em qualquer outra noite. E alguns
outros estavam simplesmente tentando tirar fotos com seus celulares. Eles
provavelmente nem sabiam quem eu era. Só importava que tivessem notícias de
algum tipo. Sem dúvida, toda a cena estaria por todo o Facebook pela manhã.
—Basta! —O comando soou tão alto sobre a multidão que até eu levantei
meus olhos para ver quem tinha gritado.
—Alexander, é verdade que seu pai não aprova seu relacionamento com
uma plebeia?
Eu estremeci com aquilo. É verdade, eu não era da realeza, mas parecia
um pouco hipócrita me chamar de plebéia. Era para ser um insulto, eu podia
sentir isso como eu podia sentir os punhais dirigidos a mim pelas muitas mulheres
nas proximidades. Eu tinha que sair daqui. Minha garganta contraiu embora
ninguém estivesse empurrando contra mim agora. Obriguei-me a respirar, mas o
resultado foi quase outro ataque de pânico. Alexander deu um passo para o meu
lado. Ignorando os repórteres, ele olhou para mim, preocupação brilhando
através de seus olhos de fogo. Ele se aproximou, colocando a mão na parte
inferior das minhas costas. Ela permaneceu lá, queimando através do fino tecido
da minha camiseta, enquanto ele me guiava pelos repórteres e curiosos. Seu
toque acalmou os meus nervos, e o calor espalhou-se pelo meu corpo a partir do
local onde sua mão descansava possessivamente, fixando-se em meu peito.
Norris nos ultrapassou, correndo para o carro para abrir a porta, mesmo
com a multidão nos seguindo. A mão de Alexander desapareceu assim que eu
inclinei para entrar no banco de trás, mas para minha surpresa, ele abaixou-se
para entrar. A porta fechou-se atrás de nós, e Norris deslizou um momento
depois no banco do motorista. Parecia que uma eternidade se passara desde que
Alexander tinha me colocado de pé na frente do Brimstone. O tempo tinha
abrandado sob sua proteção no carro silencioso, mas ele acelerou com as
câmeras clicando do lado de fora das janelas escuras. Meus olhos encontraram o
chão, e eu fiquei fortemente concentrada em uma protuberância no tapete aos
meus pés, até que um braço confiante segurou meu ombro e me puxou para
perto, incentivando-me a enterrar meu rosto em seu ombro. Eu inalei o aroma
indescritível dele: cravo, sabão e Bourbon. Ele afundou em mim até que o mundo
em torno de nós desapareceu, e eu relaxei em seus braços.
*****
Nós dirigimos em silêncio por entre a multidão de volta para o meu
apartamento, enquanto eu tentava me recompor. Eu não choraria na frente de
Alexander. Eu não lhe mostraria minhas fraquezas, agora que eu tinha
vislumbrado sua força brutal, porque eu não queria que ele me visse vulnerável.
Espiando nele, senti seu poder sobre mim. Ele era poderoso e dominante. Ele não
era como nenhum outro homem que eu já tinha encontrado, e eu não queria que
ele descobrisse que isso me assustava. E excitava.
—Eu sinto muito que você teve que passar por isso. Eu deveria ter sabido
quando beijei você. —Ele retirou o braço que havia casualmente colocado em
torno do meu ombro, e passou a mão pelo seu cabelo preto desarrumado.
Eu estava dividida entre querer que fosse a minha mão enredando em seu
cabelo e a decepção. Eu tinha interpretado mal. Imaginei a ligação entre nós. E
ele se referiu a primeira vez que ele me beijou, ou quando eu o tinha beijado na
Brimstone? De alguma forma, apesar do terror que eu já tinha experimentado, eu
não me arrependia do beijo. Na verdade, mais do que nunca, eu queria mais. Eu
queria seus lábios nos meus, seu corpo pressionado tão forte contra mim, que eu
poderia sentir sua excitação espetando na carne macia da minha barriga.
Mas isso nunca aconteceria. Eu não podia deixar. Eu não podia deixar que
qualquer coisa entre nós acontecesse. Eu me endireitei e respirei fundo, me
virando para olhá-lo nos olhos. —Estou bem. —Eu menti. —As coisas saíram do
trilho. Eu creio que você tem mais experiência com esse tipo de coisa do que eu.
Minhas dúvidas sumiram quando ele falou, e me senti sem força para lutar
contra a sugestão dele.
—Eu não vou impedi-lo. —Eu disse com uma voz suave, surpreendendo a
mim mesma.
Eu tinha dito não, e eu mal podia me lembrar do porquê. —Eu não quis
dizer isso.
—Que sinais mistos você me dá, senhorita Bishop. Isso é uma coisa
arriscada para um homem como eu.
—Um homem que pega o que ele quer. —Ele respondeu sinistramente.
Ele fez uma pausa, olhando-me como se para verificar se tinha me assustado.
—Por que você estava lá? —Eu perguntei. Meu lado racional ganhando do
meu lado paquerador.
Você deve a ele gratidão e nada mais. Meu lado racional me dizia. Ele
estava certo, e eu deveria escutar, mas eu também sabia que não queria. —Onde
estamos indo? —Eu perguntei quando passamos da entrada do meu prédio.
Erro. Você está cometendo um erro. Você não é forte o bastante para
aguentar isso. Você não pode atrair um homem como ele.
—Eu preciso que você saiba que não importa o que aconteça a seguir. Se
você sair desse carro e nunca falar comigo de novo, eu cuidarei de sua proteção.
—Ele prometeu.
—Porque você é a única pessoa que eu queria que nunca tivesse deixado
ir. —Ele disse com a voz calma.
—Eu quero você. —Suas palavras finais. Um comando, não uma pergunta.
Isso estava em sua voz. Ele me queria, e ele me teria. Eu não conseguia encontrar
forças para lutar, porque eu o queria mais do que nunca quis nada na minha vida.
O pensamento me deixou tonta. Sua mão escorregou até que se aninhou contra o
meu sexo, e um gemido suave escapou dos meus lábios. —Mas não essa noite.
Ele poderia ter-me agora, e eu não objetaria. Ele sabia disso, eu podia ver
o conhecimento refletindo em seus olhos. Então por que esse jogo? —Você
precisa que eu implore? —Eu perguntei.
—Por quê? —Eu não estava preocupada em como essa pergunta soou
desesperada, mas uma garota não pode ser responsável quando o clitóris dela
está batendo como um tambor.
—Porque seu prédio inteiro estará cercado amanhã de manhã, e eu não
estou interessado em sexo, Clara. Eu quero explorar você. Eu quero arrancar
essas roupas suas e te levar para a cama. Vou te comer até doer, e eu quero ouvir
você pedir por isso. — Ele fez uma pausa para deixar isso assentar, dando-me
tempo suficiente para visualizar exatamente o que ele estava propondo. —E eu
preciso mais do que algumas horas para isso.
—Quando? —Era a única coisa que eu poderia perguntar com seu olhar
ardente sobre mim.
—Amanhã.
Seus lábios sussurraram através dos meus, e eu abri minha boca em boas-
vindas, mas ele se afastou, seus olhos azuis brilhando. —Até lá, então.
A lâmpada da sala acendeu assim que virei a fechadura na porta da frente.
Eu me virei, meus olhos ainda ajustando-se à escuridão, para descobrir Belle
sentada de pernas cruzadas no sofá, olhando para mim. Qualquer outra noite eu
teria rido por ela ser uma mãe galinha, mas esta noite me senti mais como se eu
tivesse acabado de ser apanhada pela guarda da prisão.
—Há quanto tempo você está sentada no escuro? —Eu perguntei a ela.
—Desde que tenho casa e decidi dividir com você. — Ela apontou para
uma sacola cheia de caixas. Culpa correu por mim quando eu percebi que estive
fora por mais de uma hora e meia.
—Sinto muito. —Eu comecei, mas sem ideia do que mais dizer. Tanta coisa
aconteceu depois que ela saiu para comprar o jantar, e agora que eu estava
completamente intoxicada com a presença de Alexander, eu estava começando a
me sentir boba. Mas então me lembrei dos lábios dele sobre os meus, e o familiar
anseio descontrolado.
—Eu perguntei onde você esteve? Primeiro pensei que você estava no
banheiro, mas quando você nunca saiu...
—Eu te deixei um recado. —Eu disse defensivamente, mas era óbvio que
ela não o tinha visto.
—Mas... —Ela continuou, me ignorando. —Eu sei que você não pode ter
sido tão estúpida para sair com todos esses paparazzi esperando por você. —Ela
parou obviamente esperando que eu começasse a explicar, mas eu ainda estava
tentando descobrir por onde começar. —E ainda assim, aqui está você sem dar
um pio como explicação.
Eu sabia que era melhor não discutir com ela sobre isso. Eu comi o
macarrão, saboreando seu rico molho salgado, apesar de sua frieza. Ela empurrou
a caixa em minhas mãos, e eu assumi o processo de me alimentar, grata pela
chance de organizar meus pensamentos, enquanto eu comia. Comemos em
silêncio até que minha barriga estava saciada, e eu tinha que admitir que a minha
cabeça parecia muito mais clara após a refeição.
—Desembucha, Bishop.
—Eu… vou encontrar com ele amanhã. —Foi um alívio admitir isso.
—Ele não podia manter as mãos longe de mim e eu estava usando isso. —
Eu a lembrei apontando minha camiseta. —Eu não creio que nada seja pior do
que isso.
—Eu vi os seus. —Ela disse com exasperação. —Você não pode usar
calcinha de algodão para transar com Alexander.
—Eu imagino que não estarei usando por muito tempo. —Apenas o
pensamento já me distraía quando eu me lembrava das fortes mãos de Alexander
comandando. Até amanhã, eu saberia o que era tê-las por todo o meu corpo, e
uma onda de antecipação tremeu sobre a minha pele, aumentando os arrepios.
—Ele virá me pegar às onze da manhã. —Eu disse a ela. —Não há nada
mais que eu possa fazer.
—C. —Eu a corrigi. —Mas não posso sair. —Norris dirigiu pela parte da
frente do prédio mais cedo, e embora eu estivesse focada em Alexander, eu não
tinha dúvidas de que os paparazzi ainda estavam acampados na frente do prédio.
—Eu vou.
—Não. —Eu a parei. —Eu não deveria ir amanhã. É uma ideia terrível. Será
que eu realmente quero acabar em mais tabloides?
—Eu amo você. —Ela disse, com os olhos suaves enquanto falava. —Mas
você precisa de uma boa trepada. Você passou os últimos seis meses com a cara
enfiada nos livros.
Eu seriamente duvidava que minha vida sexual pudesse ser julgada com
base na aparência da manhã seguinte. —Daniel era perfeitamente adequado.
Eu sacudi minha cabeça para ela. —Nada disso significa que eu precise de
novas calcinhas.
Corri meus dedos na variedade de vestidos que pendia de acordo com seu
comprimento, parando no meio, perto da parte de vestidos na altura do joelho. A
maioria deles caía sob a categoria de festa de família, o que significava que
parecia um pouco demais para usar com um monarca britânico.
—Não me lembre. —Eu fiz uma careta, quando levantei a tampa da panela
e vi que estava certa com meu palpite.
Belle me deu uma colher, com uma espátula ela apontou no meu peito. —
Uh,uh, Bishop. Você não vai para a coisa psicótica.
Eu dei de ombros, pegando um pedaço de bacon Inglês e coloquei na
minha boca enquanto eu sentava sobre uma banqueta. —Eu já estou. Lembre-
me, do que exatamente eu estava pensando?
—Você estava pensando que você teve a chance de transar com um dos
homens mais sexy e mais poderosos do mundo. —Ela me lembrou.
Ela mostrou a língua para mim, e voltou sua atenção para os ovos. —Ter
sexo com um príncipe é. —Ela disse. —Lembra quando você era criança? Você
não queria ser uma princesa?
—Você é uma sem esperança. —Eu disse. —E não quero dizer que eu seja
uma sem esperança romântica.
Eu não disse nada sobre recuar, mas eu estive pensando sobre isso e,
obviamente, a minha melhor amiga pegou. Sem surpresa nisso. —Eu só não estou
certa de que é uma boa ideia. Eu não sou o tipo de garota que transa apenas por
diversão.
Essa era a verdade. Eu sempre fui o tipo namorada, mesmo durante meus
anos mais experimentais. A última vez que eu deixei um cara me pegar, foi Daniel.
Eu fui para casa com ele para o que seria uma noite selvagem, e acabei presa em
um relacionamento de baixa qualidade.
—E como isso funcionou para você? —Ela perguntou. —Daniel tratou você
como merda. Relacionamentos são superestimados.
Eu não acrescentei que parte de mim sabia que cancelar com Alexander
seria impossível. Se eu conseguisse fazer isso, apesar de sua voz incrivelmente
sexy, ele me encontraria. Tenho a impressão de que ele não era o tipo de homem
que aceita não como resposta. Não duas vezes. E eu já usei a minha uma vez.
E a despeito de qualquer coisa, eu não queria dizer não para ele. De fato,
eu não estava pensando em dizer não a ele.
—Ela tinha nossa idade. É difícil de imaginar. —Eu disse. —Os paparazzi
estavam envolvidos?
—Sarah era amada. Eu acho que em boa parte porque era muito parecida
com a mãe. Sua mãe morreu no parto do Príncipe Edward, o que foi um choque.
A ideia de ela morrer tão tragicamente foi um choque para a maioria das pessoas.
—Belle deu de ombros. —É engraçado como a maioria das pessoas age como se
conhecessem os famosos.
Eu não podia deixar de pensar se Alexander tinha fugido por recriminação,
ou porque ele não conseguia lidar com a perda de sua mãe e irmã. Parecia demais
para uma pessoa suportar.
Tradução, ela estava morrendo por cada detalhe que pudesse tirar de
mim.
—Estou bem, Mãe. —Eu reafirmei. —Eu estava desempacotando e deixei
meu telefone no silencioso.
—Bem, para mim é noticiário. Por que você não me disse que estava
namorando alguém? —Isso parecia mais com uma admoestação do que uma
pergunta.
—Isso é mal.
Meus pais tinham sofrido sua cota de atenção da mídia durante o boom
do ponto-com1, e ela foi perseguida desde então, por isso, foi uma surpresa ela
me avisar para ficar longe dos holofotes. Quanto mais atenção eu tivesse, mais
ela receberia. Mas eu tinha que dar-lhe crédito. Apesar de seus muitos vícios e
fraquezas, ela sempre cuidou da minha irmã e dos meus interesses.
—Você não tem que se preocupar com nada. —Eu prometi para ela
enquanto eu escondia alguns preservativos na minha bolsa. Apenas no caso de
precisar. Eu não me sentia mal por mentir para a minha mãe. Mentir era o estado
1
Foi uma histórica bolha especulativa que abrangeu cerca de 1997-2000, durante o qual os mercados de ações nos países
industrializados viu seu valor patrimonial subir rapidamente no crescimento no setor da Internet e áreas afins.
natural do nosso relacionamento. Eu aprendi há muito tempo a esconder tudo
dela que pudesse perturbar a sua frágil felicidade.
Prendi a respiração, esperando que ela só tivesse mais fofocas para falar.
—Seu pai vai sair da cidade por uns dias. —Ela disse. —Eu pensei que
poderíamos ter um dia de meninas. Você esteve tão ocupada ultimamente
estudando, eu acho que você merece um dia de SPA e algumas comprinhas.
—Antes que você comece a me dar mil e umas razões bobas para não ir,
deixe-me dar só uma. —Ela me parou. —Você está para começar seu primeiro
trabalho de verdade. Você precisará de roupas certas.
Eu tenho a sensação que ela acha que eu não posso escolher minhas
próprias roupas. —Eu tenho um bocado de roupas apropriadas para o trabalho.
Você não precisa me comprar nada.
—Eu sei que o vestido que você estava usando naquela foto era de Belle.
Eu sei que você é básica, mas Clara, você não precisa ser. John disse que você mal
toca no dinheiro da sua conta.
—Claro que sim. Ainda estamos listados no fundo fiduciário até que você
complete vinte e cinco anos.
—Eu não sabia disso. —Eu não conseguia evitar a acusação na minha voz.
Eu não sabia por que não me disseram. Eu tinha assumido que o fundo fiduciário
que tinham me dado acesso no meu vigésimo primeiro aniversário, fosse a minha
rede de segurança pessoal. Eles não me disseram que o acesso ainda tinha
amarras.
—Não use esse tom comigo. John só se reporta uma vez ao ano, e caso
haja alguma discrepância. —Ela parou antes de adicionar. —Se é tão importante
para você, eu posso perguntar ao seu pai sobre a possibilidade de mudar as
condições.
—Eu mesma falarei com ele. —Se qualquer um de meus pais fosse
razoável sobre isso, seria ele. Eu não tinha dúvida de que a minha mãe foi a única
a insistir em ficar na conta até que eu tivesse vinte e cinco anos, para que ela
pudesse ter certeza de que eu estava lidando com isso corretamente. Claro, ela
queria financiar um estilo de vida chamativo, enquanto eu queria mantê-lo
investido para que eu pudesse me concentrar em começar uma carreira que me
permitisse fazer algo que me importava.
—Te verei na Terça. —Ela disse finalmente. Eu pensei ter imaginado que
sua voz falhou enquanto ela falava.
—Deseje-me sorte?
—Você não precisa de sorte. —Ela beijou meu rosto, e eu tentei acreditar
nela enquanto seguia em direção ao elevador. Assim que eu vi Norris, eu percebi
que hoje era um daqueles dias que mudaria para sempre a minha vida. Eu não
tinha certeza de como eu sabia disso exatamente, mas eu vi a linha divisória
claramente. Quando olhei para trás em minha vida, cada momento até este, seria
antes de Alexander. Quanto tempo levaria até que cada momento futuro se
tornasse após Alexander?
Mas eu estava sozinha, e me senti um pouco esnobe por ter o vidro entre
Norris e eu, então eu apertei o botão para abaixá-lo.
Claro. Os britânicos eram tão educados que era impossível dizer o que eles
realmente queriam. Isso deixava meu lado americano um pouco louco.
—É estranho. —Eu disse, pensando alto. —Eu não sabia que era comum
para a Família Real usar motoristas. —Assim que as palavras saíram da minha
boca, eu queria engoli-las de volta. Alexander já tinha explicado que Norris era
mais do que seu motorista. Ele era seu guarda de segurança pessoal e, que
também dirigia seu carro. Eu não estava certa do porque ele precisava de
segurança pessoal constante, e eu imaginei que Norris não me diria. É por isso
que Alexander confiava nele.
—Eu acho que ele gostaria de dirigir esse. —Eu disse, sentindo-me
obrigada a manter a conversa agora. Eu desejei que eu não tivesse aberto o
divisor, mas se eu fechasse, eu realmente mereceria me sentir como uma meleca.
—Obrigada. —Eu disse com consciência. Norris devia saber que ele estava
me dando as informações que eu precisava mesmo que ele não tivesse me dito
muito.
Ele era profissional, isso era certo. Não é de admirar que Alexander
confiasse nele.
Nós estávamos no carro por apenas dez minutos, quando Norris parou,
em um conjunto de portões privados, perto do coração de Westminster, que
abriram para nós ao mesmo tempo. Engoli em seco, meus nervos tendo o melhor
de mim, enquanto ele dirigia para frente, no que parecia ser uma garagem muito
exclusiva. Esta não era uma vaga de estacionamento americana, que eram
geralmente monstruosas em tamanho e estrutura. Aqui havia menos de dez
espaços, a maioria estava vazia, e a entrada deixou claro que era um pouco mais
do que uma garagem. Onde estávamos exatamente?
Peguei a mão dele sem olhar para trás. As portas do elevador fecharam-se
atrás de nós, me trazendo de volta para o momento presente, e eu me virei
deixando-o de lado.
—Isso ainda é rude. —Eu disse, apertando meus lábios. —Por favor, lhe dê
minhas desculpas pelo meu comportamento assim como meus agradecimentos.
—Eu acho que terei que te despir e descobrir. —Ele rosnou, e eu não tinha
dúvida do que eu encontraria quando finalmente o livrasse de suas roupas. Não
haveria cordeiro que aguentasse sob a selvagem sensualidade de Alexander.
—Aonde vamos? —Eu perguntei, ansiosa para ter outra coisa para falar. O
ar crepitava entre nós, me distraindo com pensamentos dos lábios de Alexander
em mim. Nós dois sabíamos por que eu estava aqui, mas eu queria jogar com
calma o maior tempo possível. Embora eu suspeitasse que Alexander soubesse
que ele já havia me ganhado.
Ele riu com isso. —Nada tão clandestino assim. Embora boa parte do
pessoal me conheça como o Sr. X.
—Você está bem com isso? —Ele perguntou. —Com esse arranjo, eu
quero dizer.
Dei um passo para trás, quebrando o contato entre nós, e cruzei os braços
sobre o peito, esperando que ele não tivesse visto o modo como meu corpo
reagiu a ele.
—Tente.
—Esse elevador só vai para a suíte Presidencial. Eu não posso deixá-la sair
até que nós estejamos lá, mas... —Ele estendeu a mão e apertou o botão
vermelho que esteve me tentando antes, e chegamos a uma parada súbita, que
me sacudiu contra ele.
—Eu quero respeitar seu desejo de privacidade. —Ele disse. —Até agora,
você já deve ter feito sua pesquisa sobre mim,
—Então você não dormiu com todas essas mulheres? —Eu perguntei.
—Adorável.
—Eu acredito que você me disse que não era uma virgem infeliz. —Ele me
lembrou. Seu corpo aproximou, me apoiando contra o elevador quando ele
apertou as mãos na parede, aprisionando meu corpo como uma pantera
preparando para atacar.
—Bom, porque eu quero que você seja aberta comigo, Clara. Vou tê-la de
qualquer maneira, mas você vai se divertir mais se você não estiver ocupada
pensando que eu sou um idiota.
—Eu preciso saber que as mulheres com quem durmo são discretas. Que
elas tenham um bom... julgamento.
Revirei os olhos para isso. Ele foi o único percorrendo a cidade com uma
nova mulher a cada noite. —Eu estive com um único cara. Meu namorado de
faculdade. E estou tomando pílula.
—Mais que uma. —Ele disse simplesmente. —Eu sempre fui cauteloso, e
estou certo que estou limpo.
Eu fiz uma careta para isso, não só por causa da implicação, mas também
por causa de sua não resposta. —E porque isso é importante?
—Eu senti que deveria ser tratado antes que eu leve você para a cama, e
porque eu acho que não possa esperar até chegar à suíte. —Ele aproximou-se,
empurrando-me com mais força contra a parede espelhada do elevador, e eu
senti seu pau pressionando em minha barriga. A cautela que eu senti momentos
antes desapareceu inteiramente em favor da sensação de suas mãos, quando ele
puxou para baixo as alças do meu vestido de verão. Ele avistou a lingerie e um
grunhido retumbou em sua garganta. —Seus seios são mais perfeitos do que eu
imaginei.
—Eu não quero que você fique entediado comigo antes mesmo de levar-
me para o quarto. —Eu disse com um encolher de ombros.
—Isso não será um problema. —Ele disse, seus dedos deslizando para
baixo, da minha clavícula e seguindo uma trilha de fogo. —Seu corpo foi feito
para transar, Clara. Alguém já te disse isso?
Eu sacudi minha cabeça, minha boca muito seca para que eu respondesse
a ele.
Meus olhos fecharam enquanto seu dedo manipulava meu clitóris com
movimentos especializados. —Deveríamos...
Eu gemi um sim. Alexander não esperou por mais incentivo. Seus dedos
pegaram o cós da minha calcinha, e ele e a rasgou. Em algum lugar lá no fundo, o
preço associado com a calcinha passou pela minha mente, e eu percebi que eu
compraria mais uma centena de pares, se isso significasse que ele rasgaria todas
de mim.
—Eu fiz isso para você? —Ele perguntou, me fodendo lentamente com
seus dedos. Eu assenti.
—Diga, Clara.
—Sim.
—Agora você está pronta para que eu te foda. —Ele disse. Não era uma
pergunta, mas eu respondi mesmo assim.
Alexander veio atrás de mim, pressionando seu corpo tenso contra o meu.
De repente, não era apenas Londres que estava cantarolando com a vida. —
Apreciando a vista?
—Estou. E você?
—Eu vou te comer em frente dessa janela. —Ele disse com a voz rouca. —
Eu vou mostrar para a cidade inteira que eu consigo o que quero.
—Logo. —Ele prometeu. —Mas não ainda. Eu preciso ver até onde posso
te levar. O quanto essa linda buceta pode aguentar.
Eu fiz como me foi dito apressadamente, mais para honrar a sua demanda,
do que para transformar isso em um show. Tirei o vestido sobre minha cabeça,
deixando apenas meu sutiã de renda prata. Há muito tempo que eu não me
envergonhava em mostrar tanta pele para um homem, mas com os olhos de
Alexander sobre mim, não senti receio. Seu olhar me fodia com tal intensidade,
que eu acreditava que sua afirmação de que ele me faria implorar aconteceria
mesmo.
—Eu quase desejaria não ter destruído essa calcinha. —Ele observou ao
pé da cama, uma mão acariciando seu pênis através de sua calça. —Eu comprarei
outro conjunto, então poderei foder você com essa doce renda.
Eu assisti, fascinada com o que estava prestes a ver, enquanto ele tirava a
cueca. Seu pênis saltou livre, a coroa ampla brilhando com a prova de sua
excitação, e eu entendi por que eu tinha sido capaz de sentir isso tão claramente
através de todas as nossas roupas. Parecia impossivelmente injusto, que ele fosse
poderoso, bonito e tão bem-dotado. Eu nunca pensei que pudesse ficar tão
descontroladamente animada por um pedaço de anatomia, mas em uma fração
de segundo, eu tinha imaginado todas as coisas que eu poderia fazer com um pau
tão bonito. Eu queria envolver meus lábios em torno dele, de modo que eu
pudesse dar prazer a ele como ele tinha feito para mim no elevador. Eu queria
senti-lo pressionado entre os meus seios, mas acima de tudo, eu o queria dentro
de mim.
Apesar de tudo, um riso surgiu pelos meus lábios. Era juvenil e nervoso, o
resultado de estar tanto insanamente excitada, e bem por estar fora da minha
zona de conforto.
—Clara, pare.
—Isso pode parar agora. Podemos parar agora. —Ele disse, e eu relaxei
um pouco. —Mas eu não quero isso, e tenho certeza que você também não.
—Eu não tiro minha camisa, e antes que você pergunte, eu não explico
por quê.
—Essa é sua única regra? —Eu tinha pelo menos uma meia dúzia de minha
autoria, incluindo o que era e não era problema em colocar ou não colocar onde,
assim como as posições que eu absolutamente não faria. Mas eu não tinha dúvida
de que essas regras estritas seriam vítimas de Alexander no segundo que ele me
pedisse para quebrar uma.
—Minha única regra. —Ele repetiu. —Eu não gosto que as mulheres me
toquem aí.
Minha cabeça e meu corpo guerrearam com essa revelação. —Você quer
me colocar em exposição para toda Londres, mas eu não estou autorizada a tocar
o seu abdomen? Isso não parece ser um negócio justo.
—Eu prometo que você não vai se sentir dessa forma, esta tarde. —Ele
disse. —Eu não acho que você tenha alguma dúvida sobre minha generosidade
até então. Mas você pode dizer não agora e sair. Eu vou entender.
Tomei isso como um não. Claro, nenhuma outra mulher seria estúpida o
suficiente para deixar Alexander para baixo. Elas provavelmente não tinham a
força. Eu não tinha certeza que eu tivesse.
—Só me diga uma coisa. —Você só não as tira quando está com suas
transas descartáveis?
A mão de Alexander acalmou, e ele ficou tão silencioso que eu abri meus
olhos para me certificar de que ele ainda estava respirando. —Transas
descartáveis?
—Garotas como eu. —Eu continuei, a despeito daquela pequena voz na
minha cabeça me dizendo para calar a boca. —Garotas que você come e esquece.
—Eu não gosto desse termo. —Ele disse com um tom baixo que aqueceu
meu sangue. —Eu tive sexo casual antes, Clara, mas sempre com o entendimento
de que isso era o que era.
Sua mandíbula apertou, e uma veia pulsava no lado do seu pescoço. —Eu
pensei que minhas intenções estavam claras. Eu não estava sob a impressão de
que isto era uma aventura.
Meus olhos arregalaram-se. Como ele poderia não ver isso como uma
aventura? Eu tinha passado menos de duas horas com o homem, e eu estava
espalhada, nua sob ele. Isso era a definição de uma aventura.
Algo em seu tom arrancou algo de mim, mas eu afastei. —Eu presumi...
—De novo essa palavra. Não estou interessado em você como uma transa
descartável. Por que você pensaria isso?
Olhei para ele como se isso fosse a coisa mais ridícula que já ouvi. —Se
anda como pato e fala como pato.
—Eu acho que esta é a hora em que você poderia usar foda nessa
declaração.
Ele soltou minha mão e recuou. —Eu não sei o que fazer com você, Clara
Bishop. Eu estive pensando em foder você desde que te vi naquele vestido preto
minúsculo na festa. Quando você disse não para mim no clube, eu achei que era
isso, e depois você mudou de ideia e concordou com um encontro.
Meu coração pulou com suas palavras, mesmo enquanto eu lutava para
manter minha cabeça em torno do que ele estava dizendo. —Isso é um encontro?
—Não é?
—Os Reais estão realmente fodidos. —Eu murmurei, mas eu não fui capaz
de me impedir de sorrir.
Mas eu não queria isso. Eu estava muito bem amarrada, pronta para ele e
o que ele tinha me prometido. Eu estava com medo que eu pudesse me agarrar
se parássemos agora. Eu não estava entusiasmada com a ideia de que eu poderia
vê-lo novamente momentos atrás? Por que eu trouxe isso?
Havia um milhão de razões para parar isto agora, mas nenhuma delas
parecia tão convincente quanto à maldição percorrendo o meu corpo. —Sim.
—De novo. —Ele ordenou enquanto suas mãos deslizavam por meus
quadris, prendendo-me a ele, enquanto seu pau cravava em mim com golpes
implacáveis.
—Eu vou tomar um banho se você quiser se juntar a mim. —Eu ofereci.
—Não sou exigente. —Mas pensando melhor. Sexo igual a esse merece
ser comemorado. —Na verdade, peça um champanhe.
—Seu desejo é uma ordem. —Ele saltou da cama, ainda usando sua
camiseta e nada mais, o que não fazia nada para esconder suas pernas poderosas.
Ele parecia algo saído de um mito grego, cuidadosamente esculpido com
perfeição para o prazer das mulheres. Eu não conseguia tirar os olhos dele. Eu
estava tão fixa nele, como ele esteve em mim momentos atrás.
Mas então ele bateu na minha bunda, e deixou cair seu poder sobre mim.
—O que você diria se eu sugerisse que você só usasse isso perto de mim?
—Eu não estou usando nada. —Eu disse, querendo pegá-lo em seu
truque. Eu precisava quebrar a tensão que pairava no ar entre nós, como ele fez
para que eu não me sentisse assim. Eu não deveria sentir nada, exceto orgasmos
alucinantes. As coisas estavam indo muito rápido.
—Exatamente.
—Eu prometo que você irá passar o resto da tarde gritando meu nome.
—Fique aí, mordendo o lábio, com o seu cabelo para baixo. Dou-lhe dez
segundos para sair daqui, ou eu vou levar você de volta para a cama.
Eu ergui uma das mãos. —Pare. Estou faminta, talvez mais tarde?
—Bem, não. —Ele admitiu. —Mas dificilmente você a deixou cair. O que
me faz lembrar que eu preciso comprar outro par.
Acenei para a oferta com indiferença, mesmo com o calor que surgiu
abaixo na minha barriga com a lembrança. Onde ele escondeu a minha calcinha
quando ele a tirou de mim? Desde o brilho malicioso nos olhos de Alexander, ele
estava pensando a mesma coisa. Ele desviou a atenção para o carrinho de serviço
de quarto em uma tentativa de manter o foco. Não era saudável transar como
coelhos e ficar sem comer por horas. Para minha surpresa, eu levantei as tampas
de prata para descobrir dois hambúrgueres, batatas fritas, e pequenas, mas
sofisticadas, garrafas de ketchup.
—Espero que esteja tudo okay. —Alexander disse, vindo por trás de mim.
Ele agarrou meus quadris com suas mãos firmes e me jogou por cima dos ombros.
—Você não é vegana ou algo do tipo, não é? Eu ofendi você mortalmente?
—Está ótimo. —Eu disse, tocando seu rosto. —Eu amo carne.
—Ah sim. Seus pais são empresários na internet. —Ele disse. —Muitos
jantares sozinha?
—Eu estava interessado, e se eu tiver que passar toda a minha vida aos
olhos do público, eu poderia muito bem desfrutar das vantagens da minha
posição. —Ele se juntou a mim no sofá. E tudo parecia tão normal, exceto pela
revelação que ele tinha acabado de jogar em mim.
—Não realmente. Daí por que eu não aprendi muito. Eu queria saber
como a menina americana bonita acabou em uma festa de formatura britânica
chata. —Ele admitiu.
—Isso chamou minha atenção. —Ele admitiu, dando uma mordida em sua
comida e mastigando rapidamente. —Você escolheu cidadania Britânica quando
poderia ter escolhido manter as duas. Por quê?
Eu hesitei com essa pergunta, incerta do que responder. —Não tem nada
para mim na América.
—Sou um livro aberto. Você só precisa pegar o tabloide mais perto para
saber tudo o que precisa sobre mim.
—Eu duvido disso. Os tabloides parecem pensar que rumores são fatos,
depois de tudo.
—Sim, eles fazem. —Alexander abaixou seu prato e levantou-se, indo para
a frente da janela. —O que você quer saber, Clara?
Ele me deu um sorriso sem graça antes de se virar e olhar para fora sobre
toda a Londres. —Nada. Eu não direi nada que você queira saber. Eu
provavelmente te distrairei com uma piada ou um beijo.
—Você vai gostar mais de mim se você acreditar nas manchetes dos
tablóides. —Ele acrescentou depois de um longo silêncio.
O ar estava tão pesado entre nós agora que eu pensei que poderia rachar
a sala ao meio, separando-nos para sempre. Eu não podia deixar isso acontecer.
—Mesmo naquele que alegou que teve você uma orgia no Brimstone no mês
passado?
—Você não gostaria de acreditar que era verdade? —Ele perguntou, e
para meu alívio ele sorriu. —Ele promete ter uma resistência desumana.
Eu nunca fui do tipo ciumenta, e eu achei que era uma coisa muito boa ser
desligada assim depois da minha relação terrível com Daniel. Mas o pensamento
de Alexander com outra mulher torceu minhas entranhas. Eu não podia
exatamente dizer-lhe isso. Pareceria muito louco, após o curto período de tempo
que passamos juntos, e eu imaginei que Alexander já tinha lidado com o seu
quinhão de loucas ao longo dos anos. —Como você se sentiria se eu transasse
numa sala repleta de homens?
—Sem dúvida que isso vem de nunca ter que compartilhar quando
criança.
—Na cama. —Eu disse, me afastando dele. Eu sentia que uma briga estava
começando, e eu não podia pensar claramente quando ele me tocava. —Eu não
gosto de receber ordens.
—Eu nem sonho mandar em você além da cama, Clara. —Ele inclinou a
cabeça e me estudou por um momento. —Mas pedir-lhe para não dormir com
outros homens parece estar no ponto, não?
—Okay, calma lá, garoto. —Eu rolei meus olhos. —Só estou tentando
provar que você está sendo irracional.
—Não tenho nenhum problema com exclusividade, mas você não tem
relacionamentos. —Eu o relembrei.
Não importava. Uma semana com ele era mais do que eu poderia pedir, e
enquanto seus dedos deslizavam dentro de mim, me fodendo e me levando para
outro clímax de tremer a terra, eu empurrei a questão completamente para fora
da minha mente.
Eu estava sob meu estômago, totalmente nua e fantasiando sobre as
mãos de Alexander amassando as partes mais íntimas do meu corpo, quando um
alerta de texto zumbiu no meu telefone, que estava em uma cadeira no canto.
Meu massagista, Tyrone, estalou a língua em desaprovação sobre a interrupção.
Depois que eu já estava vestida, saí para o corredor para descobrir minha
mãe me esperando. Ela passou seu braço no meu e suspirou. —Isso não é
maravilhoso? Eu nem sabia que estava tão tensa.
Eu nem tinha lutado quando ela enfiou uma seleção de vestidos curtos
sensuais para mim da coleção atual de Yves St. Laurent.
—Estou tão feliz que você escolheu algumas coisas novas. —Ela disse,
bebericando um martini. A maioria das mulheres aqui estava bebendo xícaras de
chá, mas a minha mãe estava em seu primeiro coquetel. Eram essas pequenas
coisas que mostravam que ela era americana ainda, se ela gostasse ou não.
—Eu quero causar uma boa impressão no meu novo trabalho. —Dei de
ombros como se isso fosse perfeitamente óbvio. Eu não lhe disse que pelo menos
metade das coisas que eu tinha comprado, eu planejava usar para Alexander. Eu
guardei isso para mim, não só porque eu não estava pronta para dizer a ela que
eu estava vendo ele, mas também porque eu não tinha certeza de quanto tempo
o relacionamento duraria. Alexander e eu tínhamos um acordo tênue. E eu acho
que minha mãe não entenderia que eu estava transando com ele sem
compromisso da sua parte. Exclusividade significava nada para ela, se não fosse
acoplado com um diamante no dedo.
—Como foi seu encontro, Lola? —Nossa mãe perguntou, a chamando por
seu apelido.
—Estamos felizes que você está aqui agora. —Mamãe afagou seu braço.
Minha mãe não parecia notar a óbvia falta de interesse de Lola. Ela sorriu
amplamente quando o garçom trouxe uma seleção de sanduíches e chá para nós
em uma bandeja. Escolhendo um, ela mordeu delicadamente. —Mas eu estava
muito curiosa se Clara está vendo alguém.
Houve uma ligeira pausa em sua voz, que revelou seus verdadeiros
sentimentos. Eu tive que dar-lhe crédito, ela tinha conseguido evitar trazer o
escândalo recente o qual eu tinha estado envolvida por toda a manhã. Isso tinha
que ser algum tipo de recorde. Mas com Lola aqui, eu esperava que o assunto
chegasse mais cedo ou mais tarde. Eu considerei a pergunta dela, tomando uma
grande mordida de um sanduíche de pepino para me comprar algum tempo. Se
eu continuasse a ver Alexander, era muito provável que eu me encontraria na
capa de outro jornal de fofocas. Mas Alexander era discreto sobre o nosso
relacionamento, e não havia nenhuma razão para suspeitar que qualquer um
pudesse descobrir se continuávamos nossa rotina disfarçada. Além disso,
tinhamos Norris. Alexander tinha deixado claro que a nossa relação não iria mais
longe do que namoro e sexo. Se não havia futuro, por que eu deveria contar a
ela? Eu ignorei a vibração de ansiedade que o pensamento produzia no estômago.
—Não. —Eu menti. —Embora Belle dê seus olhares para cada homem que
ela conhece. —Annabelle é uma boa amiga. —Mamãe disse. —Você tem muita
sorte por tê-la.
Na verdade, eu tive a sorte de tê-la por perto, mesmo que a minha mãe
não soubesse a verdadeira razão. Belle era uma boa amiga, porque isso significava
que eu não tinha que esconder a minha verdadeira relação com ela. Ela não
contaria a ninguém, mas também significava que eu não tinha que ir para seus
encontros às cegas.
—Eu vi nos jornais que você tem visto Alexander. —Lola vibrou suas
pestanas inocentemente enquanto ela abandonava seu sanduíche em favor de
seu martini recém-chegado.
Engoli em seco e tomei um longo gole de água. Claro, ela teria visto as
fotos da noite de sexta-feira do lado de fora do Brimstone. —Eu concordei em
conhecê-lo. Isso é tudo.
—Ele é só um homem. —Eu disse, esperando que ela não captasse minha
mentira.
—Não há nada para contar. Ele pediu para me encontrar para que ele
pudesse se desculpar. —Pelo menos eu não estava mentindo sobre essa parte.
Elas não precisavam saber que eu tinha passado o sábado em sua cama.
Memórias nublaram minha cabeça por um momento, e eu fui trazida de volta ao
presente pela vibração de outra mensagem de texto. Peguei meu celular da
minha bolsa e o li.
Virei-me para a minha irmã, esperando por alguma distração, mas Lola
estava colada ao seu próprio celular. Eu, obviamente, não podia contar com ela
para vir em meu auxílio.
—Belle. Ela está brigando com Philip. —Eu odeio mentir. Agora eu tinha
manchado o relacionamento da minha melhor amiga, mas se alguém não se
importaria, esse alguém seria Belle.
—Eu espero que não seja nada sério. —Mamãe tomou um gole de martini
com seus olhos ainda em mim. Eu não acho que eu imaginei o duplo sentido de
suas palavras. Ela não acreditou em mim. Ela sabia que algo estava acontecendo
com Alexander, mas até onde ela pressionaria era a questão? Eu precisava que
nosso relacionamento fosse secreto por um tempo, até mesmo dela. Pelo menos
até que eu descobrisse o que nossa relação era exatamente. Sem isso, eu não
tinha certeza de que era forte o suficiente para continuar a vê-lo.
—Bom. —Ela gesticulou para o garçom pedindo outra bebida. —Por que
eu odiaria ver você machucada.
—Eu ficarei bem. —Eu disse com um suspiro, um pouco aliviada que não
estávamos contornando o problema por mais tempo.
—Eu quero que você se cuide Clara, mas um homem como Alexander...
você é muito frágil para ele.
Agarrei o meu garfo e olhei para além dela. Ela tinha boas intenções, ela
sempre tinha, mas isso não significava que eu não estava cansada ou que eu fosse
frágil. —Eu não sou mais uma criança.
—Eu não disse que você era. Mas Clara, você é ferozmente independente.
—Ela disse gentilmente. —Tanto que você nem sempre vê o que o resto de nós
vê.
—Clara, querida. —Ela esticou sua mão pela mesa e pegou a minha. —Eu
quero que você fique bem. Você é adulta agora. Apenas certifique-se de que suas
decisões são tomadas com a cabeça e não com o seu... coração.
Eu odiava pensar que ela podia estar certa. Não era minha cabeça me
avisando para ficar longe de Alexander o tempo todo? Eu me deixei ser conduzida
pelo meu corpo, e de alguma forma agora, meu coração se meteu nessa confusão
também. Mas a última pessoa com quem eu poderia falar sobre isso era com a
minha mãe. Alexander me fez sentir viva. Na universidade, eu estava focada em
meus estudos ou Daniel. Eu aprendi a esconder minhas emoções e guarda-lás
para que eu pudesse chegar ao final do dia. E eu odiava. A graduação foi mais do
que um grau. Era uma libertação, e com a chegada de Alexander ao meu mundo,
me despertou para a vida, mesmo que fosse principalmente ao nível físico.
Meu pai esteve protegendo a minha mãe de sentir demais por anos. Ela
não poderia entender.
—Tenho certeza que o gin lhe fará companhia. —Eu disse suavemente.
Lola me seguiu até o banheiro, tagarelando sobre seu fim de semana, sua
ressaca, e um rapaz que tinha levado para casa. O básico eu filtrei, mas meus
pensamentos estavam em outro lugar.
Sim, por favor. Eu ouvi as palavras ditas com sua voz profunda enquanto
eu as lia, atingida e atraída pelo seu desejo físico. Mal tinha sido quarenta e oito
horas desde a última vez que eu tinha estado com ele, mas eu doía com desejo ao
ler sua mensagem.
Eu respondi de volta.
Mas como gritarei seu nome se minha boca vai estar cheia
chupando você?
—Belle. —Eu disse, decidindo que era melhor ficar com a minha mentira,
especialmente desde que Lola detinha o recorde mundial quando se tratava de
fofocas. Ela continuou a me observar enquanto eu lavava minhas mãos e
verificava a minha maquiagem.
—Eu não beijo e espalho por aí. —Me dirigi para a porta, mas ela me
bloqueou.
Passei por ela, ignorando sua pergunta. Era melhor nem confirmar nem
negar, e eu não sabia se eu poderia tirar uma mentira convincente, quando o
assunto era Alexander e sexo. Isso era algo que eu definitivamente teria que
trabalhar.
—Seu pai falou que seu novo associado é solteiro. —Ela me disse. —Ele
está desenvolvendo um app que permite seguir as pessoas pelo mundo e enviar-
lhes mensagens.
—Parece com o Twitter. —Eu disse com desdém. Não havia nenhuma
maneira que eu iria a um encontro às cegas com um dos amigos de
desenvolvimento do meu pai.
—Clara está vendo alguém. —Lola disse. Ela deu uma mordida no biscoito
e sorriu presunçosamente enquanto mastigava.
—Eu espero que sua irmã encontre alguém logo. —Mamãe disse para ela
quando terminaram de fofocar.
—Eu tive uma tarde adorável. —Eu disse, mudando o assunto para longe
da minha vida pessoal. Soando distraída.
Sua mão agarrou seu colar em humildade simulada. —Foi bom, não foi?
Precisamos ver mais umas as outras, agora que está fora da escola. Seu pai está
trabalhando o tempo todo. Eu tenho estado sozinha.
—Eu começo a trabalhar sexta-feira. —Lembrei a ela pela décima vez hoje.
Ela hesitou e então respirou fundo. —Você sabe que você não precisa
trabalhar. Pelo menos faça algo como um trabalho social.
Eu vacilei com a audácia da sua sugestão. Eu sabia que ela não aprovava a
minha escolha de vocação, mas esta foi a primeira vez que ela sugeriu que eu não
trabalhasse.
—Você vale vinte milhões de libras. —Ela disse com a voz baixa, para que
os outros frequentadores não a ouvissem. —Você não precisa trabalhar.
Como eu poderia explicar a ela que ela era a razão por que eu precisava
trabalhar? Eu assisti minha mãe mover-se de evento de caridade para evento de
caridade durante anos. Ela esteve profundamente envolvida com o lançamento
da empresa quando eu era um bebê, mas assim que eles a venderam, ela tinha
abandonado a noção de precisar de um trabalho completamente. Eu realmente
não sabia muito sobre a minha mãe, antes que ela e meu pai vendessem o seu
site de namoro online, partner.com, por duzentos milhões de dólares em meados
dos anos 90, mas eu tinha ouvido histórias. Ela foi ambiciosa uma vez, e ela tinha
dado tudo por uma vida de encontros de compras e almoço. Eu posso não ter
conhecido a minha mãe naquela época, mas eu sabia quem ela era agora, e não
demorou muito para ver que ela não estava feliz. —Eu prefiro usar a minha
graduação.
Meu grau era meu único trunfo, a única coisa que minha mãe sempre
concordou. A coisa que ela achava que eu tinha que ter para ter sucesso na vida.
Talvez porque era a única coisa que Madeline Bishop não tinha e não podia
comprar.
—É claro que você preferiria. —Ela disse, seus olhos ficando vidrados. Ela
olhou para longe, afastando a mão dela, e eu senti uma pontada de simpatia por
ela. As coisas seriam diferentes se ela tivesse se formado? —E quando você
finalmente encontrar o cara certo, você não precisará se preocupar com o
dinheiro.
Isso me pareceu uma coisa estranha de se dizer. Eu sei que ela e meu pai
tinham lutado nos primeiros anos de seu casamento, mas pelo menos eles foram
felizes. Era estranho que ela não pudesse ver como ela estava infeliz, agora que
ela tinha dinheiro. Claro, ela estava certa. Eu nunca teria que me preocupar com
dinheiro. Era um pouco de alívio, mesmo que o dinheiro por vezes, me fizesse
sentir indesejável. Eu brincava que daria tudo antes, mas havia disposições que
me impediam no arranjo fundo fiduciário. Eu não teria a custódia total sobre o
dinheiro até que eu completasse vinte e cinco anos.
Após a conta ser paga, nós nos despedimos. Minha mãe jogou os braços
em volta de mim em um show estranho de emoção, e eu não estava
completamente confortável com isso, mas aceitei o gesto.
—Me ligue e me conte como foi seu primeiro dia. —Ela disse enquanto
juntava suas sacolas da La Mer e Louis Vuitton.
—Eu prometo.
—Estou indo para casa para um apartamento vazio. —Fiz uma pausa, em
guerra comigo mesma, antes de forçar-me a acrescentar. —Você poderia vir
junto.
O tempo em Londres tinha começado a ficar mais quente, por isso, apesar
da minha coleção de sacolas de compras, eu decidi caminhar até o metrô. Eu
podia imaginar o que minha mãe pensaria disso, mas parecia bobo pegar um táxi
até a East London, e o tempo estava lindo. Em mais algumas semanas, o verão
chegaria trazendo calor e rigidez junto com ele. Eu poderia me glorificar nos
poucos dias restantes da primavera que ainda restavam.
Ela era só pernas e longos cabelos loiros. Ela parecia uma modelo, e sua
beleza loura dourada complementava o cabelo escuro e a tônus muscular de
Alexander.
Você não tem nenhuma reivindicação sobre ele, eu raciocinei. Mas eu não
deveria? Ele não tinha insistido - não, exigido - exclusividade? Aparentemente, ele
não manteria as mesmas expectativas. Eu não deveria estar surpresa, mas ainda
assim, eu estava, e mais do que isso, eu estava ferida. Eu tinha passado o dia
inteiro sonhando em estar com ele, mas agora eu me sentia oca, eviscerada por
minha loucura.
Mas o que realmente me assustou foi que ele claramente conhecia essa
menina. Era óbvio pelo abraço e pela história em anexo, para não mencionar sua
reação a sua presença no dia em que nos conhecemos. O site de fofocas apontou
que os dois eram velhos amigos, mas, em seguida, especulou que algo mais
estava acontecendo. Talvez ele tivesse mudado de ideia sobre me ver. Ele estava
de volta a Londres há pouco tempo depois de tudo. Ele me beijou uma vez para
evitá-la. Ele estava me fodendo agora para voltar para ela?
Chateou-me não saber. Não era saudável já estar tão envolvida. Eu sabia
disso, mas eu também não podia evitar. Minha atração por Alexander era
inexplicável. Enquanto a maioria das mulheres teria visto o seu dinheiro divino,
título e sensualidade, o que estava por baixo era ainda mais sexy. Debaixo de
todo o controle e poder, havia uma alma tão humana e frágil, que eu tive a sorte
de vislumbrar apenas uma ou duas vezes. Mas ele mostrou a mim. Eu tinha
certeza de que muito. Eu tinha pensado que isso significava algo. Agora eu não
tinha mais certeza.
Talvez isso tudo fosse um jogo para ele. Ele me avisou que era perigoso.
Ele me disse que isso me machucaria.
Missão cumprida.
Meu estômago revirou e eu senti uma crueza muito familiar subindo pela
minha garganta, as lágrimas inchavam lá enquanto eu tentava segurá-las. Eu não
lhe daria a satisfação de saber que tinha chegado a mim.
Um último beijo.
—Clara. —Ele pegou meu queixo entre as mãos e inclinou meus olhos
manchados de lágrimas ao encontro dos seus. —O que está errado?
Virei a cabeça para ele e empurrei seu peito até que ele me pôs sobre os
meus pés.
—Isso, Sr. X! —Eu segurei meu telefone, para que ele visse o artigo do
TMI.
—Bebida?
Ouvi-lo dizer o nome dela era como um soco no estômago. Isso confirmou
todos os meus maiores medos. Ele a conhecia, e ele não estava nem mesmo
mentindo sobre isso. Imaginei que isso deveria ter me feito sentir melhor, mas
me fez sentir pior. Como se eu devesse saber que aconteceria.
—Não foi você que disse que tabloides relatam rumores como fatos? —
Ele perguntou. —Porque eu apreciaria a verdade dessa afirmação. Sente-se, Clara.
Eu cruzei meus braços na frente do meu peito e olhei bem para ele. Então
agora ele usaria minhas palavras contra mim. Muito bem. Ele poderia jogar desse
jeito, mas isso não significava que eu teria que concordar com ele. —Eu prefiro
ficar de pé.
—Você está com ciúmes? —Um sorriso lento esculpiu seus lábios.
—Ela era. —Ele confirmou. —Você está achando que estou usando você
para atingi-la.
Como ele adivinhou isso? Como ele sabia que eu estava pensando
exatamente isso, apesar de mal nos conhecermos?
Eu sentia e era isso que me assustava. Alexander havia deixado claro que
era um acordo de curto prazo, e esse sentimento, essa conexão... estava longe de
ser casual.
—Por que trazer isso? Você nem mesmo quer compromisso, lembra?
—Porque você quer exclusividade, lembra? Você exigiu isso de mim! Mas
aparentemente não vale o mesmo para você!
—Você acha que eu transei com ela? —Ele perguntou dando mais um
passo para mim. Sua proximidade deu arrepios por todo o meu corpo, e eu tinha
que me manter consciente de manter a pequena distância entre nós. Eu me
odiava naquele momento. Eu o odiava por me fazer querê-lo tanto.
—Se anda como uma transa e fala como uma transa. —Eu disse. Essa era
definitivamente a hora de usar o termo verdadeiro.
—Eu não minto, Clara. —Alexander disse com uma voz calma. —E se você
me acusar de fazer isso, então eu vou te colocar sobre os meus joelhos.
Eu engasguei, dando um passo para trás. Ele tinha me ameaçado com isso
antes, mas eu vi agora que ele queria realmente dizer isso. E não de brincadeira.
—Eu nunca colocarei um dedo em você sem a sua permissão, mas quanto
mais cedo você aceite a verdade Clara, melhor será.
—Você quer se submeter a mim. Você quer que eu diga o que fazer com
essa doce boquinha. O jeito que seu corpo responde ao meu. Ele quer ser
controlado. Dominado. Você quer ser dominada. Você é incrivelmente forte,
Clara. —Alexander deslizou um dedo pelo meu estômago e meu núcleo apertou.
—Mas você precisa perder o controle. Você quer.
—Só quando você não confiar em mim. —Ele disse friamente, embora o
fogo ardesse em seus olhos. —Sem confiança, você não pode me dar o controle,
Clara, e então não poderemos ter o que ambos precisamos.
—Você quer dizer isso! —Eu não podia acreditar que estávamos tendo
essa discussão.
—Precisar. —Ele disse com uma voz baixa, que era tudo menos suave. —O
que você precisa.
Recusei-me a ele, mas meu corpo reagiu às suas palavras com um arrepio
de excitação perigosa. Balançando a cabeça, eu me forcei a rejeitar a sugestão de
que eu queria isso. —Eu não posso. Sinto muito.
—Eu não sou ele, Clara. Isso não é o que eu quero fazer com você.
—Eu disse. —Ele falou com uma voz suave. E se afastou de mim.
—É melhor eu ir. —Não havia nada para mim aqui. Isso estava bem claro.
Pensei em como eu senti quando vi o artigo mais cedo hoje, e ouvi o eco
de aviso da minha mãe na minha cabeça. Eu estava muito confusa. Alexander
tinha misturado tudo, e passar mais tempo com ele, ir para a cama com ele, só
pioraria essa confusão. Eu lhe dei a ideia errada sobre mim, sobre o que eu
queria. Eu não tinha caminhado para uma armadilha. Eu tinha levado o predador
à minha porta com promessas derramando de meus lábios. —Eu não posso.
Alexander se esticou, mas ele não se virou para olhar para mim, ao invés
disso ele balançou a cabeça bruscamente, mas enquanto eu me virava para sair,
ele disse.
Havia uma nota de culpa em sua voz. Ele podia ver através de mim. Ele
não tinha mentido sobre essa conexão. Por que então ele não podia ver que a
intensidade da nossa relação era aterrorizante? Mas ele sabia disso. Ele também
sabia que eu achei emocionante. Ele tinha contado com isso para ser o suficiente,
e quase foi, mas eu tinha visto a escuridão em seus olhos, e isso me assustou.
Isso me assustou quase tanto quanto me despertou. Foi por isso que parti.
Os próximos dias passaram em um borrão, e eu me encontrei, apesar das
minhas melhores intenções, verificando o alerta de e-mail que Belle havia criado
para mim. Isso não importava. Alexander estava voando baixo sob o radar. O
único contato que ele pareceu fazer com o mundo exterior, foi o texto que ele
enviou para o meu celular. Estava tornando difícil manter a minha decisão de
terminar o nosso breve relacionamento antes que ficasse fora de controle. Eu
fiquei me lembrando repetidamente que era melhor acabar com as coisas agora,
do que com o passar dos dias. Nós mal nos conheciamos afinal de contas, mas o
fato de que Alexander não tinha desistido, sugeria que talvez eu não fosse louca
por estar sofrendo aqui também.
Ainda havia tanta coisa que eu desejava saber sobre ele. No entanto, eu
sabia que o meu fascínio por ele não era saudável. Alexander vinha com uma
bagagem que eu não podia carregar. A fama. A escuridão. As questões de
controle. Foi muito, muito rápido. Ele me consumia quando estava perto de mim,
e quando ocupava a minha mente. Terminar era a única solução.
Mas esta manhã, eu tinha coisas maiores na minha mente. Pelo menos, eu
estava tentando manter o fato de que começar o meu novo trabalho na Peters &
Clarkwell, seria minha prioridade. Na realidade, o fato era que eu estava falhando
miseravelmente.
—Ele tem acesso ao SIS. —Eu a lembrei. —Não estou muito certa de que
adiantará se eu bloqueá-lo. —Eu não acrescentaria que eu já tinha tentado, mas
não tinha conseguido.
—Eu não gosto de te ver desse jeito. Tem certeza que essa menina é
realmente algo para ficar tão ofendida?
O coração de Belle estava no lugar certo, porque eu não tinha sido capaz
de lhe dizer a verdade. Que a verdadeira razão para me afastar de Alexander, não
tinha nada a ver com as fotos dos tablóides dele com Pepper Lockwood. Como eu
poderia explicar para ela que ele me assustou? Ela sabia que eu tinha atraído os
homens errados no passado. Ela entenderia completamente a minha compulsão
para fugir, se ela soubesse o que ele queria, e talvez seja por isso que eu não
podia fazer isso. Belle nunca olharia para Alexander da mesma forma novamente.
O que eu não conseguia entender, era porque isso me importava tanto. Ele queria
me dominar. Ele alegou que seria apenas no quarto. Ele alegou que seria seguro.
Mas isso era um risco que eu seria capaz de assumir?
—Eu não sei. —Eu disse, não disposta a mentir para ela. Pelo menos, não
totalmente. —Talvez eu esteja somente ferida, mas eu acho que é melhor se
mantivermos distância.
—O que quer que seja, ele não está tentando esconder que está pensando
em você. —Belle jogou o cabelo sobre o ombro e me lançou um olhar
significativo.
Voltei minha atenção para o meu café, esperando que ele estabilizasse o
ritmo agitado dos meus nervos. —Eu não posso me preocupar com isso. Começo
a trabalhar hoje.
—E você está fabulosa. —Belle disse, captando a minha sugestão. Pelo
menos, eu poderia contar com ela para saber quando deixar alguma coisa.
—Você acha que esse vestido está bom? —Eu alisei o vestido de linho
simples que eu estava usando, perguntando pela décima vez se eu deveria vestir
um casaco. O verão estava aproximando-se, e eu esperava que a caminhada fosse
quente. A última coisa que eu queria era aparecer suada no meu primeiro dia,
mas, novamente, eu não estava convencida de que um vestido sem mangas era
adequado para o trabalho.
—Para com a obsessão. —Belle sacudiu a cabeça. —Você está ótima e não
precisa de um casaco, antes que me pergunte. Eles são sortudos por terem você.
Você não precisa desse trabalho, Clara.
—O que não significa que eu não possa fazer o que eu quiser. —Eu
argumentei.
—Não, mas não significa que você tem que se preocupar com o que eles
pensam sobre você, ou pelo menos o que eles pensam sobre sua roupa. Mas
assim mesmo, você parece uma mulher de carreira sofisticada, e eles vão morrer
com o seu sotaque.
Todo o entusiasmo drenou do meu corpo, e cai para frente para agarrar a
bancada. Será sempre assim? Pequenas coisas lembrando-me de Alexander.
Pequenas coisas me deixando louca. Todos os “se” e os “poderia ter sido”
devastando a minha sanidade.
—O que foi? —Belle gritou, jogando sua caneca para baixo tão
rapidamente que seu conteúdo salpicou por cima da borda. Ela pegou meu braço
e me olhou com preocupação.
—Você estava pensando nele, não estava? —Não havia acusação em sua
pergunta. Era suave e reconfortante, praticamente me implorando para confiar
nela.
—Eu sei que tem muito mais acontecendo aqui, Clara. Inferno, se eu
soubesse que ele teria esse efeito em você, eu nunca a teria encorajado a sair
com ele.
—Por que você acha que ele tem efeito sobre mim? Eu mal o conheci. —
Mas as minhas palavras eram ocas. Havia um monte de coisas que eu não sabia
sobre Alexander. O problema era que eu queria conhecê-las, e eu tinha visto o
suficiente para me sentir ligada a ele. Na verdade, eu sabia que não era apenas
um sentimento. Eu estava ligada a ele, mas não podia explicar isso a Belle. Eu mal
podia explicar isso para mim mesma.
—Oh querida. —Belle afastou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha
e colocou os braços em volta de mim. —Hoje não é sobre ele. Você trabalhou tão
duro para chegar aqui.
—Sem desculpas. Faça uma pausa para o almoço. Eu não quero que você
trabalhe até morrer!
*****
—O fax fica aqui. —Bennett explicou para mim enquanto o seguia pelo
escritório. Estava grata que ninguém me deu uma segunda olhada. Meu breve
momento de fama parece que estava distante nas memórias de todos. Claro,
talvez eles não estivessem interessados nas matérias do TMI. Trabalho sério era
desenvolvido aqui.
—Sinto muito. —Eu botei para fora, apontando para ele continuar.
—Quando seus pais venderam a empresa deles, você passou algum tempo
nos círculos sociais? —Ele perguntou, e eu imediatamente me senti tola. Claro,
isso é o que ele queria dizer. Nós tínhamos discutido a empresa dos meus pais
durante a minha entrevista. Ele teria feito uma pesquisa de acompanhamento.
—Eu entendi. —Eu disse com um sorriso. Eu não podia exatamente culpar
o chefe por querer que todos soubessem que trabalharíamos com um dos
homens mais sexy do mundo. Um ano atrás, essa notícia me emocionaria. Eu
provavelmente enviaria uma mensagem para Belle assim que eu ficasse sozinha,
mas agora eu mal fiz uma careta.
—Abby e Amy. —Ele disse com um largo sorriso. Sua afeição por elas era
óbvia. —Elas tinham seis nessa foto, agora estão com quase dezoito.
—Você deve estar com as mãos cheias. —Eu disse, pensando em quantos
problemas Lola e eu tinhamos causado quando éramos crianças. Nós tinhamos
nascido tão próximas, que tinhamos agido como gêmeas até a escola secundária.
Bennett enfiou as mãos atrás da cabeça e franziu a testa. Ele era um cara
de boa aparência, em seus quarenta e poucos anos, com o cabelo grisalho, e
linhas da idade que deixavam seu olhar distinto. Ele teve a sorte de envelhecer
bem, mas eu imaginei que as gêmeas o mantiveram jovem. —Quando eu tinha a
sua idade, eu arrumei esse emprego porque eu idealizava o mundo. Agora que eu
tenho, eu faço porque não idealizo mais.
Engoli contra a minha boca seca e balancei a cabeça. Pelo menos eu sabia
que ele não tinha ouvido falar sobre mim e Alexander. Ele teria perguntado se ele
tivesse ouvido. —Não. Estou fazendo por mim.
—É uma razão tão boa quanto qualquer outra. —Ele balançou a cabeça e
sorriu para mim. —Desculpe, eu não tive a intenção de obter todos os seus
motivos. Eu acho que eu tenho sido um pouco filosófico demais desde que a
minha esposa morreu.
Eu não pude evitar que meu rosto entregasse o que achei dessa
informação.
Assim que isso saiu da minha boca, eu desejei que pudesse engoli-lo de
volta, mas era tarde demais. Para meu alívio, Bennett jogou a cabeça para trás e
riu.
—Você sabe, Clara. Você está certa. Eu penso a mesma coisa, mas todo
mundo continua me dizendo que devo continuar o vendo. —Ele disse. —Eu
deveria cancelar minha próxima consulta, hã?
—Eu acho que se isso é o melhor que ele pode fazer... —Eu disse me
desculpando. —Estive aqui por uma hora, e eu já estou me intrometendo em sua
vida pessoal. Eu sinto muito.
—Não sinta. Foi uma mudança de ritmo. Para todos aqui. —Ele baixou sua
voz para um sussurro. —Eles estavam por perto quando ela morreu. Eles me
tratam como se eu fosse feito de vidro.
—Você vai ser dura comigo, então? —Ele olhou para mim
esperançosamente.
*****
Apesar das boas intenções de Belle, o meu almoço deixou algo a desejar,
ou seja, no departamento de sabor. Então eu peguei minha bolsa, pensando que
poderia verificar a loja de batatas fritas na esquina. Assim que eu saí, senti os
olhos em mim. A menina no cubículo do outro lado da minha mesa desviou o
olhar assim que me virei para ela. Mais duas pessoas sussurraram no canto, e não
se preocuparam em esconder o seu olhar. Minhas bochechas inundaram com
calor. Talvez eu estivesse errada sobre não ser reconhecida. Peguei meu telefone
da minha bolsa para enviar um texto para Belle, e descobri que eu tinha um novo
e-mail na minha conta pessoal. Meu coração parou quando eu vi a linha de
assunto.
—O que você está fazendo aqui? —Eu sussurrei. Cruzando os braços sobre
o peito, eu fiz o meu melhor para parecer infeliz por vê-lo. Por dentro, eu não
estava nada. Deus, ele estava sexy. Seu cabelo estava despenteado, embora
notasse que ele tinha círculos sob seus olhos, como se não tivesse dormido. O
mais provável era que ele passou os últimos dias festejando. Ele estava vestido
casualmente com uma camiseta e jeans, que estava pendurado em seus quadris
como um convite. Meus pensamentos viraram para as memórias de nós na cama,
e eu prendi minha respiração na esperança de acalmar meus nervos que estavam
abalados, então ele não veria o seu efeito sobre mim.
—Você não poderia ter me enviado uma mensagem? —Eu perguntei com
um tom sarcástico na minha voz.
—Eu acho que você já viu isso também. —Alexander deixou cair seu poder
sobre mim assim que entramos no elevador, mas assim que as portas fecharam-
se atrás de nós, ele me prendeu contra a parede.
—Alexander!
—O mundo todo pode ler por um site de fofocas que você quer transar
comigo e você está preocupado com isso? —Não me preocupei em esconder a
minha descrença, porque eu estava muito ocupada e focada em manter meu
corpo em alerta, ao mesmo tempo em que ele se rebelava contra mim. Era tudo
que eu podia fazer para não arquear em seus braços e beijá-lo. Eu queria afastar o
medo que eu vi nos olhos dele, e dizer-lhe que tudo ficaria bem. Mas era uma
mentira, como era eu fingindo que eu não queria que ele estivesse aqui comigo.
—Eu não dou a mínima para o que eles podem ler! —Ele explodiu,
empurrando a parede com os punhos fechados. —Por que você se importa com o
que eles pensam, Clara?
—Eu? —Eu toquei meu peito para dar ênfase. —Você foi o único que quis
me encontrar num Hotel para fodas!
—Eu fiz isso para te proteger. Você estava assustada com os paparazzi.
—Você estava sobrecarregada e eu lhe dei espaço, mas você pensou que
eu permitiria que acabasse com as coisas assim? —Ele perguntou. —Eu deixei
claro que eu não tive o suficiente de você.
—Mas você não queria ser visto comigo. —Eu insisti. —Você não pode
escolher o momento de estar em um relacionamento! —Eu sabia que era mais
complicado do que isso. Eu só queria que fosse assim tão simples. Havia muito
para resolvermos, especialmente quando tudo entre nós vinha em seus termos.
Eu queria que fosse isso e nada mais, mas a verdade era que havia muito
mais acontecendo. Em primeiro lugar, havia a misteriosa Pepper Lockwood. Ele
ainda não tinha explicado o que realmente estava acontecendo com ela para
mim, e então havia a proposta que ele ofereceu na última vez em que nos
falamos. Ele queria me dominar. Ele queria me submeter. Eu não tinha certeza se
era capaz disso. Eu não tinha certeza se isso era saudável.
Eu sacudi minha cabeça, lágrimas deslizando pelo canto dos meus olhos.
—Eu gostaria que fosse.
—Você estava assustada comigo. —Ele falou como uma afirmação, não
como uma pergunta, e deixou cair seu poder sobre mim em resignação. —Eu
tentei te alertar.
Era difícil explicar-lhe que meus pais muitas vezes estavam ocupados em
empreendimentos comerciais, para se preocuparem em como seu estilo de vida
me afetava. Em vez disso, eles me forçaram, tentando me controlar. E então havia
Daniel, que era uma bagunça totalmente diferente. Mas também havia um
elemento que eu não entendia completamente. O pensamento de Alexander me
protegendo publicamente, particularmente não me estressava. Ainda não, pelo
menos. Não quando eu realmente considerava iso. Em vez disso, ele me inundou
com calor repentino. Quanto mais eu pensava nisso, mais a propagação de calor
aumentava, até que me senti segura e protegida.
—Então era por isso que você não queria ser visto comigo? —Eu
perguntei.
—Mas você não tem relacionamentos, Sr. X. —Eu disse com uma voz
suave.
—Eu lhe dou minha palavra, Clara. —Escuridão brilhou em seus olhos,
transformando o cristal azul em aço.
—Eu não sei. —Eu disse. Porque eu não sabia. Eu não podia contar com a
possibilidade de manter meu juízo quando se tratava de Alexander. O que
significava que eu não podia contar em não cometer um erro.
—Eu concordo não te forçar, Clara. A menos que você me peça… —Sua
voz apagou, deixando algo não dito. Mas se ele não me forçaria sobre isso, eu não
poderia forçá-lo também.
—Um baile. —Ele pôs um dedo nos meus lábios. —E antes que você diga
não, é por uma excelente causa. Estamos levantando dinheiro para os animais em
extinção. E, além disso, eu não quero ir também, mas devo.
Eu hesitei. Isto era mais do que um encontro. Era para estar no centro das
atenções de uma forma muito real. Não haveria como negar o nosso
relacionamento depois. Alexander tinha que saber isso.
—Eu nem sequer sei o que essas palavras significam. Eu nunca tive o
normal.
—Mas eles sabem sobre nós. —Eu o lembrei, me afastando. —Eles têm as
mensagens.
—E isso será outra grande história. Do tipo que liga de volta a esta. —Eu
apontei. —E uma prisão não apagará isso.
Ele sorriu. Deus, eu queria beijar aquele sorriso arrogante. —Isso pode ser
arranjado.
Meu corpo cantarolou em resposta, encantado pelo seu sorriso, por sua
risada. Ele me excitava quando estava falando sério, mas quando ele era exigente,
me emocionava, e eu percebi que eu daria qualquer coisa para vê-lo dessa forma
o mais rápido possível. Eu sabia que isso significava que eu não podia me afastar
dele, mesmo se eu tentasse. —Eu não posso continuar fingindo que isso não
significa nada para mim. Eu não gosto de esconderijo ou sigilo, mas eu ainda
quero a minha privacidade. É algo que nós podemos trabalhar?
Mas mesmo enquanto eu pedia, eu sabia que não era possível. Alexander
tinha vivido toda a sua vida sob escrutínio. Por que seria diferente para mim?
—Claro. —Para seu crédito, ele disse sinceramente. Mas talvez seja assim
que tenha que ser em um mundo como este, acreditando que as coisas pudessem
ser mudadas para melhor. Talvez fosse como eu sobreviveria.
—Eu irei. —Eu disse. Assim que saiu da minha boca, percebi que havia
outras implicações ao dizer sim a Alexander. Ou seja, eu iria a um baile hoje à
noite. Sem nada para vestir. Sem nenhuma pista de como agir. Com o mais sexy e
mais requisitado homem do mundo em meus braços. Mas os lábios de Alexander
me beijaram até que eu esqueci sobre tudo, e só me lembrei do porquê.
*****
—Você é minha fada madrinha. —Eu disse enquanto Belle erguia um par
de sapatos perfeitamente adaptados de Alexander McQueen, que ela tinha
encontrado para mim. Ter Belle como colega de quarto era como ter acesso à
Harrods (uma loja) em casa.
—Argh. —Eu caí para trás em sua cama, e puxei um travesseiro sobre
minha cabeça. —Eu já fui fazer compras.
—Você deveria ter pensado nisso antes de começar a transar com Sua
Gostosura Real.
Dei a língua para ela, mas não pude evitar que um sorriso bobo deslizasse
no meu rosto. Eu não podia evitar. Desde que voltei para a minha mesa, eu me
sentia mais leve, como se eu estivesse cheia de ar, relaxada e despreocupada. Eu
não tinha sequer me importado que metade do escritório estivesse sussurrando
pelas minhas costas, e eu não me incomodei em verificar meu e-mail pelo resto
do dia. Eu chamaria isso de progresso.
—Você tem certeza que está tudo bem se eu usar isso? —Perguntei pela
décima vez.
—SIM! —Belle gritou, ameaçando jogar um sapato na minha cabeça. —Eu
vou vestir outra coisa. Philip não gostaria desse vestido.
—Eu estou tão feliz que você vai estar lá. —Belle disse, redirecionando
minha atenção das minhas fantasias para a escova em sua mão.
Eu é que não podia acreditar que eu iria para lá. Parecia um pouco como
um conto de fadas. Na verdade, era um conto de fadas. O mesmo que ainda
contavam para as meninas quando iam para a cama à noite. A mesma história
vendida para mulheres em salas de cinema. Só que estava acontecendo comigo, e
eu estava tendo dificuldades para aceitar.
—Philip aprovará você usando tão pouco por baixo do vestido? —Eu
perguntei.
Ela tirou a camisa, rindo enquanto vestia o robe. —Ele não se importa com
essa parte. É tudo sobre aparência para ele.
Esse era o meu problema? Era tudo sobre aparências para mim?
Alexander tinha me assegurado repetidamente que ele não se importava com o
que qualquer um pensasse, mas eu me importava? O que importava o que eles
pensavam do meu visual, ou minhas roupas, ou minha personalidade, se ele me
queria? Exceto que isso tinha importância, porque eu sofria de baixa estima. Eu
não queria deixá-lo chegar a mim, mas se o fizesse, eu sabia que Alexander não
gostaria do que veria. E eu estava determinada a manter os meus demônios
pessoais guardados, e não apenas por ele, mas por mim também.
—Você está quase nua. Eu atendo. —Eu pulei da cama e me dirigi para o
corredor. Apertei o botão, e me preparei, ainda convencida de que o meu
próximo encontro com um repórter estava próximo.
Eu hesitei. Não havia nenhuma razão para suspeitar de algo, mas tudo o
que levaria era um tempo para me queimar. Em seguida, a solução perfeita me
ocorreu.
—Ela não está em casa. —Eu menti. —Você pode deixá-la com a Sra.
Hathaway no Apartamento 01. Ela é a proprietária.
—Uma entrega.
—Ohhhh!
Belle piscou com essa revelação, e depois continuou sua busca de pêlos
errantes na sobrancelha. —Isso foi inteligente. Provavelmente faremos isso com
todos os pacotes de agora em diante.
—Então fala logo. O que é que ele realmente gosta na cama? —Belle
perguntou enquanto lavava o rosto. —Depois de ler o TMI, eu acho que você
deixou de fora alguns detalhes.
—Você deveria ir para o chuveiro. —Eu disse, contornando a questão. A
única maneira que isso continuasse em segredo, era se eu guardasse para mim
mesma, o que significava mantê-lo de todos, até mesmo da minha melhor amiga.
—Eu sei. —Eu admiti timidamente. —Pedi-lhes para deixá-lo aqui. Tem
havido mais alguns... artigos, e eu não tinha certeza se era realmente o homem
da entrega.
—Bem, ele não perguntou nada sobre você. Na verdade, ele não parecia
com um homem de entrega, mais como um... oh, oficial de polícia. —Ela disse
enquanto andava até a mesa em sua sala de estar.
—Sim, bem assim mesmo, minha cara. —Tia Jane empurrou um envelope
para mim, e meu coração pulou uma batida quando eu o peguei. Era uma carta a
mão, endereçada a mim. Virei-a, ansiosa para ver se havia um endereço de
retorno. Não havia, mas foi carimbada com um selo de cera vermelha brilhante
que trazia um dragão.
—Parece uma carta de amor. —Jane comentou.
Eu não tinha que abri-la para saber que era, assim como eu sabia que era
dele.
Eu corei. Eu não tinha certeza por que não tinha me ocorrido que ela teria
ouvido falar sobre meu relacionamento com Alexander, mas ainda me
surpreendeu. Principalmente porque eu não tinha colocado a minha guarda como
eu tinha com todos os outros. —Eu acho que sim.
—Eu não posso imaginar como é ter sua vida usada para vender jornais. —
Jane balançou sua cabeça lentamente tomando um gole de seu chá. —Sempre
houve escândalos, minha querida. Mas nestes tempos, com todos os
computadores, telefones inteligentes e Wi-Fi, todo mundo sabe sobre tudo. É
impossível manter as coisas calmas. Deixe-me dizer-lhe, haveria um número
enorme de famílias reais em ruínas se eles tivessem vivido nestes tempos. Afinal,
romances ilícitos sempre estiveram por aí.
Engasguei com a minha bebida, queimando minha língua no processo.
—Romances ilícitos?
—Bem, houve Harold que teve que abdicar de sua posição... o que? Trinta
anos atrás. Apaixonou-se por uma garota francesa. Que não era da realeza.
—Eu não acho que eles ainda se importam com a realeza. —Eu disse em
voz baixa. A verdade é que eu não sabia. Mas era século XXI pelo amor de Deus,
não poderia haver um grande número de pretendentes reais disponíveis para
encontrar e se casar.
—Isso foi a décadas atrás. —Ela disse, acenando. —Eu acho que eles
estavam mais preocupados por ela ser da França. Sangue ruim lá.
Jane abaixou sua xícara e vi sua mandíbula apertar. —Infelizmente não sei
se a Inglaterra está pronta para isso.
Clara,
X.
Alexander me pegou na porta uma hora mais tarde, o que foi uma
surpresa, já que ele normalmente enviava Norris para me levar tranquilamente na
parte de trás do carro. Desde que Belle já tinha confirmado que havia repórteres
do lado de fora, eu a deixei abrir a porta enquanto eu levava um momento para
me concentrar na minha respiração, para que a calma atravessasse o meu corpo.
Finalmente, ele afastou seus olhos de mim e estendeu a mão para ela.
—Sim. —Ele respondeu, embora a sua resposta fosse muito ríspida para
ser crível. —É isso, estou ansioso pela companhia.
—Nos dê um momento.
—É mais fácil dizer do que fazer. —Eu sussurrei. —Eu mal sei o que está
rolando entre nós e vou encontrar sua família.
—Não é grande coisa. Basta lembrar que se eles forem idiotas, é por causa
de mim e não de você. —Ele me assegurou. Mas, enquanto falava ele apertou
contra meu quadril.
—Não pense sobre isso. —Ele ordenou, me puxando contra ele. —Agora,
eu quero que você pense sobre o que eu vou fazer com você com esse vestido.
Apesar da minha ansiedade, isso me trouxe um sorriso aos lábios. —Eu
não sei como eu deveria me concentrar com você desse jeito.
—Ela está fantástica, não está? —Belle voltou para a cozinha. Ela nem
sequer piscou por nos encontrar pressionado um no outro, embora ela devesse
ter ouvido o que ele disse para mim.
Alexander murmurou seu acordo, e Belle passou por nós. Ela chegou a
mais alta prateleira e pegou um vaso. A notícia de que sua família estaria lá esta
noite, havia me distraído da minha busca. —Aqui. Oh espere!
—Desculpa! —Ela cortou uma rosa de seu caule. Estava em plena floração,
suas pétalas se espalhavam como folhas de veludo. Belle enfiou a bela flor no
meu cabelo frouxamente preso acima da minha orelha.
—Eu preciso ir. Philip está lá embaixo. —Belle beijou minha bochecha. —
Vejo você lá!
Dei um suspiro de alívio e acenei para ela. Claro, eu teria Belle lá, e não
importa o que acontecesse, ela cobriria as minhas costas. Eu esperava não
precisar de um plano de fuga, mas se fosse o caso, eu não poderia fazer melhor
do que com Belle.
—Vamos logo para o carro antes que percamos a festa, Senhorita Bishop.
—Mostre o caminho, X.
*****
Por algum milagre, Norris conseguiu dar a volta sem chamar a atenção dos
paparazzi acampados do lado de fora do apartamento. O fato de que eles tinham
perdido a limusine em marcha lenta atrás do meu prédio, provou como
indispensável Norris era. Talvez todos eles tivessem ido para o local do evento
real esta noite. Não que eles tivessem qualquer forma de saber que eu estaria lá
com Alexander. Ele foi cuidadoso ao não usar seu telefone celular para me enviar
uma mensagem. Em vez disso, eu fui instruída a contatar Norris se houvesse
algum problema.
Ele gemeu quando fez contato com a minha pele nua. —Isso não é jogar
justo.
Ele disse com um sorriso malicioso. Ele mexeu-se no assento e retirou sua
mão, inclinando-se como se fosse ajoelhar-se diante de mim.
—Eu não gosto dessa palavra, boneca. —Ele rosnou. —É difícil ouvi-la.
—Você fica tão sexy com seus lábios vermelhos em volta do meu pau. —
Um grunhido retumbou em seu peito, e ele pegou a minha nuca enquanto meus
lábios engoliam o seu comprimento mais uma vez. —Isso me faz querer te foder.
—Oh Clara, você é tão linda. —Sua respiração tornou-se irregular quando
sua cabeça caiu para trás contra o assento. —Eu vou gozar.
Mas ele não se mexeu enquanto jorrava quente em toda a minha língua.
Engoli cada surto de gozo avidamente, enquanto ele bombeava em minha boca.
Deslizei minha língua para cima com diversão. Saboreei o sabor dele que ficou na
minha boca, e quando eu me afastei, os olhos de Alexander estavam selvagens.
Ele me levantou e me levou em direção ao seu colo, trazendo seus lábios
nos meus e me beijando forte antes de me empurrar de costas sobre o banco.
Suas mãos deslizaram de forma imprudente até as minhas pernas, empurrando
minha saia até a cintura. Ele traçou minha fenda com movimentos
deliberadamente lentos, finalmente empurrando um dedo entre os lábios
inchados.
—Não ainda, boneca. —Eu podia ver a luta em seus olhos. Seu desejo de
controlar o meu prazer e sua luta para se controlar.
Ele encontrou o meu clitóris e brincou com o dedo, enviando uma onda de
antecipação através do meu corpo. —Pense em uma palavra de segurança,
boneca. Você não precisa dela agora, mas você pode precisar mais tarde quando
estivermos juntos, e você não será capaz de pensar nisso.
—Oh X, você realmente acha que vai fazer com que eu te chame de Sua
Majestade?
Ele sorriu. —Com o que estou planejando fazer para você, você pode
precisar.
O homem não poderia ser mais irritantemente sexy? E era difícil pensar
claramente quando ele me tocava. Como eu poderia dizer não a ele? Eu tinha
tentado antes. Eu me afastei dele com apenas um olhar para trás, não
percebendo que logo minha vida giraria completamente fora de controle, e que
ele se tornaria o meu centro de gravidade. E havia uma palavra que eu associava a
ele.
—Brimstone.
—Eu pensei que você queria que eu escolhesse uma palavra que eu me
lembraria.
—Brimstone, sério?
Seu sorriso retornou quando confessei isto, e ele rolou o polegar sobre
meu clitóris dolorido. —O que você desejar, Clara.
—Olhe para mim. —Alexander disse. —Eu quero ver você gozar.
Abri os olhos e encontrei os seus enquanto ele martelava
incessantemente. A fome que eu vi refletida ali me derreteu, e eu gozei contra
ele, explodindo em um milhão de fragmentos. Alexander arqueou para trás e
gozou dentro de mim enquanto eu sentia a primeira chicotada de sua semente
quente. Ele gozou com o meu nome em seus lábios.
—Eu amo saber que você está cheia de mim. —Ele sussurrou enquanto eu
me agarrava a ele. —Durante toda a noite estarei pensando em estar dentro de
você, sabendo que eu te marquei. Sabendo que você é minha.
—E eu vou pensar em sua boceta quente e nua sob esse vestido sexy. Eu
quero que ela esteja pronta para mim se eu precisar dela. —Ele acrescentou.
Eu caí por cima dele, desossada e mole, mas eu me forcei a tomar sua mão
oferecida. Chegaríamos lá a qualquer momento, e eu não podia sair com essa
aparência.
—Eu não posso evitar. Não posso afastar minhas mãos de você. —Ele
atirou-me um sorriso perverso que me fez querer deixar cair a minha calcinha. Só
que eu não tinha nada para deixar cair.
—Não estou usando calcinha. —Eu o lembrei. —Você não terá muito
trabalho.
—Vamos ver sobre isso. —Alexander acomodou-se no assento ao meu
lado, arrumando alguns fios de cabelo dispersos no lugar, e ajustando a rosa que
Belle tinha colocado no meu cabelo.
Abri a bolsa e fixei o meu batom, que graças a Belle, mal tinha borrado. A
menina sabia algum vodu cosmético, isso era certo. Enxugando algumas
pequenas manchas de debaixo dos meus olhos, eu estava aliviada por ter feito
pouco estrago. Claro, meu rosto brilhava com o calor liberado de um orgasmo
recente, mas não havia nada a ser feito sobre isso. Eu só podia esperar que fosse
descrito como nervos ou emoção, mas eu realmente não me importava. O mundo
inteiro já sabia sobre a nossa vida sexual, graças aos hackers que tinham
divulgado os textos de Alexander para mim.
Pare com isso, eu ordenei a mim mesma em silêncio. Você está aqui como
seu encontro.
Não havia nada mais do que isso, mas mesmo que minha cabeça me
advertisse contra minhas esperanças, meu coração continuou a acelerar. Ele não
liberou minha mão até que a limusine parasse, e ele deslizou suavemente para
fora do banco de trás. Mas assim que ele estava fora, ele inclinou-se, oferecendo-
me novamente. Aceitei-o juntamente com uma respiração profunda, sem saber o
que esperar. Quando sai dos limites seguros da limusine, eu estava cega pelos
flashes de dezenas de câmeras. Pisquei contra o clarão quando os repórteres
começaram a gritar suas perguntas para Alexander. De repente, eu desejei ter
chegado a esta situação um pouco mais preparada. Meu primeiro instinto foi de
olhar para Alexander, esperando por pistas sobre o que dizer e fazer. Alexander
olhou para frente, um sorriso carismático estampado em seu rosto e, em seguida,
ele me levou para frente sem uma palavra.
Os dedos de Alexander ficaram enrolados nos meus enquanto andávamos
através do lobby, mas eu não conseguia parar de tremer. As câmeras. As
perguntas. O número de mulheres olhando para o meu homem. Era uma
responsabilidade muito grande. Ao meu lado, Alexander sorria, dando acenos de
boas-vindas e falando olá, mas sua postura era rígida, e seus movimentos
tornaram-se automáticos. Depois de alguns minutos, ele afastou-se de mim
colocando a mão na parte inferior das minhas costas.
—Você está fabulosa. —Eu disse a ela e não era mentira. Stella sempre foi
bonita, mas agora seu cabelo liso e preto estava cortado curto, projetando-se em
um ângulo lisonjeiro que enfatizava as maçãs do rosto glamorosas e olhos suaves.
Em qualquer outra pessoa, seu vestido de noite azul poderia ser chamativo, mas
como uma das mais quentes chefs de Londres, ela tinha atitude para usá-lo.
—Ela não está? —Belle concordou. —Totalmente injusto que ela passe o
dia todo em torno de manteiga e lagosta e ainda pareça assim.
—Eu mantenho a minha figura por lidar com uma cozinha cheia de idiotas
arrogantes. É um trabalho duro chutar suas bundas durante todo o dia. —Stella
disse secamente. —Falando nisso, eu deveria verificar o meu novo parceiro.
Deixei-o no comando da chaparia, e ele provavelmente está se lascando. —Mas
em vez de sair, ela balançou a cabeça exasperada e voltou sua atenção para mim.
—Como você está, Clara?
—Eu sinto muito não ter te ligado. —Eu disse. —Eu estive tão ocupada.
—Ele provavelmente foi pegar uma bebida para você. —Stella disse. Ela
sempre tinha um jeito de me fazer sentir à vontade, desde que eu a conheci em
uma classe de nutrição no meu primeiro ano, e eu não poderia ter sido mais grata
ao vê-la agora. —Para o que estamos levantando dinheiro? Animais em vias de
extinção? —Eu perguntei, observando a decoração do evento. Samambaias
exuberantes e videiras transformavam o espaço em uma selva exótica. Um
movimento me chamou a atenção, e eu olhei para cima a tempo de espiar um
deslumbrante amarelo brilhante sobrecarregado de aves. Alguém tinha
exagerado um pouco para este evento.
—Eu pensei que você soubesse. —Anna disse, me passando uma bebida
da bandeja.
—Eu não. —Eu disse, tomando a bebida com gratidão. Se Alexander foi
buscar uma bebida para mim, ele estaria atrasado.
Annabelle ergueu a taça para brindar. —Para conseguir acabar com isso.
—Eu sinto muito! —Eu gostaria que houvesse uma mesa próxima para
que eu pudesse me rastejar para baixo e me esconder.
Ela sorriu calorosamente para mim, e agora que eu não estava focada em
minha gafe, consegui dar uma boa olhada nela. Grossos lábios e ondas louras,
com um corpo esguio e uma saia curta. Eu não podia acreditar. Ela era ainda mais
impressionante do que nas fotos. Se ela não fosse tão boa, eu definitivamente a
odiaria.
—É só um vestido. —Ela baixou a voz. —É por isso que você deve sempre
usar preto. Nada aparece.
—Eu devo ir. —Ela disse. —Eu vim acompanhada e não quero perdê-lo.
Eu sabia exatamente como ela se sentia, e para minha frustração,
Alexander me deu um beijo frio na bochecha e desapareceu com ela, deixando-
me com as minhas amigas.
—Uau, isso foi estranho. —Annabelle disse assim que eles estavam fora do
alcance da voz.
—Eu não posso acreditar que você fez isso. —Stella disse com um suspiro,
o olhar ainda colado ao local em que Alexander esteve momentos atrás.
Eu sacudi minha cabeça, dando a ela o meu melhor olhar de “que porra é
essa”.
—Eu não disse nada. —Ela disse com uma voz dramaticamente ofendida.
—Eu realmente tenho que voltar para a cozinha e lidar com Bastian. —
Stella disse finalmente.
Avistei-o no bar ainda falando com Pepper, mas agora ele estava franzindo
a testa. Sua mão estava estendida sobre a dela enquanto falava
apaixonadamente. Algo torceu no meu peito, mas eu empurrei-o de volta,
disposta a não permitir que o ciúme me impedisse de estar com Alexander. Mas
parei quando vi seu cenho aprofundar-se. Ele começou a falar, a selvageria em
seus olhos, visíveis mesmo à distância, antes de finalmente se afastar de Pepper
que o perseguia.
No momento em que eu consegui passar pela multidão, eu o perdi
novamente. Encostei-me contra uma coluna, considerando desistir. Por que eu
estava procurando por ele, quando ele me abandonou em primeiro lugar? O que
ele estava discutindo com Pepper? Seja o que for o deixou chateado. Claro, ele
estava tenso desde que chegamos. Soltando um longo suspiro, eu lutei com a
ideia de que Alexander sempre levantaria mais perguntas do que daria respostas.
O que levantou a maior questão de todas: eu poderia lidar com isso?
O beijo tinha me deixado sem palavras, muda pelos sinais mistos da última
hora.
—Você está linda. —Ele disse, mas a luxúria que geralmente acompanhava
seus cumprimentos, estava ausente em sua voz. Suas palavras eram as mesmas,
cuidadosamente medidas, e muito educadas. Eu ansiava por sua boca suja e
sorriso malicioso.
Tomei seu braço e permiti-lhe me levar de volta para a festa. Nós
reentramos no salão de baile, e eu imediatamente senti os olhos em mim. Quase
todo mundo tinha chegado, e eles estavam todos ansiosos para dar uma olhada
na garota por trás do mais recente escândalo real. Eu tentei me lembrar do que
Alexander disse na limusine. Eles estavam o julgando e não a mim, mas era difícil
pensar o que os olhos apertados que encontravam os nossos olhos, e as línguas
após nos cumprimentarem deveriam falar.
—Eu apareci aqui. —Alexander disse com uma careta. —Isso deveria ser o
suficiente.
—Mas, Senhor.
—Ela fica comigo. —Ele repetiu com uma voz firme, que não deixou
espaço para mais interrogatório. Alexander agarrou meu braço e caminhou
rapidamente em direção à frente do salão. Ele moveu-se tão rapidamente, que eu
estava praticamente correndo para acompanhar seu ritmo enquanto ele me
arrastava.
Mas ele não era o homem mais intocável nesta sala. Que eu soubesse.
—Boa garota. —Ele disse, esfregando um suave beijo nos meus lábios.
—Sinto muito, Pai. —Alexander disse rigidamente. Ele passou a mão pelo
meu braço nu antes que ele se afastasse de mim. —Perdi a noção com o meu
encontro.
A implicação estava clara. O Rei queria falar com ele sozinho, e Alexander
moveu-se para perto de seu pai.
—Sou Edward.
É claro que ele era. Edward usava o cabelo escuro, longo e enrolado,
passando suas orelhas, fazendo-o parecer pueril em comparação com seu irmão
mais velho. Mas ele ficava bem em um smoking, e ele era quase tão bonito
quanto Alexander. Ele sorriu para mim, e notei que ele era mais rápido com um
sorriso. Eu apertei sua mão fracamente, incapaz de falar por medo de que eu
começasse a chorar na frente dele.
Edward apertou minha mão com força, procurando o meu rosto, como se
estivesse à procura de uma pista de como fazer a pobre garota que ele tinha
acabado de conhecer sentir-se melhor. Eu queria dizer a ele que não havia
nenhum modo, mas eu sabia que nunca sairia. —Venha até aqui.
Se Jonathan Thompson pensou que eu brincaria com ele, ele estava muito
enganado. Minha pele arrepiou onde ele me tocou, e assim que eu tivesse a
chance, eu planejava esfregar com sabão sob a água escaldante.
Sério?
—É muito bom conhecê-la, Sua Alteza. —Eu assobiei. Todo mundo aqui
tinha nascido com uma colher de prata em sua boca, e um pedaço de pau na sua
bunda.
Havia uma história aqui. Eu podia sentir isso, mas a última pessoa a quem
eu pediria para compartilhar comigo era Jonathan.
—Você parece que está gostando tanto disso quanto eu. —Eu disse, não
me preocupando em esconder meu sarcasmo.
Um canto de sua boca puxou para cima, mas ele só encolheu os ombros.
—Eu e meus amigos temos ideias diferentes sobre como passar uma
sexta-feira à noite.
David bufou para mim. Virei-me para encará-lo, encontrando, após uma
inspeção mais próxima, que ele era muito bonito. Sua pele cor de ébano e o
cabelo cortado rente exibiam as linhas fortes de seu rosto, e apesar de sua
aparência mal-humorada, seus olhos café eram quentes. Ele era exatamente o
tipo de Stella. Calmo, pensativo e quente. —Na verdade... —Eu disse. —Eu tenho
uma amiga aqui que você deveria conhecer. Você gostaria dela.
—Eu acho que ele combina com minha amiga Stella. —Tomando um gole,
eu levantei uma sobrancelha. —O que você acha?
Edward debateu por mais um momento, mas quando ele abriu a boca, ele
foi interrompido pelo aparecimento de uma mulher mais velha que eu reconheci
imediatamente. A rainha-mãe deslizou com a graça de uma mulher que deu à luz
a reis. A idade havia a tocado, tornando prata os cachos, mas não havia nada
frágil sobre ela. Deslizando em um vestido modesto, frisado, ela ficou quase
alguns centímetros mais baixa do que seu neto mais novo. Embora o olhar de
desprezo que ela usava a fizesse parecer muito maior.
Seus olhos estreitaram-se quando ela me avaliou, e seu nariz comprimiu
como se tivesse apanhado um cheiro de algo podre. —Então Alexander trouxe
sua pequena putinha para arruinar o aniversário do seu pai?
Minha boca abriu, e eu puxei minha mão para longe de Edward, que
parecia quase tão chocado quanto eu estava.
Senti-me boba por ter vindo aqui. Por pensar que as coisas não poderiam
ficar mais complicadas entre nós.
Mas eu estava presa aqui sem dinheiro, e agora os meus pés estavam me
matando. Eu não estava acostumada aos saltos altíssimos que Belle tinha insistido
que eu usasse.
Belle.
Philip era chato, mas ele poderia ser contado como cavalaria, e agora eu
precisava de alguém para me resgatar. Eu tinha amigos aqui, e eu tinha que me
lembrar disso. Eu poderia fazer isso esta noite.
—Oh, você é tão estúpida quanto eu pensei. —Ela continuou, seus olhos
verdes piscando como a língua de uma cobra ao redor da sala em desinteresse,
antes que eles voltassem para olhar para mim. —Você realmente acha que eu
não me importaria que você arruinasse meu Ralph Lauren?
—Eu também lamento que você esteja prestes a levar um fora. —Ela disse
com um sorriso, jogando suas ondas louras por cima do ombro. —Não fique tão
surpresa. Eu podia sentir o cheiro de sexo em você no segundo que nos
conhecemos. Você acha que Alexander é o tipo que mantém meninas em torno
duas vezes? Onde ele está, afinal? Ou será que ele já a descartou como o lixo que
você é?
—Toda a Inglaterra está preocupada com sua vida sexual. —Ela disse. —
Me diga?
Ela baixou a voz, um brilho malicioso em seus olhos. —Você lhes deu essa
história? Será que quis vender esses textos para fazer um dinheirinho ou dois,
enquanto você pode?
—Se você acabou. —Eu disse, passando por ela. —Eu estava saindo.
E eu não queria. Isto não era um conto de fadas, e Alexander não era o
príncipe encantado. Mais do que nunca, eu queria ir para casa e transformar-me
novamente na simples e solitária Clara. Eu não me preocupei em procurar Belle.
Tudo o que eu queria fazer era sair de lá, mas as palavras de Pepper ficaram no
meu cérebro. Este era o final da minha história. Haveria tempo para chorar sobre
isso mais tarde. Por agora, eu só queria escapar.
As colunas de mármore do salão pairavam sobre mim como as barras de
uma jaula, e a multidão de foliões esmagavam contra mim. O pânico tomou conta
de mim, e eu lutei para ir para a entrada. Virando uma última vez para procurar
Alexander, eu peguei Pepper me observando. Ela levantou a bebida em
despedida, sem se preocupar em esconder o sorriso de satisfação. Ignorando-a,
meu olhar varreu o espaço procurando Alexander, mas ele estava perdido no
meio da multidão, e eu não queria procurá-lo. Eu queria sair daqui o mais rápido
possível. Peguei minha bolsinha da nossa mesa, pensando que eu poderia pegar
um táxi, mas, logo que eu estava fora, eu decidi caminhar. Eu precisava limpar a
minha cabeça.
Toda esta noite foi um erro. Não porque me senti inferior à família e
amigos de Alexander, mas porque eu não tinha interesse em jogar em seus
delírios. Parte de mim queria voltar e dizer-lhes o que eu realmente pensava
deles, mas eu resisti à vontade. Não havia cura para ser uma idiota.
—Clara.
Eu pulei ao som da sua voz, soltando meus sapatos. Mas minha surpresa
momentânea mudou para atenção. Respirando fundo, amaldiçoei meu corpo
traidor por sua reação à presença de Alexander.
—Você saiu sem dizer uma palavra e então você caminhou para casa?
Alexander passou a mão pelo cabelo preto, e notei que ele já estava
despenteado, como se ele tivesse feito isso muito esta noite.
Como ele poderia ser tão profundo, irritante e sexy ao mesmo tempo? Era
um truque da evolução: a capacidade de distrair uma menina com charme
enquanto você estava sendo um total idiota? —Eu não te pedi para fazer isso!
—Não, você não pediu. Mas você escolheu vir para a minha cama. Você
escolheu ficar ao meu lado essa noite.
Se ele pensava que seria a extensão das minhas escolhas, ele teria uma
grande surpresa. —Sim, mas não somos casados nem nada assim.
—Que mensagem você acha que envia para mim trazer um encontro para
o aniversário do meu pai? —Ele me interrompeu.
—Isso talvez seja verdade. —Ele concordou. —Mas temos sido associados
publicamente e, após estes textos que foram publicados hoje, as pessoas vão
fazer suposições.
A implicação era clara. Alexander vivia aos olhos do público, mas eu não
precisava. Ele estava me oferecendo uma escolha: uma que eu pensei que eu já
tinha feito. Ele estava me dando uma segunda chance para ir embora. Mas isso
não explicava suas ações esta noite. —Por quê? —Eu perguntei em um esforço
para compreender. —Por que você me levou hoje à noite? Você sabia que as
suposições seriam feitas. É quase como na primeira vez em que você foi pego com
a calça arriada. Por que dar-lhes mais fofoca?
Eu não conseguia entender por que ele chamaria mais atenção para uma
relação que já era alvo dos tabloides. Certamente isso só pioraria as coisas, e ele
tinha que saber.
—Eu vou te foder com a minha boca, e eu quero ouvir você gozar. Eu
quero que você deixe ir. —Ele rosnou, e eu gemi, já impotente para suas
exigências. Alexander empurrou minhas pernas mais abertas e empurrou sua
língua dentro de mim, me fodendo com golpes poderosos. Com o prazer
brotando em meu núcleo, apertando meus membros em antecipação, ele se
afastou apenas para fechar a boca sobre o meu clitóris palpitante. Sugando-o
avidamente, sua mão acariciou minha coxa, mas não foi adiante. Eu ansiava por
senti-lo dentro de mim. As mãos dele. Sua língua. Seu pênis. Eu estava vazia e só
ele poderia me encher.
E eu acreditei nele, sentindo o seu desejo por mim como eu sentia o meu
próprio. —Espera.
Ele deu um passo para trás, seu olhar deslizando pelo meu corpo, seus
olhos cobertos pela luxúria. Eu me levantei com as pernas trêmulas diante dele.
Meus dedos atrapalharam-se com o zíper do meu vestido enquanto ele
desabotoava a calça. Quando consegui encontra-lo, eu puxei o zíper para baixo e
deixei o vestido cair. Um grunhido retumbou de Alexander e ele avançou em mim,
levantando minha bunda do chão e me levando para a parede. Eu envolvi minhas
pernas em volta de sua cintura e esfreguei o meu sexo dolorido contra ele. Com
meus saltos, eu empurrei sua calça até os tornozelos. Ele saiu dela, chutando-a
para o lado enquanto eu balançava contra seu pau liberado.
—Vá com cuidado, Clara. —Ele deixou cair sua testa contra a minha, os
olhos fechados, como se estivesse lutando para se controlar. Minha própria
respiração tornou-se superficial, minha determinação descansando na ponta de
uma faca. Eu queria Alexander. Eu queria tudo dele, até mesmo o seu lado negro.
Mesmo que o meu desejo me assustasse.
Alexander não abriu os olhos, mas ele pressionou um beijo suave nos
meus lábios. Ele recuou e empurrou mais fundo dentro de mim até que eu o
embainhei até a raiz. —Isso é o bastante.
Suas palavras eram tensas, mas quando ele olhou para mim, sorriu. Nós
ficamos assim por um longo momento, saboreando a deliciosa sensação da carne
unida.
—Eu...
—Alexander!
Ele gozou ao clamor de seu nome, bombeando seu gozo grosso em mim.
Eu caí contra ele, seu pau ainda se contraindo enquanto minhas paredes
sensíveis pulsavam ao redor dele. Os braços de Alexander me embalaram contra
ele, enquanto ele me levava da cozinha para o corredor. Ele parou lá, e eu
consegui dizer um fraco. —Direita. —Ele gentilmente me deitou na cama como se
eu fosse frágil, em seguida, tirou o smoking e subiu ao meu lado com sua camisa.
—Sobre a festa. —Ele começou.
—Eles não deveriam ter sido tão rudes. —Os olhos de Alexander
estreitaram-se com a lembrança.
Eu não podia fingir que gostava ou compreendia sua vida. Ele tinha
insinuado o que se esperava dele, e meu coração foi ferido pela dor de sua falta
de opções. O que quer que tenha rasgado a sua família, o perseguia. Eu podia ver
seu fantasma em seus olhos. Eu não podia negar que eu desejava que ele
compartilhasse comigo, mas eu sabia que forçá-lo só o afastaria. Talvez a única
maneira para ele encontrar a paz, seria enfrentar seus demônios.
—Exatamente, e ele tem umas mil pessoas lá para beijar seu traseiro. —
Alexander disse. —Ele nem vai sentir a minha falta.
Alexander balançou a cabeça. —Você está certa. Ele pode sentir minha
falta se precisar de alguém com quem gritar.
—Eu vou dormir. —Eu disse a ele, esticando os braços sobre minha cabeça
enquanto eu tentava sem sucesso conter um bocejo.
Ele mais que podia. Dentro do meu peito, umas dúzias de fogos de
artifícios comemorativos estouravam. Mas eu não podia revelar a minha
excitação, com risco dele se afastar novamente. O pedido era tão… normal, que
eu não sabia como processá-lo. —Certo, claro, tudo bem.
—Mas...
—Não há mais nada a dizer, Clara. Você não me deve nada. —Ele disse em
um tom comedido. —Eu não preciso disso.
Mas eu sabia que ele estava mentindo. Eu vi isso em seus olhos, seu
desejo de dominar-me. Senti como ele lutou com sua necessidade de controlar o
meu corpo quando ele me fodeu. —E o que você precisa então?
Meu primeiro erro foi colocar a mão em seu ombro. Alexander reagiu com
força, me acotovelando no intestino e tirando meu ar. Eu dei uma guinada para
cima, balancei os pés sobre a beira da cama, e os plantei no chão. Tentar me
defender foi o segundo erro. Eu caí no chão com um som estranho, ainda
tentando recuperar o fôlego.
Sua respiração era superficial, irregular e ofegante, ele virou-se para olhar
para mim com os olhos arregalados.
—Eu sinto muito. —Ele disse com a voz derrotada. —Eu avisei você. Eu
sinto tanto.
—Com o que você estava sonhando? —Eu perguntei com a voz baixa.
Alexander virou-se para mim e balançou a cabeça. —Eu não pedi para
você carregar meus demônios, Clara.
—Você quer que eu lhe diga que eu sonho com a batida brusca de metal e
fogo? Que eu acordo segurando um travesseiro porque eu estou sonhando que
estou embalando o corpo partido de minha irmã? —Ele perguntou. —E que cada
vez que eu acordo, eu não estou mais perto de saber o que aconteceu naquela
noite? Eu não posso dizer nada, porque eu não sei nada!
—Eu não vou falar com um psiquiatra maldito. Minha irmã estaria viva se
não fosse por mim. Fim da história.
—Todo mundo sabe o que lhes foi contado. Não seja burra, Clara.
Sua admissão me chocou. O que isso quer dizer? Toda vez que eu pensava
que tínhamos avançado, algo nos empurrava de volta. Nós dois estávamos
dançando em torno de nossos problemas, em vez de seguirmos em frente, e
então eu percebi que realmente não importava. A percepção de que essa noite
com Alexander, o que realmente aconteceu, nada disso importava. Ele precisava
seguir em frente e eu o ajudaria.
—Minha vida é perigosa. —Ele alertou. Suas mãos corriam pelo cabelo
despenteado pelo sono. —Sou perigoso.
Dei um passo para mais perto dele, inclinando a cabeça para cima para
encontrar seus olhos. —E eu não vou quebrar.
Eu respirei fundo, mas me forcei a sustentar seu olhar. —Não tenho medo
de ficar com você, X. Eu tenho medo de ficar sem você.
Um rosnado baixo vibrou quando ele colidiu em mim com tanta força, que
eu provei o sangue enquanto nossas línguas lutavam avidamente. Suas mãos se
fecharam sobre meus pulsos, apertando-os com força e forçando-as nas minhas
costas, mostrando seu desejo de dominar-me. Dobrei-me nele, submetendo à sua
vontade irresistível, e ele me tirou do chão, carregando-me de volta para a cama.
Não havia ternura no seu toque. Ele tinha sido ultrapassado por algo
primal, e eu respondi instintivamente, juntando minhas unhas em suas costas,
agarrando-me a ele enquanto ele me montava. Seu quadril moía grosseiramente,
bombeando incansavelmente como um pistão dentro do meu canal.
Segurando seu peso com um braço enquanto ele batia em mim, sua outra
mão agarrou o meu pescoço, obrigando-me a olhar para ele.
—Você é minha, Clara. —Ele rosnou. Seu aperto aumentou sobre minha
garganta. —Eu reivindico você. Você entende?
—Você gosta disso, mas você acha que não deveria. —Ele grunhiu. —Eu
espero você gozar, Clara.
—Eu não consigo. —Eu gemia. Eu estava longe de relaxar. Meu sexo ardia
com seus golpes poderosos, e a tensão enrolando pelo meu corpo não tinha nada
a ver com a excitação.
Ele soltou meu pescoço e colocou a boca no meu peito, chupando meu
mamilo duramente em sua boca, e girando a língua sobre o bico. Em seguida, ele
mordeu, capturando em seus dentes e puxando-os até que eu gritei. Os dedos de
Alexander seguraram meu peito enquanto o sangue corria por sua carne sensível,
e então ele mordeu de novo, arrastando os dentes do outro lado da ponta
delicada. Algo mudou dentro de mim, e eu cedi ao tormento, permitindo-lhe
ultrapassar os meus nervos, e nesse momento, a dor transmutou em êxtase.
Eu arqueei para frente, chorando e gritando, enquanto o prazer balançava
através de mim, abalando meu mundo. Não havia nada, além do tapa pungente
de sua carne contra a minha. O gosto de ferro na minha língua e os lábios
inchados. A mordida afiada de seus dentes no meu peito. Havia apenas ele. Ele
era a minha luz na escuridão.
Ele empurrou minhas mãos para longe do meu rosto, e trouxe sua boca
para a minha. O beijo foi quente e profundo, e ele tomou seu tempo, separando
meus lábios gradualmente, até que um suspiro escapou. Não houve conflito de
línguas ou estreitamento de dentes, apenas um beijo deliberadamente lânguido,
que derreteu meu corpo testado além do prazer.
—Clara? —Ele disse meu nome com uma voz sedosa, chamando-me de
volta para ele.
E ele não tinha. A dor do encontro tinha envolvido meu corpo, deixando
apenas um êxtase de dor persistente em seu lugar.
Um gemido áspero escapou de seus lábios com o contato, mas ele não se
afastou, e ele não me impediu. Eu pressionei minha mão cautelosamente para
seu estômago, saboreando sua firmeza, e depois deixei minha mão à deriva ir
mais longe.
—Não!
Mas não havia raiva em suas palavras, apenas o medo e qualquer outra
coisa que ele manteve escondido. Fechei os olhos quebrando o contato
inebriante de seu olhar, para que eu pudesse pensar com clareza. E foi quando eu
vi o que ele estava escondendo.
Desejo.
—Você é hilária. —Eu disse, o brilho rosado nas bochechas ficando mais
profundo.
—Você verá, vai chegar a um grito Real. —Ela disse com uma piscadinha.
—Oh espere, você já deu todos esses gritos.
Dei a tigela para ela, e ela colocou alguns ao lado dos ovos.
—Eu aposto que você está, mas estes não são para você. Farei para você
alguns a seguir. Acredite ou não, você não foi a única que teve ação noite
passada.
Agora eram as bochechas dela que estavam vermelhas. Eu sorri para ela.
—Ei, sem julgamento.
Hesitei sem saber o quanto dizer a Belle. Por um lado, ela era minha
melhor amiga. Por outro, explicar as complexidades da minha relação com
Alexander, não era exatamente algo fácil. Ainda que, tentar esconder o que
realmente estava acontecendo, era de longe a coisa mais saudável que eu poderia
pensar, eu precisava de uma confidente. —Na verdade, eu saí sozinha.
—Eu não posso acreditar que você acabou de fazer uma piada com a
imprensa, após fazer pouco caso de minhas piadas mais cedo. —Belle disse,
fazendo biquinho.
—Eu vou admitir que não é meu material mais fresco. —Eu disse.
Eu gostaria de poder esquecer o seu nome. Se havia uma coisa que eu não
queria sequer pensar era em Pepper. Como alguém tão bonita poderia ser tão
incrivelmente feia? Mas eu sabia a resposta para isso. Pepper poderia ter
qualquer homem que ela quisesse, mas o problema era que ela queria o meu.
—A própria.
—Oh Deus. Suponho que não ajuda que ela é ainda mais bonita
pessoalmente. —Belle disse, jogando um braço em volta do meu ombro e
inclinando-se contra mim. —Ela parece uma vadia.
—Alguém tem que ser inteligente o suficiente para ver além de seu
pequeno ato.
Belle e eu nos assustamos, e ela olhou para seu noivo como se ele fosse o
culpado por nosso nervosismo. Eu sabia exatamente por que estávamos no limite.
Ele poderia facilmente ter sido Alexander caminhando através da porta.
—Isso não foi tudo o que ele ouviu. —Belle disse enquanto lhe estendia
um prato cheio.
—É claro. —Ela encolheu os ombros como se isso não fosse grande coisa,
mas eu vi o brilho quando se virou. Havia alguma dúvida quanto à sua capacidade
de ser uma esposa adequada, mas certamente o café da manhã pronto provou
uma coisa ou duas sobre isso.
Eu hesitei, dividida entre fazer com que ele se sentisse bem-vindo e não
querendo perturbá-lo. Havia também o fato de que eu achava difícil imaginar
Alexander sentar-se para o café da manhã num sábado. Isso era muito normal.
—Um vizinho. —Philip respondeu num tom cortante. Seu olhar cintilou
sobre mim antes de retornar ao seu prato, mas eu peguei um flash de nojo e pena
em seus olhos. Eu nunca fui uma grande fã de Sir Philip Abernathy, mas esta foi a
última gota. Ele não tinha o direito de olhar para mim desse jeito
—Chá. Sem leite. —Alexander disse, ficando à vista. Ele estava vestido
com sua camiseta e calça de smoking, mas seus pés estavam descalços. Eu doía
para rasgar as roupas dele e levá-lo de volta para a cama, onde as coisas entre
nós realmente faziam sentido. —Para café da manhã, tudo. Estou faminto. Eu
trabalhei bastante a noite passada.
Alexander piscou-me um sorriso malicioso, que sugeria que ele não estava
simplesmente com fome de comida. Se ele não tivesse cuidado, o pobre Philip
comeria seus ovos, enquanto assistia eu montando Alexander sobre o balcão.
—Oh, estou bem. —Não havia como ela ter feito o suficiente para nós
quatro.
—Uns ovos e torradas, eu acho. —Não havia como lutar contra isso. Ela
veria a comida descer pela minha garganta, por bem ou por mal.
Belle me deu o olhar “que foi agora”, olhando em direção ao bar, e eu fiz
uma careta. Philip me pareceu um tipo que muitas vezes reprovava as pessoas, e
em como eles gastavam seu tempo livre. Se eu tivesse que adivinhar, o passado
de Alexander não era algo que ele aceitaria bem, e se ele tivesse lido metade das
histórias que foram publicadas sobre Alexander em sites como o TMI, eu não
poderia culpá-lo. Mas ele não o conhecia. Eles estavam relacionados de alguma
forma distante, mas isso não significava que eles eram da família.
—Vamos às compras. —Eu olhei para Alexander sem querer, como se para
ver se estava tudo bem. Mas assim que eu percebi o que estava fazendo, eu
balancei. Eu não tinha planos com Alexander o que me deixava livre para fazer
outros planos.
Alexander percebeu o olhar e falou. —Eu tenho que estar com minha
família, e estou certo de que meu pai vai exigir algumas horas de explicação do
por que eu parti na noite passada.
—Então vamos lá! —Belle bateu as mãos em excitação. —Tem uma loja
nova em Notting Hill.
—Notting Hill aos sábados é um hospício. —Philip cuspiu, mas o
ignoramos.
—Eu preciso de um banho e então poderemos ir. —Eu falei. —Você tem
certeza de que não quer vir?
—Eu servi no Afeganistão e Iraque por sete anos. —Alexander disse com
uma voz baixa, irradiando desprezo. —Eu sei mais sobre o dever do que o inglês
médio pode compreender.
Mas ele girou na porta e me agarrou pela cintura, esmagando seus lábios
contra os meus em uma exibição possessiva, que claramente não era para mim.
Ele estava me marcando para Philip ver. Eu sabia que deveria pará-lo, mas eu já
tinha me derretido nele. Quando ele se afastou, ele passou um dedo sobre meus
lábios machucados e sorriu severamente.
—Divirta-se hoje.
Engoli em seco e balancei a cabeça, fazendo o meu melhor para parecer
alegre.
Alexander fez uma pausa como se quisesse dizer algo, mas ele abriu a
porta em vez disso. —Te vejo em breve, boneca.
Parte de mim queria girar ao redor e gritar com ela pelo que Philip tinha
dito, mas não era culpa dela. Eu não estava me sentindo tão indulgente com
Philip.
—Cinco minutos!
—Sua mãe nunca te disse para não acreditar em tudo o que ouve por aí?
—Eu suponho que sim. —Philip disse. —Mas ela também me disse para
ter cuidado em quem confio. Eu confio nas pessoas que me disseram sobre
Alexander e o que ele faz para as mulheres. Como ele as usa. O quão distorcido
ele pode ser quando as recebe sozinho. —Ele deu um passo mais perto de mim.
—Então me deixe perguntar para você Clara, você confia em Alexander?
Isto não era novidade para mim, mas a questão da confiança era uma
história completamente diferente. Eu considerei isso por um momento, pensando
no que eu tinha experimentado desde que eu comecei a ver Alexander, mas
depois pensei em seu rosto quando ele revelou-se para mim na noite passada, do
frágil controle que ele exibiu quando eu ofereci meu corpo para ele de qualquer
maneira que ele precisasse, e eu tive a minha resposta. —Eu confio nele.
—Então eu espero pelo seu bem que eu esteja errado. —Philip disse. —
Tenha cuidado, Clara.
*****
Boneca,
Espero que você tenha uma semana de trabalho menos
dramática. Estou ocupado com os negócios da família.
Te vejo em breve.
—Sim, Eu peguei. Obrigada. —Era melhor deixar por isso mesmo, embora
o meu novo patrão fosse um urso de pelúcia.
Sim, pensei, especialmente na parte que ela sai correndo do baile. Mas eu
não lhe disse isso, dei de ombros deixando sua boa índole levar a melhor. —Eu
voltei para casa com meus dois sapatos, então infelizmente, não.
Rolei meus olhos e peguei o notebook. —Não temos uma reunião para
preparar?
—Eu deveria pedir alguma coisa. —Ele disse, checando seu relógio. —
Prometi as meninas não trabalhar neste fim de semana, agora minha caixa de
entrada está cheia.
—Na verdade, vou pegar algo para comer aqui. O que posso pegar para
você? —Eu perguntei.
Um sorriso aliviado surgiu em seu rosto. —Clara, você é uma santa. Tem
um lugar indiano incrível na esquina, mas eles lotam no almoço. É melhor pedir.
Eu achei o local indiano e fiz o pedido. Coloquei meu cabelo sobre meu
ombro esquerdo, sentindo já o começo do verão, mesmo sendo maio ainda. O
local estava lotado, todos queriam conseguir algo para comer.
Bennett bateu na minha cabine e enfiou a cabeça. —Ei, você está bem?
Você parece desligada.
Sabendo que ele quis fazer uma piada, eu forcei um sorriso. —Eu preciso
terminar isso e então irei embora daqui.
Do lado de fora do saguão, eu teria que enfrentar meu passado. Não havia
tempo para me desesperar pelo meu futuro.
—Isso é uma piada para você, não é? Você tem sentimentos? Porque de
onde estou, parece que você se esqueceu de que é humano também. Conte-me
seus segredos! Compartilhe isso comigo. Você não pode, pode?
—Ajudar? Ajudar? —Uma risada maníaca saiu de mim. —Eu não preciso
de sua ajuda. Você não vê isso? Eu não preciso que você me conserte.
—Pare. —Eu disse com uma voz baixa. —Não me toque, porra.
Eu não poderia culpá-lo por não ter vindo, mas ele enviou Norris e
cumpriu sua promessa, mesmo que eu não valesse o esforço.
Dessa vez sua mandíbula realmente tencionou. Preparei-me para que ele
se fosse. Lutei contra as lágrimas. Mas Alexander não se foi, ele deu dois passos,
parou e socou a parede. Eu pulei em pé, observando seus dedos feridos e o gesso
caindo no chão.
—Eu sinto muito. —Eu gritei, sem poder mais segurar minhas lágrimas. —
Não sou perfeita. Eu lamento que você não soubesse. Mas você precisa partir.
Alexander virou para me encarar. —Você acha que estou bravo com você?
—Eu não tenho ideia de como eles descobriram isso. —Eu continuei
minha confissão numa torrente nervosa. —Eu estive em terapia antes da
universidade, e eu vi um conselheiro privado no meu primeiro ano de faculdade.
Houve uma recaída um ano atrás, mas isso era tudo confidencial.
—Eu percebi isso agora. Eu percebi que te devo uma explicação, mas...
—Se você precisar, eu ouvirei. Mas você não me deve explicação. Nada
que diga mudará as coisas entre nós.
—Eu não quero ir. —Alexander deu um passo até mim e parou. —O que
você acha que eu estou dizendo para você?
—Eu entendo. —Eu disse incapaz de olhar para ele. —Você não precisa de
mais drama em sua vida, e nem de uma namorada que precisa de um alarme para
comer. Eu não culpo você por isso.
—Eu não vou deixar você. —Ele disse com uma voz macia. —Eu nunca quis
perfeição. Eu quis você.
—Eu ainda quero que você entenda. —Eu murmurei. Ambos tínhamos
segredos e eu compreendi que não podia manter o meu de Alexander.
—Finalmente, uma menina mais velha levou-me sob sua asa. Ela me
ensinou sobre a situação e os meninos. Por alguma razão, eu pensei que ela fosse
muito popular. Provavelmente porque ela parecia feliz. E então, um dia, ela foi ao
banheiro e vomitou depois do almoço.
Alexandre ficou rígido em torno de mim, mas ele acenou para continuar.
O dedo de Alexander voou para meu queixo e ele virou os meus olhos até
os seus. —Você não é idiota.
A dor em meu peito espalhou-se como fogo enquanto ele falava, mas eu
me forcei a continuar. —Me dei bem com a terapia. Eu aprendi que o meu
distúrbio alimentar era um mecanismo de enfrentamento que eu usei por estar
estressada, ou solitária. Eu fiquei em tratamento até o meu segundo ano na
universidade, e então eu conheci Daniel.
—Foi bom por um tempo, mas depois as coisas mudaram. Ele mudou.
Num minuto ele me fez sentir como a pessoa mais importante em sua vida, e no
próximo eu era a razão pela qual ele era infeliz. Ele criticava o quanto eu comia,
destacava o quão pouco eu me exercitava. Ele competia comigo por notas.
Quando meus pais me deram acesso ao meu fundo fiduciário, chegamos em casa
depois da minha festa de aniversário, e eu lhe disse que estava cansada. Ele não
gostou disso. Ele me acusou de ser superior a ele. Ele disse que eu estava sendo
elitista, e que eu era muito esnobe para transar com ele. As coisas pioraram
rapidamente e ele quase...
—Eu não precisei. —Eu disse com um sorriso sem humor. Era impossível
compreender como eu fui ingênua. —Os resultados deram negativo. Eu não
estava grávida. Eu estava desnutrida. Meu fígado mal funcionava. Eu estava
morrendo. Eu não tinha propositadamente parado de comer. Eu não tinha
percebido que eu estava fazendo isso. Os médicos questionaram e sugeriram que
eu voltasse para a terapia, especialmente um grupo de apoio. Foi aí que eu
percebi que tinha me agarrado a uma ideia de controle que não existia. Não
comer era algo que eu escolhi. Talvez por causa das coisas horríveis que ele disse
sobre o meu corpo. Talvez porque inconscientemente, eu precisava
desesperadamente controlar alguma coisa. O meu grupo me ajudou a ver que eu
tinha dado a ele o controle sobre mim. Então, quando eu digo que ele me
quebrou, é o que eu quero dizer. Eu o amava e ele quase me matou. Pelo menos,
eu pensei que o amava.
—Agora… —Eu parei incerta de que fosse o caso . Agora eu tinha alguém
para comparar a Daniel, mas não me atrevi a dizer isso a Alexander. —Vamos
apenas dizer que a distância me deu perspectiva. Embora depois de hoje, eu sinto
como se tivesse sido jogada de volta no tempo. Suponho que não importa o quão
longe eu cheguei, eu não posso mudar o que aconteceu, e isso significa que às
vezes eu tenho que enfrentá-lo.
Eu balancei a cabeça. Eu não queria jogar isso de volta para ele, não
depois de o quão longe nós chegamos nos últimos dias, mas evitar não ajudaria.
—Eu pensei isso no início também. Mas você não é ele, e eu estou mais
forte agora.
—Na maioria dos dias não penso sobre isso. Eu como. Me visto. Eu saio
para correr. Outros dias me pego desejando ter um corpo como o de Pepper.
Seus olhos brilharam com a menção de seu nome, mas ele não falou. Em
vez disso, ele me levantou em seus braços, sem uma palavra. Eu passei meus
braços em volta de seu pescoço enquanto ele me embalava contra seu peito.
Alexander arrombou a porta do banheiro com o pé, e me levou para o espelho.
Pondo-me suavemente sobre os meus pés, ele me orientou para encarar o meu
reflexo. Ele moveu seus lábios para os meus ouvidos, enquanto seus dedos
habilmente abriam o zíper do meu vestido, empurrando-o, passando por meus
ombros com lenta deliberação.
Ele demonstrou com outra carícia de seus lábios, mas desta vez os dentes
afundaram levemente na carne, e eu ofeguei em aprovação. Um sorriso satisfeito
curvou em seu rosto. Alexander plantou beijos enquanto ele descia as alças do
meu vestido para baixo, pelo comprimento dos meus braços. —Longo e fino.
Estas sardas me deixam louco. —Ele parou. —A maneira como eles ficam em
volta de mim, agarrando-se a mim enquanto eu monto você. Perfeição!
—Eu não culpo você. —Ele disse com um sorrisinho. —Mas agora quero
que você preste atenção. Siga meus lábios com os seus olhos. —Ele entrou no
espaço entre o meu corpo e o balcão, ainda segurando minha mão, e caiu de
joelhos. Tomando minha outra mão, ele guiou meus braços atrás das costas,
obrigando-me a ficar reta e empurrando meu peito mais perto de seus lábios em
espera. Ele inclinou a cabeça para cima, pegando meu mamilo na boca. Eu fiz
como me foi dito, observando sua língua em torno da ponta, enrolada antes dele
chupar entre os seus dentes. Meus seios incharam com sua atenção, ficando
cheios e pesados. Meu corpo doía com a construção da tensão, quando ele
debruçou sobre os calcanhares e virou-se para o espelho. —É quase clichê dizer-
lhe que seus seios são perfeitos, mas eles são. Cheios e maleáveis. Eu nunca posso
decidir se eu quero chupá-los ou fodê-los.
—Você gostaria disso? Você quer que eu enfie meu pau entre seus seios?
—Você sabe como me sinto sobre isso. —Os lábios de Alexander subiram.
Suas palavras sussurravam em meu sexo inchado. —Sua boceta foi feita para
mim. É tão apertada, que esmaga meu pau quando estou dentro de você,
drenando cada gota de mim. Mas você sabe disso. Você sabe que tem uma
boceta gananciosa, não é? Eu quero que você veja. Eu vou te foder com a minha
língua, para que possa ver como você é linda quando goza.
Mergulhando entre meus lábios passando pela minha tanga, ele deslizou a
língua sobre a minha fenda, pousando no meu clitóris. Ele empurrou minhas
pernas mais abertas, para que eu pudesse vê-lo no espelho. Era demais vê-lo
entre as minhas pernas, observando como sua língua acariciava e chupava, mas
não me atrevi a virar. Minhas mãos emaranharam em seus cabelos, segurando-
me a ele enquanto meus quadris esfregavam contra a sua boca.
Meus músculos contraíram. Tensão apertando-os a cada chicotada de sua
língua. Eu vi quando meus olhos nublaram com ar sonhador, e meus dentes
morderam meu lábio inferior. Meu peito movia-se em antecipação, e uma
película de suor alastrava-se por toda a minha pele. Eu já não queria me afastar,
eu tinha perdido minhas reservas na boca meticulosa de Alexander, e eu não
resistia contra sua língua talentosa.
Eu estava perto, mas meu corpo queria mais. —Eu quero ver seu pau
dentro de mim.
—Você quer isso? —Seus olhos estavam nublados enquanto ele esfregava
seu pênis rígido.
—Não. —Eu sussurrei, sem me importar com o risco que corria. —Eu
quero seu corpo.
Sua imagem se deteve atrás de mim quando ele captou minhas palavras.
—Você não quer isso, Clara.
—Não há nenhuma parte do meu corpo que você não queira, certo? —
Esperei ele concordar. Ele o fez com firmeza, mas também, depois de sua
exposição, não tinha como negar. —Não há nenhuma parte de seu corpo que eu
não queira.
—Eu senti as cicatrizes. Eu sei. —Falei com delicadeza, sem saber como
ele reagiria ao ser lembrado daquela noite. Eu só podia confiar no meu instinto.
—E eu quero você. Tudo em você, X. Tudo nele me deixa tão excitada.
Sua mão sumiu de vista, e um momento depois, sua ampla coroa cutucou
dentro de mim. Alexander empurrou seu pênis com cautela em minha fenda. Em
seguida, suas mãos estavam em meus quadris, me forçando para baixo até que eu
tomei seu pênis. Apesar do meu pedido, seus quadris mexeram com movimentos
lentos e deliberados, permitindo que o meu corpo se ajustasse a sua deliciosa
grossura. Suas mãos deslizaram em meu estômago, circulando e apertando meu
torso, enquanto suas estocadas se aprofundavam. Mergulhando em meu
pescoço, seus dentes pegaram a curva dele, me mordendo enquanto seu membro
era enterrado até à raiz contra o meu sexo.
Eu queria vê-lo, tudo dele, como ele me fodia, então eu inclinei-me para
frente, me livrando de suas mãos. Afundando para frente, ofegando enquanto ele
penetrava mais profundo. Meus olhos estavam fechados contra seu reflexo, mas
eu absorvia em sua forma magra enquanto ele se dirigia em mim.
Ele era lindo, e ele era meu. As cicatrizes de seu passado não me
assustavam, elas me atraíam para ele. E ele precisava saber disso.
—Abra seus olhos, X. —Eu ordenei com uma voz forte, com certeza. Ele
tinha me mostrado como ele me via, e eu queria retribuir o favor. —Eu quero que
você veja o que você faz para mim. Eu quero que você veja o que eu vejo.
Fugindo para longe dele, meu sexo inchado e cheio, virei-me e cruzei os
braços em volta dos seus ombros.
—Brimstone. —Eu sussurrei, não só para meu benefício, mas para o seu
bem. Ele pensou que poderia superar o passado, controlando o presente.
Sua cabeça caiu para o meu peito, e ele me recolheu em seus braços,
levantando-me para sentar-me no balcão. Quando ele finalmente olhou para
cima, a chama de seus olhos se foi, e vi através dele. Nós fomos despojados um
ao outro, desprotegidos e vulneráveis. Ele ternamente posicionou-se contra a
minha entrada maltratada, fazendo uma pausa enquanto seus olhos pediam
permissão. Já sem hesitar, eu me embainhei ao seu pênis, sabendo que não havia
outra escolha.
—Se você continuar olhando para mim assim, eu vou ter que levá-la de
volta para a cama. —O tom de brincadeira em sua voz fez meus dedos do pé
enrolarem.
—Eu avisei que eu sou um homem que toma o que quer. —Ele ronronou.
—Pare de lutar contra mim ou você não irá. —Ele me prometeu, com um
brilho sombrio em seus olhos.
—Embora este sutiã seja irritante. —Ele disse com voz rouca. —Seus seios
pertencem à minha boca. Não é, Clara?
—Sim!
—É claro que você sabe sobre isso. —Ela soltou. —Sua foto está na capa
de todos os jornais em Londres. Ele está apenas tentando fazer um pouco de
controle de danos.
Controle de danos. Eu sabia exatamente o que ela quis dizer com isso.
Meus pais tinham controlado os danos à sua reputação por anos. Era a maneira
agradável de dizer suborno e ameaças. Eu tinha experimentado estar no centro
de controle de danos antes, mas agora que eu era adulta, eu não permitiria. —Eu
prefiro que você me deixe lidar com isso.
Ela olhou como se ela seriamente duvidasse disso, mas ela colocou os
braços em volta de mim, me apertando até eu recuperar o fôlego. O que era para
ser um gesto de conforto, só me deixou com dor, como sempre. Quando ela
finalmente me liberou, eu olhei nervosamente em direção ao hall.
Eu precisava que ela saísse daqui.
—Estou bem, mãe, realmente. —Eu prometi a ela, com voz fraca,
conduzindo-a para a porta.
—Isso é o que você disse antes. Quando você começou a ver Alexander de
novo? Não tente negar! Sua aparição com ele naquele baile estava por toda a
internet. —Ela sacudiu um dedo para mim, parando apenas quando ela percebeu
o que ela estava fazendo. Limpando a garganta, ela ajeitou o lenço de seda e
mudou de direção.
—Você sabe o que? —Caminhei até a porta da frente. —Eu cuido isto. Eu
não preciso de você, Lola ou papai me ajudando.
Mamãe vacilou um passo à frente com os olhos fixos na porta, antes que
ela explodisse em lágrimas. —Você está me cortando de sua vida, Clara. Você
sabe como isso é perigoso. Será que ele sabe? Já falou com ele desde que a
história vazou?
Eu não tinha certeza do que me deu mais raiva: a ideia de que ela pensava
que esta história afetaria a forma como ele se sentia sobre mim, ou que ela não
tinha a minha confiança. Eu tinha me preocupado o suficiente sobre sua reação à
revelação, e Alexander tinha me surpreendido, mesmo que ele tenha levado a
noite toda para me convencer de que não importava. Agora, a minha mãe, a
pessoa que deveria me mostrar o amor e apoio incondicional, estava em pé
diante de mim confessando que ela pensava que eu era mercadoria danificada.
—Ele sabe. —Mas não fui eu quem finalmente respondeu sua pergunta.
Alexander saiu do corredor escuro, com um feixe de luz da manhã que brilhava
através da janela da sala. Ele estava com a calça jeans desgastada e uma
camiseta, mas não havia dúvida de sua autoridade. Ela escorria de sua voz e
irradiava de seu porte confiante. Alexander era todo homem, e sua postura
ninguém se atrevia a questionar. —Você deve ser a mãe de Clara. Estou feliz em
conhecê-la, senhora Bishop.
Alexander ofereceu sua mão, mas ela não se moveu. Minha mãe estava
congelada no local.
Ela olhou dele para mim e de volta, em seguida, olhou de volta. —Bem, eu
estou feliz que ela lhe disse. Relações devem ser construídas sobre honestidade.
Você não concorda, Alexander?
—Eu acho que seria melhor para todos nós, especialmente Clara, se
tivéssemos alguém tentando conter esta história. Eu tenho certeza que você
concorda com isso também. —Ela estalou os dedos bem cuidados juntos
enquanto ela falava.
—Eu não posso prometer nada, mas eu tenho o meu melhor homem
olhando para as circunstâncias por trás da história. —Ele nos disse.
Eu recuso esta informação. Eu disse que não queria que ele se envolvesse.
—Isso aconteceu por minha causa. É o mínimo que posso fazer. —As
palavras ardiam dele como uma panela em fogo baixo. Talvez Alexander não
estivesse lidando com o aumento na minha publicidade tão bem quanto eu
pensava.
—Mãe! —Eu a agarrei. Claro, ela conseguiu uma obrigação social dele
imediatamente.
Segui-os e abri a porta para ela, acenando com entusiasmo enquanto ela
continuava a planejar em voz alta. Cinco minutos mais tarde, eu fechei a porta.
Mole contra ela, eu deixei cair a minha cabeça e respirei fundo. —Sinto muito por
isso.
—Não! —Eu gritei, assustando ele e a mim mesma. —Claro que eu quero,
mas eu entendo se você não se sentir confortável.
—Não. —Ele concordou, com sua voz ficando rouca. —Ninguém merece
me aturar.
Eu não tinha uma resposta para ele. Então esmaguei meus lábios nos dele.
Num piscar de olhos, ele estava no controle, abrindo minha boca e mergulhando
sua língua em minha boca. Eu me perdi, provando-o, deleitando-me com ele. Eu
passei uma perna em torno dele e circulei contra ele para aliviar a pressão que
aumentava no meu núcleo. Alexander fechou em volta da minha cintura e se
afastou, respirando pesado e quente contra o meu pescoço.
Lambi meus lábios no tom sugestivo em sua voz rouca. —A menos que?
—Esta noite. —Não era uma pergunta. Era uma promessa de coisas vindo.
*****
Olhei para cima para encontrar seus olhos, grata que pelo menos ele ainda
podia me olhar no rosto depois dos tabloides de ontem. Mexi em alguns arquivos
na minha mesa, achei a lista que tínhamos inventado no dia anterior, e marquei
tarefa concluída. —Vou trabalhar para reunir as estatísticas sobre a
disponibilidade de água limpa e mortalidade infantil.
—Posso apenas dizer que estou muito grato por ter alguém ajudando com
isso. Eu tenho que ser honesto, ainda estou em estado de choque que Isaac Blue
escolheu trabalhar com a gente. —Bennett deixou-se cair em uma cadeira na
minha frente. Seu terno Oxford estava enrugado e havia bolsas sob os olhos.
—Duas meninas é muito para dois pais lidarem, e eu sou tudo que elas
têm. —Ele admitiu. —Eu não posso evitar pensar que eu posso estar as
estragando.
—Eu nem sei o que faria se tivesse uma noite de folga. Eu provavelmente
trabalharia.
—Então, o que você acha? —Ele abriu os braços. —Como está o seu
primeiro show pós-universidade?
Ele levantou uma sobrancelha, nivelando o olhar com o meu. —Isso foi
bastante convincente.
—Eu acho que eles estão intimidados por você. —Ele disse honestamente.
—Eu? —Foi a coisa mais absurda que já ouvi.
—Eiii. —Ele falou. —Isso vai passar e, em seguida, ninguém lembrará que
você namorou o... qual-seu-nome?
—Bela tentativa. —Eu resmunguei. —Ainda assim, eles viram seus textos
para mim. Eles ainda se lembrarão de que eu sou a menina com o transtorno
alimentar.
Eu tinha passado por isso antes na minha escola. Era impossível ignorar o
olhar de dissecação, como eles avaliavam o seu corpo e o quanto você comia no
almoço. Eu fugi de lá então, mas isso não era mais uma opção. Eu não queria que
fosse.
—Então lhes mostre que você é mais do que tudo isso. —Bennett
levantou-se e acenou para eu sair da minha cadeira.
—Então foi o agente publicitário de Isaac Blue que disse que ele estava
interessado nessa campanha? —Eu perguntei. —Só por curiosidade.
Bennett recostou-se na cadeira, cruzando os braços atrás da cabeça, e
deu-me um sorriso triste. —Ela me vendeu seu profundo compromisso com a
causa, mas se eu for honesto, eu acho que nós estamos sendo contratados para
reformar sua imagem.
Isso é o que eu imaginei. Eu sabia o que era ser alvo dos tabloides, mas eu
não estava empolgada para receber mais drama no meu do dia-a-dia. E Isaac Blue
era, claramente, problema.
—Eu acho que devemos apenas estar felizes por ele querer ajudar. —Eu
disse saindo da sala.
Quando voltei para a minha mesa para embrulhar minhas notas finais, já
pensando em como eu passaria a minha noite, ou melhor, com quem eu passaria
a minha noite, uma ruiva estonteante parou na minha frente e me estendeu uma
carta.
—Obrigada, Tori. —Eu não tinha certeza do que dizer, então eu cruzei os
meus pés.
—Hum, eu não sei. Como ele era? —Eu perguntei, um pouco surpresa com
a pergunta.
—Combinado.
—Eu sei onde você trabalha, então não acho que você poderá voltar atrás.
—Ela me lançou uma piscadela, e flutuou de volta para sua mesa. Eu fiz uma nota
mental de onde ela estava sentada, tentando anexar o rosto e nome ao local.
Boneca,
X.
Exalei trêmula, percebendo que eu prendi a respiração enquanto lia, mas
eu sabia que as tonturas na minha cabeça não eram por prender o fôlego. Isso era
apenas o seu efeito sobre mim. O efeito X, pensei ironicamente.
—Alexander.
CoCo era o último lugar que minha mãe teria escolhido para o jantar. Ela
me disse isso, e foi exatamente por isso que eu escolhi o bistrô sazonal
confortável em Notting Hill. Apesar de ter algumas das melhores comidas de luxo
em Londres, ele também tinha salas de jantar privadas. Privado e despretensioso?
Apenas o que eu precisava para relaxar.
Notting Hill em uma noite de junho amena parecia outro mundo. O caos
agitado de Londres não se estendia para o bairro sonolento. Marquei lojas que eu
queria parar com ele em algum momento enquanto caminhávamos na Portobello
Road, e esperávamos em poucas barracas abertas até tarde em uma noite de
quarta-feira, folheando livros antigos e antiguidades de valor questionável. Mas,
quando Alexander e eu finalmente fomos ao restaurante, os meus nervos
desenfrearam.
Para não mencionar que Alexander e eu não tínhamos uma relação típica,
e eu nunca podia ter certeza se ele, de repente, me calaria.
—Na verdade, estou cansada. —Eu não estava mentindo. Meu corpo não
havia se ajustado a acordar cedo para o trabalho, ou às minhas atividades
noturnas recentemente implementadas.
—Eu sinto que deveria pedir desculpas por mantê-la acordada até a
metade da noite. —Ele disse, me aproximando e beijando o topo da minha
cabeça. —Mas eu não lamento.
—Eu diria que vocês são íntimos. —Eu corri minha língua sobre os meus
lábios e soprei-lhe um beijo.
—Você precisa descansar. —Ele foi sincero, mas eu suspeitava que a sua
abnegação valente não durasse muito tempo, até que ele acrescentou. —Vou lhe
enviar para casa sozinha esta noite.
—Você não pode dizer isso depois do jantar. —Estendi a mão para a porta,
mas Alexander pegou-a, me puxando contra ele.
—Os irmãos Grimm não devem nada a você. —Eu provoquei, mas engoli
em seco ao pensar em Alexander e um “felizes para sempre”.
—Eu adoro quando você se irrita. Isso me faz querer bater na sua pequena
bunda bonita. —Seus olhos nublaram enquanto falava, e um arrepio de
antecipação percorreu meu pescoço.
—Alexander, essa é minha irmã, Lola. —Inclinei a cabeça para ela com um
sorriso de boca fechada. —Lola, permita-me apresentar...
—Oh, não acho que seja necessário. —Ela disse enquanto segurava a mão
dele. —É adorável conhecê-lo. Clara me contou absolutamente nada sobre você.
Lutei para dizer alguma coisa para quebrar o gelo, mas foi inútil. Os nervos
que Alexander conseguiu que eu vencesse, voltaram com intensidade paralisante.
Assim que o momento ficou dolorosamente desconfortável, ele deu um passo
para frente e abriu a porta, gesticulando para entrarmos.
—Pegue o Daily Star. —Eu rebati, incapaz de conter o meu humor doentio
por mais tempo.
—Clara! —Ela disse, me repreendendo como ela fazia quando eu era uma
garotinha.
—Agora essa é uma longa história. —Ele disse, com seu glorioso sorriso
em exibição. —Mas eu vou te dizer que eu passei o resto do dia tentando
descobrir quem era sua irmã. Ela se esconde em Oxford.
Minha mãe concordou com isso. —Ela não é muito social. Eu fiz o meu
melhor, mas às vezes, a natureza tem outros planos.
Eu não podia me imaginar tendo esse efeito nas pessoas. Era duro o
suficiente ser examinado pelo público. Algo que eu recentemente aprendi.
Quanto pior era ter pessoas com medo de você? Alexander não parecia
perturbado por esse tipo de atenção. Ele nem sequer notava, tanto quanto eu
poderia dizer. Claro, isso era parte do que o fazia tão formidável: como ele
carregava seu poder com tanta franqueza. Não era uma afetação ou um show. Era
seu direito de primogenitura.
Agradeci-lhe em voz baixa, grata que ele tinha sido o único a desafiar a
ordem de silêncio da minha mãe. Alexander inclinou-se e me beijou. O deslize
macio de seus lábios foi suave e protetor. Um lembrete de que ele cumpria seu
trabalho cuidar de mim. Meus olhos se fecharam instintivamente, à espera de
mais, e minha mãe limpou a garganta.
—Tem. —Ela admitiu. —Mas ouvi dizer que a realidade é bem diferente.
Embora eu seja uma boba pelo “felizes para sempre”.
—Não é tão excitante quanto parece. —Ou ele não pegou sua dica, não
muito sutil, do que ela escutou mais cedo, ou o homem sabia como blefar.
—Fala sério! —Ela gritou. —Aposto que você cresceu andando a cavalo e
caçando raposas.
A boca de Alexander curvou para cima, seus olhos ficaram distantes com
alguma lembrança. Era óbvio que Lola tinha batido em algo. —Suponho que sim.
É um pouco chato realmente. Jantares com dignitários estrangeiros. Aulas de
equitação. Embora eu nunca tenha gostado de caça.
—Sou um membro do PETA. —Ela informou a ele. —Eu não aprovo a caça.
Foi a primeira vez que ele falou de sua família e da infância com tal leveza,
e eu ouvi com muita atenção. O passado de Alexander era um fardo pesado sobre
ele. Eu não poderia evitar pensar o que poderia ter sido diferente se não tivesse
sofrido tanta tragédia e perda no início da vida.
—Eu realmente não pensei muito sobre isso. —Alexander explicou com
um sorriso estranhamente tímido. —Então a levei para o meu quarto.
—Aposto que seus pais adoraram isso. —Minha mãe disse secamente.
Minha mãe não respondeu, mas sua postura enrijeceu. Meu estômago
revirou pela óbvia resistência às desculpas do meu pai.
Pela primeira vez, não parecia que minha mãe estava sendo delicada.
Parecia que ela estava sendo forte.
*****
Meu pai sempre foi obcecado com o investimento em novas empresas. Ele
tinha dezenas de ações, mas não cumpriu o seu desejo de construir algo próprio.
Ele vendeu a partner.com porque precisava do dinheiro, mas também porque ele
esperava construir outra empresa de sucesso. Quase vinte anos de investimentos
e de ideias mais tarde, sua única reivindicação para a fama, foi o site de namoro
ainda popular. Mamãe o havia encorajado. Então, o que mudou? Eu não podia
imaginar uma rixa entre os dois.
Essa noite era para supostamente ser sobre nós. Nosso relacionamento. E
eu tinha passado a noite analisando o que estava acontecendo com os meus pais.
Talvez eu estivesse evitando o óbvio. Alexander e eu tínhamos os nossos próprios
problemas para lidar. Era muito mais fácil preocupar-se com o casamento de
outra pessoa.
—Eu te devo favores sexuais. —Eu ronronei, minhas mãos indo para a
fivela do cinto para liberar sua ereção grossa.
Alexander gemeu. Suas mãos deslizaram pelo meu queixo enquanto ele
segurava meus lábios nos dele em um beijo lânguido, que me deixou sem fôlego
quando ele se separou.
—Venha para o campo comigo esse fim de semana. —Ele respirou fundo.
Tempo sozinha com ele, longe de Londres e sem paparazzi? —Você ainda
pergunta?
Eu congelei. —Eles?
—Minha família.
—Você quer que eu passe o fim de semana no campo com a sua família?
—Eu perguntei.
—Você não quer passar algum tempo a sós com eles? —Isso soou fraco e
eu sabia.
—Você pode comer, beber e dormir, mas você não tem tudo o que
precisa. —Alexander rolou seus quadris contra minha virilha. Meu sexo apertou
com sua ereção em mim.
—Eu pensei que você me devia favores sexuais. —Ele disse com um
sorriso diabólico vindo em seu rosto.
—Prometi antes de descobrir que eu estaria lidando com sua família por
um fim de semana inteiro. Vamos chamá-lo de um empate X, ou você vai me
pagar por um longo tempo. —Mas com o desejo agrupado entre as minhas
pernas, vibrando através do meu clitóris, eu sabia que era uma causa perdida.
—Oh, boneca. —Sua boca deslizou em toda a minha clavícula enquanto
suas mãos desviaram debaixo da minha saia. —Estou mais que feliz por ficar
devendo a você.
—Você sabe que há recursos finitos no mundo. Você pode poupar alguns
pares de calcinha.
—Eu adoraria ouvir mais sobre suas calcinhas. —Ele disse com um
sorrisinho. —Mais tarde.
A casa de campo era uma extensa propriedade com quarenta quartos em
mais de cem acres de terra privada. Eu estive em mansões antes, mas Norfolk Hall
superava. Ela pertencia a um tempo e lugar completamente diferentes. A fachada
foi cuidadosamente remodelada para se aproximar do tijolo original do século
XVI. Havia estábulos e quadras de tênis no local. No interior, pisos de mármore,
arte de valor inestimável, e balaustradas de mogno polido aperfeiçoavam a forma
imponente. Eu senti como se tivesse sido convidada para entrar em um museu.
Era demais para absorver de uma vez, e não era apenas devido à propriedade.
Eu temia a ideia de lidar com seu pai no fim de semana. O Rei não se
preocupou em esconder seus sentimentos em relação ao nosso relacionamento.
Quando chegamos, eu descobri que era muito pior do que uma reunião de família
estranha. A família de Alexander estava aqui, junto com mais de uma dúzia de
seus amigos. Eu conheci alguns deles no baile, e eu não estava ansiosa para vê-los
novamente.
Nós chegamos tão tarde, que o jantar já havia sido servido, e pelo tempo
que eu cheguei ao meu quarto, meu estômago estava resmungando. Agarrando
uma barra de proteína da minha bolsa, eu dei uma olhada ao redor. Eu tinha que
admitir, ainda que a contragosto, que o meu quarto era espetacular. Completo
com uma cama de dossel e uma vista deslumbrante da paisagem Inglesa, a única
coisa que estava faltando era Alexander, que foi colocado em seu próprio quarto.
Suspirei com saudade e balancei a cabeça. Não era justo que ele tivesse
esse efeito sobre mim.
Alexander pressionou seu dedo nos meus lábios. —Guarde esse só para
mim.
—Sim. Estava perdida. —Eu admiti enquanto ele oferecia seu braço.
2
fardamento provido de galões e botões distintivos usados pelos criados de casas nobres e senhoriais.
Alexander agarrou meu braço. —Preciso resolver uma coisa. Edward
cuidará de você.
—Oh, não me refiro aos tabloides. —Ela disse. —Pepper tem falado de
você por semanas. Alexander conta tudo a ela.
—Eu duvido disso. —Eu disse serenamente. Ela estava tentando me fisgar,
mas eu não estava prestes a morder.
—Passo a maior parte do meu tempo tentando não bater neles. Eu acho
que eu desenvolvi um radar.
—Tenho minhas razões. —Ele disse com um encolher de ombros sem dar
maiores detalhes. —E eles precisam de mim para lhes dar ares de legais. Em
algum lugar ao longo do caminho, eles tiveram a ideia de que sair comigo significa
que eles não são aristocratas babacas.
—Então por que você está aqui? —Eu perguntei. Talvez David tivesse uma
veia niilista, mas eu não podia ver ninguém que escolhesse o tormento de passar
tempo com essas pessoas, sem um motivo muito bom. E eu estava morrendo de
vontade de saber o que era.
—Lamento por seu vestido. —Pepper disse. —Menos mal que é medonho.
Eu olhei para ela, mas fechei minha boca. Pode ser inteligente manter
meus inimigos perto, mas era ainda melhor manter minha boca fechada em torno
deles. Eu não tinha dúvida de que cada palavra pronunciada a ela seria distorcida
e usada contra mim. Edward observava do outro lado da sala. Apesar da
preocupação escrita em seu rosto, ele não largou o taco de bilhar.
Meus passos ecoavam no corredor vazio. Nem mesmo uma lasca de luz
escoava das portas fechadas que ladeavam o corredor. Passei por cada uma e
parei quando eu finalmente ouvi vozes iradas. Arrastei-me em direção a elas,
escondendo-me nas sombras. Não que eu quisesse escutar, mas eu suspeitava
que a minha intrusão não fosse bem-vinda.
Apertei-me na porta para ficar fora de vista. Como eu não tinha visto isso?
Minha mente repetia a reação de David à troca desagradável com Pepper, e a
partida de Edward. Eu me perguntei por que David ficava ao redor, quando ele
detestava claramente a maioria de seus companheiros. Agora eu sabia: ele estava
tão preso quanto eu.
—Eu lamento que tenha que ser assim. —Edward soltou seu braço. —Eu
gostaria que fosse diferente. Eu amo você.
David passou a mão sobre seu cabelo curto. —Isso não funciona mais. Não
é mais o suficiente. Amar não te leva a lugar nenhum. Se você quer que as coisas
sejam diferentes, então as mude.
—Esperar que seu irmão resolva seus problemas não vai mudar as coisas.
—David disse asperamente. —Pelo menos isso não mudará as coisas comigo.
Edward deslizou um dedo pela bochecha de David e sacudiu a cabeça com
tristeza. —Me diga o que dizer.
—Nos dê licença. —Priscilla assobiou. Ela tentou passar por mim, mas se
desequilibrou e Jonathan a endireitou.
Uma careta cruzou meu rosto. Eu sabia que não estava imaginando a
pitada de ciúme no tom dela.
Assim que partiram, eu refleti no que tropecei. Será que Alexander sabe?
Alguém? Eu entendi porque David estava com raiva, mas eu acho que eu sabia
por que Edward tinha mantido a sua relação em segredo. A fofoca. Os tabloides.
As premissas. Eu estava muito familiarizada com o que era ser ligado a um
príncipe da Inglaterra. Ainda assim, Alexander tinha me reivindicado como sua
não escondendo o nosso relacionamento. Como eu me sentiria se eu ainda fosse
o seu segredo sujo?
*****
Alexander olhou para ela, seus lábios apertaram, e ela encolheu-se sob o
olhar primitivo.
Albert continuou, ignorando a troca de olhares entre sua mãe e seu filho.
—Você tem que se preparar para assumir meu papel.
—Você está planejando se retirar? —Alexander perguntou secamente.
Albert esfregou as têmporas, sua voz ficando sombria. —Há situações que
você precisa ser informado, mas você está ocupado demais transando.
—Vou para a cama. —Disse para Alexander, ignorando sua família. Pensei
em David enquanto falava. Também estava cansada de jogos, mas ainda não
estava pronta para ir embora.
—Essa conversa está encerrada. —Alexander disse com uma voz firme. —
Eu não vou discutir isso com você por mais tempo. Eu tomei a minha decisão.
Olhei para ele, confusão rodando através de mim. Depois da noite passada
eu tinha considerado, mas Alexander tinha me convencido a ficar com métodos
que eram provavelmente ilegais em vários países. Não, eu tinha decidido
enfrentar este fim de semana. Mas eu sabia que não haveria problemas para lidar
quando voltássemos para Londres. Por enquanto, porém, eu cruzei os braços
sobre o peito e balancei a cabeça.
—Isso. —Ele deslizou um dedo pela minha saia de seda. —Precisa sair
mais tarde.
—Cancele a caçada e você pode tirar agora. —Prometi com uma voz
rouca.
—Só estarei fora por 2 ou 3 horas. —Ele disse, passando a mão pelo meu
braço nu.
—Algo me diz que você ficará bem. —Ele suspirou e pegou minha mão,
me puxando em direção à sala de jantar. —Tente não ser acusada de traição.
Os homens que iam à caça estavam reunidos, e assim que eles viram
Alexander, a provocação começou. Jonathan apertou a mão no ombro do amigo e
sacudiu a cabeça. —Você vai deixar a raposa escapar, Alexander. —O olhar de
Jonathan virou para mim e sorriu. —Embora não pareça que você machuque a
cauda.
Eu sufoquei uma risada sobre a bajulação óbvia e falsa. Será que Pepper
realmente achava que ela poderia ganhar Alexander através de sua avó? Isso só
provava que ela não o conhecia realmente.
Alexander me pegou pela cintura, pressionando um beijo atrás da minha
orelha que enviou uma onda de excitação através de mim. —Te verei em breve,
boneca.
E então ele se foi. Empurrando meus ombros para trás e meu queixo para
cima, tomei um assento na mesa. Edward apareceu na porta, e sua avó dirigiu-se
a ele. —Você não vai se juntar aos homens?
Mary virou-se para mim com um sorriso tenso em seu rosto. —Receio que
esta refeição matinal pode não se adequar ao seu gosto.
—Não sou exigente. —Eu deixei cair meu guardanapo, alisando-o por cima
do meu colo.
—Não comemos muito da comida americana. —Ela disse com uma ponta
de desculpa, embora houvesse uma ponta de algo cortante sobre isso. —Não
estou certa do que servem no brunch.
Eu segurei a réplica que tentou sair dos meus lábios. —O café da manhã
inglês será ótimo.
Ela acenou. —Muitas salsichas. Eu pedi algo muito mais leve. Eu espero
que você não se importe com a ausência de carne.
—Estou certa de que Clara terá muita carne mais tarde. —Pepper disse
em uma voz doce enquanto eu engasgava com o gole de água que eu tinha
acabado de tomar.
Levantei uma sobrancelha para ela. Quem estava sendo imatura agora?
Felizmente, a equipe apareceu antes das garras saírem, colocando
bandejas de sanduíches e tortas de ovo perante nós. Tudo cheirava maravilhoso,
amanteigado e rico, e minha boca encheu de água, impaciente. Como Belle tinha
me ensinado, eu esperei que meu anfitrião escolhesse sua comida em primeiro
lugar. Eu não sinto que aplicaria a mesma etiqueta para spray de pimenta.
—Não espere por mim. —Mary admoestou. —Vocês garotas parecem que
vão desaparecer.
—Você sabe que tenho que me cuidar, Mary. —Pepper disse. —Mas você
está certa referente à querida Clara. Devemos nos certificar de que ela coma.
*****
—Papai insistiu. Claro, se você sabe o que está fazendo, você não precisa
de um desses. —Ele disse com um encolher de ombros. Ele veio até mim,
parecendo régio em seu poderoso cavalo árabe.
—Eu poderia ter usado isso essa manhã. —Eu admiti e seus lábios
tremeram.
—Suponho que teria uso. —Ele disse com a voz lenta e sexy que eu
amava. Alexander estendeu a mão e eu olhei para ele com surpresa. —Vamos.
Eu esperei o dia todo para ouvi-lo dizer isso, e eu não consegui me impedir
de levantar minha sobrancelha sugestivamente. Sua boca curvou-se em um
sorriso malicioso. Depois de passar o dia dizendo todas as coisas erradas e
constantemente pedindo desculpas, a visão de seu lindo rosto pecaminoso me
deu água na boca.
Tão pronta quanto eu estava para fugir com ele, eu não estava
exatamente preparada para montar um cavalo, e todo mundo seria obrigado a
falar sobre nós enquanto estávamos ausentes da casa.
—Aonde você vai me levar? —Eu perguntei, colocando minha mão na sua.
Saia ou não, eu iria a qualquer lugar que ele me levasse.
Sua voz baixou, uma vez que mais do que alguns olhares curiosos estavam
nos observando. —Você está fazendo a pergunta errada.
Minha boca ficou seca e eu esperei que ele continuasse, muito presa na
tensão sexual pesada crepitando entre nós para encontrar a minha voz. Eu queria
a garantia de seu toque.
Ele passou seus braços em volta da minha cintura, e me atraiu para ele. Eu
caí em seus braços, a cabeça nadando com o coquetel inebriante de sua presença.
Quando ele roçou os lábios sobre os meus no que era para ele um show bastante
recatado de afeto, todas as razões para isto ser uma ideia horrível
desapareceram.
Ele me entregou o chicote, mas passou o rifle que tinha usado durante a
caçada a um guarda-caça nas proximidades. Alexander montou o cavalo, tomando
as rédeas com uma das mãos, enquanto a outra me segurava firmemente contra
ele. Eu estabeleci-me em seu abraço, saboreando seu calor e a dureza de seu
corpo contra mim, embora até mesmo quando relaxei, um arrepio constante
correu dentro de mim com a sua proximidade.
O olhar frio de Albert cintilou sobre mim, sem dúvida, observando meu
inadequado vestuário de equitação. Alexander podia ser capaz de enganar os
outros convidados quanto às suas intenções, mas era óbvio que seu pai viu
através dos verdadeiros motivos de seu filho. —Espero que você esteja
devidamente vestida à mesa.
Ele virou-se e saiu sem outra palavra, mas atrás de mim, Alexander ficou
tenso após a briga. Um padrão estava começando a se desenvolver. Eu gostaria
de poder ver todas as peças em jogo, para que eu pudesse compreender um
pouco mais. Isso levaria tempo, mas com Albert me sabotando ativamente,
quanto tempo eu tinha?
—Sim. —Ele disse com uma voz rouca. Eu podia ouvir o desejo, e meu
núcleo apertou, lembrando-me de suas palavras anteriores.
—Mas... —Ele continuou. —Você está errada sobre uma coisa. Você
pertence aqui, comigo.
—Estou planejando coisas mais depravadas. Vou começar por... —Sua voz
se afastou enquanto suas mãos deslizavam debaixo da minha saia. Meu clitóris
pulsava com a proximidade dele, se lembrando da última vez em que ele
empregou seus dedos muito talentosos. Mas ele não sondou entre as minhas
pernas, ao invés disso ele parou no elástico da minha calcinha de renda. —Você é
uma provocação nesta pequena saia. Eu tive bolas azuis toda à manhã pensando
em suas coxas mal cobertas. Você sabe o que é passar o dia inteiro escondendo
uma ereção de metade da monarquia?
—Não posso dizer que sei. —Eu o fisguei. Minha respiração engatou com
o pensamento de seu pau duro naquela calça. Eu mexi minha bunda para trás,
brincando, batendo contra sua virilha, e descobri que ele não estava mentindo.
Meu único consolo era a protuberância dura que apertava contra o meu
traseiro. Ele estava tão excitado quanto eu, e em breve, quando ele acabasse essa
doce tortura, ele estaria dentro de mim. Meu sexo inchou com o pensamento, e
pequenas ondulações de antecipação tremeram através de mim. Tudo o que eu
precisava era de seu toque.
—Sim, boneca?
—Por favor, o que? —Sua boca se retorceu de prazer, traindo o que ele já
sabia.
—Por favor, pare. Eu… preciso… de você. —As palavras foram sufocadas.
Ainda estranho para uma menina que nunca pedia o que ela queria. Alexander
disse-me uma vez, que eu imploraria por ele, e ele estava certo. Eu estive lhe
implorando desde a primeira vez que ele me tocou.
—Eu quero que você me foda. —Eu disse com a voz um pouco acima de
um sussurro. Eu senti que a qualquer momento eu poderia explodir em chamas se
ele não me tocasse, mas foi essa tensão controlando o meu corpo, que tornava
difícil até mesmo falar. Eu só conseguia pensar em seus lábios nos meus. Sua
carne contra a minha.
Ele não falou quando ele desmontou o cavalo, mas quando me virei para
seguir o exemplo, ele me parou, empurrando minhas pernas até que estava
espalhada diante dele. Seus olhos ficaram pesados quando ele arrastou os dedos
para baixo na pele macia das minhas coxas, mas suas mãos viajaram mais longe.
Eu estava em exposição para ele, e ele me estudou como um conhecedor de arte
pode considerar uma pintura, ou uma escultura, adorando o trabalho diante de
seus olhos.
Sua cabeça moveu-se para baixo, capturando meu peito e chupando meu
mamilo profundamente em sua boca. Engoli em seco quando ele me excitou, me
provocando com sua língua, e eu senti meu outro mamilo endurecendo em
antecipação. Ele voltou sua atenção ao seu vício, e eu desejava que houvesse
mais dele. Que eu pudesse sentir o calor de sua respiração em cada pedacinho do
meu corpo. Alexander continuou seu ataque em meus seios, até que eles estavam
inchados e pesados, e meus joelhos ficaram fracos, ameaçando me traírem. Mas
ele me pegou e estalou a língua na minha orelha.
Ele soltou meus braços, e eles caíram para os meus lados, meus músculos
queimando e já enfraquecidos. —Tire seu sutiã.
Fiz o que me foi dito, os olhos fixos em seu rosto bonito. Imaginei
correndo minha língua ao longo de seu pênis talhado quando abri os botões que
tinham escapado de seu massacre. Quando cheguei ao sutiã, eu me concentrei na
cicatriz sobre sua sobrancelha esquerda, lembrando como ele suspirou quando o
toquei. Eu ainda estava aprendendo o quanto havia de significativo naquele
momento entre nós. Essas cicatrizes brutais, que uma vez ele pensou que
marcaram seu corpo perfeito, só o tornavam mais bonito. Elas me lembravam de
que este deus diante de mim, era um homem.
Tirei o resto da minha roupa e fiquei diante dele, tirando minhas botas. O
ar de junho estava quente no meu corpo, mesmo sob a sombra de uma árvore
próxima.
—Estou a meio caminho de montá-la naquele cavalo e observar seus
peitos e traseiro balançarem por todo o campo.
Um sorriso esculpiu seu rosto. Ele sabia que ele tinha chegado a mim, o
que significava que ele também sabia que ele poderia me levar até a beira da
insanidade com sua provocação torturante.
—Sim, boneca, é por isso que eu deveria levá-la por cima do meu joelho e
bater nesse seu traseiro.
Não pude conter o tremor de prazer que correu através de mim com o
pensamento de ser dobrada sobre o seu joelho. Eu nunca teria permitido que
qualquer outro homem me batesse. Eu provavelmente não teria permitido que
eles sequer mencionassem, mas no pouco que eu conhecia de Alexander, seu
domínio me consumiu, levando-me à beira do excesso, e nunca passando por ele.
E agora eu estava desesperada para ter suas mãos sobre mim, de qualquer
maneira que eu pudesse.
—De fato… —Sua voz foi sumindo enquanto seus olhos pousaram em algo
atrás de mim. Não me atrevi a virar, sem saber se eu queria saber o que tinha
chamado sua atenção. Alexander pegou minha mão e deu um beijo na parte
superior. —Eu preciso saber se você confia em mim.
—Sim. —Sussurrei, sabendo que ele precisava ouvir. —Eu confio em você.
—Brimstone.
Fechei os olhos, e esperei que ele voltasse pelo que pareceu uma
eternidade. Eu estava quase inconsciente da casca áspera cravando na carne dos
meus pulsos, ou a ligeira dor em meus membros. Quando ele finalmente voltou,
senti sua presença, mesmo que ele não me tocasse.
Sua mão fechou-se sobre o meu sexo, e um rosnado baixo retumbou por
ele. Ele me tentou com seu contato, mas não ofereceu alívio dos meus desejos,
mesmo quando senti sua ereção contra a minha bunda.
—Sua buceta está tão molhada para mim. —Ele murmurou. —Sinta o
quão molhada está.
—Mais aberta, boneca. —Ele exigiu. Uma nota perigosa colocada em suas
palavras.
—Você se abre para mim como uma flor. —Ele murmurou contra a minha
orelha. O dedo desapareceu, e a sensação vazia retornou, mas evaporou-se
quando senti a cabeça grossa do seu pau contra a minha entrada. Mesmo que eu
estivesse praticamente gotejando por ele, eu me preparei para o curso inicial. O
que sempre andava na linha entre dor e prazer.
—Eu preciso te foder, Clara. Ele rosnou. Sua respiração quente no meu
ouvido, e seu pênis contraindo entre as minhas pernas. —Não sei se posso ser
gentil.
O anjo e o demônio.
O céu e o inferno.
Arqueei contra ele, roçando meus mamilos através de sua carne. Eles
responderam imediatamente ao contato, e eu mordi meu lábio imaginando seus
dentes beliscando os bicos sensíveis. —Isso é uma vergonha. Eu queria lhe dar o
olhar “venha me foder”. —Ronronei, arqueando mais, para que o meu sexo
fizesse contato com sua virilha. Ele estava duro novamente, e minhas pernas
separaram-se instintivamente para ele.
—Se você fizer isso eu não vou ser capaz de te foder por mais tempo. —
Ele balançou seu corpo contra o meu, de modo que seu pau deslizou dentro e
fora do meu alcance, cutucando o meu osso púbico. O gesto era a promessa de
coisas boas vindo.
Mas eu não podia ignorar que o sol não duraria muito. —Quanto tempo
temos?
—Você está tão quente para mim, boneca. Você sabe o que faz para mim?
—Ajoelhando-se entre minhas pernas, ele apertou seu pênis, mostrando o seu
comprimento magnífico. —Você tem uma buceta tão gananciosa. Tudo o que eu
quero fazer é fodê-la. Fodê-la forte. Fodê-la lento. Eu quero que a ausência do
meu pau em sua pequena e bonita buceta seja anormal. Ela pertence a mim, e eu
vou cuidar dela o mais rápido que eu puder.
Antes que ele pudesse empurrar seu pênis pelos meus lábios, eu estava
sobre ele, minha boca acomodando-se sobre ele. Eu afundei meu rosto,
chupando e lambendo-o com movimentos longos, e Alexander parou permitindo-
me dar prazer a ele. Minha mão agarrou seu pênis, acariciando-o com força,
pedindo-lhe para soltar sua liberação.
Eu dirigi a minha boca para baixo em seu pênis, enquanto ele jorrava
contra a minha garganta, saboreando o calor de sua semente até que ele parou.
Os olhos de Alexander permaneceram fechados mesmo depois que eu me afastei,
agradavelmente surpreendida ao ver que sua ereção não tinha diminuído.
Quando ele finalmente olhou para mim, eu me senti eletrificada até o osso.
Eu balancei a cabeça, mesmo enquanto tentava entender por que isso era
importante agora. —Elas permaneceriam privadas.
—Essa é a razão prática. —Ele fez uma pausa, deslizando a língua ao longo
do vinco e fazendo-me ofegar. —O selo é de família.
—Eu não tinha ideia de que eram tão oficiais. —Murmurei, ficando mais
quente enquanto sua boca pairava tão perto do meu clitóris, que eu podia sentir
sua respiração sobre ela.
Alexander fez uma pausa, desviando sua atenção do meu sexo inchado
para meus olhos.
Sua boca caiu para minha boceta, e minha respiração ficou presa quando
sua língua sacudiu em meu clitóris. Ele brincou com lambidas macias, rápidas, que
enviaram pequenas ondas de prazer pelo meu corpo. Quando pensou que eu
aguentaria mais, ele estabeleceu-se sobre o ponto sensível e chupou avidamente.
Seu dedo sondou a minha entrada, e eu relaxei mais amplamente recebendo-o.
Ele empurrou outro dedo dentro de mim, me fodendo com movimentos longos e
profundos, enquanto a sua língua girava sobre o meu clitóris, e eu gozei desfeita,
quebrando em pedaços sob seu assalto qualificado.
—Você tem um gosto tão bom. —Ele ronronou, arrastando sua língua ao
longo da minha fenda. Era demais para aguentar, e eu estremeci, apertando
minhas pernas contra sua cabeça instintivamente. Ele pôs-se de joelhos, com a
mão apertando seu pênis, e olhou para mim.
Mal tive tempo de registrar o contato antes que ele tivesse empurrado
dentro de mim novamente.
—Eu não posso. —Eu gemi. Meu corpo ainda não tinha se recuperado do
orgasmo de abalar a terra que ele tinha acabado de me dar.
—Eu digo que você pode. —Ele rosnou. Meu sexo respondeu com choque,
não pronto para mais estímulos, enquanto ele movia-se lentamente para dentro e
para fora da minha boceta. O polegar de Alexander encontrou meu clitóris, e
habilmente acariciava a sensibilidade levando à excitação. Eu floresci para ele,
que afundou mais profundo dentro de mim. —Ponha suas pernas nos meus
ombros.
—Espere. —Alexander ordenou. —Eu digo quando for para você gozar.
Ele deslizou para fora de mim, e eu gritei com a ausência dele. Ele
silenciou-me enquanto acariciava a cabeça de seu pênis para baixo no
comprimento da minha vagina. —Eu amo observar sua buceta faminta se abrir
para mim.
Eu soluçava enquanto ele esfregava seu pênis ao longo dos meus lábios
sensíveis.
—Você me tem.
Mexi contra ele, encorajando o seu pau a voltar para minha vagina, mas
ele continuou a roçá-lo sobre o meu sexo, sem entrar em mim, usando apenas a
pressão suficiente para me deixar incoerentemente animada, mas sem o clímax.
—Eu tinha que ter certeza que você estava pronta. —Ele disse, acariciando
a cabeça ao longo da minha boceta, até que eu estava quase sem fôlego. —Eu
precisava de você relaxada e molhada, então eu posso te foder com força.
—Eu poderia fazer isso pelo resto da noite. —Suas palavras eram quentes
e urgentes contra o meu pescoço.
Senti seus lábios curvando em um sorriso quando ele roçou sobre a minha
pele, e rolou de cima de mim para o meu lado. —Eu amo que seu corpo é tão
carente. É um grande desafio manter sua bela buceta satisfeita.
—Tudo que digo para você é uma promessa. —Havia um tom sério em sua
voz enquanto falava, e eu reabri os olhos para encontrar os dele. —Quando eu
digo que eu vou transar com você, isso é uma promessa. Quando eu digo que eu
vou fazer você implorar, isso é uma promessa. E quando eu digo que esta bela
buceta é minha, isso é uma promessa.
Seus lábios capturaram minha boca, e ele provou que estava me dizendo à
verdade quando me fodeu sem sentido mais uma vez.
*****
Alexander enfiou o casaco em torno de mim enquanto fiz o melhor que
pude para conseguir fechar minha blusa. Não houve jeito. Parecia que eu tinha
sofrido uma boa foda, e com o calor ainda em meu rosto, eu não me importava
que soubessem. Eu estava bêbada por sua mera presença. Isso seria óbvio para
qualquer um que nos visse, mas era mais do que o nosso encontro físico que
permanecia no meu sangue aquecido. Este fim de semana tinha provado uma e
outra vez, que a conexão entre nós era real.
Eu já não tinha qualquer dúvida disso, mas eu não tinha certeza de que o
sentimento era recíproco. Ouvir a forma como ele disse meu nome, e sentir a
maneira como ele me tocava, com uma suave carícia antes dele me foder
cegamente. Eu repassei o encontro da tarde na minha cabeça, satisfeita com o
silêncio que se seguiu após o nosso ato de amor. Era apenas o ato sexual? Eu
procurei em minhas memórias por mais sugestões, mais pistas que eu não estava
sozinha neste estado. Certamente o fato de que Alexander não me fodeu e me
largou como as outras meninas com quem ele foi fotografado nos jornais, era
uma prova. Ele até me trouxe aqui, entre sua família e amigos, isso tinha de dizer
alguma coisa. Claro, todos aqui me odiavam. Talvez isso não fosse tão
reconfortante depois de tudo.
Pisquei contra as lágrimas nos meus olhos pela repreensão severa. Dois
passos em frente e três passos para trás. Eu tive a minha resposta: não estamos
avançando. Como poderíamos eventualmente fazê-lo quando ele se escondia
tanto de mim? Forçando-me a olhar para longe numa tentativa de esconder a dor
torcendo por mim, dei-lhe um sorriso triste. —Verei você no jantar.
—Então, venha comigo. —Eu implorei. Seja qual forem os segredos deste
lugar, eles estavam o destruindo.
Esperei que ele continuasse, sabendo que tudo dependeria do que ele
diria em seguida.
*****
Senti seus olhos em mim antes que eu a visse, e quando me virei, ela
estava realmente me observando, seus lábios curvados em um sorriso que não
fez nada para mascarar sua beleza. Eu puxei conscientemente a jaqueta e fui
direto para o meu quarto.
—Um cheiro que tenho certeza que você reconhece. —Eu disse com um
sorriso.
—Clara... querida garota estúpida, você acha que pode jogar esse jogo?
—Ela caminhou em minha direção, os braços finos apoiado contra seu peito
enquanto ela avaliava minha aparência. —Você acha que nós estamos te
comendo viva. Eu posso ver isso nos seus olhos. Você parece como aquela pobre
raposa que eles soltaram nesta manhã, esperançosa, mas aterrorizada. Mas eu
estou aqui para lhe dizer: nós nem sequer começamos a festa com você. Nós nem
chegamos ao aperitivo.
—E você acha que será você. —Ela riu com isso, jogando seus cachos
loiros por cima do ombro, a essência do equilíbrio e feminilidade não importando
quanta pressão eu aplicava.
—Você é aquela que ele está fodendo. Ele te levou para o campo? —Seus
olhos viajaram mais uma vez sobre a minha forma desgrenhada. —Você acha que
se você deixá-lo transar com você como um animal, ele não vai ficar entediado?
—Não ainda. —Suas palavras foram cortadas quando ela deu de ombros
contra minha bravata.
—Pessoas que geralmente não tem pensam assim. —Eu disse. —Mas isso
é o que vale para você, não é? Validar seu velho nome de família. Uma chance
para provar que seus títulos e histórias valem alguma coisa para alguém. Para
ninguém.
Ela deu um passo para trás como se eu a tivesse a golpeado, e desta vez
não havia dúvida de que eu acertei o meu alvo. —E o que você tem a oferecer?
Você é apenas uma menina que ficou rica na internet com um site de namoro.
Pisquei para isso, incapaz de compreender como isso não poderia ser
óbvio para ela. Como essas pessoas poderiam ser tão incrivelmente quebradas,
que não podiam reconhecer a única coisa que uma pessoa desejava? A única
coisa que uma pessoa precisava? Só podia ser a falta dela a responsável por sua
completa ignorância sobre o assunto.
Mas ao meu silêncio inspirado ela riu mais uma vez. —Espera. Amor? Você
acha que pode dar-lhe amor! Eu sabia que você era delirante, mas isso é
realmente patético.
—Acredite no que quiser. —Ela disse sacudindo sua mão com unhas
perfeitas. —Mas considere isso um aviso amigável: Alexander não é capaz de
amor ou emoção verdadeira, e ele só vai te destruir. Você já está se afogando em
sua escuridão Clara, e um dia, quando ele tiver que enfrentar a si mesmo e o
homem que ele vai se tornar, ele vai precisar de alguém ao seu lado que não pode
ser puxado para baixo.
E ela acreditava que poderia ser essa pessoa. Talvez ela estivesse certa. Eu
tinha visto a escuridão, senti quando o seu domínio assumiu. Ele poderia ser feliz
sem me quebrar ainda mais do que já estava quebrada? Mas ela estava errada
sobre uma coisa. Alexander sentia coisas, mesmo quando ele permitia que suas
emoções mais obscuras nublassem sua percepção da realidade. Esse ódio
apaixonado que ele sentia em relação a si mesmo e seu lugar no mundo, provava
como ele se sentia, talvez mais agudamente do que qualquer um de nós. Uma
mulher como Pepper não conseguiria entender isso. Ela não podia ver que a luz
poderia trazê-lo para fora de sua prisão. A realização disso foi como se um peso
tivesse sido tirado do meu peito, só para ser ancorado aos meus pés. Enquanto eu
não acreditava que ele fosse incapaz de amar, eu não tinha certeza de que era
forte o suficiente para ser a pessoa a mostrar isso a ele. Eu andei através do vale
da sombra, e eu não estava ilesa.
—Senhora? —A palavra rolou de sua boca como piada. —Eu suponho que
uma deveria reconhecer a outra.
—Não seja tão intelectual, Eddie. Homens não acham isso atraente. —Ela
advertiu, checando suas unhas enquanto falava.
—Algo sobre a maneira como você disse isso me faz pensar que há outros
em sua lista.
Eu não podia deixar de tomar a sua resposta como uma indicação de que
ele não se ofendeu. —Que nomes você os chamava?
—Eu quero que você saiba que eu não acho que David...
Mas ergui minha mão e o silenciei. Agora era a minha vez de salvá-lo. —
Você não tem que falar nada. Meus lábios estão selados.
—Então eu não tenho que comprar seu silêncio?
Fiquei de boca aberta até que eu percebi que ele estava brincando, e eu
fechei rapidamente. —Não. —Eu disse secamente. —Como você sabe, eu sou
uma mulher de meios.
—É um segredo bem guardado. Não sobre mim. Sobre ele. Eu não quero
vê-lo ferido.
—Não estou certo do que Alexander acharia sobre mim no seu quarto.
—Eu tenho uma boa reputação, você sabe. —Mas ele entrou.
—Você não vai roubar minhas calcinhas, vai? —Eu o provoquei, enquanto
saía da jaqueta de Alexander.
—Eu não consigo encontrar nada para vestir. Não há sentido. Talvez eu vá
assim e dê a todo o grupo podre ataques cardíacos.
Olhei para ele quando ele começou a procurar em meus vestidos. —Você
vai escolher uma roupa para mim?
Edward virou para mim, mas eu vi o riso rolando através dele. —Oh
boneca, pode haver alguns estereótipos injustos sobre gays lá fora, mas o nosso
senso de estilo não é um deles.
Uma hora mais tarde, eu estava completamente vestida, uma maquiagem
perfeitamente aplicada, e meu cabelo enrolado. Eu olhei para o vestido que
Edward tinha escolhido para mim. Eu comprei por insistência de Belle, e estava
longe do meu estilo habitual. A saia de cetim descansava uns bons oito dedos
acima dos joelhos, e o tecido de renda do topo estendia-se em um caimento nu.
Parecia nua sob ele. Não seria preciso muito para imaginar meus seios, pois o
tecido não deixava espaço para um sutiã.
—Quer brincar de vestir-se? —Perguntei séria. Era uma aposta segura que
o corpo de Edward se encaixava em algumas das minhas roupas.
Eu ri junto com ele, notando que ele estava colocando os óculos no colete
tweed, cuidadosamente polido. Não era a aparência descuidada e sexy de seu
irmão, mas sim uma sensação cuidadosamente articulada de um gosto
totalmente seu.
—Gostaria de poder afirmar que eu comprei essas roupas, mas tive ajuda.
—Comprador pessoal?
—Minha mãe tentou por anos me vestir como uma aristocrata britânica
agradável. Lamento dizer que eu estaria mais para jeans e chinelos. —Admiti,
suspirando em memória dos meus tempos de universidade. —A minha colega de
apartamento me levou às compras.
—Eu adoraria.
—Eu tenho olhos, mesmo que eu não esteja comprando. —Ele disse com
uma careta. —Mas ninguém jamais a confundiu com sofisticada.
—Espero que você esteja certo sobre isso. —Eu não podia evitar, mas
achava que Pepper poderia ser mais perigosa do que Edward ou Alexander
acreditavam que ela fosse. Havia, afinal, a diferença entre atacar e circular. Ela
não tinha feito mais do que expor suas presas até agora, mas isso não significa
que ela não estava planejando um ataque.
—Depois desta noite, ela vai saber com quem ela está contra. Você é uma
mauzona, Clara Bishop.
—Eu sou, hã? —Eu ri de sua vitalidade. Era doce, mas ele realmente não
me conhecia. A menina que tinha que lembrar-se de comer. A menina que tinha
deixado seu ex empurrá-la. A menina que pedia desculpas para todos.
—Você tem que ser. Alexander não estaria interessado se você não fosse.
—Não estou dizendo que todas as histórias são falsas. Mas algumas delas
têm sido embelezadas. —Edward assegurou.
—E por que você acha que ele está comigo? —Eu perguntei, procurando
nos olhos escuros de seu irmão todos os indícios que me levaria para as respostas
que eu queria desesperadamente.
—Espero que não. Lembro-me de uma época em que meu irmão brincava
comigo quando criança. Como ele vinha quando eu estava doente e cuidava de
mim. Eu nunca soube que nossa mãe e nosso pai... Bem, você sabe como ele é,
mas Alexander cuidava de mim... —Sua voz desapareceu, embora houvesse mais,
ele não continuou.
—Então isto é o que ele é. —Eu disse. Uma nota de finalidade tocou as
palavras. Eu sabia disso. Ele me disse, mas de alguma forma eu tinha pensado que
as coisas poderiam ser diferentes. Todas as revistas e livros de autoajuda já
escritos alertavam que não era possível? E, no entanto lá estava eu, tentando de
qualquer maneira. Acenei para o olhar preocupado no rosto de Edward. —Não se
preocupe com isso.
—Você parecia como um filhotinho chutado. —A mão de Edward
emaranhou em seus cabelos. Ele parecia tanto com seu irmão naquele momento,
que meu coração pulou. —Eu não deveria dizer isso, porque eu sei melhor do que
ninguém o que é criar esperanças, apenas para vê-las desabarem, mas acho que
Alexander é capaz de amar. Você não perde essa capacidade. O que quer que
esteja impedindo-o de chegar perto de alguém é por ele não querer.
Era a última coisa que eu queria ouvir, e eu me virei para que ele não visse
a dor no meu rosto. Alexander não queria amar. Esse era o problema real, não
que ele fosse incapaz disso. Quão estúpida eu era para pensar que eu poderia
consertá-lo? Que se eu o amasse seria o suficiente? Engasguei um soluço e
respirei fundo.
—Confie em mim. —Ele continuou. —Eu vi como você falou com Pepper.
Você é uma puta sexy, e é hora de mostrar a esses pirralhos do que você é capaz.
—Eu tenho uma atitude? —Isto era uma surpresa para mim. Uma
memória de Daniel gritando que eu era covarde passou pela minha mente, mas
eu empurrei-a de volta para os recantos escuros em que eu mantinha esses
pensamentos presos.
—Ela não parece com alguém que se pode foder. —Eu disse alto.
—Não, com ela não! —Edward deu uma volta. —Se você for entrar neste
mundo, Clara, deixe-me ser claro, eu não estou dizendo que deveria, porque só os
verdadeiramente loucos gostariam de fazer parte desta família fodida, então você
tem que começar a jogar o jogo. Pense nisso como xadrez.
—Sim. —Eu respirei fundo e assenti que eu estava pronta para isso.
—Quando você os vir, quando você andar por eles, quando eles rirem nas
suas costas, com cada passo que você der, basta pensar em assassinato.
—Assassinato?
Corei com o seu elogio, olhando para baixo descobri que ele estava certo.
Não precisava olhar muito tempo para ver que elas eram bem torneadas, e com a
adição dos meus saltos, estava reinando. —Eu poderia beijá-lo, você sabe.
—Isso seria toda a ação que conseguiria nesse fim de semana. —Edward
disse, endireitando a jaqueta enquanto passeávamos de braço dado, em direção à
sala de jantar formal. Eu tinha certeza de que estávamos atrasados, mas pelo
menos eu estaria entrando com um príncipe, e não pareceria que eu tinha
acabado de rolar no campo.
—Ele foi para casa para o fim de semana. Ele não podia lidar com mais...
—Eu não deveria ter interrompido ontem à noite. —Eu disse, percebendo
que poderia ter sido eu que o enviou correndo para as montanhas.
—Isso é injusto. Será que ele pensa que todos os seus amigos do sexo
masculino são seus amantes? —Eu perguntei.
—Isso é terrível. —Sem pensar, eu uni a minha mão com a sua e apertei.
—Eu posso lidar com isso. —Alexander ofereceu o braço com uma
inclinação de sua cabeça, seus olhos cintilando entre mim e seu irmão. Revirei os
meus em resposta. A última pessoa que ele precisava ter ciúmes era de seu
irmão. Edward acenou com a cabeça antes de seguir para a sala de jantar. Mas
quando eu peguei o braço de Alexander, ele fez uma pausa, seu olhar me
analisando. —Nessa luz, você parece estar nua.
Apesar da tensão que ainda pairava no ar, eu ri. Mais a luz não estava
ajudando com isso. —Estamos atrasados para o jantar, X.
Alexander abriu a porta, enviando um pedaço de luz para o corredor, e
respirou fundo quando ele me viu com mais clareza.
—O que você está usando? —Ele sussurrou, com a voz sedutora numa
mistura de fúria e luxúria.
Algo sobre sua reação me encorajou ainda mais. Era o que eu esperava lhe
mostrar. Que por mais que tentasse no quarto, ele não poderia me dominar em
público. Eu ergui o queixo, percebendo que nesses sapatos eu poderia olhar
diretamente para o rosto dele, em vez de para ele. —Eu usei algo sexy para você.
Eu respirei fundo, desejando não cair sob seu feitiço. Eu não faria a
caminhada da vergonha no jantar, não depois do meu encontro com Pepper esta
tarde.
—Eu adoraria. —Alexander disse, e eu ouvi as palavras que ele não disse:
Eu tenho que ir para outro lugar.
—Ela está um pouco exagerada para o jantar, você não acha? —Pepper
disse, intrometendo-se. O resto da turminha de pirralhas riu ao redor dela. —Ou
descoberta, dependendo de como você olha para isso.
—O ciúme não combina com você. —Edward ignorou o olhar maligno que
ela lançou em direção a ele, e pegou uma faca de manteiga, que ele torceu
cuidadosamente em suas mãos. —Isso faz sua tez parecer verde. Confronta com
seu vestido.
—Ela não pode ser terrivelmente exclusiva se você sabe quem ela é. —Eu
disse sem perder uma batida.
—Quando você for, dê minhas lembranças. —Eu nunca tinha ouvido falar
de Tamara. Eu nunca a conheci. Annabelle tinha escolhido este vestido para mim.
Foi comprado com meu próprio dinheiro, mas eu sabia de uma coisa, na segunda-
feira eu estaria nessa boutique, fazendo a limpa em cada vestido tamanho seis
que ela tivesse em estoque. Não havia nenhuma maneira que eu deixaria Pepper
vencer, mesmo que fosse apenas com compras.
—Eu darei. —Pepper sorriu docemente, e eu devolvi o gesto quando a
sopa foi colocada na nossa frente. Cheirava delicioso, toda cremosa com crótons
torrados flutuando no topo. Eu levantei minha colher de sopa, lembrando-me de
ser graciosa, mesmo quando meu estômago roncou. Do outro lado da mesa,
Pepper empurrou sua tigela para longe com desgosto. Apesar do meu ódio por
ela, meu estômago se jogou com o gesto. Eu não tinha nenhuma razão para
suspeitar que Pepper compartilhasse isso em comum comigo, mas era um sinal de
alerta. Ela pegou a água, rindo de uma piada quando ela inclinou-se mais perto de
Jonathan. Eu tomei a sopa da minha colher e continuei a observá-la quando a
conversa em torno me pegou. Todos estavam conversando, exceto Alexander e
eu. Talvez eu só quisesse me distrair de sua frieza, e foi por isso que eu estava
vendo padrões de comportamento que não estavam realmente lá. Talvez Pepper
simplesmente não gostasse de sopa.
Deixando baixar a minha voz, para que não pudéssemos ser ouvidos, eu
disse.
—Sinto muito.
Meus olhos fecharam bebendo suas palavras; meu garfo pairando sobre a
minha refeição. Minha boca encheu de água, mas não tinha nada a ver com o
perfume celestial flutuando da comida na minha frente. Alexander deveria
receber uma menção especial por antecipar um orgasmo.
—Eu espero que você não esteja tendo um episódio. —A voz de Pepper
me tirou da minha fantasia.
Minha boca abriu chocada que ela, não só trouxe isto a mesa de jantar, na
frente de um grande grupo de pessoas, mas por ela ter dito algo tão hediondo. Se
ela tinha desejado a atenção, ela agora tinha. Não surpreendentemente, Amelia e
Priscila deram um riso nervoso ao seu pequeno show. O rei não disse nada, mas
sua mãe enxugou a boca com um guardanapo, não escondendo seu desgosto.
Mas esse desgosto dirigido à pessoa que merecia, ou em mim por ser falha? Eu
não podia ter certeza.
—Oh, você não é surdo. —Edward respondeu, disparando para seu pai um
olhar penetrante por cima dos óculos de aros de chifre. —Você está apenas
fingindo ser alheio ao que está bem na frente de seu rosto.
Minha mente girou com tantas coisas que eu gostaria de dizer a ela, que
eu não poderia decidir sobre uma. Eu esperava que ela me atacasse, mas as
provocações cruéis dirigidas a Edward me empurraram sobre ao limite. Ela
ultrapassou a linha. Será que ela tinha algum indício do dano que ela estava
fazendo para as relações frágeis com todos nesta mesa? Minhas mãos tremiam de
raiva enquanto eu observava Edward fingir ignorá-la. Se alguém não pertencia a
esta mesa, era Pepper.
—Basta!
—Você não tem que dizer basta. —Alexander disse com voz calma, mas
tão mortal que levantou os cabelos na parte de trás do meu pescoço. —Não se
você está vendo como ela a está caluniando.
Pepper olhou para ele, os olhos arregalados como pires, enquanto a mesa
inteira irrompeu em opiniões conflitantes sobre a etiqueta de Alexander.
Eu dei uma mordida e outra, mas eu não senti gosto de nada. Pepper pode
ter ido embora, mas eu senti olhos me observando, e olhando para longe, logo
que eles eram capturados. Comer tornou-se um ato de rebeldia. Gostaria de
mostrar-lhes que eles estavam errados sobre mim. Não havia glória nisso, porém,
apenas o vazio de pesar. Eu desejei que eu nunca tivesse vindo aqui.
A porta traseira abriu e Alexander saiu. Sem uma palavra, ele dirigiu-se
para mim, pegou minha mão e me puxou junto dele. Quando nos afastamos da
vista das janelas da cozinha, ele me puxou para ele.
—Alexander.
Mas ele pôs o dedo nos meus lábios, silenciando meu protesto. —Eu não
vou pedir desculpas para ela, Clara. Não vou desperdiçar nenhuma palavra com
ela.
—Eu tenho algumas que não seriam desperdiçadas sobre ela. —Eu disse,
mas minha voz tremeu, traindo que ela tinha conseguido chegar até mim.
—Boneca. —O carinho era suave quando ele pegou meu rosto em suas
mãos. Ele trouxe seus lábios nos meus tão lentamente, que eu senti o fio de
eletricidade entre nós. Ela explodiu quando nossas bocas encontraram-se na
paixão incandescente. Alexander me devastava, e a mensagem era clara quando
sua língua mergulhou possessivamente dentro da minha boca, pegando a minha e
sugando-a. Eu pertencia a ele. Nada importava. Isso poderia ter me assustado
com outro homem, mas com Alexander, isso me libertava. Eu passei toda a minha
vida me vendo através de um espelho de parque de diversões, mas a posse de
Alexander tinha esclarecido essa visão distorcida, permitindo-me ver como ele me
via.
Eu estava mole sob sua dominação, como se fosse argila a ser moldada
para o seu prazer, sabendo que quando eu me desse a ele, eu experimentaria
mais prazer do que eu jamais poderia ter imaginado. Alexander quebrou o beijo
afastando-se, e eu oscilei desequilibrada, sem seu toque. Ele sentiu isso e pegou
minha mão, colocando-a sobre a protuberância dura em sua calça. —Isso é o que
você faz para mim.
—Oh, eu gosto também. —Ele disse. —Eu gosto porque posso fazer isso.
—Devo admitir que não gostei de ficar sentado ao seu lado, tão perto
dessa... —Ele segurou meu sexo através da renda da minha tanga. —Tão perto do
que é meu, sabendo que eu tinha que esperar por isso.
—Acho que você vai aprovar o meu plano para a ação. —Alexander pegou
a tanga lançada aos meus pés. Ele a trouxe aos meus lábios e instigou-os a se
abrirem, colocando-a em minha boca. —Estamos muito perto da cozinha, e eu
quero manter todos os seus pequenos ruídos sensuais e gritos só para mim.
—Na verdade, estou com ciúmes, boneca. —Ele disse, com sua mão
acariciando a minha garganta e descansando na minha nuca. —Aposto que você
pode provar sua pequena buceta doce sobre essa calcinha, algo que venho
morrendo de vontade de fazer toda a noite. Acho que eu preciso fazer alguma
coisa sobre isso.
Alexander me empurrou para mais longe sobre o corrimão, até que meus
pés pendiam um pouco no ar. Ele colocou-se entre as minhas pernas, abrindo-me
diante dele, e minha saia curta não ofereceu resistência. Sua mão ficou firme no
meu pescoço, e a outra massageava a minha bunda, até que um dedo escorregou
para baixo no meu buraco, me abrindo para os olhos gananciosos. Eu protestei
fracamente contra a minha mordaça improvisada, enquanto seu polegar circulava
em torno do ânus macio e rosa que encontrou.
Meus olhos fecharam enquanto seu polegar pressionava contra esse lugar
proibido. Eu nunca quis algo assim, mas eu estava impotente ao seu toque. Eu
precisava dar tudo de mim a ele. Confiar em Alexander significava me abrir para
ele mesmo quando ele me assustava, embora eu não pudesse negar a varredura
de prazer quando ele passou o dedo dentro e fora de mim, em deslizamentos
cuidadosamente e lentos.
—Eu gostaria de comer sua bunda, Clara. —Ele disse com uma voz que me
avisou para não protestar. —Lembre-se que é meu, e eu vou reclamar quando eu
quiser.
—Não esta noite. —Ele disse com uma certeza que me deixou ofegante
com o desespero. —Você não está pronta, mas você não pode recusar o meu
desejo de brincar com você depois que me provocou toda a noite nesta desculpa
de vestido. Eles estão com medo de você, você sabe. Tão diferente e tão
confiante. Você desvendou-os, assim como você fez para mim.
Ele não parou enquanto falava, e ele empurrou dentro e fora mais rápido
até que eu me agarrei ao corrimão, me segurando quando as primeiras ondas de
prazer me atingiram. Alexander deslizou dois dedos em minha fenda,
aumentando a pressão e me enchendo abundantemente enquanto ele me
estendia passando meus limites. Ele me fodeu lentamente até que eu gritei,
oprimida pelas novas sensações que me provocava. A calcinha abafava minhas
exclamações e eu a mordi.
—Eu amo esses seus gritinhos. Parece tão impotente, como se você
estivesse me implorando para salvá-la. Você quer gozar? —Ele perguntou com
uma voz rouca que enviou arrepios na minha pele.
—Eu preciso te sentir, X. —Eu murmurei para ele. —Sua pele na minha.
O roçar de seu pênis parou e ele ficou ali contra o meu sexo. Apreciei os
pequenos estalos quando ele desabotoou a camisa, e um momento depois
Alexander passou um braço em volta do meu tronco. Ele trouxe o meu corpo em
contato com o seu peito nu, apenas o laço fino do meu vestido estava entre nós, e
eu podia sentir seu calor que irradiava por toda a minha pele.
—Eu quero seu pau. Eu quero que você me encha. —Eu gemi alto,
fundindo-me a ele, mesmo quando ele me inclinou para frente, e me penetrou
com um impulso poderoso que tirou um suspiro alto dos meus lábios.
—Eu vou gozar dentro da sua linda bucetinha. —Um gemido pontuou suas
palavras, e meu núcleo contraiu, apertando ao redor de seu pênis como um fio
enrolado. —Cristo, você está me ordenhando. Você quer que eu goze dentro de
você, não é? Você quer que eu derrame dentro da sua boceta, porque você sabe
que é minha.
—O que aconteceu? —Eu perguntei com uma voz suave. Ainda havia
paredes entre nós, e mais do que nunca, compreendi o quanto precisávamos
derrubá-las.
—Eu estava bebendo e minha irmã apareceu. Ela era menor de idade, e eu
gritei com ela por estar num bar. —Ele lutou para lembrar-se, e eu coloquei uma
das mãos reconfortante em seu ombro. —Por alguma razão, nós deixamos o bar.
Não me lembro de muito depois disso. E o que eu me lembro, eu não posso
sobrecarregá-la com isso.
Engasguei um soluço e assenti, tentando ficar forte para ele mesmo que
minha imaginação pintasse um quadro horrível para mim. —E Pepper?
—Ela tinha sido arremessada do carro. Ossos quebrados. —Ele disse. —Se
ela consegue se lembrar mais do que eu, ela nunca admitiu isso.
—X, o que aconteceu foi horrível. —Afastei um fio de cabelo da sua testa.
—Mas não foi sua culpa.
—Por que você não vê o monstro quando olha para mim? —Ele
perguntou. —Todo mundo vê.
Eu não iria atrás dele. Ele voltaria para cá, e eu precisava de tempo para
digerir o que ele me disse. Os detalhes físicos do acidente eram de conhecimento
público. Mas por que ele não conseguia lembrar-se de nada?
—Elisabeta era uma esposa real ideal. —Albert disse, passando a mão ao
longo da borda do quadro polido. —Ela era modesta, leal e acima de tudo:
diferente.
Pressionei meus lábios para manter meus pensamentos sobre isso para
mim mesma. Eu vi como Albert tratava seus filhos. Eu podia imaginar como ele
tratou sua esposa. E se ela tivesse cedido a ele para manter a paz? Ou ela tinha
sido treinada para submeter-se inteiramente ao seu marido?
—Muitas pessoas acreditam que nosso casamento foi arranjado, mas não
foi. —Ele continuou. —Sua família pediu asilo aqui quando a Grécia exilou sua
monarquia. Ela foi jogada em meu círculo, e para ser honesto com você, eu me
apaixonei por ela no primeiro dia em que nos conhecemos.
Eu não tinha certeza do por que ele estava compartilhando isso comigo,
mas eu assenti encorajando-o.
—Minha esposa foi criada entre a aristocracia. Ela sabia o que esperar. Ela
sabia seu papel. —Ele colocou o quadro de volta na mesa e virou-se para me olhar
nos olhos.
—Eu espero que você veja que isso não é uma vingança pessoal contra
você, senhorita Bishop. Eu poderia até sancionar um relacionamento entre você e
Edward, mas é meu dever olhar para os interesses da monarquia. —Suas palavras
eram nítidas, limpas e concisas. Mas elas ainda me atingiram, atingiram a minha
alma. Eu contive um suspiro de angústia.
—Eu não sou o tipo de Edward. —Eu disse friamente, e o frio das minhas
palavras estremeceu minha pele. Eu passei meus braços em volta de mim,
desejando que Alexander voltasse.
—Está sugerindo que eu case com o seu filho mais novo e que vire amante
de seu irmão? —Fiz a pergunta em voz alta, porque eu pensei que ouvindo
pudesse me ajudar a compreender a sugestão do Rei. Em vez disso eu me sentia
mais confusa do que nunca.
—Eu não posso acreditar que você honestamente acha que eu faria isso
com qualquer um deles. —Arrepios transformaram-se em tremores, e eu segurei
meus braços de forma protetora. Como ele podia acreditar que eu era capaz de
fazer isso? E por que ele acreditava que eu veria isso como uma alternativa viável
para estar com Alexander?
—Expectativas do casamento.
—Já lhe ocorreu que eu não esteja procurando por casamento? —Eu
perguntei, esperando que ele não captasse a dor na minha voz. —Ou um lugar
nessa família?
Albert riu disso. —Todas as mulheres estão à procura de casamento, se
elas sabem disso ou não.
Não admira que ele tivesse essas ideias insanas sobre o casamento. Ele
nem sequer via as mulheres como pessoas. Virei-me para longe dele, com sua
farpa ainda mantendo minha raiva em chamas.
—Eu vejo que desde que você não conseguiu me influenciar com suas
ameaças, você mudou de tática.
Como eu fui estúpida em pensar que ele tinha se apaixonado por mim?
—Eu vou deixar vocês dois. —Albert disse, quebrando o silêncio que se
estendia em todo o quarto. —Boa noite.
Partida.
Usurpada.
Abandonada.
E ele tinha.
Eu fiquei de pé.
O que só me fez forte o bastante para dar a Alexander uma última parte
de mim mesma.
Eu soltei uma respiração irregular e dei um passo à sua frente. Ele olhou
friamente para mim, mantendo-se distante e afastado, e esperou.
Nunca mais.
*****
—Você deve descansar. —Ele sugeriu com uma voz gentil. —Levarei você
para o meu quarto se você preferir.
—Me apaixonei por ele. —Eu disse as palavras frágeis e não desejadas em
meus lábios ressecados.
Edward não falou, mas seus braços apertaram em torno de mim. Nós dois
entendíamos que às vezes o amor não era suficiente.
Virei a chave de novo na minha mão, ainda tentando decodificar o seu
significado. Mas sua existência era tão incompreensível para mim como a
ausência de Alexander na minha vida. Duas semanas mais tarde, e eu ainda
estava tentando me convencer de que eu tinha feito a coisa certa. Não tinha
havido nenhuma palavra dele. Sem telefonemas. Meu único contato com ele
estava na capa de qualquer tabloide que ele aparecia a cada dia. Ele certamente
não estava sentado em casa obrigando-se a comer e vestir todas as manhãs. Ele
não tinha se esquecido de como respirar sem mim. Na verdade, a única indicação
de que eu tinha do que havia acontecido em Norfolk, era essa chave de bronze.
—Eu queria saber do que você está falando. —Eu admiti, meus dedos
fechando sobre a lâmina entalhada enquanto eu me perguntava, mais uma vez o
que ela abria.
Belle estava certa. A única coisa que eu sabia com certeza sobre esta
chave, era de onde veio. Ela tinha chegado no meio da semana em um envelope
creme selado com um selo de cera vermelha que deixou o meu coração
acelerado. Mas não havia nenhuma explicação incluída. Sem desculpas. Sem
argumento para outra oportunidade. O envelope simplesmente continha esta
chave e um cartão com um endereço e data de amanhã rabiscada.
Dei de ombros, soprando uma fina corrente de ar através dos meus lábios
em um esforço para me equilibrar. Eu ainda não tinha chegado ao ponto onde eu
não queria chorar com a menção do nome dele. —Talvez eu perguntasse o
porquê. —Eu disse com uma voz fraca. —Por que ele continuou me vendo? Por
que ele não me ama?
Crua.
Vulnerável.
—Eu nem sequer vi isso acontecendo até que fosse tarde demais. Quero
dizer... Eu acho que você nunca sabe quando está fazendo amor com alguém pela
última vez. —Eu não podia evitar o pesar que eu senti sobre como passamos
nossos últimos momentos juntos.
Eu não estava surpresa que ela quisesse ir junto, mas ter uma ajudante
não tornaria isso mais fácil. —Não, preciso encarar isso sozinha.
*****
Eu tinha optado por um jeans e uma blusa branca. Eu não tinha ideia do
que me esperava em Notting Hill, mas eu com certeza não estava lá para
impressionar ninguém hoje. O plano era bastante simples.
Agarrei a chave com tanta força que cortou minha pele enquanto eu me
aproximava da casa. Atrás da porta, havia um jardim em plena floração, e um
caminho de pedras que levava à calçada vermelha e à porta. A julgar pela
acumulação de água na borda da passarela, alguém tinha molhado as plantas
recentemente. Era provável que ele ou ela ainda estivesse aqui. Meu coração
pulou no meu peito, e eu respirei fundo. Veja se a chave funciona antes que se
anime, meu lado racional advertiu.
Eu voltaria se, por qualquer outra razão, eu não empurrasse isso tudo para
o passado. Subi as escadas, resolvida a acabar com isso, mas quando eu estendi a
mão para a campainha, vi uma rosa vermelha enfiada na maçaneta da porta.
Peguei-a cautelosamente, machucando-me na haste espinhosa apesar dos meus
cuidados. Lágrimas brotaram nos meus olhos e sangue jorrou do meu dedo. Não
havia nenhuma razão para acreditar que era para mim, mas eu sabia que era.
Assim como eu sabia que a chave era para abrir o portão. Era o mesmo escarlate
vibrante que eu tinha usado no meu cabelo na noite do baile. À noite em que
tudo havia mudado entre nós.
Alexander pegou minha mão, vendo a pequena ferida no meu dedo. Ele o
puxou aos lábios e chupou o sangue antes de colocar um beijo suave no local. O
gesto foi pequeno, mas não insignificante. Quando o braço enrolou em volta da
minha cintura, eu não resisti a ele.
Eu não podia.
Tanta coisa para ser forte , a voz crítica na minha cabeça zombou.
Mas sua boca silenciou meus medos quando ele pressionou contra a
minha. O beijo foi suave e hesitante, e seus lábios moviam-se lentamente. Sal
misturado com o seu gosto na minha língua, e me afastei para descobrir que as
lágrimas não eram minhas. Alexander caiu de joelhos, enterrando seu rosto
contra o meu estômago.
—Você está mais magra. —Seu tom foi comedido, mas eu ouvi a acusação
juntamente com outra coisa que soava muito parecida com medo.
—Estou bem. —Eu disse com uma voz suave. —Sem muito apetite, mas
estou comendo.
—Você não pode… —Ele me chocou com as palavras. —Não por minha
causa. Me prometa, Clara.
Seu medo me pegou de surpresa, e eu lutei para não ver mais em sua
preocupação. —Eu prometo.
—De quem é essa casa? —Perguntei tão baixo que ele não deveria ter sido
capaz de me ouvir.
—A casa está no nome de Norris. —Alexander falou. —Eu paguei por ela,
é claro, mas dessa maneira mantemos nossa privacidade.
—Você quer dizer, manter o segredo. —Eu disse, voltando-me para ele.
—Aqui podemos ser Alexander e Clara. Nada entre nós. —Ele continuou.
—Exceto os segredos.
Alexander veio até mim tão rápido que eu mal processei sua reação e seus
braços ao meu redor. —Não entre nós. Nada entre nós.
—Oh X. —Eu suspirei. —Tudo está entre nós. Você não vê?
—Seu pai espera que você se case. Ele tem tudo planejado. —E esses
planos não me incluem.
—Eu não posso controlar o que ele planeja, mas isso não quer dizer que
ele vai me forçar a qualquer coisa.
Afastando para longe dele, eu estendi a mão para avisá-lo para ficar para
trás. Passei as duas últimas semanas tentando descobrir o que eu tinha feito de
errado. Porque eu não acreditava que amar era errado.
Sua postura mudou, seus olhos se distanciando. —Não. Talvez para você.
Fiquei longe porque eu senti que era injusto. Eu senti como se estivesse te
levando.
—E não está fazendo exatamente isso? —Gritei, meu coração partido mais
uma vez. Eu tinha dado a ele a chance de lutar por mim e ele ergueu uma parede.
—Por que estamos aqui?
A mão de Alexander correu por seu cabelo quando ele balançou a cabeça.
—Eu te disse que eu não sou de romance. Eu não sou de longo prazo.
—Não é isso!
Ele cruzou a distância entre nós, e eu não impedi que ele me atraísse
contra ele, segurando meu queixo firmemente. —Não quero destruir você.
Suas mãos caíram em derrota. —Eu nunca quis que isso acontecesse.
—Eu sei, mas sou uma garota crescida, X. —Eu disse para ele. —Você não
pode me controlar. Você não pode controlar quem eu amo.
—Pare. —Ele exigiu, e eu não tinha certeza se ele estava me dando ordens
para ficar quieta ou para deixar de amá-lo.
Eu não era capaz de qualquer uma dessas. —É por isso que eu não posso
ficar. Eu não posso fingir que está tudo bem. Eu não posso fingir que não te amo.
Eu acho que seria pior do que deixá-lo. Sinto muito, X. Eu não posso ser o seu
segredo.
—Uma noite. —Ele disse, sua voz fervendo com desejo. —Fique comigo
uma noite, e se você quiser ir embora pela manhã, eu deixarei você ir.
Uma mulher forte iria embora, mas minha determinação ruiu sob seus
olhos ardentes. Se eu saísse agora, eu sempre me perguntaria o que teria
acontecido se eu não tivesse. Ir para a cama com ele me rasgaria e rasgaria meu
coração, mas a ruptura seria limpa. Sem arrependimentos.
—Uma noite. —Eu concordei. Algum dia ele poderia olhar para trás e ouvir
a verdade escondida nessas palavras simples.
Alexander varreu-me dos meus pés e me levou para a escada, seus lábios
pressionando beijos urgentes do meu pescoço até meu queixo, enquanto ele
deslizava a boca lentamente na minha. Desejo inflamou em meu núcleo quando
ele capturou meus lábios, separando-os, mergulhando sua língua com cursos
lentos, profundos em minha boca. Minhas mãos deslizaram sob a camisa e desci
pelos seus ombros. Passei meus dedos ao longo do pior das cicatrizes. Isso
magoou meu coração, e senti sua batida constante que pulsava através das
pontas dos meus dedos.
Eu precisava sentir sua pele contra a minha. Uma última noite de conexão.
A posição era íntima, e era impossível escapar dos olhos uns dos outros e
as perguntas que eles faziam. Alexander não estava me levando, ele estava me
atraíndo. Senti sua confusão agudamente quando senti o calor febril de sua pele.
Naquele momento, era impossível não ver através um do outro. As mãos de
Alexander agarraram minhas costas, acalmando o meu movimento, e eu entendi
o pedido tácito.
Seus olhos fecharam enquanto seu pênis dava espasmos contra o meu
canal de veludo, derramando dentro de mim, e eu transbordei com ele,
desfazendo-me em seus braços. O prazer estilhaçou em meus membros como
fogos de artifício brilhantes e fragmentados, pois choveu através de mim. Eu
montei a torrente de prazer enquanto eu repetia essas palavras.
—Eu nunca vou ter o suficiente de você. Eu imploro por você, Clara. Eu
imploro seu corpo, seu gosto. Sem você... —Ele se arrastou para longe, seus olhos
brilhando com a dor. —Eu... Eu...
*****
Deixei a chave no topo do papel. Esta casa tinha sido nossa por um
perfeito dia agridoce.
—Sinto muito. —Eu ergui minha mão, sabendo que se ele me tocasse, eu
não poderia passar por isso.
—Clara. —Ele olhou para mim com uma tristeza que me torceu por
dentro, mas ele não se aproximou mais. —Por favor.